dialogo 5909

20
ZĞǀ ŝĄůŽŐŽ ĚƵĐ ƵƌŝƟďĂ ǀ ϭϮ Ŷ ϯϱ Ɖ ϮϯϯͲϮϱϮ ũĂŶĂďƌ ϮϬϭϮ /^^E ϭϱϭϴͲϯϰϴϯ >ŝĐĞŶĐŝĂĚŽ ƐŽď ƵŵĂ >ŝĐĞŶĕĂ ƌĞĂƟǀĞ ŽŵŵŽŶƐ [T] YƵŝŶnjĞ ĂŶŽƐ ĚĂ &ŝůŽƐŽĮĂ ĚĂ ĚƵĐĂĕĆŽ ŶĂ EWĚ ďĂůĂŶĕŽƐ Ğ ĚĞƐĂĮŽƐ [I] &ŝŌĞĞŶ LJĞĂƌƐ ŽĨ WŚŝůŽƐŽƉŚLJ ŽĨ ĚƵĐĂƟŽŶ ŝŶ ƚŚĞ EWĚ ĂƐƐĞƐƐŵĞŶƚ ĂŶĚ ĐŚĂůůĞŶŐĞƐ [A] DĂƌŝĂ ĞƚąŶŝĂ ĂƌďŽƐĂ ůďƵƋƵĞƌƋƵĞ [a] , Alder de Sousa Dias ď Ă WſƐͲŽƵƚŽƌĂ ƉĞůŽ ĞŶƚƌŽ ĚĞ ƐƚƵĚŽƐ ^ŽĐŝĂŝƐ ĚĂ hŶŝǀĞƌƐŝĚĂĚĞ ĚĞ ŽŝŵďƌĂ ŽƵƚŽƌĂ Ğŵ ĚƵĐĂĕĆŽ ƉĞůĂ WŽŶƟİĐŝĂ hŶŝǀĞƌƐŝĚĂĚĞ ĚĞ ^ĆŽ WĂƵůŽ ƉƌŽĨĞƐƐŽƌĂ ĂĚũƵŶƚĂ ĚĞ &ŝůŽƐŽĮĂ Ğ ,ŝƐƚſƌŝĂ ĚĂ ĚƵĐĂĕĆŽ ĚŽ WƌŽŐƌĂŵĂ ĚĞ WſƐͲ'ƌĂĚƵĂĕĆŽ Ğŵ ĚƵĐĂĕĆŽ ĚĂ hŶŝǀĞƌƐŝĚĂĚĞ ĚŽ ƐƚĂĚŽ ĚŽ WĂƌĄ ;hWͿ ĞůĠŵ W Ͳ ƌĂƐŝů ĞͲŵĂŝů ŵĂƌŝĂĂůďƵƋƵĞƌƋƵĞΛƵŽůĐŽŵďƌ ď ŝƐĐĞŶƚĞ ĚŽ ƵƌƐŽ ĚĞ DĞƐƚƌĂĚŽ ĚŽ WƌŽŐƌĂŵĂ ĚĞ WſƐͲ'ƌĂĚƵĂĕĆŽ Ğŵ ĚƵĐĂĕĆŽ ĚĂ hŶŝǀĞƌƐŝĚĂĚĞ ĚŽ ƐƚĂĚŽ ĚŽ WĂƌĄ ;hWͿ ĞůĠŵ W Ͳ ƌĂƐŝů ĞͲŵĂŝů ĂůĚĞƌĚŝĂƐƐΛLJĂŚŽŽĐŽŵďƌ [R] Resumo dƌĂƚĂͲƐĞ Ž ƉƌĞƐĞŶƚĞ ĂƌƟŐŽ ĚĞ Ƶŵ ůĞǀĂŶƚĂŵĞŶƚŽ ĚĂ ƉƌŽĚƵĕĆŽ ŝŶƚĞůĞĐƚƵĂů ĐŝƌĐƵůĂĚĂ ŶŽ 'ƌƵƉŽ ĚĞ dƌĂďĂůŚŽ &ŝůŽƐŽĮĂ ĚĂ ĚƵĐĂĕĆŽ ƚĂŵďĠŵ ĐŽŶŚĞĐŝĚŽ ĐŽŵŽ 'd ϭϳ ŶŽ ĐŽŶƚĞdžƚŽ ĚĂ ƐƐŽĐŝĂĕĆŽ EĂĐŝŽŶĂů ĚĞ WĞƐƋƵŝƐĂ Ğ WſƐͲ'ƌĂĚƵĂĕĆŽ Ğŵ ĚƵĐĂĕĆŽͲEWĚ ŶŽ ƉĞƌşŽĚŽ ĚĞ ϭϵϵϰ ŵŽŵĞŶƚŽ Ğŵ ƋƵĞ ƐĞ ŝŶƐƟƚƵĐŝŽŶĂůŝnjŽƵ ĐŽŵŽ 'ƌƵƉŽ ĂƚĠ Ž ĂŶŽ ĚĞ ϮϬϬϴ ƋƵĂŶĚŽ ĐŽŵƉůĞƚŽƵ ϭϱ ĂŶŽƐ ĚĞ ĞdžŝƐͲ ƚġŶĐŝĂ dĞŵ ĐŽŵŽ ŽďũĞƟǀŽƐ ŝĚĞŶƟĮĐĂƌ ŽƐ ƚĞŵĂƐ ŵĂŝƐ ŽƵ ŵĞŶŽƐ ĞŶĨĂƟnjĂĚŽƐ ŶĞƐƐĂ ƉƌŽĚƵĕĆŽ ĚŽŝ ϭϬϳϮϭϯĚŝĂůŽŐŽĞĚƵĐϱϵϬϵ

