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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ UENP - CAMPUS LUIZ MENEGHEL CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS CURSO CIÊNCIAS BIOLÓGICAS LUAN ALBERTO ODORIZZI DOS SANTOS MONOGRAFIA IMPACTO DA QUEIMADA DA PALHA DE CANA-DE- AÇÚCAR SOBRE A POPULAÇÃO DE ARTRÓPODES EDÁFICOS BANDEIRANTES-PR DEZEMBRO/2011

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ

UENP - CAMPUS LUIZ MENEGHEL

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

CURSO CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

LUAN ALBERTO ODORIZZI DOS SANTOS

MONOGRAFIA

IMPACTO DA QUEIMADA DA PALHA DE CANA-DE-

AÇÚCAR SOBRE A POPULAÇÃO DE ARTRÓPODES

EDÁFICOS

BANDEIRANTES-PR

DEZEMBRO/2011

LUAN ALBERTO ODORIZZI DOS SANTOS

MONOGRAFIA

IMPACTO DA QUEIMADA DA PALHA DE CANA-DE-

AÇÚCAR SOBRE A POPULAÇÃO DE ARTRÓPODES

EDÁFICOS

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Universidade Estadual do

Norte do Paraná como requisito parcial

para obtenção do título de Bacharel em

Ciências Biológicas.

Orientador Profª.: Drª. Laila Herta Mihsfeldt

BANDEIRANTES-PR

DEZEMBRO/2011

LUAN ALBERTO ODORIZZI DOS SANTOS

MONOGRAFIA

IMPACTO DA QUEIMADA DA PALHA DE CANA-DE-

AÇÚCAR SOBRE A POPULAÇÃO DE ARTRÓPODES

EDÁFICOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estadual do Norte do Paraná como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas com nota final...........conferida pela Banca Examinadora formado por:

__________________________________________________________

Prof. Drª. Laila Herta Mihsfeldt Campus Luiz Meneghel

__________________________________________________________ Prof. Msc. Nina Maria Silva Risso Campus Luiz Meneghel

__________________________________________________________ Prof. Dr. Odair Aparecido Fernandes UNESP/ FCAV

Bandeirantes, 17 de novembro de 2011

IV

À minha Mãe Alba Tereza Odorizzi e Pai José Valetim de Campos, pelo carinho,

amor e confiança a mim depositado.

À minha tia Helena Maria Odorizzi e a minha avó Julia Tavares Odorizzi, por

estarem do meu lado desde a infância e a dedicação para qual tiveram comigo.

À Professora Msc. Nina Maria Silva Risso por ser minha mãe nesses quatro anos

do curso e pela confiança depositada em mim.

Dedico

V

AGRADECIMENTOS

À Deus por me conceder a vida e por ter me dado forças em diversos momentos da minha vida.

À minha mãe Alba Tereza Odorizzi por ter sido meu pai e sempre ter acredito em mim quando

tudo parecia difícil.

À minha avó Julia Tavares Odorizzi e a minha tia Helena Maria Odorizzi, por terem me acolhido

e ensinado o verdadeiro sentidos das coisas.

Ao meu tio Antônio Cezar Odorizzi (Veaco), por sempre ter mostrado como as coisas podem ser

difíceis e pelos seus incentivos “gentis”.

Ao meu “paidrasto” Zé Valentim, por sempre questionar sobre as minhas decisões.

Aos meus irmãos Marcelo e Matheus, por mesmo não estarmos tão juntos, sempre saberei que

posso contar com eles.

À Professora e Orientadora Drª. Laila Herta Mihsfeldt, pelos conselhos e “broncas”, que me

fizeram crescer profissionalmente e pessoalmente.

À Professora “Mãe” Msc. Nina Maria Silva Risso que desde o início me incentivou e acreditou

que eu poderia ser capaz, e sempre disposta a escutar a diversas estórias de finais de semana.

Ao Professor Dr. Odair Aparecido Fernandes pelo apoio que vem dando, juntamente com o

pessoal do APECOLAB- UNESP/FCAV (Andrea Varela, Daniel Caixeta, Alexandre Menezes,

Juliana Alonso, Natalia Naranjo, Márcia Macri, Iara e Dayane).

À Rafaela Alves Freitas, por ter mostrado o significado de uma amizade e pela ajuda prestada no

desenvolvimento do trabalho.

Aos professores do Cursinho 1° opção da UNESP-Assis Gabriel “Pesquisa” e Gabi, por

ajudarem a descobrir a paixão pela entomologia.

Às minhas amigas Micheli Salles, Paloma Luiz e Thaís Mazzanatti por estarem do meu lado nos

meus dias de desesperos.

À XVI turma de Ciências Biológicas pelos momentos inesquecíveis que passamos juntos.

Aos docentes e funcionários da instituição que ajudaram nessa trajetória.

Aos moradores e agregados da República Zona da Mata (Luciane, Nathan, Mari, Karina,

Mariane, Tati Orsini, Germano, Clebão, Bruna Trovo, Jéssica, Ítalo, Luana, Márcio Ohira e Flavio

Otumura) pelos melhores momentos da minha vida.

Aos meus amigos Jader Gustavo, Fernando Silva, Guilherme Ramos e Gesiane Nascimento por

serem os melhores amigos de Bandeirantes.

A Galera da Pós- Graduação em Entomologia Agrícola da FCAV/UNESP, pela receptividade e

apoio nesses últimos meses em especial (Diego Fraga, Jaqueline Maeda, Marilia Lara, Mariana

Funichello, Marina Viana e Diego Olympio).

VI

Você não sabe

O quanto eu caminhei

Pra chegar até aqui

Percorri milhas e milhas

Antes de dormir

Eu nem cochilei

Os mais belos montes

Escalei

Nas noites escuras

De frio chorei, ei , ei

Ei! Ei! Ei! Ei! Ei!...

Música: A estrada- Cidade Negra

VII

Sumário

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... VIII

LISTA DE TABELAS ................................................................................................ IX

RESUMO ................................................................................................................... 10

INTRODUÇÃO GERAL............................................................................................. 11

REVISÃO BIBLIOGRAFICA ..................................................................................... 12

Origem, distribuição e importância da cana-de-açúcar. ............................................ 12

Artrópodes de solos associados á cultura de cana-de-açúcar. ................................ 13

insetos edáficos de importância econômica .............................................................. 13

Artrópodes como Bioindicadores ............................................................................... 14

Resposta dos artrópodes à queimada ...................................................................... 15

Armadilhas ................................................................................................................ 16

OBJETIVOS .............................................................................................................. 18

MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 19

RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 23

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 36

VIII

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. Local de montagem do experimento ...................................................... 19

FIGURA 2. Esquema ilustrando a distribuição das armadilhas ................................ 20

FIGURA 3. Corredor da cultura de cana-de-açúcar .................................................. 21

FIGURA 4. Armadilha “pitfall” instalada em canavial ................................................ 21

FIGURA 5. Numero total de Collembolas e Formicidae coletados antes e depois da

queimada. .................................................................................................................. 26

FIGURA 6. Relação de dominância entre Hymenoptera: Formicidae e Collembola em

função da temperatura média, antes a após a queimada da palha de cana-de-açúcar

no munícipio de Bandeirantes-PR . ........................................................................... 26

FIGURA 7. Relação dos números totais dos principais grupos encontrados antes e

depois da queimada ................................................................................................. 27

