estilo de vida, modelos de urbanismo e de desenvolvimento turístico das estâncias balneares no...
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Estilo de vida,modelos de urbanismoededesenvol-vimento turísticodasestânciasbalnearesnoséculoXIX–AcostadeCascaisedoEstoril:CasosdeCascais,MonteEstorileSantoAntóniodoEstoril
ANA MARIA ALVES PEDRO FERREIRA *[[email protected]]
Resumo | Opresenteartigoresultadaanálisedosestilosdevidadasclassesmaisfavorecidasedaaplicaçãode
modelosdeurbanizaçãoededesenvolvimentoturísticoàsestânciasbalnearesportuguesesdoséculoXIXsituadasna
CostadeCascaisedoEstoril,maisconcretamente,aoscasosdeCascais,doMonteEstoriledeSantoAntóniodoEstoril,
demodoaconcluirsepodemserinseridosnosquadrosanalíticosselecionados.
Palavras-chave|Estilosdevida,EstânciasbalnearesdoséculoXIX,Modelosdeurbanizaçãoturística,Tipologiasde
desenvolvimentoturístico.
Abstract|Thisarticleresultsfromtheanalysisofthelifestylesoftheprivilegedclassesandtheapplicationofmodels
ofurbanizationand tourismdevelopment toPortugueseseaside resortsof the19th century situatedon theCostade
CascaisandEstoril(Cascais,MonteEstorilandSantoAntóniodoEstoril),inordertoconcludewhetherthesecanbecan
beincludedintheselectedanalyticalframeworks.
Keywords|Lifestylesoftheprivilegedclasses,Seasideresortsofthe19thcentury,Modelsoftouristurbanization,
Typologiesoftouristdevelopment.
*Doutora em TurismopelaUniversidadedeAveiro.Professora AssociadadaUniversidadedeÉvora.
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1. Metodologia
Ainvestigaçãocujosresultadosseapresentamteve origem numa pesquisa (Ferreira, 1994) emquesedeualgumaatençãoàCostadeCascaisedoEstoril,casosdeCascais,doMonteEstoriledeSantoAntóniodoEstoril,paramelhorcompreendera evolução da arquitetura hoteleira na capital.AhistóriadaarquiteturabalneardacostadeCas-caisedoEstoril tinhasidoestudada, comgrandedetalhe, por Graça Briz (1989). Com base nasinvestigaçõeshistóricasmencionadase emoutrasmaisrecentes,todasdeincidêncialocalenacional,buscou-se na literatura do turismo modelos deurbanismobalnearededesenvolvimentoturístico,de âmbito internacional, que nos propiciassem acomparação com os estudos de caso escolhidos.Afimdeinventariareselecionarastipologiasmaisadequadas realizou-se uma revisão de literaturaenfocada na História doTurismo, com incidêncianosestilosdevidadasclassemaisfavorecidas,nasuainfluêncianosmodelosdeurbanizaçãoturísticadoséculoXIXenosmodelosdesenvolvimentodoturismo que permitiram satisfazer essa procura.Deu-se particular atenção ao modelo de Pearce(1989),queseafiguroucomoomaisindicadoparaexplorar os estudos de caso escolhidos, porquese suporta na divisão de responsabilidades noprocesso de desenvolvimento.A pesquisa que seefetuoubaseia-senaanálisedocumentaldemodoa confrontar os estudos de caso com os modelosinventariadosnarevisãodeliteratura.Ainvestiga-çãorealizadaintentaresponderàseguinteperguntadepartida:
AurbanizaçãoeodesenvolvimentodoturismonaCostadoEstorileCascais,casosdeCascais,doMonte Estoril e de SantoAntónio do Estoril, inse-rem-seemmodelosurbanizaçãoedesenvolvimentoidentificáveisnaliteraturadoturismoeestãoasso-ciados aos estilos de vida das classes dominantesdoséculoXIX?
Aperguntadepartidatinha,porsuavez,osse-guintesobjetivos:(i)conhecerosestilosdevidadas
elitesnovecentistaseasuainfluêncianomodelodeurbanismodasestânciasbalneares;(ii)identificarosmodelos deurbanismobalnear do séculoXIX. (iii)analisaras tipologiasdedesenvolvimento turísticode Pearce; (iv) aplicar os modelos de urbanismobalnearededesenvolvimentoturísticoaosestudosdecaso;(v)aferirerelaçãodosestudosdecasocomosmodelosselecionados.
