de olisipo a lisboa, a casa dos bicos
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Cmll5.so NACIONAL
I'ARA AS COMEMORAES DOS DE..'SCOBRI!>tENTOS
PORTUGUL'iES
cmllsso NACIONAL PA1rI riS COMEIORAES DOS DESCOBRL\lENTOS POHTUGUESES
COMISSRIO-GERAL
Joaquim Romero Magalhes C o o R o EN A DO R -AOJ UNTO Joaquim Soeiro de Brito
VOGAIS DA COMISSO EXECUTIVA
Fernando ele Jesus Fernandes Joo Paulo Salvado
E XP O SIAo
PRODUO E REALIZAO
Comisso Nacional para as Comemoraes dos DescobJimentos POltugueses COLABORAO
Cmara Municipal de Lisboa - Museu da Cidade Ministrio da Cultura - Instituto Portugus do Patlimnio Arquitectnico
COORDENAiio
Tiago C.P. dos Reis I'lirancl.a COMISSRIA EXECUTIVA
Maria da Conceio Amaral COMISSRIO CIENTFICO
Clementino Amaro ASSESSORIA
Cristina Constantino DESENHO
Antnio Jos Cruz CONSERVAO E RESTAURO DE PEAS
Margarida Santos Carlos Santos Paula Correia
DESIGN GRFICO DA EXPOSIiio
tvlll designers ([email protected]) MONTAGEM
Fernando Branco Lus Campos GABINETE DE IMPRENSA
Maria Ceclia Cameira GABINETE DE DIVULGAO DE ACTIVIDADES
Nlia M oreno APOIO DE SECRETARIADO
Alexandra Alves - Ana Arriaga . Joo Rafael - Mercedes CoI ao Sandra Paula Cruz
CONSERVAiio E LIMPEZA DE ESTRUTURAS ARQUEOLGICAS
Filipa Pimenta - v1oiss Campos SEGUROS
Ocidental Seguros TRANSPORTES
FeirExpo
C ATAL O G O
EDiO
Comisso Nacional para as Comemoraes dos Descobrimentos Portugueses
COORDENAO EDITORIAL
"'Iaria da Conceio Amaral Tiago C.P. dos Reis Miranda
COMISSRIO CIENTIFICO
Clementino Amaro
AUTORES OE TEXTOS
Clementino Amaro Tiago C .P. dos Reis Miranda
CLASSIFICAO DE ESPCIES
Clementino Amaro Cristina Constantino (peas n."; 39 a 50)
Eurico Seplveda (peas n."' 5 a 7) Guilherme Cardoso (pea n.o 1)
DESIGN GRFICO
TVM Designers
DESENHD ARQUEOLGICO
Antnio Jos Cruz Campo Arqueolgico de Mrtola
Cristina Constantino Jorge Raposo
Maria Augusta Loreto
CREDITOS FOTOGRFICOS
Arquivo CNCDP
Arquivo da Fundao BCP
Clementino Amaro
Jos Antnio - Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo Jos Pessoa - Diviso de Documentao Fotogrfica -
Instituto Portugus de Museus
Paulo Cintra & Laura Castro Caldas PR-IMPI1ESSAO
Grfica Maiadouro
IMPRESSO
Grfica Maiadouro
IS B N
972-787 -057-0
DEPSITO LEGAL
178754/02
CATALOGAO NA FONTE
POnTUGAL, COIISS'\O NACIONAL PAnA AS COIE\IOI\AES DOS
I)ESCOBRlIENTOS I'OHTUGUESES
De Olisipo a Lisboa: a Casa dos Bicos / Comisso Nacional para as Comemoraes cios Des-'Plo
rao de recursos marinhos nos dois esturnios -lio e costa lica em peLxe,
boas condies nahlrais de abIigo, facil navegao para o inteIior do teni
tlio, clima ameno, fcil e>qJlorao de sal, regio com vastas matas e
barreiros -, o esturio do Tejo revelou nas ltimas duas dcadas uma
organizao algo semelhante em relao ao plimeiro, COIll as unidades
transformadoras concentradas junto foz (Lisboa, Cacilhas, Porto Bran
do e Cascais) e os centros oleiros, produtores dos contentores, insta
lados mais para o intelior do esturnio e, at ao momento, todos refe
renciados na margem esquerda do Tejo (Quinta do Rouxinol, SeLxal;
POlto dos Cacos, Alcochete; Garrocheira, Benavente; POltO Sabugueiro,
Muge) .
