daily millôr - quinta, 31 de julho
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7/27/2019 Daily Millr - Quinta, 31 de julho
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O jornal oficial da exposio
Millr, 90 anos de ns mesmos
daily
parceria exposio realizaoapoio institucional exposioapoio daily mllor
Eu trabalhava na Paginao darevista O Cruzeiro. Eu ficavanum canto, cuidando da partede cores. Millr ia l toda sema-na, trazendo as duas pginas daseo O Pif-Paf. Eu o recebiae, enquanto me desobrigava datarefa de encaminhar a colabo-rao oficina (andares abaixo,onde acontecia o mistrio daproduo e impresso), ele tro-cava ideias comigo. Ou melhor,eu o ouvia atentamente.
O Cruzeirotinha, na poca,um timao de desenhistas dehumor: Millr, Pricles, CarlosEstvo, Fortuna, Ziraldo e o re-cm-contratado Borjalo, craquedo trao, que ganhara notorieda-
de assinando a ltima pgina daconcorrente Manchete.
As coisas mais malucas acon-tecem na vida da gente, e no que eu euzinho acabeipublicando uma pgina naquelarevista, no lugar do Borjalo?De manh, quando cheguei naFaculdade de Arquitetura fuirecebido aos gritos pelos meuscolegas. Era a glria! Depoisdo almoo, quando entrei nasala da Paginao, fez-se umestranho silncio. As pessoasevitavam me dirigir a palavra.
A chega o Millr e me diz Vi atua pgina. Voc acha que levajeito?. Respondi ousadamente
que sim, que iria me esforarpara ser original, fugindo deinfluncias.
Mas no exagera!.. ., me disseo Millr. Fui chamado mesa domeu chefe, Milton Dvila, queme disse: Voc tem noo doque fez? Publicou uma colabora-o na revista inimiga!.
Fui demitido e passei a fazerparte do folclore da casa: Virams? Mandaram o rapaz emborae ele ficou famoso!. Nem tanto,nem tanto... O melhor mesmofoi ganhar a amizade do Millr,que durou a vida toda.
CLAUDIUS
Pginas viradasCLAUDIUS, QUE FALA AMANH NA TENDA DOS AUTORES, CONTA COMO PERDEU O EMPREGO,MAS NO PERDEU A PIADA E FICOU AMIGO DE MILLR
Daily Mlloranalisa uma piada
Evidentemente isso a umdesenho de humor que tambmpoderia ser chamado de car-tum ou at mesmo de charge,mas que aqui ser chamadosimplesmente de desenho. Ofato de incluir um texto e serengraado apenas, comodiz o outro, um plus a mais.Ningum chama Dom Quixoteou Memrias pstumas de BrsCubasde romances de humor.Mas, no fundo, isso que eles
so. Esse um desenho atem-poral. Poderia ser publicado nossculos 19, 20, 21 ou 22. Poderiaser usado em qualquer pocacomo charge diria. Usamosaqui a expresso charge diriano sentido de que poderia edeveria ser publicada todosos dias do ano, no mesmo jor-nal, indefinidamente, at o finaldos tempos.
REINALDO
Paraty, quinta-feira
31 de julho de 2014
hai-kai Busca a poesia, ansiosa, E descobre, j tarde, Que a vida em prosa.
Millr Fernandes/Arquivo IMS
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AUTOR
HOMENAGEADO
DAFLIP2014
CLssIcOS dO
emNOVAeDIO
9h30 | mesa z kleberDa cidade cidadaniaJailson de Souza e SilvaRene UrenPaula Miraglia
21h30 | mesa bnusPorque era ele, porque era euMathieu LindonSilviano Santiago
12h | mesa 1Poesia & ProsaCharles PeixotoEliane BrumGregorio Duvivier
Poesia um milsimo do quese publica como poesia.
Me deem algum cu em fogoNeve em dia de veroMe deem vidas em jogoRastros de morte no choAmantes em rebeldiaFrisson de risco de gizQue eu fao uma poesia.U, j fiz.
17h15 | mesa 3Fabulao e mistrioEleanor CattonJol Dicker
Para escrever bem no precisomuitas palavras, s saber comocombin-las melhor. Penseno xadrez.
No ligo se o escritor
leviano ou denso,Nem me importa se o livro pequeno ou imensoEu gosto de autorQue s pensa o que eu penso.
Best-seller o melhor vendedor.(Tradues televisivas)
19h30 | mesa 4Paraty, Veneza no Atlntico SulFrancesco Dal CoPaulo Mendes da Rocha
A velocidade dos ventos julgaos arquitetos.
Se voc tem que segurar a tam-pa do vaso enquanto faz pipi,est num banheiro de arquitetu-
ra ps-moderna.
Enfim, em vez de CONCRETOARMADO o urbanismo deveutilizar apenas a BICICLETA!
Amizade um amor que aindano foi pra cama. (Isto , at
que algumas vezes vai.)
15h | mesa 2Os possessosElif BatumanVladmir Sorkin
O que me impressionou quandolevantaram o pano, quer dizer,derrubaram o Muro, que encobriaa gloriosa Unio Sovitica, foiembaixo daquilo no haver nadanovo. Estava l a velha babushka,o mesmo bbado de sempre
batendo na mesma mulher hu-milhada e conformada, o mesmomafioso rasputiniano perto do,ou dominando o, poder.
Em O jardim das cerejeiras,Tchekhov escreve uma cenamelanclica, no campo, quandose ouve, no cu, o vibrar de umacorda, como uma harpa, que serompe. Ao traduzir a pea, des-cobri, atravs de uma biografiado escritor, que esse som, namemria de Tchekhov, vinha deuma caamba metlica caindono fundo de uma mina de car-vo, nas vastides da estepe doDonetz. Lugar absolutamente
primitivo, onde Tchekhov passa-va frias na infncia.
Jamais converse com umpolicial a no ser em legtimadefesa. (1957)
Cidado, neste pas em que noh qualquer cidadania, passou asignificar s cidade grande.
Millr comenta a programaoquinta-feira