keynes 1931
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Lecture 1 - THE ORIGINATING CAUSES OF THE WORLD UNDEREMPLOYMENT
I
i.meu objetivo é analisar as causas que originaram a crise;
-vou fazer uso das minhas teorias monetárias como ponto de partida;
--mas não em detalhes, para não confundir quem não está a par delas;
ii.1924 e 1925:
-tratados de paz, reformas econômicas;
-a confiança parecia ter se restaurado;
-empréstimos internacionais operando;
-havia a expectativa que a restauração do padrão ouro iria coroar o processo de
recuperação mundial;
iii.assim, qual a característica principal desse período?
-foi a capacidade de endividamento para propósito de novos investimentos à
elevadas taxas de juros;
-taxas de juros excessivamente elevadas para os padrões pré-guerra;
-taxas de juros que nunca foram ganhas na história;
iv.os EUA:
-investimento cresceu brutalmente entre 1925 e 1928;
-em 4 anos investiu-se o dobro do que no período 1919-1922;
-EUA: financiador internacional, nas palavras de Keynes, comprador estrangeiro
de todos os tipos de títulos (bons, ruins, indiferentes);
-os Europeus, menos confiantes, depositando nos EUA: por razões de liquidez e
segurança;
v.No Mundo:
-enormes programas de expansão de capital;
-construções, reconstrução de empresas de utilidades públicas;
-trabalhos públicos;
-nos países europeus, a grande força de trabalho e plantas estavam sendo
empregados na construção, consumindo mas não produzindo bens de consumo;
--construção é analiticamente igual ao investimento, só que não gera nada no
futuro;
vi.Grã-bretanha:
-semiestagnação, retorno ao padrão ouro com a libra valorizada;
-houve investimentos, mas GB perdeu a capacidade exportadora e declinou seu
investimento no exterior;
-o investimento doméstico foi insuficiente;
-as poupanças certamente estavam em excesso ao investimento, estavamos
sofrendo a deflação;
vii.Keynes sobre o boom de investimento:
-embora seja certo que muitos investimentos ruins estavam em curso, é certo
que a sociedade estava muito mais rica pela gama de construções de 1935-1929;
-em cinco anos a riqueza expandiu como nunca na história;
--expansão concentrada: construções, eletrificação, estradas, automóveis;
--construção civil-habitações, energia, transportes;
--aumento da produtividade em alimentos e matérias primas - ciências;
-foi um período de crescimento acelerado em diversas áreas, setores e
produtos;
viii.Keynes acredita que se o boom foi inflacionário, o foi em pouca dimensão;
-e se foi, inflação de markup, preço de venda bem acima do custode produção;
-Keynes acredita que não houve inflação no preço dos bens de consumo;
-foi um período de enormes ganhos de eficiência;
-pouco dos ganhos foram para os fatores de produção e a maior parte foi
para os empresários;
ix.então o que trouxe um período próspero desse a um término imediato?
