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Declaração de Conflito de Interesse
Declaração de Conflito de Interesse
Declaração de Conflito de Interesse
Declaro que possuo conflito de interesse na (s) categoria (s) abaixo:• Consultoria: • Financiamento de Pesquisa: • Honorário: • Patentes e Royalties:• Afiliação na Diretoria de uma Entidade ou Conselho: • Discussão de uso de drogas Off-label:
A percepção do risco
Andréa Drumond Florianópolis, nov.2016
Gerenciar custos ?
Estabelecer Compliance?
Prestar cuidado seguro?
Qual o maior desafio para os serviços de saúde?
Nós percebemos os riscos a que nos submetemos diariamente?
• A percepção do risco está presente em nossa rotina?
• É uma preocupação evidente?
• Estamos trabalhando para prevenir mitigar os riscos na assistência?
O Risco existe nos diversos contextos...
Aprendendo com os erros.
Desastre aéreo de Tenerife
Voos KLM 4805 e Pan Am 1736
Ilha de Tenerife, Arquipélago das Canárias - Espanha, em 27.03.1977.
Colisão entre dois aviões.583 mortes, 61 feridos.
Profundas mudanças nas regulamentações e procedimentos.
Desastre PIPER ALPHA
Mar do Norte, 06.07.1988Vazamento de condensado de gás
natural167 mortes, 62 feridos.
Mudanças nos procedimentos de segurança e projetos das plataformas.
Desastre nuclear de Chernobyl
Ucrânia, União Soviética, 26.04.1986Explosão no reator da central de
Chernobyl liberou nuvem radioativa.56 morte; estimativa: 4000 pessoas em
decorrência da exposição.Mudanças nos projetos,
procedimentos e regulamentações
O mistério do quarto 311Durante alguns meses acreditou-se que o quarto 311 do Hospital Dom Pedro em Aveiro,
possuía uma maldição. Todas as sextas-feiras de manhã os enfermeiros descobriam um
paciente morto neste quarto, na unidade de terapia intensiva.
A equipe médica, perplexa, pensou que existisse alguma contaminação bacteriana no ar
do quarto. Alertadas pelos familiares das vítimas, as autoridades conduziram um
inquérito. Os pacientes do 311 continuaram, no entanto, a morrer a um ritmo semanal e
sempre à sexta-feira.
Por fim, foi colocada uma câmera no quarto e o mistério resolveu-se:
Todas as sextas-feiras de manhã, pelas 6 horas, a mulher da limpeza desligava os
aparelhos do doente para ligar o aparelho de limpeza!
RISCOEm italiano “rischio”, definido como insicurezza, que
em português significa insegurança.
No árabe clássico “rizq”, “graças a Deus” ou aquilo que se depara com a providência.
Em latim “resecum”, “aquilo que corta”.Como menção a uma possível existência de perigo, um
perigo oculto.
Surge, aí, o conceito de probabilidade.
“Um conjunto de incertezas encontradas, quando ousamos fazer algo.”
Ainda sobre o conceito de risco...
O conceito de risco não é apenas perigo ouimpacto negativo.Riscos, efetivamente, são:• A exposição às consequências da incerteza;• A exposição aos potenciais desvios do que
foi planejado, que poderão ser positivos ounegativos.
RISCO• Para a epidemiologia o conceito de risco tem um
sentido diferente, matemático, ou seja, aprobabilidade de um evento ocorrer ou não,combinado com a magnitude das perdas e ganhosenvolvidos na ação realizada.
Portanto, o termo RISCO designa a combinação entrea probabilidade de ocorrência de um determinadoevento (aleatório, futuro e independente da vontadehumana) e os impactos (positivos ou negativos)resultantes, caso ele ocorra.
O Risco na Assistência à Saúde
Institute of Medicine - USA
“Entre a assistência médica que temos e a que poderíamos ter, não existe um vão, existe um
verdadeiro abismo!”
Errar é humano, 1999
Cruzando o Abismo, 2001
To err is HumanBuilding a safer health care system
Kohn LT, Corrigan JM, Donaldson MS.
Relatório estimou a ocorrência entre 44.000 a 98.000 mortes nos Estados Unidos, a cada ano,
por danos relacionados ao cuidado e não à doença.
