diogo coutinho_bolsa familia

31
(__ MARIO G. SCHAPIRO DAVID M. TRUBEK I 1 I \ DIREITO E UM DIALOGO ENTRE os BRICS ORGANIZADORES DESENVOLVIMENTO Esta obra integra a Colecio Direito, Desenvolvimento e Justica, coorde- nada por José Rodrigo Rodriguez, e faz parte da linha de pesquisa "Di- reitos dos Negécios e Desenvolvimento Econémico e Social", desenvo1- vida peia DIREITO GV. Foi avaliada e aprovada pelos membros do * Conselho Editorial desta Coleqéoz Alexandre da Maia (UFPE): Pemambuco. Anténio José Maristrello Porto (Direito Rio): Rio de Janeiro. Antonio Moreira Maués (UFPA): Paré. Gustavo Feitosa (UFO): Cearé. Gustavo Ferreira Santos (UFPE): Pemambuco. Ivo Gico Jr. (UCB): Brasilia. Marcus Faro de Castro (UnB): Brasilia. Série Scilange Silva Teles (Mackenzie): S20 Paulo. Ednwra Vera Karam de Chueiri (UFPR): Parana D|re|to Desenvolvimentojustiga Saralva 2012 L I I _ Q 55E: E‘; =5 DIREITOGV (__ MARIO G. SCHAPIRO DAVID M. TRUBEK I 1 I \ DIREITO E UM DIALOGO ENTRE os BRICS ORGANIZADORES DESENVOLVIMENTO Esta obra integra a Colecio Direito, Desenvolvimento e Justica, coorde- nada por José Rodrigo Rodriguez, e faz parte da linha de pesquisa "Di- reitos dos Negécios e Desenvolvimento Econémico e Social", desenvo1- vida peia DIREITO GV. Foi avaliada e aprovada pelos membros do * Conselho Editorial desta Coleqéoz Alexandre da Maia (UFPE): Pemambuco. Anténio José Maristrello Porto (Direito Rio): Rio de Janeiro. Antonio Moreira Maués (UFPA): Paré. Gustavo Feitosa (UFO): Cearé. Gustavo Ferreira Santos (UFPE): Pemambuco. Ivo Gico Jr. (UCB): Brasilia. Marcus Faro de Castro (UnB): Brasilia. Série Scilange Silva Teles (Mackenzie): S20 Paulo. Ednwra Vera Karam de Chueiri (UFPR): Parana D|re|to Desenvolvimentojustiga Saralva 2012 L I I _ Q 55E: E‘; =5 DIREITOGV

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artigo do prof coutinho sobre o Bolsa Família

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  • (__

    MA

    RIO

    G.

    SC

    HA

    PIR

    OD

    AV

    IDM

    .TR

    UB

    EK

    I1I\

    DIR

    EIT

    OE

    UMDIALOGO

    ENTREos

    BRICS

    ORGANIZADORES

    DESENVOLVIMENTO

    Estaobra

    integraaColecio

    Direito,Desenvolvimento

    eJustica,coorde-nada

    porJosRodrigo

    Rodriguez,efaz

    parteda

    linhade

    pesquisa"Di-

    reitosdos

    NegcioseDesenvolvim

    entoEconm

    icoeSocial",desenvo1-

    vidapeia

    DIREITOGV.

    Foiavaliadae

    aprovadapelos

    mem

    brosdo

    *Conselho

    EditorialdestaColeqoz

    Alexandreda

    Maia

    (UFPE):Pem

    ambuco.

    AntnioJos

    Maristrello

    Porto(D

    ireitoR

    io):Riode

    Janeiro.Antonio

    Moreira

    Maus(UFPA):Par.

    Gustavo

    Feitosa(UFO

    ):Cear.Gustavo

    FerreiraSantos

    (UFPE):Pemam

    buco.Ivo

    Gico

    Jr.(UC

    B):Brasilia.M

    arcusFaro

    deCastro

    (UnB):Brasilia.Srie

    ScilangeSilva

    Teles(M

    ackenzie):S20Paulo.

    Ednwra

    VeraKaram

    deC

    hueiri(UFPR

    ):ParanaD|re|toDesenvolvimentojustiga

    Sara

    lva

    2012

    L

    II_

    Q55E:E;=5

    DIR

    EITO

    GV

    (__

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    IDM

    .TR

    UB

    EK

    I1I\

    DIR

    EIT

    OE

    UMDIALOGO

    ENTREos

    BRICS

    ORGANIZADORES

    DESENVOLVIMENTO

    Estaobra

    integraaColecio

    Direito,Desenvolvimento

    eJustica,coorde-nada

    porJosRodrigo

    Rodriguez,efaz

    parteda

    linhade

    pesquisa"Di-

    reitosdos

    NegcioseDesenvolvim

    entoEconm

    icoeSocial",desenvo1-

    vidapeia

    DIREITOGV.

    Foiavaliadae

    aprovadapelos

    mem

    brosdo

    *Conselho

    EditorialdestaColeqoz

    Alexandreda

    Maia

    (UFPE):Pem

    ambuco.

    AntnioJos

    Maristrello

    Porto(D

    ireitoR

    io):Riode

    Janeiro.Antonio

    Moreira

    Maus(UFPA):Par.

    Gustavo

    Feitosa(UFO

    ):Cear.Gustavo

    FerreiraSantos

    (UFPE):Pemam

    buco.Ivo

    Gico

    Jr.(UC

    B):Brasilia.M

    arcusFaro

    deCastro

    (UnB):Brasilia.Srie

    ScilangeSilva

    Teles(M

    ackenzie):S20Paulo.

    Ednwra

    VeraKaram

    deC

    hueiri(UFPR

    ):ParanaD|re|toDesenvolvimentojustiga

    Sara

    lva

    2012

    L

    II_

    Q55E:E;=5

    DIR

    EITO

    GV

  • Odireito

    maspoliticossociais

    brasileiras;um

    estudosobre

    oProgram

    aBolsa

    Familia*

    DiogoR.C

    outinho

    1.lntrodugoEspecialistas

    armaram

    quese

    algumse

    dedicaraestudaras

    prin-cipais

    mudancas

    ocorridasna

    sociedadebrasileira

    naprim

    eiradcada

    dosculo

    XXI,poderiachama-ladedcadadareducao

    dadesigualdadede

    rendaou

    daequalizagao

    deresultados".A

    dcadade

    1990teria

    sidoa

    daconquista

    daestabilidade

    economicae

    ade

    1980a

    dcadada

    redemocratiza

  • 74 J

    D/ogo/T.Coot/n/'20

    veznahistoria

    deum

    dospaisesm

    aisdesiguais

    dom

    undo,osricosperde-

    rame

    ospobres

    ganharam.O

    coecienteGini,que

    em2001

    eraiguala

    0,59,decresceuconstantem

    ente,chegandoa

    0,55em

    2008.Nesseperio-

    do,arenda

    dos10%

    mais

    pobrescresceu

    seisvezes

    mais

    rapidoque

    arenda

    dos10%

    mais

    ricosa.Em2009

    0G

    inibrasileiro,quefoium

    dosmais

    altosdo

    mundo

    nonalda

    dcadade

    1980,baixoua

    0,54.Duranteesse

    mesm

    operiodo,tim

    idamente,aeconom

    iacresceu

    emm

    dia3,3%

    aoano.

    Haautores

    que,diantedesse

    cenario,sugeremque

    0Brasil,m

    es-m

    ocom

    indicesainda

    muito

    elevadosde

    desigualdade(sobretudo

    entreas

    rendasdo

    detentoresde

    capitaledos

    trabalhadoresassala-

    riados),vem

    experimentando

    umciclo

    virtuosode

    crescimento

    combinado

    comreducao

    dadesigualdades.Esse

    ciclo,napratica,es-

    tariatransform

    andoestruturalm

    enteo

    Welfare

    Statebrasileiro,

    desigualdadem

    edidapelo

    Gininaointeiram

    enteadequada

    pararevelaradis-

    tribuioaoda

    rendaentre

    trabalhadores,deum

    lado,eempresarios,banqueiros,

    latifundiarios,proprietariosde

    bens/imoveis

    alugadoseproprietarios

    detitulos

    piiblicose

    privados,deoutro.Como

    explicaJoao

    Sics,lslegundodados

    doIBGE

    asoma

    dossalrios

    edasrem

    uneragoesde

    autonomos,em

    2005,atingiu58,4%

    ;em2006,58,9%

    ;e,em2007,59,4%

    .OIBGE

    aindanao

    divulgoudados

    de2008

    e2009.Contudo,

    possivelcalcularosmim

    erospara

    essesanos

    combase

    naPesquisa

    Mensalde

    Emprego

    enasContas

    NacionaisTrim

    estrais,am-

    basdo

    IBGE.Otcnico

    doIpea

    EstvaoKopschitz

    estimou

    que,em2008,0

    valoralcancadofoide

    60,1%;em

    2009,foide62,3%

    ".lssorevelaria,para

    Sics,um

    movim

    entopositivo

    dadistribuicaofuncionaldarenda

    favoravelaostraba-lhadores

    nosltim

    osanos",que

    sesom

    ariaa

    quedado

    coeficienteGini(Joao

    Sicsu,Nmeros

    dadistribuicao

    derenda,Folha

    deS.Paulo,13-10-2010).

    Ricardo

    Paesde

    Barros,Mirela

    deCarvalho,Sam

    uelFrancoe

    RosaneM

    endon-ca,A

    importancia

    daqueda

    recenteda

    desigualdadena

    redugaoda

    pobreza,2007.

    1256Texto

    paraDiscussdo

    Ipea

    Institutede

    PesquisaEconm

    icaAplicada,p.16.Verainda

    SergeiS.D.Soares,Oritm

    oda

    quedada

    desigualda-de

    noBrasil,2010.30Revista

    deEccm

    omia

    Politica8,p.368.

    O

    coeficienteGinichegou

    a0,63em

    1989.5

    RenatoBoschi,Estado

    desenvolvimentista

    noBrasil:

    continuidadese

    incerti-dum

    bres,2010.2Pontode

    Vista,p.24.Sobre

    aideiade

    umEstado

    deBem

    -EstarnoBrasil,m

    arcadopelo

    fortepapeldo

    govemo

    nodesenvolvim

    entoda

    dinamica

    capitalistade

    industrializacaotardia

    enaregulaqaodastransform

    acoessociaiscomoumtipo

    distintodoEstadodeBem

    -EstarSocialeuropeuclassico,oriundo

    dasrevolugoesburguesas,verS.M.Draibe,W

    elfareState

    noBrasil:caracteristicas

    eperspectivas,1993,8Caderno

    dePes-

    quisasdoNiicleo

    deEstudosdePoliticasPziblicas

    NEPP,UniversidadeEsta-

    dualdeCampinas,p.7.Paraum

    adiscussaoarespeitodostracospeculiaresdesse

    Welfare

    Statebrasileiro,verL.Aureliano

    eS.Draibe,aespecicidadedo

    Welfare

    Statebrasileiro,inM

    PAS/Cepal.Ecorwmia

    edeserwolvimento:reflexoes

    sobreanatureza

    dobem-estar,v.1,Brasilia,MPAS/Cepal,1989.

    I

    iFl1I1

    Od/re/tonaspo//htas

    soc/a/'5bras//E/ras.um

    estudosobre

    0Program

    a50/5a

    Fami//a

    DimikoemDebate

    75

    historicamente

    centralizado,segmentado

    eelitista,porm

    eiode

    uma

    expansaoda

    fronteirasocial.

    Aumentos

    dogasto

    emeducacao,increm

    entosreaisno

    salariom

    inimo,

    investirnentosem

    capacitacaopara

    otrabalho,programas

    dem

    icrocrdito,alteragoesnosm

    ecanismos

    contributivosdaprevidncia

    social,acombina-

    caode

    transfernciasgovernam

    entaisfocalizadas

    comprogram

    asuniver

    sais,estabilidade,inacaobaixa

    eapossibilidadede

    expansaodo

    mercado

    internoe

    deinsergao

    competitiva

    seriam,nesse

    contexto,atributosde

    umnovo

    padraode

    desenvolvimento

    marcado

    pelainclusao

    socialsimultanea

    aocrescim

    ento.Outros

    autoressugerem

    queesse

    ciclovirtuoso

    sedistin-

    guiriado

    desenvolvimentism

    odo

    peziodode

    substituigaode

    importacoes

    pornaotrazerconsigo

    certostracos

    negativosde

    estatismo7.

