concepção, gestão e avaliação de projectos projectos em animação sociocultural
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Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Projectos em Animação Sociocultural
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Observações prévias
A animação sociocultural (e o seu planeamento) foram conceptualizados a partir da prática ou a partir duma reflexão centrada na acção (Sempere, 2004);
A intervenção sociocultural, muito centrada na acção e intervenção activista, descurou, de alguma forma, a programação e planificação prévia;
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Observações prévias
Torna-se necessário conciliar a resposta pontual e próxima com a programação e planificação, que permita trabalhar com uma determinada perspectiva (Sempere, 2004);
É preciso encontrar alguns referentes que permitam edificar uma metodologia de elaboração de projectos de animação sociocultural (Sempere, 2004);
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Observações prévias
Será possível estabelecer uma metodologia própria (Sempere, 2004)?
Os campos de acção, os destinatários, os territórios, as organizações são muito diversas;
As características individuais e grupais dos recursos humanos dum projecto, nos seus diferentes níveis, têm um peso significativo;
As diferentes características das organizações (forma jurídica, finalidade social, etc.) condicionam os elementos de constituição duma metodologia e uma forma específica de concretizar as acções;
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Observações prévias
A elaboração de projectos está condicionada pelos seguintes níveis (Sempere, 2004):
Pessoal-Profissional (contribuições individuais das pessoas e características diferenciadas dos profissionais);
Grupal-Equipa (aspectos criativos e ideológicos, critérios e características da equipa);
Institucional-Organizacional (cultura organizativa, opções e objectivos das organizações);
Formal-Legal (adequação às normas administrativas e às formas jurídicas).
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Observações prévias
Não existe uma metodologia própria aplicável, em termos gerais, a todos os campos e possibilidades da animação sociocultural (Sempere, 2004);
Há, porém, esforços de sistematização (linhas argumentais de elaboração);
Os profissionais, as equipas e as organizações têm de edificar as suas próprias formas de acção e de decidir quais as opções metodológicas a tomar (Sempere, 2004);
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Observações prévias
O projecto de animação sociocultural (Sempere, 2004):
É uma forma de exteriozação de ideias, capacidades e interpretações duma situação determinada;
É o resultado formalizado dum processo de reflexão que permite conhecer e apresentar as opções de intervenção;
Demonstra uma capacidade de previsão e de antecipação a uma situação analisada;
É uma ferramenta de gestão e um instrumento de trabalho em equipa que permite organizar a execução e realizar um processo de avaliação completo.
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Fases iniciais/bases contextuais/diagnóstico
Ponto de partida, antecedentes, aspectos contextuais e situação interna da organização:
O ponto de partida refere-se às condições encontradas no início da elaboração do projecto;
É preciso estudar em pormenor o conjunto de situações que motivaram e influíram na tomada de consciência da necessidade duma intervenção;
Devem-se analisar os condicionalismos positivos e negativos do ambiente envolvente;
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Fases iniciais/bases contextuais/diagnóstico
Ponto de partida, antecedentes, aspectos contextuais e situação interna da organização:
O projecto não se pode conceber à margem da realidade da organização que o vai desenvolver; é necessário detectar os limites e as possibilidades desta para adequar o projecto à sua realidade e ponderar os conteúdos, os objectivos e as prioridades da intervenção;
O processo de análise interna da organização permite-nos definir os pontos fortes e fracos dessa organização, e a tê-los em conta na elaboração, gestão e avaliação do projecto.
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Bases contextuais do projecto (Sempere, 2004):
Finalidades sociais:
Finalidades sociais, valores dominantes, estados de opinião que fundamentam o projecto;
Dinâmica territorial:
Características do ambiente territorial (bairro, cidade, região, país);
Dados demográficos, económicos, sociais com interesse para o projecto;
Função do projecto no âmbito territorial; Relações entre o território e a finalidade do projecto;
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Bases contextuais do projecto (Sempere, 2004):
Dinâmica sectorial:
Descrição geral do âmbito de intervenção do projecto (infância, juventude, terceira idade, etc.);
Aspectos gerais do âmbito da intervenção que têm importância para o projecto;
Função do projecto no sector de incidência;
Políticas sociais, educativas e culturais:
Políticas dos diferentes agentes relacionadas com os conteúdos e objectivos do projecto; orientações gerais e modelos predominantes; competências das diferentes administrações públicas;
Relações e papel do projecto com as políticas;
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Bases contextuais do projecto (Sempere, 2004):
Necessidades e pedidos problemáticos:
Estudo das necessidades sociais e culturais a que o projecto pretende dar resposta;
Diagnóstico sobre a problemática a intervir; Tipos e níveis de procura social em que o projecto se baseia.
