determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

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Universidade Federal Do Piauí Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade genética em feijão-fava por marcadores microssatélites Josilane Souza da Penha Teresina 2014 Dissertação apresentada à Universidade Federal do Piauí como parte das exigências do Programa de Pós- graduação em Genética e Melhoramento para obtenção do título de “Mestre”.

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Page 1: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

Universidade Federal Do Piauí

Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

genética em feijão-fava por marcadores microssatélites

Josilane Souza da Penha

Teresina

2014

Dissertação apresentada à Universidade Federal do

Piauí como parte das exigências do Programa de Pós-

graduação em Genética e Melhoramento para obtenção

do título de “Mestre”.

Page 2: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

Josilane Souza da Penha

Bacharel em Ciências Biológicas

Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade genética

em feijão-fava por marcadores microssatélites

Teresina

2014

Orientadora:

Profa. Dra. ÂNGELA CELIS DE ALMEIDA LOPES

Co-orientadora:

Profa. Dra. REGINA LUCIA FERREIRA GOMES

Dissertação apresentada à Universidade Federal do

Piauí como parte das exigências do Programa de Pós-

graduação em Genética e Melhoramento para obtenção

do título de “Mestre”.

Page 3: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade genética

em feijão-fava por marcadores microssatélites

Josilane Souza da Penha

Aprovada em _____/_____/_______

Comissão julgadora:

_______________________________________________________

Prof. Dr. Giancarlo Conde Xavier Oliveira – ESALQ/USP

_______________________________________________________

Prof. Dr. Fábio Barros Brito – CCN/UFPI

_______________________________________________________

Profa. Dra. Regina Lucia Ferreira Gomes – CCA/UFPI

(Co-orientadora)

_______________________________________________________

Profa. Dra. Ângela Celis de Almeida Lopes – CCN/UFPI

(Orientadora)

Page 4: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

Aos meus queridos pais João e Edinir por tudo que sou e tenho,

aos meus irmãos e ao meu namorado Ribamar pelo amor e

carinho e por estarem sempre presente.

Dedico

Page 5: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

AGRADECIMENTOS

À Deus, pela a vida, pela força e por não me deixar desanimar, permitindo concluir

mais essa etapa de minha vida;

À Universidade Federal do Piauí, pela oportunidade de realização do curso de

Mestrado em Genética e Melhoramento;

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela

concessão da bolsa de estudos;

À Escola Superior de Agronomia Luis de Queiroz, em especial ao Laboratório de

Diversidade Genética e Melhoramento, pelo apoio técnico na realização das análises

moleculares;

À professora e orientadora Dra. Ângela Celis de Almeida Lopes, pela amizade,

preocupação, apoio e ensinamentos transmitidos, sempre pronta a ajudar;

À professora e co-orientadora Dra. Regina Lucia Ferreira Gomes, pelo apoio,

amizade e compreensão, servindo de exemplo a todos;

Ao professor Dr. José Baldin Pinheiro, pela paciência, incentivo e apoio durante o

treinamento na ESALQ, pela co-orientação;

Aos professores da pós-graduação em Genética e Melhoramento pelos

ensinamentos obtidos durante o mestrado;

A todos do Laboratório de Diversidade Genética e Melhoramento, principalmente a

Jaqueline Campos, Éllida Aguiar, Clesivan Pereira e Diane Rozzeto, pela amizade e

apoio durante a execução do meu trabalho;

À minha turma de mestrado, em especial a Rafael Almeida, Joseane Inácio,

Rosimere Xavier, Polyanna Bacelar e Carolline Pires, pela convivência e momentos

de estudos e também de diversão;

Ao meu namorado, José Ribamar, pela paciência, apoio, carinho e dedicação

desprendidos;

À minha família, em especial a meus pais Edinir e João e meus irmãos, pelo apoio e

amor e por estarem sempre torcendo por mim.

Page 6: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

SUMÁRIO

RESUMO..................................................................................................................... 6

ABSTRACT ................................................................................................................. 7

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8

2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 10

2.1. Espécie Phaseolus lunatus ............................................................................. 10

2.2. Origem e domesticação .................................................................................. 11

2.3. Recursos genéticos vegetais .......................................................................... 12

2.5. Sistema de reprodução em plantas ................................................................. 13

2.6. Determinação da taxa de fecundação cruzada natural ................................... 15

2.4. Diversidade genética em populações de plantas ............................................ 16

2.7. Marcadores moleculares microssatélites ........................................................ 17

3. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 19

3.1. Material vegetal ............................................................................................... 19

3.2. Extração e quantificação do DNA ................................................................... 20

3.3. Amplificação dos locos microssatélites ........................................................... 21

3. 4. Análises dos dados ........................................................................................ 22

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 23

4.1 Taxa de fecundação cruzada natural em feijão-fava ........................................ 23

4.2 Diversidade genética ........................................................................................ 24

5. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 29

6. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 30

Page 7: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

6

RESUMO

PENHA, J. S. Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e

diversidade genética em feijão-fava por marcadores microssatélites. 2014.

Dissertação – Mestrado em Genética e Melhoramento, Universidade Federal do

Piauí, 2014.

O feijão-fava (Phaseolus lunatus) pertence à família Fabaceae, uma das

maiores nas angiospermas. É uma importante fonte de alimento no país,

principalmente no nordeste onde seu consumo é maior. Para melhor aproveitamento

dos recursos genéticos em programas de melhoramento é de suma importância o

estudo do sistema reprodutivo e da diversidade genética da espécie. Assim, no

presente estudo objetivou-se estimar a taxa de fecundação cruzada natural e

estudar a diversidade genética em feijão-fava através de marcadores

microssatélites. Foram utilizados 14 acessos de feijão-fava para formar as

populações, com 12 progênies cada. No estudo da taxa de fecundação cruzada

foram obtidas taxas de cruzamentos multilocos (tm) de 0,381 e unilocos (ts) de 0,078,

mostrando uma taxa de cruzamento de 38,1%. A proporção de autofecundação (1 -

tm) foi de 61,9%, evidenciando um sistema de cruzamento misto com predominância

de autofecundação. A taxa de cruzamento entre indivíduos aparentados foi alta e

significativa (tm - ts = 0,303). A correlação multiloco de paternidade foi muito alta (rp(m)

= 0,889) mostrando que as progênies são constituídas principalmente por irmãos-

completos. O número médio de indivíduos polinizadores que efetivos por plantas

(Nep) foi muito baixo (1,12). O índice de fixação dos genótipos maternos (Fm) foi de

0,945 e mostra que a maior parte dos parentais foram produzidos por endogamia. A

partir das frequências alélicas foram determinados os parâmetros de diversidade

como número total de alelos (61), número de alelos por locos (A = 6,10),

porcentagem de locos polimórficos (P = 30%), heterozigosidade esperada (He =

0,60) e heterozigosidade observada (Ho = 0,077). Mostrando alta variabilidade

genética nessas populações. O índice de fixação (f) para as populações foi de -

0,316. As estimativas de Cockerham (1969) foram obtidas ( = 0,880 e p = 0,908) e

mostraram que 90,8% da diversidade genética se encontram entre as populações.

