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CONTRIBUIÇÕES DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL, EXERCÍCIOS FÍSICOS NA MEDIDA CERTA e LUDICIDADE para um ENVELHECIMENTO ATIVO. Ouça seu corpo! INTUIÇÃO! Luiz Carlos Fernandes

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Page 1: CONTRIBUIÇÕES DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL, EXERCÍCIOS … · 2019. 3. 18. · APOSTILA sem fins lucrativos. Autor: Luiz Carlos Fernandes. Professor titular na Prefeitura de Cubatão-SP

CONTRIBUIÇÕES DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL,

EXERCÍCIOS FÍSICOS NA MEDIDA CERTA e

LUDICIDADE para um ENVELHECIMENTO ATIVO.

Ouça seu corpo!

INTUIÇÃO!

Luiz Carlos Fernandes

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APOSTILA sem fins lucrativos.

Autor: Luiz Carlos Fernandes.

Professor titular na Prefeitura de Cubatão-SP

e Teacher Personal Trainer, CREF 10.764G/SP.

Especialista em: CONDICIONAMENTO FÍSICO e SAÚDE no ENVELHECIMENTO,

LUDOPEDAGOGIA e CINEMA/LINGUAGEM AUDIOVISUAL.

Itanhaém-SP, 2018.

Dedico este trabalho para minha esposa,

Margarete Albuquerque Fernandes,

e para um mundo mais saudável

intuitivo e racional.

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RESUMO.

O trabalho contribuirá para novos enfoques em um tema pouco explorado, no meio

acadêmico brasileiro, e que se ampliará com pesquisas bibliográficas qualitativas e

quantitativas. O fenômeno do envelhecimento ativo, bem-sucedido e saudável deve

ser entendido integralmente, ou seja, pelas disciplinas: Fisiologia do Exercício,

Nutrição (natural e integral), Psicologia Positiva (bem-estar subjetivo) e Filosofia

(lúdico e intuição). Procuramos evidenciar a intuição como método filosófico que

contribuirá para a prática dos profissionais de Educação Física e Nutrição em suas

prescrições. Na literatura, principalmente na Filosofia da Ciência, encontramos

evidências de que a subjetividade da intuição como método filosófico pode contribuir

para nos aproximarmos do termo “saudável” e auxiliar no cálculo da “medida certa”.

Com tudo isso, mais a ludicidade associada ao bem-estar subjetivo, concluímos que

aumentará a contribuição para um envelhecimento ativo, saudável e bem-sucedido.

PALAVRAS-CHAVE: envelhecimento ativo, envelhecimento saudável, saúde do

idoso, prescrição de exercícios físicos e intuição, prescrição de alimentação

saudável e intuição, ludicidade e bem-estar subjetivo.

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ABSTRACT.

The work will contribute to new approaches in an unexplored topic in the Brazilian

academic environment, which will be expanded with qualitative and quantitative

bibliographical research. The phenomenon of active, successful and healthy aging

must be understood in its entirety, that is, by the disciplines: Exercise Physiology,

Nutrition (natural and integral), Positive Psychology (Philosophy) and Philosophy

(play and intuition). We seek to show intuition as a philosophical method that will

contribute to the practice of Physical Education and Nutrition professionals in their

prescriptions. In literature, especially in the Philosophy of Science, we find evidence

that the subjectivity of intuition as a philosophical method can help us to approach

the term "healthy" and help in the calculation of the "right measure". With all this, plus

the playfulness associated with subjective well-being, we conclude that it will

increase the contribution to an active, healthy and successful aging.

KEYWORDS: active aging, healthy aging, elderly health, prescription of physical

exercises and intuition, prescription of healthy eating and intuition, playfulness and

subjective well-being.

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SUMÁRIO.

1. Escolha do tema ..................................................................................................... 1

2. Problematização.

3. Justificativa.

4. Objetivos gerais.

5. Objetivos específicos .............................................................................................. 2

6. Fundamentação teórica.

7. Hipóteses.

8. Metodologia.

9. Introdução ............................................................................................................... 3

10. Desenvolvimento .................................................................................................. 4

10.1. Conceito de saúde e doença.

10.2. Conceito de envelhecimento ativo ..................................................................... 5

10.3. Conceito de alimentação saudável .................................................................. 13

10.4. Exercícios físicos saudáveis ou na medida certa ............................................ 18

10.4.1. Curva J da relação entre exercício e imunidade.

10.4.2. Intuição como método para se aproximar da medida certa .......... 21

10.5. Bem-estar subjetivo e ludicidade ..................................................................... 22

11. Conclusão ........................................................................................................... 24

12. Referências bibliográficas.

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1. ESCOLHA do TEMA.

Saúde e envelhecimento ativo, saudável e bem-sucedido.

2. PROBLEMATIZAÇÃO.

A alimentação “saudável” (objetividade somada à subjetividade/intuição), os

exercícios físicos na “medida certa” (objetividade somada à subjetividade/intuição) e

a ludicidade (associada ao bem-estar subjetivo) contribuem para um envelhecimento

ativo, saudável e bem-sucedido?

3. JUSTIFICATIVA.

O trabalho contribuirá para novos enfoques em um tema pouco explorado, no

meio acadêmico brasileiro, e que se ampliará com pesquisas bibliográficas

qualitativas e quantitativas. O fenômeno do envelhecimento ativo, bem-sucedido e

saudável deve ser entendido integralmente, ou seja, pelas disciplinas: Fisiologia do

Exercício, Nutrição (natural e integral), Psicologia Positiva (bem-estar subjetivo) e

Filosofia (lúdico e intuição). Acreditamos que as ciências biológicas possam ser

apoiadas pelas ciências humanas ou sociais, como acontece, por exemplo, na

medição de intensidade através da escala subjetiva (aprender a intuir sobre o

próprio corpo) da percepção do esforço de Gunnar Borg usada para a prática de

exercícios físicos. O método filosófico intuitivo contribuirá, juntamente com o método

científico para uma maior aproximação dessa realidade complexa e incerta (MORIN,

2002, p. 38, 79).

O autor do projeto está envolvido com o tema, pois é especialista em

Ludopedagogia e atua profissionalmente como professor de Educação Física e

Personal Trainer. A relevância social do projeto é que haja uma consciência crítica,

holística e inter-relacionada entre Educação Física (exercícios na medida certa),

Nutrição (alimentação saudável), Psicologia Positiva (bem-estar subjetivo) e Filosofia

(intuição na prática do exercício e ludicidade no convívio social).

