cprm geologia da provincia tocantins

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2 GEOLOGIA 2.1 Contexto Geológico Regional A Folha Iporá está situada na porção sudoeste da Província Tocantins (Almeida, 1977) e engloba parte da Bacia do Paraná (figura 2.1). A Província Tocantins está representada pela Faixa Paraguai-Araguaia (Almeida, op. cit.) e pelo Maciço Mediano de Goiás (Marini et al., 1984). Trabalhos mais recentes, como os de Fuck & Pimentel (1987, 1992) e Fuck (1990, 1994), apre- sentam uma compartimentação da Faixa Brasília, caracterizando na região o “Arco Magmático do Oeste de Goiás”. Este arco abrangeria os terrenos gnáissicos antigos e as seqüências vulcano-sedi- mentares, desde a região de Sanclerlândia-Bom Jardim de Goiás, até Mara Rosa-Porangatu (Porto Nacional ?). Estes terrenos corresponderiam a uma crosta juvenil, com assinatura geoquímica e isotó- pica própria de arcos magmáticos intraoceânicos, acrescionada entre cerca de 930Ma e 600Ma, em conseqüência da obliteração da área oceânica que, no Neoproterozóico, separava os crátons Amazônico e São Francisco-Congo (Fuck, 1994). Ainda segundo este autor, os granitos tardi a pós- tectônicos (540-480Ma) amoldam-se aos diversos segmentos dos terrenos ao longo de cisalhamentos transcorrentes. As relações do arco com as unida- des vizinhas a oeste (Faixa Paraguai-Araguaia, e. g. Grupo Cuiabá) e a leste (zona interna da Faixa Brasília, e. g. Grupo Araxá) não são bem conheci- das. Neste trabalho de compilação foi adotado o mo- delo de Fuck (1994), pois não são conhecidos ou- tros dados litogeoquímicos, geocronológicos, gravimétricos etc., que o questionem, ressalvando, contudo, que há francas possibilidades de se aven- tar outras hipóteses para a evolução da região. O modelo seria semelhante ao adotado por Souza & Moreton (1994) para a porção setentrional da Faixa Paraguai-Araguaia, em cujo local Hasui & Costa (1988) caracterizaram o Cinturão Araguaia. Neste segmento, na região de Xambioá, as se- qüências de rochas metavulcano-sedimentares das serras do Tapa e de Xambica (Souza e More- ton, 1995) são interpretadas como unidades des- pregadas do embasamento antigo (Complexo Colméia) e posicionadas por tectônica de baixo ân- gulo na cobertura metassedimentar (Grupo Baixo Araguaia), em resposta ao movimento tangencial de massa de SE para NW, originado do cavalga- mento do Bloco Porangatu sobre o Bloco Aragua- cema (Hasui & Haralyi, 1985). –5– SE.22-V-B (Iporá)

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Geologia Da Provincia Tocantins

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  • 2GEOLOGIA

    2.1 Contexto Geolgico Regional

    A Folha Ipor est situada na poro sudoesteda Provncia Tocantins (Almeida, 1977) e englobaparte da Bacia do Paran (figura 2.1).

    A Provncia Tocantins est representada pelaFaixa Paraguai-Araguaia (Almeida, op. cit.) e peloMacio Mediano de Gois (Marini et al., 1984).

    Trabalhos mais recentes, como os de Fuck &Pimentel (1987, 1992) e Fuck (1990, 1994), apre-sentam uma compartimentao da Faixa Braslia,caracterizando na regio o Arco Magmtico doOeste de Gois. Este arco abrangeria os terrenosgnissicos antigos e as seqncias vulcano-sedi-mentares, desde a regio de Sanclerlndia-BomJardim de Gois, at Mara Rosa-Porangatu (PortoNacional ?). Estes terrenos corresponderiam a umacrosta juvenil, com assinatura geoqumica e isot-pica prpria de arcos magmticos intraocenicos,acrescionada entre cerca de 930Ma e 600Ma, emconseqncia da obliterao da rea ocenicaque, no Neoproterozico, separava os crtonsAmaznico e So Francisco-Congo (Fuck, 1994).Ainda segundo este autor, os granitos tardi a ps-tectnicos (540-480Ma) amoldam-se aos diversossegmentos dos terrenos ao longo de cisalhamentos

    transcorrentes. As relaes do arco com as unida-des vizinhas a oeste (Faixa Paraguai-Araguaia, e.g. Grupo Cuiab) e a leste (zona interna da FaixaBraslia, e. g. Grupo Arax) no so bem conheci-das.

    Neste trabalho de compilao foi adotado o mo-delo de Fuck (1994), pois no so conhecidos ou-tros dados litogeoqumicos, geocronolgicos,gravimtricos etc., que o questionem, ressalvando,contudo, que h francas possibilidades de se aven-tar outras hipteses para a evoluo da regio.

    O modelo seria semelhante ao adotado porSouza & Moreton (1994) para a poro setentrionalda Faixa Paraguai-Araguaia, em cujo local Hasui &Costa (1988) caracterizaram o Cinturo Araguaia.Neste segmento, na regio de Xambio, as se-qncias de rochas metavulcano-sedimentaresdas serras do Tapa e de Xambica (Souza e More-ton, 1995) so interpretadas como unidades des-pregadas do embasamento antigo (ComplexoColmia) e posicionadas por tectnica de baixo n-gulo na cobertura metassedimentar (Grupo BaixoAraguaia), em resposta ao movimento tangencialde massa de SE para NW, originado do cavalga-mento do Bloco Porangatu sobre o Bloco Aragua-cema (Hasui & Haralyi, 1985).

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    SE.22-V-B (Ipor)

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    Prog

    rama

    Levantamentos

    Geolg

    icosB

    sicosd

    oB

    rasil

    51 49 47

    13

    15

    17

    194749

    13

    15

    53

    17

    19

    5351

    MATO GROSSODO SUL

    MATO

    GROS

    SO

    TOCANTINS

    BAHIA

    MINAS

    GERA

    IS

    0km 50 150km100

    CONVENES

    Coberturas Cenozicas

    BACIAS SEDIMENTARES

    do Paran

    Alto So Franciscana

    FAIXA BRASLIAZona Externa: Parano e BambuZona Interna: Arax, Canastra, Ibie Paracatu

    FAIXA PARAGUAI-ARAGUAIA

    SEQNCIAS METAVULCANO-SEDIMENTARES

    TERRENOS DE ALTO GRAU

    Associao Ortognissica e/ouMigmatticaCintures Granulticos

    TERRENOS GRANITO-GREENSTONES

    Complexo Granito-Gnissico

    Greenstone - Belts

    Figura 2.1 Esboo Geolgico Simplificado do Estado de Gois (Adaptado de Lacerda F, 1994).

  • De acor do com essa in ter pre ta o, a re gi o deBom Jar dim de Goi s- I po r te ria evo lu o ge o l -gi ca se me lhan te: mo vi men to de mas sa de SE para NW e im bri ca men tos de se qn cias vul ca no- se di -men ta res nos ter re nos or tog nis si cos, es tes cons -ti tu in do o em ba sa men to das co ber tu ras me tas se -di men ta res da Fai xa Pa ra guai- Ara guaia (Gru poCu ia b).

    Em con so nn cia com essa in ter pre ta o, naspro xi mi da des des sas zo nas so des cri tas pe que -nas ex po si es de cor pos b si co- ul tra b si cosacom pa nha dos de quart zi tos fer r fe ros ban da dos e de ou tras uni da des qu mi co- e xa la ti vas, que po dem re pre sen tar frag men tos e se qn cias me ta vul ca -no- se di men ta res e/ou gre ens to nes, alo ja das tec to -ni ca men te nas co ber tu ras Ara x e Cu ia b. Se gun -do esta con cep o, as se qn cias de ro chas vul -c ni cas se ri am mais an ti gas que as co ber tu rasAra x e Cu ia b.

    Os di ver sos cor pos de gra ni ti des in tru si vos socon si de ra dos como sin a tar di-tectnicos em to dosos mo de los, cu jas as cen ses te ri am sido fa ci li ta -das pe los fa lha men tos trans cor ren tes que ba li zamas prin ci pa is uni da des.

