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DANIEL
NO PASSADO E NO PORVIR
LUIZ DE MATTOS
PARTE I
CAPÍTULOS DE 1 a 6
1
PREFÁCIO DO LIVRO DANIEL NO PASSADO E NO PORVIR
Apresentação
É extremamente honroso apresentar aos estudiosos da
Palavra de Deus este precioso trabalho do Dr. e
Evangelista Luiz de Mattos, que além de médico, é também
um servo de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O Livro de Daniel possui uma relevância indiscutível
para toda a humanidade, as expressões “o tempo do fim” e
“últimos tempos”, recebem um enfoque profundo e bem
fundamentado no contexto da Bíblia Sagrada por parte do
autor.
Recomendo a todos os Pastores, Obreiros e irmãos
adquirirem um exemplar desta obra, certo que este livro de
Daniel é o Apocalipse do Velho Testamento.
Trata-se de uma obra didática, de cunho simples e
objetivo, à altura do conhecimento de todo aquele que se
dispuser a compreender os mistérios de Deus.
Tenho certeza que a obra é de consulta obrigatória por
todos aqueles que militam na fé que uma vez foi dada aos
santos.
Enfim, vem a lume um trabalho que preenche uma notória
lacuna na bibliografia que trata sobre as profecias
bíblicas.
A leitura do livro é palpitante e satisfaz o desejo da
alma, a interpretação das profecias neste livro é clara e
objetiva, algumas profecias já foram cumpridas e outras
cumprindo atualmente, na seqüência da complementação de
tudo que Deus mostrou a Daniel.
Cuiabá, 11de Março de l998.
SEBASTIÃO RODRIGUES DE SOUZA-
PASTOR PRESIDENTE DA CONVENÇÃO DOS MINISTROS DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS
NO ESTADO DE MATO GROSSO - CUIABÁ-MT.
PASTOR PRESIDENTE DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS EM CUIABÁ - MT.
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PREFÁCIO DO AUTOR
Esta obra é fruto de muito trabalho e de muito
sofrimento. Este livro foi fruto de mais ou menos três
anos de dedicação, tendo sido terminada a sua escrita no
ano de 1997 quando foi entregue para o pastor Sebastião
ler e prefaciar. Em seguida ele foi guardado ate agora,
quando estamos a editá-lo , pois sinto ser agora o tempo
de Deus.
O Livro de Daniel é um dos mais profundos livros da
Bíblia Sagrada.
Daniel é um profeta do Velho Testamento que profetizou
sobre a ressurreição, sobre os governos mundiais de todos
os tempos.
Daniel é também quem nos legou a profecia das Setenta
Semanas de Daniel, Esta profecia envolve o povo de Israel
e também envolve toda a humanidade envolvendo o tempo do
fim.
Daniel foi o maior homem no aspecto político, tendo
tido mais glória que José, pois este foi o primeiro homem
depois do rei, em todo um reinado universal, sendo este o
mais brilhante e próspero entre todos os demais.
Nabucodonosor foi o rei de maior glória, fora do povo de
Deus.
Daniel é um livro atual, um livro que deve ser estudado
com muito carinho e atenção.
Esta obra vem atender os interesses de todos aqueles
que querem aprender um pouco mais sobre as profecias,
passadas e por virem.
Estou à disposição para eventuais esclarecimentos ou
dar esse livro na forma de seminário para todos quantos o
desejarem, independentemente da denominação.
O Autor
O Autor é:
Dr. Luiz de Mattos
Médico formado pela UNESP, Botucatu, SP.
Professor de Matemática e Física
Formado pela USP
Ministro do Evangelho - CGADB e CONFRADESP
Contatos (019) 34066031.
Email: [email protected]
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a DEUS, pelo privilégio de
escrever essa obra, pois foi Deus quem me iluminou através
do Espírito Santo.
Em seguida, minha esposa, que participou em todo
instante do meu trabalho e do meu sofrimento, na
realização dessa obra.
Minha esposa, novamente, porque foi ela quem fez o
trabalho de datilografia dos originais, com a colaboração
de minha filha no início do trabalho.
Ao professor Sebastião Ferri, conceituado professor
de Língua Portuguesa que tão carinhosamente leu, revisou,
corrigiu e muito contribuiu para a clareza do conteúdo do
livro.
Em seguida, ao meu Pastor Antônio Munhoz, que entre
tantas coisas e bênçãos, me levou a consagração
Ministerial, e muito me incentivou.
Ao Pastor Abraão de Almeida, que carinhosamente me serviu como exemplo de um escritor de respeitável e
merecido sucesso.
A meus filhos, que tiveram paciência comigo, enquanto me dediquei quase que exclusivamente a esse trabalho.
MUITO OBRIGADO
Dr. Luiz de Mattos
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DEDICAÇÃO
Esse livro é dedicado a minha família:
Iray Barbosa de Mattos - minha esposa
Luiz de Mattos Júnior
Ricardo Barbosa de Mattos
Clery Barbosa de Mattos
Peterson Barbosa de Mattos - filhos
Davi Weslley de Mattos
Jônatas William de Mattos
Josué Wendel de Mattos
Ian Souza Mendonça
Gabriel Lesina de Mattos
Giovana Barbosa Caíres da Silva
Natalia Barbosa Caíres da Silva
Letícia de Mattos - Netos
Americana 2008
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ÍNDICE Apresentação ......................................... 1
Prefácio do Autor .................................... 2
Agradecimentos ....................................... 3
Dedicação ............................................ 4
Introdução ........................................... 6
Invasão e Ataques a Jerusalém ........................ 12
O Porquê do Cativeiro ................................ 14
Daniel na Corte Babilônica .......... Cap.1.1-7 .... 19
O Propósito de Daniel ............... Cap.1.8-21 ... 22
Daniel e o Sonho de Nabucodonosor ... Cap.2.1-13 ... 29
Daniel recorre a Deus ............... Cap.2.14-18 .. 34
O Deus da Revelação ................. Cap.2.19-30 .. 36
A Revelação ......................... Cap.2.31-35 .. 39
A Interpretação ..................... Cap.2.36-45 .. 41
A Recompensa ........................ Cap.2.46-49 .. 46
A Estátua de Nabucodonosor .......... Cap.3 ........ 48
A Imagem de Ouro .................... Cap.3.1-7 .... 48
A Grande recusa ..................... Cap.3.8-18 ... 51
A Fornalha de Fogo .................. Cap.3.19-25 .. 56
A Exaltação ......................... Cap.3.26-30 .. 60
A Árvore Gigante .................... Cap.4.1-3 .... 64
A Visão da Árvore ................... Cap.4.4-18 ... 65
A Interpretação ..................... Cap.4.19-27 .. 71
Deus Cumpre a Profecia .............. Cap.4.27-37 .. 75
A Queda da Babilônia ................ Cap. 5 ....... 81
A Escritura da Parede ............... Cap.5.1-12 ... 82
A Interpretação ..................... Cap.5.13-29 .. 85
Daniel na Cova dos Leões ............ Cap. 6 ....... 92
A Inveja ............................ Cap. 6. 1-15 . 92
Daniel na Cova dos leões ............ Cap.6.16-28 .. 99
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DANIEL - INTRODUÇÃO
O Livro de Daniel tem como autor o próprio Daniel,
embora existam correntes que defendam a negação desse fato,
isto é: alegam que o Livro de Daniel foi escrito em data
posterior, por um outro autor.
Foi escrito por volta do século VI antes de Cristo. O
Livro de Daniel é considerado o Livro do Apocalipse do
Velho Testamento.
Foi escrito por Daniel, durante o exílio, durante o
período em que o povo judeu esteve cativo em Babilônia e
abrange um período que vai de 606 a.C. até por volta de 530
a.C. Foi escrito em Babilônia.
O Livro de Daniel foi escrito em parte na língua dos
judeus, o Hebraico, e em parte na língua dos Caldeus, o
Aramaico. O trecho em Aramaico é do capítulo dois, verso
quatro, até o capítulo sete, verso vinte e oito.
Daniel foi um instrumento usado por Deus a fim de
estabelecer de forma profética toda a história de Israel e,
como conseqüência, a história do mundo gentílico,
especialmente as nações gentílicas que possuíam relações
com Israel.
Daniel também foi usado para mostrar a extensão do poder
e da onisciência de Deus em relação ao mundo gentio e que
Deus é o excelso governador do universo; e que os
governantes assim como os governados estão submissos ao seu
ilimitado domínio. Daniel 4.25.
Podemos estabelecer como objetivos contidos no Livro de
Daniel:
1- Revelar o futuro de seu povo.
2- Revelar o futuro deste mundo e de toda a humanidade.
Vide Daniel 2.22
3- Revelar a soberania de Deus sobre todos os reinos e
governos terrestres. Vide Daniel 4.25
4- Revelar que Deus estabelecerá, no final desse
período, um reinado eterno, sem auxílio e sem interferência
de mãos humanas.
5- Lançar, desde então, as bases do Apocalipse, o qual
seria mais detalhado após a ressurreição de Jesus.
6- Estabelecer de forma definitiva a extensão do período
de governo humano, fixando na história porvir, quatro
grandes impérios universais e, como conseqüência,
estabelecer quando e como será o final desse período.
7- Mostrar que Deus castiga o seu povo, mas não o
desampara à mercê de si próprio.
8- Mostrar que Deus é zeloso no cumprimento de suas leis
e profecias.
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Estudando-se o LIVRO DE DANIEL pode-se estabelecer de
maneira exata e inequívoca:
a) A época em que nasceria Jesus.
b) A época de sua morte.
c) O final dessa dispensação.
d) O estabelecimento do reino Milenar e quando isso
ocorrerá.
Na seqüência histórica dos acontecimentos narrados aqui,
temos os relatos de Esdras e Neemias, lembrando que os
acontecimentos relacionados com Ester se localizam
(cronologicamente no tempo) entre os capítulos seis e sete
de Esdras.
O Livro de Daniel é um livro do Velho Testamento, mais
ou menos 600 a.C., mas está ligado ao final dos tempos,
sendo que já se passaram 2.600 anos e ainda não se cumpriu
todo o seu roteiro profético. Daniel foi citado por Jesus,
em seu ministério, e se constitui na base do Livro do
Apocalipse, escrito por João na ilha de Patmos. É também
como o Apocalipse, um livro escrito à base de símbolos. O
livro de Daniel é um livro tão atual quanto o livro do
apocalipse.
Os acontecimentos históricos registrados na história
universal ilustram e demonstram os acontecimentos
proféticos apresentados e esmiuçados aqui nesse livro, no
tocante às profecias já realizadas ou já cumpridas.
Certamente deduzimos que as profecias ainda não
cumpridas, ligadas ao final dos tempos, (por exemplo, a 70ª
semana de Daniel), cumprir-se-ão com a mesma fidelidade e
precisão com que aconteceram as já cumpridas. O Livro do
Apocalipse é, quase na totalidade, a 70ª semana de Daniel,
apresentada com detalhes que Daniel não apresentou. No
final desse período, quando estiver cumprida toda a
profecia de Daniel, não existirá mais governo humano,
encerrar-se-á o governo dos gentios e será estabelecido o
reinado eterno, cujo rei será JESUS.
O Livro de Daniel tem citações no Novo Testamento
referidas por Jesus: Mateus 24.15.
MATEUS 24.15 - Quando, pois, virdes o abominável da
desolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo.
(quem lê entenda).
Com essa citação de Jesus concluímos:
1- Jesus reconhece Daniel como profeta.
2- Jesus conclama a fim de que acreditemos em suas
profecias.
O livro pode ser dividido em duas partes nítidas e
distintas, a saber:
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a) Histórica.
Abrange principalmente o povo judeu.
Podemos observá-la dos capítulos iniciais até o sexto,
com exceção do capítulo dois.
b) Profética.
Estabelece o roteiro do futuro de Israel e paralelamente
mostra também o futuro de toda a humanidade.
O conteúdo profético desse livro sobre os impérios
mundiais permanece atual e ainda se estenderá até o final
dos tempos. (Os dedos da estátua de Nabucodonosor, como
veremos mais adiante).
Para entendermos melhor o Livro de Daniel, vamos nos
dedicar um pouco ao contexto histórico pouco anterior ao
início do cativeiro de Babilônia.
Bem sabemos que Nabucodonosor invadiu Israel e dominou o
reinado de Judá, levando esse povo para o cativeiro de
Babilônia, entre eles Daniel, autor do livro que nos
propomos a estudar.
A história que nos interessa, tem origem na
desobediência do povo de Israel ao Senhor, tendo o povo se
contaminado com a idolatria cujo pico foi no governo do
reinado de Manassés e de Amon, seu filho. Esses reis
fizeram o que foi mal aos olhos do Senhor, introduzindo
pesada idolatria em todo o Israel. Ver 2 Reis 24 versos 1
ao 4, onde fala desses governos. Ver também 2 Crônicas 34.
21 onde o rei Josias declara que seus pais se desviaram dos
caminhos do Senhor.
Ver ainda 2 Crônicas capitulo 33.
Regredindo ainda um pouco mais, em 2 Crônicas capítulo
34, temos o rei Josias iniciando o seu reinado, com oito
anos, reinado que durou trinta e um anos. Antes do rei
Josias a nação de Israel estava totalmente desviada dos
caminhos do Senhor, principalmente sob o reinado de
Manassés e Amon, filhos de lhos de Ezequias, porque fizeram
o que era mal aos olhos do Senhor, e introduziram uma fase
de idolatria e profanação, levando o povo a se distanciarem
mais e mais de Deus.
2 REIS 21.9 - Eles, porém não ouviram; e Manassés de
tal modo os fez errar, que fizeram pior do que as nações,
que o Senhor tinha destruído de diante dos filhos de
Israel.
Devido à obstinação desse povo, Deus determinou que
também Judá seria tirado de sua presença. 2 Reis 21.13-15.
Nesta altura o reino do norte já era cativo dos Assírios.
Quando da morte de Amon, Josias, seu filho, tinha apenas
oito anos, mas não obstante tão tenra idade começou a
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reinar, e o fez de 639 a 609 a.C., 2 Crônicas 34.1 e 2 Reis
22.1
Josias conduziu um governo de reconciliação levando o
povo de volta à presença do Senhor.
Josias fez o que era reto aos olhos do Senhor, purificou
a Judá e livrou-a da idolatria de seus pais (especialmente
Manassés e Amon).
Em 2 Crônicas capítulo 34 versos 1-7 temos a descrição
do seu trabalho. Assim, dessa forma, Josias aplacou a ira
de Deus, que já havia determinado a extradição de Judá, mas
Josias achou graça diante de Deus, a ponto de receber,
através da profetisa Hulda, a promessa de que seus olhos
não veriam o mal que viria sobre Judá. Veja 2 Crônicas
34.27,28. Assim Josias desenvolveu um reinado de paz.
No panorama das demais nações, nessa mesma ocasião,
temos o Egito conquistando extensas áreas de modo a se
constituir num grande império mundial incipiente. A
Assíria já passava por seu apogeu e já se achava em
decadência. O Egito havia conquistado há pouco a capital
dos assírios e havia constituído CARQUEMIS como base
avançada do Egito.
Em Babilônia, nessa época, era rei Nabopolassar, pai de
Nabucodonosor, que era chefe dos exércitos da Babilônia;
jovem valente e audacioso guerreiro.
Nabucodonosor havia conquistado a Carquemis, às margens
do Eufrates, e o rei do Egito, cujo nome era Faraó-Neco,
subia do Egito para livrar Carquemis da mão dos inimigos.
Mas para ir do Egito a Carquemis, é necessário passar pela
Palestina. Ao passar por Megido, que é um local estratégico
na terra dos judeus, eis que o rei Josias, apesar de seu
brilhante comportamento diante do governo em Judá, sai-lhe
ao encontro; no fundo mesmo, para provocá-lo!
Faraó-Neco se achava ali de passagem e seu destino era
Carquemis. Não tinha nenhum interesse contra Judá ou seu
rei. Ver 2 Crônicas 35.20-24. Dessa forma, Josias, fora
da direção de Deus, acabou morrendo ali em Megido, e toda a
Jerusalém chorou e lamentou a sua morte. Josias morreu em
609aC. e Judá teve o seu trono vago e subiu para reinar
Jeoacaz, filho de Josias, quando tinha vinte e três anos e
começou a reinar em Jerusalém. Mas o reinado de Jeoacaz
durou apenas três meses. Veio Faraó-Neco e depôs a Jeoacaz,
tomou o trono e colocou como rei a Eliaquim, cujo nome foi
mudado para Jeoaquim, subjugando agora o povo de Judá ao
Egito. Faraó-Neco obrigou Judá a pagar tributos ao Egito,
e os judeus passaram então a pertencer ao império Egípcio.
Quanto a Jeoacaz, foi levado para o Egito onde morreu.
Veja 2 Reis 23.31-37.
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Esse rei Jeoaquim, que estava submisso ao Egito, foi o
rei em cujo terceiro ano de reinado se deu a invasão de
Nabucodonosor sobre Jerusalém, dando início ao cativeiro de
Babilônia em 606 a.C.
Jeoaquim tinha vinte e cinco anos quando começou a
reinar e seu reinado durou onze anos, tendo feito um mal
governo aos olhos do Senhor.
Devido ao mau procedimento de Jeoaquim, Deus
providenciou a Babilônia para promover o castigo sobre
Judá. Ver 2 Reis 23.37.
No terceiro ano do reinado de Jeoaquim, subiu
Nabucodonosor, rei de Babilônia, e conquistou a Jerusalém
das mãos de Faraó-Neco e subjugou a nação e a Jeoaquim,
deixando-o no trono. (Jeoaquim continuou rei; mas agora
submisso a Babilônia). Ver 2 Reis 24.1 e Daniel 1.1.
Judá ficou três anos sob o domínio do Egito e passou em
seguida para o domínio da Babilônia, sendo essa data o
marco inicial do cativeiro de Judá.
Jeoaquim era inimigo de Jeremias e Jeremias foi o
profeta do cativeiro, tendo permanecido em Judá após a
invasão de Nabucodonosor. Ver Jeremias 26.21; 36.26.
A razão dessa inimizade era o mal governo de Jeoaquim e
as profecias de reprovação de Jeremias contra o seu
procedimento.
O rei Jeoaquim inicialmente aceitou bem a submissão à
Babilônia, mas após certo tempo, se rebelou contra
Babilônia. Nabucodonosor foi o instrumento que Deus usou
para reprimir e reeducar o seu povo. Se lermos 2 Reis 24.2
nós podemos observar:
2 REIS 24.2- Enviou o Senhor contra Jeoaquim bandos de
caldeus, e bandos de síros, e de moabitas e dos filhos de
Amom; enviou-os contra Judá para o destruir, segundo a
palavra que o Senhor falara pelos profetas, seus servos.
Nabucodonosor veio contra Jeoaquim, e encerrou o seu
reinado, colocando rei em seu lugar a Joaquim, que era
filho de Jeoaquim. 2 Reis 24.6.
Assim Joaquim foi rei de Judá sob o domínio de
Nabucodonosor, cujo império já era desde o Eufrates até o
rio do Egito. Joaquim também reinou mal, também não agradou
a Deus, e no oitavo ano de seu reinado, Nabucodonosor e
seus súditos militares cercaram a cidade e levaram o seu
rei preso, assim como sua família e os tesouros do Templo
do Senhor. Ver 2 Reis 24.13.
Foi nessa data que tivemos a segunda leva dos cativos de
Judá para a Babilônia. A primeira leva de cativos se deu em
606 a.C., quando Nabucodonosor conquistou a Jeoaquim no
terceiro ano de seu reinado. Na primeira leva de cativos,
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Daniel e seus companheiros foram levados para a Babilônia.
Falaremos ainda sobre isso.
Nessa segunda leva de cativos de Jerusalém para a
Caldéia, Nabucodonosor levou por volta de dez mil cativos
principalmente os artesãos e os artífices, e aquelas
pessoas que tinham alguma habilitação profissional, como
carpinteiros e ferreiros, e não deixou nenhum, a não ser o
povo da terra, o lavrador. Foi nessa leva de cativos que
foi levado Ezequiel para a Babilônia. Enquanto Jeremias
permaneceu em Jerusalém. Pode-se ler sobre isso em 2 Reis
25.1-22. Ainda voltaremos a falar sobre esse assunto.
Destituído Joaquim do trono de Judá, o rei de Babilônia
colocou em seu lugar a Matanias, cujo nome foi trocado para
Zedequias que se constituiu no último rei de Judá.
Zedequias reinou durante onze anos e também se rebelou
contra Babilônia e mais uma vez, já no undécimo ano de seu
reinado, novamente Nabucodonosor investe contra o rei de
Judá e contra Jerusalém. Desta vez Nabucodonosor cercou a
cidade de Jerusalém por mais ou menos um ano, até que se
esgotaram todos os seus recursos dentro dos seus muros,
obrigando os judeus a se renderem e destruiu totalmente a
cidade de Jerusalém, seus muros, seus palácios e o Templo
Sagrado.
Foi nessa última invasão que se alguém escapou da espada
então foi levado cativo para Babilônia.
Quanto à família do rei Zedequias, foram degolados os
seus filhos, na presença do próprio rei e, quanto ao
próprio, vazaram-lhe os olhos e o levaram vivo para
Babilônia.
Em Jerusalém não ficou nada que não estivesse queimado
ou derrubado. Pode-se ler sobre isso em 2 Reis no capítulo
25 e 2 Crônicas capítulo 36.
Essa última invasão ocorreu no ano de 586 a.C.,
portanto vinte anos depois do início do cativeiro em 606
a.C.. Essa invasão determina o marco inicial dos TEMPOS
DOS GENTIOS de Lucas 21.24. Hoje, já são passados mais de
dois mil e quinhentos anos e Jerusalém ainda continua
pisada pelos gentios.
O local do Templo sagrado, atualmente, está sob o
domínio dos árabes e em seu lugar está construída a
Mesquita de OMAR. Jerusalém constitui hoje a cidade santa
também para os muçulmanos, além dos judeus e dos cristãos.
Não confundir:
a) Tempos dos gentios
b) Plenitude dos gentios.
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a) Tempos dos gentios:
A Bíblia usa essa expressão em:
LUCAS 21.24 -... até que os tempos dos gentios se
completem, Jerusalém será pisada por eles.
Essa expressão foi do próprio Jesus relatada por Lucas,
onde vemos que o tempo dos gentios está relacionado com
Jerusalém e o povo não judeu. É uma expressão que se
refere ao período que iniciou com a invasão de
Nabucodonosor a Jerusalém, quando a destruiu totalmente na
terceira invasão, por volta de 586 a.C. e terminará na
segunda vinda de Jesus, quando Jerusalém retornará ao povo
Judeu.
Tempo dos Gentios corresponde então ao período no qual
os gentios têm domínio sobre Jerusalém; daí a expressão:
será pisada por eles.
O período dos gentios iniciou com uma profanação do
templo e sua destruição e terminará também com uma
profanação, que será desenvolvida pelas bestas do
Apocalipse. Esse período, portanto, não faz nenhuma alusão
à Igreja, nem tem nenhuma relação com ela.
b) Plenitude dos gentios.
Esse período se refere ao espaço de tempo no qual Israel
se acha desviado dos caminhos do Senhor, período no qual
não reconhecem a Jesus como o Messias e corresponde ao
período da existência da Igreja aqui nesta terra. Teve
início no dia do Pentecostes e terminará no dia do
Arrebatamento da Igreja.
Nesse período, Israel não deixou de ser o povo escolhido
e tão pouco deixou de ser a videira plantada pelo Senhor,
usando a melhor semente. Israel continua sendo a nação
santa e escolhida. Mas a Igreja se constitui no povo de
Deus nesse período, tendo sido comprada pelo sangue de
Jesus, no sacrifício vicário da cruz, no Calvário.
Assim sendo terminará no Arrebatamento da Igreja e
corresponde ao período da graça, onde para ser salvo é
necessário aceitar a Jesus como Salvador, inclusive o povo
judeu.
O período chamado plenitude dos gentios coincide com o
intervalo entre a 69ª e 70ª semanas de Daniel, cujo tempo
está parado no relógio de Deus com relação a Israel.
INVASÕES E ATAQUES A JERUSALÉM
Vamos enfocar de forma mais minuciosa os ataques de
Nabucodonosor a Jerusalém. Foram três esses ataques e
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correspondem às três levas de cativos levados de Judá para
a Babilônia.
606 a.C.: INVASÃO INICIAL
Foi nessa data que teve início o cativeiro de Judá,
conseqüência da primeira invasão de Nabucodonosor em
Jerusalém. Nessa época, Jerusalém estava ainda sob o
domínio do Faraó-Neco, e era o terceiro ano de Jeoaquim.
Essa invasão:
Termina com o jugo Egípcio iniciado com a morte de Josias.
Inicia o jugo da Babilônia dando também início ao
cativeiro de Judá que durará por volta de 70 anos.
Nabucodonosor ordena a Aspenás, chefe de seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, tanto da
linhagem real como dos nobres, jovens sem nenhum defeito,
de boa aparência, instruídos em toda a sabedoria, doutos em
ciência, versados no conhecimento e que fossem competentes
para assistirem no palácio do rei e lhes ensinasse a
cultura e a língua dos caldeus; escolhendo assim o que há
de melhor em Judá, levando cativo a Daniel e seus
companheiros para a Babilônia, entre outros.
Ver Daniel 1.1-4
597 a.C.: SEGUNDA INVASÃO
A segunda invasão ocorreu em 597 a.C. estando já
Jerusalém sob domínio Babilônico
Foi nessa invasão que Nabucodonosor derrotou a Joaquim e
o levou cativeiro para Babilônia.
Foi nessa invasão que Nabucodonosor levou para a
Babilônia a segunda leva dos cativos. Foi nessa invasão
que:
* Levaram Ezequiel para Babilônia e deixaram Jeremias em
Judá.
2 Crônicas 36.9,10 e 2 Reis 24.10-17.
Levaram por volta de dez mil judeus para o cativeiro, especialmente os profissionais.
Levaram os tesouros do Templo.
586 a.C.: TERCEIRO E ÚLTIMO ATAQUE
Esse foi o último ataque de Nabucodonosor a Jerusalém e
nesse também ocorreu a última leva de judeus para o
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cativeiro. Essa invasão foi contra Zedequias, o último rei
de Judá, e nela:
O cerco de Jerusalém durou mais de um ano.
Ninguém escapou ileso: quem não morreu a espada foi levado cativo.
Ocorreu a destruição total de Jerusalém e do Templo.
Atearam fogo em tudo aquilo que foi possível. Podemos observar então que:
1) Houve três levas de cativos e três invasões da
Babilônia em Jerusalém: 606, 597 e 586 a.C.
2) A terceira invasão foi a mais demorada e a mais
cruel, quando Jerusalém foi sitiada por mais de um ano e
houve a destruição total da cidade e do Templo.
3) Passaram-se vinte anos entre o início do cativeiro e
a destruição do Templo e de Jerusalém.
4) Jeremias foi profeta em Jerusalém durante o
cativeiro.
5) Daniel e seus companheiros foram levados cativos já
na primeira leva.
6) Ezequiel foi levado cativo na segunda invasão.
7) Foi na segunda invasão que foram levados mais de dez
mil judeus para o cativeiro da Babilônia.
8) Ezequias foi levado cativo para Babilônia.
O PORQUÊ DO CATIVEIRO
O povo de Judá iniciou o cativeiro na Babilônia no ano
de 606 a.C.,quando da invasão de Nabucodonosor sobre
Jerusalém, no ano terceiro de Jeoaquim, rei de Judá e
terminou em 536 a.C. no reinado de Ciro, o Persa.
A duração do cativeiro foi de setenta anos, profetizado
por Jeremias em seu Livro, no capítulo 25 verso 11.
Na verdade, Nabucodonosor não venceu o povo de Deus, mas
Deus entregou-o em suas mãos, de modo que a Babilônia foi
um instrumento nas mãos do Senhor, um executor dos planos
corretivos de Deus.
O cativeiro dos setenta anos está muito relacionado:
1º - Aos quatrocentos e noventa anos de uso da terra sem
se respeitar o ano sabático, que seria o ano de descanso da
terra. Para cada sete anos deveria existir um ano de
repouso da terra, mas Israel já tinha vivido quatrocentos e
noventa anos sem cumprir esta determinação de Deus. Nesse
ano sabático, Israel não deveria plantar e nem fazer uso da
terra, pois seria ano de descanso da terra. Eles deveriam
guardar o produto da de modo que no sétimo ano a terra
pudesse descansar. Essa era a orientação de Deus e dos
profetas. 2 Crônicas 36.21.
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Como houve desobediência do povo, então Deus levou o
povo para o cativeiro, de modo a cumprir sua orientação e a
terra ficou os setenta anos descansando, de modo a
descansar um ano para cada sete de desobediência.
Isso é uma demonstração de que Deus vela e zela pela sua
Palavra e suas profecias. Com isso devemos estar atentos a
fim de ouvirmos e atendermos as diretrizes de Deus. No
Livro de Jeremias 25.9-11, Deus revela ao povo, através do
profeta Jeremias que Ele mesmo trará Nabucodonosor, ao qual
o Senhor chama de seu servo, contra o seu povo a fim de
destruí-los como castigo pele desobediência. Deus fala ali,
que fará cessar a alegria e a luz de candeeiro de seu povo.
No verso 11 Deus fala que Israel será escravizado por
setenta anos na Babilônia. Ver Jeremias 25.9 a 11.
O livro de 2 Crônicas, capitulo 36 e versos do 14 ao 21,
fala da terceira invasão da Babilônia e da matança que
houve em Jerusalém. Fala também da destruição dos muros, e
dos objetos preciosos, e ainda do terror sofrido pelo povo.
Ver 2 Crônicas 36.14-21.
2º - Prostituição religiosa e rebeldia contra Deus.
A Bíblia fala em II Crônicas 36.16 e 17 que o povo de
Deus zombava dos seus mensageiros, desprezavam a Palavra de
Deus e desprezavam também aos seus profetas, até que subiu
a ira de Deus contra eles. Leia 2 Crônicas 36.16,17.
