cyda maria albuqeurque reinaux - unimep.br · este trabalho teve como objetivo avaliar o...

147
UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE EVOLUÇÃO MOTORA DE RECÉM-NASCIDOS PRÉ-TERMO SUBMETIDOS AO MÉTODO MÃE CANGURU CYDA MARIA ALBUQUERQUE REINAUX PIRACICABA 2005

Upload: dangkhanh

Post on 08-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

EVOLUÇÃO MOTORA DE RECÉM-NASCIDOS PRÉ-TERMO

SUBMETIDOS AO MÉTODO MÃE CANGURU

CYDA MARIA ALBUQUERQUE REINAUX

PIRACICABA

2005

Page 2: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

EVOLUÇÃO MOTORA DE RECÉM-NASCIDOS PRÉ-TERMO

SUBMETIDOS AO MÉTODO MÃE CANGURU

Dissertação de Mestrado Apresentada aoPrograma de Pós-Graduação em Fisioterapiada Faculdade de Ciências da Saúde daUniversidade Metodista de Piracicaba paraObtenção do Título de Mestre em Fisioterapia,na Área de Desenvolvimento Neuromotor:Diagnóstico e Intervenção Fisioterapêutica.

MESTRANDA: CYDA MARIA ALBUQUERQUE REINAUX

ORIENTADORA: PROFA. DRA. DENISE CASTILHO CABRERA SANTOS

PIRACICABA

2005

2

Page 3: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Reinaux, Cyda Maria Albuquerque

Evolução Motora de Recém-nascidos Pré-termo Submetidos ao Método MãeCanguru. Piracicaba, 2005.

149p.

Orientadora: Profa. Dra. Denise Castilho Cabrera Santos Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia - Universidade Metodista de Piracicaba

1-Fisioterapia. 2- Desenvolvimento motor.

3

Page 4: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

DEDICATÓRIA

Aos meus pais Ozéas e Mauritana, pelo incessante amor, incentivo e

confiança. Minhas referências de fé, trabalho e estilo de vida.

Ao meu irmão e amigo André Luiz, presente de Deus que, através da

sua alegria e determinação, me ensina a viver a vida com ardor e sonhos.

Ao meu querido esposo Marcilio e aos meus preciosos filhos Marcilio

Neto e Isabela, que sem seu extraordinário apoio, compreensão e paciência,

minhas conquistas não seriam realizadas.

4

Page 5: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus, que eternamente Dele vem a sabedoria e o poder, que muda o tempo e

as estações, que remove e estabelece reis, que dá conhecimento e entendimento aos sábios,

que revela o profundo e o escondido, que conhece o que está em trevas, e com Ele mora a luz.

A minha orientadora, Profa. Dra. Denise Castilho Cabrera Santos, abençoada por

Deus, por quem tenho grande orgulho de ter conhecido. Minha gratidão, por toda atenção,

dedicação e paciência. Sua competência e empreendimento deram direção na realização desta

gratificante pesquisa.

A Profa. Dra. Maria Imaculada L. Montebelo, pelos interessantes e valiosos

ensinamentos de bioestatística.

A toda equipe interdisciplinar (médicos, enfermeiras, técnicas de enfermagem,

fisioterapeutas, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogas, psicóloga, assistente social e

secretárias) da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, Alojamento Conjunto Tardio e

Ambulatório João e Maria da Santa Casa de Misericórdia de Limeira, pelo acolhimento e

auxílio a mim dispensados em todos os momentos.

A Dra. Soraia Menconi e Dr. Gilberto Scarazatti, pelo seu reconhecimento e

credibilidade ao trabalho da fisioterapia. Seu apoio foi fundamental e decisivo para o

desenvolvimento dessa pesquisa.

Aos pais e bebês que participaram do estudo, pela gentil e inesquecível contribuição.

5

Page 6: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

As minhas amigas Cássia Menezes e Franciléia Ferraz, com quem desfrutei momentos

maravilhosos e inesquecíveis da minha história profissional.

A todos pertencentes à família de D. Rubenita Nascimento, que me consideram como

filha-irmã e acompanharam de maneira vibrante, cada fase do processo dessa dissertação.

6

Page 7: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

7

“Não sabes, não ouviste que o Senhor, o Criador dos fins da

terra, nem se cansa, nem se fadiga? É inescrutável o Seu

entendimento. Mas os que esperam no Senhor, renovarão as

forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se

cansarão; caminharão, e não se fadigarão”.

( I saías 40, 28 e 31.)

Page 8: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

RESUMO

8

Page 9: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

9

Page 10: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-

termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC) na 34a, 38a, 40a, 44a e 48a semanas de

idade gestacional corrigida. Tratou-se de um estudo prospectivo e longitudinal. Os neonatos

foram selecionados entre os nascidos vivos no Centro Obstétrico da Santa Casa de Limeira, no

período de setembro de 2003 a março de 2004, obedecendo aos seguintes critérios de

inclusão: gestação de feto único; idade gestacional máxima de 36 semanas e 6 dias;

permanência mínima de 48 horas na UTI Neonatal da Santa Casa de Limeira; situação clínica

estável; prescrição médica do MMC; ser residente na região de Limeira, delimitada pelo

Diretório Regional de Saúde - DIR XV; cujos pais assinaram o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido. Foram excluídos: recém-nascidos com hemorragia peri-intra-ventricular

graus III e IV; doenças metabólicas e congênitas; síndromes genéticas e deformidades

músculo-esqueléticas, diagnosticadas no período neonatal. A avaliação do desempenho motor

foi realizada com o Test of Infant Motor Performance. As avaliações ocorreram durante o

período de internação na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal; em Alojamento Conjunto

Tardio e após alta hospitalar, no Ambulatório de Seguimento João e Maria. A análise

estatística foi efetuada utilizando o pacote estatístico SPSS/PC; e o nível de significância foi

de 5%. Participaram do estudo 13 recém-nascidos. Os recém-nascidos estudados apresentaram

desenvolvimento motor de forma crescente, ocorrendo diferença estatisticamente significante

entre as 34a – 38a semanas de idade (p=0,03); 38a – 40a semanas de idade (p=0,03); 40a – 44a

semanas de idade (p=0,01) e 44a – 48a semanas de idade (p=0,05). No que se refere ao

desempenho motor, os neonatos estudados estavam acima da média de referência na 34a

semana, na média da 38a à 44a semana e abaixo da média na 48a semana de idade corrigida.

Verificou-se diferença significante entre a 34a e 48a semanas de idade (p=0,008) e entre a 40a e

48a semanas (p=0,01). A análise da influência dos dados neonatais e o tempo de submissão ao

Método Mãe Canguru sobre o desempenho motor do grupo, foi feita através da comparação

entre os valores de desempenho (Z-score) encontrados em cada período estudado e dois

subgrupos de lactentes divididos segundo peso de nascimento, idade gestacional e tempo de

submissão ao Método Mãe Canguru. Não foi encontrada diferença significativa entre os

subgrupos ao longo do período avaliado. A comparação do desenvolvimento motor entre o

grupo estudado e o grupo normativo americano, não diferiu significantemente entre a 34a até a

44a semanas. Ocorreu diferença significativa apenas na 48a semana de idade corrigida

(p=0,05), favorecendo ao grupo normativo americano. Acredita-se que isso ocorreu porque o

grupo normativo era também composto por neonatos a termo, e o grupo estudado só por pré-

termo.

10

Page 11: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Palavras-chave: neonato, desenvolvimento motor, Método Mãe Canguru, Test of Infant MotorPerformance

11

Page 12: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

ABSTRACT

The aim of this study was to evaluate the motor development in preterm infants have

underwent Kangaroo Mother Care (KMC) in the age of 34, 38, 40, 44 and 48 weeks

postconceptional age. This prospective and longitudinal study was conducted on recruited

infants have born alive at Santa Casa of Limeira Obstertic Center in the period of september

of 2003 and march of 2004, obeying following inclusion criterias: singleton birth;

postconceptional age < 37 completed weeks; estabilized medical situation; medical

prescription for KMC; living in Limeira metropolitan area; whose parents signed the Term of

Free and Illustries Consent. Infants were excluded with: neurological complications, infectus

complication, genetics syndromes, multiple congenital infections and intra-peri-ventricular

hemorrage III and IV level. Assesment of motor development was carried out with the Test of

Infant Motor Performance (TIMP), an American scale designed for such purpose. Evaluations

were accomplished during of period before discharge (intensive care, infirmary) and post

discharge (Follow up Ambulatory) from the hospital. Statistical analisys was made through

package SSPSS/PC using a significance level of 5%. The sample for this study consisted of a

group of 13 premature infants who has not missed two conssecutive tests. Preterm infants

presented crescent motor development, showed significance difference between ages of 34-38

weeks (p=0,03); 38-40 weeks (p=0,03); 40-44 weeks (p=0,01) and 44-48 weeks (p=0,05).

Concernig of motor performance on the TIMP, the infants showed significance range on 34

weeks postconceptional age, average range between 38-40 weeks and low average at 48

weeks. Regarding this results, was computed significance diference between 34-48 weeks

(p=0,008); 40-48 weeks (p=0,01). Analisys about influence of neonatal variables and period

of KMC intervention on motor performance was calculated with measures found after the

group has been separeted in two subgroups about: birth weight; postconceptionl age and

12

Page 13: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

period of recieving KMC. No significant diference was showed between two subgroups on the

period of the study. Finally, the comparison of the motor development between Brazilian

group with american normative group showed no significant diference at the ages of 34 weeks

until 44 weeks. Only at 48 weeks of age ocurred significant diference (P=0,05) on behalf of

normative group. It believes in ocurrence of this fact, that American group has been composed

of full term as well and Brazilian group was been composed of only preterm infants.

Key-Words: infant, motor development, Kangarro Mother Care, Test of Infant MotorPeroformance

13

Page 14: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Kit TIMP (manual, ficha de avaliação, brinquedos para estimulação e roda

de cálculo da idade............................................................................................ 55

Figura 2 - Método Mãe Canguru: posicionamento............................................................ 60

Figura 3- Evolução o Rscore do grupo estudado.............................................................. 75

Figura 4 - Evolução do Z-score médio do grupo estudado .............................................. 77

Figura 5 - Evolução longitudinal do desempenho motor do TIMP dos 13 lactentes

avaliados............................................................................................................

79

Figura 6 - Relação entre o desempenho motor longitudinal e o peso ao nascer do grupo

estudado............................................................................................................. 82

Figura 7 - Relação entre o desempenho motor longitudinal e a idade gestacional do

grupo estudado...................................................................................................

83

Figura 8 - Relação entre o desempenho motor longitudinal e o tempo de submissão ao

Método Mãe Canguru do grupo estudado......................................................... 85

Figura 9 - Comparação das médias do Rscore do TIMP entre o grupo de recém-

nascidos brasileiros estudado e o grupo normativo americano........................ 102

14

Page 15: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição da casuística do estudo ............................................................ 49

Tabela 2 - Perfil da população quanto às condições gerais do grupo de

nascimento..................................................................................................... 68

Tabela 3 - Perfil do grupo estudado quanto ao tempo de submissão ao Método Mãe

Canguru ........................................................................................................ 69

Tabela 4 - Freqüência das idades em relação ao tempo de submissão ao Método Mãe

Canguru ........................................................................................................ 69

Tabela 5 Distribuição da freqüência da variável categórica sexo................................ 70

Tabela 6 Características familiares do grupo estudado................................................ 71

Tabela 7 Escores médios alcançados pelo grupo ao longo do período do estudo........ 72

Tabela 8 Classificação do desempenho motor e idade padrão relacionada com

scores médios alcançados no TIMP pelo grupo estudado.............................

73

Tabela 9 Comparação do Rscore do grupo estudado ao longo do tempo..................... 74

Tabela 10 Diferenças entre os Rscore médios ao longo do tempo................................. 75

Tabela 11 Comparação dos Z-score ao longo do tempo................................................ 76

Tabela 12 - Diferenças entre os -Zscore médios ao longo do tempo................................ 77

15

Page 16: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Tabela 13 - Comparação entre os Z-score médios dos recém-nascidos pertencentes aos

subgrupos de peso ao nascer no período estudado........................................ 81

Tabela 14 - Comparação entre os Z-score médios dos recém-nascidos pertencentes aos

subgrupos de idade gestacional no período estudado.................................... 83

Tabela 15 - Comparação entre as médias de Z-score e o tempo de submissão ao MMC

dos subgrupos dos lactentes no período estudado ........................................ 84

Tabela 16 - Freqüência das respostas positivas nos Itens Observados (IO) do TIMP..... 86

Tabela 17 - Descrição do comportamento motor nos Itens Elicitados (IE) do grupo de

lactentes submetidos ao MMC ................................................................... 89

Tabela 18 - Diferença entre as médias dos escores do grupo do estudo brasileiro e o

grupo normativo americano........................................................................... 102

16

Page 17: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A – Dados individuais e perinatais dos recém-nascidos-pré-termo do estudo ....147

17

Page 18: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIMEP................................. 149

Anexo 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido................................................... 150

Anexo 3 – Ficha de Anamnese............................................................................................ 152

Anexo 4 – Ficha de Avaliação do TIMP............................................................................. 153

Anexo 5 – Tabela de Padrões de Escore de Idade do Desempenho Motor......................... 158

Anexo 6 – Produção Científica............................................................................................ 159

18

Page 19: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

LISTA DE ABREVIATURAS SIGLAS E SÍMBOLOS

DIR – Diretório Regional de Saúde

DP - desvio padrão

f - freqüência absoluta

FACIS - Faculdade de Ciências da Saúde

g – gramas

IE – Itens Elicitados

IO – Itens Observados

IG - idade gestacional

HIPV – hemorragia intra-peri-ventricular

MMC – Método Mãe Canguru

n - número de lactentes

OPAS – Organização Panamericana de Saúde

PN - peso ao nascimento

PT – pré-termo

RN – recém-nascidos

RNBP – recém-nascido de baixo peso

RNPT – recém-nascido pré-termo

s - semanas

SNC - sistema nervoso central

SPSS/PC - Statistical Package for Social Sciences for Personal Computer

TIMP – Test of Infant Motor Performance

19

Page 20: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

UNICEF – Fundos das Nações Unidas para a Infância

UNIMEP - Universidade Metodista de Piracicaba

% - freqüência relativa

20

Page 21: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 21

2. OBJETIVOS.............................................................................................................. 26

2.1. Objetivo Geral............................................................................................ 26

2.2. Objetivos Específicos................................................................................. 26

3. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................ 27

3.1. Considerações sobre a prematuridade dorecém-nascido pré-termo..... 27

3.2. Considerações sobre desenvolvimento motor do recém – nascido pré-termo .................................................................................................................. 29

3.3. Método Mãe Canguru ................................................................................ 36

3.3.1. Histórico........................................................................................ 36

3.3.2. Evidências científicas sobre os efeitos do MMC.......................... 38

3.3.3. O MMC no Brasil.......................................................................... 40

4. CASUÍSTICA E MÉTODOS.................................................................................... 46

4.1. Desenho do Estudo...................................................................................... 47

4.2. Seleção de Sujeitos e Casuística................................................................. 47

4.2.1. Critérios de Inclusão...................................................................... 47

4.2.2. Critérios de Exclusão..................................................................... 48

4.2.3. Critérios de Descontinuação.......................................................... 48

4.2.4. Casuística...................................................................................... 49

4.3. Variáveis Estudadas e Conceitos.............................................................. 50

4.3.1. Variáveis Independentes................................................................. 50

4.3.1.1. Tempo de vida dos participantes..................................... 50

21

Page 22: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

4.3.1.2. Idade corrigida para a prematuridade............................... 50

4.3.2. Variáveis Dependentes...................................................................... 51

4.3.2.1. Avaliação do Desempenho Motor..................................... 51

4.3.2.1.1. Test of Infant motor Performance (TIMP).......... 51

4.3.2.1.2. Materiais para Avaliação.................................... 54

4.3.2.1.3. Administração da Avaliação............................... 56

4.3.2.1.4. Pontuação........................................................... 57

4.3.3. Variáveis de Controle....................................................................... 58

4.3.3.1. Tempo de Submissão ao Método Mãe Canguru.............................................................................. 58

4.3.3.2. Programa Método Mãe Canguru .......................... 59

4.4. Método de Coleta e de Processamento de Dados..................................... 63

4.4.1. Para Avaliação do Desempenho Motor......................................... 63

4.4.2. Para Processamento e Análise dos Dados...................................... 65

4.5. Aspectos Éticos.............................................................................................. 66

5. RESULTADOS............................................................................................................ 68

5.1. Dados Familiares........................................................................................... 68

5.2. Resultados da avaliação do desenvolvimento motor do grupo estudado............................................................................................................... 72

5.3. Comparação do grupo estudado com o grupo normativo do TIMP......... 101

6.DISCUSSÃO ................................................................................................................. 104

7. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 124

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 127

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 129

APÊNDICES .....................................................................................................................146

ANEXOS ........................................................................................................................... 148

22

Page 23: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

1. INTRODUÇÃO

Os recém-nascidos (RN) vivos antes de completarem 37 semanas de idade gestacional

ou 259 dias de gestação são classificados como pré-termo (PT) pela Organização Mundial da

Saúde (OMS).

As causas envolvendo a prematuridade são variáveis, porém sabe-se que há uma forte

correlação entre esta, o retardo de crescimento intra-uterino e as condições sócio-econômicas

desfavoráveis, onde é alta a incidência de subnutrição e doenças maternas agravadas por pré-

natal inadequado, uso de drogas e tabagismo (NELSON, 1997).

Para Segre (1995), o recém-nascido pré-termo (RNPT) enfrenta dificuldades

resultantes da falta de maturação adequada de diversos sistemas, constituindo-se o maior

grupo de RN de alto risco.

Apesar dos avanços tecnológicos terem aumentado a taxa de sobrevida de recém-

nascidos de baixo peso, a incidência de morbidade inerente à prematuridade permaneceu

estável, resultando maior número de complicações clínicas que poderiam provocar alterações

neuromotoras e cognitivas (HACK et al., 1996; PERLMAN, 2001; STREINER et al., 2001).

O interesse pelo desenvolvimento neuromotor cresceu nos últimos 20 anos, fazendo

surgir diferentes instrumentos ou testes de avaliação e estratégias de intervenção.

Diferentes testes foram desenvolvidos para avaliar o desenvolvimento infantil, num

esforço em busca do conhecimento de padrões normais ou alterados por influência de fatores

de risco biológicos e/ou ambientais. A maior parte desses instrumentos contempla o recém-

nascido e lactente a partir da 40a semana de idade gestacional ou 1o mês de idade corrigida

(PRECHTL,1984; BAYLEY, 1993; PIPER; DARRAH, 1994; CASE-SMITH ; BIGSBY,

2000; FOLIO ; FEWEL, 2000).

23

Page 24: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Dentre os testes contemporâneos de avaliação do desenvolvimento infantil, destaca-

se o Test of Infant Motor Performance (TIMP) que permite avaliar o desenvolvimento motor

a partir da 34a semana de idade gestacional até o 4o mês de idade corrigida, demonstrando

sensibilidade às pequenas alterações no desempenho motor de recém-nascidos pré-termo de

alto risco. Ele foi elaborado para ser uma escala consistente que relacionasse a idade

corrigida às alterações no desempenho motor e que fosse sensível aos importantes desvios da

normalidade, incluindo presença de déficit motor ou atraso no desenvolvimento

(CAMPBELL et al.,1995, 2000, 2001).

O TIMP avalia o controle postural e de movimentos seletivos considerados

importantes nos aspectos funcionais e nos pequenos componentes que definem a qualidade

do movimento da cabeça, tronco, braços e pernas, mostrando ser mais sensível às alterações

ou progressos na performance motora em relação aos testes tradicionais de avaliação de

desenvolvimento neuromotor. Adicionalmente é um instrumento de avaliação que permite

definir a necessidade e mensurar os resultados de procedimentos de intervenção

(CAMPBELL et al.,1995, 2000, 2001; LEKSKULCHAI et al., 2001).

Os conceitos contemporâneos sobre desenvolvimento motor são baseados na teoria

dos Sistemas Dinâmicos, onde as variáveis intrínsecas (biológica) e extrínsecas (ambiental)

interagem reciprocamente, caracterizando o movimento do lactente (THELEN, 1995;

GABBARD, 2000).

Dentre os fatores extrínsecos, os estudos sobre o desenvolvimento infantil

evidenciaram importância não só dos indicadores sócio-econômicos, como base social, idade

e escolaridade, mas também da ecologia familiar, incluindo o vínculo mãe-bebê, presença

pai-avó, relação do casal e dinâmica familiar no ambiente doméstico, que são atualmente

considerados também importantes para o desenvolvimento do recém-nascido, tão vulnerável

às influências ambientais (SAMEROFF et al.,1983; BELSKY et al.,1984; BRADLEY et al.,

1992; ALS, 1986; BRONFENBREMMER et al., 1996).

24

Page 25: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Diante dos riscos em potencial sobre o desenvolvimento de bebês pré-termo e da

influência que o ambiente exerce sobre eles, tais como gravidade, som, luz, dor e manuseio

(DE GROOT, 1983; PRECHTL, 1984; ALS, 1986; SIEGEL, 1994), diferentes estudos sobre

intervenção têm sido apresentados, com resultados positivos.

As propostas de intervenção mais recentes estão centradas na presença e participação

da mãe, com resultados que vão além do desenvolvimento motor, incluindo também outros

aspectos do desenvolvimento, como linguagem, interações sociais e desempenho escolar

(FELDMAN, 1998; CHARPAK et al., 2001; FELDMAN; ELDMAN, 2002, 2003).

Nos anos 70, num hospital em Bogotá, Colômbia, devido a uma situação crítica de

superpopulação (mais que um recém-nascido por incubadora), escassez de profissionais,

ausência de recursos tecnológicos, desmame precoce e utilização de leite artificial, aumento

da mortalidade neonatal e abandono materno, recém-nascidos pesando menos que 1700 g

receberam alta hospitalar em contato pele a pele com o peito da mãe, amarrados na posição

vertical, alimentando-se exclusivamente de leite materno. A diminuição da morbidade e

mortalidade daqueles bebês transformou esse procedimento em um importante método de

intervenção, foco de interesse de muitos estudos (WHITELAW et al.,1985; CHARPAK et

al., 1999; TESSIER et al., 2003).

Diante deste contexto, em 1993 foram realizadas várias avaliações sistemáticas que

permitiram a criação de um programa denominado Método Mãe Canguru (MMC). O método

foi institucionalizado e apoiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização

Panamericana de Saúde (OPAS) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)

(CHARPAK,1999). No Brasil, a normatização ocorreu no ano 2000 (BRASIL, 2000).

No Brasil, a aplicação do MMC associou o contato pele a pele e participação da mãe

nos cuidados com o posicionamento adequado do bebê, enquanto ele recebe cuidados

intensivos, além do controle dos estímulos ambientais aversivos, proporcionando

estimulação sensorial e rítmica agradável nessa fase de fragilidade biológica. Além desses

25

Page 26: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

benefícios, o MMC não oferece risco de morbidade e mortalidade ao recém-nascido de baixo

peso, mas sim, vantagens fisiológicas ao manejo neonatal que intervêm no seu

desenvolvimento (ALS, 1986; CHARPAK et al., 1996; FELDMAN; ELDMAN, 2002, 2003;

SILVA, 2003).

Diferentes estudos comprovaram que os efeitos do MMC foram semelhantes aos

cuidados oferecidos numa Unidade de Terapia Intensiva convencional, promovendo

benefícios além dos fisiológicos. Além disso, exercia influência no sistema vestibular e

cardiorespiratório, no ciclo circadiano, no desenvolvimento neurológico, sensorial,

comportamental, sócio-emocional e cognitivo (DI PIETRO et al., 1991; SLOAN et al., 1994;

FOHE et al., 2000; FELDMAN, 2002a, 2003; TESSIER et al., 2003).

Devido ao posicionamento vertical, organizado, com simetria de tronco e cabeça,

associado ao padrão flexor dos membros superiores e inferiores (ligeiramente abduzidos), o

método mostrou ser um facilitador do desenvolvimento motor, devido a essa postura ser a

mais indicada para o recém-nascido, pois é considerada fisiológica, semelhante à obtida

intra-útero (ALS, 1986; PRECHTL, 1990; SILVA, 2003, TESSIER, 2003).

