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conferência internacional Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano livro de resumos

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c o n f e r ê n c i a i n t e r n a c i o n a l

Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

livro de resumos

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias2, 3, 4 e 5 de Abril de 2014

livro de resumos(pré-edição)

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Comissão Organizadora:Carlos Vieira de Faria, LABART/ULHT; João Sequeira, LABART/ULHT; Luiz Manoel Gazzaneo, PROARQ/UFRJ; Margarida Valla, LABART/ULHT; Patrícia Pedrosa, LABART/ULHT; Vasco Pinheiro, LABART/ULHT; Víctor Serrão, IHA/FLUL

Apoio:Urbis Factor research group / LABART / ULHTInstituto de História de Arte / FL-ULPROARQ/Universidade Federal do Rio de Janeiro

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Comissão Científica:Ana Esteban Maluenda, ETSA (SP); António Santa-Rita, LABART/ULHT (PT); Carlos Vieira de Faria, LABART/ULHT (PT); Ceça Guimarães, UFRJ (BR); Guilherme Araújo de Figueiredo, UFF (BR); Fernando Grilo, IHA/FLUL (PT); Flávio Lopes, DGPC (PT); José Aguiar, FAUL (PT); Luiz Manoel Gazzaneo, UFRJ (BR); Manuel Ramirez Blanco, UPV (SP); Margarida Valla, LABART/ULHT (PT); Maria João Neto, IHA/FLUL (PT); Mário Moutinho, ULHT (PT); Nuno Santos Pinheiro, Fórum Unesco (PT); Vasco Pinheiro, LABART/ULHT (PT); Vicente del Rio, CalPoly (USA); Víctor Serrão IHA/FLUL (PT)

Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Índice

Apresentação

Tema I - Conceitos e modelos

conferência de aberturaPatrimónio e ambiência urbanaCêça Guimaraens

comunicaçõesRelações entre arquitectura e arte na “Modernidade” como ruptura, continuidade e centralidade: o caso do MES/RJ, BrasilHaroldo Gallo e Sergio Sandler

Reocupar é preservar: o centro de salvadorSolange Souza Araújo

Reflexão sobre a prática arquitetônica contemporânea no Centro Histórico de PiratiniMaria Beatriz Medeiros Kother

Diálogos Urbanos como representações do espaço na região entre a Ladeira da Soledade e o Plano Inclinado da Liberdade (Salvador, Bahia, Brasil)Renata Inês Burlacchini Passos da Silva Pinto

Estudo da ambiência definida pelos signos arquitecónicos: centro histórico financeiro da cidade do Rio de JaneiroLuiz Augusto dos Reis-Alves e Mário de Oliveira Saleiro Filho

Carnide antigo: novas perspetivas através da ArqueologiaAna Caessa e Nuno Mota

Paradigmas e contrastes: o património e a informalidadeMarcelo da Rocha Silveira

El Cabanyal: La identidad de un tejido históricoRosa Pastor Villa

Reconfiguração da Cidade Industrial: o caso do BarreiroFilipa Varela Valadeiro

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Tema II - Gestão e políticas de intervenção

conferência de abertura“Valentia” y sus valenciasManuel Ramirez Blanco

comunicaçõesA Cidade e o seu Centro Histórico: a necessidade de uma visão integradaEduardo Jorge Simões Ganilho

Centros Históricos no Brasil: a atuação do PAC - Cidades Históricas como política pública preservacionistas cultural urbanaAndré Luiz de Araujo Oliveira

Centros Históricos para quê?Helena da Graça Barros Pires

Primeiro de Março: quantos séculos cabem numa rua?João Henrique dos Santos, Maria Clara Amado Martins, Nathalia Borghi Tourino Marins, Maria Clara de Oliveira Coura, Helena da Graça Barros Pires

O centro histórico de Salvador: património da humanidade: as políticas de conservação da primeira capital do Brasil, antes e depois da sua inclusão na lista do patrimônio mundialYan Graco Dantas Cafezeiro

Mistura social e funcional no centro histórico: contributos para pensar a intervenção urbana integrada a partir do caso da Baixa Pombalina em LisboaMarluci Menezes

La importancia de las fases de Información, Diagnóstico, Ordenación, Intervención y Gestión de áreas o centros históricosGiovanni Durán Polo

Tema III - Novas práticas e modelos de intervenção

conferência de abertura(título da conferência)José Aguiar

comunicaçõesBases para um Plano de Acção da Salvaguarda dos Revestimentos e Acabamentos Tradicionais em Centros Históricos: o caso de estudo do Plano de Cor do Centro Histórico de CoimbraPedro Providência

Centros Históricos: lugares de exclusão ou catalisadores para a inovação?Nelson da Silva Brito

O lugar como simbiose: o centro histórico de Torres VedrasAndré Duarte Baptista

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

(Re)ver o centro histórico: mutação dos paradigmas da reabilitação urbana no norte de PortugalRosa Macedo e Gonçalo Furtado

“Velhos materiais” de revestimento, identidade e modernidadeLuís Mariz, Ana Luísa Velosa, João Coroado e Joana Santos

Um Método de Análise Urbana Para a Cidade Histórica: a Colina do Castelo e AlfamaAna Raquel Crespo

Ceuta: entre Portugal y Castilla: un recorrido por la geopolítica, sociedad, arquitectura defensiva y urbanística de la plaza en la Edad ModernaDavid Muñoz Arbona, Alfonso González Luque

Programa Geral do Congresso

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Os Centros Históricos carregam uma forte conotação com a identidade cultural das comunidades, e a sua expressão reflecte-se nas características da sua morfologia urbana, do seu edificado e na apropriação do espaço por parte da população.

Neste contexto, os Centros Históricos têm sido estudados e protegidos enquanto estruturas patrimoniais que testemunham a memória colectiva dos povos, que materializam a sua relação primordial com o território, e que configuram uma espécie de matriz genética do seu desenvolvimento.

Hoje, as sociedades confrontam-se com um cenário de crescimento e de uma profunda transformação da realidade urbana, onde o processo de globalização tem conduzido à uniformização das vivências e dos modos de vida de quem habita os espaços das cidades, e onde as circunstâncias soció-económicas foram ditando o afastamento e o esvaziamento dos seus centros. Neste novo paradigma civilizacional emergente, os núcleos e centros históricos tendem, tantas vezes, a constituir-se como espaços cristalizados na forma de objectos de consumo turístico e como pólos de segregação, distanciados e desarticulados da realidade das outras cidades que se desenvolvem à sua volta e das quais, um dia, foram o seu núcleo fundador.

É necessário reflectir sobre o papel que os núcleos e centros históricos assumem no actual processo de desenvolvimento e crescimento urbano. Serão estes núcleos e centros, lugares paralelos que concorrem, funcionalmente desarticulados, e em tempos diversos, com as cidades de que fazem parte? Ou, pelo contrário, serão lugares que permitem, ou devem permitir, (re)questionar a cidade contemporânea através dos valores que neles se identificam e com os quais, eventualmente, também queremos continuar a identificar?

Neste cenário, paradigmaticamente diverso, propõe-se questionar a importância e o papel destes lugares primordiais no natural processo de evolução da cidade e, nomeadamente, na percepção que culturalmente sempre tivemos enquanto organismo em permanente transformação e renovação.

Carlos FariaMargarida VallaVasco Pinheiro

Apresentação

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Os Centros Históricos são, normalmente, identificados e associados à génese das comunidades urbanas que exprimem um tecido urbano consolidado. O conceito sobre o seu valor patrimonial tem sido objecto de várias Cartas do Património que reforçam a importância da sua identidade morfológica e que levantam questões como a identificação dos seus limites ou fronteiras. Que formas de relacionamento e articulação manterão com a cidade em seu redor? Qual a sua dimensão patrimonial como espaço de agregação das comunidades, e que futuras reconfigurações poderão resultar face à sociedade actual, onde as redes sociais estão gerando de forma crescente, relações sem centralidades? Para além do núcleo histórico, que se diz centro primordial, existirão outros que também importam considerar e de que modo será compatível a coabitação destas diferentes dimensões urbanas na cidade e na metrópole polinucleada contemporânea?

Tema I

Conceitos e modelos

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Arquiteta e Professora Associada da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, onde coordenou o Programa de Pós-Graduação em Arquitetura. Líder do Grupo de Estudos de Arquitetura de Museus, vice-presidente do Departamento do Rio de Janeiro e diretora nacional de Cultura do Instituto de Arquitetos do Brasil, é coordenadora do DOCOMOMO-Rio e pesquisadora Senior do Conselho Nacional de Pesquisa - CNPq. Doutora em Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ) e em Museologia (ULHT), realizou estudos de pós-doutorado em American Studies na New York University, onde foi Professora-Visitante. Componente do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, escreveu a biografia de Lucio Costa, e livros e artigos sobre o patrimônio arquitetônico e cultural.

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Cêça Guimaraens

palestra de abertura ao Tema I

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

No Rio de Janeiro, cidade-organismo em constante “modernização”, aceleraram-se, nas últimas décadas, a reciclagem de edifícios históricos e a regeneração de setores degradados. Observa-se, portanto, que as novas linguagens artísticas e a inserção de novas arquiteturas nas cidades imprimiram a renovação das idéias sobre cultura e patrimônio e adaptaram-se às perspectivas empresariais.

Acredita-se que, apesar da transferência da capital com a criação de Brasília, a importância simbólica e a função educacional dos museus expressam até hoje a permanência da centralidade do Rio de Janeiro. Por outro lado, a condição central torna-se cada vez mais significativa, pois a cidade vem perdendo o importante papel de “espelho” da identidade do país.

Observa-se, também, que conceitos, parâmetros e instrumentos de análise há muito demonstram a importância dos espaços arquitetônicos históricos para as ações de renovação e preservação de áreas centrais das cidades. Nesse sentido, edifícios de museus ampliariam as perspectivas de ‘permanência’ ou durabilidade das ambiências e do patrimônio urbano, na medida em que edifícios e respectivos entornos históricos adquirem a condição de espaços museológicos. Desses pontos de vista, a rede de museus do Centro do Rio estaria claramente inserida na recuperação e consolidação de uma imagem expográfica e representativa da formação da imagem dessa “cidade-nacional”.

Assim, a história monumental da cidade, os fatos arquitetônicos gerados no uso dos espaços dos entornos e a flexibilização dos elementos componentes dos edifícios dos museus do Rio sugerem que a requalificação urbana que adota a renovação de uso de edifícios para a ação cultural, aprimora os padrões urbanos e arquitetônicos, e, ao mesmo tempo, consolida a duração das áreas históricas simbolicamente importantes para diferentes grupos sociais.

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Património e ambiência urbana

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

comunicações ao Tema I

autores:

Haroldo Gallo

Sergio Sandler

Solange Souza Araújo

Maria Beatriz Medeiros Kother

Renata da Silva Pinto

Luiz Augusto dos Reis-Alves

Mário de Oliveira Saleiro Filho

Ana Caessa

Nuno Mota

Marcelo da Rocha Silveira

Rosa Pastor Villa

Filipa Varela Valadeiro

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

A década de 30 do séc. XX representou para o Brasil um momento de inflexão política e econômica profunda. A grande depressão de 1929 colocou em cheque um modelo agro exportador de matérias primas, em que o café representava a principal riqueza.

Tal fato, somado às contradições sócio-políticas internas brasileiras marcadas pelos embates entre as forças oligárquicas conservadoras – a elite cafeeira e latifundiária, e as correntes “progressistas”, resultaram em alterações políticas importantes com a Revolução de 1930 que coloca no poder Getúlio Vargas. Seu governo, centralizador e autoritário, imprime um novo rumo ao desenvolvimento nacional, estabelecendo as bases da modernização do estado brasileiro através de políticas de desenvolvimento de seu parque industrial – até então incipiente, de educação para todos e de garantia dos direitos do trabalhador, até então inexistentes no pais.

A simbolizar a transformação desejada, é levada a efeito a implantação, na década de 1930, do MES – Ministério da Educação e Saúde leva ao Rio de Janeiro, projeto de Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e equipe.

A então capital de uma jovem república de origem colonial receberia a primeira manifestação completa da arquitetura moderna construída em todo mundo segundo os preceitos de Le Corbusier. Oferecia-se como alternativa ao paradigma urbanístico arquitetônico tradicional, determinado pela quadra fechada, a concepção modernista da quadra aberta, dos volumes autônomos, do térreo livre e da alteração da relação de figura e fundo.

Considerando o corolário crítico que esta forma de pensamento urbanístico arquitetônico sofreu, especialmente a partir das considerações de Jacobs, Rossi e Mancuso e outros e, em paralelo, as proposições urbanísticas arquitetônicas contemporâneas atuais que retomam de algum modo certas linhas de projeto de vezo moderno, parece oportuno verificar, passados quase oitenta anos de sua concepção, que relações este projeto estabeleceu com a cidade na qual se configurou.

Relações entre arquitectura e arte na “Modernidade” como ruptura, continuidade e centralidade:o caso do MES/RJ, BrasilHaroldo Gallo1

Sergio Sandler2

1Arquiteto e especialista em projeto, mestre e doutor em arquitetura e urbanismo e Livre Docente na área de Projeto de Arquitetura e Urbanismo

2Arquiteto urbanista, mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Universidade de Campinas

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Diante do contexto atual marcado por relações sociais mediadas por outras formas de contato e comunicação, notadamente as redes sociais que, supostamente, relegaram a um papel secundário os espaços públicos significativos como espaço de agregação social, interessa investigar aquele que foi, quando de sua concepção, um marco urbano diferencial não apenas formalmente como também do ponto de vista institucional, uma vez que o projeto e seu programa expressaram um novo significado para do estado brasileiro frente a um projeto nacional de sua modernização.

Localizado num tecido urbano consolidado, pleno de referências urbanísticas e arquitetônicas históricas que compreendem desde o traçado de origem colonial portuguesa às intervenções urbanísticas de cunho “pinturesco” do início do século XX, cabe investigar de que forma suas proposições inovadoras - a quadra aberta, diferenciação volumétrica, tratamento climático das elevações, transição entre público e privado, e a qualificação de seus espaços pela incorporação de obras de arte. Estabeleceu-se diálogo entre o entorno edificado determinado pela rua corredor – numa referência à adjetivação do mestre francês - e a quadra fechada. Coloca-se a questão: o que este projeto representou para a cultura urbanística de modo geral, e brasileira em particular, quanto à identidade morfológica diferencial estabelecida.

Tal diferencial deve-se também à particular e significativa presença de obras de arte incorporadas à obra já no partido do projeto: os murais de azulejo de Portinari, as esculturas de Bruno Giorgi e Jaques Litchitz, sem esquecer os jardins desenhados por Burle Marx. Por este motivo, o texto investigará as relações entre arte e arquitetura, no sentido de compreender seu valor patrimonial e avaliar seu potencial num contexto de políticas de requalificação da centralidade histórica da cidade do Rio de Janeiro.

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Este trabalho se propõe a analisar algumas das ações sobre os espaços do centro antigo da cidade de Salvador, sem perder de vista os processos históricos que ao longo do tempo desenharam esses espaços, gerando a matriz da cidade atual, considera as questões conceituais do ponto de vista morfológico e as ações desprendidas para a transformação.

