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COMPRAS PÚBLICAS: DIVERGÊNCIAS DE PREÇOS
PRATICADOS ENTRE OS NÍVEIS DE GOVERNO E O
MERCADO PRIVADO NO ESTADO DO AMAZONAS
JUAREZ PAULO TRIDAPALLI BENILSON BORINELLI
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Painel 54/164 Diagnósticos e propostas em temas críticos das compras públicas
COMPRAS PÚBLICAS: DIVERGÊNCIAS DE PREÇOS PRATICADOS
ENTRE OS NÍVEIS DE GOVERNO E O MERCADO PRIVADO NO ESTADO DO AMAZONAS
Juarez Paulo Tridapalli
Benilson Borinelli
RESUMO
A busca do melhor preço nas compras públicas é uma variável crítica na racionalização do uso dos recursos públicos. O artigo analisa se há divergências de preços pagos pelas três esferas de governo por produtos em relação a valores de
mercado no estado do Amazonas e os prováveis efeitos de fatores críticos relacionados à capacidade administrativa e a aspectos culturais e políticos sobre tais
divergências. A pesquisa é quantitativa e exploratória tem como principais fontes de dados uma base de dados de notas eletrônicas e questionário aplicado a fornecedores do setor púbico no estado do Amazonas. O estudo constata
divergências que variam de 16% a 42% nos preços pagos por municípios, estado e União e que esses resultados estão associados à ocorrência de fatores críticos do
processo de compra no setor público. Palavras-chave: Compras públicas. Divergências de preços. Fatores críticos no
processo de compra pública.
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1 INTRODUÇÃO
No Brasil existe um sentimento geral na sociedade de que o setor público
compra com preços acima do mercado. Em parte, esse sentimento deriva das
constantes denúncias veiculadas na imprensa de superfaturamento em compras
públicas nas diversas instâncias de governo, bem como da persistência de fortes
elementos de uma cultura patrimonialista/clientelista no setor público brasileiro.
Apesar disso, não existem no país pesquisas sistemáticas que dimensionam se há
diferenças de preços e os fatores que podem explicar esse fato.
Compreender melhor a anomalia das compras públicas é extremamente
relevante, dados os expressivos indicadores de desigualdade social e escassez de
recursos públicos para atender enormes demandas, como as de educação, saúde e
infraestrutura. As compras públicas estão entre as maiores fontes de desvios de
dinheiro público, redundando não apenas em questões legais e administrativas, mas
éticas e políticas. A ineficiência do Estado em atender as demandas sociais e
econômicas compromete a credibilidade nas instituições e na democracia, inibindo a
cooperação social necessária à governabilidade e ao exercício da governança.
Situadas neste contexto, as questões que norteiam esta pesquisa são:
existe de fato uma discrepância de preços pagos pelos setores governamentais e o
setor de mercado no estado do Amazonas e, caso confirmado, quais as diferenças
entre os níveis de governo e quais poderiam ser os fatores críticos que as explicam?
O estado do Amazonas é o maior estado brasileiro em área, com 1.57
milhões de km². Com 62 municípios, o seu território concentra a maior reserva
tropical do planeta e uma das maiores bacias hidrográficas. A população do estado
era de 3.483.985 habitantes em 2010, sendo que 51,7% estavam na capital,
Manaus (IBGE 2010). O estado amazonense vem apresentando, nos últimos 8
anos, gastos anuais em torno de R$ 520 milhões com compras públicas de
produtos consumíveis. Esses i tens são medicamentos, material de expediente,
alimentação para merenda escolar, uniformes, material escolar e itens do ativo
permanente. Também contratou, em 2011, serviços de terceiros de alimentação
hospitalar, segurança, administração de presídios, serviços médicos, lavanderia
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hospitalar, entre outros, no valor de R$ 1,9 bilhões. As compras públicas
representam historicamente 30% do orçamento anual do poder executivo estadual,
sendo que 8,8% são contratações para investimentos fixos em infraestrutura.
Adota-se uma abordagem quantitativa, exploratória e transversal para
estudar as questões indicadas. Para verificar o grau de divergência entre os preços
praticados no setor púbico e no mercado privado, utilizamos a base de dados das
Notas Fiscais Eletrônicas [NFe] do estado do Amazonas. Foram pesquisadas 30.000
operações com o setor público através de um sistema de informática desenvolvido
para extrair da base de dados os preços mais praticados, a “moda”, em cada esfera
administrativa de governo (federal, estadual e municipal) e os preços do setor
privado. Num segundo momento, levantam-se os fatores que contribuem para as
divergências apontadas nos preços com a aplicação de questionário a fornecedores
registrados no sistema e-compras do Amazonas.
Avaliar, por meio de banco de dados de notas eletrônicas, diferenciais de
preços entre preço de compra do setor público e privado e os fatores críticos desse
processo implica a possibilidade de inovação e avanços nas formas de gestão e
avaliação das compras públicas, de controle social dos atos dos governos, como
também a formulação de uma agenda para futuras pesquisas na área.
Assim, neste artigo, pretende-se contribuir para uma melhor compreensão
desse fenômeno, apurando, no estado do Amazonas, as divergências de preços no
setor público das esferas administrativas, municipal, estadual e federal em
comparação com os preços praticados pelo mercado no setor privado, e apontando
os fatores críticos que impedem a maior aproximação possível ao preço de mercado.
O estudo constata divergências de preços nos três níveis de governo, sendo a maior
nos municípios e a menor na esfera federal. Também é verificada a associação
entre essas divergências e a ocorrência de fatores críticos relacionados à influência
da capacidade administrativa e de fatores culturais e políticos no processo de
compras públicas.
O texto está estruturado da seguinte forma: revisão da literatura para
apontar quais variáveis contribuem para uma boa compra em termos de preço e
descrição da metodologia utilizada. Em seguida apresentam-se os resultados da
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pesquisa, que apontam qual o real desvio de preços nas várias esferas
administrativas do âmbito do estado do Amazonas, a análise dos resultados da
pesquisa junto aos fornecedores locais e as principais conclusões.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Compra é definida como um processo de aquisição de terceiros e
abrange os bens, serviços e contratação de projetos de construção para os
governos implementarem suas políticas públicas. Esse processo alcança atividades
que vão desde a definição das demandas até o final da vida útil dos ativos ou o fim
de um contrato de serviços (GERSHON, 1999). Todo esse ciclo também pode ser
definido como gestão da cadeia de suprimento ou de contratos públicos. Compras
públicas é um tema relevante principalmente pela sua importância econômica. Na
União Europeia [EU], representam cerca de 17% do Produto Interno Bruto [PIB]
(CHONG, SATAROPOLI & BILLON, 2010). No Brasil representam 10% do PIB. Em
2010, o setor público adquiriu bens, contratou serviços e obras no valor de R$ 421
bilhões, distribuídos em 36% para os municípios, 31,8% para os estados e 31,9%
para o governo federal.
