desenvolvimento de estrutura metÁlica para quadros …
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INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA
JAISON LUIS KITZBERGER
DESENVOLVIMENTO DE ESTRUTURA METÁLICA PARA QUADROS GERAIS DE
BAIXA TENSÃO UTILIZANDO CONCEITOS DE DFA
Jaraguá do Sul
Fevereiro de 2017
JAISON LUIS KITZBERGER
DESENVOLVIMENTO DE ESTRUTURA METÁLICA PARA QUADROS GERAIS DE
BAIXA TENSÃO UTILIZANDO CONCEITOS DE DFA
Trabalho de conclusão de curso submetido
ao Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Santa Catarina como parte
dos requisitos de obtenção do título de
Tecnólogo em Fabricação Mecânica.
Professor Orientador: Prof. Dr. Gil Magno
Portal Chagas
Jaraguá do Sul
Fevereiro de 2017
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu falecido pai, Irineu Kitzberger,
que infelizmente faleceu na mesma época quando
este trabalho estava sendo executado.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a empresa WEG que me deu a oportunidade de realizar o trabalho,
especialmente ao meu chefe, Walter Brandl da Rosa Neto, que possibilitou o início e
me auxiliou na execução e no alcance da finalização do presente trabalho. Muito
obrigado!
Agradeço a minha família pelo apoio, paciência e orientação. Também
agradeço ao meu professor orientador, Gil Magno Portal Chagas, que me ajudou e
muito na execução deste trabalho, tendo e vista que eu estava passando por um
momento difícil. Muito obrigado!
Meus sinceros agradecimentos também a toda a equipe que participou do
desenvolvimento do produto, sendo eles: Processos Engenheirados, Projetos BT e
Naval, Gerência do Departamento de Projetos da Automação e aos funcionários da
fábrica. Muito obrigado!
EPÍGRAFE
Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo.
A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque
a crise traz progressos.
A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura.
É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes
estratégias.
Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar ‘superado’.
Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e
respeita mais os problemas do que as soluções.
A verdadeira crise é a crise da incompetência...
Sem crise não há desafios; sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta
agonia. Sem crise não há mérito.
É na crise que se aflora o melhor de cada um...
(Albert Einstein)
RESUMO
Este trabalho apresenta o desenvolvimento de uma estrutura metálica
utilizada em quadros gerais de baixa tensão para a empresa WEG. Durante o
desenvolvimento do produto foi adotada uma metodologia de processo de
desenvolvimento de produto e a ferramenta Design for assembly (DFA), que consiste
em executar projetos para montagem rápida e simplificada. Todo o desenvolvimento
foi executado dentro dos princípios da engenharia simultânea, com o objetivo de
diminuir o tempo e o custo do desenvolvimento. O principal desafio deste trabalho foi
a redução de custo do produto em desenvolvimento em comparação com o produto
atual fabricado pela empresa. As características, que foram definidas pela empresa,
foram transformadas em metas de desenvolvimento do produto, que por sua vez,
tornam-se a base de todo o desenvolvimento e possibilitaram a geração de
conceitos do projeto. Foram apresentadas propostas virtuais, maquetes e protótipos
para a validação do produto. O resultado deste trabalho possibilitou o alcance da
meta de redução de uma etapa do processo de manufatura, e teve um resultado na
redução do tempo de montagem que mostrou a eficácia na aplicação da ferramenta
DFA.
Palavras-chave: Estrutura metálica. DFA. Projetos para montagem. Engenharia
simultânea. Redução de custo.
ABSTRACT
This work presents the development of a metallic structure used in low voltage
distribution boards for the WEG company. During the development of the product a
product development process methodology and the DFA tool were adopted, which
consists of executing projects for quick and simplified assembly. All development is
performed within the principles of simultaneous engineering, with the aim of reducing
the time and cost of development. The main challenge of this work is to reduce the
cost of the product in development compared to the current product manufactured by
the company. The characteristics, which were defined by the company, are
transformed into product development goals, which become the basis of all
development and enable the generation of project concepts. Virtual proposals, mock-
ups and prototypes were presented for the validation of the product. The result of this
work allowed the achievement of the goal of reducing one stage of the manufacturing
process and had a result in the reduction of assembly time that showed the
effectiveness in the application of the DFA tool.
Keywords: Metallic structure. DFA. Projects for assembly. Simultaneous engineering.
Reduce the cost
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Quadro Geral de Baixa Tensão (QGBT) ................................................... 12
Figura 2 - Modelo de referência do PDP ................................................................... 16
Figura 3 – Sequência da Engenharia Tradicional ...................................................... 18
Figura 4 – Sequência da Engenharia Simultânea ..................................................... 18
Figura 5 - Peças projetadas para impedir inserção incorreta .................................... 27
Figura 6 – Peças que se posicionam automaticamente ............................................ 27
Figura 7 – Furos maiores para facilitar a montagem ................................................. 28
Figura 8 – Fluxograma de etapas e ferramentas ....................................................... 30
Figura 9 – Fluxograma das etapas de manufatura atualmente aplicadas ................. 33
Figura 10 – Fluxograma da proposta das etapas de manufatura .............................. 35
Figura 11 – Esboço da ideia do produto .................................................................... 37
Figura 12 – Proposta virtual da junta ......................................................................... 38
Figura 13 – Maquete em escala reduzida ................................................................. 39
Figura 14 – Base do produto fixado na junta. Perspectiva superior .......................... 41
Figura 15 – Base do produto fixado na junta. Perspectiva inferior ............................ 41
Figura 16 – Subconjunto inferior da estrutura do QGBT ........................................... 42
Figura 17 – Subconjunto superior da estrutura do QGBT ......................................... 43
Figura 18 – Protótipo da junta encaixável ................................................................. 45
Figura 19 – Protótipo do QGBT completo ................................................................. 46
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
QGBT – Quadros Gerais de Baixa Tensão
DFA – Design For Assembly
PDP – Processos de Desenvolvimento de Produtos
CAD – Computer Aided Design
CAE – Computer Aided Engineering
CAM – Computer Aided Manufacturing
DFX – Design For X
DFM – Design for Manufacture
DFMA – Design for Manufacture and Assembly
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 12
1.1 Problema ......................................................................................................... 13
1.2 Justificativa ..................................................................................................... 13
1.3 Objetivos ......................................................................................................... 14
1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................... 14
1.3.2 Objetivos específicos........................................................................................ 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 15
2.1 Processos de Desenvolvimento de Produtos (PDP) ................................... 15
2.2 Engenharia Simultânea .................................................................................. 18
2.3 Projeto para a X (DFX) .................................................................................... 20
2.3.1 Conceituação ................................................................................................... 20
2.3.2 Design for Manufacture and Assembly (DFMA) ............................................... 21
2.4 Projeto para a Montagem (DFA) .................................................................... 22
2.4.1 Conceituação ................................................................................................... 22
2.4.2 Vantagens na utilização do DFA ....................................................................... 23
2.5 Projeto para Montagem, Recomendações ao Projetista ............................. 23
2.5.1 Tipos de montagem .......................................................................................... 24
2.5.2 Montagem Manual – Manuseio ........................................................................ 24
2.5.3 Aplicação do DFA durante o desenvolvimento do Produto ............................... 25
3 METODOLOGIA ............................................................................................... 29
3.1 Definição das características do produto ..................................................... 31
3.2 Projeto informacional ...................................................................................... 32
3.3 Projeto conceitual ........................................................................................... 35
3.4 Projeto detalhado ............................................................................................ 40
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................... 47
4.1 Avaliação da aplicação do PDP ...................................................................... 47
4.2 Resultados e avaliação do projeto informacional ........................................ 47
4.3 Resultados e avaliação do projeto conceitual .............................................. 48
4.4 Resultados e avaliação do projeto detalhado ............................................... 49
4.5 Resultados e avaliação da utilização do DFA ............................................... 50
4.6 Resultados e avaliação da engenharia simultânea ...................................... 51
4.7 Resultados finais ............................................................................................. 52
4.7.1 Análise e discussão dos resultados da meta de redução de peso .................. 52
4.7.2 Análise e discussão dos resultados da meta de redução do tempo de
montagem ................................................................................................................. 53
4.7.3 Análise e discussão dos resultados da meta de redução de quantidade de
solda utilizada ............................................................................................................ 53
4.7.4 Análise e discussão dos resultados da meta de redução de custo................... 53
5 CONCLUSÃO .................................................................................................. 55
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 55
APÊNDICE A – Junta encaixável ............................................................................ 60
APÊNDICE B – Conjunto de montagem da estrutura ........................................... 61
APÊNDICE C – Lista de peças do conjunto de montagem da estrutura............. 62
12
1 INTRODUÇÃO
Os Quadros Gerais de Baixa Tensão (QGBT) são geralmente utilizados na
entrada principal de energia elétrica de grandes instalações comerciais e industriais,
e têm como função controlar e proteger o circuito elétrico de distribuição. Estão
normalmente presentes em aeroportos, hotéis, shopping centers, centros
comerciais, estações de tratamento, hospitais e indústrias em geral. Como pode ser
visto na Figura 1, os QGBTs têm normalmente uma estrutura modular e são
geralmente compostos por componentes eletrônicos de proteção e distribuição,
estrutura metálica, separadores metálicos como bandejas e blindagens,
fechamentos metálicos, suportes e placas de montagem para componentes.