Diversos trabalhos foram realizados para investigar o desenvolvimento de recém-

nascidos pré-termo submetidos ao MMC, mas poucos avaliaram as respostas motoras

medidas com escores específicos de desempenho motor funcional em bebês, antes que eles

completassem 40 semanas de idade gestacional e que apresentassem diferentes graus de risco

de desenvolvimento, resultantes de complicações clínicas perinatais.

Considerando o MMC como um importante programa de intervenção para a

população em estudo, devido ao impacto social e financeiro para o indivíduo-família-

sociedade, às repercussões na morbidade/mortalidade, no crescimento/desenvolvimento em

bebês de alto risco, este estudo, tem como objetivo, avaliar o desenvolvimento motor de

recém-nascidos pré-termo submetidos ao MMC e visa contribuir para o conhecimento da

26

Page 27: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

evolução motora desses lactentes, bem como, avaliar o impacto do MMC sobre o

desenvolvimento motor.

27

Page 28: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método

Mãe Canguru nas 34a, 36ª, 38ª, 40ª, 44ª e 48ª semana de idade pós-gestacional corrigida

utilizando o Test of Infant Motor Performance.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

2.2.1. Analisar o desempenho motor global do grupo estudado, incluindo controle

axial, postural e movimentação espontânea.

2.2.2. Verificar a relação das variáveis, peso ao nascimento, idade gestacional e tempo

de submissão ao Método Mãe Canguru com o desempenho motor do grupo estudado.

2.2.3. Comparar o desempenho motor do grupo estudado com os parâmetros de

normalidade do Test of Infant Motor Performance.

28

Page 29: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PREMATURIDADE DO RECÉM-NASCIDO

A determinação da idade neurológica fetal neonatal é estabelecida no momento

preciso do nascimento da criança, na ocasião em que termina sua vida intra-útero. A idade é

calculada baseada na data do último dia da menstruação da mãe, pelo aspecto clínico e

morfológico do neonato, pelos valores do peso, comprimento e perímetro cefálico e pelos

sinais neurológicos. O desenvolvimento neurológico do neonato até o momento que ele

chega ao seu termo presumido é descrito através de sinais peculiares de maturação na 28a,

30a, 32a, 35a, e 37a semana de idade gestacional (SAINT-ANNE DARGASSIES,1980;

VOLPE, 2000).

A OMS classifica como pré-termo todos os recém-nascidos vivos antes de

completarem 37 semanas de idade gestacional ou 259 dias. A prematuridade envolve várias

causas, porém sabe-se que há uma correlação entre esta, o retardo de crescimento intra-

uterino e as condições sócio-econômicas desfavoráveis, onde é alta a incidência de

subnutrição e doenças maternas agravadas por pré-natal inadequado, complicações

obstétricas, história materna de ineficiência reprodutiva, uso de drogas e tabagismo

(NELSON, 1997).

Segundo Segre (1995), o RNPT enfrenta situações de dificuldade resultantes da falta

de maturação adequada de diversos sistemas, constituindo-se o maior grupo de RN de alto

risco.

Apesar dos avanços tecnológicos terem aumentado a taxa de sobrevida de recém-

nascidos de baixo peso, a incidência de morbidade inerente à prematuridade ainda

29

Page 30: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

permanece, resultando em maior número de complicações clínicas que podem ser

consideradas as responsáveis pelas alterações neuromotoras e cognitivas (HACK et al., 1996;

STREINER et al., 2001; PERLMAN, 2001).

A utilização do conceito de RN de baixo e alto risco, referindo-se a idade gestacional

e ao peso de nascimento trouxe avanços a respeito do conhecimento dessas crianças. Os

neonatos de baixo risco para o neurodesenvolvimento são aqueles que apresentam peso ao

nascer entre 1500 e 2500 gramas e os lactentes de alto risco são aqueles que apresentam peso

de nascimento inferior a 1500 gramas (PASSMAN et al., 1998).

Quando o baixo peso de nascimento é decorrente da limitação de nutrientes durante a

gestação, pode ocasionar crescimento e desenvolvimento inadequado do Sistema Nervoso

Central (SNC). Levando em consideração que o período máximo de crescimento e

desenvolvimento do cérebro aconteça por volta dos 18 meses de idade, então, a correção da

nutrição durante os primeiros meses de vida não seria suficiente para inibir todas as possíveis

alterações causadas pelo retardo do crescimento intra-uterino. Consequentemente, o baixo

peso ao nascer pode afetar o crescimento do cérebro, trazendo uma diminuição do potencial

de desenvolvimento, agravando ainda mais a condição de prematuridade (GHERPELLI,

1996; BLACK, 1998).

3.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO NEUROMOTOR DO

RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO

O RNPT além de enfrentar as dificuldades inerentes a falta de maturação adequada

dos mecanismos responsáveis pela sua homeostase, também apresenta dificuldade na

adaptação frente aos fatores ambientais extra-uterinos, como a presença de gravidade,

excesso de som e luz, manuseio e dor (PRECHTL, 1984; ALS, 1986; DE GROOT, 1993;

SIEGEL, 1994).

30

Page 31: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

O recém-nascido a termo apresenta movimentos das extremidades, mas com pouca

independência do controle entre as partes do corpo. Sua postura é dominada pela flexão das

extremidades e o tônus é aumentado na região dos cotovelos, quadris, joelhos e tornozelos,

denominado tônus flexor fisiológico. Esse padrão flexor é considerado o resultado da

maturação do SNC durante a vida fetal (SAINT-ANNE DARGASSIES, 1980) e da

estimulação tátil, proprioceptiva e cinestésica promovida pelo espaço limitado intra-uterino,

principalmente no último trimestre da gestação, diferentemente do recém-nascido pré-termo,

que não desfrutou desta experiência (GORGA et al., 1985).

Devido à contenção dos movimentos provocada pela parede uterina, os músculos da

coluna vertebral (posteriores) são mantidos em posição de alongamento e os músculos

flexores (anteriores) em posição de encurtamento. A partir do nascimento, com a presença da

gravidade, essa situação se inverte, proporcionando alongamento aos músculos flexores e

força aos músculos extensores, capacitando a aquisição do controle e equilíbrio da força

muscular. O controle de todos os componentes do movimento que vão se tornando

específicos ao longo dos meses e o domínio do movimento no espaço em diversas posições,

caracteriza a capacidade de executar tarefas com perfeita mobilidade (BLY, 1994).

A força da gravidade intra-útero corresponde a 30% da extra-útero. Após o

nascimento, o neonato será controlado 100% pela ação da gravidade (PRECHTL, 1984;

NOLTE, 1984). Além disso, o recém-nascido pré-termo apresenta dificuldade em lidar com

os ajustes posturais de maneira organizada no ambiente extra-uterino, em virtude do tônus

muscular ser baixo e devido à imaturidade dos seus sistemas de organização (HADDERS-

ALGRA, 1999; MORRIS, 1999).

Frente à preocupação com o desenvolvimento dos recém-nascidos pré-termo, mesmo

aqueles considerados de baixo-risco, observou-se que o comportamento motor era diferente

da criança típica, em relação à quantidade e à qualidade de movimento. Devido à redução do

tempo à exposição ao ambiente intra-uterino ideal que o recém-nascido pré-termo estaria

31

Page 32: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

submetido, notou-se que o tônus global é mais baixo e a força muscular ativa é mais elevada

nos músculos eretores do tronco em conseqüência da longa permanência na posição supina

durante os cuidados intensivos após o nascimento (BLY, 1995).

O neonato pré-termo geralmente não alcança o grau completo do tônus muscular

flexor, visto em recém-nascidos a termo. Desta maneira, o RNPT não tem o contrapeso do

tônus flexor para compensar a progressão normal do tônus muscular extensor, o que causa

um desequilíbrio entre os grupos flexores e extensores. O desequilíbrio entre a atividade dos

músculos extensores e flexores é considerado como precursor da hiperextensão do tronco,

conhecido na literatura como distonia transitória ou alterações tônicas transitórias (PIPER et

al., 1988; PALLAS ALONSO et al., 2000). Devido a esse desequilíbrio, o desenvolvimento

do controle da cabeça, do equilíbrio sentado, na aquisição de habilidades, a imagem corporal

e as habilidades exploratórias podem ficar afetadas e interferir no desenvolvimento

(CARTER et al., 1975; DE GROOT, 2000; STRATHEARN et al., 2001).

Os movimentos de chutes apresentam-se com menor velocidade e freqüência e, a

aquisição dos componentes de flexo-extensão ocorre de maneira mais lenta,

consequentemente com descarga de peso menos madura (TOUWEN; HADERS-ALGRA,

1983; DE GROOT; HOPKINS; TOWEN, 1992,1995; GAETAN, 2002).

Hipotonia global está relacionada com o grau de prematuridade. Quanto mais imaturo

for o recém-nascido, maior a presença de hipotonia, maior a amplitude dos movimentos,

maior a extensão e abdução das extremidades, diminuição do padrão flexor e da orientação

na linha média (SAINT-ANNE DARGASSIES,1982; PRECHTL, 1997).

Os reflexos primitivos podem estar diminuídos, inconsistentes ou até mesmo

ausentes; e os movimentos espontâneos são reduzidos em relação ao recém-nascido a termo

(DUBOWITZ; DUBOWITZ, 1981; SAINT-ANNE DARGASSIES, 1982; VOLPE, 2000).

32

Page 33: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Quanto mais baixa for a idade da criança ao nascimento, maior o risco às

deformidades mecânicas devido à plasticidade, fraqueza e baixo tônus muscular, e maior a

tendência em permanecer hipoativa. (DOWNS et al., 1991; PLATINGA 1997).

Os procedimentos adotados numa unidade de terapia intensiva neonatal tradicional

são fatores que contribuem para limitar o desenvolvimento da força muscular, motricidade e

controle sobre o corpo (MORRIS, 1999). A incapacidade de realizar ajustes posturais

adequados em virtude do seu baixo tônus muscular e da imaturidade dos seus sistemas de

organização demonstra que a maturação neurológica é um fator de extrema importância para

o desenvolvimento, mas a experiência individual, os estímulos ambientais e as práticas

maternas são fatores marcantes no desenvolvimento do recém-nascido (THELEN; FISHER,

1985; SANTOS, 2000; BARROS, 2003).

Prechtl e Nolte (1984) observaram que o RNPT mesmo antes de atingir a idade de 40

semanas, apresenta movimentação semelhante à do lactente nascido a termo, mas de maneira

inferior, tanto em quantidade, quanto em qualidade de movimentos.

Segundo Campbell (1994), para cada posição ou habilidade que emerge, o posterior

desempenho motor requer domínio do controle postural nesta posição, habilidade de fazê-la

de forma rápida e capacidade de transitar facilmente de uma posição para outra.

As explicações sobre desenvolvimento neuromotor têm sido descritas por diversos

autores. Na década de 30 e 40, Gesell (1933) e McGraw (1945) defenderam a Teoria

Neuomaturacional, que atribuía as transformações neuromotoras à maturação do sistema

nervoso central, mais especificamente do córtex cerebral, a qual é pouco influenciada por

fatores externos. As características do aparecimento dos padrões fundamentais de

movimentos e posturas foram mapeadas através das descrições das suas regularidades, mais

do que as variabilidades. Portanto, o desenvolvimento motor era descrito a partir de

observações do comportamento dos lactentes ao longo dos anos, indicando as freqüências e

33

Page 34: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

as direções preestabelecidas como atribuições de aquisições de habilidades motoras em uma

seqüência ordenada, céfalo-caudal e próximo-distal.

No entanto, no final da década de 60, Bernstein (1967) passou a considerar as

influências, tanto internas (sistemas orgânicos, motivação e inércia), quanto externas (fatores

gravitacionais, condições sociais e culturais), para explicar o comportamento motor.

Explicitou o movimento em termos de coordenação e apontou a interação cooperativa com

participação de vários segmentos corporais como uma unidade funcional, questionando o

modelo usual de única e direta relação ente os impulsos do SNC e a realização do

movimento Como resultado de análises fisiológicas, biomecânicas e matemáticas, encontrou

uma interação complexa entre todos os sistemas, com vários graus de independência,

resultando em grande grau de complexidade do aparato motor. Defendeu que o movimento

decorre da estreita relação ente os sinais provenientes do SNC e dos músculos (forças

internas) e da gravidade (forças externas). Concluiu que não existia uma relação única entre

impulso e movimento, mas que o controle e a coordenação dos movimentos resultavam da

interação entre impulsos centrais e os eventos ambientais dinâmicos, levando o sistema

motor a se adaptar a essas constantes mudanças.

Em meados dos anos 90, Clark e Whitall (1989) passaram a defender não mais o

resultado de um evento particular, quando uma criança apresentasse uma habilidade motora e

qual a forma do movimento realizado (o produto), mas sim o porquê e como o resultado

particular do desempenho motor ocorreu. A atenção voltou-se não mais para os marcos

motores descritivos, mas para a evolução dos marcos motores explicativos, dos processos

responsáveis pelas transformações ocorridas durante o desenvolvimento da criança.

Thelen (1986), a partir das considerações a cerca do sistema controlável, onde os

diversos graus de liberdade do aparato motor são necessários para aquisição e controle de um

dado movimento realizado num ambiente sujeito a constantes mudanças, sugeriu uma teoria

diferente para a aquisição e refinamento das habilidades motoras baseada em princípios de

34

Page 35: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

exploração e seleção. Ou seja, da necessidade da união de padrões adaptáveis para modificar

a dinâmica do movimento atual realizado pela criança. A motivação emerge de uma tarefa e

assim, surge a exploração das possibilidades de movimento que o sistema motor apresenta

para uma determinada situação, resultando na seleção da melhor solução para executar a

ação.

A perspectiva dos Sistemas Dinâmicos é referente à discussão e sugestão que,

mudanças no desenvolvimento motor dependem de vários elementos, do organismo, do

ambiente e da tarefa (ou subsistemas), surgindo assim a proposta da multicausalidade. Isso

implica que os movimentos emergem a partir de restrições, que influenciam e delineiam a

realização de um comportamento motor.

A implicação da multicausalidade no desenvolvimento motor é que se os movimentos

surgem a partir de restrições, então a semelhança de padrões motores observados no

desenvolvimento motor de lactentes saudáveis sugere semelhança nas restrições do

organismo, do ambiente e da tarefa. Assim, as seqüências tradicionais de desenvolvimento

conhecidas como “estágios evolutivos” (seqüenciais e invariáveis), necessitam ser entendidas

diferentemente, a partir da visão dinâmica. Essas seqüências não podem se atribuídas

somente a fatores genéticos, pois os outros fatores devem ser considerados. A aparente

progressão céfalo-caudal pode ser também explicada pelas exigências do desempenho da

tarefa, além da maturação do SNC (CLARK, 1994).

Diante dessa perspectiva, Gentile (1972), considera que os estágios ocorrem em

diferentes velocidades e dependem da quantidade e qualidade dos estímulos recebidos.

Darrah e et al. (1998) sugerem que a freqüência da aquisição das habilidades motoras não

seja estável, visto através da variação dos percentis encontrados na mesma criança. Logo, as

variações dos padrões de movimentos dos lactentes foram determinadas não só por

componentes genéticos, mas adquiridas a partir das experiências do ambiente.

35

Page 36: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

A partir desses conceitos atuais de desenvolvimento motor, os estágios bastante

conhecidos no desenvolvimento motor, relacionados a fases ou a faixas etárias, são apenas

representações de escalas de tempo aproximadas, onde certos comportamentos podem ser

observados. Presta-se maior atenção a descontinuidade, a especificidade e a individualidade

do processo de desenvolvimento (GALLAHUE ; OZMUN, 2001).

A teoria do desenvolvimento do Modelo Síncrono-ativo mostra que as respostas de

desenvolvimento do recém-nascido pré-termo são decorrentes do funcionamento interativo

dos vários subsistemas, hierarquicamente organizados, denominados: autonômico, motor, de

estados comportamentais, de atenção-interação social e regulador. Cada subsistema está

estreitamente relacionado com os outros e com meio ambiente, ou seja, trata-se de um

modelo onde os subsistemas não somente existem lado a lado, mas interagem entre si, dando

suporte e reforçando um ao outro em busca do equilíbrio (ALS, 1986).

Através do comportamento do bebê pode-se observar a desorganização de um dado

subsistema levando à sobrecarga dos demais, representados através de alterações das funções

neurovegetativas, que são as funções vitais, flutuação de tônus, postura e movimentos

voluntários e involuntários, alteração de estados comportamentais de consciência que vão do

sono profundo ao choro, e a capacidade do bebê permanecer em estado de alerta, apreender

informações do meio e se comunicar através de comportamentos específicos. Também se

refere às estratégias que o recém-nascido utiliza para manter ou retornar a uma integração

equilibrada dos subsistemas. A estabilidade dos subsistemas pode ser influenciada quando o

bebê tenta manter a homeostase cardiorespiratória, mas não consegue atingir o estado de

alerta e interagir com o ambiente, e o inverso, quando devido à prontidão e às respostas aos

eventos ambientais que podem contribuir para a instabilidade dos subsistemas autonômico

ou motor, resultando em situações de apnéia, bradicardia ou diminuição do tônus muscular.

Ao interagir com o ambiente, o recém-nascido esforça-se para regular suas respostas, a fim

de manter um equilíbrio ente os subsistemas. O tipo de intervenção e a quantidade de

36

Page 37: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

facilitação utilizada no seu manuseio também estão envolvidos nestas respostas

(BRAZELTON, 1984; ALS, 1985, 1996, 1997).

A variabilidade dessas respostas neurosensoriomotoras tem uma relação direta com a

idade gestacional do recém-nascido (BRAZELTON, 1984).

3.3. MÉTODO MÃE CANGURU

É uma assistência neonatal complementar que contempla uma atenção humanizada

aos cuidados e manejo do recém-nascido de baixo peso, possibilitando a presença da família

nas unidades de terapia intensiva neonatal, contato pele a pele precoce entre o recém-nascido

e sua mãe e a utilização de intervenções ambientais no período neonatal, capazes de

tornarem-se facilitadores responsáveis no desenvolvimento neurosensoriomotor (BRASIL,

2001).

3.3.1. Histórico

Esse método foi idealizado e implantado pioneiramente por Edgar Rey Sanabria e

Hector Martinez em 1979, no Instituo Materno Infantil de Bogotá, Colômbia. Foi

denominado “Mãe Canguru”, inspirado pela maneira como as mães colombianas

transportavam os seus bebês após o nascimento, semelhantemente os marsupiais, que

carregavam seus filhotes nascidos prematuramente numa bolsa localizada na região do

abdômen (CHARPAK 1999).

Devido à situação crítica pela escassez de incubadoras, ocorrência de infecções

cruzadas, ausência de recursos tecnológicos, desmame precoce, altas taxas de mortalidade

neonatal e abandono materno, a alta precoce para os recém-nascidos de baixo peso se fez

necessária. O MMC teve como objetivo, suprir as necessidades da incubadora,

termorregulação do recém-nascido, aumentar o vínculo mãe-filho durante a internação

hospitalar e incentivar o aleitamento exclusivamente materno (WHITELAW, 1985).

37

Page 38: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Vários países, tanto os desenvolvidos como os em desenvolvimento, adotaram a prática

e as pesquisas realizadas confirmaram as vantagens sobre o método. Foi mostrado que as

adaptações da proposta foram acessíveis em diferentes contextos de tecnologia de assistência

neonatal (RAMATHAN et al., 2001). Estudos experimentais mostraram que havia segurança

relacionada às respostas fisiológicas do neonato e que oferecia benefícios em relação à

amamentação e diminuição no tempo de hospitalização, inclusive de reduzir o choro dos

lactentes aos seis meses de vida (WHITELAW et al., 1988; LUDINGTON-HOE et al.,1991).

Pesquisas realizadas em países em desenvolvimento indicaram que o MMC era seguro

quanto à mortalidade, possibilitando a redução da morbidade grave e evitando reinternações

(SLOAN et al., 1994; SHARPAK et al., 1994).

Um grupo de pesquisadores e profissionais de saúde de vários países, com experiência

em MMC, reuniu-se na Itália em meados dos anos 90 para discutir a efetividade, segurança,

aplicabilidade e aceitabilidade desse tipo de atenção ao RNBP em diferentes países. Baseado

nos estudos até então realizados e nos relatos de experiências de diferentes serviços,

concluiu-se que o MMC tinha potencial para melhorar a saúde e a sobrevivência daqueles

recém-nascidos dos serviços que dispunham ou não de tecnologia, proporcionando melhor

vínculo mãe-bebê e contribuição para a assistência neonatal humanizada (CATTANEO,

1998).

O programa de avaliações científicas coordenado por Charpak e Calume atendeu mais

de oito mil binômios mãe-bebê até o ano 2000 (CHARPAK et al., 1999) e serviu de base de

orientação dos manuais aplicados no Brasil e outros países da América do Sul e África.

3.3.2. Evidências Científicas sobre os Efeitos do MMC

Segundo achados de uma revisão sistemática realizada por Conde-Agudelo et al.

(2004), referente a avaliação do impacto do MMC sobre a morbidade mortalidade de 1.362

recém-nascidos envolvidos em diversos estudos que utilizaram métodos padronizados, ficou

comprovado o seguinte:

38

Page 39: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

- O MMC apresentou redução do risco de infecção hospitalar com 41 semanas de idade

gestacional corrigida e redução de enfermidades graves do trato respiratório inferior no

seguimento de seis meses;

- Maior ganho de peso diário nas crianças submetidas ao MMC;

- Semelhança de resultado do desenvolvimento psicomotor entre os neonatos

que se submeteram e não se submeteram ao MMC;

- Não houve diferença de mortalidade infantil entre os neonatos que se submeteram ao

MMC e os que não se submeteram ao método.

Em estudo recente realizado por Bergman et al. (2004), observou-se que recém-

nascidos submetidos ao MMC apresentaram melhores resultados na estabilização fisiológica

quando comparados àqueles que foram cuidados em incubadoras.

O contato pele a pele proporcionado pelo MMC entre o RNPT e sua mãe resultou em

várias mudanças nos dois organismos, tanto no da mãe, quanto no recém-nascido. É

conhecido o efeito do contato pele a pele como estimulador da liberação da ocitocina no

comportamento da mãe e que afeta o seu humor, proporcionando maior estabilidade

emocional e sentimento de competência, favorecendo assim, uma aproximação mais efetiva

com o filho, resultando num vínculo afetivo mais rico (AFFONSO et al., 1988; TESSIER et

al., 2003; MATTHIENSEN et al., 2001).

Devido à interrupção do processo fisiológico de maturação do RNPT provocado pela

privação do meio intra-uterino, considerado um meio ótimo para proporcionar experiências

sensoriais e motoras variadas, facilitadas pela ausência da gravidade, há interrupção dos

movimentos contidos pela parede uterina, que também protegia da intrusão de estímulos

externos em excesso (ALS, 1986).

Foi mostrado, que o meio externo exerce um impacto considerável no organismo de recém-

nascidos, considerados pré-termo. Quanto mais tranqüilo e sem estímulos excessivos o

ambiente for, mais positivo será o impacto para a estabilidade fisiológica e comportamental

39

Page 40: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

do neonato, inclusive no desenvolvimento global (BRAZELTON, 1982, ALS, 1986). A

manutenção adequada do tônus e o autoconsolo do bebê seriam alcançados apenas se

houvesse uma organização e adequação da postura (ALS, 1986).

Salles (2003) investigou, através de uma escala neurocomportamental, dois grupos de RNPT.

Os bebês que receberam medidas protetoras de ambiente e foram submetidos ao MMC,

apresentaram desempenho significantemente melhor do que o grupo que recebeu cuidados

convencionais.

Também ficou comprovado que recém-nascidos que receberam contato pele a pele

apresentaram maior desenvolvimento mental e melhores índices em testes de motricidade

(LUGTON-HOE; SMITH, 1996).