�. Estilos de vida das elites novecentistas e sua influência no surgimento das estâncias balneares
MuitasdasatuaisestânciasbalnearessurgiramnoséculoXIX.Noentanto,algumasdatamdoséculoXVIII,porpossuíremnascentesdeáguatermal.Nes-teperíodo,querasnascentestermaisqueraáguadomarerammuitovalorizadaspelasuacomponenteterapêutica (Towner, 1996). Em SantoAntónio doEstoril,queéumdosestudosdecasoselecionados,erapossívelfruirtantodaságuasdastermascomodaságuasdomar.
Oaumentodaprocuradosespaçossituadosnolitoral,paraatividadesrelacionadascomasaúdeeobem-estar, como lazerecomo turismo,ficouadever-setambémdaevoluçãodosmeiosdetrans-porteedarelativacoordenaçãoentreaslocalizaçõesdosterminais,doshotéisedasatrações(Steinecke,1993).
As escolhas que cada um dos turistas faziados locais a frequentar, nos séculos XVIII e XIX,resultavamnãoapenasdassuasdecisõespessoais,relacionadascomamelhoriadasaúde,comaaces-sibilidadedolocal,comolazerecomoturismo,mastambémcomasindicaçõesdeumconjuntorestritodeconselheirossociais,queseapoderaramdopapeldeárbitrosdobomgosto, comoobjetivode legi-timaraspráticasdeumgrupodiminutodeeleitos(Boyer,1999).Agrandemaioriaera frequentadoradacortecomoaconteciacomRichard Nash,criadordeBath,ecomTobiasSmollet,quedescobriuNice.
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Outros eram personagens reais, como o príncipeCarlosIIIdoMónacoquecriouMonteCarlo(Boyer,1999;Herbert,1994).Peranteestesfatos,nãoédeadmirarque,durantetodooséculoXIXeiníciodoséculoXX,apresençadoreiedacortedeterminasseanotoriedademundialdequalquerestânciabalnear(Boyer,1999).
O interesse pela natureza e pela beleza egrandiosidadedealgumaspaisagensmarítimasfoiainda muito influenciado não só pelo movimentoRomântico, incluindo-se,nestecasoosescritoreseospintores (sobretudoosbritânicos)mas tambémpintores paisagistas Impressionistas os quais con-tribuíramparaumaimagemdapraiacomoespaçoprivilegiado de interação social dos habitantes dacidade (Herbert,1994).Esseascendenteéabsolu-tamente compreensível porque as elites da épocapossuíamhábitosdeleituraqueabarcavamasobrasdos grandes escritores e poetas do seu tempo efrequentavam,comassiduidade,asgaleriasdearte(Aitchison,MacLeod&Shaw,2000).
�. Modelos de urbanismo balnear do século XIX
AreaçãoRomânticaàindustrialização,expressanarecusadosvaloresrepresentadospeladacidadeindustrial, oposição inspirada em Ruskin, Sitte eUnwin(Lamas,1993;Lilley,1999),conduziuàvalo-rizaçãodeummodelodeurbanismodecaráterneo-medievaleaumafugadasclassesmaisfavorecidasdoscentrosdasgrandescidades,poluídoserepletosdepessoasemsituaçãodegrandevulnerabilidadeeconómicaesocial.
Os grupos sociais privilegiados, nos países donorte da Europa e na Grã-Bretanha, escolheramummododevidameiourbano,meioruralemqueahabitação, recheadacomosbens resultantesdanova produção industrial, dispunha de um amploparquecomjardim.Aconjugaçãodapossedebens
deconsumocomomodeloderesidênciapermitiaaintegração,dosmelhoresaspetosdavidanocampocomoconfortocitadino.Nocasodashabitaçõessi-tuadasnolitoralinteressavaassegurarquetodososmoradoresgozavamdasbelaspaisagensmarítimasedasencostassoalheiras.Oconjuntocasaeparquedificilmente se enquadravanos arruamentos tradi-cionais,motivopeloqualforamasmoradiasforamdispostasemanfiteatro(Soane,1993).Estatipologiainspirouacriaçãodealgumasdasprimeirasestân-cias balneares da Europa (Aitchison, MacLeod &Shaw,2000;Towner,1996).Oslocais,juntoàcosta,queofereciamclimaameno, colinas envolventes efalésiasmajestosasreuniamascondiçõesnecessá-riasparasetransformarememprodutoscomerciali-záveis,factoqueestevenaorigemdoaparecimentodeestânciastãofamosascomo,Bournemouth,NiceeoMonteEstoril.