    Mesm

    oque

    searm

    eque

    naoha

    evidnciassucientem

    enterobustas

    paraconcluirque

    oBrasilvive

    defato

    umciclo

    dedesenvolvim

    entoque

    sepossadesignarqualitativam

    entecom

    onovo,pode-secom

    alguma

    segurancadizerque

    osganhosde

    equidadeque

    0Brasilalcancou

    naultim

    adcada

    re-sultam

    deum

    aconjungao

    decenarios

    economicos,iniciativas

    epoliticaspu-

    blicas,dentreasquais

    oProgram

    aBolsa

    Familia

    (PBF),criadono

    Brasilem2003

    edesdeentao

    emprocesso

    deim

    plementacao

    e3.pI'fiQ03.1Tl1'1tOs.

    7O

    novoativism

    oestatal",diferentem

    entede

    seuantecessordirigista,seria

    mar-

    cadoporestruturas

    politicasdescentralizadas,que

    permitem

    liberdadede

    aqaonos

    niveisregionale

    local.Almdisso,nesse

    novopadrao

    deacao

    publica,asrelacoescom

    osetorprivadonao

    passammaispelaim

    posicao,pelopoderpubli-

    co,deestratgias

    competitivas

    para0

    setorprivado.Pormeio

    deum

    dialogopublico-privado

    permanente

    ecooperativosao

    estimulados

    einduzidossetores

    daeconom

    ialigados

    ainovagao

    eas

    nova.stecnologias.Porfun,no

    campo

    dapolitica

    social,estariaem

    cursoasubstituicao

    dopadrao

    deintervencao

    marca-

    doporrelaqoes

    clientelistasque

    direcionavarecursos

    doconsum

    opara

    oinves-tim

    ento.Umnovo

    tipode

    politicasocial,que

    privilegiaosm

    aispobres

    semper-

    dasdedesem

    penhoeconom

    icoou

    maioresim

    pactosscais,estaria

    sendoforja-

    do.Exemplos

    dissoseriam

    ,nosultim

    osquinze

    anos,asreform

    asdos

    servigossociais

    basicoscom

    osaiide

    pfiblica,educacao,segurancasociale

    aexpansao

    semprecedentes

    debeneficios

    direcionadosaosmais

    pobres.VerGlaucoArbix

    eScottB.M

    artin,Beyonddevelopm

    entalismand

    marketfundam

    entalismin

    Brazil:inclusionarystateactivism

    withoutstatism,2010,paperpresented

    atthe

    Workshop

    onStates,developm

    ent,andglobalgovernance"

    GlobalLegalStudies

    Centerand

    theCenter

    forW

    orldAffairs

    andthe

    GlobalEconom

    y(W

    AGE),UniversityofW

    isconsin,Madison.Um

    adiscussao

    teoricado

    novode-

    senvolvimentism

    onaAm

    ericaLatina

    verLuizCarlos

    Bresser-Pereira,Fromold

    tonew

    developmentalism

    inLatin

    America,

    2009,disponivelem:.Acessoem:13

    out.2010.5

    ParaNeri,arendadotrabalho

    explica66,86%

    dareducaodadesigualdade

    entre2001

    e2008,aseguirvmosprogram

    associais,comdestaque

    aoBolsaFamilia

    eseu

    antecessorBolsaEscola,que

    explicam17%

    daredugao

    dadesigualdade,

    enquantoosbeneciosprevidenciarios

    explicaml5,72%

    dadesconcentracao

    de

    74 J

    D/ogo/T.Coot/n/'20

    veznahistoria

    deum

    dospaisesm

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    em2001

    eraiguala

    0,59,decresceuconstantem

    ente,chegandoa

    0,55em

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    do,arenda

    dos10%

    mais

    pobrescresceu

    seisvezes

    mais

    rapidoque

    arenda

    dos10%

    mais

    ricosa.Em2009

    0G

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    idamente,aeconom

    iacresceu

    emm

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    que,diantedesse

    cenario,sugeremque

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    es-m

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    muito

    elevadosde

    desigualdade(sobretudo

    entreas

    rendasdo

    detentoresde

    capitaledos

    trabalhadoresassala-

    riados),vem

    experimentando

    umciclo

    virtuosode

    crescimento

    combinado

    comreducao

    dadesigualdades.Esse

    ciclo,napratica,es-

    tariatransform

    andoestruturalm

    enteo

    Welfare

    Statebrasileiro,

    desigualdadem

    edidapelo

    Gininaointeiram

    enteadequada

    pararevelaradis-

    tribuioaoda

    rendaentre

    trabalhadores,deum

    lado,eempresarios,banqueiros,

    latifundiarios,proprietariosde

    bens/imoveis

    alugadoseproprietarios

    detitulos

    piiblicose

    privados,deoutro.Como

    explicaJoao

    Sics,lslegundodados

    doIBGE

    asoma

    dossalrios

    edasrem

    uneragoesde

    autonomos,em

    2005,atingiu58,4%

    ;em2006,58,9%

    ;e,em2007,59,4%

    .OIBGE

    aindanao

    divulgoudados

    de2008

    e2009.Contudo,

    possivelcalcularosmim

    erospara

    essesanos

    combase

    naPesquisa

    Mensalde

    Emprego

    enasContas

    NacionaisTrim

    estrais,am-

    basdo

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    doIpea

    EstvaoKopschitz

    estimou

    que,em2008,0

    valoralcancadofoide

    60,1%;em

    2009,foide62,3%

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    Sics,um

    movim

    entopositivo

    dadistribuicaofuncionaldarenda

    favoravelaostraba-lhadores

    nosltim

    osanos",que

    sesom

    ariaa

    quedado

    coeficienteGini(Joao

    Sicsu,Nmeros

    dadistribuicao

    derenda,Folha

    deS.Paulo,13-10-2010).

    Ricardo

    Paesde

    Barros,Mirela

    deCarvalho,Sam

    uelFrancoe

    RosaneM

    endon-ca,A

    importancia

    daqueda

    recenteda

    desigualdadena

    redugaoda

    pobreza,2007.

    1256Texto

    paraDiscussdo

    Ipea

    Institutede

    PesquisaEconm

    icaAplicada,p.16.Verainda

    SergeiS.D.Soares,Oritm

    oda

    quedada

    desigualda-de

    noBrasil,2010.30Revista

    deEccm

    omia

    Politica8,p.368.

    O

    coeficienteGinichegou

    a0,63em

    1989.5

    RenatoBoschi,Estado

    desenvolvimentista

    noBrasil:

    continuidadese

    incerti-dum

    bres,2010.2Pontode

    Vista,p.24.Sobre

    aideiade

    umEstado

    deBem

    -EstarnoBrasil,m

    arcadopelo

    fortepapeldo

    govemo

    nodesenvolvim

    entoda

    dinamica

    capitalistade

    industrializacaotardia

    enaregulaqaodastransform

    acoessociaiscomoumtipo

    distintodoEstadodeBem

    -EstarSocialeuropeuclassico,oriundo

    dasrevolugoesburguesas,verS.M.Draibe,W

    elfareState

    noBrasil:caracteristicas

    eperspectivas,1993,8Caderno

    dePes-

    quisasdoNiicleo

    deEstudosdePoliticasPziblicas

    NEPP,UniversidadeEsta-

    dualdeCampinas,p.7.Paraum

    adiscussaoarespeitodostracospeculiaresdesse

    Welfare

    Statebrasileiro,verL.Aureliano

    eS.Draibe,aespecicidadedo

    Welfare

    Statebrasileiro,inM

    PAS/Cepal.Ecorwmia

    edeserwolvimento:reflexoes

    sobreanatureza

    dobem-estar,v.1,Brasilia,MPAS/Cepal,1989.

    I

    iFl1I1

    Od/re/tonaspo//htas

    soc/a/'5bras//E/ras.um

    estudosobre

    0Program

    a50/5a

    Fami//a

    DimikoemDebate

    75

    historicamente

    centralizado,segmentado

    eelitista,porm

    eiode

    uma

    expansaoda

    fronteirasocial.

    Aumentos

    dogasto

    emeducacao,increm

    entosreaisno

    salariom

    inimo,

    investirnentosem

    capacitacaopara

    otrabalho,programas

    dem

    icrocrdito,alteragoesnosm

    ecanismos

    contributivosdaprevidncia

    social,acombina-

    caode

    transfernciasgovernam

    entaisfocalizadas

    comprogram

    asuniver

    sais,estabilidade,inacaobaixa

    eapossibilidadede

    expansaodo

    mercado

    internoe

    deinsergao

    competitiva

    seriam,nesse

    contexto,atributosde

    umnovo

    padraode

    desenvolvimento

    marcado

    pelainclusao

    socialsimultanea

    aocrescim

    ento.Outros

    autoressugerem

    queesse

    ciclovirtuoso

    sedistin-

    guiriado

    desenvolvimentism

    odo

    peziodode

    substituigaode

    importacoes

    pornaotrazerconsigo

    certostracos

    negativosde

    estatismo7.

    Mesm

    oque

    searm

    eque

    naoha

    evidnciassucientem

    enterobustas

    paraconcluirque

    oBrasilvive

    defato

    umciclo

    dedesenvolvim

    entoque

    sepossadesignarqualitativam

    entecom

    onovo,pode-secom

    alguma

    segurancadizerque

    osganhosde

    equidadeque

    0Brasilalcancou

    naultim

    adcada

    re-sultam

    deum

    aconjungao

    decenarios

    economicos,iniciativas

    epoliticaspu-

    blicas,dentreasquais

    oProgram

    aBolsa

    Familia

    (PBF),criadono

    Brasilem2003

    edesdeentao

    emprocesso

    deim

    plementacao

    e3.pI'fiQ03.1Tl1'1tOs.

    7O

    novoativism

    oestatal",diferentem

    entede

    seuantecessordirigista,seria

    mar-

    cadoporestruturas

    politicasdescentralizadas,que

    permitem

    liberdadede

    aqaonos

    niveisregionale

    local.Almdisso,nesse

    novopadrao

    deacao

    publica,asrelacoescom

    osetorprivadonao

    passammaispelaim

    posicao,pelopoderpubli-

    co,deestratgias

    competitivas

    para0

    setorprivado.Pormeio

    deum

    dialogopublico-privado

    permanente

    ecooperativosao

    estimulados

    einduzidossetores

    daeconom

    ialigados

    ainovagao

    eas

    nova.stecnologias.Porfun,no

    campo

    dapolitica

    social,estariaem

    cursoasubstituicao

    dopadrao

    deintervencao

    marca-

    doporrelaqoes

    clientelistasque

    direcionavarecursos

    doconsum

    opara

    oinves-tim

    ento.Umnovo

    tipode

    politicasocial,que

    privilegiaosm

    aispobres

    semper-

    dasdedesem

    penhoeconom

    icoou

    maioresim

    pactosscais,estaria

    sendoforja-

    do.Exemplos

    dissoseriam

    ,nosultim

    osquinze

    anos,asreform

    asdos

    servigossociais

    basicoscom

    osaiide

    pfiblica,educacao,segurancasociale

    aexpansao

    semprecedentes

    debeneficios

    direcionadosaosmais

    pobres.VerGlaucoArbix

    eScottB.M

    artin,Beyonddevelopm

    entalismand

    marketfundam

    entalismin

    Brazil:inclusionarystateactivism

    withoutstatism,2010,paperpresented

    atthe

    Workshop

    onStates,developm

    ent,andglobalgovernance"

    GlobalLegalStudies

    Centerand

    theCenter

    forW

    orldAffairs

    andthe

    GlobalEconom

    y(W

    AGE),UniversityofW

    isconsin,Madison.Um

    adiscussao

    teoricado

    novode-

    senvolvimentism

    onaAm

    ericaLatina

    verLuizCarlos

    Bresser-Pereira,Fromold

    tonew

    developmentalism

    inLatin

    America,

    2009,disponivelem:.Acessoem:13

    out.2010.5

    ParaNeri,arendadotrabalho

    explica66,86%

    dareducaodadesigualdade

    entre2001

    e2008,aseguirvmosprogram

    associais,comdestaque

    aoBolsaFamilia

    eseu

    antecessorBolsaEscola,que

    explicam17%

    daredugao

    dadesigualdade,

    enquantoosbeneciosprevidenciarios

    explicaml5,72%

    dadesconcentracao

    de

  • 76

    D

    lfEliO

    emD

    bt

    D/O

    90R

    Couhh/7

    0

    OPBF

    serveam

    aisde

    12m

    ilhoesde

    familias

    etemsido

    consideradoum

    apolitica

    barata(seu

    custoestim

    ado

    de0,35%

    doPIB

    brasileiro)9e

    eficaznocom

    bateapobreza

    enareducao

    dadesigualdadew.Alm

    dis-so,

    seugrau

    defocalizacao

    considerado

    bom(80%

    dosrecursos

    doBolsa

    Famia

    chegamaos23%

    mais

    pobres),tendoem

    vistasua

    ampli-

    tudegeografica,sua

    complexidade

    administrativa

    emim

    erode

    beneci-arios

    aque

    sedirige.