No que se refere à presença de alterações tônicas transitórias, muito comuns nos RNPT no

primeiro ano de vida, o impacto do MMC sobre a incidência dessas alterações foi menor

(27,1%) (SILVA, 2003), do que encontrada na literatura (36 – 83%) (NELSON, 1982;

PIPER et al., 1988; PALLAS, 2000).

A respeito das inúmeras evidências mostradas sobre a importância do aleitamento

materno, ainda é considerado baixo o índice de crianças que amamentam no seio da mãe,

principalmente os recém-nascidos pré-termo (LEFEBRE; DUCARME,1989; AMIN et al.,

2000).

Em estudo realizado por Bicaho-Mancini et al. (2004) sobre os fatores de risco para a

amamentação não exclusiva em bebês de baixo peso internados em unidade de terapia

intensiva neonatal, mostrou índices maiores de aleitamento materno exclusivo (54,7%) após a

implantação da Iniciativa do Hospital Amigo da Criança, do que antes da implantação (36%).

Diversos estudos mostraram que a prevalência de aleitamento materno é maior nas

mães que participaram do MMC, do que nas mães que não participaram do programa

(WHITELAW et al., 1984; AFONSO et al., 1989; HURST et al., 1997).

40

Page 41: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Outros efeitos do MMC citados pela literatura são: melhora na termorregulação

(SLOAN, 1994), melhora no sistema cardiorespiratório (FISHER, 1998), melhora na troca

gasosa (FOHE, 2000), recuperação da taquipnéia transitória do recém-nascido, aumento do

tempo de sono profundo e inibição do choro prolongado (LUDINGTON, 1999; FELDMAN,

2003).

3.3.3.O MMC no Brasil

Uma política pública foi acionada pelo Ministério da Saúde do Brasil, no ano de 2000,

que aprovou a Norma de Atenção Humanizada ao RNBP, onde recomendou e definiu as

diretrizes para sua implantação nas unidades médico-assistenciais integradas ao Sistema

Único de Saúde (SUS). Isso ocorreu após o Instituto Materno-Infantil de Pernambuco (IMIP)

ter adotado o modelo do MMC em 1993 e ter sido reconhecido e premiado como “Gestão

Pública e Cidadania” pela Fundação Getúlio Vargas e premiado pelo Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como Best Practice, em 1997

(CARVALHO, 2001).

Segundo o Ministério da Saúde (2001), a norma propõe a aplicação do método em três

etapas:

- Etapa 1, nas unidades de terapia intensiva e cuidados intermediários:

o há permissão do livre acesso dos pais nas unidades,

o estímulo à amamentação e participação das práticas maternas;

o início do contato pele a pele com o bebê desde que, as condições clínicas sejam

favoráveis;

- Etapa 2, no alojamento conjunto tardio/canguru; o RN encontra-se estabilizado

clinicamente e poderá ficar com acompanhamento contínuo de sua mãe; após o período

41

Page 42: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

de adaptação e treinamento realizados ma etapa anterior, a mãe e a criança estarão aptas a

permanecerem na posição canguru pelo maior tempo possível.

São critérios de elegibilidade para a permanência da mãe:

o desejo de participar desse tipo de assistência,

o disponibilidade de tempo,

o capacidade de identificar as situações de risco do neonato e

o conseguir colocar a criança em posição canguru sem auxílio de alguém.

o ter compromisso em continuar em posição canguru em casa e ingressar no ambulatório

sempre que solicitado;

São critérios de elegibilidade da criança:

o manter estabilidade clínica,

o nutrição enteral plena,

o peso mínimo de 1250 g e

o ganho de peso diário de no mínimo 15 g.

- São critérios para a alta hospitalar com transferência para a terceira etapa:

o mãe segura, bem orientada e familiares conscientes quanto ao cuidado domiciliar da

criança,

o mãe motivada para dar continuidade ao trabalho iniciado no hospital,

o compromisso materno e familiar para tentar realizar o método por 24 horas/dia,

o garantia de retorno freqüente à unidade de saúde,

o criança com peso mínimo de 1500 g,

o criança com sucção exclusiva no peito e ganho de peso adequado (15g/dia) nos três dias

que antecederem a alta; se necessidade de complementação da dieta, que não seja

administrada por sonda gástrica,

42

Page 43: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

o condição de acompanhamento ambulatorial assegurada até o peso de 2500g,

o condição de recorrer à unidade hospitalar de origem a qualquer momento de urgência

quando ainda na terceira etapa.

- Etapa 3, após alta hospitalar, ambulatório de acompanhamento (canguru domiciliar):

o Realizar exame físico completo da criança, acompanhamento de crescimento e

desenvolvimento, levando-se em conta a idade gestacional corrigida

o Avaliar o equilíbrio psicoafetivo entre a criança e a família

o Avaliar as situações de risco, como ganho inadequado de peso, sinais de refluxo, infecção

e apnéias

o Orientar e acompanhar tratamentos especializados tais como, exame oftalmológicos,

avaliação audiométrica e fisioterapia neuromotora

o Orientar esquemas adequados de imunizações

o Orientar quanto aos sinais de alta do MMC, determinados pela inquietação da criança,

sinais de irritabilidade e até choro

o Quando a criança atingir o peso de 2000g,

o Após a criança atingir o peso de 2500 g, o acompanhamento poderá ser orientado de

acordo com as normas para acompanhamento de crescimento e desenvolvimento do

Ministério da Saúde.

No Brasil, o MMC sofreu grande influência do Programa de Avaliação e Cuidados

Individualizados para o Desevolvimento do Neonato (Newborn Individualized Development

Care and Assessment Program - NDCAP), que se baseia na teoria do desenvolvimento

sincronativo onde o equilíbrio neurosensoriomotor do RNPT é estabelecido pela interação e

organização dos subsistemas responsáveis pela homeostase (ALS, 1986). Por meio da atuação

43

Page 44: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

da equipe interdisciplinar, oferecem cuidados individualizados em atendimento hospitalar e

ambulatorial, facilitando o desenvolvimento do RNPT e o vínculo mãe-bebê (BRASIL,

2001).

Silva (2003), identificou cinco pilares importantes dentro das normas e rotinas

brasileiras sobre o MMC, propostas pelo Manual do Ministério da Saúde.

1) Cuidados individualizados, centrados nos pais/família,

2) Contato pele a pele precoce (estimulação adequada e prazerosa, com integração

sensorial),

3) Controle ambiental de som e luz (evitar estimulação aversiva),

4) Adequação da postura (prevenção das futuras distonias nos RNPT) e

5) Amamentação (favorecimento do vínculo e prevenção de doenças no primeiro ano de

vida).

Portanto, a forma como o MMC é aplicado no Brasil pode ser considerado um

programa de intervenção complexo e abrangente, mas que se caracteriza por ser de fácil

implantação, adaptação e de baixo custo (LIMA, 2000), levando em consideração o

desenvolvimento global do neonato e o meio no qual ele está inserido. Tem como objetivo a

assistência humanizada ao RNBP e não a substituição da tecnologia nas unidades de terapia

intensiva neonatal (ISOYAMA; ALMEIDA, 2004).

Assim, visando a aplicação desses conhecimentos e considerando a influência do

MMC e de um ambiente que oferece cuidados neonatais diferenciados (com medidas

protetoras) na aquisição das habilidades motoras dentro do desenvolvimento motor, bem

como, no fornecimento de informações relevantes para aplicação de intervenções

fisioterapêuticas, este estudo tem como objetivo, avaliar o desenvolvimento motor de RNPT

submetidos ao MMC da 34a à 48a semana de idade pós-gestacional corrigida.

44

Page 45: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

4. CASUÍSTICA E MÉTODO

4.1 DESENHO DO ESTUDO

Tratou-se de um estudo prospectivo e longitudinal, numa população de recém-nascidos

pré-termo (RNPT) submetidos ao Método Mãe Canguru. A amostra foi selecionada na

Unidade de Terapia Intensiva Neonatal da Irmandade da Santa Casa de Limeira – SP. O

hospital é público estadual, de nível terciário, com proposta de atendimento humanizado, com

Iniciativa Hospital Amigo da Criança, e cuja população assistida, na sua grande maioria,

apresenta condições sócio-econômicas baixas.

Os neonatos foram avaliados nas 34a, 38ª, 40ª, 44ª, e 48ª semanas de idade corrigida

nas três etapas do Método Canguru: (1) primeira etapa, unidade de terapia intensiva e de

cuidados intermediários; (2) segunda etapa, em Alojamento Conjunto Tardio (enfermaria) e

(3) terceira etapa, em ambulatório de seguimento (Ambulatório João e Maria). Toda coleta de

dados foi realizada na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Limeira.

Este estudo foi desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em

Fisioterapia da Faculdade de Ciências da Saúde (FACIS) da Universidade Metodista de

Piracicaba (UNIMEP), aprovado pelo Comitê de Ética do em Pesquisa da UNIMEP

(Protocolo no 26/04) (ANEXO A).

45

Page 46: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

4.2 SELEÇÃO DE SUJEITOS E CASUÍSTICA

Os recém-nascidos pré-termo foram selecionados entre os nascidos no Centro

Obstétrico da Santa Casa de Limeira, internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal,

residentes na cidade de Limeira e que tivessem prescrição médica para o Método Mãe

Canguru, no período de setembro de 2003 a março de 2004.

Participaram do estudo, os recém-nascidos cujos pais ou responsáveis legais assinaram

o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO B).

Todos os recém-nascidos seguiram o protocolo assistencial do serviço de neonatologia

da Santa Casa de Limeira, inclusive quanto aos critérios de alimentação.

A seleção dos RNPT obedeceu aos seguintes critérios:

4.2.1. Critérios de Inclusão

Fizeram parte do critério de seleção os RNPT que apresentaram:

- Idade gestacional máxima de 36 semanas e 6 dias.

- Prescrição médica para o Método Mãe Canguru;

- Ser residentes na região de Limeira delimitada pelo Diretório Regional de

Saúde – DIR XV.

4.2.2. Critérios de Exclusão

46

Page 47: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Foram excluídos do estudo os RNPT que apresentaram:

- Síndrome genética, doença metabólica, deformidades músculo-esqueléticas,

malformações do Sistema Nervoso e/ou infecção congênita (sífilis, toxoplasmose,

rubéola, citomegalovírus, herpes e/ou síndrome da imunodeficiência adquirida)

diagnosticadas no período neonatal;

- Hemorragia Peri-intra-ventricular (HPIV) graus III e IV ou leucomalácia

periventricular confirmada pelo laudo do exame de Ultra-Som Transfontanela (USTF)

realizado no período neonatal;

- Sintomas sugestivos de alteração neurológica no período neonatal ou de

complicações como Meningite,

- Mães alcoólatras ou usuárias de droga.

4.2.3. Critérios de Descontinuação

Foram retirados do estudo os lactentes que apresentaram:

- Intercorrência clínica que incapacitassem de permanecer no estudo;

- No exame de Ultra-Som Transfontanela (USTF) realizado no período neonatal;

presença de hemorragia peri-intra-ventricular (HPIV) graus III e IV/leucomalácia

periventricular classificada de acordo com os critérios propostos por Papile e

colaboradores (PAPILE et al., 1978)

- Desistência voluntária por parte da mãe ou responsável legal;

- Mais que duas faltas consecutivas ao TIMP.

47

Page 48: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

4.2.4. Casuística

Dos 14 RNPT que preencheram os critérios de inclusão, 13 neonatos (92,8%)

concluíram o estudo. Um lactente foi excluído por apresentar HPIV grau III antes da segunda

avaliação.

Utilizou-se o método Capurro Somático em 77% dos casos e New Ballard em 27%

para diagnosticar a idade gestacional;

A casuística do estudo longitudinal apresentou a seguinte distribuição (TABELA 1):

TABELA 1 – Distribuição da casuística do estudo.

Idade

Gestacional (s)

n Mínima Máxima Média (DP)

34 12 34 34s5d 34s3d (2)38 12 38 37s4d 38s4d (2)40 13 40 40s5d 40s4d (2)44 11 44 44s5d 44s2d (2)48 12 48 48s5d 48s3d (3)

s=semanas; d=dias; n=número de recém-nascidos; DP=desvio padrão

4.3.VARIÁVEIS ESTUDADAS E CONCEITOS

4.3.1. Variáveis Independentes

48

Page 49: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

4.3.1.1.Tempo de Vida dos Participantes

A definição da idade gestacional em semanas completas de gestação foi realizada de

acordo com a avaliação clínica proposta por Capurro (Capurro et al., 1978) ou New Ballard

(Ballard et al., 1991).

A classificação de nascimento pré-termo foi definida, pela Organização Mundial de

Saúde (OMS, CID-10, 1999), da seguinte forma:

- Recém-nascido Pré-termo: nascimento < 37 semanas de gestação.

4.3.1.2. Idade Corrigida para a prematuridade

Considerou-se como referencial para uma gestação, 40 semanas. O cálculo da correção

da idade é feita através do acréscimo de semanas/dias à idade gestacional até a data do

cálculo, tendo como referência à data provável do parto (equivalente à 40 semana)(ALLEN ;

ALEXANDER, 1990), sendo utilizadas para este estudo as avaliações da 34a , 38a , 40a , 44a e

48a semanas de idade pós-gestacional corrigida.

4.3.2. Variáveis Dependentes

4.3.2.1. Avaliação do Desempenho Motor

A avaliação do desempenho motor dos recém-nascidos estudados foi realizada com o

Test of Infant Motor Performance (TIMP) – Versão 5.1 (CAMPBELL et al., 2001). O teste foi

utilizado neste estudo após leitura, estudo do manual e CD-rom (programa 3.0) e, capacitação

do pesquisador principal com uma das autoras do teste. Trata-se de um instrumento de

avaliação apropriado para a proposta do estudo.

49

Page 50: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

4.3.2.1.1. Test of Infant Motor Performance (TIMP)

O TIMP é um teste americano, construído em 1995 pelas fisioterapeutas Susan K.

Campbell, Gay L. Girolami, Thubi H. A. Kolobe e as terapeutas ocupacionais Elizabeth T.

Osten e Maureen C. Lenke para avaliar a postura e os movimentos de recém-nascidos a termo,

pré-termo e considerados de risco entre 34 semanas de idade gestacional e 4 meses de idade

corrigida.

Os padrões de idade-relacionada em nível absoluto de desenvolvimento motor, bem

como a curva da performance do desempenho motor, foram baseados num estudo longitudinal

do desenvolvimento financiado pelo Centro Nacional para Pesquisa em Reabilitação Médica

dos Institutos Nacionais de Saúde. Foram investigadas longitudinalmente 98 crianças (não

hispânicas, negras e latinas) da área metropolitana de Chicago, Estados Unidos. Os testes

aconteceram semanalmente até a idade corrigida de quatro meses. Essas crianças pertenceram

a cinco diferentes grupos considerados de risco para prognóstico de atraso motor, resultante de

condições clínicas significantemente diferentes, seguindo o critério de classificação perinatal

de POPRAS que classificou as crianças em cinco grupos:1) Lactentes nascidos a termo sem

alterações clínicas significantes (baixo risco); 2) RNPT sem alterações clínicas significantes

(médio risco); 3) Crianças nascidas com idade gestacional <32 semanas ou com peso ao

nascimento < 1550 g mas, sem doença pulmonar crônica ou lesão neurológica (alto risco); 4)

Crianças com doença pulmonar crônica, mas sem lesão cerebral (alto risco); 5) crianças com

lesão cerebral (muito alto risco). Também foram avaliadas transversalmente, cerca de 60

crianças, testadas apenas numa única idade. Foram então realizados 174 testes em 137 sujeitos

e não foi encontrada diferença significativa na performance baseada no sexo e etnia.

Entretanto, houve diferença significativa do desempenho motor entre os lactentes de muito

50

Page 51: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

alto risco e os de baixo/médio risco. O TIMP foi suficientemente sensível em detectar

alterações no desempenho motor nas crianças de muito alto risco e notar que a medida que as

crianças de muito alto risco cresciam, seus escores de desempenho motor ficavam mais e mais

atrás em relação às crianças pertencentes aos grupos de alto, médio e baixo risco. Foram

então, demonstrados vários aspectos: a sensibilidade para mudar a idade relacionada no TIMP

(r = 0,83), a confiabilidade teste-reteste (r = 0,89) e a confiabilidade dos testadores (r = 0,9)

(CAMPBELL; HEDEKER, 2001).

A validade ecológica foi de 37%, referindo-se às demandas ocorridas no TIMP, que

naturalmente são utilizadas pelos cuidadores. A validade equivalente com a Escala Motora

dos Lactentes de Alberta (AIMS) foi de 60%. A validade do TIMP aos 3 meses em predizer a

performance da AIMS abaixo do percentil cinco aos 12 meses apresentou sensibilidade de

92%, especificidade de 76%, valor preditivo positivo para atraso motor de 39% e valor

preditivo negativo para atraso motor de 98%, no ponto de corte de -0,5 desvio padrão

(CAMPBELL ; KOLOBE, 2000).

A validade preditiva com o Bruininks Oseretsky Test of Motor Proficiency at School

Age (BOTMP) aos 5,75 anos apresentou sensibilidade de 50%, especificidade de 100%, valor

preditivo positivo para anormalidade de 100% e valor preditivo negativo de 87% usando um

corte de 1,6 desvios padrão em crianças avaliadas no TIMP da 32a semana até o 4o mês de

idade corrigida (FLEGEL; KOLOBE, 2002).

Esse teste é apropriado para avaliar o desenvolvimento de crianças que apresentam

risco para disfunção do movimento, que participam de algum tipo de intervenção ou programa

de reabilitação e também, para orientar os pais a respeito do desenvolvimento do bebê. Seus

conceitos são baseados na Teoria dos Sistemas Dinâmicos, que defende que o recém-nascido

humano é um ser que se auto-organiza através da interação dos sistemas intrínsecos e

51

Page 52: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

extrínsecos, criando as ações do mecanismo motor envolvendo músculos, articulações,

componentes neuronais e os aspectos cognitivos/emocionais do movimento sob a influência

das condições ambientais (THELEN et al., 1997).

Os itens ou tarefas propostas pelo TIMP são para que as crianças resolvam diferentes

situações, revelando como utilizam a organização da postura e do movimento e como as

sinergias funcionais mudam com o desenvolvimento ou intervenção.

Os itens do TIMP consistem em variações de propostas originais desenhadas por

autores como Brazelton (1984), Dubowitz e Dubowitz e colaboradores (1981; 1984), Grenier

(AMIEL-TISON; GRENIER, 1986) e Prechtl e associados (CIONI; PRECHTL, 1990;

FERRARI et al., 1990; HADDERS-ALGRA, 1996; PRECHTL et al., 1997).

A descrição da pontuação dos itens foi desenvolvida especificamente para o TIMP

para mensurar o controle postural e seletivo do movimento da cabeça, tronco, braços e pernas

numa variedade de posições no espaço, necessárias para as atividades da vida diária. Os itens

foram selecionados para que pudessem discriminar neonatos com desenvolvimento típico e

atrasados ou que apresentassem disfunção do movimento, e também que fossem capazes de

predizer respostas motoras posteriores (CAMPBELL, 2001).

O TIMP é dividido em duas sub-escalas:

- Sub-escala Observacional: 13 Itens Observados (Item 1-13) que pontuam a presença

ou ausência de movimentos da cabeça, braços, pernas e tronco, observados espontaneamente.

Considera-se um ponto a presença do movimento esperado e zero, a ausência dele.

52

Page 53: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

- Sub-escala Elicitativa: 29 Itens Elicitados (Item 14-42) que pontuam a habilidade do

recém-nascido em realizar respostas coordenadas da postura, quando colocado numa

variedade de orientações espaciais nas posições: sentada, prona, supina e lateral. Cada item

contém de 4-6 níveis que representam a evolução dos comportamentos motores avaliados.

4.3.2.1.2. Materiais para a Avaliação

Foram utilizados os seguintes materiais para avaliação:

- Roteiro de anamnese – Ficha que contém os dados do recém-nascido necessários para

a realização do estudo (ANEXO 3);

- TIMP – Test of Infant Motor Performance (Versão 5.1- 2001 – LLC - Chicago – USA

- com ilustrações fotográficas)

- Ficha de avaliação padronizada do TIMP (ANEXO 4),

- Tabela de Padrões de Escores de Idade para o Desempenho Motor do TIMP (ANEXO

5)

- Kit TIMP (roda de cálculo para correção da idade, chocalho, bola vermelha brilhante,

brinquedo de apertar) (FIGURA 1);

- Superfície macia e plana (mesa, maca ou berço);

- lençol pequeno ou fralda para vendar os olhos e cobrir a face.

53

Page 54: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

FIGURA 1 – Kit do TIMP (manual, ficha de avaliação, brinquedos para estimulação e roda de cálculo

da idade)

4.3.2.1.3. Administração da Avaliação

Segundo o manual do TIMP o tempo necessário para a administração da avaliação

varia entre 18 e 42 minutos, dependendo da habilidade e comportamento da criança e

experiência do administrador do teste.

Nos Itens Observados o lactente foi avaliado na posição supina; nos Itens Elicitados,

houve uma variedade de posições (sentada, em prono, em supino, lateral esquerda/direita e em

pé).

A respeito da ordem da administração do teste, pode ser variada, porém, os itens foram

arrumados numa ordem que realmente acreditou-se ser a mais eficiente para o desempenho

elicitado.

54

Page 55: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

As direções gerais para a administração do TIMP e a forma de pontuar o teste,

descritas no manual são as seguintes:

- O teste deve ser conduzido quando o neonato estiver no estado 3, 4 ou 5 (leve

sonolência, alerta com pouca atividade e alerta com atividade), descritos por Brazelton

(BRAZELTON, 1984);

- O bebê deve estar usando o mínimo de roupas e deve-se cuidar para evitar hipotermia;

- Durante o teste devem ser anotadas observações de presença de movimentos além dos

observados pelo teste, como por exemplo, tremores, clônus, hipertonia;

- Se necessário, estímulos verbais ou visuais podem ser usados para provocar uma

melhor resposta do neonato;

- São permitidas apenas três tentativas para cada um dos Itens Elicitados;

- No caso da criança falhar em encontrar o critério completo para uma dada resposta,

pontuar o comportamento no nível de resposta próximo mais baixo para aquele item;

- Linha média é definida por incluir no arco, 15 graus em cada lado da linha média

quando a cabeça ficar na posição de endireitamento;

- Chupetas podem ser usadas para acalmar a criança, mas não devem ser usadas durante

a administração das provas do teste;

- Caso a criança apresente choro por mais que 12 segundos sem conseguir se consolar, o

teste deve ser interrompido;

- Em caso de necessidade de interrupção do teste, devido a sono, fome, choro ou fadiga,

os itens restantes podem ser completados numa segunda sessão, no prazo de 24 horas.

4.3.2.1.4. Pontuação

55

Page 56: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

O teste avalia o desempenho motor do bebê através da somatória dos resultados dos Itens

Observados (14 itens com pontuação: 0 (zero) para a resposta não/ausente e 1 (um) para a

resposta sim/presente e Itens Elicitados (29 itens, onde cada um contém de 4 a 6 níveis

distintos de habilidades).

O escore final varia de 0-142 pontos, derivado da somatória do número de pontos alcançados

nas duas sub-escalas. Esse escore bruto final (Raw Score) é então, comparado à Tabela de

Padrões de Desempenho Motor, tendo como referência à idade corrigida do lactente. De

acordo com o Raw-score alcançado, o manual do TIMP propõe a seguinte classificação para a

performance motora:

- Alcance na média (escore com 1 desvio padrão da média para a idade do grupo de

referência);

- Alcance com média baixa (escore entre -0,5 e -1,0 desvio padrão para a idade do grupo

de referência);

- Alcance abaixo da média (escore entre -1 e -2 desvio padrão para a idade do grupo de

referência);

- Alcance bem abaixo da média (escore abaixo de - 2 desvio padrão para a idade do

grupo de referência).