    No pre sen te do cu men to ado tou- se a se guin te di -vi so tec to no- es tra ti gr fi ca :

    N cleo Cra t ni co An ti go (Ma ci o Me di a no deGoi s) en glo ba os ter re nos gra ni to- gnis si -cos e as se qn cias me ta vul ca no- se di men ta -res de Bom Jar dim de Goi s, Pi ra nhas- A re n -po lis e Ipo r- Amo ri n po lis, uni da des es tas con -si de ra das do Neo pro te ro zi co, ad mi tin do- separa os gnais ses, con tu do, uma ori gem maisan ti ga (so pro va vel men te ar quea nos), osquais te ri am sido sub me ti dos acres o crus -tal ou a re ju ve nes ci men to iso t pi co nes ta po -ca mais re cen te.

    Fai xa Pa ra guai- Ara guaia re pre sen ta da peloGru po Cu ia b, que cor res pon de a uma se -qn cia pla ta for mal de bai xo grau me ta mr fi -co.

    Intru ses Gra n ti cas agru pa das em dois ti pos:gra ni tos, gra no di o ri tos e quart zo mon zo ni tos de fi li a -o cal ci al ca li na, sin a tar di-tec t ni cos (Rio Ca i a -p-Ipor) e l ca li-granitos, tar di-tectnicos do tipoSer ra Ne gra.

    Ba cia do Pa ra n de ida de pa leo-mesozica, cor -res pon de a uma ba cia se di men tar in tra cra t ni ca do tipo si n cli se, em cujo in te ri or de sen vol ve ram-se se -qn ci as con ti nen ta is em am bi en tes fl vio-lacustres ee li cos, sub me ti das tar di a men te a in ten sa ati vi da -de g nea fis su ral com der ra mes de ba sal tos e in je -es de di a b si os.

    Pro vn cia Al ca li na Rio Ver de- I po r en glo ba di ver -sos vul ca ni tos e plu to ni tos de fi li a o pre do mi nan -te men te al ca li na.

    Co ber tu ras Su per fi ci ais in clui os se di men tos ter -ci ri os con ti nen tais das for ma es Ara guaia e Ca -choei ri nha, o ca pea men to de tri to- la te r ti co e as alu -vies.

    2.2 Es tra ti gra fia

    2.2.1 Com ple xo Gra ni ti de-Gnissico APgn

    Este com ple xo com pre en de gra ni tos, to na li tos,trondhje mi tos e gra no dio ri tos gnais si fi ca dos e mi lo -ni ti za dos, pos si vel men te ge ra dos no Ar quea no ere ju ve nes ci dos no Neo pro te ro zi co. Ocu pa umafai xa no cen tro- nor te, com lar gu ra m dia de apro xi -ma da men te 50km, es ten den do- se des de o li mi teles te da fo lha at as vi zi nhan as da ci da de de BomJar dim de Goi s, a oes te. As ex po si es so ra ras,em ra zo de um es pes so ca pea men to por so los epor co ber tu ras la te r ti cas.

    Os prin ci pais li t ti pos apre sen tam es tru tu ragnis si ca ban da da, com for tes evi dn ci as detrans po si o mi lo n ti ca. A gra nu la o va ria degros sa a m dia; exi bem to na li da des cin za com al -ter nn cia de ban das es cu ras e cla ras; ti pos comco lo ra o r seo- aver me lha da tam bm so co -muns. Em al guns lo cais aflo ram mig ma ti tos com es -tru tu ras di ver sas e do bras com ple xas.

    As an li ses des en vol vi das por Pena et al. (1975) es ti mam para os bio ti ta gnais ses uma com po si o mo dal da se guin te or dem: pla gio cl sio (30- 40%),quart zo (15- 35%), mi cro cl nio (25- 40%), bio ti ta(5-25%) e aces s ri os (5-20%). Os ou tros mi ne raispre sen tes so: hornblen da, car bo na to, es fe no,pis ta ci ta, ana t sio (?), pe ni na, se ri ci ta, gra na da,alla ni ta e opa cos. Os pla gio cl sios so a al bi ta e ooli go cl sio, ocor ren do ma cla dos se gun do a lei da

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    SE.22- V-B (Ipor)

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    Programa Levantamentos Geolgicos Bsicos do Brasil

    IDADE ERA PERODO SMBOLO UNIDADES / LITTIPOS

    65

    CE

    NO

    Z

    ICA

    QUATERNRIOQPa, Qa Aluvies: blocos, mataces, cascalho, seixos, siltes e argilas.

    TQdl Coberturas Detrito-Laterticas: concrees e latossolos.

    TERCIRIO

    Tc Formao Cachoeirinha: argilas, areias e nveis conglomerticos.

    Ta Formao Araguaia: conglomerados, siltes e areias inconsolidadas.

    235

    ME

    SO

    Z

    ICA CRETCEO

    Krvi

    Provncia Alcalina Rio Verde-Ipor: alaskitos, nordmarkitos, sienitos,

    nefelina sienitos, andesitos baslticos, gabros, dunitos, peridotitos,

    piroxenitos etc.

    Kb Grupo Bauru: arenitos com conglomerados na base e nveis de slex.

    JURSSICO JKsgGrupo So Bento Formao Serra Geral: derrames de basaltos com

    diques e sills de diabsio.

    460

    PA

    LEO

    Z

    ICA

    CARBONFERO Ca Grupo Itarar Formao Aquidauana: arenitos com nveis de diamictitos.

    DEVONIANO Df, Dpg GrupoParan

    Formao Ponta Grossa (Dpg): arenitos, siltitos e folhelhos.

    Formao Furnas (Df): arenitos, arenitos conglomerticos e siltitos.

    SILURIANO SvmGrupo Rio Iva Formao Vila Maria: diamictitos, microconglomerados,

    arenitos, siltitos e folhelhos.

    570

    EO-PALEOZICOEp

    E

    FormaoPiranhas(Ep):metaconglomerados,metarcseosemetagrauvacas.

    Sutes Granticas:

    Serra Negra (E): granitos rseos com prfiros de feldspato potssico.

    Rio Caiap-Ipor (N): granitos, granodioritos e dioritos prfiros deformados.

    1.000

    NEOPROTEROZICO

    N

    NcGrupo Cuiab: filitos, quartzitos, quartzitos feldspticos, biotita-quartzo

    xistos, muscovita-biotita xisto e diamictitos.

    NbjSeqncias Metavulcano-sedimentares: Bom Jardim de Gois (Nbj),

    Arenpolis-Piranhas (Nap) e Ipor-Amorinplis (Nia).

    Unidades:

    Nap

    Metassedimentar: metaconglomerados, metagrauvacas, quartzitos, filitos,

    metassiltitos, xistos, metacherts e mrmores.

    Metavulcnica cida a Intermediria: metandesitos, metatufos riodacticos

    e dacticos, metariolitos e quartzo xistos.

    Nia MetavulcnicaMfico-Ultramfica:metabasaltos,anfibolitos,metaperidotitosmetapiroxenitos, talco xistos, clorita xistos e serpentinitos.

    PALEOPROTERO-ZICO/ARQUEANO APgn

    Complexo Granitide-Gnissico: granitos, tonalitos, trondhjemitos e

    granodioritos, milonitizados, rejuvenescidos no Neoproterozico.

    Figura 2.2 Coluna Estratigrfica da Folha Ipor.

  • Albita e extremamente saussuritizados. A biotita oprincipal mfico e exibe alterao para clorita. Ahornblenda apresenta-se em cristais subidiomrfi-cos, com pleocrosmo amarelo-esverdeado. Oshornblenda gnaisses evidenciam uma composi-o modal semelhante aos biotita granitos, excetoquanto aos minerais definidores e a alguns acess-rios, como diopsdio e apatita.

    As relaes de contato com as seqncias meta-vulcano-sedimentares so tectnicas. Com os gra-nitides mais jovens evidenciam contatos trmicose/ou tectnicos, desenvolvendo com as demaisunidades relaes discordantes.

    Nos mapas geofsicos (aeromagnetometria e ra-diometria) no configuram assinaturas tpicas quepermitam separ-los dos terrenos adjacentes, dis-persando-se as feies magnticas de maior inten-sidade por vrios littipos, sem caracterizar especi-ficamente qualquer um.

