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[Construção em Altura: Reflexões] Uma Análise Geral sobre o Fenómeno da Construção em Altura

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[Construção em Altura: Reflexões]

Uma Análise Geral sobre o Fenómeno da Construção em Altura

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Este trabalho não foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.

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Agradecimentos

Aos meus pais pelo apoio incondicional.

Ao Professor Doutor António Lousa pela orientação e paciência.

Aos meus amigos pelo incentivo incessante.

Ao meu Avô…

À Raisa…

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Resumo

O conceito de Torre (Torre de Babel, Torre de Londres 1087, Torre Eiffel

1889) como estrutura elevada de numerosas plantas com identidade tecnológica,

está baseado nas suas proporções e relação entre os seus limites artísticos,

técnicos, filosóficos e críticos, capazes de se relacionarem com o mundo real. A

revolução tecnológica, a ambição humana e os desafios, elevaram o conceito de

Torre com múltiplas plantas à denominação de arranha-céus.

Neste trabalho será desenvolvido uma análise geral sobre o fenómeno da

construção em altura, como resultado de uma complexa equação cultural,

tecnológica, económica, ambiental e arquitectónica. A sua forma é a síntese que, a

cada momento, os seus autores fazem de todas estas condicionantes.

Actualmente, com o crescimento populacional, esgotamento dos recursos

naturais e degradação ambiental, a solução é a densificação sustentável da cidade.

A construção em altura, constantemente em evolução, terá um papel fulcral para

esse fim, mais ainda na sua próxima manifestação – a cidade vertical – que vai

revolucionar a forma como percepcionamos a cidade e o espaço a todos os níveis.

Palavras-chave: construção em altura; torre; edifícios em altura; arranha-céus;

cidade; espaço público; cidade vertical.

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Abstract

The concept of Tower (Tower of Babel, Tower of London 1087, Eiffel

Tower 1889) as a high structure of numerous floors with technological identity is

based on its proportions and relationship between the artistic, technical,

philosophical and critical limits, able to relate to the real world. The technological

revolution, human ambition and challenges, raised the concept of tower with

multiple floors to the designation of skyscraper.

This work will carry out a general analysis of the phenomenon of high-rise

construction as a result of a complex cultural, technological, economic,

environmental and architectural equation. Its shape is the synthesis that every

time, its authors make of all these conditions.

Today, with the population growth, depletion of natural resources and

environmental degradation, the solution is the sustainable densification of the city.

The high-rise construction, constantly evolving, will have a major role to this end,

even more at its next manifestation - the vertical city - that will revolutionize the

way we perceive the city and the space at every level.

Palavras-chave: high-rise construction; tower; tall buildings; skyscrapers; city;

public space; vertical city.

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Índice 1. Introdução

1.1. Origem “Primordial” & Factores Decisivos …… … … … … … … … … … ……………… 13

1.2. Desenvolvimento, Invenção & Evolução ………………………………………………. 17

2. A Forma e as Condicionantes

2.1. Cultural

2.1.1 Conceito & Contexto Histórico-Cultural …………….……………….……. 23

2.1.2 Factores Culturais nos EUA ………………………………………………….….. 31

2.2. Financeira

2.2.1 Considerações ………………………………………………………………..…….... 37

2.2.2 Ciclos Económicos ……………………………………………………………….….. 39

2.3. Estrutural

2.3.1 Considerações ……………………………………………………………..…….…… 47

2.3.2 Tipos de Estrutura ……..………………………………………………………….. 53

2.4. Ambiental

2.4.1 “Ecodesign” ……..…………………………..…………………………………….…… 61

2.4.2 Exemplos Ecológicos ….……………………………………………………..…….. 67

3. O Efeito Babel ……..………………………………………………………………………………….…….. 75

4. Um Olhar para o Futuro ……..…………………………………………………………………….…… 81

5. Conclusão ……..…………………………………………………………………….………………………… 91

6. Bibliografia ……..…………………………………………………………………….…………….………… 105

7. Sites Consultados …………………………………………………………………………………..……… 109

8. Fontes de Imagem ……..…………………………………………………………………………….…… 111

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Fig.1 “The Tower of Babel”, Pieter Bruegel the Elder, 1563.

Fig.2 “Medieval Bolonga”, Toni Pecoraro, 2012.

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1. Introdução

1.1 Origem “Primordial” & Factores Decisivos

O desejo de construir “em altura” não é nada de recente. As torres têm sido

utilizadas desde sempre para demonstrar poder e riqueza; honrar líderes e crenças

religiosas; esticar os limites do que é possível; e até simplesmente como alvo de

competição entre proprietários, famílias, arquitectos e construtores.

“Mais do que qualquer outra construção, as torres manifestam aspirações

de domínio, ambição técnica e desejo de vencer a força da gravidade.”[1]

Alguns dos edifícios mais “dramáticos” do passado incluem as pirâmides

do Egipto, as esguias torres que se alongam para o céu em algumas cidades

italianas, e as catedrais góticas de França. Embora estes edifícios sejam muito

diferentes entre si possuem algo em comum, foram construídos com paredes auto-

portantes ou “estruturais” de maçonaria ou pedra, que suportam grande parte das

cargas, que inclui pisos, pessoas, e todo o conteúdo das divisões. Devido a este

facto, a altura destes edifícios era limitada pela densidade e peso que tinham que

ter na sua base.

No século XIX dois factores contribuíram decisivamente para uma nova

tipologia de edifício: o arranha-céus. O primeiro foi o desenvolvimento do

elevador “seguro”. Elevadores primitivos de diversos tipos foram utilizados

durante séculos, em meados do século XIX elevadores a vapor eram utilizados em

fábricas, minas e armazéns. No entanto estes elevadores não eram considerados

seguros para pessoas, já que, se o cabo se partisse cairiam até ao fundo do fosso

do elevador.

[1] MÜLLER, Werner & VOGEL, Gunther - Atlas de Arquitectura 2: Del románico a la

actualidad. Madrid: Alianza Editorial, 1985. Vol. 2, p. 401. Tradução do autor.

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Fig.3 Desenho da patente do elevador, Elisha Graves Otis, 1861.

Fig.4 O Grande Incêndio de Chicago, “Chicago in Flames -- The Rush for Lives Over

Randolph Street Bridge”, John R. Chapin, 1871.

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Em 1853, um inventor Americano chamado Elisha Graves Otis,

desenvolveu um dispositivo de segurança que impedia que os elevadores caíssem

no caso de o cabo se partir. Este novo desenvolvimento teve um impacto

tremendo na confiança do público. E mais tarde neste mesmo século, a

implementação do motor eléctrico tornou o elevador numa solução prática para o

problema de subir e descer em edifícios altos.

O segundo factor decisivo ocorreu em Chicago. Em 1871, Chicago foi

assolado por um incêndio devastador. E nos anos que se seguiram, contrariamente

ao esperado, a cidade experienciou um crescimento exponencial, e rapidamente

atingiu o limite das suas barreiras naturais. Na década de 1880, os terrenos

disponíveis para edifícios novos nesta área não conseguiam acompanhar a

procura, deixando como única alternativa, a de construir em altura. Mas de modo

a atingir a altura desejada, as técnicas construtivas tinham que mudar. Surgiu

então um novo método construtivo, que utilizava uma grelha de vigas e pilares

metálicos, suficientemente forte para suportar as tensões ou forças a que estaria

sujeito, quer por parte do peso dos pisos e do seu conteúdo, quer por parte da

força do vento, e em algumas áreas, tremores de terra. E com este novo método

construtivo, nasceu o arranha-céus e deu-se inicio à corrida ao edifício mais alto.

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Fig.5 La Salle Street, mostrando o Tacoma Building (no centro), Chicago, EUA.

Fig.6 Flatiron Building – Fases de construção, 1901 – 1902, Nova Iorque, EUA.

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1. Um Olhar para Trás

1.2 Desenvolvimento, Invenção & Evolução

O Inglês, Sir Henry Bessemer (1813-1898) foi o responsável pela invenção

do primeiro processo, de baixo custo, para a produção em massa de aço, essencial

ao desenvolvimento do arranha-céus. Apesar do americano, William Kelly, ter

começado a trabalhar na mesma ideia desde 1846, Bessemer é que foi creditado

com a descoberta. O processo Bessemer consistia basicamente em injectar ar no

metal líquido de modo a retirar o excesso de carbono do ferro gusa, obtendo assim

aço. Bessemer registou a primeira patente para o seu famoso processo a 17 de

Outubro de 1855.[2]

O aço moderno ainda é feito utilizando uma tecnologia

baseada no processo de Henry Bessemer.

A "invenção" do arranha-céus pode ser atribuída a George A. Fuller (1851-

1900). Fuller trabalhou na resolução dos problemas da capacidade de suportar

carga de edifícios altos. O Tacoma Building, de 1889, construído pela firma de

Fuller, foi o primeiro edifício onde as paredes exteriores não suportam o peso do

edifício. Utilizando vigas de aço Bessemer, Fuller criou “gaiolas” de aço que

sustentavam todo o peso em edifícios altos. O icónico Flatiron Building, de 1902,

projectado por Daniel H. Burnham no estilo Beaux-arts, foi um dos primeiros

arranha-céus de Nova York. Foi construído pela Fuller Company, fazendo uso do

mesmo sistema estrutural utilizado no Tacoma Building.

O termo "arranha-céus" foi utilizado pela primeira vez durante a década de

1880, logo após os primeiros edifícios de 10 a 20 andares serem construídos nos

Estados Unidos. Combinando várias inovações: estrutura de aço, elevadores,

aquecimento central, bombas eléctricas de canalização e telefone; o arranha-céus

passou a dominar as skylines americanas na viragem do século. O Woolworth

Building, o edifício mais alto do mundo quando abriu em 1913, de Cass Gilbert,

foi considerado um dos principais exemplos de design na construção em altura.

[2] Cf. VAN DULKEN, Stephen - Inventing the 19th Century: The Great Age of Victorian

Inventions. London: British Library, 2001. p. 30-31.

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Fig.7 Amortecedor de massa sintonizado, John Hancock Tower, Boston, EUA.

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Desde o nascimento do arranha-céus, construtores e engenheiros têm

continuamente procurado maneiras de melhorar os métodos de construção e

materiais, a fim de tornar as estruturas mais fortes, altas e leves. Os arranha-céus

são construídos para durar, logo devem ser feitos de materiais que são fortes;

duráveis; resistentes ao sol, vento, chuva, geada e neve, e acessíveis. O betão é um

dos materiais mais comuns, para além dos suportes de aço, porque é

extremamente versátil. A sua composição pode ser alterada dependendo das

necessidades do edifício. Ele pode ser reforçado para torná-lo mais duro e forte,

através de malhas de aço ou barras colocadas no seu interior. E os aditivos podem

fazê-lo endurecer mais rápida ou lentamente, dependendo das necessidades do

projecto.

Outro material muito importante é o vidro. Porque como o esqueleto de

aço suporta agora as cargas principais do edifício, a pele exterior serve apenas

para manter o clima de fora e deixar entrar a luz, e quanto mais luz, melhor. Como

tal, as paredes de vidro tornaram-se muito popular logo após a Segunda Guerra

Mundial, porque são à prova de intempéries, proporcionam bastante luz natural, e

também porque são muito mais leves e baratas do que em alvenaria ou betão.

Mas, à medida que os edifícios se tornaram mais altos e leves,

principalmente as caixas de vidro modernas, tão populares, os arranha-céus

começaram a ter problemas com o vento e começaram a balançar, alguns com

mais de dois metros em qualquer direcção. Engenheiros surgiram com novas

soluções para este problema, primeiro instalando treliças de aço na diagonal

reforçadas entre os poços de elevadores centrais para a criação de um núcleo mais

forte, e depois passar a maior parte das vigas e pilares para a borda externa das

paredes, a fim de fazer um tubo rígido. Uma solução mais inusitada foi concebida

para controlar a oscilação na década de 1970 chamada de amortecedor de massa

sintonizado. Este é um bloco gigante de betão ou um peso, montado com molas e

amortecedores sobre uma placa lubrificada, concebido como um pêndulo para se

mover numa direcção quando um computador detecta que a estrutura começou a

mover-se no outro, a fim de compensar o movimento.

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Fig.9 Metropolitan Life

Tower.

Fig.10 Woolworth

Building.

Fig.11The Trump

Building.

Fig.12 Chrysler

Building. Fig.13 Empire State

Building.

Fig.14 Wolrd Trade

Center.

Fig.15 Willis Tower.

