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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO - LABORATÓRIO DE
TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE.
ABORDAGEM DA ESTRATÉGIA DO OCEANO AZUL NO PROCESSO DE
REPOSICIONAMENTO DE UMA ORGANIZAÇÃO PARTIDÁRIA – UM ESTUDO DE
CASO NO PARTIDO VERDE DE NITERÓI.
ALEXANDRE CARREIRA DE SOUZA
PROF. LUÍZ PERÉZ ZOTES, D,SC
RESUMO
Enquanto as empresas desenvolvem planejamentos e se esforçam para aumentar sua
competitividade e lucratividade em busca de sobrevivência no mercado ao longo do tempo, os
partidos políticos desenvolvem planejamentos e se esforçam para chegar ao poder e por em
prática sua forma de atuação, visando a uma participação efetiva e permanente na
administração pública. Um dos principais desafios para os partidos políticos é identificar,
entre as diversas metodologias existentes de planejamento estratégico empresarial, aquela que
permita apoiar o trabalho de desenvolvimento de uma estratégia de atuação partidária
coerente com seus valores e princípios, e a aplicação e defesa de programas e ações focados
nas necessidades da população e, consequentemente, provoque a consolidação e o
crescimento de sua base eleitoral. Em 2005, foi enunciada uma nova metodologia, Estratégia
do Oceano Azul, baseada em novos conceitos, novas ferramentas de análise e na criação de
novos “mercados”. O objetivo deste estudo é verificar a utilização desta abordagem
metodologia como referencial na formulação da estratégia de atuação do Partido Verde de
Niterói, durante o processo de reposicionamento político do partido.
Palavras-Chave: Estratégia do Oceano Azul. Planejamento Estratégico. Partido Verde de
Niterói. Curva de Valor. Matriz das Quatro Ações. Setores Alternativos. Não-Clientes.
ABSTRACT
While the companies develop plans and strive to enhance their competitiveness and
profitability targeting its survival in the market throughout time, the political parties develop
plans and strive to come to power and put into practice his way of acting, aiming a permanent
and effective participation in public administration. One of the main challenges for political
parties is to identify, among the various existing business strategic planning methodologies,
that which makes it possible to support the work of developing a strategy of action consistent
with their values and party principles, and allow the application and defense of programs and
actions focused on the needs of the population and, therefore, leading to the consolidation and
growth of their electoral base. In 2005, a new methodology was enunciated, Blue Ocean
Strategy, based on new concepts, new tools of analysis and creation of new "markets". The
objective of this study is to verify this methodology as a reference in formulating operational
strategy of the Green Party, during its process of political repositioning.
Keywords: Blue Ocean Strategy. Strategic Planning. Green Party of Niterói. Value Curve.
Array of Four Actions. Alternative Sectors. Non-Customers.
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1 INTRODUÇÃO
1.1 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA
Segundo Schmitter (2001), a estruturação da base eleitoral é tida como uma das
atividades primordiais dos agentes partidários em uma democracia representativa, isto porque:
É a atividade que confere aos partidos políticos um papel distinto em
relação a outros atores políticos, dado que lhes permite recrutar e
nomear candidatos a diferentes funções, oferecer aos cidadãos uma
“integração simbólica” acerca da agenda pública, issues, consensos e
fundamentos de uma sociedade democrática (SCHMITTER, 2001).
Para expandir e consolidar sua base eleitoral, o partido político precisa conhecer as
reais necessidades e interesses dos diversos grupos sociais existentes, bem como entender e
atuar sobre as variáveis que afetam o comportamento e a fidelidade do eleitorado para com
um determinado partido.
No entanto, alguns estudos e pesquisas recentes têm chamado a atenção para o
declínio dos partidos políticos brasileiros quanto à capacidade de aumentar a sua base
eleitoral, o que permite afirmar que os partidos políticos não têm sido bem avaliados por seus
eleitores potenciais.
Uma das metodologias mais conhecidas para a identificação dessas variáveis, Estudo
do Eleitorado Brasileiro (ESEB)1, foi aplicada no Brasil em 2002, 2006 e 2010.
De acordo com Luciana Fernandes Veiga, em seu artigo: O Partidarismo no Brasil
(2002/2010)2, o resultado dos estudos pós-eleitorais efetuados mostra que, houve uma queda
no número de eleitores que declararam sentir-se representados por algum partido político, de
39% para 28%. Da mesma forma, constatou-se no mesmo período uma queda no percentual
de eleitores que disseram gostar de algum partido, de 48% para 33%.
No detalhamento das pesquisas realizadas, constatou-se também que todos os partidos
pesquisados apresentaram a tendência de declínio da base eleitoral, ou seja, as bases flutuam
entre partidos, mas decrescem no total. Esta tendência aponta para uma estratégia de atuação
deficiente em relação à consolidação da base eleitoral e para uma dificuldade de
institucionalização dos partidos e do sistema partidário atual.
