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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
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DEGRADAÇÃO SOCIOAMBIENTAL NO CÓRREGO SAMPAIO: O CASO DO PARQUE SANTANA EM PIRES DO RIO(GO)
RÉGINA VAZ DA COSTA FERNANDES1 IDELVONE MENDES FERREIRA2
Resumo: O presente texto versa sobre o estudo da degradação socioambiental na área da Bacia
Hidrográfica do Córrego Sampaio no Parque Santana, Pires do Rio (GO), localizada no Sudeste do Estado de Goiás, sob a ótica da inserção/visão/percepção, cujos fatores são inerentes a cada um dos componentes locais, onde o espaço geográfico exerce suas influências regionais, tendo sido detectado que a área da Bacia Hidrográfica está sofrendo intenso processo de degradação, estando suas vertentes desprotegidas de vegetação ciliares, que estão dando lugar as pastagens e a construção de residências, sendo que o curso d‟água está totalmente poluído e assoreado, num flagrante desrespeito a legislação ambiental pertinente.
Palavras-chave: Impactos ambientais, Bacia hidrográfica, Pires do Rio (GO).
Resumen: Este artículo trata sobre el estudio de la degradación ambiental en el ámbito de la
cuenca del arroyo Sampaio en Santana Park, Rio do Pires ( GO) , ubicada en el suroriental estado de Goiás , desde la perspectiva de inserción / visión / percepción, cuyos factores son inherente a cada uno de los componentes locales, donde el espacio geográfico realiza sus influencias regionales , habiendo sido detectado que la zona de la cuenca está sufriendo intenso proceso de degradación , con sus hilos desnudos de vegetación de ribera , que están dando paso a los pastos y de la construcción residencias , y la corriente es totalmente contaminado y vuelven ciénagas , en un flagrante desprecio legislación medioambiental pertinente .
Palavras-clave: Los impactos ambientales , Cuenca, Rio do Pires ( GO) .
1 – Introdução
Este texto constitui um tópico adaptado da monografia de graduação
defendida e apresentada ao Curso de Geografia da Universidade Estadual de Goiás,
Campus Pires do Rio (GO) no ano de 2004, e que posteriormente foi revisto no ano
de 2015 em decorrência no ingresso no Curso de Mestrado. Teve por motivação a
inquietação com o fato de que os recursos hídricos estão sendo degradados de
1 - Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal da Goiás / Regional
Catalão. Núcleo de Estudos e Pesquisas Socioambientais - NEPSA/CNPq. E-mail de contato: [email protected] 2 - Professor do programa de pós-graduação da Universidade Federal de Goiás / Regional Catalão.
Pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisas Socioambientais - NEPSA/CNPq. E-mail de contato: [email protected]
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forma intensa pela sociedade humana, principalmente no contexto das atividades
urbanas.
A superfície do planeta Terra tem sido modificada com intensidade e
velocidades cada vez maiores nas últimas décadas. Essas mudanças que, em uma
análise feita há 30 ou 40 anos, indicavam sinais de progresso, hoje se mostram
preocupantes em função dos impactos que tem trazido para áreas cada vez mais
amplas.
O desenvolvimento econômico e preservação ambiental são, nos dias atuais,
duas questões antagônicas e de preocupações para todas as ciências. Processos
como, industrialização, urbanização e crescimento demográfico, degradação e
poluição ambiental disputam o espaço limitado da Terra e da natureza e seus
componentes primitivos.
Atualmente a degradação ambiental está fortemente ligada a fatores de uso e
ocupação do solo, uma vez que as formas de ocupação e manejo ocasionam o tipo
e o grau do impacto, o qual atinge de maneira diferente o ambiente (NOGUEIRA DE
SOUZA, 2003), principalmente os aspectos referentes ao solo, ao ar, a água e/ou a
biota, numa perspectiva do entendimento de que o „Sistema Terra‟ é uno e
indissociável.
