curso de hipnose

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Curso de Hipnose 2 É de extrema importância que o discípulo preste particular atenção à essência da presente introdução, porque ela versa não somente sobre a filosofia de fenômenos, cuja explicação será dada no corpo do manual, senão também sobre uma série de experiências a realizarem-se no estado de vigília, que lhe permite adquirir gradualmente, e por fases suaves, aquele domínio e aquela confiança em si próprio, sem os quais lhe será impossível ser bem sucedido na vida ou tornar-se um hipnotizador de sucesso. Valor do desenvolvimento da Força de Vontade – A qualidade mais admirável que o ser humano pode adquirir é a de impor a sua vontade aos outros; essa qualidade que denominamos força de vontade, magnetismo, etc., firma suas raízes na confiança em si mesmo, que um estudo desta série de lições pode desenvolver até nos indivíduos mais tímidos e arredios. Para Fazer me entender mais claramente, digo que a modéstia e a timidez, esses dois obstáculos à fortuna, seja qual for o nome que se dê, desaparecerão por completo no caráter daquele que seguir com cuidado as instruções que se ministram nesta série de lições. É necessário fazer experiência constantemente – Ao discípulo não basta, porém, só a leitura deste curso, e nem ainda deve ele pô-la à parte, dizendo a si mesmo que já sabe o suficiente para, de futuro, poder fazer algumas pequenas experiências, quando se lhe apresentar a ocasião. É absolutamente essencial que aproveite cada oportunidade que se lhe depare, a fim de realizar cotidianamente uma ou mais experiências deste gênero. Aviso também que deve tornar-se perito em cada experiência antes de passar as outras. O objeto destas experiências – Para esse fim, apresento aqui uma série de seis experiências Graduadas, cujo objetivo é desenvolver no operador aquela ponderação no caráter, à qual denominamos confiança em si mesmo, e mostrar-lhe, ao mesmo tempo, a base das leis pelas quais o hipnotismo se tornou um fato científico. A primeira coisa que o discípulo deve não esquecer é o não haver necessidade de adormecer o paciente para conseguir nele a produção de fenômenos do hipnotismo nas suas primeiras fases. Como evitar o fracasso – Muito naturalmente, o principiante tem receio, antes de tudo, do fracasso, e do ridículo que pode ocorrer; mas, como acabo de dizer, pode, desde o começo, previnir-se contra estes dois inconvenientes. Em primeiro lugar: - omitindo com cuidado a palavra “hipnotismo” e arredando a idéia de que tais experiências são de caráter hipnótico. Pode chamar, se quiser, de experiências curiosas sobre as atrações magnéticas ou nervosas, ou técnicas de relaxamento, afastando o fato real. Em segundo lugar: - explicando com muito cuidado este fato tão evidente, que o bom resultado da experiência depende inteiramente da força do

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Curso de Hipnose

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Curso de Hipnose

Curso de Hipnose

2

de extrema importncia que o discpulo preste particular ateno essncia da presente introduo, porque ela versa no somente sobre a filosofia de fenmenos, cuja explicao ser dada no corpo do manual, seno tambm sobre uma srie de experincias a realizarem-se no estado de viglia, que lhe permite adquirir gradualmente, e por fases suaves, aquele domnio e aquela confiana em si prprio, sem os quais lhe ser impossvel ser bem sucedido na vida ou tornar-se um hipnotizador de sucesso.

Valor do desenvolvimento da Fora de Vontade A qualidade mais admirvel que o ser humano pode adquirir a de impor a sua vontade aos outros; essa qualidade que denominamos fora de vontade, magnetismo, etc., firma suas razes na confiana em si mesmo, que um estudo desta srie de lies pode desenvolver at nos indivduos mais tmidos e arredios. Para Fazer me entender mais claramente, digo que a modstia e a timidez, esses dois obstculos fortuna, seja qual for o nome que se d, desaparecero por completo no carter daquele que seguir com cuidado as instrues que se ministram nesta srie de lies. necessrio fazer experincia constantemente Ao discpulo no basta, porm, s a leitura deste curso, e nem ainda deve ele p-la parte, dizendo a si mesmo que j sabe o suficiente para, de futuro, poder fazer algumas pequenas experincias, quando se lhe apresentar a ocasio. absolutamente essencial que aproveite cada oportunidade que se lhe depare, a fim de realizar cotidianamente uma ou mais experincias deste gnero. Aviso tambm que deve tornar-se perito em cada experincia antes de passar as outras.

O objeto destas experincias Para esse fim, apresento aqui uma srie de seis experincias Graduadas, cujo objetivo desenvolver no operador aquela ponderao no carter, qual denominamos confiana em si mesmo, e mostrar-lhe, ao mesmo tempo, a base das leis pelas quais o hipnotismo se tornou um fato cientfico. A primeira coisa que o discpulo deve no esquecer o no haver necessidade de adormecer o paciente para conseguir nele a produo de fenmenos do hipnotismo nas suas primeiras fases.

Como evitar o fracasso Muito naturalmente, o principiante tem receio, antes de tudo, do fracasso, e do ridculo que pode ocorrer; mas, como acabo de dizer, pode, desde o comeo, previnir-se contra estes dois inconvenientes.

Em primeiro lugar: - omitindo com cuidado a palavra hipnotismo e arredando a idia de que tais experincias so de carter hipntico. Pode chamar, se quiser, de experincias curiosas sobre as atraes magnticas ou nervosas, ou tcnicas de relaxamento, afastando o fato real. Em segundo lugar: - explicando com muito cuidado este fato to evidente, que o bom resultado da experincia depende inteiramente da fora do poder da vontade e da concentrao exercida pelo paciente.O operador um simples guia; se o paciente dispe de fora de vontade para repelir com energia e afastar de sua mente todos os outros pensamentos, seguro o bom xito. Depois de explicar isto aos pacientes e mostrar claramente que o interesse e o valor das experincias se assentam inteiramente sobre a inteligncia determinada da cooperao deles.

Se bem explicado estes fatos, evita-se o ridculo, preparando-se para o bom resultado.

Experincia no estado de Viglia. As experincias seguintes tem por fim demonstrar que uma pessoa pode exercer um imprio sobre outra pessoa, quando esta est de plena posse das suas faculdades despertas:Primeira Experincia:

Ainda que, relativamente a esta experincia, a minha opinio que conviria agir sobre um certo nmero de pessoas reunidas, o que permitiria ter-se maior probabilidade de se obter bons pacientes, fica subentendido que, no caso em que o operador no alcance bom xito em diversas pessoas ao mesmo tempo, quer por impossibilidade, quer por embarao, pode fazer a experincia com um si indivduo.

Provocao do afrouxamento muscular Rena um certo nmero de jovens de ambos os sexos, da idade de quinze a vinte anos, fazendo-os se sentarem em cadeiras confortveis, em semicrculo, a sua frente, tendo o cuidado de recomendar que no devem fazer nenhuma brincadeira, nem ainda a mais leve, no correr da sesso. E fao um pequeno discurso como este, por exemplo:

- Viemos aqui, esta noite, para fazer algumas experincias sobre os fenmenos psquicos, e espero dos senhores que me dirijam toda ateno e inteira cooperao no desenvolvimento dos trabalhos, sejam quais forem, que vamos fazer. Vai ser muito difcil sair-me bem, se no tiver captado toda a sua ateno e, se quiserem resistir de maneira absoluta a minha influncia, vai ser impossvel o bom xito da experincia. Assim peo que por alguns momentos, permaneam totalmente passivos prontos para acatar minhas palavras, a fim de que possa produzir sobre seus crebros a impresso necessria para chegar a um resultado efetivo. Antes de comear as experincias, peo com todo meu empenho que fiquem em um estado de completo afrouxamento muscular, porque a primeira coisa a fazer para conseguir-se um afrouxamento mental perfeito.

Como Sentar-se Sentem-se por favor, a vontade em suas cadeiras, de maneira que seus ps se fixem em toda a largura sobre o solo; ponham as mos sobre os joelhos e, quando eu disser: Direita, esquerda levantem primeiro a mo direita, depois a esquerda, e deixem cair ambas sobre os joelhos, brandas e inteiramente inertes. Recomendo que faam umas dez vezes este exerccio em cada uma das mos.

Em tal momento voc est sentado em uma cadeira em frente ao crculo de discpulos e levantando a mo direita cerca de trinta centmetros do joelho, dizendo:

-Direita.

Efeito do Sinal A esse sinal, assegure-se que todos os pacientes ergam a mo direita, imitando voc e mantendo no ar durante dois ou trs segundos; no momento em que dizer: Esquerda deixe cair o brao e a mo direita molemente e sem fora sobre o joelho e levante ao mesmo tempo a mo esquerda. Procedendo da mesma forma com esta mo, quando repetir: Direita as mos esquerdas cairo pesadas e mortas sobre os joelhos. Os discpulos comearo a compreender que a idia de passividade que suas palavras lhe sugeriram, est agindo sobre seus msculos de modo que se produza um repouso fsico completo; a idia que ressalta desta experincia , portanto, toda de afrouxamento muscular. Depois de repetir isto cinco ou seis vezes, levante-se de sua cadeira e diga, passando na frente de cada membro do semicrculo: Seja completo o afrouxamento, levantando, no mesmo instante, a mo direita, depois a esquerda e deixando-a recair, seguro de que eles esto inertes; no caso afirmativo, conseguiu-se um afrouxamento muscular. Novos conselhos Diga agora: Como vocs esto se sentindo totalmente a vontade e sem nenhuma fadiga, vou pegar cada um separadamente, para a primeira experincia importante. No quero absolutamente de cochichem ou conversem uns com os outros. Prestem particular ateno idia que minhas palavras vo transmitir as suas mentes. E fiquem seguros disso. Entendam que a tendncia da mente desenvolver o pensamento sugerido. Sintam-se seguros que esto fazendo o que vos digo, que esto sentindo o que vos digo que sintais, e obteremos fenmenos interessantes.

Como dirigir a primeira experincia Escolha entre os participantes a pessoa que lhe parea melhor, a mais apta para sentir sua influncia e, fazendo-a ficar de p, com as costas voltadas para o crculo, diga que olhe nos seus olhos e fixe, ao mesmo tempo, olhe os dela na base de seu nariz, olhando-a justamente entre ambos os olhos e no deixando jamais arredar deste ponto o seu olhar, ainda mesmo um instante. Fale e, nestas experincias, por exemplo, fale sempre com calma, em tom positivo, e sem levantar a voz, como se tivesse o hbito de ser obedecido e como se pensasse que ela deve obedecer. bom, ao mesmo tempo, para dar mais fora a influncia que tens sobre ela, repetir a voc mesmo: Deves fazer exatamente o que digo. Diga isto a si mesmo, e repita continuamente esta afirmao durante suas experincias.

