curb

68

Upload: liliana-novais

Post on 24-Mar-2016

212 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

revista urbana

TRANSCRIPT

Page 1: Curb
Page 2: Curb
Page 3: Curb

INDEX

4 NO MEU BAIRRO

8 NOVOS ARTISTAS

8 VITRIO

12 LUÍS PAIXÃO

16 MÚSICA

16 GROOVIE RECORDS

18 TIAGO GUILLUL

20 ARCADE FIRE

24 CULTURA URBANA

24 OS GÉMEOS

36 CINEMA

36 PART-TIME QUEEN

40 MISSION: DONE!

42 TEATRO

42 TEATRO MERIDIONAL:

1974

46 IDEIAS CRIATIVAS

46 CARL WARNER

48 BEN HEINE

50 SUNG YEON JU

51 I LOVE DUST

52 JIM VICTOR

53 DIEGO BEYRÓ

55 ELES DIZEM

55 PUBLICIDADE VS

ARTE (DE RUA)

55 GRAFFITI: ARTE VS

RABISCO

58 AGENDA CULTURAL

Page 4: Curb

Há sempre uma primeira vezO fabuloso mundo da CURB

Porquê cultura urbana?Por ser um gosto colectivo e algo que nos identifica, ir além fronteiras e além do comum. Ao vermo-nos rodeadas de pequenos grandes talentos decidimos apostar numa cultura urbana que ainda está para sair.

Nisto demos por nós a pensar qual seria o título da revista, quando já era muito óbvio o nome CURB, Cultura Urbana. CURB soava a público, encontro, lazer, e porque não a aventuras ilícitas, tudo o que consideramos necessário e interessante para a construção de uma identidade própria. A revista aborda temas do interesse comum, nomeadamente Cinema, Música, Teatro, Design, entre outros diversificados temas.Queremos operar como um registo das motivações de todos nós. Chegar a um público interessado pelos fenómenos urbanos e com consciência social. A CURB vai proporcionar um fluxo de ideias que reflictam as nossas próprias vivências e expectativas, dando uma visão global e complexa do mundo em que vivemos. Neste sentido, esta revista é um espaço onde expomos o trabalho de vários artistas das mais diversificadas áreas, artistas cujos seus trabalhos estão ainda por dar a conhecer ao mundo.

Com o mesmo sentido de inclusão, nesta edição acolhemos o precioso testemunho dos Gémeos sobre a intervenção na paisagem urbana. In-teressa-nos levar ao leitor, mais cultura, mais conhecimento, mais arte.

EDITORIAL

Page 5: Curb
Page 6: Curb
Page 7: Curb

CRÓNICA |7

No meu bairro, já não há graffitis. Existia um muro de um velho quintal onde se escreveram “Joana amo-te para sempre ass. Paulo”, mas, quando com a mesma tinta de spray riscaram a frase e escreveram “Puta” por cima, a junta de freguesia decidiu deitá-lo abaixo e usar o baldio para colocar o ecoponto.Eu não gosto de ecopontos e os mi-údos do meu bairro, felizmente, tam-bém não e, assim sendo, decidiram uma noite incendiar o dito cujo, impelidos, com certeza, pelo prazer que a admira-ção pirotécnica suscita. Como estava a dormir, perdi esse espectáculo de fogo, mas, em compensação, quando o sol começou a raiar no horizonte, pude contemplar a massa derretida e ainda fumegante, e apenas nesse momento tive em conta a sensibilidade artística

daqueles que na sociedade ponto ver-de, decidiram atribuir as cores primá-rias a tais contentores. A junta freguesia, adivinhava-se, não concordou comigo e, por isso, recusou a minha colabora-ção na tentativa de encontrarmos os autores daquela façanha para colocar-mos junto do ecoponto uma pequena placa com os dizeres “Fulano, sicrano, beltrano. Plástico, papel e vidro. 2010”. Ao invés, decidiram pela construção de um jardim moderno e, assim após pou-cas semanas, o pequeno e velho baldio recebeu três palmeiras em cimento, um pequeno caixote do lixo de plástico e dois bancos de jardim metálicos.Do ecoponto derretido não ficou qualquer vestígio e, talvez revoltados por se sentirem artistas caídos no es-quecimento, os miúdos do meu bairro

NO MEU BAIRRO

queimaram primeiro o pequeno cai-xote e, em seguida, convenceram os seus pais e demais familiares a transfor-mar aquele espaço num reservatório de crescente e deveras criativa deposi-ção de lixo. No meu bairro, já não há grafittis porque, tal como a Joana e o Paulo, ninguém se ama.

No meu Bairro já não há graffitis...

Texto: Nuno Nóbrega Graffiti de Banksy’s graffiti

Page 8: Curb
Page 9: Curb
Page 10: Curb

VITRIOA CURB foi de encontro com o designer gráfico Vitrio para a sua primeira entrevista.

Page 11: Curb

NOVOS ARTISTAS |11

CURB: É mais que certo que o teu trabalho inspira muitas pessoas. O que te inspira a ti?Vitrio: Eu costumo dizer às pesso-as que tudo é tudo! A meu ver, não existe nenhum foco como ponto principal numa concepção gráfica. O que é realmente importante é a coerência estilística, visto que a ale-atoriedade se realçou em uma gran-de fonte de inspiração. Acho que a partir de um emaranhado de ideias, gere-se um bom resultado final e para isso acontecer, apenas é neces-sário ter consciência de qual é o mo-mento exacto em que essas ideias se cruzam determinando apenas uma. Contudo, grande parte da minha concepção visual foi profundamente

marcada por assuntos como as teo-rias da forma, questionando a comu-nicação ou a percepção do receptor, estudos provenientes de Gestalt onde a Bauhaus ou a Escola de Ulm se basearam para grande parte das suas iniciativas. Portanto acho que posso mesmo chegar a afirmar que aspec-tos como toda a ideologia Bauhaus e a pregnância da forma têm sido desde cedo uma grande influência, encontrando-se regulamente paten-te nas minhas composições gráficas, por vezes, de modo a obter uma am-biência geométrica pretendida.

