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COLHEITA MECANIZADA DO CAFÉ EM PROPRIEDADE DA
REGIÃO DO PLANALTO DA CONQUISTA: ASPECTOS
ESTRUTURAIS E ECONÔMICOS
MATHEUS VICENTE LIMA
MATHEUS VICENTE LIMA
COLHEITA MECANIZADA DO CAFÉ EM PROPRIEDADE DA REGIÃO DO
PLANALTO DA CONQUISTA: ASPECTOS ESTRUTURAIS E ECONÔMICOS
Monografia apresentada à Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia, como parte das exigências do programa de Pós-Graduação
lato sensu em Gestão da Cadeia Produtiva de Café com ênfase em
Sustentabilidade, para obtenção de título de especialista.
Orientadora: Prof. D. Sc. Mônica de Moura Pires
VITÓRIA DA CONQUISTA – BA
2011
SUMÁRIO
RESUMO------------------------------------------------------------------------------------------ 1
INTRODUÇÃO---------------------------------------------------------------------------------- 2
MATERIAIS E MÉTODOS-------------------------------------------------------------------- 3
RESULTADOS E DISCUSSÃO--------------------------------------------------------------- 8
-Fatores intrínsecos à lavoura---------------------------------------------------------------- 6
a) Declividade do terreno------------------------------------------------------------------------ 8
b) Espaçamento de plantio (4x2m) com duas mudas por cova----------------------------- 8
c) Arquitetura de plantas------------------------------------------------------------------------- 8
d) Altura de plantas------------------------------------------------------------------------------ 10
e) Plantio em curva de nível-------------------------------------------------------------------- 10
f) Implantação de quebra-ventos-------------------------------------------------------------- 12
g) Impedimentos físicos------------------------------------------------------------------------ 12
h) Ervas daninhas trepadeiras----------------------------------------------------------------- 14
i) Desuniformidade na linha de plantio------------------------------------------------------ 14
j) Locais de manobra--------------------------------------------------------------------------- 14
-Características edafoclimáticas da região do Planalto da Conquista que podem
influenciar na mecanização da colheita---------------------------------------------------- 15
l) Precipitações durante a colheita------------------------------------------------------------- 16
m) Desuniformidade na florada---------------------------------------------------------------- 17
-Fatores externos que podem afetar a viabilização da colheita mecanizada na
região---------------------------------------------------------------------------------------------- 18
Comparação entre os custos da colheita mecanizada e colheita manual------------ 18
CONCLUSÕES---------------------------------------------------------------------------------- 23
REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS---------------------------------------------------------- 24
ANEXO 1: Demonstrativo dos custos de um safrista: encargos sociais e direitos
trabalhista – simulação de um mês de colheita---------------------------------------------- 25
5
RESUMO
Nos últimos anos tem se difundido na região do Planalto da Bahia a utilização da
colheita mecanizada do café, no entanto grande parte dos cafeicultores desconhece os
benefícios do uso dessa tecnologia na etapa de colheita. Partindo-se dessa questão é que
se desenvolveu este trabalho, tomando-se como referência um estudo de caso na Fazenda
Canaã, Ribeirão do Largo, Bahia, para se avaliar as necessidades de adaptação das
lavouras à utilização da colheita mecanizada do café, levando-se em consideração as
características edafoclimáticas da região. Foi analisado, também, o impacto financeiro
sobre os custos da mudança da colheita manual para a colheita mecanizada. Para tanto,
realizou-se análise comparativa entre os custos operacionais da colheita mecanizada e
manual do café do pé, desconsiderando-se os custos da colheita de café do chão e de pós-
colheita do grão. Observa-se que são necessários alguns procedimentos nas áreas
cultivadas, especialmente no que se refere à manutenção da arquitetura das plantas com
poucas hastes por cova, no sentido da linha de plantio; altura reduzida dos pés de café;
retirada de impedimentos físicos da lavoura; alargamento dos carreadores, e outras que
são possíveis de ser realizadas. Na colheita mecanizada do café do pé, o custo pode ser
reduzido de 13% a 70% em comparação à colheita manual, sem considerar a retirada do
café do chão, e sem avaliar a qualidade do grão. O custo da colheita mecanizada varia
conforme a carga pendente da lavoura, quanto maior a carga pendente menor o custo de
colheita. Enquanto na colheita manual grande parte do custo está associado aos encargos
sociais que é proporcional ao tempo de colheita, portanto, quanto maior a carga pendente
maior o período de colheita manual e maiores os gastos com os encargos sociais. A partir
da pesquisa de campo na propriedade, conclui-se que grande parte do parque cafeeiro da
região pode ser adaptado à colheita mecanizada, tomando-se como referência
propriedades com a mesma estrutura de produção do objeto de análise desse estudo.
6
INTRODUÇÃO
No Planalto da Conquista, Região Sudoeste da Bahia, durante a colheita do café,
tem aumentada a utilização de colhedoras automotrizes e colhedoras acopladas a tratores,
em função da redução da disponibilidade de mão-de-obra local para a colheita do grão, e
à necessidade de redução dos custos de colheita.