Fig.17 Taipei 101.

Fig.16 Petronas

Towers.

Fig.18 Burj Kalifa.

Fig.8 Singer Building.

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No início do século XX começou a derradeira corrida ao céu, quando

muitas empresas construíram arranha-céus pelo valor promocional, de modo a

aumentar o reconhecimento do seu nome.

Embora vários edifícios mais altos que a Igreja Principal de Ulm (162m)

tenham sido concluídos em 1901, como a Câmara Municipal de Filadélfia (167m)

e o Mole Antonelliana (167.5m), nenhum destes é por definição um arranha-céus,

sendo suportados tal como outros “pré-arranha-céus”, por espessas paredes

exteriores.

Tabela 1: Lista dos arranha-céus mais altos do mundo a partir do séc. XX.

Anos mais alto

Edifício Localização Altura (m)

Aumento (%)

1908–1909 Singer Building [Fig.8] Nova Iorque 186.6 54.96 [3]

1909–1913 Metropolitan Life Tower [Fig.9]

Nova Iorque 213.4 14.36

1913–1930 Woolworth Building [Fig.10] Nova Iorque 241.4 12.95

1930 The Trump Building (Manhatan Bank, 40 Wall Street) [Fig.11]

Nova Iorque 282.5 17.43

1930–1931 Chrysler Building [Fig.12] Nova Iorque 318.9 13.04

1931–1972 Empire State Building [Fig.13]

Nova Iorque 381 19.1

1972–1974 World Trade Center [Fig.14] Nova Iorque 417 9.45

1974–1998 Willis Tower (Sears Tower) [Fig.15]

Chicago 442.1 6

1998–2004 Petronas Towers [Fig.16] Kuala Lumpur 451.9 2.24

2004–2010 Taipei 101 [Fig.17] Taipei 508 12.68

2010–? Burj Khalifa [Fig.18] Dubai 828 62.61

[4]

[3] Valor do aumento percentual relativamente à altura de 119m do Park Row Building, concluído

em 1899. Edifício mais alto do século XIX.

[4] Lista dos arranha-céus mais altos do mundo a partir do século XX definida pelo Conselho de

Edifícios Altos e Habitat Urbano (CTBUH), classificados de acordo com o elemento

arquitectónico mais alto.

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Fig.19 Perfil de Kyoto, China, onde são visíveis os edifícios e estruturas tradicionais.

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2. A Forma e as Condicionantes

2.1 Cultural

2.1.1 Conceito & Contexto Histórico-Cultural

Cultura é um conceito de várias acepções, sendo a mais corrente a

definição genérica formulada por Edward B. Tylor, segundo a qual cultura é

“todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a

lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem

como membro da sociedade”.[5]

A antropologia entende a cultura como a totalidade de padrões aprendidos

e desenvolvidos pelo ser humano. Portanto corresponde, neste último sentido, às

formas de organização de um povo, seus costumes e tradições transmitidas de

geração para geração que, a partir de uma vivência e tradição comum, se

apresentam como a identidade desse povo.

Enquanto a definição de Tylor é muito genérica, podendo causar confusão

quando se propõe uma reflexão mais aprofundada do que é cultura, outras

definições são mais restritivas. A mais pertinente, neste caso, será a de L. White

que inclui a cultura material (por analogia a cultura simbólica) que estuda

produtos culturais concretos (arquitectura, obras de arte, escritos, ferramentas,

etc.). Esta forma de cultura (material) é preservada no tempo com mais facilidade,

uma vez que a cultura simbólica é extremamente frágil.

No que concerne ao património edificado, as propostas de edifícios em

altura são frequentemente problemáticas e um desafio à integração, devido ao seu

inevitável impacto sobre o tecido urbano histórico. A inserção de edifícios em

altura altera sem dúvida o skyline tradicional da cidade. O impacto do

desenvolvimento de arranha-céus é crítico para a conservação do património pré-

existente de cidades como Kyoto, Shanghai, Atenas, Jerusalém, Damasco,

Londres, Paris, para citar apenas algumas.

[5] TYLOR, Edward B. Primitive Culture. New York: J. P. Putnam’s Sons, 1920. Vol. 1, p. 1.

Tradução do autor.

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Fig.20 Diagrama de prioridades no processo de planeamento, Jan Gehl.

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Muitas cidades sofrem com a ausência de uma abordagem estratégica

relativamente à gestão deste tipo de edifícios. Buenos Aires, São Paulo e Cidade

do México estão a perder o seu carácter local e urbano devido à construção

arbitrária de edifícios em altura.

O design de novos edifícios em altura deve complementar e não entrar em

conflito com o tecido histórico. Por exemplo, na cidade de Londres, o traçado

medieval das ruas poderia ser melhor mantido pela pegada relativamente pequena

de edifícios altos, em vez da pegada muito maior de "arranha-chãos”.

Muitas cidades europeias têm mecanismos de controlo regulamentar que

tentam proteger o património edificado. Regulamentos semelhantes também

podem ser encontrados em países como Israel e Austrália. Nos EUA, o limite de

altura de edifícios altos prevaleceu por Los Angeles e Filadélfia por um longo

tempo, embora estes últimos limites já tenham sido levantados. A maioria das

cidades já adoptaram agenda pro-crescimento, apesar da importância dos

elementos do património construído varie de cidade para cidade, a maioria das

cidades estão a flexibilizar as regulamentações a favor de novos edifícios altos.

Outro desafio é fazer com que edifícios altos suportem placemaking.[6]

E

para que tal seja possível é necessário ter em conta a dimensão humana na sua

plenitude, dando prioridade à vida e ao espaço antes do edifício no processo de

planeamento.

“A prática generalizada de planeamento de cima e de fora deve ser

substituída por novos procedimentos de planeamento partindo de baixo e de

dentro, seguindo o princípio: primeiro vida, depois espaço, depois edifícios.”[7]

[6] Placemaking - abordagem multifacetada para o planeamento, concepção e gestão de espaços

públicos. Capitaliza sobre as mais-valias da comunidade local, inspiração e potencial, com a

intenção de criar espaços públicos que promovam a saúde, felicidade e bem-estar. É política

devido à natureza da identidade local. É tanto um processo como uma filosofia.

[7] GEHL, Jan – Cities for people. Washington: Island Press, 2010. p. 198. Tradução do autor.

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Fig.21 Seagram Building, Mies van der Rohe, 1958, Nova Iorque, EUA.

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Muitos edifícios em altura, tanto do tipo icónico-escultural como os

simples e convencionais “caixa de sapatos”, parecem ter sido concebidos como

elementos isolados e desconectados. O modelo convencional e estereotipado -

"one-size-fits-all" - de arranha-céus, criou uma impressionante homogeneidade

mundial. Em vez disso, os edifícios altos devem-se integrar na envolvente, assim

como no contexto sócio-económico geral da cidade. Os futuros edifícios em altura

devem promover placemaking, relacionando-se com a sua localização específica,

respeitando o património construído e conectando-se com as condições sócio-

culturais do local.

“Boa arquitectura garante uma boa interacção entre o espaço público e

vida a pública. Mas enquanto arquitectos e planeadores urbanos têm lidado com

o espaço, o outro lado da moeda - a vida - tem sido muitas vezes esquecida.

Talvez esta seja porque é consideravelmente mais fácil de trabalhar e comunicar

sobre a forma e espaço, enquanto a vida é efémera e portanto, difícil de

descrever.” [8]

Um dos primeiros Arranha-céus a promover placemaking, a par do Lever

House de 1952, foi o edifício Seagram em Nova Iorque de Mies van der Rohe,

concluído em 1958. Mies fez algo inédito na época, recuando este edifício 31

metros da estrada e ocupando apenas 40% da área edificável, isto permitiu libertar

espaço para a criação de uma praça pavimentada a granito, com dois espelhos de

água laterais e com bancos de mármore, sendo vista como uma das mais bem

sucedidas da cidade. Esta praça é um dispendioso gesto estético e simbólico,

especialmente tendo em conta o denso ambiente urbano que a rodeia.

[8] GEHL, Jan & SVARRE, Birgitte – How To Study Public Life. Washington: Island Press,

2013. p. 2. Tradução do autor.

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Fig.22 Manhattan depois da Lei de zoneamento de 1916, onde é visível a proliferação

do padrão “bolo de noiva”, 1932, Nova Iorque, EUA.

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Em 1961 foi revista a Lei de Zoneamento de 1916[9]

, sendo adoptado um

novo zoneamento[10]

que foi o principal evento arquitectónico e urbano da Nova

Iorque do pós-guerra, substituindo o padrão “bolo de noiva” de 1916 pela “caixa

de sapatos” e configurando uma nova relação entre rua e edifício. Esta mudança,

influenciada pelo urbanismo moderno, visava a renovação da cidade tradicional

orientada para a rua por um urbanismo marcado por vazios contínuos pontuados

por torres isoladas, tendo como novo paradigma o edifício Seagram de Mies. A

ideia do objecto vertical rodeado de espaços vazios passou a ser o novo ideal de

arranha-céus. Tal como a de 1916, esta nova Lei de Zoneamento teria um impacto

profundo no planeamento das cidades americanas, assim como em outras cidades

por todo o mundo devido ao prestígio e proeminência internacional de Nova

Iorque.

[9] Lei de Zoneamento de 1916 de Nova Iorque – foi a primeira lei de zoneamento americana. Foi

adoptada principalmente para travar a construção de edifícios maciços, como o Equitable Life

Building, que impediam o ar e a luz de alcançar as ruas. Estabeleceu limites na massa dos edifícios

a partir de determinadas alturas, interpretados como uma serie de recuos (padrão “bolo de noiva”).

Apesar de não impor um limite de altura, restringiu as torres a uma percentagem do tamanho do

lote.

[10] Lei de Zoneamento de 1961 de Nova Iorque – foi a revisão da Lei de Zoneamento de 1916. A

nova solução de zoneamento utilizava um regulamento de rácio de área por piso em vez de regras

de recuo. A área máxima por piso do edifício era regulada de acordo com o rácio imposto ao lote

onde o edifico seria construído. Outra medida nova desta revisão foi o incentivo à criação de

espaço público adjacente ao edifício, podendo deste modo obter área adicional por piso como

bónus.

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Fig. 23 Diagrama da Land Ordinance de 1785, mostrando como o método de subdivisão

pode ser aplicado desde a escala do país até à escala de um único lote.

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2. A Forma e as Condicionantes

2.1 Cultural

2.1.2 Factores Culturais nos EUA

Os Estados Unidos da América surgem no séc. XIX como uma nova

potência com espaço, vontade de afirmação e de independência. Dada ser uma

cultura recente, estava ainda patente a ausência de tradições, preexistências e

património, como resultado a expressão arquitectónica americana a relacionava-se

com o vazio. Era o inicio de algo novo sem restrições.

A Land Ordinace de 1785[11]

surgiu de modo a regular a colonização dos

territórios do Oeste, determinando que os novos territórios se subdividiam

segundo uma reticula ortogonal, orientada por meridianos e paralelos.

Basicamente, dividiu-se o território em quadrados de uma milha de lado, num

zoneamento que determinou as parcelas agrícolas e edificáveis, bem como as

redes viárias das cidades e até as fronteiras dos Estados.

Esta regra, acabou por determinar o desenho de grande parte do território

americano, quer urbano quer rural, sendo flexível o suficiente para se adaptar a

aspectos pontuais, como o relevo, a fertilidade ou riqueza dos solos e subsolos,

clima, etc.

O desenho urbano não estava dependente da forma, nem de um qualquer

edifício, mas antes, o edifício é que se subordinava ao traçado urbano. Apesar de

ter sido criado um novo modelo de construção, o vertical, a estrutura urbana

permaneceu inalterada, preferindo-se subordinar a arquitectura às contingências,

com todos os inconvenientes inerentes, tais como, o congestionamento a vários

níveis e a insalubridade.

[11] Land Ordinance de 1785 – foi adoptada pelo Congresso dos Estados Unidos em 20 de Maio

de 1785. De acordo com os artigos da Confederação, o Congresso não tinha o poder de aumentar a

receita pela tributação directa dos habitantes dos Estados Unidos. Portanto, o objectivo imediato

era arrecadar dinheiro através da venda de terrenos no território não mapeado a oeste dos estados

iniciais adquiridos no Tratado de Paris de 1783, após o fim da Guerra Revolucionária. Estabeleceu

um sistema que eventualmente cobriu mais de três-quartos da área continental dos Estados Unidos.