De acordo com Huntington (1968, p.12), “institucionalização é o processo pelo qual
organizações e procedimentos adquirem valor e estabilidade”.
Na opinião de Mainwaring (1999) e Mainwaring e Scully (1995), um sistema
partidário institucionalizado apresenta quatro características: uma considerável estabilidade
nos padrões de competição entre os partidos; os partidos têm uma base eleitoral consolidada;
os partidos possuem status e valor independente próprio; a atuação coerente dos participantes
políticos confere legitimidade aos partidos.
Conclui-se que, na medida em que os partidos políticos são instituições cruciais para o
funcionamento da democracia representativa, os laços pouco estáveis entre partidos e o
1 ESEB - Estudo Eleitoral Brasileiro. É um estudo vinculado ao projeto internacional: Comparative Study of
Electoral Systems (CSES), coordenado pela Universidade de Michigan (www.cses.org) e com a participação de
dezenas de instituições de vários países. 2 VEIGA, Luciana Fernandes. O Partidarismo no Brasil (2002/2010) - Universidade Federal do Paraná;
disponível em http://www.scielo.br/pdf/op/v17n2/a05v17n2.pdf; acessado em 03.03.2013.
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eleitorado e a baixa confiança depositada nos partidos e seus representantes, levam à
necessidade de reverter esta tendência negativa, visando a garantir a legitimidade da ordem
democrática no médio e longo prazo.
Um caminho possível para essa reversão passa por um trabalho de reposicionamento
estratégico dos partidos políticos, através da implantação de uma metodologia de formulação
de estratégia partidária que facilite a introdução de uma cultura voltada para o
amadurecimento e profissionalização das estruturas partidárias.
1.2 METODOLOGIA DE PESQUISA
Para o desenvolvimento deste trabalho, foram efetuados levantamentos bibliográficos
e pesquisas estruturadas que, para efeito de classificação científica das mesmas, foi usada a
taxionomia proposta pela Profa. Vergara3, como segue: na busca de informações, via sites e
redes sociais, que permitiram traçar um perfil de atuação do sistema partidário atual, dos
partidos políticos e do próprio PV, foi usada, quanto aos fins, a Metodologia Exploratória e,
quanto aos meios, a Metodologia Documental, ou seja, investigação em documentos
existentes.
Para identificar atributos ou objetivos que diferenciem a atuação do PV de Niterói
frente aos outros partidos, foi utilizado: quanto aos fins, a Metodologia Explicativa - entender
o fenômeno, justificar o motivo – através da análise estruturada das informações obtidas;
quanto aos meios, a Metodologia Participante no caso de entrevistas ou em reuniões de
trabalho com colaboradores do partido, ou ainda a Metodologia Exploratória, no caso de
consultas via e-mails individuais.
2 ESTUDO DE CASO: PARTIDO VERDE DE NITERÓI
Para analisar a aplicabilidade de uma abordagem da Estratégia do Oceano Azul no
trabalho de reposicionamento estratégico do Partido Verde de Niterói, objeto deste estudo,
partiu-se da premissa de que o papel de um partido é o de ser um agente de interação entre os
interesses da sociedade organizada e a atuação do Estado; bem como ser reconhecido como
tal pela sociedade, através de atitudes coerentes e de postura responsável e ética de seus
líderes e colaboradores.
Ou seja, para desenvolver este estudo, o Partido Verde de Niterói precisa conhecer e
entender o cenário político em que atua; identificar o interesse e necessidades dos diversos
grupos sociais envolvidos e, a partir desse conhecimento, aplicar a abordagem proposta pela
Estratégia do Oceano Azul, visando ao reposicionamento político e administrativo pretendido.
2.1 CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO
O primeiro passo dado para a aplicação da estratégia do oceano azul no Partido Verde
de Niterói foi identificar e entender as características do Sistema Partidário Brasileiro como
um todo e, em especial, seu efeito sobre a atuação do Partido Verde de Niterói.
Para efeito de análise comparativa, partiu-se da premissa, estabelecida por Mainwaring
(1999), de que o grau de institucionalização de um sistema partidário é um requisito
fundamental para a legitimidade dos partidos em um processo político democrático.
3Doutora em Educação pela UFRJ. Mestre em Administração Pública pela EBAP/FGV. Bacharel em Pedagogia
pela UERJ, com estágio na Beckman High School, P.S. 59, New York.
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Portanto, eventuais deficiências ou distorções do sistema partidário brasileiro em
relação aos conceitos apresentados no item 2.1 deste estudo, podem esclarecer ou identificar
os fatores externos que afetam e/ou definem o sistema partidário vigente no Brasil, bem como
a forma de atuação dos partidos políticos nesse ambiente.
Com este objetivo realizou-se uma extensa pesquisa em páginas da internet dos
partidos mais influentes, em artigos elogiando ou criticando iniciativas e em análises
elaboradas por consultores, políticos e estudiosos do Sistema Partidário Brasileiro (SPB),
buscando identificar as principais características do SPB e compará-las com as do sistema
partidário ideal defendido por Mainwaring (1999).
