universidade federal do tocantins – uft curso de pÓs-graduaÇÃo lato sensu em coordenaÇÃo...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS UFT CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA PROGRAMA ESCOLA DE GESTORES ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA: UM ESTUDO DE CASO NO ENSINO FUNDAMENTAL 1 Renalva Ribeiro Alves 2 Resumo: O presente trabalho relata os resultados da pesquisa que investiga como se constitui maior produção no ensino aprendizagem na disciplina de Matemática. Procura descrever como ocorreu a atividade educacional, da perspectiva dos participantes, como se estabeleceram as regras e a divisão de trabalho entre os membros desta comunidade para a realização da produção coletiva, quais as contradições ocorridas e as saídas encontradas que permitiram a expansão da atividade em foco. Esta pesquisa ação constituiu-se em um Estudo de Caso com caráter exploratório e caracteriza-se por ser qualitativa e quantitativa. Participaram do estudo dez professores e oitenta e dois alunos do 2º ao 9º ano do período matutino, da Escola Municipal Vila União, sobre Matemática no Ensino Fundamental, realizado durante nove meses (março a dezembro de 2011). Este trabalho visou identificar motivos que estavam fazendo com que o grande índice do ensino-aprendizagem na disciplina de Matemática estivessem tão negativo, criou-se com isto junto a equipe escolar: coordenador e professores esta intervenção que teve como meta a melhoria dos índices no ensino da Matemática e a busca pelo prazer em aprender com alegria. Teve início em março de 2011, quando foi apresentado aos docentes o projeto de pesquisa. Em abril foi realizada a coleta de dados com um questionário de cinco questões sobre as metodologias usadas para trabalhar conteúdos da disciplina de Matemática. Após analisados os dados em maio, a coordenadora e professores se organizaram para intervir nesta problemática. Em junho, desenvolveu na escola o projeto por meio de oficinas, atividades lúdicas e gincanas. No mês de agosto foi realizada a exposição dos trabalhos desenvolvidos durante o projeto. Em setembro realizou-se uma avaliação do projeto que mostrou resultados positivos da intervenção. Destaca-se que essa intervenção chegou num momento que a escola necessitava muito de um trabalho como este, que agora será contínuo dentro da escola. Por fim, a atividade de produção coletiva indicou que há de se levar em conta a participação dos alunos, a mediação do professor e a relação deles com o ambiente, com os componentes do sistema de atividade que se interrelacionam, recíproca e mutuamente, e que a superação de contradições ocorridas provocou a construção do conhecimento. Palavras Chave: Matemática, jogos e aprendizagem. 1 TCC apresentado como exigência parcial para conclusão do curso de Especialização em Coordenação Pedagógica, sob orientação da Professora Mestre Lina Maria Gonçalves.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS – UFT CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA PROGRAMA ESCOLA DE GESTORES

ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA: UM ESTUDO DE CASO

NO ENSINO FUNDAMENTAL1

Renalva Ribeiro Alves2

Resumo: O presente trabalho relata os resultados da pesquisa que investiga como se

constitui maior produção no ensino aprendizagem na disciplina de Matemática. Procura

descrever como ocorreu a atividade educacional, da perspectiva dos participantes, como

se estabeleceram as regras e a divisão de trabalho entre os membros desta comunidade

para a realização da produção coletiva, quais as contradições ocorridas e as saídas

encontradas que permitiram a expansão da atividade em foco. Esta pesquisa ação

constituiu-se em um Estudo de Caso com caráter exploratório e caracteriza-se por ser

qualitativa e quantitativa. Participaram do estudo dez professores e oitenta e dois alunos

do 2º ao 9º ano do período matutino, da Escola Municipal Vila União, sobre Matemática

no Ensino Fundamental, realizado durante nove meses (março a dezembro de 2011).

