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Material disponibilizado pela Universidade Paulista – UNIP 1 Aula – 01 1. Introdução ao pensamento científico sobre o social: Renascimento e Ilustração Nesta unidade, temos como objetivo compreender os fundamentos sob os quais o capitalismo se desenvolveu na Europa a partir do século XVI. Para isso, vamos analisar dois movimentos intelectuais que levaram a mudança de mentalidade na época e propiciaram o desenvolvimento da sociedade moderna: o Renascimento e a Ilustração. Com a analise do pensamento de autores como Rousseau, Maquiavel e Comte, é possível compreender as transformações sociais que culminaram com a formação do mundo moderno, capitalista, que é o que pretendemos analisar no decorrer deste curso. A partir do século XV significativas mudanças ocorrem na Europa, que culminaram com a crise do sistema feudal. Inicia-se uma nova era não só para a organização do trabalho, o conhecimento humano também sofre modificações. O ser humano deixa de apenas explicar ou questionar racionalmente a natureza, para se preocupar com a questão de como utilizá-la melhor. Essa nova forma de conhecimento da natureza e da sociedade, na qual a experimentação e a observação são fundamentais, aparece neste momento, representada pelo pensamento de Maquiavel (1469-1527), Galileu Galilei (1564-1642), Francis Bacon (1561-1626), René Descartes (1596-1650). O pensamento social do Renascimento se expressa na criação imaginária de mundos ideais que mostrariam como a realidade deveria ser, sugerindo, entretanto, que tal sociedade seria construída pelos homens com sua ação e não pela crença ou pela fé. Thomas Morus (1478-1535) em A Utopia defende a igualdade e a concórdia. Concebe um modelo de sociedade no qual todos têm as mesmas condições de vida e executam em rodízio os mesmos trabalhos. Maquiavel em sua obra O Príncipe afirma que o destino da sociedade depende da ação dos governantes. Analisa as condições de fazer conquistas, reinar e manter o poder. A importância dessa obra reside no tratamento dado ao poder, que passa a ser visto a partir da razão e da habilidade do governante para se manter no poder, separando a análise do exercício do poder da ética.

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Material disponibilizado pela Universidade Paulista – UNIP 1 

Aula – 01

1. Introdução ao pensamento científico sobre o social: Renascimento e Ilustração

Nesta unidade, temos como objetivo compreender os fundamentos sob os quais

o capitalismo se desenvolveu na Europa a partir do século XVI. Para isso, vamos

analisar dois movimentos intelectuais que levaram a mudança de mentalidade na época

e propiciaram o desenvolvimento da sociedade moderna: o Renascimento e a

Ilustração. Com a analise do pensamento de autores como Rousseau, Maquiavel e

Comte, é possível compreender as transformações sociais que culminaram com a

formação do mundo moderno, capitalista, que é o que pretendemos analisar no decorrer

deste curso.

A partir do século XV significativas mudanças ocorrem na Europa, que

culminaram com a crise do sistema feudal. Inicia-se uma nova era não só para a

organização do trabalho, o conhecimento humano também sofre modificações. O ser

humano deixa de apenas explicar ou questionar racionalmente a natureza, para se

preocupar com a questão de como utilizá-la melhor. Essa nova forma de conhecimento

da natureza e da sociedade, na qual a experimentação e a observação são fundamentais,

aparece neste momento, representada pelo pensamento de Maquiavel (1469-1527),

Galileu Galilei (1564-1642), Francis Bacon (1561-1626), René Descartes (1596-1650).

O pensamento social do Renascimento se expressa na criação imaginária de

mundos ideais que mostrariam como a realidade deveria ser, sugerindo, entretanto, que

tal sociedade seria construída pelos homens com sua ação e não pela crença ou pela fé.

Thomas Morus (1478-1535) em A Utopia defende a igualdade e a concórdia.

Concebe um modelo de sociedade no qual todos têm as mesmas condições de vida e

executam em rodízio os mesmos trabalhos.

Maquiavel em sua obra O Príncipe afirma que o destino da sociedade depende

da ação dos governantes. Analisa as condições de fazer conquistas, reinar e manter o

poder. A importância dessa obra reside no tratamento dado ao poder, que passa a ser

visto a partir da razão e da habilidade do governante para se manter no poder, separando

a análise do exercício do poder da ética.

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Material disponibilizado pela Universidade Paulista – UNIP 2 

Segundo (COSTA: 2005,p.35) as idéias de Thomas Morus e Maquiavel

expressam os valores de uma sociedade em mudança, portadora de uma visão laica* da

sociedade e do poder.

Com a Ilustração*, as idéias de racionalidade e liberdade se convertem em

valores supremos. A racionalidade aqui é compreendida como a capacidade humana de

pensar e escolher. Liberdade significa que as relações entre os homens deveriam ser

pautadas na liberdade contratual, no plano político isto significa a livre escolha dos

governantes, colocando em xeque o poder dos monarcas. Os filósofos iluministas

concebiam a política como uma coletividade organizada e contratual. O poder passa a

ser visto como uma construção lógica e jurídica.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) em sua obra O contrato social, afirma que a

base da sociedade estava no interesse comum pela vida social, no consentimento

unânime dos homens em renunciar as suas vontades em favor de toda a comunidade

(COSTA: 2005, p. 48). Rousseau identificou na propriedade privada a fonte das

injustiças sociais e defendeu um modelo de sociedade pautada em princípios de

igualdade.

Diferentemente de Rousseau, John Locke (1632-1704) reconhecia entre os

direitos individuais e o respeito à propriedade. Defendia que os princípios de

organização social fossem codificados em torna de uma Constituição.

