contentamento-lider.pdf - chacara primavera
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ÍNDICE
Prefácio .............................................................. 1
Instruções para o líder ....................................... 3
A origem da insatisfação ................................... 5
Insatisfação quanto a bens materiais ............... 10
Insatisfação nos prazeres ................................. 16
Insatisfação na profissão ................................. 22
Jesus, fonte de contentamento ......................... 28
© Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera
Ministério de Grupos Pequenos
Outubro de 2011
Produzido para uso interno
Contatos
www.chacaraprimavera.org.br
(19) 3254-4500
Texto
Alcides José Bazioli
Eduardo Aparício Baez Ojeda
Jonathan Luís Hack
Marco Antonio Gomes Da Silva
Paulo Sérgio Gomes Costa
Priscila Anderson Braz Domene
Rosilene Mendes Matui
Arte
Ricardo Amaral
Produção
Jonathan Luís Hack
Marco Antonio Gomes Da Silva
Da insatisfação ao contentamento 1
Prefácio
Uma das características humanas mais salientes é a nossa
constante insatisfação com a vida. Por um lado, o descontenta-
mento pode ser positivo. Isto ocorre sempre que ele nos leva a
buscar mudanças e crescimento, transformando a situação do pior
para o melhor. Muitas ideias, invenções, movimentos e organiza-
ções surgiram assim.1
Por outro lado, muito mais frequentemente o descontenta-
mento se apresenta de forma negativa em nossas vidas. Ele gera
insatisfação, lamúria, reclamações. Esta característica é muito
forte em nosso povo. Vivemos insatisfeitos com o país, o governo,
o comércio, a cultura, a sociedade, o trabalho, o cônjuge, os filhos,
a igreja...
Esta série visa investigar a razão de tanta insatisfação e ofe-
recer um caminho para o verdadeiro contentamento. Convidamos
você a fazer esta caminhada conosco e a se tornar um pouquinho
mais semelhante a Jesus!
Ministério de Grupos Pequenos
Igreja Presbiteriana Chácara Primavera
1 Boa fonte de consulta sobre este assunto é o livro de Bill Hybels chamado
“Descontentamento santo”, editora Vida.
Da insatisfação ao contentamento 3
Instruções para o líder
Olá,
Você encontra neste guia do líder o fruto da pesquisa de vá-
rios irmãos de nossa comunidade. Eles investigaram a vida de
vários personagens bíblicos para tratar do tema insatisfação e con-
tentamento no cotidiano cristão.
Sua tarefa é a conduzir a discussão do grupo em torno das
perguntas elaboradas, para que todos possam aprender o que a
Bíblia diz sobre este assunto. Como facilitador do grupo, você não
deve fazer uma palestra. A palestra ocorre nos cultos do final de
semana. O grupo pequeno é um espaço de aprofundamento da fé,
em que todos devem participar com suas opiniões e mutuamente
se edificarem com sua compreensão do ensino. Contudo, você
deve se preparar para possíveis dúvidas, assim como para direcio-
nar a conversa e não deixar o grupo divagando sem rumo.
Esta nova série está estruturada para cinco encontros. Entre-
tanto, o assunto do último estudo será coberto em nosso Culto da
Gratidão (24/nov). Seu grupo pequeno, portanto, fará apenas os
quatro primeiros estudos nos encontros; faremos o último estudo
em conjunto na Chácara.
Como já usual, as perguntas para o grupo estão em negrito
neste guia. Apenas neste guia fornecemos explicações para cada
pergunta de forma a ajudá-lo a direcionar o debate.
Que o Senhor possa usá-lo de forma eficaz para produzir
crescimento em seu Corpo!
Da insatisfação ao contentamento 5
A ORIGEM DA INSATISFAÇÃO
Objetivos
Compreender a insatisfação como desobediência à von-
tade de Deus.
Texto bíblico
O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar
dele e cultivá-lo. E o Senhor Deus ordenou ao homem: “Coma livre-
mente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhe-
cimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente
você morrerá.” [...]
Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens
que o Senhor Deus tinha feito. E ela perguntou à mulher: “Foi isto
mesmo que Deus disse: ‘Não comam de nenhum fruto das árvores do
jardim’?” Respondeu a mulher à serpente: “Podemos comer do fruto das
árvores do jardim, mas Deus disse: ‘Não comam do fruto da árvore que
está no meio do jardim, nem toquem nele; do contrário vocês morre-
rão’”. Disse a serpente à mulher: “Certamente não morrerão! Deus sabe
que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês, como
Deus, serão conhecedores do bem e do mal”.
Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao pala-
dar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter
discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que
1
6 Da insatisfação ao contentamento
comeu também. Os olhos dos dois se abriram, e perceberam que esta-
vam nus; então juntaram folhas de figueira para cobrir-se. Ouvindo o
homem e sua mulher os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim
quando soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor
Deus entre as árvores do jardim. Mas o Senhor Deus chamou o homem,
perguntando: “Onde está você?” E ele respondeu: “Ouvi teus passos no
jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi”.
Gn 2:15-17; 3:1-10
Estudo
A insatisfação geralmente ocorre quando nossa vontade, de-
sejo ou ordem não são atendidos como queríamos. Mas de onde se
origina esta insatisfação?
A Bíblia nos apresenta uma resposta muito simples: nossa
insatisfação com a vida decorre da nossa rebelião contra Deus e da
perda de nosso relacionamento íntimo com nosso Criador. Vamos
examinar com mais detalhes o capítulo 3 de Gênesis.
1. Compare o que a serpente diz em Gn 3:1 com a ordem original de Deus em Gn 2:16-17. O que foi distorcido? Qual era a intenção da serpente?
Deus deu liberdade ao homem, mas queria também ensiná-
lo a obedecer e a confiar em sua palavra. Deus desejava que o ser
humano fosse fiel. Ele queria que o homem o amasse voluntaria-
mente e demonstrasse isso por meio da sua obediência.