FIGURA 8. Índice de diversidade de Shannon-Weaner durante todas as coletas em

cana-de-açúcar, no município de Bandeirantes-PR. ................................................ 34

IX

LISTA DE TABELAS

TABELA 01. Ordens, famílias e indivíduos coletados em cana-de-açúcar, no

município de Bandeirantes (PR) antes e depois da queimada. ................................ 24

TABELA 02. Número de indivíduos e porcentagem de Collembola e Hymenoptera:

Formicidae em pré e pós-queimada da cana-de-açúcar.. ......................................... 24

TABELA 03. Distribuição percentual dos grupos com relação ao índice faunístico de

dominância, capturados em área de cana-de-açúcar antes da queimada. .............. 28

TABELA 04. Distribuição percentual dos grupos com relação ao índice faunístico de

dominância, capturados em área de cana-de-açúcar depois da queimada. ............. 29

TABELA 05. Distribuição percentual dos grupos com relação ao índice faunístico de

abundância, capturados em área de cana-de-açúcar antes da queimada. ............... 29

TABELA 06. Distribuição percentual dos grupos com relação ao índice faunístico de

abundância, capturados em área de cana-de-açúcar depois da queimada. ............ 30

TABELA 07. Distribuição percentual dos grupos com relação ao índice faunístico de

freqüência, capturados em área de cana-de-açúcar antes da queimada. ................ 31

TABELA 08. Distribuição percentual dos grupos com relação ao índice faunístico de

freqüência, capturados em área de cana-de-açúcar depois da queimada. .............. 31

TABELA 09. Distribuição percentual dos grupos com relação ao índice faunístico

constância, capturados em área de cana-de-açúcar antes da queimada. ............... 32

TABELA 10. Distribuição percentual dos grupos com relação ao índice faunístico de

constância, capturados em área de cana-de-açúcar após a queimada. .................. 32

TABELA 11. Totais de indivíduos, número de coletas e análise faunística de

artrópodes associados à cana-de-açúcar antes da queimada no município de

Bandeirantes. ............................................................................................................ 33

TABELA 12. Totais de indivíduos, número de coletas e análise faunística de insetos

associados à cana-de-açúcar depois da queimada município de Bandeirantes. ..... 34

10

1. Resumo O estudo de invertebrados tem sido uma das técnicas utilizadas para se avaliar

mudanças no ambiente. Assim, os insetos têm se mostrado indicadores apropriados

para essa finalidade, tendo em vista sua diversidade e a capacidade de produzir

várias gerações em curto espaço de tempo. O presente estudo teve por objetivo

avaliar os artrópodes presentes no solo de uma lavoura comercial de cana-de-

açucar. O experimento foi realizado nos meses de dezembro de 2009 a agosto de

2010 em um talhão de cana-de-açúcar, variedade SP 80-1816, de 6º corte e com 3

meses de desenvolvimento, pertencente a Usiban, no município de Bandeirantes -

PR. Para coleta dos insetos, foram utilizadas 20 armadilhas do tipo “pitfall”,

espaçadas em 10 metros umas das outras e enterradas para ficarem com a abertura

rente ao solo e permaneceram no campo por 48 horas, quando os seus conteúdos

foram recolhidos e levados para o Laboratório de Entomologia e Nematologia da

UENP- Campus Luiz Meneghel, Bandeirantes, PR para posterior contagem. As

amostras foram conservadas em álcool 70%. Durante o período, foram realizadas 8

coletas antes da queimada a cada 30 dias e 6 coletas após a queimada a cada 15

dias. Observou que após a queimada houve 3 grupos superdominantes enquanto

que antes da queimada apenas houve dois grupos. Quanto a abundancia antes da

queimada a maioria dos grupos foram classificado como rara (14) e após a

queimada 11 grupos foram dispersos. Quando analisado a frequência a maioria dos

grupos, foram considerados antes e após a queimada como pouco frequentes,

obtendo-se 18 e 11 grupos respectivamente. Ao verificar a constância antes da

queimada obteve 9 grupos considerados constantes, enquanto que após a

queimada houve a presença de 12 grupos. Conclui com o trabalho que o fogo, afeta

diretamente a populações de artrópodes edáficos após a passagem do fogo e que

poucos grupos são encontrados após a queimada.

11

2. Introdução

A cana-de-açúcar compreende um agroecossistema que abriga numerosas

espécies de insetos, sendo que em algumas delas, dependendo da época do ano e

da região, podem ocasionar sérios prejuízos econômicos. No entanto, segundo os

mesmos autores, muitas outras espécies, são benéficas e podem exercer papel

importante no controle de pragas como a Diatraea saccharalis (Fabricius, 1794)

(Lepidoptera: Crambidae), uma das mais importantes nessa cultura, devido a sua

ampla distribuição e a dimensão dos prejuízos que causa (MACEDO; BOTELHO,

1988).

Nos canaviais destacam os predadores e os parasitóides que consomem tanto

insetos-pragas como não pragas (MACEDO; ARAÚJO, 2000). Outro fator importante

é que o estudo de organismos vivos, usados como indicadores da qualidade

ambiental tem sido uma das técnicas para avaliar mudanças no ambiente (MAJER,

1983).

A queima da cana de açúcar vem sendo adotada há vários anos para promover a

limpeza prévia dos canaviais, a fim de facilitar o corte manual da cultura pelos

trabalhadores. Porem, a utilização do fogo para a queima da palhada é discutida,

devido aos impactos ambientais que causa, como: a liberação de monóxido de

carbono, perda da matéria orgânica do solo, morte de animais silvestres e

bioindicadores.

A utilização de insetos bioindicadores para avaliar as mudanças no ambiente é

crescente, e eles têm se mostrado apropriados para essa finalidade, tendo em vista

sua diversidade e capacidade de produzir várias gerações, geralmente, em curto

espaço de tempo.

As populações de organismos de solo estão associadas diretamente aos fatores

ambientais e, quando os fatores são favoráveis para eles à população aumenta, se

contrários, a população diminui (SILVEIRA NETO et al., 1976).

Para estudos de diversidade, os organismos edáficos devem ter como

características: abundância, diversidade e serem ecologicamente importantes no

agroecossistema estudado. A análise faunística permite a avaliação do impacto

ambiental, tendo por base as espécies de insetos como indicadores ecológicos

(SILVEIRA NETO et al., 1995).

12

3. Revisão Bibliográfica

3.1. Origem, distribuição e importância da cana-de-açúcar.

A cana-de-açúcar pertence á família Poaceae e ao gênero Saccharum, que

abrange várias espécies, porém, as variedades de cana-de-açúcar atualmente

cultivadas, em sua maioria, são hibridas. É uma planta perene e própria de clima

tropical e subtropical. Diversas espécies pertencem ao gênero Saccharum, sendo a

mais importante S. officinarum L. (CLAYTON e DANIELS, 1975; FIGUEREDO, 2010)

Nos híbridos, procura-se aliar a rusticidade e resistência a moléstias às boas

qualidades de riqueza em açúcar das variedades nobres de Saccharum spp.

(AGUIRRE JUNIOR, 1936; DANIELS, 1975).

A hipótese mais aceita sobre a expansão da cana-de-açúcar no mundo é que

ela tenha sido cultivada inicialmente na região do Golfo de Bengala, e,

paulatinamente, outros povos como persas, chineses e árabes foram conhecendo e

expandindo seu cultivo (FIGUEREDO, 2010).