Concluímos que a sociologia pré-científica é caracterizada por estudos sobre a

vida social que não tinham como preocupação central conhecer a realidade como ela

era, e sim propor formas ideais de organização social. O pensamento filosófico de então,

já concebia diferenças entre indivíduo e coletividade, e como afirma (COSTA:2005,

p.49) “Mas, presos ainda ao princípio da individualidade, esses filósofos entendiam a

vida coletiva como a fusão de sujeitos, possibilitada pela manifestação explícita das

suas vontades”.

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Material disponibilizado pela Universidade Paulista – UNIP 3 

Questão resolvida:

O renascimento é considerado um dos mais importantes momentos da história do Ocidente, entendido

como o momento da ruptura entre o mundo medieval, com características de sociedade agrária,

estamental, teocrática e fundiária e o mundo moderno, urbano, burguês e comercial. Neste período

emerge um novo pensamento social que tem por base:

a-) Estímulo ao individualismo, rejeição ao pensamento religioso, valorização da razão.

b-) Estímulo à atrividade agrária, rejeição do pensamento racional e valorização da igreja.

c-) Estímulo à vida coletiva, rejeição ao pensamento religioso e valorização das práticas

consideradas mágicas.

d-) Estímulo ao individualismo, rejeição ao pensamento racional e valorização da igreja.

e-) Estímulo a atividade manufatureira, rejeição ao pensamento científico e valorização do

pensamento mágico.

2. O pensamento científico sobre o Social

A preocupação em conhecer e explicar os fenômenos sociais sempre foi uma

preocupação da humanidade. Porém a explicação com base científica é fruto da

sociedade moderna, industrial e capitalista. A Sociologia como ciência, surgiu no século

XIX e significou que o pensamento sobre o social se desvinculou das tradições morais e

religiosas, Como afirma (COSTA: 2005, p.18).

“Tornava-se necessário entender as bases da vida social humana e da organização da

sociedade, por meio de um pensamento que permitisse a observação, o controle e a formulação

de explicações plausíveis, que tivessem credibilidade num mundo pautado pelo racionalismo”.

Augusto Comte (1798-1857) foi o autor que desenvolveu pela primeira vez,

reflexões sobre o mundo social sob bases científicas. Para este autor, o papel da

Sociologia seria conhecer as leis sociais para poder prever os fenômenos e agir com

eficácia. (QUINTANEIRO. 2007 p. 19); Em um contexto de grande desenvolvimento

das ciências físicas e biológicas, se inspirou no avanço dos conhecimentos sobre o

corpo humano para traçar analogia entre o corpo humano e uma corpo social. Em sua

análise compreendia a sociedade como um grande organismo, no qual cada parte possui

uma função específica. e o bom funcionamento do corpo social depende da atuação de

cada órgão. Esta ideia é passível de ser exemplificada em nosso cotidiano se

observamos as relações de trabalho em uma empresa, onde cada um depende do

trabalho do outro e o bom funcionamento da organização é identificado na interrelação

do trabalho de diferentes indivíduos.

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Material disponibilizado pela Universidade Paulista – UNIP 4 

Segundo Comte, ao longo da história a sociedade teria passado por três fases: a

teológica, a metafísica e a científica. Concebia a fase teológica como aquela em que os

homens recorriam à vontade de deus para explicar os fenômenos da natureza. A segunda

fase, o homem já seria capaz de utilizar conceitos abstratos, mas é somente na terceira

base, que corresponde à sociedade industrial, que o conhecimento passa a se pautar na

descoberta de leis objetivas que determinam os fenômenos.

Comte procurou estudar o que já havia sido acumulado em termos de

conhecimentos e métodos por outras ciências como a matemática, biologia, física, para

saber quais deles poderiam ser utilizados na sociologia.

O conhecimento sociológico permite ao homem transpor os limites de sua

condição particular para percebê-la como parte de uma totalidade mais ampla, que é o

todo social. Isso faz da sociologia um conhecimento indispensável num mundo que, à

medida que cresce, mais diferencia e isola os homens e os grupos entre si.

Questão resolvida:

O despontar da Sociologia no século XIX significou o aparecimento da preocupação do homem com o

seu mundo e a sua vida em grupo, numa nova expectativa, livre das tradições morais e religiosas

provocando assim, uma preocupação com as regras que organizavam a vida social que, se observadas e

apreendidas, poderiam dar a este homem explicações razoáveis que tornassem possível prever e controlar

os fenômenos sociais. Resultando assim:

a-) na possibilidade de se poder intervir conscientemente nos processos, tanto para reforçá-los

como para negá-los, dependendo dos interesses em jogo;

b-) no tratamento das questões relativas à vida social, como temas do senso comum e não de

interesse do cientista;

c-) na definição do objeto de estudo da Sociologia

d-) na criação de um vocabulário próprio com conceitos que designam aspectos precisos da vida

social;

e-) numa indagação a respeito de como as sociedades devem se organizar para serem tão

perfeitas quanto possível.

Texto base: COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3a. ed.

São Paulo: Moderna, 2005

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Material disponibilizado pela Universidade Paulista – UNIP 5 

Exercícios:

1) A Sociologia surgiu em um contexto social específico, marcado por profundas transformações sociais

que criaram a necessidade de compreender a sociedade sob a perspectiva da ciência. Este contexto

histórico foi:

a) o pensamento grego e as guerras púnicas influenciaram decisivamente na constituição da

sociologia;

b) as revoluções burguesas inglesas foram fundamentais para que a sociologia se fundamentasse

como ciência;

c) a revolução francesa não constituiu um fator importante para o pensamento ocidental e o

surgimento da sociologia;

d) a revolução industrial e a revolução francesa foram fundamentais para a instalação da sociedade

capitalista e o surgimento da sociologia;

e) o movimento sindical foi influenciado pela sociologia assim como os sociólogos atuam nesse

movimento no século XIX.

