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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA E BIODIVERSIDADE DINÂMICA HIDROSSEDIMENTOLÓGICA E RECOMPOSIÇÃO FLORÍSTICA NO TALUDE DA MARGEM DIREITA DO RIO SÃO FRANCISCO - SE MARIA HOSANA DOS SANTOS 2016

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA E BIODIVERSIDADE

DINÂMICA HIDROSSEDIMENTOLÓGICA E

RECOMPOSIÇÃO FLORÍSTICA NO TALUDE DA MARGEM

DIREITA DO RIO SÃO FRANCISCO - SE

MARIA HOSANA DOS SANTOS

2016

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA E BIODIVERSIDADE

MARIA HOSANA DOS SANTOS

DINÂMICA HIDROSSEDIMENTOLÓGICA E RECOMPOSIÇÃO FLORÍSTICA NO

TALUDE DA MARGEM DIREITA DO RIO SÃO FRANCISCO - SE

Dissertação apresentada à Universidade Federal de

Sergipe, como parte das exigências do Curso de

Mestrado em Agricultura e Biodiversidade, área de

concentração em Agricultura e Biodiversidade, para

obtenção do título de “Mestre em Ciências”.

Orientador

Prof. Dr. Francisco Sandro Rodrigues Holanda

SÃO CRISTÓVÃO

SERGIPE – BRASIL

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

S237d

Santos, Maria Hosana dos

Dinâmica hidrossedimentológica e recomposição florística no talude

da margem direita do rio São Francisco - SE / Maria Hosana dos Santos;

orientador Francisco Sandro Rodrigues Holanda. – São Cristóvão, 2016.

61 f.: il.

Dissertação (mestrado em Agricultura e Biodiversidade) –

Universidade Federal de Sergipe, 2016.

1. Plantas aquáticas. 2. Solos – Erosão. 3. Taludes (Mecânica do solo).

4. Sedimentos em suspensão – São Francisco, Rio. 5. Bioengenharia. 6.

Biodiversidade. I. Holanda, Francisco Sandro Rodrigues, orient. II. Título.

CDU 581.526.324:551.311.21

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MARIA HOSANA DOS SANTOS

DINÂMICA HIDROSSEDIMENTOLÓGICA E RECOMPOSIÇÃO FLORÍSTICA NO

TALUDE DA MARGEM DIREITA DO RIO SÃO FRANCISCO - SE

Dissertação apresentada à Universidade

Federal de Sergipe, como parte das exigências

do Curso de Mestrado em Agricultura e

Biodiversidade, área de concentração em

Agricultura e Biodiversidade, para obtenção

do título de “Mestre em Ciências”.

APROVADA em 25 de fevereiro de 2016.

Prof. Drª. Regla Toujaguez La Rosa

Massahud

Universidade Federal de Alagoas

Prof. Dr. Francisco Sandro Rodrigues Holanda

Universidade Federal de Sergipe

(Orientador)

SÃO CRISTÓVÃO

SERGIPE – BRASIL

Prof. Dr. Marcelo Augusto Gutierrez

Carnelossi

Universidade Federal de Sergipe

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Aos meus pais, Lourival e Vânia, pelo apoio e

incentivo ao longo da minha caminhada.

Dedico

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida e pela presença constante em minha caminhada.

Aos meus pais Lourival e Vânia, por estarem sempre ao meu lado, apoiando-me e

fortalecendo nos momentos mais difíceis da minha trajetória.

Aos meus irmãos Antônio e Airton, pelo incentivo e carinho que me fazem prosseguir em

busca dos meus sonhos. As minhas queridas cunhadas, por suas palavras de incentivo, que

me fazem crescer cada vez mais. E aos meus sobrinhos, Matheus e o pequeno Arthur, pelos

momentos de distração e alegria que me proporcionam; apesar de não nos conhecermos, já

amamos muito. Aos demais parentes, que sempre rezam e torcem pelo meu sucesso.

A família Batista, obrigada pelo apoio, carinho e atenção que sempre tiveram por mim;

obrigada pelos momentos de conversa, descontração e alegria, pois estes fizeram-me

renovar as forças e seguir em busca dos meus objetivos.

Ao Professor Sandro Holanda, que me recebeu de braços abertos, obrigada pela orientação,

conversas e ensinamentos, pois estes fizeram-me crescer como pessoa e como profissional.

Aos amigos do LABES, Cátia, Janisson Lino, Ivo, Iury, Igor, Tássio, Marks, Antônio,

Guilherme, Walter e Érica obrigada pelo apoio, conversas, risadas, brincadeira, e muitas

aventuras, não foram meninos? E, principalmente, pela disposição nos dias de coletas, pois

sem vocês, com certeza, essa jornada teria sido mais difícil, e menos animada.

Aos amigos Rony Peterson, Janisson Batista, Ednaldo Sena, Thiago Xavier, Wadson, José

Dantas, que contribuíram significativamente na minha pesquisa.

A todos quem Fazem o Herbário da Universidade Federal de Sergipe, na pessoa da

professora Ana Paula Prata, da Vice-curadora Dra. Marta Vieira Farias, das bolsistas

Gilmara, Jéssica e Bruna.

Aos professores do PPGAGRI pelos ensinamentos e incentivos, que nos fazem prosseguir

em busca do conhecimento.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES pelo apoio

financeiro fundamental para o desenvolvimento dessa pesquisa.

E a todos os meus amigos que me acompanham e torcem pelas minhas conquistas.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................. i

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................... ii

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ......................................................... iv

RESUMO ................................................................................................................................... v

ABSTRACT .............................................................................................................................. vi

1 INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................................... 1

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................... 3

2.1 Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco ........................................................................ 3

2.2 O Baixo São Francisco .................................................................................................... 4

2.3 Erosão Marginal no Baixo São Francisco ........................................................................ 5

2.4 A Engenharia Natural no controle da Erosão Marginal ................................................... 6

2.5 Produção de sedimentos em suspensão ........................................................................... 7

2.6 Macrófitas aquáticas ........................................................................................................ 9

3 ARTIGO 1: Povoamento de Macrófitas em talude do Baixo São Francisco-SE .............. 11

Introdução ............................................................................................................................ 13

Materiais e Métodos ............................................................................................................. 15

Área de Estudo ..................................................................................................................... 15

Coleta e Análise de Dados ................................................................................................... 15

Resultados e Discussão ........................................................................................................ 17

Conclusões ........................................................................................................................... 27

Referências ........................................................................................................................... 28

4 ARTIGO 2: Produção de Sedimentos em taludes da margem direita do Baixo São

Francisco – SE, submetidos a diferentes técnicas de Engenharia Natural em período de Baixa

vazão ......................................................................................................................................... 33

Introdução ............................................................................................................................ 35

Materiais e Métodos ............................................................................................................. 37

Área de estudo ..................................................................................................................... 37

Processamento e Análise dos Dados .................................................................................... 38

Resultados e Discussão ........................................................................................................ 40

Conclusões ........................................................................................................................... 50

Referências ........................................................................................................................... 51

5 CONCLUSÕES GERAIS ................................................................................................. 56

6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 57

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i

LISTA DE FIGURAS

REFERENCIAL TEÓRICO:

FIGURA 1: Mapa do Brasil com detalhe das quatro divisões regionais da Bacia Hidrográfica

do Rio São Francisco..................................................................................................................3

FIGURA 2: Representação das formas biológicas das macrófitas aquáticas.............................9

ARTIGO 1: Povoamento de Macrófitas Aquáticas em talude do Baixo São Francisco – Se.

FIGURA 1: Localização da área de estudo. Município de Amparo de São Francisco –

SE..............................................................................................................................................15

FIGURA 2: Pontos de amostragens: (A) Talude Vegetado, (B) Enrocamento Vegetado, (C)

Talude Erodido, (D) Parede Krainer e (E) Cordão de Vetiver.................................................16

FIGURA 3: Povoamento de macrófitas desde a implantação do enrocamento na margem do

São Francisco sergipano, nos anos de 2011 a 2015..........................................................21

FIGURA 4: Riqueza de espécies de macrófitas aquáticas encontradas nos períodos do inverno

e verão, para os cinco pontos de amostragens.........................................................................23

FIGURA 5: (A) Precipitação, (B) Cota e (C) Vazão nos meses de coleta do material

botânico.....................................................................................................................................24

FIGURA 6: Riqueza de espécies de macrófitas aquáticas nos pontos de

amostragens...............................................................................................................................25

FIGURA 7: Curva de acumulação de espécie observadas e estimadas (estimadores Jack 1, o

Chao2 e Bootsstrap), a linha contínua refere-se as espécies coletadas para os pontos de

amostragens. (C.V.) Cordão de Vetiver, (T.E.) Talude Erodido, (EN) Enrocamento Vegetado,

(P.K.) Parede Krainer e (T.V.) Talude Vegetado......................................................................26

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ARTIGO 2: Produção de sedimentos em taludes da margem direita do Baixo São Francisco -

SE, submetidos a diferentes técnicas de Engenharia Natural em período de baixa vazão.

FIGURA 1. Localização da área de estudo. Município de Amparo de São Francisco –

SE..............................................................................................................................................37

FIGURA 2: Representação dos pontos de coleta de sedimentos na área experimental ao longo

da margem direita do Rio..........................................................................................................38

FIGURA 3. Representação dos pontos de coleta: (P1 = margem direita, P2 = antes do

talvegue, margem direita, P3 = meio do talvegue, P4 = antes do talvegue, margem esquerda e

P5 = margem na barra arenosa, margem esquerda) .........................................................39

FIGURA 4. Representação esquemática da textura na área experimental, nas três

profundidades (0-20, 20-40 e 40-60 cm) do Neossolo Flúvico..........................................41

FIGURA 5: Vazão do Rio São Francisco no baixo curso, no período de 2012 a

2015...........................................................................................................................................42

FIGURA 6: Perfil transversal dos transectos avaliados nos anos de 2013 a 2015. Talude

Vegetado (A); Enrocamento Vegetado (B); Talude Erodido (C); Parede Krainer (D); Cordão

de Vetiver (E).................................................................................................................43

FIGURA 7. Produção Total de Sedimentos (ton/dia) para os anos de 2013, 2014 e 2015......45

FIGURA 8: Sedimentos em suspensão ao longo do perfil transversal no transecto A (Talude

Vegetado) em cinco pontos de coleta nos anos de 2013, 2014 e 2015.....................................46

FIGURA 9: Sedimentos em suspensão ao longo do perfil transversal no transecto 2

(Enrocamento Vegetado) em cinco pontos de coleta nos anos de 2013, 2014 e 2015.............47

FIGURA 10: Sedimentos em suspensão ao longo do perfil transversal no transecto 4 (Parede

Krainer) em cinco pontos de coleta nos anos de 2013, 2014 e 2015........................................47

FIGURA 11: Sedimentos em suspensão ao longo do perfil transversal no transecto 3 (Talude

Erodido) em cinco pontos de coleta nos anos de 2013, 2014 e 2015.......................................48

FIGURA 12: Sedimentos em suspensão ao longo do perfil transversal no transecto E (Cordão

de Vetiver) em cinco pontos de coleta nos anos de 2014 e 2015..............................................49

FIGURA 13. Sedimentos em Suspensão (ton/dia) no talvegue, em três diferentes anos de

coleta. As médias seguidas por diferentes letras diferem estatisticamente entre si pelo teste de

Tukey ano nível de 5% de probabilidade...........................................................................50

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LISTA DE TABELAS

ARTIGO 1: Povoamento de Macrófitas Aquáticas em talude do Baixo São Francisco – Se.

TABELA 1. Famílias de espécies de Macrófitas Aquáticas identificadas na área de estudo.

Formas de vida, Anfíbias (AN), Submersas (SUB), Submersas enraizadas (SUB EN),

Flutuante (FLU) e Emersas (EM).....................................................................................19

TABELA 2: Espécies de fauna associada às macrófitas aquáticas...........................................22

TABELA 3: Análise de similaridade (ANOSIM) para as comunidades de macrófitas nos

cinco pontos de amostragem. (*p<0,05)..................................................................................27

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

AL – Alagoas

ANA – Agência Nacional das Águas

BA – Bahia

BSF – Baixo São Francisco

CBHSF – Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco

CODEVASF – Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Paraíba

DESO – Companhia de Saneamento de Sergipe

ONS - Operador Nacional do Sistema

PAE - Programa de Ações Estratégicas para o Gerenciamento Integrado da Bacia e sua Zona

Costeira

PGI – Projeto de Gerenciamento Integrado das Atividades Desenvolvidas em Terra na Bacia

do São Francisco

PRH – Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco

PSS – Produção de sedimentos em suspensão

SEMARH – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos.

