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SUSANA SILVA DE OLIVEIRA
MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE DE UM REMANESCENTE
DE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA DO MUNICÍPIO DE RIOZINHO, RIO GRANDE DO SUL
CANOAS, 2009.
SUSANA SILVA DE OLIVEIRA
MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE DE UM REMANESCENTE
DE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA DO MUNICÍPIO DE RIOZINHO, RIO GRANDE DO SUL
Trabalho de Conclusão apresentado à banca examinadora do Curso de Ciências Biológicas, do UNILASALLE – Centro Universitário La Salle, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas, sob orientação da Profª. Drª. Cristina Vargas Cademartori.
CANOAS, 2009.
TERMO DE APROVAÇÃO
SUSANA SILVA DE OLIVEIRA
MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE DE UM REMANESCENTE
DE FLORESTA OMBRÓFILA MISTA DO MUNICÍPIO DE RIOZINHO, RIO GRANDE DO SUL
Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em
Ciências Biológicas pelo Centro Universitário La Salle – Unilasalle, pela seguinte avaliadora:
Profª. Drª Cristina Vargas Cademartori Unilasalle
Canoas, 26 de junho de 2009.
Dedicatória Dedico este trabalho as pessoas que são a base sólida da minha vida: A minha mãe querida, que tanto amo Selem Silva de Oliveira pelo amor, carinho e confiança na minha capacidade, uma pequena “grande” mulher que é minha fortaleza e meu porto seguro, mãe obrigada por todos esses anos de dedicação e amor. Ao meu pai Joel Quintino de Oliveira que a vida fez com que me deixasse tão cedo, e que me ensinou a tratar com respeito todas as formas de vida, me deu muito amor enquanto esteve ao meu lado e sempre será motivo de orgulho para mim. Ao meu marido Ricardo Alberto Junges pela paciência, cumplicidade, amor e principalmente amizade ao longo desses anos, pela fundamental ajuda em campo, pelas longas caminhadas em busca de rastros, enfrentando chuvas e mosquitos. Meu grande parceiro de campo. A vocês dedico essa jornada em busca do conhecimento e da realização, obrigada por tudo.
Agradecimentos Neste momento tão especial não poderia deixar de agradecer aos que colaboraram para a realização deste trabalho. Primeiramente, à Profª. Drª. Cristina Vargas Cademartori, pelos conhecimentos científicos repassados ao longo da minha jornada acadêmica e pela amizade, dedicação e principalmente paciência nos momentos difíceis. Ao Prof. Dr. Eduardo Dias Forneck, pela ajuda na identificação da vegetação da área estudada. À mastozoóloga Rosane Vera Marques, pela grande ajuda na identificação de algumas pegadas e pela presteza em me auxiliar. À família Bracht, que me disponibilizou a área de estudo, me recebendo com muita hospitalidade e carinho. À colega e amiga para todas as horas, Simone Perez Bitencourt, pelos momentos de descontração e incentivo, com seu ditado “força na peruca mulher”. Pessoa de imenso valor e que nunca esquecerei. Às colegas e amigas Luciane Almeida, Luciana Toazza e Vanessa Lague pelo carinho e amizade durante esses anos. Ao colega de graduação Daniel Pires, pelas sugestões úteis ao trabalho. Ao amigo Mauro Valhe, por emprestar seu GPS sem medo.
A verdadeira viagem de descobrimento
não consiste em buscar novas paisagens, mas em ter novos olhos. Marcel Proust
RESUMO O objetivo deste trabalho foi conhecer a composição de espécies de mamíferos de médio e grande porte em um remanescente de Floresta Ombrófila Mista pertencente ao Domínio Mata Atlântica, localizado no município de Riozinho, RS (29º34’19’S e 50º22’W). Para estimar a riqueza de espécies, foram utilizadas 10 parcelas de areia de 50 x 50cm a uma distância de 20m cada uma, ao longo de duas transecções. Como atrativos, utilizou-se banana, bacon e sal grosso, que foram dispostos intercaladamente no centro das parcelas. Buscas ativas por visualizações ou vestígios em trilhas, bem como entrevistas com moradores locais, também foram realizadas. Foram efetuadas seis expedições mensais, de novembro de 2008 a maio de 2009, totalizando-se um esforço de 220 parcelas/dia e 33h de busca ativa. Para a análise dos dados, utilizou-se os testes não-paramétricos Kruskal-Wallis (KW) e Mann-Whitney (U). Registraram-se 16 espécies de mamíferos, das quais nove estão ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul: Leopardus pardalis, Leopardus sp., Puma yagouaroundi, Lontra longicaudis, Eira barbara, Cuniculus paca, Dasyprocta azarae, Tamandua tatradactyla e Mazama sp. A ordem Carnivora foi a mais representativa, compreendendo 51% das espécies constatadas, seguida da ordem Rodentia, com 19% e das demais ordens, Cingulata, Lagomorpha, Artiodactyla e Pilosa, com 6% cada uma. A riqueza encontrada sugere que a área, apesar dos impactos sofridos (perda de habitats, pecuária e caça), pode desempenhar importante papel na manutenção da diversidade da fauna local, e que inventários e avaliações ambientais são de extrema necessidade, principalmente fora das unidades de conservação. Palavras-chave: mastofauna, parcelas de areia, riqueza de espécies, floresta com araucária.
ABSTRACT
The purpose of this study was to know the composition of medium and large mammal species in a remnant of Araucaria Forest of the Atlantic Forest Domain, located in Riozinho, RS (29º34'19'S and 50°22'W). To estimate the species richness we used 10 plots of sand of 50 x 50cm at a distance of 20m each, along two transects. Banana, bacon and salt thick were used to attract animals and were arranged in the center of the plots one after another. Active search for views on tracks or traces, as well as interviews with local residents were also performed. Six expeditions were carried out on a monthly basis, from November 2008 to May 2009. The total effort was 220 sand plots/day and 33h of active search. Non-parametric tests Kruskal-Wallis (KW) and Mann-Whitney (U) were used to analyze the data. There were 16 species of mammals, nine of which are endangered in state of Rio Grande do Sul: Leopardus pardalis, Leopardus sp. Puma yagouaroundi, Lontra longicaudis, Eira barbara, Cuniculus paca, Dasyprocta azarae, Tamandua tetradactyla and Mazama sp. The order Carnivora was the most representative, comprising 51% of species found, followed by the order Rodentia, with 19%, and by the other orders, Cingulata, Lagomorpha, Artiodactyla and Pilosa, with 6% each. The richness found suggests that the area, despite the impacts suffered (habitat loss, livestock and hunting), can play an important role in maintaining the diversity of local fauna. Besides, environmental assessments and inventories are so necessary, especially outside of conservation units. Keywords: mammals, sand plots, species richness, Araucaria Forest
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................................7
2 MAMÍFEROS DO BRASIL......................................................................................................9
2.1 Médios e grandes mamíferos de florestas com araucárias...................................................9
2.2 Importância ecológica dos mamíferos..................................................................................10
3 MATERIAL E MÉTODOS.....................................................................................................12
3.1 Descrição e histórico da área de estudo...............................................................................12
3.2 Procedimento amostral..........................................................................................................14
3.3 Análise estatística...................................................................................................................15
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................................16
4.1 Riqueza...................................................................................................................................16
4.2 Esforço amostral ...................................................................................................................20
4.3 Parcelas de areia....................................................................................................................21
4.4. Características biológicas e ecológicas das espécies nativas.............................................22
4.4.1 Ordem Didelphimorphia......................................................................................................22
4.4.2 Ordem Pilosa........................................................................................................................23
4.4.3 Ordem Cingulata..................................................................................................................23
4.4.4 Ordem Carnivora.................................................................................................................24
4.4.5 Ordem Artiodactyla.............................................................................................................29
4.4.6 Ordem Rodentia..................................................................................................................29
4.4.7 Ordem Lagomorpha.............................................................................................................31
4.5 Espécies ameaçadas..............................................................................................................32
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................34
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................35
APÊNDICE A – Fotos das pegadas encontradas na área de estudo...........................................39
ANEXO A – Teste estatístico Mann-Whitney Test....................................................................41
ANEXO B – Teste estatístico Kruskal-Wallis Test.......................................................................42
1 INTRODUÇÃO
A Mata Atlântica é a segunda maior floresta pluvial tropical do continente americano, que
originalmente se estendia de forma contínua ao longo da costa brasileira, penetrando até o leste
do Paraguai e nordeste da Argentina em sua porção sul. Junto à floresta tropical, a Mata Atlântica
abrange formações mistas de araucária ou floresta com araucária (COSTA et al.; 2005).
