introdução a bíblia

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1 Introdução: Escrever sobre a Bíblia é, minimamente, uma tarefa excitante, pois sendo considerada o maior “best-seller” do mundo, ela se constitui no livro sagrado de três grandes matrizes religiosas que são o judaísmo, o catolicismo e o protestantismo. Encontramos nas Sagradas Escrituras não só uma profissão de fé, como também uma fonte histórica e sociológica infindável, sem esquecer, de enfatizar o fato de ter sido o primeiro livro impresso depois da grande descoberta de Guttemberg. Porém temos de refletir que em qualquer das religiões citadas acima as Sagradas Escrituras “é em síntese, um conjunto de livros canônicos que concentram em si, certa unidade, descrevendo a Revelação Divina.”¹ 1 Introdução do Protestantismo: Martinho Lutero, um padre alemão, deu início no século XVI, na Europa Ocidental, a primeira e principal cisão no seio da Igreja Católica. Seus questionamentos vieram à tona através da publicação de suas 95 teses , que ele fixou na porta da 1 JESUS.Leandro Martins: A Formação da Bíblia ao longo dos séculos e a participação da Igreja Católica neste processo.

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Introdução:

Escrever sobre a Bíblia é, minimamente, uma tarefa

excitante, pois sendo considerada o maior “best-seller” do

mundo, ela se constitui no livro sagrado de três grandes

matrizes religiosas que são o judaísmo, o catolicismo e o

protestantismo.

Encontramos nas Sagradas Escrituras não só uma profissão

de fé, como também uma fonte histórica e sociológica

infindável, sem esquecer, de enfatizar o fato de ter sido o

primeiro livro impresso depois da grande descoberta de

Guttemberg.

Porém temos de refletir que em qualquer das religiões

citadas acima as Sagradas Escrituras “é em síntese, um conjunto

de livros canônicos que concentram em si, certa unidade,

descrevendo a Revelação Divina.”¹1

Introdução do Protestantismo:

Martinho Lutero, um padre alemão, deu início no século

XVI, na Europa Ocidental, a primeira e principal cisão no seio

da Igreja Católica. Seus questionamentos vieram à tona através

da publicação de suas 95 teses, que ele fixou na porta da

1 JESUS.Leandro Martins: A Formação da Bíblia ao longo dosséculos e a participação da Igreja Católica neste processo.

2

Igreja de Wittemberg. Nelas ele protestava contra os abusos

cometidos pela Igreja Católica naquela época. Sua intenção, a

princípio, era apenas realizar algumas reformas dentro da

Instituição, mas elas não foram aceitas, o que resultou na

inevitável cisão entre as nascentes igrejas reformadas e a

Igreja Católica, já reformulada pela Contra-Reforma, gerada

pelo Concílio de Trento, quando os dogmas repudiados pelos

protestantes foram consolidados e retomados com mais ardor.

Assim, as igrejas que se sintonizavam com as inovações do

monge agostiniano Martinho Lutero tornaram-se integrantes da

Igreja Protestante. Esta expressão apareceu inicialmente como

um nome de teor pejorativo concedido aos príncipes eleitores e

às cidades alemãs que ousaram protestar publicamente contra o

Édito de Worms, de 1529, o qual condenava a crença e a

transmissão dos princípios de Lutero no espaço ocupado

pelo Sacro Império Romano-Germânico que ainda não tivera

contato com esta doutrina. Por outro lado, ele também permitia

que os seguidores da nova religião, em locais onde ela já se

disseminara, fossem punidos.

Os protestantes nada mais desejavam do que ver

o Cristianismo  retornar à sua antiga pureza, despir-se de

preocupações excessivamente materiais, da pompa do clero, de

atos condenáveis, como o da venda de indulgências, ou seja, do

perdão divino, prática comum entre os eclesiásticos. Eles

também querem pôr fim à intercessão da Igreja e dos santos

na comunicação entre Deus e o Homem, que para eles deve ocorrer

3

diretamente, sem intermediários. Outro princípio protestante

inicial foi chamado de “sacerdócio universal de fiéis”. Esse

princípio não significava que não deveria haver mais pastores,

nem significava que a hierarquia social deveria ser abolida. O

“sacerdócio dos fiéis” significava que todas as pessoas

possuíam acesso imediato a Deus. Que elas não precisavam da

mediação de um padre.

