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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA COMPOSIÇÃO REGIONAL E TECIDUAL DE CORDEIROS TERMINADOS COM DIETAS CONTENDO GRÃO DE SOJA IN NATURA OU DESATIVADO LUIS GUSTAVO CASTRO ALVES Trabalho de Dissertação apresentado como parte das exigências para a realização da Defesa Final para obtenção do Título de Mestre em Zootecnia. Dourados-MS Janeiro 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

COMPOSIÇÃO REGIONAL E TECIDUAL DE

CORDEIROS TERMINADOS COM DIETAS CONTENDO

GRÃO DE SOJA IN NATURA OU DESATIVADO

LUIS GUSTAVO CASTRO ALVES

Trabalho de Dissertação apresentado como

parte das exigências para a realização da

Defesa Final para obtenção do Título de

Mestre em Zootecnia.

Dourados-MS

Janeiro – 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

COMPOSIÇÃO REGIONAL E TECIDUAL DE

CORDEIROS TERMINADOS COM DIETAS CONTENDO

GRÃO DE SOJA IN NATURA OU DESATIVADO

LUIS GUSTAVO CASTRO ALVES Médico Veterinário

Orientador: Dr. José Carlos da

Silveira Osório

Coorientadores: Dr. Alexandre

Rodrigo Mendes Fernandes e Dr.

Fernando Miranda Vargas Junior

Dissertação apresentada à

Faculdade de Ciências Agrárias da

Universidade Federal da Grande

Dourados, como parte das

exigências para obtenção do título

de Mestre em Zootecnia.

Área de Concentração: Produção

Animal

Dourados-MS

Janeiro – 2013

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“Composição regional e tecidual de cordeiros terminados com

dietas contendo grão de soja in natura ou desativado”

por

LUIS GUSTAVO CASTRO ALVES

Dissertação apresentada como parte dos requisitos exigidos para obtenção

do título de MESTRE EM ZOOTECNIA

Aprovado em: 29/01/2013

____________________________________________________________

Prof. Dr. José Carlos da Silveira

Orientador – UFGD/FCA

____________________________________________________________

Dr. Hélio de Almeida Ricardo

UFGD/PNPD

____________________________________________________________

Dra. Marciana Retore

Embrapa/Agropecuária Oeste

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BIOGRAFIA DO AUTOR

LUIS GUSTAVO CASTRO ALVES, filho de Osmar de Assis Alves

e Marly Garcia de Castro Alves, nascido no dia 28 de maio do ano de 1986,

na cidade de Barra do Garças – MT. Ingressou no curso de Medicina

Veterinária na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) Campo Grande-

MS, no ano de 2006, cumprindo todas as exigências do curso obteve o

título de Médico Veterinário em dezembro de 2009. Em 2011 foi aprovado

no curso de Pós-Graduação em Zootecnia pela Universidade Federal da

Grande Dourados, na área de concentração em Produção Animal sob

orientação do professor Dr. José Carlos da Silveira Osório e coorientação

dos professores Dr. Alexandre Rodrigo Mendes Fernandes e Dr. Fernando

Miranda de Vargas Junior. Desenvolveu seu experimento de mestrado no

setor de confinamento do Centro de Pesquisa de Ovinos (CPO) e no

Laboratório de Produtos Agropecuários da FCA da UFGD, Dourados –

MS. O trabalho intitulado “Composição regional e tecidual de cordeiros

terminados com dietas contendo grão de soja in natura ou desativado”, foi

defendido em Janeiro de 2013. Durante o curso de Mestrado atuou no

Laboratório de Carnes auxiliando em experimentos envolvendo análises

instrumentais e sensoriais de carnes de diferentes espécies e possui

experiência na avaliação de carcaças e carnes ovina.

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ii

Dedico...

A Deus em proporcionar mais uma conquista;

Aos meus pais, irmãos e amigos por acreditarem e

confiarem no meu sonho;

Àquelas pessoas que direta ou indiretamente

contribuíram ao longo destes anos para que alcançasse este

objetivo.

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iii

AGRADECIMENTOS

Agradeço em especial aos meus pais, Osmar e Marly e aos meus irmãos

Ana Paula e Marcus Vinicius. Aos familiares que sempre motivaram e

ficaram na torcida por mais esta conquista.

Aos amigos que sempre tiveram ao meu lado acompanhando e colaborando

na construção desta etapa: Leandro Capella, Nilson Nardeli, Clovis Valeze,

Giancarlo de Souza, Luiz Carlos Filho, André Guidolin, Luiz Felipe

Monteiro, Luiz Antônio Rodrigues.

Aos amigos de mestrado que sempre foram companheiros: Keni Nubiato,

Thiago Lira, Ana Flávia Royer, Rodrigo Borille, Marília Alves, Daniela

Graciano, Thais Assad, Baltazar Alves, Pamela Pietro, Maiza Leopoldino,

Flávio Bottini, Diego Echeverria, Marta Moi, Romildo Oliveira, Laura

Alves e as mestrandas da turma 2012, Camila Cunha, Thatiane Cornélio.

Aos amigos do curso de Zootecnia, Marlon Amadori, Bruno Pacito, Luan

Sousa, Marcos Eduardo, em especial ao Marlon por ter sido amigo de

república.

Aos que colaboram para a realização do experimento e não mediram

esforços para obtenção dos resultados em prol da elaboração da

dissertação:

Aos funcionários Laudelino e Lázaro pela dedicação, organização e

comprometimento das atividades no confinamento. Aos mestrandos que

colaboraram diretamente para desenvolvimento e execução do experimento

e elaboração de suas respectivas dissertações: Márcio Rodrigues, Fernando

Camilo e, em especial ao Keni Eduardo Zanoni Nubiato, que foi

companheiro e amigo nesta jornada. Aos amigos que auxiliaram por mais

de seis meses no laboratório de carnes nas dissecações: Maria Cleuma, Taís

Machado e, em especial, a Géssica Cristina, Gizeli Panhosato, Julmir

Colombo, Fabiane Kaiser, que foram fundamentais para obtenção dos

dados, mesmo sendo um trabalho demorado e cansativo. Aos alunos da

graduação e membros dos grupos de pesquisa Ovinotecnia e Carcaças e

Carnes.

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Aos que me credenciaram no decorrer desta etapa com ensinamentos

voltados à pesquisa e noções de caráter e que sempre estiveram dispostos a

tirar e sanar qualquer tipo de dúvida. Não colocaram obstáculos no

desenvolvimento e execução das atividades, a quem tenho muito respeito e

admiração:

A professora Maria Teresa Moreira Osório pelo apoio e motivação

demonstrada durante este período, sempre colocando a importância da

persistência em buscar os objetivos almejados.

Aos professores Leonardo de Oliveira Seno e Hélio de Almeida Ricardo na

colaboração e obtenção da estatística para dissertação, além de serem

amigos e “companheiros de almoço”.

Ao professor Fernando Miranda de Vargas Junior (coorientador) que não

mediu esforços junto ao programa da pós-graduação, em conseguir e

executar iniciativas importantes para o segmento da ovinocultura dentro da

instituição.

Ao professor Alexandre Rodrigo Mendes Fernandes (coorientador) que na

ausência do orientador desempenhou esta função da melhor maneira

possível, sempre à disposição para solucionar as dúvidas e sempre com

uma nova ideia para um próximo experimento. E certamente vai se destacar

como um dos grandes pesquisadores sobre carne no país.

Ao professor José Carlos da Silveira Osório que nunca mediu esforços,

independente de sua importância intelectual na pesquisa em nível nacional

e internacional, sempre manteve a humildade e o respeito pelas pessoas.

Atencioso e preocupado com o andamento das atividades e demonstrando

sempre alguma solução para algum problema.

A estes dois “mestres” e amigos tenho muito a agradecer e muita

motivação para seguir na pesquisa, pois aprendi que mesmo ambos estando

em pontos distintos na carreira profissional, sempre demonstraram a paixão

e admiração pelo que fazem e sempre estiveram dispostos em aprender

coisas novas.

Aos demais professores que contribuíram para o meu aprendizado.

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Ao Ronaldo Pasquim responsável pela parte administrativa da pós-

graduação, que sempre esteve à disposição para solucionar as questões

burocráticas. A Adriana Hirata responsável pelo abatedouro, que sempre

esteve auxiliando nos abates dos animais. As funcionárias da limpeza do

bloco da FCA que sempre estiveram ao menos uma vez na semana

limpando e organizando o laboratório de carnes.

A Capes pela concessão da bolsa e no auxílio do desenvolvimento e

execução do experimento em prol da diversificação e aprimoramento da

pesquisa no país.

A todos vocês tenho apenas a agradecer, pois foram de fundamental

importância para realizar este sonho.

MUITO OBRIGADO.

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“Conheço pessoas que triunfam e

sempre triunfarão. Sabem por

quê? Eu lhes direi o porquê: nunca

desistem dos seus sonhos e sempre

terminam aquilo que começam”.

Napoleon Hill

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 ________________________________________________________ 01

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ____________________________________ 02

2. OBJETIVO ____________________________________________________ 04

3. REVISÃO DE LITERATURA ___________________________________ 05

3.1. OVINOCULTURA NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL _______ 05

3.2. CATEGORIAS ANIMAIS NA OVINOCULTURA ___________________ 06

3.3. CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ANIMAL ________________ 08

3.3.1. COMPOSIÇÃO REGIONAL OU ANATÔMICA __________________ 10

3.3.2. COMPOSIÇÃO TECIDUAL OU HISTOLÓGICA _________________ 13

3.4. ALIMENTAÇÃO______________________________________________ 16

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _____________________________ 21

CAPÍTULO 2. COMPOSIÇÃO REGIONAL E TECIDUAL DE CORDEIROS

TERMINADOS EM CONFINAMENTO RECEBENDO DIETAS CONTENDO

GRÃO DE SOJA IN NATURA OU DESATIVADO ______________________ 27

RESUMO _________________________________________________________ 28

SUMMARY _______________________________________________________ 28

INTRODUÇÃO ____________________________________________________ 29

MATERIAL E MÉTODOS ___________________________________________ 29

RESULTADOS E DISCUSSÃO _______________________________________ 31

CONCLUSÃO _____________________________________________________ 32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ___________________________________ 33

CAPÍTULO 3 ________________________________________________________ 40

IMPLICAÇÕES ______________________________________________________ 41

APÊNDICE __________________________________________________________ 43

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LISTA DE TABELAS

Tabela I- Proporção dos ingredientes e composição química das rações experimentais

com base na % da matéria seca ___________________________________________ 35

Tabela II- Média (± desvio padrão) para peso da meia carcaça e componentes regionais

(cortes) para níveis de concentrado e para o processamento do grão de soja ________ 36