Figura 1 - Quadro Geral de Baixa Tensão (QGBT)
Fonte: página da WEG: <http://www.weg.net/catalog/weg/BR/en/Electric-Panels/Low-Voltage-Motor-
Control-Centers>, acessado em Fev. 2017
Com o passar do tempo e o avanço da tecnologia, a procura por QGBT
aumentou em larga escala. Esse aspecto tem pressionado os fabricantes a
buscarem novas alternativas para agilizar seu processo produtivo e diminuir o custo
do produto.
13
Perante o cenário de competição comercial atual, se torna necessário
algumas medidas para permitir a redução de custo, como, por exemplo, a
simplificação dos processos de manufatura e montagem, que além da redução de
custo permitem minimizar os índices de falhas e reduzem da necessidade de
controle. Operações de montagem tem valor agregado considerável em relação ao
produto final. Ao reduzir o tempo de montagem, o custo do produto automaticamente
torna-se menor.
Deve-se ressaltar que atualmente existe uma série de ferramentas para
auxiliar o projetista na etapa de desenvolvimento, tendo como objetivo ampliar a
visão do desenvolvedor para não focar apenas nas características necessárias do
produto, mas também elaborar formas de montagem rápida. Uma das ferramentas
que apresentam ótimos resultados é o Design for assembly (DFA), ou seja, projeto
para montagem, que resumidamente consiste em obter um produto simplificado,
com o menor número possível de peças, utilizando encaixes que facilitem o
processo de montagem (BRALLA, 1996).
Este trabalho apresenta o desenvolvimento de uma estrutura metálica de um
QGBT para ser fabricado por uma indústria da região, a WEG, substituindo um de
seus produtos atuais. Essa estrutura poderá ser aplicada em uma família de
produtos desta empresa, pois serão mantidas as características modulares dos seus
produtos anteriores na linha de QGBTs. Será aplicada uma metodologia de
desenvolvimento de produto e também uma ferramenta para possibilitar a redução
de custo.
1.1 Problema
De que forma é possível executar o desenvolvimento de uma estrutura
metálica de QGBT competitiva, peso reduzido, de baixo custo, com processo de
fabricação simplificado, de boa qualidade e com a aplicação da ferramenta DFA?
1.2 Justificativa
O presente trabalho tem como meta desenvolver um produto competitivo, de
peso reduzido, com processo produtivo simplificado e com montagem rápida para a
empresa WEG. Dessa maneira, ao obter uma montagem rápida com peças leves,
auxiliam-se os montadores na parte ergonômica.
14
Com o resultado deste trabalho deverá ser fortalecida a presença dessa
empresa no mercado dos QGBT, ao proporcionar um produto competitivo, tanto no
prazo de entrega quanto no custo reduzido. Considerando que o número de
empregos em nossa região está diretamente ligado ao crescimento dessa empresa,
espera-se, com esse trabalho, colaborar indiretamente com a renda local.
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo geral
Desenvolver uma estrutura metálica para QGBT com baixo custo, tempo de
montagem reduzido, leve e simplificada, resultando assim em um produto
competitivo.
1.3.2 Objetivos específicos
Desenvolver a estrutura com o conceito de projeto da ferramenta DFA;
Reduzir etapas do processo de fabricação do produto em desenvolvimento,
em comparação ao que é aplicado nos produtos atuais da empresa;
Aplicar a engenharia simultânea durante o desenvolvimento dessa estrutura.
15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Com o objetivo de sanar algumas dúvidas e indagações, são apresentados ao
leitor, durante este capítulo, os diversos conceitos, metodologias e ferramentas
utilizadas no desenvolvimento deste trabalho.
Este referencial teórico será dividido em cinco partes: processos de
desenvolvimento de produtos (PDP), engenharia simultânea, projeto para X (DFX),
projeto para a montagem (DFA), projeto para montagem e recomendações ao
projetista.
2.1 Processos de Desenvolvimento de Produtos (PDP)
Em meio a uma competição severa do mercado atual, as indústrias em todo o
mundo investem cada vez mais em ferramentas e metodologias de projeto como
poderoso meio de aumentar a qualidade dos produtos tornando-os mais
competitivos.
Pahl et al. (2005) mencionam que, em geral, produtos somente têm êxito
quando satisfazem três condições:
Atendem aos requisitos dos clientes;
Marcam presença no mercado na hora certa (time-to-market);
Possibilitam preços praticáveis no mercado.
Para Norton (2013), o processo de desenvolvimento de produto (PDP) se
resume em dez passos. São eles:
Identificação da necessidade;
Pesquisa de suporte;
Definição de objetivos;
Especificação de tarefas;
Síntese (Concepção e inovação);
Análise;
Seleção da solução mais promissora;
Projeto detalhado;
Protótipo e teste;
Produção.
16
Segundo Back et al. (2008), o custo do produto é definido a partir das
tomadas de decisões nas primeiras fases de seu ciclo de vida.
As decisões tomadas pelo projetista, durante o desenvolvimento do produto,
influenciam nos custos e na qualidade do processo de montagem. (PAHL et al.,
2005)
Para Baxter (1998), os primeiros passos do desenvolvimento definem o
sucesso ou o fracasso do produto no mercado. Dessa forma pode-se dizer que a
fase inicial, assim como as primeiras decisões e as metas que são traçadas durante
o PDP são as mais importantes, e devem ser executadas com o maior cuidado.
Rozenfeld et. al. (2006), apresentam o PDP divido em várias etapas, conforme
mostra a Figura 2.
Figura 2 - Modelo de referência do PDP
Fonte: adaptado de Rozenfeld et al. (2006)
Para Rozenfeld et al. (2006), o foco do projeto informacional é converter as
informações levantadas nas etapas anteriores do PDP, em uma lista de requisitos do
produto, que também podem ser chamados de metas.
Durante a etapa do projeto conceitual, ocorre a transformação de todas as
informações e metas, que foram concebidas durante o projeto informacional, em
características do projeto do produto. Essas características permitem dar a forma
inicial, definir as funções e o layout do produto. Nessa fase também são feitos os
17
primeiros modelos, sendo eles esboços ou propostas virtuais, permitindo assim
apresentar as características do projeto, possibilitando uma análise mais
aprofundada do produto.
Na fase do projeto detalhado, é executado o projeto propriamente dito,
apresentando todos os dimensionais, peças e formas, onde cada peça, conjunto ou
lote recebe um desenho. A partir desse momento é possível definir todo o processo
de fabricação do produto. Pode ser realizada a fabricação de protótipos com o
objetivo de avaliar possíveis erros de projeto, funcionalidade correta do produto,
assim também como todas as ferramentas e máquinas necessárias para a
fabricação e montagem do produto.
Perante a necessidade de desenvolvimento de um produto, é possível
classificar o tipo de projeto que será executado.
Segundo Rozenfeld et. al. (2006), os tipos de projetos podem ser
classificados como:
Projetos radicais;
Projetos plataforma ou próxima geração;
Projetos incrementais ou derivados.
O tipo de projeto de produto aplicado no presente trabalho é classificado
como projeto plataforma ou próxima geração.
De acordo com Rozenfeld et al. (2006), é característica de um projeto
plataforma ou próxima geração, o desenvolvimento de um produto que possui um
novo sistema de soluções para o cliente, que pode possibilitar uma nova geração de
família de produtos. Além disso, pode ser utilizado como estrutura básica para todo
modelo de uma família de produtos existentes, desde que durante a etapa de
desenvolvimento seja mantida uma ligação tanto com as gerações anteriores quanto
com as posteriores.