Lutero defendeu que cada pessoa tem o direito e a

obrigação de se preocupar com o que está certo ou errado em

matéria de fé. Leigos não deviam ser intimidados por aqueles

que essa tarefa é para especialistas. Lutero tinha interesse em

examinar a natureza da vida religiosa, talvez por ter sido

monge. Agora ele argumentava que qualquer trabalho honesto

feito a serviço de Deus é considerado como vida religiosa. Ele

também defendia que todas as vocações são iguais perante Deus.

O primeiro dos movimentos protestantes foi o luterano.

Começou quando o padre católico Martinho Lutero, em 1517,

pregou sua lista de 95 teses na porta de sua Igreja em

Wittenberg, Alemanha. Lutero baseou-se em sua experiência para

criar uma nova compreensão da fé. Insistia que humanos são

incapazes de serem virtuosos sozinhos. E que a retidão vem

unicamente de Deus com o perdão dos pecados.

No culto, Lutero manteve mais elementos da missa católica

tradicional do que os outros grupos protestantes. Mas a

doutrina católica da transubstanciação, segundo a qual durante

a comunhão, o vinho e o pão literalmente tornam-se o corpo e o

4

sangue de Cristo foi substituída por Lutero pela doutrina da

“presença real”. Ele baseou sua doutrina na declaração de Jesus

na Última Ceia quando Ele quebrou o pão e disse: “Este é meu

corpo”. Lutero manteve dois sacramentos, o do batismo e o da

comunhão.

Os protestantes defendem a crença de que a única

autoridade a ser seguida é a Palavra de Deus, presente na

Bíblia Sagrada. Desta forma, através da ação do Espírito Santo,

os cristãos, ao lerem a Bíblia, têm uma maior harmonia com

Deus. Por esse motivo, a partir da Reforma Protestante, a

Bíblia foi traduzida para diversas línguas e distribuída sem

restrições para as pessoas.

“Duas coisas ocupam o cerne da tradição protestante: uma

é a autoridade da escritura. Esse antigo conjunto de escritos

esclarece o modo de vermos o mundo. O segundo tema no âmago e

cerne do movimento protestante tem sido a convicção de que nós

somos perdoados, embora sejamos imperdoáveis Que não precisamos

merecer nossa salvação. Ela nos é dada de graça, como um dom.

Temos a liberdade de ser o que somos.” (Brooks Holifield –

Professor of Church History, Emory University).¹1

A Bíblia:

O termo Bíblia vem do latim “biblion” que significa livro.

Foi escrita num período de tempo aproximadamente de 1.600 anos,1 http://www.cacp.org.br/category/diversos-2/historia-geral/

5

pois é contado, o período inter bíblico, e por mais de quarenta

autores diferentes.

Ela é composta de duas partes: Antigo Testamento (AT) e

Novo Testamento (NT). Também chamados por alguns de 1º

Testamento e 2º Testamento. Ambos divididos em livros.

O Antigo Testamento versa sobre o tema do pacto de Deus

com os homens, indo de Gênesis até os livros proféticos. E o NT

traz a história de Jesus Cristo contada pelos seus discípulos

terminando com o Apocalipse.

O Novo Testamento é aceito pelo catolicismo e o

protestantismo de forma igualitária, ambos com o mesmo número

de livros, isto é, 27 livros, para o judaísmo não conta, pois

eles não têm a matriz cristã. O mesmo não acontece com o Antigo

Testamento, este varia conforme o seguimento religioso.