Entre as formações florestais do Estado do Rio Grande do Sul, encontra-se a Floresta
Ombrófila Mista (FOM), resultante da interpenetração de floras de origem austral–andina e floras
de origem tropical afrobrasileira, que se caracteriza pela presença de Araucaria angustifolia, e
ocorre intercaladamente com áreas savânicas e estépicas, originando um sistema em mosaico que
constitui parte da paisagem da região Sul do país (VELOSO apud SONEGO et al., 2007).
A Floresta Ombrófila Mista, também conhecida como Floresta com Araucária, cobria
originalmente cerca de 175.000 km2 na região Sul do Brasil; porém, atualmente, restam apenas
20.000 km2 (NETO et al., 2002). No Rio Grande do Sul, essa formação está sendo
constantemente destruída por atividades agrícolas e de pastagens, restando apenas 9.195,65 km2
dessas florestas (CADEMARTORI et al., 2002). Ocupa os mais diferentes tipos de relevos, solos,
litologias e situações afastadas das influências marítimas (LEITE, KLEIN, 1990). Dentre as
atividades de maior relevância, que contribuíram para a redução da área dessa formação florestal,
tem-se a intensa exploração madeireira de pinheiro (A. angustifolia) e imbuia (Ocotea porosa), e
os desmatamentos para a expansão da agricultura (NETO et al., 2002). Os raros e diminutos
remanescentes ainda existentes, muitos deles profundamente alterados, são encontrados em locais
de difícil acesso, em áreas particulares ou nas poucas unidades de conservação existentes
(SONEGO et al., 2007). Por esta razão, a Floresta Ombrófila Mista é um dos ecossistemas
brasileiros mais ameaçados (TONHASCA, 2005). Com isso, impactos ocasionados pelas
mudanças da paisagem podem estar causando efeitos negativos para a fauna, principalmente aos
mamíferos de médio e grande porte (MELO, 2005).
Segundo Cademartori et al. (2004), a floresta com araucária constitui-se num ecossistema
relativamente bem conhecido desde o ponto de vista da composição e estrutura da vegetação, mas
sobre o qual praticamente inexistem informações a respeito da dinâmica de suas populações
animais. O grupo dos mamíferos é um dos mais bem conhecidos, entretanto, apenas algumas
florestas úmidas tropicais foram suficientemente inventariadas e listas locais de espécies são
incompletas (VOSS, EMMONS, 1996). Desta forma, estudos que permitam conhecer a fauna de
mamíferos de florestas com araucária são fundamentais para subsidiar ações de manejo e
conservação das áreas remanescentes. Devido ao grau de ameaça que sofrem e à importância
ecológica que o grupo desempenha na manutenção da diversidade biológica, inventários e
avaliações ambientais são de extrema necessidade, principalmente fora das unidades de
conservação.
Com base no exposto, este trabalho teve como objetivo conhecer e contribuir para o
conhecimento acerca da composição de espécies de mamíferos de médio e grande porte em um
remanescente de Floresta Ombrófila Mista pertencente ao Domínio Mata Atlântica, além de
ponderar a importância da área para a conservação da biodiversidade em um dos 25 hotspots
mundiais de biodiversidade.
2 MAMÍFEROS DO BRASIL
Considerando os mamíferos descritos atualmente, 652 espécies ocorrem em território
brasileiro, o que representa aproximadamente 12% da mastofauna do mundo. Esses números
fazem com que o Brasil apresente a maior riqueza de mamíferos em toda a Região Neotropical.
Somente na Mata Atlântica ocorrem cerca de 250 espécies de mamíferos, sendo
aproximadamente 22% endêmicas desse bioma. Ao contrário do continente africano, onde os
grandes mamíferos podem ser vistos nas savanas, no Brasil, a maioria é de pequeno porte e
dificilmente observada. Geralmente, vivem camuflados entre a vegetação, iniciando suas
atividades no início da noite e se recolhendo ao amanhecer (REIS et al., 2006).
Os hábitos predominantemente noturnos da maioria das espécies, as áreas de vida
relativamente grandes e as baixas densidades populacionais dificultam o estudo como, por
exemplo, de tatus, tamanduás, cutias, pacas, antas, porcos-do-mato, veados e carnívoros
florestais. O conhecimento da biologia dessas espécies, por sua vez, tem colocado em evidência a
importância desses mamíferos em uma série de processos nos ecossistemas florestais (PARDINI
et al., 2004).
Estudos sobre mamíferos brasileiros iniciaram-se com os primeiros exploradores europeus a
publicarem uma obra que incluía a caracterização de alguns mamíferos brasileiros no ano de
1576 (DE CÂNDAVO apud REIS et al., 2006). Entretanto, a descrição formal das espécies
brasileiras iniciou com Linnaeus, em 1758, que descreveu 47 espécies nativas, além de três
espécies exóticas introduzidas (REIS et al., 2006). O estudo sobre mamíferos sempre esteve
concentrado naqueles dos quais o homem tira proveito imediato, ou seja, os domesticados. As
espécies selvagens são pouco conhecidas, o que, conseqüentemente, muito tem contribuído para
seu desaparecimento e rarefação (SILVA, 1984).
Segundo Pardini et al. (2004), o número de estudos com mamíferos, principalmente
autoecológicos, aumentou consideravelmente no Brasil. Estudos sobre dieta, uso de habitats e
tamanho da área de vida desses animais começam a se tornar disponíveis.
2.1 Médios e grandes mamíferos de florestas com araucárias Segundo Marques, Ramos (2001), a região do Planalto das Araucárias pode ser considerada
uma área chave para a conservação da diversidade biológica, pois apresenta espécies endêmicas
de invertebrados aquáticos e peixes, bem como a ocorrência de espécies consideradas vulneráveis
ou ameaçadas de extinção entre os vertebrados terrestres. Esses registros, numa região mal
amostrada, são importantes, tendo em vista que alguns dos critérios fundamentais para definir
espécies ameaçadas e categorias de ameaça contemplam: distribuição, número de registros,
presença e situação em unidades de conservação (MIRANDA, 2008).
Melo (2005) afirma que a Floresta Ombrófila Mista abriga cerca de 76 espécies de mamíferos
não-voadores. Wallauer et al. (2000) pressupõem, para o estado de Santa Catarina, cerca de 36
espécies de mamíferos ocorrentes nas matas com araucária. Miranda (2008) cita 35 espécies de
mamíferos em estudo realizado em campos sulinos com fragmentos de floresta com araucária no
estado do Paraná. Marques, Ramos (2003) realizaram um estudo utilizando a metodologia de
registros com armadilhas fotográficas e obtiveram uma riqueza de 16 espécies de mamíferos.
2.2 Importância ecológica dos mamíferos
Os primeiros mamíferos apareceram há 220 milhões de anos, no período Triássico, a partir de
uma linhagem de vertebrados conhecidos como Sinapsida, répteis predadores ativos que se
originaram dos primeiros amniotas há cerca de 300 milhões de anos, na era Paleozóica
(VAUGHAN apud REIS et al., 2006). Os Sinapsida deram origem aos Terapsida que, por sua
vez, deram origem aos Cynodontia (animais com aumento da agilidade de locomoção e na
especialização das maxilas e dentes), dos quais se originaram os mamíferos atuais (POUGH,
1999).
Os mamíferos são animais vertebrados, endotérmicos, cujo o corpo é geralmente recoberto
por pêlos; as fêmeas são providas de glândulas mamárias e são animais dotados de grande
complexidade. São possuidores de variações morfológicas, anatômicas e fisiológicas que lhes
possibilitam a vida nos meios terrestre, aquático e aéreo (SILVA, 1984). Há mamíferos vivendo
tanto nas áreas mais extremamente geladas, como os pólos norte e sul, como nas distintas
florestas, montanhas, desertos, rios, mares, abaixo do nível do solo e até mesmo voadores
(CARVALHO, LUZ, 2008).
O tamanho e a geografia de uma área domiciliar de um mamífero estão relacionados com a
distribuição e abundância dos recursos, com o tamanho do corpo do animal e com seus hábitos
alimentares. Aspectos selecionados da irradiação adaptativa dos mamíferos derivados
proporcionam uma apreciação da versatilidade da estrutura e da função desses animais. Os modos
pelos quais os mamíferos interagem com seus ambientes, satisfazem seus requisitos nutricionais,
percebem o mundo à sua volta e se reproduzem, são temas de particular importância (POUGH,
1999).
