da escrita na areia À era digital: histÓria de vida...

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VII Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica UFMT Cuiabá 17 a 20/07/2016 Anais VII CIPA ISSN 2178-0676 ________________________________________________________________________________ DA ESCRITA NA AREIA À ERA DIGITAL: HISTÓRIA DE VIDA, ITINERÂNCIAS FORMATIVAS E IDENTIDADE PROFISSIONAL Maristela Rocha Lima UNEB/GRAFHO/GEO(BIO)GRAFAR/PIBID [email protected] Jussara Fraga Portugal UNEB/GEO(BIO)GRAFAR/GRAFHO/PIBID [email protected] Contexto inicial O presente artigo é resultado das reflexões vivenciadas no âmbito do componente curricular Educação, Narrativas (Auto)Biográficas e Ruralidades do Programa de Pós- graduação em Educação e Contemporaneidade PPGEduC UNEB, Campus I, Salvador, ministrado no 2º (segundo) bimestre do ano de 2015. Trata-se de uma escrita que contempla a história de vida, as itinerâncias formativas e profissionais, com ênfase no fazer pedagógico, de uma professora multidisciplinar 1 . A professora colaboradora deste trabalho, Elza Pereira da Silva, é licenciada em Estudos Sociais pela Universidade Estadual de Feira de Santana UEFS e atua na docência há 31 anos, sendo 25 destes, dedicados ao Colégio Estadual de Bandiaçu, escola rural do município de Conceição do Coité, no Território de Identidade do Sisal 2 , semiárido baiano. 1 Multidisciplinar, neste texto, se refere à condição da professora, personagem da história narrada, devido à sua atuação profissional, ao lecionar os componentes curriculares História, Geografia, Filosofia e Sociologia. 2 O Território de Identidade do Sisal, mais conhecido como Região Sisaleira, está localizado no semiárido da Mesorregião do Nordeste Baiano e é composto por vinte municípios: Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal, Cansanção, Conceição do Coité, Ichu, Itiúba, Lamarão, Monte Santo, Nordestina, Queimadas, Quijingue, Retirolândia, Santa Luz, São Domingos, Serrinha, Teofilândia, Tucano e Valente. O Território de Identidade do Sisal tem uma área de 20.454 km², ou seja, ocupa uma área de 3,6% da área total do Estado da Bahia, que tem uma área de 564.692 km².

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VII Congresso Internacional de Pesquisa (Auto)Biográfica

UFMT – Cuiabá – 17 a 20/07/2016

Anais VII CIPA – ISSN 2178-0676

________________________________________________________________________________

DA ESCRITA NA AREIA À ERA DIGITAL:

HISTÓRIA DE VIDA, ITINERÂNCIAS FORMATIVAS E IDENTIDADE

PROFISSIONAL

Maristela Rocha Lima

UNEB/GRAFHO/GEO(BIO)GRAFAR/PIBID

[email protected]

Jussara Fraga Portugal

UNEB/GEO(BIO)GRAFAR/GRAFHO/PIBID

[email protected]

Contexto inicial

O presente artigo é resultado das reflexões vivenciadas no âmbito do componente

curricular Educação, Narrativas (Auto)Biográficas e Ruralidades do Programa de Pós-

graduação em Educação e Contemporaneidade – PPGEduC – UNEB, Campus I, Salvador,

ministrado no 2º (segundo) bimestre do ano de 2015. Trata-se de uma escrita que

contempla a história de vida, as itinerâncias formativas e profissionais, com ênfase no fazer

pedagógico, de uma professora multidisciplinar1.

A professora colaboradora deste trabalho, Elza Pereira da Silva, é licenciada em

Estudos Sociais pela Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS e atua na docência

há 31 anos, sendo 25 destes, dedicados ao Colégio Estadual de Bandiaçu, escola rural do

município de Conceição do Coité, no Território de Identidade do Sisal2, semiárido baiano.