CURB: Indica-nos dois nomes que sejam importantes para ti no mun-do do Design gráfico e porquê:

Perspectiva

Page 12: Curb

12|

Vitrio: Talvez Van Doesburg, por ser um dos primeiros a reconhecer a quarta dimensão como elemento gráfico fundamentando a emancipa-ção do homem em relação à nature-za no que diz respeito ao que tange espaço e tempo. E Keith Harring por ser um exemplo em que até os elementos mais expressionistas po-dem ser aplicados em qualquer tipo de superfície comercial enraizando a linguagem própria.

CURB: Em poucas palavras como descreves o teu trabalho?Vitrio: Não tenho uma forma de elaborar um trabalho conjunto. Gosto de experimentar ambiências diferentes e de me renovar a mim

próprio, o tanto quanto possível. É muito importante para mim man-ter um corpo ecléctico de traba-lho, por isso para além de toda a referência geométrica, tenho me sentido atraído para outros cam-pos de concepção como a ceno-grafia, o modelismo, a paginação, a manufactura, e a ilustração clás-sica e contemporânea. Não tenho propriamente um método de pro-dução estipulado ou um sistema operativo específico, mas sim uma enorme paixão e curiosidade pelo ainda não alcançado, seja de uma forma visual, ou justificativa.

Texto: Susana SimõesFotografia: Susana Simões

Entre Polos

Page 13: Curb
Page 14: Curb

LUÍSPAIXÃO

Fomos ao encontro de um dos jovens mais promissores no mundo das artes plásticas, Luís Paixão para uma entrevista sobre o seu trabalho.

Page 15: Curb

NOVOS ARTISTAS |15

CURB: Quando começas-te a in-teressar-te por artes plásticas? Luís Paixão: O interesse pelas artes plásticas surgiu na transição do en-sino básico para o secundário, pois sempre tive um gosto especial pelo desenho.

CURB: Artes plásticas é a profissão que queres seguir, ou tens outros objectivos a atingir? Luís Paixão: Não escondo que as artes plásticas sempre foi uma área que eu sempre gostei , daí estar a frequentar o curso de Artes Plásti-cas na Esad. Cr. Por natureza sou muito ambicioso e certamente que tenho outros objectivos a atingir, nomeadamente ligados à música e

à educação mas nos quais as artes plásticas estarão sempre presentes. Tenho em mente tirar um mestra-do na área da gravura noutro país ou até mesmo o mestrado em Artes Plásticas na Esad.Cr.

CURB: Em que é que te inspiras?Luís Paixão: A minha prática e gos-to pela apicultura foi um dos meus temas iniciais de trabalho e fonte de inspiração. Ao desenvolver o meu trabalho tenho sempre presen-te esse aspecto, pois é a partir dele que quero explorar e transportar os meus trabalhos para o mundo da arte contemporânea.

Sem Título

Page 16: Curb

16|

CURB: Quais são para ti os nomes mais importantes do mundo das artes plásticas e porque?Luís Paixão: Nomes como Joseph Beuys, Francis Bacon, Susana Solano, Alberto Giacometti entre outros, são nomes que sempre me despertaram interesse no mundo das artes. Estes nomes devido ao facto de ao come-çar a desenvolver os meus primeiros trabalhos e ao fazer uma pesquisa aprofundada sobre artistas plásticos, reparei que de certa forma alguns dos aspectos do meu trabalho foram tratados por esses artistas de uma forma muito vincada.

CURB: Como vês o mundo actual das artes plásticas?Luís Paixão: No meu ponto de vis-tas as artes plásticas nunca foram le-vadas muito a sério. Hoje em dia há cada vez mais um reconhecimento e uma valorização por parte da po-pulação em relação às artes plásticas. É com o esforço dos professores, das escolas e dos artistas que se come-çam a formar, que as artes plásticas estão a afirmar-se cada vez mais neste mundo competitivo a nível da criatividade em que vivemos.

CURB: Qual é a tua definição so-bre arte?Luís Paixão: Para mim a arte tem o valor que nós lhe damos. A arte é algo que surge do interior do artista para ser exposto ao mundo, ela está na escrita, na pintura, na fotogra-fia, num movimento, a arte está em tudo. A arte é o conhecido e o des-conhecido representado por visões diferentes e iguais.

Texto: Liliana NovaisFotografia: Liliana Novais

Sem Título

Page 17: Curb
Page 18: Curb
Page 19: Curb

MÚSICA |19

GROOVIERECORDSA Groovie Records nasceu na visão de Edgar Raposo, melómano inveterado, amante desde sempre do vinil.

UMA LIÇÃO DE HISTÓRIA

“Tudo surgiu em 2005. Sempre gostei de rock, garage rock, etc.. Havia edi-toras que coleccionava e que sempre comprei discos, e de um momento para o outro surgiu a oportunidade de editar um disco, no caso dos DTs. Foi ai que criei a Groovie Records “, começa por adiantar Edgar.Se, a começo, a ideia era a de editar reportório novo de diferentes tipos de artistas, a entrada de Luís Futre, ano e pouco depois, veio mudar as direc-trizes que regiam até então a Groo-vie. “A ideia maior da minha entrada na editora foi a de puxar um pouco pelas reedições, editar algumas coisas portuguesas do passado e não só, ir buscar artistas lá fora”, destaca Futre. Edgar Raposo completa a ideia afir-mando que “provavelmente teria ido

lá parar (às reedições), já que 80% da música que oiço tem mais de 20 anos. E os restantes 20% são de coisas mais recentes que soam a coisas de há 20 anos atrás. O luís trouxe um Know-how fundamental para a Groovie, até por ser um pouco mais velho que eu. A entrada dele foi muito importante e acabamos por nos completar muito bem na editora”, remata.Um dos grandes marcos da Groovie Records foi a reedição de um 7’’ de Jo-aquim Costa citada como um dos gran-des e pioneiros do rock feito em Por-tugal. “a editora do disco do Joaquim marca ponto de viragem no seio da editora. Foi a nossa primeira reedição, a mais marcante e marca um período de consciencialização de um caminho de reedição – era este o caminho que

queríamos tomar, chegamos a esta con-clusão nesse período”, reflecte Edgar. Em tempos de entusiasmo redobrado pelo formato do vinil, a dupla garan-te a intemporalidade do formato por oposição a diferentes tipos de platafor-mas de armazenamento de música.

www.groovierecords.com

Texto: Pedro FigueiredoFotografia: CURB

Page 20: Curb

20|

TIAGO GUILLULPor esta altura já devem ter ouvido falar de Tiago Guillul um músico punk que canta versos onde a religião se une à ironia.