18
2.2 Engenharia Simultânea
Para que o desenvolvimento do produto seja feito em consenso com as demais
áreas da empresa, com o objetivo de alinhar as características necessárias do
produto com as necessidades do cliente, assim também como as necessidades da
fábrica, existe a engenharia simultânea. De acordo com Hartley (1998), engenharia
simultânea considera vários requisitos além das funcionalidades necessárias do
produto durante processo de desenvolvimento de produtos, como por exemplo:
manufatura, qualidade, montagem e vendas.
As Figuras 3 e 4 apresentam a esquematização das sequências aplicadas no
processo de desenvolvimento de produto, conforme a engenharia tradicional e a
engenharia simultânea.
Figura 3 – Sequência da Engenharia Tradicional
Fonte: Kruglianskas (1995)
Figura 4 – Sequência da Engenharia Simultânea
Fonte: Kruglianskas (1995)
19
Como pode ser verificado na Figura 2, a engenharia tradicional tem como
características: possuir etapas sequenciais, com pouca interação entre as etapas, e
com um ciclo de desenvolvimento de produto relativamente longo. Já a engenharia
simultânea, conforme apresentado na Figura 3, possui uma interação entre todas as
etapas, e um ciclo reduzido de desenvolvimento de produto.
Para Melloni (1998), a engenharia simultânea cria a possibilidade de integração
de várias áreas, desde a ideia inicial do produto até o lançamento, isso permite a
transferência de experiências, conhecimentos e recursos entre as equipes
ampliando assim a assertividade, a qualidade, a redução do “time-to-market”, a
redução de custo de desenvolvimento e, por fim, possibilita a criação de produtos
com sucesso. Ainda segundo o autor, os principais objetivos da engenharia
simultânea são:
Reduzir os custos do produto em todo o seu ciclo de vida;
Reduzir o tempo de desenvolvimento do produto;
Ampliar a qualidade;
Ampliar a assertividade.
Prasad (1996) define a engenharia simultânea como um desenvolvimento
paralelo e integrado de produtos, que possibilita uma visão ampla de todos os
elementos do ciclo de vida do produto.
Rozenfeld (2014) cita que houve várias ampliações dos conceitos da
engenharia simultânea a partir da utilização de softwares (Computer Aided Design -
CAD/ Computer Aided Engineering - CAE/ Computer Aided Manufacturing - CAM) e
da aplicação de ferramentas de projeto (DFX, QFD, entre outras).
Segundo Beercheck (1990), a transferência de informações e dados de
projetos da engenharia para o chão de fábrica, pode ser considerado o maior
benefício da engenharia simultânea, pois ela permite a redução do ciclo de
fabricação, desde que essa transferência seja feita através de softwares como CAM
e CAD.
20
2.3 Projeto para a X (DFX)
2.3.1 Conceituação
De acordo com Romeiro Filho et al. (2011), para atender a competitividade do
mercado consumidor, foram desenvolvidas ferramentas para a metodologia de
projetos, que auxiliam o projetista na criação de novos projetos, levando em
consideração que isso se torna um trabalho complexo devido à tecnologia atual.
“Essas ferramentas (ou métodos) de projeto são chamadas genericamente de DFX,
ou Design for X (projeto para X). ” (ROMEIRO FILHO et al., 2011, p. 202)
Para Holt et al. (2009), o objetivo do DFX é atingir a excelência em cada fase
do ciclo de vida do produto. Desta forma a ferramenta de projeto DFX é conhecida
como “Design for eXellence”.
Bralla (1996) define o DFX como uma ferramenta onde as fases do ciclo de
vida do produto são meticulosamente analisadas durante a fase de desenvolvimento
do produto.
De acordo com Bralla (1998), o Design for X (DFX), consiste em projetar
produtos, utilizando boas práticas que maximizam as características desejáveis, tais
como:
Alta qualidade;
Confiabilidade;
Facilidade de manutenção;
Ergonomia;
Minimizar os custos de fabricação.
Segundo Romeiro Filho et al. (2011), o DFX tem como objetivo levar ao
mercado um produto que possa ser fabricado de forma rápida e com boa qualidade,
tornando-o competitivo. A comunicação e cooperação entre as áreas de engenharia
e de processos é de suma importância e é a base deste conceito. Os principais
desdobramentos do DFX são:
Design for Manufacturing (DFM);
Design for Assembly (DFA).
21
2.3.2 Design for Manufacture and Assembly (DFMA)
Conforme apresentado por Boothroyd et al. (2002), tanto o DFM como o DFA
possuem conceitos e objetivos semelhantes. Para os autores, quando há a
aplicação das ferramentas de projeto DFM e DFA, durante o desenvolvimento de um
produto, ocorre o aumento da eficiência dos processos produtivos, principalmente
nas etapas de manufatura e montagem. A aplicação de ambas ferramentas
combinadas, Design for Manufacture (DFM) juntamente com o Design for Assembly
(DFA), mantendo seus conceitos e objetivos, resultam no Design for Manufacture
and Assembly (DFMA).
Boothroyd et al. (2002) apresentam os principais objetivos resultantes da
combinação supracitada. São eles:
Auxiliar no desenvolvimento de um produto simples e de baixo custo. A
redução do custo do produto deve-se principalmente à simplificação dos
processos de fabricação e montagem;
Garantir que o projetista não trabalhe totalmente focado somente nas
características do produto, mas também possibilita uma visão voltada à
fabricação e montagem do produto, desta forma aprimorando a
produtividade;
Difundir as experiências entre projetistas, que normalmente são adquiridas
durante o passar dos anos, ficando armazenadas com os projetistas mais
experientes. Isso possibilita um processo de desenvolvimento mais
inteligente e amplia o nível das análises e ideias geradas pelas equipes de
desenvolvimento e projetistas durante a criação de um novo produto.
Pode-se ressaltar que desta forma o processo de desenvolvimento torna-
se autossuficiente;
Gerar uma base de dados, com o objetivo de auxiliar possíveis
verificações futuras das etapas de montagem e fabricação, como por
exemplo: estudo de tempos;
Promover a comunicação entre o projetista e os demais setores envolvidos
durante o desenvolvimento do produto, para que as diversas decisões
tomadas durante essa etapa fiquem arquivadas, facilitando desta forma
qualquer consulta futura.
22
2.4 Projeto para a Montagem (DFA)
Para o presente trabalho a questão de pesquisa poderia ser expressa por: De
que forma é possível executar o desenvolvimento de uma estrutura metálica de
QGBT competitiva, peso reduzido, de baixo custo, com processo de fabricação
simplificado, de boa qualidade e com a aplicação da ferramenta DFA?
2.4.1 Conceituação
O objetivo desta ferramenta é simplificar o produto, ou seja, “um processo
para aprimorar o projeto do produto, para obter uma montagem fácil e de baixo
custo, focando-se na funcionalidade e na facilidade de montagem simultaneamente.
” (SALUSTRI E CHAN, 2005, p.1)
Segundo Costa et al.(2005), o produto ideal, para a ferramenta DFA, tem
apenas uma peça, ou seja, quanto maior número de peças, maior é a dificuldade da
manutenção da eficiência da linha de montagem.
Para Scur (2009), apesar de ser um desenvolvimento recente, muitas
indústrias já vêm utilizando o DFA, como por exemplo a General Electric, que
publicou, por volta de 1960, um manual interno de orientações para auxiliar os
projetistas, que se encaixam nos princípios do DFA.
De acordo com Pahl et al. (2005), a qualidade da montagem e os recursos
dependem do tipo e número de operações de montagem, assim também como a sua
execução.
Para Romeiro Filho et al. (2011), o DFA melhora a eficiência do processo de
montagem a partir de uma análise aprofundada de novas concepções do projeto.
Esta ferramenta tem como objetivo simplificar o produto, facilitar a montagem, com
custos operacionais mais baixos, mas mantendo todas as funcionalidades do
produto (BOOTHROYD et al (2002); REDFORD; CHAL (1994)).
Segundo Bralla (1996), reduzir a quantidade de peças é crucial quando se
aplica a ferramenta DFA durante o desenvolvimento do produto, além disso, deve ser
avaliado a possibilidade de montagem em subconjuntos (dividindo a montagem em
etapas). O autor lista os princípios que devem ser aplicados na etapa de
desenvolvimento. São eles:
23
Padronizar os desenhos. Usar documentos padronizados sem muitas
variações de layouts de apresentação e estilos;
Utilizar subconjuntos modulares. Um módulo específico pode ser aplicável
a diferentes produtos gerando benefícios em produção em escala
Utilizar montagem vertical. Montagem com o auxílio da gravidade.