1 Multidisciplinar, neste texto, se refere à condição da professora, personagem da história narrada, devido à

sua atuação profissional, ao lecionar os componentes curriculares – História, Geografia, Filosofia e

Sociologia. 2 O Território de Identidade do Sisal, mais conhecido como Região Sisaleira, está localizado no semiárido da

Mesorregião do Nordeste Baiano e é composto por vinte municípios: Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal,

Cansanção, Conceição do Coité, Ichu, Itiúba, Lamarão, Monte Santo, Nordestina, Queimadas, Quijingue,

Retirolândia, Santa Luz, São Domingos, Serrinha, Teofilândia, Tucano e Valente. O Território de Identidade

do Sisal tem uma área de 20.454 km², ou seja, ocupa uma área de 3,6% da área total do Estado da Bahia, que

tem uma área de 564.692 km².

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As narrativas que dão sentido e significado ao presente texto foram extraídas da

entrevista narrativa, realizada com a professora Elza, a qual foi convidada a colaborar com

este trabalho por ser considerada uma professora-referência, uma profissional reconhecida

pelo trabalho que desenvolve, uma intelectual, amiga, parceira, comunicativa e dinâmica

tanto na escola onde atua, quanto na comunidade onde vive. É uma professora muito

querida e respeitada por todos da localidade onde mora e trabalha, pois o respeito e a

valorização de própria trajetória de vida, formação pessoal e profissional são elementos

muito presentes em sua prática. A realização desta entrevista teve como objetivo recolher

dados sobre as trajetórias de vida-formação-profissão da professora e as implicações da

história de vida em sua formação e atuação enquanto professora da Educação Básica de

uma escola rural.

Como base metodológica para o desenvolvimento deste trabalho foi usado o

arcabouço teórico-metodológico fundamentado no método (auto)biográfico, tendo a

entrevista narrativa como dispositivo para a coleta de dados usados na

fundamentação/discussão deste trabalho. Para fundamentar e justificar o uso do método

(auto)biográfico como base metodologia, buscamos embasamento teórico em autores que

discutem, em seus trabalhos, a importância de estudos a partir deste método de pesquisa:

Dominicé (1990), Nóvoa (1988), Souza (2006), Ferrarotti (1988), Chamlian (2006). A

entrevista narrativa como dispositivo de pesquisa é um importante instrumento de recolha

de dados, a qual identifica consideravelmente com o método (auto)biográfico, pois

proporciona ao entrevistado uma certa liberdade e confiabilidade ao falar de si, de sua

subjetividade. A mesma proporciona ao entrevistador conhecer elementos de sua história de

vida, vivências formativas, práticas do cotidiano. Para fundamentar a temática que discute

sobre o processo de construção da identidade pessoal e cultural de sujeito da roça que

vivem/moram, estudam e/ou trabalham em escola rural buscarei fundamentação e

embasamento teórico nas discussões de Rios (2011 e 2015), Souza (2012).

Professora Elza Pereira da Silva: “minha história de vida [...] minha história rural”

A história de vida desta professora rural perpassa por inúmeros fatos e situações que

marcaram sua vida. Fatos estes que a mesma utilizou como motivação para direcionar seus

desejos e conquistas pessoais e profissionais. Segundo Moita, “[...] Compreender como

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cada pessoa se formou é encontrar as relações entre as pluralidades que atravessam a vida”

(2007, p. 114), uma vez que “[...] Cada história de vida, cada percurso, cada processo de

formação é único” (Idem, ibidem, p. 117). As vivências pessoais desta professora

demarcam uma importância singular nas suas trajetórias de formação e atuação

profissional. A infância vivida na roça, em contato com a lavoura, a confecção de

artesanatos e muitas práticas de religiosidade são referências no seu fazer didático-

pedagógico ao criar e utilizar estratégias para desenvolver práticas de ensino em sala de

aula, que envolvem os alunos, conforme excerto da narrativa a seguir:

Recentemente fiz um trabalho de Filosofia sobre o corpo. Nossa! Eu

“mergulhei”, “mergulhei” no Ofício a Imaculada Conceição, na

Ladainha a Nossa Senhora, no lampião a gás, na vela! Mergulhei em

tudo isso! A diretora participou e chorou comigo, os alunos choraram!

