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QUADRO TEÓRIA O QUE É IDEOLOGIA? MARILENA CHAUI Ideologia é um termo que possui diferentes significados e duas concepções: a neutra e a crítica. No senso comum o termo é ideologia sinônima ao termo ideário, contendo o sentido neutro de conjunto de ideias, de pensamentos, de doutrinas ou de visões de mundo um indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas. Para autores que utilizam o termo sob uma concepção crítica, ideologia pode ser considerada um instrumento de dominação que age por meio de convencimento (persuasão ou dissuasão, mas não por meio da força física) de forma prescritiva, alienando a consciência humana. O termo ideologia aparece pela primeira vez em 1801 no livro de Destutt de Tracy, Eléments d'ldéologie (Elementos de Ideologia). (Pg 10 - paragrafo 1). Esse termo tem sido usado frequentemente ao longo dos anos principalmente por estudiosos das áreas de estudos humanos. Dentre os estudiosos que usaram esse termo, destacou-se Antoine Destutt de Tracy. Nos Elementos de Ideologia, na parte dedicada ao estudo da vontade, De Tracy procura analisar os efeitos de nossas ações voluntárias e escreve, então, sobre economia, na medida em que os efeitos de nossas ações voluntárias concernem à nossa aptidão para prover nossas necessidades materiais. Procura saber como atuam, sobre o indivíduo e sobre a massa, o trabalho e as diferentes formas da sociedade, isto é, a família, a corporação, etc. Suas

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QUADRO TEÓRIA

O QUE É IDEOLOGIA? MARILENA CHAUI

Ideologia é um termo que possui diferentes significados e

duas concepções: a neutra e a crítica. No senso comum o termo é

ideologia sinônima ao termo ideário, contendo o sentido neutro

de conjunto de ideias, de pensamentos, de doutrinas ou de

visões de mundo um indivíduo ou de um grupo, orientado para

suas ações sociais e, principalmente, políticas. Para autores

que utilizam o termo sob uma concepção crítica, ideologia pode

ser considerada um instrumento de dominação que age por meio de

convencimento (persuasão ou dissuasão, mas não por meio da

força física) de forma prescritiva, alienando a consciência

humana.

O termo ideologia aparece pela primeira vez em 1801 no

livro de Destutt de Tracy, Eléments d'ldéologie (Elementos de

Ideologia). (Pg 10 - paragrafo 1). Esse termo tem sido usado

frequentemente ao longo dos anos principalmente por estudiosos

das áreas de estudos humanos.

Dentre os estudiosos que usaram esse termo, destacou-se

Antoine Destutt de Tracy. Nos Elementos de Ideologia, na parte

dedicada ao estudo da vontade, De Tracy procura analisar os

efeitos de nossas ações voluntárias e escreve, então, sobre

economia, na medida em que os efeitos de nossas ações

voluntárias concernem à nossa aptidão para prover nossas

necessidades materiais. Procura saber como atuam, sobre o

indivíduo e sobre a massa, o trabalho e as diferentes formas da

sociedade, isto é, a família, a corporação, etc. Suas

considerações, na verdade, são glosas das análises do

economista francês Say, a respeito da troca, da produção, do

valor, da indústria, da distribuição do consumo e das

riquezas. ( Pg 10 – Paragrafo 2)

Os defensores estudiosos da área passaram a ser chamados de

ideólogos. O sentido pejorativo dos termos “ideologia” e

“ideólogos” veio de uma declaração de Napoleão que, num

discurso ao Conselho de Estado em 1812, declarou: “Todas as

desgraças que afligem nossa bela França devem ser atribuídas à

ideologia, essa tenebrosa metafísica que, buscando com

sutilezas as causas primeiras, quer fundar sobre suas bases a

legislação dos povos, em vez de 11 adaptar as leis ao

conhecimento do coração humano e às lições da história.” (Pg 10

– paragrafo 4)

Posteriormente o termo passou a ser usado pelo pensador

Auguste Comte . O termo, agora, possui dois significados por um

lado, a ideologia continua sendo aquela atividade filosófico-

científica que estuda a formação das idéias a partir da

observação das relações entre o corpo humano e o meio ambiente,

tomando como ponto de partida as sensações; por outro lado,

ideologia passa a significar também o conjunto de idéias de uma

época, tanto como “opinião geral” quanto no sentido de

elaboração teórica dos pensadores dessa época. ( Pg 11 –

paragrafo 2).

Durkheim chamará de ideologia todo conhecimento da

sociedade que não

respeite tais critérios. Para o sociólogo cientista, o

ideológico é um resto, uma sobra de idéias antigas, pré-

científicas. Durkheim as considera como preconceitos e pré-

noções inteiramente subjetivas, individuais, “noções vulgares”

ou fantasmas que o pensador acolhe porque fazem parte de toda a

tradição social onde está inserido. (Pg 13 – paragrafo 1)

Essa atitude é ideológica por três motivos: em primeiro

lugar, porque é subjetiva e tradicional, revelando que o

pensador não tomou distancia com relação à sociedade que vai

estudar; em segundo lugar, porque, formando toda a bagagem de

idéias prévias do cientista suas pré-noções ou pré-conceitos, a

ciência acaba indo das idéias aos fatos, quando deve ir dos

fatos às idéias; e, em terceiro lugar, porque, na falta de

conceitos precisos, o cientista usa palavras vazias e as

substitui aos verdadeiros fatos que deveria observar. ( Pg 13 –

paragrafo 2)

O Marxismo é o conjunto de ideias filosóficas, econômicas,

políticas e sociais. A teoria marxista surgiu no contexto do

desenvolvimento do capitalismo industrial.

As teorias de Marx afirmam que as sociedades humanas

progridem através da luta de classes: um conflito entre a

classe burguesa que controla a produção e um proletariado que

fornece a mão de obra para a produção. Marx procurou

compreender o significado do Estado, o qual, segundo ele, seria

uma instituição política dirigida por um governo soberano, que

obtém o monopólio do uso da força física em um determinado

território, subordinado a uma sociedade que nele vive.

De acordo com o pensamento marxista, o Estado é uma

instituição que interfere de modo parcial na luta entre os

diversos grupos sociais que compõe o contexto de uma sociedade.

