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AVALIAÇÃO DAS CONCENTRAÇÕES DE COLIFORMES NO AFLUENTEE EFLUENTE DA ETE GOIÂNIA EM 20071
Fernando Martins Andrade Filho2
Leandro Morais e Silva3
Universidade Católica de Goiás – Departamento de Engenharia – Engenharia AmbientalAV. Universitária, Nº 1440 – Setor Universitário – Fone (62)3946-1351.
CEP: 74605-010 – Goiânia - GO.
RESUMOA presente pesquisa tem por objetivo avaliar a concentração de coliformes termotolerantes noesgoto da ETE-Goiânia. O sistema desta ETE é constituído de um tratamento primárioquimicamente assistido, no qual trata-se o esgoto bruto de aproximadamente 600.000habitantes distribuídos em 117 bairros localizados na bacia do Ribeirão Anicuns e João Leite,na cidade de Goiânia-GO. A determinação de coliforme termotolerante foi feita a partir dasamostras coletadas e analisadas nos pontos afluente e efluente, no período de Janeiro/2007 àDezembro/2007. Os ensaios foram realizados no laboratório da própria ETE, conforme asexigências da Lei Estadual nº 8.544 17/10/1978 e da Resolução CONAMA 357/2005. Osresultados obtidos durante esses 12 meses apresentaram um efluente com concentração decoliforme termotolerante variando de 106 a 108 N.M.P./100mL. De acordo com os resultadoso tratamento primário apresentado pela ETE mostra-se satisfatório, podendo reduzir emalguns casos o número de coliforme termotolerante de 40% a 90%.
Palavras-chave: tratamento de esgotos sanitários, contaminação biológicas dos esgotos ecoliforme termotolerante.
ABSTRACTThis study aims to evaluate the concentration of thermotolerant coliform in the sewage ETE-Goiânia. The system consists of ETE is a chemically assisted primary treatment, in which it isthe raw sewage of about 600,000 inhabitants distributed in 117 districts located in the basin ofRibeirao Lebanon and John Milk, the city of Goiânia-GO. The determination ofthermotolerant coliform was made from samples collected and analyzed in affluent andeffluent points in the period from January/2007 to December/2007. The tests were conductedin the laboratory's own ETE, as the requirements of the State Law No 8.544 17/10/1978 andCONAMA resolution 357/2005. The results obtained during these 12 months presented withan effluent concentration of coliform end ranging from 106 to 108 NMP/100mL. According tothe results presented by the primary treatment ETE was in satisfactory, in some cases mayreduce the number of thermotolerant on coliform of 40-90%.
Word-key: treatment of sewage sanitary, biological contamination of sewage andthermotolerant coliform.
1 Artigo apresentado à Universidade Católica de Goiás como exigência parcial para a obtenção do título deBacharel em Engenharia Ambiental, DEZEMBRO DE 20082 Acadêmico do curso de Engª Ambiental da Universidade Católica de Goiás ([email protected])3 Orientador Profº MSc. Leandro Morais e Silva do Dep. De Eng. Ambiental da UCG.([email protected])
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1. INTRODUÇÃO
Como a água é um elemento imprescindível à vida, é necessário que se adotem
medidas para garantir, tanto quanto possível, suas características químicas e biológicas, a fim
de que seja própria para o consumo.
A água destinada ao consumo humano e animal deve ser isenta de contaminantes
químicos e biológicos, além de apresentar certos requisitos de ordem estética. Entre os
contaminantes biológicos são citados os organismos patogênicos compreendendo bactérias,
vírus, protozoários e helmintos, que veiculados pela água podem ser ingeridos e parasitar o
organismo humano ou animal.
Na verificação das condições sanitárias da potabilidade da água para consumo
humano, dadas as dificuldades de identificação direta de organismos patogênicos, dá-se
preferência aos métodos de avaliação quantitativa de bactérias similares a estes organismos,
que por também habitar no intestino do homem e dos animais de sangue quente, indicam o
contato desta água com uma poluição fecal, sendo provável a presença de organismos
patogênicos.