A serpente age de maneira sorrateira, insinuando à mulher
que Deus desejava restringir o acesso a certos prazeres do jardim.
A serpente salienta a proibição e questiona sua validade e motiva-
ção, como fica claro mais adiante (v.5). Ela desvia o foco da mu-
lher da imensa fidelidade e graça do Criador para o único ponto de
proibição.
Da insatisfação ao contentamento 7
2. A mulher responde corretamente, como Deus ordenou (Gn 3:2-3)? Por quê?
Não, ela acrescenta a proibição de “tocar” no fruto da árvore
proibida. Esta pequena distorção pode ser fruto de várias possibi-
lidades. Talvez Eva tenha exagerado pelo medo de chegar perto da
desobediência (zelo excessivo). Talvez ela tenha recebido a in-
formação de Adão de forma incorreta (pouco provável, contudo).
Talvez ainda ela não tenha prestado bem atenção nas palavras do
Criador (falta de zelo).
De qualquer forma, seja por excesso ou falta de zelo, Eva
distorceu a Palavra de Deus e abriu uma brecha para a contestação
da serpente. Esta diz de forma ambígua: “Certamente não morre-
rão!” (v.4). A serpente tem razão, se estava se referindo ao tocar o
fruto. Entretanto, estava mentindo se estava se referindo ao comer
o fruto. Satanás sempre associa a verdade com a mentira para ge-
rar confusão e nos fazer cair.
Somente a fidelidade à voz original de Deus pode repudiar a
tentação com sucesso (veja o exemplo de Jesus em Mt 4).
3. Em Gn 3:5, o que a serpente tenta gerar em Eva? Foi bem sucedida?
A serpente intenciona provocar em Eva o desejo de ser igual
a Deus. Como boa especialista em marketing, ela provoca insatis-
fação ao mostrar algo que Eva ainda não tem: o conhecimento do
bem e do mal. Pior que isso, Satanás insinua aqui que Deus é
mesquinho e deliberadamente não quis proporcionar ao ser huma-
no este “prazer” de serem como ele.
Qual deveria ter sido a resposta de Eva? Ela devia ter se
lembrado de que nós somos muito importantes, pois fomos cria-
dos à imagem e semelhança de Deus! Nós já somos “como Deus”,
embora nunca seremos deuses. Somos suas criaturas, criados para
refletir sua imagem e representá-lo em governo sobre toda a cria-
ção. Há algum posto maior a ser alcançado?
8 Da insatisfação ao contentamento
Mesmo tendo tudo que precisava e poderia desejar, Eva se
permitiu desconfiar das intenções de Deus. Passou a olhar para
aquele fruto proibido com outros olhos (v.6), enchendo-se de de-
sejo e insatisfação. Não combateu seu desejo pecaminoso com a
Palavra de Deus nem com a recordação do grande amor divino.
Acabou deixando-se levar pelo seu desejo e consumou o pecado
(Tg 1:14-15). Seu marido, conivente com a situação, a imitou.
4. Uma vez satisfeito o desejo proibido, o que isso gerou na vida humana (Gn 3:7-10)?
Em vez de gerar felicidade, o pecado gerou ainda mais insa-
tisfação. Eles perceberam que estavam nus e sentiram vergonha.
Antes não viam necessidade de esconderem partes do seu corpo
da vista dos outros. Agora estavam insatisfeitos com sua situação
e precisavam repará-la com folhas costuradas. Antes estavam co-
bertos com a glória da imagem divina e estavam contentes. Agora
se viam desnudos e sentiam-se culpados.
Além disso, o pecado gerou uma quebra de relacionamento
entre o homem e Deus. Eles logo se esconderam de Deus pois
estavam nus. Antes havia um relacionamento transparente com o
Criador; agora a culpa e a vergonha os afastavam de Deus. Preci-
savam achar um lugar onde Deus não os visse como eram. Dese-
javam que Deus só os visse quando não estivessem nus (usando
suas roupas domingueiras “de ver Deus”).
Sempre que a insatisfação gera quebra de obediência aos
princípios de Deus, ela é pecado. Esta insatisfação pecaminosa,
quando não combatida, acaba gerando ruptura nos relacionamen-
tos. Desejar aquilo que Deus nos proibiu é ir contra os planos do
Criador, que quer nos levar à maturidade e à felicidade verdadeira.
Esta só pode ser encontrada na comunhão íntima com ele. Ficar
insatisfeito com a vontade de Deus é inútil e só gera pesar em nos-
sas vidas.
Da insatisfação ao contentamento 9
Para refletir
1. O que gera insatisfação em você? Examine o seu íntimo e
descubra qual é a origem de suas insatisfações.
2. Você também tem desejo de ser igual a Deus? Justifique
a sua resposta.
3. Onde você pode encontrar a felicidade verdadeira?
Lista de orações
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Lista de presença
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10 Da insatisfação ao contentamento
INSATISFAÇÃO QUANTO A
BENS MATERIAIS
Objetivo
Entender que o medo e a insatisfação decorrem da perda
de foco na eternidade e no Eterno.
Texto bíblico
Salmo 73
1 Certamente Deus é bom para Israel,
para os puros de coração. 2
Quanto a mim, os meus pés quase tropeçaram;
por pouco não escorreguei. 3 Pois tive inveja dos arrogantes
quando vi a prosperidade desses ímpios. 4 Eles não passam por sofrimento
e têm o corpo saudável e forte. 5
Estão livres dos fardos de todos;
não são atingidos por doenças como os outros homens. 6 Por isso o orgulho lhes serve de colar,
e eles se vestem de violência. 7 Do seu íntimo brota a maldade;
da sua mente transbordam maquinações.