Upload: jcl1122

Post on 10-Nov-2015

228 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

sociologia

TRANSCRIPT

  • Z

    /^^E>>

    [T]

    Y&EW

    [I]

    &WEW

    [A]D[a], Alder de Sousa Dias

    W^hWh^W&,WW'hWhWW

    DWW'hWhWW

    [R]

    Resumo

    d'd&'dEWW'EW'd

  • D/^^

    Z

    234

    DZKDEW&EW[P]

    W&WEW

    Abstract

    dW'ddEZWEWdd/ /EWZKDKEW[K]

    Keywords:W/EW

    /

    Propomo-nos, com este artigo, realizar um balano do GT 17 - Filosofia da Educao situado na Associao Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao (ANPEd), a partir do levantamento da sua produo intelec-tual no perodo de 1994, em que foi institucionalizado como Grupo, at 2008, quando completou 15 anos.

  • Y&EW

    Z

    235

    A ideia bsica que nos mobilizou a esta empreitada intelectual foi a de identificar os caminhos epistemolgicos percorridos pelos pes-quisadores que compem o referido GT, tendo como suporte de anlise os resumos dos trabalhos apresentados em cada uma das 15 Reunies reali-zadas entre 1994 a 2008. Para tanto, realizamos um levantamento biblio-grfico e documental, constando da anlise de documentos, tais como: relatrios, atas, anais, revistas e CD-ROM da ANPEd que nos permitiu uma breve incurso pela prpria histria da constituio GT.

    A anlise da produo intelectual foi efetivada, sobretudo, por meio da verificao dos ttulos dos trabalhos e resumos publicados nos anais da ANPEd, seja por meio impresso ou digital. Por se tratar de um grande nmero de resumos, esta anlise assume a natureza de um levanta-mento em grande parte embasado em dados quantitativos. Entendemos, contudo, que esta perspectiva de anlise pode sinalizar os caminhos epis-temolgicos mais recentes que a Filosofia da Educao vem trilhando, alm de uma reflexo mais profunda entre seus pares sobre os possveis avanos da rea e os desafios a enfrentar.

    Corroborando com Antnio Joaquim Severino (1993, p. 19) de que um campo temtico significativo para a pesquisa em Filosofia da Educao aquele delimitado pelas questes epistemolgicas, vinculadas ao processo de construo do conhecimento [...] procuramos, neste artigo, sinalizar a situao desta rea em termos do conhecimento que tem feito circular no mbito da ANPEd, no perodo de 15 anos, tempo sugestivo, em nosso entender, a um processo de balano. Nesse sentido, levantamos as seguintes questes: Que temticas tm sido priorizadas, ou no, por essa produo? Que pensadores/filsofos serviram de referencial terico? Quais as origens institucionais e geogrficas dos trabalhos apresentados?

    'd&

    O GT Filosofia da Educao da ANPEd teve sua origem a par-tir de uma proposta elaborada por 39 participantes, ao trmino da 16

  • D/^^

    Z

    236

    Reunio Anual realizada em Caxambu, MG, no ano de 1993. O motivo que inspirou a criao deste GT est relacionado existncia de vrios trabalhos enviados a essa reunio, cujas temticas se identificavam com a perspectiva filosfico-educacional. Ao serem considerados como relativos a essa rea de conhecimento, esses trabalhos possibilitaram a constitui-o de um Grupo Especial de Filosofia da Educao.

    Possivelmente, a prpria temtica geral da ANPEd daquele ano intitulada Educao, Paradigmas, Avaliao e Perspectivas, tenha sido um fator de estimulao dessa produo. Originou assim, originando o in-teresse pela constituio de um espao prprio no qual as discusses de carter filosfico-educacionais fossem ser contempladas. Nesse sentido, como afirmou Severino (1996, p. 1-2), a criao do GT visava a abrir um espao mais abrangente para o debate sistematizado de temas filosficos e de temas correlatos emergentes das vrias reas cientficas que tm a educao como objeto de pesquisa.

    Em vista disso, ao trmino da 16 Reunio Anual, 39 participan-tes formularam a proposta de criao de um Grupo de Estudos de Filosofia da Educao, que foi aprovada em Assembleia ainda no ano de 1993. Com o objetivo de dar encaminhamento s questes relativas criao do Grupo, foi designada em reunio do dia 15/9/1993, uma comisso encar-regada de sistematizar as sugestes formuladas pelos prprios associados interessados nessa criao.1

    Considerando o nmero de trabalhos enviados a essa reunio (59), dos quais 34 foram selecionados, a Diretoria da ANPEd procedeu, na 17 reunio de 1994, a oficializao do Grupo. Ao seu trmino, pre-cisamente no dia 27 de outubro de 1994, os associados presentes elege-ram os nomes que viriam compor a Coordenao do GT, a saber: Antnio J. Severino, Newton Duarte e Ari Jantsch com mandato de um ano, as-sim como instituiu uma comisso cientfica para atuar na seleo dos

    Faziam parte dessa comisso os associados: Newton Duarte (UNESP), Ari Paulo Jantsch (UFSC) e Antnio Joaquim Severino (USP), na condio de titulares, e Bruno Pucci (UFSCAR), Maria Ceclia S. Teixeira (USP), Norberto Jacob Etges (UFSC) e Mirian Paura Grispun (UERJ) na condio de suplentes.