Como fortificar a confiana que depositou em voc mesmo Isto ter como resultado a fortificao da confiana que tens em voc mesmo, e dar aos seus olhos aquele olhar de deciso e de fora que influenciar poderosamente as pessoas que o rodeiam. Levante, agora, as mos, e ponha muito de leve sobre a cabea do paciente, justamente por cima das orelhas, a fim de no lhes causar nenhuma sensao desagradvel, pela presso delas no rosto. Olhe bem entre os dois olhos, deixando suas mo nesta posio durante uns dez segundos. Ento, recuando um passo com o p esquerdo, retire devagar e lentamente as mos, pondo-as a uma pequena distncia de cada lado de sua cabea e, ao mesmo tempo, curve seu corpo um pouco para trs; as suas mos viro reunir-se em frente a sua fronte; desuna-as, ento, com um movimento vagaroso e, curvando-se de novo para frente, descanse as mo, vagarosamente, na mesma posio inicial. Faa isto trs vezes antes de falar. O que importa dizer na prova da queda para frente Depois da terceira vez, diga muito lentamente, de maneira que o impressione, mantendo sempre seu olhar fixo na base do seu nariz e tendo o cuidado que ele no desvie seus olhos nem por um segundo: -Est na presena de um impulso atrativo que vai te fazer cair para frente. No resista; eu vou te segurar, deixe ir... est caindo para frente. No pode se opor a isto, est caindo para frente... deixe ir, assim. Nesse momento, o paciente, mantendo sempre os olhos fixos nos seus, se inclinar para frente e trate naturalmente de ampar-lo para que no se machuque.

Cuide para que o paciente no se machuque Em todas essas experincias, tome todo o cuidado de no deixar cair um paciente, porque, do contrrio, destruir no mesmo instante toda a confiana que ele depositou em voc, e precisamente sobre esta confiana que est depositada toda a influncia que tem sobre ele. Depois de apanha-lo, diga: Tudo vai bem, est perfeitamente acordado. Mande-o sentar e no permita nenhuma discusso entre os membros do crculo. Deve proceder da mesma forma com cada indivduo, separada e individualmente, por duas razes: a primeira que pode determinar entre os assistentes aquele que mais fcil de influenciar, e a segunda, que prepara, assim, os diferentes participantes para as experincias que vo se seguir. No deixe estas tentativas at que se torne mestre nelas e de estar apto para provocar essa queda para frente, em cada paciente que exercer sua influncia. Como fazer face oposio e ao ceptismo No caso de se deparar com pacientes que sejam teimosos ou que manifestem tendncia a discusso, deve dizer-lhes: - Se quiser, podes, sem dvida, ter resistido a essa influncia atrativa, mas eu j disse que deve permanecer perfeitamente passivo e no posso obter bom xito nestas experincias com voc, se as discuti comigo ou com voc mesmo. Tudo o que peo o auxlio de sua imaginao e obedincia cega. No desejo que analise mesmo suas sensaes. Quero sua ateno totalmente absorvida por minhas palavras. Isto ser suficiente para mostrar ao paciente da ndole argumentativa que no faz o menor caso da sua opinio e achareis que algumas palavras nesse sentido bastaro amplamente para ter seus assistentes completamente dispostos simples obedincia. A experincia realizada em sentido contrrio Faa, agora, a experincia no sentido oposto, escolhendo entre os assistentes aquele que acha mais apto para conseguir um melhor resultado na queda para frente. Chame-os uns depois dos outros, colocando-os com a cabea voltada para a parede e apresentando as costas para o crculo. Conserve-os por detrs do primeiro, com as costas voltadas para os circundantes e, colocando levemente o indicador da mo direita na base do crebro, justamente acima do pescoo, ponha sua mo esquerda contra o lado da cabea, por cima do ouvido, de forma que os dedos se achem assentes sobre sua tmpora esquerda.

Prova da queda para trs Diga, agora, que feche os olhos, e retire vagarosa e gradualmente sua mo, at que fique totalmente destacada da cabea dele e, enquanto vai diminuindo por graus a presso que sua mo direita est exercendo e, afim de que ele mal possa senti-la, v falando: Est, agora, sentindo-se atrado para trs, graas a minha influncia. Caia para trs, nos meus braos. Deixe ir, logo que perceba que a ao se torna mais forte. Est caindo para trs. Enquanto vai dizendo isto vagarosamente, fazendo uma pausa, de palavra em palavra repita lentamente a atrao para trs, com a mo esquerda sobre sua cabea. s vezes, logo, mas sempre depois que a frmula for repetida diversas vezes, o paciente se inclinar sobre os calcanhares e cair, saindo da perpendicular. Desde de que chegue a estar penso para trs uns trinta centmetros, deve ampara-lo e dizer: Muito bem, acorde. Deve repetir a experincia, dizendo: Est bem, mas desta vez importa ir um pouco mais longe, reproduzindo o mesmo processo e dizendo: Est caindo para trs e no pode evitar. Caia direitinho em meus braos. Ca agora! Nesse momento,achando-se na condio mental de um executante que aprendeu a lio, cair inteiramente nos seus braos, dando a voc maior confiana. Fazendo-o voltar a posio perpendicular, diga: timo! Agora acorda. Bata palmas, como um sinal Ao mesmo tempo, bata palmas, porque, mais tarde, ser bom que o paciente fique sabendo que o barulho das mos indica o fim da experincia. Aqui termina esta, no estado de viglia e tendes agora um guia nas duas ou trs pessoas mais facilmente influenciadas dentre os circunstantes.Segunda Experincia:

Chamando uma das trs pessoas presentes e fazendo-a ficar de

costas para as restantes, diga que olhe de novo em seus olhos e no desvie

o olhar. Estenda, agora, suas mos para ela, com as palmas para o ar e

diga que as aperte com bastante fora, tanta fora quanto for possvel. Ao

mesmo tempo, curve sua cabea um pouco para frente at que fique a uns

15 centmetros da dela.

Prova da juno das mos Olhe-a, ento, silenciosamente durante

dez segundos e diga, muito positiva e vagarosamente. No pode

desunir nossas mos, No pode tira-las das minhas. Esto ligadas as

minha e no pode mexe-las. Perceber que os msculos esto ligados.

Ainda que faa fora para afasta-las, no conseguir. A influncia que

exerce o seu olhar, que se dirige em cheio para ela, veda sua razo o

pleno domnio das suas faculdades, e verificar que sua mente s aceita a

idia de que nele penetrou, isto ; as suas mos esto, com efeito, ligadas

e no lhe possvel move-las.

Resistncia e seu efeito Vai se produzir nele imediatamente, uma

resistncia a sugesto, a qual se traduzir em um esfora da sua parte,

tendente a desligar os olhos dos seus. Se ele consegue, dizei com

vivacidade: Muito bem, pode agora retira-las, esto frouxos os

msculos. Ele pode se julgar um pouco tolo e dizer: Eu podia retira-las

a qualquer momento se tivesse experimentado, voc deve aquiescer ao

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que ele diz, assegurando-lhe, que por causa da muita ateno que ele

prestava s suas palavras, no lhe era possvel desunir as mos.

Reforo da Impresso A fim de impressiona-lo bastante e, ao

mesmo tempo, mostrar aos outros participantes que no existe nenhum

truque na produo deste efeito, repita sua experincia com ele, dizendo:

Vamos tentar mais uma vez, e vai reconhecer que quanto mais ateno

liga as minhas mos, tanto menos possvel ser dominar a suas mos, at

que eu diga que o faa. Repita, ento, a experincia e ver que toda sua

ateno estar ao seu dispor, durante cinco ou seis segundos, no correr

dos quais seu rosto ficar vermelho pelo esforo feito para largar sua

mo. Diga, ento: Muito bem, perfeitamente calmo e a vontade, agora,

e quando ele as deixa ir, se os seus olhos ficam fixos no vosso, bata

palmas, ponha vossa mo sobre sua fronte, e diga: - Muito bem, desperte

completamente.

Exercite at a perfeio Cabe insistir sobre a importncia que h

de realizar as experincias de maneira perfeita. No v com pressa

pulando de uma parte para outra. Pode no conseguir bons resultados em

sete ou oito casos sobre doze, mas isto vem de que os pacientes no

adquiriram o poder de concentrao. Se seguir os nossos conselhos, a

falta no vossa e achareis sempre pelo menos trs ou quatro pacientes

sobre doze, que so capazes de ser influenciados, porque a sua natureza

dada obedincia das ordens dos outros.

Terceira Experincia:

Nas duas primeiras Experincias, reforou as suas ordens, pondo-se

em contato com o paciente, isto , pois pessoalmente a mo sobre ele;

mas nesta terceira experincia, vai ver que podes demonstrar a voc

mesmo que j no tem necessidade de tocar no paciente a fim de provocar

nele uma perda de domnio muscular, o que um dos fenmenos mais

surpreendentes produzidos no estado de viglia.

Ao de influenciar sem contato Faa, agora, um paciente sentarse

na poltrona, mande-o voltar as costas para o crculo e avance sua

cadeira para perto dele a fim de que seus joelhos quase toquem os dele.

Para esta experincia, em particular, escolha aquele que mais se deixou

influenciar nas experincias anteriores. Ponha suas mos bem espalmadas

sobre os seus joelhos, com a palma para dentro; incline-se para frente, de

maneira que impressione, tendo os vossos olhos fixos na base do nariz do

paciente e dizendo a este que te olhe bem nos olhos e no desvie o seu

olhar sob nenhum pretexto. Ordene, ento: Junte bem estreitamente suas

mos, com mais fora, o mais estreitamente que seja possvel. Esto

soldadas uma na outra e, por mais que se esforce, no vai conseguir abrilas

ou separa-las. Diga isto pausadamente, espaando cada palavra, afim

de o que lhe diz, lhe penetre na mente. Se o seu olhar vacila, significa que

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ele est procurando resistir as sugestes; neste caso, deve suspender

imediatamente a experincia e adverti-lo de que deve prestar ateno,

estritamente.

Efeito da concentrao do olhar No esquea que se cuidar para

que seus olhos no desviem dos deles ele no poder pensar. Se l pensar,

pode resistir. Nada pode fazer, a no ser receber a sua idia. Entre os trs

pacientes que achou mais aptos para estas experincias, no encontrar

resistncia alguma. Pelo contrrio, cada um deles far o mximo possvel

para separar as mos, mas no conseguir. Pode, agora, permitir que se

continue a experincia, fazendo-a durar uns quinze ou vinte minutos, de

modo que se mostre aos outros que o fenmeno verdadeiro e o seu

efeito dura at quando desejardes libertar o paciente.

Anlise racional da experincia No podendo a mente apreender

uma s idia em determinado tempo, se adquires a habilidade de bem

fazer penetrar uma idia na mente do paciente, adquiri, por esse fato, a

capacidade de proibir toda oposio que esse paciente poderia fazer; em

outro termos, voc o dominou pela sua influncia e o encaminhou, assim,

para a aquisio de poderes outorgados a um hipnotizador competente e a

um homem de negcios afortunados.

Chave que conduz ao bom xito De acordo com estas lies, deve

saber que, na ao de influenciar a mente dos outros, est a chave que

conduz ao bom xito de toda e qualquer empresa na vida. No caso em que

no tenha mesmo a inteno de fazer uso do poder que o estudo destas

lies lhe confere como hipnotizador, pode ser de maior utilidade pelo

ensinamento que ele ministra de poder influenciar os homens e as

mulheres que encontra nos negcios e na vida.

Quarta Experincia:

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No tente esta experincia sem estar bem senhor das anteriores.

Escolha, dos seus pacientes, aquele que julga ser o mais sensvel, e faa-o

sentar em uma cadeira, de costas para o crculo.