Tabela III- Média (± desvio padrão) da composição tecidual da paleta de cordeiros (kg e

%) para níveis de concentrado e para o processamento do grão de soja ____________ 37

Tabela IV- Média (± desvio padrão) da composição tecidual do pernil de cordeiros (kg e

%) para níveis de concentrado e para o processamento do grão de soja ____________ 38

Tabela V- Comparação (médias ± desvios padrão) entre a composição tecidual da paleta

com pernil ____________________________________________________________ 39

Tabela VI- Descrição da escala de condição corporal __________________________ 46

Tabela VII- Descrição da escala de estado engorduramento na carcaça ____________ 46

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01- Estrutura do confinamento _____________________________________ 43

Figura 02- Animais no confinamento _______________________________________ 43

Figura 03- Avaliação da condição corporal no animal _________________________ 43

Figura 04- Pontos anatômicos de palpação no animal __________________________ 44

Figura 05- Avaliação da carcaça __________________________________________ 44

Figura 06- Divisão da meia carcaça _______________________________________ 44

Figura 07- Composição regional (cortes) ___________________________________ 44

Figura 08- Dissecação da paleta __________________________________________ 45

Figura 09- Dissecação do pernil __________________________________________ 45

Figura 10- Componentes teciduais paleta ___________________________________ 45

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CAPÍTULO 1

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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A produção mundial de carne ovina alcançou cerca de 13,7 milhões de toneladas

em 2010, devendo chegar aos 23 milhões em 2020. Parte desta produção é exportada e,

em conjunto com os demais produtos da ovinocultura, esta atividade movimenta cerca

de US$ 11 bilhões todos os anos (Sorio, 2012).

De acordo com o autor acima, os países tradicionais na produção de carne ovina

estão diminuindo seus rebanhos, por diversos motivos: Austrália, devido às secas

constantes; Nova Zelândia, para aumentar o espaço para as vacas leiteiras; Europa, pela

diminuição de subsídios; África do Sul, por uma crise generalizada na cadeia produtiva.

Portanto, as estratégias de redução ou adequação na ovinocultura destes países têm sido

favorável ao Brasil, na qual nossos ovinocultores devem acertar a integração das

ferramentas de produção e da comercialização do produto final.

Na pecuária nacional, a ovinocultura é atualmente responsável por uma parcela

importante na produção e desempenha papel exploratório em distintas regiões do Brasil,

como é o caso do Sul e do Nordeste, além disso, existe mercado com grande potencial

para consumo da carne ovina e de seus subprodutos (Geron et al., 2012).

A crescente demanda no consumo impulsionou o aumento da produção da carne

de cordeiros e a terminação passou a ter destaque em relevância aos bons preços obtidos

na comercialização do produto final. Antigamente buscava-se o “animal produtor de

carne”, posteriormente “uma carcaça pendurada no gancho”, “um pedaço de carne na

bandeja do supermercado” e no futuro, possivelmente, pelos “benefícios ao organismo”,

ou talvez, até ocorra retorno ao começo pelo incrível avanço das pesquisas e facilidades

de predição. Aspecto este, imprescindível para competir com as demais espécies

fornecedoras de proteína animal (Osório et al., 2012b).

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No entanto, a abrangência sobre a cadeia da carne é mais ampla, pois não

devemos discutir somente o mercado da carne isoladamente, sem saber e entender

primeiramente o que produzir como produzir e para quem produzir. O ciclo de produção

deve ser seguido por etapa, a fim de conhecer qual situação se enquadra ao sistema

produtivo do ovinocultor. Em cada região do país, as raças, o solo, o clima e os

alimentos disponíveis são muito diferentes, tornando-se difícil o estabelecimento de um

único sistema de produção que atenda satisfatoriamente a todas as regiões produtoras.

Contudo, há diversificação cultural na separação anatômica da carcaça em cortes

e, dentro de região, conforme a utilização, destino ou preparo da carne ovina, utiliza-se

os mais variados cortes, inclusive em separação detalhada. Os três tecidos fundamentais

que compõem a carcaça (músculo, osso e gordura) são determinantes do valor atribuído

à carcaça e aos cortes procedentes desta (Osório et al., 2012a). Assim, o entendimento

sobre crescimento e desenvolvimento no animal torna-se essencial para conseguir o

equilíbrio entre a quantidade e a qualidade das características da carcaça e da carne, na

qual tem se buscado o aperfeiçoamento na determinação do momento ideal de abater o

animal (Osório e Osório, 2005).

O sistema de produção de ovinos é decorrente da influência de fatores que podem

desencadear uma série de mudanças nos resultados zootécnicos. Contudo, o

conhecimento dos fatores que exercem influência sobre as distintas características da

carcaça e da carne são de extrema importância, através do conhecimento dos fatores

intrínsecos (manejo alimentar, genética, idade, sexo) e extrínsecos (condições de abate,

armazenamento na câmara fria, métodos de conservação) (Osório et al., 2002).

Dentre estes fatores a alimentação se destaca em função da elevada participação

nos custos de produção, podendo chegar a 70 % das despesas, devido ao alto custo das

fontes energéticas, o que torna imprescindível a busca de alimentos alternativos,

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especialmente aqueles produzidos nas regiões próximas aos sistemas de produção

(Ziguer et al., 2011). Um ingrediente importante e com potencial de uso na nutrição

animal, em substituição ao milho é o grão de soja (Glycine max Merill), originária da

China. Esta cultura foi introduzida no Brasil na década de 60, e atualmente o país é o

maior produtor mundial deste cereal (safra 2012/2013). De acordo com Urano et al.

(2006) a soja tem importância não só em função da qualidade e quantidade de proteína

presente no grão, mas também do alto teor de gordura. Dessa forma, o seu uso como

componente de rações para animais de produção se difundiu rapidamente,

especialmente para sistemas de terminação intensiva.

2. OBJETIVO

O objetivo do estudo foi avaliar o efeito das dietas contendo grão de soja in

natura ou desativado e dois níveis de concentrado sobre a composição regional e

tecidual da carcaça de cordeiros terminados em confinamento.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. OVINOCULTURA NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

No estado de Mato Grosso do Sul mesmo não tendo um grande efetivo em nível

de Brasil, a criação de ovinos sempre esteve associada à ocupação de seu território, ou

seja, nas localidades que as pessoas se instalavam a ovinocultura acompanhava. Mesmo

que não tenha se tornado uma atividade econômica de importância equivalente à de

criação de bovinos, a alimentação dos sul-mato-grossenses sempre esteve ligada de

alguma forma à carne ovina, sendo que esta característica foi reforçada posteriormente

com a chegada de imigrantes que tinham a tradição de consumo de carne ovina, como

os gaúchos, nordestinos e sírio-libaneses (Mariani et al., 2010).

Conforme Sorio et al. (2008), mais de 90% dos consumidores de Campo Grande

já consumiram carne ovina. A partir de estudos realizados nas demais capitais

brasileiras em relação ao consumo per capita da carne ovina, e seguindo este raciocínio,

estes autores estimam que a capital sul-mato-grossense poderia atingir um consumo

entre 318 e 436 toneladas de carne ovina por ano. Já o Estado alcançaria um consumo

entre 1.032 e 1.416 toneladas anuais.

Na pesquisa realizada no município de Dourados por Mariani et al. (2010),

constatou-se que, se a carne ovina estivesse disponível no cardápio de bares e

restaurantes, 90% dos indivíduos fariam consumo. Entre as cidades pesquisadas no

estado, Dourados foi a que obteve maior percentual de respostas positivas em relação ao

consumo da carne ovina.

Outro aspecto importante para corroborar com a cadeia da carne ovina quanto a

sua idoneidade e transparência foi em relação ao aumento dos abates de ovinos

inspecionados realizados no estado, com crescimento de 13 % no período de 2003 a

2010, número representativo quando comparado aos abates de ovinos inspecionados dos

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demais estados da federação (Sorio e Rasi, 2010). Isto pode ser reflexo do empenho das

universidades, ovinocultores, Embrapa e os demais órgãos governamentais que

pesquisam e viabilizam a discussão de uma cadeia da ovinocultura de uma forma geral.

A maior atuação destas entidades, de alguma maneira, contribui para redução da

informalidade na cadeia da ovinocultura, que acaba sendo o grande entrave para este

segmento.

3.2. CATEGORIAS ANIMAIS NA OVINOCULTURA

A ovinocultura no Brasil é um dos sistemas de produção que mais lentamente tem

seguido um processo de especialização quando comparado à bovinocultura, suinocultura

e avicultura. No entanto, o fator importante para o sistema produtivo é o conhecimento

das suas categorias animais dentro da própria espécie ovina. A descrição da categoria

animal e seu entendimento visam esclarecer ao ovinocultor e ao consumidor final o que

a cadeia produtiva propôs como produto final, na qual devem salientar-se as

particularidades de cada categoria (Osório et al., 2008).

As categorias animais estão respaldadas em parâmetros zootécnicos em relação às

suas exigências nutricionais, desempenho, crescimento e desenvolvimento. Portanto, a

partir das atribuições normativas instituídas pelo governo em 1990, entrou em vigor o

sistema brasileiro de tipificação de carcaças ovinas. De acordo com o sistema vigente, a

classificação dos animais é denominada a partir da nomenclatura da categoria e o

detalhamento anatômico de sua dentição (Silva, 2002):

Cordeiro - Ovino jovem, macho, castrado ou não e fêmea, com dentes de leites,

sem queda das pinças;

Borrego – Ovino jovem, macho castrado e fêmea, apresentando no máximo as

pinças de segunda dentição, sem queda dos primeiros médios;

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Borregão - Ovino macho castrado e fêmea, com evoção dentária incompleta (até

seis dentes incisivos definitivos), sem queda dos cantos da primeira dentição;

Capão - Ovino macho adulto, castrado, com mais de seis dentes incisivos da

segunda dentição;

Ovelha - As fêmeas adultas, com mais de seis dentes incisivos da segunda

dentição;

Carneiro - Ovino macho não castrado, considerado como tal a partir da queda das

pinças da primeira dentição.

A idade e o peso de carcaça estipulado para cada categoria animal ainda é um

pouco controverso, pois estas características podem variar em decorrência das

nomenclaturas locais para cada categorial animal ou até mesmo da capacidade do

ovinocultor em atender mercados específicos o que proporcionara imprimir a sua marca

(ex: cordeiro premium, cordeiro precoce). Usualmente tem-se preconizado que o

cordeiro é um animal de até seis meses de idade, borrego é a transição entre a fase de

cordeiro ao animal adulto (carneiro), o borregão é uma subdivisão da categoria animal

do borrego, e o carneiro e a ovelha são animais adultos.