    OPBF

    uma

    transfernciade

    rendacondicionada

    (conditionalcashtransfer,ou

    COT)que

    beneciafam

    iaspobres

    comrenda

    mensalpor

    pessoaentre

    R$70

    (US$4112)eR$

    140(US$

    82).Saoquatro

    osbenefi-cios

    previstos:bdsico(R$

    68ou

    US$40,pago

    asfam

    iliasconsideradas

    extremam

    entepobres,com

    rendam

    ensaldeat

    R$70

    ouUS$

    41por

    pessoa,mesm

    oque

    elasnao

    tenhamcriangas,adolescentes

    oujovens),

    varicivel(R$22

    ouUS$

    13,pagoas

    familias

    pobres,comrenda

    mensal

    deat

    R-$140

    porpessoa,desdeque

    tenhamcriancas

    eadolescentes

    deat

    15anos,sendo

    quecada

    familia

    podereceberat

    trsbeneficios

    va-riaveis),oaridveloinculado

    aonm

    erode

    adolescentesno

    domicio

    (R$33

    ouUS$

    19,5,pagoa

    todasasfam

    iliasdo

    PBFque

    tenhamadoles-

    centesde

    16e

    17anos

    frequentandoa

    escola,sendoque

    cadafam

    jliapode

    receberatdois

    beneficiosvariaveis

    vinculadosao

    adolescente)ebeneficio

    varidveldecaraterextraordincirio,cujo

    valorcalculado

    casoa

    caso.Paraobterastransferncias

    derenda,osbeneciarios

    de-vem

    cumprircondicionalidadesnasareasde

    saudeeeducagao.

    renda"(Marcelo

    CortesNeri,A

    geografiadasfontes

    derenda,Centro

    dePoli-

    ticasSociais,Fundagao

    GetulioVargas,2010).

    9SergueiSoares,RafaelPerezRibaseFabioVerasSoares,TargetingandCovera-ge

    oftheBolsa

    Famia

    Programm

    e:whyknowing

    whatyoum

    easureisim

    por-tantin

    choosingthe

    numbers,71

    InternationalPolicyCentrefor

    InclusiveG

    rowth(IPC-IG

    )W

    orkingPaper,2010,p.5.A

    porcentagemrefere-se

    aoano

    de2006.

    Linden.m

    enciona,combase

    naPNAD

    de2004,que

    oPBF

    folresponsive!poralgo

    emtorno

    do20-25%

    daim

    pressionante"reduoaoda

    desigualdaderecente

    noBrasilepor16%

    darecente

    reduqaoda

    pobreza(Kathy

    Lindert,AniaLinder,Jason

    HobbseBndictede

    laBrier.The

    nutsandboltsofBrazil'sBolsaFam

    iliaProgram:implementating

    conditionalcashtransfers

    indecentralized

    context,2007,0709SocialProtection

    Word

    BcmlcPaper,p.6)."

    ReferidoporFabio

    VerasSoares,em

    entrevistaconceclida

    arevista

    brasileiraEpoca,em

    6denovem

    brode

    2008(O

    BolsaFam

    iaprecisaserampliaclo

    evirarum

    direitodo

    pobre.Disponivelem:

    .Acessado

    em18out.2010.Verainda

    FabioVerasScares.RafaelPerezRibaseRafaelGuerreiro

    Osorio,"Evaluatingthe

    Im-pactofBrazil'sBolsa

    Famitia:cashtransferprogrammesin

    comparativepers-

    pective,2007,1IPC(11-ue1'nationalPo'uerty

    Center)EvaluationNote.

    '2US$

    1=R31,7,aproximadamente.

    1|lI1I

    Od/re/tonaspo//1/cassoc/a/S

    bras/76/rasum

    estudop

    _Sobre

    0Program

    aBo/5a

    Fam///a

    D"E'temDebate

    77

    Naareadesaude,asfanuliascadastradasaoPBFassumem

    ocompro-

    misso

    devacinare

    acompanharo

    crescimento

    decriangas

    menores

    de7

    anos.Mulheres

    nafaixa

    de14

    a44

    anostam

    bmdevem

    submeter-se

    aoacom

    panhamento

    mdico

    e,seestiverem

    nacondigao

    degestantes

    oulactantes,

    devemrealizar

    oexam

    epr-natale

    0acom

    panhamento

    desua

    sade,bemcom

    oda

    saudeda

    crianca.Naarea

    deeducacao,todas

    ascriangas

    eadolescentes

    entre6

    e15

    anosdevem

    estarmatriculados

    emescolas

    edevem

    terfrequnciam

    ensalminim

    ade

    85%da

    cargaho-

    raria.Estudantesentre

    16e

    17anos

    devemterfrequncia

    de,nom

    ini-m

    o,75%da

    cargahoraria.

    Embora

    osconditional

    cashtransfers

    sejamconsiderados

    uma

    criacaolatino-am

    ericanaevenham

    sendoadotados

    porvariospaises

    emdiferentes

    continentes,pode-sedizerque

    PBFpossuicertas

    caracteris-ticas

    queo

    tornamnotavelno

    universodas

    transfernciasde

    rendacon-

    dicionadasvoltadas

    paraosm

    aispobres.Esses

    elementos

    distintivosdo

    PBFseriam,resum

    idamente,sualarga

    escala,seumecanism

    ode

    gestaodescentralizada,a

    utilizagaode

    mecanismosde

    estimulo

    aodesempe-

    nhoadm

    inistrativedos

    Municipios

    quedele

    participam,seu

    papeldepolitica

    socialintegradora"e

    ofato

    depoderserdescrito

    comoum

    laboratorionaturalde

    inovacao"5.O

    PBFteria

    aindaprovocado

    uma

    rupturana

    tradicaode

    politicassociais

    brasileirasao

    serm

    arcomo0

    principalprograma

    brasileirode

    reducaodapobreza.Ele

    distinguiria,porisso,menosporsetratardeum

    CCTe

    maisporpassara

    monopolizara

    politicadirigida

    apopulacao

    pobreem

    umpaisquepossuium

    adasmaisamplas,institucionalizadas

    eburocratizadaspoliticasdeassistnciasocialaessapopulaqao

    dirlgida"*.Se

    de

    fatoverdadeiro

    queo

    PBFvem

    introduzindoinovaqoes

    depolitica

    egestaopublicas,quais

    seriamasfeiooesjuridicas

    dessasino-

    vacoes?Tais

    caracteristicasou

    tracosjuridicos

    seriamtam

    bminova-

    doresem

    relacaoao

    padraohistorico

    depolitica

    socialnoBrasil?

    Como

    13Alm

    disso,crianqase

    adolescentescom

    at15

    anosem

    riscoou

    retiradasdo

    trabalhoinfantildevem

    participardosServicosdeConvivncia

    eFortalecimento

    deVinculos

    (SCFV)doPeti(Program

    ade

    Erradicaqaodo

    Trabalholnfantil)

    eobterfrequncia

    minim

    ade

    85%da

    cargahoraria

    mensal.

    Bastaglilem

    braque

    CCTspodemsercom

    binadoscom

    outraspoliticasno

    cam-

    poda

    assistnciasocialcom

    afnalidadede

    transformararranjos

    fragmentarios

    emsistem

    asinclusivos

    depolitica

    social.FrancescaBastagli,From

    socialsafetynetto

    socialpolicy?The

    roleofconditionalcash

    transfersin

    welfarestate

    deve-lopm

    entinlatin

    america,60InternationalCenterforInclusive

    Growth

    (IPC)

    Working

    Paper,2009,p.2.15

    Linden:etal.TheNuts

    andbolts

    ofBrazilsBolsaFam

    iliaProgram

    ,p.2.

    S.M

    .D

    raibe,Brasil:

    BolsaEscola

    yBolsa

    Familia,

    inE.

    Cohen

    eR.

    Franco(coords.),Tranferencias

    concorresponsabilidad:una

    rniradalatinoam

    erica-na,M

    xico:Flacso,2006,p.137-178.

    76

    D

    lfEliO

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    ilhoesde

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    consideradoum

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    custoestim

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    de0,35%

    doPIB

    brasileiro)9e

    eficaznocom

    bateapobreza

    enareducao

    dadesigualdadew.Alm

    dis-so,

    seugrau

    defocalizacao

    considerado

    bom(80%

    dosrecursos

    doBolsa

    Famia

    chegamaos23%

    mais

    pobres),tendoem

    vistasua

    ampli-

    tudegeografica,sua

    complexidade

    administrativa

    emim

    erode

    beneci-arios

    aque

    sedirige.

    OPBF

    uma

    transfernciade

    rendacondicionada

    (conditionalcashtransfer,ou

    COT)que

    beneciafam

    iaspobres

    comrenda

    mensalpor

    pessoaentre

    R$70

    (US$4112)eR$

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    82).Saoquatro

    osbenefi-cios

    previstos:bdsico(R$

    68ou

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    asfam

    iliasconsideradas

    extremam

    entepobres,com

    rendam

    ensaldeat

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    41por

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    oque

    elasnao

    tenhamcriangas,adolescentes

    oujovens),

    varicivel(R$22

    ouUS$

    13,pagoas

    familias

    pobres,comrenda

    mensal

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    R-$140

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    tenhamcriancas

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    15anos,sendo

    quecada

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    podereceberat

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    va-riaveis),oaridveloinculado

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    todasasfam

    iliasdo

    PBFque

    tenhamadoles-

    centesde

    16e

    17anos

    frequentandoa

    escola,sendoque

    cadafam

    jliapode

    receberatdois

    beneficiosvariaveis

    vinculadosao

    adolescente)ebeneficio

    varidveldecaraterextraordincirio,cujo

    valorcalculado

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    derenda,osbeneciarios

    de-vem

    cumprircondicionalidadesnasareasde

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    renda"(Marcelo

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    geografiadasfontes

    derenda,Centro

    dePoli-

    ticasSociais,Fundagao

    GetulioVargas,2010).

    9SergueiSoares,RafaelPerezRibaseFabioVerasSoares,TargetingandCovera-ge

    oftheBolsa

    Famia

    Programm

    e:whyknowing

    whatyoum

    easureisim

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    choosingthe

    numbers,71

    InternationalPolicyCentrefor

    InclusiveG

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    porcentagemrefere-se

    aoano

    de2006.

    Linden.m

    enciona,combase

    naPNAD

    de2004,que

    oPBF

    folresponsive!poralgo

    emtorno

    do20-25%

    daim

    pressionante"reduoaoda

    desigualdaderecente

    noBrasilepor16%

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    reduqaoda

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    Lindert,AniaLinder,Jason

    HobbseBndictede

    laBrier.The

    nutsandboltsofBrazil'sBolsaFam

    iliaProgram:implementating

    conditionalcashtransfers

    indecentralized

    context,2007,0709SocialProtection

    Word

    BcmlcPaper,p.6)."