  • Y&EW

    Z

    237

    trabalhos. Essa comisso foi constituda por: Antnio J. Severino, Ari Jantsch, Dermeval Saviani, Fernando Becker e Mirian J. Warde. Assim, sob a forma inicial de um Grupo de Estudos (GE), organizou-se, em 1994, no contexto da 17 Reunio da ANPEd, o primeiro encontro de pesquisa-dores da rea de Filosofia da Educao, dentro da formatao instituda por essa Associao.

    De 1994 a 2009 o GT- Filosofia da Educao contou com os se-guintes coordenadores:

    1994 - Antnio Joaquim Severino (USP), Newton Duarte (UNESP) e Ari Jantsch (UFSC);

    1995 e 1996 - Antnio Joaquim Severino (USP); 1997 e 1998 - Bruno Pucci (UNIMEP); 1999 e 2000- Paulo Ghiraldelli Jnior (UNESP); 2001 e 2002 - Llian do Valle (UERJ); 2003 e 2004 - Avelino da Rosa Oliveira (UFPEL); 2005 - Silvio Donizetti de Oliveira Gallo (UNICAMP); 2006 e 2007 - Newton Duarte (UNESP); 2008 e 2009 - Ari Paulo Jantsch (UFSC).

    K

    Nos 15 anos de histria institucional do GT 17, foram analisa-dos o total de 225 resumos. A dcada de 1990 constituiu-se como o pe-rodo de maior produo do GT, sendo 1994, 1995 e 1996 os anos com maior nmero de trabalhos apresentados. Em conjunto, esses trs pri-meiros anos de existncia do GT somaram 66 trabalhos, o que representa uma mdia de 22 trabalhos por ano. Apesar da estagnao de produo ao longo dos anos 2000-2002 (o GT aprovou 10 trabalhos em cada um desses anos), notamos um aumento em 2003 com a apresentao de 15 trabalhos, seguida de uma brusca reduo, em 2004, voltando-se marca de 10 trabalhos. Assim, a maior produo intelectual do GT - Filosofia da Educao ocorreu no incio de sua prpria formao, em 1994, e a menor

  • D/^^

    Z

    238

    em 2004. Esse decrscimo no nmero de trabalhos foi apontado como um fator preocupante pelo prprio Comit Cientfico da ANPEd desse ano:

    chama a ateno o nmero reduzido de trabalhos encaminhados ao GT para a 27 Reunio Anual, configurando o menor nmero de trabalhos aceitos para avaliao nos ltimos seis anos, o que certamente sugere uma reflexo por parte dos integrantes do GT, uma vez que a produo da rea sabidamente bem mais expressiva (ANPEd, 2004, p. 379).

    Depois de ressaltar as temticas dos trabalhos encaminhados para a reunio de 2004, assim como suas qualidades, o relatrio conclui: Fica a impresso de que a demanda que o GT recebe representa uma par-te muito pequena daquilo que efetivamente constitui a produo intelec-tual na Filosofia da Educao no Brasil (ANPEd, 2004, p. 379).

    Em relao origem institucional e geogrfica dos trabalhos, registramos que os 225 trabalhos analisados ao longo dos 15 anos de produo intelectual, foram provenientes de 88 instituies, as quais, em sua grande parte, pertencem ao eixo regional Sudeste-Sul. No caso, pouco mais 88% dos trabalhos so oriundos das regies Sul ou Sudeste.

    Essa concentrao geogrfica foi alvo de reflexo por parte dos coordenadores do GT- Filosofia da Educao, em 2005, ao analisarem o re-sultado dos trabalhos enviados e aprovados para apresentao na Reunio Anual desse mesmo ano, conforme conferido no depoimento abaixo:

    [...] o resultado dos trabalhos do CC [comit cientfico] aprovou 14 dos 33 trabalhos inscritos, sendo cinco classificados como excedentes e outros 14 foram recusados. Alguns dados desses trabalhos chamam muito a ateno: nove deles (65%) pertencem a apenas dois Estados (SC, RS) do pas, sendo que seis desses nove pertencem a Santa Catari-na, Estado que vai apresentar 43% dos trabalhos do GT com membros de trs instituies: UFSC, UESC e UNIPLAC. Foram aprovados seis trabalhos candidatados de SC num total de oito inscritos (75%); se considerarmos que um dos outros dois foi classificado como exceden-te, o ndice aumenta a 87,50%; o ndice de reprovao desse Estado

  • Y&EW

    Z

    239

    de 12, 5%. Os trabalhos do RS tiveram o mesmo ndice de aprovao, com trs aprovados dentre quatro inscritos. Mas outros Estados no tiveram a mesma sorte: Exemplos: do Rio de Janeiro foram aprovados dois trabalhos de um total de sete inscritos (29% de aprovao e 71% de reprovao); de So Paulo, trs aprovados num universo de sete (43%); e o que pior, todos os outros Estados, cada um com um nico trabalho escrito, no tero trabalhos no GT (KOHAN; GALLO, 2005).2

    Os 225 resumos foram analisados, considerando ttulo, conte-do e palavras-chave, classificados segundo determinados eixos que com-preendem um conjunto de temas. Cumpre esclarecer que a organizao dos trabalhos, nesses eixos, no obedeceu a um critrio rgido uma vez que um mesmo trabalho poderia, perfeitamente, estar includo em outros eixos. A categorizao final pautou-se na maior pertinncia dos mesmos (considerando os ttulos, resumos e palavras-chave) em relao a um ou outro eixo. Entretanto, embora o texto apresente uma forma particular de categorizao dos trabalhos, ele tambm se inspira no delineamento dos campos temticos da Filosofia da Educao definidos pelo filsofo da educao Antnio Joaquim Severino (1993) em trs mbitos, a saber:

    O mbito epistemolgico - especificamente no que se refere re-lao sujeito-objeto que perpassa o processo de construo do conhecimento, as temticas centrais da Filosofia da Educao compreendem: a questo do estatuto da Filosofia da Educao; a educao e a construo do conhecimento; os paradigmas epis-temolgicos em educao; as situaes de transmisso e apro-priao do conhecimento; a questo do estatuto epistemolgico da prpria educao; a problemtica da linguagem pedaggica e da clareza conceitual do conhecimento educacional; a significa-o ideolgica do discurso pedaggico.