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v

RESUMO

SANTOS, M. H. Dinâmica hidrossedimentológica e recomposição florística no talude da

margem direita do rio São Francisco - SE. São Cristóvão – UFS, 2016. 61p. (Dissertação –

Mestrado em Agricultura e Biodiversidade).1

O regime hidrossedimentológico do baixo curso do rio São Francisco, por meio do controle

da vazão, tem alterado as características do ecossistema aquático, bem como a produção e

transporte de sedimentos em suspenção. O objetivo desse estudo foi avaliar a produção de

sedimentos em suspensão no canal do Rio São Francisco, e povoamento de macrófitas

aquáticas em um trecho da margem direita submetida a diferentes técnicas de Engenharia

Natural. A área de estudo compreendeu um trecho de talude da margem direita do Rio São

Francisco no seu baixo curso, localizada no Município de Amparo do São Francisco, Sergipe.

A coleta do material botânico seguiu os métodos convencionais, tendo sido realizada no

período de abril de 2014 a setembro de 2015, totalizando quatro amostragens, duas no período

chuvoso e duas no período seco. Sedimentos em suspensão foram avaliados no período de 03

anos (2013, 2014 e 2015) a 20, 40 e 60% de profundidade do canal, em cinco diferentes

transectos, orientados pela presença ou ausência de técnicas de controle de erosão, assim

identificados: 1- Talude Vegetado; 2- Enrocamento Vegetado; 3- Talude Erodido; 4- Parede

Krainer; e 5- Cordão de Vetiver, sendo que em três trechos da margem (2, 4 e 5) foram

implantadas técnicas de Engenharia Natural. Do material coletado foram identificadas 66

espécies, distribuídas em 23 famílias, mostrando sua riqueza e diversidade em um pequeno

trecho do Rio São Francisco. Na avaliação do povoamento de macrófitas, o período do

inverno apresentou maior riqueza dessas espécies e a Parede Krainer foi o tratamento que

apresentou maior número de indivíduos. O aporte de Sedimentos em Suspensão diferiu

estatisticamente para os três anos de coleta, com destaque para o ano de 2013, quando o rio

apresentou a maior vazão. Entre os tratamentos, o Talude Erodido apresentou na profundidade

de 20% o menor aporte de sedimentos em suspensão e, o Enrocamento Vegetado os menores

valores quando comparada às outras técnicas. A forte presença de macrófitas aquáticas, na

margem do rio, contribuiu para a proteção da base dos taludes por dissipar a energia do fluxo

e refluxo das ondas. Constatou-se um decréscimo progressivo nos sedimentos em suspensão

na comparação do período avaliado, devido não somente à redução da vazão do rio, como

também à proteção conferida pelas técnicas adotadas de controle de erosão.

Palavras-chave: Erosão, macrófitas aquáticas, sedimentos em suspensão, bioengenharia de

solos

1 Comitê Orientador: Francisco Sandro Rodrigues Holanda – UFS (Orientador)

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ABSTRACT

SANTOS, M. H. Hydrossedimentological Dynamics and floristic recovery in the São

Francisco riverbank. St. Kitts - UFS, 2016. 61p. (Dissertation - Master in Agriculture and

Biodiversity).

Change in hydrossedimentological system of the lower course of the São Francisco river, by

controlling the flow, has changed the characteristics of the aquatic ecosystem as well as the

suspended sediment load. The objective of this study was to evaluate the suspended sediment

load in the São Francisco river Chanel, and settlement of aquatic macrophytes species in a

section of the right bank under different soil bioengineering techniques. The study area

comprises a margin stretch of the São Francisco River in its lower course, located in the

Amparo de São Francisco Municipality, Sergipe. The botanical material collection followed

conventional methods, being held from April 2014 to September 2015, in a total of four

sampling time, two in the rainy season and two in the dry season. Suspended sediments load

were evaluated through 03 years (2013, 2014 and 2015) in 20, 40 and 60% of the channel

depth in five different transects oriented by the presence or absence of erosion control

techniques, as identified: 1- Vegetated Slope; 2- Vegetated Riprap; 3- Eroded Slope; 4-

Cribwall; and 5- Vetiver grass Line, considering three of them (2, 4 and 5) with soil

bioengineering techniques. In the collected material 66 species was identified in 23 families,

showing the its richness and diversity in a small stretch of the São Francisco River. In

assessing the macrophytes population, the wet period showed greater species richness, and

among soil bioengineering techniques, the Cribwall presented the highest number of

individuals. The sediment load was statistically different for the three evaluated years, and the

highest values were presented in 2013, when the river had the highest discharge. Among the

treatments, the Eroded Slope presented at a depth of 20% the lowest contribution of

suspended sediment and the Vegetated Riprap the lower sediment load rate compared to other

techniques. The strong presence of aquatic macrophytes in the river contributed to the

protection of the slopes toe by dissipating the energy of the ebb and flow of the waves. A

progressive decrease in total sediment suspended load was found throughout evaluated period,

due not only to reduced river discharge, but also the protection provided by adopted erosion

control techniques.

Key-words: Erosion, aquatic macrophytes, suspended sediments load, soil bioengineering.

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1

1 INTRODUÇÃO GERAL

A ação humana, ao longo dos anos, tem alterado significativamente os ecossistemas

naturais, que vem sendo fortemente modificados, gerando progressiva redução da

biodiversidade, e consequente desequilíbrio ambiental. Nos corpos d’água essas

transformações não foram diferentes, repercutindo no uso indiscriminado da água e do solo,

criando condições propícias para a aceleração da erosão nos taludes marginais. As ações

antrópicas vêm contribuir para intensificação dos processos de degradação, como por

exemplo, no manejo inadequado da vegetação das margens dos rios, para ampliação de áreas

agricultáveis ou pastagem, acentuando os processos erosivos.

Nas últimas décadas o Rio São Francisco teve seu curso alterado com a implantação

de usinas hidrelétricas no seu canal, o que vem ocasionando alterações na dinâmica fluvial

(HOLANDA et al., 2005), e com a retirada da mata ciliar para diversos fins, se promoveu a

exposição dos taludes fluviais ao solapamento da base.

Para minimizar problemas dessa natureza, pesquisadores do mundo inteiro têm se

empenhado em elaborar técnicas que contribuam tanto na reconstituição de matas ciliares

quanto no favorecimento dos processos de sucessão ecológica (ARAÚJO – FILHO, et al.,

2013; STOKES, et al., 2010; PETRONE & PRETI, 2008; LI & EDDLEMAN, 2002). A

Engenharia Natural, por exemplo, utiliza um conjunto de técnicas que mesclam o uso de

materiais inertes como rochas, pedaços de madeiras e geotêxteis, com materiais biológicos

como mudas de plantas, sementes e estacas (HOLANDA et al., 2008), com o objetivo de

mitigar o avanço da erosão, e promover a recomposição florística do ambiente.

Estudos pós-implantação das técnicas de engenharia natural são de grande importância

para conhecer como estas contribuem na minimização da erosão marginal, bem como no

estabelecimento de condições que favoreçam à recomposição florística local.

No que se refere aos estudos sobre macrófitas aquáticas e demais espécies que povoam

as margens de rios e lagos, são, em geral, bem recentes, sendo a sua maioria associados aos

estudos taxonômicos, com poucas iniciativas que buscam entender suas relações com outros

organismos, e sua importância para dinâmica dos ecossistemas lacustres. Outro fator

importante para se analisar, é como a presença das espécies aquáticas na base dos taludes

fluviais, podem contribuir na mitigação dos processos erosivos, uma vez que estas atuam

como barreira biológica, mas com efeito físico, dissipando a energia cinética das águas no

embate com o talude. Essas espécies criam condições favoráveis para a nidificação e forrageio

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2

de diversas espécies da fauna (POTT et al., 2011; CUNHA et al., 2012). Sua biomassa serve

tanto de alimento como abrigo para outros animais. Sobre a sua importância na recuperação

de áreas degradadas, estas servem de berço para o desenvolvimento de outras espécies,

contribuindo para o aumento da biodiversidade local (ROLON et al., 2010; THOMAZ e

CUNHA, 2010).

Nos taludes fluviais, mais especificamente na sua base, as espécies aquáticas também

contribuem na diminuição da energia com que as ondas se chocam nas margens, fazendo com

que se reduza a turbidez da água, que no caso passa a mobilizar menos sedimentos (CABRAL

et al., 2009; CAVENAGHI, 2003).

A produção de sedimentos em suspensão no baixo curso do Rio São Francisco está

diretamente relacionada com a vazão do rio, e esta é controlada pelas barragens, construídas

para atender a demanda de energia elétrica (MEDEIROS et al., 2011). Nos últimos anos, em

virtude de uma seca prolongada, na região da bacia hidrográfica do Rio São Francisco, a

vazão do rio vem sendo reduzida progressivamente, chegando em janeiro de 2016 a 800 m3/s

(ANA, 2016), contribuindo diretamente no aporte de sedimentos em suspensão.

O objetivo desse estudo foi avaliar o povoamento de macrófitas aquáticas em um

trecho da margem direita do Rio São Francisco, e a produção de sedimentos em suspensão no

canal do rio, submetida a diferentes técnicas de Engenharia Natural.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco

A bacia hidrográfica do Rio São Francisco é de grande importância para todo território

nacional, abrangendo uma área de drenagem de 639.219 km2, tendo sua vazão média

regularizada de 2.850 m3/s, quando os reservatórios podem garantir tal volume de água, e

apresenta quatro divisões regionais em seu curso (Figura 1): Alto São Francisco, que se

estende da nascente até a cidade de Pirapora em Minas Gerais; Médio São Francisco, trecho

de maior abrangência, que vai de Pirapora à cidade de Remanso, na Bahia; o Submédio São

Francisco que segue depois de Remanso até alcançar o limite do estado de Alagoas, com a

cidade de Paulo Afonso, no estado da Bahia; e por fim, o Baixo São Francisco, que vai de

Paulo Afonso até a Foz, entre os estados de Sergipe e Alagoas (SEMARH, 2014).

FIGURA 1: Mapa do Brasil com detalhe das quatro divisões regionais da Bacia

Hidrográfica do Rio São Francisco.

Fonte: Adaptado de PAE (2004).

O Rio São Francisco tem 2.700 km de extensão, nasce na Serra da Canastra em Minas

Gerais e deságua no Oceano Atlântico, contemplando sete unidades federativas (Minas

Gerais, Goiás, Distrito Federal, Pernambuco, Bahia, Sergipe e Alagoas), abrangendo 504

municípios (CBHSF, 2014). As águas do São Francisco são exploradas de diversas formas,

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4

sendo 70% de sua demanda utilizada para irrigação, nas regiões do Médio e Submédio. No

Alto São Francisco, as maiores demandas estão direcionadas para os setores de abastecimento

urbano e industriais. No Baixo São Francisco, a economia é direcionada principalmente para

as comunidades ribeirinhas, por meio da agropecuária e da pesca tradicionais, e nos últimos

anos apresenta um crescimento significativo na agricultura, turismo e lazer. Não esquecendo

da exploração das suas águas, com uso não consuntivo, para geração de energia (CBHSF,

2014).

A utilização dos seus recursos de maneira indiscriminada tem gerado sérios problemas

no seu curso, desde despejos de resíduos domésticos e industriais, contaminando suas áreas,

como também o carreamento de agrotóxicos utilizados nas lavouras, que comprometem a

qualidade das águas (CBHSF, 2014). Outro problema que afeta o curso do rio é a erosão

marginal, que resulta em graves consequências para o ambiente aquático, tais como:

assoreamento do rio; aumento da turbidez da água, o que requer mais custos no seu

tratamento para o consumo humano; alterações no seu regime fluvial; prejuízo para sua biota

(GUIMARÃES et al, 2010).

2.2 O Baixo São Francisco

O Baixo São Francisco se inicia na cidade de Paulo Afonso (BA) e se estende até a foz

do rio no Oceano Atlântico, localizada entre os municípios de Piaçabuçu (AL), e de Brejo

Grande (SE). Sua área abrange os Estados da Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas

(CBHSF, 2016). Ocupa uma extensão territorial de 32.013 Km², o que equivale a 5,1% da

área total da bacia. Segundo PGI (2002), no Baixo São Francisco o clima predominante é sub-

úmido, com precipitações médias que variam de 1300 mm na zona litorânea a 600 mm

próximo ao sub-médio São Francisco. Com duas estações bem definidas, inverno e verão,

sendo que o período chuvoso de março a setembro, porém montante da Usina Hidroelétrica de

Xingó o período chuvoso se estende de novembro a janeiro, se constituindo em 53% da

precipitação anual. A temperatura média é de 25°C. A vegetação predominante é a caatinga

no trecho mais alto, e mata atlântica, manguezais e restingas na região costeira (PAE, 2004).

Segundo o PRH (2015) a Bacia Hidrográfica do rio São Francisco apresenta uma

população de 14,3 milhões de habitantes, sendo que o Baixo São Francisco é o trecho menos

povoada das quatro regiões com 1,4 milhões de habitantes, apresentando maior taxa da

população vivendo no meio rural, cerca de 46,7%.

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Dentre as atividades econômicas desenvolvidas no Baixo São Francisco está a

agricultura de sequeiro e agricultura irrigada (cana, milho, mandioca, feijão, algodão, banana,

sisal, abacaxi, fumo hortaliças e café) (PGI, 2002), bem como a piscicultura semi-intensiva, e

pecuária. A produção industrial está relacionada com produção de açúcar e álcool, com

destaque para as cidades de Igreja Nova, Cururipe, Junqueiro e Penedo, no estado de Alagoas.