QUE SE DANE O ROCK’N ROLL

Tiago Guillul diz-nos que não é sin-toma de bipolaridade ser, ao mesmo tempo, um quase Pastor e um músi-co punk. Nós acreditamos: «Os vários Tiagos…São todos o mesmo…O mi-údo que cresce numa Igreja Batista e,

muito habituado a musica (os protes-tantes sem música morrem), a apren-der alguns instrumentos na infância e adolescência (órgão e guitarra); que a seguir forma bandas com outros miú-dos dessa Igreja (em Queluz) e que aí encontra espaço para ensaiar; mais tar-de, actualiza a aventura musical pensan-do em termos de uma editora; e que, paralelamente, olha para o ministério do Estudo e Pregação da Palavra como

a melhor vocação possível – púlpito e guitarra eléctrica seguem juntos.»São coisas demasiado importantes para mim para que não se misturas-sem.» Estas referências surgem num tom que foge à retórica da pregação e

que está mais próximo de uma ironia que, para quem não conhece o per-curso do músico, pode ser considera-da puramente subversiva.Tudo isto em português, porque para o músico o uso do português é uma questão de fundamentalismo que se estende à FlorCaveira: «Somos abso-lutamente fundamentalistas, na Flor-Caveira, quando à questão da língua. A vantagem de uma boa regra é ela

comportar boas excepções (embora me pareçam escassíssimas)». Diz ainda que «A FlorCaveira é uma editora musical embora acabe poder ser mais. É um grupo de amigos que tem crescido. A religião e o “panque-roque” une-nos. Querer fazer por conta pró-pria. Darmo-nos ao luxo de nos deixar-mos encantar com os talentos de pouco mais que duas mãos cheias de gente.Gravarmos à nossa maneira com aquilo que estiver à mão: baixa-fidelidade, alta, se calhar. E quando mais conheço a in-dústria, que não demonizo, mais gosto da medida paroquial da FlorCaveira.»

o miúdo que cresce numa igreja batista

www.myspace.com/guillul

Texto: Emanuel AmorimFotografia: CURB

Page 21: Curb
Page 22: Curb
Page 23: Curb

MÚSICA |23

ARCADEFIRENuma era em que música é praticamente sinónimo de MP3, os Arcade Fire lançam discos em vinil, mandam postais aos fãs e apelam à comunhão e ao otimismo. Uma banda clássica nos tempos modernos? Com certeza.

A VIDA DELES DAVA UM HINO

Há um pequeno abalo sísmico de cada vez que os Arcade Fire anunciam o lançamento de um novo disco. Desde o Outono de 2004, ano em que Fu-neral estendeu, os seus tentáculos em redor do globo musical, que o apelo dos canadianos não tem cessado de crescer. É verdade que, Funeral conti-nua a não ter paralelo no coração de muitos fãs. Inspirado na morte de vá-rios familiares da trupe liderada pelo casal Win e Regine Butler, o primeiro álbum dos Arcade Fire é, sem margem para dúvidas, um dos mais impres-sionantes debutes da última década e uma obra que se presta a misticismos e lendas rock and roll.Recebido com a habitual mistura de sofreguidão e ceticismo que persegue os segundos discos das bandas que,

logo na estreia, “encestam” um clássico, Neon Bible, em 2007, perdeu em efei-to surpresa o que ganhou em pujança, todavia, e por mais que algumas das suas feições surgissem exacerbadas, os Arcade Fire ainda eram os Arcade Fire e não outra banda qualquer; a singula-ridade da sua música espelha-se, de res-to, na quantidade de grupos que, nos últimos anos, colheu a sua semente. Num ano de 2010 marcado por regres-sos de peso no que ao campeonato in-die diz respeito é aos Arcade Fire que a coroa das expectativas continua a servir. Mais uma vez reunida no seu estúdio-igreja, a banda foi generosa na dose: The Suburbs, o terceiro álbum, é um conjun-to de 16 canções intensas e desconcer-tantes. O multi-instrumentista Richard Reed Parry, membro dos Arcade Fire

diz sobre The Suburbs “Sem dúvida que queríamos experimentar sons novos. Essa é uma das coisas que te ajudam a manter o interesse - e tu tentas sempre encontrar formas naturais de manter o interesse naquilo que estás a fazer”.

www.arcadefire.com

Texto: Liliana NovaisFotografia: CURB

Page 24: Curb
Page 25: Curb
Page 26: Curb
Page 27: Curb

OSGÉMEOSPara quem mora lá, o céu é lá

Page 28: Curb

Os Gémeos são uma dupla de irmãos gémeos que fazem graffiti. São de São Paulo e nasceram em 1974. Os seus ver-dadeiros nomes são Octávio e Gustavo Pandolfo, formados em desenho de comunicação pela Escola Técnica Estadual Carlos da Campos, começaram a pintar grafittis em 1987 no bairro em que cresceram, o Cambuci, e gradualmente torna-ram-se uma das influências mais importantes na cena paulis-tana, ajudando a definir um estilo brasileiro de graffiti.