Como a gestão da cadeia de suprimento é ampla, este artigo trata de um
componente específico dela, que é o processo de negociação dos preços dentro das
diversas modalidades de licitações. Segundo MacManus (2002), existem diferenças
de significado entre contratos públicos e compra pública. Os contratos públicos ou
gestão da cadeia de suprimento, no sentido amplo, contempla as funções de
planejamento combinado com o de compras, construção de cadastros básicos do
sistema, controle de estoque, tráfego e transporte, recepção e inspeção, operações
de eliminação e outras. Compra é estri tamente definida como os atos para a
aquisição de equipamentos, materiais, insumos e serviços. Pode ser descrita como a
determinação da necessidade e a seleção do fornecedor com um preço justo e
razoável. O desafio da busca do preço justo é fundamental nesse processo. O
melhor preço para o setor público é aquele que se aproxima ao de mercado privado,
considerando o seu poder de compra.
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O processo de compras públicas requer uma longa cadeia de
autorizações internas e de controle e vários contatos com fornecedores, com a
geração de muito papel em declarações e avaliações. Isso inclui etapas detalhadas
de se preparar e decidir sobre o que comprar, determinar a quantidade e os recursos
financeiros, seleção do fornecedor, avaliação do desempenho passado do
fornecedor, preparação do contrato, monitoramento dos serviços até a conclusão do
contrato e assegurar que as mercadorias sejam recebidas em tempo hábil e em bom
estado, de acordo com o padrão de qualidade estabelecido no contrato. O contrato
público pode apresentar fragilidades até a sua fase final.
Existem várias contribuições para compreender o processo de compra e
questões que podem influenciar a definição de preços pagos pelo setor público,
como os tipos de contrato, a teoria dos leilões e o neoinstitucionalismo econômico.
Há dois grandes conjuntos de compras, com dois tipos de contratos nas
duas extremidades de um continuum: estruturado e não estruturado. Nos contratos
estruturados, os processos são altamente automatizados e com identificação precisa
do que se pretende comprar ou contratar. As necessidades de personalização das
compras num volume de demanda elevada e com incertezas potenciais associados
com a oferta podem levar a altos custos de transação para a organização
adquirente, porque cada transação tem de ser submetida à busca de fornecedores,
aprovações, processamento e ordenação, além de não ter referências anteriores. Se
a procura é regular e as especificações do produto não mudam com o tempo, é
possível reduzir os custos de transação através da negociação de um contrato de
longo prazo com um fornecedor ou projetar um processo de aquisição automatizada
dos itens. Exemplos de tais contratos incluem itens de ferramentas, fiações,
materiais de construção, medicamentos, material de expediente etc. Os contratos
não estruturados ocorrem sempre quando há produtos ou serviços que não são
adequados para qualquer nível e a definição de procedimentos automatizados se
torna mais difícil. Esses contratos costumam ter regras amplas de contratação, o que
dá muita liberdade aos usuários para escolherem os fornecedores. Exemplos desta
categoria de contratos incluem equipamentos de escritório e mobiliário, materiais
de construção personalizados, contratos de serviços específicos, entre outros.
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Grande parte das atividades de compra se relaciona com a aquisição de
suprimentos altamente desestruturados, quando poderiam ser estruturadas,
causando perdas de eficiência no processo.
A teoria dos leilões aponta que a quantidade de participantes nos
processos de compras pode contribuir para uma maior disputa e, com isso, para
reduzir os preços (FARIA et al., 2010). Para ter maior número de participantes em
qualquer compra por leilão, é necessário estabelecer fatores que possam contribuir
para a maior atratividade de concorrentes, como medidas para redução do conluio e
competição predatória e outras formas que possam frustrar a força do mercado
(WOLFSTETTER apud FARIA et al., 2010). A teoria dos leilões ainda evidencia que
os vendedores sempre buscarão a melhor eficiência possível em qualquer
negociação, seja ela presencial ou eletrônica. Nas compras públicas, os
compradores devem se contrapor à eficiência perseguida pelos vendedores – busca
de maiores preços por unidade – e frustrar os ganhos desnecessários. Deve o setor
público estimular a eficiência nas transações, bem como a eliminação das
vulnerabilidades.
Conceitos da Teoria Neoinstitucional também podem contribuir para se
entender a lógica das compras públicas. Esta teoria considera que, além dos preços
praticados no mercado dos bens e serviços, também importam os custos de
transação apontados pela Nova Economia Institucional (NEI) (WILLIANSON, 1985).
Neste caso, espera-se que o setor público crie mecanismos para estimular eficiência
nas buscas dos preços de mercado e dos fornecedores na sua própria estrutura
interna de gestão. Se isto não ocorrer, poderão incorporarem-se ineficiências que
podem refletir negativamente na qualidade e quantidade das políticas públicas,
principalmente pela subtração da capacidade de investimento. Outra contribuição
importante da NEI para explicar os fatores que podem conduzir a melhores
resultados das compras públicas é o conceito de racionalidade limitada. Neste
sentido, um vendedor, para ofertar uma proposta, deve ter uma boa qualidade das
informações, sendo assim uma variável chave para as tomadas de decisão e, talvez,
uma das grandes contribuições teóricas da Nova Economia Institucional (FARIA et
al., 2010). Nas licitações, os participantes poderão agir com oportunismo quando
órgãos públicos não especificarem de forma adequada o produto licitado, serviço ou
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obra contratada. Assim, poderão se aproveitar da incompletude para cotar produtos
e serviços de pior qualidade e com preços elevados ou que não atendam às
necessidades do comprador, explorando as fragilidades expostas pelo poder público
(FARIA et al., 2010).
Revisando a literatura nacional e internacional, constata-se que existem
fatores críticos de sucesso que devem ser geridos em qualquer compra, sob risco de
não se conseguir o melhor preço. São estes pressupostos que passaremos a
apresentar e que podem explicar as razões para as divergências nos preços.
Abaixo, apresentam-se alguns fatores, em alto grau inter-relacionados na realidade,
que podem contribuir para distorções nos preços pagos pelo setor público. Esses
fatores foram agrupados aqui em dois conjuntos: capacidade administrativa e fatores
culturais e políticos.
2.1 Fatores relacionados à capacidade administrativa
Em estudo realizado pela Organização para a Cooperação Econômica e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) (apud OTHMAN et al., 2010) foi revelado que
em cada fase do processo de adjudicação de contratos públicos temos riscos que
podem levar à ineficiência. Entre eles temos a escolha inadequada do procedimento
de compra e o prazo insuficiente para preparação do processo de compras. A escolha
de fornecedores com informações insuficientes e imposição de interesses estranhos
ao processo podem levar a um direcionamento. Falhas na administração do contrato e
no processo de pagamento, podem favorecer a elevação de preços. O maior risco das
compras públicas está no momento da escolha dos fornecedores. Neste aspecto a
transparência é fundamental, para evitar avaliações tendenciosas estimuladas pela
corrupção. Assim um sistema de compras deve assegurar transparência, adequado
controle interno e boa gestão de riscos (OTHMAN et al., 2010).
