metodologia para concepÇÃo de mÉtricas de software para pequenas empresas
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METODOLOGIA PARA CONCEPCÃO DE MÉTRICAS DE SOFTWARE PARA
PEQUENAS EMPRESAS
METHODOLOGY FOR DESIGN SOFTWARE METRICS FOR SMALL
BUSINESSES
Murilo César Cabral1; José Morched Carneiro2
RESUMO
A ampliação e globalização do mercado atual de software
obriga as empresas do ramo a desenvolverem técnicas e
estruturas de controle para se manterem competitivas e
atuantes. Este artigo destina-se a pequenas empresas que já
possuem algum tipo de controle sobre as sua produção de
produtos de software incluindo elicitação de requisitos,
gerência de projetos e processos, e elabora um modelo de
métricas a serem inseridas no cotidiano da empresa baseadas na
metodologia GQM (Goal, Questions, Metrics).
Palavras-chave: GQM. Desenvolvimento de Software. TI.
Engenharia de Software.
ABSTRACT
The expansion and globalization of the software current
1 Pós-graduando do curso de MBA em Gestão de Software do Centro
Universitário de Goiás Uni-ANHANGUERA. E-mail: [email protected] Professor Mestre, do Núcleo de Pós-Graduação do Centro Universitário de
Goiás Uni-ANHANGUERA.
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market requires companies in the industry to develop
techniques and control structures to remain competitive and
active. This article is aimed at small businesses that already
have some sort of control over the production of software
products including requirements elicitation, project
management and processes, and establish a model of metrics to
be included in the daily company based methodology GQM (Goal,
Questions, Metrics).
Keywords: GQM. Software Development. IT. Software Engeneer.
2
INTRODUÇÃO
Com os eventos de globalização de mercados e a divulgação
cada vez mais rápida de informações, principalmente por meios
eletrônicos, o desenvolvimento de software tem se tornado uma
atividade muito complexa e cheia de riscos por seus caminhos.
Para se manter no mercado as empresas da área tem que garantir
a qualidade de seus produtos. No caso de médias e grandes
empresas existem, no mercado, modelos de processos de
desenvolvimento software já consagrados que possuem entidades
que certificam que as empresas analisadas seguem os padrões
definidos por eles. Porém os recursos financeiros e humanos
necessários para se conseguir estas certificações ficam longe
da realidade de micro e pequenas empresas da área.
Isso não quer dizer que micro e pequenas empresas não
possam, ou não devam, garantir a qualidade de seus produtos de
software. Estas empresas, doravante chamadas de MPEs (Micro e
Pequenas Empresas), devem, com pena de serem excluídas do
mercado, criar suas próprias metodologias e processos que
garantam que seus produtos tenham a mesma, ou quase, qualidade
dos de organizações de maior porte. Essas atividades de
controle e estruturação para estas MPEs também gerarão custos
que devem, com até maior atenção que nas empresas maiores, ser
controlados e priorizados para que caibam no seus orçamentos.
Rocha (2001) diz que a qualidade de um produto de
software é determinado pela quantidade de satisfação dos
motivos que levaram à criá-lo. Como determinar esta
quantidade? A resposta à esta indagação é métrica.
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Este trabalho dedica-se a estudar a metodologia GQM(Goal-
Question-Metrics) de elaboração de métricas e tem o objetivo
de ajudar as MPEs a elaborar e utilizar de forma correta estas
definições.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Não é por se tratar de um estudo para MPEs que se imagina
organizações sem controle e com uma administração desleixada
e falha. Como veremos na definição do cenário em que se baseia
este trabalho as empresas que compõem o universo ao qual este
se destina efetuam algum tipo de Gerência de Requisitos,
Gerência de projetos e têm processos definidos, mesmo que de
forma rústica e simplória. Quando se fala em elaboração de
métricas para atingir um determinado objetivo, esta atividade
exige, obrigatoriamente, a definição de processos, pois na
hora de defini-las deve-se saber quem irá medir, quando irá
medir, o que será medido e quanto vai custar. Praticamente
todas estas informações estão contidas na definição dos
processos bastando apenas se definir em que ponto do processo
serão feitas as medições.
Cenário
Definir-se-á neste tópico o tipo e tamanho das empresas a
que se refere este trabalho, o mercado no qual elas estão
incluídas, como elas funcionam, que tipo de gerência possuem e
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as metodologias que já são praticadas.