O Antigo Testamento na Bíblia Católica tem sete livros a

mais que a Bíblia dos Cristãos Protestantes tem apenas 39

livros, enquanto a Igreja Católica aceita 46 livros. Este

corresponde à Bíblia Judaica. Entretanto entre os Judeus também

há divergência acerca dos livros que compõem a Bíblia. Já dois

séculos e meio antes de Jesus Cristo, existiam duas listas

diferentes dos livros da Bíblia Judaica: uma em hebraico e

outra em grego.

Inicialmente, a Bíblica Judaica só existia em hebraico.

Mas depois do exílio na Babilônia, muitos judeus viviam fora de

Israel, exilados ou porque emigraram, e, por esse fato,

6

perderam o domínio da língua, acarretando dificuldade de ter

acesso ao texto bíblico escrito em hebraico.

Surgiu então a necessidade de traduzir a Bíblia do

hebraico para o grego. Essa tradução ocorreu em Alexandria, por

volta de 250 a.C., contando com escribas hebreus. Esta

tradução ficou conhecida como Alexandrina, LXX (Setenta) ou

Septuaginta, pois setenta e dois rabinos (seis de cada uma das

doze tribos) trabalharam nela e, segundo a história, teriam

completado a tradução em setenta e dois dias.

A Septuaginta contém 53 livros. Apresenta os 39 livros da

Bíblia Hebraica, mais 14 livros escritos fora de Israel. Ou

seja, na tradução para o grego, foram adicionados alguns livros

que eram mais recentes. Os tradutores entenderam que alguns

livros escritos fora de Israel também faziam parte da história

do povo de Deus e por isso também eram inspirados por Deus.

Os judeus que moravam em Israel não gostaram dessa

tradução, mantendo-se com a versão hebraica dos 39 livros,

enquanto os outros adotaram a Septuagenta para o uso litúrgico

e estudo.

No ano 87 da Era Cristã, os judeus de Israel, no Concílio

de Jamnia, definiram de uma vez por todas que para eles a

verdadeira Bíblia era a Hebraica. Os rabinos do Sínodo de

Jâmnia utilizaram os critérios abaixo para consideraram como

inspirados

7

e que, por isso, formam o cânon da Bíblia Hebraica, somente os

livros que:¹1

antigos que tivessem sido escritos até Esdras e Neemias

redigidos em língua sagrada, isto é, o hebraico

originados e compostos na Palestina e não em terras

estrangeiras

que estivessem de acordo com a Lei de Moisés.

O Papa Dâmaso I, no século IV, solicitou uma tradução em

latim para Sofrônio Eusébio Jerônimo para traduzir a Bíblia

para o latim. Essa tradução ficou conhecida como “Vulgata”.

A Vulgata traz ao todo 73 livros. O antigo Testamento traz

46 livros e o Segundo Testamento, 27 livros. Ou seja, a Vulgata

corresponde à Bíblia que é aceita pela Igreja Católica até

hoje.

Aos sete livros que não estavam na Bíblia Hebraica foi

dado o nome de “Deuterocanônicos”, cujo significado é livros da

segunda lista e os outros 39 livros são denominados

Protocanônicos (pertencentes ao primeiro cânon) O

s

A Bíblica Católica foi reconhecida nos seguintes

concílios: Roma (382dC.), Hipona (393dC.),Cartago III (397dC.),

Cartago IV (417dC.), Niceia II (787dC.) e Concílio de Florença

(1442dC.).

Quando da reforma protestante, Martinho Lutero questionou

o caráter canônico dos Livros Deuterocanônicos. Em virtude

1 A Bíblia através dos séculos: uma introdução

8

desse fato, a tradução feita para o alemão do AT, foi da versão

hebraica, e os sete livros entraram com livros apócrifos, o que

quer dizer não inspirados.

Portanto, o conteúdo do cânon protestante do Antigo

Testamento (composto pelos trinta e nove livros relacionados a

baixo) é exatamente igual ao cânon hebraico massorético,

modificando somente a organização destes livros.

