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Explicar como desenvolver uma determinada didática com alunos portadores de necessidades especias. Deste modo ao longo desta apostila, ficará claro com exemplos de diversos métodos ensinar a trabalhar com esses alunos.

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    DIDTICA PARA PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

  • Educao a Distncia

    Didtica para Pessoas com Necessidades Especiais

    Graduao

  • Todos os direitos reservados. proibida a reproduo ou transmisso total ou parcial por qualquer forma ou qualquer meio (eletrnico ou mecnico, incluindo fotocpia e gravao) ou arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem permisso do Ncleo de Educao a Distncia Unifran.

    COORDENAO EADCoordenao Geral de EAD: Prof.a Dr.a Ana Paula do Carmo Marcheti FerrazCoordenao Acadmica: Prof.a Dr.a Alessandra Aparecida CamposCoordenao Pedaggica: Prof.a M.a Carmen Lucia Tozzi Mendona Conti

    EDITORA UNIFRAN EDIFRANDireo de Publicaes: Prof. M.e Everton de PaulaAssistncia Administrativa Snior: Paula Andrea Ziga MuozAssistncia Administrativa II: Munira Rochlle NambuReviso de Textos: Isabella Araujo Oliveira Karina Barbosa Thala de Sousa OrlandoDiagramao: Ana Lvia de Matos Renan Oliveira Laudares MoraisProjeto Grfico: Srgio Ribeiro

    UNIVERSIDADE DE FRANCAChancelaria: Dr. Clovis Eduardo Pinto LudoviceReitoria: Prof.a Dr.a Ester Regina VitalePr-Reitoria de Ensino: Prof. M.e Arnaldo Nicolella FilhoPr-Reitoria de Pequisa: Prof.a Dr.a Katia Jorge CiuffiPr-Reitoria de Extenso: Prof.a M.a Elisabete Ferro de Sousa Touso

    ACEF S/A Trabalho realizado pela Universidade de Franca (SP)

    Universidade de Franca Av. Dr. Armando Salles Oliveira, 201 Parque Universitrio 14.404-600Franca SP PABX: (16) 3711-8888 FAX (16) 3711-8886 0800 34 12 12 www.unifran.edu.brEditora Unifran (16) 3711-8736/8842 [email protected]

  • Prezado(a) aluno(a),

    Seja bem-vindo(a) disciplina Didtica para Pessoas com Necessidades Especiais.

    Apresentamos a voc o nosso material de estudo, que tem como objetivo auxili-lo na busca, desenvolvimento e aprimoramento de seu conhecimento.

    Os temas foram organizados em captulos/atividades, e os contedos amplamente abordados por meio de textos bsicos e de leituras complementares sugeridas pelos autores. Ao longo de cada captulo/atividade voc encontrar questes para reflexo e indicaes de fontes de pesquisa e leitura para aprofundar seus estudos.

    Em um curso de educao a distncia, voc o principal protagonista, criando, juntamente com os tutores e colegas de sua rede educacional, possibilidades de ser investigador do seu prprio conhecimento e aprendizagem. Por isso, todo o material foi elaborado com o intuito de contribuir para a construo, ampliao e aplicao de seu conhecimento.

    Assim, faa um planejamento de seus estudos, organize seu tempo e fique atento data-limite de cada atividade que voc deve cumprir. Recorra, sempre, ao seu professor tutor e participe das atividades propostas, interagindo com seus colegas.

    Desejamos que, ao final da disciplina, voc tenha aproveitado ao mximo cada item abordado e que seus estudos possam refletir diretamente na busca de novos mercados e desenvolvimento pessoal.

    Tenha um timo estudo!

  • SUMRIO

    DIDTICA PARA PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

    FUNDAMENTOS DA EDUCAO ESPECIAL ......................... DIDM 07

    ASPECTOS LEGAIS E JURDICOS .......................................... DIDM 11

    SNTESE PARA AUTOAVALIAO .......................................... DIDM 15

    DEFINIES E CLASSIFICAES

    DE DEFICINCIA MENTAL ......................................................... DIDM 17

    CLASSIFICAO DE DEFICINCIA MENTAL -

    EVOLUO DO CONCEITO NA HISTRIA ............................ DIDM 23

    SNTESE PARA AUTOAVALIAO ........................................... DIDM 27

    ENFOQUE MULTIFATORIAL ..................................................... DIDM 29

    CAUSAS DA DEFICINCIA MENTAL ....................................... DIDM 35

    SNTESE PARA AUTOAVALIAO ........................................... DIDM 39

    DESVIO E ESTIGMA ................................................................... DIDM 41

    TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO .......... DIDM 43

    SNTESE PARA AUTOAVALIAO ........................................... DIDM 47

    OUTRAS SNDROMES .............................................................. DIDM 49

    CONSCINCIA FONOLGICA ................................................. DIDM 53

    SNTESE PARA AUTOAVALIAO ........................................... DIDM 57

    1.2.3.4.

    5.

    6.7.8.9.

    10.11.12.13.14.15.

  • APOSTILA INTERNET

    CAPTULO ASSUNTO ATIVIDADE ASSUNTO

    1 FUNDAMENTOS DA EDUCAO ESPECIAL 1 Videoaula 1

    2 ASPECTOS LEGAIS E JURDICOS 2 Videoaula 2

    3 SNTESE PARA AUTO-AVALIAO 3 Autoavaliao

    4DEFINIES E

    CLASSIFICAES DE DEFICINCIA MENTAL

    4 Videoaula 3

    5CLASSIFICAO DE

    DEFICINCIA MENTAL - EVOLUO DO

    CONCEITO NA HISTRIA

    5 Videoaula 4

    6 SNTESE PARA AUTO-AVALIAO 6 Autoavaliao

    7 ENFOQUE MUTIFATORIAL 7 Videoaula 5

    8 CAUSAS DA DEFICINCIA MENTAL 8 Videoaula 6

    9 SNTESE PARA AUTO-AVALIAO 9 Autoavaliao

    10 DESVIO E ESTIGMA 10 Videoaula 7

    11TRANSTORNOS

    GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO

    11 Videoaula 8

    12 SNTESE PARA AUTO-AVALIAO 12 Autoavaliao

    13 OUTRAS SNDROMES 13 Videoaula 9

    14 CONSCINCIA FONOLGICA 14 Videoaula 10

    15 SNTESE PARA AUTO-AVALIAO 15 Autoavaliao

    REFERNCIA CRUZADA

    Didtica para Pessoas com Necessidades Especiais

  • DIDM 7

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 1FUNDAMENTOS DA EDUCAO ESPECIAL

    OBJETIVO

    Tratar dos fundamentos da educao especial.

    TEXTO

    A histria da educao especial comeou ser tratada no sculo XVI (MENDES, 2002), quando colocam mdicos pedagogos buscando nas possibilidades educacionais de pessoas consideradas ineducveis.

    A educao especial nasce de um modelo individual e com nfase no ensino especial e em uma sociedade que a educao formal era para poucos. Com avano das sociedades e da viso do homem, lentamente a educao foi modificando e ampliando.

    No final do sculo XIX, ocorre a mudana do modelo custdia para o institucional, o qual se fundamentava no fato de que a pessoa diferente seria mais bem protegida e assistida se fosse confinada em ambientes segregados.

    Segundo Mendes (2002), no incio do sculo XX, com a evoluo dos asilos, a institucionalizao da escolaridade obrigatria passou a retirar e encaminhar crianas que no conseguia avanar no ensino regular para as classes espaciais nas escolas pblicas e aumentaram as escolas especializadas aps as duas grandes guerras mundiais.

    Na dcada de 50 surge o movimento, normalizao e integrao, iniciado pelos pais de crianas s quais era negado o ingresso nas classes comum. Surgem as classes especiais paralelamente educao comum.

    Na dcada de 70 mudanas para as ideias de educao integrada, aceitao de alunos que conseguiam se adaptar escola, sem modificaes do sistema escolar.

    Atualmente observam-se duas correntes da educao inclusiva: o da incluso e da incluso total.

    Vejamos como ela est expressa, destacando a penas o artigo 58. Esse artigo assim como os seus respectivos pargrafos esto citados em Minto (2002, p.12-13).

    Art.58. Entende se por educao especial, para os efeitos dessa lei, a modalidade de educao escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos de necessidades especiais.

    A nossa Constituio Federal garante a todos o direito educao e ao acesso a escola, porm sabemos que a realidade outra: a escola ainda no para todos.

    Existem interpretaes errneas sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDBEN), no sentido que o atendimento educacional especializado passa a ser compreendido como uma possibilidade de substituir o ensino regular. Essa interpretao

  • DIDM 8

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 1

    inconstitucional. Persistindo confuses e duvidas sobre as diferenas entre atendimento educacional especializado e educao especial.

    A educao especial, anterior e at 1988, respaldada e regulamentada pela constituio era um apndice da educao regular e tratada no mbito da assistncia. (FVERO; PANTOJA; MANTOAN, 2007, p. 28).

    A LDBEN (Lei 9.394/96), juntamente com a constituio, vem garantir o direito ao atendimento educacional especializado e no substituir o direito escolarizao oferecida nas escolas comuns da rede regular de ensino.

    A forma correta de interpretar a educao especial entend-la como uma garantia para que todos alunos portadores de alguma deficincia tenham acesso escola comum. Ela serve como instrumento de romper barreiras para os alunos ingressarem e permanecerem na escola comum, como tambm de oferecer condies para os alunos se desenvolverem dentro das salas comuns do ensino regular.

    A educao especial passa como uma modalidade de ensino que deve disponibilizar recursos e estratgias de apoio aos alunos com deficincia, proporcionando diferentes alternativas de atendimento de intervenes, de acordo com a necessidade de cada um.

    J o atendimento educacional especializado, segundo (FVERO; PANTOJA; MANTOAN; 2007, p. 29), uma estratgia de reconhecer e acolher cada aluno com deficincia com a sua especificidade. So consideradas matrias do atendimento educacional especializado:

    Lngua Brasileira de Sinais (LIBRAS); Interpretao de LIBRAS; Ensino de Lngua Portuguesa para Surdos; Cdigo Braille; Orientao e mobilidade; Utilizao do soroban; Ajuda tcnicas, incluindo informtica adaptada; Mobilidade e comunicao alternativa /aumentativa; Tecnologias assistidas; Informtica educativa; Educao fsica adaptada; Enriquecimento e aprofundamento do repertrio de conhecimentos de

    cada aluno; e Atividades da vida autnoma e social, entre outras.

