diogo capelo de almeida relatÓrio de final de estÁgio · 2020. 12. 10. · diogo capelo de...

110
DIOGO CAPELO DE ALMEIDA RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015 ORIENTADOR - PROFESSOR DOUTOR LUÍS MIGUEL ROSADO DA CUNHA MASSUÇA UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO Lisboa 2016 RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO DEFENDIDO EM PROVAS PÚBLICAS PARA A OBTENÇAÕ DE GRAU DE MESTRE EM TREINO DESPORTIVO NA ESPECIALIDADE DE ALTO RENDIMENTO COM O DESPACHO REITORAL ~º 252/2016 COM A SEGUINTE COMPOSIÇÃO DE JÚRI. PRESIDENTE-PROFESSOR DOUTOR JORGE DOS SANTOS PROENÇA MARTINS ARGUENTE- PROFESSOR DOUTOR LUIS FERNANDES MONTEIRO ORIENTADOR-PROFESSOR DOUTOR LUÍS MUIGUEL ROSADO DA CUNHA MASSUÇA

Upload: others

Post on 14-Feb-2021

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA

    RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO

    NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL

    “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    ORIENTADOR - PROFESSOR DOUTOR LUÍS MIGUEL ROSADO DA CUNHA MASSUÇA

    UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS

    FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO

    Lisboa

    2016

    RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO DEFENDIDO EM PROVAS

    PÚBLICAS PARA A OBTENÇAÕ DE GRAU DE MESTRE EM

    TREINO DESPORTIVO NA ESPECIALIDADE DE ALTO

    RENDIMENTO COM O DESPACHO REITORAL ~º

    252/2016 COM A SEGUINTE COMPOSIÇÃO DE JÚRI.

    PRESIDENTE-PROFESSOR DOUTOR JORGE DOS SANTOS

    PROENÇA MARTINS

    ARGUENTE- PROFESSOR DOUTOR LUIS FERNANDES

    MONTEIRO

    ORIENTADOR-PROFESSOR DOUTOR LUÍS MUIGUEL

    ROSADO DA CUNHA MASSUÇA

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 1

    Epígrafe

    “Tinha-me sido ensinado desde pequeno que as decisões sensatas provinham de uma

    cabeça fria, que as emoções e a razão, qual azeite e água, não se podiam misturar. Tinha

    crescido habituado a pensar que os mecanismos da razão existiam num compartimento

    isolado da mente onde a emoção não podia entrar. Quando pensava no cérebro por detrás

    dessa mente imaginava sistemas cerebrais distintos para a razão e para a emoção. Era bem

    essa a ideia convencional sobre a relação entre razão e emoção, em termos mentais

    neurais”. (Damásio, 2013, pp.65)

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 2

    Agradecimentos

    Quero primeiro agradecer ao Professor Luís Massuça, por ter colaborado pela minha integração

    no estágio que realizei no Clube Futebol “Os Belenenses” e, em segundo lugar, agradecer ao

    clube todas as condições que me ofereceu para a realização do meu estágio.

    Não me posso esquecer de agradecer à minha família por todo o apoio que sempre demonstrou.

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 3

    Resumo

    O presente trabalho visa a elaboração de um relatório de estágio para a conclusão final do curso

    e, a respetiva obtenção do grau de Mestre em Treino Desportivo, ministrado pela Faculdade de

    Educação Física e Desporto, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.

    Este relatório tem como objetivo analisar e refletir sobre o processo de treino conceptualizado e

    operacionalizado na equipa Futebol de Iniciados B (sub-13), do Clube de Futebol “Os

    Belenenses”, na época desportiva 2014/2015.

    A equipa competiu no Campeonato Distrital da Associação de Futebol de Lisboa. O objetivo da

    equipa passa pela subida de divisão e de formar uma equipa coesa para a próxima temporada que

    irá disputar o Campeonato Nacional de Iniciados. O objetivo de estudo passa por caracterizar a

    metodologia utilizada na operacionalização do modelo de jogo, isto é, quantificar os exercícios

    de treino.

    Relativamente aos resultados obtidos destaca-se que a equipa subiu de divisão, e quanto aos

    métodos de treino utilizados ao longo da época desportiva 2014/2015, observou-se que os

    Métodos Específicos de Preparação foram os mais utilizados (49%), seguindo-se os Métodos

    Gerais de Preparação (26%), e os Métodos Específicos de Preparação Geral (23%).

    Pode-se concluir que os exercícios que se realizaram nos treinos tinham sempre em conta o

    modelo de jogo da equipa e aprendi bastante, com a diversidade de exercícios de treino que

    realizámos.

    Palavras–Chave: futebol, Modelo de Jogo, Métodos de Treino, Jovens

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 4

    Abstract

    The present work aims to draw up a report of training course to the final conclusion of the

    course, and the respective obtaining the master's degree in Sports Training, taught by the Faculty

    of physical education and sports, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.

    This report aims to analyzed and reflect on the training process conceived and operationalized in

    the football team Started B (under-13), of the football club "Os Belenenses", in the season

    2014/2015.

    The team competed in the district Championship of the Lisbon Football Association. The goal of

    the team goes through promotion and to form a cohesive team for next season that will compete

    for the National Championship Started. The aim of study goes through the methodology used in

    the operationalization of the game model, i.e. quantify the training exercises.

    In relation to the results obtained, we highlight that the team rose from Division, and training

    methods used throughout the 2014/2015 season, it was observed that the Specific Methods of

    Preparation were the most used (49%), followed by the General Methods of Preparation (26%),

    and the Specific Methods of Preparation (23%).

    It can be concluded that the exercises that took place in practice always had in mind the game

    model of the team and I learned a lot, with the diversity of training exercises that we have had.

    Keywords: football, Game, model training methods, Young

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 5

    Lista de Abreviaturas

    AF, Associação de Futebol

    AFL, Associação de Futebol de Lisboa

    CFB, Clube de Futebol “Os Belenenses”

    GR, Guarda-Redes

    MEP, Métodos Específicos de Preparação

    MEPG, Métodos Específicos de Preparação Geral

    MGP, Métodos Gerais de Preparação

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 6

    Índice

    EPÍGRAFE…………………………………………................................… pág. 2

    AGRADECIMENTOS…………………………................................…….. pág. 3

    RESUMO…………………………………………….................................. pág. 4

    ABSTRACT………………………………………….................................. pág. 5

    LISTA DE ABREVIATURAS……………………................................… pág. 6

    ÍNDICE………………………………………….....................…...........… pág. 7

    ÍNDICE DE TABELAS................................................................................ pág. 9

    ÍNDICE DE FIGURAS……………………….............................………. pág. 10

    INTRODUÇÃO………………………………......…….......................… pág. 11

    CAPÍTULO I – Enquadramento teórico……………................................ pág. 13

    1.1. O Jogo de futebol

    1.1.1. Exercício específico de treino………………………….... pág. 13

    1.1.2. Processo defensivo…………………............................….. pág. 15

    1.1.3. Processo ofensivo….…………………............................… pág. 16

    1.1.4. Contra-ataque………………………….............................. pág. 16

    1.1.5. Ataque rápido…………………………...........................… pág. 17

    1.1.6. Ataque posicional…………………................….............… pág. 17

    1.2. Planificação

    1.2.1. Planificação conceptual………………............................… pág. 18

    1.2.2. Planificação estratégica……………............................…… pág. 19

    1.2.3. Planificação tática………………............................……… pág. 19

    1.4. O modelo de jogo

    1.4.1. Modelo de jogo regulador do processo de treino e de competição

    …………………………………………………………................ pág. 19

    1.4.2. Conceptualização do modelo de jogo……........................... pág. 21

    1.4.3. Construção e adaptação do modelo de jogo......................... pág. 21

    1.4.4. Modelo de jogo versus modelo de preparação...................... pág. 25

    CAPÍTULO II – Análise contextual………………………...............…… pág. 27

    2.1. Caracterização geral do clube……………………................. pág. 28

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 7

    2.2. Recursos materiais………………………………................. pág. 28

    2.3. Objetivos competitivos e de formação…………................… pág. 28

    2.4. Regras e normas de conduta…………………................…… pág. 28

    2.5. Regulamentos internos…………………………...............… pág. 28

    2.6. Microciclo padrão com um momento competitivo…............. pág. 29

    2.7. Equipas participantes no campeonato………………............. pág. 29

    2.8. Balanço “A Equipa” ……………………………………........ pág. 29

    2.8.1. Conceitos gerais…….……………………………..........…. pág. 29

    2.8.2. Organização defensiva……………………………..........… pág. 30

    2.8.3. Transição defensiva………………………………….......... pág. 30

    2.8.4. Organização ofensiva………………………………........... pág. 31

    2.8.5. Transição defensiva………………………………..........… pág. 32

    2.8.6. Esquemas táticos…………………………………..........… pág. 32

    2.8.7. Protocolo do dia de jogo…………………...........………… pág. 32

    2.8.8. O Plantel …………………………………………............. pág. 34

    2.8.9. Recrutamento……………………………………..........…. pág. 43

    CAPÍTULO III – Estudo dos exercícios de treino.....………………........ pág. 45

    3.1. Objetivo de estudo……………………………………......... pág. 46

    3.2. Metodologia ..……………………………………………..... pág. 46

    3.3. Análise e discussão dos resultados………………………..... pág. 47

    CAPÍTULO IV – Considerações finais………………………………...... pág. 55

    4.1 – Conclusão final…………………………………….......…… pág. 56

    4.2 – Aplicações práticas……………………………………........ pág. 56

    Referências Bibliográficas……………………………………………...... pág. 57

    ANEXOS

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 8

    Índice de Tabelas

    Tabela 1. Microciclo padrão com um momento competitivo…………… pág. 30

    Tabela 2. Caracterização dos Guarda-Redes (N=7)……………………... pág. 35

    Tabela 3. Caracterização dos Defesas Laterais (N=9)…………………... pág. 36

    Tabela 4. Caracterização dos Defesas Centrais (N=7)……………………pág. 38

    Tabela 5. Caracterização dos Médios Defensivos (N=4)…………………pág. 39

    Tabela 6. Caracterização dos Médios Centro (N=7)……………………...pág. 40

    Tabela 7. Caracterização dos Extremos (N=7)…………………………...pág. 41

    Tabela 8. Caracterização dos Avançados (N=6)……………………….....pág. 42

    Tabela 9. Atletas referenciados com qualidade para entrar no Campeonato

    Nacional.......................................................................................................pág. 44