A primeira característica identificada é de que o SPB e os próprios partidos são pouco
institucionalizados, o que é preocupante, já que na opinião de Mainwaring (1999), a
institucionalização partidária é um requisito fundamental para se atingir maturidade,
estabilidade e legitimidade em um processo político democrático.
Não se visualizou, na pesquisa efetuada sobre o SPB, a presença clara e transparente
das quatro características básicas de um sistema político institucionalizado, defendidas por
Mainwaring (1999) e Mainwaring e Scully (1995), quais sejam:
1) Estabilidade nos padrões éticos de competição entre os partidos; a falta dela induz uma
baixa credibilidade e idoneidade partidária pouco confiável.
2) Forte relação ou raízes dos partidos com a sociedade em geral; a fraca relação resulta
em baixa representatividade política e no pouco poder de atuação política.
3) Organização e infraestrutura partidária eficiente; a deficiência interna afeta a
legitimidade do partido e prejudica o alinhamento da estratégia com os objetivos,
valores e princípios do mesmo.
4) Partidos com valor independente próprio e ideologia transparente; a falta de status
dificulta a implementação de uma estratégia de atuação consistente com sua ideologia
política.
As deficiências institucionais supracitadas induzem os partidos a utilizarem outros
vínculos não programáticos e não ideológicos, visando a aumentar, mesmo que
temporariamente, a sua competitividade em campanhas eleitorais, tais como: a prática do
clientelismo (favores materiais ou pessoais em troca do voto); o uso de candidatos
carismáticos (famosos e nem sempre preparados para o cargo); a ênfase em laços tradicionais
ou afetivos (amizade, parentesco, religião); ou, ainda, prometendo soluções nem sempre
viáveis e/ou de sua competência, na busca pela captação de eleitores descrentes do processo
político brasileiro.
A segunda característica constatada é a deficiência da legislação eleitoral brasileira.
Segundo Mainwaring (1999) e Mainwaring e Scully (1995), a consolidação de um
sistema partidário institucionalizado depende da existência de uma legislação eleitoral clara e
rígida que direcione e regulamente o comportamento e as ações dos partidos que a compõem.
A inexistência ou fragilidade da legislação eleitoral dificulta a criação de expectativas,
orientações e comportamentos políticos que prevaleçam no futuro previsível e fortaleçam o
regime democrático de direito, defendido pela Constituição Brasileira de 1988.
As principais consequências negativas da situação atual são: a proliferação exagerada
de novos partidos políticos (trinte e oito atualmente) com duvidosa representatividade popular
e sem regras ou padrões que garantam a idoneidade e a seriedade de propósitos; a formação
questionável de alianças entre partidos com princípios, valores e programas divergentes,
visando, exclusivamente, ao acesso a cargos legislativos e/ou executivos; a migração
desregrada e frequente de políticos entre partidos por interesses pessoais e não ideológicos; a
escolha e lançamento de candidatos por sua popularidade ou pela imagem positiva criada pela
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propaganda, ou, ainda, pelo carisma pessoal, às vezes sem o devido preparo e conhecimento
necessários.
Um exemplo clássico de liderança carismática e populista no Brasil foi a eleição do
Presidente Fernando Collor de Mello (1990-92), que criou um partido político fluido, com o
único objetivo de concorrer à Presidência em 1989, derrotando os candidatos dos partidos
estabelecidos, com base em uma campanha de renovação da classe política e de soluções
imediatas de problemas crônicos da sociedade brasileira, claramente inviáveis em curto prazo.
Seu governo, sem estrutura partidária e sem apoio político, durou apenas dois anos e seu
partido, com apenas 40 das 503 cadeiras da câmara de deputados, desapareceu junto com seu
impeachment em 1992.
Uma terceira característica nos é apresentada pelo sociólogo Nildo Viana4, ao afirmar
que os partidos políticos brasileiros são organizações onde predomina a burocracia na sua
estrutura e que se fundamentam na ideologia da representação política, e não no acesso direto
do povo às decisões políticas; ou seja, geralmente são representantes políticos de alguma
oligarquia econômica ou tradicional e têm como objetivo conquistar o poder político na
administração pública para obter vantagens competitivas e/ou econômicas para os seus
representados.
Este cenário do sistema político brasileiro acarreta um claro distanciamento entre o
que os eleitores enxergam ou esperam como atuação partidária e os programas ou ações
efetivamente executadas pelos partidos, gerando o descrédito nos representantes políticos; a
alienação da população do processo político; o enfraquecimento da democracia pelos mandos
e desmandos das oligarquias instaladas no poder; a proliferação da corrupção e/ou peculato; o
descaso por um atendimento de qualidade à população e por tantos outros problemas crônicos
da sociedade brasileira.