Para a Bíblia Hebraica os livros são separados formando

um total de 24 livros na seguinte estrutura:

1. Torá (Lei): Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio.

2. Profetas (Neviim): Josué, Juízes, Samuel, Reis, Isaías,

Jeremias, Ezequiel, Os 12 Profetas

3. Escritos (Kethuvim): Salmos, Provérbios, Jó, Cantares (ou

Cânticos dos Cânticos), Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester,

Daniel, Esdras-Neemias, Crônicas.

Na Bíblia Cristã os livros serão os seguintes:

Livros narrativos: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números,

Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, 1Samuel, 2Samuel,

1Reis, 2Reis, 1Crônicas, 2Crônicas, Esdras, Neemias e

Ester.

Livros poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e

Cântico dos Cânticos.

9

Livros proféticos: Isaías, Jeremias, Lamentações,

Ezequiel, Daniel, Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas,

Miqueias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e

Malaquias.

A Bíblia Cristã:

Antigo Testamento

A partir desse momento seguiremos esta Bíblia que será o

norte desse trabalho. Começaremos pela divisão do AT, que

permitirá uma melhor estruturação e exposição do mesmo.

Falaremos um pouco de cada livro de ambos os testamentos a fim

de explicações sobre as Sagradas Escrituras.

Começaremos pelo Pentateuco, que se trata do conjunto dos

cinco primeiros livros bíblicos, sendo estes, Gênesis, Êxodo,

Levítico, Números e Deuteronômio.

1) Gênesis: É o início do mundo, sua criação, a constituição

e a identidade do povo de Deus. Nesse momento, tem o

“começo” dos patriarcas hebreus. É o aparecimento de

Abraão constituindo-se como a semente, ou melhor, a gênese

de tudo.

2) Êxodo: Versa sobre a saída do povo de Israel do Egito sob

o grande comando de Moisés. É a reafirmação da promessa

que tinha sido feita anteriormente, sendo, que agora,

10

tomava a forma de uma aliança. É muito importante citar

que é o momento no qual começa a surgir as “novas” leis

com os Dez Mandamentos e outras. O Deus dos patriarcas

seria o Deus de Israel, o Deus desse povo, mas para isso,

a aliança teria de ser cumprida.

3) Levítico: Trata-se de um livro teocrático, de caráter

legislativo. Podemos encontrar um longo discurso de Deus

para Moisés determinando as regras de convivência.

4) Números: É um livro de interesse histórico que pode ser

dividido em 3 partes: o recenciamento do povo de Sinai,

jornada de Sinai até Moab e eventos em Moab antes da

travessia do Jordão. Ao fim do livro, Moisés está com seu

povo nas portas de Canaã.

5) Deuteronômios: Aqui ocorrem os discursos de Moisés com

Deus. Pode-se dizer que seria uma repetição da Lei. O cere

deste livro é a felicidade do povo de Israel desde que aja

a obediência as Leis de Deus.

Primeiros Profetas ou Profetas Anteriores: Tem como ponto

central a história do povo judeu desde a conquista da terra

até o exílio na Babilônia.

11

1) Josué: Revela a entrada e a conquista de Canaã. Tem-se a

renovação da aliança com Deus por parte de Josué.

2) Juízes: Presença das dualidades de obediência/presença de

bênçãos e desobediência/ castigos, também, guerra e paz.

3) 1Samuel: Surgimento da monarquia para o fortalecimento do

povo de Israel. Saul foi o primeiro monarca sendo seguido

por Davi.

4) 2Samuel: Subida de Davi ao poder criando uma Jerusalém

forte tanto do ponto de vista econômico quanto religioso.

5) 1Reis: Presença do período monárquico de Salomão. Época de

opulência econômica e muitas alianças religiosas, a

dualidade está presente neste período, pois da mesma forma

que consagra o templo, torna-se um idólotra.

6) 2Reis: O fim da independência politica. Nesse livro vê-se

a situação que se encontrava Israel em presença do

crescimento assírio.

Profetas Posteriores: É possível nestes textos encontrarmos um

enquadramento histórico.