Destas duas mentes transbordam todas as cores e sabores da imaginação. Lá tudo é possível e qualquer sonho se torna realidade. A inspiração para tan-tos desenhos e fábulas mágicas vem da forma com que a dupla, conhecidos como OS GEMEOS, reflectem em seu interior a realidade e a fantasia que lhes rodeiam. Cada pequeno detalhe, porque são através deles que suas obras assumem esta forma já tão reconhecí-vel, são componentes importantes na criação do mundo fantástico, cheio de histórias quotidianas em forma de po-esia. O mundo encantado em que vi-vem todos os seus personagens e que funciona como a janela da alma única dos irmãos gémeos é repleto de uma

mistura harmoniosa entre realismo e ficção. As suas histórias dançam entre dois importantes pilares. O olhar so-nhador que possibilita a materializa-ção de um mundo cheio de fantasias e as suas críticas incisivas sobre as difi-culdades enfrentadas por tantos cida-dãos espalhados pelo mundo, vitimas de um modelo socioeconómico que se encontra em grande transformação. Dessa união nascem obras que invo-cam um universo lírico e criações que mesclam ambas projecções, como se os próprios personagens mágicos criticas-sem com olhos inocentes toda a dis-crepância que existe nesta sociedade. Foi quando ainda viviam no mundo da fantasia ingénua e infantil, que tudo começou. Desde pequenos a manei-ra de brincar e construir os cenários Intervenção num prédio em Lisboa

Page 29: Curb

CULTURA URBANA |29

onde os seus personagens habitavam era minuciosa. Desmontado as peças originais de presentes que recebiam, os irmãos refaziam com toda a deli-cadeza um outro universo. Com três anos de idade os lápis de cor e a ima-ginação já estavam presentes nos jogos e em todos os papeis espalhados pela casa. O incentivo para mergulhar no mundo criativo que existia dentro de-les sempre esteve presente na família, composta de outros artistas, como o ir-mão mais velho Arnaldo e a mãe Mar-garida. Também foram o pai e os avós que trouxeram à tona uma forma de apresentar ao mundo real toda a ânsia criativa que lhes transbordava.O graffiti entrou na vida dos irmãos em 1986, quando ainda viviam na re-gião central de São Paulo onde pas-

saram a infância e a adolescência. A cultura hip hop chegava ao Brasil e os jovens do bairro começaram a colo-rir as suas ideias nos muros da cidade. Naquela época, com apenas 12 anos, tudo era novidade e sem ter de onde tirar as suas referências, Gustavo e Oc-távio improvisavam e inventavam a sua própria linguagem, pintando com tin-tas de carro, látex, spray e usando bicos de desodo-rizante e perfu-me para moldar os seus traços; já que ainda não exis-tiam acessórios e produtos próprios para a prática. O que a cidade lhes proporcionou foi essencial para o de-senvolvimento de todas as habilidades que se transformaram depois no estilo

próprio e imediatamente reconhecí-vel dos artistas. Uma infância criativa, que rendeu duas vidas ao mundo da arte contemporânea. O graffiti actuou sempre como uma válvula de escape para a dupla. Uma maneira que encontraram de criar um mundo onde só se pode penetrar através das suas mentes e onde tudo funciona

pela lógica própria de Tritrez, o univer-so habitado pelos personagens amarelos, onde brilha e reina a sintonia entre to-dos os seus elementos. Cada parte e cada detalhe estão mergulhados na magia que envolve a imaginação dos irmãos.

gustavo e octávio improvisavam e inventavam a sua própria linguagem

Page 30: Curb

Novos ventos começaram a soprar em 1993 com a visita ao Brasil do artista plástico e graffiter Barry Mgee (Twist), de São Francisco. Mgee que chegou a São Paulo para realizar uma exposição de arte contemporânea mostrou aos irmãos a possibilidade de viver a fazer o que se gosta. Nesta época por diver-são, Gustavo e Octávio, que acabavam de completar 19 anos, já haviam co-meçado a desenvolver um estilo pró-prio e a fazer trabalhos publicitários e decoração em lojas e escritórios com os seus graffitis. Começavam desta forma a viver única e exclusivamente deste maravilhoso dom que ocupava quase 100% de seus seres. Em 1995, realizaram uma exposição conjunta sobre arte de rua no MIS – Museu da Imagem e do Som – de São

Paulo e um ano depois uma pequena mostra de algumas peças e instalações numa casa na Vila Madalena.Mas a vida como artistas plásticos com o estilo já quase completamente ma-duro aconteceu pouco tempo depois em Munique (Alemanha) a convite de Loomit, grande nome do mundo da Street Art que descobriu a dupla bra-sileira numa revista internacional sobre o tema. Com este convite, a dupla em-barcou numa viagem sem volta pelo mundo realizando projectos em parce-ria com outros artistas e finalmente em 2003 a primeira exposição a solo na ga-leria Luggage Store, em São Francisco. Um grande salto veio quando os ar-tistas entraram para a galeria Deitch Projects de Nova York em 2005, onde as suas obras tomaram forma dentro do

mercado de arte contemporânea. No momento em que ingressaram para o universo das galerias, a dupla pôde trazer as suas criações para um mundo muito além das ruas. Com isso, as suas ideias tomaram formas tridimensio-nais em esculturas e instalações feitas de maneira peculiar com todos os ele-mentos e detalhes que se podem acres-centar quando um desenho salta do papel e chega ao mundo real. Apenas um ano depois, já com um nome for-te no exterior, OS GÉMEOS fizeram a sua primeira exposição no Brasil na Galeria Fortes Vilaça, em São Paulo. A pintura feita nas ruas e as criações fei-tas para obras e instalações em galerias

I’m thinking of a small town I visited last night in a dream

Yes, we’ll go in a minute, I’m just checking my messages

Page 31: Curb

CULTURA URBANA |31

Page 32: Curb

32|

mentes. É a porta aberta e o convite para mergulhar no humor e nas delí-cias de poder criar um mundo da nossa própria maneira e com todas as cores e fantasias que se possa imaginar.

partem do mesmo mundo onírico que existe dentro da mente da dupla, mas tomam rumos distintos. A primeira é o próprio diálogo dos artistas com as ruas, com cada pessoa que passa e de forma directa ou indirecta interage com a pintura, isto é o graffiti. A se-gunda é a materialização de sonhos, ideais, críticas sociais e políticas que retratam o universo vivido dentro, em contraste com que se apresenta fora no dia-a-dia dos próprios irmãos. No momento em que todas estas ideias entram dentro de uma galeria deixam de pertencer ao graffiti e passam a fazer parte do mundo que envolve a arte contemporânea.A imaginação é as asas que os gémeos utilizam para ir aos mais divertidos e ilusórios lugares que habitam as suas

Texto: Liliana Novais e Susana Simões

Fotografia: CURB

No Verão tiveram o seu trabalho exposto no Museu Berardo. No entanto, ainda é possível ver o seu trabalho em Lisboa, já que fizeram uma intervenção num edifício abandonado na Avenida Fontes Pereira de Melo.