Por outro lado, foi possível notar uma quarta característica nas pesquisas efetuadas
sobre o SPB, ou seja, existe uma forte relação entre o crescimento da base eleitoral e da
representatividade de um partido com a liderança deste na defesa de determinadas causas de
interesse regional ou global da população.
Significa dizer que, apesar da baixa credibilidade da sociedade para com os partidos
políticos brasileiros, a população em geral tende a acreditar e a se mobilizar em torno de um
projeto ou propósito, mesmo que liderado por um partido, desde que exista um mínimo de
retorno, de legitimidade e de credibilidade nas propostas apresentadas.
Pode-se citar como exemplos: o crescimento do PMDB (antigo MDB), Partido do
Movimento Democrático Brasileiro, ao liderar, com êxito, o movimento pelas “Diretas Já”,
com o apoio da classe estudantil e de outros setores da sociedade; o fortalecimento do PSDB,
Partido da Social Democracia Brasileira, ao defender o modelo de desenvolvimento
econômico neoliberal, apoiado pela classe empresarial, com o compromisso de debelar a
inflação galopante da época; o crescimento do PT, Partido dos Trabalhadores, ao apoiar
movimentos reivindicatórios, com o apoio dos sindicatos e de outras entidades de classe e
com o compromisso de manter seu foco de atuação na população de baixa renda.
2.2 A MATRIZ DE AVALIAÇÃO DE VALOR DO SISTEMA PARTIDÁRIO
Uma vez conhecidas as características básicas do Sitema Político Brasileiro, seus
desafios e suas deficiências, o segundo passo para a aplicação da Metodologia de Oceano
4Nildo Silva Viana (Goiânia, 6 de maio de 1965) é um sociólogo e filósofo brasileiro. Sua obra abrange alguns
temas básicos, tal como a sociologia, filosofia, marxismo, sociedade contemporânea, epistemologia, violência,
neoliberalismo, valores, arte, psicologia, representações cotidianas, psicanálise, autogestão social.
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Azul em uma organização partidária, foi construir a Curva de Valor do sistema partidário
atual.
De acordo com a Metodologia em estudo, a matriz de avaliação de valor é tanto um
instrumento de diagnóstico como um modelo para o desenvolvimento de uma estratégia
consistente do Oceano Azul para um setor ou para uma organização do setor, com base na
identificação dos atributos de valor que suportam a estratégia de atuação pretendida.
Adaptando-se este conceito a um sistema partidário dos partidos ou a um partido
político, a matriz de avaliação de valor é uma ferramenta que tem como objetivo construir
uma representação gráfica da estratégia de atuação dos ou do partido no “mercado” político
conhecido.
Torna-se importante esclarecer que, para a identificação preliminar destes atributos
comuns, a pesquisa ficou concentrada nos partidos brasileiros mais representativos5,
utilizando como critério de seleção o número atual de representantes nas diversas câmaras e
assembleias municipais, estaduais e federais.
Na pesquisa bibliográfica efetuada sobre esses partidos, identificaram-se oito atributos
estratégicos comuns a todos eles: Assistencialismo, Alianças Partidárias, Lideranças
Carismáticas, Transparência, Credibilidade, Propostas à sociedade, Imagem do Partido e
Ideário do Partido, nos quais os partidos investem por acreditarem que afetam o
posicionamento do mesmo no processo político brasileiro.
Para valorar o peso dos atributos identificados, optou-se por utilizar o seguinte
critério: classificar os atributos em faixas de um a dez, sendo: atributos com investimento
baixo (de um a três), médio (de quatro a sete) e alto (sete a dez), de acordo com a importância
relativa dada aos mesmos pelos partidos; validadas pela Executiva do PV de Niterói em
reuniões realizadas para tratar desse tema.
De acordo com esse critério classificou-se: na faixa de baixo investimento os
atributos de transparência e ideário do partido; na faixa de médio investimento os atributos de
credibilidade, propostas à sociedade e imagem do partido e na faixa de alto investimento os
atributos de assistencialismo, alianças partidárias e lideranças carismáticas.
Para a valoração comparativa dentro das faixas, elaborou-se uma análise de conteúdo
dos atributos, buscando identificar para cada um destes as ações básicas, ou seja, quais as
principais atividades, planos de ação e/ou posturas que são desenvolvidas para o
fortalecimento dos mesmos.
O quadro 1 abaixo mostra, de forma resumida, o resultado obtido pela pesquisa
efetuada.
ATRIBUTOS DO SISTEMA PARTIDÁRIO BRASILEIRO
ATRIBUTOS
COMPETITIVOS
VALORIZAÇÃO
DO ATRIBUTO
ANÁLISE DE CONTEÚDO DOS
ATRIBUTOS
ASSISTENCIALISMO 7
Ações que reforçam uma condição de
subalternização perante os serviços
prestados pelo poder público.