Os mamíferos sempre despertam interesse nas pessoas devido a sua diversidade, beleza,
utilidade ou pelos problemas que podem causar. Apesar de seu sucesso evolutivo, eles são bem
menos numerosos que a maioria dos outros grupos de animais. Isso se deve ao grande tamanho de
muitas de suas espécies, ao alto custo de energia que a endotermia exige e, por fim, à
incapacidade de explorar alguns nichos ecológicos restritos (REIS et al., 2006).
Conforme Melo (2005), os mamíferos de médio e grande porte exercem importante papel
ecológico nos diversos ecossistemas do mundo, eles contribuem para a manutenção e equilíbrio
das populações e comunidades, influenciando na dinâmica do ecossistema onde estão inseridos.
Os mamíferos são capazes de influenciar a dinâmica de uma floresta, executando ações
ecológicas que contribuem para a sobrevivência das espécies da flora, agindo como dispersores e
predadores de sementes e plântulas (SILVA, 2008).
Segundo Pardini (2004), as espécies frugívoras e/ou herbívoras como antas, veados, porcos-
do-mato e roedores de grande porte desempenham um papel muito importante na manutenção da
diversidade de árvores da floresta, através da dispersão e predação de sementes de plântulas, ao
passo que os carnívoros regulam as populações de herbívoros e frugívoros.
Os mamíferos se enquadram como espécies “guarda-chuvas” e/ou “chaves” para a
conservação do meio físico e biológico, sendo imprescindíveis para a indicação de impactos
ambientais de diferentes naturezas, além de contribuírem para a criação de áreas protegidas e
implementação de seus planos de manejo, isso devido ao grande apelo que essas espécies têm
junto à população (MELO, 2005; KASPER et al., 2007).
O estudo de mamíferos de médio e grande porte apresenta uma certa dificuldade,
principalmente quando se refere a sua visualização, devido a seus hábitos crepusculares e
noturnos e ao tamanho de suas áreas de vida (SILVA, 1984; BECKER, DALPONT, 1991;
SCOSS et al., 2004). Entretanto, durante suas atividades esses animais deixam sinais típicos no
ambiente, como rastros, fezes, tocas e restos alimentares (BECKER, DALPONT, 1991). Através
dessas evidências deixadas, é possível confirmar se esses animais vivem em uma determinada
área. As pegadas dos animais são praticamente as impressões que eles deixam ao se deslocarem
(CARVALHO, LUZ, 2008).
3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Descrição e histórico da área de estudo O estudo foi realizado na Fazenda Bracht (29°34’S e 50°22’W), propriedade rural que ocupa
uma área de 550 ha e situa-se a 30 km da sede do município de Riozinho, na encosta da Serra
Geral, no estado do Rio Grande do Sul (Figuras 1, 2 e 3).
Figura 1: Mapa do Rio Grande do Sul. Fonte: Embrapa (2004). Figura 2: Município de Riozinho. Fonte: Embrapa (2004).
Figura 3: Fazenda Bracht. Fonte: Imagem adaptada doGoogle Earth (2009).
A região foi colonizada por imigrantes alemães, húngaros, prussianos, suecos e italianos que
chegaram por volta de 1875. Antes da colonização do município já existiam índios, que deixaram
vestígios, como cavernas, instrumentos de trabalho e marcas nas pedras. Atualmente, existem
descendentes dessas famílias indígenas que moram na mata virgem do alto da serra. Em 1988, o
município emancipou-se, sendo criado oficialmente o Município de Riozinho, pela Lei Estadual
N. 8603 (Riozinho, 2009).
Até o final dos anos 70, na área de estudo era permitida a extração de madeira nativa,
principalmente araucária (Araucaria angustifolia), cedro (Cedrela fissillis) e canelas (Ocotea
spp.), para abastecimento de duas serrarias existentes no local, e extração de xaxim (Dicksonia
sellowianna). A floresta com araucária, na região, foi bastante descaracterizada devido ao
comércio de madeira e à colonização.
As formações vegetais sofreram alterações, ao longo dos anos, devido à formação de
pastagens e plantios, formando uma área de campo antrópico, originando um mosaico formado
por mata nativa, mata de galeria, banhados, campos, turfeiras e áreas agrícolas. Essas florestas
são classificadas, segundo IBGE (1986), como Mata Atlântica Ombrófila Mista. Na mata nativa,
ocorrem poucos indivíduos de A. angustifolia adultos, mas uma grande quantidade de indivíduos
jovens, o que sugere a regeneração da mata. Também se destacam, no interior da mata, espécies
nativas como erva-mate (Ilex paraguariensis), ingás (Inga spp.) canela-preta (Nectandra
megapotamica), xaxim (Dicksonia sellowianna), samambaia-preta (Rumhora adiantifolia) e
bromélias (Vriesea spp., Tilandsia spp.). Junto às matas de galeria, ocorre a presença de
corticeira-da-serra (Erithryna falcata). Na borda da mata, ocorrem espécies como casca-d’anta
(Drymis brasiliensis) e uma grande área de turfeira formada por uma briófita do gênero
Sphagnum spp.
O clima da região é do tipo Cfb (mesotérmico, úmido, com precipitação uniformemente
distribuída durante o ano e verão brando) no sistema de Köppen-Geiger (SONEGO et al., 2007).
A ocorrência de geadas é um fenômeno frequente; acontecem, em média, entre uma e mais de
30 ao ano. No interior das florestas, no entanto, as geadas têm pouca penetração, a não ser
quando ocorre o fenômeno da geada negra. A geada negra ocorre quando o próprio ar assume
temperatura negativa, e não apenas as superfícies expostas, como no caso das geadas normais.
Quando este tipo de geada atinge o interior das florestas, produz grande estrago na vegetação,
devido ao efeito de congelamento dos tecidos vegetais (MAUHS, 2002). A região é também
afetada por frequentes e intensos nevoeiros, e a região apresenta os mais altos índices
pluviométricos do estado. A precipitação pluviométrica é elevada em todos os meses e a média
anual é de 2.252 mm (SONEGO et al., 2007).
A área de estudo apresenta uma altitude que varia entre 850 e 901 m acima do nível do mar.
O relevo é caracterizado por uma paisagem fortemente acidentada em algumas regiões, com
formação de fendas com grande profundidade. A região pertence à formação da Serra Geral, com
presença de arenito, rochas ácidas e basalto, e está inserida junto à borda da escarpa do Planalto
das Araucárias, constituindo uma grande plataforma eruptiva, tendo as bordas franjadas,
recortadas e parcialmente destruídas pelos rios alojados nas fendas primitivas de esfriamento
(SCHOBBENHAUS et al., 1984; RAMBO, 2002).
3.2 Procedimento amostral O esforço amostral constituiu-se de seis expedições mensais realizadas no período de
novembro de 2008 a maio de 2009, com duração de três dias consecutivos, sem chuva,
totalizando 11 dias de amostragem. O mês de fevereiro não foi incluído no estudo pela perda de
dados durante a amostragem devido às freqüentes chuvas no período. As buscas ativas
totalizaram 33 horas de amostragem, enquanto o esforço correspondente às parcelas foi
equivalente a 220 parcelas/dia.
O levantamento da mastofauna foi realizado utilizando-se os métodos indiretos (identificação
por fezes, rastros e carcaças) e diretos (visualização) de identificação das espécies ocorrentes na
região, conforme Becker, Dalpont (1991); Borges, Tomás (2004); Carvalho, Luz (2008).
O registro de pegadas foi obtido utilizando-se 10 parcelas de areia eqüidistantes 20 m,
dispostas em duas transecções, uma na borda da mata e outra no interior da mata. Foram
confeccionadas caixas de madeira nas dimensões de 0,50 x 0,50 m e 0,3 cm de altura, com o
fundo forrado com plástico transparente. Escolheu-se utilizar caixas de madeira para evitar a
perda de areia no solo, devido à chuva (figura 4). As caixas foram preenchidas com areia fina e
umedecidas. Seguindo a metodologia proposta por Pardini (2004), no centro da parcela foi
posicionado um tipo atrativo (banana, bacon ou sal grosso). Os atrativos foram dispostos
alternadamente ao longo das parcelas.
Após as parcelas permanecerem 24 horas iscadas, as transecções foram visitadas no início da
manhã, a partir das 07h30min, e cada vistoria demorava cerca de 1h30min por transecção. As
pegadas encontradas foram fotografadas, utilizando-se uma escala e, quando necessário, fez-se
moldes em gesso para posterior identificação.