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Análise interna da organização que assume o projecto
Trajectória e objectivos passados:
História, experiência anterior, actividades realizadas, imagem e prestígio, implantação territorial, relações institucionais, etc.;
Estrutura formal:
Forma jurídica, estrutura, organigrama, pessoas, funções, capacidades, etc.;
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Análise interna da organização que assume o projecto
Funcionamento interno:
Funcionamento da organização em termos de comunicação, tomada de decisões, gestão e coordenação, sistemas de planificação e controlo, etc.;
Recursos disponíveis:
Disponibilidade de recursos humanos (sua qualificação e experiência), económicos e financeiros, infra-estruturais, de coordenação, de informação e conhecimento, de comunicação, etc.;
Outros elementos internos a ter em conta;
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Importância do diagnóstico:
"Quanto melhor conhecermos um território, melhor seremos capazes de realizar um projecto de desenvolvimento bem adaptado. Uma boa identificação dos pontos fortes e fracos da zona (trunfos, vectores de inovação, principais carências, "trancas" ao desenvolvimento, etc.) vai facilitar a construção de uma dinâmica de desenvolvimento duradouro. Este conhecimento vai também permitir uma melhor avaliação dos efeitos do processo de desenvolvimento em curso" (Campagne et al, 1994: 13).
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O diagnóstico deve indicar claramente (Cristovão e Silva, 2003):
As tendências de fundo observáveis no espaço de intervenção no que diz respeito à demografia, economia, alojamento, vida social e cultural, etc.;
estruturas demográficas e sociais (idade, sexo e distribuição física da população; taxas de dependência, escolaridade; taxas de nascimento e de mortalidade; emigração);
economia local (estrutura de produção e emprego/desemprego);
infra-estruturas físicas e sociais (transportes, telecomunicações, alojamento, de saneamento e saúde pública, hospitais, instituições de ensino, facilidades recreativas e culturais, etc.);
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O diagnóstico deve indicar claramente (Cristovão e Silva, 2003):
As categorias da população mais atingidas pelos problemas sociais, económicos e culturais;
As iniciativas e os projectos que sejam desde já portadores de inovação;
Os "obstáculos" que é preciso ultrapassar e, consequentemente, as acções que será necessário realizar nos domínios social, económico, cultural;
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
O diagnóstico deve indicar claramente (Cristovão e Silva, 2003):
A envolvente institucional (os organismos intervenientes formal e informalmente constituídos);
Os recursos (internos e externos) que será necessário mobilizar para as diferentes acções;
As forças e as fraquezas do conjunto e das diferentes zonas do espaço de intervenção;
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
O que se faz (etapas) no diagnóstico:
O diagnóstico de um território visa estabelecer o que é preciso saber para agir sobre o espaço de intervenção e reunir as informações necessárias para esse fim;
Identificam-se os problemas (assume-se que há necessidades e aspectos a melhorar na realidade sociocultural pelo projecto);
Analisa-se a evolução prognóstica dos problemas, prevendo-se as repercussões que eles possam vir a ter (Cristovão e Silva, 2003);
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
O que se faz (etapas) no diagnóstico:
Determinam-se as causas dos problemas, os factores de risco associados e as inter-relações que existem entre eles;
Determinam-se as necessidades reais ou sentidas pelos grupos alvo;
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Fases do diagnóstico:
Pré-diagnóstico (fase exploratória);
Diagnóstico (recolha e análise da informação);
Estabelecimento de prioridades para a intervenção.