CONSEQÜÊNCIAS DO CATIVEIRO
AS conseqüências do cativeiro são aquelas coisas que
aconteceram por terem passado pelo castigo da escravidão na
Babilônia. Algumas dessas conseqüências são:
Foi abolida de uma vez por todas a idolatria entre os judeus.
Os judeus passaram a respeitar a Lei de Moisés com difusão e estudo dessa lei nas reuniões que começaram a
ser periódicas nas Sinagogas.
Surgiram as Sinagogas a partir do cativeiro porque o povo não tinha aonde ir, onde se reunir nem onde adorar ao
seu Deus.
Ocorreu o avivamento da promessa Messiânica, porque o povo se voltou para Deus e se voltou para o estudo de sua
Palavra.
Ocorreu o aperfeiçoamento do sentimento de
patriotismo.
Ver Salmo 137.
16
UM POUCO SOBRE DANIEL
Daniel é um nome Hebraico que quer dizer “Deus é meu
Juiz”. Ele foi considerado (e ainda o é) um dos gigantes na
fé.
Daniel procedia de uma família que, segundo Flávio
Josefo, era de nobreza real. Foi o maior intérprete de
sonhos e visões entre os homens de Deus. O seu livro foi
escrito na Babilônia e provavelmente foi concluído em 534
a.C., constituindo-se em integrante do cânon hebraico.
Sua profecia sobre as setenta semanas, conhecida como
“as Setenta Semanas de Daniel”, ainda é muito atual e
moderna, apesar dos dois mil e quinhentos anos que já se
passaram. Dessas setenta semanas, sessenta e nove já são
passadas, como veremos oportunamente, mas a última delas
ainda não se cumpriu. A respeito do cumprimento das
sessenta e nove semanas, a profecia se cumpriu detalhe por
detalhe na data profetizada, exatamente, de forma precisa,
e na data profetizada. O cumprimento das sessenta e nove
semanas foi tão fiel que existem incrédulos colocando em
dúvida a autoria do livro, dizendo que foi escrito depois
dos acontecimentos dos fatos.
A refinada Teologia do Livro, no Velho Testamento,
representa um grande avanço profético e doutrinário, onde
temos desde a hierarquia angelical, onde os anjos são
chamados pelos seus nomes, até o ensino sobre a
ressurreição dos mortos. Daniel foi o primeiro a mencionar
a ressurreição dos mortos. Ver Daniel 12.2
Daniel foi levado cativo para Babilônia já na primeira
leva dos cativos em 606 a.C. Nessa época tinha entre quinze
e dezesseis anos; um verdadeiro adolescente. Era um moço
sábio, perfeito, saudável, douto em ciência e no saber; de
refinada competência, a ponto de ser escolhido junto com
outros três, também pertencentes à nobreza, para
permanecerem na corte Babilônica, junto ao rei.
Daniel desenvolveu sua vida no exílio e permaneceu em
Babilônia até por volta de 530 a.C., quando já tinha por
volta de noventa anos.
Na corte, suas primeiras atividades proféticas foram
interpretar sonhos e visões dos outros.
Daniel passou a ter suas próprias visões num estágio
posterior, sendo a profecia das setenta semanas uma das
mais importantes, atual até o dia de hoje. Também ainda é
de relevante importância as profecias dos capítulos dez,
onze, e doze do seu livro, onde apresenta em detalhes
profecias que se referiam ao futuro próximo e distante dos
17
seus dias. No Livro de Daniel achamos as bases do Livro de
Apocalipse, escrito por João, mas cujo autor é Jesus.
Daniel ao chegar à corte Babilônica, junto com os seus
três companheiros, foi fazer uma espécie de curso, estágio
ou faculdade, com duração de aproximadamente três anos,
onde deveriam estudar a língua, os hábitos, a cultura e as
tradições do povo caldeu, na companhia de jovens
selecionados em todo o império, oriundos de toda parte do
mundo conhecido.
Foi durante esse estágio que Daniel e seus companheiros
recusaram o manjar e iguarias da mesa do rei, cuja atitude
achou graça e aprovação da parte de Deus. Daniel 1.8-12.
Daniel se manteve sempre numa conduta impecável, reto
diante de Deus e dos homens, de modo a não se achar nele,
nunca, nenhuma falta. Daniel 6.5.
A Bíblia não fala da vida particular de Daniel e por
isso nada se sabe sobre a sua família.
Ezequiel dá testemunho da vida irrepreensível de Daniel.
Vide Ezequiel 14.14-20; 28.3.
Podemos esboçar seu livro em duas partes:
I - Histórica. Daniel capítulos 1 ao 6.
II - Profética. Daniel capítulos 7 ao 12.
I – Histórica
Daniel na corte babilônica: Daniel capítulo 1.
Visão de Nabucodonosor: Daniel capítulo 2.
A fornalha de fogo ardente: Daniel capítulo 3.
A humilhação do grande rei: Daniel capítulo 4.
A queda do império babilônico: Daniel capítulo 5.
Daniel e o império Medo-Persa: Daniel capítulo 6.
II – Profética
A visão dos quatro animais: Daniel capítulo 7.
A visão do carneiro e o bode: Daniel capítulo 8.
As Setenta Semanas de Daniel: Daniel capítulo 9.
A profecia final: Daniel capítulo 11.
Os reis vindouros: Daniel capítulo 12.
18
DANIEL
NO PASSADO E NO PORVIR
I PARTE
DANIEL CAPÍTULOS DE 1-6
19
CAPÍTULO 1
DANIEL NA CORTE BABILÔNICA
Daniel Capítulo 1.1-7
1 - No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá,
veio Nabucodonosor, rei de Babilônia a Jerusalém, e a
sitiou.
2 - O Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoaquim, rei de
Judá, e alguns dos utensílios da casa de Deus; a estes os
levou para a terra de Sinear, para a casa do seu deus e os
pôs na casa do tesouro do seu deus.
3 - Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que
trouxesse alguns dos filhos de Israel, assim da linhagem
real como dos nobres,
4 - jovens sem nenhum defeito, de boa aparência,
instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, e
versados no conhecimento, e que fossem competentes para
assistirem no palácio do rei; e lhes ensinasse a cultura e
a língua dos caldeus.
5 - Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas
iguarias da mesa real, e do vinho que ele bebia, e que
assim fossem mantidos por três anos, ao cabo dos quais
assistiriam diante do rei.
6 - Entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel,
Hananias, Misael e Azarias.
7 - O chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber:
a Daniel o de Beltessazar; a Hananias o de Sadraque, a
Misael o de Mesaque, e a Azarias o de Abede-Nego.
Daniel aprendera muito, embora fosse tão jovem, a cerca
do Deus de Israel, com o rei Josias e com o profeta
Jeremias, além de outros. Daniel tinha entendimento sobre
a importância da fidelidade a Deus.
O verso um estabelece a época da invasão de
Nabucodonosor em Jerusalém. Isso ocorreu no ano terceiro
do reinado de Jeoaquim, que fizera um mau governo aos olhos
do Senhor.
O Verso dois diz: Deus entregou nas mãos de
Nabucodonosor a Jeoaquim, rei de Judá, e alguns dos
utensílios da casa de Deus. Esses utensílios sagrados
foram levados para a terra dos Caldeus, mais exatamente
para Sinear, onde se achava a casa do deus de Babilônia. O
deus de Babilônia não era outro senão o Baal dos Hebreus em
Israel.
20
Essa expressão “entregou em suas mãos” é uma referência
à perseverança de Deus em se opor a tal atitude. Na
verdade, Deus não queria, mas o povo era muito obstinado.
Israel se achava corrompido, desviado e fazia pouco da
palavra do Senhor e por esse motivo foi condenado, devido à
idolatria, prostituição e soberba. Veja 2 Reis 21.1-15 e 2
Crônicas 36.14,15.
Deus havia resistido a tal idéia, e deu uma pausa
durante o reinado de Josias, mas sua tolerância se
esgotara. Apenas poupou a Josias e ainda deu-lhe a sua
palavra de que não veria esse mal, pois obrara o que era
reto diante do Senhor, e reconduzira o povo à presença de
Deus. Pode-se ler sobre isso em 2 Reis 22.16-20.
Mas no período de Jeoaquim, que fez o que era mal diante
dos olhos do Senhor, e ainda perseguiu o profeta Jeremias.
Jeoaquim não deu ouvido à voz de Deus ou aos seus profetas
e suas exortações. O povo estava distante de Deus e por
essa razão, Deus os entregou a Nabucodonosor, instrumento
de sua disciplina.
Deus não entregou somente o povo, mas a cidade santa e
também o templo sagrado e tudo o que nele havia. Não tinha
sentido preservar a santificação dos vasos, dos utensílios
e do Templo Sagrado, com o povo desviado ou no cativeiro.
A santificação é primordial no relacionamento com Deus.
Veja Hebreus 12.14, onde temos que sem a santificação
ninguém verá ao Senhor.
Não havia santificação no Templo, nem poderia haver se o
povo estava desviado. Importante para Deus é o povo, não os
utensílios materiais. Tanto que, hoje, Deus não habita mais
em “construções” humanas, mas em nós. Hoje somos o “templo”
do Espírito Santo. Romanos 8.9,11; 1 Coríntios 3.16;6.19
Essa foi a razão de Deus permitir a destruição do Templo
em Jerusalém, como também da cidade.
Nos versos três e quatro temos as orientações de
Nabucodonosor aos chefes dos Eunucos: Escolher jovens sem
nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda a
ciência, versados no conhecimento. Corresponde à “nata” da
sociedade. Sobretudo jovens competentes a fim de servirem
na corte Babilônica. Seriam encaminhados inicialmente para
um “estágio” ou curso, com duração de três anos, junto ao
palácio do rei, onde aprenderiam a língua e a cultura dos
caldeus.
Daniel e seus companheiros foram achados satisfazendo
integralmente essas exigências e, portanto, foram
escolhidos para a corte Babilônica.
Como fator de justiça, diante de uma seleção tão
exigente, o rei determinou que esses jovens tivessem o
21
privilégio de receberem a porção diária das finas iguarias
da mesa real, incluindo-se o vinho que era servido ao rei.
Isso por todo o período dos três anos, na formação da nova
cultura.
Entendemos que isso seria mesmo um privilégio! Mas
Daniel, em seu estado de santificação, apesar de sua tenra
idade, reconheceu nessa atitude uma artimanha de Satanás,
um ardil astuto, onde se contaminaria com comida
sacrificada aos ídolos.
Daniel entendeu que isso seria um primeiro passo, em
terra estranha, para se distanciar de seus princípios de
fidelidade a Deus e preferiu se abster desse privilégio,
trocando-o por frutas e legumes.
Satanás é muito astuto e quando tenta derrubar os
crentes ele não vem mostrando suas garras, mas vem
disfarçado dentro daquilo que parece natural, mas é
armadilha onde o crente cai se não estiver ligado com Deus.
Precisamos pedir a Deus que nos conceda do Espírito de
discernimento, a fim de percebermos quando se trata dos
ardis de Satanás. Ver Atos 16 a partir do verso 16 e veja o
Espírito de discernimento de Paulo, Espírito esse que
devemos ter também em nós.
Ao chegarem à corte Babilônica havia interesse em que os
expatriados se esquecessem de sua pátria, dos seus hábitos
e costumes. Por esse motivo foram trocados os nomes de
Daniel e de seus companheiros: Hananias, Misael e Azarias.
Essa troca de nomes era estratégica e visava contribuir
para que perdessem a identidade JUDAICA e renunciassem sua
fé; se esquecessem de seu povo, da sua Pátria e de seu Deus
e, com novo nome, iniciassem nova identidade, uma nova
vida, uma nova fé.
Naquela época os nomes implicavam significados
importantes, e às vezes o próprio nome fazia referência ao
caráter da pessoa. Vejamos os significados dos nomes de
Daniel e de seus companheiros.
A mudança do nome de Daniel e seus companheiros foram do
hebraico para o caldeu:
HEBRAICO CALDEU
Daniel Beltessazar
Misael Mesaque
Azarias Abede-Nego
Ananias Sadraque
22
O significado dos nomes em hebraico:
Daniel Deus é meu Juiz.
Misael Quem é igual a Deus.
Azarias Deus é meu ajudador.
Ananias Jeová é gracioso.
O significado dos nomes em Caldeu:
Beltessazar (Daniel) Bel te proteja.
Mesaque (Misael) Não se sabe o significado.
Abede-Nego (Azarias) Servo de Nebo.
Sadraque (Ananias) Ordem de AKU.
NOTA: AKU era uma deusa dos Babilônios. Bel e Nebo
também eram deuses Babilônicos.
Mas Daniel, embora tão jovem, e embora tão arriscado
fosse tal comportamento, propôs no seu coração não se
contaminar com as finas iguarias da mesa real.
Isso é um verdadeiro exemplo para nossa mocidade. É uma
lição que nos diz: é possível ser fiel a Deus em todas as
provas da juventude, em casa e fora dela, junto aos pais,
ou distante deles! A fidelidade a Deus não tem faixa
etária. Deus ama a todos os que lhe são fiéis. A Bíblia
recomenda que devemos nos lembrar de nosso Criador nos
dias de nossa mocidade, pois é um período no qual temos
muita energia e muita disposição e podemos servir a Deus no
auge da nossa força. Veja Eclesiastes 12.1. Muitas pessoas
se voltam para Deus em sua velhice por ter medo da morte,
mas Deus se agrada daqueles que dele se aproximam porque o
ama e têm desejo de adorá-lo.
O PROPÓSITO DE DANIEL
Capítulo 1.8-21
8 - Resolveu Daniel firmemente não se contaminar com as
finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então
pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se
contaminar.
9 - Ora Deus concedeu a Daniel misericórdia e
compreensão da parte do chefe dos eunucos.
10 - Disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do
meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa
23
bebida; por que, pois, veria ele os vossos rostos mais
abatido que o dos outros jovens da vossa idade? Assim
poríeis em perigo a minha cabeça para com o rei.
11 - Então disse Daniel ao cozinheiro – chefe, a quem o
chefe dos eunucos havia encarregado de cuidar de Daniel,
Hananias, Misael e Azarias:
12 - Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e
que se nos dêem legumes a comer e água a beber.
13 - Então se veja diante de ti a nossa aparência e a
dos jovens que comem das finas iguarias do rei, e, segundo
vires, age com os teus servos.
14 - Ele atendeu, e os experimentou dez dias.
15 - No fim dos dez dias, as suas aparências eram
melhores; estavam eles mais robustos do que todos os jovens
que comiam das finas iguarias do rei.
16 - Com isto o cozinheiro - chefe tirou deles as finas
iguarias e o vinho que deviam beber e lhes dava legumes.
17 - Ora, a estes quatro jovens Deus deu o conhecimento
e a inteligência em toda cultura e sabedoria; mas a Daniel
deu inteligência de todas as visões e sonhos.
18 - Vencido o tempo determinado pelo rei para que os
trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe à presença de
Nabucodonosor.
19 - Então o rei falou com eles; e entre todos, não
foram achados outros como Daniel, Hananias, Misael e
Azarias; por isso passaram a assistir diante do rei.
20 - Em toda matéria de sabedoria e de inteligência,
sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais
doutos do que todos os magos e encantadores que havia em
todo o seu reino.
21 - Daniel continuou até ao primeiro ano do rei Ciro.
Aqui nós temos Daniel na corte, juntamente com seus
companheiros Hananias, Misael, e Azarias, e ainda outros
jovens escolhidos de outras nações. A situação desses
jovens era realmente privilegiada, embora estivessem em
cativeiro, vejamos:
1- Estavam na corte do rei, sendo esse rei o mais nobre
dos existentes até então em termos de poderio e autoridade.
2- Haviam passado em um “vestibular muito difícil”, cuja
seleção não foi só do conhecimento, mas também físico e
econômico.
3- Estavam cursando uma “faculdade” com duração de três
anos para depois serem aproveitados em destaque no reino.
4- Foram privilegiados com a porção das finas iguarias
da mesa do rei, e até mesmo do vinho que ele bebia.
Ora, sem dúvida alguma, isso era muito honroso e a
posição era privilegiada entre os exilados.
24
Admitir um comportamento diferente das propostas
padronizadas ou gerais aqui, era muito perigoso. O rei era
absolutista. Matava a quem queria, sem julgamento nenhum e
promovia a quem desejasse sem dar satisfação a ninguém.
Concentrava em suas mãos todo o poder de forma autoritária
e absoluta.
Daniel e seus companheiros sabiam disso. Tinham plena
consciência de onde estavam e com quem estavam lidando.
Mas em seu coração sábio, e cheio do Espírito Santo,
Daniel entendeu que seria contaminação participar de tal
mesa. Daniel entendeu ser o primeiro passo para quebrar a
fidelidade para com seu Deus, embora fosse atitude
aparentemente inócua, essa de comer da comida da mesa do
rei.
Por entender dessa forma, teve um comportamento humilde
e inteligente, e “pediu” ao chefe dos eunucos que lhe
concedesse não se contaminar. Verso oito.
No verso nove, observamos a mão de Deus trabalhando a
seu favor, quando diz que Daniel encontrou misericórdia e
compreensão por parte do chefe dos eunucos. Essa pretensão
era muito arriscada para todos e no verso 10 vemos a
preocupação e o temor desses homens diante de possíveis
conseqüências desastrosas: poderia até mesmo rolar alguma
cabeça como castigo maior.
Mas Deus estava nesse negócio, e Deus coroou a
fidelidade de Daniel e de seus companheiros. Era
aparentemente mais fácil e muito mais natural comerem da
mesa do rei. Comida boa, altamente selecionada, de bom
tempero; apetite para comer tinha-se de sobra, o natural
seria participar dessa mesa! Eram jovens, em pleno
desenvolvimento, a comida era muito bem-vinda.
Especialmente essa que vinha da mesa do rei. Mas existe uma
diferença entre aqueles que servem a Deus e os que não o
servem (Malaquias 3.8), e os crentes são separados devido
ao seu estado de santificação. Os crentes necessitam ser
diferentes dos demais habitantes do mundo, pois esses:
a) São lavados no sangue de Jesus.
b) Possuem o nome escrito no Livro da Vida.
c) Estão esperando a volta de Jesus.
d) São o templo do Espírito Santo de Deus.
e) Experimentaram o Novo Nascimento.
E aqueles:
a) Não conhecem a Jesus como Salvador.
b) Não possuem o nome no Livro da Vida
c) São escravos de Satanás e vivem presos em seus laços.
25
d) São sinagogas de Satanás.
e) Nunca nasceram de novo para entrarem no reino dos
céus.
Ora, então, tem que haver uma diferença!
...“Tenho medo de meu Senhor, o rei, que determinou a
vossa comida e a vossa bebida... Disse o eunuco (Daniel
1.10). Tratava-se de ordens do próprio rei. Não cumpri-las
poderia resultar no abatimento daqueles jovens que,
comparados com outros, poderia denunciar alguma diferença e
acusá-los da mudança no cardápio.
Podemos deduzir daqui que o nosso comportamento pode
atingir a vida das outras pessoas. Podemos entender também
que muitas vezes a segurança e a tranqüilidade dos outros
dependem de nós e de como nos comportamos. Por esse motivo
devemos estar sempre na direção e na orientação de Deus, a
fim de sermos uma bênção onde nos encontrarmos, a fim de
sermos um verdadeiro canal de luz e de bênçãos.
No verso 12 vemos uma demonstração da fé de Daniel, onde
ele faz uma proposta de fé: ...“experimenta, peço-te, os
teus servos durante dez dias, e nos dêem de comer legumes e
a beber água”.
Uma demonstração de fé: se Deus quer que prossigamos
nesse propósito, ele vai atuar e nós teremos sucesso nessa
direção. Quando estamos na direção de Deus, devemos nos
preocupar somente com a nossa parte, porque a parte de
Deus, Ele a proverá. Deus nunca desampara os seus fiéis.
Deus requer que tenhamos o firme propósito da fé. Deus
muitas vezes espera o nosso primeiro passo.
No verso 13 temos a pauta contratual: “Então se veja a
nossa aparência e a aparência dos demais e então poderás
agir conforme os resultados”.
Assim foi estabelecido um acordo que foi desenvolvido
durante certo período conforme verso 14: “Ele atendeu e os
experimentou dez dias”.
E no fim desse período os resultados: Deus operou
maravilhosamente dando aos seus servos conforto, consolo e
desenvolvimento; diz o verso 15: “no fim dos dez dias, suas
aparências eram melhores, estavam mais robustos do que
todos os jovens que comiam das finas iguarias da mesa do
rei”!! É assim mesmo, Deus não desampara aqueles que nEle
confiam, aqueles que nEle esperam. Veja 64.4 do Livro de
Isaías.
A experiência havia dado certo, e o espírito da
tranqüilidade atingiu a todos, e no verso 16 encontramos
registrado o sucesso: “com isso o cozinheiro chefe tirou
deles as finas iguarias e o vinho a eles destinado, e lhes
26
servia legumes com água”, consolidando um novo cardápio com
duas dietas diferentes.
Assim prosseguiu Daniel e seus companheiros, ao longo
daquele estágio cuja duração foi de três anos. Deus em tudo
os abençoava. Especialmente a Daniel. O verso 17 refere que
Deus incrementou-lhes o conhecimento, a inteligência em
toda cultura e sabedoria. Mas a Daniel Deus o presenteou
com um dom especial: O dom de interpretar sonhos e visões.
Podemos deduzir daqui e com muita clareza, que é Deus quem
dá a sabedoria, quem dá o conhecimento e a inteligência. A
nós nos cabem “buscar” e “manter” essas dádivas oriundas em
Deus.
A Bíblia não fala em detalhes desse período se não o que
já foi exposto, e assim chegamos ao final desse “estágio”.
Vencido o tempo determinado para que esses jovens fossem
formados em toda ciência e cultura dos caldeus, os jovens
foram submetidos à prova final, e essa não foi na escola!
Não foi aplicada pelos professores do convívio diário, mas
foi aplicada pelo próprio rei. A prova final foi do tipo
oral. As provas orais são as mais difíceis no âmbito da
avaliação de aprendizado.
Quando, em épocas passadas, na época em que eu cursei os
cursos fundamentais, me lembro muito bem, quando eu era
submetido a esta técnica de avaliação. O exame oral era o
pavor dos alunos, e tínhamos que estudar a fim de conhecer
a matéria e sermos desinibidos ao sermos examinados.
Tínhamos que nos expressar bem, não era somente saber a
matéria. Ali, diante do rei, a situação não era diferente,
pelo contrário, era mais complicada, pois se tratava do
próprio rei.
Agora estamos na presença do rei (verso 18).
O verso dezenove nos apresenta os resultados finais:
entre todos os estudantes da mesma época, não foram achados
outros como Daniel e seus companheiros. Eles tinham se
destacado como os melhores de todos. Deus é fiel! A
fidelidade de Deus não é medida pela extensão da nossa,
graças a sua misericórdia e seu infinito amor. Aqui temos a
operação de Deus naquelas vidas.
Esse “todos” inclui não somente os companheiros dos
jovens judeus, oriundos de outras nações, mas também os
sábios, mágicos, astrólogos e toda sorte de “doutor”
naquela época. É só ver o verso vinte onde temos: “Em toda
matéria de sabedoria e de inteligência, sobre que o rei
lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que
todos os magos e encantadores que havia em todo o seu
reino”.
27
Como consequência disso, esses jovens judeus foram
escolhidos, entre todos, para permanecerem na presença do
rei.
Aqui temos outro ensinamento muito importante: Não é
nenhuma humilhação para um “líder” (de qualquer natureza)
agrupar um conjunto de assessores formados por pessoas
inteligentes e sábias, pois elas em muito poderão
contribuir para o seu sucesso. Ninguém é tão sábio que
dispensa o conselho, ninguém é tão sábio de modo a não ter
o que aprender com alguém.
No verso 21 temos que Daniel permaneceu na corte até o
rei Dario. Daniel resistiu durante três grandes reis:
Nabucodonosor, Dario e Ciro. Todos entenderam o quanto
Daniel podia ser útil. Assim Daniel ocupou posição de
grande destaque, posição privilegiada, tendo atingido em
sua vida maior honra do que José, pois este foi governador
apenas do Egito, e Daniel o foi no maior império mundial
existente até os seus dias.
Daquilo que já estudamos até aqui, já podemos deduzir
que:
1- Deus é como um pai, se necessário for, corrige os
seus filhos, embora isso possa lhe causar maior dor. Deus
corrigiu o povo de Israel utilizando-se da Babilônia como
instrumento da correção. Veja o que está escrito em
Apocalipse 3 verso 19.
2- Deus também chama jovens sábios e fortes para o seu
trabalho e espera deles fidelidade e santificação. Os
jovens fazem parte ativa dos exércitos de Deus. Sabemos que
ser fiel a Deus no período da mocidade é muito mais
difícil, mas veja o que diz em Lamentações 3 verso 27:
“Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade”.
3- O período da mocidade se caracteriza pela força e
pelas falta de experiência; devendo se juntar a isso a
longa expectativa de vida nesse período. Por essa razão
servir a Deus acaba sendo mais difícil nesse período. Mas a
Bíblia tem um estimulo ou uma advertência para os jovens,
em Eclesiastes capitulo 12 e verso 21, onde diz “Lembra-te
do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham
os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho
neles prazer”.
4- Deus honra a fé de seus servos e é fiel em todos os
momentos de nossa vida.
5- Deus está atento ao desejo dos nossos corações quando
nosso desejo é para glória do nome do Senhor. Veja Salmo
37.4.
6- Satanás é muito astuto, inteligente e sutil, sempre
ataca de modo imperceptível e sempre pelo lado mais fraco
28
das pessoas. Tudo parece ser natural, não tem nenhuma
aparência de maldade, mas é uma armadilha.
7- Até esse ponto entendemos também que a sabedoria, a
inteligência e o conhecimento são atributos de Deus.
Na verdade, a sabedoria é um dos atributos eterno de
Deus. Veja Provérbios 8.23 em diante e leia sobre a
sabedoria e o verso 26 diz assim: “Ainda ele não tinha
feito a terra, nem os campos, nem sequer o princípio do pó
do mundo”.
29
CAPÍTULO 2
DANIEL E O SONHO DE NABUCODONOSOR
O capítulo dois é o único capítulo profético contido
nesta parte histórica do Livro de Daniel. Trata-se da
primeira profecia sobre os quatro reinados mundiais. Esses
reinos mundiais abrangem desde os dias de Daniel e se
estendem até a volta de Jesus. Veremos que após o final
desses reinados, Jesus estabelecerá o seu reino, o qual
além de mundial será eterno e cheio de paz. Esse capítulo 2
é o capítulo mais extenso do livro, tanto no sentido
literal, como no sentido espiritual quando consideramos a
extensão da profecia:
a) Sentido literal - é o maior capítulo do Livro de
Daniel.
b) No sentido espiritual - fala dos quatro reinados
mundiais, desde os dias de Daniel, até a segunda volta de
Jesus em poder e grande glória.
Vamos dividir o capítulo dois em seis partes, a saber:
Tema versículos
a) O sonho do rei 1 a 13
b) Daniel recorre a Deus 14 a 18
c) O Deus da revelação 19 a 30
d) A revelação do sonho 31 a 35
e) A interpretação do sonho 36 a 45
f) A recompensa 46 a 49
a) O SONHO DO REI
Capítulo 2.1 - 13
1 - No segundo ano do reinado de Nabucodonosor teve
este sonho; o seu espírito se perturbou e passou-se-lhe o
sono.
2 - Então o rei mandou chamar os magos, os
encantadores, os feiticeiros, e os caldeus, para que
declarassem ao rei quais lhe foram os sonhos; eles vieram e
se apresentaram diante do rei.
3 - Disse-lhes o rei: Tive um sonho; e para sabê-lo está
perturbado o meu espírito.
4 - Os caldeus disseram ao rei em aramaico: Ó rei, vive
eternamente! Dize o sonho a teus servos, e daremos a
interpretação.
5 - Respondeu o rei, e disse aos caldeus: Uma coisa é
certa: se não me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação,
sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas monturo;
30
6 - mas se me declarardes o sonho e a sua interpretação,
recebereis de mim dádivas, prêmios e grandes honras; portanto
declarai-me o sonho e a sua interpretação.
7 - Responderam segunda vez, e disseram: Diga o rei o sonho
a seus servos, e lhe daremos a interpretação.
8 - Tornou o rei, e disse: Bem percebo que quereis ganhar
tempo, porque vedes que o que eu disse está resolvido,
9 - isto é: Se não me fazeis saber o sonho, uma só sentença
será vossa; pois combinastes palavras mentirosas e perversas
para as proferirdes na minha presença, até que se mude a
situação; portanto dizei-me o sonho, e saberei que me podeis
dar-lhe a interpretação.
10 - Responderam os caldeus na presença do rei, e disseram:
Não há mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei
exige; pois jamais houve rei, por grande e poderoso que tivesse
sido, que exigiu semelhante cousa dalgum mago, encantador ou
caldeu.
11 - A cousa, que o rei exige, é difícil, e ninguém há que
a possa revelar diante do rei, senão os deuses, e estes não
moram com os homens.
12 - Então o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que
matassem a todos os sábios de Babilônia.
13 - Saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os
sábios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que
fossem mortos.
Esse capítulo introduz as atividades proféticas de Daniel e
o inicia no exercício de interpretar sonhos e visões. Já
vimos, no verso 17 do capítulo 1, que Deus dotou a Daniel desse
dom especial.
Os quatros judeus não se achavam na sociedade, eles ainda
se encontravam fazendo aquele aperfeiçoamento inicial e não
eram, portanto, reconhecidos como magos ou sábios ou adivinhos,
mas já eram conhecidos pela sabedoria que possuíam a qual era
fora do normal.
A profecia desse capítulo se estende por todo o período do
governo humano, isto é, até o final dos tempos. É, portanto uma
profecia atual. Parte dela já se cumpriu. Ela fala de quatro
impérios mundiais que serão estudados no decorrer do Livro de
Daniel, sendo aqui apenas uma visão panorâmica e global desses
quatro impérios. Desses impérios três já são passados e se
cumpriram com fidelidade absoluta. Trata-se de uma antevisão
panorâmica da história humana.