Ocluso dos olhos Mantendo-se de p na sua frente, diga-lhe que

dirija os olhos para os seus e no os desvie. Quando ele tiver olhado desta

maneira durante uns dez segundos, feche os olhos dele com seus dedos e

ponha seu polegar e indicador sobre pulso dele, dizendo-lhe que olhe,

concentrando o seu olhar. Recomende, tambm, muito devagar e de modo

que o impressione: No pense nem raciocine um minuto. Empregue

todas as foras concentradas da sua vontade e da sua imaginao em

acreditar no que est dizendo: Logo que eu retirar os meus dedos,

perceber que j no pode abrir os olhos. Ter perdido o domnio dos

msculos das suas plpebras, os seus olhos ficaro estreitamente

fechados, inteiramente cerrados e no se abriro.

Resultado de uma idia fixa O paciente mover as sobrancelhas,

esforando-se, em vo, para abrir os olhos, visto que lhe ordenaram que

no os abrisse, mas produz-se a mesma falta de domnio que a unio das

mos, dado precedentemente. Permita-lhe que faa todo o possvel para

abrir os olhos, e ele o conseguir depois de um lapso de tempo de dez a

doze segundos. bom fazer um duplo ensaio desta experincia, a fim de

que, depois de haver aberto os olhos, possa dizer: Muito bem, achastes a

coisa dificlima, no verdade? Vamos, agora, refazer a experincia e,

desta vez, no poder abri-los enquanto no lhe der permisso. Proceda,

ento, exatamente da mesma forma que antes, mas quando ele fizer

diversas tentativas sem efeito para abrir os olhos, pode bater palmas e

acrescentar: Muito bem, por agora, a influncia est acabada,

Recuperar agora o domnio de si mesmo. Abri os olhos; desperta

completamente.

Ao de tranqilizar o paciente Depois desta experincia que te

conduz ao hipnotismo real, far bem em por as mos sobre a fronte do

paciente e em falar-lhe de um modo tranqilizador. Eu desejaria que

pudesse fazer nascer no paciente uma tal condio mental, que ele se

sentisse satisfeito e com boas disposies. Eu queria que fizesse ele ver

que seu amigo pode facilmente e que tivesse o cuidado de que nada

lhe fizesse mal, seja o que for. Fazei com que suas palavras animem nele

um sentimento de relaes amistosas e de inteira confiana. Ver que,

nesse perodo, ele se tornar to interessado como voc nesta experincia

e far sempre todo o possvel para prestar ateno quando dela tiver

necessidade: no necessita de mais nada para retirar dela todo efeito

desejado.

impossvel no ser bem sucedido Lembre de que no pode

fracassar em nenhuma experincia que acabo de descrever se escolhe

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pacientes adequados e se observa cuidadosamente, nos seus mnimos

pormenores, todas as instrues que tenho dado, no omitindo nenhuma

delas.

Quinta Experincia:

At o presente, temo-nos ocupado com a proibio ou o

afastamento da ao muscular.

Interdio da palavra Chegamos, agora, proibio da palavra, o

que no seno uma manifestao um pouco mais elevada. Achareis,

talvez, que difcil impedir a uma pessoa acordada que se lembre do seu

nome e que o enuncie em voz alta, mas, se voc no se esquecer do que

eu j havia dito antes sobre a mente no aprender seno uma nica idia

num dado tempo, compreendereis como esta experincia to fcil de se

levar a efeito como qualquer outra das precedentes. Importa adverti-los,

porm, de que s haveis de tentar nos melhores pacientes, isto , naqueles

em que conseguiu bons resultados nas experincias anteriores.

Como dirigir a experincia Faa que o paciente se mantenha em

p, com as costas voltada para o crculo e coloque e coloque suas duas

mos de cada lado da sua cabea, como na prova da queda para frente e

pea, como anteriormente, que olhe fixamente em seus olhos, enquanto

voc dirige seu olhar para a base do nariz dele, como de costume. Incline

a cabea ligeiramente para o seu lado e diga em tom penetrante: Preste

muita ateno. Esqueceste seu nome. No pode mais pronunci-lo. J no

lembra mais dele. No sabe mais. No pode mais produzir este som,

esqueceu. Retire sua mo e recue um passo. Coloque seu dedo na base

do nariz dele e repita claramente: No pode pronunciar seu nome.

Deixe um tempo de trs ou quatro segundos para ele fazer a tentativa e

bata palme, dizendo: Muito bem, pode dizer, agora. Qual ? Ento, ele

o pronunciar imediatamente em voz alta, em tom de grande alvio.

No pode pensar nem falar No justo o pretender que ele se

lembrasse do seu nome e pudesse t-lo pronunciado, porque em tal caso,

como j tenho achado em muitos outros, a memria e a palavra se

tornaram impossveis, ainda que o paciente apresente toda a aparncia de

um ser acordado. Sem dvida, ele est desperto, mas incontestavelmente

tambm certo que se acha em estado anormal. Ele sente que assim ,

mas certssimo que est num estado de concentrao que precede o

estabelecimento da hipnose, se desejarmos chegar a ela pelas experincias

no estado de viglia.

Sexta Experincia:

Chegamos, agora, a uma experincia que apresenta uma

significao inteiramente particular, tanto mais que ela mostra como,

obtido o domnio da mente de uma pessoa em estado de viglia, podemos

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provocar nela uma alucinao de sensao que, naturalmente, tem um

fim: o de fazer sobressair o valor do hipnotismo como agente teraputico.

Mtodo para afetar as sensaes do corpo a todos

compreensvel que, se no estado de viglia, podemos provocar uma

sensao de calor na mo de uma pessoa, podeis facilmente fazer uso da

sugesto inversa para a febre ou casos semelhantes e, no leito dos

doentes, enquanto o paciente est bem acordado, atenuar

consideravelmente o aborrecimento causado pela febre ou calor

excessivo, por sugestes positivas de frescura e bem estar. O meu

interesse, nesta introduo, no fazer voc entrar nas fases do

hipnotismo considerado como teraputico, mas no posso resistir

oportunidade que aparece de mostrar quanto este trabalho se relaciona de

perto com as aes benficas que se podem praticar para reconfortar os

doentes. Todo experincia que voc for aperfeioar, nesta introduo,

pode e deve ser desenvolvida sem nenhuma referncia a palavra

hipnotismo.

O que fazer Mande o paciente sentar em uma poltrona, com as

costas voltadas para o auditrio e, no momento que olhe seus olhos,

mande que deixe cair seus braos e mos sobre os joelhos, ficando

inertes. Diga, ento, muito vagarosamente: Feche os olhos e fixe sua

ateno sobre sua mo direita. Quando eu tocar esta mo com o meu

dedo, vai experimentar, no mesmo instante, uma sensao de calor que

vem vindo de trs da sua mo, at que esta se torne quente e comece a

queimar. Lembre que ela h de te queimar,. Ter uma sensao de muito

calor. Ela te queimar. Fixe inteiramente sua ateno e sentir uma dor na

mo. Havendo, com este fato, atrado a sua ateno, tocai muito de leve

as costas de sua mo direita com o dedo e dizei, com muito clareza: Est

queimando. Senti calor, est experimentando uma sensao de muito

calor, e te queima, est queimando, queimando. Quando o efeito j se

produziu, bata palmas e diga: Muito bem, acorde: foi-se a sensao, e

tomai, ao mesmo tempo a sua mo direita na vossa e aperte vivamente as

costas da mo.

Explicao H uma explicao deste fenmeno que muitos

podem por inteligentemente em prtica na sua vida cotidiana; darei

brevemente. Toda e qualquer concentrao da mente sobre uma parte do

corpo tende a produzir um afluxo de sangue para a parte onde dirigis a

ateno. o que chamamos derivao do sangue e possvel, pela

firme concentrao da sua ateno sobre a sensao de calor no p, por

exemplo, curar-te do estado conhecido como frio nos ps, pelo simples

fato da fora de sua concentrao. , talvez, um dos mais belos exemplos

do poder da mente sobre o corpo; somente a fora da mente afetando a

circulao do sangue.

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Onde se assenta a base da cura realmente sobre tal fato

fisiolgico que se baseiam as cura operadas pela cincia mental e

hipnotismo, assim como pela cincia crist e pela auto-sugesto. Por isso

temos a maior autoridade em falar que o hipnotismo nos pe na posse dos

fatos concernentes ao poder de curar que existe no homem individual e

baseado no poder que tem o pensamento em produzir o fluxo de sangue.

Est, agora, na presena de sua experincia que demandam sua inteira

ateno e completa assimilao.

Alguns conselhos No tenha pressa em contar aos seus amigos o

que pode fazer; vale mais a pena no lhes fazer a menor meno, porque

eles esto dispostos a te conceder menos honra que a estranhos. Estude

cuidadosamente as regras aqui consignadas. Lembre de que, se observar

todas as instrues no emprego destas experincias, no tem como deixar

de conseguir a produo dos fenmenos. Ho de acontecer, to certo

como dois e dois so quatro. a simples lei da causa e efeito. Sendo dada

uma certa causa, ela deve ser seguida, logicamente, de um efeito; em

verdade, ainda que os seus fenmenos sejam surpreendentes nas suas

manifestaes exteriores, o hipnotismo um gnero de estudo, cujos

efeitos so baseados sobre uma inaltervel lei. No existe fenmeno,

relacionado com o hipnotismo, que seja irracional ou ilgico. o mais

importante de todos os estudos, o estudo dos fatos da vida.

Concluso

A experincia adquirida nos ensaios anteriores fortificaro sua

confiana, fazendo-o compreender os princpios do hipnotismo. Depois

de algumas experincias, estais certos de haverdes desenvolvido um ou

mais pacientes bons que podeis fazer entrar nas fases mais adiantadas do

hipnotismo, como fica indicado nas lies que se vo seguir e com as

quais podeis dar um espetculo de uma profunda impresso, na presena

de estranhos e de observadores dados crtica. No prudente

experimentar com pacientes novos, diante dos crticos, a no ser que j

seja um mestre na arte. A sua presena exerce um efeito sobre vos e seu

paciente, cujo interesse e ateno inteira devem, como j deixei

explicado, ter um fim nico e cuja tarefa delicada assegurar

absolutamente condies harmoniosas e eliminar voluntariamente a

dvida ou anlise mental da pessoa. medida que vai se tornando

experimentado no manejo de pacientes que j desenvolveste, vai

adquirindo, inconscientemente a Destreza que se ganha na

familiaridade de todo e qualquer processo e os vossos bons resultados

aumentaro em proporo direta dos processos que fizerdes, tanto com os

novos como com os pacientes j provados.

15

Lio I

O hipnotismo considerado como agente na vida humana O estudo

do hipnotismo o estudo da natureza humana. Enquanto o mundo produz

gente que manda e gente que obedece, pessoas fortes e pessoas fracas,

certas de que so dependentes de outras que so independentes, o

hipnotismo ser um agente da felicidade humana. Cincia que encerrou o

ltimo sculo, o meu mais ardente desejo que, no momento mesmo do

despertar do interesse que lhe dedica ao pblico, se forme um juzo

melhor dos seus benefcios e do bom uso que se fizer deste poder, assim

como do conhecimento da sua influncia benfica s poder advir

proveito para a raa humana.

Fim desta obra Estas sries de lies completas tem por fim dar

ao discpulo a faculdade no s de hipnotizar com bons resultados, seno

tambm de lhe fazer compreender alguma coisa das grandes leis que

regem essa fora. Examinando uma grande parte das obras que tm sido

publicadas sobre hipnotismo e sobre as cincias que dele decorrem,

pareceu-me que os autores destas obras se preocuparam menos das

grandes vantagens que se poderiam tirar delas, do que da facilidade

notvel com a qual, em certos casos, eles determinam estados de

hipnotismo profundo. Em realidade, no h nenhum mistrio na produo

da hipnose, mas os efeitos e resultados do hipnotismo permanecero

sempre prodigiosos e cada vez maiores.