1) Amós: Ele tem como missão a denúncia dos abusos sociais do

reino do Norte. Historicamente é um período próspero na

economia de Israel. Ele tem a crítica como a solução para

acabar com o abuso financeiro nas mãos de poucos.

2) Oséias: Teve a função de anunciar a idolatria do povo e a

consequente destruição de Israel quando casou-se com uma

12

prostituta e teve seus filhos mostra que se é amado por

Deus em qualquer circunstância .

3) Isaías: Seu livro é formado por mensagens pregadas em

muitas décadas. Ele criticava as alianças com

estrangeiros. Mostrava que a nação necessitava era da

aliança com Deus. Arrependimento e perdão é uma constante

nas suas mensagens.

4) Miqueias : Ele pregou contra as injustiças de Jerusalém e

também sobre a opressão e riqueza.

5) Sofônias: Esse veio criticando a idolatria a união aos

costumes religiosos com não judeus e a incredulidade sobre

a ira de Deus. O tema destacado por ele foi a justiça.

6) Jeremias: Foi o profeta que se ouviu nos últimos anos de

Judá antes do exílio. Seu livro mostra o que poderia

salvar o povo antes da destruição que se aproximava.

7) Naum: Este profeta tem como tema a soberania de Deus sobre

as nações.

8) Habacuque: Vivia em torno do temploe e suas mensagens eram

cúltuas e litúrgicos. No seu livro apresenta uma conversa

dele com Deus na forma de lamentos, orações ou hinos.

9) Ezequiel: Ele crê no Deus de bondade e amor ao mesmo tempo

o Senhor todo poderoso. Ele conseguiu visualizar o motivo

da destruição de Israe,l foi a desobediência a Sagrada

Aliança.

10) Obadias: Tinha como obra reestruturar a esperança. No

seu livro existem dois pilares: acusação contra os

edomitas e a esperança para o povo de Deus.

13

11) Ageu: Com ele o povo de Deus olhou o exílio como se

fosse um castigo para desobediência .

12) Zacarias: Prega sobre a reconstrução do templo,

entretanto a esperança messiânica já esta presente.

13) Malaquias: Ele trouxe uma mensagem para a obediência

à Lei como condição da restauração.

14) Joel: Não aceitava a relação de Israel com nações

estrangeiras. Fala do dia do juízo final e a proteção para

o povo de Deus.

15) Jonas: Ao invés de pregações ele registra a vivência

de um profeta. Também anuncia a bondade divina para todos

os povos, mostrando assim a tolerância que deveria existir

na terra.

Salmos: Os salmos podem ser de vários tipos individuais ou

coletivos, de confissão, arrependimento, louvor e adoração.

Eles podem ser classificados em quatro categorias:

Louvor

Ação de Graças

Súplica

Sapienciais

Provérbios: Presença dos ditos populares muitos atribuídos a

Salomão. Eles eram regras e preceitos para o povo seguir.

14

Jó: Sua função é para reflexão do sofrimento. O livro responde

com a sabedoria Divina.

Cinco Rolos: Possui três tipos de obras as quais podem ser

classificadas em poéticas, narrativas e proféticas.

1) Cântico dos Cânticos: é simplesmente um cântico de amor

entre dois namorados que o povo de Israel vê como hino de

amor a Deus.

2) Rute: Ele fala sobre relações internacionais era possível

desde que a crença no Senhor não fosse esquecida.

3) Lamentações: Pode ser visto como o choro do povo de Israel

pela destruição de Jerusalém e do templo. Nesta obra vemos

um pedido por castigo contra aqueles que trouxeram a

destruição.

4) Eclesiastes: Demonstra a busca pelo sentido da vida,

mostrando que os que não seguem o Deus de Israel

permanecem num vazio.

5) Ester: Neste livro mostra que se a infidelidade a Deus foi

a causa do exílio, então a fé em Deus os salvaria dele.

Daniel: Presença de dois temas: o relacionamento entre judeus e

estrangeiros e a vitória do povo de Deus sob à Sua intervenção.

