universidade federal do amazonas faculdade de tecnologia curso de engenharia quÍmica laboratÓrio...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
FACULDADE DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA
LABORATÓRIO DE FENÔMENOS DE TRANSPORTE
Jerônimo Maranhão Vieira Rodrigues Júnior
Ricardo Drumond Sardinha
Yuri Silva Sarmento
Prática transferência de calor convectivo
utilizando ferro de passar
1. Considerações iniciais
O modo de transferência de calor por convecção abrange
dois mecanismos: transferência de energia devido ao movimento
molecular aleatório (difusão) e através do movimento global do
fluido. Esse movimento do fluido está associado ao fato de que
um grande número de moléculas esta se movimentando
coletivamente em um instante qualquer. Tal movimento, na
presença de um gradiente de temperatura, contribui para a
transferência de calor (INCROPERA et al. 2007).
A transferência de calor por convecção ocorre com o
contato entre um fluido em movimento e uma superfície, estando
estes com diferentes temperaturas. Uma consequência da
interação entre o fluido e a superfície é o desenvolvimento de
uma região no fluido em que sua velocidade varia entre zero
(no contado a superfície) e um valor finito associado ao
escoamento do fluido. De maneira análoga a diferença de
temperatura entre a superfície e um ponto afastado gera também
uma região. Essas regiões formadas são conhecidas
respectivamente como camada limite hidrodinâmica ou de
velocidade e camada limite térmica (INCROPERA et al. 2007).
A transferência de calor por convecção pode ser
classificada de acordo com a natureza do escoamento do fluido
em forçada, natural e uma combinação das duas. A convecção
forçada é causada por meios externos, tais como um ventilador,
uma bomba ou ventos atmosféricos. Em contraste, a convecção
natural (livre) o escoamento é induzido por forças de empuxo
que são originadas pelas diferenças de densidades (massa
específica) causadas por variações de temperatura do fluido
(INCROPERA et al. 2007).
Segundo INCROPERA et al. (2007), a transferência de calor
por convecção é uma transferência de energia que ocorre no
interior de um fluido devido aos efeitos combinados da
condução e do escoamento global do fluido ou macroscópico do
fluido. Independente da natureza específica do processo
transferência por convecção, a equação apropriada para a taxa
de transferência possui a forma:
(Equação 1)
Onde,
q é o fluxo de calor por convecção em Watts;
A é a área da superfície;
h é o coeficiente de transferência de calor por
convecção;
Ts e T∞ são as temperaturas da superfície e do ponto
afastado respectivamente.
A determinação do coeficiente de película (h) depende das
condições da camada limite, as quais são influenciadas pela
geometria da superfície, pela natureza do escoamento do fluido
e por uma série de propriedades termodinâmicas e de transporte
do fluido. Envolvendo uma série de variáveis do fluido como
calor específico, viscosidade dinâmica, densidade e
condutividade térmica, outras variáveis como velocidade do
escoamento, dimensão característica (diâmetro do tubo, altura
da placa), gradiente de temperatura entre a superfície e o
fluido também influenciam o coeficiente de transferência de
calor convectivo (ANTONIETTI et al, 2011).
2. Objetivos
Analisar os conceitos de transferência de calor
convectivo ao utilizar uma potência elétrica como fonte do
fluxo de calor.
3. Procedimento experimental
Inicialmente conectou-se o ferro a corrente elétrica e
utilizando um multiteste e um potenciômetro controlou-se a
tensão aplicada para ficar próxima a 10 volts. Com a tensão
controlada, verificou-se a temperatura do ferro e foi esperado
a estabilização da mesma para a medição. A medição da
temperatura foi realizada com o auxílio de um termômetro
infravermelho e adotou-se uma distancia de um palmo entre o
ferro e o equipamento para realização da medição.
Com o ferro ainda quente, mediu-se a resistência do ferro
com o multiteste e por com um termômetro distante do ferro,
determinou-se a temperatura do meio (T∞). Para determinar a
área do ferro o mesmo foi desenhado sob uma folha milimetrada.
Calculou-se então o coeficiente de transferência de calor por
convecção e comparou-se o valor encontrado com o da literatura
para convecção natural. O experimento foi realizado novamente
para outra tensão próxima a 10 volts.
4. Resultados e discussão
Primeiramente, utilizando o potenciômetro para controlar
a tensão da rede (123,4 volts) para que a mesma estivesse
dentro do intervalor de 10±5 duas tensões foram encontradas
para a realização do experimento, conforme tabela abaixo:
Tabela 1 - Tabela de tensões obtidas.