5Por esse critério, os partidos selecionados foram o PMDB - Partido do Movimento Democrático Brasileiro; o
PT - Partido dos Trabalhadores; o PP - Partido Progressista; o PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira;
o PDT - Partido Democrático Trabalhista; o PTB - Partido Trabalhista Brasileiro e o DEM - Democratas.
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ALIANÇAS
PARTIDÁRIAS 10
Formação de coalizões e união de forças
visando à maior participação política e
acesso a cargos legislativos ou executivos.
LIDERANÇA
CARISMÁTICA 8
Liderança baseada na capacidade de
influenciar pessoas ou grupos pelo
carisma.
TRANSPARÊNCIA 2
Acessibilidade do público em relação aos
objetivos políticos e aos arranjos
institucionais que clarificam a conduta
ética dos responsáveis pela política.
CREDIBILIDADE 4
Estabelecimento de relações interpessoais
ou com outras organizações, éticas e
idôneas que inspirem alguma ou muita
confiança nas propostas do partido.
PROPOSTAS À
SOCIEDADE 4
Desenvolvimento de propostas e projetos
relacionados às necessidades da sociedade
em que atua.
IMAGEM DO
PARTIDO 6
Construção de uma imagem positiva junto
á sociedade, ao empresariado e às
instituições governamentais com objetivos
eleitorais.
IDEÁRIO DO
PARTIDO 1
Divulgação do conjunto de idéias, valores
e propostas do partido e de suas atividades.
Quadro 1 – Atributos de Valor do Sistema Partidário Brasileiro
Fonte: Elaborado pelo Autor.
Com base nesta tabela, construiu-se a matriz de avaliação de valor do SPB, partindo-se
da premissa de que os atributos acima identificados também estão presentes nos demais
partidos, provavelmente com volume menor de investimentos, mas mantendo a
proporcionalidade entre eles, com pequenas variações de valor de uma região para outra ou
mesmo de um partido para outro.
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Figura 1 – Matriz de Avaliação de Valor – Sistema Partidário Brasileiro
Fonte: Elaborado pelo autor
Para a análise crítica da Matriz de Valor do Sistema Partidário, bem como para a
construção do Modelo das Quatro Ações e da Matriz de Avaliação de Valor do Partido Verde
de Niterói foi solicitada a participação e suporte da Executiva Municipal do partido.
2.2.1 Análise crítica da matriz de valor do sistema partidário
Em uma análise preliminar dos resultados apresentados na figura 1, a Executiva do
PV de Niterói identificou que os atributos de assistencialismo, alianças partidárias e liderança
carismática têm um foco claramente eleitoral, ou seja, buscam o crescimento da representação
política do partido para aumentar seu poder de influência e seu acesso a cargos legislativos e
executivos.
Os atributos que apresentam um médio investimento (credibilidade, propostas à
sociedade e imagem do partido) deveriam ter foco permanente, pois são responsáveis pela
estabilidade dos partidos e do SPB no longo prazo.
No entanto, na análise preliminar efetuada, não se identificaram planos de ação ou
critérios claros para a integração e uso consistente desses atributos, o que parece confirmar
que os atributos com altos investimentos são, na prática, um conjunto de subestratégias com
focos específicos e de curto prazo, o que pode levar ao desperdício de recursos e/ou a
resultados incompletos ou temporários.
Com relação ao baixo investimento nos atributos de transparência e ideário do partido,
essenciais para o aumento da credibilidade e da base partidária, pode-se inferir que a falta de
institucionalização partidária e a deficiência da legislação eleitoral induz os partidos a
optarem por outros vínculos imediatistas e a negligenciarem estes atributos, fundamentais
para a sua subsistência no longo prazo.
Com relação às atividades relacionadas à organização partidária e à infraestrutura
administrativa dos partidos, que sequer constam da Curva de Valor, ficou a sensação para a
Executiva do PV de Niterói de que são precárias e variam de acordo com o potencial político
do local ou região, o que explica a inexistência ou pouca visibilidade de uma estratégia de
atuação consistente.
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Em resumo, a Executiva do PV de Niterói concluiu que o sistema partidário atual
apresenta deficiências, o que pode representar uma oportunidade de crescimento diferenciado
para um partido que implemente uma estratégia de atuação transparente e voltada para os
interesses e necessidades da população em geral.
2.3 A CONSTRUÇÃO DO MODELO DAS QUATRO AÇÕES PARA O PARTIDO
VERDE DE NITERÓI
De acordo com os autores da metodologia do Oceano Azul, e adaptando-se o conceito
para sua aplicação em um partido político, o modelo das quatro ações tem por objetivo
facilitar a criação de uma nova Curva de Valor para o Partido Verde de Niterói, com base nas
críticas e observações feitas ao SPB no item 2.2.1 acima, bem como na análise preliminar de
riscos e oportunidades existentes no município de Niterói.