GraçaBriz,referindo-seaBournemouth,afirmaser“o grande exemplo” da“nova sensibilidadeRomântica”.A estância“construída a partir de1835 pela iniciativa capitalista da grande burgue-sia”define-seapartirdos“arruamentos sinuosos,aproveitando as características morfológicas doterreno,dividindolotesdediferentesáreaseconfi-guraçãoesempreparaalbergarcasasunifamiliares.Oresultadoéumurbanismoorgânico,melhoraindapitoresco,deixandolivreovalecentralpara jardime onde as escolhas arquitetónicas se diversificam,conformeogostodosproprietários,demaneiraqueBournemouth se converte no melhor ‘mostruário’datipologiainglesamaispopularparaaarquiteturaprivada durante o século XIX – o cottage” (Briz,2007,p.258).
Se bem que o primeiro figurino adotado, nosempreendimentos turísticosdoséculoXIX, fosseoromânticode inspiraçãobritânica,omodeloconti-nental de expressão francesa, evidenciou-se, maistarde, comoaopçãoalternativa.As estânciasbal-nearesobedeciamadoistiposdeurbanismo,quesereferemnoquadro1:oromânticodeorigeminglesaeocontinentaldeinspiraçãofrancesa.
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�. Modelos de desenvolvimento do turismo segundo Pearce
Osmodelosdeurbanismo (inglêsou francês)articulam-se, por sua vez, com os processos dedesenvolvimento do turismo estudados de for-ma sistemática por Pearce (1989).As tipologiaspropostasPearce suportam-senadivisãoda res-ponsabilidade no processo de desenvolvimento.
Desenvolvimento integrado, na sua perspetiva,refere-se a um processo que depende de um sópromotor ou fomentador o qual exclui todos osoutros possíveis interessados.A segunda tipo-logia, denominada catalítica, carateriza-se pelaexistênciadeumpromotoroufomentadorquein-citaàparticipaçãodeoutrospromotores,osquaiscomplementam a sua ação. Inventariam-se noquadro2osaspetosespecíficosdecadatipologia.
Quadro 1|ModelosdeurbanismoutilizadosnasestânciasbalnearesdoséculoXIX
Quadro �|Tipologiasdedesenvolvimentoturístico,segundoPearce
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Há,noentanto,queteremconsideração,sempresegundo Pearce, o desenvolvimento espontâneo(spontaneous development) que ocorreu em al-gumaszonasdolitoraldosuldaEuropa,tantonoséculo XIX como no século XX, por ausência deresponsáveisdefinidospeloplaneamentoegestãodoprojeto(Pearce,1989).
NiceeCannescresceramdemodoespontâneo,apartirde1830,tendoestaspequenaslocalidadesperiféricasdoMediterrâneoqueseadaptaràpro-curaporpartedasclasseselevadasdospaísesdonortedaEuropaqueasescolheramparapassaroInverno (Soane,1993).Estemodelo foiutilizado,no século XIX, na Cote d´Ázur (Pearce, 1989) eemmuitasoutraszonasdo litoralEuropeucomoaconteceuemCascais.
Arevisãodeliteraturarealizadaevidenciaquea opção por uma tipologia de desenvolvimentointegradoestavaassociada,namaioriadoscasos,ao modelo de urbanismo francês, enquanto atipologia catalítica se reveloumais adequadaaobritânico.
Bournemouth que obedece ao modelo cata-lítico iniciou o seu processo de desenvolvimentocom a construção de doze moradias, dispostasemanfiteatro(Soane,1993).NaCostadoEstorilencontramosumexemplodestemodelodedesen-volvimento no Monte Estoril, que se analisa noponto5.2.
AdescriçãofeitaporBriz(1989)doscasosdeTourquet,LaBoule,ScarbourougeRiminipermiteconcluir que a maioria das estâncias balnearesconstruídasinteiramenteparafinsturísticossegueatipologiaintegrada.Deacordocomainvestiga-doraosterrenosde Deauvilleforamvendidos,em1861,aumpromotorqueconstituiuumasocieda-de imobiliária, integrando banqueiros e homensdenegócios.Oprojetooriginal incluía umaáreadedicadaaolazereturismoeoutraaoimobiliário.SantoAntóniodoEstoril(verponto5.3)éocasoselecionadoquemaiorafinidaderevelaDeauville (Briz,1989).
