curso de licenciatura em enfermagem

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UNIVERSIDADE DO MINDELO ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ANO LETIVO 2016/2017- 4º ANO AUTORA: VANUSA RAMALHO MORAIS Nº 3274 Mindelo, 2018 CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

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Page 1: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

UNIVERSIDADE DO MINDELO

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ANO LETIVO 2016/2017- 4º ANO

AUTORA: VANUSA RAMALHO MORAIS Nº 3274

Mindelo, 2018

CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

Page 2: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

ii

Page 3: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

iii

Trabalho apresentado à Universidade do Mindelo como parte dos requisitos para a obtenção

do grau de licenciatura em enfermagem.

Alcoolismo e as suas implicações sociais na comunidade de Telha Tarrafal

de São Nicolau: Intervenções de enfermagem

Discente:

Vanusa Ramalho Morais

Orientadora:

Mestre Jericia Duarte

Mindelo, 2018

Page 4: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

iv

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus familiares, principalmente á minha mãe e o meu pai

pela oportunidade de concretizar a minha participação nesse curso na qual resultou em

importante contribuição pessoal e profissional e a todos os meus familiares e amigos que me

serviram de apoio durante o meu percurso académico.

Page 5: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus e aos meus familiares por todo apoio, carinho,

confiança, dedicação, gentileza e paciência, por acreditarem em mim durante todos os

momentos, em especial naqueles em que mais fraquejei.

Á minha orientadora mestre Jericia Duarte, pela dedicação e paciência nos

atendimentos durante a orientação. A todos os meus professores desde o pré-escolar até os

universitários, que contribuíram para a minha formação académica.

Á Universidade do Mindelo que acolheu-me durante esses quatro anos de

licenciatura.

Aos inqueridos que disponibilizaram as informações necessários para a realização

deste trabalho.

Ao enfermeiro Milton Miranda que sempre esteve do meu lado, apoiando-me e

incentivando-me na conclusão deste trabalho.

Por último e não menos importante agradeço ao médico Nilson Sanches, à

enfermeira Dóris e o professor Sanisio pelo carinho, dedicação e material disponibilizado na

elaboração deste trabalho.

A todos um muito obrigada!

Page 6: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

vi

EPÍGRAFE

“O toxicodependente é uma pessoa, uma pessoa dependente, uma pessoa doente. Consumiu

droga, pensou não ficar dependente, mas a droga é um engano. Hoje não é dependente

porque quer, é dependente porque consumiu droga. Só fica dependente quem consome.

Patrício (1995, p.123).

Page 7: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

vii

INDICE

INTRODUÇÃO 15

Justificativa e Problemática do estudo 17

CAPÍTULO I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO 24

1. Alcoolismo 25

1.1. Aspetos gerais sobre o alcoolismo 25

1.1.1. Álcool, Alcoolismo e Alcoólatra 26

1.2. Intoxicação alcoólica 29

1.2.1. Intoxicação aguda e crónica 30

1.3. Perturbações relacionadas com o consumo de álcool 31

1.3.1. Abuso de álcool 31

1.3.2. Dependência de álcool 32

1.4. Tipos de dependência alcoólica 33

1.4.1. Dependência física 33

1.4.2. Dependência psicológico 33

1.5. Fatores predisponentes para o consumo e perturbações relacionados com o álcool

34

1.6. Efeitos do álcool no corpo 36

1.7. Problemas ligado ao álcool 37

1.8. Implicações do álcool nas três vertentes: família, escola e sociedade 39

1.9. Alcoolismo em Cabo Verde 45

1.10. Papel do enfermeiro no combate ao alcoolismo 46

1.11. Níveis de prevenção 47

1.12. Rastreio e diagnóstico precoce 53

1.13. Diagnóstico de enfermagem segundo NANDA / NIC 57

1.14. Modalidade de tratamentos para as perturbações relacionadas com o consumo de

álcool 59

1.15. Teoria de enfermagem segundo modelo Nola Pender (promoção da saúde) 66

CAPÍTULO II - FASE METODOLÓGICA 69

2.1. Percurso metodológico 70

2.2. Tipo de pesquisa 71

2.3. Instrumento de colheita de informações 72

2.4. População e amostra 74

Page 8: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

viii

2.5. Caraterização do campo empírico 75

2.6. Procedimentos éticos do estudo 76

CAPÍTULO III – FASE EMPÍRICA 78

3.1. Apresentação e interpretação dos resultados 79

3.2. Análise do inquérito aplicado 79

3.4. Resultados 111

3.5. Discussão dos resultados 113

CONSIDERAÇÕES FINAIS 116

PROPOSTAS 118

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 119

Page 9: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

ix

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1: Casos de internamentos na delegacia de saúde de Tarrafal São Nicolau por

alcoolismo (2010 – 2016) ………………………………………………………………….21

Quadro 2: Níveis de riscos e intervenções de alcoolismo pontuação de AUDIT…………55

Quadro 3: Diagnóstico de enfermagem segundo NANDA e interversões de NIC………..58

Page 10: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

x

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Sexo……………………………………………………………………………..80

Gráfico 2. Idade…………………………………………………………………………….80

Gráfico 3. Estado civil……………………………………………………………………...81

Gráfico 4. Habilitações literárias…………………………………………………………...81

Gráfico 5. Ocupação………………………………………………………………………..82

Gráfico 6. Rendimento mensal familiar…………………………………………………….82

Gráfico 7. Consumo atual de bebidas alcoólicas…………………………………………..83

Gráfico 8. Motivo para o consumo de bebidas alcoólicas…………………………...........83

Gráfico 9. Companhia para o consumo da primeira bebida alcoólica…………………...84

Gráfico 10. Altura do dia em que é feito o consumo……………………………………….84

Gráfico 11. Bebidas consumidas com maior frequência…………………………………...85

Gráfico 12. Idade do primeiro consumo…………………………………………………....85

Gráfico13.Contextos sociais onde são feitas o consumo de bebidas

alcoólicas…………………………………………………………………………..……..86

Gráfico 14. Hospitalização por consumo excessivo de álcool……………………………..86

Gráfico 15. Efeito do álcool após a sua ingestão…………………………………………..87

Gráfico 16. Ferimento devido ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas………………87

Gráfico 17. Relações sexuais sem preservativo após a ingestão…………………………...88

Gráfico 18. Ingestão de álcool juntamente com outras substâncias………………………..88

Gráfico 19. Condução sobe efeito de álcool /embriagado………………………….............89

Gráfico 20. Idade mínima em que deve ser permitido o consumo de bebidas alcoólicas….89

Gráfico 21. Opinião acerca dos preços das bebidas alcoólicas………………………….....90

Gráfico 22. Quantidade de amigos que consomem bebidas alcoólicas…………………….90

Gráfico 23. Quantidade de bebida padrão consumida por dia……………………………..91

Gráfico 24. Necessidade de beber logo de manhã para curar ressaca……………………...91

Gráfico 25. Frequência do esquecimento do ocorrido na noite anterior por ter bebido…...92

Gráfico26.Satisfação das informações disponibilizadas pela delegacia de saúde

relativamente as consequências causadas pelo álcool …………………………………......92

Page 11: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

xi

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Relação entre o consumo atual e o sexo………………………………………….93

Tabela 2: Relação entre o consumo atual e a idade…………………………………………94

Tabela 3: Relação entre o rendimento mensal e o consumo………………………………...95

Tabela 4: Relação entre o consumo, ocupação e sexo ……………………………………...96

Tabela 5: Relação entre o motivo de consumo e o contexto social…………………………97

Tabela 6: Relação entre sexo e o contexto social de consumo……………………………...98

Tabela 7: Relação entre sexo e idade do primeiro consumo……………………………….99

Tabela 8: Relação entre sexo e hospitalização por consumo de álcool …………………...100

Tabela 9: Relação entre o efeito de consumo e o sexo…………………………………….101

Tabela 10: Relação entre idade e companhia para o primeiro consumo………………….102

Tabela 11: Relação entre sexo e quantidade de consumo por dia…………………………103

Tabela 12: Relação entre sexo e ferimento por consome de álcool ……………………….104

Tabela 13: Relação entre sexo e consumo de álcool com outras substâncias……………...104

Tabela 14: Relação entre sexo e uso de preservativo após a ingestão de álcool………….105

Tabela 15: Relação entre sexo e ressaca após a ingestão de álcool ……………………..105

Tabela 16: Relação entre sexo e condução sobe efeito de álcool………………………….106

Tabela 17: Relação entre sexo e informações relativamente às implicações de álcool…..107

Tabela 18: Indicadores de falsos conceitos………………………………………………..108

Tabela 19: Níveis de consumo por sexo…………………………………………………...110

Page 12: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

xii

RESUMO Ao longo dos anos o alcoolismo tem-se revelado um fenómeno social muito

preocupante, pelo qual está associado a uma série de consequências adversas. O álcool é

uma droga lícita com fortes raízes culturais e consequentemente a primeira droga de eleição

para aqueles que decidem entrar no mundo das drogas. Com a alta prevalência de consumo

de bebidas alcoólicas e os seus danos, essa problemática tem transformado num grande

problema de saúde pública, estabelecendo uma grande inquietação a nível mundial e

nacional. A comunidade de Telha não é uma exceção, pelo qual as autoridades locais têm

vindo a demostrar as suas preocupações em relação a essa problemática. Assim devido ao

início precoce de consumo do álcool e o aumento de indivíduos com problemas relacionados

com o álcool os profissionais de enfermagem tem-se relevado agentes chave no processo da

transformação social no qual devem implementar programas de promoção de saúde,

prevenção do uso e abuso de álcool e outras drogas. Sendo assim durante esta investigação

objetivou-se analisar a prevalência de consumo de bebidas alcoólicas num grupo de

indivíduos da comunidade de Telha de Tarrafal de São Nicolau. Para a realização do trabalho

optou-se por um estudo quantitativo, descritivo, observacional e transversal. A população

estudada é constituída por 40 indivíduos residentes na comunidade Telha e para a recolha de

informações foi utilizado um questionário com perguntas fechadas. Os resultados mostraram

que 31 (77%) dos inquiridos consomem bebidas alcoólicas, o ponche é a principal bebida

consumida, a diversão, a curiosidade, a companhia de amigos, o contexto social são os

principais factores que levam os indivíduos a consumirem bebidas alcoólicas.

Comportamentos de riscos é uma das implicações do consumo exagerado. Tendo em conta

essa prevalência encontrada de indivíduos que consomem bebidas alcoólicas nesta

investigação torna - se necessário apostar mais nas acções de educação para saúde. É

importante o engajamento de todos os profissionais de saúde e dos familiares de modo a

minimizar o impacto dessa problemática a nível da saúde pública. A prevenção é melhor

solução no combate ao alcoolismo.

Palavras-chave: Álcool, alcoolismo, consumo e formas preventivas.

Page 13: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

xiii

ABSTRACT

Over the years, alcoholism has proved to be a very worrying social phenomenon,

and is associated with a number of adverse consequences. Alcohol is a licit drug with strong

cultural roots and therefore the first drug of choice for those who decide to enter the world

of drugs. With the high prevalence of alcohol consumption and its damages, this problem

has become a major public health problem, establishing great concern worldwide and at the

national. The Telha community is not an exception, and local authorities have been

demonstrating their concerns about this issue. Thus, due to the early onset of alcohol

consumption and the increase of individuals with alcohol-related problems nursing

professionals have become key players in the process of social transformation in which they

must implement health promotion programs, prevention of abuse and abuse alcohol and

other drugs. Thus, during this investigation, the objective was to analyze the prevalence of

alcoholic beverages in a group of individuals from the community of Telha de Tarrafal de

São Nicolau. A quantitative, discretionary, observational and cross-sectional study was used

to perform the study. The population studied was composed of 40 individuals living in the

Telha community, and a questionnaire with closed questions was used to gather information.

The results showed that 31 (77%) of drinkers consume alcohol, punch is the main drink

consumed, fun, curiosity, company of friends and social context are the main factors that

lead individuals to consume alcoholic beverages. Risk behavior is one of the implications of

overconsumption. Taking into account the prevalence found of individuals who consume

alcoholic beverages in this investigation, it is necessary to bet more on health education

actions. It is important to engage all health professionals and family members in order to

minimize the impact of this problem on public health. Prevention is the best solution in the

fight against alcoholism.

Keywords: Alcohol, alcoholism, consumption and preventive form

Page 14: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AA - Alcoólicos anónimos

AC-Antes de cristo

ACPA - Associação Cabo Verdiana de prevenção do alcoolismo

APA - American psiquchiatric associotion

ACPA - Associação Cabo Verdiana de prevenção do alcoolismo

AUDIT - Alcohol use disorders identificativo teste

CNS - Sistema nervoso central

CISA - Centro de informação sobre álcool

DSM - Diagnostic and statistical manual of mental disorders

DST - Doença sexualmente transmissível

Dr. - Doutor

EAF - Efeito alcoólica fetal

HIV - Vírus da imunodeficiência humana

INE - Instituto nacional de estatística

MS - Ministério saúde

NANDA - North american nursing diagnostic association

NIC - Nursing Intervention Classification

OMS - Organização mundial de saúde

PALOP - Países africanos de língua portuguesa

PNDS - Plano nacional desenvolvimento sanitário

PUA - Perturbação pelo uso de álcool

SAF - Síndrome alcoólica fetal

SPSS - Statistical packge for social sciences

UNESCO - Organização das nações unidas para a educação, ciência e a cultura

Page 15: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

INTRODUÇÃO

O presente trabalho surge no âmbito do plano curricular do curso de licenciatura

em enfermagem da Universidade do Mindelo como parte dos requisitos para obtenção do

grau de licenciatura em enfermagem. Trata-se de um trabalho monográfico, que tem por

finalidade dar início ao processo de aprendizagem no âmbito da investigação científica.

O tema escolhido para esta pesquisa é o alcoolismo e as suas implicações sociais na

comunidade de Telha de Tarrafal de São Nicolau: intervenções de enfermagem. A

preferência pelo tema surgiu no decorrer do estágio voluntário na delegacia de saúde do

Tarrafal durante as férias onde pode-se constar um grande número de internamento

decorrente dessa patologia. Não obstando esse motivo é de realçar que se trata de um tema

bastante pertinente por ser um problema de saúde pública que tem vindo a afetar os

familiares e a sociedade em geral.

Deste modo acredita-se ser de grande valia esse estudo na medida em que permite

melhorar a qualidade de atendimento nos cuidados prestados aos utentes e familiares. Assim

sendo é necessário reconhecer o papel do enfermeiro perante um utente alcoolizado para dar

resposta a uma necessidade exigida.

As consequências do consumo de álcool para a saúde do indivíduo e mesmo da

família, deverão conduzir a uma reflexão mais profunda dessa problemática e sobretudo,

quando são conhecidos os seus impactos negativos para o bem-estar social.

Nos últimos anos o consumo de álcool vem ampliando, constituindo deste modo,

um motivo de inquietação mundial pelos riscos que pode acarretar a saúde físico e

psicológico. Sendo assim o problema de consumo de álcool está cada vez mais presente na

sociedade, atingindo todas as classes sociais, não se restringindo as faixas etárias.

Este estudo encontra-se organizado em três capítulos bem elucidados. Antes do

primeiro capítulo encontra-se a introdução, a problemática e a justificativa do estudo onde

defina-se o tema e delimita-se o problema, enuncia-se as hipóteses de investigação e define-

se os objetivos do estudo.

No primeiro capítulo encontra-se o enquadramento teórico, este aprecia uma breve

perspetiva histórica de álcool, definições e conceitos relacionados com o álcool e o

alcoolismo. Contempla também uma explanação sobre o impacto do álcool na vida familiar

e a importância da enfermagem perante o doente alcoólatra e entre outros.

Page 16: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

16

No segundo capítulo apresenta-se a metodologia do trabalho onde define-se a

população alvo da pesquisa, os métodos e instrumentos de colheita de informações bem

como os procedimentos éticos para a sua elaboração. Por fim o terceiro capítulo corresponde

a fase empírica deste trabalho, que apresenta todo o tratamento, a análise e apresentação dos

resultados encontrados durante a investigação.

O trajeto efetuado nesta investigação termina com as considerações finais do

presente trabalho, a apresentação das referências bibliográficas, os apêndices utilizados na

elaboração deste trabalho bem como os anexos pertinente para compreensão dessa

investigação. E ainda, este trabalho foi redigido de acordo com as normas de formatação de

trabalho científico da Universidade do Mindelo.

Page 17: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

17

Justificativa e Problemática do estudo

A escolha dessa temática surgiu do interesse pessoal e a curiosidade despertada ao

longo do ensino clínico e de uma observação direta, constatando-se que uma grande parte da

população se encontra aparentemente afetada por esse flagelo social, não obstando um

número considerável de óbitos provavelmente causado por alcoolismo.

Um dos aspetos que também ocasionaram a escolha do tema baseia-se na dimensão

dos impactos proporcionados pelo consumo excessivo de álcool, gerando consequências

sociais e económicas que afetam tanto o usuário como a sociedade.

Ao longo dos anos a definição e problemática do alcoolismo tem sido discutido por

várias instituições, verificando-se a sua pertinência para a área de saúde na medida em que

necessita de uma atenção e conhecimento especializados dos profissionais nessa área.

No contexto de alcoolismo a família tem sido um fator da estruturação de

personalidade e da socialização bem como uma ferramenta no tratamento e recuperação do

seu membro com problema, porém requer melhor envolvimento da família no tratamento da

pessoa adicto ao álcool e a participação da sociedade na reinserção social do indivíduo.

De certa forma o álcool é um problema que tem vindo a afetar adolescentes, jovens

e adultos de ambos os géneros, não é uma preocupação somente das autoridades, mas

também dos cidadãos pela dimensão dos problemas associados.

Assim a necessidade de estudar esta problemática deve-se ao fato do consumo

excessivo de álcool ser uma questão complexa e grave de todos os níveis de vida de uma

pessoa e também por estar presente em todas as ocasiões.

Nota-se uma preocupação com o consumo de álcool cada vez mais precoce pelo

que acredita-se que este estudo irá contribuir de uma forma positiva para promover a

consciencialização dos adolescentes, jovens e a sociedade em geral dos maléficos do

consumo abusivo de álcool. É nesse sentido que o enfermeiro torna um dos pilares

fundamental na prevenção e promoção da saúde e o bem-estar da sociedade.

Portanto tem-se atribuído a responsabilidade aos profissionais de saúde de

identificar e intervir nos casos em que o consumo de álcool tem provocado danos ou risco

para a saúde do consumidor, levando a um cuidado primário, onde os profissionais de saúde

Page 18: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

18

têm o privilégio de promover uma educação para saúde de modo a consciencializar o

indivíduo adicto ao álcool e a sociedade do risco do consumo nocivo de álcool.

Segundo organização mundial de saúde (OMS) cit in instituto nacional estatísticas

(INE) de Cabo Verde (2002), cerca de dois mil milhões de pessoas no mundo consomem

bebidas alcoólicas e destas 76 milhões apresentam transtornos relacionados com o consumo

e dependência, 3,3 milhões de mortos atribuídos ao consumo de álcool em 2010. Ainda o

mesmo autor acrescenta que, em 2012 o número de óbitos relacionado ao consumo de álcool

foi de 5,9%.

Refere-se ainda o mesmo autor que, o consumo do álcool é responsável por 5,1%

de volume global das doenças e lesões, representando 139 milhões de anos de vida alinhados

por incapacidade. Deste total os homens são responsáveis por 7,4% e as mulheres por 2,3%

justificado pelo fato dos homens consumirem álcool com maior frequência e em maior

quantidade que as mulheres (OMS, 2010).

No que tange a violência baseado no género pode-se considerar o consumo abusivo

de álcool um fator relacionado com essa problemática, não só como ainda de vários outros

problemas sociais e é neste sentido que Oliveira et al (2012) definem o álcool como um dos

principais problemas de saúde pública em todo o mundo e que se encontra associado a 65-

70% dos casos de violência contra a mulher, acidentes de trabalho, problemas familiares e

profissionais.

Anjos, Santos e Almeida (2012) afirmam que o álcool tem as suas consequências

tais como o envolvimento em brigas, vandalismo, absenteísmo do trabalho, risco da

aquisição de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e perda da capacidade de

julgamento.

Segundo os dados do INE Cabo Verde (2002) as despesas familiares realizadas em

2001 e 2002 comprovaram que os familiares gastam 2% do seu orçamento no consumo de

bebidas alcoólicas visivelmente iguais à que gastam com as despesas de saúde e que é cerca

do dobro que gastam com a educação.

No ponto de vista de Oliveira (2012) os problemas causados na saúde pelo álcool

são determinados não só pela quantidade consumido, mas também pelo padrão de consumo

ao longo do tempo e pela qualidade do álcool ingerido.

Page 19: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

19

Pode-se observar que há um número considerável de internações diretamente

relacionado com o álcool e consequentemente um aumento notável de óbitos por doenças

relacionado com o alcoolismo, onde Mello, Barris e Bredo (2001) afirmam que a incidência

de morbilidade por alcoolismo que leva o homem aos hospitais, é cerca de 90% por

hepatopatias e cirrose e os 60% por pancreopatias, ainda ressalta um aumento nos acidentes

cardiovascular, nos acidentes vasculares cerebrais e na doença oncológica.

Portanto é de extrema importância alertar os jovens para as consequências que o

álcool fomenta no organismo se ingerido em excesso, segundo Barbosa et al (2013) 50% dos

utentes com transtorno mentais graves está relacionados com o uso de álcool ou dependência

do álcool.

Segundo Anthony (2009) o álcool em relação ao vírus da imunodeficiência humana

(HIV) é também considerável, ou seja, os consumidores de bebidas alcoólicas expõem uma

oportunidade de duas vezes maior de contrair HIV em relação aqueles que não bebem,

associando assim ao começo precoce das atividades sexuais sem proteção.

No que se referencia à mortalidade, o álcool é responsável por cerca de 195 000

mortes por ano, atribuindo uma maior percentagem de morte causado por álcool numa faixa

etária compreendido ente 15 aos 29 anos, mostrando-se ser mais elevado no sexo masculino

(cerca de 25% a 30% do número total de mortes) que no sexo feminino (10% a 15%)

(instituído da droga e de tóxico dependência Portugal, 2010).

Conforme o boletim oficial de combate contra problemas ligado o álcool de Cabo

Verde (2012) os Portugueses gastam uma quantia de 125 bilhões de euro com o consumo de

álcool, enfatiza ainda que o seu consumo esta intimamente ligado ao ambiente festivo,

comemorativo e confraternização.

Ainda Pinto (2013) afirma que Portugal tem em média 1 milhão e oitocentos mil

consumidores de álcool e mais de 60% dos jovens são consumidores frequentes de bebidas

alcoólicas. É de salientar ainda que, a prevalência do consumo é superior na população

jovem adulto bem como a prevalência da embriaguez, considerando assim o consumo de

risco para população jovem.

Quanto a mortalidade atribuída ás perturbações mentais e comportamentos devido

ao uso de álcool foram registados 99 óbitos em Portugal representando 0,1% do total de

óbitos (Relatório Anual Portugal, 2013).

Page 20: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

20

Relativamente aos problemas sociais esta mesma fonte revela que em 2013 tiveram

104 registos de situações comunicada à comissão de proteção de crianças e jovens (CPCJ)

em processo instaurados em que os jovens assumem comportamentos que afetam o seu bem-

estar relacionado com o consumo de bebidas alcoólicas (Relatório Anual de Portugal, 2013).

No Brasil, o álcool é a droga de acesso no percurso daqueles que desenvolvem

dependências, entretanto os números dos jovens consumidores de bebidas alcoólicas entre

12 e 17 anos teve um aumento de 48,3% para 54,3%. A taxa de dependência nesta

população ampliou de 5,2 para 7,0%, sendo que as meninas bebem de forma idêntica aos

meninos (Associação Médica Brasileira, 2012).

Segundo os dados do II levantamento domiciliar do Brasil (2006) 12,3% das pessoas

com idades entre 12 e 65 anos são dependentes de álcool. Considera- se ainda que no Brasil

o uso de álcool é responsável por mais de 10% dos problemas de saúde. Relativamente ao

acidente de trânsito provocado pelo consumo de álcool corresponde a 12,3% de mortos no

Brasil e o maior número de óbitos acontece na faixa etária mais jovens (Vargas, 2001).

Estima-se ainda que em Brasil cada três camas hospitalares encontram-se

preenchidas em consequência direta ou indireta do consumo do álcool, em que apenas 1%

dos Brasileiros com problema de alcoolismo consegue vaga para internação no sistema

público (Barbosa et al, 2013).

De acordo com OMS (2006) os estados insulares Africanos incluindo Cabo Verde

são uns dos maiores consumidores de álcool. Esse mesmo autor contempla ainda que, a

perturbação e dependência têm um peso de 3,3% na região africana.

Ainda segundo boletim oficial de combate contra problemas ligado álcool de Cabo

Verde (2012/2016) o aumento das mensagens publicitárias é uma das causas que leva o

homem a consumo de álcool. De acordo com o Ministério de Saúde e Segurança Social de

Cabo Verde (2016) 7 em cada 10 internamento no Hospital Baptista de Sousa em São

Vicente são resultantes do alcoolismo, ainda a mesma fonte refere que no ano de 2003/2013

verificou uma percentagem elevada de internações devido ao alcoolismo ou embriagues.

Em relação a ilha de Santiago, foram registados no Hospital psiquiátrico da

Trindade nos últimos anos mais de um terço de doentes hospitalizados relacionado com o

consumo do álcool, relata-se ainda que a taxa de internamento na delegacia de saúde Santa

Page 21: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

21

Cruz foi de 13% no primeiro semestre (Ministério de saúde e segurança social de Cabo

Verde, 2016).

Relativamente ao campo empírico comunidade Telha Tarrafal de São Nicolau, os

dados disponibilizados pela delegacia de saúde de Tarrafal nos anos 2010 á 2016 registaram

inúmeros casos de internamento com diagnóstico associado a consumo excessivo de álcool.

Quadro 1: Casos de internamento na delegacia de saúde de Tarrafal de São Nicolau

por alcoolismo (2010 – 2016)

Ano Nº de internamento por alcoolismo

2010 3

2011 1

2012 1

2013 1

2014 5

2015 9

2016 9

Fonte: Dados de delegacia saúde Tarrafal São Nicolau

Os dados disponibilizados pela delegacia de saúde de Tarrafal de São Nicolau

mostram que, no ano de 2010 houve três casos de internamentos todos com o diagnóstico de

alcoolismo, nos anos de 2011/2013 tiveram um caso com o diagnóstico de alcoolismo e

cirrose hepática alcoólica, no ano de 2014 tiveram cinco casos com o mesmo diagnóstico do

ano anterior e de 2015/2016 ambos tiveram nove casos de internamentos com diagnósticos

diversos.

Referente aos dados recolhidos na delegacia de saúde de Tarrafal São Nicolau

pode-se constatar que, durante o período de sete anos 2010/2016 houve um aumento gradual

e considerável dos internamentos por consumo de álcool. Verifica-se também que os

maiores números de internamentos foram efetuados no ano de 2015/2016 com nove casos.

Em relação a faixa etária observa-se que, a mais acometida é a faixa jovem adulto

com maior prevalência no sexo masculino com vinte e sete casos e no sexo feminino com 2

casos no ano de 2011/2013.