Figura 4: Parcela de areia (caixa de madeira). Foto: Ricardo Junges As buscas ativas de rastros foram realizadas ao longo de uma trilha de 500 m junto à área de
plantio e áreas alagadas, sempre no final da tarde, em todos os períodos de amostragem, no
sentido de completar dados qualitativos sobre a riqueza de espécies. Os rastros foram
identificados com base em guias de campo (BECKER, DALPONT, 1991; BORGES, TOMÁS,
2004; CARVALHO, LUZ 2008) e consultas a especialistas. Informações provenientes de
entrevistas efetuadas com moradores da região também foram levadas em consideração.
A nomenclatura utilizada na classificação das espécies seguiu Myers et al. (2006); Reis et al.
(2006). A classificação quanto às categorias tróficas foi adaptada de Silva (1984) e Fonseca
(1996).
3.3 Análise estatística Utilizou-se o programa estatístico GraphPad Instat versão 3.01 para a aplicação dos testes
estatísticos.
Empregou-se o teste não-paramétrico Mann-Whitney (U) para verificar a existência de
diferenças significativas entre a borda e o interior da mata quanto ao número de registros. Já a
existência de diferenças significativas entre os três tipos de iscas utilizadas foi averiguada por
meio do teste não-paramétrico Kruskal-Wallis (KW). As diferenças foram consideradas
significativas para P<0,05.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Riqueza Considerando todos os tipos de registros, parcelas de areia, busca ativa de rastros e
informações obtidas de moradores da região, foram registradas 16 espécies de mamíferos de
médio e grande porte na Fazenda Bracht, distribuídas em sete ordens (tabela 1).
Tabela 1: Lista de mamíferos registrados na Fazenda Bracht, município de Riozinho, RS, de novembro de 2008 a maio de 2009. Tipo de registro: registro nas parcelas (P), busca ativa (B), entrevista (Et) e visualização (Vi). Ordem Espécie Nome vernáculo Tipo de
registro Categoria
trófica DIDELPHIMORPHIA Didelphis aurita acf gambá-de-orelha-preta B onívoro PILOSA Tamandua tetradactyla
acf tamanduá-mirim B, Et insetívoro
CINGULATA Dasypus novemcinctus tatu-galinha P, B, Et onívoro CARNIVORA Cerdocyon thous graxaim-do-mato P, B, Et, Vi onívoro Leopardus sp. gato-do-mato B carnívoro Leopardus pardalis jaguatirica P, Et carnívoro Puma yagouarondi jaguarundi B carnívoro Procyon cancrivorus mão-pelada P,B, Et onívoro Conepatus chinga acf zorrilho B onívoro Eira barbara irara B, Et carnívoro Lontra longicaudis lontra Et, Vi carnívoro ARTIODACTYLA Mazama spp. veado P,B, Et herbívoro RODENTIA Cuniculus paca paca B, Et herbívoro Dasyprocta azarae cutia B, Et herbívoro Sphiggurus villosus ouriço-cacheiro P, Et herbívoro LAGOMORPHA Lepus europeus * lebre B, Et, Vi herbívoro * espécie exótica. acf. (espécie a confirmar).
As ordens mais representativas foram Carnivora (compreendendo 51% das espécies
encontradas) e Rodentia (com 19% das espécies), seguidas por Didelphimorphia, Pilosa,
Cingulata, Artiodactyla e Lagomorpha, com um percentual de 6% cada uma (figura 5).
Figura 5: Representatividade das ordens de mamíferos de médio e grande porte na Fazenda Bracht.
Do total de espécies registradas, nove foram constatadas somente através de busca ativa
(correspondendo a 56,2% das espécies encontradas), duas espécies ocorreram exclusivamente nas
parcelas de areia (o que corresponde a 12,5% das espécies encontradas), quatro espécies foram
constatadas através das duas metodologias (o que corresponde a 25% das espécies encontradas) e
duas espécies somente por visualização (correspondendo a 12,5% dos registros), de acordo com a
tabela 1 e Apêndice A.
Através das informações obtidas de entrevistas, foram registradas 12 espécies. Destas, apenas
Lontra longicaudis não apresentou registros recentes de rastros, embora um morador da fazenda
tenha afirmado que um indivíduo foi morto por um cão doméstico a cerca de três anos atrás e que
recentemente um indivíduo foi visto nas áreas alagadas da fazenda. Nasua nasua foi mencionado
durante as entrevistas, mas não foi incluído na lista porque não se obteve confirmação de sua
ocorrência na área de estudo seja por rastros ou avistamento (a espécie sofre forte pressão de
caça na região, sendo apreciada na culinária local). Estudos realizados por Marques, Ramos
(2003) relatam que registros de rastros desses animais não são comuns, pois não apresentam o
hábito de se locomoverem ao longo de trilhas mantidas pelo homem.
Cerdocyon thous, Lepus europeus e L. longicaudis são as únicas espécies que obtiveram
registro também através de visualização (tabela 1). Foram observados dois indivíduos de C. thous
no período da noite, utilizando uma estrada de acesso à fazenda, sendo um adulto e um jovem; o
indivíduo jovem foi registrado através de foto (figura 6). Essa espécie se utiliza de áreas
florestadas e arbustivas, podendo também se adaptar a ambientes alterados e áreas cultivadas
(SANTOS et al., 2004). L. europeus foi visualizada durante o dia, no campo, deslocando-se de
um arbusto para outro, provavelmente em fuga pela proximidade da trilha percorrida.
Considerada no Brasil como uma espécie exótica, foi registrada em inventários de fauna e
trabalhos técnicos recentemente no sul do país (NEGRÃO, VALLADARES-PÁDUA, 2006).
Figura 6: C. thous visualizado na área de estudo em março de 2009. Foto: Ricardo Junges
Pouco frequente na área, Didelphis aurita apresentou apenas um registro, o que pode estar
relacionado com a diversidade de potenciais predadores da espécie, tais como canídeos e felinos.
Silva (2008) relata que estudo desenvolvido em Mata Atlântica (no Sudeste do Brasil) apresentou
alta densidade de Didelphis spp. mesmo em fragmentos pequenos, e que isso pode estar
relacionado à baixa densidade de carnívoros. Por outro lado, estudo realizado por Kasper et al.
(2007) no Parque Estadual do Turvo registrou uma baixa densidade de D. aurita, o que sugere
que o ambiente pode estar pouco perturbado. Outras espécies que apresentaram apenas um
registro, como Tamandua tetradactyla, Eira barbara, Conepatus chinga e Puma yagouarondi
necessitam de estudos em longo prazo. Segundo Kasper et al. (2007), deve-se levar em conta a
biologia da maioria dessas espécies, uma vez que espécies diferentes apresentam distintos graus
de detectabilidade por método adotado. No caso de T. tetradactyla, o baixo número de registros
pode refletir a baixa capacidade de suporte da área para a espécie, que apesar de fazer uso do
estrato arbóreo, pode ser frequentemente observado no chão.
Entre os felídeos, registrou-se rastros de P. yagouarondi e de Leopardus spp. por busca
ativa. No entanto, a determinação específica dos pequenos felinos através de rastros não foi
possível, por apresentarem o mesmo padrão de rastros. Conforme Becker, Dalpont (1991), os
rastros desses felinos são muito semelhantes entre si, tanto no formato como nas dimensões, e a
simples observação dos rastros pode ser precipitada ou passível de erros, com exceção de P.
yagouarondi, que possui os dígitos mais afastados e alongados, o que auxilia na identificação
(CARVALHO, LUZ, 2008).
Outra espécie registrada somente por busca ativa foi Cuniculus paca, com dois registros perto
de áreas alagadas. São animais que sofrem grande pressão da caça ilegal (CRISTOFF, 2003).
Dasyprocta azarae também foi registrada apenas por busca ativa, com um registro na borda da
mata perto de um açude e outro no interior da mata junto a um exemplar de A. angustifolia, o que
sugere a procura pelo pinhão. Não foram encontrados registros ao longo das trilhas percorridas, o
que vem a corroborar informações de Kasper et al. (2007), que afirmam que esta espécie utiliza
uma pequena área de vida e se desloca muito pelos mesmos locais.
Embora espécies como C. thous e Mazama spp. utilizem ambientes florestais, o registro de
pegadas em áreas abertas mostrou-se comum ao longo do estudo. Cerveira (2005) sugere que tais
espécies possivelmente atravessam áreas abertas.
As espécies foram classificadas, quanto ao hábito alimentar, em quatro categorias tróficas,
sendo elas: onívoros (05 espécies), carnívoros (05 espécies), herbívoros (05 espécies) e
insetívoros (01 espécie) (figura 7). O gráfico indica que a riqueza de espécies por categoria
trófica é semelhante, com exceção de insetívoros, cujo único representante foi T. tetradactyla.