Na BaLxa de Lisboa foi , at ao momento, referenciada ullla sequn
cia j impressionante de unidades fabris na antiga orla Iibeinha de
Olisipo, e ao longo do esteiro (brao de lio), com evidncias na Casa
dos Bicos e ruas dos Fanqueiros, S. Julio, Correeiros e Augusta, numa
extenso de cerca de SOO metros (fig. 3). Desde 1995 que o Ncleo Arqueolgico da Rua dos Correeiros (Fundao BCP) faculta ao visi
tante uma proposta de "leirura" de como selia o quotidiano de um
complexo industlial de preparados pisccolas, com diferentes ciclos de
desenvolvimento, actividade que neste local ter perdurado at plimeira
metade do sculo V d.C . .
Da unidade b',msfonnadora identificada no subsolo da Casa dos Bicos
foi possvel escavar cinco tanques de salga (cettias) , dois compaJtimentos
anexos e um troo de esgoto (fig. 5, n.o 1; fig. 9, n.o 2). As restantes estru
ruras fablis prolongam-se actualmente sob a rua Afonso de Albuquer
que, a norte, e sob um prdio a poente. A sua construo encontra-se
a cerca de 3 metros acima do nvel mdio do mar, num solo constihJdo
por areia fina silto-argilosa (areolas da Estefnia) e por blocos de grs
CalClio (terreno do Tercerio).
Esta tcnica de conservao de alnentos tem larga tracho no Meeu
terrneo, sendo j referenciada na literatura do sculo V a.C .. A partir
da poca de Augusto, na passagem do sculo I a.e. para o I el.e., com a estabilidade poltica e o crescente desenvolvimento da viela urbana,
d-se um forte incremento na indstJia de preparados pisccolas, resul
tante, em grande mechda, da e>-'P0rtao a longa distncia.
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CnsI dos ico" Lishua Corte A B -fmdo? {IiI f(l(;Jmtl.l nUI tr - HlIJ Afunso do AI/JuqlUrqlle
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C=:J Estruturas romanas r---l Estruturas medievais l---.J onde assentou a fachada norte
Fig.
r---l Estruturas medievais L----.J e ps-medievais c:=J Entulho
1 - Tanques de salga (cetrias) Perodo romano
2 - Fragmento de marco milirio ao imperador Probo (276-282 d.e.)
3 . Contexto islmico 4 - Paredes medievais 5 . Pavimento em terra batida e seixo
rolado 6 - Arco do perodo medieval 8 Passadio 9 - Zona de frio"
Os tanques de salga, organizados geralmente em duas fiadas, enqua
dravam um ptio onde se procedia ao tratamento e seleco do pescado,
sendo posteriormente depositado nos tanques, mesclado com abundantes
camadas de sal. Os tanques estavam protegidos por um telheiro. Outras
dependncias anexas desempenhaIiam as funes de armazns e aloja
mentos. Para alm dum sistema de canalizaes, as fbricas poderiam
ser dotadas de termas e, provavelmente, de residncia para o respon
svel pela produo.
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+15111
Om
Nas ruas das Canastras, cerca de 100 metros a poente da casa, em obras efectuadas num estabelecimento comercial, em meados elo sculo passado, foi localizada a estrutura de um provvel cais, o que leva a remontar pelo menos ao perodo romano, a tradio de equipamentos ele acostagem e de desembarque nesta frente ribeirinha.
A unidade fablil aqui localizada laborou muito provavelmente at segunda metade do sculo TIl, alhml em que esta zona da cidade sofrer uma reestruturao urbana. Efectivamente, a partir de 235 elC. (a par de uma CeIta autonomia administrativa abibuela s provncias, que mantm entre si um intercmbio comercial regular e espontneo, j sem a tutela de Roma), o Implio enb'a num perodo de instabilidade, como resultado, de uma crescente cusputa pelo poder entre as chefias militares, maus anos agrcolas e uma certa fragilidade na defesa das fronteiras, que leva a actos de pilhagem e a invases de povos da sua pelitelia.