Cf. CARSTENSEN, Vernon - Patterns on the American Land. Journal of Federalism. Fall 1988,

Vol. 18, nº 4, p. 31-39.

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Fig.24 Mapa do Plano de Nova Iorque de 1811, (Commissioners´ Plan of 1811).

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Ao contrário do que acontecia na Europa, o planeamento não era tão

minucioso e restritivo, abrindo caminho para uma grande liberdade de linguagens,

funções, volumetrias, etc.

A fácil adaptação das cidades Norte-Americanas, nomeadamente Nova

Iorque, à solução da construção em altura, não se repercutiu nas cidades

europeias, à partida, menos entusiastas e mais rígidas devido a regulamentos de

segurança contra incêndios e também devido a uma resistência generalizada

contra o que era considerado como um tipo de construção estranha.

No plano de Nova Iorque, de 1811, ficou registado a tradição racionalista e

modular da concepção arquitectónica e urbanística americana. Este plano consiste

numa rede viária ortogonal e uniforme subdividida em duas componentes de

acordo com a sua orientação no plano. Doze avenidas, orientadas de Norte a Sul, e

ruas de Este a Oeste que se designam por números de 1 a 155. A Broadway é a

única via com desenho irregular, assim como, a única preexistência que apenas

não foi demolida devido à pressão dos proprietários dos edifícios adjacentes.

Este plano destaca-se porque foi o primeiro, por intermédio de um

processo de projecto unitário, a tentar controlar o desenvolvimento de uma cidade

de grandes dimensões. Define-se à partida apenas a divisão do território e o

posicionamento das redes viárias, o que lhe confere total liberdade sobre futuras

decisões relativamente às funções e atributos dos espaços a ocupar, ou seja, o

futuro da cidade não está preestabelecido.

“Nova Iorque é um evento de importância mundial. Considero [Nova

Iorque] o primeiro lugar no mundo à altura dos novos tempos, o estaleiro da

nossa era.”[12]

[12] LE CORBUSIER - When the Cathedrals Were White. 1

st ed. New York: McGraw Hill, 1964.

p. 83. Tradução do autor.

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Fig.25 Mapa de Chicago destacando a área destruída pelo Grande Incêndio de1871.

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A maior parte das construções americanas, nas primeiras décadas do séc.

XIX, eram em madeira, segundo um método inspirado em processos de

arquitectura colonial – Balloon Frame. Este processo “modelar” permitia a

produção industrial dos elementos em madeira e reduzia o tempo de obra, já que

tratava-se da aplicação de elementos pré-fabricados. Este método construtivo

comprova a propensão da arquitectura americana para o conceito “standard”.

A cidade de Chicago, em 1871 quando contava com uma população

aproximada de 300 000 habitantes, foi devastada por um incêndio que consumiu a

maior parte dos seus edifícios. A reconstrução transformou Chicago no mais

moderno centro de comércio da época. Os principais factores que determinaram o

carácter da reconstrução foram: a ausência de tradição vinculativa, a forte

dinâmica económica, a existência de técnicos qualificados e uma premente

necessidade de austeridade financeira, já que os principais investimentos eram

direccionados para Nova Iorque.

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Fig.26 Aon Center, Edward Durell Stone, 1974, Chicago, EUA, também conhecido

como Amoco Building até 30 de Dezembro de 1999.

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2. A Forma e as Condicionantes

2.2 Financeira

2.2.1 Considerações

Os edifícios em altura não foram crescendo sucessivamente para novas

alturas, ao longo do tempo, apenas por inovações tecnológicas ou motivações de

ego. A altura e a forma dos edifícios são também afectadas pelos regulamentos de

uso do solo (leis de zoneamento), as regras imobiliárias, o programa imposto pelo

cliente e as opções de projecto dos arquitectos e engenheiros. Estes edifícios são

modelados pelo programa, lucro, tecnologia, estética e lugar.

Apesar dos imperativos económicos não serem absolutamente

determinantes, são um dos principais factores que determinam a forma de um

edifício em altura. No entanto, existem muitas variáveis que condicionam a

linguagem de construção como o património histórico e urbano de cada território,

definições urbanas como os regulamentos, os planos directores e até a dimensão

dos quarteirões, entre outras.

Os edifícios em altura são muitas vezes interpretados como uma

representação corporativa ou como propaganda, na medida que muitos deles são

as sedes de grandes grupos económicos, possuindo mesmo os seus nomes, como a

Torre Sears (actual Torre Willis), Torres Petronas, Edifício Amoco (actual Aon

Center), Edifício Singer, etc. Contudo, na maioria dos casos, estes edifícios são

encarados pelos seus promotores com um negócio imobiliário em si mesmos.

Factores como as regras imobiliárias e os regulamentos de uso do solo

afectam tanto a altura e a forma do edifício como o programa imposto pelo cliente

e as opções de projecto dos arquitectos e engenheiros.

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Fig.27 One World Trade Center, Nova Iorque, EUA.

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2. A Forma e as Condicionantes

2.2 Financeira

2.2.2 Ciclos Económicos

“O arranha-céu, aquela celebração única do capitalismo secular e seus

valores, nos desafia em todos os níveis. Ele oferece oportunidades únicas para

análises profundas em termos muito amplos da arte, do humanismo e da história

do século XX. Quando a crítica se torna cativa aos centros de poder, ou a teorias

prevalecentes, ou a modismos, ou ela não é desejável e nem capaz de provar um

processo e seus resultados, alguma coisa importante está errada com uma das

forças de estabilização ou de balanceamento de uma sociedade madura.”[13]

O mundo está a presenciar um “boom” de arranha-céus. Em 2014 foram

construídos cerca de 100 edifícios acima de 200 metros, algo sem precedentes.

Este ano a capital de negócios da china deverá dar as boas vindas à Shanghai

Tower, que será o segundo edifício mais alto do mundo. Já na arábia saudita está a

ser construído o Kingdom Tower que será o edifício mais alto do mundo, duas

vezes mais alto que o One World Trade Center em Nova Iorque, o edifício mais

alto das Américas. Este frenesim de construção em altura poderá ser um “mau

agoiro” para a economia global. Vários académicos e eruditos acreditam que sim,

no entanto novas investigações levantam dúvidas sobre a questão.

O arranha-céus é a grande contribuição arquitectónica da sociedade

capitalista moderna, mas ninguém nunca o havia realmente relacionado com um

aspecto fundamental da história capitalista moderna - o ciclo económico. Em

1999, o economista Andrew Lawrence criou o "índice de arranha-céus", que

pretendia demonstrar que a construção dos arranha-céus mais altos coincide com

os ciclos económicos. Lawrence concluiu que a construção do edifício mais alto

do mundo é um bom indicador para determinar o início de grandes crises

económicas. [14]

[13] HUXTABLE, Ada Luise - The Tall Building Artistically Reconsidered: The Search for a

Skyscraper Style. Berkley: University of California Press. 1992. p. 120. Tradução do autor.

[14] Cf. LAWRENCE, A. - The Skyscraper Index: Faulty Towers. Dresdner Kleinwort Waserstein

Research. (1999).

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Fig.28 Arranha-céus & crises económicas.

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A inauguração do Singer Building e do Metropolitan Life Tower, em 1908

e 1909 respectivamente, situados em Nova Iorque, coincidiram aproximadamente

com o pânico financeiro de 1907 e a subsequente recessão. O Empire State

Building abriu portas em 1931, quase dois anos após o inicio da Grande

Depressão, pouco tempo depois passou a ser conhecido como o “Empty State

Building”. Na Malasia as Petronas Towers eram os edifícios mais altos do mundo

em 1996, um ano antes do início da crise financeira asiática. O Burj Khalifa, no

Dubai, é actualmente o edifício mais alto do mundo, abrindo em 2010 em plena

crise local e global.

Tabela 2: Edifícios mais altos do mundo e respectivas crises económicas.

Concluído Edifício Localização Altura (m) [15]

Andares [16]

Crise Económica

1908 Singer Building Nova Iorque 186.6 48 Panico de 1907

1909 Metropolitan Life Tower

Nova Iorque 213.4 50 Panico de 1907

1913 Woolworth Building Nova Iorque 241.4 57 Início da contracção

1930 The Trump Building (Manhatan Bank, 40 Wall Street)

Nova Iorque 282.5 71 Grande Depressão

1930 Chrysler Building Nova Iorque 318.9 77 Grande Depressão

1931 Empire State Building

Nova Iorque 381 102 Grande Depressão

1972/73 World Trade Center Nova Iorque 417 110 1970s estagflação

1974 Willis Tower (Sears Tower)

Chicago 442.1 108 1970s estagflação

1998 Petronas Tower Kuala

Lumpur

451.9 88 Crise Asiática

2004 Taipei 101 Taipei 508 101 Bolha ponto com

2010 Burj Khalifa Dubai 828 163 Crise Global

[15] Altura definida pelo Conselho de Edifícios Altos e Habitat Urbano, até ao elemento

arquitectónico mais alto.

[16] Número de andares definido pelo Conselho de Edifícios Altos e Habitat Urbano, contados

acima do solo.

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Fig.29 Manhattan, 1928, Nova Iorque, EUA.

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Arranha-céus podem ser muito rentáveis, já que ao construírem em altura

os promotores imobiliários podem arrendar mais área por terreno. No entanto os

pisos extra poderão não ser um bom negócio, dado que os custos marginais – para

um maior numero de elevadores, estrutura mais complexa e reforçada para

suportar o efeito do vento, por exemplo – aumentam mais depressa que as receitas

marginais (arrendamento ou venda).

“Na especulação super aquecida da década de 1920, à medida que o

preço dos terrenos subia, as torres iam ficando mais altas. Ou, seria a ordem: à

medida que os arranha-céus ficavam mais altos, o preço dos terrenos subiam? As

variáveis que contribuem para os ciclos imobiliários eram ainda mais complexas

que o dilema do ovo e da galinha.”[17]

Em 1930, o economista William Clark e o arquitecto John Kingston,

concluíram que a altura para um arranha-céus maximizar o lucro, no centro de

Nova Iorque nos anos 20, não poderia exceder 63 pisos. A altura ideal hoje em dia

não diferir muito. Os arranha-céus construídos para suplantar recordes podem

então ser vistos como um indicador que os investidores estão a sobrestimar o

provável retorno do novo edifício. Porém estes edifícios continuam a ser

construídos apesar dos promotores imobiliários saberem que são economicamente

ineficientes. Há afinal de contas, certas vantagens, que advêm de se ter o nome

num dos mais altos edifícios do mundo.

A análise histórica sugere que os construtores são dados a actos de

irracionalidade. Num artigo de 2010, Jason Barr da Universidade Rutgers analisou

458 arranha-céus, acima de 100 metros de altura, construídos em Manhattan entre

1895 e 2004. O número de arranha-céus construídos e a sua altura média dependia

em parte do crescimento da população e da empregabilidade em trabalho de

escritório. No entanto os cálculos de Barr sugerem também que a altura das torres

era influeciada pelas torres vizinhas, especialmente durante “booms” económicos.

Nos anos 20, Barr estima que os construtores em Nova Iorque, adicionaram entre

4 a 6 pisos aos edifícios apenas para se salientarem no skyline.

[17] WILLIS, Carol - Form Follows Finance: Skyscrapers and Skylines in New York and Chicago.

New York: Princeton Architectural Press. 1995. p. 88. Tradução do autor.

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Fig.30 Arranha-céus, crises económicas e o PIB americano (GDP), de acordo com o

The Economist.

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Até recentemente não houve nenhuma análise formal da “maldição dos

arranha-céus”. Um novo artigo por parte de Barr, Bruce Mizrach e Kusum (todos

da Rutgers) aprofunda em detalhe o artigo escrito por Andrew Lawrence em 1999.

Como amostra para esta investigação eles escolheram 14 arranha-céus

“recordistas”, desde o Pulitzer em Nova Iorque (concluído em1980) até ao Burj

Khalifa, e compararam-nos ao PIB Americano, que determinaram ser um bom

indicador do estado da economia global.

Como a “maldição dos arranha-céus” sugere, que a decisão para construir

as maiores torres acontece no pico do ciclo económico, então pode se usar estes

projectos “recordistas” para prever o futuro do PIB. No entanto, variância no

número de meses entre o anúncio da construção das torres e o pico do ciclo

económico é enorme, podendo ir de 0 a 45 meses. E apenas 7 dos 14 arranha-céus

abriram portas durante a fase descendente do ciclo económico. Por outras

palavras, não se consegue prever de forma fiável a recessão ou pânico económico,

olhando quer ao anúncio, quer à conclusão dos edifícios mais alto do mundo.