Inicia com um sonho que foi esquecido, envolvendo o rei de
Babilônia, Nabucodonosor. O grande problema desse monarca era
conhecer o significado do sonho; mas ele tinha se esquecido
sobre o que sonhara e qual era o sonho. (Versos 1,2,3).
31
Verso um nos dá a informação da data do sonho: No segundo ano do reinado de Nabucodonosor teve este sonho; a parte final
desse versículo fala da preocupação do rei a seguir do sonho: o seu espírito se perturbou e passou-se-lhe o sono.
Reuniu então, o rei, os mais importantes magos, adivinhos,
feiticeiros, caldeus e ainda os sábios e propôs-lhes que lhe
dissessem qual foi o sonho e qual a sua interpretação. Ver
verso dois.
No verso três temos a exposição do rei: Tive um sonho; e
para sabê-lo está perturbado o meu espírito.
No verso quatro, naturalmente, os magos e seus companheiros
pedem ao rei a descrição do sonho se comprometendo em
interpretá-lo logo a seguir: “... Ó rei, vive eternamente! dize
o sonho a teus servos, e daremos a interpretação.
Mas o grande problema é que o rei se esqueceu do sonho! E o
pior é que o rei quer a descrição do sonho e também a sua
interpretação, sendo que nem mesmo ele se lembra daquilo que
sonhou!!!
Ora, interpretar um sonho conhecendo o seu conteúdo, já não
é tarefa muito fácil, imagine isso sem conhecer o sonho.
Assim, o rei na sua ansiedade de se lembrar o sonho e
conhecer a sua interpretação; propõe no verso cinco, uma
verdadeira recompensa, seguida de uma terrível ameaça. Leia
Diante da solicitação dos magos, para que o rei lhes
descrevesse o sonho, o rei lhes diz a respeito do seu
esquecimento, mas não obstante, ele queria o sonho e a
interpretação. Ë nesse momento que o rei lhes apresenta a
promessa da recompensa ou sobre a ameaça do castigo. Ver Daniel
versos cinco e seis.
“Respondeu o rei, e disse aos caldeus: Uma coisa é certa:
se não me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis
despedaçados, e as vossas casas serão feitas monturo;
Mas, se me declarardes o sonho e a sua interpretação,
recebereis de mim dádivas, prêmios e grandes honras; portanto
declarai-me o sonho e a sua interpretação”.
Nabucodonosor exigia muito, Na verdade, exigia o
impossível!
Lá estava Nabucodonosor sem dormir, agitado e inquieto.
Ele tinha noção de sua exigência e da limitação humana de seus
sábios. A base de tanta preocupação era o receio que o rei
tinha, a respeito de perder o seu trono.
Nabucodonosor associou o sonho com o futuro do seu reinado.
Seu maior desespero era: nem sequer conseguia se lembrar do
próprio sonho, daí a gravidade maior do problema. Esta missão
exigida por Nabucodonosor era extra-humana. Resolver um
problema dessa natureza somente nosso Deus, pois ninguém sabia
siquer qual era o sonho.
32
No verso quatro, podemos observar o comportamento natural
daqueles homens, que foram chamados para esclarecer ao rei
sobre tal sonho, mas não tinham a descrição do sonho.
Magos ou sábios aqui é uma referência aos homens que se
dedicavam e entendiam as escritas mais antigas, tendo, portanto
uma capacidade maior de se esclarecer dentro da história e de
entender melhor as vicissitudes da vida. Entre eles alguns
usavam de feitiçarias e mágicas ou truques e eram conhecidos
também como feiticeiros. Tudo era decorrente do contato que
tinham com literaturas especialmente religiosas. Mas Daniel
tinha um dom divino, recebido de Deus, e por isso era capaz de
interpretar sonhos e visões e distingui-los dos sonhos
decorrentes “do bucho cheio”; ou seja, dos sonhos naturais,
decorrentes das ações cerebrais psicológicas, ou até mesmo
pesadelos.
As adivinhações e o poder das feitiçarias, a capacidade
evolutiva deste mundo e até mesmo a sabedoria e poder de
Satanás, é tudo muito limitado. Aqui, nesse caso, se tratava do
futuro da humanidade e por esse motivo somente Deus, o Deus
Onisciente, é que pode discernir e interpretar, sendo essa a
razão de ninguém poder ajudar o rei nessa situação tão
desesperadora.
No verso 6 temos uma promessa de recompensa, até mesmo
gratificante. Mas como alcançar o objetivo do rei sem a
descrição do sonho?
Nabucodonosor propõe: se me declarardes o sonho (verso
seis) e a sua interpretação, recebereis de mim dádivas e
prêmios, grandes honras, mas é necessário que me dêem o sonho
e sua interpretação.
Isso se constituía num problema humanamente impossível,
pois o rei não se lembrava do sonho!
Conhecendo exatamente onde estava a chave da dificuldade,
os magos, feiticeiros e adivinhos disseram ao rei pela segunda
vez:
“Diga o rei, o sonho a seus servos, e lhe daremos a
interpretação!” (verso sete)
Embaraçosa e complicada era a situação daqueles indivíduos,
pois não dispunham do sonho!
Mas o rei não estava para perder tempo. Sua preocupação era
profunda e temia pelo seu trono. Por isso foi colocando um
ponto final, interrompendo o diálogo, dizendo:
“Bem percebo que quereis ganhar tempo,” é como se dissesse:
“bem percebo que estais tentando me enrolar”, por estarem
convencidos a respeito da sentença de morte! (Verso 8).
Todos os magos tinham plena convicção do poder do rei, e
que suas cabeças rolariam com certeza, mas não podiam resolver
33
o problema, porque este era extra-humano. Como interpretar um
sonho sem tê-lo?!
Satanás não pôde ajudar os seus servos ali presentes,
porque Satanás não tem onisciência das coisas; não sabe nada
sobre o futuro; porque o futuro está somente em Deus. O
problema era sobre-humano, e sobre-satânico também! Nenhum
demônio poderia ajudar; nenhum mago ou feiticeiro poderia
resolver aquele desafio.
No verso nove há um reforço da ameaça:”se não me fazeis
saber o sonho, uma só sentença será vossa; pois combinastes
palavras mentirosas e perversas para as proferirdes na minha
presença, até que se mude a situação; portanto dizei-me o
sonho, e saberei que me podeis dar-lhe a interpretação.
É como se Nabucodonosor trocasse em miúdos a sentença e o
faz em alta voz e bom tom:
“Se não me fazeis saber o sonho, uma só será a vossa
sentença: a morte.” Nabucodonosor foi taxativo: “Dizei-me o
sonho já, e só assim saberei que são capazes de fazê-lo, e até
posso esperar um pouco pela interpretação” (verso nove).
Mas a situação não dependia dos homens, já que
Nabucodonosor não se lembrava do sonho a fim de facilitar o
problema.
No verso dez, os caldeus expõem a situação ao rei:
“Responderam os caldeus na presença do rei, e disseram: Não há
mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei exige; pois
jamais houve rei, por grande e poderoso que tivesse sido, que
exigiu semelhante cousa dalgum mago, encantador ou caldeu.
A cousa que o rei exige é difícil, e ninguém há que a possa
revelar diante do rei, senão os deuses, e estes não moram com
os homens”.
Mas o rei não se sensibilizou, pelo contrário, ficou
enfurecido. Pois exigia não só o sonho, mas também a
interpretação.
O rei se achava no direito de exigir, ainda que fosse o
impossível, porque ele era o maior de todos os reis não havendo
rei que fosse superior a ele, até então na história. Por esse
motivo, ele exigia: quero o sonho e a interpretação, caso
contrário, morrem todos! E logo!!! Veja verso 12:
Então o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que
matassem a todos os sábios de Babilônia.
Mas efetivamente os magos, sábios e caldeus ou feiticeiros
não foram capazes de resolver o problema, e o rei se irou muito
mandando matar a todos. Ver verso 12:
Saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os
sábios;...
34
Como o rei não estava para perder tempo, já emitiu o
decreto, segundo o qual deviam ser mortos todos os sábios de
Babilônia.
Nabucodonosor pensava assim: ter os magos, sábios e
encantadores para não resolverem nada é melhor não tê-los,
assim já se sabe que não podemos contar com eles. E condenou à
morte todos os sábios da Babilônia. Todos deveriam ser mortos.
Nessa hora se lembraram de Daniel e de seus companheiros.
Veja ainda no verso 13 em sua parte final:...e buscaram a
Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos.
Daniel e seus companheiros não foram lembrados na hora da
solução daquele problema insolúvel, mas não foram esquecidos na
hora de pagar a conta.
Na verdade aquela foi uma tentativa de Satanás para
destruir a Daniel e seus companheiros.
Vamos ver a atitude de Daniel e de seus companheiros quando
foram procurados para serem mortos, devido ao decreto do rei.
B) DANIEL RECORRE A DEUS
Daniel 2.14-18
14 - Então Daniel falou avisada e prudentemente a Arioque,
chefe da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios de
Babilônia.
15 - E disse a Arioque, encarregado do rei: Por que é tão
severo o mandado do rei? Então Arioque explicou o caso a
Daniel.
16 - Foi Daniel ter com o rei e lhe pediu designasse o
tempo, e ele revelaria ao rei a interpretação.
17 - Então Daniel foi para casa, e fez saber o caso a
Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros,
18 - para que pedissem misericórdia ao Deus do céu, sobre
esse mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não
perecessem, com o resto dos sábios de Babilônia.
Tendo então saído o decreto do rei para que fossem mortos
todos os sábios, Arioque, o chefe da guarda do rei, responsável
pela execução do decreto, foi buscar a Daniel e seus
companheiros. (verso quatorze)
Daniel não sabia nada sobre o acontecido. Como já disse,
dele não se lembraram a fim de resolver o problema, mas não se
esqueceram na hora de pagar a conta.
De forma muito prudente, procurou saber o porquê de tanta
agressividade do rei, e pergunta ao chefe dos soldados: “Porque
é tão severo esse decreto do rei?”. Arioque deve ter explicado
a Daniel todo o fato acontecido de forma bem detalhada e
precisa. (verso quinze).
35
Daniel, o rei teve um sonho que o deixou muito perturbado,
tendo chegado a ponto de perder a paz e o sono. Ele quer saber
qual a relação entre esse sonho e o trono.
Para se esclarecer e para que tivesse de volta a paz e
tranqüilidade, mandaram chamar a todos os sábios, os magos, os
encantadores, os feiticeiros e os caldeus a fim de que
interpretassem o sonho.
Mas o grande problema é que o rei não se lembra do sonho e,
além da interpretação, ele quer também a revelação do sonho e
isso não foi possível. O rei ficou furioso, muito furioso pela
incompetência total de tantos sábios e mandou matar a todos.
Você não foi convidado para participar, mas você é
considerado um gênio, você e seus companheiros.
Conheço a sua fama e a fama de seus companheiros quando se
tratam de inteligência, conhecimento e sabedoria, portanto
estão acima da média, e quem está acima da média é sábio, logo
tem que morrer também!
Após escutar toda a explicação de Arioque, diz o verso
dezesseis que Daniel foi ter com o rei.
Sem dúvida alguma, aqui nesse ponto, já há a intervenção
das mãos de Deus, pois Daniel não tinha nem sequer o direito de
saber, porque estava condenado à morte. O rei decretou e
pronto! Quem é Daniel, escravo estrangeiro, para fazer
perguntas, pois nem foi convidado para tentar a solução do
problema?
Mas não foi só isso, Daniel foi até a presença do rei, e
isso aconteceu quando os sábios já estavam condenados à morte.
Entretanto o rei estava tão ansioso em saber sobre o sonho,
que não perdeu a última e possível chance de saber sobre o seu
futuro, se estava ou não relacionado com o trono, e assim
Daniel pediu ao rei que lhe desse tempo para resolver o
problema.
Daniel expressou ali um ato de fé: “Dá-me tempo, ó rei, e
te darei a solução. Eu te revelarei o sonho e te darei a
interpretação”. Ver verso 16.
Uma demonstração de fé, um compromisso extraordinariamente
sério, pois não havia mortal que resolvesse tal problema; mas
Daniel tinha o Espírito do Senhor. Certamente conhecia a
expressão de Davi. “Entrega o teu caminho ao Senhor e confia
nele, e ele tudo fará”. Salmo 37.5.
O rei também já não tinha alternativa: saber mesmo sobre o
sonho até esse momento, nada!! Quem sabe esse moço me dá alguma
luz! Se com os sábios vivos, Nabucodonosor não tinha esperança,
com todos mortos a situação seria mais difícil ainda! Assim,
Nabucodonosor não tinha escolha, era pegar ou largar. Afinal,
havia um restinho de esperança. Nabucodonosor permitiu a Daniel
um certo tempo, suspendendo temporariamente sua sentença. Na
36
verdade o rei queria era saber sobre o sonho e não matar os
sábios de Babilônia. Assim Daniel foi para casa conforme
esclarece o verso dezessete e saiu da presença do rei confiante
em Deus; confiante que Deus o poderia salvar, não somente a
ele, mas também a todos os sábios da Babilônia. Chegando em
casa, convocou os companheiros a fim de que entrassem em
oração. (Verso dezoito).
Daniel entrou pela porta certa, e recorreu ao endereço
certo: A ORAÇÃO a fim de recorrer à misericórdia do Deus do
céu.
Esse é o caminho pelo qual devemos trilhar, na hora da
angústia, na hora do problema insolúvel, na hora da tribulação.
Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza e socorro bem
presente na angústia. Salmo 46.2.
Para Deus não há o impossível. Ver Lucas 1.37.
Para Deus não há limitação, suas mãos não estão encolhidas
para que não possa salvar e seus ouvidos agravados para que não
possa ouvir. Isaías 59.1
Nós não sabemos qual foi o tempo dado a Daniel. Sabemos
apenas que antes que se esgotasse esse prazo, o Deus dos seus
antepassados lhe revelou o mistério. Seguramente nesta noite
Daniel e seus companheiros passaram a noite em vigília e
oração.
Podemos deduzir aqui, que existe uma parte que é nossa na
aquisição de uma bênção da parte de Deus para nós. Deus atua em
nossas vidas, mas precisamos tomar parte na bênção de Deus para
nós.
c) O DEUS DA REVELAÇÃO
Daniel 2.19-30
19 - Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de
noite; Daniel bendisse o Deus do céu.
20 - Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus de
eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder;
21 - é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e
estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos
entendidos.
22 - Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que
está em trevas, e com ele mora a luz.
23 - A ti, ó Deus de meus pais, eu te rendo graças e te
louvo, porque me deste sabedoria e poder; e agora me fizeste
saber o que te pedimos, porque nos fizeste saber este caso do
rei.
24 - Por isso Daniel foi ter com Arioque, ao qual o rei
tinha constituído para exterminar os sábios de Babilônia;
entrou, e lhe disse: Não mates os sábios de Babilônia;
37
introduze-me na presença do rei, e revelarei ao rei a
interpretação.
25 - Então Arioque depressa introduziu Daniel na presença
do rei, e lhe disse: Achei um dentre os filhos dos cativos de
Judá, o qual revelará ao rei a interpretação.
26 - Respondeu o rei, e disse a Daniel cujo nome era
Beltessazar: Podes tu fazer-me saber o que vi no sonho e a sua
interpretação?
27 - Respondeu Daniel na presença do rei, e disse: O
mistério que o rei exige, nem encantadores, nem magos, nem
astrólogos o podem revelar ao rei;
28 - mas há um Deus nos céus, o qual revela os mistérios;
pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser nos últimos
dias. O teu sonho e as visões da tua cabeça quando estavas no
teu leito são estas:
29 - Estando tu, ó rei, no teu leito, surgiram-te
pensamentos a respeito do que há de ser depois disto. Aquele,
pois, que revela mistérios te revelou o que há de ser.
30 - E a mim me foi revelado este mistério, não porque haja
em mim mais sabedoria do que em todos os viventes, mas para que
a interpretação se fizesse saber ao rei, e para que entendesses
as cogitações da tua mente.
Daniel e seus companheiros tinham pela frente uma difícil e
delicada missão. Entraram pelo caminho da oração e diz o verso
dezenove que o mistério foi revelado numa visão, à noite.
Seguramente Daniel e seus companheiros não estavam dormindo. A
situação era muito grave para conseguirem dormir. Quero crer
que estavam em oração e Deus visitou a Daniel numa visão à
noite. Ao receber a dádiva da revelação do sonho, Daniel
louvou ao Senhor que honrou a sua fé, e com cânticos, louvou a
Deus (Versos 20-23).
Esse Deus entre outros atributos é o Deus da revelação:
“Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em
trevas, e com ele mora a luz” (Daniel 2.22).
Agora, mais aliviado, e com um coração tranqüilo, de posse
da solução de um problema insolúvel, dentro das condições
humanas, onde se incluía também o próprio Daniel, cuja
revelação (solução do problema) teve origem divina.
De posse da bênção, Daniel enaltece o nome do Senhor e lhe
rende glórias.
Veja os versos dezenove ao vinte e três onde Daniel bendiz
ao Deus do céu e prossegue nos versos seguintes. No verso vinte
dois, Daniel diz que é Deus quem revela o profundo e o
escondido. No verso vinte e três, Daniel agradece a Deus pele
revelação do sonho do rei. Isto se constitui numa verdadeira
lição para nós. Muitas vezes nós só nos preocupamos em receber
a bênção e, uma vez recebida, nos alegramos tanto que
38
esquecemos de agradecer, nós esquecemos de louvar ao Senhor e
bendizer seu santo nome.Devemos, antes de tudo, agradecer a
Deus pelas dádivas, porque não as merecemos da parte de Deus,
mas Deus é fiel e misericordioso para conosco.
Daniel, agora de posse da bênção, procura o chefe da
polícia palaciana, Arioque, o chefe da guarda do rei para
trazer-lhe a boa noticia.
Arioque aguardava apenas esgotar o tempo dado pelo rei a
Daniel. Ele não acreditava que Daniel tivesse condições de
resolver tal problema. Era simplesmente um jovem inexperiente,
apesar de muito letrado e cheio de sabedoria. Arioque já se
achava como que executando as ordens do rei. Mas de repente,
eis que surge Daniel na sua presença, e lhe diz:
...Não mates os sábios de Babilônia; introduze-me na
presença do rei, e revelarei ao rei a interpretação. Daniel
2.24.
Arioque não queria acreditar em Daniel, mas o momento não
era para brincadeiras, o assunto era muito sério e o rei era
muito autoritário. Arioque achou por bem introduzir Daniel na
presença do rei.
Arioque não perdeu a oportunidade de autopromoção, não
perdeu a oportunidade de dizer ao rei que muito fizera por
encontrar alguém capaz de resolver tamanho problema. Mas na
realidade ele nada tinha feito pelos sábios e nem tão pouco por
Daniel ou pelo rei, mas se apresentou dizendo:
DANIEL 2.25 - ...“Achei um dentre os filhos dos cativos de
Judá, o qual revelará ao rei a interpretação.
Comportou-se como se tivesse “procurado muito”. (verso
vinte e cinco).
De qualquer forma temos Daniel, e agora está na presença de
um rei que:
a) Se acha extremamente ansioso, verdadeiramente perturbado
a fim de saber o que sonhou e seu significado.
b) Estava descrente quanto a alguém conseguir alcançar tal
objetivo, pois já se convencera de que era humanamente
impossível e eles não tinham acesso aos deuses.
c) Estava agoniado em saber sobre o futuro de seu trono, de
seu reinado, se estava ou não comprometido.
Por isso sua primeira atitude foi perguntar a Daniel:
“Podes tu fazer-me saber o que vi no sonho e sua
interpretação?”(Verso vinte e seis).
Mas Daniel, ciente do papel de seu Deus, antes de atender a
ansiedade do rei, faz-lhe uma breve apresentação do Senhor,
Deus de seus ancestrais, o Deus revelador de mistérios e disse-
lhe:
“O mistério que o rei exige, nem encantadores, nem magos,
nem antropólogos o podem revelar ao rei; mas há um Deus nos
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céus que revela os mistérios, pois fez saber ao rei, o que há
de ser nos últimos dias”. (Versos 27,28).
E assim Daniel tranqüilizou a Nabucodonosor, e não
aproveitou a oportunidade para autopromoção e nem roubou a
glória de Deus. No verso 30, temos:
DANIEL 2.30 - E a mim me foi revelado este mistério, não
porque haja em mim mais sabedoria do que em todos os
viventes, mas para que a interpretação se fizesse saber ao rei,
...
O crente temente a Deus, não é oportunista, com relação a
benefícios próprios, mas o é para exaltar a Deus, enaltecer o
seu santo nome e render-lhe glórias.
Agora, Daniel se posiciona para:
Primeiro: passar o sonho ao rei.
Segundo: interpretá-lo ali na presença do rei.
d) A REVELAÇÃO DO SONHO
Daniel 2.31-35
31 - Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande
estátua; esta, que era imensa e de extraordinário esplendor,
estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível.
32 - A cabeça era de fino ouro, o peito e os braços de
prata, o ventre e os quadris de bronze;
33 - as pernas de ferro, os pés em parte de ferro, em parte
de barro.
34 - Quando estavas olhando, uma pedra foi cortada sem
auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e
os esmiuçou.
35 - Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o
bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a palha das
eiras no estio, e o vento os levou, e deles não se viram mais
vestígios. Mas a pedra, que feriu a estátua, se tornou em
grande montanha que encheu toda a terra.
A visão aqui descrita corresponde ao sonho de
Nabucodonosor, do qual tinha se esquecido. Trata-se de uma
visão dada a um gentio, envolvendo o mundo todo, desde
Nabucodonosor, até a segunda volta de Jesus, ali representados
por Nabucodonosor com seu sonho e Daniel.
Trata-se de uma visão que se estende até o tempo do fim.
Essa expressão “tempo do fim”, se refere ao final da
dispensação da graça. Coincide com os tempos dos gentios,
relatado em Lucas 21.24 pelo próprio Jesus. É uma visão que
resume os quatro grandes impérios mundiais, que abrangeriam
todo o período, até a segunda volta de Jesus.
40
Aqui os quatro metais representam os governos nos quatro
impérios universais. Vamos esmiuçar um pouco melhor a estátua
ou a visão de Nabucodonosor.
No verso trinta e um, Daniel informa ao rei que ele se
achava “vendo”. Podemos entender que Nabucodonosor olhava como
quem observa o horizonte, quem sabe admirando a beleza natural
em seu reino, ou imaginando quão extenso era seu domínio;
quando, absolvido pelas suas idéias, vê uma grande imagem de
extraordinário esplendor que estava diante dele.
Essa visão foi decorrente de dois fatos, a saber:
1º - Nabucodonosor estava sem sono em seu leito e refletia
sobre sua soberania e a soberania de seu reino. (ver verso
vinte e nove). Quando teve aquela visão, perturbou-se muito em
seu espírito e sentiu um temor profundo quanto ao futuro do seu
reinado. Essa era a raiz da sua preocupação em relação ao
sonho
2º - Deus tinha uma revelação profética para todo o mundo,
através de Daniel.
Daniel ao revelar o sonho de Nabucodonosor, descreveu uma
visão onde Nabucodonosor via uma estátua com aparência
terrível. Na descrição da estátua, provavelmente Daniel quis
enfatizar a intensidade de seu esplendor, portanto a capacidade
da imagem em impressionar quem a via. A visão era de uma emoção
impressionante. Era difícil descrevê-la. Essa estátua era, como
veremos, um símbolo do poder gentio.
Os versos 32 e 33 descrevem essa imagem:
A cabeça era de ouro fino. O peito e os braços eram de prata. O ventre e os quadris eram de bronze. E as pernas eram de ferro e os pés de ferro e barro. O rei contemplava, como que estupefato, aquele esplendor,
que significa e representa o esplendor, a imponência, a
grandeza dos governos humanos, especialmente os impérios
mundiais.
Mas de repente, não mais que de repente, surgiu como que do
nada, uma pedra, sem auxílio de mãos, que veio e feriu a
estátua nos pés. Atentar para o detalhe; nos pés! Não foi na
cabeça; não foi no coração, não foi no peito, mas nos pés. E
com o choque dessa pedra, que esmiuçou inicialmente os pés,
esmiuçou a seguir toda a estátua: pernas, quadril, ventre, etc.
até a cabeça.
Esmiuçou-a. Isso quer dizer: quebrou-a em pedaços tão
pequeninos de modo que o vento levou. Então a extraordinária
estátua “virou pó”.
41
A pedra não apresentava violência, mas o impacto do choque
foi de efeito extraordinário. Note que a pedra atingiu a
estátua nos pés, mas esmiuçou toda a estátua, sem sobrar nada,
nem vestígio. Não sobrou nada; não se viu mais nada dela.
Mas a pedra que feriu a estátua começou a crescer, crescer
e ficou muito grande, ao ponto de encher a terra.
Esse é o sonho que Nabucodonosor esquecera e tanto o deixou
perturbado. Essa é a visão que Daniel relatou ao rei, sem que o
rei lhe tivesse dito coisa alguma, mesmo porque houvera se
esquecido do sonho. Nabucodonosor concordou com Daniel. Sem
dúvida era realmente esse o sonho que Nabucodonosor teve
naquela noite e de que havia se esquecido.
Vamos à interpretação porque a revelação do sonho já foi
feita por nosso Deus.
e) A INTERPRETAÇÃO DO SONHO
Daniel 2.36-45
36 - Este é o sonho; e também a sua interpretação diremos
ao rei.
37 - Tu, ó rei, rei de reis, a quem o Deus do céu conferiu
o reino, o poder, a força e a glória;
38 - a cujas mãos foram entregues os filhos dos homens,
onde quer que eles habitem, e os animais do campo e as aves dos
céus, para que dominasses sobre todos eles, tu és a cabeça de
ouro.
39 - Depois de ti se levantará outro reino, inferior ao
teu; e um terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre
toda a terra.
40 - O quarto reino será forte como ferro; pois, o ferro a
tudo quebra e esmiuça; como o ferro quebra todas as cousas,
assim ele fará em pedaços e esmiuçará.
41 - Quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de
barro de oleiro e em parte de ferro, será isso um reino
dividido; contudo haverá nele alguma cousa da firmeza do ferro,
pois que viste o ferro misturado com barro de lodo.
42 - Como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em
parte de barro, assim por uma parte o reino será forte, e por
outra será frágil.
43 - Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de
lodo, misturar-se-ão mediante casamento, mas não se ligarão um
ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro.
44 - Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um
reino que não será jamais destruído; este reino não passará a
outro povo: esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele
mesmo subsistirá para sempre,
42
45 - como viste que do monte foi cortada uma pedra, sem
auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a
prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que há de ser
futuramente. Certo é o sonho, e fiel a sua interpretação.
Vemos aqui que aquela estátua (imagem) do sonho de
Nabucodonosor traz a representação de todos os diferentes
governos mundiais, desde Nabucodonosor (no presente) até o
final dos tempos. (futuro num futuro distante).
Por governos mundiais podemos entender um governante cujo
domínio se estenda sobre todos os países que de alguma forma
eram independentes.
Ser submisso a outro país implica em pagar-lhe algum
tributo ou imposto ou algum recolhimento na forma de bem ou
serviço. Então reinado mundial ou império mundial seria um
governo que domina outras grandes potências ou outras nações.
O sonho de Nabucodonosor nos informa, através da
interpretação de Daniel, que haverá quatro desses reinos
incluindo o de Nabucodonosor. Esses quatro reinos seriam
representados:
1- Pela cabeça de ouro fino.
2- Pelo peito e braços de prata.
3- Pelo ventre e quadris de bronze.
4- Pelas pernas de ferro, os pés em parte de ferro,
em parte de barro.
A nobreza decrescente dos metais tem significado em cada
reino. Vamos enfocar cada um desses reinos, os quais também
serão estudados nos capítulos posteriores deste livro.
1- A CABEÇA DE OURO
Cada um desses elementos que compõe esta estátua vai
representar um período da história humana.
No verso 37 nós temos a interpretação de Daniel, que a
cabeça de ouro fino representa o governo de Babilônia. Ali
Daniel diz ao rei Nabucodonosor que ele é o rei de reis, a quem
o Deus do céu conferiu o reino, o poder, a força e a glória; em
cujas mãos foram entregues os filhos dos homens, onde quer que
eles habitassem, e os animais do campo e as aves dos céus, para
que dominasse sobre todos eles, sendo ele mesmo a cabeça de
ouro.
Esse ouro representa a nobreza do rei de Babilônia e a
glória de seu reinado, representado aqui por Nabucodonosor, em
cujas mãos o Deus dos céus entregou o poder, a força e a
glória. Foi esse império que iniciou a contagem do tempo dos
gentios. Nabucodonosor foi o governador mundial de maior poder
e glória em todos os tempos. O fato da decrescente nobreza dos
43
metais está relacionado com a diminuição da nobreza e do poder
dos governos sucessivos.
Nabucodonosor era absolutista e tinha em suas mãos:
a) A vida dos filhos dos homens
b) A vida dos animais do campo
c) As aves do céu.
O poder de Nabucodonosor não tinha limites: ele era o rei,
o chefe de estado, o juiz de direito, o delegado, o papa, o
primeiro ministro; Nabucodonosor era dono da família toda desde
os pais até os filhos; ele fazia e desfazia e não pedia nada a
ninguém. Foi por essa razão que ele determinou a morte dos
sábios da Babilônia, o que seria executado se não fosse Daniel
e seu Deus. Foi Deus quem lhe outorgou tanto poder sobre a
humanidade, sobre os animais e sobre as aves do céu. Veja os
versos trinta e sete e trinta e oito. Já os impérios
posteriores: Persa e Grécia, já não teriam tanta glória e
esplendor.
No verso trinta e nove Daniel revela que depois de
Nabucodonosor se levantará outro reino já inferior ao seu.
Esse reino “depois de ti” referido no verso trinta e nove
se refere ao governo persa que teve a duração de mais ou menos
200 anos, que vai ter início com Dario e Ciro.
2- O IMPÉRIO PERSA
O império persa iniciou com a conquista de Babilônia por
Ciro, o persa, quando dominou a Beltessazar naquela noite no
banquete em Babilônia.
Estudaremos esse reinado com mais detalhes nos capítulos
posteriores. É representado pela prata do peito e dos braços na
estátua. Durou na faixa de duzentos anos e deu lugar ao
terceiro reinado.