Figura 7: Riqueza de espécies de mamíferos de médio e grande porte da Fazenda Bracht, RS, por categoria trófica.
Os grupos tróficos mais representativos foram: carnívoros (com 31,25%), onívoros (com
31,25%) e herbívoros (31,25%).
Os animais onívoros e herbívoros, segundo Silveira (2005), possuem uma dieta mais
generalista que permite aos mesmos sobreviverem em ambientes onde outras espécies com
hábitos mais específicos não conseguem; obtendo recursos de uma dieta com itens variados,
podem tirar proveito até mesmo de culturas e plantações feitas pelo homem.
Os carnívoros constituem um grupo considerado ambientalmente mais exigente. Isso se deve
ao fato desses animais dependerem de pirâmides alimentares estruturadas no meio em que vivem.
A categoria insetívora, por sua vez, não é considerada de dieta restrita, não requer muitas
exigências do meio em questão (CÂMARA, MURTA apud SILVEIRA, 2005).
4.2 Esforço amostral
A curva de acumulação de espécies (considerando-se os dados qualitativos e quantitativos)
não mostrou tendência à estabilização, indicando que o esforço amostral empregado ainda não foi
suficiente para representar a comunidade de mamíferos de médio e grande porte da área de estudo
(figura 8).
Figura 8: Curva de acumulação de espécies de mamíferos de médio e grande porte registradas na Fazenda Bracht, RS.
Pardini et al. (2004) sugerem que cinco dias com 100 parcelas de areia é provavelmente
indicado para a obtenção da riqueza de espécies de mamíferos de médio e grande porte na
maioria das florestas, incluindo aquelas bem preservadas, com alta riqueza, bem como aquelas
com baixa riqueza de fauna devido à pressão da caça, ou áreas ricas, mas com baixa densidade
populacional.
4.3 Parcelas de areia Foram registradas seis espécies de mamíferos de médio e grande porte por meio do método de
parcelas de areia, quais sejam: Cerdocyon thous, Sphiggurus villosus, Leopardus pardalis,
Procyon cancrivorus, Dasypus novemcictus e Mazama spp., correspondendo a 35,30% do total
das espécies registradas neste estudo (tabela 1).
Considerando o número de registros, o interior da mata obteve maior riqueza em relação à
borda (figura 9). Na borda, ocorreu apenas uma espécie (C. thous), enquanto no interior da mata
foram registradas seis espécies (C. thous, L pardalis, P. Cancrivorus, Mazama spp., D.
novemcinctus e S. villosus). Esse resultado pode estar relacionado à proximidade da borda com
área de pastagem de gado, e à preferência das espécies por áreas florestadas (interior).
Figura 9: Riqueza de mamíferos de médio e grande porte observadas nas parcelas dispostas na borda e interior de mata na
Fazenda Bracht, RS.
Conforme Pardini et al. (2004), apesar do método de parcelas de areia ser adequado para a
comparação da frequência de uma espécie em diferentes áreas, ele não é indicado para a
comparação de frequência dentro de uma mesma área. Cuidados rigorosos devem ser tomados
durante a observação de pegadas nas parcelas, uma vez que fatores como padrão de
deslocamento, tamanho da área de vida e outras características dos mamíferos podem fornecer
resultados tendenciosos se não forem bem interpretados (TOZETTI, 2002; PARDINI et al., 2003;
TIMO, 2003; DOTTA, 2005 apud SILVEIRA, 2005).
Scoss et al. (2004) alertam para a complexidade de se trabalhar com muitas espécies ao
mesmo tempo, e que um único protocolo de amostragem pode não ser relevante para gerar
índices de abundância viáveis para todas as espécies da comunidade. Questões como distância
entre parcelas de areia, independência entre parcelas (espacial e temporal) e esforço amostral
podem tornar a metodologia inadequada para algumas espécies, principalmente em estudos que
consideram mais de uma espécie ou grupo. Entretanto, apesar do método não ser perfeito, ele é
eficiente para ser aplicado em grandes áreas, é facilmente padronizado e pode fornecer dados
importantes sobre o uso de habitats.
Com relação aos três tipos de atrativos utilizados (sal, banana ou bacon), a diferença não foi
considerada significativa (KW = 0,1744; P = 0,9165) (Anexo B), indicando que não houve
preferência por nenhum deles.
4.4 Características biológicas e ecológicas das espécies nativas registradas
4.4.1 Ordem Didelphimorphia Didelphis aurita (Wied-Neuwied, 1826)
Nome vernáculo: gambá-de-orelha-preta
Sua coloração dorsal pode ser negra ou grisalha, devido à presença de pêlos-guarda brancos
que sobressaem aos pêlos de cobertura negros; a pelagem ventral é creme-amarelada. A cauda é
preênsil, de coloração preta e na sua base segue branco-amarelado, e está coberta de pêlos apenas
na região próxima ao corpo. A orelha é grande, desprovida de pêlos e o pavilhão auditivo é
completamente negro. É um animal de porte médio, com comprimento da cabeça e corpo entre 35
a 45 cm; o comprimento da cauda é de 29 a 47 cm e a massa corporal de cerca de 6,7 a 18,82 kg.
A fêmea pode dar à luz de quatro a onze filhotes no período de outubro a janeiro. (CHEREN
apud ROSSI et al., 2006; ROSSI et al., 2006; VIEIRA apud ROSSI et al., 2006)
Segundo Silva (1984), possuem hábito noturno e solitário, vivem em matas altas e úmidas,
podendo conviver com Didelphis albiventris. O Rio Grande do Sul é o limite sul de sua
distribuição e as matas da Serra Geral podem ser o fator condicionante deste limite.
4.4.2 Ordem Pilosa Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758)
Nome vernáculo: tamanduá-mirim
A coloração geral é amarela-pálida, com duas listras pretas na região escapular, lembrando as
alças de um colete; a porção posterior do corpo é preta e os membros anteriores são bem
desenvolvidos, com uma forte unha no dedo médio (em forma de foice). A cabeça é longa e o
focinho comprido. Os olhos são pequenos e a visão é deficiente. Possui uma cauda preênsil e com
pêlos curtos. O tamanho corporal atinge entre 85 e 140 cm de comprimento, chegando a pesar de
2 a 7 kg. As fêmeas têm um período de gestação de até 170 dias, dando à luz a apenas um filhote.
(SILVA, 1984; CARVALHO, LUZ, 2008)
Habita florestas e cerrados, alimentando-se exclusivamente de insetos (principalmente
formigas e térmitas). Seus hábitos são crepusculares, mas pode ser observado durante o dia.
Quando não estão ativos durante o dia, descansam em ocos de árvores, tocas de tatu e outras
cavidades (SILVA, 1984; RODRIGUES, MARINHO-FILHO apud MEDRI et al., 2006).
Sua distribuição no Brasil ocorre em todos os biomas (FONSECA apud MEDRI et al., 2006).
4.4.3 Ordem Cingulata Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758
Nome vernáculo: tatu-galinha
A coloração geral é marrom-escura no dorso e lateralmente amarelada; os membros
locomotores são curtos, com quatro dedos; ventralmente, a pele é lisa com pêlos escassos; a
cabeça é alongada com um escudo cefálico que se estende quase até a extremidade do focinho,
que é longo e pontudo; os olhos são pequenos e as orelhas grandes; a cauda é comprida, cônica e
está envolvida por anéis córneos bem distintos. A carapaça possui geralmente nove cintas móveis
na região mediana; entretanto, este número pode variar entre oito e 11. O comprimento do corpo
varia de 39,5 a 57,3 cm e o da cauda de 29 a 45 cm; seu peso é de cerca de 3,2 a 4,1 kg. (SILVA,
1984; EISENBERG, REDFORD apud MEDRI et al., 2006; MCBEE, BAKER apud MEDRI,
2006; CARVALHO, LUZ, 2008)
De hábito solitário e noturno, pode ser encontrado pela manhã e no final da tarde,
alimentando-se de fungos, raízes, frutos, insetos e pequenos vertebrados. A fêmea, após cerca de
120 dias, pode dar à luz a quatro filhotes do mesmo sexo; os filhotes permanecem com a mãe até
os dois meses de idade, atingindo a puberdade aos 12 meses. (SILVA, 1984; CARVALHO, LUZ,
2008)
Segundo Fonseca et al. (1996), no Brasil ocorrem em todos os biomas.