4. OBJETIVOS GERAIS.

Sintetizar e relacionar, com visão crítica e holística, as pesquisas feitas nas

áreas da Fisiologia do Exercício, da Nutrição, da Psicologia Positiva e da Filosofia,

evidenciando a contribuição integrada para um envelhecimento ativo, saudável e

bem-sucedido. Evidenciar a intuição como método filosófico que contribuirá para a

prática dos profissionais de Educação Física e Nutrição em suas prescrições.

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5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS.

Pesquisar criticamente e com foco em um paradigma inovador e emergente,

relacionados a fatos menos explorados na literatura científica nas áreas da Fisiologia

do Exercício (aspecto “qualitativo”: intuição para auxiliar na medida certa e

moderada de exercícios), Nutrição (aspecto “qualitativo”: alimentação de cultivo

orgânico, vegetarianismo, veganismo etc.), Psicologia Positiva (bem-estar subjetivo)

e Filosofia (intuição e antropologia da ludicidade). A presente pesquisa se

concentrará mais no lado biológico (alimentação e atividade/exercício físico) e

psicológico/filosófico (bem-estar subjetivo e ludicidade) do que em relação ao

sociológico (social, cultural, político e econômico), enfatizado no conceito de

envelhecimento ativo citado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), embora a

presente pesquisa preferiu esse termo mais abrangente.

6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.

Enfoque em poucos autores, de grande relevância nas áreas da biologia,

psicologia, sociologia e filosofia, devido ao caráter do presente trabalho ser de artigo

sintético e do nível de especialização. Merecem destaque os autores da disciplina

Metodologia Científica (CERVO; BERVIAN, 2007; CHAUÍ, 2003; COTRIM;

FERNANDES, 2016; MASCARENHAS, 2012) com suas análises críticas com base

na Filosofia da Ciência, indicando maior importância da intuição como método

filosófico (BARROSO, 2009; BLAUNDE, 2015; COELHO, 1998/99; VIDOR, 2012).

Os filósofos em destaque, que citam a intuição como método, são: Henri Bergson e

Gaston Bachelard.

7. HIPÓTESE.

Para que haja um envelhecimento ativo, bem-sucedido e saudável é

necessário, além da prática de exercícios físicos, prescritos de forma objetiva e

intuitiva para se aproximar da dose certa (essa realidade é complexa e inexata), um

bom suporte nutricional (o mais natural e orgânico possível), administrados de forma

objetiva e intuitiva (complexa e inexata), somado a um estado de “espírito” lúdico e

bem-estar subjetivo na execução dos exercícios e no convívio social.

8. METODOLOGIA.

Segundo Antônio Carlos Gil (2002), a pesquisa é de natureza prática, ou seja,

aplicação das ciências básicas pesquisadas que nos ajuda a indicar alternativas

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para envelhecimento bem-sucedido. Aborda os fatos de forma qualitativa com um

pouco de objetivo exploratório sobre os fenômenos na construção de hipóteses, mas

também explica resumidamente os fenômenos. O procedimento técnico é o da

pesquisa bibliográfica (livros, revistas, internet) de autores com grande relevância

em suas áreas.

9. INTRODUÇÃO.

A ciência ocidental, mecanicista (homem-máquina), servindo de base ao

modelo biomédico hegemônico, fragmentado e quantitativo (BARROS, 2002; CRUZ,

2011, p. 24; PELIZZOLI, 2011, p. 18), não consegue, com sua exatidão matemática,

abranger fenômenos como a dosagem certa de exercícios físicos, alimentação

saudável, bem-estar subjetivo e ludicidade no convívio social. Concordando com

Edgar Morin (2002, p.21), em relação às cegueiras do conhecimento sobre o

conhecimento científico (racionalismo) na detecção dos erros e combate às ilusões

(próprias do cientificismo), que “os paradigmas que controlam a ciência podem

desenvolver ilusões, e nenhuma teoria científica está imune para sempre contra o

erro”, concluindo, também, que “o conhecimento científico não pode tratar sozinho

dos problemas epistemológicos, filosóficos e éticos”. Neste trabalho concordamos

com o “apriorismo kantiano” (COTRIM, 2006, p.61), ou seja, meio termo entre a

experiência e a razão, quando completamos a racionalidade objetiva e científica com

a experiência subjetiva (tanto do/a treinador/a quanto do/a praticante) na prescrição

de exercícios e, também, no bem-estar subjetivo e na ludicidade, como se fossem

problemas epistemológicos, ou seja, reflexões sobre o método científico, critérios da

verificabilidade e da refutabilidade ou falseabilidade, ruptura epistemológica, crise da

ciência (geometrias não-euclidianas, relatividade, princípio da incerteza, física

quântica e genética) e revolução científica de paradigmas, problemas filosóficos da

busca do conhecimento, da capacidade de conhecer a verdade e problemas éticos

em relação à saúde em novo paradigma (PELIZZOLI, 2011). Neste trabalho

enfatizamos a qualidade e a subjetividade quando falamos de bem-estar subjetivo,

ludicidade e intuição. Encontramos apoio na filósofa Marilena Chauí no trecho a

seguir:

A ciência atual, que surge na revolução científica moderna, reforça o olhar cartesiano e sua percepção mecânica do homem e do universo, desvalorizando tudo o que é subjetivo, sensorial, cultural ou afetivo. A lógica da ciência moderna exclui tudo o que não é mensurável e racional, pois os

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princípios da razão (identidade, não contradição, terceiro excluído e razão suficiente) são as ferramentas objetivas para a construção de uma verdade científica que se transforma posteriormente em cientificismo e ideologia da

ciência (CHAUÍ, 2004 apud KRAEMER, 2014, p. 1339).