Com uma amostra tão pequena não foi possível tirar conclusões

definitivas. Como tal, expandiram a amostra para 311 torres “recordistas” na

América, Canada, China e Hong-kong, que consideraram uma entidade separada

da China. Os autores compararam então a altura dos edifícios ao PIB per capita. A

conclusão a que chegaram, foi que em todos os países o PIB per capita e a altura

dos edifícios estão “cointegrados”[18]

, que basicamente quer dizer que ambos os

factores estão directamente relacionados. Ou seja, os construtores tendem a

maximizar o lucro, respondendo de forma racional ao aumento de receitas -

traduzido pela maior procura de espaço de escritório - projectando edifícios mais

altos. Apesar do ego e da arrogância afligirem o mercado dos arranha-céus, os

autores argumentam, que os fundamentos práticos por de trás da sua construção,

aparentam ser sãos e justificados. [19]

[18] Cointegração: Técnica econométrica para testar a correlação entre variáveis não estacionarias

de séries temporais. Se duas ou mais séries são não estacionárias, mas uma combinação linear

delas é estacionária, então as séries são consideradas – cointegradas.

[19] Cf. BARR, Jason [et al.] - Skyscraper Height and the Business Cycle: Separating Myth from

Reality. [Em linha]. (2014). [Consult. 15 Fev. 2016]. Disponível em WWW:

<http://kmundra.newark.rutgers.edu/files/2014/10/bmm_skyscraper_appliedeconfinal22sept14.pdf

>.

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Fig.31 Primeiro desenho da Torre Eiffel, Maurice Koechlin, 1884, incluindo uma

comparação de escala com outros marcos, tais como a Catedral de Notre Dame, a

Estátua da Liberdade e a Coluna de Vendôme.

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2. A Forma e as Condicionantes

2.3 Estrutural

2.3.1 Considerações

A evolução simbiótica entre a inovação tecnológica, estrutural,

organizacional e mercadológica[20]

(abordada no capítulo anterior), contribuiu de

forma decisiva para o desenvolvimento e significado da forma arquitectónica

denominada de torre, edifício em altura ou arranha-céus. Estas inovações foram

feitas possíveis pelo aparecimento do aço, betão, elevador e do capital imobiliário

essencial para a concretização do processo de verticalização.

A Segunda Revolução Industrial trouxe grandes mudanças técnicas, que se

reflectiram em termos económicos, políticos, sociais e culturais. Ao mesmo tempo

avanços tecnológicos permitiram novas formas de fundir o ferro e modificá-lo,

novas técnicas de laminar a madeira e estruturas metálicas, e o fabrico de placas

de vidro de maiores dimensões, além do aço e do betão armado. Com esta gama

de novos materiais a ser produzida em quantidades industriais, foi possível a

construção de edifícios com novas funções e com alturas sem precedentes, que

reconfiguraram a cidade. [21]

“Desde a Torre Eiffel, com 300 metros de altura, construída por Gustave

Eiffel, em Paris, 1889, a engenharia de estruturas tem desafiado as leis da

natureza. As igrejas europeias do período gótico fortaleciam a imagem e o

conceito de atingir Deus através de altura”. [22]

[20] Mercadológica: Planejamento de uma empresa para satisfazer os seus clientes e alcançar os

seus objetivos.

[21] Cf. DUARTE, Fábio. Arquitetura e Tecnologias de Informação: da Revolução Industrial à

Revolução Digital. São Paulo: Editora da UNICAMP, 1999. p. 18 – 22.

[22] NASCIMENTO, Isabella Soares. O arranha-céu: produto verticalizado da globalização.

Sociedade & Natureza, Uberlândia, 2000, a. 12, n. 23, p.108.

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Fig.32 Topo do Shanghai World Financial Center, Kohn Pedersen Fox, 2008, Xangai,

China, onde é visível a abertura trapezoidal.

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Com a crescente altura dos edifícios, a estrutura é obrigada a suportar

cargas cada vez maiores do peso do próprio edifício e das acções horizontais que

também vão aumentando. No entanto o maior desafio reside na sua capacidade de

lidar com fenómenos naturais extremos como o sismo e o vento.

O vento nomeadamente as rajadas, são especialmente nocivas quando têm

intervalos próximos da frequência natural das construções em altura, podendo

ampliar a sua oscilação provocando fenómenos de ressonância. Este movimento

pendular pode provocar a percepção de movimento e consequente enjoo. Mesmo

constantes, os ventos podem ainda causar fenómenos ainda mais complexos como

os vórtices.

Alan Garnett Davenport (1932 – 2009) antigo professor e fundador do

Boundary Layer Wind Tunnel Laboratory na Universidade de Western Ontário,

afirmou que “normalmente, nos edifícios de grande altura as acções dinâmicas são

tão ou mais importantes que as estáticas”. Como resultado destas acções o

aeorodinamismo da forma bem como a sua implantação em relação aos ventos

exige uma atenção especial. [23]

O Shanghai World Financial Center é um exemplo da articulação da forma

e da estrutura às condicionantes naturais do vento. Esta adaptação consiste numa

abertura no topo e é também a característica mais distinta do seu desenho, que

inicialmente foi projectada para ser circular, mas devido à parecença com o sol

nascente da bandeira japonesa acabou por assumir uma forma trapezoidal. Esta

abertura permite ao edifício alcançar a altura de 492 metros e resistir às acções do

vento.

Outra forma de atenuar o impacto do vento é a introdução de mecanismos

activos como lastros na cobertura ou sistemas hidráulicos, e mecanismos passivos,

que diminuem a vibração induzida, como por exemplo juntas de material

viscoelástico, utilizadas no World Trade Center de Nova Iorque.

[23] Cf. ROMANO, José, Edifícios em Altura: Forma, Estrutura e Tecnologia, Livros

Horizonte, Lisboa, 2004

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Fig.33 Vista esquemática do topo do Taipei 101, 2004, mostrando a localização do

amortecedor de massa pendular sintonizado no seu interior.

Fig.34 Amortecedor de massa pendular sintonizado, no interior do Taipei 101.

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Com os edifícios a atingirem alturas nunca antes vistas, são necessários

sistemas cada vez mais avançados para minimizar o seu deslocamento horizontal.

Entre estes sistemas inovadores estão os amortecedores de massa e de líquido.

Tanto o Taipei 101 como a Chifley Tower em Sidney possuem um amortecedor

de massa pendular sintonizado, que oscila na mesma frequência natural do

edifício. O Centerpoint Tower também em Sidney utiliza por sua vez uma

combinação do amortecedor de massa e de líquido sintonizado. Já o Eureka

Tower em Melbourne faz uso de um amortecedor de colunas de líquido

sintonizado.

Em edifícios extremamente altos o movimento desencadeado pela acção

do vento pode atingir sensivelmente um valor correspondente ao cubo da altura do

edifício, por exemplo num edifício de 500 metros de altura as forças que induzem

a oscilação são aproximadamente oito vezes maiores que num edifício com as

mesmas dimensões em planta, mas com apenas 250 metros de altura. Por esta

razão o conceito do Burj Khalifa no Dubai (828 metros) foi sobretudo baseado em

pressupostos aerodinâmicos, e como resultado nenhum sistema de amortecimento

foi necessário.

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Fig.35 Home Insurance Bank, William LeBaron Jenney, 1885, Chicago, EUA,

considerado o primeiro arranha-céus.

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2. A Forma e as Condicionantes

2.3 Estrutural

2.3.2 Tipos de Estrutura

O tipo de estrutura utilizada em edifícios em altura é de forma geral

metálica, mista ou de betão armado de alta resistência, com um núcleo rígido que

contém as caixas de escadas, elevadores e coretes. Isto permite às fachadas

libertarem-se, pelo menos parcialmente, de funções portantes.

A principal função da estrutura é o suporte das acções horizontais, que

assume um papel de destaque entre as restantes. É necessário ainda que a estrutura

proporcione estabilidade e isolamento em caso de sismo ou fogo.

Em função da altura e do local, que pode estar situado numa zona sísmica,

o sistema estrutural varia, tornando se mais complexo e único.

O tipo de material estrutural escolhido nomeadamente betão ou metal, está

associado a diversos factores como por exemplo a tradição construtiva, regras de

mercado, regulamentos locais, etc. Mas depende sobretudo da arquitectura

proposta, resistência ao fogo, rapidez de execução e comportamento mecânico

face aos esforços que terá que suportar.

Um edifício para ser considerado um arranha-céus tem que ter uma altura

de pelo menos cinco vezes a largura, com um mínimo de 20 pisos. Mediante estas

proporções, as acções horizontais, nomeadamente vento e sismos, são factores

determinantes na formulação estrutural e formal do edifício. Outros aspectos a ter

em conta são o custo, o tempo de construção, que convém ser o mais reduzido

possível, e a maximização da área útil, viabilizados pela sua natureza repetitiva e

optimização das técnicas e materiais construtivos. A industrialização assumiu

portanto um papel fundamental tanto para a construção como evolução destes

edifícios, nomeadamente a pré-fabricação.

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Fig.36 Chicago Fedral Center, Mies van der Rohe, 1974, Chicago, EUA.

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A estrutura tipo montante foi desenvolvida no seguimento da incorporação

dos valores da industrialização, ou seja a standardização. Consiste numa estrutura

reticulada, regular, de elementos metálicos, na qual se fixam montantes verticais,

normalmente perfis em H, que funcionam como suporte à fenestração. Estes perfis

vão participar no trabalho mecânico da superestrutura reticulada, na maior parte

dos casos. Mies considerou esta estrutura como a “solução tecnológica por

exelencia” e utilizou-a em todos os seus edifícios de grande escala na década de

50, como por exemplo no Chicago Federal Center. Este tipo de estrutura permite

fugir à rigidez paralelepipédica da estrutura porticada.

A partir do desenvolvimento da estrutura tipo montante, surge a estrutura

porticada, em que os montantes e a estrutura invertem posições. Nesta forma a

superestrutura passa para o exterior, tornando se visível e assumindo importância

formal, passando os montantes para as fenestrações. Trata-se do conceito de

arquitectura estrutural. No entanto estas estruturas estão limitadas a edifícios até

aos 30 pisos. Este tipo de estrutura tendo em conta o material, divide se em dois

tipos, a estrutura porticada de aço e a de betão.

Com a necessidade de construir mais alto na década de 60, surgiu, a partir

das concepções de montante e pórtico, uma nova solução, a estrutura tipo tubo.

Este novo sistema de tubo veio permitir atingir novas alturas, tal como aconteceu

com o esqueleto estrutural perante as limitações da estrutura de alvenaria. Foi em

1953, que Myron Goldsmith desenvolveu os fundamentos teóricos deste sistema,

na sua tese de mestrado “Edificios Altos: O Efeito da Escala” no IIT, orientada

por Mies. Neste estudo ele conclui que nos edifícios em altura há duas limitações

à altura, a estrutura e a função. E quando uma certa altura é atingida, é necessário

um novo sistema ao qual vai corresponder uma nova expressão arquitectónica. [24]

[24] Cf. GOLDSMITH, Myron - The Tall Building: the Effects of Scale. Tese de Mestrado, Illinois

Institute of Technology, 1953. p. iv.

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Fig.37 Bank of China Tower, I. M. Pei, 1990, Hong Kong, China.

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O sistema de tubo estrutural funciona como um tubo que se sustenta, à

semelhança de uma chaminé. Enquanto a estrutura porticada resiste às acções

horizontais por momentos flectores em cada um dos seus membros, a estrutura em

tubo resiste por meio de esforços axiais nas paredes exteriores. Isto implica uma

distância mais reduzida entre pilares, na ordem dos 3 metros. Esta nova

metodologia estrutural tornou possível duplicar a altura dos edifícios, dando inicio

a uma era dourada da arquitectura de Chicago.

Uma variante importante do sistema de tubo é o “bundled tube”, que

consiste numa associação de vários tubos estruturais interligados. O Willis Tower

em Chicago, utiliza este sistema estrutural, associando 9 tubos de alturas

diferentes, obtendo assim a sua expressão distinta.

“O "bundled tube" significava que os edifícios não precisam mais parecer

caixas: eles poderiam se tornar esculturas.” [25]

Outra solução estrutural possível é a estrutura escorada, que está sobretudo

vocacionada para edifícios de habitação, já que os módulos reduzidos se ajustam

às necessidades de compartimentação. Consiste em escoras posicionadas muito

próximas, com vãos de cerca de 1,4 metros, que se assemelham a montantes.