2.4.2 Vantagens na utilização do DFA
Segundo Bralla (1998), Design for Assembly - DFA, ou seja, projetar para
montagem, é simplificar o produto, reduzindo o número de peças, assim a sua
montagem será mais fácil e mais rápida. Um produto concebido para facilitar a
montagem pode proporcionar benefícios em toda a empresa. Benefícios adicionais,
quando o número de peças é reduzido, são: menos documentos de engenharia e
controle de produção, menor necessidade de documentos de inspeção e controle de
qualidade, menos configurações, menos movimentação de materiais e redução da
carga de trabalho de compras.
Para Boothroyd et al.(2002), a análise sistemática fornecida pela ferramenta
DFA durante o desenvolvimento de um produto, resulta em uma série de vantagens.
Os custos dos processos de montagem e manufatura ficam exponencialmente
reduzidos devido a simplificação do produto, que por sua vez, possibilita uma série
de vantagens para a empresa diretamente atreladas aos custos e despesas, sendo
elas: menos desenhos, menos mão-de-obra etc. Entretanto, deve-se ressaltar que
não necessariamente o custo reduzido é o foco da empresa, muitas vezes a
qualidade dos produtos é o objetivo principal, desta forma a ferramenta DFA pode
auxiliar na qualidade de montagem, levando em consideração que é um processo
simples, reduzindo os erros durante esse processo e possibilitando a venda de
produtos de qualidade.
2.5 Projeto para Montagem, Recomendações ao Projetista
Neste ponto ocorre um desdobramento na questão de pesquisa: Quais
cuidados o projetista deve ter para facilitar a montagem?
24
2.5.1 Tipos de montagem
Daabub e Abdalla (1999) classificam os tipos de montagem em seis
categorias:
Manualmente montado;
Manualmente montado com auxílio mecânico;
Automaticamente montado usando equipamento de indexação;
Automaticamente montado usando equipamento de transferência e
posicionamento dedicado;
Automaticamente montado com sistema de transferência e
posicionamento programável;
Automaticamente montado com a aplicação de robôs.
2.5.2 Montagem Manual – Manuseio
Para Scur (2009), o processo de montagem manual pode ser separado em
duas áreas:
Manuseio (aquisição, orientação e movimentação de peças)
Inserção e fixação (encaixe de uma peça em outra peça)
Gurgel (2001) conceitua o manuseio como sendo a movimentação de
materiais ou ferramentas de forma manual, sem o auxílio de equipamentos.
Romeiro Filho et al. (2011) apresentam quais são os principais parâmetros
que influenciam o processo de montagem manual. São eles:
Necessidade da peça;
Necessidade de orientação;
Possibilidades de manipulação;
Direções e sentidos de montagem;
Dificuldades de inserção;
Necessidade de ferramentas especiais para manipulação;
Visibilidade na inserção;
Operações preparatórias;
Aspectos ergonômicos.
25
2.5.3 Aplicação do DFA durante o desenvolvimento do Produto
Segundo Boothroyd et al.(2002), durante a etapa de desenvolvimento de um
produto, existem uma série de recomendações que o projetista deve atentar para
facilitar a montagem manual. São elas:
Projetar peças simétricas em todos os sentidos possíveis;
Quando não for possível projetar peças simétricas, projetar peças que
sejam claramente assimétricas;
Evitar elementos que permitam emaranhamento de peças quando
armazenadas;
Evitar peças que que sejam perigosas (pontiagudas); muito grandes ou
muito pequenas.
Para Bralla (1998), o projetista deve entender o método de montagem a ser
usado e saber que ferramentas e acessórios serão utilizados durante a montagem.
O projetista deve olhar para o conjunto ou subconjunto à procura de um meio de
reduzir o custo de produção. Uma montagem deve ser usada quando os resultados
desejados e custos reduzidos (incluindo investimento no ferramental) poderão ser
conseguidos, de melhor forma, com um grupo de peças do que com uma parte
individual mais complexa. Cada um dos componentes ou a montagem deve ser
concebido para reduzir o número de processos de fabricação e operações de
montagem.
De acordo com Boothroyd et al.(2002), o projetista deve estar atento para as
condições específicas de montagem e a facilidade na inserção de peças:
Utilizar processos de fixação que agilizem montagem (encaixe,
rebitamento, etc.);
Projetar encaixes com pouca ou nenhuma resistência à inserção das
peças (prever chanfros ou guias para facilitar a inserção);
Padronizar peças, processos e métodos;
Usar montagem do tipo pirâmide;
Evitar a necessidade de redirecionamento de montagem.
26
De acordo com Pahl et al. (2005), de forma prática, durante o detalhamento
do projeto, é possível ser alcançada uma melhoria no processo de montagem, que
garante qualidade pela:
Decomposição;
Diminuição;
Padronização;
Simplificação.
Bralla (1998), apresenta as recomendações gerais para um projeto para a
montagem, auxiliando o projetista durante a etapa de desenvolvimento do produto.
Na sequência algumas delas:
Utilizar fixadores padrões, visando o mínimo de tamanhos e modelos
possível;
Utilizar a menor quantidade possível de fixadores;
Dar preferência na montagem em subconjuntos, ou seja, que permita uma
pré-montagem antes da montagem final, dessa forma facilitando o
processo de montagem, assim também como proporcionando qualidade e
confiabilidade;
Evitar muitos níveis de subconjuntos, pois isto pode acarretar em uma
sobre carga na fábrica, aumentando a movimentação e necessidade de
verificação;
Projetar peças que não permitam a inserção incorreta por meio de sua
geometria, conforme mostra a Figura 5.
27
Figura 5 - Peças projetadas para impedir inserção incorreta
Fonte: adaptado de Bralla (1998)
Dar preferência para montagens de cima para baixo, onde a gravidade
pode auxiliar;
Evitar montagens que necessitem de inserção simultânea de várias peças,
especialmente quando o espaço é limitado;
Projetar peças que se alinham automaticamente na posição correta,
conforme mostra a Figura 6.
Figura 6 – Peças que se posicionam automaticamente
Fonte: adaptado de Bralla (1998)
Eliminar tolerâncias e ajustes quando possível;
28
Utilizar furos maiores para inserção de fixadores, facilitando assim o
alinhamento das peças para fixação. Um exemplo desta boa prática está
representado na Figura 7.
Figura 7 – Furos maiores para facilitar a montagem
Fonte: adaptado de Bralla (1998)
Conforme citado pelo autor, em resumo, o DFA orienta ao projetista que utilize
na concepção do projeto do produto, peças simples, que devem ser unidas, quando
possível, por meio de juntas encaixáveis.
29
3 METODOLOGIA
Para tornar possível o desenvolvimento de uma estrutura metálica para QGBT
com baixo custo, tempo de montagem reduzido, leve e simplificada, resultando
assim em um produto competitivo, é necessário a aplicação de ferramentas
modernas de desenvolvimento de produto.
A aplicação da ferramenta DFA tem como principal objetivo reduzir o tempo de
montagem, e consequentemente o custo do produto. As características e conceitos
da ferramenta permitiam a ampliação da visão da equipe de desenvolvimento para a
montagem do produto.
A engenharia simultânea foi aplicada devido aos possíveis benefícios em
várias etapas do ciclo de vida do produto, como: maior assertividade, melhor
qualidade, redução de custo e tempo de desenvolvimento. Esses benefícios são
possíveis devido ao compartilhamento de experiências, conhecimentos e recursos
entre as equipes que participaram do desenvolvimento do produto.
No presente trabalho foi executado um projeto de produto que pode ser
classificado, conforme Rozenfeld et al. (2006), como projeto plataforma ou próxima
geração, pois a estrutura que foi desenvolvida pode ser utilizada como base para
toda uma família de QGBTs da empresa.
Na Figura 8 é apresentado um fluxograma que demonstra a metodologia e o
desenvolvimento executado, assim como as ferramentas aplicadas para obter os
resultados desejados:
30
Figura 8 – Fluxograma de etapas e ferramentas
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)
31
3.1 Definição das características do produto
Rozenfeld (2006) define a etapa que antecede o desenvolvimento como pré-
desenvolvimento. Nesta etapa ocorre o planejamento das estratégias definidas pela
empresa, pesquisa de necessidades do mercado que o produto em desenvolvimento
irá atingir e a definição das suas características.
Na fase que antecedeu o desenvolvimento do projeto do produto, foi realizada
uma análise do mercado. Foram verificados produtos de concorrentes e também as
necessidades dos clientes, verificações essas foram executadas por equipes de
apoio, formadas por pessoas que têm contato direto com clientes e com o mercado.