As principais transformações ocorridas nas três primeiras décadas do século XX, traduzindo ações governamentais movidas pela sede de converter a “acanhada cidade” em “metrópole moderna”, como a primeira semana de Urbanismo (1935), e mais à frente, a criação do Epucs (1948), com a organização de um plano diretor “moderno” para a Cidade do Salvador, deram suporte às intervenções realizadas durante quase todo o século XX, misturando a visão global funcionalista à orgânica culturalista.

Em finais do século XX, percebe-se uma mudança de postura nas ações públicas, com o retorno às questões do lugar, à requalificação dos antigos centros, assim como às intervenções que visam atender as demandas dos mercados do turismo e imobiliário. As propostas de revitalização acontecem concomitantes à ação que descentraliza (1960), mas somente no final do século são concretizadas, já em formatos contemporâneos. Postura que reflete uma reação à fragmentação e ao esvaziamento provocado pelo processo de expansão da cidade, através da descentralização e da constituição de novos centros de comércio, serviço e negócios1.

A cidade metrópole do Salvador, rica em espaços públicos tradicionais, no momento em que incorpora nas suas ações o ideal funcionalista abdica da prática da convivência social urbana em prol de uma realidade onde predomina o fluxo viário, na linha das grandes avenidas de vale – um sistema que assume aspectos que levam à especialização, à fragmentação, e à fluidez, características que resultam da necessidade de resolver as questões de locomoção nas grandes cidades.

Reocupar é preservar: o centro de SlvadorSolange Souza Araújo, UFBA1

1Mestre em Arquitectura e Urbanismo e em Doutoramento em Arquitectura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia. Professora Associada UFBA.

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Em 1991 o Governo do Estado busca sua afirmação através da construção estratégica e de marketing que se ancorava na valorização da identidade cultural e das tradições da Bahia, para incremento das estratégias turísticas tão necessárias à “cidade pólo”, que precisava vender novos produtos. São eleitas áreas que conseguem manter-se como exemplo da regularidade do urbanismo colonial, e a borda marítima. O Pelourinho passa a constituir monumento e cenário urbano pela volumetria das fachadas que ainda preserva, sem, no entanto, conseguir fugir da indústria do turismo.

Como referência de algumas boas propostas para o Centro Histórico de SSA, em 1986, a arquiteta Lina Bo Bardi apresentou um projeto piloto para a Ladeira da Misericórdia - proposta que combinava a preservação das preexistências com linguagens projetuais atualizadas, para ser aplicada em toda área de preservação patrimonial.

A partir das boas experiências vividas em alguns lugares, da discussão acadêmica e dos seminários promovidos pelo Instituto de Arquitetos do Brasil, encaminhamentos têm sido feitos aos governos estadual e municipal, no sentido de recuperação e adaptação de diversas edificações desocupadas no centro antigo de Salvador e adjacências. Estratégia essa, que, em parte, resolveria o problema de moradia para muitas famílias soteropolitanas, além de recuperar e devolver a dinâmica das áreas envolvidas.

Entende-se ainda que a recuperação estratégica de espaços urbanos e das suas edificações, para habitações e usos mistos, adquire papel indutor para a requalificação de áreas, independente das escalas de abordagem, possibilita agregação e continuidade pela integração de usos, correspondentes às demandas da vida contemporânea. No entanto, estas ações ainda não conseguem sensibilizar aos gestores públicos, e, assim, a cidade do Salvador conjuga núcleos que se articulam ao longo de 464 anos, cuja vinculação se estabelece por pertencerem a um grande território.

1Iguatemi/Tancredo Neves, dentre outros.

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

A arquitetura como arte de edificar, traduz a relação do homem com seu meio e suas interferências neste ao construir seu habitat. Como o comportamento humano e suas ações refletem as posições adotadas em determinados momentos da história, a preservação do patrimônio envolve uma relação constante com objetos que são testemunhos da memória. Com efeito, não se preserva o que não nos remete aos sinais de um evento significativo. Portanto, no campo da preservação, devemos observar o fato de que a condição existencial do testemunho exige, para sua preservação, uma abordagem metodológica intencional, que passe da leitura analítica à proposta, desta ao canteiro de obras, sendo este último o autêntico campo de prova da restauração. Neste sentido identificamos que para uma edificação sobreviver ao fim para o qual foi criada depende dos interesses, das necessidades de adaptações permanentemente impostas pelo ritmo crescente do cotidiano, do posicionamento do homem frente ao patrimônio herdado e da determinação das condutas a serem seguidas. Este trabalho visa, fundamentalmente, registrar na cidade de Piratini elementos arquitetônicos que afirmem esta relação histórica dentro do seu processo de formação e mostrar que durante o processo de urbanização, além de constituir seu patrimônio cultural, as edificações são responsáveis pela manutenção da memória histórica. O Centro Histórico de Piratini compreende a área histórica do município de Piratini, ruas e monumentos que remontam a época da Revolução Farroupilha ( figura 1). Localizado na zona sul do Estado, tem um sítio histórico considerado um dos mais completos e homogênios do Rio Grande do Sul. Piratini foi a primeira cidade no Estado a proteger o seu patrimônio urbano, iniciativa deflagrada a partir de 1941, pelo IPHAN, com o tombamento de três edificações com características da arquitetura luso-brasileira: a Casa de Garibaldi, residência de importante figura da Guerra dos Farrapos; o Palácio do Governo Farroupilha e o Quartel General Farroupilha, atual Museu Farroupilha (tombado em 1952). Em 1992, o IPHAE efetuou o tombamento de outras 14 edificações como referências

Figura 1: Vista da Igreja da Matriz de Piratini (s/d) (Fonte: Arquivos IPHAE)

Reflexão sobre a prática arquitetônica contemporânea no Centro Histórico de Piratini (RS, Brasil)Maria Beatriz Medeiros Kother1

1Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela UNISINOS, doutora em arquitetura pela UPC - Universidade Politécnica da Catalunha, Espanha. Foi diretora do Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural do Rio Grande do Sul, professora no Curso de Arquitetura e no Mestrado em Turismo da UCS e Conselheira do CREA RS

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ao período em que a cidade tornou-se capital Farroupilha e sua evolução urbana posterior, inscritas no Livro Tombo Histórico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado em 1986. São elas: Antiga Cadeia, Antiga Casa de Fazenda, Antiga Casa Fabião, Antiga Farmácia Caridade, Antiga moradia de Egydio Rosa, Antigo Teatro Municipal Sete de Abril, Casa Comercial dos Fabião, Casa de Camarinha, Casa do Comendador Fabião, Casa de Gomes de Freitas, Casa de Vicente Lucas de Oliveira, Prédio Geminado com o Teatro, Casa de Darwing Lucas, Sobrado da Dorada. Historicamente, Piratini teve o início do seu povoamento em 1789 com o estabelecimento de 48 casais de açorianos. Em 1832 foi elevada a condição de Vila. Em 1835, nela instalou-se a capital da República

Farroupilha, movimento separatista do período imperial que durou dez anos. Após a guerra, castigada pelo Império, Piratini entrou em declínio. Atualmente possui em torno de 20.000 habitantes e sua maior fonte econômica provém da agropecuária. Seu centro histórico conserva prédios centenários, referências do período em que a cidade tornou-se capital Farroupilha, além de outros que demonstram sua posterior evolução urbana. Trabalhar com um centro histórico pressupõe a reflexão sobre a possibilidade de transformá-lo em um macro museu (a exemplo de um parque temático) por meio da aplicação de métodos de restauração e reconstrução integral ou da aceitação de uma cuidadosa renovação de edificações secundárias e inserções de novas arquiteturas. Faz-se também necessária a discussão sobre os critérios e as condições estéticas que a prática arquitetônica contemporânea reflete sobre a sua própria condição histórica, uma vez que no centro histórico esta estará sujeita a condicionantes ditados pelas pré- existências (figura 2).

Figura 2: Imagem da Casa de Vicente Lucas de Oliveira em Piratini, construída em 1830. (Fonte: Arquivos IPHAE, 2008)

Farroupilha, movimento separatista do período imperial que durou dez anos. Após a guerra, castigada pelo Império, Piratini entrou em declínio. Atualmente possui em torno de 20.000 habitantes e sua maior fonte econômica provém da agropecuária. Seu centro histórico conserva prédios centenários, referências do período em que a cidade tornou-se capital Farroupilha, além de outros que demonstram sua posterior evolução urbana. Trabalhar com um centro histórico pressupõe a reflexão sobre a possibilidade de transformá-lo em um macro museu (a exemplo de um parque temático) por meio da aplicação de métodos de restauração e reconstrução integral ou da aceitação de uma cuidadosa renovação de edificações secundárias e inserções de novas arquiteturas. Faz-se também necessária a discussão sobre os critérios e as condições estéticas que a prática arquitetônica contemporânea reflete sobre a sua própria condição histórica, uma vez que no centro histórico esta estará sujeita a condicionantes ditados pelas pré-existências (figura 2).

Figura 1. Vista da Igreja da Matriz de Piratini (s/d) Fonte: Arquivos IPHAE

Figura 2. Imagem da Casa de Vicente Lucas de Oliveira em Piratini, construída em 1830. Fonte: Arquivos IPHAE (2008)

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O centro urbano carrega em si muito mais do que o patrimônio histórico edificado. Existem diálogos urbanos consolidados pela população, ao longo do tempo, que precisam ser reconhecidos e preservados. Acredita ser esta, uma peça importante para a aceitação por parte da comunidade local acerca de futuras propostas que interfiram no espaço onde vivem. Desta forma, tem-se como objetivo principal, identificar esses diálogos, inseridos na cultura urbana. Não apenas palavras, textos ou falas compõem os diálogos dentro da urbe. A cidade não é apenas delineada por sons ou escrita, mas por aquilo que é visível, imagético que cria o seu perfil e faz ser aquilo que realmente o é. Com base nas experiências cotidianas entre os indivíduos no espaço público, a metrópole é considerada como o lugar das relações e intercâmbios. Portanto, é possível perceber não só o ambiente construído como relevante, mas também como pertencentes ao domínio do imaginário a partir da soma de diferentes vozes construídas na sociedade.

Destacam-se neste trabalho como formas de apreensão e representação do espaço urbano, a literatura e a imagem. Através da literatura, pode-se descrever a cidade, contando a partir de versos ou prosas suas belezas e misérias, suas cores, cheiros e barulhos, de modo a fazer o leitor transformar essas palavras em sentidos e interpretações. Pode-se também fazer uma crítica ao sistema, à desigualdade e às injustiças cometidas, além de elogiar e exaltar suas culturas, suas diferenças, e declarar seu amor pela cidade. A análise de determinado lugar quando escrita em cartas e livros, transcende no tempo, pois, suas descrições, sensações e emoções estão registradas por meio das palavras. E estas poderão ser passadas por gerações, por meio de alguma tradição, e até mesmo serem eternizadas, pois são capazes de congelar a memória de algum fato ocorrido, como é o caso dos hinos de independência de cidades, estados e países.

Diálogos Urbanos como representações do espaço na região entre a Ladeira da Soledade e o Plano Inclinado da Liberdade (Salvador, Bahia, Brasil)Renata Inês Burlacchini Passos da Silva Pinto, UFBA1

1 G r a d u a ç ã o e m A rq u i t e t u r a e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (1993); licenciatura em Desenho e Plástica pela Universidade Federal da Bahia (1999), Mestrado em Desenho Urbano pela Universidade Federal da Bahia (2003) e Doutoranda (2013) no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura da UFBA.

CO-AUTORAS: Michele Meneses de Amorim; Lais Souto Novaes; Elisa Pedrosa Silva Bastos.

Estudantes do 4° Semestre do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia. Bolsistas Voluntárias no Projeto de Pesquisa – Narrativas Urbanas.

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As imagens, por sua vez, que compõem o diálogo imagético também estão intimamente ligadas às questões urbanas. O diálogo através das imagens é um grande meio de veiculação de ideias, mudanças e porque não dizer dos problemas, que acometem a urbe. Esta forma de representação é associada ao hábitat humano desde o princípio da história da humanidade. São reflexões sobre a cidade e a sociedade, às vezes mostradas de forma real ou não, muitas vezes distorcidas, enfatizando um determinado aspecto, outras meras abstrações do cotidiano. Através das representações imagéticas são adquiridas informações acerca do momento político, histórico, social ou cultural vivido pela cidade em algum instante do tempo. À medida que o período muda, mudam-se também os temas retratados, bem como, à organização e modelação física da cidade.

O artigo apresentado delimita para este estudo, o trecho entre a Ladeira da Soledade e parte do Espigão da Liberdade, localizados na cidade de Salvador, na Bahia. Esta área possui grande valor histórico cultural pela importância nas lutas pela Independência do Brasil. Misturam-se raças, mitos, credos, esperanças e expectativas de um dia ser lembrada não apenas em dias festivos. Região rica em manifestações e representações populares que compreendidos como diálogos urbanos são repletos de informações, significados e práticas de vida. Consequentemente, espera-se que o resultado deste trabalho seja utilizado na construção de uma cidade melhor e um espaço urbano mais democrático.

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Este trabalho iniciado em 2008 por uma proposta técnica desenvolvida na Secretaria Municipal de Cultura / Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (SMC/PCRJ) tem como objetivo principal o estudo e a análise da importância histórica e patrimonial dos edifícios que compõem o quadrilátero urbano delimitado pelas Avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, e Ruas Primeiro de Março e Sete de Setembro, centro da Cidade do Rio de Janeiro. Nesta época, a SMC/PCRJ solicitou as fichas cadastrais de 6 (seis) imóveis localizados nesta área. Cinco deles abrigaram antigas sedes de instituições financeiras estrangeiras. Inicialmente identificamos outras edificações de interesse ao Patrimônio Cultural que possivelmente abrigaram outras sedes de bancos e/ou estavam ligadas diretamente com a função financeira. Existiam outras ainda que não possuíam indícios desta ligação direta, mas construíam um conjunto urbano, fortalecendo as primeiras.

Caracterizamos a área como Centro Histórico Financeiro uma vez que é possível identificar uma concentração de edifícios de interesse cultural que abrigaram sedes de instituições financeiras, nacionais e estrangeiras, responsáveis pelas vidas política e econômica do nosso país, contribuindo para o seu desenvolvimento, inclusive o urbano.

As influências estilísticas arquitetônicas dos bens edificados e, principalmente, seus signos arquitetônicos referentes ao comércio e ao capital, refletem as épocas históricas diferenciadas pelas quais a área passou. Salvaguardar tais exemplares e, sobretudo, criar um ambiente urbano que os valorize e contextualize é de fundamental importância para a preservação da memória coletiva da cidade que foi, por séculos, sede do poder do país, em todas suas formas de representação.

Para efeito de identificar os centros históricos, a Carta de Restauro da Itália (1972) considera não apenas os antigos centros urbanos, assim tradicionalmente entendidos, mas também, de um modo geral, todos os assentamentos humanos cujas estruturas, unitárias ou fragmentárias,

F i g u r a 1 : E d i f í c i o S e g u r a d o r a Sulamérica (Ecletismo classicizante Luis XVI) (Fotografia do autor)

Estudo da ambiência definida pelos signos arquitecónicos: centro histórico financeiro da cidade do Rio de JaneiroLuiz Augusto dos Reis-Alves, DAU/IT/UFRRJ1

Mário de Oliveira Saleiro Filho, DAU/IT/UFRRJ2

TEMA I: CONCEITOS E MODELOS

ESTUDO DA AMBIÊNCIA DEFINIDA PELOS SIGNOS ARQUITETÔNICOS: CENTRO HISTÓRICO FINANCEIRO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.