2) O renascimento foi caracterizado como o momento histórico em que floresceu um novo pensamento

social marcado pelo laicismo e pelo aparecimento de novas instituições políticas e sociais, como as

nações, os estados, as legislações e os exércitos. Neste contexto, as atividades econômicas ligadas ao

comércio se desenvolveram favorecendo que classe social ?

a) a burguesia comercial

b) a aristocracia rural

c) o campesinato

d) a classe operária

e) o operariado urbano

3) Foi no Renascimento que o homem europeu retornou a prática do pensamento especulativo,

concebendo o seu papel na história dos acontecimentos como agente. O pensamento social

renascentista expressou-se nas obras de pensadores como Nicolau Maquiavel e Thomas Morus.

Nestas duas obras observa-se:

a) uma análise clara das bases em que se assenta o poder pólítica da época;

b) a expressão dos ideais de vida moderada, laboriosa e igualitária;

c) a vida dos homens já aparecendo como resultado das condições econômicas e políticas e não de

sua fé ou de sua consciência individual;

d) o modelo de monarca ideal para reinar e manter seu poder;

e) uma apurada crítica da ordem social;

4) Pode-se dizer que a partir do Renascimento ocorreram transformações profundas na Europa. Entre

elas destacam-se:

a) A formação de uma mentalidade laica e a negação do individualismo

b) A formação de uma postura crítica em relação ao conhecimento científico

c) A formação de uma mentalidade laica e a defesa do emprego de métodos científicos

d) A consolidação da mentalidade religiosa já que o teocentrismo foi adquirindo maior credibilidade.

e) A formação de uma mentalidade laica, embora os filósofos e pintores deste período tenham

valorizado os princípios religiosos.

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Material disponibilizado pela Universidade Paulista – UNIP 6 

Aula 02

1. – Transformações sociais do século XVIII: Revolução Francesa

Nesta unidade nosso objetivo é compreender a maneira como o capitalismo se

afirmou como modo de organização social a partir do século XVIII. Para isso

recorreremos a análise das revoluções burguesas1 pela capacidade de provocar as

mudanças que puseram fim ao sistema feudal. A importância dessas revoluções é que

estimularam o desenvolvimento do capitalismo, pondo fim às monarquias absolutistas e

contribuíram para a eliminação de barreiras que impediam o livre desenvolvimento

econômico.

As idéias propagadas pelo iluminismo, conduziram a crítica ao pensamento

teológico e o avanço do pensamento racional, contribuindo para mudança dos costumes

e do pensamento da época. Buscava-se transformar não só o pensamento, mas a própria

sociedade, criticando os fundamentos da sociedade feudal. Autores como Rousseau,

Montesquieu procuravam mostrar como a sociedade feudal era injusta e irracional,

impedindo o exercício da liberdade humana.

No final do século XVIII a monarquia francesa procurava garantir os privilégios

da nobreza, que não pagava impostos e possuía o direito de receber tributos, em um

contexto no qual crescia a miserabilidade do povo. A burguesia também se opunha ao

regime monárquico, pois este, não permitia a livre constituição de empresas, impedindo

a burguesia de realizar seus interesses econômicos.

Em 1789, com a mobilização das massas em torno da defesa da igualdade e da

liberdade, a burguesia toma o poder e passou a atuar contra os fundamentos da

sociedade feudal. Procura organizar o Estado de forma independente do poder religioso

e promove profundas inovações na área econômica ao criarem medidas para favorecer o                                                             1  As revoluções burguesas foram: Revolução Gloriosa (1680) na Inglaterra, a Revolução Francesa

(1789), a Independência Americana (1776) e a Revolução Industrial inglesa a partir de 1750.

Enfocaremos em nosso curso somente as Revoluções Francesa e Industrial por constituírem as duas faces

de um mesmo processo: a consolidação do regime capitalista moderno.

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Material disponibilizado pela Universidade Paulista – UNIP 7 

desenvolvimento de empresas capitalistas. Dentre as mudanças significativas impostas

pela Revolução Francesa, vale destacar a promulgação de uma legislação que limitava o

poder da família,proibindo os abusos da autoridade paterna. Os bens da Igreja foram

confiscados e a educação deixa de ser controlada pela Igreja e se torna obrigação do

Estado.

As massas que participaram da revolução, logo foram surpreendidas pelas

medidas da burguesia, que proibiram as manifestações populares e os movimentos

contestatórios passam a ser reprimidos com violência.

Questão resolvida:

Podemos dizer que a Revolução Francesa (1789) foi um fato histórico crucial para o desenvolvimento e consolidação do mundo moderno, tendo em vista que:

a) Teve como principal conseqüência a centralização do poder da igreja católica, que terminou firmando-se como a principal instituição responsável pelo controle do poder político, antes muito diluído entre as famílias nobres que governavam a Europa.

b) Criou condições para a separação definitiva, no mundo ocidental, entre Estado (política) e Igreja (religião), de modo que os fatos políticos passaram a ser entendidos como fenômenos sociais definidos pelo jogo de forças entre indivíduos e grupos que formam uma dada sociedade. Em outras palavras, consolidou a política como ação livre de qualquer tipo de influência mágica ou mística, seja na condução e sentido dos acontecimentos, seja na legitimação do poder.

c) Criou as condições de florescimento da moderna indústria, tendo em vista que, pela primeira vez na história, combinou-se, no ambiente de trabalho, emprego de tecnologia (máquinas) e organização racional dos trabalhadores no processo fabril.

d) Abriu espaço para uma série de movimentos de caráter conservador, que buscavam a restauração dos princípios da sociedade feudal

e) Foi responsável pela consolidação de uma nova forma de governo, conhecido como monarquia constitucional, em que a figura do rei perdeu poder de decisão política e, em seu lugar, entrou a figura do primeiro-ministro.