O que não passou despercebido também foram os quatro casos de internamentos na

terceira idade todos do sexo masculino, contudo constatou-se que essa patologia não

Page 22: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

22

acontece somente com os adolescentes e jovens, mas também na terceira idade, pois a

etiologia dessa problemática é multifatorial e complexa não escolhe a faixa etária, sexo ou

raça. Vale ressaltar que os dados relativamente ao campo empírico encontram-se

disponibilizados no (anexo I) com todos os dados desde o ano 2010 a 2016 juntamente com

os diagnósticos, sexo e idade da delegacia de saúde de Tarrafal São Nicolau.

Convém dizer ainda que não foi possível saber a ocupação desses utentes para o

estudo, visto que os dados disponibilizados não contêm essas informações na ficha do

atendimento dos usuários de álcool. Face a essa problemática que é o alcoolismo pode-se

concluir que o ambiente sociofamiliar compõe uma estrutura marcante no desenvolvimento

dos adolescentes e consequentemente na sua relação como o álcool.

Deste modo Pinto (2013) afirma que a utilização do álcool pelos jovens não pode ser

separada do consumo efetuado pela família e pela sociedade, principalmente pelos adultos.

Estes são sem dúvidas as principais referências e exemplos nos padrões de consumo de

álcool.

Ainda de acordo com Pinto (2013, p. 47):

“Existe uma relação firme e gradual entre o álcool e uma variedade de doença

crónica, algumas delas mortais, incluindo a cirrose hepática, as neoplasias das vias

respiratórias, trato digestivo superior, bem como colo-retal, fígado hipertensão

arterial, a pancreatite crónica, relação essa que estudos recentes de metanálise

demostram, inequivocante, mesmo com consumos considerados reduzidos de

álcool por dia”.

É na mesma linha de raciocino que Oliveira (2001) refere que, existe uma interação

entre o património genético do indivíduo e o meio ambiente relativamente ao consumo

excessivo de álcool, o que pode apurar que o maior consumo de álcool se verifica em

pessoas que vivem em ambiente com maior uso de álcool, desta forma a etiologia, o ciclo de

consumo nocivo e dependência de álcool são amplamente explicados por fatores

comportamentais, ambientais e do percurso da vida.

Sendo assim a comunidade de Telha foi eleita a esta investigação por ser a zona

que aparentemente apresenta o maior número de indivíduos com problemas relacionado com

o uso do álcool e por estar localizado no centro da cidade, próxima aos vários

estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas e é precisamente neste contexto que

surge o presente trabalho com o seguinte objetivo geral:

Page 23: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

23

Analisar a prevalência de consumo de bebida alcoólica num grupo de indivíduo da

comunidade de Telha de Tarrafal de São Nicolau.

De modo a dar resposta a problemática anteriormente levantada deparou-se com a

necessidade de delinear os seguintes objectivos específicos:

Identificar os fatores de consumo de bebidas alcoólicas nos indivíduos da

comunidade de Telha de Tarrafal de São Nicolau;

Verificar a prevalência de consumo de bebida alcoólica enquanto problema social no

seio da comunidade de Telha de Tarrafal de São Nicolau;

Descrever as implicações da problemática do alcoolismo num grupo de indivíduos da

comunidade de Telha de Tarrafal de São Nicolau;

Verificar a importância da prevenção do consumo de álcool no seio da comunidade

de Telha de Tarrafal de São Nicolau.

Ao longo dessa investigação achou-se importante elaborar as seguintes hipóteses de

investigação:

O desemprego é um fator relacionado com o consumo abusivo do álcool nos

indivíduos da comunidade de telha de Tarrafal de São Nicolau.

O consumo de álcool nos indivíduos inqueridos da comunidade Telha de Tarrafal de

São Nicolau está relacionado com menor rendimento salarial mensal.

Page 24: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

24

CAPÍTULO I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO

Page 25: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

25

1. Alcoolismo

Entender todo o processo que envolve o alcoolismo engloba muitos aspectos que o

tornam um processo bastante complexo. Claramente não é possível compreender todos os

aspectos ligados ao alcoolismo sem definir conceitos correlacionados. Deste modo a

fundamentação teórica é importante para demostrar conceitos essenciais relacionados com o

tema. Assim sendo, inicia-se o trabalho com uma breve revisão bibliográfica de conceitos

relacionados com o alcoolismo

1.1-Aspetos Gerais sobre o alcoolismo

De fato já é comprovado que o álcool é uma das antigas criações do homem, a sua

existência é tão antiga quanto a humanidade. O seu efeito nocivo já era notório, mas não

atribuído a divida atenção de hoje.

Sendo assim Dias (2003) partilha da mesma ideia que o consumo de álcool é uma

prática desde os nossos antepassados é um hábito amplamente difundido na sociedade,

podendo considerar ainda que a sociedade tem mitos relativamente ao álcool onde ela é

consumida para aliviar as dores físicos e reduzir tensões nervosas, fazer dormir ou apenas

para experimentar novas sensações.

Deste modo Pinto (2013) afirma que o primeiro contacto do homem com o álcool

situa-se entre 10.000 e 5.000 anos antes do cristo durante a transição do período paleolítico

para o neolítico modificando com as condições climáticas benéficas ao processo químico

primordial da fermentação.

Segundo Pinto (2013) a extraordinária bebida alcoólica foi fabricada a partir de

cereais fermentados e pelos seus efeitos típicos não podendo ser visto como um pensamento

primitivo, sendo considerado origem divina.

Pois foi com os Árabes que surgiram as bebidas destiladas, porém foram os cristãos

do mediterrâneo que lideraram o desenvolvimento industrial da produção a partir do século

XII, atingindo seu auge no século XIV e implantado no resto da Europa (Lino, 2006).

Durante a idade média a Europa consumiam vinho e cerveja cuja fabricação era

feita apenas por fermentação, mas com o tempo passaram a produzir bebidas com mais

elevado teor alcoólico com o processo de destilação pelos Árabes (Mello, Barris & Breda

2001).

Page 26: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

26

Acredita-se que foi com a expansão colonial que o vinho a tornou um produto

comercial de grande importância destacando com a revolução industrial e com novos

desenvolvimentos da tecnologia de produção e conservação (Instituto de Droga e

Toxicodependência Portugal, 2010).

Torna se essencialmente abordar a questão do consumo de álcool de maneira

contextualizada, é neste sentido que a Melo (2011) afirma que o álcool é uma substância que

acompanha a humanidade desde sua origem, como elemento de rituais religiosos,

celebrações e confraternizações, tem-se considerado também várias funções, actuando em

medicamentos, perfumes e principalmente componentes de bebidas que acompanham a

sociedade. De acordo com o estudo feito por Reis et al (2014) o álcool era considerado

como medicamento e acreditavam que tinha o poder de cura, recebendo o significado água

da vida.

O álcool só veio a ser considerado como uma doença e uma dependência no séc.

XIX por um médico de renome da época Beijamin Rush. Foi com a forte costume religioso

em que os pais foram criados que levaram a proibição de venda de bebidas alcoólicas, no

entanto foi no meado do séc. XIX que 13 estados promulgaram lei de proibição, a maior

proibição verificou-se com os Estados Unidos onde teve a restrição obrigatória aos hábitos

sociais nacionais (Townsend, 2011).

Nota-se então que o álcool tem acompanhado a humanidade desde os seus

primórdios, aumentando o seu uso com a revolução industrial e com o processo de

destilação, o que aumentou bastante o número dos consumidores e consequentemente os

problemas sócias causado pelo álcool.

1.1.1. Álcool, Alcoolismo e Alcoólatra

Sem sombra de dúvidas o álcool tem vindo a causar danos na população quer a

nível físico, psicológico e sociocultural. É de extrema importância planear estratégias

adequadas de modo a levar a família e sociedade civil a uma reflexão da complexidade dessa

problemática. Perante essa situação torna-se relevante definir alguns conceitos básicos

relativamente a álcool com o intuito de destingirem esses conceitos.

Page 27: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

27

Álcool

O álcool é um fenómeno universal, tendo-se tornado comportamento adaptado de

várias culturas, sendo assim mencionado na gastronomia bem como nas ocorrências

recreativas e sociais. Pois para além dos seus efeitos alguns países têm tido lucro com a sua

exportação na medida que contribui para a economia do país e fonte de emprego para

milhares de pessoas (Dias, 2003).

Assim o consumo de álcool na sociedade atual é visto predominantemente de forma

positiva, o que dificulta a identificação de determinados modelos de consumo como doença

e, ao mesmo tempo a mobilização de profissionais de saúde para diminuir índices de

problemas decorrentes do uso do álcool (Patrício, 2006). Segundo Anjos, Santos e Almeida

(2012) o álcool pode ser entendido como uma substância psicoativa prejudicial à saúde, tem

sido aceito e consumido abundantemente pela sociedade de forma precoce.

Entende-se por álcool a substância etanol ou álcool etílico, do qual sua fórmula

química é CH3CH2OH. É uma substância psicoativa gerada através de cereais fermentados

ou destiladas, cujo consumo provoca dependência física ou psicológico (APONTE, 2013).

Deste modo considera-se o álcool uma droga ou substância psicoativa absorvido

pelo organismo podendo atingir o cérebro, provocando alteração do comportamento ou até

mesmo habituação e dependência (Ministério de Saúde Cabo Verde, 2013).

Sendo assim o álcool é classificado como um depressor do sistema nervoso central

(SNC) isto porque diminui o controlo de inibição ao interferir com o ácido (aminobutirico),

este é o maior inibidor da neura transmissão no cérebro é o neurotransmissor mais

vulgarmente atingido por álcool (Aragão & Sacadura, 2001).

É de salientar ainda que para além desse neurotransmissor o álcool afeta também

outros neurotransmissores originando um aumento de produção de dopamina, norepinefrina

e serotonina ao atravessar a barreira hemática cerebral. Deste modo o álcool dá origem

inicialmente a uma fase de excitação, sonolência e por vezes profunda com paragem

respiratória (Aragão & Sacadura, 2001).

Pois, álcool exerce um efeito depressor no sistema nervoso central (SNC),

resultante em alterações comportamentais e do humor. Os efeitos do álcool no CNS são

proporcionais á concentração alcoólica no sangue (Townsend, 2011).

Page 28: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

28

Alcoolismo

O termo alcoolismo é uma questão em debate, de significado variável, geralmente

utilizado para relatar um consumo de álcool contínuo e frequente determinada pela perda de

controlo da ingestão de álcool. Num conceito mais reduzido pode assim dizer que o

alcoolismo é uma doença causado pela perda de controlo sobre o consumo, causando assim

danos físico e psicológico (Mello, Barros & Breda, 2001).

Pois o alcoolismo está relacionado ao uso excessivo e prolongado de álcool e pode

ser entendido como vício de ingestão excessiva e regular de bebidas alcoólicas, deste modo

Rosa, Gomes e Carvalho (2000) consideram que a definição de alcoolismo está associada ao

status social, uma espécie de suporte às relações e às interações sociais.

No entanto o termo alcoolismo não é incluído como entidade no CID-10, mas

apesar do seu significado ambíguo, é ainda bastante utilizado como o termo diagnóstico e

descritivo. O termo alcoolismo surgiu em 1849 pelo sueco Magnus Huss (Rosa, Gomes &

Carvalho, 2000).

Entretanto alcoolismo é uma doença que prejudica todas as áreas que fazem parte

da vida do alcoólatra, descontrolando a vida da pessoa, prejudicando as relações familiares,

o trabalho e a vida social em geral (Mello, Barrias & Breda, 2001). Ainda Segundo Mello

(2013) o alcoolismo é uma doença causada pelo uso imoderado de bebidas alcoólicas.

De acordo com Reis et al (2014) o alcoolismo é uma intoxicação crónica que afeta

todo o sistema fisiológico e psicológico do indivíduo, no qual o mesmo faz uso da

substância para causar conforto ou aliviar sintomas indesejáveis proporcionados pela

abstinência.

Sendo assim a Organização internacional de trabalho (2008) refere o alcoolismo

como um problema de saúde primário crónico cujo desenvolvimento e manifestações são

influenciados por fatores genéticos, psicossociais e ambientais.

Foi nesse contexto que o termo alcoólatra e alcoolismo foram propostos por alguns

pesquisadores como alternativa menos carregada de valoração, ou seja, estigma. Esse termo

não reduz a pessoa como uma condição de alcoólatra muito pelo contrário (Patrício, 2006).

Por tanto nem todo o consumo de álcool caracteriza-se como alcoolismo. O

alcoolismo só é identificado quando o indivíduo faz o uso excessivo, frequente e compulsivo

de bebidas alcoólicas com prejuízo a nível pessoal, familiar e social.

Page 29: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

29

Alcoólatra

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2010) o alcoólatra é um bebedor

excessivo, com dependência física, perturbações mentais e consequências negativas a nível

do comportamento social e económico.

Assim Melo (2011) define o alcoólatra sendo uma pessoa dependente do álcool,

que adquire o hábito de beber e através desse hábito o seu organismo passará por um

processo de adaptação.

O alcoólatra é considerado uma pessoa com necessidade frequente e contínua de

consumo de bebida alcoólica para obtenção de uma sensação prazerosa. Caracterizado pela

falta de autocontrolo no que tange ao consumo (Caçador & Antunes, 2012).

Entretanto o alcoólatra é uma pessoa que não consegue interromper ou ficar sem

consumir bebidas alcoólicas, uma vez interrompida a ingestão de álcool causa desconforto

físico e psicológico.

1.2. Intoxicação alcoólica

A intoxicação pelo álcool tem-se observado muito no contexto da socialização dos

indivíduos em geral desde os mais novos até os mais velhos, assim o consumo de álcool tem

aumentado paulatinamente no seio da sociedade e consequentemente danos a saúde da

população.

Sendo assim torna importante levar em conta os efeitos tóxicos que podem ser

causados por intoxicação alcoólica. A intoxicação alcoólica é também designada por

alcoolismo e pode apresentar-se sobre duas formas:

Intoxicação aguda;

Intoxicação crónica.

Segundo Townsend (2011) a intoxicação pelo álcool é a presença de alterações

comportamentais ou psicológico desadaptativo, clinicamente significativo, que se

desenvolve durante ou pouco depois da ingestão de álcool. Estas alterações são

acompanhadas por evidências de discurso implantado, descoordenação, marcha instável,

nistagmo, défices na atenção ou memoria, estupor ou coma. O mesmo autor realça que a

intoxicação ocorre geralmente a níveis sanguíneas de álcool entre 100 e 200mg/dl e que a

morte foi verificada a níveis entre 400 e 700mg/dl (APA, 2002).

Page 30: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

30

O etanol é causa de intoxicação em pediatria correspondente a um total de 5%,

essas intoxicações são observadas principalmente a partir dos 13 anos de idade. Nos

adolescentes a intoxicação aguda encontra-se associado ao consumo casual e intenso fora de

casa com amigos nos fins de semanas (Silva et al, 2012).

Porém os principais problemas relatados com o álcool são decorrentes da

intoxicação alcoólica aguda, são geralmente ao imenso consumo de bebidas em percurso

frequente de tempo. A intoxicação é mais alta entre aqueles que consomem frequentemente

do que aqueles que consome com menor frequência (Duailibi & Laranjeira, 2007).

Sendo assim os danos associados a intoxicação aguda são violência, acidente de

trânsito, entre outros. Ao contrário de padrão frequente do álcool que causa problemas de

saúde crónicos como cirrose, doenças cardiovasculares.

1.2.1. Intoxicação aguda ou embriaguez

A intoxicação aguda ou embriaguez é caracterizado por um conjunto de

perturbações físicas e mentais que o homem pode apresentar quando bebe, ocasionalmente

uma dose excessiva de uma bebida alcoólica que pode ter como consequências tonturas ou

em casos mais graves, pode levar ao coma alcoólico (Pinto, 2013).

Deste modo a intoxicação aguda é resultado da ingestão imoderado da bebida

alcoólica, ou seja, acima das limitações de tolerância do organismo. Cada pessoa é afetada

de forma diferente, contudo a sintomatologia apresentada poderá ser diversa consoante o

nível de intoxicação (Townsend, 2011).

1.2.2. Intoxicação crónica

É o estado resultante do habitual e repetido de bebidas alcoólica mantendo-se o

organismo continuadamente e em geral durante vários anos, sob a ação de quantidades de

álcool que embora possam corresponder a ingestão de pequenas doses, somam com tudo,

diariamente, uma quantidade superior aquela que o fígado pode destruir (Pinto, 2013).

Segundo Mello, Barris e Breda (2001) o alcoolismo crónico é considerado uma

síndrome autónimo definido como forma de doença correspondendo a uma intoxicação

crónica. O alcoolismo crónico é quando ingerimos usualmente bebidas alcoólicas, com

frequência, repartidas ao longo do dia em várias doses, que vão mantendo uma alcoolização

Page 31: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

31

duradoura no organismo, nunca saindo do efeito do álcool (Lopes, Marcon & Decesaro,

2015).

1.3. Perturbações relacionadas com o consumo de álcool

Não se pode descartar as lesões potencialmente acomodadas em todos os órgãos do

corpo pelo álcool, este tem sido a causa principal dos encaminhamentos e de internamento

nos serviços de psiquiatria, pois Cruz (2000) afirma que o uso do álcool é um grande

problema de saúde pública devido a sua prevalência e transversalidade, constituindo assim

um impacto social e económico de grande importância, pelo qual torna-se relevante retratar

as perturbações relacionado com uso de álcool.

Segundo Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-V) as

perturbações pelo uso de álcool são definidos como um padrão adverso de consumo de

álcool, que leva a uma deterioração de saúde bem como danos clinicamente significativos.

As perturbações relacionadas com o consumo de álcool são classificadas da seguinte forma:

Ligeiro, moderado ou grave.

Formas de uso excessivo de álcool que podem causar riscos importantes ou nocivos

ao indivíduo. Entre elas, a situação de beber muito diariamente e de forma prossigo

episódios de intoxicação pelo álcool, beber de maneira que cause prejuízo físico ou mental e

o ato de beber que origina na dependência alcoólica (Townsend, 2011).

1.3.1. Abuso de álcool

O abuso de álcool é um fator que compõem muitos aspetos, incluindo assim o uso

prejudicial e a dependência, conforme APA (2000) o consumo regular de álcool provoca

danos a nível físico, mental e social.

Na mesma linha de pensamento APA (2000) considera o consumo nocivo de

álcool como um padrão de consumos que têm consequências para a saúde, tanto a nível

física como psicológico.

Ainda segundo Townsend (2011) o abuso do álcool é considerado um padrão mal

adaptativo de uso de substância, manifestado por consequências opostas recorrentes e

significativas relacionadas ao uso repetido de substância. O abuso de substâncias foi também

reconhecido como qualquer uso de substâncias que consista em perigos significativos para a

saúde.

Page 32: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

32

1.3.2. Dependência de álcool

O prejuízo causado pelo consumo abusivo de bebidas alcoólicas vai muito além da

dependência desenvolvida no indivíduo, sendo assim a Associação Médica Brasileira (2012)

define a dependência de álcool como uma doença crónica, recorrente, que se não for tratada

pode ser fatal.

Dependência alcoólica é caracterizada por um padrão de consumo constituído por

um conjunto de fenómenos fisiológicos, cognitivos e comportamentais que podem

desenvolver-se após repetido uso de álcool. Inclui um desejo intenso de consumir bebidas,

descontrolo sobre o seu uso, continuação dos consumos independentemente das

consequências, uma alta prioridade dada aos consumos (Ribeiro, 2008).

Na ótica de Townsed (2011) a dependência é uma necessidade coerciva ou crónica,

em que a carência é tão forte ao ponto de gerar tensão quer física ou psicológica se não for

satisfeita.

Uma pessoa que consome bebidas alcoólicas exagerado quando diminui o consumo

ou se abstém completamente pode apresentar um conjunto de sintomas e sinais denominado

síndrome de abstinência alcoólica (Laranjeiro et al, 2000).

American psychiatric association (2000) define abstinência como uma suspensão

ou diminuição da utilização maciça e prolongada de álcool. Sendo assim a duração do estado

de abstinência são limitados no tempo e relacionado com a dose de álcool consumido

imediatamente antes da parada e da redução do consumo, pois essa fase pode ser complicada

com o aparecimento da convulsão (Laranjeira et al, 2000).

Assim a medida que o sistema nervoso central se adapta ao álcool, o consumidor

precisa de dose cada vez mais elevado para obter o mesmo efeito. A síndrome de

abstinências alcoólicas é uma consequência do alcoolismo pois ela é bem mais comum em

pessoas adultas, mas pode surgir em adolescentes e até mesmo crianças (Abrão, Nina &

Cruz, 2002).

Nesse sentido diminuição ou suspensão do álcool em paciente dependente provoca

um conjunto bem definidos de sintomas chamado de síndrome de abstinência, embora

alguns pacientes possam experimentar sintomas leves, existem aqueles que podem

Page 33: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

33

apresentar sintomas e complicações mais graves levando até a morte, tais como tremores,

ansiedade, insónia, náuseas e inquietação (Carvalho, 2013).

1.4. Tipos de dependência alcoólica

O consumo de álcool é um fator negativo para a saúde da população levando em

conta que se trata de um dos principais agentes de risco para o aparecimento de doenças

relacionado com o consumo nocivo quer a nível físico ou psicológico. Nessa sequência

Rosa, Gomes e Carvalho (2000) defendem que a dependência engloba dupla vertente,

psíquica e física resultante de uma interação entre um indivíduo e uma substância, sendo

assim caracterizada por alterações no comportamento e outras reações que envolve uma

compulsão em consumir contínuo e periódico a fim de encontrar o efeito desejado.

Assim os dependentes de álcool geralmente são avaliados na ótica da enfermagem

como retardo ou hiperatividade psicomotora, alteração ou deficit de funcionamento social e

familiar, aparência e hábitos higiénicos mal conservados, padrão de sono, funções psíquicas

e alteração no padrão alimentar (Noto & Golduroz,1999).

1.4.1. Dependência física

A dependência física de uma substância evidencia-se por um conjunto de sintomas

cognitivo, comportamentais e fisiológico indicando que o indivíduo continua a usar a

substância apesar de problemas significativos relacionado com a substância. Existe um

padrão de autoadministração repetida que resulta geralmente em tolerância, abstinência e

comportamento compulsivo quanto ao consumo de drogas (Townsend, 2011).

Sendo assim a dependência física é o resultado da adaptação do organismo,

independente da vontade do indivíduo. Deste modo a dependência física e a tolerância

podem manifestar-se isoladamente ou associadas, somando-se a dependência psicológica

(Rosa, Gomes & Carvalho, 2000).

Pois a suspensão da droga provoca múltiplas alterações somáticas, causando a

desastrosa situação do delirium, tremes. Isto significa que o corpo não suporta a síndrome da

abstinência entrando em estado de pânico (Townsend, 2011).

Page 34: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

34

1.4.2. Dependência psicológico

Segundo Townsend (2011) um indivíduo é considerado psicologicamente

dependente de uma substância quando existe um desejo dominador de repetir o uso de uma

substância em particular de modo a produzir prazer ou evitar desconforto. Podendo ser

extremamente forte, produzindo um desejo intenso (craving) por uma substância, assim

como pelo seu uso compulsivo.

A dependência psicológica indica a existência de alterações psíquicas que favorece

a aquisição do hábito. O hábito é um aspecto importante a ser considerado na toxicomania,

pois a dependência psíquica e a tolerância significam que a dose deverá ser ainda aumentada

para se obter os efeitos desejados (Townsend, 2011). Em dependência psíquica o desejo de

tomar outra dose ou de aplicar transforma se em necessidade que se não for satisfeita leva o

indivíduo a um profundo estado de angústia estado depressivo (Pires, 2008).

1.5. Fatores predisponente para o consumo e perturbações relacionados

com o álcool

Nem todas as pessoas estão igualmente propensas a se tornar dependentes do

álcool, para que a dependência alcoólica ocorra é fundamental que haja vulnerabilidade e

suscetibilidade à dependência, favorecidas por condições biológicas, psicológicas, sociais e

ambientais. Do ponto de vista médico é relevante o fato de que as enzimas que metabolizam

o álcool no organismo diferem de indivíduo para indivíduo, o que se chama vulnerabilidade

biológica (Heckmann & Silveira, 2014).

Fatores Biológicos

Existe um fator genético aparente que está envolvido no desenvolvimento das

perturbações relacionadas com substâncias, sendo assim Oliveira (2001) afirma que as

motivações que levam ao consumo de álcool podem ser de causas internas: relacionadas à

personalidade do indivíduo, sua formação e à fase da adolescência. Por outro lado, as

motivações externas são aos fatores socioculturais, moda, sociedade consumista, interesses

económicos, propagandas, movimentos de contracultura e situações de carência económica.

De acordo com Townsend (2011) os filhos biológicos de pais alcoólatras têm uma

incidência significativamente maior para o alcoolismo que os filhos de pais não alcoólatras,

Page 35: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

35

isto acontece mesmo que a criança tenha sido criada pelos pais biológicos ou por pais

adotivos não alcoólatras.

Fatores Bioquímicos

Uma hipótese bioquímica diz respeito a possibilidade do álcool poder produzir

substâncias semelhantes à morfina no cérebro, que são responsáveis pela dependência do

álcool. Estas substâncias são formadas pela reação de aminas biologicamente ativas

(dopamina, serotonina) com produtos metabólicos do álcool, como acetaldeído (Mello,

Barris & Breda, 2001).

Fatores psicológicos

A abordagem psicodinâmica à etiologia do abuso de substâncias focasse no

superego punitivo e na fixação no estado oral do desenvolvimento psicossexual. O indivíduo

com superegos punitivos viram-se para o álcool para diminuir inconscientemente a

ansiedade e aumentar sentimentos de poder e valor próprio como forma de automedicação o

álcool pode ser utilizado para controlar o pânico (Sadock & Sodock 2007).

Ainda Mello (2013) afirma que o alcoolismo esta relacionado com o fator

psicológicos, que afetam a resposta e o comportamento do organismo face ao álcool, ressalta

ainda que a depressão psicológica e ansiedade é também uma causa do consumo.

Fatores de personalidade

Alguns clínicos acreditam que a baixa autoestima, depressão frequente, passividade

incapacidade de relaxar ou incapacidade de comunicar de modo eficaz são comuns em

indivíduos que abusam de substâncias (Townsend, 2011).

O abuso de álcool foi também associado á personalidade antissocial e a estilos

depressivos de resposta. Isto pode ser explicado pela incapacidade do indivíduo com

personalidade antissocial de antecipar as suas consequências eversivas do seu

comportamento (Silva & Padilha, 2013).

O alcoólatra quase sempre é um imaturo, passa do desejo ao ato sem se conseguir

dominar. É quase sempre um indivíduo instável, neurótico ou psicopata. Muitas vezes vê na

droga formas de vencer a insegurança ou de viver o imediato sem preocupações do futuro

(APA, 2000).

Page 36: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

36

Fatores socioculturais

Os efeitos de moldagem, imitação e identificação do comportamento podem ser

observados desde o início de infância. Em relação ao consumo de substâncias a família

parece ser uma influência importante, pois vários estudos mostram que crianças e

adolescentes têm maior probabilidade de usar substâncias se tiverem pais que proporcionam

um modelo de uso de substâncias (Malta, et al, 2011).

Nessa circunstância os pais exercem uma grande influência na vida da criança e do

adolescente que esta a ser encorajado a usar substâncias pela primeira vez. A moldagem

pode continuar a ser um fator no uso de substâncias, depois o indivíduo entra no mundo de

trabalho que proporciona bastante tempo para lazer com os colegas onde a bebida é

valorizada e usada para expressar a coesão do grupo (Dias, 2001).