REIS-ALVES, Luiz Augusto dos (1)

SALEIRO FILHO, Mário de Oliveira (2)

(1) Arquiteto, D.Sc., Professor Adjunto; Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Instituto de Tecnologia, UFRRJ. (e-mail: [email protected]);

(2) Arquiteto, D.Sc., Professor Adjunto; Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Instituto de Tecnologia, UFRRJ. (e-mail: [email protected])

RESUMO

Este trabalho iniciado em 2008 por uma proposta técnica desenvolvida na Secretaria Municipal de Cultura / Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (SMC/PCRJ) tem como objetivo principal o estudo e a análise da importância histórica e patrimonial dos edifícios que compõem o quadrilátero urbano delimitado pelas Avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, e Ruas Primeiro de Março e Sete de Setembro, centro da Cidade do Rio de Janeiro. Nesta época, a SMC/PCRJ solicitou as fichas cadastrais de 6 (seis) imóveis localizados nesta área. Cinco deles abrigaram antigas sedes de instituições financeiras estrangeiras. Inicialmente identificamos outras edificações de interesse ao Patrimônio Cultural que possivelmente abrigaram outras sedes de bancos e/ou estavam ligadas diretamente com a função financeira. Existiam outras ainda que não possuíam indícios desta ligação direta, mas construíam um conjunto urbano, fortalecendo as primeiras.

Caracterizamos a área como Centro Histórico Financeiro uma vez que é possível identificar uma concentração de edifícios de interesse cultural que abrigaram sedes de instituições financeiras, nacionais e estrangeiras, responsáveis pelas vidas política e econômica do nosso país, contribuindo para o seu desenvolvimento, inclusive o urbano.

As influências estilísticas arquitetônicas dos bens edificados e, principalmente, seus signos arquitetônicos referentes ao comércio e ao capital, refletem as épocas históricas diferenciadas pelas quais a área passou. Salvaguardar tais exemplares e, sobretudo, criar um ambiente urbano que os valorize e contextualize é de fundamental importância para a preservação da memória coletiva da cidade que foi, por séculos, sede do poder do país, em todas suas formas de representação.

Figuras 1 e 2: Edifício Seguradora Sulamérica (Ecletismo classicizante Luis XVI) e Associação dos Empregados do

Comércio (Art-déco). Rua do Ouvidor, n.70/72 e Rua da Quitanda, n.86 e Avenida Rio Branco, n.120, respectivamente.

(Fonte: foto do Autor, 2008).

1 A r q u i t e t o e U r b a n i s t a p e l a Universidade Santa Úrsula (2000), M e s t r e e m A r q u i t e t u r a p e l a Universidade Federal do Rio de Janeiro (2003) e Doutorado em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro com a Ècole d’Arch i tecture de Toulouse, França – ENSAT/GRECAU (2006). Graduação em andamento de Artes V isuais pela Univers idade Estadual do Rio de Janeiro

2 A r q u i t e t o e U r b a n i s t a p e l a Universidade Gama Filho (1981), Licenciatura em Arquitectura pela FA/UTL, Lisboa - Portugal (1988), Mestre (2001) e Doutor em Arquitetura pelo PROARQ/FAU/UFRJ (2009)

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

ainda que se tenham transformado ao longo do tempo, se hajam constituído no passado ou, entre muitos, os que eventualmente tenham adquirido um valor especial como testemunho histórico ou por características urbanísticas ou arquitetônicas particulares. Ainda na referida Carta, encontramos ainda a recomendação para a salvaguarda não somente dos elementos individuais, mas também do seu conjunto. Neste trabalho, aqui entendido como o conjunto arquitetônico indicado para a preservação.

Segundo a nossa análise ressaltamos as importâncias histórica e a patrimonial dos edifícios, da área e a sua definição como conjunto. É importante destacar a sua fragilidade uma vez que é uma área muito valorizada por dispor de toda a infraestrutura urbana, atraindo para si grandes empresas. Esta área está, no entanto, incluída no chamado Núcleo Histórico (Dec. 29411/08). Porém, o Núcleo Histórico não contempla o potencial patrimonial desta área e, por conseguinte, não salvaguarda os bens históricos da mesma.

O objetivo principal da proteção do patrimônio histórico não é a manutenção de todo e “qualquer edifício antigo”, mas sim a identificação daqueles que devem contribuir para a salvaguarda da história de nossa Cidade, de nosso País, enfim, de nossa cultura para as futuras gerações. Certos desta diretriz, tentamos nesta pesquisa identificar, selecionar e valorizar este pequeno trecho da linha do tempo de nossa história, qualificando as edificações mais representativas (indicadas para o tombamento) e respeitando o seu conjunto urbano (indicadas para a preservação) de modo a contextualizar e valorizar as primeiras.

Atualmente, ainda não existe nenhuma resposta oficial por parte da PCRJ em relação a este trabalho. Ressaltamos aqui que esta proposta não se coloca de modo nenhum como finalizada. Ela se abre para futuras discussões e desenvolvimentos.

F i g u r a 2 : e A s s o c i a ç ã o d o s Empregados do Comércio (Art-déco) (Fotografia do autor)

TEMA I: CONCEITOS E MODELOS

ESTUDO DA AMBIÊNCIA DEFINIDA PELOS SIGNOS ARQUITETÔNICOS: CENTRO HISTÓRICO FINANCEIRO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.

REIS-ALVES, Luiz Augusto dos (1)

SALEIRO FILHO, Mário de Oliveira (2)

(1) Arquiteto, D.Sc., Professor Adjunto; Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Instituto de Tecnologia, UFRRJ. (e-mail: [email protected]);

(2) Arquiteto, D.Sc., Professor Adjunto; Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Instituto de Tecnologia, UFRRJ. (e-mail: [email protected])

RESUMO

Este trabalho iniciado em 2008 por uma proposta técnica desenvolvida na Secretaria Municipal de Cultura / Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (SMC/PCRJ) tem como objetivo principal o estudo e a análise da importância histórica e patrimonial dos edifícios que compõem o quadrilátero urbano delimitado pelas Avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, e Ruas Primeiro de Março e Sete de Setembro, centro da Cidade do Rio de Janeiro. Nesta época, a SMC/PCRJ solicitou as fichas cadastrais de 6 (seis) imóveis localizados nesta área. Cinco deles abrigaram antigas sedes de instituições financeiras estrangeiras. Inicialmente identificamos outras edificações de interesse ao Patrimônio Cultural que possivelmente abrigaram outras sedes de bancos e/ou estavam ligadas diretamente com a função financeira. Existiam outras ainda que não possuíam indícios desta ligação direta, mas construíam um conjunto urbano, fortalecendo as primeiras.

Caracterizamos a área como Centro Histórico Financeiro uma vez que é possível identificar uma concentração de edifícios de interesse cultural que abrigaram sedes de instituições financeiras, nacionais e estrangeiras, responsáveis pelas vidas política e econômica do nosso país, contribuindo para o seu desenvolvimento, inclusive o urbano.

As influências estilísticas arquitetônicas dos bens edificados e, principalmente, seus signos arquitetônicos referentes ao comércio e ao capital, refletem as épocas históricas diferenciadas pelas quais a área passou. Salvaguardar tais exemplares e, sobretudo, criar um ambiente urbano que os valorize e contextualize é de fundamental importância para a preservação da memória coletiva da cidade que foi, por séculos, sede do poder do país, em todas suas formas de representação.

Figuras 1 e 2: Edifício Seguradora Sulamérica (Ecletismo classicizante Luis XVI) e Associação dos Empregados do

Comércio (Art-déco). Rua do Ouvidor, n.70/72 e Rua da Quitanda, n.86 e Avenida Rio Branco, n.120, respectivamente.

(Fonte: foto do Autor, 2008).

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Figura 1: Localização geral dos vestígios arqueológicos descobertos até ao momento no centro histórico de Carnide.

Carnide antigo: novas perspetivas através da ArqueologiaAna Caessa, CML1

Nuno Mota, CML 2

1Arqueóloga do Centro de Arqueologia de Lisboa (CML/DMC/DPC/CAL); Faculdade de Letras da Universidade de Porto.

2Arqueólogo do Centro de Arqueologia de Lisboa (CML/DMC/DPC/CAL); Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Fig. 1 – Localização geral dos vestígios arqueológicos descobertos até ao momento no centro histórico de Carnide.

Fig. 2 – Aspeto de um silo, em processo de escavação, entulhado com peças arqueológicas e a respetiva tampa.

No âmbito do Projecto de Requalificação do Largo do Coreto de Carnide e Ruas Adjacentes foram realizados trabalhos arqueológicos entre Março de 2012 e Abril de 2013. Os vestígios descobertos nesta intervenção permitem já considerar, até ao momento, esta zona central do núcleo histórico de Carnide como o maior celeiro rural abastecedor de Lisboa, entre o século XIV e o início do século XVII. Foram detectados e intervencionados, nesta campanha arqueológica, mais de uma centena e meia de silos escavados no substrato geológico (referidos em documentos de arquivo desde 1311). Encontrados em fase de abandono, servindo já de lixeira e, na grande maioria dos casos, cortados pelas terraplanagens que o espaço foi sofrendo ao longo do tempo, principalmente a partir do século XIX, forneceram espólio relevante em quantidade, qualidade e diversidade. Recolheram-se sobretudo peças de cerâmica comum de mesa e de cozinha, esmaltada, faiança e porcelana, fragmentadas ou mesmo intactas. Estes materiais, juntamente com os vidros, as moedas, os objectos em metal, os instrumentos musicais e os restos de alimentação (restos faunísticos diversos) refletem aspetos da dimensão social e económica da população de Carnide entre os fins do século XVI e os inícios do século XVII.

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Figura 2: Aspeto de um silo, em processo de escavação, entulhado com peças arqueológicas e a respetiva tampa.

Fig. 1 – Localização geral dos vestígios arqueológicos descobertos até ao momento no centro histórico de Carnide.

Fig. 2 – Aspeto de um silo, em processo de escavação, entulhado com peças arqueológicas e a respetiva tampa.

Esta intervenção permitiu ainda a identificação de um poço de origem provavelmente medieval, bem como de vestígios da antiga Ermida do Espírito Santo e da respectiva necrópole, o que juntamente com a mancha de distribuição dos silos conduz a reflexões sobre a evolução do sítio. Há muito a explorar sobre a localização da aldeia primitiva, em relação ao terreiro dos silos, à Igreja de São Loureço, à Ermida do Espírito Santo e respetivos cemitérios. Considerando as evidências arqueológicas detectadas, tudo parece indicar que a disposição urbanística do denominado centro histórico de Carnide seria diferente da atual, ficando por averiguar em futuros trabalhos de investigação o seu processo evolutivo e as dinâmicas associadas à transformação do espaço urbano.

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O turismo tornou-se um fator importante para o desenvolvimento das cidades que detém um património. No entanto, ele pode ser um elemento positivo ou produzir vários problemas, que vão desde a elevação do custo do solo, a perda de identidade local, a padronização do consumo e a gentrificação.

O património nacional brasileiro consolidou-se a partir da década de 1930, exigindo a criação de mitos que fundaram a identidade nacional. Com isso, cidades como Ouro Preto tornaram-se patrimónios importantes. No entanto, tornou-se necessário consolidar a ideia de uma cidade peculiar da história brasileira, onde os elementos do barroco e do colonial teriam que ser intensificados. Ao mesmo tempo, criou-se uma poderosa propaganda para o turismo local, onde nem sempre há uma relação desse património com a realidade histórica.

Desenvolvimento e preservação tornaram-se conceitos que na maioria das cidades acabaram tendo uma dificuldade significativa para aplicá-los em conjunto. No entanto, a cidade só pode desenvolver-se efectivamente se aceitar suas alteridades e suas transformações que o mundo contemporâneo impõe.

Um caso que pode ser tomado como exemplo paradigmático do crescimento desordenado e sem a interferência direta do Poder Público Municipal é o bairro de Vila Aparecida em Ouro Preto. Suas construções, em sua maioria de residências, foram edificadas de modo espontâneo, sem qualquer projecto urbano ou arquitetónico institucional e mesmo sem qualquer infra-estrutura provida pelo poder público.

Há neste bairro uma continuidade do modus aedificandi presente em uma tradição ouro-pretana exibindo formas de ocupação muito semelhantes a do período colonial e que, ao mesmo tempo, constitui um recorte urbano que contrasta, pelo menos em termos estilísticos, com a cidade patrimonial (Figuras 1 e 2).

Vila Aparecida é uma Ouro Preto que a Ouro Preto não quer ver, que o turista não quer visitar, que a prefeitura não quer aplicar a legislação. Entretanto, Vila Aparecida é também uma parte da cidade que reproduz

Figura 1: Ouro Preto – Centro pat r imon ia l e ao fundo V i la Aparecida (Fotografia do autor)

Paradigmas e contrastes: o património e a informalidadeMarcelo da Rocha Silveira, UFRJ1

1Arquiteto e Urbanista – FAU/UFRJ; Mestre em Filosofia – IFCS/UFRJ; Doutor em Arquitetura – PROARQ/UFRJProfessor adjunto da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

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sua arquitetura e sua espacialidade segundo os moldes da cidade formal, realizando um diálogo complexo com a dita cidade patrimonial. Ora ela procura reproduzir seus códigos construtivos, ora ela se contrapõe à espacialidade urbana daquilo que turistas e moradores formais gostariam de ver. Ela é tanto um produto de valorização excessiva do solo, quanto um prejuízo a paisagem que a cidade patrimonial desejaria consolidar.

Se desenvolvimento e preservação são conceitos que a maioria das cidades patrimoniais encontra uma razoável dificuldade de aplicá-los em conjunto, portanto, a pergunta que se levanta é: como possibilitar um projeto de futuro inserido na dinâmica contemporânea em uma cidade onde o património se relaciona a questões de identidades, tradições e interesses econômicos e políticos?

A interação entre as classes e os bairros poderia gerar a troca de experiências, e a multiplicidade passaria a fazer parte de uma identidade coletiva, que reconhece o património existente e agrega a ele os elementos constituintes dos novos tempos.

Talvez se deva pensar na criação de mecanismos para relacionamento mais consistentes e profundos entre os saberes locais, entre as diversas partes da cidade e entre os diferentes segmentos sociais e económicos que estão presentes na cidade como um todo. Acreditamos que não seja possível o desenvolvimento de tais mecanismos sem que haja um processo educativo amplo e que conte principalmente com a participação das instituições públicas de ensino superior e de formação de profissionais ligados ao património, à arte, à cultura.

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pergunta que se levanta é: como possibilitar um projeto de futuro inserido na dinâmica contemporânea em uma cidade onde o património se relaciona a questões de identidades, tradições e interesses econômicos e políticos?

A interação entre as classes e os bairros poderia gerar a troca de experiências, e a multiplicidade passaria a fazer parte de uma identidade coletiva, que reconhece o património existente e agrega a ele os elementos constituintes dos novos tempos.