    2.2.2 Seqncias Metavulcano-sedimentares

    2.2.2.1 Seqncia Metavulcano-sedimentarde Bom Jardim de Gois Nbj

    Sob esta denominao foram englobadas as ro-chas supracrustais que afloram a cerca de 10km asudeste da cidade homnima, ocupando rea deaproximadamente 100km. A diviso cartogrficaora adotada foi a proposta por S & Marques(1986), e deriva de trabalhos de pesquisa mineralexecutados localmente pela CPRM em 1979. Fo-ram individualizados os seguintes littipos: meta-basaltos, metandesitos, metatufos riodacticos,metaconglomerados polimticos e metassedimen-tos diversos.

    Os metabasaltos (Nbja) so de granulao afan-tica, com nveis amigdaloidais de colorao preta acinza-escuro. Constituem-se predominantementede anfiblios (hornblenda ou tremolita-actinolita) eplagioclsios. Subordinadamente ocorrem clorita,biotita, esfeno, epidoto e opacos. As texturas vari-am de termos porfirticos a subofticos e vitrofricos;estruturas almofadadas do tipo pillow lavas e pillowbreccias foram descritas por Seer & Nilson (1985).

    Os metandesitos (Nbjb) tambm so rochas degranulao afantica, de colorao cinza-escuro acinza-esverdeado, diferenciando-se dos metaba-saltos por apresentarem, ao microscpio, predomi-

    nncia de tremolita-actinolita, e pelo plagioclsio.So comuns as intercalaes com metabasaltos.

    Os littipos agrupados como metatufos riodacti-cos (Nbjc) incluem intercalaes de metatufos lticos,metabrechas e metalavas riodacticas. Os metatufosriodacticos mostram tons de cinza-escuro a claro,passando por tipos esverdeados. So constitudosessencialmente por fragmentos angulosos de plagio-clsio, quartzo e de rochas, imersos em matrizquartzo-feldsptica rica em biotita. Os metatufos lti-cos so caracterizados pela predominncia dos frag-mentos de rochas sobre os demais componentes. Asmetabrechas riodacticas foram caracterizadas comfragmentos, grnulos e seixos de at 5mm de dime-tro. Subordinadamente ocorrem metalavas riodacti-cas com textura microafantica e porfiroblstica.

    Os metaconglomerados polimticos (Nbjd) soconstitudos por fragmentos de rochas, com granu-lao varivel de seixos a at blocos com 1m de di-metro, em matriz areno-arcosiana localmente calc-fera. Os fragmentos so de andesitos, vulcnicascidas, metassiltitos, arcseos, microbrechas, xis-tos, granodioritos, metabasitos, filitos e calcrios.

    Os metassedimentos (Nbje) so representadospor metaconglomerados, metagrauvacas, quartzi-tos, filitos e metassiltitos, contendo ainda metavul-cnicas cidas subordinadas. Os metaconglome-rados so polimticos, mal classificados, compos-tos por fragmentos diversos (granitos homogneose foliados, granodioritos, riolitos, vulcnicas inter-medirias e bsicas, arenitos, siltitos, argilitos,quartzitos, gnaisses e micaxistos), sustentados pormatriz areno-argilosa localmente calcfera. As me-tagrauvacas tm colorao avermelhada a rsea,e, quando oxidadas, so arroxeadas. Os ortoquart-zitos so de granulao mdia a fina, com rarosgros de feldspatos, e apresentam marcas ondula-das simtricas a assimtricas. Os filitos e metassilti-tos apresentam-se muito alterados e com nveisgrafitosos. As metavulcnicas cidas so repre-sentadas por metatufos riodacticos e metarriolitos,em pores subordinadas.

    2.2.2.2 Seqncia Metavulcano-sedimentarde Arenpolis-Piranhas Nap

    Nos levantamentos geolgicos mais antigos,esta seqncia foi considerada como pertencenteao Grupo Arax (Pena & Figueiredo, 1972; Faria et

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    SE.22-V-B (Ipor)

  • al.,1975). Ianhez et al. (1983, 1984) excluram estassupracrustais do conjunto Arax, caracterizandolocalmente um greenstone belt. Pimentel (1985,1986) prope para as seqncias vulcano-sedi-mentares da regio uma origem em ambiente dotipo arco magmtico, segundo o modelo de conver-gncia de placas litosfricas. Fuck (1994) admiteque, tanto esta seqncia quanto as demais queocorrem na regio oeste de Gois, ter-se-iam de-senvolvido no Neoproterozico, idade esta aquiadotada, por no haver outros elementos geolgi-cos ou dados geocronolgicos que se contrapo-nham aos divulgados.

    A Seqncia Metavulcano-sedimentar deArenpolis-Piranhas localiza-se no centro da folha,ocupandoumafaixadedireoNNW-SSE,comlarguravarivel da ordem de 20km. Limita-se atravs de falhasde transpurro com o embasamento granito-gnissicoe, por discordncia, com as demais unidades.

    Adotou-se, parcialmente, a diviso proposta porPimentel & Fuck (1986), mantendo-se os limites entreas unidades, mas com novas denominaes. Oslittipos foram agrupados em trs subdivises:Unidade Mfica-Ultramfica, Unidade Metavulcnicacida-intermediria e Unidade Metassedimentar,divises estas tambm utilizadas parcialmente nasseqncias de Ipor-Amorinpolis e Bom Jardim deGois.

    Em termos regionais, a Seqncia Arenpolis-Pi-ranhas exibe um relevo magntico saliente, em cujoconjunto, contudo, no possvel a individualiza-o de littipos e/ou de seus agrupamentos.

    a) Unidade Mfica-Ultramfica Napg

    a unidade com maior rea de exposio, ocor-rendo em faixas subparalelas de orientao NNW-SSE. Em regra, os contatos com as demais seqn-cias so tectnicos, exceo daqueles com as ro-chas das coberturas paleozicas (Bacia do Para-n) e cenozicas (detrito-laterticas e aluvies). representada por anfibolitos, metabasaltos, meta-peridotitos, metapiroxenitos, talco xistos, clorita xis-tos, actinolita xistos e serpentinitos, predominandono conjunto os termos mfico-ultramficos.

    Assim como as demais unidades, tambm desen-volveu intensas intercalaes entre tipos rochososmuito variados, interpretando-se tais variaes faci-olgicas como resultantes de um intenso vulcanis-

    mo associado a sedimentaes e intruses de cor-pos mficos-ultramficos. A deformao posteriorencarregou-se de estirar estes corpos e imbric-loscom os demais littipos, proporcionando a formaode um padro lenticular/amendoado em diversasescalas, com intensa repetio de tipos. Em algunslocais formaram-se estruturas do tipo pods, em cujointerior possvel caracterizar texturas vulcnicasoriginais, como por exemplo, pillow-lavas (Pimentel& Fuck, 1986). Estes autores tambm descrevemtextura jackstraw em olivinas de rochas ultramficas,atribuindo-a ao de metamorfismo, em detrimen-to da hiptese de representar uma feio spinnifexde origem vulcnica. O metamorfismo varia de fci-es xisto-verde a anfibolito baixo.

    Estudos petroqumicos desenvolvidos porPimentel & Fuck (1987), concluram que os anfiboli-tos e metamficas possuem caractersticas toleiti-cas. A partir de dados litogeoqumicos sugerempara a regio uma evoluo em ambiente geotect-nico semelhante aos arcos magmticos atuais.

    b) Unidade Metavulcnica cida-Intermediria Napf

    Ocorre em duas pores: uma no centro e outrano sul da seqncia, aflorando em uma rea totalde aproximadamente 40km. Falhamentos detranspurro e/ou cisalhamentos indiscriminadosmarcam seus contatos.

    composta por rochas quartzo-feldspticas decomposio dactica a rioltica que exibem granula-o fina e texturas vulcnicas e piroclsticas(Pimentel & Fuck, 1986). Caracteriza-se tambmpor apresentar uma intensa intercalao/imbrica-mento, inclusive com rochas das outras unidadesmetavulcnicas, cuja origem teria fonte na defor-mao regional, em regime de tectnica dctil-rp-til que afetou este conjunto.

