dissertação andreia coutinho ppg ic-fuc§ão... · ... me ensinando desde pequena a importância...

85
Dissertação VARIABILIDADE DA PRESSÃO ARTERIAL INTRAESFORÇO CORRIGIDA PELO EQUIVALENTE METABÓLICO COMO PREDITORA DE MORTALIDADE Andreia Orjana Ribeiro Coutinho

Upload: hacong

Post on 09-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Dissertação

VARIABILIDADE DA PRESSÃO ARTERIAL INTRAESFORÇO

CORRIGIDA PELO EQUIVALENTE METABÓLICO

COMO PREDITORA DE MORTALIDADE

Andreia Orjana Ribeiro Coutinho

INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL

FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CARDIOLOGIA

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde

Área de Concentração: Cardiologia

VARIABILIDADE DA PRESSÃO ARTERIAL INTRAESFORÇO

CORRIGIDA PELO EQUIVALENTE METABÓLICO COMO PREDITORA

DE MORTALIDADE

Autor: Andreia Orjana Ribeiro Coutinho

Orientador: Prof. Dr. Iran Castro

Dissertação submetida como requisito para

obtenção do grau de Mestre ao Programa de Pós-

Graduação Ciências da Saúde (Cardiologia), da

Fundação Universitária de Cardiologia/Instituto de

Cardiologia do Rio Grande do Sul.

Porto Alegre

2012

AGRADECIMENTOS Agradeço à minha família, base sólida e meu porto seguro!

Ao meu pai, Lauro, que me ensinou o valor do trabalho. Que tantas vezes esteve

distante de nós, renegando muitas vezes o lazer e o contato familiar a fim de nos

fornecer uma vida digna - e subsidiando meus estudos...

À minha mãe, Norma, cujo sonho de estudar e sede de aprender me impulsionaram

nessa caminhada – me ensinando desde pequena a importância e a força do

conhecimento.

À minha irmã Catia, companheira - e orgulhosa dos meus feitos...

À minha sogra, Marli, sempre me estimulando, acreditando em mim, exaltando a

minha força de vontade e ajudando nos custos do Mestrado.

Em especial ao meu marido – Leandro -, a quem dedico esse trabalho, por acreditar

no meu potencial e me mostrar que era possível realizá-lo. Que suportou minha

ausência em tantas noites e fins-de-semana. Que me abraçou nos momentos difíceis e

me recompôs. Que foi o meu norte, quando tantas vezes me senti perdida! Agradeço a

ti pelo amor, carinho, compreensão e paciência durante todo o período do Mestrado.

À minha amiga Maria Antonieta Moraes, Coordenadora da Residência de

Enfermagem, exemplo profissional que sigo como meta. Valorizando-me como pessoa

e me proporcionando crescimento na docência e pesquisa.

Ao Dr. Iran Castro, meu Orientador: pela confiança, apoio e dedicação à minha

formação profissional.

Aos alunos, que me impulsionam e que me deslumbram, através de suas testas

franzidas, evidenciando a dúvida, e de seus sorrisos, demonstrando o entendimento!

Aos pacientes, foco principal da minha profissão. Responsáveis pela paixão que tenho

pela Enfermagem!

SUMÁRIO 1 BASE TEÓRICA.....................................................................................................1 1.1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................2

1.2 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................4

1.2.1 Pressão Arterial ...............................................................................................4

1.2.2 Respostas do Sistema Cardiovascular ao Exercício Físico...........................5

1.2.2.1 Aumento Exagerado da Pressão Arterial durante o exercício....................7

1.2.2.2 Hipertrofia Ventrícular Esquerda e PAS Exagerada .................................8

1.2.2.3 Hipotensão Arterial Induzida pelo Exercício..............................................9

1.2.3 Capacidade funcional e Equivalente Metabólico (MET)............................10

1.2.4 Variação da Pressão Arterial Intraesforço e Mortalidade ........................12

1.3 JUSTIFICATIVA...................................................................................................13

1.4 HIPÓTESE PRINCIPAL ........................................................................................14 1.5 OBJETIVOS ...........................................................................................................15

1.5.1 Objetivo primário............................................................................................15 1.5.2 Objetivos Secundários.....................................................................................15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................16 2 ARTIGO EM INGLÊS............................................................................................21

Abstract ......................................................................................................................23

Introduction……………………………………………………………………...….24

Materials and methods………………………………………………………….…..25

Study Population ……………………………………………………………………...…….25

Database…………………………………………………………………………….………..26

Study Protocol……………………………………………………………………….……….26

Selection of study variables…………………………………………………………….…..27

Statistical Analysis…………………………………………………………………….…….28

Results………………………………………………………………………………..30

Discussion……………………………………………………………………………38

References……………………………………………………………………………41

3 ARTIGO EM PORTUGUÊS...................................................................................44

Resumo........................................................................................................................46

Introdução...................................................................................................................47

Material e métodos.....................................................................................................49

População do Estudo..................................................................................................49

Preparação do Banco de Dados.................................................................................50

Protocolo do Estudo...................................................................................................50

Seleção das Variáveis do Estudo................................................................................51

Análise Estatística......................................................................................................53

Resultados....................................................................................................................54

Discussão......................................................................................................................62

Referências Bibliográficas.........................................................................................66

ANEXOS.........................................................................................................................68

ANEXO 1 LISTA DE ABREVIATURAS........……………........................…...……69

ANEXO 2 PREPARAÇÃO DO BANCO DE DADOS PARA O ESTUDO.............70

ANEXO 3 TERMO DE CONSENTIMENTO DE UTILIZAÇÃO DO BANCO DE

DADOS DA SECRETARIA DA SAÚDE DO MUNICÍPIO DE POA– RS.............71

ANEXO 4 TERMO DE CONSENTIMENTO DE UTILIZAÇÃO DO BANCO DE

DADOS DO SERVIÇO DE ERGOMETRIA DO INSTITUTO DE

CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO

SUL.................................................................................................................................72

ANEXO 5 FORMULÁRIO PARA CADASTRAMENTO DE LAUDOS DO

TESTE ERGOMÉTRICO............................................................................................73

ANEXO 6 SELEÇÃO DAS VARIÁVEIS DO ESTUDO...........................................75

ANEXO 7 APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA DO IC-

FUC.................................................................................................................................78

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DOS ANEXOS..............................................79

1 BASE TEÓRICA

2

1. 1 INTRODUÇÃO

A elevação da pressão arterial (PA) acima dos níveis das necessidades

hemodinâmicas fisiológicas está associada com dano vascular e cardíaco. Os valores

de PA iguais ou maiores a 140/90 mmHg em repouso são utilizados para o

diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica (1), a qual se constitui em importante

fator de risco (FR) para Doença Cardiovascular (DCV), explicando 40% das mortes

por acidente vascular encefálico(AVE) e 25% das mortes por doença coronariana. A

mortalidade por DCV aumenta progressivamente com a elevação da pressão arterial

em repouso a partir de 115/75 mmHg (2).

É possível, entretanto, que outras medidas de PA, tais como as leituras de

pressão durante a deambulação(3-5) ou durante o exercício(6) sejam melhores

indicadores de risco para morbidade e mortalidade.

A PA no Teste Ergométrico (TE) pode ser avaliada “em repouso”, “no

esforço” e “pós-esforço”. No TE, além da capacidade funcional e da resposta

cronotrópica, a PA aparece como principal elemento para a avaliação indireta da

resposta inotrópica do coração em relação ao esforço, juntamente com o grau de

tolerância ao exercício (7).

Como critérios para se prever a hipertensão, estudos propõem as medidas dos

valores da PA (componentes sistólico e diastólico) em termos absolutos (8-12), por

amplitude de variação (13, 14), bem como a variação corrigida pela quantidade de

trabalho no esforço. (15, 16)

Um estudo brasileiro realizado com 75 pacientes investigou a associação de

diferentes definições de resposta hipertensiva, incidência de Hipertensão Arterial

Sistêmica (HAS) através da Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA)

e desenvolvimento de anormalidades cardíacas. Concluiu que indivíduos com resposta

3

hipertensiva ao TE, especialmente se definida pela variação da PA corrigida pela

quantidade de trabalho, sofrem risco maior de desenvolver hipertensão segundo a PA

casual e monitorização de 24h. Esses indivíduos também apresentam maior risco de

desenvolverem anormalidades cardíacas estruturais típicos de doença cardíaca

hipertensiva (17).

Além de prever hipertensão arterial, os valores da PA durante e após o

exercício podem acrescentar informações prognósticas para riscos de mortalidade

geral e cardiovascular (3, 4).

Frente a isso, questiona-se o poder dos valores obtidos em relação ao

comportamento da PA no exercício corrigido pelo equivalente metabólico (MET) em

obter resultados preditores em relação à mortalidade.

Devido à escassez de estudos sobre o tema, essa pesquisa se propõe a avaliar a

variação da PA intraesforço corrigida pelo equivalente metabólico durante o TE como

preditor de mortalidade geral e cardiovascular.

4

1.2 REFERENCIAL TEÓRICO

1.2.1 Pressão Arterial

A pressão arterial (PA) sanguínea é a força exercida pelo sangue contra

qualquer unidade de área da parede vascular (18). É o produto da quantidade de

sangue bombeada pelo coração a cada minuto (débito cardíaco) e o grau de dilatação

ou constrição das arteríolas (resistência vascular sistêmica).

A PA é representada pela pressão arterial sistólica (PAS) e pela pressão

arterial diastólica (PAD). A PAS representa a mais alta pressão nas artérias, estando

intimamente associada à sístole ventricular cardíaca. A PAD representa a menor

pressão nas artérias ocasionada pela diástole ventricular cardíaca, quando o sangue

está preenchendo as cavidades ventriculares (19).

O controle da PA por períodos curtos é realizado por meio dos barorreceptores

arteriais, os quais percebem as alterações da pressão nas artérias maiores e, a partir

destas, por meio dos mecanismos de resposta neuro-humoral que alteram a freqüência

cardíaca, a contratilidade miocárdica e a contração do músculo vascular, mantém a

PA dentro dos limites normais. Os barorreceptores nos componentes de baixa pressão

do sistema cardiovascular (como as veias, os átrios e a circulação pulmonar), atuam

na regulação neuro-humoral do volume vascular. Por períodos mais longos (horas ou

dias), a regulação neuro-humoral e a renal direta do volume vascular também

desempenham um papel importante na manutenção da PA em níveis normais (1).

A medição da PA é realizada pelo método direto (através de cateteres na

artéria) ou pelo método indireto (auscultatório). A PA é comumente medida em

milímetros de mercúrio (mmHg), mas também pode ser medida em centímetros de

água(cmH2O) (4). O método auscultatório não é totalmente preciso, mas fornece

valores com erros menores a 10% em relação à medição direta. A medição indireta

apresenta restrições em relação a ruídos e movimentos quando o paciente está

realizando exercícios, bem como à influência da acuidade auditiva do observador ao

verificar a pressão e à preferência deste por valores terminados em zero (20-22).

Tem-se considerado a medição direta como a referência padrão para a aferição

da PA, tanto em repouso como em exercício (20-22). Em contrapartida, traz riscos de

embolismo, trombose, necrose da pele, hematoma e infecção. (23).

5

É importante salientar que a medida da pressão arterial na região braquial

representa a pressão arterial central e seus valores são utilizados para diagnosticar e

prognosticar morbidade e mortalidade cardiovascular (CV) (24-26). Os métodos

diretos de medição da PA não estão amplamente disponíveis nem são tecnicamente

viáveis para uso clínico rotineiro. Assim, as orientações sobre TE continuam

recomendando métodos manuais para medição da PA durante e após o exercício.

1.2.2 Respostas do Sistema Cardiovascular ao Exercício Físico

Para se entender o comportamento da PA no exercício físico, é necessário

antes se compreender em que ele consiste e de que forma o sistema cardiovascular

responde a esse tipo de estímulo.

O exercício físico caracteriza-se como sendo uma atividade em que há

intencionalidade de movimento, sendo considerado um subgrupo das atividades

físicas que é planejado, estruturado e repetitivo com vistas à manutenção da saúde ou

à otimização do condicionamento físico, ou ainda da aptidão física (27).

A realização de exercícios físicos provoca uma série de respostas fisiológicas

nos sistemas corporais, especialmente no cardiovascular (27), o que favorece a

identificação de anomalias cardíacas que normalmente não aparecem no indivíduo em

estado de repouso; por isso, o exercício pode ser considerado o teste mais prático de

perfusão e função cardíaca (28). O exercício requer que o corpo mantenha uma

coordenação eficaz para as múltiplas respostas ao aumento da atividade metabólica

necessária ao músculo esquelético, mantendo o fluxo sanguíneo para tecidos críticos

como o coração e o encéfalo (29). O exercício dinâmico, que é uma atividade

muscular rítmica, é o tipo de exercício que pode mais facilmente ser controlado e

graduado, provocando no coração um estresse de volume em lugar de pressão

(exercício isométrico). O exercício dinâmico acionado no TE é útil pelo fato de

controlar a carga de trabalho liberada, a resposta fisiológica sendo facilmente

medida(28).

Durante o exercício, ocorre a imediata dilatação nas artérias dos músculos

ativos devido ao súbito aumento de metabólitos, resultando na diminuição da

resistência vascular sistêmica, proporcionalmente à massa envolvida. Há aumento da

atividade simpática para manter a PA, o que produz vasoconstrição generalizada dos

tecidos inativos (vísceras, rins e músculos inativos), e também maior retorno venoso

6

para manter o volume e a pressão do enchimento cardíaco. Parte do aumento do

retorno venoso se deve ao efeito compressivo da atividade muscular dos membros

inferiores, o qual impulsiona o sangue para a circulação central graças às válvulas das

veias (28). Com o aumento do débito cardíaco, há um incremento na PA sistêmica. O

aumento do fluxo sanguíneo pulmonar produz um aumento moderado da PA pulmonar

média. A relação entre pressão, fluxo e resistência é definida na Lei de Ohm, segundo

a qual a resistência é igual à pressão, dividida pelo fluxo. Como o denominador (fluxo)

aumenta muito mais do que o numerador (pressão), o resultado é uma diminuição na

resistência sistêmica (28).

Em condições normais, a PA se eleva durante o exercício (29). Isoladamente, a

PAS e a PAD exibem comportamentos diferenciados durante o exercício.

O exercício aumenta a PA média em, aproximadamente, 40%, com um

aumento progressivo da PA sistólica (PAS) à medida que o trabalho aumenta (29). A

PAS máxima deve ser alcançada no máximo trabalho realizado, e pouca mudança na

PA diastólica (PAD) ocorre com o exercício (29).