Ara Marx, a função do Estado é garantir o domínio das classes,

sendo que isso está ligado à origem do Estado que tornou-se uma

instituição controlada pela classe dominante, que é a classe

social mais poderosa.

Marx, assim como o filósofo Engels, discorda do papel do

Estado como mediador da luta de classes, e o vê como um

instrumento de domínio das classes. Dessa forma o Estado é

determinado pela estrutura social da forma de atender às

específicas demandas de uma dada forma de sociabilidade,

garantindo que tal forma mantenha-se.

Para Karl Marx os indivíduos a maneira como um indivíduo

pensa, agem ou se comporta, está diretamente ligada a maneira

como se dão suas relações sociais. E tais relações sociais são

determinadas pela produção da vida material, que é a forma como

os homens trabalham e produzem os meios necessários para a

sustentação material das sociedades. Ou seja, Marx acredita que

a produção material dos das pessoas, as constrói com indivíduos

sociais.

Marx escreveu sobre a “ideologia em geral”, o texto onde

realiza a caracterização da ideologia tem por título: A Ideologia

Alemã. Isto significa que a análise de Marx tem como objeto

privilegiado um pensamento historicamente determinado, qual

seja, os dos pensadores alemães posteriores a Hegel.

Essa observação é importante por dois motivos. Em primeiro

lugar, porque, como veremos, Marx não separa a produção das

idéias e as condições sociais e históricas nas quais são

produzidas(tal separação, aliás, é o que caracteriza a

ideologia). Em segundo lugar, porque para entendermos as

críticas de Marx precisamos ter presente o tipo de pensamento

determinado que ele examina Em que, no caso, pressupõe a

filosofia de Hegel. Assim, embora Marx coloque na categoria de

ideólogos os pensadores franceses e ingleses, procuram

distinguir o tipo de ideologia que produzem: entre os

franceses, a ideologia é, sobretudo política e jurídica, entre

os ingleses é, sobretudo econômica.

Os ideólogos alemães são, antes de tudo, filósofos. Se,

portanto, podemos falar em ideologia em geral e na ideologia

burguesa em geral, no entanto, as formas ou modalidades dessa

ideologia encontram-se determinadas pelas condições sociais

particulares em que se encontram os diferentes pensadores

burgueses. (pg 14 paragrafo 2).

No restante da Europa, escreve Marx, ocorrem verdadeiras

revoluções, mas na Alemanha a única revolução que parece

ocorrer é a do pensamento, “uma revolução frente à qual a

Revolução Francesa não foi senão um brinquedo de crianças”.

Marx afirma que para compreendermos a pequeneza e limitação

mesquinha da ideologia alemã é preciso sair da Alemanha, ou

seja, fazer algumas considerações gerais sobre o fenômeno da

ideologia. Essas considerações, embora tenham como solo a

sociedade capitalista européia do século XIX, têm como pano de

fundo a questão do conhecimento histórico ou a ciência da

história, pois, escreve Marx, “conhecemos apenas uma única

ciência, a ciência da história”. A história pode ser examinada

sob dois aspectos: história da natureza e história dos homens.

Os dois aspectos, contudo, são inseparáveis; enquanto existirem

homens, a história da natureza e a história dos homens se

condicionarão mutuamente. A história da natureza, ou ciência

natural, não nos interessa aqui, mas teremos que examinar a

história dos 15 homens, pois quase toda ideologia se reduz ou a

uma concepção distorcida desta história ou a uma abstração

completa dela. A própria ideologia não é “senão um dos aspectos

desta história”. (pg 14 paragrafo 4)

Há vários aspectos do pensamento hegeliano constituem em

uma dialética, ou seja, a história como processo temporal movido

internamente pelas divisões ou negações (contradição) e cujo

Sujeito é o Espírito como reflexão. Essa dialética é idealista

por que seu sujeito é o Espírito, e seu objeto também é o

Espírito. Em última instância, portanto, a história é o

movimento de posição, negação e conservação das Idéias –

unidade do sujeito e do objeto da história, que é Espírito. (pg

17 - paragrafo 2).

Ora, enquanto os ideólogos alemães se contentam em

ridicularizar o sistema hegeliano,

permanecendo presos a ele sem o saber, Marx critica

radicalmente o idealismo hegeliano e por isso pode conservar

sem risco muitas das contribuições do pensamento de Hegel.

Vejamos como se passa da dialética idealista para a

materialista. Da concepção hegeliana, Marx conserva o conceito

de dialética como movimento interno de produção da realidade

cujo motor é a contradição. Porém

Marx demonstra que a contradição não é a do Espírito

consigo mesmo, entre sua face subjetiva e sua face objetiva,

entre sua exteriorização em obras e sua interiorização em

idéias: a contradição se estabelece entre homens reais em

condições históricas e sociais reais e se chama luta de

classes. (pg 18 - Paragrafo 1).

Da concepção hegeliana, Marx também conserva as diferenças

entre abstrato/concreto,

imediato/ Imediato, aparecer/ser. Tanto assim que define o

concreto como “unidade do diverso, síntese de muitas

determinações”, devendo-se entender o conceito de determinação

não como sinônimo de conjunto de propriedades ou de

características, mas como os resultados que constituem uma

realidade no processo pelo qual ela é produzida. Ou seja,

enquanto o conceito de “propriedades” ou de “características”

pressupõe um objeto como dado e acabado, o conceito de

“determinação” pressupõe uma realidade como um Processo

temporal. ( pg 19 – Paragrafo 3)

Marx analisa que o valor de uso é inteiramente determinado

pelas condições do mercado, de sorte que o valor de troca

comanda o valor de uso. Ora, o valor de troca 20 não é

determinado pelo preço como parece à primeira vista. Isto é, o

valor da mercadoria não surge no momento em que ela começa a

circular no mercado e a ser consumida. Seu valor é produzido

num outro lugar: ele é determinado pela quantidade de tempo de

trabalho necessário para produzi-

Ia. Esse tempo inclui não só o tempo gasto diretamente na

fabricação dessa mercadoria, mas inclui o tempo de trabalho

necessário para produzir as máquinas, o tempo para extrair e

para transportar a matéria prima, etc. E o que são todos esses

“tempos”? São tempos de trabalho da sociedade. Também entra no

preço da mercadoria, como parte do chamado custo de produção, o

salário pago pelo tempo de trabalho do trabalhador que fabrica

essa mercadoria, pagamento que é feito para que ele se

alimente, se aloje, se vista, se transporte e se reproduza

procriando filhos para o mesmo trabalho de produzir

mercadorias. Vemos, assim, que o valor de troca da mercadoria,

o seu preço, envolve todos os outros.