GÉMEOS EM LISBOA

Page 33: Curb

CULTURA URBANA |33

Gigante Título Desconhecido Título Desconhecido

Page 34: Curb

34|

Page 35: Curb

CULTURA URBANA |35

Exposição” O Peixe que Comia Estrelas Cadentes”

Page 36: Curb
Page 37: Curb
Page 38: Curb

38|

Part-Time QueenPart-Time-Queen é a mais recente curta metragem de Fábio Guerreiro e Ricardo Braga, finalistas do curso Som e Imagem na Esad.CR., esta é a primeira curta metragem com apoios do IPL, M.Cultura e ICA.

“Quando o destino do pequeno Julinho se cruza com o de Chantel, um travesti que se prostitui, inicia-se um périplo sobre a história de um príncipe que outrora foi rainha em part-time. Mas até que ponto a fantasia pode prevalecer quando confrontada com a realidade?”

É um filme de drama fantasia que transmite uma mensagem reflexiva sobre a influência em determinados grupos sociais na sociedade, tem uma

grande dose de divertimento, diferen-te do que uma profissão normalmen-te representa. A produção de Fábio Guerreiro e Ricardo Braga é boa para quem pretende rever a típica vida de prostituição, para quem dá importân-cia a valores como sonhos, sacrifícios, e desafios profissionais. Part-Time Queen tem a base do que deve ser o cinema: muita paixão, muito amor à arte, muita energia, incidindo em conceitos muito simples e muito hu-manos. Foi uma grande rodagem com

“À medida que fomos realizando o projecto percebemos como é tão importante produzir mais cinema independente.” Fábio Guerreiro

MAIS CINEMA INDEPENDENTE

um resultado final ainda por desco-brir com grandes expectativas. Um filme que conta com um elenco onde se destacam dois actores conhe-cidos da televisão de hoje, Joaquim Nicolau e Igor Sampaio.

Texto: Édite SantosFotografia: CURB

Page 39: Curb

Até que ponto a fantasia pode prevalecer quando confrontada com a realidade?

Bastidores

CINEMA .39

Page 40: Curb
Page 41: Curb
Page 42: Curb

Bastidores

Espião B-77

Page 43: Curb

CINEMA |43

Mission: Done! Mission: Done! é um dos primeiros trabalhos do novato realizador Jor-ge Machado, aluno do curso de Som e Imagem da ESAD.CR., é a nova aposta dos filmes de acção do cinema Português.

Titulo: Mission: Done!Ano: 2010Género: Acção, MistérioRealização: Jorge MachadoArgumento: Jorge Machado, Afonso Oliveira e David FonsecaPaís: PortugalMontagem: David FonsecaEfeitos Especiais: David FonsecaSom: Zé Sequeira e Henrique V.Elenco: Nuno Trigo, Henrique V., David Fonseca, Afonso Oliveira, Ângela Rodrigues

O realizador Jorge Machado conta a história do agente secreto B-77, um gélido e calculista assassino profissional que tem como missão destruir o leito de um grupo terro-rista escondido numa base secreta. O grupo está a produzir um chip capaz de destruir uma cidade intei-ra. A tarefa do espião B-77 é pene-trar na base do inimigo e encontrar o chip para ser destruído.

Mission: Done! É a mais recente cur-ta-metragem de Jorge Machado, mis-tura muita acção com policial, sensu-alidade com suspense. Ainda sem data marcada para a estreia, mas espera-se que estreie ainda antes do final do ano. O novato realizador aposta num género ao estilo Hollywoodnense,

com muita acção e aspectos inovado-res na realização de curtas.De ritmo deliciosamente lento, Mis-sion: Done! nunca é menos que hipnótico. Dirigido com a mesma precisão e habilidade que o seu pro-tagonista demonstra ao matar. A curta exibe cada cena, cada momento, cada enquadramento de forma a seduzir a atenção do espectador desde os pri-meiros minutos. Um convite à degus-tação cinematográfica.

Texto: Brígida SantanaFotografia: CURB

Page 44: Curb
Page 45: Curb

TEATRO |45

No ano em que foi distinguido com o Prémio Europa Novas Realidades Teatrais, um galardão criado pela Co-missão Europeia com o pressupos-to de distinguir o melhor do teatro europeu, o Teatro Meridional leva ao palco do Teatro Nacional um espec-táculo que pretende ser uma reflexão sobre a construção da identidade na-cional na segunda metade do século XX. O Meridional tem sido uma das mais consistentes companhias nacio-nais, tendo desenvolvido um trabalho linear, despojado, rigoroso e de exce-lência cuja tónica assenta sobretudo no trabalho de actor. Fundada em 1992 a companhia começou por se desenvolver como um projecto do sul da Europa, integrando inicialmente actores de origem italiana, espanhola

e portuguesa. Ficaram para a história espectáculos memoráveis como Ki Fatxiamu Noi Kui, Ñaque ou Calisto. A orientação para a lusofonia, outra das facetas da companhia, traduziu-se em espectáculos como A Varanda de Frangipani ou Mundau. A reflexão sobre a portugalidade tem vindo a ser encontrada em espectáculos como Para Além do Tejo ou Por Detrás dos Montes. 1974 segue esta mesma linha. Três períodos: a ditadura, a Revolução de Abril e a entrada de Portugal na CEE. Uma identidade que se constrói também através da fisicalidade dos próprios actores e que definem para além das palavras que proferem.