Talvez se deva pensar na criação de mecanismos para relacionamento mais consistentes e profundos entre os saberes locais, entre as diversas partes da cidade e entre os diferentes segmentos sociais e económicos que estão presentes na cidade como um todo. Acreditamos que não seja possível o desenvolvimento de tais mecanismos sem que haja um processo educativo amplo e que conte principalmente com a participação das instituições públicas de ensino superior e de formação de profissionais ligados ao património, à arte, à cultura.

Figura 1: Ouro Preto – Centro patrimonial e ao fundo Vila Aparecida Fontes: o autor

Figura 2: Vila Aparecida Fonte: o autor

Figura 2: Vila Aparecida (Fotografia do autor)

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El Cabanyal, junto con El Grao, Malvarrosa y Nazaret constituyen el límite Este de la ciudad de Valencia con el mar Mediterráneo. El enclave privilegiado del ámbito propició su desarrollo morfo-tipológico y paisajístico singular, otorgándole además la condición de fachada marítima de la ciudad. El conjunto configura una pieza urbana con cualidades específicas que lo diferencian del resto de la ciudad, éstas son: su cultura tradicional, el particular funcionamiento socio-económico, sus características bioclimáticas y los recursos naturales de los que dispone.

Desde el año 1988, el Plan General de Ordenación Urbana de Valencia, incluye a El Cabanyal en la zona de Conjuntos históricos Protegidos; el valor patrimonial de este conjunto está fundamentado en su identidad morfológica y tipológica; para proteger estos valores fue declarado Bien de Interés Cultural en el año 1993.

El objetivo de la investigación ha sido analizar los caracteres tipológicos y morfológicos identificables en El Cabanyal y se ha desarrollado en base a unas hipótesis sobre la formación de los fenómenos urbanos cuya verificación nos ha permitido conocer las relaciones existentes entre una determinada forma urbana y los tipos edilicios residenciales derivados de ella; nos hemos basado en el uso residencial al ser mayoritario en el ámbito de estudio y la tipología de este uso uno de los factores principales de la permanencia morfológica de una estructura urbana.

Los acontecimientos estudiados en El Cabanyal nos han permitido constatar la existencia de un tipo de construcción popular, la barraca de pescadores, edificio surgido de la necesidad de habitar de una comunidad dedicada al oficio de la pesca, y reconstruir la continuidad de la arquitectura residencial a lo largo de la historia de este núcleo urbano, hasta llegar a definir las tipologías habituales derivadas de la barraca y su influencia en el parcelario.

El Cabanyal:La identidad de un tejido históricoRosa Pastor Villa, UPV1

1Arquitecta, Doutorada, Profesora del Departamento de Construcciones Arquitectónicas de la Universidad Politécnica de Valencia.

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

El proceso se inicia con la implantación de la barraca como edificio base de la comunidad de pescadores, dando comienzo la unificación de las residencias, no como adición de elementos independientes, si no en sociedad, creando una nueva parte de ciudad que funciona como un organismo autónomo.

Posteriormente un tipo nuevo sustituye al heredado y realiza una progresión autónoma hacia otros tipos, ligados a los anteriores al tener una matriz común y persistiendo las trazas de la implantación antigua en los límites entre propiedades, que se mantienen constantes, o bien con variaciones debidas a agregaciones y divisiones.

Así, el tipo base desde su condición de vivienda unifamiliar de una planta y por la ley de duplicaciones sucesivas produce edificios plurifamiliares de dos o más plantas, generándose en este proceso resultados morfológicos concretos denominados:

-Tipo A (AL, AC, AL1, AC1, A2) Unifamiliar en hilera (Fig. 1)-Tipo B (BL, BC, B2, B4) Plurifamiliar en hilera con una vivienda por planta -Tipo C (CL, CC, C2,C4) Plurifamiliar en hilera con dos viviendas por planta

El análisis de las muestras de los edificios residenciales de El Cabanyal y la lectura de algunas fases de su forma urbana, han permitido definir una relación entre la tipología edificatoria y la morfología urbana, validando la hipótesis de que sobre tal relación se basa la existencia del asentamiento en su conjunto edificado con un tejido urbano diferenciado del resto de la ciudad, derivado de la primera implantación.

Figura 1. Ficha Tipo AL (elaboración propia)

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Desde 1998 un Plan pretende abordar la conexión de la ciudad y el mar atravesando el tejido urbano de El Cabanyal (Fig. 2), destruyendo un gran número de viviendas protegidas y la alteración del tejido urbano característico del área.

Figura 2. Plano del proyecto lineal de tranvía y

barrio, 1865. Manuel Sorní. (Piñón 2000, 153)

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Cada vez mais nos vamos dando conta, quando praticado, um olhar atento e curioso sobre o que nos rodeia, que existem sítios, dotados de um potencial incrível, e que mereciam, de facto, um outro tipo de atenção e valor.

Deste modo, e aproveitando o tema deste Congresso, gostaria de apresentar e salientar uma tese que tem vindo a ser há algum tempo, tema de motivação e objeto de trabalho pessoal – a Cidade do Barreiro (caso paradigmático e de muita atualidade em Portugal).

A crise industrial acarretou consigo o desmantelamento e progressivo encerramento do Complexo Fabril e do percurso urbano da linha férrea desta cidade. Pontos cruciais, que outrora foram motivo de crescimento e expansão urbana (ver Imagem 1).

A questão que atualmente se verifica, diz respeito, à imagem de uma cidade dividida e fragmentada em duas zonas urbanas a Norte e a Sul, por uma “barreira física artificial” que chamamos de via-férrea. Porém, importa salientar, que a linha férrea, quando foi construída ladeava a Vila do Barreiro, não se levantando problemas de descontinuidade da Vila, porque, a margem sul (meados do seculo XIX) não existia, simplesmente.

Foi neste sentido, que se verificou o primeiro crescimento da Vila realizado no sentido Oeste, e neste contexto o entendimento que o Plano de Urbanização de 1957 do Arquiteto Cabeça Padrão prévia, considerando também a expansão da Vila para Oeste. Ao salientarmos que no plano se verificava o facto de a zona fluvial (incluindo as duas caldeiras e respetivos moinhos de maré e de vento de Alburrica), situada a poente da Vila, vir a ser escolhida como zona de expansão. Roubada ao mar por aterro, esta nova zona de expansão do Barreiro receberia o novo terminal da linha de caminhos-de-ferro da linha Sul e Sueste. Era esta, umas das fortes

Reconfiguração da Cidade Industrial:O Caso do BarreiroFilipa Varela Valadeiro1

1Arquitecta (ULHT)

Imagem 1: Barreiro – Ano de 1960. (Fonte: Camara Municipal do Barreiro – Departamento de Planeamento e Ordenamento do Território e Arquivo Histórico do Barreiro)

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

propostas urbanísticas estudadas numa altura em que a cidade ameaçava um crescimento e expansão feroz.

Foi de acordo com esta constatação que se coloca como questão de partida saber que tipos de políticas urbanas serão implementadas futuramente, de acordo com asprementes respostas que terão de ser dadas aos desafios que a cidade vai enfrentar na próxima década, evidenciando a importância da continuidade urbana, de modo a suprir barreiras, ruturas e heterogeneidades urbanas conhecidas nesta cidade.

Actualmente, a questão que se levanta, numa altura em que se vai constatando o progressivo desmantelamento industrial desta zona, e por sua vez, o futuro desaparecimento do “muro” (linha férrea), questionamo-nos sobre as questões que agora se levantam à articulação do núcleo antigo com o núcleo de expansão que nasceu, na segunda metade do século XX, do outro lado do “muro”.

Torna-se relevante salientar, deste modo, a importância da Futura Alameda Central (Proposta integrada no novo Plano de Urbanização do Barreiro, do Atelier RISCO), que ocupará a maior parte do espaço da linha férrea, que desaparecerá. Esta Alameda se assumirá como um factor de revalorização do núcleo antigo do Barreiro, sendo que a melhoria da mobilidade urbana (factor que François Ascher aponta como determinante no nosso século) passará muito na revalorização daquele núcleo, e por seguinte, na revalorização da frente ribeirinha desta cidade. Um espaço maravilhoso e encantador que suporta uma vista agradável sobre Lisboa. (Ver Imagem 2).

A Frente Ribeirinha ocupa uma importância fundamental nesta cidade, tanto pela sua história, tradição, património, características paisagísticas, naturais e ambientais lhe conferem um potencial único numa localização e relação com o Estuário do tejo igualmente únicas, constituindo um enorme valor para a vivência dos estuários do Tejo e Coina.

Imagem 2: Vista a Oeste da Cidade do Barre i ro, 2013. (Fonte: Camara Municipal do Barreiro – Departamento de Planeamento e Ordenamento do Território e Arquivo Histórico do Barreiro)

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

As várias políticas de actuação que vêm sendo aplicadas aos Centros Históricos definem conceitos e regras de intervenção que obrigam a uma gestão diferenciada de outras áreas da cidade. O conceito de Gestão Integrada traduz uma nova forma de interagir com vários parceiros, inclusive com a participação da população residente, obrigando a uma interacção espacial e especial de equipas a trabalhar no local. Esta experiência que ocorreu nas últimas décadas de equipas pluridisciplinares e concentradas na gestão dum espaço urbano delimitado poderá ser um exemplo para uma metodologia administrativa municipal versus uma gestão centralizada? Que novas experiências de gestão integrada, considerando a cidade no seu todo, incluindo o seu centro histórico, poderão e deverão ser praticadas?

Tema II

Gestão e políticas de intervenção

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Arquitecto, doutorado. Professor Titular de Universidad (Departamento de Construcciones Arquitectónicos de la Universidad Politécnica de Valencia). Professor de la Escuela Técnica Superior de Gestón en la Edificación y de la Escuela Superior de Arquitectura de la UPV. Director del Área de Cooperación al Desarrollo de la Universidad Politécnica de Valencia (2007-13). Director do Master de Gestión Integrada de Ciudades y Patrimonio Mundial (UNESCO). Vice Presidente da Associação Universidad y Património (Valencia). Comissário de 3 exposições internacionais sobre património (Paris, Buenos Aires e Bogotá). Coordenador e investigador responsável por diversos projectos de investigação I&D em Espanha. Participou e coordenou diversos cursos de pós graduação em Espanha, Portugal e México. Director de vários projectos de restauro de monumentos, entre eles o da Lonja de los Mercadores de Valencia, Consulado del Mar, igreja de La Compañia de Jesús, iglesia de San José, Ayuntamiento de Alcublas, estudo de los Silos de Burjassot e das Torres e Portal de Quart de Valencia.

Autor de diversas comunicações sobre a salvaguarda do património cultural realizadas em congressos e seminários em Argentina, Austrália, Cuba, Espanha, Líbano, Marrocos, Portugal, Canadá, Reino Unido e Holanda, e de várias outras publicações em revistas e livros científicos.

Nomeado pelo Ayuntamiento de Valencia como membro do comité científico para a inauguração do Palácio de Congressos de Valencia de Norman Foster.

3 primeiros prémios de arquitectura, um terceiro, uma menção e uma distinção, outorgados pelo Colégio de Arquitectos de Valencia, pela UPV e pelas empresas ISOVER e Dragados y Construcciones.

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palestra de abertura ao Tema II

Manuel Ramirez Blanco

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

resumo a incluir

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“Valen'a”  y  sus  valencias

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

comunicações ao Tema II

autores:

Eduardo Jorge Simões Ganilho

André Luiz de Araujo Oliveira

Helena da Graça Barros Pires

João Henrique dos Santos

Maria Clara Amado Martins

Nathalia Borghi Tourino Marins

Maria Clara de Oliveira Coura

Helena da Graça Barros Pires

Yan Graco Dantas Cafezeiro

Marluci Menezes

Giovanni Durán Polo

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

As cidades, locais de aglomeração populacional nas quais se estabelecem relações de vários tipos, sistemas complexos e interdependentes, desempenham um papel crucial como motores da economia, como espaços de ligação, de inovação e criatividade, e também enquanto centros de serviços para as áreas circundantes.

Os seus Centros Históricos, em geral a área mais antiga que se tornou progressivamente o centro da cidade moderna e que coincide normalmente com o núcleo de origem do aglomerado, ao qual se somaram outras áreas urbanas ao longo do tempo, são representativos de valores culturais, nomeadamente históricos, arquitetónicos, urbanísticos ou simplesmente afetivos, cuja memória importa preservar.

A crescente urbanização do mundo associada a questões globais de alteração climática, escassez de água, degradação ambiental, crise energética, deterioração da economia, globalização e exclusão social, para além de outros aspetos, exige que se equacione o futuro das cidades, pensadas, geridas e planeadas de acordo com um modelo de desenvolvimento sustentável.

As várias políticas de atuação correntemente seguidas conduzem a uma gestão diferenciada, entre Centro Histórico e outras áreas da cidade. No entanto, é importante que estas políticas apontem para uma gestão integrada, considerando a cidade no seu todo, incluindo o seu Centro Histórico com a sua especificidade, assente no conceito de cidade sustentável, conceito abrangente e transversal, ancorado num conjunto de princípios e diretamente relacionado com a implementação de boas práticas de gestão urbana, no contexto de uma realidade dinâmica.

Cidade e Centro Histórico devem constituir um espaço integrado de inovação, bem-estar social, cultural e seguro, entre outros aspetos, perante um cenário de crescimento e de uma profunda transformação da realidade urbana, onde questões socioeconómicas têm concorrido para o afastamento de quem habita aqueles espaços e o seu consequente esvaziamento.

A Cidade e o seu Centro Histórico:a necessidade de uma visão integradaEduardo Jorge Simões Ganilho1

1Doutorado, Professor no Instituto Superior de Gestão e Administração.

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Mas, estamos perante um processo de aprendizagem contínuo; tal como refere Michael Bloomberg, Presidente da Câmara de Nova Iorque: «Ninguém detém o monopólio das boas ideias, Nova Iorque continuará a aprender com as boas práticas de outras cidades e outros países». Há em muitos casos, e provavelmente continuará a haver no futuro, um hiato entre a cidade que se imagina e a cidade real onde se vive, trabalha e estuda ou se visita. Por outro lado, o património cultural e o património natural das cidades constituem bens insubstituíveis e inestimáveis. A sua degradação ou desaparecimento conduz a um empobrecimento do património não só do país, mas de toda a humanidade.

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

A proteção do patrimônio cultural urbano possui a sua “norma preservacionista” atrelada às diversas forças tensoras sobre tão importate “dispositivo de poder”: a produção e preservação do patrimônio cultural urbano. Nesse sentido, a atuação do estado brasileiro através de políticas preservacionistas de seleção, proteção, conservação e promoção do seu patrimônio cultural urbano estabeleceu a proteção de conjuntos urbanos através do “dispositivo” do tombamento, sobretudo, aqueles de valor histórico. Diluído entre materialidades e imaterialidades, esse conjuntos, também denominados de Centros Históricos, nas cidades brasileiras, resignificam-se sobretudo, à atenção de uma agenda atrelada ao marketing cultural e ao turismo, apelando à sustentabilidade e integração da população como modelo de desenvolvimento urbano social e econômico viável.

A lógica brasileira para uma política desenvolvimentista atrelada às práticas de preservação do patrimônio cultural urbano, e em especial para os Centros Históricos, tornou-se uma estratégia reiterada ao longo da trajetória do órgão preservacionista brasileiro, o Instituto do patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, quer através dos Planos de Cidades Históricas o PCH nas décadas de 1970; do programa Monumenta nos anos 2000; e recentemente, do Programa de Aceleraçao do Crescimento – PAC Cidades Históricas, lançado em 2009 com vigência projetada para até 2015.