Em relação às características sensoriais da carne ovina, o cordeiro é a categoria

animal que oferece carne de maior aceitabilidade no mercado consumidor, caracterizada

por ser mais macia e rosada, textura lisa, consistência firme e quantidade de gordura

adequada. A carne do borrego ainda é macia, mas a cor já é mais forte, avermelhada. A

carne da ovelha e do carneiro já não é mais tão atraente porque é mais dura, apresenta

uma gordura amarelada e o sabor é mais acentuado (Osório et al., 2009).

Portanto, a definição das fases dentro do ciclo de produção é importante, sendo

que os seus critérios podem ser alterados pela fisiologia e maturidade de cada raça, sexo

e manejo dos animais. Outro ponto importante é em relação aos hábitos culturais, sendo

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que existem regiões que tem maior preferência pela carne de animais jovens e outras

que preferem a de animais adultos, como é o caso de algumas regiões do sul do país.

Nos últimos anos tem sido verificada a procura acentuada de carne ovina,

principalmente no que se refere à carne de cordeiro. Com essa perspectiva de consumo,

surge o interesse de intensificar a terminação de cordeiros, objetivando rapidez na

comercialização e na produção de carcaças que apresentem uma qualidade adequada e

diferenciada (Osório et al., 2008).

Animais com idade muito avançada ou dietas que propiciem uma elevada

deposição de gordura na carcaça devem ser evitados, sendo isso um ponto fundamental

para o consumidor moderno, que não aceita mais a carne de carcaças com altos teores

de tecido adiposo. À medida que a idade e/ou o peso de abate aumentam, ocorre,

concomitantemente, a produção de carcaças mais gordurosas.

3.3. CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ANIMAL

Em qualquer sistema produtivo o entendimento da fisiologia é importante para a

exploração animal. Os animais sofrem transformações constantes desde o momento de

sua concepção até sua morte, e as mudanças que ocorrem entre a fecundação e a

maturidade, estão estreitamente relacionadas com os fenômenos de crescimento e

desenvolvimento. Estes dois processos são básicos para a produção de carne, podendo

ser estudados isoladamente ou não (Berg e Butterfield, 1979; Azeredo et al., 2005).

Segundo Carlson (1972) crescimento é definido como decorrência do aumento

relativo da massa orgânica total, procedente de um incremento de tamanho dos tecidos e

órgãos individuais. Já para Kolb (1987) crescimento consiste em um incremento do

tamanho do ser vivo pelo aumento do volume e do número de suas células. No entanto,

Sobrero (1986) vai além e diz que o crescimento é uma forma de produzir carne, que

inicia na prenhez da mãe e finaliza na maturidade fisiológica do indivíduo (largura,

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comprimento e altura do corpo do animal) e que incluem peso. Assim, entende-se por

crescimento as mudanças operadas na magnitude do animal, até que o mesmo atinja o

seu estado adulto.

Analisando as leis que regem o crescimento relativo nos ovinos, Hammond (1932)

indicou que existem duas ondas de crescimento no organismo, disto-proximal (das

extremidades até as cinturas escapular e pélvica) e antero-posterior (desde a carcaça até

o dorso). Ambas reúnem-se na zona dorso-lombar (união entre a região do lombo e a

última costela) na região com desenvolvimento mais tardio.

Com relação à definição de desenvolvimento, as elucidações são semelhantes,

Hammond (1966) definiu como sendo a modificação da conformação corporal do

animal até que suas diversas funções alcancem a plenitude. Já Béranger (1969) afirma

que o desenvolvimento é algo mais que um aumento de tamanho, já que um carneiro

não é uma versão aumentada de um cordeiro. Isto é descrito por Butterfield (1988)

como mudanças na forma e nas proporções corporais associadas ao crescimento.

O crescimento e o desenvolvimento são regulados hormonalmente, de forma que,

para se obter um crescimento normal é necessário que o sistema endócrino esteja em

perfeito funcionamento. No entanto, estes processos são controlados por leis

fisiológicas e são influenciados por fatores genéticos e outros como nutrição, sanidade e

o meio ambiente que circunda o animal (Oliveira et al.,1996).

Em relação aos fatores que influenciam no crescimento e desenvolvimento, a

eficiência do processo de produção da carne ovina depende do desempenho reprodutivo

das ovelhas, tendo como elemento central o cordeiro, cuja velocidade de crescimento é

determinada basicamente pela qualidade do alimento ingerido, sendo que até a

puberdade os efeitos do plano nutricional sobre o desenvolvimento têm grande

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importância devido às suas relações com a produção econômica de carne (Gonzaga

Neto et al., 2006).

De acordo com trabalho realizado por Koritiaki et al. (2012) avaliando fatores que

afetam o desempenho de cordeiros Santa Inês puros e cruzados do nascimento ao

desmame, encontrou-se que dentre os principais fatores que afetaram o

desenvolvimento dos cordeiros ao nascimento e ao desmame estão o tipo de

nascimento, a idade da mãe ao parto e o ano de nascimento. Deve-se ressaltar ainda que

neste trabalho os cordeiros nascidos de partos simples apresentaram maiores médias que

os cordeiros gêmeos, para todas as características avaliadas.

O entendimento de crescimento e desenvolvimento são informações importantes

para eficiência da produção, uma vez que, conhecendo o ritmo de crescimento dos

tecidos e das regiões que compõem a carcaça, será possível determinar com maior

precisão o melhor momento de abate para cada grupo genético, favorecendo a

padronização e a qualidade do produto ofertado (Hashimoto et al., 2012).

3.3.1. COMPOSIÇÃO REGIONAL OU ANATÔMICA

O estudo da composição regional se realiza mediante a utilização da separação da

carcaça em cortes específicos. É a ação de dividir determinadas partes anatômicas da

carcaça estabelecidas por interesses comerciais (Osório et al., 1998). Portanto, a

utilização de cortes comerciais, associados à apresentação do produto, proporciona a

obtenção de preços diferenciados para as diversas partes da carcaça, além de permitir

um aproveitamento mais racional com um mínimo de desperdício. No entanto, Delfa et

al. (2005) afirmam que, em teoria, as regiões anatômicas separadas deveriam integrar

grupos musculares homogêneos e qualidade similar e de idêntica preparação culinária.

De acordo com Hashimoto et al. (2012), a separação regional da carcaça apresenta uma

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contribuição importante no melhoramento da qualidade da carne em ovinos, tanto no

aproveitamento, quanto na uniformização da qualidade.

O mercado consumidor de carne ovina apresenta uma diversidade muito grande

em relação às preferências de consumo. Diversos tipos de carcaças podem encontrar

consumo garantido de acordo com o modo que serão apreciadas, inclusive aquelas

carcaças de raças não tradicionalmente produtoras de carne. Também existem cortes que

propiciam um melhor aproveitamento para carcaças leves e outros para carcaças

pesadas.

No país, as carcaças ovinas são tradicionalmente separadas em quatro grandes

partes: pescoço, costilhar, paleta e perna. A preferência do mercado por uma

determinada carcaça está relacionada com a quantidade de cortes que ela pode oferecer.

Neste sentido alguns ovinocultores e pesquisadores de Pelotas-RS constituíram uma

marca de qualidade, Cordeiro Herval Premium, através de cortes específicos garantindo

um produto padronizado ao consumidor (Osório e Osório, 2005).

Isto não ocorre somente no Brasil. Na Espanha, por exemplo, apesar das tentativas

de uma normativa, em nível comercial, da separação da carcaça em cortes, nunca

conseguiram colocar em prática e, em cada açougue são realizadas separações, cortes,

distintos em função do mercado e da época do ano. No trabalho feito na Espanha citado

por Colomer-Rocher et al. (1988) e adaptado por Vergara e Gallego (2000), dividem a

carcaça nos seguintes cortes: pescoço, paleta, costilhar, baixo com fraldinha, pernil e

cola. Na França, especificamente na região de Paris, existem subdivisões da carcaça

com cortes específicos que agregam valor ao produto final, com um toalete específico

no corte, como é o caso do carré, Boccard e Dumont (1955) citado por (Osório e Osório

2005). Na Argentina, outros cortes praticados pela Junta Nacional de Carnes Argentina,

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como é o caso do costilhar duplo com osso de 6 a 7 costelas, que é realizado na carcaça

inteira ou costilhar com osso de 6 a 7 costelas que é realizado na meia carcaça.

Além dos nomes dos cortes popularmente conhecidos, estes podem apresentar

outra nomenclatura, ou seja, o costume local imprime sua marca e suas pecularidades. O

conhecimento dos pesos e rendimentos dos principais cortes da carcaça permitem

interpretação do desempenho animal (Jardim et al., 2008). Entre os cortes, o pernil é

considerado o mais nobre das carcaças ovinas, por encontrar-se nele o maior acúmulo

de massas musculares.

De acordo com Osório et al. (2002), verificou-se que o pernil apresenta maior

peso e, em relação ao desenvolvimento dos cortes, a paleta é o mais precoce, o costilhar

é tardio e o pescoço é precoce para fêmeas e tardio para os machos, concordando assim

com a lei da harmonia anatômica e sendo utilizados como base para a quantificação da

composição tecidual da carcaça através do processo de dissecação.

Estudo realizado por Hashimoto et al. (2012), onde avaliou-se a qualidade da

carcaça, desenvolvimento regional e tecidual de cordeiros terminados em três sistemas e

para a composição regional os autores concluíram que o desenvolvimento da paleta,

pernil e costelas nos machos é influenciado pelo sistema de terminação.

Quando o peso dos cordeiros é similar, o rendimento dos componentes regionais é

semelhante, como pode ser observado no estudo realizado por Fernandes et al. (2008),

que não observaram diferença nos cortes de paleta, pernil, lombo, costelas fixas e

flutuantes e pescoço, tanto em porcentagem como em quilograma. Apenas o

componente peito apresentou diferença, pois os maiores valores em quilograma e

porcentagem foram observados nos animais terminados em confinamento e os menores

naqueles mantidos em pastagens.

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No trabalho realizado por Carvalho et al. (2012), avaliou-se o efeito da utilização

de diferentes resíduos agroindustriais, casca de soja, quirera de arroz ou pó de malte de

cervejaria, sobre as características de carcaça de cordeiros terminados em confinamento.

Uma vez que os cordeiros eram da mesma raça, idade e sexo, diferenças na composição

regional das carcaças poderiam ser determinadas pela alimentação. No entanto, não

houve diferença significativa entre os tratamentos, podendo-se afirmar que a

similaridade da composição bromatológica das dietas proporcionou velocidades de

crescimento semelhantes para os diferentes cortes avaliados, independente do

tratamento.