Buscou-se nesta pesquisa aspectos “qualitativos” para complementar os

aspectos quantitativos da ciência moderna tradicional. Buscou-se o conhecimento

intuitivo como método filosófico para se somar ao científico, com isso nos

aproximamos de uma prescrição da dosagem certa de exercícios, exploramos

aspectos nutricionais pouco observados na literatura (Nutrição Evolutiva,

vegetarianismo, etc.), e, também, observamos a existência do espírito lúdico e do

bem-estar subjetivo (Antropologia Filosófica e Psicologia Positiva) no convívio social

durante a prática dos exercícios físicos. Concordamos com o médico José Santarem

(2012, p.8), em relação à evidência científica na prática de exercícios resistidos, que

afirma “[...] Na falta de trabalhos científicos as evidências da prática não controlada

são consideradas, como é o caso das impressões de pessoas experientes na área

considerada”. Com tudo isso nos aproximamos de uma realidade complexa (com

vários aspectos relacionados, multidimensionais, indivisíveis) através da visão

holística e integrada do ser humano, em busca de um envelhecimento ativo, bem-

sucedido e saudável, portanto, mais feliz e realizado na vida.

10. DESENVOLVIMENTO.

10.1. Conceito de saúde e doença.

O conceito de saúde adotado pela Organização Mundial de Saúde (OMS),

em 1948, é “o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e não

apenas a ausência de enfermidade” (SCLIAR, 2007).

O conceito de wellness adotado pela OMS é “o estado ótimo de saúde dos

indivíduos e grupos. Existem duas preocupações focais: a realização do potencial

máximo de um indivíduo fisicamente, psicologicamente, socialmente, espiritualmente

e economicamente e o cumprimento do papel as expectativas (adequado) na família,

comunidade, local de culto, no local de trabalho e outras configurações” (WHO,

2006, p.5, tradução literal).

Podemos entender wellness como bem-estar, mas além de conceito é uma

filosofia de vida que abrange seis dimensões: corporal, emocional, ocupacional,

intelectual, social e espiritual (HETTLER, 1976; SBWC, 2016). Essas dimensões

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estão interligadas e precisam manter o equilíbrio e a harmonia constantes,

continuamente (continuum do bem-estar).

Segundo o dr. John Travis e Ryan (2004) o bem-estar não é um estado

estático e sim um processo dinâmico de forças homeostáticas, ora para a direção da

doença (mal-estar, sensação desagradável de perturbação do organismo, que leva à

illness ou doença), ora em direção ao completo bem-estar físico, mental e social,

paradigma preventivo de manter e melhora a saúde (SILVA, 2016, p. 42; TRAVIS;

RYAN, 2004). Podemos imaginar estágios nesse processo contínuo de bem-estar e

mal-estar, wellness-illness, onde zero seria a morte (illness que leva a morte), cinco

seria o ponto neutro e 10 seria wellness (saúde plena).

No gráfico 1 temos o paradigma biomédico (patogênese) de tratamento da

doença onde a preocupação da cura é até o ponto neutro ou no meio. Nesse ponto

teríamos ausência de sinais e sintomas de doença, mas com vulnerabilidade a

termos recaída para a doença, caso adotarmos um comportamento negativo, como

por exemplo fumar e beber em excesso, sedentarismo e alimentação inadequada.

Gráfico 1 – Processo contínuo entre doença (mal-estar) e bem-estar (TRAVIS; RYAN, 2004).

O profissional de saúde especialista em Wellness Coaching (treinando e

desenvolvendo bem-estar), geralmente psicólogo em equipe interdisciplinar e

multidisciplinar, ajuda no processo que acelera a realização de mudanças de

comportamento duradouras, através da consciência e educação para o crescimento,

com o objetivo de alcançar níveis elevados de bem-estar e saúde (salutogênese),

através de metas individuais de estilo de vida (SBW, 2016).

10.2. Conceito de envelhecimento ativo.

A gerontologia é uma disciplina científica multi e interdisciplinar que estuda o

envelhecimento humano. A gerontologia social aborda aspectos antropológicos,

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psicológicos, legais, sociais, ambientais, econômicos, éticos e políticas de saúde

(FREITAS et al, 2016). A geriatria é uma especialidade da clínica médica que tem

por objetivo principal o diagnóstico e o tratamento das disfunções ou alterações

patológicas de órgãos ou sistemas do organismo durante o envelhecimento

(CENDOROGLO, 2011, p.9). O médico geriatra, o profissional da educação física, o

nutricionista, o psicólogo, e outros profissionais da saúde envolvidos, trabalham na

prevenção primária, ou seja, promoção do envelhecimento bem-sucedido

(evitando o aparecimento da doença, como por exemplo: exercícios físicos na

medida certa, alimentação saudável e ludicidade no conviver), secundária

(diagnosticando precocemente) e terciária (evitando a piora funcional na doença

instalada) (CENDOROGLO, 2011, p.11).

O envelhecimento é um processo biológico de desgaste relacionado a

quantidade cronológica, enquanto a velhice é uma fase dessa vida biológica e, por

sua vez, velho ou idoso é o resultado final quando se somam cerca de 60 anos de

idade cronológica (FREITAS et al, 2016). Esse desgaste ocorre devido a

transformações ou modificações biológicas que aumentam causando uma involução

morfológica e funcional (diminuição das funções homeostáticas) afetando o

funcionamento do organismo, até que ocorre a interrupção definitiva da vida, ou

seja, a morte.

O envelhecimento é inevitável, constante e irreversível, tendo maior

vulnerabilidade às adversidades externas e internas ao organismo, pois as

utilizações das reservas para o equilíbrio homeostático diminuem, ficam mais

frágeis. Aumentando-se a qualidade de vida biopsicossocial (wellness) podemos

evitar o adoecimento ou falta de funcionalidade nas atividades da vida diária. Temos,

também, uma variabilidade no envelhecimento de cada órgão e de cada sistema do

corpo humano, isto é, os órgãos envelhecem em ritmos diferentes.

No curso da vida biológica temos o envelhecimento fisiológico normal, ou

senescência, e envelhecimento patológico (fisiologia anormal: doenças, disfunções e

incapacidades), ou senilidade (MORAES, 2008 apud PARANÁ, 2017, p.61). No

envelhecimento fisiológico normal não ocorre a aceleração do meio ambiente, por

isso pode ser considerado um envelhecimento usual, comum ou dentro da

normalidade. Ainda existe o envelhecimento frailty ou síndrome da fragilidade que

fica entre o normal e o patológico (MORAES, 2008).