Os parâmetros de diversidade de Nei (1973) mostraram uma grande variabilidade

total (HT = 0,596), sendo distribuída uma pequena parte dentro das populações (HS =

0,058). Entre as populações a variabilidade foi maior (DST = 0,538), a proporção de

diferenciação entre as populações foi de 90,2% (GST = 0,902) do total. Assim, as

populações de feijão-fava estudadas apresentaram um sistema misto com

predomínio de autogamia e diversidade genética intra e interpopulacional.

Palavras-chave: Phaseolus lunatus, sistema de reprodução, variabilidade genética,

recursos genéticos vegetais.

Page 8: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

7

ABSTRACT

PENHA, J. S. Determination of the rate of natural outcrossing and genetic

diversity in lima bean using microsatellite markers. 2014. Dissertation - Master in

Genetics and Breeding, Federal University of Piauí, 2014.

The lima bean (Phaseolus lunatus) belongs to the family Fabaceae, one of the

largest in the angiosperms. It is an important source of food in the country, especially

in the northeast where its consumption is higher. For better utilization of genetic

resources in breeding programs is of paramount importance to study the mating

system and genetic diversity of the species. Thus, the present study aimed to

estimate the rate of natural outcrossing and study the genetic diversity in lima bean

by microsatellite markers. Fourteen accessions of lima bean were used to form the

populations, with 12 progeny each. In the study of the rate of outcrossing, was

obtained rates crossing multilocus (tm) and 0.381 unilocos (ts) of 0.078, showing a

crossing rate of 38.1%. The proportion of selfing (1 - tm) was 61.9%, showing a mixed

system of mating with predominantly selfing. The outcrossing rate among related

individuals was high and significant (tm - ts = 0.303). The multilocus paternity

correlation was very high (rp(m) = 0.889) showing that families are composed primarily

of full-sib. The average number of individuals that effective pollinators for plants (Nep)

was very low (1.12). The fixation index of maternal genotype (Fm) was 0,945 and

shows that the majority of parents were produced by inbreeding. From the allele

frequencies were determined the diversity and total number of alleles (61), number of

alleles per locus (A = 6.10), percentage of polymorphic loci (P = 30%), expected

heterozygosity (He = 0 60) and observed heterozygosity (Ho = 0.077). Presenting high

genetic variability in these populations. The fixation index (f) for the populations was -

0.316. Estimates of Cockerham (1969) were obtained ( = 0.880 and p = 0.908) and

showed that 90.8% of the genetic diversity found among populations. The

parameters of diversity of Nei (1973) showed a large total variability (HT = 0.596),

with a small portion distributed within populations (HS = 0.058). Variability among was

higher (DST = 0.538), the proportion of differentiation among populations was 90.2 %

(GST = 0.902) of the total. Thus, populations of lima bean studied showed a mixed

system with a predominance of autogamy and inter and intra genetic diversity.

Keywords: Phaseolus lunatus, mating system, genetic variability, plants genetics resources.

Page 9: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

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1. INTRODUÇÃO

O feijão-fava pertence à espécie Phaseolus lunatus L., é também conhecida

com fava, feijão-lima, fava-belém e feijão sieva (GRIN, 2013). É uma das espécies

do gênero Phaseolus explorada comercialmente, sendo considerada mais tolerante

a seca, ao excesso de umidade e de calor, em relação ao feijão-comum (VIEIRA,

1992).

No Brasil, o feijão-fava é produzido principalmente no nordeste. Em 2011,

essa região teve uma produção de 4.455 toneladas de grãos secos, em uma área

plantada de 25.872 hectares, sendo colhidos 19.879 hectares. Os maiores estados

produtores foram Ceará, Pernambuco, Paraíba e Piauí. A produtividade média foi de

0,24 t. ha-1, destacando-se o Ceará com 0,27 t. ha-1, Pernambuco com 0,24 t. ha-1 e

Piauí com 0,15 t. ha-1 (IBGE, 2012). Sua baixa produtividade está associada

principalmente ao cultivo por pequenos produtores, geralmente em consórcio com

milho, mandioca e mamona e sem adoção de tecnologia que aumentem a

produtividade (SANTOS et al., 2002). Mesmo com sua importância no país, o feijão-

fava ainda tem sido pouco explorado por falta de informações, mostrando a

necessidade de mais estudos sobre melhoramento na espécie.

Em programas de melhoramento e conservação genética é fundamental a

determinação do sistema reprodutivo e o estudo da diversidade genética das

espécies para melhor aproveitamento dos recursos genéticos vegetais disponíveis.

Permitindo delinear estratégias para a seleção de genótipos superiores e determinar

o tamanho amostral para a conservação genética (BRESSAN, 2011). O sistema

reprodutivo e os mecanismos de dispersão de pólen e sementes desempenham um

papel importante na composição genéticas das populações, pois determinam a

forma como os genes são passados para outras gerações, influenciando a forma

como a diversidade genética se distribui entre e dentro das populações

(GOODWILLIE et al., 2005).

A diversidade genética se expressa pelas variações nas combinações alélicas

que ocorrem em conjuntos de indivíduos nas populações. Atuando sobre diversos

fatores como o sistema de reprodução, a segregação cromossômica e os fatores

evolutivos. Além isso, assegura às espécies um alto potencial adaptativo para

contrapor os efeitos do ambiente, como as mudanças climáticas, poluição e doenças

(TARAZI, 2009).

Page 10: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

9

A caracterização da variabilidade genética nas diferentes espécies tem sido

bastante estudada. Os marcadores moleculares estão sendo cada vez mais usados

na determinação da diversidade genética. Esses marcadores revelam diferenças

genéticas em maior nível de detalhamento e sem as interferências causadas pelo

efeito ambiental (PEREIRA, 2010).

No presente estudo objetivou-se determinar a taxa de fecundação cruzada

natural e estudar a diversidade genética em feijão-fava através do uso de

marcadores moleculares microssatélites.

Page 11: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

10

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Espécie Phaseolus lunatus

O feijão-fava pertence ao gênero Phaseolus, um dos maiores entre as

dicotiledôneas, estando classificado na divisão Angiospermae, classe

Dycotiledoneae, subclasse Rosidae, ordem Fabales, subordem Leguminoseae,

família Leguminosae (Fabaceae), subfamília Faboideae, tribo Phaseoleae e subtribo

Phaseolineae. A família Fabaceae tem distribuição mundial, com cerca de 650

gêneros e aproximadamente 18.000 espécies e está entre as maiores famílias das

angiospermas. Suas espécies são de grande interesse econômico, principalmente

para alimentação humana e adubação verde (SOUZA, 2008). Dentre 40 tribos

pertencentes à família Fabaceae, a tribo Phaseoleae se destaca por possuí 75% das

leguminosas comercializadas mundialmente, tais como: feijão-comum (Phaseolus

vulgaris), soja (Glycine Max) e feijão-caupi (Vigna unguiculata) (BROUGHTON,

2003).