O verso 39 fala do segundo e do terceiro reinado, associado
à prata e ao bronze. Esse segundo reinado representado pela
prata do peito e dos braços teve inicio com Ciro, o Persa e o
terceiro, representado pelo bronze dos quadris e do ventre teve
inicio com Alexandre, o Grande. Esse terceiro reinado foi o
reinado dos gregos, iniciado com Alexandre. Aqui ainda temos um
metal de pouca nobreza, mas ainda nobre: o bronze. Ver verso
trinta e nove.
Mas a nobreza do bronze é inferior ao ouro, e também é
inferior à prata; isso aponta para uma demonstração de nobreza
decadente ou que vai diminuindo de um reinado para outro. O
terceiro reinado durou por volta de 250 anos e deu lugar ao
quarto e último reinado mundial, que nesta imagem ou nessa
estátua, é representado pelas pernas de ferro e pés de ferro e
barro.
44
Trata-se do reinado romano, dentro do qual nasceu Jesus.
Verso 40 - Esse quarto reino será forte como o ferro e a
tudo quebra e esmiúça. Esse reinado teve início em 63 a.C. e
foi o reinado que recebeu o Messias e o crucificou.
A estátua de Nabucodonosor tinha duas pernas de ferro, o
que significa que esse reinado teria dois ramos, o que
realmente ocorreu. Por volta do ano de 476 d.C., ocorreu a
cisão do império romano que se dividiu em dois ramos, um com
sede em Constantinopla e outra com sede em Roma.
Descendo mais para os pés nós temos aí uma mistura de ferro
com barro, e temos dez dedos. Posteriormente estudaremos com
detalhes esse fato, mas no momento vou dizer apenas que esse
“pé com dez dedos” se refere a uma época que ainda não chegou,
ainda é futuro para nós, mas que acontecerá no desenvolver da
Septuagésima Semana de Daniel. Isso implica na existência de um
intervalo na vigência desse império. Após a queda de
Constantinopla em 1453 os romanos perderam a hegemonia e
deixaram de ter autoridade sobre outros países, mas sem dúvida
esse reinado terá de se restabelecer e voltar a atuar como
reino universal, onde teremos os dez reinos que representam os
dedos dos pés da estátua. Esses dez reinos terão uma relação
direta com o Anticristo. Esse assunto é mais bem detalhado no
Livro de Apocalipse, que apresenta mais pormenores dessa época.
Daniel, em nenhum momento, apresentou ou se referiu à
Igreja em suas profecias. Também não houve nenhum profeta que
profetizasse sobre a Igreja. Na verdade a Igreja vive um
período especial, chamado período da graça. Esse período não é
contado, nem considerado nas profecias que falam do futuro,
porque não tem relação com Israel. Nesse período Israel está
desligado da figueira verdadeira e se comporta como desviado do
caminho do Senhor. Os Judeus ainda não aceitaram a Jesus como
Messias, e nem O admitiram como Filho de Deus.
Os versos quarenta e um e quarenta e dois falam sobre esse
reinado, no final, se refere aos dez dedos da estátua do sonho
de Nabucodonosor. Aqui nós temos esclarecimento sobre a mistura
ferro, barro e lodo, que aliás não se misturam de forma real,
apenas permanecem juntos. Lodo é uma mistura insalubre e úmida.
Isso fala da fragilidade desse reino ao mesmo tempo em que será
um reinado forte.
No verso quarenta e três temos uma referência que fala de
mistura e casamento, mas que não resultará em mistura. Aqui nós
temos uma referência profética que será estudada lá no capítulo
onze, quando estudarmos o versículo seis. Este reinado será um
reinado forte, pois tem também o ferro além do barro, mas como
o ferro não se une ao barro, e ainda se tem lodo nessa mistura,
também a união desse governo será frágil e efêmera, devendo
predominar o ferro, que é o governo romano ressurgido.
45
DANIEL 2.45 - como viste que do monte foi cortada uma
pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o
barro, a prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que
há de ser futuramente. Certo é o sonho, e fiel a sua
interpretação.
No verso quarenta e quatro temos o final desse período; o
final desse reinado, que será o último. Daniel diz que “nos
dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será
jamais destruído; este reino não passará a outro povo:
esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo
subsistirá para sempre”. Aqui nós temos uma referência nítida a
respeito da volta de Jesus com poder e grande glória. Aqui
entendemos que o Reino Milenar de Cristo será implantado por
Deus e será Ele quem esmiuçará e consumirá todos os reinos.
Também observamos aqui no verso quarenta e quatro que uma vez
iniciado o reinado de Jesus, que aqui na terra será o Rei dos
reis e Senhor dos senhores, Jesus nunca mais deixará de ser
Rei. O reinado eterno de Jesus iniciará no Milênio e se
estenderá para a eternidade sem fim.
Ao final do Milênio Jesus entregará o reinado ao Pai e
Deus será o gerenciador Eterno, já no Estado Eterno. Ver 1
Coríntios 15.24
Jesus não receberá o reino de mãos humanas, pois é Ele quem
dá os reinos e quem os estabelece, mas o seu reinado Ele o
tomará pela força de seu poder. Jesus receberá do Pai a
autoridade de Rei (ver Daniel 7.13,14). Jesus será Rei, e nós,
a Igreja, reinaremos com Ele. Mas ao final do Milênio, após
ser exterminada a existência humana natural, Jesus devolverá o
reino ao Pai.
Aquela pedra, que sem auxílio de mãos humanas fere o pé da
estátua e a destrói toda, é Jesus, manifesto em sua segunda
vinda, que será cheia de poder e grande glória.
Nessa vinda, aniquilará a besta que saiu do mar, a besta
que saiu da terra e o dragão. A Bíblia faz referência a Jesus
como pedra em outras referências: Atos 4.11; 1 Coríntios 10.4;
Mateus 25.31,32; 2 Pedro 2.4-7; Lucas 19.14; Lamentações 4.6
DANIEL 2.45 - como viste que do monte foi cortada uma
pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o
barro, a prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que
há de ser futuramente. Certo é o sonho, e fiel a sua
interpretação.
No verso quarenta e cinco fica claro que a estátua foi
destruída TODA (desde a cabeça até os pés) num só instante pela
pedra, sem auxilio de mãos, que esmiuçou o ferro, o bronze, o
barro, a prata e o ouro. Essa estátua representa o governo
humano neste mundo, desde Nabucodonosor até o final e a pedra
tipifica a Jesus em sua segunda vinda.
46
Na verdade, Nabucodonosor não entendeu bem a respeito da
interpretação, porque esta é de grande abrangência, mas
entendeu o suficiente para lhe trazer a paz. Aquela visão e a
sua interpretação diz respeito ao futuro próximo de
Nabucodonosor, mas também a um futuro distante, envolvendo a
judeus e gentios, e de tal profundidade que não foi possível
entendê-la em toda sua extensão. Nabucodonosor ficou contente
com a parte que lhe coube. Estava ansioso para saber sobre seu
reino e seu futuro, e agora sabia. Assim Daniel salvou-se a si
mesmo e a seus companheiros e também a todos os sábios,
caldeus, magos e astrólogos, contemporâneos seus, pois, sem o
sonho e sua interpretação,estavam todos condenados.
Assim cumpriu Nabucodonosor suas promessas e reconheceu a
soberania de Deus, chamando-o por “Deus dos deuses” e o “Senhor
dos reis” e ainda revelador dos mistérios, como se lê no verso
quarenta e sete.
Vamos ver, agora, sobre a recompensa nos versos 46-49.
f) A RECOMPENSA
Daniel 2.46-49
46 - Então o rei Nabucodonosor se inclinou e se prostrou
rosto em terra perante Daniel, e ordenou que lhe fizessem
oferta de manjares e suaves perfumes.
47 - Disse o rei a Daniel: Certamente, o vosso Deus é Deus
dos deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador de mistérios,
pois pudeste revelar este mistério.
48 - Então o rei engrandeceu a Daniel, e lhe deu muitos e
grandes presentes, e o pôs por governador de toda a província
de Babilônia, como também o fez chefe supremo de todos os
sábios de Babilônia.
49 - A pedido de Daniel, constituiu o rei a Sadraque,
Mesaque e Abede-Nego sobre os negócios da província de
Babilônia; Daniel, porém, permaneceu na corte do rei.
Nabucodonosor, agora de posse da interpretação do seu
sonho, reconhece a participação de Deus nesse processo. No
verso quarenta e seis e quarenta e sete nós vemos, pela
primeira vez, O grande Nabucodonosor se inclinando e prostrando
seu rosto em terra, perante um homem, seu súdito. Nabucodonosor
desce de seu mais alto pedestal e se inclina num gesto de
humildade diante de um novo Deus que ele não conhecia,
reconhecendo que esse Deus é o Deus dos deuses. Essa cena nos
dá a idéia da extensão de sua admiração pela consumação do
fato, mesmo porque sua fatia no bolo não era a pior. Deus lhe
houvera sido longânimo e ele fez honrar a Daniel com oferta de
manjares e suaves perfumes.
47
No verso quarenta e sete, Nabucodonosor reconhece o Deus
dos judeus, o Deus para ele desconhecido até então, como
revelador de mistérios, dizendo para Daniel: “Certamente, o
vosso Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis, e o
revelador de mistérios, pois pudeste revelar este mistério”.
Verso 48:- Nabucodonosor, numa forma de agradecimento, e
muito mais para tê-lo a seu lado, fez Daniel chefe supremo de
todos os sábios na Babilônia e ainda o colocou como governador
de todas as províncias de seu reino.
Aqui inicia a glória de Daniel, que foi maior que a de
José.
José foi governador do Egito, mas Daniel o foi de todas as
províncias de Babilônia e chefe supremo de toda sabedoria.
Convém salientar também, nesta altura, que Daniel não se
esqueceu de seus companheiros. Na hora da aflição Daniel
lembrou de procurá-los (versos 17,18) a fim de que
intercedessem a Deus em oração. Quando Daniel os procurou foi
prontamente atendido e juntos passaram noites em oração; agora
de posse das bênçãos, Daniel não poderia esquecê-los. Agora
Daniel é glorificado e poderia ter se esquecido de Misael,
Azarias e Ananias, mas não foi assim. Isso é mais que uma lição
para nós.
O verso 48:- diz que: A pedido de Daniel constituiu o rei,
a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego sobre os negócios de
Babilônia.
Poucos homens, nesse mundo, tiveram a glória de Daniel,
cuja glória se estendeu até o reinado de Dario e de Ciro.
Assim chegamos ao final do capítulo dois do Livro de
Daniel, como pudemos ver. Um capítulo profético cuja profecia
abrange toda a história humana.
Agora vamos prosseguir na parte histórica desse livro,
estudando o capítulo três.
48
CAPÍTULO 3
A ESTÁTUA DE NABUCODONOSOR
Esse é o capítulo da colossal estátua de Nabucodonosor,
que não se deve confundir com a estátua do sonho do capítulo
dois. É o capítulo da fornalha de fogo. Podemos dividi-lo em
quatro partes:
A imagem de ouro de Nabucodonosor: Versos 1-7 A grande recusa. Versos 8-18 A fornalha de fogo. Versos 19-25 A exaltação ao Deus de Daniel. Versos 26-29
a) A IMAGEM DE OURO DE NABUCODONOSOR
Daniel 3.1-7
1 - O rei Nabucodonosor fez uma imagem de ouro que tinha
sessenta côvados de alto e seis de largo; levantou-a no campo
de Dura, na província de Babilônia.
2 - Então o rei Nabucodonosor mandou ajuntar os sátrapas,
os prefeitos e governadores, os juizes, os tesoureiros, os
magistrados, os conselheiros e todos os oficiais das
províncias, para que viessem à consagração da imagem que o rei
Nabucodonosor tinha levantado.
3 - Então se ajuntaram os sátrapas, os prefeitos e
governadores, os juízes, os tesoureiros, os magistrados, os
conselheiros e todos os oficiais das províncias, para a
consagração da imagem que o rei Nabucodonosor tinha levantado;
e estavam em pé diante da imagem que Nabucodonosor tinha
levantado.
4 - Nisto, o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós
outros, ó povos, nações e homens de todas as línguas:
5 - No momento em que ouvirdes o som de trombeta, do
pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles, e
de toda sorte de música, vos prostrareis, e adorareis a imagem
de ouro que o rei Nabucodonosor levantou.
6 - Qualquer que se não prostrar e não a adorar, será no
mesmo instante lançado na fornalha de fogo ardente.
7 - Portanto, quando todos os povos ouviram o som da
trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, e de
toda sorte de música, se prostraram e os povos, nações e homens
49
de todas as línguas, e adoraram a imagem de ouro que o rei
Nabucodonosor tinha levantado.
Nabucodonosor já se esquecera do Deus revelador dos
mistérios, o Deus que ele havia reconhecido como Deus dos
deuses. Movido em seu egoísmo, embriagado em seu poder, e na
glória de sua majestade, construiu uma imagem que tencionava
instituir como Deus. Era uma colossal imagem, cuja altura era
de sessenta côvados e cuja largura era de seis côvados, e
escolheu a província de Dura como sede de sua mais recente
inovação.
Para se ter uma idéia melhor sobre essas dimensões, elas
equivalem às dimensões da estátua da Liberdade em Nova York e
corresponde a um prédio de dez andares, próximo de trinta
metros de altura e três metros de largura, e tudo de ouro.
Assim podemos avaliar de forma grosseira, de quanto ouro
dispunha o rei. Não se sabe sobre quem a imagem representava:
se Bel, se Nebo ou se o próprio Nabucodonosor, sendo os dois
primeiros, deuses babilônicos. Há quem diga que a imagem era a
figura do rei, mas não há bases para tal afirmação.
Porque será que Nabucodonosor fizera tal proeza? Seria
apenas por vaidade? Seria por que tinha muito ouro e não sabia
o que fazer com ele?
Não, não creio. Embora isso tenha sido fator relevante;
Nabucodonosor tinha um interesse político na coisa.
Nabucodonosor sabia a importância da religião na vida do ser
humano e procurou uma forma de achar um único Deus para todo o
seu reino.
Procurava um Deus que lhe fosse confortável e que pudesse
unir todos os povos ao seu redor. Seria uma religião universal
em seu reino. Criou então uma estátua e apresentou-a como Deus
e determinou pela força de seu poder que seria a divindade
oficial a ser adorada.
Aqui vamos estabelecer um paralelo entre esse primeiro
reinado e o último:
Notemos que o reinado universal humano inicia com uma
grande imagem e também termina com uma grande imagem. Ver
capítulo treze de Apocalipse.
No início foi imposta uma religião universal e quem não adorasse a imagem seria morto; no final temos também a
obrigatoriedade de adoração à imagem e também a condenação aos
que não a adorarem.
Neste início um rei de grande soberba e grande poderio; no final também um governador mundial de grande poder e grande
soberba, ao ponto de ocupar o lugar de Deus.
Mas voltando à imagem de Nabucodonosor, temos no verso dois
todo um dispositivo, toda uma ação desenvolvida a fim da
universalização da nova divindade. Para que esse ato fosse de
50
repercussão total e para que tivesse extensão universal,
Nabucodonosor convocou e reuniu a todos os grandes em seu
governo: sátrapas, prefeitos, tesoureiros, governadores,
juízes, magistrados, enfim, todas as autoridades em seu
governo, a fim de que ali estivessem. A finalidade era dupla:
1- Para que tomassem ciência das novas idéias do rei e
adorassem a estátua.
2- Para que exercessem sua autoridade e ajudassem o rei a
conseguir o seu intento.
Verso três, uma vez reunidos, todos na praça pública,
especialmente preparada para o evento, e estando a estátua já
em posição de ser adorada, o culto deveria ter início com ordem
e decência.
O local estava tomado por gente muito importante além do
rei, e através de música convencionou-se organizar o evento.
Haveria um arauto, um anunciador, como se fosse um locutor de
um serviço de auto falantes em nossos dias. Esse seria o
anunciador e organizador das ações ritmadas e ordenadas durante
o processo da consagração da estátua.
O verso quatro apresenta o arauto anunciando as regras e a
quem essas regras são dirigidas: a todos os povos, nações e
homens de todas as línguas. Todos deveriam adorar a estátua ao
som da música dos diversos instrumentos.
No verso seis temos a advertência aos insubordinados à
ordem do rei: Quem não se prostrar, quem não adorar a estátua
do rei; quem recusar a nova divindade, será lançado na fornalha
de fogo ardente.
A fornalha de fogo ardente aqui era o veículo de execução
da pena capital em Babilônia. Quando um indivíduo era condenado
à morte era lançado na fornalha. A Pérsia adotou em sua época
a cova dos leões, que também era usado como veículo da pena
capital. Existiram países que adotaram a cruz, outros a
guilhotina, outros a cadeira elétrica, outros a forca, e assim
a história humana tem variado o instrumento de pena capital, ou
seja, quando da condenação à morte.
Vamos novamente estabelecer um paralelo entre:
Daniel e Apocalipse.
Em Daniel, temos:
a) O primeiro imperador foi absolutista, despótico,
totalitário, e de muito poder.
b) A imposição de uma religião universal pela força
centralizada no imperador.
c) Quem não estiver de acordo é condenado à morte.
Em Apocalipse: 20.4
19.20
24.9-11
13.14,15
51
a) O último imperador universal será absolutista,
despótico, totalitário e de muito poder em suas mãos.
b) A imposição de uma religião universal que será imposta
pelo Falso Profeta. Aqui temos a imagem do Anticristo que será
apresentada como Deus, e, portanto deverá ser adorada.
c) Quem recusar a nova filosofia também é condenado.
Assim o período dos gentios iniciou com imposição de deuses
estranhos e terminará da mesma forma, exceto que neste final a
vitória será do Verdadeiro Deus, cujo reinado será universal e
eterno.
Nesse culto, aqui organizado em praça pública e convocado
pelo rei, provavelmente não havia judeus e também Daniel não
estava ali, mas consta que os três companheiros de Daniel
estavam presentes. Não se sabe por que Daniel não se achava
ali, uma vez que era a maior autoridade após a do rei.
Certamente não se encontrava ali no momento, pois não
adoraria a estátua, o que seria registrado para a história.
É pouco provável que estivesse viajando, porque o decreto
do rei exigindo sua presença seria mais forte que qualquer
motivo de viagem. Talvez estivesse doente e impossibilitado de
comparecer, tendo justificado sua falta ao rei. Esta é a
hipótese mais aceitável, uma vez que se encontravam ali todos
os representantes do governo de Babilônia. Quanto aos demais
judeus, embora desviados e afastados do caminho do Senhor, em
pleno exílio, em terra alheia, mantinham viva na memória a
doutrina do monoteísmo e da grandeza de seu Deus. Em se
tratando de adorar aquela imagem, nunca o fariam, por mais
infiéis que fossem. De qualquer forma, a Bíblia só fala dos
companheiros de Daniel.
O texto sagrado fala dos companheiros de Daniel que se
encontravam ali, pois participavam do escalão governamental.
Estes, Ananias, Misael e Azarias, não adoraram a imagem do rei,
se comportaram como verdadeiros crentes e ainda desafiaram a
Nabucodonosor em relação à fidelidade que tinham para com Deus.
Vamos ver essa parte nos versos 8-18.
b) A GRANDE RECUSA
Daniel 3.8-18
8 - Ora, no mesmo instante, se chegaram alguns homens
caldeus, e acusaram os judeus;
9 - disseram ao rei Nabucodonosor: Ó rei, vive eternamente!
10 - Tu, ó rei, baixaste um decreto, pelo qual todo homem
que ouvisse o som da trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara,
do saltério, da gaita de foles, e de toda sorte de música, se
prostraria e adoraria a imagem de ouro;
52
11 - e, qualquer que não se prostrasse e não adorasse,
seria lançado na fornalha de fogo ardente.
12 - Há, uns homens judeus, que tu constituíste sobre os
negócios da província de Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abede-
Nego; estes homens, ó rei, não fizeram caso de ti, a teus
deuses não servem, nem adoram a imagem de ouro que levantaste.
13 - Então Nabucodonosor, irado e furioso, mandou chamar
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. E trouxeram a estes homens,
perante o rei.
14 - Falou Nabucodonosor, e lhes disse: É verdade, ó
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que vós não servis a meus
deuses nem adorais a imagem de ouro que levantei?
15 - Agora, pois, estai dispostos e, quando ouvirdes o som
da trombeta, do pífaro, da cítara, da harpa, do saltério, da
gaita de foles, prostrai-vos e adorai a imagem que fiz; porém,
se não a adorardes sereis no mesmo instante lançados na
fornalha de fogo ardente. E quem é o deus lhe vos poderá livrar
das minhas mãos?
16 - Responderam Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ao rei: Ó
Nabucodonosor, quanto a isto não necessitamos de te responder.
17 - Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele
nos livrará da fornalha de fogo ardente, e das tuas mãos, ó
rei.
18 - Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus
deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste.
Aqui temos, por parte destes jovens judeus, não somente uma
demonstração de coragem:
Enfrentar Nabucodonosor e até mesmo afrontá-lo. Enfrentar a fornalha de fogo ardente, conseqüência
natural da rebeldia; mas também um ato de muita fé, uma
demonstração de fidelidade absoluta a esse Deus.
Judas ao escrever sua carta fala dessa fé no verso três da
referida Epístola: “A fé que uma vez foi dada aos santos”.
No verso oito, podemos observar como o inimigo é ágil,
esperto e astuto: no mesmo instante já acusaram os judeus.
Nessa acusação, do verso dez até o doze, que é uma acusação
verdadeira, que além de acusar já condena, pois cobra ao mesmo
tempo a aplicação da pena. Ver Daniel 10.9 ao 12.
Aqueles acusadores se comportam como se dissessem ao rei:
Oh! Rei, aqueles três jovens que não querem adorar a imagem, é
gente da corte, e daí, oh! rei? Vai ficar por isso mesmo? É
gente que possui obrigação de adorar a imagem, pois exerce
cargo de confiança do rei. Eles não servem a teus deuses e
ainda fizeram pouco de ti! Eles não vão receber o castigo que
prometeram a todos aqueles que não adorassem a sua estátua?
53
Veja que não é apenas uma acusação, mas também uma
condenação sumária. Na realidade, queriam ver aqueles judeus
castigados, mortos sem direito à defesa.
Mas nos versos treze e quatorze vemos Nabucodonosor dando
aos judeus uma oportunidade, estava a fim de esclarecer algum
mal entendido, afinal tinham obrigação de agradarem ao rei:
primeiro, para não serem mortos; segundo, exerciam cargo de
confiança do rei.
O verso 13 diz que trouxeram os jovens para bem perto do
rei. Era olho no olho. E Nabucodonosor lhes pergunta:
“É verdade, ó Sadraque, Mesaque e Abede-Nego que vós não
servis a meus deuses nem adorais a imagem de ouro que
levantei”?
O rei entendia que tivesse ocorrido algum mal entendido e
pergunta a seguir, no verso 15: "Agora, pois, estais dispostos
e, quando ouvirdes o som da trombeta, do pífaro, da cítara, da
harpa, do saltério, da gaita de foles, prostrai-vos e adorai a
imagem que fiz”? Ainda no mesmo versículo, o rei complementa
com uma ameaça: se não a adorardes sereis no mesmo instante
lançados na fornalha de fogo ardente.
Após chamar a atenção dos jovens judeus, e fazer a ameaça
que fez; isto é: joga-los dentro da fornalha de fogo ardente,
Nabucodonosor extrapola o uso de sua autoridade dizendo: (ainda
no mesmo verso 15).
“Eu quero ver qual é o deus lhe vos poderá livrar das
minhas mãos”?
Essa expressão foi um verdadeiro desafio ao Deus de
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego!
Aqui na seqüência, no verso quinze, nós vemos que
Nabucodonosor já havia se esquecido dos fatos acontecidos no
capítulo dois, no segundo ano de seu reinado, quando reconheceu
o Deus de Daniel como sendo:
Deus dos deuses Senhor dos reis Revelador de mistérios
A partir dessa expressão de Nabucodonosor: E quem é o deus
que vos poderá livrar das minhas mãos? A coisa extrapolou o
âmbito humano e o desafio passou para o Deus dos deuses, o
Senhor Jeová que seria o Deus daqueles jovens.
Nabucodonosor desafiou o Deus dos judeus na presença de
tanta gente, querendo ocupar o lugar de Deus, como quem dizia:
“Eu sou o ser superior aqui, e minhas ordens não há quem possa
revogar.” É como se dissesse: “Eu quero ver se existe um Deus
que seja capaz de livrá-los da minha mão, pois não há maior que
eu nem mesmo entre os deuses”.
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Esse foi o motivo pelo qual Deus permitiu que os três
fossem jogados na fornalha. Mostrar não só a Nabucodonosor, mas
a todos e ao mundo que existe DEUS que tudo pode, e é superior
a todos os seres existentes, pois tudo é obra de suas mãos.
Deus assumiu o comando a partir dali, porque o desafio não é
para aqueles jovens, mas para Deus.
Deus poderia tê-los poupado disso tudo, como poupou a
Daniel. Deus poderia aplacar a ira de Nabucodonosor e através
dele mesmo não permitir que fossem jogados na fornalha, mas não
o fez. Deus poderia intervir na mente de Nabucodonosor de modo
a ficar o dito pele não dito, mas Deus aceitou o desafio e
decidiu mostrar para ele “qual é o Deus que pode livrar aqueles
moços de suas mãos”.
É uma situação semelhante a de Moisés, Arão e os reis do
Egito. Deus poderia tirar de lá o seu povo sem a realização das
dez pragas, mas Deus queria mostrar ao povo quem é esse Deus.
Aqui ele vai mostrar para Nabucodonosor “quem é esse Deus que
poderá livrá-los de sua mão”.
Mas numa demonstração de fé e de muita coragem, aqueles
três homens mostraram que o seu Deus é superior a TUDO e a
TODOS e que, portanto, permanecerão fiéis. Por essa razão,
respondem ao rei: “Ó Nabucodonosor, quanto a isto não
necessitamos de te responder...” (Daniel 3.16).
Aqui eles se referiam à pergunta do rei sobre adorarem a
estátua e servirem a seus deuses no verso 15. É como se a
resposta deles fosse assim:
- Ó rei, tu nos conhece o suficiente para saber sobre
nossas convicções, e tu sabes muito bem que não servimos aos
teus deuses e que jamais adoraremos “algo qualquer” que se nos
imponham a não ser o Deus de nossos pais. Tão pouco adoraremos
essa estátua de ouro que fizestes, verdadeiro desperdício com
tanto ouro. Trata-se de uma imagem que levantaste como deus
para ser adorado. Portanto, quanto a isto não necessitamos de
te responder.
No verso 17 e 18, nós temos uma verdadeira demonstração por
parte dos jovens, a respeito de sua convicção sobre o Deus de
seus pais, quando dizem para o rei: “Se o nosso Deus, a quem
servimos, quiser livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de
fogo ardente, e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó
rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem
de ouro que levantaste”.
Aqueles jovens tinham uma intima comunhão com Deus ao ponto
de acharem que Deus os poderia salvar da fornalha, mas se o não
fizesse, eles aceitariam da parte de Deus como sua melhor
escolha. Ë como se pensassem assim:
1- Nosso Deus pode nos livrar da fornalha sem nenhum
problema.
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2- Agora, nos livrar da fornalha, ou nos livrar das mãos do
rei, é da inteira competência dEle mesmo, e é de sua exclusiva
vontade, o que nós respeitamos piamente.
3- Se Ele não nos livrar é porque simplesmente lho aprouve.
4- De qualquer forma, ó rei!, Deus nos livre da fornalha ou
não, fica tu sabendo:
a) Não serviremos a teus deuses.
b) Não adoraremos a tua imagem.
Veja que isso não é só uma prova de fé, mas também uma
demonstração de muita coragem. Devemos nos lembrar que isso
ocorria na presença de todas as autoridades do reino e eles
estavam enfrentando a Nabucodonosor pela frente!
Avaliando as atitudes desses homens, os acharíamos
imprudentes e rebeldes ao seu rei. Entenderíamos como um
comportamento bestial; seria a autocondenação. Mas aqueles
homens tinham um coração fiel a Deus e como Daniel, tinham em
seus corações, não se contaminarem com as prostituições dos
caldeus. E Deus honrou aquela fé, e Deus teve o seu nome
glorificado. E assim temos, então, que esses três homens
atendiam ao rei em tudo, e em tudo lhe eram submissos, fazendo
de tudo para o seu sucesso como servos fiéis, desde que não
afrontassem o seu Deus.
Notemos que aparentemente, não haveria problema algum, se
aqueles homens se ajoelhassem naquele momento, mas com o
coração voltado para Deus. Imagine que eles dedicassem a Deus
tal reverência e apenas se ajoelhassem para não comprar
problema com o rei e seu decreto; pois não há nenhum poder
nesses ídolos e para nós não significam nada. Ajoelhar-se
diante de um tronco natural de árvore ou ajoelhar-se diante
dele depois de ser esculpido como obra de escultura não há
diferença alguma.
Mas aqueles homens entendiam que se procedessem assim,
estariam traindo a fidelidade com seu Deus.
Grandes pecados iniciam com pequenos desvios. O efeito
letal de doses mortíferas de veneno é neutralizado quando
iniciadas por pequenas quantidades. Na verdade é o famoso “um
pouquinho não faz mal que vem disfarçado de inofensivo”.
Os grandes alcoólatras iniciaram com pequenas doses. Os
grandes fumantes iniciaram sem dependência alguma da nicotina.
Paulo nos ensina que devemos fugir da aparência do mal.
Ver 1 TESSALONICENSES 5.22 - “Abstende-vos de toda a
aparência do mal.
Aqueles homens eram fiéis ao seu rei, mas eram mais fiéis
ao seu Deus. Eles dariam a vida para agrado e defesa do rei,
pois eram fiéis súditos da Babilônia, mas acima de tudo Deus.
Jesus trouxe ensinamento semelhante, veja Mateus 22.36.
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Aqueles homens entenderam que o desafio era para Deus e não
para eles e ficaram em seus lugares na dispensação do Senhor.