3.3.2. COMPOSIÇÃO TECIDUAL OU HISTOLÓGICA

Em um sistema de produção de carne ovina, a carcaça e suas características

qualitativas e quantitativas, são de grande importância, uma vez que se relacionam

diretamente com o produto final. No entanto, estas características são influenciadas por

diversos fatores tais como raça, peso de abate, sexo, idade e manejo.

Para Osório e Osório (2005), a carcaça ideal seria aquela onde a proporção de

músculo é máxima, a de osso mínima e a de gordura adequada às exigências do

mercado consumidor ao qual se destina. A qualidade da carcaça não depende somente

do peso do animal, mas da quantidade de músculo, distribuição de gordura,

conformação e principalmente idade, inferindo-se que critérios de classificação

baseados somente nos pesos são incoerentes (Pérez e Carvalho, 2003).

A separação tecidual dos cortes da carcaça é de fundamental importância na

determinação da qualidade da carcaça e especificamente do corte. O ideal seria realizar

a separação tecidual de toda a carcaça nos trabalhos experimentais. Porém, por motivo

de custo e tempo, a composição tecidual é feita nos principais cortes da carcaça, na

paleta e no pernil (Osório e Osório, 2005). De acordo com Cezar e Souza (2007), estes

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cortes apresentam alto coeficiente de correlação com a composição total da carcaça e

constituem, juntos, representam mais de 50% do peso total da carcaça ovina. O

procedimento da dissecação tem por objetivo quantificar os grupos teciduais dentro de

cada corte (músculo, gordura subcutânea, gordura intermuscular, osso e outros).

Em relação à escala do crescimento e desenvolvimento dos tecidos no animal,

segue uma ordem gradativa: osso, músculo, gordura visceral, gordura intermuscular,

gordura subcutânea e a gordura intramuscular (marmoreio) (Rosa et al., 2002; Osório et

al., 2002; Pinheiro et al., 2007). Entretanto, a velocidade e o ímpeto de deposição dos

tecidos podem sofrer efeito dos fatores intrínsecos que o animal foi submetido.

A deposição de músculo na região mais nobre da carcaça diminui

proporcionalmente ao avançar do grau de maturidade, não proporcionando assim, em

vantagens comerciais o abate tardio destes animais, ou seja, neste estágio a

funcionalidade da deposição tecidual começa a mudar o tipo de tecido.

Segundo Santos et al. (2001), os músculos tem crescimento mais acelerado em

animais mais jovens e a gordura apresenta crescimento mais acentuado em animais mais

velhos, sendo que os ossos apresentam menor velocidade de crescimento que os demais

componentes. Para Osório et al. (2002), a velocidade de crescimento dos músculos é

semelhante a do peso corporal, sendo que na fase próxima a maturidade diminui a

proporção de músculo em relação ao peso corporal.

O mesmo autor acima salienta que a maior parte das diferenças da composição

tecidual obtidas nos animais com a mesma idade ou peso de abate, refletem diferenças

de maturidade entre raças. Quando os animais são abatidos a um mesmo estágio de

maturidade estas diferenças são minimizadas.

Outro ponto importante é que quando se estabelece o ímpeto de deposição de

músculo e osso no animal, passa a depositar gordura com maior velocidade, em

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decorrência das transformações que ocorrem anatomicamente e fisiologicamente no

animal e, por consequência, começa o processo de acúmulo de gordura, “estoque de

energia”, servindo de reserva para o animal e para proteção da carcaça durante o seu

armazenamento e resfriamento na camâra fria (Rodrigues et al., 2006).

Em termos práticos, a nutrição tem grande influência sobre a velocidade de

deposição tecidual e sobre o tecido que apresenta maior variação na carcaça, a gordura.

De acordo com Costa et al. (2011), normalmente, as mudanças propositais nos níveis de

concentrado fornecidos aos ruminantes interferem diretamente no metabolismo lipídico

do animal e, portanto, na quantidade de tecido gorduroso depositado na carcaça. Garcia

et al. (2003) avaliaram o efeito de três níveis de energia (2,6; 2,8 e 3,0 Mcal EM/kg MS)

sobre medidas objetivas e composição tecidual da carcaça de cordeiros alimentados em

creep feeding e concluíram que o nível ótimo de energia que proporcionou os melhores

resultados para as características e composição tecidual das carcaças dos cordeiros foi

3,0 Mcal EM/kg.

Rosa et al.(2002), avaliaram o crescimento relativo de osso, músculo e gordura

dos cortes da carcaça de cordeiros e cordeiras em diferentes métodos de alimentação e

concluíram que o crescimento muscular da paleta é precoce nos machos e tardio nas

fêmeas, ocasionando que, em animais jovens e a um mesmo peso de carcaça, os machos

apresentem maior quantidade de músculo neste corte do que as fêmeas Já para a gordura

do pernil, independente de sexo e sistema de alimentação, cresce tardiamente, enquanto

o crescimento muscular é isométrico, indicando que a maior relação músculo:gordura,

nesse corte, será obtida em carcaças de animais jovens.

No estudo realizado por Martins et al. (2011), foi avaliada a composição tecidual

da paleta e do pernil de cordeiros alimentados com ração padrão com ou sem adição de

óleo de arroz. Os autores concluíram que não há diferença entre os componentes

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teciduais da paleta e do pernil de cordeiros cruza da raça Corriedale e Lacaune,

alimentados com suplemento de ração contendo óleo de arroz, quando os cordeiros são

abatidos a semelhante condição corporal.

Diversos pesquisadores já vêm a alguns anos trabalhando com a avaliação da

condição corporal como critério de abate (Osório e Osório, 2005; Esteves et al., 2010;

Quadro et al., 2007), e encontrando alta relação entre a condição corporal e o estado de

engorduramento da carcaça. Portanto, a avaliação da condição corporal como critério de

abate é importante para nortear o ponto ideal de abate do animal e torna-se fundamental

para o processo produtivo da carne, entretanto, a associação com outras ferramentas de

avaliação in vivo é capaz de potencializar os resultados obtidos.

Estudo realizado por Amaral et al. (2011), avaliando as características de carcaça

de cordeiros puros e cruzados abatidos com três espessuras de gordura subcutânea 2,0;

2,5; 3,0 mm, avaliados pela técnica de ultrassonografia, concluíram que os cordeiros ½

White Dorper- Santa Inês e os cordeiros abatidos com 3,0 mm de espessura de gordura

subcutânea apresentaram melhores características de carcaça.

Portanto, para cada raça ou sistema de terminação e alimentação adotado existe

um parâmetro a ser levado em consideração para o critério de abate, a fim de estimar o

momento desejado do ímpeto de deposição tecidual, especialmente do tecido adiposo.

3.4. ALIMENTAÇÃO

A alimentação é um dos fatores que mais onera os sistemas de produção

intensivos, tornando necessárias fontes alimentares de bom valor nutritivo e com custo

condizente com as condições de produção (Pompeu et al., 2012). Portanto, uma boa

estratégia de alimentação é baseada em uma mistura completa, tendo em vista a

variedade dos alimentos disponíveis na região e que sejam adaptados à nutrição animal.

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Frescura et al. (2005) afirmam que o balanceamento adequado da ração, do ponto

de vista de resultado econômico, deve observar alguns aspectos importantes:

conhecimento da composição nutricional e dos custos dos alimentos a serem utilizados;

ajuste às exigências nutricionais e ao potencial de ganho e de conversão alimentar dos

animais.

A relação concentrado:volumoso e as características dos alimentos podem

influenciar na qualidade da carne ovina. A alimentação mais volumosa gera carnes mais

escuras, em função do aumento da mioglobina do músculo (Priolo et al., 2002), e um

maior acúmulo de carotenoides na gordura pode torná-la mais amarelada (Prache et al.,

2003). Cordeiros terminados com maior quantidade de concentrado nas dietas podem

apresentar carne mais macia, uma vez que a alimentação rica em concentrados resulta

em carne com maior teor de gordura intramuscular (Leão et al., 2011).

Dentre a diversidade de ingredientes existentes na nutrição animal o grão de milho

é bastante utilizado na formulação de dietas para os animais (Santos et al., 2008). Por

outro lado, o milho é valorizado na alimentação de animais monográsticos. Em razão

disso, existe a necessidade de alternar ingredientes na alimentação com propriedades

adequadas para bom desempenho animal. Um ingrediente que se destaca na substituição

do grão de milho é o grão de soja, pois é considerado uma das sementes oleaginosas

mais ricas em proteína e energia disponíveis, podendo se tornar viável ao ovinocultor

quando são adotados em sistema de confinamento. Segundo Silva e Corrêa (2000), o

grão de soja contêm 94% de Nutrientes Digestíveis Totais, valor superior ao encontrado

nos grãos de milho, além de elevado teor de Proteína Bruta 38% e de Lipídios 25%.

O custo do grão de soja para utilização em dietas com altos teores de concentrado

na terminação de cordeiros em confinamento tem sido vantajoso em regiões com

expansão da ovinocultura no Brasil, como é o caso da região Sudeste e Centro Oeste,

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especialmente para as nossas condições de produção, sendo que o Estado de Mato

Grosso do Sul tem previsão de produção do grão para a safra 2011/2012 de 4,6 milhões

de toneladas e deste montante a região da grande Dourados - MS de 448 mil toneladas

(Conab, 2012).

A utilização do grão de soja na forma in natura é uma alternativa importante na

nutrição animal, entretanto, apresenta fatores antinutricionais como: sojina, urease,

inibidores da tripsina e quimiotripsina, lectinas, fatores alergênicos (glicinina e beta-

conglicinina) e os polissacarídeos não amiláceos solúveis, que dificultam o seu máximo

aproveitamento nutricional na ração, podendo retardar o potencial de crescimento e

desenvolvimento do animal (Bellaver e Snizek Junior, 1998).

A utilização do grão de soja in natura propicia que os níveis de gordura sejam

praticamente integrais nesta matéria prima, sendo uma fonte disponível de nutrientes

para que microorganismos possam desenvolver em ambiente de armazenagem (Pont et

al.,2001). Diversos autores (Santin, 2001; Gock et al., 2003; Hermanns et al., 2006)

descreveram que matérias primas, tais como soja, milho, trigo e arroz, quando

armazenados, sem sofrer processo nenhum que altere sua forma física ou sem

tratamento químico para preservação, perdem rapidamente suas qualidades nutricionais

devido a contaminação por microorganismos.