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II
i.Keynes não concorda com a visão de que se "subiu muito" vai ter que "cair
muito" num outro momento; que a benesse do boom é acompanhada pela correção
da crise;
ii.a causa dos prejuízos dos empresários, da redução do produto e do emprego
não se devem ao elevado investimento que ocorreu até 1929, mas pela drástica
redução do investimento que se seguiu;
iii.Keynes não vê esperança para a recuperação, a não ser que serecupere o
elevado nível de investimento;
-nesse sentido, não vê como a falência geral pode ajudar nesta recuperação;
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i.olhando para trás, Keynes afirma:
-a queda do investimento começou em 1929, essa queda precedeu a queda dos
lucros dos negócios e veio antes da crise da Bolsa de Nova York;
ii.por que o investimento caiu?*************************************************
-provalvemente por uma série de causas complexas:
-1.taxas de juros muito elevadas estavam sendo pagas, com o tempo os tomadores
de empréstimos não poderiam esperar ganhar o suficiente nos novos investimentos
para pagar as suas obrigações;
-2.mesmo nos investimentos que pudessem ganhar essas taxas no início, ao longo
do tempo do investimento, a elevação da oferta de bens de capital, tornaria os
ganhos menores que a taxa de juros, exigindo juros menores para a expansão futura;
-3.acontece que no momento necessário para a queda dos juros, astaxas de juros
foram elevadas. O esforço do FED para controlar o boom em Wall Street estava
tornando o dinheiro caro para todos tipos de tomadores;
-4.a consequência do dinheiro caro (elevadas taxas de juros nos EUA), foi tornar
os EUA atrativo para todos os capitais do mundo, gerando contrações de crédito
no resto do mundo;
-5.com a capitalização na Bolsa, os compradores americanos de títulos no
exterior se voltaram para a especulação doméstica;
iii.A queda do investimento:
-queda na FBCF (índice): 1925 (100), 1929 (88), 1930 (64);
-uma vez que o investimento cai em um volume significativo, cadadeclínio
precipita novos declínios;
--os elevados níveis de lucro caem, e os preços dos bens de consumo caem;
iv.consequências da queda do investimento:
-a queda no produto leva ao desinvestimento em working capital;
-a queda nos lucros diminui a atratividade dos investimentos;
-a queda nos preços e a interrupção do canal do crédito, torna ocrédito caro
justamente no momento em que empréstimos baratos são necessáriospara o
investimento;
v.queda no investimento implica queda do lucro:*********************************
-assim, a queda no nível de investimento é a razão para a situação atual;
-todo o meu argumento se baseia na suposição: "se o nível de investimentos
declina, então o nível de lucros também declina";
-por que eu acredito nisso?
--eu detalhei isto no Volume 1 do Treatise on Money;
--o argumento não é fácil e não é aceito no corpo do pensamento econômico;
--vou explicar na próxima lecture;
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Lecture 2 - THE ABSTRACT ANALYSIS OF THE SLUMP
i.através da minha teoria é fácil ver como um severo declínio doinvestimento é
responsável pela situação atual do mundo: queda produto, do emprego, lucro, preços;
-quem quiser aprofundar: leia o Treatise on Money;
ii.argumento de Keynes:
-1.os empresários pagam salários, aluguéis e juros aos fatores de produção -
o que representa o seu "custo de produção";
-2.alguns empresários estão produzindo bens de consumo e outros bens de capital;
-3.a soma dos custos de produção representa a renda agregada da comunidade, a
renda dos fatores de produção;
-4.estes individuos, na qualidade de consumidores, gastam parte da sua renda na
aquisição de bens de consumo produzidos pelos empresários, outraparte de sua
renda é poupada, e portanto, colocada na máquina financeira;
--depositam em bancos ou compram ações, títulos, casas ou pagam empréstimos;
-5.a máquina financeira habilita um conjunto diferente de pessoas a encomendar e
pagar pela aquisição de bens de capital novos produzidos por empresários deste
tipo de bens - construção, fábricas, máquinas, equipamentos, transporte,
utilidades públicas.
--o gasto agregado nestes bens eu chamo de "valor do investimento corrente";
-6.há dois fluxos de dinheiro que vão para os empresários: parteda renda que
eles pagaram aos fatores de produção e que volta com a venda de bens de consumo
e os gastos com a encomenda de bens de capital = ambos são faturamento;
-7.a lucratividade dos negócios não depende de nada mais do que o faturamento
ser maior que os custos de produção;
-se há mais faturamento do que foi gasto em custos de produção, há lucro;
-8.custos de produção = renda da comunidade;
--renda da comunidade = consumo + poupança;
--faturamento = faturamento de bens de consumo e empréstimos do sistema
financeiro que permitiram a compra de bens de capital;