H sinais de que as provncias da Pennsula Iblica no foram particularmente afectadas a lvel econmico. Nestas tambm acontece o processo de fortificao das cidades, fenmeno a que Olisipo no fica alheia e de que Conmbliga o exemplo mais paradigmtico no nosso territlio. Quanto eX'}JOltao de preparados pisccolas, no se regista uma quebra na sua actividade, mas antes evidentes alteraes nos mtodos de produo, na procura e nos gostos, eventualmente nas espcies de peLxe capturadas, no vasilhame utilizado, promovendo uma clara remodelao nas instalaes fablis.
As cidades devem ter atrado uma populao com novos hbitos e interesses, movimento ao qual no deve ser alheia a decadncia do teatro no sculo III, altura em que o circo est em plena actividade ali para os lados do actual Rossio, para se assistir a mais uma corrida de bigas e quadligas, plLxadas por cavalos, alguns representando a raa Lusitana (fig. 3).
neste cenlio de reestruturao urbana que se d o encerramento do teatro, e que desafectada ao pblico a via pedonal, identificada no claustro da s, e que se!ia uma das ligaes vilias possveis entre a zona do teatro e a orla ribeiJinha, por alturas da unidade fabril, localizada no subsolo da Casa dos Bicos (fig. 7). Encerrada a via e construda a muralha por esta altura (fig. 1 1, n.o 2) , cortando o acesso da h'blica ao lio, sua fonte de abastecimento e de eX'}JOltao, j que aquela fica intramuros, termina esta o seu peliodo de laborao. da fase final que foram recolhidos junto ao ncleo fabril vlios exemplares de contentores, em
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Conjunto de salgas (cetrias)
princpio, produzidos nas olalias do estulio do Tejo e representativos da nfora de conservas de pescado, da forma
A1magro SIc (fig. 6), e A1magro 50.
/
Provavelmente por alturas do encerramento da
unidade fabril vo surgir novas construes sobre o teatro
e a via romana, reutihzando estruturas e elementos arquitectnicos ante110res como material de construo. Assim
aconteceu na construo de um compartimento tardo
romano (fig. 5, n.o 2) onde um troo de marco mililio do
imperador M . Aurlio Probo (276 a 282) foi reutihzado,
encontrando-se actualmente e;l.'P0sto no Museu da Cidade.
Este milirio, e mais dois igualmente de Probo achados na
mesma via, revelam obras importantes realizadas ao tempo daquele imperador em cu ferentes troos do trajecto que , de Olisipo, se diligia a Emerita (Mrida) , por Scallabis, hoje Santarm, e por Ierabriga, na regio de Alenquer (Mal1tas, 1996).
\ \
rentes locais.
Da poca Visigtica os escassos vestgios conhecidos
na cidade levam a interpret-la como um peliodo de cons
truo de diversos eclincios religiosos. Os mateliais arqueolgicos ultimamente exumados sugerem a manuteno de
relaes comerciais com a bacia mecliterrnica, dada a valiedade e fi'equncia de peas cermicas importadas ele dife-
As construes realizadas nesta h1se devem ter causado assinalveis
esh'agos ou reestruturaes nas antigas residncias do perodo romano.
Um dos sinais a considerar a razovel quantidade de fragmentos de
mosaico e tesselas cuspersas que so recolhidos em conte;l.tos taldios. Esta situao foi registada no claustro ela s, na Casa dos Bicos e noutras inter
venes no cenb'o histlico. No entallto, no Ncleo Arqueolbrico da Rua
dos Correeiros foi identificado um mos,co do terceiro qumtel do sculo
III, posteriormente integrado num espao de banhos.
Na sequncia do movimento de conquista militar da Pennsula
Iblica, a cidade ser ocupada pelos Muulmanos a paltir ele 714. A estrutura urbana vai adaptar-se aos novos modelos de governar, de
pensar, de agir. Dentro dos modelos de tracuo mecliterrnica de cidades-porto, a Lisboa Muulmana (Alusbulla) desenvolve-se a paltir de dois plos geradores principais. No alto da colina ergue-se a alcova,
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com amurall1amento prplio, e ao longo da encosta espraia-se a meclina,
em grande pmte coincidindo com a zona residencial, administrativa e
ldica da cidade romana.
