a utilização da metodologia blended learning no ensino médio

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA A UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA BLENDED LEARNING NO ENSINO MÉDIO EDUARDO PEDRA DE OLIVEIRA ORIENTADOR – HUMBERTO ABDALLA JÚNIOR TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA BRASÍLIA – DF

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

A UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA BLENDED LEARNING NO ENSINO MÉDIO

EDUARDO PEDRA DE OLIVEIRA

ORIENTADOR – HUMBERTO ABDALLA JÚNIOR

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

BRASÍLIA – DF

FICHA CATALOGRAFICA

DE OLIVEIRA, EDUARDO PEDRA

A Utilizacao da metodologia Blended Leaning no Ensino Médio [Distrito Federal] 2013.

xii, XXp., 210 x 297 mm (ENE/FT/UnB, Engenheiro Eletricista, Dissertacao de Graduacao – Universidade de Brasilia. Faculdade de Tecnologia.

Departamento de Engenharia Elétrica

1. 2.

3. 4.

I. ENE/FT/UnB II. Titulo (série)

REFERENCIA BIBLIOGRAFICA

DE OLIVEIRA, EDUARDO PEDRA. A utilizacao da metodologia Blended Leaning no Ensino Médio . Trabalho de Conclusao de Curso em Engenharia Elétrica, Publicacao PPGENE.DM- XXA/XX OU PPGENE.TD-XXA/XX, Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade de Brasilia, Brasilia, DF, 51p.

CESSAO DE DIREITOS

AUTOR: Eduardo Pedra de Oliveira.

TITULO: A utilizacao da metodologia Blended Learning no Ensino Médio.

GRAU: Engenheiro Eletricista ANO: 2013

E concedida a Universidade de Brasilia a permissao para reproduzir copias desta dissertacao de mestrado e para emprestar ou vender tais copias somente para propositos academicos e cientificos. O autor reserva outros direitos de publicacao e nenhuma parte dessa dissertacao de mestrado pode ser reproduzida sem autorizacao por escrito do autor.

Eduardo Pedra de Oliveira

SQN 214 Bloco D Apartamento 401

70873-040 Asa Norte, Brasília – DF - Brasil.

iAGRADECIMENTOS

Ao experiente e cordial, Prof. Dr. Humberto Abdalla Júnior, cuja competência e orientação meserviram de exemplo constante, a quem eu agradeço sinceramente por me acolher e guiar ao longodesta caminhada final.

Aos brilhantes e estimados mestres, Oscar A. Nawa e Aldo João de Sousa, ex-colegas de faculdade,por compartilharem esta experiência comigo e pela inspiração deste trabalho.

Aos professores e funcionários da Faculdade de Tecnologia e do Departamento de EngenhariaElétrica da Universidade de Brasília, pela realização do sonho de me tornar Engenheiro, sonho feitode conquistas e desafios, trilhados ao longo de anos de caminhada rumo à graduação.

iiAos meus amados pais, pelo suporte à educação em todas as etapas da minha vida, sem os quais

nunca me tornaria um pleno cidadão.

À minha querida namorada, por me ajudar nos momentos de fraqueza com sua motivação, alegria efelicidade, a cada desafio que me foi surgido.

iiiRESUMO

A UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA BLENDED LEARNING NO ENSINO MÉDIO

Autor: Eduardo Pedra de OliveiraOrientador: Humberto Abdalla JúniorDepartamento de Engenharia Elétrica Brasília, Janeiro de 2013

Neste trabalho é apresentado o processo de implantação de uma metodologia de AprendizagemHíbrida, mais conhecida como Blended Learning. A metodologia foi aplicada na disciplina de

matemática, para turmas do 2º Ano do Centro de Ensino Médio Setor Leste, em Brasília – DF. Omodelo de ensino e aprendizagem sugerido combina aulas presenciais e virtuais, mesclandoferramentas de ensino a distância (EAD) e atividades presenciais (face-to-face). Iniciamos com umarevisão bibliográfica acerca do panorama da educação básica brasileira, no que diz respeito àcrescente utilização de Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC e o surgimento de novasmetodologias pedagógicas. Diante dos objetivos estabelecidos, procedeu-se a uma radiografia doEnsino Médio a fim de se conhecer o público-alvo do projeto. São descritos os principaisfundamentos das metodologias de aprendizagem tradicional e colaborativa e na sequênciaapresentamos as bases da Aprendizagem Híbrida (BL). Ao longo do trabalho são apresentados osformatos de desenvolvimento das atividades realizadas. Os resultados obtidos a partir dos gráficosde desempenho disponibilizados no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) utilizadopermitiram a avaliação do: conhecimento teórico estudado em aulas presenciais, desenvolvimentode habilidades transversais e o contato com ferramentas tecnológicas em complemento ao métodotradicional de ensino, além de medir o nível de envolvimento e participação dos alunos nasatividades propostas.

ivABSTRACT

THE USE OF BLENDED LEARNING IN HIGH SCHOOL

Author: Eduardo Pedra de OliveiraSupervisor: Dr. Humberto Abdalla JúniorDepartment of Electrical Engineering Brasília, January (2013)

In this paper is presented the use of Blended Learning (BL) “Hybrid Learning” for the Course ofMathematics in the 2nd year of High School, at the East Sector High School Center, Brasilia – DF.

The teaching and learning suggested model combines traditional and virtual classes, mixingdistance learning tools (e-learning) and classroom activities (face-to-face). We start with a literaturereview about the panorama of Brazilian basic education, with regard to the increasing use ofInformation and Communication Technologies – ICT and the emergence of new teachingmethodologies. Given the objectives established, we proceeded to a radiography of high school inorder to know the target audience of the project. We described the main foundations of traditionaland collaborative learning methodologies and after we presented the basics of Hybrid or BlendedLearning (BL). Throughout the paper, we present the formats of the developed activities. Theresults obtained from the development graphics available at the Virtual Learning Environment(VLE) that was used allowed the evaluation of: the theoretical knowledge studied in the classroom,the transverse skills developed and the contact with technological tools in addition to the traditionalmethod of teaching, besides measuring the level of involvement and participation of the students inthe proposed activities.

vSUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO...............................................................................................................................11

1.1 OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS...................................................................... .............131.2 RADIOGRAFIA DO ENSINO MÉDIO NO BRASIL.................................................. .............131.3 PROPOSTA.................................................................................................................... .............141.4 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO.......................................................................... ..............14

2. METODOLOGIAS DE APRENDIZAGEM: PRESENCIAL, COLABORATIVA E HÍBRIDA............................................................................................................................. .............15

2.1 APRENDIZAGEM PRESENCIAL............................................................................... ..............152.2 APRENDIZAGEM COLABORATIVA......................................................................... .............162.3 DIFERENÇAS ENTRE APRENDIZAGEM PRESENCIAL E COLABORATIVA............................................................................................................... ..............192.4 APRENDIZAGEM HÍBRIDA (BLENDED LEARNING)........................................... ..............20

3. ETAPAS DE IMPLEMENTAÇÃO DO BLENDED LEARNING.................................. ….........22

3.1 PRÉ-PLANEJAMENTO................................................................................................ .............223.2 PLANEJAMENTO........................................................................................................ ..............233.3 DESENVOLVIMENTO................................................................................................ ..............233.4 IMPLEMENTAÇÃO...................................................................................................... .............243.5 AVALIAÇÃO................................................................................................................. ..............243.5.1 OBJETOS DA AVALIAÇÃO..................................................................................... ..............253.5.2 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO.................................................................................... .............25

4. APLICAÇÃO DO BLENDED LEARNING E ESTUDO DE CASO............................. .............26

4.1 METODOLOGIA DE ENSINO: O PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES...................................................................................................................... .............274.2 FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS UTILIZADAS................................................... .............284.3 DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES UTILIZANDO O BLENDED LEARNING.......................................................................................................................... .............284.3.1 ATIVIDADES PRESENCIAIS................................................................................... .............284.3.2 ATIVIDADES VIRTUAIS E PRESENCIAIS (LABORATÓRIO)............................ ..............294.3.3 ATIVIDADES VIRTUAIS E NÃO PRESENCIAIS (ASSÍNCRONAS)................... .............32

5. RESULTADOS OBTIDOS NA IMPLEMENTAÇÃO DO BLENDED LEARNING APLICADO AO ENSINO MÉDIO..................................................................................... .............. .............. .....34