Este trabalho visou identificar motivos que estavam fazendo com que o grande índice

do ensino-aprendizagem na disciplina de Matemática estivessem tão negativo, criou-se

com isto junto a equipe escolar: coordenador e professores esta intervenção que teve

como meta a melhoria dos índices no ensino da Matemática e a busca pelo prazer em

aprender com alegria. Teve início em março de 2011, quando foi apresentado aos

docentes o projeto de pesquisa. Em abril foi realizada a coleta de dados com um

questionário de cinco questões sobre as metodologias usadas para trabalhar conteúdos

da disciplina de Matemática. Após analisados os dados em maio, a coordenadora e

professores se organizaram para intervir nesta problemática. Em junho, desenvolveu na

escola o projeto por meio de oficinas, atividades lúdicas e gincanas. No mês de agosto

foi realizada a exposição dos trabalhos desenvolvidos durante o projeto. Em setembro

realizou-se uma avaliação do projeto que mostrou resultados positivos da intervenção.

Destaca-se que essa intervenção chegou num momento que a escola necessitava muito

de um trabalho como este, que agora será contínuo dentro da escola. Por fim, a atividade

de produção coletiva indicou que há de se levar em conta a participação dos alunos, a

mediação do professor e a relação deles com o ambiente, com os componentes do

sistema de atividade que se interrelacionam, recíproca e mutuamente, e que a superação de contradições ocorridas provocou a construção do conhecimento.

Palavras Chave: Matemática, jogos e aprendizagem.

1 TCC apresentado como exigência parcial para conclusão do curso de Especialização em Coordenação Pedagógica,

sob orientação da Professora Mestre Lina Maria Gonçalves.

1. INTRODUÇÃO

A Matemática é uma disciplina fundamental nos currículos escolares,

pois, por meio dela as pessoas desenvolvem não somente conhecimentos

indispensáveis para a continuidade dos estudos, bem como o raciocínio lógico

indispensável nas mais diversas situações da vida cotidiana.

Apesar dessa importância a Matemática, muitas vezes é trabalhada de

forma abstrata, ocasionando um afastamento da vida real. Isso tem gerado, em

várias gerações de estudantes, uma aversão à essa disciplina escolar.

Essa é uma situação indesejável nas escolas contemporâneas, mas

ainda se apresenta com muita frequência nas escolas de todos os níveis.

Nesse sentido, a partir da observação do grande índice de rendimento

negativo, na disciplina de Matemática, entre alunos do Ensino Fundamental da

Escola Municipal Vila União, delimitou-se o seu ensino e aprendizagem como

tema da pesquisa ação, desenvolvida durante a realização do curso de

Especialização em Coordenação Pedagógica.

O objetivo geral dessa pesquisa foi investigar melhores estratégias de

trabalho do coordenador pedagógico, junto ao corpo docente envolvido na

disciplina de Matemática, buscando por meio de uma intervenção, sanar

dúvidas relacionadas ao ensino e aprendizagem dessa disciplina,

potencializando a aprendizagem significativa dos alunos.

A pesquisa teve início em março do ano de 2011. Inicialmente foi

apresentado aos docentes a proposta de intervenção a ser trabalhada,

destacando-se sua contribuição para o ensino-aprendizagem dos alunos na

disciplina de Matemática. Em seguida procedeu-se a coleta de dados, por meio

de entrevista semi estruturada às docentes.

Dando seguimento aos trabalhos, coordenação e docentes realizaram

pesquisas bibliográficas sobre as melhores metodologias para o ensino de

Matemática com crianças e adolescentes, para posteriormente formatar e

aplicar a intervenção com os mesmos.

O presente trabalho, que apresenta e discute os resultados alcançados,

bem como as dificuldades enfrentadas na condução do processo de pesquisa-

ação, está organizado, além dessa introdução, nas seguintes partes: revisão

bibliográfica, na qual se apresenta as alternativas metodológicas inovadoras e

organização dos materiais necessários à inovação no ensino de Matemática;

descrição da metodologia empregada; descrição e discussão dos resultados

alcançados na pesquisa-ação com o corpo docente e na intervenção

desenvolvida com os alunos; e por fim, as considerações finais da coordenação

pedagógica.

2. ENSINAR E APRENDER MATEMÁTICA

As pesquisas atuais na área de Matemática dão ênfase à elaboração

de alternativas metodológicas inovadoras, à organização dos materiais

necessários, para as devidas aplicações, e à construção de recursos didáticos

para o seu ensino. Pensa-se a educação Matemática para além de um quadro-

negro . Acredita-se que o desenvolvimento de competências é o caminho para

a conquista de melhores resultados que impulsionam para o desenvolvimento

intelectual e social dos alunos.