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 9

    Índice de Figuras

    Figura 1. Resumo de métodos de treino segundo as várias dimensões…..pág. 47

    Figura 2. Percentagens relativas da dimensão horizontal………………...pág. 48

    Figura 3. Percentagens relativas da dimensão vertical…………...………pág. 48

    Figura 4. Exercícios mais utilizados (parte inicial)………...…………….pág. 49

    Figura 5. Exercícios mais utilizados (parte principal)……………………pág. 49

    Figura 6. Percentagens relativas das subdivisões dos métodos competitivos

    ......................................................................................................................pág. 50

    Figura 7. Percentagens relativas das subdivisões dos métodos setoriais…pág. 50

    Figura 8. Percentagens relativas das subdivisões dos métodos de finalização

    ......................................................................................................................pág. 51

    Figura 9. Percentagens relativas das subdivisões dos métodos gerais de

    preparação…………..……………………………………………………..pág. 52

    Figura 10. Percentagens relativas das subdivisões dos métodos de manutenção de posse de

    bola…………………..............................…………………….pág. 53

    Figura 11. Caracterização do modelo de jogo (fase defensiva)……….…pág. 54

    Figura 12. Caracterização do modelo de jogo (fase ofensiva)…................pág. 54

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 10

    Introdução

    No âmbito do mestrado em treino desportivo, foi proposta a realização de um estágio, cujo

    objetivo principal era permitir a integração do treinador–estagiário, ou seja, a integração no

    trabalho numa equipa de futebol, com todas as suas diferentes dimensões, visando a aquisição de

    competências profissionais e experiência. Neste sentido, o enquadramento de estágio foi a equipa

    de futebol, escalão de Iniciados “b”, do Clube de Futebol “Os Belenenses” (II Divisão da AFL).

    Neste documento debruçar-me-ei na totalidade sobre a realidade do CFB, tendo passado nesse

    local cerca de 8 meses da época desportiva. Deste modo, acompanhei a equipa de Iniciados “b”

    do CFB, que era liderada por BC (Treinador principal), e que integrava ainda na equipa técnica

    ML, JL (ambos como técnicos adjuntos) e JP (treinador de guarda-redes). Nesta equipa técnica

    assumi o papel de preparador físico e observador de jogo.

    Assim, o presente relatório constitui-se como uma reflexão crítica a todo o processo de estágio,

    insurgindo-se com a necessidade de compilar informação pertinente na ótica do treinador-

    estagiário, não só possa servir para melhor estruturar o conhecimento e a experiência, mas que

    também possa ser um documento frequentemente consultável durante a prática profissional.

    Destaca-se assim a importância de se executarem determinados conteúdos dos exercícios de

    treino, no sentido correto do aperfeiçoamento ou desenvolvimento do rendimento dos jogadores

    ou das equipas. Isto significa, que os exercícios de treino não são inócuos, ou seja, quando

    corretamente selecionados refletem efeitos positivos com tradução numa melhor adaptação e

    maior eficácia e eficiência comportamental dos jogadores e das equipas (Castelo, 2003).

    É evidente que a crescente complexidade estrutural do jogo de futebol exige a procura de maior

    qualidade e consistência, a existência de jogadores com elevadas capacidades de determinação,

    concentração, disciplina, rigor, inteligência e um alto potencial físico, tático-técnico e psíquico.

    Em simultâneo, exige por parte do treinador elevadas capacidades de liderança, planeamento e

    organização na busca de trabalho sólido e racional.

    Assim sendo, são também objetivos deste trabalho: (1) caracterizar os métodos e meios de treino

    de futebol ao longo da época desportiva; e (2) refletir sobre diversas temáticas relacionadas com

    o planeamento e desenvolvimento de uma época desportiva.

    Tendo em consideração a fundamentação e os objectivos enunciados, importa destacar que o

    presente documento está organizado em quatro capítulos, i.e.: (1) enquadramento teórico; (2)

    análise contextual; (3) estudo dos exercícios de treino; e (4) considerações finais.

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 11

    CAPÍTULO I – Enquadramento Teórico

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 12

    1.1. O jogo de futebol

    1.1.1. Exercício específico de treino

    Segundo Castelo (2006) os exercícios de treino descontextualizados são meios específicos de

    preparação geral dos jogadores e das equipas, que não tem em conta as diferentes realidades que

    o jogo de futebol desenvolve, promovendo o isolamento dos comportamentos técnico-táticos a

    executar comparativamente ao contexto competitivo.

    O exercício consubstancia a unidade estrutural do treino desportivo, no qual se potencia e

    maximiza as adaptações fundamentais, para a consecução de um elevado desempenho do jogador

    ou da equipa quando em confronto direto (competição). O exercício é, em última análise, a

    unidade lógica de base de programação e estruturação do treino desportivo, sendo o processo

    responsável pela elevação, manutenção e redução do rendimento do jogador ou da equipa. A

    conceção do exercício de treino, deve promover e criar condições válidas, para se (re)desenhar a

    competição no sentido de se aperfeiçoar o motor intimo de desenvolvimento do próprio jogo e,

    criar elevados níveis de motivação que suportem o interesse e o empenho dos jogadores. É

    evidente que nem todos os exercícios são iguais, nem todos provocam os mesmos efeitos (os

    exercícios de treino não são inócuos). Segundo Castelo (2003) é importante questionarmo-nos se

    todo e qualquer exercício consubstancia o melhoramento desportivo dos jogadores. Com efeito,

    (1) jogadores em formação, sob influência de exercícios mal selecionados e repetidos

    sistematicamente, irão equacionar de forma inequívoca toda a capacidade de resposta no futuro

    (i.e., na assimilação de novos e complexos conteúdos do jogo de futebol), enquanto (2) jogadores

    de alto rendimento, quando submetidos a exercícios mal selecionados, irão equacionar de forma

    inequívoca toda a sua capacidade de desenvolvimento, na estagnação e mesmo retrocesso dos

    resultados até aí conseguidos. Desta dimensão, deriva a necessidade premente de selecionar e

    organizar os exercícios de treino que respondam adequadamente às exigências de uma

    determinada situação, seja ela de aprendizagem, de aperfeiçoamento ou de desenvolvimento.

    Segundo Castelo (2006), os conteúdos dos exercícios de ensino/treino consubstanciam-se em

    dois grandes grupos: (1) específicos de preparação geral; e (2) específicos de preparação. Estas

    duas famílias de exercícios de treino fundamentam os seguintes 10 temas e objetivos:

    Descontextualizados. São assim denominados devido ao facto de na sua construção e

    aplicação, não se ter em conta as diferentes realidades situacionais que o jogo de futebol

    em si encerra.

    Manutenção da posse de bola. Estes exercícios são caracterizados pela criação de

    condições que objetivem resoluções tácticas, das diferentes situações de jogo, pelo lado

    da segurança.

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 13

    Circuito. São constituídos por um conjunto de estações metodológica e estrategicamente

    colocadas no espaço de treino e diferenciadas pela execução de ações motoras de carácter

    específico ou não.

    Lúdico-recreativos. Promovem tarefas aos jogadores de carácter lúdico-recreativas por

    forma a contribuir para o aperfeiçoamento técnico, para o fortalecimento do espírito de

    equipa e na criação de condições para minimizar as tensões que derivam de situações pré

    ou pós-competitivas.

    Finalização. Procuram potenciar a criação de contextos situacionais de carácter individual

    e coletivo propícias à finalização com elevadas probabilidades de êxito.

    Metaespecializados. São meios construídos na base dos diferentes contextos situacionais

    relativos ao jogo de futebol, especificando e potenciando as missões tácticas de certos

    jogadores.

    Padronizados. São meios construídos na base das duas vertentes fundamentais: o modelo

    de jogo estabelecido e as condições e circunstâncias em que certas situações de jogo

    normalmente se desenvolvem durante a competição.