    ReferidoporFabio

    VerasSoares,em

    entrevistaconceclida

    arevista

    brasileiraEpoca,em

    6denovem

    brode

    2008(O

    BolsaFam

    iaprecisaserampliaclo

    evirarum

    direitodo

    pobre.Disponivelem:

    .Acessado

    em18out.2010.Verainda

    FabioVerasScares.RafaelPerezRibaseRafaelGuerreiro

    Osorio,"Evaluatingthe

    Im-pactofBrazil'sBolsa

    Famitia:cashtransferprogrammesin

    comparativepers-

    pective,2007,1IPC(11-ue1'nationalPo'uerty

    Center)EvaluationNote.

    '2US$

    1=R31,7,aproximadamente.

    1|lI1I

    Od/re/tonaspo//1/cassoc/a/S

    bras/76/rasum

    estudop

    _Sobre

    0Program

    aBo/5a

    Fam///a

    D"E'temDebate

    77

    Naareadesaude,asfanuliascadastradasaoPBFassumem

    ocompro-

    misso

    devacinare

    acompanharo

    crescimento

    decriangas

    menores

    de7

    anos.Mulheres

    nafaixa

    de14

    a44

    anostam

    bmdevem

    submeter-se

    aoacom

    panhamento

    mdico

    e,seestiverem

    nacondigao

    degestantes

    oulactantes,

    devemrealizar

    oexam

    epr-natale

    0acom

    panhamento

    desua

    sade,bemcom

    oda

    saudeda

    crianca.Naarea

    deeducacao,todas

    ascriangas

    eadolescentes

    entre6

    e15

    anosdevem

    estarmatriculados

    emescolas

    edevem

    terfrequnciam

    ensalminim

    ade

    85%da

    cargaho-

    raria.Estudantesentre

    16e

    17anos

    devemterfrequncia

    de,nom

    ini-m

    o,75%da

    cargahoraria.

    Embora

    osconditional

    cashtransfers

    sejamconsiderados

    uma

    criacaolatino-am

    ericanaevenham

    sendoadotados

    porvariospaises

    emdiferentes

    continentes,pode-sedizerque

    PBFpossuicertas

    caracteris-ticas

    queo

    tornamnotavelno

    universodas

    transfernciasde

    rendacon-

    dicionadasvoltadas

    paraosm

    aispobres.Esses

    elementos

    distintivosdo

    PBFseriam,resum

    idamente,sualarga

    escala,seumecanism

    ode

    gestaodescentralizada,a

    utilizagaode

    mecanismosde

    estimulo

    aodesempe-

    nhoadm

    inistrativedos

    Municipios

    quedele

    participam,seu

    papeldepolitica

    socialintegradora"e

    ofato

    depoderserdescrito

    comoum

    laboratorionaturalde

    inovacao"5.O

    PBFteria

    aindaprovocado

    uma

    rupturana

    tradicaode

    politicassociais

    brasileirasao

    serm

    arcomo0

    principalprograma

    brasileirode

    reducaodapobreza.Ele

    distinguiria,porisso,menosporsetratardeum

    CCTe

    maisporpassara

    monopolizara

    politicadirigida

    apopulacao

    pobreem

    umpaisquepossuium

    adasmaisamplas,institucionalizadas

    eburocratizadaspoliticasdeassistnciasocialaessapopulaqao

    dirlgida"*.Se

    de

    fatoverdadeiro

    queo

    PBFvem

    introduzindoinovaqoes

    depolitica

    egestaopublicas,quais

    seriamasfeiooesjuridicas

    dessasino-

    vacoes?Tais

    caracteristicasou

    tracosjuridicos

    seriamtam

    bminova-

    doresem

    relacaoao

    padraohistorico

    depolitica

    socialnoBrasil?

    Como

    13Alm

    disso,crianqase

    adolescentescom

    at15

    anosem

    riscoou

    retiradasdo

    trabalhoinfantildevem

    participardosServicosdeConvivncia

    eFortalecimento

    deVinculos

    (SCFV)doPeti(Program

    ade

    Erradicaqaodo

    Trabalholnfantil)

    eobterfrequncia

    minim

    ade

    85%da

    cargahoraria

    mensal.

    Bastaglilem

    braque

    CCTspodemsercom

    binadoscom

    outraspoliticasno

    cam-

    poda

    assistnciasocialcom

    afnalidadede

    transformararranjos

    fragmentarios

    emsistem

    asinclusivos

    depolitica

    social.FrancescaBastagli,From

    socialsafetynetto

    socialpolicy?The

    roleofconditionalcash

    transfersin

    welfarestate

    deve-lopm

    entinlatin

    america,60InternationalCenterforInclusive

    Growth

    (IPC)

    Working

    Paper,2009,p.2.15

    Linden:etal.TheNuts

    andbolts

    ofBrazilsBolsaFam

    iliaProgram

    ,p.2.

    S.M

    .D

    raibe,Brasil:

    BolsaEscola

    yBolsa

    Familia,

    inE.

    Cohen

    eR.

    Franco(coords.),Tranferencias

    concorresponsabilidad:una

    rniradalatinoam

    erica-na,M

    xico:Flacso,2006,p.137-178.

  • 78I

    Direiloem

    DebateI

    D/-OgoCCU!/nho

    vmsendo,desde

    0ponto

    devistajuridico,construidas

    eoperadas

    taisinovagoes?

    Recentemente,uma

    hipotesede

    trabalhopara

    aspesquisasnocam-

    podasrelagoesentre

    direitoedesenvolvim

    entofoiform

    ulada.Elacogi-

    tariada

    existnciade

    umdireito

    deum

    Estadoneodesenvolvim

    entis-ta",ao

    mesmotem

    poem

    quelancaria

    umdesao

    depesquisa

    empirica.

    Observe

    DavidM

    .'IYubel

  • 80

    Direitoem

    DebateI

    D/ogoFfCouf/hho

    terica,em

    pirica,descritiva

    enorm

    ativafacilm

    entese

    confundeme

    imbricam

    ,im

    pondodesafios

    adelim

    itaqaode

    pesquisasaplicadas,

    bemcom

    oa

    extracaode

    conclusoese,no

    limite,

    aidentificacao

    desolugoes

    juridicasque

    possamserreplicadas

    outestadas

    emdiferen-

    tescontextos

    dedesenvolvim

    ento.M

    aisdo

    quebuscarou

    denircausalidades,nesteartigo

    buscoiden-

    tificarinfernciasdefensaveis,baseadasno

    quepode

    serobsezvadoem

    umcerto

    universo

    localizadosetorialm

    ente,notem

    poeno

    espago

    depoliticas

    dedesenvolvim

    ento.Em

    aispara

    entender0que

    odireitofaz

    doque

    paraentender0

    queele

    21,procuro,enfim

    ,indutivae

    empirica-

    mente,descreverum

    casobrasileiro

    quepossa

    oferecerelementos

    eal-

    guma

    contribuicaopara

    0bem

    -vindodebate

    sobreos

    papiscontem

    po-raneos

    dodireito

    nodesenvolvim

    ento.M

    aisespecicam

    ente,0objetivo

    nesteartigo

    seridenticaralgunspa-pisdesem

    penhadospelodireito

    (epelosjuristas)no

    PBF.Semnecessaria-

    mente

    procurardemonstrarque

    elerepresenta

    umtipo

    depolitica

    socialpropria

    deum

    Estadoneodesenvolvim

    entista,analisareiseusatributos

    juridicosprincipalse,sobretudo,procurareidescrever0modocomoodirei-to

    publicoo

    programa,oferece-lheuma

    sriede

    instrumentosde

    imple-mentacao

    eoestruturadesdeumaperspectivainstitucional.

    Paratanto,como

    exerciciode

    contextualizacao,0artigo

    apresenta,inicialm

    ente,umpanoram

    adas

    politicassociais

    brasileirasdas

    filtimas

    dcadas.Evidentem

    ente,essa

    reconstituicaonao

    pretendecapturar

    todaacom

    plexidadehistorica

    dessaspoliticas.Aperiodizacao

    resumida

    serviraapenaspara

    exibirapenasos

    tragosmais

    visiveisda

    construcaopaulatina

    doEstadodeBem

    -EstarSocialbrasiieiroe,tambm,comoum

    exercicioprelim

    inardeidenticacao

    dospapis

    deque

    seocupou

    oar-

    caboucojuridico

    dedireito

    piibliconesse

    processo.Nemtodas

    asleis

    em

    arcosjuridicosim

    portantesde

    cadaperiodo

    seraoreferidos,portanto.

    Emespecial,0

    periodopos-1988

    (anoem

    que0

    paisprom

    ulgousua

    novaConstituigao

    Federaldepoisde

    duasdcadas

    deditadura

    militar)

    2VerJohn

    K.Ohnesorge,Developingdevelopm

    enttheory:lawand

    deveopment

    ortodoxiesandthe

    northeastasianexperience,28U

    niversityofPennsylvania

    JournalofInternationalLaw2,2007,p.226.Ohnesorge

    alirma,com

    referen-ciasaproposta

    metodologica

    deAlice

    Amsden,que

    uma

    boaform

    ade

    produzirum

    acontribuicao

    teoricapara

    odebate

    dedireito

    edesenvolvimento

    ,induti~vam

    ente,estudarexemplos

    historicosrecentes

    desucessos

    efracassos

    econo-micos,delesextraindo

    inferenciasdefensaveis

    lastreadasnoque

    podeserob-

    servadodo

    funcionamento

    dodireito

    nessesepisodios.Talabordagemseoporia

    aconstrucaodemodelo

    baseadoemhipotesesabstratasvoltadasparaexplicar

    teoricamenteoprocessodedesenvolvimentoouaconstnicodaspoliticasaeleassociadas.

    2David

    'Irubek,Where

    theaction

    is:criticallegalstudiesand

    empiricism

    ,1984,36

    StanfordLaw

    Review,p.587.

    Od/re/ionaspo//2/cassoc/a/'5bras//e/ras

    umestudo

    V

    sobre0

    Programa

    Bo/saFam

    ///aD"@

    'tEmDebate

    81

    seradescrito

    como0

    iniciode

    umprocesso

    dealargam

    entode

    direitossociais

    noBrasil.A

    partirdanova

    Constittuqao,umm

    odelode

    assistn-cia

    socialnovo

    inaugurado,umsistem

    ade

    saiideunicado

    naciona1-m

    enteinstituido

    easprimeiras

    transfernciasde

    rendacondicionadas

    comfoco

    nosmaispobres,criancas,idosos

    edecientessaoim

    plemen-

    tadas.Naparteseguinte,algumas

    caracteristicasdo

    PBFque

    considerorelevantescom

    oconstrucoesjuridico-institucionaisserao

    discutidasporm

    eiode

    categoriasde

    analiseantesapresentadas.

    2.Apolitica

    socialnoBrasilentre

    1930e

    1988:clientelism

    o,regressividade,centralizagaoe

    fragmentagao

    Comosintetizam

    BirdsalleSzekely,a

    America

    Latina,como

    regiaomais

    desigualdom

    undo,estaenredada

    emum

    ciclovicioso

    noqualo

    baixocrescim

    entocontribuiparaapersistnciadapobreza,especia.lmen-

    tedada

    aelevadadesigualdade,aomesmo

    tempo

    queniveis

    elevadosdepobrezaedesigualdade

    contribuemparaque

    ocrescimento

    sejabaixo"22.Politicas

    sociais-

    sobretudoarranjos

    previdenciarioscontributivos

    voltadosparatrabalhadoresform

    ais-tm

    sidoimplem

    entadasnaAmeri-

    caLatina

    desdeque

    asestratgiasnacionais

    dedesenvolvim

    entobasea-

    dasnasubstituiqaodeim

    portacoespassaramatentaralterarestrutural-

    mente

    economiasprim

    ordialmente

    agrarias,transform

    anclo-asem

    sociedadesindustriais

    dotadasde

    algumasinstituicoes

    debem-estar.