1.6. Efeitos do álcool no corpo

O álcool é responsável pela perda de saúde, contribuindo significativamente para o

aumento da mortalidade e consequentemente um elevado peso sobre o sistema de saúde. É

também um elemento implicado em vários problemas de ordem pública quando o individuo

se encontra sobre os efeitos do álcool. No ponto de vista de Pinto (2013) o álcool é uma

classe de compostos orgânicos que possui na sua estrutura, um ou mais grupos de hidroxilos

(OH) ligados a carbonos saturados. É comummente, utilizado como combustível e solvente.

O álcool pode induzir uma depressão geral, não seletiva e reversível do CNS. Cerca

de 20% de uma dose única de álcool são absorvidos direta e imediatamente pela corrente

sanguínea através da parede do estômago. Ao contrário de outros alimentos, o álcool não

tem de ser digerido. O sangue leva-o diretamente ao cérebro, onde o álcool atua sobre as

áreas centrais de controlo do cérebro, abrandando ou deprimindo a atividade cerebral

(Martins, 2013).

Os outros 80% de álcool de uma bebida são processados ligeiramente mais

lentamente através do trato intestinal superior até a corrente sanguínea. Apenas alguns

momentos após o álcool ter sido consumido, este pode ser encontrado em todos os tecidos,

órgãos e secreções do corpo (Martins, 2013).

Pois a rapidez da absorção é influenciada por diversos fatores, por exemplo, a

absorção é atrasada quando a bebida é ingerida em pequenos golos e não de uma só vez,

Page 37: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

37

quando estômago contém alimentos, em vez de estar vazio e quando a bebida é de vinho ou

cerveja em vez de bebidas destiladas (Patrício, 2006).

Assim as doses baixas de álcool produzem relaxamento, perda de inibição, falta de

concentração, sonolência, fala arrastada e sono. O abuso crónico resulta em perturbações

fisiológicas em múltiplos sistemas (CISA, 2013).

O etanol é constituído por pequenas moléculas que são solúveis tanto nos lípidos

como na água. Deste modo o álcool pode distribuir-se em todo o corpo, como plasma,

espaços intersticiais e espaços intracelulares que pode travessar facilmente a barreira

hepática cerebral exercendo os seus efeitos (Arão & Sacadura, 2001).

Embora o álcool afeta todos os órgãos, o cérebro é o mais afetado. O efeito no

sistema nervoso central é responsável pela euforia e os efeitos tóxicos, sendo assim o nível

do álcool no sangue são estabilizados ao fim de 40 minuto (Aragão & Sacadura, 2001).

1.7. Problemas ligado ao álcool

O consumo de bebidas alcoólicas tem provocado vários problemas a saúde e a

segurança social, no entanto o conceito de problemas ligado ao álcool é justificado pela

necessidade de caracterizar as consequências nocivos provocado pelo consumo de álcool

(Anjos santos e Almeida, 2012). Deste modo as perturbações relacionadas com o consumo

de álcool podem ser a nível físico, mental ou social e emergem de um consumo excessivo ou

consumo prolongado (Oliveira, 2001).

Nessa sequência Pinto et al (2015), sustente que a dependência alcoólica tem

provocado grandes problemas e consequências ao usuário, tanto físico e psicológico,

podendo na maioria das vezes causar danos a nível do trabalho, desestruturação familiar,

comportamentos agressivos, acidentes de trânsitos e até mesmo exclusão social entre outros.

Deste modo o álcool é responsável por um número elevado de patologia, problemas

de saúde, assim como problemas sociais. Há uma evidência entre o consumo de álcool e a

prevalência de criminalidade nos diferentes contextos sociais, familiar e laboral (Ribeiro,

2008). Considera-se o álcool potencial agente de doenças e mortalidade mundialmente, pelo

qual o seu uso é responsável por 3,2% de mortes e por 4% de anos de vida útil perdidos

(Marinho, 2008).

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38

Referentes as doenças físicas causadas pelo alcoolismo é de evidenciar as de

origem gastrintestinal, tais como úlceras, varizes esofágicas, gastrite e cirrose, relativamente

a neuromuscular pode ocorrer caibras, formigamentos e perda de força muscular os danos

cardiovasculares como a hipertensão é também uma das consequências do alcoolismo para

além de provocar impotência ou infertilidade (Anjos, Santos & Almeida, 2012).

De certo modo o consumo de bebidas alcoólicas no local de trabalho é considerado

um facilitador de acidentes, deste modo Topa e Salgadinho (2001) salientam que devido ao

aumento de acidente atribuído a ingestão de álcool durante o período de trabalho só se

compreende se tiver em conta os efeitos do álcool no organismo, destacando o

comportamento motor, equilíbrio deficiente, movimento mal coordenado, os erros de

perceção e ainda os erros de decisão provocados por um mau tratamento de informação,

todos esses fatores são responsáveis pela diminuição de produtividade.

Portanto a morbidade que leva o homem aos hospitais gerais 90% é causada por

hepatopatias e cirrose e os 60% pela pancreopatia. É também elevado nas doenças

cardiovascular, nos acidentes vasculares cerebrais e nas doenças oncológicas (Topa &

Salgadinho, 2011)

Realmente o álcool é responsável por perda de saúde, contribuindo

significativamente para a taxa de mortalidade e colocando um peso enorme sobre o sistema

de saúde 8 a 10% das mortes de indivíduos com idade entre 16 a 74 anos de todas as

admissões agudas em hospitais estão relacionados com álcool (Mello, Barrias & Breda,

2001).

Em relação aos acidentes de trânsito o álcool é uma principal causa de morte, sendo

a causa direta e principal, em 40 a 50% dos acidentes mortais, e uma das causas associada,

em 25 a 30% dos acidentes, com feridos (Mello, Barrias & Breda, 2001).

Segundo APA (2000) os transtornos mentais subsequentes do uso abusivo de

bebidas alcoólicas prevalecem o delirium, a demência, as perturbações psicóticas do humor

de ansiedade ou de sono e a disfunção sexual.

A relação entre o consumo de álcool e o efeito alcoólico fetal (EAF) é muito

ambígua, deste modo a síndrome alcoólico fetal (SAF) é a causa mais vulgar reconhecida de

atraso mental, com uma taxa de incidência mundial de 1,9% de nados vivos. Durante o

primeiro trimestre da gravidez o álcool está associado a anomalias múltiplas e durante o

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39

segundo e o terceiro o atraso de crescimento e distúrbio do comportamento neurológico

(Miura et al, 2007).

Contudo tem-se observado também que a maioria dos comportamentos inadequado

que infringe a ordem pública, a segurança e a lei é causada por indivíduos em estado de

embriaguez, sendo os delitos praticados com maior violência e mais frequente na

embriaguez patológico (Fonseca, 2008).

1.8. Implicações do álcool nas três vertentes: família, escola e sociedade

O álcool é uma substância que causa mudanças na forma de agir e na perceção de

uma pessoa, são vários os motivos que levam os indivíduos ao consumo exagerado do

álcool. O mais importante é ter em conta o uso que se faz dessa substância em grande

quantidade pode afetar o bem-estar físico, mental, trabalho e até mesmo escola.

Não existe um agente singular que determina o consumo dessa substância, assim

para cada configuração da vida (domínios da vida) há fatores de risco além de fatores

protetores do uso. Entendem-se como domínios da vida: o individual, o grupo de pares, o

familiar, o comunitário, o escolar (Oliveira, 2009)

Álcool e a família

A família é tida como referencia para qualquer indivíduo, formando parte do

desenvolvimento cognitivo, emocional, cultural e relacional, é nesse sentido que Gomes

(2012) afirma que a família não é estática ela se move tanto nos espaços das construções

ideológica quanto no papel que exerce na vida social. A família tem a capacidade de mudar

suas estruturas quando sofre mudança no seu meio, é também espaço de troca de construção

de personalidade e ao mesmo tempo lugar de conflito e tensões.

Sendo assim Barbosa et al (2013), afirmam que a família constitui um pilar

fundamental no que diz respeito ao contacto inicial da criança com o álcool, pois o seio

familiar onde não existe violência doméstica e onde há diálogo e interesse dos pais pelos

filhos, existe menor probabilidade do uso abusivo de álcool.

De acordo com Silva (2014) o álcool é o responsável por desavenças entre casais,

chegando muitas vezes a agressão verbais e físico, afirma também que os filhos muitas

vezes são vítimas dos pais alcoólatras o que pode refletir no desempenho escolar e social da

criança.

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40

É na mesma linha pensamento que Oliveira (2009) refere-se que, um alcoólatra na

família perturba o equilíbrio familiar, neste sentido ainda a mesma defende que a presença

de um membro da família sobre efeito persistente do álcool cria fragilidade na união do

sistema familiar, causada especialmente pelo distanciamento emocional do dependente.

Ainda Pinto (2013) explicita que numa família com filhos pequenos e pais

alcoólatras, coloca-se dificuldades em identificar a imagem paterna e de autoridade.

Acrescenta ainda que quando a mãe é alcoólatra o cuidado básico encontra-se

comprometido, observando carências de afeto, negligência, maus tratos físicos e por vezes,

abandono.

Nesse contexto as famílias com pessoas dependentes de substância são de uma

estrutura confusa, onde os membros que a compõem não apresentam relacionamento e

papéis definidos. Todas as famílias se regem por regras que determinam o funcionamento

intrínseco da família bem como o seu meio envolvente (Townsend, 2011).

Segundo Wegscheider cit in Townsend (2011) identifica como importante três

regras da dependência de substâncias toxicas: desumana, rígida e fechada.

I. Na primeira normalmente, as regras são difíceis e irrealistas de serem compridas,

havendo assim um estímulo para a manipulação dos outros e para a desonestidade, de

modo a evitar-se castigos, sentimentos de culpa e rejeição;

II. Na segunda, as regras desencorajem as mudanças não permitindo diferenças entre as

pessoas e as situações;

III. Na terceira e última caraterística, existem certos temas, sentimentos e informações

que não podem ser abordadas, e que deverão ser mantidas em família e lidados por

cada pessoa individualmente.

Contudo essas famílias quando procura as unidades de tratamento, já tentou

solucionar o problema pelos seus próprios meios, sentindo-se impotente para o fazer. É

habitual, os familiares durante o tratamento terem intervenções contraditórias, pois por um

lado querem que o seu familiar se trate, embora por outro ponha em causa a competência do

técnico na mudança do individuo.

Álcool e a escola

A carência de limite pelos adolescentes tem acarretado danos no âmbito escolar,

emergindo em problemas disciplinares e até mesmo conduta desviante como consumo do

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41

álcool no ambiente escolar. Sendo assim é preciso estar preparado para encarar as

modificações da adolescência, tais como as dificuldades com as mudanças comportamentais

e corporais.

O álcool é a substância mais consumida entre os jovens e adolescentes em idade

escolar, na maioria das ocasiões o consumo da substância é iniciado mesmo na infância,

sendo assim a prevalência do abuso de substância principalmente do álcool altera de acordo

com o ambiente familiar em que estão inseridos e influência social exercida (Castro, Nobre

& Reis, 2014).

De acordo o Ministério de saúde do Brasil (2006) a adolescência é uma fase de

insegurança associado a uma rebeldia e a crise de identidade que constituí um risco para o

consumo de substância nomeadamente álcool em idade escolar. Os adolescentes e os jovens

têm a necessidade de se sentir aceito pelos grupos de pares a que pertencem, e muitas vezes

o consumo do álcool é a forma que eles se encontram para afirmar no grupo.

Ainda Segundo Reis, Nobre e Castro (2016, p. 209):

A adolescência e juventude são períodos importantes de transformações

estruturais, funcionais e de conectividade neuronal, nomeadamente, ao nível do

córtex temporal, parietal e pré-frontal e de estruturas como o hipocampo e as

amígdalas, entre outras, pelo que a exposição ao etanol, nesta faixa etária, pode

causar défices irreversíveis a nível cerebral. Contudo o desenvolvimento ocorrido durante a adolescência é devido ao córtex

pré-frontal, dai que as alterações ocorridas nesta região no período da adolescência estão

relacionadas com as modificações cognitivo e com a aquisição de funções cerebrais

executivas tais como: a atenção, a aprendizagem e a memória. A inteligência está também

associada ao desenvolvimento cortical primordialmente nas áreas frontais como no córtex

pré-frontal que exerce um papel extremamente relevante na maturação da atividade

inteligente (Reis, Nobre & Castro, 2016).

Já é comprovado cientificamente que o álcool apresenta consequência diferente nos

adolescentes e nos adultos a nível mental, justificado pelo fato dos adolescentes se

encontram em desenvolvimento o que os torna um grupo indefesa aos desfechos do etanol

(Monteio et al, 2011).

Pois em maioria das vezes os jovens bebem com o objetivo de se alcoolizar

ingerindo o maior número de copos possíveis com a finalidade de conseguir o estado

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42

eufórico, o que não percebem é que este modelo de consumo pode simplificar a propensão

para a dependência (Fonseca, 2010)

Neste sentido pode concluir-se que o consumo do álcool na adolescência trás

consequências graves a nível cerebral afetando o amadurecimento do cérebro e atingindo os

resultados escolares visto que o processo cognitivo é afetado (Reis, Nobre & Castro, 2016).

Face a essas problemáticas a UNESCO (2005) aponta a escola como o local mais

adequado para o desenvolvimento de ações preventivos a melhoria de qualidade de vida.

Atribuindo a escola a responsabilidade de informar e formar os seus alunos para o seu

desenvolvimento académico e social.

Sendo assim a escola desempenha um papel importante no que desrespeita a

mudanças de hábitos saudáveis, servindo de ponto para chegar a esses adolescentes e jovens.

Os programas preventivos no ambiente escolar é de extrema importância para alertarem os

adolescentes e os jovens acerca dos efeitos nocivos do consumo excessivo do álcool

(Junqueira et al 2013).

Assim a educação e a saúde devem caminhar juntos de forma articulada na

construção dos sujeitos individuais e coletivos dos quais a sociedade é constituída. Portanto

Lopes et al (2007), defendem que o processo educativo precisa ser visto na dimensão

humana e da melhor qualidade de vida e saúde das pessoas e não apenas na perspetiva de

gerar conhecimento.

Portanto nesse contexto os enfermeiros como agente de saúde e educador, visa à

prevenção ao uso de álcool, não defende e nem recrimina o consumo, mas possibilita o

diálogo, da crítica e da aplicação de processo educativo com vista a promover o

desenvolvimento saudável dos estudantes (Lopes et al, 2007).

Outro ponto a ser destacado é também a capacitação do corpo docentes, com o

intuito de instrumentalizar os professores com informações acerca do tema, a partir de

informações, reuniões, palestras, materiais escritos bem como o sentido de investigar o

domínio que o educador possui acerca do tema que será debatido (Lopes et al, 2007).

Muitos autores defendem que o álcool afeta negativamente o desempenho escolar

dos alunos enquanto outros defendem que o insucesso escolar é que conduz ao consumo de

bebidas alcoólicas, ainda existe aqueles que compartilham da mesma ideia que tanto o

insucesso escolar como o consumo do álcool dirigem a problemas de comportamento ou de

Page 43: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

43

conduta desviante. De fato pode se concluir que o consumo de drogas diminui o interesse

dos jovens nas atividades escolares assim como a diminuição do consumo de drogas

melhora o rendimento escolar (UNESCO, 2005).

Sendo assim o álcool prejudica o indivíduo na sua vida escolar e profissional,

fazendo com que perca o interesse em aprender e abandona os estudos e o trabalho, o que

acarrete a perda de confiança e autoestima no indivíduo (Monteiro et al, 2011).

Desta forma a escola deve abordar uma prevenção primária, mas não se pode

discutir a prevenção secundaria nem a terciaria, pois, esta instituição tem um papel de

destaque na deteção, referenciações e encaminhamento dos seus alunos aos profissionais de

saúde isto porque os alunos passam uma boa parte do seu tempo nas escolas (Ministério de

saúde do Brasil, 2006).

Com isso entende-se que a promoção da saúde é mais eficiente para desenvolver

em espaços escolares uma vez que estes são locais de diálogo, favorecido para troca de

saberes e manifestações da diversidade cultural.

Álcool e a sociedade

A sociedade é construída a partir da ação social, sendo esta ação entendida como

social quando se leva os outros em consideração, ou sejas as ações são guiadas pelo que os

outros fazem na situação, porque os outros com os quais se interage são considerados

objetos sociais (Dias, 2001).

Sendo assim a sociedade é considerado um processo dinâmico, em que os

indivíduos interagem modificando e definindo a direção dos atos uns dos outros. Sociedade

é o conceito que integra todos os outros conceitos internacionalismo simbólico e auxilia a

intender a natureza do ser humano (Stel, 1953).

O álcool esta presente na sociedade desde as origens da humanidade e sempre

residiu lugar privilegiado em todas as culturas. No entanto a medida que as sociedades

foram ultrapassando por transformações económicas e sociais, teve alterações profunda no

jeito da sociedade se relacionar com o álcool. Pois a própria substância que une, alegria,

também estimula a agressividade desarmonia, quebrando os laços familiares (Plano

estratégico de Combate ao Problemas Ligado ao Álcool 2016).

Page 44: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

44

Segundo Scali e Ronzani (2007) o álcool é considerado numa perspetiva

sociocultural como um impacto das normas e crenças em que a sociedade é o principal

responsável pelos problemas inerente ao consumo de álcool.

Já é mais do que comprovado que desde da história da humanidade o álcool tem um

papel importante na vida social quotidiano estando presente em ocasiões sociais como o

nascimento de uma criança, casamento e funerários, assim como a transição entre o trabalho

e o lazer facilitando o intercâmbio social. Em diferentes culturas o álcool é utilizado entre

amigos como um meio comum para desfrutar mais da companhia dos outros (Rozin &

Zagonel, 2011).

É nesse contexto que o álcool tem sido uma das poucas drogas psicotrópica que

tem seu consumo aceito pela sociedade e até mesmo o incentivo. Esse é o motivo pelo qual

ela é aceita de forma positiva pela sociedade, quando comparado com as outras drogas (Scali

& Rozani, 2007).

As bebidas alcoólicas são amplamente consumidas mundialmente, sendo o

consumo moderado de álcool conhecido como beber socialmente, contudo o uso diário é

bem aceito pela sociedade. Os efeitos nocivos do álcool são usados pelos jovens e adultos

em festa, cerimónias religioso e fins de semanas, deste modo considera-se que o álcool é

aceito na sociedade por ser um facilitador nas relações interpessoais (Plano estratégico de

Combate ao Problemas Ligado ao Álcool 2016/ 2020.

Entretanto tem-se considerado o álcool um ato social com um valor simbólico,

justificado culturalmente por um conjunto de virtude e mitos. O comportamento de risco

antissocial esta intimamente ligado ao excesso de álcool consumido, que deve ser

considerado um problema grave de saúde público (Plano estratégico de Combate ao

Problemas Ligado ao Álcool 2016).

Pois é durante a socialização principalmente na infância e até pré-adolescência que

o álcool é introduzido na vida social de forma positiva. Para os jovens o ato de beber é um

comportamento que sustenta as relações estabelecidas no quotidiano, acarretando

repercussões a nível biopsicossocial (Mano, 1990).

Também as divulgações publicitárias das novidades surgidas no campo de bebidas

alcoólicas é um dos fatores responsáveis pelo consumo de bebidas alcoólicas, visto que as

Page 45: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

45

propagandas têm como objetivo influenciar os antitudos e comportamento do público

(Pereira, 2003).

O alcoolismo é negado por parte dos familiares e usuário no sentido de doença,

devido ao preconceito social em que o alcoolismo muitas vezes é visto como uma fraqueza

de carater e consequentemente implica o não tratamento da doença (Pires, 2003).

Deste modo o foco de prestação de cuidados de saúde é a pessoa no seu contexto

familiar e comunitário, sendo assim Rosa e Tavares (2008) apresenta alguns aspetos que

devem ser considerados pelos profissionais de enfermagem de modo a dar respostas as

necessidades da sociedade frente à problemática que é o alcoolismo:

Levantar dados e traçar perfil epidemiológica;

Implementar funções e prevenções para prevenção e controlo de agravos de

complicações à saúde dos usuários, familiares e comunidade em geral;

Promover ações de educação continuado aos colaboradores de equipa

multidisciplinar e para além de atuar na assistência direta aos usuários.

1.9. Alcoolismo em Cabo Verde

Os dados relativamente a Cabo Verde têm-se apresentado bastante preocupante,

pois estamos perante uma sociedade consumista em que o álcool tem feito parte do dia-a-dia

dos Cabo-Verdianos, frente a essa situação torna-se importante planear estratégia coerente

por parte das autoridades de modo a levar as famílias e sociedade a meditar sobre a

complexidade desta problemática que é o alcoolismo.

De forma a controlar essa situação encontra-se estipulado na lei nº27/V/97 de 23

junho a proibição de venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos e interdita a

publicidade de bebidas alcoólicas em algumas situações (Boletim oficial de combate aos

problemas ligado ao álcool Cabo Verde 2012/ 2016).

A produção e o consumo de álcool em Cabo Verde têm preocupado as autoridades

devido aos problemas que este tem causado na sociedade e no seio familiar. Tem-se

observado um consumo de álcool em idade cada vez mais precoce bem como o volumo e a

quantidade de álcool consumido (Boletim Oficial, de combate aos problemas ligado ao

álcool Cabo Verde 2016).

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46

Segundo o Ministério saúde de Cabo Verde (2012) o consumo de álcool constitui

um dos principais fatores de risco de doenças crónicas não transmissíveis em Cabo Verde. O

álcool é responsável pelas mortes e incapacidade por acidentes de trânsito, agressões,

violência domestica, abstinência ou incapacidade para trabalhar. Pois a lei Cabo Verdiana

(lei nº 59/VII/2010) 19 de abril proíba a condução de veículos com ou sem motor, em via

publica ou equiparado por individuo sob efeito de álcool.

O grogue é considerado a bebida alcoólica destilada produzida em Cabo Verde,

sendo a ilha de Santo Antão o principal produtor seguida a ilha de Santiago, São Nicolau e

Brava. Cabo Verde importa uma grande quantidade e variabilidade de bebidas alcoólicas

principalmente da Europa, ocupando a cerveja o lugar de destaque com uma percentagem de

86% de consumo a nível nacional (INE, 2004).

De acordo com o Ministério da Saúde e segurança Social de Cabo Verde (2016) os

efeitos nocivos de álcool tendem-se a aumentar e os métodos utilizado na sua redução tem-

se revelado um fracasso, de tal modo que afeta a população Cabo Verdiana atingindo as

crianças em idade precoce, constituindo assim uma ameaça para a população principalmente

crianças e jovens.

O Relatório da Situação Global sobre Álcool e Saúde (2014) indica para uma

situação social e de saúde pública muito grave em Cabo Verde. Os dados dão luminosos

sinais de alarme que determina respostas urgentes. O Relatório explana ainda que Cabo

Verde tem um consumo médio per capita de álcool superior à média africana, a mais alta

taxa de mortes associadas ao álcool entre os Países Africanos de Língua Portuguesa

(PALOP), e a maior percentagem de perturbações mentais ligados ao consumo de álcool.

Assim a prevalências de consumo variam entre as ilhas/concelhos, sendo a

percentagem de pessoas com experiência de consumo de bebidas alcoólicas mais elevada

nas ilhas de S. Vicente (84,5%), S. Antão (80,9%) e Maio (80,7%), valores claramente

acima do valor nacional (63,5%) (Ministério de saúde e segurança social Cabo Verde, 2016).

1.10. Papel do enfermeiro no combate ao alcoolismo

A intervenção de enfermagem é importante na medida em que os enfermeiros são

os profissionais de saúde que tem maior contacto com o utente alcoólatra durante o

internamento. Assim Vargas e Soares (2011) defende que os enfermeiros requerem

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47

capacidade e competência obtida no manuseio diariamente e experiencia, tanto no aprender

a aprender como na busca do abarcamento social e da implementação de atuações para um

cuidar apropriado as persistentes transformações da conduta terapêutico.

Os profissionais de saúde, no estabelecimento do vínculo terapêutico passam

também a ser corresponsáveis pelos caminhos a ser construídos pelo usuário e pelas muitas

vidas que a ele se ligam e que nele se expressam (Azevedo & Miranda, 2010).

No entanto Azevedo e Miranda (2010) afirmam ainda que os profissionais de

enfermagem são responsáveis pelo fortalecimento de uma rede de auxílio e atenção

psicossocial, atribuindo ao enfermeiro o papel importante na reabilitação e reinserção social

do usuário.

Ainda Moraes (2013) sustenta que o profissional de saúde deve perfilhar uma

abordagem de cuidado que leva em ponderação os valores e as crenças, facilitando ao

individuo e ao grupo o sustento do bem-estar, a melhoramento de suas capacidades e estilos

de vida, visando o enfrentamento da doença que é o alcoolismo.

Na ótica de Jamar e Breu (2011) o enfermeiro deve restringir seu papel em

atividades de prevenção ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas, inserindo-se como

profissional atuante, participando de forma autónoma, interagindo com outros profissionais,

no manuseio e assistência aos usuários de álcool.

Por sua vez Gonçalves e Tavares (2007) defendem que os enfermeiros devem atuar

na prevenção de promoção a saúde partir da prática de educação em saúde tais como:

palestras para a comunidade, escolas, igrejas e visitas domiciliar levando a expansão do seu

papel profissional nesse campo.

1.11. Níveis de prevenção

A prevenção do álcool objetiva a precaução dos problemas relacionado ao consumo

do álcool, é garantir que os filiados de uma dada população não abusem do álcool e

consequentemente não causem danos pessoais e sociais relacionados ao consumo excessivo.

A história da doença é composta por três níveis, a prevenção primária, a prevenção

secundaria e por último a prevenção terciaria, deste modo torna-se essencial desenvolver

intervenções voltadas para a prevenção abrangendo trabalhos direcionados para os demais

aspetos que envolvem o usuário de substâncias, ou seja individuo e o meio social em que se

Page 48: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

48

encontra. Essas ações preventivas podem acontecer em diferentes níveis, dependente da

população alvo e do perfil da intervenção (Ribeiro, 2008)

Sendo assim Noto e Golduroz (1999) considera o sistema de saúde é um processo

de formação perseverante e em desenvolvimento com o propósito de medrar a melhor

condição de saúde para as suas populações, contudo a sistema de saúde não é estática, sendo

assim deve acompanhar as necessidades e mudanças socioculturais.

Deste modo a prevenção visa prevenir o consumo nocivo ou a dependência em

indivíduos que apresenta um padrão de consumo de risco, reduzindo o número de casos,

investindo essencialmente na redução dos fatores de risco, assim como no desenvolvimento

dos fatores protetores (Lima & Ribeiro, 2008).

Assim a prática de saúde não se deve restringir apenas à saúde do individuo, pois se

amplia também a visão da atenção a saúde da população. Na ótica ampliada da saúde a

atenção à saúde é responsabilidade dos profissionais de saúde dentro de uma população

adoecida (Gomes, 2004).

Nesse sentido as ações dirigidas a essa população podem ser a nível preventivo ou

terapêutico. As ações devem abordar grupos ou organizações com interesses compartilhados

entre os participantes (Lima & Ribeiro, 2008).

Ainda Lima e Ribeiro (2008) afirmam que todas as ações individuais ou coletivos

devem ser intendidas nas suas três vertentes:

1. Vertical: busca intender a necessidade do individuo (desde a promoção até a

reabilitação).