O Mercado Brasileiro
O Brasil vem se destacando cada vez mais em diversas
áreas do conhecimento e desenvolvimento de software(DS) não é
exceção. Somos um país de dimensões continentais e cheio de
enormes discrepâncias regionais mesmo assim o software tem
chegado a todo tipo de comunidade e a todo tipo de pessoa com
a difusão das aplicações e as variações de tipos de software
fabricado. Quando falamos de software embarcado(software que
já está instalado em produtos), por exemplo, ele está presente
em celulares, relógios, calculadoras, geladeiras, brinquedos e
em praticamente todos os produtos fabricados hoje em dia, e
atinge toda a sociedade sem distinção de de nenhuma
característica, nem mesmo econômica pois existem produtos
muito simples que carregam este tipo de software.
Segundo a ABES – Associação Brasileira de Empresas de
Software (2011), o mercado de TI no Brasil vem crescendo
tanto no número de empresas como nos valores (Tabela 1). O
país já representa 49,6% do mercado Latino Americano e 2,4% do
mercado mundial.
Ainda conforme a ABES, enquanto a maior parte do mercado
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mundial decresce, EUA, Japão, China, Brasil e Índia seguem em
sentido contrário a esta tendência, inclusive logrando a crise
mundial. No caso do Brasil ainda temos 13,8 milhões de PC's
vendidos, 56,5 milhões de computadores instalados e 81,5
milhões de usuários de internet tudo em 2010. A ABES também
estendeu seu estudo no sentido de totalizar, levando em
consideração somente a quantidade de empresas e não a
participação no mercado, o percentual de micro, pequenas,
médias e grandes empresas deste mercado, chegando à conclusão
que micros e pequenas somam 94,3% do total sendo que micros
36,7% e pequenas 57,6%.
Há também uma tendência de empresas brasileiras de
software buscarem certificações oficiais de modelos como
MPS.BR(Figura 1) e CMMI (Figura 2), causando automaticamente
um aumento na qualidade do software produzido aqui e
difundindo para maior número de profissionais as melhores
práticas contidas nestes modelos. Comparando-se estes gráficos
nota-se uma tendência de forte crescimento nos últimos anos e
mais recentemente uma tendência a estabilizar.
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No entanto ainda há um percentual muito alto de empresas
do ramo que nem sequer conhecem as técnicas e as disciplinas
envolvidas nestes processos.
O que é uma MPE?
Para efeito da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro
de 2006 que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da
Empresa de Pequeno Porte, microempresa é aquela que auferiu no
ano-calendário receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00
(Trezentos e sessenta mil reais) e empresa de pequeno porte é
aquela que auferiu no ano-calendário receita bruta superior a
R$ 360.000,00 (Trezentos e sessenta mil reais) e inferior a R$
3.600.000,00(Três milhões e seiscentos mil reais).
Para efeito das análises e proposições deste trabalho,
MPE é uma organização que, além de se enquadrar nesta
definição da Lei, possui uma estrutura composta por até 50
colaboradores distribuídos em pelo menos uma e no máximo dez
equipes de desenvolvimento.
Estrutura
Considera-se, para fins deste trabalho, uma equipe, um
grupo de trabalho formado por um líder e pelo menos dois
desenvolvedores de mesmo nível como uma estrutura mínima
(Figura 3) até um grupo formado por um líder e vários
desenvolvedores de até três níveis de conhecimento (Figura 4).
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As melhores práticas exigem, no entanto, que se tenha no
mínimo dois desenvolvedores classificados com o mesmo nível de
conhecimento para que um possa verificar o trabalho do outro.Figura 3. Estrutura mínima de Equipe
Figura 4. Estrutura máxima de uma MPE
Vale ressaltar que as estruturas definidas pelas figuras
3 e 4 são uma formação genérica e que dependendo do tipo de
produto ou das metodologias adotadas ou ainda dos processos da
organização esta estrutura pode ter grandes variações. Cada
organização é única e deve formar a sua própria estrutura
seguindo as suas estratégias e metas.