1974O grupo encenado por Miguel Seabra, conta com um elen-co de luxo: Carla Galvão, Cláudia Andrade, David Pereira Bastos, Emanuel Arada, Inêa Lua, Inês Mariana Moita, João Melo, Rui M. Silva, Sara Vaz e Susana Maderira.Vai estar em cena até 19 de Dezembro, no Teatro Na-cional D. Maria II, em Lisboa.

TEATRO MERIDIONAL

Texto: Liliana NovaisFotografia: CURB

Tangible é uma reflexão que parte do conceito de “crescente fértil”, berço da civilização, até ao momento em que se considera a região mais instável do globo. A companhia Tg Stan vai estar em Lisboa de 8 a 11 de Dezembro.

THE TANGIBLE

BREVE

Page 46: Curb
Page 47: Curb
Page 48: Curb
Page 49: Curb

IDEIAS CRIATIVAS |49

Carl Warner, é um fotógrafo inglês nascido em Liverpool em 1963, ini-ciou a sua carreira numa Escola de Arte originalmente como Ilustrador. Tinha um grande talento para o de-senho, mas rapidamente descobriu que as suas ideias e o seu olho criativo ligavam melhor com a fotografia. Ao longo dos últimos dez anos, Carl tem desenvolvido um conjunto de traba-lhos de paisagens feitas com comida, as suas obras são a imagem de muitas marcas de comida por todo o mundo. A publicação das imagens na TV e em muitos sites de jornais, levou à cria-ção de e-mails em formato pdf, mui-tos tornaram-se famosos e estão ainda hoje a ser passados na internet.As “Foodscapes” (Paisagens de Comi-da) são criadas no estúdio de Carl em

Londres, onde são montadas em cima de uma grande plataforma. As várias partes são fotografadas em layers des-de o primeiro plano da imagem até ao plano de fundo. Na pós-produção todos os elementos fotografados em estúdio são então montados até obter a imagem final. Segundo Carl, apesar de fazer o seu trabalho muito espon-taneamente, admite que usa modelos de marcação e food stylists (estilistas de comida) para o ajudarem a criar os cenários. Inicialmente, começa com um esboço geral da composição como guia para a equipa. A ideia de Carl é dar ao público a impressão de estar a ver a imagem como um fantástico mundo real onde tudo é feito com comida. No final explica que apesar de haver um grande desperdício de

CARLWARNER

As Foodscapes trazem-nos paisagens de um mundo utópico onde tudo é feito com comida, e onde as cores e texturas aliam a disciplina do trabalho em estudio à espontaneidade do trabalho de rua com a luz natural.

Texto: Brígida Santana

Vegetables ForestCabbage Sky

Broccoli Forest

www.carlwarner.com/index_small

Foodscapes

comida, nem tudo é lixo, pois a comi-da que ainda é comestível é partilhada com os vários elementos dá equipa e a restante tem mesmo que ser deitada fora por ter sido colada e quimica-mente tratada para a montagem.

Page 50: Curb

50|

Graduado no instituto de estudos mais elevados nas comunicações sociais, nas-ceu em Abidjan, na Costa do Marfim e actualmente reside e trabalha na Bél-gica. É um artista multifacetado, apesar de ser um estudioso das artes gráficas e da escultura, Heine é, curiosamente, formado em jornalismo. É no entanto nas artes que todo o seu talento e ima-ginação mais se fazem notar. Nenhum dos seus trabalhos e até a sua forte per-sonalidade passam despercebidas. Ini-cialmente pintor e ilustrador, sempre gostou de desenhar. A sua paixão pela fotografia surgiu mais tarde, quando se apercebeu o quão criativa e poderosa é esta arte (refere mesmo que os seus es-tudos em jornalismo lhe deram alguns conhecimentos técnicos nesse campo). A sua inspiração vem da arte de muitos

outros fotógrafos, mas devido ao seu carácter forte, Ben, seguiu o seu pró-prio caminho artístico. O artista bel-ga faz uma indicação crítica poderosa através das suas caricaturas e ilustrações. Nos trabalhos protesta contra o impe-rialismo e outras violações dos direitos humanos em torno do mundo.O conceito original destes trabalhos consiste em opor imaginação à rea-lidade, desenho e fotografia, usando ferramentas básicas. Lápis e Máquina fotográfica. Segundo Ben, “Não há li-mites. Tudo é possivel. A única barrei-ra é a sua percepção do mundo.”

BENHEINE

Benjamim Heine, mais conhecido como Ben Hei-ne, é um caricaturista e jornalista, que gosta de se aventurar em diversos mundos. O seu trabalho une a incrível técnica gráfica do desenho a lápis com o encanto da arte fotográfica.

Texto: Édite Santose Brígida Santana

www.benheine.com

O melhor de duas artesPencil vs Camera

Títulos Desconhcidos

O artista brasileiro apresenta um conjunto de fotografias a preto-e-branco de grande formato que revelam a arquitectura como principal foco de interesse. A exposição chama-se “Reflexões” e vai estar em Lisboa até 8 de Janeiro.

MAURORESTIFFE

BREVE

Page 51: Curb
Page 52: Curb

52|

SUNGYEONJU

As suas criações são vestidos comestíveis, bonitos e elegantes, vestidos feitos de tomate, beringela, banana, pão, repolho roxo e raiz de lótus, e outros variados alimentos. As suas criações surpreendem qualquer espectador, não só pela sua criatividade mas como também conseguir realizar ao pequeno detalhe e com perfeição os seus projectos. Este é o seu primeiro projecto que começou há dois anos até aos dias de hoje. Esta série trata o conceito de criar as imagens que associa a realidade real e a realidade preparada em muitos níveis.Infelizmente, os vestidos são apenas para olhar. Somos certos que sua influência viverá em colecções dos desenhadores futuros.Sung Yeonju de 29 anos vive e trabalha na Korea, sabemos que o seu trabalho será apresentado na próxima exposição numa galeria de arte contemporânea da Korea, a Janeiro de 2011 em Los Angeles.

