universidade federal do tocantins – uft curso de pÓs-graduaÇÃo lato sensu em coordenaÇÃo...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS – UFT CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA PROGRAMA ESCOLA DE GESTORES
ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA: UM ESTUDO DE CASO
NO ENSINO FUNDAMENTAL1
Renalva Ribeiro Alves2
Resumo: O presente trabalho relata os resultados da pesquisa que investiga como se
constitui maior produção no ensino aprendizagem na disciplina de Matemática. Procura
descrever como ocorreu a atividade educacional, da perspectiva dos participantes, como
se estabeleceram as regras e a divisão de trabalho entre os membros desta comunidade
para a realização da produção coletiva, quais as contradições ocorridas e as saídas
encontradas que permitiram a expansão da atividade em foco. Esta pesquisa ação
constituiu-se em um Estudo de Caso com caráter exploratório e caracteriza-se por ser
qualitativa e quantitativa. Participaram do estudo dez professores e oitenta e dois alunos
do 2º ao 9º ano do período matutino, da Escola Municipal Vila União, sobre Matemática
no Ensino Fundamental, realizado durante nove meses (março a dezembro de 2011).
Este trabalho visou identificar motivos que estavam fazendo com que o grande índice
do ensino-aprendizagem na disciplina de Matemática estivessem tão negativo, criou-se
com isto junto a equipe escolar: coordenador e professores esta intervenção que teve
como meta a melhoria dos índices no ensino da Matemática e a busca pelo prazer em
aprender com alegria. Teve início em março de 2011, quando foi apresentado aos
docentes o projeto de pesquisa. Em abril foi realizada a coleta de dados com um
questionário de cinco questões sobre as metodologias usadas para trabalhar conteúdos
da disciplina de Matemática. Após analisados os dados em maio, a coordenadora e
professores se organizaram para intervir nesta problemática. Em junho, desenvolveu na
escola o projeto por meio de oficinas, atividades lúdicas e gincanas. No mês de agosto
foi realizada a exposição dos trabalhos desenvolvidos durante o projeto. Em setembro
realizou-se uma avaliação do projeto que mostrou resultados positivos da intervenção.
Destaca-se que essa intervenção chegou num momento que a escola necessitava muito
de um trabalho como este, que agora será contínuo dentro da escola. Por fim, a atividade
de produção coletiva indicou que há de se levar em conta a participação dos alunos, a
mediação do professor e a relação deles com o ambiente, com os componentes do
sistema de atividade que se interrelacionam, recíproca e mutuamente, e que a superação de contradições ocorridas provocou a construção do conhecimento.
Palavras Chave: Matemática, jogos e aprendizagem.
1 TCC apresentado como exigência parcial para conclusão do curso de Especialização em Coordenação Pedagógica,
sob orientação da Professora Mestre Lina Maria Gonçalves.
1. INTRODUÇÃO
A Matemática é uma disciplina fundamental nos currículos escolares,
pois, por meio dela as pessoas desenvolvem não somente conhecimentos
indispensáveis para a continuidade dos estudos, bem como o raciocínio lógico
indispensável nas mais diversas situações da vida cotidiana.
Apesar dessa importância a Matemática, muitas vezes é trabalhada de
forma abstrata, ocasionando um afastamento da vida real. Isso tem gerado, em
várias gerações de estudantes, uma aversão à essa disciplina escolar.
Essa é uma situação indesejável nas escolas contemporâneas, mas
ainda se apresenta com muita frequência nas escolas de todos os níveis.
Nesse sentido, a partir da observação do grande índice de rendimento
negativo, na disciplina de Matemática, entre alunos do Ensino Fundamental da
Escola Municipal Vila União, delimitou-se o seu ensino e aprendizagem como
tema da pesquisa ação, desenvolvida durante a realização do curso de
Especialização em Coordenação Pedagógica.