Por quê? Porque foi graças a toda essa vivência que eu trago, que

consigo trazer detalhes para o hoje, para o agora e, isso, enriquece,

enobrece as minhas aulas. Claro que com a era digital, com o

computador, com tudo isso, agente faz aquela misturinha gostosa e dá um

resultado extraordinário. (Professora Elza – Entrevista Narrativa, 2015)

Conforme sinalizado, as memórias e vivências pessoais da menina da roça, são

consideradas no momento do planejamento e realização das práticas na sala de aula. Ao

planejar uma abordagem sobre o corpo na aula de Filosofia, a professora Elza buscou

referências nas suas experiências e vivências no âmbito da escola primária, da universidade

e da vida religiosa para promover tal discussão, articulando, os saberes da prática com os

saberes específicos do componente do currículo escolar.

O que realmente faz a diferença na prática desta professora é a forma como ela

consegue transcender o passado para o presente. As reminiscências dos tempos da infância

são rememoradas e contribuem para o fazer pedagógico desta educadora. No contexto de

lembranças da infância, das muitas lutas, desafios e dificuldades, a professora Elza

consegue tornar-se uma profissional apaixonada pela profissão e por valores culturais

rurais. Memórias e histórias que trazem marcas de superação, de luta para (re)escrever sua

própria história e consolidar sua identidade de oriunda do espaço rural, ao afirmar que:

Minha história de vida [...] minha história rural, a formação que recebi

dos meus pais, na minha aprendizagem da areia para os livros, isso foi

muito rico na minha formação universitária. Inclusive meu trabalho final,

na minha especialização de Metodologia de Ensino e Pesquisa e

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Extensão, dediquei ao meu professor primário Ducil e foi um dos

momentos mais importantes de minha vida. No dia da apresentação

muitas pessoas se emocionaram e choraram porque eu fui real, eu fui

verdadeira, eu não inventei histórias bonitas de cidade grande nem de

norte-americano, nem de músicas norte-americanas. Eu fui realista; eu

contei, eu falei de mim, da minha vida, da minha vivência, das minhas

aprendizagens: que eu tomava água na fonte com a cuinha na mão junto

com os passarinhos, com os sapos, e isso, para mim, não era problema.

[...] às vezes passei até fome por não ter água para fazer, para cozinhar a

comida ou não tinha comida mesmo para nos alimentarmos. Então tudo

isso eu não neguei, eu fui realista. (Professora Elza – Entrevista

Narrativa, 2015)

E assim, ao revisitar as memórias, a professora Elza vai tecendo e narrando histórias

que retratam fatos, acontecimentos, vivências, experiências e as contribuições de um

professor que é uma referência nas suas escolhas e itinerâncias. E assim, reflete e teoriza

sobre a sua história de vida-formação, sobre a sua trajetória. (SOUZA; PINHO; GALVÃO,

2008) “Trajetória singular, experiências plurais que contam uma história feita de e com

tantas outras histórias.” (PORTUGAL, 2013, p. 33)

Ao narrar sobre a sua trajetória profissional, a professora Elza, no exercício da

profissão há 31 anos, alega que, mesmo com todos os requisitos para requerer a

aposentadoria, tem adiado esse direito por conta da sua paixão pelo trabalho, conforme

excerto da narrativa:

Tenho 31 anos de sala de aula e eu não consigo, eu não sei como eu vou

sair, eu não consigo! Porque a sala de aula para mim é o ar que eu

respiro, e eu não consigo me imaginar fora da sala de aula [...] é o que

me enobrece, eu me sinto uma rainha em sala de aula, me sinto

poderosíssima, me sinto dona de ‘todos os saberes’! Por quê? Porque me

faz tanto bem [...] Eu me sinto uma jovem, talvez uma recém-formada,

uma recém-professora, é como se eu tivesse a cada dia começando tudo

de novo. Cada ano é um desafio, uma descoberta, cada aluno é algo de

novo é um desafio novo! [...] E se eu nascesse de novo eu seria professora

Elza de História, Sociologia, Filosofia, Geografia, Português...