Perfeio deste mtodo O meu maior desejo fazer-vos ver,

nestas lies, quais os resultados que os velhos prticos tiraram desta

cincia e at que ponto tereis rao de imita-los, tendo, no obstante,

sobre eles, a vantagem da grande luz lanada pela psicologia moderna

sobre fenmenos que at o presente eram inexplicveis. No necessrio

determo-nos a discutir a histria do hipnotismo, porque dela se tem

tratado em todos os livros que se tem ocupado desta cincia. Lendo tais

livros, o discpulo pode tirar proveito de tudo quanto cr e julga til

conhecer relativamente ao bom xito prematuro daqueles que

descobriram, dando-lhe o nome de Mesmerismo, para batiza-lo de novo,

um pouco mais tarde, com o nome de Hipnotismo.

16

Cada um pode aprender a empregar a fora No h ningum que,

possuindo uma inteligncia comum e compreendendo a significao de

uma linguagem escrita, no possa aprender, por este mtodo de instruo,

tudo quanto lhe poderia ser ensinado no pas por toda e qualquer escola

de Teraputica Sugestiva. Tudo ser exposto de modo claro e prtico.

Suponho que no conhea nada de Sugesto, de Hipnotismo,

Mesmerismo, da Clarividncia, e espero, assim, fornecer a voc passar

cientemente pelas manifestaes mais complicadas. Os nossos

investigadores modernos tem se preocupado demasiadamente com o que

eles chamam de sugesto e teraputica sugestiva, e a minha opinio que

eles no se compenetraram da importncia do sono profundo que

caracteriza o verdadeiro hipnotismo.

Importncia do hipnotismo profundo Nesta srie de lies,

esforcei-me, para fazer voc se compenetrar da importncia da ao de

passar os pacientes pelos graus de hipnotismo mais profundos e em vosso

poder e ser, assim, levado a ter sempre em considerao uma produo

de sono mais profundo. Nas obras dos primitivos mesmeristas, achamos

muitos exemplos de clarividncias atribudos aos seus sonmbulos, aos

quais deparamos hoje pouqussimos casos que lhes possam ser

comparveis. A isso imputo eu, agora, o contentamento faclimo que os

nossos operados experimentam com os estados de hipnose mais ligeiros.

A sua falta de perseverana em fazerem passar os pacientes por estados

mais profundos de hipnose, pode ser atribuda mesma razo. A outra

causa atribuem os bons resultados dos mais antigos mesmeristas. Eram,

invariavelmente, homens de grande elevao oral. Ressumbrava deles

uma influncia benfica que os pacientes apreciavam e recebiam com

facilidade. Num pice, eram capazes de fazer passar para a passividade

absoluta aqueles de que estavam tratando. A pureza das suas vistas, sua

inteno benevolente liam-se nos rostos e eles obtinham um resultado

imediato sobre as mentes perturbadoras e sobre os nervos sensveis

daqueles em quem exerciam a sua arte.

Importncia do motivo elevado nas investigaes psicolgicas

Quanto mais nobre o fim almejado, tanto mais bem sucedido o

operador.

Muitos se tem ocupado do hipnotismo, mas ningum chegou a um

bom xito seguro, se no trouxe, ao estudo desta cincia, corao puro e

mos limpas. Por conseguinte, posso afirmar que, se o seu fim no outro

seno o de satisfazer sua curiosidade, aprendeu o hipnotismo, no poders

jamais esperar receber a recompensa, que no concedida seno aqueles

que aspiram o mais ardente possvel a uma luz maior por intermdio da

psicologia.

17

Lio II

Mtodo de sugesto verbal Para a nossa segunda lio, vamos

tomar o mtodo mais geralmente empregado pelos hipnotizadores

modernos e que foi primeiramente divulgado pelo DR. Libeault, da

Escola de Nancy, Frana. Batizou ele seu mtodo com o nome de

sugesto verbal, e as suas vistas, opinies e experincias foram

personificadas mais tarde pelo Dr. Bernheim, seu discpulo, numa obra

intitulada: Teraputica Sugestiva.

Tomemos por um momento o lugar do Dr. Libeault e suponhamos

que um doente vem procura-lo para se tratar pelo hipnotismo de uma

molstia nervosa qualquer. O doutor pega na mo do paciente, faz-lhe

algumas perguntas e, como este lhe afirma que sofre muito de dores de

cabea, ele lhe pede que se assente confortavelmente em uma poltrona.

Maneira de proceder de Libeault O doutor pe-se a frente do

doente, colocando levemente a mo esquerda sobre sua cabea e

mantendo os dois dedos da mo direita cerca de trinta centmetros dos

olhos do paciente, de modo que forme com estes um ngulo bastante

elevado; desta maneira o paciente obrigado a erguer um pouco os olhos

para ver claramente os dedos, o que ocasiona nele, assim, a produo de

um certo esforo. Ento diz o doutor com voz calma e em tom montono:

No h nada que temer neste processo. Est prestes a passar, conforme o

meu e o seu desejo, pela mesma transfigurao mental por que passais em

cada noite de sua existncia, isto , passar primeiramente de uma

18

condio de vida ativa e desperta, para um estado de entorpecimento,

estado no qual ouvis, mas no d ateno ao que se est dizendo e no qual

se senti pouco disposto a fazer qualquer movimento voluntrio; passar

desta condio para o sono ordinrio, no qual no ter conscincia do que

se passa em seu redor, como acontece em cada noite de sua vida.

Despertar-vos-ei deste estado quando me aprouver, grandemente aliviado

e fortificado, e notar o desaparecimento da dor. Enquanto est falando,

o doutor move com os dedos, dando-lhes um movimento de rotao de

cerca de trinta centmetros de dimetro em redor e um pouco por baixo

dos olhos do paciente. Ele continua com esse movimento circular dos

dedos, pedindo ao doente que mantenha os olhos e ateno fixos durante

todo esse tempo em tom muito montono.

O Objetivo deste mtodo A idia acalmar os nervos do

paciente; livra-lo de toda ansiedade do esprito que se relacione com o

mistrio do tratamento que ele vai sofrer, tranqiliza-lo e p-lo vontade.

A inteno tambm faze-lo passar para um estado de fadiga alegre,

insinuada no crebro do doente pela simples ao do movimento dos

dedos ao qual se segue a concentrao da mente sobre todo e qualquer

trabalho que no acarrete aborrecimento nem excitao. O

entorpecimento apodera-se do paciente. A voz do operador ressoa calma e

mais monotonia de que antes.

Sugesto para o sono O doutor diz: Os seus olhos esto pesados;

sente que o entorpecimento vem vindo; nenhum rudo do exterior vem te

incomodar; o sangue se retira das extremidades; suas mos, ps e cabea

vo se refrescando; o seu corao vai batendo mais lentamente, voc

respira mais fcil, tranqila e profundamente, e cai, devagar, num sono

normal e saudvel. O doutor para por alguns instantes e diz mais

tranqilamente: Feche os olhos, dorme, pondo, no mesmo instante e

levemente, as mos sobre as plpebras do doente. Diga, ento: Repouse

19

com tranqilidade, todo vai muito bem; a sua dor est se aliviando

gradualmente. Dormir muito bem dentro de alguns momentos e, quando

acordar, j no sentir mais a dor. Dormi tranqilamente. Nada vai te

incomodar. Deixa o paciente por dez ou quinze minutos e, ao voltar,

verifica que este ltimo caiu do estado de entorpecimento numa condio

de sono ligeiro e que a enxaqueca desapareceu inteiramente ou, pelo

menos, diminuiu bastante. O doutor faz saber ao doente que, no dia

seguinte, quando voltar para o tratamento, ele passar ainda com mais

facilidade para o estado de entorpecimento e que o seu sono ser mais

profundo. Alm disso, depois de alguns tratamentos, ele se habilitar no

somente a curar toda e qualquer dor que poder agito-lo em dado

momento, mas ainda que a sugesto verbal impedir a renovao do

incmodo. Este mtodo o que invariavelmente seguido na Frana para

o trabalho com um novo doente. No se fala da influncia hipntica; no

existe nenhum ensaio que permita identificar se o paciente est debaixo

de influncia ou no; tudo combinado para tranqiliza-lo, sossega-lo e

por-lhe o esprito em estado de repouso completo.

Segundo Tratamento Por conseguinte, quando o doente volta para

tratar-se, senta-se na cadeira, confiado e absolutamente certo do resultado

que se vai seguir; obedece em proporo, cada vez mais rpida, s

sugesto do doutor e mais profundamente afetado. Na segunda sesso e

depois que provocou, de maneira cima aludida, a condio de

entorpecimento no doente, o doutor diz: Est percebendo que seus olhos

esto pesados e no consegue abri-los. Pondo levemente os dedos sobre

as plpebras do doente, ele diz: Os seus olhos esto fechando e no pode

abri-los. O doente tentar, em vo, abrir os olhos e talvez, sorrindo

levemente, renunciar a isso e recair num estado de sonolncia. O doutor

diz: Tudo est correndo perfeitamente; os seus olhos esto fortemente

fechados e no tem foras para abri-los. Vai cair, agora, num estado de

sono mais profundo. Ao acordar, j no vai lembrar de nada. A sua

memria desaparecer por momentos. Ter somente conscincia do fato

de ter dormido profundamente e do grande benefcio que ele dar a sua

sade. O doente fica sozinho, como anteriormente, durante um quarto de

hora e, quando este tempo tiver acabado, o doutor volta para o quarto e,

passando a mo, delicadamente, pela fronte do doente, diz:

Concluso do segundo Tratamento Descansou bem e o sono te

reconfortou. J no ter mais dor de cabea, e as suas faculdades mentais

ficaro mais brilhantes e vivas. Acordar quando eu contar trs e, da por

diante, quando eu tiver a inteno de te hipnotizar em seu benefcio; cair

imediatamente num estado de sono profundo. Quero agora, desperte

tranqilamente e sem abalo nervoso; um, dois, trs... acorde

completamente. Logo que o doutor pronunciar Trs, o paciente abre os

20

olhos e confessa que no sente dor, nem aborrecimento de qualquer

natureza.

A memria est sujeita sugesto Talvez ele olhe ao redor de si e

de maneira um pouco boba, como que acorda repentinamente de um sono

profundo, mas no se recorda de que algum lhe falasse desde quando

fechou os olhos at aquele momento. Esse doente apresenta, por

conseguinte, todas as condies necessrias para se provocar nele um

estado de hipnose profunda e vamos nos contentar, por agora, em deixar

de lado o mtodo da escola de Nancy.

Lio III

A arte de aplicar o Mesmerismo Tomemos em considerao o

mtodo dos antigos magnetizadores, como eles se apelidam, e demos a

estas instrues uma forma pessoal, como se elas fossem de mim para

voc. Comece por escolher como paciente, para a experincia, algum

que seja mais moo do que voc, com que no tenha convivido por muito

tempo, para no ter muito familiaridade com voc.

O operador que tem autoridade A fim de obter algum resultado

bom, cabe a voc, em primeiro lugar, deparar algum que se sinta

intimidado por voc, porque o ponto essencial para ser bem sucedido no

mesmerismo est na qualidade de obedincia apresentada pelo paciente.