2
Da insatisfação ao contentamento 11
8 Eles zombam e falam com más intenções;
em sua arrogância ameaçam com opressão. 9 Com a boca arrogam a si os céus,
e com a língua se apossam da terra. 10
Por isso o seu povo se volta para eles
e bebe suas palavras até saciar-se. 11
Eles dizem: “Como saberá Deus?
Terá conhecimento o Altíssimo?” 12
Assim são os ímpios; sempre despreocupados,
aumentam suas riquezas.
13 Certamente foi-me inútil manter puro o coração
e lavar as mãos na inocência, 14
pois o dia inteiro sou afligido,
e todas as manhãs sou castigado. 15
Se eu tivesse dito: Falarei como eles,
teria traído os teus filhos. 16
Quando tentei entender tudo isso,
achei muito difícil para mim, 17
até que entrei no santuário de Deus,
e então compreendi o destino dos ímpios.
18 Certamente os pões em terreno escorregadio
e os fazes cair na ruína. 19
Como são destruídos de repente,
completamente tomados de pavor! 20
São como um sonho que se vai quando acordamos;
quando te levantares, Senhor, tu os farás desaparecer. 21
Quando o meu coração estava amargurado
e no íntimo eu sentia inveja, 22
agi como insensato e ignorante;
minha atitude para contigo era a de um animal irracional. 23
Contudo, sempre estou contigo;
tomas a minha mão direita e me susténs. 24
Tu me diriges com o teu conselho,
e depois me receberás com honras. 25
A quem tenho nos céus senão a ti?
E na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti.
12 Da insatisfação ao contentamento
26 O meu corpo e o meu coração poderão fraquejar,
mas Deus é a força do meu coração
e a minha herança para sempre. 27
Os que te abandonam sem dúvida perecerão;
tu destróis todos os infiéis. 28
Mas, para mim, bom é estar perto de Deus;
fiz do Soberano Senhor o meu refúgio;
proclamarei todos os teus feitos.
Estudo
É muito fácil ficarmos com inveja dos políticos e empresá-
rios corruptos que levam uma vida boa. Nós tentamos fazer tudo
certinho e parece que Deus acaba abençoando apenas os injustos.
Por que Deus permite que o ímpio tenha esta vida regalada? Eu
também queria ter uma vida boa. E você?
O estudo de hoje investiga esta nossa insatisfação com a
(pouca) riqueza que temos. Gostaríamos de ser mais ricos. Se os
outros podem, porque nós também não podemos ter mais coisas?
O salmista Asafe se debate com estas mesmas questões no texto
do Salmo 73.
Informações adicionais (para o líder)
Asafe foi um adorador por excelência, um instrumento nas
mãos de Deus. Foi um dos principais músicos de Davi, instituído
para o louvor do templo como levita. Ele escreve este salmo 73
como uma oração de confissão ao Senhor, apresentando seu ques-
tionamento de fé e aprendendo melhor sobre o caminho de Deus.
O salmo se divide em três partes, o que pode ser percebido
pelo repetição no texto da palavra “Certamente” nos versos 1, 13 e
18. A 1ª estrofe (v.1-12) descreve o problema: o salmista é tentado
(v.1-3) pela prosperidade do ímpio (v.4-12). A 2ª estrofe (v.13-17)
descreve a descoberta da solução em meio ao conflito. A estrofe
final descreve como o problema se resolveu: Asafe obteve com-
Da insatisfação ao contentamento 13
preensão do destino dos ímpios (v.18-20) e dos justos (v.21-28).
A solução para a nossa insatisfação está em olharmos para a
eternidade. Sempre existirão perguntas cujas respostas não nos
satisfazem. Nestes casos, crer no caráter de Deus e desfrutar da
sua graciosa presença é sempre a melhor escolha.
1. Asafe descreve a tentação que passou ao observar os ím-pios (v.1-12). De que coisas ele sentiu inveja?
Asafe começa seu salmo declarando que Deus é bom para os
puros de coração (v.1). Mas quando ele viu a prosperidade dos
impuros de coração, ele quase caiu em tentação (v.2-3).
Segundo ele, os ímpios são fortes e saudáveis (v.4-5), orgu-
lhosos e maus (v.6-7), opressores e arrogantes (v.8-9), poderosos e
sem punição (v.10-11). Vivem despreocupados em suas riquezas
(v.12).
2. Por que a prosperidade dos ímpios abalou a fé de Asafe (v.13-16)?
Fica claro que o salmista está vivendo um momento de dú-
vidas e questionamentos. Na sua compreensão inicial, semelhante
à compreensão de muitos hoje em dia, Deus abençoa apenas o seu
povo (v.1), mas castiga os maus durante sua existência nesta terra
(veja Sl 1:6). Mas os fatos não corroboram esta compreensão.
Por que Deus permite que pessoas más prosperem? Isto não
devia ser assim, diz Asafe! Os profetas Jeremias e Habacuque
também fizeram o mesmo questionamento a Deus. Veja Jr 12:1 e
Hc 1:2-4.
O problema fica mais grave porque Asafe compara a pros-
peridade dos ímpios com sua situação de vida (v.14). Daí surge a
inveja em seu coração. Ele não entende como pessoas más podem
ser “mais abençoadas” que os justos como ele. Seguindo esta sa-
bedoria humana, Asafe quase tropeça. Sua inveja e insatisfação
14 Da insatisfação ao contentamento
tinham uma base errada. Ele supunha que a prosperidade e as ri-
quezas são sempre fruto da bênção e aprovação divina e, por con-
seguinte, que as adversidades e a pobreza são sempre fruto da
maldição.