�. Modelos urbanísticos e de desenvolvi-mento turístico das estâncias balneares na costa de Cascais e do Estoril
�.1. O modelo de desenvolvimento espontâneo de
Cascais
AfamíliarealeacortetinhamporhábitoveranearemSintraatéque,em1870,D.LuísdecidiuoptarporCascaisnosmesesdesetembroeoutubro(Anjos,2012).Estaatitudeinfluenciouamudançadelocaldeveraneiodanobrezaedaaltaburguesiafatoquepermiterela-cionarocasoportuguêscomoque referiunoponto2 sobreopesodas famílias reaisnosurgimentodasestânciasbalnearesedainfluênciadassuasaçõesnanobrezaenaaltaburguesia.AdeslocaçãofoifacilitadapelaaberturadasestradasCascais-Oeiras (Lisboa) eCascais-Sintranadécadaanterior(Anjos,2012,p.10).
Esta escolha feita pelas classes mais privile-giadas deu origem à construção de residências, amaioria“sobreas rochas,àbeira-mar”parasatis-fazerumaclientelamuitoexigente.“Emsimultâneo,nadécadade1870,acercade1,5km,naencostaarborizada conhecida como Pinhal daAndreza, ocapitalistalisboetaJoséJorgedeAndradeTorrezãoconstruiriaquatrochalés,iniciativaquenãocativouinvestidores”(Anjos,2012,p.10).
O primeiro hotel, denominado Lisbonense,situava-sejuntoàPraiadosPescadoreseiniciouasua atividade no ano de 1871 enquanto o casinolocalizava-se junto à muralha da praia. Nos anosseguintes, foram iniciadas algumas infraestruturasessenciais,comoaluzelétrica(em1878),oabaste-cimentodeágua(em1888)eaestaçãotelefónica(em1900).Martins(2011)acrescentaaindaquefoirealizadaumaimportantecampanhadeobras,entre1890e1909,quedeuorigemàaberturadaAvenidaD.CarlosIedoPasseioMariaPia.
“DesdemeadosdeSetembroatéaofimdaesta-ção”,afirmavaOrtigão,“Cascaistransformava-senocentrodavidadacorte,oexemplomaisacabadodeestânciabalnearelegantedonossopaís”(Ortigão,1966,pp.145-146).Oescritorlamentava,contudo,
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queCascaisdispusessedeumúnicoe“medíocre”hotel,deum“clubedesport”edeum“casinodeaspetopacato”(Martins,2011,p.27).
A introdução lenta das infraestruturas básicas,o reduzido número de equipamentos turísticos edelazer,ocrescimentoanárquicosempromotorouconjuntodepromotoresqueassegurassemumde-senvolvimentoturísticocoerentepermiteconsiderarCascaisumcasodedesenvolvimentoespontâneo,oqual(verponto4).Noentanto,aexperiênciafrus-trada de iniciar um processo de urbanização maisorganizado,comaconstruçãodoschalésnaencosta,aponta no sentido do modelo adotado no MonteEstorilque Pearcedenominaporcatalítico.
�.�. O modelo de desenvolvimento catalítico
do Monte Estoril
Em1889,anodainauguraçãoalinhadecami-nho-de-ferroentrePedrouçoseCascais,foifundadaaCompanhiadoMonteEstoril aqual tinha comoobjetivo a sua urbanização para fins turísticos.No cumprimento do programa a que se tinhaproposto, a empresa criou infraestruturas de váriaordem.Abriram-se ruas, instalou-se a luz elétrica,canalizou-seaáguaeloteou-seoterrenodemodoadarinícioàedificaçãodoschalés.Apesardafalênciadacompanhia,ocorridanumafaceinicialdoprojeto,aaquisiçãodetodaainfraestruturaçãopelaautar-quiapermitiudar-lhecontinuidade(Anjos,2012).
