cultivo do alho

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 1 CULTIVO DO ALHO Engº Agrº Esp. JoséLuiz Bortolossi FAG – AGRON OMI A OLERICULTURA ALHO Família: Alli ace ae - Liliaceae Amari llidacea e Espécies: Allium sativum L. Alho comum, (tradiciona l) Allium ampeloprasum L. var. holmense  Alho boró, rei, gaúc ho, paulista – utiliz ado pela indústria na mistura com nabo ralado. Contém menos sabor (antibióticos) que o sativum . Allium ampeloprasum L. var. porrum  Alho porro explora-se o ps eudocaule, pouco cheiro, utilizado na indústria e venda in natura . ALHO Espécies: Allium sativum L. Alho comum, (tradicional) ALHO Espécies: Allium ampeloprasum L. var. porrum Alho porro só explora-se o pseudocaule, pouco cheiro, utilizado na indústria e venda in natura . Origem: Ásia Central, cultiva-se desde a pré-história e um condimento usado universalmente. Uso: Uso condimentar tempero Uso medicinal Contém antibióticos (Alicina, Garlici na) – regulador de press ão, altera o sono, baixa o colesterol, vermífugo, expectorante, diurético, também usado nas rações animais que não liberam o gosto do alho. DESCRIÇÃO DA PLANTA Plant a her báce a, com cerca de 40 a 60 cm de altura; Folh as a long adas , estreitas e cerosas;  PSEUDOCAULE curto ou raquis formado pela bainha das folhas (entre os bulbilhos); O CAULE verdadeiro é pequeno e achatado, semelhante a um disco ou prato. É o ponto de p artida de folhas e raízes; As raízes pouco ramifi cada s, porém profundas  50 cm chegando até 1 m;

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ALHO Famlia: Alliaceae - Liliaceae Amarillidaceae Espcies:Allium sativum L. Alho comum, (tradicional) Allium ampeloprasum L. var. holmense Alho bor, rei, gacho, paulista utilizado pela indstria na mistura com nabo ralado. Contm menos sabor (antibiticos) que o sativum. Allium ampeloprasum L. var. porrum Alho porro s explora-se o pseudocaule, pouco cheiro, utilizado na indstria e venda in natura.

CULTIVO DO ALHO

Eng Agr Esp. Jos Luiz Bortolossi FAG AGRONOMIA OLERICULTURA

ALHO Espcies:Allium sativum L. Alho comum, (tradicional) Espcies:

ALHOAllium ampeloprasum L. var. porrum Alho porro s explora-se o pseudocaule, pouco cheiro, utilizado na indstria e venda in natura.

Origem:sia Central, cultiva-se desde a pr-histria e um condimento usado universalmente.

DESCRIO DA PLANTA Planta herbcea, com cerca de 40 a 60 cm de altura; Folhas alongadas, estreitas e cerosas; PSEUDOCAULE curto ou raquis formado pela bainha das folhas (entre os bulbilhos); O CAULE verdadeiro pequeno e achatado, semelhante a um disco ou prato. o ponto de partida de folhas e razes; As razes pouco ramificadas, porm profundas 50 cm chegando at 1 m;

Uso:Uso condimentar tempero Uso medicinal Contm antibiticos (Alicina, Garlicina) regulador de presso, altera o sono, baixa o colesterol, vermfugo, expectorante, diurtico, tambm usado nas raes animais que no liberam o gosto do alho.

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Utiliza-se o BULBO, composto por bulbilhos ricos em amido e substncias aromticas de valor condimentar e nutricional. BULBILHOS = forma arqueada, possui capa ou folha protetora (brcteas) de colorao branca ou roxa. Pednculo floral = surge do centro do bulbo = inflorescncia tipo umbela. No forma semente botnica, forma bulbilhos areos

DESCRIO DO BULBILHO Folha membranosa envolvente; Folha com reservas nutritivas massa; Cavidade Gema (folha de brotao + folhas completas ou verdadeiras); Caule disco ou prato.