No v.3, a palavra “prosperidade” no original é a palavra he-
braica shalom. Shalom representa paz, plenitude de vida e estabi-
lidade, as quais Deus prometeu ao seu povo. Asafe não entendia
como Deus podia dar shalom aos ímpios e, de forma muito prag-
mática, passou a se questionar: “Qual é a utilidade de se temer a
Deus?” (v.13).2
3. Como foi transformada a opinião de Asafe sobre a sorte dos ímpios (v.17)?
O seu entendimento foi transformado quando ele entrou no
santuário de Deus. Os olhos do salmista deixam de focar o aqui e
agora da história, aquilo que tanto o confundia, e passam a consi-
derar a eternidade onde a ação de Deus será completa e definitiva.
Diante de sua crise, Asafe podia optar por uma filosofia do
“deixa a vida me levar, vida leva eu”... Entretanto, o salmista pre-
feriu ir ao encontro daquele que podia confortar seu coração,
mesmo que não respondesse suas dúvidas. Ele entrou no seu san-
tuário. Evidentemente não foi o santuário físico que mudou sua
compreensão. Mas o próprio Deus falou ali ao seu coração insatis-
feito e lhe revelou que aqueles que rejeitam a Deus serão destruí-
dos completamente (v.18-20).
4. Que nova atitude surge na vida do salmista após esta compreensão (v.21-28)?
Esta compreensão da presença de Deus em sua vida muda a
2 Adicione-se a isso sua crise comunitária, pois ele não sentia nem liberdade de
falar sobre suas dúvidas (v.15), ou teria traído a confiança dos demais fiéis.
Nem sozinho ele conseguia resolver suas dúvidas (v.16).
Da insatisfação ao contentamento 15
atitude de Asafe. Isto é algo que o ímpio não tem em sua prospe-
ridade. Por isso ele confessa sua insensatez (v.21-22) e afirma seu
prazer na presença contínua do Senhor (v.23-28).
Assim como Asafe, nossas perguntas de “até quando?” e
“por quê?” precisam ser levadas ao “santuário de Deus”. Somente
na presença do nosso Criador amoroso e gracioso poderemos con-
cluir junto com Asafe: “Bom é estar perto de Deus” (v.28)!
Para refletir
1. Você também sente inveja dos ímpios?
2. Mesmo diante de suas aflições, Asafe se satisfaz com a
presença de Deus. Você pode dizer o mesmo?
Lista de orações
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16 Da insatisfação ao contentamento
INSATISFAÇÃO NOS PRAZERES
Objetivo
Analisar criticamente nosso contexto pós-moderno que
busca o bem-estar como valor maior.
Encontrar a solução definitiva para este hedonismo.3
Texto bíblico
Eu disse a mim mesmo: Venha. Experimente a alegria. Des-
cubra as coisas boas da vida! Mas isso também se revelou inútil.
Concluí que o rir é loucura, e a alegria de nada vale.
Decidi entregar-me ao vinho e à extravagância, mantendo,
porém, a mente orientada pela sabedoria. Eu queria saber o que
vale a pena, debaixo do céu, nos poucos dias da vida humana. [...]
Não me neguei nada que os meus olhos desejaram; não me
recusei a dar prazer algum ao meu coração. Na verdade, eu me
alegrei em todo o meu trabalho; essa foi a recompensa de todo o
meu esforço. Contudo, quando avaliei tudo o que as minhas mãos
3 Hedonismo é uma filosofia grega que afirma que a felicidade da vida consiste
em buscar o prazer em tudo (hedone em grego significa “prazer”).
3
Da insatisfação ao contentamento 17
haviam feito e o trabalho que eu tanto me esforçara para realizar,
percebi que tudo foi inútil, foi correr atrás do vento; não há ne-
nhum proveito no que se faz debaixo do sol.
Ec 2:1-11
Estudo
O prazer de desfrutar a vida e experimentar coisas diferentes
é uma dádiva divina. Deus criou um mundo dinâmico com dife-
rentes estações do ano, dia e noite, montanhas e vales. Experimen-
tar mudanças faz parte da nossa natureza humana, assim também
como a permanência. Por exemplo: apesar de a primavera ser uma
novidade, é também uma repetição das sensações da primavera
anterior. Mudanças e permanências formam um ritmo que nos
equilibra entre o desejo pela novidade e pela estabilidade.
No entanto, nossa sociedade atual está em desequilíbrio. O
mundo pós-moderno é hedonista, desejando novidades como um
fim em si mesmo. Vivemos um insaciável apetite pelo bem-estar.
Paradoxalmente, à medida que os anseios aumentam, a satisfação
diminui. Ou seja, ao vivermos ansiosos pelo futuro, deixamos de
nos encantar com as dádivas do presente.
Informações adicionais (para o líder)
O rei Salomão viveu um tempo de glória no reino de Israel.
Em seus dias havia prosperidade e tranquilidade como nunca an-
tes. Salomão teve privilégios desde o seu nascimento. Foi o suces-
sor de Davi e recebeu de Deus uma dádiva especial de sabedoria.
Ele construiu o templo e o dedicou ao Senhor, construiu palácios e
cidades. Sua fama se espalhou fora do reino de Israel. Contudo,
mesmo assim Salomão sucumbiu à insatisfação. Buscou todos os
prazeres humanos e experimentou de tudo, segundo suas próprias
palavras (Ec 1:17; 2:3,10). Acabou seduzido por suas muitas mu-
lheres e colocou ídolos pagãos nos lugares sagrados de Jerusalém.
18 Da insatisfação ao contentamento
Baseado nestas experiências, Salomão relata em Eclesiastes
as consequências inevitáveis de uma vida sem Deus no centro. É o
tipo de vida onde o que importa sou eu, meus desejos, meus inte-
resses, meu momento, minhas necessidades, minha realização,
meus projetos, o que eu penso, quero e preciso. Ele conclui que a
resposta não está no que somos, fazemos ou no que acontece co-
nosco. O contentamento só existe na vida plenamente desfrutada
na presença do Senhor. Eclesiastes é um livro assustadoramente
moderno e pertinente à realidade atual.