O objetivo geral dessa pesquisa foi investigar melhores estratégias de
trabalho do coordenador pedagógico, junto ao corpo docente envolvido na
disciplina de Matemática, buscando por meio de uma intervenção, sanar
dúvidas relacionadas ao ensino e aprendizagem dessa disciplina,
potencializando a aprendizagem significativa dos alunos.
A pesquisa teve início em março do ano de 2011. Inicialmente foi
apresentado aos docentes a proposta de intervenção a ser trabalhada,
destacando-se sua contribuição para o ensino-aprendizagem dos alunos na
disciplina de Matemática. Em seguida procedeu-se a coleta de dados, por meio
de entrevista semi estruturada às docentes.
Dando seguimento aos trabalhos, coordenação e docentes realizaram
pesquisas bibliográficas sobre as melhores metodologias para o ensino de
Matemática com crianças e adolescentes, para posteriormente formatar e
aplicar a intervenção com os mesmos.
O presente trabalho, que apresenta e discute os resultados alcançados,
bem como as dificuldades enfrentadas na condução do processo de pesquisa-
ação, está organizado, além dessa introdução, nas seguintes partes: revisão
bibliográfica, na qual se apresenta as alternativas metodológicas inovadoras e
organização dos materiais necessários à inovação no ensino de Matemática;
descrição da metodologia empregada; descrição e discussão dos resultados
alcançados na pesquisa-ação com o corpo docente e na intervenção
desenvolvida com os alunos; e por fim, as considerações finais da coordenação
pedagógica.
2. ENSINAR E APRENDER MATEMÁTICA
As pesquisas atuais na área de Matemática dão ênfase à elaboração
de alternativas metodológicas inovadoras, à organização dos materiais
necessários, para as devidas aplicações, e à construção de recursos didáticos
para o seu ensino. Pensa-se a educação Matemática para além de um quadro-
negro . Acredita-se que o desenvolvimento de competências é o caminho para
a conquista de melhores resultados que impulsionam para o desenvolvimento
intelectual e social dos alunos.
As metodologias organizadas e propostas é fruto de vivência comum
de professores preocupados com o ensino da Matemática e do hábito de
compor ações focadas na realidade escolar com vistas à melhoria da qualidade
de ensino.
É consenso entre educadores que, nos diferentes componentes
curriculares, para que os objetivos de ensino sejam alcançados é preciso que
os mesmos estejam dentro da realidade do aluno, baseando as ações que
realmente serão sustentadas e valorizadas. Trazer a ‗realidade‘ do aluno para o
currículo escolar é importante para transformar socialmente o mundo e
possibilita dar significado aos conteúdos matemáticos, suscitando seu interesse
pela aprendizagem. E esta aprendizagem virá com o adquirido nos trabalhos
escolares.
Como nos destaca Pires (2000, p. 57), a Matemática deve ser
colocada como instrumento de compreensão e leitura de mundo; tendo o
reconhecimento dessa área do conhecimento como estimuladora do ―interesse,
curiosidade, espírito de investigação e o desenvolvimento da capacidade de
resolver problemas‖.
Colocada como este instrumento compreensivo, a Matemática terá
novo rumo, um rumo para busca do saber e do querer aprender cada vez mais,
demonstrando com isto otimismo e a capacidade de expandir o conhecimento
pela disciplina.
Por sua vez, Piaget (1989, p.29), afirma que um sujeito
intelectualmente ativo não é um sujeito que ―faz muita coisa‖ nem um sujeito
que tem uma atividade observável. Um sujeito ativo é um sujeito que compara,
exclui, ordena, categoriza, reformula, comprova, formula hipóteses, reorganiza,
etc. em ação interiorizada (pensamento) ou em ação efetiva (segundo seu nível
de desenvolvimento). As habilidades, descritas na citação anterior,
demonstram a importância de se ensinar matemática de forma ativa. Com isto
o aluno pode demonstrar sua capacidade de aprender e do querer aprender a
partir de suas habilidades e interesse, pois partindo de suas ações mentais é
que se pode ver o nível de aprendizagem de cada um.
