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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS DESENVOLVIMENTO INTESTINAL: TRANSIÇÃO DO EMBRIÃO AO ABATE Revisão da literatura Januária Silva Santos Orientador: José Henrique Stringhini GOIÂNIA 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS

DESENVOLVIMENTO INTESTINAL: TRANSIÇÃO DO EMBRIÃO AO ABATE

Revisão da literatura

Januária Silva Santos

Orientador: José Henrique Stringhini

GOIÂNIA

2011

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JANUÁRIA SILVA SANTOS

DESENVOLVIMENTO INTESTINAL: TRANSIÇÃO DO EMBRIÃO AO ABATE

Revisão da literatura

Seminário apresentado junto à Disciplina Seminários Aplicados do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás. Nível: Doutorado

Área de concentração: Produção Animal

Linha de Pesquisa: Nutrição e alimentação de monogástricos

Orientador: Prof. Dr. José Henrique Stringhini - UFG

Comitê de Orientação: Profª. Dra. Maria Auxiliadora Andrade – UFG

Profo. Dr. Marcos Barcellos Café – UFG

GOIÂNIA

2011

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................... 01

2. REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 03

2.1. Trato digestório, desenvolvimento intestinal e reparo da mucosa do

intestino....................................................................................................... 03

2.2. Microbiota do trato digestório..................................................................... 08

2.3. Desenvolvimento no estágio embrionário................................................... 12

2.4. Desenvolvimento pós-incubação................................................................ 14

2.5. Desenvolvimento na fase de crescimento e abate..................................... 16

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 19

4. REFERÊNCIAS............................................................................................. 20

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Trato digestório das aves...............................................................

04

Figura 2. Esquema geral das células epiteliais dos vilos intestinais............. 05

Figura 3. Enterócito evidenciando o microvilo.............................................. 06

Figura 4. Célula caliciforme........................................................................... 06

Figura 5. Célula enteroendócrina..................................................................

07

Figura 6. Bactérias que habitam o trato digestório das aves........................ 10

Figura 7. Desenvolvimento do trato gastrointestinal..................................... 12

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1. INTRODUÇÃO

Com os altos índices produtivos alcançados pela cadeia de produção

avícola, são necessários constantes estudos a respeito da digestão e absorção

dos nutrientes. Tais, conhecimentos são necessários para ajustar a nutrição às

constantes melhorias genéticas que geram indivíduos com organismo cada vez

mais exigente. Conseguindo-se assim, suprir as necessidades fisiológicas

exigidas no desenvolvimento do organismo das aves.

As espécies aviárias apresentam particularidades inerentes em seu

desenvolvimento. O estágio embrionário é realizado fora do organismo materno,

em um sistema físico-químico complexo caracterizado pelo ovo. Além de ser

fertilizado, este deve conter todos os nutrientes essenciais para o

desenvolvimento do embrião (CAMPOS, 2003).

A potencialidade do desempenho de frangos de corte depende em

parte da qualidade dos ovos. A qualidade do ovo é um importante parâmetro para

a embriogênese e, por consequência, interfere nos índices de eclodibilidade.

Afetando assim, a qualidade do pintinho na fase pré-inicial e inicial, assim como

na fase de crescimento e final (TONA et al., 2003).

Dentre os alimentos existentes na natureza, o ovo é o mais completo,

possuindo em sua estrutura elementos nutricionais que possibilitam a origem de

um novo ser.

Quando o ovo é colocado em condições de incubação, oferecendo

temperatura de 37,5ºC e umidade relativa em torno de 60% com oxigenação e

viragem adequadas, durante um período em torno de 504 horas, o embrião tem

condições de se desenvolver por completo (CESARIO & GONZALES, 2003). Um

ovo de Gallus gallus domesticus é constituído de casca, albúmen e gema,

gerando após o período de incubação um pinto de corte de aproximadamente

44g.