A moda de roupas feitas com comida definitiva-mente expandiu. Depois de “Hunger Pains de Ted Sabarese “(consiste em fotografar modelos que vestem roupas de comida), temos agora o projec-to “Wearable Foods” (ou Comidas Vestíveis) da ar-tista coreana Sung Yeon Ju.

Texto: Édite Santos

Red CabbageSpring Onion

Lotus Root

www.yeonju.me

Page 53: Curb

IDEIAS CRIATIVAS |53

ILOVEDUST

I love dust é um estúdio /boutique de Design. Esta inovadora empresa tem dois estúdios em Inglaterra, um primeiro localizado no coração de East London e o segundo na costa litoral Inglesa. Respectivamente rodeados pela paisagem campestre e apenas a um curto passo do oce-ano. Desfrutam de pontos de vista distintos de trabalho e usufruem da azáfama e energia da cidade. A mistura de ambos os ambientes fornece-lhes uma perspectiva única e inspiradora. Ao longo dos anos e graças ao enorme empenho e esforço de equipa, foram angariando grandes clientes como a MTV, Ray Ban, Nike e Levi´s, todos os seus trabalhos são personalizados e representam na sua grande maioria a imagem de grandes marcas. Num estilo único e inovador, I love dust dá asas a uma nova amostra de arte urbana, através de calçado, outdoors, publicidade, packaging e incluindo a tipografia. Aqui ficam alguns exemplos do que um ambiente inspirador e uma equipa unida pode fazer pelo Design e Cultura Urbana dos dias de hoje.

Uma nova empresa de Design e Ilustração que veio inovar a indústria e a imagem de grandes mar-cas como a Levi’s, Nike, MTV e muitas outras.

Texto: Brígida Santana

Life Cloud (Vodafone)Bill’s Milkshake

Odin Munny

www.ilovedust.com

Page 54: Curb

54|

JIMVICTOR

Jim Victor faz este tipo de trabalho há mais de trinta anos, os seus traba-lhos são expostos em feiras agrícolas pelos Estados Unidos. Além do uso da manteiga como principal elemento para composição das suas escul-turas, Jim também faz arte com chocolate, queijo, especiarias, sem contar com o bronze e outros metais. Esculpe formas humanas e animais nos seus tamanhos reais. O trabalho dele é fantástico e super criativo.Além de o Queijo não ser o meio artístico mais distinto de Jim, este possui uma coisa para produtos lácteos. Iniciou-se para trabalhar com madeira, mas depois, respondeu a um anúncio para um escultor da manteiga na amostra da exploração agrícola do estado de Pensilvânia nos anos 90, foi o “cotovelo-profundo” na manteiga. Revela como as constrói, mas não sugere comer as esculturas depois de o trabalho estar terminado.

Já deves ter visto pela internet vários tipos e forma-tos diferentes de esculturas, sejam feitas de madei-ra, papel e até mesmo esculturas de abóbora. Mas tenho a certeza que nunca tinham visto esculturas feitas de manteiga, é isso mesmo, o autor das obras é americano e chama-se Jim Victor.

Texto: Édite Santos

DonkeyMarilyn Monroe

Dairyville

www.jimvictor.com

Page 55: Curb

IDEIAS CRIATIVAS |55

DIEGOBEYRÓDiego Beyró é um jovem artista plástico que se apresenta com uma obra curiosa, “Orgastic”.

Diego Beyró nasceu a 1984 em Buenos Aires, na Argentina. Estudou Artes e é hoje um original artista plástico.Beyró tem um trabalho no mínimo diferente, quer pelo interessante tema que escolheu, quer pelo material.O seu trabalho chama-se “Orgastic” e trata-se de uma série de trabalhos que retratam expressões do rosto humano no limite da excitação. O que torna o trabalho ainda mais interessante é o tamanho, o facto de estam-par os rostos em lençóis ao invés de telas, reforça ainda mais o apelo da cena retratada, pois os lençóis remetem-nos para a cama, ainda que não tenha que se tratar necessariamente de uma cama. Vale a pena nem que seja só para olhar, pois esse momento muitos querem, mas poucos têm a oportunidade de o ter.Diego teve o seu trabalho exposto na MiArt ArtNow! 08, uma impor-tante feira internacional que aconteceu em Milão no ano de 2008.As fotos e o título Orgasm Series, provavelmente levam a tua mente a lembrar ou a recordar momentos no mínimo eróticos.

Texto: Liliana Novais

Série “Orgastic”

www.diegobeyro.com

Page 56: Curb
Page 57: Curb

ELES DIZEM |57

PUBLICIDADE VS ARTE (DE RUA)

GRAFFITI:

ARTEVSRABISCO

Quero abordar a apropriação da arte pela publicidade. Especificamente a arte de rua. A arte de rua, que compreende várias formas de expressão como os graffiti, stencil, stickers, posters, pintura e es-cultura, é a arte criada em espaços pú-blicos, muitas vezes sem permissão. Particularmente, adoro as investidas publicitárias que utilizam a arte de rua, ou ao menos a tem como temática. Tal tipo de publicidade potencializa a abrangência da arte e atinge públicos que, talvez, não tivessem este tipo de contacto não fosse a propaganda. Além disso, a publicidade demonstra respeito à arte e ajuda a modificar a imagem er-rônea de vandalismo que, infelizmente, ainda perdura sobre a arte de rua. Somado ao estigma vândalo que a arte carrega, alguns grandes centros cultu-rais enfrentam desafios ainda maio-res. Toda a beleza da arte urbana é abordada também como temática em mídias impressas ou até spots de tele-visão, como fez recentemente a Goo-dyear para reposicionar a sua imagem no mercado latino-americano. A mescla de arte e publicidade agrega valor a ambas, aumentando o impacto das mensagens. Seja a publicidade arte, ou não, é válido afirmar que há espaço suficiente para uma integrar a outra.

