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UNIVERSIDADE PAULISTA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DESENVOLVIMENTO DE INDICADORES DE DESEMPENHO COM BALANCED SCORECARD PARA UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR PRIVADA Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista - UNIP para a obtenção do título de Doutor em Engenharia de Produção. ÁTILA DE MELO LIRA SÃO PAULO 2016

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UNIVERSIDADE PAULISTA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

DESENVOLVIMENTO DE INDICADORES DE

DESEMPENHO COM BALANCED SCORECARD PARA

UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR PRIVADA

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Paulista - UNIP para a obtenção

do título de Doutor em Engenharia de

Produção.

ÁTILA DE MELO LIRA

SÃO PAULO

2016

UNIVERSIDADE PAULISTA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

DESENVOLVIMENTO DE INDICADORES DE

DESEMPENHO COM BALANCED SCORECARD PARA

UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR PRIVADA

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Paulista - UNIP para a obtenção

do título de Doutor em Engenharia de

Produção.

Orientadora:

Prof.ª Dr.ª Irenilza de Alencar Nääs

Área de Concentração: Gestão de Sistemas de

Operação.

Linha de pesquisa: Redes de Empresas e

Planejamento da Produção.

ÁTILA DE MELO LIRA

SÃO PAULO

2016

Lira, Atila de Melo.

Desenvolvimento de indicadores de desempenho com balanced

scorecard para uma instituição de ensino superior privada / Atila de Melo

Lira. - 2016.

80 f. : il. + CD-ROM.

Tese de Doutorado Apresentada ao Programa de Pós Graduação em

Engenharia de Produção da Universidade Paulista, São Paulo, 2016.

Área de Concentração: Gestão de Sistemas de Operação.

Orientadora: Prof. Drª. Irenilza de Alencar Naas.

1. Balanced Scorecard. 2. Instituições de ensino. 3. Instituições privadas.

I. Naas, Irenilza de Alencar (orientadora). II. Título.

ÁTILA DE MELO LIRA

DESENVOLVIMENTO DE INDICADORES DE

DESEMPENHO COM BALANCED SCORECARD PARA

UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR PRIVADA

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Paulista - UNIP para a obtenção

do título de Doutor em Engenharia de

Produção.

BANCA EXAMINADORA:

Aprovada em: ___/___/___

________________________________________________ _

Prof.ª Dr.ª Irenilza de Alencar Nääs

Universidade Paulista – UNIP

_________________________________________________

Prof. Dr. Oduvaldo Vendrametto

Universidade Paulista – UNIP

_________________________________________________

Prof. Dr. Pedro Luiz de Oliveira Costa Neto

Universidade Paulista – UNIP

_________________________________________________

Prof Dr. Airton de Sá Brandim

Instituto Federal do Piauí- IFPI

_________________________________________________

Prof. Dr. Jorge Monteiro Junior

FATEC/CEETEPS/UNESP

AGRADECIMENTOS

Meu especial agradecimento à Prof.ª Dr.ª Irenilza de Alencar Nääs, não apenas pela

orientação, apoio e motivação, mas principalmente pelo incentivo para que eu conseguisse

chegar ao término deste trabalho.

A todos os entrevistados, cujos nomes não posso citar, que me receberam e

transmitiram conhecimentos e experiências muito importantes para a realização deste

trabalho.

À Prof.ª Yara Lira e à Prof.ª Antonieta, da Faculdade Santo Agostinho, pela confiança

e pelo apoio depositados em minha pessoa e em meu trabalho.

À Faculdade Santo Agostinho, pela confiança e apoio em todas as horas para a

conclusão deste doutorado.

À minha esposa, Tatiana, grande companheira e motivadora. Obrigada por sempre me

incentivar a seguir em frente e pelo orgulho que demonstra sentir pelo meu trabalho.

Ao meu filho, Átila Filho, amor da minha vida, que completou quatro anos e desde os

seus primeiros dias de vida convive com o doutorado.

Ao meu pai, Átila Lira, meu melhor amigo. Sempre presente, principalmente nos

momentos mais difíceis da caminhada. Obrigado pela dedicação, pelo amor e pelo exemplo de

vida.

À minha mãe, Graça Lira, que me transmitiu importantes valores. Minha eterna fonte

de inspiração.

Aos amigos que sempre estiveram presentes torcendo e dando força para a realização

deste trabalho, mesmo quando a jornada parecia árdua demais. Em especial aos professores

Josimar, Tonny e Reinaldo, que me ajudaram nesse longo período, e à Srt.ª Márcia Nunes,

sempre pronta a auxiliar.

Enfim, obrigado a todos que de alguma forma me auxiliaram, não apenas na conclusão

deste trabalho, mas na caminhada da vida.

RESUMO

Observado o problema "como gerar indicadores de desempenho para uma instituição de

ensino superior (IES) privada alinhados com a estratégia empresarial?", esta pesquisa teve por

objetivo desenvolver um sistema de indicadores de desempenho alinhado com a estratégia

empresarial, para uma IES privada, por meio do BSC (Balanced Scorecard). Portanto, esta

pesquisa foi dividida em sete etapas (sete artigos científicos publicados), e cada uma delas

consistiu no atendimento de um objetivo específico e que, globalmente, culminaram no

objetivo geral em resposta à pergunta. Diante disso, cada uma das etapas teve o seu desenho

metodológico próprio. Assim, quanto ao método empregado, tiveram artigos com o método

dedutivo ou indutivo, abordagem quantitativa ou qualitativa, natureza básica ou aplicada,

objetivos exploratórios ou descritivos, pesquisa documental e estudo de caso. Os dados foram

coletados por meio de relatórios de indicadores de desempenho de 151 IESs públicas e

privadas; entrevistas em profundidade com roteiro semiestruturado com diretores financeiro e

de ensino, gestora de recursos humanos e demais funcionários que ocupam cargos em nível de

gestão de uma IES privada; registros e arquivos documentais do Ministério da Educação

(MEC) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP);

análises de estatística descritiva e análise de correlação. Para as análises quantitativas foram

empregadas estatísticas descritivas e análise de correlação, enquanto para as qualitativas

foram utilizadas a proposta metodológica de Spiggle (1994) e a análise tipológica de Lamnek

(1989). As principais conclusões mostram que: a) diante de uma quantidade considerável de

IESs, são poucas as que possuem indicadores de desempenho pautados em dados numéricos e

estatísticos, abrangendo suas principais atividades; b) mesmo em menor número, as IESs

públicas se mostram mais eficientes quanto à aplicação de indicadores de desempenho; c)

existem fatores favoráveis à sustentabilidade do BSC como o poder centralizado, o quadro

funcional reduzido e a execução de atividades-chave em setores específicos, mas também

fatores desfavoráveis como a atenção concentrada na perspectiva do ensino e a incapacidade

gerencial demonstrada pelos gestores; d) foi verificado onde os gestores encontram maiores

dificuldades no processo de tomada de decisões gerenciais, como as decisões são tomadas no

contexto dessa instituição e como o BSC pode auxiliar no processo de tomada de decisões; e)

as perspectivas tradicionais do BSC devem sofrer algumas modificações pontuais de modo a

permitir a eficácia do método no contexto das IES; f) foi demonstrada a complexidade na

gestão das IES brasileiras, a ineficácia dos indicadores de desempenho existentes e o

predomínio de educadores à frente das instituições; e g) percebeu-se que as IES obtêm

maiores êxitos em suas atividades quando abandonam o método como originalmente proposto

e o operacionalizam de forma distinta.

Palavras-chave: Indicadores de desempenho. Balanced Scorecard. Instituições de Ensino

Superior.

ABSTRACT

From the research problem "how to generate performance indicators for a private institution

aligned with the business strategy?", this research has the objective to develop a performance

measurement system aligned with the business strategy, to a private HEI's (Higher Education

Institution), through BSC. This research was divided into seven core steps (seven scientific

papers published), in which each consisted in serving a specific purpose and that, overall,

culminating in overall objective response to the question. Thus, each stage will have its own

methodological design. Thus, as the method employed, they had items with deductive or

inductive method, quantitative or qualitative approach, basic and applied nature, exploratory

and descriptive purposes, documentary research and case study. Research conducted a data

collection with performance indicators reports of 151 public and private HEIs, in-depth

interviews with semi-structured with financial and educational directors, manager of human

resources and other employees who occupy positions in management level a private

institution. Data collection also involved records and documentary archives of the Ministry of

Education (MEC) and the National Institute of Educational Studies Anísio Teixeira (INEP),

descriptive statistical analysis and correlation analysis. For quantitative analysis, descriptive

statistics and correlation analysis were employed, as were used for the qualitative

methodological proposal of Spiggle (1994) and the typological analysis of Lamnek (1989).

The main conclusions were: a) in the face of a considerable amount of IES, there are few that

have guided performance indicators in numerical and statistical data covering its core

business; b) even fewer, public HEIs are more efficient as the application of performance

indicators; c) there are factors favorable to the sustainability of the BSC as the centralized

power, reduced workforce and the implementation of key activities in specific sectors, but

also unfavorable factors such as focused attention on the teaching perspective and the

managerial inability of the managers; d) was found where managers face greater difficulties in

the process of making managerial decisions, how decisions are taken in the context of the

institution and how the BSC can help in the decision making process; e) the traditional BSC

perspectives must undergo some specific modifications to enable the effectiveness of the

method in the context of HEI; f) has demonstrated the complexity in the management of

Brazilian HEIs, the ineffectiveness of existing performance indicators and the predominance

of teachers in front of the institutions; and g) it was realized that the HEIs get greater

successes in their activities when they leave the method as originally proposed and

operationalize differently.

Keywords: Performance indicators. Balanced Scorecard. Higher Education Institutions.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Procedimentos, coleta e análise dos dados dos artigos .......................................... 31

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Comparativo entre IESs brasileiras quanto à aplicação de indicadores de

desempenho (ID) ...................................................................................................................... 35

Gráfico 2 – Aplicação de indicadores de desempenho às atividades das IESs ........................ 42

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Perspectivas do Balanced Scorecard ...................................................................... 14

Figura 2 – Modelo de análise comparativa ............................................................................... 36

Figura 3 – Modelo interfuncional de desempenho ................................................................... 43

Figura 4 – Framework de Indicadores de Desempenho com Balanced Scorecard para uma

Instituição de Ensino Superior Privada .................................................................................... 71

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Correlações das variáveis do estudo com a sustentabilidade do BSC .................... 47

LISTA DE ABREVIATURAS

BSC

DRE

Balanced Scorecard

Demonstração do resultado do exercício

ENADE Exame Nacional de Desempenho de Estudantes

EUA Estados Unidos da América

GQT Gestão da qualidade total

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IES Instituições de ensino superior

IGC Índice Geral de Cursos

INEP

IPO

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

Initial Public Offering (Oferta Pública Inicial)

ISO International Organization for Standardization (Organização

Internacional para a Padronização)

MEC Ministério da Educação

PUC/RS Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

PUC/SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

SGQ Sistema de gestão da qualidade

SINAES Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

SPSS Statistical Package for the Social Science (Pacote Estatístico para as

Ciências Sociais)

SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................ 13

1.1 Introdução .................................................................................................................... 13

1.2 Problema de pesquisa .................................................................................................. 15

1.3 Objetivos ..................................................................................................................... 15

1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 15

1.3.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 16

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 17

2.1 Relação entre qualidade e estratégia no ensino superior brasileiro ............................. 17

2.2 Estratégia de indicadores de desempenho ................................................................... 20

3 MÉTODO ........................................................................................................................... 25

3.1 Bases lógicas de investigação, abordagens, natureza e metodologia .......................... 25

3.2 Procedimentos metodológicos ..................................................................................... 25

3.3 Etapas da pesquisa ....................................................................................................... 26

3.4 Organização da tese ..................................................................................................... 30

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 32

4.1 Artigo 1 - Aplicação de indicadores de desempenho: uma análise comparativa entre

as IES públicas e privadas brasileiras .................................................................................. 32

4.2 Artigo 2 - Aplicação de indicadores de desempenho no contexto das IESs privadas

brasileiras ............................................................................................................................. 38

4.3 Artigo 3 - Sustentabilidade do Balanced Scorecard: uma análise do contexto das

instituições de ensino superior brasileiras ........................................................................... 45

4.4 Artigo 4 - O BSC em instituições de ensino superior: uma estratégia de melhoria de

gestão ................................................................................................................................... 49

4.5 Artigo 5 - Adaptação do Balanced Scorecard (BSC) para o contexto de instituições

de ensino superior (IESs) brasileiras ................................................................................... 54

4.6 Artigo 6 - Dificuldades e dilemas da adaptação: o Balanced Scorecard no contexto

das IESs brasileiras .............................................................................................................. 58

4.7 Artigo 7 - Mudar sem perder a essência? Um estudo da adaptação do BSC em

instituições de ensino superior brasileiras ........................................................................... 63

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 68

5.1 Conclusões .................................................................................................................. 68

5.2 Proposta de framework ................................................................................................ 69

5.3 Sugestões para trabalhos futuros ................................................................................. 73

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 74

13

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1 Introdução

Analisar o desempenho de uma organização demonstra ser algo complexo em virtude

das diversas estruturas que possui, sejam formais, como ambiente físico, tecnologia,

processos, operações, ou informais, como pessoas. Além disso, é por meio da mensuração do

desempenho de uma empresa, que seu gestor tem a possibilidade de realizar a etapa de

controle e avaliar em quais aspectos esta pode melhorar seus resultados (BLAU; SCOTT,

1962; CARROLL, 1979; ECCLES, 1990).

No caso de uma organização do setor de educação, torna-se mais complexo ainda

analisar o seu desempenho, pois, diferentemente de grande parte das empresas que possuem o

lucro como medida central de eficácia, os resultados educacionais passam a ter um papel

importante (RAMSDEN, 1991). Assim, para avaliar o desempenho de uma organização com

esta característica, se faz necessária a criação de indicadores que possam gerar informações

que darão suporte à tomada de decisão em nível estratégico. Nesse sentido, em 1992, Robert

Kaplan e David Norton criaram o Balanced Scorecard (BSC), que desde então tem sido a

metodologia de mensuração de desempenho mais utilizada em todo o mundo. Uma das

qualidades centrais do BSC, que o faz ter maior relevância em sua aplicação, é o fato de que o

método busque o alinhamento com as estratégias centrais do negócio (KAPLAN, 1994;

KAPLAN; NORTON, 1992, 1996 e 1997).

Conforme a Figura 1, essa metodologia considera quatro perspectivas: aprendizagem e

crescimento, interna, cliente e financeira. A primeira diz respeito às dimensões relacionadas à

inovação em todos os âmbitos e às pessoas. A segunda está relacionada às operações, desde a

concepção do produto até o pós-venda. A terceira diz respeito ao atendimento das

necessidades e desejos dos clientes quanto ao nível de serviço procurado pelos mesmos. Já a

última, financeira, diz respeito à geração de valor do negócio aos acionistas (KAPLAN, 1994;

KAPLAN; NORTON, 1992, 1996 e 1997).

14

Figura 1 – Perspectivas do Balanced Scorecard

Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (2001).

Desse modo, o BSC pode auxiliar uma organização educacional no desenvolvimento

de indicadores de desempenho que comportem as quatro perspectivas supracitadas. Além

disso, no contexto educacional, seja no ensino básico ou superior, podem ser encontradas

entidades que não possuem o lucro como objetivo, como as organizações públicas e do

terceiro setor, quanto aquelas que, além dos objetivos educacionais, possuem objetivos de

lucro, como as privadas. Nestas, a utilização de indicadores de desempenho associados à

proposta do BSC pode ter uma aplicação mais clara dos pressupostos teóricos defendidos na

literatura dessa metodologia (CHEN et al., 2006).

Assim, destaca-se a importância de analisar as instituições de ensino superior (IESs),

pois atualmente o Brasil vivencia uma expansão no sistema educacional de ensino superior e

o aumento da complexidade na gestão das instituições. Nos últimos anos, as IESs brasileiras

adquiriram o caráter de organizações empresariais, deixando de ser concebidas apenas como

unidades de ensino. Desse modo, é necessário que haja o desenvolvimento de um conjunto de

procedimentos próprios de gestão a estas instituições (LIMA et al., 2012).

De acordo com o estudo de Hoper (2012), o Brasil possui a maior quantidade de IESs

privadas de todo o mundo, 2.100, de um total de 2.365 e das quais 265 são públicas. Além

disso, o sistema educacional de ensino superior privado brasileiro vem sofrendo uma série de

modificações quanto ao seu desenho estrutural, no qual a participação de grandes grupos

educacionais possui cada vez maiores nas fatias de mercado. Esse novo cenário envolve um

número crescente de fusões e aquisições por parte das instituições mantenedoras, como

15

também o desenvolvimento de estratégias de redes de cooperação com outras entidades

internacionais do setor e abertura de capital em bolsa de valores, com sua consolidação como

companhias de capital aberto.

Empresas como o SEB Sistema Educacional Brasileiro S.A., a Estácio Participações

S.A., a Kroton Educacional S.A. e a Anhanguera Educacional Participações S.A. são

exemplos de 36 grupos educacionais que já realizaram um IPO (Initial Public Offering). No

ano de 2012, por exemplo, enquanto os ganhos relativos ao Ibovespa foram de apenas 8%,

três organizações de ensino superior tiveram uma elevada alta de suas ações (SAMPAIO,

2014).

Os papéis da Kroton tiveram a maior alta, de 90,9%; em seguida vieram as ações da

Estácio com valorização de 84,7% e depois das Anhanguera com 62,1%. Ainda que

o número de 36 empresas com capital aberto possa parecer pouco significativo, no

universo de 1400 entidades mantenedoras, cada uma delas controla muitos

estabelecimentos que se espalham por todo o território nacional; no conjunto, detêm

quase a metade do alunado de ensino superior (SAMPAIO, 2014, p. 11).

Esse processo de fusão e aquisições se iniciou desde a década de 1990 com a abertura

dos mercados e foi impulsionado em 1994, quando o Ministério da Educação passou a ter dois

objetivos centrais para o ensino superior brasileiro: reduzir os investimentos públicos em

educação superior e elevar a oferta de vagas das IESs privadas, por meio de parcerias com

programas governamentais. Esse novo cenário de competitividade fez com que as IESs que já

existiam passassem a adotar uma gestão mais profissionalizada. Para isso, a mensuração do

seu desempenho por meio de indicadores tornou-se ainda mais necessária (GOULART;

MACEDO, 2014).

1.2 Problema de pesquisa

Diante do exposto, apresenta-se o seguinte problema de pesquisa: como gerar

indicadores de desempenho para uma IES privada alinhados com a estratégia empresarial?

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

Esta pesquisa teve como objetivo geral desenvolver um sistema de indicadores de

desempenho alinhado com a estratégia empresarial, para uma IES privada, por meio do BSC.

16

1.3.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos desta pesquisa buscaram preencher algumas lacunas teóricas

acerca da construção de indicadores de desempenho em IESs privadas, como:

a) Identificar e compreender as principais diferenças e semelhanças entre a

abordagem do BSC em IESs públicas e privadas em relação à aplicação de

indicadores de desempenho;

b) Demonstrar que as IESs privadas utilizam indicadores de desempenho para

mensurar suas atividades;

c) Encontrar medidas que tornem possível a sustentabilidade do BSC;

d) Verificar como o BSC pode ser utilizado para facilitar a tomada de decisões

estratégicas numa IES privada;

e) Diagnosticar quais ações devem ser empreendidas para tornar o processo de

adaptação do BSC ao contexto de uma IES privada brasileira mais simplificado;

f) Analisar o ambiente interno e externo das IESs brasileiras para verificar se elas

devem adaptar-se ao método ou o método deve adaptar-se à instituição;

g) Verificar se mudanças empreendidas no BSC para adaptá-lo ao contexto das IESs

privadas brasileiras podem gerar desconformidades com a original filosofia do

método desenvolvido por Kaplan e Norton (1992).

17

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Relação entre qualidade e estratégia no ensino superior brasileiro

A questão de apresentar a reforma da educação na confluência de fatores culturais

econômicos, políticos e sociais em um sistema de transição recente para a democracia (1988)

e a economia de mercado (1990) em conjunto com a evolução do ensino superior no Brasil,

desde a década de 1990, tem sido estudada por diferentes pesquisadores (ANDRADE, 2012;

CHAUÍ, 2003; CUNHA, 2003; DIAS SOBRINHO, 2009; NOGUEIRA, 2008; NUNES,

2007).

Essa reforma fez com que o mercado educacional brasileiro sofresse uma

diversificação contínua: atualmente existem diversas universidades federais, estaduais e

privadas que operam em nível nacional, regional ou local, com ênfase para a forte

concorrência entre elas. Assim, nos últimos anos, essas instituições têm sido obrigadas a

implementar sistemas de gestão da qualidade em conformidade com as exigências do

Ministério da Educação (MEC), incluindo avaliações de desempenho definidas pelo Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), por meio do Sistema

Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), como o Exame Nacional de

Desempenho de Estudantes (ENADE) (INEP, 2009).

Diante disso, alinhadas às exigências do Governo Federal, as IESs privadas são

avaliadas pelo seu desempenho em múltiplas dimensões como ensino, pesquisa e extensão.

Assim, nesse percurso torna-se importante que essas organizações possuam indicadores de

desempenho alinhados para acompanhar continuamente seus resultados nessas dimensões.

Além disso, tais indicadores devem estar ajustados à estratégia da organização para não

incorrer em riscos de subobjetivação setorial, situação à qual cada unidade se preocupa apenas

com seus objetivos em si e não com os da organização como um todo.

Além disso, há uma variação considerável tanto em nível nacional, quanto

internacional, no que se refere aos caminhos que devem ser adotados no gerenciamento dos

problemas e desafios da qualidade do ensino superior (AMARAL, 2009; BRENNAN; SHAH,

1997; DOURADO et al., 2007).

Uma comparação internacional da extensão da semelhança ou diversidade nos

principais quadros de garantia da qualidade para o ensino superior mostra que não se pode ter

uma aplicação geral de modelos de qualidade que possam ser usados em todos os tipos de

empresa, mas que a maioria dos elementos que fazem parte de modelos generalistas podem

18

ser aplicados em diversos tipos de empresas de diferentes países. Em cada país, podem existir

adições específicas de elementos ou omissões de um modelo, pois usualmente há

modificações ou extensões de elementos. Estas variações são determinadas por aspectos

práticos como o tamanho do setor de ensino superior, a rigidez/flexibilidade da legislação de

garantia da qualidade e do estágio de desenvolvimento do controle estatal sobre o setor

(BILLING, 2004).

Este estudo utilizou um primeiro pressuposto teórico quanto à gestão estratégica de

ensino superior, o de que as estratégias focadas na qualidade estão positivamente relacionadas

com as outras estratégias competitivas adotadas pelas IESs. Por meio da qualidade, as

estratégias competitivas podem ser desenvolvidas e descrever a forma como a IES pretende

ganhar vantagem sobre as concorrentes, além de diferenciá-las em relação às outras a fim de

garantir a competitividade da organização. Assim, podem ser: estratégias que visam

diferenciar currículos em diversas formas de educação; cursos presenciais, cursos em tempo

parcial e cursos a distância; estratégias focalizadas na procura do mercado em uma

determinada qualificação; estratégias focadas em vantagem tecnológica, utilizando novas

tecnologias educacionais, implantando sistemas de gestão e sistemas de vídeo; e estratégias

com foco na qualidade do programa educacional (ESTEVES, 2007).