    As texturas descritas e as respectivas interpreta-es so: a) microporfirtica reliquiar, que poderia re-presentar um metatufo de cristal; b) bandamento finocom alternncia de faixas contendo gros de tama-nhos variados, apontando tambm para uma origemtufcea; e, c) cristais porfirides (at 0,5cm) em ma-triz fina, compatvel com origem vulcnica. Obser-vam-se ainda algumas provveis texturas piroclsti-cas reliquiares compostas por fragmentos de rochas(2mm),comcomposiomineralgicadiferente (clori-

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    Programa Levantamentos Geolgicos Bsicos do Brasil

  • ta, plagioclsio, epidoto e quartzo) em matriz fina. Sodescritos ainda sulfetos (Fe, Cu e Zn), recristalizados ealongados segundo a foliao. O grau metamrfico baixo, de fcies xisto-verde.

    O padro magntico de relevo alto, no con-trastando, contudo, com o das demais unidades daseqncia, assim como os dados cintilomtricostambm no a destacam do conjunto.

    c) Unidade Metassedimentar Nape

    A unidade metassedimentar representada porquartzitos micceos, metagrauvacas, muscovitaxistos, granada-muscovita xistos, granada-ciani-ta-estaurolita-biotita-muscovita xistos, sillimanita-muscovita-quartzo xistos, metachert e lentes demrmores. Pimentel & Fuck (1986) citam a presen-a, localmente, de rochas calcissilicatadas, meta-cherts piritosos e gonditos.

    Estes tipos, em sua maioria, afloram restrita edescontinuamente, exibindo forte cisalhamento ealterao, caracterizando-se por marcante folia-o transposta, derivada do alto grau de deforma-o superposto. Em funo desta prpria tectni-ca dctil-rptil que os afetou, ocorrem freqentesintercalaes e repeties de littipos, que se in-tercalam em limites de contornos lenticularizadose amendoados. Interposies mtricas a decam-tricas com rochas de outras unidades supracrus-tais so bastante comuns. Os mergulhos dos pla-nos so variveis, predominando os subverticais eos de valores medianos, com caimentos para lestee nordeste. Estruturas assimtricas, simtricas,dobras sigmoidais, dobras do tipo cabo de guar-da-chuva e transposio de veios e vnulas dequartzo so comuns e determinam sentido do mo-vimento de massas de SSE para NNW.

    A unidade metassedimentar no possui qual-quer assinatura geofsica prpria.

    2.2.2.3 Seqncia Metavulcano-sedimentarde Ipor-Amorinpolis Nia

    Os trabalhos de Faria et al. (1969), Pena &Figueiredo (1972) e Pena et al. (1975) englobam asrochas metavulcnicas bsicas e cidasassociadas com metassedimentos que ocorrem nasproximidades de Ipor e Amorinpolis, comopertencentes ao Grupo Arax. Ianhez et al. (1983)

    caracterizam estas rochas como uma seqnciavulcano-sedimentar do tipo greenstone belt,denominando-a de Grupo Amorinpolis, e aposicionam no Arqueano.

    No presente trabalho foram cartografados trssegmentos desta seqncia: um localizado mar-gem direita do rio Caiap, outro nas vizinhanas deIpor e, um terceiro, fragmentado, a oeste da cida-de de Amorinpolis.

    Os dados de magnetometria e cintilometria nodelineiam plenamente estes terrenos, configurandolocalmente apenas relevos magnticos de intensi-dade mdia a alta e sem qualquer assinatura radio-mtrica (figura 2.3).

    a) Unidade Metavulcnica cida-Intermediria Niaf

    Na margem direita do rio Caiap, as rochas meta-vulcnicas ocorrem em contato com um pequeno cor-po de granitide intrusivo, que tambm aflora nas cir-cunvizinhanas das cidades de Ipor e Amorinpolis.Os littipos predominantes so muscovita-quartzo xis-tos, sericita-plagioclsio-quartzo xistos, quartzo-pla-gioclsio-muscovita xistos, quartzo muscovititos, me-tarriolitos, metadacitos e metandesitos. Em sua maio-ria encontram-se muito cisalhados, alterados e comfreqentes intercalaescomclorita-talcoxistoseanfi-bolitos. So muito comuns os veios e vnulas de quart-zo estirados e boudinados segundo a foliao milonti-ca transposta. Intercalaes de sheets de granitidestambm so muito freqentes, assim como de quartzi-tos micceos e xistos grafitosos.

    As cidas-intermedirias esto separadas daUnidade Mfica-Ultramfica por uma zona de ro-chas milonticas (transpurro-transcorrncia) quecorta a rodovia GO-060 nas proximidades do cr-rego Caf (Vila Coca). Os contatos nos outros seg-mentos, vizinhanas das cidades de Ipor e Amo-rinpolis, so predominantemente tectnicos,com exceo dos sedimentos da Bacia do Paran,que so do tipo no-conformidade.

    b) Unidade Mfica-Ultramfica Niag

    semelhana da unidade anterior, as mficas-ultramficas ocorrem em trs pores principais:margem direita do rio Caiap e nas cercanias dascidades de Ipor e de Amorinpolis.

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    SE.22-V-B (Ipor)

  • A faixa da margem do rio Caiap (Vila Coca) constituda por talco xistos, sericita-clorita xistos,clorita xistos e anfibolitos. Estes littipos exibem for-te foliao transposta com dobras assimtricas,dobras rompidas e outras feies tpicas de zonasde alta taxa de deformao.

    A frao que se localiza nos arredores de Iporapresenta-se como uma faixa estreita e em formato tri-angular. Seus contatos so tectnicos e caracteriza-dos por transpurres e cisalhamentos indiscrimina-dos. Os littipos predominantes so os derivados demficas e ultramficas, tais como talco xistos, clorita-

    talco xistos, serpentinitos e anfibolitos. Em geral apre-sentam-se alterados e com forte foliao transposta.

    Os littipos mais freqentes, a oeste de Amorin-polis, compreendem quartzo-clorita xistos, clori-ta-talco xistos, talco xistos, clorita xistos e metaba-saltos com intercalaes subordinadas de serici-ta-quartzo xistos e quartzitos. Tambm nesta regioobservam-se registros de intensa deformao dc-til-rptil, caracterizada por forte foliao milonticatransposta. Nas proximidades de Amorinpolisocorre uma inverso na posio espacial das gran-des estruturaes regionais dominantes, passando

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    Programa Levantamentos Geolgicos Bsicos do Brasil

    5230' 5100'1600'

    1700'(Modificado do Mapa Aeromagntico do Projeto Ipor Convnio DNPM/CPRM, 1974)

    0km 10 20km

    Zonas com anomaliasmagnticas

    Provvel corpo intrusivo(aflorante a subaflorante)

    Alinhamento deprovvel falha

    Figura 2.3 Mapa de Zonas Magnticas.

  • as foliaes a mergulharem para W e SW e as linea-es de estiramento (Lx) a orientarem-se segundo omeridiano, com caimento ora para sul ora para o nor-te. Tais perturbaes locais no padro regional soatribudas s influncias produzidas pelas deforma-es do megaalinhamento Moipor-Novo Brasil, lo-calizado a cerca de 30km a NE desta cidade.

    c) Unidade Metassedimentar Niae

    A Unidade Metassedimentar ocorre a oeste dacidade de Diorama, em pequena rea onde afloramgranada-muscovita-quartzo xistos e granada-mus-covita xistos, com intercalaes subordinadas declorita xistos e quartzitos micceos. A foliao dotipo milontica transposta e os mergulhos so sub-verticais a verticais, em zona muito perturbada tec-tonicamente por falhas e fraturas.

    2.2.3 Grupo Cuiab (Evans, 1894) Nc

    Os metassedimentos do Grupo Cuiab ocupamuma rea irregular a sul-sudoeste da cidade deBom Jardim de Gois. Os contatos com as unida-des limtrofes so delimitados: a) por falhas trans-correntes (Serra Negra) a leste; b) por cisalhamen-to com o Complexo Granitide-Gnissico; e, c) pordiscordncia angular com os sedimentos paleozi-cos da Bacia do Paran.

    composto dominantemente por filitos cinza,que se tornam avermelhados quando alterados, fi-namente bandados, contendo intensa venulaoquartzosa em seqncia amplamente deformada.Ocorrem subordinadamente quartzitos, quartzitosfeldspticos, biotita-quartzo xistos, muscovita-bio-tita xistos e diamictitos (S & Marques, 1986). Ograu metamrfico de fcies xisto-verde. As folia-es so bem desenvolvidas, mergulham para NE,com inflexes para sul e mostram ntida vergnciapara o Crton Amaznico.