Com o objetivo de facilitar o entendimento e a análise dos fatores que maximizam as
oportunidades e/ou minimizam os riscos na construção do modelo das quatro ações, os
autores da metodologia definiram o uso de quatro princípios básicos na execução do processo
de análise, quais sejam: reconstrua as fronteiras do mercado; concentre-se no panorama geral,
não nos números; vá além da demanda existente; acerte a sequência estratégica.
Para cada um desses princípios, os autores desenvolveram um conjunto de
ferramentas, procedimentos, recomendações e métodos de pesquisa e análise, visando a
facilitar a execução desses estudos e pesquisas preliminares.
Para avaliar a aplicabilidade prática desses princípios, a executiva do partido
selecionou para teste o primeiro princípio - reconstruir as fronteiras de mercado – e o terceiro
princípio - ir além da demanda existente.
Dentro do primeiro princípio, decidiu-se testar o processo de análise de setores
alternativos. Relembrando: setores alternativos são aqueles cujas formas e funções são
diferentes, mas tem o mesmo propósito, ou seja, podem assumir formas diferentes e executar
funções diversas, mas ainda assim servir aos mesmos objetivos da organização em análise.
Com base no estudo do IBOPE Inteligência - “Índice de Confiança Social”6, que mede
a confiança da sociedade, de 1 a 100, em diversas instituições brasileiras, procurou-se
selecionar para teste os setores ou instituições que apresentam credibilidade crescente ou
estável junto à sociedade e que, de alguma forma, representam um espaço alternativo de
participação popular para o debate de idéias sociais e/ou políticas.
Dentro desse critério, foram selecionados para análise:
A Igreja – pelo alto grau de credibilidade (76) oriundo de uma doutrina pétrea ao
longo do tempo e na disciplina consistente de sua atuação;
As ONG’s como representantes da sociedade civil – pelo bom grau de credibilidade
(61) advinda da postura de militância civil e de efetiva participação social;
As Redes Sociais – pelo grau crescente de credibilidade (71) em função do alto
potencial de divulgação, de transparência e de interação com a sociedade, oriundos das
tecnologias de comunicação hoje disponíveis (web’s, sites, blogs, etc.).
O quadro abaixo mostra, para cada um dos setores, a relação existente entre os
atributos básicos do setor ou instituição, os atributos de valor do partido em análise e os
6Índice de Confiança Social – mede a confiança (credibilidade) de diversas instituições brasileiras e é atualizado
anualmente, desde de 2009, pelo IBOPE Inteligência. Disponível em
http://www4.ibope.com.br/giroibope/14edicao/capa02.html e acessado em 30.06.2013
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eventuais benefícios advindos de uma estratégia de atuação voltada para a absorção desses
atributos ou para alianças de apoio com esses setores.
RELAÇÃO ENTRE SETORES ALTERNATIVOS E ATRIBUTOS DE VALOR DO
PARTIDO
SETOR
ALTERNATIVO
ATRIBUTOS
BÁSICOS DO
SETOR
ATRIBUTO DE
VALOR DO
PARTIDO
RETORNO ESPERADO
IGREJA
Doutrina pétrea
Disciplina de
atuação
Ideário do partido Crescimento da base
Aumento da credibilidade
ONG’s
Postura Militante
Participação social
efetiva
Propostas à
sociedade
Maior integração com os
movimentos sociais
Participação mais efetiva
REDES SOCIAIS
Formadores de
opinião
Interação digital
com todos os níveis
da sociedade
Aliança com eleitor
Transparência
Imagem positiva
Captação e divulgação de
idéias e propostas
Interação efetiva com o
eleitorado
Quadro 2 – Setores Alternativos versus Atributos de Valor do Partido
Fonte: Elaborado pelo Autor
Pode-se inferir pelo quadro acima, que a análise de setores alternativos pode ser de
grande utilidade para identificar e elaborar os atributos e planos de ação que irão suportar a
nova estratégia de atuação do Partido Verde de Niterói.
Segundo os autores da metodologia, para ir além da demanda existente, terceiro
princípio, as organizações devem focar nos não-clientes, buscando identificar os principais
atributos que são valorizados por estes e avaliar a possibilidade da inclusão destes atributos na
estratégia de atuação, de forma a atrair os não-clientes para o seio da organização.
Ainda segundo os autores da metodologia, existem três tipos de não-clientes que, para
aplicação em um partido político, foram conceituados conforme o quadro 3 abaixo.
NÃO-CLIENTES MERCADO POTENCIAL
Não-clientes de 1°
Nível
Eleitores com interesse eleitoral e/ou interesses sociais que hoje
estão mais ligados a outros partidos políticos.É composto por
indivíduos que usam ou são utilizados pelo setor, enquanto
buscam algo melhor ou mais satisfatório.
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Não-clientes de 2°
Nível
Eleitores que percebem a política partidária com total descrença
de suas práticas e resultados e exercitam o voto por total
obrigatoriedade e, em muitos casos preferem assumir o ônus da
ausência ao processo.É composto pelas pessoas que são refratárias
à organização e não querem usar as atuais ofertas da mesma, pois
as consideram inadequadas ou inaceitáveis.