A análise dos concorrentes trouxe informações construtivas para o desenvolvimento
do produto. Já a análise das necessidades dos clientes tornou possível a
identificação das principais características do produto.
Dessa forma, a partir das informações levantadas, houve uma tomada de
decisão, pela gestão da empresa, que definiu as seguintes características e forma
construtiva do produto a ser projetado:
Possuir furos para a fixação equidistantes, distribuídos com 25mm de
distância;
Possibilitar a fixação no piso, normalmente executada com chumbadores;
Permitir sustentação, como por exemplo: por meio de talha ou empilhadeira;
Possuir uma estrutura de peso reduzido para facilitar toda a logística
integrada durante a fabricação e o transporte até o cliente final;
Possuir baixo custo de fabricação;
Possuir as formas de fabricação já aplicadas pela empresa, sem necessidade
de terceirização ou investimentos em equipamentos e ferramentais para a
execução da sua manufatura.
A lista de características necessárias do produto a ser desenvolvido foi
enviada para a equipe de desenvolvimento. Dessa forma, foi possível iniciar o
projeto informacional.
32
3.2 Projeto informacional
Conforme apresentado por Rozenfeld (2006), a fase de projeto informacional
tem como objetivo transformar as informações levantadas durante a etapa do pré-
desenvolvimento em requisitos de projeto, que também podem ser chamados de
metas, obtendo de forma completa um conjunto de informações mais direcionadas
ao desenvolvimento do produto. As metas que são traçadas durante a etapa do
projeto informacional servem para facilitar a geração de soluções, facilitar tomadas
de decisão futura e, ainda, definir critérios para avalição dos resultados obtidos.
Pode-se dizer que ao aplicar as soluções corretas para os problemas encontrados,
evitam-se problemas futuros.
O início da etapa do projeto informacional foi dado a partir do recebimento da
lista das características necessárias do produto em desenvolvimento. Então foi feito
uma análise do produto atual, com o objetivo de identificar possíveis melhorias, que
podem ser convertidas em requisitos de projeto. Essa análise foi executada pela
equipe de desenvolvimento.
O produto atual da empresa possui 3 perfis verticais que são aparafusados
em uma peça na parte inferior e outra peça na parte superior sendo que nenhuma
delas possui encaixe ou simetria para facilitar a montagem. Além disso possui uma
séria de peças para executar os fechamentos e conferir resistência mecânica a
estrutura. A base é um conjunto de peças soldadas com necessidade de
acabamento na solda.
Todas as informações levantadas durante a análise foram passadas a um
grupo de gestores da empresa, que as transformaram em metas de desenvolvimento
do produto. As metas que foram traçadas são:
Redução do custo: 30% menor do que o produto atual;
Redução de peso: 20% menor do que o produto atual;
Eliminar pelo menos uma etapa do processo de manufatura;
Redução do tempo de montagem: 40% menor do que o produto atual;
Redução da quantidade de solda utilizado: 20% menor do que o produto
atual;
Possibilidade de fixação no piso e sustentação.
33
Para obter a tomada de decisão correta, quanto ao corte de uma etapa do
processo de manufatura do produto, precisou-se conhecer e avaliar todo o processo
em questão, já aplicado na família de produtos (QBGTs) atuais da empresa. O
processo de fabricação atualmente utilizado segue uma sequência ilustrada na
Figura 9.
Figura 9 – Fluxograma das etapas de manufatura atualmente aplicadas
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)
Ao obter as informações do processo produtivo atual, pode-se executar uma
análise sucinta, separando as etapas indispensáveis das possíveis etapas que
podem ser substituídas ou eliminadas. Esta separação foi executada a partir da
apresentação dos objetivos e necessidades atendidas por cada etapa. A análise em
questão é apresentada na Tabela 1.
Tabela 1 – Analise das etapas de manufatura do produto atual
Etapas Objetivos e Necessidades Resultado
Corte de chapas
Obter o Blank que posteriormente
é conformado;
Dar a forma inicial a peça.
Indispensável
Conformação das
chapas Obter a geometria necessária. Indispensável
34
Soldagem das peças
Unir peças para obter uma forma
que não é possível apenas com a
etapa de conformação.
Indispensável
Acabamento das peças
soldadas
Obter boa estética na solda em
peças que ficam visíveis, ou seja,
na parte externa do produto
acabado.
Dispensável
Pintura
Obter a aparência desejada;
Proporcionar ao produto a
característica de ter resistência a
um determinado grau de corrosão.
Indispensável
Montagem manual Unir as peças para dar forma final
ao produto. Indispensável
Fonte: Elaborada pelo autor (2016)
Para evitar que soldas de acabamentos indesejáveis fiquem visíveis na parte
externa do produto, a solução que pode ser aplicada é extremamente simples, basta
não executar soldagem nas faces externas das peças.
A partir da finalização da análise das etapas do processo de manufatura,
pode-se apresentar a proposta do novo processo de fabricação do produto em
desenvolvimento. A Figura 10 apresenta a proposta do novo processo de fabricação.
35
Figura 10 – Fluxograma da proposta das etapas de manufatura
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)
O custo do produto atual da empresa gira em torno de 900 reais,
considerando a soma entre custos fixos e variáveis, portando considerando que a
meta traçada para a redução de custo é de 30%, o produto em desenvolvimento
deve custar em torno de 600 reais.
As metas definidas de redução de peso, eliminação de pelo menos uma etapa
do processo de manufatura, redução do tempo de montagem e redução do
comprimento de solda utilizado, contribuem diretamente na redução de custo do
produto.
3.3 Projeto conceitual
Para Rozenfeld (2006), o projeto Conceitual apresenta as características, a
forma e as funções do produto. Ao término do projeto informacional, tem-se a
relação das metas que o PDP tem como objetivo alcançar, então o projeto conceitual
trabalha na transformação das metas em soluções e princípios para serem adotados
durante o desenvolvimento do produto.
A partir deste contexto, nesta etapa apresentamos o desdobramento das
metas e as características do produto em desenvolvimento. Será apresentado as
ferramentas que foram utilizadas durante a concepção do produto, e também, a
proposta virtual e a maquete em escala reduzida.
Para poder iniciar o projeto conceitual foi necessário executar um
desdobramento das metas, com o objetivo de definir as características e a forma do
36
produto em desenvolvimento. Executou-se então, uma pesquisa sobre qual
ferramenta facilitaria o alcance das metas. Essa pesquisa foi executada juntamente
com auxílio do campus do Instituto Federal de Santa Catarina Geraldo Werninghaus,
mais especificamente do professor orientador deste trabalho, Prof. Dr. Gil Magno
Portal Chagas.
A ferramenta de projeto DFA possui a característica de elaborar projetos para
a montagem, ampliando a visão do projetista para obter soluções, detectar
problemas e propor melhorias do processo de montagem a partir de conceitos
básicos de projeto.
Executou-se então, o desdobramento das metas juntamente com a aplicação
dos conceitos da ferramenta DFA. O desdobramento das metas, possibilitou a
criação de uma lista de requisitos para o produto em desenvolvimento. Essa lista de
requisitos foi definida com o apoio das áreas de processos engenheirados,
departamento de vendas e também de funcionários experientes da fábrica, seguindo
os princípios da engenharia simultânea. Na sequência são apresentados os diversos
requisitos que o novo produto deve atender:
Pouca utilização de matéria prima;
Baixo número de peças;
Peças com baixa quantidade de solda;
Soldas sem processo de acabamento;
Baixa quantidade de elementos de fixação;
Pouca variedade de fixadores;
Possibilidade de fixação no piso e sustentação;
Furos para a fixação equidistantes, distribuídos com 25mm de distância;
Produto simplificado;
Montagem em subconjuntos;
Montagem vertical, auxiliada pela gravidade;
Peças simétricas;
Peças que sejam claramente assimétricas, quando não for possível projetar
peças simétricas;
Peças que não se emaranhem quando armazenadas;
Conjuntos e subconjuntos encaixáveis;
Peças que não permitam a inserção incorreta;
37
Peças que se alinham automaticamente na posição correta.
A partir do desdobramento das metas e definição da lista de requisitos devido
à aplicação da ferramenta DFA, torna-se possível o desenvolvimento das
concepções do produto.
Executou-se uma análise de como seria o produto, considerando que deve ter
poucas peças e possuir encaixes. Tem-se então a ideia de utilizar perfis metálicos,
que sejam simétricos quando possível, e possuam juntas encaixáveis, lembrando
que o QGBT tem a forma de um cubo tridimensional. A Figura 11 apresenta um
esboço, contendo a ideia mais detalhada.