Em condições normais, durante o TE, a PAS aumenta com a intensidade

crescente do trabalho - em geral, até 220 mmHg (30). A cada nível de trabalho, existe

um acréscimo mais consistente da PAS durante os primeiros minutos, e então se

atinge um certo nível ou estado de equilíbrio.

Considera-se a resposta diminuída da PAS quando seu incremento (∆PAS)

durante o TE for inferior a 35 mmHg, na ausência de queda acentuada da PAD,

podendo, em indivíduos com suspeita ou diagnóstico de cardiopatia isquêmica,

representar disfunção contrátil do miocárdio (31). Esta baixa elevação da PAS pode

resultar também de uma obstrução do fluxo aórtico, ou isquemia (28).

A queda do componente sistólico da PA durante o esforço tem valor preditivo

para doença cardíaca grave (por exemplo, doença valvar). Quando os valores da PAS

no exercício caem a níveis inferiores aos de repouso, podem indicar mau prognóstico.

Pode ocorrer hipotensão sistólica discreta no esforço máximo em jovens bem

condicionados (28, 30).

As mulheres apresentam variações da PAS durante o esforço sensivelmente

menores que as dos homens. (30)

A PAD no exercício mantém-se constante ou oscila cerca de 10 mmHg (30), se

for ascendente, a PAD pode ser um indicador de hipertensão lábil (28)

7

Considera-se resposta hiper-reativa ao esforço aquela cujos valores de PAS >

220mmHg e/ou elevação de 15mmHg ou mais de PAD, partindo-se de valores

normais da PA em estado de repouso. Sugere-se que indivíduos que apresentam

resposta hiper-reativa frente ao esforço têm probabilidade de se tornarem hipertensos

quatro a cinco vezes maior em relação àqueles com curvas normais de PA (31-33)

Desvios significativos da PA em relação ao normal podem indicar falha na

resposta do organismo ao exercício - inclusive doença CV.

Após o exercício e na fase de recuperação, a redução na estimulação simpática

e o aumento no tônus vagal levam à diminuição da frequência cardíaca e da resistência

periférica, o que provoca uma redução no débito cardíaco. A PAS volta então

rapidamente aos níveis de repouso (24, 31), o que ocorre, geralmente, durante a

recuperação na posição supina, mas pode permanecer abaixo do normal durante várias

horas após a realização do exercício.

A hipotensão arterial pós-esforço em indivíduos aparentemente sadios é mais

frequente em indivíduos jovens exercitados até a exaustão. A elevação da PAS, nos

três primeiros minutos pós-teste, acima dos valores máximos atingidos durante a fase

de esforço (resposta paradoxal), bem como a recuperação lenta da PAS pós-esforço,

têm sido correlacionadas à presença de DAC (34).

1.2.2.1 Aumento Exagerado da Pressão Arterial durante o Exercício

O aumento exagerado da PAS pode ser definido, em números absolutos, como

valores mínimos de 210 mmHg para os homens e de 190 mmHg para as mulheres

(35).

Alguns fatores fisiopatológicos propostos para explicar tal aumento incluem

um elevado tônus simpático durante o exercício, a diminuição da distensibilidade

aórtica (especialmente com envelhecimento e aterosclerose da aorta), o aumento da

massa do ventrículo esquerdo (VE) e disfunção endotelial (36, 37).

Em um estudo, 3741 adultos jovens normotensos foram submetidos ao TE e

examinados 5 anos depois para se verificar o desenvolvimento de Hipertensão Arterial

Sistêmica (HAS). Detectou-se, no início do estudo, um aumento exagerado da PAS no

exercício (PAS ≥ 210 mmHg para homens e ≥ 190 mmHg para mulheres) em 687

indivíduos (18%), com um diagnóstico de HAS em 184 (5%) indivíduos no

seguimento. Indivíduos com uma resposta exagerada ao exercício durante o TE

8

tiveram 5 mmHg de PAS e 1 mmHg de PAD maior no seguimento (P <0,005), com

probabilidade 1,7 vezes maior de desenvolver HAS do que os indivíduos com reações

normais (P < 0,001). Mesmo após o ajuste para fatores de confusão, a resposta

exagerada foi associada a um aumento de 2,14 mmHg na pressão sistólica em 5 anos

(P<0001). Essas associações não variam por raça ou sexo. Embora o aumento na PAS

associado a uma resposta exagerada ao exercício tenha sido pequena (1 a 3 mmHg),

os autores sugerem que este pequeno aumento, mantido ao longo do tempo, pode

levar a uma incidência significativamente maior de hipertensão e causar lesão dos

órgãos alvo (38).

Em um estudo retrospectivo, 7863 homens e 2406 mulheres aparentemente

saudáveis foram submetidos ao TE (Protocolo de Bruce), utilizando-se a PA em pico

de exercício como rastreio para doença cardíaca, analisando-se por faixa etária e sexo.

Os valores da PAS, da PAD, e o ΔPA (valor da pressão arterial no exercício menos o

valor da pressão arterial em repouso) no pico do exercício foram maiores para os

homens do que para as mulheres, associando-se positivamente à idade - embora com

menos intensidade após a faixa de 40-49 anos, em ambos os sexos. Nos homens, 90%

do percentil da PAS máxima foi de 210 mmHg na faixa de 20 a 29 anos, tendo

aumentado para 234 mmHg na de 70 a 79 anos; o aumento correspondente entre as

mulheres foi de 180 a 220 mmHg. Esta diferença entre os sexos pode ser parcialmente

explicada pelas diferenças de peso e superfície corporal. O ΔPAD também aumentou

proporcionalmente à idade, como esperado, em parte devido a um aumento na rigidez

da parede dos vasos com o envelhecimento. A hipotensão no exercício, definido como

PAS de pico no exercício inferior ao de repouso, ocorreu em 0,2% dos homens e 1,5%

das mulheres e não foi relacionada à idade. (39)

1.2.2.2 Hipertrofia Ventricular Esquerda e PAS exagerada

A hipertrofia ventricular esquerda (HVE) é um achado cardíaco associado a

HAS. Pelo fato da HVE ser um preditor independente de morbidade e mortalidade

cardiovasculares, vários investigadores têm avaliado a relação entre exercício físico

no TE, PAS e massa do VE (ventrículo esquerdo).

Em um grupo de indivíduos saudáveis e normotensos, foi avaliada a

associação entre a resposta exagerada da PAS ao exercício físico no TE e a ocorrência

de HVE. Foram estudados ao todo 860 homens e 1118 mulheres livres de doença

9

pulmonar ou CV que não tomavam qualquer medicação e que atingiram ao menos

90% da frequência cardíaca máxima prevista para a idade durante o TE. Considerou-

se como tendo resposta exagerada da PAS ao exercício, os homens com PAS em pico

de exercício ≥ 210 mmHg e as mulheres com PAS em pico de exercício ≥190 mmHg.

Reuniram esses critérios 122 homens e 67 mulheres, que tiveram prevalência 10%

maior de HVE do que aqueles com uma PAS normal no exercício. No entanto, após o

ajuste para idade, PAS em repouso e massa corporal, o índice da massa do VE foi

apenas 5% maior entre indivíduos com uma resposta exagerada da PAS ao exercício

(40).

Para avaliar o significado prognóstico da PAS exagerada no exercício, uma

pesquisa retrospectiva foi conduzida com 150 indivíduos saudáveis e assintomáticos,

com PA normal em repouso e PAS no exercício ≥ 214 mmHg, os quais foram

pareados em idade e sexo com indivíduos cuja PAS no exercício era de 170 a 192

mmHg. Todos realizaram o Teste de Esteira com o protocolo de Bruce e foram

acompanhados em média entre 7,7 e ± 2,9 anos, período em que houve 12 óbitos, dos

quais 8 no grupo com hipertensão no exercício. Os grandes eventos cardiovasculares

(morte cardiovascular, infarto do miocárdio, derrame, angioplastia coronária ou

cirurgia de revascularização do enxerto) ocorreram em 5 controles e 10 casos. No

seguimento, 13 controles e 37 casos foram diagnosticados como tendo hipertensão.

Em uma análise multivariada, a hipertensão sistólica exagerada no exercício foi um

preditor significativo para o total de eventos CV (RR = 3,62) e para o aparecimento de

nova HAS (RR = 2,4). (33)

1.2.2.3 Hipotensão Arterial Induzida pelo Exercício

Hipotensão induzida por exercício (HIE) é mais frequentemente definida como

uma queda na PAS no exercício ou valor inferior ou um aumento inicial seguido de

uma posterior queda de 20 mmHg ou mais no exercício físico. Ao longo dos anos,

diversos estudos têm estabelecido uma associação confiável em homens entre HIE

acompanhada do aparecimento de angina e DAC multivascular, bem como disfunção

significativa do ventrículo esquerdo (VE). (41, 42)

Na população geral, a média de prevalência de HIE, na maioria dos estudos, é

de aproximadamente 5-8%, com uma probabilidade maior de a HIE estar associada à

gravidade maior da DAC. Vários mecanismos têm sido propostos para explicar a

10

fisiopatologia da HIE, incluindo obstrução da valva aórtica, função prejudicada e

isquemia global grave do miocárdio e/ou vasodilatação periférica exagerada. A HIE

pode também ser causada por significativa regurgitação mitral resultante da isquemia,

o que pode contribuir para a diminuição do débito cardíaco durante o exercício. Estas

hipóteses estão apoiadas na reversão da HIE com melhora significativa na capacidade

de exercício após a ausência de isquemia. (14, 43)

Em um estudo prospectivo, foram acompanhados 588 pacientes que tinham

sido submetidos a cateterismo cardíaco logo após a avaliação clínica e TE. Metade

dos indivíduos teve infarto agudo do miocárdio prévio, e metade se queixou de

angina. Após seguimento de 2,5 anos, houve 39 mortes cardiovasculares e 45 infartos

não-fatais. Através da análise de Cox, verificou-se que uma queda na PAS durante o

exercício abaixo do seu valor em repouso foi o mais forte preditor de morte CV (RR=

5). Insuficiência cardíaca congestiva (RR=4) e depressão do segmento ST em repouso

no eletrocardiograma (RR= 3) também foram preditores independentes de morte CV,

enquanto a depressão do segmento ST ao exercício não foi. (44)

A maioria dos critérios utilizados na literatura em relação à PAS máxima baixa

no exercício foi arbitrariamente escolhida na população selecionada. A prevalência de

PAS máxima baixa no exercício no teste ergométrico é desconhecida. Nos estudos de

base populacional, a menor máxima têm sido frequentemente associada com DAC

grave, reduzida fração de ejeção, ou ambos.

Um estudo acompanhou 6145 pacientes durante 6,6 anos e constatou que o

aumento da PA sistólica ≤ 43 mmHg foi um preditor significativo de mortalidade

(RR= 1,2, IC 95% 1,02-1,44, p <0,05 (45).

1.2.3 Capacidade Funcional e Equivalente Metabólico (MET)

O exercício físico é utilizado como base em estudos que avaliam a capacidade

funcional do indivíduo. Para isso, a capacidade de exercício é definida como o

consumo máximo de oxigênio para uma determinada carga de trabalho (8, 9) e pode

ser expresso em equivalentes metabólicos (MET), ou múltiplos da taxa básica de

consumo de oxigênio quando uma pessoa está em repouso (3,5ml por quilograma de

peso corporal por minuto para um adulto médio) (46).

Um MET é definida como a energia despendida ao sentar-se calmamente, que

é equivalente a um consumo de oxigênio pelo corpo de cerca de 3,5 ml/kg de peso

11

corporal por minuto para um adulto médio. (47) Considerando-se esse gasto em

repouso como equivalente a 1 MET, caminhadas em ritmo normal (80 m.min-1) ou

rápido (100 m.min-1) equivalem, respectivamente, a 3 e 4 METs. Já para o ato de

correr temos, simplificadamente, que para cada km.h-1 de velocidade consome-se o

equivalente a 1 MET, ou, 10 km.h-1 = 10 METs. (27)

Vários estudos têm demonstrado a capacidade de exercício como um preditor

independente de eventos cardíacos e de mortalidade em pessoas saudáveis e naqueles

com doenças cardíacas (11, 37, 48-51).

A relação entre exercício físico e mortalidade foi investigada em um estudo

com 6.213 homens encaminhados para o TE por razões clínicas, os quais foram

classificados em dois grupos: 3679 pacientes tinham resposta anormal ao exercício no

TE ou uma história de DCV, ou ambos, e 2534 pacientes tinham resposta normal ao

exercício no teste e sem história de DCV. Estes últimos foram acompanhados durante

uma média de 6,2 anos, havendo um total de 1256 mortes neste período. Os resultados

demonstram que a capacidade de exercício foi forte preditor do risco de morte em

pacientes que realizaram TE. Nos dois grupos definidos pelo estudo, < o risco de

morte por qualquer causa nos indivíduos cuja capacidade de exercício foi inferior a 5

METs foi aproximadamente o dobro do risco apresentado por indivíduos cuja

capacidade no exercício foi maior de 8 METs. Cada aumento de 1-MET no

desempenho da esteira foi associado a uma melhoria de 12% na sobrevivência,

ressaltando o valor prognóstico relativamente forte da capacidade de exercício.

Embora a capacidade ao exercício expressa em equivalentes metabólicos

(MET) seja a medida clínica comum de tolerância ao exercício, a capacidade de

exercício foi fortemente influenciada pela idade e pelo nível de atividade. (48) Além

disso, há a presença de uma relação inversa entre a capacidade no exercício e a

mortalidade por qualquer causa. (50, 52-55)

Num estudo retrospectivo (56), 2.913 homens e mulheres realizaram TE e

verificou-se que, entre as variáveis do TE, a capacidade de exercício esteve

fortemente associada com mortalidade geral e CV entre indivíduos de ambos os sexos.

Mais recentemente, este grupo observou que cada aumento de 1MET no pico de

exercício durante o TE, foi associado com uma redução de 14% de eventos cardíacos

em indivíduos mais jovens (com menos de 65 anos) e uma redução de 18% entre

idosos (mais de 65 anos de idade). (57)

12

1.2.4 Variação da pressão arterial intra-esforço e mortalidade

O TE é útil para se avaliar o poder prognóstico da PA, fornecendo não apenas

as medidas da PAS e da PAD em exercício, mas também informações sobre a

capacidade de exercício do paciente e outras variáveis do TE que podem afetar o pico

da PA.