O trato alimentar do frango de corte tem seu desenvolvimento iniciado

com 18 horas de incubação. Ao décimo oitavo dia da incubação começa o

mecanismo fisiológico da absorção do saco da gema (DECUYPERE, 2003). Esse

fenômeno dá origem ao desenvolvimento da mucosa intestinal, assim como dos

seus componentes celulares. Na eclosão o sistema digestório da aves está

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anatomicamente completo, mas sua capacidade de digestão e absorção ainda

está imatura (MAIORKA et al., 2002).

Os processos absortivos são dependentes das estruturas constituintes

da mucosa intestinal e para que haja um bom aproveitamento da dieta oferecida,

a mucosa deve apresentar características morfológicas e fisiológicas adequadas.

Os processos de absorção são dependentes de mecanismos de

transporte que ocorrem na membrana das células epiteliais da mucosa, sendo

dessa forma, a integridade destas de vital importância, já que é a via de entrada

dos nutrientes para o desenvolvimento da ave (MAIORKA, 2004).

Com base no exposto acima, objetivou-se discorrer a respeito do

desenvolvimento intestinal nos frango de corte desde o período da incubação até

a fase final do ciclo de produção.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Trato digestório, desenvolvimento intestinal e reparo da mucosa do

intestino

Para alcançar o máximo do potencial genético das aves é necessário

que estas obtenham adequadas quantidades de nutrientes (lipídios, carboidratos,

vitaminas, aminoácidos e minerais). Tal processo ocorre pela digestão e absorção

dos alimentos, e para que todo esse processo seja realizado de forma satisfatória,

o sistema digestório deve apresentar características estruturais que possibilitem a

ingestão do alimento, a passagem do alimento pelo trato digestório, alterações

físicas e químicas do alimento e a absorção dos produtos digeridos (BOLELI et

al., 2002).

Ainda de acordo com os autores o trato digestório das aves (Figura 01)

difere dos mamíferos em alguns aspectos importantes. Embora as aves possuam

glândulas salivares, faltam-lhes os dentes e assim não são capazes de esmagar e

quebrar o alimento na cavidade oral. O alimento passa diretamente para o

esôfago, sendo estocado no inglúvio. A partir do inglúvio, o alimento adentra na

parte anterior do estômago, o proventrículo, estando sujeito a ação de enzimas

digestivas é ácidos. Ele então, se move para a moela, parte altamente muscular

do estômago, local em que o alimento será triturado. A digestão final do alimento

e absorção dos nutrientes ocorre no intestino (BOLELI et al., 2002).

O intestino das aves é composto de três partes o intestino delgado,

intestino grosso e os cecos. O intestino delgado é a porção mais longa do sistema

digestório (medindo cerca 1,5m em aves adultas), é composto por três regiões

denominadas de duodeno, jejuno e íleo que apresentam diferenças funcionais e

morfológicas. O intestino grosso é relativamente pequeno nas aves e compreende

o cólon ou reto e os cecos (ITO, 2004)

.

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Figura 1. Trato digestório das aves.

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br

Durante o período de incubação, o intestino delgado tem uma taxa de

crescimento maior que a taxa de crescimento do restante do organismo da ave.

Aos 18 dias a proporção do peso do intestino delgado do embrião é maior que a

proporção do peso corporal (UNI et al., 2003).

No período pós-eclosão, o intestino delgado continua aumentando seu

desenvolvimento mais rapidamente que o restante da massa corporal. O aumento

do peso e do comprimento intestinal não são idênticos dentre os segmentos

intestinais (duodeno, jejuno e íleo). A atividade enzimática no período pós-eclosão

acompanha o desenvolvimento do intestino delgado (SKLAN, 2001).

O intestino delgado dos pintos de um dia é imaturo e sofre alterações

morfológicas, bioquímicas e moleculares, que perduram por duas semanas após

a eclosão, sendo que as primeiras 24 horas é o período em que ocorrem as

alterações mais drásticas (GEYRA et al., 2001).

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Durante as primeiras 48 horas após a eclosão, a gema contribui

primordialmente no desenvolvimento e na manutenção do intestino delgado.

Neste período o organismo do pinto recém eclodido altera sua fisiologia digestiva.

A obtenção de energia deixa de ter uma base lipídica, fornecida pela gema e

passa a ter uma base rica em carboidratos (NOY & SKLAN, 1999).