    Sectores. Promovem condições contextuais do jogo, através dos quais se aperfeiçoa o

    trabalho de equipa, fundamentalmente no que se refere à sincronização das ações do

    guarda-redes com os jogadores pertencentes ao sector defensivo ou destes com os

    jogadores do sector médio ou destes com os jogadores do sector avançado.

    Situações fixas do jogo. São meios construídos na base das situações de bola parada,

    através das quais se estuda e treina soluções estereotipadas.

    Competitivos. São meios em tudo semelhantes à essência e natureza da competição do

    jogo de futebol, logo, são aqueles que mais se aproximam das suas condições reais.

    Segundo Castelo (2009) os Métodos Gerais de Preparação englobam todos os exercícios, nos

    quais não se inclui a utilização do móbil de jogo (bola), ou seja, os exercícios de resistência, de

    força, de velocidade e de flexibilidade.

    Os Métodos Específicos de Preparação Geral são exercícios que têm como principal objetivo

    desenvolver a relação entre o jogador e a bola criando deste modo um conteúdo específico de

    jogo. Assim, dentro deste grupo destacam-se os exercícios de: (1) aperfeiçoamento técnico; (2)

    manutenção da posse de bola; (3) circuito; e (4) lúdico-recreativos.

    Em complemento, destaca-se que a forma do exercício de treino pode ser de carácter: (1)

    Individual (os jogadores exercitam-se de forma autónoma com o intuito de cumprir as tarefas,

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 14

    que lhe foram atribuídas); (2) Grupal (os jogadores exercitam o conteúdo do exercício de treino

    em grupo); (3) sectorial (objetivam o desenvolvimento da articulação entre os diferentes sectores

    da equipa); e (4) em equipa (são os exercícios mais utilizados no futebol através das quais se

    expressam situações contextualizadas, próximas da realidade competitiva).

    É evidente, para todos os treinadores, que o aumento do número de sessões de treino por semana

    ou o número de treinos por dia, correspondem a um potencial incremento de aprendizagem,

    aperfeiçoamento ou desenvolvimento do jogador ou da equipa aproximando-a ao modelo de jogo

    adotado.

    A frequência com que se repete um exercício de treino, influência consideravelmente o nível de

    solicitação do organismo e, sobretudo a natureza das reações deste.

    1.1.2. Processo defensivo

    Segundo Castelo (2003), o processo defensivo começa antes da perda da posse de bola. Os

    jogadores que não intervenham diretamente no processo ofensivo, devem preparar mentalmente

    a ação defensiva (na procura de espaços os quais a equipa adversária possa utilizar para o

    empreendimento das ações ofensivas e de adversários que possam dar continuidade ao processo

    ofensivo da sua equipa).

    As vantagens do processo defensivo situam-se na maior simplicidade das ações técnico-táticas

    sem bola, pelo grande número de processos que permitem a recuperação de posse de bola e, por

    uma colocação concentrada dos jogadores num certo espaço de jogo, estabelecendo uma melhor

    colaboração dos jogadores. Em contrapartida a surpresa criada pelas ações ofensivas e o risco

    destas poderem resultar na concretização de golos, refletem a desvantagem do processo

    defensivo.

    Consideram-se assim três etapas fundamentais no processo defensivo: (1) o equilíbrio defensivo;

    (2) a recuperação defensiva; e (3) a defesa propriamente dita.

    Em complemento, os métodos defensivos visam uma coordenação eficaz das ações dos

    jogadores que constituem a equipa, por forma a criar as condições mais favoráveis para

    concretizar os objetivos da defesa, isto é, a recuperação da posse de bola e proteção da baliza.

    Existem quatro tipos de métodos defensivos, que são: (1) o método individual, que aplica, em

    todos os momentos do jogo, a lei do um contra um; (2) o método à zona, que aplica a lei do todos

    contra um; (3) o método misto, que sintetiza de forma global o método defensivo à zona e o

    método defensivo individual; e (4) o método zona pressionante, em que estabelece uma

    marcação rigorosa ao adversário de posse de bola, no qual o defesa deve demonstrar

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 15

    agressividade na tentativa da sua recuperação ou para obriga-lo a cometer erros no plano técnico-

    táctico.

    1.1.3. Processo ofensivo

    Como já foi oportunamente destacado, Castelo (2003) considera que o processo defensivo

    começa antes da perda da posse de bola, isto é, os jogadores que não intervenham diretamente no

    processo ofensivo, devem preparar mentalmente a ação defensiva (na procura de espaços os

    quais a equipa adversária possa utilizar para o empreendimento das ações ofensivas e de

    adversários que possam dar continuidade ao processo ofensivo da sua equipa).

    Também segundo Castelo (2003), a iniciativa e a surpresa criadas pelas ações ofensivas – o

    risco destas poderem terminar pela concretização do golo, constituem as grandes vantagens do

    ataque. Estas vantagens derivam do facto do processo ofensivo, utilizar uma maior mobilidade

    por parte dos seus jogadores, em relação às posições mais ou menos fixas e concentradas dos

    defesas. Em contrapartida, a desvantagem do processo ofensivo consta das dificuldades

    apresentadas pela execução das ações técnico-táticas específicas com bola sugerem a

    necessidade da sua proteção e conservação, contra as ações agressivas de marcação dos

    adversários.

    Destaca-se assim que os métodos de jogo ofensivo visam: (1) provocar uma contínua

    instabilidade na organização defensiva adversária; (2) aplicar um ritmo mais ou menos elevado,

    que seja incompatível com as ações coordenadas dos adversários com vista à sua

    desorganização; (3) utilizar constantes deslocamentos em largura e profundidade, por forma a

    aumentar o número de linhas de passe; e (4) direcionar as ações técnico-táticas individuais e

    coletivas para a baliza adversária ou para espaços vitais do terreno de jogo.

    1.1.4. Contra-ataque

    Segundo Castelo (2006), esta forma de organização ofensiva é caracterizada por: (1) rápida

    transição das atitudes e comportamentos técnico-táticos individuais e coletivos, da fase defensiva

    para a fase ofensiva do jogo (logo após a recuperação da posse de bola); (2) máxima cadência-

    ritmo da bola e dos jogadores; (3) simplicidade do processo ofensivo (implicando um reduzido

    número de jogadores que intervêm diretamente sobre a bola); (4) execução de respostas técnico-

    táticas em condições favoráveis em termos de tempo e espaço; e (5) requerer a aplicação de

    métodos defensivos (em que os jogadores se posicionam e se concentram muito perto da sua

    grande área).

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 16

    Parece evidente que o contra-ataque apresenta aspetos favoráveis (1, cria sucessivamente

    condições de instabilidade do processo defensivo adversário; 2, transmite à equipa adversária,

    quando eficazmente utilizado, um elevado nível de insegurança; 3, provoca em elevado desgaste

    técnico-tático, físico e principalmente psicológico aos adversários; 4, aumenta as dificuldades de

    marcação dos atacantes, pois a maioria dos deslocamentos executam-se de trás para a frente da

    linha da bola; e 5, eleva a capacidade de iniciativa, improvisação e criatividade dos jogadores) e

    desfavoráveis (1, possibilidade de se observar constantes e rápidas perdas da posse de bola; 2,

    elevado carácter individualizado das ações, pois em quase todas as situações de jogo, os

    jogadores encontram-se em igualdade ou inferioridade numérica; 3, diminui a coesão e aumenta

    a permeabilidade da organização ofensiva; 4, contribui para um rápido desgaste físico dos

    jogadores sobre quem recaem fundamentalmente a construção do ataque da equipa; e 5, impõe

    um elevado espírito de sacrifício e paciência).

    1.1.5. Ataque rápido

    Segundo Castelo (2003), o ataque rápido difere do contra-ataque por procurar assegurar as

    condições mais favoráveis para preparar a fase de finalização (antes da defesa contrária se

    organizar de forma efetiva).

    1.1.6. Ataque posicional

    Segundo Castelo (2006), esta forma de organização ofensiva é caraterizada pelos seguintes

    aspetos: (1) Eleva-se o tempo de elaboração da fase de construção do processo ofensivo; (2)

    Pressupõe-se a utilização de um grande número de jogadores e de ações técnico-táticas para

    concretizar os objetivos do ataque; (3) Impõe-se que as atitudes e os comportamentos individuais

    e coletivos dos jogadores nas situações momentâneas de jogo, são resolvidas pelo lado do

    seguro, fundamentalmente na construção do processo ofensivo; (4) Criam-se constantemente as

    condições mais favoráveis, em termos de tempo, de espaço e número, para uma simples, eficaz e

    segura resposta tática; e (5) Estabelece-se constantemente um equilíbrio dinâmico da

    organização do método ofensivo, devido à utilização de ações técnico-táticas de compensação e

    permutação.

    Os aspetos favoráveis do ataque posicional são os seguintes: (1) Possibilita que a organização

    ofensiva reflita continuamente um bloco homogéneo e compacto; (2) Diminui a possibilidade de

    se perder a posse de bola de uma forma extemporânea, ao se optar por soluções táticas pelo lado

    do seguro; (3) Estabelece que as falhas individuais possam ser prontamente corrigidas pelos

    companheiros, devido à contínua execução de ações de cobertura ofensiva, construindo-se assim,

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 17

    um elevado grau de solidariedade; e (4) Permite muitas situações de superioridade numérica no

    centro do jogo ofensivo, devido ao deslocamento de um ou mais jogadores para um certo espaço

    vital do jogo.