5.1 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM.......................................................................... ..............345.2 ANÁLISE DO DESEMPENHO DOS ALUNOS.......................................................... ..............345.3 ANÁLISE DO DESEMPENHO DO PROJETO............................................................ .............38

vi5.3.1 ATIVIDADES PRESENCIAIS (SALA DE AULA)................................................... .............385.3.2 ATIVIDADES VIRTUAIS E PRESENCIAIS (LABORATÓRIO)............................ ..............405.3.3 ATIVIDADES VIRTUAIS E NÃO PRESENCIAIS (ASSÍNCRONAS)................... .............43

6. CONCLUSÃO.................................................................................................................. .............44

6.1 DESAFIOS ENFRENTADOS....................................................................................... .............446.2 CONCLUSÕES.............................................................................................................. .............44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. .............46

ANEXOS

A – MANUAL DE ACESSO AO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM KHAN ACADEMY …...................................................................................................................................49

B – VÍDEO AULA NO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM KHAN ACADEMY .......50

viiÍNDICE DE TABELAS

1.1 Desempenho do Brasil no índice PISA (2000 – 2009)................................................... .............12

2.1 Habilidades estimuladas na AC...................................................................................... .............18

2.2 Características da AC..................................................................................................... .............18

2.3 Opções e métodos de aprendizado................................................................................. .............21

3.1 Elementos de Implementação da metodologia BL, de acordo com a Teoria dos Sistemas Perceptivos.........................................................................................................................................22

ÍNDICE DE QUADROS

2.1 Comparativo entre Aprendizagem Presencial e Aprendizagem Colaborativa ............... .............19

LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURA E ABREVIAÇÕES

BL – Blended Learning (Aprendizagem Híbrida)

DF – Distrito Federal

EAD – Ensino a Distância

GAD - Gráficos de Atividades Desenvolvidas

GDH - Gráficos de Desempenho por Habilidades

GDT - Gráficos de Desempenho ao longo do Tempo

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

MEC – Ministério da Educação do Brasil

OSCD - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

PBL – Problem Based Learning (Aprendizagem Baseada em Problemas)

PISA – Programa de Avaliacao Internacional de Estudantes

TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação

viiiÍNDICE DE FIGURAS

2.1 Múltiplas Interações....................................................................................................... .............17

2.2 Composição típica de BL............................................................................................... .............20

.41 Possibilidades de combinação de BL............................................................................. .............26

.42Metodologias de Ensino e Ferramentas utilizadas......................................................... .............27

.43Mapa do Conhecimento – Conteúdos............................................................................ ..............29

.44Mapa do Conhecimento detalhado................................................................................. .............30

.45Mapa do Conhecimento – Habilidades.......................................................................... ..............30

.46 Resolução de Problema.................................................................................................. .............31

.47 Ferramenta de Desenho (Scratchpad)............................................................................ .............32

.48 Vídeos Tutoriais em Geometria...................................................................................... .............33

.51 Exemplo de GAD........................................................................................................... .............35

.52 Exemplo de GDH........................................................................................................... .............36

.53 Exemplo de GDT............................................................................................................ .............37

.54 Exemplo de Índice de Desempenho............................................................................... .............39

.55 Exemplo de Relatório de Desempenho................................................................................ .......40

.56 Exemplo de Desempenho ao longo do Tempo................................................................ ............41

.57 Exemplo de Relatório de Atividade Diária................................................................................. .42

ix1. INTRODUÇÃO

Hoje em dia, o avanço da tecnologia culminou no aperfeiçoamento das ferramentas utilizadas nacomunicação e transmissão de informação, mais conhecidas como Tecnologias da Informação eComunicação (TIC).

Uma das manifestações das TIC que se observa na sociedade é o uso cada vez maior na área daEducação, sobretudo em colégios particulares e outras instituições de ensino privadas que dispõemde maiores recursos para implementação de ambientes devidamente equipados, quando comparadosa outros colégios da rede pública de ensino.

De acordo com KHAN (2005), o advento das TIC significou a transformação da Internet de meio deacesso a informação em um espaço dinâmico, flexível e aberto a trocas de informação entre aspessoas, conceito que pode e deve ser estendido aos ambientes escolares e acadêmicos. [1]

No que concerne à extensão das TIC ao mundo acadêmico, observa-se atualmente o surgimento denovas metodologias pedagógicas que auxiliam os professores na tarefa de inserir as TIC noplanejamento e desenvolvimento de disciplinas em nível de Ensino Básico e Superior. [2]

Diante deste quadro, cabe ressaltar algumas novas metodologias que surgiram para complementar oensino Tradicional, mais conhecido como Ensino Presencial, dentre as quais se tem a AprendizagemColaborativa.

Trata-se de um processo de ensino e aprendizado, o qual reconsidera o papel do professor na sala deaula e propõe um novo modelo que complemente o Ensino Presencial e seja capaz de estimular odesenvolvimento de diversas habilidades nos alunos.

A Aprendizagem Colaborativa tem como seu grande aliado as TIC, que permitem umacustomização do processo de aprendizagem ao perfil do aluno. [3] Uma das maiores contribuições para a Aprendizagem Colaborativa é a Educação a Distância(EAD), que pode complementar o Ensino Presencial. Uma das metodologias que melhor faz aintegração entre EAD e Ensino Presencial é conhecida como Aprendizagem Híbrida ou BlendedLearning (BL), onde tanto as tecnologias tradicionais como as da informação convivemharmonicamente.

De acordo com PAIVA (2007), a fragilidade do corpo docente perante as tecnologias inovadoras porfalta de formação adequada é uma das barreiras a se transpor quando se pensa em utilização das TICem larga escala na educação. [4]

Já em conformidade com VILLATE (2005), quando se analisa a motivação dos alunos perante asTIC em detrimento aos métodos tradicionais de ensino, surge a obrigação aos formadores de alunos,rol que inclui não só os professores como também gestores e idealizadores da educação a qualquernível, de adaptar os métodos de ensino utilizados atualmente às novas tecnologias (TIC). [5]

Assim, percebe-se um entendimento no sentido de que os ambientes tradicionais de aprendizagemnos tempos de hoje tornaram-se um desafio e obstáculo ao progresso da educação, em qualquernível de escolaridade (Básica ou Superior), uma vez que gestores e professores se deparam com atarefa de inovar e praticar a motivação pela aprendizagem em alunos de uma geração melhoradaptada às novas tecnologias que aos tradicionais métodos de aprendizado.

Diante de uma geração digital e virtual, melhor adaptada e interessada nas novas tecnologias, aeducação básica no Brasil também enfrenta dificuldades em seu caminho rumo ao aperfeiçoamentodas metodologias de ensino e formação de alunos mais capacitados e adaptados ao ritmo modernode evolução dos meios de comunicação.

Cabe às Instituições de Ensino – de nível Básico ou Superior – e a seu corpo docente o papel dediscutir e encontrar um perfil de aprendizagem que contemple as novas diretrizes lançadas e seadapte à tendência de inserção de novas tecnologias de ensino e avaliação que possibilitem o plenodesenvolvimento de competências e habilidades. [6]

No que se refere aos esforços internacionais de discussão e avaliação da aprendizagem, cabesalientar a criacao do PISA (Programa Internacional de Avaliacao de Estudantes), um programainternacional de avaliacao coordenado pela OCDE (Organizacao para Cooperação eDesenvolvimento Econômico), do qual participam trinta e dois países, havendo, em cada um deles,

uma coordenação nacional e do qual o Brasil faz parte.

Conforme consta do Portal do MEC, a Instituição responsável pela implantação do PISA no Brasil éo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), ao qual cabe o desenvolvimento eexecução do programa a nível nacional e cooperação com entidades internacionais. [7]

O Brasil participa do PISA desde 2000 e a Tabela 1.1 ilustra o desempenho nas 3 competênciasobservadas: Ciências, Leitura e Matemática, nos últimos anos.

Tabela 1.1 – Desempenho do Brasil no índice PISA (2000 - 2009).Fonte: Adaptado do Portal do Mec.

Pode-se perceber a evolução da média e do desempenho individual em cada conjunto deconhecimento, indicada pelos resultados crescentes no período de 2000 a 2009.

Entretanto, na ausência de outros parâmetros além dos dados da tabela abaixo, também é possívelobservar que o desempenho brasileiro em Matemática foi o pior entre os conjuntos deconhecimentos avaliados no índice PISA neste mesmo período.

Desse modo, esperamos que trabalhos futuros possam se utilizar dos resultados aqui analisados emprol de uma mudança no panorama da educação brasileira e melhores desempenhos em Matemática,sob a perspectiva da participação do Brasil no índice PISA.