O desenvolvimento da mucosa intestinal consiste no aumento da

produção de enterócitos, células caliciformes e enteroendócrinas (Figura 02),

assim como em sua maturação.

Os enterócitos, ou células de absorção, são células tipicamente

colunares, que respondem pela digestão final do alimento e pelo transporte

transepitelial dos nutrientes a partir do lúmen e/ou para o lúmen. A superfície

apical apresentam vários microvilos (Figura 03), que lhe proporcionam maior

superfície de contanto com a digesta e, portanto, maior superfície de digestão,

absorção e secreção.

Figura 02. Esquema geral das células epiteliais de um vilo intestinal Fonte: Boleli et al., 2002

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Microvilo (microvilosidades)

As células caliciformes são secretoras de glicoproteínas (muco) que

possuem o papel primário de proteger o epitélio intestinal da ação de enzimas

digestivas e efeitos abrasivos da digesta durante o desenvolvimento embrionário

e após a eclosão, outra função e a de barreira contra patógenos (Figura 04).

Por fim, a células enteroendócrinas (Figura 05) são produtoras de

hormônios (gastrina, colecistoquinina, secretina, polipeptídeo inibidor gástrico) e

monoaminas biogênicas, produtos estes que participam na regulação da digestão,

absorção e utilização de nutrientes (BOLELI et al., 2002).

Figura 03. Enterócito evidenciando os microvilos Fonte: Boleli et al., 2002

Figura 04. Célula caliciforme Fonte: http://dc197.4shared.com

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O desenvolvimento intestinal consiste primariamente de dois eventos

citológicos associados, a renovação celular e a perda de células. O equilíbrio

entre esses dois processos denomina-se turnover (renovação) celular. A mucosa

do trato gastrointestinal apresenta uma característica única entre os tecidos do

frango de corte, tem a mais alta taxa de renovação de todos tecidos do corpo

(PIRES, 2008).

Tal processo se dá em decorrência de proliferação e diferenciação

celular resultante de divisões mitóticas sofridas por células totepotentes

localizadas na cripta e ao longo dos vilos. Também ocorre o processo de extrusão

de células no ápice dos vilos em decorrência do atrito com o bolo alimentar,

presença de toxinas e microorganismos com potencial patogênico (MAIORKA et

al., 2002).

Quando o intestino responde a algum agente com desequilíbrio do

turnover, ocorre modificação na altura dos vilos. Assim, se ocorrer aumento na

taxa de mitose com ausência, diminuição ou manutenção da taxa de extrusão,

deverá haver aumento no número de células e, conseqüentemente, aumento no

tamanho dos vilos. Se o estímulo levar ao aumento na taxa de extrusão, havendo

manutenção ou diminuição da taxa de proliferação, o intestino deverá responder

com redução no tamanho dos vilos e, conseqüentemente, com diminuição em sua

área de digestão e absorção. O maior ou menor desenvolvimento da mucosa

intestinal é avaliado por meio de dados morfométricos do tamanho e número de

Figura 05. Célula enteroendócrina, seta: grânulos de hormônios Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br

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vilos, da profundidade das criptas, da altura do epitélio, da altura e número de

microvilos enterocíticos e da integridade da mucosa ou perda de epitélio

(STERZO, 2007).

De acordo com MAIORKA et al. (2002) , essa manutenção do epitélio

do intestino em condições fisiológicas, ou não, gera um custo energético elevado

para o organismo das aves. Estima-se que em condições normais

aproximadamente 20% da energia bruta seja consumida e utilizada para a

renovação celular da mucosa intestinal.

O intestino delgado é o principal órgão responsável pela digestão e

absorção de nutrientes, assim quanto antes as aves alcançarem sua capacidade

funcional, mais cedo elas poderão utilizar os nutrientes da dieta, crescer

eficientemente e demonstrar seu potencial genético, resistir a infecções e

doenças metabólicas (UNI & FERKET, 2004).

2.2. Microbiota do Trato digestório

Vários são os microorganismos que se alocam no trato digestório das

aves. A microflora é uma mistura de bactérias, fungos e protozoários, entretanto,

as bactérias são os microorganismos predominantes (GABRIEL et al., 2006).