ESTADO DE BROTAOMuito importante para se determinar: poca de plantio. Ex: plantio de alhos de diferentes regies de regio quente para regio fria brota antes de ir ao solo; Aplicao de herbicida (usar bulbilhos que ainda no brotaram); Profundidade de plantio;

CRESCIMENTO DA GEMA Determinado atravs do IVD ndice Visual de Dormncia IVD = % de crescimento da gema em relao ao bulbilho.IVD = a / b . 100a

Brotao pequena pode-se fazer o plantio manual;b

Brotao grande demora mais para fazer razes devido ao gasto de energia durante a brotao.

b

a

QUEBRA DE DORMNCIA (VERNALIZAO). Utilizada quando a temperatura e o fotoperodo so inadequados produo de cultivares tardias. Ex: cultivares originrias do sul do Brasil, tais como Caador, Jonas, Ito, Quitria, Contestado, Roxo Caxiense Chonan para plantio no Sudeste, Centro-oeste e Nordeste;

QUEBRA DE DORMNCIA (VERNALIZAO). Cuidados: Brotao muito adiantada: ir brotar na cmara; Brotao muito pequena (gema nova) 40 dias no suficiente. S funciona quando o IVD for maior que 40%, pois a gema ainda est dormente; Os bulbilhos de fora possuem menor dormncia, pois se formam antes fazer classificao; Exposio ao frio alm do necessrio acelera a diferenciao da gemas axilares encurta o ciclo reduo na produtividade formao de bulbo piorraou coquinho.

Os bulbos inteiros so frigorificados: Em cmaras com 3-5C; Umidade relativa de 70-80%; Por um tempo varivel entre 40 e 60 dias, dependendo do frio na regio de origem e das temperaturas que ocorrero no campo: 40 a 45 dias para plantio de junho/maio e de 50 a 60 para plantios de abril/maro; Retirada dos bulbos da cmera ocorre s vsperas do plantio (mximo. 6 dias);

Plantio quando a temperatura estiver abaixo de 20C , sendo o ideal 15C.

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CLIMA Planta tipicamente de clima frio, suportando muitas vezes at geadas leves; Exige temperatura baixa para a diferenciao das gemas axilares, que do origem aos bulbilhos; O calor na fase inicial prejudicial ao bom desenvolvimento e a produo; Planta Bienal exige frio para florescer; Comportamento anual apresentando somente a etapa vegetativa do seu ciclo biolgico; Planta de dia longo para bulbificar e de dia curto para florescer; Fator limitante o fotoperodo tem que ser maior que o valor crtico;

CLIMA Luminosidade alta favorece o crescimento; Luminosidade baixa favorece a bulbificao (incio) enchimento da folha de reserva; Branco mineiro, Cateto roxo = 7 horas Amarante, Lavnia = 9 horas Chonan, Caador, Quitria, Contestado, Roxo Caxiense = 11-12 horas Argentino = 13 horas. TC e fotoperodo adequados = Bulbificao

OBSERVAO:O alho argentino tratado com Hidrazida maleica, no brota pois o produto um inibidor de brotao. Quanto maior a dormncia, maior o tempo de comercializao.

FATORES QUE AFETAM A PRODUOFOTOPERODO: Planta de dia longo para bulbificar. Bulbo = com fotoperodo maior que o crtico. Abaixo a planta ir vegetar. Fator crtico para a escolha da cultivar (precoce, mdia e tardia

CULTIVARES(B) Branco; (R) Roxo; (BR) Bulbo branco e bulbilho roxo; Trs grupos conforme a durao do ciclo, exigncias de fotoperodo e de temperatura:

Cultivares precoces Ciclo em torno de 120 a 130 dias; Menos exigentes em fotoperodo e frio; Larga adaptao em regies brasileiras de latitudes diferenciada; Grande nmero de bulbilhos (20-25), de colorao branca ou arroxeada; Menor conservao ps-colheita; Menor valor comercial. Exemplo: Branco Mineiro (B) e Cateto Roxo (R) .

TEMPERATURA: Planta de clima ameno a frio (outono/inverno). Suporta geadas leves. Gemas dormentes = interao: Fotoperodo X TC = diferencia e forma os bulbilhos. Ideal : T mdia de 10 a 20 C. > 20 C = fraca bulbificao. > 30 C = no bulbifica

CULTIVARESCultivares de ciclo mdio Ciclo em torno de 150 a 160 dias; Um pouco mais exigente em fotoperodo e em frio; Menor nmero de bulbilhos (10-18), porm mais grados; Colorao externa arroxeada; Melhor conservao ps-colheita; Alcana melhor cotao no mercado. Exemplo: Lavnia (R) , Amarante (R) , Chins (R) , Dourados (B)

CULTIVARESCultivares ciclo tardio (Nobres) Ciclo de 160 at 210 dias; Mais exigentes em fotoperodo (13 horas) e em frio. Plantio no extremo sul; Plantio no Centro-sul somente com vernalizao; Bulbo grado e menor nmero de bulbilhos (8-10); Colorao externa esbranquiada; Alta capacidade de conservao; Alta Cotao comercial (qualidade = alho argentino). Exemplo: Chonan (B), Roxo-Prola-de-Caador(BR),Quitria(B), Centenrio(B)

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POCA DE PLANTIO No Centro-sul vai de final do vero ao final do outono - final de fevereiro a princpios de maio.