1.1 OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS

OBJETIVOS GERAIS

Implementar a metodologia BL no planejamento da disciplina de Matemática às turmas de 2º anodo Centro de Ensino Médio Setor Leste.

OBJETIVOS ESPECÍIFICOS

Paralelamente aos objetivos gerais descritos acima, pretende-se:

Analisar o público-alvo do projeto e realizar uma radiografia dos alunos no Centro deEnsino Médio Setor Leste

Apresentar uma proposta de metodologia de ensino baseada em aprendizagem híbrida (BL)e descrever os conceitos teóricos que fundamentam a escolha do modelo

Apresentar uma descrição sucinta das principais etapas de implementação do BL

Analisar a aplicação da metodologia BL e apresentar um estudo de caso (Projeto SetorLeste)

Analisar os resultados obtidos da etapa de Avaliação da Aprendizagem e

Discutir os resultados e recomendações para trabalhos futuros, além dos principaisobstáculos enfrentados ao longo desse trabalho.

1.2 RADIOGRAFIA DO ENSINO MÉDIO NO BRASIL

Este trabalho consiste em aplicar o BL ao Ensino Médio, que é composto em sua maioria por alunosna faixa etária de 14 a 17 anos. Assim, buscamos conhecer o perfil destes estudantes, permitindouma melhor adaptação do projeto às reais necessidades dos seus principais atores. Estamos tratando de alunos jovens e em fase de assimilação de diversos conteúdos por múltiplas ediferentes formas, os quais fazem parte de uma geração que apresenta em geral grandefamiliaridade com tecnologias digitais, facilidade em se comunicar e grande demanda por inovação.

Na etapa do Ensino Médio, assume-se que os alunos adquiriram um certo grau de responsabilidadee maturidade, superiores aos observados no Ensino Fundamental. Isso significa que estamos lidandocom um processo de aprendizagem mais complexo, cujos objetivos educacionais tornam-se maisambiciosos em termos de formação, não somente no que se refere à natureza dos conteúdos einformações tratadas, mas também quanto às habilidades, competências e valores desenvolvidos.

Dessa forma, o Ensino Médio deve ser entendido como etapa preparatória para a vida universitária eprofissional, uma vez que os alunos já têm consciência de como lidar com diversasresponsabilidades e maturidade para encarar desafios e problemas que possam surgir ao longo desuas trajetórias acadêmicas.

1.3 PROPOSTA

Aplicar e implementar, no Centro de Ensino Médio Setor Leste, a metodologia BL no planejamentoe desenvolvimento da disciplina de Matemática, propiciando meios para se efetuar uma avaliaçãoda aprendizagem.

1.4 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

O presente trabalho foi estruturado como consta da descrição abaixo:

O capítulo 1 tem como foco contextualizar a missão e os objetivos da dissertação, relacionando-oscom a introdução sobre o tema e síntese da estruturação do trabalho. Além disso, apresenta umaradiografia do Ensino Médio no país e uma proposta para o desenvolvimento da disciplina deMatemática, com base na metodologia BL, em uma Instituição de Ensino Médio de Brasília.

O capítulo 2 foca nos elementos teóricos que fundamentam os objetivos e a proposta destadissertação.

O capítulo 3 detalha os principais elementos envolvidos na implantação da metodologia BL

O capítulo 4 tem como enfoque a aplicação da metodologia BL e descreve a estrutura completa deum estudo de caso.

O capítulo 5 apresenta os resultados obtidos a partir da análise de gráficos e questionários deavaliação de aprendizagem.

O capítulo 6 versa sobre os principais desafios enfrentados, conclusões acerca dos resultadosobtidos da avaliação da aprendizagem e recomendações para trabalhos futuros.

Finalmente, são apresentadas as referências bibliográficas e os anexos que fundamentaram odesenvolvimento deste trabalho.2. METODOLOGIAS DE APRENDIZAGEM: PRESENCIAL, COLABORATIVA E HÍBRIDA

Tendo em vista o objetivo deste trabalho de implantar uma metodologia de ensino híbrida, aplicadaao estudo da matemática no ensino médio, discorreremos inicialmente sobre os princípios quenorteiam a aprendizagem presencial e a aprendizagem colaborativa, para em seguida apresentar asbases da aprendizagem híbrida.

2.1. APRENDIZAGEM PRESENCIAL

Na metodologia de ensino presencial, os alunos atuam como receptores passivos da informacaotransmitida pelos professores, sendo estes considerados os atores ativos neste método de ensino. [8]

No entanto, tal informação reflete conhecimentos oriundos de uma fonte tradicional, como livros eenciclopédias, e que foram produzidos anos antes de sua utilizacao nas instituicões de ensino,tornando-se desatualizados em relação ao mercado de trabalho, uma vez que este implica nosurgimento de diferentes problemas práticos que não são abordados pelo conhecimentoultrapassado.

Desse modo, a aprendizagem tradicional contempla apenas o conhecimento aprofundado econsolidado no meio cientifico e academico ao longo dos anos. Outra desvantagem destametodologia é o fato de trabalhar em cima de problemas e exercícios antigos e desatualizados domercado.

Além disso, o ensino presencial oferece possibilidades reduzidas de aplicação do conteúdotransmitido e um menor desenvolvimento de habilidades interpessoais.

Traduz-se em um método de aprendizado de pouca eficiencia e baixa utilizacao de recursos digitais,cedendo espaço para novas metodologias alternativas que estão surgindo no mercado.

Quanto à etapa de planejamento e implementação, pode-se dizer que exige menos esforço dosprofessores se comparado a outras metodologias, uma vez que a fonte de todo o conteúdo a serministrado geralmente se resume a livros didáticos de autores conhecidos no meio academico.

Já na etapa de avaliacao da aprendizagem, o objetivo principal é observar o cumprimento das metasde ensino propostas, principalmente em relação ao conteúdo, mas também em relação ao processoem si.

Dessa forma, este conhecimento sistemático é responsável por uma avaliacao da aprendizagemfraca e pouco relevante, uma vez que não reflete as necessidades individuais de cada aluno, apenasos objetivos gerais aplicados aos alunos como um todo, estabelecendo uma relação fraca entreprofessor e aluno, onde as interações em ambiente presencial não são muito estimuladas.

Conforme nos indicam Nova & Alves (2002), a difusão acelerada de informação através do usocada vez maior das novas TIC's contribuiu para uma certa crise no modelo de educação presencial.[9]

Crise esta que se manifesta pela resistencia dos alunos em se adaptar ao modelo de ensinopresencial e tradicional, uma vez que já estão completamente inseridos em um mundo tecnológico edigital, com uma infinidade de recursos que acabam por tornar a sala de aula em um ambienteobsoleto, desmotivador e muitas vezes até temido pelos alunos, como afirma TEIXEIRA (2007).[10]

Urge portanto a necessidade de se pensar em novos modelos de educação, concebidos a partir dasdiversas formas existentes de comunicacao e producao de conhecimento, combinando novastecnologias com métodos tradicionais de ensino.

Assim, sob uma perspectiva do espaço, cabe a reflexão acerca do papel da escola como únicoambiente de promoção da educação na vida de um indivíduo, uma vez que se observa a Internetcomo ambiente educador e disseminador de todos os tipos de informacao atualmente.

Em um mundo tecnológico e em constante metamorfose, a escola vai perdendo espaço aos poucos,na medida em que as interacões simbolicas e trocas instantâneas de informacao ganham mais

importância perante um número cada vez maior de usuários de recursos e tecnologias digitais.

Portanto, a crise do sistema de ensino presencial favorece a utilização de novas metodologias deensino, que serão discutidas na próxima seção.

2.1 APRENDIZAGEM COLABORATIVA

Reflexo de uma cultura altamente inserida no mundo digital e tecnológico, a necessidade por novosespaços de interação e aprendizagem, que não se restrinjam aos modelos antigos e tradicionais deensino presencial, é tida como fator fundamental para a reformulação do sistema de ensino adotadoatualmente no Brasil, tanto na teoria quanto nos aspectos práticos.

Nesta era digital, surge a tarefa de se construir ambientes de ensino que reflitam a inserçãoconstante de tecnologia na vida das pessoas e que possam inspirar e estimular a cooperação entre osalunos rumo ao objetivo comum de acesso à informação e assimilação de conteúdos.

No que se refere a utilizacao de tecnologias e recursos digitais como complemento as atividadesescolares, pode-se citar o uso de plataformas virtuais, nas quais os alunos interagem entre si edesenvolvem outros tipos de habilidades pessoais e individuais que não são estimuladas pelametodologia de ensino presencial apenas.