Desenvolveu-se um estudo a fim de se investigar se o aumento na PAS

induzido pelo exercício e medido durante o TE acrescentava informação prognóstica

para mortalidade CV. A população de estudo consistiu de 6145 pacientes consecutivos

submetidos ao TE sintoma-limitado. Usando-se o valor médio das alterações na PAS

de base (Δ PA), os pacientes foram agrupados de acordo com o ΔPA sistólica ≤43 mm

Hg (grupo A, n=3062) e ΔPA sistólica ≥ 44 milímetros Hg (grupo B, n = 3083). A

análise multivariada foi utilizada para ajustar as diferenças de base entre os dois

grupos com mortalidade CV como o ponto final com um seguimento médio de 6,6

anos, durante o qual 676 pacientes morreram de causas CV com uma mortalidade CV

média anual de 1,6%. A mortalidade CV foi significativamente maior no grupo A do

que no grupo B (13,7% vs 8,2%, p <0,001). Após análise multivariada, o ΔPAsistólica

de ≤44 mm Hg foi um preditor significativo de mortalidade (razão de risco 1,2, com

intervalo de confiança de 95% 1,02-1,44, p<0,05). Assim, a resposta da PAS máxima

no TE acrescenta informação prognóstica para mortalidade CV independentemente de

idade, alterações do segmento ST e capacidade de exercício. Nesse estudo uma

variação na PAS maior ou igual a 44 milímetros durante o TE foi associado a uma

melhoria de 23% no índice de sobrevivência. (45)

Os pacientes do grupo B tiveram capacidade física significativamente maior no

exercício em comparação com o grupo A. O valor do MET alcançado foi um preditor

estatisticamente significativo de uma resposta maior da PA (odds ratio 1,22,

p<0,001). Uma maior capacidade de exercício reflete uma melhor aptidão física, e

neste estudo, ΔPA sistólica mais elevada foi um preditor significativo de sobrevida

após o ajuste pelo METs alcançado no TE, mesmo após análise multivariada (45).

13

1.3 JUSTIFICATIVA

O Teste Ergométrico (TE) é um método diagnóstico não-invasivo, de fácil

execução e baixo custo, e seguro por apresentar raras complicações, oferecendo dados

clinicamente relevantes para diagnóstico e informações prognósticas.

O TE possui diversas indicações; entre elas, observação da resposta da PA ao

esforço, bem como a avaliação dos níveis da capacidade funcional.

A capacidade funcional avaliada no TE tem sido utilizada para avaliar a

capacidade física, subsidiando a programação de exercícios físicos e na identificação

de indivíduos sob risco de morte súbita na atividade desportiva.

O comportamento da PA durante o TE tem sido utilizado na identificação

precoce de desenvolvimento de HAS e na avaliação do comportamento desta nos

pacientes hipertensos submetidos ao esforço.

O conhecimento sobre a variação da pressão arterial intraesforço corrigida pelo

equivalente metabólico durante o TE pode ser utilizado como prognóstico para

hipertensão futura, bem como de mortalidade por causas CV e geral.

O presente estudo propõe-se a fornecer evidências que possam ser utilizadas

em outros laboratórios de ergometria de modo a acrescentar novos resultados aos já

encontrados em estudos prévios a fim de permitir o desenvolvimento de programas de

prevenção com ênfase na motivação para mudança de hábitos de vida, programação de

exercícios físicos e complementação de avaliação clínica rotineira.

14

1.4 HIPÓTESE PRINCIPAL

Há relação entre a variação da pressão arterial intraesforço corrigida pelo

equivalente metabólico durante o teste ergométrico com mortalidade geral e

cardiovascular.

15

1.5 OBJETIVOS

1.5.1 Objetivo Primário

- Avaliar a variação da pressão arterial intraesforço corrigida pelo equivalente

metabólico durante o teste ergométrico como preditor de mortalidade geral e

cardiovascular.

1.5.2 Objetivos Secundários:

- Determinar um ponto de corte para os valores da variação da pressão arterial

intraesforço corrigida pelo equivalente metabólico durante o teste ergométrico

como preditor de mortalidade geral e cardiovascular;

- Avaliar os valores dos tercis da variação da pressão arterial intraesforço

corrigida pelo equivalente metabólico durante o teste ergométrico como preditor

de mortalidade geral e cardiovascular.

16

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Sociedade Brasileira de Cardiologia. V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol. 2007;89(3):24-79. 2. Lewington S, Clarke R, Qizilbash N, Peto R, Collins R. Age-specific relevance of usual blood pressure to vascular mortality: a meta-analysis of individual data for one million adults in 61 prospective studies. Lancet. 2002;360:1903-13. 3. Perloff D, Sokolow M, Cowan R. The prognostic value of ambulatory blood pressure. JAMA. 1983;249(20):2792-8. 4. Perloff D, Sokolow M, Cowan RM, Juster RP. Prognostic value of ambulatory blood pressure measurements: further analyses. J Hypertens Suppl. 1989;7(3):3-10. 5. Mann S, Millar CMW, Raftery EB. Superiority of 24-hour measurement of blood pressure over clinic values in determining prognosis in hypertension. Clin Exp TheorPrac 1985;7(2-3):279-81. 6. Gosse P, Durandet P, Roudaut R, Broustet JP, Dallocchio M. Valeur pronostique de la tension artérielle d'effort chez l'hypertendu. Arch Mai Coeur 1989;82:1339-42. 7. Sociedade Brasileira de Cardiologia. II Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia Sobre Teste Ergométrico. Arq Bras Cardiol. 2002;78(suplemento II). 8. Gottdiener JS, Brown J, Zoltick J, Fletcher RD. Left ventricular hypertrophy in men with normal blood pressure: relation to exaggerated blood pressure response to exercise. Ann Intern Med. 1990;112(3):161-6. 9. Molina L, Elosua R, Marrugat J, Pons S. Relation of maximum blood pressure during exercise and regular physical activity in normotensive men with left ventricular mass and hypertrophy. Am J Cardiol. 1999;84(8):890-3. 10. Polónia J, Martins L, Faria DB,Macedo F, Coutinho J, Simões L. Higher left ventricle mass in normotensives with exaggerated blood pressure responses to exercise associated with higher ambulatory blood pressure load and sympathetic activity. Eur Heart J. 1992;13(Suppl A):30-6. 11. Zanettini JO, Fuchs FD, Zanettini MT, Zanettini JP. Is hypertensive response in treadmill testing better identified with correction for working capacity? A study with clinical, echocardiographic and ambulatory blood pressure correlates. . Blood Pressure. 2004;13(4):225-9. 12. Miyai N, Arita M, Morioka I, Takeda S, Miyashita K. Ambulatory blood pressure, sympathetic activity, and left ventricular structure and function in middle-aged normotensive men with exaggerated blood pressure response to exercise. . Med Sci Monit 2005;11(10):CR478-84.

17

13. Smith DG, Neutel JM, Graettinger WF, Myers J, Froelicher VF,Weber MA. Impact of left ventricular hypertrophy on blood pressure responses to exercise. Am J Cardiol. 1992;69(3):225-8. 14. Miyai N, Arita M, Morioka I, Miyashita K, Nishio I, Takeda S. Exercise BP response in subjects with high-normal BP: exaggerated blood pressure response to exercise and risk of future hypertension in subjects with high-normal blood pressure. J Am Coll Cardiol. 2000;36(5):1626-31. 15. de Queiroz Carreira MA, Ribeiro JC, Caldas JA, Tavares LR, Nani E. Response of blood pressure to maximum exercise in hypertensive patients under different therapeutic programs. Arq Bras Cardiol. 2000;75(4):285-8. 16. Miyai N, Arita M, Miyashita K, Morioka I, Shiraishi T, Nishio I. Blood pressure response to heart rate during exercise test and risk of future hypertension. Hypertension. 2002;39(3):761-6. 17. Zanettini JO, Pisani Zanettini J, Zanettini MT, Fuchs FD. Correction of the hypertensive response in the treadmill testing by the work performance improves the prediction of hypertension by ambulatory blood pressure monitoring and incidence of cardiac abnormalities by echocardiography: Results of an eight year follow-up study. Int J Cardiol. 2010;141(3):243-9. 18. Guyton AC, Hall JE. Tratado de Fisiologia Médica. 11 ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2006. p. 166. 19. Joint National Committee on Detection Evaluation and Treatment of High Blood Pressure (1997). The sixthy report of the Joint National Committee on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure (JMC VI). Arch Int Med.157:2413-44. 20. Giffin SE, Robergs RA, Heyward VH. Blood pressure measurement during exercise: a review. Med Sci Sports Exerc 1997;29:149-59. 21. Lightfoot JT. Can blood pressure be measured during exercise? A review. Sports Med. 1991;12:290-301. 22. White WB, Berson AS, Robbins C, Jamieson MJ, Prisant LM, Roccella E, et al. National standard for measurement of resting and ambulatory blood pressures with automated sphygmomanometers. Hypertension. 1993;21(4):504-9. 23. Cummins RO. Suporte Avançado de Vida em Cardiologia. American Heart Association: FUNCOR; 1997. 24. Safar ME, Smulyan H. The blood pressure measurement -revisited. Am Heart J. 2006;152(3):417-9. 25. O'Rourke MF, Seward JB. Central arterial pressure and arterial pressure pulse: new views entering the second century after Korotkov. Mayo Clin Proc. 2006;81(8):1057-68.

18

26. Williams B, Lacy PS, Thom SM, Cruickshank K, Stanton A, Collier D,et al. Differential impact of blood pressure-lowering drugs on central aortic pressure and clinical outcomes: principal results of the Conduit Artery Function Evaluation (CAFE) study. Circulation. 2006;113(9):1213-25. 27. de Araújo CGS. Fisiologia do exercício físico e hipertensão arterial: uma breve introdução. Revista Hipertensão. 2001;4. 28. Froelicher & Marcondes. Manual de teste ergométrico. Porto Alegre: Artes Médicas; 1992. 29. Myers JN. The physiology behind exercise testing. Prim Care. 1994;21:415-37. 30. Meneghelo, R.S., Araújo CGS, Stein R, Mastrocolla LE, Albuquerque PF, Serra SM et al/Sociedade Brasileira de Cardiologia. , III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Teste Ergométrico. Arq Bras Cardiol, 2010. 95(5 supl.1): p. 1-26. 31. McHam SA, Marwick TH, Pashkow FJ, Lauer MS. Delayed systolic blood pressure recovery after graded exercise:an independent correlate of angiographic coronary disease. J Am Coll Cardiol. 1999;34(3):754-9. 32. Singh JP, Larson MG, Manolio TA, O´Donnell CJ, Lauer M, Evans JC, et al. Blood pressure response during treadmill testing as a risk factor for new-onset hypertension. The Framingham heart study. Circulation. 1999;99(14):1831-6. 33. Allison TG, Cordeiro MA, Miller TD, Daida H, Squires RW, Gau GT. Prognostic significance of exercise-induced systemic hypertension in healthy subjects. Am J Cardiol. 1999;83(3):371-5. 34. Hsu JC, Chu PS, Su TC, Lin LY, Chen WJ, Hwang JS, et al. Predictors for coronary artery disease in patients with paradoxical systolic blood pressure elevation during recovery after graded exercise. Int J Cardiol. 2007;119(2):274-6. 35. Morrow K, Morris CK, Froelicher VF, Hideg A, Hunter D, Johnson E, et al. Prediction of cardiovascular death in men undergoing noninvasive evaluation for coronary artery disease. Ann Intern Med. 1993;118(9):689-95. 36. Blake GA, Levin SR, Koyal SN. Exercise-induced hypertension in normotensive patients with NIDDM. Diabetes Care. 1990;13(7):799-801. 37. Avolio AP, Deng FQ, Li WQ, Luo YF, Huang ZD, Xing LF, et al. Effects of aging on arterial distensibility in populations with high and low prevalence of hypertension: comparison between urban and rural communities in China. Circulation. 1985;71(2):202-10.

19

38. Manolio TA, Burke GL, Savage PJ, Sidney S, Gardin JM, Oberman A. Exercise blood pressure response and 5-year risk of elevated blood pressure in a cohort of young adults: the CARDIA study. Am J Hypertens. 1994;7(3):234-41. 39. Daida H, Allison TG, Squires RW, Miller TD, Gau GT. Peak exercise blood pressure stratified by age and gender in apparently healthy subjects. . Mayo Clin Proc. 1996;71(5):445-52. 40. Lauer MS, Levy D, Anderson KM, Plehn JF. Is there a relationship between exercise systolic blood pressure response and left ventricular mass? The Framingham Heart Study. Ann Intern Med. 1992;116(3):203-10. 41. Dubach P, Froelicher VF, Klein J, Oakes D, Grover-McKay M, Friis R. Exercise induced hypotension in a male population. Criteria, causes, and prognosis. Circulation. 1988;78(6):1380-7. 42. Weiner DA, McCabe CH, Cutler SS, Ryan TJ. Decrease in systolic blood pressure during exercise testing: reproducibility, response to coronary bypass surgery and prognostic significance. Am J Cardiol. 1982;49(7):1627-31. 43. Lozner EC, RE, Anderson DC. An abnormal blood pressure response to exercise is highly useful in identifying patients with left main and three vessel coronary obstructions. Clin Res. 1979;27. 44. Morris CK, Morrow K, Froelicher VF, Hideg A, Hunter D, Kawaguchi T , et al. Prediction of cardiovascular death by means of clinical and exercise test variables in patients selected for cardiac catheterization. Am Heart J. 1993;125(5):1717-26. 45. Gupta MP, Polena S, Coplan N, Panagopoulos G, Dhingra C, Myers J, et al. Prognostic significance of systolic blood pressure increases in men during exercise stress testing. Am J Cardiol. 2007;100(11):1609-13. 46. Jette M, Sidney K, Blümchen G. Metabolic equivalents (METS) in exercise testing, exercise prescription, and evaluation of functional capacity. Clin Cardiol. 1990;13(8):555-65. 47. Lachterman B, Lehmann KG, Abrahamson D, Froelicher VF. "Recovery only" ST-segment depression and the predictive accuracy of the exercise test. Ann Intern Med. 1990;112(1):11-6. 48. Myers J, Prakash M, Froelicher V, Do D, Partington S, Atwood JE. Exercise capacity and mortality among men referred for exercise testing. N Engl J Med. 2002;346(11):793-801. 49. Gulati M, Black HR, Shaw LJ, Arnsdorf MF, Merz CN, Lauer MS, et al. The prognostic value of a nomogram for exercise capacity in women. . N Engl J Med. 2005;353(5):468-75. 50. Ekelund LG, Haskell WL, Johnson JL, Whaley FS, Criqui MH, Sheps DS. Physical fitness as a predictor of cardiovascular mortality in asymptomatic North

20

American men. The Lipid Research Clinics Mortality Follow-up Study. N Engl J Med. 1988;319(21):1379-84. 51. Mora S, Redberg RF, Cui Y, Whiteman MK, Flaws JA, Sharrett AR, Blumenthal RS. Ability of exercise testing to predict cardiovascular and all-cause death in asymptomatic women: a 20-year follow-up of the lipid research clinics prevalence study. JAMA. 2003;290(12):1600-7. 52. Blair SN, Kohl HW 3rd, Paffenbarger RS Jr, Clark DG, Cooper KH, Gibbons LW. Physical fitness and all-cause mortality: a prospective study of healthy men and women. JAMA. 1989;262(17):2395-401. 53. Blair SN, Kohl HW 3rd, Barlow CE, Paffenbarger RS Jr, Gibbons LW, Macera CA. Changes in physical fitness and all-cause mortality. A prospective study of healthy and unhealthy men. JAMA. 1995;273(14):1093-8. 54. Lakka TA, Venäläinen JM, Rauramaa R, Salonen R, Tuomilehto J, Salonen JT. Relation of leisure-time physical activity and cardiorespiratory fitness to the risk of acute myocardial infarction in men. N Engl J Med. 1994;330(22):1549-54. 55. Kannel WB, Wilson P, Blair SN. Epidemiological assessment of the role of physical activity and fitness in development of cardiovascular disease. Am Heart J. 1985;109(4):876-85. 56. Roger VL, Jacobsen SJ, Pellikka PA, Miller TD, Bailey KR, Gersh BJ. Prognostic value of treadmill exercise testing: a population-based study in Olmsted County, Minnesota. Circulation. 1998;98(25):2836-41. 57. Goraya TY, Jacobsen SJ, Pellikka PA, Miller TD, Khan A, Weston SA, et al. Prognostic value of treadmill exercise testing in elderly persons. Ann Intern Med. 2000;132(11):862-70.