2. Transformações do capitalismo no século XVIII: Revolução Industrial

A revolução industrial eclodiu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII. Ela

significou algo mais do que a introdução da máquina a vapor, e aperfeiçoamento dos

métodos produtivos. A revolução nasceu sob a égide da liberdade: permitir aos

empresários industriais que desenvolvessem e criassem novas formas de produzir e

enriquecer.

Desde modo, a revolução industrial constitui uma autêntica revolução social que

se manifestou por transformações profundas na estrutura institucional, cultural, política

e social.

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Material disponibilizado pela Universidade Paulista – UNIP 8 

O desenvolvimento de técnicas leva os empresários a incrementar o processo

produtivo e aumentar as taxas de lucro. Isto leva os empresários a se interessar cada vez

mais pelo aperfeiçoamento das técnicas de produção, visando produzir mais com menos

gente. A relação de classes que passa a existir entre a burguesia e os trabalhadores é

orientada pelo contrato – o que permite inferir que a liberdade econômica e a

democracia política – temos o trabalhador livre para escolher um emprego qualquer e o

empresário livre para empregar quem desejar.(MEKSENAS:1991, p. 47) , ela

significou uma profunda transformação na maneira dos homens se relacionarem.

Aspectos importantes da Revolução Industrial

1. A produção passa a ser organizada em grandes unidades fabris, onde predomina

uma intensa divisão do trabalho.

2. Aumento sem precedentes na produção de mercadorias.

3. Concentração da produção industrial em centros urbanos.

4. Surgimento de um novo tipo de trabalhador: o operário

A revolução industrial desencadeou uma maciça migração do campo para

cidade, tornando as áreas urbanas o palco de grandes transformações sociais. Formam-

se as multidões que revelam nas ruas uma nova face do desenvolvimento do

capitalismo: a miserabilidade.

No interior das fábricas as condições de trabalho eram ruins. As fábricas não

possuíam ventilação, iluminação e os trabalhadores eram submetidos à jornadas de

trabalho de até 16 horas por dia. Era usual nas fábricas a presença de mulheres e

crianças a partir de 5 anos atuando na linha de produção. Quanto aos homens,

amargavam a condição de desemprego.

Os problemas sociais inerentes à Revolução Industrial foram inúmeros: aumento

da prostituição, suicídio, infanticídio, alcoolismo, criminalidade, violência, doenças

epidêmicas, favelas, poluição, migração desordenada.

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Material disponibilizado pela Universidade Paulista – UNIP 9 

Por fim, é preciso esclarecer que os problemas acima expostos são típicos da

sociedade capitalista. Tornando a vida em sociedade altamente complexa, por isso

precisamos de uma ciência para compreender os nexos que ligam a realidade.

Questão resolvida:

Podemos apontar como consequência da Revolução Industrial: a-) O decréscimo da população urbana, que era explorada no penoso trabalho da indústria. b-) A humanização imediata das relações de trabalho, principalmente no que se refere a salários, condições de higiene e jornada de trabalho. c-) O crescente controle por parte do operário do conjunto do processo produtivo, impedindo a fragmentação do saber e a alienação. d-) O desenvolvimento da urbanização, dos transportes, das comunicações e da produção em série. e-) Fim da exploração dos operários urbanos e o nascimento das ideias socialistas.

Texto base: MARTINS, Carlos B. O que é Sociologia.São Paulo: Brasiliense, 1992.

Exercícios:

1) A Sociologia, enquanto uma ciência social básica, surgiu num específico momento histórico,

relacionada aos efeitos de importantes fatos e processos históricos que colaboraram para o seu

aparecimento. Assinale a alternativa correta, que diz respeito àquele momento histórico:

a) A Sociologia foi fruto da Revolução Científica que caracterizou o racionalismo no século XVII.

b) A sociologia surgiu devido a Reforma Protestante e da influência das Igrejas luteranas e

calvinistas, no século XVI.

c) A Sociologia foi fruto de grandes transformações decorrentes das Revoluções Industrial e

Francesa, que caracterizaram a afirmação do modo de produção capitalista, no início do século

XIX.

d) Esta ciência foi fruto das Grandes Navegações e Descobertas, que no século XVI colocaram os

europeus diante de nova realidade, devido ao contato com o Novo Mundo.

e) A Sociologia nasceu no século XI, juntamente com as Universidades na Europa feudal e em

função da ação esclarecedora da Igreja.

2) No início da Revolução Industrial o trabalho infantil foi utilizado com grande intensidade pelos

capitalistas por quê:

a) apelava para o ideal de homem ativo e poupador

b) apelava para o dever do trabalho e o repúdio a ociosidade

c) orientava a criança para a disciplina, o esforço físico e o bem estar social

d) supunha, na criança, maior docilidade e obediência em virtude de sua fragilidade.

e) exigia da criança a subsistência e a liberdade de ocupar o tempo livre.

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Material disponibilizado pela Universidade Paulista – UNIP 10 

3) ENADE 2004

"O homem se tornou lobo para o homem, porque a meta do desenvolvimento industrial está

concentrada num objeto e não no ser humano. A tecnologia e a própria ciência não respeitam valores

éticos e, por isso, não tiveram respeito algum com o humanismo, para a convivência e para o sentido

mesmo da existência. Na própria política, o que contou no pós-guerra foi o êxito econômico e, muito

pouco, a justiça social e o cultivo da verdadeira imagem do homem. Fomos vítimas da ganância e da

máquina. Das cifras. E, assim, perdemos o sentido autêntico da confiança, da fé, do amor. As

máquinas andaram por cima da plantinha sempre tenra da esperança. E foi o caos."