Nesse sentido, a investigação sobre as metodologias para o ensino
da Matemática em si, favorecerá aos pesquisadores meios de criar novas
estratégias de trabalho que realmente venham a contribuir com o ensino
aprendizagem dos alunos da Unidade Escolar pesquisada.
Uma análise atenta do fazer pedagógico cotidiano da educação
básica revela que as crianças que chegam à escola normalmente gostam de
Matemática. Entretanto, não será difícil constatar também que esse gosto pela
Matemática decresce proporcionalmente ao avanço dos alunos pelos diversos
ciclos do sistema de ensino, processo que culmina com o desenvolvimento de
um sentimento de aversão, apatia e incapacidade diante da Matemática.
Muito se tem discutido sobre o lugar e o significado das
competências e habilidades que são exigidas dos indivíduos na sociedade
contemporânea. No caso da aprendizagem Matemática, essa preocupação
resulta de uma forte pressão sobre a instituição escolar, para que a formação
de nossos alunos zele pelo desenvolvimento de habilidades que vão muito
além dos conhecimentos específicos e dos procedimentos dessa área.
Segundo Santos (2005, p.129), a linguagem escrita nas aulas de
Matemática atua como mediadora, integrando as experiências individuais e
coletivas na busca da construção e apropriação dos conceitos abstratos
estudados. Além disso, cria oportunidades para o resgate da auto-estima para
alunos, professores e para as interações da sala de aula. Esse processo
favorece a transparência de emoções e afetividade, não só de aspectos
negativos, como o medo, a frustração e a tristeza, mas também da coragem,
do sucesso, da alegria e do humor.
O que se deve ter claro é que a escola sempre teve como meta que os
alunos fossem capazes de relacionar adequadamente várias informações,
fatos, conhecimentos e habilidades para enfrentar situações-problema; no
entanto, em raros momentos trabalhou-se sistematicamente para atingi-la.
Percebe-se que todo tipo de organização grupal dos alunos, assim
como todas as atividades a serem programadas/desenvolvidas pela escola e a
própria forma de gestão que esta emprega, devem levar em consideração os
tipos de aprendizagens que estão proporcionando a seus alunos e os objetivos
expressos pela própria escola. Desse modo, alertou para o fato de que
inconscientemente a instituição escolar, ao não refletir sobre esses aspectos,
pode acabar por desenvolver uma aprendizagem inversa àquilo que apregoa.
Tais considerações apresentam-se bastante úteis aos profissionais
da educação, para que reflitam sobre a importância de se organizar o grupo de
alunos, levando em consideração o tipo de aprendizagem e conteúdo que
esperam desenvolver nestes, percebendo que a organização social da classe
tem relação direta com a aprendizagem.
Sabe-se que o professor é um intermediador entre os conteúdos de
aprendizagem dele, está ali para ensinar aprendendo a valorizar o aluno,
trabalhando juntos em busca do conhecimento, buscando obter resultados
satisfatórios por meio de projetos, um bom caminho para o alcance dos
mesmos.
Não há como negar que numa sala de aula de Matemática prevalece
a oralidade; no entanto, a escrita possibilita outras formas de raciocínio, outras
relações. Borba e Penteado (2001, p.45), ao discutir o processo histórico,
apoiados em Pierre Lévy, afirmam que a difusão da escrita, com o surgimento
dos livros é que permite que a memória se estenda de modo qualitativamente
diferente em relação a outra tecnologia da inteligência, a oralidade. Portanto,
quando o aluno fala, lê, escreve ou desenha, ele não só mostra quais
habilidades e atitudes estão sendo desenvolvidas no processo de ensino, como
também indica os conceitos que domina e as dificuldades que apresenta.
Saber trabalhar esta parte teórica requer muito jogo de cintura, já que,
como a parte lúdica, a teórica quando relacionada à Matemática necessita de
um bom planejamento e criatividade.