Tempos anteriores e posteriores ao tempo necessário para

produzi-la e distribuí-la. No preço da mercadoria está incluído

o gasto (físico, psíquico e econômico) para produzi-la. Ela não

é uma coisa, mas trabalho social concentrado. (pg 20 –

paragrafo1 )

NAZISMO:

O nazismo é caracterizado pela política ditatorial que

esteve no poder, na Alemanha entre os anos de 1933 e 1945. Foi

o movimento liderado pelo füher Adolf Hitler que organizou o

terceiro reich, levando o mundo a um dos acontecimentos mais

marcantes do século XX, a segunda guerra mundial. (Hitler:

Simbologia e ocultismo, editora Escala, 2008. p.65).

Sua principal característica é que é um partido de extrema

direita, que ficou marcado por utilizar em suas propagandas

grande simbologia, como a bandeira que é representada por três

cores e a cruz suástica, unindo suas ideologias, (Obs:

Descrever com mais detalhes, a bandeira, colando as formas, e

como elas estão dispostas) “de acordo com Hitler: O vermelho

expressa o pensamento social que está sob o movimento; o branco

representa o pensamento nacionalista, e a cruz suástica preta

caracteriza a missão que fora designada a eles.” (Hitler

Simbologia e Ocultismo, Editora Escala, 2008).

O SURGIMENTO DO NAZISMO E SUA IDEOLOGIA

O nazismo tem como “percursor de sua ideologia o padre

Jorge Lanz Von Lenfeels (1874 – 1954 ) que escreveu o livro “A

Teogoologia” (Die The Ozoologie).”(Editora Escala, 2008

p. ...) Nessa obra é defendido abertamente o extermínio das

raças que eram consideradas como inferiores, ou seja, todas as

raças que não fossem ariana, que significa “raça pura,” mas que

só foi difundida essa ideologia pelo Partido Nacional

Socialista, quando Hitler assumiu sua liderança, antes disso

era apenas um partido com poucos seguidores. Tendo sua ascensão

no início da década de 30.

Após a perda da primeira guerra, a Alemanha se encontrava

em precárias situações econômicas, não havia empregos e sua

moeda, perdia o seu valor a cada ano que passava, comparado aos

outros países. Então com a depressão em 1929 a situação piorou

ainda mais, fazendo seus cidadãos passar fome, e viverem em

situações precárias.

Hitler entrou ao partido Nacional Socialista, como espião

de comícios do concorrente para manter os lideres informados,

assim ele foi nomeado chanceler do partido, fundando as

primeiras AS (Tropas de generais militares). Então ele fez

propostas que essa carente e desesperançosa nação precisava. Em

1925 Hitler tramou sua primeira tentativa de assumir o poder

atacando fogo em locais públicos contra o governo de Weimar, e

nesse mesmo dia alegou que se não conseguisse se mataria, mas

que no fim não cumpriu sua palavra e fugiu quando percebeu o

fracasso do ataque; logo foi pego e levado ao tribunal, onde

fora condenado a 5 anos de prisão. Aproveitou o seu tempo na

cela escrevendo o que viria a ser a “Bíblia” Nazista, o livro

Main Kempf, (Minha Luta) nele escreveu toda sua ideologia que

iria usar para fazer a formação do chamado 3°Reich.

Em seu livro, “Hitler apontou os judeus como inimigos

públicos, alegando ser culpa deles o declínio da Alemanha, pois

eram eles os burgueses que detinham grande parte do dinheiro

nacional.” (Hitler Simbologia e Ocultismo, Editora Escala,

2008). E Sua suposta missão é apoiada na ideia de superioridade

da raça ariana, que de acordo com Adolf Hitler “Existiam raças

superiores e inferiores e era fundamental que não houvesse

contatos recíprocos, para não contaminar a raça.” (Hitória

Ilustrada do Nazismo, 2009, p.51) afim de evitar essa

miscigenação de raças.

O povo alemão, ao seu modo de ver, era formado por uma

maioria ainda não “contaminada”, (História Ilustrada do

nazismo, 2009, p.51) por isso era necessário fazer uma “higiene

racial” para que somente os puros se reproduzissem entre si. Ou

seja, uma ideologia racista, pois negros, homossexuais e

principalmente judeus, que segundo Hitler: “foram eles também

os responsáveis pela eclosão da Primeira Guerra Mundial, pela

derrota do Reich e pela proclamação da república.” (História

Ilustrada do nazismo, 2009, p.51) portanto, combater as raças

inferiores significava salvar a identidade ariana do povo

alemão. Há um trecho do livro “Minha Luta” (Main Kampf) que

ilustra bem o que seria essa “higiene racial”: “O corpo alemão

é um só corpo, mas a sua integridade está ameaçada. Para manter

a saúde do povo, é preciso curar o corpo infestado de

parasitas”.