Portanto, as bactérias do grupo coliformes têm sido úteis para medir a ocorrência
e grau de poluição fecal em águas há mais de 70 anos. Durante este tempo, acumulou-se um
grande número de dados que permitem a avaliação da sensibilidade e especificidade de tais
bactérias, sendo um importante indicador de poluição de origem fecal. Por outro lado, os
coliformes termotolerantes são um sub-grupo destas bactérias que permite uma correlação
direta de contaminação fecal.
Neste sentido, pode-se relacionar a eficiência do tratamento de esgoto pelas ETE’s
com os resultados das análises dos coliformes termotolerantes dos seus efluentes, podendo
sua concentração ser maior, ou menor, em função da redução da presença deste grupo de
bactérias, que é um importante indicador de contaminação de organismos patogênicos, sendo
de vital importância para não transmissão de doenças de veiculação hídrica, enfim, para
saúde.
1.1 OBJETIVO
O objetivo deste artigo é avaliar a concentração de coliformes termotolerantes no
esgoto da Estação de Tratamento de Esgoto de Goiânia/Dr. Hélio de Seixo Brito, no período
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de janeiro de 2007 à dezembro de 2007, analisando os valores afluente e efluente, em termos
de sua redução percentual.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Historicamente, a maioria das nossas preocupações sobre a pureza das águas tem
sido relacionada com a transmissão de doenças. Portanto, foram desenvolvidos testes para
determinar a potabilidade da água para o consumo humano, sendo estes testes regidos e
controlados pelo disposto na portaria nº 518 do Ministério da Saúde.
Atualmente, para avaliar a potabilidade da água quanto suas características
biológicas, podemos fazer uso de inúmeras técnicas de ensaio, procurando detectar a presença
de organismos patogênicos. O parâmetro mais empregado para tal é o número mais provável
de coliformes, que é um importante indicador de comprovação do contato desta água com os
microorganismos presentes nas fezes humanas, de forma que sua detecção seja uma boa
indicação de que resíduos humanos estão sendo despejados na água. (TORTORA, 2002)
Desta forma, o termo microrganismo indicador refere-se a um tipo de
microrganismo cuja presença na água é uma evidência de que esta esteja poluída com material
fecal de origem humana ou de outros animais de sangue quente.
Segundo JORDÃO (1975), para se indicar a poluição de origem humana e
mensurar a grandeza desta contribuição, adota-se as bactérias do grupo “coliforme
termotolerante” (CT) como seu indicador. Estas bactérias são típicas do intestino do homem e
de outros animais de sangue quente (mamíferos em geral), e justamente por estarem sempre
presentes em grande número no excremento humano, da ordem de 100 a 400 bilhões de
coliformes/hab.dia, são de simples detecção. Este grupo de bactérias é usualmente adotado
como referência para indicar e medir a grandeza da poluição de origem humana.
De acordo com PELCZAR (1996), a razão da escolha do grupo de bactérias
coliformes como indicador de contaminação da água deve-se aos seguintes fatores: estão
presentes nas fezes de animais de sangue quente, inclusive os seres humanos; sua presença na
água possui uma relação direta com o grau de contaminação fecal; são facilmente detectáveis e
quantificáveis por técnicas simples e economicamente viáveis, em qualquer tipo de água;
possuem maior tempo de vida na água que as bactérias patogênicas intestinais, por serem
menos exigentes em termos nutricionais, além de ser incapazes de se multiplicarem no
ambiente aquático; são mais resistentes à ação dos agentes desinfetantes do que os germes
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patogênicos.
Vale destacar que a bactéria coliforme, sozinha, não transmite qualquer tipo de
doença, porém se for excretada por um indivíduo doente, portador de um organismo
patogênico, esta bactéria virá acompanhada deste organismo patogênico capaz de promover a
contaminação dos outros seres humanos pelas conhecidas doenças de vinculação hídrica,
como por exemplo: Febre Tifóide e Paratifóide, Desinteria Bacilar, Cólera, Gastroenterias
Agudas e Diarréias.
Entretanto, seria por demais trabalhoso e antieconômico se realizar análise para a
exata determinação da presença de tais patógenos na água ou no esgoto. Portanto, ao invés
disso, determina-se a presença dos coliformes termotolerantes e por segurança admite-se que
os patogênicos também estejam presentes.