21

2 ARTIGO EM INGLÊS

22

Original article – Int J Cardiol January 2012

VARIABILITY OF BLOOD PRESSURE DURING STRESS ADJUSTED BY

METABOLIC EQUIVALENTS AS PREDICTOR OF MORTALITY

Andreia Orjana Ribeiro Coutinho, Adriene Stahlschmidt, Iran Castro

Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul/Fundação Universitária

de Cardiologia (IC/FUC)

Mailing address:

Research Unit of IC/FUC – Iran Castro

395, Princesa Isabel Avenue, – Santana – Porto Alegre 91520-480

Phone/Fax: 55 51-3230.3630

E-mail: [email protected]

23

Abstract

Objective: To evaluate the variability of blood pressure (BP) during stress adjusted by

metabolic equivalents (METs) as a predictor of both any-cause and cardiovascular-related

mortality. Methods: This was a case-control study with cases and controls selected from

a database of the Exercise Testing Laboratory and death records from Health Department in

a city in southern Brazil from January 1995 to June 2007. The study included 7028 patients:

1637 (23.3%) cases (deaths) and 5391 (76.7%) controls (alive). The variation in BP during

exercise and adjusted by METs was shown as systolic (SBP) and diastolic (DBP) indices.

Multivariate analysis was performed between the tertiles of the indices and the variables BP ≥

140/90 mmHg, METs ≤ 8, smoking, diabetes mellitus, cardiovascular drug use, and age

group. The outcomes were any-cause and cardiovascular mortality. Results: Most patients

were male (62.8%), and the average age was 55.44 (10.45) years. The cutoff point at the

receiver operating characteristics curve for SBP and DBP indices could not be found.

Concerning the SBP index, no tertile had any association with mortality. However, for the

DBP index, the third tertile (DBP index > 1.039) was associated with both any-cause (odds

ratio [OR] 1.231 [95% confidence interval (CI) 1.089-1.392]; p<0.05) and cardiovascular

mortality (OR 1.214 [95% CI 1.019-1.447]; p<0.05). Conclusions: The DBP variability index

during stress and adjusted by METs was shown to be a predictor of both any-cause and

cardiovascular mortality.

Keywords: Blood Pressure; Metabolic Equivalents; Exercise; Mortality.

24

Introduction

Blood pressure (BP) measurements higher than normal hemodynamic

physiological requirements are associated with both vascular and cardiac damage.

Systemic hypertension is diagnosed when BP is consistently above 140/90 mmHg at

rest [1]. It is possible, however, that BP measured at other times, such as during

walking [2-4] or other exercise [5], are better predictors of morbidity and mortality.

Blood pressure during exercise treadmill testing (ETT) can be measured at

rest, during stress, and after stress. During ETT and beyond the functional capacity

and chronotropic response, BP appears as the main element for indirect assessment of

the inotropic response of heart on the effort, along with the degree of exercise

tolerance [6]. Measurements of BP (both systolic and diastolic) in absolute terms [7-

11], for a range of variation [12-13], and corrected for the variation in the amount of

work effort [14-15] have been proposed as criteria to predict hypertension and can add

prognostic value for any-cause and cardiovascular mortality risk [2-3]. Given this, it is

questionable whether BP during stress adjusted by metabolic equivalents (METs) may

be a predictor of mortality. The objective of this study was to evaluate the variability

of BP during stress and corrected by METs as a predictor of any-cause and

cardiovascular mortality

We sought to provide evidence that could be used in other ETT laboratories

for prognosis of future cardiovascular disease, as well as any-cause and

cardiovascular mortality. This would allow for the development of prevention

programs with an emphasis on motivation for lifestyle changes, physical exercise

programs, and improvement in routine clinical evaluations.

25

Materials and methods

Study Population

Cases and controls for this case-control study were taken from the Exercise

Testing Laboratory database and death records from the Health Department in a city

in southern Brazil from January 1995 to June 2007. The total number of exercise tests

performed in this period was 112,000; during this same time there were 130,000 death

certificates recorded at the Health Department. Cases were defined as patients who

underwent ETT and who had died; control patients were those who underwent ETT

and were still alive. Only the first examination was considered for patients who

underwent more than one ETT.

Patients were selected and matched from the Exercise Testing Laboratory

database and death records from Health Department, with 3 controls matched for each

case. The criteria used for matching were patient sex and performance of exercise

testing in the same year. Patients whose names were homonyms in the death records

and Exercise Testing database and whose identification data were insufficient to

confirm whether they were the same people were excluded. We also excluded case

patients if it was not possible to match with a control.

Based on sample size calculations, a sample size of 3000 patients was needed

to detect differences of ≥ 5% with an 80% power and significance level of 0.05. After

matching cases and controls from the two databases, the sample consisted of 1637

patients in case group (deaths) and 5391 patients in the control group (alive), for a

total of 7028 patients.

26

Database

The preparation of this study database included several steps, using programs

as Microsoft Access and Linkplus from CDC Centers for Disease Control and

Prevention (Atlanta) [16].

Study Protocol

To use the study databases, consent was obtained from the Health

Department and Exercise Testing Laboratory of the Instituto de Cardiologia do Rio

Grande do Sul, a hospital specializing in cardiology in Porto Alegre, a city in southern

Brazil. The study was designed in accordance with the Guidelines and Norms of

Database Research Regulation and was approved by the Ethics and Research

Commission at both institutions.

The databases used contained information from death certificates and ETT

registration forms, which follow the Brazilian Cardiology Guidelines on Exercise

Testing [6]. The form consists of information on 9 cardiovascular risk factors

obtained from the patient immediately before the procedure from a survey

administered by the nurse technician.

Electrocardiogram (ECG), BP, and heart rate (HR) were monitored at rest,

during exercise on a treadmill, and after the procedure. Heart rate was measured with

the patient monitored and sitting. Blood pressure was checked manually, standing at

rest and during exercise. During exercise, BP was measured standing at the end of

each series of the standard Bruce protocol. The first exercise measurement was at the

end of a series of warm-motion to 1.7 mph with a 0% incline. Other measures were

27

made according to the patient's tolerance to stress. Functional capacity, expressed in

METs, was obtained through indirect estimate using work calculated [6].

The characterization of cases, in addition to the data described in the ETT

registration forms, included classification of the cause of cardiovascular and non-

cardiovascular deaths based on information obtained from death certificates that were

filed according to the guidelines of the International Classification of Diseases (ICD-

10) [17]. Cardiovascular death was considered when the death certificate reported on

line A, diagnoses such as myocardial infarction, angina, ischemic cardiomyopathy,

cardiogenic shock, sudden death, congestive heart failure, cardiac arrhythmias, or

other causes in the ICD-10. On the death certificates that listed cardiopulmonary

arrest, death was considered to be of cardiac causes if a cardiac cause was also noted

in row B of the certificate.

Selection of study variables

ETT reports contained patients' responses regarding cardiovascular (CV) risk

factors as supplied by patients when questioned by the nurse technician prior to the

exam. In order to adopt these responses as variables, a subgroup analysis of 1198

controls who had laboratory examinations during the same year as the ETT was

performed. A correlation between the responses of the ETT and the laboratory results

was found.

Univariate analysis, with evaluation of the concordance Kappa index, was

used for screening of CV risk factors in order to be considered as valid variables in

this study [18].

28

The following variables from the subgroup analysis were used: sex, resting

BP ≥ 140/90 mmHg (hypertension), METs ≤ 8 (sedentary), and body mass index

(BMI) ≥ 25 kg/m2 (overweight/obesity). The variables of hypercholesterolemia,

diabetes mellitus, and smoking were considered present based on patients’ report. The

variable of use of drugs with CV action was also considered a variable.

To evaluate the variability of BP during stress as adjusted by METS, the

following variables were used: systolic blood pressure at rest (SBPR) and diastolic

blood pressure at rest (DBPR), both measured before ETT with the patient standing

on the treadmill; maximum systolic blood pressure (SBPmax) and maximum diastolic

blood pressure (DBPmax) with maximum values measured during ETT, which may or

may not coincide with maximal efforts; SBP index or SBP variability during stress

adjusted by METs (ΔSBP/METs); and DBP index or DBP variability during stress

adjusted by METs (ΔDBP/METs).

Statistical Analysis

Data were entered into an Microsoft Excel (Windows spreadsheet) and

analyzed using Statistical Package for Social Sciences (IBM SPSS, New York, USA)

version 17.0 for Windows. Categorical variables were described in the form of

absolute and relative frequencies and continuous variables in the form of means,

standard deviations, and minimum and maximum values. Groups were compared

using the student t-test for continuous variables, and the Pearson chi-square test and

analysis of adjusted residuals for categorical variables. The Receiver Operating

Characteristic Curve (ROC curve) was used to establish cut-off values for the SBP

and DBP indices, which were categorized by tertiles. The impact measures were

29

described as odds ratios (OR), with their respective confidence intervals (CIs).

Multivariate logistic regression was used to control the indices and variables of the

study. A p<0.05 was considered significant and 95% CI were calculated as

appropriate.

30

Results

The characteristics of the sample patients and the distribution of variables

between the control and case groups are described in Table 1.

Table 1 - Case and control patient characteristics

Variables Total n (%) Control n (%) Case n (%) p

Patients 7028(100) 5391(76.7) 1637(23.3)

Males 4415(62.8) 3361(62.3) 1054(64.4) 00..113344

Age (mean [SD]) 55.44±10.45 54.52±9.96 58.45±11.41 <0.001†

Age groups

25-40 520(7.4) 407(7.5) 113(6.9) < 0.001

41-50 1790(25.5) 1484(27.5) 306(18.7)

51-60 2311(32.9) 1847(34.3) 464(28.3)

61-70 1969(28) 1464(27.2) 505(30.8)*

71-86 438(6.2) 189(3.5) 249(15.2)*

BMI ≥ 25 kg//m2 4526(64.4) 3497(64.9) 1029(62.9) 0.137

Resting BP ≥140/90mmHg 3929(55.9) 2934(54.4) 995(60.8)* <0.001

Hypercholesterolemia 1798(25.6) 1386(25.7) 412(25.2) 0.660

Smoking 1523(21.7) 1094(20.3) 429(26.2)* <0.001

Diabetes mellitus 638(9.1) 427(7.9) 211(12.9)* <0.001

METs ≤ 8 2781(39.6) 1918(35.6) 863(52.7)* <0.001

Drugs with CV action 4098(58.3) 3101(57.5) 997(60.9)* 0.015

BMI: body mass index; BP: blood pressure; CV: cardiovascular; METs: metabolic

equivalents; SD: standard deviation. *Analysis of adjusted residuals from Pearson

chi-square test: p<0.05; †Student t-test for comparison of age between groups.

31

In this sample of 7028 patients, 62.8% were male, with a mean age of 55.44

(10.45) years. The average age in the case group (58.45 [11.41]) was higher than that

of the control group (54.52 [9.96]) and the difference was statistically significant

(p<0.001). Among older age groups (61-70 y and 71-86 y), the percentages of cases in

each of these older age groups (30.8% and 15.2%, respectively) was higher compared

with controls (27.2% and 3.5%), with p<0.001. For the distribution of variables

between case and control groups, more cases had a resting BP ≥ 140/90 or METs ≤ 8,

were smokers, and had diabetes mellitus. Distribution of the variables

hypercholesterolemia and BMI ≥ 25 kg/m2 was homogenous distribution between the

two groups.

The characteristics and distribution of variables in cases with CV-related and

any-cause death are described in Table 2.

32

Table 2 - Characteristics and distribution of variables between any-cause and

cardiovascular-related case deaths

Variables Any-cuse death n(%)

CV-related death n(%)

p

Patients 966(59) 671(41)

Males 611(63.3) 443(66) 00..225500

Age (mean [SD]) 58.07 ± 11.29 59 ± 11.57 0.108†

Age groups

25-40 71(7.3) 42(6.3) 0.567

41-50 180(18.6) 126(18.8)

51-60 279(28.9) 185(27.6)

61-70 300(31.1) 205(30.6)

71-86 136(14.1) 113(16.8)

Resting BP ≥ 140/90 mmHg 564(58.4) 431(64.2)* 0.017

METs ≤ 8 485(50.2) 378(56.3)* 0.015

BMI ≥ 25 kg/m2 594(61.5) 435(64.8) 0.169

Smoking 243(25.2) 186(27.7) 0.246

Hypercholesterolemia 249(25.8) 163(24.3) 0.496

Diabetes mellitus 98(10.1) 113(16.8)* < 0.001

Drugs with CV action 535(55.4) 462(68.9)* < 0.001

BMI: body mass index; BP: blood pressure; CV: cardiovascular; METs: metabolic

equivalents; SD: standard deviation. *Analysis of adjusted residuals from Pearson

chi-square test: p<0.05. † Student t-test for comparison of age between groups.