SOLO E ADUBAO Solos de textura mdia, boas propriedades fsicas e frteis; Cultura pouco tolerante a acidez pH 6,0 a 6,8 (V1 = 80%); Extrao em ordem decrescente: N, K, S, Ca, P e Mg; P pouco extrado mas sua aplicao aumenta a produtividade e tamanho do bulbo; Excesso de N causa o super-brotamento; Aplicao K no eleva a produo, porm previne essa anomalia; Com a aplicao de sulfato de potssio h aumento da produtividade devido ao enxofre; Quanto ao Ca, h resposta positiva quanto a sua aplicao, independente da elevao do pH pela calagem.

SOLO E ADUBAO Adubao orgnica: em solos com baixo teor de matria orgnica pode ser feita com 20 a 30 t/ha. de esterco de curral curtido ou 5 a 7 t/ha. de esterco de galinha curtido.

IMPLANTAO DA CULTURA Propagao por meio dos bulbilhos

ALHO-SEMENTE: Qualidade sanitria; Representa 30-50% do custo de produo; Plantam-se de 500-700 kg/ha. de bulbilhos selecionados; Logo, adquirir 30% a mais em peso de bulbos inteiros; Quanto maior o bulbilho maior a produtividade;

Adubao de base: para solos de mdia a baixa fertilidade:N P2O5 K2O Micro nutrientes: 4 kg/ha. de Zinco Sulfato de Zinco (20% Zn) 2 kg/ha. de Boro Brax (11-13% B)

10-30 kg/ha. 300-500 kg/ha. 80-120 kg/ha.

Adubao complementar: sugere-se;N K2O 20-60 kg/ha. 40 kg/ha.

A aplicao deve ser parcelada em duas vezes, aos 30 e aos 50 dias da emergncia, menos para as cultivares tardias que deve ser entre 90-100 dias do plantio (aps o perodo crtico ao super-brotamento )

ALHO-SEMENTE: Debulha deve ocorrer com IVD acima de 60%, com 15 dias de antecedncia ao plantio (trabalhoso) e tambm porque debulhado o processo de crescimento da gema acelera; Padronizao do bulbilho uniformiza a emergncia, o desenvolvimento, a maturao e, inclusive o tamanho dos bulbos produzidos. Para padronizar utiliza-se diferentes peneiras com diferentes espaos: (P1 = 15 x 25 mm; P2 = 10 x 20 mm; P3 = 8 x 17 mm; P4 = 5 x 17 mm).

PLANTIOEspaamento: O espaamento entre plantas est relacionado ao tamanho do bulbilho: quanto maior o bulbilho maior o espaamento; Varia entre 7 a 10 cm entre bulbilhos e 20 a 25 entre fileiras; A profundidade de plantio tambm varia em funo do tamanho do bulbilho, ficando entre 3 e 5 cm, sendo maior para bulbilhos maiores. Quando for aplicado herbicida pr-emergente certificar-se de que exista +- 2 cm de solo sobre o bulbilho.

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PLANTIOPosio do bulbilho: VAC Vrtice com pice para Cima VAB Vrtice com pice para Baixo DAC Deitado com pice para Cima DAB Deitado com pice para Baixo DL Deitado de Lado. - A posio em que se obtm melhores resultados e a VAC - A posio em que se obtm os piores resultados e a VAB

TRATOS CULTURAISCOBERTURA MORTA Benefcios: Manuteno do teor adequado de gua no solo; Economia na irrigao; Temperatura do solo menor que a do ar; Favorecimento da brotao dos bulbilhos; Auxlio no controle de plantas daninhas.

Desvantagens: Elevado custo da operao; Dificuldade de obteno de material.

TRATOS CULTURAIS IRRIGAO O alho muito sensvel ao estresse hdrico, principalmente na etapa de crescimento vegetativo; A forma mais utilizada a por asperso. Por sulco h uma reduo no nmero de plantas em detrimento do aumento da rea ocupada por sulcos; O turno de rega varia de 2 a 7 dias , dependendo do estdio da cultura e do solo: Nos primeiros 30 dias irrigar de 2 em 2 dia; entre 30 e 90 dias a cada 4-5 dias e 7 dias at a paralisao da irrigao que deve ocorrer entre 10 e 20 dias do final do ciclo; Excesso de gua aps a diferenciao dos bulbilhos prejudicial provoca o super-brotamento;

TRATOS CULTURAISCONTROLE DE PLANTAS INVASORAS. A cultura do alho altamente prejudicada pela competio com plantas invasoras; O perodo crtico vai at os 100 dias iniciais, sendo os 30 primeiros os mais cruciais; O uso de herbicidas ocorre em premergncia da cultura, logo aps o plantio dos bulbilhos e antes da colocao da palhada.