Segundo o manual de Capacitação do TIMP no Brasil (GIROLAMI ; BARBOSA,

2003), o desempenho da criança no teste pode ser expresso em termos de Raw Score (Rscore)

e/ou de Z-score ou escore de desvio padrão, utilizado para comparar uma criança ou grupo de

crianças com uma referência populacional. O Z-score pode ser calculado da seguinte forma:

Z-score = (valor observado) - (média da referência populacional)

desvio padrão da referência populacional

56

Page 57: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

No presente estudo, em cada avaliação realizada, foram calculados o Rscore e Z-score

específicos de cada lactentes.

4.3.3. Variáveis de Controle

4.3.3.1. Tempo de submissão ao Método Mãe Canguru

O tempo de permanência (1) na primeira etapa, no mínimo de uma hora por dia, pelo menos

três vezes por semana; 2) na segunda etapa, no mínimo oito horas consecutivas durante dois

dias e 3) na terceira etapa, o tempo que o lactente tolerasse.

4.3.3.2. Programa Método Mãe Canguru:

A Posição Canguru

A posição canguru é assim chamada por colocar o recém-nascido usando o mínimo de

roupa, amarrado firmemente com uma faixa larga de tecido (específica para esta finalidade)

em contato pele a pele com o peito desnudo da mãe na posição vertical. O neonato deve ser

organizado com o tronco alinhado, cabeça levemente estendida, membros superiores

flexionados junto à face, membros inferiores fletidos em inversão sob o abdômen. Após serem

amarrados, a mãe pode usar um roupão, camisola ou blusa folgada (CHARPAK, 1999;

BRASIL, 2001); (FIGURA 2).

57

Page 58: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

FIGURA 2- Método Mãe Canguru: posicionamento

58

Page 59: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

As fases do Método Mãe Canguru

De acordo com as Normas do Ministério da Saúde do Brasil, o contato pele a pele

entre a mãe e o recém-nascido de baixo-peso deve ser feito de forma crescente e pelo tempo

que ambos entenderem ser prazeroso e suficiente (BRASIL, 1999, 2001).

A participação do programa é voluntária e deve-se respeitar os critérios de

elegibilidade defendidos pela norma do Ministério da Saúde. Não estando a mãe hábil, o bebê

recebeu cuidados tradicionais.

Como determinado pelas Normas do Ministério da Saúde, o Programa Método Mãe

Canguru na Santa Casa de Misericórdia de Limeira também tem sua aplicação dividida em

três etapas ou fases:

1a Etapa

Ocorre na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Cuidados Intermediários, onde os

pais são orientados a respeito do método e suas vantagens, e são convidados a participar do

programa, considerando as condições clínicas do bebê que é colocado sob o peito da mãe,

mantido sob monitorização contínua e supervisão da equipe interdisciplinar. O tempo de

permanência inicial é de uma hora por dia; portanto, vai depender da tolerância do recém-

nascido, e esse período poderá se prolongar.

A mãe recebe orientação sobre a amamentação e o banco de leite. É disponibilizado

para a mãe sala de descanso, para repousar enquanto não estiver acompanhando o filho.

A presença de condições clínicas como uso de ventilação mecânica, cateter nasal de

oxigênio, refluxo gastro-esofágico e pausas respiratórias, não impedem a prática do método.

Nesta fase, mãe é orientada e incentivada às práticas maternas, a cuidar do recém-

nascido: trocar, dar banho, administrar dieta e brincar.

2a Etapa

59

Page 60: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

É caracterizada pela permanência da mãe em Alojamento Conjunto Tardio durante

período integral, onde o bebê fica na posição canguru o máximo de tempo possível, até 24

horas por dia. São orientados todos os cuidados com o bebê, inclusive a manutenção da

postura elevada (cunha específica) do bebê quando retirado da posição “Canguru”, para evitar

refluxo gastro-esofágico.

Os critérios de elegibilidade para a permanência no alojamento conjunto são:

disponibilidade da mãe de reconhecer as situações de risco (palidez, cianose, apnéia e

hipoatividade extrema do neonato) e ter competência para colocar o bebê na posição canguru.

Além disso, o recém-nascido deve apresentar peso de nascimento < 2000 g, peso

mínimo de 1250 g, receber medicações por via oral e apresentar estabilidade clínica,

compreendida como: ausência de infecções; respiração espontânea; ritmo respiratório

estabilizado, sem presença de pausas respiratórias ou apnéias; receber nutrição

exclusivamente por via enteral; habilidade em manter o controle térmico, quando oferecida

fonte de calor, ou seja, não depender de recursos tecnológicos para sobreviver.

Para a alta hospitalar, se fez necessária a avaliação do serviço social para

reconhecimento das condições sócio-econômicas da família, anamnese psicológica da mãe e

anamnese fonoaudiológica do recém-nascido.

3a Etapa

A elegibilidade para agendamento no ambulatório de seguimento, ou seja, alta

hospitalar do recém-nascido são: peso mínimo de 1500 g, ganho de peso (mínimo 15 g)

consecutivo nos últimos três dias que antecedem a alta hospitalar, aleitamento materno

exclusivo, segurança da mãe quanto ao manejo e cuidados com a criança, compromisso

materno de realizar o Método Mãe Canguru o máximo de tempo possível e condição de

retorno ao ambulatório ou unidade hospitalar de origem assegurada.

60

Page 61: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

A fase de seguimento no Ambulatório João e Maria da Santa Casa de Limeira ocorre

após alta hospitalar onde é agendado o retorno do bebê três vezes por semana para

atendimento médico e fonoaudiológico até o bebê atingir o peso de 2000g, semanalmente até

2500 g e quinzenalmente até 3000 g. A suspensão da aplicação do método geralmente ocorre

quando o lactente atinge 2500 g ou o neonato não tolera mais na posição canguru, mostrando

sinais de inquietação, irritabilidade e até mesmo choro.

Após a alta do MMC, o acompanhamento torna-se mensal até o lactente atingir 3Kg,

bimestral dos 6 ao 12 meses de idade corrigida e anual até os 5 anos. Faz parte desse

acompanhamento, além do médico e fonoaudióloga, a fisioterapeuta, a terapeuta ocupacional,

a dentista e a nutricionista.

Ressalta-se a importância da linearidade do seguimento, em que o bebê é

acompanhado pela mesma equipe de profissionais em todas as fases do programa, o que

permite tratamento individualizado e minimiza as taxas de abandono.

4.4 MÉTODO DE COLETA E PROCESSAMENTO DE DADOS

4.4.1. Para a Avaliação do Desempenho Motor

Posteriormente a realização da seleção na Unidade de Terapia Intensiva da Santa Casa

de Misericórdia de Limeira, os recém-nascidos incluídos no programa de acompanhamento da

pesquisa foram aqueles cuja mãe ou responsável legal assinou voluntariamente o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido.

Após ter acesso aos dados clínicos, laudos dos exames e ao prontuário hospitalar dos

recém-nascidos que foram estudados, a profissional responsável pela aplicação do TIMP

preencheu a ficha de anamnese à medida que os recém-nascidos foram sendo selecionados. As

61

Page 62: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

avaliações ocorreram quando os lactentes estavam com 34a, 38a, 40a, 44a e 48a semanas de

idade gestacional corrigida.

As avaliações foram realizadas na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Cuidados

Intermediários, Alojamento Conjunto Tardio e Ambulatório de Seguimento João e Maria. O

horário da avaliação era agendado sempre no mesmo período do dia, pelo menos uma hora

antes da próxima mamada. Antes de cada avaliação, o ambiente do local era controlado com

pouca iluminação, diminuição do ruído (voz da mãe, acompanhante ou profissionais e ruídos

externos), controle térmico, disposição dos instrumentos de avaliação e superfície macia e

plana.

Nem todas as mães participaram do procedimento das avaliações realizadas no período

da 1a etapa do MMC, pois muitas vezes não coincidiu com o período que elas estavam

presentes na UTI. Entretanto, no período que os recém-nascidos foram avaliados na 2a e 3a

etapa do MMC, as mães ou responsáveis legais dos neonatos estiveram presentes.

No momento da alta hospitalar, os lactentes receberam um cartão de consulta para

completar o acompanhamento da pesquisa, em retornos pré-agendados no ambulatório de

seguimento “João e Maria”, até completarem o segundo mês de vida.

4.4.2 Para Processamento da Análise dos Dados

Os dados registrados nas fichas de avaliação foram transcritos e armazenados num

banco de dados do Excel-Windows e no Statistical Package for Social Science for Personal

Computer (SPSS/PC versão 11.0) e revisados no intuito de identificar e corrigir possíveis

erros de digitação.

O nível de significância adotado foi de 5% e as análises estatísticas foram realizadas

no SPSS/PC.

62

Page 63: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

A caracterização do grupo de recém-nascidos estudados foi realizada através da

estatística descritiva, como variáveis contínuas (peso ao nascimento, idade gestacional e

Índice de APGAR no 1o e 5o minuto) resumidas em medidas de posição e as variáveis

categóricas (sexo do RN, idade materna, escolaridade materna, ocupação materna,

relacionamento conjugal, número de membros na família e renda familiar) apresentadas em

freqüências absoluta e relativa.

Para ilustrar a evolução dos escores ao longo do tempo foram construídos gráficos de

perfis médios. Os escores medidos nas 34ª, 38ª, 40ª 44ª e 48ª semanas foram comparados pelo

teste de Friedman e quando da significância deste, foi utilizado o teste de Wilcoxon para

comparação semana a semana.

Para verificar a influência de variáveis (peso de nascimento, idade gestacional e tempo

total do Método Mãe Canguru), os lactentes foram divididos em subgrupos (considerando

como ponto de corte o valor mediano das variáveis citadas) e foram observados os perfis

médios de cada subgrupo. A comparação do escore médio dos subgrupos foi feita utilizando o

teste de Mann-Whitney.

Para analisar a diferença das médias dos Rscores do TIMP entre o grupo de estudo e o

grupo de referência, foi utilizado o Teste de Diferença entre Duas Médias – Bi-caudal (two

side).

4.4. ASPECTOS ÉTICOS

Devido esta pesquisa ter sido realizada com seres humanos, este estudo esteve em

conformidade com os seguintes preceitos:

63

Page 64: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

- Os princípios da Resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde (Informativo

epidemiológico do SUS - Brasil, Ano V, no. 2, 1996);

- As disposições e os princípios da Declaração de Helsinque, emendada na África do Sul

(1996);

- O anonimato dos sujeitos incluídos, onde sua identificação foi realizada através de

números,

- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pela mãe e/ou responsável

legal;

- A avaliação do desempenho motor foi realizada utilizando-se de um teste padronizado,

desenvolvido especificamente para a população em estudo, não trazendo nenhum risco para os

lactentes. As possibilidades dos benefícios esperados, como o diagnóstico e a intervenção

precoce nas alterações do desenvolvimento motor dos lactentes superam as possíveis

dificuldades;

- O estudo foi realizado desta forma, pois os conhecimentos que se pretendiam obter não

podiam ser adquiridos através de outros meios ou sujeitos;

- As avaliações foram realizadas por profissional da saúde com experiência mínima de

dois anos na área específica, com conhecimento para garantir o bem estar do indivíduo

estudado;

- À observação de alterações ou anormalidades no desempenho motor, os bebês foram

encaminhados aos serviços necessários para esclarecimento do diagnóstico o mais breve

possível;

- Não houve ônus para as famílias durante a participação no estudo;

- O pesquisador responsável informou aos pais ou responsáveis legais sobre a evolução

e os resultados das avaliações realizadas em seu filho.

64

Page 65: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

5. RESULTADOS

O estudo foi constituído por uma amostra de lactentes que preencheram os critérios de

inclusão e que não apresentaram duas faltas consecutivas durante o acompanhamento. Foram

selecionados 14 lactentes, dos quais 13 completaram o estudo. Um lactente foi excluído por

apresentar hemorragia intracraniana grau III antes da segunda avaliação. Na 34a semana de

idade corrigida foram avaliados 12 lactentes; na 38a semana foram avaliados 12 lactentes; na

40a semana foram avaliados 13 lactentes; na 44a semana foram avaliados 11 lactentes e na 48a

semana foram avaliados 12 lactentes.

5.1 Dados neonatais e familiares

Os dados neonatais e familiares estão representados nas tabelas 2-6.

TABELA 2 – Perfil da população quanto às condições gerais de nascimento

Variáveis n Mínimo Mediana Máximo Média DPPN (g) 13 800 1390 1780 1353 309IG (s) 13 27 31,5 34,2 31 2,3

Apgar 1’ 13 2 8 8 6,5 2,18Apgar 5’ 13 5 9 10 8,5 1,33

PN=peso de nascimento; g=gramas; IG=Idade Gestacional; s=semanas; DP=Desvio Padrão

TABELA 3 – Perfil do grupo estudado quanto ao tempo de submissão do Método Mãe

Canguru.

65

Page 66: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Variáveis n Mínimo Média (DP) MáximoTempo total de MMC (h) 13 30 102(62) 258Tempo total de MMC (d) 1

3

33 52 (2) 71

Tempo total de MMC Etapa 1. (h) 12 14 65 (60) 240Tempo total de MMC Etapa 2 (h) 13 12 38 (29) 100Tempo total de MMC Etapa 3 (h) 13 2 9 (10) 32Idade Inicial no MMC 13 27s5d 32s4d (2) 35s1dIdade Final no MMC 13 32s6d 37s6d (2) 40sPeso Inicial no MMC (g) 13 930 1336 (239) 1700Peso Final no MMC (g) 13 1550 2080 (375) 2980

n=número de recém-nascidos; DP=desvio padrão; h=horas; g=gramas

TABELA 4 – Freqüência de idade em relação ao tempo de MMC.

Idade (s) Etapa 1

f (%)

Etapa 2

f(%)

Etapa 3

f (%)

Alta do MMC

f (%)34 10 (77) 2 (15) 1 (8) 038 0 1 (8) 4 (31) 9 (61)40 0 1 (8) 1 (8) 11 (88)44 0 0 0 048 0 0 0 0

= freqüência absoluta; % = freqüência relativa

A idade em que a maioria (84%) dos RNPT terminou a submissão do MMC foi na 38a

semana de idade gestacional corrigida. Porém, 16% dessas crianças ainda recebiam MMC na

40a semana de idade pós-termo.

TABELA 5 – Distribuição da freqüência da variável categórica sexo.

Variável (%)Sexo Masculino 8 (61,5)Sexo Feminino 5 (38,5)

= freqüência absoluta; % = freqüência relativa

66

Page 67: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Os neonatos selecionados nasceram pré-termo; apresentaram baixo peso ao nascer

(38,5%), muito baixo peso (38,5%) e extremo baixo peso (23%); indicativo de anóxia

neonatal no 1o minuto (38,5% com Apgar < 7) e 5o minuto (7,7% com Apgar < 7) de vida.

Além das características gerais apresentadas nas tabelas acima, foram ocorrências freqüentes

no grupo estudado, broncodisplasia pulmonar (54%); refluxo gastroesofágico (54%);

síndrome do desconforto respiratório graus I e II (53,8%) e graus III e IV (30,7%) e

necessidade de ventilação mecânica (54%). Quanto aos achados do Ultra-som Transfontanela,

apenas um lactente (7,7%) apresentou Hemorragia na Matriz Germinal e os demais (92,3%)

tiveram exame normal. A tabela completa com os dados neonatais e perinatais de cada um dos

participantes pode ser vista no Apêndice A.

TABELA 6 – Características Familiares do grupo estudado

Variáveis (%)

67

Page 68: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Idade Materna (anos)

< 20 anos

> 20 anos

Escolaridade Materna (anos)

< 8 anos

> 8 anos

Ocupação Materna

Não trabalha fora de casa

Trabalha fora de casa

Relacionamento Conjugal

Com companheiro

Sem companheiro

Número de membros na família

< 4 pessoas

> 4 pessoas

Renda Familiar (salário mínimo)

< 2

> 2

2 (15,4)

11 (84,6)

10 (76,9)

3 (23,1)

9 (69,2)

4 (30,8)

10 (76,9)

3 (23,1)

5 (38,5)

8 (61,5)

2 (15,4)

11 (84,6)

= freqüência absoluta; % = freqüência relativa

5.2 Resultados da avaliação do desenvolvimento motor do grupo estudado

68

Page 69: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Os resultados referentes à avaliação do desenvolvimento motor do grupo serão

apresentados considerando os valores de Raw Score (Rscore) obtido no TIMP e o desempenho

motor do grupo relacionado ao escore de referência do TIMP (Z-score ou escore de Desvio

Padrão) nas 34a, 38a, 40a, 44a e 48a semanas de idade corrigida, descritos na tabela 7.

TABELA 7 - Escores médios alcançados pelo grupo ao longo do período do estudo

Período n Rscore

Média (DP)

Z-score

Média (DP)34a s 12 46,58 (9,82) 0,20 (0,72)38a s 12 58,25 (7,61) - 0,16 (0,76)40a s 13 65,38 (6,95) 0,07 (0,50)44a s

48a s

11

12

73,73 (10,48)

83,50 (9,43)

-0,26 (0,61)

-0,60 (0,55)

s=semana de idade corrigida; n=número de lactentes; DP=Desvio Padrão

Observa-se que apenas na 34a semana o Z-score esteve pouco acima da média de

referência, nas semanas seguintes o Z-score variou entre 0,07 e - 0,60 DP da referência.

O escore de Desvio Padrão ou Z-score permite classificar o grupo estudado nas

diferentes idades como estando na média (entre = ou - 1DP), média baixa (entre - 0,5 e - 0,1

DP), abaixo da média (entre - 1,0 e - 2,0 DP) ou bem abaixo da média (< - 2,0 DP); em

relação a média de referência. A classificação obtida pelo grupo estudado, bem como a idade

padrão sugerida pelo TIMP para cada escore médio pode ser observada na Tabela 8.

TABELA 8 – Classificação do desempenho e idade padrão relacionada com os escores

médios alcançados no TIMP pelo grupo estudado.

Período Raw Score médio Z-score médio Desempenho

motor

Idade padrão

TIMP34s 46,58 0,20 DP média 34s

69

Page 70: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

38s 58,25 -0,16 DP média 38s40s 65,38 0,07 DP média 40s44s

48s

73,73

83,50

-0,26 DP

-0,60 DP

média

média baixa

44s

44s

s=semana de idade corrigida; DP=Desvio Padrão

Da 34a a 44a semanas os lactentes tiveram performance motora considerada na média e

coincidência de idade cronológica com o padrão do TIMP. Na 48a semana a performance do

grupo estudado foi classificada como "média baixa", apresentando Rscore médio

correspondendo a 44a semana de idade padrão no TIMP e Z-score médio abaixo de - 0,5 DP,

evidenciando um declínio no desempenho motor.

Para verificar a evolução longitudinal do Rscore ao longo do período estudado utilizou-

se o Teste de Friedman para comparação múltipla. Foram comparados os valores médios de

Rscore ao longo do período estudado e foi encontrada diferença estatisticamente significativa

(p=0,001). Este resultado pode ser observado na Tabela 9.

TABELA 9 – Comparação dos Rscores do grupo estudado ao longo do tempo.

Período Rank Médio 34a semanas 1,1938a semanas 2,1940a semanas

44a semanas

48a semanas

2,75

4,00

4,88p -valor a 0,001

70

Page 71: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

a = Teste de Friedman

Considerando o resultado obtido no Teste de Friedman, foi empregado o Teste de

Wilcoxon para comparar o Rscore e as idades duas a duas, com a intenção de detectar entre

quais idades aconteceram diferenças de desenvolvimento. Na tabela 10 pode ser verificado o

resultado dessa comparação, onde foram encontrados valores estatisticamente significativos

em todo o período estudado.

TABELA 10 – Diferenças entre os Rscores médios ao longo do tempo.

Período p – valor a

Rscore 34 – 38 semanas 0,03Rscore 38 – 40 semanas 0,03Rscore 40 – 44 semanas 0,01Rscore 44 – 48 semanas 0,05

a = Teste de Wilcoxon

Os valores de Rscore apresentaram-se de forma crescente, com diferença significativa

entre cada idade, refletindo a evolução do comportamento motor durante o período de estudo,

mostrado na figura 3.

40

60

80

100

34 38 40 44 48Idade Corrigida (em semanas)

Raw

Sco

re Rscore do GrupoEstudado"

FIGURA 3 – Evolução do Rscore do grupo estudado

71

Page 72: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Ao verificar a evolução longitudinal do desempenho motor do grupo relacionado ao

escore de referência do TIMP (Z-score), o teste de Friedman mostrou diferença

estatisticamente significativa (p=0,05) ao longo do período avaliado (Tabela 8). Através do

Teste de Wilcoxon, foi constatado que ocorreu diferença estatisticamente significativa apenas

entre a 34a e 48a semanas (p=0,008) e entre a 40a e 48a semanas (p=0,01) (Tabela 9).

A evolução do desempenho motor do grupo estudado, representado pelo escore de DP

ou Z-score, está representada nas tabelas 11 e 12 e, na figura 4.

TABELA 11 – Comparação dos Z-scores ao longo do tempo.

Período Rank Médio 34a semanas 3,8138a semanas 3,5040a semanas 3,3844a semanas

48a semanas

2,63

1,69P -valor a 0,05 *

a =Teste de Friedman; * = Diferença significativa

TABELA 12– Diferenças entre os Z-scores (desempenho motor) médios ao longo do

tempo estudado.

Z-score P – valor a

34a – 38a semana 0,13 38a – 40a semana 0,37

72

Page 73: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

40ª – 44ª semana 0,1944a – 48ª semana

34ª - 48ª semana

0,28

0,008* 40ª – 48ª semana 0,01*

a = Teste de Wilcoxon; * = Diferença significativa

-0,80-0,60

-0,40-0,20

0,000,20

0,40

34 38 40 44 48

Idade dos Lactentes (em semanas )

z es

core Desempenho Motor

FIGURA 4 – Evolução do Z-score médio do grupo estudado.

A Figura 4 mostra que da 34a a 44a semana os valores de Z-score estiveram entre 0,5

DP em relação à média de referência (zero). Na 48a, semana evidencia-se queda do Z-score do

grupo

estudado em relação à média de referência, com valor abaixo de - 0,5 DP.

As diferenças encontradas relacionam-se às médias de Z-score que estiveram acima da

média (34a e 40a semanas) em relação à menor média de Z-score apresentada na 48a semana.

Apesar das diferenças encontradas, todos os valores permaneceram dentro de 2,0 DP

da média de referência.

A evolução longitudinal do desempenho motor de cada lactente durante o período de

estudo está ilustrada na figura 5.

73

Page 74: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

De maneira geral, os 13 participantes foram avaliados em intervalos regulares (quatro ou

duas semanas) até completarem dois meses de idade corrigida. Cinco dos lactentes não foram

avaliados em alguma das semanas, evidenciado na figura 6 pela ausência do valor do Z-score.

-2,00

-1,50

-1,00

-0,50

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

34 38 40 44 48

Idade dos lactentes em semanas

Z-sc

ore

RN 1

RN 2

RN 3

RN 4

RN 5RN 6

RN 7

RN 8RN 9

RN 10

RN 11

RN 12

RN 13

FIGURA 5 – Evolução longitudinal do desempenho motor do TIMP dos 13 lactentes

avaliados.

Apesar da variação dos valores do Z-score, entre positivo e negativo, todos os lactentes

apresentaram desempenho motor entre 2,0 desvios padrão da média de referência.

Pode-se observar os seguintes padrões de desempenho no grupo estudado:

- Z-score acima da média de referência: 7,7% dos lactentes (caso 1)

- Z-score abaixo da média de referência: 7,7% dos lactentes (caso 7)

- Z-score inicialmente abaixo, mas evoluindo para acima da média de referência:

7,7% dos lactentes (caso 2)

- Z-score inicialmente acima, mas evoluindo para abaixo da média de referência:

30,7% dos lactentes (casos 3, 4, 5 e 6)

74

Page 75: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

- Z-score oscilando para cima e abaixo da média de referência: 46,1% dos lactentes

(casos de 8 a 13).

Para analisar a influência dos dados neonatais e do tempo de exposição ao Método Mãe

Canguru sobre o desempenho motor dos lactentes estudados, foi realizada uma comparação

entre os Z-scores médios de cada período estudado e dois subgrupos de lactentes. A divisão

dos lactentes em subgrupos foi segundo as variáveis neonatais de peso de nascimento e idade

gestacional e o tempo total de submissão ao Método Mãe Canguru. A escolha do ponto de

corte foi feita através da mediana para a obtenção de dois subgrupos de tamanhos

semelhantes.