    Essaspoliticas,contudo,nao

    impediram

    ,comoregra

    geral,quena

    re-giao

    taisarranjos

    servissernaos

    interessesdas

    elitespoliticas,bene-

    ciassemsobretudo

    cidadaosurbanosja

    incorporadosao

    mundo

    dotra-

    bal.hoe

    aprofundassemo

    dualismo

    queopoe

    asdim

    ensoesurbana

    erural,m

    odemaearcaica,form

    aleinformal.Alm

    dainclustrializacao,naAm

    ericaLatina

    oprocesso

    desubstituicao

    deim

    portacoesproduziu

    22N.Birdsalle

    M.Szekely,Bootstraps,notband-aids:poverty,equityand

    socialpolicy,24

    Cem

    erforGlobalDevelopm

    entWorking

    Paper,p.4.Essadescricaorem

    eteA

    ideiade

    armadilha

    dadesigualclade,cunhada

    porVijayendraRao.

    Emum

    asituacao

    emque

    sevezitica

    uma

    armadilha

    declesigualdade

    ospobres

    saopobresporqueosricossaoricos",explicaRao.lrata-se

    cleumciclo

    viciosopelo

    qualadesigualdadese

    perpetuaperversam

    enteou,com

    oexplica

    FrancoisBourguignon,um

    asituacao

    emque

    todaadistribuicao

    estavelporque

    asva-rias

    dimensoes

    dadesigualdade

    (ernriqueza,podere

    statussocial)interagem

    paraprotegerosricosdamobilidadeparabaixo',eimpedemospobresdesubi-

    rem.VerV.Rao,On"inequalitytraps"anddevelopmentpolicy,2006;Develop-

    mentOutreach,February,eF.Bourguignon,F.Ferreira

    eM.W

    alton,Equity,efficiencyand

    inequalitytraps:aresearchagenda,2007,5JournalofEcono-m

    icInequality,p.235-256.

    80

    Direitoem

    DebateI

    D/ogoFfCouf/hho

    terica,em

    pirica,descritiva

    enorm

    ativafacilm

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    bemcom

    oa

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    conclusoese,no

    limite,

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    possamserreplicadas

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    ento.M

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    mente,descreverum

    casobrasileiro

    quepossa

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    -vindodebate

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    papiscontem

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    dodireito

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    ento.M

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    nesteartigo

    seridenticaralgunspa-pisdesem

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    (epelosjuristas)no

    PBF.Semnecessaria-

    mente

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    elerepresenta

    umtipo

    depolitica

    socialpropria

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    Estadoneodesenvolvim

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    juridicosprincipalse,sobretudo,procurareidescrever0modocomoodirei-to

    publicoo

    programa,oferece-lheuma

    sriede

    instrumentosde

    imple-mentacao

    eoestruturadesdeumaperspectivainstitucional.

    Paratanto,como

    exerciciode

    contextualizacao,0artigo

    apresenta,inicialm

    ente,umpanoram

    adas

    politicassociais

    brasileirasdas

    filtimas

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    reconstituicaonao

    pretendecapturar

    todaacom

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    dessaspoliticas.Aperiodizacao

    resumida

    serviraapenaspara

    exibirapenasos

    tragosmais

    visiveisda

    construcaopaulatina

    doEstadodeBem

    -EstarSocialbrasiieiroe,tambm,comoum

    exercicioprelim

    inardeidenticacao

    dospapis

    deque

    seocupou

    oar-

    caboucojuridico

    dedireito

    piibliconesse

    processo.Nemtodas

    asleis

    em

    arcosjuridicosim

    portantesde

    cadaperiodo

    seraoreferidos,portanto.

    Emespecial,0

    periodopos-1988

    (anoem

    que0

    paisprom

    ulgousua

    novaConstituigao

    Federaldepoisde

    duasdcadas

    deditadura

    militar)

    2VerJohn

    K.Ohnesorge,Developingdevelopm

    enttheory:lawand

    deveopment

    ortodoxiesandthe

    northeastasianexperience,28U

    niversityofPennsylvania

    JournalofInternationalLaw2,2007,p.226.Ohnesorge

    alirma,com

    referen-ciasaproposta

    metodologica

    deAlice

    Amsden,que

    uma

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    ade

    produzirum

    acontribuicao

    teoricapara

    odebate

    dedireito

    edesenvolvimento

    ,induti~vam

    ente,estudarexemplos

    historicosrecentes

    desucessos

    efracassos

    econo-micos,delesextraindo

    inferenciasdefensaveis

    lastreadasnoque

    podeserob-

    servadodo

    funcionamento

    dodireito

    nessesepisodios.Talabordagemseoporia

    aconstrucaodemodelo

    baseadoemhipotesesabstratasvoltadasparaexplicar

    teoricamenteoprocessodedesenvolvimentoouaconstnicodaspoliticasaeleassociadas.

    2David

    'Irubek,Where

    theaction

    is:criticallegalstudiesand

    empiricism

    ,1984,36

    StanfordLaw

    Review,p.587.

    Od/re/ionaspo//2/cassoc/a/'5bras//e/ras

    umestudo

    V

    sobre0

    Programa

    Bo/saFam

    ///aD"@

    'tEmDebate

    81

    seradescrito

    como0

    iniciode

    umprocesso

    dealargam

    entode

    direitossociais

    noBrasil.A

    partirdanova

    Constittuqao,umm

    odelode

    assistn-cia

    socialnovo

    inaugurado,umsistem

    ade

    saiideunicado

    naciona1-m

    enteinstituido

    easprimeiras

    transfernciasde

    rendacondicionadas

    comfoco

    nosmaispobres,criancas,idosos

    edecientessaoim

    plemen-

    tadas.Naparteseguinte,algumas

    caracteristicasdo

    PBFque

    considerorelevantescom

    oconstrucoesjuridico-institucionaisserao

    discutidasporm

    eiode

    categoriasde

    analiseantesapresentadas.

    2.Apolitica

    socialnoBrasilentre

    1930e

    1988:clientelism

    o,regressividade,centralizagaoe

    fragmentagao

    Comosintetizam

    BirdsalleSzekely,a

    America

    Latina,como

    regiaomais

    desigualdom

    undo,estaenredada

    emum

    ciclovicioso

    noqualo

    baixocrescim

    entocontribuiparaapersistnciadapobreza,especia.lmen-

    tedada

    aelevadadesigualdade,aomesmo

    tempo

    queniveis

    elevadosdepobrezaedesigualdade

    contribuemparaque

    ocrescimento

    sejabaixo"22.Politicas

    sociais-

    sobretudoarranjos

    previdenciarioscontributivos

    voltadosparatrabalhadoresform

    ais-tm

    sidoimplem

    entadasnaAmeri-

    caLatina

    desdeque

    asestratgiasnacionais

    dedesenvolvim

    entobasea-

    dasnasubstituiqaodeim

    portacoespassaramatentaralterarestrutural-

    mente

    economiasprim

    ordialmente

    agrarias,transform

    anclo-asem

    sociedadesindustriais

    dotadasde

    algumasinstituicoes

    debem-estar.

    Essaspoliticas,contudo,nao

    impediram

    ,comoregra

    geral,quena

    re-giao

    taisarranjos

    servissernaos

    interessesdas

    elitespoliticas,bene-

    ciassemsobretudo

    cidadaosurbanosja

    incorporadosao

    mundo

    dotra-

    bal.hoe

    aprofundassemo

    dualismo

    queopoe

    asdim

    ensoesurbana

    erural,m

    odemaearcaica,form

    aleinformal.Alm

    dainclustrializacao,naAm

    ericaLatina

    oprocesso

    desubstituicao

    deim

    portacoesproduziu

    22N.Birdsalle

    M.Szekely,Bootstraps,notband-aids:poverty,equityand

    socialpolicy,24

    Cem

    erforGlobalDevelopm

    entWorking

    Paper,p.4.Essadescricaorem

    eteA

    ideiade

    armadilha

    dadesigualclade,cunhada

    porVijayendraRao.

    Emum

    asituacao

    emque

    sevezitica

    uma

    armadilha

    declesigualdade

    ospobres

    saopobresporqueosricossaoricos",explicaRao.lrata-se

    cleumciclo

    viciosopelo

    qualadesigualdadese

    perpetuaperversam

    enteou,com

    oexplica

    FrancoisBourguignon,um

    asituacao

    emque

    todaadistribuicao

    estavelporque

    asva-rias

    dimensoes

    dadesigualdade

    (ernriqueza,podere

    statussocial)interagem

    paraprotegerosricosdamobilidadeparabaixo',eimpedemospobresdesubi-

    rem.VerV.Rao,On"inequalitytraps"anddevelopmentpolicy,2006;Develop-

    mentOutreach,February,eF.Bourguignon,F.Ferreira

    eM.W

    alton,Equity,efficiencyand

    inequalitytraps:aresearchagenda,2007,5JournalofEcono-m

    icInequality,p.235-256.

  • 82|

    Direitoem

    DebateD/ogoll?

    C-Duh-nho

    efeitosconcentradores

    derenda

    eafetou

    negativamente

    osincentivos

    paraque

    osgovernos,empresas

    etrabalhadoresinvestissem

    mais

    inten-sam

    enteem

    educacao.Porisso,praticamente

    falando,adesigualdade

    hereditaria

    naregiaoZ.

    2.1.Operfodo

    1930-1964No

    Brasil,0ponto

    departida

    paraa

    estruturacaode

    umsistem

    ana-

    cionalmente

    articuladoe

    estatalmente

    reguladode

    protecaosocial

    0ano

    de1930,quando

    0pais

    iniciasua

    trajetoriade

    industrializaqao,ur-banizacao

    econstrucao

    deum

    atecnocracia

    estatal25.Comaascensao

    deG

    etulioVargas

    aopoder,tem

    inicio,noplano

    social,aimplantacao

    deum

    modelo

    deEstado

    essencialm

    entecorporativista

    e

    deum

    aestrutura

    populistade

    organizacaoe

    regulacodas

    relacoesde

    trabalhoe

    depre-

    vidnciasocial,sobretudo

    paraas

    camadas

    urbanasz.Em

    1931

    criadono

    Brasil0M

    inistriodo

    Trabalho,queconsolidou

    asCaixas

    deAposentadoria

    ePensoes

    (criadasem

    1923),dandoorigem

    aoscham

    adosInstitutos

    deAposentadorias

    ePensoes

    (lAPs),cadaqual

    voltadopara

    uma

    corporacaoou

    categoriaprossional".

    PeloDecreto

    n.19.770,de

    1931,foipromulgada

    acham

    adaLeide

    Sindicalizacao,destinadaa

    regulamentaros

    djreitosde

    todasas

    classespatronais

    eoperarias-napratica,elasedestinavaatransfomiarossi.ndi-

    catosem

    orgaosde

    colaboracaodo

    Estado?Essanova

    legislacaoado-

    touo

    principioda

    unidadesindical,pelo

    qualapenasum

    sindicatopor

    categoriaprossionalera

    reconhecidopelo

    governo.Asindicalizacao

    naoera

    obrigatoria,mas

    aleiestabeleciaque

    apenasasagrem

    iacoesreconhe-cidas

    pelopoderpblico

    poderiamserbeneciadas

    pelalegislacao

    social,sendo

    doM

    inistriodo

    Trabalhoa

    incumbncia

    desupervisionar

    os

    2Stephen

    HaggardeRobertR.Kaufm

    an,Development,dem

    ocracy,andwelfa-

    restates,Princeton

    UniversityPress,2008,p.9.

    2PNUD

    (Programa

    dasNacoesUnidaspara0Desenvolvimento).Actuarsobre

    elfuturo:rom

    perlatransm

    isionintergeneracionalde

    ladesigualdad,2010,Infor-

    meRegionalsobre

    DesarrolloHum

    anopara

    Amrica

    Latinay

    elCaribe.25

    S.M.Draibe,Welfare

    Stateno

    Brasil:caracteristicaseperspectivas,p.19.

    2Para

    u.madiscussao

    sobrea

    legislacaosocialrelativa

    aostrabalhadores

    ruraisnesseperiodo,verM

    arcusDezemone,Legislaqaosocialeapropriagao

    ca.mp0ne-sa:Vargaseosm

    ovimentos

    rurais,2008,21EstudosHistricos,42.