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Características do diagnóstico:
Deve ser (Cristovão e Silva, 2003):
Suficientemente alargado; Suficientemente aprofundado; Sucinto; Suficientemente rápido; Suficientemente claro; Corresponder às necessidades do próprio processo de
planeamento.
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Características do diagnóstico:
Deve ter como requisitos importantes (Cristovão e Silva, 2003):
A descrição preferencialmente quantitativa da situação;
O conhecimento dos factores que a determinam;
A análise da sua evolução e perspectivas;
A avaliação — se é ou não satisfatória.
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Como operacionalizar o diagnóstico (Campagne et al. (1994):
Identificar o que é preciso saber para agir sobre uma realidade sociocultural;
Decidir quais são as metodologias mais bem adaptadas para reunir as informações correspondentes;
Realizar o processo concreto de recolha da informação;
Efectuar um tratamento e análise dos dados recolhidos;
Traduzir estas conclusões – ou seja o diagnóstico - em componentes básicas de uma estratégia de intervenção.
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Porquê o diagnóstico participado (Cristovão e Silva, 2003):
Para tirar pleno partido dos conhecimentos, competências, dinâmicas e recursos existentes a nível local;
Para obter a adesão e o apoio dos actores locais nos esforços conduzidos para a abordagem dos problemas essenciais e soluções possíveis;
Para encorajar a "apropriação" local dos projectos de modo a que o desenvolvimento possa ser duradouro.
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Quem deve ser incluído no diagnóstico participado (Cristovão e Silva, 2003):
Os grupos específicos a envolver são determinados pelo contexto social e cultural:
Os responsáveis políticos, económicos e associativos locais;
Os membros dos grupos de interesses económicos, sociais e culturais locais: associações de agricultores, de jovens, de idosos, grupos profissionais, etc.;
A população no seu conjunto: no trabalho, em casa, na
aldeia, no bairro, etc.
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Técnicas quantitativas e qualitativas de diagnóstico:
Pesquisa documental
Inquéritos por questionário
Entrevistas
Pesquisa de Consenso:
Brainstorming (produção de ideias, sem crítica e avaliação); Técnica de grupo nominal (agregar julgamentos com base na
racionalidade/criatividade) Técnica de Delphi (consenso sobre um tópico, conduzido
através de via postal) Aproximação a informantes-chave (entrevista pessoal a
experts);
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Técnicas quantitativas e qualitativas de diagnóstico:
Análise de problemas
Análise de stakeholders
Análise do grupo alvo
Análise de parcerias
Análise de enquadramento institucional
Análise SWOT
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Matriz de análise SWOT:
Para facilitar a compreensão e a utilização da informação obtida, ela pode organizar-se na matriz SWOT;
É uma técnica sintetizadora e simplificadora do diagnóstico;
Na análise SWOT (strenghts, weeknesses,
opportunities and threats) explicitam-se quais os pontos fortes e fracos duma realidade social específica e as oportunidades e ameaças do meio envolvente a essa realidade;
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Matriz de análise SWOT:
As oportunidades e os pontos fortes correspondem aos aspectos positivos da realidade a melhorar (quantidade e qualidade dos recursos disponíveis, etc.);
As ameaças e os pontos fracos correspondem aos aspectos negativos da realidade a melhorar (constrangimentos políticos e sociais, deficiências estruturais e na dotação de recursos, etc.);
Depende de juízos de valor por parte do analista,
que representa mais ou menos explicitamente os interesses específicos locais e/ou extra-locais.
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Matriz de análise SWOT:
SStrenghts
WWeaknesses
Aspectos negativosAspectos positivos
OOpportunities
TThreats
Inte
rno
Ext
ern
o
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Matriz de análise SWOT: Exemplos de Forças (elementos internos)?
Número satisfatório de equipamentos para a prática desportiva;
Política municipal de apoio ao fomento da actividade desportiva;
População jovem;
Abundância de recursos hídricos;
Concelho atractivo em termos culturais e de lazer;
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Matriz de análise SWOT: Exemplos de Forças (elementos internos)?