Neste sentido, as bactérias do grupo “coliforme termotolerante” são consideradas os
principais indicadores de contaminação fecal, sendo formado por um número de bactérias que
inclui os gêneros Klebsiella, Escherichia Coli. As bactérias deste grupo são gram-negativas
manchadas em forma de bastonetes e de hastes não esporuladas, aeróbios ou anaeróbios
facultativos que fermentam a lactose na temperatura de 44,5ºC, valor de temperatura que lhes
permitem também fermentar o açúcar e a lactose, produzindo ácido, gás e aldeído em um prazo
de 24-48 horas (PELCZAR, 1996).
Segundo LECT (2007), o uso da bactéria coliforme termotolerante para indicar
poluição sanitária mostra-se mais significativo que o uso da bactéria “coliforme total”, porque
as bactérias termotolerantes estão restritas ao trato intestinal de animais de sangue quente,
inclusive do homem, assumindo a importância como parâmetro indicador da possibilidade da
existência de microorganismos patogênicos.
Conforme SPERLING (1996), o grupo de “coliformes totais” (CT) constitui-se um
grande grupo de bactérias que têm sido isoladas em amostras de águas, solos poluídos e não
poluídos, bem como de fezes de seres humanos e outros animais de sangue quente. Tal grupo
foi bastante usado no passado como indicador e continua a ser usado em algumas áreas,
embora as dificuldades associadas com a ocorrência de bactérias não fecais sejam um
problema.
De acordo com JORDÃO (1975), a presença de bactérias do grupo “coli”
(Escherichia coli e Aerobacter) em uma água residuária não significa, necessariamente, que
seja proveniente de contribuição humana ou animal, pois estes organismos podem também se
desenvolver no solo e serem carregados com a água de lavagem. Por isto mesmo, foram
desenvolvidos testes específicos para medir coliformes totais, fecais e estreptococcus fecais.
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Segundo SPERLING (1996), a detecção dos agentes patogênicos, principalmente
bactérias, protozoários e vírus, em uma amostra d’água é extremamente difícil, em razão das
suas baixas concentrações. As razões de tal devem-se aos seguintes fatos: em uma população
apenas uma determinada faixa apresenta doenças de veiculação hídrica; nas fezes destes
habitantes a presença de patogênicos pode não ocorrer em elevada proporção;
após o lançamento no corpo receptor ou no sistema de esgotos há ainda uma grande diluição
do despejo contaminado.
O que se observa na prática, inclusive considerando implicitamente a legislação do
estado de Goiás, lei nº 8.544 de 17 de outubro de 1978, regulamentada pelo Decreto 1745 de
dezembro de 1979, é a existência de uma relação entre coliformes totais e coliformes
termotolernates da ordem de 5(CT/CT=5). No entanto, existe uma grande dispersão em torno
deste valor, que depende ainda do tempo decorrido após o lançamento dos esgotos na água.
A mensuração dos coliformes é dada por uma estimativa estatística da sua
concentração, conhecida como o Número Mais Provável-NMP (NPM/ml ou NPM/100mL),
determinada por técnicas próprias de laboratório. O esgoto bruto contém cerca de 108 a 1011
NMP/100mL.
Desta forma, os procedimentos de análise das amostras seguem as recomendações
“STANDARD METHODS FOR THE EXAMINATION OF WATER AND
WASTERWATER” da APHA/AWWA (20a edição), número SM 9221C e os resultados
devem ser interpretados como representando parte da composição da amostra no momento da
análise.
Os materiais utilizados na bacteriologia são: autoclave; estufa bacteriológica; estufa
de esterilização e secagem; balança; destilador; banho-maria; contador de colônias; alça de
platina com cabo; tubo de Durhan; tubo de ensaio; algodão em rama; meios de cultura; frascos
de coleta; pipetas graduadas; papel-alumínio; lamparina a álcool ou bico de Bunsen; placas de
Petri; pinça de aço inox; membranas filtrantes; porta-filtro de vidro ou aço inox; lâmpada
ultravioleta;
O preparo do material consiste em tubos de ensaio (colocar o tubo de Durhan na
posição invertida dentro do tubo de ensaio; tampar o tubo de ensaio com um chumaço de
algodão em rama). Nos frascos de coleta (colocar uma tira de papel-alumínio entre a boca e a
tampa do frasco; envolver a boca e tampa do frasco em papel-alumínio; colocar os frascos no
Banho-Maria a 121ºC por 30 minutos).