A microbiota intestinal forma um sistema complexo e dinâmico,

responsável por influenciar decisivamente em fatores microbiológicos,

imunológicos, fisiológicos e bioquímicos no hospedeiro, podendo ser modulada

pela composição da dieta (TANNOCK, 1998).

As bactérias no trato gastrointestinal podem encontrar-se, tanto

associadas intimamente com o epitélio ou livres na luz intestinal. Os

microorganismos de vida livre devem multiplicar-se rapidamente para compensar

a eliminação pelo peristaltismo intestinal ou ainda agregar-se às demais bactérias

que encontram-se aderidas na mucosa intestinal (MAIORKA, 2004).

No inglúvio, proventrículo e moela o pH é extremamente ácido o que

determina a colonização por culturas bacterianas específicas do gênero

Lactobacillus sp. Este gênero embora esteja presente em quase todo o trato

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gastrintestinal, possuem uma predileção maior por ambientes de baixo pH

(AMIT-ROMACH et al., 2004).

O intestino delgado é colonizado por bactérias que toleram de forma

mais eficiente um pH próximo ao neutro, tais como: Salmonella sp., Escherichia

coli, Bifidumbacteria sp; porém como dito anteriormente cepas do gênero

Lactobacillus sp. também crescem neste segmento intestinal. Já o ceco é

considerado a fração intestinal com maior quantidade de microrganismos e das

mais diversas espécies (MAIORKA et al., 2006).

De acordo com ITO (2004), antes de receber alimento os

microorganismos presentes no ceco são basicamente coliformes, Streptococcus

sp do grupo D e baixo número de Clostrídios. Com 24 horas de vida da ave, é

possível observar pequeno número de Lactobacillus sp e após três dias estes se

tornam bactérias predominantes na flora cecal, juntamente com as demais

bactérias. A partir do quarto dia pós eclosão e nas seis semanas seguintes,

ocorre o aumento da quantidade de bactérias anaeróbicas (Eubactéria,

Propionibacteria, Fusobacterium, Bacterióides e Rominococcus).

Em cada segmento do trato gastrointestinal existe uma

predominância de um determinado microorganismo (Figura 06). O número e

composição dos microorganismos da microflora intestinal das aves varia

consideravelmente ao longo do trato gastrointestinal. O ceco é reconhecido como

o segmento de maior colonização de microorganismos, sendo que nele estão

presente um grande número de bactérias gram positivas e negativas (MAIORKA,

2004).

A variação da composição da microbiota presente no trato

gastrointestinal se deve a vários fatores, tais como: os tipos de substratos

adquiridos via dieta, a disponibilidade de oxigênio, as alterações no pH luminal, as

concentrações de sais biliares e a presença de bacteriocinas. Estes fatores irão

favorecer o desenvolvimento de determinada comunidade microbiana

(APAJALAHTI et al., 2004). De acordo com RICHARDS et al. (2005), a densidade

de microorganismos no trato gastrointestinal das aves tende a aumentar a partir

da parte proximal para a parte distal.

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Streptococcus (+) Staphylococcus (-) Lactobacilus (+) Escherichia coli (-)

Eubacterium (+) Clostridium (+) Fusobacterium (-) Bacterióides (+)

Figura 6. Bactérias que habitam o trato digestórios das aves. Fonte: Adaptado de ALBUQUERQUE, 2005

Para PEDROSO (2011), o aparelho reprodutivo da matriz contém

microorganismos benéficos que durante o processo de formação do ovo passaria

a fazer parte da sua estrutura e futuramente da microbiota do embrião. Estes se

estabelecem no intestino em desenvolvimento quando o trato gastrointestinal se

diferencia e fecha, ficando alocados nos intestinos e se desenvolvendo após a

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eclosão. Outra teoria para justificar o isolamento de microorganismo em embriões

seria a presença destes no aparelho reprodutivo da matriz que durante o estágio

final do desenvolvimento embrionário, seriam transferidos para o líquido

amniótico-albumina e posteriormente este líquido será ingerido pelo embrião.