No Baixo São Francisco, a preocupação maior é com a regularização do fluxo de água.

A vazão regularizada da região é de 2850m3/s, porém o que se tem observado nos últimos

anos é a sua redução constante, em virtude de restrições hídricas, sendo que em janeiro de

2016 foi autorizada a prática de vazão de 800 m3/s (ANA, 2016). Como consequência disso, o

que se espera são os impactos socioambientais no Baixo São Francisco, entre eles: problemas

relacionados com a captação de água, para o uso humano e irrigação, pesca e navegação.

Segundo a DESO (2016), cerca de 70% do abastecimento de água de Aracaju vem do rio São

Francisco, e 50% do abastecimento de água de Sergipe é oriundo do “Velho Chico”. Dentre

os problemas ambientais com a baixa vazão do rio, o aumento da cunha salina que avança

sobre o rio na sua foz, afeta diretamente a fauna e a flora aquática. Além do aumento da

erosão marinha, em virtude do avanço do mar, bem como o assoreamento do rio.

2.3 Erosão Marginal no Baixo São Francisco

A erosão é dividida em três fases: desagregação, transporte e sedimentação dos

sólidos, sendo esta influenciada pela velocidade do fluxo d’água, que é variável ao longo das

dimensões longitudinal e transversal do canal do rio (OLIVEIRA, 2006). As características

morfológicas e sedimentológicas dos taludes, aliados ao ângulo de inclinação dos mesmos,

são fatores preponderantes para maior incidência dos processos erosivos ao longo do canal de

um rio (CASADO, 2000). Segundo Machado (2014), além dos fatores naturais que propiciam

os processos erosivos, ações antrópicas desordenadas intensificam a erosão nas margens dos

cursos d’águas.

A erosão marginal é um processo natural, de desprendimento de partículas da

superfície do solo. O deslocamento de partículas ocorre por meio da força hidrodinâmica, que

atua sobre o talude o que ocasiona o arraste de partículas (BANDEIRA, 2005). A erosão

fluvial resulta no desgaste das rochas, por ação da água, ocasionado a formação dos vales,

redesenhando o canal do rio (ARAUJO-FILHO, 2012).

Os estudos sobre erosão marginal são importantes no planejamento urbano e

ambiental, uma vez que são observados impactos sociais negativos, ocasionando prejuízos

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financeiros em virtude da redução de áreas agricultáveis, desvalorizando as terras ribeirinhas

(HOLANDA et al., 2011; RIBEIRO et al., 2011; SILVA et al., 2011).

No Baixo São Francisco sergipano, o uso irregular dos recursos naturais, com a

retirada da vegetação ripária, para ampliação de áreas agricultáveis, bem como a modificação

no sistema hidrológico, com o represamento das águas, para produção de energia elétrica, tem

levado à uma maior exposição dos taludes marginais, que naturalmente apresentam condições

de fácil desagregação e desmoronamento, e são fatores que acentuam os processos erosivos

locais (CUNHA; OLIVEIRA; ROCHA, 2006).

Segundo Araújo-Filho et al. (2013), as alterações no regime hidrossedimentológico do

baixo curso do rio São Francisco, por meio da construção de barragens, para geração de

energia elétrica, tornou-se um agravante para o avanço da erosão marginal, ocasionada pelo

abaixamento da cota do rio, no qual deixaram os taludes vulneráveis aos processos de

erosivos de solo.

2.4 A Engenharia Natural no controle da Erosão Marginal

Os ambientes naturais têm como característica seu dinamismo, no qual a todo o

momento sofre alterações na sua morfologia, seja por processos naturais ou intensificados

pela ação humana. A constante transformação do relevo se dá por forças exógenas que criam

ondulações e depressões na superfície da terra (terremotos, vulcanismo). Por outro lado, as

forças exógenas modelam o relevo, por meio dos processos erosivos, tendo como seus agentes

principais a água e o vento, que carreiam a resultante do intemperismo (DURLO & SUTILI,

2012).

Os processos de erosão marginal podem ser causados por eventos naturais, e muitas

vezes intensificados pela ação humana (CASADO et al., 2002). Nesse sentido, a revitalização

dos cursos d’água é importante para prevenção e proteção dos recursos hídricos, promovendo

a recuperação e proteção das margens, por meio de técnicas eficientes que levam a

sustentabilidade (RIBEIRO, 2008).

Técnicas de Engenharia natural vem sendo utilizada para minimização de processos

erosivos, porque são de fácil implementação, corretas do ponto de vista ecológico e estético,

empregando conhecimentos biológicos para estabilização de encostas de terrenos e margens

de cursos d’água (LI e EDDLEMAN, 2002; STOKES et al., 2010; ARAÚJO-FILHO et al.,

2013).

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Dentre as técnicas de engenharia natural, difundidas mundialmente, podemos citar:

enrocamento de pedras, estacas vivas, feixes vivos, camada de arbustos, Parede Krainer,

manta de arbustos, barreiras vivas, gabiões de pedra com vegetação, paliçadas vivas,

hidrossemeadura, geossintéticos, geotêxtis e retentores de sedimentos. Essas técnicas podem

ser aplicadas individualmente ou interligadas, potencializando seus efeitos positivos sobre os

processos erosivos (ROCHA, 2006; HOLANDA et al., 2009; ARAÚJO-FILHO et al., 2013).

Para a melhor eficiência na implantação das técnicas de engenharia natural,

primeiramente é preciso conhecer as características físicas do solo, morfologia do canal do

rio, ângulo de inclinação e características granulométricas do talude, que passa por um re-

afeiçoamento ou retaludamento antes da implantação da técnica (BANDEIRA, 2005;

ROCHA, 2006). A priori, essas técnicas possibilitam a contenção da erosão, a posteriori,

permite a estabilização da vegetação. A vegetação desempenha um papel importante no

controle de erosão, uma vez que sua parte aérea minimiza o embate das gostas de água

diretamente sobre o solo, impedindo a erosão laminar. O sistema radicular possibilita a coesão

entre as partículas de solo, aumentando a resistência do mesmo ao cisalhamento

(MACHADO, et al., 2015).

Na área experimental foram implantadas três técnicas de Engenharia Natural:

Enrocamento Vegetado, Parede Krainer e Cordão de Vetiver. Após alguns anos da

implantação das técnicas, foi possível verificar a presença de macrófitas aquáticas, espécies

que se desenvolve em áreas cobertas ou saturadas por água, e favoreceu na mitigação dos

processos erosivos local.

2.5 Produção de sedimentos em suspensão

A produção de sedimentos em suspensão (PSS) ocorre naturalmente, e é decorrente

das taxas de erosão dentro de uma bacia hidrográfica, que promove o arraste de sedimentos

para os cursos d’água, possibilitando o seu transporte e posterior deposição nas margens desse

sistema hídrico. A erosão por sua vez é influenciada por fenômenos climáticos, que podem ser

intensificados pelas atividades humanas (DUTU et al., 2014; ESTRANY et al., 2009). Outra

interferência no transporte de sedimentos é a regularização da vazão do rio, esta é uma

medida de controle sobre o fluxo hídrico dos cursos d’água, que é responsável também por

alterar o regime sedimentar do ecossistema (DANG et al., 2010).

A PSS é definida como a quantidade de sedimentos que é transportada de uma bacia

hidrográfica, sendo esta consequência do material erodido a sua vertente e no canal fluvial.

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Parte do material que é erodido fica depositado ao longo do canal do rio e o restante é

transportado até o exutório (MINELLA & MERTEN, 2011).

Ao longo das décadas, os rios em todo o mundo sofreram alterações ao longo do seu

curso, principalmente pelo represamento das águas, seja para o controle de enchente,

abastecimento humano ou animal, para a agricultura e na produção de energia elétrica, o que

tem repercutido diretamente no aporte de sedimentos em suspensão (MEDEIROS et al., 2011;

DAI & LIU, 2013; BENÍTEZ-MORA & CAMARGO, 2014; GAY et al., 2014; DUTU et al.,

2014).

A compreensão na dinâmica do Transporte de Sedimentos em Suspensão (TSS) é

fundamental para avaliar os impactos ambientais causados pelo represamento das águas, bem

como pelas atividades agrícolas desenvolvidas próximo as margens dos cursos d’água

(KITHEKA et al., 2005).

Os sistemas fluviais são fundamentais no transporte dos sedimentos intemperizados, e

esses materiais são carreados das áreas mais elevadas para as mais baixas, saindo do

continente em direção ao mar, servindo assim como canais de escoamento para os processos

aluviais de erosão, transporte e sedimentação (CABRAL et al., 2009).

Em virtude do represamento das águas, o rio São Francisco apresenta uma vazão

regularizada jusante, o que descaracterizou o transporte de sedimentos, pois grande parte

destes ficam retidos nas barragens, além de afetar diretamente as características dos

ecossistemas aquáticos (DANG et al., 2010; MEDEIROS et al., 2011).

A diminuição no transporte de sedimentos no canal do rio é consequência do

abaixamento da vazão, que tem levado a uma maior taxa de erosão de suas margens, mesmo

com intensificação das atividades antropogênicas, com a retirada da vegetação para ampliação

de áreas agricultáveis, que por sua vez contribui na vulnerabilização dos solos, uma vez que

sem a vegetação o solo fica exposto ao intemperismo físico e químico, facilitando o

desprendimento dos agregados (MEDEIROS et al., 2007; HOLANDA et al., 2010).

Na área de estudo, foram selecionados cinco transectos para coleta de sedimentos em

suspensão; dentre eles três compreendem técnicas de Engenharia Natural, e as outras duas

serviram como testemunha, onde verificou-se a contribuição na produção de sedimentos em

suspensão na referida área.

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2.6 Macrófitas aquáticas

Macrófitas aquáticas é um termo genérico que caracteriza plantas que crescem na

água, sejam em solos cobertos por água, ou solos saturados. As macrófitas são vegetais que

durante sua evolução voltaram do ambiente terrestre para o aquático. Em consequência,

apresentam algumas características de vegetais terrestres, como presença de cutícula, embora

fina, e de estômatos que na maioria das espécies não são funcionais (ESTEVES,1998).

As macrófitas aquáticas colonizam os mais diversos ecossistemas aquáticos, tais como

lagos, pântanos, reservatórios, riachos, rios, ambientes marinhos e até mesmo corredeiras e

quedas d’água (THOMAZ & CUNHA, 2010). Esses organismos apresentam grande

capacidade de adaptação e grande amplitude ecológica, isto é, uma espécie é capaz de

colonizar os mais diferentes tipos de ambientes.

As macrófitas são classificadas quanto a suas formas biológicas e esta classificação

reflete o grau de adaptação ao meio aquático. Segundo Esteves (1998), os principais grupos

de macrófitas aquáticas são: macrófitas aquáticas emersas: plantas enraizadas no sedimento e

com folhas fora da água; macrófitas aquáticas com folhas flutuantes: plantas enraizadas no

sedimento e com folhas flutuando na superfície da água; macrófitas aquáticas submersas

enraizadas: plantas enraizadas no sedimento, que crescem totalmente submersa na água;

macrófitas aquáticas submersas livres: plantas que têm rizoides pouco desenvolvidos e que

permanecem flutuando submergidas na água em locais de pouca turbulência; macrófitas

aquáticas flutuantes: plantas que flutuam na superfície da água (Figura 2).

FIGURA 2: Representação das formas biológicas das macrófitas aquáticas

Fonte: ESTEVES, 1998.

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A priori, os estudos envolvendo as macrófitas tinham caráter taxonômico, no qual

buscava a identificação e distribuição geográfica. A posteriori, houve o interesse de estudar

sua ecologia e as interações com outros organismos. Estudos como os de Rolon et al., (2010),

Thomaz & Cunha (2010), Pott et al., (2011), e Cunha et al., (2012), relatam a importância da

preservação e manutenção desta flora aquática, para conservação da biodiversidade, uma vez

que, as macrófitas servem de berço para o desenvolvimento de outras espécies, tais como:

insetos, peixes, aves, seja como abrigo ou alimentos para estes.

Algumas espécies de macrófitas aquáticas são denominadas como “daninhas”, pois a

depender de seu desenvolvimento, estas podem causar danos aos ecossistemas aquáticos, bem

como a utilização dos recursos hídricos, seja na pesca, navegação, captação de água e geração

de energia elétrica (THOMAZ, 2002; MARTINS e PITELLI, 2005). As atividades antrópicas

muitas vezes intensificam a proliferação desordenada de muitas espécies aquáticas, e estas,

por sua vez, tornam-se problemas ao ecossistema aquático.

Além disso, as macrófitas aquáticas são utilizadas como bioindicadores dos níveis de

poluição nos corpos d’água, pois apresentam uma grande taxa no desenvolvimento de sua

biomassa, e algumas espécies tem a capacidade de absorver e concentrar poluentes metálicos,

contribuindo para ciclagem de nutrientes das águas (CARIS et al., 2007; MACÊDO et al.,

2012).