As metodologias organizadas e propostas é fruto de vivência comum

de professores preocupados com o ensino da Matemática e do hábito de

compor ações focadas na realidade escolar com vistas à melhoria da qualidade

de ensino.

É consenso entre educadores que, nos diferentes componentes

curriculares, para que os objetivos de ensino sejam alcançados é preciso que

os mesmos estejam dentro da realidade do aluno, baseando as ações que

realmente serão sustentadas e valorizadas. Trazer a ‗realidade‘ do aluno para o

currículo escolar é importante para transformar socialmente o mundo e

possibilita dar significado aos conteúdos matemáticos, suscitando seu interesse

pela aprendizagem. E esta aprendizagem virá com o adquirido nos trabalhos

escolares.

Como nos destaca Pires (2000, p. 57), a Matemática deve ser

colocada como instrumento de compreensão e leitura de mundo; tendo o

reconhecimento dessa área do conhecimento como estimuladora do ―interesse,

curiosidade, espírito de investigação e o desenvolvimento da capacidade de

resolver problemas‖.

Colocada como este instrumento compreensivo, a Matemática terá

novo rumo, um rumo para busca do saber e do querer aprender cada vez mais,

demonstrando com isto otimismo e a capacidade de expandir o conhecimento

pela disciplina.

Por sua vez, Piaget (1989, p.29), afirma que um sujeito

intelectualmente ativo não é um sujeito que ―faz muita coisa‖ nem um sujeito

que tem uma atividade observável. Um sujeito ativo é um sujeito que compara,

exclui, ordena, categoriza, reformula, comprova, formula hipóteses, reorganiza,

etc. em ação interiorizada (pensamento) ou em ação efetiva (segundo seu nível

de desenvolvimento). As habilidades, descritas na citação anterior,

demonstram a importância de se ensinar matemática de forma ativa. Com isto

o aluno pode demonstrar sua capacidade de aprender e do querer aprender a

partir de suas habilidades e interesse, pois partindo de suas ações mentais é

que se pode ver o nível de aprendizagem de cada um.

Nesse sentido, a investigação sobre as metodologias para o ensino

da Matemática em si, favorecerá aos pesquisadores meios de criar novas

estratégias de trabalho que realmente venham a contribuir com o ensino

aprendizagem dos alunos da Unidade Escolar pesquisada.

Uma análise atenta do fazer pedagógico cotidiano da educação

básica revela que as crianças que chegam à escola normalmente gostam de

Matemática. Entretanto, não será difícil constatar também que esse gosto pela

Matemática decresce proporcionalmente ao avanço dos alunos pelos diversos

ciclos do sistema de ensino, processo que culmina com o desenvolvimento de

um sentimento de aversão, apatia e incapacidade diante da Matemática.

Muito se tem discutido sobre o lugar e o significado das

competências e habilidades que são exigidas dos indivíduos na sociedade

contemporânea. No caso da aprendizagem Matemática, essa preocupação

resulta de uma forte pressão sobre a instituição escolar, para que a formação

de nossos alunos zele pelo desenvolvimento de habilidades que vão muito

além dos conhecimentos específicos e dos procedimentos dessa área.

Segundo Santos (2005, p.129), a linguagem escrita nas aulas de

Matemática atua como mediadora, integrando as experiências individuais e

coletivas na busca da construção e apropriação dos conceitos abstratos

estudados. Além disso, cria oportunidades para o resgate da auto-estima para

alunos, professores e para as interações da sala de aula. Esse processo

favorece a transparência de emoções e afetividade, não só de aspectos

negativos, como o medo, a frustração e a tristeza, mas também da coragem,

do sucesso, da alegria e do humor.

O que se deve ter claro é que a escola sempre teve como meta que os

alunos fossem capazes de relacionar adequadamente várias informações,

fatos, conhecimentos e habilidades para enfrentar situações-problema; no

entanto, em raros momentos trabalhou-se sistematicamente para atingi-la.