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Andrade (2010) em sua dissertação de mestrado nos traz uma síntese dos

elementos do conceito de fragilidade em idosos,

Com base na análise teórica do conceito fragilidade em idosos, efetivada ao longo deste estudo, elaborou-se a seguinte definição conceitual para o fenômeno: Fragilidade em idosos constitui um evento multidimensional e multideterminado, caracterizado por vulnerabilidade aos estressores biopsicossociais e ambientais e por alterações no sistema musculoesquelético, na função motora e na composição corporal, que resulta em prejuízos funcionais e seus desfechos (ANDRADE, 2010, p. 79).

Pesquisadores do Johns Hopkins University dos Estado Unidos, baseados em

princípios fisiológicos, produziram uma definição operacional de fragilidade em

idosos, de grande interesse para este estudo,

Essa definição operacional parte da hipótese de que o conceito representa uma síndrome geriátrica capaz de ser identificada por meio de um fenótipo que inclui cinco componentes mensuráveis: (1) perda de peso não intencional, maior de 4,5 kg ou superior a 5% do peso corporal no último ano; (2) fadiga autorreferida; (3) diminuição da força de preensão palmar, medida com dinamômetro e ajustada para sexo e índice de massa corporal; (4) baixo nível de atividade física, medida pelo dispêndio semanal de energia em kcal (com base no autorrelato das atividades e exercícios físicos realizados) e ajustado segundo o sexo; (5) diminuição da atividade da marcha em segundos: distância de 4,5 m ajustada para sexo e altura (FRIED et al, 2001, grifo nosso).

A síndrome de fragilidade tem um grande potencial de reversibilidade quando

diagnosticada, prevenida e tratada. Na tabela 1 podemos notar a grande quantidade

das principais pesquisas realizadas no mundo, até 2011 (ano da divulgação do

artigo), relativas à avaliação da síndrome da fragilidade em idosos. A prevenção

cabe aos profissionais de saúde em equipe transdisciplinar com o objetivo de

melhorar a qualidade de vida da população idosa (PINTO; COUTINHO, 2014).

No gráfico 2 temos formas de envelhecimento fisiológico, bem-sucedido,

usual, frailty e o patológico, que depende dos fatores hereditariedade, sedentarismo

má-nutrição etc. para se atingir o limiar da incapacidade até o momento que chega a

morte biológica.

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Gráfico 2 - Formas de envelhecimento (MORAES, 2008).

Tabela 1 – Descrição dos artigos inclusos na revisão sobre avaliação da síndrome de fragilidade biológica em idosos (TRIBESS; OLIVEIRA, 2011, p.857).

Segundo a WHO/OMS (2005, p.14-15) o envelhecimento ativo é definido

como “o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e

segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as

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pessoas ficam mais velhas”. O conceito é mais abrangente do que o do

“envelhecimento saudável ou bem-sucedido”, pois vai além da visão apenas

biológica da saúde do indivíduo baseando-se, também, no reconhecimento dos

direitos humanos das pessoas mais velhas, nos princípios de independência

(capacidade de viver na comunidade quase sem ajuda de outros), participação nos

processos políticos e em comunidade, dignidade, assistência e auto realização

estabelecidos pela Organização das Nações Unidas. A presente pesquisa se

concentrará mais no lado biológico (alimentação e atividade/exercício físico) e

psicológico/filosófico (antropologia da ludicidade) do que em relação ao sociológico

(social, cultural, político e econômico) citado pela OMS.

O gráfico 3, adaptado de Kalache e Kickbusch (1997 apud MDS, 2018),

apresenta a alteração da capacidade funcional das pessoas em razão do avanço da

idade. A velocidade de declínio da capacidade funcional, representada pela

inclinação das linhas vermelha e amarela, varia de acordo com cada indivíduo e é

determinada por fatores intrínsecos inatos (imutáveis ou genéticos) e fatores

extrínsecos (mutáveis) relacionados ao estilo e qualidade de vida (alimentação,

sedentarismo, tabagismo etc.) e ambientais (moradia, condição econômica, etc.).

Contudo, o declínio pode receber influências positivas e ser reduzido (linha azul), em

qualquer idade, por meio de medidas educacionais para a mudança de

comportamento de um indivíduo ou um grupo de indivíduos.

Gráfico 3 - Curso de vida: capacidade funcional nos ciclos de vida (Fonte: KALACHE and KICKBUSCH, 1997 apud MDS, 2018, p. 20).

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O aumento da capacidade funcional depende dos hábitos saudáveis, definido

como,

Conjunto de atos e atitudes que visam à manutenção da saúde e qualidade de vida. Nota: constituem hábitos saudáveis: a) alimentação adequada e balanceada; b) prática regular de atividade física; c) convivência social estimulante; d) busca, em qualquer fase da vida, de atividades ocupacionais prazerosas e de mecanismos de atenuação do estresse. Em inglês: healthy habits (BRASIL, 2013a, p. 27).

A funcionalidade global do indivíduo para as atividades de vida diária (fig.1) é

a capacidade “de realizar suas atividades sozinha, de forma plena, mesmo que seja

muito idosa ou portadora de doenças” (MORAES, 2012 apud PARANÁ, 2017, p. 10).

Declínio funcional é a perda da autonomia e/ou da independência conforme a CIF,

Classificação Internacional da Funcionalidade (OMS, 2003 apud PARANÁ, 2017, p.

11), diminuindo a vida social do idoso. Esse declínio funcional é a causa das

“grandes síndromes geriátricas”: incapacidade cognitiva, instabilidade postural,

incontinência esfincteriana, imobilidade e incapacidade comunicativa, trazendo

problemas sociofamiliares (fragilização do suporte familiar), riscos de

institucionalização e iatrogenia médica (fig. 2). Iatrogenia (equívocos, não

observação das interações medicamentosas da polifarmácia, polipatologia etc.) não

é o mesmo que erro médico (imprudência etc.). A iatrogenia deve ser entendida

como procedimento correto que causou dano a um paciente em decorrência das

dificuldades e riscos operacionais, previstos na literatura (ARAÚJO; BARBOSA,

2017), informados e aceitos autonomamente pelo paciente, inerentes à profissão

complexa do médico. Para ilustrarmos podemos observar que:

Grande parte da iatrogenia resulta do desconhecimento das alterações fisiológicas do envelhecimento e das peculiaridades da abordagem do idoso. Muitas vezes os efeitos colaterais são confundidos com novas doenças ou atribuídos ao próprio envelhecimento por si, dificultando mais ainda o seu diagnóstico. Além disso, sabe-se pouco sobre as propriedades farmacocinéticas e farmacodinâmicas de vários medicamentos amplamente utilizados, pois os idosos frágeis são comumente excluídos dos estudos farmacêuticos necessários para a aprovação de novas drogas (Shrank et al., 2007 apud PARANÁ, 2017, p. 66).