Portanto, trabalhar com os projetos, parece ser uma metodologia
adequada ao ensino e aprendizagem da Matemática, para além do ensino
memorístico classicamente adotado.
Grando (1995, p.175), aponta inúmeras vantagens acerca da
incorporação dos jogos no ensino da Matemática, como: desenvolvimento de
estratégias, participação ativa do aluno, desenvolvimento da criatividade e
favorece a participação da competição ‗sadia‘, além de resgatar o prazer em
aprender, pois são voltadas ao desenvolvimento da criatividade e da autonomia
dos alunos, o que leva a afirmar que um trabalho sério como uso de jogos nas
aulas de Matemática pode ser um grande incentivo à promoção dessas
vantagens.
O aluno, quando interpreta dados e informações, o faz dentro de
significados que elaboram mediante seus envolvimentos em atividades de
aprendizagem. Daí que o mais importante no ensino de conceitos básicos é
ajudar a criança a passar progressivamente do pensamento concreto.
Essa dicotomia entre desenvolvimento e aprendizagem traz
conseqüências para a organização dos programas de ensino e para a forma
metodológica de difusão do conhecimento matemático.
De fato, o conhecimento matemático não se consolida como um rol
de idéias prontas a serem memorizadas, muito além disso, um processo
significativo de ensino de Matemática deve conduzir os alunos à exploração de
uma grande variedade de idéias e de estabelecimento de relações entre fatos e
conceitos de modo a incorporar os contextos do mundo real, as experiências e
o modo natural de envolvimento para o desenvolvimento das noções
matemáticas com vistas à aquisição de diferentes formas de percepção da
realidade.
Mas ainda é preciso avançar no sentido de conduzir as crianças a
perceberem a evolução das idéias matemáticas, ampliando progressivamente a
compreensão que delas se tem, como destacam os Parâmetros Curriculares
Nacionais – PCN (1997, p.26) ― a Matemática deverá ser vista pelo aluno como
um conhecimento que pode favorecer o desenvolvimento do seu raciocínio, de
sua sensibilidade expressiva, de sua estética e de sua imaginação‖.
De acordo com os PCN (1997, p.35), além de ser um objeto
sociocultural em que a Matemática está presente, o jogo é uma atividade
natural no desenvolvimento dos processos psicológicos básicos; supõe um
―fazer sem obrigação externa e imposta‖, embora demande exigências, normas
e controle. No jogo, mediante a articulação entre o conhecido e o imaginado,
desenvolve-se o autoconhecimento — até onde se pode chegar — e o
conhecimento dos outros — o que se pode esperar e em que circunstâncias.
Ainda segundo os PCN, o papel da Matemática no Ensino
Fundamental como meio facilitador para a estruturação e o desenvolvimento do
pensamento do (a) aluno (a) e para a formação básica de sua cidadania é
destacado.
É importante que a Matemática desempenhe, equilibrada e indissociavelmente, seu papel na formação de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento, na agilização do raciocínio dedutivo do aluno, na sua aplicação a problemas, situações da vida cotidiana e atividades do mundo do trabalho e no apoio à construção de conhecimentos em outras áreas curriculares. (PCN (1997, p.35)
Segundo os PCN, volume 3 (1997, p.32) não existe um caminho
único e melhor para o ensino da Matemática, no entanto, conhecer diversas
possibilidades de trabalho em sala de aula é fundamental para que o professor
construa sua prática. Destacam a história da Matemática, a leitura de tabelas e
gráficos (tratamento da informação) e a resolução de situações problemas
como algumas possibilidades metodológicas.