    'd/

  • D/^^

    Z

    240

    O mbito axiolgico - ligado prtica educacional que envolve va-lores ticos, estticos e polticos. Destacam-se como temticas: o sentido da educao como prtica social; relaes entre edu-cao e trabalho (as finalidades tcnico-profissionais da educa-o); as implicaes polticas da prtica educacional (relaes de poder, a construo da cidadania e da democracia); relaes en-tre educao e prtica cultural (as diversas dimenses culturais da existncia em suas relaes com a educao); a significao tica da educao e a dimenso esttica da pedagogia.

    O mbito ontolgico relativo questo das relaes da educao com as condies existenciais do ser humano como histrico. Compreende as temticas: a educao como processo de huma-nizao; a existncia humana nas suas mltiplas relaes; os processos de individuao; de personalizao e de construo de identidade; a educao e a liberdade da pessoa humana, sua dignidade e transcendncia.

    Para fins deste estudo, organizamos a produo filosfico-edu-cacional do GT a partir dos seguintes eixos temticos, arrolados conforme o maior nmero de trabalhos que abrigam em seu interior. So eles:

    Pensadores da filosofia - encontram-se 68 trabalhos relacionados s ideias de determinados pensadores do campo da filosofia, da educao e de outras reas do saber, assim como suas implica-es para o campo educacional.

    Epistemolgico - abriga 47 trabalhos voltados discusso da pro-duo do conhecimento, anlise de conceitos, epistemologia gentica, teoria e pesquisa em educao, ao conhecimento cien-tfico, modernidade e ps-modernidade, relaes entre os cam-pos da epistemologia e os valores ou ontologia, assim como a questo da especificidade e identidade da Filosofia da Educao.

    tico-antropolgico - compreende 28 trabalhos relacionados for-mao humana de um modo geral, aos processos de humanizao,

  • Y&EW

    Z

    241

    s relaes entre tica e valores na educao, formao da sub-jetividade e ao sentido da educao.

    Currculo e formao do educador - abrange 25 trabalhos relacio-nados ao currculo formal e s prticas de ensino da disciplina Filosofia, Filosofia da Educao e formao do educador.

    Poltico-social - abrange 22 trabalhos relacionados a uma perspectiva scio-poltica da educao, envolvendo o debate sobre hegemonia, formao da conscincia crtica, ideologia, reformas educacionais, a relao Estado e educao, poder/disciplinamento na educao.

    Psicolgico - inclui 10 trabalhos voltados para essa rea de conhe-cimento, e para assuntos como a corporeidade e a afetividade, a articulao corpo-mente e esprito no mbito educacional.

    Simblico - abrange nove trabalhos cujos temas se voltam para as discusses sobre o imaginrio, representaes e memrias;

    Filosofia e infncia - abrange sete trabalhos que abordam as rela-es entre infncia, educao e filosofia.

    Esttico - com cinco trabalhos sobre questes referentes dimen-so esttica da educao.

    Ambiental - contabilizou quatro trabalhos relacionados proble-mtica do meio ambiente e da ecologia na educao.

    Do total de 225 trabalhos analisados, 190 foram classifica-dos quanto aos eixos: Pensadores da Filosofia, Epistemolgico, tico-antropolgico, Currculo e formao de professores e Poltico-social con-centrando 84,44% da produo intelectual do GT. Pouco mais de 15% do total da produo situaram-se nos eixos: Psicolgico, Simblico, Filosofia e infncia, Esttico e Ambiental.

    Acerca da produo voltada para os eixos Psicolgico e Am-biental, temos, de um lado, como hiptese que a criao do GT 20 - Psi-cologia da Educao (criado em 1999) e o GT 22 - Educao Ambiental (criado em 2004) podem ter contribudo para o deslocamento dessa pro-duo do GT - Filosofia da Educao para esses grupos. Antes, contudo, da criao desses GTs, tais temticas encontravam abrigo no contexto

  • D/^^

    Z

    242

    do GT Filosofia da Educao. De outro, a anlise dos relatrios do GT remete a um movimento histrico que culminou numa menor disper-so temtica e, consequentemente, em maior pertinncia dos trabalhos ao campo filosfico-educacional, configurando uma mudana de direo em relao aos primeiros anos de seu engendramento. Tal era o caso da presena de trabalhos mais propriamente relacionados ao campo am-biental e da psicologia.

    No que tange a essa questo da pertinncia dos trabalhos ao campo filosfico-educacional, o Relatrio Final, organizado pelo Comit Cientfico da ANPEd (2002), afirma que considera importante ponderar acerca do fato de que foram recebidos trabalhos sobre temas que no se enquadram nas temticas dos GTs, principalmente nos GTs de Filosofia da Educao e Psicologia da Educao, mas que tampouco se enquadram nas temticas de outros GTs da ANPEd... (ANPEd, 2002, p. 256, grifo nosso).