A espécie é dividida em duas subespécies: P. lunatus var. lunatus, que inclui

as populações domesticadas, e P. lunatus var. silvestre, que possui as populações

silvestres (BAUDET, 1977). Indivíduos silvestres são caracterizados com hábito de

crescimento indeterminado, período prolongado de floração e grande produção de

vagens (ZORO BI et al., 2003). Enquanto os indivíduos domesticados possuem

hábito de crescimento determinado e período de floração curto e uniforme.

O feijão-fava apresenta ciclo anual, bianual ou perene, germinação epígea e

hábito de crescimento indeterminado ou determinado (BEYRA; ARTILES, 2004).

Uma característica marcante que o distingue facilmente de outros feijões, são as

linhas que se irradiam do hilo para a região dorsal das sementes, mas em algumas

variedades essas linhas podem não ser tão facilmente observadas ou até ausentes

(VIEIRA, 1992).

Fenologicamente possui inflorescência composta, axilar e em cachos. É do

tipo hermafrodita, papilonácea, o cálice é gamossépalo, a corola apresenta pétalas

de cores variadas. O androceu é formado por dez estames diadelfos, as anteras são

bitecas, dorsifixas com deiscência longitudinal, ovário unilocular, apresentando 2 a 3

óvulos. A viabilidade polínica é considerada alta, com cerca de 90% de grãos de

pólen viáveis (LOPES; GOMES; ARAÚJO, 2010).

Page 12: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

11

Na floração ocorre grande produção diária de muitas flores por planta, sendo

assim vantajosa, por aumentar a atratividade dos polinizadores devido a maior

disponibilização de néctar. Hardy (1997) observou a presença de abelhas (Apis

mellifera) como principal agente polinizador em feijão-fava. A presença desses

agentes polinizadores é um dos fatores que contribui para alteração das taxas de

cruzamentos naturais.

O feijão-fava tem sua grande importância dentro do gênero Phaseolus

juntamente com o feijão comum. Seu cultivo ocorre na América do Norte, América do

Sul, Europa, leste e oeste da África e sudeste da Ásia (BAUDOIN, 1988).

Seus grãos constituem-se uma importante fonte de alimento rica em proteínas

para a população em vários municípios nordestinos, juntamente com o feijão-caupi,

milho e mandioca (AZEVEDO et al., 2003). É considerado mais tolerante à seca, ao

excesso de umidade e ao calor, podendo ser consumido pelo homem sob a forma

de grãos verdes e secos, vagens verdes e folhas. Além disso, esta espécie também

pode ser utilizada na alimentação animal (VIEIRA, 1992).

2.2 Origem e domesticação

A provável origem da espécie é na Guatemala, por conter formas silvestres e

trepadeiras com sementes pequenas (VIEIRA, 1967). A ampla distribuição e a falta

de germoplasma silvestres de feijão-fava em muitas áreas de distribuição natural

tem dificultado a determinação dos centros de domesticação da espécie

(ANDRUEZA-NOH et al., 2013). Estudos feitos por Motta-Aldana et al. (2010) a partir

de DNA de cloroplasto de 109 acessos de feijão-fava apontaram para dois grandes

centros de domesticação: Andino, localizado no Equador e norte do Peru, que

possui sementes grandes e adaptado a elevadas altitudes e o centro

Mesoamericano, que se estende do centro-oeste do México a Honduras, com

sementes pequenas ocorrendo em altitudes mais baixas.

Serrano-Serrano et al. (2010) a partir de trabalhos feitos com DNA ribossomal

de 151 acessos selvagens e domesticados, propuseram a existência de dois

conjuntos gênicos: Andino (AG) e mesoamericano (MA). Sendo que o conjunto

gênico mesoamericano possui dois grupos geneticamente e geograficamente

distintos (MI e MII). O AG ocorrendo no Equador e oeste e norte do Peru, o MI no

noroeste do Istmo de Tehuantepec, no México e o MII se estendendo do sul do

México, ao longo do Caribe e da América do Sul.

Page 13: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

12

Outros trabalhos vêm confirmando essa hipótese, como o de Andrueza-Noh

et al. (2013), que ao estudarem 262 de acessos feijão-fava utilizando DNA de

cloroplasto, obtiveram resultados semelhantes, sugerindo múltiplos centros de

domesticação para a espécie. Outra espécie de grande importância com múltiplos

eventos de domesticação é o feijão-comum (P. vulgaris).

O processo de domesticação tem como principais características a perda dos

mecanismos de dispersão e dormência das sementes, que dificulta a disseminação

e sobrevivência em novos ambientes. Outras características são o hábito de

crescimento determinado e a ausência de fibras nas vagens, que leva a indeiscência

das vagens e falta de dispersão das sementes (BROUNGHTON et al., 2003).

2.3 Recursos genéticos vegetais

O estudo dos recursos genéticos e melhoramento vegetal tem dado grande

contribuição para a agricultura brasileira nas últimas décadas. O processo de

melhoramento genético é altamente dependente da base genética disponível

principalmente nos bancos de germoplasma, que são a base para o

desenvolvimento de cultivares (QUEIROZ; LOPES, 2007).

Os recursos genéticos vegetais referem-se à variabilidade de espécies de

plantas de uso atual ou com potencial para futura utilização em programas de

melhoramento, constituindo parte importante da biodiversidade e promovendo o

desenvolvimento da agricultura (PEREIRA; SILVA; PEREIRA, 2010). Servindo de

matéria-prima para o melhoramento genético, na busca por genótipos mais

adaptados a fim de atender às necessidades dos agricultores e do mercado atual

(NASS, 2007).

A conservação dos recursos genéticos vegetais engloba um conjunto de

atividades e políticas desenvolvidas para assegurar a existência e a contínua

disponibilidade de plantas para fins diversos (PEREIRA; SILVA; PEREIRA, 2010).

Estas atividades envolvem a coleta, documentação, conservação, caracterização,

avaliação e utilização do germoplasma (NICK et al., 2010).

A conservação ex situ é uma estratégia de conservação em longo prazo para

manter com máxima integridade genética e biológica, espécies cultivadas e

silvestres fora do seu ambiente natural. Estando incluída a conservação de coleções

de sementes, material vegetativo in vitro, DNA, pólen, coleções a campo, amostras

em casas de vegetação e em jardins botânicos. Outra forma de conservação é a in

Page 14: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

13

situ que consisti na manutenção e recuperação de populações de espécies em seus

meios naturais (NASS, 2007).

A variabilidade genética disponível nas espécies é ampla e cada espécie

pode apresentar milhares de variantes. Assim, pode-se admitir que uma coleção de

germoplasma, por maior que seja, é apenas uma pequena amostra da variabilidade

total (ALLARD, 1970). No entanto, a conservação de germoplasma em bancos de

sementes tem mostrado um estreitamento da base genética pelo uso contínuo de

um pequeno conjunto de linhagens aparentadas, além da carência de informação

genética sobre os acessos conservados, necessitando de uma eficiente

caracterização e organização do material genético (FERREIRA; MORETZSOHN;

BUSO, 2007).

A caracterização da diversidade genética proporciona o melhor conhecimento

do germoplasma e é necessário para etapas posteriores de desenvolvimento de

materiais melhorados e estratégias de conservação das espécies. A diversidade

genética tem sido estudada através de análises fenotípicas e mensuração de

características agromorfológicas, além da variação a nível molecular (NASS, 2007).

