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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

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FOTOGRAFAR COM ARTE: um recurso para o ensino e aprendizagem

Autora: Eliane Scaff Moura1

Resumo

Este projeto tem como finalidade incluir na formação continuada do professor,

subsídios para lhe dar suporte ao trabalhar imagem digital com os alunos, utilizado a

máquina fotográfica acoplada ao celular. O software que será trabalhado a imagem

será o GIMP, o qual está instalado nos computadores das escolas da rede pública do

Paraná.

Palavras-chave: Fotografia; software gráfico; formação continuada.

1 Introdução

1 Pós-graduação: Tecnologias em Educacão –PUC/Rio. Pós-graduação: Formação continuada de Multiplicadores –PROINFO/MEC. Professora de Arte na escola D.Pedro II-Batel

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Esta pesquisa teve início quando foi constatado a necessidade de formação

continuada dos profissionais de Arte do ensino médio sobre as novas tecnologias. O

objetivo é potencializar o ensino da arte na escola. Esta necessidade está implícita nas

DCEs publicadas em 2008, “a história social da arte demonstra que as formas artísticas

exprimem sua contemporaneidade” e nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de

Arte:”São características desse novo marco curricular as reivindicações de identificar a

área por arte e de incluída na estrutura curricular como área com conteúdos próprios

ligados à cultura artística, e não apenas como atividade”. Por esta razão, a disciplina de

Arte precisa incorporar os novos recursos tecnológicos usados pelos artistas da

atualidade.

A linguagem visual fotográfica não é determinada por regras ou padrões, ela

deve ser interpretada. O fotógrafo usa alguns recursos das artes plásticas para torná-la

mais interessante. Fotografar é um modo de registrar, comunicar e informar.

A popularização do uso da máquina fotográfica digital entre os jovens levou-os

a fotografar tudo ao seu redor. Os ambientes virtuais por onde se comunicam com os

amigos, como o Orkut, Blog, Facebook, etc., contém fotos de festas e comemorações.

É possível observar nestas fotos o pouco conhecimento sobre os recursos

composicionais que se pode usar na fotografia.

Neste sentido, o objetivo do projeto Fotografar com Arte, desenvolvido na

Escola Estadual Pedro Macedo- Ensino Fundamental e Médio – Curitiba, foi

proporcionar aos professores(as) da disciplina de Arte, conhecimento teórico e prático

do ato de fotografar. Orientar os jovens sobre as possibilidades de trabalhar os

Elementos Formais da arte na fotografia. Torná-lo não só mais um “consumidor” de

imagens, mas um “produtor” de imagens significativas. Para que isso aconteça é

preciso conhecer os códigos, os signos que se estabeleceram para a fotografia. È

preciso compreender de que forma a fotografia nos informa e até que ponto ela é um

meio de comunicação. Sabemos que a comunicação entre as pessoas não se dá

somente por meio da palavra. A cultura de um povo, muitas vezes chega até nós por

meio da música, da dança, da pintura, cinema, etc. Ernst Fischer, em seu livro A

necessidade da arte (1976,p.12 apud Miriam Celeste Martins, 2009,p.12):

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Milhões de pessoas lêem livros, ouvem música, vão ao teatro e ao cinema. Por

que? Dizer que procuram distração, divertimento e relaxação, é não resolver o

problema. Por que distrai, diverte e relaxa o mergulhar nos problemas e na vida

dos outros, o identificar-se com uma pintura ou música, o identificar-se com

tipos de romance, de uma peça ou filme? Por que reagimos em face dessas

irrealidades como se elas fossem a realidade intensificada? Que estranho,

misterioso divertimento é esse? E se alguém nos responde que almejamos

escapar de uma existência insatisfatória para uma existência mais rica através

de uma experiência sem riscos, então uma nova pergunta se apresenta: por

que nossa própria existência não nos basta? Por que esse desejo de completar

a nossa vida incompleta através de outras figuras e de outras formas? Por que,

da penumbra do auditório, fixamos nosso olhar admirado em um palco

iluminado, onde acontece algo que é fictício e que tão completamente absorve

nossa atenção?

É claro que o homem quer ser mais que ele mesmo. Quer ser um homem total.

Não lhe basta ser um indivíduo separado; além da parcialidade da sua vida

individual, anseia uma “plenitude” que sente e tenta alcançar, uma plenitude de

vida que lhe é fraudada pela individualidade e todas as suas limitações; uma

plenitude na direção da qual se orienta quando busca um mundo mais

compreensível e mais justo, um mundo que tenha significação.

As novas tecnologias tem como objetivo potencializar e dar um novo significado ao

ensino da arte.