1. Salomão não se recusou prazer algum. Sua busca con-trasta com o ensino de Jesus (Mt 6:28-30). Que contrastes você percebe entre o reino de Salomão e o Reino de Deus?
O reino de Salomão é edificado sobre inteligência, beleza,
riqueza e poder. Jesus estabeleceu o seu governo entre aleijados,
pobres, oprimidos, imundos, pecadores e desprezados pela reli-
gião (Mt 11:28-30).
O reino de Salomão é bem sucedido por meio do acúmulo.
No Reino de Deus somos convidados a nos desprender da busca
incessante pelos bens e prazer e somos convidados a depender e
descansar no cuidado de Deus.
O reino de Salomão é autocentrado e individualista. No Rei-
no de Deus, o bem maior é resgatar o relacionamento de homens e
mulheres com Deus através da redenção (Lc 19:10).
Salomão conclui que todo o seu sucesso foi inútil. No Reino
de Deus há recompensa, não pelo nosso esforço e merecimento,
mas pela graça divina que nos reconcilia com Deus e nos dá a
possibilidade de viver em comunhão com ele.
2. A cultura hedonista atual influencia toda a vida, inclusive o relacionamento com Deus. Como isto acontece na igreja?
Quando nos deixamos influenciar pela atual cultura hedonis-
Da insatisfação ao contentamento 19
ta, esquecemos quem Deus é em nosso relacionamento com ele.
Ao invés de ser o Senhor, ele se torna um prestador de serviços
que acionamos quando nos é conveniente, especialmente nas cri-
ses. Às vezes o “usamos” até mesmo em demandas do cotidiano
como, por exemplo, quando você precisa de uma vaga para o car-
ro e recorre a Deus como se fosse um “flanelinha”.
A Bíblia nos ensina, sim, a levarmos todas as nossas neces-
sidades a Deus. A disfunção acontece quando não buscamos ouvir
a voz de Deus e temos apenas uma postura utilitarista. Desta for-
ma agimos mal (veja Ec 5:1). Neste caso não estamos nos subme-
tendo nem adorando ao Criador, apenas tentando satisfazer um
individualismo narcisista.
O hedonismo também gera muita disfunção na igreja, crian-
do a necessidade de validação individualista dos processos espiri-
tuais. Em outras palavras, o culto foi bom se eu me senti tocado, o
louvor foi espiritual se eu me emocionei, a minha igreja é boa se
me faz sentir bem. Tudo é analisado em função do que proporcio-
na para mim e para meu prazer (ou da minha família).
3. Depois de investigar tudo na vida, qual a conclusão de Salomão sobre a fonte de contentamento (Ec 12:13)?
Em diversos momentos Salomão valoriza a busca do prazer
na vida (Ec 8:15; 11:9-12:1), pois até nisso precisamos ter equilí-
brio. Deus não nos chamou para uma vida de ascetismo (negação
de todos os prazeres).
Contudo, após ter examinado todas as fontes do prazer, des-
de as mais sábias até as mais loucas (Ec 1:17; 2:10), Salomão
conclui que nada nesta vida pode nos satisfazer plenamente. Ape-
nas no Senhor encontraremos a resposta à insatisfação em nosso
interior. Por isso o autor nos exorta a gozarmos a vida com as dá-
divas que Deus tem concedido.
Temer e obedecer a Deus são atitudes essenciais para uma
20 Da insatisfação ao contentamento
vida de contentamento. Uma vida plenamente desfrutada na pre-
sença do Senhor nos permite:
Reconhecer nossos limites: não podemos mudar o curso
da história nem compreender por que a vida é deste jeito.
Precisamos confiar no nosso Deus soberano.
Não viver ansiosos: de nada adianta depender do sucesso
e da prosperidade, porque o Senhor conhece e controla
tudo o que acontece.
Encontrar alegria no viver: não de forma hedonista (o
prazer como um fim em si), mas buscando a alegria como
um fruto do Espírito Santo.
Para refletir
1. O que tem me impedido de me sentir satisfeito em rela-
ção à minha vida?
2. Quais mudanças são necessárias em minha vida para sair
da insatisfação para o contentamento?
3. Salomão dedicou o templo ao Senhor, mas foi vencido
mais tarde pelos seus desejos e levantou altares a ídolos
(1Re 11:4-8). Para quem temos levantado altares: para
Deus ou para o nosso bem-estar? Aproximamo-nos de
Deus com reverência para ouvir ou com arrogância para
reivindicar?
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22 Da insatisfação ao contentamento
INSATISFAÇÃO NA PROFISSÃO
Objetivo
Compreender como Deus abençoa e usa nossa vocação.
Texto
Certo dia Jesus estava perto do lago de Genesaré, e uma
multidão o comprimia de todos os lados para ouvir a palavra de
Deus. Viu à beira do lago dois barcos, deixados ali pelos pescado-
res, que estavam lavando as suas redes. Entrou num dos barcos, o
que pertencia a Simão, e pediu-lhe que o afastasse um pouco da
praia. Então sentou-se, e do barco ensinava o povo.
Tendo acabado de falar, disse a Simão: “Vá para onde as
águas são mais fundas”, e a todos: “Lancem as redes para a pes-
ca”. Simão respondeu: “Mestre, esforçamo-nos a noite inteira e
não pegamos nada. Mas, porque és tu quem está dizendo isto, vou
lançar as redes”. Quando o fizeram, pegaram tal quantidade de
peixes que as redes começaram a rasgar-se. Então fizeram sinais a
seus companheiros no outro barco, para que viessem ajudá-los; e
eles vieram e encheram ambos os barcos, ao ponto de começarem
a afundar.