Esse artigo pretende verificar a atuação do IPHAN sobre os Centros Históricos tombados nas cidades selecionados para o PAC Cidades Históricas, bem como compreender os desdobramentos dessa política preservacionista em curso. Através da análise do aporte de investimentos e sua gestão; bem como das ações selecionadas para interveções no Centros Históricos, sejam essas em conjunto, ou através das categorias

Centros Históricos no Brasil: a atuação do PAC - Cidades Históricas como política pública preservacionistas cultural urbanaAndré Luiz de Araujo Oliveira1

1Bacharel em Direito pela Universidade Católica do Salvador, UCSal; Mestre e D o u t o r a n d o e m A rq u i t e t u r a e Urbanismo pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia PPG/FAUFBA; aluno em estágio doutoral no Cent ro de Es tudos Soc ia i s da Universidade de Coimbra, CES/UC

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

elencadas pelo projeto (equipamentos culturais, instituições de ensino, igrejas históricas,museus, fortes e fortaleza, patrimônio ferroviário), procuraremos compreender a construção dessa política pública preservacionista, tendo como categorias de análise: os valores/referências do bem ou tecido histórico alvo de intervenções; os pactos e critérios para seleção e participação do PAC Cidades Históricas; os sujeitos, hegemônicos ou contra hegemônico e sua relação de pertencimento com o PAC. Isto posto, as ações preservacionistas brasileiras contemporâneas sobre os centros históricos urbanos protegidos pelo IPHAN através do Pac Cidades Históricas e seus desdobramentos na composição da “norma preservacionista” do patrimônio urbano recente, constituem a problemática em questão

deste artigo.

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Segundo Salgueiro (2005: 259), os centros históricos para além de serem “as partes mais antigas da cidade”, constituem-se como uma “sucessão de testemunhos de várias épocas, monumento que nos traz vivo o passado, nos dá a dimensão temporal com a sequência dos factos que estruturam as identidades”. Já Caetano (1999:15), refere que “O centro histórico, outrora constituía o centro vital da urbe no seu complexo social, meios urbanos de produção e de comércio, negócios e administração. Entretanto, a expansão física rompe este quadro, ao deslocalizar os sectores produtivos, administrativos e residenciais, dando lugar à desertificação e envelhecimento da população residente, à pobreza e à degradação da actividade económica e de edifícios.”

De norte a sul de Portugal, encontramos Centros Históricos de vilas ou cidades que se encaixam na descrição feita por Lucília Caetano ou Teresa Barata Salgueiro. Nalguns casos, devido ao estado de degradação eminente, as autarquias e o governo têm procurado dar resposta no sentido de solucionar os casos mais problemáticos.

Constatamos que nestes espaços são inúmeras as situações de imóveis parcialmente ou totalmente devolutos, a maioria dos quais correspondem a estados de degradação bastante avançados ou apresentam já más condições de habitabilidade

Face ao abandono que um grande número de centros históricos de algumas vilas de Trás-os-Montes tem sido alvo, será que se continua a justificar o Conceito de Centro Histórico?

Sabemos que os Centros Históricos são vistos como um livro de memórias com importantes referências aos que ai habitam e habitaram ao longo dos anos, e assim sendo seria inquestionável a necessidade de os preservar. Mas será isso que acontece?

Centros Históricos para quê?Helena da Graça Barros Pires1

1Licenciada em Arquitetura, Mestre em Reabilitação Urbana e Conservação do Património Arquitetónico Doutoranda em Estudos do Património

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Associando fatores económicos, sociais e institucionais começamos assistir a degradação destes centros designados de “Centros Históricos”, onde cada vez mais se torna evidente a perda da sua população para a periferia, a deterioração do parque habitacional intimamente ligado as “rendas baixas” e ao fraco poder de compra por parte dos inquilinos e onde a degradação do edificado chega ao estado de ruína e a evidente inexistência de comércio de proximidade.

Embora tenhamos comprovado que os centros históricos apresentam problemas comuns, os quais na sua maioria se prendem com os problemas acima mencionados, nas localidades mais pequenas a tendência é para a total desertificação mesmo que o objetivo tenha sido a salvaguarda e valorização do seu património.

Referências bibliográficasBARATA Salgueiro, Teresa; Paisagens Urbanas; in Medeiros, C. A. (coord.), Geografia de Portugal - Sociedade, Paisagens e Cidades, volume 2; Círculo de Leitores; Lisboa, 2005, pp.230-300.CAETANO, Lucília (1999) – “Reabilitação e Revitalização dos centros históricos urbanos. O exemplo de Zaragoza.” Cadernos de Geografia no 18. Coimbra, IEG, pp. 15-37.

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Há duas maneiras de se perceber as muitas camadas de uma cidade: a primeira é quando estas se superpõem em camadas arqueológicas; a outra é quando convivem lado a lado edificações de séculos diferentes em um mesmo logradouro. Tal é o caso da Rua Primeiro de Março, no Centro do Rio de Janeiro, uma rua em cujos pouco mais de 800 m convivem edificações que mostram os cinco séculos de história do Brasil.

Esta rua, que era a principal do Rio de Janeiro até o início do século XIX, ligando os centros de poder da cidade, da Ladeira da Misericórdia ao Morro de S. Bento, ainda hoje mantém seu papel de importante artéria da vida do Rio de Janeiro, passagem obrigatória de várias linhas de ônibus que interligam as zonas sul e norte da cidade, via pela qual trafegam milhares de habitantes da região metropolitana.

Convivem, lado a lado, edifícios modernos e contemporâneos com outros, históricos, muitos dos quais tombados, que ora mantiveram características e funções originais, ora com adaptações para outras funções. Tais adaptações, por vezes, descaracterizaram parcialmente os edifícios.

Ao se considerar o prolongamento da Rua, a Av. Pres. Antonio Carlos, podem ser observados outros testemunhos arquitetônicos que, em certa medida, complementam e ampliam o sentido multissecular da Rua Primeiro de Março. Tal abordagem não desvia o foco do logradouro de investigação, mas

sim reforça-o, pois uma rua não pode ser tomada isoladamente, mas deve obrigatoriamente ser compreendida dentro de sua inserção na malha urbana e na sua relação com os demais logradouros do entorno.

Portanto, o que se pretende nesta comunicação, que é parte de Projeto de Extensão em curso na Universidade Federal do Rio de Janeiro, é fazer uma apresentação desta importante rua do Rio de Janeiro e de seu patrimônio histórico, artístico e arquitetônico.

Primeiro de Março: quantos séculos cabem numa rua?João Henrique dos Santos1

Maria Clara Amado Martins2

Nathalia Borghi Tourino Marins3 Maria Clara de Oliveira Coura3

Helena da Graça Barros Pires3

1 Doutor em Ciência da Religião; Professor Adjunto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ.

2Arquiteta e Urbanista, Professora Adjunta da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, e é Doutora em Arquitetura

3Alunas de graduação do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ

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O Centro Histórico da cidade de Salvador da Bahia, maior e mais importante área contínua de monumentos tombados das Américas, foi por mais de três séculos o centro econômico, político e social do Brasil. A primeira capital do país possui o mais rico acervo artístico e arquitetônico do período colonial português e é reconhecido pela UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) como patrimônio mundial da humanidade desde 1985. Sua admissão pelo maior órgão de proteção à cultura do mundo deu-se por apresentar duas características importantes da lista de critérios de seleção para patrimônio mundial: por ser um exemplo de estrutura urbana da renascença (critério IV) e por ser um dos principais pontos de convergência das culturas europeias, africanas e ameríndias dos séculos XVI e XVIII (critério VI). Esse título foi importante para que o Centro Histórico de Salvador retomasse a atenção das autoridades, que desde o inicio do século XX vinham deixando a área passível de degradação. As políticas de proteção à área antiga da cidade, antes da inserção na lista da UNESCO, eram baseadas em restaurar monumentos isolados e fachadas de casarões com os recursos da EMBRATUR (Empresa Brasileira de Turismo), além da construção de os novos edifícios modernos, que substituíam os sobrados arruinados, ou tomavam lugar de terrenos baldios. Desenvolveram-se também adaptações de antigos prédios para suprir as necessidades da vida contemporânea. Não obstante o esforço, esses projetos não apresentavam um planejamento urbano maduro, nem apoio do governo, contrapondo as cartas patrimoniais que preconizavam que as intervenções nos centros históricos tivessem relação direta com o desenvolvimento da cidade como um todo. No inicio dos anos 1990, surge o primeiro plano de restauração em massa da cidade antiga, o qual se desenvolveu em sete etapas. Após vinte anos de intervenções sucessivas, a área central ainda sofre com o processo de abandono das classes populares, fomentadas pelas restaurações anteriores, que

O centro histórico de Salvador: património da humanidadeas políticas de conservação da primeira capital do Brasil, antes e depois da sua inclusão na lista do patrimônio mundialYan Graco Dantas Cafezeiro1

1Yan Graco Dantas Cafezeiro é Arquiteto e Urbanista formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA)

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seguiram as normas de Quito de 1967 e os projetos executados nos centros históricos do leste europeu, cujos escopos preconizavam a utilização do turismo como elemento fundamental para a requalificação das áreas antigas.

Este artigo objetiva analisar, e relacionar, o período precedente à inclusão do Centro Histórico de Salvador na lista da UNESCO e o desenvolvimento das políticas de restauração após 1985, ano da incorporação do conjunto no quadro do patrimônio mundial. Adicionalmente, reflete-se sobre a importância deste título para cidade de Salvador, as perspectivas futuras para a área antiga da primeira capital do Brasil e o desenvolvimento do atual programa de aceleração do crescimento das cidades históricas, plano assinado pela presidente da república em agosto do ano de 2013, o qual representa um importante avanço nas políticas de conservação do patrimônio histórico brasileiro.

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Com o objetivo de aprofundar as questões socioculturais que se colocam no âmbito de perspectivas de intervenção contemporânea em centro histórico, visa-se discutir o papel que a mistura social e funcional pode ter na promoção da sua revitalização e salvaguarda. Cientes de que o centro histórico de Lisboa tem sofrido com a perda da população, o envelhecimento, a desvitalização socio-económica e a degradação do seu tecido edificado; cientes ainda de que presentemente existem estratégias de reabilitação urbana que, em termos gerais, privilegiam a revitalização socio-económica a partir de um forte investimento no setor turístico, na requalificação do espaço público (por parte de privados), na economia cultural e na atractividade de sectores económicos de média/alta renda, sendo possível já observar algumas alterações na dinâmica socio-económica, cultural e espacial da cidade, perguntamo- nos: para que e para quem é o centro histórico que se está a intervir? De que se fala quando se diz intervenção urbana integrada? Interessa-nos discutir uma perspectiva de intervenção urbana integrada assente numa ocupação diversificada e diferenciada do território em termos das suas características sociais, económicas e culturais. Para sustentar este objetivo, faz-se uma breve revisitação histórica da organização socio-espacial da Baixa Pombalina, com vista a comentar os aspectos relacionados com a sua ocupação social, cultural e económico-funcional diversificada e diferenciada. Esta breve revisitação nos permitirá introduzir o interesse de pensar uma perspectiva de intervenção urbana integrada a partir de duas noções: mistura social e funcional.

Mistura social e funcional no centro histórico:contributos para pensar a intervenção urbana integrada a partir do caso da Baixa Pombalina em LisboaMarluci Menezes1

1Geógrafa, Mestre e Doutora em Ant ropo log ia , I nves t igadora do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC)

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ObjectivosCon esta ponencia se pretenden demostrar la importancia de las fases de: Información, Diagnóstico, Ordenación, Intervención y Gestión, para tener un área o centro histórico, vivo, habitado y de calidad.

Promover el concepto de Oficina de Gestión de un centro Histórico.

Fortalecer el concepto, de que el centro histórico puede ser el barrio de todos.(imagen 1)

Metodología.Los centros de las ciudades históricas presentan como cualquier otra zona problemas urbanísticos, sociales, ambientales etc; pero a la vez tienen consigo un valor agregado que no poseen el resto de barrios de la ciudad. El componente patrimonial, ya sea por la traza urbana, o por la calidad ambiental que ofrecen los inmuebles de interés arquitectónico, el paisaje o algunos usos del suelo, son los elemento diferenciadores, y a la vez la herramienta que lo hace atractivo frente a la presión que ejercen las nuevas promociones urbanísticas o los centros comerciales. (Imagen 2)

Es por eso que a través de la experiencia de haber trabajado en centros históricos en Europa y Centroamérica, les contaré las acciones desarrolladas en áreas patrimoniales. Mostraré cómo se afrontó el encuentro con cada uno de estos lugares, para emprender la fases de Información, donde se canalizó toda la información necesaria para estudiar cada caso, la de Diagnóstico; que nos permitió ver en qué estado se encontraban, palpar cómo se relacionaba el centro histórico con el resto de la ciudad, mostrar cuáles eran los problemas que lo afectaban y cuáles eran los potenciales que presentaban para competir en un mercado global.

La importancia de las fases de Información, Diagnóstico, Ordenación, Intervención y Gestión de áreas o centros históricosGiovanni Durán Polo, UA1

1Arquitecto, Mestre em Conservação do Património, Professor da Faculdade de Arquitectura da Universidad del Atlántico, Director do curso de Maestría en Conservación del Patr imonio (Barranquilla, Colombia)

Título de la ponencia: La importancia de las fases de Información, Diagnóstico, Ordenación, Intervención y Gestión de áreas o centros históricos.

Resumen de la ponencia:

Objetivos.

• Con esta ponencia se pretenden demostrar la importancia de las fases de: Información, Diagnóstico, Ordenación, Intervención y Gestión, para tener un área o centro histórico, vivo, habitado y de calidad.

• Promover el concepto de Oficina de Gestión de un centro Histórico. • Fortalecer el concepto, de que el centro histórico puede ser el barrio de

todos.(imagen 1)

Centro histórico de La Laguna- España

Imagem 1: Centro Histórico de La Laguna (Espanha)

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

También comentaré la importancia de la Ordenación, ya que es base legal y de normativa para haya un orden y un concepto, a la hora de saber qué es lo que se puede y lo que no, en una zona en la que el ciudadano tiene muchos mitos o antecedentes cuando quería intervenir en inmuebles protegidos. Además exploraré la fase Intervención, que es el momento saber cómo afrontar un ejercicio en el espacio público o en las edificaciones

La Gestión es la fase final que permitirá llevar a cabo todo eso que se planteó sobre el papel, es el momento para orientar, explicar, convencer, promover, incentivar al ciudadano a que cuidar el patrimonio es rentable y a la vez una obligación, y que no es una carga insalvable, aquí es el momento de sacar todas las cartas para lograr que el centro histórico este cada día más vivo, más habitado y que sea un lugar de calidad, para que el ciudadano lo vuelva a hacer suyo. (Imagen 8) (Imagen 9) (Imagen 10)

Los centros históricos habitados, con edificios bien conservados y unos espacios públicos ordenados, modernos y seguros, con las dotaciones y equipamentos necesarios, con un comercio de calidad, y con una oferta cultural constante, serán siempre un atractivo también para el turismo, pero primero deberán ser para el ciudadano, de lo contrario todo estará destinado al fracaso.