    Os aspetos desfavoráveis do ataque posicional são os seguintes: (1) Possibilita, devido ao tempo

    necessário para a elaboração da fase de construção do ataque, que a equipa adversária pode

    estabelecer uma organização defensiva consistente em função da evolução do processo ofensivo;

    (2) Implica por parte dos jogadores atacantes uma percepção e leitura constantes das situações de

    jogo e antecipar as ações técnico-táticas dos defesas; (3) Requer a execução constante de ações

    que visam o reequilíbrio da organização da equipa (compensações e permutações) durante a fase

    ofensiva; (4) Perspetiva a resolução tática das situações de jogo pelo lado da segurança; e (5)

    Estabelece a possibilidade, devido ao processo ofensivo desenrolar-se frequentemente em

    espaços reduzidos, que a equipa adversária se concentre nesses espaços, facilitando as ações de

    marcação e por inerência dificulte a progressão do ataque.

    Qualquer método do jogo ofensivo fundamenta-se em diferentes pressupostos que direcionam e

    potencializam os seus objetivos, e que são: (1) equilíbrio defensivo; (2) velocidade de transição;

    (3) relançamento do processo ofensivo; (4) deslocamentos em largura e profundidade; e (5)

    circulação tática.

    1.2. Planificação

    1.2.1. Planificação conceptual

    Segundo Castelo (2004) a planificação conceptual é definida pelo estabelecimento de um

    conjunto de linhas gerais e específicas, que procuram direcionar e orientar a trajetória da

    organização da equipa no futuro próximo.

    A planificação conceptual exprime-se no modelo de jogo da equipa, o qual é consubstanciado

    (1) a partir da análise organizacional da equipa, (2) pela concepção de jogo por parte do

    treinador, (3) pela definição das orientações do trabalho da equipa. Assim, o objetivo

    fundamental da planificação conceptual é o de assegurar a construção de um modelo de

    organização eficaz do jogo da equipa, melhorando a sua funcionalidade geral e especial, pelo que

    parece ser determinante (1) analisar os principais aspetos positivos e negativos da organização da

    equipa; (2) descrever o modelo organizativo da equipa (que se pretende atingir no futuro e

    determinar os objetivos da próxima época desportiva); e (3) elaborar os programas de ação

    pragmática (que consubstanciam um processo de evolução controlada da organização da equipa,

    direcionando-a para um modelo de jogo pré-determinado).

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 18

    Em suma, a planificação conceptual compreende três etapas que qualquer treinador deverá

    equacionar quando assume a liderança de uma equipa de futebol (Castelo, 2004): (1) a

    organização atual da equipa; (2) a organização que se pretende no futuro; e (3) como atingir essa

    organização. Contudo, no início de qualquer planificação conceptual, o treinador deverá analisar

    o trajeto da temporada anterior, por forma a lançar as bases do trabalho futuro da equipa.

    1.2.2. Planificação estratégica

    Segundo Castelo (2004), a planificação conceptual, definida pelo estabelecimento de um

    conjunto de linhas gerais e específicas, que procuram direcionar e orientar a trajetória da

    organização da equipa no futuro próximo, visa assegurar as modificações pontuais e temporárias

    da funcionalidade geral da equipa, (i.e., adaptar a sua expressão tática em função das condições e

    da especificidade em que a confrontação desportiva irá decorrer). Basicamente, a planificação

    estratégica pode ser dividida em oito etapas: (1) recolha de dados; (2) comparação das equipas;

    (3) elaboração do plano estratégico-tático; (4) reunião de reconhecimento da equipa adversária;

    (5) elaboração do programa de preparação para o ciclo de treino; (6) experimentação do plano

    estratégico-tático; (7) preparação da equipa nas horas que antecedem o jogo; e (8) reunião de

    análise de jogo.

    1.2.3. Planificação tática

    Segundo Castelo (2004), importa destacar que, tanto a planificação estratégica como a

    planificação tática são dirigidas para um mesmo fim, a vitória. No entanto, a estratégia por si

    própria não poderá atingir esse objetivo, estabelecendo-se o seu êxito na preparação vitoriosa da

    tática. A planificação tática é definida pela aplicação prática, isto é, pelo carácter aplicativo e

    operativo da planificação conceptual e da planificação estratégica, procurando utilizar de forma

    racional e oportuna durante o jogo as qualidades físicas, tático-técnicas e psicológicas de todos

    os jogadores que constituem a equipa. A planificação tática de uma equipa de futebol

    consubstancia a base de resolução dos problemas metodológicos, que surgem no terreno de jogo,

    sendo constituída pelo conjunto de todos os conhecimentos susceptíveis de dar uma certa direção

    às diferentes ações da equipa, relativamente à concretização dos objetivos preestabelecidos.

    1.4. Modelo de jogo

    1.4.1. Modelo de jogo regulador do processo de treino e de competição no futebol

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 19

    Segundo Teodurescu (1984) o modelo de jogo é um corpo de ideias acerca de como queremos

    que o jogo seja praticado, o qual constitui assim o “perfil” de jogo da equipa onde inclui as

    respetivas características da sua aplicação tática.

    Deste modo, o treinador, enquanto responsável máximo de todo o processo, assume a liderança

    na construção do modelo da sua equipa, elaborando os princípios que pretende ver cumpridos e

    respeitados pelos seus jogadores. Assim, o modelo de jogo, que deve ser entendido como ponto

    de referência e não como modelo a atingir em absoluto, (1) decorre um conjunto de

    constrangimentos estruturais, funcionais e regulamentares colocados pelo próprio jogo, e (2)

    reflete, do ponto de vista ofensivo e defensivo, um conjunto de comportamentos apreendidos,

    regras de ação e de gestão do jogo.

    As características do modelo de jogo mais evoluído no futebol, de acordo com Castelo (2003),

    pode assumir a seguinte forma:

    Característica geral ou capacidade de “Impor o seu jogo” (1, Ter uma atitude agressiva

    permanente; 2, Provocar e aproveitar os erros do adversário; e 3, Provocar e tirar partido

    de mudanças bruscas do ritmo de jogo);

    Características específicas:

    o Defesa, i.e., limitar a iniciativa do adversário, tentando recuperar a posse de bola

    o mais rapidamente possível (1, Participação de todos os jogadores e, logo que se

    perde a posse de bola; 2, Pressão sobre o portador da bola de acordo com o

    momento e a zona em que se processa; 3, Fechar possíveis linhas de passe,

    fundamentalmente em profundidade; 4, Apoio permanente ao defensor direto -

    cobertura defensiva; e 5, Criação de superioridade numérica nas zonas de disputa

    da bola; 6, Oscilações em função da bola tendentes a reduzir espaços de

    penetração).

    o Ataque, i.e., impor o ritmo de jogo mais conveniente, procurando o golo com

    objetividade e variedade na progressão (1, Participação de todos os jogadores,

    logo que se conquiste a posse de bola, através duma mudança brusca de atividade

    mental; 2, Fazer rapidamente a transição defesa/ataque com apoio, i.e., apoio

    permanente ao portador da bola, cobertura ofensiva, criação de linhas de passe em

    profundidade e em diferentes corredores).

    Por outro lado, é importante ter presente que no desporto em geral se tem assistido a uma

    constante acelerada evolução, fruto do desenvolvimento científico e tecnológico, evolução essa

    que ao chegar ao futebol, o tem tornado mais espetacular e eficaz.

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 20

    Assim, o modelo tem vindo a alterar-se permanentemente, constatando-se que: (1) o ritmo de

    jogo é cada vez mais rápido e alternado; (2) o jogo aéreo assume cada vez maior importância (e

    portanto é utilizado frequentemente); (3) a construção das ações ofensivas é mais simples; (4) a

    importância atribuída à eficácia da defesa tem vindo a aumentar; (5) a importância do nível dos

    coordenadores de jogo é maior; e (6) parece existir uma maior atenção no aperfeiçoamento dos

    esquemas táticos.

    1.4.2. Conceptualização do modelo de jogo

    Segundo Castelo (2008b), o modelo de organização de jogo de uma equipa de Futebol, refere-se

    ao conjunto de orientações e regras, que uma organização deve ter, constituindo-se assim, como

    o seu quadro de ação. Modelo esse que amplifica e intensifica os canais de comunicação dentro

    da equipa, já que a leitura, interpretação, decisão e resposta motora (que derivam de cada

    situação de jogo, no quadro do modelo de jogo adotado), devem ser potenciadas tanto no quadro

    de treino como na competição. Desta forma, melhora-se a comunicação entre treinador e

    jogadores, e entre os jogadores.