A especificação correta do produto ou serviço e o preço de referência
bem apurado são processos críticos em compras públicas. A lei atual não determina
um procedimento específico para a realização de tal investigação de preços de
referência, mas a decisão do TCU afirma que, pelo menos, três propostas devem ser
recolhidas (VIEIRA et al., 2005). Atualmente defendem-se as formas eletrônicas
como as mais eficientes para coletas de preços, bem como para as licitações.
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Outro aspecto importante nas compras públicas é a agilidade na
execução do processo, principalmente no julgamento das reclamações dos licitantes
e dos procedimentos administrativos, pois impactam diretamente no tempo de
duração de cada aquisição. Nesse sentido, Tescarolo (2005) e Hoque (2010)
afirmam que procedimentos complexos promovem e estimulam práticas de
corrupção, causando sobrepreço nas compras.
A busca do preço justo para o setor público deve ser executada dentro de
um sistema de gerenciamento integrado de toda cadeia de suprimento do setor
público (TRIDAPALLI, FERNANDES e MACHADO, 2011). Esse sistema deve ter
funcionalidades fundamentais para realização de processos de compras públicas,
como assinatura digital, agregação de demandas, cadastramento de bens e
serviços, banco de preços e incorporação de princípios como transparência,
competitividade, agilidade e economicidade em todo o processo. Sistemas de
compras eletrônicos centralizados podem contribuir para o compartilhamento de
conhecimento, a economia de escala, a eliminação de barreiras ao comércio e na
facilidade de aceitação das propostas (HUMANN, 2010).
Ainda dentro do contexto da capacidade administrativa, Chong et al.
(2010) apontam a competência técnica e gerencial dos compradores como
relevantes para uma boa negociação. Existem armadilhas nas compras por leilão
que, dependendo das circunstâncias, podem torná-las muito vulneráveis à colusão
e impedir a entrada de outros concorrentes (PORTER e ZONA, 1993;
KLEMPERER, 2002 apud CHONG et al., 2010). Os benefícios dos leilões podem
ser reduzidos se não forem eliminados os fatores que permitem o conluio do
mercado. Se isto não for combatido, podem afastar licitantes, permitindo a
formação de monopólios para manipulação de preços. Nesse sentido, a existência
de um corpo de técnico competente e sistematicamente treinado no uso das
tecnologias disponíveis e no comportamento do mercado é outro fato r crítico para a
maior eficácia das compras públicas.
A informatização do processo de compra permite ganhos de escala, com
a redução de preços. (TRIDAPALLI, 2008) apontam para a necessidade de haver
sistemas centralizados de compras que possibilitem a eliminação de duplicidade dos
procedimentos por parte de fornecedores, contribuindo para a diminuição dos seus
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custos de transação. Outro estudo interessante é o apresentado (TRIDAPALLI,
2008) sobre fatores críticos de sucesso e desafios na implementação de sistemas de
compras eletrônicas na gestão da cadeia de suprimento de empresas privadas em
geral. De acordo com os autores, antes de fazer a transição para e-compras, ou
qualquer outro sistema da cadeia de suprimento, deve-se desenvolver uma sólida
estrutura informatizada e um bom treinamento das pessoas envolvidas, para
suportar a implantação e resistir aos críticos.
Para buscar preços justos tem-se propagado como mais eficientes os
pregões eletrônicos ou presenciais. Esses pregões são na verdade leilões reve rsos.
Embora os leilões sejam os procedimentos prescritos e em franca uti lização para os
contratos públicos, sua eficiência nas negociações ainda é um enigma na literatura
(CHONG et al., 2010). Temos, nesta busca de preços, compras simples e compras
complexas. Existem inúmeros fatores que explicam e contribuem para o ajustamento
de preços entre as partes interessadas. Essa redução ou ajustamento dos preços
pode ser explicada pela teoria dos leilões (FARIA; FERREIRA; SANTOS; SILVEIRA,
2010). Os leilões são mecanismos importantes nos contratos públicos. Na França,
entre 2005 e 2007, os leilões foram utilizados em 70% dos contratos públicos,
enquanto que na Europa, em 2008, eles corresponderam a 82% (PAINEL DO
MERCADO INTERNO, 2009 apud CHONG et al., 2010). Os leilões não são a
panaceia para todos os problemas, principalmente de preços. Existem fatores
críticos que devem ser observados para se ter maior eficácia na busca de melhores
preços de aquisição.
A informatização do processo de compras públicas, contudo, não impede
a possibilidade, muito frequente no Brasil, de corrupção na centralização de grandes
compras. Existem riscos de manipulação em grandes compras por grandes
fornecedores, mesmo utilizando compras eletrônicas. De acordo com Tridapalli
(2008) a efetividade das licitações eletrônicas é inegável, mas ainda permanecem
muitas dúvidas sobre os fatores que contribuem para seu uso efetivo na redução dos
preços de compra. Além dos fatores já apresentados, tem-se ainda a baixa
capacidade técnica e gerencial e o alto custo de equipamentos de tecnologia de
informação e comunicações (TIC) que podem contribuir para diminuição da
eficiência do processo. Para Othman et al., (2010), a grande quantidade de recursos
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alocados aos contratos públicos associada ao excesso de oportunidades de
intervenção humana tende a aumentar o risco de corrupção. Os sistemas
informatizados devem contribuir para eliminar essas falhas, a fim de não contaminar
a credibilidade e diminuir a competitividade. Como o uso de TIC é crítico para os
fornecedores participarem das licitações públicas, limitações técnicas podem afastar
fornecedores importantes do processo.
2.2 Fatores culturais e políticos
Em países como o Brasil, a cultura política patrimonial, fundada na
submissão dos interesses públicos aos interesses privados e de grupos, é um dos
principais fatores a comprometer a efetividade da administração pública. No
processo de compras, a face mais visível dessa cultura apresenta-se na corrupção,
contatos pessoais e favorecimento de interesses externos às compras.
A corrupção é determinante na alteração de preços pagos pelo setor
público. Bashekae Tumutegyereize (2010) identificam os fatores políticos como
relevantes, que estimulam a corrupção. Ao chegar aos cargos eletivos, há
necessidade de recuperação de investimentos de campanhas políticas para a qual
em alguns casos são uti lizadas as compras públicas. Alguns fatores institucionais
podem estimular a corrupção, como a falta da liberdade de imprensa, justiça
inoperante, infiltração de grupos políticos e corporativos na estrutura de gestão
pública. Bashekae Tumutegyereize (2010) constatam que, em governos que não
agem nos melhores interesses da população, políticos corruptos tendem a ter mais
sucesso na apropriação de recursos públicos, principalmente na intermediação da
compra de itens em que é mais fácil cobrar propinas.