Com esse cenário, Nabucodonosor se enfureceu muito, e no
seu orgulho ferido desenvolve a condenação. Vamos à fornalha de
fogo.
c) A FORNALHA DE FOGO Daniel 3.19-25
19 - Então Nabucodonosor se encheu de fúria, e,
transtornado o aspecto do seu rosto contra Sadraque, Mesaque e
Abede-Nego, ordenou que se acendesse a fornalha sete vezes mais
do que se costumava.
20 - Ordenou aos homens mais poderosos que estavam no seu
exército, que atassem a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, e os
lançassem na fornalha de fogo ardente.
21 - Então estes homens foram atados com os seus mantos,
suas túnicas e chapéus, e suas outras roupas, e foram lançados
na fornalha sobremaneira acesa.
22 - Porque a palavra do rei era urgente e a fornalha
estava sobremaneira acesa, as chamas do fogo mataram os homens
que lançaram de cima para dentro a Sadraque, Mesaque e Abede-
Nego.
23 - Estes três homens, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego,
caíram atados dentro da fornalha sobremaneira acesa.
24 - Então o rei Nabucodonosor, se espantou, e se levantou
depressa e disse aos seus conselheiros: Não lançamos nós três
homens atados dentro do fogo? Responderam ao rei: É verdade, ó
rei.
25 - Tornou ele e disse: Eu, porém, vejo quatro homens
soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem nenhum dano; e
o aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses.
Temos vários aspectos a serem considerados nos versículos
19 ao 25:
1- Um homem enfurecido perde a razão, perde a visão, perde
a capacidade de raciocínio e age pela intuição animalesca. Por
causa disso pode não alcançar seu objetivo e muitas vezes
complicar mais uma situação que poderia ser evitada se houvesse
calma.
2- O livramento dos companheiros de Daniel não foi somente
das chamas do fogo, pois precisamos lembrar e entender que eles
CAÍRAM dentro da fornalha, provavelmente com as mãos amarradas
ao corpo e por isso poderiam ter se machucado muito na queda.
3- Após o evento da fornalha, a glória de Deus se
manifestou em todo o reino.
4- A visão do quarto homem foi dirigida exclusivamente a
Nabucodonosor por ter sido ele quem desafiou a Deus.
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5- Deus fez uso da fidelidade e da fé daqueles homens para
glorificar seu nome e para manifestação de seu poder.
Analisemos o primeiro tópico, onde vemos um homem
enfurecido. Diz o verso 19 que Nabucodonosor:
a) Encheu-se de fúria
b) Ficou com o rosto transformado
Isto quer dizer que o ódio de Nabucodonosor era tanto que
transpareceu no seu semblante. Tinha as características de um
furor incontrolável. Ora, um homem quando quer alcançar algum
objetivo, deve manter a calma, pois carreira não é pressa e
quem tem pressa pode se dar mal.
Vejamos quais foram as atitudes de Nabucodonosor,
decorrentes de seu ódio e que sem dúvida surtiram o efeito
contrário àquele que desejava ao dar as ordens, decorrentes de
seu estado de ira:
I - Mandou que se aquecesse a fornalha sete vezes mais.
Isso nem sempre é possível, e a ordem dele pode não ter sido
cumprida, pois existe um limite para a temperatura natural,
limite esse adequado a cada estrutura, cada forma e cada
ambiente.
Não sabemos a morfologia daquela fornalha, mas tenho
certeza que aquecê-la sete vezes mais não foi possível, sendo
possível fornecer sete vezes mais combustível e comburente, o
que não implica em aquecê-la sete vezes.
II - Quando o rei mandou aquecê-la sete vezes, o que ele
pensou foi em aumentar o sofrimento daqueles jovens sete vezes
mais. Isso na verdade não ocorre, pois as queimaduras seriam
mais intensas e isto proporcionaria uma morte mais rápida e o
sofrimento não aumentaria proporcional ao aquecimento.
Queimaduras superficiais doem mais do que aquelas mais
profundas porque essas destroem os terminais nervosos
periféricos e diminui a transmissão da dor.
III - Em sua ira, Nabucodonosor desafiou a autoridade e o
poder de Deus, quando seu problema era apenas com os jovens, e
não com o Deus deles. Não passou por sua mente em nenhum
instante que algum Deus os pudesse salvar e por isso a aqueceu
sete vezes.
IV - Arregimentou os homens mais fortes de seu exército,
sem nenhuma necessidade, apenas fruto de seu furor. Era uma
garantia para si mesmo, a fim de satisfazer a ira de seu furor.
Com isso, aqueles homens morreram e o rei perdeu os melhores
homens do seu exército. Se não fosse a sua ira, esses homens
teriam sido poupados para bem de seu exército.
Certamente Sadraque, Mesaque e Abede-Nego não opuseram e
nem oporiam resistência aos seus algozes, uma vez que a ordem
veio do rei,portanto não havendo necessidade nenhuma de uma
ordem como essa.
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V - Analisando esse comportamento na visão do ângulo que
enfoca a glória de Deus, isso só serviu para glorificar ainda
mais o nome do Senhor e envergonhar ainda mais ao homem furioso
e irado, sedento de vingança e pleno ódio. Toda a sua força,
todo o seu poderio, toda a sua glória, foram por terra, porque
só o nosso Deus é Rei e Senhor, e não há Deus fora dEle.
VI - Nabucodonosor não necessitava de aquecer a fornalha
sete vezes, pois em condições habituais servia para matar sem
piedade e sem misericórdia, e não havia quem pudesse se livrar
dela, mesmo em condições normais de aquecimento. A vida humana
é incompatível com temperaturas superiores a 70ºC; nem tão
pouco necessitava de homens fortes, bastava a sua ordem e
qualquer homem, até mesmo o mais fraquinho, o mais franzino de
todos, desenvolveria o cumprimento de sua ordem, uma vez que
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego já haviam aceitado ir para a
fornalha, quer Deus os livrasse ou não.
VII - Como sétima conseqüência de tanta ira, mandou que
lançassem na fornalha não só os homens, mas também todos os
seus pertences: os mantos, os chapéus, as roupas, as túnicas,
etc.
Ora nós vamos observar que nada do que era Hebreu sofreu
danos e tudo o que era Babilônico foi destruído. Com isso
aumentou ainda mais a glória de Deus. Queimou-se apenas as
ataduras, a única coisa que dizia respeito aos babilônicos.
VIII - A urgência da execução, porque a palavra do rei era
urgente (verso 22) só contribuiu para o pior resultado, levando
os homens a não terem o cuidado e a vigilância necessários para
se aproximar da boca da fornalha. O vácuo causado pelo calor,
levou-os à perda do controle e do equilíbrio, derrubando-os
dentro da fornalha com os condenados. A pressa é inimiga da
perfeição! A calma, o raciocínio e a reflexão antes de nossas
atitudes podem preservar nossas vidas e nossa condição
financeira também.
Falemos agora sobre o livramento de Deus na fornalha de
fogo ardente.
Foram lançados na fornalha:
a) Os três condenados foram lançados com as mãos atadas.
Isso, certamente, fez com que eles não pudessem utilizar as
mãos e os braços para protegerem-se da queda dentro da
fornalha. Não sabemos as condições nem as dimensões da
fornalha, mas o verso 22 deixa bem claro que existia uma
altura: “... que lançaram de cima para dentro”. Assim sendo,
aqueles homens amarrados ao caírem no fundo poderiam sofrer o
trauma da queda, podendo quebrar um braço, uma perna, a cabeça,
etc. O verso 23 diz: “Esses homens caíram atados dentro da
fornalha” o que reforça a idéia de uma altura da qual “caíram”
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e reforça o fato de não poderem amenizar o impacto da queda,
pois estavam “atados”. Mas a Bíblia diz que eles não tiveram
problema nenhum com a queda!
b) Foram lançados diversos utensílios, especialmente de uso
pessoal, que pudessem trazer ao rei, recordações dessa
desventura, tais como chapéu, túnica, roupas, etc. Mas ao que
parece nada se queimou!
c) Os homens do exército caldeu, quando caíram dentro da
fornalha, também o fizeram com diversos aparatos usados, tais
como, fardamento ou equipamento bélico, pois eram homens de seu
exército!
Mas nosso Deus cuida do essencial e não se descuida dos
detalhes.
Dos hebreus, o fogo queimou apenas as ataduras e nada mais! Nem se chamuscaram os seus cabelos e não se queimaram
seus pertences.
Dos caldeus, o fogo foi tão voraz, que os matou só de entrarem na área de sua ação, e os consumiu com tudo que lhes
pertencia, como roupas e armas, exatamente o oposto dos
hebreus.
Aos hebreus, Deus não poupou somente do fogo, mas de um possível traumatismo no fundo da fornalha, pois eles andavam,
como que passeando, dentro da fornalha como se não tivessem
nenhum ferimento. Verso 25: “Eu, porém, vejo quatro homens
soltos que andam passeando dentro do fogo.” Eles começaram a
andar dentro da fornalha para mostrarem que Deus não os livrara
somente do fogo, mas também de qualquer traumatismo devido à
queda, dentro daquela fornalha.
Assim, o aquecimento da fornalha em sete vezes glorificou o
nome do Senhor ainda mais, pois Deus mostrou a Nabucodonosor
que Ele não livrou a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego do fogo,
ainda que aquecido sete vezes, mas também os livrou da sua mão
sanguinária e despótica. Lembrar que ele perguntou: (Verso 15).
“E quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos”? Está
aí, seu Nabucodonosor: O Deus daqueles jovens pôde livrá-los
das suas mãos!
Deus não só os livrou de suas mãos, como também do fogo e
ainda os colocou a passear dentro da fornalha!!! (isso é que é
Deus!)
Foi uma lição para Nabucodonosor que se viu obrigado, de
forma incontestável, a reconhecer mais uma vez o Deus de
Israel.
Finalmente falemos da manifestação da glória de Deus.
“Então Nabucodonosor se espantou e se levantou depressa e
disse aos seus conselheiros: Não lançamos nós três homens
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atados dentro da fornalha? Sim, responderam eles. Mas o rei
voltou a dizer: pois eu vejo quatro homens soltos, passeando
dentro do fogo e o quarto deles tem aparência dos deuses”.
Era a grande lição de Deus para Nabucodonosor que se achava
o maior do mundo inteiro. Na verdade quero crer, aquela
multidão que se encontrava ali, viu apenas os três soltos na
fornalha, mas Nabucodonosor tinha que ter uma revelação mais
profunda, mais chocante,mais contundente e Deus lhe permitiu
ver a Jesus, pré-figurado, como o quarto homem da fornalha.
Nabucodonosor ASSUSTOU-SE, não tanto pelo milagre, que em
si só era motivo para tanto, mas assustou-se por ver DEUS na
exibição de sua majestade: o quarto homem que tinha aparência
de filho dos deuses. Era a revelação não só do poder de Deus,
mas a representação física de sua própria pessoa, junto com
seus servos fiéis, ali na fornalha de fogo. Nabucodonosor ao
ver tanta glória levantou-se depressa e estupefato; mas era a
verdade incontestável: “Deus não só os livrou, mas estava lá
com eles.”
Assim Deus glorificou o seu nome na manifestação de seu
poder. Deus não salvou a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego do fogo
e das mãos de Nabucodonosor, apenas para repreender a
Nabucodonosor no seu orgulho e majestade, mas para mostrar ao
mundo inteiro, e a todas as gerações posteriores, inclusive a
nossa, que Ele é Deus que não desampara, opera maravilhas e faz
tudo o que lhe aprouver. Assim seu nome é glorificado até hoje.
Deus não livrou a Sadraque, a Mesaque e a Abede-Nego da
fornalha, mas salvou-os na fornalha onde esteve presente com
eles.
Deus às vezes não nos livra do vale da sombra da morte, mas
não devemos temer mal algum porque a sua vara e seu cajado nos
protegem e nos consolam.
Vamos agora para a grande exaltação do nome do Senhor:
d) A EXALTAÇÃO DO NOME DO SENHOR
Daniel 3.26-30
26 - Então se chegou Nabucodonosor à porta da fornalha
sobremaneira acesa, falou, e disse: Sadraque, Mesaque e Abede-
Nego, servos do Deus Altíssimo, sai e vinde! Então Sadraque,
Mesaque e Abede-Nego saíram do meio do fogo.
27 - Ajuntaram-se os sátrapas, os prefeitos, os
governadores e conselheiros do rei, e viram que o fogo não teve
poder algum sobre os corpos destes homens; nem foram
chamuscados os cabelos da sua cabeça, nem os seus mantos se
mudaram, nem cheiro de fogo passara sobre eles.
28 - Falou Nabucodonosor, e disse: Bendito seja o Deus de
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o seu anjo, e livrou
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os seus servos, que confiaram nele, pois não quiseram cumprir a
palavra do rei, preferindo entregar os seus corpos, a servirem
e adorarem a qualquer outro deus, senão ao seu Deus.
29 - Portanto faço um decreto, pelo qual todo o povo, nação
e língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque,
Mesaque e Abede-Nego, seja despedaçado, e as suas casas sejam
feitas em monturo; porque não há outro Deus que possa livrar
como este.
30 - Então o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e Abede-
Nego, na província de Babilônia.
Vemos aqui Nabucodonosor (verso vinte e seis) ainda
estupefato, sem acreditar no cenário que presenciava.
Aproximou-se da fornalha ardente e vê os jovens lá dentro da
fornalha andando, num cenário inacreditável. Nabucodonosor
relutou em acreditar naquilo que via, mas era a realidade:
havia quatro pessoas dentro da fornalha, que andavam com muita
tranqüilidade. Mantida a visão daquele cenário, ele chama a
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, agora já os classificando como
servos do Deus Altíssimo. Um Deus do qual ele tinha se
esquecido, pois já era conhecedor de uma amostra da extensão de
suas maravilhas.
Um Deus que ele desafiara há pouco, quando falara com
aqueles jovens. A sua ira foi substituída pelo espanto e
atônito aguardava aqueles jovens saírem de dentro daquela
fornalha. Nabucodonosor reconhece a sua derrota, pois com nosso
Deus ninguém sai vencedor. Ele só conhece a vitória e para Ele
não há adversário.
Nabucodonosor reconhece a soberania de Deus: Está aí, ó rei
Nabucodonosor, o Deus capaz de livrar esses rapazes das tuas
mãos!!
No verso vinte e sete, vemos todos os governantes se
aproximarem dos rapazes, agora já fora da fornalha, pois
Nabucodonosor os chamara para fora. (Saí e vinde! Verso vinte e
seis).
Quero crer que essa lição não foi só para Nabucodonosor,
mas a todos os babilônicos, todos os povos cativos, e também
para ser escrita no Cânon sagrado para nosso ensino e
edificação. Isso foi escrito para edificação de nossa fé, para
nos despertarmos para crer de fato nesse Deus Todo-Poderoso, o
qual jamais abandona quem nEle confia. Ver Salmo 40.1.
A respeito do quarto homem, que tinha um aspecto diferente:
Esse quarto homem apareceu de forma física, a ser vista por
Nabucodonosor, deixando muito claro para ele, Nabucodonosor,
que se tratava de um ser sobredivino. Isto certamente ocorreu
para que não houvesse nenhuma possibilidade de dúvidas a
respeito do quarto homem. Quero crer, embora a Bíblia não
esclareça esse item, que somente Nabucodonosor viu o quarto
62
homem. Da expressão: “Eu, porém, vejo um quarto homem com
aparência do filho dos deuses”, deixa margens sólidas para essa
interpretação; caso contrário ele teria dito: Mas “nós” estamos
vendo um quarto homem, ou “existe” um quarto homem dentro da
fornalha.
Essa visão, acrescida do “pormenor” que somente ele viu o
quarto homem, contribuiu, e muito, para o seu espanto e para
sua conversão a respeito de Deus. Aquele quarto homem
simplesmente desapareceu quando os rapazes saíram da fornalha,
e também não foi visto pelos três rapazes. Daniel certamente
não estava ali e, portanto também não O viu.
Esse episódio maravilhoso seria suficiente para converter
todo o reinado babilônico, e para o povo de Israel solidificar
em muito a sua fé. Mas os corações não se transformam pelo medo
nem pelas leis e decretos e sim por um novo nascimento que
brota de dentro para fora.
No verso vinte e sete temos a equipe técnica analisando os
jovens que saíram da fornalha e constataram, de forma
inequívoca e incontestável QUE: “o fogo não teve poder algum
sobre os corpos destes homens; nem foram chamuscados os cabelos
da sua cabeça, nem os seus mantos se mudaram, nem cheiro de
fogo passara sobre eles”.
No verso vinte e oito, Nabucodonosor glorifica ao Deus que
ele desafiou; exatamente o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-
Nego, que enviou o seu anjo, e livrou os seus servos das sua
mãos. Deus não envergonha aqueles que nele confia.
Assim Nabucodonosor reconheceu a soberania de Deus e nos
versos vinte e nove e trinta o vemos fazendo, determinando e
publicando decretos com respeito à sociedade de seu reino e o
Deus dos judeus.
- “Todo povo, nação, e língua que dissesse blasfêmia contra
o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seja despedaçado e
suas casas feita em monturo porque não há outro deus que possa
livrar como aquele”.
Nabucodonosor sempre no uso de seu poder autoritário e
despótico, querendo legislar em toda área e em todos os setores
da vida. Daí ele ser a cabeça de ouro na estátua do capítulo
dois. Veja bem: além de ser “cabeça” ainda é de ouro.
Acredito que fora de ISRAEL, cuja maior glória existiu em
Salomão, o reinado de maior glória foi esse de Nabucodonosor,
tendo sido sem dúvida maior que a de Salomão.
E os jovens não poderiam deixar de ser recompensados por
esse ato de fé, de coragem, de heroísmo e de fidelidade aos
seus princípios básicos: prosperaram ainda mais na província de
Babilônia.
Deus não precisava fazê-los prosperar na vida material, já
era de grande monta suas ocupações anteriores, mesmo se fossem
63
mantidas sem progresso nenhum. Mas Deus não só os livrou, de
forma miraculosa na fornalha, como também lhe trouxe mais
prosperidade ainda! Porque Deus sempre recompensa o
comportamento de quem é fiel.
64
CAPÍTULO 4
A ÁRVORE GIGANTE
Aqui no capítulo quatro prosseguem as profecias, onde temos
novamente Nabucodonosor tendo outra visão, desta vez não
esquecida por ele, e novamente se vê às voltas com a
interpretação da mesma. Trata-se de uma profecia dada
diretamente a Nabucodonosor, interpretada por Daniel.
Os versos um, dois e três são mais relacionados com os
capítulos anteriores e até deveriam fazer parte do capítulo
três, onde Nabucodonosor ainda reconhece a soberania de Deus e
dá testemunho de sua grandeza e de seu poder. Veja os versos de
1-3.
DANIEL 4.1 - O rei Nabucodonosor a todos os povos, nações e
homens de todas as línguas, que habitam em toda a terra: Paz
vos seja multiplicada!
2 - Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas
que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo.
3 - Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas as
suas maravilhas! O seu reino é reino sempiterno, e o seu
domínio de geração em geração.
Nesses versículos podemos ver, pelo menos de forma
aparente, que Nabucodonosor estava verdadeiramente convertido!
Presenciara com seus próprios olhos um cenário capaz de
converter o mais incrédulo dos ateus. Não se esquecer que
Nabucodonosor não só presenciou a cena da fornalha de fogo,
como teve o privilégio de ver a Jesus, pré-encarnado, ali na
fornalha como sendo o quarto homem. Ver Daniel 3.25.
Uma experiência como aquela, a visão da fornalha e dos
homens andando em seu interior, num cenário como o do contexto
um apreço, seria o suficiente para converter todos os
presentes, sem exceção. Nabucodonosor estava maravilhado
conforme se expressa nos versos dois e três, da introdução
deste capítulo.
DANIEL 42.3 - “Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e
maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo. Quão
grandes são os seus sinais, e quão poderosas as suas
maravilhas.
Vamos dividir este capítulo quatro, a partir do verso
quatro, em três partes:
A visão da árvore gigante. Versos 4-18 A interpretação da visão. Versos 19-27 Deus cumpre suas profecias. Versos 28-37
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a) A VISÃO DA ÁRVORE GIGANTE
Daniel 4.4-18
4 - Eu, Nabucodonosor, estava tranqüilo em minha casa, e
feliz no meu palácio.
5 - Tive um sonho, que me espantou; e, quando estava no meu
leito, os pensamentos e as visões da minha cabeça me turbaram.
6 - Por isso expedi um decreto, pelo qual fossem
introduzidos à minha presença todos os sábios de Babilônia,
para que me fizessem saber a interpretação do sonho.
7 - Então entraram os magos, os encantadores, os caldeus e
os feiticeiros, e lhes contei o sonho; mas não me fizeram saber
a sua interpretação.
8 - Por fim se me apresentou Daniel, cujo nome é
Beltessazar, segundo o nome do meu deus, e no qual há o
espírito dos deuses santos; e eu lhe contei o sonho, dizendo:
9 - Beltessazar, chefe dos magos, eu sei que há em ti o
espírito dos deuses santos, e nenhum mistério te é difícil; eis
as visões do sonho que eu tive, dize-me a sua interpretação.
10 - Eram assim as visões da minha cabeça quando eu estava
no meu leito: eu estava olhando, e vi uma árvore no meio da
terra, cuja altura era grande;
11 - crescia a árvore, e se tornava forte, de maneira que a
sua altura chegava até ao céu; e era vista até aos confins da
terra.
12 - A sua folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e
havia nela sustento para todos; debaixo dela os animais do
campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus
ramos, e todos os seres viventes se mantinham dela.
13 - No meu sonho quando eu estava no meu leito, vi um
vigilante, um santo, que descia do céu,
14 - clamando, fortemente, e dizendo: Derrubai a árvore,
cortai-lhe os ramos, derriçai-lhe as folhas, espalhai o seu
fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela, e as aves dos
seus ramos.
15 - Mas a cepa com as raízes deixai na terra, atada com
cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo. Seja ele
molhado do orvalho do céu, e a sua porção seja, com os animais,
a erva da terra.
16 - Mude-se-lhe o coração, para que não seja mais coração
de homem, e lhe seja dado coração de animal; e passem sobre ele
sete tempos.
17 - Esta sentença é por decreto dos vigilantes, e esta
ordem por mandado dos santos; a fim de que conheçam os viventes
que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens; e o dá a
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quem quer, e até ao mais humilde dos homens constitui sobre
eles.
18 - Isto vi eu, rei Nabucodonosor, em sonhos. Tu, pois, ó
Beltessazar, dize a interpretação, porquanto todos os sábios do
meu reino não me puderam fazer saber a interpretação, mas tu
podes; pois há em ti o espírito dos deuses santos.
O capítulo quatro inicia com Nabucodonosor tranqüilo e
feliz. Ao que parece, já devia ter se esquecido novamente de
sua experiência com Deus. Algum tempo se passara e ele tem um
novo sonho, como é referido no versículo 5.
Lendo-se esse conjunto de versos sem uma análise mais
pormenorizada, pode-se ficar confuso sobre o caso; afinal, foi
sonho ou visão que teve Nabucodonosor? Essa dúvida pode surgir
da leitura dos versos quatro e cinco, que dizem:
Verso quatro:- “Eu estava tranqüilo na minha casa e feliz
no meu palácio.”
Isso nos dá a idéia de que estava acordado!
Verso cinco:- “Tive um sonho, que me espantou e quando
estava no meu leito, os pensamentos e as visões da minha cabeça
me perturbaram”.
Aqui ele inicia dizendo que teve um “sonho”, mas adiante
fala nas “visões” que o perturbaram.
Verso dez:- “Eram assim as visões da minha cabeça quando
estava no meu leito” Aqui fala que foi uma visão. E aí eu
pergunto: foi sonho ou visão?!
Na realidade não há confusão, pois Nabucodonosor teve um
sonho. Isso fica claro nos versos: seis, sete, oito e treze.
Na hora do sonho, Nabucodonosor estava dormindo, sem dúvida.
Sonho é um estado de ativação da consciência do indivíduo
no “centro dos sonhos”, região que fica localizada no cérebro e
que estando o indivíduo dormindo, ele tem a nítida sensação de
estar acordado e no pleno desempenho das atividades
desenvolvidas no sonho. Por ser sonho, é tudo irreal, mas no
sonho é tudo como se fosse realidade!
Nabucodonosor quis dizer no verso quatro que a rotina da
vida na casa e no palácio estava bem e feliz. Ele,
Nabucodonosor, não tinha nenhuma preocupação ou problema. No
verso cinco ele se refere a uma ocasião na qual o sonho já era
ocorrido. Agora, deitado em seu leito, acordado, os pensamentos
sobre o sonho o perturbavam intensamente, de modo a “ver” as
visões do sonho em sua mente. É como se visse as imagens do
sonho passando pela sua mente, enquanto estava deitado e
pensativo. É como se o verso quatro e cinco fossem assim:
“Estava tudo bem comigo, em casa e no palácio, quando numa
noite,deitado em meu leito, tive um sonho que me deixou
espantado, e comecei a ficar preocupado, imaginando sobre o
67
sonho em minha cama, e parecia ver em minha mente, o sonho
novamente!”.
Nabucodonosor não conseguia mais a tranqüilidade e as
atividades reais se achavam comprometidas, devido a uma
alteração em seu estado de humor, resultante do sonho.
Nabucodonosor foi tomado pelo pânico, pela insegurança, e esta
preocupação o afligia, perturbando-lhe a paz.
Os seus pensamentos lhe tiravam a tranqüilidade. A causa
desse transtorno era fundamentalmente a preocupação com sua
coroa, a preocupação com o futuro de seu reinado. Queria saber
se sua mordomia, sua glória, sua realeza estava ou não
ameaçada, comprometida!
Nabucodonosor faz um decreto (verso seis) pelo qual fossem
introduzidos em sua presença todos os sábios de Babilônia, para
que o fizessem saber a interpretação do sonho. (Verso7) Então
entraram os magos, os encantadores, os caldeus e os
feiticeiros, e lhes foi contado o sonho.
Mas, novamente a dificuldade da interpretação, pois as
coisas de Deus não é para qualquer um.
Nabucodonosor já tinha alguma experiência a respeito de
Deus, entretanto novamente chamou os sábios, magos, astrólogos
e feiticeiros, caldeus e adivinhos a fim de que esses lhe
dessem a interpretação do sonho.
Tudo indica que novamente recorre a seus súditos e se
esquece de Daniel. Nessa época, Daniel já era o chefe dos
sábios e dos magos, mas não sei por que, se estava tão ansioso,
não procurou Daniel já de imediato. Veja o que está escrito no
verso 8 “Por fim se me apresentou Daniel, cujo nome é
Beltessazar”. Isso me dá a nítida impressão que Daniel foi
novamente o último, quando deveria ser o primeiro.
Esse fato está muito relacionado com os grandes talentos
que são esquecidos em sua própria sociedade. O mesmo fato
ocorre na Igreja, que às vezes possui homens verdadeiramente
valorosos, mas que dão frutos em seara alheia. Cantores que
possuem valor em outros campos, porque “o santo em sua casa não
faz milagres”.
Às vezes a “prata da casa” é rica, brilhante, mas não tem
valor.
O SONHO DO CAPÍTULO DOIS E O SONHO DO CAPÍTULO
QUATRO
Existem semelhanças e diferenças entre o sonho do capítulo
dois e do quatro:
Ambos envolveram o rei.
Ambos foram interpretados por Daniel.
68
Ambos deixaram Nabucodonosor sem a paz. Em ambos os magos nada puderam fazer por se tratar de
profecia de Deus.
Mas:
O primeiro extrapola o reinado de Nabucodonosor, e
abrange até o Estado Eterno.
O segundo se refere somente a Nabucodonosor
O primeiro foi esquecido, sumiu da mente do sonhador.
O segundo, o sonhador o relatou com detalhes.
O primeiro os magos não puderam interpretar porque não tinham o sonho.
O segundo, não puderam interpretar mesmo tendo o sonho,
porque a revelação estava em Deus e não nos homens ou com
Satanás.
O sonho do capítulo dois se encerra com a derrota do
governo humano.
O sonho do capítulo quatro se encerra com o governo de Nabucodonosor.
Daquilo que está escrito nos versos 4.8 e 4.18 podemos
deduzir que Nabucodonosor tinha certeza, a respeito de Daniel,
que ele desvendaria o sonho. Então, por que será que não o
chamou já em primeiro lugar? Por que passou primeiro por todos
os magos e sábios de seu reino antes de recorrer a Daniel?
Talvez Nabucodonosor quisesse reforçar, diante de si e de
todos, a habilidade de Daniel em comparação com seus magos,
sábios, astrólogos, feiticeiros, etc. Nabucodonosor confiava em
Daniel plenamente!Leia o verso 18: “Tu, pois, ó Beltessazar,
diz a interpretação, porquanto todos os sábios do meu reino não
me puderam fazer saber a interpretação, MAS TU PODES; pois há
em ti o Espírito dos deuses santos”. Dá-nos a entender que
Nabucodonosor queria firmar a superioridade de Daniel em
relação aos demais.
Aqui podemos tirar uma lição para nós: Nossos problemas e
nossas aflições têm que ser levadas para a pessoa certa, sem o
que apenas tornaremos público os nossos problemas e não teremos
deles a solução. Não adianta ficar lastimando, nem tão pouco
murmurando, nem ainda discutindo com a pessoa inadequada.
Corroboram esse pensamento as atitudes da viúva de Zarefat que,
tendo o filho morto, foi procurar o homem de Deus, Elias, em
Samaria. Quando outros a interpelaram pelo caminho, respondia
“tudo vai bem”, e apenas ao homem de Deus foi apresentar o seu
problema e o seu lamento. 2 Reis 4.25.
Enfim, Nabucodonosor tem agora diante de si o homem de
Deus, o único capaz de revelar a interpretação.
Aqui no verso oito vemos que Nabucodonosor tem plena
consciência sobre a inoperância de seus deuses, e quando ele
69
diz: “Mas por fim, entrou na minha presença Daniel, cujo nome e
Beltessazar, segundo o nome do meu deus e no qual há o espírito
dos deuses santos”; podemos deduzir que reconhecia que seus
deuses não tinham santidade, seus deuses não tinham vida, seus
deuses não passavam de mitos e folclore, não possuíam espírito
nem vida, e que Daniel tinha um Deus que sobre tudo é santo. O
deus de Daniel tinha vida, operava maravilhas e ainda revelava
o escondido.