    No primeiro caso, e uma vez que todo o processo de preparação para a competição é realizado e

    aplicado de forma inteligível e sistemática onde o treinador deverá selecionar diferentes

    exercícios de treino em função do modelo de jogo, ajustando a dificuldade e a complexidade

    destes (relativamente aos níveis de rendimento dos jogadores, da organização dinâmica da

    equipa, da temporalidade existente entre o momento da sua aplicação e os efeitos da sua

    positivos que daí advêm), Assim, é fundamental os jogadores compreendem a necessidade da sua

    execução, como um meio para se atingir um modelo organizativo de jogo eficaz, com o intuito

    de atingir os objetivos delineados para a época desportiva;

    Por outro lado, o modelo de jogo ajuda os jogadores a melhorarem e a ampliarem as suas

    competências (independentemente do posicionamento e das tarefas táticas dentro da organização

    dinâmica da equipa). Assim, desenvolvendo as tarefas táticas a que estão adstritos, direcionam

    especificamente os seus comportamentos em função de um significado que atribuem a cada

    situação de jogo e de uma finalidade que desenvolvem durante a resposta motora realizada

    (sendo esta partilhada e compreendida de forma semelhante pelos diferentes colegas de equipa).

    Face ao exposto, o incremento comunicativo entre os jogadores, é igualmente observado ao nível

    da sincronização das ações destes, realizadas de forma simultânea ou sequencial na unidade de

    tempo, bem como, da constante criação de um leque opcional de resolução das situações de jogo.

    1.4.3. Construção e desenvolvimento do modelo de jogo

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 21

    Segundo Castelo (2008b),a construção e desenvolvimento de um modelo, não correspondem a

    um caminho contínuo e progressivo, mas sim a um conjunto de roturas entre modos sucessivos

    de explicação e interpretação do jogo.

    À medida que se vai concebendo e desenvolvendo um modelo de jogo, torna-se necessário

    recorrer à reflexão e concepção lógica (de abstração, na qual se considera em separado aquilo

    que na realidade não está). Assim, destacam-se os elementos considerados mais importantes do

    todo (de generalização, através do qual, se une os elementos específicos que se aplicam a um

    grande número de situações, ou seja, representa o que há de “uno” entre “muitos”). Sendo

    através desta análise sistemática, que se vai desconstruindo e reconstruindo o modelo, mas

    mantendo os traços que derivam de uma identidade apresentando características próprias.

    Neste sentido, é comum referir-se que o modelo de jogo se fundamenta numa interpretação e

    concepção de jogo por parte do treinador. Contudo, o treinador não é o único responsável pela

    sua construção, já que outros elementos influenciam significativamente o estabelecimento de

    uma identidade de conjunturas, rotinas, padrões e princípios, que contribuem para um quadro de

    ação específico dos jogadores e da equipa, caracterizando uma forma de jogar.

    A verdade é que, independentemente de quem idealiza, elabora ou influencia o modelo de jogo,

    este deve considerar cinco dimensões, isto é:

    o a compreensão dos diferentes elementos constituintes do jogo, o que pressupõe um

    determinado grau de inteligibilidade do jogo, que é acessível a cada momento deste, bem

    como daquilo que é realmente importante e exequível face às particularidades dos

    jogadores que constituem a equipa;

    o a organização de como todos estes elementos podem relacionar-se. Esta dimensão é

    determinada pelos diferentes graus de organização de jogo, os quais são adquiridos pelos

    jogadores e pela equipa, ao longo do processo de treino e competição. Com efeito, um

    novo estado organizativo da equipa evidenciará, de forma a subsistir, a emergência de

    novos e complexos problemas que teremos de resolver, sem os quais não é possível fazer

    evoluir o seu rendimento, nem tão pouco estabilizá-lo;

    o a direção que os elementos constituintes do jogo podem tomar de acordo como uma

    lógica, estabelecendo uma dada coerência de funcionamento que, define e banaliza a

    nossa forma de jogar, dentro de várias possíveis, oferecidas pelo contexto competitivo em

    que a equipa está inserida e pelas concepções do treinador;

    o a evolução que atende ao aparecimento de diferentes níveis de complexidade do jogo,

    sendo determinada pela necessidade permanente do aperfeiçoamento do modelo, devido à

    evolução do jogo e do seu conhecimento. Assim, em função de uma melhor compreensão

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 22

    da forma de jogar (através da análise do jogo), da velocidade de assimilação e aplicação

    do modelo de jogo por parte da equipa e de uma melhor concepção de jogo antes

    concebido;

    o a adaptação que promove a inter-relação dos distintos elementos de jogo. Esta dimensão

    deriva das capacidades e particularidades dos que estão à disposição do treinador e, por

    conseguinte, visa não só adequar o modelo aos jogadores, potenciando e valorizando as

    suas competências, mas também combiná-las numa dimensão de coesão, homogeneidade

    e funcionalidade efetiva da equipa. Quer isto dizer que, aquando da construção e

    adaptação do modelo de jogo, e de acordo com as dimensões acima referidas, importa

    compreender e explicar a complexidade do jogo, interagir com a mesma, atender à sua

    emergência e inter-relacionar todos os seus elementos constituintes.

    Segundo Castelo (2008b), analisada a época desportiva anterior, estabelecido o modelo de jogo

    da equipa, e escolhidos os jogadores que constituírem a equipa, o treinador, conjuntamente com

    os diretores do clube, determinarão qual o objetivo para a próxima época desportiva. Partindo de

    pressupostos coerentes e idóneos, é possível estabelecer objetivos que não sejam constantemente

    mudados (quer no plano positivo como negativo) no decorrer da época desportiva.

    Os presentes objetivos devem ser posteriormente transmitidos aos jogadores, para que estes: (1)

    saibam quais os níveis de expectativa e que tipo de análise o seu trabalho irá estar sujeito; e (2)

    façam coincidir os seus objetivos pessoais (como jogadores) com os objetivos coletivos da

    equipa.

    Já foi destacado que a construção de um modelo de jogo depende largamente dos objetivos a

    atingir durante a época desportiva. Contudo, em função das condições económico-financeiras do

    clube, poder-se-á estabelecer como objetivo atingir: (1) um rendimento máximo, de forma a

    conseguir todos os títulos em que a equipa está envolvida; ou (2) um rendimento máximo, em

    função das capacidades dos jogadores que temos à nossa disposição. No primeiro caso, parte-se

    de um nível de desempenho e muda-se o que for necessário para, hipoteticamente, se atingir um

    modelo de jogo competitivo e compatível com os títulos que se pretendem alcançar. Na segunda

    hipótese, parte-se das capacidades dos jogadores de que se dispõe e procura-se atingir um

    rendimento máximo. Este rendimento é fruto do “produto interno”, sendo a base para, mais tarde

    ou mais cedo, o clube pode abortar um objetivo que englobe todos os títulos desportivos em que

    está envolvido.

    Pode assim dizer-se que a construção de um modelo de jogo deve suportar-se: (1) nos

    conhecimentos evoluídos e exequíveis, bem como, da experiência acumulada por parte do

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 23

    treinador; (2) na análise cultural, dos recursos económicos e humanos do clube; (3) no

    recrutamento e da avaliação do desempenho desportivo dos jogadores e, das suas margens de

    progressão; e (4) na otimização do processo de treino, escolhendo-se criteriosamente os meios

    para a sua efetivação. Só desta forma é possível adotar um modelo de jogo consentâneo com a

    realidade, através do qual, se ajusta e se adapta às competências evidenciadas pelos jogadores e

    pela equipa na sua globalidade, bem como das características da competição em que estes estão

    envolvidos.

    Segundo Castelo (2008b), para além do desenvolvimento e aperfeiçoamento do modelo de jogo,

    as equipas deverão treinar formas alternativas de jogar, que se constituam como variantes do

    mesmo modelo, para serem aplicadas em situações e cenários competitivos particulares. Neste

    sentido, os meios de treino do modelo de jogo devem: (1) ser moldados de forma a amplificar as

    regularidades funcionalmente significativas da equipa; e (2) construir situações de jogo

    dinâmicas, que impliquem e induzam os jogadores a uma constante adequação a um contexto

    situacional sempre em mudança, quer do ponto de vista da ação de jogo, quer das circunstâncias

    do seu envolvimento (tempo, resultado, etc.). Isto significa, que uma identidade deve ser

    encarada como uma qualidade que se distingue das outras equipas (que se mantém intacta e

    integra independentemente das circunstâncias, conjunturas e contingências observadas antes,

    durante e depois da competição)

    Nesta linha, as formas alternativas de jogar só têm efeito prático na partida quando estamos

    perante situações de emergência estratégico-tática, i.e., depois de aplicado o modelo de jogo

    durante grande parte da competição. Esta súbita alteração, tem por objetivo fundamental, levar

    os adversários equivocarem-se na leitura e resolução das situações de jogo, perante uma nova

    organização da equipa contrária. Nesta dinâmica, os meios de treino, devem conter em si

    próprios a possibilidade de potenciar as rotinas, a fluidez, e a regularidade das ações individuais

    e coletivas, mas simultaneamente, devem confrontar os jogadores em responder às situações de

    desordem, desequilíbrio, instabilidade, etc., provocadas pelos obstáculos colocados pelos

    adversários.

    Estas formas alternativas de jogar devem ter um enorme impacto nos jogadores, ampliando a sua

    motivação e responsabilidade, levando-os a assumir um maior empenho, vontade, risco e

    consciência das suas decisões e das suas ações motoras (quer no plano individual - superação,

    quer no plano coletivo - sincronização). Contudo, deve-se evitar dar maior ênfase à capacidade

    individual do que ao fator organizativo da equipa. Neste âmbito, importa conceber meios para

    uma determinada forma de jogar, promovendo decisões e rotinas comportamentais, em função de

    uma certa ordem e uma organização própria mas, simultaneamente, criar condições para que os

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 24

    jogadores atendam à emergência da criatividade e a autonomia, como fatores contribuintes para

    resolução das contingências competitivas.