Se este no se sente bem fisicamente e considera o Mesmerismo como

um meio possvel de alvio sua sade, isto concorrer para aumentar a

sua probabilidade de bom xito.

Mtodo para aplicar o Mesmerismo Faa sentar o paciente numa

poltrona e se sente bem em sua frente; deixe que o nvel dos olhos dele

estejam um pouco acima dos seus; arrume uma maneira de que ele fique

vontade e, se for necessrio, coloque algumas almofadas por detrs das

suas costas de modo que sua cabea descanse facilmente e sem nenhum

esforo fsico, seja qual for, na posio em que ele estiver sentado.

Pegue a mo direita dele na sua mo esquerda e a mo esquerda

dele na sua mo direita. Incline-se para frente de forma que sua cabea

chegue cerca de trinta centmetros da dele. Pea que olhe fixamente em

seus olhos. Faa-o notar bem que no pode desviar o olhar. No deve

pestanejar, a no ser que se sinta obrigado faze-lo. Fale da seguinte

maneira: A sua primeira sensao ser um formigamento nas suas mos

e que se estender para seus braos, da aos ombros e, enfim, um

entorpecimento que se insinuar, pouco a pouco, por todo o seu corpo.

21

No sente nenhum mal estar e afaste de voc toda disposio que te leve a

querer saber toda e qualquer coisa que se apresentar. Nenhum prejuzo

lhe causar e poder depositar em mim toda a sua confiana. Quando no

puder manter os seus olhos abertos e fixos nos meus, feche-os e eles no

se abriro mais. Passar, ento, para um sono profundo, o seu corpo ficar

inteiramente quente e sentir uma corrente natural que lhe parecer

eltrica. Quando os seus olhos estiverem fechados, empregarei sobre voc

passes, cujo efeito ser duplicar a influncia magntica e distribu-la

igualmente por todo o seu corpo. Como tem as mos dele nas suas

apertai ligeiramente os polegares, diminuindo ou aumentando

alternativamente a presso e pondo os seus polegares entre a segunda e

terceira juntura das suas mos. Esta presso exercer uma influncia

especial sobre ele e atrair grandemente a sua ateno para a obra em

mo. Quando ele j no puder conservar os olhos abertos, solte uma das

mos e feche os olhos, dizendo: Repouse e dormi. Pode, ento,

proceder ao emprego dos passes.

Emprego dos passes longos Ao se levantar, erga ambas as suas

mos acima da cabea e, tendo a extremidade de seus dedos a cerca de

cinco centmetros do seu rosto, faa descer ao longo de seu corpo,

levando-as a fazer uma longa curva que terminar nos joelhos. Lance,

ento, as suas mos de cada um dos seus lados, com as palmas para o ar e

deixai-as reunir-se ainda acima de sua cabea; deixai-as tornar a cair

seguindo outra curva, lentamente executada desde a cabea at os joelhos.

Repita o mesmo processo durante cerca de dez minutos e, ao fim deste

tempo, se tocais um dos seus braos, ele permanecer provavelmente na

posio em que o colocardes. No caso em que ele recaia a seus lados,

repita esses passes longos e lentos durante ainda cinco minutos e,

decorrido esse tempo, ele estar, sem dvida, no estado conhecido como

relao, isto , estar mais ou menos debaixo da influncia magntica.

22

No tente levantar de novo a sua mo, porque pode acontecer que ele seja

da espcie dos pacientes letrgicos que nunca se tornam catalpticos.

Como a significao destes termos ser dada mais tarde, sendo

plenamente explicados, no necessrio insistir nisso demasiadamente.

Diga-lhe tranqilamente: Est prestes a passar para debaixo da condio

magntica e, ainda que poa ter conscincia do lugar onde est, no

poder abrir os olhos. Espere um pouco e diga, ento: No pode abrir

os olhos, ainda que tente abri-los. Pare ainda e diga: Procura abri-los,

no se abriro. Se ver que ele se esfora inutilmente para abrir os olhos,

pode concluir da que o seu paciente est na mesma condio mental que

aquela em que se achava o paciente do Dr. Libeault, mencionado na

lio anterior.

Como conhecer o sono Magntico Mas, no caso em que nota que

ele no faz nenhum movimento e em que parece no prestar nenhuma

ateno exortao que lhe fez de levantar as plpebras, pode estar

perfeitamente certo de que provocou nele um estado de sono magntico

mais profundo, estado que prefervel no perturbar, diga-lhe, neste

sentido: Dormi profundamente e sonha que est prestes a viajar a

milhares de quilmetros daqui, visitando lugares que nunca visitou. Deixa

que seu esprito v onde quiser e quando acordar, dentro de uma hora, vai

me dizer o que viu e onde esteve, cada coisa ter-vos- claramente

penetrado no esprito, ao acordar. Dormi durante uma hora e, nesse

tempo, acorde por sua prpria conta. Deixamos, tambm, neste ponto, o

doente.

23

Lio IV

Mtodo empregado na ndia Exponho, na quarta lio, o mtodo

empregado por um mdico ingls, o Dr. Esdaile. No ano de 1847, fez ele

um emprego to bom do hipnotismo, no Hospital de Calcut, na ndia,

que o governo ingls lhe ps disposio do hospital especialmente

organizado para receber os doentes que deveriam ser operados pela

Anestesia Mesmrica. um mtodo praticamente desconhecido hoje e

que nunca foi francamente exposto ao pblico. Os seus resultados so

entretanto, to prodigiosos, especialmente para introduzirem os mais

profundos graus de hipnose, que essa apostila completa lhe deve reservar

um lugar importante. Agora, retomemos de novo a posio de instrutor e

de discpulo.

O que se deve fazer para induzir o sono por estes meios

necessrio ter-se no aposento onde os doentes so tratados, um longo sof

muito baixo, cuja cabeceira no deve ter a altura mais de quinze

centmetros que o centro. Estenda o doente sobre o sof e sente ao lado da

cabea. Incline-se de modo que, quando os olhos do doente se

encontrarem com os seus ser fcil manter os olhares fixos. Para tornar a

explicao mais clara, preciso dizer que, neste caso, necessrio que a

vista do doente no seja tensa. Incline-se, agora, sobre o sof, de maneira

que o seu rosto no fique a mais de dez ou doze centmetros do rosto do

doente. Fixe seus olhos nos dele. Ordene-lhe que fixe seus olhos nos seus.

No pronuncie palavra alguma. Faa com que nenhum rudo venha

perturba-lo. Conserve esta posio, se for necessrio, por uma ou duas

horas e assentai bem no seu esprito que o doente deve dormir. Dentro de

meia hora ou menos ainda, as plpebras ho de tremer, mas uma palavra

vossa bastar para reconduzi-lo a ateno e ele far outro esforo para

conservar os olhos abertos. Os seus esforos tornar-se-o cada vez menos

pronunciados, at que a lassido se apodere dele a tal ponto, que no

24

poder resistir a influncia do sono, e os seus olhos se fecharo por

completo.

Neste caso, no faa experincias Quando houver ensaiado este

mtodo, ser intil tentar uma experincia qualquer com o paciente, na

inteno de verificar se ele passou ou no para a condio hipntica.

Contanto que o doente no te engane a seu bel-prazer, este mtodo produz

invariavelmente as mais profundas fases da hipnose e aqui uma

experincia absolutamente intil.O seu doente est de novo na condio

a que se denomina sono magntico.

Lio V

Mtodo para hipnotizar diversas pessoas Firme bem em seu

esprito os trs mtodos que foram ensinados acima, como te aconselhei.

Rena em uma sala oito ou dez pessoas e mande a cada uma que fixe seus

olhos num objeto brilhante qualquer, por exemplo, uma moeda de prata

que mantero na palma da mo. Proba todo gracejo dos assistentes,

fazendo-os notar que voc deseja efetuar uma experincia sria sobre os

fenmenos psquicos e explique que toda tendncia distrao ter por

efeito retardar os resultados, distraindo a ateno dos que tomam parte na

pesquisa.

Explicaes preliminares Explique, que no quer fazer nenhuma

sugesto verbal durante a seo, porm que eles sentiro os seus olhos

fecharem-se gradualmente; o objeto brilhante vai tornar-se indistinto e

vago a sua vista e eles experimentaro uma sensao geral de torpor e de

adormecimento. Deixe, agora, o seu auditrio entregar-se seriamente a

simples tarefa que lhe assinalastes. Colocai-vos diante do vosso crculo de

pessoas e observe atentamente.

Maneira de conhecer os sintomas Ver, pouco a pouco, uma

cabea adormecer; depois, sem dvida outra; alguns daqueles que tiverem

mais excitados deixaro a sua ateno desgarrar-se na direo daquelas

nos quais a influncia se manifesta mais pronunciadamente. Tens que

25

estar pronto para reprimir todo cochicho ou sinal de comunicao entre os

membros do crculo, porque todos os rudos e gestos tendem a perturbar

os bons pacientes.

Quando notar, entre os assistentes, que dois ou mais deles esto

influenciados, v mansamente para o meio deles e fale com brandura para

os no fazer sair do devaneio em que caram; grave no esprito deles a

idia do sono; dizendo o seguinte: Fixando seus olhos sobre o objeto

brilhante que tens na mo, restringes a circulao do sangue no crebro e,

em conseqncia disto, vo se sentir entorpecidos e prestes a dormir. Este

entorpecimento aumentar e se aprofundar enquanto continuar a fixar o

objeto que segura. Quando o sangue deixa o crebro, vai se seguir o sono.

A sua ateno fixa sobre o objeto que segura, produziu a mudana

desejada na circulao do sangue e agora voc vai gradualmente

adormecendo. No venha nada a te perturbar.

Mtodo para despertar os participantes Alguns daqueles que se

influenciaram dormiro profundamente e, num espao de quase 5 minutos

pode acordar todos os assistentes dizendo: Quando eu contar trs vo

sair todos dos seu torpor e vo me dizer como e at que grau fostes

influenciado. Logo que contar trs, todos eles abriro os olhos e daro

conta de suas experincias.

Concluses tiradas de seu testemunho Alguns deles vo dizer que

no sentiro barulho no ouvido, outros diro que sentiro

entorpecimentos, outros mais ho de declarar que dormiram

profundamente. Os primeiros cometeram a falta de deixar divagar a sua

ateno; os segundos sentiro a influncia e, por tentativas reinteiradas,

acabariam provavelmente por dormir. Pode-se , pois, dizer que, induzida

por eles prprios desta vez, alcanaram a mesma condio que aquela que

se produziu pelos pacientes nas lies anteriores, e tem-se empregado

meios absolutamente diferentes para determinar esta condio de

submisso.

26

Lio VI

As qualidades de um bom operador Indique a voc, nas lies

anteriores, os quatro modos diversos de induzir a hipnose que formam a

base de uma variedade de mtodos que constituem uma srie, e entre os

quais cada operador elege o que melhor lhe convm para adot0lo com

bom xito. Antes de estudarmos os outros mtodos, consideremos os

requisitos necessrios para se tornar um bom operador.

A questo do sexo no tem importncia Ainda que nestas lies

falemos do operador e do paciente (considerando sempre ambos como do

sexo masculino), as mulheres se tornam tambm timas hipnotizadoras e

so influenciadas to facilmente quanto os homens e sem apresentar no

entanto, mais facilidade, se tornam bons pacientes. A minha experincia

tem-me provado que a susceptibilidade do homem e da mulher para a

influncia quase a mesma, e no se pode dizer, nessa circunstncia que

um sexo tem mais vantagens que o outro.