    Segundo Almeida (1965, apud: Marini et al.,1984), estes metassedimentos compem a Faixade Dobramentos Paraguai-Araguaia e emolduramo limite oriental do Crton Amaznico, em extensosuperior a 2.500km, estendendo-se geografica-mente desde o Paraguai at o baixo curso do rio To-cantins.

    Interpreta-se que o Grupo Cuiab constituiria acontinuao sul do Grupo Tocantins/Estrondo, ra-

    zo pela qual sugere-se para esta regio uma evo-luo tectono-geolgica segundo o modelo da Re-gio Norte (Baixo Araguaia, Xambio) de Souza &Moreton (1994, 1995). Neste modelo, modifica dode Costa (1988), as rochas do Grupo Cuiab teriamevoludo a partir da deposio em ambiente plata-formal profundo, desenvolvido a partir de bacias dotipo hemigabren, que posteriormente foram entu-lhadas e deformadas pelas aes de coliso deblocos cratnicos, do que resultou movimento demassa de SE para NW.

    A idade do Grupo Cuiab no est bem definida,admitindo-se, em conformidade com os modelospropostos por Fuck (1994), que tenha sido meta-morfizado no Neoproterozico.

    2.2.4 Granitos

    2.2.4.1 Granito Tipo Rio Caiap-Ipor N

    Sutes granticas afloram por quase toda a folha,destacando-se as do rio Caiap, de Ipor, do MorroAlto/Santa Marta, a sul-sudoeste de Amorinpolis, ea da serra do Impertinente (extremo NE da folha),alm de outras de menor expresso.

    Os corpos exibem amplas variedades petrogrfi-cas, predominando os granitos e os granodioritosprfiros, havendo ainda descries de passagensentre quartzo dioritos e quartzo monzonitos. Possu-em diversas tonalidades, de cinza a rosada, e gra-nulao mdia a grossa. Os cristais de microclniopodem atingir dimenses maiores que 5cm. Petro-graficamente caracterizam textura hipidiomrfica.A composio do plagioclsio varia de labradorita(An55), em gabros, a oligoclsio (An < 30), em gra-nitides. Hornblenda o mineral mfico mais co-mum, ocorrendo freqentemente sob formas agre-gadas de cristais hipidiomrficos associados combiotita. Os minerais acessrios so: zirco, esfeno,apatita, allanita e opacos.

    Em geral exibem foliao moderada, podendo,contudo, ocorrer zonas mais deformadas comfoliao milontica como, por exemplo, na SerraGrande (Granito Ipor, 22km a norte da cidadehomnima). So provavelmente intrusivos, e,embora as relaes de contato no estejam bemdefinidas, apresentam comumente encraves demetamficas, af lorando localmente aindametagabros com xenlitos de xistos-verdes, que

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    SE.22-V-B (Ipor)

  • tanto podem estar associados s seqnciasmetavulcano-sedimentares ou aos granitos (Pimentel &Fuck, 1985). Freqentes veios microgranticos de corrsea, com cristais de microclnio de at 1cm decomprimento, encontram-se imersos em matriz degranulao fina (Pena & Figueiredo, 1972). SegundoS & Marques (1986), na serra do Impertinente ocorremfenocristais de microclnio e leitos quartzo-feldspticosdispostos concordantemente e discordantemente foliao, alm de bolses irregulares, cujas gnesesforam atribudas a processos de intensametassomatose potssica (migmatizao).

    So classificados (Pimentel & Fuck, 1987a)como calcialcalinos, tendo sido correlacionadosaos batlitos caractersticos de reas magmticasjovens, de zona de choque de placas litosfricas,em razo da ampla variedade de littipos.

    Ianhez et al. (1983) datam o granito do rio Caiapem 58512 Ma com razo inicial igual a 0,70382 e ode Ipor em 489 48 Ma (r.i.=0,7039 0,00511). Osbaixos valores das razes iniciais sugerem que partesignificativa foi formada preteritamente e acrescida crosta posteriormente, no Neoproterozico.

    Pimentel & Fuck (1986, 1987, 1987a) e Seer(1985) sugerem que a regio integra a Faixa Pa-raguai-Araguaia, cinturo este que teria resulta-do de choque tectnico entre o Crton Amazni-co e a Microplaca de Gois, esta representadapelo embasamento exposto a leste da Falha Moi-por-Novo Brasil. A subduco da placa oceni-ca intermediria teria propiciado um sistema dearcos magmticos, semelhantes aos atuais ar-cos-de-ilhas imaturos do tipo Margem Andina,em cuja regio, aps a estabilidade crustal poste-rior coliso, teriam sido formados os granitos al-calinos ps-tectnicos.

    Os dados cintilomtricos oriundos do ProjetoIpor (1974) mostram uma boa correlao entre al-tos radiomtricos e corpos granticos, ao passo queo mapa magnetomtrico no define uma assinaturacaracterstica para estes terrenos (figura 2.4).

    2.2.4.2 Granito Tipo Serra Negra (Pena &Figueiredo, 1972) E

    Sob a denominao Serra Negra foram engloba-dos diversos corpos de granitos de natureza ps-tectnica, o principal dos quais estende-se desde a

    cidade de Piranhas para oeste (por mais de 30km)at os limites com a Seqncia Metavulcano-sedi-mentar de Bom Jardim de Gois, ao passo que al-guns outros, de dimenses mais reduzidas, situ-am-se no centro-norte, alojados no Complexo Gra-nitide-Gnissico e nas rochas supracrustais daSeqncia Metavulcano-sedimentar de Arenpo-lis-Piranhas.

    Apresentam textura homognea, granulaomdia a grossa, com fenocristais de microclniorosa de at 3cm de comprimento. Possuem coravermelhada a rsea, constituindo-se de feldspa-to potssico, plagioclsio (oligoclsio e albita),quartzo e biotita. Em suas bordas podem ser ob-servados contatos trmicos e, em alguns locais,foliao incipiente. Segundo S & Marques(1986), nas zonas dos contatos trmicos desen-volveu-se uma fcies de bordo, caracterizadapor um granito fino a afantico englobando xen-litos, ao passo que, as texturas rapakivi observa-das no interior das massas granticas (fenocris-tais de microclnio envoltos por aurolas de pla-gioclsios) confeririam carter anorognico aoevento. Por sua vez, Hasui & Almeida (1970, in:S & Marques, op. cit.) atribuem ao Serra Negra(e ao Piranhas) idade isocrnica Rb/Sr de 500Ma(r.i.= 0,708) e K/Ar de 488 15 Ma., correlacio-nando-os aos corpos So Vicente e Santa Cruzem Mato Grosso, todos considerados como tar-diorognicos em relao ao Ciclo Brasiliano. Pi-mentel & Fuck (1987b) datam o granito de Israe-lndia por K/Ar, em 462 28Ma, ligando-o aos dotipo Serra Negra.

    Os dados cintilomtricos coletados pelo ProjetoIpor indicam uma boa correlao entre as anoma-lias radiomtricas por contagem total e os corposgranticos, quer sejam do tipo rio Caiap-Ipor oudo tipo Serra Negra (figura 2.4).

    2.2.5 Formao Piranhas (Rosito et al. 1971) Ep

    A Formao Piranhas foi definida por Rosito et al.(1971, apud: Pena & Figueiredo, 1972) em dois lo-cais: o primeiro, a sul-sudeste da cidade de BomJardim de Gois, na margem esquerda do ribeirodos Macacos e, o outro, a 10km ao sul da cidade dePiranhas, em faixa de aproximadamente 15km decomprimento por 2km de largura.

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    Programa Levantamentos Geolgicos Bsicos do Brasil

  • Na base ocorre um metaconglomerado grosso,composto por uma frao rudcea sustentada pe-los clastos, com mataces de at 80cm de dime-tro. Em direo ao topo, a granulao decresce,passando a metarcseo e, localmente, a meta-grauvaca epidotizada. Pequenas lentes de argili-tos, de cores marrom e cinza-chumbo, interca-lam-se no pacote e exibem clivagem ardosiana.Os gros dos metaconglomerados so de frag-

    mentos de piroclsticas, lavas vtreas bsicas,traquitos, andesitos, quartzitos granatferos, anfi-bolitos, gnaisses e granitos.

    O conjunto foi submetido a deformao de pe-quena intensidade, sob a forma de incipiente folia-o planar, a qual, mesmo assim, obliterou as textu-ras e estruturas primrias.