PEDROSO (2008) demonstrou que existe pequena quantidade de bactérias

presentes no intestino e ceco de embriões e estes são viáveis.

Após a eclosão os pintos de um dia entram em contato com o ambiente

externo. Possivelmente o processo de manuseio, embalagem, contato com caixa

de transporte, poeira e vacinação contribui para a evolução da comunidade

microbiana. Na granja as aves começam a receber alimentação sólida, água e

entra em contato com a cama presente no aviário, estes fatores fazem com que o

número de espécies microbianas presentes no trato intestinal aumente

(PEDROSO, 2011). De acordo com ITO (2004) a composição e a quantidade

microbiana varia conforme a idade da ave (Figura 7).

A microbiota de um animal adulto adquire pelo menos 17 famílias e

entre 400 e 500 diferentes espécies microbianas que variam ao longo do trato

gastrointestinal (PEDROSO, 2011).

O estabelecimento da comunidade microbiana do intestino durante o

período pós-eclosão e na fase inicial é fundamental, pois a conversão alimentar e

a eficiência de aquisição e utilização dos nutrientes presentes no alimento pelas

aves são grandemente afetadas por sua microbiota (PEDROSO, 2011). De

acordo com LU et al. (2003), o perfil microbiano próprio das aves se torna mais

complexo de acordo com o aumento da idade.

A microbiota intestinal quando o organismo da ave está em equilíbrio

traz grandes benefícios (produção de vitaminas, estimulação do sistema imune e

inibição do crescimento de microorganismos patogênicos), ajudando no

desenvolvimento das aves. Entretanto, quando em desequilíbrio pode ser

indicativo de grandes prejuízos, tais como infecções localizadas ou sistêmicas,

necrose intestinal e formação de toxinas (JEURISSEN et al., 2002).

A microbiota é composta principalmente por lactobacilos, estreptococos

e estafilococos, no ceco e cólon predominam cepas de Eubacterium sp e de

Clostridium sp (ALBUQUERQUE, 2005).

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2.3. Desenvolvimento no estágio embrionário

As transformações que acontecem no período de incubação são

constantes. Durante 21 dias, ocorrerá um sequenciamento de eventos que darão

origem ao novo ser. O desenvolvimento do embrião após a postura do ovo

embrionado é muito rápido, ocorrendo alterações a cada hora (CESARIO &

GONZALES, 2003).

Nas aves o desenvolvimento do trato alimentar se inicia nas primeiras

24 horas de vida do embrião (Figura 8). Ao quinto dia de vida embrionária ocorre

a diferenciação da boca, assim como a formação do proventrículo e da moela. No

sexto dia de vida tem-se início a formação do bico. Ao décimo quarto dia de vida

embrionária ocorre a introdução do intestino na cavidade abdominal e no décimo

sétimo dia ocorre a abertura do Divertículo de Meckel e tem-se o inicio da

digestão intestinal (MAIORKA& ROCHA, 2009).

Figura 7. Desenvolvimento do trato gastrointestinal

Fonte: MAIORKA, 2009

17 dias

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As divisões do futuro intestino ocorrem no sexto dia de vida

embrionária. Nesse período é possível diferenciar o intestino delgado do intestino

grosso. Entretanto, essa diferenciação só ocorre em decorrência da posição do

ceco. O ceco está presente como uma pequena protuberância e encontra-se na

junção dos intestinos delgado e grosso.

Apesar da existência do órgão responsável pela absorção dos

nutrientes, este ainda é afuncional. Durante a incubação os nutrientes para o

embrião advêm dos lipídios presente no saco vitelínico e proteínas presentes no

albúmen. Estes são diretamente transportados para o sangue através do

processo de endocitose (SANTOS et al., 2010).

De acordo com SUGIMOTO et al. (1999), no terço final de incubação

parte do albúmen se mistura com o conteúdo do saco amniótico, formando uma

mistura de carboidratos, proteínas e lipídios. Devido ao crescimento contínuo do

embrião, ocorre o aumento da pressão intraovo e o diferencial de pressão criado

em decorrência do crescimento embrionário contínuo, faz com que haja o

consumo oral desta mistura que passará pelo sistema gastrointestinal. Parte do

albúmen absorvido pelo intestino delgado serve para expandir as reservas de

glicogênio corporal do embrião, além de preparar o organismo do embrião para a

eclosão, período em que a alimentação deixa de ter uma base lipídica e passa a

ser baseada em carboidratos (MORAN JR., 2007).