2.5 Sistema de reprodução em plantas

As plantas são organismos sésseis, que desenvolveram estratégias para o

sucesso reprodutivo como flores e frutos capazes de atrair polinizadores e

dispersores de sementes, mantendo altos níveis de variação genética (BRESSAN,

2011). Assim, o modo de reprodução de uma espécie de planta determina como a

informação genética é passada de uma geração a outra (WRIGHT, 1921).

O conhecimento do modo de reprodução é necessário para o sucesso de um

programa de melhoramento, podendo poupar anos de insucesso na conduta de

trabalhos com germoplasma, além de fornecer informações de uso direto para o

melhoramento (VALLS, 2007).

O sistema reprodutivo refere-se à forma como um indivíduo, população ou

espécie transfere suas informações genéticas de uma geração para a outra,

podendo ser assexuado ou sexuado. Na reprodução assexuada não ocorre à

formação de gametas e os indivíduos se formam a partir de um organismo por

divisão mitótica, assim os descendentes possuem a mesma constituição genética

(BRESSAN, 2011).

Page 15: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

14

Na reprodução sexuada, há formação de gametas diferentes que se fundem

gerando zigotos com constituição genética diferente. Em espécies sexuadas, o

sistema reprodutivo é classificado em: autógama, alógama e mista. Na autogamia

com flores hermafroditas autocompatíveis, ocorre a fusão de gametas masculinos e

femininos de uma mesma flor. Já a alogamia possui plantas hermafroditas, dioicas

(planta com sexo separado) e monoicas (flores com sexo separado em uma mesma

planta) que envolve o cruzamento de indivíduos diferentes, assim como a

transferência de pólen entre diferentes flores, podendo ser da mesma planta ou não

(GOODWILLIE et al., 2005). As espécies alógamas com flores hermafroditas

geralmente apresentam um sistema de autoincompatibilidade, o qual evita a

ocorrência de autofecundação (KALISZ; VOGLER; HANLEY, 2004). No sistema

misto, os dois processos anteriores ocorre com predominância de um deles

(GOODWILLIE et al., 2005).

Dentre estas formas de reprodução, a alogamia (polinização cruzada) é a

forma que mais gera rearranjo da diversidade genética, levando a infinitas

combinações, as quais servem de base para fatores evolutivos, determinando a

capacidade genética ao longo das gerações (RICHARDS, 1990). No entanto, a

autofecundação é comum em plantas, sendo 20% autógamas e 33% intermediários

entre autofecundação e cruzamento (sistema misto) (KALISZ; VOGLER; HANLEY,

2004). Populações de espécie predominantemente autógama apresentam

homozigose para a maioria dos locos, assim há homogeneidade dentro e entre

populações, o que leva a uma maior suscetibilidade a mudanças nas condições

ambientais (RICHARDS, 1997).

Como o sistema reprodutivo é muito importante para a determinação da

estrutura e da diversidade em populações naturais, espécies autógamas necessitam

de atenção especial, pois é preciso determinar o maior número de populações para

se obter e preservar a diversidade ao máximo (KARASAWA, 2005).

O estudo do sistema reprodutivo nas plantas permite estimar a taxa de

cruzamento entre indivíduos e determinar o modo de transmissão dos genes de uma

geração para outra, permitindo delinear estratégias que quantifiquem a variabilidade

genética e criando modelos genético-estatísticos apropriados para o manejo dos

recursos genéticos de uma espécie em programa de melhoramento e conservação

genética (HAMRICK; LOVELLESS, 1986).

Page 16: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

15

O sistema reprodutivo pode ser avaliado através da observação dos

cruzamentos, comportamento dos agentes polinizadores e biologia floral e dos

resultados de experimentos de polinização controlada. Esses métodos fornecem

indicações sobre o sistema reprodutivo de uma espécie, porém não permitem uma

medida direta do sucesso reprodutivo das populações (PAIVA et al., 1994).

A avaliação do sistema reprodutivo também pode ser feita por marcadores

genéticos morfológicos. A metodologia utiliza um caráter monogênico, com herança

genética dominante, cujo fenótipo das duas classes seja de fácil distinção. Esta

forma de avaliação apresenta baixo custo de implantação, fácil manipulação

experimental e de análise dos dados. Porém é limitado a espécies de interesse

econômico, nas quais os marcadores morfológicos estão disponíveis (SILVA;

BANDEL; MARTINS, 2003).

O feijão-fava possui autocompatibilidade, com sistema reprodutivo misto que

é predominantemente autógama, mas apresenta níveis de cruzamento de até 48%

(BAUDOIN et al., 1998). Diferenças nas taxas de cruzamentos são atribuídas à

variação no tamanho da população, a densidade populacional, morfologia floral,

fenologia floral e disponibilidade de polinizadores (FAUSTO et al., 2001).

2.6 Determinação da taxa de fecundação cruzada natural

A taxa de fecundação cruzada natural de uma espécie é um importante

aspecto a ser considerado, a fim de estabelecer estratégias para a gestão e

conservação de germoplasma e melhoramento de plantas. Na sua determinação,

podem ser empregados modelos multilocos que possibilitam a obtenção de

estimativas mais adequadas, pois levam em consideração as combinações

genotípicas envolvendo todos os locos (CONTE, 2004).

Nesse sentido, o modelo proposto por Ritland e Jain (1981) vem sendo o mais

empregado ultimamente. Ele admite que as populações se reproduzem por

autofecundação a uma taxa s e por cruzamentos aleatórios a uma taxa t. As

pressuposições básicas para sua aplicação são: i) que o conjunto de pólen é

homogêneo para os cruzamentos como todos os genótipos maternos; (ii) que os

alelos de diferentes locos se segregam independentemente; (iii) que os locos não

são afetados pela seleção ou mutação entre evento reprodutivo e a análise

(RITLAND; JAIN, 1981; RITLAND, 1990). No entanto, violações da pressuposição de

homogeneidade das frequências alélicas de óvulos e do pólen têm pouco efeito

Page 17: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

16

sobre a estimativa da taxa de cruzamento multilocos da população (tm) quando o

número de locos empregados nas estimativas for superior a quatro ou cinco locos

(RITLAND; JAIN, 1981).

O programa MLTR (Multilocus mating system program) desenvolvido por

Ritland (1990), baseado no modelo de cruzamento misto, fornece estimativas dos

seguintes parâmetros: a taxa de cruzamento multilocos da população (tm); a taxa de

cruzamento unilocos da população (ts); a taxa de cruzamento entre aparentados (tm-

ts); correlação de autofecundação (rs); correlação multilocos de paternidade (rp(m)) e o

coeficiente de endogamia dos genótipos maternos (F(m)).