Osequipamentosturísticossurgiramnumafaseinicial do projeto. O primeiro casino, denominadodo Monte Estoril, estava instalado num chalé dedimensõesdiminutas.Emfinaisdoséculofoisubsti-tuídopeloCasinoInternacionalalojadonumimóvelmaismajestoso.Briz(1989)indicaque,em1907,seprojetouumcasinobemaogostoecléticodoarqui-tetoNorteJúnioroqualcombinavacomodesejodefaustodasclassesmaisfavorecidas,edifícioquenãofoi possível construir, fato para o qual muito terácontribuídoa ilegalizaçãodo jogo,queocorreunoúltimogovernodeHintzeRibeiro.
O novo empreendimento turístico foi dotadocomumedifícioconstruídoparaaatividadehotelei-ra, inauguradoem1894,masqueficouconhecidoporHotel Strade (Briz, 1989). Foi aindaelaboradoumprojeto,em1903,paraaedificaçãodeumGran-deHotel (SplendidHotel), da autoria do arquitetoVenturaTerra (Briz, 1989). Interessa salientar queemLisboa,noperíodoemanálise,nãopossívelcons-truir,deraiz,qualquerhotelmotivopeloqualtodosestavam instalados em imóveis que tinham sidoedificadosparaoutrasfunções(Ferreira,1994).Em1914, umgrupode investidoresdesejou construir,destavezsobreomar,umconjuntoconstituídoporcasinoehotel,comonoticiaaConstrução Moderna,de10dejaneirodesseano(Melo,1914).
Briz (2004), que investigou todas as estânciasbalneares de Portugal, no período entre 1870 e1970,afirmaqueurbanizaçãodoMonteEstoril,comosseuschaléslocalizadosnaencosta,inseridosemruasestreitasetortuosas,erodeadosdeparquesejardins,segueomodeloinglês.Nocasoemanálise,dadasascaracterísticasespecíficasdo local,existeumarelaçãomuitointima,nãoapenascomapaisa-gemmarítimamastambémcomapaisagemdaserradeSintra (Briz, 2007) factoqueenfatizao caraterRomântico do modelo de urbanização escolhido(verponto2).
OMonteEstoril, conjuntamentecoma ilhadaMadeira e a cidade do Porto, foram os primeiroslocais,nosfinaisdoséculoXIXeprincípiosdoséculoXX,aservisitadosporturistasinglesesemcruzeiro.NaSociedadedeGeografiadeLisboaguarda-seumconjuntodeguiaspublicadospelaBooth Steamships Co Ltd. Umdeles,datadode1904,intitula-seHolli-days Tours in Portugal and Madeira. Guardam-seainda, na dita instituição, brochuras publicitárias,semdata,denominadas,respetivamente,Lisboa and its environs,Booth Steamships Line Tours to Portugal and Madeira – 12 to 20 – 13 days to 27 dayse A new winter resort – Mont’Estoril – the Riviera of Portugal. Sobressai o fato de Monte Estoril publi-citadocomo“anovaestânciadeinverno,aRivieraPortuguesa” (Coelho,1989,p.120).
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Aosturistasbritânicosemcruzeirojuntavam-seoutros, da mesma nacionalidade, que passavam oInvernonoMonteEstoril,enfrentandoumaviagemlongaecansativa,porcaminho-de-ferroouporviamarítima(Anjos,2012).
OdesenvolvimentodoturismonoMonteEstorilenquadra-senadenominadatipologiacatalítica.Ocomplexoturísticofoiiniciadoporumpromotorqueseencarregoudedespoletaroprocessoeconstruiras infraestruturasbásicas.Nocasoemanáliseele-geu-seomodelodeurbanizaçãoinglês(verponto2).Outrospromotores e investidores encarregaram-seda construção dos equipamentos turísticos ou daexploraçãodenegócioscomfinsturísticosemedifí-ciospré-existentes.
Dadaafalênciadacompanhiaoesforçodeco-mercializaçãoexternanãofoifeitopelospromotoresnempelomunicípio.ApresençadeturistasnoMonteEstoril ficouadever-senão sóàsgrandes compa-nhiasdecruzeiro,queincluíramnasuaprogramaçãoestaestânciabalnearmastambémàiniciativapes-soaldealgunsturistas.