Outro elemento fundamental da ideologia nazista imposta

pela convicção de seu líder, era de que “os alemães deveriam

expandir-se para além de suas fronteiras.” (História Ilustrada

do Nazismo, 2009, p.51) e “a política para com os jovens devia

ser direcionada para a manutenção de sua pureza racial e seus

corpos, especialmente com o esporte, deviam ser educados para a

força e agressividade. O papel das mulheres era reduzido à

função biológica de procriar filhos para a pátria”, (História

Ilustrada do nazismo, 2009, p.52)

“O elementeo de força destas argumentações (...) Uma

verdade alternativa e suprema: Uma nova ideologia

antidemocrática que substituía valores desacreditados a uma

unidade de teoria e prática destinada a fortalecer a

credibilidade” (História Ilustrada do nazismo, 2009, p.52)

“A educação e enquadramento dos jovens (...) Obediência,

camaradagem e senso de dever eram os valores supremos a ser

transmitidos” (História Ilustrada do nazismo, 2009, p. 58)

“A Função da mulher no Reich é compreensível somente no

contexto dos fundamentos racistas e eugenéticos do regime. A

mulher foi considerada e exaltada exclusivamente como mãe,

educadora dos filhos, mulher submissa, e respeitosa ao

predomínio masculino” (História Ilustrada do nazismo, 2009,

p.60)

“Depois de 1933, Goebbels declarou querer restabelecer os

puros e autênticos valores de uma arte alemã (...) A

arquitetura teve um papel de primeira na auto representação e

exaltação do poder, por que vinculava direta ou indiretamente a

ideologia do regime” (História Ilustrada do nazismo, 2009,

p.65)

“A escola foi um campo fundamental de dilatação do aparato

cultural e de propaganda do regime (...) A nazificação do corpo

docente foi rápida, porque poucos foram os professores que

haviam aderido com convicção à causa republicana.” (História

Ilustrada do nazismo, 2009, p.66)

“O racismo foi o elemento característico de cada momento da

didática: Todas as matérias, Inclusive a matemática e o

desenho, foram ensinadas nessa perspectiva” (História Ilustrada

do nazismo, 2009, P.68)

“Além dos conteúdos das lições, foi a própria liturgia de

cada dia que caracterizou o cotidiano e veiculou os novos

valores: As numerosas ocasiões em que se festejava um data

significativa, as excursões, as projeções de filmes

contribuíram para reafirmar uma diversidade existente entre

quem não era “ariano” e quem não o era; foi obejto de debate

também se os judeus eram ou não dignos de fazer a saudação

nazista, com qual se abria e se fechava cada dia” (História

Ilustrada do nazismo, 2009 pag. 70)

Sociedade Pós-Moderna – Liquida – de Consumo

A nossa sociedade atual, foi denominada por pós-

modernidade, apenas com o acréscimo do prefixo pós, pois ainda

não foi definido claramente o que é a nossa sociedade.

Bauman (2000) classificou nossa sociedade atual como

modernidade liquida, pois é uma sociedade instável, e sem

raízes de fé ou dogmas, como também sem doutrinas, até mesmo na

religião; não é comum seguir, o comum é cada um dizer que tem o

seu Deus, porém, ninguém gosta de seguir nada profundamente. O

que caracteriza essa sociedade; são os traços de dinamismo,

mudanças rápidas e constantes. Uma coisa só é interessante

durante 2 horas no máximo, darei um exemplo sobre livros; o

homem pós-moderno tem uma leitura linear, não se aprofunda

muito em um mesmo conteúdo, pois existem possibilidades

infinitas, e para que continue assim, tem que se manter neutro

e tentar desfrutar de todas, mesmo sabendo que aproveitar todas

as coisas que existem, não seria possível, pois não há tempo,

então tem que correr e ler o máximo de livros que puderem;

começa um, mas logo aparece outro mais interessantes do que o

qual está lendo, então prometem para si mesmos que terminarão

depois. Então começa o outro e se faz a mesma declaração, mas

aparece outro melhor e assim por diante. Não adiam o prazer

para o futuro, tudo que se quer tem que ser realizado “agora”,

pois não há tempo a perder.

Eles sentem que estão correndo por cima de uma fina camada

de gelo, que por isso eles tem que correr o máximo que puderem,

pois se pararem vão rachar essa camada fina e se afogarem, mas

isso é só uma ilusão a camada de gelo não existe, apenas

correm, mesmo não sabendo o porquê e nem para onde vão, só

sabem que têm que correr. E por isso vivem angustiados, se

sentindo constantemente mal, pois não conseguem acompanhar as

mudanças constantes do mercado. Estão totalmente dominados pelo

capitalismo, sentem-se torturados quando não conseguem ter o

que está na mídia.

O indivíduo pós-moderno é um sujeito mais individualista

por se considerar livre, porém não consegue lidar com essa

liberdade, é um fardo muito grande para ele. Ser livre demanda

assumir grandes responsabilidades por seus atos e existência,

por isso uma simples escolha pode ter uma grande repercussão em

sua vida, então esse sujeito “livre” que tem infinitas

possibilidades pensa muito antes de se decidir, e as vezes,

acaba não escolhendo nada, pois fica travado pelo medo de fazer

a escolha errada.

A sociedade moderna foi denominada por sociedade de

mercado, pois as pessoas trabalhavam muito, com até 12 horas na

jornada de trabalho, para ganhar pouco, além de não sobrar

tempo para gastar, ou seja, a demanda era baixa, também não

havia tanta tecnologia para produção massificada como

atualmente, assim os produtores que ditavam as regras de

consumo.

Com a pós-modernidade marcada por incríveis avanços na

tecnologia, a sociedade que era de Mercado, mais calma que

esperava pelos lançamentos sabendo que seriam poucas opções,

acabou se tornando a sociedade de consumo, pois agora a

tecnologia contribui muito para as produções em larga escala

que por sua vez aumenta cada vez mais, e também a concorrência

fazendo o mercado se tornar competitivo. Entrando ai a

publicidade, pois o consumidor parou de ser passivo, e passou a

ser muito ativo e proativo, ditando suas exigências de consumo,

para os produtores.

Com a pós-modernidade, surgiu também o termo Sociedade de

Consumo. Denominou se sociedade de consumo, a nossa sociedade

pós-moderna, que com a queda do muro de Berlim marcou essa

mudança de sociedade moderna ou de “mercado” para a sociedade

pós-moderna ou de “consumo”.

E sem dúvidas que uma das coisas que contribuiu muito para

essa transição da sociedade capitalista, foi a utilização da

ferramenta; Publicidade, através dos meios de comunicação em

massa. A publicidade ínsita desejos, dos quais não se

precisaria, promove visões, destacam os sonhos e vender o

produto de uma forma bem mais atrativa do que o convencional,

pois não se vende mais o produto em si e sim o conceito

atribuído a ele.