Um bom operador deve te uma tima aparncia pessoal e h de

deixar de parte dos hbitos e modos grosseiros. Importa apenas ser polido

27

e persuasivo, tendo a sua voz e seu todo, ao mesmo tempo, a aparncia de

quem comanda.

O que o Hipnotismo? A ao de hipnotizar verdadeiramente a

arte de produzir uma impresso sobre a mente de outro e, a fim de tornar

esta impresso profunda e durvel, no deve o operador aceitar ou

consentir nenhuma familiaridade com os doentes ou pacientes. Regra

esta que no consente exceo.

O poder de hipnotizar pode ser capitulado como sendo o poder de

impor o respeito e a obedincia, Por esta razo e porque a sua autoridade

como mdico lhe d o direito de mandar, o doutor torna-se um admirvel

hipnotizador.

Mas aquela firmeza de maneiras e de aparncia dominadora que

so indispensveis para o paciente, podem ser adquiridas por todos

aqueles que estudam estas lies, com um pouco de prtica.

Importncia do seu procedimento As maneiras que so tomadas

em primeiro lugar, mais tarde tornam-se naturais e se, desde logo, no

tendes confiana em si mesmo, necessrio que adote um modo de agir e

maneiras certas, quando tratar de um paciente. Ficar surpreendido de ver

com as coisas que tem de acontecer, acontecem.

Por exemplo, quando dizer a um paciente que ele comea a

entorpecer-se, ainda que no veja nele nenhum sinal de torpor, suceder

bem depressa que ele apresentar todos os sintomas de entorpecimento, e

este fenmeno significa muito simplesmente que a sua confiana absoluta

produziu uma tal impresso sobre sua mente, que a coisa que supunha ser

real se tornou verdadeira.

Como j disse, o efeito de suas palavras te espantar primeiro, mas,

depois de um pouco de prtica, comear a ver que todos os seus

conhecimentos so influenciados pelas sugestes que lhe so feitas por

outro, direta ou indiretamente. As outras qualidades indispensveis a um

bom operador so: a honestidade, um carter integro, agindo lealmente

com todos, um olhar franco e, o mais importante de tudo, o hbito de

encarar de frente cada pessoa, enquanto trata de influenci-la.

Mtodo para desenvolver um olhar poderoso Para desenvolver o

poder do olhar fixo e para prtica especial dos operadores, aconselho que

faam 10 minutos de manh e 10 h noite para, no seu quarto, estudar,

diante de um espelho a maneira de fixar a sua imagem sem piscar.

Depois de uma prtica regular deste estudo, suceder que eles sero

capazes de olhar uma pessoa sem piscar durante um perodo de uma a

cinco e, algumas vezes, de dez a vinte minutos, sem que os olhos se

cansem ou se encham dgua. Este estudo ter tambm por efeito

engrandecer os olhos aumentando o afastamento das plpebras, resultado

desejado.

28

Lio VII

Quais so os melhores pacientes? A respeito da espcie de

melhores individuas de que se fazem os melhores pacientes, os meus

discpulos tem-me, muitas vezes, pedido de que lhes indicassem alguns

meios para escolherem, numa multido de pessoas, as mais capazes de

29

passarem, num relancear de olhos, para uma condio de sonambulismo.

S a prtica te torna perito no assunto, mas a certos requisitos gerais que

nunca enganam o discpulo; so os seguintes: as pessoas loiras caem sob

a influncia com muito mais facilidade do qus as morenas. Os homens e

as mulheres de aparncia desenxabida, olhos azuis tirantes a pardos,

cabelos ligeiramente castanhos, mas sem reflexos dourados, boca que

deixa transparecer um carter amvel e algo curioso, formam uma classe

de pacientes notveis.

Exceo a regra Infelizmente, sobre este ponto, no se pode

aceitar a generalidade como exata, porque, na prtica de cada um, se

apresentam casos excepcionais em que as pessoas de vontade forte fazem

admirveis pacientes. Eles tem provado qus as de um trigueirinho muito

pronunciado so certamente sonmbulos de primeira qualidade e que os

tipos inspidos se mostram refratrios e difceis de influncia.

Ficar conhecendo todas as probabilidades de bom xito que ter

com o paciente, se puder julgar do efeito que causais nele no momento de

induzir a hipnose e pelo efeito que nele produziro as suas maneiras e

aparncia, enquanto est acordado. Se mostra cordial, complacente e

obediente; se entrega-se ou deixa ver, nos seus modos, que ele te teme

muito, mas sem repugnncia, podeis estar certo de produzir uma grande

impresso sobre seu esprito. H pessoas que resistem de tal modo a

hipnose, que impossvel vence-las e perder o seu tempo a trabalhar

com tais pacientes. Creio que elas no se conduzem assim pela influncia

do medo, mas sim pelo aborrecimento que lhes causa o conjunto do

processo. Se um paciente te teme, isso nada significa, porque, em dois ou

trs tratamentos pode fazer desaparecer este sentimento de temor, e ento

o mede que l tinha sede o lugar para a confiana mais absoluta. Mostre

tambm, mais tarde, que o sentimento de temor , as vezes, suficiente

para produzir a hipnose instantnea.

O que constitui um paciente resistente Os piores pacientes so os

de vontade fraca, que no se interessam pela psicologia e que no

possuem sagacidade suficiente para compreender a fora real que neles

reside. Podem, entretanto, ser atingidos pela sugesto indireta, e se tratais

com semelhantes pessoas, no os fieis somente na sugesto verbal, mas

chamai em seu auxilio a eletricidade; com ela poder impressionar

profundamente o esprito.

Lio VIII

30

Exemplo caracterstico Para nos instruir, vamos, agora,

apresentar o caso seguinte: Vem um amigo ao seu consultrio e trs

consigo um rapazinho. Diz ele: Ouvi falar que um clebre hipnotizador

e muito desejo que d uma prova de seu poder sobre este rapaz. No se

ope que voc o hipnotize e far tudo que disser. um rapaz

atrasadssimo nos estudos e no quer se aplicar ao trabalho. Foi a me

dele que me enviou para eu corrigi-lo, mas tendo ouvido falar de seus

bons resultados nestes casos, Faa com que sinta sobre ele o poder do

hipnotismo e seja corrigido do vcio da preguia. Veja o que pode fazer.

Eis aqui um exemplo caracterstico que se apresenta na carreira de

cada operador e o verdadeiro mtodo a empregar pode ser dado aqui com

mincias, afim de que o estudante saiba como proceder em casos

semelhantes.

Como comear a influenciar uma criana Aprossime-se do rapaz,

confiada e firmemente. Pegue a mo esquerda dele em sua mo direita,

colocando-o, ao mesmo tempo, a vossa mo esquerda sobre sua fronte e

fazendo inclinar a cabea para trs at levante os olhos para voc. Ele h

de ficar um pouco amedontrado com este processo. Diga que no tem a

inteno de lhe fazer mal e que muito se divertir durante as experincia

que acontecero. Declare que no s no lhe far mal, como tambm no

deixar que ningum o faa; e pode depositar toda confiana em voc.

Fale em tom tranqilizador, fazendo, ao mesmo tempo, fixar os olhos nos

seus enquanto est em p. Diga que deve praticar tudo que ordenar e que

vai adormec-lo. Declare que vai por ele sobre uma cadeira e que lhe dar

para fixar os olhos uma moeda de prata; um objeto brilhante preencher o

mesmo fim. Afirme, em seguida, que no acontecer nada de

extraordinrio, seno que seu sono ser absolutamente natural. Depois,

ponha-o confortavelmente em uma cadeira, pondo na sua mo o objeto

brilhante e colocai-o a dez centmetros dos seus olhos, dizendo que,

depois de o ter fixado por pouco tempo se entorpecer cada vez mais e,

finalmente, ser obrigado a fechar os olhos e dormir.

31

O que se deve dizer Repita positivamente e de maneira muito

enftica as indicaes: Fixe os olhos sobre o objeto que tens em sua

mo. No de ateno a qualquer um que venha ao aposento ou ao rudo

que o faz. As sua plpebras vo tornar-se cada vez mais pesadas;

entorpecer de tal maneira que ficar incapaz de t-las abertas. Passe

para trs de sua cabea e ponha vossa mo direita sobre sua nuca,

conservando a palma da mo fortemente apoiada a, mas arranjaivos de

maneira que no os causeis nenhum mal. Como nada se ganha com a

prea, deixe-o adormecer por alguns instantes. Repita, ento, a sugesto

seguinte: Os seus olhos vo tornando-se cada vez mais pesados, est

entorpecendo bastante; dentro de alguns instantes ser impossvel

conservar os olhos abertos, mas no os feche antes que eu ordene. O

objeto quase que j no aparece agora, mas continue a fixa-lo e eu vou

dizer quando dever fechar os olhos.

O objeto deste mtodo. -Continuai a falar.lhe desta maneira com

segurana, porm com suavidade; fazei as vossas sugestes em tom de

voz tal que se imprimam na sua conscincia como fatos. Penetrai.o,

agora, com a idia do sono. Continuai a falar.lhe, mas no oua ele seno

o que lhe dizeis. Em seguida s vossas sugestes reiterada. Os seus olhos

tero logo um aspecto dormente e pesado. Falai.lhe, ento: "Os vos 108

olhos esto prestes a fechar-se, mal podeis manter-vos dsperto".

Falai.lhe, aqui, em tom menos imperativo e mais montono, empregando

a entoao mais lenta que podeis e fazei de sorte que pareais cansado e

disposto a dormir. Continuai pelo modo seguinte: "Os vossos olhos

devem fecharse agora, no podeis t-los abertos; ho de cerrar-se j e

estareis adormecido. Fechais.Conservai a vossa mo direita sobre a sua

nuca como anteriormente e ponde a vossa mo esquerda sobre a sua

fronte, dizendo: "Dormi". Dai-lhe esta ordem com brandura, mas com

firmeza. As plpebras tremero, s vezes durante alguns segundos, outras

vezes por mais tempo. O paciente afrouxar logo os seus msculos e

tornar a assentar-se sobre a sua cadeira com um suspiro de satisfao.

Deixai-o, assim, repousar durante alguns segundos, sem lhe dirigirdes a

palavra.

32

Guardai silncio no aposento. -Pedi pessoa que o acompanhou ao Vosso

consultrio que fique muito tranqila durante toda a sesso, que no faa

o menor barulho que possa atrair a ateno do paciente e no oferea

nenhuma sugesto nem a ele nem a vs. Deve-se insistir sobre este ponto

antes de comear o tratamento.

O efeito sobre a ao muscular do rapaz. -Depois de haver permitido ao

paciente que tome alguns segundos de descanso, dizei-lhe em tom muito

baixo: "Estais dormindo profundamente e nada vos acordar. Nada VOI

far mal; podeis abrir os olhos quando eu v-lo disser, mas Do o podeis

se para isso eu Do voa der ordem. Ficareis adormecido.Vou, agora,

levantar-voa o brao e esse movimento Do voa perturbar, nada voa

despertar". Retirai suavemente a vossa mo da sua nuca e friccionai duas

ou trs vezes o brao mais perto de vs, depois levantai-o vivamente a

uma posio horizontal e dizei: "O Vosso brao ficar Da posio em que

eu o puser". Friccionai-o ainda duas ou trs vezes e dizei: "Vde que o

Vosso brao est rgido e Do podeis abaix-lo. Ele ficar na posio em

que eu o deixar; estais profundamente adormecido e fareis tudo o que eu

vos ordenar que faais, mas no podereis acordar, seno quando eu vo-lo

ordenar". O brao ficar na posio em que o tiverdes colocado e ento

podereis dizer: "Ningum poder fazer-vos dobrar o brao, tem que eu o

consinte".