(Professora Elza – Entrevista Narrativa, 2015)

Nesta demonstração de amor à profissão, a professora Elza vai adiando a

aposentadoria, afirmando que a sala de aula é o lugar onde se sente realizada, feliz, jovem,

lugar do recomeço e de reencontro com sua própria história de vida. O amor que esta

professora tem à profissão é algo verdadeiramente admirável, o qual é manifestado pelo

vigor, disposição e dedicação que esta professora evidencia ao viver a profissão.

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História de vida e formação: sentidos e significados de “ser” da roça

A categoria roça vem sendo revelada como um importante campo de estudo, pois é

um espaço de diversidade e de significações, principalmente para quem vive neste espaço.

Segundo Rios (2015, p. 66), “a roça é um espaço de diversidade: diversidade de pessoas,

espaços, tempos, saberes, linguagens, gênero, etnia, geração.” Neste contexto de

diversidade, a roça também é um espaço de significações que coexistem com as relações

interpretativas que se manifestam neste espaço tão diverso. Sendo assim, Lima (2015, p.

39-40) evidencia que a roça pode ser compreendida também como:

Um espaço em que as interpretações, sejam para as posições econômicas

ou agronômicas e povos e comunidades tradicionais, permanecem por um

tempo. Estão em constante reformulação. Na concepção de área física a

noção roça corresponde à área de cultivo. Um debate em que a concepção

física a partir das relações sociais é ao mesmo tempo representada como

material e imaterial. O econômico seria o material, e a relação da

produção com a circulação a partir das relações sociais gera algo

imaterial, um conhecimento. A roça implica em conhecimento, um saber

específico que se reveste nos discursos dos agentes sociais. Esse

conhecimento é imaterial, não é físico. (LIMA, 2015, p.39-40)

Neste contexto de diversidade e significados que a roça permeia sobre a vida das

pessoas que nela vivem e para a sociedade que concebe como um importante espaço de

estudo, a qual é, também, concebida como uma categoria teórica que, segundo Santos

(2003), possui múltiplos sentidos que imbricam na caracterização desse lugar, podendo,

desse modo retratar:

1) a localidade distante da cidade (assim, parece ser sinônimo de “zona

rural”: “Moro na roça”); 2) pode ser referido também como sinônimo de

“terreno”, propriedade (“Eu tenho uma rocinha”; “Vamos na roça de

Fulano?); e 3) ainda pode se referir à plantação “roça de milho”; “roça de

mandioca”; “roça de feijão”). (SANTOS, 2003, p. 149)

Ainda segundo Santos (2003), “esses múltiplos sentidos se complementam e se

entrelaçam na vida cotidiana do povo que vive nesses espaços, na “roça”, ora determinada

como “zona rural”, apesar desta última ser insuficiente para traduzir o sentido que a

expressão “roça” exprime e carrega.” (PORTUGAL; OLIVEIRA, 2012, p. 295 - 322).

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Dentre estas várias possibilidades de estudo, a categoria roça como espaço de

vivência e formação é evidenciada nas histórias de vida da professora colaboradora desta

pesquisa, que viveu toda sua infância e parte da adolescência, na roça.

A professora Elza Pereira da Silva nascida na Fazenda Arco, município de Serrinha,

filha de Elisa Pereira da Silva e Benício Pereira da Silva, trabalhadores rurais que

dedicaram suas vidas ao trabalho rural/artesanal, criação e educação dos filhos e à vida

comunitária. Sobre esta vida em comum com a família e a comunidade rural a professora

Elza narrou:

[...] vivíamos um pelo outro, [...] no momento das festas, do trabalho

comunitário, dos batalhões de roça, das batas de feijão, raspa de

mandioca, os reisados e os presépios, as ladainhas, as novenas, todos

estávamos juntos, eram crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos.