Gerência de Requisitos
Requisitos são parte fundamental no desenvolvimento de
qualquer produto, inclusive os produtos de software, são eles
que vão definir todas as características que o produto deve
atender e como vai funcionar. Sem a elicitação dos requisitos
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Líder de equipe 2
D esenvolvedor N ível A
D esenvolvedor N ível X
D esenvolvedor N ível B
D esenvolvedor N ível C
D esenvolvedor N ível B
D esenvolvedor N ível C
Líder de equipe 1
D esenvolvedor N ível A
D esenvolvedor N ível A
D esenvolvedor N ível B
D esenvolvedor N ível C
D esenvolvedor N ível B
D esenvolvedor N ível C
G erente de P rojetos
Líder de equipe N
Líder de equipe
D esenvolvedor N ível X
D esenvolvedor N ível X
todo o projeto fica desnorteado e as chances de fracasso são
aumentadas exponencialmente. Além disso, para determinar se um
produto tem qualidade deve-se saber para que ele foi elaborado
e se ele atende satisfatoriamente estes objetivos
(requisitos).
No caso do desenvolvimento de software os requisitos têm
uma forte tendência a mudança e a boa definição deles
contribuí enormemente para a diminuição das alterações durante
a fase de execução do projeto e também facilitam o
rastreamento de impacto que uma determinada mudança causará.
Da compreensão e definição deste impacto extrai-se as
alterações que serão necessárias no escopo, risco, tempo,
recursos e no orçamento do projeto.
Com base nesta análise concluí-se que, mesmo para
pequenas organizações, a elicitação de requisitos se torna
obrigatória para se garantir a qualidade de produtos de
software. Sem ela o projeto fica fica sem rastreabilidade sem
definição de escopo e correrá em enorme risco de fracasso.
Gerência de Projetos
Um projeto é um esforço coordenado, temporário e único
feito com o objetivo de criar um novo produto, serviço,
resultado ou inovação em um destes e tem como uma
característica possuir data de início e fim. Antunes (2010)
diz que “projeto é uma reunião coordenada de esforços para atingir
objetivo predeterminado com qualidade, custo e prazo definidos”. A
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criação de um projeto exige conhecimentos nas disciplinas
escopo, tempo, custo, qualidade, RH, comunicação, risco,
aquisições e integração e passa pelas fases de iniciação,
planejamento, execução, controle e encerramento (Figura 5).
Escopo é a área do conhecimento voltada para a definição
dos objetivos e não-objetivos do projeto. Muito importante
para a elaboração para o restante do projeto ela define os
limites do projeto e deve esclarecer para as partes envolvidas
o que será feito e o que não será feito, sendo esta última
fundamental, ou seja, estabelecer o não-escopo é tão ou mais
importante do que o o escopo.
Tempo é a disciplina que vai gerenciar os limites de
tempo para execução do projeto. Do ponto de vista do cliente é
uma das áreas mais importantes juntamente com custo. Cabe ao
gerenciamento do tempo controlar a execução do projeto, prever
possíveis atrasos e fazer ajustes para que estes não ocorram.
Custo provavelmente seja a área mais importante do ponto
de vista do cliente pois ela controla o orçamento do projeto e
as alterações neste.
Qualidade é a disciplina que vai definir os requisitos
de qualidade e garantir que durante a execução do projeto eles
estejam sendo atendidos de forma plena.
Recursos Humanos é uma das áreas mais importantes do
projeto pois tudo dentro dele será feito por pessoas. Cabe a
gerência de RH escolher os colaboradores que participarão do
projeto e planejar a contribuição de cada um de acordo com
suas habilidades. Alocar atividades que fazem parte do
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conhecimento individual de um determinado colaborador vai
facilitar outras tantas atividades causando uma diminuição no
tempo, e por consequência no custo, e aumentando a qualidade
do produto do projeto.
Aquisições é a disciplina que irá controlar as aquisições
necessárias ao andamento do projeto e garantir que os recursos
envolvidos estejam disponíveis quando forem necessários.
Comunicações é a parte que controla as informações do e
sobre o projeto e mantém as pessoas interessadas atualizadas
sobre o andamento e mudanças ocorridas nele. Faz parte da
responsabilidade desta disciplina identificar as pessoas
interessadas e seus interesses e as formas de comunicação que
serão utilizadas para gerar a comunicação do projeto.
Riscos é a disciplina responsável por identificar
possibilidades de problemas que podem gerar riscos ao bom
andamento e até a execução do projeto e planejar ações
corretivas e/ou preventivas no sentido de minimizar ou até
anular os seus efeitos.