A cultura da cana de açúcar foi introduzida no continente americano em 1493,

na segunda viagem de Cristóvão Colombo. Posteriormente, foi levada por outros

navegantes para a América Central e do Sul. No Brasil, há indícios de que o seu

cultivo seja anterior à época do descobrimento, mas seu desenvolvimento ocorreu

somente após a realização de plantios e a criação de engenhos pelos portugueses

(FIGUEIREDO, 2010).

O cultivo comercial de cana de açúcar é realizado em mais de 70 países,

sendo os maiores produtores o Brasil, Índia, Cuba, México e China. É uma das

culturas agrícolas mais expressivas da região tropical, gerando muitos empregos

diretos e indiretos, o que a torna uma importante fonte de renda e desenvolvimento.

(CONAB, 2011).

Atualmente assume posição de grande destaque no cenário econômico

mundial e isto ocorre porque seus produtos e subprodutos representam importante

fonte de recursos para a população. Açúcar, álcool, vinhaça, melaço, aguardente e o

bagaço são os principais produtos e subprodutos economicamente importantes

(CONAB, 2011).

No Brasil, a cultura é considerada uma das mais importantes, tanto pela área

que ocupa, como do ponto de vista econômico, ambiental e social (URQUIAGA et

13

al., 1991), com destaque para as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. A

estimativa de produção para a safra de 2011/2012 é de 641.982 mil toneladas, o que

representa um incremento de 2,9% em relação à safra anterior (CONAB, 2011).

3.2. Artrópodes de solos associados à cultura de cana-de-açúcar.

Ao avaliar a biodiversidade, a preservação de espécies e a manutenção de

ecossistema, o ambiente edáfico surge com destaque entre as preocupações. A

estreita associação da comunidade faunística com os processos que ocorrem no

subsistema decompositor e a sua grande sensibilidade a interferências nos

agroecossistemas, as alterações na composição de espécies e abundância relativa

dos invertebrados edáficos constituem-se como bons indicadores para a avaliação

da sustentabilidade e das condições do solo, tanto de sistemas naturais como dos

sistemas agrícolas (COLEMAN; HENDRIX, 2000).

Em coletas realizadas em cana de açúcar, são relatadas grandes

diversidades de insetos associados a essa cultura (ALMEIDA FILHO, 1995), sendo

que somente uma fração destes é considerada de importância econômica (GALLO

et al., 2002).

3.3. Insetos edáficos de importância econômica

Dentre os diversos fatores que afetam a produtividade de cana de açúcar,

destaca-se as pragas, como: a broca do colmo, Diatraea saccharalis, a cigarrinha-

das-raizes, Mahanarva fimbriolata (Stal, 1854) (Hemiptera: Cercopidae), cupins e

formigas são as que se destacam por serem de ocorrência generalizada no Brasil

(LOPES, 2011). DINARDO-MIRANDA (2010) cita que, na região Sudeste também

são encontradas: Sphenophorus levis (Vaurie, 1978) (Coleoptera: Curculionidae),

Migdolus fryanus Westwood (Coleoptera: Cerambycidae), e em alguma situações,

Metamasius hemipterus (Linnaeus, 1975) (Coleoptera: Curculionidae), causando

perdas significativas.

Conforme DINARDO-MIRANDA (2010), São insetos sociais que vivem em

colônias populosas, compostas por indivíduos de diferentes formas (castas),

adaptadas ao trabalho que desempenham. Segundo Macedo (1995), as espécies

presentes em canaviais podem ser divididas em dois grupos pelos hábitos de

14

construir suas colônias: cupins de montículos e cupins subterrâneos. Os mais

importantes são os cupins subterrâneos, cujas colônias se distribuem em galerias no

solo, sob rochas, no interior de raízes etc. Neste grupo estão as espécies de

Heterotermes, Procornitermes, Nasutitermes, Neocapritermes, Nasutitermes,

Neocapritermes, Syntermes e outros.

As formigas de maior importância na cana-de-açúcar pertencem à ordem

Hymenoptera, família Formicidae e gênero Atta e Acromyrmex e são popularmente

chamadas de saúvas e quenquéns, respectivamente. Caracterizam-se como

eussociais, com mais de 11.000 espécies identificadas em todo o mundo, sendo

mais de 2.000 presentes no Brasil. (BROWN JUNIOR et al., 2000).

Em geral, as formigas são benéficas, contribuindo para a ciclagem de

nutrientes, aeração do solo, polinização, dispersão de sementes de algumas plantas

e também participam da cadeia alimentar (BUENO et al, 2004).

A biodiversidade de formigas tem sido estudada com o objetivo de

compreender as perturbações ocasionadas pelas constantes simplificações dos

ecossistemas naturais, como é o caso da monocultura de eucalipto (MAJER 1996).

3.4. Artrópodes como Bioindicadores

Segundo Pankhursp e Lynch (1994), além da importância como

decompositores, os artrópodes edáficos também alteram características físicas do

solo, alterando as propriedades do mesmo e tanto os microrganismos quanto a

mesofauna edáfica são capazes de modificar as propriedades físicas, químicas e

biológicas do solo. Como exemplo, pode-se citar o revolvimento do solo por alguns

grupos como: besouros (Coleoptera), formigas (Hymenoptera: Formicidae), ácaros

(Arachinida) e colêmbolos (Collembola) que levam inicialmente a um aumento na

porosidade dos solos e, consequentemente, na capacidade de retenção de água e

troca de gases (JONES et al., 1994).

Os artrópodes possuem interações entre si e com o ambiente. Dessa forma,

qualquer modificação no ambiente é refletida na comunidade, podendo ser utilizada

como um bioindicador para a avaliação do grau de perturbação de um determinado

ecossistema (SCHAUFF, 1986).

15

De acordo com Doran e Parkin (1994), um bom bioindicador de qualidade de

solo deve obedecer aos seguintes critérios: estar associado aos grandes processos

do ecossistema; integrar propriedades físicas, químicas e biológicas; ser acessível a

muitos usuários e aplicável a condições de campo; além de ser sensível às

variações do manejo e do clima.

Segundo Heisler (1989), os ácaros oribateideos (Acari: Cryptostigmata) e os

colêmbolos são os dois grupos mais ricos em espécies e indivíduos da fauna

edáfica. Singh e Pillai (1975) afirmam que eles constituem de 72% a 97% dos

indivíduos da fauna total de artrópodes do solo.

Manton (1977) concluiu que os colêmbolos evoluíram da condição hexápode

de modo independente e, portanto, devem ser tratados como uma classe separada.

Canhos (1998) classifica-os como pequenos insetos sem asas, diferenciados em

grupos ecomorfológicos de ocorrência específica em diferentes horizontes do solo.

Devido à incerteza quanto à posição filogenética da Classe Collembola dentro

do Filo Arthropoda, muitos pesquisadores utilizam a classificação do grupo como

pertencentes à Classe Insecta (GALLO, 2002). Bellinger et al (2003) os consideram

como Classe Collembola. De acordo com Janssens (2005), colêmbolos são

crustáceos terrestres altamente especializados que já alcançaram o clímax evolutivo

no período devoniano, quando dominaram a maioria dos habitats terrestres.