Estratégias voltadas para a qualidade fazem parte das estratégias competitivas, estando

em relação de dependência com outras estratégias adotadas pela universidade (NUNES,

2007). Empresas que apresentam maior qualidade em seus produtos e processos podem

enfrentar melhor a concorrência, razão pela qual a busca pela qualidade pode ter dois tipos de

estratégia:

Estratégia defensiva, mantendo o mercado e se concentra no controle de garantia

de qualidade dos processos de ensino e pesquisa na universidade;

Estratégia de penetração ofensiva, que se concentra na criação de programas

educativos em nível técnico-científico e de qualidade localizados em nível acima

dos concorrentes.

Os conceitos de gestão da qualidade total e da norma ISO 9001:2015 implementaram

uma abordagem baseada em processos para o gerenciamento. Embora as vantagens da

abordagem baseada em processos de gestão da qualidade de todas as organizações-alvo, como

as universidades, ainda há domínio da gestão dos resultados de atividades científicas e

educacionais de qualidade (CHUCHALIN; ZAMYATIN, 2011).

Nesse sentido, este estudo parte da concepção de que a estratégia defensiva será a

norteadora dos indicadores de qualidade. Assim, essa estratégia deve considerar as três

19

funções da IES: ensino, pesquisa técnico-científica e extensão. A qualidade do ensino surgiu

como uma questão importante no ensino superior durante os anos 1990, que levou à

implantação de diversos controles de qualidade, segurança e esquemas de realce de modo que

instituições tentaram ficar a par das demandas dos diversos públicos em um ambiente

educacional em rápida mudança (CUNHA, 2003).

Desde então, os documentos da política de educação têm colocado ênfase na qualidade

dos professores, na crença de que a educação de alta qualidade exige, consequentemente,

professores de alta qualidade. Isto porque eles são vozes ativas no processo de decisão política

(OECD, 2003; UNESCO, 2002).

O sistema de ensino superior é encorajado a melhorar e aumentar sua criatividade de

acordo com os resultados obtidos, por meio da elevação do nível de inovação e para cumprir a

meta nacional de eficiência. Instituições formam esse conjunto de inovações em estratégias

defensivas com pesquisa científica e reduzem os efeitos limitantes, aumentando os recursos

destinados à inovação e ao número de participantes na corrida pela pesquisa científica

(LEDEZMA, 2010).

A sustentação da estratégia defensiva de qualidade pode ser alcançada com a

implantação do sistema de gestão da qualidade (SGQ) de acordo com as exigências da norma

ISO 9001 e com os requisitos específicos para os sistemas da estrutura educacional de cada

país. Pesquisas em gestão da qualidade total (GQT) podem examinar as relações entre as

práticas de gestão da qualidade e os vários níveis de desempenho organizacional (KAYNAK,

2003). Todavia, há uma escassez de pesquisas em profundidade para analisar esta relação

complexa (LEONARD; McADAM, 2001).

Samson e Terziovski (1999) apontam que a relação entre a prática de GQT e o

desempenho organizacional é significativa no sentido transversal, em que a intensidade da

prática de GQT explica uma proporção significativa da variância no desempenho. Alguns,

mas não todos os tipos de práticas GQT, são particularmente fortes preditores de resultados.

No estudo dos autores supracitados, as categorias de liderança, gestão de pessoas e foco no

cliente foram os mais significativos preditores de desempenho operacional.

Assim, existe uma necessidade de que a GQT seja considerada uma filosofia em vez

de simplesmente um instrumento operacional (LEONARD; McADAM, 2001). Desde o início

da década de 1990 tem ocorrido nas universidades uma mudança de sistemas de controles

informais com um leve toque de qualidade baseados em práticas locais e numa quantidade

significativa de confiança e autonomia profissional para um processo altamente prescrito de

controle de qualidade com base em auditoria (CUNHA, 2003).

20

2.2 Estratégia de indicadores de desempenho

A aplicação de indicadores de desempenho para o ensino superior é um fenômeno que

pertence aos séculos XIX e XX, embora existam reflexões de um período anterior

(BRUNEAU; SAVAGE, 2002). Os indicadores são considerados como ferramentas de apoio

às universidades, para incentivar e continuar subsidiando o ensino superior público e privado.

A maioria dos indicadores de desempenho, no entanto, tem tido algum tipo de financiamento

anexado a eles, apesar de que a remuneração atrelada ao desempenho é geralmente uma

fração muito pequena da renda institucional total (DIAS SOBRINHO, 2009).

Entre os órgãos que publicam indicadores de desempenho institucionais, os

indicadores de graduação, no caso do Brasil, o Índice Geral de Cursos (IGC) do Ministério da

Educação, parecem ser os únicos indicadores-chave que têm aceitação universal como uma

medida de desempenho institucional (UNESCO, 2003). Ainda, diferentes órgãos usam

medidas peculiares, dependendo de contextos políticos locais. Em alguns países, indicadores

de emprego são amplamente utilizados como medidas de satisfação dos graduados com a sua

educação. Já o desempenho financeiro aparece em quase todos os lugares e geralmente é

medido por ter baixo custo administrativo. Menos frequentes são itens como a diversidade do

corpo docente, a inadimplência dos alunos, o desempenho de captação de recursos e a geração

de relatórios de dados de qualidade (BRUNEAU; SAVAGE, 2002; DELANEY, 2004; PAGE;

CRAMER, 2004).

A eficácia do ensino superior na preparação de graduados para o trabalho e a vida

pode ser avaliada pela pesquisa aos alunos usando o ranking desenhado por Delaney (2004).

Os dados desse ranking mostram que as medidas e índices específicos encontrados em vários

artigos são inconsistentes relacionando com os rankings finais atribuídos pelas universidades

(PAGE e CRAMER, 2004).

Governos e instituições estão implantando estratégias para garantir o bom desempenho

das universidades e vários estudos têm investigado a avaliação de IESs, por meio do

desenvolvimento e utilização de sistemas de indicadores (AMARAL, 2009; ANDRADE,

2012; NOGUEIRA, 2008; SOUSA, 2007). Contudo, há uma dificuldade em se estabelecer

critérios de classificação para os indicadores existentes, sobre os quais não há atualmente

nenhum consenso (GARCIA-ARACIL; PALOMARES-MONTERO, 2009).

Nesse sentido, este estudo passa a seguir agora o seu segundo pressuposto teórico, o de

que os indicadores de desempenho são ferramentas integradas de gestão estratégica para

alcançar a qualidade na IES.

21

As mudanças implícitas de garantia de qualidade devem começar no nível local, ou

seja, cursos e programas de estudo cada vez mais customizados. A tarefa de documentar tais

mudanças e, assim, reconhecer o impacto das políticas e práticas de garantia de qualidade

(avaliação, certificação e reconhecimento de cursos) faz com que seja necessária a utilização

de métricas diferentes nos diversos níveis de uma IES (ANDRADE, 2012; GRAY; PATIL,

2009).

Seguindo essa orientação, na visão de Dourado et al. (2007), pode-se elaborar uma

metodologia de avaliação externa com normas, padrões de referência e uma lista de

indicadores de desempenho, que formam um sistema de indicadores para avaliação da

qualidade da IES, que pode ser estruturado em vários domínios, entre eles: a) a capacidade

institucional, b) a eficácia da educação e c) a gestão da qualidade. De acordo com o grau de

cumprimento dos indicadores de desempenho, podem ser estabelecidos níveis de referência

própria que podem ir de 1 até 5. Numa primeira fase, a IES deve adotar uma estratégia de

qualidade para estabelecer, documentar, implementar e atualizar os procedimentos

operacionais e suas atividades com base em domínios, critérios, padrões e indicadores de

desempenho exigidos para os níveis mínimos de até 3. Para isso, pode-se avaliar o

desempenho analisando quatro dimensões da qualidade da educação do INEP: o nível de

estrutura, o nível de gestão e organização, o nível do professor e o nível do aluno

(DOURADO et al., 2007).

Numa primeira fase, para o nível de estrutura devem ser analisados os seguintes

indicadores:

Existência de salas de aulas compatíveis às atividades e aos clientes;

Ambiente adequado à realização de atividades de ensino, lazer e recreação,

práticas desportivas e culturais, reuniões com a comunidade, entre outros;

Equipamentos em quantidade, qualidade e condições de uso adequadas às

atividades escolares;

Biblioteca com espaço físico apropriado para leitura, consulta ao acervo, estudo

individual e/ou em grupo, pesquisa on-line, dentre outros, incluindo, acervo com

quantidade e qualidade para atender ao trabalho pedagógico e ao número de

alunos existentes na IES;

Laboratórios de ensino, informática, brinquedoteca, entre outros;

Serviços de apoio e orientação aos estudantes;

22

Garantia de condições de acessibilidade e atendimento para portadores de

necessidades especiais;

Ambiente escolar dotado de condições de segurança para alunos, professores,

funcionários e comunidade em geral e

Programas que contribuam para uma cultura de paz na escola.

Para o nível de gestão e organização, os indicadores devem ser os seguintes:

Estrutura organizacional compatível com a finalidade do trabalho pedagógico;

O planejamento, monitoramento e avaliação dos programas e projetos;

A organização do trabalho universitário compatível com os objetivos educativos

estabelecidos pela instituição, tendo em vista a garantia da aprendizagem dos

alunos;

A existência de mecanismos de informação e de comunicação entre todos os

segmentos da IES;

A gestão democrático-participativa que inclui: condições administrativas,

financeiras e pedagógicas, mecanismos de integração e de participação dos

diferentes grupos e pessoas nas atividades e espaços universitários;

O perfil do dirigente da IES: formação em nível superior, forma de provimento ao

cargo e experiência;

A existência de projeto pedagógico coletivo da IES que contemple seus fins

sociais e pedagógicos, a atuação e autonomia da IES, as atividades pedagógicas e

curriculares, os tempos e espaços de formação;

A disponibilidade de docentes na IES para todas as atividades curriculares;

a definição de conteúdo relevante nos diferentes níveis e etapas do processo de

aprendizagem;

O uso de métodos pedagógicos apropriados ao desenvolvimento dos conteúdos;

A implantação de processos avaliativos voltados para a identificação,

monitoramento e solução dos problemas de aprendizagem;

A existência e utilização adequada de tecnologias educacionais e recursos

pedagógicos apropriados ao processo de aprendizagem;

O planejamento e a gestão coletiva do trabalho pedagógico;

A implantação de mecanismos de participação do aluno na IES;

A valoração adequada dos serviços prestados pela IES aos diferentes usuários.

23

Para o nível do professor deve-se analisar os seguintes indicadores:

Projeto amplo de formação, profissionalização e valorização do docente;

Qualidade da força de trabalho docente para a melhoria do desempenho dos

alunos;

Estruturas salariais, carreiras profissionais e condições de trabalho;

Planos de carreira, incentivos e benefícios;

Políticas de incentivo voltadas à produtividade da ação docente;

Distinção entre incentivo e motivação;

Titulação/qualificação adequada ao exercício profissional;

Vínculo efetivo de trabalho;

Dedicação a uma só IES;

Formas de ingresso;

Valorização da experiência docente;

Carga horária adequada;

Para o nível do aluno, a análise deve incluir os seguintes indicadores:

Satisfação do aluno com o processo de aprendizagem;

Engajamento ativo do aluno no processo de aprendizagem;

Permanência na IES, isto é, o não abandono;

Desempenho acadêmico do discente;

Crença numa vida escolar, acadêmica e profissional de sucesso;

Aulas e atividades educativas atraentes e envolventes dentro e fora da IES;

Estratégias e recursos pedagógicos utilizados pelos professores de forma

adequada aos conteúdos e às características dos alunos;

Reconhecimento e valorização do trabalho dos professores pelo aluno;

Ingresso no mercado de trabalho;

Para se obter uma vantagem estratégica, na segunda fase, a IES pode estabelecer

referências próprias para os níveis de indicadores de desempenho, entre os quais podem ser

citados:

O envolvimento da IES e das organizações estudantis em atividades de auditoria;

A formulação de políticas universitárias focadas na qualidade e na criação de

estruturas que permitam a publicação de artigos científicos;

24

Avaliar a eficácia da pesquisa de nível universitário realizada sobre os

procedimentos e documentações específicas do sistema de gestão da qualidade;

As preocupações da universidade para estimular a pesquisa;

O acompanhamento das atividades financeiras da IES;

O acompanhamento das atividades contábeis da IES;

Estruturas para controlar e melhorar a qualidade da educação com a participação

de avaliadores independentes de outras regiões do país;

Envolvimento da IES com os objetivos de melhorar os currículos universitários;

Preocupações com os procedimentos próprios de garantia da qualidade da IES;

Medir e documentar os processos universitários periodicamente;

A implantação e formulação de um sistema de gestão da qualidade documentado

de acordo com a norma ISO 9001:2015 e outras atividades pertinentes.

Como consequência do último indicador, na terceira fase, a IES deve reorganizar o

SGQ, seguindo as novas edições da gestão da qualidade pelas normas ISO 9001:2015 e os

requisitos do MEC, com o objetivo estratégico de se beneficiar das vantagens de ambas as

implantações.

25

3 MÉTODO

Esta pesquisa foi dividida em sete etapas centrais e cada uma delas consistiu no

atendimento de um objetivo específico da tese e que, globalmente, culminaram no objetivo

geral em resposta à pergunta: como gerar indicadores de desempenho para uma IES privada

alinhados com a estratégia empresarial? Cada uma das etapas teve o seu desenho

metodológico próprio e são apresentados nos artigos publicados, conforme capítulo 4. Aqui,

cabe discutir as estratégias gerais dos caminhos que a pesquisa percorreu.

3.1 Bases lógicas de investigação, abordagens, natureza e metodologia

Esta pesquisa partiu tanto de uma base lógica de investigação indutiva como teve

etapas com o método dedutivo (FEREDAY; MUIR-COCHRANE, 2008). Em algumas etapas

este estudo teve uma abordagem qualitativa e, em outras, optou-se por uma abordagem

quantitativa. Deste modo, percebeu-se que a escolha dos métodos mistos se faz necessária

para uma compreensão mais holística dos fatores envolvidos (CRESWELL et al., 2006).

Em relação à natureza, a pesquisa é aplicada por envolver um campo das ciências que

discute aspectos práticos de uma empresa/setor (BOGDAN; BIKLEN, 1998). Já no que diz

respeito aos objetivos, o estudo é caracterizado como exploratório por gerar conhecimentos

preliminares a um campo ainda em construção, que é a criação de indicadores de desempenho

alinhados à estratégia de negócios em IESs privadas (MAXWELL, 2012).

3.2 Procedimentos metodológicos

Quanto aos procedimentos, a pesquisa consistiu em estudo de caso de uma IES privada

da cidade de Teresina, capital do estado do Piauí. Para justificar um estudo de caso, a

organização deve ter particularidades que demonstrem a necessidade de um conhecimento

mais aprofundado do como e o porquê determinado fenômeno é único, para se descobrir o que

há nela de mais essencial (EISENHARDT, 1989; YIN, 2013).

A escolha da IES ocorreu por ter-se optado em utilizar uma amostra não probabilística,

por conveniência (OLIVEIRA, 2001). Primeiro, pela facilidade de acesso às informações

operacionais, de clientes, financeiras, aprendizagem e crescimento e é comum as IESs

privadas não disponibilizarem todos os dados. Segundo, mas ainda nesse mesmo sentido do

acesso às informações, o nível de facilidade numa organização pública é maior dada a

26

obrigação de ser transparente na prestação de contas com os órgãos de controle e com a

sociedade. No caso de uma IES privada, esse desafio é maior, o que faz com que a

generalização teórica que a investigação pode proporcionar seja de uma importância singular

(LIRA; NÄÄS, 2015). E, terceiro, as condições sociais e estruturais da região em análise

também são únicas, pois o estado do Piauí tem o segundo pior IDH da Federação (Índice de

Desenvolvimento Humano das Nações Unidas que avalia renda, educação e longevidade)

(PNUD, 2015).

Todavia, o que torna a IES ainda mais peculiar é que, dentro da área geográfica em

que atua, ela consegue apresentar excelentes resultados de desempenho, como ter o maior

IGC (Índice Geral de Cursos) do MEC (Ministério da Educação) entre as IESs privadas do

estado de forma consecutiva, ter o maior número de matrículas entre as IESs privadas com

8000 alunos e apresentar franca expansão em número de cursos (começou há 16 anos com

dois e hoje possui 16 cursos) e em infraestrutura (quatro campi) (BRASIL, 2015).

3.3 Etapas da pesquisa

O estudo foi desenvolvido em sete etapas que dizem respeito a cada um dos objetivos

específicos estabelecidos. Em primeiro lugar, foi importante identificar e compreender as

principais diferenças e semelhanças entre a abordagem do BSC em IESs públicas e privadas

em relação à aplicação de indicadores de desempenho. Reportou-se a uma pesquisa

quantitativa e exploratória que, por meio de uma análise documental, buscou dados

apresentados nos websites das instituições de ensino superior públicas e privadas brasileiras e

elaborou-se uma análise comparativa entre a aplicação de indicadores de desempenho nas

IESs públicas e privadas.

Dessa forma, foram geradas estatísticas que demonstraram algumas peculiaridades que

permitem estabelecer a diferenciação entre a abordagem do BSC nesses dois tipos específicos

de instituição de ensino. Além disso, a investigação desenvolveu um modelo que faz uma

análise comparativa entre os dois tipos de IESs. Os resultados apontaram que, mesmo em

menor número, as IESs públicas se mostram mais eficientes quanto à aplicação de indicadores

de desempenho.

Num segundo momento, buscou-se demonstrar o que outras IESs privadas brasileiras

utilizam como indicadores de desempenho para mensurar suas atividades. Para isso, foi

realizada uma pesquisa quantitativa e exploratória, desenvolvida pela análise dos indicadores

de desempenho encontrados nos websites das 91 universidades privadas brasileiras.

27

Esta primeira etapa demonstrou, por meio de dados estatísticos, a realidade da

utilização das ferramentas de controle e avaliação no contexto das IESs privadas brasileiras.

Além disso, foi proposto um modelo interfuncional de desempenho, envolvendo a perspectiva

financeira, a gestão institucional, a comunicação dos serviços, o ensino, a pesquisa e a

extensão. Constatou-se, que mesmo diante de uma quantidade considerável de IESs, poucas

são as que possuem indicadores de desempenho pautados em dados numéricos e estatísticos

abrangendo suas principais atividades.

A terceira etapa da pesquisa buscou encontrar medidas que tornem possível a

sustentabilidade do BSC. Essa etapa foi realizada devido à grande dificuldade na manutenção

de vantagens competitivas sustentáveis pelas IESs brasileiras quando alcançadas por meio de

estratégias de negócios ainda pouco conhecidas, ou pouco utilizadas no contexto nacional,

como o BSC. Para isso foi realizada uma pesquisa quantitativa e exploratória na qual foi

considerada a população de 151 IESs brasileiras (INEP, 2014) e uma amostra de 109 IESs.

Foram coletados dados institucionais que permitiram analisar o contexto dessas

instituições em seus sítios eletrônicos, os quais foram analisados com o auxílio do programa

estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Science), ou Pacote Estatístico para as

Ciências Sociais, para a formulação de estatísticas descritivas e análise de correlação

(Pearson). Os resultados discutiram fatores favoráveis à sustentabilidade do BSC, como o

poder centralizado, o quadro funcional reduzido e a execução de atividades-chave em setores

específicos. De modo oposto, os fatores desfavoráveis à sustentabilidade do BSC foram a

atenção concentrada na perspectiva do ensino e a incapacidade gerencial demonstrada pelos

gestores.

A quarta etapa consistiu em verificar como o BSC pode ser utilizado para facilitar a

tomada de decisões estratégicas numa IES privada, o que permitiu constatar a eficiência dessa

estratégia de negócios no contexto educacional de expansão do ensino superior brasileiro. Foi

utilizada uma abordagem qualitativa e exploratória, na qual o procedimento adotado foi um

estudo de caso na IES foco da análise. Para a construção deste estudo, especificamente, foram

realizadas entrevistas com os gestores, além de serem utilizados documentos institucionais

dessa instituição, o que permitiu uma análise mais apurada de seu contexto para se

compreender como o BSC pode ser utilizado no processo de tomada de decisões. Os

resultados apontaram onde os gestores encontram maior dificuldade no processo de tomada de

decisões gerenciais, como elas são tomadas no contexto dessa instituição e como o BSC pode

auxiliar nesse processo.

28

A quinta etapa diz respeito ao diagnóstico de quais ações devem ser empreendidas

para tornar o processo de adaptação do BSC ao contexto de uma IES privada brasileira mais

simplificado. Optou-se por uma abordagem qualitativa na coleta e análise dos dados, com a

utilização de um estudo de caso. Para o desenvolvimento do estudo foram realizadas

entrevistas com os responsáveis por três setores da IES analisada: financeiro; recursos

humanos e atividades pedagógicas. Também foram analisados documentos institucionais da

IES, o que possibilitou verificar pontos críticos e potencialidades para a implantação do BSC.

Ainda na quinta etapa, na tentativa de fornecer respostas ao problema de pesquisa

proposto, utilizou-se como ponto de partida as principais sugestões propostas empiricamente

pelos teóricos estudados referente à temática que analisa a adaptação da metodologia do BSC

às IESs brasileiras (GALVÃO et al., 2011; LIMA et al., 2012; ROCHA; CASARTELLI,

2014). Esses estudos propõem medidas que poderiam ser utilizadas para facilitar a adaptação

do BSC às IESs brasileiras: a primeira suposição corresponde à modificação das perspectivas

do BSC e a segunda diz respeito às modificações na estrutura organizacional da IES.

Os resultados indicaram que, para promover essa adaptação, o primeiro passo é

reconhecer que modificações são necessárias. Primeiramente, as perspectivas tradicionais do

BSC devem sofrer algumas modificações pontuais para permitir a eficácia do método no

contexto das IESs. Além disso, essas modificações na filosofia do método devem ser

acompanhadas de uma reformulação gerencial que envolve, principalmente, a capacitação do

corpo funcional.

A sexta etapa apresentou uma análise do ambiente interno e externo das IESs

brasileiras para verificar se elas devem adaptar-se ao método ou o método deve ser adapatado

às instituições. Para isso, utilizou-se metodologia qualitativa para desenvolver a discussão

sobre o fenômeno em questão. Essa escolha está pautada nas características que acompanham

a opção por essa abordagem, em especial, enfoque indutivo e caráter descritivo. Assim, esta

etapa consistiu em um processo de comparação e interpretação dos achados teóricos no qual

procurou-se encontrar uma relação entre os fenômenos descritos para formular proposições

que ampliassem os horizontes de investigação.