2.4 Diversidade genética em populações de plantas

A diversidade genética se refere a toda variação biológica hereditária

acumulada durante o processo evolutivo, gerada por mutação na sequência

nucleotídica. Quando esta variação ocorre entre indivíduos da mesma espécie,

chama-se de diversidade intraespecífica. Quando ela ocorre entre espécies, sendo

fixada em cada táxon, denomina-se diversidade interespecífica. As variações

genéticas intraespecíficas são estudadas quando procuramos entender as relações

entre indivíduos e populações de cada espécie, como grau de parentesco e fluxo

gênico. Já a diversidade entre espécies é estudada para compreender as relações

filogenéticas nos vários níveis taxonômicos ou caracterizar espécies por meio da

identificação de marcadores conservados que permitam sua diferenciação (SANTOS

et al., 2009).

Nos estudos de variabilidade genética em populações naturais devem ser

priorizadas a quantificação da variação existente e a caracterização dos níveis de

variabilidade das populações, devendo lembrar que, em espécies de plantas, os

fatores que influenciam na distribuição da variabilidade genética incluem o tamanho

efetivo da população, a distribuição geográfica da espécie, o modo de reprodução e

o mecanismo de dispersão de sementes (HAMRICK, 1982).

A variabilidade genética tem sido quantificada principalmente pelos números

de alelos por loco (A), percentagem de locos polimórficos (P), heterozigosidade

observada (Ho) e esperada (He) e índice de fixação (f) (HAMRICK, 1982). Segundo

Pinto (2001), em vários estudos para quantificar a variabilidade genética em

populações de plantas, o número de alelos por locos, a heterozigosidade esperada e

observada têm sido os parâmetros genéticos mais utilizados.

Page 18: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

17

A determinação das frequências alélicas é de grande importância para os

estudos evolutivos, pois a mudança genética nas populações pode ser avaliada por

estas frequências (NEI, 1978). O número de alelos observado por locos aumenta em

decorrência do tamanho das amostras, assim amostras grandes possuem maior

chance de serem detectados alelos raros (ZUCCHI, 2002).

Segundo Weir e Basten (1990), a frequência de heterozigotos é um

importante indicador da diversidade genética, pois cada heterozigoto detém alelos

diferentes e, portanto, representa melhor a variação existente. No entanto, a

heterozigosidade esperada ou diversidade gênica é uma das medidas mais

apropriada por apresentar a variação tanto em populações de espécies autógamas

como alógamas (NEI, 1973).

A caracterização da estrutura genética entre populações a partir de marcadores

genéticos codominantes pode ser realizada pela metodologia de Nei (1977). A

análise da diversidade genética com base nessa metodologia é usada em locos

multialélicos e fornece a proporção da variabilidade genética contida entre e dentro

das populações e os níveis de heterozigosidade esperados. Tal medida pode ser

usada em qualquer população, independente do número de alelos por locos, sistema

reprodutivo e da atuação de processos evolutivos (seleção, migração, deriva e

mutação).

2.7 Marcadores moleculares microssatélites

Atualmente, diversos métodos moleculares de caracterização de

germoplasma vêm sendo desenvolvidos. Entre esses métodos, aqueles que revelam

polimorfismo de sequências de DNA, conhecidos como marcadores moleculares,

têm sido de grande importância para a análise de diversidade genética (FERREIRA;

MORETZSONH; BUSO, 2007).

Os marcadores moleculares são fragmentos de DNA que permitem a

distinção de indivíduos geneticamente diferentes. Seu número é ilimitado e são

desprovidos de efeito epistático ou pleiotrópico, não sofrem influência ambiental ou

gênica, além de possuir um número maior de locos quando comparados aos

marcadores fenotípicos (NASS, 2007).

Inúmeras aplicações têm sido identificadas para os marcadores moleculares,

se destacando o estudo da diversidade genética, construção de mapas genéticos e

mapeamento de características de interesse, caracterização de germoplasma,

Page 19: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

18

seleção assistida, seleção em gerações precoces, estimar níveis de alogamia e

endogamia em uma espécie (NASS, 2007; BORÉM; MIRANDA, 2009).

Dentre os marcadores moleculares, os microssatélites se destacam por sua

eficiência. Também conhecidos como SSR (simple sequence repeats), são formados

por fragmentos de duas a seis bases repetidas denominadas tandem. Esses

seguimentos são bastante encontrados em eucariotos e por isso são muito usados

para diferenciá-los (BORÉM; MIRANDA, 2009). Eles consistem no uso de um par de

primers que se anela em sequências conservadas de DNA, flanqueando um

segmento de DNA repetitivo. Utilizando-se da PCR para amplificação dos

fragmentos que podem ocorrer aleatoriamente ao longo do genoma ou dentro de

genes, sendo específicos nesse caso (RAMALHO et al., 2012).

As sequências repetitivas são sequências de nucleotídeos que se repetem

inúmeras vezes lado a lado na fita de DNA. A técnica de SSR revela polimorfismo

em um loco devido a diferenças no número de vezes em que as sequências se

repetem no mesmo (FERREIRA; MORETZSONH; BUSO, 2007).

As variações encontradas nos microssatélites são devido a mutações, que

podem adicionar ou deletar pares de bases. Os mecanismos propostos para explicar

essas variações seriam o elevado número de permuta desigual e erros da DNA

polimerase durante a replicação. A importância dos microssatélites reside

principalmente na alta variabilidade encontrada (BORÉM; CAIXETA, 2009).

As vantagens dos SSRs são: a codominância, pois são mais informativos

para diferenciação de heterozigotos e homozigotos; o alto polimorfismo, sendo

importante para espécies com base genética estreita; a boa reprodutibilidade e

simplicidade da técnica e a pequena quantidade de DNA requerida devido à

utilização de PCR. A limitação dos SSRs está na necessidade de serem específicos

para cada espécie, não sendo utilizados como “primers universais”. Suas vantagens

fazem com que esses marcadores sejam ferramentas eficientes usados em

diferentes estudos e em várias espécies (BORÉM; CAIXETA, 2009).

Nos estudos com SSRs, a genotipagem convencional é realizada pela

visualização dos produtos da PCR em géis de agarose e/ou acrilamida corados com

brometo de etídio e nitrato de prata, respectivamente, levando em consideração a

presença e ausência de fragmentos na forma de bandas (FERREIRA;

GRATTAPAGLIA, 1998). Os SSRs também podem ser marcados com uma

fluorescência na extremidade 5’ (MISSIAGRIA; GRATTAPAGLIA, 2006) de modo

Page 20: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

19

que quando excitado por determinado comprimento de onda emite uma

luminescência. Essa absorção e reflexão de fluorescência permitem a visualização e

análise dos fragmentos obtidos em sequenciador automático (ALKCEVETCH, 2013).

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Material vegetal

O estudo foi realizado no Laboratório de Diversidade Genética e

Melhoramento, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ),

Universidade de São Paulo (USP), no ano de 2013.

Os acessos usados foram provenientes do Banco de Germoplasma de Feijão-

fava da Universidade Federal do Piauí. De um total de 156 acessos plantados em

campo, selecionou-se 14 plantas para formar as populações (Tabela 1). O critério de

seleção foi com base na diversidade genética e a disposição destas no campo,

escolhendo-se plantas equidistantes. De cada planta matriz foram usadas 12

progênies plantadas em vasos em casa de vegetação.