O mundo moderno e a Sociedade de Consumo, ditada pelo

contexto capitalista, oferecem uma infinidade de escolhas para

de consumo para a sociedade. “Para que as possibilidades

continuem infinitas, nenhuma deve ser capaz de petrificar-se em

realidade para sempre.”( Z. Bauman, 2000, cap. 2) “O mundo

cheio de possibilidades é como uma mesa de bufê com tantos

pratos deliciosos que nem o mais dedicado comensal poderia

esperar provar de todos.”( Z. Bauman, 2000, cap. 2)

Dessa forma sempre há uma reciclagem de produtos e serviços

que são oferecidos para a população, que, por sua vez, desperta

constantemente o desejo de obtê-los. Esses constantes desejos

parecem intermináveis, e a população os têm como algo familiar

e frequente.

Essa alegria do consumo é duvidosa pela forma que se é

dado, pois achamos que nossas necessidades é que são

superficiais, quando gostamos de algum produto por exemplo, em

determinado momento pensamos que essa necessidade é única e

profunda, e que ao conseguir supri-la teremos o sentimento de

realização plena, mas ao conseguirmos comprar esse produto

percebemos que a satisfação foi leve, “rasa” e passageira,

portanto retomamos o ciclo. Ou seja, não é a necessidade que é

superficial, mas sim a satisfação.

Nesse mundo cheio de possibilidades e desejos, será que

conseguimos resistir a muitos deles? Manter um foco e ter

prioridades? Pois nem que quisermos podemos conseguir realizar

esses desejos superficiais; não há tempo. Assim a sociedade

pós-moderna se caracteriza por instável e linear, porque, há

tantas coisas interessantes sendo passada a elas que fica

difícil escolher, e quando acontece, começa a desfrutar, mas

dificilmente vai até o fim, pois acaba aparecendo outra coisa

melhor, desviando o foco. Assim não se aprofunda em nada e

acaba tendo apenas essa linearidade das coisas, muitas coisas

que não valem nenhuma.

AS TRIBOS URBANAS

Frequentemente nos deparamos com o termo “tribos urbanas”.

Esse termo começou a ser empregado à partir de 1985 pelo

sociólogo francês Michel Maffesoli. Maffesoli (1987) define o

“tribalismo” ou “neotribalismo” como uma "comunidade

emocional" ou "nebulosa afetiva" em oposição ao modelo de

organização racional típico da sociedade moderna

De acordo com Maffesoli, esse fenômeno se constitui nas

"diversas redes, grupos de afinidades e de interesse, laços de

vizinhança que estruturam nossas megalópoles.” (Grandes cidades

que estão com o aumento constante da população, tendo assim uma

grande diversidade cultural.) “Seja ela qual for o que está em

jogo é a potência contra o poder, mesmo que aquela não possa

avançar senão mascarada para não ser esmagada por este”.

(MAFFESOLI, 1998, p. 70.)

Tribo é um conjunto de forças que deslocam o “estarjunto” dos grupos para um determinado vetor cultural,enquanto grupo é o deslocamento do Eu individual para um

sendo em trânsito, até formar a conscientização do‘estar junto’. (LARA (2002, p. 12):

São grupos que se identificam por usarem determinados tipos

de roupas, acessórios, cabelos e partilharem de uma mesma

ideia, e que mesmo que não conheça a outra pessoa, se ela está

vestida de certa forma, “ditada” pela tribo você saberá que faz

parte da mesma.

Uma tribo urbana também pode ser definida por uma

“sociabilidade frouxa, pela lógica hedonista e o não

compromisso com a continuidade na linha do tempo, expressa na

valorização do aqui – agora” (Coutinho, 2001). “Sua identidade

é buscada em marcadores imaginários: a roupa, o cabelo e os

acessórios que compõem a estética do grupo” (Castro, 1998).

O antropólogo brasileiro José Guilherme Magnani retomava,

retomou o conceito de "tribo urbana" em relação ao uso ambíguo

com o qual o termo vinha sido empregado na mídia dessa maneira,

banalizando o conceito original do termo

Quando a imprensa noticia certo tipo deocorrência, geralmente envolvendo algum tipo de gruposde jovens ou adolescentes – enfrentamentos entre bandosrivais, comportamentos em shows ou festivais, pichaçõesmetc – inevitavelmente aparece o termo “Tribos urbanas(MAGNANI, JOSÉ, Tribos Urbanas: Metáfora ou Categoria?,p. 01).

Assim, esse termo – “a menos que empregado após um trabalho

prévio com o propósito de definir seu sentido e alcance – não é

adequado para designar, de forma unívoca e consistente, nenhum

grupo ou comportamento no contexto das práticas urbanas”

(MAGNANI, JOSÉ, Tribos Urbanas: Metáfora ou Categoria?, p. ?).

O fenômeno das tribos urbanas, se dá a partir do momento em

que o indivíduo deixa de lado o que se pensa para partilhar de

uma ideia ou atos grupais, como Magnani diz: “Grandes

concentrações – concertos de rock em estádio, shows, e outras

manifestações (envolvendo consumo de drogas e comportamentos

coletivos tidos como irracionais) ensejam também o emprego de

“tribos urbanas”.

SKINHEADS

Skinheads ou literalmente traduzidos, cabeças raspadas, são

grupos de tribos urbanas, mais conhecidas por sua divisão

neonazistas, mas nem todos os grupos de skinheads são

neonazistas, também existem grupos de skinheads antifascistas,

antirracistas como os S.H.A.R.P, sigla inglesa que significa

Skinheads contra o preconceito, os anarquistas, Red and

Anarchist R.A.S.H. que se posicionam abertamente contra o

fascismo, o neonazismo e todo tipo de preconceito como o

racismo e a homofobia, Também existe o Trojan mais conhecidos

como Tradicionais ou skin trad, que são apolíticos e não são

ligados a nada disso, apenas gostam do visual clássico dessa

tribo.

O movimento skinhead surge no final da década de 60 com os

imigrantes Jamaicanos e a classe operária britânica fundindo-se

com a tribo dos Mods que dão origens as primeiras manifestações

Skins.