    Posterior a LDBEN (Lei 9.394/96), surge uma nova lei que fortalece a educao especial, resultado da conveno interamericana para a eliminao de todas as formas de discriminao contra a pessoa portadora de deficincia, celebrada em Guatemala.

  • CAPTULO 1

    DIDM 9

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiais

    O Brasil signatrio desse documento que foi aprovado pelo Congresso Nacional, Decreto n. 3.956/2001, que trata fundamentalmente de uma reinterpretao da LDBEN.

    A conveno de Guatemala, assim chamada essa nova lei, deixa claro os impositivos para estabelecer uma educao especial. A educao especial passa a ter um entendimento mais amplo, no segregador, que deve ser entendido como um atendimento educacional especializado.

    Assim, enfatizando na compreenso, toda pessoa com alguma deficincia ou necessidade especial at 14 anos deve ser matriculada no ensino fundamental, em escolas comum da rede regular. Nada impede que, em perodo contrario escola, os alunos frequentam uma instituio ou servios de atendimento educacional especializado, muitas vezes necessrio utilizar esta estratgia.

    O momento educacional atual um perodo que est exigindo muitas dificuldades e adaptaes. Sabemos que o desafio enorme, pois a tarefa de sair do papel e ir para a prtica no to simples. Mudanas so necessrias desde o romper com preconceitos, dar condies de atuaes reais para os professores como a formao continuada, especializaes e supervises.

    O espao fsico da escola tem que ser adaptado para receber a todos, assim com tem que ter materiais e moveis adequados. Os critrios de avaliao e promoo tm que ser alterados, o acesso a cursos profissionalizantes para jovens tem que ser mais fcil. O apoio dos servios especializados, realizados pelo atendimento educacional especializado deve ser permanente. No basta receber o aluno, necessrio inclu-lo, dar condies plenas para que ele consiga aprender e se socializar.

    necessria uma educao inclusiva e no somente uma educao integrativa.Na educao integrativa, o aluno o nico responsvel pelas suas

    dificuldades na escola, ele s consegue ser integrado se tiver condies de manter as adaptaes necessrias sala de aula e em outros setores da escola. O aluno e seus pais tm que se adaptar ao que est estabelecido.

    Ocorrendo da mesma forma a excluso e segregao. Para incluir necessrio muito mais preparo e discernimento. O foco de mudanas no pode cair somente sobre os professores, sobre sua formao, sobre os especialistas, sobre a sala de aula e sobre a escola. A melhora do ensino como um todo, depende muito mais de um conjunto articulado de mudanas, as quais devem ser sustentadas pelo poder publico... as mudanas educacionais dependem muito mais do sistema de ensino e da vontade poltica de seus gestores. (PIETRO, 2002, p. 58).

    Segundo esse autor, para que ocorram as mudanas, deve haver um planejamento poltico educacional e articulado entre municpios e Estados e rgos federativos. Prope alguns indicadores que podem contribuir para uma incluso social e escolar:

  • DIDM 10

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 1

    necessrio conhecer a demanda escolar (realizar um censo quem so esses alunos, onde esto);conhecer os equipamentos, os recursos educacionais especiais da rede pblica de ensino;conhecer o conjunto de profissionais da rede pblica de ensino;organizar programas de interveno visando assegurar educao para todos;implantar, desenvolver e manter recursos educacionais especiais; acompanhar e avaliar as intervenes.

    So possibilidades para chegar a uma ao integrada e sustentada.A educao especial, com o atendimento educacional especializado, j

    conquistou espao, foi fortalecido pelas leis, agora conosco. Cabe a ns professores, educadores e especialistas incluirmos em nossas aes.

    REFERNCIAS

    FVERO, E. A. G.; PANTOJA, L. M. P.; MANTOAN, M. T. E.; FIGUEIREDO, R. V. Aspectos legais e orientaes pedaggicas. So Paulo: MEC/SEESP, 2007 (Atendimento educacional especializado). Formao continuada a distncia para professores para o atendimento educacional especializado.MENDES, E. G. Perspectivas para a construo da escola inclusiva no Brasil. In: SIMONE, S. M. P.; MARTINS, C. Escola inclusiva. So Carlos: Ed. UFSCar, 2002.PIETRO, R. G. A construo de polticas pblicas de educao para todos. In: SIMONE, S. M. P.; MARTINS, C. Escola inclusiva. So Carlos: Ed. UFSCar, 2002.

    ANOTAES

  • DIDM 11

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 2ASPECTOS LEGAIS E JURDICOS

    OBJETIVO

    Tratar dos aspectos legais e jurdicos da educao especial.

    TEXTO

    Temos o direito de sermos iguais quanto diferena nos inferioriza, temos o direito a sermos diferentes quando a igualdade nos desca-racteriza. (BOAVENTURA DE SOUZA SANTOS apud FVERO; PANTOJA; MANTOAN, 2007, p. 25).

    A Constituio Federal garante o direito igualdade (Art. 5), a promoo do bem a todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outra discriminao existente (Art. 3, inc. IV).

    Garante tambm o direito a toda a educao, garantida assim o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho. (FVERO; PANTOJA; MANTOAN, 2007, art. 205)

    As mesmas autoras descrevem em seu artigo um dos princpios constitucionais para o ensino: permitir a igualdade de condies de acesso e permanncia na escola (Art. 206, inc. I) sendo que dever do estado tambm, garantir o acesso aos nveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criao artstica, segundo a capacidade de cada um (Art. 208, V).

    Desta forma est reservado a todos cidados o direito de pertencer e freqentar uma escola, ao ensino de boa qualidade e funcional. Todas escolas reconhecidas pelo governo e aparada pelas leis devem atender a todos e passa a ferir a constituio se utilizar a excluso em qualquer momento.

    Mesmo com o amparo legal, sabemos das dificuldades existentes, das realidades encontradas nas escolas, dos argumentos utilizados por todos, professores, polticos, pais e alunos.

    Fvero, Pantoja e Mantoan (2007) nos questionam se de fato existe viabilidade pratica em se receber TODOS os alunos?; em outras, a escola realmente para todos? As autoras afirmam que sim, pois garantido pela Constituio Federal, e que tem que ser em um mesmo ambiente, devendo esse ser o mais diversificado possvel, condio necessria e importante para um pleno desenvolvimento humano e excelente prepara para a cidadania (Art. 205, C.F.).

  • DIDM 12

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 2

    Lei de diretrizes e bases da educao nacional (ldben) e o atendimento educacional especializado

    Essa lei nos artigo 58 e demais dispe sobre o atendimento educacional especializado: O Atendimento Educacional Especializado ser feito em classes, escolas ou servios especializados, sempre que, em funo das condies especificas dos alunos, no for possvel a sua integrao nas classes comuns do ensino regular (Art. 59, 2). (FVERO; PANTOJA; MANTOAN, 2007, p. 27).

    Encontramos muitas confuses, interpretaes errneas e equivocadas sobre essa proposta, importante destacarmos algumas caractersticas e funes:

    esse atendimento diferente do ensino regular e deve estar disponvel tanto para o ensino bsico como fundamental;

    indicado para suprir as necessidades do aluno, voltadas para a especificidade da deficincia do aluno, promovendo o desenvolvimento como um todo, nos aspectos: cognitivo, motor e afetivo;

    no substitui a escola comum, e garantido a todos os matriculados no ensino fundamental dos 7 aos 14 anos;

    a Constituio Federal admite que este atendimento seja oferecido em outros estabelecimentos, pois um complemento, no um ensino substituto;

    para a Constituio Federal: educao especial e atendimento educacional especializado, no so sinnimos;

    educao especial era o tipo de atendimento que vinha sendo realizado com as pessoas com deficincias antes de 1996, prevista em nossa constituio anterior;

    Portanto, o atendimento educacional especializado uma forma de garantir que seja reconhecida e valorizada a necessidade de cada aluno com deficincia com programas diferenciados.

    Declarao deSalamanca

    Alguns princpios:

    1. Ns, os delegados da Conferncia Mundial de Educao Especial, representando 88 governos e 25 organizaes internacionais em assembleia aqui em Salamanca, Espanha, entre 7 e 10 de junho de 1994, reafirmamos o nosso compromisso para com a educao para todos, reconhecendo a necessidade e urgncia do providenciamento de educao para as crianas, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e reendossamos a estrutura de ao em educao especial, em que, pelo

  • DIDM 13

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 2

    esprito de cujas provises e recomendaes governo e organizaes sejam guiados.

    2. Acreditamos e proclamamos que:

    toda criana tem direito fundamental educao, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nvel adequado de aprendizagem;

    toda criana possui caractersticas, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que so nicas;

    sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais caractersticas e necessidades;

    aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso escola regular, que deveria acomod-los dentro de uma pedagogia centrada na criana, capaz de satisfazer a tais necessidades;

    escolas regulares que possuam tal orientao inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatrias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcanando educao para todos; alm disso, tais escolas provem uma educao efetiva maioria das crianas e aprimoram a eficincia e, em ltima instncia, o custo da eficcia de todo o sistema educacional.

    Ns congregamos todos os governos e demandamos que eles:

    atribuam a mais alta prioridade poltica e financeira ao aprimoramento de seus sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a inclurem todas as crianas, independentemente de suas diferenas ou dificuldades individuais.

    REFERNCIAS

    FVERO, E. A. G.; PANTOJA, L. M. P.; MANTOAN, M. T. E.; FIGUEIREDO, R. V. Aspectos legais e orientaes pedaggicas. So Paulo: MEC/SEESP, 2007 (Atendimento educacional especializado). Formao continuada a distncia para professores para o atendimento educacional especializado.MENDES, E. G. Perspectivas para a construo da escola inclusiva no Brasil. In: SIMONE, M. S. P.; MARTINS. Escola inclusiva. So Carlos: Ed. UFSCar, 2002.PIETRO, R. G. A construo de Polticas Pblicas de Educao para Todos. In: SIMONE, M. S. P.; MARTINS. Escola inclusiva. So Carlos: Ed. UFSCar, 2002.