TRATOS CULTURAISCONTROLE DE PRAGAS. A) PRINCIPAIS PRAGAS Trips Thrips tabaci (ocasionam ferimentos com reduo no limbo foliar porta de entrada para a alternaria); Afdeos (transmissores de viroses); sugam a planta caro- do-chochamento Aceria tulipae. Na lavoura manifesta-se por folhas retorcidas e no armazm pelo chochamento dos bulblilhos. Traas-do-alho Cadra cautella, Ephestia elutella, Plodia interpunctella. As larvas atacam o alho durante o armazenamento; Nematides Ditylenchus dipsaci. Bulbos esbranquiados e pouco consistentes, razes necrosadas e a parte area amarelecida e murcha murchadeira do alho.

TRATOS CULTURAIS CONTROLE DE DOENAS. B) PRINCIPAIS DOENAS Alternaria Alternaria porri Caractersticas: Pequenas manchas foliares, brancas, que evoluem para manchas alongadas , marrons. Favorecida por altas temperaturas e pelo ataque de trips.

Controle: Uso de cultivares tardia (vernalizadas); Rotao de culturas; Pulverizao com fungicidas especficos.

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TRATOS CULTURAIS CONTROLE DE DOENAS. B) PRINCIPAIS DOENAS Ferrugem Puccinia porri Caractersticas: pequenas pstulas ferruginosas tpicas, cobrindo as folhas. Favorecida por temperatura amena e alta umidade. Manifesta-se somente do meio do ciclo para frente. Controle: Plantio de cultivares de ciclo mediano, mais resistentes (Observaes de campo); Rotao de culturas; Aplicao de fungicidas sistmicos especficos.

TRATOS CULTURAIS CONTROLE DE DOENAS. B) PRINCIPAIS DOENAS Podrido branca Sclerotium cepivorum Caractersticas: Apodrecimento das razes e do disco, fazendo com que a planta seja arrancada com facilidade. Tambm ocorre amarelecimento e morte das folhas baixeiras. Bulbos recobertos por miclio branco e esclerdios negros; Favorecida por baixa temperatura e alta umidade. Controle: Plantio de alho-semente sadio; Tratamento dos bulbilhos com fungicidas especficos.

TRATOS CULTURAIS CONTROLE DE DOENAS. B) PRINCIPAIS DOENAS Viroses As cultivares normalmente encontra-se infectadas. Caractersticas: Baixo vigor vegetativo; bulbos e bulbilhos de menor tamanho e menor peso; baixa produtividade. Controle: Limpeza dos clones atravs do cultivo de meristemas, associado a termo terapia.

PRODUTIVIDADE 4 a 10 t/ha. COLHEITA Quando ocorrer 50-70% de tombamento da planta (estalo) Com todas as folhas secas, com exceo das folhas do ponteiro, no ocorrendo o estalo; A colheita feita manualmente arrancando-se as plantas. Quando mecanizada, passa-se uma lmina por baixo do canteiro, cortando as razes o que favorece o arranquio; Canteiros bem secos e ausncia de chuvas favorecem.

COLHEITA CURA: Inicial, rpida feita no campo, pela exposio indireta luz solar por 1 a 3 dias, dependendo do clima. Lenta durante meses efetuada em galpo meio escuro, seco e arejado.

BENEFICIAMENTO: Consiste no corte do pseudocaule, deixando 2 cm de talo aderido ao bulbo curado (evita a debulha e torna-se barreira a invaso de patgenos; aparam-se as razes rente ao bulbo, sem ferir o disco.

CLASSIFICAO Efetuada pelo dimetro transversal e segue as normas do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento.

EMBALAGENS: Caixa de madeira, oitavada, com capacidade para 10 kg Sacos telados, vermelhos, de vrios tamanhos; Caixas de papelo.

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COMERCIALIZAO Diretamente a grandes atacadistas ou cooperativas; Ocorre flutuao estacional acentuada nos preos pagos ao produtor; As cotaes mximas ocorrem em junho-julho A partir de julho entra a importao, principalmente da China; Cultura muito afetada pela poltica do Mercosul; Indstria - industrializado na forma de pasta.

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