As Figuras 6, 7 e 8 mostram a relação entre os perfis médios de cada subgrupo

relacionados com as médias do Z-score obtidas pelo grupo avaliado com o TIMP.

Os lactentes foram divididos de acordo com a mediana do peso de nascimento, < 1390

g e > 1390 g.

O Teste de Mann-Whitney analisou a comparação dos valores dos Z-scores dos

lactentes pertencentes aos dois subgrupos e não foi encontrada diferença significativa ao longo

das 34a, 38a, 40a, 44a e 48a semanas de idade corrigida. Esses resultados podem ser observados

na tabela 13.

75

Page 76: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

TABELA 13 – Comparação entre os Z-scores médios dos lactentes pertencentes aos

subgrupos de peso ao nascer no período estudado.

Período Z-score

(subgrupo 1)

n = 7

Z-score

(subgrupo 2)

n = 6

p-valor c

34a s 0,09 0,36 0,2438a s - 0,35 0,04 0,5940a s - 0,03 0,18 0,5344a s

48a s

- 0,52

- 0,48

- 0,05

- 0,78

0,25

0,27s=semana de idade corrigida; Subgrupo 1: 1390 g; Subgrupo 2: < 1390 g; n=número de recém-nascidos, c=Teste de Mann-Whitney

A figura 6, apresenta a relação entre os Z-scores médios e o peso ao nascer dos

subgrupos estudados ao longo das 34a, 38a, 40a, 44a e 48a semanas de idade corrigida.

-1,00

-0,80

-0,60

-0,40

-0,20

0,00

0,20

0,40

0,60

34 38 40 44 48

Idade dos Lactentes (em semanas)

Zsco

re Peso ao nascer < 1390 g

Peso ao nascer >= 1390 g

FIGURA 6 - Relação entre desempenho motor longitudinal e o peso ao nascer do grupo

estudado.

76

Page 77: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Apesar de não ter sido encontrada diferença estatística significativa entre os subgrupos

estudados, a figura 6 mostra que embora, apresentando valores de Z-score inferiores, o

subgrupo com peso ao nascimento a 1390g mostrou a mesma tendência nos valores de Z-

score que o subgrupo com peso < a 1390g da 34a à 44a semanas. Nota-se na 48a semana, uma

tendência à aproximação do Z-score do grupo de maior peso em direção à média de referência

e um distanciamento do subgrupo de menor peso da média de referência.

Os lactentes foram divididos de acordo com a mediana da idade gestacional, em menor

que 31,5 semanas e maior ou igual a 31,5 semanas.

O Teste de Mann-Whitney analisou a comparação dos valores das médias dos Z-scores

dos lactentes pertencentes aos dois subgrupos de idade gestacional e não foi encontrada

diferença significativa ao longo do período estudado. Esses resultados podem ser observados

na Tabela 14 e Figura 7.

TABELA 14 – Comparação entre os Z-scores médios dos lactentes pertencentes aos

subgrupos de idade gestacional avaliados nas 34a, 38a, 40a, 44a e 48a semanas de idade.

Período Z-score

(subgrupo 1)

n = 7

Z-score

(subgrupo 2)

n = 6

p-valor c

34a sem 0,09 0,36 0,2438a sem - 0,35 0,04 0,5940a sem - 0,03 0,18 0,53

44a s

48a s

- 0,52

- 0,48

- 0,05

- 0,78

0,25

0,27s=semana de idade corrigida; Subgrupo 1: 31,5 sem; Subgrupo 2: < 31,5 sem; c =Teste deMann-Whitney

77

Page 78: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

-1,00

-0,80

-0,60

-0,40

-0,20

0,00

0,20

0,40

0,60

34 38 40 44 48

Idade dos Lactentes

Zsco

re Idade Gestacional < 31,5 s

Idade Gstacional >= 31,5 s

FIGURA 7 - Relação entre desempenho motor longitudinal e a idade gestacional dos subgrupos dos

lactentes estudados.

Destaca-se que, na divisão de subgrupos pela mediana de Idade Gestacional, obteve-se

exatamente os mesmos lactentes dos subgrupos distintos pela mediana de peso ao nascimento.

Desta forma, os lactentes dos subgrupos da idade gestacional se comportaram da mesma

maneira que os lactentes dos subgrupos de peso ao nascimento.

Para investigar a respeito da influência do tempo de submissão ao Método Mãe Canguru

no Z-score médio dos lactentes, o grupo foi dividido em dois subgrupos de acordo com a

mediana do tempo de exposição ao Método Mãe Canguru, em < 107 e > à 107 horas.

O Teste de Mann-Whitney analisou a comparação dos valores dos Z-scores dos

lactentes pertencentes aos dois subgrupos e não foi encontrada diferença significativa ao longo

do período avaliado. Esses resultados podem ser observados na Tabela 15 e Figura 8.

TABELA 15 – Comparação entre as médias do Z-score e o tempo de submissão ao Método

Mãe Canguru dos subgrupos dos lactentes no período estudado.

78

Page 79: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Período Z-score

Subgrupo 1

n = 7

Z-score

Subgrupo 2

n = 6

p-valor c

34a s 0,16 0,25 0,3538a s -0,25 -0,02 0,8740a s -0,07 0,23 0,4144a s

48a s

-0,47

-0,86

0,10

-0,36

0,31

0,25s=semana de idade corrigida; Subgrupo 1: 107 horas; Subgrupo 2: < 107 horas; c =Teste deMann-Whitney

-1,00

-0,80

-0,60

-0,40

-0,20

0,00

0,20

0,40

34 38 40 44 48

Idade dos Lactentes (em semanas corrigidas)

Zsco

re

Tempo total deCanguru >107 horasTempo total deCanguru < 107 horas

FIGURA 8 – Relação entre o Z-score médio e o tempo total de exposição ao Método Mãe Canguru

dos subgrupos estudados.

Embora sem diferença estatística, nota-se a mesma tendência entre os subgrupos na

evolução do Z-score, com maior distanciamento do subgrupo com maior tempo de Método

Mãe Canguru em relação à média de referência. É importante destacar que os recém-nascidos

que apresentaram maiores complicações perinatais foram os que permaneceram maior tempo

na posição canguru. Desta forma, o subgrupo com menor tempo de Método Mãe Canguru foi

79

Page 80: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

possivelmente o que apresentou evolução mais rápida e, conseqüentemente, alta do método

mais precocemente.

Para descrever detalhadamente o comportamento motor do grupo estudado, optou-se

por analisar o desempenho dos lactentes em cada um dos 13 itens observados (IO) e 29 itens

elicitados (IE), avaliados pelo TIMP. Desta forma, as tabelas 16 e 17 trazem a freqüência de

respostas positivas apresentadas pelo grupo nos IO e a freqüência de respostas destacando-se a

pontuação mais freqüente (moda) atingida pelo grupo nos IE.

TABELA 16 – Freqüência de respostas positivas nos Itens Observados (IO) do TIMP

80

Page 81: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Itens Observados 34 sem

(%)

38 sem

(%)

40 sem

(%)

44 sem

(%)

48 sem

(%)

IO_1 – Cabeça na linha média 12 (100) 12 (100) 13 (100) 11 (100) 12 (100)

IO_2 – Movimento individual do dedo

direito

12 (100) 12 (100) 12 (92,3) 09 (81.8) 11 (91,7)

IO_3 – Movimento individual do dedo

esquerdo

12 (100) 12 (100) 13 (100) 10 (90,9) 12 (100)

IO_4 – Dedos da mão direita em objetos

ou superfície

10 (83,3) 12 (100) 13 (100) 08 (72,7) 10 (83,3)

IO_5 – Dedos da mão esquerda em

objetos ou superfície

10 (83,3) 12 (100) 13 (100) 09 (81,8) 10 (83,3)

IO_6 – Flexão bilateral do quadril e

joelho c/ os pés apoiados na superfície

12 (100) 12 (100) 13 (100) 11 (100) 12 (100)

IO_7 – Movimento isolado do tornozelo

direito

12 (100) 12 (100) 12 (92,3) 11 (100) 12 (100)

IO_8 – Movimento isolado do tornozelo

esquerdo

12 (100) 12 (100) 12 (92,3) 10 (90,9) 12 (100)

IO_9 – Chutes recíprocos com as Pernas

fora da superfície

11 (91,7) 12 (100) 12 (92,3) 09 (81,8) 05 (41,7)

IO_10 – Movimentos de Fidgety 0 (0) 0 (0) 10 (72,7) 10 (81,8) 11 (91,7)

IO_11 – Movimentos Balísticos 07 (58,3) 11 (91,7) 11 (84,6) 10 (90,9) 11 (91,7)

Itens Observados 34 sem

(%)

38 sem

(%)

40 sem

(%)

44 sem

(%)

48 sem

(%)

IO_12 – Oscilação de perna ou braço 9 (75,0) 10 (83,3) 12 (92,3) 11 (100) 12 (100)

IO_13 – Alcança a pessoa ou objeto 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0)

= freqüência absoluta; % = freqüência relativa

Destaca-se na tabela acima os IO de 1 a 8 e IO_12 apresentados pela totalidade ou

quase totalidade do grupo estudado desde a 34a até a 48a semana. Trata-se de comportamentos

observados na postura supino, associados à manutenção momentânea da cabeça na linha

média e movimentos específicos e espontâneos das extremidades.

81

Page 82: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

O comportamento de demonstrar chutes recíprocos (IO_9) presentes em mais de 80%

dos lactentes nas primeiras semanas do estudo diminuiu para apenas 41,7 % na 48a semana.

A manifestação de movimentos de Fidgety (IO_10) (curtos movimentos de contorções

que ocorrem em todo o corpo, tronco, braços e pernas, mostrando uma grande variedade com

mudanças freqüentes de direção), aconteceu apenas a partir da 40a semana.

Os movimentos do tipo Balísticos de braços ou pernas (IO_11) (movimentos de ombro

amplos, abruptos, para cima e para trás, desencadeados abruptamente, mas finalizados

gradualmente e/ou movimentos poderosos de ombro ou quadril, de média-grande amplitude,

iniciados ou finalizados abruptamente; articulações distais são relativamente imóveis), foram

característica de 58,3% dos lactentes na 34a semana e de praticamente todos a partir dessa

idade (72%).

O comportamento de alcançar pessoa ou objeto na linha média (posição supina ou

sentada) referente ao item IO_13 não foi manifesto por nenhum dos lactentes durante o

estudo.

82

Page 83: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

83

Page 84: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

84

Page 85: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

85

Page 86: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

86

Page 87: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

87

Page 88: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

88

Page 89: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

89

Page 90: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Nos itens elicitados, os movimentos/comportamentos foram analisados, considerando

as respostas de tronco, quadril e membros. As pontuações do IE variam de 4 – 6 níveis e

seguem ordem crescente, espelhando a evolução motora do lactente. Observou-se o seguinte:

Comportamentos Motores relacionados ao Controle de Cabeça

- Rotação da cabeça lado a lado (item IE_14): os lactentes apresentaram evolução

crescente do nível 0 ao 3 desde a 34a semana até a 48a semana de idade. Nas 44a e

48a semanas, notou-se uma variação no estabelecimento desse comportamento, mas

com predominância no nível 3, que se caracteriza por realizar uma rotação de cabeça

completa (90 graus), de lado a lado, acompanhando o rosto do observador.

- Controle da cabeça na posição sentada e ações dos músculos cervicais anteriores e

posteriores (itens IE_ 15 a 18): da 34a à 38a semana os lactentes apresentaram

comportamento menos maduro (níveis 0 e 1) nesses itens. Nas 40 e 44a semanas

houve evolução na capacidade de controle cervical, atingido níveis dois e três e um

controle cervical com maior duração de tempo (nível 4) na 48a semana. Na 48ª

semana o grupo mostrou desempenho maduro quanto ao controle cervical, onde a

maioria pontuou no nível três ou acima.

- Inibição do endireitamento cervical (IE 19/20): nas 34a e 38a semanas o grupo se

comportou com resposta motora menos madura (nível 0 e 1) sem esboçar

resistência ao endireitamento da cabeça. Na 40a semana notou-se o início do esboço

de esforço de resistência (nível 2 e 3). Da 44a à 48a semanas, aproximadamente 50%

do grupo apresentou algum grau de resistência em resposta à inibição do

endireitamento cervical (nível 4 e 5). As respostas foram semelhantes nos lados

(direito e esquerdo).

90

Page 91: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

- Reação de manter a cabeça na linha média sem e com estímulo visual (IE_21 e 22):

da 34a- 38a semanas houve nenhuma ou mínima resposta em manter a cabeça na

linha média, sem ou com o estímulo visual (nível 0 e 1). Na 40a, o grupo apresentou

uma variabilidade nas respostas (todos os níveis) porém, com predominância no

nível 2. Nas 44a e 48a semanas houve resposta mais madura, alcançando os níveis 3

e 4, ocorrendo a permanência da cabeça na linha por mais tempo e fixação do objeto

por mais que 15 segundos.

- Rotação da cabeça em supino (IE_23 e 24): nas 34a e 38a semanas não houve

resposta ou apenas esboço em rodar a cabeça para os lados, sem ou com o estímulo

visual (nível 0 e 1). Na 40a, o grupo apresentou uma variabilidade nas respostas

(todos os níveis) mas, com uma predominância em níveis mais altos (níveis 2 a 4).

Nas 44a e 48a semanas houve resposta em acompanhar o objeto até 90o e 180o (níveis

4 e 5) respectivamente, mas com assimetria para o lado direito.

- Reação defensiva com respostas cervical e dos movimentos dos braços (IE 25 e 26):

na resposta, observou-se que desde a 34a semana, a maioria dos neonatos apresentou

a resposta mais madura do item (nível 3), que permaneceu até a 48a semana. Na

resposta dos movimentos dos braços, da 34a à 44a semanas, o grupo apresentou

resposta imatura (nível 1), com movimentos dos braços direcionados para a cabeça.

Na 48a semana, a maioria dos lactentes apresentou resposta mais madura, onde os

movimentos dos braços eram direcionados para a linha média (nível 2).

- Puxar para sentar (IE 32): a resposta do grupo mostrou-se imatura (nível 1) da 34a -

44a semana. Durante a manobra a cabeça ficou atrás do tronco, sem mostrar tensão

nos braços ou ombro. Na 48a semana, mais da metade do grupo apresentou resposta

91

Page 92: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

mais madura (níveis 2, 3 e 4), levantando a cabeça, com flexão do cotovelo e

reação do ombro, com tendência de alinhamento entre a cabeça e o tronco.

- Endireitamento da cabeça e do corpo com apoio do braço (IE 33): o grupo

apresentou a resposta mais imatura (nível 0) da 34a à 44a semana, sem mostrar

endireitamento da cabeça ou abdução do ombro durante a manobra. Na 48a semana,

o grupo mostrou um início de reação de endireitamento apenas da cabeça (nível 1).

- Reação de abdução lateral do quadril (IE 34): da 34a à 40a semana notou-se que o

grupo apresentou resposta imatura de movimento, sem resposta de reação da cabeça,

do tronco ou da perna durante a manobra (nível 0). Na 48a semana a resposta do

grupo foi menos imatura, apresentou contração dos músculos laterais do pescoço

(nível1).

- Levantar a cabeça em prono (IE 36): da 34a à 40a semana ocorreu resposta imatura:

tentativa de levantar a cabeça, mas ela cai para o lado (nível 1), na maioria dos

neonatos do grupo. Nas 44a e 48a semanas o grupo apresentou movimento mais

maduro, de levantar a cabeça, porém, com o queixo roçando a superfície (nível 2).

- Cabeça vira para os lados em direção ao som (IE 38 – 39): o grupo de lactentes

apresentou resposta imatura, não esboçou movimento de levantar /virar a cabeça em

direção ao estímulo sonoro (nível1) da 34a à 40a semana de idade. Nas 44a e 48a

semanas de idade, os lactentes mostraram início de movimento, levantando a cabeça

na linha média, mas sem virar em direção ao som (nível 2).

92

Page 93: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

- Endireitamento lateral em suspensão para os lados direito e esquerdo (IE 41/42): da

34a à 38a semana de idade o grupo de lactentes mostrou resposta predominante no

nível zero, onde a cabeça cai em flexão anterior ou para a lateral. Da 40a à 48a

semana a resposta do grupo predominou no nível 1, onde a cabeça se mantém

parcialmente endireitada, mas com o rosto virado para baixo.

Comportamento Motor Relacionado ao Controle de Quadril e dos Membros

- Flexão do quadril e joelho (IE 27): desde a 34a semana a maior parte dos neonatos

do grupo apresentou resposta menos madura (nível 2), até a 48a semana. Não

conseguiu manter os joelhos e quadril fletidos sem tocar na superfície, por mais que

cinco segundos.

- Arrastar (IE 37): da 34a à 40a semana ocorreu predominância da resposta menos

madura, onde ocorreu apenas um ciclo de flexo-extensão dos joelhos, sem

movimento da cabeça (nível 1). Nas 44a e 48a semanas ocorreu resposta

predominante mais madura, com presença de mais de um ciclo de flexo-extensão do

joelho, com movimento da cabeça para o lado (nível 2).

- Ficar em pé com suporte (IE 40): da 34a à 40a semana de idade, o grupo mostrou

resposta menos madura, não conseguiu sustentar o corpo na posição de pé por mais

de cinco segundos (nível 1). Apresentou evolução da resposta ao movimento nas 44a

e 48a semanas de idade com endireitamento da cabeça e tronco, sustentação do

corpo por menos que cinco segundos (nível 2).

Comportamento Motor Relacionado ao Controle de Tronco

93

Page 94: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

- Rolar para o lado direito e esquerdo elicitado pelas pernas e braços (IE 28-31): na

34a semana o rolar elicitado pelas pernas, o grupo apresentou uma variabilidade de

respostas do nível 1 ao 4, mas com predominância nos níveis 3 e 4. Da 38a à 48a

semana, o grupo respondeu com predominância de movimento mais maduro (nível

4), onde o lactente rola para a posição prona sem apresentar endireitamento lateral

da cabeça.

- Suspensão do tronco em prono (IE 35): notou-se presença de comportamento de

discreta resposta muscular cervical e do tronco (nível 1) da 34a à 40a semana. Da 44a

à 48a semanas notou-se evolução da resposta desse item para o nível dois, onde o

lactente responde à extensão, com cabeça e tronco alinhados.

Comportamentos Motores Observados além dos esperados pelo TIMP

- Na 38a semana de idade, uma criança do grupo (7,7%) apresentou hiperextensão do

tronco e da cabeça (distonia transitória), persistindo até o final do estudo.

- Na 40a semana de idade, uma criança do grupo (7,7%) apresentou hipertonia do

membro superior e inferior direito, sem mostrar sinais de hiperextensão do tronco,

persistindo até o final do presente estudo. Os recém-nascidos que apresentaram

esses movimentos foram os que tiveram menor peso de nascimento em relação ao

grupo.

5.3 Comparação do grupo estudado com o grupo normativo americano do TIMP

94

Page 95: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Considerando que o TIMP não é um teste validado no Brasil, optou-se por realizar

uma comparação do desempenho demonstrado pelo grupo de estudo em relação ao grupo

normativo americano.

No grupo de estudo participaram apenas recém-nascidos de alto risco e no grupo

normativo americano, participaram crianças de baixo risco, de médio risco, alto risco e muito

alto risco, seguindo o critério de classificação perinatal de POPRAS.

Na tabela 17 e na Figura 9 verificou-se a comparação entre as médias do Rscore do

grupo estudado brasileiro e o grupo normativo americano.

TABELA 18 - Diferença entre as médias dos escores do grupo do estudo brasileiro e o grupo

normativo americano.

Idade Grupo Método Canguru Grupo Normativo Americano p-valora

Rscor

e

Médio

DP n

Rscor

e

médio

DP n

34s 47 10 12 44 13 46 0,5238s 58 8 12 61 12 99 0,4440s 65 7 13 65 15 133 0,9344s 74 10 11 78 17 152 0,4148s 84 9 12 94 18 155 0,05 *

DP = Desvio Padrão; n = número de lactentes; a = Teste de Diferença entre Duas Médias(two sided); * = diferença significativa

95

Page 96: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

0

20

40

60

80

100

34 38 40 44 48

Idade em semanas corrigidas

R s

core Grupo Normativo

Americano

Grupo Método MãeCanguru

FIGURA 9 – Comparação entre as médias do Rscore do TIMP entre o grupo submetido ao

Método Mãe Canguru e o grupo normativo americano.

As médias de Rscore não diferiram significativamente da 34a até a 44a semanas.

Verificou-se que ocorreu diferença significativa (p=0,05) na 48a semana de idade corrigida,

favorecendo o grupo normativo americano.

96

Page 97: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

6. DISCUSSÃO

O presente estudo avaliou o desenvolvimento motor de 13 recém-nascidos pré-termo

de risco, submetidos ao Método Mãe Canguru nas 34a, 38a, 40a semanas de idade gestacional

corrigida, nas 44a e 48a semanas de idade pós-termo. Tratou-se de um estudo longitudinal, que

descreveu o desempenho motor dos lactentes sob a influência do Método Mãe Canguru.

O diagnóstico de normalidade do desenvolvimento é considerado de alta complexidade

quando refere-se ao organismo que está em pleno crescimento, especialmente nos primeiros

meses de vida, período caracterizado pela ocorrência da aquisição de uma variedade de

mudanças no comportamento, tônus muscular, atividade postural e habilidades funcionais.

Tais variações recebem ação direta da maturação do sistema nervoso, o que dificulta a

interpretação das possíveis anormalidades que ocorrem durante o desenvolvimento (SOUZA,

1998).

A Teoria de Sistemas Dinâmicos enfatiza que as aquisições motoras ocorrem de

maneira variável, pois são frutos da interação do sistema nervoso com as diferentes variáveis

que partem do organismo, do ambiente e da tarefa motora específica (THELEN, 1996;

DARRAH et al, 2003; PIPER; DARRAH, 1994).

Portanto, seguindo esse sentido, acredita-se que durante o desenvolvimento infantil,

podem ocorrer períodos de pouca aquisição motora e outros períodos, em que grandes

quantidades de habilidades são simultaneamente adquiridas (DARRAH et al, 1998).

As avaliações dos movimentos podem ser realizadas para diversos propósitos, como

por exemplo, para discriminar o movimento normal e anormal, predizer as habilidades

motoras tardias a partir de uma performance atual e avaliar ou documentar as mudanças do

desempenho motor ao longo do tempo (Campbell, 1991).

97

Page 98: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Os estudos longitudinais parecem ser bons métodos para se adquirir informação das

variações na progressão do desenvolvimento ao longo do tempo (picos, platôs e até

regressões), para elucidar a trajetória do desenvolvimento motor em crianças, tanto um

desenvolvimento típico, quanto um atípico. Os estudos longitudinais acompanham um grupo

de indivíduos ao longo do tempo, repetindo medidas em intervalos prescritos (PORTNEY;

WATKINS, 2000). As características pessoais permanecem relativamente constantes através

do estudo e as diferenças observadas ao longo do tempo são interpretadas como mudanças do

desenvolvimento. As avaliações repetidas parecem ser fundamentais para validar a

interpretação das habilidades da criança, perceber a acomodação dos sinais neurológicos

transitórios e para diferenciar padrões típicos de atípicos (FERRARI; CIONI; PRECHTL,

1990).

Os resultados referentes aos dados neonatais dos participantes deste estudo espelharam

os critérios de seleção dos recém-nascidos adotados nesta pesquisa. São características do

grupo estudado, o nascimento pré-termo (média de 31,5 semanas gestacional); o baixo peso ao

nascer (38,5% de baixo peso, 38,5% de muito baixo peso e 23% de extremo baixo peso ao

nascer); a ausência de hemorragia peri-intra-ventricular graus III e IV (excluído um lactente

antes da segunda avaliação); além da submissão de todos os participantes ao Método Mãe

Canguru (média de 107 horas até a idade de 38 semanas).