Já Triplehorn e Jonnson (2011) citam que os representantes da Classe

Collembola são hexapodes primitivamente não alados, com metamorfose simples e

agrupados como Entognatha, já que apresentam as peças bucais mais ou menos

retraídas no interior da cabeça, acatando as conclusões BORROR, D. J. e DELONG,

D. M. (2011).

3.5 Resposta dos artrópodes á queimada

De acordo com Zimmer e Parmenter (1998), os poucos estudos existentes

sobre respostas de artrópodes ao fogo indicam que espécies residentes nas plantas

(principalmente herbívoros e predadores) inicialmente sofrem alta mortalidade, mas

recolonizam rapidamente esses locais através de populações advindas das áreas

vizinhas não queimadas e que, artrópodes de solo (detritívoros e predadores) são

pouco afetados inicialmente, mas respondem, à longo prazo, a mudanças

provocadas pelo fogo.

16

Oliveira e Franklin (1993) afirmam que os insetos refugiam-se durante a

passagem do fogo em troncos no solo ou em áreas que não sofrem ação deste.

Araújo et al. (2004) relatam que soqueiras remanescentes dos cortes para

exploração servem como local de abrigo de formigas e outros artrópodes durante a

passagem do fogo.

Segundo Kozlowski e Ahlgren (1974) e Naves (1996), os efeitos negativos do

fogo para formigas são menos evidentes que nos demais artrópodes porque grande

parte delas constrói ninhos em locais que as protegem do intenso calor e, além

disso, sua organização social propicia o rápido restabelecimento em áreas

queimadas.

Os insetos fitófagos, quando específicos para determinadas plantas, são os

organismos mais adequados para avaliação de impactos ambientais, pois são

taxonômicamente bem estudados e podem ser facilmente amostrados através de

armadilhas (HOLLOWAY et al, 1987).

Quando Barbosa (2008) analisou a abundância de insetos em cana-de-

açúcar, verificou que a maioria das espécies (64,22%) foi caracterizada como rara,

sendo esta uma das características marcantes das comunidades de artrópodes. Em

contrapartida, poucas espécies são comuns e um grande número de espécies são

raras, assim aumentando assim o número de espécies raras na medida em que se

eleva o número de amostras (KREBS, 1972).

Após a queima do canavial os predadores de forma geral, possuem a maior

taxa de sobrevivência justificada pelas baixas temperaturas atingidas nos primeiros

5 mm de profundidade do solo durante a rápida passagem do fogo, pelo abrigo

oferecido pelo solo e por apresentarem grande mobilidade (DEGASPARI et

al.,1983).

3.6. Armadilhas

De acordo com Nakano e Leite (2000), uma armadilha pode ser definida como

um processo mecânico, físico ou químico de captura, podendo conter os processos

intimamente associados.

Em estudos de análise faunística, têm-se utilizado os mais diferentes tipos de

armadilhas para levantamentos populacionais. Podem ser utilizadas armadilhas

luminosas, armadilhas de solo do tipo „pitfal’, malaise, etc. Desse modo, estudos de

17

comunidades que têm como abrangência levantamento de espécies, flutuação

populacional, distribuição anual, migração e densidade têm sido efetuados por todo

o mundo, lançando-se mão desses equipamentos (MOLDENKE, 1994).

A armadilha de solo do tipo “pitfal”, segundo Almeida et al. (1998), é

especialmente voltada para insetos que caminham sobre o solo, por incapacidade

de vôo ou por preferência de habitat. Isso inclui uma variedade de formas imaturas

de insetos, como larvas de besouros e de dípteros, mas também adultos de insetos

sem asas, como Archaeognatha, Formicidae, adultos com asas de alguns grupos,

como Sciaridae e Phoridae (Diptera), além de outros artrópodes, como ácaros,

aranhas, sínfilos, diplópodes, Collembola, Protura, Diplura etc. (LIMA, 1962;

GUARIENTO, 1995).

As armadilhas de solo são utilizadas para avaliar a atividade da fauna epígea,

ou seja, dos componentes que atuam, principalmente, na superfície do solo. Esse

método é bastante simples e consiste na colocação de recipientes de cerca de 10

cm de altura e 10 cm de diâmetro rente ao solo, de tal forma que, os animais, ao se

locomoverem são capturados nesses recipientes. Recomenda-se colocar cerca de

200 ml de formol 4% nas armadilhas para que os animais não fujam e possam,

também, ser conservados (MOLDENKE, 1994).

O “pitfal”, adaptado por Greenslade em 1964 (MOLDENKE, 1994), é

composto de um recipiente enterrado no solo, até que a sua extremidade vazada

fique ao nível da superfície. Dentro deste recipiente, é colocado um funil cujo

diâmetro é igual ao do recipiente e em cuja base é mantido um frasco contendo uma

solução conservante. Os animais epígeos caem acidentalmente na armadilha

quando estão se locomovendo no solo. Este método mede a atividade dos

indivíduos presentes, dependendo basicamente da mobilidade da espécie, que é

atraída pelo próprio conservante, frutos, esterco e outros produtos que podem ser

acrescentados à armadilha (MOLDENKE, 1994).

Os recipientes podem ser de diferentes materiais. Potes de mel de 500 mg,

por exemplo, podem ser utilizados e funcionam muito bem, pois podem ser bem

fechados e transportados seguramente do campo para o laboratório. A armadilha

permanece no campo durante o tempo determinado pelo pesquisador e após esse

tempo é recolhida e levada ao laboratório para identificação e contagem dos animas.

Os resultados são expressos em número de indivíduos por armadilha por dia

(MOLDENKE, 1994).

18

4. Objetivos

4.1. Geral

Verificar o impacto da queimada da palha de cana-de-açúcar sobre a população

de artrópodes de solo.

4.2. Específicos

Determinar a artropodofauna em cana-de-açúcar;

Conhecer a diversidade, abundância, frequência, constância e a equitabilidade

de artrópodes de solo na cultura de cana-de-açúcar;

Identificar as famílias predominantes antes e após a queima da palha da cana-

de-açúcar;

19

4. Material e Métodos

O experimento foi instalado em canavial comercial da USIBAN - Usina

Bandeirantes, Bandeirantes- PR e as contagens e identificações das populações de

artrópodes foram feitas no laboratório de Entomologia e Nematologia, Campus Luiz

Meneghel, da Universidade Estadual do Norte do Paraná no período de Outubro de

2009 e Agosto de 2010. Os dados climáticos foram obtidos através da Estação

Agroclimatológica da UENP/CLM (Lat 23°06‟ S, 50°21‟ W, Altitude 440m).

As armadilhas foram instaladas em um canavial comercial (Figura 1),

cultivado com a variedade SP 80-1816, que se encontrava no 6º corte e que estava

com 3 meses de desenvolvimento (Figura 3).

Figura 1. Local de montagem do experimento FONTE: Google Earth

Foram utilizadas 20 armadilhas de solo do tipo “pitfal”, instaladas nas entre

linhas do canavial. Foram enterradas com a parte superior rente ao solo para

permitir as coletas dos indivíduos e distribuídas em quatro linhas nos carreadores,

com cinco armadilhas em cada uma delas, distanciadas em 10 metros uma das

outras.