Era uma coisa comum, não existia aquela coisa de separação, de

individualismo, seria o caso de um por todos e todos por um, era assim,

foi assim que eu vivi na minha comunidade, ajudando o vizinho, ajudando

a matar a fome do vizinho! (Professora Elza – Entrevista Narrativa, 2015)

A vida no espaço rural é marcada por inúmeras particularidades, singularidades,

dentre elas a vivência comunitária, característica que costuma ser marcante na vida das

pessoas que vivem na roça. Foi neste contexto, que a professora Elza viveu sua infância,

cercada por muito trabalho, principalmente o coletivo, muita solidariedade, muita doação

de si, e de sua família em favor do próximo. Uma história de vida marcada por muita luta...

história que emergem da sua memória, cujas marcas de uma infância sofrida, necessitada de

inúmeros bens materiais, consequência, principalmente das características naturais do lugar

aonde nasceu e viveu parte de sua vida, mas, também, marcada pela vivência e pelo amor

familiar e comunitário, como a própria personagem do enredo deste texto fez questão de

afirmar: “uma vivência, dolorida mais ao mesmo tempo confortável, porque era

comunidade, era doação, era entrega, era acolhimento, vivíamos um pelo outro”. É neste

contexto de vida e vivência rural, coletiva, que a professora Elza passou sua infância, sendo

alfabetizada aos 7 (sete) anos pela mãe, conforme a narrativa a seguir:

Não existia luxo, não existia nada de especial, inclusive o processo de

aprendizagem foi também nessa base do natural. Ela (a mãe) se

aproveitava da Lua bonita para ensinar a gente na areia do terreiro a

escrever o ABC, escrever o nosso nome e as operações matemáticas. Ela

só sabia as operações de somar e subtrair eram as duas operações que

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ela sabia. [...] Só fui para escola mesmo quando tinha 7(sete) anos

porque ela me ensinou o ABC, a cartilha e ensinou na areia porque não

tinha caderno, aproveitava a Lua bonita e a gente aprendia. Usava

também o papel que embrulhava os pães que o meu pai comprava, nos

fins de semana, porque não se comprava pão todos os dias, só no final de

semana. Então, aquele papel ela ia juntando, pegava uma agulha, uma

agulha chamada agulha de costurar chapéu, e ali ela fazia um caderno

com aquele papel de pão, riscava as linhas (pautas) com uma madeirinha,

porque não tinha régua, e ali ela fazia o caderno pra gente escrever

cópias e ditados, cópias que ela mandava copiar dos livros e os ditados

que eram as palavras que ela citava pra gente escrever. Então, depois

que eu fui alfabetizada na areia e no papel de pão, eu fui para a escola.

(Professora Elza – Entrevista Narrativa, 2015)

É perceptível como esta professora traz viva em sua memória, a forma como foi

alfabetizada. Esta realidade era algo comum no sertão baiano nas décadas de 1950/1960,

para aqueles que tiveram a oportunidade de aprender a ler e escrever. As necessidades

materiais que as pessoas que viviam no espaço rural passavam eram comuns e buscava-se

na natureza e nos poucos recursos que se tinha para se conseguir adquirir instrução escolar.

Esta era uma realidade que evidencia a precariedade e o descaso da educação rural

no Brasil no passado, porém, atualmente, não é algo que pode ser considerado

solucionado/superado. Na verdade, o que existe é um descaso e uma tentativa de se maquiar

as precariedades da educação e das escolas rurais no Brasil. O que se vê são inúmeras

escolas rurais sendo fechadas no Brasil a cada ano. Segundo o Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP mais 4.084 escolas rurais

fecharam suas portas no Brasil em 2014. Nos últimos 15 anos foram mais de 37 mil

unidades educacionais a menos no espaço rural. Se dividirmos esses números ao longo do

ano, temos 8 (oito) escolas rurais fechadas por dia em todo país. As consequências, dentre

inúmeras, é que essas crianças são deslocadas para outras escolas, em outras localidades,

percorrendo quilômetros de distância diariamente e, na maioria das vezes, em meios de

transportes inadequados, frequentando salas superlotadas e, com um único professor (em

sua maioria) para atender a todos os alunos. Além desta realidade, os alunos ainda são

sujeitos a privações alimentares, pois, alimentam-se em horários inadequados a fim de

garantir o horário do transporte escolar e, a merenda escolar, quando tem, é insuficiente e

de qualidade duvidosa. Algo semelhante é evidenciado na narrativa da professora Elza

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quando esta relata as condições de acesso e de alimentação quando ingressou na escola,

ainda, na década de 50:

A escola ficava de três a quatro quilômetros de distância de minha casa e

eram percorridos a pé todos os dias chovendo ou fazendo sol; [...]