    Em razo de portarem seixos de granitos do tipoSerra Negra (505 38Ma), admite-se que se

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    SE.22-V-B (Ipor)

    5230' 5100'1600'

    1700'

    0km 10 20km

    Zonas com teores anmalos em potssio, sem especificao de valor(provvel rocha de filiao alcalina e/ou grantica).

    Figura 2.4 Zonas Anmalas em Potssio.

  • depositaram no Ordoviciano. A Formao VilaMaria (Siluriano) ocorre sobreposta a eles.

    2.2.6 Bacia do Paran

    A Bacia Intracratnica ou Sinclise do Paran, doFanerozico, ocupa uma rea de 1.600.000 km nosterritrios do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina,abrangendo, no Brasil, partes dos estados de Gois,Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, SoPaulo, Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.Na Folha Ipor est representada pelos grupos RioIva (Formao Vila Maria), Paran (formaes Fur-nas e Ponta Grossa) e Itarar (Formao Aquidaua-na) do Paleozico. A Formao Serra Geral e o Gru-po Bauru so os representantes do Mesozico.

    2.2.6.1 Grupo Rio Iva Formao Vila Maria(Faria & Reis, 1978) Svm

    Faria & Reis Neto (1978) definiram e cartografa-ram pioneiramente a Formao Vila Maria (base doGrupo Rio Iva) no flanco nordeste da bacia, emcujo local ocorre de forma irregular, em faixa estrei-ta, que distribui-se desde o rio Caiap at o limiteoeste da folha. Mais recentemente (1990), traba-lhos de graduao em geologia de alunos da Uni-versidade de Braslia registram-na tambm a oestee sudoeste da cidade de Diorama.

    A espessura varia de 14m a 30m podendo redu-zir-se, localmente, a apenas poucos metros, no re-presentveis em mapas de escala regional.

    Est recoberta pela Formao Furnas por conta-to gradacional concordante e capeia discordante-mente as unidades mais antigas.

    Na base ocorrem diamictitos arroxeados e mi-croconglomerados, seguindo-se, em direo aotopo, arenitos cinza, siltitos e folhelhos micceos decores rosadas a avermelhadas.

    Os diamictitos so polimticos contendo grnu-los, seixos e mataces de quartzo, quartzitos, mica-xistos, granitos e rochas mficas, em matriz areno-argilosa. As dimenses dos fragmentos variam decentimtricas a mtricas, encontrando-se algunsdeles achatados, facetados e estriados.

    Os arenitos exibem cores que variam de tonsmarrom-arroxeado a cinza-escuro. Tm granula-o fina e so feldspticos, calcferos, sericticos emal classificados.

    Os folhelhos geralmente ocorrem entremeadosnos diamictitos e, mais para o topo, intercalam-secom siltitos e arenitos. Ocorrem em estratos hori-zontais bem laminados, quebradios, micceos eexibem fraturas subconchoidais e cores vermelho-roxo a cinza.

    Os siltitos exibem cores cinza a roxa, laminaesplano-paralelas e concrees em forma de bolachade cor esverdeada, as quais contm, em seus n-cleos, acumulaes de xidos de ferro.

    Os microconglomerados afloram intercaladosnos diamictitos. So constitudos por gros angulo-sos e mal selecionados de quartzo leitoso e exibemcor acinzentada, laminaes e estruturas tipo es-tratificao cruzada e pseudomarcas de ondas.

    Gonzaga (1994) correlaciona estes sedimentoscom os da Formao Iap, que ocorre no estado doParan em posio estratigrfica semelhante (Pr-Furnas e neo-ordoviciana). Admite ainda que ambasrepresentem depsitos de sistemas glaciais, osquais teriam sido os agentes de disperso regionalde diamantes, que, em retrabalhamento posterior,teriam sido redepositados na Formao Furnas.

    2.2.6.2 Grupo Paran Formao Furnas(Oliveira, 1912) Df

    H diversos estudos e levantamentos sobre os li-ttipos, as relaes estratigrficas e a distribuioespacial da Formao Furnas, havendo ampla con-cordncia quanto aos parmetros que a identifi-cam. Por sua vez, as grandes diferenas entre asnaturezas do embasamento e de Furnas, facilitam adelimitao do contato basal, o qual, alm do mais, ressaltado pelas escarpas, em forma de cuestas,desenvolvidas pelo pacote sedimentar, ressalvan-do-se, contudo, os casos de justaposies por fa-lhas. No seu topo, passa transicionalmente para aFormao Ponta Grossa e exibe contato trmicocom as alcalinas.

    A distribuio na rea irregular, aflorando emuma faixa principal com largura varivel de 10km a30km de direo E-W, mas exibindo-se tambm empores isoladas a nordeste e noroeste da folha.

    constituda de arenitos, brancos a creme, degranulao mdia a grossa, mal selecionados, fri-veis, feldspticos, caulnicos e micceos, intercala-dos com nveis secundrios de conglomerados,arenitos conglomerticos e siltitos. A estrutura mar-

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    Programa Levantamentos Geolgicos Bsicos do Brasil

  • cante a estratificao cruzada acanalada. A con-centrao de minerais micceos varivel, atingin-do, em alguns locais, propores significativas, en-quanto que altos teores de xidos de ferro configu-ram um aspecto pintalgado, assemelhando os se-dimentos a pele-de-ona (Ianhez et al.,1983). Soformados basicamente por gros de quartzo, angu-lares a subangulares, e de feldspatos subordina-dos, ambos associados a mica e xidos de ferro.Segundo Pena et al. (1975), os gros de quartzo se-riam subangulares e polifacetados.

    Admite-se terem os sedimentos sido deposita-dos no Devoniano, tanto por estarem assentadossobre a Formao Piranhas (Eo-Paleozico) e so-bre rochas pr-cambrianas, quanto por gradaremno topo para a Formao Ponta Grossa (esta deidade devoniana comprovada por fsseis).

    O ambiente de deposio deve ter sido marinhocosteiro na base, o qual teria gradado superior-mente para continental costeiro. No topo, a sedi-mentao teria sido submetida influncia de regi-mes fluviais anastomosados.

    2.2.6.3 Grupo Paran Formao PontaGrossa (Oliveira, 1912) Dpg

    Ocupa a maior parte dos terrenos, ocorrendoprincipalmente em uma faixa disposta na direoE-W, com largura mdia de cerca de 20km, ocu-pando ainda pequenas reas nos quadrantesnor-deste e noroeste da folha, com espessura daordem de 150m (Pena et al., 1975).

    constituda dominantemente por arenitos finos,contendo nveis centimtricos de conglomerados,que passam, em direo ao topo, a siltitos e folhe-lhos e, localmente, a delgados nveis de argilitos.

    Os arenitos so de cor branca, cinza, amarela oumarrom. Apresentam granulao fina, com grosbem selecionados, contendo feldspatos, micas, e,em alguns pontos, concentraes de xidos de ferro.Exibem estratificaes plano-paralela e cruzada debaixo ngulo e, localmente, leitos ondulados desen-volvidos por efeito da compactao diferencial.

    Os siltitos, folhelhos e argilitos so de cores varia-das, predominando as amareladas e marrom aver-melhadas. Exibem laminao muito bem desenvol-vida e alto contedo de micas.

    A limonitizao supergnica um fenmeno co-mum no topo dos afloramentos, a qual lhes propicia

    uma laterizao de tonalidade marrom-chocolatetpica, e que, quando alterada, produz uma frag-mentao poligonal em forma de bastonetes, pla-quetas e confetes (Ianhez et al., 1983).

    Exibe contato concordante e/ou por falha de gra-vidade com a Formao Furnas e discordante ero-sional com a Formao Aquidauana. Assenta-seem discordncia do tipo no-conformidade sobre ocristalino.

    Segundo Pena et al. (1972), em um importante s-tio fossilfero localizado na fazenda Santa Marta, a2,5km ao sul da estrada que liga Amorinpolis aIvolndia, foi constatado que os braquipodosconstituem 90% do total dos fsseis, ocorrendo su-bordinadamente moluscos e equinodermados. Emoutros afloramentos fossilferos estudados, tais au-tores obtiveram idades de deposio que variamdo Devoniano Inferior ao Neopaleozico.