Integração é a gestão do projeto em si. Cabe a esta área
do conhecimento controlar e monitorar o projeto, ou seja,
fazer a coisa acontecer.
A organização que desejar ter qualidade nos seus
produtos, seja qual for a natureza deles, dever ter uma gestão
orientada por projetos. Mesmo que não seja purista, como
defendem os adeptos de tais práticas onde tudo é projeto, ela
deve se utilizar destas ferramentas pelo menos no
desenvolvimento de novos produtos ou serviços.
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Processos
Um processo é um conjunto de atividades coordenadas e
desenvolvidas rotineiramente que utilizam recursos (humanos,
informações, máquinas e etc.) e que ao serem executadas
transformam entradas em um resultado agregando valor. Os
processos são, também uma forma produzir, melhorar e divulgar
o Know-how, ou seja, o como fazer. As organizações que possuem
processos definidos são menos dependentes das pessoas, que, ao
contrário, ficam dependentes deles e, pelo menos teoricamente,
irão produzir resultados padronizados. Por tanto quanto
melhores os processos maior a qualidade dos produtos gerados
através deles. Covatti (2007) diz que “no desenvolvimento de
software o processo de qualidade é importante, pois é difícil
medir os atributos de um software, a melhoria da qualidade é
focada em encontrar um produto de qualidade e mapear o
processo utilizado para a construção do mesmo.”
Acredita-se que todo trabalho humano deveria ser
orientado por uma metodologia, mas é de conhecimento público
que muitas pequenas empresas não adotam nenhuma por
desconhecimento ou custos envolvidos na implantação. Processos
são uma solução barata e de fácil manutenção e melhoria e para
as empresas a que se destina este trabalho exige-se a
definição, mesmo que rústica, deles.
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Cultura Organizacional
O ser humano é um ente carregado de defeitos, manias,
vaidades, convicções e outras e quando esta convulsão emocional
se junta a outros, sendo que cada um é único, as interações
entre eles deveriam se tornar um caos. Graças ao bom-senso e a
sociabilidade que também são natos em nós conseguimos
conviver. No entanto, dentro das organizações, detectamos
comportamentos inadequados em quase todos os seus integrantes.
Existem gestores exigentes ao extremo que não confiam em
ninguém como gestores complacentes (quase em extinção pelas
condições do mercado atual) e também colaboradores
desmotivados desinteressados e quase todos com pouca noção do
que do que é o trabalho e o que realmente são as relações
trabalhistas. Máximo Filho (2006) diz que “a cultura
organizacional é o conjunto de valores, crenças e normas que
são partilhados pelos colaboradores de uma organização e que
afetam os seus comportamentos e atitudes”.
Para efeito deste trabalho, que vai tratar a instauração
de métricas dentro de processos, a acomodação e/ou resistência
a mudanças é o aspecto mais relevante deste comportamento.
Pessoas acostumadas a fazer o trabalho sempre da mesma forma e
com pouco controle, como encontramos nas pequenas empresas,
mesmo que sejam muito competentes, têm muita resistência a
implementação de novas rotinas, principalmente as de controle,
pois se sentem ameaçadas. É necessário que o gestor ou
consultor responsável pela implantação esteja atento a estes
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problemas e procure trazer estas pessoas para dentro do
processo e fazer com se sintam úteis e participantes
diminuindo assim o sentimento de ameaça. Assim que os
envolvidos no processo entenderem que o negócio onde estão
inseridos está crescendo e que necessita de mais controle
sobre tudo que o envolve, até fatores externos, eles se
tornarão verdadeiros colaboradores e se integrarão ao
processo.
Métrica
Uma métrica é a forma de como se vai fazer uma medição.
Ela deve definir quem, quando, como, onde, forma e o motivo
pelo qual faremos a medição. Quem, no caso da métrica, é o
papel do responsável por efetuar as medições desta métrica.
Quando é o momento, dentro do processo, em que uma medição
será feita baseada na métrica. Como é a maneira que as
medições serão executadas. Onde é em que local se efetuará a
medição. A forma é o tipo de número que será medido podendo
ser inclusive uma fórmula. O motivo pelo qual faremos as
medições baseadas na métrica.