Saíamos meio dia de casa e chegávamos mais ou menos 1 (uma) hora da

tarde. A escola ficava na fazenda Lagoa da Cruz onde tinha um professor

polivalente que na verdade ele era leigo [...] e todos o chamava de Ducil.

Ducil vem de pessoa doce e, naquela sala que era um quadrado que eu

nem sei se tinha 5m (cinco metros), 4m (quatro metros) de largura por 5m

(cinco metros) de comprimento talvez, estudavam mais ou menos 100

(cem) alunos de todas as séries e idades: da alfabetização ao [...] 5° ano.

[...] Não existia merenda, quando chegava a hora do recreio a gente ia

para as roças procurar ouricuri, arioba, serrote, e até as coisas da casa

dele (o professor) dava pra gente comer: farinha, beiju, o que tinha na

casa dele. Era tudo assim, tipo familiar. (Professora Elza – Entrevista

Narrativa, 2015)

Ao revisitar as memórias dos tempos de escola, no começo da sua trajetória de

escolarização, a professora Elza descreve a sua escola, as situações experienciadas e,

sobretudo, a importância do seu primeiro e inesquecível professor. Neste contexto, percebe-

se que ainda em pleno século XXI as escolas rurais trazem marcas históricas de mais de 6

(seis) décadas, o que evidenciam o descaso do poder público pela educação pública e rural,

sobretudo, no que concerne a questões como: formação de professores, transporte dos

alunos, qualidade e oferta da merenda escolar, infraestrutura das escolas, número de alunos

por turma, dentre outras.

O rural é um espaço dinâmico e de uma riqueza cultural inigualável, porém, quando

o aluno estuda em uma escola que não valoriza o contexto e o lugar de vivência, ele é

educado para migrar para a cidade. A cidade é apresentada ao aluno como o lugar do

desenvolvimento, das oportunidades. Sendo o rural, a roça o oposto. As crianças/jovens são

iludidas e educadas a terem vergonha de sua história e sua identidade rural, passando a

sonhar e desejar uma realidade que vai negá-lo e descriminá-lo.

Este modelo de educação é uma realidade no sistema educacional brasileiro, porém,

é algo inadmissível, pois, o espaço rural é tão dinâmico e diverso quanto à cidade, oferece

oportunidades de vida e crescimento profissional para seus jovens, o que está faltando são

políticas públicas que potencializem os jovens/pessoas do espaço rural, terem acesso a uma

escola que o valorize, que garanta o conhecimento que eles precisam e que esteja em

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consonância com sua realidade de vida. Hoje, o espaço rural tem potencial para oferecer

aos jovens formação e opção de vida digna, o que não foi o caso narrado pela professora

Elza. Para ela conseguir estudar e ter uma profissão precisou deixar o espaço rural e viver

na cidade por mais de duas décadas passando por situações de medo, preconceito,

privações, descriminação que qualquer pessoa da roça tende a passar quando deixa a roça e

vai morar na cidade. O deslocamento do espaço rural para a cidade é uma realidade que fez

e ainda faz parte da vida de muitas pessoas que deixam o rural na esperança de que na

cidade todos os sonhos: educacionais, profissionais, melhoria na qualidade de vida serão

realizados e poderão ajudar na sobrevivência da família. Esta também foi a realidade

experienciada pela professora Elza. Vejamos:

Um dos motivos que me levou a querer sair da roça e ir morar na cidade

foi a vontade de continuar os estudando, mesmo porque eu morava

distante de Serrinha e de Coité que era onde existia colégio e meu pai não

tinha condição financeira de me manter nessas cidades para estudar. O

segundo motivo foram as dificuldades que eles tinham (meu pai e minha

mãe) para manter a família. As secas constantes e, eu sentia aquela

necessidade, aquela vontade de querer ajudar a minha família. Então,

isso ai praticamente me levou, me empurrou, me impulsionou para eu sair

para estudar, tentando melhorar talvez, a nossa condição de vida.