    O ambiente de deposio considerado comotendo sido marinho transgressivo de guas rasas,com gradaes para guas mais profundas (Ia-nhez et al., op. cit.), stios estes refletidos na acumu-lao de clsticos finos na base e de siltitos e folhe-lhos no topo.

    2.2.6.4 Grupo Itarar Formao Aquidauana(Lisboa, 1909) Ca

    A denominao Formao Aquidauana foi usadapor Almeida et al. (1971, apud: Pena et al., 1975)para caracterizar os sedimentos que ocorrem emampla faixa de direo E-W, no sul e em poroconsidervel no quadrante NW da folha.

    Na base constituda por arenitos de coloraovermelho-cermica a arroxeados que passa paratons avermelhados no topo. Possuem aspecto ma-cio e so silicificados e friveis, quando alterados.Mostram granulao mdia a grossa e contmgros mal a regularmente selecionados, arredon-dados, algo feldspticos e imersos em cimento fer-ruginoso.

    Os diamictitos ocorrem em lentes e bolses inter-calados com arenitos grossos, brancos a rseos,em todos os nveis da coluna, mas com maior fre-qncia na poro mdia a superior. So constitu-dos por gros, seixos, blocos e mataces de quart-zo leitoso, chert, micaxisto e siltito, com formas an-gulosas e subarredondadas, em matriz areno-argi-losa. S & Marques (1986) citam diversos nveis de

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    SE.22-V-B (Ipor)

  • tilitos com seixos de quartzitos facetados, polidos eestriados, com aspecto de ferro-de-engomar.

    Os sedimentos exibem principalmente estratifica-o cruzada planar, de pequeno a grande porte, es-truturas acanaladas de sobrecarga e dobras convo-lutas. Os arenitos mais homogneos podem apre-sentar ainda estruturas do tipo casco-de-tartaru-ga.

    A sedimentao da Formao Aquidauana ocor-reu no Carbonfero.

    S & Marques (1986) tendo por base a cor ver-melha dos sedimentos, as estruturas sedimenta-res, os diamictitos e tilitos e a grande variao ver-tical e horizontal de fcies propem que teriamse originado a partir da lavagem de depsitos gla-ciais e flvio-glaciais, em ambiente continentalperiglacial.

    2.2.6.5 Grupo So Bento Formao SerraGeral (White, 1906) JKsg

    A Formao Serra Geral ocorre em pequenas re-as de contornos irregulares na regio centro-sul.

    constituda de sucessivos derrames de lavasbsicas intertrapeadas com arenitos elicos e flu-viais (correspondentes Formao Botucatu) e di-ques e sills de diabsios e andesitos.

    Os vulcanitos bsicos so representados em suamaioria por basaltos toleiticos de cor verde-escuroa cinza-escuro, granulao fina a mdia, afantica,que, quando alterados, mostram cor amarelo-ferru-gem. Em alguns locais exibem vesculas e amgda-las preenchidas por quartzo, clorita e calcita. A es-trutura tpica a disjuno colunar. So compostospor plagioclsio, piroxnio, clorita e opacos, tendopor acessrios xidos de ferro e apatita. Origina-ram-se de derrames vulcnicos em ambiente conti-nental, sob o domnio de clima rido a semi-rido.

    Assentam-se sobre as formaes Ponta Grossae Aquidauana. Em alguns locais afloram sob a for-ma de diques de diabsio alojados ao longo de an-tigas transcorrncias, como os que cortam o emba-samento na GO-060, a 10km a SW de Arenpolis ena regio do contato com o Grupo Cuiab, a sul deBom Jardim de Gois.

    Os sills e os diques de diabsios e de andesitos,quando alterados exibem superficialmente exfolia-o esferoidal, em blocos de tamanhos variados e,quando totalmente intemperizados, edificam es-

    pessos pacotes de latossolos vermelhos a amar-ronzados, conhecidos como terra-roxa, de altafertilidade.

    Os arenitos intertrapeados pelos derrames sogeralmente lenticulares, de colorao rosa, verme-lha e amarela, com gros bem classificados e arre-dondados e contm intercalaes subordinadassltico-argilosas.

    Os derrames baslticos da Formao Serra Ge-ral so do Juro-Cretceo.

    2.2.6.6 Grupo Bauru (Campos, 1905) Kb

    Utilizou-se os dados de S & Marques (1986), notendo sido executados levantamentos adicionais decampo na rea de ocorrncia do Grupo Bauru.

    Aflora em uma pequena poro no extremo- su-deste da rea, onde est assentado discordante-mente sobre as formaes Aquidauana e PontaGrossa. Apresenta contato tectnico com o granitoMorro Alto e est recoberto pelos sedimentos terci-rios da Formao Cachoeirinha.

    Sua base constituda por conglomerado malclassificado, sustentado por matriz calcfera-argilo-sa, com seixos arredondados de quartzo, quartzi-tos e rochas bsicas. A ele sobrepem-se arenitosde granulao mdia a fina, de cor creme-averme-lhado, mal classificados, bem arredondados, dealta esfericidade e, localmente, calcferos. Nveisde slex e de slex ooltico so bastante comuns. Asestruturas sedimentares esto pobremente expos-tas, predominando entre elas as tabulares, as lami-naes plano-paralelas e as cruzadas.

    Os sedimentos depositaram-se no Cretceo Su-perior.

    Em funo da grande variedade faciolgica deseus littipos, no foi precisado um stio deposicio-nal especfico, interpretando-se um ambiente conti-nental subaquoso raso, no qual teriam predomina-do os depsitos de plancie.

    2.2.7 Provncia Alcalina Rio Verde-Ipor(Danni et al., 1992) Krvi

    A Provncia Alcalina, anteriormente designadade Grupo Ipor (Guimares et al., 1968, apud:Pena, 1975), compreende uma vasta variedade deintrusivas e vulcnicas de filiao alcalina, ocorren-do em forma de sills, diques, plugs e pipes, alm de

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    Programa Levantamentos Geolgicos Bsicos do Brasil

  • depsitos de lavas e de piroclsticas (Danni et al.,1992). Seus corpos afloram em formas que variamde subcirculares a irregulares, com dimenses di-versas e de, no mximo, 10km de dimetro.

    Desenvolveram contatos trmicos com as encai-xantes, caracterizados por aurolas de recozimen-to, fenitizao e intenso fraturamento.

    Apresentam grande diversidade petrogrfica,com espectro de littipos cidos (alaskitos enord-markitos), intermedirios (sienitos, nefelina sie-nitos, sieno-gabros e andesitos baslticos) e bsi-co-ultrabsicos (gabros, dunitos, peridotitos,piroxenitos, serpentinitos, basanitos, traquibasaltos,diabsios e lamprfiros).

    Segundo Pena et al. (1975), os alaskitos ocorremna zona de borda do corpo intrusivo da fazenda Bu-riti (oeste da cidade de Ipor). So rochas de corcinza-claro, istropas, granulao fina a grossa,constitudas dominantemente por cristais eudri-cos de feldspato potssico (50% - 73%), quartzo in-tersticial (10% - 15%) e opacos disseminados. Osnordmarkitos (quartzo sienitos), que tambm ocor-rem na fazenda Buriti, so rochas de cor cinza-cla-ro a amarronzadas, de granulao grossa com pr-firos de ortoclsio (1,5cm) e quartzo (0,5cm). Em l-mina delgada, os plagioclsios ocorrem, principal-mente, como pertita e formam aurola em torno doscristais de ortoclsio. A pistacita rara.

    Os sienitos so rochas de cor cinza e granulaomdia. Compem-se de aegerina-augita (15%-20%), microclnio (15% - 20%), plagioclsio (ande-sina, 30% - 35%) e opacos. Os gabros alcalinos eos sieno-gabros so rochas que tanto gradacionamentre si quanto com os sienitos. Possuem coloraocinza-escuro com pintas esbranquiadas e granu-lao fina a mdia, apresentando a seguinte com-posio modal mdia: augita (40% - 50%), plagio-clsio (An 56-53, 30% - 40%), Ti-biotita (10% -15%), nefelina (0% - 10%) e opacos (< 5%).