A história da humanidade revela que a interação do homem com o ambiente,
ao longo das ultimas década, tem sido desastrosa, cabendo destaque à relação das
ações antrópicas com os recurso hídricos, que tem sido constantemente afetados
em decorrência do crescimento demográfico, industrialização, utilização intensiva
dos recursos naturais, ocupação desordenada do solo, dentre outros aspectos de
consumo desses recursos naturais e impactos decorrentes.
O desmatamento indevido, o crescimento urbano desordenado, o lançamento
de resíduos domésticos e industriais são alguns dos exemplos de impactos
socioambientais que afetam diretamente os recursos hídricos.
Nesse sentido, estudos relacionados a degradação do curso d‟água do
Córrego Sampaio, na área do Bairro Parque Santana na área urbana de Pires do
Rio (GO), tornam-se de grande importância, pois através deles podem-se levantar
problemas que vem ocorrer na área periurbana situada em um fundo de vale, onde a
vegetação nativa está sendo substituída por pastos, residências, assentamentos do
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MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), pequenas chácaras e
pequenas industrias. Assim, o trabalho buscou coletar informações que subsidiaram
diagnosticar a atual situação que se encontra o Córrego em questão.
A área estudada encontra-se no município de Pires do Rio (GO), que é
rica em cursos de água, sendo banhada por três rios principais: o Corumbá que
nasce na Serra dos Pirineus, na porção Sudeste de Goiás; Rio do Peixe que nasce
no município de Vianópolis e o Rio Piracanjuba que nasce no município de Silvânia.
O Córrego Sampaio, localiza-se entre as zonas rural e periurbana do Município,
situado geomorfologicamente no Planalto Tocantins e Paranaíba, na porção ao Sul
do Município, desaguando no Rio Corumbá e depois este segue para o Rio
Paranaíba, e todos estes sendo integrantes da Bacia do Paraná, além destes há
vários cursos d'água de menor monta, que contribuem para a exudação da área de
estudo.
2 – Discussões
No contexto do crescimento demográfico e da imensa utilização de recursos
naturais, a degradação dos recursos hídricos restringe muito desses usos,
comprometendo a qualidade e a quantidade desses recursos. Dentre aos vários
impactos que atingem os recursos hídricos no Brasil, pode-se destacar como
principal o lançamento de águas residuais que causam a poluição dos cursos d‟
água.
Para Branco (1986), o lançamento de esgotos domésticos (águas residuárias
domiciliares) é uma das principais causas da poluição das águas, e o crescimento
das cidades vem acelerando esse processo.
A perspectiva ambiental consiste num modo de ver o mundo onde se
evidenciam as inter-relações e a interdependência dos diversos elementos na
constituição e manutenção da vida. Na proporção que a humanidade aumenta a sua
capacidade de intervir na natureza, para satisfação de necessidades e desejos
crescentes, surgem tensões e conflitos quanto ao uso de espaços e de recursos
naturais causando um desequilíbrio nessa relação sociedade/natureza.
Os cursos d‟água que estão localizados próximos das cidades, muitas vezes
pressionados pela expansão urbana, geralmente encontram-se ameaçados e,
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consequentemente, comprometem a dinâmica social e humana já construída nesses
lugares. No entanto, essa preocupação não deve se restringir às populações
urbanas. Há, ainda que em menor número, populações rurais as quais, de certa
forma, sustentam a dinâmica das cidades com atividades que, geralmente,
demandam grandes quantidades de água.
Schneider e Batista (1995, p. 113) asseveram que “[...] a falta de
planejamento urbano de uma cidade pode trazer uma série de problemas de
diversos níveis, especialmente os ambientais”.
Diante disto, vislumbrou-se a problemática: há realmente degradação
ambiental na área do Córrego Sampaio? Os ambientes que ali existem estão sendo
afetados? Há possibilidade de restauração dos impactos existentes nesses
ambientes? São questões que foram trabalhadas por Ferreira (2003), cujos
resultados em seu contexto, demonstraram que os impactos já são evidentes,
principalmente no que concerne a contaminação da água e pela degradação
paisagística.