Servem apenas para suportar cargas verticais, deixando as acções horizontais para

serem suportadas pelo núcleo rígido. Neste sistema devido à curta distância entre

vãos, é possível utilizar lajes fungiformes maciças, que por sua vez reduz o pé-

direito e a altura total do edifício. Este sistema foi sobretudo utilizado na década

de 70, destacando-se o 111 East Chestnut Apartments, em Chicago.

Há que referir também o sistema estrutural de treliça tridimensional, no

qual todos os esforços são conduzidos para os elementos tridimensionais da

treliça. Um dos melhores exemplos da aplicação deste sistema é o Banco of China

Tower em Hong-Kong, do arquitecto I Mei Pei.

[25] BAYLEY, Stephen - Burj Dubai: The new pinnacle of vanity. The Daily Telegraph. [Em

linha]. (2010). [Consult. 20Jun. 2016]. Disponível em WWW:

<http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/middleeast/dubai/6934603/Burj-Dubai-The-new-

pinnacle-of-vanity.html>. Tradução do autor.

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Fig.38 Diagrama estrutural do Burj Kalifa, Dubai, EAU.

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Em arranha-céus extremamente altos, que têm que suportar forças muito

elevadas por parte do vento, o sistema estrutural em voga é o de núcleo reforçado,

consistindo basicamente num núcleo central, que pode assumir várias

configurações, rodeado por contrafortes.

Este sistema é utilizado tanto no actual como no futuro edifício mais alto

do mundo – o Burj Kalifa de 828m e no Kingdom Tower de 1km.

O Burj Kalifa possui um núcleo hexagonal reforçado por três contrafortes

formando uma planta em “Y”. Cada ala tem o seu próprio núcleo de betão de alto

desempenho e pilares de perímetro, reforçaando-se umas às outras através da

ligação ao núcleo central de seis lados, ou eixo hexagonal. A altura de cada ala vai

variando e recuando com a altura, fazendo com que a estrutura do edifício se vá

estreitando no sentido do topo. A posição das alas forma uma escada em espiral

em torno do edifício, ajudando a contrariar os ventos fortes e numerosas

tempestades de areia em Dubai.

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Fig.39 Vista aérea de Xangai sob uma forte camada de poluição, onde apenas são

visíveis o Shanghai World Financial Center, 2008, o Jin Mao Tower, 1999, o Shanghai

Tower, 2015 (exterior), e o Oriental Pearl Tower, 1994, (vistos da esquerda para a

direita).

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2. A Forma e as Condicionantes

2.4 Ambiental

2.4.1 “Ecodesign”

A evolução da cultura e a crescente preocupação ecológica, sobretudo na

Europa, levou à implementação de regras na exploração dos recursos naturais e na

emissão de poluentes, que vão desde a produção ao consumo, abrangendo também

a construção civil.

O Reino Unido tornou-se o primeiro país do mundo a anunciar uma

medida obrigatória nas emissões de gases do efeito estufa para além de 2020. O

Ato de Mudanças Climáticas de 2008 estabelece uma meta para reduzir essas

emissões no Reino Unido em, pelo menos, 80% em relação aos níveis de 1990,

até 2050.

Pelo menos 40% do consumo de energia primária no Reino Unido (B.R.E,

1978) é atribuível a edifícios, sendo visto por muitos que construir “verde” irá ter

um dos maiores efeitos na redução das emissões de gases do efeito estufa.

Desde já há que salientar que os arranha-céus são uma das classificações

de edifício menos ecológicas. Uma vasta quantidade de energia é gasta na sua

construção e uma quantidade ainda maior é consumida no seu funcionamento

normal.

Arranha-céus ecológicos pertencem a uma área emergente da arquitectura,

na qual o impacto ambiental do edifício e as questões de sustentabilidade

influenciam a escala e os sistemas do edifício em altura. As crescentes

preocupações ambientais solicitam cada vez mais que os designs dos arranha-céus

implementem uma série de estratégias para conservar energia, minimizar o

impacto do edifício na envolvente e assegurar que os materiais utilizados na sua

construção sejam recicláveis no futuro.

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Fig.40 Hearst Tower, Norman Foster, 2006, Nova Iorque, EUA, o primeiro edifício de

escritórios em Manhattan a obter uma classificação LEED ouro.

Fig.41 Vista interior do Heasrt Tower . Fig.42 Secção do Hearst Tower.

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O arquitecto Ken Yeang tem uma extensa obra escrita sobre a abordagem

bioclimática aplicada ao design de arranha-céus. A sua estratégia está assente na

ideia de que um edifício deve ser um componente integrado da ecologia local. Os

designs de Yeang usam tanto meios activos como passivos, de modo a

adequarem-se ao local em particular com o mínimo de impacto negativo no

contexto. As suas estratégias envolvem a configuração e orientação do edifício, a

localização do núcleo de serviço, o design do envelope do edifício de modo a

incorporar sombreamento, vegetação integrada e o uso de ventilação natural.

A introdução de novas tecnologias no design das fachadas, sistemas

mecânicos, e novos materiais, têm tido grande impacto no design de edifícios

ecológicos. Estas novas soluções integradas surgem como resultado de novas

colaborações entre arquitectos e engenheiros. A colaboração interdisciplinar tem

permitido projectos que fazem uso de sistemas sofisticados de engenharia, que por

sua vez permitem aos edifícios responder ao contexto climático onde se inserem.

Os sistemas em questão fazem a leitura constante das condições climáticas locais

e ajustam-se de acordo com elas, através de sistemas de escurecimento

automático, fachadas capazes de gerar energia ou de dupla pele que armazenam

calor na cavidade com o auxílio de radiação solar. A incorporação destas

tecnologias resulta em soluções inovadoras com uma estética dinâmica e mutável.

O arquitecto Norman Foster tem no seu portfólio vários edifícios que

fazem uso de sistemas de dupla pele e ventilação natural, de modo a proporcionar

um ambiente de trabalho ecologicamente sensível. Estes projectos criam espaços

interiores confortáveis, com iluminação e ventilação natural, encorajando um

sentido de comunidade.

À medida que as populações urbanas aumentam e as cidades continuam a

crescer, o subsequente planeamento económico deve fazer-se acompanhar de um

planeamento urbano consciencioso. Está claro que cidades de alta densidade vão

continuar a fazer parte do futuro urbano e que os arranha-céus vão continuar a ter

um papel de destaque nessas cidades.

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Fig.43 Vista aérea de drone, Andy Yeung, Hong-Kong, China.

Fig.44 Vista aérea de drone, Andy Yeung, Hong-Kong, China.

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A escassez de espaço em Hong Kong e o planeamento pragmático de alta

densidade é um caso de estudo para o futuro planeamento de cidades de alta

densidade. O planeamento de cidades no sul da China segue o modelo

desenvolvido em Hong Kong e que também foi exportado para o norte através de

investimento e desenvolvimento no Delta do Rio das Pérolas. Estas novas cidades

de alta densidade, surgem numa região onde não existe a falta de espaço como em

Hong Kong. No entanto o modelo mantêm-se, sustentando que altos níveis de

densidade em conjunto com o planeamento de infra-estruturas podem criar centros

urbanos activos, manter o valor dos terrenos e permitir áreas de espaço não

desenvolvidas.

Os arquitectos europeus têm liderado a corrida em termos de design

sustentável, devido sobretudo à legislação em alguns países europeus, que obriga

a que os proprietários de edifícios assumam uma atitude de maior

responsabilidade em termos de consumo de energia. O custo de energia na Europa

é superior ao dos Estados Unidos, que faz com que uma redução no consumo de

energia tenha um grande impacto no custo do edifício ao longo do seu ciclo de

vida, tornando sistemas que reduzam o consumo, à partida mais caros, um

investimento viável.

“Salvar o nosso ambiente é o assunto mais vital que a humanidade tem

que abordar hoje. Projectar ecologicamente é portanto, fundamentalmente

crucial.”26

[26] YEANG, Ken. - Eco Skyscrapers. 3

rd Ed. Australia: Images Publishing, 2007. p. 20

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Fig.45 Commerzbank Tower, Norman Foster, 1997, Frankfurt, Alemanha, considerado

o primeiro arranha-céus ecológico da nova geração.

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2. A Forma e as Condicionantes

2.4 Ambiental

2.4.2 Exemplos ecológicos

Como referido anteriormente os projectos europeus destacam-se em

relação aos restantes, no entanto projectos como o Condé Neste em Nova Iorque,

são uma referência importante do design ecológico de arranha-céus no panorama

Norte-americano. Cada projecto é específico ao local e clima onde se insere,

sendo interessante salientar que os arquitectos europeus adoptam estratégias

díspares em relação aos arquitectos que trabalham nos trópicos.

A torre do Comerzbank em Frankfurt da autoria do arquitecto Norman

Foster foi uma dos primeiros exemplos de uma nova geração de arranha-céus

ecológicos. A sua estratégia de design integra o edifício no seu contexto ecológico

com impacto ambiental mínimo.

A torre de design triangular foi projectada de modo que os escritórios

ocupem apenas dois lados da planta. Entre os braços do espaço de escritório estão

localizados átrios comunitários verdes com quatro pisos de pé-direito, criando

uma espiral de jardins interiores. Estes jardins são o foco visual e social para os

trabalhadores situados no espaço de escritório localizado à sua volta.

A sua planta triangular aberta no seu interior permite luz e ventilação

natural para os escritórios voltados para dentro, funcionando como uma chaminé

de convecção natural.

Devido à integração de uma quantidade razoável de open space, a massa

do edifício é porosa, criando uma sensação de abertura e permitindo uma maior

circulação de ar natural e melhor penetração de luz solar.

As fachadas foram projectadas com janelas operáveis que possibilitam

que cada indivíduo usufrua de luz natural e ar fresco. Isto permite que os seus

ocupantes controlem o seu próprio ambiente durante grande parte do ano e reduz o

consumo de energia.

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Fig.46 Menara UMNO, Ken Yeang, 1998, Pulau Pinang, Malásia.

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O edifício Menara UMNO, situado em Georgetown na Malasia, projectado

por T. R. Hamazah & Yeang, incorpora várias das teorias do “green skyscraper”

do Ken Yeang sobre arranha-céus tropicais. Este edifício de design dinâmico, é

um manifesto às estratégias delineadas por Yeang nas suas inúmeras publicações.

O Menara UMNO concluído em 1998, é uma barra esguia com núcleo

periférico na fachada sul. As plantas pouco profundas, permitem que todas as

áreas de escritório fiquem a menos de 6 metros da fachada, reduzindo assim a

necessidade de luz artificial. O volume do núcleo de serviço virado a sul, absorve

grande parte da luz solar, permitindo que as áreas de escritório voltadas a norte

permaneçam frescas. Os átrios dos elevadores, as escadarias e as casas de banho

usufruem de ventilação e luz natural. Também as áreas de escritório podem ser

ventiladas naturalmente embora o edifício esteja equipado com ar condicionado.

O design da fachada inclui várias formas de protecção da luz solar, como lâminas

de sombreamento e telas, onde elas são necessárias.

O design dinâmico do edifício não é meramente o resultado de uma

estratégia ecológica, é uma forma altamente expressiva dos vários sistemas do

edifício. A colocação das protecções solares na fachada é determinada pela

orientação solar.

Os edifícios de Yeang são manifestações edificadas de um discurso

ecológico emergente relativo a edifícios. Como tal eles comunicam as suas

funções através de uma linguagem arquitectónica expressiva, que dramatiza as

funções internas do edifício.

O edifício 4 Times Square (Condé Nast), de 1999, foi construído como

parte do renascimento do Times Square e foi também o primeiro arranha-céus

ecológico da Amercia do Norte. Na altura da sua construção poucos eram os

arranha-céus que abordavam questões ambientais, no entanto as suas inovações

são consideradas hoje em dia padrão para edifícios de escritório.

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Fig.47 4 Times Square (Condé Nast), Fox & Fowle, 1999, Nova Iorque, EUA.

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Está localizado na esquina de 42nd Street e da Broadway, e foi um

catalisador monumental para a área. Tem dois tipos de fachadas distintas. As

fachadas norte e oeste “respondem” a Times Square com brilho e tecnologia de

metal e vidro, enquanto as fachadas sul e este “respondem” ao contexto

corporativo com recurso ao valor histórico da pedra. Um casamento perfeito entre

a cultura pop e a dignidade corporativa, segundo o arquitecto que o projectou.