O grau de bem-estar está relacionado ao alto grau de funcionalidade do

idoso, ou seja, de autonomia e independência.

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© 2012 Organização Pan-Americana da Saúde – Representação Brasil. Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total dessa obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.

Figura 1 - Funcionalidade e atividades de vida diária (MORAES, 2012, p.13).

©2017. É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte. Secretaria de Estado da Saúde do Paraná.

Figura 2 - Modelo multidimensional de saúde do idoso (MORAES apud PARANÁ, 2017, p.12).

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©2017. É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte. Secretaria de Estado da Saúde do Paraná.

Figura 3 - Envelhecimento e fragilidade (MORAES apud PARANÁ, 2017, p.12).

Neste trabalho não aprofundaremos os conceitos da figura 3, mas serve para

ilustrar a complexidade do envelhecimento em relação aos tipos de incapacidades e,

também, compara senilidade (envelhecimento com doenças) com senescência

(envelhecimento normal). É importante destacar o “fenótipo da fragilidade”:

emagrecimento significativo não intencional, fraqueza, baixo nível de atividade física

e lentificação da marcha (PARANÁ, 2017, p. 18). Esses fatores se relacionam com

os exercícios físicos na medida certa e alimentação saudável que veremos a seguir.

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10.3. Conceito de alimentação saudável.

Para compreendermos melhor o conceito de alimentação saudável temos que

ter uma breve noção de outros conceitos correlatos. Conforme o glossário temático

de alimentação e nutrição, desenvolvido pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2013a,

p. 31 e 16), podemos conceituar nutrição como um “estado fisiológico que resulta

do consumo e da utilização biológica de energia e nutrientes em nível celular” e

nutriente como um “componente químico necessário ao metabolismo humano que

proporciona energia ou contribui para o crescimento, o desenvolvimento, a

manutenção da saúde e da vida”. Em geral, os nutrientes são recebidos pelo

organismo por meio da alimentação que, por sua vez, se conceitua como um

processo biológico e cultural que se traduz na escolha, preparação e consumo

(ingestão) de um ou vários alimentos. A carência ou excesso de nutrientes, na

alimentação, pode provocar mudanças homeostáticas (afecções ou alterações

patológicas) químicas ou fisiológicas.

Já o conceito de alimentação saudável é sinônimo de alimentação

equilibrada, ou seja,

Padrão alimentar adequado às necessidades biológicas e sociais dos indivíduos e de acordo com as fases do curso da vida. Notas: i) Deve ser acessível (física e financeiramente), saborosa, variada, colorida, harmônica e segura quanto aos aspectos sanitários. ii) Esse conceito considera as práticas alimentares culturalmente referenciadas e valoriza o consumo de alimentos saudáveis regionais (como legumes, verduras e frutas), sempre levando em consideração os aspectos comportamentais e afetivos relacionados às práticas alimentares. Em inglês: healthy eating (BRASIL, 2013a, p. 15).

Em outro documento elaborado, também, pelo Ministério da Saúde através da

PNAN, Política Nacional de Alimentação e Nutrição, ampliaram a conceituação com

mais enfoques: alimentação adequada, também citada pela Prof. Dra. Vanessa

Schottz (2014), como sendo outro sinônimo, alimentação harmônica em quantidade

e qualidade, a questão do meio ambiente “baseada em práticas produtivas

adequadas e sustentáveis com quantidades mínimas de contaminantes físicos,

químicos e biológicos” (BRASIL, 2013b, p. 31).

Ampliando os conceitos de saúde humana, ambiental e social, citados acima,

podemos lembrar sobre a questão da boa qualidade (RAIGÓN, 2014), ricos em

nutriente e vitalidade in natura, alimentos integrais de cultivo orgânico ou

biodinâmico, minimamente processados, adotados por várias correntes alimentares:

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vegetarianismo, veganismo, crudismo e frugivorismo, dentre outras, dentro de

modelos alimentares com influências religiosas e filosóficas (AZEVEDO, 2012, p.).

Neste trabalho não entraremos em detalhes sobre dietas, exemplos de cardápios ou

pratos para o cotidiano.

Hábitos ou práticas alimentares saudáveis são definidas como “usos,

hábitos e costumes que definem padrões de consumo alimentar de acordo com os

conhecimentos científicos e técnicas de uma boa alimentação” (BRASIL, 2013, p.

34).

Concordamos com a nutricionista Annie Bello Moreira (2017, p.2) quanto a

busca do equilíbrio ou homeostase do corpo:

“Hábitos alimentares conscientes, associados a um estilo de vida saudável, são os maiores aliados para manter o equilíbrio das funções vitais do corpo e diminuir o impacto dos agressores do estresse e de outras situações inesperadas que possam acontecer” (MOREIRA, 2017).

Segundo Cangulheim (1995 apud AZEVEDO, 2012, p.25) a doença pode ser

considerada uma oportunidade para obter um novo equilíbrio “de tomar consciência

do desequilíbrio e de modificar-se ou modificar o meio, interferindo diretamente na

verdadeira causa da instabilidade”. O modelo da salutogênese (gênese da saúde)

busca promover a saúde de forma integral, ou seja, bio-psico-social. A salutogênese

contrasta com o modelo da patogênese, cuja questão central é a doença

(AZEVEDO, 2012, p.24).

A verdadeira promoção da saúde exige uma interdependência complexa e

integradora da medicina com as áreas da: ecologia, agronomia, nutrição, psicologia,

educação física, entre outras, para valorizar a visão multifatorial da causa das

doenças ou patogênese (AZEVEDO, 2012, p.26) e valorizar a visão da salutogênese

como prevenção e promoção de saúde.