Percebe-se que todo tipo de organização grupal dos alunos, assim

como todas as atividades a serem programadas/desenvolvidas pela escola e a

própria forma de gestão que esta emprega, devem levar em consideração os

tipos de aprendizagens que estão proporcionando a seus alunos e os objetivos

expressos pela própria escola. Desse modo, alertou para o fato de que

inconscientemente a instituição escolar, ao não refletir sobre esses aspectos,

pode acabar por desenvolver uma aprendizagem inversa àquilo que apregoa.

Tais considerações apresentam-se bastante úteis aos profissionais

da educação, para que reflitam sobre a importância de se organizar o grupo de

alunos, levando em consideração o tipo de aprendizagem e conteúdo que

esperam desenvolver nestes, percebendo que a organização social da classe

tem relação direta com a aprendizagem.

Sabe-se que o professor é um intermediador entre os conteúdos de

aprendizagem dele, está ali para ensinar aprendendo a valorizar o aluno,

trabalhando juntos em busca do conhecimento, buscando obter resultados

satisfatórios por meio de projetos, um bom caminho para o alcance dos

mesmos.

Não há como negar que numa sala de aula de Matemática prevalece

a oralidade; no entanto, a escrita possibilita outras formas de raciocínio, outras

relações. Borba e Penteado (2001, p.45), ao discutir o processo histórico,

apoiados em Pierre Lévy, afirmam que a difusão da escrita, com o surgimento

dos livros é que permite que a memória se estenda de modo qualitativamente

diferente em relação a outra tecnologia da inteligência, a oralidade. Portanto,

quando o aluno fala, lê, escreve ou desenha, ele não só mostra quais

habilidades e atitudes estão sendo desenvolvidas no processo de ensino, como

também indica os conceitos que domina e as dificuldades que apresenta.

Saber trabalhar esta parte teórica requer muito jogo de cintura, já que,

como a parte lúdica, a teórica quando relacionada à Matemática necessita de

um bom planejamento e criatividade.

Portanto, trabalhar com os projetos, parece ser uma metodologia

adequada ao ensino e aprendizagem da Matemática, para além do ensino

memorístico classicamente adotado.

Grando (1995, p.175), aponta inúmeras vantagens acerca da

incorporação dos jogos no ensino da Matemática, como: desenvolvimento de

estratégias, participação ativa do aluno, desenvolvimento da criatividade e

favorece a participação da competição ‗sadia‘, além de resgatar o prazer em

aprender, pois são voltadas ao desenvolvimento da criatividade e da autonomia

dos alunos, o que leva a afirmar que um trabalho sério como uso de jogos nas

aulas de Matemática pode ser um grande incentivo à promoção dessas

vantagens.

O aluno, quando interpreta dados e informações, o faz dentro de

significados que elaboram mediante seus envolvimentos em atividades de

aprendizagem. Daí que o mais importante no ensino de conceitos básicos é

ajudar a criança a passar progressivamente do pensamento concreto.

Essa dicotomia entre desenvolvimento e aprendizagem traz

conseqüências para a organização dos programas de ensino e para a forma

metodológica de difusão do conhecimento matemático.

De fato, o conhecimento matemático não se consolida como um rol

de idéias prontas a serem memorizadas, muito além disso, um processo

significativo de ensino de Matemática deve conduzir os alunos à exploração de

uma grande variedade de idéias e de estabelecimento de relações entre fatos e

conceitos de modo a incorporar os contextos do mundo real, as experiências e

o modo natural de envolvimento para o desenvolvimento das noções

matemáticas com vistas à aquisição de diferentes formas de percepção da

realidade.

Mas ainda é preciso avançar no sentido de conduzir as crianças a

perceberem a evolução das idéias matemáticas, ampliando progressivamente a

compreensão que delas se tem, como destacam os Parâmetros Curriculares

Nacionais – PCN (1997, p.26) ― a Matemática deverá ser vista pelo aluno como

um conhecimento que pode favorecer o desenvolvimento do seu raciocínio, de

sua sensibilidade expressiva, de sua estética e de sua imaginação‖.

De acordo com os PCN (1997, p.35), além de ser um objeto

sociocultural em que a Matemática está presente, o jogo é uma atividade

natural no desenvolvimento dos processos psicológicos básicos; supõe um

―fazer sem obrigação externa e imposta‖, embora demande exigências, normas

e controle. No jogo, mediante a articulação entre o conhecido e o imaginado,

desenvolve-se o autoconhecimento — até onde se pode chegar — e o

conhecimento dos outros — o que se pode esperar e em que circunstâncias.