O promotor não desempenhou o papel decatalisador estimulando e apoiando as atividadescomplementaresdevidoàfalênciadacompanhiadoMonteEstorilemboraaaquisiçãoporpartedaautar-quiatenhapermitidosalvaroprojeto.Esta,porém,não se lhe podia substituir, no apoio às empresasou investidores individuais que necessitassem definanciamento,demodoasalvaguardao lucroeaviabilidadedetodooprogramadeobrasarealizar,nemasoperaçõesdosistemademercadolivre,pornãoseressaasuavocação.Ainviabilizaçãodeem-preendimentos turísticoscomooSplendidHotel,ocasinoeohotelecasinojuntoaomar,sãoexemplosdasconsequênciasmenospositivasdodesapareci-mentodopromotor,emboraasrestriçõescolocadaspelailegalizaçãodojogotambémconstituíssemumelementodissuasordegrandeimportância.Aespe-culação imobiliária e o crescimento desmesuradonãopuderamseracauteladosporquenempromotornem autarquia lhes impuseram limites.Admite-se,contudo,queapenasaespeculaçãoimobiliáriane-
cessitassealgumtipoderegulamentaçãovistoqueocrescimentodescontroladofoiumproblemaquenãosecolocounoMonteEstorilnoséculoXIX.
�.�. O modelo de desenvolvimento integrado
de Santo António do Estoril
Fausto de Figueiredo comprou a Quinta doViana,emSantoAntóniodoEstorilem1913.NessaépocanãopassavadeumsimpleslugarejopontuadopelastermasdoViana,oHotelParis,algumascasasqueserviamdeapoiologísticoàstermas,aigreja,oTamarizeoPalácioBarros(Osório,1990).
Aindaem1913partiuparaParisondeencarregouoarquitetoHenryMartinetdeelaboraroambiciosoplanodonovo complexo turístico.Noano seguintepublicouumabrochuraintituladaEstoril: Estação Ma-rítima, Climatérica, Thermal e Sportiva,comoobjetivoimediatodepressionarapublicaçãodoDecreto-lein.º1.211,de2dedezembrode1914,quevisavaaatri-buiçãodeisençõesaquemestivesseempenhadoemconstruirhotéisdeluxomedianteprojetospreviamenteapreciadospeloConselhodeTurismoepelaSociedadedePropagandadePortugal.Emconsequênciadaen-tradaemvigordaditalegislaçãoedoparecerpositivodoconselhoedasociedadeoempresárioobteveasisençõesprevistasnalei(Athayde,1916).
No capítulo intituladoO futuro do Estoril des-creve-seocomplexoturístico.Aentrada,constituídapor duas colunas ligadas por correntes de ferroou bronze, situava-se perto da estação do Estoril.Seguia-seumapraçaampla,espéciedevestíbulodoempreendimento,limitadadeumladoedooutropordoiscorposdeedifícioemmeialaranjadestinados,comosepodelernabrochura“aestabelecimentoscomerciaisdeartigoselegantes”.Perpendicularmen-teàpraiadesenvolviam-seduasavenidasdemeioquilómetrodecomprimento,ladeadasdepalmeiras.Entre as avenidas localizava-se a pelouse a qualassumiaumpapelcentralnoempreendimentopelofactodetodososequipamentosestaremorganiza-dosemseuredor(EEMCTS,1914,s.p.).
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O casino encontrava-se no topo das avenidase da pelouse. Obedecia, como a maior parte dosedifícios,aogostofrancêsdosarquitetosdaEscolade Paris. Na parte posterior do imóvel situava-seum teatro. À esquerda, numa zona mais elevadadoterrenolocalizava-seo Palace Hotel,comquatroandares. Mais abaixo as termas e o hotel termalou Hotel do Parque. Para lá deste edifício seriamconstruídososcamposdegolfe, ténis,patinagem,croquet, cricketefutebol,bemcomoohipódromo.Juntoàpraiaoedifícioondedeveriamserinstaladasascabinesdebanhosdemar,orestauranteeumadique promenade onde os veraneantes podiampassear ao fim da tarde (EEMCTS, 1914). SusanaLobo,que, talcomoGraçaBriz,estudouasCeno-grafias de Lazer na Costa Portuguesa, afirmaque“com este projeto o arquiteto desejava conferiruma identidadeaoEstoril,eessa identidadeseriaconseguida através do desenho. Henri Martinetpropõe um conjunto cenográfico de raiz barroca,ondelinhareta(axialidade),perspetivamonumental(vista)eprograma(uniformidade)concorremparaaconformaçãodaimagemdeum‘centrodeTurismocosmopolitaemoderno’”(Lobo,2012,p.326).
Oprojetoincluíaaconstruçãodeumalinhadetramways em torno do Parque que se estenderiaaté Sintra e a construção de um pequeno portoemCascais,comcaisacostável,paraque iatesderecreiopudessematracar.