Segundo Khan, os ambientes de ensino que se utilizam de plataformas virtuais, conhecidos comoambientes virtuais de aprendizagem (AVA), possibilitam que o aluno atue ativamente no seuaprendizado e desenvolva habilidades a partir da análise, investigação, colaboração ecompartilhamento de informacões. [1]

Este processo corresponde à construção do conhecimento, de acordo com a visão construtivista deensino (NAKAMURA, 2009). O construtivismo como método de ensino está associado a umaproposta de criar oportunidades de aprendizado, em que os alunos aprendem melhor quando agemefetivamente, construindo conhecimentos a partir de múltiplas interações, como indicado na Figura2.1, na qual estão representadas as possibilidades de interações pelas setas nas cores preta e verde.[11]

Figura 2.1 – Múltiplas Interações

Em concordância com a teoria construtivista de ensino e aprendizagem, tem-se a metodologia deensino denominada de Aprendizagem Colaborativa, segundo a qual o conhecimento é construído apartir da ação efetiva do sujeito sobre o objeto de estudo, através de interações e trocas sociais que oconduzem ao desenvolvimento do pensamento (NOBLE ET AL, 2000). [12]

Trata-se de uma abordagem ao processo de ensino e aprendizagem que, segundo NAGATA &RONKOWSKI (1998), transforma o papel do professor de transmissor de informacao, facilitando aassimilação de conteúdos e o desenvolvimento de habilidades por parte dos alunos. [13]

Ainda de acordo com os autores e pela capacidade de centrar o aprendizado no aluno, aAprendizagem Colaborativa pode oferecer aos estudantes a oportunidade de pensar por si mesmos,fazer comparações com colegas de curso e desenvolver outras capacidades, tais como investigação etrabalho em grupo (vide Tabela 2.1 com a lista de habilidades que podem ser melhoradas oudesenvolvidas).

DISCUSSÃO

NEGOCIAÇÃO

INTERPRETAÇÃO

ORGANIZAÇÃO

APLICAÇÃO DO CONHECIMENTO EM NOVAS EXPERIÊNCIAS

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS PRÁTICOS

Tabela 2.1 – Habilidades estimuladas na Aprendizagem Colaborativa

Para melhor estimular o desenvolvimento de tais habilidades, deve-se organizar a metodologia ACde forma que englobe as seguintes características dispostas na Tabela 2.2.

PROBLEMAS REAIS DA INDÚSTRIA

O problema a ser resolvido deve refletir uma aplicação ou situação real davida cotidiana (indústria, comércio ou sociedade)

RESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS

Deve envolver conhecimentos prévios e que constem no currículo escolar

TRABALHO EM GRUPO

Estimular a escolha de problemas que não possam ser resolvidos sozinho,criando oportunidade para cooperação entre os alunos

Tabela 2.2 – Características da AC

A partir dessas características, é possível reavaliar os modelos de ensino atuais e analisarpossibilidades de aplicação da AC nas IE do mundo inteiro, implementando na prática umatransformação do modo tradicional de aprendizado empregado nos dias de hoje.

Na busca por essa reformulação prática, cabe avaliar quais competências se pretende estimular nodesenvolvimento dos alunos das escolas brasileiras, visando uma qualificação em consonância comas tendências de um novo mercado de trabalho.

Já não se desejam mais profissionais que estejam aptos a reproduzir apenas um certo tipo deconhecimento e apresentem dificuldade em transferir este conhecimento a novas experiências, deacordo com SCHMIDT (1983). [14]

Os desafios e problemas da indústria fazem com que os empregos disponíveis atualmente sejamdestinados somente aos mais capacitados e habilitados a exercer trabalhos complexos,interdisciplinares e em constante transformação, não havendo mais espaço para trabalhadores compouca experiência prática.

Se a aplicação do conhecimento na resolução de problemas práticos é considerada o foco dentre as

habilidades desejáveis nos futuros trabalhadores e profissionais, então cabe também abordar omodelo de ensino e aprendizagem, desde o nível básico até o superior, de uma nova forma queestimule e propicie o desenvolvimento de tais competências nos alunos.

Muitos educadores do mundo inteiro se dedicaram a abordar o ensino sob uma nova perspectiva epropor novas metodologias, que proporcionem aos alunos a oportunidade de aprender por meio daresolução de problemas práticos.

Dentre estes métodos, destaca-se a Aprendizagem Baseada em Problemas (Problem Based Learning– PBL), onde o processo de ensino e aprendizado é pautado pela resolução de problemas eexercícios, que podem simular situações reais ou fictícias, provendo o aluno com uma experiênciamais próxima da realidade profissional.

2.3 DIFERENÇAS ENTRE APRENDIZAGEM PRESENCIAL E COLABORATIVA

As principais diferenças entre as duas metodologias de ensino discutidas anteriormente estãoindicadas na Quadro 2.1.

Quadro 2.1 – Comparativo entre Aprendizado Tradicional e Aprendizado ColaborativoFonte: Adaptado de CÍCERO (2012) [8]

2.4 APRENDIZAGEM HÍBRIDA (BLENDED LEARNING)

Nesta seção, apresentam-se as fundamentações teóricas para o entendimento de uma novametodologia de ensino e aprendizagem, que agrega elementos de ambos os métodos descritosacima, conhecida como Aprendizagem Híbrida ou Blended Learning (BL).

Como citado em [15], “Singh e Reed em (SINGH & REED, 2001) definem BL como umaexperiência de aprendizagem que combina formas off-line (presencial) e online, em que, atransmissão do conhecimento é facilitada pela utilização de ferramentas provenientes do E-Learning associada ao ensino presencial. Durante as aulas, podem-se ser explorados os aspectosmais importantes da teoria a ser estudada, enquanto a parte online do curso pode proporcionar aosalunos conteúdos multimídia, em qualquer hora do dia, em qualquer lugar, via internet. Além daflexibilidade e conveniência, há evidências de que o BL pode resultar em uma maior motivação porparte dos estudantes conforme abordado por (EDELSON & JOSEP, 2003). Segundo ele, amotivação é uma variável importante, pois é crucial para o êxito do processo de aprendizagem equalidade do ensino não presencial, estando assim associada à capacidade do desenvolvimentoautônomo dos estudantes”.

A Figura 2.2 ilustra a combinação típica de BL onde atividades do ensino tradicional são associadasa elementos de aprendizagem colaborativa, em um processo centrado no aluno e focado nascompetências a serem desenvolvidas por aluno.

Figura 2.2 – Composição típica de BLFonte: Adaptado de CÍCERO (2012) [8]

Segundo HARVEY (2003), as organizações e instituições hoje em dia devem se utilizar de umacombinação de métodos de ensino em seu planejamento estratégico, a fim de apresentar o conteúdo

em um formato adequado a cada aluno e no momento certo. [16]

Ainda de acordo com Singh Harvey, para implementar uma metodologia de ensino híbrida, pode-seescolher entre diferentes tipos de atividades, dentre as quais podemos citar as que se encaixam nosformatos físico e síncrono, online e síncrono ou assíncrono e individual (vide Tabela 2.3).

Formato Físico e Síncrono Aulas ministradas por um Professor

Atividades em Laboratório, Seminários, Visitas e Passeiosde Campo Supervisionados

Formato Online e Síncrono(EAD ao vivo)

Encontros Online Aulas Virtuais Seminários Virtuais Presença de Orientadores

(Coaching) Ferramenta de Mensagens

Instantâneas Videoconferência

Formato Individual e Assíncrono

Documentos e Páginas da Web

Treinamentos baseados na Web ou computadores

Monitoramento – testes e questionários

Simulações Aprendizado Online Fóruns de Discussão

Tabela 2.3 – Opções e métodos de aprendizadoFonte: Adaptado de [16]

No entanto, o planejamento das atividades é apenas uma das etapas a se seguir para aimplementação de uma metodologia de ensino híbrida. No próximo capítulo, são apresentadas todasas etapas necessárias para se implantar uma metologia de ensino BL, de maneira eficaz e eficiente.