Para a confecção das armadilhas “pitfal”, utilizou-se garrafas „pet‟ de 2 litros,

que foram cortadas a uma altura de aproximadamente 21 cm a partir da base. A

20

parte superior da garrafa (Figura 2) foi colocada de forma invertida na “boca” da

garrafa cortada, formando um funil para a captura dos insetos.

Figura 02. Armadilha “pitfal” instalada no canavial, com a seta indicando a parte superior por onde os

artrópodes eram capturados.

As armadilhas foram instaladas a uma distância mínima de 50 metros da

margem externa do canavial para evitar o efeito de borda.

Quando as armadilhas foram instaladas no canavial, esperou-se 24 horas

para iniciar as coletas, evitando assim que a perturbação causada pela abertura dos

orifícios para a colocação das armadilhas interferisse na coleta dos exemplares.

Figura 03. Aspecto do canavial no momento da instalação das armadilhas

21

Após esse período, colocou-se dentro de cada armadilha “pitfal” potes com

capacidade de 150 ml contendo água e duas gotas de detergente neutro. A função

do detergente era quebrar a tensão superficial da água e, dessa forma evitar que os

artrópodes que caíssem na armadilha conseguissem escapar.

As armadilhas “pitfal” permaneceram no campo durante todo o período de

avaliação e foram vistoriadas antes de cada repetição. Os potes com água e

detergente ficaram no campo por 48 horas para coleta dos artrópodes do local do

experimento. Após esse período, os potes foram retirados e levados para o

laboratório onde foi feita a triagem, contagem e identificação dos exemplares

coletados.

As coletas foram dividas em duas etapas: antes e depois da queimada da

palhada da cana-de-açúcar. Assim, antes da queimada realizou-se oito coletas em

intervalos de 30 dias. Após a queimada, esperou-se um intervalo de 24 horas após a

passagem do fogo para, então, revisar as armadilhas instaladas dentro do canavial

e, aquelas que foram destruídas pela passagem rápida do fogo, foram substituídas.

As coletas após a passagem do fogo foram realizadas a cada 15 dias durante

os três meses subsequentes, totalizando seis coletas. Os mesmos procedimentos

realizados antes da queimada para a coleta dos indivíduos foram realizados.

Para a triagem do material, em laboratório, as amostras foram vertidas em

placa de Petri e a contagem foi feita usando um microscópio estereoscópico, com

aumento de 20X. Os exemplares, após serem identificados e classificados de

acordo com a chave dicotômica elaborada por ZUCCHI (1995), foram transferidos

para recipientes contendo álcool 70% para a conservação.

Os valores encontrados foram comparados através de índices faunísticos de

dominância, abundância, frequência e constância. Para tal, utilizou-se o software

ANAFAU, desenvolvido por Moraes et al. (2003). Neste, os índices faunísticos foram

calculados conforme Silveira Neto et al. (1976) e as seguintes fórmulas são

empregadas: a dominância foi determinada através do método de Sakagami e

Laroca (1971), citado por Almeida Filho (1995). Este método considera como taxa

dominante aquele na qual os valores da frequência excedem o limite da dominância

calculado por: LD= 1/ S.100, onde S é o número de taxa e LD é o limite da

dominância. As espécies são classificadas como: a) Super-dominante (SD); b)

dominante (D) – onde a frequência é maior que o limite da dominância; e, c) não-

Dominante (ND) – a freqüência é menor que o limite da dominância.

22

A abundância foi determinada pela soma total dos indivíduos de cada grupo,

empregando-se uma medida de dispersão (SILVEIRA NETO et al., 1976), através do

cálculo de desvio padrão e intervalo de confiança (IC) da média aritmética, para 1%

e 5% de probabilidade. Dessa maneira, as seguintes classes de abundância foram

estabelecidas: a) rara (r) – quando o número de indivíduos é menor do que o limite

inferior ao IC da média a 1% de probabilidade; b) dispersa (d) – onde o número de

indivíduos está entre os limites inferior e superior do IC da média a 5% e a 1% de

probabilidade; c) comum (c) – quando o número de indivíduos está entre os limites

inferior e superior do IC da média a 5% de probabilidade; d) abundante (a) –onde o

número de indivíduos está entre os limites superiores do IC a 5% e a 1% de

probabilidade; e) muito abundante (ma) –quando o número de indivíduos é maior do

que o limite superior do IC da média a 1% de probabilidade; e, f) super-abundante (s

a)

A classe de frequência foi determinada de acordo com cada intervalo de

confiança (IC) da média aritmética a 5% de probabilidade. Dessa forma, as

seguintes classes foram determinadas: a) pouco freqüente (PF) – freqüência menor

que o limite inferior do IC da média a 5% de probabilidade; b) freqüente (F) -

freqüência entre os limites inferior e superior do IC da média a 5% de probabilidade;

e, c) muito freqüente (MF) – freqüência maior que o limite superior do IC da média a

5% de probabilidade.

A constância foi calculada através do intervalo de confiança, de acordo com

valores obtidos a 5% de probabilidade, sendo os taxa classificados em: a) constante

(W) – maior que o limite do IC a 5%; b) acessória (Y) – número situado dentro do IC

a 5%; e, c) acidentais (Z) – menor que o limite inferior de IC a 5%.

E por fim, o índice de Shannon que mede o grau de incerteza em prever a

que espécie pertencerá um indivíduo escolhido, ao acaso, de uma amostra com S

espécies e N indivíduos. Quanto menor o valor do índice de Shannon, menor o grau

de incerteza e, portanto, a diversidade da amostra é baixa. A diversidade tende a ser

mais alta quanto maior for o valor do índice

23

5. Resultados e Discussão

Durante as coletas realizadas no município de Bandeirantes (PR), foram

capturados 10825 artrópodes: nas coletas antes da queimada foram encontradas

três classes, 16 ordens, 20 famílias e 6596 indivíduos, distribuídos em 29 categorias

taxonômicas. Entretanto, após a queimada durante as coletas, encontrou-se 13

ordens, 17 famílias e 4221 indivíduos, distribuídos em apenas 25 categorias

taxonômicas (Tabela 1).

Desse total, a Classe Collembola e os Hymenoptera: Formicidae foram os

indivíduos mais numerosos antes e depois da queimada, sendo que antes da

queimada representaram 45,27% (3025 indivíduos) e 40,05% (2685 indivíduos) e

após a queimada 36,05% (1524 indivíduos) e 56,23% (2377 indivíduos),

respectivamente (Tabela 2).

Tabela 01. Ordens, famílias e indivíduos coletados em cana-de-açúcar, no município de Bandeirantes (PR) antes e depois da queimada.

Totais

Classe Ordem Família Indivíduos

Pré- queimada 3 16* 20 6596

Pós- queimada 2 13* 17 4221

Total encontrado 3 18* 36 10825

*Insetos imaturos não foram contabilizados

O alto número de espécimes da família Formicidae encontrados antes e

depois da queimada da cana-de-açúcar foi devido á nidificação que ocorre no

interior do solo. Além disso, a organização social de formigas propicia o rápido

restabelecimento em áreas queimadas (KOZLOWSKI; AHLGREN 1974, NEVES

1996).

Tabela 02. Número de indivíduos e porcentagem de Collembola e Hymenoptera: Formicidae em pré e pós-queimada da cana-de-açúcar.