Programava-separaoEstoril,alémde infraes-truturas hoteleiras, um conjunto de atividades deanimação a que só faltavam as diversas modali-dades de jogo cuja legalização era defendida nabrochura.Esteforaproibido,comosemencionou,esóveioaserregulamentadoatravésdoDecreto-lein.º14.643,de3dedezembrode1927,oqualcriou‘zonasde jogo’nasestânciasdeveraneio(termasepraias).
FaustodeFigueiredofundouaSociedadedoEs-toril.Nasuaescrituradizia-se,comosepodecons-tatarpelaleituradapágina6,dojornalO Século,de31demarçode1915,queumadasatribuiçõesdoConselhodeAdministração,segundooPactoSocial
eraade“criaroutransformareexplorarosmeiosdetransporte[…]indispensáveisparaacomodida-dedosturistaseparaavalorizaçãodosestabeleci-mentossociais”.Emvirtudedestascompetências,a7deagostode1918,aSociedadeEstorilarrendouaosCaminhosdeFerroPortugueses,porcinquentaanos, a linhadeCascais, suportandoos encargosdeaeletrificar,oqueveioaacontecerem1926epermitiu que, algum tempo depois, o terminal doSud-ExpressselocalizassenoEstoril.EstasociedadecusteouaindaaconstruçãodaEstaçãodoCaisdoSodré.A abertura da Estrada Marginal, nos anos1940 contribuiu, igualmente,paraamelhoriadasacessibilidadesaoEstoril.
A construção do complexo turístico decorreucomlentidão,factoaquenãoterásidoestranhoaeclosãodaIGuerraMundial,ainstabilidadepolíticaeeconómicadopaíseaausênciadeapoiofinan-ceirodoestado.Estesmotivosterãoinfluenciadoadecisãodaempresade“suspenderasobrasdurantealgumtempo”ede“despedirosarquitetosestran-geiros”(Silva,1991,p.50),incluindooresponsávelpeloprojetooqual foisubstituído,provavelmenteainda em 1916, pelo arquiteto português SilvaJúnior.
Agrevesituaçãoeconómicaefinanceiravividanessaépocaeoimportantepapeldaconstruçãodocomplexo turístico na minoração dos seus efeitossociaisfoisublinhadaporJoséNunesdaMatta,nodiscursoqueproferiuquandofoicolocadaaprimei-rapedradocasino.Ooradoracentuouopapelda“iniciativacomonotávelsinaldeprogressofaceàadversasituaçãoeconómicadopaís”numafaseemque“apardacrisedealimentação,háacrisedafaltadetrabalho”(Anjos,2012,p.12).
A 25 deAgosto de 1918 inauguravam-se astermasaindaemfasedeacabamento.Ocasinosófoiterminadoem1931,depoisdaregulamentaçãodojogo.OarquitetoJourde concebeuocasinoeoPalácioHotel.
A componente imobiliária do projeto exigiua urbanização e loteamento de SantoAntóniodo Estoril, dando origem a uma área residencial,
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separada do complexo turístico, embora a curtadistânciadomesmo.SilvaJúniorrealizouoprojetodealgumasmoradias, comoopalaceteAlexandreNunesdeSequeira,aprimeirapensadaparaazonaresidencial(Briz,1989,p.61).
SantoAntónio do Estoril possuía, nos anos1930, todas as condições de acessibilidade, equi-pamentos hoteleiros e de animação, bem comoatrações naturais queo tornavamapetecível paraosturistasestrangeiros.Dataaindadestaépocaotraçadodogolfe,daautoriaMackenzieRoss,comdimensõesdecompetição,assimcomooscortesdeténiseaescoladeequitação.
Quando rebentou a Segunda Guerra Mundial,muitos membros das classes mais favorecidas daEuropa buscaram refúgio no Estoril. Estes estran-geirospermitiramqueocomplexoturísticodeSto.AntóniodoEstorilatingisseoseuapogeu.
AurbanizaçãodeSantoAntóniodoEstorilen-quadra-senomodelodedesenvolvimentointegra-do,talcomoodefinePearce,porquesedeveaumaúnicasociedadepromotora.Aempresadispunhadecapitalsuficienteiniciaroprojeto,emboraaconjun-tura fosse muito desfavorável. Contaria com umaparticipaçãofinanceiradoestado,pelaqual lutou,comosepodededuzirdaleituradabrochura,oquenãoseconcretizou,tendoapenassidoconcedidasasisençõesquealeide1914determinava.Omode-lodeSantoAntóniodoEstorildivergedopropostopor Pearceporque,segundooautor,odesenvolvi-mentodoempreendimentodeveserrápido.