Quando Simão Pedro viu isso, prostrou-se aos pés de Jesus e
4
Da insatisfação ao contentamento 23
disse: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem peca-
dor!” Pois ele e todos os seus companheiros estavam perplexos
com a pesca que haviam feito, como também Tiago e João, os
filhos de Zebedeu, sócios de Simão.
Jesus disse a Simão: “Não tenha medo; de agora em diante
você será pescador de homens”. Eles então arrastaram seus barcos
para a praia, deixaram tudo e o seguiram.
Lc 5:1-11
Estudo
Era para ser mais uma manhã comum de pescaria e negócios
às margens do mar da Galileia (ou lago de Genesaré). Entretanto,
Jesus apareceu em cena e transformou a situação. Uma simples
manhã de trabalho se tornou em um chamado vocacional.
Simão Pedro era um dos pescadores ali presentes. Ele era
casado e morava em Cafarnaum, cidade situada a noroeste deste
lago. Costumava trabalhar com seu irmão André e com seus dois
amigos próximos, Tiago e João. Eles pescavam juntos em dois
barcos e, naquele momento, estavam lavando suas redes.
Informações adicionais (para o líder)
Pedro, o mais famoso apóstolo de Jesus,4 é alguém fascinan-
te. Nenhum outro discípulo foi tão admoestado e encorajado por
Jesus como Pedro. Nenhum discípulo confrontou Jesus como Pe-
dro. O que chama a atenção é que Pedro tem arroubos de fé que
nos inspiram, mas também nos indigna com suas fraquezas.
4 Seu nome original era Simão, abreviatura de Simeão, nome hebraico que
significa “famoso”. Jesus o chamou Pedro, nome grego que significa “pedra”, o
mesmo que Cefas em aramaico (Jo 1:42). Devido aos vários idiomas, era co-
mum nesta época as pessoas possuírem mais de um nome.
24 Da insatisfação ao contentamento
Sua vida foi cheia de altos e baixos. Provavelmente não o
julgaríamos qualificado para ser apóstolo, mas Jesus o escolheu. E
não é assim também conosco? Num momento “andamos sobre as
águas” e, em outro, já começamos a afundar. Mas Jesus foi forta-
lecendo o caráter de Pedro gradativamente, ajudando-o a se levan-
tar a cada queda. Deste modo ele foi se tornando cada vez mais
firme e se tornou uma das “colunas da igreja” (Gl 2:9).
1. Os pescadores estavam trabalhando duro. Qual foi a pri-meira ação inusitada de Jesus ao se aproximar deles (v.1-3)?
Interrompendo a lavação de redes, Jesus requisitou o barco
de Pedro e o transformou em seu púlpito diante da multidão ali
reunida. O texto não apresenta a reação de Pedro e André, mas
podemos imaginar que não fizeram objeção alguma e até se senti-
ram honrados em poder servir a Jesus com o instrumento de seu
trabalho. Eles já tinham o conhecido antes em outros momentos,
como o revela Jo 1:42.
Eles já estavam no fim do expediente, cansados após uma
noite exaustiva de trabalho (v.5), insatisfeitos com o fruto de tanto
esforço. Estavam lavando suas redes para guardá-las e ir embora
para casa. Mas Jesus chega, interrompe este processo de finaliza-
ção de expediente e solicita um passo a mais. Ele envolve Pedro
no seu ministério por meio de uma simples tarefa que era essenci-
al naquele momento. Oferecer nosso trabalho e habilidades ao
Senhor gera grande satisfação, pois passamos a fazer parte de sua
missão no mundo.
2. Jesus tem outra ação inusitada (v.4). Por que Pedro reagiu à ordem de Jesus desta vez (v.5)?
Mesmo cansado e frustrado (nada havia pescado), Pedro
concorda em usar seu barco como púlpito. Não tinha problemas
com parar um pouquinho para uma atividade espiritual.
Entretanto, quando Jesus o interpela para lançar suas redes,
Da insatisfação ao contentamento 25
Pedro se ressente desta invasão de seu espaço profissional. Afinal,
o que Jesus poderia entender de pescaria? Um carpinteiro queren-
do palpitar sobre como pescar? O que ele conhece sobre os movi-
mentos dos peixes no lago? Tudo bem se ele quiser fazer palestras
sobre espiritualidade, desde que não meta seu nariz no meu negó-
cio! Você também faz esta dicotomia entre tempo-espaço espiritu-
al e tempo-espaço secular? Ou Jesus comanda toda a sua vida?
Precisamos entender que Deus é soberano sobre todos os
aspectos da nossa vida. É por isso que ele nos orienta a não an-
darmos ansiosos com a provisão de alimento e moradia (Mt 6:31-
32). É ele quem dá vida a todos nós (At 17:25). Esta correta abor-
dagem à vida permite que exerçamos nossas profissões sem ansie-
dade e sem insatisfação.
3. Quais são os resultados da obediência de Pedro (v.6-11)?
Pedro ainda não tinha consciência de que esse rabi era o
próprio Deus encarnado, o Criador feito homem, o qual pode su-
jeitar toda a natureza ao seu desejo. Contudo, mesmo assim resol-
veu se submeter à estranha palavra de Jesus.
Toda a sua experiência profissional e todos os seus esforços
tinham resultado no mais completo fracasso. Ao se render à Pala-
vra de Deus (representada aqui pela ordem de Jesus), Pedro expe-
rimentou em primeira mão uma bênção transbordante. Sua produ-
tividade disparou de tal forma que precisou chamar ajuda para dar
conta do resultado de seu esforço de lançar novamente as redes.
Fica muito óbvio no texto que este resultado excepcional não pode
ser atribuído à perícia humana, mas à generosa graça divina.5
5 Obviamente, não podemos generalizar e inferir deste incidente uma teologia
da prosperidade que afirme que Deus sempre quer nos abençoar abundantemen-
te com recursos materiais. Mas é fato testificado na caminhada da igreja que
alcançamos melhores resultados ao nos submetermos aos princípios da Palavra
de Deus em nossa profissão.