Neste sentido, para realizar o exame bacteriológico de coliforme termotolerante
segue-se o método dos tubos múltiplos, sendo necessário os seguintes materiais: tubo de
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ensaio; estante para tubo de ensaio; tubo de Duhran; pipeta graduada de 10 ml; pipeta graduada
de 1 ml; bico de Bunsen ou lamparina a álcool; caldo Lactosado de concentração dupla; caldo
Lactosado de concentração simples; água de diluição; alça de platina com cabo de Kolle;
estufa bacteriológica.
A execução do teste presuntivo pode ser feita da seguinte forma: tomar uma bateria
contendo 15 tubos de ensaio distribuídos de 5 em 5; nos primeiros 5 tubos, (os que contêm
caldo lactosado de concentração dupla) inocular com pipeta esterilizada, 10 ml da amostra de
água a ser examinada, em cada tubo; nos 10 tubos restantes (os que contêm caldo lactosado de
concentração simples), inocular os 5 primeiros, 1 ml da amostra (Diluição 1:10) e nos últimos
tubos, inocular 0,1 ml da amostra, em cada tubo. (Diluição 1:100) misturar; incubar a 35 + ou
– 0,5ºC durante 24/48 horas; se no final de 24/48 horas, houver a formação de gás dentro do
tubo de Durhan, significa que o teste Presuntivo foi Positivo. Neste caso, fazer o teste
confirmativo. Se não houver a formação de gás durante o período de incubação, o exame
termina nesta fase e o resultado do teste é considerado negativo. Os resultados são expressos
em N.M.P (Número Mais Provável)/100ml de amostra.
Assim sendo, os resultados dos exames laboratoriais realizados nas amostras de
efluentes de qualquer fonte poluidora, constituem-se importantes parâmetros legais para
determinar se estes efluentes, mesmo após o devido tratamento, possam ser lançados de forma
direta ou indiretamente nos corpos de água.
Neste sentido a resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente-
CONAMA, de 17 de março de 2005, nos seus artigos 14 a 17 dispõe sobre a classificação dos
corpos de águas doce para o abastecimento humano, segundo um limite de coliformes
termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 amostras, coletadas
durante o período de um ano, com freqüência bimestral, conforme apresentada na Quadro 1.
Quadro 1: Classificação dos corpos de água doce para abastecimento humano
CLASSE
ESPECIAL
Não foram estabelecidos parâmetros de coliformes termotolerantes, pois são provenientes de
mananciais preservados com excelentes características biológicas, devendo ser mantidos as
condições naturais do corpo de água sendo vetado o lançamento de efluentes, mesmo que
tratados
CLASSE 1 Coliformes Termotolerantes até o limite de 200 unidades por 100 ml de água
CLASSE 2 Coliformes Termotolerantes até o limite de 1.000 unidades por 100 ml de água
CLASSE 3 Coliformes Termotolerantes até 4.000 unidades por 100 ml de água
CLASSE 4Não foram estabelecidas parâmetros de coliformes termotolerantes, pois não se recomenda a
utilização desta classe de água para o abastecimento humano
Fonte: CONAMA (2005)
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Sendo assim, os principais processos de tratamento de esgoto consistem em:
Tratamento Preliminar que tem como característica a remoção de sólidos grosseiros, remoção
de areia e remoção de gorduras. Já o Tratamento Primário é designado por decantação,
flotação, digestão do lodo, secagem do lodo, sistemas compactos (decantação, digestão e
tanque inhoff), lagoa anaeróbia, fossa séptica podendo ser adicionado agentes químicos como
exemplo coagulantes e floculantes.