Tabela 1 - Identificação de acessos matrizes usadas na determinação da taxa de fecundação cruzada e no estudo de diversidade genética em feijão-fava.

Populações Acessos/Matrizes Procedência

1 UFPI 252 Durnesia – MG

2 UFPI 267 Francinópolis – PI

3 UFPI 464 Tanque do Piauí – PI

4 UFPI 503 Colinas – MA

5 UFPI 537 -

6 UFPI 587 Paraíba

7 UFPI 596 Paraíba

8 UFPI 613 Paraíba

9 UFPI 627 Paraíba

10 UFPI 713 Piauí

11 UFPI 731 Ceará

12 UFPI 740 Ceará

13 UFPI 743 Ceará

14 UFPI 755 Ceará

Page 21: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

20

O tecido vegetal foi colhido com aproximadamente 25 dias após a semeadura,

quando as primeiras folhas trifoliares estavam totalmente expandidas. As folhas

retiradas foram imediatamente imersas em nitrogênio líquido e depois liofilizadas por

48h (-50ºC, pressão de 0,04 mbar). Em seguida, o tecido foi moído em moinho

mecânico (MA048, MARCONI) e o tecido macerado acondicionado em tubo falcon e

armazenado em temperatura ambiente.

3.2 Extração e quantificação do DNA

A extração do DNA se deu a partir do material macerado liofilizado, por meio

do protocolo CTAB, descrito por Doyle e Doyle (1987). Para a extração foram

usados cerca de 30 mg de tecido foliar de cada subamostra, colocadas em

microtubos de 2 mL, que receberam 800 μL de tampão de extração CTAB (pré-

aquecido a 65ºC) e foram fechados e agitados para ressuspender o tecido no

tampão. Em seguida, os tubos foram levados ao banho-maria (65ºC) por 60 minutos

e agitados manualmente por inversão a cada 10 minutos.

Após os tubos atingirem a temperatura ambiente, adicionou-se em cada tubo

800 μL de solução composta de clorofórmio e álcool isoamílico, na proporção de

24:1, sendo agitados por inversão até o ponto de homogeneidade da solução. A

etapa seguinte foi a centrifugação por 10 minutos a 10.000 rotações por minuto

(rpm), seguida da transferência do sobrenadante para novos tubos com a mesma

identificação dos primeiros. Depois, adicionou-se 500 μL de isopropanol gelado e

agitou-se os tubos novamente por inversão, levando-os ao freezer -20 °C por 60

minutos para ocorrer precipitação do DNA, após isso os tubos foram centrifugados

por 5 minutos a 10.000 rpm para descarte do sobrenadante ficando-se apenas com

o precipitado.

Em seguida, lavou-se o precipitado com 500 μL de etanol 70 % gelado,

invertendo os tubos levemente e levando-os à centrífuga por 5 minutos a 10.000

rpm, com posterior descarte do sobrenadante. O precipitado foi deixado à

temperatura ambiente por 12 horas (overnight) para evaporação do etanol. Após a

secagem, adicionou-se 100 μL de TE (10 mM Tris-HCl pH 8,0; 1mM de EDTA pH

8,0) deixando diluir por 12 horas. Posteriormente, adicionou-se 2 μL de RNAse (10

mg mL-1) e foram levados ao banho-maria a 37 °C por 4 horas e armazenados no

freezer em seguida.

Page 22: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

21

A quantificação do DNA foi feita com eletroforese de gel de agarose a 0,8%

com Syber safe e comparados com diferentes concentrações de DNA padrão do

fago lambda. As amostras foram diluídas para a concentração final de 10 ng/μL.

3.3 Amplificação dos locos microssatélites

Foram usados 10 pares de primers (Tabela 2) desenvolvidos e otimizados

para feijão comum. (GAITÁN-SOLÍS et al., 2002).

Tabela 2 - Relação de primers usados na genotipagem de 168 amostras de feijão-

fava.

Nome Sequências Motivo

AG 1 F: CATGCAGAGGAAGCAGAGTG

R: GAGCGTCGTCGTTTCGAT

(GA)8GGTA(GA)5GGG

GACG(AG)4

BM 140 F: TGCACAACACACATTTAGTGAC

R: CCTACCAAGATTGATTTATGGG (GA)30

BM 141 F: TGAGGAGGAACAATGGTGGC

R: CTCACAAACCACAACGCACC (GA)29

BM 146 F: GAGATGAGTCCTTTCCCTACCC

R: TCGAGACACAATTTATGAAGGC

(CTGTTG)4(CTG)4

(TTG)3(CTG)3 (CTG)4

BM 154 F: TCTTGCGACCGAGCTTCTCC

R: CTGAATCTGAGGAACGATGACCAG (CT)17

BM 156 F: CTTGTTCCACCTCCCATCATAGC

R: TGCTTGCATCTCAGCCAGAATC (CT)32

BM 160 F: CGTGCTTGGCGAATAGCTTTG

R: CGCGGTTCTGATCGTGACTTC (GA)15(GAA)5

BM 211 F: ATACCCACATGCACAAGTTTGG

R: CCACCATGTGCTCATGAAGAT (CT)16

BM 212 F: AGGAAGGGATCCAAAGTCACTC

R: TGAACTTTCAGGTATTGATGAATGAAG (CA)13

GATS 91 F: GAGTGCGGAAGCGAGTAGAG

R: TCCGTGTTCCTCTGTCTGTG (GA)17

Os primers foram sintetizados com uma cauda M13 de plasmídio bacteriano

na extremidade 5’ do iniciador forward. As reações de amplificações foram feitas

com 10 ng de DNA, tampão 1X PCR, 2,0 mM de MgCl2, 250 μg/ml BSA, 2,0 μM de

dNTP, 1U de Taq, 0,2 μM de primer forward, 0,4 μM de primer reverse, 0,2 μM de

M13-IrDye 700 ou 800, completando com água para um volume final de 20 μL. As

amplificações feitas em termociclador LifePro (BIOER) utilizando desnaturação inicial

Page 23: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

22

a 94 °C por 2 minutos, seguido de 45 ciclos de amplificações com 94 °C por 30 seg,

49 °C por 30 seg e 72 °C por 30 seg e extensão final a 72 °C por 10 minutos.

A genotipagem foi realizada em um sequenciador automático LI-COR 4300 DNA

Analyzer (Li-Cor, Biosciences), que utiliza tecnologia de fluorescência infravermelha.

A leitura dos dados foi feita com o auxílio do software SAGA GT (LI-COR,

Biosciences) para a identificação dos alelos em cada amostra.

3. 4 Análises dos dados

Foram estimados os dados de diversidade genética para os locos utilizados e

para as populações, tais como: número de alelos por locos, porcentagem de locos

polimórficos, heterozigosidade esperada e observada, índice de fixação e os

parâmetros de diversidade de Cockerham, obtidos com o auxílio do programa GDA

(Genetic Data Analysis) (LEWIS; ZAYKIN, 2000). As frequências alélicas e a

distribuição da diversidade genética entre e dentro das populações, verificada pela

estatística de Nei (1973), foram estimados utilizando o programa FSTAT (GOUDET,

2002).