Portanto, há necessidade da desativação dos fatores antinutricionais através do

processo industrial para se obter melhor desempenho animal (Mendes et al., 2004). O

processamento ocorre quando o grão sofre cozimento sob pressão e vácuo controlados,

com temperatura entre 60°C e 125°C em processo automático e o ambiente sem

contaminações, com finalidade da redução de agrotóxicos nos grãos e na redução ou

eliminação das micotoxinas que tenham contaminado o produto por fungos. Assim o

processo de desativação favorece a palatabilidade, digestibilidade, proporciona maior

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ganho de peso e melhor conversão alimentar, além de manter o mesmo teor energético

do grão de soja in natura.

Outro ponto importante é que com o crescimento gradual da ovinocultura no país,

é necessário que os ovinocultores tenham uma postura empresarial e realizem as

avaliações de custos e rentabilidade dentro de sua propriedade (Barros et al., 2009). Para

se ter um espaço maior no mercado da carne ovina, é preciso melhorar o sistema de

produção. A maioria dos ovinocultores colocava a venda animais com idade avançada e

com características de carcaça indesejáveis e de baixo rendimento corporal (Clementino

et al., 2007).

O sistema de confinamento consiste na terminação de animais instalados em

piquetes ou currais com área restrita, em que os alimentos e a água necessários são

fornecidos em cochos. Segundo Oliveira et al. (2003), esta é uma alternativa para

intensificar a produção de carne, devido à maior rapidez com que os animais chegam ao

ponto de abate e pela maior facilidade de controlar as doenças, além de ser uma

alternativa bastante viável na busca de fontes alternativas de proteína de alto valor

biológico.

De acordo com Santos (2004), como o confinamento é um período de engorda

intensiva de animais, algumas vantagens podem ser levadas em consideração nesta

prática, como a redução da idade de abate, racionalização da mão-de-obra da

propriedade, aproveitamento de alimentos da própria fazenda, comercialização dos

animais com peso e carcaça uniformes. Outro ponto fundamental é que os cordeiros

destinados à terminação em confinamento tenham sido bem manejados na fase de

amamentação, sobretudo no que diz respeito à verminose, sendo que as sequelas

deixadas pelos helmintos são irreversíveis.

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A duração do período dos animais em confinamento deve variar entre 56 e 70

dias, sendo que os primeiros dias deste período devem ser vistos como de adaptação dos

animais, em especial, aos alimentos (Simplicio et al., 2002). Além do sistema de

terminação adotado e os manejos empregados para maximização da atividade, este tipo

sistema requer maior investimento no que se refere às instalações, alimentação e mão de

obra.

Outro argumento são os fatores comerciais que também deverão ser levados em

consideração, pois é preciso tratar de todo o setor agropecuário verdadeiramente como

uma atividade econômica que deve ser autossustentável para garantir a perpetuação do

ovinocultor e deixar de ser vista como atividade de subsistência (Zanette e Neumann,

2012).

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CAPÍTULO 2

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COMPOSIÇÃO REGIONAL E TECIDUAL DE CORDEIROS TERMINADOS COM DIETAS

CONTENDO GRÃO DE SOJA IN NATURA OU DESATIVADO

REGIONAL AND TISSUE COMPOSITION OF LAMBS FINISHED WITH DIETS CONTAINING

SOYBEAN GRAIN IN NATURA OR DISABLED

Alves, L.G.C.1A

, Osório, J.C.S.2A

, Nubiato, K.E.Z.1B

, Fernandes, A.R.M.3A

, Vargas Junior, F.M.3B

, Osório,

M.T.M.2B

, Seno, L.O.3C

, Ricardo, H.A.4, Farias, R.M.

1C

1Mestrando do programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).

Brasil. E-mail: [email protected]

2Professor (a) Visitante Nacional Sênior. Bolsista Capes. Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).

Brasil. E-mail: A

[email protected] 3Docente do curso de Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Brasil.

E-mail: [email protected]

4Bolsista Capes de Pós-Doutorado. UFGD/PNPD-Institucional. Universidade Federal da Grande Dourados

(UFGD). Brasil. E-mail: [email protected]

Palavras Chave Adicionais

Alimentação. Carcaça. Carne. Cortes. Ovinos. Tecidos.

Additional Keywork

Carcass. Cuts. Feeding. Meat. Sheep.Tissue.

Resumo

Objetivou-se avaliar a composição regional da carcaça e tecidual da paleta e pernil da carcaça de

cordeiros terminados em confinamento recebendo dietas contendo grão de soja in natura ou desativado com

dois níveis de concentrado. Foram utilizados 20 animais, sem raça definida, machos, não castrados com 120 dias

de idade e peso corporal inicial de 22,6 ± 2,06 kg. O critério de abate foi à condição corporal de 3 (normal) a 3,5

(ligeiramente engordurada) , em uma escala de 1 (excessivamente magra) a 5 (excessivamente gorda). Após 24

horas as carcaças foram seccionadas longitudinalmente ao meio. A meia carcaça esquerda foi separada em oito

cortes comerciais, sendo que a paleta e o pernil foram dissecados para quantificar a composição tecidual dos

cortes. O delineamento foi inteiramente ao acaso em esquema fatorial 2x2 (nível de concentrado e

processamento do grão de soja). O menor tempo de permanência dos animais em dias no confinamento (38 dias)

foi influenciado pelas dietas contendo grão de soja desativado. A composição regional da carcaça sofreu

influência do nível de 80% de concentrado para o peso do corte lombo (0,800 kg). A composição tecidual da

paleta sofreu influência do nível de 50% de concentrado para rendimento de gordura subcutânea (9,25%) e pelas

dietas contendo grão de soja in natura para peso de gordura subcutânea e gordura total (0,139 kg e 0,223 kg) e

para rendimento de gordura subcutânea (9,72%). A composição tecidual do pernil sofreu influência das dietas

contendo grão de soja desativado para o rendimento de músculo (61,23%) e na relação músculo:osso (3,22). Na

terminação de cordeiros em confinamento as dietas contendo grão de soja desativado apresentam vantagens na

qualidade da carcaça em relação às dietas contendo grão de soja in natura.

Summary

This study aimed to evaluate the regional composition of the carcass and tissue of shoulder and leg of

lamb finished feedlot receiving diets containing in natura or disabled soybean grain and two levels of

concentrate. We used 20 animals, male, not castrated and crossbred with 120 days of age and initial body weight

of 22,6 28± 2,06 kg. The slaughter criterion was the body condition of 3 (normal) to 3.5 (slightly fat) on a scale

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from 1 (excessively lean) to 5 (excessively fat). After 24 hours the carcasses were cut in half, the left half

longitudinally, was separated into eight commercial cuts, and the shoulder and leg were dissected to quantify the

tissue composition of cuts. The completely randomized design was used, allocated in a factorial 2x2

(concentrate and processing of soybean grain). The shorter length of stay in days of animals in feedlot (38 days)

was influenced by the diets containing soybean disabled. The composition regional of carcass was influenced by

the level of 80% concentrated was to weight to the cut loin (0.800 kg). The tissue composition of the shoulder

influenced by the level of 50% concentrate to yield subcutaneous fat (9.25%) and by diets containing soybean

grain in natura weight for to subcutaneous fat and total fat (0.139 kg and 0.223 kg) and to yield subcutaneous fat

(9.72%). The tissue composition of the leg was influenced by the diets containing soybean grain disabled yield

for the muscle (61.23%) and muscle: bone ratio (3.22). In finishing lambs in feedlot diets containing soybean

grain disabled have advantages in carcass quality compared to diets containing soybean grain in natura.

Introdução

A alimentação é um dos fatores que mais influenciam nas características de carcaça e mais oneram o

sistema de produção da carne, tornando necessárias fontes alimentares de bom valor nutritivo e que sejam

eficientes (Pompeu et al. 2012). A expansão da ovinocultura na região Centro Oeste do Brasil, associada a

grande produção de grãos, em especial a soja, têm sido vantajosa, sendo comumente utilizado na nutrição

animal, entretanto, o grão de soja in natura apresenta fatores antinutricionais. Portanto, há necessidade da

desativação dos fatores antinutricionais através do processo industrial para se alcançar melhor desempenho no

animal (Mendes et al., 2004).

A sua utilização em dietas com altos teores de concentrado torna-se vantajosa em confinamento

(Fernandes et al., 2009). O confinamento pode ser uma alternativa bastante viável na busca por proteína de alto

valor biológico. A decisão da utilização deste sistema de terminação apresenta-se como uma ferramenta

importante para a cadeia produtiva, na qual fatores como velocidade de acabamento, conversão alimentar,

alimentação e mercado consumidor exigente devem ser levados em conta sistematicamente, para que o

ovinocultor obtenha ganho econômico na atividade (Zanette & Neumann, 2012).

A carcaça é o produto da cadeia da carne de suma importância nas transações comerciais e sua descrição

deve ser o mais detalhada possível. Considerando que os ambientes de produção são muitos e diversificados e a

interação do animal com estes é variável, estudos devem ser constantemente realizados para evitar equívocos

não somente na comercialização, mas, também, na busca de mútuo entendimento entre o ovinocultor e o

consumidor; assim como na comparação de resultados de pesquisas que abordam a produção de carne (Osório et

al., 2012a).

A composição regional propõe a separação da carcaça em cortes de menor tamanho, com intuito de obter

um melhor aproveitamento tanto na maneira de agregar valor ao corte quanto em seu preparo culinário. Alguns

destes cortes estão relacionados à composição tecidual da carcaça, como é o caso da paleta e do pernil, por

apresentarem grande representatividade na carcaça. Os atributos da composição da carcaça e o rendimento dos

três tecidos fundamentais que a integram, osso, músculo e gordura são determinantes para o valor da carcaça

(Osório & Osório, 2005).

Objetivou-se avaliar a composição regional e tecidual da paleta e pernil da carcaça de cordeiros

terminados em confinamento recebendo dietas contendo grão de soja in natura ou desativado com dois níveis de

concentrado.

Material e Métodos

A fase de campo do experimento foi realizada no confinamento do Centro de Pesquisa de Ovinos (CPO)

da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), no município de

Dourados-MS, totalizando 66 dias de experimento, sendo destes 10 dias de adaptação dos animais a dieta.

Foram utilizados 20 cordeiros machos não castrados, sem raça definida, com idade média de 120 dias e

22,6 ± 2,06 kg de peso corporal, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, em esquema

fatorial 2x2, com 2 níveis de inclusão de concentrado (80% ou 50%) e 2 processamentos do grão de soja (in

natura ou desativado). Os animais foram confinados em baias individuais de 2 m2, com cobertura, piso de

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cimento recoberto com maravalha, bebedouro tipo nipple e comedouro, permitindo assim o arraçoamento

individual, para controle e mensuração da quantidade de alimento fornecido e sobra do mesmo.