1.1 Fotografia como expressão

Os elementos formais da arte serão observados na fotografia. Educar o olhar

para ir além de um clique. Vemos através das cores, dos claro e escuro, das texturas

delicadas ou mais rústicas, das formas e contorno que surge quando a luz incide ao

fundo. Independente do assunto, foi possível trabalhar na fotografia os elementos

formais da arte. Dependendo da situação, é possível escolher um desses elementos

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formais para dar mais ênfase do que outros elementos. É neste momento que surgirá a

individualidade como fotógrafo. No entanto, todo o referencial teórico e prático

determinará o ato fotográfico. Ao posicionar a câmera para o objeto, procura-se

intuitivamente o enquadramento, inserindo alguns elementos e suprimindo outros.

Buscam-se também experiências e conhecimentos anteriores, para que a foto provoque

sentimentos posteriores. Segundo Sontag:

“Uma foto não é apenas o resultado de um encontro entre um evento e um

fotógrafo; tirar fotos é um evento em si mesmo, e dotado dos direitos mais

categóricos – interferir, invadir ou ignorar, não importa o que estiver acontecendo. ”

p. 21

A individualidade vai surgindo no momento em que surge a necessidade de

encontrar uma forma interessante da incidência da luz no objeto, de enquadramento da

imagem.

A medida que iniciava as pesquisas em torno do assunto, observou-se

trabalhos fotográficos de Walt Whitman e Edward Steichen e os mais recentes Vick

Muniz e Sebastião Salgado, os quais conduziram a compreensão sobre a proposta da

fotografia no campo da arte.

Tanto na arte fotográfica como na arte pictórica podemos observar a

intencionalidade do artista nos entrelaçamentos e harmonia dos elementos visuais na

composição. Segundo Suzan Sontag, em seu livro Sobre fotografia: “O pintor constrói, o

fotógrafo revela. p. 109” Tornava-se cada vez mais claro em meus estudos que existia

também um nítido fio condutor da fotografia para os elementos formais da pintura. ao

lado da manipulação da imagem nos softwares gráficos.

Os elementos plásticos: linha, superfície, volume, luz e cor são conteúdos

trabalhados pelos docentes nas aulas de artes plásticas, portanto, não será difícil

trasferí-los para a fotografia Os elementos visuais estão presentes na composição e

“Com tão poucos elementos, e nem sempre reunidos, formulam-se todas as obras de

arte, na imensa variedade de técnicas e estilos.” Ostrower, p. 65. No entanto, estes

conteúdos serão trabalhados sob o ângulo da fotografia, pois os elementos plásticos

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utilizados pelos fotógrafos têm linguagens similares aos utilizados pelos artistas

plásticos.

2 Fotografar: em busca de resultados

Fotografar com Arte constitui-se numa proposta metodológica com intenção de

iniciar uma experiência aparentemente simples, mas com o intuito de fornecer subsídios

para os professores de arte ir além do senso comum no ato de fotografar. Compreender

a teoria dos elementos formais da arte: linha, superfície, volume, luz e cor, tanto nos

seus redutos teóricos e artísticos, quanto nas suas aplicações técnicas. Tais pesquisas

serão fundamentadas a partir das reflexões que a artista Olga Ostrower faz em seu livro

Universos da Arte, sobre a teorização do espaço, atmosferas e elementos

composicionais. A proposta do projeto é a formação continuada do professor de arte da

rede pública de ensino.

Dentro deste contexto, o projeto foi desenvolvido seguindo as orientações da

equipe organizadora da SEED, resumindo-se na seguinte metodologia:

1)Apresentar, aplicar, discutir e avaliar o projeto aos professores de Arte do

Paraná no GTR- Grupo de Trabalho em Rede.

2) Implementar o projeto na Escola aos professores de arte da rede pública de

ensino.

A implementação do projeto apresentada aos professores no GTR ocorreu no

período de fevereiro a junho de 2010. O GTR foi dividido em 6 Unidades. O material da

“Unidade 1” foi desenvolvido pela equipe da EaD/SEED, com objetivo de ambientação

do professor no GTR. Nesta unidade o professor pode conhecer os principais recursos

que foram utilizados no GTR como Fórum, Diário, Tarefa e leitura. Foi apresentado

também os critérios e instrumentos de avaliação que foram utilizados durante o todo o

processo das Unidades. As atividades desta Unidade se referiram a leitura de textos

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sobre o funcionamento e objetivo destes recursos. E para o professor iniciar sua

ambientação, foi criado o “Fórum de apresentação” e o “Diário: Minhas expectativas...”.

Na “Unidade 2 – Demandas Específicas”, discutiu questões referentes às

políticas educacionais e questões específicas referentes a formação do professor.

Finalmente, na “Unidade 3” iniciou-se a discussão do projeto. Foi apresentado

os textos que fundamentaram o projeto de intervenção na escola.

Na “Unidade 4” foi discutido a problematização, metodologia e o referencial

teórico da proposta de implementação.