3. ETAPAS DE IMPLEMENTAÇÃO DO BLENDED LEARNING

Neste capítulo, discutiremos os principais elementos necessários à criação e implementação de ummodelo de ensino baseado na metodologia Blended Learning, conforme indicam LEHMAN &BERG (2007). [17]

Para se atingir o sucesso esperado nesta experiência, de acordo com os autores citados acima, foramselecionados os tópicos mais importantes dentre os elementos de implantação de uma metodologiaBL, os quais estão listados na Tabela 3.1:

PRÉ PLANEJAMENTOPLANEJAMENTO

DESENVOLVIMENTOIMPLEMENTAÇÃO

AVALIAÇÃO

Tabela 3.1 – Elementos de Implementação da metodologia BLFonte: Adaptado de [17]

Com bases nestas etapas de implementação do BL, foi possível planejar e organizar as atividadesvirtuais a serem desenvolvidas pelos alunos, através da utilização da plataforma de aprendizagemKhan Academy.

No entanto, tais atividades serão descritas no próximo capítulo, uma vez que o foco aqui écompreender os conceitos teóricos que envolvem a construção de um modelo de ensino baseado nametodologia BL.

Tendo em mente a proposta deste trabalho de utilizar uma metodologia de aprendizagem híbrida noestudo da matemática no Ensino Médio, iremos agora apresentar as principais motivações que noslevaram a adotar as etapas de implementação descritas acima, detalhando cada uma delas naspróximas seções.

3.1 PRÉ PLANEJAMENTO

De posse do perfil coletivo dos alunos participantes do projeto e de suas principais característicasobtidas a partir da radiografia do Ensino Médio apresentada anteriormente, elaborou-se um roteiro ecronograma de atividades que atendessem às necessidades individuais e específicas de cadaestudante.

Assim, a etapa de Pré Planejamento compreende buscar informações acerca dos envolvidosdiretamente com o aprendizado neste projeto e o devido acompanhamento individual e diferenciadocom base em dificuldades e objetivos individuais diversos.

Trata-se de uma etapa complementar ao Planejamento, o qual será discutido a seguir.

3.2 PLANEJAMENTO

De acordo com os passos de implementação de uma nova metodologia baseada em aprendizagemhíbrida, faz parte do planejamento de qualquer disciplina a discussão dos objetivos do aprendizadoe possíveis métodos de se avaliar o processo realizado. [17]

Assim, deve-se buscar definir os objetivos do curso nesta etapa, de modo que se possa planejar oconteúdo a ser desenvolvido nas aulas e quais os focos de ensino para cada grupo de alunos queapresentem dificuldades específicas.

Em sequência à definição dos objetivos e à análise das características individuais dos estudantes,com base no perfil dos alunos traçado na etapa anterior, faz-se necessário a organização dasatividades que serão ministradas a esses jovens como aplicação do modelo BL no estudo daMatemática, em ambiente supervisionado e equipado com as devidas tecnologias pertinentes.

As tecnologias e ferramentas a serem utilizadas no laboratório foram verificadas de modo a garantiro melhor funcionamento e desempenho possível para os alunos.

Assim, deve-se garantir que a capacidade do ambiente seja proporcional à demanda de alunos. Noentanto, como é de costume observar-se um comportamento prático que difere do teórico, registrou-se que o laboratório onde seriam ministradas as atividades presenciais e virtuais não consegueatender a toda demanda, tornando-se necessário adaptar a quantidade de alunos no formato derodízio, de tal modo que um grupo de alunos utilize o espaço por vez, pelo menos uma vez porsemana.

3.3 DESENVOLVIMENTO

A terceira etapa, conhecida como Desenvolvimento, tem como objetivo principal possibilitar umamaior visibilidade ao planejamento feito anteriormente.

Inicialmente, devem ser testadas as ferramentas e tecnologias que serão usadas durante as aulaspresenciais em ambiente de laboratório.

É de suma importância que nessa fase se estimule a comunicação no ambiente laboratorial, uma vezque os professores assumem o papel de instrutores do processo de aprendizagem, orientando osalunos ao correto funcionamento do ambiente virtual e demais recursos tecnológicos.

Além desta orientação básica, cabe aos professores atenderem aos alunos caso surjam dúvidas emrelacao a utilizacao de determinada tecnologia (auxilio técnico), bem como outras dúvidas que semanifestem na forma de pré-requisito de conteúdo ou resolução de exercícios específicos .

Este processo serve para estimular a autonomia dos alunos e promover o espírito de senso críticonos mesmos.

3.4 IMPLEMENTAÇÃO

Considerada uma das etapas mais importantes, a implementação reúne em si a tarefa de consolidar oplanejamento feito na fase inicial e garantir a estrutura adequada para o bom andamento do projeto.

Além destes objetivos principais descritos acima, a importância desta fase se deve ao fato de que avoz, segundo LEHMAN (2000), é um dos instrumentos de trabalho dos instrutores e orientadoresdo projeto, permitindo ao professor uma abordagem mais flexível e orientada às dificuldades decada aluno. [18]

Esta etapa deve ainda permitir a espontaneidade dos alunos e, com isso, promover oportunidades dereflexão acerca do projeto, o que possibilita trabalhar o espírito crítico nos alunos e a discussãoacerca de diferentes temas abordados nas aulas presenciais.

Conforme é descrito em [17], é imprescindível que se garantam meios para criar responsabilidadese encorajar a proatividade nos alunos, sobretudo através de exercícios complementares e atividadesa serem realizadas em ambiente não presencial.

Vale lembrar que este aspecto também deve ser complementado pelas aulas teóricas presenciais,onde os alunos tendem a atuar de forma mais passiva em relação aos professores, contrastando coma metodologia híbrida de ensino onde o aluno é motivado a criar seu próprio ritmo de estudo.

Cabe também ao professor desenvolver e criar um senso de comunidade entre os alunos quando dautilização do ambiente virtual de ensino, tanto em atividade presencial quanto não presencial.

Esta meta consiste em um desafio a ser encarado pelo professor, o qual deve estimular acolaboração entre os alunos e evitar possíveis comparações ou qualquer tipo de competição, que sãoelementos que podem dificultar uma maior interação entre os alunos durante o desenvolvimento dasatividades.

Finalmente, não se pode esquecer de suprir eventuais necessidades especiais que possam surgirdevido a problemas específicos, em qualquer aspecto do projeto.

3.5 AVALIAÇÃO

A última etapa de implementação do aprendizado híbrido é conhecida como Avaliação daAprendizagem e reflete, ou não, o cumprimento dos objetivos a que se propôs durante a etapainicial de planejamento.

Deve-se, portanto, definir os principais objetos a serem avaliados e os métodos necessários paratanto.

3.5.1 OBJETOS DE AVALIAÇÃO

Recomenda-se a avaliação geral do projeto, permitindo uma visão acerca do progresso dos alunosna disciplina de matemática, através da implementação do projeto baseado em aprendizagemhíbrida.

Há de se destacar que a metodologia utilizada deve ser capaz de aplicar a informação estudada emsituações reais da vida dos alunos, através de exemplos práticos do cotidiano.

Outro objeto de avaliacao é a tecnologia utilizada, cujo uso deve ser devidamente orientado pelosprofessores e instrutores do projeto, além de apresentar razoável qualidade técnica para garantir umbom andamento do mesmo.

Por último, a efetividade do curso pode ser analisada e medida pelos métodos listados a seguir, osquais garantem um bom feedback geral do projeto e possibilidades de reformulação.

3.5.2 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO

Durante o desenvolvimento do projeto e devido às múltiplas interações entre os atores envolvidos,surgem várias oportunidades de feedback, o qual é considerado como um dos fatores elementarespara o projeto de metodologias com tecnologias síncronas e híbridas, de acordo com Lehman &Berg (2007). [17]

Assim, os orientadores devem buscar explorar estas oportunidades e estimular possíveis mudanças ereformulações, levando ao aperfeiçoamento dos métodos, curso e projeto adotados.

As diferentes manifestações de feedback podem ser analisadas com a ajuda de questionáriosdestinados aos alunos, que consistem em um dos métodos de avaliacao a serem empregados noprojeto.

Outra forma de se obter possíveis mudanças e melhorias no projeto é através da análise eobservação de gráficos de desempenho, os quais devem ser individuais e especificados para cadaetapa do curso, garantindo uma transparência e leitura clara das informações ali contidas.

Além dos métodos acima, outro aspecto fundamental do processo de aprendizagem que deve seravaliado é a evolução do aluno dentro do curso ou disciplina, lembrando que o ambiente de EADpode ter um efeito neste progresso, uma vez que alguns alunos tendem a apresentar maior facilidadeem relacao a utilizacao das ferramentas e entendimento do projeto, enquanto outros podem terchances de não repetir este sucesso devido a problemas ou dúvidas.

Nestes casos, a pouca motivação do aluno deve ser compensada pelo apoio e orientação aindamaiores dos instrutores, a fim de resolver os problemas imediatamente.