ARNS, Paulo Evaristo. Em favor do homem. Rio de Janeiro: Avenir, s\d, p. 10.

De acordo com o texto, pode-se afirmar que:

a) A industrialização, embora respeite os valores éticos, não visa o homem.

b) A confiança, a fé, a ganância e o amor se impõem para uma convivência possível.

c) A política do pós-guerra eliminou totalmente a esperança entre os homens.

d) O sentido da existência encontra-se instalado no êxito econômico e no conforto.

e) O desenvolvimento tecnológico e científico não respeitou o humanismo.

4) A Revolução Industrial ocorrida no final do século XVIII transformou as relações do homem com o

trabalho. As máquinas mudaram as formas de trabalhar, e as fábricas concentraram-se em regiões

próximas às matérias-primas e grandes portos, originando vastas concentrações humanas. Muitos dos

operários vinham da área rural e cumpriam jornadas de trabalho de 12 a 14 horas, na maioria das

vezes em condições adversas. A legislação trabalhista surgiu muito lentamente ao longo do século

XIX e a diminuição da jornada de trabalho para oito horas diárias concretizou-se no início do século

XX.

Pode-se afirmar que as conquistas no início do século XX são decorrentes de:

a) a expansão do capitalismo e a consolidação dos regimes monárquicos constitucionais

b) a expressiva diminuição da oferta de mão-de-obra, devido à demanda por trabalhadores

especializados.

c) a capacidade de mobilização dos trabalhadores em defesa dos seus interesses

d) o crescimento do Estado ao mesmo tempo que diminuía a representação operária nos parlamentos.

e) a vitória dos partidos comunistas nas eleições das principais capitais européias.

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Aula 03

1. As contribuições de Émile Durkheim e Max Weber

O objetivo desta unidade é compreender as diferentes contribuições teóricas das

Ciências Sociais para a compreensão da sociedade moderna. É importante compreender

como estes conceitos permanecem atuais e podem ser aplicados para estudar os

fenômenos contemporâneos.

Outro elemento importante deste conteúdo é compreender que existem diferentes

princípios explicativos para a sociedade capitalista, evidenciando o grau de

complexidade do mundo moderno.

Os três teóricos clássicos da sociologia: Durkheim, Weber e Marx criaram

concepções norteadoras para a observação social e seguramente pode-se afirmar que

qualquer estudo sociológico vai, invariavelmente, ter uma filiação clara a um destes

modelos teóricos ou a aspectos combinados destes modelos.

Émile Durkheim (1858-1917) foi o criador do organicismo ou funcionalismo,

pois comparou a sociedade a um organismo vivo. Para ele, assim como no organismo,

em que cada órgão tem que cumprir a sua função para que o todo se mantenha saudável,

na vida social cada indivíduo deve cumprir a sua função, do contrário a sociedade ficará

doente, ou seja, entrará num estado patológico.

Durkheim desenvolveu conceitos fundamentais para a compreensão da vida

social como: fatos sociais, que podem ser normais ou patológicos; coerção social;

solidariedade mecânica e orgânica. A importância da obra de Durkheim é identificar

como o social se sobrepõe ao individual restringindo a possibilidade de exercício da

liberdade.

Para Max Weber (1864-1920) as instituições produzidas pelo capitalismo, como

a grande empresa, constituíam clara organização racional que desenvolvia suas

atividades dentro de um padrão de precisão e eficiência. O capitalismo lhe parecia à

expressão da modernização e de racionalização do homem ocidental, porém ele alertou

para os perigos dessa racionalização crescente que leva a excessiva especialização a um

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Material disponibilizado pela Universidade Paulista – UNIP 12 

mundo cada vez mais tecnicista e artificial e a deterioração das relações humanas e dos

aspectos existenciais do indivíduo. Para Weber esse sistema cria a burocracia, que é um

dos principais problemas gerados pelo capitalismo. Além disso, Max Weber volta sua

reflexão para a análise das subjetividades humanas analisando a importância do

protestantismo no desenvolvimento da sociedade capitalista.

Questão resolvida:

Leia com atenção a frase a seguir:

"Se não me submeto às convenções mundanas; se, ao me vestir, não levo em consideração os usos

seguidos em meu país e na minha classe, o riso que provoco, o afastamento em que os outros me

conservam, produzem os mesmos efeitos de uma pena propriamente dita (...) Não sou obrigado a falar o

mesmo idioma que meus compatriotas, nem empregar as moedas legais; mas é impossível agir de outra

maneira (...) Se sou industrial, nada me proíbe de trabalhar utilizando processos e técnicas do século

passado; mas, se o fizer, terei a ruína como resultado inevitável". (DURKHEIM: 1985, p.02)

A frase acima expressa a relação entre o indivíduo e a sociedade, que podem ser compreendida:

a) A sociedade moderna nasceu sob o princípio da liberdade e da individualidade,

por isso é garantido em todas as instâncias da vida, a livre expressão de idéias e

ações.

b) Existe uma imposição do social sobre o individual, pois quando nascemos já

encontramos uma sociedade pronta com regras e valores que devemos seguir.

c) Existe o domínio do individual sobre o social tendo em vista que a sociedade é

constituída de indivíduos livres e soberanos.

d) Existe uma imposição do social sobre o individual porque a democracia ainda não

se manifesta como um valor universal.

e) Existe uma imposição do individual sobre o social pois ainda existem ditadores

em vários países do mundo.