A análise do sistema reprodutivo foi baseada no modelo misto de reprodução

(RITLAND; JAIN, 1981), através do programa “Multilocos MLTR” versão 3.2

(RITLAND, 2008). Os parâmetros estimados foram: a taxa de cruzamento multilocos

da população (tm), a taxa de cruzamento unilocos da população (ts), taxa de

cruzamento entre aparentados (tm- ts), correlação de autofecundação (rs); correlação

multilocos de paternidade (rp(m)), proporção de autofecundação (1 - tm), o número

médio de indivíduos polinizadores efetivos por plantas (Nep) e o coeficiente de

endogamia dos genótipos maternos (F(m)).

Page 24: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

23

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Taxa de fecundação cruzada natural em feijão-fava

Na análise do sistema de fecundação cruzada em feijão-fava, as estimativas

das taxas de cruzamentos multiloco (tm) e uniloco (ts) foram, respectivamente, 0,381

e 0,078, evidenciando um sistema de cruzamento misto (t<0,95) com predominância

de autofecundação (Tabela 7). Zoro Bi; Maquet e Baudoin (2005), estudando dez

populações silvestres de feijão-fava através de marcadores isoenzimáticos,

encontraram variação nas taxas de cruzamentos multiloco (0,027 – 0,268) e uniloco

(0,024 – 0,246), mostrando uma taxa de cruzamento natural de 2,4% a 24,6%.

Resultados semelhantes foram descritos por Harding e Tucker (1969), que

estudaram cultivares a partir de marcadores morfológicos e obtiveram taxas de 3,2%

a 24,2%. A taxa de cruzamentos encontrada neste trabalho (38,1%) foi maior que os

relatados por esses autores. Assim, a proporção de autofecundação (1 - tm) é de

61,9%. O feijão-fava é uma espécie hermafrodita com estruturas reprodutivas que

facilitam a autofecundação. Segundo Baudoin (1998), os prováveis fatores

responsáveis pela alta taxa de cruzamento natural em feijão-fava são: a projeção do

estigma e do estilete para fora da quilha e a duração da receptividade do estigma

por muitas horas. Além disso, a presença de polinizadores e as condições

ambientais também contribuem para o aumento da fecundação cruzada.

A diferença entre a taxa de cruzamento multiloco e uniloco (tm - ts) têm sido

usada para quantificar a ocorrência de cruzamentos endogâmicos, em outros

termos, entre indivíduos aparentados. A diferença das taxas de cruzamento

multiloco e uniloco foi positiva (0,303), mostrando a ocorrência de 30,3% de

cruzamentos entre indivíduos aparentados. O cruzamento entre parentes aumenta a

endogamia nas populações, juntamente com a autofecundação. Zoro Bi; Maquet e

Baudoin (2005) encontraram diferenças entre as taxas de cruzamento multiloco e

uniloco (0,002 a 0,022) não significativas, indicando a ausência de cruzamentos

endogâmicos.

Os cruzamentos biparentais foram medidos pela correlação de paternidade

(rp(m)), que mede a probabilidade de dois indivíduos ao acaso terem o mesmo doador

de pólen, sendo de 0,889. Esse alto valor para correlação de paternidade indica que

grande parte das progênies são aparentadas. A partir da correlação de paternidade

é possível estimar o número médio de indivíduos polinizadores efetivos por plantas

Page 25: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

24

(Nep), ou seja, a média dos indivíduos que contribuíram com pólen para uma planta

materna. O número de polinizadores foi extremamente baixo (1,12). O período de

florescimento diferenciado entre as matrizes pode ter levado a cruzamentos

preferenciais entre poucos indivíduos, onde plantas que floresceram juntas trocaram

mais pólen que outras.

A estimação da correlação de autofecundação (rs), que mede a probabilidade

de se encontrar dois indivíduos gerados por autofecundação juntos, foi baixa e

significativa (0,174), mostrando que os indivíduos advindos de autofecundação estão

distribuídos aleatoriamente nas progênies. O índice de fixação dos genótipos

maternos (Fm) foi de 0,945, essa alta taxa de Fm indica que a geração parental foi

produzida em grande parte por cruzamentos endogâmicos. Índice de fixação menor

foi encontrado por Zoro Bi; Maquet e Baudoin (2005) com F = 0,504.

Tabela 7 - Estimativas de parâmetros do sistema reprodutivo a partir de dez locos

microssatélites em 14 populações de feijão-fava.

Parâmetros Estimativas (erro padrão)*

Taxa de cruzamento multilocos (tm) 0,381 (0,026)

Taxa de cruzamento unilocos (ts) 0,078 (0,013)

Taxa de cruzamento entre parentes (tm - ts) 0,303 (0,057)

Correlação de autofecundação (rs) 0,174 (0,111)

Correlação multilocos de paternidade (rp(m)) 0,889 (0,221)

Número médio de polinizadores (Nep) 1,12

Índice de fixação das matrizes (Fm) 0,945 (0,026)

* estimado com 1.000 bootstraps.

4.2 Diversidade genética

Os dez locos de microssatélites usados se mostraram polimórficos. Perfis de

géis genotipados estão apresentados na Figura 1. Foram detectados 61 alelos, onde

o número de alelos por locos variou de quatro a dez, tendo uma média de 6,10. Os

locos que apresentaram o maior número de alelos foram BM212 e GATS19 (dez

alelos) e com o menor número foram AG1, BM146 e BM154 (quatro alelos). Entre as

populações, o número médio de alelos variou de 1,1 (populações 4, 13 e 14) a 1,8

(população 9) (Tabelas 3 e 4). Esses números mostram uma considerável riqueza

alélica nas populações estudadas, tendo em vista o sistema reprodutivo

predominantemente autógamo.

Page 26: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

25

Figura 1. Perfil de géis correspondendo aos primers BM140, BM154 e BM160 genotipados no estudo de 14 populações de feijão-fava.

- Números ao lado indicam tamanho dos marcadores (bp). As setas mostram a posição dos locos.

Valores alélicos semelhantes foram encontrados por Martínez-Castillo (2006),

que estudando 11 populações silvestres de feijão-fava a partir de oito locos

microssatélites obteve 59 alelos, que variam de quatro (BM160) a 16 (BM211)

alelos, com média de 7,38. Já Ouédraogo et al. (2005), usando 10 locos

microssatélites em nove populações, encontraram 25 alelos e uma média de 1,64 de

alelos por loco, sendo valores inferiores ao encontrado nesse estudo. Essas

diferenças encontradas podem estar relacionadas aos genótipos e locos usados.

A porcentagem de locos polimórficos (P) intrapopulacional variou de 10%

(populações 4, 13 e 14) a 60% (população 9), com média de 30%. Ouédraogo et al.

(2005), usando marcadores microssatélites em nove populações encontraram

polimorfismos de 20% a 80% e média de 48,89%.

A heterozigosidade esperada (He) ou índice de diversidade genética mostrou

valores altos para a maioria dos locos, variando de 0,167 (AG1) a 0,784 (GATS91)

com média de 0,60. As populações apresentaram valores de He entre 0,015

(população 13) a 0,120 (população 8), com média de 0,060. Martínez-Castillo et al.