A vegetação é fundamental no controle de erosão, pois esta contribui na estabilidade

dos agregados de solo, por meio do reforço mecânico de suas raízes (BURRI et al., 2009;

TANG et al., 2010). A parte aérea protege o solo contra a chuva, minimizando a erosão

laminar. Porém, em taludes íngremes e desestabilizados, o uso da vegetação deve ser

analisado com cuidado, porque o simples fato de se ter uma cobertura vegetal não é garantia

para a estabilidade do talude. A vegetação arbórea nesses casos não é recomendada, pois o

peso que essa exerce sobre uma encosta pode ocasionar o desmoronamento de blocos

(GLENDINNING et al., 2009; HOLANDA et al., 2010).

Na área experimental, as macrófitas aquáticas se desenvolveram formando cinco

bancos isolados, após a implantação de técnicas de engenharia natural. A diversidade de

macrófitas aquáticas na área de estudo contribuiu para o desenvolvimento da ictiofauna,

possibilitando a restruturação do ecossistema, e o aumento da biodiversidade local.

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3 ARTIGO 1

Povoamento de macrófitas aquáticas em Taludes do Baixo São Francisco -

SE

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Resumo

As macrófitas são consideradas componentes importantes em ecossistemas aquáticos, pois

além de serem os principais produtores primários de matéria orgânica, auxiliam na ciclagem

de nutrientes, na estabilização de sedimentos, além de refúgio e nidificação para outras

espécies. Este trabalho teve como objetivo avaliar a riqueza temporal e espacial do

povoamento de macrófitas aquáticas em um talude da margem direita do Rio São Francisco.

A área de estudo compreendeu um trecho da margem do Rio São Francisco no seu baixo

curso, localizado no Município de Amparo do São Francisco, Sergipe. A coleta do material

botânico seguiu os métodos convencionais de montagem de exsicata, tendo sido realizada no

período de abril de 2014 a setembro de 2015, totalizando quatro amostragens, duas no período

chuvoso e duas no período seco, nos pontos identificados como: (A) Talude Vegetado, (B)

Enrocamento Vegetado, (C) Talude Erodido, (D) Parede Krainer e (E) Cordão de Vetiver.

Foram identificadas 66 espécies distribuídas em 23 famílias, mostrando a riqueza e

diversidade de espécies em um pequeno trecho de margem do Rio São Francisco. Quando

avaliada a distribuição de riqueza temporal, o período do inverno apresentou maior riqueza de

espécies. Entre os pontos de amostragem aquele que apresentou maior riqueza espacial foi o

Talude Vegetado. As técnicas de engenharia natural implantadas (Pontos B, D e E)

possibilitaram a estabilização dos taludes marginais, e assim, criando um ambiente favorável

para um maior povoamento de macrófitas aquáticas, essenciais no desenvolvimento da fauna

local, bem como na restruturação do ecossistema.

Palavras chave: Talude, espécies aquáticas, enrocamento

Abstract

Aquatic macrophytes species are considered important components of aquatic ecosystems, as

well as being the main primary producers of organic matter, working in nutrient cycling,

stabilizing sediments, as shelter and nesting grounds for other species as well. The objective

of this study was to evaluate the temporal and spatial richness of the aquatic macrophytes

population on the São Francisco riverbank. The study area comprises a margin stretch of the

São Francisco River in its lower course, located in the Amparo do São Francisco

Municipality, Sergipe. The collection of botanical material followed conventional methods,

being held from April 2014 to September 2015, a total of four sampling time, two in the rainy

season and two in the dry season, in the followings sites identified as: (A) Vegetated Slope (

B) Vegetated Riprap, (C) Eroded Slope, (D) Cribwall and (E) Vetiver grass Line. 66 species

distributed in 23 families were identified, showing the species richness and diversity in a

small margin stretch of the São Francisco River. When evaluated the temporal distribution of

richness, the rainy period showed greater species richness. The Vegetated Slope presented the

highest spatial richness among the sampling sites. The soil engineering techniques (sites B, D

and E) enabled the slope stabilization, and thus enabling environment for the largest

population of aquatic macrophytes, which are essential to the local fauna as well as the

restructuring of the ecosystem.

Key-words: Riverbank, aquatic species, riprap

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Introdução

Macrófitas aquáticas é um termo designado a uma diversidade taxonômica de

organismos, com diversas formas de vida, que se estendem desde áreas alagadas a ambientes

totalmente aquáticos. Dentro dessa classificação encontramos organismos que variam de algas

a angiospermas (CHAMBERS, 2008). As macrófitas são classificadas como: emersas, plantas

enraizadas com as folhas fora da água; flutuantes, plantas enraizadas no sedimento com folhas

flutuando na superfície d’água; submersas enraizadas, plantas enraizadas no sedimento, que se

desenvolvem totalmente submersas na água; submersas livres, plantas que se desenvolvem

flutuando submersa na água (ESTEVES, 1998).

Dada à diversidade e distribuição no ecossistema, as macrófitas aquáticas exercem um

importante papel ecológico em ambientes lênticos, pois propicia um ambiente atrativo para o

desenvolvimento da fauna (desde vertebrados a diversos gêneros de invertebrados), seja por

meio de abrigo, como também servindo de alimento forrageiro para os mesmos (DHIR,

2015). Além de contribuir na ciclagem de nutrientes, algumas macrófitas, principalmente as

de vida livre, submersas enraizadas e emergentes, são eficientes na remoção de poluentes

(DHIR et al., 2009; SHAH et al., 2015).

A colonização de macrófitas aquáticas está associada com a disponibilidade de

nutrientes dissolvidos na água, luminosidade, temperatura, alcalinidade, salinidade,

velocidade e vazão do rio, que em conjunto atuam sobre essas comunidades (MADSEN et al.,

2001; HENRY-SILVA & CAMARGO, 2005; PEREIRA et al., 2012). Com efeito, o controle

no regime hidrológico tem como consequência alterações nas comunidades biológicas de água

doce e nas condições físico-químicas da água (BECK et al., 2012; GONZÁLEZ et al., 2013;

BENÍTEZ-MORA & CAMARGO, 2014), que criam ambientes diversos que possibilitam a

ocorrência de uma diversidade de espécies

Alterações hidrológicas ocorrem com frequência em grandes rios em escala mundial,

repercutindo em alterações ao logo do canal, por meio do represamento de água, seja para

utilização na energia elétrica, como também para abastecimento humano, irrigação, controle

de inundações, navegação e para o lazer. No caso do rio São Francisco, os últimos cinquenta

anos foram marcados pela construção de usinas hidrelétricas ao longo de todo o seu curso,

fato esse que alterou consideravelmente a dinâmica hidrossedimentológica desse ecossistema

(MEDEIROS et al., 2011), levando à intensificação da ocorrência de processos erosivos na

sua margem, e assim, demandando a implementação de obras de mitigação dessa e de outras

formas de degradação ambiental.

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O uso inadequado do solo é uma prática recorrente em várias partes do mundo,

resultando no desmatamento de grandes áreas, para a ampliação da agricultura, e em

contrapartida com a retirada da cobertura vegetal, os agregados dos solos ficam instáveis,

contribuindo para a ocorrência dos processos erosivos (HOLANDA et al., 2007, HOLANDA

et al., 2009). A fim de mitigar os danos causados pela erosão, cientistas de várias partes do

mundo têm desenvolvido técnicas de engenharia aliados a conhecimentos ecológicos, sobres

espécies vegetais, que contribuem com o reforço mecânico das raízes para o controle da

erosão (MACHADO et al., 2015; POLSTER, 2003; STOKES et al., 2010). Essas técnicas são

denominadas de Engenharia Natural ou Bioengenharia de Solos.

Estudos como de Ribeiro et al., (2013) mostram a importância da vegetação no

controle da erosão em margens de taludes fluviais. Petrone e Preti (2008), em seu trabalho,

mostram a importância de se conhecer as características morfológicas das espécies, para que

estas tenham um desempenho positivo na estabilização de encostas. Machado et al., (2015)

relata em seus estudos a importância do reforço radicular na estabilização de taludes.

No Baixo São Francisco (BSF) após a implantação de algumas técnicas de engenharia

natural, tem sido observado o desenvolvimento da comunidade de macrófitas aquáticas na

base do talude, como resultado de um ambiente hidrossedimentológico favorável. Dentre as

técnicas introduzidas na área experimental destacam-se o Enrocamento Vegetado, Parede

Krainer e o Cordão de vetiver. Estas técnicas além de controlar os processos erosivos,

proporcionando a estabilidade das encostas, propiciam um ambiente favorável ao

desenvolvimento da flora e abrigo para a fauna aquática.

Este trabalho teve como objetivo avaliar a riqueza temporal e espacial do povoamento

de macrófitas aquáticas em um talude da margem direita do Rio São Francisco.

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Materiais e Métodos

Área de Estudo

A área de estudo compreendeu um trecho do baixo curso do Rio São Francisco,

localizado no Município de Amparo do São Francisco, no Estado de Sergipe, cujas

coordenadas UTM são N= 8.868.789,506 e E = 736.583,864 (Figura 1). O clima do local,

segundo a classificação de Köppen, é do tipo As (Clima Tropical, com invernos chuvosos e

verões secos), com pluviosidade e temperatura média anual de 744 mm ano-1

e 25°C,

respectivamente, (CODEVASF, 2003) e o solo classificado como Neossolo Flúvico, de

acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de solos (HOLANDA, 2000).

FIGURA 1: Localização da área de estudo. Município de Amparo de São

Francisco – SE

Fonte: FONTES, 2016.

Coleta e Análise de Dados

Foi realizado um levantamento florístico no período de abril de 2014 a setembro de

2015, totalizando quatro amostragens, duas no período chuvoso e duas no período seco, sendo

coletados todos os indivíduos encontrados floridos, na margem do talude, e imediatamente

próximo, ou seja, dentro da água, para posterior identificação. Além do material florístico,

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também foram coletados a ictiofauna associada às macrófitas aquáticas, sendo estes

conservados em potes com álcool 70%, para posterior identificação das espécies.

As coletas do material botânico foram realizadas em uma área de 200 metros ao longo

da margem do rio, onde foram selecionados 5 pontos de coleta, seguindo o critério de

conectividade, entre os bancos de macrófitas. Em tempo, todos os pontos de coleta estavam

localizados em uma área experimental onde foram implantadas técnicas de engenharia natural

a partir do ano de 2011, ou em trechos que serviram de testemunha da ocorrência de processos

erosivos. Os pontos de coletas foram: Talude Vegetado (A), Enrocamento Vegetado (B),

Talude Erodido (C), Parede Krainer (D) e Cordão de Vetiver (E). Dentre os pontos de coletas,

três deles compreenderam técnicas de engenharia natural, que são os pontos B, D e E (Figura

2).

FIGURA 2: Pontos de amostragens: Talude Vegetado (A), Enrocamento

Vegetado (B), Talude Erodido (C), Parede Krainer (D) e Cordão

de Vetiver (E)

As macrófitas desenvolveram-se na extensão do talude, formando cinco bancos

isolados. A coleta foi realizada utilizando uma canoa em baixa velocidade, com registro

fotográfico e iconográfico dos materiais coletados.

A preparação do material botânico coletado seguiu os métodos convencionais como

secagem e montagem de exsicata, sendo posteriormente levado para o Herbário – ASE da

Universidade Federal de Sergipe, para deposição e identificação. A identificação taxonômica

foi realizada através da comparação entre o material coletado com os materiais do acervo,

além disso, utilizou-se bibliografia especializada (POTT, 2000; LORENZI, 2008; SOUZA,

2008) e consulta a especialistas.

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A ictiofauna associada as macrófitas aquáticas foram identificados com auxílio de

microscópio estereoscópico marca BEL PHOTONICS e bibliografia especializada (MUGNAI

et al., 2010; MUGNAI e FROEHLICH, 2007; MERRITT & CUMMINS, 2008).

Para que os dados de riqueza da biodiversidade de locais diferentes pudessem ser

comparados, apesar dos diferentes métodos de coletas aplicados, utilizou-se o método de

estimativa de riqueza a partir dos dados amostrais (CULLEN et al., 2006).

Utilizando a curva de acumulação, foi verificada a riqueza de espécies de macrófitas

aquáticas nos pontos amostrados, estimada por meio de índices exploradores não-

paramétricos. Esses foram baseados na incidência das espécies (presença/ausência)

(CHAZDON et al., 1998) por meio do programa EstimateS (COLWELL, 1997). Entre os

estimadores, foram selecionados Chao2, Jacknife de primeira ordem (Jack1) e Bootsstrap,

pois os mesmos foram utilizados em estudos com macrófitas, baseado em metodologia de

coleta semelhante (BINI et al., 2001).

Foi utilizado o Índice de Jacaard por meio do programa PasT, para estimar uma matriz

de similaridade entre os períodos de coletas e os pontos de amostragem, a fim de indicar o

grau de estabilidade temporal em relação a composição da comunidade.

Para comparar as comunidades de macrófitas encontradas entre os pontos coletados,

buscaram verificar padrões temporais, nos períodos de amostragem, possibilitando a

comparação pelo Teste de Tukey (p<5%), por meio do programa estatístico SISVAR

(FERREIRA, 2011).