As expectativas e realizações do Reino de Deus não são mais na

terra.

15

Esdras-Neemias e Crônicas: Seguem a mesma escola teológica. Os

temas abordados são o templo, o culto e a esperança messiânica.

Novo Testamento:

O Novo Testamento está integrado por 27 livros, divididos

em vários grupos ou coleções de escritos: Quatro Evangelhos e

Atos dos Apóstolos, Cartas de Paulo, Carta aos Hebreus, Cartas

Católicas ou  Universais (Tiago, 1, 2Pedro, 1, 2, 3 João,

Judas) e Apocalipse. Trata-se de uma grande quantidade de

livros de diferentes gêneros literários.

A ordem acima referida é temática e pouco tem a ver com a

cronologia. De fato, o escrito mais antigo do Novo Testamento é

a Primeira Carta de Paulo aos Tessalonicenses enquanto o

Evangelho de João foi um dos últimos escritos a aparecer. Tais

livros, portanto, estão organizadas segundo a temática e o

gênero literário.

Evangelho de Mateus: Vem com o propósito de provar aos judeus

que Jesus Cristo é o Messias prometido. Cita o Antigo

Testamento para mostrar como Jesus cumpriu as palavras dos

profetas judeus. Mateus descreve em detalhes a linhagem de

Jesus desde Davi descrevendo a sua linhagem, nascimento e

16

início da vida de Cristo. Daí, o livro discute o ministério de

Jesus. Até a ressureição e a Grande Comissão.

Evangelho de Marcos: Parece ser direcionado aos crentes

romanos, particularmente os gentios. Marcos desejava que eles

tivessem uma narrativa biográfica de Jesus Cristo a fim de

fortalecer a sua fé diante da perseguição severa e ensinar-lhes

o que significava ser Seus discípulos. Este evangelho é único

porque ele enfatiza as ações de Jesus mais do que Seus

ensinamentos. Após a apresentação de Jesus no Seu batismo,

Jesus começou Seu ministério público na Galileia e chamou os

primeiros quatro de Seus doze discípulos. O que se segue é o

registro da vida, morte e ressurreição de Jesus.

Evangelho de Lucas: É a história de Lucas, da vida do Grande

Médico enfatizando o seu ministério e a compaixão para com a

população marginalizada de Israel. Neste livro vê-se a

genealogia de Cristo através de Maria. Os seguidores de Cristo

são incentivados a contar a dificuldade do discipulado. Por

fim, Jesus é traído, julgado, condenado e crucificado. Sua

ressurreição garante a sequência do seu ministério de salvar o

perdido.

17

Evangelho de João: O seu livro é o mais teológico dos quatro

Evangelhos. Ele compartilha muito sobre o ministério futuro do

Espírito Santo após a ascensão de Jesus. Há certas palavras ou

frases que João frequentemente usa e que mostram os temas

repetitivos do seu Evangelho: acreditar, testemunha,

consolador, vida - morte, luz - escuridão, eu sou... (como em

Jesus é o "Eu Sou") e o amor.

Atos dos Apóstolos: O livro de Atos foi escrito para fornecer

uma história da igreja primitiva. A ênfase do livro é a

importância do dia de Pentecostes e o ser capacitado pelo

Espírito para sermos testemunhas eficazes de Jesus Cristo. O

livro esclarece mais sobre o dom do Espírito Santo, o qual

capacita, orienta, ensina e serve como Consolador. Atos

enfatiza a importância da obediência à Palavra de Deus e a

transformação que ocorre como resultado do conhecimento de

Cristo. Há também muitas referências daqueles que rejeitaram a

verdade que os discípulos pregavam em relação a Cristo. O livro

de Atos serve como uma transição da lei Antiga Aliança para a

da Nova Aliança.

Cartas de Paulo: As cartas desse apóstolo trouxe muito

conhecimento para o entendimento bíblico do Novo Testamento.