    1.4.4. Modelo de jogo versus Modelo de preparação

    Segundo Castelo (2008b) as concepções e características do modelo de jogo adotado, devem

    condicionar o processo de treino, para que este seja congruente com os objetivos pretendidos.

    Assim, a construção de um modelo de jogo irá tornar inteligível um fenómeno complexo,

    assegurando as referências que orientam a conceptualização dos exercícios, bem como a

    potenciação de determinadas decisões e respostas motoras.

    Partindo desta perspetiva, uma metodologia específica de treino deverá elaborar ferramentas

    operacionais, que forneçam representações contextuais e conjunturais, direcionadas para o

    modelo de jogo adoptado ou que se pretende adotar. Neste sentido, cada exercício aplicado será

    considerado específico ou não, em função do grau de semelhança ou dissemelhança com o

    modelo de jogo que se procura implementar.

    É evidente que um aspeto fundamental e característico da elaboração dos programas de ação, é a

    reprodução sistemática do modelo de jogo a atingir pela equipa no futuro, que por sua vez deve

    reproduzir a atividade competitiva na qual a equipa está inserida. Desta forma, selecionam-se

    meios, métodos, e condições de treino que exercem sobre os jogadores um estímulo eficaz, que

    dê resposta aos problemas ligados à melhoria funcional (biológica), técnica, tática e psicológica

    (quer no plano individual, quer no plano da equipa).

    Segundo Castelo (2008a) destacam-se assim, as dimensões de preparação da equipa, no plano:

    (1) sectorial (trabalho de sectores); (2) padronizado (circulações táticas ofensivas e defensivas);

    (3) meta especializado (potenciar as missões táticas de base dos jogadores); e (4) competitivo

    (aqueles que se desenvolvem sob condições muito próximas da realidade competitiva). Contudo,

    a aplicação dos diferentes temas ou conteúdos programáticos do treino, não devem ser encarados

    como uma fragmentação do jogo, mas sim, como uma lógica de continuidade: (1) estrutural

    (sistema de jogo); (2) metodológica (método do jogo ofensivo e defensivo); (3) relacional

    (princípios de jogo); (4) de procedimento (ações individuais e coletivas); e (5) estratégica

    (elaborando planos de preparação e intervenção na luta competitiva).

    Segundo Castelo (2008b), a cada modelo de jogo corresponderá, necessariamente, um modelo

    específico de preparação dos jogadores e da equipa, o qual possibilita (1) superar dificuldades

    (que derivam da organização hierárquica dos diferentes fatores e conteúdos específicos

    resultantes do modelo de jogo adotado, podendo-se assim separar o que é fundamental do que é

    acessório); (2) realizar uma análise operativa (através da procura de caráter provisional de cada

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 25

    fator ou conteúdo preponderante na estrutura do rendimento da forma de jogar, i.e., analisa-se

    assim, a parte em função do todo, sem perder a possibilidade de analisar isoladamente cada fator

    de rendimento); e (3) criar contextos situacionais com diferentes níveis de complexidade (de

    forma a conservarem-se as informações pertinentes das quais derivam as decisões, as atitudes e

    os comportamentos substanciais e significativos de uma forma de jogar, procurando-se assim,

    independentemente do nível de complexidade do exercício de treino, que este nunca desvirtue a

    sua lógica fundamental).

    A lógica da construção de um modelo de jogo é suportada, pela possibilidade imperiosa de

    modelar e otimizar as atitudes e comportamentos dos seus jogadores, adaptando-os às dinâmicas

    situacionais de jogo (i.e., disponibilizando-os para estarem ao serviço da equipa). Neste âmbito,

    é possível desenvolver atitudes nos jogadores de treinarem como se tivessem em competição e

    fomentar a superação. Isto quer dizer, que o treinador deverá procurar: (1) selecionar ambientes

    similares à competição (quer no plano das componentes, quer das condicionantes estruturais do

    exercício de treino); (2) estimular o desenvolvimento de atitudes e o aperfeiçoamento de

    comportamentos motores de qualidades físicas específicas (num clima psico-emocional similar

    ao da competição).

    Por conseguinte, as concepções as características do modelo de jogo adotado devem condicionar

    o processo de treino, para que este seja congruente com os objetivos pretendidos.

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 26

    CAPÍTULO II - Análise Contextual

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 27

    2.1. Caraterização do Clube

    O Clube de Futebol “Os Belenenses” é um clube português fundado em 23 de Setembro de 1919,

    e tem sede em Lisboa, na freguesia de Santa Maria de Belém. Entre outras conquistas, para além

    de 3 campeonatos de Portugal e 3 taças de Portugal, a vitória no Campeonato Nacional, em

    1945/46, foi o momento mais significativo da sua história.

    Durante décadas fez parte do quarteto dos “Grandes”, juntamente com F. C. Porto, S. L. Benfica

    e Sporting C. P., pois até 1982/83, estes foram os clubes que estiveram na 1ª divisão. Em 1933, o

    Clube de Futebol “Os Belenenses” era o mais “poderoso” clube de futebol em Portugal, i.e.:

    tinha 3 campeonatos de Portugal (tal como o F. C. Porto, contra 2 do S. L. Benfica, 1 do Sporting

    C. P., 1 do Olhanense F. C. e 1 do C. S. Marítimo), e era também o clube com mais jogadores

    presentes na Seleção Nacional desde o início da atividade desta. Manteve esta posição até 1935,

    e a 2ª posição até 1951. Ainda hoje é o 4º clube com mais internacionalizações, com cerca do

    dobro dos 5º e 6º (Boavista e Vitória de Setúbal).

    Em complemento, o Clube de Futebol “Os Belenenses” prima pelo ecletismo, destacando-se

    outras modalidades desportivas como o Andebol, Atletismo, Basquetebol, Natação, Rugby,

    Futsal, Triatlo e Duatlo.

    2.2. Recursos materiais

    O CFB tem à disposição os seguintes recursos: 2 campos de relva sintética; 3 balneários para

    atletas; 1 2 balneários para os árbitros; 1 arrecadação para material de jogo e treino; 20 bolas por

    escalão; 20 coletes por escalão; 40 mecos (duas cores amarelo e laranja) por escalão; 20 cones

    (2cores: amarelo e vermelho); 20 estacas; 1 sala de imprensa/auditório; 1 bar. O clube tem o seu

    apoio logístico dividido em 5 áreas: rouparia, limpeza, transporte, apoio médico e outros.

    2.3. Objetivos competitivos e de formação

    O objetivo em termos competitivos é subir de divisão e, simultaneamente, formar uma equipa

    coesa para a próxima época desportiva.

    2.4. Regras e normas de conduta

    As normas do clube estão afixadas nos placares existentes nas instalações e servem para reger

    comportamentos e atitudes de jogadores e funcionários, de todos os escalões.

    2.5. Regulamentos internos

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 28

    No início da época foi entregue aos jogadores um regulamento interno que visa reger

    comportamentos e atitudes dos mesmos em todas as vertentes do seu “trabalho”. Neste

    regulamento estão previstas todas as situações e o mesmo deve ser do conhecimento do jogador,

    equipa técnica e direção.

    2.6. Microciclo padrão com um momento competitivo

    O microciclo padrão adoptado é apresentado na tabela-1.

    Tabela 1. Microciclo padrão.

    2ªfeira 3ªfeira 4ªfeira 5ªfeira 6ªfeira Sábado Domingo Folga -Ap. Técnico

    - Posse de bola

    - Sectorial

    - Posse de bola

    - Finalização

    - Sectorial

    - Competitivo

    - Finalização

    - Competitivo

    -Ap. Técnico

    - Posse de bola

    - Padronizado

    - Competitivo

    Folga Jogo

    2.7. Equipas participantes no Campeonato Distrital Iniciados II Divisão, Série 5

    Participam no Campeonato Distrital de iniciados “B” doze equipas, i.e.: (1) Alta de Lisboa “B”;

    (2) C. F. “Os Belensenses”; (3) F.C.Outurela; (4) Atlético F.C. ; (5) CIF; (6) F.C. Operário “B”;

    (7) Águias; (8) Amavita Foot “B”; (9) EF Belém; (10) Palmense; (11) Algés F.C.; (12) Linda

    Velha F.C.

    2.8. BALANÇO “A Equipa”

    A equipa somou nesta série 50 pontos (15 vitórias, 5 empates e 2 derrotas), marcou 46 golos e

    sofreu 14. A classificação final foi o 1ºlugar da série, conseguindo o objetivo de subida de

    divisão.

    2.8.1 Conceitos gerais

    Modelo de Jogo do Clube Futebol “Os Belenenses” compreende: Sistemas táticos: 4-3-3

    (principal); 4-4-2 (alternativo).

    Fase Defensiva Fase Ofensiva

    Zona Pressionante Ataque posicional

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 29

    Bloco compacto Circulação de bola

    Zona activa/passiva Jogo apoiado

    Momentos de pressão Variação do centro do jogo

    2.8.2. Organização defensiva

    Nesta fase, a equipa joga num método de zona pressionante e reação rápida à perda da bola com

    pressão logo instantânea. Segundo as ideias do treinador BC, este é o método mais eficaz de

    defender.