Grodeland e Aasland (2011) afirmam que a pouca eficiência nos preços
negociados pode estar no uso excessivo de contatos pessoais. As pessoas ainda
acreditam que podem resolver grande parte dos problemas informalmente em
detrimento de um procedimento formal. Isto ocorre porque não acreditam que seus
problemas possam ser resolvidos formalmente de maneira sistêmica. Também usam
de artifícios informais para fugir dos longos e pesados procedimentos
administrativos. Para uma boa compra, um formalismo eficiente deve prevalecer,
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eliminando os contatos pessoais informais. Deve-se dar uma atenção especial ao
formalismo, principalmente nos instrumentos de recursos contra as decisões de
adjudicação. Para isso requerem-se sistemas ágeis de julgamento desses recursos
(LENNERFORS, 2008).
Fornecedores com interesses externos às compras e outros que procuram
favorecimento podem desvirtuar o interesse público. A boa gestão dos contratos e o
acompanhamento das entregas dos produtos com transparência são fundamentais
na eliminação desses riscos. Fator decisivo nas compras públicas é garantir um bom
funcionamento dos sistemas de gestão, bem como a sua capilaridade aos diversos
tipos de interesses envolvidos, através, por exemplo, do uso intensivo de TIC. Para
os avanços na gestão das compras públicas é fundamental ter uma equipe bem
treinada, incluindo os fornecedores, e atos dos governos que inspirem confiança nos
fornecedores, usuários e cidadão, condições essas necessárias para que se
estabeleça um bom controle social do processo de compras públicas. Os órgãos
fiscalizadores não funcionam bem sem a ajuda da sociedade organizada e a
disseminação de uma cultura democrática e de controle social.
Em síntese, diferenças de preços pagos pelo setor público, seja em
relação aos diferentes níveis de governo, seja em relação aos preços de mercado,
poderiam ser explicados pela incidência, em diferentes graus, dos fatores
apresentados. Assim, por exemplo, ambientes mais politizados, com menor controle
social e transparência, estão mais sujeitos a sistemas mais precários de compras e a
desvios de preços em maior grau. Parece possível se esperar, para a realidade
brasileira, que em âmbito local, devido à maior incidência da combinação de fatores
como uma cultural política patrimonial, baixo controle social, menor escala das
compras, restrições geográficas, restritas condições de estimular a concorrência na
oferta de produtos e serviços, baixa eficiência dos sistemas administrativos de
compras, haja uma probabilidade de se pagar maiores valores pelas compras em
relação aos preços de mercado.
Os fatores apresentados acima, embora não sejam exaustivos,
representam em grande medida os fatores críticos de sucesso na busca de
melhores preços nas compras públicas. Para fins de pesquisa empírica, esses
fatores serão investigados a partir de indicadores de duas variáveis principais:
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capacidade administrativa (competência do quadro técnico, processos e
instrumentos de gestão, estímulo à competição) e a suscetibilidade do sistema de
compras a injunções culturais e políticas, a exemplo da corrupção.
Diante do que foi apresentado na literatura, selecionaram-se alguns
fatores críticos de sucesso mais relevantes para uma negociação de preços para
uso em um questionário respondido por fornecedores que atuam área geográfica do
estado do Amazonas. Os resultados baseados no questionário são apresentados no
tópico 4.
3 METODOLOGIA
Adota-se uma abordagem quantitativa, exploratória e transversal para
estudar as questões indicadas. Procura-se analisar se há divergências de preços e
os fatores que podem ser determinantes na variação de preços praticados nos 600
órgãos públicos das três esferas administrativas que operam dentro da área
geográfica no estado do Amazonas. O levantamento de dados compreendeu dois
principais momentos.
No primeiro, a coleta de dados foi feita com uso de um sistema
informacional especialmente desenvolvido para identificar a divergência de preços
na base de NFes da Secretaria da Fazenda do Amazonas. A base pesquisada
compreende 47 milhões de NFes, com 150 milhões de itens. A analise de preços
ocorreu no grupo de despesas chamadas na classificação contábil de material de
consumo, principalmente nos sub-elementos de despesas mais representativos das
compras públicas, dentre eles: material de expediente, material de limpeza,
combustíveis, gêneros de alimentação, material de manutenção de veículos,
material de uso hospitalar, material elétrico de manutenção, material esportivo,
material odontológico, medicamentos, vestuários, material de cama e mesa para
hospitais, uniformes escolares, material de informática, material para uso da
segurança, gêneros alimentícios para merenda escolar, material escolar, livros para
distribuição nas escolas, material para manutenção de bens moveis, equipamentos
de uso escolar e na saúde.
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Contemplando um intervalo de 10 meses, de janeiro a outubro de 2011,
foram realizadas 3 coletas de preços por mês para cada nível de governo (P1-
Governo Federal, P2 – Governo Estadual, P3- Governos Municipais), totalizando 90
coletas. Optou-se por pesquisas segmentadas, pois cada nível de governo tem um
perfil de compras diferenciado em função das suas especificidades. As coletas em
três decêndios (01 a 10; 11 a 20, 21 a 30) foram necessárias devido ao grande
volume de dados trabalhados. Por limitações do sistema que realizou a captura dos
produtos e os preços e a apuração das comparações, só foi possível realizar
processamentos consistentes de dados para um intervalo máximo de 10 dias.
Em cada coleta foram identificados os 150 produtos mais adquiridos por
cada nível de governo, com código de barras, que representaram, em média, 70%
das compras de cada decêndio. Considerando que o giro dos estoques é muito
baixo no setor público, o total de produtos diferentes pesquisados em 10 meses foi
de mais de 3.500 itens, portanto uma amostra que representa um volume
significativo de compras. Para realizar as comparações entre preços nas diversas
esferas foi utilizada a medida estatística “moda” para extração do preço a ser
comparado em cada uma das três pesquisas mensais realizadas. O preço “moda” é
o preço com maior número de ocorrências no período pesquisado.
O rastreamento dos produtos e seus preços na base eletrônica de dados
de operações com os setores privado e setor público foi pelo número do código de
barras registrado nas NFes, o que permitiu comparar preços, pois o referido código
do produto é comum em todas as operações.
Identificados os 150 produtos mais adquiridos, utilizando-se operações
reais de venda dos materiais de consumo e permanentes para as unidades
administrativas, apurou-se a divergência de preços desses produtos em relação aos
preços do mercado privado no mesmo período. A divergência de preços de cada
mês, portanto, corresponde à média aritmética das divergências apuradas nas três
coletas mensais e a divergência no período completo, à média das divergências
médias de cada mês.