A primeira fase da catalepsia ou rigidez muscular. -Podeis, ento, agir no

outro brao e bom meio tornar assim, os braos e as pernas rgidas,

33

contanto que o paciente seja jovem ou rapas bem sadio, e a experincia

muscular no tenha nele um efeito excitante.

Maneira de fazer desaparecer a rigidez. -Quando todos os seus membros

estiverem estendidos horizontalmente, podeis dizer.lhe: "Vou agora fazer

desaparecer, pouco a pouco, essa influncia e afrouxar-voa o brao

esquerdo, correndo nele alguns passes, desde o punho at o ombro".

Fazei-o e dizei, em seguida: "Est frouxo agora e podeis abaix-lo".

Procedi da mesma forma com o outro brao e, nessa experincia, tende a

precauo de apagar completamente no esprito do doente toda a

impresso de rigidez muscular que pudestes fazer penetrar nele durante o

correr da experincia. Repeti. -lhe: "Podeis dormir profundamente e fareis

tudo o que vos ordenar que faais. S eu que posso despertar.voa".

O efeito das vossas sugestes. -Tendes agora demonstrado, no exemplo

deste paciente, o poder que exerceis sobre o seu sistema muscular. Pela

repetio das vossas sugestes, inculcastes-lhe no esprito que ele no

podia realizar certas coisas que podia efetuar no estado normal, como, por

exemplo, abaixar o brao. Da resulta que, pela repetio da sugesto,

chegou a crer que o que dizeis uma coisa real e se acha as assim, at

certo ponto, em contradio consigo mesmo. Parecer fazer esforos

desesperados para abaixar o brao, coisa que acontece freqentemente

aos pacientes; mas, pelo fato mesmo de julgar a coisa impossvel, ele

incapaz de faz-la. Deveis comear, agora, a compreender o poder da

sugesto positiva, quando se faz penetrar no esprito, no momento em que

as faculdades intelectuais no esto ativas.

A razo est afetada. -Quando a criana est dormindo, ela no raciocina

como faria no estado de viglia. Por isso que ela aceita o fato real de que

no pode abaixar os braos e abandona essa idia. O seu crebro est,

ento, no estado de receber novas sugestes e, em todas as experincias

que se apresentarem, podeis demonstrar sobejamente o poder muscular

sobre o paciente.

Outras evidncias do estado receptivo do seu esprito. Por exemplo, e

precisamente pela mesma forma que lhe provastes, a seu hei-prazer ou a

contragosto, que ele no podia abaixar os braos seno quando lho

ordensseis, podereis provar-lhe bem como s pessoas presentes, que lhe

impossvel abrir os olhos, se o vedais; que no pode fechar a boca, se

lha abria e lhe ordenais que a deixe aberta; que ele no pode arredar-se de

nenhum sitio, se lhe dissestes que ai fique e que incapaz de fazer um

movimento.

34

Mtodo para adormecer, conservando-se de p. -Fazei.o de novo manterse

de frente e dizei, passando-lhe rapidamente aa mos da cabea aos ps,

tocando-lhe levemente as vestes e repetindo diversas vezes este duplo

movimento: "Podeis dormir to confortavelmente em p, como se

estivsseis assentado numa cadeira. Abrireis os olhos quando eu vo-lo

disser e vereis O que eu voa ordenar que vejais. Sentireis tambm o que

eu VOl disser que sintais; tudo ser a realidade para vs".

Dizei, agora: "Ainda que eu vos mande abrir os olhos, no ficareis

completamente acordado; estareis dormindo ainda, vereis coisas

curiosssimas, mas no vos metero medo nem ficareis admirado do

modo como elas se produzem; sabeis somente que as vedes e que para

vs so a realidade".

Maneira de induzir sugestes rpidas e positivas. -Nesta experincia,

35

necessrio que faleis vivamente e sem hesitao. A idia de imprimir no

esprito do paciente que o que estais dizendo a realidade. Se hesitais ou

se falais com um tom in. certo, correis o risco de que o paciente se

desperte suficientemente para questionar convosco ou vos imprimir as

suas dvidas. O Vosso dever simplesmente impressiona-lo bem.

Uma experincia de iluso do sentido do vista. -Tomai, agora, urna

bengala ordinria e dai.a criana, dizendo-lhe: "No tendes medo das

cobras. Podeis at desejar possuir urna cobra como brinquedo. Abri os

olhos e vede a cobra que acabo de pr nas vossas mos. No vos picar,

no vos atemorizar nem vos far mal algum. Segurai-a bem para que no

se escape". O rapaz abre os olhos e no lugar da bengala v urna serpente,

mas como lhe inculcastes a idia de no se atemorizar, no sentir

repugnncia alguma para com o rptil e o acariciar afetuosamente. Se tal

for o vosso desejo podeis transformar instantaneamente esse sentido de

afeio em de medo, dizendo-lhe: "Tomai cuidado, ela pode picar-vos".

Todos os hipnotistas de profisso agem desta forma sobre os temores e as

emoes dos seus pacientes. No provoqueis o medo no paciente. -

demasiado fcil demonstrar a fora do hipnotismo, no empregando

seno agradveis experincias, deixando de parte as que podem

amedrontar o paciente. Eu no recomendo de modo algum o uso deste

ltimo poder para fina menos justificveis.

O sonambulismo ativo. -O rapaz acha.se agora na condio denominada

"sonambulismo ativo".Fizestes-lhe passar pelo esprito uma iluso, isto ,

destes-lhe um objeto que, pela vossa sugesto, transformastes em outro e,

desta maneira, produzistes a iluso dos sentidos. Dizei-lhe agora:

"Ponhamos a serpente de parte", e retirai-lha.Passai-lhe, ento,

vivamente, uma ou duas vezes, a mo pelo rosto e dizei: "DOrmi"'. a

nica coisa necessria para transformar a condio do sonambulismo

ativo em sono profundo.

Iluso do sentido do gosto. -Deixai.o de p por uns instantes cambaleando

ligeiramente, e dizei-lhe: "Gostais muito de frutas, mas e laranjas. Eis

aqui trs" bonitas mas, de uma qualidade rara, e podeis com-las. Crede

que nunca saboreastes to boas e aucaradas. Tomai-as e comeias".

Podeis dar-lhe, ento, uma batata e ele a comer com avidez. At o

presente no lhe pedistes que vos falasse, mas vos lcito interrog-lo e

ele vos responder. Perguntai-lhe se a ma lhe sabe bem e, caso no vos

responda imediatamente, sugeri.lhe que pode falar to bem como se

estiVesse acordado. Dirvos-, ento, que a ma estava excelente e

desejava outra. Induzistes, assim, a iluso do sentido do gosto.

36

Mtodo para reprimir o sentido do olfato. -Podeis tomar o mesmo

paciente e, em pouco tempo, aperfeioa-lo tanto, que vos possvel privalo

do sentido do olfato; um vidro de amonaco posto debaixo de suas

narinas no produzir nenhum efeito.Podereis, pela sugesto, tomar uma

garrafa de amonaco por uma de gua de Colnia, e ele respirar o

perfume com muito prazer. A variedade de experincias que se podem

fazer pela iluso dos sentidos muito grande e para produzir tais iluses

intil que eu vos ministre mais indicaes. Jamais notei que o paciente

ficasse sofrendo pela induo de iluses inofensivas, mas no vos

aconselho que as empregueis com muita freqncia.

Evidncia do emprgo das iluses. -Essas experincias no so teis

seno. para demonstrar.vos sem a menor dvida, que exIste no esprito

humano um poder superior ao sentido perceptivo da vida cotidiana. Elas

demonstram a verdade e o poder do hipnotismo e essa demonstrao deve

bastar-vos sem que procureis abusar delas.

A alucinao da vista. -Depois de lhe haverdes permitido descansar por

alguns segundos e de lhe haverdes dado ordem de dormir, como nas

experincias precedentes, podeis dizer criana: -"Quando abrirdes os

olhos, vereis vossa me assentada no. canto do aposento. (Importa

assegurar-vos, de antemo, muIto naturalmente, que a me do rapaz

viva). Vossa me vem ver o que estais fazendo e ficareis muito contente

de v-la e falar-lhe Quando abrirdes os olhos, dirigir. Vos-eis para O

lugar do quarto onde ela est sentada e conversareis com ela; contar-meeis

o que ela diz. Abri os olhos e ide para ela". Nesse momento, o rapaz

v para sua me, depois de ter olhado atentamente para o lado do

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aposento em que ele julga v-la; ter uma longa ou curta palestra com ela,

seguindo a sua disposio natural do estado de viglia. Se naturalmente

tagarela, falar muito e lhe far mil perguntas o se interessar muito pelas

suas respostas. Produzistes, assim, no menino uma alucinao, isto ,

criastes-lhe no esprito uma imagem que no existia na realidade. Podeis,

agora, estabelecer uma distino ntida entre a iluso e a alucinao.

Mtodo para converter o Sonambulismo em Sono -Aproximai-vos, agora,

do rapaz, farei-lhe um passe com as mos sobre os olhos e deizei-lhe: -

"Dormi. Depois disso, no temereis de modo algum o hipnotismo e

dormireis imediatamente, a qualquer momento do dia, quando eu vo-lo

ordenar e vos manifestar o desejo. Tomareis, em seguida, para a vossa

cadeira e caireis num sono profundo; far-vos-ei, durante aquele tempo, as

Sugestes necessrias para curarvos a preguia - Voltai para a vossa

cadeira e adormecei-vos profundamente"- Deixai-lhe cinco minutos de

descanso e observai um silncio absoluto no aposento.

Mtodo para ministrar sugestes instrutivas. -Ponde, em seguida,

fortemente a Vossa mo sobre a sua cabea e dizei: "Estais muito

atrasado nos vossos estudos e sois um menino preguioso. No sois de

ndole preguiosa e desobediente e, a partir de hoje, h-de esperar-se em

vs uma transformao. A vossa aspirao nica conseguirdes muito

bons resultados nos vossos estudos; obedecereis a Vossos pais e sereis

um excelente rapaz em estudo- Gozareis de boa sade e,. desde agora,

sereis vigoroso, ativo e feliz. O vosso carter naturalmente bom e tudo

quanto possuirdes de bom h de manifestar-se no exterior. Neste mesmo

instante, enxotamos a preguia o a desobedincia. Dormi durante uns dez

minutos e, ao cabo desse tempo, acordareis bem disposto e a vossa

memria ficar firme nas coisas que acabam de rea1izar-se- No tereis

nenhuma lembrana das sugestes que vos foram dadas e no haver no

vosso esprito nenhum trao das iluses que nele foram provocadas.