-9.quando o valor do investimento é maior do que as poupanças dos fatores,
as receitas dos empresários são maiores que os custos de produção, logo os
empresários estão lucrando;
-10.a diferença entre o valor do investimento e a poupança do público é o
segredo para booms e crises;
--inclusive para explicar inflação, como aparece no Treatise;****************
-11.quando os lucros são elevados, a máquina financeira estimulao
investimento ainda mais, facilitando os empréstimos para aquisição de bens
de capital, permitindo que os lucros sejam ainda mais elevados;
-12.quando o investimento cai, a não ser que seja compensado porqueda nas
poupanças, o resultado claro é a queda dos lucros;
--num movimento acumulativo;
-13.pode-se resumir o argumento da seguinte forma: quando o investimento
excede a poupança do público ocorre o boom, quando a poupança excede o
investimento há a crise;*****************************************************
-14.ademais, as poupanças tendem a variar no sentido errado (logo no começo
das crises), a não variar, ou a variar no sentido certo mas em volume
insuficiente (quando a crise está perto do fim e a comunidade está pobre);
-por isso vou me concentrar na variabilidade da taxa de investimento;
--esse é o elemento sujeito a repentinas e violentas modificações;
[1]Emprego depende dos Lucros, Lucros dependem do Investimento:***************
-15.nada, obviamente, pode restaurar o emprego sem primeiramenterestaurar o
nível de lucros;
-16.nada pode restaurar os lucros sem primeiro restaurar o volume de
investimento; o volume de encomendas de bens de capital;
-17.a única alternativa teórica seria um enorme aumento dos gastos do público
ao custo de suas poupanças, uma campanha de gastos, o que não é factível numa
conjuntura de nervosismo e incerteza, sobretudo com depreciação do valor dos
ativos financeiros;
[2]Keynes sintetiza mais uma Vez:*********************************************
i.é por causa do desequilibrio entre investimento e poupança, e por mais nada,
que as flutuações dos lucros, produto e emprego são geradas;
[3]O que pode ser feito para acabar com a tendência depressiva eterminar a
crise?
i.a medida que o produto está em declínio, o efeito da queda do investimento
em capital fixo é o agravamento do desinvestimento em working capital;
-o desinvestimento ocorre enquanto o produto está em declínio;
ii.o desemprego leva à poupança negativa, o desemprego diminui acapacidade
de poupança e leva ao gasto destas poupança, chegando a se gastar mais do que
se tem (endividamento, ajuda da família, amigos);
iii.mais relevante do que isto, é a poupança negativa do governo;
-seja por renúncia fiscal, seja por endividamento do Estado;
-estes gastos são tão bons, em seus efeitos imediatos sobre a economia, como
seriam os gastos em capital;
--a diferença, e esta é relevante, é que estes gastos não geram nada para o
futuro;
iv.não há base segura de retornar à prosperidade sem a recuperação do
investimento fixo, num nível que exceda a poupança;
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Lecture 3 - The Road to Recovery
I
[1]confiança e taxa de juros:***************************************************
i.o investimento sofreu um enorme declínio, não completamente compensado pela
redução das poupanças do público e o aumento dos déficits fiscais;
ii.o problema da recuperação é reestabelecer o volume de investimento;
iii.a solução tem dois lados:
-1.redução das taxas de juros de longo prazo;
-2.recuperar a confiança do mundo econômico, incentivando o endividamento com
base em expectativas normais sobre o futuro;
iv.a confiança não irá retornar enquanto não houver expectativa de melhora nos
lucros;
v.os lucros não vão melhorar enquanto o investimento não for ampliado;
vi.a redução da taxa de juros de longo prazo amplia as chances de recuperar a
confiança;
[2]o problema da recuperação:
i.também é um problema de recuperação do nível de preços;
-Keynes está se referindo às deflações comuns nas crises até 1929;
ii.os mesmos eventos que levam à recuperação do investimento levam à elevação
do nível de preços;
[3]Keynes sobre a redução de salários, Lucros e inflação:***********************
i.não é a saída, eleva o endividamento da economia, ao endividamento em uma
economia já altamente endividada não é tolerável;
ii.a redução dos lucros e dos preços também eleva o endividamento, não é saída;
iii.se o nosso objetivo é diminuir o desemprego, nós temos que recuperar a
lucratividade dos negócios;
-o problema é elevar o faturamento frente aos custos de produção;
-a recuperação dos lucros, em parte, leva à elevação dos preços;
-qualquer política, neste estágio do ciclo de crédito, que não se direciona
a elevar o nível de preços, falha na recuperação dos lucros;
iv.Keynes, para defender a alta dos preços, é melhor inflação oufalência
generalizada (liquidação, o termo polido)?