  • DIDM 14

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 2

    ANOTAES

  • DIDM 15

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 3SNTESE PARA AUTOAVALIAO

    OBJETIVO

    Enfocar os fundamentos da educao especial assim como os aspectos legais e jurdicos da educao especial.

    Texto

    A histria da educao especial comeou ser tratada no sculo XVI, e nasce de um modelo individual e com nfase no ensino especial, e em uma sociedade que a educao formal era para poucos.

    A forma correta de interpretar a educao especial entend-la como uma garantia para que todos alunos portadores de alguma deficincia tenham acesso escola comum. Ela serve como instrumento de romper barreiras para os alunos ingressarem e permanecerem na escola comum, como tambm de oferecer condies para os alunos se desenvolverem dentro das salas comuns do ensino regular.

    A educao especial passa como uma modalidade de ensino que deve disponibilizar recursos e estratgias de apoio aos alunos com deficincia, proporcionando diferentes alternativas de atendimento de intervenes, de acordo com a necessidade de cada um.

    A Constituio Federal garante o direito igualdade (art. 5), promoo do bem a todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outra discriminao existente (art. 3, inc. IV).

    Dessa forma, est reservado a todos cidados o direito de pertencer e frequentar uma escola, ao ensino de boa qualidade e funcional.

    A lei de diretrizes e bases da educao nacional- LDBEN e o atendi-mento educacional especializado, nos artigos 58 e demais demais, dispe sobre o atendimento educacional especializado: O Atendimen-to Educacional Especializado ser feito em classes, escolas ou servi-os especializados, sempre que, em funo das condies especificas dos alunos, no for possvel a sua integrao nas classes comuns do ensino regular (Art. 59, 2) (FVERO; PANTOJA; MANTOAN, 2007, p. 27).

  • DIDM 16

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 3

    ANOTAES

  • DIDM 17

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 4DEFINIES E CLASSIFICAES

    DE DEFICINCIA MENTALOBJETIVO

    Tratar de algumas definies e de algumas classificaes de deficincia mental.

    TEXTO

    A Organizao Mundial da Sade (OMS), em 1980, prope trs terminologias para esclarecer e definir todas as deficincias:

    deficincias; incapacidades; e desvantagem social.

    Essas trs terminologias sofreram alteraes e evolues na terminologia e, em 2000, a terminologia foi alterada para pessoa em situao de deficincia (ASSANTE, 2000).

    A Conveno de Guatemala foi internalizada Constituio Brasileira pelo Decreto n. 3.956/2001 e segundo e traz a definio sobre deficincia fica desta forma: [...] uma restrio fsica, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitria que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diria, causada ou agravada pelo ambiente econmico e social (MANTOAN; BATISTA, MEC, 2007, p. 14).

    A mesma autora coloca que pela prpria dificuldade de diagnosticar a deficincia mental, os conceitos tm sofrido vrias mudanas, revises e atualizaes. No existe, portanto, um consenso.

    Definies

    Segundo a descrio do DSM. IV, a caracterstica essencial do retardo mental quando a pessoa tem um funcionamento intelectual significativamente inferior mdia, acompanhado de limitaes significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas das seguintes reas de habilidades: comunicao, autocuidados, vida domstica, habilidades sociais, relacionamento interpessoal, uso de recursos comunitrios, auto-suficincia, habilidades acadmicas, trabalho, lazer, sade e segurana.

    J para a A.A.M.D. (Associao Americana de Deficincia Mental), a deficincia mental refere-se: ao funcionamento intelectual geral signitivamente abaixo da mdia, que coexiste com falhas no comportamento adaptador e se manifesta durante o perodo de desenvolvimento (KIRK; GALLAGHER, 2000, p. 121).

    Devemos entender a deficincia mental como uma condio mental relativa. Deve-se relativizar o contexto social e cultural do indivduo.

  • DIDM 18

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 4

    Academicamente possvel diagnosticar o retardo mental em indivduos com QIs entre 70 e 75, porm, que exibam dficits significativos no comportamento adaptativo. Cautelosamente o DSM. IV recomenda que o retardo mental no deve ser diagnosticado em um indivduo com um QI inferior a 70, se no existirem dficits ou prejuzos significativos no funcionamento adaptativo.

    Classificao da OMS (Organizao Mundial de Sade)Coeficiente intelectual Denominao Nvel cognitivo segundo Piaget Idade mental correspondente

    Menor de 20 Profundo Perodo Sensrio-Motriz 0-2 anosEntre 20 e 35 Agudo grave Perodo Sensrio-Motriz 0-2 anosEntre 36 e 51 Moderado Perodo Pr-Operativo 2-7 anosEntre 52 e 67 Leve Perodo das Operaes Concretas 7-12 anos

    Em sntese, a referncia para avaliar o grau de deficincia est mais voltada para os prejuzos no funcionamento adaptativo do que a medida do QI. Por funcionamento adaptativo entende-se o modo como a pessoa enfrenta efetivamente as exigncias comuns da vida e o grau em que experimenta uma certa independncia pessoal compatvel com sua faixa etria, bem como o grau de bagagem sociocultural do contexto comunitrio no qual se insere.

    O funcionamento adaptativo da pessoa pode ser influenciado por vrios fatores, incluindo educao, treinamento, motivao, caractersticas de personalidade, oportunidades sociais e vocacionais, necessidades prticas e condies mdicas gerais. Em termos de cuidados e condutas, os problemas na adaptao habitualmente melhoram com esforos teraputicos do que o QI cognitivo.

    Para o diagnstico, imprescindvel que a deficincia mental se manifeste antes dos 18 anos. So necessrias avaliaes neurolgicas, psiquitricas e sociais para determinar reas de necessidades dos deficientes.

    Classificaes

    Nas classificaes da deficincia mental esto includos vrios sintomas e manifestaes tais como a dificuldade de aprendizagem e alguns comprometimentos do comportamento.

    Encontramos vrias abordagens e teorias que esclarecem e apresentam sua compreenso sobre as classificaes, sobre o diagnstico da deficincia mental, desde teorias desenvolvimentistas, cognitivista, sociolgica, assim como a antropolgica.

    Segundo Mantoan e Batista (2007, p.15), estas referem que existe dificuldade em chegar a um consenso, principalmente sobre o diagnstico diferencial entre doena mental, que englobaria diagnsticos sobre psicose, e psicose precoce e deficincia mental.

    Diante da complexidade sobre o entendimento da deficincia mental, faz-se

  • DIDM 19

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 4

    necessrio unir vrios saberes de vrias reas do conhecimento. No se esgota no saber orgnico nem tampouco as consideraes do funcionamento do intelecto.

    Uma das classificaes para a deficincia mental baseada nos tipos de apoio que a pessoa necessita.

    Esses apoios podem ser: Intermitente, limitado, extenso e generalizado.

    Intermitente: o apoio se efetua apenas quando necessrio. Caracteriza-se por sua natureza episdica, ou seja, a pessoa nem sempre est precisando de apoio continuadamente, mas durante momentos em determinados ciclos da vida, como por exemplo, na perda do emprego ou fase aguda de uma doena. Os apoios intermitentes podem ser de alta ou de baixa intensidade.

    Limitado: apoios intensivos caracterizados por sua alguma durao contnua, por tempo limitado, mas no intermitente. Nesse caso incluem-se deficientes que podem requerer um nvel de apoio mais intensivo e limitado, como por exemplo, o treinamento do deficiente para o trabalho por tempo limitado ou apoios transitrios durante o perodo entre a escola, a instituio e a vida adulta.

    Extenso: trata-se de um apoio caracterizado pela regularidade, normalmente dirio em pelo menos em alguma rea de atuao, tais como na vida familiar, social ou profissional. Nesse caso no existe uma limitao temporal para o apoio, que normalmente se d em longo prazo.

    Generalizado: o apoio constante e intenso, alm de necessrio em diferentes reas de atividade da vida. Estes apoios generalizados exigem mais pessoal e maior intromisso que os apoios extensivos ou os de tempo limitado.

    Descreveremos uma classificao voltada com significados e implicaes educacionais, que Kirk e Gallagher (2000, p.123-124) propem.

    Deficientes mentais educveis: estes durante os primeiros anos de vida no so reconhecidos como tal. Ao entrar na escola que as dificuldades comeam a despontar, a criana no consegue acompanhar suficientemente do programa escolar regular, mas consegue desenvolver habilidades tanto sociais como cognitivas mesmo que estacione a nvel primrio. Consegue certa independncia social se a famlia estimular e motivar. Pode conseguir uma adequao ocupacional a ponto de poder se sustentar parcial ou totalmente durante a vida adulta. Corresponde a deficincia mental leve.

    Deficientes mentais treinveis: essa definio atribuda s crianas que tm dificuldades em aprender mesmo no nvel mais simples, no conseguem desenvolver independncia quando chegam na fase adulta e possuem muitas dificuldades em conseguir se manter financeiramente. So capazes de desenvolver o autocuidado e atividades de vida diria (vestir-se, banhar-se, usar o banheiro e se alimentar), conseguem se defender de perigos comuns no lar, na escola, no bairro, aprendem a compartilhar, respeitar leis e

  • DIDM 20

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 4

    autoridades. Sob superviso e orientao podem conseguir um trabalho, uma ocupao que possa gerar renda. Podem auxiliar se orientados e ensinados servios simples, domsticos. So crianas que so identificadas durante seus primeiros anos de vida. Geralmente apresentam atraso no desenvolvimento motor e da aquisio da linguagem. Corresponde deficincia mental moderada.

    Deficientes mentais graves e profundos: essa definio atribuda s crianas que possuem deficincias mltiplas associadas, que interferem numa aprendizagem comum. So crianas que alm da deficincia mental poder ter outros quadros comprometedores associados, tais como: paralisia cerebral, perda auditiva ou visual ou alguma deficincia fsica atribuindo limitaes motoras. So as crianas com deficincias mltiplas ou severas. O objetivo do trabalho com essas crianas, chamado de treinamento, estabelecer algum nvel de adaptao social e estimulao de todas as reas. Precisam de um grupo de profissionais diversificados e especializados para o tratamento e acompanhamento. Alm de realizar um trabalho especfico para os pais, pois eles so os cuidadores e que necessitam de apoio e suporte. Podem ser desenvolvidos trabalhos favorecendo e estimulando a rea motora, os cuidados pessoais, a linguagem e a adaptao social.