2. Horizontal: mantendo as ações de atenção à saúde ao longo do tempo

(promovendo a saúde das pessoas).

3. Intersectorial: mantendo o sector extras saúde como a educação, segurança

para manter a promoção à saúde

Portanto quando se pensa na prevenção do consumo abusivo de álcool há que ter

em consideração o ser humano como todo, nesse sentido as ações devem ser concretizadas

ao fim de reaver para o usuário o que foi perdido, sentido de vida social desenvolver seus

valores e normas éticas baseado no respeito à pessoa em sua individualidade com todo o seu

costumo e tradição.

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49

Prevenção primária

Na prevenção primária o objetivo é diminuir a probabilidade ou evitar o primeiro

consumo do álcool, é nessa fase que se inicia a educação para a promoção da saúde, a

informação e medidas sociais e legais. De acordo com Gomes (2014) esta prevenção

constitui ações destinadas ao desenvolvimento e bem-estar gerais no período pre-

patogenese, pois esse nível contribui para avaliar ações sobre o ambiente e o estilo de vida.

Segundo Almeida (2004) a prevenção primária engloba conjuntos de atividades que

visam evitar ou remover a exposição de um indivíduo ou uma população a um fator de risco

ou causalmente que se desenvolve um mecanismo patológico.

Sendo assim a finalidade da prevenção primária é reduzir a incidência da doença,

partir de controlo de fatores de risco ou casuais, ou reduzir o risco médio na população

(Almeida, 2004). Deste modo cabe aos profissionais de saúde primária oferecer intervenções

breve aos utentes cuja pontuação de AUDIT (alcohol use disorders identification teste) se

situa entre 8-15 ponto, ou seja, se o consumo de álcool for igual ou superior a 280g por

semana nos homens e 140g nas mulheres o que indica um consumo de risco (Lima &

Ribeiro, 2008).

Portanto Almeida (2004) define as intervenções breves como práticas cuja

finalidade é identificar a ação de um problema relacionado com o álcool real ou potencial,

no sentido de motivar o individuo a tomar uma atitude visando a resolução do problema

relacionado com o álcool.

Ainda segundo Lima e Ribeiro (2008) uma pontuação na AUDIT (alcohol use

disorders identification teste) que se põe entre esse valor 8-15 geralmente indica um

consumo de risco, podendo incluir utente que o seu uso atual seja nocivo ou dependente. O

aconselhamento breve pode abarcar as seguintes informações:

- Informar o utente que o seu atual padrão de consumo de álcool coloca-o na categoria de

consumo de risco associado ao consumo contínuo de álcool;

- Proporcionar o estabelecimento de objetivos pelo utente no sentido de alterar o seu padrão

de consumo;

- Encorajar o utente mostrando que um consumo de risco não é sinónimo de dependência

alcoólico e que é possível alterar o padrão;

Page 50: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

50

- Dar conhecimento ao utente do risco pessoal para os problemas ligados ao consumo de

álcool;

- Sugerir meios para modificação do comportamento, técnicas de coping e materiais de

autoajudas;

- Encorajar auto motivação e otimismo.

Os cuidados de saúde primária abrangem o tratamento de diversos problemas físicos

e mentais semelhantes, torna-se indispensável abordar e agir as causas que levam os doentes

a consumir bebidas alcoólicas, assumindo particular importância acarretados pelo terciário

(Galduroz, 1999). Nesse contexto a enfermagem deve atuar no sentido de traçar estratégias

que visa a prevenção do alcoolismo e consequentemente diminuição de distúrbios mentais e

físicos (Townsend, 2011).

As intervenções breves revelam ser eficácia nos cuidados de saúde primária quando

os utentes não ostentem dependência alcoólica, só é possível uma abordagem preventiva se

forem inquiridos todos os utentes adultos relativamente ao consumo excessivo, e se esta não

for viável, pode-se considerar uma alternativa o rastreio de situações pacíficos ou de grupos

de alto risco (Noto & Golduroz, 1999).

Assim, as informações não tenham tido muito sucesso enquanto medidas

preventivas quando aplicada isoladamente, uma vez que ela seja capaz de mudar alguns

conceitos, mas não implica necessariamente uma mudança de comportamento (Ribeiro,

2008).

No âmbito da prevenção primária, o método informativo é o centro das ações,

portanto a equipa de enfermagem a partir de prática educativa adequada pode exercer papel

relevante na medida que visa formar agentes multiplicadores de saúde (Lopes et al, 2007).

Portanto nessa fase os enfermeiros devem focar nos grupos de maior risco de se

tornarem alcoólatra e planear estratégias adequadas de modo a sensibilizar os indivíduos aos

hábitos saudáveis fundamentado em programas educacionais (Townsend, 2011).

Prevenção secundária

A prevenção secundária é a fase em que se evita estabelecer o estado de

dependência. Está indicado as pessoas que já apresentam contacto com o álcool, ou seja, um

padrão de consumos esporádicos ou abuso repentino.

Page 51: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

51

Nesse sentido Nota e Golduroz (1999) carateriza essa fase como um conjunto de

ações que buscam a ocorrência de complicações de pessoas que fazem uso casual de drogas

e que ostentam um nível relativamente baixa de problemas. Essas ações buscam sensibilizar

os a respeito dos riscos, favorecendo a mudanças de comportamentos através do aprendizado

de novas atitudes e escolhas responsáveis.

De certo modo a prevenção secundaria a sua finalidade é a deteção precoce de um

problema de saúde num individuo ou numa população, de modo a condicionar

favoravelmente a sua evolução (Gomes, 2004).

Pois é nesta fase que se enquadra os rastreios e os achados de casos, todos

direcionam a identificar indivíduos presumivelmente doentes assintomáticos relativamente

em situação em estudo (Almeida, 2004).

Deste modo os rastreios são de caráter comunitária enquanto os achados de casos

direcionam a indivíduos sob cuidados médicos. Os achados de casos geralmente a iniciativa

é do individuo e nos rastreios são dos serviços de saúde (Almeida, 2004).

Os rastreios aplicam-se as doenças crónicas que progridem para estádios

progressivamente mais graves a não ser que sejam tratadas, com o propósito de reduzir a

mortalidade ou morbidade por um determinado doença no grupo rastreado. Em contrapartida

os achados constam numa deteção oportunista da doença ou seus fatores de riscos em

individuo que consulta o médico por outros problemas (Ribeiro, 2008).

Por considerar a multiplicidade de atuação de enfermagem diariamente, os

enfermeiros se destacam como um grupo de profissionais que deparam com usuários de

álcool, segundo Figlie et al (2005) os enfermeiros ou os membros da equipe nos cuidados

primários utilizam várias estruturas que são baseados na prática clínica, visando incorporar a

história do uso da substância que certamente orienta a coleta das informações necessárias

para estruturar uma adequada proposta de intervenção.

Ainda segundo os mesmos autores Figlie et al (2005) os enfermeiros na maioria das

vezes como líder do grupo, cabe a função de submeter o utente a uma breve entrevista de

saúde e histórico psicossocial tais como:

- Avaliação física e mental (exame físico de enfermagem, exame psíquico);

- Investigação de uso de substâncias psicoativas no passado e ou recentemente;

- Diagnóstico da Síndrome de Dependência Alcoólica (CID-10);

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- Avaliação do padrão de consumo alcoólico (frequência de uso, quantidade, último dia de

consumo, tipo de bebida mais utilizada, horários que bebe com maior frequência);

- Avaliação dos sintomas de abstinência (tremores, sudorese, entre outros).

Logo o enfermeiro tem o dever de detetar possíveis sinais e sintomas do alcoolismo

na sua fase inicial e prestar tratamento, ou encaminhamento de pessoas para outros serviços

quando a necessidade se centra fora do sector da enfermagem (Townsend, 2011).

Se as intervenções de enfermagem acontecerem atempadamente há maior

possibilidade de se evitar que a pessoa entre num estado de dependência. Assim, a

prevenção secundaria consiste na intervenção rápida para evitar o estado de dependência

(Towsend, 2011).

Prevenção terciaria

A prevenção terciaria tem por finalidade reduzir a prevalência das incapacidades

crónicas em uma população, ou seja, reduzir ao mínimo possível as dificuldades funcionais

às doenças causado por álcool, deste modo incluindo as medidas terapêutica e a reabilitação.

Nesse sentido esta prevenção tem por finalidade reduzir os custos sociais e

económicos dos estados de doenças na população a partir da recapacitação e reintegração

precoce e da potenciação da capacidade funcional dos restantes indivíduos. A prevenção

terciaria inclui o tratamento e o controlo das doenças crónicas, sendo assim este nível

corresponde a gestão dos estados da doença (Almeida, 2004).

Neste nível buscam melhorar a qualidade de vida dos doentes alcoólatras junto a

família, ao trabalho e a comunidade. Nessa etapa as ações desenvolvidas abrangem a

identificação e o lidar com casos emergentes como (síndrome de abstinência, overdose,

tentativas de suicídio entre outros) ou encaminhamento de pacientes portadores de

problemas que necessitam de um atendimento especializado. Envolve também o

encaminhamento familiar e o auxílio na reabilitação social dos alcoólatras (Gomes, 2004).

De acordo com schenker e Minayo (2004) a prevenção terciaria é um nível em que

se deve atuar ajuntamento com o usuário bem como os familiares, encorajando o dependente

a se engajar no tratamento e orientando os familiares no sentido de que a sua participação é

fundamental para a recuperação do seu membro dependente de álcool.

Sendo assim quanto maior o suporte que uma alcoólatra possa agrupar maiores são

as oportunidades de manutenção de abstinência bem como mudança de comportamento,

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nesse sentido Schenker e Minayo (2004) evidencia que os enfermeiros devem disponibilizar

os seguintes cuidados com vista a recuperação do utente e dos seus membros familiares:

- Controlar de forma seguro os sinais e sintomas (físicos e psicológicos) de síndrome de

abstinência do álcool;

- Atender as necessidades humanas básicas (conforto, dignidade, autoestima, cuidados

básicos de saúde) entre outros;

- Apoiar o usuário no processo de mudança de comportamento;

- Auxiliar na medicação prescrita e monitorização dos sinais vitais;

- Fornecer informações e orientações como lidar com a dependência químico, objetivando a

melhora nas relações familiares e adequação de condutas;

- Proporcionar meios para que os familiares sensibilizem o dependente para recuperação;

- Sensibilizar os próprios familiares quanto aos aspetos emocionais, permitindo que

examinem atitudes de recaída.

Assim a enfermagem tem a função de ajudar o individuo alcoólatra na reintegração

social, no qual as intervenções são no sentido de tornar o individuo mais independente

possível. Ainda de acordo com Towsend (2011) o papel da enfermagem é auxiliar o utente a

conhecer ou reaprender comportamento social apropriado de modo a que consegue obter um

papel satisfatória na comunidade.

1.12. Rastreio e diagnóstico precoce

É de grande valia a utilização de instrumentos que ajudam na deteção de

substâncias psicoativas de modo a fazer uma avaliação do risco decorrente do consumo

dessas substâncias. Para uma avaliação do consumo de álcool pode-se utilizar a AUDIT

(anexo II) mediante as consultas de saúde familiar bem como noutros serviços comunitários.

Esse instrumento já referido é de grande relevância na medida que permite o

profissional de saúde identificar e informar o utente sobre o uso nocivo e a necessidade de

mudar o seu padrão de consumo.

Para Ministério Saúde Brasil (2010) o diagnóstico precoce implica abordagem de

individuo ou grupo que já apresenta sinais e sintomas de uma doença enquanto o rastreio é

uma ação dirigida à uma população assintomática na fase subclínica do problema em

questão.

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54

Por sua vez o Ministério Saúde Portugal (2013) considera que o diagnóstico

precoce envolve a deteção do consumo do álcool antes que esta evolua em todas as suas

dimensões, diagnosticando através dos seus sintomas e sinais.

Ainda a mesma fonte Ministério saúde Portugal (2013) sustenta que o rastreio

implica detetar antecipadamente problemas de saúde ou fatores de risco com a finalidade de

prevenir o agravamento da situação ou presença de outros problemas decorrente do consumo

de álcool.

Sendo assim o rastreio não implica um diagnóstico, mas sim uma avaliação

antecipada do estado de saúde do utente através de sinais e sintomas presente antes que o

individuo ou profissional de saúde o identifique naturalmente. O rastreio é aplicado a

população pré-definido ou risco potencialmente aumentado (Ministério Saúde Brasil, 2010).

Durante o rastreio deve obedecer alguns critérios importantes em três dimensões:

doença ou condição de saúde, teste de rastreio utilizado, diagnóstico e tratamento

(Ministério Saúde Brasil, 2010)

Segundo Direcção Geral de Saúde (2015) o rastreio dispõe de quatro fases para a

avaliação e indicação de intervenção para o uso de substâncias:

Fase 1 - Avaliar o uso de substâncias:

a) Nível e padrão de consumo.

b) Aplicar escalas ou questionários relacionados com consumo e grau de

dependência.

Fase 2 - Avaliar os problemas relacionados com o uso de substâncias:

a) Problemas clínicos (físicos e mentais).

b) Problemas de funcionamento social.

c) Problemas relacionados com a dependência

Fase 3 - Aconselhe uma estratégia adequada.

Fase 4 - Monitorize a evolução do cliente.

Para fazer uma avaliação do uso nocivo e dependência alcoólica recomenda -se

AUDIT que é um questionário de fácil compreensão, dispõem de dez questões (anexo II)

que indica a existência de nível de risco relacionado ao consumo, foca-se no uso recente de

álcool, providência informações que possibilita dar feedback ao utente, ajuda na

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55

recomendação de intervenções necessária, além de mais é um instrumento consistente com

classificação no CID-10 (Organização Mundial de Saúde, 2006).

As questões de AUDIT são referentes aos últimos 12 meses, em que as três

primeiras perguntas são relativamente a quantidade e frequência do uso regular ou eventual

de álcool, os três subsequentes investigam sintomas de dependência e os quatros terminais

abarcam os problemas recente relacionado ao consumo de álcool (Direção Geral de Saúde,

2015).

O escore varia de 0/40 pontos e a sua pontuação pode ser feita de várias formas,

contudo a direção geral de saúde Portugal (2015) vem propondo quatro níveis de escore para

AUDIT fazendo assim uma intervenção breve no contexto da atenção primaria à saúde por

parte dos profissionais de saúde. Tem-se verificado também uma necessidade de codificar

um padrão de consumo tanto para os homens como para as mulheres, sendo assim os níveis

de riscos variam de acordo com o sexo.

Quadro 2: Níveis de riscos e intervenções do alcoolismo segundo pontuação de AUDIT

Fonte: (Direcção geral de Saúde Portugal, 2015)

A avaliação de AUDIT é mais adequada quando o potencial risco envolvido no uso

de substâncias não está ainda identificado. É útil nos cuidados primários de saúde ou noutros

Níveis de riscos e respectivas intervenções

Resultado de AUDIT Níveis de riscos Situações identificadas Intervenções preconizada

0-7 Consumo de baixo risco Zona I Educação

8-15 Zona II Consumo de risco Orientação (Advice)

16-19 Zona III Consumo de alto risco

Orientação +

Aconselhamento +

monitorização

20-40 Zona IV Dependência Encaminhamento para

especialista

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serviços na comunidade (serviços de orientação em estabelecimentos de ensino ou laborais,

comissões de dissuasão) Ministério Saúde Portugal (2013).

De acordo com APA (2000), para fazer um diagnóstico de dependência alcoólica é

necessário três ou mais das seguintes manifestações:

Um desejo forte ou senso de compulsão para consumir a substância;

Dificuldade em controlar o comportamento de consumir a substância em termos de

início, término;

Níveis de consumo e estado de abstinência quando o uso da substância cessou ou foi

reduzido.

Portanto o consumidor de risco é uma pessoa com pontuação entre oito a quinze

pontos nas dez perguntas do questionário da AUDIT. Sendo assim deve ser colhido histórias

clinicas por exemplo eventos traumáticos assim como pesquisar sinais físicos relacionado

(OMS, 2010).

Caso não seja encontrados sinais e sintomas de problemas relacionado com o álcool

deve ser disponibilizado aconselhamento simples, por outro lado caso seja encontrado sinais

e sintomas significa que o utente apresenta um consumo nocivo de álcool (Direção Geral de

Saúde Portugal, 2015).

Nesse sentido se o utente apresentar sinais e sintomas cabe aos enfermeiros

disponibilizar aconselhamento ou intervenções breves para os consumidores de riscos de

acordo com as características ou fase do ciclo de mudança em que o utente se encontra

(Direção geral de saúde Portugal, 2015).

Fase de pré-contemplação: nesta fase o objetivo é disponibilizar informações

pertinente de modo a consciencializar o individuo do problema relacionado com

o consumo de álcool levando o utente a uma perceção do risco que o

comportamento atual pode ter.

Fase de contemplação: nesta fase o objetivo centra na importância de vantagens e

desvantagem de mudar de padrão de consumo.

Assim, a primeira fase é quando o individuo não tem conhecimento dos problemas

envolvente relativamente ao álcool e a segunda fase é quando o individuo já reconhece a

existência do problema, mas ainda não pensa em modificar o seu padrão de consumo.

Page 57: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

57

De acordo com Ministério Saúde Portugal (2013) se o consumo não reduzir ou a

pontuação de utente for superior ou igual a vinte pontos no AUDIT deve ser feito o

encaminhamento as consultas especializadas com os seguintes propósitos:

1. Saber históricos clínicos do utente;

2. Saber o resultado de deteção precoce;

3. Fazer uma avaliação de intervenção breve;

Conclui-se então que o rastreio e o diagnóstico servem de apoio na medida em

que permite disponibilizar uma intervenção adequada que dê respostas as necessidades de

cada doente em particular. Pois o rastreio do álcool tem-se revelado de grande importância

na identificação de indivíduos com dependência de álcool e consequentemente

encaminhamento para tratamento especializado (Monteiro et al, 2011).

1.13. Diagnóstico de enfermagem segundo NANDA / NIC

O enfermeiro tem-se efetuado os seus cuidados e intervenções apoiando num

referencial metodológica designado processo de enfermagem e que por outro lado se apoia

no modelo científico. Pois Barros (2009) refere que os diagnósticos e as intervenções de

enfermagem têm-se revelado um método de ajuda bastante importante para que os

enfermeiros, com esses métodos as ações dos enfermeiros são sistematizadas por etapas de

modo a serem operacionalizadas. Contudo a organização e a sistematização são ações

indispensáveis ao ser humano para que metas e resultados possam ser atingindo.

A assistência de enfermagem requer uma apreciação das condições de saúde de

cada utente, de modo a saber a gravidade, a instabilidade e complexidade de cada um deles.

Por tanto a equipa de enfermagem carece de um saber ordenado para dar respostas as

demandas da saúde, juntamente com os demais membros da equipa de saúde, de modo a

promover os melhores resultados aos pacientes (Ferreira et al, 20016).

Nesse contexto os mesmos autores Ferreira et al (2016), consideram o diagnóstico

de NANDA pertinente uma vez que esse descreve os cuidados e práticas de enfermagem

como um fenómeno padronizado de interesse dos enfermeiros.

O processo de enfermagem faculta a identificação das condições apresentados pelos

pacientes que necessita de intervenções de enfermagem e a tomada de decisão terapêutica

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mais adequada, de modo a atingir os resultados pelo qual é a responsabilidade dos

enfermeiros (Barros, 2009).

O diagnóstico de enfermagem é definido pela NANDA (2012/2014) como uma

avaliação clínica sobre a resposta de um indivíduo, uma família ou uma comunidade com

ligação a problemas de saúde reais ou potenciais/ processos de vida que provêm a base para

uma terapia decisiva que procura adquirir resultados nos quais a enfermagem é

indispensável.

Segundo Barros (2009, p. 865) “a intervenção de enfermagem é qualquer

tratamento baseado no julgamento e no conhecimento clínico realizado por um enfermeiro

para melhorar os resultados dos pacientes”.

Sendo assim achou-se pertinente a elaboração do seguinte quadro para a

apresentação dos possíveis diagnósticos de enfermagem relativamente ao consumo de álcool

segundo a taxonomia de (NANDA) North American Nursing Diagnosis Association. Sale

realçar ainda que encontra-se no apêndice I um quadro relativamente ao diagnóstico de

enfermagem segundo NANDA juntamente com as intervenções de enfermagem segundo

NIC mais detalhadamente.

Quadro 3: Diagnóstico de enfermagem segundo NANDA

Diagnóstico de enfermagem segundo intervenções de NANDA

Paternidade ou maternidade alterado

Potencia para trauma

Interação social prejudicado

Processo familiar alterado

Nutrição alterado

Processo de pensamento alterado

Negação

Fonte: Elaboração própria

Por fim para se obter resultados positivos em relação ao consumo abusivo de

álcool, as intervenções devem focar ideias construtivas, direcionada à população alvo,

considerando as necessidades e características biopsicossociais destas pessoas.

Page 59: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

59

1.14. Modalidade de tratamentos para as perturbações relacionadas com o

consumo de álcool

Atualmente as substâncias psicotrópicas principalmente o álcool tem despertado o

interesse dos psiquiatras devido sobretudo a factores de ordem científica e profissional

devido a avanços dos conhecimentos neurobiológicos no que se refere às bases

etiopatogénicas do alcoolismo e dependências, assim como aos tratamentos farmacológicos

e psicoterapêuticos.

De certo modo a dependência de álcool geralmente apresenta um impacto profundo

na vida dos indivíduos e também daqueles que estão ao seu redor, sendo assim dado a sua

complexidade os programas de tratamento devem ser multidisciplinares para atender as

necessidades do paciente quer nos aspetos sociais, psicológico, profissional e até mesmo

jurídicas (Rocha, 2009).

Deste modo na avaliação do utente pode englobar diversos profissionais de saúde

tais como, médicos, psicólogos, enfermeiros, psiquiátricos, assistentes sociais, educadores

ocupacionais entre outros (Rocha, 2009).

A ideia da avaliação dos tratamentos em todos os países é bastante clara, pois todos

concordam que não há uma forma de tratamento única e ideal para todas as pessoas com

problemas devidos ao uso do álcool. A escolha do melhor tratamento depende de um

diagnóstico precoce e apropriado, e isso resulta de uma metodologia de avaliação apropriado

(Laranjeiro et al, 2000).

Nesse sentido os mesmos autores Laranjeiro et al (2000), defendem que não existe

uma forma singular de tratamento, nem a melhor. Deste modo, a ideia de cuidar do utente

segundo suas particularidades pessoais e o tipo de abordagem vêm dirigindo os diferentes

serviços na busca de uma efetividade satisfatória e de uma melhor relação custo-benefício.

O tratamento ambulatório é uma intervenção não intensiva, menos estruturada, em

relação à internação, pois utiliza menos recursos, é segura e menos dispendiosa, sendo

considerada a mais popularmente difundida, tratando 90% dos utentes dependentes de

álcool. Para pacientes com síndrome de abstinência leve ou moderada, sem comorbidades

clínicas ou psiquiátricas graves, essa intervenção é adequada e sem riscos (Gomes, 2004).

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60

Desta forma o tratamento ambulatório é menos estigmatizante, promovendo a

manutenção do indivíduo no seu sistema familiar, social e profissional, além de possibilitar a

participação mais ativa da família no tratamento (Gomes, 2004).

O tratamento hospital é um tratamento mais estruturado e intensivo, portanto mais

custoso, mas tem- se mostrado tão efetivo como o ambulatório. Está indicado para pacientes

com síndrome de abstinência grave em casos de comorbidades clínicas ou psiquiátricas

graves com remissão prolongada em dependentes graves que não se beneficiaram de outras

intervenções, para aqueles que usam múltiplas substâncias psicotrópicas, e também para

aqueles que apresentam comportamento auto ou hetera agressivo (Chagas et al, 2013).

Alcoólicos anónimos

O Alcoólicos anónimos (AA) é uma grande organização de autoajuda para o

tratamento do alcoolismo. Foi fundada em 1935 por dois alcoólatras – um corretor da bolsa

chamado Bill Wilson e um médico, Dr. Bob Smith, que descobriram que poderiam

permanecer sóbrios apoiando-se mutuamente (Townsend, 2011).

Isto não foi alcançado como profissionais, mas sim como pares capazes de

partilhar experiencias comuns. Em breve estavam a trabalhar com outros alcoólatras, que por

sua vez trabalhavam com outros. O movimento cresceu notavelmente, indivíduos que

tinham sido tratados sem êxito por profissionais conseguiam permanecer sóbrios ajudando-

se uns aos outros (Townsend, 2011).

Assim a associação cabo-verdiana de prevenção do alcoolismo (ACPA) foi criada

em 2008 por iniciativa de um grupo terapêutico do hospital Agostinho Neto como forma de

alertar a sociedade para os problemas ligados ao consumo do álcool. Desde então tem vindo

a promover algumas iniciativas sobre o problema do alcoolismo (ACPA, 2012).

Sendo assim o consumo de álcool é das práticas mais correntes e por ventura das

mais prejudiciais a saúde dos Cabo-verdianos, neste sentido há necessidade de um maior

controlo da qualidade das bebidas (Pires, 2008).

Portanto Vasconcelos e Neves (2010) reforçam a importância da enfermagem no

auxílio aos utentes alcoólatras, realçam também a necessidade de um atendimento

sistematizada da assistência de enfermagem em todos os níveis de cuidados. Ainda de

acordo com os mesmos autores Vasconcelos e Neves (2010) durante o atendimento dos

utentes alcoólatras os enfermeiros devem perfilhar as seguintes conduta:

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61

- O enfermeiro deve tranquilizar o utente;

- Não fazendo exigências ou pedir decisões;

- Acalmar o paciente usando frases curtas e instruções concisas;

- Ficar atento à própria preocupação e evitar ansiedade reciproca;

- Transmitir uma sensação de compreensão hepática;

- Proporcionar a garantia de que uma solução pode ser encontrada;

- Proporcionar medidas físicas para auxiliar o relaxamento (banhos mornos, massagens,

músicas);

- Proporcionar oportunidade para exercícios;

- Ensinar interrupções de ansiedade para que sejam usados quando as situações stressantes

não puderem ser evitadas;

- Incentivar a expressão dos sentimentos,

- Escutar as queixar, modificar a auto expectativas excessivas e irreais;

- Fornecer informações confiante e esclarecer qualquer mal-entendido.

Farmacoterapia

Conforme Rocha (2009) várias medicações têm sido usadas para diminuir a

intensidade dos sintomas no individuo que se encontram em abstinência do álcool e outras

substâncias ou que esta experienciar os efeitos do uso excessivo destas. Pode ser necessária

terapia de substituição para reduzir os efeitos de intoxicação ou abstinência de algumas

substâncias. A intensidade da síndrome de abstinência depende da substância específica

usada, há quanto tempo é usada, da dose usada e da velocidade em que a substância é

eliminada do corpo.