Seria equivalente a um acidente aéreo (jumbo) por dia8ª causa de morte. Acidentes automobilísticos – 43.000 Câncer de mama – 42.297 AIDS – 16.516
“Existe uma grande diferença entre a melhorevidência do que fazer com os nossospacientes e aquilo que de fato é feito.”
Isso foi o que o Institute of Medicinechamou de “Abismo da Qualidade” nolivro “Cruzando o Abismo da Qualidade”,de 2001, que discutiu sobre a realidadeda assistência à saúde praticada nos EUA,em contraposição ao que deveria existir,caso fosse praticado aquilo que é postocomo a melhor evidência em medicina.
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Em torno de 98.000 pessoas morrem, a cada ano, noshospitais americanos em função de danos decorrentes daassistência à saúde (IOM - USA).Estima-se que 2 milhões de pacientes, a cada ano,adquiram infecções nos hospitais americanos (CDC – USA).Cerca de 7,5% de pacientes admitidos nos hospitaiscanadenses, em 2000, tiveram experiência com um oumais eventos adversos. Um terço destes eventos eram“fortemente evitáveis”.Estima-se e 12,9% das admissões anuais em hospitaispúblicos da Nova Zelândia estão relacionadas com umevento adverso.
http://www.jointcommissioninternational.org
Panorama Internacional
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No Reino Unido, os EAs ocorrem em cerca de 11%das admissões/ano, o que equivale, em média, a850.000 eventos/ano.Custam aproximadamente 2 bilhões de libras/ano,com extras em dias de internação (cerca de 6 a 8dias extras).Mais de 400 milhões de libras são gastas por anoem função de acordos judiciais por negligênciasclínicas.As infecções hospitalares adquiridas custamaproximadamente 1 bilhão de libra/ano.
www.npsa.nhs.uk
Panorama Internacional
Estudos internacionais sobre a ocorrência de EAS em Hospitais Universitários
Resumo do panorama mundial
Estudo Incidência de Eventos
Harvard (HMPS) 3,7%
Austrália 16,6%
Nova Zelândia 11,3%
Grã-Bretanha 10,8%
França 14,5%
Idoso foi hospitalizado no dia 30 para amputar a perna direita devido a complicações decorrentes de diabetes. Na madrugada de sexta-feira, os familiares teriam notado, ao visitar o paciente, que havia sido amputada a outra perna.
A realidade brasileira
Menos de 24 horas depois de ser vítima deerro médico, senhora idosa de 77 anos,morreu no Hospital Geral de Roraima (HGR).Anteontem, um médico da unidadeimplantou uma prótese em sua pernadireita, que não tinha problema, e deixou aperna esquerda com o fêmur fraturado.
De acordo com o SIH-SUS em 2008 ocorreram em todo o Brasil
11.109.695 internações
Com evento adverso 844.109
internações (7,6%)
Com evento adverso evitável 563.020
internações (66,7%)
cerca 40% óbito
A realidade brasileira
BrasilIncidência de Eventos Adversos:• Mendes et al. (2009) - 7,6%.• Daibert (2015) - 4% (hospitais com
sistema de gestão da qualidade).• Tempo médio de permanência
superior = +9d de internação.• Ocupam, em média, 10,3% da
capacidade instalada (leitos).• Assad (2011) – incidência em
UTIs: 139/1000.
Estimativa de eventos adversos e óbitos por erros assistenciais hospitalares na saúde privada do Brasil,
2015.
Fonte: Relatório Erros Acontecem... IESS, Brasil, 2016
Densidade de incidência de eventos adversos em pacientes hospitalizados - Unidades de terapia
intensiva (eventos/1.000 pacientes-dia)
Fonte: Pedrosa, 2014 in Relatório Erros Acontecem... IESS, Brasil, 2016
Estimativa de custos por erros assistenciais hospitalares na saúde suplementar no Brasil, 2015.
Fonte: Relatório Erros Acontecem... IESS, Brasil, 2016
A PERCEPÇÃO do Risco na Assistência à Saúde
Por que os incidentes ocorrem?
• Porque os Incidentes são uma realidade presente em nossos hospitais?
(In)Segurança do Paciente
Porque os erros ocorrem?
COMO ACONTECE...