2. A contribuição teórica de Karl Marx

Karl Marx (1818-1883) é um pensador que exerceu grande influência sobre os

movimentos políticos do século XX. O conjunto de sua obra guarda atualidade pela

crítica que faz ao modo de organização social do mundo moderno. Segundo Marx, as

sociedades, assim como tudo o que vive traz em si o gérmen da sua própria destruição.

A história dos sistemas e modos de produção é uma constante superação do velho pelo

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Material disponibilizado pela Universidade Paulista – UNIP 13 

novo, segundo ele o declínio dos sistemas sociais se dá no seu próprio interior, quando

os indivíduos ao repetir suas formas vão recriando e transformando seu funcionamento.

Karl Marx demonstra que nos diferentes períodos históricos esse processo

produtivo sempre foi organizado com base na exploração de uma classe sobre a outra.

Por esse motivo Marx cunhou uma frase que se tornou famosa: “A história da

humanidade é a história da luta de classes”.

O processo de extração da mais-valia que foi descrito por Marx no princípio do

capitalismo se dá da mesma maneira atualmente. O trabalho do proletário (mão-de-obra

assalariada) engrossa o lucro da burguesia (industriais que investem na produção) a

medida que o trabalhador nunca ganha o salário condizente com a sua produtividade, os

salários são sempre mantidos o mais baixos possível. Uma forma de manter os salários

baixos é a existência do desemprego e a tecnologia que gradativamente vai tomando

conta dos processos produtivos, desta maneira há sempre mais profissionais procurando

emprego do que cargos à disposição.

A análise da obra de Karl Marx é fundamental para a compreensão das

desigualdades sociais, um dos problemas centrais do mundo contemporâneo pois

mostra como a riqueza produzida pelos trabalhadores é apropriada pela classe dominate.

Karl Marx desenvolveu conceitos importantes como ideologia,

concebida como um sistema de inversão da realidade, em que as ideais da classe

dominante aparecem como as ideias dominantes de uma época. Para ele, a ideologia

burguesa tem como objetivo fazer com que as pessoas não percebam que a sociedade é

dividida em classes sociais, atuando para a manutenção das estruturas sociais.

Desenvolveu o conceito de alienação que faz com que o trabalhador perca a

consciência da sua realidade concreta, não se percebendo como o verdadeiro produtor

das riquezas. O trabalhador passa a ser controlado externamente, pelo seu patrão, que

determina o seu salário, a sua jornada. A alienação política, que significa que o

trabalhador não se vê como agente capaz de intervir nos rumos políticos da sociedade.

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Material disponibilizado pela Universidade Paulista – UNIP 14 

Conceitos como ideologia e alienação possibilitam a compreensão das razões

pelas quais os oprimidos não se rebelam contra o sistema, pois o sistema de dominação

e introjetado na suas cabeças, que passam a ver com naturalidade a desigualdade e a

opressão, dificultando os processos de transformação social.

Questão resolvida:

Com o objetivo de entender o capitalismo, Karl Marx, proporcionou à sociologia uma

grande contribuição com novos conceitos, que seriam de extrema importância para os

estudos da sociedade. Sendo assim, um deles é chamado de ALIENAÇÃO que é:

a) a condição que o ser humano alcança quando vive em razão do dinheiro, condição

análoga a de um viciado.

b) a visão utópica da vida em sociedade

c) a implantação do comunismo, como solução para uma sociedade justa e

igualitária.

d) um distúrbio mental ocasionado pelos altos índices de produtos nocivos à saúde

das pessoas que trabalhavam nas indústrias sustentadas pelo capitalismo.

e) a separação do homem de seus meios de produção, dos frutos de seu trabalho, e

também vida política, em razão da imposição do mundo capitalista

Textos base:

COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3a.ed. São Paulo:

Moderna, 2005

FERREIRA, Delson. Manual de Sociologia: dos clássicos à Sociedade da Informação.

São Paulo: Atlas, 2001

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Material disponibilizado pela Universidade Paulista – UNIP 15 

Exercícios

1) Na teoria de Émile Durkheim há a importante análise dos fatos sociais, considerado pelo autor o

objeto de estudo da Sociologia. Segundo o autor, os fatos sociais:

a) Caracterizam-se por sua generalidade, por seu caráter coercitivo sobre os indivíduos, sendo ainda,

independentes e exteriores a eles.

b) caracterizam-se por seu aspecto altamente específico, dependem das ações individuais e são

somente por elas alterados.

c) São considerados como algo absoluto e não exercem influência sobre cada indivíduo, pois cada

pessoa possui o poder de interferir sobre o contexto coletivo.

d) É explicado como dependentes das ações de alguns indivíduos que por terem posição social

elevada conseguem determinar o que ocorre no contexto social.

e) Os fatos sociais, para Durkheim, dependem fundamentalmente da soma dos fatos individuais, pois

esses é que determinam o contexto social.

2) O conceito de mais-valia desenvolvido por Karl Marx significa:

a) o lucro do empresário advém da venda de mercadorias

b) a mais valia é obtida pela parte da riqueza produzida pelo capitalista, que investe seu lucro no

sistema produtivo.

c) a mais valia é obtida pela parte da riqueza produzida pelo trabalhador que fica com o capitalista

d) a mais valia é obtida pelo trabalhador como fruto do seu trabalho, seu empenho e sua dedicação

aos interesses da organização.

e) a mais valia significa o lucro do empresário no processo de circulação simples da mercadoria.