N° de indivíduos (%)

Collembola Hymenoptera- Formicidae

Pré queimada 3025 (45,27) 2685(40,05)

Pós queimada 1524 (36,05) 2377 (56,23)

24

ARAÚJO et. al (2004) constataram que, após a passagem do fogo,

temperaturas elevadas foram encontradas apenas em locais onde havia restos de

culturas vegetais. COUTINHO (1978), ao analisar o efeito da passagem do fogo

sobre o solo nas profundidades de 1; 2 e 5 cm, não verificou um aumento

significativo na temperatura. Segundo o autor, esse baixo aquecimento pode ser

explicado pelas correntes convencionais que se formam no interior das chamas,

ocorrendo uma renovação do ar junto ao solo impedindo o seu intenso aquecimento.

A quantidade de espécimes da Classe Collembola foi maior antes da

queimada (Figura 04), sendo observado um decréscimo acentuado após a

queimada, se comparado á família Formicidae. Tal fato corrobora Oliveira e Franklin

(1993), que observaram uma densidade insignificante de colêmbolos após a

passagem do fogo.

Observando o efeito do fogo sobre a mesofauna do solo, Oliveira e Franklin

(1993) reconheceram que a perturbação exercida no ambiente resulta no

desaparecimento de vários grupos taxonômicos, principalmente, nos períodos

iniciais após a queimada. Na mesma pesquisa, os autores perceberam que a baixa

densidade de colêmbolos registrada na área queimada, sugere a sensibilidade

dessa Classe de artrópodes à ação do fogo e que a sua recolonização está

fortemente relacionada com o desenvolvimento da cobertura vegetal.

Estudando a influência do método de preparo da área sobre a mesofauna do

solo, Ferreira e Kato (2003), registraram baixa densidade de colêmbolos na área

queimada e, sugerem sensibilidade desse grupo de artrópodes às áreas

degradadas.

Durante a terceira avaliação antes da queimada, notou-se que houve uma

diminuição acentuada na população de colêmbolos (Figura 5). Tal fato pode ter

ocorrido devido a alguma mudança nas condições climáticas dentro do canavial,

como: incidência de luz, temperatura e umidade, e prejudicou o crescimento da

população, estando de acordo com os resultados observados por Oliveira e Franklin

(1993).

25

Figura 04. Número total de Colêmbolos e Formicidae coletados antes e depois da queimada.

Figura 05. Relação de dominância entre Hymenoptera: Formicidae e Collembola em função da temperatura média, antes ( 1º á 8º) e após a queimada (9° á 14°) da palha de cana-de-açúcar no munícipio de Bandeirantes-PR .

Analisando a figura 05, observa-se que diversos artrópodes responderam de

formas diferentes após a passagem do fogo devido á mudanças drásticas na

paisagem. A presença de ácaros Oribatei ocorreu apenas antes da queimada da

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Antes da queimada Depois da queimada

Collembola

Hym.Formicidae

0

5

10

15

20

25

30

-0,1

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Formicidae

Collembola

Temperatura

Relação de Dominância entre Formicidae e Collembola

26

cana-de-açúcar, nas seis primeiras avaliações. Nos últimos dois meses de coleta

antes da queimada, a presença deles não foi verificada.

Tal fato pode ter ocorrido devido ao estádio fisiológico da cana-de-açúcar por

estar próxima de ser colhida, já apresentava tombamento e secamento das folhas.

Tal fato possibilitou uma maior penetração de raios luminosos dentro do canavial,

provocando uma mudança microclimática e, consequentemente ocasionando a

perda de matéria orgânica que servia de substrato e alimento para diversos

artrópodes, bem como um aumento da temperatura e diminuição da umidade.

Esse conjunto de fatores afetou diretamente a população dos oribateideos e

ácaros concordando com os resultados de Behan-Pelletier (1999). Siepel (1996),

que afirmou que os ácaros oribateideos têm geralmente pouca capacidade de

resposta, em curto prazo, às alterações ambientais, pois suas populações declinam

rapidamente quando os hábitats são alterados e esta característica pode permitir

sua utilização para detectar a degradação ambiental.

Figura 06. Relação dos números totais dos principais grupos encontrados antes e depois da queimada

Behan-Pelletier (1999) afirmou que as mudanças ocorridas na estrutura de

dominância de uma comunidade de microartrópodes do solo podem ser um pré-

indicador de estresse ambiental.

0

50

100

150

200

250

Antes da queimada

Depois da queimada

27

As aranhas apresentam-se como os inimigos naturais mais abundantes de

insetos e ácaros de importância econômica, atingindo alta densidade tanto em

ambientes naturais como nos modificados pelo homem (TURNBULL, 1973; RINALDI;

FORTI, 1997). No presente estudo, o mesmo fato foi observado, pois mesmo depois da

queimada, apesar de serem encontradas em menor número, sempre houve a presença

das aranhas na área avaliada.

Dos 29 grupos taxonômicos encontrados antes da queimada, apenas dois

foram considerados superdominantes (Collembola e Formicidae) representando 6,9%

do total dos grupos encontrados. Entretanto, quando se considera a porcentagem de

indivíduos presentes dentro do grupo de superdominantes, eles totalizaram 86,99% do

total de indivíduos coletados (Tabela 3), já que o número total de colêmbolos e de

formícideos resultou em 5738 indivíduos. Isso contribuiu para que um pequeno número

de grupos taxonômicos fosse classificado como dominante, ou seja, apenas seis

grupos (20,7%) perfazendo um total de 760 indivíduos (11,52%). Os grupos restantes

foram categorizados como não dominantes, representado a grande maioria dos grupos

observados (21), totalizando 98 indivíduos, que equivale a apenas 1,49% do total de

indivíduos contabilizados e 72,4% das categorias observadas.

Tabela 03. Distribuição percentual dos grupos taxonômicos com relação ao índice faunístico de dominância, capturados em área de cana-de-açúcar antes da queimada.

Indicie Faunístico

Classificação N° de Grupos % de Grupos N° de indivíduos % de

Indivíduos

Dominância

Super Dominante (SD)

2 6,9 5738 86,99

Dominante (D) 6 20,7 760 11,52

Não Dominante (ND)

21 72,4 98 1,49

A relação de grupos depois da queimada manteve-se próximo ao encontrado

antes da queimada (Tabela 4), sendo que três deles (12%) foram classificados como

superdominantes, com um total de 4026 indivíduos (95,79%); seis foram dominantes

(24%), correspondendo a 140 indivíduos (3,33%) e 16 foram identificados como não

dominantes (64%), representando apenas 37(0,88%) do total de indivíduos

coletados.

28

Tabela 04. Distribuição percentual dos grupos taxonômicos com relação ao índice faunístico de dominância, capturados em área de cana-de-açúcar depois da queimada.

Indicie Faunístico Classificação N° de Grupos % de Grupos N° de

indivíduos % de

Indivíduos

Dominância

Super Dominante (SD)

3 12 4026 95,79

Dominante (D) 6 24 140 3,33

Não Dominante (ND)

16 64 37 0,88

Em ambos os casos, os dados foram semelhantes aos registrados por

Almeida Filho (1995) e Lutinski e Garcia (2005), que encontraram pequeno número

de grupos dominante, contendo uma grande porcentagem do total de indivíduos

coletados.