Fatores contribuintes (Vincent, 2010)
• Fatores do paciente• Fatores tecnológicos e da tarefa• Fatores individuais (profissionais)• Fatores da equipe
• Fatores do ambiente de trabalho• Fatores organizacionais e administrativos• Fatores do contexto institucional
“Sharp-end”
(Causas proximais)
“Blunt-end”
Incidente com dano
Situação com significativo potencial para dano ao paciente.Não aconteceu o incidente.
Incidente que não atingiu o paciente
Incidente que atingiu o paciente, mas não causou dano
Incidente que atingiu o paciente e causou dano(Eventos adversos)
Situação deRisco
Circunstância notificável
Near Miss
Incidente sem dano
Incidentes relacionados à assistência à saúde
• Em geral os serviços de saúde usam uma abordagem pararesolver as falhas ou erros que se respalda nos aspectos dapessoa...
• Buscam identificar a existência de negligência,desatenção, descuido, falta de conhecimento, deexperiência, desmotivação e assumem atitudepunitiva.
• A tendência do profissional que cometeu falha ouerro é escondê-lo.
Profissionais de saúde nãoreconhecem sua falibilidade.
Como prevenir a ocorrência?
Ações para reduzir o risco: ações tomadas para reduzir, administrar ou
controlar qualquer dano futuro, ou a probabilidade de dano, associado a
um incidente. Essas ações podem ser pró-ativas ou reativas.
Ações pró-ativas: podem ser identificadas por técnicas como análises
de efeito e análise probabilística de risco.
Ações reativas: são aquelas tomadas em resposta aos aprendizados
(insights) ganhos depois de um incidente ocorrido.
A importância do gerenciamento dos riscos
• A gestão de riscos é um elemento essencial daboa governança assistencial.
• Envolve o estabelecimento de uma infraestruturaassistencial, métodos gerenciais capazes de fazero melhor uso da infraestrutura, uma liderança euma cultura organizacional de segurança.
• Em linhas gerais, tem como finalidade oreconhecimento de oportunidades de ganhos ede oportunidades de redução de perdas.
A gestão de riscos é parte integrante das boas práticas e possibilita:
A redução de riscos e situações indesejadas; Bens e vida humanas preservadasMelhoria do planejamento, Melhoria do desempenho e eficácia; Economia e eficiência; Melhoria das informações para a tomada de decisões.
Metodologia para Gerenciamento dos Riscos
Tratamento dos Riscos:
Reconhecer (riscos): identificar, caracterizar, saber apontar os agentes de risco de dano à saúde estão presentes.
Avaliar (riscos): é saber quantificar e verificar, de acordo com determinadas técnicas, a magnitude do risco. Se é maior ou menor, se é grande ou pequeno, comparado com determinados padrões.
Controlar (riscos): é adotar medidas técnicas,administrativas, preventivas ou corretivas de diversasnaturezas, que tendem a eliminar ou atenuar os riscosexistentes no ambiente.
Sete passos para a Segurança do Paciente
1.Construir uma Cultura de Segurança
2.Liderar e apoiar os profissionais
3.Integrar a atividade de gestão do risco
4.Promover um sistema de Relato de Incidentes
5.Envolver o paciente e o público (incluindo profissionais)
6.Aprender e compartilhar
7.Implementar soluções/mecanismos de segurança
Fonte: www.npsa.nhs.uk
Entre os desafios, fortalecer a CULTURA DE SEGURANÇA...
Organizações com uma cultura de segurança positivasão caracterizadas:
Pela comunicação fundamentada na confiançamútua,
Percepção comum da importância da segurança,
Confiança na efetividade de medidas preventivas.
(Health and Safety Comission, 1993)
“A cultura é feita de valores e crençascompartilhadas que interagem dentro de umaorganização, a fim de produzir normas decomportamento, ou:
"Como fazemos as coisas por aqui."
Isto determina a forma como os indivíduos e asequipes aprendem juntos e trabalham juntos.”
Derek Feeley, Presidente, CEO. Institute for Healthcare Improvement (IHI)
Aspectos relacionados ao indivíduo: valores, crenças, atitudes epercepção dos indivíduos com relação à gestão da segurança. Estesaspectos da cultura de segurança refletem o que a organização é.