A absorção parcial de proteínas a partir dessa mistura ocorre pelos

enterócitos, que são capazes de absorver essa mistura durante o trânsito deste

pelo duodeno e jejuno.

Grande parte do gasto energético embrionário no tecido intestinal está

concentrado durante as últimas 48 horas do período da eclosão. Isso se deve a

preparação do organismo da ave para a digestão dos nutrientes após o

nascimento (OLIVEIRA et al., 2009).

A partir desse início do processo de digestão e de absorção ocorrem

alterações nas características morfológicas e fisiologicas da mucosa do intestino

delgado. Os enterócitos deixam de ser células arredondadas e apolares e passam

a assumir sua conformação típica (alongada). Durante o período de incubação as

criptas são estruturas rudimentares e afuncionais.

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Dentre as mudanças morfológicas, estão o aumento do comprimento

do intestino, na altura e densidade dos vilos e no número de enterócitos, células

caliciformes e células enteroendócrinas. As alterações fisiológicas estão

relacionadas com o aumento na capacidade de digestão e de absorção do

intestino, que ocorrem em decorrência do aumento na produção de enzimas

digestivas pancreáticas e de membrana (MAIORKA et al., 2002).

As vilosidades dos embriões possuem enterócitos únicos que são

capazes de absorver os fluidos embrionários contendo macromoléculas. Contudo,

durante a fase embrionária os enterócitos tem como uma das funções primordiais

a absorção de imunoglobulinas. O consumo do líquido amniótico-albumina e a

sua absorção é contínuo até que o líquido desapareça e inicie o processo de

bicagem interna (MORAN JR, 1985).

Fatores anti-tripsina inibem fortemente a digestão durante o período de

incubação, apesar da existência de um conjunto completo de enzimas

pancreáticas (HOLDSWORTH & WILSON, 1967; MARCHAIM & KULKA, 1967;

YOSHIZAKI et al., 2002). A albumina, juntamente com o composto de enzimas

pancreáticas, penetra no saco vitelino por meio de sua base com o auxílio da

atividade antiperistálticos do cólon (SUGIMOTO et al., 1989; BRYK & GHERI,

1990).

2.4. Desenvolvimento pós incubação

O período pós-eclosão é um dos pontos críticos na produção de frango

de corte. A transição alimentar que ocorre neste período, pode determinar o

alcance de bons índices de produção na fase final de criação.

O pinto recém eclodido sofre alterações bruscas em seu metabolismo.

O fornecimento de nutrientes para o embrião In ovo é basicamente proveniente da

fonte lipídica que provém do saco da gema. Neste período, os nutrientes são

depositados diretamente na corrente sanguínea.

De acordo com ROMANOFF (1960), as aves eclodem com a reserva

nutricional contida no saco da gema. Essas reservas nutricionais são porções

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remanescentes da utilização da gema e do albúmen, que flui para esse

compartimento ao final da segunda semana de incubação.

Resíduos desse conteúdo são frequentemente encontrados na luz

intestinal e consequentemente submetidos aos processos normais de digestão

(SULAIMAN et al., 1996). Desta forma ocorre a preparação do organismo do

embrião para a fase de nutrição após a eclosão.

Uma vez ocorrido o rompimento completo da casca e o contato com o

ambiente, possibilitando a completa disponibilização de oxigênio para a ave, ela

passa a ser capaz de utilizar plenamente a gordura corporal armazenada durante

a incubação e de mobilizar os estoques contidos no saco vitelino

(ROSEBOROUGH et al., 1978).