Ainda segundo os PCN, o papel da Matemática no Ensino

Fundamental como meio facilitador para a estruturação e o desenvolvimento do

pensamento do (a) aluno (a) e para a formação básica de sua cidadania é

destacado.

É importante que a Matemática desempenhe, equilibrada e indissociavelmente, seu papel na formação de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento, na agilização do raciocínio dedutivo do aluno, na sua aplicação a problemas, situações da vida cotidiana e atividades do mundo do trabalho e no apoio à construção de conhecimentos em outras áreas curriculares. (PCN (1997, p.35)

Segundo os PCN, volume 3 (1997, p.32) não existe um caminho

único e melhor para o ensino da Matemática, no entanto, conhecer diversas

possibilidades de trabalho em sala de aula é fundamental para que o professor

construa sua prática. Destacam a história da Matemática, a leitura de tabelas e

gráficos (tratamento da informação) e a resolução de situações problemas

como algumas possibilidades metodológicas.

Os PCN destacam, ainda, os ''jogos'', como uma das metodologias

adequadas ao ensino da Matemática, argumentando sobre sua pertinência,

pois

nos jogos é o desafio genuíno que eles provocam no aluno, que gera

interesse e prazer. Por isso, é importante que os jogos façam parte

da cultura escolar, cabendo ao professor analisar e avaliar a

potencializar a prática educativa dos diferentes jogos e aspecto

curricular que se deseja desenvolver. (PCN, 1997, p. 48-49)

Grando, afirma ainda que a inserção dos jogos nas aulas de Matemática

pode acontecer em todos os níveis de ensino, sendo que o mais importante é que

os objetivos estejam claros, a metodologia a ser utilizada seja adequada ao nível

em que se está trabalhando e, principalmente, que represente uma realidade

desafiadora ao aluno para o desencadeamento da aprendizagem.

Esta metodologia diz respeito a cada ano de estudo e faixa etária, com

isto os jogos além de se adequar a cada grupo, não tornará cansativo e

estressante. Não bastando somente adequar-se cada jogo aos alunos, como

também o docente precisa estar consciente do trabalho que está sendo realizado,

isto é, precisa se planejar bem, conhecer bem o que está transmitindo através do

lúdico.

O uso de jogos e curiosidades no ensino da Matemática tem o objetivo

de fazer com que os adolescentes e crianças gostem de aprender essa

disciplina, mudando a rotina da classe e despertando o interesse do aluno

envolvido.

Neste sentido é possível verificar que há três aspectos que, por si só,

justificariam a incorporação do jogo nas aulas. São estes: o caráter lúdico, o

desenvolvimento de técnicas intelectuais e a formação de relações sociais.

Jogar não é estudar nem trabalhar, porque jogando, o aluno aprende,

sobretudo, a conhecer e compreender o mundo social que o rodeia.

Os jogos são educativos, sendo assim, requerem um plano de ação que

permita a aprendizagem de conceitos matemáticos e culturais de uma maneira

geral. Já que os jogos em sala de aula são importantes, devemos ocupar um

horário dentro de nosso planejamento, de modo a permitir que o professor

possa explorar todo o potencial dos jogos, processos de solução, registros e

discussões sobre possíveis caminhos que poderão surgir.

Os jogos podem ser utilizados pra introduzir, amadurecer conteúdos e

preparar o aluno para aprofundar os itens já trabalhados. Devem ser escolhidos

e preparados com cuidado para levar o estudante a adquirir conceitos

matemáticos de importância.

Os professores devem utilizá-los não como instrumentos recreativos na

aprendizagem, mas como facilitadores, colaborando para trabalhar os

bloqueios que os alunos apresentam em relação a alguns conteúdos

matemáticos, como afirma Borin (1996, p.9)

Outro motivo para a introdução de jogos nas aulas de Matemática é a possibilidade de diminuir bloqueios apresentados por muitos de nossos alunos que temem a Matemática e sentem-se incapacitados para aprendê-la. Dentro da situação de jogo, onde é impossível uma atitude passiva e a motivação é grande, notamos que ao mesmo tempo em que estes alunos falam em Matemática, apresentam também um melhor desempenho e atitudes mais positivas frente a seus processos de aprendizagem.