No verso nove, Nabucodonosor diz: “Beltessazar, príncipe
dos magos, eu sei que há em ti o espírito dos deuses santos e
nenhum segredo te é difícil”, como se dissesse: “Tens um Deus
operante, vivo, sábio, cuja sabedoria não há limites!” e assim
Daniel ouve da parte do rei, o seu sonho.
Daniel ouviu atentamente a narração do grande monarca, cuja
descrição está nos versos dez a dezessete. Trata-se de:
a) Uma grande árvore, localizada no centro da terra, cuja
altura era muito imensa. Verso dez.
b) A árvore tinha um crescimento ilimitado, no TAMANHO, no
ASPECTO e na força. Verso onze. Podia ser vista até os confins
da Terra.
c) A árvore cresceu tanto, sua folhagem era vistosa,
exuberante, de raro esplendor, de modo que servia de abrigo
para as aves do campo e sua sombra, de abrigo para os animais.
Verso doze.
d) Seus frutos eram viçosos, além de abundantes, de modo a
sustentar toda a carne. Verso doze. Sua fonte alimentar era
inesgotável, sustinha: os animais do campo, as aves do céu e
todos os homens da Terra; (toda a carne diz o verso doze).
Nabucodonosor observava com admiração aquele cenário e,
como que absorvido por ele, pois era uma visão indescritível,
quando se rompe a harmonia da visão e Nabucodonosor vê um
mensageiro vindo do céu, referido por ele como “um santo que
descia do céu” Verso 13, que gritava em alta voz: “Derrubai a
árvore e cortai-lhe os ramos, sacudi as suas folhas e espalhai
o seu fruto; e afugentem-se os animais de debaixo dela e as
aves dos seus ramos.” Verso 14.
Nos versos 15,16 e 17 prossegue o discurso do ser
celestial, do mensageiro do céu, que não se contenta em somente
cortar-lhe os ramos e afugentar os animais, como destruir seus
galhos e suas folhas, eliminando a sombra e os frutos, o abrigo
das aves e o alimento dos animais que dela dependiam.
No verso 15 há uma ordem para se deixar o tronco com suas
raízes sem serem alterados, mas temos também a determinação do
mensageiro: (V.15,16).
a) Seja ele preso à erva do campo com prisão de alta
segurança.
b) Seja regado pelo orvalho do campo.
70
c) Sua alimentação seja a erva da terra.
d) Sua companhia sejam os animais.
e) Mude-se-lhe o coração de modo a ser animal.
f) Esta determinação terá a duração de sete estações.
Era a sentença dos “vigiadores” para aquela árvore tão
frondosa: destruição apenas do seu esplendor, da sua aparência,
da utilidade, mas não da sua essência, pois o tronco devia ser
mantido com suas raízes intactas. Com isso se manteria sua
essência, podendo brotar novamente e vir a ser uma árvore tão
frondosa e bela como antes.
Nós sabemos que o tronco e as raízes representam toda a
essência da árvore, pois são as raízes que extraem os
nutrientes de toda a árvore, e o tronco é o intermediário
através do qual há sustentação de todas as estruturas que
compõem toda a árvore.
Neste caso observamos Deus mantendo, desta árvore, o que
lhe é de essencial: o tronco vivo, ligado à fonte de
alimentação de modo a permanecer vivo.
As determinações que lemos nos versos quinze e dezesseis,
apresentadas nos itens a, b, c, d, e, f são relativas a esse
tronco que foi deixado; este deveria ser regado pelo orvalho,
alimentar-se da erva do campo, ter como companhia os animais,
ter o coração mudado, numa sentença com sete anos de duração.
Vemos aqui que essa árvore tem como tronco “algo” que não
pode ser vegetal, pois:
a) Um vegetal se nutre dos elementos retirados da terra
através de suas raízes; mas este aqui vai se nutrir da erva da
terra.
b) Habitualmente um tronco de árvore não tem companhia, mas
esse tem como companhia os animais.
c) Um vegetal não tem coração, mas esse aqui O TEM, pois
diz o verso 16 que ele SERÁ MUDADO para coração de animal, o
que quer dizer que ele tinha um coração que não era de animal.
Veremos adiante que esse tronco de árvore é o próprio
Nabucodonosor, conforme a interpretação de Daniel.
O verso dezessete nos mostra o fundamento deste sonho
profético, que não é outro se não mostrar:
Primeiro: que Deus é soberano sobre todos os soberanos.
Segundo: que é Deus quem dá ou permite o reinado dos
homens.
Terceiro: Deus dá o governo humano a quem quer e tira
daquele que o tem para o dar a quem de sua escolha, até mesmo
ao mais baixo ou mais simples, ou ainda o mais humilde entre os
homens.
Quarto: O verdadeiro domínio de todas as coisas pertence ao
Deus do povo de Judá.
71
O verso dezoito deixa patente que se trata de um sonho,
podendo ser redigido assim: “Isso em sonho, eu, rei
Nabucodonosor vi” ou “isso eu vi em meu sonho enquanto dormia”.
Assim temos a narração do sonho por Nabucodonosor a Daniel,
e diante de Daniel, Nabucodonosor anseia pela interpretação e
diz: “este é o sonho que ninguém pôde interpretar, mas que tu o
podes, pois em ti há o Espírito dos deuses santos.”
b) A INTERPRETAÇÃO DO SONHO
Daniel 4.19-27
19 - Então Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve
atônito por algum tempo, e os seus pensamentos o turbavam.
Então lhe falou o rei, e disse: Beltessazar , não te perturbe
o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu Beltessazar, e
disse. Senhor meu, o sonho seja contra os que te têm ódio, e
a sua interpretação para os teus inimigos.
20 - A árvore que viste, que cresceu, e se tornou forte,
cuja altura chegou até ao céu, e que foi vista por toda a
terra;
21 - cuja folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e
em que para todos havia sustento, debaixo da qual os animais do
campo achavam sombra, e em cujos ramos as aves dos céus faziam
morada,
22 - és tu, ó rei, que cresceste, e vieste a ser forte; a
tua grandeza cresceu, e chega até ao céu, e o teu domínio até à
extremidade da terra.
23 - Quanto ao que viu o rei, um vigilante, um santo, que
descia do céu, e que dizia: Cortai a árvore, destruí-a, mas a
cepa com as raízes deixai na terra, atada com cadeias de ferro
e de bronze, na erva do campo; seja ele molhado do orvalho do
céu e a sua porção seja com os animais do campo, até que
passem sobre ele sete tempos.
24 - Esta é a interpretação, ó rei; e este é o decreto do
Altíssimo, que virá contra o rei, meu senhor:
25 - serás expulso de entre os homens, e a tua morada será
com os animais do campo, e dar-te-ão a comer ervas como aos
bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete
tempos por cima de ti, até que conheças que o Altíssimo tem
domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer.
26 - Quanto ao que foi dito, que se deixasse a cepa da
árvore com as suas raízes, o teu reino tornará a ser teu,
depois que tiveres conhecido que o céu domina.
27 - Portanto, ó rei, aceita o meu conselho, e põe termo em
teus pecados pela justiça, e às tuas iniqüidades usando de
misericórdia para com os pobres; e talvez se prolongue a tua
tranqüilidade.
72
No verso dezenove vemos Daniel “ATÔNITO” por algum tempo.
Existem versões bíblicas que neste verso traduzem esse “algum
tempo” por “quase uma hora”, (Ver Young’s Literal Translation
1998, Almeida Revista e corrigida 1995, por exemplo) e nesse
espaço de tempo, seus pensamentos perturbavam o seu semblante,
de modo que o rei percebeu a mudança exterior de seu aspecto.
Daniel se apresentava “espantado”, estava mudo, não falava
nada, estava pálida, vítima de uma vaso-constrição periférica
percutânea, de origem neurogênica, que foi causada pelo
entendimento da narração que acabara de ouvir. Daniel já sabia
que a interpretação era totalmente desfavorável ao rei.
Daniel, súdito fiel, tinha por seu rei, verdadeiro apreço, e o
bem-estar do seu rei fazia parte de seus propósitos. Ele nunca
desejaria mal ao rei e vendo o mal rodeando o seu senhor,
estava envolvido numa terrível emoção desagradável.
Vendo o rei o estado de Daniel, disse-lhe: Beltessazar, não
te perturbe o sonho, nem a sua interpretação. Daniel 4.19. Mas
Daniel estava assustado e como maior prova de consideração e
apreço para com o rei, responde: Senhor meu, o sonho seja
contra os que te têm ódio, e a sua interpretação para os teus
inimigos.
Nabucodonosor deixou Daniel à vontade para interpretar o
sonho, tranqüilizando-o qualquer que fosse o sentido da
interpretação.
Profetizar contra o rei poderia significar a morte;
profetizar contra o rei poderia significar as conseqüências
mais desastrosas, mas a preocupação de Daniel não foi dessa
natureza. Ele se preocupava realmente com o rei, com o seu
bem-estar.
Assim Daniel se põe a interpretar o sonho do rei, chamando-
o de “Senhor meu”. (Verso dezenove)
Para os que te tem ódio, pois boa coisa não é, e não se trata de boas notícias.
A interpretação seja para os teus inimigos, para que esse mal se volte conta eles.
Mas a Nabucodonosor cabia apenas ouvir a interpretação
profética e a Daniel, a interpretação fiel.
Assim ao longo dos versos seguintes temos a explicação do
sonho para Nabucodonosor.
A árvore:
* aquela árvore tão frondosa, tão grande, tão útil não só
para as aves, mas para todo animal, cuja folhagem era formosa e
cujos frutos abundantes;
* aquela árvore que crescera tanto a ponto de atingir o céu
e a extremidade da terra;
* aquela árvore que fornecia o conforto para os animais e
para as aves do céu;
73
Era Nabucodonosor no gozo de sua glória e no domínio de seu
poder que se estendeu até aos extremos da terra conhecida até
então. Verso 20 e 21. Ver verso 22: ”aquela árvore és tu, ó
rei, que cresceste, e vieste a ser forte; a tua grandeza
cresceu, e chega até ao céu, e o teu domínio até à extremidade
da terra”.
Aquela árvore representava a pessoa do rei, pois dele saíam
os recursos para todos e o abrigo às aves e animais. Seu
reinado e poderio se estenderam de tal forma que sua influência
foi representada no sonho por aquela árvore, cujo crescimento
atingiu o céu, e cuja visão atingia o extremo da terra. (Verso
22). Mas no verso vinte e três temos uma quebra nesse cenário
paisagístico tão agradável, de esplêndida admiração, através de
um mensageiro; um santo que desceu do céu e dizia, emitindo uma
ordem sem definição do endereço, sem definir a quem era aquela
ordem:
Cortai a árvore e destruí-a, mas deixai o tronco e não danifiquem em nada suas raízes. E aquele ser prossegue em seu
imperativo discurso:
Mas o tronco, que não deve sofrer danos, seja fixado à terra com prisões seguras, em meio à erva do campo;
Esse tronco deverá ser molhado pelo orvalho do céu que atinge tudo o aquilo que não tem abrigo.
Sua porção alimentar seja junto com os animais do campo, à sua semelhança.
Isso deverá ser mantido até que passe sete tempos. Verso 23.
No verso vinte e quatro, Daniel suspira, inspira um pouco
mais profundo que o habitual e diz ao rei: Esta é a
interpretação, ó rei; e este é o decreto do Altíssimo que virá
sobre o rei, meu senhor.
Nesta altura dos acontecimentos Nabucodonosor não havia
entendido a extensão e o propósito da profecia e olhava para
Daniel como quem queria entendê-lo melhor!
Então Daniel prossegue, esmiuçando a mensagem profética,
numa linguagem mais trivial e ilustrativa:
(Ó rei Nabucodonosor) serás tirado de entre os homens,
perderás o teu trono e também o teu leito, perderás também a
tua família e o teu lar; a tua morada será junto aos animais do
campo, e tu sofrerás uma mudança no modo de comer e passarás a
comer como os bois; passarás a dormir no campo e não mais no
teu leito real, onde gozas a proteção contra as intempéries
naturais; por essa razão o teu corpo será molhado pelo orvalho
do céu, pois dormirás a céu aberto como os bois e os outros
animais. Isso acontecerá sobre ti, até que se passe sete anos a
fim de que reconheças que Deus é muito superior a ti, e que foi
74
ele que te deu esse reinado, que tu não tens nada, que és pobre
e estás nu. Tudo o que tens veio desse Deus a quem não
reconheces como teu Senhor, embora, já tenha visto suas
maravilhas, e já tenhas conhecido do seu poder!
Esse Deus é um Deus que dá e que também tira, e quando dá,
o faz a quem quer, imperando apenas a sua vontade que é
absoluta e suprema. Uma vez reconhecido que a Deus pertence a
verdadeira glória, então voltarás a ter o teu trono, eis o
porquê do tronco ser mantido, inalterado, junto com as suas
raízes, o qual voltará a brotar e formará uma nova árvore.
Deus tirará o teu reino, o dará para outros e depois o
devolverá a ti, e isso acontecerá durante sete anos.
Na verdade, com respeito aos “sete tempos” referidos por
Daniel, não sabemos exatamente o que ele quis dizer; pois os
Babilônios tinham duas estações que correspondem ao verão e ao
inverno e não sabemos se as sete estações seriam diretas, o que
daria três anos e meio, ou se sete verões, ou sete invernos de
modo que seriam sete anos.
Aquele rei necessitava se converter em sua grandeza. Ele se
comportava como um deus absoluto e necessitava reconhecer que
Deus é o Senhor, o Deus de Judá, o Deus de Daniel. Mas Deus lhe
deu uma oportunidade, embora na Sua presciência já sabia que
ele não ouviria o conselho de Daniel, apresentado no verso 27:
- Portanto, ó rei, aceita o meu conselho e desfaça-te dos
teus pecados e das tuas iniqüidades e passe a usar de
misericórdia para com os pobres e talvez se prolongue a tua
tranqüilidade.
É como se dissesse ao rei: Ó rei, você comete muita
injustiça. Por exemplo: mandou aquecer a fornalha de fogo sete
vezes para nela jogar meus companheiros que sempre lhe foram
fiéis; e isso só para satisfazer o seu ego. Você ocupa um lugar
mais alto do que aquele que Deus o colocou. Você não tem
misericórdia com os pobres e não respeita a ninguém. Arrependa-
te, pois, aceite esse meu conselho e terá sua tranqüilidade
prolongada, caso contrário está aí a profecia a teu respeito.
Agora ó rei, já tens a interpretação e a orientação que
desejavas. A profecia desta vez é contra ti e a vítima serás
tu, ó rei.
Deus ainda deu para Nabucodonosor, tempo para que se
arrependesse e ouvisse os conselhos de Daniel. Foi somente após
ter passado um período próximo de um ano, quando o rei já tinha
se esquecido totalmente da profecia e da visão, além dos
conselhos de Daniel, é que veio a se cumprir essa visão
profética.
Veremos a seguir que Deus cumpre a sua palavra, e todas
essas coisas sobrevieram sobre Nabucodonosor.
75
c) DEUS CUMPRE A PROFECIA
Daniel 4.28-37
28 - Todas estas cousas sobrevieram ao rei Nabucodonosor.
29 - Ao cabo de doze meses, passeando sobre o palácio real
de Babilônia,
30 - falou o rei, e disse: Não é esta a grande Babilônia
que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder, e
para glória da minha majestade?
31 - Falava ainda o rei quando desceu uma voz do céu: A ti
se diz, ó rei Nabucodonosor: Já passou de ti o reino.
32 - Serás expulso de entre os homens, e a tua morada será
com os animais do campo; e far-te-ão comer ervas como os bois,
e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que aprendas que
o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem
quer.
33 - No mesmo instante se cumpriu a palavra sobre
Nabucodonosor, e foi expulso de entre os homens, e passou a
comer erva como os bois, o seu corpo foi molhado do orvalho do
céu, até que lhe cresceram os cabelos como as penas da águia, e
as suas unhas como as das aves.
34 - Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei
os olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse
o Altíssimo, e louvei e glorificarei ao que vive para sempre,
cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em
geração.
O verso de número vinte e oito fala sobre o cumprimento
dessa profecia, quando diz que todas estas coisas sobrevieram
sobre o rei.
Conforme o verso vinte e nove nós vemos que Deus esperou
por um período razoável e um ano depois, sobrevieram sobre ele
todas essas coisas.
Após a profecia, Nabucodonosor não ouviu o conselho de
Daniel e se manteve na rotina anterior, talvez um pouco pior,
pois o período do auge das conquistas já se havia passado.
Nabucodonosor agora é rei de todo o mundo civilizado de então.
Já havia construído o palácio de Babilônia, já havia feito da
cidade de Babilônia um marco iluminado neste mundo, cidade
luxuosa e extravagante para a sua época. A cidade de Babilônia
era sem rival na história universal. Jeremias fala de Babilônia
em Jeremias 51. 41 e Isaías 13.19 e a elevam à categoria de
cidade, jóia dos reinos, glória de toda a terra. Isto quer
dizer que Babilônia extrapola a glória dos caldeus.
Babilônia era uma cidade fechada com muros, na faixa de cem
quilômetros, com noventa metros de altura e aproximadamente
76
vinte e cinco metros de largura (espessura); uma verdadeira
fortaleza e que possuía cem portas de cobre.
Convém lembrar aqui que se fôssemos construir hoje, apesar
de todo o avanço da tecnologia, um muro como esse, qual não
seria o seu custo, qual não seria o trabalho, qual não seria o
tempo empregado?
Não sabemos como foi feito naquela época. De qualquer forma
uma verdadeira proeza, pois não dispunham da tecnologia que
conhecemos.
O rio Eufrates passava no seu interior. Era realmente uma
cidade espantosa. A cidade tinha os chamados jardins suspensos,
que por sua beleza e raridade se constituiu numa das sete
maravilhas do mundo antigo.
Ao final de um ano, (verso 29) já esquecido da profecia e
também já esquecido de Deus e já esquecido também de Daniel e
do sonho, lá está Nabucodonosor alimentando sua vaidade, dando
asas à imaginação de seu ego, passeando pelo palácio, quando
começa a regurgitar seu super ego e começa a falar de sua
própria glória: (O verso trinta narra que o rei falou e disse
seguramente em voz alta, provavelmente para si mesmo).
a) Sobre a sua divindade pessoal.
b) Sobre seu poderio religioso, judiciário, concentrado em
suas mãos.
c) Sobre a glória de ser o maior rei e o maior reino até
então.
“Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa
real, com o meu grandioso poder, e para glória da minha
majestade”? Daniel 4.30.
É como se dissesse: “Não é essa a magnífica obra de minhas
mãos sem a ajuda de Deus, sem a interferência de ninguém, mesmo
porque eu sou o maior, e na minha frente não há ninguém”?
Mas diz o verso trinta e um que ainda estavam na boca do
rei as últimas palavras quando ele ouviu uma voz do céu:“A ti
se diz, ó rei Nabucodonosor: Já passou de ti o reino. Serás
expulso de entre os homens, e a tua morada será com os animais
do campo; e far-te-ão comer ervas como os bois, e passar-se-ão
sete tempos por cima de ti, até que aprendas que o Altíssimo
tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem
quer”.Daniel 4.31 e 32.
No verso trinta e três temos a informação de que na mesma
hora se cumpriu a determinação do céu sobre Nabucodonosor.
“No mesmo instante se cumpriu a palavra sobre
Nabucodonosor, e foi expulso de entre os homens, e passou a
comer erva como os bois, o seu corpo foi molhado do orvalho do
céu, até que lhe cresceram os cabelos como as penas da águia, e
as suas unhas como as das aves”.Daniel 4.33.
77
Nabucodonosor sem dúvida ouviu aquela voz e tomou ciência
daquela sentença. Ele já houvera sido prevenido, mas não dera
ouvido, até mesmo se esqueceu, mas agora se esgotou o tempo e
na mesma hora ele foi tirado de entre os homens.
Nabucodonosor foi acometido de uma loucura, que é uma
doença mental chamada de ZOANTROPIA. Trata-se de uma doença na
qual a pessoa se acha um animal e se comporta como tal.
Acredito que a doença de Nabucodonosor foi a mais grave
manifestação dessa doença, sendo registrada na Bíblia para
ensino nosso.
Assim o rei Nabucodonosor:
1 - Foi deposto de seu trono numa prova inefável de que:
Deus é realmente soberano, e se há alguém realmente cheio de soberania esse alguém é Deus.
Deus exalta os humildes e reprime os soberbos. Deus entrona e destrona os monarcas da terra conforme
seus beneplácitos, e conduz os governantes por sua (de Deus)
soberania.
2 - Foi humilhado ao extremo, chegando a conviver com os
animais do campo e a viver com eles.
3 - Retornou ao seu trono, não por seus próprios méritos,
mas numa verdadeira prova da misericórdia de Deus. Isso se fez
como prova de que:
Deus vela e cumpre sua palavra. Sua misericórdia é infinita. Deus efetivamente é o Senhor dos Senhores, é o Rei dos
reis e é quem efetivamente reina. É nEle que se concentra todo
o poder.
E assim o sonho profético de Nabucodonosor se cumpriu e o
rei passou sete tempos com os animais, vivendo, comendo e
dormindo como eles, resultado da doença mental que o acometeu.
Nabucodonosor teve a sua mente transformada e acometida de uma
doença que o transformou em um animal. Isto quer dizer que
através da doença Deus lhe tirou a razão, o coração de
sentimentos humanos, os pensamentos associados à linguagem
humana. Em sua mente tratava-se realmente de um animal e se
comportava como tal.
Assim:
Nabucodonosor comeu da erva do campo. Seu corpo foi molhado pelo orvalho, isto é, passou a
dormir exposto às intempéries naturais.
Cresceram-lhes as unhas como a das aves, onde não se
podem desenvolver mais os hábitos da higiene compatíveis com a
sua realeza.
78
Cresceu-lhe também o pêlo (isto é, os cabelos de todo o corpo) tornando a sua aparência monstruosa e horripilante,
associada à falta da higiene, pois vivia no campo, como se vê e
se observa ao lermos o verso trinta e três.
Cumprido o tempo determinado por Deus, vemos no verso
trinta e quatro que Nabucodonosor “levantou os olhos para
cima”.
Não há outra saída! A Igreja em Laodicéia foi convidada a
usar colírio comprado do Senhor, porque não se pode usar
colírio sem voltar os olhos para cima.
Moisés levantou a serpente no deserto a fim de que o povo
voltasse o seu olhar para cima.
Com Nabucodonosor não foi diferente. Foi necessário olhar
para cima, numa prova irrefutável e indiscutível de que a sua
posição é lá embaixo!
Diz o verso trinta e quatro que, ao olhar para cima,
voltou-lhe o entendimento. Isso é narrado pelo próprio
Nabucodonosor. Veja Daniel 4.34
“Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei os
olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o
Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo
domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração”.
Nem todas as doenças são decorrentes de castigo de Deus em
nossa vida. Em virtude de estarmos sujeitos às leis naturais
desta vida, temos todos os problemas decorrentes do simples
fato de vivê-la. Assim não estamos livres dos acidentes
naturais, nem das catástrofes naturais, nem dos problemas
decorrentes das intempéries naturais e podemos adoecer
simplesmente por sermos humanos e que um dia haveremos de
morrer; (exceção apenas aos que forem arrebatados na volta de
Jesus). Mas sem dúvida existem doenças que são castigos de Deus
em nossa vida, como esse caso aqui em apreço.
Nabucodonosor precisava se converter de seus pecados e
ouvir os conselhos de Daniel (verso 27).
Quero crer que, sem dúvida alguma, se Nabucodonosor se
convertesse de seus pecados, praticasse a justiça e usasse de
misericórdia, Deus o teria poupado dessa humilhação.
Muitas vezes sofremos muito devido nosso próprio
comportamento e depois ficamos a pensar que Deus está nos
provando! Ora nós temos que pagar pelos nossos erros; temos
que pagar pela nossa língua quando ela for grande de modo a não
caber em nossa boca. Temos que pagar por não sermos humildes,
pois a arrogância é fator anti-social, e o sofrimento
decorrente disso não é prova de Deus em nossa vida coisa
nenhuma! Trata-se realmente de uma correção de Deus.
79
Jó, sim, foi provado por Deus, tanto que ele invocou a Deus
e o convidou a “pesá-lo em balança fiel” (Jó 31.6) a fim de que
Deus visse a sua sinceridade e retidão.
Verso 34, Ao levantar os seus olhos para cima, voltou-lhe
(a Nabucodonosor) o entendimento e Deus o curou daquela doença
tão grave, felizmente rara entre nós.
Na minha experiência pessoal já vi manifestação de doença
psiquiátrica dessa natureza: um jovem achava que era “Jesus” e
um outro achava que era o “Roberto Carlos” e não havia quem os
convencesse do contrário. Essa doença tem pouco resultado
quando em tratamento médico, mas há casos de boa evolução com a
terapêutica adequada.
Nabucodonosor foi então acometido de um mal, fim de uma
lição. Não havia ninguém que pudesse discipliná-lo a não ser
Deus. No verso 34, ao fim daqueles dias, Deus permite a cura
daquele mal e Nabucodonosor levanta seus olhos para cima, única
direção que lhe poderia proporcionar a solução de seu problema;
pois o verdadeiro socorro vem de Cima. Salmo 121.1,2. Assim,
Nabucodonosor:
Nabucodonosor imediatamente reconheceu a soberania de
Deus bendizeu ao Senhor e exaltou o seu glorioso nome.
Glorificou ao Altíssimo que vive para sempre. Reconheceu que seu domínio é ilimitado e seu reino é
eterno.
Nos versos trinta e cinco ao trinta e sete Nabucodonosor,
após reconhecer a soberania de Deus, enaltece o Deus de Daniel:
DANIEL 4.35 - Todos os moradores da terra são por ele
reputados em nada; e segundo a sua vontade ele opera com o
exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa
deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?
36 - Tão logo me tornou a vir o entendimento, também para a
dignidade do meu reino tornou-me a vir a minha majestade e o
meu resplendor; buscaram-me os meus conselheiros e os meus
grandes; fui restabelecido no meu reino, e a mim se me ajuntou
extraordinária grandeza.
37 - Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, exalto e
glorifico ao Rei do céu; porque todas as suas obras são
verdadeiras, e os seus caminhos justos, e pode humilhar aos que
andam na soberba.
Aqui no verso trinta e cinco vemos Nabucodonosor
reconhecendo a grandeza de Deus.
Assim Nabucodonosor voltou a reinar, (verso 36) acredito
eu, convertido pela força e pela violência. Nabucodonosor viveu
depois disso uma vida diferente como se pode deduzir do verso
37, onde passa a exaltar e a glorificar ao Rei de céu, e passa
a reconhecer que todas as suas obras são verdadeiras, e os seus
80
caminhos justos, e pode humilhar aos que andam na soberba. Dn
4.37.
Nabucodonosor reinou por volta de quarenta e cinco anos,
aproximadamente entre 609 a 562 a.C. Nós não sabemos exatamente
como morreu, mas ao que parece morreu com a dignidade de rei e
foi a cabeça de ouro da estátua gigantesca do capítulo dois e
se constituiu no primeiro dos reis, nos quatro reinados
universais da história humana posterior.
Daniel não tinha o intuito de ser historiador e por esse
motivo a sua história é cheia de lacunas e assim temos um
grande espaço de tempo entre o capítulo quatro e o capítulo
cinco, talvez perto de trinta anos, onde nada sabemos sobre a
Babilônia ou sobre Nabucodonosor.
Seguramente não houve nenhum fato importante que merecesse
ser narrado por Daniel em todo esse período.
Em todo esse período Daniel permaneceu como homem de
confiança do rei, não somente Daniel, como também seus
companheiros. Veremos que Daniel ultrapassou todo o reinado de
Babilônia, sempre se destacando como homem de Deus fiel em seus
princípios, de caráter moral irrepreensível.
81
CAPÍTULO 5
A QUEDA DE BABILÔNIA
Aqui no capítulo cinco temos a narração do final do império
babilônico, tendo a Belsazar em exercício do trono A Babilônia
foi conquistada por Ciro, o persa, e por Dario, o medo, dando
início ao segundo império mundial chamado Medo-Persa.
Nessa época Daniel já era um ancião com idade próxima aos
oitenta anos e lendo o capítulo cinco dá para entender que
Daniel se achava como que aposentado ou estava exercendo alguma
atividade fora da corte. Podemos deduzir isso no verso onze
onde diz: “Há no teu reino um homem” que reforça esse
pensamento.
Daniel era um homem muito conhecido naquele reinado, assim
como suas histórias também eram conhecidas em todo o reino.
Tendo morrido Nabucodonosor, a Babilônia entrou em ritmo de
decadência e subiu ao trono um sujeito de nome EVIL MERODAQUE
que reinou por volta de dois anos, e foi assassinado. 2 Reis
25.27-30.
Em seu lugar subiu, para reinar, seu cunhado, NERY GLASSAR,
por um reinado também muito curto (reinou por volta de quatro
anos), foi substituído por LABOCHI MARDUCK, filho de Nery
Glassar, que também foi deposto pelo partido sacerdotal e foi
substituído por NABONIDO, que foi o último rei de Babilônia,
tendo reinado até a queda de Babilônia em 539 a.C.(reinou por
volta de dezessete anos).
Daniel não faz menção de Nabonido, mas refere que Belsazar
lhe ofereceu o terceiro lugar no reino. Ver verso 16: “E serás
o terceiro em meu reino”.
Se Belsazar fosse “rei” efetivo da Babilônia ele teria
oferecido o segundo lugar a Daniel; o que não poderia fazer
porque ele ocupava esse lugar e reinava em Babilônia em
substituição a Nabonido, que era rei efetivo.
Nabonido passou a última parte de seu reinado provavelmente
na Arábia e Belsazar reinava em seu lugar, quando ausente.