    2'Em

    fevereirode

    1938,foicriado0

    Institutode

    Previdnciae

    Assistnciaaos

    Servidoresdo

    Estado(Ipase)

    e,apos1945,os

    lnstitutosde

    Aposentadoriae

    Pensoesexpandiramsuasareasde

    atuacao.Ver0dossido

    Centrode

    Pesquisae

    Documentacio

    deHistoria

    Contemporanea

    doBrasil(CPDOC),A

    EraVar-

    gas:dosanos

    20a

    1945.Disponivelem:.Acesso

    em:9de

    set.2010.2

    Conforme

    0dossiA

    EraVargas:dos

    anos20a

    1945.

    1I3FI

    Od/re/tonaspo//ticassoc/a/5

    bras/'/r_=/ras.urnestudo

    vsobre

    oProgram

    aBolsa

    Farm//aD"E'tem

    Debate83

    sindicatos.Essanormajuridicaprocurava,em

    outraspalavras,criarmeiospara

    tomar

    om

    ovimento

    sindicalcooptado,dependente

    doEstado,

    aodeterm

    inarquemteria

    legitimidade

    paraencam

    inhardemandas.

    Paraviabilizaressem

    odelode

    sindicalismo,0governo

    fazpassaruma

    sriede

    novasleis

    trabalhistase

    previdenciarias.Nosanos

    seguintesfo-

    ramadotadas

    iniciativaslegislativas

    enorm

    ativasno

    sentidode

    regula-m

    entarasrelacoesde

    trabalhono

    pais.Entreasm

    aisim

    portantes,anovaLeide

    Frias,0Codigo

    deM

    enores,aregulam

    entagaodo

    trabalhofem

    i-nino

    eo

    estabelecimento

    deconvencoes

    coletivasde

    trabalho.Jadurante

    0EstadoNovo3osalario

    minim

    ofoiregulam

    entadono

    Bra-sil(1938)

    eum

    anova

    organizacaosindical,

    aindam

    aiscentralizada,foi

    detalhadapelo

    Decreton.1.402,de

    1939.Foiassimestruturada,porm

    eioda

    reuniaode

    normasja

    existentese

    emvigor,a

    Consolidacaodas

    Leisdo

    Trabalho(CLT),editada

    em1943.At

    hojea

    CLTregula

    asrelacoes

    detrabalho

    nopais,norrnatizando

    aspectoscom

    oidenticacao

    prossionaldo

    trabalhador,duracaodo

    trabalho,salariom

    inimo,frias,seguranca

    econdigoes

    detrabalho,trabalho

    damulheredo

    menor,contratos

    detraba-

    lho,organizacaoe

    contribuicaosindical,ajustica

    doprocesso

    trabalhista.Em

    1938

    criadoporVargas

    0Conselho

    NacionaldeServigo

    Social(CNSS).Form

    adoporfiguras

    ilustresda

    sociedadeculturale

    daelite

    brasileira,oCNSS

    eraum

    orgaoconsultivo

    cujaatuacao,m

    arcadapor

    relacoesclientelistas

    nasquais

    osdireitos

    sociais"eram

    ,napratica,

    tratadoscom

    olantropia

    ebenem

    erncia.Em1942

    criada

    aLegiao

    Brasileirade

    Assistncia(LBA),

    orgaobrasileiro

    fundadopela

    entaoprim

    eira-dama

    DarcyVargas

    ea

    partirdaipresidido,at

    suaextincao

    em1995,pelas

    esposasdospresidentes

    daRepublica

    brasileiros.ALBA

    que,arigor,foium

    ainstituicao

    decaridade,direcionou

    suaacao

    asfa-

    mflias

    dagrande

    massa

    naoprevidenciaria

    combase

    empreceitos

    mo-

    raise

    deboa

    vontade.As

    inovacoesjuridico-institucionais

    iniciadasna

    dcadade

    1930se

    estendem,at

    1964,quandocom

    ecaum

    novociclo,para

    oscam

    posda

    sade,educacaoe,em

    menorintensidade,habitaqao

    em

    oradia.Odiag-

    nosticosinttico

    dessepri.m

    eiropen'odo

    (1930-1964),naperiodizacao

    deD

    raibe,de

    quea

    politicasocialsegue

    umpadrao

    deincorporacao

    seletiva,heterogneae

    fragmentada,um

    avez

    quea

    expansaoe

    acober-

    turasociais

    naose

    daode

    forma

    plenae

    simultanea

    emrelacao

    atodas

    asareasa

    quese

    aplicam,em

    relacaoaosgrupos

    sociaisque

    beneciame

    emrelagio

    aosm

    ecanismos

    defnanciam

    entocom

    quecontavam

    .

    2Ainda

    conforme

    0dossiA

    EraVargas:dosanos

    20a

    1945.3

    Periododitatorial(1937-1945)no

    qualVargasgovernou

    0pais

    soba

    gidede

    uma

    novaConstituicao,autoritaria

    ecentralizadora,outorgadaporele

    proprio.3

    S.M.Draibe,Welfare

    Stateno

    Brasil:caracteristicaseperspectivas,p.20.

    82|

    Direitoem

    DebateD/ogoll?

    C-Duh-nho

    efeitosconcentradores

    derenda

    eafetou

    negativamente

    osincentivos

    paraque

    osgovernos,empresas

    etrabalhadoresinvestissem

    mais

    inten-sam

    enteem

    educacao.Porisso,praticamente

    falando,adesigualdade

    hereditaria

    naregiaoZ.

    2.1.Operfodo

    1930-1964No

    Brasil,0ponto

    departida

    paraa

    estruturacaode

    umsistem

    ana-

    cionalmente

    articuladoe

    estatalmente

    reguladode

    protecaosocial

    0ano

    de1930,quando

    0pais

    iniciasua

    trajetoriade

    industrializaqao,ur-banizacao

    econstrucao

    deum

    atecnocracia

    estatal25.Comaascensao

    deG

    etulioVargas

    aopoder,tem

    inicio,noplano

    social,aimplantacao

    deum

    modelo

    deEstado

    essencialm

    entecorporativista

    e

    deum

    aestrutura

    populistade

    organizacaoe

    regulacodas

    relacoesde

    trabalhoe

    depre-

    vidnciasocial,sobretudo

    paraas

    camadas

    urbanasz.Em

    1931

    criadono

    Brasil0M

    inistriodo

    Trabalho,queconsolidou

    asCaixas

    deAposentadoria

    ePensoes

    (criadasem

    1923),dandoorigem

    aoscham

    adosInstitutos

    deAposentadorias

    ePensoes

    (lAPs),cadaqual

    voltadopara

    uma

    corporacaoou

    categoriaprossional".

    PeloDecreto

    n.19.770,de

    1931,foipromulgada

    acham

    adaLeide

    Sindicalizacao,destinadaa

    regulamentaros

    djreitosde

    todasas

    classespatronais

    eoperarias-napratica,elasedestinavaatransfomiarossi.ndi-

    catosem

    orgaosde

    colaboracaodo

    Estado?Essanova

    legislacaoado-

    touo

    principioda

    unidadesindical,pelo

    qualapenasum

    sindicatopor

    categoriaprossionalera

    reconhecidopelo

    governo.Asindicalizacao

    naoera

    obrigatoria,mas

    aleiestabeleciaque

    apenasasagrem

    iacoesreconhe-cidas

    pelopoderpblico

    poderiamserbeneciadas

    pelalegislacao

    social,sendo

    doM

    inistriodo

    Trabalhoa

    incumbncia

    desupervisionar

    os

    2Stephen

    HaggardeRobertR.Kaufm

    an,Development,dem

    ocracy,andwelfa-

    restates,Princeton

    UniversityPress,2008,p.9.

    2PNUD

    (Programa

    dasNacoesUnidaspara0Desenvolvimento).Actuarsobre

    elfuturo:rom

    perlatransm

    isionintergeneracionalde

    ladesigualdad,2010,Infor-

    meRegionalsobre

    DesarrolloHum

    anopara

    Amrica

    Latinay

    elCaribe.25

    S.M.Draibe,Welfare

    Stateno

    Brasil:caracteristicaseperspectivas,p.19.

    2Para

    u.madiscussao

    sobrea

    legislacaosocialrelativa

    aostrabalhadores

    ruraisnesseperiodo,verM

    arcusDezemone,Legislaqaosocialeapropriagao

    ca.mp0ne-sa:Vargaseosm

    ovimentos

    rurais,2008,21EstudosHistricos,42.

    2'Em

    fevereirode

    1938,foicriado0

    Institutode

    Previdnciae

    Assistnciaaos

    Servidoresdo

    Estado(Ipase)

    e,apos1945,os

    lnstitutosde

    Aposentadoriae

    Pensoesexpandiramsuasareasde

    atuacao.Ver0dossido

    Centrode

    Pesquisae

    Documentacio

    deHistoria

    Contemporanea

    doBrasil(CPDOC),A

    EraVar-

    gas:dosanos

    20a

    1945.Disponivelem:.Acesso

    em:9de

    set.2010.2

    Conforme

    0dossiA

    EraVargas:dos

    anos20a

    1945.

    1I3FI

    Od/re/tonaspo//ticassoc/a/5

    bras/'/r_=/ras.urnestudo

    vsobre

    oProgram

    aBolsa

    Farm//aD"E'tem

    Debate83

    sindicatos.Essanormajuridicaprocurava,em

    outraspalavras,criarmeiospara

    tomar

    om

    ovimento

    sindicalcooptado,dependente

    doEstado,

    aodeterm

    inarquemteria

    legitimidade

    paraencam

    inhardemandas.

    Paraviabilizaressem

    odelode

    sindicalismo,0governo

    fazpassaruma

    sriede

    novasleis

    trabalhistase

    previdenciarias.Nosanos

    seguintesfo-

    ramadotadas

    iniciativaslegislativas

    enorm

    ativasno

    sentidode

    regula-m

    entarasrelacoesde

    trabalhono

    pais.Entreasm

    aisim

    portantes,anovaLeide

    Frias,0Codigo

    deM

    enores,aregulam

    entagaodo

    trabalhofem

    i-nino

    eo

    estabelecimento

    deconvencoes

    coletivasde

    trabalho.Jadurante

    0EstadoNovo3osalario

    minim

    ofoiregulam

    entadono

    Bra-sil(1938)

    eum

    anova

    organizacaosindical,

    aindam

    aiscentralizada,foi

    detalhadapelo

    Decreton.1.402,de

    1939.Foiassimestruturada,porm

    eioda

    reuniaode

    normasja

    existentese

    emvigor,a

    Consolidacaodas

    Leisdo

    Trabalho(CLT),editada

    em1943.At

    hojea

    CLTregula

    asrelacoes

    detrabalho

    nopais,norrnatizando

    aspectoscom

    oidenticacao

    prossionaldo

    trabalhador,duracaodo

    trabalho,salariom

    inimo,frias,seguranca

    econdigoes

    detrabalho,trabalho

    damulheredo

    menor,contratos

    detraba-

    lho,organizacaoe

    contribuicaosindical,ajustica

    doprocesso

    trabalhista.Em

    1938

    criadoporVargas

    0Conselho

    NacionaldeServigo

    Social(CNSS).Form

    adoporfiguras

    ilustresda

    sociedadeculturale

    daelite

    brasileira,oCNSS

    eraum

    orgaoconsultivo

    cujaatuacao,m

    arcadapor

    relacoesclientelistas

    nasquais

    osdireitos

    sociais"eram

    ,napratica,

    tratadoscom

    olantropia

    ebenem

    erncia.Em1942

    criada

    aLegiao

    Brasileirade

    Assistncia(LBA),

    orgaobrasileiro

    fundadopela

    entaoprim

    eira-dama

    DarcyVargas

    ea

    partirdaipresidido,at

    suaextincao

    em1995,pelas

    esposasdospresidentes

    daRepublica

    brasileiros.ALBA

    que,arigor,foium

    ainstituicao

    decaridade,direcionou

    suaacao

    asfa-

    mflias

    dagrande

    massa

    naoprevidenciaria

    combase

    empreceitos

    mo-

    raise

    deboa

    vontade.As

    inovacoesjuridico-institucionais

    iniciadasna

    dcadade

    1930se

    estendem,at

    1964,quandocom

    ecaum

    novociclo,para

    oscam

    posda

    sade,educacaoe,em

    menorintensidade,habitaqao

    em

    oradia.Odiag-

    nosticosinttico

    dessepri.m

    eiropen'odo

    (1930-1964),naperiodizacao

    deD

    raibe,de

    quea

    politicasocialsegue

    umpadrao

    deincorporacao

    seletiva,heterogneae

    fragmentada,um

    avez

    quea

    expansaoe

    acober-

    turasociais

    naose

    daode

    forma

    plenae

    simultanea

    emrelacao

    atodas

    asareasa

    quese

    aplicam,em

    relacaoaosgrupos

    sociaisque

    beneciame

    emrelagio

    aosm

    ecanismos

    defnanciam

    entocom

    quecontavam

    .