Os dois plincipais arrabaldes organizam-se extramuros. O bairro do
Ocidente desenvolve-se, com mais intensidade a partir do sculo X, na zona baixa junto ao lio e ao longo do esteiro, concentrando-se a os artesos, pescadores e comerciantes. Para alm do porto de abligo, a cons
truo e reparao navais instalam-se ao fundo do esteiro. Este cresci
mento da cidade resulta do um forte aumento do comrcio regional e
a longa distncia, sendo aceitvel consider-la como o mais impOltante
aglomerado do Carb-al-AndaZuz no final do sculo XI, no desempenhando, no entanto, nenhum papel poltico conczente, situao algo
semelhante vivida no perodo romano.
Do lado nascente fica o bairro de Alfama, ainda hoje o melhor teste
munho de como seria um bairro poca, vivendo-se num emaranhado
ele ruas, becos, caladas e travessas, onde a populao se decca huna
malitima e onde uma elite muulmana usufrui da excelncia das suas
guas, ficando estas para sempre associadas ao nome do bairro.
As nascentes, para alm de assegurarem o abastecimento da popu
lao, de bebedouros e de lavadouros, so utilizadas como banhos medi
cinais e no tratamento e lavagem de ls e cortumes.
No caso de Lisboa, a cidade baixa e a mecna ficam gradualmente
unidas, tendo como ponto de referncia a mesquita maior, construda
numa plataforma central. No sculo XI a meclina apresenta uma grande densidade populacional, e encontra-se defendida por uma murall1a com
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flf' I "Cerca Moura". decalcada num
desenho executado a partir de Vista Panormica de Lisboa, c. 1570, Universidade de Leiden
C. a do, Si o' Li",IJo11 ( rte l:-F
Ribeira
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R, Afonso de Albuquerque
I .i Areia sllto-argllosa , . I (areolas da EsteWnia) I I I . . '-----...... . - . - . - . - . - . - . - . - . - . - . - . -i. - . -i-. - . - - . - . - . - . - .!- . - . - . _ . _ . __ . _ . _ . _ . _ .J
'II';. q
r-----l Cerca Mura r-----l Estruturas romanas r-I Estuturas.mejevais e Torre va e pos-medlevals 1 Escada central 2 Tanque romano 3 - Cerca Moura" 4 Torre v 5 Elemento arquitectnico
do perodo romano 6 - Arco do perodo medieval 7 Vo quinllentista (entaipado)
cerca de 2 Km de peJmetro, designada por "Cerca Moura", Esta foi
provavelmente reconstruda aps o ataque do rei de Leo, Ordonho I I I,
em 953, que tomou a cidade por um breve peJodo ( fig, 8) . plausvel que muitos troos ela cerca coincidam com a muralha tardo-romana,
Alguns indcios levam a admitir esta hiptese, como a presena de uma
torre sem i-circular no intelior da torre v localizada na Casa dos Bicos
(fig, 9, n,O' 2 e 3), situao que j no indita no permetro amura
lhado, Igualmente, alguns panos de muralha integram silhares tipica
mente romanos,
No decurso dos trabalhos arqueolgicos na Casa dos Bicos foram
identilicados cerca de 9 meb'os da "Cerca Moura", com uma altura mdia de 0,80 meb'Os acima do nivel fretico (fig, 1 1 , 11, 1 ) , O traado da mura
lha no local encontra-se numa zona de conquista ao lia (fig, 9, n ,"' 3 e 4)
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+15m
F
001
resultante de ter sido usado como rea de despejo de lixos urbanos desde,
pelo menos, o perodo romano. Numa sondagem geolgica efectuada
junto face externa da muralha foi registada uma camada de despejos
urbanos de cerca de 2 metros de potncia, assentes directamente nas
areolas cota de -3,30 metros.