Não-clientes de 3o
Nível
Eleitores que não foram almejados nem imaginados como clientes
potenciais por qualquer participante do setor. É composto pelos
jovens entre 14 e 18 anos e as pessoas com mais de 70 anos.
Quadro 3 - Tipos de Não-Clientes considerados pelo PV - Niterói
Fonte: Elaborado pelo Autor
Para avaliar a aplicabilidade prática deste princípio, decidiu-se comparar graficamente
os votos para vereadores obtidos pelo PV de Niterói com o mercado potencial dos não-
clientes de nível dois, considerado como a somatória dos votos brancos, nulos e abstenções,
nas eleições de 2004, 2008 e 2012.
A figura 2 abaixo mostra que o total de votos válidos recebidos pelo Partido Verde de
Niterói apresenta uma queda considerável de sua base eleitoral.
Mesmo elegendo em 2012, um vereador pelo partido, o primeiro no município de
Niterói, o partido teve queda de 35% em sua base eleitoral.
As pesquisas disponíveis na literatura a respeito mostram que a queda da base eleitoral
vem ocorrendo em todos os partidos e, portanto, pode-se inferir que ela é resultante do
descrédito do eleitor para com as organizações partidárias.
Ou seja, a eleição de um vereador pelos Verdes foi possível pela eficácia das alianças
constituídas e não pelo crescimento da base de clientes do Partido Verde de Niterói.
Figura 2 - Total de Votos Válidos para Vereadores - PV de Niterói
Fonte: http://www.tse.jus.br/
O gráfico da figura 3 abaixo mostra o elevado crescimento da somatória das
abstenções com os votos brancos e nulos do município de Niterói (não-clientes de nível dois),
o que confirma a inferência acima de que o eleitorado não acredita na capacidade dos partidos
5.709
Inovação
de valor
Não Clientes de
nível 2
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em atender os seus direitos e suas necessidades básicas como cidadão, previstas na própria
constituição brasileira.
O estudo do IBOPE inteligência supracitado comprova a baixa confiança da sociedade
em relação ao congresso nacional (35) e aos partidos em geral (31).
Figura 3 - Total de Abstenções, Votos Brancos e Nulos - PV de Niterói
Fonte: http://www.tse.jus.br/
O gráfico da figura 4 abaixo mostra o potencial teórico de não-clientes de nível 2 em
comparação com clientes do PV de Niterói.
Figura 4 – Comparativo: Total de Eleitores do PV x Não-clientes de Nível 2Fonte:
http://www.tse.jus.br/
Analisando o gráfico acima, constata-se que o cenário atual pode representar uma
oportunidade de crescimento da base atual do Partido Verde de Niterói, caso este implemente
uma estratégia de atuação direcionada aos não-clientes de nível dois, priorizando
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investimentos em atributos e planos de ação voltados para os interesses e necessidades da
comunidade niteroiense.
Percebe-se que, com uma estratégia de atuação adequada, a absorção de 10% a 15%
dos eleitores não-clientes de nível dois permitiria ao partido atingir o coeficiente eleitoral sem
necessidade de alianças partidárias, nem sempre convenientes ou coerentes com seus
princípios e valores.
Segundo a metodologia, o que se pretende ao mudar o foco de análise e discussão é
identificar atributos que despertem a atenção e o interesse do eleitorado e que, uma vez
inseridos na estratégia de atuação do partido, possam se tornar no diferencial necessário para
o crescimento do PV em termos de credibilidade e representatividade no Município de
Niterói.
Entendem-se como interesses e necessidades da comunidade niteroiense: o empenho
do partido em temas de interesse da sociedade local; a criação de convênios para prestação de
serviços comunitários; o uso de redes sociais para interação com a população; a fixação e
divulgação de regras e critérios para escolha de candidatos; idem para formação de alianças; a
criação de programas de participação da comunidade em projetos sociais e outros a serem
avaliados quando da escolha e implementação da estratégia de atuação do partido.
Com base nessa linha de pensamento, a Executiva construiu, por consenso, o modelo
preliminar das quatro ações para o Partido Verde de Niterói (representado na figura 5 abaixo),
propondo a eliminação do atributo: assistencialismo; a redução dos atributos: alianças
partidárias e lideranças carismáticas; a elevação de valor nos atributos de transparência,
credibilidade, propostas à sociedade, imagem do partido, ideário partidário e a criação do
atributo: aliança com o eleitor.