Resultados e Discussão

A avaliação do povoamento de macrófitas aquáticas considera a diferenciação entre os

ambientes criados em consequência da implantação de técnicas de engenharia natural a partir

de 2011 e ambientes vegetados naturalmente ou em processo erosivo, ao longo de um trecho

da margem do rio. Nesse sentido, verificou-se nos pontos amostrados uma riqueza de

espécies, repercutindo na recomposição florística desejada em taludes fluviais.

O ponto “A”, nomeado como Talude Vegetado, foi uma área recoberta com vegetação

nativa e com forte presença de macrófitas aquáticas; Ponto “B” compreende ao Enrocamento

Vegetado, umas das técnicas de engenharia natural, implantada na área experimental, e que

consiste de materiais rochosos colocados na base do talude no ano de 2011. Todo o

enrocamento estava recoberto por vegetação, além de apresentar macrófitas aquáticas na sua

base; O Ponto “C” ou Talude Erodido, no primeiro ano de coleta apresentava um grande

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número de indivíduos em sua base, porém no ano de 2015, devido ao período de seca

prolongada, essa vegetação diminuiu consideravelmente; Ponto “D” denominado de Parede

Krainer, outra técnica de engenharia natural que consiste na estabilização do talude do rio

com toras de madeira, grampos e materiais vivos e implantada em setembro de 2013, que

também apresentava vegetado, com grande número de macrófitas em sua base; Ponto “E”

Cordão de Vetiver, que consiste de cordão de touceiras do capim-vetiver (Chrysopogon

zizanioides (L.) Roberty), plantadas em curvas de nível, obedecendo a concavidade da

margem, e entre os pontos de coletas foi o que apresentou menor diversidade de macrófitas.

Foram identificadas 66 espécies de macrófitas aquáticas distribuídas em 23 famílias

(Tabela 1), mostrando a riqueza e diversidade de espécies em um pequeno trecho da margem

do Rio São Francisco. Outros estudos em diferentes sistemas hídricos ratificam o povoamento

de macrófitas se condições propícias para o desenvolvimento dessas espécies forem

possibilitadas, como relatado por Araújo et al. (2012) que avaliou a riqueza e diversidade de

macrófitas aquáticas em mananciais da caatinga, inventariando 52 espécies pertencentes a 25

famílias. Cunha et al. (2012) se reporta à ocorrência de 57 espécies distribuídas em 25

famílias para um Lago no Pantanal Mato-grossense. Vale destacar que as áreas em que foram

implantadas as técnicas de contenção da erosão foram retaludadas para alcançar a inclinação

de 27°, implicando na retirada total da vegetação, com ênfase nas macrófitas aquáticas, que

em consequência das obras foram retiradas na sua totalidade; logo, o registro posterior dos

indivíduos catalogados reflete o ambiente favorável criado para a dispersão dessas espécies ao

longo dos anos.

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TABELA 1: Famílias de Espécies de Macrófitas aquáticas coletadas na área de estudo. Formas Biológicas, Anfíbias (AN), Submersas (SUB), Submersas

enraizadas (SUB EN), Flutuante (FLU) e Emersa (EM).

Familia Espécie Formas Biológicas Familia Espécie Formas Biológicas

Poaceae Paspalum millegrana Schrad AN Fabaceae Centrosema pascuorum Mart. ex Benth. AN

Panicum maximun Jacq. AN Aschynomene sensitive Sw. AN

Panicum pilosum AN Sesbania vigrata (Cav.) Pers AN

Brachiaria decumbens AN Crotalaria incanaL. AN

Hymenachne pernambucensis (Sprenj.) Zuloaga SUB EN Vigna adenantha (G. Mey.) Marechal et al. AN

Brachiaria sp AN Crotalaria pallida Aiton AN

Panicum laxum Sw. AN Macroptilium lathyroides (L) Urb. AN

Pannisetum sp AN Vigna sp AN

Pennisetum setosum (Sw.) Rich. AN Senna obtusifolia AN

Asteraceae Emilia coccinea (Sims) G. Don AN Chamaecrista sp AN

Blaincillea dichotoma AN Mimosa pigra AN

Tilesia baccata AN Mimosa pudica L. AN

Emilia sonchifolia (L) DC. Ex Wight AN Onagraceae Ludwigia helmintorrhiza (Mart.) Hara FLU

Eclipta alba (L)Hassk AN Ludwigia octovalvis (Jacq.) P.H. Raven AN

Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass AN Ludwigia leptocarpa (Nutt.) Hara AN

Mikania cordifolia (L.F.) Willd AN Ludwigia nervosa AN

Conyza cf. bonariensis (L.) Cronquist AN Cyperaceae Cyperus surinamensis Rottb. AN

Ageratum conyzoides L. AN Oxycaryum cubense EM

Tridax procumbens AN Cyperus compressus L. AN

Pluchea sagittalis(Lam.) Cabrera AN Cyperus odoratus L. AN

Melanthera latifólia AN Cucurbitaceae Momordica charantia L. EM

Synedrella nodiflora AN Pontederiaceae Ecchiornia crassipes(Mart.) Solms FLU

Passifloraceae Piriqueta racemosa (Jacq.) Sweet AN Convolvulaceae Jacquemontia sp AN

Turnera cistoides AN Ipomoea asarifolia (Desr.) Roem. & Schult. AN

Turnera subulataSmith AN Salviniaceae Salvinia auriculata Abul. FLU

Euphorbiaceae Chamaesyce hyssopifolia (L.) Small AN Verbenaceae Lantana camara AN

Hydroleaceae Hydrolea spinosa L. NA Stachytarpheta angustifolia AN

Araceae Pistia stratiotes L. FLU Potamogetonaceae Potamogeton pusillus SUB

Rubiaceae Spermacoce verticillata L. AN Sphenocleaceae Shpenoclea zeylanica AN

Pentodon pentandros AN Malvaceae waltheria indica AN

Lamiaceae Hyptis brevipes Poit. AN Plantaginaceae Stemodia maritima AN

Hydrocharitaceae Apalanthe granatensis (Humb. & Bonpl) SUB Amaranthaceae Alternanthera tenella colla AN

Najas guadalupensis (Spreng.) Magnus SUB Juncaceae Juncus sp EM

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Dentre as famílias botânicas mais representativas, foram identificadas as Asteraceae

com 13 espécies, Fabaceae com 12 espécies, Poaceae com 9 espécies, Onagraceae e

Cyperaceae com 4 espécies cada, Passifloraceae com 3 espécies, Rubiaceae, Convolvulaceae,

Hydrocharitaceae e Verbenaceae com 2 espécies, Euphorbiaceae, Hydroleaceae, Araceae,

Lamiaceae, Cucurbitaceae, Pontederiaceae, Salviniaceae, Potamogetonaceae, Sphenocleaceae,

Malvaceae, Plantaginaceae, Amaranthaceae e Juncaceae, com uma espécie cada (Tabela 1).

Quanto às formas biológicas, 83% das espécies são anfíbias, espécies adaptadas às

variações dos níveis de água, sendo as margens dos rios uma interface entre o ambiente

aquático e o terrestre, possibilitando uma grande diversidade de espécies (SPONCHIADO,

2008). Também foram identificadas espécies submersas (5%), emersas (5%), submersas

enraizadas (1%) e flutuantes (6%). Esses são padrões de distribuição diferenciados como

também encontrados nos estudos de (BIANCHINI JUNIOR et al., 2010; MORMUL et al.,

2010).

As espécies da Família Asteraceae, a de maior ocorrência, têm como característica a

fácil adaptação a áreas perturbadas, sendo umas das primeiras a se estabelecerem, e a

depender do nível de desenvolvimento, muitas são tidas como “daninhas” ou invasoras. Essa

é uma das maiores Famílias de plantas, com cerca de 23.000 mil espécies, o que corresponde

a dez por cento do total de flora de angiosperma; apresentam uma distribuição cosmopolita,

com representantes em todos os continentes, exceto na Antártica (MOREIRA &

BRAGANÇA, 2010; ROQUE & BAUTISTA, 2008).

A presença das espécies Salcinia auriculata Aubl., Pistia stratiotes L. e Eichhornia

crassipes em todos os meses de coletas, mostra seu caráter invasor, que apesar das alterações

hidrológicas, com a diminuição da vazão e da cota do rio, estas mantiveram sua população,

sempre com o número bem expressivo. Estudos como o de Moura - Júnior (2012), nos

reservatórios Cursai e Tapacurá, também identificaram a permanência dessas espécies em

dois períodos distintos de alterações hidrológicas. Essas espécies apresentam plasticidade

morfofisiológica que as possibilitam ocupar desde ecossistemas continentais, como também

águas salobras (POMPÊO, 2008).

A Figura 3 apresenta a evolução do povoamento das macrófitas, considerando o tempo

de implantação do enrocamento de mais de 4 anos, se constituindo em um sítio que atrai

também uma fauna que contribui para a promoção da dispersão de sementes necessária para a

recomposição florística do talude do rio, como mostra a Tabela 2. Estudos como o de Pereira

et al., (2013), mostra a diversidade de fauna associado aos bancos de macrófitas aquáticas, o

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que vem corroborar para os achados deste trabalho. Em tempo, os enrocamentos que são

implantados no terço inferior dos taludes possibilitam o controle do solapamento na sua base,

ao tempo em que cria ambientes propícios à recuperação da biodiversidade desses ambientes

aquáticos, não só da flora, mas também da fauna. É dado ênfase para o povoamento com

macrófitas, que ali se instalam devido à acumulação de sedimentos que recobre parte das

rochas.

FIGURA 3: Povoamento de macrófitas desde a implantação do enrocamento na

margem do São Francisco sergipano, no período de 2011-2015.

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TABELA 2: Espécies de fauna associada às macrófitas aquáticas.

Classe Família Gênero Espécie Nome popular

Arachinidae Lycosidae - - Aranha

Crustacea Palaeminidae Macrobrachium Macrobrachium

carcinus

Camarão

Macrobrachium Macrobrachium

jelskii

Camarão

Gastropoda Ampullariidae Pomacea Pomacea lineata Caracol

Ancylidae Ancylus sp. - -

Corbiculidae Corbicula Corbicula fluminea Bivalve de água doce

Physidae Physa sp. - -

Planorbidae Helisoma Helisoma caribaeum Caramujo

Thiaridae Melanoides Melanoides

tuberculatus

Caramujo trombeta

Insecta Acrididae Tropidacris Tropidacris grandis Gafanhoto (ninfa)

Aeshnidae Staurophlebia sp. - Libélula

Beatidae Callibaetis sp. - -

Blattarie Supella Supella longipalpa Barata

Calopterigydae Calopteryx sp. - Libélula

Carabidae Amphithasus sp. - Besouro tigre

Coenagrionidae Telebasis sp - Libélula

Cordulidae Neocordulia sp. - Libélula

Corixidae Buenoa sp. - Percevejo aquático

Curculionidae Neobagous sp. - Gorgulho

Gomphidae Phyllogomphoides sp. - Libélula

Gryllidae Achaeta Achaeta domesticus Grilo

Hydrophilidae Hydrophilus Hydrophilus ovatus Besouro aquático

Libellulidae Idiataphe sp. - Libélula

Libellulidae Libellula sp. - Libélula

Libellulidae Zenithoptera sp. - Libélula

Naucoridae Limnocoris sp. - Percevejo aquático

Pyralidae Coenochroa sp. - Borboleta (larva)

adulto

Staphylinidae Liogluta sp. - Potó

Osteictes Synbranchidae Synbranchus Synbranchus

marmoratus

Muçum

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Na análise de riqueza temporal, observou-se que houve diferença significativa (p<5%)

na quantidade de espécies, nos pontos de amostragens, nos períodos de inverno (mais

chuvoso) e verão (mais seco) (Figura 4), apresentando uma quantidade de táxons mais

abundante no período chuvoso. Corroborando com os estudos de (MOURA-JUNIOR et al.,

2009; ROLON et al., 2010; DODKINS et al., 2012) que identificaram maior diversidade de

espécies aquáticas no período com maior pluviosidade. Isso é decorrente do aumento do nível

de água e, consequentemente, da maior disponibilidade de nutrientes, carreados pelo fluxo da

água e muito importante para o maior desenvolvimento das mesmas.

FIGURA 4: Riqueza de espécies de macrófitas aquáticas encontradas nos

períodos do inverno e verão, para os cinco pontos de amostragens.

Eventos climáticos, como a precipitação pluviométrica, e eventos hidrológicos, como

redução de vazão e cota do rio, são responsáveis pela caracterização e composição das

comunidades de macrófitas (DAR et al., 2014). No presente estudo, os meses que

compreenderam o inverno na área experimental que foi de abril a agosto, período de maiores

precipitações, coincidiu com a maior riqueza de espécies. Enquanto o período do verão, que

vai dos meses de setembro a março, foi registrado as menores precipitações, afetando

diretamente na riqueza de macrófitas aquáticas. Vale destacar que o período chuvoso na área

estudada, não correspondeu ao período de maior vazão do rio, uma vez que tratou-se de um

rio de vazão controlada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), e que apresenta maior

vazão quando as usinas hidrelétricas demandam maior produção de energia elétrica, ou

quando aumentam as chuvas nas cabeceiras do rio, ou seja, no alto curso do rio. Camargo et

al., (2003), em seus estudos, inferiu que a variação do nível de água interfere diretamente na

composição de macrófitas aquáticas. Pedro et al., (2006) também encontrou alterações nas

comunidades de macrófitas aquáticas, consequências das mudanças nos ciclos hidrológicos.