Figura 11 – Esboço da ideia do produto
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)
As uniões dos perfis devem ser feitas por uma peça com geometria que
impeça a montagem incorreta, que alinhe automaticamente na posição correta os
perfis, que seja rígida o suficiente para garantir o esquadrejamento da estrutura e
resistência mecânica considerável. Contudo, deve-se ter o cuidado de não utilizar
muitos elementos de fixação, dessa forma a fixação dos perfis na junta deve ser feita
por um ou no máximo dois parafusos. É indispensável que o produto não tenha mais
38
do que três tipos diferentes de fixadores.
A Figura 12 mostra a proposta da junta que contém três direções de encaixe,
sendo que cada direção possui uma forma diferente para impedir que ocorra
montagem incorreta, conforme conceito da ferramenta DFA. A proposta virtual da
junta foi elaborada por meio do software SolidWorks.
Figura 12 – Proposta virtual da junta
Fonte: Elaborada pelo autor (2016)
Para possibilitar a aprovação dos conceitos e da forma construtiva do produto,
foi fabricada uma maquete em escala reduzida, com o apoio da seção de processos
engenheirados e da fábrica. A Figura 13 mostra a maquete.
39
Figura 13 – Maquete em escala reduzida
Fonte: Elaborada pelo autor (2016)
Os requisitos definidos no começo do projeto conceitual, tornaram possível a
geração de soluções para o produto em desenvolvimento. A maquete em escala
reduzida juntamente com as soluções foram levadas para aprovação por um grupo
de gestores da empresa.
40
3.4 Projeto detalhado
De acordo com Rozenfeld (2006), o detalhamento do projeto é executado neste
momento. Todas as peças recebem desenhos, assim como os conjuntos e
subconjuntos. As informações dos processos de fabricação e montagem são
definidas por completo nesta etapa. A prototipagem também pode ser feita com o
objetivo de testar, avaliar e otimizar o produto.
Nesta etapa é apresentado o detalhamento das peças e os protótipos que
foram fabricados para validação do projeto. Todos os desenhos das peças, conjuntos
e subconjuntos de montagem foram feitos por meio do software de CAD Solid
Works.
Durante o detalhamento das peças e conjuntos de montagem houve o
acompanhamento das equipes de processos e funcionários experientes da fábrica,
para verificar possíveis melhorias, seguindo os princípios da engenharia simultânea.
Após a proposta virtual da junta encaixável e a maquete em escala reduzida
serem aprovadas, pôde-se detalhar a estrutura como um todo, iniciando obviamente
pela peça mais complexa e mais importante do produto: a junta encaixável.
A peça que executa a função da junta encaixável deve obedecer aos conceitos
da ferramenta DFA, pois essa é a peça que será mais utilizada na estrutura,
somando um total de oito peças por estrutura, além disso, deverá possuir pouca
solda, isentar todo e qualquer tipo de acabamento da solda e principalmente ser
simétrica. O apêndice A mostra o detalhamento da junta encaixável.
Os perfis estruturais devem ser isentos de solda, simétricos quando possível e
possuir um peso reduzido. Todas essas características respeitam os requisitos
estabelecidos para o projeto.
A base do QGBT deve permitir a fixação no piso, assim como possuir pouca
quantidade de solda. Esse componente sofre o maior carregamento que pode ser
aplicado na estrutura, portanto, a resistência mecânica deve ser elevada. É
necessário que a base seja projetada de forma que facilite a montagem, conforme o
DFA, logo deve impedir a montagem incorreta e ser simétrica. As Figuras 14 e 15
apresentam a solução encontrada que atende os requisitos supracitados.
41
Figura 14 – Base do produto fixado na junta. Perspectiva superior
Fonte: Elaborada pelo autor (2016)
Figura 15 – Base do produto fixado na junta. Perspectiva inferior
Fonte: Elaborada pelo autor (2016)
42
Após o detalhamento de todas as peças, realizou-se o detalhamento e
definição do processo de montagem. A montagem deve ser realizada quando
possível por auxílio da gravidade. Os apêndices B e C mostram como deve ser
realizado o processo de montagem assim como a lista das peças e elemento de
fixação utilizados.
Para otimizar a montagem do produto foi avaliada a possibilidade de realizar a
pré-montagem em subconjuntos. As Figuras 16 e 17 apresentam a proposta
elaborada para possibilitar a pré-montagem em subconjuntos.
Figura 16 – Subconjunto inferior da estrutura do QGBT
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)
43
Figura 17 – Subconjunto superior da estrutura do QGBT
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)
Na proposta de montagem em subconjuntos, é executada a pré-montagem da
parte inferior da estrutura assim como da parte superior. Logo após, é posicionado o
subconjunto inferior no piso, encaixados os perfis verticais e, por fim, o subconjunto
superior.
Como citado anteriormente, todas as peças, conjuntos e subconjuntos foram
concebidos utilizando engenharia simultânea, onde foram detalhados juntamente
com a equipe de processos engenheirados e representantes da fábrica. Essa tarefa
foi executada com o objetivo de otimizar o produto e seu processo produtivo,
evitando problemas futuros.
Para permitir que o encaixe dos perfis seja executado de forma fácil e também
conferir rigidez à estrutura, é necessário que a folga entre a junta encaixável e os
perfis não seja muito pequena e também não muito elevada. Dessa forma, foi
necessária uma análise de tolerâncias e afastamentos para a folga entre as peças
que fazem parte desse conjunto. A Tabela 2 mostra como foi feita essa análise.
44
Tabela 2 – Análise de folgas e afastamentos para a junta encaixável
Tolerância de fabricação: +/- 0,2mm
Acréscimo e Tolerância de pintura: + 0,05mm até + 0,075mm
Logo:
Distancia nominal entre chapas: 0,55mm
Afastamento MAX. Somente chapa: 0,95mm
Afastamento MIN. Somente chapa: 0,15mm
Tipo de Ajuste: Folga
Afastamento MAX. Chapa com pintura: 0,85mm
Afastamento MIN. Chapa com pintura: 0
Tipo de Ajuste: Folga
Observação:
* Todas as peças recebem pintura.
É necessário manter uma folga de 0,55mm entre cada face para que o
ajuste na montagem seja considerado um ajuste com folga.
Resultado:
Fonte: Elaborada pelo autor (2016)
45
Com o objetivo de viabilizar a análise de tolerâncias e afastamentos, foi
fabricado um protótipo da junta. A Figura 18 mostra o protótipo desenvolvido.
Figura 18 – Protótipo da junta encaixável
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)
Por fim, foi fabricado o protótipo em escala real. A Figura 18 mostra o
resultado final do produto desenvolvido e apresentado no decorrer desse trabalho.
Como pode ser observado na Figura 19, o interior da estrutura contém uma
variedade de peças e acessórios de um QGBT. Os resultados alcançados e as
funcionalidades atingidas serão discutidos no próximo capítulo.
46
Figura 19 – Protótipo do QGBT completo
Fonte: Elaborado pelo autor (2016)
47
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Ao término da execução do desenvolvimento do produto, chegou-se a vários
resultados que serão apresentados e discutidos no decorrer deste capítulo. A
pesquisa nos levou à utilização de uma ferramenta de projeto, o DFA, que foi
aplicada e confrontada com os resultados para verificar se realmente auxiliou ou
prejudicou o alcance das metas do presente trabalho.
Este capítulo está divido em: avaliação da aplicação do PDP, resultados e
avaliação do projeto informacional, resultados e avaliação do projeto conceitual,
resultados e avaliação do projeto detalhado, resultados de avaliação da utilização do
DFA, resultados e avaliação da engenharia simultânea e resultados finais.
4.1 Avaliação da aplicação do PDP
A aplicação do PDP foi importante para a construção deste novo produto. O
PDP trouxe segurança e tranquilidade para a empresa de várias formas, dando
ênfase na etapa de tomada de decisão inicial, definindo os requisitos mínimos do
projeto, metas e instigando a necessidade de pesquisa antes de qualquer tarefa.
Durante a aplicação do PDP houve a participação das equipes de vendas,
gestores, processos engenheirados e funcionários da fábrica.
Os envolvidos no desenvolvimento do produto obtiveram, já no momento
inicial, as características desejadas pelos clientes e demais setores da empresa.
Dessa forma, foi possível aplicar ferramentas para facilitar o alcance das metas do
produto, e também houve um nível de assertividade elevado, devido à aplicação do
PDP.