    O quadro abaixo elaborado por Kirk e Gallanger (2000, p. 124) traz as etiologias, prevalncia e expectativas tanto educacionais como para a vida adulta das trs denominaes sobre deficincia mental.

    Educvel Treinvel Grave/Profundo

    Etiologia

    Predominantemente con-siderada uma combinao do fator gentico, com ms condies econmicas e sociais.

    Grande variedade de problemas ou distrbios neurolgi-cos glandulares ou metablicos, que podem resultar em retardo grave ou moderado.

    Prevalncia Aproximadamente 10 em cada 1000 pessoas.

    Aproximadamente 2 a 3 em cada 1000 pessoas.

    Aproximadamente 1 em casa 1000 pessoas.

    Expectativas Educacionais

    Ter dificuldades no progra-ma escolar normal para uma educao adequada.

    Necessita maiores adapta-es nos programas educa-cionais; foco em cuidar de simesmo ou nas habilidades sociais; esforo limitado nas matrias tradicionais.

    Necessitar treinamento para cuidar de si mesmo (alimentao, vesturio, toalete).

    Expectativas paraa vida adulta

    Com treinamento, pode ser adaptar produtivamente a nvel qualificado ou no-qualificado.

    Pode se adaptar social e economicamente em ofici-nas especiais ou, em alguns casos, em tarefas rotineiras, sem superviso.

    Sempre precisar de assistncia.

  • DIDM 21

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 4

    REFERNCIAS

    GOMES, A. L. L.; FERNANDES, A. C.; BATISTA, C. A. M.; SALUSTIANO, D. A. MANTOAN, M. T. E.; FIGUEIREDO, R. V. Deficincia mental. So Paulo: MEC/SEESP, 2007 (Atendimento educacional especializado). Formao continuada a distncia para professores para o atendimento educacional especializado.KIRK, S. A; GALLAGHER, J. J. Educao da criana excepcional. Traduo de Maria Zanella Sanvincente. 3. ed. So Paulo: Martins Fontes, 2000.

    ANOTAES

  • DIDM 22

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 4

    ANOTAES

  • DIDM 23

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 5CLASSIFICAO DE DEFICINCIA MENTAL -

    EVOLUO DO CONCEITO NA HISTRIAOBJETIVO

    Tratar de algumas classificaes de deficincia mental e da evoluo do conceito na histria.

    TEXTO

    Classificao de Deficincia Mental (1976)

    1. Variao normal da inteligncia (vni)

    QI entre 71e 84; geralmente sem atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, apresenta

    mais dificuldade mais na idade escolar, conseguem concluir o ensino fundamental;

    vida adulta independente; e funes simples em mercado de trabalho.

    2. Deficincia Mental Leve

    QI entre 50 e 70; atraso no desenvolvimento neuropsicomotor discreto dificuldades no

    aprendizado precocemente percebidas; necessita ensino especializado alfabetizveis; e independncia quanto autocuidados e atividades de vida diria.

    3. Deficincia Mental Moderado

    QI entre 33 e 49; atraso no desenvolvimento neuropsicomotor precoce; necessitam ensino especializado com equipe multidisciplinar; dificilmente alfabetizveis; certo grau de dependncia nas atividades de vida diria; no conseguem trabalho a nvel competitivo; e podem ser bastante produtivos em oficinas abrigadas.

  • DIDM 24

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 5

    4. Deficincia Mental Severo

    QI entre 20 e 34; escolas especializadas visando o desenvolvimento da independncia

    quanto autocuidados e atividades de vida diria; e so semidependentes necessitando superviso frequente.

    5. Deficincia Mental Profundo

    QI inferior a 19; atraso muito acentuado no desenvolvimento neuropsicomotor, alguns

    nem adquirem marcha independente; vida adulta dependente quanto autocuidados e atividades de vida diria; necessita receber um trabalho individualizado.

    Definies

    Deficincia Mental

    Conforme DSM IV 1994; Retardo Mental caracteriza-se por funcionamento intelectual significativamente abaixo da mdia (QI< 70), com incio antes dos 18 anos e dficits ou prejuzos concomitantes no funcionamento adaptativo.

    A caracterstica essencial do retardo mental um funcionamento intelectual significativamente abaixo da mdia (critrio A), acompa-nhado de limitaes significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas das seguintes reas de habilidades: comunicao, autocuidados, vida domstica, habilidades sociais interpessoais, uso de recursos comunitrios, auto-suficincia, habilidades acadmicas, trabalho, lazer sade e segurana (critrio B). Incio antes dos 18 anos (critrio C). O retardo mental possui muitas etiologias diferentes e pode ser visto como uma via final comum de vrios processos patolgicos que afetam o SNC. Funcionamento intelectual geral definido pelo QI, obtido pela realizao de testes de inteligncia padronizados.

    Funcionamento Adaptativo

    Funcionamento adaptativo refere-se ao modo como os indivduos enfrentam efetivamente as exigncias comuns da vida e o grau em que satisfazem os critrios de independncia pessoal esperado de algum de seu grupo etrio, bagagem scio-cultural e complexos comunitrios especficos.

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    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 5

    Deficincia Mental Leve - QI: 50/55 > aprox. 70Deficincia Mental Moderado - QI 35/40 > 50/55

    Deficincia Mental Severo - QI 20/25 > 35/40Deficincia Mental Profundo - QI< 20/25

    Inteligncia

    ... uma capacidade mental muito geral que, entre outras coisas, inclui a capacidade para raciocinar, planejar, resolver problemas, pensar abstratamente, compreender idias complexas, aprender rapidamente com a experincia. No o simples aprendizado dos livros, uma habilidade acadmica no sentido restrito ou para realizar testes. Melhor, reflete uma capacidade mais ampla e profunda para compreender nosso entorno, o que se passa ao redor, captar o sentido das coisas e saber o que fazer (ARVEY; BOUCHARD; CARROL et al., 1994).

    Anastasi (1986) sugere que a conduta inteligente essencialmente adaptativa. Encontramos muitas teorias sobre inteligncia. Abaixo segue uma sntese de conceitos sobre trs inteligncias, visto que existem descrio e estudos de 12 tipos de inteligncia.

    Inteligncia conceitual: a acadmica, a formal. a capacidade de resolver problemas intelectuais abstratos e utilizar processos simblicos, incluindo a linguagem. Inclui a noo tradicional de QI e competncias e habilidades escolares.

    Inteligncia prtica: supe a capacidade de manejar aspectos fsicos e mecnicos da vida: as atividades de vida diria, os autocuidados. Inclui a capacidade de adaptao.

    Inteligncia social: supe a capacidade de entender e lidar de forma adequada em situaes e eventos sociais. Por exemplo: ser emptico, auto-reflexivo e obter resultados interpessoais desejados. Conseguir desenvolver laos afetivos e sociais, pertencer a algum grupo.

    REFERNCIAS

    FVERO, E. A. G.; PANTOJA, L. M. P.;MANTOAN, M. T. E.; FIGUEIREDO, R. V. Aspectos legais e orientaes pedaggicas. So Paulo: MEC/SEESP, 2007 (Atendimento educacional especializado). Formao continuada a distncia para professores para o atendimento educacional especializado.MENDES, E. G. Perspectivas para a construo da escola inclusiva no Brasil. In: SIMONE, M. S. P.; MARTINS, C. Escola inclusiva. So Carlos: Ed. UFSCar, 2002.PIETRO, R. G. A construo de polticas pblicas de educao para todos. In: SIMONE, M. S. P.; MARTINS, C. Escola inclusiva. So Carlos: Ed. UFSCar, 2002.

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    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 5

    ANOTAES

  • DIDM 27

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 6SNTESE PARA AUTOAVALIAO

    OBJETIVO

    Tratar de algumas definies e de algumas classificaes de deficincia mental.

    TEXTO

    A Organizao Mundial da Sade (OMS), em 1980, prope trs terminologias para esclarecer e definir todas as deficincias:

    deficincias; incapacidades; e desvantagem social.

    Segundo a descrio do DSM. IV, a caracterstica essencial do retardo mental quando a pessoa tem um funcionamento intelectual significativamente inferior mdia, acompanhado de limitaes significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas das seguintes reas de habilidades: comunicao, autocuidados, vida domstica, habilidades sociais, relacionamento interpessoal, uso de recursos comunitrios, auto-suficincia, habilidades acadmicas, trabalho, lazer, sade e segurana.

    Nas classificaes da deficincia mental esto includos vrios sintomas e manifestaes tais como a dificuldade de aprendizagem e alguns comprometimentos do comportamento.

    Encontramos vrias abordagens e teorias que esclarecem e apresentam sua compreenso sobre as classificaes, sobre o diagnstico da deficincia mental, desde teorias desenvolvimentistas, cognitivistas, sociolgicas, assim como antropolgicas.

    Classificaes

    Deficincia Mental Leve - QI: 50/55 > aprox. 70Deficincia Mental Moderado - QI 35/40 > 50/55

    Deficincia Mental Severo - QI 20/25 > 35/40Deficincia Mental Profundo - QI< 20/25

  • DIDM 28

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 6

    ANOTAES

  • DIDM 29

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 7ENFOQUE MULTIFATORIAL

    OBJETIVO

    Tratar do enfoque multifatorial da deficincia mental.

    TEXTO

    O enfoque multifatorial auxilia na compreenso e medida da inteligncia. As limitaes nas habilidades adaptativas normalmente coexistem com pontos fortes em outras reas adaptativas de competncia pessoal que o sujeito possui.

    Sistema 1992

    Aspectos principais: a deficincia mental necessita definir-se em um contexto social, geralmente, com apoio apropriado durante um perodo controlado e o funcionamento da pessoa com deficincia experimentar melhoras, pois a prtica dos servios de reabilitao se baseiam nas capacidades, limitaes e necessidades de apoio da pessoa.

    Contexto social de Deficincia Mental

    A deficincia mental no mais estatstica. Deixa de ser absoluta em si mesma. No constitui mais um trao absoluto manifestado pela pessoa e sim uma expresso do impacto funcional da interao entre a pessoa com limitaes intelectual e de habilidades adaptativas e o meio ambiente em que essa pessoa vive.