Nessa complexidade envolvendo alimentação e nutrição buscando o que é

saudável, seria importante desenvolvermos uma alguma intuição (subjetividade e

interioridade) em relação ao nosso corpo (saber “ouví-lo”) e entendermos a

contextualização (“ouvir” ao redor) da pessoa que se alimenta e se nutre, pois:

Não considerar a subjetividade, a interioridade, as histórias de vida, os laços afetivos, as relações familiares, as dimensões culturais locais, regionais e globais e o cenário político e econômico que envolvem a alimentação é caminhar na contramão dos novos contornos do que se considera saúde (BUSS, 2000) a partir das diretrizes que emanaram das grandes conferências internacionais produzidas pela Organização Mundial da Saúde

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(Ottawa em 1986, Adelaide em 1988, Sundswal em 1991 e Jacarta em 1997). (KRAEMER, 2014, p. 1341).

Copyright © 2011, Universidade de Harvard. Para obter mais informações sobre o The Healthy Eating Plate, consulte The Nutrition Source, Departamento de Nutrição, Harvard School of Public Health, www.thenutritionsource.org e Harvard Health Publications, www.health.harvard.edu.

Figura 4 – “Healthy eating plate” versão publicada e traduzida pelo site (HARVARD, 2011).

Copyright © 2008 President e Fellows of Harvard College.

Figura 5 – Pirâmide alimentar de Harvard: The healthy eating pyramid (HARVARD, 2008).

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Podemos perceber que na pirâmide da figura 5 os óleos e as gorduras

saudáveis continuam com muito destaque. A seguir veremos na figura 6 uma

pirâmide elaborada para atender o público que segue as dietas vegetariana (exclui

somente as carnes) e vegana (exclui carnes e derivados de animais: ovos, laticínios,

mel etc.), notem que na base da pirâmide as atividades físicas e sociais têm

destaque na quantidade (quanto mais próximo da base maior é o volume). Existem

muitas outras pirâmides alimentares de orientação (mediterrânea, africana etc.).

Essas variações servem para entendermos e respeitarmos a complexidade cultural

da alimentação.

Figura 6 – Pirâmide da dieta vegetariana e vegana (OLDWAYS, 2013).

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Resumindo a história da orientação sobre escolhas saudáveis: o USDA,

United States Department of Agriculture (Departamento de Agricultura dos Estados

Unidos), retirou a Pirâmide do Guia Alimentar em 2005 e substituiu-a pelo

MyPyramid. Os críticos reclamaram que o símbolo era vago e confuso (HARVARD,

2018, tradução de: Google Tradutor), então em junho de 2011 o USDA substituiu o

MyPyramid por um ícone novo e mais simples, o MyPlate, que em seguida foi

modificado e aperfeiçoado pelo The Healthy Eating Plate (a placa ou o prato de

alimentação saudável) atual.

Na figura 4 temos o novo modelo padrão para orientar nossas escolhas

saudáveis de alimentos, bebidas e atividades. Foi produzido de forma didática por

especialistas em nutrição da Harvard School of Public Health (Escola de Saúde

Pública de Harvard) e editores da Harvard Health Publications (Publicações de

Saúde de Harvard) em 2011. Mas, podemos imaginar novas mudanças, pois em

ciência sempre temos descobertas. Baseado nisso podemos ter um olhar crítico

(como foi feito pelos críticos citados no próprio site de Harvard) para dois aspectos

desse modelo proposto: a-) no desenho editado a garrafinha de óleos saudáveis

está quase do tamanho do copo de água, mostrando um excesso duvidoso; b-) não

houve a preocupação em aconselhar que as frutas, as verduras, as carnes etc.

sejam escolhidas tendo origem do cultivo orgânico ou biodinâmico, assim como

fizeram no aconselhamento para evitar refrigerante e limitar carne etc.

Portanto, para escolhermos uma alimentação saudável temos que ser críticos,

duvidar da didática explicativa e da produção científica, que é transitória e tem

influência do lobby (HARVARD, 2018), segundo o dicionário Houaiss (2009)

“atividade de pressão de um grupo organizado (de interesse, de propaganda etc.) sobre

políticos e poderes públicos, que visa exercer sobre estes qualquer influência ao seu

alcance”, além de usarmos nossa intuição. Sobre a transitoriedade das teorias

científicas podemos observar que,

O estudo da história das ciências revela, no entanto, que inúmeras teorias científicas que por algum tempo reinaram como absolutamente sólidas e corretas mais tarde foram refutadas, sendo modificadas ou substituídas por outras. [...] embora as teorias científicas possam ser refutadas, reformuladas ou corrigidas, a ciência cumpre sua função enquanto tem “êxito no seu propósito de fornecer explicações dignas de confiança, bem fundadas e sistemáticas para numerosos fenômenos” (Nagel, Ciência: natureza e objetivo, em Morgen Besser, Filosofia da ciência, p. 18) (COTRIM; FERNANDES, 2016, p. 366-367).

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Em relação a quantidade dos óleos citados acima, podemos comparar com as

Diretrizes Dietéticas para Americanos (Dietary Guidelines for Americans, 2005), em

relação ao idoso, que “recomenda manter o consumo de lipídios entre 20% e 35%

do total de calorias diárias, sendo a maior parte de gorduras poli-insaturadas e

monoinsaturadas” (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010, p. 300). Essas recomendações

de lipídios têm um limite de variação porcentual ampla e se comparada com outros

parâmetros pode estar em excesso, exceto se for idoso atleta. ”As diretrizes

dietéticas atuais recomendam que aproximadamente 45% a 65% das calorias totais

diárias sejam fornecidas por carboidratos”, enquanto que as recomendações de

proteínas não foram especificadas pois “podem variar por causa de doença crônica”

em idosos (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010, p. 300).

Exercendo o senso crítico, podemos comparar com a recomendação de 10%

de lipídios (óleos ou gorduras) da dieta estudada e praticada pelo Dr. Douglas N.

Graham, da Costa Rica, em seu livro The 80-10-10 diet, onde recomenda uma dieta

com 80% de carboidratos, 10% de proteínas e 10% de gorduras do total de calorias

diárias para um adulto saudável (GRAHAM, 2006). Tenhamos bom senso na

complexidade que está por trás do conceito de “alimentação saudável”, pois cada

caso é um caso especial, portanto devemos procurar auxílio de um médico nutrólogo

ou nutricionista de nossa confiança, escolhido com muita pesquisa (informação da

reputação e formação do profissional) e intuição.