As dietas experimentais foram formuladas para avaliar o desempenho dos animais em relação à

alimentação, tendo como base a proporção de grão de soja in natura ou destivado no nível de concentrado e o

feno de Brachiaria brizantha cv BRS Piatã como volumoso. Ao total foram impostas 4 dietas, sendo 2 com grão

de soja in natura e 2 com grão de soja desativado, sendo que para cada base alimentar, grão de soja in natura ou

desativado, apresentaram duas relações de concentrado:volumoso (50:50) e (80:20) e foram calculadas para um

ganho médio diário de 200g/dia, seguindo as exigências nutricionais NRC (2007), conforme mostrado na

(tabela I).

O critério de abate foi a condição corporal, o animal que alcançasse a condição corporal pré-estabelecida

entre 3 (normal) e 3,5 (ligeiramente engordurada) era abatido, em uma escala de 1 (excessivamente magra) a 5

(excessivamente gorda), de acordo com a metodologia descrita por Osório et al. (2012c). Previamente ao abate,

os animais permaneceram em jejum de sólidos, recebendo água ad libitum por um período de 16 horas. Os

animais foram abatidos no Laboratório de Carcaças e Carnes da Universidade Federal da Grande Dourados, o

procedimento foi realizado de acordo com as normas do Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de

produtos de Origem Animal – RIISPOA (Brasil, 2000). Foram realizados quatro abates (27/06; 04/07; 11/07;

18/07 durante o ano de 2011).

Os animais foram insensibilizados por eletronarcose, com descarga elétrica de 220V por oito segundos. A

sangria foi feita pela secção das veias jugulares e artérias carótidas. Posteriormente à esfola os cordeiros foram

eviscerados, feita a toalete das carcaças e tomado os pesos das mesmas para compor o peso de carcaça quente.

Em seguida, foram levadas para a câmara de refrigeração com ar forçado, penduradas pela articulação tarso

metatarsianas, com distanciamento de 17 centímetros, onde permaneceram durante 24 horas, com variação de

temperatura entre 1°C e 6°C. Após este período, as carcaças foram seccionadas em serra fita ao longo da linha

média, obtendo-se assim duas meias carcaças (direita e esquerda). A meia carcaça esquerda foi separada em oito

cortes, conforme técnica adaptada de Sánchez & Sánchez (1988) citados por Cañeque et al. (1989): pescoço

(obtido pelo corte entre a sétima vértebra cervical e primeira torácica), paleta (separada pela secção dos

músculos que a unem à caixa torácica), pernil (separado pelo corte entre a última vértebra lombar e primeira

sacra), costelas fixas (obtidas pelo corte entre a sétima vértebra cervical e primeira torácica e entre a quinta e

sexta torácicas), as costelas flutuantes (obtidas corte entre a quinta e sexta vértebras torácicas e entre décima

terceira torácica e primeira lombar), lombo com vazio (obtido pelo corte entre a décima terceira vértebra

torácica e primeira lombar e sexta lombar e primeira sacra), baixo (separado pelo corte transversal das costelas,

obedecendo à linha imaginária desde o apêndice xifóide do esterno até a extremidade inferior da décima costela)

e rabo (vértebras coccígeas).

O procedimento da dissecação da paleta e do pernil foi feito segundo metodologia descrita por Osório &

Osório (2005). Os cortes foram descongelados em sacos plásticos na parte inferior da geladeira a 10ºC por 24

horas para a paleta e por 48 horas para o pernil, devido ao seu maior tamanho e peso.

Na dissecação foram separados da paleta e do pernil os seguintes componentes teciduais e sua localização

no corte anatômico, respectivamente: gordura subcutânea (gordura localizada imediatamente sob a pele),

gordura intermuscular (gordura localizada abaixo da fáscia profunda, associada aos músculos), músculo

(musculatura do corte mecanicamente separada da sua base óssea, bem como do conteúdo de gordura

intermuscular, gordura subcutânea e outros), osso (base óssea de cada corte livre de qualquer outro tecido),

outros (tecidos não identificados, compostos por tendões, glândulas, nervos e vasos sanguíneos).

O procedimento de dissecação foi realizado no Laboratório de Carnes da UFGD. Após o

descongelamento, os cortes foram pesados e identificados. Para o processo de dissecação foram utilizados

materiais cirúrgicos (bisturi, lâminas de bisturi, pinças, tesouras e luvas cirúrgicas). A ordem de separação dos

componentes teciduais iniciava-se com a retirada de toda a gordura subcutânea do corte. Posteriormente

retirava-se a gordura intermuscular e, em seguida, o músculo, outros, e por último a raspagem dos ossos. Ao

término da dissecação, os grupos dos componentes teciduais eram pesados individualmente em balança semi-

analítica e calculados o peso e o rendimentos em relação ao respectivo corte.

As características avaliadas foram submetidas à análise de variância (SAS, 2001), com 5% de

significância, utilizando o Teste F.

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Resultados e Discussão

No estudo não foram observados efeitos significativos da interação dos fatores sobre as características

estudadas. Desta forma, os efeitos dos fatores foram avaliados separadamente. Os animais que receberam as

dietas contendo grão de soja desativado permaneceram em média 10 dias a menos no confinamento em relação

aos animais das dietas contendo grão de soja in natura (tabela II). O processo de desativação do grão de soja,

realizado industrialmente e tem com o objetivo de inativar os fatores antinutricionais (uréase, sojina) e

proporcionaram melhor aceitabilidade e digestibilidade das dietas pelos animais.

Outro ponto importante em relação às dietas contendo grão de soja desativado é que os cordeiros foram

mais homogêneos na terminação e tiveram melhor conversão alimentar (4 kgMS/kg do peso corporal) em

relação aos que receberam grão de soja in natura (6 kgMS/kg do peso corporal), de acordo com Camilo (2012),

que utilizou os mesmos animais deste experimento. Resultados próximos para conversão alimentar foram

encontrados por Urano et al. (2006), em média 3,5 kgMS/kg do peso corporal para cordeiros alimentados com

diferentes teores de grão de soja, em rações com 90% de concentrado.

Segundo Longo et al. (2012) utilizando os mesmos animais deste experimento, avaliaram o

comportamento ingestivo, concluíram que os animais que alimentados com as dietas contendo grão de soja

desativado consumiram mais ração dormir mais e permanecer menos tempo em ócio. Este fato pode ser

explicado em decorrência da desativação dos fatores antinutricionais do grão de soja que proporcionou melhor

aproveitamento digestivo e metabólico da dieta consumida pelos animais.

Na tabela II observa-se que os níveis de concentrado e a utilização das dietas contendo grão de soja in

natura ou desativado não influem na composição regional da carcaça, exceto o lombo, que foi superior para o

nível de 80% de concentrado (P<0,05). O lombo é um corte com desenvolvimento tardio na carcaça (Macedo et

al., 2008). No entanto, mesmo com maior tempo de permanência em dias no confinamento os cordeiros das

dietas com 50% de concentrado, não conseguiram obter maior peso neste corte, portanto o maior nível de

concentrado 80% proporcionou maior deposição proteica e foi mais significativo para o lombo. Reforçando

assim os valores encontrados por Camilo (2012), encontrou para ganho médio diário dos animais, 0,243 gramas

para as dietas contendo grão de soja desativado e 0,203 gramas para as dietas contendo grão de soja in natura.

Para a eficiência proteica encontrou 1,03 para o nível de 80% de concentrado e 0,96 para o nível de 50% de

concentrado. De acordo com Clementino et al. (2007) avaliando a influência dos níveis de concentrado sobre os

cortes comerciais houve aumento para o peso do lombo à medida que se elevaram os níveis de concentrado nas

dietas.

Os pesos e rendimentos dos componentes teciduais da paleta são apresentados na (tabela III). O peso de

gordura subcutânea, gordura total e rendimento de gordura total foram influenciados (P<0,05) pelo

processamento do grão de soja. O rendimento de gordura subcutânea foi influenciado tanto para nível de

concentrado quanto para processamento do grão de soja.

Amaral et al. (2011) avaliaram o desempenho produtivo de cordeiros confinados abatidos com três

espessuras de gordura (2,0 ; 3,0 e 3,5 mm) e observaram que a condição pré-estabelecida para deposição de

gordura de cobertura ocorreu de maneira gradual com a permanência dos cordeiros no confinamento (dias).

Portanto, alguns fatores interferiram na deposição de gordura subcutânea no presente experimento, como é o

caso da alimentação e o critério de abate. Dessa forma, os animais que receberam as dietas contendo grão de

soja desativado em decorrência das características nutricionais das dietas depositaram gordura subcutânea de

forma mais homogênea nos pontos anatômicos da avaliação de condição corporal, atendendo assim as

exigências estabelecidas para o critério de abate e foram abatidos em média 10 dias antes que os animais

alimentados com as dietas contendo grão de soja in natura.

O tempo de permanência dos animais em confinamento foi influenciado pelo processamento do grão,

sendo que os animais das dietas contendo o grão de soja in natura ficaram maior tempo e isto teve efeito na

maior deposição de gordura subcutânea (kg e %) o que resultou no aumento de gordura total (kg e %).

Outra característica que inferiu no maior tempo de permanência dos animais no confinamento foi o nível

de 50% de concentrado na dieta, que refletem em aumento da deposição de gordura subcutânea (%). Outro

ponto importante a ressaltar é que a maior proporção de volumoso destas dietas provavelmente aumentou a

proporção de acetato no processo de fermentação ruminal, o qual é precursor da síntese de gordura. Silva

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Sobrinho et al. (2005) constata que a maior relação acetato:propionato, observada em dietas mais fibrosas,

proporciona um aumento na deposição da gordura subcutânea.

Os pesos e rendimentos dos componentes teciduais do pernil são apresentados na (tabela IV). O

rendimento do músculo e a relação músculo:osso foram influenciados (P<0,05) para processamento do grão de

soja.

O processamento do grão de soja interferiu no rendimento do músculo do pernil. Camilo (2012)

encontrou o maior ganho de peso diário e melhor conversão alimentar para os animais submetidos às dietas

contendo grão de soja desativado. Esse fato pode ser explicado pelo baixo valor de atividade ureática encontrada

no grão desativado, que indiretamente melhora o desempenho do cordeiro em confinamento, pois o grão de soja

desativado melhora a ação das enzimas no intestino, aumentando a digestibilidade da proteína verdadeira e

reduzindo a degradação ruminal.

Portanto, as características antinutricionais do grão de soja in natura podem ter interferido na

disponibilidade de nutrientes e resultado na inibição do crescimento, hipoglicemia ou danos a tecidos, como

pâncreas e fígado. Segundo Butolo (2002), a presença destes fatores apresenta potencial de reduzir a

digestibilidade da proteína da dieta e aumentar a excreção de nitrogênio.