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II
i.o tema principal é a recuperação do volume de emprego, o que envolve a
melhoria das condições de lucro;
ii.o aumento dos lucros só podem vir da elevação do investimentofrente à
poupança do público;
iii.a elevação do investimento frente a poupança deve elevar o nível de preços,
reduzindo o peso do endividamento;
iv.estou falando dos gastos para a aquisição de novos bens de capital de qualquer
espécie.
[1]ao tratar do Investimento, estou tratando de um problema Bancário;**********
i.o meio prático para elevar o investimento está na atividade bancária e na
ação do banco central;
ii.os banqueiros e empresários - 3 formas para recuperar o I:*******************
1.restaurar a confiança dos emprestadores e dos tomadores;
-o emprestador deve ter confiança suficiente sobre a capacidade de pagamento do
tomador, cobrando uma taxa de juros apenas para cobrir o risco;
-o tomador deve ter confiança suficiente nas expectativas de negócio da
aquisição de um novo investimento, de modo que, com uma margem, o retorno
esperado permita pagar o emprestador;
-sem confiança, o tomador não vai se endividar e o credor vai colocar uma
taxa de juros elevada sobre os potenciais empréstimos;
-a recuperação da confiança não deve estar baseada em expectativas vagas e
esperanças do mundo de negócios, mas na melhoria real dos fundamentos;
--o que significa romper com o círculo vicioso;
2.novos programas de construção a cargo do governo e autoridade:
-o governo pode tomar emprestado mais barato e sua receita futura é mais
previsível;
-esses programas são importantes para interromper o círculo vicioso;
-são calculados para elevar o nível de lucros da economia, permite às
empresas olharem adiante;
-o problema dos programas de governo é de ordem prática: não é fácil planejar
esquemas articulados e eficientes prontos para serem colocados em operação em
larga escala;
-sou um defensor destes programas e lamento não haver outras medidas para
auxiliar a execução dos mesmos;
3.redução das taxas de juros de longo prazo:
-quando a confiança está no chão, a taxa de juros pode fazer pouco;
-também é verdade que a taxa de juros não é o fator dominante para as plantas
industriais, porém a maior parte do volume de investimento assume a forma de
habitação, serviços de utilidade pública e transporte;
--nestas esferas, a taxa de juros é importante;
-é necessário, não apenas reduzir as taxas de juros de longo prazo, mas
reduzí-las de forma significativa;
[4]Pessimismo do Keynes:
i.restaurar a confiança e reduzir as taxas de juros de longo prazo é
extremamente dificil, portanto, o retorno à prosperidade deve levar tempo;
ii.no entanto, uma redução significativa das taxas de juros podetornar
uma série de projetos de investimentos atrativos;
[5]FINANCIAL STATEMANSHIP:******************************************************
i.o objetivo principal é regular para que o investimento (encomenda de novos
bens de capital) seja o mais próximo possível da poupança do público;
-pode não ser fácil, mas não há outro jeito;
[6]Como o Sistema bancário afeta a taxa de juros de longo prazo?
i.para começar, o sistema bancário está interessado na taxa de juros de
curto prazo;
ii.reduções nas taxas de juros de longo prazo tem o efeito de elevar os
preços dos títulos e dos ativos não-líquidos;
iii.há três maneiras de afetar a taxa de juros de longo prazo;
1.aumentar a quantidade de ativos líquidos;
-aumentar a base de crédito por meio de operações de open market;
-eu acredito que se pode influenciar o preço dos títulos pelo suprimento
constante de ativos líquidos, em grande proporção, para ampliar a rentabilidade
relativa dos ativos não líquidos;
2.diminuir a atratividade dos ativos líquidos, reduzindo a taxa de juros de
depósito;
3.elevar a atratividade dos ativos não-líquidos, o que pode elevar a confiança;
[7]Dilema do país rico:
i.cada vez é mais dificil superar as poupanças com o investimento;
ii.centralidade da taxa de juros de longo prazo para permitir a maior gama
possível de projetos de investimento;
iii.usar as poupanças para usos construtivos;
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