    O Relatrio acrescenta que embora considere a existncia de interfaces entre as reas de conhecimento que compem a subrea da ANPEd, denominada de Fundamentos, os GTs pertencentes a essa sub-rea (Filosofia, Sociologia, Histria e Psicologia da Educao) tm sido re-conhecidos como espaos especficos de definio e identidade do campo, na produo cientfica e em trocas acadmicas importantes entre pesqui-sadores da Educao em diferentes instituies do pas. Assim, a despei-to dessa situao especfica, considera pertinente a discusso sobre as especificidades do conjunto dos GTs (ANPEd, 2002, p. 257).

    Cabe ressaltar o grande nmero de trabalhos acerca de um eixo clssico da filosofia o Epistemolgico. Neste eixo, destaca-se, sobretu-do nos anos 1990, a presena de temticas relativas especificidade da Filosofia da Educao ou questo de sua identidade epistemolgica, as-sim como das relaes que estabelece com as demais cincias da educao.

    Bem prximo a esse debate, destacamos tambm a presena de trabalhos voltados para a questo do ensino da filosofia. O aparecimento dessa discusso no GT pode ser remetida prpria movimentao que o ensino de Filosofia gerou na sociedade, sobretudo a partir do artigo 36 da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei n. 9.394/96),

  • Y&EW

    Z

    243

    que, conforme resume Fvero et al. (2004), avana em relao Lei n. 5.692/71, (que contribuiu para o desaparecimento da Filosofia dos curr-culos escolares), ao determinar o domnio de conhecimentos filosficos e sociolgicos a todo estudante do ensino mdio, como condio ao exerc-cio da cidadania.

    Assim, a preocupao com o ensino de Filosofia no ensino mdio tem possibilitado a realizao de uma srie de eventos e de publicaes, que vem ocorrendo no Brasil desde o incio dos anos 2000, impulsionados pela prpria realidade histrica do pas, no que tange luta por um espao para a Filosofia no ensino mdio. J existem tambm no pas, em diversas universidades, segundo informa Fvero et al. (2004), programas de espe-cializao voltados especificamente para o ensino de Filosofia.

    De todos os eixos enfocados na produo do GT, a nfase maior ficou por conta do eixo pensadores da filosofia que, sozinho, contabiliza 68 dos 225 trabalhos analisados. Os documentos consultados sobre a his-tria do GT-17 evidenciam que o debate acerca da necessidade de maior articulao entre os campos da Filosofia e da Educao estiveram presen-tes no GT desde os primeiros anos de sua formao. Em correspondncia endereada aos membros desse Grupo, Severino e Rohr (1997, p. 2) reite-ram, por exemplo, que:

    sero priorizados os trabalhos que colocarem sua reflexo nessa in-terface filosofia/educao em relao queles que se constituem to somente como reflexo terica com base no categorial especificamen-te filosfico ou como reflexo terica especfica do campo educacional (didtica, orientao, sociologia, histria, currculo, etc). O mesmo critrio se aplicar aos casos de trabalhos que fazem a apresentao sistemtica das ideias de filsofos, quando no explicitam alguma in-terlocuo mais elaborada com o educacional.

    Assim, considerando a nfase que essa produo d a esse eixo, uma anlise mais detalhada do contedo desses trabalhos que olham a educao a partir da tica de um pensador, configura-se como relevante. Isso no sentido de verificar como se estabelece essa relao entre as

  • D/^^

    Z

    244

    ideias filosficas e a educao e se, efetivamente, essa relao chega a ser estabelecida.

    K'd

    Se considerarmos o conjunto dos autores referenciados nos re-sumos ao longo dos 15 anos temos a seguinte relao: Adorno, Habermas, Nietzsche, Dewey, Ilyenkov, Gramsci, Foucault, Aristteles, Condorcet, Rousseau, Kant, Hegel, Lipman, Merleau-Ponty, Bergson, Rorty, Castoriadis, Piaget, Edgar Morin, Francisco Varela, Locke, Vygotsky, Riegel, Karl Marx, Horkheimer, Ratke, Perelman, Scrates, Plato, Deleuze, Guatarri, Gadamer, Descartes, Sartre, Giroux, Montaigne, Maffesoli, Heidegger, Erasmo, Rancire, Lvi-Strauss, Martin Buber, Peirce, Lukcs, Walter Benjamin, Althusser, Lucien Sfez, Paul Ricouer, Pirro e Wittgenstein, seguidos dos pensadores brasileiros: Rui Barbosa, Paulo Freire, Moacir Gadotti, Ansio Teixeira, Neidson Rodrigues, Antnio Resende, Jamil Cury, Dermeval Saviani.

    A relao desses pensadores evidencia que a Filosofia da Educao que se faz no GT concentra-se muito pouco nos marcos da fi-losofia antiga, sendo Scrates e Aristteles os filsofos do perodo mais mencionados. Em geral, a maioria dos pensadores abordados nos traba-lhos situa-se na ambincia da filosofia contempornea, destacando-se os filsofos vinculados Escola de Frankfurt, como Habermas, Horkheimer e Adorno.

    No que se referem perspectiva ps-moderna ou ps-estrutu-ralista de anlise da educao, observamos que, embora presentes no GT, os trabalhos baseados em filsofos como, por exemplo, Foucault (seis), Deleuze (quatro) e Guatarri (trs), so em menor proporo, se compara-dos aos filsofos ligados Escola de Frankfurt. Um autor como Nietzsche, que desfecha um duro golpe na ideia de filosofia como fundamento (HERMANN, 1999, p. 144), tambm tem um lugar modesto (cinco traba-lhos). De acordo com Nadja Hermann, o choque aos ideais que Nietzsche

  • Y&EW

    Z

    245

    representa dificulta sua recepo para a teoria educacional, especialmente no Brasil, quando as referncias so escassas (HERMANN, 1999, p. 147).