4.2 Resultados e avaliação do projeto informacional
Primeiramente o projeto informacional trouxe as metas do produto, que foram
elaboradas com a participação dos gestores da empresa. A obtenção das metas
representa o início de todo o desenvolvimento e possibilitou as próximas tomadas de
decisão.
No segundo momento, o projeto informacional possibilitou uma análise sucinta
do atual processo de fabricação aplicado pela empresa, a fim de solucionar uma das
metas, que era o corte de uma etapa do processo de fabricação. Logo após essa
48
análise foi tomada a decisão do corte da etapa de acabamento das peças soldadas,
deixando claro de que forma o produto deveria ser projetado: não permitindo a
utilização de solda na parte externa do produto.
A análise dos custos definiu o caminho que o processo de desenvolvimento do
produto deveria seguir, que basicamente é o alcance das demais metas.
Dessa forma a aplicação do projeto informacional possibilitou um nível elevado
de confiabilidade da empresa, deixando claras todas as metas e quais
características o produto deveria ter.
4.3 Resultados e avaliação do projeto conceitual
O projeto conceitual gerou, com o auxílio da engenharia simultânea e da
ferramenta DFA, uma lista estendida de requisitos do produto, com base nas metas
que foram traçadas anteriormente.
Para a empresa, essa etapa do PDP foi importante, pois colocou em prática
todas as necessidades e metas definidas para o produto, transformando em
soluções concretas e confiáveis para o projeto.
Com relação à forma construtiva do produto, que foi obtida a partir de uma
análise executada durante o projeto conceitual, ficou definido que a estrutura do
QGBT em desenvolvimento seria formada por perfis simétricos unidos por juntas
encaixáveis. Os resultados durante a etapa da montagem foram bons, e serão
apresentados no final deste capítulo.
Durante a montagem da maquete em escala reduzida, vários resultados
positivos foram descobertos antecipadamente:
A geometria da junta encaixável impede a montagem incorreta;
No momento do encaixe os perfis se alinham automaticamente na posição
correta;
O produto ficou com uma quantidade de peças reduzida;
Para a execução da montagem, a quantidade e a variedade de fixadores
ficaram reduzidas;
É possível a execução da montagem com apenas uma ferramenta (resultado
que só foi possível alcançar devido à redução da variedade de fixadores).
49
Praticamente todos esses resultados vão ao encontro dos requisitos do produto
definidos durante essa etapa do PDP, resultando assim em uma certeza que o
desenvolvimento estava sendo executado de forma correta. Após a apresentação da
maquete e também dos resultados preliminares aos gestores da empresa, a etapa
do projeto conceitual foi aprovada e finalizada.
4.4 Resultados e avaliação do projeto detalhado
A etapa do projeto detalhado colocou em prática as soluções, que foram
desenvolvidos na etapa anterior do PDP. O detalhamento das peças foi executado
com o acompanhamento de várias áreas, mantendo a característica da engenharia
simultânea. Isso gerou um alto nível de confiança por parte da empresa, e também,
não menos importante, influenciou diretamente no nível de assertividade elevado.
Na sequência é apresentada uma avaliação das peças detalhadas e
referenciadas no apêndice B e C, os conceitos aplicados no projeto e também os
resultados que diretamente influenciam no alcance das metas:
Base (posição 1): a base ficou dividida em quatro peças totalmente simétricas,
que possuem um encaixe para impedir a montagem incorreta. Para a
execução da fabricação é necessária pouca quantidade de solda. Possui um
furo para executar a fixação do QGBT no piso. Esses resultados serão
necessários para o alcance das metas de redução do tempo de montagem e
redução da quantidade de solda utilizada.
Cantoneiras (posição 2 e 3): foram projetadas de forma simétrica e com o
mínimo de matéria prima possível. Utilizam pouca quantidade de solda na
etapa da fabricação e permitem montagem dos perfis estruturais por meio de
encaixes. Esses resultados obtidos facilitam o alcance das metas de redução
de peso, redução do tempo de montagem e redução da quantidade de solda
utilizado.
Perfis estruturais horizontais inferiores e superiores (posição 4, 5, 6 e 7):
simétricos quando possível e com peso reduzido. Permitem um tempo de
montagem reduzido.
Perfis estruturais verticais (posição 8): assim como os perfis estruturais
horizontais, são simétricos e com peso reduzido. São montados por meio de
encaixe com auxílio da gravidade, ou seja, a montagem é executada na
50
vertical, e isso é um resultado muito satisfatório pois, com aproximadamente
7,5kg, os perfis verticais são as peças mais pesadas de toda estrutura. A sua
forma geométrica impede que se emaranhem quando armazenados. Possui
furos equidistantes em 25mm para a modularização do QGBT. Esses
resultados são necessários para o alcance das metas de redução de peso e
redução do tempo de montagem.
Reforços e olhais para sustentação (posição 9, 10, 15 e 16): Peças simples e
que não possuem soldas. Permitem a elevação do QGBT, sendo essa uma
das metas do PDP.
Todos os resultados supracitados convergem em possibilitar o alcance da
principal meta, a redução de custo. A aplicação dos conceitos foi executada e o
resultados foram positivos. Desta forma o projeto detalhado foi preciso do ponto de
vista da empresa.
4.5 Resultados e avaliação da utilização do DFA
A ferramenta DFA foi aplicada durante o desenvolvimento deste produto e
possibilitou a ampliação da visão dos projetistas para o desenvolvimento de um
produto voltado para a montagem manual. Essa ferramenta foi utilizada para permitir
o alcance das metas de redução de tempo de montagem e consequentemente a
redução de custo. Após o conhecimento dos resultados, que serão apresentados no
final deste capítulo, concluiu-se que a ferramenta DFA foi importante e necessária
para o desenvolvimento do produto e o alcance das metas.
As características da ferramenta DFA que foram aplicadas, a partir de uma
análise detalhada de novas concepções do projeto, estão descritas na sequência,
assim como a avaliação do seu resultado no processo de montagem manual:
Redução do número de peças: permitiu um processo de montagem
simplificado, com menos documentos e necessidade de controle. Foi obtida
uma redução de 5 peças em comparação com o produto atual da empresa.
Montagem em subconjuntos: resultou em uma redução de tempo de
montagem em larga escala, permitindo a montagem do produto em duas
células de montagem e uma montagem final.
51
Redução da quantidade e variedade de fixadores: possibilitou a montagem de
todo o produto com apenas uma ferramenta, reduzindo o tempo de setup de
montagem.
Peças que não permitem a montagem incorreta: proporcionou um aumento na
qualidade e assertividade do processo de montagem manual.
Montagem na vertical, com o auxílio da gravidade: auxiliou no aspecto
ergonômico e também na redução do tempo de montagem.
Peças que se alinham automaticamente na posição correta: aumento na
qualidade e assertividade do processo de montagem manual.
Peças encaixáveis: característica que alterou totalmente a forma de execução
de projetos, já que a redução do tempo de montagem e a qualidade do
processo de montagem manual são os resultados da aplicação desta
característica.
Por fim, o DFA permitiu o desenvolvimento de um produto com baixo tempo de
montagem, boa qualidade e consequentemente com custo reduzido.
4.6 Resultados e avaliação da engenharia simultânea
A aplicação da engenharia simultânea auxiliou o PDP na empresa,
caracterizando o produto com vários aspectos diferenciados que facilitam
praticamente todas as etapas da manufatura, além de conferir ao produto um nível
elevado de qualidade e tempo de desenvolvimento reduzido. Esses resultados só
foram possíveis devido à participação de vários setores da empresa durante a
execução do PDP, tanto na etapa do projeto conceitual, quanto na etapa do projeto
detalhado. Mas a engenharia simultânea não traz consigo uma forma específica de
implantação ou de como deve ser executado. Diante desse problema, a engenharia
simultânea foi aplicada de várias formas, com por exemplo:
Reuniões periódicas entre os gestores de todas as áreas envolvidas na
engenharia simultânea;
Reuniões para troca de conhecimentos entre as equipes de desenvolvimento,
processos e funcionários da fábrica;
Durante a etapa do detalhamento, todos os desenhos, antes de sua liberação
final, passam para a equipe de processos para avaliação.
52
A engenharia simultânea permitiu um ganho de confiança elevado para o
produto por parte da empresa, já que várias áreas trabalharam unidas em busca de
um único objetivo: um produto competitivo.
4.7 Resultados finais
Como foi citado durante a análise e discussão dos resultados do projeto
informacional e do projeto detalhado, as metas de possibilidade de fixação no piso e
de elevação da estrutura, e também de eliminar pelo menos uma etapa do processo
de manufatura foram alcançadas.