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Considerando que a vazão e a cota do rio variam pouco no período de avaliação

(Figura 5) (setas em vermelho indica o período do inverno e as verdes o verão), é possível

atribuir a pluviosidade às diferenças no povoamento de macrófitas.

FIGURA 5: (A) Precipitação, (B) Cota e (C) Vazão nos meses de coleta do

material botânico.

Fonte: INMET (2016) e HydroWeb (2016)

Quanto à riqueza nos pontos de amostragens, foi verificada diferença estatística

(p<5%), sendo que o talude vegetado apresentou maior quantidade de espécies (69), enquanto

o transecto Cordão de Vetiver foi o que apresentou menor quantidade (30 espécies) (Figura

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6). Esse comportamento repercute as condições menos propícias ao desenvolvimento das

espécies no Cordão de Vetiver, por apresentar um solo mais arenoso com condições

ecológicas e geomorfológicas menos favoráveis ao povoamento das macrófitas, uma vez que

são nos trechos côncavos dos taludes onde as taxas erosivas são mais expressivas.

FIGURA 6: Riqueza de espécies de macrófitas aquáticas nos pontos de

amostragens.

A curva de acumulação de espécies (Figura 7) nos mostra os valores de riqueza

observados em contraste com os valores de riqueza estimados. Dentre os estimadores

utilizados, percebe-se que o Jack1 e o Chao2 o número de espécies estimadas é superior ao

coletado. E o estimador Bootsstrap é o que mais se assemelha com os valores reais de coleta.

O estimador Jack1 utiliza o método para avaliar a riqueza total de uma área, somando a

riqueza observada (o número de espécies coletadas), utilizando como parâmetro o número de

espécies raras de uma amostra (“uniques”). O método Chao2 estima a riqueza de espécies

quando pelo menos umas das espécies são raras. Já o método Bootsstrap difere dos demais

por utilizar dados de todas as espécies coletadas para estimar a riqueza total, não se

restringindo as espécies raras (CULLEN et al., 2006).

O ponto de amostragem do Cordão de Vetiver foi o que apresentou os valores de

espécies coletadas mais semelhantes com os estimadores, enquanto para o Enrocamento

Vegetado o número de espécies estimadas foi superior ao coletado, e o mesmo padrão

manteve-se para os demais pontos. Estudos como de Lolis (2008), também identificou

padrões de subestimação de espécies nas áreas de amostragens. Dalbem (2010) em seu estudo

sobre a diversidade de insetos predadores em pomares também demostrou a subestimação da

riqueza de espécies inventariadas.

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FIGURA 7: Curva de acumulação de espécie observadas e estimadas (estimadores

Jack 1, o Chao2, Bootsstrap), a linha contínua refere-se as espécies

coletadas, para os pontos de amostragens. Cordão de Vetiver (CV),

Talude erodido (TE), Enrocamento Vegetado (EV), Parede Krainer

(PK.) e Talude Vegetado (TV) .

A análise de similaridade (ANOSIM) mostrou diferença significativa na composição

das assembleias de macrófitas aquáticas entre alguns dos pontos de amostragens (Tabela 3).

Dentre os pontos em que houve diferença significativa, pode-se destacar Talude Vegetado e

Parede Krainer (0,49) e Talude Vegetado e Cordão de Vetiver (0,30), porém com

sobreposição das espécies. Por meio da análise de similaridade, ficou evidente que a

comunidade de macrófitas encontradas no Talude Vegetado e na Parede Krainer são

semelhantes, isso é uma característica de áreas próximas, o que possibilita a homogeneidade

de espécies, em virtude dos seus agentes dispersores. Em outros estudos também foram

encontrados sobreposição de espécies entre os pontos de amostragens, nos estudos de

Rodrigues (2011) na represa Guarapiranga, em São Paulo, que também identificou padrões

diferenciados na composição de macrófitas em diferentes bancos de coletas. Os estudos de

Almeida (2012), também concordam com os achados no presente trabalho, que encontrou

diferenças na composição de macrófitas entre os períodos de amostragem com sobreposição

das espécies. Fatores esses que podem estar relacionados diretamente com os níveis da lâmina

d’água, bem como velocidade do vento o que dificulta a colonização de macrófitas,

principalmente as flutuantes e submersas.

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TABELA 3: Análise de similaridade (ANOSIM) para as comunidades de macrófitas nos cinco pontos de

amostragem. (*p<0,05)

Pontos de amostragem R Valor de p

Talude vegetado X Enrocamento 0,2139 0,04

Talude vegetado X Talude Erodido 0,1907 0,07

Talude vegetado X Parede Krainer 0,4907 0,001*

Talude vegetado X Cordão de Vetiver 0,3056 0,02*

Enrocamento X Talude Erodido 0,1185 0,18

Enrocamento X Parede Krainer 0,1972 0,05

Enrocamento X Cordão de Vetiver 0,1204 0,10

Talude Erodido X Parede Krainer 0,2056 0,06

Talude Erodido X Cordão de Vetiver -0,075 0,77

Parede Krainer X Cordão de Vetiver 0,2343 0,02

Conclusões

Na comunidade de macrófitas aquáticas, ocorreu predominância das famílias

Asteraceae, Fabaceae, Poaceae, e quanto à forma biológica predominou a anfíbia.

As espécies foram mais abundantes no período chuvoso, do que no período de baixa

pluviosidade.

O Talude Vegetado apresentou a maior riqueza de espécie entre os pontos

amostrados, ratificando a importância da proteção do talude como atração para outras

espécies.

Na estimativa da curva de acumulação das espécies, o valor estimado foi maior que o

coletado, e estimador que mais se aproximou dos valores reais de coleta foi o Bootsstrap.

Na análise de similaridade para os pontos de coleta houve sobreposição das espécies

entre os pontos, em virtude da proximidade das áreas.

A diversidade de espécies ratifica a importância dessa comunidade nas sucessões

ecológicas, criando um ambiente atrativo para o desenvolvimento da fauna.

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4 ARTIGO 2

Produção de sedimentos em taludes da margem direita do Baixo São

Francisco - SE, submetidos a diferentes técnicas de Engenharia Natural em

período de baixa vazão.

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Resumo

A construção de barragens e a regularização da vazão do rio São Francisco alteraram o regime

hidrossedimentológico desse ecossistema, trazendo vulnerabilidade aos taludes com

ocorrência de processos erosivos. Para controlar esses impactos, técnicas de Engenharia

Natural, surgem como alternativa para conter o avanço da erosão e diminuir o carreamento de

sedimentos para o canal do rio. O objetivo desse trabalho foi avaliar o aporte de sedimentos

em suspensão no canal do Rio São Francisco, considerando um trecho da margem direita

submetida a diferentes técnicas de Engenharia Natural. Foi avaliada a produção de sedimentos

no período de 03 anos (2013, 2014 e 2015) a 20, 40 e 60% de profundidade do canal, em

cinco diferentes transectos, orientados pela presença ou ausência de técnicas de controle de

erosão, assim identificados: 1- Talude Vegetado; 2- Enrocamento Vegetado; 3- Talude

Erodido; 4- Parede Krainer; e 5- Cordão de Vetiver, sendo que em três trechos da margem (2,

4 e 5) foram implantadas técnicas de Engenharia Natural. A produção de sedimentos

apresentou-se diferente nos cinco tratamentos, sendo que o Talude Erodido a 20% de

profundidade apresentou o menor aporte de sedimentos em suspensão. Quando comparada a

eficiência das técnicas de engenharia natural o Enrocamento Vegetado foi o que apresentou

menor aporte de Sedimentos em suspensão. A forte presença de macrófitas aquáticas, na

margem do rio, contribuiu para a proteção da base dos taludes por dissipar a energia do fluxo

e refluxo das ondas. Houve um decréscimo progressivo na quantidade total de sedimentos em

suspensão na comparação dos períodos avaliados, devido não só à redução da vazão do rio

mas também pela proteção conferida pelas técnicas de controle de erosão adotadas.

Palavras-chave: erosão, talude fluvial, Sedimentos em suspensão.

Abstract

The construction of hydro electrical power dams in order to regulate the São Francisco river

discharge, also changed the ecosystem hydro sedimentlogical regime, bringing slope

vulnerability leading to riverbank erosion. To control those impacts, soil bioengineering

techniques comes as an alternative to slope stabilization, controlling bank erosion and

decreasing the sediments transport as well. The objective of this study was to evaluate the

suspended sediments load in the São Francisco River channel, whereas a section of the right

bank under different soil bioengineering techniques. Suspended sediment load was evaluated

in a 03 years period (2013, 2014 and 2015) in the 20, 40 and 60% channel depth in five

different transects oriented by the presence or absence of erosion control techniques,

identified as follows: 1- Vegetated Slope; 2- Vegetated Riprap; 3- Eroded Slope; 4- Cribwall;

and 5- Vetiver grass Line, considering three of them (2, 4 and 5) with soil bioengineering

techniques. The suspended sediment load were different in five treatments, and the Eroded

Slope in 20% depth had the lowest contribution of suspended sediment and the Vegetated

Riprap with the lower suspended sediment load rate when compared to other biotechniques.

The strong presence of aquatic macrophytes in the riverbank toe contributed to its protection

by dissipating the energy of the ebb and flow of the waves. There was a progressive decrease

in the total suspended sediment load throughout the evaluated period; due not only to reduced

river discharge and the protection provided by adopted the erosion control techniques.

Key-words: erosion, river slope, suspended sediments load

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Introdução

A interferência humana sobre o regime hidrológico, por meio de alterações

promovidas no canal do rio e na forma de uso e ocupação do solo da própria bacia

hidrográfica (BENÍTEZ-MORA e CAMARGO, 2014) pode descaracterizar o fluxo de

sedimentos, que naturalmente é controlado por fatores hidroclimáticos e geomorfológicos

(GAY et al., 2014).

O transporte de sedimentos em suspensão é um fator natural que está relacionado com

as taxas de erosão, e esta, por sua vez, é influenciada por fatores climáticos, como também

pelas próprias atividades antropogênicas (DUTU et al., 2014; ESTRANY et al., 2009). A

regularização da vazão de um rio, por meio da construção de barragens, é uma medida de

controle sobre o fluxo hídrico dos cursos d’água, evitando enchentes e garantindo reserva de

água ao longo de um determinado período de tempo, entretanto, é ao mesmo tempo,

responsável também por alterar o regime sedimentar do ecossistema (DANG et al., 2010). As

características de vazão de um rio desempenham um papel crucial na formação e manutenção

da morfologia do canal do rio e no fluxo de transporte de sedimentos (SIMON et al., 2004;

CROWDER e KNAPP, 2005; LENZI et al., 2006).

As alterações hidrossedimentológicas não são uma característica exclusiva do Rio São

Francisco, este é um problema global que atinge rios de grande porte em todo mundo e que

também tiveram suas características geomorfológicas alteradas ao longo do seu curso, o que

igualmente descaracterizou o carreamento de sedimentos em suspensão até sua foz (DAI e

LIU, 2013; DUTU et al., 2014).

A dinâmica natural de um rio abrange os aspectos de qualidade e fluxo da água, bem

como os processos ecológicos e geomorfológicos, levando em consideração os processos

erosivos que atuam ao longo da bacia hidrográfica (FLORSHEIM et al., 2008; COLLINS e

ANTHONY, 2008).

A erosão da margem do rio é resultante da relação entre os processos erosivos e o

abaixamento da sua cota, que expõe a base dos taludes à inversão do fluxo hidráulico, e como

o Rio São Francisco possui seu sistema hidrológico alterado devido as construções de

barragens, as concentrações e os fluxos de materiais em suspensão estão diretamente

relacionadas com a sua vazão (HOLANDA et al., 2007, 2008; MEDEIROS et al., 2011). O

abaixamento da cota do rio, expondo os taludes e suas margens ao fluxo e refluxo das ondas

pode agravar e acelerar o transporte de partículas do solo. Esta exposição desencadeia

processos erosivos na forma de desmoronamento de grandes blocos e, por consequência, o

carreamento de sedimentos para o rio (MEDEIROS et al., 2007; HOLANDA et al., 2008).

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Os taludes da margem do Rio São Francisco no seu baixo curso vêm sofrendo

alterações, em virtude do represamento das águas utilizadas para geração de energia

montante. A vazão do rio, a jusante dessas barragens, é controlada, descaracterizando o fluxo

natural de sedimentos, bem como as características bióticas e abióticas (MEDEIROS et al.,

2011). Devido a essa regularização, a quantidade de material carreado em suspensão

diminuiu, pois grande parte dos sedimentos fica depositado nas barragens. Essa problemática

também é observada em outros rios de grande porte (DANG et al., 2010).