    Tambm chama ateno a pouca expressividade das temticas envolvendo o pensamento filosfico-educacional no Brasil com 13,33% do total dos autores citados. Dentre eles, Paulo Freire o mais referen-ciado nos trabalhos (cinco), seguido por Saviani (dois), Ansio Teixeira (dois), Neidson Rodrigues (um) e Rui Barbosa (um). H, ainda, um traba-lho que discute o conceito de liberdade em trs autores: Moacir Gadotti, Jamil Cury e Antnio Muniz de Resende, alm de outro que aborda as di-menses filosficas, educacionais e polticas em Freire, Deleuze e Varela.

    Trabalhos voltados contribuio terica de intelectuais latino--americanos encontram-se praticamente ausentes dessa produo, ape-nas um trabalho sobre as perspectivas filosficas, educacionais e polticas, envolvendo o filsofo chileno Francisco Varela, alm de Freire e Deleuze.

    Acerca dos autores/filsofos mais enfatizados, cabe ainda lem-brar que tm predominado, na produo do GT, filsofos europeus e do sexo masculino. As mulheres filsofas so pouco referenciadas nessa pro-duo, entre as quais despontam os nomes de Hanna Arendt, Elizabeth Fiorenza e Agnes Heller.

    Dentre as temticas relacionadas ao campo filosfico-educacio-nal que menos dispensou a ateno dos pesquisadores, ao longo dos 15 anos de histria intelectual do GT, destacamos a esttica e a educao, com apenas seis trabalhos.

    Antnio Joaquim Severino delineia o que seria a dimenso axio-lgica da prtica educacional, na qual se inclui a relao esttica e educa-o, apontando para a necessidade de pesquisas nessa rea. Segundo ele:

    a ao educativa, pressupondo sempre a interao entre os sujeitos, igualmente interpelada pela sensibilidade esttica. Da no poderem

  • D/^^

    Z

    246

    ser estranhas ao filosofar sobre a educao as questes suscitadas por essa forma especfica de sensibilidade, que nos pe em relao com valores simblicos de natureza esttica. Toda reflexo que explicita as mediaes da educao pela arte e para a arte, a dimenso pedaggica e a dimenso esttica da pedagogia, constituem campos que precisam de grandes investimentos por parte da pesquisa em filosofia da educao (SEVERINO, 1993, p. 24).

    Contudo, os investimentos no campo da esttica e educao, re-clamados pelo autor, so ainda bastante tmidos, se comparados com o conjunto das temticas privilegiadas no GT.

    Quanto s zonas de silncio, isto , os temas que no tm com-parecido nas produes do GT- Filosofia da Educao, destacamos os rela-cionados filosofia analtica e, mais especificamente, lgica. Uma hipte-se desse silncio pode ser o prprio no lugar ou o lugar minoritrio que tais questes assumem nos programas de Filosofia da Educao dos cur-sos de graduao, especialmente os de Pedagogia no qual essa disciplina est inserida. Entretanto, tambm nos cursos de graduao em Filosofia, Thomas Sautter (2002), em artigo publicado sobre o ensino de Lgica, confirma o seu declnio. Segundo o autor:

    a lgica chegou a ocupar, no perodo medieval, um posto privilegiado entre as disciplinas filosficas. Atualmente, possivelmente por sua as-sociao com a linguagem e as tcnicas da Matemtica, ela se encontra numa situao em que precisa justificar sua incluso entre as disci-plinas filosficas e, mais ainda, afirmar-se como disciplina filosfica fundamental (SAUTTER, 2002, p. 414).

    Em seu entendimento, a Lgica, que outrora foi considerada uma disciplina humanstica bsica, atualmente vista com reserva, especialmente em nosso pas (SAUTTER, 2002, p. 413). Para ele, o declnio pode ser explicitado em funo da falta de consenso quan-to aos contedos que devem compor os programas dessa disciplina, assim como a falta de habilidade profissional para possibilitar uma formao adequada aos estudantes nesse assunto. Assim, se, dentro

  • Y&EW

    Z

    247

    do prprio campo filosfico, a lgica vista com reservas, no campo filosfico-educacional ela praticamente inexistente, no sofrendo nenhum reflexo na formao dos estudantes, seja da graduao ou da ps-graduao.

    Ressaltamos, tambm, que a questo da especificidade/identida-de da Filosofia da Educao, que na dcada de 1990, fora campo frtil de debates no GT, nos anos 2000, especialmente at 2008, data limite do levantamento, ela tem se colocado, tambm, como uma zona de silncio. Numa direo semelhante, registramos o fato de que, se o ensino de filo-sofia tem se constitudo como uma rea de pesquisa fecunda e frutfera para os filsofos que se dedicam ao tema (DANELON, 2004, p. 347), e se traduz por meio de inmeros eventos, publicao de livros e at mesmo na criao de linhas de pesquisas em Programas de Ps-Graduao, pouca ateno tem sido dispensada situao do ensino de Filosofia da Educao, como se pode comprovar pela ausncia de trabalhos relativos a essa pro-blemtica, pelo menos nos ltimos cinco anos.

    A anlise dos resumos apresentados ao GT revelou a emergncia da temtica relativa filosofia, infncia e educao a partir de 1999, por meio do prprio trabalho encomendado daquele ano, intitulado: Programa de Filosofia para Crianas. Entretanto, registramos a ausncia de trabalhos nessa abordagem desde a 29 Reunio Anual da ANPEd em 2006.