Este edifício estabeleceu novos padrões em termos de conservação de

energia, qualidade ambiental interior, sistemas de reciclagem e utilização de

materiais sustentáveis. A utilização de grandes panos de vidro maximiza a

penetração de luz natural, enquanto um revestimento designado de Low-E filtra os

raios ultravioleta e minimiza o ganho e perda de calor. Nos pisos superiores das

fachadas sul e este, estão integrados painéis fotovoltaicos que geram uma

quantidade reduzida mas simbólica de electricidade.

Possui também sistemas mecânicos sofisticados que asseguram a elevada

qualidade interna do ar, introduzindo ar fresco filtrado no ambiente de escritório.

Linhas guia feitas pelos arquitectos estabeleceram padrões ambientais para a

iluminação, utilização de energia, mobiliário, carpetes, tecidos, acabamentos e

manutenção de materiais, como parte de uma estratégia ambiental compreensiva

para o ciclo de vida do edifício.

Esta mistura de ambientalismo, historicismo, futurismo e comercialismo,

criaram um complexo organismo arquitectónico que antecipou a seguinte geração

de arranha-céus ecologicamente sensíveis na América do Norte.

Está claro que o futuro da arquitectura vai implicar uma integração cada

vez maior de preocupações ambientais no design arquitectónico. Projectos

recentes demonstram um design motivado por conceitos ambientais para além de

preocupações formais e sociais. A grande variação de estilo que estes edifícios

exibem, atesta o facto que o design ecológico não é um estilo nem uma categoria

formal. Design ecológico representa uma consciência para com preocupações

ambientais, que aliadas a diferentes estratégias de design, criam estruturas tanto

dramáticas com sustentáveis. O arranha-céus como instrumento discursivo é um

meio altamente visível de comunicar uma consciência ambiental.

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Fig.48 Museu Guggenheim Bilbao, Frank Gehry, 1997, Bilbao, Espanha.

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3. Efeito Babel

O edifício icónico de referência, emergiu nos últimos 20 anos como um

novo tipo de arquitectura que desafia a tradicional arquitectura monumental. No

passado edifícios públicos expressavam um significado compartilhado, que era

transmitido por convenções bem conhecidas. Hoje em dia um marco global tem a

tarefa mais dificultada, devido às influências sociais e comerciais, e a necessidade

de ter fama instantânea. Tem que ser em simultâneo uma peça de escultura surreal

e algo que apele a um público diversificado, sendo provocador e prático sem

recorrer às justificações passadas, que a ideologia e a religião proporcionavam.

Exigências tão opostas empurraram os arquitectos para uma nova

convenção: “o significado enigmático”. Este desenvolvimento curioso sugere

vários significados sem nomear nenhum deles. A versão mais divulgada deste

género é o museu Guggenheim em Bilbão de 1997, da autoria de Frank Gehry,

que foi um sucesso mediático instantâneo, tornando-se a referência deste tipo de

arquitectura.

Surgiu então o Efeito Bilbão, que levou ao aparecimento de uma serie de

edifícios de referências de arquitectos tais como Norman Foster, Peter Eisenman,

Enric Miralles, Zaha Hadid, Daniel Libeskind, Renzo Piano, Will Alsop e Rem

Koolhaas.

Esta nova tendência tem alguns precedentes, nomeadamente a Torre Eiffel,

que foi criada sem nenhum propósito específico para além de ser um ícone em si

mesmo, acabando por se tornar mais tarde num símbolo de Paris.

“A chave para um edifício icónico de sucesso é a forma como explora o

significado enigmático, um significar ambíguo com tons negativos e positivos.”27

[27] JENCKS, Charles - The Iconic Building: The Power of Enigma. London: Frances Lincoln,

2005. Tradução do autor.

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Fig.49 30 St Mary Axe (Swiss Re), Norman Foster, 2003, Londres, Inglaterra.

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As construções em altura que efectivamente moldam e se destacam na

linha de horizonte de qualquer cidade inserem-se, por assim dizer, no Efeito

Bilbão, pelo menos em relação a alguns aspectos. No entanto pode se dizer que

estão numa categoria própria e única que para efeitos de referência e distinção

será denominada de Efeito Babel.

O Efeito Babel será portanto uma subcategoria do Efeito Bilbao aplicado

única e exclusivamente à construção em altura de referência. Possuindo algumas

convenções em comum, assim como outras exclusivas e inerentes à tipologia em

questão.

A referida construção em altura partilha com outras tipologias do Efeito

Bilbão o destaque visual e social, assim como a fama mediática e por vezes

controversa, algo bastante próprio deste tipo de construção, que contribui de

forma decisiva para serem assumidos como referencias ou marcos e até mesmo

como ícones.

Como resultado da sua dimensão os edifícios em altura que sobressaem no

horizonte da cidade onde se inserem assumem sempre um papel de destaque, tanto

em termos visuais como de importância simbólica, tornando-se facilmente um

ícone da empresa, da cidade, do país e até mesmo da cultura que representam.

A Torre Pirelli em Milão, de Gio Ponti, até recentemente o edifício mais

alto de Itália, foi dos primeiros arranha-céus a abandonar a forma de “caixa”. Já

foi considerado um dos edifícios mais elegantes do mundo e um dos poucos

arranha-céus europeus que contribuíram para o vocabulário desta tipologia. A sua

construção teve início em 1956, quando a Itália experienciava um “boom”

económico. Após a sua conclusão em 1958, tornou-se um símbolo não só de

Milão, mas também do desenvolvimento económico nacional.

A sede da Swiss Re em Londres, de Norman Foster, demonstra bem como

um arranha-céus construído para ser um ícone de uma empresa, pode desafiar e

até sobrepor-se aos símbolos pré-existentes da cidade como a cúpula da igreja de

St Paul. Destaca-se porque é simplesmente mais interessante, mais convincente,

mais ecológico, mais inovador e sobretudo mais icónico.

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Fig.50 Torre Agbar, Jean Nouvel, 2004, Barcelona, Espanha.

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Numa época prolifica em ícones, a reflexão sobre o simbolismo acaba por

incidir mais sobre o poder e o glamor. Na Europa nos anos 70 e 80, arquitectos

High-Tech como Norman Foster, Richard Rogers e Jean Novel, projectaram

edifícios icónicos com mais nuances e distribuídos no seu simbolismo que os dos

seus homólogos Americanos.

O centro Pompidou, da autoria de Richard Rogers e Renzo Piano, com as

suas cores vivas e estrutura tubular exposta, coloca ênfase na praça pública e no

espectáculo urbano, significando a liberação proporcionada pela tecnologia e a

ideia de uma cultura consumista igualitária. Igualmente icónicos são o Lloyds of

London e a Millennium Dome de Rodgers, dois marcos que também simbolizam

o potencial optimista da expressão estrutural.

No que concerne ao edifício icónico, a neutralidade do conteúdo

representa o problema da abordagem High-Tech. Para além de um agnosticismo

gentil e populismo ocasional, evita de forma geral um comprometimento social,

político e até simbólico. Contrariando esta tendência está o High-Tech de Jean

Novel, mais focado no afecto e na retórica emocional dos meios que ele utiliza.

Isto é visível na Torre Agbar inspirada nos símbolos mais representativos da

cultura catalã, nomeadamente as torres sineiras da Sagrada Família, de Antóni

Gaudí, assim como nos pináculos muito característicos de Montserrat, de grande

significado para os habitantes da Catalunha tendo em conta que alberga a sua

santa padroeira, a Nossa Senhora de Monserrate. Jean Nouvel rejeitou a opinião

generalizada Norte Americana de como um arranha-céus deveria ser e como a

torre se destinava à Companhia das Águas de Barcelona, o design do edifício

evoca a metáfora de um géiser em erupção.

As formas pouco usuais de alguns arranha-céus, tais como os já

mencionados Swiss RE e Torre Agbar, provocam reacções emocionais que levam

a comparações metafóricas. Esta reacção subjectiva de amor-ódio, de certa forma

instigada, contribui decisivamente para que este tipo de edifício atinja

rapidamente a fama e o mediatismo necessário de modo a alcançar o estatuto de

ícone e possivelmente de símbolo.

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Fig.51 Skyline de Nova Iorque, pós 11 de Setembro.

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Existe no entanto outra vertente do simbolismo ou da importância

simbólica, presente também em edifícios em altura mais convencionais, que

apesar de marcarem o horizonte da cidade, são mais discretos e menos propensos

a serem assumidos como ícones. Estes edifícios sempre presentes no

subconsciente apenas atingem a sua real importância simbólica aquando do seu

desaparecimento como foi possível constatar com o World Trade Center em Nova

Iorque.

As Duas torres apesar de serem uma imagem de marca de Nova York nos

diversos “media”, não eram consideradas por muitos como icónicas até ao

momento da sua destruição.28

O seu desaparecimento e sobretudo a forma como

tal sucedeu, trouxe à superfície a sua importância e o que representavam, em suma

o seu simbolismo até então algo adormecido e dado como garantido. Do 11 de

Setembro é possível tirar muitas conclusões, entre as quais que a destruição de um

edifício com uma forte carga simbólica pode mudar o mundo.

“Um edifício é um símbolo, assim como o acto de destruí-lo. Símbolos

ganham poder através das pessoas. Sozinho, um símbolo é insignificante, mas

com a quantidade suficiente de pessoas, a destruição de um edifício pode mudar o

mundo.”29

[28] JENCKS, Charles - The Iconic Building: The Power of Enigma. London: Frances Lincoln,

2005. p. 72-73. Tradução do autor.

[29] V - V for Vendetta [Registo vídeo]. Realização de James Mcteigue. Warner Bros. Pictures,

2006. 1 DVD vídeo (128 min.).

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Fig.52 Skyline, Xangai, China.

Fig.53 Skyline, Shenzhen, China.

Fig.54 Skyline, Hong Kong, China.

Fig.55 Skyline, Dubai, EAU.

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4. Um olhar para o Futuro

Nos meses que sucederam a catástrofe do 11 de Setembro de 2001,

emergiu um debate sobre a forma e a funcionalidade urbana. Uma das principais

questões levantadas neste debate foi, se neste contexto os arranha-céus podiam ter

um futuro. Desde que foram inventados, há mais de um século atrás, este tipo de

edifícios têm gerado debates sobre a sua importância e eficiência. Um profunda

ambivalência fez-se notar tão cedo quanto 1890 e novamente em 1920.

Após o colapso do World Trade Center em Nova Iorque muitos cépticos

adoptaram uma visão pessimista sobre os arranha-céus, considerando-os

“armadilhas mortais” e de forma apressada e injusta previram o seu fim.

Contudo, o que aconteceu no seguimento do desastre do WTC foi o

oposto, com um interesse crescente por parte da comunidade construtora em

edifícios em altura. Os últimos 15 anos provaram que estes pontos de vistas

estavam equivocados, pois tem se assistido a um “boom” sem precedentes de

edifícios cada vez mais altos a nível mundial. Isto é corroborado pelo Conselho de

Edifícios Altos e Habitat Urbano (CTBUH), que atesta que na última década

foram construídos mais arranha-céus que em qualquer outra na história.

Este ressurgimento de edifícios em altura tem persistido apesar da recente

recessão económica global. A corrida ao edifício mais alto contínua, assim como a

tendência de nas cidades se construir cada vez mais alto e em maior quantidade.

Exemplo disto é visível em cidades tão diversas como Xangai, Shenzhen, Hong

Kong, Dubai, Riyadh, Mumbai, Londres, para citar apenas algumas.

As cidades do mundo, em particular as dos países em desenvolvimento,

estão a crescer rapidamente com o aumento das populações. A taxa de

crescimento varia consoante a comunidade, dependendo da cultura, clima e

economia local, assim como de outros factores.

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Fig.56 “Iron Cloud”, El Lissitzky, 1925.

Fig.57 “Composition 13”, Iakov Chernikhov, 1929.

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Enquanto as cidades do passado eram construídas para produção e troca de

bens e serviços, as cidades do futuro vão possivelmente expandir pela pressão da

troca de informação através da tecnologia digital. À medida que as cidades

crescem em densidade, terão também de crescer verticalmente, já que a sua

expansão horizontal será limitada por imposição da escala horizontal ideal para a

funcionalidade das cidades. Até a agricultura e outras actividades de produção

semelhantes vão provavelmente evoluir verticalmente através de “vertical farms”.

O design urbano irá gradualmente aceitar a dimensão vertical das cidades. As

cidades do futuro não serão mais vistas como planas, mas como uma manifestação

tridimensional da fusão entre a arquitectura horizontal e vertical.