    A funo dos apoios: O deficiente melhorar se lhe oferecerem apoios apropriados pr um perodo de tempo controlado. O conceito de apoio no novo! A novidade a crena de que uma aplicao criteriosa dos apoios oportunos pode melhorar as capacidades funcionais das pessoas com deficincia. Constituem um meio mais natural, eficiente e continuado para incrementar a independncia/ interdependncia, produtividade, integrao na comunidade e satisfao dessas pessoas.

    O sistema 1992 basicamente um modelo funcional

    As categorias utilizadas para classificar deficincia mental, que se restringem exclusivamente ao grau, no so suficientemente descritivas ou preditivas para caracterizar os indivduos com deficincia mental.

    A nfase no funcionamento atual requer descrever com maior clareza as habilidades e limitaes adaptativas que influem na vida diria, originando assim a necessidade de identificar reas chave de atuao.

  • DIDM 30

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 7

    O diagnstico deve ser realizado com o objetivo de se planejar a interveno e de proporcionar uma determinada condio.

    Apoios: Fonte, Funes e Intensidade

    A principal funo do apoio oferecer proteo e desenvolvimento de habilidades das pessoas com necessidades especiais;

    Em casa, pode-se utilizar o apoio intermitente, o profissional desloca-se para a casa da pessoa, algumas vezes para desenvolver atividades e orientar a famlia;

    Pode-se solicitar o apoio para o planejamento econmico limitado, o apoio tecnolgico, a ajuda ao emprego generalizado e a assistncia mdica.

    Resultados os apoios

    incrementar o nvel de habilidades adaptativas e capacidades funcionais da pessoa;

    fomentar a aquisio dos objetivos de habilitao, relacionados com o bem-estar fsico, psicolgico e com o bom funcionamento da pessoa;

    potenciar as caractersticas do meio no qual a pessoa vive, integrando com recursos oferecidos na comunidade.

    Definio e exemplos das intensidades de apoio

    Intermitentes: so aqueles que se apresentam quando se fizerem necessrios. Caracterizam-se por sua natureza episdica e espordica. A pessoa nem sempre necessita esse apoio (s). Consistem em apoios necessrios por um breve espao de tempo, em transies no ciclo vital. Os apoios necessrios podem ser de alta ou baixa intensidade.

    Limitados: caracterizam-se por sua consistncia no tempo. No so intermitentes mesmo, que sua durao seja limitada. Podem solicitar um menor nmero de profissionais e menos custos que nveis de apoio mais intensos.

    Extensos: supe uma implicao ou interveno regular (por exemplo: diariamente) em pelo menos alguns ambientes (ex: lugar de trabalho, sala de aula, em casa) e no tem limitao de tempo.

    Generalizados: caracterizam-se por sua consistncia e elevada intensidade. So proporcionados em diferentes ambientes e podem durar por toda a vida. Geralmente implica um maior nmero de profissionais.

  • DIDM 31

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 7

    Definio de Deficincia Mental pelo Sistema 1992

    Limitaes substanciais no funcionamento atual. Caracteriza-se por um funcionamento intelectual significativamente inferior a mdia, que coexiste com limitaes associadas em duas ou mais das seguintes reas de habilidade adaptativa: comunicao, autocuidado, vida no lar, habilidades sociais, utilizao da comunidade, autodireo, sade e segurana, habilidades acadmicas funcionais, lazer e trabalho. O retardo mental deve manifestar-se antes dos dezoito anos de idade.

    Processo de trs passos para o diagnstico final

    1. Diagnstico do retardo mental.2. Descrio das capacidades e limitaes do indivduo.3. Identificao dos apoios necessrios.

    O sistema 1992 considera que o objetivo fundamental do diagnostico planejar a interveno.

    Exemplo, ao invs de dizermos uma pessoa com DM severa diremos uma pessoa deficiente mental com necessidades de apoio extensas nas reas de comunicao e com necessidades de apoio limitadas na rea de utilizao da comunidade.

    O processo de trs passos e suas implicaes

    1. Maior preciso na descrio dos indivduos.2. Despreza-se o acento inicialmente posto no indivduo como varivel

    independente.3. Amplia-se para as necessidades desse indivduo na sociedade para que

    possa desenvolver-se o mais adequadamente possvel.

    Alm dessas duas (2) implicaes gerais, o sistema 1992 gerou tambm quatro (4) implicaes especificas:

    1. Ampliao do conceito de inteligncia: no implica o abandono do QI e sim sua flexibilizao e contextualizao.

    2. Validao das dimenses gerais que compem o comportamento adaptativo: os principais objetivos da avaliao do comportamento adaptativo so: diagnstico e planejamento da interveno; avaliao e superviso do programa e descrio e avaliao da populao.

    3. Definio operativa de um paradigma de apoios: necessrio para

  • DIDM 32

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 7

    aumentar a independncia, produtividade e integrao na comunidade e a ajuda que se presta a pessoas descapacitadas.

    4. Anlise do meio: estudos recentes tm demonstrado que um ajuste adequado de pessoas deficientes ao seu meio est relacionado, tanto com as capacidades de conduta especficas do indivduo, como os requisitos de execuo especficos desse conceito. Um ajuste eficaz ao meio depende, no tanto das caractersticas individuais, mas principalmente do ajuste entre a pessoa e as caractersticas do meio.

    Mtodos possveis para se realizar a anlise entre o ajuste individual e o meio

    A - Identificar as habilidades necessrias ao funcionamento adequado do ambiente especfico.

    B - Determinar se o ambiente requer habilidades e o nvel necessrio.C - Avaliar o nvel de funcionamento da pessoa em cada habilidade requisitada.

    Verificar se a pessoa:

    1. manifesta essa habilidade independente, sem ajuda;2. manifesta essa habilidade com alguma ajuda;3. no tem tal habilidade, seja por falta de interesse, de capacidade ou por

    necessitar ajuda fsica.

    Fatores inibidores e facilitadores: fatores ambientais, elementos que podem facilitar ou inibir o crescimento, bem-estar e satisfao pessoal das pessoas com deficincia mental.

    Incluso: em todos os ambientes como na famlia, na escola e na sociedade.Oportunidade de desenvolvimento de competncias: oportunidade de

    desenvolver habilidades e aprender novas atividades.Respeito: desenvolvimento e conquista da auto-estima, ocupar lugar prprio,

    colocar suas opinies sobre experincias da prpria vida, ter escolhas.Existncia de apoios: proporcionar ajuda e assistncia para fomentar a

    independncia, produtividade e integrao da pessoa com deficincia mental na comunidade.

    REFERNCIAS

    FVERO, E. A. G.; PANTOJA, L. M. P.; MANTOAN, M. T. E.; FIGUEIREDO, R. V. Aspectos legais e orientaes pedaggicas. So Paulo: MEC/SEESP, 2007 (Atendimento educacional especializado). Formao continuada a distncia para professores para o atendimento

  • DIDM 33

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 7

    educacional especializado.MENDES, E. G. Perspectivas para a construo da escola inclusiva no Brasil. In: SIMONE, M. S. P.; MARTINS, C. Escola inclusiva. So Carlos: Ed. UFSCar, 2002.PIETRO, R. G. A construo de polticas pblicas de educao para todos. In: SIMONE, M. S. P.; MARTINS, C. Escola inclusiva. So Carlos: Ed. UFSCar, 2002.

    ANOTAES

  • DIDM 34

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 7

    ANOTAES

  • DIDM 35

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 8CAUSAS DA DEFICINCIA MENTAL

    OBJETIVO

    Tratar das causas da deficincia mental.

    TEXTO

    Podemos dividir as causas da deficincia mental em trs perodos do desenvolvimento humano.

    1. Perodo Pr-Natal (estar atento):

    desajustamentos e dificuldades emocionais da me e conflitos familiares; idade da me; fator RH negativo; exposio ao raio X, durante a gravidez; desnutrio da me; uso de tabaco, lcool e txicos pela me; sarampo; rubola; parotidite (caxumba); acidentes da me que ocasionam acidentes; alteraes cromossmicas (alteraes genticas);

    2. Perodo Neonatal ou Perinatal (estar atento):

    anxia ou hipxia; anestesia em excesso; partos prolongados, levando ao sofrimento da criana, podem ocorrer

    anxia; partos realizados em locais sem condies de higiene; frceps; condies ceflicas; baixo peso da criana; no apresentar choro; falta de reflexos primrios (exame realizado logo aps o nascimento); outros incidentes que podem ocorrer no momento do nascimento.

  • DIDM 36

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 8

    3. Perodo Ps-Natal (estar atento):

    encefalites; subnutrio da criana; meningite; vtimas de traumas fsicos ou acidentes; doenas adquiridas; implicaes e influncias sociais e psicolgicas;

    Atendimento Educacional Especializado para a Deficiencia Mental Conceitos e Cuidados.

    Pensar em atendimento educacional especializado para alunos com deficincia superar e avanar nos conceitos preconcebidos sobre educao especial. Decorre de uma nova concepo de educao especial, onde o foco fazer com que esses alunos aprendam. Muitas vezes sero contedos diferenciados do ensino comum, porm necessrios para que consigam ultrapassar as barreiras impostas pela deficincia.

    A deficincia mental prope que se tenha um novo olhar sobre o que aprender. necessrio haver reflexes sobre aprendizagem, como se processa, quais condies necessrias e o mais importante: saber, conhecer quem o APRENDIZ.

    Para essa deficincia o aprender assume caractersticas diferenciadas, o dficit est nos processos cognitivos, no pensamento formal, nas abstraes, no processamento da memria, muitas vezes na elaborao da linguagem. Assim no bastam apenas adaptaes curriculares voltadas para o treinamento de habilidades e adaptaes.

    O atendimento educacional especializado deve propiciar aos alunos, segundo Mantoan e Batista (2007), condies para que passam das regulaes automticas, saiam do automatismo e adquirem as regulaes ativas, que consigam encontrar formas que julguem mais conveniente e ajustadas a sua condio e que favorea o desenvolvimento do pensar, do agir intelectualmente. Deve permitir que o aluno saia do lugar do no aprender, ou da recusa em aprender, para a aquisio de um saber prprio, de um saber que tenha significado, que tenha compreenso. Deve ser um programa que desenvolva e ajude as crianas a superarem suas limitaes intelectuais.