1Tessalonicenses: Ele se preocupa com a igreja recém-

formada. Demonstra que teme em deixar os recém-convertidos

18

só, pois para ele a evangelização só estava completa

quando o fiel estivesse pronto a sofrer qualquer

perseguição e anda pregar a sua fé. Outro assunto que deve

ser destacado é que a grande fonte do cristianismo é a

ressureição de Cristo. “Estar onde Cristo estiver” é o

sinal de constante vigilância que ele transmite.

2Tessalonicenses: A escatologia é presente aqui, mas a

volta de Cristo já se torna um fato mais distante, não

será de imediato como dava a perceber na carta anterior.

Torna-.se um ponto de equilíbrio no retorno de Jesus.

1Coríntios: Igreja formada pelo próprio Paulo na qual os

seus membros eram, na sua maioria, gregos e romanos. Trata

de assuntos relacionados a própria Igreja como casamentos,

disciplina, a ceia. Por trás disso havia a grande

preocupação com a idolatria que era existente no local.

2Coríntios: A carta é mais apologética tendo dois temas

como sua base o ministério de Paulo e a segundo ponto é

sobre a obra de Deus. Mostra que Ele conhece seu filho

integralmente e que os saberes do Senhor não são iguais ao

do homem.

Gálatas: O texto é bastante polêmico, versa sobre os

líderes judeus que tentavam difundir as práticas judaicas

dentro da igreja enfraquecendo o ministério, ele os chama

de “falsos irmãos” levando, com isso, o pensamento do

judaísmo como idolatria para Paulo.

Romanos: Esta carta é, ao ver de autores, um tratado

teológico. Paulo justifica que a única salvação está em

19

Deus, pois o homem é, desde sua essência, falho. Portanto

a única esperança é a bondade Divina.

Filipenses: Nesta, o aviso é sobre a sua prisão. Paulo

mostra como o filho de Deus se torna um estrangeiro em

qualquer lugar terreno, pois aqui, não é mais sua casa,

sua pátria é o reino dos céus. Pode-se avaliar que os

sofrimentos aqui acontecem pelo fato de estarmos entre as

duas vindas anunciadas pelo Mestre. Seria a preparação

para a salvação eterna.

Colossenses: A cosmologia cristológica e a cristologia

cósmica estão bem presentes. É a presença da dualidade Céu

e terra. O que é bom para o Alto não o é para a terra. O

uso das preposições nesta carta demonstra, claramente, a

soberania divina sobre todas as coisas.

Filemom: É o pedido do retorno do seu escravo Onésimo.

Sente-se a esperança de libertação de Paulo no escrito.

Ele, entretanto, diz que na realidade, está preso é em

Cristo e na propagação da Sua palavra.

Efésios: Nessa epístola encontraremos a visão da igreja

como um todo. O homem que não conhece Cristo é um morto e

necessita da ressureição. Cita que todos os santos já

foram assim e que foram salvos ao reconhecer as palavras

de Deus.

1Timóteo: Vem demonstrar o interesse pela estrutura da

igreja e as qualidades que um líder religioso deve ter

para pastorear o seu rebanho. Os presbíteros, epíscopos e

diáconos tem a obrigação de cuidar do ministério cristão.

20

Tito: O pensamento central é falar sobre o ministro que

tem de ser dotado de um dom espiritual, que ao reconhecer

a sua vocação torna-se, então, reconhecido pela igreja.

2Timóteo: A carta testamental de Paulo. Mais uma vez fala

da crise interna do cristianismo pela ação de falsos

líderes que tentavam introduzir elementos estranhos à

evangelização.

Carta aos Hebreus: Foi escrita tendo a cristologia como seu

pano de fundo. Discorre sobre a figura de Jesus Cristo

mostrando-o como um Ser superior a tudo. Superior à Lei de

Moisés, maior que o sacerdócio judaico e maior que a morte.

Demonstra ainda a perfeição do seu sacrifício quando

comparado aos outros que eram oferecidos no templo.