    O balano da produo intelectual do GT Filosofia da Educao na ANPEd revelou que no perodo de 1994 a 2008, foram apresentados 225 trabalhos. Organizados em eixos temticos, a maior nfase esteve nos trabalhos estruturados a partir da tica de um pensador ou filsofo. Assim, a filosofia menos entendida como forma de abordagem, modo especfico de pensar ou ferramenta do pensamento do que como a expla-nao das ideias de um determinado pensador ou filsofo, fato este que tem sido apontado em diversos estudos da rea.

  • D/^^

    Z

    248

    Destacam-se, tambm, as temticas ligadas dimenso episte-molgica da educao, evidenciando uma preocupao com a produo do conhecimento, sobretudo no debate sobre o pensamento cientfico moderno e ps-moderno. Dado o lugar que essa temtica ocupa no GT, pressupomos que uma anlise do contedo desses trabalhos, que foge ao objetivo deste artigo, poderia vir a explicitar qual a perspectiva epis-temolgica que sustenta essa produo. Trata-se, por exemplo, do que Boaventura de Sousa Santos (2009, p. 25) tem caracterizado como projeto moderno da epistemologia que concede cincia o monoplio da distin-o universal entre o verdadeiro e o falso? Ou de uma epistemologia posicionada, isto , que tem em ateno as diferentes configuraes de saberes que so acionadas por atores especficos, incorporando histrias ou experincias coletivas, em circunstncias ou situaes particulares? (NUNES, 2009, p. 236).

    Ainda no mbito epistemolgico, destacamos a inexistncia, nos anos 2000-2008, de trabalhos acerca das especificidades da Filosofia da Educao como rea de conhecimento ou disciplina acadmica. Poder-se-ia perguntar, a propsito se, de fato, a rea encontra-se consolidada no cenrio educacional contemporneo, de modo que maiores investimen-tos intelectuais no sentido do delineamento de seu objeto ou interesses epistmicos no se configuram como um problema que valha a pena ser debatido entre seus pares.

    A esttica e a educao apresentaram-se como um dos eixos te-mticos que menos compareceu no GT ao longo dos 15 anos. As zonas de silncio ficaram por conta dos trabalhos relativos filosofia analtica e lgica. Observamos, ainda, que so limitados os trabalhos voltados para o pensamento educacional brasileiro e latino-americano. Contrariamente, a nfase tem recado no estudo do pensamento de autores/filsofos geo-graficamente situados no contexto europeu.

    Em relao s temticas emergentes no GT, ressaltamos a preo-cupao com a questo do ensino de filosofia, assim como com o ensino de Filosofia para crianas, embora esta ltima no tenha comparecido nos l-timos cinco anos. Cabe lembrar, contudo, que se houve uma preocupao

  • Y&EW

    Z

    249

    do GT com o ensino de Filosofia, no se pode afirmar isso sobre o ensino de Filosofia da Educao que, a despeito da presena deste debate nos primei-ros anos do GT, esteve ausente como problema de pesquisa nos trabalhos apresentados nos ltimos anos.

    Com respeito forma como a Filosofia da Educao flagra a edu-cao em suas produes, embora este no tenha sido o foco deste artigo, h indcios de um olhar privilegiado sobre os aspectos formais ou escola-res da educao e do ensino. No foram localizados trabalhos cujas refle-xes filosficas estivessem dirigidas anlise dos processos educativos presentes nas prticas sociais e cotidianas dos sujeitos onde, tambm, a educao acontece. Assim, a perspectiva filosfica, manifesta nas produ-es do GT, parece inscrever-se nos limites da cultura escolar e clssica, passando margem dos processos de formao humana inscritos em ou-tras lgicas ou formas de ver o mundo, nas quais predomina a tradio oral em face cultura letrada e erudita.

    Diante dessas consideraes, acreditamos que o levantamen-to empreendido acerca da produo do GT - Filosofia da Educao entre os anos 1994 a 2008 coloca para seus participantes inmeros desafios. Dentre eles, destacamos a importncia de romper o crculo relativamente fechado em que se encontra essa produo em termos geogrficos na qual tem predominado o eixo Sudeste-Sul.

    O dilogo com pesquisadores de outras localidades do Brasil po-deria contribuir para a superao do fenmeno da endogenia que tem ca-racterizado a produo do GT 17, registrado pelo prprio Comit Cientfico da ANPEd. Assim como o dilogo com instituies filosficas brasileiras, como a ANPOF (extenso), com o GT 17 (Filosofia da Educao) situado no mbito do Encontro de Pesquisa Educacional do Norte e Nordeste (EPENN) e outros GTs regionais, bem como com a comunidade filosfico--educacional em mbito internacional, parte dos desafios da rea.

    Ressaltamos, tambm, o desafio de ampliar o dilogo interno entre os prprios membros do GT, visto que, em geral, tem se restringi-do s prprias reunies anuais da ANPEd. A lista de discusso virtual do GT, que poderia potencializar esse dilogo, parece tambm ter limitado

  • D/^^

    Z

    250

    seu potencial de debates e discusses sobre as questes da rea. Nesse sentido, novas estratgias de intercmbio entre os participantes do GT, para alm da reunio anual e do espao virtual, so desafiadoras para o fortalecimento do grupo, promovendo informao permanente acerca das diferentes frentes de estudo, dos grupos de pesquisa em Filosofia da Educao existentes em diferentes estados brasileiros e dos debates filo-sficos e educacionais travados em outros eventos da rea.