Com essas preocupações, buscou-se destacar os processos de degradação
ambiental na área do Córrego Sampaio, com destaque para a degradação das áreas
próximas ao leito do Córrego devido o uso indevido do solo, pela poluição hídrica e
procurando entender as causas dessa degradação e a possibilidade de restauração
dessas áreas, visto que há possibilidades de impactos maiores no curso d‟água.
Esta questão é problemática, pois a degradação dos córregos e rios nas
áreas urbanas, causada pela quase totalidade de carga de esgotos domésticos e
industriais, tem sido considerada como fato normal pelo Poder Público e pela
população em geral, que na maioria das vezes prefere vê-los canalizados sob
avenidas (vias expressas), uma vez que na mentalidade popular, são sinais de
desenvolvimento. (SCHNEIDER; BATISTA, 1995, p. 113).
Por este viés, ao se adotar a bacia hidrográfica como delimitação territorial
para a gestão das águas, considerando o viés da planificação, se está respeitando a
divisão espacial que a própria natureza fez. A bacia hidrográfica passa a ser a
unidade de planejamento, integrando políticas para a implantação de ações
conjuntas visando o uso, a conservação e a recuperação das águas. Podendo ser
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perfeitamente utilizada para fins de desenvolvimento econômico e regional desde
que de forma racional (MARCATTO et al.,2004, p. 13).
A busca pelo desenvolvimento econômico aumentou a relação exploratória da
sociedade/natureza. Com a aceleração da industrialização, mecanização da
agricultura e a concentração populacional nas cidades, essa relação começa a
provocar efeitos devastadores e a exploração de recursos naturais passa a ser feita
de forma mais intensa..
A exploração de recursos naturais passou a ser feita de forma
demasiadamente intensa, a ponto de pôr em risco a sua renovabilidade. Desperta-se
assim para a necessidade de entender mais sobre os limites da renovabilidade de
recursos tão básicos para a sobrevivência humana (RODRIGUES; RODRIGUES,
2001).
Aos poucos a humanidade começa a perceber que a natureza não é uma
fonte inesgotável de recurso. Nesse contexto, a discussão sobre os problemas
ambientais ganha destaque e estes passaram a ser motivado de preocupação para
várias nações. Os danos ambientais, caracterizados pela degradação, anunciavam
assim a crise ambiental.
De acordo com Leff (2001), a crise ambiental se tornou evidente na década
de 1960, refletindo a irracionalidade ecológica dos padrões dominantes de produção
e consumo, marcando os limites do crescimento econômico. Assim, algo deve ser
feito para alterar as formas de ocupação do Planeta estabelecidas pela cultura
dominante.
No âmbito da produção do espaço geográfico, o ser humano necessita
ocupar um determinado lugar no espaço para viver e fixar moradias e assim produzir
esse espaço. O uso do solo ligado ao processo de produção é o modo de ocupação
de determinado lugar no espaço, em função da necessidade de realização de
determinada ação dando origem assim às aglomerações e, posteriormente, as
cidades. As águas doces tem um importante papel nesse contexto de produção do
espaço por ser um elemento vital para a sobrevivência da biota, consequentemente
das sociedades, sendo recurso vital para o desenvolvimento de diversas atividades
econômicas.
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Para MAGALHÃES JUNIOR (2007), a água é vista como fator estruturador do
espaço e condicionador da localização e dinâmica das atividades humanas,
possuindo importante estratégica no desenvolvimento e na expansão dos povos.
Nesse contexto, as aglomerações humanas geralmente acontecem próximas
aos cursos d‟águas, onde o homem passa a habitar e organizar as diversas
concentrações no espaço, dando origem às cidades.
Nos espaços urbanos é evidente o quadro de desequilíbrio dos recursos
hídricos, dentre outros impactos, resultante principalmente da descarga de afluentes
e do uso e ocupação inadequada das bacias hidrográficas intensamente
compartilhadas entre as cidades.