33

As shown, 41% of cases died of CV-related events; and 68.9% of these cases

were using drugs with CV action (p<0.001 vs. cases from any-cause death).

There was a higher prevalence of resting BP ≥ 140/90, METs ≤ 8, and

diabetes mellitus among cases with CV-related deaths compared with cases from any-

cause deaths. However, the distribution of hypercholesterolemia, smoking, and BMI ≥

25 kg/m2 was homogenous when comparing the two groups. When comparing sex,

age groups, and average age between any-cause and CV-related deaths, no statistically

significant differences were found. A higher percentage of use of medications with

CV action was found in the case group, with higher prevalence among cases due to

CV-related death.

Table 3 shows the variability of SBP and DBP during stress adjusted by

METs using the SBP and DBP indices.

Table 3 - Mean values of SBP and DBP indices among cases

and controls

SBP Index DBP Index

Control 5.39±3.26 0.68±1.37

Case 5.60±3.46 0.87±1.54

p 0.04* < 0.001*

Any-cause death 5.45±3.39 0.79±1.46

CV-related death 5.81±3.55 0.98±1.64

p 0.04* 0.02*

CV: cardiovascular; DBP: diastolic blood pressure; SBP: systolic

blood pressure; SD: standard deviation. *Student t-test for

comparison of means between groups.

34

The mean values for the SBP and DBP indices were higher in the case group

and also among CV-related deaths, with a statistically significant difference seen. An

ROC curve for any-cause and CV-related deaths was constructed to analyze the

values of SBP and DBP indices for patients in the case group. It was not possible to

find a cut-off point of the ROC curve for the SBP and DBP indices in relation to any-

cause and CV-related death, since the ROC had low sensitivity and specificity.

The values of SBP and DBP indices were categorized by tertiles; the

relationship between the two BP indices and with any-cause and CV-related mortality

was subsequently verified as described in Table 4.

35

Table 4 - Tertiles of systolic and diastolic blood pressure indices

Variables Total n(%) Control n(%) Case n(%) p Any-cause death CV-related death p

SBP Index 0.046 0.139

1º < 3.44 2415 (34.4) 1852 (34.4) 563 (34.4) 351 (36.3) 212 (31.6)

2º 3.44 to 5.96 2167 (30.8) 1698 (31.5) 469 (28.6) 268 (27.7) 201 (31.6)

3º > 5.96 2446 (34.8) 1841 (34.1) 605 (37)* 347 (35.9) 258 (3.5)

DBP Index <0.001 0.027

1º < 0 4151 (59.1) 3230 (59.9) 921 (56.3) 541 (56) 380 (56.6)

2º -0.1 to 1.039 730 (10.4) 598 (11.1) 132(8.1) 92 (9.5) 40 (6)

3º > 1.039 2147 (30.5) 1563 (29.0) 584 (35.7)* 333 (34.5) 251 (37.4)*

CV: cardiovascular; DBP: diastolic blood pressure; SBP: systolic blood pressure. *Analysis of adjusted residuals from

Pearson chi-square test, p<0.05.

35

36

When case and control group SBP indices were compared, a relationship

between the third tertile and mortality was seen. When analyzing any-cause and CV-

related deaths, it was possible to verify an even distribution among the tertiles. A

relationship between the third tertile and mortality was also seen in the SBP index

when comparing case and control groups. A relationship between the third tertile and

CV-related mortality was also seen when analyzing any-cause and CV-related

mortality.

Table 5 shows the results of a multivariable logistic regression to control for

indices and variables of the study.

37

Table 5 - Multivariable logistic regression for SBP/DBP

indices and any cause/CV-related mortality

Any-cause death CV-related death

Variables OR 95% CI OR 95% CI

SBP Index*

1st Tertile 1 - 1 -

2nd Tertile 1.004 0.868-1.160 1.158 0.936-1.432

3rd Tertile 0.908 0.789-1.045 0.972 0.792-1.192

DBP Index*

1st Tertile 1 - 1 -

2nd Tertile 1.027 0.801-1.317 0.885 0.593-1.318

3rd Tertile 1.231 1.089-1.392 1.214 1.019-1.447

CV: cardiovascular; DBP: diastolic blood pressure; SBP: systolic blood pressure;

*Indices adjusted for blood pressure ≥140/90 mmHg, metabolic equivalents ≤ 8,

smoking, diabetes mellitus, use of drugs with cardiovascular action, and age group.

Indices of SBP and DBP were adjusted for hypertension (BP ≥ 140/90),

METs ≤ 8, smoking, diabetes, drugs with CV action use, and age groups. For the SBP

index, the first, second, and third tertiles were not associated with mortality. In the

DBP index, the first and second tertiles were not associated with mortality; however,

the third tertile was associated with both any-cause (OR 1.231 [95% CI 1.089-1.392];

p<0.05) and CV-related mortality (OR 1.214 [95% CI 1.019-1.447]; p<0.05).

38

Discussion

This study evaluated the variability of BP during stress and adjusted by

METs while undergoing ETT as a predictor of both any-cause and CV-related

mortality. By analyzing SBP and DBP, it was found that the average values of the

indices were higher in the case group and with CV-related death. Individuals who

died showed, on average, greater variation in SBP and DBP when using the difference

in maximum pressure during exercise and pressure at rest.

The third tertile of the SBP index was related to mortality (p<0.001).

However, after multivariate analysis (using indices adjusted for BP ≥ 140/90 mmHg,

METs ≤ 8, smoking, diabetes mellitus, use of drugs with CV action, and age group),

none of the tertiles remained significantly associated with mortality.

Supporting our findings in relation to SBP, some studies suggest that an

exaggerated response to exercise is an indicator of a poor prognosis for cardiovascular

mortality [19-20]. In contrast, other studies indicate that no increase in SBP or a

modest increase (up to 140 mmHg or change of 0-40 mmHg) during exercise in

patients with known or suspected heart disease is associated with a worse prognosis

[21-23] in relation to morbidity and mortality. The prognosis is even worse when the

SBP at peak exercise is lower than the resting SBP in the presence of heart disease

[24]. It can be observed that there is a lack of conclusive data on the relationship

between exaggerated SBP response during exercise and mortality. This can be

evidenced by a review article [24], whose purpose was to investigate this relationship.

The analysis included 14 studies that addressed the hypertensive response of SBP and

mortality. Among these studies, some pointed to the hypertensive response to exercise

as an indicator of poor prognosis related to mortality, while others reported that the

hypertensive response could be associated with better results.

39

It was noted that in these studies there were differences in the characteristics

of the patients studied, type of stress test used, as well as in the definition of

hypertensive response to exercise. These factors complicate the data analysis and

conclusion about the issue under study. It was found that although the hypertensive

response to exercise suggests systemic vascular resistance for a given workload, it

also indicates that the heart is capable of generating cardiac output [25].

In our study, the third tertile of the DBP index was related to mortality

(p<0.001) and after multivariate analysis (adjusted for BP ≥ 140/90 mmHg, METs ≤

8, smoking, diabetes mellitus, use of drugs with CV action, and age group), the

association between the third tertile and overall and CV-related mortality remained.

Confirming the findings of our study in relation to DBP, some authors suggest that the

DBP usually changes little with exercise [26], and an increase in DPB can be an

indicator of labile hypertension and mortality [27-28].

Most studies evaluating the behavior of BP during exercise do not consider

DBP, because of its low rate of variation; instead, most studies used SBP. When

measuring BP, one must consider that the SBP is more easily auscultated than the

DBP. In contrast, the DPB measurement is considered more difficult, given the low

frequency of Korotkoff sounds; auscultation may be difficult or muffled by the sound

by the noise of the treadmill [28].

Since our study is one of the first in this area, and which indicated that DBP

may be a predictor of mortality, we suggest that further research is needed to examine

the behavior of DBP during ETT, with subsequent analysis of the effects on morbidity

and mortality. This fact is evidenced in a study that found an association between BP

responses to exercise and risk of cardiovascular disease (CVD). The results showed

that DBP during low intensity exercise and recovery was predictive of CVD. There is

40

also evidence that DBP during exercise may be a better predictor of CVD morbidity

and mortality than SBP and a belief that large increases in DBP during exercise are

abnormal, reflecting CVD or risk of CVD [28].

Our results underscore the clinical importance of the evaluation of BP

variability corrected by METs when considering the CV autonomic modulation and

functional exercise capacity. We emphasize the use of DBP variability in exercise

corrected by METs as a parameter for CVD risk stratification and for risk of any-

cause or CV-related morbidity and mortality.

This study has some limitations. The source of patients who underwent ETT

is not described, nor is the criteria used to classify patients as being cases or controls.

The accuracy of the information from the death certificates cannot be verified. Also,

there was a lack of use of age as a criterion for matching since the beginning of the

study. Finally, the exclusive use of Kappa statistical test for variable selection may

have affected the study results. Another possible bias is the lack of detailed

information in the database on the use of medications such as antihypertensive and

beta-adrenergic blockers, which may also have affected the results.

Based on these data, it is possible to conclude that the increased DBP

variability during stress adjusted by METs is a predictor of both any-cause and CV-

related mortality.

Acknowledgments: this manuscript has been proofread and edited by BioMed

Proofreading. The authors of this manuscript have certified that they comply with the

principles of ethical publishing in the International Journal of Cardiology [29].

41

References

1. VI Brazilian Guidelines on Hypertension. Arq Bras Cardiol, 95 (2010), pp.1-51.

2. D. Perloff, M. Sokolow, R. M. Cowan and R. P. Juster. Prognostic value of ambulatory blood

pressure measurements: further analyses. J Hypertens Suppl, 7 (1989), pp.S3-10.

3. D. Perloff, M. Sokolow and R. Cowan. The prognostic value of ambulatory blood pressure

monitoring in treated hypertensive patients. J Hypertens Suppl, 9 (1991), pp.S33-9; discussion

S39-40.

4. S. Mann, M. W. Millar Craig and E. B. Raftery. Superiority of 24-hour measurement of blood

pressure over clinic values in determining prognosis in hypertension. Clin Exp Hypertens A, 7

(1985), pp.279-81.

5. P. Gosse, P. Durandet, R. Roudaut, J. P. Broustet and M. Dallocchio. Valeur pronostique de la

tension artérielle d'effort chez l'hypertendu. Arch Mai Coeur 82 (1989), pp.1339-42.

6. III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Teste Ergométrico. Arq Bras

Cardiol, 95 (2010), pp.1-26.

7. J. O. Zanettini, F. D. Fuchs, M. T. Zanettini and J. P. Zanettini. Is hypertensive response in

treadmill testing better identified with correction for working capacity? A study with clinical,

echocardiographic and ambulatory blood pressure correlates. Blood Press, 13 (2004), pp.225-

9.

8. J. S. Gottdiener, J. Brown, J. Zoltick and R. D. Fletcher. Left ventricular hypertrophy in men

with normal blood pressure: relation to exaggerated blood pressure response to exercise. Ann

Intern Med, 112 (1990), pp.161-6.

9. L. Molina, R. Elosua, J. Marrugat and S. Pons. Relation of maximum blood pressure during

exercise and regular physical activity in normotensive men with left ventricular mass and

hypertrophy. MARATHOM Investigators. Medida de la Actividad fisica y su Relacion

Ambiental con Todos los Lipidos en el HOMbre. Am J Cardiol, 84 (1999), pp.890-3.

10. J. Polonia, L. Martins, D. Bravo-Faria, F. Macedo, J. Coutinho and L. Simoes. Higher left

ventricle mass in normotensives with exaggerated blood pressure responses to exercise

associated with higher ambulatory blood pressure load and sympathetic activity. Eur Heart J,

13 Suppl A (1992), pp.30-6.

42

11. N. Miyai, M. Arita, I. Morioka, S. Takeda and K. Miyashita. Ambulatory blood pressure,

sympathetic activity, and left ventricular structure and function in middle-aged normotensive

men with exaggerated blood pressure response to exercise. Med Sci Monit, 11 (2005),

pp.CR478-84.

12. D. H. Smith, J. M. Neutel, W. F. Graettinger, J. Myers, V. F. Froelicher and M. A. Weber.

Impact of left ventricular hypertrophy on blood pressure responses to exercise. Am J Cardiol,

69 (1992), pp.225-8.

13. N. Miyai, M. Arita, I. Morioka, K. Miyashita, I. Nishio and S. Takeda. Exercise BP response

in subjects with high-normal BP: exaggerated blood pressure response to exercise and risk of

future hypertension in subjects with high-normal blood pressure. J Am Coll Cardiol, 36

(2000), pp.1626-31.

14. M. A. de Queiroz Carreira, J. C. Ribeiro, J. A. Caldas, L. R. Tavares and E. Nani. Response of

blood pressure to maximum exercise in hypertensive patients under different therapeutic

programs. Arq Bras Cardiol, 75 (2000), pp.281-8.

15. N. Miyai, M. Arita, K. Miyashita, I. Morioka, T. Shiraishi and I. Nishio. Blood pressure

response to heart rate during exercise test and risk of future hypertension. Hypertension, 39

(2002), pp.761-6.

16. Centers for Disease Control and Prevention. Available from:

wonder.cdc.gov/wonder/outside/linkplus.html.2008 (2008).

17. WHO. Collaborating Centre for the Classification of Diseases in Portuguese. International

Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems - ICD-10. Available from:

http://www.datasus.gov.br/cid10/v2008/cid10.htm (2008).

18. H. G. Arango, Biostatistics and Computational Theory (Bioestatística Teórica e

Computacional). 2a. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

19. D. L. Cohen and R. R. Townsend. Exaggerated systolic blood pressure response to exercise. J

Clin Hypertens (Greenwich), 9 (2007), pp.291-2.

20. S. Y. Jae, B. Fernhall, M. Lee, et al. Exaggerated blood pressure response to exercise is

associated with inflammatory markers. J Cardiopulm Rehabil, 26 (2006), pp.145-9.

21. M. P. Gupta, S. Polena, N. Coplan, et al. Prognostic significance of systolic blood pressure

increases in men during exercise stress testing. Am J Cardiol, 100 (2007), pp.1609-13.

43

22. J. B. Irving, R. A. Bruce and T. A. DeRouen. Variations in and significance of systolic

pressure during maximal exercise (treadmill) testing. Am J Cardiol, 39 (1977), pp.841-8.