Os PCN destacam, ainda, os ''jogos'', como uma das metodologias
adequadas ao ensino da Matemática, argumentando sobre sua pertinência,
pois
nos jogos é o desafio genuíno que eles provocam no aluno, que gera
interesse e prazer. Por isso, é importante que os jogos façam parte
da cultura escolar, cabendo ao professor analisar e avaliar a
potencializar a prática educativa dos diferentes jogos e aspecto
curricular que se deseja desenvolver. (PCN, 1997, p. 48-49)
Grando, afirma ainda que a inserção dos jogos nas aulas de Matemática
pode acontecer em todos os níveis de ensino, sendo que o mais importante é que
os objetivos estejam claros, a metodologia a ser utilizada seja adequada ao nível
em que se está trabalhando e, principalmente, que represente uma realidade
desafiadora ao aluno para o desencadeamento da aprendizagem.
Esta metodologia diz respeito a cada ano de estudo e faixa etária, com
isto os jogos além de se adequar a cada grupo, não tornará cansativo e
estressante. Não bastando somente adequar-se cada jogo aos alunos, como
também o docente precisa estar consciente do trabalho que está sendo realizado,
isto é, precisa se planejar bem, conhecer bem o que está transmitindo através do
lúdico.
O uso de jogos e curiosidades no ensino da Matemática tem o objetivo
de fazer com que os adolescentes e crianças gostem de aprender essa
disciplina, mudando a rotina da classe e despertando o interesse do aluno
envolvido.
Neste sentido é possível verificar que há três aspectos que, por si só,
justificariam a incorporação do jogo nas aulas. São estes: o caráter lúdico, o
desenvolvimento de técnicas intelectuais e a formação de relações sociais.
Jogar não é estudar nem trabalhar, porque jogando, o aluno aprende,
sobretudo, a conhecer e compreender o mundo social que o rodeia.
Os jogos são educativos, sendo assim, requerem um plano de ação que
permita a aprendizagem de conceitos matemáticos e culturais de uma maneira
geral. Já que os jogos em sala de aula são importantes, devemos ocupar um
horário dentro de nosso planejamento, de modo a permitir que o professor
possa explorar todo o potencial dos jogos, processos de solução, registros e
discussões sobre possíveis caminhos que poderão surgir.
Os jogos podem ser utilizados pra introduzir, amadurecer conteúdos e
preparar o aluno para aprofundar os itens já trabalhados. Devem ser escolhidos
e preparados com cuidado para levar o estudante a adquirir conceitos
matemáticos de importância.
Os professores devem utilizá-los não como instrumentos recreativos na
aprendizagem, mas como facilitadores, colaborando para trabalhar os
bloqueios que os alunos apresentam em relação a alguns conteúdos
matemáticos, como afirma Borin (1996, p.9)
Outro motivo para a introdução de jogos nas aulas de Matemática é a possibilidade de diminuir bloqueios apresentados por muitos de nossos alunos que temem a Matemática e sentem-se incapacitados para aprendê-la. Dentro da situação de jogo, onde é impossível uma atitude passiva e a motivação é grande, notamos que ao mesmo tempo em que estes alunos falam em Matemática, apresentam também um melhor desempenho e atitudes mais positivas frente a seus processos de aprendizagem.
Para Moura (1994, p.17-24),―a importância do jogo está nas
possibilidades de aproximar a criança do conhecimento científico, vivendo
‗virtualmente‘ situações de solução de problemas.Ou seja, nesse movimento de
aproximação da criança com situações e ações, no enfrentamento de situações
vivenciadas ou simuladas no jogo, as quais demandam refletir, analisar e criar
estratégias, o que estabelece um caminho para o desenvolvimento do
pensamento abstrato. Nesse sentido, fundamenta-se a pesquisa-ação,
desenvolvida com docentes e alunos do ensino Fundamental, conforme
metodologia descrita a seguir.
3. Pesquisa-ação no Ensino Fundamental: caminhos percorridos
A pesquisa foi desenvolvida na Escola Municipal Vila União, situada no
Km 30, TO 064, estrada entre Peixe e Alvorada. Rua Adelino Rodrigues Neto,
S/N, Qd. O8, Lt. 08. Vilarejo conhecido como ―Panta‖, hoje denominado Vila
União, zona rural do município de Talismã- Tocantins.