10.4. Exercícios físicos saudáveis ou na medida certa.

A Fisiologia do Exercício estuda objetivamente (com o método científico) o

funcionamento do corpo em movimento (suas estruturas anatômicas e suas funções

fisiológicas). Na prática da prescrição de exercícios físicos admite-se uma percepção

subjetiva do esforço (PSE), ou seja, da intensidade de cada exercício físico. Essa

subjetividade não é precisa como o método científico, daí sugerimos incluir a

intuição, tanto do praticante como do/a treinador/a, como método filosófico.

Na figura 4 temos orientações básicas seguras sobre atividades físicas para

idosos. A campanha Agita SP é um programa criado para combater

o sedentarismo no estado de São Paulo, coordenado pela Secretaria de Estado da

Saúde e pelo o Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano

do Sul. Podemos observar que as recomendações são subjetivas (de certa forma

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intuitiva) e não objetivas. Esta questão será abordada neste trabalho no item sobre

intuição.

Figura 4 – Folder (frente e verso) da campanha Agita Idoso (CAMPANHA AGITA SP, 2018).

10.4.1. Curva J da relação entre exercício e imunidade.

Buscando o exercício na dose certa. Como podemos observar no gráfico 4 o

indivíduo sedentário que não pratica exercícios físicos tem menor suscetibilidade a

doenças infecciosas comparado com indivíduo que exagera na dose de exercícios.

Muitas pesquisas têm demonstrado o fato,

O exercício de média intensidade está associado a diminuição de episódios de infecção, possivelmente decorrente da melhoria de funções de neutrófilo, macrófago e células NK43. Porém, o exercício, quando praticado além de determinado limite, se associa a aumento da incidência de doenças infecciosas, notadamente das vias aéreas superiores (IVAS) [...] A superação da barreira do fisiológico, levando o indivíduo a um estado de overtraining, visto tanto em modelos experimentais como em humanos, provoca distúrbios, notadamente infecções de vias aéreas superiores, [...] (ROSA, 2002, p. 171).

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Gráfico 4 – Gráfico J (NIEMAN, 1999, p. 160)

A relação entre exercícios físicos e infecção, principalmente ITRS ou IVAS

(infecção das vias aéreas superiores) pode ser representada em gráfico formado por

uma curva um J. Concluímos que o sedentário tem menos riscos de contrair IVAS do

que o indivíduo que exagera, treina por compulsão com exercícios disfuncionais,

incluindo atletas com síndrome de overtraining (além de infecções apresenta outras

disfunções ou desequilíbrios homeostáticos).

Gráfico 5 – Relação entre intensidade, duração, cronicidade de exercícios, função imune e suscetibilidade a doenças, principalmente ITRS - infecções do trato respiratório superior (WOODS et al, 1999)

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10.4.2. Intuição como método para se aproximar da medida certa.

De acordo com a doutora Nébia Figueiredo (2008) podemos entender a

intuição,

[...] como uma forma capaz de captar a essência de modo evidente, um conhecimento imediato da experiência e a percepção das relações, gerando a compreensão global e instantânea de um fato ou de uma pessoa, com base em uma capacidade especial de discernimento (FIGUEIREDO, 2008, p.36).

Os cálculos matemáticos aplicados a objetos (uma coluna de concreto, um

automóvel etc.) não podem ser subjetivos, mas cálculos aplicados a seres humanos

(e não ratos de laboratório) podem ser objetivos primeiramente e subjetivos

posteriormente, para correção de variáveis detectadas por intuição.

A ciência positivista só permite avaliar os dados observados objetivamente, e a intuição, por ser um processo eminentemente interno, não pode ser estudada pelo método científico convencional. No entanto, o fato de não poder ser estudada pela ciência não significa que não seja aceita pelos cientistas. Ao contrário, são muitas as histórias a respeito de teorias científicas que se iniciaram a partir de uma intuição, para, em um segundo momento, serem testadas pelo método científico (CERVO et al, 2007, p.48).

A intuição é considerada uma forma de raciocínio e um tipo de conhecimento,

juntamente com a inferência, a indução e a dedução. Segundo Barros e Lehfeld

(2007 apud MASCARENHAS, 2012, p. 13), “mesmo os cientistas mais rigorosos

utilizam a intuição e um enorme potencial criativo”. Podemos notar que intuição

subjetiva e razão objetiva podem conviver harmonicamente, pois a intuição surge de

uma condensação de conhecimentos e experiências anteriores (CERVO et al, 2007,

p. 48), podemos usar a objetividade para medir a frequência cardíaca (FC) de um

atleta e fazer um cálculo (de acordo com a ciência do esporte) para achar a FC para

o seu treinamento, mas podemos contar com a intuição para acharmos algum dado

subjetivo relevante, por exemplo, percebendo (de acordo com a intuição) que o

atleta está meio nervoso e, por questão de prevenção e segurança, diminuindo a FC

do cálculo feito para o treinamento. Essa diminuição preventiva se assemelha com o

que afirma Mascarenhas (2012),

[...] muitas vezes a observação objetiva e racional da pesquisa ocorre quando um problema ou uma teoria são elaborados, e essa elaboração nasce, geralmente, de uma intuição (MASCARENHAS, 2012, p.14).

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Existe uma proposta do uso da intuição criada pela Prof. Dra. Paula Costa

Teixeira (2017) em que relaciona à conexão com o seu corpo e discernir o quanto de

disposição e energia você possui integrada à uma alimentação equilibrada e

estruturada. Seu trabalho foi desenvolvido na especialização em Cuidados

Integrativos – UNIFESP, 2017, onde idealizou o conceito de Exercício Intuitivo

Integrativo®. Esse método é um equilíbrio entre o sedentarismo e os exercícios

disfuncionais. A definição da pesquisadora foi encontrada em seu site,

O Exercício Intuitivo surge para fazer oposição ao exercício definido pela literatura científica como disfuncional. Praticar exercícios, na nossa sociedade atual, é sinônimo de ser saudável. No entanto, quando o exercício é associado a uma mentalidade de dieta e extrema insatisfação corporal, o exercício é motivado, muitas vezes, por pensamentos intrusivos, neuras, feito por obrigação, exclusivamente para queimar calorias e aliviar a culpa de uma "permissão alimentar”. Exercício disfuncional significa praticar exercícios de forma excessiva, compulsiva, obrigatória e patológica, logo, está longe de ser uma prática plenamente saudável (TEIXEIRA, 2017).

Mais estudos acadêmicos são necessários para aprofundar o tema da intuição e sua aplicabilidade.