Metodología.

• Los centros de las ciudades históricas presentan como cualquier otra zona problemas urbanísticos, sociales, ambientales etc; pero a la vez tienen consigo un valor agregado que no poseen el resto de barrios de la ciudad. El componente patrimonial, ya sea por la traza urbana, o por la calidad ambiental que ofrecen los inmuebles de interés arquitectónico, el paisaje o algunos usos del suelo, son los elemento diferenciadores, y a la vez la herramienta que lo hace atractivo frente a la presión que ejercen las nuevas promociones urbanísticas o los centros comerciales. (Imagen 2)

Centro Histórico de San Salvador. El Salvador

Es por eso que a través de la experiencia de haber trabajado en centros históricos en Europa y Centroamérica, les contaré las acciones desarrolladas en áreas patrimoniales. Mostraré cómo se afrontó el encuentro con cada uno de estos lugares, para emprender la fases de Información, donde se canalizó toda la información necesaria para estudiar cada caso, la de Diagnóstico; que nos permitió ver en qué estado se encontraban, palpar cómo se relacionaba el centro histórico con el resto de la ciudad, mostrar cuáles eran los problemas que lo afectaban y cuáles eran los potenciales que presentaban para competir en un mercado global.

También comentaré la importancia de la Ordenación, ya que es base legal y de normativa para haya un orden y un concepto, a la hora de saber qué es lo que se puede y lo que no, en una zona en la que el ciudadano tiene muchos mitos o antecedentes cuando quería intervenir en inmuebles protegidos. Además exploraré la fase Intervención, que es el momento saber cómo afrontar un ejercicio en el espacio público o en las edificaciones

Imagem 2: Centro Histórico de San Salvador (El Salvador)

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As metodologias de intervenção na reabilitação de Centros Históricos baseiam-se numa análise exaustiva do lugar e na aplicação de políticas governamentais, normalmente, sob a forma de planos. Através desta prática é importante reflectir sobre os resultados alcançados. Quais as dificuldades e como superá-las? Qual a relação entre a requalificação do espaço público, afecta ao poder local, e a reabilitação arquitectónica, a cargo dos privados? Que novas metodologias de trabalho e que novos modelos de requalificação dinâmica a empreender face à sociedade contemporânea?

Tema III

Novas práticas e modelos de intervenção

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Estudou na Escola de Arquitectura do Porto (ESBAP/DA), terminando a licenciatura em 1986, na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa (FAUTL), com média geral de 16 valores. Formação pósgraduada no LNEC e na Universidade de Évora (Doutoramento). Entre outros, possui o Curso Conservation of Architectonic Surfaces, ASC-96 do ICCROM (Áustria, ICCROM e Bundesdenkmalamt).Doutor em Conservação do Património Arquitectónico pela Universidade de Évora (Maio de 2000). Investigador Auxiliar do LNEC (Setembro de 1999). Professor Auxiliar com Regência de História da Arquitectura II, Universidade Lusíada (Setembro de 1999). Desde Janeiro de 1986, integra os quadros de investigação do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) onde desenvolve estudos no domínio da conservação do património arquitectónico e urbano. Setembro de 1990, provas públicas, para Assistente de Investigação do LNEC, defendendo uma monografia original de título Reabilitação de Edifícios Habitacionais. Desde Maio de 2000, é Investigador-Auxiliar do LNEC.

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José Aguiar

palestra de abertura ao Tema III

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

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resumo a incluir

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

comunicações ao Tema III

autores:

Pedro Providência

Nelson da Silva Brito

André Duarte Baptista

Rosa Macedo

Gonçalo Furtado

Luís Mariz

Ana Luísa Velosa

João Coroado

Joana Santos

Ana Raquel Crespo

David Muñoz Arbona,

Alfonso González Luque

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

O estudo do núcleo urbano histórico da cidade de Coimbra (WALTER, 2001), é importante na medida em que, sendo esta cidade milenar,com vestígios arqueológicos de ocupação que remonta ao período romano e onde alguns dos edifícios correspondem a habitações medievais, não se encontra todavia irrecuperavelmente descaracterizada, apesar das demolições que ocorreram no período do Estado Novo para construção da Cidade Universitária, como também das intervenções desajustadas que têm sido realizadas, sobretudo na ultima década.

No presente trabalho apresentamos uma proposta de metodologia para a elaboração de um Plano de Cor do Centro Histórico de Coimbra (CHC). A área em análise (Figura 0.1) integra-se na zona classificada pela UNESCO como Património Mundial. O Plano de Revestimentos do CHC assume um papel de relevo no contexto desta classificação da Alta Universitária de Coimbra (Figura 0.1), e a sua definição exige a colaboração de múltiplas instituições. O estudo que pretendemos desenvolver, constitui um primeiro contributo para a concretização do referido Plano de Revestimentos.

Bases para um P lano de Acção da S a l v a g u a r d a d o s R e v e s t i m e n t o s e Acabamentos Tradicionais em Centros HistóricosO caso de estudo do Plano de Cor do Centro Histórico de CoimbraPedro Providência1

1Arquitecto, Mestre em Recuperação do Patr imónio Arqui tectón ico e P a i s a g í s t i c o , d o u t o r a n d o e m A r q u i t e c t u r a , D A R Q / F C T U C . Investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.

0.1 Planta de Coimbra: Área Património Mundial da Unesco – Universidade de Coimbra: Alta e Sofia (mancha laranja); Zona Tampão da Área Patrimonial da Unesco – Universidade de Coimbra: Alta e Sofia (mancha amarela); Área de Estudo (contorno encarnado)

Metodologia

Uma abordagem científica aos sistemas construtivos tradicionais exige que seja

caracterizado com precisão o objecto a intervencionar (AGUIAR, 2003), de modo a

adequar os materiais e métodos às características desse objecto, ou seja, torna-se

necessário executar as seguintes fases: análise, diagnóstico, solução e conclusão.

A Fase de conclusão, pressupõe a elaboração – tendo em conta os resultados obtidos

nas fases anteriores – de um processo de planeamento e projecto destinado a

organizar o restauro da facies da cidade histórica (Plano de Cor ou Planos de

Restauro e Renovação de Revestimentos e Superfícies Históricas), procedendo à

integração controlada de novos projectos e à reparação de eventuais dissonâncias

Imagem 1: Planta de Coimbra: Área Património Mundial da Unesco – Universidade de Coimbra: Alta e Sofia (mancha laranja); Zona Tampão da Área Patrimonial da Unesco – Universidade de Coimbra: Alta e Sofia (mancha amarela); Área de Estudo (contorno encarnado)

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

MetodologiaUma abordagem científica aos sistemas construtivos tradicionais exige que seja caracterizado com precisão o objecto a intervencionar (AGUIAR, 2003), de modo a adequar os materiais e métodos às características desse objecto, ou seja, torna-se necessário executar as seguintes fases: análise, diagnóstico, solução e conclusão.

A Fase de conclusão, pressupõe a elaboração – tendo em conta os resultados obtidos nas fases anteriores – de um processo de planeamento e projecto destinado a organizar o restauro da facies da cidade histórica (Plano de Cor ou Planos de Restauro e Renovação de Revestimentos e Superfícies Históricas), procedendo à integração controlada de novos projectos e à reparação de eventuais dissonâncias

acompanhando os projectos em curso, avaliando-os e integrando os resultados no processo de recuperação.

A presente comunicação tem por objectivo o estudo desenvolvido no CHC mediante os pressupostos referidos, ou seja, a caracterização da "epiderme", designadamente, das cores, das texturas, dos revestimentos, das superfícies arquitetónicas, entre outros elementos que marcam a evolução da imagem urbana da Coimbra antiga até à dos nossos dias e pretende criar uma base de apoio à definição de um Plano de Cor. Em concreto, procura-se caracterizar as opções que determinaram os ciclos cromáticos encontrados nos revestimentos e acabamentos históricos do CHC, desde a Idade Média até à atualidade, e caraterizá-las no contexto das dinâmicas sociais, económicas e políticas. Esta análise permitirá confrontar os estudos desenvolvidos no CHC em 2002 (PROVIDÊNCIA, 2004) - que recorreram a uma abordagem iconográfica baseada na comparação de pinturas dos séculos XIX e XX, tendo a informação referente aos revestimentos, constante nas representações do CHC, sido confrontadas in situ e laboratorialmente (Figura 0.2) (PROVIDÊNCIA, 2012), com a realidade presente (Figura 0.3) (PEIXOTO et. al., 2013).

ConclusõesEspera-se que os resultados obtidos sejam um contributo significativo para a requalificação da imagem urbana histórica, e permitam estabelecer metodologias susceptíveis de aplicação a outras cidades históricas com problemas similares. O meio sociotécnico (autarquias, proprietários, projectistas, executantes, indústria da construção) das cidades com tecidos históricos que necessitem de recuperação poderá receber uma contribuição valiosa pela disponibilização de informação sistematizada que hoje apenas existe de forma avulsa, contribuindo para a promoção da

acompanhando os projectos em curso, avaliando-os e integrando os resultados no

processo de recuperação.

A presente comunicação tem por objectivo o estudo desenvolvido no CHC mediante

os pressupostos referidos, ou seja, a caracterização da "epiderme", designadamente,

das cores, das texturas, dos revestimentos, das superfícies arquitetónicas, entre

outros elementos que marcam a evolução da imagem urbana da Coimbra antiga até à

dos nossos dias e pretende criar uma base de apoio à definição de um Plano de Cor.

Em concreto, procura-se caracterizar as opções que determinaram os ciclos

cromáticos encontrados nos revestimentos e acabamentos históricos do CHC, desde a

Idade Média até à atualidade, e caraterizá-las no contexto das dinâmicas sociais,

económicas e políticas. Esta análise permitirá confrontar os estudos desenvolvidos no

CHC em 2002 (PROVIDÊNCIA, 2004) - que recorreram a uma abordagem

iconográfica baseada na comparação de pinturas dos séculos XIX e XX, tendo a

informação referente aos revestimentos, constante nas representações do CHC, sido

confrontadas in situ e laboratorialmente (Figura 0.2) (PROVIDÊNCIA, 2012), com a

realidade presente (Figura 0.3) (PEIXOTO et. al., 2013).

0.2 Analise das pré-existências cromáticas 2002/2007: Carta de Síntese

0.3 Analise das existências cromáticas 2013: Carta de Síntese

acompanhando os projectos em curso, avaliando-os e integrando os resultados no

processo de recuperação.

A presente comunicação tem por objectivo o estudo desenvolvido no CHC mediante

os pressupostos referidos, ou seja, a caracterização da "epiderme", designadamente,

das cores, das texturas, dos revestimentos, das superfícies arquitetónicas, entre

outros elementos que marcam a evolução da imagem urbana da Coimbra antiga até à

dos nossos dias e pretende criar uma base de apoio à definição de um Plano de Cor.

Em concreto, procura-se caracterizar as opções que determinaram os ciclos

cromáticos encontrados nos revestimentos e acabamentos históricos do CHC, desde a

Idade Média até à atualidade, e caraterizá-las no contexto das dinâmicas sociais,

económicas e políticas. Esta análise permitirá confrontar os estudos desenvolvidos no

CHC em 2002 (PROVIDÊNCIA, 2004) - que recorreram a uma abordagem

iconográfica baseada na comparação de pinturas dos séculos XIX e XX, tendo a

informação referente aos revestimentos, constante nas representações do CHC, sido

confrontadas in situ e laboratorialmente (Figura 0.2) (PROVIDÊNCIA, 2012), com a

realidade presente (Figura 0.3) (PEIXOTO et. al., 2013).

0.2 Analise das pré-existências cromáticas 2002/2007: Carta de Síntese

0.3 Analise das existências cromáticas 2013: Carta de Síntese

Imagem 2: Analise das pré-existências cromáticas 2002/2007: Carta de Síntese

Imagem 3: Analise das existências cromáticas 2013: Carta de Síntese

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

economia de cidades que cada vez mais dependem de uma utilização adequada do seu património urbano.

BibliografiaAGUIAR, José, Cor e Cidade histórica, Estudos cromáticos e conservação do património. Porto: Grupo Edições FAUP, 2003.PEIXOTO, P.; PROVIDENCIA, P.; ABRANTES, J.. Dos pigmentos tradicionais às cores sintéticas. A sustentabilidade da paisagem urbana no centro histórico de Coimbra. In: Atas do III Congreso Iberoamericano y XI Jornadas Técnicas de Restauración y Conservación del Patrimonio, 2013, La Plata, 2013.PROVIDÊNCIA, Pedro - A cor do Centro Histórico de Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, Coimbra: 2012.PROVIDÊNCIA, Pedro; “A epiderme” do Centro Histórico de Coimbra, algumas considerações, Construção Magazine N.o 11, 2004.ROSSA, Walter, DIVERCIDADE, Urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da Universidade, Dissertação de Doutoramento em Arquitectura (especialidade de Teoria e História da Arquitectura) apresentada à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2001.

Este trabalho tem o apoio da FCT e FEDER através da bolsa SFRH/BD/60389/2009 e do projeto FCT PTDC/AUR-URB/113635/2009.

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

A atualização da envolvente construída às necessidades e anseios dos tempos é um fenómeno recorrente na relação entre o homem e o espaço que habita, uma ação transformadora que produz os suportes da nossa memória coletiva. E neste contexto a intervenção no património existente constitui uma oportunidade de reescrita e de adequação das respostas às necessidades e expectativas individuais e coletivas.

Utilizando um caso de estudo situado em Coimbra, na zona de proteção da área recentemente reconhecida pela UNESCO, demonstra-se que estes edifícios existentes, os “novos” que em épocas passadas cumpriam os exigentes requisitos e necessidades de uma época que nos precedeu e conformou, têm potencial para atingir as exigências de “Necessidades Quase Nulas de Energia“ (NZEB) definidas para os edifícios novos em 2020.

A aposta numa atualização dos edifícios existentes baseada no reconhecimento das preexistências e na qualidade e conforto adequadas às exigências previstas na Europa para 2020 teria ainda como vantagem o aumento da atratividade do edificado, reduções mensuráveis de consumos/emissões dos edifícios e reduções contextuais decorrentes da densificação dos centros das cidades e racionalização de transportes e infraestruturas.

É demonstrado que a análise aprofundada destes cenários – que variam de caso a caso, de casa a casa – é essencial para garantir a eficiência energética e qualidade ambiental interior dos edifícios, uma parte relevante das expectativas atuais e futuras destas áreas e seus utilizadores; e que a sistematização desta análise, agora valorizada no contexto europeu,

Centros Históricos: lugares de exclusão ou catalisadores para a inovação?Nelson da Silva Brito1

1 A r q u i t e c t o ( D A R Q / U F T U C ) , doutorando em Arquitectura (UFTUC/MIT).

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

permitirá uma redução significativa de custos e a consolidação de conhecimentos para a integração de outros parâmetros igualmente relevantes.*

*Sobre este tema o autor foi convidado para apresentar em Janeiro de 2014 na Facade Tectonics 2014, Los Angeles a comunicação “Upgrade Towards Efficacy” relativa ao potencial de uma rede de caracterização de edifícios existentes alicerçada na capacidade dos Centros de Investigação e Universidades, estando prevista a abordagem deste tema na comunicação e na apresentação.