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Após a quantificação das lacunas de preços identificou-se as variáveis
determinantes para essas diferenças à luz dos conceitos apresentados na literatura.
Aplicou-se questionários junto aos fornecedores registrados no sistema e-compras
do governo do Amazonas, que são as empresas que participam das maiores
licitações com poder público dentro da área geográfica do Amazonas nas diversas
formas de licitações. Foram selecionadas 740 empresas cadastradas, que
comercializaram mais de 90% dos produtos no período estudado. O questionário,
composto por 32 perguntas correspondentes a fatores que influenciam na decisão
de fixação dos preços para o setor público, foi enviado por e-mail, sendo que 48
retornaram e foram considerados válidos. Para quantificar a influência das variáveis
determinantes na variação dos preços praticados com o setor público, utilizou-se o
Excell, com destaque para a estatística descritiva.
4 RESULTADOS
Como já apontamos, a primeira pesquisa de campo refere-se à
identi ficação das diferenças de preços praticados nos diversos setores da
economia, ou seja, o setor privado comparado com os setores públicos federal,
estadual e municipal dentro do estado do Amazonas. Avaliando mensalmente as
transações dos 150 produtos mais comercializados no período para cada nível de
governo entre janeiro e outubro de 2011, chegou-se aos dados apresentados na
Tabela 1. Ela demonstra que o segmento que obteve a melhor aproximação de
preços com o setor privado foi o governo federal, as maiores variações foram
identi ficadas na esfera municipal.
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Tabela 1: Variações de preços dos 150 produtos mais comprados por nível de governo quando comparados aos preços praticados no setor privado entre janeiro e outubro 2011.
Meses
2011
Governo Federal Governo Estadual Governos Municipais
P1.1 P1.2 P1.3 Média P2.1 P2.2 P2.3 Media P3.1 P3.2 P3.3 Media
Janeiro 21,7 -11,4 16,8 9,0 14,4 54,8 53,1 40,8 41,6 67,7 53,8 54,4
Fevereiro -8,0 7,7 62,2 20,6 7,0 79,5 56,5 47,7 25,5 145,9 61,4 77,6
Março 45,3 20,0 73,1 46,1 75,2 89,5 53,8 72,8 113,1 100,4 35,0 82,8
Abril 0,0 29,9 15,4 15,1 43,5 0,7 12,9 19,0 98,7 22,8 23,3 48,3
Maio 59,1 -24,3 18,4 17,7 22,2 19,7 20,7 20,8 8,8 81,9 3,0 31,2
Junho -10,7 -5,4 28,2 4,1 20,2 32,1 19,2 23,8 75,6 35,7 13,0 41,4
Julho 31,1 -9,5 37,7 19,8 -1,7 8,8 23,9 10,3 24,3 31,4 3,2 19,6
Agosto 56,1 -0,1 16,8 24,3 30,8 22,2 -3,6 16,5 10,4 68,9 9,9 29,7
Setembro 6,3 3,8 13,1 7,7 24,6 11,6 18,8 18,3 44,2 34,7 16,6 31,8
Outubro 3,6 -7,8 -8,1 -4,1 10,6 -6,1 8,3 4,3 6,5 13,3 4,8 8,2
Média 20,4 0,3 27,3 16,0 24,7 31,3 26,4 27,4 44,9 60,3 22,4 42,5
Fonte: Base de dados Notas Fiscais Eletrônicas – Sefaz/AM
Percebe-se que as unidades do governo federal que operam no âmbito
territorial do estado do Amazonas praticam preços em média 16% acima dos
praticados no setor privado pelos mesmos 150 produtos mais comercializados em
cada período mensal avaliado. Quando as compras foram realizadas pelo governo
estadual, a lacuna média de preços identificada foi de 27,4% e nos municípios do
Amazonas, de 42,5%. Em relação à divergência média da esfera federal, a do
estado é 71.2% superior e a dos municípios, 165%. A melhor situação do setor
federal se verifica também no fato de que em nove das 30 coletas de preços
decendiais, os valores ficaram abaixo do preço de mercado. No estado isso
acontece três vezes; nos municípios, nenhuma. Apenas nestes encontram-se
divergências de preços que ultrapassam 100%.
17
Os dados apontam que existem lacunas de preços nas três esferas
administrativas que operam dentro do Amazonas, mesmo tendo uso intensivo do
pregão eletrônico nas esferas estadual e federal. A literatura aponta que perdas em
compras públicas podem chegar até 40%. (TRIDAPALLI, 2008). Assim pode -se
concluir, com base em operações reais dos produtos avaliados em cada nível de
governo, que as melhores compras, dentro do Amazonas, em termos de preços
quem faz é o governo federal, mas ainda com uma lacuna que pode ser reduzida
ou eliminada.
Os resultados confirmam as evidências apresentadas na literatura, como
Tridapalli (2008), de que os preços de compra do setor público são praticados acima
do setor privado. Também demonstra que as três esferas de governo têm espaço
para ganhos de eficiência nos preços de aquisição, confirmando o que a literatura já
vem aferindo. Isso remete a uma reflexão de que as possibilidades de melhorias na
qualidade dos gastos públicos têm enorme potencial, pois temos ainda outras fases
da cadeia de suprimento que podem ser melhoradas, como a engenharia de
padronização e especificação, gestão de contratos, gestão de estoque, gestão
patrimonial, entre outras. Esta reflexão sempre será necessária quando se busca
novas alternativas para melhoraria das políticas públicas, pois as demandas da
sociedade são cada vez maiores.
Para investigar as possíveis as razões que explicariam as lacunas de
preços, foi realizada uma segunda pesquisa de campo junto aos 740 fornecedores
ativos em 2011, cadastrados no sistema informatizado de compras do estado do
Amazonas (e-compras). Os resultados, extraídos de 48 questionários respondidos
pelos fornecedores, encontram-se consolidados no Quadro 1.
18
Quadro 1: Avaliação dos Fornecedores sobre a Incidência dos Fatores Críticos de Sucesso no Processo de Compras Públicas dos Três Níveis de Governo no Território do Estado do Amazonas.