O Universo da Pesquisa foi composto por 103 alunos, sendo 62 na 1ª
fase (jardim ao 5º ano ), 41 na 2ª fase ( 6º ao 9º ano ) e 6 professoras, 5 na 1ª
fase e 1 na 2ª fase sendo que, na 1ª fase, as 5 trabalham com Matemática e
uma professora na 2ª fase trabalha somente com essa disciplina.
Foram sujeitos envolvidos neste trabalho, as 6 professoras que
trabalham com Matemática do 2º ao 9º ano.
O tipo de pesquisa adotado é pesquisa-ação, pois a participação dos
alunos e professores foi fundamental para o desenvolvimento da intervenção
atingindo os dois objetivos dessa modalidade de pesquisa que são: ―(...)
transformar a realidade e produzir conhecimentos relativos a essas
transformações‖. Ou seja, além de construir conhecimentos sobre as
metodologias de ensino da Matemática, a coordenação pedagógica da escola
campo tem a intenção de modificar ou transformar para melhor o ensino e
aprendizagem dessa disciplina. .A coleta de dados se deu por meio de
entrevista semi estruturada às docentes, contendo 5 questões sobre dúvidas
do ensino de Matemática e propostas de como adequar os métodos de ensino
dessa disciplina.
Os dados coletados foram analisados qualitativamente. Ao listar os
temas recorrentes no conteúdo das repostas docentes, a coordenadora
detectou como propostas convergentes: trabalhar mais o concreto com os
alunos, utilizando a confecção e prática de jogos matemáticos educativos.
Portanto, foi nessa linha que se construiu o Projeto de Intervenção na
prática do ensino de Matemática. A coordenadora reuniu com as docentes
envolvidas para confirmar sobre os objetivos e importância do projeto de
intervenção, como caminho a ser seguido por todos em busca da melhoria do
ensino a aprendizagem dos alunos.
Após muito diálogo, as docentes e coordenação, entraram em acordo
com a realização deste projeto tendo como visão a busca deste ensino com
fins educativos e promissores.
Iniciou-se a busca de informações que orientassem para um bom
andamento do projeto, tendo como propósito o ensino-aprendizagem das
turmas. As docentes, juntamente com a coordenação se organizaram nesta
busca de novos caminhos, caminhos estes que levariam os alunos do Ensino
Fundamental a interessar-se mais pela disciplina de Matemática e assim
buscar o conhecimento que se faz necessário à disciplina.
Em março de 2011, em concordância com todos e após pesquisas
bibliográficas, foram propostos como trabalhos concretos a serem realizados
com os alunos: oficinas para confecção de materiais pedagógicos que seriam
utilizados na disciplina e seleção de jogos que chamassem a atenção, o
interesse e por fim a aprendizagem dos alunos, conforme os conteúdos
curriculares a serem ensinados, em cada turma.
3.1. Projeto de Intervenção
Em maio de 2011, foi sistematizado o projeto de intervenção,
analisando cada passo que seria dado para que se fossem alcançados os
objetivos esperados. As turmas ficaram encarregadas da confecção de
determinado material, de acordo com a faixa etária e necessidades curriculares
de cada um, trabalhando-se em sala as metodologias relacionadas à cada jogo
pedagógico. Priorizou-se jogos envolvendo cálculos, raciocínio lógico,
interpretação de problemas e geometria.
Os jogos confeccionados e trabalhados neste projeto foram: boliche,
pescaria, argola, caixa surpresa, trilhas, roleta, paródias,dominó, jogo das três
pistas. Além de confeccionados e trabalhados pelos alunos em sala, estes
mesmos seriam expostos e trabalhados com os visitantes e alunos que se
fizeram presentes no dia da culminância.