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

A reabilitação de um centro histórico depende muito do plano subjacente, que estabelece as premissas a seguir e os objectivos a alcançar. Os planos estratégicos deveriam resultar da articulação entre a legislação em vigor e a análise do Lugar. Se as obras são definidas pelos planos e se estes resultam da análise do Lugar, importa saber que análise tem sido feita e de que forma se reflecte nos planos em vigor. A legislação indica que essa análise deve centrar-se na Identidade do Lugar: arquitectura, urbanismo, população, habitat, património, economia, história, cultura..... Será que os planos em vigor conseguem transmitir essa Identidade?

A informação facultada é, geralmente, fragmentada e planimétrica, pouco esclarecedora da qualidade espacial, revelando-nos essencialmente a estrutura fundiária, perfis e índices urbanísticos. E a Identidade? Não seria útil a divulgação dos elementos da análise do lugar?

Tendo em conta que os centros históricos foram, na sua maioria, elementos dinâmicos capazes de se adaptarem às circunstâncias de cada época/sociedade, torna-se fundamental conhecer a evolução da sua matriz urbana ao longo dos séculos, assim como a sua relação com as dinâmicas de crescimento da restante urbe e se essa reconfiguração comprometeu ou não a Identidade do Lugar.

Apresenta-se como caso de estudo, o centro histórico de Torres Vedras. Após um rigoroso estudo do seu plano estratégico de reabilitação, verifica-se a ausência de um documento complementar que permita conhecer a sua morfologia urbana, questão ‘sine qua non’ na afirmação da Identidade de qualquer Lugar. Esta lacuna não é inédita, já que a esmagadora maioria das cidades portuguesas não beneficia de um documento desta importância. Na maioria dos casos, são desenvolvidas

O lugar como simbiose:o centro histórico de Torres VedrasAndré Duarte Baptista1

1Mestre em Arquitectura pela ULHT, estagiário na CM de Torres Vedras.

André Duarte Baptista O Centro Histórico no Novo Paradigma Urbano

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

2

O estudo da génese fundacional do Lugar e do seu enquadramento histórico

é fundamental para o entendimento do valor patrimonial enquanto conceito subjacente às políticas de reabilitação dos centros históricos. Conhecer a sua evolução urbana e os polos de atracção do crescimento periurbano, permite-nos perceber quais os elementos essenciais que caracterizam a morfologia urbana, cujo desaparecimento, colocaria em causa a Identidade do conjunto. Por outro lado possibilita-nos reflectir sobre a continuidade de outros, cujo desaparecimento poderia beneficiar a harmonia e sustentabilidade do todo. A construção e a demolição, o avanço e o recuo, estiveram sempre presentes na evolução das urbes. Um centro histórico é como um corpo composto por várias células e que não podemos dissociar, as partes do todo. Mas também não é menos verdade, que qualquer célula necessita de se regenerar.

Acreditamos que a percepção das dinâmicas de desenvolvimento da matriz urbana dos centros históricos e a sua relação com a restante cidade, podem e devem contribuir para alcançar soluções inovadoras que promovam a revitalização destas zonas adormecidas através do combate à sua sacralização e consequente “museificação”.

Fig. 2 - Reconstituição do crescimento urbano da vila, durante o séc. XIX. (Autor, 2013)

Figura 1- Reconstituição da Vila Medieval, anterior à provável Ampliação do séc. XIV. Autor,2013)

Imagem 1: Reconstituição da Vila Medieval, anterior à provável ampliação do séc. XIV. (desenho do autor)

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

reconstituições pontuais, numa determinada época e desenvolvidas segundo a interpretação de um determinado autor, mas desligadas e sem um fio condutor que permita comparações, através de plantas ‘rigorosas’ assentes sobre a mesma base. Tendo em conta que a matriz urbana é uma das premissas fundamentais da Identidade, julga-se primordial o exercício de reconstituição do seu desenvolvimento urbano. Tal exercício ajuda a sensibilizar os mais conservadores, para o facto de estas zonas antigas nunca terem sido estáticas, mas sim dinâmicas, capazes de se adaptarem aos novos desafios e que foi essa capacidade que permitiu-lhes chegar ao séc. XXI, através de processos de reconfiguração, uso e manutenção.

O estudo da génese fundacional do Lugar e do seu enquadramento histórico é fundamental para o entendimento do valor patrimonial enquanto conceito subjacente às políticas de reabilitação dos centros históricos. Conhecer a sua evolução urbana e os polos de atracção do crescimento periurbano, permite-nos perceber quais os elementos essenciais que caracterizam a morfologia urbana, cujo desaparecimento, colocaria em causa a Identidade do conjunto. Por outro lado possibilita-nos reflectir sobre a continuidade de outros, cujo desaparecimento poderia beneficiar a harmonia e sustentabilidade do todo. A construção e a demolição, o avanço e o recuo, estiveram sempre presentes na evolução das urbes. Um centro histórico é como um corpo composto por várias células e que não podemos dissociar, as partes do todo. Mas também não é menos verdade, que qualquer célula necessita de se regenerar.

Acreditamos que a percepção das dinâmicas de desenvolvimento da matriz urbana dos centros históricos e a sua relação com a restante cidade, podem e devem contribuir para alcançar soluções inovadoras que promovam a revitalização destas zonas adormecidas através do combate à sua sacralização e consequente “museificação”.

André Duarte Baptista O Centro Histórico no Novo Paradigma Urbano

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

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O estudo da génese fundacional do Lugar e do seu enquadramento histórico

é fundamental para o entendimento do valor patrimonial enquanto conceito subjacente às políticas de reabilitação dos centros históricos. Conhecer a sua evolução urbana e os polos de atracção do crescimento periurbano, permite-nos perceber quais os elementos essenciais que caracterizam a morfologia urbana, cujo desaparecimento, colocaria em causa a Identidade do conjunto. Por outro lado possibilita-nos reflectir sobre a continuidade de outros, cujo desaparecimento poderia beneficiar a harmonia e sustentabilidade do todo. A construção e a demolição, o avanço e o recuo, estiveram sempre presentes na evolução das urbes. Um centro histórico é como um corpo composto por várias células e que não podemos dissociar, as partes do todo. Mas também não é menos verdade, que qualquer célula necessita de se regenerar.

Acreditamos que a percepção das dinâmicas de desenvolvimento da matriz urbana dos centros históricos e a sua relação com a restante cidade, podem e devem contribuir para alcançar soluções inovadoras que promovam a revitalização destas zonas adormecidas através do combate à sua sacralização e consequente “museificação”.

Fig. 2 - Reconstituição do crescimento urbano da vila, durante o séc. XIX. (Autor, 2013)

Figura 1- Reconstituição da Vila Medieval, anterior à provável Ampliação do séc. XIV. Autor,2013)

I m a g e m 2 : R e c o n s t i t u i ç ã o d o crescimento urbano da vila, durante o séc. XIX (desenho do autor)

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Assistimos hoje à reconfiguração de práticas de ocupação do tecido urbano, movidas pelo desejo de produzir em áreas urbanas consolidadas novos tecidos urbanos. Tal compreende uma mutação em todos os princípios orientadores da intervenção urbana, na medida em que o olhar sobre o edifício, originalmente visto como o fim de uma proposta urbana, apresenta-se hoje como o início dessa mesma proposta. A cidade existente, torna-se o ponto de (re)produção de tecidos urbanos que reconfiguram o sistema geral das suas conexões.

Se por um lado Philipp Oswalt, em Hypotheses on urban shrinking in the 21 st century, referiu que, num futuro próximo, se prevê depararmo-nos com o fenómeno de cidades a encolher - neste sentido não é mais pela expansão que se intervém, mas pela (re)ocupação dos territórios já existentes e construídos; numa outra perspectiva, Rem Koolhaas em What Ever Happened to Urbanism?, referiu que o novo urbanismo - construção dos novos tecidos urbanos - nunca mais será relativo ao que é "novo", apenas ao "mais" e " modificado", e que para sobreviver terá que se imaginar uma nova novidade, operada globalmente, não ocasionalmente, através da arquitectura.

Assim, interessar-nos-à no presente artigo “(re)ver o centro histórico”, focando o olhar na reabilitação urbana do presente século, uma vez que entendemos que esta permite: 1) despertar ou promover a estima da população residente pela protecção da identidade local; 2) desenvolver actividades de tradição - que produzem desenvolvimento económico; 3) promover o incremento de qualidade ambiental dos centros urbanos contemporâneos - pela conservação de recursos, preservação e requalificação do edificado e espaço público; 4) por despertar a união social.

(Re)ver o centro histórico.Mutação dos paradigmas da reabilitação urbana no norte de Portugal

Rosa Macedo, PDA-FAUP1

Gonçalo Furtado, PHD, FAUP2

1Arquitecta, Mestre em Reabilitação Urbana, doutoranda na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto.

2Arquitecto, Mestre em Arquitetura e C u l t u r a U r b a n a n a M e t ro p o l i s (Universidad Politécnica da Catalunya, Espanha) e doutorado em Teoria e História da Arquitetura na Bartlett (Un ivers i ty Co l lege o f Londres, Inglaterra)

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Para tal, analisaremos a mutação da reabilitação de centros urbanos do Norte de Portugal, onde analisaremos um conjunto de parâmetros específicos, referentes às cidades de Viana do Castelo, Ponte de Lima, Braga, Porto e Guimarães, compreendidos de 1985 até a actualidade.Julga-se fundamental compreender um processo de mutação dos paradigmas de reabilitação urbana, que torne possível o restabelecimento de metodologias de intervenção capazes de salvaguardar a continuidade temporal, dinamizar os centros urbanos, manter a população residente e (re)activar o comércio com tradição e valores de fixação/identificação com o que é local, das nossas cidades portuguesas.

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

A identidade das vilas e cidades portuguesas está normalmente expressa no respectivo centro histórico que, pela sua natureza, é uma das áreas mais sensíveis. A malha urbana e os edifícios têm, grosso modo, um acumulado de intervenções sedimentadas por gerações de planeadores e de utilizadores. Se bem que cada centro possua as suas especificidades próprias, é na malha urbana que as mutações temporais são menos sentidas (mais estáveis), sendo as construções mais voláteis e logo mais sujeitas a adaptações e transformações. Neste último conjunto, os edifícios singulares como sistemas defensivos (muralhas, castelos), edifícios religiosos (mosteiros, igrejas e sés, paços eclesiásticos) e nobiliárquicos (paços e palácios) sofreram intervenções de adaptação, ampliação, e de remodelação ao longos dos séculos mas, os demais edifícios que enchem estas áreas são bem mais efémeros no seu desenho (aspeto). A evolução, ou mutação, das faces dos povoados históricos é particularmente sentida nos materiais empregues, podendo dizer-se com alguma segurança que, com exceção dos edifícios singulares, os restantes datam na sua maioria de épocas posteriores ao século XVIII. Previamente, com o recurso a materiais de construção em terra, argila e madeira com raros elementos líticos de função estrutural, as construções eram mais efémeras, após esse século o recurso a elementos líticos (calcário, granito e xisto, consoante a endogenia geológica do local de construção) as volumetrias permanecem mais estáveis. Este ciclo é quebrado com a introdução do cimento Portland já no início do século XX. Neste século práticas construtivas são aceleradas mas vários motivos – congelamento das rendas no pós Segunda Guerra Mundial e crescimento urbano nas periferias e o desinvestimento nas áreas consolidadas no período após entrada na Comunidade Económica Europeia – irão contribuir para a manutenção de uma imagem urbana (com exceção citada dos edifícios singulares) que foi alcançada no período da Revolução Industrial. Contudo não foram isentas as intrusões arquitetónicas nestas áreas quer com novos volumes que substituem volumes antigos ou sua alteração/adaptação quer com a substituição dos materiais de revestimento.

“Velhos mater ia is” de revest imento, identidade e modernidadeLuís Mariz, UA1

Ana Luísa Velosa, UA2

João Coroado, IPT3

Joana Santos, ESAD4

1Licenciado em Pintura, especialista em Reabilitação do Património Edificado e doutor em Conservação e Restauro. Investigador em pós-doutoramento no GeoBioTec e no Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro (DecUA)

2Licenciada, mestre e doutorada em Engenharia Civil. Professora Associada do DecUA

3Licenciatura em Geologia, mestrado em Geoquímica e doutoramento em Geociências. Professor Coordenador e Director da Escola Super ior de Tecnologia de Tomar do Instituto Politécnico de Tomar

4 L i c e n c i a t u r a e m D e s i g n d e E q u i p a m e n t o e d o u t o r a d a e m Arquitetura de Interiores e Equipamento

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

A história e a qualidade destas alterações têm sido insuficientemente analisada no contexto da valoração patrimonial sob a luz das Cartas do Património e de outros textos doutrinários que indicam a não recomendação da sua eliminação. A questão que se levanta é: o que é histórico? Sem esboçar resposta, é consensual que material, tecnológica e esteticamente as alterações introduzidas no século passado não alcançam a riqueza e a diversidade de outrora. É percetível, em especial nos centros urbanos de Lisboa, Porto por exemplo, que alguns edifícios abandonados há décadas apresentam soluções construtivas e de acabamento (revestimento) tradicionais em deficit funcional (revelam anomalias) mas tantos outros, com manutenção adequada, apresentam adequação operativa. Os novos materiais incorporados no passado recente pelas caracter íst icas dos const i tu intes apresentam comportamentos mecânicos, módulo de elasticidade, níveis de permeabilidade ao vapor por vezes não compatíveis conduzindo a durabilidade menor das soluções, para além de aparentemente serem diferenciados.

Deve o património ser protegido através de técnicas conservativas e quando estas se mostrem insuficientes através do restauro com o objetivo de o legar às gerações vindouras, contudo há ocasiões em que as soluções construtivas manifestam degradações fortes não será ético a implementação de falsos históricos – uma vez que eticamente cada intervenção deve espelhar o tempo da sua concretização – assim está aberto um caminho para o desenho de soluções contemporâneas que assentem na história, de forma adequada e integrada em edifícios antigos e atuais.

Duas soluções foram analisadas particularmente – barramentos e azulejaria – sendo que foram aplicadas metodologias distintas. No caso do barramento foi realizado um levantamento cromático de uma seleção de edifícios com recurso a espectrofotómetro (Konica-Minolta CM700d), e estão a ser ensaiadas formulações seguindo a bibliografia da época (Figura 1). No caso da azulejaria estão a ser desenhados variações de padrões antigos e produzidos modelos físicos com base em um

desenhados variações de padrões antigos e produzidos modelos físicos com base em um levantamento prévio de padrões de azulejo com a sua caracterização formal (dimensão, volume, cor, esquema de simetria, módulo e unidade mínima, por exemplo) e com base nestes elementos (cor, ritmos e módulos) apresentam-se possibilidades processuais de “novos” padrões a integrarem edifícios que apresentem necessidades de renovação de acabamento, minimizando intrusões arquitectónicas que interrompem ritmos visuais urbanos descaracterizadores (Figura 2). A introdução de soluções destas tipologias pode constituir uma outra possibilidade que projetistas (urbanistas e arquitetos) podem implementar em edifícios que apresentem lacunas significativas ou em edifícios que não apresentem revestimentos antigos. Esta técnica de intervenção não substitui as técnicas de preservação do património (conservação e restauro) mas constitui-se como via alternativa, pois potencia o conhecimento das técnicas antigas, e o seu ressurgimento, e permite de forma evidente que cada época deixe a sua marca, respeitando a herança histórica do edifício, como está veiculado nos documentos de referência para a intervenção em zonas históricas.