No entanto para o tratamento farmacológico serão apresentados abaixo alguns

fármacos a serem utilizados no tratamento de abstinência alcoólica:

a) Benzodiazepinicos: são os agentes farmacoterapêuticos para prevenção e o tratamento dos

sinais e sintomas de abstinência do álcool, onde um regime típico inclui:

Consultas diárias por 5 a 10 dias param avaliações clínicas, múltiplas vitaminas e

farmacoterapia com Benzodiazepinicos de longa ação: Clonazepan, Clordiazepoxido

ou Diazepam;

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Dosagem medicamentosa suficiente no primeiro dia de tratamento para avaliar os

sintomas de abstinência. As doses devem ser ajustadas se os sintomas de abstinência

aumentarem ou se o paciente reclamar de sedação excessiva;

Dose inicial de 25 a 50mg de Clordiazepoxido ou 10mg de Diazepam administrados

de 6/6 horas;

Os Benzodiazepinicos geralmente são suficientes para acalmar pacientes agitados,

porem, alguns pacientes podem necessitar de Barbitúricos por via endovenosa para controlar

uma agitação extrema. Disulfiram é a mais eficaz quando utilizado em um ambiente clínico

que enfatiza a abstinência e ofereça um mecanismo que assegure que a medicação seja

tomada. A adesão a droga pode ser bem-sucedida dando-lhe a medicação em intervalos de 3

a 4 dias no consultório do médico, ou no centro de tratamento, ou fazendo com que o

membro da família administra o medicamento.

O Disulfiram inibe uma enzima-chave, a aldeído desidrogenasse, envolvida na

quebra do álcool etílico. Após beber, a reação álcool -Disulfiram produz um aumento da

taxa de Acetaldeído no sangue, que é tóxico e produz enrubescimento facial, taquicardia,

hipotensão, náuseas e vómitos, e desconforto físico. A dose usual de Disulfiram é de

250mg/dia.

Deste modo o tratamento com fármacos é um método empregado com a finalidade

de tratar utentes com dependência alcoólica, visando a reintegração à sua vida social, assim

o enfermeiro deve estar apto na sua profissão para lidar com os problemas relacionado com

o alcoolismo, assim as classificações das intervenções de enfermagem (2004) apresentam

algumas intervenções prestados aos utentes na fase de desintoxicação alcoólica:

- Monitorar sinais vitais durante a retirada de álcool;

- Criar um ambiente de baixo estimulação para favorecer a desintoxicação;

- Administrar anticonvulcivantes ou sedativos, quando adequado;

- Monitorar delirium trems;

- Medicar para aliviar desconforto físico, conforme a necessidade;

- Tratar as alucinações de forma terapêutica;

- Administrar terapias com vitaminas;

- Monitorar a hipertensão e taquicardia;

- Monitorar convulsão, crise e depressão ou estimulação do sistema nervoso central;

Page 63: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

63

- Monitorar o consumo escondido.

Assim ressalta a importância do conceito de cuidado, sendo este compreendido

como uma relação entre o enfermeiro e a pessoa, visto como um ato que envolve o saber

científico e prática de habilidades técnicas para a obtenção de uma meta de saúde. Portanto o

enfermeiro pode dar atenção especializada à saúde do alcoólatra que envolve intervenções

terapêuticas bem como nas ações que lhes são de competência como prestar assistência

domiciliaria sempre que necessária (Reis et al, 2014).

Aconselhamento

O aconselhamento é a base individual, é frequentemente usado para ajudar clientes

que abusam de álcool. A relação é dirigida aos objetivos e a duração do aconselhamento

pode variar de semanas a anos. O foco é na realidade atual, no desenvolvimento de uma

relação de tratamento operacional e no fortalecimento das capacidades do ego. O

conselheiro deve ser caloroso, gentil e não criticar, porém, tem de ser capaz de estabelecer

limites de maneira firme (Souza, Menandro & Menandro, 2015).

Segundo Townsend (2011) a característica principal dos terapeutas que influencia o

resultado do tratamento parece ser o funcionamento interpessoal, incluindo a empatia,

genuinidade e respeito pelos utentes da parte do terapeuta.

O cliente que abusa de álcool passa por vários níveis, cada qual sem duração

determinada. No primeiro nível é conduzida a avaliação, são reunidos dados reais para

determinar se o cliente tem mesmo um problema com álcool, ou seja, se o consumo esta a

comprometer periodicamente o funcionamento eficaz em uma área considerável da vida

(APA, 2000).

Portanto após a avaliação o enfermeiro ajuda o individuo a trabalhar na aceitação

do facto de que o uso de álcool causa problemas em áreas significativas da vida e de que este

não é capaz de impedir que ocorram. Os indivíduos com problemas menores de origem

recente relacionados com álcool têm menos dificuldade com o tratamento em relação com

perturbações de longo prazo (APA, 2000).

Deste modo uma vez identificado o problema o cliente deve ter um plano concreto

e viável para atravessar as primeiras semanas de abstinência, deste modo o aconselhamento

inclui frequentemente a família ou membros específicos da família (Patrício, 2006).

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Sendo assim no aconselhamento familiar, o enfermeiro ou o profissional de saúde

envolvente tenta ajudar cada membro a ver como efetuou o comportamento do indivíduo

que abusa de álcool e como foi afetado por ele. As forças da família são movimentadas e os

membros da família são encorajados a deslocar numa direção positiva (Patrício, 2006).

Assim para além de aconselhamento familiar cabe aos enfermeiros disponibilizar

informações sobre a substância, orientar a família acerca de como lidar com a dependência e

disponibilizar meios para que eles se sensibilizem com o problema (CISA, 2013).

Terapia sistémica

Este tipo de terapia é há muito tempo considerado como um poderoso agente de

mudança em grupos. Os indivíduos são capazes de partilhar as suas experiencia com outros

que atravessam problemas semelhantes, São capazes de se rever nos outros e confrontar as

suas defesas sobre deixar o álcool, pois podem confrontar atitudes e defesas semelhantes nos

outros (Vargas, 2006).

Entretanto a terapia sistémica é dirigida à natureza interdependente do

relacionamento familiar e essas podendo influenciar relações (positiva ou negativamente) a

doença, no contexto da família como um sistema. O objetivo do tratamento é intervir nos

padrões de relações entre cada membro da família de modo a gerar mudanças positivas para

todo o núcleo (CISA, 2013).

Desta forma os cuidados de enfermagem oferecida a um núcleo familiar adoecida

dependem da necessidade do utente e da capacidade do profissional envolvido. Pois os

enfermeiros desempenham um papel fundamental na recuperação e integração destes

doentes alcoólatras na medida em que devem ajudar os familiares a reavaliar sua postura

frente ao utente, é também uma forma dos familiares receber apoio e amparo, reduzir a

probabilidade de recaída e promover estilos de vida saudáveis (Schenker & Minayo, 2004).

Terapia cognitivo-comportamental (familiar e de casal)

As interações familiares podem ser consideradas um meio de reforço

comportamento para o individuo alcoólatras, essa abordagem tem como finalidade alterar

comportamentos que atuam como gatilho para o uso de álcool, melhorar a comunicação

entre os membros da família e fortalecer e aumentar habilidades sociais (CISA, 2013).

Page 65: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

65

Vale ressaltar que muitas vezes a família adoece juntamente com o dependente, é o

fenómeno chamado de codependência. Em termos gerais ela é descrita como uma relação

disfuncional entre o utente e o familiar, na qual o familiar passa a se preocupar mais com o

dependente do que consigo mesmo, sentindo-se dominado pelas suas necessidades e desejos.

Com o tempo, esse padrão de pensamentos e comportamentos pode se tornar compulsivo e

prejudicial como se a pessoa se tornasse dependente do dependente (Nacional Instituto on

Drug Abuse, 2009).

Assim, a família desempenha um papel importante no tratamento da dependência

do álcool, já que auxilia na aderência, permanência, na superação de dificuldades

decorrentes do processo e no estabelecimento de um novo estilo de vida sem o uso do

álcool. Por último, a família também pode ajudar a equipe multidisciplinar identificando

mudanças comportamentais (Gomes, 2004).

Deste modo considera a família o ponto de suporte tanto na prevenção do uso

nocivo de álcool e em situações em que a doença já se encontra instalada. Muitas vezes o

tratamento inicia-se pela família porque em alguns casos o usuário de álcool não aceita o seu

problema (Souza, Menandro & Menandro, 2015).

Sendo assim a família é a pessoa mais responsável com o problema e a figura que

dispõem de recursos para auxiliar o membro usuário de álcool, desde que corretamente

estimulada e assistida, sendo assim toda a família tem sua participação de responsabilidade

pelo problema apresentado. As características próprias de proximidade e convivência da

família revelam maior circunstância para acompanhar o processo saúde-doença dos seus

membros com problema (Azevedo & Miranda, 2010).

Nesse contexto torna-se essencial enfatizar o papel do enfermeiro na desintoxicação

do usuário e no relacionamento entre os seus familiares durante esse processo de reabilitação

(Schenker & Minayo, 2004):

O enfermeiro deve auxiliar o utente no reconhecimento de situações que podem

provocar o uso abusivo de álcool;

Intervir nos padrões de interação familiar desajustadas ao longo da relação e do

tratamento visando mudança de comportamento;

Ajudar a melhorar a relação do grupo familiar através do aperfeiçoamento da

comunicação e o ensinamento e na retenção dos familiares no tratamento;

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66

Corrigir padrão de interação familiar desajustada com a finalidade de reduzir o

envolvimento do utente com uso abusivo de álcool;

Avaliar os efeitos de tratamento interativo para o utente e os seus familiares.

1.15. Teoria de enfermagem segundo modelo Nola Pender (promoção da

saúde)

Na elaboração deste trabalho não podia deixar de referenciar um modelo teórico de

enfermagem, sendo assim Nola Pender apresenta o modelo teórico que mais se adapta com a

temática em estudo, uma vez que a promoção da saúde tem sido entendida como uma

estratégia promissora para enfrentar os numerosos problemas de saúde, nomeadamente o

alcoolismo que afetam as populações humanas e seus entornos.

A teoria de promoção da saúde de Nola Pender centra na adesão de hábitos

saudáveis de vida por meio de ações educativas. O modelo de pender surgiu com o intuito de

integrar a enfermagem à ciência do comportamento, identificando os fatores que influenciam

comportamentos saudáveis, para além de explorar o processo biopsicossocial que motiva o

individuo para engajarem em comportamento produtores de saúde (Tomey & Alligood,

2004).

Assim, o modelo de promoção de saúde é considerado um modelo da enfermagem

pelo fato de ser usado para executar e avaliar ações de promoção de saúde, a partir das

atitudes que promove a saúde (Vitor, 2007).

Portanto ao longo dos anos, têm-se deparado com muitos problemas de saúde

diretamente relacionado com o comportamento de risco e entre elas o consumo excessivo de

álcool, que são possíveis de corrigir através de promoção da saúde, nesse contexto pender

tem atribuído uma grande importância nas ações dos indivíduos na prevenção da doença,

destacando assim os cuidados de enfermagem como a saúde ótima do individuo (Tomey &

Alligood, 2004).

Deste modo a melhor forma de mudar o comportamento das pessoas relativamente

ao consumo de álcool é trabalhar a nível da promoção da saúde, principalmente quando o

objeto em estudo se refere a comunidade, e é nesse cenário que o enpowermen e o

autocuidado têm sido muito utilizado, isto porque a promoção de saúde tem desenvolvido a

capacitação individual, comunitário e institucional relativamente ao álcool, com a intenção

Page 67: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

67

de possibilitar a tomada de decisão benéfico e a participação efetiva no panejamento e

concretização de iniciativo, ratificando a qualidade de vida e a saúde (Ministério Saúde –

Brasil, 2011).

Sendo assim as maiores causas de doenças e mortalidade estão relacionadas com os

estilos de vida, como o consumo de álcool, o que significa que poderiam ser molificadas se

tomadas as opções corretas em relação à saúde. No entanto para atingir um estado de

completo bem-estar físico, mental e social os indivíduos e os grupos devem ser capazes de

identificar e realizar as suas exigências, satisfazendo as suas necessidades alterando ou

adaptando-se ao meio (Ministério Saúde Brasil, 2002).

Portanto durante as investigações pender sempre esforçou para criar uma equipa de

investigação interdisciplinar a fim de estudar e influenciar os comportamentos de promoção

de saúde dos indivíduos. No entanto desde o começo Pender teve sempre a visão de que o

individuo é o responsável pelo seu bem-estar físico e psicológico.

Assim comparando com os fatores que induzem o individuo ao consumo de álcool

pender durante a sua investigação defende que existe fatores que persuadem as

características individuais e as experiencias de cada um, estes fatores pessoais se dividem

em três categorias: biológicos, psicológicos e os socioculturais. Os biológicos incluem as

variáveis como a idade, e o sexo. As variáveis psicológicas são autoestima, automotivação, e

o estado de saúde percebido. As socioculturais as variáveis são raça, nível educacional,

status socioeconómico (Vítor, Lopes & Ximenes, 2005).

Diante dessa situação considera a saúde um estado positivo que enfatiza os meios

sociais e pessoais, bem como a aptidão física. A promoção de saúde não é cargo somente do

setor da saúde, pois vai além de estilo de vida saudável na rota de um bem-estar comum

(Fracolli & Almeida, 2011).

De tal modo que o utente desempenha um papel relevante na mudança do seu

padrão de consumo de álcool, a promoção da saúde proposto por Pender também enfatiza o

papel ativo do doente na gerência das condutas da saúde, modificando o contexto ambiental.

Pender destaca a família como a principal influência interpessoais, os pares e os prestadores

de cuidados de saúde como os principais determinantes de comportamento de saúde, não

afastando muito do alcoolismo em que os familiares têm uma grande influência no padrão de

consumo dos seus membros (Tomey & Alligood, 2004).

Page 68: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

68

Sendo assim a enfermagem comunitária visa satisfazer as necessidades coletivas

através da identificação de problemas e gestão de interações dentro da comunidade e entre

comunidade e a sociedade, tornado os cuidados mais acessíveis às populações de maior risco

de consumo de álcool, capacitando cada um a ter um papel ativo na sua própria saúde

(Tomey & Alligood, 2004).

È fundamental que o enfermeiro reconhece as suas capacidades para responder às

carências da população, explorar novas alternativas, fazer adaptações nos projetos de

intervenções e promover a saúde das pessoas com problemas decorrente do consumo de

álcool (Ministério Saúde Brasil, 2011).

Assim, a promoção da saúde ocupava a posição secundário relativamente aos

cuidados de doença, e o ensino clinico era dirigido especialmente em contexto de cuidados

agudos. O modelo da promoção da saúde é importante nos cuidados de enfermagem, uma

vez que ele é aplicado ao longo do ciclo vital e vantajoso em vários contextos (Tomey &

Alligood, 2004). Neste contexto a promoção da saúde tem adquirido espaço nos cuidados da

enfermagem principalmente em enfermagem comutaria (Vítor, Lopes & Ximenes, 2005).

Pois o modelo da promoção é idêntico ao modelo de crenças na saúde, mas não se

delimita em explicar o comportamento da prevenção, sendo assim esses se desaprovam

porque a promoção de saúde não contém o medo ou ameaças como fonte de motivação para

o comportamento de saúde (Tomey & Alligood, 2004).

Desta forma conclui-se que o conhecimento que afeta o comportamento do ser

humano pode ser modificado por meio de ações de enfermagem, assim como o hábito de

consumo de álcool pode ser modificado consoante o desejo e o comportamento do

individuo. Ainda de acordo com os conteúdos expostos acima pode-se afirmar que são

vários os factores de vulnerabilidade, todas as pessoas que ingerem álcool tem possibilidade

de se tornar alcoólatra.

Page 69: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

69

CAPÍTULO II - FASE METODOLÓGICA

Page 70: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

70

2. Percurso metodológico

Após a exposição dos conceitos chave para a compreensão desta temática, segue a

fase metodológica que visa determinar as estratégias e os procedimentos utilizado para a

realização do presente trabalho, deste modo permite ao investigador encontrar respostas ao

problema por ele definido e comprovar ou não as questões levantadas. Segundo Fortim

(1999) a fase metodológica consiste num fenómeno em estudo, incluído num plano de

trabalho que conduzirá as atividades a serem realizados durante a investigação.

Pois é nesse capítulo que se apresenta o desenho metodológica utilizado durante o

trabalho, apresenta-se ainda o tipo de metodologia, a técnica e os instrumentos de colheita de

informações, a população alvo, a amostra, a técnica de amostragem assim como as questões

éticas de investigação. Deste modo o que determina uma correta pesquisa científica é a

escolha de uma metodologia de trabalho, que de acordo com Fortin (2009) é o conjunto dos

métodos e das técnicas que guiam a elaboração do processo de investigação científica.

Assim o percurso da fase metodológica determina os métodos utilizados para

alcançar respostas às questões de investigação colocadas. De fato a fase metodológica é

importante para garantir a credibilidade e a qualidade dos resultados de investigação, na

medida em que facilita o pesquisador á alcançar os objetivo proposto ao longo da pesquisa e

a descrever toda a trajetória do trabalho.

Para que fosse possível a elaboração deste trabalho demostrou ser importante fazer

o levantamento do problema em estudo, delinear o objetivo geral bem como o específico e

por último as hipóteses de investigação.

No entanto esta investigação só foi possível graças a um estudo de campo realizado

na comunidade de Telha, em que os resultados encontrados constituem um total de 699

indivíduos e 191 família, convém dizer ainda que entre esses 699 indivíduos apenas 481

indivíduos é que compõem o total da população em estudo, visto que um dos critérios de

inclusão é idade igual ou superior a 15 anos sendo assim os indivíduos nascido a partir de

2003 não fazem parte da população em estudo porque a idade é inferior a 15 anos.

Page 71: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

71

2.1. Tipo de pesquisa

Todo e qualquer trabalho de investigação requerer uma metodologia de modo a

facilitar o pesquisador a alcançar os objetivos propostos, pois através dela é descrito como

será realizado a pesquisa. Portanto Fortin (2009) defende que o nível do conhecimento no

domínio em estudo determina a escolha do tipo de investigação. Saliente ainda que os

estudos descritivos visam denominar, classificar, descrever uma população ou

conceptualizar uma situação.

Tendo em conta as características da presente investigação, considerou-se

pertinente empregar um estudo de abordagem quantitativa do tipo descritivo, observacional,

transversal. Este estudo é o que mais se adequa a esta investigação, visto que o objetivo da

presente investigação é quantificar a prevalência de consumo de álcool num grupo de

indivíduos na comunidade de Telha de Tarrafal de São Nicolau.

Este estudo é quantitativo porque visa garantir a precisão dos resultados, pois

aumenta a margem de segurança para a comprovação de hipóteses ou dos problemas

levantados, além de mais é uma metodologia consistente com os pressupostos das ciências

biológicas, permitindo assim descrever a frequência do consumo de álcool relativamente ao

grupo em estudo.

Neste contexto Fortin (1999) refere o método de investigação quantitativa como um

processo sistemático de colheita de dados observáveis e quantificáveis que tem como

propósito contribuir para a evolução e consagração dos conhecimentos, garante também a

hipótese de generalizar os resultados, de predizer e de controlar os acontecimentos. Ainda

segundo a mesma autora a concretização, a predição, o controlo e a generalização são

características inerentes a esta abordagem.

Deste modo o que diferencia um estudo quantitativo de um qualitativo é o fato de

que na quantitativa o investigador procura conhecer melhor o fenómeno do exterior ou seja

de forma objetiva, enquanto na qualitativa o propósito principal do investigador é conhecer o

fenómeno na ponte vista do inquerido.

É descritivo na medida em que o propósito é observar, descrever e documentar

aspetos de uma situação, enfatizando aspetos mensuráveis sem entrar no mérito dos

conteúdos. Justifica ainda pelo fato de não haver nenhuma interferência por parte do

Page 72: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

72

investigador cujo objetivo é descobrir a frequência que o fenómeno em estudo acontece que

nesse caso é o consumo de álcool num grupo de indivíduos numa comunidade. Ainda visa

identifica, registar e analisar características de fatores ou variáveis que estão relacionados

com o consumo de álcool.

Relativamente a pesquisa observacional é possível reunir informações como

condições dos indivíduos, atividades e condições ambientais para além disso envolve

instrumentos e protocolos que definem como será realizado a observação, tempo de duração

e registo dos dados. Entretanto ao longo do trabalho será avaliado se existe conexão entre os

fatores sociodemográficos e o consumo de álcool sem intervir diretamente na relação

analisada.

É transversal porque as observações e mensurações das variáveis de interesse são

feitas simultaneamente em um determinado ponto, não havendo seguimento dos indivíduos,

tendo em conta que a prevalência é o estudo de casos antigos e novos de uma nosologia num

determinado local e tempo, sendo assim é estática e essencialmente transversal. No entanto

durante o estudo interessa observar a causa e a consequência do alcoolismo num mesmo

momento histórico. Objetiva-se ainda determinar a frequência dos indivíduos que consomem

álcool e o índice de alcoolismo, por tanto é uma pesquisa comparativa direta.

Quanto aos procedimentos técnicos, este será realizado por meio de pesquisas

bibliográficas relacionado com o tema eleito para investigação. Deste modo, adotou-se uma

metodologia que busca descrever os conceitos já publicados constituídos principalmente de

livros e artigos. Assim foi possível aplicar questionário e posteriormente descrever os

resultados do estudo efetuado.

2.2. Instrumento de colheita de informações

Levando em consideração o objetivo em estudo achou-se pertinente utilizar um

questionário que compõem questões de escolha múltipla e perguntas fechadas (apêndice II),

onde este se divide em dois grupos em que a primeira parte retrata questões

sociodemográficas e a segunda parte é composto por questões sobre o indivíduo

relativamente ao álcool.

Segundo Fortin (1999) o questionário é um instrumento de medida que traduz os

objetivos de um estudo com variáveis mensuráveis, deste modo não permite aprofundar

Page 73: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

73

tanto quanto a entrevista, mas permite um melhor controlo do enviesamento. Estes dados

foram levantados consoante o perfil sociodemográfico com variáveis dependentes (sexo,

idade, estado civil, escolaridade e ocupação), além das variáveis independentes que

identificassem o padrão de consumo de álcool e o motivo.

O período da coleta de dados ocorreu no mês de agosto de 2017 conforme o

cronograma (apêndice III), pela própria investigadora em dois momentos. No primeiro

momento foi a aplicação do questionário e o esclarecimento das dúvidas surgidas durante o

preenchimento e o segundo momento foi a recolha dos questionários uma vez que os

menores tiveram que levar para casa de modo a ter aprovação dos pais para a participação no

estudo .

No que desrespeita as questões elas foram elaboradas de forma clara e precisa, com

o propósito de dar resposta aos objetivos dessa investigação. É de salientar ainda que este

questionário foi adaptado com perguntas da AUDIT (alcohol use disorders identificativo

teste) (anexo II) que revelou ser de grande valia para a obtenção das informações chave.

Pois a AUDIT é um questionário breve composto por dez perguntas com pontuação

de 0-4 para cada pergunta, este foi elaborado pela OMS com o objetivo de rastreio e

intervenção no consumo de risco ou nocivo de álcool, cujo mesmo é recomendado pela DGS

(direção geral da saúde de Portugal). É um dos primeiros testes de rastreamento

desenvolvidos especificamente para utilização em serviços de atenção primária à saúde.

Entre as suas vantagens está o enfoque nos problemas atuais não apenas nas

identificações dos dependentes do álcool. Visa avaliar a possibilidade de danos físicos,

mentais ou sociais decorrentes do uso de álcool, verificou-se neste estudo padrões de uso de

risco, nocivo e dependência. Classificando estes padrões estabelecendo uma ocorrência entre

eles e as zonas de riscos, considerando que escores AUDIT superiores a 20 são sugestivos de

dependência alcoólica, para efeito de análise dos dados apresentados, a dependência do

álcool deve ser interpretada no decorrer desse estudo como provável dependência do álcool.

Os que obtiveram pontuação de zero a sete no AUDIT foram considerados como

consumidor de baixo risco e aqueles que obtiveram resultados acima de oito foram

classificados como consumo de risco a nocivo e por último as que obtiveram uma pontuação

igual ou superior a vinte como uma provável dependência. Por tanto esse instrumento

apresenta uma sensibilidade entre os 69 e os 95% e uma especificidade que varia entre os 71

Page 74: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

74

e os 90%, permitem rastrear uma larga maioria da população, identificando grupos com

possíveis consumos de alto risco, abuso e dependência.

Posteriormente, este questionário foi validado pela orientadora do trabalho, de

modo a fazer a adequação e verificar a pertinência das questões relativamente á

problemática em estudos e aos objectivos, vale realçar ainda que esse questionário foi

testado num grupo de indivíduos que possuía as mesmas características da população em

estudo. No que tange a aplicação do questionário, este foi realizado no período de manha e

de tarde durante dois dias, a fim de abranger um maior número de pessoas tanto do sexo

feminino como masculino. Convém dizer ainda que o tempo médio no preenchimento do

questionário teve uma duração de vinte minutos cada

2.3. População e amostra

É de conhecimento de todos que a população é o conjunto de todos os elementos

em estudo, pois esses conceitos contrapõem-se à amostra que retrata apenas a uma parte

dessa população em estudo que se baseia para representar o todo.

Sendo assim na impossibilidade de estudar toda a população, estudou-se apenas

uma parte da população chamado amostra com a finalidade de representar toda a população.

A população alvo sobre o qual o estudo incidiu foi constituída por todos os indivíduos

residente na comunidade de Telha Tarrafal de São Nicolau com base num questionário, vale

ressaltar ainda que a população acessível foi 40 indivíduos.

Para a realização deste trabalho foram inquerido um total de 40 indivíduos, com

idade igual ou superior a 15 anos de ambos os sexos. A investigação foi desenvolvida

durante o mês de março a agosto de 2017 com a finalidade de saber com exatidão a

prevalência de consumo de bebida alcoólica num grupo de indivíduos da comunidade Telha.

O método de amostragem utilizada foi o não probabilístico deste modo não é

possível generalizar os resultados para a população, embora seja simples de organizar.

Optou-se ainda por essa amostragem devido aos elementos em estudo que são difíceis de

identificar e de contactar e também tendo em conta as razões éticas que impedem de se

identificar todos os elementos desse grupo, pelo qual se inqueriram apenas os voluntários.

Trata-se mais precisamente da amostragem por conivência, visto que as

informações foram recolhidas na comunidade junto a população que se apresentava no local

Page 75: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

75

no momento da aplicação do questionário desde que esses indivíduos satisfizessem o critério

de seleção e aceitasse participar voluntariamente. Pois foram entrevistados indivíduos que

teve acesso imediato e direto desde que faziam parte da comunidade em estudo e acatasse os

critérios de inclusão.

De acordo Fortin (1999) a amostragem não probabilística é um procedimento em

que todos os elementos da população não tem a mesma probabilidade de ser escolhido para

fazer parte da amostra. Sendo assim não garante uma representatividade total da população.

Ainda segundo a mesma autora Fortin (1999) a amostragem por conveniência é composto

por sujeitos que são facilmente acessíveis e que estão presentes num local determinado,

salienta ainda que esse tipo de amostragem é utilizado embora os sujeitos acessíveis possam

ser diferentes da população alvo provocando assim o enviesamento.

A pesquisa teve como critério de inclusão, todas as pessoas residentes na

comunidade de Telha com idade igual ou superior a 15 anos, tanto do sexo feminino como

masculino, desde que voluntariamente quisessem participar do estudo. Foram excluídos do

estudo todos os indivíduos que no caso apresentam algum problema psicológico que o

impede de responder o questionário, indivíduos que apresentava alcoolizado no momento de

entrevista.

2.4. Caraterização do campo empírico

A delegacia de saúde situa-se na zona de Alto Fontainhas frente a uma praça

próximo a comunidade em estudo e é de fácil acesso. A delegacia é usada como referência e

presta cuidados de saúde a todo o município de Tarrafal mais precisamente sete zonas.

A infraestrutura física da delegacia de saúde de Tarrafal é constituída de uma

receção simples dividida em duas partes aleatórias em que a primeira parte compõe a entrada

da delegacia e a segunda parte é relativamente a parte traseira e que se encontra separadas

por um quintal.