(Professora Elza – Entrevista Narrativa, 2015)

Fora de casa, longe do convívio familiar, foi a mais difícil das inúmeras situações

por ela vivenciadas que poderiam ter a feito desistir do objetivo de ter uma profissão, mas a

vontade, o desejo, a necessidade, o sonho foram maiores que a saudade da vida no espaço

rural junto da família. Muitos foram os preconceitos e descriminações que ela sofreu,

inclusive na universidade, lugar onde experienciou momentos de desrespeito, por parte de

colegas de turma ao seu gosto cultural, a sua identidade, ao seu modo “matuto” de ser,

conforme o excerto da sua narrativa:

[...] entre os vários fatos que ocorreram lá na universidade existe um bem

presente em minha memória: [...] no primeiro semestre, no segundo dia

de aula, quando estava no momento de apresentação o professor [...]

começou a perguntar quem era a gente, de onde tinha vindo e, quando

chegou meu momento eu disse que tinha vindo da escola rural e contei um

pouco de minha história. Aí, ele perguntou qual a música que você gosta?

O tipo de música? Eu disse: eu curto forró, gosto demais de Luiz

Gonzaga que é meu ídolo! Quando eu falei que Luiz Gonzaga era meu

ídolo, muitos colegas deram risada de mim, ficaram diminuindo meu

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gosto pela música. Aí, o professo os deixou rirem a vontade e depois disse

assim: ‘olha eu admirei bastante a fala da Elza e a originalidade dela, ela

nos traz muitas informações importante!’ Porque o que eu estava vendo

ali, naquele curso, era um punhado de “mauricinhos” e “patricinhas” ou

se não eram, se faziam! E, eu, uma menina assim, meio rústica que tinha

uma história assim, meio primitiva, meio matuta, mas rica em detalhes. E

aí, o professor ficou entusiasmado inclusive pediu para eu falar mais um

pouco sobre minha história no campo. E, durante todo o curso na

universidade, eu contribuí bastante com as minhas histórias de oriunda

do campo nas apresentações, nas falas, em fim, em vários momentos!

(professora Elza – Entrevista Narrativa, 2015)

Assim, como esta professora que saiu da roça e foi para a cidade em busca do sonho

de melhorar sua condição de vida e de toda sua família, viveu inúmeras situações de

desrespeito a sua cultura e a sua identidade. Entretanto, mesmo assim, nunca negou as suas

origens e a sua cultura. Ainda hoje, muitos jovens que saem das escolas rurais para

estudarem nas escolas da cidade sofrem o desrespeito e rotulações como: “menos

inteligentes”, “matutos”, “desatualizados”, “desinformados”. Esta, ainda é uma realidade

que persegue crianças e jovens que são obrigados, por um sistema excludente,

urbanocêntrico e homogeneizador, através do fechamento de escolas, a se exporem a

situações de julgamentos preconceituosos quando adentram as escolas da cidade.

A cultura de um povo, suas vivências e histórias têm significados para os sujeitos da

roça e precisam ser respeitados dentro do processo de formação em que estão inseridos. A

escola/universidade/sociedade não têm o direito de negar os valores trazidos por estas

pessoas. E, a escola rural está inserida num contexto no qual deve respeitar e valorizar seu

educando e as vivência e experiências trazidas por ele. A escola do rural precisa fazer parte

da construção da identidade dos sujeitos da roça. Sobre a construção da identidade de um

povo Castells afirma:

[...] Entendo por identidade o processo de construção de significado com

base em um atributo cultural, ou ainda, um conjunto de atributos culturais

inter-relacionados o(s) qual(ais) prevalece(m) sobre outras fontes de

significado. (CASTELLS, 1999, p. 22)

A escola rural na qual a professora Elza estudou foi um importante espaço de

formação pessoal que teve significativa relevância para a formação de sua identidade

pessoal e profissional.