Figura 1. Três edifícios da região de Ovar com revestimentos coloridos (por caiação e dois barramentos); ensaio de campo com barramentos pigmentados.

a) b) Figura 2. a) Padrão tradicional do século XIX produzido por exemplo pela Fábrica das Devesas, Vila Nova de Gaia. b) Recriação do padrão geométrico anterior construído na base triangular (ou hexagonal), no presente caso havendo a manutenção da paleta cromática.

Imagem 1: Três edifícios da região de Ovar com revestimentos coloridos (por caiação e dois barramentos); ensaio de campo com barramentos pigmentados

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

levantamento prévio de padrões de azulejo com a sua caracterização formal (dimensão, volume, cor, esquema de simetria, módulo e unidade mínima, por exemplo) e com base nestes elementos (cor, ritmos e módulos) apresentam-se possibilidades processuais de “novos” padrões a integrarem edifícios que apresentem necessidades de renovação de acabamento, minimizando intrusões arquitectónicas que interrompem ritmos visuais urbanos descaracterizadores (Figura 2).

A introdução de soluções destas tipologias pode constituir uma outra possibilidade que projetistas (urbanistas e arquitetos) podem implementar em edifícios que apresentem lacunas significativas ou em edifícios que não apresentem revestimentos antigos. Esta técnica de intervenção não substitui as técnicas de preservação do património (conservação e restauro) mas constitui-se como via alternativa, pois potencia o conhecimento das técnicas antigas, e o seu ressurgimento, e permite de forma evidente que cada época deixe a sua marca, respeitando a herança histórica do edifício, como está veiculado nos documentos de referência para a intervenção em zonas históricas.

desenhados variações de padrões antigos e produzidos modelos físicos com base em um levantamento prévio de padrões de azulejo com a sua caracterização formal (dimensão, volume, cor, esquema de simetria, módulo e unidade mínima, por exemplo) e com base nestes elementos (cor, ritmos e módulos) apresentam-se possibilidades processuais de “novos” padrões a integrarem edifícios que apresentem necessidades de renovação de acabamento, minimizando intrusões arquitectónicas que interrompem ritmos visuais urbanos descaracterizadores (Figura 2). A introdução de soluções destas tipologias pode constituir uma outra possibilidade que projetistas (urbanistas e arquitetos) podem implementar em edifícios que apresentem lacunas significativas ou em edifícios que não apresentem revestimentos antigos. Esta técnica de intervenção não substitui as técnicas de preservação do património (conservação e restauro) mas constitui-se como via alternativa, pois potencia o conhecimento das técnicas antigas, e o seu ressurgimento, e permite de forma evidente que cada época deixe a sua marca, respeitando a herança histórica do edifício, como está veiculado nos documentos de referência para a intervenção em zonas históricas.

Figura 1. Três edifícios da região de Ovar com revestimentos coloridos (por caiação e dois barramentos); ensaio de campo com barramentos pigmentados.

a) b) Figura 2. a) Padrão tradicional do século XIX produzido por exemplo pela Fábrica das Devesas, Vila Nova de Gaia. b) Recriação do padrão geométrico anterior construído na base triangular (ou hexagonal), no presente caso havendo a manutenção da paleta cromática.

Imagem 2: a) Padrão tradicional do século XIX produzido por exemplo pela Fábrica das Devesas, Vila Nova de Ga ia . b ) Rec r i ação do padrão geométrico anterior construído na base triangular (ou hexagonal), no presente caso havendo a manutenção da paleta cromática

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A análise morfológica urbana começa a desenvolver-se no seguimento da revolução industrial, quando o urbanismo foi introduzido como uma nova disciplina científica, e teve nas suas origens as linhas de trabalho precursoras da Alemanha no final do Séc. XIX. Surge no momento em que as cidades, em virtude do seu crescimento acelerado, passam a atrair o olhar dos estudiosos interessados em compreender o seu desenvolvimento ao longo do tempo, os problemas decorrentes desse desenvolvimento e as suas implicações urbanísticas a nível social, espacial, político e económico. No desenvolvimento do estudo do urbanismo, as bases da morfologia urbana foram sendo progressivamente construídas por duas escolas de pensamento: A escola Inglesa (Análise Histórico- Geográfica) e a escola Italiana (Análise Tipo-Morfológica).

O presente trabalho, realizado no âmbito da investigação para dissertação de mestrado, teve como objecto em análise a cidade enquanto local com atributos morfológicos que se modificam ao longo do tempo e procurou contribuir para exploração do potencial que a criação de métodos, que articulam o carácter histórico e geográfico da estrutura urbana com a análise morfológica, tem no planeamento.

Num primeiro momento, realizou-se um estudo teórico sobre as metodologias que estabeleceram as bases teóricas da análise morfológica. O método utilizado consistiu, inicialmente, na selecção dos principais autores teóricos da área da morfologia urbana, e posteriormente no agrupamento de forma sintetizada dos seus principais objectivos, conceitos, e procedimentos metodológicos. Esta metodologia revelou-se bastante prolífica e permitiu dar resposta a um dos objectivos desta dissertação que consiste na compreensão das metodologias desenvolvidas no âmbito da abordagem morfológica da cidade, na relação entre a evolução histórica e as suas fases de crescimento, bem como entre o planeamento urbano e a conservação da cidade histórica.

Um Método de Análise Urbana Para a Cidade Histórica: a Colina do Castelo e AlfamaAna Raquel Crespo1

1Mestrado Integrado em Arquitectura na Universidade Técnica de Lisboa – Instituto Superior Técnico

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Num segundo momento explorou-se a vertente prática da aplicação do conhecimento adquirido e da proposta de um método através do estudo de caso na Colina do Castelo e Alfama. Importa referir que, para uma amostra da área em estudo, aplicaram-se as 6 fases do método proposto, que integra um modelo hierárquico e a análise da legislação em vigor. Deste modo, conseguiu-se responder ao objectivo de verificar a viabilidade da aplicação do método proposto através da elaboração de caso de estudo e, determinar princípios e parâmetros capazes de orientar ações de intervenção e/ou urbanização em centros históricos, com vista à sua conservação.

Em suma, provou-se que o método utilizado no estudo de caso, fundamentado numa base teórica consistente, permite identificar carências, definir princípios orientadores e parâmetros capazes de direccionar ações de intervenção em centros históricos com vista à sua conservação. Fez-se evidência que a análise da morfologia urbana pode trazer valores de referência para efeitos de gestão, e simultaneamente salientar que o estudo aprofundado das principais características construtivas dos edifícios, e a forma como é vivenciado o espaço urbano, podem dar orientações valiosas para a integração das preocupações da arquitetura actual em modelos de conservação urbana.

Fica provada a pertinência da temática desta dissertação com base na corrente necessidade de articular discursos de diferentes autores, e de relacionar e integrar políticas urbanas e nas práticas correntes de gestão urbanística. A conservação urbana deve de ser entendida como um instrumento de planificação, e por isso, as acções de conservação urbana devem de estar ao serviço dos habitantes do espaço urbano proporcionando-lhes melhorias nas suas condições de vida e habitabilidade.

RESUMO !A análise morfológica urbana começa a desenvolver-se no seguimento da revolução industrial, quando

o urbanismo foi introduzido como uma nova disciplina científica, e teve nas suas origens as linhas de

trabalho precursoras da Alemanha no final do Séc. XIX. Surge no momento em que as cidades, em

virtude do seu crescimento acelerado, passam a atrair o olhar dos estudiosos interessados em

compreender o seu desenvolvimento ao longo do tempo, os problemas decorrentes desse

desenvolvimento e as suas implicações urbanísticas a nível social, espacial, político e económico. No

desenvolvimento do estudo do urbanismo, as bases da morfologia urbana foram sendo

progressivamente construídas por duas escolas de pensamento: A escola Inglesa (Análise Histórico-

Geográfica) e a escola Italiana (Análise Tipo-Morfológica).

O presente trabalho, realizado no âmbito da investigação para dissertação de mestrado, teve como

objecto em análise a cidade enquanto local com atributos morfológicos que se modificam ao longo do

tempo e procurou contribuir para exploração do potencial que a criação de métodos, que articulam o

carácter histórico e geográfico da estrutura urbana com a análise morfológica, tem no planeamento.

Num primeiro momento, realizou-se um estudo teórico sobre as metodologias que estabeleceram as

bases teóricas da análise morfológica. O método utilizado consistiu, inicialmente, na selecção dos

principais autores teóricos da área da morfologia urbana, e posteriormente no agrupamento de forma

sintetizada dos seus principais objectivos, conceitos, e procedimentos metodológicos. Esta

metodologia revelou-se bastante prolífica e permitiu dar resposta a um dos objectivos desta

dissertação que consiste na compreensão das metodologias desenvolvidas no âmbito da abordagem

morfológica da cidade, na relação entre a evolução histórica e as suas fases de crescimento, bem

como entre o planeamento urbano e a conservação da cidade histórica.

Imagem 1 – Tabela comparativa entre os modelos de Kropf, Conzen e Caniggia.

Imagem 1: Tabela comparativa entre os modelos de Kropf, Conzen e Caniggia

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Fonte: Autora

Num segundo momento explorou-se a vertente prática da aplicação do conhecimento adquirido e da

proposta de um método através do estudo de caso na Colina do Castelo e Alfama. Importa referir que,

para uma amostra da área em estudo, aplicaram-se as 6 fases do método proposto, que integra um

modelo hierárquico e a análise da legislação em vigor. Deste modo, conseguiu-se responder ao

objectivo de verificar a viabilidade da aplicação do método proposto através da elaboração de caso de

estudo e, determinar princípios e parâmetros capazes de orientar ações de intervenção e/ou

urbanização em centros históricos, com vista à sua conservação.

Imagem 2 – Síntese do levantamento realizado na área em estudo. Fonte: Autora

Imagem 2: Síntese do levantamento realizado na área em estudo. Fonte: Autora

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

“Los naturales de la ciudad de Ceuta, ha merecido, por muchos títulos de fidelidad a mi serbicio, que se les cuide con particularidad de su consuelo y alivio. Y así ordeno a la Junta de Portugal que, a las pretensiones que tubieren, atiendan a su lealtad y a la satisfacción con que de ella me hallo”

Decreto de Felipe IV, a 9 de marzo de 1652

Es curioso que siendo Ceuta una ciudad estratégica, cuya geopolítica la hace española y europea estando en África y siendo una de las “columnas de Hércules”, según la mitología grecorromana, sea aún “la gran desconocida”. La fusión cultural de Ceuta, no sólo a través aquel patrimonio histórico-artístico que nos han legado pasadas civilizaciones, sino nuestra realidad actual, en la que convivimos españoles de diferentes confesiones: cristianos, musulmanes, judíos, hindúes y otras creencias minoritarias, hace que se presente como un caleidoscopio y crisol de culturas. Este año presentamos las experiencias del pasado “VII Encuentro de alumnado investigador” que versó sobre “Ceuta y la Constitución de 1812” en las “VII Jornadas de Patrimonio para jóvenes”, organizadas por la Guía Educativa:”Ceuta te enseña” dependiente de la Consejería de Educación, Cultura y Mujer de la ciudad autónoma de Ceuta.

Ceuta: entre Portugal y Castilla. un recorrido por la geopolítica, sociedad, arquitectura defensiva y urbanística de la plaza en la Edad ModernaDavid Muñoz Arbona1

Alfonso González Luque2

1Professor de Geografía, Historia e Historia del Arte no i Ist ituto de Enseñanza Secundaria Abyla de Ceuta.

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Imagem 1: Plano de la Plaza de Zeuta

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Vemos necesario extrapolar a otros jóvenes estudiantes de secundaria y poder compartir con ellos y dar conocer nuestra historia y cuidar y velar por nuestro patrimonio, colaborando con otras instituciones como el Centro UNESCO de Ceuta y la Fundación Crisol de Culturas.

Este proyecto de investigación abarca momentos y espacios diferentes como referentes causales y consecuencias propias del devenir histórico, de ahí que partamos de hechos del siglo XV, ya que Ceuta fue tomada por Portugal en 1415 y tuvo especial importancia en el marco nacional e internacional del siglo XVII. La transformación en diferentes ámbitos: institucional, político, social, defensivo y urbanístico de la plaza lusa en la monarquía hispánica y su posterior castellanización con Felipe IV. A lo largo del XV, los portugueses dominaron la navegación, inventaron instrumentos náuticos, perfeccionaron la cartografía del mundo conocido y establecieron un fuerte monopolio comercial con Oriente buscado nuevas rutas que no tuvieran que ser únicamente por el Mediterráneo.

Aunque hemos hecho un revisionismo historiográfico de la historia de la ciudad a lo largo del siglo XVII y XVIII, la obra fundamental investigada es la crónica de la historia de Ceuta que realizó el presbítero Alejandro Correa de Franca (1673-1750), cuyo manuscrito que esta en la Biblioteca Nacional de Madrid, excepcional fuente y guía para la investigación. Ya no sólo en conocer la lista de gobernadores civiles y militares de la ciudad, sus parentescos, su relación con la corona (primero portuguesa, y después Portuguesa-Hispánica), también analiza a través de los hechos de la villa, la “desaparición de la monarquía de los Austrias y la llegada de las nueva dinastía borbónica”. Todo ello, con un ejemplar análisis del asedio de Mulay Ismail. El Archivo General de Simancas y su colección Imagio Hispaniae, custodia planos cartográficos en lo que se observa la evolución en fortalezas defensivas de la ciudad a la que le fue concedida la carta por parte Rey Felipe IV, del título de Noble, Leal y Fidelísima Ciudad de Ceuta

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Imagem 2 : Ba l ua r t e de Ceu ta (Fotografia do autor)

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Os Centros Históricos no Novo Paradigma Urbano

Programa

Dia 1 (2 de Abril de 2014)

09h00 - Recepção aos Participantes09h30 - Sessão de Abertura10h00 - Conferência Inaugural (oradores a confirmar) coffee break11h30 - 1ª Sessão Plenária - Professora Doutora Cêça Guimaraens13h00 - Intervalo de Almoço14h30 - Apresentação de Comunicações (Tema I) coffee break16h30 - Apresentação de Comunicações (Tema I)

Dia 2 (3 de Abril de 2014)

09h30 - 2ª Sessão Plenária - Professor Doutor Manuel Ramirez Blanco coffee break11h00 - Apresentação de Comunicações (Tema II)13h00 - Intervalo de Almoço14h30 - Apresentação de Comunicações (Tema II) coffee break16h30 - Apresentação de Comunicações (Tema II)

Dia 3 (4 de Abril de 2014)

09h30 - 3ª Sessão Plenária - Professor Doutor José Aguiar coffee break11h00 - Apresentação de Comunicações (Tema III)13h00 - Intervalo de Almoço14h30 - Apresentação de Comunicações (Tema III) coffee break16h30 - Conclusões e Sessão de Encerramento

Dia 4 (5 de Abril de 2014)

Visita de estudo a Elvas (a confirmar). Partida de autocarro, da ULHT, às 9h30.