4. APLICAÇÃO DO BLENDED LEARNING E ESTUDO DE CASO

Com os objetivos estabelecidos e os métodos especificados, procede-se agora ao estudo de caso deaplicação e implementação da metodologia BL.

Na ausência de uma fórmula determinada, selecionar a melhor combinação de recursos para atingirum objetivo planejado constitui um desafio à tarefa de implementação da metodologia BL(AYCOCK ET AL., 2002), como descrito em [19].

De fato, uma vez que o perfil dos alunos é conhecido e os objetivos do curso estão precisamentedefinidos, o desafio surge no momento de alinhar o conteúdo programático com o mix deferramentas mais adequado, a fim de proporcionar um ambiente de ensino e aprendizagem eficientee de qualidade, sem abrir mão da sequência de atividades planejadas com base no material didáticode referência.

A Figura 4.1 fornece uma visão geral dos diversos modos de aprendizagem que podem compor umambiente BL, além das várias ferramentas que podem ser utilizadas.

Figura 4.1 – Possibilidades de combinação de BLFonte: DE DEUS ET AL (2011) [15]

Baseado nos elementos e etapas teóricas de implantação da metodologia BL, buscou-se neste

capítulo descrever as atividades planejadas para o curso de Matemática, ministradas às turmas de 2ºano do Centro de Ensino Médio Setor Leste, em Brasília – DF.

.41 O PROJETO SETOR LESTE

Trata-se de uma iniciativa de ex-professores da UnB, denominada Projeto Setor Leste, os quaisbuscam aplicar novas metodologias de ensino ao estudo da Matemática em nível de Ensino Médio,como complemento às aulas tradicionais e presenciais.

A Figura 4.2 ilustra as Metodologias de Ensino e principais ferramentas utilizadas na realização dasatividades do Projeto Setor Leste.

Figura 4.2 – Metodologias de Ensino e Ferramentas utilizadas

Aplicou-se a metodologia BL nas turmas de 2º ano do Centro de Ensino Médio Setor Leste e estasforam divididas em grupos de modo a não exceder a capacidade física do ambiente para asatividades virtuais e presenciais.

Também procedeu-se a um rodízio entre os professores e orientadores do projeto de modo aacompanhar todos os alunos durante o período previsto de aula.

Desse modo, os alunos de uma mesma turma se revezaram nas idas ao laboratório de modo que osque ficavam em sala deveriam permanecer desenvolvendo atividades práticas, como a resolução de

exercícios, as quais seriam recolhidas ao final da aula para posterior avaliação pelo professor.

Já os alunos do grupo selecionado para o laboratório no dia devem ir acompanhados do professor epermanecem o horário reservado para a aula no laboratório, desenvolvendo atividades práticas emambiente virtual, sob a supervisão dos orientadores do projeto.

Em ambiente laboratorial, os alunos podem contar também com o auxílio de orientadores do ProjetoSetor Leste, ao praticarem os exercícios disponíveis no Ambiente Virtual de Aprendizagem KhanAcademy.

.42 METODOLOGIA DE ENSINO: O PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES

De acordo com o planejamento, a primeira etapa da implantação desta metodologia de ensino, oambiente reservado às atividades virtuais e presenciais foi o Laboratório de Informática do CESL.

Devido aos recursos disponíveis no laboratório, o número máximo de alunos foi limitado, de modoa garantir a qualidade, eficiência, comodidade e segurança necessários ao pleno desenvolvimentodas aulas programadas.

Com vistas a satisfazer as necessidades e limitações físicas do projeto e do ambiente laboratorial, asaulas foram planejadas e organizadas de forma a se efetuar rodízio entre alunos e garantir igualdadede oportunidade para a participação no projeto.

As atividades foram divididas de acordo com a lista abaixo:

Aulas teóricas presenciais e síncronas (face-to-face)

Atividades práticas presenciais em ambiente virtual de aprendizagem (Khan Academy)

Atividades práticas não presenciais e assíncronas, no mesmo ambiente virtual deaprendizagem

4.3 DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES UTILIZANDO O BLENDED LEARNING

Definidas as ferramentas e a metodologia a serem utilizadas, passaremos a descrever cada uma dasatividades que compõem o modelo de BL aplicado.

4.3.1 ATIVIDADES PRESENCIAIS E SÍNCRONAS

Durante as atividades presenciais, os alunos seguiram o cronograma previsto de aulas teóricas, combase no livro didático adotado pela professora de Matemática.

Como explicado anteriormente, este conjunto de atividades apresenta o objetivo principal detransmitir aos alunos o conteúdo programado do livro didático de matemática, através de aulas

tradicionais e presenciais ministradas por uma professora do Centro de Ensino Médio Setor Leste.

Buscou-se nesta etapa fornecer aos alunos uma base teórica dos conceitos matemáticos que maistarde seriam praticados e revisados, por meio de exercícios a serem resolvidos em ambiente virtuale presencial, nas aulas de laboratório com os orientadores do Projeto Setor Leste.

4.3.2 ATIVIDADES VIRTUAIS E PRESENCIAIS (LABORATÓRIO)

As atividades em Ambiente Virtual de Aprendizagem foram ministradas em um laboratórioequipado de computadores com acesso à internet, onde os alunos se dividiram em duplas para oacesso à plataforma virtual e resolução de exercícios.

Trata-se de um complemento às atividades presenciais teóricas, possibilitando aos alunos aoportunidade de aplicar o conhecimento estudado em sala de aula em problemas a serem resolvidos.

No AVA Khan Academy, os alunos contam com a seção de Practice (Exercícios), onde podemresolver exercícios propostos, os quais estão devidamente divididos e organizados por assuntos,como consta do Mapa de Conhecimento, uma das ferramentas disponibilizadas no AVA KA (videFigura 4.3), também conhecida como Knowleadge Map. [20]

O Mapa do Conhecimento apresenta como principal vantagem a possibilidade de os alunos escolherem um tópico a ser praticado e visualizarem os demais assuntos correlacionados, através desetas que conectam os diversos temas de acordo com os conceitos teóricos abordados em cada conjunto de conhecimentos.

Figura 4.3 – Mapa do Conhecimento – ConteúdosFonte: Adaptado de [20]

Esta ferramenta também conta com um recurso do Google para aumentar ou diminuir o zoom na imagem e permitir um detalhamento do Mapa do Conhecimento, de forma que se podem ver os assuntos mais próximos entre si e outros grupos maiores de temas, conforme indica a Figura 4.4.

Figura 4.4 – Mapa do Conhecimento detalhadoFonte: Adaptado de [20]

Figura 4.5 – Mapa do Conhecimento – HabilidadesFonte: Adaptado de [20]

Já na Figura 4.5 estão indicadas as habilidades completadas pelos alunos, de modo que cada um

possa aprender e praticar em um ritmo individual, onde o próximo assunto só é praticado após a completa assimilação do conteúdo atual, de acordo com a sugestão da plataforma. Além disso, também é possível procurar habilidades ou conteúdos específicos com o uso da ferramenta de buscaoferecida.

Ao selecionar uma das habilidades que constam na lista da Figura 4.5, por exemplo Área, Perímetroe Volume, o aluno é direcionado à próxima tela, onde se completam de fato os problemas apresentados, de acordo com a Figura 4.6, onde as marcações A, B, C e D apresentam as ferramentas que podem ser utilizadas.

No item A, está indicado o problema em questão dentre os 8 apresentados em cada conjunto de exercícios. Em B, o aluno pode indicar a resposta no retângulo especificado, conferir a resposta ou até mesmo pedir uma dica de como proceder à resolução da questão, simulando uma consulta ao orientador. Já em C, temos a opção de acionar ou manter invisível a ferramenta de desenho, possibilitando ao aluno fazer as suas próprias marcações na tentativa de resolver o problema, como é feito nas aulas presenciais., conforme ilustra Figura 4.7.

Figura 4.6 – Resolução de ProblemaFonte: Adaptado de [21]

Figura 4.7 – Ferramenta de Desenho (Scratchpad)Fonte: Adaptado de [21]

4.3.3 ATIVIDADES VIRTUAIS E NÃO PRESENCIAIS (ASSÍNCRONAS)

Em complemento às aulas teóricas e práticas em ambientes presenciais, os alunos podem dedicar:tempo livre e extracurricular para a resolução de mais exercícios em casa ou qualquer outroambiente equipado com um computador e acesso à Internet.