Aspectos relacionados ao trabalho: comportamento e ações doindivíduo com relação ao sistema de gestão da segurança e aos riscospresentes, intrínsecos.
Aspectos relacionados à organização: práticas e estrutura daorganização para dar suporte ao indivíduo e ao sistema de gestão dasegurança.
Aspectos presentes nos diferentes conceitos de cultura de segurança
Fatores importantes para fortalecimento da Cultura de Segurança
• Aprendizagem• Informação• Envolvimento• Comunicação• Comprometimento• Percepção do risco• Planejamento
Cultura da Segurança
Aspectos-chave de uma cultura eficaz• Empenho da gestão;• Gestão visível;• Políticas institucionais fortes (definir, comunicar e
treinar);• Boa comunicação entre todos os níveis de colaboradores;• Participação ativa dos colaboradores;• Avaliação de clima, auditorias Internas e inspeções de
qualidade sitemáticas;• Gestão de riscos;• Educação e aconselhamento
( Fonte: Human Factors Toolkit Introduction – HSE, 2005.)
Avaliação da Cultura de Segurança
Para se estabelecer uma cultura de segurança em uma organizaçãode saúde, o primeiro passo é avaliar a cultura corrente (Provonostet al, 2004).
A avaliação da cultura de segurança pode ter múltiplas propostas:
o diagnóstico da cultura de segurança e asensibilização/conscientização dos funcionários tema;
a avaliação de intervenções para a segurança do pacienteimplementadas na organização e o acompanhamento demudanças ao longo do tempo;
a comparação com dados de referência internos e externos àorganização;
a verificação do cumprimento de necessidades regulatórias.
A maior parte dos estudos que avalia cultura de segurança emorganizações de saúde utiliza questionários como instrumento decoleta de dados.
Os questionários diferem quanto ao número de itens e de dimensõesque mensuram e em relação à variação nas suas propriedadespsicométricas - validade e confiabilidade.
→ Questionário de Atitudes de Segurança (SAQ - Safety AttitudesQuestionnaire)
→Pesquisa sobre Cultura de Segurança em Hospitais (HSOPSC - HospitalSurvey on Patient Safety)
→Ferramenta de Sondagem ao Clima de Saúde e Segurança (Health &Safety Climate Survey Tool – HSE Health and Safety Executivo UK)
Avaliação da Cultura de Segurança
“Pacientes pela Segurança do Paciente”
“Dar voz ao paciente”
• Encorajá-lo a perguntar e respondê-lo assertivamente.
• Reconhecer seu protagonismo.
• Estimular a sua participação no processo de cuidado, construindo
vínculo para a segurança e efetividade do cuidado.
Para a construção de um sistema de saúde seguro no Brasil:
• Concertação de esforços entre todas as partes envolvidasdo setor saúde tendo como centralidade o paciente,como prioridade a sua segurança;
• Liderança e construção de uma cultura de segurança nãopunitiva frente ao erro, envolvendo todos os segmentosdo sistema de saúde brasileiro;
• Qualificar a rede hospitalar brasileira garantindo amelhor ciência, tecnologia e processos;
• Mudar o modelo de pagamento dos serviços assistenciaisalinhando estímulos econômicos aos interesses dospacientes: qualificação da rede, resultados e segurançaassistencial baseada em indicadores (pagamento porresultado e qualidade).
• Aprofundar os mecanismos apontados pela legislação,avançar dentro das recomendações da ciência, reforçar aarticulação dos esforços dos diversos agentes;
• Fortalecer a cultura de segurança nos serviços de saúde;• Engajar o paciente no processo de cuidado;• Capacitar os trabalhadores em métodos para segurança
do paciente dentro da melhor da ciência que vem sendousada com sucesso em diversos sistemas de saúdemundiais.
Para a construção de um sistema de saúde seguro no Brasil:
“Não há nada mais insano do que fazer ascoisas sempre da mesma maneira e esperarque os resultados sejam diferentes.”
Albert Einstein
Andréa DrumondGerente de Unidade
Cassi SC
Educadora do Consórcio Brasileiro de AcreditaçãoCBA/JCI
Docente e Tutora Curso de Especialização Internacional em Qualidade em
Saúde e Segurança do Paciente EAD/ENSP/FIOCRUZ
[email protected](48)8804-4050
Obrigada!