Para Moura (1994, p.17-24),―a importância do jogo está nas

possibilidades de aproximar a criança do conhecimento científico, vivendo

‗virtualmente‘ situações de solução de problemas.Ou seja, nesse movimento de

aproximação da criança com situações e ações, no enfrentamento de situações

vivenciadas ou simuladas no jogo, as quais demandam refletir, analisar e criar

estratégias, o que estabelece um caminho para o desenvolvimento do

pensamento abstrato. Nesse sentido, fundamenta-se a pesquisa-ação,

desenvolvida com docentes e alunos do ensino Fundamental, conforme

metodologia descrita a seguir.

3. Pesquisa-ação no Ensino Fundamental: caminhos percorridos

A pesquisa foi desenvolvida na Escola Municipal Vila União, situada no

Km 30, TO 064, estrada entre Peixe e Alvorada. Rua Adelino Rodrigues Neto,

S/N, Qd. O8, Lt. 08. Vilarejo conhecido como ―Panta‖, hoje denominado Vila

União, zona rural do município de Talismã- Tocantins.

O Universo da Pesquisa foi composto por 103 alunos, sendo 62 na 1ª

fase (jardim ao 5º ano ), 41 na 2ª fase ( 6º ao 9º ano ) e 6 professoras, 5 na 1ª

fase e 1 na 2ª fase sendo que, na 1ª fase, as 5 trabalham com Matemática e

uma professora na 2ª fase trabalha somente com essa disciplina.

Foram sujeitos envolvidos neste trabalho, as 6 professoras que

trabalham com Matemática do 2º ao 9º ano.

O tipo de pesquisa adotado é pesquisa-ação, pois a participação dos

alunos e professores foi fundamental para o desenvolvimento da intervenção

atingindo os dois objetivos dessa modalidade de pesquisa que são: ―(...)

transformar a realidade e produzir conhecimentos relativos a essas

transformações‖. Ou seja, além de construir conhecimentos sobre as

metodologias de ensino da Matemática, a coordenação pedagógica da escola

campo tem a intenção de modificar ou transformar para melhor o ensino e

aprendizagem dessa disciplina. .A coleta de dados se deu por meio de

entrevista semi estruturada às docentes, contendo 5 questões sobre dúvidas

do ensino de Matemática e propostas de como adequar os métodos de ensino

dessa disciplina.

Os dados coletados foram analisados qualitativamente. Ao listar os

temas recorrentes no conteúdo das repostas docentes, a coordenadora

detectou como propostas convergentes: trabalhar mais o concreto com os

alunos, utilizando a confecção e prática de jogos matemáticos educativos.

Portanto, foi nessa linha que se construiu o Projeto de Intervenção na

prática do ensino de Matemática. A coordenadora reuniu com as docentes

envolvidas para confirmar sobre os objetivos e importância do projeto de

intervenção, como caminho a ser seguido por todos em busca da melhoria do

ensino a aprendizagem dos alunos.

Após muito diálogo, as docentes e coordenação, entraram em acordo

com a realização deste projeto tendo como visão a busca deste ensino com

fins educativos e promissores.

Iniciou-se a busca de informações que orientassem para um bom

andamento do projeto, tendo como propósito o ensino-aprendizagem das

turmas. As docentes, juntamente com a coordenação se organizaram nesta

busca de novos caminhos, caminhos estes que levariam os alunos do Ensino

Fundamental a interessar-se mais pela disciplina de Matemática e assim

buscar o conhecimento que se faz necessário à disciplina.

Em março de 2011, em concordância com todos e após pesquisas

bibliográficas, foram propostos como trabalhos concretos a serem realizados

com os alunos: oficinas para confecção de materiais pedagógicos que seriam

utilizados na disciplina e seleção de jogos que chamassem a atenção, o

interesse e por fim a aprendizagem dos alunos, conforme os conteúdos

curriculares a serem ensinados, em cada turma.