    O aluno com deficincia mental tem que ter oportunidades para desenvolver sua inteligncia, utilizando todos os seus recursos internos. Por isso a denominao atendimento educacional especializado, pois deve permitir de maneira especial e especializada a valorizao e possibilidade da criana expressar seus sentimentos e ideias, de pesquisar e inventar, despertar a curiosidade e a vontade, elementos fundamentais da aprendizagem.

    Porm, a escola comum e o atendimento educacional especializado devem ocorrer concomitantemente, pois um se beneficia do outro.

    necessrio para o atendimento educacional especializado um espao fsico

  • DIDM 37

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 8

    reservado e preservado, o tempo para cada aluno ser definido conforme necessidades individuais e deve ocorrer sempre em horrio oposto ao das aulas do ensino comum.

    Sabemos que estamos muito longe da realizao desses modelos, falta ainda conscientizao, vontade poltica, preparo, capacitao e valorizao de professores e muito significado para quem ensina.

    Muitas conquistas no campo da educao especial foram realizadas, porm muito h para fazer e acontecer.

    REFERNCIAS

    GOMES, A. L. L.; FERNANDES, A. C.; BATISTA, C. A. M.; SALUSTIANO, D. A.; MANTOAN, M. T.E.; FIGUEIREDO, R. V. Deficincia mental. So Paulo: MEC/SEESP, 2007 (Atendimento educacional especializado). Formao continuada a distncia para professores para o atendimento educacional especializado.KIRK, S. A.; GALLAGHER, J. J. Educao da criana excepcional. Traduo de Maria Zanella Sanvincente. 3. ed. So Paulo: Martins Fontes, 2000.

    ANOTAES

  • DIDM 38

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 8

    ANOTAES

  • DIDM 39

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 9SNTESE PARA AUTOAVALIAO

    OBJETIVO

    Analisar o enfoque multifatorial da deficincia mental assim como suas causas e uma introduo sobre o atendimento educacional especializado para a deficincia mental conceitos e cuidados.

    TEXTO

    O enfoque multifatorial auxilia na compreenso e medida da inteligncia. As limitaes nas habilidades adaptativas normalmente coexistem com pontos fortes em outras reas adaptativas de competncia pessoal que o sujeito possui.

    O sistema descrito no ano de 1992 basicamente um modelo funcional, egue a descrio do mesmo:

    as categorias utilizadas para classificar deficincia mental, que se restringem exclusivamente ao grau, no so suficientemente descritivas ou preditivas para caracterizar os indivduos com deficincia mental;

    a nfase no funcionamento atual requer descrever com maior clareza as habilidades e limitaes adaptativas que influem na vida diria, originando assim a necessidade de identificar reas chave de atuao;

    o diagnstico deve ser realizado com o objetivo de se planejar a interveno e de proporcionar uma determinada condio.

    Podemos dividir as causas da deficincia mental em trs perodos do desenvolvimento humano: pr-natal, neonatal e ps-natal.

    Pensar em atendimento educacional especializado para alunos com deficincia superar e avanar nos conceitos pr-concebidos sobre educao especial. Decorre de uma nova concepo de educao especial, onde o foco fazer com que esses alunos aprendam. Muitas vezes sero contedos diferenciados do ensino comum, porm necessrios para que consigam ultrapassar as barreiras impostas pela deficincia.

  • DIDM 40

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 9

    ANOTAES

  • DIDM 41

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 10DESVIO E ESTIGMA

    OBJETIVO

    Tratar de desvio e estigma na educao especial.

    TEXTO

    Desvio: anomalia,... desvirtuamento: distrbio... (Dicionrio UNESP, 2004, p. 432).

    Estigma: rotulo,... marca sinal de vergonha ou infmia... (Dicionrio UNESP, 2004, p. 557).

    O objetivo desse texto oferecer algumas ideias e conceitos sobre dois termos muito utilizados no contexto da educao especial, que resultam em muitas controvrsias e discusses.

    Para Amaral (1992, p. 24), (...) do ponto de vista biolgico, o desvio est presente no corpo quando h falta ou excesso de alguma coisa. A referida autora tambm afirma que: (...) o fato que seja da tica de quem a vive, seja da tica de quem a v a deficincia, do ponto de vista psicolgico, jamais passa em brancas nuvens. (p. 60)

    Sobre a deficincia e desvio a autora nos coloca: muito pelo contrrio: ameaa, desorganiza, mobiliza. Representa aquilo que foge ao esperado, ao simtrico, ao belo, ao eficiente, ao perfeito... e, assim como quase tudo que se refere diferena, provoca a hegemonia do emocional sobre o racional. (p. 60).

    Encontramos o conceito de estigma atrelando ao indivduo, uma condio de inabilitado para a aceitao social, promovendo assim um sentimento de desumanizao do portador de algum tipo de diferena significativa.

    O preconceito em relao questo da deficincia, segundo Amaral (1995, p. 120), (...) pode estar lastreado na averso ao diferente, ao mutilado, ao deficiente os esteretipos da advindos sero: o deficiente mau, vilo, asqueroso... Ou o preconceito pode ser baseado em atitude de carter comiserativo, de pena, de piedade: o deficiente vtima, sofredor, prisioneiro... e assim por diante.

    A condio de ser diferente implica estigmatizao e preconceitos sociais, culturais e at mesmo familiares que, talvez por excesso de zelo, impede o deficiente de participar como sujeito poltico da sociedade. Num contexto que rotula, estigmatiza e exclui, a luta por direitos sociais torna-se rdua, particularmente a de grupos sociais considerados margem do sistema, pois, por preconceito, so considerados improdutivos.

    Nos seus escritos, Goffman (1993, p. 11) refere-se ao uso da palavra estigma, expresso utilizada na Grcia antiga que significava:

  • DIDM 42

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 10

    Signos corporales, sobre los cuales se intentabaexhibir algo malo y poco habitual en el statusmoral de quien los presentaba.

    O estigma era, portanto, marca representada por um corte ou uma queimadura no corpo e significava algo de mal para a convivncia social, representativa de um registro de escravatura ou de criminalidade, algo que simbolizava um rito de desonra, um mito da tradio da poca. Essa marca significava uma advertncia, um sinal para se evitar contatos nas relaes sociais, tanto no contexto particular, isto , privado, como, principalmente, nas relaes institucionais de carter pblico.

    Na atualidade, a palavra estigma remete um pouco a alguns registros dos antigos gregos, um mito de desonra, uma tradio passada de uma gerao a outra, cuja representao algo de negativo, e desconforto nos contatos e que devem ser evitados, pois representa uma ameaa convivncia sadia do sujeito dentro do grupo ao qual pertence.

    O sujeito denominado como portador de um estigma no pode pertencer mesma categoria de sujeitos.

    Para Goffman (1993, p. 11): A sociedade estabelece um modelo e espera que todos, ou quase todos, respondam a critrios, comportamentos, posturas, linguagens predeterminadas pelo sistema de controle social.

    REFERNCIAS

    AMARAL, L. A. Espelho convexo: O corpo desviante no imaginrio coletivo, pela voz da literatura infanto-juvenil. 1992. Tese (Doutorado) Universidade de So Paulo, So Paulo. p. 60-75.

    . Conhecendo a deficincia, em companhia de Hrcules. So Paulo: Robe, 1995. p. 205. (Srie Encontros com a Psicologia).GOFFMAN, E. Estigmas: la identidad deteriorada. 5. ed. Buenos Aires: Amorrortu Editors, 1993. p. 172.

  • DIDM 43

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 11TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO

    OBJETIVO

    Tratar dos transtornos globais do desenvolvimento e superdotao e altas habilidades.

    TEXTO

    O pedagogo necessita para a sua prtica de um breve conhecimento de alguns transtornos do desenvolvimento e algumas caractersticas de sndromes, no para uma atuao interventiva teraputica, mas sim para realizar encaminhamentos, solicitar avaliaes e desenvolver um trabalho pedaggico de acordo com as potencialidades da criana, segue algumas definies.

    Transtornos globais do desenvolvimento, segundo CID 10, so caracterizados por alteraes qualitativas das interaes sociais recprocas e modalidades de comunicao e por um repertrio de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Estas anomalias qualitativas constituem uma caracterstica global do funcionamento do sujeito, em todas as ocasies.

    Exemplos e definies segundo o CID 10 e National Society for Autisc Children e pela Organizao Mundial de Sade (OMS):

    autismo infantil: transtorno global do desenvolvimento caracterizado por: um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da idade de trs anos, apresentando uma perturbao caracterstica do funcionamento em cada um dos trs domnios seguintes: interaes sociais, comunicao, comportamento focalizado e repetitivo. Alm disso, o transtorno se acompanha comumente de numerosas outras manifestaes inespecficas, por exemplo, fobias, perturbaes de sono ou da alimentao, crises de birra ou agressividade (auto-agressividade).

    autismo atpico: transtornos globais do desenvolvimento, ocorrendo aps a idade de trs anos ou que no responde a todos os trs grupos de critrios diagnsticos do autismo infantil. Esta categoria deve ser utilizada para classificar um desenvolvimento anormal ou alterado, aparecendo aps a idade de trs anos, e no apresentando manifestaes patolgicas suficientes em um ou dois dos trs domnios psicopatolgicos (interaes sociais recprocas, comunicao, comportamentos limitados, estereotipados ou repetitivos) implicados no autismo infantil; existem sempre anomalias caractersticas em um ou em vrios destes domnios. O autismo atpico ocorre habitualmente em crianas que apresentam um retardo mental

  • DIDM 44

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 11

    profundo ou um transtorno especfico grave do desenvolvimento de linguagem do tipo receptivo.

    A definio aceita pela National Society for Autisc Children e pela Organizao Mundial de Sade (OMS) diz que: o autismo uma sndrome presente desde o nascimento e se manifesta invariavelmente antes dos trinta meses de idade. Caracteriza-se por respostas anormais a estmulos auditivos ou visuais e por problemas graves quanto compreenso da linguagem falada.

    A fala custa a aparecer, e, quando isto acontece, nota-se ecolalia, o uso inadequado dos pronomes, estrutura gramatical imatura, inabilidade de usar termos abstratos. H tambm, em geral, uma incapacidade na utilizao social, tanto da linguagem verbal como da corprea. Ocorrem problemas muito graves de relacionamento social antes dos cinco anos de idade, com incapacidade de desenvolver contato olho a olho, ligao social e jogos em grupos.