O Tratamento Secundário é geralmente composto por filtração biológica,
processos de lodos ativados, decantação intermediária ou final (sedimentação de lodo flocoso
ou biomassa) e lagoas de estabilização aeróbia, facultativa e aerada. Finalizando com o
Tratamento Terciário que tem como objetivo a remoção de metais pesados como (fósforo e
nitrogênio), sendo utilizado também para desinfecção.
3. METODOLOGIA
Inicialmente, visando obter os fundamentos necessário para alcançar os objetivos
propostos, realizou-se uma revisão bibliográfica sobre o tema tratamento de esgoto e os
indicadores de contaminação fecal. Foram analisados os resultados das amostras colhidas nos
pontos afluente e efluente da ETE-Goiânia/Dr. Hélio de Seixo Brito, no período de Janeiro de
2007 à Dezembro de 2007. Os resultados das análises bacteriológicas foram realizados e
obtidos através do laboratório da própria ETE, sendo exigido pela Lei Estadual nº 8.544
17/10/1978 e pela Resolução CONAMA 357/2005, no seu art. 34, que estabelece os padrões
de lançamentos de efluentes de qualquer natureza em águas interiores, superficiais ou
subterrâneas. Portanto, para realizar o exame bacteriológico de coliforme termotolerante
segue-se o método dos tubos múltiplos recomendado por “STANDARD METHODS FOR
THE EXAMINATION OF WATER AND WASTERWATER da APHA/AWWA (20a
edição), número SM 9221C”. Por fim pretende-se avaliar as concentrações de coliformes
termotolerantes no esgoto tratado pela ETE-Goiânia.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA EXTENSÃO DO PROJETO
A cidade de Goiânia-GO tem aproximadamente 80% do seu esgoto coletado e em
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torno de 70% é tratado na ETE-Goiânia/Dr. Hélio Seixo de Brito, sendo que a mesma opera
atualmente com eficiência de 55% de remoção de DBO (carga orgânica) e 70% de remoção
de sólidos totais. A população contribuinte da ETE é aproximadamente 600.000 habitantes,
porém Goiânia conta com mais duas ETEs, Aruanã e Parque Atheneu que estão localizadas na
região leste.
Atualmente, a ETE-Goiânia atende aproximadamente 117 bairros, localizados na
bacia do Ribeirão Anicuns e João Leite. O sistema de esgoto sanitário conta com mais de
2.500.000 metros de rede coletora, que descarrega os esgotos em interceptores implantados às
margens dos principais cursos d’água como os córregos: Macambira, Vaca Brava, Cascavel,
Capim Puba, Botafogo, Palmito, Água Branca, Barreiro e o Ribeirão João Leite. Portanto, o
efluente tratado pela ETE é lançado no Rio Meia Ponte (SANEAGO).
O processo de Tratamento utilizado na ETE-Goiânia é o tratamento primário
Quimicamente Assistido (CEPT, da termologia inglesa “Chemical Enhanced Primary
Treatment”).
Quadro 2: Fases de implantação da ETE GoiâniaEtapa Inicial Final
Ano de atendimento Até 2010 Até 2025
População 839.210 1.192.003
Vazão média (m3/s) 2,3 3,1
Fonte: SANEAGO (2008)
Sendo implantado na próxima etapa o tratamento secundário que tem como
característica o processo de lodo ativado convencional, onde a diferença está na adição de
produtos químicos coagulante e floculante na fase primária, com auxiliares da sedimentação
primária.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados apresentados na Tabela 1 foram desenvolvidos e fornecidos pelo
laboratório da ETE-Goiânia que faz parte da Saneago-Saneamento de Goiás S/A. Geralmente
são realizadas duas análises de coliforme termotolerante por mês, onde essas análises são
feitas através de coletas nos pontos afluente e efluente. Ambos os pontos localiza-se na
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própria ETE, sendo que o ponto afluente está antes da grade fina de limpeza mecanizada e o
efluente antes da caixa de saída do esgoto tratado.
Os resultados obtidos representam o número máximo possível de bactérias do
grupo coliforme termotolerante em uma porção de 100 mililitros de esgoto coletado.