Antonio Santa’Elia visionou a arquitectura urbana do futuro como uma

multidimensional conurbação30

de clusters de arranha-céus interligados, dotados

de um expressionismo industrial. É possível ter uma noção similar deste

visionário design mecânico e industrial, no construtivismo Russo.

El Lissitzky projectou em Moscovo na década de 1920, o Iron-Cloud, que

pode ser descrito como um “arranha-céus horizontal” e uma das estruturas

utópicas mais audaciosas do seu género. Iakov Georgievich Chernikhov foi outro

visionário construtivista, que defendia que os princípios construtivos são

fundamentais à actividade humana do design. Ao longo da década de 30 ele

apresentou vários esquiços demonstrando: a dinâmica do horizontal e do vertical;

um edifício construtivista compacto de carácter monolítico, que combinava

diversos volumes com as suas massas bem articuladas; uma complexa

conglomeração espacial de arranha-céus como elementos de um todo

interconectado e integrado; uma visionária cidade de arranha-céus gigantes

expressando a sua verticalidade; e diversas estruturas complexas, elevadas e

interconectadas, de formas equilibradas com expressão industrial. Os seus designs

apesar de demonstrarem criatividade e visão, não foram implementados, pois a

tecnologia necessária não estava disponível, ou porque o custo era proibitivo.

[30] Conurbação: Termo que designa a unificação da malha urbana de duas ou mais cidades, em

consequência de seu crescimento geográfico. O processo de conurbação é caracterizado por um

crescimento que expande e densifica a cidade, ampliando a periferia no sentido horizontal e

verticalizando as áreas centrais.

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Fig.58 Renderização do Kingdom Tower,Jeddah, Arábia Saudita.

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A prática arquitectónica sempre contou com inovações tecnológicas em

estruturas e materiais, assim como dos avanços científicos. Os avanços

tecnológicos em áreas como sistemas estruturais, fundações, elevadores, lâmpadas

fluorescentes, protecção contra incêndios, ar condicionado, materiais inteligentes,

etc, juntamente com a mais recente revolução digital, têm gradualmente moldado

a forma, altura, design arquitectónico e funções de edifícios altos. Hoje, o foco

continua a ser sobre as novas tecnologias e materiais que exibem propriedades

melhoradas.

Actualmente, está claro que o sistema estrutural para suportar edifícios

super altos de enorme escala já não é mais um impedimento para se construir em

altura. Ainda nesta década vai ser concluído o primeiro arranha-céus de 1km – o

Kingdom Tower, em Jeddah na Arábia Saudita, previsto para 2019 – assim como

vários outros edifícios acima dos 600m, de tal forma que o termo “super alto”

(referente a edifícios acima dos 300m), já não é adequado para os descrever.

Estamos no início da era do “mega alto”, que será o termo oficial para descrever

edifícios acima dos 600m.

No inicio do século as Petronas Towers, de 452m, que detinham o titulo do

edifício mais alto, foram ultrapassadas pelo Taipei 101, de 508m, em 2004. No

final da década o Burj Kalifa, de 828m, estabeleceu novos padrões, sendo

actualmente o edifício mais alto. Com a construção do Kingdom Tower, em

apenas duas décadas (2000-2020), a altura do edifício mais alto terá mais que

duplicado. Até há uns anos atrás, a construção de um edifício super alto era uma

ocorrência rara, com apenas 15 destes edifícios concluídos em 65 anos, entre 1930

– com o Chrysler Building, de 318.9m, a ser o primeiro deste tipo - e 1995, que

foi o último ano desde então, em que nenhum edifício super alto foi concluído.

Entretanto, o número - de edifícios mega altos - previsto até 2020 é semelhante ao

número de edifícios super altos concluídos até aos anos 90. “ Portanto, em termos

de altura, 600m parecem ser os novos 300m”.31

[31] HOLLISTER, Nathaniel. - The Tallest 20 in 2020: Entering the Era of the Megatall. CTBUH

Jounal. [Em linha]. Vol. I, 2012, p. 3. [Consult. 20 Jun. 2016]. Disponível em

WWW:<http://www.ctbuh.org/LinkClick.aspx?fileticket=ISAkKLgmBYA%3d&tabid=2926&lan

guage=en-US>. Tradução do autor.

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86

Fig.59 Diagrama dos 20 edifícios mais altos do mundo em 2020, de acordo com o

CTBUH (previsão feita em Dezembro de 2011).

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Tabela 3: Os 20 edifícios mais altos do mundo, actualmente previstos, em 2020.

Nº Edifício Localização Altura (m) [32]

And. [33]

Status Data de Conclusão

1 Kingdom Tower Jeddah 1008 167 Em construção 2019

2 Burj Khalifa Dubai 828 162 Concluído 2010

3 Wuhan Greenland Center

Wuhan 636 125 Em construção 2018

4 Shanghai Tower Xangai 632 128 Concluído 2015

5 PNB 118

Kuala Lumpur

630 118 Em construção 2020

6 Makkah Royal Clock Tower Hotel

Meca 601 120 Concluído 2012

7 Ping An Finance Center Shenzhen 599 115 Altura máx. atingida

2016

8 Goldin Finance 117 Tianjin 596.5 128 Em construção 2018

9 Global Financial Center Tower 1

Shenyang 568 114 Em construção 2016

10 Lotte World Tower Seul 554.5 123 Altura máx. atingida

2016

11 One World Trade Center

Nova Iorque

541.3 94 Concluído 2014

12 CTF Finance Centre Guangzhou 530 111 Altura máx. atingida

2016

12 Tianjin CTF Finance Center

Tianjin 530 97 Em construção 2018

14 Zhongguo Zun Pequim 528 108 Em construção 2018

15 Entisar Tower Dubai 520 111 Em construção 2020

16 Dalian Greenland Center

Dalian 518 88 Em construção 2018

17 Taipei 101 Taipei 508 101 Concluído 2004

18 Shanghai World Financial Center

Xangai 492 101 Em construção 2008

19 Hengqin Headquarters Tower 2

Zhuhai 490 106 Em construção 2017

20 International Commerce Centre

Hong Kong 484 108 Concluído 2010

[32] Altura definida pelo Conselho de Edifícios Altos e Habitat Urbano, até ao elemento

arquitectónico mais alto.

[33] Número de andares definido pelo Conselho de Edifícios Altos e Habitat Urbano, contados

acima do solo.

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Fig.60 Renderização do Wuhan Greenland Center, Wuhan, China.

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A previsão dos “20 edifícios mais altos em 2020” demonstra não só um

aumento em termos de altura, mas também uma grande diversidade na localização

dos edifícios mais altos do mundo. Os projectos estão espalhados por 17 cidades

em 7 países, dos quais 11 situam-se na China. Se alargarmos a região geográfica

verifica-se que 19 dos edifícios pertencem ao continente asiático e apenas 1 ao

hemisfério ocidental, nomeadamente o One World Trade Center em Nova Iorque.

A caminho de 1.4 biliões de habitantes e com uma população urbana

rapidamente a crescer, a China é o país com razões mais óbvias para construir em

altura. Os 11 projectos chineses estão distribuídos por 9 cidades, dos quais o mais

alto é neste momento o Shanghai Tower com 632m, mas que deverá ser

ultrapassado em 2018 pelo Greenland Center, de 636m em Wuhan.

Os “20 edificios mais alto em 2020” sublinham o facto de que os arranha-

céus estão aqui para ficar, crescendo cada vez mais em número, altura e

diversidade. No entanto com cada aumento na altura, há implicações de energia na

construção, manutenção e ocupação de um edifício. Além disso, com altura

adicional vem também menos eficiência espacial, devido ao espaço ocupado pelos

elementos estruturais e núcleos de serviço.

À medida que estas super e mega construções em altura continuam a

multiplicar-se, o seu impacto visual, urbano e ambiental sobre as cidades vai

continuar a aumentar exponencialmente.

“Meio século atrás, um [edifício] mega alto teria sido considerado

possível somente dentro de um sonho. É agora uma realidade.”34

[34] HOLLISTER, Nathaniel. - The Tallest 20 in 2020: Entering the Era of the Megatall. CTBUH

Jounal. [Em linha]. Vol. I, 2012, p. 6. [Consult. 20 Jun. 2016]. Disponível em

WWW:<http://www.ctbuh.org/LinkClick.aspx?fileticket=ISAkKLgmBYA%3d&tabid=2926&lan

guage=en-US>. Tradução do autor.

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90

Fig.61 Diagrama do conceito”Garden City”, Ebenezer Howard, 1998.

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91

5. Conclusão

O século XX foi sem dúvida o século do arranha-céus. Embora houvesse

muitos edifícios em altura construídos em Chicago e Nova York no final do

século XIX e inicio do século XX, numa parte notável da história americana,

permanece a noção de paisagem suburbana.

Em 1898, Ebenezer Howard publicou um livro intitulado “Jardim Cidades

do Futuro”. A ideia era criar um compromisso ideal entre ambientes urbanos

lotados e rurais desolados. O movimento da “cidade jardim” influenciou o

planeamento da cidade Americana no início do século XX. A introdução do

automóvel e da auto-estrada foram os eventos mais importantes na história da

paisagem americana, criando uma ampla descentralização e suburbanização. Lado

a lado com os núcleos das cidades, edifícios em altura cresceram para atender às

necessidades do comércio e da indústria. 35

Até ao final do século XX muitas cidades do mundo, incluindo cidades

americanas, atingiram proporções épicas em termos de crescimento e

densificação, com vários arranha-céus a marcarem a linha de horizonte das

cidades.

Os ciclos de crescimento e queda resultaram alternadamente em alturas de

construção desenfreada e de pausa na mesma. Muitas cidades no mundo, além das

Americanas, têm vindo a tornar-se em “cidades arranha-céus”.

Apesar das terríveis previsões dos pessimistas sobre o declínio da

construção em altura pós os ataques deliberados contra os edifícios do World

Trade Center em Nova York em 2001 e no subsequente colapso destas torres, a

construção de edifícios em altura tem na realidade proliferado desde então.

[35] Cf. Howard, Ebenezer - Garden Cities of Tomorrow. London: Swan Sonnenschein, 1902.

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Fig.62 Loews Philadelphia Hotel, Howe & Lescaze, 1932, Filadélfia, EUA, primeiro

edifício do Estilo Internacional construído nos Estados Unidos.

Fig.63 Turning Torso, Santiago Calatrava, 2005, Malmo, Suécia, edifício mais alto da

Escandinávia.

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O início do século XXI marcou um “boom” na construção de arranha-céus,

particularmente em Xangai e no Dubai. No entanto, o ano de 2008 trouxe consigo

uma crise económica mundial, interrompendo o “boom” da década anterior,

levando ao adiamento e até cancelamento de vários projectos de edifícios em

altura.

Edifícios altos são vistos por muitos como sinais de capitalismo e a sua

construção é dispendiosa, mas eles são e serão necessários no futuro para salvar

campos agrícolas, reduzir a pegada de carbono e a dependência automóvel, e para

poupar energia.

Arquitectos e proprietários tinham uma tendência no século XX,

especialmente no ponto alto da era do Estilo Internacional, para criar caixas de

vidro que maximizavam o espaço de piso, deixando para segundo plano o

desempenho, e criou uma tendência na qual estes edifícios estavam desconectados

de um senso de lugar. Também as conexões entre os nós urbanos têm vindo

geralmente a ocorrer ao nível da rua. É necessário ligar a cidade nos níveis mais

elevados, trazendo funções que normalmente não são associadas com edifícios em

altura para o reino vertical, criando assim um novo tecido urbano no céu.

Enquanto as torres icónicas são esteticamente agradáveis e pontos de

referência nas cidades, elas também são de custo elevado. A tendência para as

formas “out-of-the-box” foi desencadeada principalmente pelo arquitecto Santiago

Calatrava com o seu projecto inovador do Turning Torso, em Malmö, Suécia,

concluído em 2005. Como os recursos económicos estão a diminuir e a população

mundial está a aumentar rapidamente, esta tendência é provavelmente uma fase

passageira, como ocorre na indústria da moda e pode não passar no teste de

tempo. Arranha-céus icónicos se não forem construídos com um design orientado

para o desempenho, acabaram por se tornar impopulares, perdendo a sua

atractividade e propósito de ser.

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Fig.64 Editt Tower, Ken Yeang, Singapura, Malásia.