Variáveis
Nível de governo avaliado
(% respostas positivas)
Federal Estadual Municipal
1. Indicadores Gerais
Melhor nível de governo para vender do ponto de vista do fornecedor
43,75 50,00 6,25
Menor nível de preços das compras públicas em relação
ao setor privado
31,25 62,50 6,25
Governo menos vulnerável à prática de preços acima do mercado
47,92 45,83 6,25
Governo mais confiável para se vender bens e serviços 54,17 41,67 4,16
Média 44,27 50,00 5,73
2. Capacidade Administrativa
2.1 Recursos Humanos
Comissão de licitação mais eficiente 43,75 54,17 2,08
Pregoeiros mais bem treinados 47,92 43,75 8,33
Pessoal mais qualificado 45,83 45,83 8,34
Média 45,83 47,92 6,25
2.2. Processos
Maior agilidade nos processos 60,42 31,25 8,33
Uso da agregação de demandas para ter ganhos de escala
39,58 54,17 6,25
Menor uso de papel nos processos de compras 68,75 20,83 10,42
Simplicidade no cadastro de fornecedores 58,33 31,25 10,42
Gestão mais eficiente dos contratos 37,5 54,17 8,33
Melhor previsibilidade no pagamento 58,33 37,5 4,17
Melhor e mais objetiva especificação dos bens e serviços
que deseja comprar e contratar
33,33 58,33 8,34
Maior rigor no controle das entregas de mercadorias e melhor aferição da qualidade e fiscalização dos serviços
47,92 45,83 6,25
Simplicidade nos processos e melhor qualidade das informações
62,50 35,42 2,08
Julgamento mais imparcial das propostas e maior
agilidade nas respostas aos recursos nas licitações
68,75 29,17 2,08
Média 53,54 39,79 6,67
19
2.3 Instrumentos
Banco de preços referência mais eficiente que impede superfaturamento
43,75 50,00 6,25
Pregão eletrônico mais eficiente 60,42 39,58 0
Sistema informatizado mais eficiente 39,59 58,33 2,08
Maior simplicidade nos procedimentos internos e maior
transparência nas compras
58,33 41,67 0
Publicidade dos processos de compras melhor executada
43,75 54,17 2,08
Média 49,17 48,75 2,08
2.4 Estímulo à competição
Grande participação de fornecedores de outros estados 68,75 27,08 4,17
Maior competição entre fornecedores 60,42 35,42 4,16
Combate o conluio e concorrência predatória e tem melhores políticas de atração dos seus fornecedores
54,17 43,75 2,08
Melhor política de estímulo à participação de pequenos
fornecedores
50,00 43,75 6,25
Média 58,34 37,50 4,17
2.5 Controle
Órgãos de controle interno mais eficientes 58,33 39,58 2,09
Presença e controle da imprensa nas compras e instituições de controle externo
39,58 60,42 0
Menor intervenção da justiça no andamento dos processos de compras
31,25 58,33 10,42
Média 43,05 52,78 4,17
3. Culturais e Políticos
Menor influência de grupos políticos e corporativos
(sindicatos, associações de classe, grupos econômicos)
66,67 25,0 8,33
Menor nível corrupção e influências políticas nas compras
66,70 20,80 12,50
Menor nível de avaliações tendenciosas a favor de determinados fornecedores, principalmente os grandes
62,50 29,17 8,33
Média 65,29 24,99 9,72
Média geral 51,69 42,77 5,53
Fonte: Questionários aplicados entre agosto a dezembro de 2011 junto aos fornecedores registrados
no sistema e-compras do Governo do Amazonas.
20
Quanto ao perfil dos respondentes, 68% dos fornecedores entrevistados
são de médio e grande porte e 30 % de empresas de pequeno porte; 60% operam
com o setor público há menos de 10 anos. Podemos destacar que 53% das
empresas têm seu faturamento focado em vendas para o setor publico, ou seja, são
especializadas neste ramo de negócio.
Os resultados apontam um grande número de questões para discussão e
análise, inclusive algumas aparentes incoerências, as quais exigiriam um maior
aprofundamento do estudo para se chagar a conclusões mais consistentes. Um
dessas questões, por exemplo, é, contrariando a apuração das divergências, a
avaliação dos fornecedores de que o governo estadual adquire produtos por preços
mais próximos do mercado privado do que o governo federal. Embora se pudesse
argumentar que isso ocorra porque, possivelmente, a maior parte dos fornecedores
pesquisados tem como principais clientes os governos estaduais e municipais, ou,
complementarmente, porque boa parte das compras feitas pelos órgãos federais
ocorrem com fornecedores de outros estados; uma resposta mais fundamentada
exigiria uma pesquisa específica. Devido aos limites de espaço e da própria
proposta do estudo, apenas serão comentadas algumas tendências gerais mais
relevantes para discutir a questão central deste artigo.
De um modo geral, os resultados confirmam as tendências apontadas nas
diferenças de preços expostas na Quadro 2. Ou seja, em geral, as diferenças de
preços pagos pelo setor público estão relacionadas aos fatores críticos da
capacidade administrativa e da suscetibilidade à influência de aspectos políticos e
culturais. As médias gerais das esferas federal (51.69%), estadual (42,77%) e local
(5,53%) sugerem que, quanto mais próximo da influência local e regional, maior a
propensão à elevação de preços devido à maior influência de desvio de ordem
política e cultura e pior desempenho administra tivo nos itens avaliados. Estado e
União tendem a ter, no geral, um desempenho aproximado quanto à capacidade
administrativa para gerenciar sistemas de compras de forma mais eficaz. Pode-se
concluir que eles alcançam maiores resultados quando avaliados pelos princípios
gerais frisados pela teoria dos leilões e pelo neoinstitucionalismo.
21
Entretanto, percebe-se uma relativa superioridade da esfera federal nos
processos e instrumentos de compras e, de certa forma coerentemente, melhor
desempenho da esfera federal nos quesitos relacionados ao estímulo à competição
e influência de fatores culturais e políticos. Chama atenção a expressiva diferença
de posicionamento entre as esferas federal e estadual quanto aos itens relacionados
à influência de fatores políticos e culturais no processo de compras públicas. Aqui
fica mais evidente a possibilidade da convivência de uma relativamente alta
capacidade administrativa e de desvios de ordem política que comprometem a
eficiência das compras públicas. Pode-se deduzir também que é na esfera estadual
onde parece haver uma maior tensão entre as lógicas racional e política na
condução do processo decisório das compras, o que, em parte, pode explicar a
divergência de preços constatada entre os níveis estadual e federal.
Quadro 2: Quadro síntese da relação entre Avaliação dos Fornecedores e Média das variações de preços, por nível de governo no Estado do Amazonas
Itens de Avaliação dos Fornecedores
Avaliação Positiva por Nível de Governo
Federal Estadual Municipal
1. Indicadores Gerais 44,27 50 5,73
2. Capacidade Administrativa
2.1 Recursos Humanos 45,83 47,92 6,25
2.2. Processos 53,54 39,79 6,67
2.3 Instrumentos 49,17 48,75 2,08
2.4 Estímulo à competição 58,34 37,5 4,17
2.5 Controle 43,05 52,78 4,17
3. Culturais e Políticos 65,29 24,99 9,72
Média geral 51,69 42,77 5,53
Média das variações de preços de 150 produtos 16 27,4 42,5
Fonte: Dados da pesquisa.