Tabela 1: Resultados das análises quanto ao parâmetro de coliformes termotolerantes
Período Resultados Unidade Eficiência
Afluente Efluente
01/jan/2008 9,0 x 107 9,0 x 107 N.M.P./100mL E=0
14/fev/2007 1,3 x 107 2,4 x 107 N.M.P./100mL E= -45%
28/fev/2007 1,6 x 108 1,6 x 108 N.M.P./100mL E=0
14/mar/2007 1,6 x 108 1,6 x 107 N.M.P./100mL E=90%
12/abr/2007 9,0 x 107 5,0 x 107N.M.P./100mL E=44%
25/abr/2007 1,6 x 1089,0 x 107 N.M.P./100mL E=44%
16/mai/2007 1,6 x 1081,3 x 107 N.M.P./100mL E=92%
31/mai/2007 1,1 x 107 3,0 x 106 N.M.P./100mL E=73%
13/jun/2007 2,4 x 107 3,0 x 106 N.M.P./100mL E=87%
15/jul/2007 2,5 x 107 2,9 x 106 N.M.P./100mL E=88%
15/ago/2007 1,6 x 108 9,2 x 107 N.M.P./100mL E=42%
12/set/2007 1,6 x 108 5,4 x 107 N.M.P./100mL E=66%
24/set/2007 1,7 x 107 2,4 x 107 N.M.P./100mL E= -41%
31/out/2007 1,6 x 108 1,6 x 108 N.M.P./100mL E=0
26/nov/2007 1,7 x 107 7,9 x 106 N.M.P./100mL E=53%
10/dez/2007 1,6 x 108 9,2 x 107 N.M.P./100mL E=42%
Nota: A eficiência foi calculada de acordo com a fórmula do Von EsperlingFonte: SANEAGO (2007)
Observa-se que após o tratamento primário quimicamente assistido na maioria dos
resultados houve uma redução satisfatória, resultando em um efluente com concentrações
finais que variam de 1000.000 a 100.000.000 N.M.P./100mL.
Desta forma, na figura 1 observa-se a instalação da ETE Goiânia podendo
identificar cada processo do tratamento de esgoto.
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Figura 1: Estação de Tratamento de Esgoto de GoiâniaFonte: SANEAGO (2008)
Este fluxograma mostra o processo do tratamento primário quimicamente assistido
em operação na ETE Goiânia podendo observar também a implantação da segunda etapa que
consiste no tratamento secundário.
Figura 2: Fluxograma do processo de tratamento de esgoto
Fonte: Saneago Quadrinho branco: a implantar
FeC I3
Polímero
ElevatóriaG rades Caixa deAreia
Aerada
DecantadorPrim ário
TanqueAeração
DestinoFinalLodo
MisturadorLodo
FeC I3
CentrífugaDeságüe
Lodo
CentrífugaAdensam ento de Lodo
Estabiliz.A lcalina Cal
Polímero
Decantadorsecundário
Recirculação Lodo
Lodoexcedente
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5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O tratamento primário quimicamente assistido em operação na ETE-Goiânia, em
certos períodos obteve relativa eficiência na remoção de coliformes termotolerantes, mesmo
não sendo o tratamento ideal para remoção de bactérias do esgoto. Porém, o mesmo bem
projetado e operado pode ter grandes resultados na remoção de sólidos em suspensão
sedimentáveis e na remoção de carga orgânica como, a demanda bioquímica de oxigênio-
DBO.
SPERLING (1996) mostra que no tratamento primário a concentração de
coliforme termotolerante deve ficar entre 30-40%, sólidos suspensos de 60-70% e DBO de
30-40%. Sendo assim, o grau de tratamento, sendo traduzido em porcentagem ou eficiência de
remoção de determinado poluente em uma etapa do mesmo, é dada pela fórmula: E= (Co –
Ce)/Co x 100, onde E= eficiência de remoção (%), Co= concentração afluente do poluente
(mg/L) e Ce= concentração afluente do poluente (mg/L).