    Em relao a algumas estratgias tericas, um dos desafios do GT a incluso do debate sobre determinadas temticas pertinentes ao campo filosfico-educacional, conforme Severino (1993), cuja presena, contudo, tem sido modesta ou quase nula. Tal o caso da dimenso est-tica da educao e do pensamento educacional brasileiro e latino-ameri-cano. O que tem sido feito nessa disciplina em outros pases da Amrica e da Europa? O que podemos aprender com essas experincias?

    No que se refere, particularmente, Amrica Latina, talvez te-nhamos que concordar com Enrique Dussel (2009, p. 284) quando afirma que ela simplesmente desapareceu do mapa da histria at hoje, incios do sculo XXI. Da o desafio, segundo o filsofo, de reinstal-la na geopol-tica mundial e na histria da filosofia (DUSSEL, 2009, p. 284).

    A concentrao da produo do GT no pensamento de filsofos europeus, em detrimento do pensamento filosfico local, indcio de uma relao geogrfico-ideolgica que tende a delimitar a Europa como o cen-tro da histria mundial e da filosofia. Nesse sentido, um dos desafios que se coloca ao GT a descolonizao da prpria reflexo filosfica, tal como sugere o filsofo Enrique Dussel (2009).

    Finalmente, entendemos que prprio da filosofia a reflexo so-bre todas as reas do saber humano. Dessa propriedade, ela mesma no pode se esquivar sob pena de tornar-se dogmtica. Em vista disso, ressal-tamos como desafio imposto ao GT, a retomada da pergunta enunciada por Llian do Valle (2000, p. 2), qual seja, se deveramos renunciar [...] exigncia de pensar o que a prtica do ensino da Filosofia da Educao tem de prprioou: Do que, afinal, tratamos, ao falar em Filosofia da Educao? (VALLE, 2000, p. 2). A renncia a estas perguntas sinaliza, em

  • Y&EW

    Z

    251

    nosso entendimento, a renncia prpria filosofia, em sua vocao essen-cial de pensar sobre si mesma, a fim de compreender e explicitar o sentido e valor de sua tarefa nestes tempos to carentes de reflexo filosfica.

    Z

    ASSOCIAO NACIONAL DE PS-GRADUAO E PESQUISA EM EDUCAO ANPED. Relatrio da 25 Reunio Anual da ANPEd. Caxambu: ANPEd, 2002. Mimeo.

    ASSOCIAO NACIONAL DE PS-GRADUAO E PESQUISA EM EDUCAO ANPEd. Relatrio da 27 Reunio Anual da ANPEd. Caxambu: ANPEd, 2004. Mimeo.

    BRASIL. Lei n. 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educao nacional. Dirio Oficial [da] Repblica Federativa do Brasil, Poder Legislativo, Braslia, DF, 23 dez. 1996. p. 27833. Disponvel em: . Acesso em: 23 abr. 2010.

    DANELON, M. Para um ensino de filosofia do caos e da fora: uma leitura luz da filosofia nietzschiana. Cadernos Cedes, Campinas, v. 24, n. 64, p. 345-358, 2004.

    DUSSEL, E. Meditaes anticartesianas sobre a origem do anti discurso filosfico da modernidade. In: SANTOS, B. de S.; MENESES, M. P. (Org.). Epistemologias do sul. Coimbra: Almedina, 2009. p. 84-130.

    FVERO, A. A. et al. O ensino da filosofia no Brasil: um mapa das condies atuais. Cadernos Cedes, Campinas, v. 24, n. 64, p. 257-284, 2004.

    HERMANN, N. Nietzsche: uma provocao para a filosofia da educao. In: GHIRALDELLI Jr., P. (Org.). O que filosofia da educao? Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

  • D/^^

    Z

    252

    KOHAN, W. O.; GALLO, S. D. Informe da coordenao: trabalhos inscritos; tra-balhos aprovados; trabalhos recusados. Disponvel em: . Acesso em: 30 ago. 2005.

    NUNES, J. A. O resgate da epistemologia. In: SANTOS, B. de S.; MENESES, M. P. (Org.). Epistemologias do sul. Coimbra: Almedina, 2009. p. 261-290.

    SANTOS, B. de S. Para alm do pensamento abissal: das linhas globais a uma eco-logia de saberes. In: SANTOS, B. de S.; MENESES, M. P. (Org.). Epistemologias do sul. Coimbra: Almedina, 2009. p. 23-71.

    SAUTTER, F. T. Sobre o ensino de lgica. In: PIOVESAN, A. et al. (Org.). Filosofia e ensino em debate. Iju: Ed. Uniju, 2002. p. 413-424.

    SEVERINO, A. J. Proposta de um universo temtico para a investigao em filo-sofia da educao: as implicaes da historicidade. Perspectiva, Florianpolis, v. 11, n. 19, p. 11-27, 1993.

    SEVERINO, A. J. Relatrio de participao na 19a Reunio Anual da ANPEd. So Paulo: [s.n.], 1996. Mimeo.

    SEVERINO, A. J.; ROHR, F. Proposta de programao temtica para as re-unies do GT Filosofia da educao. So Paulo; Recife: [s.n.], 1997. Mimeo.

    VALLE, L. do. A educao como enigma e como atividade prtico-potica: impli-caes para o ensino da filosofia da educao. Perspectiva, Florianpolis, v. 18, n. 34, p. 33-47, 2000.

    Recebido: 21/06/2010Received: 06/21/2010

    Aprovado: 12/02/2011Approved: 02/12/2011