Assim, o estudo das bacias hidrográficas dentro da Geografia ganha
importância, pois é uma região geograficamente delimitada que convive com a
constante atuação do ser humano e leva essas transformações ao longo do tempo e
espaço, trazendo a preocupação da Geografia na análise da relação do ser humano
com os recursos hídricos.
A degradação ambiental não é causada somente pela ação antrópica,
embora, muitas vezes o termo seja atribuído referindo-se apenas às intervenções
das ações humanas no ambiente.
Diante da degradação ambiental, os recursos hídricos se tornam vulneráveis
às ações antrópicas e acabam servindo como depósitos de uma grande variedade e
quantidade de poluentes lançados no ar, no solo ou diretamente nos corpos d‟água.
Assim, a poluição do ambiente aquático, provocada pelo homem, direta ou
indiretamente, produz efeitos deletérios, tais como: prejuízo aos seres vivos, perigo
a saúde humana, efeitos negativos às atividades aquáticas (pesca, lazer, entre
outras atividades) e prejuízo à qualidade da água com respeito ao uso na
agricultura, indústria, e outras atividades econômicas. Essa relação de degradação
com os recursos hídricos aumenta a chamada “crise da água” que se caracterizada
pelo comprometimento da quantidade e qualidade da água no nosso Planeta.
3- Metodologias
Visando identificar os problemas ambientais no perímetro urbano na cidade
de Pires do Rio (GO), mais especificamente na área do Córrego Sampaio, a
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pesquisa foi desenvolvida com base numa estrutura metodológica suficientemente
estruturada segundo padrões técnico-científicos da Ciência Geográfica.
Os passos metodológicos foram os seguintes: 1) Levantamento bibliográfico,
que foi essencial para o desenvolvimento do estudo e aprimoramento teórico-
conceitual; 2) Trabalho de campo, tendo sido percorrida a pé toda a área
representada pelo Córrego Sampaio no perímetro urbano da cidade de Pires do Rio
- GO; e 3) Como instrumentos de registro foram utilizados: a caderneta de campo, a
máquina fotográfica digital, material cartográfico e uma planilha de estudos
geográficos composta de três partes essenciais: a) caracterização da área de
estudo; b) dados físicos da área; e c) levantamento dos impactos ambientais ao
longo do corpo hídrico, cujos resultados foram trabalhados em laboratório/escritório.
4- Resultados
A relação do homem com a natureza sempre foi de exploração. Não havia
uma preocupação com o limite dos recursos naturais. Em busca do desenvolvimento
econômico essa relação exploratória aumentou e começaram a surgir os problemas
ambientais. A humanidade começou a perceber que essa relação unicamente de
exploração não podia continuar, pois percebeu que a natureza tinha seus limites.
Surgia assim a discussão de como manter um tipo de desenvolvimento sem agredir
a natureza.
Na área estudada ocorre a presença de solo Hidromórfico com cobertura de
gramíneas e uma camada superficial rica em matéria orgânica. (Figura2).
Figura 2: Vista da cobertura de gramíneas e solos hidromórficos
Foto: FERNANDES, R.V. C. / 2004.
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A área delimitada para este estudo está com a vegetação nativa alterada,
sendo substituída por pastos, residências, pequenas chácaras, e até mesmo por
pequenas industrias. As vertentes do curso d‟água estão tomadas por entulhos ou
desmoronando em barrancos e o curso d‟água está totalmente poluído pelo esgoto.
(Figura 3)
Figura 3: Margem do Córrego Sampaio tomada por entulhos
Foto: FERNANDES, R.V. C. / 2004.
Próximo ao Córrego Sampaio – Parque Santana, houve desmatamento da
mata denominada cerrado, para dar lugar às gramíneas e a agricultura, visando o
uso para pastagens, hortaliças e a construção de casas e em seguida vemos que a
mata ciliar sofre modificação para dar lugar a pecuária extensiva. (Figura 4).
Figura 4: Vegetação ciliar desmatada para dar lugar às pastagens
Foto: FERNANDES, R.V. C. / 2004
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Ocorre também na área do Córrego Sampaio, o processo erosivo do solo,
devido ao desmatamento desordenado, as queimadas e o uso inadequado do solo.