Para a abundância, verificou-se que a maioria das espécies foi caracterizada

como rara antes da queimada (48,28%) (Tabela 4). Esta é uma das características

marcantes das comunidades de artrópodes, que possuem poucas espécies comuns

e um grande número de espécies raras, e quando se eleva o número de amostras

aumenta-se o número de espécies raras (KREBS, 1972).

Tabela 05. Distribuição percentual dos grupos taxonômicos com relação ao índice faunístico de abundância, capturados em área de cana-de-açúcar antes da queimada.

Indicie Faunístico

Classificação N° de

Grupos % de

Grupos N° de

Indivíduos % de

Indivíduos

Abundância

Super Abundante (sa) 2 6,9 5738 86,99

Muito Abundante (ma) 5 17,24 705 10,69

Abundante (a) 1 3,45 55 0,83

Comum ( c) 3 10,34 52 0,79

Dispersa (d) 4 13,79 26 0,4

Rara ( r) 14 48,28 20 0,3

A categoria muito abundante apresentou valor percentual de 17,24 e 12%,

respectivamente, para antes e depois da queimada (Tabela 5 e 6), próximos ao

encontrado por Silva et.al (2008), que obteve 12,84% quando analisaram as

espécies associadas a cultura de cana de açúcar no município de União- PI.

Almeida Filho (1995), também encontrou um valor semelhante para cana queimada

(10%), enquanto que para a cana crua encontrou o valor de 9,60%, quando estudou

a entomofauna em áreas de cana-de-açúcar crua e queimada, em Piracicaba – SP.

Arleu (1992), ao estudar a entomofauna associada à cultura de cana-de-açúcar para

29

duas regiões canavieiras do Estado de São Paulo, e Rodrigues (1986), em seu

trabalho sobre entomofauna capturada com armadilha luminosa em Piracicaba – SP,

também encontraram valores aproximados àqueles obtidos no presente trabalho.

Tabela 06. Distribuição percentual dos grupos taxonômicos com relação ao índice faunístico de abundância, capturados em área de cana-de-açúcar depois da queimada.

Indicie Faunístico

Classificação N° de

Grupos % de

Grupos N° de

Indivíduos % de

Indivíduos

Abundância

Super Abundante (SA) 3 12 4026 95,39

Muito Abundante (MA) 3 12 121 2,87

Abundante (A) 0 0 0 0

Comum (C) 8 32 59 1,4

Dispersa (D) 11 44 15 0,36

Rara (R) 0 0 0 0

Os grupos super dominantes corresponderam a 6,9 e 12% antes e depois da

queimada, respectivamente. Porém, ao analisar o número de espécimes

encontrados dentro dessa classificação, obteve-se 86,99 e 95,39% antes e depois

da queimada, respectivamente.

Depois da queimada não se obteve nenhum grupo abundante, assim como

relatado para grupos raros. Porém grupos comuns tiveram um aumento, já que

antes da queimada três grupos eram comuns (10,34%) e constituídos de 52

indivíduos (0,79%), enquanto que após a queimada, esse número subiu para oito

grupos (32%) e representado por 59 indivíduos (1,4%).

O mesmo ocorreu com grupos considerados dispersos, com valores de

13,79% (4 grupos) e 0,4% (26 indivíduos) antes da queimada e, após a queimada,

os valores subiram para 44% (11 grupos) e 0,36% ( 15 indivíduos).

Em relação à freqüência, observa-se que foram encontrados antes da

queimada dois grupos considerados super freqüentes, correspondendo a 6,9% e

87% quando considerado o número de indivíduos coletados. Os grupos muito

frequente e frequente, corresponderam a 6 (20,7%) e 3 (10,34%) e a porcentagem

de indivíduos foi de 52 (0,79%) e 46 (0,69%), respectivamente. Os outros 18 grupos

foram considerados pouco frequentes, totalizando 62,06%. No entanto, quando se

calculou o número de indivíduos coletados, percebeu-se um decréscimo acentuado

para 0,69% (46 indivíduos) (Tabela 7).

30

Tabela 07. Distribuição percentual dos grupos taxonômicos com relação ao índice faunístico de frequência, capturados em área de cana-de-açúcar antes da queimada.

Indicie Faunístico

Classificação N° de

Grupos % de

Grupos N° de

Indivíduos % de

Indivíduos

Frequência

Super Frequente (SF) 2 6,9 5738 87

Muito Frequente (MF) 6 20,7 760 11,52

Frequente (F) 3 10,34 52 0,79

Pouco Frequente (PF) 18 62,06 46 0,69

Os valores obtidos antes da queimada assemelham se aos encontrados por

Silva (2008), que observou que, os números de espécies muito frequentes e

frequentes de insetos associados á cultura da cana-de-açúcar eram de 14 e 12

espécies, totalizando 12,84 e 11,01% respectivamente, enquanto que os valores

para as espécies pouco frequentes (83), equivaleu a 76,15%. Almeida Filho (1995)

encontrou para a área de cana crua os percentuais de 11,79 e 20,52 para as

categorias muito frequentes e frequentes, respectivamente.

Tabela 08. Distribuição percentual dos grupos taxonômicos com relação ao índice faunístico de frequência, capturados em área de cana-de-açúcar depois da queimada.

Indicie Faunístico

Classificação N° de

Grupos % de

Grupos N° de

Indivíduos % de

Indivíduos

Frequência

Super Frequente (SF) 3 12 4026 95,4

Muito Frequente (MF) 3 12 121 2,86

Frequente (F) 8 32 59 1,39

Pouco Frequente (PF) 11 44 15 0,35

Após a queimada percebeu-se uma diminuição nos grupos taxonômicos

classificados como muito frequente, frequente e pouco frequente, quando

comparado aos dados obtidos antes da queimada (Tabela 8).

Obteve-se valores de 12% para os grupos super frequentes e muito

frequentes (3 grupos); 32% para grupos frequentes e 44% dos grupos foram

considerados pouco frequente. Quando se calculou a frequência para os indivíduos

frequentes, percebeu-se valores inversos, sendo que os grupos super frequentes,

muito frequentes, frequentes e pouco frequentes atingiram valores de 95,4; 2,86;

1,39 e 0,35%, respectivamente.

31

Em relação à constância, verificou-se que a maioria dos grupos antes da

queimada foi classificada como acidentais, obtendo-se um valor de 44,83% (Tabela

9). Esses resultados estão em concordância com os obtidos por Rodrigues (1986),

Bicelli (1983) e Cividanes (1979) que afirmaram que a constância é uma

característica que as comunidades possuem, ou seja, um número grande de

espécies com um pequeno número de indivíduos por área.

Tabela 09. Distribuição percentual dos grupos taxonômicos com relação ao índice faunístico constância, capturados em área de cana-de-açúcar antes da queimada.

Indicie Faunístico

Classificação N° de Grupos % de Grupos N° de

Indivíduos % de

Indivíduos

Constância

Constante (W) 9 31,03 6468 98,06

Acessória (Y) 7 24,14 51 0,77

Acidental (Z) 13 44,83 77 1,17

Tabela 10. Distribuição percentual dos grupos taxonômicos com relação ao índice faunístico de constância, capturados em área de cana-de-açúcar após a queimada.

Indicie Faunístico

Classificação N° de Grupos % de Grupos N° de

Indivíduos % de

Indivíduos

Constância

Constante (W) 12 48 4196 99,41

Acessória (Y) 5 20 16 0,38

Acidental (Z) 8 32 9 0,21

Por outro lado, os dados obtidos para constância após a queimada, revelaram

que os grupos foram constantes (48%) (Tabela 10) e tal fato pode ter ocorrido

devido á reconstituição dessa comunidade, prevalecendo no início poucos grupos,

porém em grande quantidade de indivíduos.