É importante destacar que o local onde a pesquisa foi desenvolvida adota a prática do

MMC no contexto do Programa de Atenção Humanizada que integra, além do MMC, medidas

protetoras ao Sistema Nervoso Central.

No que se refere aos dados familiares, a composição do grupo foi homogênea quanto

às características maternas (idade, escolaridade, relacionamento conjugal, número de

membros dependentes na família e renda familiar). Destaca-se nesses dados a predominância

de maior maturidade materna (84,6% com idade a 20 anos); da baixa escolaridade materna

98

Page 99: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

(76,9%) com menos de 8 anos de estudo; de mães que não trabalham fora do lar (69,2%); da

presença de um companheiro no lar (76,9%); de famílias compostas por quatro ou mais

membros (61,5%) e com renda mensal a 2 salários mínimos (84,6%).

Bradley e Casey (1992) avaliaram o desenvolvimento cognitivo de 87 crianças de

baixo PN aos 18 meses de idade e registraram melhor desempenho naquelas que receberam

maior e melhor quantidade de estimulação e apoio no ambiente domiciliar.

Koeppen-Schomerus et al. (2000) realizaram estudo que tentou delinear as influências

ambientais e genéticas sobre o desenvolvimento cognitivo em RNPT com vários graus de

risco aos dois anos de idade. Observaram que, com o aumento da idade gestacional (médio e

baixo risco) o componente genético influenciou mais e no grupo de crianças de alto risco, os

fatores ambientais com importância especial de proteção e cuidados predominaram sobre o

desenvolvimento cognitivo. A situação sócio-econômica revelou-se preditor importante e foi

sugerido que os RNPT que experimentaram complicações perinatais apresentaram evolução

melhor quando viviam em ambiente que suprisse suas necessidades especiais e desta maneira,

facilitasse a relação mãe-filho.

A evolução longitudinal do Rscore aconteceu de maneira crescente, com diferenças

significantes entre cada idade, caracterizando a evolução do comportamento motor do grupo.

Em trabalho realizado por Gaetan (2004) que comparou o comportamento motor entre recém-

nascidos pré-termo e a termo brasileiros pelo Teste das Habilidades de Chailey, esta evolução

motora se comportou de maneira semelhante. Em estudo realizado por Lekulskai e Cole

(2001) que comparou o desempenho motor longitudinal entre RNPT que receberam e não

receberam intervenção fisioterapêutica, observou-se que o desenvolvimento dos grupos foi

progressivo, porém com desempenho motor diferente, favorecendo ao grupo sob intervenção.

O desempenho motor encontrado nas 34a, 40a e 44ª semana de idade pós-gestacional

mostrou que os neonatos tiveram performance considerada na média e coincidência de idade

99

Page 100: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

cronológica com o padrão do TIMP. Na 48a semana (2o mês), a performance motora do grupo

estudado foi classificada como “média baixa” (abaixo de - 0,5 DP), pois apresentou Rscore

médio correspondente à 44a semana de idade padrão no TIMP, o que evidenciou um declínio

no desempenho motor.

A respeito da evolução do desempenho motor analisado por meio de valores expressos

em escore de desvio padrão ou Z-score, foram encontradas diferenças estatisticamente

significativas entre as 34a e 48a semanas e 40a e 48a semanas, ou seja, apenas nas idades em

que os Z-score estavam com valores acima da média (nas 34a e 40a semanas) em relação ao

menor desempenho grupo, registrado na 48a semana. O aumento da performance ocorrido na

34a e 40a semanas pela maior parte (88%) do grupo sugere ter sido um comportamento

resultante da influência do contato pele a pele com a mãe. Na 34a semana de idade, 62% dos

recém-nascidos já estavam sob o MMC há mais de 15 dias. Na 40a semana de idade

gestacional, a pesar da maioria (86%) dos lactentes já ter recebido alta do MMC, o

desempenho motor com valor acima da média de referência parece ainda estar sob a influência

do método, refletindo sobre a maturação dos movimentos para a idade a termo.

Semelhante ao encontrado nesta pesquisa, no estudo realizado por Salles (2004)

utilizando a escala neurocomportamental de Dubowitz, o desenvolvimento motor de RNPT na

40a semana de idade gestacional submetidos ao MMC foi significativamente melhor do que o

grupo controle, que não recebeu cuidados com medidas protetoras ao SNC, peculiar ao

Programa de Atenção Humanizada do MMC.

Lekulskai e Cole (2001), em estudo randomizado utilizando o TIMP, comparou o

desempenho motor de 111 RNPT tailandeses considerados de risco que receberam ou não

intervenção de um programa facilitador do desenvolvimento motor entre a 40a semana de

idade gestacional corrigida e o 4o mês de idade corrigida. Os recém-nascidos foram divididos

em três grupos, segundo Rscore alcançado na 40a semana de idade gestacional: um grupo

denominado comparativo com Rscore > 67 (baixo risco de desenvolvimento) e outros dois

100

Page 101: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

grupos com Rscore < 57, considerados grupo controle e grupo de intervenção. Na 40a semana,

o grupo de intervenção apresentou Rscore médio semelhante ao grupo controle; mas, esses

dois grupos pontuaram significantemente mais baixo (Rscore=69) que o grupo comparativo

(Rscore = 71). No segundo mês, o Rscore médio do grupo de intervenção se aproximou do

grupo comparativo, porém, o do grupo controle, manteve-se distante. No terceiro mês, o grupo

de intervenção apresentou valor de Rscore médio maior do que o grupo controle, mas sem

diferença significante, onde o grupo controle ficou mais ainda distante dos dois grupos. No

quarto mês, o grupo de intervenção apresentou valor de Rscore significantemente superior em

relação ao grupo comparativo. No grupo controle, o Rscore foi significantemente abaixo dos

outros grupos. Esses resultados sugerem que, os lactentes do grupo de intervenção mostraram

performance motora significantemente maior durante o período do estudo, do que os lactentes

do grupo controle e desenvolvimento motor semelhante ao grupo comparativo (baixo risco)

no 4o mês de vida.

No presente estudo, os valores de Rscore médio do grupo na 40a semana (Rscore =

65,38) foi superior ao grupo controle e de intervenção (Rscore = 57) porém, inferior ao grupo

comparativo (Rscore = 71) do estudo de Lekulskai e Cole (2001). No primeiro mês, o valor

foi maior que do grupo controle; entretanto, menor que o grupo de intervenção. No 2o mês, o

valor do Rscore médio desse estudo foi semelhante ao grupo controle da Tailândia. As

crianças brasileiras do presente estudo receberam intervenção do MMC até a 38a semana de

idade gestacional e não receberam nem um outro tipo de intervenção, exceto as medidas

protetoras ao SNC, até o final do segundo mês. Esses resultados parecem apontar que a

influência do MMC sobre o desempenho motor desses lactentes estudados se estendeu até a

idade em que eles receberam alta do contato pele a pele.

A diminuição do desempenho motor encontrada no 2o mês coincidiu com o relato de

Bos et al. (2000), que através da revisão de diversos trabalhos sobre os resultados do

desenvolvimento neurológico em lactentes nascidos pequenos para a idade gestacional e

101

Page 102: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

também, a relação entre os movimentos espontâneos em RNPT, apontou o final do 2o mês,

como um período de grande transformação neural. Prechtl (1984) originalmente descreveu ao

final do 2o mês a ocorrência da chamada transformação maior da função neural, quando

diversas funções mudam para uma condição mais adaptativa do que a observada durante os

primeiros dois meses. Os resultados da 48a semana no grupo estudado talvez possam ser

decorrentes da ainda não manifesta fase de transformação neural no grupo estudado,

exclusivamente composto por lactentes pré-termo. Adicionalmente deve-se considerar que

integrando o grupo normativo do TIMP em idades a partir da 40a semana, havia presença

também de lactentes nascidos a termo, o que possivelmente influenciou a definição dos

parâmetros de normalidade do teste.

Esses achados coincidem com os de Jeng et al. (2000), Gaetan (2002) e Mercuri et al.

(2003), que constataram uma variabilidade no desenvolvimento maior em lactentes nascidos

pré-termo do que os nascidos a termo. Nos achados de Kekulskai e Cole (2001), apesar do

grupo de RNPT ter recebido intervenção fisioterapêutica desde a 40a semana de idade, só após

o 2o mês os lactentes de risco apresentaram desempenho motor semelhante ao grupo de RNPT

considerado sem risco. No trabalho de Gotto et al. (2005), os índices de escore para

desenvolvimento motor na Bayley Scales of Infant Development, no 2o mês de vida de

lactentes nascidos a termo classificados como pequenos para a idade gestacional foram

menores, em relação ao grupo de recém-nascidos considerados adequados para a idade

gestacional.

A avaliação individual do desempenho motor de cada um dos 13 lactentes mostrou

uma intensa variabilidade na evolução motora através dos valores de Z-score coletados ao

longo das idades estudadas. Apesar da variação dos valores de Z-score entre positivo e

negativo, todos os lactentes apresentaram desempenho motor entre + ou – 2,0 desvio padrão

em relação à média de referência. Para a maioria dos participantes a variação ocorreu da

seguinte maneira:

102

Page 103: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

- Valores de Z-score inicialmente acima, evoluindo para abaixo da média de referência. Isso

ocorreu em 30,7% dos lactentes, os quais eram os de extremo baixo peso e muito baixo

peso ao nascer (média = 1003 g) e com a menor idade gestacional (média = 28 semanas).

- Valores de Z-score que oscilaram para acima e para abaixo da média de referência, os

lactentes representaram 46,1 % do grupo estudado e foram os que apresentaram baixo

peso ao nascer (média = 1602 g) e maior idade gestacional (média = 33 semanas).

Barbosa et al. (2003) estudaram a predição precoce da paralisia cerebral (PC)

comparando o desempenho motor de um grupo de 10 crianças com diagnóstico de alto risco

para alteração no desenvolvimento (HPIV grau III / IV e displasia broncopulmonar) entre a

Alberta Infant Motor Scale (AIMS) no 3o, 6o e 12o meses e o TIMP da 40a semana de idade

gestacional ao 4o mês de idade corrigida. O atraso motor no TIMP foi definido com a

performance de - 0,5 DP da média de referência, baseada em estudo prévio que comparou a

performance do TIMP aos 3 meses com o resultado da AIMS aos 12 meses de idade

(CAMPBELL; KOLOBE, 2002). Os resultados mostraram que o TIMP foi sensível para

identificar 8 das 10 crianças (80%) com PC aos 3 meses de idade considerando o ponto de

corte de – 0,5 DP, contrastando com 30% das crianças identificadas corretamente pela AIMS,

considerando como ponto de corte a classificação abaixo do percentil 10 nesta idade. Este

trabalho revelou que a criança com PC, que apresenta escores baixos em idade precoce

(abaixo de - 0,5 DP no TIMP), terá uma tendência a manter esses escores baixos

seguidamente. No presente estudo, pôde-se notar que, na 48a semana (2o mês) das 13 crianças

estudadas, sete (54%) ficaram com Z-score abaixo de - 0,5 DP da referência, mas apenas duas

(15%) apresentaram seguidamente estes valores em algum momento do estudo (n = 2 e 7).

Em estudo recente, a predição do prognóstico motor na idade pré-escolar em crianças

com história de diferentes graus de risco clínico foi realizada através dos coeficientes de

correlação entre o TIMP e a Peabody Developmental Motor Scale (PDMS – 2). Os valores

103

Page 104: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

para a eficiência do diagnóstico foram encontrados usando o ponto de corte de - 0,5 DP

abaixo da média do Z-score no 1o, 2o e 3o meses no TIMP e o ponto de corte de - 2,0 DP do

escore da PDMS – 2. Os resultados indicaram valores de 33%, 50% e 72% para sensibilidade;

94%, 86% e 91% para especificidade; 60%, 55% e 75% para predição positiva e 83%, 84% e

91% para predição negativa; respectivamente para o 1o, 2o e 3o meses. O estudo revelou que

72% dos lactentes classificados com atraso motor no TIMP no 3o mês evoluíram com paralisia

cerebral na idade pré-escolar, confirmada aos 4,7 anos pela PDMS-2. O TIMP também

conseguiu identificar 91% das crianças com desenvolvimento considerado típico para a idade

aos 3 meses (THUBI; KOLOBE; SUSMAN, 2004). Em tal estudo, a possibilidade das

crianças avaliadas no 2o mês com Z-score abaixo de - 0,5 DP apresentarem paralisia cerebral

foi de 50% e de se desenvolverem de forma normal foi de 86%. Baseado em tais resultados,

das 13 crianças que receberam 102 horas (52 dias) de MMC até a 38a semana de idade

gestacional corrigida, sete (54%) apresentaram Z-score abaixo de - 0,5 DP no 2o mês e

merecem maior atenção no seguimento, considerando que existe um potencial de risco para

desenvolver paralisia cerebral.

Para Prechtl et al. (1984), esta variabilidade pode ser interpretada como adaptações

pós-nascimento e também, como características individuais dos recém-nascidos ao longo do

desenvolvimento.

Para investigar a influência de variáveis neonatais (peso de nascimento, idade

gestacional e tempo de exposição ao Método Mãe Canguru), os lactentes foram divididos

em subgrupos (considerando como ponto de corte o valor mediano das variáveis citadas) e

foram observados os valores médios de Z-scores de cada subgrupo, da 34a à 48a semanas

de idade.

A divisão em subgrupos considerando as medianas de peso ao nascer e idade

gestacional, resultou em subgrupos idênticos para essas variáveis (Figuras 5 e 6). Ou seja,

104

Page 105: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

essa divisão revelou que no grupo estudado os neonatos de menor peso foram também os

de menor idade gestacional.

A comparação entre os valores médios de Z-score (desempenho motor) e as médias

dos subgrupos de peso de nascimento (mediana= 1390 g) e idade gestacional (mediana= 31

semanas e 5 dias) não revelou diferença estatística significante (Figuras 5 e 6). Apesar de não

ter sido encontrada diferença significante entre os dois subgrupos, o subgrupo de menor peso

(< 1390 g) e idade gestacional (< 31,5 semanas) parecem ter se beneficiado mais do MMC

que o subgrupo de maior peso e idade gestacional, pois, alcançou Z-score acima da média

durante o período que se submeteu ao MMC (38a semana), estendendo seu desempenho

positivo até a idade de termo ou 40a semana.

Entretanto, embora os subgrupos com maior peso de nascimento e idade gestacional

(Figuras 5 e 6) terem apresentado valores inferiores ao subgrupo com menor peso e idade

gestacional da 34a à 44a semana, notou-se na 48a semana, uma inversão do desempenho com

aproximação do Z-score do subgrupo de maior peso/idade gestacional em direção à média de

referência. Diferentemente, os subgrupos de menor peso/idade gestacional se distanciaram da

média de Z-score de referência. Esses resultados mostraram que as crianças pertencentes aos

subgrupos de menor peso de nascimento e idade gestacional foram responsáveis pelo

distanciamento do valor de Z-score do grupo estudado em relação à média de referência na

48a semana, como visto na Figura 6.

Esses achados reafirmam a presença da heterogeneidade de desempenho motor de

crianças nascidas prematuramente e de baixo peso (FERRARI, 1990; BLY, 2000; GAETAN,

2002). Também sugerem que o MMC demonstrou ser um instrumento de intervenção

benéfico ao desenvolvimento motor dos RNPT enquanto em contato pele a pele,

principalmente para os lactentes de menor peso e idade gestacional.

105

Page 106: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

A respeito da influência do tempo de submissão ao Método Mãe Canguru, foi

analisada a comparação dos valores médios dos Z-score dos subgrupos divididos de acordo

com mediana do tempo de exposição ao MMC, em menor que 107 e maior ou igual a 107

horas. Não foi encontrada nenhuma diferença estatística significante entre os subgrupos; mas,

notou-se a mesma tendência entre os subgrupos na evolução do Z-score. Houve um maior

distanciamento do valor de Z-score em relação à média de referência do subgrupo de maior

tempo de Método MMC. Neste estudo, é importante destacar que os lactentes pertencentes ao

subgrupo de maior tempo de MMC apresentaram maiores complicações perinatais. Desta

forma, o subgrupo de lactentes com menor tempo de MMC, foi possivelmente o que

apresentou evolução mais rápida e conseqüentemente, alta mais precoce do MMC.

A influência do MMC no desenvolvimento motor global de recém-nascidos de baixo

peso foi estudada por Charpak e colaboradores (2001) avaliaram 339 RNPT colombianos aos

seis e 12 meses de idade usando a Escala Griffith e não encontraram diferença significante

entre o desenvolvimento motor dos RN em MMC e o do grupo controle.

Diferentemente, Feldman et al. (2002), avaliaram através da escala motora das Bayley

Scales of Infant Development, 73 RNPT israelenses com idade gestacional média de 30,6

semanas e peso de nascimento médio de 1270 gramas que se submeteram ao MMC de forma

parcial (1 hora por dia durante 14 dias). Eles encontraram resultados superiores de

desenvolvimento nas crianças em MMC, em relação ao grupo controle, nas 34a e 37ª semanas

de idade gestacional corrigida.

Silva (2003) descreveu as correlações perinatais e o desenvolvimento de 296 RNPT

brasileiros que participaram do MMC. Utilizou a classificação clínica funcional e descritiva

das alterações motoras, porém sem usar uma escala padronizada para classificar o atraso

motor. Em seus achados, o atraso motor foi de 6% nas idades de 3 – 13 meses. A presença de

paralisia cerebral foi de 7% e foram considerados com desenvolvimento normal, 86% das

crianças avaliadas.

106

Page 107: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Salles (2003), através do Teste Neurocomportamental de Dubowitz, avaliou 25 RNPT

brasileiros na idade de 40 semanas de idade corrigida que receberam cuidados com medidas

consideradas protetoras para o desenvolvimento normal do SNC, comparou com o grupo

controle que recebeu cuidados convencionais e demonstrou que os neonatos que receberam

medidas protetoras apresentaram melhor desempenho do que os do grupo com cuidados

convencionais.

Feldman e Eidelman (2003) avaliaram 70 RNPT que receberam MMC por cerca de 24

dias, num total de 30 horas utilizando a Escala Neurocomportamental de Brazelton e

concluíram que o MMC acelerou a maturação do sistema autonômico e circadiano daquelas

crianças, em relação ao grupo controle.

Apesar de diversos estudos terem enfocado as repercussões do MMC sobre o

desenvolvimento motor de lactentes pré-termo, ainda não foi descrito, quais e quando as

aquisições motoras são influenciadas pelo contato pele a pele entre mãe e bebê.

Como os itens avaliados no TIMP são relacionados às mudanças ocorridas durante o

desenvolvimento do lactente, foi possível neste estudo identificar as respostas motoras

possivelmente influenciadas pela posição canguru e os cuidados protetores de uma unidade

que oferece atenção diferenciada quanto ao manejo e posicionamento do neonato de risco.

O posicionamento canguru além de oferecer uma experiência térmica, tátil-cinestésica

e sensorial ao bebê, oferece também a possibilidade de uma situação favorável à postura

flexora fisiológica, observada no RN a termo (ALS, 1986). A inibição da postura extensora,

bem como, a contenção dos movimentos exagerados e desorganizados próprios do RNPT é

oferecida também, enquanto bem posicionados em canguru. Apesar da posição canguru ser

considerada como facilitadora da postura fisiológica, esses bebês por ficarem longos períodos

de tempo amarrados na mãe, algumas vezes podem ser poupados de adquirirem experiências

motoras além daquela oferecida pelo MMC. O RN é colocado na posição canguru, na maioria

das vezes, antes de completar 36 semanas de idade gestacional, período este, caracterizado por

107

Page 108: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

apresentar hipoatividade, tônus muito baixo, sem força suficiente para realizar movimentos

antigravitacionais e conseqüentemente, sem conseguir realizar por completo determinados

movimentos.

Através da descrição dos comportamentos motores avaliados no TIMP, pôde-se

observar alguns movimentos de maneira detalhada e pontuar a influência do MMC sobre as

aquisições motoras dos recém-nascidos estudados.

Nos Itens Observados (IO), o que se destacou foi que a maioria dos RN conseguiu

realizar quase a totalidade dos movimentos durante o período estudado, com exceção do item

IO-13, de alcançar objetos. Segundo estudos sobre esta habilidade, ela ocorre por volta dos 3

meses (HOPKINS; PRECHTL, 1984), porém em estudo realizado por Gaetan (2003) com

RNPT (PN < 31 semanas) brasileiros, essa aquisição ocorreu por volta dos 4 meses. Em

estudo comparativo entre lactentes nascidos a termo PIG e AIG, a prova “estende a mão em

direção ao aro suspenso” foi característica de 27% do grupo PIG e de nenhum lactente AIG

(0%) no 3o mês de vida (Castro, 2005). Uma possível explicação para este fato seria a

hiperexcitabilidade motora se manifestando por movimentos espontâneos acentuados e de

grande amplitude exibidos por lactentes que sofreram restrição de crescimento intra-uterino.

A respeito do movimento de Fidgety, sua presença foi observada na 40a semana de

idade gestacional em 72% dos participantes e esteve presente em 91,7% deles, na 48a semana

de idade pós-termo. Em estudo de Ferrari, Cioni e Prechtl (1990), o movimento de Fidgety

ocorreu entre a 6a e 9a semanas pós-termo. Quando esse movimento ocorre de forma anormal,

apresentando movimentos com sincronismo limitado, repertório pobre, ou movimentos

caóticos, tem valor preditivo positivo para paralisia cerebral. Nos lactentes do presente estudo,

foi observado tal comportamento em 2 (15,4%) no período pré-termo, 2 (15,4%) no período a

termo e 1 (7,7%) no período pós-termo.

Como trabalho realizado por Gerpelli e Leone (2004), foi estudado a relação entre a

qualidade, tipos e trajetória dos movimentos generalizados espontâneos, incluindo o de

108

Page 109: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Fidgety, em RNPT brasileiros com achados de ultra-sonografia de crânio neonatal e com a

avaliação clínica neurológica. Em relação aos movimentos de Fidgety ocorridos no período

pós-natal, 33% das crianças avaliadas apresentaram ausência ou anormalidade nesse

movimento. Concluíram que esses métodos quando usados conjuntamente, podem detectar

risco para alterações neurológicas no seguimento a longo prazo, (56 semanas pós-termo),

constatadas entre a ocorrência de movimentos generalizados normais e evolução neurológica

normal nos períodos pré-termo, a termo e pós-termo.

A presença da oscilação dos braços e pernas (IO_12) como descrito como preditor de

desenvolvimento motor normal por FERRARI et al. (1990) foi observado na 34a semana de

idade gestacional em 75% dos RN e totalizou-se na 44a semana de idade pós-termo. Em

estudo de caso descrito por Russel e Campbell (1989), a presença da oscilação ocorreu por

volta da 38a semana de idade em RNPT que não haviam recebido nenhum tipo de intervenção.

Esse resultado sugere início mais precoce desse comportamento no grupo estudado,

influenciado pela adoção da postura canguru.

Nos Itens Elicitados (IE), os lactentes apresentaram um nível de atenção interessante,

com acompanhamento do objeto com rotação até 90 graus na posição sentada com apoio (IE

_14), desde a 34a semana de idade gestacional. Tessier et al. (2003) avaliaram RNPT que

receberam MMC aos 6 e 12 meses de idade e observaram que houve um aumento no nível de

atenção nesses bebês em relação ao grupo controle. Girolami e Campbell (1994) estudaram 33

RNPT de IG de 34 semanas que receberam intervenção fisioterapêutica com alongamento e

cinesioterapia global, nas posições prona, supina e lateral durante 14 dias e verificaram que, as

crianças ficaram mais alerta e mais ativas que o grupo controle.

A respeito do controle de cabeça na posição sentada com apoio (IE_ 15-17), o grupo

estudado apresentou aquisição progressiva do movimento. Na 44a semana de idade, 50% do

grupo apresentou controle da cabeça com maior duração de tempo (nível 3) e na 48a semana, o

grupo apresentou melhor controle cervical (nível 4), mas sem sentar sozinho. Russel e

109

Page 110: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Campbell (1989) identificaram controle de cabeça em RNT aos 2 meses de idade, mas em

RNPT, ocorreu atraso de dois meses, ocorrendo apenas no 4o mês.