Em auxílio à resolução dos problemas que podem ser encontrados no AVA KA, os alunos podem seutilizar de vídeos tutoriais que abordam diversos assuntos da Matemática e outras ciências, além dedemonstrações de exercícios resolvidos.

Para tal, basta acessar a ferramenta Watch (Assistir) e escolher a disciplina e o tema ou habilidadeespecífica sobre a qual gostaria de estudar mais, contribuindo para a revisão do aprendizado eassimilação de novos conteúdos.

De acordo com a Figura 4.8, temos o exemplo das habilidades em Geometria que podem serestudadas pelos alunos na forma de vídeos.

Figura 4.8 – Vídeos Tutoriais em GeometriaFonte: Adaptado de [22]

Maiores detalhes a respeito dos tutoriais podem ser encontrados no Anexo 2.

5. RESULTADOS OBTIDOS DA IMPLEMENTAÇÃO DO BLENDED LEARNINGAPLICADO AO ESTUDO DA MATEMÁTICA NO ENSINO MÉDIO

Neste capítulo, apresentaremos conceitos e modelos de avaliação de aprendizagem quefundamentaram a análise dos resultados obtidos pelos alunos e as discussões acerca dos dadosobtidos.

5.1 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

A avaliação da aprendizagem corresponde a uma sequência longa e contínua de interações entreprofessores e alunos, cujos resultados nos proporcionam um olhar crítico e perceptivo do grau deenvolvimento dos estudantes, além do quesito fundamental de assimilação e domínio de conteúdos.

Por se tratar de um processo que demanda tempo e planejamento, é uma etapa que vem a auxiliar osprofessores na tarefa de analisar e quantificar o desempenho dos alunos e se as metas propostasforam atingidas.

Os objetivos principais desta última etapa foram:

Analisar o progresso do estudante ao longo do curso;

Avaliar o nível de interação e motivação dos alunos com o curso;

Avaliar as tecnologias e ferramentas utilizadas neste projeto e

Verificar a eficiência do curso baseado na metodologia BL.

A eficiência do curso implementado e o nível de motivação e aceitação dos alunos com ametodologia BL e as ferramentas utilizadas serão discutidos no próximo capítulo.

A análise do progresso ou desempenho dos alunos neste Projeto, ao longo do período de um ano,será discutida na seção a seguir.

5.2 ANÁLISE DO DESEMPENHO DOS ALUNOS

Quanto ao desempenho dos alunos na assimilação de conteúdos no estudo da matemática, utilizandoa plataforma Khan Academy, é possível estabelecer melhores observações a partir da análise dosgráficos de desempenho gerados pelo próprio ambiente virtual.

Um dos recursos encontrados no ambiente Khan Academy é a ferramenta estatística de análiseindividual de desempenho dos alunos, conhecida como Vital Statistics, através da qual é possível teracesso aos resultados obtidos por aluno na resolução de cada problema.Dentre os recursos disponíveis na ferramenta Vital Statistics, podem-se listar os que constamabaixo:

Gráficos de Atividades Desenvolvidas (GAD)

Gráficos de Desempenho por Habilidades (GDH)

Gráficos de Desempenho ao longo do tempo (GDT)

Em 5.1, tem-se um exemplo de GAD, onde podem-se observar as principais habilidades e áreas deconhecimento trabalhadas, representadas por seções de cores e tamanhos diferentes, indicando onível de foco de cada aluno. Também é possível selecionar o período que deseja-se observar asatividades desenvolvidas (Hoje, Ontem, Últimos 7 ou 30 dias). [23]

Figura 5.1 – Exemplo de GADFonte: Adaptado de [23]

Em 5.2, observa-se um exemplo de GDH, em que são apresentadas as diferentes habilidadestrabalhadas pelo aluno, bem como os níveis de proficiência em cada uma delas, indicados por coresdiferentes conforme ilustra a legenda (Iniciante, Proficiente, Revisão e Dificuldade).

Figura 5.2 – Exemplo de GDHFonte: Adaptado de [24]

Já na Figura 5.3, é apresentado um exemplo de GDT, que permite observar a quantidade dehabilidades completadas por aluno, em função do tempo de trabalho desenvolvido no ambientevirtual de aprendizagem.

Figura 5.3 – Exemplo de GDTFonte: Adaptado de [25]

5.3 ANÁLISE DO DESEMPENHO DO PROJETO

Nesta seção, realizaremos uma análise de desempenho do Projeto Setor Leste, baseada nosresultados obtidos pelos gráficos disponibilizados na plataforma virtual Khan Academy.

Assim, sob uma perspectiva quantitativa, foi possível avaliar o desempenho dos alunos nasatividades propostas através da leitura de gráficos gerados pelo próprio ambiente virtual de ensino.

No tópico seguinte, buscou-se dividir a análise de desempenho e eficiência do projeto de acordocom as atividades desenvolvidas ao longo do ano.

5.3.1 ATIVIDADES PRESENCIAIS (SALA DE AULA)

Nestas atividades presenciais, os professores devem buscar conhecer o perfil dos alunos queparticiparam do Projeto e desenvolver as competências individuais dentro dos objetivos específicosde cada estudante, conforme versam Lehman & Berg (2007). [17]

Neste projeto, os alunos tiveram um conteúdo programático a ser seguido ao longo do ano e queseria desenvolvido na forma de aulas teóricas em ambiente de sala de aula, as quais foramministradas por uma professora de Matemática.

A fim de auxiliar no planejamento destas aulas, o professor deve buscar identificar quaishabilidades a turma tem mais dificuldade e qual deve ser o foco das próximas aulas presenciais.

Para tal, a plataforma virtual oferece o recurso Índice de Desempenho, conhecido como ProgressSummary, o qual está ilustrado em parte na Figura 5.4. Cada tópico ou área de conhecimento estárepresentado no Índice de Desempenho pela quantidade de alunos que resolveram os diferentesexercícios apresentados.

De acordo com a legenda da Figura 5.4, pode-se perceber que o conjunto de problemas de adição esubtração, com enunciados apenas textuais, apresenta um dos maiores índices de alunos comdificuldades (35 estudantes na situação vermelha “dificuldade” – struggling, em Addition andsubtraction word problems).

Este dado permite ao professor reformular o planejamento das aulas, a fim de complementar o nívelde instrução teórica referente ao assunto identificado ministrado nas aulas teóricas presenciais.

A informação de quantos alunos apresentam dificuldade em problemas específicos tambémpossibilita ao orientador das aulas presenciais virtuais um enfoque maior de atenção, visando odesenvolvimento harmonioso das atividades propostas. Esta nova orientação das aulas práticaspresenciais, realizadas em laboratório, será abordada na próxima sessão.

Figura 5.4 – Exemplo de Índice de DesempenhoFonte: Adaptado de [26]

5.3.2 ATIVIDADES VIRTUAIS E PRESENCIAIS (LABORATÓRIO)

Em complemento às aulas teóricas em sala de aula, os alunos foram encaminhados ao laboratóriopara praticarem o estudo da matemática, através de exercícios em ambiente virtual (KhanAcademy), cujos resultados podem ser analisados de acordo com a ferramenta – Class Stats(Estatísticas de Aula).

Na ferramenta Class Stats, são disponibilizados alguns gráficos de desempenho dos alunos, os quaisforam organizados de acordo com os relatórios listados a seguir, conforme disposto no Índice deDesempenho:

Relatório de Desempenho – Progress Report

Relatório de Atividade Diária - Daily Activity Report

Gráfico de Desempenho ao longo do tempo – Progress Over Time

O Progress Report apresenta quais habilidades foram trabalhadas e qual o nível de participação dosalunos em cada problema, conforme ilustra a Figura 5.5.

Figura 5.5 – Exemplo de Relatório de Desempenho Fonte: Adaptado de [27]

O Progress Over Time ilustra a quantidade total de habilidades desenvolvidas ao longo do tempo deutilizacao da plataforma, desde o inicio do projeto (vide Figura 5.6), considerando todos os alunosparticipantes do projeto.

Figura 5.6 Exemplo de Gráfico de Desempenho ao Longo do TempoFonte: Adaptado de [28]

Já os Daily Activity Reports mostram a quantidade total de tempo de estudo dedicada por um grupode alunos em uma data específica, dividida em tarefas realizadas na escola ou em casa, conformemostra a Figura 5.7.