Actividades económicas com forte probabilidade de expansão;
Disponibilidade por parte do município em garantir a rede de transportes fora do horários do período escolar;
Dinâmica já existente do apoio domiciliário;
Número razoável de colectividades no concelho, particularmente direccionadas para a actividade desportiva das camadas mais jovens (Santos et al, 2007).
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Matriz de análise SWOT: Exemplos de Potencialidades (elementos exógenos)?
Existência de fundos nacionais disponíveis para apoio a projectos de qualificação em novas tecnologias;
Legislação favorável ao fomento do associativismo;
Programas do INH para recuperação e construção habitacional;
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Matriz de análise SWOT: Exemplos de Potencialidades (elementos exógenos)?
Incentivo ao Arrendamento Jovem (IAJ);
Plano Regional de Emprego;
Programas Agro-Agris, Ruris; Leader+;
Programas nacionais de apoio à Educação e Formação ao longo da vida para adultos (Santos et al, 2007).
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Matriz de análise SWOT: Exemplos de Debilidades (elementos internos)?
Número significativo de habitações degradadas;
Fraco espírito empresarial;
População pouco qualificada;
Diminuição da taxa de natalidade;
Dependência física, psicológica e financeira da população idosa;
Elevado desemprego feminino;
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Matriz de análise SWOT: Exemplos de Debilidades (elementos internos)?
Inexistência de Centros de Noite;
Falta de Apoio Domiciliário adequado aos vários níveis de dependência;
Falta de iniciativa por parte da quase totalidade das associações do concelho;
Falta de actividades para os jovens e idosos;
Ausência de respostas para desempregados e potenciais desempregados (Santos et al, 2007).
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Matriz de análise SWOT: Exemplos de Ameaças (elementos exógenos)?
Diminuição de fundos disponíveis para apoio a projectos de inclusão social;
Legislação restritiva sobre contratação de pessoal;
Vantagens de localização para empresas oferecidas por municípios adjacentes;
Conjuntura económico-social desfavorável;
Política de Imigração pouco favorável à integração de estrangeiros;
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Matriz de análise SWOT: Exemplos de Ameaças (elementos exógenos)?
Falta de Incentivos Fiscais ou à Criação de Emprego;
Falta de medidas nacionais de incentivo ao desenvolvimento do associativismo;
Fracos apoios à fixação de empresas no interior;
Capacidade de atracção de população activa local pelo litoral e grandes centros urbanos (Santos et al, 2007).
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Matriz de análise SWOT:
Por vezes, um facto ou fenómeno social pode ter, simultaneamente, aspectos positivos e aspectos negativos (dualismo estrutural);
Uma infra-estrutura como uma auto-estrada origina efeitos positivos e negativos, normalmente.
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Matriz de análise SWOT:
A SWOT não deve ser preenchida de forma aleatória; deve-se começar pelo quadrante das fraquezas, seguindo-se o quadrante das forças, das oportunidades e das ameaças;
Os quadrantes não devem ser preenchidos apenas como listagens de informações sem relação directa; a cada ponto fraco deve-se associar um ou mais pontos fortes que o enfrentem (Schiefer et al, 2006); pode-se também ter a mesma força ligada a mais do que uma fraqueza;
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Análise/diagnóstico de problemas:
Apresentação da situação do projecto:
Questão central e ideia original do projecto;
Identificação de todos os problemas individuais;
Validação ou hierarquização dos problemas expostos;
Agrupamentos dos problemas por áreas problemáticas; Identificação das relações causa-efeito entre esses
problemas; Resulta uma listagem completa dos problemas relevantes e a
sua hierarquização;
Concepção, Gestão e Avaliação de Projectos
Análise/diagnóstico de problemas:
Organização dos problemas em clusters ou “nuvens”:
Relacionar os problemas uns com os outros e organizá-los em grupos apropriados com titulações específicas;
Construção de árvores de problemas;
Identificação do problema central em cada uma dos clusters de problemas (tronco da árvore de problemas);
Organização dos restantes problemas da nuvem em relação ao problema central; saber se são causas ou efeitos do problema central (raízes e ramos da árvore de problemas).
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Árvore de problemas
Efeitos
Causas
Problema central