Para o trato desse material foi utilizado o procedimento de análise tipológica de

Lamnek (1989), um procedimento descritivo que objetiva extrair de um material mais extenso

elementos típicos e descrevê-los com um maior grau de detalhe. As técnicas descritivas

podem revelar mais detalhes em materiais mais extensos. Durante as discussões, os

questionamentos foram levantados e analisados por meio dos dados secundários obtidos.

29

A análise tipológica foi utilizada no intuito de realizar uma investigação apurada do

ambiente interno e externo das IESs brasileiras, por meio de registros e arquivos documentais

do Ministério da Educação e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

Anísio Teixeira (INEP), dois órgãos do governo federal brasileiro que melhor podem oferecer

informações sobre as instituições de ensino no país, além de documentos institucionais de 91

IESs privadas do Brasil, no intuito de verificar se a necessidade de adaptação encontra-se

mais associada à metodologia ou à instituição.

Os resultados discutem, em relação ao ambiente interno, a complexidade na gestão das

IESs brasileiras, a ineficácia dos indicadores de desempenho existentes e o predomínio de

educadores à frente das instituições. Já no que diz respeito ao ambiente externo, foi analisada

a expansão do sistema educacional de ensino superior e as experiências de sucesso em outros

segmentos.

A sétima etapa da pesquisa procurou verificar se mudanças empreendidas no BSC para

adaptá-lo ao contexto das IESs privadas brasileiras podem gerar desconformidades com a

filosofia original do método desenvolvido por Kaplan e Norton (1992). As estratégias de

execução da pesquisa partiram de um método dedutivo. Reportou-se a uma abordagem

quantitativa na análise dos dados, mediante natureza aplicada e objetivos exploratórios, pois

investigou-se um campo de estudos ainda em construção, qual seja, as consequências

associadas aos métodos de aplicação do BSC ao contexto das IESs brasileiras.

Assim, foram examinados os processos de implantação e operacionalização do BSC

em 109 IESs no intuito de verificar quais mudanças os gestores dessas organizações

realizaram no BSC e quais as consequências dessas modificações na gestão dessas

instituições. Para isso, foram coletados dados dos sítios eletrônicos das IESs consideradas no

estudo. Posteriormente, os dados foram analisados com auxílio do programa estatístico SPSS

(StatisticalPackage for the Social Science) para gerar os coeficientes de correlação de

Pearson.

Os resultados discutiram: a) acréscimo da perspectiva ensino; b) reposicionamento da

perspectiva financeira e c) modificações na estrutura organizacional ou gerencial, que

indicaram que para obter sucesso com o BSC, é necessário que as IESs modifiquem esse

método de tal maneira que ele fuja de sua abordagem tradicional. Ao colocar a perspectiva

ensino como foco da estratégia e, ao realocar a perspectiva financeira, concedendo-lhe menor

importância, os gestores desconfiguraram substancialmente o método como proposto

originalmente. Assim, dentro do contexto das IESs analisadas, percebe-se que essas

30

organizações obtêm maior êxito em suas atividades quando abandonam o método original e o

operacionalizam de forma distinta.

3.4 Organização da tese

Esta tese está estruturada em quatro capítulos, sendo o Capítulo 1 a parte introdutória

do trabalho. No Capítulo 2 apresenta-se o referencial teórico e no 3, os procedimentos

metodológicos. No capítulo 4 estão os resultados e a discussão que são apresentados em

forma de artigos publicados em revistas acadêmicas, assim enunciados:

Artigo 1 - Aplicação de indicadores de desempenho: uma análise comparativa

entre as IESs públicas e privadas brasileiras (Independent Journal of Management

and Production);

Artigo 2 - Aplicação de indicadores de desempenho no contexto das IESs privadas

brasileiras (Independent Journal of Management and Production);

Artigo 3 - Sustentabilidade do Balanced Scorecard: uma análise do contexto das

instituições de ensino superior brasileiras (Production and Operations

Management Society 2015 Conference);

Artigo 4 - O Balanced Scorecard (BSC) em instituições de ensino superior (IES):

uma estratégia de melhoria de gestão (Production and Operations Management

Society 2015 Conference);

Artigo 5 - Adaptação do Balanced Scorecard (BSC) para o contexto de

instituições de ensino superior (IESs) brasileiras (Production and Operations

Management Society 2015 Conference);

Artigo 6 - Dificuldades e dilemas da adaptação: o Balanced Scorecard no

contexto das IES brasileiras (Production and Operations Management Society

2015 Conference);

Artigo 7 - Mudar sem perder a essência? Um estudo da adaptação do BSC em

instituições de ensino superior brasileiras (Production and Operations

Management Society 2015 Conference).

O Quadro 1 busca demonstrar, de forma sintética, como esse sete artigos supracitados

tiveram seus procedimentos metodológicos adotados com a coleta de análise dos dados.

31

Quadro 1 – Procedimentos, coleta e análise dos dados dos artigos

Artigos Procedimentos Coleta Análise

Artigo 1: Aplicação de

indicadores de

desempenho: uma

análise comparativa

entre as IESs públicas

e privadas brasileiras

Quantitativa,

exploratória e

documental.

Relatórios de indicadores de

desempenho presentes nos sites

de 60 universidades públicas e

91 privadas.

Estatística descritiva para

compara IESs privadas e

públicas.

Modelo de análise

comparativa elaborado

pelos autores.

Artigo 2: Aplicação de

indicadores de

desempenho no

contexto das IESs

privadas brasileiras

Quantitativa,

exploratória e

documental.

Relatórios de indicadores de

desempenho presentes nos sites

de 91 universidades privadas.

Contudo, apenas 43 possuíam

indicadores de desempenho de

suas principais atividades.

Análise de indicadores de

desempenho financeiros,

institucionais e de gestão.

Criação de um Modelo

Interfuncional de

Desempenho.

Artigo 3:

Sustentabilidade do

Balanced Scorecard:

uma análise do

contexto das

instituições de ensino

superior brasileiras

Quantitativa,

exploratória e

documental.

Relatórios de indicadores de

desempenho de IESs.

População (151 IESs), Nível de

Confiança (95%), Erro

Amostral (5%), Amostra (109

IESs).

SPSS com estatística

descritiva e análise de

correlação (Pearson).

Artigo 4: O Balanced

Scorecard (BSC) em

Instituições de Ensino

Superior (IESs): uma

estratégia de melhoria

de gestão

Qualitativa,

exploratória e

estudo de caso.

Universidade Alfa (nome

fictício).

Entrevista em profundidade.

Roteiro semiestruturado.

Funcionários com cargos de

gestão.

Proposta metodológica de

Spiggle (1994): a)

comparação entre as

entrevistas; b) comparação

com a literatura; c)

formulação de categorias.

Artigo 5: Adaptação

do Balanced

Scorecard (BSC) para

o contexto de

instituições de ensino

superior (IESs)

brasileiras

Qualitativa,

exploratória e

estudo de caso.

Universidade Alfa (nome

fictício).

Entrevista em profundidade.

Roteiro semiestruturado.

Diretor financeiro, gestora de

pessoas e diretora de ensino.

Proposta metodológica de

Spiggle (1994): a)

comparação entre as

entrevistas; b) comparação

com a literatura; c)

formulação de categorias.

Artigo 6: Dificuldades

e dilemas da

adaptação: o Balanced

Scorecard no contexto

das IESs brasileiras

Qualitativa,

descritiva e

documental.

Registros e arquivos

documentais do MEC e do

Inep. Documentos institucionais

de 91 IESs privadas.

Análise tipológica de

Lamnek (1989).

Formulação de um resumo

consolidado das

informações. Descrição

detalhada dos elementos

típicos.

Artigo 7: Mudar sem

perder a essência? Um

estudo da adaptação

do BSC em

instituições de ensino

superior brasileiras

Quantitativa,

exploratória e

documental.

Foram examinados os processos

de implantação e

operacionalização do BSC.

População (151 IESs), Nível de

Confiança (95%), Erro

Amostral (5%), Amostra (109

IESs).

SPSS com estatística

descritiva e análise de

correlação (Pearson).

Fonte: Elaborado pelo autor.

Na sequência são apresentadas as considerações finais, conclusões e recomendações

para futuras pesquisas.

32

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados e discussão são apresentados na forma de artigos científicos.

4.1 Artigo 1 - Aplicação de indicadores de desempenho: uma análise comparativa entre

as IES públicas e privadas brasileiras

Independent Journal of Management and Production

Resumo

Realizar uma análise comparativa entre a aplicação de indicadores de desempenho nas IES

públicas e privadas sempre foi necessária. Esse estudo visa conferir maiores esclarecimentos a

este campo caracterizado até então por poucas constatações úteis com o objetivo de identificar

e compreender as principais diferenças e semelhanças entre a abordagem do BSC em IESs

públicas e privadas em relação à aplicação de indicadores de desempenho. Para isso reportou-

se a uma pesquisa quantitativa, exploratória que por meio de uma análise documental buscou

por dados nos websites das instituições de ensino superior públicas e privadas brasileiras para

se realizar este comparativo. Os resultados apontaram que, mesmo em menor número, as IESs

públicas se mostram mais eficientes quanto à aplicação de indicadores de desempenho.

Palavras-chave: análise comparativa; indicadores de desempenho; IESs públicas e privadas

brasileiras.

Introdução

Esse estudo visa conferir maior significância a uma temática ainda em construção,

uma vez que grande parte das investigações que tratam da aplicação do BSC em instituições

de ensino superior (IESs) ignoram as de âmbito público, abordando apenas as de natureza

privada. Diante dessa constatação, percebe-se que há uma lacuna teórica no que concerne a

estudos referentes à aplicação dessa ferramenta de mensuração no contexto de organizações

de ensino públicas, principalmente em relação à utilização de indicadores de desempenho.

Esse constructo que aqui se inicia mostra sua importância ao conduzir essa discussão a

novos horizontes de investigação, não apenas abordando o BSC aplicado às IES públicas, mas

realizando uma comparação sistemática e linear entre estas últimas e o BSC adotado por IESs

privadas no intuito de identificar as principais semelhanças e diferenças entre essas duas

abordagens específicas, sendo essa a contribuição proposta neste estudo.

Dessa forma, este estudo foi orientado pelo seguinte questionamento: Quais são as

principais diferenças e semelhanças entre a abordagem do BSC em instituições públicas e

privadas de ensino superior no que concerne à utilização de indicadores de desempenho? Por

meio dos resultados que emergirão desse estudo espera-se que novas constatações se

evidenciem aguçando pesquisadores e estrategistas a se aprofundarem nessa discussão.

Assim, este estudo tem por objetivo identificar e compreender as principais diferenças e

semelhanças entre a abordagem do BSC em IESs públicas e privadas em relação à aplicação

de indicadores de desempenho.

No intuito de propiciar uma melhor compreensão dos fatos que serão apresentados,

este trabalho será organizado em mais quatro seções além desta que se evidencia. Inicia com

uma revisão crítica da literatura em torno do BSC e sua adaptação às IESs públicas.

Posteriormente são apontados os procedimentos metodológicos e relatados os resultados e

discussões. Por fim, são apresentadas as considerações finais do estudo.

33

Adaptação do BSC às instituições de ensino sem fins lucrativos

A metodologia de mensuração e avaliação de desempenho organizacional conhecida

como Balanced Scorecard (BSC), tem sido largamente utilizada no sistema de gestão de IESs

privadas, no entanto, iniciativas que visem à utilização dessa ferramenta dentro do âmbito

público ainda são pouco desenvolvidas. Apesar de seu foco em resultados, há um número

reduzido de experiências, onde IESs públicas utilizam indicadores de desempenho para medir

e monitorar de forma sistemática suas atividades (OLIVEIRA, 2001).

Esse fator está relacionado à concepção inicial conferida ao BSC que, de acordo com

Steele (1992), é atender à demanda de organizações privadas por meio de mecanismos de

mensuração e avaliação estratégica das atividades e dos resultados. Porém, Kaplan e Norton

(1997) defendem que as proposições do BSC devem funcionar como um modelo e não como

um instrumento estático, evidenciando sua adaptabilidade às organizações de outra natureza.

No entanto, a adaptação do BSC a outros contextos não é simples. Kaplan e Norton

(1992) admitem que a aplicação dessa ferramenta em organizações sem fins lucrativos é

diferente e para torná-lo adequado a este contexto modificações e ajustes devem ser realizados

(KAPLAN, 1994).

Uma dessas modificações refere-se à substituição da perspectiva financeira por uma

perspectiva fiduciária. Além do mais, tem-se observado que as IESs públicas operam em um

ambiente mais ambíguo, complexo e único (CHETKOVICH; FRUMKIN, 2003; KONG,

2007) e o modelo BSC falha em muitos níveis para dar conta dessa complexidade (KONG,

2009).

Percebe-se que diferente das IESs privadas, as instituições sem fins lucrativos têm por

principal objetivo produzir resultados máximos utilizando o mínimo de recursos possíveis, ou

seja, o direcionamento das atividades em organizações dessa natureza é sua missão e não a

obtenção de rendimentos financeiros (KAPLAN e NORTON, 1997).

As questões envolvidas nas medidas de desempenho organizacional

A maioria das falhas da abordagem BSC está associada à má gestão das métricas de

desempenho. De acordo com a pesquisa realizada pelo Hackett Group (2004), menos de 20%

das empresas que investiram no BSC têm implementações que estão gerando valor. Um erro

comum que é discernível por meio do estudo do BSC em universidades é que elas tendem a

confiar em muitas métricas.

O número de métricas utilizadas por universidades é demasiado. Neely (2003) declara

enfaticamente que a gestão atual se encontra em crise porque está "se afogando em dados".

Bourne (2002) acrescenta que a concepção de sistemas de medição de desempenho se

concentra em quantos mecanismos irão utilizar ao invés de se concentrarem na qualidade

desses mecanismos.

É interessante notar que, ao contrário de organizações com fins lucrativos, as medidas

de desempenho das universidades públicas revelam pouco sobre os seus dados financeiros

internos. Além disso, o número de medidas também não apresenta uma abordagem

equilibrada. Estudos demonstram que um pouco acima de 10% das medidas referem-se às

perspectivas financeiras, sendo mais predominantes medidas relativas à perspectiva dos

stakeholders.

Algumas universidades têm aplicado o BSC em unidades individuais, resultando em

medidas de desempenho, que levam em conta o desempenho apenas da referida unidade.

Embora pareça lógico, isso pode resultar em subotimização. Ao não relacionar os indicadores-

chave de desempenho com as métricas, muitas vezes as universidades têm tendência a medir

apenas uma pequena parte do que realmente importa.

34

Metodologia

As estratégias de execução desse estudo partiram de um método dedutivo de pesquisa,

no qual a conclusão da investigação encontra-se evidenciada de forma implícita em suas

premissas. Esse método se desenvolve por meio de um raciocínio de ordem descendente onde

uma análise geral permite gerar inferências particulares na realidade observada (MARCONI;

LAKATOS, 2004). No intuito de se obter resultados fidedignos aos objetivos inicialmente

pretendidos essa investigação reportou-se a métodos quantitativos de abordagem.

A opção por este caminho de construção conduz o estudo aos seguintes pressupostos

paradigmáticos: ontologia caracterizada por uma realidade subjetiva, com epistemologia que

deixa claro o distanciamento do sujeito para com o objeto estudado, axiologia livre de valores

e vieses desenvolvida através de uma retórica formal com termos que confirmam a abordagem

escolhida e metodologia com design estático, livre de contextos no qual generalizações

conduzem a previsões aceitas (RODRIGUES, 2012).

Quanto aos objetivos, a pesquisa caracteriza-se como exploratória. Este tipo de

pesquisa visa familiarizar o pesquisador com uma temática ainda pouco explorada,

caracterizada, até então, por considerações superficiais sem grandes implicações teóricas ou

práticas que permitam a construção de evidências dentro de uma realidade empírica

(AZEVEDO, 1999).

Quanto aos procedimentos, para o desenvolvimento teórico do estudo, optou-se por

uma análise documental, pois esta representa uma técnica relevante não somente na

complementação de informações obtidas em outras fontes, mas também por sua capacidade de

desvelar novas constatações acerca de um problema (LÜDKE; ANDRÉ, 1986). Neste estudo

utilizou-se como fonte de informações os websites das universidades públicas e privadas

brasileiras para levantar documentos úteis à investigação.

Por sua vez, esta investigação caracteriza-se como transversal quanto a coleta de

dados, pois as informações para sua constituição foram coletadas em um único intervalo de

tempo. Esta técnica assemelha-se a uma fotografia de um cenário naquele momento, o que

difere dos estudos longitudinais nos quais os dados são coletados por um longo período

(RODRIGUES, 2012).

Para atender aos objetivos propostos inicialmente, neste estudo foram consideradas

universidades públicas federais e privadas existentes no Brasil no intuito de se identificar e

compreender semelhanças e diferenças quanto à utilização de indicadores de desempenho. Os

dados foram coletados por meio de uma busca nos websites de universidades brasileiras,

públicas e privadas. Esta busca concentrou-se na procura por indicadores de desempenho.

Os resultados obtidos por meio do confrontamento das informações das universidades

federais públicas e das universidades privadas foram interpretados por meio de técnicas de

análise específicas aos objetivos propostos. Os resultados que emergiram da investigação

foram colocados em uma sequência retilínea de significância de modo a fornecer explicações

que permitissem realizar inferências dentro de uma realidade analisada (ASCENSO ROSA et

al., 2014).

Resultados e discussão

Nesta seção são apresentados os resultados do estudo e discutidas suas implicações

teóricas e práticas. Procurou-se, por meio de técnicas de análise particular e compatível com

os objetivos propostos, fornecer informações úteis que permitam estabelecer diferenças claras

entre a utilização de indicadores de desempenho em IESs públicas e privadas.

Comparativo quanto à utilização de indicadores de desempenho

Quando se compara a abordagem do BSC adotada pelas IESs públicas e privadas

brasileiras a primeira consideração notável é que ambas aplicam indicadores de desempenho

35

para mensurar e analisar atividades semelhantes, quais sejam, pesquisa e extensão, ensino –

que são obrigações das IESs conforme o artigo 207 da Constituição brasileira (BRASIL,

1988), gestão institucional, gestão financeira, e serviços de comunicação. É importante

destacar que, quanto à gestão financeira existe uma pequena diferença, pois enquanto as IESs

de âmbito público administram os recursos oriundos do governo, as de natureza privada lidam

com rendimentos financeiros oriundos de terceiros que usufruem de seus serviços.

Existem grandes diferenças quanto à utilização de indicadores de desempenho entre as

instituições dos dois âmbitos que merecem ser destacadas. O gráfico 1 demonstra algumas

peculiaridades que permitem estabelecer essa diferenciação entre a abordagem do BSC nesses

dois tipos específicos de instituição de ensino.

Gráfico 1 – Comparativo entre IESs brasileiras quanto à aplicação de indicadores de desempenho (ID)

Fonte: Elaborado pelos autores.

Por meio do gráfico percebe-se que algumas diferenças são bem evidentes, a começar

pela quantidade de IESs privadas existentes no país, que totalizam 91 instituições, um número

muito superior às IESs públicas que somam apenas 60 unidades.

Curioso que, mesmo diante dessa notável diferença, as universidades públicas superam

as privadas na adoção e utilização de indicadores de desempenho: 43 IESs privadas dispõem

dessa ferramenta de mensuração e análise para avaliar os resultados de suas atividades em

relação às 45 universidades públicas. O que parece uma diferença pequena torna-se grande

quando se analisa o contexto na qual se insere, pois, 47% das IESs de natureza privada

dispõem de métricas de desempenho, enquanto no âmbito público a adoção dessa ferramenta

atinge 75% das instituições.

Cabe aqui salientar que essa preponderância das IESs públicas quanto à adoção de

indicadores pode estar relacionada ao maior número de stakeholders associados a estas

organizações. Este termo refere-se às partes interessadas, incluindo alunos, pessoal docente e

não docente, governo e suas agências de fomento, credenciadores, auditores e assessores, e até

mesmo a sociedade (BURROWS; HARVEY, 1992).

Em relação às IES que utilizam indicadores de desempenho percebe-se que há uma

variação em relação ao grau de mensuração das atividades. Quanto a atividade de pesquisa e

extensão os dados são claros ao demonstrar uma preponderância das IESs públicas na

utilização de métricas de análise no que concernem as mencionadas funções. Enquanto 26

instituições de âmbito público mensuram e analisam essa atividade, apenas 11 na instância

privada tem este interesse. Credita-se essa constatação ao maior incentivo concedido à

pesquisa e extensão nas universidades públicas brasileiras o que consequentemente implica a

existência de mecanismos capazes de mensurar essa atividade (INEP, 2013).

Quanto às atividades de ensino e aprendizagem percebe-se aparentemente que estas

são preferíveis às instituições privadas. Este critério foi o único no qual houve uma

preponderância dessa instância sobre as de âmbito público. Tal constatação demonstra que as

36

IESs privadas estão mais interessadas em mensurar e avaliar o desempenho de seus docentes

na execução de suas atividades e a respectiva satisfação dos discentes para com os serviços de

ensino oferecidos.

Por sua vez, a gestão institucional representa a atividade onde houve a maior

discrepância entre os dados obtidos: enquanto 38 IESs públicas adotam métricas pertinentes a

esta atividade apenas 10 instituições privadas movem ações no intuito de mensurar as

atividades e resultados de sua gestão institucional. As universidades públicas se mostram mais

preocupadas em conhecer, por meio de métricas, a eficácia de setores como coordenação,

secretarias, biblioteca e laboratórios, conforme indicam os dados.

A gestão financeira foi outra atividade em que os resultados apontaram uma

prevalência das instituições de âmbito público quanto à utilização de índices de desempenho.

Mesmo não sendo instituições voltadas para o lucro, as universidades públicas brasileiras

preocupam em demonstrar aos stakeholders de que forma estão sendo utilizados os recursos

que recebem por meio de indicadores com esta finalidade.

Por fim, com os serviços de comunicação, de forma semelhante a todo o contexto

analisado, percebe-se que as IESs públicas possuem uma maior tendência a utilizar métricas

no intuito de mensurar a eficácia de tais serviços. Ressalta-se que os índices não têm a

pretensão de mensurar a qualidade dos serviços, pois os resultados seriam imprecisos, em

decorrência da natureza subjetiva desse aspecto, o que de fato é mensurada é a eficácia dos

serviços.

Diferentes abordagens quanto à perspectiva financeira

As instituições públicas e privadas de ensino superior brasileiras possuem

características distintas quando se analisa sua perspectiva financeira. Estas últimas, como de

sua própria natureza, são orientadas para o lucro, ou seja, desenvolvem suas atividades em

prol de obter resultados financeiros satisfatórios, enquanto as IESs públicas desenvolvem suas

atividades para atender a missão da organização (BARMAN, 2002).

Kaplan e Norton (1992) defendem que nas instituições privadas, a estrutura do BSC

tem na perspectiva financeira seu principal objetivo. Adaptando esse modelo proposto às

instituições de ensino privadas percebe-se que a perspectiva financeira, vai muito além, uma

vez que representa não somente o seu desfecho como também o ponto de partida do fluxo de

atividades pertinentes a essas organizações. Por sua vez, as IESs públicas possuem uma

estrutura diferente. O modelo apresentado na Figura 2 expõe a principal diferença entre essas

duas perspectivas.