3.1. Projeto de Intervenção

Em maio de 2011, foi sistematizado o projeto de intervenção,

analisando cada passo que seria dado para que se fossem alcançados os

objetivos esperados. As turmas ficaram encarregadas da confecção de

determinado material, de acordo com a faixa etária e necessidades curriculares

de cada um, trabalhando-se em sala as metodologias relacionadas à cada jogo

pedagógico. Priorizou-se jogos envolvendo cálculos, raciocínio lógico,

interpretação de problemas e geometria.

Os jogos confeccionados e trabalhados neste projeto foram: boliche,

pescaria, argola, caixa surpresa, trilhas, roleta, paródias,dominó, jogo das três

pistas. Além de confeccionados e trabalhados pelos alunos em sala, estes

mesmos seriam expostos e trabalhados com os visitantes e alunos que se

fizeram presentes no dia da culminância.

Os jogos de aplicação deveriam permitir a demonstração da

aprendizagem, por meio de exposição para outros do conhecimento adquirido

por meio dos mesmos.

No seguinte mês, junho de 2011, desenvolveu-se na Escola Municipal

Vila União, a culminância do projeto. Participaram: alunos, professores, família

e comunidade. A interação nos jogos confeccionados e trabalhados em sala de

aula foi muito importante e de grande valia, a participação dos presentes foi de

suma importância.

Esta intervenção explicitou a importância da disciplina de Matemática

na vida de cada um, como aluno e ser humano. Sendo assim, será um trabalho

contínuo na Escola Municipal Vila União, buscando sempre o aperfeiçoamento

e prazer pela disciplina de Matemática e pelo aprendizado dos alunos do

Ensino Fundamental.

4. RESULTADOS APRESENTADOS

Ao serem perguntadas sobre o uso de jogos nas aulas de Matemática,

100% dos professores entrevistados classificaram seu uso como regular, isto é,

dificilmente usam os jogos como recurso nesta disciplina. Por outro lado, 50%

trabalham com lista de exercícios e 50% afirma usar as atividades do livro

didático com mais frequência, como mostra o gráfico 1, a seguir:

Gráfico 1: recursos mais usados nas aulas de Matemática

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

lista de exercícios

atividades do livro didático

fonte: entrevista aos docentes

Esses resultados parecem mostrar divergência entre a prática docente na

escola pesquisada e as propostas dos parâmetros curriculares de Matemática,

que apresentam os jogos como valioso recurso pedagógico para o ensino

dessa importante disciplina. Eles levam a coordenação pedagógica a refletir

sobre as prováveis causas dessa pequena ou quase nula utilização dos jogos.

Quais seriam as dificuldades enfrentadas pelas docentes e como a

coordenação pedagógica pode ajudá-las a superar tais dificuldades?

Ao analisar as respostas docentes sobre as dificuldades enfrentadas,

a coordenação constatou que 100% delas não trabalhavam com jogos e

materiais concretos, alegando falta de materiais. Outros motivos apresentados

foram: falta de habilidade em confeccionar materiais, pouco tempo, como

mostra o gráfico 2, a seguir.

Ele mostra o grau de dificuldade apresentado pelos docentes no uso dos

jogos em suas aulas de Matemática, sendo que, 50% afirmam não ter

habilidade na confecção dos materiais e 50% não ter tempo para buscar essa

nova metodologia. Ambos são fatores que podem ser superados por meio do

trabalho coletivo durante os tempos destinados a planejamento, dia pedagógico

e até mesmo para formação continuada.

Gráfico 2 : dificuldades docente para o uso de materiais concretos e jogos

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Não tem habilidade falta de tempo

fonte: entrevista aos docentes

A coordenação, após verificação dessas causas, procurou juntamente

com as docentes buscar alternativas, mostrando às mesmas que seria

necessário a ajuda de todas sendo uma pela outra na prática da construção

dos jogos pedagógicos e criando tempo para busca do ensino-aprendizagem

dos alunos, pois partiria das próprias docentes a força de vontade dos alunos

de se aprender a Matemática de forma divertida.

Após essas constatações a coordenadora, juntamente com sua equipe,

refletiram para saber como trabalhar esta nova metodologia da pesquisa-ação.

Como trabalhar para amenizar o baixo índice no ensino da disciplina de

Matemática e implantar as metodologias adotadas para este ensino. A reflexão

permitiu ao grupo, buscar alternativas para transformação dessa realidade

indesejável.