    O comportamento usualmente ritualstico e podem incluir rotinas de vida anormais, resistncia a mudanas, ligao a objetos estranhos, e um padro National Society for Autisc Children e pela Organizao Mundial de Sade (OMS) de brincar estereotipados. A capacidade para pensamento abstrato-simblico ou para jogos imaginativos fica diminuda.

    Conforme o National Society for Autistic Children (NSAC) e a American Psychiatric Association, os sintomas incluem: anormalidade no ritmo de desenvolvimento e na aquisio de habilidades fsicas, sociais e de linguagem; respostas anormais dos sentidos. O autista pode ter uma combinao qualquer dos sentidos (viso, audio, olfato, equilbrio, dor e paladar); ausncia, atraso ou falta de linguagem; modo anormal de relacionamento com pessoas, objetos, lugares ou fatos.

    relevante salientar que nem todos os indivduos com autismo apresentam todos estes sintomas, porm, a maioria dos sintomas est presente nos primeiros anos de vida da criana. Estes variam de leve a grave e em intensidade de sintoma para sintoma. Adicionalmente, as alteraes dos sintomas ocorrem em diferentes situaes e so inapropriadas para a sua idade.

    Comportamentos do indivduo com Autismo

    (Segundo a ASA Autism Society of American,)

    Usa as pessoas como ferramentas

    Resiste a mudanas de rotina

    No se mistura com outras crianas

    Apego no apropriado a objetos

    No mantm contato visual

  • DIDM 45

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 11

    Age como se fosse surdo

    Resiste a algumas aprendizagens

    No demonstra medo de perigo

    Resiste ao contato fsico

    Comportamento diferente e arredio

    Quadro: condies que podem estar associadas ao autismo:

    cessos de raiva; agitao; agressividade; auto-agresso, auto-leso (bater a cabea, morder os dedos, as mos ou

    os pulsos); ausncia de medo em resposta a perigos reais; catatonia; complicaes pr, peri e ps-natais; comportamentos autodestrutivos; dficits de ateno; dficits auditivos; dficits na percepo e controle motor; dficits visuais; epilepsia

    (Sndrome de West);

    esquizofrenia; hidrocefalia; hiperatividade; impulsividade; irritabilidade; macrocefalia; microcefalia; mutismo seletivo; paralisia cerebral; respostas alteradas a estmulos sensoriais (alto limiar doloroso, hipersensibilidade aos sons ou ao toque, reaes

    exageradas luz ou a odores, fascinao com certos estmulos); retardo mental; temor excessivo em resposta a objetos inofensivos; transtornos de alimentao (limitao a comer poucos alimentos);

  • DIDM 46

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 11

    transtornos de ansiedade; transtornos de linguagem; transtorno de movimento estereotipado; transtornos de tique; transtornos do humor/ afetivos: (risadinhas ou choro imotivados, uma

    aparente ausncia de reao emocional); e transtornos do sono (despertares noturnos com balano do corpo).

    REFERNCIAS

    CID 10-Manual...Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=111&Itemid=86. Acesso em: 1 jun. 2009.Disponvel em: http://www.fau.com.br/cid/webhelp/f84.htm. Acesso em: 1 jun. 2009.Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/altashab2.pdf#page=41. Acesso em: 1 jun. 2009.REVISTA Educao Especial, Santa Maria, n. 32, 2008, p. 273-284. Disponvel em: http://www.ufsm.br/revistaeducacaoespecial. Acesso em: 1 jun. 2009.

    ANOTAES

  • DIDM 47

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 12SNTESE PARA AUTOAVALIAO

    OBJETIVOS

    Enfocar noes sobre conceitos de desvio e estigma na educao especial, assim como tratar dos transtornos globais do desenvolvimento e da superdotao de altas habilidades.

    TEXTO

    Para Amaral (1992, p. 24, http://www.bengalalegal.com/trabalho.doc, 11 nov. 08): (...) do ponto de vista biolgico, o desvio est presente no corpo quando h falta ou excesso de alguma coisa.

    Encontramos o conceito de estigma atrelando ao indivduo, uma condio de inabilitado para a aceitao social, promovendo assim um sentimento de desumanizao do portador de algum tipo de diferena significativa.

    Nos seus escritos, Goffman (1993, p. 11), refere-se ao uso da palavra estigma, expresso utilizada na Grcia antiga que significava: Signos corporales, sobre los cuales se intentaba exhibir algo malo y poco habitual en el status moral de quien los presentaba.

    Na atualidade, a palavra estigma remete um pouco a alguns registros dos antigos gregos, um mito de desonra, uma tradio passada de uma gerao a outra, cuja representao algo de negativo, e desconforto nos contatos e que devem ser evitados, pois representa uma ameaa convivncia sadia do sujeito dentro do grupo ao qual pertence.

    Transtornos globais do desenvolvimento, segundo CID 10, so caracterizados por alteraes qualitativas das interaes sociais recprocas e modalidades de comunicao e por um repertrio de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Estas anomalias qualitativas constituem uma caracterstica global do funcionamento do sujeito, em todas as ocasies.

    Citamos como exemplos de transtorno global de desenvolvimento o autismo e ao autismo atpico para que o pedagogo tenha critrios melhores para necessrios encaminhamentos.

  • DIDM 48

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 12

    ANOTAES

  • DIDM 49

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 13OUTRAS SNDROMES

    OBJETIVO

    Tratar de algumas sndromes importantes na educao especial.

    TEXTO

    Sndrome de Rett

    Transtorno descrito at o momento unicamente em meninas, caracterizado por um desenvolvimento iniciais aparentemente normais, seguidos de uma perda parcial ou completa de linguagem, da marcha e do uso das mos, associado a um retardo do desenvolvimento craniano e ocorrendo habitualmente entre 7 e 24 meses. A perda dos movimentos propositais das mos, a torso estereotipada das mos e a hiperventilao so caractersticas deste transtorno. O desenvolvimento social e o desenvolvimento ldico esto detidos enquanto o interesse social continua em geral conservado. A partir da idade de quatro anos manifesta-se uma ataxia do tronco e uma apraxia, seguidas frequentemente por movimentos coreoatetsicos. O transtorno leva quase sempre a um retardo mental grave.

    Transtorno com Hipercinesia associada a retardo mental e a

    movimentos estereotipados

    Transtorno mal definido cuja validade nosolgica permanece incerta. Esta categoria se relaciona a crianas com retardo mental grave (QI abaixo de 34) associado hiperatividade importante, grande perturbao da ateno e comportamentos estereotipados. Os medicamentos estimulantes so habitualmente ineficazes (diferentemente daquelas com QI dentro dos limites normais) e podem provocar uma reao disfrica grave (acompanhada por vezes de um retardo psicomotor). Na adolescncia, a hiperatividade d lugar em geral a uma hipoatividade (o que no habitualmente o caso de crianas hipercinticas de inteligncia normal). Esta sndrome vem acompanhada, alm disto, com frequncia, de diversos retardos do desenvolvimento, especficos ou globais. No se sabe em que medida a sndrome comportamental a consequncia do retardo mental ou de uma leso cerebral orgnica.

    Sndrome de Asperger

    Transtorno de validade nosolgica incerta, caracterizado por uma alterao qualitativa das interaes sociais recprocas, semelhante observada no autismo, com um repertrio de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Ele se diferencia do autismo essencialmente pelo fato de que no se acompanha de um retardo ou de uma

  • DIDM 50

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 13

    deficincia de linguagem ou do desenvolvimento cognitivo. Os sujeitos que apresentam este transtorno so em geral muito desajeitados. As anomalias persistem frequentemente na adolescncia e idade adulta. O transtorno se acompanha por vezes de episdios psicticos no incio da idade adulta. Psicopatia autstica Transtorno esquizoide da infncia.

    Psicose

    A classificao encontra dificuldades devido s divergncias de pensamento sobre seu conceito segundo CID - 10 e DSM - III, a definio puramente descritiva.

    Os autores da DSM III (1980) classificam as psicoses da criana sob a denominao distrbios difusos do desenvolvimento, e preferem no utilizar o termo psicose, fundamentados nas diferenas semiolgicas importantes entre as psicoses do adulto e da criana.

    Na classificao francesa encontramos a diferenciao segundo a idade, que se divide em: psicoses precoces, onde os sintomas apresentam-se antes dos quatro anos de idade, no oferecendo criana a possibilidade de adaptao ao meio extrafamiliar; psicose do perodo de latncia ou psicose infantil de exteriorizao tardia se manifesta entre os cinco primeiros anos e a puberdade; psicose da puberdade e da adolescncia.

    Apesar dos esforos de psiquiatras infantis e psicanalistas da criana, no h ainda acordo completo entre os especialistas sobre uma classificao nica.

    Tipos de Psicose Infantil

    Esquizofrenia Infantil

    De acordo com os critrios diagnsticos da CID 10, a esquizofrenia est classificada no bloco entre F 20 e F 29, com mltiplos quadros clnicos.

    A DSM III define-a como um distrbio mental com uma forte tendncia cronicidade, de incio na juventude, quase sempre levando a uma deteriorao do funcionamento psquico pr-mrbido e clinicamente manifestado por uma sndrome psicopatolgica que se expressa por distrbios do pensamento, afetividade e comportamento, na ausncia de doena cerebral demonstrvel ou retardamento mental.

    Moreira (1986) considera a esquizofrenia uma s, seja afeco na criana ou no adulto, resguardando as caractersticas peculiares quanto faixa etria de maior incidncia sobre a doena.

    O termo psicose usado ocasionalmente, como eufemismo para loucura alguma vezes sinnimo de esquizofrenia (uma das entidades dessa categoria) e em outras ocasies como depresso psictica e neurtica. O termo no qualificado pode receber qualificativos pela diferenciao entre psicoses orgnicas e funcionais.

  • DIDM 51

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 13

    psicoses orgnicas: delrio, demncia e sndrome de Korsakoff; psicoses funcionais: esquizofrenia, psicose manaco-depressiva.