A rápida introdução de uma dieta exógena estimula o desenvolvimento

das funções digestivas e absortivas dos pintos, acelerando a adaptação das aves

ao ambiente externo (VIEIRA, 2004). Pintos de um dia quando alimentados após

a eclosão utilizam as reservas do saco vitelino muito mais rápido do que os pintos

recém eclodidos que não receberam alimento (NOY & SKLAN 1996a). Aves com

o saco da gema cirurgicamente removido têm desempenho inferior,

demonstrando a importância dessa reserva para aves no período pós-eclosão

(EDWARDS et al., 1962).

O consumo de ração aumenta significativamente durante o período de

desenvolvimento das aves, isso resulta em mudanças que ocorrem em todo o

organismo, mas que se intensifica no trato gastrointestinal das aves.

A adaptação à ingestão de alimentos depende do rápido

desenvolvimento dos mecanismos de digestão e absorção, que por sua vez

dependem diretamente do estímulo dado pela passagem de alimento no trato

digestivo (VIEIRA, 2004).

Nos primeiros dias após nascimento o peso dos segmentos intestinais

aumenta mais rapidamente do que o restante dos órgãos do organismo do frango

de corte. Após o período de quatro dias esse aumento de peso mais acelerado

cessa, permanecendo constante ao peso do corpo do animal até o abate (SELL et

al., 1991).

A velocidade com que o alimento passa pelo lúmen intestinal, influi de

forma direta no desenvolvimento do trato gastrointestinal. De acordo com

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WASHBURN (1991), menores velocidades na passagem do alimento no lúmen

intestinal melhoram a absorção de nutrientes. Isso se dá em decorrência do

aumento do tempo em que o bolo alimentar fica em contato com as células de

absorção e permite mais tempo para a fermentação microbiana.

Contudo, a velocidade com que o alimento passa no lúmen intestinal

(taxa de passagem) aumenta de acordo com o desenvolvimento das aves

(VERGARA et al., 1989)

Ocorrem alterações marcantes na morfologia da mucosa do intestino

delgado durante o terço final da incubação e durante as duas semanas seguintes

após a eclosão da ave. A maturação dos enterócitos e a diferenciação celular

ocorrida nesta fase, marca de forma acentuada o desenvolvimento do intestino

delgado (GEYRA et al., 2001).

Ainda de acordo com o autor, os enterócitos são incompletos ao

nascimento, pois nesse período o processo de extrusão ainda não ocorreu, pela

ausência do trânsito do alimento exógeno. O desenvolvimento dos enterócitos no

período pós-eclosão pode ser dividido em dois períodos. No primeiro período (24

horas após a eclosão) os enterócitos vão adquirindo polaridade, com o intuito de

realizar a absorção dos nutrientes. O segundo período envolve a mudança na

estrutura celular que deixa de ser arredondada e vai adquirindo uma forma mais

cúbica, alterando assim o comprimento celular.

Os segmentos intestinais sofrem as alterações nas suas características

morfológicas celulares em diferentes períodos. No jejuno esse processo ocorre

até 144 horas após o nascimento, diferente do duodeno em que o processo

ocorre até 216 horas após a eclosão. No íleo não ocorre essa alteração na

morfologia celular, o que prediz que os enterócitos do íleo no momento da

eclosão estão maduros (GEYRA et al., 2001).

2.5. Desenvolvimento na fase de crescimento e abate

As mudanças mais bruscas em relação ao desenvolvimento intestinal

ocorrem na fase pré-inicial e inicial do ciclo de produção. Nestas fases o

organismo das aves prioriza o desenvolvimento do trato gastrointestinal,

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buscando melhor absorção de nutrientes, que terá influência direta na formação

dos demais tecidos. Nas fases seguintes (crescimento e final) ocorrerá a

manutenção da mucosa intestinal e o maior desenvolvimento de outros tecidos,

tal como o tecido ósseo e muscular.

Nas aves mais velhas, o epitélio do intestino delgado é continuamente

renovado em decorrência da proliferação de células da cripta que migram até o

ápice das vilosidades devido ao constante processo de extrusão celular que

acontece no topo dos vilos. Concomitante ao desenvolvimento do processo de

migração celular ocorre também a diferenciação celular (GEYRA et al., 2001).