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Aquela escola além de ser um lugar de aprendizagem também era um

lugar de muito amor, de muitas orientações; inclusive de orientações

sexuais, orientações para a vida. A família do professor era como se fosse

também nossa família! Nós almoçávamos juntos se fosse necessário, se

estivéssemos com fome, merendávamos a farinha, o beiju da residência

dele, a farinha de tapioca, ajudávamos também nos serviços quando tinha

arranca de mandioca, batalhão de esteira. [...] Então, se fazia batalhões

de esteira que era um grupo de pessoas tecendo esteira [...] assim como

tinha batalhão de roça, bata de feijão, batalhões roubados [...] Então, nós

vivíamos assim, e na nossa escola também existia isso: o trabalho

comunitário, quando estava na época do plantio, da colheita, todos os

alunos ajudavam ele (o professor) no trabalho, tanto é que a plantação

dele acontecia rapidinha era tudo com amor, tudo mesmo, não existia

nada obrigado, não existia briga, não existia nada disso. (Professora Elza

– Entrevista Narrativa, 2015)

Neste excerto é perceptível o quanto a escola foi importante para a

construção/formação da identidade pessoal e cultural desta professora. A escola por ela

retratada como “lugar de muito amor”, “orientações para a vida”, “trabalho

comunitário”. Lugar onde se aprendia valores como amor ao próximo, solidariedade,

partilha, coletividade, dentre outros importantes valores para a formação de qualquer

pessoa. Além da formação pessoal, a escola primária desta professora, também contribuiu

significativamente para a sua formação profissional. Atividades/dinâmicas vivenciadas por

ela quando criança, ainda hoje são reproduzidas na sua prática docente.

E você sabe onde foi que eu aprendi mais ou menos essa dinâmica do

corpo? Não tudo isso, eu dei uma melhorada, uma trabalhada: na minha

escola rural! Foi lá que eu aprendi a vivenciar e a trabalhar a

importância e a valorização do corpo. (Professora Elza – Entrevista

Narrativa, 2015)

Desta forma, é perceptível o quanto esta professora busca dinamizar sua prática

inspiradas em vivências dos tempos da escola da infância. São vivências que contribuíram

significativamente para a construção da identidade pessoal e profissional da professora

Elza, as quais reverberam no seu modo de ser-fazer à docência.

Palavras finais...

A narrativa transforma os acontecimentos, as ações e as

pessoas do vivido em episódios, em enredos e em

personagens; ordena os acontecimentos no tempo [...]. Pela

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narrativa, os homens tornam-se os próprios personagens de

suas vidas e dão a elas uma história.

(DELORY-MOMBERGER, 2012, p. 39).

Contemplar as narrativas de uma professora de escola rural do sertão baiano como

fontes de uma pesquisa é um modo de promover uma reflexão sobre o lugar de onde o

sujeito narra as suas histórias e o modo como compreende a vida e ao compreendê-la,

narra... colocando-se como o autor-ator-narrador das suas histórias.

As memórias evocadas e as histórias narradas pela professora Elza contemplam a vida

no espaço rural, as sua trajetórias de vida numa comunidade que valoriza o trabalho

coletivo, a religiosidade e vida familiar. Narram também a sua trajetória de escolarização e

a importância da escola como lugar de sociabilidade e aprendizagens, as quais, ainda hoje,

são valorizadas no seu fazer didático-pedagógico, ao abordar questões envolvendo a

discussão de gênero, questões culturais, produção e sustentabilidade no campo, dentre

outras temáticas que a riqueza da história de vida desta professora nos oferece.

Para finalizar, nos reportamos ao texto de Delory-Momberger (2012) que abre esta

ultima seção do texto: “[...] Pela narrativa, os homens tornam-se os próprios personagens de

suas vidas e dão a elas uma história.” E a história da professora Elza é um convite a

refletirmos também sobre nossa própria história de vida. Então, quais os fatos,

acontecimentos, episódios e pessoas compõem o enredo da sua história?

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