Na posição supina, a reação de manter a cabeça na linha média sem protusão do

queixo e hiperextensão cervical (IE_ 21 e 22) ocorreu na maioria das crianças do grupo

estudado na 48ª semana de idade pós-gestacional. Diferentemente do observado no estudo de

Gaetan (2004), no qual os RNPT só conseguiram esse desempenho no 4o mês. Gorga et al.

(1985) explicaram que postura do RNPT é mais estendida, como conseqüência da diminuição

do tônus muscular, pela presença da força muscular mais elevada dos músculos eretores do

tronco, devido à permanência em supino durante os cuidados em unidades de terapia intensiva

e também, pela falta de estimulação tátil, proprioceptiva e cinestésica e a postura fletida

proporcionada pelo espaço intra-uterino limitado no final da gravidez (MERCURY et al.,

2003). Nos RN sob o MMC, o controle da cabeça parece ter sido melhor, devido à intervenção

do posicionamento canguru, porque oferece além da intervenção psicoafetiva, estimulação

sensorial adequada e integrada com a estimulação proprioceptiva e cinestésica, de maneira

contínua e prazerosa (ALS, 1996).

Sobre a reação defensiva dos movimentos dos braços na posição supina (IE_26),

considerando os quatro níveis de desempenho, o grupo estudado apresentou respostas mais

maduras, porém variadas, na 48a semana de idade. A resposta de levar a mão em direção à

linha média (nível 2) ocorreu em 33% das crianças. Conseguiram tocar no tórax, 34% delas e

em 33% a mão ficou roçando a superfície. Segundo Hopkins e Prechtl (1984), a capacidade de

alcançar objetos, com ambas as mãos em cima do tórax é predominantemente aptidão das

crianças com 3 meses de idade. Porém, em RNPT considerados de risco, avaliados por Gaetan

(2004), essa aquisição ocorreu aos 5 meses. Para Prechtl (1984), alguns lactentes nascidos pré-

termo podem apresentar no final do 2o mês, as posturas antigravitacionais, emergindo a

movimentação voluntária.

110

Page 111: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

O movimento de levantar a cabeça em prono sem roçar o queixo na superfície (IE_36)

só ocorreu em 8% dos lactentes na 48a semana de idade. A maioria (58%) dos RN desde a 34a

semana já esboçava a tentativa de levantar a cabeça. Entretanto, ainda na 48a semana, havia

quatro crianças que não esboçavam esse movimento. Resultados semelhantes ocorreram nos

outros itens relacionados à cabeça na posição em prono. Possivelmente essa situação

contribuiu para que o valor de Z-score fosse abaixo da média de referência na 48a semana de

idade pós-termo. A aquisição da movimentação antigravitacional da cabeça em crianças

inglesas a termo ocorreu no 2o mês. Em RNPT, isso não ocorreu, sendo justificado pela

presença do tônus baixo e da insuficiente força muscular em manter a postura de forma mais

duradoura, diferente do ocorrido em RNT (BLY et al., 1996; MERCURY et al., 1998; Gaetan,

2004).

Nos itens (IE_36-39; 41-42 e 35) que avaliaram a resposta da cabeça em prono, lateral

e com o tronco suspenso, os lactentes apresentaram uma variabilidade de respostas, algumas

consideradas mais maduras, porém não na totalidade do grupo. Alguns estudos mostraram que

os RNPT e também RNT, apresentam uma variabilidade no tempo das aquisições motoras e

que algumas parecem ter mais habilidades em permanecer em determinado comportamento,

do que outras (GREEN et al., 1995; HADDERS ALGRA, 2002; GAETAN, 2003).

A respeito do comportamento motor que envolve movimento de quadril e membros

inferiores em supino (IE_27, 37 e 40), os RNPT apresentaram respostas semelhantes,

permaneceram no mesmo nível (nível = 2) até a 48a semana de idade. Não conseguiram

manter o quadril e joelhos fletidos/extendidos fora da superfície na posição supina (IE_27).

Essa resposta motora apareceu precocemente em mais de 90% dos RN desde a 34a semana,

porém permaneceu predominantemente dentro da mesma performance (níveis 1 e 2) até a 48a

semana. Em 25% dos participantes, a resposta foi mais madura, conseguindo manter os

membros estendidos fora da superfície por mais que cinco segundos. Esta situação parece não

ter sido favorável ao MMC que, apesar da facilitação da postura flexora, possivelmente por

111

Page 112: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

conter o movimento do quadril e de flexo-extensão dos membros inferiores, não promoveu

resposta de evolução no desempenho motor dos lactentes. Resultado semelhante ocorreu, no

item de ficar em pé com o peso do corpo (IE_40), onde predominaram as performances nos

níveis zero e um durante o período de estudo. Porém, na 48a semana de idade, 16% dos RN

conseguiram ficar em pé com controle de cabeça por mais que cinco segundos. No trabalho de

Darrah e Piper (1994), as crianças canadenses apresentaram postura similar desde as primeiras

semanas de vida. Em trabalho de Pinto et al. (1997) que avaliaram crianças nascidas a termo,

o movimento de ficar em pé ocorreu aos 3 meses. O mesmo ocorreu no trabalho de Gaetan,

em crianças a termo. Porém em RNPT, isso aconteceu aos 4 meses (2003).

No que se refere ao controle de tronco elicitado para rolar pelas pernas e braços

(IE_28-31), a maioria dos lactentes apresentou respostas maduras (penúltimo nível) a partir da

38a semana de idade e manteve-se assim até a 48a semana de idade. O padrão extensor típico

nos RNPT sugere explicar essa situação e a manutenção do alinhamento do tronco na posição

canguru parece ter também contribuído. Porém, quando suspensos pelo tronco, os recém-

nascidos só mostraram reação cervical na 44a semana, caracterizando a dificuldade em realizar

movimentos antigravitacionais. O mesmo ocorreu no item IE_37- arrastar, onde a partir da 44a

semana de idade, 54% das crianças realizaram dois ciclos do movimento de flexo-extensão

dos joelhos e quadril, virando a cabeça para o lado. O constante posicionamento em flexão

dos joelhos e quadril na posição canguru, parece ter contribuído para essas respostas motoras.

No estudo de Groot (2000), os RNPT avaliados apresentaram dificuldade no controle postural

relacionado à força muscular, devido à presença de força muscular ativa alta e tônus muscular

passivo baixo, principalmente em situação de movimentos antigravitacionais.

Durante a aplicação do TIMP é recomendado que o avaliador registre na ficha de

avaliação, os movimentos e reações apresentadas pela criança que vão além daqueles

propostos pelo TIMP.

112

Page 113: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Notou-se que, 70% das crianças avaliadas apresentaram reação de auto-organização e

autoconsolabilidade a partir da 38a semana de idade. Ludington-Hoe e Swinth (1996), em

revisão sobre os efeitos neurocomportamentais do MMC, considerou sua intervenção

consistente pois, promoveu estratégias que preencheram as necessidades do recém-nascido

quanto à contenção, posicionamento adequado, toque gentil, autoconsolabilidade pelo

aninhamento, oportunidades de sucção não-nutritiva e maternagem. Feldman e Eidelman

(2003) estudaram crianças submetidas ao MMC que apresentaram melhores respostas

neurocomportamentais e neurofisiológicas em relação aos lactentes cuidados

convencionalmente.

O aumento do tônus do tronco e região cervical (alterações tônicas transitórias),

comum em RNPT ocorreu em 16% (sujeitos = 5 e 6) dos lactentes e foi inferior ao encontrado

por outros autores. D’Eugenio et al. (1993) relataram que dos 160 RNPT com idade

gestacional entre 24 e 32 semanas e acompanhadas até os 4 anos, 20% apresentaram

alterações tônicas transitórias; destes, 82% apresentaram desenvolvimento motor normal e

18% evoluíram com alterações motoras persistentes. Para Pallás Alonso ecolaboradores

(2000), essa incidência foi de 36% em RNPT com IG entre 28 e 32 semanas e PN entre 750 e

1499 g. Quando avaliados aos 2 anos, 87% dessas crianças apresentaram desenvolvimento

motor normal. Silva (2003) relatou em seu trabalho com RNPT brasileiros submetidos ao

MMC, que o índice de alterações tônicas transitórias foi de 27%.

Por fim, este estudo comparou o desempenho motor do grupo estudado com o grupo

normativo americano na 34a, 38a, 40a, 44a e 48a semanas de vida. 6º, 9º e 12º mês. Pôde-se

notar que não houve diferença significativa da 34a até a 44a semana de idade gestacional entre

os grupos. Ocorreu diferença significante na 48a semana de idade pós-termo, favorecendo o

grupo de lactentes americanos. Entretanto, deve-se considerar que a cultura, as práticas

utilizadas no cuidado da criança (child rearing practices) (SANTOS; GABBARD;

GONÇALVES, 2000; LOPES, 2003) e as condições sócio-econômicas são fatores que

113

Page 114: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

influenciam o desenvolvimento motor de lactentes. Adicionalmente deve-se considerar que,

enquanto o grupo normativo americano era composto por crianças também a termo e com

vários graus de risco, o grupo estudado era composto exclusivamente por pré-termos e de alto

risco. De maneira geral considera-se que o grupo estudado comportou-se de maneira

semelhante ao normativo.

Acredita-se que o MMC influenciou na qualidade dos movimentos e das aquisições

posturais ocorridas durante o desenvolvimento motor, durante o período do estudo.

A utilização do TIMP mostrou-se apropriada para avaliar os RNPT que receberam o

MMC e possibilitou a observação dos componentes motores que diferenciaram a progressão

do desenvolvimento ao longo da 34a semana de idade gestacional à 48a semana de idade pós-

termo.

114

Page 115: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

7. CONCLUSÃO

As conclusões a seguir foram obtidas a partir dos dados apresentados neste estudo:

O desenvolvimento motor global dos recém-nascidos avaliados nas 34a, 38a, 40a,

44a e 48a semanas de idade corrigida ocorreu de maneira crescente porém, com

diferenças significativas entre cada idade, o que caracterizou a evolução do

comportamento motor.

O desenvolvimento motor dos lactentes apresentou variabilidade durante o período

do estudo. Porém, na 48a semana de idade pós-termo, o desempenho motor foi

significativamente inferior em relação às 34a e 48a semanas de idade corrigida (p=

0,008 e p=0,01, respectivamente), sugerindo que a influência do desempenho

motor prosseguiu até a 44a semana de idade, representando seis semanas do

término do contato pele a pele entre mãe e bebê.

A influência do Método Mãe Canguru sobre os movimentos espontâneos dos

recém-nascidos foi positiva durante todo o período estudado. O movimento de

Fidgety esteve presente em 72% dos lactentes desde a 40a semana de idade e em

91% no período pós-termo e a oscilação de perna e braço apresentou incidência de

100% na 44a semana de idade.

A aquisição do controle de cabeça na posição sentada ocorreu na maioria dos

lactentes na 48a semana de idade pós-termo. A aquisição de levar a mão à boca na

linha média na posição supina ocorreu no 2o mês.

115

Page 116: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

A posição “Canguru” parece ter influenciado negativamente nas respostas de

movimentação de quadril e membros inferiores na posição supina, nos movimentos

antigravitacionais e em permanecer na posição de pé, pois as crianças estudadas

não apresentaram evolução motora durante o período estudado.

O peso de nascimento (mediana = 1390 g) e a idade gestacional (mediana = 31

semanas e 5 dias) não revelou influência significante no desempenho motor dos

lactentes estudados. Entretanto, o subgrupo de menor peso de nascimento e idade

gestacional parece ter se beneficiado mais do Método Mãe Canguru, porque

apresentou desempenho motor acima da média no TIMP durante o período que se

submeteu ao método (38a semana de idade) e estendeu este desempenho positivo

até a idade de termo ou 40a semana.

O tempo de submissão ao Método Mãe Canguru (mediana = 107 horas) não

apresentou influência significativa no desempenho motor dos lactentes estudados.

Porém, os recém-nascidos do subgrupo com > 107 horas de contato pele a pele

foram os que apresentaram maiores complicações perinatais e os lactentes do

subgrupo com menor tempo (< 107 horas) de Método Mãe Canguru apresentaram

evolução clínica mais rápida e possivelmente, alta mais precoce do Método Mãe

Canguru

116

Page 117: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

A comparação entre o desempenho motor dos lactentes estudados e o grupo

normativo americano não apresentou diferença estatística significativa da 34a à 44a

semana de idade corrigida. Ocorreu diferença significativa (p = 0,05) na 48a

semana de idadae pós-termo, favorecendo o grupo de lactentes americanos.

117

Page 118: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados desse estudo demonstraram que o TIMP foi capaz de pontuar o

desempenho motor de recém-nascidos pré-termo considerados de risco, submetidos ao

Método Mãe Canguru, chamando a atenção para determinadas aquisições motoras que não

evoluíram durante o período estudado. A posição canguru, apesar de se comportar como

instrumento facilitador da postura flexora necessária ao RNPT, parece que em relação aos

movimentos do quadril e membros inferiores não favoreceu à evolução do seu desempenho.

Portanto, deve ser considerada a necessidade de trabalhos que estudem o posicionamento

canguru de maneira mais profunda e detalhada.

Em relação ao período de alta do Método Mãe Canguru, que geralmente ocorre quando

a criança mostra sinais de intolerância, atinge em média 2000 g, período esse que geralmente

corresponde a capacidade de termorregulação, sugere-se levar em conta também, a idade

gestacional de 40 semanas, onde freqüentemente a criança já adquiriu tônus mais maduro e

necessita participar de experiências motoras antigravitacionais sem restrições de movimento

em diferentes ambientes para facilitar seu desenvolvimento motor.

118

Page 119: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

As informações adquiridas pelo TIMP a respeito dos diferentes movimentos e

aquisições motoras de recém-nascidos pré-termo com vários graus de risco desde a idade de

34 semanas até o 4o mês de idade corrigida permite que os profissionais de reabilitação

motora, tenham a oportunidade de avaliar e estudar o desenvolvimento motor da criança sob a

influência de uma variedade de aspectos. Além de possibilitar novas direções de intervenção

clínica, avalia fatores que podem restringir o movimento da criança, possibilitando o

planejamento da manipulação de posturas variadas, que poderão servir como instrumento de

facilitação ou inibição de novos padrões que possam surgir através das mudanças

comportamentais, resultantes de diferentes situações clínicas e ambientais.

Desta forma, diante desses conhecimentos a cerca do desenvolvimento motor, o

fisioterapeuta compartilha com outros profissionais, a importância da sua atuação dentro de

unidades de assistência neonatal.

119

Page 120: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALLEN, M. C.; ALEXANDER, G. R. Gross motor milestones in preterm infants: correction

for degree of prematurity. J Pediatr, 116: 955-59,1990.

ALS, H.; GILKERSON, L. The role of relationship-base developmentally suportive newborn

intensive care in trenghthening outcome of preterm infants. Sem Perinatol, 21(3): 178-89,

1997.

ALS, H.; DUFFY, F. H.; MCANULTY, G. B. Effectiveness of individualized

neurodevelopmental care in the newborn intensive care unit (NICU). Acta Paediatr Suppl,

416: 21-30, 1996.

ALS, H. A synanactive mode of neonatal behavioral orgnization framework of the assessment

of neurobehavioral development in the premature infants and parents in neonatal intensive

care enviroment. The high-risk neonate: developmental therapy perspectives. Phys Occup

Ther Pediat, 6:3-55, 1986.

AMIEL –TISON, C.; GRENIER, A. Neurologic Assessment During the First Year of Life,

Oxford University Press, New York, 1986.

120

Page 121: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

BARBOSA, V.M.; CAMPBELL, S.K.; SHEFTEL, D.; SLINGH, L.; BELIGERE, N.

Longitudinal Performance on infants with cerebral palsy on te Test of Infant Motor

Performance and on the Alberta Infant Motor Scale. Phy Occup Ther in Pediatr, 23(3):7-29,

2003.

BARROS, K.M.T.F et al. Do enviromental influences alter motor abilities acquisition?

Acomparison among children form day-care centers and private schools. Arq

Neuropsiquiatr, v.61, n.2A, p.170-5, 2003.

BATAGLIA, F. C.; LUBCHENCO, L.O. A practical classification of newborn infants by

weight and gestational age. J Pediatr, 71:159-63, 1967.

BELSKY, J. The determinants of parenting: a processmodel. Child Dev, 55: 83-96, 1984.

BERGMAN, N.J.; LINLEY, L.L.;FAWCUS, S,R, Randomized controlled trail of skin-to-skin

contact from birth versus convenctional incubator for physiological stabilization in 1200 to

2199 gram newborns. Acta Paediatr., 93; 779-85, 2004.

BERNSTEIN, N.A. C0-ordination and regulation of movments. New York, pergamon

Press, 1967. 196p.

BICALHO-MANCINI, P.G.; VELASQUEZ-MELÉNDEZ, G.Aleitamento Materno exclusivo

na alta de recém-nascido internados em berçário de alto risco e os fatores associados a essa

prática. J Pediatr (Rio de Janeiro)., 80: 241-8, 2004.

121

Page 122: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

BLY, L. What is the role of sensation in motor learnig? What is the role of feedback and

feedforward? NDTA Network, sep-oct, p.3-8, 1996.

BRAZELTON, T.B. Neonatal Behavioral Assessment Scale, 2nd ed. Clinics in Development

Medicine, 88. philadelphia, PA: JB Linppicott, 1984.

BRADLEY, R.H.; CASEY, P.H. Family enviroment and behaviorl development of low-birth

weight children. Dev Med Child Neurol, 34: 822-26, 1992.

BRASIL. Portaria no. 693, 05/07/2000. Ministério da Saúde. Norma de Orientação para

implantação do Método Canguru. Diário Oficial da União, no. 1219 –E, seção 1, 6 de julho

de 2000 a.

BRASIL. Normartização do Método Canguru. Publicado pelo Ministério da Saúde, 2001.

BRAZELTON, T.B.; CRAMER, B., KREISER, L.; SCHAPI, R.;SOULÉ, M. A dinâmica do

bebê. Porto Alegre, Artes Médicas do Sul, 1987. 170p.

BRONFENBRENNER,U. A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais

e planejados. Porto Alegre, Artes Médicas,1996.

CAMPBELL, S. K.Future directions for physical therapy assessment in early infancy. In: I. J.

Wilhemn , Physical therapy assessement in early infancy. New York: Churchill

Linvingston, 1001. p. 293-308

122

Page 123: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

CAMPBELL, S. K. The Test of Infant Motor Performance – Test User’s Manual Version

1.4. Copyright, 2001.

CAMPBELL, S. K.; KOLOBE, T. H. A.Concurrent validity of the Test of Infant Motor

Performance with the Alberta Infant Motor Scale. Pediatr Phys Ther, 12: 1-8, 2000.

CAMPBELL, S. K.; KOLOBE, T. H. A.; OSTEN, E. T., LENKE, M.; GIROLAMI, G. L.

Construct validity of the Test of Infant Motor Performance. Phys Ther, 75: 585-96, 1995.

CAMPBELL, S. K.; KOLOBE, T. H. A.; OSTEN, E. T., LENKE, M.; GIROLAMI, G. L.

Development of the Test of Infant Motor Performance. Phys Med Rheab Clinics NA, 4(3):

541-50, 1993.

CAPURRO, H.; KONICHEZKY, S.; FONSECA, D.; CALDEYRO-GARCIA, R. A. A

simplified method for diagnosis of gestational age in the newborn infant. J. Pediatr, 93: 120-

22, 1978.

CARTER, R. E.; CAMPBELL, S. K. Early neuromuscular development in the premature

infant. Phys Ther, 55: 1339-41, 1975.

CARVALHO, M.R.; PROCHINIK M. Método mãe-canguru de atenção ao prematuro. Rio de

Janeiro : BNDES, 2001.

123

Page 124: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

CASTRO, C. Motricidade apendicular em lactentes a termo pequenos para a idade

gestacional: estudo comparativo. Dissertação de Mestrado – Universidade Metodista de

Piracicaba, 2005.

CATTANEO, A. et al recommendations for the implementation of Kangarro Mother Care for

low birthweiht infantsl International Network o Kangaroo Mother Care. Acta Paediatr., 87:

440-5, 1998.

CASE-SMITH, J. Analisis of current motor development theory and recently published infant

motor assessment. Infant and Young Children, v.o,n.1, p.29-41,1996.

CHARPAK, N.; RUIZ-PELDEZ, J. G.; CALUME, Z.; CHARPAK, Y. A randomized

controlled trial of kangaroo mother care: results o follow-up at 1 year of corrected age.

Pediatr, 108: 1072-9, 2001.

CHARPAK, N.; CALUME, Z. F.; HAMEL, A. O Método Mãe-canguru – Pais e familiares

dos bebês prematuros podem substituir as incubadoras. McGraw Hill, Chile, 1999. 121p.

CHARPAK, N.; et al. Kangaroo Mother Care Program: an alternative way of caring for low

birth weight infants? One year mortality in two cohort sudies. Pediatrics., 94: 804-1, 1994.

CLARK, J.E. Motor development. Enciclopedia of Human Behavior. v.3, 1994, p.245-55.

CLARK, J.E.; WHITALL, J. What is motor development? The lessons of history. Quest,

v.41, p. 183-202, 1989.

124

Page 125: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

CIONI, G.; PRECHTL, H.F.R. Preterm and early post term motor behaviour in low-risk

premature infants. Early Hum Dev, 23: 159-191, 1990.

CONDE-AGUDELO, A.;DIAZ, R.J.L.; BELIZAN, J.M. Kangaroo Mother Care to reduce

the mortality in low birthweight infants (Cochrane Review). In: The Cochrane Libary, issue

2,2004.

DARRAH, J. et al. Intra-individual stability of rare of gross motor development in full-term

infants. Early Human Development, v. 52, p.169-79, 1998.

DARRAH, J. et al. Stability of serial assessment of motor and comunication abilities in

typically developing infants – implications of screening. Early Human Development,

v.72,n.2, p.97-110, 2003.

DE GROOT, L., HOECK, A.,van der, HOPKINS, B. & TOUWEN, B.C.L. Development of

muscle power in preterm infants: individual trajectories after term age.

DI PIETRO, J. A.; CAUCHY, M. O.; CUSSON, R.; FOX, N. A. Cardiorespiratory

functioning of preterm infants: stability and risk asociation for measures of heart rate

faziability and oxigen saturation. Dev Psychobiol, 27: 137-52, 1994.

DUBOWITZ, L.M.; DUBOWITZ, V. The Neurological Assessment of the Preterm and Full-

term Infant. Clinics in Developmental Medicine No. 12 Philadelphia, PA: JB Lippincott,

1981.

125

Page 126: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

FELDMAN, R.; EILDMAN, A. I. Skin-to-skin contact (kangaroo Care) acellerates autonomic

and neurobehavioral maturation in preterm infants. Dev Child Med Neurol, 45: 274-81,

2003.

FELDMAN, R.; EILDMAN, A. I.; SIROTA, L.; WELLER, A. A comparison of skin-to-skin

(Kangarro) and traditional care: parenting outocomes and preterm infant development.

Pediatrics, 110: 16-26, 2002.

FELDMAN, R.; EIDMAN, A.L. Skin-to-skin contact (Kangaroo Mother Care) accelerates

autonomic and neurobehavioural maturation in preterm infants. Dev Med Child Neurol.

Apri; 45(4):274-81, 2003.

FELDMAN, R.; WELLER, A.; EIDELMAN, A. I. Testing a family intervention hypotesis:

the contributions of mother- infant skin-to-skin contact (Kangaroo Care) to family, proximity

and touch. J Fam Psychol, 17(1): 94-107, 2003

FELDMAN, R.; EIDELMAN, A. I. Intervention programs for premature infants. How do they

affect development ? Clin Perinatol, 25(3): 613-26, 1998.

FERRARI, F.; CIONI, G.; PRECHTL, H.F.R. Qualitative changes of general movements in

preterm infants with brain lesions. Early hum Dev. 23: 193-231, 1990.