A baixa produção de sedimentos no Baixo São Francisco (BSF) é decorrente tanto da

diminuição da vazão que alcança aquele trecho da bacia hidrográfica, quanto da erosão local

de suas margens, que é intensificada por ações antrópicas, tais como a ocupação irregular das

margens e retirada da vegetação ciliar para ampliação das áreas agricultáveis (MEDEIROS et

al., 2007), fatores estes que aceleram os processos erosivos, descaracterizando a morfologia

do canal do rio. Além dos prejuízos para o ecossistema aquático, a produção de sedimentos

decorrente da erosão, afeta diretamente as comunidades ribeirinhas, pois o assoreamento do

rio diminui as áreas para navegação, a disponibilidade de peixes, e de causa se reverte em

efeito, levando à redução de áreas agricultáveis (HOLANDA et al., 2010).

A fim de promover a mitigação de problemas de erosão de encostas e margens de rios,

tem se empregado técnicas de Engenharia Natural, que utiliza nas suas obras uma mescla de

materiais inertes como rochas, pedaços de madeiras e mantas sintéticas fotodegradáveis, com

materiais biológicos como mudas de plantas arbustivas e de gramíneas, além de estacas,

sementes etc. (MACHADO et al., 2015; STOKES et al., 2010).

A eficiência das técnicas adotadas no controle de erosão pode variar em função da

feição dos taludes a serem estabilizados, assim como da dinâmica natural dos rios. As técnicas

mais difundidas e utilizadas nas pesquisas são o Enrocamento vegetado, Parede Krainer,

feixes vivos, camadas de arbustos, estacas vivas, bermalongas ou retentores de sedimentos e

mantas de arbustos (LI e EDDLEMAN, 2002; ARAÚJO-FILHO et al., 2013). A adoção

destas medidas promove a diminuição nas taxas de erosão e sedimentação e resulta ainda na

recuperação da cobertura vegetal e proteção das margens e taludes (HOLANDA et al., 2009;

DURLO e SUTILI, 2012; RIBEIRO et al., 2013).

O objetivo desse trabalho foi avaliar o aporte de sedimentos em suspensão no canal do

Rio São Francisco, considerando um trecho da margem direita submetida a diferentes técnicas

de Engenharia Natural.

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Materiais e Métodos

Área de estudo

Esse estudo foi realizado às margens do Rio São Francisco, no município de Amparo

de São Francisco (coordenadas UTM N = 8.868.789,506 e E = 736.583,864) (Figura 1). De

acordo com Holanda (2000), trata-se de um talude em área ocupada por Neossolo Flúvico,

que apresenta camadas de solo predominantemente arenosas.

FIGURA 1. Localização da área de estudo. Município de Amparo de São

Francisco – SE

Fonte: FONTES, 2016.

O clima da região, de acordo com a classificação de Köppen, é do tipo As (clima

tropical, com duas estações bem definidas, verão seco e inverno chuvoso), onde as maiores

precipitações pluviométricas ocorrem entre os meses de abril a setembro (744 mm.ano-1

), com

uma temperatura média anual de 25ºC, e uma vegetação caracterizada como Floresta

Estacional Semidecidual (IBGE, 2015).

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Coleta, Processamento e Análise dos Dados

Para compreensão do aporte de sedimentos em suspensão foram realizadas coletas de

sedimentos nos anos de 2013, 2014 e 2015, em cinco (05) transectos no canal do rio, que se

iniciaram na margem direita em pontos compreendidos como diferentes tratamentos: A-

Talude Vegetado, B- Enrocamento Vegetado, C- Talude Erodido, D- Parede Krainer e E-

Cordão de Vetiver). Cada transecto foi traçado, partindo da margem do rio até a barra arenosa

do lado oposto de cada tratamento (Figura 2).

FIGURA 2: Representação dos pontos de coletas de sedimentos na área

experimental ao longo da margem direita do Rio.

Dentre os tratamentos avaliados, três deles, B, D e E se iniciaram em trecho da

margem onde foram implantadas técnicas de Engenharia Natural, e os demais (A e C)

representam trechos de talude vegetado e estável (A) e talude em processo erosivo (C),

considerados como testemunhas.

Foi realizado o georreferenciamento de cada tratamento utilizando-se o GPS Garmin

eTrex Vista HCx, bem como de todos transecto, sendo estes delimitados com o auxílio de um

nível ótico modelo Geodetic_Arise, bússola e estacas para a marcação do início e final de

cada transecto, possibilitando assim a orientação correta para a realização das coletas. A

medição da batimetria ou perfil transversal do canal do rio, foi executada segundo a

orientação de cada transecto, utilizando-se o ecobatímetro Eagle_cuda 242, medindo-se a

profundidade do canal no período de 2013 a 2015.

A coleta de sedimentos em suspensão foi realizada em cinco pontos diferentes ao

longo de cada transecto (P1 = margem do tratamento, P2 = início do talvegue, P3 = meio do

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talvegue, P4 = fim do talvegue e P5 = margem na barra arenosa) a 20, 40 e 60% de

profundidade (Figura 3). Em alguns trechos da margem que apresentavam forte presença de

macrófitas, não foi possível realizar essa coleta. Para contornar esse problema, foi então

realizada uma coleta em pontos localizados anteriores à ocorrência da densa vegetação e outra

após, na direção estabelecida pelo transecto e nas três profundidades pré-determinadas

FIGURA 3. Representação dos pontos de coletas: (P1 = margem direita, P2 = antes

do talvegue, margem direita, P3 = meio do talvegue, P4 = antes do

talvegue, margem esquerda e P5 = margem na barra arenosa, margem

esquerda).

A coleta das amostras de água com os sedimentos em suspensão foi realizada por meio

da Garrafa de Van Dorn e fita métrica (para a delimitação da profundidade correta da coleta),

sendo as amostras em seguida acondicionadas em garrafas de polietileno de 1L, devidamente

identificadas e armazenadas em caixas térmicas com gelo, a fim de evitar o desenvolvimento

de algas. Posteriormente, foram armazenadas em geladeira no laboratório, para a realização de

análises de concentração de sedimentos (CARVALHO 1994).

Em tempos depois, foram armazenadas em geladeira no Laboratório de Erosão e

Sedimentação – LABES da Universidade Federal de Sergipe – UFS, para a realização de

análises de concentração de sedimentos, cujas amostras de água e sedimentos coletadas foram

homogeneizadas e, delas, foram retiradas sub-amostras (alíquota) de 100 ml, em três

repetições de cada e colocadas em frascos de vidro, devidamente identificados, pesados em

balança de precisão e colocados em bandejas de alumínio. Em seguida, foram cobertos com

papel alumínio e levados à estufa com temperatura de 105±2°C para evaporação total da água

(adaptado de WETZEL e LIKENS, 1991).

Antes de colocar as amostras nos frascos de vidro, estes foram cuidadosamente

lavados com água destilada, e colocados em estufa para secagem em temperatura de 105±2°C,

sendo, posteriormente, pesados em balança de precisão. Após a comprovada evaporação da

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água, os frascos foram retirados da estufa para resfriarem, e em seguida pesados (adaptado de

CARVALHO (1994)).

A quantidade de Sedimento em Suspensão (SS) para cada repetição foi calculada pela

diferença entre o peso do frasco com os sedimentos e o peso do frasco sem sedimentos, sendo

obtida a média das três repetições posteriormente. Em seguida, foi calculado o sedimento total

em suspensão, a partir da relação com a vazão do rio em cada ponto amostral pela Equação

proposta por Carvalho (2007):

Sedimento Total Suspenso (g/dia) = 86400 x Q x C, (Eq. 1)

Onde:

Q = vazão (m3/s);

C = concentração em mg/L; e 86400 = segundos totais em 24 horas, Logo em seguida,

os resultados foram convertidos em toneladas por dia.

Foi realizada a caracterização da textura do solo do talude por meio da coleta de

amostras de solo em campo e posterior análises em laboratório. A coleta foi realizada em três

profundidades (0-20, 20-40 e 40-60cm). A análise granulométrica por densimetria foi

realizada conforme os princípios propostos por Bouyoucos (1951) e descritos pela NBR

7181/84 (ABNT, 1984), com a utilização de um densímetro de bulbo simétrico (densímetro

de Bouyoucos) graduado de 0,995 a 1,050. Tabulados, os dados foram avaliados pelo

triângulo textural, quando foi possível a classificação das manchas de solo.

Os dados foram sistematizados em planilhas e submetidos à análise de variância para

determinar a significância em nível de 5% (Teste F) pelo Teste de Tukey, utilizando o

programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2011).

Resultados e Discussão

O Talude da margem direita do Rio São Francisco, no trecho avaliado, apresenta

textura com variabilidade tanto vertical como horizontal, como se espera de um Neossolo

Flúvico (Figura 4). A depender da posição na extensão do talude, observou-se predominância

de areia ou argila, possibilitando maior ou menor susceptibilidade ao arraste de partículas,

condição está associada também ao tipo de proteção de base do talude.

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FIGURA 4. Representação esquemática da textura na área experimental, nas três

profundidades (0-20, 20-40 e 40-60 cm) do Neossolo Flúvico.

A variabilidade textural observada, com expressiva presença de sedimentos mais finos

como argila e silte, trazendo maior coesão ao solo, tem possibilitado uma maior dificuldade

ao arraste das partículas, ou erosão, levando a uma menor turbidez da água na base do talude.

Em tempo, a variação granulométrica está associada ao grau de preservação das

margens ao longo dos rios (BRITO et al., 2009), como também à profundidade da análise

(D’AQUINO et al., 2011), do período hidrológico do rio em função da maior ou menor vazão

(VILLAR et al., 2013) e das características da própria bacia hidrográfica (SHERRIFF et al.,

2015).

Os tratamentos, ou pontos iniciais dos transectos na margem direita foram: O

tratamento “A” denominado como Talude Vegetado, se apresenta como uma área recoberta

com vegetação nativa e grande presença de macrófitas aquáticas; O Tratamento “B”

compreende o Enrocamento Vegetado, que é uma proteção na base do talude composto por

rochas de diferentes diâmetros, implantado após o reafeiçoamento (retaludamento) do talude,

se constituindo como umas das técnicas de engenharia natural implantada na área

experimental, no ano de 2011. Todo o enrocamento estava recoberto por vegetação, além de

apresentar macrófitas aquáticas na sua base; O Tratamento “C” identificado como Talude

Erodido, é constituído por um talude em processo erosivo, e possui 41° de inclinação. O

processo erosivo atuante nas margens da área experimental é de acordo com Casado (2000)

tipificado como “Desmoronamento”, que é o termo utilizado para designar a queda livre e

rápida de blocos de terra por efeito da gravidade a partir das faces verticais dos barrancos; O

Tratamento “D” onde foi aplicado a Parede Krainer, outra técnica de engenharia natural,

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implantada em setembro de 2013, que se constitui de estrutura formada por toras de madeira

grampeadas, preenchidas com solo, e recoberta por vegetação, com uma base de talude

também formada por enrocamento; O Tratamento “E” onde foi implantado o Cordão de

Vetiver, que é composto por cordões de capim vetiver (Chrysopogon zizanioides (L.)

Roberty) plantados no ano de 2011 em espaçamento bem cerrado e em curva de nível,

acompanhando a concavidade da margem, sendo implantados desde a base do talude até o

terço médio do mesmo.

A vazão de defluência da Usina Hidrelétrica de Xingó similar à vazão de afluência,

por se tratar de uma barragem de “fio d’água”, numa série de 15 anos se comportou de acordo

com os dados apresentados na Figura 5, incluindo o período de coleta de dados que

considerou os anos de 2013, 2014 e 2015.

FIGURA 5: Vazão do Rio São Francisco no baixo curso no período de 2012 a

2015.

Fonte: ANA (2015).

A progressiva diminuição da vazão do Rio São Francisco, relacionada a seguidos anos

de baixa pluviosidade nas suas cabeceiras (2013, 2014, 2015, 2016), tem levado à diminuição

da cota do rio, alterando a sua dinâmica geomorfológica, e consequentemente, expondo ainda

mais o talude aos efeitos da erosão. Nos últimos anos, o baixo curso do Rio São Francisco

vem sofrendo uma redução progressiva na sua cota, repercutindo muito pouco nas alterações

do seu perfil transversal (Figura 6), explicado pela baixa vazão e velocidade de fluxo abaixo

de 0,75 m/s.

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FIGURA 6: Perfil transversal dos transectos avaliados nos anos de 2013 a 2015.

Talude Vegetado (A); Enrocamento Vegetado (B); Talude Erodido

(C); Parede Krainer (D); Cordão de Vetiver (E).