26 Da insatisfação ao contentamento
Todavia, o resultado mais importante não foi a coleta trans-
bordante de peixes, mas a atitude de humildade e confissão gerada
no coração de Pedro (v.8). Diante da grandiosidade e do poder
demonstrados por Jesus, Pedro reconhece que nada mais é do que
um simples pecador. Ele não merece a companhia de Jesus. Sem-
pre que somos confrontados com a majestade e a santidade do
nosso Senhor, nossa reação é de temor e humildade. Manter-se
orgulhoso em um encontro com o Senhor da glória é não compre-
ender com quem estamos falando.
É interessante notar que este reconhecimento não ocorreu
em outros milagres testemunhados por Pedro. Ocorreu apenas
aqui, em seu espaço profissional, onde Pedro se sentia confortável
e achava que dominava o que acontecia. Jesus se mostrou sobera-
no inclusive sobre o espaço profissional daqueles pescadores. Vo-
cê o reconhece como soberano sobre o seu espaço?
O último resultado foi a transformação do chamado vocaci-
onal de Pedro: agora ele seria pescador de homens (v.10) e a sua
profissão anterior ficaria em segundo relevo. Na grande maioria
das vezes, o encontro com Jesus não altera nossa vocação profis-
sional. De fato, Paulo até recomenda que “cada um permaneça na
vocação em que foi chamado” (1Co 7:20). Mas o encontro com
Jesus sempre altera o modo como percebemos nosso espaço pro-
fissional; a partir daí nós submetemos nossa vocação ao serviço
do Rei e a insatisfação cessa sob seu direcionamento.
Para refletir
1. Como você reagiria ao convite de Jesus depois de um
exaustivo dia de trabalho?
2. Até que ponto você deixa Jesus comandar sua vida pro-
fissional? Você tem ouvido o que ele tem a dizer sobre o
que você faz?
Da insatisfação ao contentamento 27
3. Seu trabalho é fonte de insatisfação? Você já o entregou
ao Senhor que é soberano sobre todo trabalho?
Lista de orações
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Lista de presença
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28 Da insatisfação ao contentamento
JESUS, FONTE DE CONTENTAMENTO
Objetivo
Crer de forma prática que a fonte de toda a satisfação é o
Filho de Deus, Jesus Cristo.
Texto bíblico
Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfei-
çoado, mas prossigo para alcançá-lo, pois para isso também fui
alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, não penso que eu mesmo já o
tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas
que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, pros-
sigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial
de Deus em Cristo Jesus.
[...] Alegro-me grandemente no Senhor, porque finalmente
vocês renovaram o seu interesse por mim. De fato, vocês já se
interessaram, mas não tinham oportunidade para demonstrá-lo.
Não estou dizendo isso porque esteja necessitado, pois aprendi a
adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar
necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver
contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja
com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso
naquele que me fortalece.
Fp 3:12-14; 4:10-13
5
Da insatisfação ao contentamento 29
Estudo
Paulo havia fundado a igreja de Filipos em sua segunda via-
gem missionária (At 16). Como prisioneiro em Roma, o seu caso
seria julgado dentro em pouco. Poderia ser absolvido ou decapita-
do. Seu trabalho estava sob o ataque de competidores, e após 20
anos ou mais de árduas viagens a serviço de Jesus, ele estava can-
sado e aceitaria algum descanso.
Um dos cristãos dessa igreja, Epafrodito, foi enviado a Ro-
ma para levar uma oferta especial ao apóstolo e ajudá-lo naquele
período difícil (Fp 2:25-30; 4:10-20). A situação de Paulo era de
tal ordem que não parecia haver razão para se regozijar. No entan-
to, Paulo simplesmente vive contente, pois seu foco está no alvo.
Informações adicionais (para o líder)
Muitos ensinos não bíblicos têm surgido nas igrejas brasilei-
ras. Uma delas é a teologia da prosperidade que afirma que saúde
e riquezas são marcas da fidelidade do cristão a Deus; quem é
pobre está sob maldição e vive em desobediência. Esta lição com-
bate este tipo de teologia. Não é Deus quem tem que se adaptar
aos nossos desejos e a como queremos que funcione o mundo;
pelo contrário, somos nós que temos que nos adaptar às circuns-
tâncias e nos submeter ao controle soberano de Deus.
1. Qual é o alvo perseguido por Paulo (Fp 3:12-14)?
A Bíblia é clara sobre nosso propósito de vida: sermos se-
melhantes a Jesus (veja Rm 8:29). Fomos chamados para alcan-
çar este alvo de maturidade cristã. É sobre isso que Paulo fala:
prosseguir e perseverar na caminhada em direção a Cristo. Como
numa jornada atlética, essa caminhada requer treino, persistência e
paciência... Estamos na estrada entre o ponto inicial (conquistados
por Cristo) e final (não atingimos ainda o propósito integral que
Deus tem para nossas vidas).
30 Da insatisfação ao contentamento
Observe também que Paulo era um homem determinado,
com apenas UM propósito principal. Ele diz: “mas uma coisa fa-
ço”. Precisamos nos concentrar em “uma coisa” apenas: fixar os
olhos no alvo, que é Cristo Jesus. Só assim poderemos completar
a carreira que nos está proposta (Hb 12:1-3).
2. Como Paulo ensina que podemos alcançar este alvo?
Ao prosseguir para o alvo, Paulo procura esquecer “as coi-
sas que ficaram para trás” e avançar “para as que estão adiante”.
Obviamente não conseguimos apagar o passado das nossas men-
tes. Esquecer significa aqui que não somos mais influenciados por
essas coisas do passado, pelo que nos definia antes de conhecer-
mos a Cristo (o que Paulo chama de “velho homem” em Ef 4:22).