4.4.4 Ordem Carnívora Cerdocyon thous C. E. H Smith, 1839
Nome vernáculo: graxaim-do-mato, cachorro-do-mato, lobinho, raposinha-do-mato
A pelagem varia do cinzento ao castanho, com faixa de pêlos pretos da nuca até a ponta da
cauda, e o peito e o ventre são claros, sendo os indivíduos jovens mais escuros que os adultos. A
extremidade dorsal das patas anteriores e posteriores também é preta, o que serve para distingui-
lo facilmente do Lycalopex gymnocercus (graxaim-do-campo), e a pelagem é curta. (SILVA,
1984; CHEIDA et al., 2006)
A cabeça é bem típica de um canídeo, tendo o focinho curto e forte; as orelhas são curtas e
em tom avermelhado, a cauda é relativamente comprida e com pêlos longos. O comprimento do
corpo varia entre de 60 a 70 cm e a cauda tem aproximadamente 30 cm; os indivíduos adultos
chegam a pesar entre 3,7 a 11,1 kg. (SILVA, 1984; MIRANDA, 2003; CHEIDA et al., 2006)
Possui hábitos noturnos, mas também pode ser observado durante o dia. Para se abrigar,
procura tocas, fendas e ocos de árvores no chão. Seu forrageio costuma ser solitário, mas pode
ocorrer em pares ou pequenos grupos familiares, provavelmente aumentando as chances de
captura de presas que podem ou não ser compartilhadas. O território é marcado através de urina e
vocalizações. É uma espécie onívora, generalista e oportunista; sua dieta varia sazonalmente e
pode ser composta de frutos, pequenos vertebrados, insetos, crustáceos e peixes, além de carniça
(SILVA, 1984; RAMOS et al., 2003; CHEIDA et al., 2006).
Os casais formados tendem a permanecerem juntos por um longo período e o acasalamento
não ocorre em épocas certas do ano, ocorrendo apenas uma ninhada por ano. A gestação dura
cerca de dois meses, quando nascem de três a seis filhotes, e a amamentação ocorre até os três
meses de idade; depois o filhote já aprende a caçar com os pais, passando a acompanhá-los. A
longevidade é de aproximadamente 11 anos (RAMOS et al., 2003).
No Brasil, é encontrado principalmente no Cerrado, Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica e
Campos Sulinos, utilizando bordas de matas e áreas alteradas pelo homem (MIRANDA, 2003;
CHEIDA et al., 2006).
Conepatus chinga (Molina, 1782)
Nome vernáculo: zorrilho, jaritataca, jaguaré, cangambá
A coloração do corpo é preta, com duas listras brancas que correm por cima do dorso, da
cabeça até a cauda, que também pode ter pêlos brancos; existe uma variação individual quanto ao
comprimento das listras, que podem até estar ausentes; os pêlos são longos e finos, inclusive na
cauda. Possui cabeça arredondada, o corpo é mais compacto e se move lentamente comparado a
outros mustelídeos. É um carnívoro de pequeno porte, podendo pesar de 1,5 a 2,5 kg e medir
cerca de 60 cm, incluindo a cauda. (SILVA, 1984; MIRANDA, 2003; CHEIDA et al., 2006)
Conforme Silva (1984), é um animal de hábito solitário, noturno e já no crepúsculo pode ser
observado. Vive em tocas, fendas e rochas. Possui glândulas perianais que produzem uma
substância volátil e com forte odor, que utiliza como arma quando se sente ameaçado.
No Brasil, é encontrado no Rio Grande do Sul, mas há registros pontuais em Santa Catarina,
Paraná e São Paulo (CHEIDA et al., 2006).
Procyon cancrivorus (G. [Baron] Cuvier, 1798)
Nome vernáculo: mão-pelada
O nome popular mão-pelada refere-se às mãos desprovidas de pêlos, que deixam pegadas
semelhantes às mão de uma criança; o tato é bem desenvolvido e com uma agilidade manual que
permite procurar por peixes e outros organismos aquáticos em água rasa ou lodo, geralmente
lavando-os antes de ingeri-los (CHEIDA et al., 2006).
Apresentam uma coloração cinza-escuro com tons amarelados; a cabeça é curta, com orelhas
não muito altas; os olhos são escuros e arredondados. Ao redor dos olhos apresenta uma máscara
preta, rodeada por pêlos esbranquiçados. A cauda é bastante peluda e com manchas em forma de
anéis na cor preta.O comprimento do corpo varia entre 40 a 100 cm, e a cauda mede de 20 a 38
cm, sendo os machos geralmente maiores que as fêmeas. (SILVA, 1984; BRACK et al., 1992;
CHEIDA et al., 2006)
A fêmea pode dar à luz de dois a quatro filhotes por cria, que ficam sob sua proteção até
atingirem o ponto de viverem por si próprios. Habitam locais de vegetação alta em beiras de rios,
lagos e banhados. Passam a maior parte do dia em refúgios e iniciam suas atividades ao
entardecer, estendendo-se durante a noite toda e nas primeiras horas da manhã (SILVA, 1984;
BRACK et al., 1992; MARQUES, RAMOS, 2003).
Conforme Miranda (2003), é considerado um animal onívoro, sua dieta é composta por
crustáceos, frutos, insetos e outros artrópodes, e em pequena escala, de pequenos vertebrados e
peixes.
No Brasil, ocorre em todos os biomas (CHEIDA et al., 2006).
Eira barbara (Linnaeus, 1758)
Nome vernáculo: irara, papa-mel
A coloração do corpo é cinza, tornando-se mais escura em direção a cauda, que é preta; a
cabeça e a nuca são mais claras (cinza-amareladas), podendo haver muitas variações de cores em
animais de uma região para a outra. No lado inferior do pescoço existe uma mancha clara; os pés
são grandes, com fortes unhas não retráteis; a cauda é peluda e longa; as pernas são curtas,
podendo lembrar uma lontra (SILVA, 1984).
É um animal de porte mediano e pode atingir cerca de 1 m de comprimento, incluindo a
cauda, e pesa entre 4 e 5 kg. Possui hábito diurno e noturno, é um animal solitário, mas pode ser
visto em pares. Alimenta-se de pequenos animais, principalmente roedores e aves, de frutas e de
mel. O período gestativo das fêmeas é de aproximadamente 70 dias, gerando de um a três filhotes
(CARVALHO, LUZ, 2008).
Conforme Miranda (2003), habita áreas com cobertura arbórea em florestas e cerrados.
Geralmente, é visto em locais de vegetação densa, onde é comum descansar em ocos de árvores.
No Brasil, distribui-se nos biomas Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica
(FONSECA et al., 1996).
Lontra longicaudis (Olfers, 1818)
Nome vernáculo: lontra
Sua pelagem apresenta uma coloração marrom, muito lustrosa quando sai da água; na
garganta tem uma coloração mais clara. O pêlo é denso, com uma camada mais baixa e interna de
pêlos finos, e outra camada mais externa longa e áspera. As pernas são curtas e os pés possuem
uma membrana interdigital; a cauda é um pouco achatada na extremidade. A ponta do focinho é
desprovida de pêlos e as orelhas e as narinas se fecham quando o animal mergulha. O corpo é
alongado, com um comprimento total variando de 53 a 80 cm, e a cauda apresenta cerca de 36 a
50 cm; o peso varia de 5 a 14 kg. O período de gestação é de dois meses, podendo nascer de um a
cinco filhotes. (SILVA, 1984; MIRANDA, 2003; CHEIDA et al., 2006)
Segundo Miranda (2003), são animais de hábito solitário que raramente são encontrados em
pares. Habitam vários ambientes aquáticos, tanto em água doce como salgada, abrigando-se nos
costões das margens. De atividades diurnas, alimentam-se de peixes, crustáceos, anfíbios, insetos
e aves.
No Brasil, distribuem-se nos biomas Amazônia, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Campos
Sulinos, até altitudes de 3.000 m (VIEIRA apud CHEIDA et al., 2006).
Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758)
Nome vernáculo: jaguatirica, oncinha, ganguçu
A coloração da pelagem do dorso é extremamente variável, de cinza-amarelado bem pálido
ou amarelo-claro a um castanho-ocráceo, com as mais diversas tonalidades intermediárias. Na
região ventral, a coloração é esbranquiçada; as manchas negras tendem a formar rosetas abertas
que formam bandas longitudinais nos lados (essas bandas podem ter tamanhos diferentes e
usualmente são bem distintas, mas em alguns indivíduos podem ser pouco perceptíveis). O pêlo é
curto e abundante; na região cervical, são voltados para frente. (SILVA, 1984; OLIVEIRA,
CASSARO, 1999)
O corpo tem forma esbelta, apesar da musculatura bem desenvolvida. A cabeça e as patas são
proporcionalmente grandes; é uma espécie de porte médio com comprimento da cabeça e do
corpo de 67 a 101,5 cm. Possui uma cauda curta (com cerca de 46% do comprimento da cabeça e
corpo), com média de 35,4 cm (30 - 44,5 cm), e peso em torno de 11 kg (8 – 15,1 kg). O período
de gestação das fêmeas dura de 70 a 85 dias, nascendo de um a quatro filhotes. (SILVA, 1984;
OLIVEIRA, CASSARO, 1999; CHEIDA et al., 2006)
A dieta é constituída basicamente por pequenos vertebrados, como roedores, marsupiais,
aves, lagartos e até serpentes. Entretanto, eventuais registros de consumo de presas maiores,
como cutias, tatus, macacos, veados e quatis também podem ocorrer. Apresenta hábitos noturnos,
descansando durante o dia em árvores e na vegetação densa, incluindo florestas primárias e
secundárias, podendo percorrer ambientes abertos em noites escuras ou dias nublados.
(MARQUES, RAMOS, 2001; CHEIDA et al., 2006)
No Brasil, ocorrem em todas as regiões, à exceção do sul do Rio Grande do Sul. Os habitats
são bastante variados, incluindo florestas tropicais e subtropicais, e matas de galeria (OLIVEIRA,
CASSARO, 1999).
Puma yagouaroundi (E. Geoffroy, 1803)
Nome vernáculo: jaguarundi, gato-mourisco, mourisco, gato-vermelho
A coloração é uniforme, podendo apresentar uma aparência tordilha com três tipos básicos, o
marrom-escuro, acinzentado e vermelho-amarelado, o que o difere de outras espécies. Os
indivíduos de coloração mais escura estão comumente associados a florestas, enquanto os mais
claros, a ambientes mais secos. (OLIVEIRA, CASSARO, 1999; MIRADA, 2003)
A cabeça é pequena, alongada e achatada; as orelhas são pequenas e bem arredondadas; o
corpo é delgado, a cauda é bastante longa e as pernas são relativamente curtas. O comprimento
médio do corpo (cabeça-corpo) é de 63,7 cm (48,8 a 77,5 cm), a cauda mede cerca de 41,9 cm
(27,5 a 59 cm); o peso gira em torno de 5,2 kg (3,0 a 7,6 kg). O período de gestação é de 72 a 75
dias, após o qual nascem de um a quatro filhotes. (OLIVEIRA, CASSARO, 1999; CHEIDA et
al., 2006)
A dieta constitui-se de pequenos roedores, aves, répteis e anfíbios. É um animal terrestre, de
hábito diurno e noturno, e pode ser encontrado solitário ou vivendo em pares. Habita bordas de
banhados, beiras de rios ou de lagos, mas também pode ser encontrado em lugares secos, com
vegetação aberta . É o felino neotropical com maior flexibilidade para ocupação de diversos
ambientes. (SILVA, 1984; OLIVEIRA, CASSARO, 1999; MARQUES, RAMOS, 2001
CHEIDA et al., 2006)
No Brasil, distribui-se por todos os biomas, sendo encontrado até em altitudes acima de 2.200
m, com exceção do sul do Rio Grande do Sul (CHEIDA et al., 2006).
4.4.5 Ordem Artiodactyla
Mazama sp. Rafinesque, 1817
Nome vernáculo: veado
O gênero Mazama pode ser dividido em três grupos: grupo dos “mateiros” (no qual se
encontra M. americana), que inclui veados relativamente grandes, com peso acima de 25 kg, cuja
coloração geral é avermelhada e as orelhas são curtas; o grupo dos “catingueiros” (no qual se
encontra M. gouazoubira), com veados de porte médio e peso médio entre 17 e 23 kg, cuja
coloração varia do cinza ao marrom-claro, que possuem orelhas grandes; e o grupo do “bororó”
(no qual se encontra M. nana), que inclui animais pequenos, com peso dificilmente excedendo 15
kg, de coloração geralmente avermelhada e membros anteriores mais escuros que os posteriores
(MÄHLER, SCHNEIDER, 2003).
4.4.6 Ordem Rodentia
Sphiggurus villosus Cuvier, 1822
Nome vernáculo: ouriço-cacheiro
O corpo é coberto por uma cobertura dorsal de espinhos longos (3,5 a 6,0 mm), em
geral, com três cores distintas: base branca ou amarelo-pálida, mediana em tom preto ou
castanho e o ápice, amarelo-ouro ou laranja. Os pêlos são macios, de coloração acinzentada
(base esbranquiçada ou cinza e ápice preto), e sobressaem aos espinhos, revestindo a região
ventral. O comprimento cabeça-corpo varia de 30 a 53,8 cm, a cauda de 20 e 3,78 cm, a ore-
lha de 1,1 a 2,5 cm e o pé, de 4,6 a 7 cm. A cabeça é pequena, com orelhas baixas e olhos
grandes; o focinho é curto e robusto, os dentes incisivos são fortes e de cor amarelada. São
animais de hábito diurno e noturno, são arborícolas, sendo encontrados em matas, andando
em cima de galhos de árvores; alimentam-se de frutos e folhas. (SILVA, 1984; EMMONS
apud CADEMARTORI et al., 2003)
Segundo Oliveira, Bonvicino (2006), as fêmeas de S. villosus têm um filhote por
gestação; a espécie distribui-se do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul, incluindo Minas
Gerais.
Cuniculus paca (Linnaeus, 1758)
Nome vernáculo: paca
A pelagem do dorso e da cabeça varia entre o castanho-avermelhado e o castanho-escuro ou
cinza-escuro, clareando em direção às laterais, que apresentam um padrão de manchas
arredondadas esbranquiçadas em linhas longitudinais, algumas delas estendendo-se do pescoço
até próximo à base da cauda. O ventre é mais claro do que as laterais, e sem manchas. A cabeça é
grande, com a região das bochechas bem desenvolvidas; as orelhas são pequenas e a cauda
vestigial tem forma de um pequeno tubérculo; as pernas são curtas. É considerado um roedor
de grande porte com um corpo moderadamente robusto; seu comprimento total gira em
torno de 63 cm e pesa cerca de 7,5 kg. (SILVA, 1984; EISENBERG, REDFORD, 1992;
OLIVEIRA, BONVICINO, 2006)
É um animal de hábito terrestre com atividade noturna, principalmente, podendo
também ser crepuscular, permanecendo em tocas durante o dia. Ocorre em ambientes de
floresta e mata de galeria. Em geral, as fêmeas originam um filhote por gestação. É um
animal solitário, apesar de ocasionalmente viver aos pares, e territorial.
(CADEMARTORI et al., 2003; OLIVEIRA, BONVICINO, 2006; BORGES, TOMÁS,
2008)
No Brasil, está presente em todos os estados (OLIVEIRA, BONVICINO, 2006). No
Rio Grande do Sul, a paca está associada principalmente a área de distribuição das
florestas contínuas, na metade norte do estado (CHRISTOFF, 2003).
Dasyprocta azarae Lichtenstein, 1823
Nome vernáculo: cutia
A coloração da pelagem é variável, com tonalidades entre o marrom e o marrom-
avermelhado dorsalmente. A região ventral apresenta-se em tons esbranquiçados,
acinzentados ou amarelados, em geral mais evidentes lateralmente. As orelhas são curtas
e arredondadas, e a cauda é rudimentar. Os membros anteriores são mais curtos que os
posteriores. É considerado um roedor de porte médio com comprimento total em torno
de 60 cm e massa corporal de 1,3 a 4 kg (CADEMARTORI et al., 2003).
É um animal de hábito terrestre que se alimenta de frutos, sementes, raízes e várias
plantas suculentas. Habita florestas pluviais (Amazônia e Mata Atlântica), florestas
semidecíduas, cerrados e a caatinga, geralmente com a distribuição associada a cursos
d’água. As cutias são diurnas e crepusculares, sendo mais ativas no início da manhã e no
final da tarde. O período de gestação das fêmeas é de, aproximadamente, 100 dias. A
ninhada é de dois a três filhotes que nascem em esconderijos escuros e bem protegidos.