23. P. H. Stone, Z. G. Turi, J. E. Muller, et al. Prognostic significance of the treadmill exercise

test performance 6 months after myocardial infarction. J Am Coll Cardiol, 8 (1986), pp.1007-

17.

24. P. Dubach, V. F. Froelicher, J. Klein, D. Oakes, M. Grover-McKay and R. Friis. Exercise-

induced hypotension in a male population. Criteria, causes, and prognosis. Circulation, 78

(1988), pp.1380-7.

25. R. G. Smith, S. A. Rubin and M. H. Ellestad. Exercise hypertension: an adverse prognosis? J

Am Soc Hypertens, 3 (2009), pp.366-73.

26. J. N. Myers. The physiology behind exercise testing. Prim Care, 21 (1994), pp.415-37.

27. V. F. Froelicher and G. D. Marcondes, Manual of Exercise Test (Manual de Teste

Ergométrico). Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

28. G. D. Lewis, P. Gona, M. G. Larson, et al. Exercise blood pressure and the risk of incident

cardiovascular disease (from the Framingham Heart Study). Am J Cardiol, 101 (2008),

pp.1614-20.

29. A. J. Coats. Ethical authorship and publishing. Int J Cardiol, 131 (2009), pp.149-50.

44

3 ARTIGO EM PORTUGUÊS

45

Artigo Original – Int J Cardiol Janeiro 2012

VARIABILIDADE DA PRESSÃO ARTERIAL INTRAESFORÇO CORRIGIDA

PELO EQUIVALENTE METABÓLICO COMO PREDITORA DE

MORTALIDADE

Andreia Orjana Ribeiro Coutinho, Adriene Stahlschmidt, Iran Castro

Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul/Fundação Universitária

de Cardiologia (IC/FUC)

Endereço E-mail:

Unidade de Pesquisa do IC/FUC – Andreia Orjana Ribeiro Coutinho

Av. Princesa Isabel, 395 – Santana – Porto Alegre 91520-480

Fone/Fax: 51-3230.3630

E-mail: [email protected]

46

Resumo

Objetivo: Avaliar a variação da pressão arterial intraesforço corrigida pelo

equivalente metabólico (MET) durante o teste ergométrico (TE) como preditor de

mortalidade geral e cardiovascular (CV). Métodos: Estudo de caso-controle a partir

de um banco de dados do Laboratório de Ergometria de um hospital especializado em

Cardiologia e Registros de Óbitos da Secretaria da Saúde em uma cidade no sul do

Brasil referentes ao período de janeiro de 1995 a junho de 2007. Foram incluídos no

estudo 7028 pacientes: 1637 (23,3%) casos (óbitos) e 5391(76,7%) controle (vivos).

A variação da pressão arterial intraesforço corrigida pelo equivalente metabólico foi

apresentada como índice Sistólico (PAS) e Diastólico (PAD). Foi realizada análise

multivariada entre os tercis dos índices e as variáveis HAS≥140/90 mmHg, METS≤8,

fumo, DM, uso de droga cardiovascular e faixas etárias. Os desfechos foram

mortalidade geral e CV. Resultados: Houve predominância na amostra do sexo

masculino (62,8%), e a média de idade foi de 55,44 ± 10,45 anos. No índice da PAS,

nenhum tercil esteve associado à mortalidade. No índice da PAD, o 3º tercil (valor >

1,039) manteve-se associado à mortalidade geral (OR-1,231 e IC-1,089-1,392) e

CV(OR-1,214 e IC-1,019-1,447). Conclusões: O índice de variação da PAD

intraesforço corrigida pelo MET aumentado revelou-se um preditor de mortalidade

geral e CV.

Palavras-Chave: Pressão Arterial; Equivalente Metabólico; Exercício; Mortalidade.

47

Introdução

A elevação da pressão arterial (PA) acima dos níveis das necessidades

hemodinâmicas fisiológicas está associada a dano vascular e cardíaco. Os valores de

PA iguais ou maiores a 140/90 mmHg em repouso são utilizados para o diagnóstico

de hipertensão arterial sistêmica (1). É possível, entretanto, que outras medidas,

como a leitura da PA durante a deambulação (2-4), ou durante o exercício (5), sejam

melhores indicadores de risco para morbidade e mortalidade.

A PA no Teste Ergométrico (TE) pode ser avaliada em repouso, no esforço e

pós-esforço. No TE, além da capacidade funcional e da resposta cronotrópica, a PA

aparece como principal elemento para avaliação indireta da resposta inotrópica do

coração em relação ao esforço, conjuntamente ao grau de tolerância ao exercício (6).

As medidas dos valores da PA (componentes sistólico e diastólico), em termos

absolutos (7-11), por amplitude de variação (12, 13), bem como a variação corrigida

pela quantidade de trabalho no esforço (14, 15), têm sido propostos como critérios

para prever hipertensão, além de poderem acrescentar informações prognósticas para

riscos de mortalidade geral e cardiovascular (2,3). Frente a isso, é questionável se os

valores obtidos em relação ao comportamento da PA no exercício corrigido pelo

equivalente metabólico (MET) podem obter resultados preditores em relação à

mortalidade. O objetivo desse estudo é avaliar a variação da pressão arterial

intraesforço corrigida pelo equivalente metabólico durante o teste ergométrico como

preditor de mortalidade geral e cardiovascular.

O presente estudo propõe-se a fornecer evidências que possam ser utilizadas

em outros laboratórios de ergometria para prognóstico de doenças cardiovasculares

futuras, bem como de mortalidade por causas cardiovascular e geral. Permite o

desenvolvimento de programas de prevenção com ênfase na motivação para

48

mudança de hábitos de vida, programação de exercícios físicos e complementação de

avaliação clínica rotineira.

49

Material e métodos

População do Estudo

Trata-se de um estudo de caso-controle, onde a amostra é oriunda do

cruzamento do Banco de Dados de Testes Ergométricos (TE) de um Laboratório de

Ergometria e o Banco de Óbitos de uma cidade da região sul do Brasil, no período de

janeiro de 1995 a junho de 2007. O número total de testes ergométricos realizados

neste período foi de 112.000 exames e o Banco de Óbitos da cidade continha 130.000

atestados. O grupo caso foi constituído pelos pacientes do banco de óbitos que

realizaram teste ergométrico. O grupo controle foi constituído por uma amostra de

pacientes do banco de dados de TE. Para os pacientes que realizaram o TE mais de

uma vez, foi considerado somente o primeiro exame.

Os pacientes foram selecionados e emparelhados a partir do Banco de Óbitos e

do Banco de Testes Ergométricos, constituindo uma amostra de aproximadamente um

caso para cada três controles. O critério de pareamento utilizado deu-se por sexo e

realização do teste ergométrico no mesmo ano. Foram excluídos os pacientes cujos

nomes eram homônimos no banco de óbitos e de TE, e cujos dados de identificação

eram insuficientes para confirmar se eram as mesmas pessoas. Foram excluídos,

também, os pacientes do grupo caso com que não foi possível fazer o emparelhamento

com os controles.

O cálculo amostral determinou que para detectarem-se diferenças ≥ a 5% com

poder de 80% e nível de significância de 0,05 seriam necessários 3000 pacientes no

total. Após o cruzamento dos bancos de dados foi constituída uma amostra de 1637

50

pacientes para o grupo caso (óbitos) e 5391 pacientes para o grupo controle (vivos),

totalizando uma amostra de 7028 pacientes.

Preparação do Banco de Dados

O preparo do banco de dados deste estudo incluiu várias etapas, utilizando-se

os programas Microsoft Access e Linkplus do CDC Center for Disease Control and

Prevention ( Atlanta) (16).

Protocolo do Estudo

Para a utilização dos bancos de dados do estudo, obteve-se termo de

consentimento da Secretaria da Saúde e do Laboratório de Ergometria do Instituto de

Cardiologia do Rio Grande do Sul, hospital especializado em Cardiologia de Porto

Alegre, de uma cidade da região sul do Brasil. O estudo foi projetado de acordo com

as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa envolvendo banco de dados e

foi aprovado pela Comissão de ética e Pesquisa de ambas as instituições.

Os bancos de dados contêm informações dos Atestados de Óbitos e dos

Formulários de Cadastramento de Testes Ergométricos os quais seguem as

orientações da Diretriz Brasileira de Cardiologia sobre teste ergométrico (6). O

formulário é composto, entre outros dados, por nove fatores de risco cardiovascular

sobre os quais o paciente é questionado, imediatamente antes do procedimento, pelo

técnico de enfermagem que acompanha o exame.

O eletrocardiograma (ECG), a pressão arterial (PA) e a frequência cardíaca

(FC) são monitorados em repouso, durante o exercício (em esteira) e após o

51

procedimento. A FC é medida com o paciente já monitorizado, sentado na poltrona e

a PA é verificada manualmente. O presente estudo utilizou medidas de pressão em

repouso em pé. Durante o exercício a pressão arterial foi mensurada em pé ao final de

cada série do protocolo de Bruce em esteira, sendo a primeira mensuração de

exercício ao final da série de aquecimento com movimento a 1,7 mph e 0% de

inclinação. As demais medidas se sucedendo de acordo com a tolerância do paciente

ao esforço. A capacidade funcional, expressa em equivalente metabólica (METs) foi

obtida através de estimativa indireta utilizando trabalho calculado(6).

A caracterização do grupo caso, além dos dados descritos no formulário de

Cadastramento de Testes Ergométricos, inclui a classificação da origem dos óbitos em

cardiovascular e não cardiovascular, informação que foi obtida através dos atestados

de óbitos que são preenchidos conforme as orientações do Código Internacional de

Doenças (CID 10)(17). Foi considerada morte cardiovascular quando o atestado de

óbito apresentava, na linha A, diagnósticos como infarto agudo do miocárdio, angina,

miocardiopatia isquêmica, choque cardiogênico, morte súbita, insuficiência cardíaca

congestiva, arritmias cardíacas e outras causas encontradas no Cap. IX do CID 10. No

Atestado de Óbito em que era registrada parada cardiorrespiratória (PCR), o paciente

foi considerado como cardíaco se na linha B constasse, também, uma causa cardíaca.

Seleção das Variáveis do Estudo

Os laudos dos TEs contêm as respostas dos pacientes acerca dos fatores de

risco (FR) cardiovascular (CV), fornecidas por eles próprios ao serem arguidos pelo

Técnico de Enfermagem pouco antes do exame. A fim de adotar essas respostas nesse

estudo sob a forma de variáveis, foi realizada a análise de uma sub-amostra de 1198

52

pacientes do grupo-controle, que fizeram exames laboratoriais na Instituição no

mesmo ano de realização do TE. Foi identificada a concordância entre as respostas do

TE e os resultados de laboratório.

Análise univariada, com avaliação do índice de concordância Kappa,

foi utilizado para a análise de fatores de risco CV, a fim de ser considerados como

variáveis válidas neste estudo (18).

A partir da sub-análise, foram adotadas as seguintes variáveis: sexo

(masculino e feminino), PA em repouso ≥ 140/90mmHg (hipertensão arterial), MET ≤

8 (sedentarismo), Índice de Massa Corporal (IMC) ≥ 25kg/m2 (sobrepeso/obesidade).

Para as variáveis hipercolesterolemia, diabete e fumo foram consideradas presentes

quando os pacientes referiram ter. Foi considerada também a variável uso de drogas

de ação CV.

Para se verificar a variação da PA intraesforço corrigida pelo equivalente

metabólico nos pacientes da amostra, foram utilizadas as seguintes variáveis: Pressão

Arterial Sistólica em repouso (PASR) e Pressão Arterial Diastólica em repouso

(PADR), aferidas antes do TE com o paciente em pé na esteira; Pressão Arterial

Sistólica máxima (PASmáx) e Pressão Arterial Diastólica máxima (PADmáx), valores

máximos aferidos durante o TE, podendo coincidir ou não com o esforço máximo;

Índice PAS ou Variação da PA sistólica intraesforço corrigida pelo equivalente

metabólico (∆PAS/MET); Índice PAD ou Variação da PA diastólica intraesforço

corrigida pelo equivalente metabólico (∆PAD/MET).

53

Análise Estatística

Os dados foram transferidos para a planilha Excel e, posteriormente, para o

programa Statistical Package for Social Sciences ((IBM SPSS, New York, USA),

versão 17.0 for Windows®, para análise estatística. As variáveis categóricas são

descritas sob a forma de frequências absolutas e relativas, e as variáveis contínuas,

sob a forma de médias, desvios-padrão, valores mínimo e máximo. Os grupos foram

comparados entre si utilizando teste t de Student para testar a diferença entre variáveis

contínuas e Qui-quadrado de Pearson e análise dos resíduos ajustados para as

variáveis categóricas. Foi utilizada a Receiver Operator Characteristic Curve (Curva

ROC) para tentar estabelecer um ponto de corte para os Índices da PAS e da PAD,

cujos valores foram categorizados pelos seus tercis. As medidas de impacto

calculadas foram descritas como razão de chances (odds ratio), com seus respectivos

intervalos de confiança. A regressão logística multivariada foi utilizada para o

controle dos índices e das variáveis do estudo. O valor considerado para o “p” foi <

0,05, e o intervalo de confiança, de 95%.

54

Resultados

A caracterização da amostra total, bem como a distribuição das variáveis entre

o grupo controle (vivos) e o grupo caso (óbitos) estão descritas na tabela 1.

Tabela 1. Caracterização da amostra.

Variáveis Total n(%)

Controle n(%)

Caso n(%)

Valor P

Pacientes

7028(100) 5391(76,7) 1637(23,3)

Sexo Masculino

4415(62,8) 3361(62,3) 1054(64,4) 0,134

Media da Idade, dp 55,44 ± 10,45 54,52 ± 9,96 58,45± 11,41 < 0,001† Faixas etárias 25-40 520(7,4) 407(7,5) 113(6,9) < 0,001 41-50 1790(25,5) 1484(27,5) 306(18,7) 51-60 2311(32,9) 1847(34,3) 464(28,3) 61-70 1969(28) 1464(27,2) 505(30,8)* 71-86

438(6,2) 189(3,5) 249(15,2)*

IMC≥25 Kg//m2

4526(64,4) 3497(64,9) 1029(62,9) 0,137

PA em repouso ≥140/90 mm Hg

3929(55,9) 2934(54,4) 995(60,8)* < 0,001

Hipercolesterolemia

1798(25,6) 1386(25,7) 412(25,2) 0,660

Fumo

1523(21,7) 1094(20,3) 429(26,2)* < 0,001

Diabete

638(9,1) 427(7,9) 211(12,9)* < 0,001

MET ≤ 8

2781(39,6) 1918(35,6) 863(52,7)* < 0,001

Drogas de ação CV 4098(58,3) 3101(57,5) 997(60,9)* 0,015 Nota: n- número; dp-desvio-padrão; IMC-Indice de Massa Corporal; PA- Pressão

Arterial; MET-equivalente metabólico; CV-Cardiovascular; * Análise de resíduos

ajustados do teste de x², de Pearson: P<0,05; † T, de Student para comparação da

idade entre os grupos.