    2Ainda

    conforme

    0dossiA

    EraVargas:dosanos

    20a

    1945.3

    Periododitatorial(1937-1945)no

    qualVargasgovernou

    0pais

    soba

    gidede

    uma

    novaConstituicao,autoritaria

    ecentralizadora,outorgadaporele

    proprio.3

    S.M.Draibe,Welfare

    Stateno

    Brasil:caracteristicaseperspectivas,p.20.

  • 84

    Direito

    EmDEDBEE

    D/-090

    R(O

    ut./nho

    ParaJos

    LuisFiori,tratou-se

    deum

    periodono

    qualaregra

    basicaque

    organizouarelacao

    doEstado

    edoscapitais

    privadoscom

    aforcade

    trabalhofoia

    repressao,substituida

    oucom

    plementada

    intermitente-

    mente

    porvariasform

    asde

    cooptacaopopulista,sobretudo

    dostraba-

    lhadoresurbanos".Esse

    padraode

    relacionamento

    entreo

    Estado,oscapitais

    privadose

    ostrabalhadores

    assalariados,vistoem

    umcontexto

    mais

    amplo

    deestatizacao

    epolitizacao

    deconitos

    distributivos,man-

    teve-sepouco

    alteradonos

    periodosseguintes,

    apesardas

    profundastransfonnacoes

    produzidaspelo

    processode

    industrializacao.Poressarazao,Fioriutiliza

    aexpressao

    pactoconservadorpara

    caracterizaroprocesso

    dedesenvolvim

    entobrasileiro

    desdeos

    anos1930.

    Umesforco

    decom

    preensaodo

    papeldodireito

    revela,entreoutras

    coisas,quea

    legislacaosocialque

    marca

    0periodo

    Vargastem

    ,basica-m

    ente,umefeito

    altamente

    centralizador,nonivelfederal(em

    prejuizode

    arranjoslocais

    ouregionais),das

    acoesgovernamentais

    que,porsuavez,tm

    reduzidacobertura.A

    producaonorm

    ativado

    periodorevela

    ainda0

    fatode

    quea

    disciplinado

    trabalhoe

    daprevidncia

    inauguram,

    deform

    am

    uitoincipiente,a

    legislacaode

    direitosepoliticas

    sociaisno

    Welfare

    Statebrasileiro.O

    utrocom

    ponentedessa

    ordemjuridica

    temrelacao

    diretacom

    afragm

    entacaointencionalda

    regulamentacao

    dasprofissoesz

    aobasearalegislacao

    socialemum

    avisao

    corporativistada

    sociedade,0Estado

    brasileiroterm

    inoupor,nesse

    periodo,privilegiarostrabalhadores

    urbanoscomo

    sujeitosde

    (alguns)direitos.Issosigni-

    ficaqueficam

    desdelogo

    excluidososcicladaosdesempregadosouape-nas

    informalm

    enteem

    pregados,bemcom

    oum

    agrande

    massa

    detra-

    balhadoresrurais.

    Aom

    esmo

    tempo,0

    arcaboucojuridico

    poucaon

    nenhuma

    margem

    deixavapara

    0controle

    social,mecanism

    osde

    accountabilityou

    parti-cipacao

    popular,dadoque

    oscanais

    pelosquais

    asdem

    andaspotencia.l-

    mente

    podiamalcancara

    tecnocraciaestataleram

    muito

    estreitose

    de-pendentes

    doacesso

    ascorporacoes

    prossionais.Com

    oexplica

    Draibe,diante

    dessequadro,aburocracia

    estatalcom

    seuarcabougo

    juridicosubstantivo

    eprocedim

    entaltom

    ou-se,entreos

    anos1930

    em

    eadosda

    dcadade

    1960,ocentro

    dasrelagoes

    politicas,ligandoos

    3Assim

    ,segueFiori,nao

    sose

    deniuaparticipacao

    permanente

    doEstado

    nasrelacoes

    trabalhistas,constrangendoou

    reprimindo

    aatividade

    sindical,como

    seoptou

    poruma

    industrializagaocom

    baixossalaries"ecom

    utilizaqaoexten-

    sivae

    rotativade

    uma

    mao

    deobra

    cujaqualificacao

    nuncafoiassum

    idacom

    opeca

    importante

    nodesenvolvim

    entoda

    competitividade

    microeconom

    ica".(Jos

    LuisFiori,O

    nocego

    dodesenvolvim

    entismo

    brasileiro,1994,40Novos

    EstudosCebrap,p.131).

    3S.M.Draibe,The

    nationalsocialpoliciessystem

    inBrazil:construction

    andre-

    form,2002,53

    Cadernode

    Pesquisasdo

    Nzlcleode

    Estudosde

    PoliticasP11-

    bllcasNEPP,Universidade

    EstadualdeCam

    pinas,p.20.

    /1I

    Od/re/lonaspo//'t/cassoc/a/'5

    bras/'/=/ras.urnestudo_

    _sobre

    oProgram

    a50/sa

    Farn///aD"E't5Debate

    85

    orgaosestatais

    aarena

    socialeintensificando

    adim

    ensaopolitica

    dedecisoes

    tcnicas.Sim

    ultaneamente,

    ascorporacoes

    profissionais,os

    sindicatose

    osdireitos

    trabalhistasforam

    enquadradosem

    uma

    relacaode

    dependnciae

    cooptacaoem

    relacaoao

    poderpublico.

    2.2.Operfodo

    mi/itar

    Como

    iniciodo

    periodom

    ilitarautoritariono

    Brasilem1964,organi-

    zam-se

    ossistem

    asnacionais

    publicosna

    areade

    bense

    servigossociais

    basicos,como

    sade,educacao,assistnciasocial,previdncia

    ehabita-

    gaoa.Talfatofez

    comque

    fosseinaugurada

    uma

    primeira

    tendnciaa

    universalizacaoda

    politicasocial,porm

    eiode

    programas

    dem

    assacom

    coberturarelativam

    enteam

    pla.A0m

    esmo

    tempo,ainda

    deform

    aexclu-

    dentee

    assimtrlca,o

    sistema

    passaa

    incorporartrabalhadoresrurais.

    Doponto

    devista

    daorganizacao

    juridicada

    estruturainstitucional

    federativa,verifica-segrande

    consolidacaono

    nivelfederal,acompanha-

    dada

    definicaode

    mcoes

    aserem

    desempenhadas,dos

    entesporelas

    responsaveise

    dosrecursos

    queas

    vlabilizariam.Ao

    mesm

    otem

    po,haum

    aproliferacio

    bastantefragm

    entariade

    orgaos(federais)encarrega-

    dosde

    executarpoliticasporm

    eiode

    procedimentos

    burocratizantese

    aindam

    uitopouco

    permeaveis

    aocontrole

    social.Eo

    periodoem

    que,ainda

    deform

    aregressiva

    einsuciente,aspoliticassociaisno

    Brasilseexpandem

    comoacoesfederais

    eadquiremescala.

    Durante0

    periodom

    ilitar,uma

    dasm

    aisim

    portantesiniciativas

    nocam

    podaspoliticas

    edalegislacao

    socialfoiaextensaodas

    ap0sentado-rias

    naocontributivas

    atrabalhadores

    ruraise

    seusdependentes

    porm

    eioda

    criaciodo

    Programa

    deAssistncia

    aoTrabalhadorRural(Pro-

    rural),instituidopela

    LeiComplem

    entarn.11,de1971.Esse

    programa

    previabenecios

    deaposentadoria

    porvelhice,invalidez,pensao,auxi-lio-funeral,servico

    desaude

    eservico

    socialatrabalhadores

    ruraise

    foifinanciado

    peloFunrural(Fundo

    deAssistncia

    aoTrabalhadorR

    ural),subordinado

    aoM

    inistrodo

    Trabalhoe

    PrevidnciaSocial.

    Em1974,pela

    Lei6.179,foicriadoo

    beneciodenom

    inadorenda

    mensalvitalicia,que

    erapago

    pelaprevidncia

    socialaosmaiores

    de70

    _

    3A

    descrigaodesse

    periodosegue

    acaracterizacao

    deDraibe,W

    elfareState

    noBrasil:caracteristicas

    eperspectivas,p.20es.

    35Segundo

    Haggarde

    Kaufman,0

    Funruralserviuao

    propositopolitico

    deevitar

    revoltase

    mobilizagao

    politicano

    campo

    e,dem

    odogeral,seguiu

    ospadroes

    corporativistasde

    Vargas.Almdisso,oFum

    uralteriaservido

    como

    fontede

    re-lacoes

    dedom

    inacaopolitica

    porparteda

    Arena,opartido

    clireitistaque

    repre-sentavano

    Legislativobrasileiro

    osinteressesdoregime

    militar.StephenHaggard

    eRobertR.Kaufman,Development,dem

    ocracy,andW

    elfareStates,p.103.

    84

    Direito

    EmDEDBEE

    D/-090

    R(O

    ut./nho

    ParaJos

    LuisFiori,tratou-se

    deum

    periodono

    qualaregra

    basicaque

    organizouarelacao

    doEstado

    edoscapitais

    privadoscom

    aforcade

    trabalhofoia

    repressao,substituida

    oucom

    plementada

    intermitente-

    mente

    porvariasform

    asde

    cooptacaopopulista,sobretudo

    dostraba-

    lhadoresurbanos".Esse

    padraode

    relacionamento

    entreo

    Estado,oscapitais

    privadose

    ostrabalhadores

    assalariados,vistoem

    umcontexto

    mais

    amplo

    deestatizacao

    epolitizacao

    deconitos

    distributivos,man-

    teve-sepouco

    alteradonos

    periodosseguintes,

    apesardas

    profundastransfonnacoes

    produzidaspelo

    processode

    industrializacao.Poressarazao,Fioriutiliza

    aexpressao

    pactoconservadorpara

    caracterizaroprocesso

    dedesenvolvim

    entobrasileiro

    desdeos

    anos1930.

    Umesforco

    decom

    preensaodo

    papeldodireito

    revela,entreoutras

    coisas,quea

    legislacaosocialque

    marca

    0periodo

    Vargastem

    ,basica-m

    ente,umefeito

    altamente

    centralizador,nonivelfederal(em

    prejuizode

    arranjoslocais

    ouregionais),das

    acoesgovernamentais

    que,porsuavez,tm

    reduzidacobertura.A

    producaonorm

    ativado

    periodorevela

    ainda0

    fatode

    quea

    disciplinado

    trabalhoe

    daprevidncia

    inauguram,

    deform

    am

    uitoincipiente,a

    legislacaode

    direitosepoliticas

    sociaisno

    Welfare

    Statebrasileiro.O

    utrocom

    ponentedessa

    ordemjuridica

    temrelacao

    diretacom

    afragm

    entacaointencionalda

    regulamentacao

    dasprofissoesz

    aobasearalegislacao

    socialemum

    avisao

    corporativistada

    sociedade,0Estado

    brasileiroterm

    inoupor,nesse

    periodo,privilegiarostrabalhadores

    urbanoscomo

    sujeitosde

    (alguns)direitos.Issosigni-

    ficaqueficam

    desdelogo

    excluidososcicladaosdesempregadosouape-nas

    informalm

    enteem

    pregados,bemcom

    oum

    agrande

    massa

    detra-

    balhadoresrurais.