Nessa época a população de Babilônia, dentro dos muros, atingia
por volta de um milhão de pessoas. Na noite da derrota,
Belsazar se achava em festa dentro dos muros da cidade, e
confiava na invencibilidade daquela fortaleza e, reunido com
mais de mil pessoas, bebiam e folgavam, quando o inesperado
incrível aconteceu. Vamos ver isso aqui nesse capítulo.
O capítulo cinco pode ser dividido em:
A escritura na parede. Versos 1-12
A interpretação da escritura Versos 13 - 28
82
O cumprimento da escritura.
a) A ESCRITURA NA PAREDE
Daniel 5.1-12
1 - O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus
grandes, e bebeu vinho na presença dos mil.
2 - Enquanto Belsazar bebia, e apreciava o vinho, mandou
trazer os utensílios de ouro e de prata, que Nabucodonosor, seu
pai, tirara do templo que estava em Jerusalém, para que neles
bebessem o rei, e os seus grandes, as suas mulheres e
concubinas.
3 - Então trouxeram os utensílios de ouro, que foram
tirados do templo da casa de Deus, que estava em Jerusalém, e
beberam neles o rei, os seus grandes, as suas mulheres e
concubinas.
4 - Beberam o vinho, e deram louvores, aos deuses de ouro,
de prata, de bronze, de ferro, de madeira, e de pedra.
5 - No mesmo instante apareceram uns dedos de mão de homem,
e escreviam, defronte do candeeiro, na caiadura da parede do
palácio real; e o rei via os dedos que estavam escrevendo.
6 - Então se mudou o semblante do rei, e os seus
pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram,
e os seus joelhos batiam um no outro.
7 - O rei ordenou em voz alta que se introduzissem os
encantadores, os caldeus e os feiticeiros; falou o rei, e disse
aos sábios de Babilônia: Qualquer que ler esta escritura, e me
declarar a sua interpretação, será vestido de púrpura, trará
uma cadeia de ouro ao pescoço, e será o terceiro no meu reino.
8 - Então entraram todos os sábios do rei; mas não puderam
ler a escritura, nem fazer saber ao rei a sua interpretação.
9 - Com isto se perturbou muito o rei Belsazar, mudou-se-
lhe o semblante; e os seus grandes estavam sobressaltados.
10 - A rainha-mãe, por causa do que havia acontecido ao rei
e aos seus grandes, entrou na casa do banquete, e disse: Ó rei,
vive para sempre! Não te turbem os teus pensamentos, nem se
mude o teu semblante.
11 - Há no teu reino um homem, que tem o espírito dos
deuses santos; nos dias de teu pai se achou nele luz e
inteligência, e sabedoria como a sabedoria dos deuses; teu pai,
o rei Nabucodonosor, sim, teu pai ó rei, o constituiu chefe dos
magos, dos encantadores, dos caldeus e dos feiticeiros,
12 - porquanto espírito excelente, conhecimento e
inteligência, interpretação de sonhos, declaração de enigmas e
solução de casos difíceis, se acharam neste Daniel, a quem o
rei pusera o nome de Beltessazar; chame-se, pois, a Daniel, e
ele dará a interpretação.
83
O cenário é de uma grande festa. Essa festa era para
importantes convidados, e não poucos; na presença dos quais
Belsazar bebia vinho. Estimulado pela ação da bebida e na
presença dos maiorais lembrou-se dos vasos sagrados que vieram
de Jerusalém.
No verso dois vemos Belsazar mandando trazer os utensílios
sagrados para que eles todos bebessem neles.
No mundo há um ditado:
“Não se mexe com aquilo que está quieto”. Enquanto Belsazar e seu bando não se envolveram com as
coisas sagradas de Deus, houve tolerância da parte de Deus para
com eles, embora cultuassem seus ídolos e se prostituíssem
naquela grande festa.
Os utensílios sagrados foram trazidos na presença do rei,
como se pode deduzir do verso três, e começaram a beber neles;
o rei, seus maiorais, suas mulheres e concubinas e, como se não
bastasse, com os utensílios sagrados em suas mãos, passaram a
entoar hinos de louvores aos seus ídolos. Verso quatro.
Deus não se deixa escarnecer. Sua paciência tem limites.
Entendeu Deus que aquele povo já ultrapassava seus limites,
pois agora afrontavam ao verdadeiro Deus e provocaram sobre si
a sua ira.
Nessa altura do cenário festivo, quando tudo era festa,
orgia, alegria e bebedeiras, diz-nos o verso cinco:
- “NA MESMA HORA” apareceram uns dedos de mão de homem que
escreviam, defronte do castiçal, (onde havia luz) na parte
estucada da parede (em local propício para a escrita) e o rei
via a parte da mão que ia escrevendo. Verso 5.
Ao ver essa cena, Belsazar perdeu a cor, ficou assustado,
não dava para acreditar, mas era a realidade. Verso 6.
Diante de seus olhos havia, de forma suspensa, uns dedos de
mão de homem escrevendo na parede. Belsazar estava apavorado.
Leia Daniel 5.6.
“Então se mudou o semblante do rei, e os seus pensamentos o
turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus
joelhos batiam um no outro”.
Belsazar estava tremendo, estava assustado, pálido, porque
não dizer atônito! O rei estava tremendo. Mas não era apenas o
rei. Veja o que diz o verso nove:
“... e os seus grandes estavam sobressaltados”.
Também os seus grandes. Todos afrontaram ao Deus dos judeus
e profanaram os utensílios sagrados do templo do Senhor em
Jerusalém.
O escrito da parede era na língua dos caldeus, mas não
entendiam a mensagem, e isto piorou ainda mais a situação de
84
angústia, de desespero, de medo e veio a necessidade de se
saber de que se tratava, qual o significado daquela mensagem.
Tratava-se de palavras conhecidas, sem dúvida, mas eram
palavras que se achavam soltas, isoladas e não faziam sentido.
Mas tinham que ter algum sentido, pois sem dúvida não foram
mãos humanas que as escreveram e se tratava de uma mensagem
para o rei.
Por ordem expressa do rei, foram chamados os magos, os
entendidos, a fim de que ajudassem o rei, a fim de que
interpretassem aquele escrito na parede. Mas se tratava de uma
mensagem de Deus, e mensagem de Deus é necessário se ter do seu
Espírito para entendimento. Mas em vão chamaram os sábios, os
encantadores, os feiticeiros, os caldeus e todos os que
poderiam supostamente ajudar.
Lá está o escrito, os dedos que escreveram a mensagem já se
foram, o que resta agora é desespero. Acabou-se a festa, um ou
outro ainda encontra ânimo para beber o vinho. Na verdade,
tanto o rei quanto seus grandes estão preocupados.
O problema extrapolou a sala do banquete e já estava por
toda a corte. Quero acreditar que era noite quando foi feito o
escrito, pois este foi feito “defronte ao castiçal” a fim de
aproveitar a sua luz.
Mas ao final, tudo em vão. No verso oito temos que não
puderam, apesar da sabedoria, da experiência, dos esforços,
fazer saber ao rei a sua interpretação e como conseqüência
aumentou ainda mais a perturbação do rei. Ver versos 8 e 9.
Dá a entender do verso dez que a rainha mãe não participava
da festa. A rainha mãe, certamente informada sobre os
acontecimentos na casa do banquete e sabendo que o rei se
achava perturbado, e que o clima festivo acabara, dando lugar
ao temor e apreensão; veio entrou na sala do banquete.
Ao entrar na sala, procurou o rei e lhe disse: Há no teu
reino um homem, que tem o espírito dos deuses santos; nos dias
de teu pai se achou nele luz e inteligência, e sabedoria como a
sabedoria dos deuses; teu pai ó rei, Nabucodonosor, sim teu pai
ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos
caldeus e dos feiticeiros. Porquanto espírito excelente,
conhecimento e inteligência, interpretação de sonhos,
declaração de enigmas e solução de casos difíceis, se acharam
neste Daniel, a quem o rei pusera o nome de Beltessazar; chame-
se, pois, a Daniel, e ele dará a interpretação. Verso 11 e 12.
Podemos deduzir, da forma de expressão da rainha, que
Daniel não estava freqüentando a corte, de modo assíduo, pois
me parece que Belsazar não o conhecia pessoalmente. Certamente
Daniel se achava na região da Babilônia, pois foi chamado e, ao
que tudo indica, não demorou muito a chegar. Lembrar que os
85
muros da Babilônia tinham mais ou menos cem quilômetros de
extensão, o que delimita uma grande área.
Aqui temos novamente uma grande lição. Quando houve um
grave e grande problema na corte, lembraram-se do homem de
Deus, sem dúvida pelo seu bom testemunho crente que gerou
confiança ao ponto da rainha afirmar:
... chame-se, pois, a Daniel, e ele dará a interpretação.
Daniel 5.12
Nós precisamos inspirar, na sociedade onde vivemos, o mesmo
espírito de luz. Precisamos exalar o perfume da Rosa de Saron e
inspirar nas pessoas que nos rodeiam, a confiança nas atitudes
de nossa fé. Tem crentes que se forem lembrados em alguma
circunstância, logo são desabonados: “Esquece esse crente,
porque é muito problemático, é tribuloso e a situação é ruim
sem ele, ficará mais difícil ainda com ele”.
Fruto de mal testemunho, fruto de comportamento leviano,
adeptos do não faz mal. Mas Daniel não era assim, ainda
veremos sobre a integridade de seu caráter, mas sobre a sua fé,
não deixava nenhuma dúvida:
- Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses
santos.
Oxalá possamos ter uma vida no altar e possamos ser uma
verdadeira luz, úteis na sociedade onde vivemos e nunca,
jamais, servirmos de tropeço para alguém.
Devemos nos lembrar que a nossa recompensa vem de Deus.
Mas voltando ao cenário da festa interrompida, agora surge
uma nova esperança e com ela a certeza da solução. O rei
determinou que Daniel fosse introduzido em sua presença.
Não foi difícil achar o representante do Senhor. Lá estava
ele, talvez como que aposentado em suas funções políticas, mas
no pleno exercício de sua fé. Assim veremos, a seguir, Daniel
na presença do rei.
b)A INTERPRETAÇÃO DA ESCRITURA
Daniel 5.13-29.
13 - Então Daniel foi introduzido à presença do rei. Falou
o rei, e disse a Daniel: És tu aquele Daniel, dos cativos de
Judá, que o rei, meu pai, trouxe de Judá?
14 - Tenho ouvido dizer a teu respeito que o espírito dos
deuses está em ti, e que em ti se acham luz, inteligência e
excelente sabedoria.
15 - Acabam de ser introduzidos à minha presença os sábios
e os encantadores, para lerem esta escritura e me fazerem saber
a sua interpretação; mas não puderam dar a interpretação destas
palavras.
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16 - Eu, porém, tenho ouvido dizer de ti que podes dar
interpretações e solucionar casos difíceis; agora, se puderes
ler esta escritura, e fazer-me saber a sua interpretação, serás
vestido de púrpura, terás cadeia de ouro ao pescoço, e serás o
terceiro no meu reino.
17 - Então respondeu Daniel, e disse na presença do rei: Os
teus presentes fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outrem;
todavia lerei ao rei a escritura, e lhe farei saber a
interpretação.
18 - Ó rei! Deus, o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu
pai, o reino, e grandeza, glória e majestade.
19 - Por causa da grandeza, que lhe deu, povos, nações e
homens de todas as línguas tremiam e temiam diante dele; matava
a quem queria, e a quem queria deixava com vida; a quem queria
exaltava, e a quem queria abatia.
20 - Quando, porém, o seu coração se elevou, e o seu
espírito se tornou soberbo e arrogante, foi derribado do seu
trono real, e passou dele a sua glória.
21 - Foi expulso dentre os filhos dos homens, o seu coração
foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada foi com os
jumentos monteses; deram-lhe a comer erva como aos bois, e do
orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que conheceu que
Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens, e a
quem quer constituí sobre ele.
22 - Tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu
coração, ainda que sabias tudo isto.
23 - E te levantaste contra o Senhor do céu, pois foram
trazidos os utensílios da casa dele perante ti, e tu, os teus
grandes, as tuas mulheres e as tuas concubinas, bebestes vinho
neles; além disto, deste louvores aos deuses de prata, de ouro,
de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não vêem, não
ouvem, nem sabem; mas a Deus em cuja mão está a tua vida, e
todos os teus caminhos, a ele não glorificaste.
24 - Então da parte dele foi enviada aquela mão que traçou
esta escritura.
25 - Esta, pois, é a escritura que se traçou: MENE, MENE,
TEQUEL, e PARSIM.
26 - Esta é a interpretação daquilo: MENE; Contou Deus o
teu reino, e deu cabo dele.
27 - TEQUEL: Pesado foste na balança, e achado em falta.
28 - PERES: Dividido foi o teu reino, e dado aos medos e
aos persas.
29 - Então mandou Belsazar que vestissem Daniel de púrpura,
e lhe pusessem cadeia de ouro ao pescoço, e proclamassem que
passaria a ser o terceiro no governo do seu reino.
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Foram então em busca de Daniel, agora a única esperança, e
o encontraram.
Então Daniel foi introduzido à presença do rei. Daniel
seguramente não se encontrava muito longe, pois não nos parece
ter esperado o rei por uma longa viagem de buscar a Daniel. O
rei ao ver a Daniel, pessoa que seguramente não conhecia,
perguntou:
“És tu aquele Daniel, dos cativos de Judá, que o rei meu
pai, trouxe de Judá?”
Belsazar conhecia bem a história de Daniel, pois este era
conhecido em todo o reino. Isso reforça aquela idéia de que
Daniel não estava freqüentando o palácio do rei nesse período
final. Talvez com a morte de Nabucodonosor, devido seu reino
entrar em declínio, na presença de uma instabilidade que
debilitou o reino com uma onda de revoluções e homicídios,
Daniel tenha se afastado de suas funções na corte e fosse viver
alguns anos como se fosse aposentado.
Mas agora, Daniel se vê, novamente, solicitado no palácio e
o rei Belsazar dá testemunho de Daniel através da história de
sua vida:
Tenho ouvido dizer a teu respeito, que o espírito dos
deuses está em ti e que a luz e o entendimento, e a excelente
sabedoria se acham em ti. Verso quatorze.
Belsazar tinha a ficha completa de Daniel, embora pareça
não tê-lo mais na chefia dos sábios e dos entendidos.
Belsazar apresenta para Daniel o motivo de ser trazido à
presença do rei:
“- Acabam de ser introduzidos à minha presença os sábios e
astrólogos, para lerem esta escritura e me fazerem saber a
interpretação, mas não puderam dar à interpretação destas
palavras. (Verso dezesseis).
Eu, porém tenho ouvido sobre ti, agora se puderes ler essa
escritura e fazer-me saber a interpretação, então:
a) Serás vestido de púrpura
b) Terás cadeia de ouro ao pescoço
c) Serás o terceiro no meu reino. (Verso dezesseis).
Mas Daniel era homem de Deus, e o homem de Deus não se
vende, não se deixa levar por elogios, não se embala em canções
de ninar. Daniel o exortou com toda a naturalidade de um homem
cheio do Espírito Santo:
- Teus presentes fiquem contigo e dá os teus prêmios a
outrem, mas quanto ao teu problema eu vou resolver, e a
interpretação da escritura eu ta darei de graça e não tenho
nenhum interesse em suas recompensas. (Verso dezessete).
Mas Daniel não foi direto ao assunto que deveras afetava o
espírito do rei, mas foi mexer no ponto central da coisa,
realmente a causa de tudo aquilo.
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Daniel fez lembrar ao rei um pouco da história de sua
própria família e lembrou-o de Nabucodonosor, seu avô, e seu
relacionamento com Deus. Foram experiências de um grande
monarca que ele bem conhecia, mas não deu valor algum, nem
extraiu para si aprendizado.
Então Daniel recorda a Belsazar que Deus, o Altíssimo, o
Deus dos judeus, ele sim é que tem domínio sobre os reinos da
terra. Daniel lembrou a Belsazar a humilhante situação de seu
avô, que trocou o reino pelo campo, o palácio real pelo céu
aberto, o conforto do lar pela companhia dos animais, as fartas
iguarias de sua mesa pela erva do campo e como animal viveu no
meio deles, até reconhecer que Deus é Senhor. (Versos 18 ao 21)
Mas Belsazar não havia parado um minuto sequer para avaliar
a experiência de seu avô com relação ao Deus dos judeus, e
Daniel se volta para Belsazar e lhe diz:
E, tu, Belsazar, membro íntimo dessa mesma família, não te
humilhaste mesmo sabendo de tudo isto. (Verso vinte e dois) E
pior ainda, prossegue Daniel: Levantaste-te contra o Senhor do
céu, pois ordenaste trazer os utensílios sagrados que eram da
casa dEle lá em Jerusalém, a fim de profaná-los, tu, teus
grandes, tuas mulheres e concubinas, numa verdadeira afronta ao
nosso Deus. Não só profanaste os utensílios sagrados, mas os
desonraste na presença de teus deuses inertes e pagãos,
entoaste hinos de louvores aos deuses mortos e não glorificaste
ao Deus vivo, por isso ó rei, prossegue Daniel, da parte dEle
te foi enviada aquela mão para escrever um recado para ti.
(Verso 23 e 24)
24 - Então da parte dele foi enviada aquela mão que traçou
esta escritura.
25 - Esta, pois, é a escritura que se traçou: MENE, MENE,
TEQUEL, e PARSIM.
26 - Esta é a interpretação daquilo: MENE; Contou Deus o
teu reino, e deu cabo dele.
27 - TEQUEL: Pesado foste na balança, e achado em falta.
28 - PERES: Dividido foi o teu reino, e dado aos medos e
aos persas.
29 - Então mandou Belsazar que vestissem Daniel de púrpura,
e lhe pusessem cadeia de ouro ao pescoço, e proclamassem que
passaria a ser o terceiro no governo do seu reino.
A mensagem de Deus para ti, o’rei, a qual permanece
escrita na parede, eu a interpretarei:
MENE MENE TEQUEL PARSIM (ARA ou ARC 1995)
MENE MENE TEQUEL UFARSIM (ARC 1969)
89
NOTA: Temos expressões diferentes a respeito daquilo que
foi escrito na parede na dependência da fonte que traduziu o
texto e da edição considerada. Na edição de Almeida Revista e
Corrigida de 1969, temos a tradução UFARSIN, e na mesma
tradução editada em 1995, já temos a tradução PARSIM
A tradução literal seria:
CONTADO - CONTADO - PESADO - DIVIDIDO
Tratava-se de palavras conhecidas, mas que isoladas não
formava nenhuma mensagem; não formavam sentido em si mesmas.
Vamos ver a interpretação de Daniel:
Verso 26: MENE: contou Deus o teu reino e o acabou
Verso 27: TEQUEL: Pesado fostes na balança e achado em
falta.
Verso 28: PARSIM: dividido foi o teu reino e se o deu aos
medos e persas.
Vamos dividir o comentário aqui em duas partes, a saber:
1- A respeito das palavras
2- A interpretação de Daniel
1 - A respeito das palavras
Nas diferentes versões da Bíblia temos três apresentações
diferentes com uma mesma tradução.
UFARSIM PERES PARSIM
PARSIM é uma palavra plural de PERES, sendo que FARSIM é
uma variante de PARSIM e a letra U antecedendo a palavra
corresponde ao nosso e, conjunção aditiva. Assim teremos que
UFARSIM também é plural de PERES que significa dividido.
É por esse motivo que no verso 25 aparece Parsim e no verso
28 temos a sua substituição por Peres.
PARSIM (plural)
PERES singular
UFARSIM (plural)
(Ufarsim é uma variação de Parsim)
PERES é uma palavra que significa: Dividido
MENE é uma palavra de sentido duplo que significa: NUMERADO
ou PROVADO.
90
TEQUEL é uma palavra que traz a idéia de DEFEITUOSO ou de
má qualidade.
2-Sobre a interpretação de Daniel:
Daniel, então, interpreta a escritura: MENE MENE TEQUEL E
PARSIM dessa forma:
Deus provou o teu reino, avaliou-o e achou-o em falta e
por esse motivo, Belsazar, foste pesado na balança de Deus e
foste achado com defeito grave segundo os padrões dos
parâmetros de Deus. Por essa razão, Deus passou de ti o teu
reino e o deu aos medos e persas.
Acredito que Belsazar não entendeu a extensão da gravidade
envolvida na interpretação da escritura, pois se tivesse
entendido, seria aumentado em muito o seu pavor, a sua
preocupação, pois estava ali a palavra profética do seu fim.
Daniel foi claro: O TEU REINO ACABOU! Daniel não lhe disse:
está acabando! Ou acabará num futuro próximo! Mas disse: O TEU
REINO ACABOU!
A maior prova de que Belsazar nada entendeu bem aquela
exposição de Daniel, foi a atitude subseqüente que vemos no
verso 29: “Então mandou Belsazar que vestissem Daniel de
púrpura, e lhe pusessem cadeia de ouro ao pescoço, e
proclamassem que passaria a ser o terceiro no governo do seu
reino”.
Qual reino? O reino dos medos e persas? E quem era ele para
interferir no reino de seus sucessores? Na verdade não
entendera a extensão da interpretação da escritura, cujo
cumprimento seria imediato.
O CUMPRIMENTO DA ESCRITURA
Daniel terminara a interpretação que era totalmente
desfavorável ao rei, e o rei, cumpridor de sua palavra, se pôs
a cumprir sua promessa: Vestir a Daniel com roupas de púrpura.
Acredito que Daniel se retirara da presença do rei e este
ficou perdido nos seus pensamentos.
Logo a seguir, naquela mesma noite, ocorreu a invasão da
Babilônia por Ciro, o Persa o qual se apoderou do reino e o rei
Belsazar foi morto, como podemos ver no verso trinta e trinta e
um do capitulo cinco de Daniel; cumprindo-se assim a
interpretação dada por Daniel que disse ao rei: O TEU REINO
ACABOU!
Era noite, como podemos deduzir do verso trinta. O palácio
do rei é invadido pelas tropas inimigas e naquela mesma noite
Belsazar recebeu o castigo de Deus. Seu trono foi entregue a
Dario, que foi nomeado por Ciro como governador de Babilônia.
91
A queda de Babilônia se deu em 539 a.C. sob o comando de
Ciro, o Persa.
Temos bases em escritos tanto Babilônicos como Persas para
deduzir que não houve nenhuma batalha nesta conquista. Parece
que os últimos reis (Nabonido e Belsazar) eram sim tiranos, e
quando o exército inimigo se dispôs a entrar em Babilônia
tiveram o apoio do povo que lhes permitiu a entrada, aclamando-
os como libertadores daqueles tiranos, abrindo-lhes os portões
e facilitando a conquista.
O governo de Dario foi curto. Não se sabe exatamente a sua
extensão, mas sabe-se que era subordinado a Ciro, quem na
realidade o constituiu rei em Babilônia, enquanto prosseguia
nas batalhas em suas conquistas.
Veremos oportunamente, quando estudarmos o capítulo 8, que
Dario é o chifre pequeno do carneiro, enquanto Ciro é o chifre
maior.
Este Ciro é o que foi citado em profecia por Isaías em
Isaías 44.28 e 45.4, há mais de um século antes de seu
nascimento. É também esse Ciro que vai permitir o retorno dos
judeus.
Nessa época Daniel tinha por volta de oitenta e dois anos
de idade e o cativeiro sessenta e oito anos.
Assim terminou o primeiro império mundial, representado
pela cabeça de ouro na estátua profética do capítulo dois e se
instalou a seguir o segundo, que é o representado pela prata.
Os medos e os persas formaram uma coalizão para unirem as
suas forças durante as conquistas onde Dario é representante
dos Medos e Ciro o representante dos Persas.
Cerca de dois anos antes desse evento, Ciro havia atacado a
Belsazar que o enfrentou com seus exércitos de Babilônia. Foi
travada uma batalha na qual os Persas fizeram os Babilônios
recuarem e foram rechaçados para o interior dos muros.
A partir daí Ciro sitiou a cidade, e não mais permitiu aos
Babilônios, liberdade fora dos muros. Mas havia ali estrutura
para resistirem e se manterem ainda por alguns anos. Ciro nesse
tempo desviou o curso do rio Eufrates e entrou na cidade pelo
leito seco do rio, encontrando apoio na população da Babilônia
e talvez até dos seus generais de exército.
Uma vez dada a sentença de Deus, não há fortaleza, e não há
Babilônia que possa resistir. A Palavra de Deus é fiel e
verdadeira de modo a passar o céu e a terra, mas sua Palavra
persiste para todo o sempre.
92
CAPÍTULO 6
DANIEL NA COVA DOS LEÕES
Este é o último capítulo do Livro de Daniel que fala do
aspecto histórico de sua vida e de seu livro. Os demais
capítulos estão voltados para a profecia e narram fatos que
ocorreram no período de desenvolvimento dos seis capítulos
anteriores e narram fatos vindouros que se estendem até o
arrebatamento da igreja e o período da tribulação’.
Nesta época, Daniel já está por volta de oitenta e cinco
anos, e nessa idade mantinha-se fiel a Deus e ao trono. Servia
seu rei da melhor forma que podia e não media esforços para a
tranqüilidade do reino.
O reinado de Babilônia já se fora. É lembrança de um
passado não muito distante. Reinava o império Persa, o peito de
prata da estátua de Nabucodonosor, no capítulo dois. Já estamos
no segundo reinado universal, o Medo-Persa. Daniel ainda gozava
de muito prestígio e era amigo íntimo do rei Dario, que reinava
em Babilônia, pois fora Dario constituído rei sobre a Babilônia
por Ciro, o Persa.
A corte estava serena e reinava uma aparente paz. Daniel
invocava o seu Deus todos os dias e se mantinha fiel também ao
rei, a quem tinha verdadeira consideração. O rei tinha Daniel
por grande dentro de seu reino, até que Satanás arma um plano
diabólico para destruir Daniel, o braço direito do rei Dario.
Mas Daniel, agora um “jovem idoso”, era ainda o mesmo jovem
de outrora e se mantinha no mesmo propósito, agora enriquecido
nas experiências da vida.
Esse capítulo pode ser dividido em:
A inveja condena Daniel versos 1 a 15
Daniel na cova dos leões versos 16 a 28
a) A INVEJA
Daniel 6.1 a 15
1 - Pareceu bem a Dario constituir sobre o reino a cento e
vinte sátrapas, que estivessem por todo o reino;
2 - e sobre eles três presidentes, dos quais Daniel era um,
aos quais estes sátrapas dessem conta, para que o rei não
sofresse dano.
93
3 - Então o mesmo Daniel se distinguiu destes presidentes e
sátrapas, porque nele havia um espírito excelente; e o rei
pensava em estabelecê-lo sobre todo o reino.
4 - Então os presidentes e os sátrapas procuravam ocasião
para acusar a Daniel a respeito do reino; mas não puderam achá-
la, nem culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele
nenhum erro nem culpa.
5 - Disseram, pois, estes homens: Nunca acharemos ocasião
alguma para acusar a este Daniel, se não a procurarmos contra
ele na lei do seu Deus.
6 - Então estes presidentes e sátrapas foram juntos ao rei,
e lhe disseram: Ó rei Dario, vive para sempre!
7 - Todos os presidentes do reino, os prefeitos e sátrapas,
conselheiros e governadores, concordaram em que o rei
estabeleça um decreto e faça firme o interdito que todo homem
que, por espaço de trinta dias, fizer petição a qualquer deus,
ou a qualquer homem, e não a ti, ó rei, seja lançado na cova
dos leões.
8 - Agora, pois, ó rei, sanciona o interdito, e assina a
escritura, para que não seja mudada, segundo a lei dos medos e
dos persas, que se não pode revogar.
9 - Por esta causa o rei Dario assinou a escritura e o
interdito.
10 - Daniel, pois, quando soube que a escritura estava
assinada, entrou em sua casa, e, em cima, no seu quarto, onde
havia janelas abertas da banda de Jerusalém, três vezes no dia
se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu
Deus, como costumava fazer.
11 - Então aqueles homens foram juntos, e, tendo achado a
Daniel a orar e a suplicar, diante do seu Deus,
12 - se apresentaram ao rei e, a respeito do interdito
real, lhe disseram: Não assinaste um interdito, que por espaço
de trinta dias, todo homem que fizesse petição a qualquer deus,
ou a qualquer homem, e não a ti, ó rei, fosse lançado na cova
dos leões? Respondeu o rei, e disse: Esta palavra é certa,
segundo a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogar.
13 - Então responderam, e disseram ao rei: Esse Daniel, que
é dos exilados de Judá, não faz caso de ti, ó rei, nem do
interdito que assinaste, antes três vezes por dia faz a sua
oração.
14 - Tendo o rei ouvido estas cousas, ficou muito
penalizado, e determinou consigo mesmo livrar a Daniel; e até
ao por do sol se empenhou por salvá-lo.
15 - Então aqueles homens foram juntos ao rei, e lhe
disseram: Sabe, ó rei, que é lei dos medos e dos persas que
nenhum interdito ou decreto, que o rei sancione, se pode mudar.
94
O Governo do rei Dario se caracterizou por uma organização
na qual o governo foi dividido em faixas ou zonas de atuação as
quais foram chamadas de:
A COROA
PRESIDENTES
SÁTRAPAS
GOVERNADORES
PREFEITOS
CONSELHEIROS
Governadores, prefeitos e conselheiros eram as autoridades
locais que participavam ativamente do governo.
Os sátrapas: eram do terceiro escalão. Constituíam-se
daqueles que representavam a coroa e tinham o contato direto
com o povo. O governo foi dividido entre 120 Sátrapas colocados
sobre 120 províncias. Sua função era garantir a estabilidade do
reino.
Os presidentes: eram homens colocados entre os sátrapas e o
rei. Eram apenas três. Eram eles quem recebia os problemas
trazidos pelos sátrapas e os expunham ao rei. Era uma espécie
de primeiro ministro, a quem todo o reino prestava contas. Sua
função era zelar pela segurança, de modo que o rei não sofresse
dano. Daniel foi nomeado como um deles. (verso 1,2)
A coroa: era representada na pessoa do rei que, do trono,
no palácio real, governava a todos.
Daniel já era pessoa de fama muito conhecida e Dario,
apesar de tão pouco tempo de governo, aprendeu a confiar em
Daniel e por ele tinha especial apreço.