Dessa forma, o projeto de intervenção foi proposto por toda equipe,

como meio que elevasse o índice de aproveitamento na Matemática. Após a

intervenção os dados começaram a mudar, como mostra o gráfico 3, a seguir:

Gráfico 3: Uso dos jogos, após intervenção

Uso frequente dos jogos pouco uso dos jogos

Por meio deste gráfico pode-se perceber que 80% das professoras

passaram a trabalhar mais os jogos pedagógicos e 20% ainda se adaptou

pouco ao uso dos jogos em sala. Houve maior participação dos docentes no

uso desta metodologia, conseguindo com isto fazer com que os alunos se

interessassem mais pela disciplina de Matemática, criando também maior

prazer pelas aulas e melhora na aprendizagem.

A definição sobre os jogos que seriam construídos partiu da busca na

internet e também das idéias de alguns alunos e professores. Durante o

processo da construção do projeto, foi trabalhada a confecção dos materiais

durante duas aulas semanalmente, em cada turma.

Enquanto se confeccionava os objetos, o grupo ia estudando sobre sua

importância e as formas de aplicação. Depois de construídos eram utilizados

na prática em sala de aula. Com isto, foi-se percebendo que a partir das

construções dos jogos juntou-se o útil ao agradável, enquanto colocavam mãos

à obra, brincavam aprendendo.

Para a culminância do projeto, alunos e professores distribuiu convites a

familiares e comunidade em geral, foi muito importante ver a interação dos

alunos com os convidados e entre eles mesmos. Viu-se em meio grande

interação o prazer em estar apresentando o seu aprendizado e ao mesmo

tempo se divertindo, com certeza são marcas que se introduziram em cada um

e vão a cada dia crescer com eles e com os que viram e verão o crescimento

na educação escolar destes alunos,

Em relação às dificuldades encontradas para se trabalhar com jogos,

observou-se que tanto alunos quanto professoras, perceberam que a utilização

de materiais concretos no ensino da disciplina de Matemática, tornou-se mais

interessante e menos cansativo. A confecção e o uso destes materiais mostrou

ao aluno a criatividade no aprender, isto é, aprender brincando, ficou mais

divertido e bem mais atrativo.

5- Considerações Finais

Após o trabalho realizado foi possível perceber que se poderia incluir

no currículo da escola o Dia ―D‖ da Matemática, trabalho este que será

contínuo, já que o mesmo mostrou melhoras no ensino da disciplina.

Este trabalho trouxe resultados satisfatórios como: Maior interação dos

alunos, o prazer pelo estudo da disciplina Matemática e rendimento positivo na

aprendizagem.

Cabe agora, à equipe, buscar um maior aprofundamento dos

conteúdos do currículo independente do nível dos discentes, recordando

alguns tópicos onde somente com o pleno domínio curricular o profissional de

ensino poderá criar mecanismos facilitadores de aprendizagem.

O professor deve romper com todos os tipos de preconceitos referentes

à aprendizagem, pois todos aprendem – carentes ou não – em tempos e

maneiras diferentes. O professor deve trabalhar com as diferenças e

características de cada um.

Nesse sentido foi diagnosticado a excelência de todo corpo docente da

Escola Municipal Vila União na realização deste projeto de intervenção

acompanhado nesse período, pois muitos fatos teóricos abordados tiveram sua

comprovação durante a prática do trabalho realizado.

A democracia na sala de aula também foi verificada como a melhor

alternativa para caminhar junto com os discentes no caminho do ensino-

aprendizagem e da verdadeira satisfação em estudar a disciplina. Desde a

criação de regras de comportamento para todos até mesmo na seleção de

métodos de ensino e conteúdo. O ensino participativo faz com que o aluno

tenha sentimentos e emoções envolvidas no processo de aprendizagem. A

abstração, a falta de atenção, desinteresse e outros problemas são reduzidos

em prol da participação, crítica, compreensão mútua e conseqüentemente de

laços de amizade comum.

. Como nos diz Isaac Newton – ―Para cada ação há sempre uma reação

oposta e de igual intensidade.‖ – e, portanto, produzindo ações construtivas

hoje as reações produtivas no futuro serão lei.

REFERÊNCIAS

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