Figura 2 – Modelo de análise comparativa

Fonte: Elaborado pelos autores.

Quanto às instituições privadas, esse modelo sugere, em um primeiro momento, que

estas organizações necessitam de recursos financeiros para dar início às atividades e, em um

segundo momento, todas as atividades são orientadas para a obtenção de rendimentos

37

financeiros satisfatórios, ou seja, as IESs privadas partem do lucro em direção ao próprio

lucro. Esta constatação justifica a ideia de fluxo conferida à perspectiva financeira adotada

por IESs privadas brasileiras.

O mesmo não ocorre com as IESs públicas, como pode ser observado no modelo, pois

apesar de ter como ponto de partida “rendimentos financeiros suficientes” as suas atividades

não visam lucros e são orientadas de modo a atingir a missão organizacional. Assim como

todas as organizações, com ou sem fins lucrativos, as IESs públicas precisam de recursos

financeiros para o desenvolvimento de suas atividades, no entanto, seu principal objetivo é

utilizar esses recursos de forma eficiente, ou seja, executar de forma maximizada com o

mínimo de recursos possível.

Eficácia dos resultados dos indicadores de desempenho

Os indicadores de desempenho, ou métricas, são utilizados no contexto das IESs para

mensurar e avaliar suas atividades e resultados, no entanto, percebe-se que a adoção desses

índices apresenta um comportamento ambíguo quanto à garantia de um bom desempenho

dessas instituições.

Por meio da análise dos dados, constata-se que 43 IESs privadas utilizam métricas de

desempenho, no entanto, quando se observa o resultado da pesquisa realizada pelo Ministério

da Educação (MEC), que destacou as 50 melhores instituições de ensino superior brasileiras

no ano de 2012, apenas três pertencem ao âmbito privado. Diante dessa evidência percebe-se

que não há uma clara relação entre a utilização de indicadores de desempenho e o

desenvolvimento das IESs. Isso porque para se estabelecer uma relação causal entre essas

variáveis, seria necessária uma série temporal com seus dados. Esta evidência refere-se

apenas às instituições de natureza privada (INEP, 2013).

Quando se analisa o contexto das IESs públicas a realidade é outra. Constata-se que

nestas organizações os índices de desempenho são fortes indicadores da qualidade e eficácia

dos serviços dessas instituições. Esse fator pode ser evidenciado pela lista que demonstra as

melhores instituições de ensino superior brasileiras na qual há uma grande prevalência das

universidades públicas (INEP, 2013).

Considerações finais

No Brasil existe um maior número de IESs privadas quando comparado às instituições

de ensino de âmbito público. Enquanto essas primeiras totalizam 91 instituições, as

universidades públicas representam apenas 60 unidades. Em contrapartida, há uma tendência

maior de utilização de indicadores de desempenho por parte das IESs públicas. Essa

constatação pode estar associada à complexidade dos interesses dos stakeholders, o que exige

dessas organizações mecanismos de mensuração eficazes que possam demonstrar com

precisão os resultados esperados.

Quando analisadas as IESs que utilizam indicadores de desempenho, percebe-se que

em relação às atividades de pesquisa e extensão, serviços de comunicação, gestão

institucional e gestão financeira houve uma preponderância das instituições públicas em

adotá-las. Quanto à atividade de ensino e aprendizagem, as IESs privadas se mostraram mais

favoráveis e esta, por sua vez, foi a única dentre todas as atividades na qual as instituições

privadas preponderaram-se sobre as públicas.

Outra constatação evidente nessa investigação são as diferentes perspectivas

financeiras associadas às instituições públicas e privadas. Enquanto as IESs de natureza

pública têm nos recursos financeiros seu ponto de partida, pois necessitam desses recursos

para desenvolver suas atividades, as instituições privadas vão muito mais além, tomando os

recursos financeiros não apenas como pontapé inicial, mas como desfecho. As IESs partem do

lucro em direção ao próprio lucro.

38

Por meio da análise dos resultados da pesquisa realizada pelo Ministério da Educação

(MEC), que destacou as 50 melhores instituições de ensino superior brasileiras no ano de

2012, percebe-se que a adoção de indicadores de desempenho nas IESs privadas não possui

nenhuma relação direta com a qualidade das atividades desenvolvidas e com os consequentes

resultados dessas organizações. Em contrapartida, nas instituições públicas a adoção de

índices de desempenho são fortes indicadores da qualidade e eficácia dos serviços prestados.

Tal evidência demonstra o comportamento ambíguo quanto à utilização de indicadores de

desempenho nas IESs das duas instâncias.

Por fim, espera-se que os resultados que emergiram dessa investigação possam ser

tomados como referência para a construção de estudos dentro da temática que aqui se propõe.

O campo de estudos que aborda a aplicação de indicadores de desempenho às IESs encontra-

se ávido por investigações que possibilitem contribuições no que concerne à análise

comparativa entre as IESs públicas e privadas.

4.2 Artigo 2 - Aplicação de indicadores de desempenho no contexto das IESs privadas

brasileiras

Independent Journal of Management and Production

Resumo

Inicialmente voltado para empresas com fins lucrativos, o BSC tem sido adotado por muitas

organizações com objetivos diversos, tais como as instituições de ensino superior (IESs). No

entanto, não existe nenhuma posição clara se há um problema com o modelo BSC ou a forma

como as IESs o tem modificado e implementado. Esse estudo visa preencher a lacuna

existente nesse contexto, uma vez que aqui se pretende desenvolver uma investigação

concreta como o objetivo de demonstrar como essas instituições utilizam indicadores de

desempenho para mensurar suas atividades. Para isso reportou-se a uma pesquisa quantitativa

e exploratória, desenvolvida por meio da análise dos indicadores de desempenho encontrados

nos websites das 91 universidades privadas brasileiras. Constatou-se que mesmo diante de

uma quantidade considerável de IESs poucas são as que possuem indicadores de desempenho

pautados em dados numéricos e estatísticos abrangendo suas principais atividades.

Palavras-chave: Balanced scorecard. Indicadores de desempenho. Instituições de ensino

superior privadas.

Introdução

Esse estudo visa corrigir a lacuna existente na temática que trata da aplicação do BSC

em IESs brasileiras, por meio do desenvolvimento de uma investigação concreta que

demonstre como essas instituições utilizam indicadores de desempenho para mensurar

atividades, como pesquisa e extensão, ensino e aprendizagem, gestão institucional, gestão

financeira e qualidade dos serviços de comunicação. Por meio desse estudo torna-se possível

compreender como as IESs adotam e adaptam o BSC para seus objetivos específicos, sendo

essa a principal contribuição conferida por este constructo.

Essa investigação se mostra de fundamental importância para mensurar a eficácia

dessa estratégia gerencial em outros contextos que não os tradicionais ambientes

organizacionais nos quais já demonstrou sua efetiva contribuição. A fim de direcionar a busca

por soluções racionais reportou-se ao seguinte problema de pesquisa: como as IESs brasileiras

39

adotam e aplicam indicadores de desempenho no controle e mensuração de suas principais

atividades?

Dessa forma, o estudo teve por objetivo conhecer como as IESs utilizam o BSC, na

forma de indicadores de desempenho para a mensuração e controle de suas principais

atividades. Por meio das respostas obtidas nesse estudo pretende-se avançar um passo nas

discussões abstratas e predominantemente empíricas que dominam essa temática.

No intuito de propiciar uma melhor compreensão dos fatos que serão apresentados,

este trabalho será organizado em mais quatro seções além desta que se evidencia. Inicia com

uma revisão crítica da literatura em torno do BSC e sua aplicação às IESs. Posteriormente são

apontados os procedimentos metodológicos, na sequência são relatados os resultados e

discussões. Por fim, são apresentadas as considerações finais do estudo.

Balanced scorecard

As atividades desenvolvidas em uma organização carecem de constante

monitoramento e avaliação, o que impõe aos gestores a utilização de métodos com esta

finalidade. Nesse contexto destaca-se o balanced scorecard (BSC), uma das ferramentas mais

utilizadas para a mensuração e análise de desempenho organizacional. Essa estratégia avalia,

por meio de métricas, as diversas perspectivas envolvidas na dinâmica empresarial

(KAPLAN; NORTON, 1997).

Proposto inicialmente por Kaplan e Norton (1992), o BSC se disseminou de forma

rápida e consistente na cena empresarial. Steele (2001) credita esse desenvolvimento à

necessidade de orientação adequada para a tomada de decisões. Por sua vez, Kaplan e Norton

(1996) defendem que a rápida expansão do BSC deriva da ineficácia de estratégias de gestão

anteriores.

Sustentando estes argumentos, Rocha (2000) afirma que somente as medidas

financeiras e contábeis não são suficientes para se determinar o desempenho de uma

organização e facilmente podem fornecer sinais enganosos sobre a melhoria dos processos

empresariais. Constata-se então, que as contribuições propostas por Kaplan e Norton (1992)

superaram a tradicional concepção financeira-contábil de avaliação, incitando estudiosos e

estrategistas a rever alguns paradigmas e vislumbrar novas formas de mensurar o desempenho

organizacional.

Dessa forma, o BSC oferece às organizações um mecanismo valioso para a tradução

da estratégia em objetivos, medidas e metas específicas. Kaplan e Norton (1992) afirmam que

o BSC transcende a simples formulação da estratégia, tornando-a um verdadeiro mecanismo

de intervenção. Na concepção desses autores:

O BSC reflete o equilíbrio entre objetivos de curto e longo prazo, entre medidas

financeiras e não financeiras, entre as perspectivas interna e externa de desempenho.

Configura-se como um elemento realimentador do processo de comunicação no

mesmo momento em que apresenta novas necessidades de interação com diversos

públicos da organização (NORTON e KAPLAN, 1996, p. 52).

O modelo BSC proposto por Kaplan e Norton (1996) defende a visualização da

organização sob quatro perspectivas fundamentais, quais sejam: finanças, clientes, processos

internos e aprendizagem/crescimento. Para efeitos de gestão, métricas (scorecards) são

desenvolvidas e os dados são coletados para avaliar cada uma dessas perspectivas.

Durante o processo de evolução, o conceito de BSC se modernizou sendo acrescido de

novas características. Uma dessas contribuições foi proposta Macstravic (1999), quando

destacou que o BSC representa um meio de traduzir a visão da empresa em estratégia real,

fornecendo o feedback das atividades e possibilitando a aprendizagem de seus componentes.

Steele (2001), por sua vez, conferiu ao BSC o conceito de elemento norteador do processo de

40

tomadas de decisões conscientes, afirmando que essa ferramenta se traduz na transmissão da

estratégia por meio de um conjunto de medidas integradas.

Em síntese, o BSC representa um bem necessário às organizações, como declaram

Kaplan e Norton (1992), pois fornece maior solidez à tomada de decisões, maior controle

financeiro e administrativo das atividades e inter-relação entre os diversos processos

constituintes do todo organizacional, colocando a estratégia no centro do processo de gestão

(KAPLAN; NORTON, 1992).

A aplicação do balanced scorecard em IESs

O princípio fundamental apresentado pelo BSC, qual seja, a articulação de medidas de

estratégia, missão e desempenho, não é novo no contexto das IESs. As primeiras evidências

da utilização dessa ferramenta no ambiente universitário foram concebidas por O'Neil et al.

(1999). Esses autores defendem a necessidade de aplicação do BSC nesse ambiente, visto que

as instituições de ensino se encontram cada vez mais responsabilizadas pelos resultados dos

serviços que oferecem.

Os autores reconhecem que as IESs, concebidas por eles como "anarquias

organizadas", representam o tipo de organização onde há uma maior dificuldade para a

aplicação do BSC, pois parece haver uma forte resistência e ceticismo por parte dos

acadêmicos sobre a possibilidade de introdução de medidas quantitativas na avaliação do

quanto essas instituições são eficazes (O’NEIL et al., 1999).

Historicamente, os indicadores de desempenho adotados pelas IESs não apresentavam

uma imagem da situação da instituição como um todo. Estes indicadores eram incapazes de

visualizar as dimensões organizacionais sob a ótica administrativa, negligenciando aspectos

como, missão, visão e direção estratégica da instituição, como destaca Philbin (2011).

Esse cenário se mostrou oportuno para a introdução do BSC no contexto das IESs.

Essa nova ferramenta possibilitou às instituições de ensino superior uma abordagem ampla de

seus processos não se atendo a simples medidas contábeis-financeiras. Kaplan e Norton

(1992) explicam que essa ferramenta permite descobrir maneiras diferentes de auxiliar a

instituição a alcançar os objetivos previamente determinados no planejamento estratégico.

As contribuições propiciadas pelo BSC às IESs podem ser evidenciadas por meio de

alguns constructos elaborados dentro dessa temática. Cabe destacar os estudos de Chang e

Chow (1999), Sutherland (2000) e Cullen et al. (2003). Essas investigações foram

contrastantes ao apontar a eficácia do BSC no contexto das IESs propiciando a seus gestores

métodos que lhes permitam tomar decisões sólidas, além de ferramentas estratégicas capazes

de integrar as funções que compõem a instituição.

Percebe-se então, que embora o BSC não tenha sido desenvolvido para atender a

gestão das instituições de ensino, algumas ideias geradas por esta abordagem foram integradas

em muitas iniciativas destinadas a melhorar a qualidade do ensino superior.

Metodologia

Para Chizzotti (1995), a pesquisa investiga o mundo em que o homem vive e o próprio

homem, contudo só há pesquisa com o apoio de procedimentos metodológicos adequados que

facilitem a proximidade com o objeto investigado.

Portanto, este estudo partiu de um método dedutivo de construção, onde uma situação

geral e genérica fornece elementos para se determinar concepções particulares de uma

realidade observada (MARCONI; LAKATOS, 2004). Por sua vez, utilizou-se métodos

quantitativos de abordagem, pois acredita-se que estes são mais adequados ao que se pretende

investigar nesse constructo, a mencionar, a aplicação de indicadores de desempenho às

atividades das IESs.

41

Para Kunh (1978), a opção por uma abordagem quantitativa traz à luz algumas

características. No tocante a ontologia, a pesquisa apresenta realidade objetiva e singular com

epistemologia que deixa claro que não há proximidade entre sujeito e objeto de estudo, a

axiologia apresenta-se como livre de valores e metodologia com design estático onde

generalizações conduzem a previsões e explicações com confiabilidade.

Quanto aos objetivos, a pesquisa é exploratória, pois se debruça sobre um campo de

investigação ainda em construção. Para Piovesan e Temporini (1995), o estudo exploratório é

aquele que permite a construção de evidências que possibilitam a familiarização do

pesquisador com o objeto de estudo no contexto de sua realidade.

No que concerne aos procedimentos adotados a pesquisa é documental. Para Cervo e

Bervian (1978), este tipo de pesquisa é realizada por meio de documentos contemporâneos ou

retrospectivos, cientificamente autênticos. Para a construção desse estudo utilizou-se

documentos eletrônicos das principais universidades privadas do Brasil, que continham

informações referentes aos indicadores de desempenho de atividades como, pesquisa e

extensão, ensino, gestão institucional, gestão financeira e serviços de comunicação.

Em relação à coleta de dados o estudo caracteriza-se como transversal, no qual os

dados foram coletados em um único intervalo de tempo. Esta técnica assemelha-se a uma

fotografia de um cenário naquele momento, o que difere dos estudos longitudinais nos quais

os dados são coletados por um longo período (RODRIGUES, 2012).

Para a elaboração do estudo foram consideradas as 91 universidades privadas

brasileiras. Embora apenas 43 instituições possuam, em seus registros eletrônicos, indicadores

de desempenho de suas principais atividades, para atender a critérios de análise entendeu-se

conveniente utilizar toda a população. Os dados foram coletados por meio de uma busca nos

websites de todas as universidades privadas brasileiras. Esta busca concentrou-se na procura

por indicadores de desempenho institucionais, financeiros ou de gestão.

Para analisar as informações obtidas, os dados foram organizados, codificados e

interpretados por meio de técnicas de análise específicas aos objetivos propostos. Os

resultados que emergiram da investigação foram colocados em uma sequência retilínea de

significância de modo a fornecer explicações que permitissem realizar inferências dentro de

uma realidade empírica (ASCENSO ROSA et al., 2014).

Resultados e discussão

O uso de indicadores de desempenho representa uma ferramenta básica e essencial à

gestão de uma organização. Quando se trata de uma IES, a utilização desses mecanismos de

mensuração torna-se ainda mais necessária diante da imensidade de variáveis envolvidas em

seus processos. Nesta seção serão analisados aspectos que tratam de como as IESs mesuram

fatores essenciais a sua dinâmica, tais como, ensino e aprendizagem, gestão institucional,

pesquisa e extensão, gestão financeira e qualidade dos serviços de comunicação.

Aplicação de indicadores de desempenho

Dentre os dados obtidos por meio da consulta realizada aos websites das universidades

privadas brasileiras emergiram algumas considerações que, uma vez quantificadas, permitem

realizar uma análise mais sólida e fomentar discussões fidedignas sobre a adoção e utilização

de indicadores de desempenho. O gráfico 2 demonstra por meio de dados numéricos a

realidade da utilização dessas ferramentas de controle e avaliação no contexto das IESs

privadas brasileiras.

42

Gráfico 2 – Aplicação de indicadores de desempenho às atividades das IESs

Fonte: Elaborado pelos autores.

A primeira característica que se tem como evidência no gráfico 2 está relacionada à

quantidade de IESs que, de fato, utilizam indicadores de desempenho para controlar e avaliar

suas atividades. Dentre as 91 universidades privadas brasileiras apenas 43 utilizam essa

ferramenta. Esse número demonstra que menos da metade do total de universidades privadas

do país dispõe de um mecanismo de mensuração que possa fornecer-lhes informações sobre o

desenvolvimento das atividades a qual se dedicam.

No tocante às instituições de ensino superior que adotam indicadores de desempenho

em 27 delas esse mecanismo é empregado no intuito de mensurar e controlar as atividades de

ensino e aprendizagem. De maneira geral, dentro desse contexto, os indicadores de

desempenho são utilizados para: quantificar a satisfação dos clientes (discentes) quanto às

diretrizes curriculares; quanto à adequação ao projeto pedagógico; quanto à criatividade e

compromisso dos docentes e quantos às formas de avaliação adotadas pela instituição.

Dentre as 43 universidades privadas, nas quais constatou-se a presença de índices de

desempenho, 11 delas empregam essa ferramenta no intuito de fornecer dados quantitativos

que permitam a avaliação das atividades de pesquisa e extensão. Para se avaliar a atividade de

pesquisa é considerada a quantidade de trabalhos publicados em periódicos científicos ou em

anais de eventos durante um período. Por sua vez, a quantidade de ações desenvolvidas à

comunidade e seus impactos são dados que permitem avaliar as atividades de extensão

adotadas pelas instituições.

A quantidade de universidades privadas que utilizam indicadores de desempenho para

mensurar e analisar sua gestão institucional totalizou 10 instituições, dentro do universo

considerado. Percebeu-se, por meio dos dados obtidos, que a gestão institucional é avaliada

por meio da capacidade de coordenadores e diretores de gerar resultados positivos à

instituição, no entanto, a atuação de órgãos como secretaria, biblioteca e laboratórios são

importantes para se conferir métricas satisfatórias à gestão institucional de uma universidade.

De forma semelhante, constatou-se que 10 universidades privadas utilizam indicadores

de desempenho para quantificar e avaliar a qualidade dos serviços de comunicação. É

importante ressaltar que essas instituições não têm a pretensão de quantificar a qualidade em

si, pois devido ao seu caráter subjetivo essa ação seria imprecisa, no entanto, o que se

mensura é a eficácia e os resultados associados à qualidade dos serviços de comunicação,

esses são plausíveis de quantificação e análise.

Por fim, cabe aqui salientar que apenas três, dentre as 43 universidades privadas que

adotam indicadores de desempenho, utilizam essa ferramenta para mensurar seus resultados

financeiros. Nessas poucas instituições optantes por índices de avaliação dessa natureza os

resultados financeiros são demonstrados por meio de balanços patrimoniais, demonstração de

resultado de exercício e demonstração de fluxo de caixa. Muitas instituições não divulgam

91

43

27

11 10 10 3

0102030405060708090

100

TOTAL IES POSSUEM (ID) ENSINO-APRENDIZAGEM

PESQUISA EEXTENSÃO

GESTÃOINSTITUCIONAL

QUALIDADE DOSSERVIÇOS

GESTÃOFINANCEIRA

43

seus indicadores financeiros por considerá-los índices particulares e restritos de análise e

apuração exclusiva dos gestores da instituição.

Inter-relação das atividades desenvolvidas pelas IESs

Ao se analisar a forma pela qual as IESs utilizam indicadores de desempenho

constatou-se que há uma tendência entre essas instituições em considerar as atividades,

indissociavelmente, unidas dentro de um contexto dinâmico de execução, ou seja, para que

uma atividade se desenvolva de maneira adequada a que lhe antecede deve ser cumprida

satisfatoriamente. Diante dessas considerações propõe-se aqui um modelo interfuncional de

desempenho que confere às atividades e aos indicadores de desempenho um caráter dinâmico

e de complementaridade.

Figura 3 – Modelo interfuncional de desempenho

Fonte: Elaborado pelos autores.

O modelo proposto defende a concepção de que o ponto de partida do fluxo que

envolve atividades e indicadores de desempenho se inicia pela gestão financeira da

instituição. A proposta é que uma gestão financeira eficaz, caracterizada pela solvência das

finanças, é essencial para garantir o desenvolvimento de uma instituição de ensino privada.

No contexto do modelo, para que a segunda atividade, gestão institucional, se desenvolva de

forma satisfatória, a primeira deve encontrar-se dentro dos padrões de aceitação, padrões

esses observáveis por meio de indicadores de desempenho como Demonstração do Resultado

do Exercício (DRE), balanços e fluxos de caixa.

Por sua vez, uma gestão institucional adequada, ou seja, quando coordenadores e

diretores atuam com eficácia no desempenho de suas funções, e setores como biblioteca,

laboratórios e secretarias são direcionados às necessidades dos discentes a qualidade das

atividades de ensino e aprendizagem e serviços de comunicação emanam como consequência

direta.

Essas duas funções combinadas convergem nas atividades de pesquisa e extensão, ou

seja, boas ferramentas de comunicação interna, combinadas a incentivos de ensino e

aprendizagem são fundamentais para fomentar a adoção de atividades de pesquisa e extensão

por parte das universidades. Por se tratar de uma instituição privada, a combinação de todas

essas atividades desenvolvidas de forma satisfatória fornecem resultados rentáveis

financeiramente, o que conduz novamente ao início do modelo no qual esses rendimentos

financeiros serão administrados de forma a propiciar a continuidade das atividades da

instituição. Essa característica justifica o caráter de fluxo conferido ao modelo proposto.

Os indicadores de desempenho assumem um papel fundamental dentro desse contexto,

uma vez que atuam nas interfaces entre uma atividade e outra propiciando controle e análise

de seus resultados, o que permite que as funções se desenvolvam de forma dinâmica e

consistente em um fluxo intermitente e contínuo.