22
Um aspecto apontado pela pesquisa merece especial atenção: a grande
disparidade entre a avaliação do desempenho das esferas federal e estadual, por
um lado, e a municipal, por outro. A de certa forma esperada assimetria, na estrutura
de compras dos municípios em relação a outras esferas de governo no nível
municipal amazonense, a elevada lacuna de 42,5% nos preços quando comparadas
ao setor privado, demonstrada na Tabela 1, pode ser atribuída à ausência das
variáveis que influenciam no bom desempenho das negociações. Primeiramente,
pode-se destacar que a ausência de sistemas informatizados, pouco uso do pregão
eletrônico, pouca eficiência da comissão de licitações, baixa confiabilidade nos
governos municipais, vulnerabilidade à pratica de preços acima do mercado privado
por ausência de preços de referência, baixa competição de fornecedores, pouca
participação de fornecedores de outros estados tem contribuído para a elevação dos
preços das suas compras e contratações.
Em contraste com os resultados para o estado e a União, o contexto
municipal contraria em maior grau os preceitos da teoria dos leilões, na medida em
que reduz a participação de concorrentes e, por decorrência, gera pouco estímulo
para transações de mercado eficientes (FARIA et al., 2010). Na perspectiva do
neoinstitucionalismo, as fragilidades do sistema de compras aumentam a
probabilidade de oportunismos por falhas na especificação dos produtos ou serviços
comprados, contribuindo para cotar produtos e serviços de pior qualidade e com
preços elevados.
Outros fatores devem ser considerados para tentar compreender o pior
desempenho dos municípios no processo de compras públicas. Municípios pobres
com fortes restrições orçamentárias encontram sérios limites para montar sistemas
de compras, dispor de pessoal qualificado e controle social ativo das atividades
governamentais. No Amazonas, o maior estado do país, além da capital, que
concentra 57% da população do estado, apenas um município, Parintins, possuía
mais de 100 mil habitantes e 66% dos municípios tinham menos de 30 mil habitantes
em 2011 (SEPLAN, 2011). Embora tenha evoluído em relação à década de 1990, o
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Amazonas foi de 0,713,
16º lugar entre os estados. Quase 92% dos municípios tinham um IDHM entre
médio-médio (0,600 a 0,699) e médio baixo (0,500 a 0,599). Apenas três municípios
23
possuíam IDHM médio-alto e nenhum, alto (SEPLAN, 2012). Segundo dados do
censo de 2010, o Amazonas tem o quinto maior contingente da população incluída
na faixa de extrema pobreza, com 18,6% da população. Desses, a grande maioria
habita no interior do Estado (IBGE, 2011).
Os municípios, em geral, enfrentam um maior grau de complexidade no
processo de compras, dado que lidam com uma maior diversidade de produtos e
serviços a serem adquiridos e negociados, portanto com um maior número de
especificações e fornecedores, em geral, dispondo de uma baixa capacidade
administrativa quando comparada aos órgãos estaduais e federais. Há ainda a
questão da economia de escala. Embora quando tomados por esfera de governo, a
união, os estados e os municípios gastem montantes similares, as municipalidades,
individualmente, processam um volume menor de produtos e serviços. Esse fato,
somado ao isolamento e à dispersão geográfica dos municípios, atributos marcantes
no caso do Amazonas, pode contribuir decisivamente para a dependência de um
menor número de pequenos fornecedores e intermediários, e de preços superiores
aos de mercado.
Como já foi registrado, a grande disparidade de preços pagos pelos
municípios em relação a outras esferas de governo e ao mercado não se deve
apenas a um problema administrativo, tecnológico, econômico e geográfico.
Municípios, principalmente os pequenos, são mais vulneráveis à ação de estruturas
políticas locais tradicionais, fortemente inclinadas, no Brasil, a uma cultura política
patrimonial e clientelista. As compras públicas destacam-se como um dos elementos
de um conjunto de prebendas que tende a ser utilizado ativamente na manutenção
de redes de clientela e de laços de confiança, que têm como eixo organizador a
privatização dos recursos públicos.
Nos municípios, em especial os menores, há uma maior probabilidade da
ausência de fatores institucionais que podem inibir a corrupção, como a falta da
liberdade de imprensa, justiça inoperante, infiltração de grupos políticos e
corporativos na estrutura de gestão pública. Ou seja, os custos de transação tendem
a ser maiores, pois encontram-se condições mais restritas para resguardar os
princípios da publicidade e da transparência, justa igualdade de concorrência e da
não discriminação de concorrentes (BASHEKA e TUMUTEGYEREIZE, 2010).
24
Também pode-se deduzir que, nos municípios, a maior fragilidade do sistema de
compras tende a estimular a corrupção e o abuso nos preços, na medida em que
permite um excesso de intervenção humana (OTHMAN et al, 2010). Ainda que os
resultados desta pesquisa coincidam com outras investigações e relatos que
apontam as instituições locais como entre as percebidas como as mais corruptas
(AVRITZER, 2011; HAGER, 2010), não há como afirmar o grau de influência dos
fatores elencados acima, ou de outros, nesses resultados.
Tentar compreender as disparidades de preços pagos pelo setor público,
assim, implica considerar um grande número de fatores, que podem estar
combinados de diversas formas em caso concreto e ao longo do tempo. Com base
nos dados levantados e na literatura, só é possível levantar conclusões gerais
devido ao nível de análise escolhido. Isso quer dizer que, embora se possa ter uma
leitura geral de tendências gerais do fenômeno, posições mais objetivas sobre cada
caso devem ser buscadas em investigações com maior profundidade e,
provavelmente, com menor número de unidades.
Dado a maior probabilidade de que seja nos municípios que ocorra a pior
composição de fatores críticos, com uma baixa capacidade administrativa e alta
exposição a fatores políticos e culturais, medidas como as que os vêm obrigando a
terem mais transparência nas contas públicas são importantes. Mas para surtir
resultados expressivos dependem ainda de que os contribuintes possam acessar e
processar as informações. Outras medidas para dotar os municípios de maior
capacidade administrativa e transparência poderiam ser os sistemas de compras
centralizados para compartilhamento de conhecimento e economia de escala na
forma, por exemplo, de consórcios municipais, ou da disponibilização, sem custo,
pelo governo central de um sistema padrão de compras. Os municípios e estados,
então, poderiam ter duas alternativas: desenvolveriam sistemas próprios ou
utilizariam o sistema gratuito oferecido pelo governo central. Esses recursos
poderiam contribuir para eliminar barreiras ao comércio entre as unidades federadas
por meio do uso da TIC e da aceitação das propostas por meio eletrônico
(HUMANN, 2010).