10.5. Bem-estar subjetivo e ludicidade.

Para melhor definir o conceito de bem-estar subjetivo vamos recorrer à

pesquisa do especialista em Ludopedagogia Prof. Luiz Carlos Fernandes (2014),

A abordagem do bem-estar subjetivo (daqui em diante citado como BES) é um tipo de visão referente ao estudo psicológico, muito difundido pela Psicologia Positiva que, segundo Snyder e Lopez (2009), tem como objeto as avaliações subjetivas dos estados emocionais positivos ou negativos da situação do indivíduo no mundo. Segundo Siqueira e Padovam (2008) o conceito de BES é estudado pela Psicologia através de duas teorias. Uma teoria se ocupa dos estados emocionais ou emoções, afetos e sentimentos positivos (alegria, ânimo, prazer etc.) e negativos (tristeza, letargia, desprazer etc.), e outra se preocupa com o domínio da cognição que inclui avaliações de satisfação geral com a vida (FERNANDES, 2014, p.6).

Segundo Vosgerau (2012 apud FERNANDES, 2014) relacionou o bem-estar

com estados afetivos positivos, ou felicidade, ao estado de saúde-doença,

É amplamente reconhecido pelos adeptos da medicina holística e pesquisadores da psicologia que os fatores mentais podem influenciar o funcionamento físico e que o bem-estar subjetivo atua positivamente na saúde física (VEENHOVEN, 2008). Contudo, essa relação ainda é muito pouco abordada cientificamente na área da saúde coletiva e, por ser um tema emergente, deve ser explorado pela epidemiologia [...]. Há evidências crescentes de que os estados afetivos estão associados com a promoção da saúde e prevenção de doenças (STEPTOE; WARDLE; MARMOT, 2005; VEENHOVEN, 2008), mas os caminhos pelos quais tais

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efeitos podem ser mediados ainda são mal compreendidos (STEPTOE; WARDLE, 2005; STEPTOE; WARDLE; MARMOT, 2005). (VOSGERAU, 2012, p.39 e 44, apud FERNANDES, 2014, p.6, grifo nosso).

O conceito de felicidade se aproxima muito do conceito de bem-estar

subjetivo conforme pesquisa de Graziano (2005 apud FERNANDES, 2014):

Partindo de uma concepção de felicidade de natureza intrínseca, a Psicologia Positiva, embora não negue a influência de eventos externos, trabalha com o conceito de bem-estar subjetivo que corresponde à avaliação, tanto cognitiva quanto afetiva, que uma pessoa faz acerca de sua própria vida (DIENER; LUCAS; OISHI, 2002). (GRAZIANO, 2005, p. 38 apud FERNANDES, 2014, p. 7).

O conceito de bem-estar subjetivo relacionado ao conceito de felicidade ainda

pode ser formulado de forma simples:

felicidade mais significado resulta em bem-estar. A forma de perceber alegremente o significado subjetivo do mundo parece ser superior ao infeliz fato objetivo em si, para se alcançara emoção positiva do bem-estar. Em outras palavras, a forma do sujeito de interpretar cognitivamente o mundo pode originar emoções de bem-estar ou mal-estar. Aqui temos as dimensões emocional e cognitiva articuladas (SNYDER; LOPEZ, 2009 apud FERNANDES, 2014, p. 7).

Conceituando ludicidade temos o enfoque no processo educacional defendido

por Leal e D’Ávila (2013):

O conceito de ludicidade que defendemos, pois, se articula a três dimensões: a) a de que o brincar e, de forma mais ampliada, as atividades lúdicas são criações culturais, são atos sociais, oriundos das relações dos homens entre si na sociedade; b) a ludicidade é um estado de ânimo, um estado de espírito que expressa um sentimento de entrega, de inteireza, de vivência plena, e diz respeito à realidade interna do indivíduo; c) nesse sentido e pensando a ludicidade como princípio formativo, defendemos a ideia de que as atividades lúdicas se façam presentes na sala de aula como elementos estruturantes do processo de ensinar e desencadeadores de aprendizagens significativas – aquelas em que o ser humano precisa integrar suas capacidades de pensar, agir e sentir, sem hipertrofiar o que a escola, com toda sua tradição iluminista, hipertrofiou por séculos – a dimensão intelectual, em detrimento do sentimento, do saber sensível, da intuição e da ação sobre o mundo (LEAL; D’ÁVILA, 2013, p. 51 apud FERNANDES, p. 3, grifo nosso).

Embora o foco tenha sido educacional, podemos transferir para a realidade do

idoso em suas interações sociais familiares, em jogos esportivos adaptados, em

clubes recreativos, nas associações etc. Kobal (1996 apud FERNANDES, 2014, p.

5) afirma que “a ludicidade alcança uma tomada de consciência da realidade social e

favorece o exercício do prazer de viver”. Aprender através da ludicidade

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proporcionará prazer e favorecerá a formação de um indivíduo crítico, criativo, com

mais autoestima e capaz de enfrentar os problemas da vida. A ludicidade e o bem-

estar estão intimamente ligados aos esportes coletivos adaptados (câmbio,

badminton etc.), às atividades, aos exercícios físicos e aos esportes individuais

(corrida, ciclismo etc.).

11. CONCLUSÃO.

O termo saudável, referente à alimentação, e o cálculo da medida certa, na

prática de exercícios físicos, precisam ir além da objetividade científica. Na literatura,

principalmente na Filosofia da Ciência, encontramos evidências de que a

subjetividade da intuição como método filosófico pode contribuir para nos

aproximarmos do termo “saudável” e auxiliar no cálculo da “medida certa”. O método

intuitivo é muito usado em pesquisa qualitativa nas ciências sociais. Como o

presente trabalho se refere às intervenções humanas (objeto das ciências sociais),

na prática do profissional de Educação Física (dosagem na prescrição de exercícios

físicos) e do nutricionista (conceito de alimentação saudável e sua prescrição), a

prática da intuição subjetiva é bem-vinda na complementação com a teoria objetiva

das ciências. Com tudo isso, mais a ludicidade associada ao bem-estar subjetivo,

concluímos que aumentará a contribuição para um envelhecimento ativo, saudável e

bem-sucedido.

Mais estudos acadêmicos são necessários para aprofundar o tema da

intuição e sua aplicabilidade.

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

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