44

Eficácia dos indicadores de desempenho

Uma questão é pertinente ao se analisar a relação existente entre a utilização de

indicadores de desempenho e o desenvolvimento da instituição. Até que ponto a utilização de

mecanismos de mensuração e análise de desempenho influenciam na eficácia da execução das

atividades das instituições de ensino superior privadas? Esta é uma indagação ainda sem

solução, já que inexistem dados que lhe permitam atribuir respostas exatas.

De acordo com os resultados do índice geral de cursos (IGC) realizado em 2012,

dentre as 50 melhores instituições de ensino superior brasileiras somente três são privadas,

quais sejam, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC/RJ, Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP, Pontifícia Universidade Católica do Rio

Grande do Sul – PUC/RS (INEP, 2013). Por meio dos dados obtidos constata-se que as

mencionadas instituições de ensino utilizam indicadores de desempenho, neste caso existe

uma relação entre a adoção de indicadores de desempenho e a eficácia dos resultados obtidos.

No entanto, outras instituições que se mostraram favoráveis à adoção e utilização de

índices de desempenho de suas atividades nem sequer foram relacionadas nesta classificação.

Embora existam índices que qualifiquem as IESs privadas, nenhum deles faz qualquer

inferência ao impacto dos indicadores de desempenho nesses resultados. Com isso, constata-

se que não se pode atribuir o sucesso de uma instituição de ensino ao fato de possuir índices

de mensuração, ao passo que também não se pode atribuir seu fracasso à ausência desses

indicadores.

Considerações finais

Existe uma quantidade considerável de instituições de ensino superior privadas no

Brasil, porém poucas delas adotam indicadores de desempenho com dados numéricos e

estatísticos abrangendo suas principais atividades que, por sua vez, permitam uma análise da

situação atual ou de sua evolução durante um determinado período. Esta afirmação está

pautada na existência ou não de indicadores de desempenho nos websites dessas instituições.

Em relação às instituições que adotam indicadores de desempenho, a maioria utiliza

essas ferramentas para mensurar e analisar as atividades de ensino e aprendizagem. Credita-se

esta preferência ao fato dessas atividades representarem a principal atribuição de uma

instituição de ensino, então são frequentes as ações no intuito de analisar e controlar as

atividades mencionadas. De maneira contrária, a mensuração e avaliação dos rendimentos

financeiros representa a atividade na qual as instituições de ensino menos utilizam indicadores

de desempenho.

No contexto das IESs brasileiras percebe-se que as atividades desenvolvidas

encontram-se unidas dentro de um sistema contínuo de execução. Essa constatação confere à

dinâmica dessas atividades a ideia de fluxo. Ressalta-se para que uma atividade se desenvolva

é necessário que a antecedente tenha sido realizada de forma eficaz e satisfatória.

Mesmo diante da relevância da adoção de indicadores de desempenho e sua

importância na elaboração de métricas que permitam analisar a situação das atividades de uma

instituição de ensino, ainda existe uma lacuna a ser preenchida nessa temática que impede que

esta ferramenta seja associada ao sucesso dessas instituições, ou que permita afirmar que o

seu insucesso decorre de sua ausência.

Dessa forma, como sugestão para estudos posteriores identifica-se a possibilidade de

construção de uma investigação que possa corrigir essa lacuna teórica por meio de um

construto que correlacione a adoção de indicadores de desempenho às atividades de

instituições de ensino superior privadas à sua eficácia e desenvolvimento, ou que associe seu

insucesso à ausência desses mecanismos de mensuração.

45

4.3 Artigo 3 - Sustentabilidade do Balanced Scorecard: uma análise do contexto das

instituições de ensino superior brasileiras

Production and Operations Management Society 2015 Conference

Resumo

Percebe-se que as IESs brasileiras sentem enorme dificuldade na manutenção de vantagens

competitivas sustentáveis quando alcançadas por meio de estratégias de negócios ainda pouco

conhecidas ou pouco utilizadas no contexto nacional como o BSC. Diante disso, foi proposta

a seguinte pergunta: como fazer o BSC uma estratégia sustentável no contexto do brasileiro?

Para isso foi realizada uma pesquisa quantitativa aplicada e exploratória, na qual foi

considerada a população de 151 IESs federais brasileiras (INEP, 2014) e uma amostra de 109

IESs. Foram coletados dados institucionais para analisar o contexto dessas instituições em

seus sítios eletrônicos. Os dados foram analisados com o auxílio do programa estatístico SPSS

(Statistical Package for the Social Science) para a formulação de estatísticas descritivas e

análise de correlação (Pearson). Os resultados discutiram fatores favoráveis à sustentabilidade

do BSC, como o poder centralizado, o quadro funcional reduzido e a execução de atividades-

chave em setores específicos. De modo oposto, os fatores desfavoráveis à sustentabilidade do

BSC foram a atenção concentrada na perspectiva do ensino e a incapacidade gerencial

demonstrada pelos gestores.

Palavras-chave: Balanced Scorecard. Instituições de Ensino Superior. Gestão Sustentável.

Introdução

A necessidade de se adaptar às mudanças provocadas pela expansão do sistema

educacional de ensino superior brasileiro nos últimos anos (INEP, 2014) fez com que as

Instituições de Ensino Superior (IESs) se apropriassem de estratégias empresariais adotadas

por organizações de outros segmentos, com destaque para o Balanced Scorecard (BSC).

Apesar da dificuldade inicial de se adaptar à realidade distinta das IES’s brasileiras, o BSC se

apresenta como uma metodologia capaz de trazer benefícios a essas instituições ao permiti-las

traduzir em medidas tangíveis sua missão e estratégia.

No entanto, a literatura mostra que as IESs brasileiras têm encontrado dificuldade na

implantação e uso do BSC, principalmente em decorrência da complexidade de sua

operacionalização e da necessidade de constantes revisões (GALVÃO et al., 2011; ULYSSEA

et al., 2013). Assim, uma questão se mostra pertinente: como tornar o BSC uma estratégia

sustentável no contexto das IESs brasileiras? Dessa forma, este estudo tem por objetivo, ao

analisar o contexto das IESs brasileiras, encontrar medidas que tornem possível a

sustentabilidade do BSC.

Referencial teórico

Em decorrência de seu sucesso junto a empresas privadas, o modelo do BSC se

expandiu de tal maneira que universidades, organizações sem fins lucrativos e entidades

governamentais também vislumbraram na adoção desse método a oportunidade de otimizar

seus processos gerenciais (ULYSSEA et al., 2013). Destaca-se ainda que, devido a sua

eficiência de converter em métricas (scorecards) a estratégia empresarial, o BSC passou a ser

utilizado também em níveis menores do que aqueles originalmente propostos, como em

setores e departamentos (GALVÃO et al., 2011).

Apesar dessa notável expansão na utilização do BSC por organizações de diversos

segmentos estudiosos têm apontado frequentes casos de fracasso na utilização dessa

46

ferramenta de gestão (LIMA et al., 2012). De acordo com Kaplan e Norton (1992), alguns

fatores podem estar associados ao insucesso na operacionalização do BSC: a) falta de

comprometimento da alta administração; b) baixo envolvimento dos colaboradores da

empresa; c) concentrar o desenvolvimento do BSC apenas na alta administração; d) processo

de desenvolvimento muito longo; e) contratação de consultores inexperientes.

No Brasil, Ulyssea et al. (2013) destacam, em seu estudo, que as principais

dificuldades associadas à sustentabilidade do BSC podem ser concentradas em dois grupos

distintos: fatores organizacionais e fatores relacionados ao uso, propriamente dito, do método.

O primeiro fator se refere à estrutura da organização que se propõe a implantar o método, bem

como seus processos, sua cultura, seus objetivos e sua missão. O segundo fator, por sua vez,

se refere aos esforços empreendidos tanto por colaboradores quanto pela alta administração

durante o processo de implantação e operacionalização do método.

Ao se analisar as IESs brasileiras percebe-se que os frequentes casos de fracasso na

utilização do BSC podem ser creditados, predominantemente, à falta de conhecimento

gerencial demonstrada por muitos dos profissionais que administram essas organizações

(LIMA et al., 2012). De acordo com Galvão et al. (2011), grande parte dessas instituições são

gerenciadas por profissionais advindos da área da educação o que dificulta a sustentabilidade

do método diante dos desafios iniciais impostos pelo processo de implantação e da

necessidade de constantes revisões para permitir sua operacionalização.

Metodologia

Este estudo parte de um método dedutivo de pesquisa, comum em investigações no

campo das ciências sociais aplicadas, já que adota uma abordagem quantitativa na análise dos

dados. Essa abordagem tem sua utilização indicada em investigações que se preocupam em

analisar grandes amostras e pretendem trabalhar com dados estatísticos no intuito de se

entender determinados fenômenos do meio social (MAANEN, 1979). Assim, nesse estudo, ao

utilizar uma abordagem quantitativa, buscou-se compreender como tornar o BSC sustentável

em IESs brasileiras.

A literatura sobre BSC em IESs brasileiras apresentou sua fase de maior notoriedade

no início dos anos 2000, no entanto, na última década estudos nessa temática estão se

tornando cada vez mais raros (LIMA et al., 2012). Acredita-se que em decorrência da

expansão das IESs no Brasil, em termos quantitativos e qualitativos, estudar esse tema torna-

se novamente pertinente. Dessa forma, destaca-se que este estudo possui objetivos

exploratórios.

De acordo com Piovesan e Temporini (1995), pesquisa exploratória é aquela que

busca proporcionar maior conhecimento e familiarização a respeito de um tema sobre o qual

conhecimentos adicionais são desejados. Para Cervo e Bervian (1978), a pesquisa

exploratória, na qualidade de parte integrante da pesquisa principal, representa um estudo

preliminar realizado com a finalidade de melhor adequar o instrumento de medida à realidade

que se pretende conhecer, ou seja, o estudo exploratório tem por objetivo conhecer a realidade

estudada tal como se apresenta no contexto no qual ela se insere.

Para o desenvolvimento desse estudo foram consideradas as 151 IESs federais

brasileiras (INEP, 2014). Para se chegar ao número de instituições a serem analisadas foi

elaborado um cálculo amostral com nível de confiança 95% e erro amostral de 5% em que o

“n” calculado, ou seja, o número de IESs a serem abordadas no estudo para obter

representatividade estatística foi de 109 IESs. Quanto aos procedimentos, foram coletados

dados institucionais que permitiam analisar o contexto dessas instituições em seus sítios

eletrônicos. Após essa etapa, os dados foram analisados com o auxílio do programa estatístico

SPSS (Statistical Package for the Social Science) para a formulação de estatísticas descritivas

e análise de correlação (Pearson).

47

Resultados e discussão

A análise dos dados institucionais (relatório da Comissão Própria de Avaliação,

registros de resultados anuais e demonstrações financeiras das instituições), permitiu a

identificação de fatores favoráveis e desfavoráveis à sustentabilidade do BSC nas IESs

brasileiras. Nessa seção estas hipóteses foram verificadas estatisticamente por meio de

estatísticas descritivas, bem como análises de correlação (Pearson).

Tabela 1 – Correlações das variáveis do estudo com a sustentabilidade do BSC

Fonte: Elaborado pelo autor com os dados da pesquisa.

Dessa forma, essa seção será dividida em duas partes distintas. Na primeira parte

foram elencados e discutidos alguns fatores que favorecem a sustentabilidade do BSC no

contexto da organização. Em contrapartida, na segunda parte foram elencados e analisados

aspectos associados à dificuldade de manutenção do BSC, ou seja, fatores, internos e externos

à organização, que se apresentam como desfavoráveis à sustentabilidade dessa metodologia.

Fatores favoráveis à sustentabilidade do BSC

a) Poder centralizado

Dentre as IESs analisadas 56,32% demonstraram possuir um poder centralizado na

tomada de decisões. Para Lima et al. (2012) um dos fatores responsáveis por tornar o processo

de operacionalização do BSC complexo é a descentralização de autoridade de algumas

organizações, estratégia adotada por 43,68% das instituições analisadas. Esses autores

destacam que o processo de descentralização, por um lado, é benéfico às organizações, pois

possibilita que as decisões sejam tomadas de forma mais eficiente e, consequentemente, os

problemas sejam resolvidos sem que seja necessária a intervenção da alta administração. No

entanto, uma das principais desvantagens da descentralização de autoridade é o risco de

“subobjetivação”, e para Lima et al. (2012) é justamente esse problema que desfavorece a

operacionalização do BSC.

Para reforçar essa suposição, por meio da análise de correlação de Pearson, percebeu-

se que existe um grau de correlação positiva forte (p = 0,874) entre as variáveis,

sustentabilidade do BSC e centralização das decisões. Isso indica que a adoção de um poder

decisório centralizado favorece mais a sustentabilidade do BSC do que uma estratégia de

descentralização quanto às decisões a serem tomadas. Lima et al. (2012) já destacavam esse

aspecto em seu estudo. Para esses autores, quando muitos profissionais detêm o poder de

tomar decisões significativas pode haver incompatibilidade de objetivos ou de decisões, pois

esses profissionais tendem a colocar os objetivos de seus departamentos à frente dos objetivos

globais o que compromete a estratégia da empresa, assim como a engajamento de

colaboradores à filosofia do BSC.

b) Quadro funcional reduzido

Para Kaplan e Norton (1992), o baixo envolvimento dos colaboradores da empresa

para com o processo de operacionalização do BSC pode representar um fator desfavorável à

1 2 3 4 5 6

(1) Sustentabilidade do BSC

(2) Centralização das decisões 0,874**

(3) Quantidade de funcionários -0,811** 0,236

(4) Quantidade de atividades/perspectivas -0,761** 0,156 0,452

(5) Ênfase exclusiva na perspectiva ensino -0,823** 0,248 0,398 0,194

(6) Capacidade gerencial -0,882** 0,391 0,278 0,122 0,173

(7) Custos de operacionalização 0,436 0,321 0,297 0,355 0,184 -0,765**

48

sustentabilidade desse método. Dessa forma destaca-se que 65,76% das instituições analisadas

apresentam dificuldades em manter funcionários motivados e engajados em planos

estratégicos da empresa. Esse número alto, 72 IESs, destaca a importância de analisar com

maior precisão essa variável na operacionalização do BSC. A análise de Pearson demonstrou

haver correlação negativa forte (p = - 0,811) entre as variáveis quantidade de funcionários e

sustentabilidade do BSC. Isso indica que quanto mais funcionários a empresa manter em seu

quadro funcional menor será a sustentabilidade do BSC, ou mais dificuldade encontrará para

manter esse método.

A explicação a esse viés pode ser encontrada no estudo de Galvão et al. (2011). Para

esses autores, quanto maior o quadro funcional de uma organização maior é a possibilidade

que os colaboradores se desmotivem e se distanciem dos objetivos estabelecidos. Dessa

forma, sugere-se que o quadro funcional reduzido de uma empresa favoreça a sustentabilidade

do BSC, já que essa estrutura reduzida permite que os gestores tenham um maior controle

sobre os colaboradores, identificando sinais de desmotivação e de baixo comprometimento

com os objetivos e com sua tarefa. Desse modo, ações pontuais podem ser realizadas visando

garantir a eficácia de estratégias gerenciais adotadas.

c) Execução de atividades-chave em setores específicos

Quando analisado dados referentes à estrutura gerencial das IESs brasileiras

consideradas nesse estudo, percebeu-se que 52,97% dessas instituições possuem uma

quantidade exacerbada de atividades. A análise de Pearson demonstrou que existe um grau de

correlação forte negativo (p = - 0,761) entre as variáveis, quantidade de atividades ou

perspectivas e sustentabilidade do BSC. Esses números destacam que quanto maior o número

de perspectivas envolvidas na atividade da instituição menor a sustentabilidade do BSC.

O BSC é uma ferramenta gerencial estratégica que avalia, por meio de métricas, as

diversas perspectivas, ou atividades, envolvidas no contexto empresarial (KAPLAN e

NORTON, 1992). Dessa forma, quanto mais atividades estiverem sob a responsabilidade de

uma organização mais complexa será a operacionalização do BSC e, consequentemente, sua

sustentabilidade torna-se um desafio ainda maior. Quando propuseram um modelo de

avaliação de desempenho às IESs, Galvão et al. (2011) destacaram que um fator primordial

para o sucesso desse empreendimento seria eliminar cargos e setores desnecessários e

condensar atividades homogêneas de modo a enxugar a estrutura da organização para que o

número de perspectivas seja reduzido e o processo de gestão do BSC se torne menos

complexo.

Fatores desfavoráveis à sustentabilidade do BSC

a) Atenção concentrada na perspectiva do ensino

A análise dos dados indicou que 86,32% das IESs analisadas, o que totaliza 94

instituições, possuem uma tendência a concentrar sua estratégia na perspectiva ensino. Esse

aspecto também foi destacado por Lima et al. (2012). Para os autores, as IESs brasileiras têm

apresentado uma tendência negativa e desfavorável à sustentabilidade do BSC: atenção

exacerbada à perspectiva do ensino. A análise de correlação de Pearson demonstrou haver

uma correlação negativa forte (p = - 0,823) entre as variáveis, ênfase exclusiva na perspectiva

ensino e sustentabilidade do BSC, o que indica que quando maior for a ênfase concedida

exclusivamente à perspectiva ensino, menor será a sustentabilidade do BSC no contexto da

instituição, ou mais dificuldade essa organização terá para manter esse método.

Para Borges et al. (2014), não há dúvida que o ensino representa a principal atividade

desempenhada por uma IES, ao mesmo tempo em que é esta a atividade que a representa, no

entanto, o questionado é que ao oferecer atenção a essa atividade muitos gestores acabam por

esquecer as demais perspectivas da organização como finanças, processos e aprendizado e

crescimento. Não há como sustentar uma metodologia como o BSC, mantendo o foco apenas

49

em relação a uma perspectiva, já que no contexto dessa ferramenta as perspectivas devem

funcionar como um sistema.

b) Incapacidade gerencial demonstrada pelos gestores

De acordo com Borges et al. (2014), existe uma tendência no Brasil que organizações

educacionais sejam administradas por profissionais advindos da área da educação. Percebe-se

que esses profissionais, em muitos casos, não possuem conhecimentos técnico-científico na

área de gestão, o que compromete substancialmente a operacionalização de estratégias

gerencias, como o BSC. O estudo de Lima et al. (2012) também destaca que em organizações

que não possuem profissionais especializados na área gerencial a sustentabilidade do BSC

torna-se mais onerosa, pois essas organizações necessitam contratar consultores para realizar

as constantes revisões que o método exige. A análise de correlação comprova a suposição

desses autores. Ao se relacionar as variáveis capacidade gerencial e sustentabilidade do BSC

obteve-se uma correlação positiva forte (p = 0,882). Isso indica que quanto maior for a

capacidade gerencial da instituição maior a possibilidade de se sustentar o BSC. Ao se

analisar as variáveis, custos de operacionalização e capacidade gerencial, percebeu-se que

quanto maior o conhecimento gerencial na instituição menores são os custos associados à

sustentabilidade do BSC, o que indica uma correlação negativa forte (p = - 0,765).

Considerações finais

Nesse estudo foi destacada a existência de diversos fatores que influenciam positiva e

negativamente na sustentabilidade do BSC. Diante dessas considerações percebe-se que

algumas informações que foram trazidas à luz permitirão que práticas sejam empreendidas no

intuito de tornar o processo de operacionalização do BSC menos complexo e,

consequentemente, menos oneroso, o que favorece a sua sustentabilidade.

Quanto aos aspectos favoráveis à sustentabilidade do BSC percebe-se que a maioria se

encontra associada à estrutura organizacional e gerencial das IESs. Os resultados indicam que

uma estrutura organizacional mais enxuta, com decisões de poder mais centralizadas, reduz os

riscos de os objetivos estratégicos não encontrarem adesão no contexto dessas organizações.

Por sua vez, os aspectos desfavoráveis encontram-se mais associados às deficiências

gerenciais decorrentes da dificuldade demonstrada por administradores em conduzir, de

maneira eficaz, determinadas ferramentas estratégicas. Esse despreparo, em termos de

conhecimentos técnico-científicos, contribui para tornar a operacionalização do BSC mais

onerosa, pois necessita dos serviços dispendiosos de consultores nas constantes revisões.

Partindo dos resultados aqui destacados, em estudos posteriores, pesquisadores podem tentar

formular alternativas que contribuam para tornar o BSC um método menos oneroso e

dispendioso às IESs brasileiras.

4.4 Artigo 4 - O BSC em instituições de ensino superior: uma estratégia de melhoria de

gestão

Production and Operations Management Society 2015 Conference

Resumo

Como gestores de instituições de ensino superior (IESs) brasileiras podem utilizar o BSC para

melhorar o processo de tomada de decisão? A resposta a esta questão norteou este estudo que

constatou a eficiência dessa estratégia de negócios no contexto educacional de expansão do

50

ensino superior brasileiro. Foi utilizada uma abordagem qualitativa e exploratória, em que o

procedimento adotado foi um estudo de caso na IES foco da análise. Para a construção desse

estudo, especificamente, foram realizadas entrevistas com gestores de uma universidade

privada brasileira (Universidade Alfa) e foram utilizados documentos institucionais dessa

instituição o que permitiu uma análise mais apurada de seu contexto para se compreender

como o balanced scorecard (BSC) pode ser utilizado no processo de tomada de decisões. Os

resultados apontaram as situações nas quais os gestores encontram maior dificuldade no

processo de tomada de decisões gerenciais, como as decisões são tomadas no contexto da

instituição e como o BSC pode auxiliar no processo de tomada de decisões.

Palavras-chave: Balanced Scorecard. Instituições de Ensino Superior. Estratégia de gestão.

Introdução

Os gestores das IESs brasileiras, comumente, se deparam com situações nas quais têm

de decidir, ante as mais diversas opções, qual a melhor ou mais adequada solução aos seus

dilemas gerenciais (GALVÃO et al., 2011). Esse processo de tomada de decisões se torna

ainda mais complexo, ao se considerar a expansão no sistema educacional de ensino superior

e o aumento da complexidade na gestão das IESs vivenciados no Brasil (LIMA et al., 2012).

Dessa forma, para se sobrepor a essa dificuldade, os gestores têm adotado o BSC,

metodologia que visa, por meio de métricas, avaliar as diversas perspectivas empresariais

(KAPLAN; NORTON, 1992).

Assim, por acreditar que o balanced scorecard (BSC) representa uma metodologia

estratégica que pode contribuir para uma maior solidez na gestão das IESs brasileiras, em

decorrência de sua capacidade de oferecer aos gestores informações que lhes permitam tomar

decisões menos intuitivas e mais racionais, propõe-se o seguinte problema de pesquisa: como

os gestores das IESs brasileiras podem utilizar o BSC no processo de tomada de decisões?

Nesse estudo, buscou-se verificar como o BSC pode ser utilizado para facilitar a tomada de

decisões estratégicas.