Parte da energia ingerida pelas aves fica destinada para a manutenção

da mucosa, e quanto maior a necessidade de reparo da mesma, menor será a

energia líquida destinada a produção (MAIORKA, 2004).

A mucosa do intestino tem renovação contínua e é afetada não apenas

pelos hormônios metabólicos (insulina, hormônio do crescimento, tiroxina e

glicocorticóides), mas também por outros fatores relacionados com o alimento

(características físicas e químicas dos nutrientes) e com a microflora presente no

intestino. Dessa forma, o desenvolvimento da mucosa intestinal depende tanto de

fatores endógenos como exógenos (MAIORKA et al., 2000).

De acordo com ITO (2004), no período de 20 dias após eclosão, o

intestino está completamente formado anatômica e funcionalmente. Seu peso

aumenta em 27 vezes desde sua formação embrionária até sua total maturação.

Ainda de acordo com o autor, o comprimento e o diâmetro do intestino variam de

acordo com diversos fatores, tais como, o tipo de dieta, a presença de aditivo

alimentar ou promotor de crescimento adicionado a ração, presença de microbiota

bacteriana, incidência de doenças entéricas e intensidade de desenvolvimento

corporal na fase inicial até 14 dias de idade.

A fase de crescimento é de grande importância para o desempenho

das aves. E nesse período que ocorrerá a formação de todos os órgãos e por

consequência o desenvolvimento de todos os sistemas constituintes do

organismo das aves. Com isso o frango de corte consegue chegar na fase final de

criação obtendo boa eficiência alimentar (ZOCCHE, 2004).

A capacidade digestiva e absortiva dos enterócitos aumenta de acordo

com o avançar da idade das aves. A digestão de nitrogênio é 78 a 92% maior aos

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21 dias quando comparada com os sete dias de idade (NOY et al., 1997). A

absorção de glicose, na região do jejuno, também aumenta com a idade das aves,

em decorrência de uma maior quantidade de transportadores de glicose (KOJIMA

et al., 1999).

Durante as duas fases finais do processo produtivo de frango de corte

a manutenção da capacidade digestiva e de absorção intestinal é mantida pela

continuação da formação de novos enterócitos, células caliciformes e células

enteroendócrinas, assim como da sua maturação e extrusão (BOLELI et al, 2002).

Contudo, esses dois períodos são de fundamental importância para

saúde intestinal das aves de produção. O termo saúde intestinal refere-se à

existência de um equilíbrio dinâmico no sistema digestório, o suficiente para

atingir as metas esperadas de desempenho zootécnico que dependem da

integridade do trato gastrointestinal (ITO, 2004).

A integridade morfofuncional do sistema digestório é de fundamental

importância para o bom desempenho dos índices zootécnico da produção de

frango de corte, pois dela depende a execução adequada dos processos de

digestão e absorção de nutrientes. Ao mesmo tempo, a plasticidade desse

sistema em responder de forma adaptativa a agentes externos presentes na dieta

mostra ser possível uma manipulação de suas características morfofuncionais a

favor de uma maximização das áreas de digestão e absorção e no seu sistema de

defesa (BOLELI et al, 2002)

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As fases iniciais do ciclo de produção são de fundamental importância

para alcançar bons índices de produção dentro da cadeia avícola.

O trato gastrointestinal é o maior sistema do organismo das aves.

Possui a mais extensa superfície exposta a vários fatores que podem afetar de

maneira negativa o equilíbrio entre os componentes do intestino dos frangos de

corte.

Distúrbios neste equilíbrio podem afetar o estado de saúde e

desempenho da produção de aves. A perturbação na microbiota normal das aves

pode levar a um quadro de desequilíbrio microbiano que contribui para a

multiplicação desordenada de patógenos.

De forma geral, a capacidade de absorção de nutrientes relaciona-se

ao desenvolvimento intestinal e do sistema de transporte através de membranas.

As alterações morfológicas mais contundentes são o aumento no

comprimento do intestino, da altura e densidade dos vilos, assim como do número

de enterócitos, células caliciformes e células enteroendócrinas. Alterações estas

que ocorrem mais intensamente no terço final do processo de incubação e fase

pré-inicial.

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