A configurao do espao da recepo coincide com o vo de uma
torre v da cerca, estando a sua face extema no alinhamento da cons
truo da fachada em "ponta de diamante". A deciso de derrubar troos
da Cerca Moura, perdida entretanto a sua funo militar, e fazer alinhar
as fachadas dos prdios pelas torres, vem do tempo de D. Afonso \ segundo se pode constatar num aforamento registado na Chancelaria
Rgia, quando se diz que "a parede (das casas) que se em elle fizer no
scua mais, assim de largo e altura, que quanto diz as torres que esto pegadas ao clito muro" (fig. 12) .
Os vestgios de ocupao deste espao no perodo Muulmano resu
mem-se a duas pequenas bolsas com matelial islnco, e a outros mate
liais associados a esplio romano resultante de aterros aqui efectuados.
Das poucas peas registadas merece referncia o fragmento de uma taa
decorada em "corda seca" total (n .o 16 do catlogo) .
Quando em Agosto de 1 147 o exrcito clisto cerca a cidade, esta
apresenta-se falta de vveres e bem defendida. De facto, na cmta recli
gida pelo cruzado ingls, que pmticipa no cerco, a celta altura relata
-se que "ao sop dos muros existem arrabaldes alcandorados nos roche-
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Fig 12 Aforamento. Chancelaria de
D. Afonso V, L.' 15, Lisboa, IANTT
dos cOltados a pique, e so tantas as dificuldades que os defendem, que se podem ter em conta de castelos bem fortificados."
Aps vrias provaes a cidade de Al!J.rboll{{ passa ao domnio cristo em Outubro desse ano e, de imediato, comea mais uma fase de reestruturao urbana, condizente com os interesses e anseios dos dominadores. Inicia-se a construo da s catedral, onde at a sobressaiu a mesquita maior. O poder municipal ir estar associado ao espao da s at ter casa prpria. A zona baixa da cidade, por sua vez, vai receber novos bairros labirnticos, em redor da igreja (dentro do modelo raclial cIisto), dando origem a novas parquias.
Fixados os limites fronteitios do reino e elevada a capital, com a b'aJ1Sferncia da sede da Chancelmia, por D. Afonso III, em 1255-56, a Lisboa meclieva (L!J.rbonG) vai equipar-se com os meios necesslios para desempenl1ar um impOltante papel como enb'eposto comercial entre as regies da Europa Atlntica e os portos do Ocidente Mecliterrnico.
D. Dls ( 1279-1325) constri novos cais, abre a lLm Nova dos Mercadores, fomenta novos acordos comerciais e uma segunda muralha de proteco da zona baixa, para a salvaguardm' da piratmia de ento. As Tercenas so instaladas na Ribeira, em zona extmior ao muro defensivo.
Mais obras vo ser empreendidas na zona baixa, em resultado da construo da Cerca Fernandina, em 1373-76, para defesa dos novos bairros e dos antigos arrabaldes de Alfama e MOUJ'mia. A cerca vai integrar tenitrios a OIiente (Santa Clara/Graa), a ocidente (Cm'mo e Trindade), a norte (Rossio) e por fim os mosteiros, conventos e suas cercas, na ento peIifelia urbana, condicionando o percurso da mesma.
O antigo brao de rio j um simples caneiro a cu aberto, transposto por uma ponte de madeira - da Galonl1a ou de Morraz - ligando a rua da Calcetada com a rua Nova dos Ferros, no local onde actualmente se cruzam as ruas do Comrcio com a elo Ouro. O caneiro d lugm', no sculo 'V, ao cano real, sobre o qual se abre a rua Nova de El Rei, em 1466. Os novos arruamentos inserem-se j numa lgica de ordenamento racional das vias principais, apresentando-se largas e OItOgonais, prpIio de um urbanismo planeado.
Lisboa emparceit'a, agora, com oub'as impOltantes cidades da Emopa, mas, em resultado de uma convergncia de conhecimentos tecnolgicos e de valores culhmus entre o NOlte da Europa e o Sul Mediterrnico, aqui bem caldeados, vai constihr-se na grande impulsionadora da E:-1J,, ; 4 ." 1:o..- 'n _';\. " 'i'""L "T_( ... r --". .-- . ,t. , t. n . ... ".. ... . , . ,"- ("" l ,. ( " . . 'o-N '-"" ." J.,.0;.. .Co T\ ' : '" , r< 9
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