Relativamente a primeira parte é constituída por duas casas de banho logo na

entrada principal sendo uma destinada aos homens e outra às mulheres, uma sala de reunião

e um refeitório ambos com acesso da parte externo como interno, duas salas médicas de

atendimento individual também com ingresso interno e externo, uma secretaria e de seguida

um portão cujo entrada leva a parte interna da delegacia e logo após essa entrada à esquerda

Page 76: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

76

encontra-se uma farmácia, uma sala de tratamento com dois acessos e por último um posto

de atendimento as urgências e PMI (sala de planeamento familiar e atendimento às crianças)

que dispõem também de duas entrada.

A segunda é referente a parte interna dispondo assim de uma lavandaria ao lado de

um pequeno quintal utilizado para secar as roupas, seguindo ainda na mesma direção

encontra-se a maternidade e dentro dela a sala de parto, de seguida a pediatria e junto a sala

de enfermagem contém duas enfermarias um feminino e outro masculino, uma sala de

observação, um quarto destinado a isolamento, um quarto particular que é utilizado caso as

enfermarias não há espaço e finalizando com uma sala em que são feitas os atendimentos

por psicólogos.

No que tange a equipa de serviço é formado por 8 enfermeiros e uma enfermeira

chefe, dois médicos gerais, um psicólogo, uma fisioterapeuta, 6 auxiliares de limpeza geral,

4 agentes administrativos, um técnico farmacêutico e um diretor médico. Vale ressaltar

ainda que no momento encontra-se a estagiar alguns enfermeiros, alunos de enfermagem e

também uma aluna de fisioterapia.

A delegacia presta serviços a comunidade disponibilizando assim de alguns

técnicos de saúde que são contratados por um período de tempo para a pulvorizarão das

casas e ruas de modo a prevenir o paludismo. Como já foi referido anteriormente a delegacia

presta cuidados a sete zonas sendo assim são feitas as visitas de quinze em quinze dias todas

as quartas feiras com uma equipa composta por condutor da delegacia de saúde, um médico,

um enfermeiro que é responsável por PMI e técnico de farmácia. Geralmente as consultas

dentro da delegacia é feita pelo médico consoante as marcações, sendo maior parte dos

atendimentos feito pelos enfermeiros no banco de urgência e caso for necessário será

solicitado o atendimento dos médicos.

2.5. Procedimentos éticos do estudo

Referente aos procedimentos éticos, o presente estudo vai ao encontro com os

procedimentos éticos e deontológico seguindo os princípios do direito a autodeterminação,

direito a intimidade e o direito a anonimato.

Page 77: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

77

Os questionários foram aplicados de forma individual e sigilosa, em nenhum

momento foi colocado em causa o direito do inquerido, portanto os participantes poderiam

retirar do estudo se assim o desejassem.

Este estudo teve a autorização do responsável pelo Centro de saúde de Tarrafal de

São Nicolau (apêndice IV) para o propósito de recolher dados e informações para dar

resposta as demandas das questões estabelecidas. O termo de consentimento informado

acompanhou o questionário, contemplava o objetivo de investigação e a importância da

participação dos inqueridos.

Após a recolha das informações os questionários foram codificados e as variáveis

estruturadas de modo a facilitar na introdução dos dados. Os dados foram processados

eletronicamente por meio do programa de dados para Windows em statistical packge for

social sciences versão 23 (SPSS) e com base nesse instrumento procedeu-se às análises

estatísticas das informações obtidas.

O statistical packge for social sciences (SPSS) é uma ferramenta informática que

permite realizar cálculos estatísticos complexos e visualizar em poucos segundos os

resultados. Esta aplicação torna a análise estatísticas de dados acessíveis para o utilizador

casual e conveniente para utilizador mais experiente. Assim o SPSS é um software

estatístico utilizado pelas mais diversas áreas científicas.

Sendo assim a maior vantagem de se utilizar o SPSS consiste em poder analisar

dados quantitativos de muitas formas diferentes e com grande rapidez a partir do momento

em que se adquire domínio sobre o programa.

Page 78: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

78

CAPÍTULO III – FASE EMPÍRICA

Page 79: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

79

3. Apresentação e interpretação dos resultados

Este capítulo tem por finalidade análise e interpretação dos resultados obtidos

durante a investigação, expõe os resultados alcançados a partir dos questionários e de

acordo com os objetivos traçados ao longo da investigação.

Para o efeito de tratamento dos dados foram inicialmente codificado os questionário

de modo a facilitar na introdução na base de dados, dando-se a cada questionário um

número de um a quarenta. Assim para o tratamento e análise descritiva das informações foi

utilizado o programa (SPSS) versão 23 (staistical Packager for the Sacional Sciens) por

meio do qual foram feitas comparações entre consumo de álcool, prevalência de consumo e

tipo de consumo em relação às variáveis sócio-demográficas (sexo, idade, ocupação, renda

familiar, escolaridade, estado civil).

Durante a introdução das respostas na base de dados foram levadas em

considerações as variáveis quantitativas e as variáveis qualitativas. Vale realçar ainda que

para avaliação do tipo de consumo foram analisados as respostas dos inqueridos

relativamente às questões de AUDIT de acordo com as pontuações obtidos por cada

inquerido

Após a introdução das respostas de cada questionário procedeu-se as análises

estatísticas no programa SPSS e de seguida foram transferidos os resultados da análise para

o programa Microsoft Office Excel 2010, permitindo assim a extracção dos gráficos com

um maior aspecto. A apresentação dos dados será efetuado através de gráficos, quadros e

tabelas, com o objectivo de facilitar a visão e a interpretação dos resultados.

3.1. Análise do inquérito aplicado

Durante a colheita de informações teve a necessidade de qualificar todos os

participantes. Estes foram qualificados quanto ao sexo, faixa etária, ocupação, habilitações

literário rendimento mensal estado civil. Foram escolhidas essas características por serem as

que melhor possibilitam apurar a semelhança com a população alvo.

Page 80: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

80

Gráfico 1. Sexo

Fonte: Elaboração própria

Pode-se observar através do gráfico 1 que a amostra de 40 indivíduos (55%) é do

sexo masculino e (45%) do sexo feminino. Essa grande diferença deve ao fato de ter mais

participação e acesso ao sexo masculino do que feminino durante o inquérito, portanto há

um percentual maior dos homens inqueridos

Gráfico 2. Idade

Fonte: Elaboração própria

De acordo com o gráfico 2 foram inqueridos 20 indivíduos com idade

compreendida entre 15 /24 anos de idade, 10 entre 25/34 anos, 4 entre 35/44 anos, 4 entre

45/54 anos e 2 com mais de 65 anos de acordo com o gráfico 2.

55%

45%

Masculino

Feminino

0

5

10

15

20

15/24 25/34 35/44 45/54 mais de65

Série1 20 10 4 4 2

Page 81: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

81

85%

10%

0% 5% 0%

solteiro

casado

divorciado

viuvo

uniao de facto

2%

60%

30%

8%

sem instrução

Ensino basico

Ensino secundaria

Ensino superior

Gráfico 3. Estado civil

Fonte: Elaboração própria

Em relação ao estado civil dos participantes podemos constatar através do

gráfico 3 que 85% são solteiros, 10% são casados, 5% são viúvos, 0% divorciados,

igualmente para união de fato com 0%.

Gráfico 4. Habilitações literária

Fonte: Elaboração própria

O gráfico 4 demostra que 60% dos participantes tem o ensino básico, o ensino

secundário corresponde a 30% dos participantes, ensino superior é representada por 8% e

2% encontra sem instruções.

Page 82: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

82

Gráfico 5. Ocupação

Fonte: Elaboração própria

A maior parte dos inqueridos são trabalhadores com 50% o que pode ser

confirmado pelo gráfico 5 onde apresenta-se a ocupação dos participantes. Houve 27%

desempregados e 23% estudantes

Gráfico 6. Qual é o rendimento mensal da sua casa?

Fonte: Elaboração própria

No que tange ao rendimento mensal da casa dos inqueridos pode-se verificar que 19

indivíduos possui um salário mensal de 5000/10000 escudos, 11 indivíduos alegaram ter um

rendimento de 11000/15000 escudos, 5 indivíduos afirmaram receber uma quantia de

16000/20000 escudos, 4 indivíduos disseram que possuem mensalmente um valor de

21000/25000 escudos e ainda de acordo com o gráfico 6 constatou-se que 1 dos participantes

não respondeu a essa questão.

50%

27%

23%

trabalhador

desempregado

estudante

0

5

10

15

20

5000/10000

11000 /15000

16000/20000

21000/25000

ns/nr

Série1 19 11 5 4 1

Page 83: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

83

77%

23%

sim

não

Gráfico 7. Atualmente consome bebidas alcoólicas?

Fonte: Elaboração própria

Ao analisar o consumo de bebidas alcoólicas, conforme o gráfico 7 observa-se uma

elevada percentagem 77% (31) dos inqueridos que relataram fazer o uso de bebidas

alcoólicas, 23% (9) dos inqueridos afirmaram não consumir álcool, o que corresponde a uma

memória num universo de 40 indivíduos.

Gráfico 8. O que levou a consumir bebidas alcoólicas?

Fonte: Elaboração própria

Tendo em conta o motivo de consumo muitos dos participantes referiram a

curiosidade e a diversão como fator de consumo. Referente ao gráfico 8 pode-se averiguar

que a curiosidade compõe o maior percentual com 52% dos inqueridos, de seguida a procura

de diversão com 48%, nenhum dos participantes apontaram a influência dos amigos e

problemas pessoais como motivo para o consumo.

52%

0% 0%

48%

0%

curiosidade

ser aceito no grupo

influencia dos amigos

procura de diversão

por problemas

Page 84: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

84

Gráfico 9. Com quem consumiu a primeira bebida alcoólica?

Fonte: Elaboração própria

A partir dos dados do gráfico 9 verifica-se que o primeiro consumo dos

inqueridos aconteceu na companhia dos amigos o que corresponde 42%. Em relação a

companhia dos familiares para o consumo, esta é de 19%, pode-se constatar também que

39% dos inqueridos fizeram o consumo sozinho sem nenhuma parceria por parte dos

amigos, familiares ou namorado(a).

Gráfico 10. Em que altura do dia bebes?

Fonte: Elaboração própria

Dos inqueridos que consomem álcool pode-se apurar no gráfico 10 que 94%

consomo à noite, 3% consomo de manhã e os outros 3% são referentes à tarde. Portanto

esse maior número de consumo à noite pode estar relacionado com a saída com os

amigos ou então com a festa, visto que no gráfico 9 os amigos apresentam um papel de

destaque referente a companhia para o uso de álcool.

19%

39%

42%

0%

com familía

sozinho

com amigos

com namorado (a)

0% 3%

94%

3%

de manhã

à tarde

à noite

de manhã, tarde e noite

Page 85: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

85

Gráfico 11. Das bebidas qual costuma consumir com maior frequência?

Fonte: Elaboração própria

Das bebidas consumidas pelos participantes, 42% revelaram o ponche como sendo

a bebida alcoólica predileta, 26% relataram a cerveja, 22% afirmam o vinho como a bebida

maior consumida e o grogue a menos consumida de entre os inqueridos com uma

percentagem de 10%.

Gráfico 12. Com que idade começaste a beber?

Fonte: Elaboração própria

O gráfico 12 apresenta resultados preocupantes em relação ao consumo de bebidas

alcoólicas pela primeira vez. Pois esses resultados demostraram que 6% dos inqueridos

experimentaram pela primeira vez na infância, 36% dos indivíduos fizeram o consumo na

pré-adolescência, 39% na adolescência e 19% na juventude.

22%

26% 42%

10%

vinho

cerveja

ponche

grogue

6%

36%

39%

19%

Antes dos 12 anos

Dos 12 aos 14 anos

Dos 15 aos 17 anos

Depois dos 18 anos

Page 86: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

86

Gráfico 13. Em que contextos sociais costumam consumir bebidas alcoólicas?

Fonte: Elaboração própria

Dos inqueridos que disseram que consomem álcool 48% afirmaram consumir

durante as festas, 32% alegaram que só consomem álcool aos fins-de-semana, 10%

mencionaram que faz o uso de bebidas alcoólicas quando saem com os amigos, 10%

também mencionaram consumir diariamente o que pode ser constatado no gráfico 13.

Gráfico 14. Já alguma vez teve hospitalizado por consumo excessivo de álcool?

Fonte: Elaboração própria

Os resultados do gráfico 14 revelam que em decorrência de consumo 84% dos

participantes que consomem álcool nunca tiveram hospitalizado, 10% referiram que foram

hospitalizados exatamente uma vez, 3% afirmaram ter hospitalizado no máximo três vezes

devido ao álcool, outros 3% identicamente referenciaram que já foram hospitalizados mais

de três vezes.

48%

32%

10% 10%

festas

fins-de -semana

diariamente

saida com amigos

84%

10%

3% 0% 3%

nunca

1 vez

2 vezes

3 vezes

mais de 3 vezes

Page 87: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

87

Gráfico 15. Quando consome álcool, como se costuma sentir?

Fonte: Elaboração própria

No que concede as sensações pelo consumo de álcool, 13% dos participantes

afirmaram não ter exposto quaisquer alterações, 45% revelaram comportamentos eufóricos,

29% alegam ter tido sensação de sono após a ingestão do álcool, 13% também dos

inqueridos revelaram ter apresentado alteações motora, relativamente a alteração visual não

houve percentagem.

Gráfico 16. Já alguma vez ficou ferido ou ficou alguém ferio por você ter bebido?

Fonte: Elaboração própria

Apoiando ao gráfico 16 os dados apresentados revelam que em decurso do consumo

77% dos participantes nunca apresentaram ferimentos ou ficou alguém ferido, 23%

revelaram ter reputado consequências a nível do ferimento.

13%

45%

0%

13%

29% sem alterações

euforico

alterção visual

alterção motora

sonolento

23%

77%

sim

não

Page 88: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

88

Gráfico 17. Quando consomes bebidas alcoólicas, costumas ter relações sexuais sem

preservativo?

Fonte: Elaboração própria

Em relação ao uso de preservativos durante o ato sexual o grafico17 apresenta os

seguintes resultados, 39% dos inqueridos revelaram nunca ter tido contato sexual sem

preservativos após a ingestão do álcool, 22% dos inqueridos afirmam não ter usado

preservativos uma vez durante o ato sexual, 23% afirmaram não ter feito o uso de

preservativos pelo menos dois a três vezes, 16% relataram ter relações sexuais constantes

sem preservativos após a ingestão de bebidas alcoólicas.

Gráfico 18. Alguma vez consumiste álcool juntamente com outras substâncias?

Fonte: Elaboração própria

Relativamente a questão de consumo de bebidas alcoólicas juntamente com

outras substâncias ilícita pode-se constatar no gráfico 18 que a maioria 71% dos

consumidores de álcool afirmaram nunca ter feito o consumo com outras substâncias.

Portanto 29% dos consumidores revelaram ter feito o uso de outras drogas junto com o

álcool.

39%

22%

23%

16% nunca

1 vez

2 / 3 vezes

Frequentemente

29%

71%

sim

não

Page 89: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

89

Gráfico 19. Alguma vez conduziste embriagado?

Fonte: Elaboração própria

A partir dos resultados expostos no gráfico 19 é de afirmar que 68% dos

participantes nunca teve contacto com o volante no momento de alcoolização, o que não

acontece com uma minoria de 32% dos consumidores que já conduziram sob o feito de

álcool.

Gráfico 20. Qual é a idade mínima em que deve ser permitido o consumo de bebidas

alcoólicas?

Fonte: Elaboração própria

No gráfico 20 a maioria dos consumidores assegura que a idade em que deve ser

feito o uso de bebidas alcoólicas é no mínimo dezoito anos correspondendo a uma

percentagem de 97%, contrapondo a estes consumidores uma minoria 3% quase

insignificante defende que o uso de bebidas alcoólicas devem ser permitido a partir dos

dezassete anos de idade.

32%

68%

sim

não

0% 0% 3%

97%

15 anos

16 anos

17 anos

18 anos

Page 90: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

90

Gráfico 21. Opinião acerca dos preços das bebidas alcoólicas?

Fonte: Elaboração própria

Tendo em conta o gráfico 21 a cerca da opinião pessoal dos consumidores

comparativamente aos preços das bebidas alcoólicas nota-se que uma elevada percentual de

consumidores 65% é da opinião que o preço é razoável, 19% defende que o preço das

bebidas alcoólicas é barato, 7% é da opinião contraditório uma vez que ostentam que os

preços das bebidas são demasiado elevados, 6% alegaram que o preço é muito barato e 3%

dos consumidores consideram elevado o preço do álcool.

Gráfico 22. Do seu grupo de amigos, quantos consomem bebidas alcoólicas?

Fonte: Elaboração própria

Referente a quantidade dos amigos dos inqueridos que consomem álcool

representado pelo gráfico 22 pode-se averiguar um percentual esmagador de 45% dos

participantes afirmaram que mais de metade dos amigos consomem álcool, 29% assumiram

que todos os seus amigos fazem o uso de álcool, 13% relataram que menos de metade dos

seus amigos é que consomem álcool, 10% afirmaram que metade dos seus amigos

consomem álcool, os restantes 3% não responderam a essa questão.

7%

65%

6%

3% 19%

demasiado elevado

Rasoável

muito barato

elevado

barato

0%

13% 10%

45%

29%

3% nenhum

menos de metade

metade

mais de metade

todos

não sei

Page 91: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

91

Gráfico 23. Que quantidade costuma beber num dia normal?

Fonte: Elaboração própria

No que tange a quantidade de consumo por dia pode-se conferir no gráfico 23 que

61% dos consumidores fazem o consumo de um a dois copos nos dias normais, 32%

mencionaram consumir no máximo três a quatro copos durante um dia normal e 7% dos

consumidores afirmaram ter ingerido num dia normal pelo menos cinco a seis copos.

Gráfico 24. Alguma vez teve necessidade de beber logo de manhã para curar ressaca?

Fonte: Elaboração própria

Dos inqueridos que consomem actualmente, 90% alegaram nunca ter experimentado

ressaca após o consumo, 7% já teve essa experiência no máximo um a dois vezes, 3%

declararam que a ressaca já faz parte do seu dia-a-dia.

61%

32%

7%

0% 0%

1 / 2 copos

3 /4 copos

5 / 6 copos

7 / 9 copos

10 ou mais copos por dia

90%

7% 3%

nunca

1 /2 vezes

Diariamente

Page 92: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

92

Gráfico 25. Com que frequência não se lembrou do que aconteceu na noite anterior

por ter bebido?

Fonte: Elaboração própria

O gráfico 25 representa os resultados correspondentes a frequência do esquecimento

após terem ingerido álcool na noite anterior, onde 55% dos consumidores alegaram nunca

ter acontecido e os 45% teve o esquecimento dos acontecimentos no mínimo uma vez.

Gráfico 26. Consideras suficientes as informações disponibilizadas pela delegacia de

saúde relativamente as consequências causadas pelo álcool?

Fonte: Elaboração própria

De acordo com o gráfico 26 pode-se observar que maioria dos inqueridos 74%

afirmaram ser insuficientes as informações disponibilizadas pela delegacia de saúde em

relação aos efeitos do álcool, simplesmente 26% considera suficiente a informação

relativamente ao álcool por parte de delegacia.

55%

45%

0% 0%

nunca

1 vez

2/3 vezes

diariamente

26%

74%

sim

não

Page 93: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

93

3.4 Cruzamento de variáveis

Para que pudesse relacionar a prevalência de consumo de álcool e os fatores em

estudos relativamente aos indivíduos inqueridos, foi necessário recorrer ao cruzamento das

variáveis.

Tabela 1: Relação entre o consumo atual e o sexo

Atualmente consome bebida alcoólica Total

Sim Não

Sexo Masculino 20 2 22

Feminino 11 7 18

Total 31 9 40

Fonte: Elaboração própria

Analisando a relação entre o sexo e a prevalência de consumo atual de álcool

(tabela 1), 20 dos inqueridos que consomem álcool são do sexo masculino e 11 são do sexo

feminino componde um total de 31 indivíduos consumidores de álcool. Ainda de acordo

com a mesma tabela pode-se averiguar que dos inqueridos que não fazem o uso de álcool 2

são do sexo masculino e 7 são do sexo feminino.

Desses inqueridos que relataram consumir álcool, 94% confirmaram ingerir bebidas

alcoólicas preferencialmente à noite, 3% referiram fazer o uso de bebias alcoólicas à tarde e

nos três períodos do dia 3% também relataram fazer o uso de álcool.

De entre as bebidas consumidas por esses inqueridos o gráfico 11 mostra que as

bebidas predilectas é o ponche com 13 (42%) dos inqueridos, no segundo lugar a cerveja 8

(26%) dos inqueridos, de seguida o vinho com 7 (22%) dos participantes e por último o

grogue a menos consumida com 3 (10%) dos inqueridos.

Esses dados estão em consonância com os disponibilizados pela Delegacia de

Saúde de Tarrafal (anexo I), onde se pode constatar que a maior parte dos utentes que deram

entrada nessa Delegacia são do sexo masculino 27 e 2 do sexo feminino.

Portanto um estudo feito no município de Bebedouro, região Noroeste do Estado de

São Paulo os dados demostraram que as dependências alcoólicas se caracterizam em sua

maioria no sexo masculino com uma percentagem de 71,6% (Vargas, Oliveira & Araújo,

2009).

Page 94: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

94

Tabela 2: Relação entre o consumo actual e a idade

Atualmente consome bebidas

alcoólicas

Total

Sim Não

Idade 15/24 18 2 20

25/34 8 2 10

35/44 3 1 4

45/54 1 3 4

55/64 0 0 0

Maior ou

igual a 65

1 1 2

Total 31 9 40

Fonte: Elaboração Própria

A tabela 2 exibe o cruzamento entre a faixa etária e o consumo atual das bebidas

alcoólicas, podendo assim constatar que o maior consumo se encontra na faixa etária de

15/24 anos com 18 indivíduos. Em relação aos grupos etários observou-se uma tendência de

diminuição conforme a relação de idade, com isso pode-se constatar um consumo precoce e

exagerado de bebidas alcoólicas nos adolescentes. Conforme o estudo feito por Vargas,

Oliveira e Araújo (2009), a prevalência de consumo predomina na faixa etária de 20/39 anos

de idade com uma percentagem 44,6%, o que não se afasta muito das faixas etárias de maior

consumo no presente estudo.

O consumo de álcool vêm crescendo entre os adolescentes, pelo qual acredita ser

de grande importância promover acções preventivas direccionada a essa camada acometida

por esse flagelo, assim de acordo com Junqueira et al, 2013 consumo de bebidas alcoólicas

por adolescentes traz consequências negativas diversas, tais como: problemas no estudo,

prática de sexo sem proteção e acidentes relacionados ao consumo de álcool.

Page 95: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

95

Tabela 3: Relação entre o rendimento mensal e o consumo

Actualmente consome

bebida alcoólica

Total

Sim Não

Rendimento mensal da

sua casa

5000 /10000 14 5 19

11000 / 15000 10 1 11

16000 /20000 4 1 5

21000 /25000 3 1 4

Ns/Nr 0 1 1

Total 31 9 40

Fonte: Elaboração própria

Observando a tabela 3 verifica-se que o rendimento mensal familiar dos

consumidores é de 5000/10000 escudos representado maioritariamente por 14 inqueridos, de

seguida uma quantia de 11000/15000 escudos representa o valor mensal familiar de 10

inqueridos, 4 inqueridos referiram ter um salário mensal familiar de 16000/20000 escudos, 3

dos participantes apresenta um rendimento mensal de 21000/25000 escudos.

Portanto observando o consumo atual e o rendimento mensal das famílias nota-se

que quanto maior for o rendimento mensal dessas famílias menor é o consumo de bebidas

alcoólicas. Entretanto pode-se considerar o baixo rendimento mensal um provável fator de

consumo.

Deste modo chega-se a uma conclusão de acordo com os dados da tabela 3 que o

consumo prevalece no seio dos familiares com o menor rendimento mensal. Assim ao longo

da pesquisa foi referenciado que 2% do rendimento mensal das famílias são destinadas ao

consumo de bebidas alcoólicas igualmente as despesas de saúde e o dobro gastado com a

educação (INE, 2002).

Page 96: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

96

Tabela 4: Relação entre o consumo, ocupação e sexo

Actualmente consome bebida

alcoólica

Ocupação Total

Trabalhador Desemprego Estudante

Sim Sexo Masculino 12 3 5 20

Feminino 4 3 4 11

Total 16 6 9 31

Fonte: Elaboração própria

Ao fazer a relação entre a ocupação, consumo e o sexo ( tabela 4 ) apurou-se que o

maior número dos consumidores são trabalhadores com 16 inqueridos, já os desempregados

apresentam uma proporção de 6 inqueridos usuários de álcool e os estudantes ocupam uma

posição relativamente acima dos desempregados com 9 inqueridos consumidores regulares

de bebidas alcoólicas 5 masculino e 4 feminino.

Portanto não foi encontrado nenhuma relação entre o desemprego e o consumo de

álcool, pelo que neste caso não se pode afirmar o desemprego como um fator de consumo.

No entanto o que se pode constatar é que o consumo pode ser feito por diferentes ocupações.

Referente a tabela 4 dados apontam para os trabalhadores com o maior consumo e

predominantemente no sexo masculino, isto pode ser justificado pelo fato de terem um

rendimento mensal facilitando a aquisição de bebidas alcoólicas. Ao analisar o consumo de

bebidas alcoólicas pelos estudantes, conforme a mesma tabela observa-se que esta ocupa a

posição secundária, pelo qual essa posição pode estar associada pela facilidade de compra e

oferecimento de bebidas alcoólicas, sobre tudo pelos colegas.

Ainda o outro fator que pode estar associado ao consumo de álcool pelos

estudantes, é fato de este facilita a integração nos grupos de amigos segundo dados da tabela

20 (anexo III) representada por um percentual esmagador de 45% dos inqueridos afirmando

o álcool como fator de socialização entre grupos.

Page 97: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

97

Tabela 5: Relação entre o motivo de consumo e o contexto social

Fonte: Elaboração próprio

A tabela 5 demostra a relação entre o motivo de consumo e o contexto social pelo

qual os inqueridos afirmaram ter feito o uso de bebidas alcoólicas. Dos 31 indivíduos que

relataram ter hábitos etílicos 16 asseguram ter feito o uso por curiosidade e 15 sustenta a

procura de diversão como motivo para o consumo de bebidas alcoólicas.

Constata-se ainda que os indivíduos que fizeram o consumo por curiosidade 9

experimentaram na festa e 7 nos fins-de-semana, os que relataram ter feito a experimentação

com a procura de diversão nota-se que 6 dos inqueridos fizeram o uso de bebidas alcoólicas

na festa, 3 nos fins-de semana, 3 alegaram consumir diariamente e 3 afirmaram ter

experimentado com os amigos.

Relativamente aos indivíduos que alegaram consumir diariamente com o propósito

de divertir é um fato bastante preocupante, na medida em que os danos causado pelo uso de

álcool são claramente relacionados ao padrão de consumo, sendo eles a quantidade e a

frequência. Assim, quanto mais uma pessoa bebe, maior o risco de provocar ou sofrer danos.

Entretanto a curiosidade e a procura de diversão são um fator a ser considerado na

experimentação inicial de consumo de bebidas alcoólicas. Segundo Neves, Teixeira e

Ferreira (2015) a diversão, a companhia dos amigos e a fuga de realidade são os principais

fatores para o consumo de álcool.