Figura 5.7 – Exemplo de Daily Activity ReportFonte: Adaptado de [29]

5.3.3 ATIVIDADES VIRTUAIS E NÃO PRESENCIAIS (ASSÍNCRONAS)

Motivadas pela busca do aprofundamento dos estudos e desenvolvimento de responsabilidadesextracurriculares, este conjunto de atividades tiveram lugar no mesmo ambiente virtual destinado àsaulas em laboratório, de modo que cada aluno pudesse acessar a plataforma Khan Academy comseu Login e Senha no melhor horário possível, conforme orientado pelos professores em um manualde acesso ao AVA, afixado no laboratório (Vide ANEXO A).

Para uma análise da participação dos alunos nestas atividades programadas, foram utilizados osmesmos gráficos de relatórios de desempenho gerados pela plataforma, de forma que se pudesseavaliar o total de problemas ou habilidades completadas ou, em maior grau de especificação, aquantidade de tempo de trabalho dedicada à realização das atividades em casa.

Estes dados podem ser utilizados pelo professor para se orientar no planejamento das próximasaulas presenciais, podendo se pautar nas principais dificuldades apresentadas ou em assuntospoucos explorados pelos alunos, conforme os resultados disponibilizados no AVA Khan Academy.

6. CONCLUSÕES

Neste capítulo, apresentam-se os desafios enfrentados, as conclusões deste trabalho e algumasrecomendações para trabalhos no futuro que possam se originar do mesmo.

6.1 DESAFIOS ENFRENTADOS

Os resultados apresentados neste trabalho merecem uma reflexão acerca dos principais desafiosenfrentados, a fim de que se possa contribuir para a melhoria das experiências já emdesenvolvimento e aplicações futuras.

Utilizar a Metodologia Blended Learning demanda uma formação apropriada e adequada dosprofessores, os quais devem buscar se familiarizar com as novas TIC e conhecer o perfil dos seusalunos, de modo que as atividades planejadas tenham um maior nível de aceitação e participação.

Além disso, o planejamento das atividades virtuais demanda um tempo superior ao necessárioapenas à realização das aulas presenciais, uma vez que surge a necessidade de conhecer aferramenta a ser utilizada e ao mesmo tempo orientar os alunos a uma boa utilização dos recursosoferecidos pelo Ambiente Virtual de Aprendizagem.

O professor também se depara com a tarefa de criar um sentimento de presença nas atividadesvirtuais, de modo a motivar os alunos a participarem e utilizarem uma nova ferramenta didáticacomplementar às aulas presenciais, proporcionando uma nova experiência de ensino eaprendizagem que não se limita ao método tradicional.

6.2 CONCLUSÕES

As atividades desenvolvidas no curso de matemática de Ensino Médio, utilizando uma metodologiaque reflete um novo conceito pedagógico, proporcionaram aos alunos uma forma de aprendizadoinovadora, combinando aulas presenciais e atividades virtuais, com várias oportunidades eferramentas para a consolidação do conhecimento estudado.

Durante a aplicação da metodologia, as ferramentas disponibilizadas no AVA Khan Academy semostraram extremamente eficazes para oferecer aos alunos a oportunidade de aprender de umamaneira mais conectada com as tendências tecnológicas globais, além de praticar o conteúdo visto,através da solução de diferentes problemas apresentados.

Uma das principais vantagens da utilização do AVA é a possibilidade de acompanhar odesenvolvimento de cada aluno na experiência, por meio das ferramentas de análise de desempenhodisponibilizadas na plataforma virtual, que permitem observar uma evolução positiva nos índices departicipação e desempenho dos estudantes.

De posse da análise dos gráficos de avaliação do desempenho e da aprendizagem, observou-se queo projeto atendeu às expectativas de criar uma evolução positiva da assimilação e domínio dosconteúdos apresentados na plataforma virtual. Também é possível observar uma aprovação por parte

dos alunos da utilização das tecnologias e ferramentas virtuais na composição de uma disciplinabaseada na metodologia BL.

Percebe-se que os resultados obtidos apontam a utilização de um AVA como uma ótima forma decomplementar o aprendizado tradicional (face-to-face). Essa hibridização da educação, combinandoaprendizado presencial tradicional e virtual, revelou-se despertadora de motivação e estimuladorade maior participação de todos os envolvidos no Projeto.

Também foi possível observar uma transformação no papel do professor, passando de transmissordo conhecimento a facilitador do processo de aprendizagem centrado no aluno.

Concluindo, tem-se que diversas outras atividades acadêmicas poderiam se aproveitar dametodologia BL aplicado ao processo de ensino-aprendizagem, além de que muitas outras pesquisaspodem contribuir para trabalhos futuros que consolidem este modelo de estruturação educacional.

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[22] Ambiente Virtual de Aprendizagem – Khan Academy, Seção Watch, Math, Geometry

https://www.khanacademy.org/math/geometry (acessado em Novembro de 2012)

[23] Ambiente Virtual de Aprendizagem – Khan Academy, Seção Vital Statistics, Focus, Exemplo de Gráfico de Atividades Desenvolvidas - GAD ttps://www.khanacademy.org/profile/_kag5zfmtoYW4tYWNhZGVteXJPCxIIVXNlckRhdGEiQXVzZXJfaWRfa2V5X2h0dHA6Ly9nb29nbGVpZC5raGFuYWNhZGVteS5vcmcvMTA0MzA4MjE3NTIxMDAyMDYzMzE2DA/vital-statistics/focus (acessado em Fevereiro de 2013)

[24] Ambiente Virtual de Aprendizagem – Khan Academy, Seção Vital Statistics, Skill Progress, Exemplo de Gráfico de Desempenho por Habilidade - GDH https://www.khanacademy.org/profile/mateuspaiva/vital-statistics/skill-progress (acessado em 17 deNovembro de 2012)

[25] Ambiente Virtual de Aprendizagem – Khan Academy, Seção Vital Statistics, Skill Progress Over Time, Exemplo de Gráfico de Desempenho ao longo do Tempo – GDT https://www.khanacademy.org/profile/mateuspaiva/vital-statistics/skill-progress-over-time (acessado em 17 de Novembro de 2012)

[26] Ambiente Virtual de Aprendizagem – Khan Academy, Seção Coach, Class Stats, Exemplo de Índice de Desempenho https://www.khanacademy.org/class_profile/progress-summary (acessado em Novembro de 2012)

[27] Ambiente Virtual de Aprendizagem – Khan Academy, Seção Coach, Class Stats, Progress Report, Exemplo de Relatório de Desempenho https://www.khanacademy.org/class_profile/progress-report (acessado em Novembro de 2012).

[28] Ambiente Virtual de Aprendizagem – Khan Academy, Seção Coach, Class Stats, Progress Over Time https://www.khanacademy.org/class_profile/exercise-progress-over-time (acessado em Novembro de 2012).

[29] Ambiente Virtual de Aprendizagem – Khan Academy, Seção Coach, Class Stats, Daily Activity https://www.khanacademy.org/class_profile/daily-activity (acessado em Novembro de 2012).

[30] http://www.fundacaolemann.org.br/khanportugues/comparando-fracoes (Acessado em Novembro de 2012)ANEXOS

A. MANUAL DE ACESSO AO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM KHANACADEMY

Tendo em vista o acesso à plataforma virtual de aprendizagem Khan Academy, o aluno deve seguiros passos descritos abaixo:

cadastro: escolher um e-mail e senha, aguardar a confirmação via e-mail

acessar a plataforma de estudos, de posse de login e senha

seguir as instruções do KA para completar o cadastro

realizar o login e iniciar os estudos

acessar a ferramenta Watch – Assistir

procurar uma habilidade com a ferramenta de busca ou escolher um tema dentre as diversasopções

assistir à um tutorial em vídeo a respeito do tema selecionado

iniciar a prática de exercícios

acessar a ferramenta Practice – Praticar

escolher novamente o tema estudado e ser direcionado para a página de resolução deexercícios

em caso de dúvida, utilizar a opção de dica – Hint ou rever o vídeo tutorial com a devidaexplicação e demonstração de como resolver um exercício

B. VÍDEO AULA NO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM KHANACADEMY

Para ilustrar uma videoaula que serve de base teórica para a resolução de exercícios no AVA KA,tem-se o exemplo da aula de Matemática sobre Comparação entre Frações (Comparing Fractions),o qual pode ser observado na figura A.1 a seguir:

Figura A.1 – Comparação entre Frações (vídeo em Inglês)Fonte: Adaptado de [22]

Na próxima figura (A.2) é possível observar o mesmo vídeo traduzido para o português, conforme disponível na plataforma KA em Português:

Figura A.2 – Comparação entre Frações (vídeo em Português)Fonte: Adaptado de [30]