Dormi profundamente e acordaivos dentro de dez minutos"- Guardando

sempre o silncio no aposento, assentai-vos a alguma distncia do rapaz

e, exatamente no fim de dez minutos ou talvez um pouco mais cedo, ele

se despertar em boas condies

-No caso de um Sono profundo- - rarssimo que o paciente adormea tio

profundamente que no possa despertar-se no momento desejado- No

tendes, nesse caso, seno que dirigir-vos para a sua cadeira e colocar a

VOSSa mo sobre a sua cabea, dizendo: "Descansastes bem, e vos sentis

muito vontade Quando eu contar trs, acordareis completamente. Um,

dois, trs; despertai-vos"

No mesmo instante, o paciente abrir os olhos e ficar talves, admirado

do comprimento do tempo que decorreu desde que se assentou. No h

38

perigo que o paciente durma por mais tempo do que o que lhe sugeristes

ou que o no possais despertar, a no ser que omitais certas prescries

importantes que vos sero dadas no capitulo seguinte. Existe certo perigo

e deveis bem compreender que, em certos casos, um paciente possa

continuar a dormir e resistir todos os vossos esforos tendentes a

acorda-lo. Eu me proponho a explicar-vos, mais tarde, causa e tambm

o porque; como operador sois responsvel pela provocao de semelhante

estado.'

LIO IX

O esprito semiconsciente. -At o presente, no vos tenho ministrado

seno mtodos caractersticos para chegar a produzir o hipnotismo nos

pacientes. Estais, agora, preparado para a introduo seguinte, que se

relaciona com o papel que o. esprito semiconsciente representa nestes

fenmenos. Uma simples explicao farvos- compreender melhor a

verdade da proposio que o homem possui uma dupla conscincia;

existe outra conscincia chamada "semiconscincia".

A evidncia de uma dupla conscincia. -Compreendeis perfeitamente o

fato seguinte: quando sonhais de noite, fazeis uso de uma inteligncia ou

de uma conscincia que, nos seus caracteres principais, difere da

conscincia desperta. O ponto capital dessa diferena descansa no fato de

que a conscincia dos sonhos carece de sentido. a ausncia da

inteligncia que distingue principalmente a conscincia da

semiconscincia. Por outro lado a semiconscincia tem muita semelhana

com a conscincia; isto , a vida durante o sono e a contraparte quase

exata da vida no estado de viglia.

As criaes da nossa conscincia durante o sonho so formadas das

experincias feitas quando estamos despertos. As pessoas que nos

aparecem nos sonhos e que existem realmente so quase sempre as

pessoas que temos conhecido ou que conhecemos na vida real. Por isso,

podemos dizer que essas duas condies de esprito, no estado de viglia e

durante o sono, ainda que distintas em si mesmas, esto estreitamente

ligadas uma oUtra e tm relaes comuns.

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Propriedades comuns. -Uma dessas propriedades a memria. Ao mesmo

tempo que, no homem acordado, a- memria uma serva traidora e

inconsciente, na vida semiconsciente a memria se acha prodigiosamente

desenvolvida.

Todos os eventos da vida so registra dos no esprito semi-consciente. o

dirio da alma e parece que, quando se levantar o vu da semiconscincia

com as suas penas e ansiedades, essa memria semiconsciente produzir

exemplos prodigiosos do seu poder. deste modo, os homens que se acham

repentinamente face a face com a morte, vem, num instante, como uma

vista panormica, todos os eventos da sua vida passada. O vu entre a

conscincia e a semiconscincia , s vezes, de um tecido de tal maneira

delgado que muitas pessoas passam uma grande parte da vida acordada

em devaneios e, para elas, a semiconscincia , muitas vezes, mais real

que a conscincia. Por meio do hipnotismo, podemos fazer desaparecer

esse vu e dar ao indivduo o uso das faculdades semiconscientes em toda

a sua fora.

A credulidade dos pacientes semiconscientes. -O esprito semiconsciente

est sempre prestes a crer no que se lhe diz. No duvidadas sugestes

nem se ope a elas, da mesma forma que no podeis vos opor aos vossos

sonhos durante a noite. Onde se assenta o fora. -Por isso que se pode

definir como sendo o estado de repouso consciente e da atividade semi.

consciente, e para resumir: "O hipnotismo tem valor como potncia

curativa porque a fora do individuo repousa no esprito semiconsciente.

A que est a fora motriz. O esprito desperto ordena e, imprimindo sua

ordem sobre o esprito semiconsciente, este ltimo aceita, recebe a

acredita no que sugerido e executa a ordem. Isto verdade no individuo

na vida acordada, como no individuo, na hipnose. A fora de cura reside

na semiconscincia.

"Vis medicatrix naturoe". - lei divina que a natureza faz desaparecer as

molstias e retifica as desordens, tentando sempre faze-lo sem algum

auxlio. Mas, algumas vezes, pelo falso pensamento do esprito desperto,

a semiconscincia anda de tal modo penetrada de erro e falsas crenas,

que impossvel, sem assistncia desembaraar-se dos males que nos

cercam. O hipnotismo um simples meio para proporcionar ao esprito

semiconsciente a assistncia exterior. As sugestes do operador agem

como um guia e um sustentculo do esprito semiconsciente combatem as

suas falsas crenas e tomam a pr em movimento a fora divina da cura

que pertenceu ao esprito semiconsciente. Lembrai-vos de que, na

conscincia do estado de viglia, a fora da cura no aparente. um

patrimnio da economia semiconsciente e pode ser desenvolvida pelo

prprio indivduo em proveito pessoal, dirigindo-se a se mesmo como

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poderia faze-lo o operador no hipnotismo; ou pode ser desenvolvida pelo

hipnotismo como acima j se deixou minuciosamente explicado. O que

importa saber aqui se um homem cura a si mesmo de uma molstia ou,

antes, se curado por outro; os meios empregados para produzirem a cura

so identicamente os mesmos, e consistem na impresso feita por um

esprito consciente. Aos primeiros meios se chama "auto-.sugesto"; aos

outros, "hipnotismo".

LIO X

Diferena entre o hipnose e o sono natural - J tratei da memria

exaltada, da qual mostrei uma evidncia durante a hipnose. Sendo assim,

no classifico precisamente na mesma categoria o hipnotismo e o sono

natural. Durante a hipnose, a inteligncia fica inteiramente anormal. No

caso em que o paciente fique abandonado a si mesmo, sem ser

desarranjado pelas vossas sugestes, ele passar sempre do estado da

hipnose para um sono profundo. Por conseguinte, podemos dizer que, se a

hipnose tirada do sono, ela pode voltar a ele.

Cura durante o sono natural. -Assim como a hipnose desenvolvida no

sono artificial, assim tambm pode ser derivada do sono natural. Muitas

curas so diariamente feitas na Amrica por pais que estudaram os

princpios da cura e, durante o sono dos filhos, falando-lhes e obtendo

respostas, tm conseguido corrigir.lhes os maus hbitos, faze-los

progredir nos seus estudos e melhorar-lhes a sade. O ponto capital desse

tratamento que os pais ou o operador devem prender a ateno do

dormente. O assunto foi, pela primeira vez, inteiramente revelado ao

pblico num tratadinho que escrevi em Junho de 1897, intitulado: "A

educao durante o sono", e apresentei exemplos de curas que eu pudera

obter deste modo, molstias tais como a gagueira, a enuresia, a coria, o

estado nervoso, o medo e os maus hbitos, doenas que facilmente

cederam ao gnero de tratamento. Lembrai-vos do que vos foi dito na

lio precedente acrca do poder que reside no esprito semiconsciente, e

podeis desde logo inteirar-vos da filosofia deste sistema.

O mtodo reproduzido na Frana. -Cerca de um ano depois que publiquei

esta descoberta, o doutor Paul Farez fez aparecer na "Revista de

Hipnotismo", de Paris, uma srie de artigos perfilhando a minha teoria e

os seus resultados. Quase todos os fisiologistas so acordes, agora, em

41

dizer que a influncia educadora e moral pode ser gravada desta maneira

no esprito dos dormentes. O mtodo a seguir sempre o mesmo, e no

necessrio pormenoriza-lo. Mostramo-vos, nas lies precedentes como

devem ser ministradas as sugestes positivas. Suponhamos, pois, que

sempre fcil ensinar por imagens, que tendes um filho que possui o sestro

de gaguejar, sestro que mais facilmente apanhado pelas crianas, ao

imitarem seus companheiros. A fim de tratardes com bons resultados esse

hbito, deveis dizer ao menino: -"Hei de vir ver-vos esta noite, quando

estiverdes dormindo profundamente, e vos falarei. No ficareis

surpreendido de ouvir-me falar-vos e no carecereis de acordar-vos, mas

tendes que me responder quando eu vos falar".

Mtodo para dar sugestes durante o sono. -Depois de haverdes dado

todo o tempo necessrio para deitar-se, ireis procura-lo e, deitando-vos a

seu lado, acariciar-lhe-eis a fronte, a fim de instru-lo da vossa presena,

sem, entretanto, desarranj-lo do seu sono a ponto de acord-lo.

Naturalmente, o menor barulho o despertaria e, para desenvolver este

tratamento, ser-vos-ia, ento, necessrio usar do mesmo processo que na

hipnotizao do paciente. Dir-lhe-eis, pois, que tudo vai bem, que deve

fechar os olhos imediatamente e que se ponha de novo a dormir. Fazei

estas sugestes com toda a nfase, cujo efeito entorpec-lo, preparandoo

para o sono; adormecer logo profundamente e no se despertar,

quando lhe falardes. No h muita probabilidade de que ele se acorde, se

souberdes conduzir a experincia. Deveis dar provas de uma pacincia

muito grande, a fim de captar-lhe, lenta e gradualmente, toda a ateno.

No deveis apressar-vos em levantar a voz. Falai em tom muito lento e

bem claro, mas sem precipitao.

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Processo para ministrar sugestes calmantes. -Dizei tranqilamente:

"Estais dormindo profundamente e no podeis acordar-vos; estais-me

ouvindo a voz; nada do que eu vos disse vos perturbar durante o sono.

Quando eu vos falar, podeis responder-me. Senti-vos bem?" No vos

responder, muito provavelmente, desde logo. Importa que o acostumeis

a responder-vos sem acordar-se; continuareis, pois, a acariciar-lhes levemente

a fronte, atraindo-vos toda a sua ateno. Ponde-lhe de leve um

dedo sobre a boca e dizei: "Quando eu vos tocar a boca, podereis falar;

podeis dizer sim". A criana mover, geralmente, os lbios e far meno

de articular um som, mas no ouvireis nenhum. Ao verdes esse

movimento dos lbios podeis repetir a sugesto e afirmar-lhe,

positivamente, que na noite seguinte poder falar-vos com toda a

facilidade.

Cura da gagueira. -Ocupai-vos, ento, em dar-lhes as sugestes

necessrias cura da gagueira, como as seguintes: "Vereis amanh que

vos ser faclimo falar sem nenhuma hesitao na vossa conversao.

Falareis to bem, to corretamente, to claramente como eu. No

gaguejareis nem hesitareis na vossa conversao". Repeti-lhe estas

sugestes uma vez maia, fazendo.as muito enfticas e positivas; deixai.o,

ento. Provavelmente, na manh do dia seguinte, no ter nenhuma lembrana

do que lhe dissestes, mas percebereis uma sensvel melhora na sua

pronunciao e pode acontecer que, no correr do dia, as vossas sugestes

lhe voltem ao esprito pela sua memria semiconsciente e ele seguir,

ento, o que lhe dizeis e de que modo lhe dissestes. Pode acontecer,

tambm, que no se lem