O que levou a consumir álcool Total

Curiosidade Procura de diversão

Em que contexto social

costuma consumir álcool

Festas 9 6 15

Fins-de -

semana

7 3 10

Diariamente 0 3 3

Saída com

amigos

0 3 3

Total 16 15 31

Page 98: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

98

Sendo assim a facilidade de acesso incentiva o consumo de álcool apesar de

conhecerem alguns dos riscos, consomem as bebidas geralmente em grupo (Neves, Teixeira

& Ferreira, 2015)

Tabela 6: Relação entre sexo e o contexto social de consumo

Em que contexto social costuma consumir álcool

Total

Festas Fins-de

semana

Diariamente Saída com

amigos

Sexo Masculino 7 9 3 1 20

Feminino 8 1 0 2 11

Total 15 10 3 3 31

Fonte: Elaboração própria

Analisando os dados da tabela 6 pode-se observar que relativamente ao contexto

social de consumo no ambiente festivo tem o maior consumo de bebidas alcoólicas no sexo

feminino do que sexo masculino, podendo assim dizer que as mulheres têm feito o maior

uso de bebidas alcoólicas durante as festas e os homens nos fins-de-semana. Vale realçar

ainda que os amigos mostraram exercer maior influência no sexo feminino do que nos

masculinos.

É importante considerar que aspetos como suporte social, lazer e cultura local

possam exercer influência sobre o modo de beber das pessoas (Vargas, Oliveira & Araújo,

2009). Segundo dados da pesquisa feito por Neves, Oliveira e Ferreira (2015), a

predominância de consumo pela primeira vez foi nas festas com amigos e na casa dos

parentes durante as festas familiares

Correlacionando os dados da tabela 6 e os da tabela 20 disponibilizado na (anexo

III) observa-se que 13% dos inqueridos concordaram totalmente e 33% concordaram

parcialmente que beber é a forma mais agradável de festejar, e quanto a afirmação de festas

serem mais divertidas se tiverem álcool 35% concordaram totalmente e 23% concordaram

parcialmente.

Assim, a partir dos resultados expostos pode-se afirmar que há relação direta entre

o consumo e o contexto social, nomeadamente o ambiente festivo. Ainda segundo boletem

Page 99: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

99

oficial de combate contra problemas ligado ao álcool (2012/2016) o consumo de bebidas

alcoólicas esta intimamente ligado ao ambiente festivo, comemorativo e confraternização

Tabela 7: Relação entre sexo e idade do primeiro consumo

Sexo Total

Masculino Feminino

Com que idade

começaste a beber

Antes dos 12 anos 2 0 2

Dos 12 aos 14 anos 8 3 11

Dos 15 aos 17 anos 6 6 12

Depois dos 18 anos 4 2 6

Total 20 11 31

Fonte: Elaboração própria

Na tabela 7 apresenta resultados em relação ao consumo de bebidas alcoólicas pela

primeira vez pelos inqueridos. Relacionando com o quadro 4 observa-se que dos 31

inqueridos que responderam sim, ou seja, que fazem o uso de bebidas alcoólicas, assim

pode-se concluir que esses indivíduos experimentaram álcool precocemente entre a faixa

etária de 12 aos 14 anos e dos 15 aos 17 anos de idade.

Ainda na tabela 7 pode-se apurar que 2 dos inqueridos do sexo masculino referiram

ter feito o primeiro consumo na infância antes dos 12 anos, 11 dos inqueridos também

relataram ter consumido na fase de pré-adolescência para adolescência dos 12 aos 14 anos

com 8 indivíduos do sexo masculino e 3 feminino, já na fase de adolescência é que se avista

com o maior consumo inicial de bebidas alcoólicas com 12 inqueridos distribuindo assim 6

indivíduos cada para ambos os sexos, depois dos 18 anos nota-se uma baixa incidência para

o inicio do primeiro consumo de bebidas alcoólicas representado na tabela 7 por 6

indivíduos, 4 masculino e 2 feminino.

De acordo com o gráfico 20 observa-se que mais de metade 97% dos inqueridos é

da opinião que o consumo de bebidas alcoólicas deve ser iniciado a partir dos 18 anos, mas

constata-se que na prática esses participantes têm feito tudo oposto, iniciando o consumo

cada vez mais cede. O estudo apresentado por Neves, Oliveira e Ferreira (2015), demostra

Page 100: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

100

que a idade que ocorreu o primeiro contato com bebidas alcoólicas variou entre 9 a 17 anos

de idade.

A partir dos dados nota-se que o inicio precoce das bebidas alcoólicas sobressai

mais no sexo masculino do que no sexo feminino, entretanto um estudo Brasileiro

evidenciou que 12,3% das pessoas com idade entre 12 e 65 anos são dependentes de álcool

(Vargas, Oliveira & Araújo, 2009).

Tabela 8: Relação entre sexo e hospitalização por consumo de álcool

Já teve hospitalizado por consumo excessivo

de álcool

Total

Nunca 1 Vez 2 Vezes Mais de 3

vezes

Sexo Masculino 16 2 1 1 20

Feminino 10 1 0 0 11

Total 26 3 1 1 31

Fonte: Elaboração própria

No que se refere as internações por consomo de bebidas alcoólicas a tabela 8

demostra que a maioria (26) dos inqueridos dos dois sexos responderam nunca ter

hospitalizado devido a essa substância, 3 dos inqueridos já teve hospitalizado uma vez

derivada ao álcool, 1 afirmou ter hospitalizado duas vezes por consumo excessivo de

álcool e 1 dos inqueridos declarou ter hospitalizado mais de três vezes subsequente as

bebidas alcoólicas.

Somando o número de vezes de internações chega-se a uma conclusão que houve a

mesma quantia de indivíduos hospitalizado de ambos os sexos referente ao consumo

abusivo de bebidas alcoólicas.

Confrontando esses resultados com os da Delegacia de saúde nota-se uma diferença

a nível de internamento por sexo, tendo o maior número de intermeto por parte dos

homens com 27 casos e 2 mulheres.

De acordo com Noto e Gorduroz (1999), os atendimentos hospitalares provocados

pelo abuso de psicotrópicos, tanto nos hospitais como nas clínicas psiquiátricas apontam

o álcool como responsável por cerca de 90% das internações por dependência.

Page 101: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

101

Tabela 9: Relação entre o efeito de consumo e o sexo

Sexo Total

Masculino Feminino

Como se costuma

sentir quando

consome álcool

Sem

alterações

3 1 4

Eufórico 9 5 14

Alteração

motora

2 2 4

Sonolento 6 3 9

Total 20 11 31

Fonte: Elaboração própria

A partir da tabela 9 confirma-se que o feito mais produzido após a ingestão de

bebidas alcoólicas é a sensação de euforia, referido por 9 indivíduos do sexo masculino e

5 indivíduos do sexo feminino.

O segundo efeito mais produzido é a sonolência com 6 inqueridos do sexo

masculino e 3 do sexo feminino, a alteração motora foi referenciado por 4 indivíduos 2

cada de ambos os sexos e 3 dos inqueridos do sexo masculino alegaram nunca ter

experimento essas sensações perante o consumo de bebidas alcoólicas. Portanto esses

indivíduos ao exporem esses efeitos após a ingestão de bebidas alcoólicas já apresentam-

se no estado de embriaguez ou seja apresentam um padrão de consumo para além das

normas.

Sendo assim a maioria dos comportamentos que coloca em risco a ordem pública

ocorre em estados de embriaguez, estando os crimes mais graves praticados nos casos de

embriaguez patológica (Vargas, 2002).

Durante o efeito de álcool o indivíduo pode apresentar fala arrastada,

descoordenação motora, diminuição de capacidade de julgamento, aumento de

autoconfiança, desinibição, sonolência e euforia. Em recompensação o estado de humor por

sua vez pode ficar retraído, relaxado ou até mesmo violento (Monteiro et al, 2011).

Carvalho (2003) classifica como o consumo adotado de substâncias com atuação

psicotrópica tem progredido com as culturas e que, embora num primeiro momento

proceda causando euforia, estímulos, oferecer efeito anestésico e inebriante, num

Page 102: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

102

segundo instante incita em dependência e tolerância, apresentando elevados riscos

biopsicossociais imediatos.

Tabela 10: Relação entre idade e companhia do primeiro consumo

Idade Total

15/24 25/34 35/44 45/54 75/84

Com quem

consumiu a

primeira

bebida

alcoólica

Com

família

4 0 0 1 1 6

Sozinho 5 5 2 0 0 12

Com

amigos

9 3 1 0 0 13

Total 18 8 3 1 1 31

Fonte: Elaboração própria

Relativamente a companhia do primeiro consumo tabela 10 apresenta que a maioria

dos inqueridos já experimentou pela primeira vez na companhia dos amigos adicionando

uma quantia de 13 indivíduos. O consumo sozinho ocupa a segunda posição com 12

indivíduos e o consumo na assistência dos familiares revela uma quantidade de 6 indivíduos

Observando a idade de companhia do primeiro consumo nota-se que esses

inqueridos fizeram o uso de maior consumo no intervalo de 15/24 anos apresentado por 18

inqueridos em que 4 foi na companhia dos familiares, 5 sozinho e 9 com os amigos.

Com base nesses dados obtidos comprova que os amigos exercem uma grande

influência na experimentação do primeiro consumo de bebidas alcoólicas. Estes dados estão

em consonância com a literatura, pois estas têm revelado um dos fatores que mais tem

contribuído para o consumo na adolescência, assumindo deste modo o lugar de destaque

entre os fatores de consumo (Carvalho, Lemos, Raimundo, Costa & Cardoso 2007).

Os resultados do gráfico 22 serve para fortalecer a influência dos amigos em

relação ao uso inicia de bebidas alcoólicas, portanto 45% dos inqueridos relataram que mais

de metade dos seus amigos consomem bebidas alcoólicas, 29% relataram que todos os seus

amigos fazem uso de álcool, 10% relataram que menos de metade é que consome álcool, 13

% referiram que metade dos seus amigos é que consome bebidas alcoólicas e 3% não sabe

dizer a quantidade de amigos que fazerem o uso de bebidas alcoólicas.

Entretanto o consumo de bebidas alcoólicas confecionadas pelos amigos pode

intervir de uma forma direta ou indireta na experimentação inicial de consumo de bebidas

Page 103: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

103

alcoólicas. Pois a necessidade de sentir aceito pelo grupo de amigos ou até mesmo a

necessidade de se afirmar no grupo pode levar com que surge a ingestão precoce de bebidas

alcoólicas.

Tabela 11: Relação entre sexo e quantidade de consumo por dia

Que quantidade costuma beber

por dia

Total

1 / 2 Copos 3 /4 Copos 5 / 6 Copos

Sexo Masculino 11 7 2 20

Feminino 8 3 0 11

Total 19 10 2 31

Fonte: Elaboração própria

Analisando a quantidade de ingestão de bebidas alcoólicas (tabela 11) observa-se

que 19 dos inqueridos consomem 1 a 2 copos padrão por dial, sendo maior no sexo

masculino com 11 inqueridos e 8 femininos, em relação aos que consomem 3 a 4 copos por

dia foi representado por 10 inqueridos de ambos os sexos,7 masculino e 3 feminino e 2 dos

inqueridos do sexo masculino é que relataram fazer o uso de 5 a 6 copos por dia (bing

drinking).

Observa-se ainda que os 19 inqueridos que fazem o consumo de 1 a 2 copos padrão

de bebidas alcoólicas por dia apresentam um consumo de baixo risco ou abstensos, já os que

consomem 3 a 4 copos diário os 3 indivíduos do sexo feminino apresenta um consumo de

alto risco e os 7 inqueridos do sexo masculino apresentam um consumo moderado,

justificado pelo fato que a OMS define o consumo moderado não mais do que 4 dose por dia

e não mais do que 14 dose semanalmente para os homens e não mais do que 3 dose diário e

não mais do que 7 dose semanalmente para as mulheres.

Portanto é relevante considerar que aspectos como suporte social, lazer e cultura

local possam exercer influência sobre o modo de beber das pessoas, deste modo Ronzani et

al (2009) defendem que, quanto mais os jovens e adolescentes geram expectativas sobre os

efeitos prazerosos, maior será a frequência do consumo das bebidas alcoólicas e

consequentemente, a quantidades de doses consumidas.

Assim o beber constante pode originar em dependência, que uma vez instalada,

prejudica a habilidade pessoal de controlar a frequência e quantidade da bebida consumida

(Duailibi & Laranjeira, 2007).

Page 104: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

104

Tabela 12: Relação entre sexo e ferimento por consome de álcool

Já ficaste alguma vez ou

alguém ficou ferido por você

ter bebido

Total

Sim Não

Sexo Masculino 5 15 20

Feminino 2 9 11

Total 7 24 31

Fonte: Elaboração Própria

Segundo a tabela 12 que representa o ferimento relativamente ao consumo

excessivo de álcool nota-se que 7 dos inqueridos referiram ter ferido ou alguém feriu por ele

ter feito o uso excessivo de bebidas alcoólicas e 24 dos inqueridos afirmaram nunca terem

ferido ou alguém ficou ferido por motivo decorrente ao consumo de álcool.

Nota-se ainda que relativamente aos que responderam sim a essa questão 5 são do

sexo masculino e 2 do sexo feminino e os que responderam não 15 são masculinos e 9

feminino.

Fazendo assim uma avaliação dos 7 indivíduos que referiram ter ferido ou alguém

já se ferio por ele ter feito o uso excessivo de bebidas alcoólicas, pode-se assim dizer que

esses inqueridos fazem o uso nocivo de bebidas alcoólicas.

Tabela 13: Relação entre sexo e consume de álcool com outras substância

Já consumiste álcool juntamente

com outra substância

Total

Sim Não

Sexo Masculino 5 15 20

Feminino 4 7 11

Total 9 22 31

Fonte: Elaboração própria

No que tange ao consumo de álcool juntamente com outras substâncias observa-se

na tabela 13 que 9 dos inqueridos referiram ter consumido substâncias ilícitas com o álcool,

5 masculino e 4 feminino. Por tanto a maioria dos indivíduos que referiram consumir álcool

22 inqueridos relataram não consumir outras sustâncias psicotrópicas simultaneamente com

as bebidas alcoólicas, 15 masculinos e 7 feminino.

As diferenças de modelo de consumo entre homens e mulheres, estando as drogas

ilícitas (maconha e cocaína) mais consumidas por homens, e os medicamentos psicotrópicos

Page 105: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

105

(ansiolíticos, anfetaminas, entre outros) preferenciado pelas mulheres (Nota & Golduroz

1999).

Tabela 14: Relação entre sexo e uso de preservativo após a ingestão de álcool Costuma ter relação sexual sem preservativo quando

consome álcool

Total

Nunca 1 Vez 2 / 3 Vezes Frequentemente

Sexo Masculino 8 4 6 2 20

Feminino 4 3 1 3 11

Total 12 7 7 5 31

Fonte: Elaboração própria

Os resultados da tabela 14 revelam que em decorrência do consumo 31 (77%) dos

inqueridos que consomem álcool 12 nunca teve relação sexual sem preservativo, 7

afirmaram ter feito relação sexual desprotegida 2 a 3 vezes, 5 dos inqueridos também

alegaram ser frequente o ato de relação sexual sem preservativo após a ingestão de álcool e 7

responderam ter feito relação sexual uma única vez sem preservativo.

Nota-se um predomínio dos inqueridos do sexo masculino relativamente ao ato de

relação sexual sem preservativo durante e após a ingestão de bebidas alcoólicas.

Trindade e Correia (1999) asseguram que a utilização de álcool influência de forma

direta, a médio e a longo prazo, a diminuição do rendimento escolar, além de persuadir

condutas de risco para a saúde, no sector de comportamentos sexuais.

Segundo Duailibi e Laranjeira (2007) o álcool associa-se também com

comportamentos de alto risco, incluindo sexo inseguro com uma percentagem de 10,2%,

doenças sexualmente transmissíveis e o uso de outras substâncias psicoativas.

Tabela 15: Relação entre sexo e ressaca após a ingestão de álcool

Teve alguma vez a necessidade de beber logo

de manhã para curar ressaca

Total

Nunca 1 /2 Vezes Diariamente

Sexo Masculino 17 2 1 20

Feminino 11 0 0 11

Total 28 2 1 31

Fonte: Elaboração própria

Ao aumentar a dose e a frequência de ingestão de bebidas alcoólicas, ocorre uma

alteração fisiológica, conhecida como “ressaca”, que é um efeito adverso decorrente do uso

do álcool. Portanto observando a tabela 15 em relação a ressaca após a ingestão de bebidas

Page 106: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

106

alcoólicas nota-se que 28 dos inqueridos responderam que nunca teve a necessidade de

beber logo de manhã para curar a ressaca, 2 referiram ter necessidade de beber pelo menos 1

a 2 vezes no dia seguinte e somente 1 dos participantes é que consome bebidas alcoólicas

diariamente com o propósito de curar a ressaca.

Pode-se constatar ainda que o uso de bebidas alcoólicas no dia seguinte com a

finalidade de curar uma ressaca ocorreu somente no sexo masculino com três casos. Portanto

em relação ao inquerido que faz o uso de bebidas alcoólicas diariamente com a finalidade de

curar a ressaca já se apresenta com uso com sintomas da dependência.

Segundo CISA (2013) a “ressaca” está associada a intoxicação aguda do álcool,

qualificada por efeitos adversos, sendo os mais comuns: cefaleias, náuseas, xerostomia,

desconforto gastroinstestinal, ocorridos após a ingestão e metabolização dependendo de

organismo para organismo

Tabela 16: Relação entre sexo e condução sobe efeito de álcool

Sexo

Total

Masculino Feminino

Já conduziste

embriagado

Sim 8 2 10

Não 12 9 21

Total 20 11 31

Fonte: Elaboração própria

Relacionando a condução sobe o efeito de álcool por sexo (tabela16) nota-se que 8

dos inqueridos do sexo masculino já conduziram alguma vez embriagado e 12 dos

inqueridos desse mesmo sexo nunca teve em contato com o volante sobe o feito do álcool.

Referente ao sexo feminino 2 dos inqueridos já conduziram embriagado e 9 mencionaram

nunca ter conduzido sobe o efeito de bebidas alcoólicas.

Noto e Golduroz (1999) apresentaram resultados de um estudo feito por associação

Brasileira dos departamentos de trânsitos em quatro capitais do Brasil em que 27,2% das

ocorrências examinado de vítimas de acidente de trânsitos, a dosagem de álcool ultrapassava

o valor de 0,6mg/l limite consentido pelo código nacional de trânsito.

Pesquisas apresentaram que os acidentes de transporte com viaturas motorizados,

após o uso de álcool matam uma pessoa a cada trinta minutos e ferem alguém a cada dois

minutos. (Gonçalves & Santos, 2014).

Page 107: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

107

Referem Gonçalves & Santos (2014) que o uso do álcool compromete as funções

para a condução de viatura tais como: sistema motor óptica, visão periférica, processamento

de informações, memória, função vestibular e controle postural, o que possivelmente

favorece a situação de acidente.

Tabela 17: Relação entre sexo e satisfação das informações da delegacia de saúde

relativamente as implicações do álcool.

Consideras suficiente as

informações disponibilizado pela

delegacia de saúde sobre álcool

Total

Sim Não

Sexo Masculino 4 15 19

Feminino 4 8 12

Total 8 23 31

Fonte: Elaboração própria

Na tabela 17 expõem as respostas dos inqueridos em relação ao sexo e opiniões

pessoas a nível da consistência das informações disponibilizadas pela Delegacia local

relativamente as implicação de alcoolismo.

Ao analisar essa tabela 17 observa-se que a maioria indiscutível de 23 inqueridos é

da opinião que essas informações não são suficientes ou não estão a chegar á população

dessa comunidade de uma forma adequada. Contradizendo assim essa afirmação somente 8

dos inqueridos é que afirmaram ser suficiente as informações expostas pela delegacia

referente as consequência e danos causados por álcool.

Observando o sexo relativamente aos inqueridos que responderam não a essa

questão pode-se verificar que 15 são do sexo masculino e 8 são do sexo feminino, e os que

alegaram ser suficientes essas informações por parte da Delegacia 4 são do sexo masculino e

4 do sexo feminino.

Portanto há uma discórdia entre os inqueridos em relação a essa questão, o que nos

leva a questionar se a Delegacia esta a passar essas informações ou então se a forma como

essas informações são passadas é o melhor e por ultimo se o problema esta na população em

assimilar essas informações.

É nesse sentido que Jomar e Abreu (2012) afirmam que a educação em saúde é um

compromisso social do enfermeiro, garantindo não só o atendimento do utente quanto aos

Page 108: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

108

problemas relacionados ao uso de álcool, mas também de sua família e comunidade, ao

intervir antes que problemas relacionados ao álcool surjam e interfiram na dinâmica familiar

e comunitária, ampliando, assim os limites do campo de atuação da enfermagem.

Nesse sentido os conhecimentos dos indivíduos na comunidade são importantes e

indispensáveis para a elaboração dos programas para a promoção da saúde e prevenção do

uso e abuso de álcool e outras drogas.

Tabela 18: Indicadores de falsos conceitos

Depois de beber é mais fácil expressar sentimentos n (%)

Concordo totalmente (7) 18%

Concordo (18) 45%

Discordo totalmente (2) 3%

Discordo (3) 8%

Não sei, não respondo (1) 3%

Bebidas alcoolicas podem aquecer n (%)

Concordo totalmente (6) 15%

Concordo (15) 38%

Discordo totalmente (1) 3%

Discordo (3) 8%

Não sei, não respondo (3) 8%

Álcool abre apetite n (%)

Concordo totalmente (0) 0%

Concordo (8) 20%

Discordo totalmente (5) 13%

Discordo (10) 25%

Não sei, não respondo (8) 20%

Álcool ajuda na digestão n (%)

Concordo totalmente (2) 5%

Concordo (8) 20%

Discordo totalmente (3) 8%

Discordo (6) 15%

Não sei, não respondo (12) 30%

O consumo de café pode curar a ressaca n (%)

Concordo totalmente (9) 23%

Concordo (4) 10%

Discordo totalmente (6) 15%

Page 109: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

109

Discordo (9) 23%

Não sei, não respondo (3) 8%

Fonte: Elaboração própria

Analisando a tabela 18 observa-se que a maior parte dos inqueridos concordaram

parcialmente e totalmente, erradamente, que as bebidas alcoólicas podem aquecer. Por outro

lado 13% discordam totalmente e 25% discordaram correctamente que as bebidas alcoólicas

não abram o apetite.

Ainda em relação aos sentimentos nota-se que a maioria indiscutível 45% dos

inqueridos concorda parcialmente e 18% dos inqueridos totalmente que após a ingestão de

bebidas alcoólicas são mais fáceis de expressar os sentimentos e apenas uma minoria

insignificante de 3% é que discordaram totalmente dessa afirmação.

Quando avaliado se o álcool ajuda na digestão observa-se que a maior parte 12

(30%) dos inqueridos limitaram a responder a essa questão, embora 20% dos inqueridos é da

opinião parcial , 5% é que concordaram totalmente com essa afirmação.

Nota-se que em relação ao consumo de café para curar a ressaca há uma igualdade de

percentagem entre o concordo totalmente e discordo com 23% cada, 10% concordaram e

15% discordaram totalmente. Portanto somando as percentagens dos indivíduos que

discordaram observa-se que a maioria não é a favor dessa afirmação.

Entretanto analisando os resultados de cada afirmação da tabela 18 e os resultados

das habitações literária no gráfico 4 chega-se a uma conclusão que as respostas podem estar

relacionadas com as crenças de cada indivíduos, o meio social em que ele se encontra, o

nível de escolaridade e a cultura. Sendo assim pode-se afirmar uma relação direta entre os

falsos conceitos e a ingestão de bebidas alcoólicas.

O grau de instrução dos inqueridos em estudo, no gráfico 4, mostra que a

percentagem maior foi dos respondentes que possuem o nível básico (60%), seguido dos que

possuem a secundaria (30%), mostrando-se significativos os 8% dos que têm licenciatura e

2% dos inqueridos sem instruções . Portanto o grau de escolaridade dominante sugere um

nível de conhecimento científico básico, permitindo maior embate de um programa

educativo, tendo em vista a compreensão sobre os efeitos de uso e abuso de álcool, requisito

que favorece as atividades para a promoção da saúde e prevenção dos riscos.

Page 110: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

110

Tabela 19. Níveis de consumo por sexo

Níveis de consumo Sexo Quantidade/ % Total

Abstinência ou consumo de

baixo risco

Feminino 6 (46%) 13

Masculino 7 (54%)

Consumo para além das normas Feminino 5 (50%) 10

Masculino 5 (50%)

Consumo nocivo Feminino 0 (0%) 2

Masculino 2 (100%)

Provável dependência- alto risco Feminino 0 (0%) 8

Masculino 8 (100%)

Fonte: Elaboração própria

Analisando a tabela 19 verifica-se que os indivíduos do sexo masculino 7 (54%)

possui um consumo de baixo risco e 6 (46%) do sexo feminino apresentam um padrão de

consumo de baixo risco. No que se retrata ao consumo para além das normas observa-se que

os indivíduos do sexo feminino como masculino têm feito a mesma quantidade de consumo

representado por 5 indivíduos de cada sexo (50%), 2 dos inqueridos apresentaram o uso

nocivo ambos do sexo masculino, 8 dos inqueridos todos do sexo masculino apresentaram

um consumo de alto risco ou uma provável dependência.

Portanto os inqueridos que apresentam um consumo de baixo risco encontram- se na

zona I, os consumidores para além das normas na zona II, os consumidores com o uso

nocivo na zona III e por último os consumidores provavelmente dependentes ou de alto risco

na zona IV.

Page 111: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

111

3.5. Resultados

A prevalência de consumo de bebidas alcoólicas detetadas na população estudada

(n= 40) foi de 77%. A amostra do estudo é composta maioritariamente por sujeitos do sexo

masculino, solteiros, trabalhadores, ensino básico e um rendimento mensal familiares de

5000 a 10000 escudos.

Dos 40 entrevistados, 22 são do sexo masculino e 11 do sexo feminino. A idade dos

participantes variou entre 15 a mais de 65 anos, a faixa etária que apresentou o maior

número de consumo de bebidas alcoólicas é de 15 a 24 anos de idade.

Para análises estatísticas dos dados foi realizada um subamostra constituída por 31

indivíduos que referiram fazer o uso de bebidas alcoólicas. Os motivos alegados para o

consumo resumiram a curiosidade por (16) inqueridos e procura de diversão por (15) dos

participantes como finalidade de consumo.

Em relação a idade em que ocorreu o primeiro uso de bebidas alcoólicas constatou-

se que o início de primeira experimentação ocorreu maioritariamente entre a faixa etária de

15 aos 17 anos e de seguida a faixa etária de 12 os 14 anos ocupou a segunda posição.

Dentre as bebidas consumidas no primeiro contacto com o álcool, ponche apareceu

como a primeira bebida consumida por 13 (42%) dos inqueridos, em seguida a cerveja

consumido por 8 (26%) dos participantes, o vinho foi referido por 7 (22%) dos inqueridos e

por último o grogue representado por 3 (10%) dos inqueridos.