Diz-nos o verso três que Daniel se distinguiu, e muito, em
relação aos outros, pois o rei o constituíra um dos
presidentes.
Diante de um desempenho brilhante e de refinada eficiência,
o rei Dario pensava em fazer mais uma modificação na estrutura
de seu governo e colocar a Daniel em um nível superior, de modo
que os presidentes não tivessem mais acesso ao rei, mas sim a
Daniel, que passaria a ser a primeira pessoa após a autoridade
do rei como se fosse chefe de gabinete ou primeiro ministro.
Daniel foi muito honrado por Dario devido a sua fidelidade
e devido a sua eficiência. Era homem sábio e diz-nos a Sagrada
Escritura que ele tinha “um espírito excelente”.
Dario o conhecia, através dos comentários constantes a
respeito de seus feitos, e como político tinha o nome em
evidência em todo lugar. Tendo constatado o valor desse homem
para seu governo, pretendia colocá-lo sobre todo o seu reino.
(verso três). Dario pretendia fazê-lo governador em todo o
reino.
95
Essa situação privilegiada de Daniel trouxe sobre si muitos
problemas. Imediatamente os sátrapas e seus comandados
desenvolveram uma inveja mortal sobre Daniel. (verso 4)
Sem dúvida foi convocada uma reunião entre as lideranças,
sem uma comunicação ao rei, para a qual seguramente Daniel não
fora convocado.
O objetivo daquela reunião era encontrar uma estratégia que
pudesse condenar a Daniel. Mas Daniel era integro em seu
caráter. Daniel era de uma fidelidade incontestável. Sua vida
era tão impecável que a Bíblia declara: não se achava nele
culpa ou erro algum. Leia o verso 4.
Um plano para ofuscar a luz de Daniel, um plano para tirar
a Daniel do seu caminho; um plano diabólico a fim de impedir
que o rei pusesse a Daniel sobre todos eles. O prestígio de
Daniel, sua capacidade de trabalho e o seu perfeito desempenho,
foram reconhecidos por todos e sem dúvida ofuscava a visão do
rei em relação aos demais governantes.
A INVEJA
A inveja:
É um mal que não tem cura, se não pelo sangue de Jesus. 1
João 1.7.
É a podridão dos ossos. (Provérbios 14. 30) É um mal de grande força e violência (Provérbios 27.4) Já causou tantos males e continua causando. Mateus 27.18.
Levou José a ser escravo no Egito. Gênesis 37.36 Levou Hamã para a forca. Ester 7.9,10. Levou Daniel para a cova dos leões. Daniel capitulo 6.
Levou Jesus para a cruz. Marcos 15.10, Mateus 27.18.
Onde há inveja há toda espécie de coisa ruim. Mateus
27.18.
A Bíblia aconselha a todos que não tenham inveja. Salmo 37.1. Provérbios 23.17.
Mas... Não puderam achar em Daniel uma mácula sequer!
Nenhuma culpa! Nenhum erro!
O homem era perfeito, honesto e fiel. Pessoa cuidadosa, de
extremo zelo no desempenho da função que lhe foi confiada.
Sobretudo Daniel se mantinha também na presença de Deus em
constante consagração.
Aqueles homens invejosos reconheciam a sua inteligência, a
sua capacidade, a sua fidelidade ao rei e confessaram entre si
que reconheciam não encontrarem em Daniel uma falha sequer! Não
havia possibilidade de acusá-lo devido sua integridade
96
indelével. Veja o verso 5: “...Nunca acharemos ocasião
alguma para acusar a este Daniel...”.
Isso é um verdadeiro testemunho. Tomemos para nós esse
exemplo de modo que possam reconhecer em nós a fidelidade para
com nosso Deus.
Até hoje a história ainda não mudou. O trabalho produtivo
do crente incomoda a programação do inimigo e ofusca o percurso
de suas ações de modo a ser tornar alvo de suas investidas.
Quando produzimos, em outrem, sentimento de inveja, é porque
estamos dando frutos. Árvore que não tem fruto, não recebe
pedradas e não se chuta cachorro morto. Mas Deus zela por
nossas almas e por nossas vidas e nos livra da perseguição e do
mal.
Jesus ensinou em Mateus 5.11, que somos bem-aventurados
quando, injustamente, nos injuriarem. Quando não devemos, não
temos com o que nos preocupar. Nosso acerto é com Deus e Ele
sabe de todas as coisas.
Assim crentes com as qualidades de Daniel incomodam, e
podem ser acusados na presença do rei. (ou do pastor, do chefe
no nosso trabalho, do nosso pai ou mãe, etc.). Leiamos Mateus
5.11, 12.
Mas aqueles governantes eram astutos e inteligentes, tanto
que foram escolhidos para participarem do governo, e
arquitetaram um plano envolvendo a vaidade pessoal do rei.
Do verso seis até o verso oito podemos observar os dardos
inflamados:
Da inveja, por parte daqueles governantes. Do rei, por conta da sua vaidade. Aqueles homens arquitetaram um plano diabólico cujo
objetivo era matar a Daniel. Foram até ao rei e lhe disseram:
”Ó rei Dario, vive para sempre! Todos os presidentes do reino,
os prefeitos e sátrapas, conselheiros e governadores,
concordaram em que o rei estabeleça um decreto e faça firme o
interdito que todo homem que, por espaço de trinta dias, fizer
petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, e não a ti, ó
rei, seja lançado na cova dos leões. Agora, pois, ó rei,
sanciona o interdito, e assina a escritura, para que não seja
mudada, segundo a lei dos medos e dos persas, que se não pode
revogar”. Versos 6 ao 8.
Usaram de mentira e de má fé quando disseram que todos
estavam de acordo quando a conspiração foi particularmente
deles e muitos dos Sátrapas, governadores e prefeitos e mesmo
Daniel não sabiam dessa tramóia.
Eles chegaram ao rei jogando elogios falsos. É como se
dissessem: Nós temos participação na responsabilidade pela
glória de seu governo e sucesso de seu reinado. Nós, seus
assessores mais diretos, decidimos promover um período de
97
glória e de honra especial ao rei e elevá-lo à categoria dos
deuses! No espaço de trinta dias, ó rei, tu serás o mais
importante dos deuses e não se poderá fazer nenhuma petição em
teu reino que não seja a ti. Tu serás maior até mesmo que o
Deus dos exilados de Judá, a quem também não se pedirá nada,
exceto a ti”.
O rei embriagado por seu orgulho, pela vaidade, não se
apercebeu do transtorno que isso poderia causar, pois não se
poderia fazer nenhuma petição nem a homens nem a os deuses
senão ao rei; isso num período de 30 dias. Mesmo não sendo em
todo o reino, e até mesmo sendo apenas onde se achava Daniel, o
transtorno na vida do rei seria um inferno. Quantos milhares de
pedidos não receberiam o rei, nesse caso, e como atender a
todos?! Na verdade, o objetivo daqueles invejosos era tão
somente pegar a Daniel, mas o rei não percebeu a tramóia.
Essa idéia traria um transtorno insuportável para o rei,
pois perderia o sossego em todo esse período; pois várias e
muitas seriam tais petições, e o rei não daria conta de tal
atendimento, mas ele não se apercebeu dessas coisas porque
estava embriagado em sua vaidade.
Assim, se utilizaram da vaidade do rei e, mascarados de
anjos bons, apresentaram um plano absurdo e até mesmo
diabólico.
Mas Dario estava cego, não refletiu e como lhe trouxeram já
pronto o interdito, provavelmente nem o leu e de forma
inconseqüente o assinou. Verso 9.
Mas esse decreto, esse plano, tinha endereço certo. Tinha a
pessoa muito bem definida como alvo. Tratava-se de uma
armadilha para pegar Daniel, e acusá-lo de alguma coisa.
Era um plano voltado contra Daniel que tinha um hábito
maravilhoso, muito raro nos nossos dias: Orar três vezes ao
dia, em seu quarto, cuja janela era voltada para Jerusalém.
Daniel costumava orar com a janela aberta, e era muito
comum e natural vê-lo em oração e isso ele fazia 3 vezes no
dia. Leia o verso 10.
Daniel tomou ciência do decreto do rei, mas achou que o rei
não tinha o direito de mudar o seu relacionamento com Deus.
Assim como ele costumava fazer, não mudou o seu hábito e
continuou na presença de seu Deus, e dava graças, como
observamos no verso 10.
Convém salientar aqui que era hábito dos judeus orarem três
vezes no dia. Geralmente às nove horas, às doze horas, e às
quinze horas do nosso horário.
Isso pode ser deduzido da leitura do Salmo 55.17 onde Davi
se expressa assim: “À tarde, pela manhã e ao meio dia, farei as
minhas queixas e lamentarei; e ele ouvirá a minha voz”. Ou de
Atos 3.1.
98
Mas, no caso de Daniel, a oração era:
a) Habitual = Daniel costumava fazê-las todos os dias.
(final do verso dez)
b) Pessoal = Era uma oração individual, sozinho em seu
quarto. (Verso dez).
c) De Humildade= era uma oração de joelhos. Não se esqueça
que ele era o homem mais importante do reino. Mas, estava ali
de joelhos na presença de Deus.
d) De gratidão = Daniel dava graças a Deus. (verso dez)
e) Endereçada ao destinatário certo: a Deus, o Deus de seus
ancestrais, e não ao rei.
Todos conheciam a Daniel, todos conheciam o seu hábito e
sabiam de suas qualidades morais, intelectuais e religiosas.
Aqueles homens, certamente, munidos de testemunhas, foram no
horário certo à casa de Daniel e constataram: Daniel está
orando ao seu Deus. Verso onze.
Não sabemos nada sobre as súplicas de Daniel e nem tão
pouco se aqueles homens ouviram alguma coisa. Afinal não é
claro, no verso onze, se Daniel orava em voz alta ou não. De
qualquer forma encontraram Daniel orando, e isso era contra o
interdito do rei. Na verdade no verso treze eles acusam Daniel
de estar orando e não de fazer alguma petição, mas o objetivo
era exatamente este: acusar a Daniel. Acontece que Daniel tinha
muita consideração com o rei, e tinha perfeita noção do perigo
envolvido em sua atitude. Daniel sabia das intenções
traiçoeiras daqueles homens; mas Daniel tinha acima de todas as
coisas o Deus de seus pais. Ele já vivia os ensinamentos de
Jesus, em Lucas 10.27.
Aqueles acusadores viram e ouviram e documentaram a “falha”
de Daniel que desafiava o decreto do rei (que era deles e não
do rei). Na verdade a fidelidade de Daniel para com Deus e para
com seus princípios religiosos é um grande exemplo para os
crentes de hoje.
Devemos ser fiéis mesmo em tempos tempestuosos. Nossas
convicções doutrinárias devem nortear a nossa vida em todas as
nossas decisões.
No verso doze nos vemos aqueles acusadores, munidos das
provas, se apresentando ao rei, a respeito do interdito e lhe
disseram: Não assinaste um interdito, que por espaço de trinta
dias, todo homem que fizesse petição a qualquer deus, ou a
qualquer homem, e não a ti, ó rei, fosse lançado na cova dos
leões? Sim, respondeu o rei; e permanece em vigor o que foi
dito, pois pela lei dos medos e dos persas não se pode revogar.
Assim usaram não só da má fé, como foram astutos no preparo
de uma armadilha, tanto para o rei como para Daniel.
99
Em seguida, logo após aquela afirmativa do rei, acusaram a
Daniel de forma criminosa: Pois então ó rei, esse Daniel, dos
exilados de Judá, não fez caso de ti, e nem de teu decreto!
Aí, nessa altura dos acontecimentos, Dario caiu em si e
entendeu a trama daqueles homens. O rei foi tomado como que de
surpresa, mas esses homens estavam alicerçados na lei e tinham
a confirmação da palavra do rei.
O rei Dario perturbou-se de forma profunda e alimentou um
firme propósito de salvar a Daniel. Dario muito desejou salvar
a Daniel da cova dos leões. Ele sabia que seu primeiro ministro
era vítima de um complô de invejosos, que usaram a sua vaidade
e o envolveram na trama contra um de seus súditos mais fiéis.
Verso quatorze.
Mas veremos que Dario não conseguiu. Isso se traduz numa
limitação do poderio, que nesse reinado não foi tão absolutista
como foi o de Nabucodonosor. Afinal Nabucodonosor foi a cabeça
de ouro e Dario já era o peito de prata, na estatua de
Nabucodonosor.
Aqui temos uma nítida limitação onde o rei não poderia
voltar atrás.
Nabucodonosor tinha tudo e todos em suas mãos, tirava a
vida de quem quisesse e deixaria viver quem desejasse. (Veja
capítulo 5.19). A quem queria exaltava e a quem queria
humilhava. Todos os povos, línguas e nações temiam e tremiam
diante dele. É por isso que ele foi a cabeça de ouro e esse
reinado aqui já é representado pela prata, elemento de menor
nobreza.
No verso quinze, vemos uma pressão maciça daqueles homens
invejosos sobre o rei, pois não podiam permitir que o rei
deixasse vivo a Daniel. Na verdade não houve outro caminho,
apesar de todos os esforços do rei. Aquele homem, Daniel, o
exilado da tribo de Judá, ele mesmo, o preferido do rei, estava
condenado à morte. Ele seria jogado na cova dos leões e nada se
poderia fazer para salvá-lo!
DANIEL NA COVA DOS LEÕES
Daniel 6.16-28
16 - Então o rei ordenou que trouxessem a Daniel, e o
lançassem na cova dos leões. Disse o rei a Daniel: O teu Deus,
a quem tu continuamente serves, que ele te livre.
17 - Foi trazida uma pedra e posta sobre a boca da cova;
selou-a o rei com o seu próprio anel, e com o dos seus grandes,
para que nada se mudasse a respeito de Daniel.
18 - Então o rei se dirigiu para o seu palácio, passou a
noite em jejum, e não deixou trazer à sua presença instrumentos
de música; e fugiu dele o sono.
100
19 - Pela manhã, ao romper do dia, levantou-se o rei e foi
com pressa à cova dos leões.
20 - Chegando-se ele à cova, chamou por Daniel com voz
triste; disse o rei a Daniel: Daniel, servo do Deus vivo, dar-
se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves,
tenha podido livrar-te dos leões?
21 - Então Daniel falou ao rei: Ó rei, vive para sempre!
22 - O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca aos
leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim
inocência diante dele; também contra ti, ó rei, não cometi
delito algum.
23 - Então o rei se alegrou sobremaneira e mandou tirar a
Daniel da cova; assim foi tirado Daniel da cova, e nenhum dano
se achou nele, porque crera no seu Deus.
24 - Ordenou o rei, e foram trazidos aqueles homens que
tinham acusado a Daniel, e foram lançados na cova dos leões,
eles, seus filhos e suas mulheres; e ainda não tinham chegado
ao fundo da cova e já os leões se apoderaram deles, e lhes
esmigalharam todos os ossos.
25 - Então o rei Dario escreveu aos povos, nações e homens
de todas as línguas, que habitam em toda a terra: Paz vos seja
multiplicada!
26 - Faço um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu
reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque
ele é o Deus vivo e que permanece para sempre; o seu reino não
será destruído, e o seu domínio não terá fim.
27 - Ele livra e salva, e faz sinais e maravilhas no céu e
na terra; foi ele quem livrou Daniel do poder dos leões.
28 - Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario, e no
reinado de Ciro, o persa.
Não sabemos em qual das orações do dia, aqueles homens
flagraram a Daniel e foram acusá-lo junto ao rei; mas quero
crer que foi a primeira. Vimos no verso quatorze que Dario
tudo fez para livrá-lo e isto foi até o pôr-do-sol, isto é: o
entardecer. O dia estava terminando, e o rei não conseguira
livrar a Daniel.
Não tinha alternativa. Ao anoitecer o rei manda chamar a
Daniel, como vemos no verso dezesseis a fim de ser lançado na
cova dos leões. Verso 16.
Mas antes de ser jogado na cova dos leões, o rei se
aproximou de Daniel, no meio de todo aquele povo que certamente
ali estava a fim de se certificar da execução do réu, e disse
para Daniel:
- Daniel, eu tudo fiz para livrar-te da boca dos leões, mas
apesar dos meus esforços, e apesar de eu ser o rei, não pude
fazê-lo. Mas confie no teu Deus, pois eu creio que Ele te
livrará.
101
Não sabemos se Daniel estava ou não de mãos amarradas,
provavelmente não. Certamente, ele estava totalmente livre mas
não ofereceu nenhuma resistência. Aceitou de bom grado aquela
injustiça, pois o mal que fizera era ter orado ao seu Deus e a
ele dado graças.
Assim se cumpriu o interdito do rei e Daniel foi lançado na
cova dos leões. Agora Daniel já está na companhia dos leões. A
porta é fechada, e para se garantir o cumprimento da execução,
foi trazida uma pedra e colocada junto à boca da cova, de modo
que nada podia entrar ou sair sem remover a pedra. Para
garantir a imobilidade da pedra, esta foi selada em seu lugar
com o selo do anel do rei e também o selo do anel de seus
algozes. Verso 17
Daniel não poderá sair de lá e ninguém externamente pode
remover a pedra, nem o rei!
Dario ficou angustiado. Ele cria que o Deus de Daniel o
poderia livra da fúria dos leões, mas a sua fé era muito
mesquinha. Ele cria, mas não exerceu a fé e por isso passou a
noite toda em vigília, e fugiu-lhe o sono. (verso 18). O rei
perdera o apetite e estava em jejum, nada lhe apetecia, nem a
música, seu “hobby” preferido. Não! Nem música! Estava entregue
à ansiedade. Não era para menos, pois:
a) Tinha se comportado como um idiota tinha sido levado por
sua vaidade; agora sua consciência o acusava.
b) Tinha sido enganado por sua cúpula administrativa,
teoricamente homens de sua confiança.
c) Lá estava na cova dos leões um homem, não só inocente,
mas sobre tudo admirável e de extraordinário valor e, acima de
tudo, amigo do rei.
Os pensamentos o atormentavam: Será que Daniel ainda está
vivo?
Foi o preço a pagar por sua imprudência.
Às vezes nós nos enroscamos nas armadilhas criadas por nós
mesmos. Se não vigiarmos todo o tempo, podemos nos enlaçar e
nos envolver em problemas sérios, criados por nós mesmos.
Vigiemos, pois nossas atitudes e nossa língua ao falarmos.
Jesus ensina a esse respeito quando diz: VIGIAI E ORAI. Vigiar
é até mesmo mais importante do que orar, pois Jesus o colocou
em primeiro lugar. Se vigiarmos, estaremos atentos para
percebermos as artimanhas dos nossos inimigos contra nós. No
mínimo não cairemos em buracos ao longo do caminho e vamos nos
desviando dos obstáculos dessa vida. Às vezes nos enroscamos em
nossas próprias linhas. Muita gente está sofrendo e fica
achando que é provação de Deus, mas não é não! É conseqüência
de seu comportamento imprudente. Semeou mal, comportou-se mal,
só poderá colher resultados ruins. Vigie! Cuidado! E assim não
culpará a Deus daquilo que Ele não fez.
102
E assim passou Daniel a noite na cova dos leões e o rei
acordado e ansioso nos aposentos reais de seu palácio.
(V.19) No dia seguinte o rei, que confiava em Deus, o Deus
de Daniel, o qual poderia tê-lo salvo naquela noite, foi com
muito nervosismo e apreensão até à cova dos leões. Seguramente
foi o primeiro a fazê-lo logo ao amanhecer. Seu coração queria
acreditar que Deus o houvera salvado, mas a sua fé não era
tanto assim, e no fundo ele achava que Deus poderia falhar e
neste caso não teria salvado a Daniel. Passava-lhe pela mente:
será que sobrou pelo menos a roupa de Daniel? Será que sobrou
algum osso inteiro do meu querido amigo?
E nessa ansiedade angustiada e triste, Dario chegou à cova
dos leões. Lá estava a pedra selada. Não havia saído do lugar.
Os selos estavam intactos. No verso vinte, vemos Dario com uma
voz sofrida e triste, um tanto esperançosa e trêmula, baixa,
como se quisesse esconder-se em caso de insucesso (afinal Deus
poderia não tê-lo salvo e Daniel nesse caso estaria morto):
“... Daniel, servo do Deus vivo, dar-se-ia o caso que o teu
Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te
dos leões”?
Será que esse Deus é um Deus leal mesmo e se dispôs a
salvá-lo?
O rei era um sujeito que cria, mas na verdade não
acreditava; sabia que Deus tinha poder para salvá-lo, mas será
que chegava a tanto?
Era um sujeito em que o coração esperava, mas a razão
rejeitava essa esperança. Afinal ninguém escapa da cova dos
leões.
Era a mesma situação de um crente que até crê, mas não tem
experiência suficiente para solidificar essa crença.
“Dar-se-ia que seu Deus tenha podido salvá-lo?” Pensamento
que revela a dúvida! Essa desconfiança é que gerava a tristeza,
aquela preocupação toda, pois no fundo ele não esperava nenhuma
resposta. Em seus pensamentos, na realidade, os leões haviam
comido a Daniel.
Após emitir a pergunta do verso vinte, seus ouvidos nunca
estiveram tão atentos para ouvir uma resposta.
Mas, lá no fundo da cova, Daniel escutou aquela voz apagada
e reconheceu-a como sendo do seu rei, e com uma voz oposta a do
rei, como quem tem muita vida, gritou lá de dentro: Ó rei, vive
eternamente! (Vs. Vinte e um) e prosseguiu: Rei Dario, o meu
Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca aos leões, para que não
me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante
dele; também contra ti, ó rei, não cometi delito algum. (Daniel
6.22)
103
O Deus de Daniel tem tanto poder que não precisou nem de
vir até aqui, mandou apenas um representante, O ANJO! Isso é
que é Deus, Aleluia!
Assim Daniel foi salvo na cova dos leões, tendo passado
toda a noite com eles. Certamente Daniel estava com Isaías
41.10, onde está escrito: não temas, porque eu sou contigo; não
te assombres, porque eu sou o teu Deus...
Agora o rei não podia conter a alegria que na realidade era
dupla.
1- Daniel estava vivo e agora é livre da cova dos leões
2- Deus realmente opera maravilhas
Assim, tudo o que o rei não pôde fazer para Daniel, Deus
fez para os dois, sendo também o rei recompensado na sua
fidelidade para com Daniel.
Ordenou-se que Daniel saísse e o rei, cheio de
contentamento, pôde contemplar as provas de sua vitória e do
verdadeiro milagre, ali presenciado por todos.
Verso 23 - O rei se alegrou sobre maneira e mandou tirar a
Daniel da cova dos leões.
Porque os leões não comeram a Daniel? (Veremos a resposta
oportunamente).
Segundo Flávio Josefo, Dario chamou os acusadores de Daniel
sem a intenção de matá-los. Dario queria externar a sua
alegria e mostrar a todos que Daniel fora salvo da boca dos
leões. Dario queria que esses homens verificassem a
concretização do seu insucesso, da vitória de Daniel e da
alegria de seu rei.O rei Dario queria apenas que aqueles
acusadores traiçoeiros vissem o livramento de Deus para com
Daniel.
Mas aqueles homens não se deram por vencidos. Não
reconheceram a mão de Deus nesse negócio, e de maneira ousada e
irônica, disseram ao rei: “Também, ó rei, tu deste excesso de
comida para os leões, com o intuito de que estivessem fartos e
não comessem a Daniel”.
Isso foi dito por que o rei realmente tinha dado aos leões
a ração diária. Mas o rei entendia que foi Deus o autor do
milagre e não a alimentação que foi dada aos leões.
Revoltado e ofendido com tal insinuação, o rei mandou que
se desse comida farta aos leões e disse aos acusadores de
Daniel: Se vocês estão certos, então eu vou dar excesso de
comida aos leões, exatamente como vocês me acusam de eu ter
feito ontem, e depois vou jogar vocês lá dentro; e não só a
vocês mas também seus filhos e suas mulheres, e já que os leões
por estarem fartos, não comeram a Daniel, então muito menos
comerão a vocês todos, suas mulheres e seus filhos. E assim
teremos confirmado essa vossa teoria, e se vocês estiverem
certos, não precisam se preocupar!
104
E aí vemos a atividade do verso 24 quando Ordenou o rei, e
foram trazidos aqueles homens que tinham acusado a Daniel, e
foram lançados na cova dos leões, eles, seus filhos e suas
mulheres...
Deus não se deixa escarnecer.
Dessa vez, aqueles leões estavam fartos, mas o verso 24
termina dizendo: ... “e ainda não tinham chegado ao fundo da
cova e já os leões se apoderaram deles, e lhes esmigalharam
todos os ossos”.
Aqueles leões se comportaram como os leões mais esfomeados
do mundo, embora estivessem fartos de alimentação!
Isso aconteceu porque esses leões foram instrumentos de
Deus para aplicação de sua justiça, a fim de castigar aqueles
caluniadores na presença de todo povo.
Deus não os perdoara porque mesmo sabendo e vendo tão
maravilhoso livramento, e observando a alegria do rei por esse
acontecimento, se puseram a desafiar a Deus e ao rei, dizendo
que o rei errara em dar excesso de comida aos leões quando isso
não havia ocorrido.
A ira do rei passou para os leões que se tornaram
instrumentos do juízo de Deus. Nisso Deus praticou justiça e
glorificou o seu nome em toda a província da Média e da Pérsia
e também da Babilônia.
Vejamos aqui uma grande lição: Nossos filhos e nosso
cônjuge sem dúvida participam de nossas bênçãos. Eles desfrutam
conosco da prosperidade resultante da nossa santificação e fé.
Haja vista que os filhos inocentes serão arrebatados com seus
pais no Arrebatamento da Igreja, pois são santificados em seus
pais e constituem a sua herança.
Mas o inverso também é verdadeiro. Eles também pagam pelos
nossos erros e também choram devido nossas dores.
Precisamos ter em mente, nós que somos chefes em nossos
lares, e que todos gozam ou pagam pelos resultados de nossa
atitude.
Agora temos Daniel livre dos leões e Dario livre dos
invejosos e acusadores, podendo colocar a Daniel como maior de
seus presidentes.
Depois disso Dario glorificou a Deus, exaltou ao Senhor
Deus de Daniel, reconhecendo-o como Deus vivo, cujo reino não
será destruído, cujo domínio não terá fim, cuja existência é de
eternidade em eternidade.
“Temam e tremam perante o Deus de Daniel” era o decreto do
rei.
Dario foi então um pregador dessa nova e um defensor desse
Deus Todo-poderoso e elevou a Daniel a tão grande honra que
ninguém pôde duvidar que Daniel era em seu reino a pessoa que o
rei mais estimava.
105
Assim Daniel prosseguiu o seu trajeto, nas mãos de Deus,
sendo um instrumento que Deus ainda usaria para revelar o
futuro da história de Israel e do mundo. Mesmo após Dario,
Daniel continuou durante todo o reinado de Ciro, entre os
maiores no palácio do rei.
Aqui termina a parte histórica desse livro. Os demais
capítulos são essencialmente proféticos e, cronologicamente,
estão dispersos ao longo dessa história narrada até aqui.
As profecias do Capítulo sete ocorreram no primeiro ano de
Belsazar, portanto antes da ocorrência estudada no capítulo
seis, a cova dos leões.
O capitulo sete é um aprimoramento da visão do capítulo
dois, confirmando e alertando sobre as profecias do capítulo
dois, que foram dadas por Deus usando-se a pessoa de
Nabucodonosor.
O capítulo oito também ocorreu antes dos fatos ocorridos no
capítulo seis, pois essa visão foi no terceiro ano de Belsazar.
O capítulo nove trata das Setenta Semanas de Daniel, que se
constitui na mais importante, completa e extensa profecia
contida no Velho Testamento. Essa revelação já ocorreu no ano
primeiro de Dario, quando Daniel entendera, lendo os livros,
que findara o período do cativeiro que, segundo Jeremias, era
de setenta anos.
A profecia das Setenta Semanas de Daniel do capitulo 9
ocorreu após o evento da cova dos leões, embora na Bíblia não
tenhamos dados muito claros a esse respeito.
Se estiver certo nessa afirmação, podemos entender melhor a
respeito do livramento de Daniel na cova dos leões.
Sem dúvida alguma, Deus livrou a Daniel da boca dos leões:
1) Porque Daniel era fiel e não cometera delito algum
contra Deus e nem tão pouco contra o rei.
2) Porque Daniel confiava em Deus, e este não decepcionou a
sua fé.
3) Para glorificar o seu nome em todo o reino e ganhar para
si almas que se converteram através desse milagre.
Mas não quero aceitar isso como uma causa básica.
Muitos dos fiéis no princípio da Igreja tinham a fé de
Daniel; tinham a fidelidade de Daniel; não fizeram mal algum,
como Daniel e, entretanto, Deus não fechou a boca dos leões.
Então tem que existir um motivo mais íntimo para Deus ter
livrado a Daniel, e este não foi a fé do rei Dario.
Acontece que Daniel era “homem mui amado” conforme vemos em
Daniel capítulo dez e versículo onze, e Deus tinha um
propósito. Deus tinha para Daniel uma missão que ele não havia
totalmente cumprido. Daniel ainda tinha que receber a profecia
que revelaria os fatos da História Universal, que revelaria
todo o futuro de Israel, até a consumação dos séculos; como
106
observamos nos capítulos nove, dez, onze e doze. Nessa segunda
parte do livro, a parte das profecias de Daniel, é onde se
inclui a profecia das Setenta Semanas de Daniel.
Assim quero crer que os leões não comeram a Daniel porque
se o fizessem Deus teria que levantar outro Daniel. Como os
propósitos humanos não mudam os desígnios de Deus, ele enviou o
seu anjo e não permitiu mudança na trajetória da vida de
Daniel, que ainda foi guardado por um bom tempo. Daniel foi o
instrumento de Deus para revelar a profecia das Setenta
Semanas, profecia essa ainda não cumprida em toda a sua
totalidade.
Aqui terminamos essa primeira parte dessa obra, a qual se
refere mais ao período histórico desse Livro. Vamos iniciar
nessa segunda parte desse compêndio, a parte profética desse
Livro, a qual se encontra nos capítulos seguintes, do sete ao
doze.