(SILVA, 1984; OLIVEIRA, BONVICINO, 2006; CARVALHO, LUZ, 2008)
No Brasil, distribui-se nos estados de Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Goiás, sul de Tocantins, oeste da Bahia, Minas Gerais (a partir da vertente oeste da Serra
do Espinhaço), São Paulo (planalto paulista até a vertente oeste da Serra do Mar, acima
da quota altimétrica de 700m), Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (OLIVEIRA,
BONVICINO, 2006). No Rio Grande do Sul, a cutia está associada à distribuição de
florestas contínuas (floresta ombrófila densa, floresta ombrófila mista e floresta
estacional decidual e semidecidual), conforme Christoff (2003).
4.4.7 Ordem Lagomorpha
Lepus europeus Pallas, 1778
Nome vernáculo: lebre-européia
Sua coloração varia do marrom acinzentado ao amarelo, com pêlos negros; a região ventral é
branca; as orelhas são grossas e compridas; as patas são compridas e apresentam pêlos nos pés,
devido a sua origem em regiões frias. Essas características distinguem a lebre do tapiti
(Sylvilagus brasiliensis). O comprimento da cabeça e do corpo varia de 60 a 70 cm; a cauda é
curta e com tamanho de 7,2 a 11 cm, e facilmente visível (sendo negra dorsalmente e branca na
região ventral). O peso varia entre 2,5 e 7,0 kg. (SILVA, 1984; REIS et al., 2006)
A fêmea pode gerar até quatro ninhadas a cada ano e os machos apresentam forte hierarquia
estabelecida. Vivem em campos, cerrados e lavouras, sendo facilmente vistos perto de áreas de
cultivo. (SILVA, 1984; REIS et al., 2006)
Possuem hábito crepuscular e noturno; durante o dia, permanecem escondidos na mata, local
também de repouso, embora possam ser encontrados em regiões abertas. No Brasil, distribuem-se
no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo (REIS et al., 2006).
4.5 Espécies ameaçadas
Entre as 16 espécies registradas na área de estudo, nove delas estão presentes na lista do Rio
Grande do Sul (FONTANA et al., 2003), duas são citadas na lista nacional do IBAMA e quatro
constam na lista mundial da IUCN (tabela 2).
É importante ressaltar a ocorrência de Cuniculus paca na área amostrada, uma vez que está
incluída na categoria em perigo (EP) na lista regional de espécies ameaçadas; a paca é um roedor
de porte médio e um importante dispersor de sementes nos ecossistemas onde está inserida.
Foram também registrados dois felinos, Leopardus pardalis, que está incluído na categoria
vulnerável (VU) nas listas regional e nacional, e Puma yagouarondi, que aparece na lista regional
como vulnerável (VU). Os pequenos felinos chamados gatos-do-mato, incluídos no gênero
Leopardus, estão inseridos na categoria vulnerável nas listas regional e nacional, e aparecem na
lista mundial da IUCN como quase ameaçados (NT). Outras espécies que estão incluídas na
categoria vulnerável são: Tamandua tetradactyla, Eira barbara, Lontra longicaudis e Dasyprocta
azarae. L longicaudis consta na lista da IUCN como deficiente em dados. As duas espécies do
gênero Mazama com ocorrência para aquela região também estão ameaçadas. M. guazoubira
consta como vulnerável e M. americana como em perigo na lista regional, e na lista da IUCN.
Outro roedor muito importante na dispersão de sementes, principalmente da A. angustifolia, é D.
Azarae, que está incluída na categoria vulnerável na lista regional e na lista da IUCN.
Tabela 2: Lista de espécies ameaçadas de extinção registradas na Fazenda Bracht, RS, de novembro de 2008 a maio de 2009.
Espécie Cat. de ameaça no RS (1) Cat. de ameaça IBAMA (2) Cat. de ameaça IUCN (3) T. tetradactyla VU - - Leopardus spp. VU VU NT Leopardus pardalis VU VU - Puma yagouarondi VU - - Eira barbara VU - - Lontra longicaudis VU - DD Mazama spp. VU, EP - DD Cuniculus paca EP - - Dasyprocta azarae VU - VU (1) adaptado de Fontana et al., 2003. (2) Adaptado do IBAMA, 2008. (3) Adaptado da IUCN, 2004. Categorias de ameaça: (EP) em perigo, (DD) dados insuficientes, (NT) quase ameaçado, (VU) vulnerável.
Segundo Chiarello (2008), 69 espécies de mamíferos estão oficialmente ameaçadas no Brasil,
o que representa 10,6% das 652 espécies registradas na última compilação disponível. A grande
maioria das espécies ameaçadas (40) está incluída na categoria vulnerável (VU), quase um terço
(18) na categoria criticamente em perigo (CR) e as 11 espécies restantes na categoria em perigo
(EP).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos países tropicais, no mínimo 70% das espécies de vertebrados são relatados como
dependentes de florestas fechadas e diretamente atingidos pela fragmentação dos habitats.
Conforme o tamanho dos fragmentos remanescentes, algumas espécies ainda encontram
condições de sobrevivência, mas para outras isso pode não ocorrer. As implicações ecológicas
vão desde a redução do tamanho das populações até a extinção local, uma vez que a destruição
das florestas reduz a paisagem a mosaicos formados por fragmentos florestais, campos, pastagens
e culturas. Por consequência, os habitats com níveis intermediários de perturbação consistem em
um dos mais interessantes desafios e oportunidades de conservação biológica, já que quase
sempre ocupam grandes áreas e que uma considerável diversidade biológica pode ser encontrada
em florestas tropicais onde já foi feita a extração seletiva de madeira, por exemplo.
Apesar das alterações e impactos ocorridos na área de estudo, a riqueza de mamíferos de
médio e grande porte registrada é expressiva, indicando a importância da área para a manutenção
e conservação da diversidade local. Assim, considera-se fundamental manter a conectividade com
as áreas adjacentes, a fim de formar um corredor ecológico e possibilitar o fluxo gênico entre as
populações da fauna local. O manejo da paisagem, de modo a aumentar a conectividade entre
habitats, é uma questão prioritária em áreas altamente fragmentadas como a Mata Atlântica.
Considera-se essencial, também, intensificar a fiscalização contra a caça na região, medida
crucial no caso de mamíferos de médio e grande porte, que são tradicionalmente atingidos pelo
impacto da caça, já que muitos caçadores sabem que ficam impunes perante esta prática ilegal.
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APÊNDICE A – Fotos das pegadas encontradas na Fazenda Bracht, RS, de novembro 2008 a maio de 2009.
Figura A: P. cancrivorus (mão-pelada). Figura B: Leopardus spp. (felino).
Figura C: C. paca (paca). Figura D: Mazama spp. (veado).
Figura E: D. novemcinctus (tatu-galinha). Figura F: S. villosus (ouriço-cacheiro).
Figura G: L. pardalis (jaguatirica). Figura H: C. thous (graxaim-do-mato).
ANEXO A – Teste estatístico Mann-Whitney Test.
Mann-Whitney Test Do the medians of Borda and Mata differ significantly? The two-tailed P value is 0.3235, considered not significant. The P value is an estimate based on a normal approximation. The 'exact' method would not be exact, due to tied ranks. Calculation details Mann-Whitney U-statistic = 36.500 U' = 63.500 Sum of ranks in Borda = 118.50. Sum of ranks in Mata = 91.500. Summary of Data Parameter: Borda Mata Mean: 9.300 8.700 # of points: 10 10 Std deviation: 0.9487 1.767 Std error: 0.3000 0.5588 Minimum: 8.000 6.000 Maximum: 11.000 11.000 Median: 9.000 8.000 Lower 95% CI: 8.621 7.436 Upper 95% CI: 9.979 9.964
ANEXO B – Teste estatístico Kruskal-Wallis Test. Kruskal-Wallis Test (Nonparametric ANOVA) The P value is 0.9165, considered not significant. Variation among column medians is not significantly greater than expected by chance. The P value is approximate (from chi-square distribution) because at least one column has two or more identical values. Calculation detail Number Sum Mean of of of Group Points Ranks Ranks =============== ======= ======= ======= Sal 6 53.000 8.833 Banana 6 60.000 10.000 Bacon 6 58.000 9.667 Kruskal-Wallis Statistic KW = 0.1744 (corrected for ties) Dunn's Multiple Comparisons Test Mean Rank Comparison Difference P value ================================== ========== =========== Sal vs. Banana -1.167 ns P>0.05 Sal vs. Bacon -0.8333 ns P>0.05 Banana vs. Bacon 0.3333 ns P>0.05 Summary of Data Number of Group Points Median Minimum Maximum =============== ====== ======== ======== ======== Sal 6 0.5000 0.000 46.000 Banana 6 1.500 0.000 61.000 Bacon 6 0.5000 0.000 56.000 * * *