Demonstrando a única salvação em Jesus.

Tiago: Tem semelhanças com o livro de Provérbios do Antigo

Testamento. Está relacionado com o comportamento e questões

éticas. Uma delas é a dicotomia riqueza e pobreza. Ele

mostra que nada da terra pertence ao homem, tudo é

propriedade divina, portanto não teria o motivo de haver

tanta ganância de posses.

1Pedro: Esta epístola fala de que o homem cristão é um

peregrino, pois sua morada é no Céu. Entretanto, prega pela

obediência Estatal, tendo em conta que o poder tem sua força

em Deus, sem a qual não poderia governar.

21

2Pedro: Relata sobre a perseguição, a crise doutrinária e os

falsos líderes que incutem um ensinamento errôneo aos

cristãos. Para que isso não mais ocorra, os mesmos devem ser

descobertos e confrontados com o evangelho.

Cartas Joaninas: As três cartas tem de ser estudadas juntas

pelo fato de estarem interligadas. O conteúdo é apologético

de defesa a fé cristã. Os gnósticos eram os que causavam

maiores problemas por apresentarem a questão dual de corpo e

espírito. Tendo em visto que tudo que é material é ruim,

negativo e o espiritual é o bem, positivo, Jesus só poderia

ter vindo a terra em espírito. Porém, ainda há a preocupação

com os falsos membros.

Judas: Há similaridades entre esta carta e de 2Pedro, trata-

se dos falsos líderes que levavam as pessoas para a

apostasia abandonando a sua crença. O abandono da igreja em

função da perseguição.

Apocalipse: A palavra provém do grego que quer dizer

revelação. Escrito por João após as visões ele

conseguiu estruturar nesse livro. Sobre que revelação

ele fala? Jesus. As revelações são escritas de modo

simbológico devido ao momento histórico vivido em Roma

por parte dos cristãos.

A Revelação de Jesus Cristo foi dada a João por

Deus "para mostrar aos seus servos o que em breve há de

acontecer." Este livro é cheio de mistérios sobre

22

coisas que virão. É o último aviso de que o mundo

certamente terminará e que o julgamento é certo. Nos

leva a ver a grande tribulação, com todas as suas

aflições, e do fogo final que todos os infiéis terão de

enfrentar pela eternidade.

Nesse texto Sagrado vemos a queda de Satanás e

todos os seus anjos, a luta do “bem” contra o “mal” e a

promessa da nova Jerusalém para os santos, puros e

tementes a Deus.

“O Apocalipse começa com cartas às sete igrejas da

Ásia Menor, revelando em seguida a série de devastações

derramadas sobre a terra; a marca da besta, "666"; a

decisiva batalha do Armagedom; o aprisionamento de

Satanás; o reino do Senhor, o julgamento do Grande

Trono Branco e a natureza da cidade eterna de Deus”1¹.

Traz-nos também a certeza que Ele virá de volta

para levar os merecedores para os Reinos dos Céus.

Conclusão:

Este trabalhado teve como finalidade uma pequena

introdução a Bíblia vista pela ótica protestante. Foi

um apanhado dos principais temas do Livro.

1 http://www.gotquestions.org/Portugues/Livro-de-Apocalipse.html

23

Para finalizá-lo, nada melhor que a certeza que as

explicações dadas aqui são atemporais, pois em qualquer

fase ou época da vida iremos achar novas interpretações

para a Sagrada Palavra.

24

Bibliografia:

- BARRERA, J T. A Bíblia judaica e a Bíblia cristã:

introdução à história da Bíblia. Petrópolis: Vozes,

1996.

- BOHN GASS, Ildo (org). Uma Introdução à Bíblia: Porta

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- CHARPENTIER, E. Para uma primeira leitura da Bíblia.

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- MESTERS, Carlos. Deus onde estás? – uma introdução

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- MESTERS, Carlos. Flor sem defesa – uma explicação da

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- MIRANDA, Valtair A. Fundamentos da teologia bíblica.

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27