Os jogos de aplicação deveriam permitir a demonstração da
aprendizagem, por meio de exposição para outros do conhecimento adquirido
por meio dos mesmos.
No seguinte mês, junho de 2011, desenvolveu-se na Escola Municipal
Vila União, a culminância do projeto. Participaram: alunos, professores, família
e comunidade. A interação nos jogos confeccionados e trabalhados em sala de
aula foi muito importante e de grande valia, a participação dos presentes foi de
suma importância.
Esta intervenção explicitou a importância da disciplina de Matemática
na vida de cada um, como aluno e ser humano. Sendo assim, será um trabalho
contínuo na Escola Municipal Vila União, buscando sempre o aperfeiçoamento
e prazer pela disciplina de Matemática e pelo aprendizado dos alunos do
Ensino Fundamental.
4. RESULTADOS APRESENTADOS
Ao serem perguntadas sobre o uso de jogos nas aulas de Matemática,
100% dos professores entrevistados classificaram seu uso como regular, isto é,
dificilmente usam os jogos como recurso nesta disciplina. Por outro lado, 50%
trabalham com lista de exercícios e 50% afirma usar as atividades do livro
didático com mais frequência, como mostra o gráfico 1, a seguir:
Gráfico 1: recursos mais usados nas aulas de Matemática
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
lista de exercícios
atividades do livro didático
fonte: entrevista aos docentes
Esses resultados parecem mostrar divergência entre a prática docente na
escola pesquisada e as propostas dos parâmetros curriculares de Matemática,
que apresentam os jogos como valioso recurso pedagógico para o ensino
dessa importante disciplina. Eles levam a coordenação pedagógica a refletir
sobre as prováveis causas dessa pequena ou quase nula utilização dos jogos.
Quais seriam as dificuldades enfrentadas pelas docentes e como a
coordenação pedagógica pode ajudá-las a superar tais dificuldades?
Ao analisar as respostas docentes sobre as dificuldades enfrentadas,
a coordenação constatou que 100% delas não trabalhavam com jogos e
materiais concretos, alegando falta de materiais. Outros motivos apresentados
foram: falta de habilidade em confeccionar materiais, pouco tempo, como
mostra o gráfico 2, a seguir.
Ele mostra o grau de dificuldade apresentado pelos docentes no uso dos
jogos em suas aulas de Matemática, sendo que, 50% afirmam não ter
habilidade na confecção dos materiais e 50% não ter tempo para buscar essa
nova metodologia. Ambos são fatores que podem ser superados por meio do
trabalho coletivo durante os tempos destinados a planejamento, dia pedagógico
e até mesmo para formação continuada.
Gráfico 2 : dificuldades docente para o uso de materiais concretos e jogos
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Não tem habilidade falta de tempo
fonte: entrevista aos docentes
A coordenação, após verificação dessas causas, procurou juntamente
com as docentes buscar alternativas, mostrando às mesmas que seria
necessário a ajuda de todas sendo uma pela outra na prática da construção
dos jogos pedagógicos e criando tempo para busca do ensino-aprendizagem
dos alunos, pois partiria das próprias docentes a força de vontade dos alunos
de se aprender a Matemática de forma divertida.
Após essas constatações a coordenadora, juntamente com sua equipe,
refletiram para saber como trabalhar esta nova metodologia da pesquisa-ação.
Como trabalhar para amenizar o baixo índice no ensino da disciplina de
Matemática e implantar as metodologias adotadas para este ensino. A reflexão
permitiu ao grupo, buscar alternativas para transformação dessa realidade
indesejável.
Dessa forma, o projeto de intervenção foi proposto por toda equipe,
como meio que elevasse o índice de aproveitamento na Matemática. Após a
intervenção os dados começaram a mudar, como mostra o gráfico 3, a seguir:
Gráfico 3: Uso dos jogos, após intervenção
Uso frequente dos jogos pouco uso dos jogos
Por meio deste gráfico pode-se perceber que 80% das professoras
passaram a trabalhar mais os jogos pedagógicos e 20% ainda se adaptou
pouco ao uso dos jogos em sala. Houve maior participação dos docentes no
uso desta metodologia, conseguindo com isto fazer com que os alunos se
interessassem mais pela disciplina de Matemática, criando também maior
prazer pelas aulas e melhora na aprendizagem.