    Aom

    esmo

    tempo,0

    arcaboucojuridico

    poucaon

    nenhuma

    margem

    deixavapara

    0controle

    social,mecanism

    osde

    accountabilityou

    parti-cipacao

    popular,dadoque

    oscanais

    pelosquais

    asdem

    andaspotencia.l-

    mente

    podiamalcancara

    tecnocraciaestataleram

    muito

    estreitose

    de-pendentes

    doacesso

    ascorporacoes

    prossionais.Com

    oexplica

    Draibe,diante

    dessequadro,aburocracia

    estatalcom

    seuarcabougo

    juridicosubstantivo

    eprocedim

    entaltom

    ou-se,entreos

    anos1930

    em

    eadosda

    dcadade

    1960,ocentro

    dasrelagoes

    politicas,ligandoos

    3Assim

    ,segueFiori,nao

    sose

    deniuaparticipacao

    permanente

    doEstado

    nasrelacoes

    trabalhistas,constrangendoou

    reprimindo

    aatividade

    sindical,como

    seoptou

    poruma

    industrializagaocom

    baixossalaries"ecom

    utilizaqaoexten-

    sivae

    rotativade

    uma

    mao

    deobra

    cujaqualificacao

    nuncafoiassum

    idacom

    opeca

    importante

    nodesenvolvim

    entoda

    competitividade

    microeconom

    ica".(Jos

    LuisFiori,O

    nocego

    dodesenvolvim

    entismo

    brasileiro,1994,40Novos

    EstudosCebrap,p.131).

    3S.M.Draibe,The

    nationalsocialpoliciessystem

    inBrazil:construction

    andre-

    form,2002,53

    Cadernode

    Pesquisasdo

    Nzlcleode

    Estudosde

    PoliticasP11-

    bllcasNEPP,Universidade

    EstadualdeCam

    pinas,p.20.

    /1I

    Od/re/lonaspo//'t/cassoc/a/'5

    bras/'/=/ras.urnestudo_

    _sobre

    oProgram

    a50/sa

    Farn///aD"E't5Debate

    85

    orgaosestatais

    aarena

    socialeintensificando

    adim

    ensaopolitica

    dedecisoes

    tcnicas.Sim

    ultaneamente,

    ascorporacoes

    profissionais,os

    sindicatose

    osdireitos

    trabalhistasforam

    enquadradosem

    uma

    relacaode

    dependnciae

    cooptacaoem

    relacaoao

    poderpublico.

    2.2.Operfodo

    mi/itar

    Como

    iniciodo

    periodom

    ilitarautoritariono

    Brasilem1964,organi-

    zam-se

    ossistem

    asnacionais

    publicosna

    areade

    bense

    servigossociais

    basicos,como

    sade,educacao,assistnciasocial,previdncia

    ehabita-

    gaoa.Talfatofez

    comque

    fosseinaugurada

    uma

    primeira

    tendnciaa

    universalizacaoda

    politicasocial,porm

    eiode

    programas

    dem

    assacom

    coberturarelativam

    enteam

    pla.A0m

    esmo

    tempo,ainda

    deform

    aexclu-

    dentee

    assimtrlca,o

    sistema

    passaa

    incorporartrabalhadoresrurais.

    Doponto

    devista

    daorganizacao

    juridicada

    estruturainstitucional

    federativa,verifica-segrande

    consolidacaono

    nivelfederal,acompanha-

    dada

    definicaode

    mcoes

    aserem

    desempenhadas,dos

    entesporelas

    responsaveise

    dosrecursos

    queas

    vlabilizariam.Ao

    mesm

    otem

    po,haum

    aproliferacio

    bastantefragm

    entariade

    orgaos(federais)encarrega-

    dosde

    executarpoliticasporm

    eiode

    procedimentos

    burocratizantese

    aindam

    uitopouco

    permeaveis

    aocontrole

    social.Eo

    periodoem

    que,ainda

    deform

    aregressiva

    einsuciente,aspoliticassociaisno

    Brasilseexpandem

    comoacoesfederais

    eadquiremescala.

    Durante0

    periodom

    ilitar,uma

    dasm

    aisim

    portantesiniciativas

    nocam

    podaspoliticas

    edalegislacao

    socialfoiaextensaodas

    ap0sentado-rias

    naocontributivas

    atrabalhadores

    ruraise

    seusdependentes

    porm

    eioda

    criaciodo

    Programa

    deAssistncia

    aoTrabalhadorRural(Pro-

    rural),instituidopela

    LeiComplem

    entarn.11,de1971.Esse

    programa

    previabenecios

    deaposentadoria

    porvelhice,invalidez,pensao,auxi-lio-funeral,servico

    desaude

    eservico

    socialatrabalhadores

    ruraise

    foifinanciado

    peloFunrural(Fundo

    deAssistncia

    aoTrabalhadorR

    ural),subordinado

    aoM

    inistrodo

    Trabalhoe

    PrevidnciaSocial.

    Em1974,pela

    Lei6.179,foicriadoo

    beneciodenom

    inadorenda

    mensalvitalicia,que

    erapago

    pelaprevidncia

    socialaosmaiores

    de70

    _

    3A

    descrigaodesse

    periodosegue

    acaracterizacao

    deDraibe,W

    elfareState

    noBrasil:caracteristicas

    eperspectivas,p.20es.

    35Segundo

    Haggarde

    Kaufman,0

    Funruralserviuao

    propositopolitico

    deevitar

    revoltase

    mobilizagao

    politicano

    campo

    e,dem

    odogeral,seguiu

    ospadroes

    corporativistasde

    Vargas.Almdisso,oFum

    uralteriaservido

    como

    fontede

    re-lacoes

    dedom

    inacaopolitica

    porparteda

    Arena,opartido

    clireitistaque

    repre-sentavano

    Legislativobrasileiro

    osinteressesdoregime

    militar.StephenHaggard

    eRobertR.Kaufman,Development,dem

    ocracy,andW

    elfareStates,p.103.

  • 86|

    Direitocm

    DebateJ

    D/agoR

    C-Ouhnho

    anosde

    idade(ou

    invalidos)quenao

    exercessematividade

    remunerada,

    naofossem

    mantidos

    porpessoas

    dequem

    dependessemobrigatoria-

    mente

    enem

    tivessemoutro

    meio

    deproversua

    subsistncia.No

    mda

    dcadade

    1970,mais

    de90%

    dapopulacao

    brasileiraha-

    viamadquirido

    alguma

    garantiaform

    aldecobertura

    socialeacessoasau-

    de,quenopaisaindahojetem

    umviscurativo

    enaopreventivo.Embora

    issotenha

    produzidoefeitos

    distributivospositivos,as

    transfernciase

    beneciosdos

    trabalhadoresrurais

    einform

    aiseram

    minim

    oscom

    para-dos

    aquelescom

    queeram

    agraciadostrabalhadoresform

    ais,mcionarios

    p1'1b1icosemilitares.No

    campo

    daeducacao,osgovem

    osm

    ilitaresclara-

    mente

    priorizaramo

    ensinouniversitario,opcao

    quecontava

    como

    apoiodas

    classesm

    aisricas

    (istoainda

    verdadeiro

    hoje).Em1980

    ataxa

    deanalfabetism

    ono

    paisera

    de12%

    ,uma

    dasmais

    altasdaAm

    ericaLatina.

    Uma

    reforma

    tributariaim

    plementada

    em1967

    federalizoupoliticas

    setoriais,reduzindoainda

    mais

    acapacidade

    eaautonom

    iados

    EstadoseM

    unicipiosem

    termos

    deprogram

    asde

    naturezasocial.Esse

    processoredeniu,explica

    Draibe,osniveisde

    interdependenciadasrelacoes

    in-tergovem

    amentais

    einterfederativas.A0

    mesm

    otem

    po,coma

    criacaode

    grandescom

    plexosoperacionais

    como

    oSistem

    aFinanceiro

    daHabi-

    tacaoe

    oCom

    plexoM

    dico-Previdenciario,multiplicou-se

    0nm

    erode

    entespublicos(autarquias,fundacoeseempresaspfiblicas)encarre-

    gadosda

    politicasocial,o

    quedinam

    izouo

    processode

    centralizacaoe

    fragmentacao

    simultaneas

    noplano

    federal.Oresultado

    dissofoiam

    o-bilizacao

    e0

    acessode

    gruposprivilegiados

    arecursos

    com

    oos

    doBanco

    NacionaldaHabitacao

    (BNH)

    como

    resultadode

    conexoesfrequentem

    enteespurias

    coma

    burocraciaestatal,nao

    sujeitasa

    qual-querform

    ade

    controlesocial.

    Apartirde

    1974,nobojo

    dollPlano

    NacionaldeDesenvolvim

    ento(PND),o

    Estadobrasileiro

    passoua

    darnovosrum

    osapolitica

    social.Ogasto

    pblicofoisignicativam

    enteaum

    entadoe

    ossetores

    debaixa

    3StephenHaggard

    eRobertR.Kaufman,Developm

    ent,democracy,and

    Welfare

    States,p.102.37

    OSistem

    aFinanceiro

    daHabitagao

    (SFH)foium

    segmento

    especializadodo

    Sistema

    FinanceiroNacional,criado

    pelaLein.4.380/64

    nocontexto

    dasrefor-

    masbancaria

    ede

    mercado

    decapitais

    pelasquais

    passouo

    Brasilnoperiodo.

    Poucodepois,a

    Lein.5.107/66criou

    oFGTS,cuja

    nalidadeera

    formarum

    areserva

    paracasos

    deaposentadoria,m

    orte,invalideze

    desemprego

    dotraba-

    lhador,emsubstituicio

    aestabilidadeno

    emprego.

    OBNH,criado

    em1964,nio

    operavadiretam

    entecom

    opiiblico.Atuava

    porinterm

    diode

    bancosprivados

    e/oupblicos,

    ede

    agentesprom

    otores,tais

    como

    ascompanhiashabitacionais

    eascompanhias

    deagua

    eesgoto.3

    S.M.Draibe,Thenationalsocialpolicies

    systemin

    Brazil:constructionand

    re-form

    ,2002,53Caderno

    dePesquisas

    doNdcleo

    deEstudos

    dePoliticas

    PU,-blicas

    -NEPP,Universidade

    EstadualdeCampinas,p.24.

    38

    1l1

    Od/re/tonasp0//Z/cassoc/a/S

    bras//6/rasum

    estudo_

    _sobre

    0Prograrna

    Bo/soFem

    ///aD

    "e'temDebate

    87

    rendapassaram

    aserpriorizados.Contudo,com

    mecanism

    osde

    contro-le

    socialinexistentes,essasmedidas,na

    pratica,alimentaram

    aspraticasde

    clientelismo

    ede

    patrimonialism

    oem

    orgaoscom

    oo

    ConselhoFede-

    raldeEducacao,

    0BNH

    e0

    InstitutoNacionalde

    AssistnciaM

    dicaPrevidenciaria

    (Inamps).

    Segimdo

    EduardoFagnani,

    0periodo

    pos-1964representa,

    funda-m

    entalmente,

    interregnono

    qualapolitica

    socialbrasileiraconsolida

    tracosestruturais

    decentralizacao

    doprocesso

    decisorio,privatizacaodo

    espacopblico,regressividade

    nonanciam

    entoe

    perdade

    seuja

    reduzidocaraterdistributivo.Inserida

    emum

    quadrode

    politicaecono-

    mica

    mais

    amplo,pautada

    pelalogica

    daexpansao

    doPIB,a

    politicaso-

    cialnaoera

    entendidacom

    oum

    sistema

    integrado,nemera

    prioritariaem

    relacoao

    objetivode

    modernizaros

    instrumentos

    degestao

    econo-m

    icae

    deam

    pliaras

    basesde

    nanciamento

    daeconom

    iae

    dosetor

    publicocom

    vistas,prioritariamente,a

    expansaoda

    infraestrutura.O

    elemento

    regressivodas

    medidas

    depolitica

    socialadotadasno

    periodom

    ilitarmostra-se

    claramente

    nopadrao

    definanciam

    entodos

    setoresde

    saneamento

    basicoe

    habitacao,nossetores

    quecom

    poem0

    nucleoprevidenciario

    (previdnciae

    assistnciasociais

    esaude)

    ena

    educacao.Oprocesso

    decisorioseguiu

    cadavezmaiscentralizado

    eao

    mesmotem

    pofragm

    entariono

    ambito

    doExecutivo,sem

    previsaode

    mecanism

    osde

    controlesocial.Nao

    haviapreocup