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95

Devido à actual preocupação com eficiência energética e design neutro de

carbono para combater o declínio dos recursos naturais de energia e o

aquecimento global, a forma e a funcionalidade dos edifícios em altura está a

passar por uma notável mudança de paradigma. Estes edifícios estão a adaptar -se

a estes novos desafios, sendo reformados por arquitectos para aceitar painéis

solares, turbinas eólicas e outros itens auxiliares para explorar fontes de energia

renováveis, bem como ambientes bioclimáticos orgânicos interiores e exteriores.

É altamente provável que a corrida à altura continue. No futuro

possivelmente irá prevalecer a simplicidade, elegância e ordem de design, lado a

lado com a exploração, aventura de concepção e experimentação de soluções

inovadoras. Futuros arquitectos, urbanistas e engenheiros terão de enfrentar vários

desafios quando projectarem edifícios em altura. Alguns deles incluem o debate

sobre se a construção em altura deve ou não ser feita. A crescente demanda e

necessidade nos edifícios para serem energeticamente eficientes e sustentáveis

irão moldar o futuro, a não ser que algumas soluções alternativas sejam

encontradas. Maior ênfase será colocada sobre o design de edifícios em altura

como parte da ecologia circundante. A probabilidade de alcançar uma política

global para superar um futuro insustentável, provavelmente será decidida nas

cidades. Novas questões a respeito do ambiente, propriedade, regulamentos,

mercado imobiliário, entre outras, para edifícios em altura e design urbano irão

naturalmente surgir.

Tendo em conta que os edifícios em altura suportam a tendência urbana de

crescimento populacional e de alta densidade na cidade, é provável que a

construção de edifícios em altura se mantenha ininterrupta no futuro.

Resumindo, os edifícios em altura com eficácia de custos e com estética

atraente que se adaptem à tecnologia da época, cultura local, ecologia e contexto,

terão sucesso em remodelar as cidades do século XXI. Resta agora saber em que

moldes irá ser feita essa remodelação, ou seja, qual o papel que a construção em

altura vai assumir no futuro das cidades e consequentemente na vivência dos seus

habitantes.

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Fig.65 ”Garden City”, Ebenezer Howard.

Fig.66 ”La Ville Radieuse”, Le Corbusier.

Fig.67 Vista aérea de Singapura, Malásia .

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Voltando ao legado de Ebenezer Howard, nomeadamente a “cidade

jardim”, cujo conceito inspira uma forte reacção na imaginação colectiva e que

teve grande influência na maneira de pensar a forma e vida urbana desde do

século XIX. No entanto segundo Peter Hall, um reconhecido urbanista, as ideias

de Howard foram mal interpretadas. O conceito original de Howard foi desde

então despojado da sua agenda social e subsequentemente desenvolvido de outras

formas com densidades bastante inferiores às pretendidas por Howard. Isto é

visível nos subúrbios de baixa densidade, dependentes do automóvel, em muitas

das grandes cidades do mundo, sobretudo nos Estados Unidos e na Austrália.

Por sua vez, Le Corbusier interpretou a visão de Howard à sua maneira,

rejeitando o modelo de baixa densidade e optando pela habitação colectiva no

lugar da habitação unifamiliar. Corbusier desenvolveu uma série de projectos para

uma “cidade jardim vertical”, composta por vários edifícios altos implantados em

zonas verdes. Apesar da interpretação contrária de Corbusier, a tendência geral

continuou no sentido de densidades urbanas cada vez mais baixas.

“O que resta agora do legado de Howard transformou-se em incontáveis e

repetitivos “subúrbios jardim” dependentes do automóvel, por todo mundo, cujo

crescimento e manutenção estão a esgotar os recursos naturais do planeta ao

ponto de ruptura. Apenas Singapura tem alguma semelhança com a cidade

policentrica que Howard planeou. Com a sua “constelação” de novas cidades, de

alta densidade, todas ligadas à cidade principal por um sistema de metro

circular, a cidade-estado combina elementos da visão de Howard e Corbusier

numa rara estratégia urbana focada nas infra-estruturas.” 36

Uma forma de implementar a densificação urbana é com edifícios em

altura, de uso e altura variável consoante a localização. Arranha-céus multi-usos

são sempre preferíveis a torres de escritório, sobretudo se construídos perto de

grandes nós de circulação publica, permitindo maximizar a actividade nessas

junções e criar centros urbanos vibrantes e repletos de vida.

[36] ABEL, C. - The Vertical Garden City: Towards a New Urban Topology. CTBUH Journal.

[Em linha]. Vol. II, 2010, p. 21-22 [Consult. 11 Jul. 2016]. Disponível em WWW:

<http://global.ctbuh.org/resources/papers/download/390-the-vertical-garden-city-towards-a-new-

urban-topology.pdf>. Tradução do autor.

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98

Fig.68 Linked Hybrid Building, Steven Holl, 2009, Pequim, China.

.

Fig.69 CCTV Building, OMA, 2009, Pequim, China.

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99

Numa época onde quase já não existem impedimentos do ponto de vista

tecnológico às construções em altura, torna-se mais fácil identificar problemas e

insuficiências, assim como mérito, na forma como se aborda a cidade. Jardins

flutuantes e átrios duplos tomaram-se comuns em torres de escritórios devido a

arquitectos como Norman Foster, Ken Yeang e SOM. Pode dizer-se, que eles

deram inicio à transformação do carácter espacial da tipologia da torre, elevando o

plano do solo e abrindo o interior com espaços semi-públicos. Apesar de estas

inovações aumentarem e melhorarem o espaço público na arquitectura em altura,

reforçando o argumento a favor do “design urbano vertical” defendido por Yeang,

o design continua demasiado limitado pela dimensão vertical, assim como pelo

tamanho do lote e por regulamentos.

Ecoando fantasias científicas do início do século XX e projectos de mega

estruturas pelos Archigram, emergiu um novo tipo de torre no virar do milénio,

em que duas ou mais estruturas estão ligadas nos níveis superiores, por pontes e

outros elementos espaciais. O primeiro e mais conhecido exemplo são as Petronas

Towers, que estão ligadas por uma ponte simples. Outros projectos mais arrojados

surgiram mais tarde como: o Linked Hybrid Building, de Steven Holl em 2009,

que une vários edifícios em altura por “skyways” multifuncioais públicos; e o

CCTV Building por OMA e Argup, em 2009, que funde elementos horizontais e

verticais num contínuo espacial e estrutural. Estes projectos assim como outros do

mesmo tipo, concebidos com o auxílio das novas tecnologias digitais, deram novo

significado à dimensão horizontal na arquitectura em altura. No entanto, apesar de

todas as suas inovações, a visão que eles oferecem de novas formas e espaços

urbanos é na melhor das hipóteses parcial. Eles surgem como objectos gigantes

esculpidos na envolvente urbana, desconectados do espaço exterior.

“A ideia de uma tipologia urbana genuinamente tridimensional, que possa

criar espaços elevados de carácter e variedade, comparados aos encontrados em

qualquer grande cidade ao nível da rua, permanece uma perspectiva aliciante

mas elusiva.” 37

[37] ABEL, C. - The Vertical Garden City: Towards a New Urban Topology. CTBUH Journal.

[Em linha]. Vol. II, 2010, p. 25 [Consult. 11 Jul. 2016]. Disponível em WWW:

<http://global.ctbuh.org/resources/papers/download/390-the-vertical-garden-city-towards-a-new-

urban-topology.pdf>. Tradução do autor.

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100

Fig.70 Eficiência espacial: Cidade Vertical vs. Super Torres.

Fig.71 Renderização, The Bride, AMBS, Baçorá, Iraque.

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101

No entanto, essa “tipologia urbana genuinamente tridimensional” pode não

estar muito longe de ser concretizada. A AMBS Architects foi comissionada com

um projecto altamente confidencial, devido a razões de segurança, em Báçora no

Iraque, onde se localiza grande parte das reservas de petróleo do Iraque. A

província está a tornar-se num dos centros económicos de maior crescimento a

nível mundial. O novo plano para o centro foi atribuído pelo governo de Baçorá

com o objectivo de maximizar a capacidade da cidade em 2025. A principal

prioridade era evitar a suburbanização, de modo a proteger o ambiente, preferindo

assim construir verticalmente, em vez de para fora. O projecto para o centro da

cidade contará com um marco único no mundo, que de modo a igualar a sua

importância se irá chamar - “The Bride” Tower (A Torre Noiva).

Esta mega construção em altura será mais alta que o Burj Khalifa no

Dubai, actualmente o edifício mais alto do mundo, e que a Jeddah Tower

(Kingdom Tower), na Arábia Saudita, ainda em construção e que deverá alcançar

1 km de altura. É descrita como o “farol” para o futuro do Iraque, no seu ponto

mais alto atingirá os 1152 m. The Bride Tower terá 230 andares e será composta

por quatro torres interligadas criando uma estrutura mais lógica e estável, com

múltiplos pontos de acesso e saídas de emergência. A torre 1, localizada a sul,

será a mais alta e terá um sistema de sombreamento composto por uma canópia

envidraçada chamada – “The Veil” (O Véu). As torres estarão ligadas em diversos

níveis, criando “praças e jardins flutuantes”.

“Defendemos esta nova forma urbana, porque esperamos inspirar a

criação da Primeira Cidade Vertical do Mundo. A super estrutura que daqui a

100 anos, as pessoas vão apontar e dizer „Aquilo mudou tudo!‟.”38

The Bride Tower será a primeira cidade vertical do mundo, assim como a

estrutura mais alta, inovando em todas as disciplinas da engenharia, desde as

estruturas ao transporte vertical. Foi projectada para ser uma cidade sempre

operacional, 24 horas por dia, com escritórios, hotéis, bairros inteiros, centros

comerciais, praças, jardins e até com a sua própria rede ferroviária.

[38] KING, Kenneth – VERTICAL CITY: A NOT-FOR-PROFIT ORGANIZATION. ABOUT. [Em

linha]. [Consult. 3 Jul. 2016]. Disponível em WWW: <https://verticalcity.org/about.html>.

Tradução do autor.

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Fig.72 Renderização, The Bride, AMBS, Baçorá, Iraque, vista do “Veil” (Véu).

Fig.73 Renderização, The Bride, AMBS, Baçorá, Iraque, vista entre as torres.

Fig.74 Diagrama das torres & ligações. Fig.75 Pormenor Construtivo.

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O design responde ao ambiente exterior ao posicionar estrategicamente as

estruturas para que consigam proporcionar sombra umas às outras. A fachada sul

da torre 1 será quase totalmente coberta pela canópia, que terá mais de 600,000 m2

e cobrirá também os edifícios e áreas públicas envolventes, assim como os

primeiros andares da torre em si. Além do sombreamento e do arrefecimento, o

“Véu” vai integrar painéis PVT híbridos de arrefecimento solar (um sistema

fotovoltaico-termal combinado), cujo objectivo é fornecer 100% da energia

consumida pelo edifício - “net zero”. Segundo Marcos De Andres, director na

AMBS Architects, um dos objectivos fundamentais era criar uma cidade auto-

sustentável em termos energéticos. “Foi construída para ser a mais avançada,

sustentável… cidade vertical”.39

“Super torres são percepcionadas como um objecto à distância. Um

extraterrestre plantado na cidade, desconectado da escala urbana ao nível do

solo. The Bride, por outro lado, será concebido como uma cidade em si, tanto

verticalmente como horizontalmente a partir do solo. Será usufruída por milhares

de pessoas em infinitas maneiras, dentro dela, sobre ela ou sob ela.”40

Em última analise, a evolução da construção em altura, num futuro não tão

distante, poderá dar origem a uma nova era arquitectónica e urbanística – a era das

cidades verticais. Onde o espaço público não será mais bidimensional, nem

limitado ao plano da rua, mas tridimensional, limitado apenas pela imaginação,

criatividade e engenho aplicado a estas mega construções em altura.

“A chave para a cidade vertical é o arranha-céus…”41

[39] ANDRES, Marco De - The world's tallest building is planned for… Iraq. CNBC. [Em linha].

(2016). [Consult. 22 Jul. 2016]. Disponível em WWW: <http://www.cnbc.com/2016/01/26/the-

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[40] AMBS - Why Iraq could be home to the world‟s tallest tower. OPP.Today. [Em linha].

(2016). [Consult. 21 Jul. 2016]. Disponível em WWW: <http://www.opp.today/why-iraq-could-

be-home-to-the-worlds-tallest-tower/>. Tradução do autor.

[41] KIBERT, Charles J. - SustainableConstruction: Green Building Design and Delivery. 4th

Ed.

New Jersey: John Wiley & Sons, Inc. 2016. p. 25. Tradução do autor.

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