A revolução cultural da década de 1960 e seus

desdobramentos na década posterior tiveram como

protagonistas uma série de “subculturas” jovens ou

movimentos mais notadamente Hippies. Dentre essa série

de grupos, estava aquele que viria a dar origem aos

Skinheads no final dos anos 60, os Mods. (Rafael Hansen

Quinsani1, Israel Comaru2, Revista tema, 2011)

Os Skinheads procuravam celebrar suas origens, e suas

opções estéticas e de lazer demonstravam isso através do visual

e hábitos em comum.

Cabeças raspadas, calças jeans e botas pesadas, umaestética bem menos incrementada que seus antecessoresMods. Outras proximações do ideal operário são opredomínio masculino no movimento, o consumo de cervejacomo hábito de socialização e a paixão pelo futebol,esporte de massa e local social privilegiado para adisputa territorial entre grupos Skinheads. (RafaelHansen Quinsani1, Israel Comaru2, Revista tema, 2011)

A inflúencia músical dessa tribo, também veio dos Mods que

Adotavam como referência a Soul Music e o Rhythmand Blues, ambos originários de comunidades negras dosul dos EUA. Os Skinheads, em suas festas, faziamalgumas concessões às músicas preferidas dos Mods, mascultuavam outros gêneros também nascidos em comunidadesnegras: o Ska e o Reggae. (Rafael Hansen Quinsani1,Israel Comaru2, Revista tema, 2011)

No final da década de 1960, começaram a surgir outras

derivações desse estilo, conhecidos como a “segunda geração”,

que mesclou a cultura do “espírito de 69”, como foram chamados

os primeiros skinheads, à cultura punk.

Surgimento da Segunda Geração

Denominaram se bootboys, skinhead oi!, punk oi! ou apenas

skinhead, decorrente da agitação provocada pela cultura punk e

que acabou desencadeando um grande interesse por outros

movimentos juvenis do passado, como os mods, teddy boys e

skinheads.

     Com o surgimento da "revolução musical" do punk rock e sua

ética de faça-você-mesmo, muitos skinheads se agregaram ao

emergente streetpunk/oi!, que abrange tanto os aspectos

musicais quanto culturais. Isso no entanto não significou o

abandono do reggae e do ska. Nessa mesma época, muitos

skinheads tornam-se grandes adeptos do revival do ska chamado

Two Tone (http://cenaoicg.blogspot.com.br/p/skinhead-e-

punks.html)

White Power Inglês

Mas no final da década de 1970 ao começo da de 1980, a

cultura skinhead sofreu grandes mudanças. E a principal delas

foi a divisão da cultura em diversos submovimentos que nesse

período, tendo em mente o cenário Inglês que estava marcado

pela insatisfação dos jovens com a política, expressada através

do Punk Rock e seu pensamento “pessimista” sobre o sistema,

caracterizado pela banda Sex Pistols (uma das maiores

influencias desse movimento) com a música “there is no future

in England's dreaming” (“não há futuro para o sonho inglês”). E

diversas crises econômicas de âmbito mundial como: “crises do

petróleo de 1973 e 1979, e pela implantação de projetos

liberais como forma de amenizar a crise que se estabelecia,

estremecendo as bases do estado de bem-estar social.

“(Alexandre de Almeida, 2004 cap. 2.3 pag.24) Com isso veio à

tona uma contra partida de infiltrações políticas de direita

dentro da cultura skin, criando “uma nova forma de expressão de

ideais conservadoras, xenófobos e racistas, combinada a um

estilo espetacular” (Alexandre de Almeida, 2004 cap. 2.3

pag.24) que deu origem ao grupo White Power (Poder Branco).

As origens do White Power estão associadas a quatrofatores que provocaram profundas transformaçõespolíticas, econômicas e culturais na sociedade inglesada época: o fortalecimento do liberalismo que prejudicoudiretamente os trabalhadores, o intenso fluxo deimigrantes oriundos das ex-colônias em direção à ex-metrópole e a tensão gerada deste processo, o assédio dajuventude por parte de organizações políticasnacionalistas e a explosão do Punk Rock como meio deexpressão da insatisfação juvenil. (Alexandre deAlmeida, 2004 cap. 2.3 pag.23)

Pelas diversas crises econômicas dessa época,

Os trabalhadores se sentiram desamparados peloEstado, cada vez mais ausente nos momentos em quedeveria interceder por seus cidadãos, gerando incertezasem relação ao futuro. Neste mesmo período, a Inglaterrapassou a receber um grande contingente de imigrantesrefugiados de países da África a da Ásia que compunhamImpério Britânicoos

Então os imigrantes acabaram se tornando um dos culpados

pela diminuição da qualidade de vida da população de classe

operária inglesa,

Como consequência da imigração, criou-se umarelação de hostilidade por parte de uma parcela de“estabelecidos”, que viam na chegada dos “outsiders”, ouseja, dos imigrantes, a justificativa para que osespeculadores lucrem, pois os “outsiders”, no imagináriodos “estabelecidos”, eram tidos, por exemplo, comoaqueles indivíduos que iam competir deslealmente poremprego, porque se sujeitavam a uma carga de trabalhomaior por um salário menor. Um outro exemplo estárelacionado ao aumento do valor dos aluguéis, pois com asua presença, a procura por imóveis seria maior e ospreços cobrados também. Além destes dois aspectos decaráter econômico, os “outsiders” com seus costumes,crenças, comportamentos e até mesmo aspectos físicos,diferentes dos “estabelecidos”, representaram para estesúltimos, a “ameaça” de degeneração de sua identidade.(Alexandre de Almeida, 2004 cap. 2.3 pag.23)

Diante deste novo contexto, surgiram dois movimentos

reacionários que, relacionados, contribuíram diretamente na

formação do grupo de Skinheads White Power. O partido National

Front e o lançamento do estilo Oi! Music, como consequência do

“revival” Skinhead durante explosão do Punk Rock na Inglaterra.