Cristo traz nova vida. Colocamos estas coisas do passado de
lado para permitir que as que estão adiante ocupem o devido lu-
gar. Havia coisas no passado de Paulo que poderiam constituir um
peso e puxá-lo para trás (1Tm 1:12-17), mas elas se transforma-
ram num motivo de inspiração para aumentar a sua velocidade na
corrida. Os acontecimentos não mudaram, mas a sua compreensão
deles mudou.
Paulo reagia aos acontecimentos de sua vida segundo os
princípios de Deus e isso o impulsionava para frente. Paulo não vê
as circunstâncias em si mesmas, mas antes em relação a Jesus.
Paulo não olhava para Cristo através das circunstâncias; pelo con-
trário, encarava as circunstâncias através de Cristo – e isso muda-
va tudo.6
6 Por exemplo, Paulo não se vê como um prisioneiro de Roma; é sim “o prisio-
neiro de Jesus Cristo” (Ef 3:1). Está na prisão por causa de Cristo (Fp 1:13).
Não se considera em julgamento civil; está “posto para defesa do evangelho”
(Fp 1:16). Paulo regozijava-se nas suas circunstâncias penosas porque elas o
ajudavam a fortalecer a sua comunhão com outros cristãos, davam-lhe oportu-
nidades de conduzir outros a Cristo e permitiam-lhe defender o evangelho pe-
rante os tribunais de Roma.
Da insatisfação ao contentamento 31
Isto fica bem exemplificado no segundo trecho de Filipenses
que examinaremos hoje (4:10-13).
3. Tendo recebido uma boa oferta dos filipenses, qual era a fonte principal de alegria de Paulo (4:10)?
Paulo se alegra no Senhor, não na oferta. Ele certamente
agradece a oferta e está feliz por recebê-la, mas vez após vez ele
se concentra em olhar as circunstâncias através de Cristo.
Paulo experimentou a soberana providência de Deus de vá-
rias maneiras em sua vida. Uma delas foi através das ajudas envi-
adas anteriormente pela igreja de Filipos (Fp 4:14-20). O termo
providência deriva de duas palavras latinas (pro + videre) que
significam “ver antes”. Providência é a obra antecipada de Deus
em ordenar as circunstâncias para o cumprimento dos seus propó-
sitos (Paulo explica isso bem em Rm 8:28).
Com seus olhos fitos em Cristo, Paulo podia confiar em
Deus e descansar nele, pois sabia que Deus estava cuidando dele a
cada momento. Sua alegria e satisfação estavam no Senhor, e não
nas circunstâncias ao seu redor. Isto gerou duas lições práticas
para sua vida, como veremos.
4. Paulo escreve sobre duas coisas que ele tinha aprendido. Quais foram estas lições de vida (4:11-12)?
Em primeiro lugar, Paulo aprendeu a se adaptar “a toda e
qualquer circunstância”. Que grande realização! Considere como
somos melindrosos e cheios de escolhas em nossas vidas. Temos
dificuldades em aceitar algumas circunstâncias em nossas vidas.
Isso pode incluir o que vestimos ou comemos, onde trabalhamos
ou estudamos, ou ainda se chove muito ou se é muito quente onde
moramos. Em vez de nos adaptarmos às circunstâncias, preferi-
mos ficar sempre reclamando delas. Elas, todavia, não mudarão.
Precisamos aprender a lição de Paulo de efetuarmos mudança em
nós mesmos: somos nós que precisamos nos adaptar!
32 Da insatisfação ao contentamento
Em segundo lugar, Paulo aprendeu “a viver contente em to-
da e qualquer situação”. Paulo conserva uma atitude de despren-
dimento, independente de coisas materiais. Em Cristo, Paulo afir-
ma que alcançou contentamento em qualquer tipo de situação.
Como discípulos de Jesus, sabemos que ele é a fonte de água viva,
o único que pode satisfazer a nossa sede (Jo 4:13-14). Fomos cri-
ados como pessoas cheias de desejo. Quando exercidos de forma
equilibrada, estes desejos nos direcionam para Deus, a única fonte
de satisfação total.7 Paulo já tinha aprendido isso. E nós?
5. Qual é o segredo de Paulo (4:13)?
Ele o revela no v.13: “Eu posso fazer tudo o que Deus me
pede, com a ajuda de Cristo que me dá a força e o poder” (Bíblia
Viva). O cristão não é suficiente em si mesmo; é suficiente em
Cristo. É por Cristo viver em nós que podemos enfrentar as exi-
gências da vida (Fp 1:21). Além disso, Paulo colocava determina-
ção em sua caminhada espiritual, sempre lembrando que era Deus
que estava operando em sua vida (Fp 2:13). Deus opera em nós a
fim de trabalhar através de nós.
A certeza da providência de Deus, a experiência do infalível
poder de Deus e a fé nas promessas de Deus foram recursos que
possibilitaram Paulo enfrentar as circunstâncias da sua vida. Esses
mesmos recursos também nos possibilitam enfrentar hoje situa-
ções adversas.
7 Veja o livro de Philip Yancey, Rumores de outro mundo, editora Vida. Yan-
cey explica que fomos criados com o desejo de algo mais. Este desejo não pode
ser satisfeito por nada nesta vida terrestre, apenas pela vida eterna de Deus.
Da insatisfação ao contentamento 33
Para refletir
1. Analise estes últimos dias de sua vida. Como você tem
reagido às circunstâncias do seu cotidiano? Você é adap-
tável ao que aparece na sua frente?
2. Você é alguém que reclama muito e de tudo? Ou você já
aprendeu a viver contente? Em momentos de adversida-
de, como você enxerga a situação? Deus está no controle
de sua vida?
Lista de orações
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34 Da insatisfação ao contentamento
Lista de presença
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