3) Max Weber elaborou importante teoria sobre os tipos ou formas de poder e de dominação. Assinale a

alternativa que, de acordo com o autor, contém os três tipos de poder e de dominação:

a) Legislativo, executivo e judiciário

b) Legal ou racional, tradicional e carismático

c) Econômico, político e cultural

d) Democrático, liberal e totalitário

e) Laico, religioso e militar

4) Baseando-se na dinâmica econômica, Karl Marx (1818-1883) desenvolveu a teoria da alienação do

operário pelo trabalho que é:

a) A pena ou servidão do homem à natureza

b) O esforço de sobrevivência do Homem no mercado de trabalho

c) A gratificação em termos existenciais das atividades desenvolvidas pelos trabalhadores

d) O preparo do trabalhador para o processo produtivo

e) A atividade parcelada, rotineira, despersonalizada que leva o operário a sentir-se distante ou

estranho àquilo que produz.

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Aula 03

1. A formação da sociedade capitalista no Brasil

O objetivo desta unidade é refletir sobre a maneira como o Brasil foi inserido

no mundo capitalista, e a partir daí , identificar as causas da dependência externa.

A sociedade brasileira se formou a partir do processo de expansão do

capitalismo europeu a partir do século XV. No início todas as relações comerciais eram

voltadas para a metrópole e aqui se mantinha relações sociais baseadas na escravidão.

Somente no século XIX, com a abolição da escravidão e a chegada de um

grande contingente de imigrantes é que se introduziu o trabalho livre. Com o ciclo do

café, outras atividades econômicas se desenvolveram como: transporte ferroviário, o

sistema bancário, pequenas indústrias de alimentos e têxteis, que dinamizaram a vida

nas áreas urbanas

Vários estudos indicam que o processo de industrialização do Brasil esteve

ligado ao desenvolvimento da economia cafeeira no Estado de São Paulo.

O processo de industrialização teve início com a introdução do trabalho livre

e com o grande surto migratório que o país viveu no século XIX, que gerou um

mercado consumidor de produtos industriais.

Segundo (VITA: 1989,p. 137) a forma como os negócios do café se

organizaram, possibilitou a formação de uma ‘consciência burguesa’ entre os

fazendeiros. Pois o capital acumulado no café era utilizado na diversificação das

atividades econômicas. Desde modo, o capital acumulado com a venda do café era

investido em outra atividade que possibilitasse a obtenção de lucro.

Já no início dos anos 20, grandes empresas norte-americanas instalaram filiais

no Brasil. Ford, Firestone, Armour, IBM etc. (NOVAES:1984 p.117). Com a crise

mundial do início dos anos 30, a economia brasileira deixa de ser voltada para a

exportação e se apóia na interiorização e na industrialização. Porém, somente na década

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de 50, com a chegada de um grande número de empresas estrangeiras, que buscam

produzir para o mercado externo, o desenvolvimento industrial ganha forte impulso.

Questão resolvida:

Em determinados países, como o Brasil, a formação de uma indústria local de bens de consumo dependeu

de recursos acumulados com a exportação agrária. A socióloga Cristina Costa , em relação a este processo

afirma: "Um caso típico, neste sentido, ocorrido no Brasil, foi a industrialização de São Paulo, que, sem

a concorrência dos produtos europeus, pôde se desenvolver com a utilização do capital gerado pela

exportação do café". Esta colocação está relacionada:

a) Aos momentos iniciais do processo de formação da sociedade capitalista no Brasil,

principalmente, a partir do início do século XX.

b) Ao processo de globalização da economia brasileira, iniciado após a industrialização da década de

50.

c) Ao momento gerado pela 2a. Guerra Mundial, independente do que ocorreu no setor agrário

nacional.

d) Ao processo de desenvolvimento da agricultura brasileira que sempre possuiu características de

desenvolvimento capitalista.

e) Ao processo de industrialização atual, incentivado pelas exigências da globalização da economia.

2. O capitalismo dependente

O grau de dependência que a economia brasileira têm com relação às potências

estrangeiras pode ser compreendido a partir da análise do modelo de desenvolvimento

industrial que o país teve, onde se privilegiou a indústria de bens de consumo em

detrimento na indústria de bens de capital.

Outro aspecto que merece ser mencionado à respeito da dependência estrangeira,

diz respeito à ausência de produção de tecnologia no país, que optou por um modelo de

desenvolvimento industrial marcado tanto pela dependência tecnológica como pela de

capital estrangeiro.2

                                                            2 Não é possível pensar no processo de industrialização brasileiro, sem levar em conta o processo de

expansão das empresas européias e norte-americanas no pós-guerra.

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Uma das mais importantes teorias explicativas para a dependência estrangeira,

surgiu no encontro de exilados de diversos regimes ditatoriais que proliferavam na

América Latina. Destaca-se nos estudos sobre a dependência, a obra Dependência e

desenvolvimento na América Latina de Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto. É a

obra que teve maior repercussão das Ciências Sociais em nível internacional.

A obra destaca a natureza política e social do desenvolvimento na América

Latina e trata das particularidades do desenvolvimento do capitalismo na América

Latina. A constituição social do povo brasileiro, que tem uma burguesia nacional de

origem agrária, colocou a burguesia internacional como o principal agente do

desenvolvimento capitalista brasileiro. Para não correr os riscos inerentes ao

empreendedorismo, a burguesia nacional optou por sua aliança com o capital

internacional e forte dependência do Estado.

A obra aponta a fragilidade do povo brasileiro, com uma elite que atua como

agente dependente do capitalismo internacional e do Estado. Quanto ao povo, a

ausência de uma consciência de classe (veja conteúdo sobre Karl Marx) dada a situação

inicial de um povo escravo e sem terra, atua como mero figurante ou espectador nas

principais decisões sobre os destinos do país. Assim é exposta a fragilidade da

sociedade civil, o povo age como massa e a elite como agente dos interesses

internacionais.