As descargas jusante da UHE-Xingó são constituídas de duas partes: o fluxo

aquoso (descarga liquida) e o fluxo de sedimentos (descarga sólida), ambos interagindo entre

si e com os limites e a forma do canal. É desta interação que irá resultar as mudanças nos

processos e na morfologia do canal. Em tempos de baixa vazão, observou-se que a relação

entre a capacidade de transporte do fluxo e a carga de sedimentos liberada pelo reservatório,

reconhecidamente decresceu ao longo dos anos (BANDEIRA et al., 2013), e tem influenciado

sobremaneira as mudanças geomorfológicas no canal do rio, justificados pela relação entre a

erosividade do fluxo e a erodibilidade das margens.

Na avaliação das alterações da calha do rio pelo seu perfil transversal, verificou-se que

na comparação dos três anos, houve alteração morfológica no canal, sendo que o Transectos B

e C apresentaram as maiores profundidades no ano de 2013, quando comparado com os

demais transectos, sendo possível identificar um discreto afastamento do talvegue da margem.

Essa mesma modificação na morfologia do canal do rio foi relatada por Ma et al., (2010)

analisando o Rio Yuxi e Theuring et al., (2013) no Rio Kharaa, comprovando que as

alterações da vazão de fato estão correlacionadas com as alterações na morfologia do canal.

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Nos transectos que se iniciam pelas margens com Enrocamento Vegetado (B) e Parede

Krainer (D), o deslocamento do talvegue quase não foi registrado. No entanto, em se tratando

do transecto que se inicia no Talude Erodido (C) pôde ser identificado um distanciamento do

talvegue ao talude, perceptível pela alteração no perfil transversal. No transecto que se inicia

no Cordão de Vetiver (E), que apresenta dados somente dos anos de 2014 e 2015, a alteração

no perfil transversal é ainda mais perceptível, com um aprofundamento do canal, evoluindo

em direção à margem do rio, podendo ser explicado pela maior concavidade da margem nesse

trecho. Com efeito, o rio por ser um organismo dinâmico e apesar da baixa vazão possui um

processo de corrasão ativo, esculpindo seu canal e alterando sua morfologia.

Não esquecendo que as alterações geomorfológicas são também intensificadas pela

deposição de sedimentos em processo fluviais (MARÇAL, 2013), contribuindo para as

alterações no canal do rio. Observando-se também que são registradas modificações na

dinâmica dos sedimentos, uma vez que em função das diferentes profundidades avaliadas,

assim como a proximidade ou o distanciamento das margens, há uma variação na

concentração destes sedimentos conforme verificado também por Defendi et al., (2010).

Sendo assim, em relação a produção de sedimentos, observa-se que ela está atrelada à

operação das barragens (GRANATA et al., 2008), pois são estas que controlam o regime

hidrológico do curso d’água (DADE, et al., 2011; MINELLA et al., 2011). Nesse sentido,

uma maior produção de sedimentos foi observada no ano de 2013, estatisticamente diferente

na comparação dos três anos de coleta (2013, 2014 e 2015), sendo esse o ano que apresentou a

maior vazão, 1200 m3/s (Figura 2) no período avaliado. Nos anos subsequente, a vazão do rio

no Baixo São Francisco foi sendo reduzida, com valores decrescentes na produção de

sedimentos (Figura 7). Essa mesma resposta foi relatada por Ma et al., (2010) e Theuring et

al., (2013), onde os períodos de maiores vazões corresponderam a uma maior quantidade

transportada de sedimentos.

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FIGURA 7. Sedimentos em Suspensão (ton/dia) para os anos de 2013, 2014 e

2015.

Medeiros et al., (2011) analisando o aporte de material em suspensão no Baixo São

Francisco, ao longo dos anos de 2001, 2004 e 2007, também observaram alterações

significativas nas descargas de água e matéria em suspensão na zona costeira, neste caso,

associada a uma variabilidade espacial climática com eventos de estiagem e cheias.

Ao analisar a produção de sedimentos nos diferentes tratamentos, onde se iniciam os

transectos, observou-se no transecto A que os maiores valores (32.140,8 ton/dia) foram

obtidos no ano de 2013 (Figura 8). Além da progressiva redução de vazão no período de 2013

a 2015, contribuindo para a diminuição de sedimentos em suspensão, é possível inferir que a

forte presença de macrófitas aquáticas na base do talude pode ter contribuído para a

diminuição da produção de sedimentos nesse trecho, uma vez que essas espécies aumentaram

fortemente a sua presença no período avaliado, diminuindo assim a turbidez da água, porém

relacionada às amostragens próximas a base do talude.

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FIGURA 8: Sedimentos em Suspensão ao longo do perfil transversal no

Transecto A (Talude Vegetado) em cinco pontos de coleta nos

anos de 2013, 2014 e 2015.

A presença dessas macrófitas aquáticas são importantes pois além de servirem como

berçário e alimento para o desenvolvimento da fauna aquática, elas também auxiliam na

proteção dos taludes, pois sua biomassa forma uma barreira onde dissipa a energia cinética da

água, antes que esta alcance o talude (MADSEN, et al., 2001; MALTCHIK, et al., 2010;

THOMAZ e CUNHA, 2010). Cabral et al., (2009) e Cavenaghi (2003) também associaram a

redução na quantidade de sedimentos pela presença das macrófitas em suas áreas de estudo.

Avaliando a margem do rio, na base do talude, onde foram implantadas obras de

engenharia natural (Enrocamento Vegetado, Parede Krainer e Cordão de Vetiver), observou-

se uma menor produção de sedimentos, constatando a eficiência dessas técnicas na

estabilização dos taludes, evitando ou reduzindo o solapamento, e consequentemente,

controlando os processos erosivos.

No transecto B, que se inicia no Enrocamento Vegetado, é perceptível a baixa

produção de sedimentos em suspensão. O enrocamento é uma das técnicas de engenharia

natural mais difundidas no mundo, que se caracteriza pelo uso de rochas para a proteção da

base dos taludes instáveis, e que em geral está associado a outras técnicas que usam estacas

vegetais ou geotêxteis nos terços médio e superior do talude.

Quando foi analisado o Ponto 1 (margem do rio) do Transecto B, foi possível observar

que no último ano de coleta houve a maior produção de sedimentos, porém sem diferença

estatisticamente significativa (Figura 9) em relação aos demais pontos de amostragens. O

abaixamento da cota do rio traz grande preocupação sobre o possível retorno dos processos

erosivos, por conta do fluxo-refluxo na base do talude, uma vez que o rio já está sendo

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submetido à uma vazão abaixo da média mínima. No projeto de implantação do Enrocamento

no ano de 2011, o volume e a profundidade de alcance do material rochoso consideraram, até

então, os valores registrados de cota média mínima que eram superiores àqueles que se

observa hoje nesse prolongado período de restrição hídrica.

FIGURA 9: Sedimentos em Suspensão ao longo do perfil transversal no

Transecto B (Enrocamento Vegetado) em cinco pontos de coleta

nos anos de 2013, 2014 e 2015.

Avaliando a produção de sedimentos para o Transecto D que se inicia no ponto onde

foi implantada a técnica da Parede Krainer, verificou-se um aumento gradual na produção de

sedimentos, no ponto 1 a 20% de profundidade, embora sem muita expressão (Figura 10).

FIGURA 10: Sedimentos em Suspensão ao longo do perfil transversal no

Transecto D (Parede krainer) em cinco pontos de coleta nos anos

de 2013, 2014 e 2015.

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Dentre as técnicas de engenharia natural implantadas na margem da área estudada a

Parede Krainer é a mais recente. Com a diminuição progressiva da vazão nos últimos três

anos, essa técnica que utiliza materiais inertes como rochas, madeiras e grampos, aliados a

matérias biológicos, para a estabilização de taludes, apresentou a base do talude exposta ao

fluxo e refluxo da água em sua base, pela redução da presença das macrófitas aquáticas que

recobriam e protegiam o talude, promovendo acréscimo na produção de sedimentos a 20% de

profundidade.

O Talude Erodido apresentou redução na produção de sedimentos em suspensão na

profundidade de 20% no ponto 1, pois devido à baixa vazão, ou seja, baixo volume de água e

baixa velocidade, os processos erosivos no trecho se apresentaram estáveis (Figura 11), uma

vez que, nesse transecto houve um afastamento do talvegue do talude, o que contribuiu

também para a diminuição do aporte de sedimentos. Além disso, a presença de macrófitas

aquáticas contribuiu para minimizar o fluxo e refluxo do rio na base do talude, impedindo o

processo de solapamento e desmoronamentos de blocos de solo.

FIGURA 11: Sedimentos em Suspensão ao longo do perfil transversal no

Transecto C (Talude Erodido) em cinco pontos de coleta nos anos

de 2013, 2014 e 2015.

Para o transecto E (Cordão de Vetiver), foram realizadas coletas apenas no ano de

2014 e 2015. Nos pontos 1 e 2, onde repercute a influência da técnica de engenharia natural, é

notório a diminuição na produção de sedimentos (Figura 12). Outra característica desse

transecto é que sentido jusante à hidrelétrica de Xingó ele é o último transecto, tendo

influência no transporte de sedimentos dos demais tratamentos.

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FIGURA 12: Sedimentos em Suspensão ao longo do perfil transversal no

Transecto E (Cordão de Vetiver) em cinco pontos de coleta nos

anos de 2014 e 2015.

O Cordão de Vetiver está em uma área côncava, onde naturalmente é esperado se

intensifiquem os processos erosivos. Além disso, o solo apresenta uma textura mais arenosa, o

que facilita o desprendimento de suas partículas pelo fluxo e refluxo da água sobre a margem.

Para o transporte sedimentos em suspensão carreados no talvegue, verificou-se

diferença significativa, para os três anos de coleta. O ano de 2013 apresentou a maior taxa de

sedimentos transportados. Sendo este relacionado à maior vazão, havendo um decréscimo,

nos anos seguintes (Figura 13). Tal condição está relacionada à própria energia proveniente da

turbulência hidráulica que atua também na caracterização do transporte dos sedimentos

(NASRABADI et al., 2012).

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FIGURA 13. Sedimentos em Suspensão (ton/dia) no talvegue, em três diferentes

anos de coleta. As médias seguidas por diferentes letras diferem

estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ano nível de 5% de

probabilidade.

As partículas mais finas são localizadas em regiões marginais, onde o padrão

hidrodinâmico de energia é mais baixo. Como o talvegue é uma zona de grande força cinética

da água, a concentração de sedimentos se daria por areias médias, grossas e muito grossas

com cascalhos, mal selecionadas, no leito do canal do rio (MARTINS & MENDES, 2011).

O transporte de sedimentos está diretamente relacionado com o fluxo hidráulico do

rio, e este pode ser influenciado por fatores hidrológicos, como precipitação, sua frequência e

intensidade, assim como pelas atividades antropogênicas, como utilização irregular das

margens; essas condicionantes podem intensificar os processos erosivos e consequentemente

aumentar a taxa de sedimentos em suspensão, como também observado por Hu et al., (2011) e

Andermann et al., (2012), alterando assim a produção e a dinâmica dos sedimentos.

Conclusões

A produção de sedimentos em suspensão a 20% de profundidade se apresentou menor

no trecho do Talude Erodido.

A técnica do Enrocamento Vegetado demonstrou ser a mais eficiente no controle da

erosão, com menor aporte de sedimentos suspensos e atenuação dos processos erosivos no

talude.

O transporte de sedimentos foi maior no ano de 2013, quando ocorreu a maior vazão,

que apresentou uma redução progressiva nos anos subsequentes.

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A produção de sedimentos nos pontos de amostragens se apresentou superior no ano

de 2013, ou seja, ano de maior vazão registrada no canal do rio.

A vazão é um fator determinante tanto para o aumento da quantidade de sedimentos

oriundos dos taludes marginais, quanto para a quantidade dos sedimentos transportados, pelo

fluxo do rio.

A presença de macrófitas aquáticas mostra ser um fator contribuinte para a proteção

dos taludes, sendo determinante não só no ponto de contenção do fluxo da água, como

também para os aspectos ecológicos do corpo hídrico.

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56

5 CONCLUSÕES GERAIS

A área experimental apresenta grande diversidade de macrófitas aquáticas, sendo esses

importantes na sucessão ecológica, pois criam um ambiente atrativo para o desenvolvimento

da fauna local.

As macrófitas aquáticas auxiliam na proteção dos taludes fluviais, uma vez que sua

biomassa atua como barreira diminuindo a energia cinética do fluxo e refluxo das ondas sobre

os taludes.

As espécies de macrófitas aquáticas são mais abundantes no período chuvoso.

Parede Krainer, seguido do Talude Vegetado, entre as técnicas de engenharia natural

implantadas foram aquelas que apresentaram maior riqueza de espécies.

As técnicas de engenharia natural propiciam o controle de erosão e favorecem o

desenvolvimento das macrófitas aquáticas.

Entre as técnicas de engenharia natural a que se mostrou mais eficiente no controle de

erosão foi o Enrocamento Vegetado, com o menor percentual de produção de sedimentos em

suspensão.

A produção de sedimentos em suspensão foi mais significativa no ano de 2013,

quando ocorreu maior vazão, sendo essa reduzida progressivamente nos anos de 2014 e 2015.

A vazão é um fator predominante tanto na produção de sedimentos oriundos dos

taludes marginais, como também na quantificação dos sedimentos transportados.

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