(Figura 5)
Figura 5: Sulcos formados próximo ao Córrego Sampaio
Foto: FERNANDES, R.V. C. (2004)
Os impactos relativos a água e o assoreamento, consiste no carreamento do
material mineral para o corpo d‟água, provocando a reeducação da profundidade e
do volume na bacia de drenagem do rio .Ao percorrer o Córrego vê-se um processo
de assoreamento, como mostra a Figura 6.
. Figura 6: Assoreamento no leito do Córrego Sampaio
Foto: FERNANDES, R.V. C. (2004)
Na área do Bairro Parque Santana, está localizada a Estação de Tratamento
de Esgoto (ETE) da SANEAGO, na cidade de Pires do Rio (GO).
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Por fim, cabe mencionar que a expansão urbana está relacionada a uma série
de fatores de ordem histórica e econômica que, conjugados ou não, são
fundamentais para se justificar o desenvolvimento e/ou crescimento de uma cidade.
De qualquer modo, este crescimento implica numa maior pressão sobre o ambiente
e sobre os recursos naturais, notadamente os hídricos e a Área de Preservação
Permanente.
O conhecimento dos problemas ambientais, a montagem da estrutura
institucional, a participação da sociedade civil e do Governo Municipal, bem como a
conscientização da comunidade sobre esta realidade são extremamente importantes
para a resolução dos problemas.
Dessa forma, o Córrego em estudo, assim como outros corpos hídricos em
domínio urbano de Pires do Rio (GO), que sofrem a mesma problemática, com
tendência ao desaparecimento ou contaminação, diminuindo de forma bem
progressiva a rede hídrica urbana da Cidade em questão.
5- Conclusões
Baseado no que foi exposto, pôde-se detectar prejuízos na integridade
ambiental de vários pontos do fragmento do Córrego Sampaio localizado no
município de Pires do Rio (GO). Tais alterações dizem respeito à degradação do
referido curso d‟água e ao seu entorno por diversas atividades humanas, sobretudo
pelo acúmulo de lixo, construção de residências e o desmatamento para a obtenção
de áreas de pastagens e agricultura familiar. Pode-se dizer que estes dados servem
de alerta, sendo necessário, portanto, que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente
do Município, juntamente com Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos
Hídricos do Estado de Goiás e com a Agência Ambiental de Goiás, tome
providências no sentido de realizarem atividades e/ou estimularem a adoção de
medidas que venham interromper os processos de degradação observados. Assim,
dada à importância do Córrego Sampaio no contexto ecológico, ambiental,
socioeconômico e cultural da região estudada, sugere-se que: a) Seja implantado
um plano de gestão ambiental visando à preservação dos cursos d‟água da região e
a interrupção dos processos de degradação observados; b) Que seja estimulada a
criação de projetos de Educação Ambiental que tenham o intuito de promover o uso
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racional dos cursos d‟águas, e que sejam criados e implementados programas de
monitoramento ambiental dos rios da região, promovendo a integração com a
comunidade.
Somente através de uma pesquisa sistêmica é que se poderá mensurar os
níveis de degradação já detectados, possibilitando indicar meios e medidas que
possam amenizar impactos negativos cada vez mais eminentes. Pensando nisso,
pretende-se realizar um estudo para levantar, viabilidade de restauração das áreas
degradadas do Córrego Sampaio, na área do bairro Parque Santana, no municio de
Pires do Rio (GO).
Diante disto, faz-se necessário um estudo detalhado, dos reflexos da
intervenção humana nessas áreas e as consequentes transformações espaciais
decorrentes desse processo acelerado de intervenção, considerando o Córrego
Sampaio como um subsistema fundamental no equilíbrio do ecossistema regional e
para a cidade de Pires do Rio.
______________________
Nota
1- Artigo vinculado à Dissertação de Mestrado junto ao PPGGC/IGEO-RC/UFG. Revisado pelo Orientador.
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