Figura 5 – Modelo das Quatro Ações – Partido Verde de Niterói
Fonte: Elaborado pela Executiva do PV
ELIMINAR
Assistencialismo
REDUZIR
Alianças Partidárias Liderança Carismática
CRIAR
Aliança com Eleitor
ELEVAR Transparência Credibilidade Propostas à Sociedade Imagem do Partido Ideário do Partido
NOVA CURVA DE
VALOR DO PV - NIT
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A criação de um novo atributo de valor: “aliança com eleitor” tem por objetivo principal
aumentar e consolidar a base eleitoral do partido, utilizando a tecnologia de informação
existente para interagir efetivamente com o eleitorado, bem como dar suporte tecnológico aos
planos de ação relativos à transparência, à captação de ideias e propostas da sociedade e a
divulgação do ideário do partido.
2.4 A CONSTRUÇÃO DA CURVA DE VALOR PARA O PV DE NITERÓI
Com base nas conclusões acima e no modelo das quatro ações resultante, a Executiva
do PV construiu a Matriz de Avaliação de Valor para o Partido Verde de Niterói, apresentada
na Figura 6 abaixo.
Figura 6 – Curvas de Valor: Partido Verde de Niterói x Sistema Partidário
Fonte: Elaborado pelo Autor
2.5 IMPLANTANDO A ESTRATÉGIA DO OCEANO AZUL NO PARTIDO VERDE
DE NITERÓI
Ao se analisar a matriz de avaliação de valor para o PV de Niterói, constata-se que
esta, apesar de apontar claramente um direcionamento estratégico para o partido, ela deve dar
origem a diversos planos de ação com diferentes riscos e/ou oportunidades em sua execução;
ou seja, faz-se oportuno aprofundar os estudos de mercado e da estrutura interna atual do
partido em Niterói.
Do ponto de vista conceitual, sabe-se que, em qualquer organização, inclusive
partidária, todas as posturas, ações ou atividades devem suportar as estratégias de atuação da
mesma e, portanto, torna-se imprescindível que a infraestrutura e os processos da organização
estejam perfeitamente alinhados com a estratégia definida.
Estes estudos complementares têm como objetivo principal a elaboração do
planejamento estratégico do PV de Niterói, com o devido desdobramento em planos de ação,
mais viáveis e mais adequados para suportar a estratégia do oceano azul definida; a validação
ou ajuste dos atributos que irão definir a infraestrutura necessária para suportar a estratégia,
bem como possibilitar a identificação dos recursos materiais, humanos e financeiros
necessários para sua implementação.
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3 CONCLUSÃO
No desenvolvimento deste trabalho, constatou-se que existem desafios externos e
internos que impactam na atuação de uma organização partidária e torna qualquer iniciativa
de reposicionamento de um partido em seu microambiente um grande estímulo.
Os desafios externos identificados se relacionam ao processo político brasileiro, onde
a legislação eleitoral existente é deficiente e o sistema partidário brasileiro é pouco
institucionalizado. A principal consequência desse cenário externo é a baixa credibilidade
e/ou representatividade dos partidos em geral, induzindo os eleitores a elegerem candidatos
por clientelismo, carisma ou por laços tradicionais ou afetivos. A solução dos problemas
externos é complexa e depende da pressão da sociedade e da vontade política dos partidos,
principais atores neste processo, em busca de reformas na legislação eleitoral e no sistema
partidário atual.
Os desafios internos identificados concentram-se na ausência de uma cultura
organizacional que valorize a definição, com aplicação, de objetivos organizacionais de longo
prazo e no desconhecimento, quase alienado, de práticas de gestão para condução das ações
do partido.
A adoção da Abordagem da Estratégia do Oceano Azul no processo de
reposicionamento do Partido Verde de Niterói possibilitou uma intensa reflexão, quanto ao
papel que se quer para o futuro, de protagonistas ou meros coadjuvantes.
O Partido Verde deve se posicionar de maneira frontal ao sistema político
estabelecido, fazendo valer o resultado da nova Curva de Valor apresentada nesse trabalho ou
continuar jogando o jogo de alianças políticas e clientelismo atuais?
A resposta a esse dilema pode estabelecer um novo paradigma para a análise
ambiental das estratégias no futuro.
Quanto ao questionamento se, de fato, há aderência na aplicação desta abordagem em
uma organização partidária, a resposta é positiva. As ferramentas apresentadas pelos autores e
utilizadas durante a pesquisa prestaram o seu papel de facilitar o processo de leitura do
ambiente dentro da nova perspectiva pretendida. Como consequência direta das
constatações identificadas no desenvolvimento deste estudo, a nova Curva de Valor
apresentada aponta os atributos de valor voltados para os interesses da sociedade local
permitindo um entendimento inédito e no futuro inovador, das relações entre: cidadão,
sociedade e partidos políticos.
O Partido Verde de Niterói, a partir dessa nova perspectiva, deve avançar na
consolidação de seu planejamento estratégico, identificando os fatores críticos de sucesso que
irão se apresentar, estabelecendo objetivos e metas mensuráveis para que de forma organizada
possa atingir patamares de amadurecimento organizacional e possibilite uma declaração clara
das práticas dos “Verdes de Niterói” à sociedade niteroiense.
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