    A esquizofrenia , entre as doenas mentais, a que acarreta mais prejuzos. um distrbio do psiquismo e da personalidade, que se manifesta com a conscincia lcida, caracterizada por diversas alteraes nas experincias psquicas nos padres de pensamento e humor.

    A hereditariedade um fator etiolgico importante, pois se sabe que a sua frequncia aumentada nos familiares de pacientes. Sendo as chances de desenvolver esquizofrenias maiores, quanto mais prximo for o grau de parentesco com o paciente.

    Quadro Clnico

    As caractersticas iniciais da esquizofrenia so delrios, alucinaes, linguagem e comportamentos desorganizados, como sintomas positivos. Apatia marcante, pobreza de discurso, embotamento ou incongruncia de respostas emocionais e retraimento social com falta de iniciativa. A sintomatologia muito parecida do adulto sendo o incio infantil mais grave do que no incio adulto.

    Abordam-se a seguir os sintomas essenciais da esquizofrenia infantil.

    Distrbios do contedo do pensamento: as alucinaes e delrios so os primeiros aspectos percebidos. So ego sintnicas, ou seja, crianas esquizofrnicas nem sempre vm como invasivas e estranhas. Lidam bem com os sintomas que lhe parecem naturais porque se iniciam precocemente e de forma insidiosa. O desenvolvimento das alucinaes e delrios se torna de maior complexidade com o tempo.

    Distrbios da afetividade: observam-se rigidez das disposies afetivas, fixao de certos interesses e ausncia ou diminuio da ateno espontnea, inadaptao ao real e a fuga realidade, acentuada violncia nas reaes de angstia ou defesa, estereotipias no comportamento, nas ocupaes, na linguagem, bem como fenmenos de perseverao e ecolalia. Todos esses fenmenos ocorrem de forma particular personalidade de cada indivduo.

    Caractersticas clnicas

    Incapacidade qualitativa na interao social: ignora presena de pessoas e de sentimentos (uso instrumental de pessoas e comportamento invasivo); no busca apoio ou conforto por ocasio do sofrimento quando isto ocorre se d de modo estereotipado; imitao ausente ou comprometida e ausncia ou deficincia no contato olho a olho.

    Incapacidade qualitativa na comunicao verbal e no verbal e na atividade imaginativa: ausncia de modo de comunicao, como balbucio comunicativo,

  • DIDM 52

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 13

    expresso facial, mmica ou linguagem falada; ausncia de contato visual, retraimento ao contato fsico, ausncia de antecipao; deficincia na atividade imaginativa, como representao de papis de adultos, personagens de fantasias ou animais; falta de interesse em estrias sobre acontecimentos imaginrios; alteraes na linguagem que se estende da anormalidade no uso dos pronomes pessoais at a ecolalia ou at a ausncia absoluta da fala; incapacidade marcante na habilidade para iniciar ou sustentar uma conversa com outros e tambm age como se fosse surdo e ope-se ao aprendizado.

    Repertrio restrito de atividades e interesses: estereotipias e repeties (movimentos giratrios, auto-agresso, ausncia da noo de perigo); interesses restritos (interesses por objetos rotatrios, interesse em empilhar objetos, explorao do meio pelo paladar e/ou olfato); resistncia a mudanas no ambiente e insistncia em seguir rotinas (atividade montona rotineira).

    Atravs de pesquisas detectou-se que 30% dos autistas tm QI normal ou acima da mdia; por isso muitos autistas possuem habilidades excelentes, como por exemplo: saem-se muito bem em atividades esportivas, em desenhos, pinturas, msicas, e podem at apresentar uma memria invejvel, capaz de armazenar a mais remotas reminiscncia (memria mecnica).

    REFERNCIAS

    CID 10-Manual...Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=111&Itemid=86. Acesso em: 1 jun. 2009.Disponvel em: http://www.fau.com.br/cid/webhelp/f84.htm. Acesso em: 1 jun. 2009.Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/altashab2.pdf#page=41. Acesso em: 1 jun. 2009.REVISTA Educao Especial, Santa Maria, n. 32, 2008, p. 273-284. Disponvel em: http://www.ufsm.br/revistaeducacaoespecial. Acesso em: 1 jun. 2009.

  • DIDM 53

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 14CONSCINCIA FONOLGICA

    OBJETIVO

    Tratar da conscincia fonolgica na educao especial.

    TEXTO

    Conscincia fonolgica a habilidade de se refletir sobre a estrutura sonora das palavras faladas, percebendo-as como uma seqncia de fonemas (SANTOS et. al, 1997, Cap. 9, p. 85).

    Est comprovado que existe uma correlao positiva entre a capacidade que a criana possui em discriminar os elementos que compe a fala com o xito na leitura e escrita (CONDEMARIN et. al, 1995, p.70).

    A conscincia fonolgica a tomada de conscincia da sequncia de fonemas dentro de uma palavra, possibilita a criana distinguir as diferentes funes das palavras, das rimas e aliteraes das silabas e fonemas.

    O processo e aquisio da conscincia fonolgica facilitam a compreenso da leitura. A criana passa aprender a discriminar os sons iniciais das palavras e a seqncia sonora.

    Todas as atividades so desenvolvidas de forma ldica e interativa.Inicialmente, as atividades ou treinamentos para muitos autores devem enfocar

    nveis mais globais, para em seguida focar os mais especficos.Condemarin et. al. (1995, p. 70-77) descreve vrias atividades que

    desenvolvem a conscincia fonolgica. Descreverei algumas atividades de maneira resumida, apresentando alguns exemplos:

    Atividades que favorecem a conscincia fonolgica

    Diferenciao de palavras: separe para a(s) criana(s) um texto que seja interessante para ela, ou uma poesia, uma msica.

    Objetivo: auxiliar a(s) criana(s) a perceber e diferenciar as palavras dentro de uma orao ou texto.

    Exemplos:

    1. destacar cada palavra com uma batida de mo, depois contar junto com a criana, quantas palavras compe a orao;

    2. escreva oraes completas e pea para a criana encontrar as palavras mais adequadas, a que est faltando, a que combina mais;

  • DIDM 54

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 14

    3. sublinhe cada palavra da orao com uma cor diferente. Pea para a criana contar as palavras.

    Observao: estando claro o objetivo da atividade o psicopedagogo deve-se utilizar sua criatividade e cria outras estratgias.

    Rimas e aliteraesObjetivo: favorece a tomada de conscincia das rimas (sons finais

    semelhantes) e das aliteraes (repetio de sons).Exemplos:

    leve e pea para a criana pesquisar e copiar rimas e aliteraes que conheam, que surjam nas brincadeiras, jogos, cantigas de roda;

    convide a criana a perceber o par omitido de uma rima conhecida, por exemplo: Um, dois, feijo com arroz, trs, quatro, feijo...;

    organize concurso de rimas, espontneas: umas crianas dia PO, outra responde MO, e assim por diante. Vira um jogo;

    convide a criana a criar rima a partir do seu nome.

    SlabasObjetivo: oferecer a conscincia das silabas dentro das palavras.Exemplos:

    repita com as crianas rimas, msicas, oraes, separando as slabas; selecione palavras significativas para os alunos e repita-as com eles

    separando as slabas; convide as crianas a marchar ao compasso de uma cano, dando

    batidas com a mo ou com um tamborzinho em cada slaba; pea para associarem a quantidade de slabas a um nmero

    correspondente, faa mentalmente.

    FonemasObjetivo: oferecer a conscincia dos fonemas como unidades pertencentes

    aos sons da fala.Exemplos:

    pea para as crianas associarem objetos da sala cujos nomes tenham o mesmo som inicial, ou final;

    pesquise junto com as crianas, recorte e cole ilustraes ou figuras

  • DIDM 55

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 14

    de objetos cujos nomes comecem com o mesmo fonema voclico ou consonantal;

    pea para as crianas desenharem, por exemplo, o SOL, e que desenhem ou colem figuras cujos nomes comecem ou terminam com mesmo fonema.

    Associao fonema/grafemaObjetivo: estabelecer a relao de cada fonema e o grafema que o

    represente.Exemplos:

    escreva na lousa uma letra pronunciando simultaneamente seu som. Por exemplo, M. Pronuncie palavras que comecem com essa letra, fazendo uma mmica como se estivesse enchendo uma cesta imaginria. Passe para uma criana essa cesta imaginria;

    associe um gesto a um fonema; e associe uma msica a um fonema.

    REFERNCIAS

    CONDEMARM, M.; GALDAMES, V.; MEDINA, A. Oficina de linguagem. Mdulos para desenvolver a linguagem oral e escrita. 1. ed. So Paulo: Editora Moderna, 1999.SANTOS, M. T. M. et al. Estimulando a conscincia fonolgica. In: PEREIRA, L. D.; SCHOCHAT, E. Processamento auditivo central. Manual de avaliao. Editora Lorise, 1997.

    ANOTAES

  • DIDM 56

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 14

    ANOTAES

  • DIDM 57

    DiDtica para pessoas com NecessiDaDes especiaisCAPTULO 15SNTESE PARA AUTOAVALIAO

    OBJETIVOS

    Tratar de algumas sndromes importantes na educao especial assim como apresentar uma sntese sobre a conscincia fonolgica na educao especial.

    TEXTO

    Seguem-se exemplos de sndromes:

    sndrome de Rett; transtorno com hipercinesia associada a retardo mental e a movimentos

    estereotipados; sndrome de Asperger; pscicoses:

    - psicoses orgnicas: delrio, demncia e sndrome de Korsakoff;- psicoses funcionais: esquizofrenia e psicose manaco-depressiva.

    Quadro clnico da pscicose

    Distrbios do contedo do pensamento e distrbios da afetividade.

    Caractersticas clnicas da psicose

    Incapacidade qualitativa na interao scia e incapacidade qualitativa na comunicao verbal e no verbal e na atividade imaginativa, repertrio restrito de atividades e interesses.

    A conscincia fonolgica a tomada de conscincia da sequncia de fonemas dentro de uma palavra, possibilita a criana distinguir as diferentes funes das palavras, das rimas e aliteraes das slabas e fonemas.

    O processo e aquisio da conscincia fonolgica facilitam a compreenso da leitura, pois a criana passa aprender a discriminar os sons iniciais das palavras e a sequncia sonora.

    Todas as atividades so desenvolvidas de forma ldica e interativa.

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