Segundo JORDÃO & PESSOA (1975), no tratamento primário a eficiência de
remoção de coliformes no decantador deve-se variar entre 40% a 60% e no floculador de 60%
a 90%. Mostra-se necessário a implantação do tratamento secundário que tem como
característica a filtração biológica, processos de lodos ativados de alta capacidade, decantação
intermediária ou final e lagoas de estabilização, podendo ter uma eficiência na remoção de
coliformes termotolerantes de 60% a 90%.
De acordo com STEEL (1966), uma conseqüência importante de esgotos é a
redução dos coliformes o mais rapidamente possível. Os processos aeróbios de tratamento de
esgoto, sejam os filtros biológicos e lodos ativados, reduzem-nos de 85% a 95%. A maior
redução se obterá pela desinfecção do efluente com cloro e a digestão anaeróbia quando
levada a efeito por 30 dias, reduzirá os coliformes em 99,8%. Outro método de desinfecção é
com os raios ultravioletas onde os raios de luz invisível além do violeta do espectro são muito
eficazes na destruição de toda classe de bactérias e esporos.
Sendo bastante raro no Brasil, o tratamento terciário é uma opção para a redução
de coliformes. Este sistema tem como característica a lagoa de maturação que é projetada com
uma profundidade inferior e a sua principal finalidade é a remoção de elevada quantidade de
coliformes termotolerantes contidos nos despejos de esgotos. Por ter menor profundidade às
bactérias são eliminadas através dos raios solares.
Desta forma, a partir dos resultados mostra-se que a ETE-Goiânia em alguns casos
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apresenta um tratamento primário relativo, podendo reduzir a concentração de coliformes
entre 40% a 90%. Mas mesmo com essa redução a concentração de coliformes
termotolerantes da ETE continua entre 106 a 108 ultrapassando os padrões de lançamento de
efluentes exigidos pela Resolução CONAMA nº 357 de 17 de Março de 2005 e a Lei Estadual
nº 8.544 de 17/10/1978.
Com isso, o esgoto tratado pela ETE-Goiânia é despejado no rio Meia Ponte. Este
corpo receptor enquadra-se nas águas doces de classe 2 (dois) da Resolução e no Art. 15 diz
que para águas doces de classe 2 (dois) não deverá ser excedido um limite de 1.000
coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 (seis)
amostras coletadas durante um período de um ano. Sendo assim, o efluente gerado pela ETE-
Goiânia pode em todos os casos alterar a classe do rio.
Neste sentido, os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser
lançados, direta ou indiretamente, nos corpos de água desde que obedeçam as condições,
padrões e exigências previstos na Lei Estadual nº 8.544 de 17/10/1978 e nos artigos 32 a 34
da Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005.
Desta forma, mostra-se necessário a implantação da próxima etapa do projeto da
ETE que é o tratamento de lodo ativado convencional com adição de produtos químicos
coagulante e floculante na fase primária, com auxiliares da sedimentação primária.
REFERÊNCIAS
CONAMA-Conselho Nacional do Meio Ambiente. (Resolução nº 357) de 17 de março de2005.
JORDÃO, E. P. & PESSOA, C. A. (Tratamento de esgotos domésticos: concepçõesclássicas de tratamento de esgotos), vol. 1, p. 41 a 42, São Paulo, Cetesb, 1975.
LECT-Laboratório de Ensino de Ciência e Tecnologia, Escola do Futuro-USP. Disponívelem: <http://darwin.futuro.usp.br> Acesso em: 15 abril 2007.
PELCZAR, M. J. (Microbiologia Conceitos e Aplicações), pág. 352, 2ª ed. – São Paulo:Makron Books, 1996.
SANEAGO – Saneamento de Goiás S/A. (Estação de Tratamento de Esgoto de Goiânia),Goiânia.
SPERLING, M. V. (Introdução a qualidade das águas e ao tratamento de esgotos), 2ª ed,p. 74 a 76, Belo Horizonte, 1996.
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STEEL W. E. (Abastecimento d’Água e Sistemas de Esgotos), ed. – Rio de Janeiro: Sedegra,1966.
TORTORA, G. J. & FUNKE, R. B. & CASE L. C. (Microbilogia), p. 729-730, ARTMEDEditora, 6ª ed, 2002.
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