Na amostra estudada de 7028 pacientes, o sexo masculino é dominante

(62,8%), com idade média de 55,44± 10,45 anos. A idade média no grupo caso

55

(58,45±11,41) foi superior à do grupo controle (54,52 ± 9,96) e, quando comparadas

entre si, a diferença foi estatisticamente significativa, com P<0,001. Nas faixas etárias

mais avançadas (de 61 a 70 e de 71 a 86), a porcentagem de pacientes do grupo caso

(30,8% e 15,2%, respectivamente) foi maior do que no grupo controle (27,2% e

3,5%), com P < 0,001. Em relação à distribuição das variáveis entre os grupos caso e

controle, observou-se maior prevalência no grupo caso de PA em repouso ≥ 140/90,

MET ≤ 8, fumantes e Diabetes Mellitus. Já as variáveis hipercolesterolemia e IMC ≥

25 kg/m2 tiveram distribuição homogênea quando comparadas entre os dois grupos.

As características e a distribuição das variáveis do grupo caso entre óbito CV e

óbito geral estão descritos na tabela 2.

56

Tabela 2. Características da amostra entre óbito geral e cardiovascular.

Variáveis Óbito Geral

n(%) Óbito CV

n(%) Valor P

Pacientes

966(59) 671(41)

Sexo Masculino 611(63,3) 443(66) 0,250 Media da Idade, dp

58,07 ± 11,29 59 ± 11,57 0,108†

Faixa etária 25-40 71(7,3) 42(6,3) 0,567 41-50 180(18,6) 126(18,8) 51-60 279(28,9) 185(27,6) 61-70 300(31,1) 205(30,6) 71-86

136(14,1) 113(16,8)

PA em repouso ≥140/90 mmHg

564(58,4) 431(64,2)* 0,017

MET ≤ 8 485(50,2) 378(56,3)* 0,015 IMC≥25 Kg//m2 594(61,5) 435(64,8) 0,169 Fumo 243(25,2) 186(27,7) 0,246 Hipercolesterolemia 249(25,8) 163(24,3) 0,496 Diabete

98(10,1) 113(16,8)* < 0,001

Drogas de ação CV 535(55,4) 462(68,9)* < 0,001 Nota: n-número; CV-Cardiovascular; dp- desvio padrão; PA-Pressão Arterial; MET-

equivalente metabólico; IMC- Indice de Massa Corporal, * Análise de resíduos

ajustados do teste de x² ,de Pearson: p<0,05, † T, de Student para comparação da idade

entre os grupos.

A tabela 2 mostra que 41% dos indivíduos tiveram óbito cardiovascular e,

desses, 68,9% utilizavam drogas de ação CV (p< 0,001).

Em relação à distribuição das variáveis entre o grupo de óbito CV e geral,

observa-se maior prevalência no grupo de óbito CV de PA em repouso ≥ 140/90,

MET ≤ 8 e Diabetes Mellitus. As variáveis hipercolesterolemia, IMC ≥ 25 kg/m2 e

fumo têm distribuição homogênea, quando comparadas entre os dois grupos. Quanto a

sexo, idade média e às faixas etárias entre os óbitos geral e CV, quando comparados

57

entre si, não há diferença estatisticamente significativa. O uso de drogas de ação CV

foi mais encontrado no grupo caso, com maior prevalência nos pacientes que tiveram

óbito CV.

A tabela 3 mostra a variação da PAS e da PAD intraesforço corrigida pelo

equivalente metabólico através dos valores dos Índices, respectivamente, da PAS e da

PAD.

Tabela 3. Valores médios do Índice PAS e Índice PAD

Índice PAS Índice PAD

Controles

5,39±3,26

0,68±1,37

Casos 5,60±3,46 0,87±1,54

Valor p 0,04* < 0,001*

Óbito Geral

5,45±3,39

0,79±1,46

Óbito CV 5,81±3,55 0,98±1,64

Valor p 0,04* 0,02*

Nota: PAS- Pressão Arterial Sistólica; PAD-Pressão Arterial Diastólica ;CV-

Cardiovascular; Dp- desvio padrão; * T de Student para comparação das médias entre

os grupos.

Os valores médios do Índice da PAS e da PAD foram maiores no grupo caso e

no óbito CV, sendo a diferença estatisticamente significativa. Para analisar os valores

dos índices da PAS e PAD dos pacientes do grupo caso, foi construída a curva ROC

para óbito geral e CV. Não foi possível encontrar um ponto de corte na curva ROC

para os Índices da PAS e da PAD em relação ao óbito geral e CV por apresentarem

baixos valores de sensibilidade e especificidade.

58

Os valores do índice da PAS e Índice da PAD foram categorizados em tercis e

verificados posteriormente sua relação com mortalidade geral e CV, conforme

descrito na tabela 4.

59

Tabela 4. Tercis do Índice da PAS e da PAD.

Variáreis Total n(%)

Controle n(%)

Casos n(%)

Valor P Óbito Geral Óbito CV Valor P

Índice PAS

0,046

0,139

1º < 3,44 2415 (34,4) 1852 (34,4) 563 (34,4) 351 (36,3) 212 (31,6)

2º - 3,44 a 5,96 2167 (30,8) 1698 (31,5) 469 (28,6) 268 (27,7) 201 (31,6)

3º > 5,96 2446 (34,8) 1841 (34,1) 605 (37)* 347 (35,9) 258 (38,5)

Índice PAD

<0,001

0,027

1º < 0 4151 (59,1) 3230 (59,9) 921 (56,3)

541 (56) 380 (56,6)

2º - 0,1 a 1,039 730 (10,4) 598 (11,1) 132(8,1)

92 (9,5) 40 (6)

3º > 1,039 2147 (30,5) 1563 (29,0) 584 (35,7)*

333 (34,5) 251 (37,4)*

Nota: n- número; PAS- Pressão Arterial Sistólica; PAD- Pressão Arterial Diastólica; CV-cardiovascular;

* Análise de resíduos ajustados do teste de x² de Pearson: p<0,05.

59

Em relação ao Índice PAS, comparando-se os grupos caso e controle, observa-

se que houve relação do 3º tercil com mortalidade. Quando analisados os óbitos CV e

geral, é possível se verificar que houve distribuição homogênea entre os tercis. Em

relação ao Índice PAD, também comparando-se os grupos caso e controle, observa-se

que houve relação do 3º tercil com mortalidade. Quando analisados os óbitos CV e

geral, constata-se que houve relação do 3º tercil com mortalidade CV.

Foi realizada regressão logística multivariável para controle dos índices e das

variáveis do estudo, conforme a tabela 5.

Tabela 5 – Regressão logística para o Índice da PAS e Índice PAD e mortalidade

Geral e Cardiovascular.

Variáreis Óbito

OR

Geral

IC

Óbito

OR

CV

IC Índice PAS*

1º Tercil 1 - 1 -

2º Tercil 1,004 0,868-1,160(ns) 1,158 0,936-1,432(ns)

3 ºTercil 0,908 0,789-1,045(ns) 0,972 0,792-1,192(ns)

Índice PAD*

1º Tercil 1 1 -

2º Tercil 1,027 0,801-1,317(ns) 0,885 0,593-1,318(ns)

3 ºTercil 1,231 1,089-1,392 1,214 1,019-1,447

Nota: PAS- Pressão Arterial Sistólica; PAD- Pressão Arterial Diastólica; CV-

Cardiovascular; *Índices ajustados para PA≥140/90, METS≤8, fumo, DM, uso de

droga cardiovascular e faixas etárias.

60

61

Os Índices da PAS e da PAD foram ajustados para HAS≥140/90, METS≤8,

fumo, DM, uso de droga CV e faixas etárias. No Índice da PAS, o 1º, 2º e 3º tercis

não tiveram associação com mortalidade. No índice da PAD, o 1º e 2º tercis não

tiveram associação com mortalidade, sendo que o 3º tercil esteve relacionado à

mortalidade geral (OR-1,231 e IC-1,089-1,392) e CV (OR-1,214 e IC-1,019-1,447).

62

Discussão

O presente estudo avaliou a variação da PA intraesforço corrigida pelo

equivalente metabólico durante o TE como preditor de mortalidade geral e CV.

Através da análise dos índices da PAS e da PAD, constatou-se que os valores médios

dos índices foram maiores no grupo caso e no óbito CV. Os indivíduos que foram a

óbito apresentaram, em média, maior variação na pressão sistólica e na diastólica,

quando utilizada a diferença da pressão máxima no exercício e a pressão em repouso.

O 3º tercil do índice da PAS mostrou relação com a mortalidade (p<0,001).

Entretanto, após a análise multivariada (HAS≥140/90, METS≤8, fumo, DM, uso de

droga CV e faixas etárias), nenhum tercil manteve associação com mortalidade.

Corroborando com os nossos achados em relação à PAS, alguns estudos

sugerem que uma resposta exagerada ao exercício seja um indicador de mau

prognóstico para mortalidade por doenças cardiovasculares (19,20). Em contrapartida,

outros estudos trazem que o não aumento da PAS ou um modesto aumento (até

140mmHg ou Δ de 10 a 40mmHg) no exercício em pacientes com suspeita ou

conhecida doença do coração, está associado a um pior prognóstico (21-23) em

relação à morbidade e mortalidade. O prognóstico é ainda pior quando a PAS no pico

do exercício é menor que a PAS em repouso no estabelecimento da doença cardíaca

(24). Pode-se observar que faltam dados conclusivos sobre a relação da resposta

exagerada da PAS no exercício e mortalidade. Esse fato pode ser evidenciado em um

artigo de revisão, cujo objetivo foi investigar essa relação. Foram incluídos, na

análise, 14 estudos que abordaram a resposta hipertensiva da PAS e mortalidade.

Dentre esses, alguns apontaram para a resposta hipertensiva ao exercício (RHE) como

um indicador de mau prognóstico relacionado à mortalidade, ao passo que outros

63

estudos relataram que a resposta hipertensiva possa ser associada com melhores

resultados.

Observou-se que nesses estudos houve diferença na escolha da população, do

tipo de teste de estresse empregado, bem como a definição de variação da resposta

hipertensiva ao exercício. Dessa forma, dificultando a relação dos dados e a conclusão

definitiva sobre o fator em estudo. Constatou-se que, embora a RHE sugira resistência

vascular sistêmica para uma determinada carga de trabalho, também indique que o

coração é capaz de gerar débito cardíaco (25).

O 3º tercil do índice da PAD mostrou relação com a mortalidade (p<0,001) e

após a análise multivariada (HAS≥140/90, METS≤8, fumo, DM, uso de droga CV e

faixas etárias), manteve o 3º tercil associado às mortalidades geral e CV.

Confirmando os achados em nosso estudo em relação à PAD, alguns autores

sugerem que a PAD, normalmente, apresenta pouca mudança com o exercício (26) e

uma pressão arterial diastólica ascendente pode ser um indicador de hipertensão lábil

e mortalidade (27, 28).

A maioria das pesquisas que avaliam o comportamento da PA durante o

exercício pouco considera a PAD, em função de seu baixo índice de variação,

utilizando majoritariamente a PAS. Outro fator a ser considerado é em relação à

mensuração da PA, sendo que a PAS é mais facilmente auscultada, em contrapartida,

a PAD é considerada mais difícil, dada à baixa freqüência do som de Korotkoff,

podendo ser difícil a ausculta ou ainda ocorrer abafamento do som pelo barulho da

esteira (28).

Sendo este um estudo pioneiro, apresentando a PAD como preditora de

mortalidade, sugerimos que novas investigações venham a examinar o comportamento

da PAD durante o TE para se proceder então à análise da morbidade e mortalidade.

64

Tal fato é evidenciado em um estudo que verificou a associação das respostas da PA

no exercício com risco de doença cardiovascular (DCV). Os resultados trazem que a

pressão arterial diastólica durante o exercício de baixa intensidade e na recuperação foi

preditora de DCV. Evidencia que a PA diastólica no exercício pode ser

melhor preditora de morbidade e mortalidade por DCV do que a pressão sistólica e

considera que grandes aumentos na PAD durante o exercício seja anormal, refletindo

doença ou risco de DCV (28).

Nossos resultados ressaltam a importância clínica de se proceder à avaliação da

variabilidade da PA corrigida pelo MET considerando-se a modulação autonômica CV

e a capacidade funcional frente ao exercício. Salienta-se a utilização da variabilidade

da PAD no exercício corrigida pelo equivalente metabólico como parâmetro CV para

estratificação de risco, morbidade e mortalidade CV e geral.

Esse estudo apresenta algumas limitações quanto aos resultados encontrados,

como: a origem não descrita dos pacientes que realizaram TE; o critério para se

considerar os pacientes como vivos (“não-presentes na lista de óbitos da Secretaria de

Saúde”); a veracidade das informações oriundas dos atestados de óbitos; a não-

utilização da idade como critério de pareamento desde o início do estudo e o uso

exclusivo do teste estatístico de Kappa para a seleção das variáveis. Outra

possibilidade de viés é a falta de informações detalhadas no banco de dados sobre o

uso de medicamentos, como anti-hipertensivos e ß-bloqueadores, que pudessem

interferir nos resultados.

Pode-se concluir, a partir desses dados, que o índice de variação da PAD

intraesforço corrigida pelo MET aumentado revelou-se um preditor de mortalidade

tanto CV quanto geral.

65

Agradecimentos: Este manuscrito foi revisado e editado por BioMed Revisão. Os

autores deste manuscrito certificaram que eles respeitem os princípios éticos da

publicação no International Journal of Cardiology (29).

66

Referências Bibliográficas

1. Sociedade Brasileira de Cardiologia, V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Arq

Bras Cardiol, 2007. 89(3): p. 24-79.

2. Perloff, D., Sokolow M, Cowan R, The prognostic value of ambulatory blood pressure.

JAMA, 1983. 249(20): p. 2792-8.

3. Perloff, D., Sokolow M, Cowan RM, Juster RP, Prognostic value of ambulatory blood

pressure measurements: further analyses. J Hypertens Suppl, 1989. 7(3): p. 3-10.