Há cada vez mais graffitis a “inun-darem” a via pública. Porém, estes dividem as pessoas que os vêm, en-quanto que uns gostam e dizem que estes são arte urbana, outros detes-tam e afirmam que isso não passa de puros rabiscos. Na minha singela opinião, os graffitis são arte sim, pois, alguns são, de facto, verdadeiras obras de arte, e, além disso, estes são uma forma dos autores expressarem a sua opinião, bem como de denunciarem no mundo aquilo que está mal e que precisa de ser mudado. É, assim, uma forma de participar activamente na sociedade, esta forma de participação é demasiado importante para ser pos-ta de lado, uma vez que, infelizmente, alguns indivíduos tendem a viver pas-sivamente na sociedade, ao invés de fazerem como, por exemplo, alguns graffiters que não temem expressar a sua opinião em relação a esta. Mas, à que ter atenção que graffitar não é fa-zer riscos e muito menos fazê-los em qualquer local, é sim fazê-los em lo-cais apropriados, mediante a autoriza-ção dos responsáveis por estes espaços. Porque a via pública é de todos e não é para estragar, logo, é necessário que tenhamos algum bom senso na forma como a utilizamos...

Rafael AmaralEstudante

Da WeaselMúsicos

Page 58: Curb
Page 59: Curb
Page 60: Curb

60| AGENDA CULTURAL

Super Bock em Stock 20103 e 4 Dez

Mais um ano, mais um grande cartaz. Este ano com B Fachada, Jorge Palma, Linda Martini, Tiago Bettencourt, entre outros. Vão estar na avenida da Liberdade e outros sítios.

Local: LisboaBilhete para os 2 dias: 40€À venda na Fnac e Ticketline

James3 Dez

A banda que foi uma instituição da música alternativa Britânica nos anos 80 e 90, vai estar em Lisboa no campo pequeno.

Local: Lisboa, Campo PequenoBilhetes a partir dos 25€À venda no Campo Pequeno

Page 61: Curb

DIEGOBEYRÓDiego Beyró é um jovem artista plástico que se apresenta com uma obra curiosa, “Orgastic”.

MÚSICA |61

Nouvelle Vague4 Dez

A banda francesa de covers vai estar no Porto, no teatro Sá da Bandeira e vai-se fazer acompanhar de duas bandas: Spokes e The Hundred in The Hands.

Local: Porto, Teatro Sá da BandeiraBilhetes a partir dos 25€À venda no Teatro Sá da Bandeira

The Legendary Tigerman4 Dez

O destemido homem dos Blues vai estar em Lisboa, no Coliseu dos Recreios.

Local: Lisboa, Coliseu dos RecreiosBilhetes a partir dos 25€À venda no Coliseu dos Recreios

Page 62: Curb

62| CINEMA

Yuki & Nina

Yuki, uma menina de nove anos, descobre que os pais se vão separar e vai ter que deixar tudo para trás. Yuki e Nina são amigas e tentam tudo para juntar os pais, ao não conseguirem fugir torna-se a única solução.

Estreia: 4 DezLocal: Lisboa, Campo Pequeno

Drama De Nobuhiro Suwa

Cópia Certificada

Esta é a história de um escritor inglês e uma galerista francesa que decidem fingir ser um casal durante um dia. O casal envolve-se tão intensamente que acaba por tornar real um amor que começou por ser fictício.

Estreia: 3 DezLocal: Lisboa, Medeia Monumental

DramaDe Abbas Kiarostami

Page 63: Curb

DIEGOBEYRÓDiego Beyró é um jovem artista plástico que se apresenta com uma obra curiosa, “Orgastic”.

TEATRO |63

O espectáculo que serve de prólogo a este ciclo, reúne um conjunto de textos de autores como Beckett, Garcia Lorca, Calderón, Kleis, Shakespeare, Pirandello, Heiner Müller e Louis Jouvet, autores esses já visitados pela companhia ao longo da sua história.

Local: Lisboa, Teatro do Bairro AltoBilhetes à venda no Teatro do Bairro Alto

Durações de Um MinutoAté 27 Dez

Os dois criadores convidaram por sua vez um conjunto de actores, bailarinos e músicos de experiências, idades e formações diferentes para dar corpo a este desafio que pretende ser uma reflexão sobre o tempo.

Local: Lisboa, Teatro São LuisBilhetes a partir dos 5€À venda no Teatro São Luis

Ciclo Máscara/Morte/RevoluçãoFim de Citação

Até 12 Dez

Page 64: Curb

64| EXPOSIÇÕES

POP UP Lisboa 20104 Nov a 11 Dez

“Viver a cidade, celebrar a cultura” é o lema do festival que regressa este mês para a segunda edição, sob o tema Nómadas Urbanos. O evento desafia criadores a intervir numa dezena de locais da cidade. O Palácio Verride é o espaço principal do festival.

Local: Lisboa, Palácio de Santa Catarina

Mostra de Arte Urbana 2010Até 31 Dez

A Galeria de Arte Urbana apresenta a Mostra de Arte Urbana 2010. Vocacionada para o Graffiti e para a Street Art, a GAU mostra anualmente as propostas de vários autores participantes na iniciativa, dando a conhecer diferentes discursos criativos e gráficos.

Local: Lisboa, Galeria de Arte Urbana

Page 65: Curb

DIEGOBEYRÓDiego Beyró é um jovem artista plástico que se apresenta com uma obra curiosa, “Orgastic”.

EXPOSIÇÕES |65

Joana Vasconcelos4 Nov a 11 Dez

São centenas de peças em cerâmica, concebidas por Rafael Bordalo Pinheiro e fabricadas a partir de moldes recuperados. A concepção artística desta instalação tem a assinatura de Joana Vasconcelos. O objectivo é recriar o Jardim Bordalo Pinheiro.

Local: Lisboa, Museu da Cidade

ContentoresAté 31 Dez

O projecto Contentores pretende dinamizar o panorama da arte pública contemporânea e a paisagem urbana da cidade. As Docas de Alcântara são cenário. Organizado pela P28 - Associação de Desenvolvimento Criativo e Artístico.

Local: Lisboa, Docas de Alcântara

Page 66: Curb

PRÓXIMA EDIÇÃO

Na próxima edição vamos falar

do mundialmente, conhecido graffiter

Banksy’s.

Page 67: Curb
Page 68: Curb