Os totais de indivíduos antes e depois da queimada, os grupos taxonômicos

coletados e identificados por classe, ordens e famílias são apresentados nas

Tabelas 11 e 12, sendo caracterizados quanto aos índices faunísticos, além do

número de coletas inerente a cada grupo.

32

Tabela 11. Totais de indivíduos, número de coletas e análise faunística de artrópodes associados à cana-de-açúcar antes da queimada no município de Bandeirantes.

Classe Ordem Família Indivíduos N° de

coleta Dominância Abundância Frequência Constância

Insecta Blattodea Blattidae 2 2 ND R PF Y

Coleoptera Cerambycidae 1 1 ND R PF Z

Coleoptera Cucurlionidae 9

1 ND D PF Z

Coleoptera Passalidae 1 1 ND R PF Z

Coleoptera Scarabaeidae 5 3 ND D PF Y

Coleoptera Staphylinidae 55 1 D A MF Z

Dermaptera Forficulidae 4 3 ND D PF Y

Diptera Culicidae 202 7 D MA MF W

Diptera Drosophilidae 1 1 ND R PF Z

Diptera Simulidae 2 1 ND R PF Z

Diptera Tephritidae 1 1 ND R PF Z

Diptera Tipulidae 1 1 ND R PF Z

Hemiptera Cercopidae 11 3 ND C F Y

Hymenoptera Formicidae 2685 8 SD S.A SF W

Hymenoptera Muttilidae 1 1 ND R PF Z

Hymenoptera Vespidae 3 3 ND R PF Y

Lepidoptera Crambidae 1 1 ND R PF Z

Orthoptera Acrididae 8 4 ND D PF W

Orthoptera Grylidae 80 7 D MA MF W

Orthoptera Romaleidae 2 1 ND R PF Z

Psocoptera 1 1 ND R PF Z

Thysanoptera 2 2 ND R PF Y

Collembola

3053 8 SD S.A SF W

Diplopoda Julida

1 1 ND R PF Z

Arachnida Acari

17 4 ND C F W

Araneae

100 8 D MA MF W

Ixodidae

24 3 ND C F Y

Cryptostigmata Oppidae 168 6 D MA MF W

Insetos imaturos

155 7 D MA MF W

33

Tabela 12. Totais de indivíduos, número de coletas e análise faunística de insetos associados à cana-de-açúcar depois da queimada município de Bandeirantes.

Classe Ordem Família Indivíduos N° de coleta

Dominância Abundância Frequência Constância

Insecta Coleoptera Cucurlionidae 3 3 ND C F W

Coleoptera Passalidae 1 1 ND D PF Z

Coleoptera Scarabaeidae 12 5 D C F W

Coleoptera Staphylinidae 125 4 SD S.A SF W

Dermaptera Forficulidae 6 2 ND C F Y

Diptera Calliphoridae 2 2 ND D PF Y

Diptera Culicidae 65 6 D MA MF W

Diptera Drosophilidae 2 2 ND D PF Y

Diptera Muscidae 4 3 ND C F W

Diptera Syrphidae 2 1 ND D PF Z

Diptera Tipulidae 4 2 ND C F Y

Hemiptera Reduviidae 1 1 ND D PF Z

Hymenoptera Formicidae 2377 6 SD S.A SF W

Hymenoptera Membracidae 1 1 ND D PF Z

Microlepidoptera 12 6 D C F W

Orthoptera Acrididae 5 4 ND C F W

Orthoptera Gryllidae 13 5 D C F W

Orthoptera Romaleidae 1 1 ND D PF Z

Psocoptera 1 1 ND D PF Z

Collembola

1524 6 SD S.A SF W

Arachinae Acari

2 2 ND D PF Y

Aranae

33 6 D MA MF W

Ixodidae

1 1 ND D PF Z

Oribatei

1 1 ND D PF Z

Insetos imaturos 23 5 D MA MF W

Analisando as ordens, verificou-se que as mais ricas em famílias antes da

queimada foram Coleoptera e Diptera, encontrando-se 17,86% (5) para cada e

depois da queimada as ordens mais ricas em famílias foram Dípteros e Coleópteros

verificando-se 25% (6) e 16,67% (4), respectivamente para cada ordem. Entretanto

os grupos mais populosos foram Collembola e Hymenoptera, com 46,29% (3053) e

40,77% (2689), respectivamente antes da queimada e depois da queimada, foram

encontrados 56,83% (2399 indivíduos) para Ordem Hymenoptera e 36,11 (1524

indivíduos) para a Classe Collembola.

Silva (2008) encontrou entre as ordens mais ricas em famílias as ordens

Coleoptera e Hemiptera, correspondendo a 37,50% (15) e 15,00% (6) das famílias,

respectivamente, e as mais populosas foram Coleoptera, com 56,05% (690) e

Hymenoptera, com 33,14% (408) indivíduos.

34

O índice de diversidade de Shannon-Weaner, para cada coleta antes da

queimada (Gráfico 3), encontrou-se os valores de 0,8041; 0,7722; 0,6425; 1,9885;

1,826; 0,9456; 1,6047;e 2,4154. Após a queimada, os valores obtidos foram:

0,9843; 0,4606; 0,7253; 1,0889; 0,4973; e 0,9206 ( Gráfico 4). Ao final das coletas

antes e após a queimada, obteve-se valores de H= 1,2666 e H = 1,0412,

respectivamente.

Gráfico 07. Índice de diversidade de Shannon-Weaner durante todas as coletas em cana-de-açúcar, no município de Bandeirantes-PR. (Números= Correspondente ao número da coleta; AQ= Antes da queimada; AP= Pós-queimada).

O índice de Shannon é afetado por espécies raras, ou seja, o índice valoriza

estas, assumindo valor de zero quando há apenas uma espécie, e o logaritmo do

número de espécies, quando todas as espécies estão representadas pelo mesmo

número de indivíduos (SILVA, 2008).

Portanto, através dos valores obtidos, nota-se a baixa diversidade existente

nesse agroecossistema, sendo que o valor diminui após a queimada da palha de

cana-de-açúcar.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

Índice de Diversidade

Índice de Diversidade

35

7. Conclusões

A Classe Collembolas e a família Formicidae foram os grupos taxonômicos mais

encontrados na cultura da cana-de-açúcar, sendo os colêmbolos encontrados

em maior número antes da queimada e os formicideos depois da queimada.

Poucos grupos são encontrados como superdominantes e dominantes, porém

quando considera o número de indivíduos coletados, estes correspondem ao

maior percentual.

A maioria dos grupos é classificada como raras antes da queimada e dispersos

depois da queimada, enquanto o número de indivíduos foi maior para indivíduos

superdominantes.

A maioria dos grupos é classificada como pouco frequente antes e depois da

queimada.

As ordens mais ricas em famílias foram Coleoptera e Diptera antes e depois da

queimada.

A passagem do fogo diminuiu a diversidade de artrópodes da área estudada

A população de ácaros oribateideos é afetados pela passagem do fogo

O grupo mais populoso foram a Classe Collembola e a família Formicidae

36

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