Por fim ,a obra nos permite compreender a dependência das elites empresariais

do Estado e do capitalismo internacional e do povo como agente passivo. Esta

fragilidade da sociedade civil, contribuiu para o fortalecimento do Estado, que assumiu

entre nós a função centralizadora e agente patrocinador do desenvolvimento econômico.

Questão resolvida:

ENADE 2000 - Após a Segunda Grande Guerra, muitos países em desenvolvimento, sobretudo os da

América Latina, adotaram um modelo de desenvolvimento que ficou conhecido como industrialização por

substituição de importações. Esse modelo se caracterizava por:

a) Incorporar uma estratégia de orientação do desenvolvimento para fora, ou seja, em direção ao

mercado internacional.

b) Praticar elevado grau de subsídios à exportação de produtos manufaturados com o objetivo de

estimular a produção interna destes bens.

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c) Conceder elevados incentivos à exportação de insumos e produtos intermediários, como forma de

estimular a produção doméstica de bens finais.

d) Utilizar barreiras comerciais para dificultar a importação de bens manufaturados e,

conseqüentemente, estimular a produção interna destes bens.

e) Incentivar as importações de bens de consumo final de alto conteúdo tecnológico, no lugar das

importações de produtos de baixo conteúdo tecnológico, com o intuito de modernizar a indústria

doméstica

4.3. Referências Bibliográficas:

NOVAIS, Carlos E. Capitalismo para principiantes. 8ª. Ed. – São Paulo: Ática, 1984.

SINGER, Paul. A formação da classe operária. 5ª ed. São Paulo: Atual; Campinas:

Editora da UNICAMP, 1988.

VITA, Álvaro. Sociologia da Sociedade Brasileira. São Paulo: Ática, 1989.

Exercícios:

1) No início do século XX, contata-se que não havia no Brasil desenvolvimento econômico e industrial

comparável aos países da Europa EUA. Esta constatação levou as oligarquias rurais a afirmar que "o

Brasil era um país com vocação agrária". Esta afirmativa exprimia os interesses desses grupos

que eram contrários ao desenvolvimento da indústria.

Assinale a afirmativa que expressa os interesses da oligarquia rural.

a) A ascensão econômica da burguesia industrial significaria uma ameaça aos interesses e aos

domínios das oligarquias de origem rural.

b) A forte convicção de que a industrialização era uma atividade que traria benefícios econômicos e

sociais para o país.

c) Seria impossível que a burguesia industrial conseguisse romper a resistência do governo central.

d) Seria impossível que a burguesia industrial conseguisse romper o cerco imposto pelos países de

capitalismo avançado.

e) Acreditavam que a burguesia industrial deveria investir no setor agrícola pois seria impossível

competir com a qualidade dos produtos importados.

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2) O padrão clássico de desenvolvimento do capitalismo ocorreu na Europa, a partir do século XVI,

com o desenvolvimento das atividades comerciais,acumulo crescente de capital e ascenção da

burguesia como classe social. No Brasil, o desenvolvimento do capitalismo ocorreu a partir do século

XIX, e teve caracteristicas específicas que o diferenciam do padrão clássico. Assinale a alternativa

que indique as características e aspectos da constituição do capitalismo no Brasil.

a) Formação de uma indústria de bens de consumo em São Paulo , no início do século XX, que

dependeu de recursos e capital acumulados com a exportação do café e da existênca da mão de

obra assalariada decorrente, principalmente, dos imigrantes europeus.

b) Existência de capitais gerados pelas exportações acumulados ao longo dos ciclos econômicos da

cana-de-açucar e ouro. Este acumulo de capitais propiciou a formação da burguesia nacional e o

desenvolvimento das atividades industriais.

c) O desenvolvimento do capitalismo industrial no Brasil ocorreu em virtude do grande investimento

estrangeiro ao longo do século XIX.

d) Influência do desenvolvimento da agricultura brasileira, que sempre possuiu características de

inovação e modernização capitalista.

e) Formação de capital advindo da época da mineração do século XVIII, quando uma sofisticada

tecnologia foi introduzida, favorecendo a criação de um parque industrial brasileiro.

3) A cultura do café no Oeste paulista a partir do século XIX teve consequências relevantes para o país.

Assinale a alternativa que NÃO corresponde a este contexto.

a) A cultura do café provocou a decadência do trabalho escravo e a introdução do trabalho livre.

b) A cultura do café contribuiu para dinamizar outras atividades econômicas como: a criação das

primeiras ferrovias e o sistema bancário.

c) A cultura do café contribuiu para o processo de urbanização, pois era nas áreas urbanas que se

realizava a comercialização do café e o financiamento da produção.

d) A necessidade de garantir mão-de-obra para a lavoura do café foi responsável pela imigração de

1.400.000 trabalhadores europeus.

e) A cultura do café contribuiu para a preservação do trabalho escravo e para a crise das cidades

industriais, que perderam população.

4) O grau de dependência que a economia brasileira têm em relação às potências estrangeiras deve ser

analisado a partir da compreensão do modelo de desenvolvimento industrial que o país adotou que

privilegiou:

a) Indústria de bens de consumo e ausência de pesquisa tecnológica no pais

b) Desenvolvimento baseado na produção agrícola

c) Desenvolvimento industrial baseado nas empresas de capital aberto

d) Desenvolvimento industrial baseado no lucro da especulação financeira

e) Desenvolvimento industrial baseado nas empresas estatais