Referencial teórico

A expansão do sistema educacional de ensino superior brasileiro, representada tanto

pelo aumento da quantidade de estudantes matriculados quanto pelo crescimento do número

de IESs, contribuiu para as transformações ocorridas nos níveis de qualidade dos serviços

ofertados por essas organizações, o que tornou o processo de gestão das IESs mais complexo

e exigindo novas estratégias para administração das mesmas. Diante desse cenário, muitos

gestores têm optado pela utilização do BSC (LIMA et al., 2012) e por esse mecanismo

oferecer instrumentos que permitem uma administração mais sólida.

O princípio fundamental apresentado pelo BSC, qual seja, a articulação de medidas de

estratégia, missão e desempenho de maneira sistêmica, não é novo no contexto das IESs. As

primeiras evidências da utilização dessa ferramenta datam da década de 1990, em

universidades dos EUA (PHILBIN, 2011). A necessidade de aplicação do BSC nesse

ambiente se intensificou à medida que essas instituições se tornaram cada vez mais

responsabilizadas pelos resultados dos serviços que ofereciam à sociedade.

No entanto, conforme destaca Philbin (2011), historicamente, os indicadores de

desempenho adotados pelas IESs não apresentavam uma imagem holística da situação da

instituição. Estes indicadores se mostravam incapazes de articular as dimensões da

organização sob a ótica gerencial, o que implicava na negligência de aspectos como visão e

direção estratégicas da instituição. No Brasil, a temática encontrou forte adesão no início dos

anos 2000 na forma de dissertações e teses (ROCHA, 2000; MÜLLER, 2001; LIMA, 2003) e

51

após esse impulso inicial, no entanto, os estudos referentes a este tema tornaram-se cada vez

mais escassos, não figurando mais no centro das discussões em disciplinas como Engenharia

de Produção, Administração e Contabilidade, mas em decorrência do desenvolvimento das

IESs, no Brasil, a temática novamente mostra-se pertinente (LIMA et al., 2012).

Metodologia

Para o desenvolvimento desse estudo foi utilizada uma abordagem qualitativa na

coleta e análise dos dados. Embora, historicamente, haja um predomínio de estudos que

valorizem métodos quantitativos para descrever os fenômenos associados à aplicação da

metodologia do BSC (KAPLAN; NORTON, 1992), acredita-se que investigações orientadas

por uma abordagem qualitativa também podem contribuir ao desenvolvimento dessa temática,

pois detêm a capacidade de ampliar os horizontes de investigação, além de permitir uma

maior aproximação ao contexto analisado.

De acordo com Maanen (1979), a abordagem qualitativa compreende um conjunto de

diferentes técnicas interpretativas que buscam decodificar os componentes de um sistema

complexo de significados. Dessa forma, um estudo qualitativo tem por objetivo traduzir e

expressar o sentido dos fenômenos do mundo social ao reduzir a distância entre teorias e

dados e entre contexto e ação (MAANEN, 1979). Assim, a escolha por uma abordagem

qualitativa nesse estudo se deve a sua capacidade de trazer à luz novos significados que

podem orientar as investigações dentro dessa temática.

Embora a literatura que estuda o BSC seja bem desenvolvida em países como os EUA,

no Brasil ainda existem lacunas teóricas que precisam ser preenchidas, especialmente quando

se considera a aplicação dessa metodologia estratégica em organizações que não compõem os

segmentos industriais e comerciais. Desse modo, esse estudo pode ser classificado como

exploratório, já que visa promover uma familiarização com um tema ainda pouco

desenvolvido no Brasil. De acordo com Cervo e Bervian (1978), a pesquisa exploratória deve

ser concebida como o primeiro degrau de uma escada de informações sobre o qual

conhecimentos adicionais são desejados.

Quanto aos procedimentos adotados, a pesquisa pode ser caracterizada como estudo de

caso. Para Yin (2001), o estudo de caso representa uma investigação empírica e compreende

um método abrangente que envolve desde a lógica do planejamento, até procedimentos

específicos de coleta e análise dos dados. Para a construção desse estudo foram realizadas

entrevistas com gestores de uma universidade privada brasileira (Universidade Alfa) e

utilizados documentos institucionais dessa instituição, o que permitiu uma análise mais

apurada de seu contexto para se compreender como o BSC pode ser utilizado no processo de

tomada de decisões.

Resultados e discussão

Para a realização da articulação entre o BSC e o processo de tomada de decisões

gerenciais foi proposta uma discussão que procurou compreender basicamente três aspectos:

a) onde os gestores da Universidade Alfa, instituição foco desse estudo, encontram maior

dificuldade no processo de tomada de decisões gerenciais; b) como as decisões são tomadas

no contexto dessa instituição; c) como o BSC pode auxiliar no processo de tomada de

decisões. Cabe ressaltar que os resultados foram apoiados pela opinião dos gestores da

Universidade Alfa, bem como pela análise de documentos institucionais e da própria estrutura

gerencial da empresa.

O processo de tomada de decisão na Universidade Alfa

O primeiro aspecto analisado foi localizar onde os gestores da Universidade Alfa

encontram maior dificuldade no processo de tomada de decisões. De acordo com o relato de

52

alguns gestores e com a análise da própria estrutura gerencial da instituição percebe-se que as

dificuldades quanto a essa atividade encontram-se associadas a duas questões primordiais: o

pouco engajamento da baixa administração e a falta de informações.

Percebe-se que muitas mudanças estão ocorrendo nas estruturas organizacionais, nos

processos internos, na cultura corporativa e na gestão do capital humano nas instituições

brasileiras. No entanto, algumas dificuldades como o desafio de manter colaboradores

motivados e engajados às questões organizacionais ainda se faz presente. No contexto da

Universidade Alfa, os gestores se queixam da falta de engajamento dos colaboradores nas

decisões estratégicas da empresa.

[...] aqui na Universidade Alfa as decisões estratégicas são tomadas, mas muitas

vezes não há adesão por parte dos colaboradores. Principalmente pela falta de

capacidade gerencial para operacionalizar determinadas tarefas [...].

Percebe-se que o baixo engajamento dos colaboradores se encontra associado a pouca

capacidade gerencial da baixa administração. Assim, esse representa um dos aspectos críticos

da Universidade Alfa já que possui forte relação com a dificuldade demonstrada na

sustentabilidade das decisões gerenciais que são tomadas. Em algumas IESs brasileiras os

gestores têm compensado as deficiências dos colaboradores pela introdução de sistemas

computadorizados no ambiente empresarial, bem como treinamentos, no entanto, mesmo

diante desses esforços, que tornam os processos de gestão dessas organizações

substancialmente mais onerosos, os resultados ainda se encontram abaixo do que se espera

(GALVÃO, 2011).

Mediante a análise da estrutura gerencial da Universidade Alfa percebe-se também

que a falta de informações sistematizadas representa um aspecto crítico no processo de

tomada de decisões dessa instituição. Grande parte das decisões é realizada de maneira

setorial, ou seja, decisões estratégicas, que impactam na organização de maneira geral, são

tomadas pelo responsável de um só departamento. Além disso, no momento das decisões as

informações são restritas, ou seja, não são suficientes para se entender qual será o impacto

dessa decisão específica nos outros departamentos da instituição.

Lima et al. (2012) já haviam destacado esse aspecto em seu estudo. Para eles muitas

IESs brasileiras demonstram grande dificuldade em articular de maneira sistematizada todas

as informações que necessitam no momento da tomada de decisões gerenciais. Os autores

defendem que é necessária uma visão sistêmica das perspectivas envolvidas na gestão das

IESs e todos os aspectos devem ser levados em consideração no momento da decisão, para

que não haja uma “subobjetivação”, ou seja, para que os objetivos específicos de

determinados departamentos não sejam postos à frente dos objetivos organizacionais globais.

O segundo aspecto analisado na pesquisa foi guiado pela necessidade de se entender

como as decisões são tomadas na Universidade Alfa. Embora os gestores da instituição

afirmem que as decisões são tomadas de maneira racional, levando em consideração os

objetivos globais, uma simples análise da estrutura gerencial da instituição demonstra que há

dificuldades evidentes nesse processo. Dessa forma, pode-se destacar que as decisões na

Universidade Alfa são tomadas de três maneiras distintas: a) de maneira centralizada; b) de

maneira departamental e c) baseadas em poucas informações.

O poder centralizado em uma organização pode ser analisado por suas vantagens ou

por suas desvantagens. No entanto, no contexto da Universidade Alfa, percebe-se que essa

característica se encontra mais associada a uma desvantagem. O fato do poder ser centralizado

distancia a baixa administração do processo decisório o que contribui para a falta de

engajamento dos colaboradores às decisões estratégicas. Galvão et al. (2011) já destacavam

que um ponto fundamental para a operacionalização de qualquer decisão é a participação dos

53

colaboradores, sem eles as decisões ficam restritas à dimensão estratégica e não se

convertendo em prática.

Outro aspecto que caracteriza a tomada de decisões na Universidade Alfa é o fato

desse processo ocorrer de forma departamental, ou seja, grande parte das decisões são

tomadas visando apenas os objetivos de um departamento específico. Rocha e Casartelli

(2014) destacaram um fenômeno semelhante em seu estudo. Os autores afirmaram que em

algumas IESs brasileiras existe uma tendência das decisões financeiras serem tomadas de

maneira isolada das decisões que envolvem as atividades pedagógicas. Esse aspecto destaca o

caráter departamental com que são tomadas as decisões em IESs brasileiras.

A terceira e, talvez, mais crítica das características do processo de tomada de decisões

na Universidade Alfa é a quantidade restrita de informações que os gestores dispõem para

realizar esse processo. Percebe-se que as decisões são tomadas mais de maneira intuitiva do

que de forma racional em decorrência da ausência de dados e informações que permitam que

os gestores analisem a situação que envolve a decisão a ser tomada. Esse fator contribui para

tornar as decisões dessa instituição carregadas de riscos e gestão instável.

Dessa forma, após compreender as principais dificuldades que padecem os gestores da

Universidade Alfa e entender como eles tomam suas decisões gerenciais, parte-se para a seção

mais específica da análise, qual seja, compreender como o BSC pode ser utilizado para tornar

esse processo de tomada de decisões menos complexo. Para isso utiliza-se a opinião do

responsável pelo departamento de atividades pedagógicas da Universidade Alfa.

[...] acredito que o BSC pode nos ajudar fornecendo informações mais apuradas que

nos permitam tomar as decisões. Além de integrar os objetivos da instituição que são

muitas vezes desconexos [...]

O gestor enxerga no BSC duas oportunidades de melhoria: fornecimento de

informações mais apuradas e integração dos objetivos. De acordo com Lima et al. (2012),

esses representam justamente os aspectos nos quais o BSC atua. No contexto das IESs

brasileiras a metodologia do BSC visa mensurar, por meio de métricas, as diversas

perspectivas envolvidas na atividade empresarial, que podem ser também concebidas como

atividades-chave. Dessa forma, as informações da instituição, formuladas por meio do BSC

são advindas de um criterioso processo de análise de desempenho o que permite ao gestor

dispor, no momento da decisão, de informações precisas e integradas. Além disso, os gestores

terão à sua disposição um diagnóstico completo da situação real da instituição que permitirá

identificar pontos críticos e potencialidades.

A adoção do BSC ainda possibilita que a estratégia da instituição seja integrada aos

objetivos, missão e visão e que as perspectivas sejam projetadas para o longo prazo e não

apenas no curto prazo como métricas baseadas em indicadores financeiro-contábeis.

Considerações finais

Nesse estudo verificou-se que a complexidade que envolve o processo de tomadas de

decisão está associada a duas questões centrais: a falta de informações e o baixo engajamento

dos colaboradores da baixa administração. Dessa forma, percebe-se que o BSC é a ferramenta

gerencial mais adequada a esse problema, já que dentre seus benefícios principais estão a

capacidade de oferecer aos gestores informações sistemáticas e a capacidade de integrar os

objetivos da instituição de maneira estratégica (LIMA et al., 2012).

No entanto, para que o BSC assuma o papel de um mecanismo de auxílio ao processo

de decisões estratégicas é necessário que mudanças sejam empreendidas tanto na filosofia do

BSC, como a modelagem de algumas de suas tradicionais perspectivas, quanto por parte das

instituições que, por sua vez, devem buscar formas de engajar seus colaboradores na

operacionalização das decisões, uma medida cabível seria aproximar a baixa administração

54

dos processos de tomada de decisão. Para estudos futuros, dentro desse mesmo escopo de

investigação, seria interessante analisar qual a eficácia do BSC em auxiliar atividades

específicas nas organizações, assim como foi realizado em relação à tomada de decisões nesse

estudo, por exemplo, como o BSC pode auxiliar na contratação de funcionários, ou na escolha

do canal de distribuição mais adequado.

4.5 Artigo 5 - Adaptação do Balanced Scorecard (BSC) para o contexto de instituições

de ensino superior (IESs) brasileiras

Production and Operations Management Society 2015 Conference

Resumo

A expansão do sistema de ensino superior brasileiro levou as instituições de ensino superior

(IESs) a se apropriarem de estratégias de negócio adotadas pelas organizações de outros

segmentos, especialmente para a aplicação do BSC. No entanto, os gestores dessas

organizações ainda questionam: como adaptar esta ferramenta à realidade da IES brasileira? A

execução desse estudo usou uma abordagem qualitativa na coleta e análise dos dados, com a

utilização de um estudo de caso. Para o desenvolvimento do estudo foram realizadas

entrevistas com os responsáveis por três setores da IES analisada: financeiro, recursos

humanos e atividades pedagógicas. Também foram analisados documentos institucionais da

IES o que possibilitou verificar pontos críticos e potencialidades para a implantação do BSC.

Os resultados indicaram que para promover essa adaptação o primeiro passo é reconhecer que

modificações pontuais são necessárias, primeiramente nas perspectivas tradicionais do BSC,

de modo a permitir a eficácia do método no contexto das IESs. Além disso, essas

modificações na filosofia do método devem ser acompanhadas de uma reformulação gerencial

que perpassa, principalmente, pela capacitação do corpo funcional.

Palavras-chave: Balanced Scorecard. Instituições de Ensino Superior. Processo de

adaptação.

Introdução

O Brasil vivencia um período de intenso crescimento em seu sistema educacional de

ensino superior (INEP, 2014). Essa expansão contribui para tornar o processo de gestão das

IESs mais complexo e, consequentemente, a adaptação do BSC se apresenta como uma tarefa

desafiadora (LIMA et al., 2012). Assim, os gestores dessas organizações se questionam: como

adaptar a metodologia do BSC ao contexto das IESs brasileiras? Mediante esse

questionamento destaca-se que esta investigação buscou diagnosticar, através de um estudo de

caso, quais ações devem ser empreendidas para tornar o processo de adaptação do BSC ao

contexto de uma IES privada brasileira mais simplificado.

Referencial teórico

Para Rocha e Casartelli (2014), é necessário que haja o desenvolvimento de um

conjunto de procedimentos próprios de gestão às IESs brasileiras em decorrência de sua

natureza distinta e de seus processos exigirem um maior engajamento por parte de gestores e

colaboradores. Assim, a formação de estratégias nessas organizações deve adotar modelos

55

próprios de implantação, bem como uma análise diferenciada de seu ambiente interno, o que

implica em habilidades diferenciadas por parte dos gestores (BORGES et al., 2014).

Algumas IESs brasileiras têm se inspirado em universidades dos EUA que adaptaram

o modelo do BSC ao utilizar perspectivas distintas daquelas, originalmente, propostas por

Kaplan e Norton (1992). Nessa nova configuração aspectos associados às atividades de ensino

e pesquisa se tornaram mais comuns (LIMA et al., 2012). Segundo esses autores, mesmo

diante de possíveis modificações, a filosofia de gestão do BSC permanece a mesma, já que o

objetivo ainda é mensurar o desempenho organizacional, por meio de perspectivas financeiras

e não financeiras.

Desse modo, a adoção do BSC por IESs está associada à oportunidade de vislumbrar

novos horizontes para a gerência estratégica por meio da eliminação de uma deficiência

histórica dos sistemas gerenciais tradicionais: a incapacidade de integrar a estratégia em longo

prazo com as ações e os resultados em curto prazo (GALVÃO et al., 2011). No entanto,

mesmo diante dos benefícios proporcionados por esse método ainda existem muitos

questionamentos sobre quais procedimentos podem ser utilizados para facilitar a implantação

e operacionalização do BSC em organizações distintas dos segmentos comerciais e industriais

(ROCHA; CASARTELLI, 2014).

Metodologia

A abordagem qualitativa na coleta e análise dos dados foi utilizada como estratégia de

execução para esse estudo. Essa escolha metodológica implica no percurso científico, bem

como no encadeamento lógico a ser empreendido ao longo da pesquisa para se atingir os

objetivos propostos (KUHN, 1979). A opção por um estudo qualitativo se deve à

possibilidade de se ampliar os horizontes de investigação ao encontrar novas possibilidades

que possam nortear os estudos dentro da temática que analisa a aplicação do BSC em IESs

brasileiras.

Assim, dentre as técnicas qualitativas optou-se nessa investigação pelo estudo de caso.

Segundo Yin (2001), o estudo de caso representa uma investigação empírica e compreende

um método abrangente que envolve desde a lógica do planejamento, até procedimentos

específicos de coleta e análise dos dados. Lüdke e André (1986) chamam a atenção para o fato

que um caso representa uma unidade específica na forma de um sistema, cujas partes são

integradas. O caso analisado nesse estudo é de uma IES privada localizada no Piauí, estado da

região Nordeste do Brasil. Nesse estudo, para resguardar a identidade da instituição, ela será

identificada como Faculdade Alfa.

A escolha de uma IES privada se deve ao fato de que em pesquisa anterior (INEP,

2014) foi identificado que as IESs privadas brasileiras são menos propensas à utilização de

indicadores de desempenho e, assim, a implantação do BSC demandaria mais trabalho se

comparado com as IESs públicas do mesmo país. Desse modo, compreender como adaptar o

BSC a uma IES privada se apresenta como um desafio de maior relevância em detrimento das

dificuldades encontradas em estudos anteriores (INEP, 2014) e, consequentemente, os

resultados serão de maior utilidade ao desenvolvimento da temática.

Para esse estudo foram realizadas entrevistas com os responsáveis por três setores da

IES analisada: financeiro, recursos humanos e atividades pedagógicas. Também foram

analisados documentos institucionais da IES o que possibilitou verificar pontos críticos e

potencialidades para a implantação do BSC.

Resultados e discussão

Na tentativa de fornecer respostas ao problema de pesquisa utilizou-se como ponto de

partida as principais sugestões propostas empiricamente por teóricos referente à temática que

analisa a adaptação da metodologia do BSC às IESs brasileiras (GALVÃO et al., 2011; LIMA

56

et al., 2012; ROCHA; CASARTELLI, 2014). Nesses estudos são propostas medidas que

poderiam ser utilizadas para facilitar a adaptação do BSC às IESs brasileiras. Então, nessa

seção as duas principais suposições teóricas foram analisadas empiricamente no contexto da

Faculdade Alfa, para verificar sua eficácia como estratégias de adaptação do BSC.

1ª suposição: modificação das perspectivas do Balanced Scorecard

De acordo com o modelo básico proposto por Kaplan e Norton (1992), o BSC possui

quatro perspectivas básicas: financeira; clientes; processos internos e aprendizado e

crescimento. É importante destacar que Kaplan e Norton (1992) já temiam que as dimensões

inicialmente propostas, pudessem não ser compatíveis com algumas organizações, por isso

destacaram que essas perspectivas devem ser tomadas como um modelo e não como uma

verdade absoluta. Tal suposição já indicava que modificações ocasionalmente poderiam ser

realizadas para garantir a eficácia desse modelo estratégico.

A Faculdade Alfa é reconhecida por seus resultados positivos como a excelência no

ensino e a capacidade de se constituir como uma marca consolidada localmente, no entanto,

quando se analisa sua estrutura gerencial percebe-se que ela ainda encontra dificuldades em

converter seus indicadores de desempenho em um sistema de métricas integradas à estratégia

empresarial. O relato do responsável pelos recursos humanos da Faculdade Alfa sugere que

eles estão conscientes que deve haver modificações na maneira como concebem seus

indicadores de desempenho.

[...] a forma como avaliamos nosso desempenho não é a mais adequada. É

necessário implantar um método que reúna em um só mecanismo todos os

resultados, para que as decisões sejam tomadas de forma sistemática e não isolada.

Na concepção de Borges et al. (2014) é necessário que haja uma modificação nas

perspectivas do BSC não apenas para facilitar o processo de adaptação às IESs, mas para que

essa metodologia seja capaz de integrar os objetivos, muitas vezes, conflitantes dessas

instituições e projetar a estratégia para o longo prazo. Esse parece representar a principal

dificuldade da Faculdade Alfa: integrar seus indicadores de desempenho de modo que possam

ser analisados de maneira sistêmica.

Apesar da importância de serem analisadas de maneira sistêmica, especificamente no

processo de implantação cada perspectiva deve ser modelada e concebida de maneira isolada

(ECHEVERRIA et al., 2014). Por meio da análise de documentos gerenciais específicos a

determinadas atividades da Faculdade Alfa percebe-se que modificações em escala micro, ou

seja, no nível de perspectivas individuais devem ser empreendidas. A primeira perspectiva

analisada foi a dos clientes.

De acordo com Rocha e Casartelli (2014), o questionamento: “como os clientes nos

veem?” representa um excelente ponto de partida para se entender a perspectiva dos clientes,

que é fundamental em todos os tipos de organização, no entanto, em IESs a importância dos

clientes atinge proporções ainda maiores, uma vez que eles possuem papéis distintos dos

clientes de empresas de outros segmentos, já que possuem duas particularidades: eles ajudam

a organização a prestar o serviço e representam o produto final dessa organização. Essa

particularidade pode ser percebida claramente no contexto da Faculdade Alfa.

Primeiramente, o conhecimento que irá orientar os futuros profissionais no mercado de

trabalho é construído pelos alunos, que são os clientes das IESs, em parceria com os

professores. Dessa forma, na prestação desse serviço, a presença do aluno é tão importante

quanto a do professor e, nesse contexto, o aluno não somente é instruído como também

contribui para a instrução dos demais. O que caracteriza essas instituições é justamente essa

troca. Além disso, o cliente dessa IES também representa seu produto final, afinal uma

instituição, dentre outros aspectos, é avaliada pela qualidade dos profissionais que oferece ao

57

mercado de trabalho, dessa forma o cliente da IES representa uma forte evidência da

qualidade, ou não, de seus serviços.

A Faculdade Alfa possui aproximadamente 8.000 alunos e é a responsável por munir

quase 30% dos profissionais que formam o mercado de trabalho da cidade onde se localiza. A

profissional responsável pelas atividades pedagógicas acrescenta:

Temos uma grande preocupação com nossos alunos, pois são eles que representam

nossa instituição no mercado. Se eles não forem bons profissionais a culpa recai

sobre a instituição na qual se formaram [...].