25
Melhorar a capacidade de gestão e reduzir a influência política e a
corrupção do processo de compra pública são tarefas necessárias para se alcançar
preços mais justos, mas é preciso ir além. No Brasil, ainda, boa parte das mudanças
e das coordenadas institucionais do sistema de compras no setor público orienta-se
pelos critérios de desempenho, o combate ao problema crônico da corrupção e o
atendimento da legislação (MARQUES, 2005). As compras públicas representam
10% do PIB do país e, no Amazonas, 30% do orçamento do Poder Executivo, o que
faz do Estado um ator econômico com grande poder sobre as cadeias produtivas
locais e regionais. Novos critérios de desempenho poderiam ser adotados para
aproveitar melhor o potencial econômico, social e ambiental das compras públicas.
A expressiva representatividade econômica e seus importantes impactos
sobre a sociedade pedem que, como enfatiza Marques (2005), se trate as compras
públicas como política pública. É preciso que se avalie sistematicamente sua
eficiência, eficácia e efetividade e não apenas seus aspectos legais. O setor carece
ainda da institucionalização de regras formais e de órgãos de coordenação e
avaliação de todas as etapas das compras governamentais que produzam
informações e sistematicamente proponham políticas, favorecendo dessa forma
também o controle interno, externo e social dos gastos públicos.
A distorção de preços, como expressão da baixa capacidade de gestão e
da corrupção, compromete não apenas a alocação mais eficiente e equânime dos
fundos públicos, mas coloca em questão a própria legitimidade e credibilidade dos
mecanismos democráticos de decisão (FILGUEIRAS, 2011). Portanto, trata-se de
um problema político e é de extrema importância que ele seja enfrentado com
urgência e determinação por toda a sociedade.
26
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo buscou-se verificar a existência e quantificar as lacunas nos
preços praticados com o setor público quando comparados com o setor privado e
levantar os fatores que explicariam este fato, considerando a percepção dos
fornecedores do setor público.
A pesquisa, apoiada em dados das transações realizadas por notas
fiscais eletrônicas, aponta que o governo federal tem melhor desempenho nas
negociações de preços através das compras eletrônicas, mas ainda possui uma
lacuna de preços em relação à iniciativa privada de 16%. O pior desempenho é dos
municípios do Amazonas, com uma lacuna de 42,5%. O governo estadual, em
posição intermediária, opera com uma lacuna de preços de 27,4%. O resultado
confirma todos os outros resultados já divulgados e o sentimento geral de que o
setor público paga mais por produtos e serviços. Isso também confirma a tese de
que os pregões eletrônicos não garantem por si só um preço justo, embora possam
promover consideráveis ganhos. Os resultados levam a concluir que as perdas da
cadeia de suprimento podem ser maiores do que em outras pesquisas, entre 10 a
40%, já que só em uma etapa do processo, a negociação de preços, identificam-se
níveis acima de 40%. Em outras etapas, como a gestão dos contratos, gestão do
consumo de bens, padronização e especificação de bens de serviços, podem existir
grandes possibilidades de ganhos que precisam ser consideradas e avaliadas.
Na busca pelas razões que explicam tais disparidades de preços, verifica-
se que as discrepâncias de preços estão fortemente associadas à
ausência/presença de variáveis críticas necessárias à boa negociação de preços em
compras públicas. Existe uma relação muito forte entre o número de variáveis
indicadas na teoria dos leilões e os preços praticados, o que pode levar à conclusão
de que, quanto maior o número de variáveis implementadas, menores serão as
lacunas de preços praticados. Os melhores resultados em negociações de preços
obtidos pelo governo federal podem ser explicados pela presença significativa
dessas variáveis. Embora a capacidade administrativa nos processos de compras
dos governos estadual e federal encontre-se muito próxima, o primeiro indica ser
mais suscetível à influência de fatores culturais e políticos, o que pode explicar em
27
maior grau o valor adicional de preços pago pelo Estado do Amazonas. O baixo
desempenho dos municípios, quanto aos indicadores de capacidade administrativa e
de influência de aspectos culturais e políticos, sugere que outros fatores, além dos
avaliados, podem contribuir para maior diferença de preços pagos pelo setor público
em relação aos preços de mercado. A tendência descendente de crescimento da
disparidade de preços pagos pelo setor público indica que, quanto mais próximo da
influência local e regional, maior a propensão à elevação de preços devido à maior
influência de desvio de ordem política e cultural e pior desempenho administrativo
nos itens avaliados.
O uso de tecnologias e instrumentos de investigação apoiado em banco
de notas fiscais eletrônicas deve ser visto como um avanço para conhecer em maior
profundidade, em maior escala e de forma sistemática como se dá o fenômeno das
compras públicas, suas lacunas e possíveis ações corretivas. Esse recurso amplia
consideravelmente as possibilidades de investigação e de produção de informações
sobre a disparidade dos preços, como a curva ABC das disparidades, a distinção de
produtos e grupos de produtos por faixas de disparidade, a classificação das
disparidades por modalidade de licitação, por fornecedores individuais e por órgão
comprador.
A experiência tem mostrado que as falhas no processo de gestão de
compras públicas estão fortemente associadas a práticas de corrupção e politização
patrimonial na mediação de atividades do setor público. Isso sugere que mais
investimentos na melhoria da gestão das compras estatais, por meio de novas
tecnologias, são necessários, mas não suficientes para garantir mais efetividade dos
gastos públicos. Novas pesquisas poderiam investigar como se dá a convivência de
instrumentos considerados avançados de gestão de compras públicas e práticas de
corrupção, que portas foram fechadas e quais novos recursos criados para o desvio
de recursos públicos.
Sugere-se a repetição desta pesquisa em outros estados e setores
governamentais para dar maior segurança nas afirmativas apontadas. Estudos em
profundidade, com menor número de casos, usando dados qualitativos e
quantitativos, podem contribuir para revelar especificidades de contextos particulares
como o municipal.
28
A literatura já publicada sobre o tema apresenta iniciativas na gestão das
compras públicas que podem produzir bons resultados. Uma atividade crítica para
uma boa gestão das compras públicas no aspecto preços é compor um bom banco
de preços referência, que indique o preço máximo a ser pago nas licitações. Neste
sentido as informações das notas fiscais eletrônicas podem ser um eficiente
instrumento para construção desse banco de preços. A questão fundamental
continua sendo o apoio político à implementação dessas premissas fundamentais
para obtenção de bons resultados. Nesse sentido, o maior grau de informação sobre
os efeitos e impactos negativos dos custos sociais e econômicos da má gestão e
politização das compras públicas e o tratamento das compras públicas como
políticas públicas, conjugados a maior transparência, accountability e controle social
dessas compras, mostram-se condições essenciais à construção de um novo marco
institucional para as compras públicas.
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Horizonte: Forúm, 2006.
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AUTORIA
Juarez Paulo Tridapalli – Prefeitura Municipal de Manaus-AM.
Endereço eletrônico: [email protected]
Benilson Borinelli – PPGA-UEL – Programa de Mestrado em Administração Universidade Estadual de Londrina-Pr.
Endereço eletrônico: [email protected]