    Os dunitos foram descritos no morro dos Maca-cos e no corpo de Montes Claros de Gois, locaisem que gradam para piroxenitos. So rochas muitoescuras, istropas e de granulao fina, que, quan-do alteradas, exibem cores amarelo-esverdeadascom pontos e veios de opacos. Segundo Pena etal. (1975), ao microscpio revelaram ser constitu-dos essencialmente por olivina transformada emserpentina, contendo ainda augita, biotita, zelita,plagioclsio e opacos. Os piroxenitos so os termos

    transicionais entre os dunitos-peridotitos e os esse-xitos, cujas passagens podem ser observadas na in-truso de Montes Claros de Gois, a norte, no morrodos Macacos, e apresentam composio muito pr-ximas a de jacupirangito. Apresentam tons escurose texturas homogneas, de granulao fina a mdia,ou porfirticas em matriz afantica. Compem-se deaugita-titanoaugita (50% - 60%), olivina (10% - 25%),plagioclsio (5%) e opacos (5% - 10%). Os serpenti-nitos registram alteraes hidrotermais e so com-postos essencialmente por serpentina e opacos,ocorrendo secundariamente carbonato, clorita, tal-co e raros cristais de olivina e piroxnio. Em superf-cie apresentam-se silicificados.

    Os basanitos so lavas que ocorrem em formade diques e sills. Exibem cor cinza a preta, com fe-nocristais de augita, hornblenda e plagioclsio comat 2mm de comprimento, imersos em matriz afan-tica muito rica em vesculas preenchidas por calcita(Pena et al., 1975).

    Os diabsios so rochas de cor cinza-escuro, svezes esverdeadas, e contm fenocristais de pla-gioclsio com at 1cm de comprimento, imersosem matriz fina. Em alguns diques observa-se sulfe-to de ferro (pirita).

    No grupo dos lamprfiros foram definidos trs ti-pos principais: monchiquitos, fourchitos e odinitos,todos de cor preta, com fenocristais de biotita, horn-blenda, augita, olivina e plagioclsio, imersos emmatriz afantica.

    Estudos petroqumicos (Cerqueira & Danni,1994),efetuados no corpo da fazenda Buriti, confirmam a fi-liao alcalina e tambm a atuao dos processosde cristalizao fracionada do magma, concluindoque as subvulcnicas e vulcnicas (microssienitos etraquitos) representam pulsos magmticos, tardios,nos quais os traquitos parecem derivar da contami-nao de magmas mais saturados.

    Segundo Pena (op. cit.), os dados geocronolgi-cos aliados aos dados de campo, confirmam queas alcalinas foram geradas no Cretceo Superior.

    2.2.8 Coberturas Superficiais

    2.2.8.1 Formao Araguaia (Barbosa, et al.,1965) Ta

    Definida por Barbosa et al., (1966, apud: Pena etal., 1975), a Formao Araguaia constituda de

    19

    SE.22-V-B (Ipor)

  • sedimentos continentais inconsolidados, contendona base um conglomerado, ao qual seguem-se sil-tes e areias siltosas, mal selecionados, de colora-o amarela a castanho-avermelhada e de granu-lometria varivel. Ocorrem no limite centro-norte dafolha, em rea de cerca de 120km, acompanhan-do o vale do rio Araguaia.

    Tal seqncia, silto-argilosa em essncia, teriasido depositada em ambiente continental contro-lado por movimentao tectnica de direonordeste. Constitui atualmente uma superfciemuito plana, denominada de Peneplancie Ara-guaia, na qual esto alojadas drenagens de flu-xo baixo e grande quantidade de lagoas e mean-dros abandonados.

    Recobrem as rochas do embasamento antigo,as magmticas da Provncia Alcalina Rio Verde-Ipor e os sedimentos da Formao Furnas.

    Depositaram-seno Plioceno (Barbosaetal., 1966).

    2.2.8.2. Formao Cachoeirinha (Gonalves &Schneider, 1970) Tc

    A conceituao da Formao Cachoeirinha mui-to controversa, havendo alguns autores que discor-dam de sua caracterizao como unidade autnoma,englobando os sedimentos nas coberturas laterticas(Olivatti & Ribeiro Filho, 1976; Ghignone, 1980; Mar-ques et al. 1981, apud: Ianhez et al., 1983). Em quepese estas restries, adotou-se a definio de Penaet al. (1975) que a consideram uma seqncia sedi-mentar isolada do Tercirio Inferior.

    constituda de argilas e areias brancas, cinza,amarelas e avermelhadas, intercaladas tanto comnveis conglomerticos quanto com outros lateriza-dos, todos lenticulares.

    Na rea em apreo recobre os grupos Aquidaua-na e Bauru, em pequena extenso no extremo-sudeste da folha.

    Assim como a Formao Araguaia, a FormaoCachoeirinha tambm teria sido originada por fa-lhamentos e arqueamentos tercirios, ambas sob aforma de bacias continentais.

    2.2.8.3 Coberturas Detrito-Laterticas TQdl

    Ocorrem dispersamente por quase toda a folha,tendo maior rea de exposio nos domnios dosterrenos granito-gnissicos e vulcano-sedimenta-res. Geralmente ocupam interflvios de extensasreas peneplanizadas, conhecidas regionalmentecomo chapades e chapadas.

    Derivam da ao intemprica sobre o substratorochoso e podem ser divididas nos seguintes nve-is: basal composto por rocha alterada com estru-tura preservada (isalterita); mosqueado ou alote-rtica (sem preservao das estruturas) com argi-las diversas, rica em xidos de alumnio; concre-es laterticas endurecidas com estruturas ool-ticas/pisolticas, granular/microgranular, fragmen-tada e/ou macia; e, por ltimo, latossolos verme-lho-amarronzados, geralmente argilosos. Suas es-pessuras variam desde poucos decmetros a at,no mximo, 50m.

    As coberturas detrtico-laterticas da rea desen-volveram-se durante o Trcio-Quaternrio.

    2.2.8.4 Aluvies QPa e Qa

    Os depsitos aluvionares ocorrem descontinua-mente ao longo das principais drenagens.

    Os sedimentos que os compem so formadospor blocos, mataces, cascalhos, seixos, areias,siltes e argilas, em propores variadas. A fraogrossa constituda geralmente de gnaisses,quartzitos e micaxistos, dentre outros fragmentos.As areias e os seixos quartzosos exibem granulo-metria varivel, cujo grau de arredondamento de-riva do porte da drenagem que os transportou. Omaterial arenoso contm muito comumente mine-rais micceos e pesados (ilmenita, magnetita, ruti-lo e zirco).

    A diviso proposta por Pena et al. (1975) em Alu-vies Recentes (Qa) e Pleistocnicas (Qpa) foimantida.

    20

    Programa Levantamentos Geolgicos Bsicos do Brasil

    2 GEOLOGIA2.1 Contexto Geolgico Regional2.2 Estratigrafia2.2.1 Complexo Granitide-Gnissico APgn2.2.2 Seqncias Metavulcano-sedimentares2.2.2.1 Seqncia Metavulcano-sedimentar de Bom Jardim de Gois Nbj2.2.2.2 Seqncia Metavulcano-sedimentar de Arenpolis-Piranhas Nap2.2.2.3 Seqncia Metavulcano-sedimentar de Ipor-Amorinpolis Nia

    2.2.3 Grupo Cuiab (Evans, 1894) Nc2.2.4 Granitos2.2.4.1 Granito Tipo Rio Caiap-Ipor2.2.4.2 Granito Tipo Serra Negra (Pena & Figueiredo, 1972)

    2.2.5 Formao Piranhas (Rosito et al. 1971)2.2.6 Bacia do Paran2.2.6.1 Grupo Rio Iva Formao Vila Maria (Faria & Reis, 1978)2.2.6.2 Grupo Paran Formao Furnas (Oliveira, 1912)2.2.6.3 Grupo Paran Formao Ponta Grossa (Oliveira, 1912)2.2.6.4 Grupo Itarar Formao Aquidauana (Lisboa, 1909)2.2.6.5 Grupo So Bento Formao Serra Geral (White, 1906)2.2.6.6 Grupo Bauru (Campos, 1905)

    2.2.7 Provncia Alcalina Rio Verde-Ipor (Danni et al., 1992)2.2.8 Coberturas Superficiais2.2.8.1 Formao Araguaia (Barbosa, et al., 1965)2.2.8.2. Formao Cachoeirinha (Gonalves & Schneider, 1970)2.2.8.3 Coberturas Detrito-Laterticas2.2.8.4 Aluvies