Dessa forma, a adaptação do BSC parece perpassar pela necessidade de conferir maior

importância à perspectiva dos clientes, pois no contexto das IESs eles assumem um papel de

maior relevância. A perspectiva financeira, no âmbito das IESs privadas, é outro aspecto que

provoca discussões por sua discordância com o modelo originalmente proposto por Kaplan e

Norton (1992). As IESs, mesmo as de natureza privada, claramente não têm na obtenção de

lucro seu objetivo primordial, já que são instituições que tem por missão formar profissionais

em suas diversas áreas de especialidades. No entanto, para Kaplan e Norton (1992), os

objetivos financeiros devem servir de foco para as medidas das outras perspectivas do

scorecard. Os autores ainda destacam que qualquer medida deve fazer parte de uma cadeia de

relações de causa e efeito que culminam com a melhoria do desempenho financeiro. Este é o

ponto onde reside a desconformidade entre a perspectiva financeira em IESs e nas demais

organizações. O responsável pelo departamento financeiro da Faculdade Alfa afirma sobre

essa desconformidade da seguinte forma:

As finanças são importantes em todas as empresas, mas em instituições de ensino as

coisas são diferentes. As atividades pedagógicas devem ser consideradas mais

importantes, elas é que determinam qual direção a empresa vai seguir.

Percebe-se, dessa forma, que a suposição teórica proposta por Lima et al. (2012)

encontra forte adesão na Faculdade Alfa, pois de acordo com um de seus gestores, não são as

finanças o que há de mais importante quando se pensa em estratégias organizacionais, para ele

o ponto de partida da estratégia da empresa tem de ser a perspectiva ensino. Assim, uma

modificação deve ser empreendida no modelo do BSC durante seu processo de implantação, a

perspectiva ensino (criada especificamente para essa adaptação do BSC às IESs) deve ser

colocada como foco das estratégias gerenciais e a perspectiva finanças, que no modelo

originalmente proposto por Kaplan e Norton (1992) ocupavam posição de destaque, é

reposicionada como uma perspectiva de suporte.

2ª suposição: modificações na estrutura organizacional das IESs

Na concepção de alguns autores (GALVÃO et al., 2011; LIMA et al., 2012; ROCHA;

CASARTELLI, 2014) para que o BSC seja adaptado às IESs não basta apenas que

modificações sejam empreendidas em sua filosofia, como a modelagem de suas perspectivas,

mas é necessário ainda que as instituições estejam preparadas para realizar modificações em

sua estrutura gerencial e organizacional. Essa suposição foi confirmada pelo responsável pelo

departamento de finanças da Faculdade Alfa:

[...] para se aplicar o BSC em uma instituição de ensino é necessário modificar

muitas coisas. Treinar funcionários, contratar profissionais mais engajados com suas

funções, reduzir a estrutura e até realizar algumas demissões [...].

De acordo com Echeverria et al. (2014), uma das principais barreiras que dificultam a

adaptação do BSC às IESs brasileiras é a incapacidade estrutural dessas instituições, ou seja,

58

deficiências na estrutura gerencial que entram em desconformidade com a complexidade do

método e o relato do gestor da Faculdade Alfa corrobora essa ideia. O gestor destaca ainda

dois fatores que dificultam o processo de adaptação do BSC: o alto custo de implantação e

operacionalização do BSC e a falta de capacidade gerencial dos funcionários da baixa

administração.

Lima et al. (2012) já destacavam em seu estudo que uma das principais deficiências

das IESs brasileiras é o fato dessas organizações serem administradas, predominantemente,

por profissionais advindos das áreas de ensino e pesquisa, que, por sua vez, não detêm um

conhecimento especializado em gestão empresarial. Essa realidade indica que a adaptação do

BSC em IESs perpassa também pela capacitação do corpo funcional, já que a complexidade

de operacionalização exige das organizações profissionais que possam fazer frente a esses

desafios.

Considerações finais

Nesse estudo, que buscou compreender como os gestores de IESs privadas brasileiras

podem adaptar a metodologia do BSC a sua realidade, tendo como foco o caso de uma IES

privada, os resultados indicaram que para promover essa adaptação o primeiro passo é

reconhecer que modificações são necessárias. Primeiramente, as perspectivas tradicionais do

BSC devem sofrer algumas modificações pontuais de modo a permitir a eficácia do método

no contexto das IESs. Além disso, essas modificações na filosofia do método devem ser

acompanhadas de uma reformulação gerencial que perpassa, principalmente, pela capacitação

do corpo funcional.

Para estudos posteriores sugere-se que investigações possam dar respostas a

questionamentos como: já é possível formular uma teoria sobre BSC em IESs? Quais são os

impactos dessas modificações adaptativas na eficácia do BSC? Destaca-se ainda que,

especialmente no Brasil, país que vivencia uma verdadeira revolução no processo de gestão

de suas IESs, esse representa um momento oportuno para que discussões sejam empreendidas

nesse sentido a fim de recolocar a temática no centro das discussões.

4.6 Artigo 6 - Dificuldades e dilemas da adaptação: o Balanced Scorecard no contexto

das IESs brasileiras

Production and Operations Management Society 2015 Conference

Resumo

Ao analisar a adaptação do BSC para o contexto das instituições de ensino superior

brasileiras, surge o seguinte questionamento: deve-se adaptar o método à instituição ou a

instituição ao método? A resposta a esta pergunta foi obtida em uma análise do ambiente

interno e externo dessas instituições. Para isso, utilizou-se metodologia qualitativa para

desenvolver a discussão sobre o fenômeno em questão. Essa escolha está pautada nas

características que acompanham a opção por essa abordagem, em especial, enfoque indutivo e

caráter descritivo. Para o trato desse material foi utilizado o procedimento de análise

tipológica de Lamnek (1989). Os resultados discutem, em relação ao ambiente interno, a

complexidade na gestão das IES brasileiras, a ineficácia dos indicadores de desempenho

existentes e o predomínio de educadores à frente das instituições. Já no que diz respeito ao

59

ambiente externo, foi analisada a expansão do sistema educacional de ensino superior e as

experiências de sucesso em outros segmentos.

Palavras-chave: Balanced Scorecard. Instituições de ensino superior brasileiras. Contexto

brasileiro.

Abstract

When analyzing the adoption of the BSC to the context of Brazilian Higher Education

Institutions must adapt the method to the institution or the institution for the method? The

answer to this question was obtained from an analysis of the internal and external

environment of these institutions. For this, we used qualitative methods to develop the

discussion on the phenomenon in question. This choice is guided in the characteristics that

accompany the choice of this approach, in particular inductive approach and descriptive. For

the treatment of this material was used typologicalaanalysis procedure Lamnek (1989). The

results discussed in relation to the internal environment, the complexity in the management of

Brazilian HEI's, the ineffectiveness of existing performance indicators and the prevalence of

educators ahead of institutions. Already in relation to the external environment, it analyzed

the expansion of the educational system of higher education and successful experiences in

other segments.

Keywords: Balanced Scorecard, Higher Education Institutions, Brazilian context.

Introdução

Nas últimas décadas tem-se assistido uma expansão no sistema educacional de ensino

superior brasileiro (INEP, 2014). Esse desenvolvimento contribuiu para tornar o processo de

gestão das instituições de ensino superior (IESs) mais complexo, exigindo dessas

organizações novas estratégias capazes de superar essa complexidade (LIMA et al., 2012). A

necessidade de se sobrepor a essas dificuldades fez com que muitas IESs brasileiras se

apropriassem de estratégias empresariais adotadas pelas tradicionais organizações industriais

e comerciais, dentre as quais destaca-se o Balanced Scorecard (BSC).

No entanto, conforme Galvão et al. (2011), para garantir a eficácia do BSC, no

contexto das IESs brasileiras, é necessário que modificações pontuais sejam empreendidas

nessa metodologia, mas os gestores ainda demonstram dificuldade quanto a esse processo,

especialmente em relação a uma questão: deve-se adaptar o método à instituição ou a

instituição ao método? Assim, esse estudo tem por objetivo realizar uma análise do ambiente

interno e externo das IESs brasileiras para verificar se elas devem adaptar-se ao método ou o

método à instituição. Assim, será possível saber se as estratégias necessárias para adaptar o

BSC a uma realidade distinta dessas instituições estão mais associadas ao método ou à

instituição.

Referencial teórico

A gestão de IESs tem se apresentado como uma atividade complexa, já que este tipo

específico de organização, além de exigir de seus gestores habilidades de um “verdadeiro

artesão”, como destacam Lima et al. (2012, p. 8), ainda impõe o desenvolvimento de

estratégias adequadas a sua realidade que, por sua vez, diferem daquelas adotadas pelas

tradicionais organizações industriais e comerciais (GALVÃO et al., 2011). Não obstante,

percebeu-se, no Brasil, um crescente, na última década, de estudos que buscaram

compreender a natureza e os desdobramentos da complexidade envolvida na gestão dessas

organizações (MÜLLER, 2001; LIMA, 2003).

60

De acordo com Galvão et al. (2011), a etapa de planejamento do processo de

elaboração de um BSC é comum a qualquer tipo de organização. As diferenças que,

eventualmente, podem surgir referem-se às características, tipos, estrutura do segmento e o

grau de desenvolvimento da gestão estratégica nas organizações. Assim, torna-se pertinente

considerar a aplicação e desenvolvimento dessa estratégia no contexto das IESs públicas e

privadas brasileiras, uma vez que essas instituições devem ter seus mecanismos de avaliação

voltados para os vários aspectos da gestão (ensino, pesquisa e extensão), além de integrar

outros processos avaliativos relacionados aos anseios da sociedade e de órgãos

regulamentadores como o Ministério da Educação (LIMA et al., 2012).

Como destacam Rocha e Casartelli (2014, p. 8): “nenhuma IES pode dar-se ao luxo de

descansar sobre seus louros”. Por isso, a estratégia do BSC tem sido utilizada de modo a

aprimorar o processo de gestão dessas organizações. No entanto, no Brasil, bem como em boa

parte do mundo, ainda é notável a dificuldade que essas instituições encontram em adaptar as

ferramentas do BSC a sua realidade. Uma alternativa a essa situação talvez seja o que as

universidades americanas têm feito, adaptando o modelo do BSC ao utilizar perspectivas

distintas daquelas, originalmente, propostas por Kaplan e Norton (1992). Nessa nova

configuração, perspectivas como qualidade do ensino, pesquisa e extensão se tornam mais

comuns (ROCHA; CASARTELLI, 2014).

Metodologia

Nesta pesquisa utilizou-se metodologia qualitativa para desenvolver a discussão sobre

o fenômeno em questão. Essa escolha está pautada nas características que acompanham a

opção por essa abordagem, em especial, enfoque indutivo e caráter descritivo. O enfoque

indutivo leva em consideração um número suficiente de casos particulares e conduz a

resultados concretos, o que por essência se adapta a este estudo, que tem por objetivo

formular uma análise e buscar a interpretação de casos particulares e específicos, por meio de

dados secundários empreender uma análise apurada de um fenômeno de natureza empírica

(MAANEN, 1979).

O caráter descritivo está presente nos objetivos da pesquisa, uma vez que se pretende

descrever características de determinado fenômeno, estabelecendo relações entre as variáveis

analisadas. Conforme destaca Gil (1999), a pesquisa descritiva configura-se como um estudo

intermediário entre a pesquisa exploratória e a explicativa, dessa forma, descrever significa

identificar, relatar e comparar os fatos estudados concedendo-lhes, assim, um significado.

Os procedimentos adotados para o desenvolvimento desse estudo podem ser divididos

em duas etapas: (1) pesquisa bibliográfica e documental; (2) análise do material selecionado

em busca de evidências que permitissem a comparação e interpretação dos fenômenos

estudados. A primeira etapa consistiu em uma pesquisa bibliográfica em artigos, dissertações

e teses de relevância e autores conceituados dentro das temáticas, Balanced Scorecard, IESs

brasileiras e sistema educacional de ensino superior no Brasil. Essa etapa foi utilizada de

modo a construir uma discussão teórica elaborada.

A segunda etapa consistiu em um processo de comparação e interpretação dos achados

teóricos no qual procurou-se encontrar uma relação entre os fenômenos descritos de modo a

formular proposições que ampliassem os horizontes de investigação. Para o trato desse

material foi utilizado o procedimento de análise tipológica de Lamnek (1989). A análise

tipológica é um procedimento descritivo que objetiva extrair de um material mais extenso

elementos típicos e descrevê-los com um maior grau de detalhe. A ideia fundamental

defendida por este método é que técnicas descritivas podem revelar maiores detalhes em

materiais mais extensos. Cabe ressaltar que durante as discussões questionamentos foram

levantados e analisados por meio dos dados secundários obtidos.

61

Assim, a análise tipológica foi utilizada no intuito de realizar uma investigação

apurada do ambiente interno e externo das IESs brasileiras, por meio de registros e arquivos

documentais do Ministério da Educação e do INEP, dois órgãos do governo federal brasileiro

que melhor podem oferecer informações sobre as instituições de ensino no país, além de

documentos institucionais de 91 IESs privadas do Brasil no intuito de verificar se a

necessidade de adaptação encontra-se mais associada à metodologia ou à instituição.

Resultados e discussão

Essa seção foi dividida em duas partes distintas. A primeira delas se refere à análise do

ambiente interno das IESs brasileiras na qual foram verificadas oportunidades e ameaças à

implantação do BSC, bem como as estratégias associadas a esse processo. Assim se chegou a

três características que representam esse ambiente interno (complexidade gerencial, ineficácia

dos indicadores de desempenho existentes, predomínio de educadores à frente das

instituições). Na segunda parte, os mesmos procedimentos foram realizados, mas em relação

ao ambiente externo e, assim, a análise foi orientada por duas características que melhor

representam esse ambiente (expansão do sistema educacional e experiências de sucesso do

BSC em outros segmentos).

Análise do ambiente interno

a) Complexidade na gestão das IESs brasileiras

Como consequência natural da expansão do sistema de educação superior brasileiro, a

gestão das IESs torna-se uma tarefa substancialmente mais complexa. Por mais que essa

constatação já tenha sido destacada em alguns estudos (LIMA et al., 2012; GALVÃO et al.,

2011) é necessário que um questionamento seja feito: a que se refere essa complexidade?

Em primeiro lugar, as IESs já possuem uma complexidade inata a seus processos, que

diferem das tradicionais organizações comerciais e industriais (LIMA et al., 2012). Dessa

forma, a complexidade destacada pelos autores da área se refere a objetivos difusos,

tecnologia múltipla, natureza qualitativa do trabalho, grande sensibilidade a fatores

ambientais, maior exigência da sociedade quantos aos resultados produzidos e

impossibilidade de se reverter erros, isso quando se considera a atividade principal – o ensino,

pesquisa e extensão (ROCHA; CASARTELLI, 2014). Pode-se destacar então que, com a

expansão do sistema de educação superior no Brasil, essa complexidade foi,

consideravelmente, intensificada.

Em segundo lugar, essa expansão no sistema educacional de ensino superior brasileiro

trouxe novos desafios às IESs. Analisando especificamente as IESs de âmbito privado,

nenhuma mudança decorrente da evolução do sistema educacional, talvez tenha sido tão

impactante quanto o aumento da concorrência. Entre 2001 e 2012 o número de universidades

particulares se manteve estável: 85. No entanto, o número de faculdades aumentou de 1.059

para 1.898 e o de centros universitários privados subiu de 64, em 2001, para 129, em 2012

(INEP, 2014). Esse aumento de IESs privadas impõe a essas organizações a necessidade de se

diferenciar, pela adoção de estratégias gerenciais.

b) Ineficácia dos indicadores de desempenho existentes

Kaplan e Norton (1992) destacaram em sua obra que, historicamente, existe uma

tendência dos sistemas de avaliação de desempenho ficarem reduzidos apenas à dimensão

financeira com os indicadores oriundos da contabilidade.

Ao se analisar especificamente o contexto das IESs brasileiras percebe-se que existe

uma tendência não em relação às medidas contábeis, mas em relação às medidas acadêmicas.

Cabe destacar que administrar uma instituição, tendo por base apenas indicadores dessa

62

natureza, não se mostra cabível, especialmente num contexto de tamanha complexidade e

competitividade. Para que as IESs possam ser consideradas organizações empresariais é

necessário que considerem em suas decisões estratégicas todas as perspectivas envolvidas. E,

um primeiro passo para isso é a adoção de indicadores de desempenho, além das medidas

acadêmicas. De fato, os indicadores de desempenho existentes, em grande parte das IESs

brasileiras, são ineficazes quando se considera o contexto no qual estas organizações

encontram-se inseridas e os desafios que têm enfrentado (GALVÃO et al., 2011). O BSC,

com suas perspectivas voltadas para a estratégia de longo prazo, se apresenta como uma

alternativa para preencher esse gap gerencial.

c) Predomínio de educadores frente às instituições

Existe uma tendência negativa percebida nas IESs brasileiras: grande parte dessas

organizações são administradas por educadores, ou seja, profissionais com formação e

experiência no âmbito educacional e pouco ou nenhum conhecimento técnico na área de

gestão. E, o que há de preocupante nesse fato? Quais as implicações disso para as IESs

brasileiras? No Brasil existem vários estudos que analisam sustentabilidade e mortalidade de

empreendimentos e todos eles são unânimes ao destacar que a principal causa que conduz as

empresas à falência é a falta de conhecimento técnico-científico em gestão, dos

administradores (BORGES et al., 2012).

Outra consequência do fato de educadores tomarem decisões e determinarem as

diretrizes em uma IES é que existe uma forte tendência desses profissionais privilegiarem

mecanismos de avaliação educacionais, como já destacado anteriormente (ROCHA;

CASARTELLI, 2014). Esse viés ocorre não de forma proposital, mas como uma

consequência do próprio desconhecimento desses gestores de ferramentas como o BSC, por

exemplo. Dessa forma, destaca-se que se torna mais difícil a implantação da metodologia do

BSC em IESs conduzidas por educadores em decorrência de seu próprio desconhecimento em

relação à existência dessa e de outras ferramentas gerenciais que podem ser utilizadas para

aprimorar a eficácia dos processos organizacionais (LIMA et al., 2012).

Análise do ambiente externo

a) Expansão do sistema educacional de ensino superior

De acordo com o último Censo da Educação Superior, realizado em 2013, e divulgado

pelo Inep (2014), o Brasil possui 7.305.977 milhões de estudantes matriculados em IESs.

Acrescentando a esse número os alunos de pós-graduação stricto sensu, essa quantidade

aumenta para 7.526.681 matriculados. Em relação a 2012, ano que já apresentava números

muitos positivos, houve um aumento de 3,8% no que concerne à quantidade de estudantes

matriculados. Esse crescente tem se dado desde o início do século em decorrência de uma

maior atenção conferida ao ensino superior do país por parte do Governo Federal.

O censo (INEP, 2014) ainda revelou que no Brasil existem 2.391 IESs, dessas 301 são

públicas e todas as outras pertencem à esfera da educação privada, responsável por mais de 32

mil cursos de graduação. Esses dados revelam a força que as IESs privadas têm adquirido na

última década. Esse crescimento impõe uma complexidade natural às IESs que precisam de

métodos, como o BSC, para se sobrepor às dificuldades que o cenário lhes impõe (LIMA et

al., 2012).

b) Experiências de sucesso em outros segmentos

A metodologia do BSC tem sido largamente utilizada por empresas do mundo inteiro.

Borges et al. (2014) destacam em sua pesquisa que 50% das empresas americanas listadas na

Fortune 1000, importante periódico na área empresarial, utilizam o BSC. Em países europeus

a taxa de adoção encontra-se próximo a 45% do total de empresas. Em seu estudo com 53

63

empresas nacionais e estrangeiras com filiais no Brasil, de segmentos diversificados,

Echeverria et al. (2014) destacou que 84% delas, obtiveram melhorias significativas em

relação às estratégias organizacionais.

Dessa forma, o fato de empresas com marcas consolidadas no cenário nacional e

internacional terem aderido a essa metodologia e obtido sucesso com essa escolha permite que

se faça o seguinte questionamento: porque o mesmo não pode ocorrer com as IESs

brasileiras? Essa experiência de sucesso em outros segmentos deve ser tomada como um

importante aspecto a ser considerado por instituições de ensino que estejam em dúvida quanto

à adoção da metodologia.

Considerações finais

Essa análise em relação ao ambiente interno e externo das IESs brasileiras trouxe à luz

importantes considerações que podem ser observadas por gestores no momento de

implantação e operacionalização do BSC. Internamente às organizações parece haver mais

pontos críticos a serem analisados pelos gestores brasileiros, já que estes devem lidar com

problemas como a ineficácia dos atuais indicadores e a falta de capacidade gerencial de

muitos colaboradores. O ambiente externo se apresenta como mais favorável em decorrência

das experiências de sucesso do BSC em organizações de outros segmentos que podem

motivar as IESs a adaptar o método a sua realidade.

Quanto à questão de pesquisa: deve-se adaptar o método à instituição ou a instituição

ao método, a resposta indica que as modificações devem ser empreendidas em conjunto, pois

não há como se alterar a filosofia do BSC sem que essa mudança seja acompanhada de uma

reformulação na estrutura gerencial da instituição. Dessa forma, diante do processo de

implantação do BSC em IESs brasileiras sugere-se que aspectos que compõem a filosofia do

BSC, como suas perspectivas, sejam revisados e paralelamente modificações na instituição

sejam realizadas. Para estudos posteriores, compreender os impactos dessas modificações na

instituição e no método poderão acrescentar novas perspectivas à temática.

4.7 Artigo 7 - Mudar sem perder a essência? Um estudo da adaptação do BSC em

instituições de ensino superior brasileiras

Production and Operations Management Society 2015 Conference

Resumo

As IESs brasileiras, para se adaptarem ao BSC, têm utilizado diferentes perspectivas

daquelas originalmente propostas por Kaplan e Norton (1992). Nessa nova configuração,

aspectos como a qualidade do ensino, pesquisa e extensão se tornam mais comuns. Assim,

levanta-se uma questão: estas alterações estão alinhadas com a filosofia tradicional do BSC?

Reportou-se a uma abordagem quantitativa na análise dos dados, mediante natureza aplicada e

objetivos exploratórios. Foram examinados os processos de implantação e operacionalização

do BSC em 109 IESs no intuito de verificar quais mudanças os gestores dessas organizações

realizaram no BSC e quais as consequências dessas modificações na gestão dessas

instituições. Para isso, foram coletados dados dos sítios eletrônicos das IESs consideradas no

estudo. Posteriormente, esses dados foram analisados com auxílio do programa estatístico

SPSS (Statistical Package for the Social Science) para gerar os coeficientes de correlação de

Pearson. Os resultados indicam que para que as IESs obtenham sucesso com o BSC é

64

necessário que elas modifiquem esse método de tal maneira que ele fuja de sua abordagem

tradicional. Assim, dentro do contexto das IESs analisadas, percebe-se que essas organizações

obtêm maior êxito em suas atividades quando abandonam o método como originalmente

proposto e o operacionalizam de forma distinta.

Palavras-chave: Balanced Scorecard. Instituições de ensino superior. Modificação do

método.