Estabelecer um programa de métricas adequado às suas
reais necessidades é extremamente importante, pois medir tem
custos. Preferencialmente deve-se incluir as métricas dentro
do processo, seja qual for, e com isso diluir os custos da
medição. Quando o processo estiver rodando e as pessoas
acostumadas a exercer as suas atividades nem perceberão as
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medições.
As métricas fornecem grande parte dos dados necessários
para administração de um projeto de software (KOSCIANSKI,
2007). Elas devem ser a base para tomadas de decisão
eliminando-se, assim, decisões tomadas pelo achismo e por
experiências pessoais que nem sempre são as mais adequadas.
Além disso, a formação de dados históricos cada vez mais irá
contribuir para a análise, o aumento da qualidade do produto e
a correição nas decisões dos gestores.
Medição
É a execução de uma métrica, ou seja, é a coleta de dados
referente a uma métrica definida, em um determinado instante.
Ela deve registrar quem efetuou, a data, a hora e o valor
definido na métrica. A medição incluída dentro de um processo
gerará dados históricos sempre no mesmo ponto e sobre as
mesmas condições criando condições ideais para gráficos
comparativos.
Existe uma frase famosa que praticamente se transformou
em um ditado na área de gestão: “Se você não pode medir, você
não pode gerenciar” que é uma grande verdade. Imagine
gerenciar alguma coisa sobre a qual não se tem informação. A
geração, manutenção e controle de informações é fundamental
para se estabelecer, por exemplo, duração e custo de uma
determinada tarefa o que dará base para elaborar uma
estimativa de custo e tempo de execução de um projeto.
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MATERIAL E MÉTODOS
GQM
Goal, Questions, Metrics (Figura 5) que traduzido
literalmente é Objetivos, Questões, Métricas, é uma
metodologia de elaboração de métricas baseada em uma
hierarquia que o próprio nome explica, ou seja, define-se os
objetivos e em cima destes define-se as perguntas que se quer
responder e baseados nestas define-se as métricas que irão
responder às perguntas sazonalmente e gerarão uma base
histórica que deverá ser utilizada na tomada de decisões
dentro das organizações. Fontoura (2004) diz que “GQM é uma
abordagem orientada a metas e utilizada em engenharia de
software para a medição de produtos e processos de software”Figura 5. Gráfico Demonstrativo do Método GQM
As principais vantagens desta metodologia são:
Apoia a definição top-down do processo de medição;
Ajuda na identificação de métricas úteis e relevantes;
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Apoia a análise e interpretação dos dados coletados;
Permite uma avaliação da validade das conclusões tiradas;
Diminui a resistência das pessoas contra processos de
medição.
Objetivos/Metas
A definição das metas a serem atingidas com a elaboração
da métricas deve estar totalmente alinhado com o planejamento
estratégico da organização. Só tem sentido fazer medições se
se tiver um objetivo a alcançar. Estes objetivos podem ser os
mais variados como, por exemplo, diminuir o retrabalho,
aumentar a qualidade, diminuir o número de erros e etc.
Questões
Baseadas nos objetivos definidos as questões a serem
formuladas por esta metodologia são o que se deseja/precisa
saber para se atingir a meta a qual esta questão se
referencia. Estas perguntas devem ser claras, objetivas e
devem ser respondidas com medidas, ou seja, números que serão
gerados por uma ou mais métricas. Alguns exemplos de questões:
Quantas horas foram gastas em determinada tarefa?
Qual a quantidade de erros encontrada no projeto?
Qual o percentual de requisitos não atendido pelo
produto?
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Métricas
As métricas, como citado, são as definições de uma
medição e devem ser elaboradas levando-se em conta as questões
previamente elaboradas. Deve-se atentar, também, para o fato
que elas serão incluídas dentro de um processo e devem ter
características que as habilitem serem reconhecidas como
atividades, para tanto. Uma métrica deve responder, sozinha ou
conjugada com outras, de forma satisfatória à pergunta a qual
ela está vinculada e deve possibilitar manter-se um
histórico de medições.