Nesta etapa, são apresentados ao leitor os resultados quantitativos obtidos
quando confrontados com as metas, e também uma análise sucinta de cada
resultado. Na sequência a Tabela 3 apresenta os resultados quantitativos:
Tabela 3 – Resultados alcançados em comparação com o produto anterior
Meta Porcentagem da
meta
Porcentagem alcançada pelo
produto
Redução de peso 20% 4%
Redução do tempo de montagem 40% 42%
Redução da quantidade de solda utilizado 20% 40%
Redução do custo 30% 26%
Fonte: Elaborada pelo autor (2016)
4.7.1 Análise e discussão dos resultados da meta de redução de peso
Essa meta não foi alcança por dois motivos: 1) Devido aos requisitos dos
clientes, o produto teve que ficar maior que o antigo, pois deve suportar uma
quantidade maior de compartimentos; 2) durante a prototipagem final, foi verificado
que a estrutura não ficou com uma boa estabilidade, então foi feita uma reunião com
o grupo de gestores das equipes que participaram da engenharia simultânea,
quando foi decidido que a chaparia da estrutura deveria ser mais reforçada, portanto
a quantidade de matéria prima foi aumentada.
53
Por esses motivos a meta de redução de peso não foi alcançada, e
automaticamente influenciou a principal meta: a redução de custo.
4.7.2 Análise e discussão dos resultados da meta de redução do tempo de
montagem
O resultado obtido superou a meta estipulada para o produto, que só foi
possível devido à aplicação da ferramenta DFA aliada à utilização da engenharia
simultânea.
Durante a execução do projeto, como citado anteriormente, foram levados em
consideração várias características da ferramenta DFA para o produto. Isso
possibilitou uma mudança na forma de projetar e elaborar novas soluções. Essas
características, de certa forma, são simples de serem utilizadas, mas devem ser
executadas de forma correta, pois podem acarretar no aumento indesejado do custo
de fabricação das peças, ou até em sua resistência mecânica.
Durante toda a etapa do PDP houve a aplicação da engenharia simultânea,
dessa forma alguns problemas que poderiam ser causados pela aplicação da
ferramenta DFA foram evitados.
Por fim, a ferramenta DFA é uma excelente solução para desenvolver um
produto que possua uma montagem simples e de tempo reduzido.
4.7.3 Análise e discussão dos resultados da meta de redução de quantidade de solda utilizada
Essa meta foi simples de alcançar, pois o produto anterior da empresa
possuía uma quantidade elevada de solda. Todo o desenvolvimento foi feito com
base nos requisitos do projeto, sendo dois deles:
Peças com baixa quantidade de solda;
Soldas sem processo de acabamento.
Desta forma, apenas foi utilizado solda onde realmente é necessário.
4.7.4 Análise e discussão dos resultados da meta de redução de custo
Essa meta foi desde o início do PDP o maior desafio. Todas as medidas
tomadas auxiliaram no alcance dessa meta. Entretanto, não foi possível alcançar a
meta de 30%, sendo que o motivo por não ter sido possível foi que a redução de
54
peso alcançada não foi o suficiente.
A avalição preliminar de custo realizada ainda não considera os ganhos
referentes à montagem por subconjuntos, uma das características do DFA, pois
ainda não foi criada a linha de montagem do produto. Quando o produto estiver em
produção será possível melhorar a avaliação dos custos, e esses ganhos deverão
ser contabilizados.
Porém, o resultado que foi obtido neste trabalho foi de 26% de redução do
custo da estrutura metálica do QGBT em comparação com o produto anterior, que
do ponto de vista da empresa e do autor deste trabalho comprova a eficácia da
aplicação da ferramenta DFA durante o desenvolvimento do produto.
55
5 CONCLUSÃO
Para permitir o desenvolvimento de um produto competitivo, foi necessário
definir vários objetivos e metas, assim também como aplicar a ferramenta DFA e
desenvolver o produto com a aplicação da engenharia simultânea.
Para atender o mercado atual é necessário que o produto tenha um preço
acessível e um tempo de entrega reduzido. Ao cumprir esses dois requisitos
certifica-se que o produto é competitivo. É evidente que o preço do produto é
proporcional ao seu custo.
Neste contexto, este trabalho teve sempre como principal objetivo a redução
de custo do produto e um processo de fabricação simplificado.
A redução de matéria prima seria uma ótima forma de reduzir o custo,
portanto o produto foi desenvolvido inicialmente com a mínima utilização de matéria
prima, ou seja, a estrutura deveria ficar mais leve que a atual. Durante a etapa do
projeto informacional, foi definida a meta de 20% na redução do peso da estrutura
em desenvolvimento em comparação com a atual. Mas durante a avaliação das
necessidades dos clientes foi constatado que o produto deveria ficar maior que o
atual para permitir mais compartimentos, isso influenciou diretamente no peso da
estrutura. Durante a prototipagem, foi encontrado o problema de estabilidade da
estrutura. Logo foi tomada a decisão de reforça-la, ou seja, elevar a quantidade de
matéria prima utilizada. Resultando assim em uma redução de peso de apenas 4%.
Perante a necessidade de desenvolver um produto com processo de
fabricação simplificado, foi tomada a decisão de cortar a etapa de acabamento da
solda, permitindo assim o corte de uma etapa do processo de fabricação, em
comparação com o produto atual da empresa. Durante o projeto informacional foi
tomada como meta a redução da quantidade de solda em 20%. Após todo o QGBT
ser detalhado, houve uma redução de 40% da quantidade de solda, simplificando
mais o processo de fabricação e mantendo a qualidade necessária do produto.
No projeto informacional foi definida como meta a redução desse tempo em
40%, quando comparado ao produto atual da empresa. Após aplicação da
ferramenta DFA e da prototipagem, obteve-se o resultado de 42% de redução do
tempo de montagem.
Além do resultado supracitado, a aplicação da ferramenta DFA mostrou uma
série de vantagens:
56
A quantidade de peças que o produto desenvolvido possui é baixa, logo
menor é a quantidade de controle e menos documentos de engenharia;
O produto pode ser montado em subconjuntos, e na etapa final a montagem
pode ser executada com auxílio da gravidade, contribuindo diretamente com a
parte ergonômica;
Permite uma montagem simplificada, ampliando a qualidade do produto em
relação à etapa da montagem manual;
Reduz o tempo de montagem em larga escala, dessa forma contribuindo
diretamente na redução de custo.
Para garantir que o produto seja desenvolvido de forma rápida e mantendo a
qualidade desejável, foi aplicada a engenharia simultânea, que trouxe consigo
vantagens, tais como:
Índice elevado de assertividade;
Desenvolvimento de um produto de boa qualidade;
Redução do tempo e do custo do desenvolvimento do produto;
Ampliação da confiabilidade da empresa no desenvolvimento do produto.
A redução de custo foi de 26% em comparação ao custo do produto atual da
empresa, resultado que não alcançou a meta que tinha sido traçada no projeto
informacional, que era de 30%. Entretanto, a redução de custo alcançada foi
satisfatória.
Após o término deste trabalho pode-se afirmar que foi possível desenvolver
uma estrutura para QGBT competitiva, de custo reduzido, com boa qualidade e com
o processo de fabricação simplificado, mas não foi possível reduzir muito o peso da
estrutura em comparação com a atual.
57
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60
APÊNDICE A – Junta encaixável
61
APÊNDICE B – Conjunto de montagem da estrutura
62
APÊNDICE C – Lista de peças do conjunto de montagem da estrutura
Posição Nome Quantidade
1 Base 4
2 Cantoneira de união dos perfis estruturais (Forma 1) 4
3 Cantoneira de união dos perfis estruturais (Forma 2) 4
4 Perfil estrutural inferior horizontal, frontal e posterior 2
5 Perfil estrutural inferior horizontal e lateral 2
6 Perfil estrutural superior horizontal, frontal e posterior 2
7 Perfil estrutural superior horizontal e lateral 2
8 Perfil estrutural vertical 4
9 Reforço para sustentação superior horizontal e frontal 1
10 Reforço para sustentação superior horizontal e posterior 1
11 Parafuso sextavado trilobular M8 8
12 Parafuso sextavado trilobular M6 32
13 Parafuso sextavado M12 4
14 Arruela chata M12 8
15 Olhal de sustentação 4
16 Reforço para sustentação 4
17 Arruela de pressão M12 4
18 Porca sextavada M12 4