Introdução

A necessidade de se sobrepor as dificuldades provocadas pela expansão do sistema

educacional de ensino superior fez com que muitas IESs no Brasil, se apropriassem de

estratégias empresariais adotadas por organizações de outros segmentos, como o Balanced

Scorecard (BSC), metodologia que avalia, por meio de métricas, as perspectivas envolvidas

na dinâmica empresarial (KAPLAN; NORTON, 1992). No entanto, para promover a

adaptação do BSC à realidade distinta das IESs, os gestores tiveram de realizar modificações

no método originalmente proposto por Kaplan e Norton (1992).

Nessa nova configuração, o BSC é desenvolvido por meio de estratégias distintas

daquelas, originalmente, propostas de tal modo que perspectivas como qualidade de ensino,

pesquisa e extensão se tornam mais comuns (LIMA et al., 2012). Diante desse cenário

propõe-se o seguinte objetivo: verificar se mudanças empreendidas no BSC para adaptá-lo ao

contexto das IESs privadas brasileiras podem gerar desconformidade com a tradicional

filosofia do método desenvolvido por Kaplan e Norton (1992).

Referencial teórico

Nos últimos anos as IESs brasileiras adquiriram o caráter de organizações

empresariais deixando de ser concebidas apenas como unidades de ensino. Desse modo, como

destaca Lima et al. (2012), é necessário que haja o desenvolvimento de um conjunto de

procedimentos próprios de gestão para estas instituições. Galvão et al. (2011) corroboram essa

ideia ao defender que a formação de estratégias nas IESs deve adotar modelos próprios de

implantação, bem como uma análise diferenciada de seu ambiente interno.

Em um dos primeiros estudos sobre a temática no Brasil, Müller (2001) já mencionava

a necessidade de conceber as IESs como organizações distintas das demais, principalmente

por sua maior complexidade gerencial. Para o autor, é responsabilidade dessas instituições

gerar resultados que venham contribuir com o desenvolvimento econômico, tecnológico e

político da sociedade. O autor destacou ainda que cabe às IESs se engajarem em causas

sociais por meio de ações que visem à diminuição da pobreza e proteção ao meio ambiente.

Outro autor que discorreu sobre as peculiaridades das IESs foi Lima (2003). Para ele,

essas organizações devem lidar com a difícil reparação ou, mesmo, a impossibilidade de se

reverter erros em sua atividade principal: o ensino, uma vez que não se pode simplesmente

rejeitar uma saída (estudante egresso) de má qualidade. Assim, diferentemente de

organizações de outros segmentos nas quais, diante de uma eventual irregularidade o produto

é apenas descartado, nas IESs, erros no processo de gestão apresentam-se como irreversíveis e

de consequências mais graves.

Essa complexidade envolvida na gestão de IESs justifica a necessidade de se adaptar

ferramentas gerenciais a sua realidade distinta (LIMA et al., 2012). Ao se reportar diretamente

ao BSC, percebe-se que o difícil processo de adaptação tem sido o principal responsável pelas

modificações às quais os gestores têm imposto o método. No entanto, conforme ressaltam

Galvão et al. (2011), essas modelagens empreendidas no BSC não podem se dar a qualquer

custo e é necessário que a filosofia que sustenta o método seja resguardada.

65

Metodologia

As estratégias de execução dessa pesquisa partiram de um método dedutivo, comum

em investigações no campo das ciências sociais aplicadas, nas quais o resultado factual torna-

se conhecido, pois adota-se a concepção que as premissas são todas verdadeiras (CERVO;

BERVIAN, 1978). No intuito de se obter resultados substanciais dentro de uma realidade

ainda em construção reportou-se a uma abordagem quantitativa na análise dos dados, já que

esta se mostra adequada para estudos que pretendam enfatizar grandes amostras com a

finalidade de trazer à luz resultados que se desdobrem em indicadores e tendências

observáveis por meio de dados estatísticos (MINAYO; SANCHES, 1993).

Esse estudo se desenvolveu mediante natureza aplicada, ao possibilitar aos

pesquisadores a aplicação prática de uma metodologia de pesquisa no intuito de investigar,

cientificamente, um fenômeno empírico, qual seja, o processo de adaptação do BSC às IESs

brasileiras e as consequências dessa adaptação. A natureza aplicada se evidencia neste estudo,

pois aqui se pretendeu estabelecer considerações pautadas em resultados de pesquisas básicas

anteriores (LIMA, 2003; GALVÃO et al., 2011; LIMA et al., 2012) e estabelecendo relações

de dependência entre dados de instituições de ensino para se conhecer a realidade dos

fenômenos que se investiga.

Esse estudo também possui objetivos exploratórios, pois investiga um campo de

estudos ainda em construção, qual seja, as consequências associadas aos métodos de aplicação

do BSC ao contexto das IESs brasileiras. De acordo com Piovesan e Temporini (1995), o

estudo exploratório é aquele que pretende familiarizar o pesquisador com o objeto de estudo e

sua realidade de modo que, por meio dessa investigação possam emanar maior compreensão e

capacidade para explicar o referido fenômeno com mais precisão.

Para o desenvolvimento desse estudo foram examinados os processos de implantação

e operacionalização do BSC em 109 IESs que representam o “n” amostral com nível de

confiança de 95% do total de 151 IESs federais do Brasil, no intuito de verificar quais

mudanças os gestores dessas organizações realizaram no BSC e quais as consequências dessas

modificações na gestão dessas instituições. O objetivo dessa pesquisa foi entender se essas

mudanças não estão em desacordo com a filosofia tradicional do BSC como proposto por

Kaplan e Norton (1992). Para isso, foram coletados dados dos sítios eletrônicos das IESs

consideradas no estudo. Posteriormente, esses dados foram analisados com auxílio do

programa estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Science) para gerar os

coeficientes de correlação de Pearson.

Resultados e discussão

Nessa seção foram apresentados os principais resultados encontrados na análise dos

dados. Para permitir um melhor entendimento de seu conteúdo, ela foi dividida em três partes

distintas: a) acréscimo da perspectiva ensino; b) reposicionamento da perspectiva financeira e

c) modificações na estrutura organizacional ou gerencial. Como destacado, em cada uma

dessas partes foi apresentado um tipo específico de modificação que os gestores

empreenderam nas IESs brasileiras analisadas para possibilitar a adaptação e

operacionalização do BSC a sua realidade, conforme proposto por Lima et al. (2012) e Galvão

et al. (2011), e a implicação na adesão das IESs a essa modificação em termos estatísticos,

bem como as consequências dessa modificação no que concerne a resultados positivos ou

negativos nas instituições.

a) Acréscimo da perspectiva ensino

Dentre as instituições analisadas 87,31% delas acrescentaram ao seu modelo de

avaliação de desempenho operacional a perspectiva ensino. Diante dos números percebe-se

que os gestores defendem a concepção de que a adoção dessa perspectiva é fundamental à

66

adaptação de um modelo de avaliação de desempenho às IESs. Tal decisão não se apresenta

como algo opcional ou estratégico, mas arbitrário, pois o ensino representa a principal

atividade desenvolvida nessas organizações, assim é necessário que haja métricas específicas

para mensurar a grau de eficiência dessa função. Destaca-se aqui que, a totalidade das IESs

analisadas avalia a atividade de ensino que desenvolvem, no entanto, nesse estudo foram

consideradas apenas aquelas que avaliam essa perspectiva de forma sistemática, ou seja,

integrada às demais perspectivas da instituição. Assim, somente 12,69% das IESs não

demonstraram atender esse critério.

Por se apresentar muito mais como uma arbitrariedade do que como medida

estratégica, tal modificação empreendida por gestores ao modelo do BSC não traz nenhuma

vantagem imediata às organizações. Destaca-se, no entanto, que a maneira como é

desenvolvida essa análise e a forma como os gestores operacionalizam seu modelo de

avaliação em relação a essa perspectiva, pode influenciar positiva ou negativamente nos

resultados de uma instituição. Dessa forma, acrescentar a perspectiva ensino ao tradicional

modelo do BSC proposto por Kaplan e Norton (1992) apresenta-se como fundamental ao

processo de adaptação do BSC à realidade distinta das IESs brasileiras.

No entanto, ao analisar qual o papel dessa nova perspectiva em relação às demais já

existentes percebe-se que 43,78% das IESs analisadas colocam a perspectiva ensino como

ponto de partida aos planos estratégicos, local que no modelo proposto por Kaplan e Norton

(1992) é destinado à perspectiva financeira. Então pode-se destacar que ao oferecer à

perspectiva ensino um maior destaque dentro do modelo de avaliação, os gestores

empreendem uma modificação que entra em desconformidade com o modelo originalmente

proposto.

b) Reposicionamento da perspectiva financeira

Quando se analisa modificações na perspectiva financeira percebe-se que existem

maior ponderação quanto à mudanças mais radicais. Dentre as instituições analisadas destaca-

se que 43,78% delas reposicionaram a perspectiva finanças em seu modelo de avaliação

sistêmica de desempenho. Como destacado anteriormente, essas organizações tiraram da

perspectiva financeira o papel de norteador estratégico e concederam à perspectiva ensino

essa posição. No entanto, 56,22% das instituições ainda possuem uma preferência pelo

modelo como proposto por Kaplan e Norton (1992), pois mantêm as finanças como a

principal perspectiva em seu modelo de avaliação de desempenho.

É importante destacar que a totalidade das empresas analisadas que mantém seu foco

sobre a perspectiva financeira são instituições privadas. Ressalta-se ainda que em 2013 o

Ministério da Educação divulgou uma lista com as melhores universidades do Brasil. Tal

classificação tomou por base vários critérios, desde qualidade do ensino até sustentabilidade

financeira. Dentre as 50 melhores universidades do Brasil (INEP, 2014), 85,23% colocam a

perspectiva ensino como o ponto de partida de seus objetivos estratégicos e apenas 14,77%

conferem à perspectiva financeira esse papel. Diante desses dados foi realizada uma análise

de correlação (Pearson) entre essas duas variáveis para verificar o grau de influência de

ambas. Percebeu-se que quanto mais as IESs tendem a colocar a perspectiva ensino como

foco de sua estratégia maior é a tendência de obterem sucesso em suas atividades, o que

representa uma correlação positiva forte (p = 0, 843).

Desse modo, percebe-se que as instituições de ensino que colocam a perspectiva

financeira como foco de sua estratégia, embora mantenham o método de acordo como foi

originalmente proposto por Kaplan e Norton (1992), têm obtido menos sucesso do que

aquelas organizações que reposicionaram essa perspectiva conferindo a ela uma menor

importância em detrimento da perspectiva ensino.

67

c) Modificações na estrutura organizacional ou gerencial

Para 92,45% das instituições analisadas a implantação de uma metodologia de

avaliação de desempenho foi acompanhada de modificações na estrutura organizacional ou

gerencial. Dentre essas modificações estruturais, 89,88% se referiam à contratação e demissão

de pessoal e mudanças de postura e filosofia empresarial; as demais 10,12% estão associadas

a outras modificações como realocação de funcionários, fusão de setores e ainda eliminação e

acréscimo de atividades. Percebe-se que a alta adesão a essas modificações estruturais está

relacionada, principalmente, a uma questão arbitrária, pois não há como se adotar um método

de avaliação sem empreender mudanças gerenciais. Aquelas que não realizaram as

modificações atribuem a decisão aos altos custos, especialmente no que concerne à

contratação e demissão de pessoal e o baixo envolvimento dos colaboradores. Diferentemente

de mudanças nas perspectivas que incorrem em menores custos, mudanças estruturais são

mais onerosas e, diante de um insucesso, de reparação mais complexa.

Estatisticamente, percebe-se que existe uma correlação positiva forte (p = 0,834) entre

a realização de modificações estruturais e gerenciais e o sucesso obtido pelas organizações

analisadas. Esses resultados podem ser comprovados pela qualificação proposta pelo

Ministério da Educação às IESs brasileiras. De acordo com esses dados das 50 melhores

universidades do Brasil todas elas realizaram modificações de caráter organizacional ou

gerencial em sua estrutura durante o processo de implantação de ferramentas gerenciais, como

o BSC.

Considerações finais

Como adaptar o BSC à realidade distinta das IESs brasileiras sem entrar em

desconformidade com a filosofia do método, originalmente proposto por Kaplan e Norton

(1992)? A resposta a essa questão parece mais complexa do que se pensava inicialmente. Os

resultados indicam que para as IESs obterem sucesso com o BSC é necessário que elas

modifiquem esse método de tal maneira que ele fuja de sua abordagem tradicional. Ao colocar

a perspectiva ensino como foco da estratégia e ao realocar a perspectiva financeira lhe

concedendo menor importância, os gestores desconfiguram substancialmente o método como

proposto originalmente. Assim, dentro do contexto das IESs analisadas, percebe-se que essas

organizações obtêm maior êxito em suas atividades quando abandonam o método como

originalmente proposto e o operacionalizam de forma distinta.

Dessa forma, estudos posteriores, podem tentar compreender se em organizações sem

fins lucrativos ou instituições governamentais, que assim como as IESs apresentam natureza

distinta das tradicionais organizações industriais e comerciais, esses resultados se repetem ou

se essa realidade encontrada somente se refere às IESs brasileiras.

68

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As considerações finais discutem as principais conclusões das etapas da pesquisa e

propõe um framework de indicadores de desempenho com BSC para uma IES privada, além

das sugestões para estudos futuros com as propostas do que será delineado na sequência.

5.1 Conclusões

Esta tese de doutorado buscou desenvolver um sistema de indicadores de desempenho

alinhado com a estratégia empresarial para uma IES privada, por meio do BSC. Para isso,

articulou-se o material em sete eixos de pesquisas para responder aos objetivos específicos

delineados na introdução e que se concretizaram em etapas lineares para a conclusão de um

estudo maior.

A primeira etapa buscou demonstrar como IESs privadas utilizam indicadores de

desempenho para mensurar suas atividades. Constatou-se que, mesmo diante de uma

quantidade considerável de IESs, são poucas as que possuem indicadores de desempenho

pautados em dados numéricos e estatísticos abrangendo suas principais atividades.

A segunda etapa apresentou uma análise comparativa entre a aplicação de indicadores

de desempenho nas IESs públicas e privadas, com o intuito de conferir mais esclarecimentos a

este campo de discussão caracterizado por poucas constatações úteis e com o objetivo de

identificar e compreender as principais diferenças e semelhanças entre a abordagem do BSC

em IESs públicas e privadas, em relação à aplicação de indicadores de desempenho. As

principais conclusões apontaram que, mesmo em menor número, as IESs públicas se mostram

mais eficientes quanto à aplicação de indicadores de desempenho.

A terceira etapa buscou compreender como tornar o BSC uma estratégia sustentável

no contexto brasileiro. As conclusões do estudo apontaram para fatores favoráveis à

sustentabilidade do BSC como o poder centralizado, o quadro funcional reduzido e a

execução de atividades-chave em setores específicos. De modo oposto, os fatores

desfavoráveis à sustentabilidade do BSC foram a atenção concentrada na perspectiva do

ensino e a incapacidade gerencial demonstrada pelos gestores.

A quarta etapa buscou analisar como gestores de IESs brasileiras podem utilizar o

BSC para melhorar o processo de tomada de decisão. Assim constatou-se a eficiência dessa

estratégia de negócios no contexto educacional de expansão do ensino superior brasileiro. As

conclusões do estudo indicam onde os gestores encontram maiores dificuldades no processo

69

de tomada de decisões no contexto dessa instituição e como o BSC pode auxiliar nesse

processo.

No quinto estágio, buscou-se analisar como adaptar o BSC à realidade das IESs

brasileiras. As conclusões obtidas indicaram que para promover essa adaptação o primeiro

passo é reconhecer que modificações são necessárias na implantação da estratégia do BSC em

uma IES brasileira. Dessa forma, as perspectivas tradicionais do BSC devem sofrer algumas

modificações pontuais para permitir a eficácia do método no contexto das IESs. Além disso,

essas modificações na filosofia do método devem ser acompanhadas de uma reformulação

gerencial que inclui, principalmente, a capacitação do corpo funcional.

A sexta etapa buscou compreender se, nesse processo, deve-se adaptar o método à

instituição ou, ao contrário, a instituição se adaptar ao método. Para isso, foi feita uma análise

do ambiente interno e externo dessas instituições. Assim, pela análise tipológica de Lamnek

(1989), as conclusões discutem, em relação ao ambiente interno, a complexidade na gestão

das IESs brasileiras, a ineficácia dos indicadores de desempenho existentes e o predomínio de

educadores à frente das instituições. Já no que diz respeito ao ambiente externo, foi analisada

a expansão do sistema educacional de ensino superior e as experiências de sucesso em outros

segmentos.

A última etapa demonstrou que as IESs brasileiras, para se adaptarem ao BSC, têm

utilizado diferentes perspectivas daquelas originalmente propostas por Kaplan e Norton

(1992). Nessa nova configuração, aspectos como a qualidade do ensino, pesquisa e extensão

se tornam mais comuns. Desse modo, buscou-se verificar se estas alterações estão alinhadas

com a filosofia tradicional do BSC. As conclusões indicam que para que as IESs obtenham

sucesso com o BSC é necessário que elas modifiquem esse método de tal maneira que ele fuja

de sua abordagem original. Assim, dentro do contexto das IESs analisadas, percebe-se que

essas organizações obtêm mais êxito em suas atividades quando abandonam o método como

originalmente proposto e o operacionalizam de forma distinta.

5.2 Proposta de framework

Após serem desenvolvidas as sete etapas da pesquisa, foi proposto um framework

baseado nos resultados obtidos em cada um dos artigos publicados e presentes nesta tese, de

modo que os elementos constituintes dos achados da pesquisa pudessem ser resumidos numa

proposta conceitual.

70

Neste sentido, conforme a Figura 4, no centro do framework proposto, foi

demonstrado o processo de aplicação do BSC numa IES privada. Na sequência, a

sustentabilidade do BSC passa a implicar em questões relativas à gestão financeira da mesma.

Depois, o processo de tomada de decisões tem implicações na gestão institucional.

Além disso, ao final do processo de aplicação do BSC numa IES privada, o mesmo

não se encerra, tornando-se algo contínuo que se retroalimenta. Durante essa

retroalimentação, o BSC pode ser adaptado à instituição, depois disso, começam a surgir as

dificuldades e dilemas da adaptação e, por fim, realizar as modificações sem perder a essência

dos pressupostos do BSC, até o processo de aplicação do BSC ser reiniciado.

71

Figura 4 – Framework de Indicadores de Desempenho com Balanced Scorecard para uma Instituição de Ensino Superior Privada

Fonte: Elaborado pelo autor.

72

As primeiras etapas do framework descrevem a aplicação do BSC numa IES privada,

por meio de um modelo interfuncional de desempenho. O modelo proposto defende a

concepção de que o ponto de partida do fluxo que envolve atividades e indicadores de

desempenho se inicia com a gestão financeira da instituição. A proposta é que uma gestão

financeira eficaz, caracterizada pela solvência das finanças, é essencial para garantir o

desenvolvimento de uma instituição de ensino privada. Por sua vez, uma gestão institucional

adequada, ou seja, quando coordenadores e diretores atuam com eficácia no desempenho de

suas funções, e setores como biblioteca, laboratórios e secretarias são direcionados às

necessidades dos discentes, a qualidade das atividades de ensino e aprendizagem e serviços de

comunicação emanam como consequência direta.

Essas duas funções combinadas convergem nas atividades de pesquisa e extensão, ou

seja, boas ferramentas de comunicação interna, combinadas a incentivos de ensino e

aprendizagem são fundamentais para fomentar a adoção de atividades de pesquisa e extensão

por parte das universidades. Por se tratar de uma instituição privada, a combinação de todas

essas atividades desenvolvidas de forma satisfatória fornece resultados rentáveis

financeiramente, o que conduz novamente ao início do modelo no qual esses rendimentos

financeiros serão administrados de forma a propiciar a continuidade das atividades da

instituição. Essa característica justifica o caráter de fluxo conferido ao modelo proposto.

A etapa posterior do framework busca demonstrar que a gestão financeira desse

modelo interfuncional sofre influência de aspectos ligados à sustentabilidade do BSC. A

análise dos dados institucionais (relatório da Comissão Própria de Avaliação, registros de

resultados anuais e demonstrações financeiras das instituições) permitiu a identificação de

fatores favoráveis e desfavoráveis à sustentabilidade do BSC nas IESs brasileiras. Dentre os

aspectos favoráveis, estão o poder centralizado, o quadro funcional reduzido e a execução de

atividades-chave em setores específicos. Já dentre os aspectos desfavoráveis, apresentam-se a

atenção concentrada na perspectiva do ensino e a incapacidade gerencial demonstrada pelos

gestores.

Em seguida, buscou-se demonstrar que o processo de tomada de decisões pode

influenciar a gestão institucional. Esse processo é caracterizado por uma centralização das

decisões que são tomadas de forma departamental e chegam a ser intuitivas, em determinados

momentos, além de apresentarem dificuldades relativas ao baixo engajamento do nível

técnico e à falta de informações.

Já durante a etapa de retroalimentação do modelo interfuncional, é importante uma

adaptação do BSC, devendo-se observar as dificuldades e dilemas da adaptação e modificá-lo

73

sem perder sua essência. Durante a adaptação, podem ocorrer modificações nas perspectivas

tradicionais (financeira, clientes, processos internos e aprendizado e crescimento) para

garantir a eficácia desse modelo estratégico. Também podem ocorrer modificações na

estrutura gerencial da IES para corrigir deficiências que entram em desconformidade com a

complexidade do método.

Com isso, surgem dificuldades e dilemas durante a adaptação, como: adaptar o método

à instituição ou a instituição ao método? Essas questões envolvem uma análise: a) do

ambiente interno, devido à complexidade na gestão das IESs brasileiras, à ineficácia dos

indicadores de desempenho existentes e ao predomínio de educadores na gestão das IESs; e b)

do ambiente externo, devido à expansão do sistema educacional de ensino superior e outras

experiências de sucesso em outros segmentos. Assim, a resposta indica que as modificações

devem ser empreendidas em conjunto.

Por fim, durante a implantação dessas modificações deve-se mudar sem perder a

essência da filosofia tradicional do BSC? Os resultados indicam que para que as IESs

obtenham sucesso com o BSC é necessário que elas modifiquem esse método de tal maneira

que ele fuja de sua abordagem tradicional. Assim, dentro do contexto das IESs analisadas,

percebe-se que essas organizações obtêm maior êxito em suas atividades quando abandonam

o método como originalmente proposto e o operacionalizam de forma distinta. Para isso, é

importante o acréscimo da perspectiva ensino, modificações na estrutura organizacional e

reposicionamento da perspectiva financeira (dado que a perspectiva ensino passa a ser o

foco).

5.3 Sugestões para trabalhos futuros

Sugere-se que os estudos futuros possam validar os indicadores de desempenho

escolhidos para a abordagem do BSC por meio de análise multicriterial.

Em seguida, sugere-se a aplicação dos indicadores de desempenho escolhidos na

gestão estratégica da IES. Para isso, reitera-se, que após os indicadores de desempenho terem

sido validados eles deverão ser aplicados na IES privada escolhida dentro das quatro

perspectivas do BSC (aprendizagem e crescimento, interna, cliente e financeira).

74

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