    “Defender à zona por si só pode não ser a melhor forma de defender, porque significa só

    bascular em função da bola até que haja um erro do adversário. Zona pressionante é para mim o

    melhor método defensivo, e que é um processo coletivo em que a equipa funciona como um todo

    de forma rápida, agressiva e pressionante, fechando espaços, cortando linhas de passe e

    realizando oposições firmes a todo e qualquer portador da bola. O objetivo é recuperar a bola o

    mais rápido possível, não onde o adversário está, mas sim no sítio onde a queremos receber”

    (BC, Treinador do CFB).

    O treinador define dois fatores para a definição da zona de pressão “Recuperar a bola o mais

    rápido possível, não onde o adversário está, mas sim no sítio preciso onde nós a queremos

    receber.”

    Os princípios da zona de pressão são:

    - A equipa pressiona em bloco e agressivamente

    - Obrigar o adversário a deslocar a bola para os corredores laterais, quando a bola se encontra no

    corredor central, não abrindo espaços que coloquem a organização da equipa em risco

    (segurança), e pressionar ativamente e de forma agressiva para ganhar a posse quando os

    adversários estão nas zonas laterais do campo. Pressão quando uma das quatro situações

    acontecer: mau passe, má recepção, recepção de costas para o jogo e bolas aéreas.

    2.8.3. Transição ofensiva

    “Em primeiro queremos observar e analisar a situação em que a bola é ganha. O mais importante

    é a interpretação que a equipa faz dessa situação: se dá para jogar rápido na frente, procuramos

    criar condições para finalizar rápido. Se não, há que rodar o jogo e tirar a bola da zona de

    pressão, em segurança. Depois ou lançamos o ataque rápido ou reorganizamos. Mais uma vez

    depende do contexto e da situação.” (BC, treinador principal do CFB).

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 30

    Para além dos meios (como) de a realizar, o modelo de jogo da equipa indica algumas ideias-

    base dos comportamentos a assumir em função da zona do campo onde a bola é recuperada.

    No meio-campo defensivo, deve-se procurar um jogo vertical, em velocidade, em que o foco

    deve estar no avançado, ou nos extremos. Já no meio-campo ofensivo apesar dos princípios

    serem os mesmos, já se procura utilizar também alguma horizontalidade: sair da zona de pressão,

    rodando rápido o jogo para o lateral ou extremo do lado contrário, quando assim houver

    necessidade. É dada uma grande importância a não perder a posse instantaneamente após

    recuperá-la e variar sempre o centro do jogo e apostar na largura.

    2.8.4. Organização ofensiva

    O modelo de jogo subdivide a fase ofensiva do seu jogo em quatro etapas: 1ª fase de construção,

    2ª fase de construção, criação de situações de finalização.

    A 1ª etapa de construção é apoiada em quatro conceitos fundamentais: tempo, organização,

    segurança e equilíbrio. É fundamental, no entender do treinador, que nesta etapa não haja erros.

    A principal forma de sair a jogar através do guarda-redes é construindo o jogo a partir de trás,

    utilizando a largura dos defesas centrais, estes procuram, fundamentalmente, a profundidade dos

    laterais ou o jogo interior pelos médios-centro. Tendo um dos laterais a bola, a equipa

    reconhecerá que procurará essencialmente duas opções: jogo curto à procura da zona intermédia

    do campo, ligando o ataque, através dos dois médios centro, ou interiorização do extremo do

    lado da bola, e consequente overlap do lateral – “dentro-fora”: este conceito apresentado no

    modelo de jogo da equipa implica que os jogadores das posições de laterais e extremos devam-se

    relacionar em linhas verticais distintas.

    A 2ª fase de construção e criação de situações de finalização, os princípios alteram-se. Nestas

    etapas a equipa procura cumprir os seguintes conceitos: mobilidade/dinâmica, criatividade e

    velocidade.

    Essencialmente é importante que a bola seja circulada pelo relvado, com variações de velocidade

    e agressividade ofensiva, e bastante mobilidade dos jogadores mais ofensivos, encontrando ou

    criando espaços na organização adversária que promovam o sucesso ofensivo. É importante

    também que se mantenha um equilíbrio defensivo forte, mantendo sempre 4 a 5 jogadores atrás

    da linha da bola. Os médios são responsáveis por compensar a subida dos laterais.

    Na 3ª etapa, criação de situações de finalização, a criatividade individual e coletiva e as

    variações de velocidade são essenciais. Pede-se aos jogadores que, não se fixando na sua posição

    estrutural, jogando a poucos toques e promovendo situações de 1x1 ou 2x1 encontrem condições

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 31

    para o jogo exterior, procurando realizar uma ação de cruzamento, ou jogo interior, através do

    corredor central, com movimentos de ruptura.

    2.8.5. Transição defensiva

    Este momento de transição ataque-defesa tem, como conceitos orientadores a reação rápida e o

    fechar rapidamente como equipa. Possui também uma forte relação como forma de atacar. Se por

    um lado se optar por um jogo mais direto, na frente ou diagonal, deve existir uma aproximação

    forte dos jogadores de meio-campo com o objetivo de ganhar rapidamente as segundas bolas, por

    outro lado, a estrutura ofensiva da equipa promove que haja organização, equilíbrio e uma

    relação superior em função do ataque adversário.

    2.8.6. Esquemas táticos

    Conceitos base para esquemas táticos defensivos:

    - Posicionamento em zona

    - Referência do posicionamento dado pela bola

    - Reação rápida

    - Quando a bola é interceptada para longe a equipa tem de sair rápido da zona inicial

    POSICIONAMENTO PARA CANTOS DEFENSIVOS E LIVRES LATERAIS

    - Um jogador ao 1ºposte

    - Quatro jogadores em linha na pequena área

    - Três jogadores dentro da pequena área, em linha: linha lateral do lado do canto, à frente do

    1ºposte, entre o 2ºposte e a outra linha lateral

    - Dois jogadores em linha na zona da marca de grande penalidade

    LIVRES LATERAIS:

    - Seis jogadores em linha sobre a linha da grande área. Acompanham a movimentação da bola.

    - Um à frente da linha de seis

    - Um jogador na barreira

    - Dois jogadores prontos para a transição ofensiva

    2.8.7. Protocolo de dia de jogo

    O protocolo do dia do jogo compreende: (1) concentração; (2) equipar; (3) Palestra; (4)

    aquecimento; (5) intervalo do jogo; (6); substituições; e (7) final da partida.

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 32

    - Concentração

    Os jogadores concentravam-se sempre no local de jogo uma hora e meia antes do mesmo, tanto

    nos jogos em casa, como fora.

    - Equipar

    Os jogadores após chegarem ao local do jogo tinham sensivelmente 15 a 20 minutos para se

    equiparem com a roupa de aquecimento.

    - Palestra

    Este momento tinha uma duração de vinte e cinco a trinta minutos, durante o qual o treinador

    procurava salientar a importância do jogo, definir a estratégia para o jogo e motivar a equipa para

    o mesmo. No caso da nossa equipa, fazíamos uma análise da nossa forma de jogar em detrimento

    do adversário devido à qualidade dos jogadores, à exceção dos jogos com o SL Benfica, em que

    um treinador adjunto ia ver e analisava os jogos do adversário. Contudo, depois de termos jogado

    contra todas as equipas ao fim da 1ª volta, já tínhamos algumas informações sobre as restantes

    equipas adversárias.

    - Aquecimento

    O aquecimento era realizado pelos treinadores adjuntos e todos os jogadores aqueciam, tendo

    uma duração aproximada de trinta minutos. O aquecimento tinha o objetivo de ativar os níveis de

    predisposição para o jogo (muscular, psicológico, etc.). Esta fase apresentava os seguintes

    exercícios:

    - Mobilização articular (10minutos) – Os jogadores organizavam-se em duas filas e entre as

    marcas realizavam exercícios de mobilização articular.

    - Posse de Bola (9minutos) – Constituíam-se duas equipas de 5 jogadores. Em espaço reduzido, o

    objetivo de cada equipa é passar com a bola controlada na zona que foi delimitada.

    - Finalização (9minutos) – Os jogadores distribuíam-se pelas posições onde iriam jogar e com

    combinações táticas, criavam situações de finalização. (8x6).

    - Sprints (2minutos) – Posicionavam-se em duas filas, com os jogadores a fazerem uma primeira

    parte de skippings, deslocamentos laterais, para posteriormente saírem em velocidade.

    - Últimos preparos para o jogo - Após os jogadores terem realizado o período de aquecimento,

    faziam-se as últimas indicações para o jogo, com os atletas a trocarem as camisolas de

    aquecimento pelas de jogo e a refrescarem-se. Com toda a equipa pronta, o grupo unia-se e

    realizava o grito.

    - Indicações do treinador durante o jogo

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 33

    Durante o jogo, o treinador procurava corrigir de imediato erros da nossa equipa e, caso fosse

    necessário, ajustava certos posicionamentos devido às alterações momentâneas ou fixas da

    equipa adversária. O treinador utiliza predominantemente um feedback informativo e

    motivacional.