FISHER, C. B.; SONTITEIMER, D.; SCHEFFER, F. B. A. Cardiorespiratory stability of

premature boys and girls during kangaroo care. Early Hum Dev, 52(2): 145-53, 1998.

126

Page 127: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

FOHE, K.; KROPF, S.; AVENARIUS, S. Skin-to-skin contact improves gas exange in

premature infants. Perinatol, 20(5): 311-5, 2000.

FOLIO, M. R.; FENELL, R. R. Peadbody Developmental Motor Scales. 2nd Ed. Austin,

Tex: Pro-Ed Inc; 2000.

GARCIA, J. M.; GERPELLI, J. D.; LEONE, C.R. Importância dos movimentos genralizados

espontâneos no prognóstico neurológico de recém-nascidos pré-termo.J Pediatr (RJ), 80 (4):

2696-305, 2004.

GABBARD, C. Lifelong motor development . Needham Heights, 2000. MA: Allyn and

Bacon. Previous Editions, 1996, 1992 with McGraw-Hill.

GALLAHUE, D.; UZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês,

crianças, adolescentes e adultos. São Paulo, Phorte Editora, 2001.641.p.

GENTILE, A.M. A working model of skill acquisition with aplication to teaching. Quest, v.

17, p.3-23, 1972.

GESELL, A. Maturation and the patterning of behavior. In: Murchison, C. (Ed.). A handbook

of child psychology. New York, Russell & Russell, 1933. p.209-235.

GHERPELLI, J. L. D. Avaliação neurológica do recém-nascido prematuro. In: DIAMENT, A;

CYPEL, S. Neurologia Infantil. 3 ed. Rio de Janeiro, Atheneu, 1996.

127

Page 128: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

GORGA, D.; STERN, F.M.; ROSS, G. Trends in neuromotor behavior of preterm and

fullterm infants in the first year of life: Apreliminary report. Developmental Medicine and

Child Neurology, 27: 756-66, 1985.

GREEN, E. M.; MULCITAI, C.M.; POUTNEY, T. E. An investigation into the development

of early postural control. Dev Med Child Neurol, 37:437-448, 1995.

HADDERS-ALGRA, M.; BROGEN, E.; FORSSBERG, H. Nature and nurture in the

development of postural control in human infants, Acta Paediatr., Suppl. 442, p.48-53, 1997.

HADDERS-ALGRA, M. Variabilty in infant motor behavior: a halmark of the healthy

nervous system. Infant Behavior & Development, v.25, p.433-51, 2002.

HADDERS-ALGRA, M.; GROOTHUIS, A.C.M. Quality of general moviments in infancy is

related to neurological dysfunction, ADHD, and agressive behavior. Developmental

Medicine and Child Neurology, 41381-91,1999.

HACK, M.; FRIEDMAN, H.; FANAROFF, A. A. Outcomes of extremely low-birth weight

infants. Pediatrics, 98:931-37, 1996.

HOPINKS,B.,; PRECHTL, H. F. A qualitative aproach fo the development of neuromotor

during early infancy. In: PRECHTL, H. F. A (Ed).Comunity of neural dunctions from

prenatal to postnatal life. Clinics in developmental Medicine, 94. oxford Blackwell

Scientific Preditions, 1984, pp. 179-97.

128

Page 129: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

KANDEL, E. R.; SCHWARTZ, J. H.; JESSEL, T. M. Fundamentos da neurociência e

comportamento. Rio de Janeiro, Prentice-Hall do Brasil LTDA, 1997. 591p.

KOEPPEN-SCHOMERUS, G.; ELEY, T. C.; WOLKE, D.; GRINGAS, P. The interation of

prematurity with genetic ande enviromental inflences on cognitive development in twins. J

Pediatr, 137:527-33, 2000.

KOLOBE, T. H. A.; BULANDA, M.; SUSMAN, L. Predicting motor outcome of preschool

age for infants tested at 7, 30, 60 and 90 days sf postconceptional age using Test of Infant

Motor Performance. Physical Therapy, 84:1144-56, 2004.

ISOYAMA, S.V.; ALMEIDA, H. Métod Mãe Canguru: aplicação no Brasil, evidências e

impacto sobre o aleitamento materno. J Pediatr (Rio de Janeiro)., 80(5):S173-S180, 2004.

LECHMANN, J.; STHORE, T.; FELDON, J. Longterm effects of prenatal stress experiences

and post natal separation on emotionaly and attentional process. Behav Brain Res, 107: 133-

44, 2000.

LEKSKULCHAI, R; COLE, J. Effect of a developmental program on motor performance in

infants born preterm. Australian J Physiother, 47; 169-76, 2001.

LIMA, G.; QUINTERO-ROMERO, S.; CATTANEO, A. Feasibility, acceptability and cost of

Kangaroo Mother Care in Recife, Brazil. Ann Trop Paediatr, 20: 22-6, 2000.

129

Page 130: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

LUDINGTON-HOE, D.M.; HADEED, A.J.; ANDERSON, G.C. Physiologic responses to

skin-t-skin contact in hospitalized premature infants. J Perintol. 5: 662-6, 1989.

LUDINGTON-HOE, S. M.; XIAMOEI, C.; HASHEMI, F. Infant crying: nature, physiologic

consequences and interventios. Neronatal Netw, 21(2): 29-36, 2002.

LUDINGTON-HOE, S. M. Energy conservation during skin-to-skin contact between

premature infants and their mothers. Heart Lung, 19(5pt1): 445-51, 1990.

MACGRAN, M.B. The neuromuscular maturation of the human infant. New York,

Hafner, 1945.

MORRIS, K. Fisioterapia no recém-nascido e no lactente com problemas relados ao

desenvolvimento. In: BURNS, Y. R.; MACDONALD, J. (Org.). Fisioterapia e Crescimento

na Infância. Tradução. São Paulo: Santos Livraria e Editora, 1999.

NELSON, W.E. Tratado de pediatria. 15a e. Rio de janeiro: Guanabara koogan, 1997.

PALLAZ-ALONSO, P.C. et al. Age for sitting and walking in children born weightinh less

than 1500g and normal motor development at two years of age. An Esp Pediatr.,53:4307-11,

2000.

PAPILE, L. A.; BURSTEIN, J.; BURSTEIN, R.; KOFFER, H. Incidence and evolution of

subependymal and intraventricular hemorrage; a study of infants with weight less than 1500 g.

J Pediatr, 92:529-34, 1978.

130

Page 131: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

PASSMAN, J. W.; ROTTEVEEL, J. J.; MASSEN, B. Neurodvelopmental profile in low-rik

preterm infants at 5 years of age. Eur J Pediatric Neurol, 1: 7-17, 1998.

PLATINGA, Y.;PERDOCK, J.; GROOT, L. de.Hand function in low-risk preterm infants: Its

relation to muscle power regulation. Developmental Medicine and Child Neurology, 39,6-

11,1997.

PERLMAN, J. Neurobehavioral deficits in premature graduates in intensive care – Potencial

medical and neonatal risks factors. Pediatrics, 108: 1339-48, 2001.

PIPPER, M.C.; DARRAH J.M. Motor Assessement of developing infant. Philadelphia:

W.B. Saunders Company, 1994.

PRECHTL, H.F.R.; NOLTE, R. Motor behaviour of preterm fetus. In (Ed.) Prechtl, H.F.R.

Comunity of neural fucntions from prenatal to posnatal life. Clinics in Developmental

Medicine, 94. Oxford, Blackell Scientific Publications, 1984, pp. 1-15.

PRECHTL, H. F.; EINSPIELER, C.; CIONI, G.; BOSS, A. F.; et al. An early marker for

neurological deficits after prenatal brain lesions. Lancet, 349: 1361-63, 1997.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, CID-10 – Classificação Estatística Internacional

de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, 10a revisão, v.1, tradução do Centro

Colaborador da OMS para a classificação de Doenças em Português, 7a edição, São Paulo,

Editora Universidade de São Paulo, 1999, Definições, p.1181-1186.

131

Page 132: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

RAMANATHAN, K. ET AL. Kangaroo mother Care in very low birth weight infants. Indian

J Pediatr., 68:1019-23,2001.

ROCHA, N.A.C.F.; TUDELLA, E.; BARELA, J.A.Perspectiva dos sistemas dinâmicos

aplicados ao desenvolvimento motor. Temas sobre Desenvolvimento, v.4, n.79, p.5-13,

2005.

RUSSEL, D.; ROSENBAUN, P.; GROWLAND, C.; HARDY, S.; JARVIS, S. The gross

motor function meadure: means to evaluate the effects of Physical Therapy.Dev med Child

Neurol, 31:341-52, 1989.

SAINT-ANNE DARGASSIES, S. As bases da neurologia do desenvolvimento. Editora

Manole, Rio de Janeiro, 1982. p. 3-24.

SALLES, B.G.C. Aplicação do exame neurocomportamental de Dubowitz em recém-

nascidos pré-termo e sua correlação com condições perinatais diversas, 2003, Dissertação

Mestrado – Universidade Mackenzie, São Paulo.

SAMEROFF, A. J.; SEIFER, R. Family risk and child competence. Child Dev, 54 (15): 1254-

68, 1983.

SANTOS, D. C. C.; GABBARD, C.; GONÇALVES, V. M. G.Motor development during the

first 6 months: the case of brasilian infants.Infant and Child Development, v. 9, p. 161-66,

2000.

132

Page 133: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

SANTOS, D. C. C.; GABBARD, C.; GONÇALVES, V. M. G. Motor development during the

first year : a comparative study . Journal of Genetic Psicology, v 62, n.2, p. 143-53, 2001.

SEGRE, C.A.M. Rn Pré-termo. In SEGRE, C.A.M.; ARMELIN, P.A.; MARINO, W.T. (Org).

RN 4a ed. São Paulo: Servier, 1995. p. 101-102.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2000. p. 89.

SIEGEL, L.S. The long-term prognosis of preterm infants: conceptual methodological and

ethical issues. Human Nature, 1: 103-126, 1994.

SILVA, O.P.V. Análise descritiva do desenvolvimento de recém-nascidos prematuros que

participaram do Programa Método Mãe Canguru. 2003. Dissertação Mestrado –

Universidade Mackenzie, São Paulo.

SLOAN, N.; CAMACHO, L. W. L.; ROJAS, E. P; Kangaroo mother method: randomised

controlled trial an alternative method of care for stabilizes low birth weight infants. Lancet,

344: 782-85, 1994.

SOUZA, R. C. T. Vigilância neuromotora de lactentes acometidos por indicadores de

risco para asfixia perinatal no primeiro semestre de vida. Dissertação de mestrado,

Universidade Estadual de Campinas, 1998.

STRATHEARN, L.; GRAY, P.H.,; et al. Childhood negect and cognitive development in

extremily low birth weight infants: a prospective study. Pediatrics, 108: 142-51, 2001

133

Page 134: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

STREINER, D. L.; SAIGAL, S.; et al. Attitudes of parents and health care professional

toward active treatment of extremily premature infants. Pediatrics, 108: 152-57, 2001.

TESSIER, R.; CRISTO, M. B.; CALUME, Z; CHARPAK, N; et al. Kangaroo Mother Care: a

method for protecting high-risk low-birth-weight and premature infants against developmental

delay. Infant Behav Dev, 26(3): 384-97, 2003.

THELEN, E. Development of cordinated movement: implications for early human

develoment. In: Wade, M.G.(Ed.). Motor development in children: aspects of

coordination and control. Boston , martin-Nijhoff, 1986.

THELEN, E. Motor development: a new synthesis. Am Psysichol, 50(2): 79-95, 1995.

TOUWEN, B.C.L; HADDERS-ALGRA, M.Hiperextension of neck and trunk and shouder

retraction in infancy: Aprognosic study. Neuropediatrics,14,202-205,1983.

VOLPE, J. J. Human brain development. In: VOLPE, J. J. Neurology of the newborn. 4 ed.

Philadelphia, Ed Sanders GO, 2000. p. 1-192.

WHITELAW, A.; SLEATH, K. Myth of the marsupial mother: home care of very low birth

weight babies in Bogota, Colombia. Lancet, 25;1(8439): 1206-08, 1985.

WHITELAW, A. et al. Skin-to-skin contact for very low birth weight infants ans their

mothers, Arch Dis Child., 63: 1377-81,1988.

134

Page 135: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

WHITE-TRAUT, R. C.; NELSON, M. N.; SILVESTRINI, J. M. et al. Effect of tactile, visual

and vestibular intervention on lengh of stay, allertness, and feeding progression in pretem

infants. Dev Med Child Neurol, 44: 91-7, 2002.

WIJNROKS, L.; VELDHOVEN, N. Individual differences in postural control and cognitive

development in preterm infants. Inf Behav Develop. 26: 14-26, 2003.

135

Page 136: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

APÊNDICE

136

Page 137: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

APÊNDICE A – Descrição dos dados neonatais e perinatais dos lactentes estudadosCaso Sexo PN IG Apgar1/

5ICoMMC

IICrMMCI USTF TI Hipótese

DiagnósticaPerinatal

1 M 1220g 31s 8/9 31s2d 2d Normal 21d rnpt/ mbp/ aig/ sdrg1/ bdp/ rge

2 F 1225g 30s5d 8/9 33s5d 24d Normal 68d rnpt/ mbp/ aig/ sdrg2/ bdp/ rge

3 M 940g 27s4d 8/10 30s5d 15d Normal 73d rnpt/ ebp/ aig/ sdrg4/ rge/ bdp/ vent

mec4 F 800g 27s 8/9 29s4d 11d Normal 69d rnpt/ ebp/ aig/ sdr

g3/ rge/ bdp/ ventmec

5 F 1280g 30s3d 8/9 31s5d 9d Normal 33d rnpt/ aig/ mbp/ descresp precoce

6 M 995g 27s4d 6/8 30s5d 22d Normal 65d rnpt/ ebp/ sdr g3/vent mec/ bdp

7 M 1520g 32s 2/5 33s 7d Normal 24d rnpt/ aig/ bp/ sdrg4/ vent mec/ rge/

bdp8 M 1495g 33s1d 8/9 34s2d 8d Normal 16d rnpt/ mbp/ sdr g29 F 1700g 31s5d 3/9 33s 10d Normal 27d rnpt/ bp/ aig/ sdr

g2/ vent mec/ rge10 M 1580g 32s3d 6/7 33s5d 9d HPIV-

matrizgerminativa

12d rnpt/ bp/ sdr g2/vent mec

11 M 1780g 33s 8/9 34s1d 8d Normal 18d rnpt/ aig/ bp/ ttrn12 M 1390g 32s3d 4/8 33s3d 7d Normal 28d rnpt/ aig/ mbp/ sdr

g1/ vent mec/ bdp/rge

13 F 1665g 34s2d 8/10 35s1d 6d Normal 25d rnpt/ aig/ bp/ sdr g1IG=idade gestacional; s=semanas; d=dias; PN=peso ao nascer; g=gramas; Apgar1=Apgar no 1o

minuto; Apgar1/5=Apagar no 1º e 5o minuto; USTF=ultra-som transfontanela; ICoMMC= Idade corrigida no início do MMC;ICrMMCI= Idade cronológica no início do MMC; HPIV=hemorragia peri-intra-ventricular; rnpt=Recém-nascido pré-termo;aig=adequado para idade gestacional; bp=baixo peso ao nascer; mbp=muito baixo peso ao nascer; ebp=extremo baixo peso ao nascer; sdr-g=síndrome do desconforto respiratório - grau; bdp=brocodisplasia; vent mec=ventilação mecânica; rge=refluxo gastresofágico;ttrn=taquipnéia transitória dorecém -nascido.

137

Page 138: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

ANEXOS

138

Page 139: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

ANEXO 1- Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa

139

Page 140: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

ANEXO 2TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

“Eu,__________________________________________________________portador do RG nº:

_________________, CPF nº _____________, residente à_____________________________-

_________________________________,nº_________, bairro _____________________cidade:

________________________ - _______, abaixo assinado, concordo que meu filho, o menor

________________________________ participe do estudo“Evolução Motora de Recém-nascidos Pré-termo

Submetidos ao Método Mãe Canguru”, como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido pela

pesquisadora sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como possíveis riscos e benefícios

decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento,

sem que isto leve a penalidade ou interrupção de meu acompanhamento/assistência/tratamento. Declaro que

tenho _____ anos de idade e que concordo que meu filho menor de 18 anos participe, voluntariamente, na

pesquisa conduzida pela aluna de mestrado responsável e por seu (sua) respectivo (a) orientador (a).

Justificativa e Objetivo do Estudo:

Estudos mostram que o nascimento pré-termo pode trazer ao bebê alguma alteração no seu desenvolvimento, e

que o Método Mãe Canguru é considerado um procedimento de intervenção no desenvolvimento de bebês. Por

isso, o objetivo do estudo é avaliar o desenvolvimento motor, de recém-nascidos pré-termo submetidos ao

Método Mãe Canguru da 34a semana de idade gestacional corrigida ao 2o mês de idade corrigida.

Explicação dos Procedimentos

Segundo o critério de nascimento pré-termo e prescrição médica do Método Mãe Canguru, você e seu

filho(a) estão sendo convidados a participar e para serem acompanhados quinzenalmente até a 40a semana de

idade gestacional e mensalmente no primeiro e segundo mês de vida durante a internação na Unidade de Terapia

Intensiva Neonatal/Alojamento Conjunto Tardio e após a alta hospitalar, no Ambulatório de seguimento João e

Maria. As avaliações demoram cerca de 40 minutos para observar a maneira como seu filho(a) se movimenta

quando colocado deitado de barriga para baixo, deitado de barriga para cima, de lado, sentado e em pé e,

enquanto manipula alguns objetos padronizados "Tipo Brinquedos".

Seu filho será avaliado, sempre na sua presença, por uma Fisioterapeuta (aluna de Mestrado). Você será

informado sobre os procedimentos e resultado a cada avaliação e poderá esclarecer qualquer dúvida sobre o

desenvolvimento de seu filho ou sobre a pesquisa.

A escolha foi muito criteriosa, de maneira que pedimos que nos comunique a impossibilidade de um

retorno ou a troca de endereço.

Estas avaliações são de graça e vocês receberão os vales-transportes, sempre que for preciso.

Caso seja encontrado qualquer problema no desenvolvimento de seu filho(a), nós lhe comunicaremos e

ele será encaminhado para tratamento de graça.

Caso aceite, para que continuem fazendo parte da pesquisa, é muito importante que voltem para as

avaliações agendadas.

140

Page 141: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Possíveis Benefícios:

A avaliação do desenvolvimento motor poderá ser utilizada para diagnosticar atrasos no

desenvolvimento motor. Além disso os resultados servirão para a elaboração de programas de estimulação em

pesquisas futuras. É importante que você saiba que não existem programas como estes disponíveis nos serviços

de saúde, sendo esta uma iniciativa pioneira em nossa região.

Desconforto e Risco:

O risco da avaliação é mínimo, visto que o material “tipo brinquedo” foi desenvolvido especialmente

para bebês e que os profissionais que realizam este trabalho tem grande experiência no acompanhamento de

crianças no primeiro ano de vida. Informamos ainda que a avaliação poderá ser interrompida a qualquer sinal de

desconforto por parte de seu filho como choro, sono, necessidade de troca de fralda ou de ser amamentado.

Sigilo de Identidade:

As informações obtidas nesta pesquisa não serão de maneira nenhuma associadas à minha identidade ou

do meu filho e não poderão ser consultadas por pessoas leigas sem minha autorização oficial. Estas informações

poderão ser utilizadas para fins estatísticos ou científicos, desde que fiquem resguardados a total privacidade e

anonimato de minha família.

Os responsáveis pelo estudo me explicaram a necessidade da pesquisa e se prontificaram a responder as

minhas questões sobre o experimento. Eu aceitei participar deste estudo de livre e espontânea vontade. Declaro

ainda que autorizo filmagens e fotografias durante a pesquisa e a exibição delas apenas com fins acadêmicos,

desde que sem identificação. Entendo que é meu direito manter uma cópia deste consentimento.

Aluna de Mestrado Responsável: ____________________________________________

Responsável pela criança: _________________________________________________

Orientador e Pesquisador Responsável: Profa. Dra. Denise Castilho Cabrera Santos

Curso de Mestrado em Fisioterapia

Universidade Metodista de Piracicaba

e-mail: [email protected]

Telefones para contato:

Cyda Maria Albuquerque Reinaux – (19) 3423 3921/92197872

Denise Castilho Cabrera Santos – (19) 3124 1558 / (19) 97119095

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Limeira – UTI Neonatal (19) 3446 6100

Ambulatório João e Maria – (19) 34413018

Local e Data: ___________________________________________________________

141

Page 142: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

FICHA DE ANAMNESE DO PROGRAMA MÃE - CANGURU

PROJETO No. : ___________________ DATA:______________________________________________

NOME DO BEBÊ ------__________________________________________________________________

NOME DA MÃE: _________________________________________________IDADE: _______________

INSTRUÇÃO DA MÃE: _________________________________OCUPAÇÃO:______________________

NOME DO PAI:__________________________________________________ID ADE: ________________

INSTRUÇÃO DO PAI: _________________________________ OCUPAÇÃO: ______________________

SITUAÇÃO CIVIL : _______________________ NUMERO DE OCUPANTES NA CASA ______________

RENDA FAMILIAR (salário mínimo) ______________________ GESTAÇÃO: ______________________

NATIMORTO: ____________GEMELAR __________ FILHOS VIVOS ________

PRÉ – NATAL ( ) NO. DECONSULTAS ______________ FUMO/ÁLCOOL/DROGAS: _____________

INTERCORRÊNCIAS : ___________________________________________________________________

DATA DE NASCIMENTO: ______________________ DATA PROVÁVEL DO PARTO: _______________

CAPURRO: ________________________ APGAR: 1O. MIN._______5O. MIN. _______10O.MIN._______

PESO AO NASCER : __________________ESTATURA : _________________PC : ______ PT : _______

SEXO :______ PIG AIG GIG TIPO DE PARTO: NORMAL CESÁREO FÓRCEPS

INTERCORRÊNCIAS: _________________________ REANIMAÇÃO: ___________________________

MMC FASE 1 - data de início : ________ data de término : __________ peso inicial : __________ peso final

_______idade corrigida inicial:____________________idade corrigida final: _____________________ tempo

de permanência médio (horas/dias) :___________________

MMC FASE 2 - data de início : ________ data de término : __________ peso inicial : __________ peso final

_______idade corrigida inicial:____________________idade corrigida final: _____________________ tempo

de permanência médio (horas/dias) :___________________

MMC FASE 3 - data de início : ________ data de término : __________ peso inicial : __________ peso final

_______idade corrigida inicial:____________________idade corrigida final: _____________________ tempo

de permanência médio (horas/dias) :__________________ _

NUTRIÇÃO: FASE 1 : ___________________ FASE 2: ________________FASE 3 : ________________

HIPÓTESES DE DIAGNÓSTICO:__________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________ULT

RASSOM TRANSFONTANELA ________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

DIAGNÓSTICO ATUAL: _________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

OBSERVAÇÃO: _______________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

142

Page 143: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

ANEXO 4 – Ficha de Avaliação TIMP

143

Page 144: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

144

Page 145: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

ANEXO 5 –Tabela dePadrões deEscore deIdade do

Desempenho Motor do TIMP

145

Page 146: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

PRODUÇÃO CIENTÍFICA

Apresentação de Trabalhos

146

Page 147: CYDA MARIA ALBUQEURQUE REINAUX - unimep.br · Este trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento motor de recém-nascidos pré-termo submetidos ao Método Mãe Canguru (MMC)

Santos D.C.C., Reinaux C.M.A., Gonçalves V.M.G., Montebelo M.I.L. Comparação

do Desempenho Motor de Recém-nascidos Pré-termo Submetidos ao Método Mãe

Canguru com Grupo Normativo Norte Americano. In: VII Congresso Paulista da

Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil (ABENEPI), 2004.

Santos D.C.C., Reinaux C.M.A., Gonçalves V.M.G., Montebelo M.I.L. Desempenho

Motor de Recém-nascido Pré-termo Submetidos ao Método Mãe Canguru. In: VII

Congresso Paulista da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil

(ABENEPI), 2004.

147