MODELO PROPOSTO
Modelo
Baseado nos estudos realizados desenvolver-se-á um modelo
de métricas essenciais para empresas com o formato definidos
no módulo cenário deste trabalho. Chega-se à conclusão que
empresas com o tamanho e a estrutura para as quais este
trabalho é destinado não possuem condições de implantar todos
os processos descritos em modelos amplamente divulgados como
CMMI e MPS.BR. Mas para se manter no mercado estas pequenas
empresas devem ter controle sobre a sua produção e devem
definir processos, pelo menos os essenciais, em todas as áreas
do conhecimento abordadas por estes modelos e procurar
aperfeiçoá-los mantendo assim um padrão de melhoria constante
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e possibilitando até que consigam certificações nos modelos
citados.
O que se discute a seguir é um modelo de métricas
consideradas essenciais para uma organização de
desenvolvimento de software tenha um controle satisfatório
sobre os seus processos de produção e gere base histórica de
números para se tomar decisões cada vez mais acertadas nas
áreas de qualidade, produtividade, custo e tempo baseados na
metodologia GQM.
Metas/Objetivos
Como a ideia deste trabalho é sugerir métricas para as
organizações que queiram criar as suas próprias, ou estejam no
início deste processo, as metas definidas aqui são iniciais e
um pouco subjetivas de propósito para que se criem bases de
dados históricos para então se definir, no futuro, metas mais
específicas e novamente criar e alterar as métricas com o
objetivo de atingi-las. Baseadas nas experiências vividas em
empresas similares às descritas no item 'cenário' deste
trabalho, as metas aqui descritas são as principais
preocupações dos seus gestores.
1 - Diminuir custos;
2 - Aumentar a produtividade;
3 - Diminuir o retrabalho;
4 - Aumentar a qualidade;
5 - Aumentar satisfação do cliente;
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6 - Diminuir Esforço.
Questões
As questões, definidas no método GQM, são o que é
necessário saber para se atingir as metas estabelecidas
anteriormente e vinculam-se à elas. Acredita-se que as
seguintes questões são suficientes para elaborar um conjunto
de métricas iniciais para as organizações que pretendem
implantá-las dentro de seus processos:
1.1 - Qual a relação entre custo estimado e custo efetivo
do projeto?
1.2 - Qual o custo da atividade?
1.3 - Qual a quantidade de horas de retrabalho?
1.4 - Qual o custo do retrabalho no projeto?
1.5 - Qual o custo real do projeto?
2.1 - Qual relação entre o tempo estimado e efetivo da
atividade?
2.2 - Qual relação entre o tempo estimado e efetivo do
projeto?
3.1 – Qual a relação entre horas de trabalho e horas de
retrabalho?
4.1 - Qual o número de erros encontrados na atividade?
4.2 - Qual o número de erros graves encontrados na
atividade?
4.3 - Qual o número de requisitos encontrados depois da
fase de levantamento?
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5.1 - Qual o número de erros encontrados depois de da
entrega?
5.2 - Qual a relação de erros encontrados antes e depois
da entrega?
5.3 - Qual o percentual de requisitos não atendidos?
5.4 - Qual o índice de satisfação do cliente por
requisito?
6.1 - Qual o número de horas trabalhadas na atividade?
6.2 - Qual o número de horas trabalhadas no projeto?
6.3 - Qual a relação entre horas estimadas e horas
trabalhadas?
Métricas
A medição de software tem se tornado crucial na busca damelhoria do processo de software, na avaliação doandamento de projetos e também tem auxiliado na tomadade decisões estratégias da organização (SANTOS).
Após a definição das questões as métricas praticamente
aparecem sozinhas ao gestor que as está elaborando. As
definições de métricas que responderão às questões elaboradas
anteriormente são definidas assim:
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CONCLUSÕES
A metodologia GQM (Goal-Questions-Metrics) é uma grande
facilitadora no processo de elaboração de métricas. Os
gestores e organizações que já a utilizam são testemunhas dos
benefícios e da aceleração e correição dos resultados
alcançados. Após a definição de metas e das questões a elas
atreladas, as métricas praticamente brotam como se fossem
plantas em terreno bem adubado e bem umedecido.
Sugere-se que as MPEs que tiverem acesso a este estudo
implementem este modelo como start, ou seja, uma iniciação a
aplicação de métricas, adaptando-as a sua realidade e a seus
processos. Cada organização, mesmo as que seguem padrões
definidos e consagrados, é única e deve conhecer os padrões
para melhor selecionar o que lhe é útil ou essencial para que
formem sua própria metodologia e padrões e os aprimorem com o
passar do tempo melhorando assim e cada vez mais a qualidade
de seus produtos.
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