    - Intervalo de jogo

    Todos os jogadores recolhiam ao balneário e o treinador concedia os primeiros 2/3 minutos aos

    jogadores para relaxarem, refrescarem-se e hidratarem-se. De seguida, o treinador nomeava um

    jogador para fazer a análise da primeira parte. Posteriormente, o treinador iniciava a sua

    preleção, transmitindo informações relativas ao adversário e corrigindo comportamentos

    (individuais e coletivos) que a equipa realizou na primeira parte.

    Por fim, transmitia uma mensagem de motivação para a equipa.

    - Substituições

    Ao longo de um jogo realizavam-se várias substituições, porque eram volantes neste

    campeonato, tentando assim, manter uma elevada intensidade no jogo, visto que o plantel era

    equilibrado. Ao longo da época, todos os jogadores convocados para um jogo de competição

    entraram em campo, à exceção de um atleta no jogo contra o Estoril-B em casa, em que o jogo

    não estava a correr de feição e o treinador optou por não colocá-lo.

    - Final da partida

    Após o término do jogo, os jogadores felicitavam os jogadores/treinadores adversários,

    agradeciam ao público e realizavam alongamentos dos principais grupos musculares

    (quadricípites, isquiotibiais, adutores, gémeos).

    2.8.8. O plantel

    Nas próximas páginas apresenta-se a caracterização geral do Plantel, um esboço do Plantel de

    Iniciados A para a época 2015/16, indicando as necessidades de recrutamento. Por último,

    apresenta-se uma descrição individual dos atletas com possibilidades de transitarem para

    campeonato nacional.

    Em primeiro lugar, segue infra uma tabela com uma caracterização geral do Plantel de Iniciados

    B, que é composto no total por 47 atletas. A tabela tem o nome do atleta, a posição preferencial,

    o nível de rendimento atual (numa escala com 5 níveis: A, AB, B, BC, C, onde A significa

    rendimento Muito Bom e C Rendimento Medíocre).

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 34

    Tabela 2. Caracterização dos Guarda-Redes (n = 7) da equipa Iniciados B do Clube de Futebol “Os Belenenses”

    (Época 2015/2016).

    NOME NÍVEL DESCRIÇÃO

    BS A Atleta que está a cumprir o terceiro ano no CFB. Apresenta capacidades técnico-táticas que lhe

    permitem ter um rendimento muito elevado. Sofreu uma lesão grave a época anterior mas neste

    momento encontra-se recuperado e a treinar com grande intensidade.

    O seu perfil físico é positivo para a sua posição específica e é um atleta que reúne todas as

    condições para passar para campeonato nacional.

    AC AB Atleta que está a cumprir o terceiro ano no CFB. Apresenta capacidades técnico-táticas que lhe

    permitem ter um rendimento muito elevado. Sofreu uma lesão grave a época anterior mas neste

    momento encontra-se recuperado e a treinar com grande intensidade.

    O seu perfil físico é positivo para a sua posição específica e é um atleta que reúne todas as

    condições para passar para campeonato nacional.

    CN AB Atleta que está a cumprir o seu segundo ano no CFB. Apesar de ainda apresentar algumas

    limitações técnicas, que tem bastante dificuldade em corrigir, apresenta um bom rendimento

    em jogo e é neste momento o GR com mais minutos realizados na equipa A. Bastante focado e

    motivado em treino e jogo.

    Aparenta estar mais maturado que todos os colegas, sendo que a sua altura não sofre alterações

    significativas nos últimos dois anos e começa a apresentar algumas limitações por isso mesmo.

    Apesar de neste momento não parecer ser um atleta que reúna as condições para passar para

    Campeonato Nacional a sua evolução no resto da época será decisiva.

    TC B Atleta que está a cumprir o primeiro ano no CFB vindo de uma realidade competitiva inferior.

    Demorou algum tempo a adaptar-se ao grupo e ao grau de exigência. O seu rendimento em

    treino tem melhorado bastante mas ainda não se reflete em jogo. Apresenta uma evolução

    notória na correção das suas carências técnicas, fruto da ausência de coordenação motora e

    treino específico.

    O seu perfil físico é favorável e a evolução que tiver no resto da época vai ser decisiva para

    passar ou não para Campeonato Nacional.

    FM B Atleta que está a cumprir o terceiro ano no CFB. Tem evoluído favoravelmente esta época mas

    sempre revelou algumas carências técnicas e físico-motoras pela sua elevada altura. Apesar de

    apresentar um rendimento inferior a alguns colegas é um atleta com elevado potencial pelo seu

    perfil físico.

    A evolução que tiver no resto da época vai ser decisiva para passar ou não para Campeonato

    Nacional.

    RT BC Atleta que está a cumprir a 2º época no CFB. Jogador muito bom entre os postes, mas com

    muita dificuldade nesta posição, devido ao facto de ser de estatura baixa. A evolução física será

    determinante.

    BP C Atleta que está a cumprir a 4ª época no CFB. Jogador com estatura bastante baixa para a

    posição. A evolução física será determinante.

  • DIOGO CAPELO DE ALMEIDA - RELATÓRIO DE FINAL DE ESTÁGIO NA EQUIPA DE INICIADOS “B” DO CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES” NA ÉPOCA 2014/2015

    NIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS-FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO 35

    Tabela 3. Caracterização dos Defesas Laterais (n = 9) da equipa Iniciados B do Clube de Futebol “Os Belenenses”

    (Época 2015/2016).

    NOME NIVEL DESCRIÇÃO

    DR B Atleta que está a cumprir o terceiro ano no CFB. Apresenta razoáveis capacidades técnico-

    tácticas, muito boa velocidade de deslocamento e enorme capacidade de trabalho em treino.

    Esta época tem tido algumas dificuldades em ter sucesso em competição, devido a sua baixa

    estatura e enfrentar atletas um ano mais velhos e muito mais fortes fisicamente.

    A evolução que tiver no resto da época vai ser decisivo para passar ou não para Campeonato

    Nacional.

    LM B Atleta que está a cumprir o segundo ano no CFB, tendo antes vindo do Benfica após ser

    dispensado. Apresenta razoáveis capacidades técnico-tácticas, e boas capacidades físico-

    motoras e excelentes capacidades de liderança. Esta época o seu rendimento e evolução tem

    sido prejudicado por várias lesões.

    A evolução e rendimento que tiver no resto da época vai ser decisivo para passar ou não para

    campeonato nacional.

    FF B Atleta que está a cumprir a segunda época no CFB. Na primeira época jogou sempre no grupo

    B e apresentou um rendimento razoável, mas nesta segunda época evoluiu consideravelmente

    tendo feito jogos no grupo A (divisão de honra). Atleta com boas capacidade técnico-tácticas e

    boa velocidade de deslocamento mas com algumas dificuldades nos duelos físicos.

    Com a evolução que teve até agora nesta época entrou na “luta” por um lugar no campeonato

    nacional, sendo os meses que faltam da presente época fundamentais para perceber a sua

    evolução.

    DM C Atleta que vai cumprir o seu terceiro ano CFB.

    Tem de evoluir fisicamente para ficar.

    GM B Atleta que vai no terceiro ano no CFB. Nas duas primeiras épocas jogava em posições mais

    avançadas no campo (extremo e avançado), sendo nessas posições um atleta de nível médio

    mas que não fazia a diferença. Este ano, devido à sua atitude competitiva e morfologia

    começou a jogar regularmente a defesa direito, posição onde tem evoluído de forma

    considerável.

    O seu crescimento nesta posição nesta segunda metade da época vai ser decisivo para a decisão

    a tomar sobre a sua continuidade.

    RA AB Atleta que esta a fazer a primeira época no clube, vindo duma realidade competitiva inferior

    (Povoense). Tem conseguindo uma rápida adaptação ao grupo e ao Clube, tendo sido o defesa

    esquerdo que fez mais jogos no grupo A.

    Apresenta excelentes condições físicas para a posição (rápido e facilidade em fazer todo o

    corredor), muito agressivo, conseguindo apresentar rendimento mesmo contra atletas mais

    velhos. Tem algumas deficiências a nível técnico, no conhecimento do jogo e na tomada de

    decisão com bola.

    Atleta que apresenta rendimento para passar para o Campeonato Nacional.

    RB B Atleta que esta na terceira época no Clube, tendo nas duas primeiras épocas um rendimento

    muito positivo e jogando sempre no grupo A. A época passada jogava na posição de extremo,

    tendo este ano baixado para lateral. É um atleta com boas capacidades técnico-tácticas mas que

    neste momento ainda não deu o salto maturacional, apresentando algumas dificuldades quando

    defronta atletas rápidos e fortes fisicamente.

    É um atleta que acreditamos ter um bom potencial para evoluir e ter um bom rendimento na

    posição de Defesa-esquerdo.

    FS B Atleta que está na segunda época no Clube, mantendo sempre um rendimento positivo e

    constante. Apresenta excelentes capacidades técnicas mas falta-lhe uma maior atitude

    competitiva e intensidade em jogo.

    É um atleta que se melhorar a sua atitude competitiva e intensidade pode ter uma melhoria

    considerável no seu rendimento e pode ter condições para passar para campeonato nacional.

    JD BC Atleta que está na terceira época no Clube, tendo no primeiro ano no clube (ainda no futebol 7)

    um rendimento exc