O National Front, partido formado em fevereirode 1967, a partir da fusão de três organizaçõespolíticas; a Sociedade de Preservação Racial, oPartido Nacional Britânico e a Liga de Legalistasdo Império, tinha como principais diretrizes adefesa do direito à autodeterminação do povoBritânico, a oposição à imigração e a diversidadeétnica na Inglaterra, vista pelo partido como um“terrível engano”, a apologia ao nacionalismo e aantipatia ao capitalismo e ao comunismo, pois ambosenfraqueciam o poder individual. (Alexandre deAlmeida, 2004 cap. 2.3 pag.26)

O surgimento do estilo musical Oi! veio a partir da

explosão do movimento Punk Rock no final da década de 1970

Como uma forma de expressão visceral de todainsatisfação de uma parcela da juventude contra a criseque se abatia sobre o país. O Punk Rock trouxe, em seubojo, o reavivamento do Skinhead, que teve seu apogeu nofinal da década de 60 e esteve no ostracismo desde oinício da década de 70. Como principal produto doreavivamento do Skinhead, podemos citar a criação de umestilo musical próprio, a Oi!Music. (Alexandre deAlmeida, 2004 cap. 2.3 pag.26)

A música Oi! feita propriamente por Skinheads para essa mesma

tribo era definida de duas maneiras: “como o “Punk Rock sem

pose”, em referência às bandas Punks que se relacionavam com a

indústria fonográfica.”(Alexandre de Almeida, 2004 cap. 2.3

pag.27) E também como “Punk Rock de rua” ou “o Punk realidade”,

pois as letras tratavam de temas ligados ao cotidiano da

juventude trabalhadora inglesa como a violência, o orgulho de

pertencer à classe trabalhadora, o patriotismo, o gosto pela

cerveja e pelo futebol. (Alexandre de Almeida, 2004 cap. 2.3

pag.27)

O Oi! Music começou a ficar mais agressivo à partir de sua

segunda geração, porém ainda não era o estilo de música próprio

para os White Power, mas já era uma tendência o movimento e “o

National Front, por meio da sua seção juvenil, a Young National

Front, estabeleceu contato com muitas bandas obtendo sucesso em

cooptar algumas delas, entre as quais, a Skrewdriver”

(Alexandre de Almeida, 2004 cap. 2.3 pag.29) que se tornou

referência de extrema importância para a ascensão dessa tribo,

principalmente por seu vocalista Ian Stuart Donaldson.

“Ian Stuart Donaldson foi a figura-chave na formação doWhite Power inglês e sua banda, a Skrewdriver, se tornou umareferência para uma nova geração de jovens supremacistasbrancos em todo o mundo (Lööw, 1998). Por meio de suascanções, Stuart popularizou para além das fronteiras de seupaís o ideário do White Power inglês, o orgulho racial, oamor à terra natal, aversão aos estrangeiros e o anti-semitismo, influenciando bandas de diversos países, inclusivebrasileiras. (Alexandre de Almeida, 2004 cap. 2.3 pag.30)

A banda começou tocando Punk, e foi alvo de muitas

críticas pela mídia, taxada como uma banda conservadora por

reprimir o uso de drogas que era muito utilizado naquela época.

Então migrou para o estilo de música Oi! e o vocalista deu um

depoimento falando sobre essa mudança:

Porque nós estávamos fartos do Punk ter seaproximado da esquerda (...) eu não gostei da esquerda,porque me lembravam os estudantes sendo anti Britânicos(...) muitos de nossos companheiros que iam para o gigseram políticos, alguns eram do National front e outroseram do British Moviment. Tudo isto em 1977 (LastChance, 1991, s/p.). (Alexandre de Almeida, 2004 cap.2.3 pag.30)

No início da década de 1980 a banda lança o disco marcando

a transição para o Oi! music chamado “Back With The Bang” e a

música que leva o nome do álbum já em evidência a posição

nacionalista do grupo. Depois de um tempo a banda

Skrewdriver começou a se diferenciar das bandasSkinheads contemporâneas pela linha de composição queadotara, tratando de temas polêmicos, como o racismo e axenofobia. Optando em tocar músicas que incitavam orepúdio aos indivíduos que não fossem ingleses e brancospara um público composto em sua maioria por Skinsracistas, a Skrewdriver restringiu o circuito de casasde espetáculos onde permitiam que se apresentassem, poisos proprietários temiam a violência que conjuntosmusicais com esta postura poderiam gerar e também devidoà pressão de entidades anti-racistas e da imprensamusical. (Alexandre de Almeida, 2004 cap. 2.3 pag.30)

Após o boicote por sua posição, o vocalista da banda decide

reativar um evento criado pelo Yong National Front conhecimo

como RAC (Rock Against the Comunism), que significa “Rock

Contra o Comunismo”. Ian Stuart que já era membro do partido

desde 1979, Uniu se a Joe Pearce, responsável pela YNF e editor

de um jornal chamado Bulldog e com outras bandas, formaram a

primeira geração de Skinheads White Power Ingleses que passaram

a tocar por toda Grã Bretanha. Formaram também o seu próprio

grupo dentro do partido que se chamou White Noise Club (WNC)

Para consolidar esta nova postura, a banda lançapela White Noise Records, em 1983, o compacto intituladoWhite Power, cuja letra homônima ao título do disco nãodeixa dúvidas sobre o posicionamento político da bandaque transformou o Skinhead em um militante político. Opunho branco cerrado ilustra a capa do disco e a letraextremamente direta, demonstrando a disposição para ocombate, fez da música um hino aclamado por muitos

Skinheads ao redor do mundo. (Alexandre de Almeida, 2004cap. 2.3 pag.31)

White Power

Eu vejo o meu país, afundando no esgoto. Nós todos somos imperfeitos agora, nós todos somo

responsáveis. Nós estamos deixando eles assumirem o comando, nósestamos deixando elesvirem. Uma vez nós tivemos um Império, mas agora nós temos

uma rua suja.

Poder Branco para a Inglaterra. Poder Branco,hoje. Poder Branco para a Bretanha. Depois será muito tarde (Refrão)

Nós assistimos muitas revoltas, nós apenas sentamose ridicularizamos.

Nós vimos muitos assaltos, e os juízes os liberam. Nós temos que fazer algo, para deter o

apodrecimento. Os traidores que nos usaram, deveriam ser todos

fuzilados. (Refrão)

Nós estamos sentados e deixando que eles venham Eles colocaram o Homem Branco para correr Sociedade multirracial é um engano Nós não vamos levar mais do que isto O que nós precisamos? (Refrão)

Se nós não ganharmos nossa batalha, e tudo não for bem.

É apocalipse para a Inglaterra, e nos veremos no inferno.