Considerando a relação músculo:osso no pernil como atributo de qualidade da carcaça, em que maiores

relações culminam com maiores quantidades de músculo, constatou-se que as dietas contendo o grão de soja

desativado contribuíram para aumento desta relação. Portanto, quando estas relações são interpretadas de

maneira correta servem para estabelecer mecanismos de comparação, necessários para nortear possíveis

programas de seleção, além de possibilitar a determinação de critérios de abate, como é o caso da condição

corporal, que são favoráveis a obtenção de carcaças de qualidade desejável ao mercado consumidor.

A comparação dos pesos e rendimentos dos componentes teciduais da paleta e do pernil são apresentados

na (tabela V). Todas as características avaliadas foram influenciadas em função do tamanho do corte (P<0,05),

exceto para peso de gordura subcutânea, rendimento de gordura total e a relação músculo:gordura.

O peso total, o peso de músculo e o rendimento de músculo do pernil foram maiores em relação à paleta.

No entanto, o rendimento de gordura subcutânea foi maior para a paleta. Isto se deve ao fato da paleta ser mais

precoce que o pernil e as ondas de crescimento e desenvolvimento animal serem disto-proximais e ântero-

posteriores com isso a deposição de gordura tende a iniciar mais cedo na paleta (Osório et al., 2002).

Já o peso de gordura intermuscular, o rendimento de gordura intermuscular e o peso da gordura total

foram maiores para o pernil. Pressupõe-se que isto possa ter acontecido em reflexo aos diferentes momentos na

curva de deposição de gordura, sobressaindo-se com maior ímpeto a deposição da gordura intermuscular o que

corroborou para a diferença no valor da gordura total do pernil em relação à paleta.

Portanto o presente experimento abordou as diferentes etapas de um sistema produção, a partir das

conclusões obtidas dos diferentes autores que utilizaram os mesmo animais do presente experimento. De acordo

com Camilo (2012), ao avaliar o desempenho dos animais conclui que a terminação de cordeiros alimentados

com dieta contendo 80% de concentrado e grão de soja desativado apresenta melhor desempenho. Já Nubiato

(2012), ao avaliar as características sensoriais na carne conclui que a utilização do grão de soja desativado e os

diferentes níveis de concentrado na dieta interferem nas características sensoriais (maciez e sabor).

Souza (2012) avaliou os custos de produção e a eficiência da terminação em confinamento, concluiu que

os animais das dietas contendo grão de soja desativado obtiveram melhores desempenhos zootécnicos,

principalmente os animais da dieta com 80% de concentrado contendo grão de soja desativado, sendo assim em

uma simulação esta dieta proporcionaria a terminação de um maior numero de animais e maior produção de

carcaça entre as dietas analisadas. Com isso seria possível abater 29,51% mais cordeiro, resultando na produção

de 41,81% mais de carcaça quente em relação aos animais da dieta com 50% de concentrado contendo grão de

soja in natura.

Conclusão

Na terminação de cordeiros em confinamento as dietas contendo grão de soja desativado apresentam

vantagens na qualidade da carcaça em relação às dietas contendo grão de soja in natura.

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Tabela I - Proporção dos ingredientes e composição química das rações experimentais com base na

porcentagem da matéria seca. ( Proportion of ingredients and chemical composition of experimental diets based

on the percentage of dry matter).

Tratamentos

Grão de Soja Desativado

Grão de Soja In Natura

Ingredientes 80% 50% 80% 50%

Feno de Piatã 20,00 50,00 20,00 50,00

Grão Soja In Natura 0,00 0,00 27,00 27,00

Grão Soja desativado(1)

27,00 27,00 0,00 0,00

Núcleo Mineral(2)

2,00 2,00 2,00 2,00

Milho Grão 35,96 15,50 35,96 15,50

Farelo de Soja 4,00 5,00 4,00 5,00

Calcário Calcítico 1,00 0,41 1,00 0,41

Fosfato Bicálcico 0,00 0,05 0,00 0,05

Ionóforo (3)

0,04 0,04 0,04 0,04

Casca de Arroz 10,00 0,00 10,00 0,00

Composição Química(4)

MS 89,12 86,50 89,12 86,50

PB 16,00 16,00 16,00 16,00

NDT 65,00 65,00 65,00 65,00

FDN 23,44 47,19 23,44 47,19

FDA 3,92 3,42 3,92 3,42

EE 8,86 6,94 8,06 6,15 (1)

Grão de Soja Desativado: O grão de soja sofre processo térmico para desativação dos fatores antinutricionais,

Produto Comercial (Douramix). (2)

Composição: Ca 267 mg /kg ; P 61 g /kg; S 35 g /kg; Mg 20 g /kg %; F 610

mg /kg; Zn 60 mg /kg; Cu 350 mg /kg; Se 23 mg /kg; Mo 500 mg /kg; Mn 2000 mg /kg; Cr 60 mg /kg; I 80 mg

/kg; Co 20 mg; Fe 3000 mg /kg. (3)

Ionóforo: Lasalocida Sódica 15% (Taurotec®) (4)

Composição Química : MS

- Matéria Seca, PB – Proteína Bruta, NDT – Nutrientes Digestíveis Totais, FDN – Fibra Detergente Neutro,

FDA – Fibra Detergente Ácido, EE – Extrato Etéreo.

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Tabela II - Média (± desvio padrão) para confinamento em dias, peso corporal ao abate (PCA), peso da meia

carcaça e componentes regionais (cortes) para níveis de concentrado e para o processamento do grão de soja.

(Mean (± standard deviation) in feedlot for days, body weight at slaughter (PCA), the half carcass weight and

regional components (cuts) to levels concentrate and for processing the soybean grain).

Características

Concentrado Grão de soja

80% 50% In natura Desativado P

Confinamento (dias) 39 ± 7,0 45 ± 8,0 48a ± 9,0 38b ± 4,0 0,006

PCA, kg 34,01 ± 3,25 31,88 ± 3,47 32,95 ± 4,30 32,83 ± 2,71 0,634

½ Carcaça, kg 7,782 ± 0,79 7,212 ± 0,45 7,44 ± 0,80 7,52 ± 0,60 0,370

Pescoço, kg 0,537 ± 0,11 0,569 ± 0,12 0,555 ± 0,13 0,552 ± 0,11 0,699

Paleta, kg 1,483 ± 0,15 1,393 ± 0,11 1,484 ± 0,16 1,391 ± 0,10 0,246

Pernil, kg 2,625 ± 0,25 2,521 ± 0,22 2,595 ± 0,29 2,548 ± 0,19 0,801

C. fixas, kg 0,711 ± 0,17 0,598 ± 0,14 0,586 ± 0,14 0,710 ± 0,16 0,186

C. flutuantes,kg 0,734 ± 0,17 0,593 ± 0,16 0,599 ± 0,15 0,715 ± 0,19 0,197

Lombo, kg 0,800a± 0,11 0,656b ± 0,10 0,681 ± 0,11 0,763 ± 0,13 0,043

Baixo, kg 0,825 ± 0,18 0,818 ± 0,14 0,876 ± 0,15 0,772 ± 0,16 0,597

Rabo, kg 0,064 ± 0,01 0,062 ± 0,01 0,061 ± 0,01 0,066 ± 0,009 0,929

Pescoço1, % 6,97 ± 1,97 7,88 ± 1,64 7,57 ± 2,05 7,34 ± 1,41 0,528

Paleta1, % 19,07 ± 1,04 19,3 ± 1,53 19,99 ± 1,33 18,52 ± 0,80 0,082

Pernil1, % 34,43 ± 0,62 34,91 ± 1,22 34,87 ± 1,16 34,52 ± 0,83 0,254

C. fixas1, % 9,11 ± 2,07 8,27 ± 1,86 7,78 ± 1,18 9,47 ± 2,22 0,232

C. flutuantes1, % 9,37 ± 1,71 8,23 ± 2,32 7,98 ± 1,34 9,48 ± 2,43 0,278

Lombo1,% 10,3 ± 1,15 9,13 ± 1,53 9,20 ± 1,43 10,11 ± 1,41 0,200

Baixo1, % 10,52 ± 1,61 11,39 ± 1,77 11,75 ± 1,26 10,22 ± 1,77 0,196

Rabo1, % 0,83 ± 0,10 0,86 ± 0,21 0,81 ± 0,21 0,87 ± 0,11 0,849

Médias seguidas da mesma letra minúscula, na linha, não diferem entre si a 5% pelo Teste F, variando o nível

de concentrado e o processamento do grão de soja. 1Em relação a meia carcaça fria

PCA – Peso Corporal ao Abate; C. Fixas – Costelas Fixas; C. Flutuantes – Costelas Flutuantes

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Tabela III- Média (± desvio padrão) da composição tecidual da paleta de cordeiros (kg e %) para níveis de

concentrado e para o processamento do grão de soja. (Mean (± standard deviation) of the tissue composition of

the shoulder of lambs (kg and %) to levels concentrate and for processing the soybean grain).

Características

Concentrado Grão de soja

80% 50% In natura Desativado P

Paleta, kg1

1,483 ± 0,15 1,393 ± 0,11 1,485 ± 0,16 1,391 ± 0,10 0,246

Músculo, kg 0,804 ± 0,07 0,729 ± 0,06 0,779 ± 0,08 0,752 ± 0,07 0,146

Gord. Sub, kg 0,103 ± 0,03 0,125 ± 0,03 0,139a ± 0,02 0,093b ± 0,02 0,013

Gord. Inter, kg 0,083 ± 0,02 0,066 ± 0,03 0,084 ± 0,03 0,065 ± 0,01 0,230

Gord. Total, kg 0,186 ± 0,05 0,191 ± 0,05 0,223a ± 0,05 0,158b ± 0,04 0,011

Osso, kg 0,296 ± 0,02 0,292 ± 0,03 0,295 ± 0,02 0,293 ± 0,02 0,853

Outros, kg 0,143 ± 0,03 0,126 ± 0,01 0,133 ± 0,02 0,136 ± 0,03 0,509

Paleta2, % 19,07 ± 1,04 19,3 ± 1,53 19,99 ± 1,33 18,52 ± 0,80 0,082

Músculo, % 56,33 ± 3,01 54,68 ± 2,55 54,72 ± 2,54 56,12 ± 3,04 0,414

Gord. Sub, % 7,14 ± 2,10 9,25 ± 2,08 9,72 ± 1,74 6,93 ± 1,96 0,004

Gord. Inter, % 5,74 ± 1,33 4,91 ± 2,17 5,79 ± 2,18 4,86 ± 1,41 0,432

Gord. Total, % 12,88 ± 3,32 14,16 ± 3,41 15,51a ± 2,70 11,79b ± 2,92 0,014

Osso, % 20,76 ± 1,76 21,83 ± 2,02 20,65 ± 2,27 21,93 ± 1,25 0,205

Outros, % 9,99 ± 2,04 9,48 ± 1,57 9,28 ±1,29 10,13 ± 2,11 0,552

Musc:Gord 4,70 ± 1,51 4,08 ± 1,14 3,63 ± 0,77 5,05 ± 1,39 0,072

Musc:Osso 2,72 ± 0,23 2,51 ± 0,30 2,67 ± 0,32 2,57 ± 0,26 0,379

Médias seguidas da mesma letra minúscula, na linha, não diferem entre si a 5% pelo Teste F, variando o nível

de concentrado e o processamento do grão de soja. 1 Peso da paleta corrigido,

2 Em relação à meia carcaça fria

Gord. Sub: Gordura Subcutânea; Gord. Inter: Gordura Intermuscular; Gordura Total (Somatório da Gordura

Subcutânea e Intermuscular); Musc:Gord – Relação Músculo:Gordura; Musc:Osso – Relação Músculo: Osso.