Apopulaçãoencontroutrabalhonaconstruçãodo empreendimento, e, conquanto não disponha-mos de provas documentais, alguns, devem terconseguidoempregonocomplexoturísticoaspetoemqueomodeloemanálise seaplicaaoestudodecaso.
Opromotorcuidoutambémdedispordosrecur-sostécnicosnecessáriosaocontratarumarquitetocom experiência neste tipo de empreendimentosaindaquena fase inicialde realizaçãodoprojetofosse obrigado a dispensar a sua colaboração.ASociedadeEstorilassumiutambémmuitosencargos
associadosàmelhoriadasacessibilidades.Aaten-çãodadaà contrataçãode técnicosexperienteseao incremento dos transportes enquadram-se nomodelodePearce.
OdesenvolvimentodeSantoAntóniodoEstorilnão pode ser considerado equilibrado, no sentidoproposto por Pearce, na medida em que ocorreunumperíododegrandeinstabilidadeinternacionalenacional.Devidoàsdificuldadesdecorrentesdessemomentohistórico,nãofoipossívelmanteraequipadoprojeto,assegurandoassimumacertaharmonianasdecisõestécnicastomadas,nemobterofinan-ciamento necessário para que avançasse rapida-mente.Noentanto,opromotornuncadesistiue,nasuaessência,oempreendimentoestavaconcluídonosanos30doséculopassado.Curiosamente,seaPrimeiraGuerraMundialcontribuiuparaoatrasodas obras, a Segunda Guerra deu ao empreendi-mentoanotoriedadequetransformounumcasodesucessoanívelinternacional.
Ocomplexoturísticotemumaformafuncionalporqueohabitat doturistaetodososequipamen-tos de recreação estão muito próximos uns dosoutros,numcomplexo turístico único.Autilizaçãodomodelodeurbanismofrancês,numaconstruçãoderaiz,sujeitaaumprojetoglobal,comumazonadedicada aos equipamentos turísticos – casino,termas, hotéis, instalações desportivas e outradedicadaaoimobiliárioresidencialacentuouasuafuncionalidadeeoseucaráterintegrado.
Este empreendimento estava completamenteisolado, como propõe a tipologia de desenvolvi-mento de Pearce (isolado no sentido de permitirumaliberdadeabsolutaparadesenvolveroempre-endimento) o que assegurou uma liberdade totalde ação na conceção e consecução do complexoturístico.
St.ºAntóniodoEstoriltinhaumestatutoeleva-do quer a nível nacional quer internacional pelasrazõesatrásmencionadas.Oselevadoscustosdasobras associadas à morosidade da sua realizaçãodevemtersidocompensadaspelospreçoselevadospraticadosnaprestaçãodeserviçosaosturistas.
��� RT&D|N.º�1/�� | 2014
�. Conclusão
Osestilosdevidadasclassessociaismaisele-vadas, nomeadamente da família real, da nobrezae da alta burguesia portuguesa, influenciaram osmodelosdeurbanizaçãobalneardoséculoXIX.OsestudosdecasorevelamqueoMonteEstorilsegueomodeloinglêseSantoAntóniodoEstorilofrancês.
No que concerne as tipologias de desenvol-vimento do turismo de Pearce, apesar dos cons-trangimentos apontados, são enquadráveis nocatalítico(MonteEstoril)eintegrado(SantoAntóniodoEstoril).JáocrescimentoespontâneodeCascaisassocia-seaoqueocorreunoutrosespaçosturísticosnolitoraldosuldaEuropa.
Acreditamos, pelos motivos evocados, poderafirmar que os estudos de caso selecionados sãoinseríveisemquadrosanalíticosmaisvastosencon-tradosnarevisãodeliteratura,emtermosdeestilodevidadaselites,modelosdeurbanismoededesen-volvimentodoturismo.Essefatodemonstratambémqueosempresáriosquepromoveramosprocessosdeurbanizaçãoedesenvolvimentoturísticoestavamconscientesdastendênciasquesemanifestaramanívelinternacional.
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