Na ”Unidade 5” discutiu-se sobre a validade e necessidade da proposta para os

professores de arte no contexto da escola pública e concluiu na “Unidade 6” com a

avaliação.

A participação dos professores no GTR para discutir o projeto foi fundamental

para certificar a validade do projeto na escola.

A implementação do projeto na escola foi outra etapa importante para adequar

teoria e prática. A primeira proposta de atividade foi uma reflexão sobre a imagem

bidimensional e tridimensional na fotografia. No início foi necessário seguir algumas

regras para facilitar a compreensão da profundidade na fotografia.

Foto: Eliane Scaff Moura

Sabemos que a perspectiva na fotografia não é nada mais que uma ilusão de

ótica. A imagem acima nos dá essa ilusão de profundidade. Linhas que se encontram

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no horizonte, sugerindo visualmente um encontro. Essa sensação é causada pelas

linhas paralelas que vão diminuindo ao se distanciarem do olhar, surgindo a sensação

de que irão se encontrar. Segundo Aumont:

“A perspectiva é uma transformação geométrica, que consiste em projetar o

espaço tridimensional sobre um espaço bidimensional (uma superfície plana) segundo

certa regras, e de modo transmitir, na projeção, uma boa informação sobre o espaço

projetado; de maneira ideal, uma projeção perspectiva deve permitir que se reconstituam

mentalmente os volumes projetados e sua disposição no espaço.” p. 212

A segunda proposta de atividade foi trabalhar o segundo elemento formal, a luz.

Ela foi tema de uma aula, a qual foi dedicado a uma sessão de fotografias. A proposta

foi fotografar de um mesmo local em horários diferentes durante o dia.

Manhã nublada – foto Eliane Scaff Moura

Dez horas - Imagem Eliane Scaff Moura

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Meio dia – foto de Eliane Scaff Moura

Fim de tarde – Foto de Eliane Scaff Moura

Foi possível identificar um contorno mais reforçado das árvores em contraste

com o céu claro ao fundo. Luz frontal. O exercício foi reconhecer o resultado

interessante quando o objeto está iluminado frontalmente. Quando a luz incide

lateralmente no objeto, surge um resultado interessante, pois é possível destacar a

profundidade através do primeiro plano, que são as árvores, os prédios em segundo

plano e as montanhas em terceiro plano.

A última proposta foi trabalhar as quatro fotos acima no GIMP - editor de

imagens.

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Todos os encontros para implementação do projeto foi permeado de conversas

sobre o conhecimento que possuem dos alunos sobre fotografia e, em parceria com os

jovens, as possibilidades de continuar as pesquisas em busca de novos resultados.

3 Linha de chegada

Durante a implementação do projeto na escola foi se revelando que não são

oferecidos cursos de fotografia para a formação continuada. Esta lacuna na formação

do professor(a) denota a permanência do aluno em continuar sendo um consumidor de

imagens, embora a fotografia esteja muito presente na vida dos jovens. Segundo

Fernando Hernadez:

“...não fechar as portas do conhecimento, não se acomodar diante de uma

realidade em que o convite constante é para que sejamos consumidores e não atores;

questionar aquilo que se oferece como forma de pensamento único e estar dispostos

sempre a continuar aprendendo.” p.36

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4 CONCLUSÃO

Em todo o processo de pesquisa e implementação do projeto Fotografar com

Arte, não foi desviado do foco, que é a questão da fotografia digital ser usada como um

recurso no processo ensino-aprendizagem dos conteúdos da Arte. Todas as pesquisas,

leituras, exercícios, levam a uma única resposta: é possível trabalhar os conteúdos de

arte, através dos elementos formais.

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Referências

BARROS, Armando Martins de. Práticas Discursivas ao Olhar: Notas sobre

a vidência e a cegueira na formação do. 2ª edição. Rio de Janeiro: E-Papers Serviços

Editoriais, 2003.

Diretrizes curriculares da Educação Básica: Arte. Governo do Paraná.

SEED. Departamento de Educação Básica.

Hernandéz, Fernando. Cultura Visual, mudança educativa e projeto de

trabalho. tradução Jussara Haubert Rodrigues.-Porto Alegre: Artmed, 2000.

Martins, Miriam Celeste. Teoria e prática do ensino da arte: a língua do

mundo : volume único : livro do professor / Miriam celeste Martins, Gisa Picosque, M.

Terezinha Telles Guerra. – 1. Ed. – São Paulo : FTD, 2009.

OSTROWER, Fayga Perla, 1920- Universos da Arte.- 2ed.-Rio de Janeiro:

Campus, 1989.

SONTAG, Susan, 1993. Sobre Fotografia.Tradução Rubens Fiqueiredo.-São

Paulo : companhia da Letras, 2004.