Relativamente ao contexto social de consumo de bebidas alcoólicas, houve a

prevalência de consumo em festas (15) inqueridos, bem como nos fins-de semanas (10)

inqueridos. Quanto a companhia do primeiro consumo 13 dos participantes relataram os

amigos como a companhia do primeiro consumo, já o consumo sozinho ocupa a segunda

posição relatada por 12 inqueridos e por último foi destacado entre os participantes a

companhia familiar referido por 6 inqueridos, para a experimentação inicial de bebidas

alcoólicas.

No que se refere a frequência de consumo durante um dia normal nota-se que 19

dos inqueridos relataram usar 1 a 2 copos num dia normal, 10 relataram consumir 3 a 4

copos por dia e 2 declararam fazer uso de 5 a 6 copos durante um dia normal ou seja binge

drinking.

Page 112: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

112

Nota-se que a ingestão de bebidas alcoólicas pelos participantes é feita na sua maior

parte à noite com uma percentagem de 94% referenciado por 29 indivíduos,1 (3%) tem

hábito de o fazer à tarde e 1 (3%) consome bebidas alcoólicas nos três períodos do dia.

Quanto aos preços das bebidas alcoólicas mais de metade dos participantes 65%

consideram razoável, 19 % dos inqueridos relataram ser barato, 7% referiram ser demasiado

elevado os preços das bebidas alcoólicas, 3% revelam ser elevado o preço e 6% referiram

que o preço das bebidas alcoólicas é muito barato.

No que se refere a quantidade de amigos dos inqueridos que consomem álcool, 45%

dos participantes relataram que mais de metade consome álcool, 29% afirmaram que todos

os seus amigos fazem uso de bebidas alcoólicas, 13% responderam que menos de metade é

que consome álcool, 10% referiram que metade dos seus amigos consome álcool e apenas

3% não sabe a quantidade de amigos que utilizam as bebidas alcoólicas.

Referente a consequência decorrente do consumo 7 dos participantes que

consomem álcool já se apresentaram ferido ou alguém ficou ferido, 9 fizeram o uso de

bebidas alcoólicas juntamente com outras substâncias, 19 relataram ter comportamento de

risco (relação sexual sem preservativo), 3 alegaram ter experimentado a sensação de ressaca

e 10 dos inqueridos afirmaram conduzir em estado de embriaguez.

Quanto a nível de prevenção nota-se de extrema importância as informações e

estratégias adoptas pela Delegacia de Saúde de referência, mas é de salientar que deve-se

apostar mais nas divulgações dessas informações, isto porque a maioria dos participantes 23

(74%) asseguraram que as informações disponibilizadas pela Delegacia de saúde de São

Nicolau local não são satisfatórias. Nesse sentido torna-se necessária adequar essas

informações a capacidade dessa população para um melhor resultado em combate a essa

problemática que é o alcoolismo. Deve-se trabalhar junto a população de modo a conhecer

as suas principais preocupações e as melhores formas de atuação de modo a dar melhor

resposta às necessidades dos indivíduos.

Page 113: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

113

3.6. Discussão dos resultados

Após o tratamento e análise dos dados recolhidos é indispensável a discussão dos

resultados com vista a esclarecimento e assimilação dos dados, estimando se os objetivos

gerais e específicos foram alcançados e se as hipóteses foram comprovadas

Tendo em conta o objetivo geral, a prevalência de consumo encontrada na

população em estudo é de 77% o que significa que mais de metade desses indivíduos em

estudos são consumidores regulares de bebidas alcoólicas e 23% não fazem o uso de bebidas

alcoólicas.

Avaliando o primeiro objetivo específico- Identificar os factores que induzem ao

consumo abusivo de bebidas alcoólicas na população escolhida: os factores que

apresentaram induzirem ao consumo abusivo de bebidas alcoólicas foram a curiosidade com

52% e a procura de diversão com uma percentagem de 48%, portanto mais de metade

referiram a curiosidade como o principal motivo para o consumo desproporcionado de

bebidas alcoólicas.

O outro aspecto que também demostrou ser de grande relevância no consumo

abusivo é o contexto social em que o consumo é feito, sendo assim foi observado durante a

investigação que o local de maior consumo são os ambientes festivos com um percentual de

48% e saída nos fins-de-semana com 32%.

Relativamente ao contexto social de consumo nota-se que as mulheres fazem o uso

de bebidas alcoólicas mais no ambiente festivo representado por (8) das inqueridas, em

contrapartida os homens lideram o consumo nos fins-de- semanas representado por 9

indivíduos.

Vale realçar que a companhia dos amigos também demostrou ter um grande

impacto no consumo inicial de bebidas alcoólicas representando um percentagem de 42%

(13) inqueridos. Entretanto esse início de consumo deu-se precocemente ainda na infância

antes dos 12 anos e com maior prevalência na faixa etária de 15 a 17 anos com 39% (12)

participantes.

Quanto ao segundo objetivo especifico- verificar a prevalência de consumo

enquanto problema social no seio da comunidade em estudo: Observa-se que o maior

número do consumidor é representado por trabalhadores com 16 inqueridos, o que pode

Page 114: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

114

levar a consequências a nível da produtividade, um outro sector com uma larga escala de

prevalência de consumo são os estudantes com 9 indivíduos consumidores, colocando em

causa o nível de aproveitamento escolar ou até mesmo o abandono escolar e por último os

desempregados com o menor número de consumidores representado por 6 inqueridos,

constatando assim que o desemprego não apresenta uma larga relação entre o consumo.

De entre os trabalhadores constata-se que a maioria 14 dos inqueridos que

consomem álcool possuiu um salário mínimo mensal de 5000 a 10000 escudos. Entretanto

esse salário é destinado para o consumo de bebidas alcoólicas e para o sustento familiar o

que muitas vezes não chega para satisfazer a necessidade familiar.

Observando os dados do rendimento mensal e o consumo das famílias nota-se que o

consumo de álcool prevalece mais no seio familiar com menor rendimento do que nos

familiares com maior rendimento mensal.

Analisando o terceiro objetivo especifico- Descrever as implicações da

problemática do alcoolismo na comunidade estudada: nota-se que o consumo de bebidas

alcoólicas tem causado estragos tanto a nível pessoal como social embora não tenham

apresentado em grande proporção.

Sendo assim pode-se apurar que subsequente as bebidas alcoólicas, 14 dos

inqueridos (45%) já apresentou efeito eufórico, sonolência representado por 9 indivíduos

(29%). Não obstando esses efeitos observa-se ainda que 16% desses inqueridos que

consomem álcool já tiveram hospitalizado, 77% já apresentaram ferimento devido ao álcool,

29% consumiram álcool juntamente com substâncias ilícitas, 61% tiveram relação sexual

pelo menos uma vez sem preservativo, 10% teve ressaca no dia seguinte após a ingestão de

bebidas alcoólicas, 32% dos inqueridos conduziram sobe feito de álcool e 41% esqueceram

o que aconteceu na noite anterior por estar embriagado.

Avaliando o último objetivo nota-se que a prevenção de consumo é bastante

relevante no combate aos problemas relacionado com o consumo de bebidas alcoólicas, uma

vez que durante a investigação a maioria dos inqueridos relataram não ser suficiente as

informações disponibilizadas pela delegacia de saúde.

Revela ser de grande importância a prevenção na medida em que esta tem por

finalidade a precaução dos problemas relacionado ao álcool e por ser uma das melhores

formas de levar as informações a cerca dos malefícios de consumo excessivo de bebidas

Page 115: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

115

alcoólicas a polução. Entretanto o sistema de saúde tem um papel fundamental na prevenção

do alcoolismo, uma vez que esse desenvolve uma grande influência na sociedade.

Com as hipóteses de investigação levantada chegou-se a conclusão que o

desemprego na população estudada não representa necessariamente um fator de consumo,

porque ao analisar a ocupação e o consumo dos inqueridos observa-se que o maior

consumidor de álcool são os trabalhadores 20 (50%) dos inqueridos embora com um baixo

rendimento mensal.

Ainda no gráfico 5 observa-se que os desempregados se encontram em maior

percentagem (27%) do que os estudantes (23%), mas no entanto, o maior consumo é feito

por todos os estudantes o que não acontece com os desempregados. Sendo assim, reforça a

ideia de que o desemprego não esta obrigatoriamente relacionado com o uso de bebidas

alcoólicas.

Por tanto enfatiza a relação entre o baixo rendimento mensal e o consumo de bebias

alcoólicas entre esses inqueridos, constatando uma diferença de consumo entre os

participantes com um maior salário mensal e os com um baixo rendimento.

Durante o cruzamento de dados confirma-se ainda que a idade dos participantes tem

uma estreita relação a nível de consumo, assim ao atingir a idade adulta a tendência de

consumo é de diminuir.

Page 116: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

116

Considerações finais

Á luz dos resultados obtidos pode-se afirmar que os objetivo propostos ao longo da

pesquisa foram alcançados, uma vez que se identificou a prevalência de consumo na

população pretendida ao longo do estudo.

Evidenciou-se que a curiosidade, a procura de diversão, a companhia dos amigos,

as festas e as saídas nos fins-de semanas como as principais finalidades para o consumo de

álcool. Nota-se que a facilidade de acesso incentiva a ingestão de bebidas alcoólicas

predominantes no sexo masculino do que no sexo feminino.

Portanto o estudo demostrou um inicio precoce de bebidas alcoólicas, iniciada na

fase de pré-adolescia para adolescência, o que remete para a importância de reforçar a

educação para a saúde a nível escolar e social criando estratégias adequadas de forma a

minimizar ou até mesmo acabar com esta problemática de alcoolismo.

Mesmo com a proibição de vendas de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos

nota-se que o primeiro consumo tem sido feito antes dos 12 anos com uma prevalência

maior na faixa etária de 15 a 24 anos de idade.

Assim sendo a maior ocorrência de consumo tem sido feito pelos adolescentes e

jovens. Contudo há um número elevado de 77% dos inqueridos consumidores de álcool com

a preponderância no sexo masculino.

Durante a investigação observou-se que a Hospitalização devido ao consumo de

bebidas alcoólicas tem-se aumentado bem como os acidentes de trânsitos e a incapacidade

de desenvolver tarefas diárias.

Vale ainda realçar que durante a investigação foram encontradas algumas

limitações, como a pouca experiencia na matéria de investigação, nomeadamente a amostra

e instrumentos de recolhas de informações bem como no programa para o tratamento de

dados.

É de referenciar também que ao longo do trabalho não foi possível obter dados que

indicassem o número exato da população da comunidade em estudo e nem a localização da

comunidade no mapa disponibilizada por câmara municipal, sendo assim teve a necessidade

de recorrer a um estudo de campo para ter uma noção da quantidade da população para que

pudesse fazer o cálculo da amostra.

Page 117: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

117

Na aplicação dos questionários teve algumas dificuldades em convencer os

indivíduos a participarem no estudo, visto que se retratava de um tema bastante sensível

perante a sociedade.

Sobre o método de recolha de dados, por se tratar de um questionário de auto-

relato, os inqueridos podem simplesmente ter deixado transparecer uma imagem benéfica

em vez de responder as questões com honestidade. Assim, para investigações futuras

propõem-se: fazer um estudo no âmbito qualitativa sobre a temática de modo a aprofundar e

saber a opinião dos inqueridos sobre o alcoolismo; alargar o tamanho da amostra nas

próximas investigações de modo que seja representativa da população.

Acredita-se que estes resultados contribuem para estimular e fortificar o

desenvolvimento de novas pesquisas em relação a essa temática e um ponto de partida no

trajecto da investigação.

Entretanto após todos os obstáculos encontrados, no fim da investigação posso

assim dizer que todos os objetivos foram alcançados assim como as hipóteses de

investigação levantada foram comprovadas.

Page 118: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

118

PROPOSTAS

Fazer campanha de consciencialização dos malefícios de bebidas alcoólicas para a

saúde nas escolas e nas ruas da comunidade ou mesmo do município.

Fazer o cadastre das famílias e identificar se existe algum membro naquela família

que é alcoólatra.

Reabilitação dos doentes alcoólatras com ajuda dos medicamentos e terapia

recreativas como jogos e dançam etc.

Criar espaços para atendimento aos familiares, disponibilizando informações de

como lidar com uma situação conflituosa relativamente ao seu membro com

problema de alcoolismo.

Incentivar os pais a acompanhar atentamente o crescimento dos filhos, dando

especial atenção às mudanças e estabelecer com eles uma relação empática e

compreensiva.

Estabelecer programas de promoção da saúde em conjunto com os vários sectores da

comunidade, promovendo estilos de vida saudável, nomeadamente no que diz

respeito aos hábitos alimentares e de diversão (onde a ingestão de bebidas alcoólicas

está presente).

Incentivar a criação de grupos de Autoajuda em todo o município.

Page 119: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

119

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Page 127: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

127

ANEXOS

Page 128: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

128

Anexo I

Dados da delegacia de saúde Tarrafal São Nicolau

Ano Sexo Idade Morada Diagnostico

2010 Masculino 72 Tarrafal Alcoolismo

Masculino 33 Tarrafal Alcoolismo

Masculino 33 Tarrafal Alcoolismo

2011 Feminino 38 Tarrafal Alcoolismo

2012 Masculino 72 Tarrafal Cirrose hepática alcoólica

2013 Feminino ? Tarrafal Alcoolismo

2014 Masculino 46 Tarrafal Alcoolismo

Masculino 32 Tarrafal Alcoolismo

Masculino 66 Tarrafal Alcoolismo

Masculino 73 Tarrafal Cirrose hepática alcoólica

Masculino 33 Tarrafal Alcoolismo

2015 Masculino 59 Tarrafal Intoxicação alcoólica

Masculino 48 Tarrafal Intoxicação alcoólica

Masculino 57 Tarrafal Intoxicação alcoólica

Masculino 48 Tarrafal Intoxicação alcoólica

Masculino 58 Tarrafal Alcoolismo

Masculino 35 Tarrafal Alcoolismo

Masculino 51 Tarrafal Cirrose hepática

Masculino ? Tarrafal Cirrose hepática

Masculino 25 Tarrafal Abstinência toxígena

2016 Masculino 35 Tarrafal Alcoolismo

Masculino 51 Tarrafal Alcoolismo

Masculino 23 Tarrafal Alcoolismo

Masculino 32 Tarrafal Alcoolismo

Masculino 23 Tarrafal Alcoolismo

Masculino 51 Tarrafal Alcoolismo

Masculino 34 Tarrafal Alcoolismo

Masculino 56 Tarrafal Alcoolismo

Masculino 30 Tarrafal Alcoolismo

Page 129: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

129

Anexo II: Questionário AUDIT

Page 130: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

130

Anexo III

Tabela 20. De acordo com as afirmações no quadro abaixo, assinale a resposta que

melhor representa a sua opinião ou posição pessoal. (Legenda: CT-concordo totalmente;

C-concordo; D-discordo; DT-discordo totalmente; NS-não sei).

Afirmações CT C D DT NS

1 O álcool é uma droga. 40% 28% 10% 0% 0%

2 É possível organizar uma festa sem bebidas alcoólicas 5% 20% 33% 13% 8%

3 A publicidade as bebidas alcoólicas pode levar jovens a consumir mais 15% 30% 13% 3% 18%

4 Beber é uma das formas mais agradáveis de festejar 13% 33% 18% 5% 10%

5 Depois de beber é mais fácil expressar sentimentos. 18% 45% 8% 5% 3%

6 A bebida alcoólica pode aquecer. 15% 38% 15% 3% 8%

7 As bebidas alcoólicas abrem apetite. 0% 20% 25% 13% 20%

8 Álcool ajuda na digestão. 5% 20% 15% 8% 30%

9 O consumo de álcool facilita a integração no grupo de amigos. 13% 45% 3% 5% 13%

10 O consumo de álcool torna os jovens mais adultos. 3% 15% 20% 15% 25%

11 Os jovens que consomem bebidas alcoólicas bebem para fugir à realidade. 10% 25% 18% 5% 20%

12 Consumir bebidas alcoólicas melhora a capacidade de concentração. 3% 8% 43% 20% 5%

13 O consumo de bebidas alcoólicas é um meio dos jovens se afirmar. 5% 13% 18% 18% 25%

14 O álcool cria dependência física. 25% 20% 8% 10% 15%

15 O álcool cria uma dependência psicológico. 23% 25% 5% 8% 18%

16 O consumo de café pode curar a ressaca. 23% 10% 23% 15% 8%

17 Um alcoólico é uma pessoa que se embebeda com muita frequência. 45% 20% 5% 3% 5%

18 Álcool dificulta a capacidade de concentração. 15% 40% 10% 3% 10%

19 Álcool dificulta a digestão. 5% 18% 23% 10% 23%

20 As festas são mais divertidas se tiverem álcool. 35% 23% 8% 10% 3%

Page 131: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

131

APÊNDICES

Page 132: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

132

Apêndice I: Diagnóstico de enfermagem segundo NANDA e intervenções segundo

NIC

Diagnóstico de enfermagem segundo NANDA Intervenções segundo NIC

Paternidade ou Maternidade alterado

Características definidoras

Abandono;

Falta de atenção as necessidades das

crianças;

Fatores relacionado

Modelo de papel ineficaz;

Falta de entidade de papel;

Fato socioeconómico-cultural;

Suporte para proteção contra abuso da

criança.

Aconselhamento.

Apoio ao cuidador

Promoção da integridade familiar.

Potencial para trauma

Características definidoras

Dificuldade de equilíbrio;

Redução de coordenação

olho/mão;

Fatores relacionado

Uso excessivo de álcool

Redução de coordenação

olho/mão;

Fatores relacionado

Uso excessivo de álcool;

Controlo do ambiente segurança do

trabalhador.

Educação para saúde

Precaução contra convulsões

Interação social prejudicado

Características definidoras

Observação de comportamento de

interação social fracassado;

Relato de familiar de mudanças no estilo

ou padrão de interação

Fatores relacionado

Barreira de comunicação;

Alteração do processo de

pensamento;

Envolver pessoas significativas nas

sessões de treinamento sociais.

Controlo do comportamento

(hiperatividade)

Tratamento de uso de substâncias

Construção de relação complexa

Processo familiar alterado

Características definidoras

Aconselhamento.

Page 133: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

133

Inabilidade para aceitar ou receber ajuda;

Incapacidade da família para adaptar-se as

mudanças ou para lidar construtivamente

com experiências traumáticas;

Falha familiar em atingir etapas de

desenvolvimento passado ou recente;

Fatores relacionados

Situação de transição ou crise

Suporte emocional.

Auxiliar os familiares na solução dos

conflitos.

Encaminhar a família para grupo de

apoios que lidam com problemas

similares.

Intervenções em crises suporte param

proteção contra abuso no lar.

Nutrição alterada Ingestão menor que a

necessidades corporais

Características definidoras

Peso corporal abaixo do ideal;

Ingestão inadequada de alimentos,

menos do que a porção diária

recomendada;

Falta de interesse por

alimentar-se;

Fatores relacionado

Inabilidade para ingerir e digerir

alimento absorver nutrientes, devido

a fatores biológico e psicológico;

Elaborar com o utente um método para

manter um registo diário da ingestão;

Discutir os riscos ao fato de estar abaixo

do peso.

Usar um controlo comportamental com o

utente para atingir o aumento desejado do

peso ou comportamento de manutenção.

Pesar rotinamento.

Ensinar e reforçar conceito de uma boa

nutrição com utente e pessoas

significativa quando adequado.

Processo de pensamento alterado

Características definidoras

Falta de concentração

Interpretação incorrecta do

ambiente;

Pensamento inapropriado

baseado na irrealidade;

Factores relacionados

Conflito psicológico;

Processo de julgamento

alterado;

Distúrbio de sono;

Identificar as necessidades de segurança

do utente, com base no nível de

capacidade física e cognitivo e na história

comportamental anterior.

Identificar ameaça à segurança do

ambiente.

Encaminhar para terapia ocupacional,

quando adequado.

Redução de ansiedade.

Treinamento de memória.

Page 134: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

134

Negação

Características definidoras

Adiamento ou recusa de

assistência em detrimento em

saúde;

Incapacidade de admitir o impacto

da doença no padrão de vida;

Factores relacionados

Conflito interna não

resolvida;

Encorajamento do individuo, por

pessoa significativo, para solucionar

simbolicamente os problemas;

Crise situacionais;

Orientação para a realidade.

Construção de relação complexa entre o

enfermeiro e o utente.

Apoio a tomada de decisão.

Restruturação cognitiva.

Aconselhamento.

Page 135: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

135

Apêndice II: Questionário

Data de aplicação:

Alcoolismo e as suas implicações sociais na comunidade de Telha de Tarrafal de

São Nicolau: Intervenções de enfermagem

No âmbito de conclusão de Licenciatura em Enfermagem na Universidade do Mindelo,

pretendendo efetuar um estudo de carater científico intitulado” Alcoolismo e as suas

implicações sócias na comunidade de Telha de Tarrafal de São Nicolau: Intervenções de

enfermagem”.

O respetivo questionário é a cerca do teu envolvimento geral com o álcool e bebidas

alcoólicas. Sendo assim solícita a sua participação respondendo o questionário com sinceridade

de modo a obter a veracidade dos fatos em estudo. O anonimato e a confidencialidade serão

garantindo ao longo dessa investigação.

1. Sexo: M F

2. Idade

2.1. 15/24

2.2. 25/34

2.3. 35/44

2.4. 45/54

2.5. 55/64

2.6. 65/74

2.7. 75/84

3. Estado civil:

3.1.Solteiro(a)

3.2.Casado(a)

3.3.Separado(a)

3.4.Divorciado(a)

3.5.Viúvo(a)

3.6.União fato

4. Habitações literária:

4.1. Sem instrução

4.2. Ensino básico

4.3.Ensino secundaria

4.4.Ensino superior

Page 136: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

136

5. Coabitação

5.1.Sozinho

5.2.irmão (s)

5.3.avós

5.4.pais

5.5.pai

5.6.mãe

5.7.companheiro(a)

6. Qual é a sua ocupação no momento?

6.1. Trabalhador

6.2. Desempregado

6.3. Estudante

7. Qual é o rendimento mensal da sua casa?

7.1. 5.000 a 10.000

7.2. 11.000 a 15.000

7.3. 16.000 a 20.000

7.4. 21.000 a 25000

7.5. Maior de 25000

8. Atualmente consome bebidas alcoólicas?

8.1.Sim

8.2. Não

Se não bebes obrigado pela sua colaboração este questionário termina aqui.

9. O que levou a consumir bebidas alcoólicas?

9.1.Curiosidade

9.2.Para ser mais aceito pelo grupo

9.3.Por influência dos amigos

9.4.Procura de diversão

9.5.Porque estava com problema

Page 137: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

137

10. Com quem consumiu a primeira bebida alcoólica?

10.1. Com família

10.2. Sozinho

10.3. Com amigos

10.4. Com namorado(a)

11. Em que altura do dia bebes?

11.1. De manhã

11.2. Á tarde

11.3. Á noite

11.4. De manhã, à tarde e à noite

12. Das bebidas qual costuma consumir com maior frequência?

12.1. Vinho

12.2. Cerveja

12.3. Ponche

12.4. Grogue

13. Com que idade começaste a beber?

13.1. Antes dos 12 anos

13.2. Dos 12 aos 14 anos

13.3. Dos 15 aos 17 anos

13.4. Depois dos 18 anos

14. Em que contexto sociais/ocasiões costuma consumir bebidas alcoólicas?

14.1. Festas

14.2. Fins-de-semana

14.3. Diariamente

14.4. Saídas com amigos

15. Já alguma vez teve hospitalizado por consumo excessivo de álcool?

15.1. Nunca

15.2. Uma Vez

15.3. Duas Vezes

15.4. Três Vezes

15.5. Mais de que 3 vezes

16. Quando consome álcool, como se costuma sentir?

16.1. Sem alterações

16.2. Eufórica

Page 138: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

138

16.3. Alterações visuais

16.4. Alterações motora

16.5. Sonolento

17. Já alguma vez ficou ferido ou ficou alguém ferido por você ter bebido?

17.1. Sim

17.2. Não

18. Quando consomes bebidas alcoólicas, costumas ter relações sexuais sem

preservativo?

18.1. Nunca

18.2. Uma Vez

18.3. Duas a três Vez

18.4. Frequentemente

19. Alguma vez consumiste álcool juntamente com outras substâncias?

19.1. Sim

19.2. Não

20. Alguma vez conduziste embriagado/sob efeito do álcool?

20.1. Sim

20.2. Não

20.3. Frequentemente

21. Na sua opinião qual é a idade mínima em que deve ser permitido o consumo de

bebidas alcoólicas?

21.1. 15 Anos

21.2. 16 Anos

21.3. 17Anos

21.4. 18 Anos

22. Qual é a sua opinião acerca dos preços das bebidas alcoólicas?

21.5. Demasiado elevado

21.6. Razoável/aceitável

21.7. Muito barato

21.8. Elevado

21.9. Barato

22. Do seu grupo de amigos, quantos consomem bebidas alcoólicas?

22.1. Nenhum

Page 139: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

139

22.2. Menos de metade

22.3. Metade

22.4. Mais de metade

22.5. Todos

22.6. Não sei

23. Que quantidade costuma beber num dia normal?

23.1. 1/2 Copos por dia

23.2. 3/4 Copos por dia

23.3. 5/6 Copos por dia

23.4. 7/9 Copos por dia

23.5. 10 A mais copos por dia

24. Alguma vez teve necessidade de beber logo de manhã para curar ressaca?

24.1. Nunca

24.2. 1/ 2 Vezes

24.3. Diariamente ou quase diariamente

25. Com que frequência não se lembrou do que aconteceu na noite anterior por ter bebido?

25.1. Nunca

25.2. 1 Vez

25.3. 2/3 Vezes

25.4. Diariamente

26. Consideras suficiente as informações disponibilizado pela delegacia de saúde e

comunicação social relativamente as consequência causado pelo álcool?

26.1. Sim

26.2 Não

27. De acordo com as afirmações no quadro abaixo, assinale a resposta que melhor representa a

sua opinião ou posição pessoal. (Legenda: CT-concordo totalmente; C-concordo; D-

discordo; DT-discordo totalmente; NS-não sei)

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Afirmações CT C D DT NS

1 O álcool é uma droga.

2 É possível organizar uma festa sem bebidas alcoólicas

3 A publicidade as bebidas alcoólicas pode levar jovens a

consumir mais

4 Beber é uma das formas mais agradáveis de festejar

5 Depois de beber é mais fácil expressar sentimentos.

6 A bebida alcoólica pode aquecer.

7 As bebidas alcoólicas abrem apetite.

8 Álcool ajuda na digestão.

9 O consumo de álcool facilita a integração no grupo de amigos.

10 O consumo de álcool torna os jovens mais adultos.

11 Os jovens que consomem bebidas alcoólicas bebem para fugir à

realidade.

12 Consumir bebidas alcoólicas melhora a capacidade de

memorização.

13 O consumo de bebidas alcoólicas é um meio dos jovens se

afirmar.

14 O álcool cia dependência física.

15 O álcool cria uma dependência psicológico.

16 O consumo de café pode curar a ressaca.

17 Um alcoólico é uma pessoa que se embebeda com muita

frequência.

18 Álcool dificulta a capacidade de concentração.

19 Álcool dificulta a digestão.

20 As festas são mais divertidas se tiverem álcool.

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Apêndice III: Cronograma

Atividades Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Novembro

Pesquisa

bibliográfica

Elaboração do

guião de

entrevista

Realização da

entrevista

Análise dos

dados

Revisão do

trabalho

Entrega do

trabalho final

Page 142: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

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Apêndice IV : Requerimento

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Page 144: CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

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