4. Mann, S., Millar CMW, Raftery EB, Superiority of 24-hour measurement of blood pressure

over clinic values in determining prognosis in hypertension. Clin Exp TheorPrac 1985. 7(2-3):

p. 279-81.

5. Gosse, P., Durandet P, Roudaut R, Broustet JP, Dallocchio M, Valeur pronostique de la

tension artérielle d'effort chez l'hypertendu. Arch Mai Coeur 1989. 82: p. 1339-42.

6. Meneghelo, R.S., Araújo CGS, Stein R, Mastrocolla LE, Albuquerque PF, Serra SM et

al/Sociedade Brasileira de Cardiologia. , III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia

sobre Teste Ergométrico. Arq Bras Cardiol, 2010. 95(5 supl.1): p. 1-26.

7. Gottdiener, J.S., Brown J, Zoltick J, Fletcher RD, Left ventricular hypertrophy in men with

normal blood pressure: relation to exaggerated blood pressure response to exercise. Ann

Intern Med, 1990. 112(3): p. 161-6.

8. Molina, L., Elosua R, Marrugat J, Pons S, Relation of maximum blood pressure during

exercise and regular physical activity in normotensive men with left ventricular mass and

hypertrophy. Am J Cardiol, 1999. 84(8): p. 890-3.

9. Polónia, J., Martins L, Faria DB,Macedo F, Coutinho J, Simões L, Higher left ventricle mass

in normotensives with exaggerated blood pressure responses to exercise associated with

higher ambulatory blood pressure load and sympathetic activity. Eur Heart J, 1992. 13(Suppl

A): p. 30-6.

10. Zanettini, J.O., Fuchs FD, Zanettini MT, Zanettini JP, Is hypertensive response in treadmill

testing better identified with correction for working capacity? A study with clinical,

echocardiographic and ambulatory blood pressure correlates. . Blood Pressure, 2004. 13(4):

p. 225-9.

11. Miyai, N., Arita M, Morioka I, Takeda S, Miyashita K, Ambulatory blood pressure,

sympathetic activity, and left ventricular structure and function in middle-aged normotensive

men with exaggerated blood pressure response to exercise. . Med Sci Monit 2005. 11(10): p.

CR478-84.

12. Smith, D.G., Neutel JM, Graettinger WF, Myers J, Froelicher VF,Weber MA, Impact of left

ventricular hypertrophy on blood pressure responses to exercise. Am J Cardiol, 1992. 69(3):

p. 225-8.

13. Miyai, N., Arita M, Morioka I, Miyashita K, Nishio I, Takeda S, Exercise BP response in

subjects with high-normal BP: exaggerated blood pressure response to exercise and risk of

67

future hypertension in subjects with high-normal blood pressure. J Am Coll Cardiol, 2000.

36(5): p. 1626-31.

14. de Queiroz Carreira, M.A., Ribeiro JC, Caldas JA, Tavares LR, Nani E, Response of blood

pressure to maximum exercise in hypertensive patients under different therapeutic programs.

Arq Bras Cardiol, 2000. 75(4): p. 285-8.

15. Miyai, N., Arita M, Miyashita K, Morioka I, Shiraishi T, Nishio I, Blood pressure response to

heart rate during exercise test and risk of future hypertension. Hypertension, 2002. 39(3): p.

761-6.

16. Centers for Disease Control and Prevention. 2008; Disponível em

:[wonder.cdc.gov/wonder/outside/linkplus.html.2008].

17. Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português. Classificação

Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde - CID-10. 2008;

Disponível em [http://www.datasus.gov.br/cid10/v2008/cid10.htm].

18. Arango, H.G., Bioestatística Teórica e Computacional. 2nd ed. 2005, Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan.

19. Cohen, D.L., Townsend RR., Exaggerated systolic blood pressure response to exercise. J Clin

Hypertens (Greenwich), 2007. 9(4): p. 291-2.

20. Jae, S.Y., Fernhall B, Lee M, Heffernan KS, Lee MK, Choi YH, et al, Exaggerated blood

pressure response to exercise is associated with inflammatory markers. J Cardiopulm Rehabil,

2006. 26(3): p. 145-9.

21. Gupta, M.P., Polena S, Coplan N, Panagopoulos G, Dhingra C, Myers J, et al. , Prognostic

significance of systolic blood pressure increases in men during exercise stress testing. . Am J

Cardiol, 2007. 100(11): p. 1609-13.

22. Irving, J.B., Bruce RA, DeRouen TA, Variations in and significance of systolic pressure

during maximal exercise (treadmill) testing. Am J Cardiol, 1977. 39(6): p. 841-8.

23. Stone, P.H., Turi ZG, Muller JE, Parker C, Hartwell T, Rutherford JD, et al. , Prognostic

significance of the treadmill exercise test performance 6 months aftermyocardial infarction. . J

Am Coll Cardiol, 1986. 8(5): p. 1007-17.

24. Dubach, P., Froelicher VF, Klein J, Oakes D, Grover-McKay M, Friis R. , Exercise induced

hypotension in a male population. Criteria, causes, and prognosis. Circulation, 1988. 78(6): p.

1380-7.

25. Smith, R.G., Rubin SA, Ellestad MH, Exercise hypertension: an adverse prognosis? J Am

Soc Hypertens, 2009. 3(6): p. 366-373.

26. Myers, J.N., The physiology behind exercise testing. Prim Care, 1994. 21(3): p. 415-37.

27. Froelicher, V.F., Marcondes GD, Manual de Teste Ergométrico. 1992, Porto Alegre: Artes

Médicas.

28. Lewis, G.D., Gona P, Larson MG, Plehn JF, Benjamin EJ, O'Donnell CJ, et al, Exercise blood

pressure and the risk of incident cardiovascular disease (from the Framingham Heart Study).

Am J Cardiol, 2008. 101(11): p. 1614-20.

29. A. J. Coats. Ethical authorship and publishing. Int J Cardiol, 131 (2009), pp.149-50.

68

ANEXOS

69

ANEXO 1 - LISTA DE ABREVIATURAS

CDC: Center for Disease Control

CEVS: Centro Estadual de Vigilância em Saúde

CID: Código Internacional de Doenças

CV: Cardiovascular

DAC: Doença Arterial Coronariana

DCV: Doença Cardiovascular

DM: Diabete mellitus

ECG: Eletrocardiograma

FC: Frequência Cardíaca

HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica

HIE: Hipotensão Induzida pelo Esforço

HVE: Hipertrofia Ventricular Esquerda

IAM: Infarto Agudo do Miocárdio

IC: Intervalo de Confiança

IMC: Índice de Massa Corporal

MAPA: Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial

MET: Equivalente Metabólico

PA: Pressão Arterial

PAD: Pressão Arterial Diastólica

PAS: Pressão Arterial Sistólica

ROC:.Receiver Operator Characteristic

RR: Risco Relativo

TE: Teste Ergométrico

VE: Ventrículo Esquerdo

VO2:Volume de Absorção de Oxigênio;

70

ANEXO 2 - PREPARAÇÃO DO BANCO DE DADOS PARA O ESTUDO

A preparação do banco de dados para o estudo seguiu as seguintes etapas:

1. Uniformização, ano a ano, do banco de dados de óbitos, pois cada ano tinha uma

estrutura;

2. Classificação dos óbitos, um a um, conforme o CID 10;

3. Limpeza dos dados do banco de Testes Ergométricos, eliminando registros mal

digitados;

4. Utilização do Link Plus (programa de pareamento de dados) (1) desenvolvido pela

Divisão de Câncer do Center for Disease Control (CDC) dos EUA. É um

programa que incorpora um poderoso e sofisticado mecanismo de linkage,

fazendo coincidir pelo nome os dados do banco de TE com os dados do banco de

óbitos, da seguinte maneira:

4.1) Determinar se será realizada uma duplicação ou um linkage;

4.2) Especificar o(s) banco(s) de dados que será(ão) processado;

4.3) Indicar as variáveis de blocagem e seu sistema fonético;

4.4) Indicar as variáveis de emparelhamento e seus respectivos métodos de

pareamento, bem como indicar os valores faltantes dessas variáveis;

4.5) Indicar as variáveis de identificação que facilitam a leitura do relatório

de emparelhamento;

4.6) Indicar se o método direto será utilizado e qual será a nota de corte;

4.7) Incorporar, ou não, seleções avançadas que modifiquem as

probabilidades usadas pelo programa;

4.8) Emparelhar os controles com os óbitos identificados (processo que

requer utilização avançada do programa Access);

4.9) Finalmente, transcrever os resultados para o programa SPSS 15.0 for

Windows ® para análise estatística.

71

ANEXO 3 – TERMO DE CONSENTIMENTO DE UTILIZAÇÃO DO BANCO

DE DADOS DA SECRETARIA DA SAÚDE DO MUNICÍPIO DE POA – RS

72

ANEXO 4 – TERMO DE CONSENTIMENTO DE UTILIZAÇÃO DO BANCO

DE DADOS DO SERVIÇO DE ERGOMETRIA DO INSTITUTO DE

CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL

73

ANEXO 5 – FORMULÁRIO PARA CADASTRAMENTO DE LAUDOS DO

TESTE ERGOMÉTRICO

(FRENTE)

74

(VERSO)

75

ANEXO 6 – SELEÇÃO DAS VARIÁVEIS DO ESTUDO

As respostas dos questionários de uma sub-amostra de 1198 pacientes do

grupo-controle foram comparadas aos dados dos laudos dos Testes Ergométricos e

aos resultados de exames laboratoriais (coletados no mesmo ano de realização dos

exames).

A análise univariada, com avaliação do índice de Concordância de Kappa

(Estatística K)(2), foi utilizada para a seleção dos fatores de risco/FR

cardiovascular/CV a fim de serem considerados como variáveis válidas neste estudo,

e está demonstrada a seguir:

1) Diabete

A variável acima foi relacionada com valores de glicemia ≥ 126 mg/dl

(determinantes de índices glicêmicos correspondentes à glicemia aumentada em

jejum) (3), analisados em laboratório.

2) Hipercolesterolemia

Esta variável foi relacionada com valores de colesterol total ≥ 200

mg/dl (4), analisados em laboratório.

3) Hipertensão

Esta variável foi relacionada com a PA em repouso no início do TE. O

indivíduo foi considerado hipertenso quando tinha níveis de PA ≥ 140/90 mmHg,

segundo critérios estabelecidos pelo VII Joint National Committee for Detection

Evaluation and Treatment of High Blood Pressure (5)

76

4) Sedentarismo

A variável acima foi relacionada com o VO2 máximo atingido no TE,

aproximadamente 8 METs (1 MET = 3,5 mlO2 / kg.min) (6)

No TE em questão no estudo, calcula-se o VO2 máximo previsto para o

paciente, e, considerando-se sua idade e sexo, obtém-se o VO2 máximo atingido,

classificando-o em “muito fraco”, “fraco”, “‘regular”, “bom” e “excelente”. O

indivíduo foi considerado sedentário quando o VO2 máximo atingido durante o

exercício foi ≤ 28ml/kg/min, classificando-o em capacidade física “fraca” ou “muito

fraca”, conforme descrito no Consenso Nacional de Ergometria. (6)

5) Obesidade

A obesidade foi relacionada com IMC ≥ 25 kg/m2 (Índice de Sobrepeso).

Segundo o Consenso de Dislipidemia, (4) o sobrepeso, além da obesidade (IMC ≥ 30

Kg/m2), deve ser considerado como fator de risco cardiovascular.

Na Tabela 7 está representado o Índice de Concordância de Kappa, utilizado

na comparação das respostas de questionários com dados de TE e de resultados

laboratoriais.

Tabela 7 – Índice de Concordância de Kappa, obtido na análise das respostas dos

questionários

Resposta ao questionário

(%)

Exame Laboratorial ou Resultado

do TE (%)

Índice de Concordância

(Kappa)

Hipercolesterolemia

(N) 78

Colesterol ≥ 200 mg/dl

(N) 55,8

0,510

77

(S) 22

(S) 44,2

Hipertensão

(N) 50,8

(S) 49,2

PPA em repouso ≥ 140/90 mmHg

(N) 38,1

(S) 61,9

0,322

Diabete

(N) 87,8

(S) 12,2

Glicemia ≥ 126mg/dl

(N) 92,5

(S) 7,5

0,621

Obesidade

(N) 69,5

(S) 30,5

IMC ≥ 25 kg/ m2

(N) 42,0

(S) 58,0

0,400

Sedentarismo

(N) 46,1

(S) 53,9

VO2 máximo ≤ 28 ml/kg/min

(N) 63,1

(S) 36,9

- 0,11

Nota: TE-Teste Ergométrico; N- Não; S-Sim; IMC-Índice de Massa Corporal; PA-

Pressão Arterial; VO2-Capacidade Funcional.

Como mostra a tabela acima, o valor de Kappa considerado aceitável ( 0,40)

inclui as variáveis hipercolesterolemia e diabete no estudo.

As variáveis como hipertensão, obesidade e sedentarismo são excluídas (valor

de Kappa < 0,40) e substituídas pelas variáveis PA em repouso ≥ 140/90 mmHg ,

VO2 máximo ≤ 28 ml/kg/min e IMC ≥ 25 kg/ m2 para análise no estudo, por serem

dados objetivos e mensuráveis do Teste Ergométrico/TE.

78

ANEXO 7 – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÈTICA E PESQUISA DO

INSTITUTO DE CARDIOLOGIA – FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE

CARDIOLOGIA

79

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXOS

1. Centers for Disease Control and Prevention. 2008; Disponível em

:[wonder.cdc.gov/wonder/outside/linkplus.html.2008].

2. Araujo HG. Bioestatística Teórica e Computacional. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan; 2001.

3. Sociedade Brasileira de Diabetes. Consenso sobre diabetes. Diagnóstico e

classificação do diabetes melito e tratamento do diabete melito tipo 2. Rio de Janeiro:

Diagraphic; 2003.

4. Sociedade Brasileira de Cardiologia. IV Diretriz Brasileira de Dislipidemia e

Prevenção da Aterosclerose. Arq Bras Cardiol. 2007;88(suplemento I).

5. European Society of Hypertension. European Society of Cardiology

Guidelines for the Management of Arterial Hypertension. Heart Drug. 2004:6-51.

6. Tebexreni AS, Lima EV, Tambeiro VL, Neto TLB. Protocolos tradicionais

em ergometria, suas aplicações práticas versus protocolo de rampa. Rev Soc Cardiol

Estado de São Paulo. 2001;11(3):519-28.