Tensões MédiaU1 (V) = 9~10,8 U1 (V) = 9,9 U2 (V) = 11~14 U2 (V) = 12,5
O uso da média para a realização dos próximos cálculos
foi devido a variação que a tensão sofreu para a mesma
abertura do potenciômetro. Em seguida, com a tensão
estabilizada dentro do intervalo determinado deu-se inicio a
medida da temperatura. Antes de medir a temperatura na
superfície do ferro, determinou-se um tempo de 5 minutos para
que a o ferro apresentasse uma temperatura sem grandes
Figura 1 - Equipamento utilizado para realização do experimento.
variações. As temperaturas do meio e para as duas tensões
estão apresentadas na tabela abaixo:
Tabela 2 - Tabela de temperaturas obtidas.
Temperatura da superfície doferro (K)
Temperatura do meio (K)
Ts1 = 378,15 T∞1 = 300,75Ts2 = 403,15 T∞2 = 301,15
Após a medida da temperatura do ferro, o próximo passo
seguido foi a medição da resistência do mesmo para então
calcular a potência elétrica através da relação abaixo. Vale
ressaltar que o fluxo de calor terá o mesmo valor da potência,
pois todo o calor do ferro será transferido para o ambiente
por convecção unidirecional, levando em conta que sua
espessura é muito pequena em e a parte de trás do ferro está
isolada. Os valores encontrados para as resistências e
potencias estão na tabela abaixo:
Tabela 3 - Resistência e Potência obtida.
Resistência (Ω) Potência elétrica (W)R1 = 15,1 P1 = 6,4907R2 = 15,2 P2 = 10,2796
P=U2/R (Equação 2)
A equação 2 foi usada para encontrar a potência do ferro.
Antes de determinar o coeficiente de película do meio, faz-se
necessário encontrar a área por onde ocorre a transferência de
calor (área do ferro). Utilizando o papel milimetrado mostrado
abaixo, pode-se encontrar uma área de aproximadamente 0,0144
m2.
Com as variáveis de área, temperatura e fluxo de calor
(potência elétrica) conhecidas pode-se determinar o
coeficiente de transferência de calor convectivo do ar
Figura 2 – Cálculo da área
(natural). Ao aplicar essas variáveis na equação 1, pode-se
obter os seguintes resultados:
Coeficiente de película (W/m2K)h1 = 5,819h2 = 6,993
Segundo Grillo, o coeficiente de película para a
convecção natural do ar está entre: 5,81 W/m2K ~ 29,05 W/m2K.
Ao comparar estes valores com os obtidos no experimento,
verifica-se que os mesmos estão entre os valores
estabelecidos, mas estão muito próximos do limite inferior.
Esse fato pode estar envolvido no gradiente de temperatura,
pois o limite superior estabelecido por Grillo deve contemplar
um gradiente maior de temperatura ao encontrado no
experimento, alem disso, não se sabe a área de trabalho
realizada para determinar o intervalo.
Contudo, o experimento apresentou resultado satisfatório
ao obter o coeficiente próximo ao encontrado por outro autor,
apesar de encontrar problemas na determinação da temperatura
da superfície do ferro, pois o termômetro infravermelho
apresentava uma leitura da temperatura diferente dependendo de
sua distância ao ferro o que levou a adoção de uma distância
de um palmo, entre o ferro e o termômetro, para a realização
da medição.
5. Considerações Finais
O coeficiente de transferência de calor convectivo (h)
depende de várias variáveis. No experimento em questão, as
principais variáveis eram o gradiente de temperatura gerado
pela potência elétrica e a área de troca térmica. Apesar da
aproximação da área utilizando o papel milimetrado e a
determinação de uma distância para a medição da temperatura o
experimento apresentou resultado satisfatório ao apresentar o
coeficiente de película entre o intervalo estabelecido por
outro autor.
6. Referências
INCROPERA, F.; DEWITT, D.; BERGMAN, T.; LAVINE, A. Fundamentos
de transferência de calor e massa. Sexta edição, LTC, 2007.
ANTONIETTI, A.; STEMPKOWSKI, A.; SEGATTI, F.; SPASSIN, T.;
SILVA, C. Determinação do coeficiente de transferência de
calor numa placa plana aquecida no interior de um túnel de
vendo com escoamento de ar em paralelo. PERSPECTIVA, Erechim.
v.35, n.130, p. 7-17, junho/2011.
GRILLO, A. Convecção por calor. Disponível em: <
http://alexandregrillo.com.br/website/downloads/unifeso_aulas_
de_transporte_de_calor/aula_IV_t_c_convercao_de_calor.pdf>