(Skrewdriver 1983)

A banda ganhou sua autonomia do YNF no final da década de

1980, pois suas letras que já estavam falando abertamente sobre

atos de antissemitas, apoio ao Nacional Socialismo e discursos

racistas, estava manchando a imagem do YNF. A música que

ilustra bem isso é “Voice of Brain” onde vemos claramente na

última estrofe a idolatria a Hitler e o incentivo desses atos:

Todos os judeus sionistas,

gostariam de nos manter quietos.

Iniciaram a guerra com a Alemanha,

e doaram o nosso império.

Lembrem-se de Adolf Hitler,

Lembrem-se da Noite dos Cristais19

(Skrewdriver, Voice Of Britain, 1984)

Em 1987 a formação de uma nova organização chamada “Blood

and Honour” consolidou uma ruptura que houve por causa de uma

crise financeira do partido YNF. O partido dividiu em três

partes, sendo uma delas declarada Nacional Socialista que era

encabeçada por Ian Stuart, criando essa nova organização que se

declarou:

Nacional Socialista, destinada a congregarSkinheads e patrocinar bandas White Power. Estaorganização internacionalizou o ideário Skinhead WhitePower através de seu fanzine “Blood and Honour” e deseus lançamentos musicais e pela fundação de várias

seções em países europeus, além dos Estados Unidos,Austrália e África do Sul. (Alexandre de Almeida, 2004cap. 2.3 pag.34)

A ideologia White Power circulou pelo mundo todo, através

de Skinzines.

O fanzine, trocadilho com as palavras “fã” e“magazine” (revista em inglês), é uma forma de mídiaalternativa de baixo custo e pode ser consideradauma valiosa fonte de informação sobre uma “cena”.Criados pela necessidade da obtenção de informaçõesque a grande imprensa não aborda, os fanzinespossibilitam manter o indivíduo atualizado sobre a“cena” com a qual está envolvido, por exemplo, pelasresenhas de discos, CDs, fitas demo, entrevistascom as bandas e agenda de shows, pela divulgação dematerial de propaganda, como cartazes, panfletos,textos e notícias sobre as ações dos grupos, comomeio para a realização do comércio de produtos dosmais variados tipos e mais aquilo que o editor tiverinteresse em publicar. Nos anos 80, os fanzinesformavam uma poderosa rede alternativa de informaçãosobre as “cenas” Skinhead em todo o mundo.(Alexandre de Almeida, 2004 cap. 3.6.1 pag.56)

” por meio deles estas informações chegaram aoBrasil, e foram tidas como um dos fatores queinfluenciou a formação de uma célula White Power emSão Paulo pela vontade de indivíduos que recebiamconstantemente informações oriundas do exterior pormeio dos Skinzines, pela aquisição de discos e trocade correspondência. (Alexandre de Almeida, 2004 cap.2.3 pag.34)

Skinheads no Brasil

“HISTÓRIA (A VERDADEIRA) DO MOVIMENTO SKINHEAD NOBRASIL”

Os primeiros SKINS em nosso país surgiram em SãoPaulo (uma das maiores cidades sul americanas (sic) ),na metade dos anos 80, todavia, tal qual nossos irmãosingleses (reconhecidamente precursores do Movimento),houveram (sic) alguns antecedentes.

No final da década de 70, em meio a crescenteadesão por parte da juventude "sem futuro" ao PUNK ROCKe entre a grande diversidade de gangues existentes,começa a se desenvolver o grupo assim chamado "Carecasdo Subúrbio" (algo como baldies from suburb) que tinhacomo postura o não engajamento em grupos de esquerda, onão consumo de bebidas alcoólicas/ drogas/ cigarros(isto tudo, ao menos teoricamente...) e a identificaçãopor suas cabeças raspadas (como sendo um "anti-corte decabelo", semelhante ao SKINHEAD), contrastando com osdemais grupos PUNKS até então existentes. No decorrer desua história, os "carecas" - já em número considerável -adotam uma posição nacionalista (ainda que comconcepções tremendamente distorcidas), distanciando-secada vez mais da "cena PUNK" - completamente corroídapelas drogas, álcool e promiscuidade. Musicalmentefalando, ocorre a introdução do som OI! (com maiorrepresentatividade em bandas como THE 4-SKINS, TOYDOLLS, THE BUSINESS, NABAT, ANGELIC UPST ARTS, etc.22)e, por conseguinte, uma maior adesão ao estilo SKINHEAD.Contudo, é inevitável que algo que tenha sido construídosem uma base sólida, desmorone por seu próprio peso e,sendo os "carecas" um grupo multirracial (infestado denegros e todo tipo de subumanos), o resultado nãopoderia ser diferente. Assim, uma parcela minoritária(composta por Brancos), notoriamente inclinada aoespírito Nacional-Socialista e consciência racial e, porsinal, a única até então voltada às atividades político-ideológicas opta por abandonar o moribundo grupo. Os"Carecas do Subúrbio", por sua vez, mergulhados emdivergências internas, vem abaixo logo em seguida. Com aexistência de células dispersas de jovens BrancosIdealistas ao redor do Estado, sua unificação foi ummero passo e, em meados de 88 (talvez este número nãoseja apenas uma coincidência...) surge o autoproclamadoPODER BRANCO (significa WHITE POWER). O Movimento local,então, atravessa um longo (e árduo) período dedesenvolvimento, sobrevivendo às mais diversasintempéries (marcado pela interferência da polícia -

ZOG24 SCUM - e por traições), ao passo que se observa oressurgimento de grupos "carecas", embalados pelaescória SH.A.R.P. e, sendo estes, moldados em gruposesquerdistas, dedicados ao combate de SKINHEADS,"nazistas", "racistas", etc... Em meio às constantesdificuldades, o PODER BRANCO vai adquirindo solidez eestruturação organizacional. Gradativamente, oselementos fracos de espírito, covardes, oportunistas,"rebeldes de final de semana" e outras nulidades, vãosendo expelidos. Com diretrizes objetivas e o propósitoclaro da incondicional luta pela Sobrevivência Branca,aprimoramento e expansão racial.” (Alexandre de Almeida,2004 cap. 3.1 pag.36)