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Tabela IV- Média (± desvio padrão) da composição tecidual do pernil de cordeiros (kg e %) para níveis de

concentrado e para o processamento do grão de soja. (Mean (± standard deviation) of the tissue composition of

the leg of lamb (kg and%) to levels concentrate and for processing the soybean grain).

Características

Concentrado Grão de soja

80% 50% In natura Desativado P

Pernil1, kg 2,625 ± 0,25 2,521 ± 0,22 2,595 ± 0,29 2,549 ± 0,19 0,801

Músculo, kg 1,494 ± 0,15 1,415 ± 0,11 1,416 ± 0,14 1,485 ± 0,12 0,445

Gord. Sub, kg 0,139 ± 0,03 0,127 ± 0,03 0,143 ± 0,03 0,123 ± 0,03 0,554

Gord. Inter, kg 0,171 ± 0,05 0,172 ± 0,05 0,189 ± 0,058 0,155 ± 0,046 0,625

Gord. Total, kg 0,310 ± 0,08 0,298 ± 0,09 0,332 ± 0,08 0,279 ± 0,07 0,574

Osso, kg 0,486 ± 0,06 0,487 ± 0,05 0,513 ± 0,06 0,462 ± 0,04 0,364

Outros, kg 0,212 ± 0,05 0,203 ± 0,02 0,216 ± 0,053 0,199 ± 0,02 0,737

Pernil2, % 34,43 ± 0,62 34,91 ± 1,22 34,87 ± 1,16 34,52 ± 0,83 0,254

Músculo, % 59,75 ± 3,37 58,98 ± 2,86 57,26b ± 2,77 61,23a ± 1,86 0,018

Gord. Sub, % 5,53 ± 1,12 5,21 ± 1,27 5,71 ± 1,19 5,05 ± 1,14 0,590

Gord. Inter, % 6,91 ± 2,51 7,06 ± 1,87 7,65 ± 2,38 6,39 ± 1,80 0,667

Gord. Total, % 12,45 ± 3,31 12,28 ± 3,01 13,37 ± 3,22 11,45 ± 2,27 0,606

Osso, % 19,37 ± 1,13 20,26 ± 1,74 20,7 ± 1,42 19,07 ± 1,18 0,064

Outros, % 8,38 ± 1,77 8,46 ± 1,10 8,64 ± 1,71 8,23 ± 1,15 0,877

Musc:Gord 5,20 ± 1,80 5,10 ± 1,40 4,56 ± 1,32 5,68 ± 1,62 0,477

Musc:Osso 3,10 ± 0,31 2,93 ± 0,32 2,78b ± 0,26 3,22a ± 0,22 0,007

Médias seguidas da mesma letra minúscula, na linha, não diferem entre si a 5% pelo Teste F, variando o nível

de concentrado e o processamento do grão de soja. 1 Peso do pernil corrigido,

2 Em relação a meia carcaça fria

Gord. Sub: Gordura Subcutânea; Gord. Inter: Gordura Intermuscular; Gordura Total (Somatório da Gordura

Subcutânea e Intermuscular); Musc:Gord – Relação Músculo:Gordura; Musc:Osso – Relação Músculo: Osso.

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Tabela V - Comparação (médias ± desvios padrão) entre a composição tecidual da paleta com pernil.

(Comparison (means ± standard deviations) between the tissue composition of the shoulder with leg).

Características Paleta Pernil *P

Peso Total, kg 1,435 ± 0,14 2,570 ± 0,23 < 0.001

Músculo, kg 0,764 ± 0,07 1,452 ± 0,13 < 0.001

Gord. Sub, kg 0,114 ± 0,03 0,132 ± 0,03 0,14

Gord. Inter, kg 0,074 ± 0,02 0,171 ± 0,05 < 0.001

Gord. Total, kg 0,195 ± 0,05 0,302 ± 0,083 < 0.001

Osso, kg 0,293 ± 0,03 0,486 ± 0,05 < 0.001

Outros, kg 0,134 ± 0,02 0,207 ± 0,042 <0.01

Rendimento1, % 19,30 ± 0,07 34,54 ± 1,32 < 0,001

Músculo,% 55,46 ± 2,82 59,35 ± 3,05 0.0002

Gord. Sub, % 8,25 ± 2,30 5,36 ± 1,18 < 0.001

Gord. Inter, % 5,30 ± 1,83 6,99 ± 2,13 0.013

Gord. Total, % 13,55 ± 3,34 12,36 ± 3,07 0,258

Osso, % 21,32 ± 1,87 19,84 ± 0,05 0.01

Outros, % 9,73 ± 1,78 8,42 ± 1,41 0.017

Músculo:Gord 4,38 ± 1,33 5,14 ± 1,56 0,111

Músculo:Osso 2,62 ± 0,32 3,01 ±0,28 0,0003

* Médias não diferem entre si quando o valor de P > 0,05, na comparação dos cortes comerciais da paleta x

pernil. 1 Em relação à meia carcaça fria;

Gord. Sub: Gordura Subcutânea; Gord. Inter: Gordura Intermuscular; Gordura Total (Somatório da Gordura

Subcutânea e Intermuscular); Musc:Gord – Relação Músculo:Gordura; Musc:Osso – Relação Músculo: Osso.

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CAPÍTULO 3

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IMPLICAÇÕES

A produção ovina de uma forma geral ainda necessita espelhar-se aos moldes de

outros sistemas de produção existentes, que tiveram problemas ao longo dos anos e se

fortaleceram com ajustes e incremento de tecnologias em seus segmentos, como é o

caso da suinocultura e avicultura. Atualmente, com um mercado consumidor cada vez

mais exigente, os ovinocultores tende cada vez mais ajustar a cadeia produtiva aos

moldes proposto por um sistema rentável, aquele capaz de proporcionar maior

lucratividade ao segmento. No entanto, a escolha correta da categoria animal, sistema de

terminação e alimentação tem sido alvo de pesquisas em decorrência dos atributos e das

peculiaridades da espécie ovina.

Portanto, a pesquisa deve ser credenciada a ter um papel importante neste sistema,

como foi o caso deste estudo que avaliou a composição regional e tecidual da paleta e

pernil de cordeiros, sobre o efeito de um sistema de alimentação a partir do nível de

concentrado e de dietas com ingrediente comumente utilizado na alimentação dos

ruminantes e abundante na região, como é o caso do grão de soja, na qual foi utilizado

dietas contendo grão de soja in natura e dietas contendo grão de soja desativado,

método realizado através de um processo industrial, com finalidade de desativar os

fatores antinutricionais do grão da soja.

O estudo sobre a influência das dietas no crescimento e desenvolvimento dos

animais seria importante para complementar os dados apresentados pela composição

regional e tecidual. No entanto, pelo reduzido número de animais utilizados e pela

variabilidade da gordura, os resultados sobre coeficientes de alometria não foram

apresentados na dissertação.

Outro ponto importante abordado foi à utilização do confinamento como sistema

de terminação. Ele pôde proporcionar melhorias nas características de carcaça e na

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qualidade da carne e por consequência homogeneidade nos lotes produzidos, pela razão

do ovinocultor ter as condições de manipular algum dos efeitos do processo produtivo.

Portanto, este experimento foi dividido em etapas e gerou quatro dissertações

(desempenho animal, características de carcaça, carne e custo de produção) e para todas

as características avaliadas o maior nível de concentrado e o grão de soja desativado

obtiveram melhores resultados.

No entanto, vale salientar que estas ferramentas tanto de alimentação quanto de

terminação só serão validadas se o responsável tiver um acompanhamento técnico e

noções da cadeia produtiva.

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APÊNDICE

Lista de Figuras

Estrutura do Confinamento

Avaliação In Vivo nos Animais (Condição Corporal)

Figura 3 – Pontos de palpação para determinar a condição corporal do cordeiro. A –

tronco da cola, B - Ao longo apófises espinhosas lombares e sobre o músculo

longissimus dorsi, C – Ao longo das apófises espinhosas dorsais, D – Ao longo do

esterno. Fonte: Osório e Osório (2005).

Figura 1. Estrutura do Confinamento no

setor do Centro de Pesquisa de Ovinos

(CPO) da UFGD.

Figura 2. Animais em baias individuais

com cocho e bebedouro privativo,

espaço com capacidade para 24 animais.

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Figura 4 – Avaliação da condição corporal através da palpação nos pontos anatômicos.

Fonte: Osório e Osório (2005).

Composição Regional (Cortes)

Figura 7– Composição regional da meia carcaça esquerda.

Figura 5 – Após 24 horas de

resfriamento as carcaças foram

mensuradas e avaliadas.

Figura 6 – Divisão da meia carcaça

esquerda em cortes comerciais.

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Composição Tecidual (Paleta e Pernil)

Figura 8 – Dissecação da Paleta Figura 9 – Dissecação do Pernil

Figura 10 – Componentes Teciduais da Paleta

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Lista de Tabelas

Tabela VI – Descrição da escala de condição corporal

Índice Descrição

1,0 Excessivamente magra

1,5 Muito magra

2,0 Magra

2,5 Ligeiramente magra

3,0 Normal

3,5 Ligeiramente engordurada

4,0 Gorda

4,5 Muito gorda

5,0 Excessivamente gorda

Fonte: Osório e Osório (2005).

Tabela VII – Descrição da escala de estado de engorduramento da carcaça.

Índice Descrição

1,0 Excessivamente magra

1,5 Muito magra

2,0 Magra

2,5 Ligeiramente magra

3,0 Normal

3,5 Ligeiramente engordurada

4,0 Gorda

4,5 Muito gorda

5,0 Excessivamente gorda

Fonte: Osório e Osório (2005).