(2006), estudando populações silvestres encontraram valor semelhante para a

média dos locos, He = 0,69. Esses valores mostram que há grande variabilidade

Page 27: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

26

genética entre as populações estudadas. Altos valores como estes podem estar

relacionados ao conjunto gênico não-domesticado, pois populações domesticadas

de feijão-fava possuem baixos índices de diversidade genética (MARTÍNEZ-

CASTILLO et al., 2008).

A heterozigosidade observada (Ho) para os locos variou de 0,024 (BM211) a

0,292 (BM160), com média de 0,077. Ouédraogo e Baudoin (2002), usando quatro

locos microssatélites em dez populações, reportaram a Ho = 0,031, valores estes

inferiores ao encontrado aqui. Já Martínez-Castillo et al. (2006) encontraram valor

muito superior, Ho = 0,67, em populações silvestres.

Tabela 3 - Parâmetros de diversidade genética por locos, número de alelos por loco

(A), heterozigosidade esperada (He) e heterozigosidade observada (Ho),

avaliados em dez locos microssatélites em 14 populações de feijão-fava.

Locos A He Ho

AG1 4 0,166 0,071 BM140 5 0,713 0,065 BM141 6 0,745 0,048 BM146 4 0,686 0,065 BM154 4 0,524 0,065 BM156 7 0,619 0,042 BM160 5 0,417 0,292 BM211 6 0,680 0,024 BM212 10 0,642 0,053

GATS19 10 0,784 0,042

Média 6,1 0,600 0,077

A nível de população a heterozigosidade observada (Ho) ficou entre 0,016

(população 13) e 0,20 (população 8), com média de 0,077. A Ho foi maior que a He

dentro das populações, mostrando uma tendência a heterozigose em relação ao

Equilíbrio de Hardy-Weinberg.

O índice de fixação (f) para as diferentes populações mostrou-se negativo

(média = -0,316), com exceção da população três, com f=0. Isso mostra um baixo

coeficiente de endogamia dentro das populações e sugerindo uma seleção para

heterozigotos, decorrente da taxa de fecundação cruzada observada nas progênies.

Martínez-Castillo et al. (2006) usando marcadores SSR em 11 populações silvestres,

encontraram valor semelhante (-0,31).

Page 28: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

27

Tabela 4 - Parâmetros de diversidade genética por populações, número médio de

alelos por loco (A), porcentagem de locos polimórficos (P),

heterozigosidade esperada (He), heterozigosidade observada (Ho) e índice

de fixação (f), avaliados em 10 locos microssatélites em 14 populações de

feijão-fava.

Populações A P(%) He Ho f

1 1,40 30 0,095 0,141 -0,527

2 1,50 30 0,048 0,050 -0,312

3 1,30 30 0,025 0,025 0,000

4 1,10 10 0,029 0,033 -0,158

5 1,60 50 0,110 0,158 -0,467

6 1,30 30 0,032 0,033 -0,023

7 1,40 40 0,077 0,125 -0.667

8 1,40 30 0,120 0,200 -0,714

9 1,80 60 0,088 0,092 -0,043

10 1,40 20 0,053 0,058 -0,092

11 1,20 20 0,031 0,033 -0,047

12 1,50 50 0,078 0,083 -0,068

13 1,10 10 0,015 0,016 -0.048

14 1,10 10 0,022 0,025 -0,100

Média 1,36 30 0,060 0,077 -0.316

No estudo da distribuição da variabilidade genética dentro e entre populações,

foram determinados os coeficientes de coancestralidade do Cockerham

(COCKERHAM, 1969), no qual é o índice de fixação médio dentro das populações,

é o índice de fixação para o conjunto das populações, p é a divergência genética

entre populações (Tabela 5). A estimativa da endogamia para o conjunto das

populações ( = 0,880) foi alta para a espécie. A estimativa de endogamia média

dentro das populações mostra alta heterozigose (-0,316). A divergência genética

entre populações ( p) foi alta (0,908), isto significa que 90,8% da variabilidade

genética encontra-se entre as populações e 9,2% dentro das populações.

Com relação aos parâmetros de diversidade genética de Nei (1973), foi

verificada a existência de grande variabilidade para o total dos acessos analisados

(HT = 0,596), sendo uma pequena parte atribuída à diversidade interpopulacional (HS

= 0,058). A diversidade entre as populações (DST) correspondeu a 0,538 (Tabela 6).

Ouédraogo e Baudoin (2002) usando quatro locos microssatélites em 10 populações

encontraram HT = 0,489, HS = 0,215 e DST = 0,273, mostrando um equilíbrio na

distribuição da diversidade total entre e dentro das populações por eles estudadas.

Page 29: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

28

Do total de diversidade genética encontrada, 90,2% ocorrem devido à

diferenciação genética entre as populações (GST = 0,902). Os valores de diversidade

(HS, DST e GST) encontrados neste trabalho estão em conformidade com o sistema

predominantemente autógamo da espécie, que leva a pouca diversidade genética

dentro das populações (HS baixo) e altos valores (DST e GST) entre elas. Resultados

diferentes foram encontrados por Martínez-Castillo et al. (2007) e Ouédraogo e

Baudoin (2002) que obtiveram valores de GST = 0,470 e 0,303, respectivamente.

Tabela 5 - Coeficientes de coancestralidade de Cockerham: índice de fixação médio

dentro das populações ( ), índice de fixação para o conjunto das

populações ( ) e divergência genética entre as populações ( p), em 14

populações de feijão-fava.

Parâmetros Estimativas [I. C. 95%]

- 0,316 [- 0,052 a -0,587]

0.880 [0,770 a 0,936]

p 0,908 [0,852 a 0,942]

Tabela 6 - Parâmetros de diversidade genética de Nei (1973): diversidade

intrapopulacional (Hs), diversidade total (HT), diversidade entre as

populações (DST) e proporção da diversidade genética entre as

populações (GST), avaliados de dez locos microssatélites, em 14

populações de feijão-fava.

Locos Hs HT DST GST

AG1 0,065 0,165 0,100 0,606

BM140 0,063 0,712 0,649 0,911

BM141 0,043 0,743 0,700 0,942

BM146 0,042 0,684 0,642 0,939

BM154 0,060 0,524 0,463 0,885

BM156 0,040 0,618 0,577 0,935

BM160 0,155 0,416 0,261 0,628

BM211 0,023 0,679 0,655 0,966

BM212 0,052 0,641 0,588 0,918

GATS19 0,040 0,782 0,742 0,948

Média 0,058 0,538 0,538 0,902

Page 30: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

29

5 CONCLUSÕES

Os dez locos microssatélites foram polimórficos e mostraram ampla

diversidade genética entre os acessos de feijão-fava.

O feijão-fava apresentou taxa de 38,1% de cruzamento natural, indicando um

sistema misto com predomínio de autofecundação.

A diversidade genética teve baixo valor dentro das populações, sendo que

90,2% da diversidade total ocorreu entre elas.

Page 31: Determinação da taxa de fecundação cruzada natural e diversidade

30

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