A definição sobre os jogos que seriam construídos partiu da busca na
internet e também das idéias de alguns alunos e professores. Durante o
processo da construção do projeto, foi trabalhada a confecção dos materiais
durante duas aulas semanalmente, em cada turma.
Enquanto se confeccionava os objetos, o grupo ia estudando sobre sua
importância e as formas de aplicação. Depois de construídos eram utilizados
na prática em sala de aula. Com isto, foi-se percebendo que a partir das
construções dos jogos juntou-se o útil ao agradável, enquanto colocavam mãos
à obra, brincavam aprendendo.
Para a culminância do projeto, alunos e professores distribuiu convites a
familiares e comunidade em geral, foi muito importante ver a interação dos
alunos com os convidados e entre eles mesmos. Viu-se em meio grande
interação o prazer em estar apresentando o seu aprendizado e ao mesmo
tempo se divertindo, com certeza são marcas que se introduziram em cada um
e vão a cada dia crescer com eles e com os que viram e verão o crescimento
na educação escolar destes alunos,
Em relação às dificuldades encontradas para se trabalhar com jogos,
observou-se que tanto alunos quanto professoras, perceberam que a utilização
de materiais concretos no ensino da disciplina de Matemática, tornou-se mais
interessante e menos cansativo. A confecção e o uso destes materiais mostrou
ao aluno a criatividade no aprender, isto é, aprender brincando, ficou mais
divertido e bem mais atrativo.
5- Considerações Finais
Após o trabalho realizado foi possível perceber que se poderia incluir
no currículo da escola o Dia ―D‖ da Matemática, trabalho este que será
contínuo, já que o mesmo mostrou melhoras no ensino da disciplina.
Este trabalho trouxe resultados satisfatórios como: Maior interação dos
alunos, o prazer pelo estudo da disciplina Matemática e rendimento positivo na
aprendizagem.
Cabe agora, à equipe, buscar um maior aprofundamento dos
conteúdos do currículo independente do nível dos discentes, recordando
alguns tópicos onde somente com o pleno domínio curricular o profissional de
ensino poderá criar mecanismos facilitadores de aprendizagem.
O professor deve romper com todos os tipos de preconceitos referentes
à aprendizagem, pois todos aprendem – carentes ou não – em tempos e
maneiras diferentes. O professor deve trabalhar com as diferenças e
características de cada um.
Nesse sentido foi diagnosticado a excelência de todo corpo docente da
Escola Municipal Vila União na realização deste projeto de intervenção
acompanhado nesse período, pois muitos fatos teóricos abordados tiveram sua
comprovação durante a prática do trabalho realizado.
A democracia na sala de aula também foi verificada como a melhor
alternativa para caminhar junto com os discentes no caminho do ensino-
aprendizagem e da verdadeira satisfação em estudar a disciplina. Desde a
criação de regras de comportamento para todos até mesmo na seleção de
métodos de ensino e conteúdo. O ensino participativo faz com que o aluno
tenha sentimentos e emoções envolvidas no processo de aprendizagem. A
abstração, a falta de atenção, desinteresse e outros problemas são reduzidos
em prol da participação, crítica, compreensão mútua e conseqüentemente de
laços de amizade comum.
. Como nos diz Isaac Newton – ―Para cada ação há sempre uma reação
oposta e de igual intensidade.‖ – e, portanto, produzindo ações construtivas
hoje as reações produtivas no futuro serão lei.
REFERÊNCIAS
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Horizonte: Autêntica, 2001. (Coleção Tendências em Educação Matemática).
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