Segundo Matiello (1991), a colheita corresponde, em média, a 30% do custo de
produção e a 40% da mão-de-obra empregada durante o ciclo produtivo. Essa elevada
demanda de mão-de-obra, que se concentra em um período de 100 dias, tem sido limitante
para a exploração da cultura.
Acredita-se, assim, que para um futuro próximo haverá uma grande expansão da
mecanização das operações de colheita, tratando-se de um processo fundamental e
irreversível, que visa, sobretudo, a maximização dos resultados das safras, Silva et al.
(2000).
A colheita do café destaca-se por ser a operação mais complexa e importante, do
ponto de vista do cafeicultor, pois é por meio dela que são possibilitados os retornos aos
investimentos realizados (Silva, 2004). Os encargos sociais gerados com a contratação de
colhedores e as adaptações físicas das estruturas de alojamento e refeitórios nas
propriedades, entre outros, conforme exigência da Lei nº 5.889/73, regulamentado pelo
Decreto nº 73.626/74 do artigo 7º da Constituição Federal/88, têm onerado o custo de
colheita. E até mesmo desestimulado alguns produtores a permanecerem trabalhando com
a cultura, pois não conseguem se adaptar a essas exigências.
Segundo Kashima (1990) e Barbosa et al. (2005), o sistema de colheita
mecanizada apresenta menor custo operacional, comparativamente ao sistema de colheita
manual, para a cultura cafeeira. Dessa forma, a colheita mecanizada vem se tornando uma
prática em decorrência dos benefícios diretos gerados pela redução de custos e às vezes
pelo aumento da qualidade de bebida. Porém, pode-se observar que alguns danos podem
ocorrer à planta durante a operação mecanizada, podendo acarretar prejuízos à lavoura e,
consequentemente aos retornos financeiros da atividade.
Na Região cafeeira do Planalto da Conquista muitos produtores ainda
desconhecem as necessidades de adaptação a serem realizadas nas lavouras e qual o
diferencial de custo para implantação de um sistema de colheita mecanizada. A partir
dessa questão é que se elaborou esta pesquisa, tomando-se como referência um estudo de
caso na Fazenda Canaã localizada no município de Ribeirão do Largo, Bahia, com o
7
objetivo de avaliar quais as adaptações devem ser adotadas em lavouras já implantadas
para possibilitar a colheita mecanizada do café, levando-se em consideração as
características edafoclimáticas da região. Acrescentou-se, também, análise comparativa
dos custos operacionais da colheita mecanizada e manual do café do pé, desconsiderando
os custos de pós-colheita, a qualidade do café produzido e a colheita de café do chão.
MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo de caso foi realizado na Fazenda Canaã, Ribeirão do Largo, Bahia,
localizada na Região Sudoeste da Bahia, identificada pela origem de Cafés Especiais do
Brasil como “Planalto da Bahia”. Essa propriedade localiza-se a 850m de altitude, com
precipitações médias de 1200mm concentradas entre a primavera-verão. O espaçamento
de plantio predominante na propriedade é 4 x 2 m, com duas mudas por cova, com idade
média de plantas de trinta anos. As plantas já foram recepadas uma vez e se encontram a
uma altura média de 3,0m. A lavoura possui irrigação suplementar e características
intrínsecas similares a várias propriedades cafeeiras da região.
A colhedora utilizada na colheita mecanizada foi do modelo TDI Electron
AutoMotriz e este modelo de máquina foi utilizado como base de observação.
Especificações técnicas
Modelo: Electron Auto
Motriz Motor: MWM D 299-4
Potência: 67 CV
Rotação Nominal: 1.800 RPM
Tanque de Combustível: 210 L
Tanque do Sistema Hidráulico: 290 L
Tanque do Sistema de Transmissão: 45 L
Refrigeração: Água e Aditivo
Sistema Elétrico: 12 Volts
Largura: 3.000 mm
Altura: 3.800 mm
Comprimento: 5.130 mm
Peso: 6.400 Kg
Cor: Azul TDI
Altura Máxima de Colheita: 3,90 metros
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Espaço Mínimo entre Linhas: 3 metros
Velocidade de Locomoção: 0 a 10 KM/H
Velocidade de Trabalho: 0,5 a 1,5 KM/H
Declividade: 30%
Pressão Máxima dos Motores: 65 BAR
Pressão Máxima dos Pistões: 75 BAR
Pressão Máxima de Transmissão: 250 BAR
Fonte:http://www.tdimaquinas.com.br/
O estudo de caso foi referendado em observações de campo durante a colheita,
cuja propriedade ainda não havia utilizado o sistema mecanizado de colheita. A partir das
observações foram analisadas as adaptações estruturais necessárias às lavouras e os
fatores edafoclimáticos e financeiros que mais influenciaram a mecanização da colheita,
de acordo com as informações descritas a seguir.
1) Fatores intrínsecos à lavoura
a) Declividade do terreno
b) Espaçamento de plantio (4x2m) com duas mudas por cova
c) Arquitetura de plantas
d) Altura de plantas
e) Plantio em curva de nível
f) Implantação de quebra-ventos
g) Impedimentos físicos
h) Ervas daninhas trepadeiras
i) Desuniformidade na linha de plantio
j) Locais de manobra
2) Características edafoclimáticas da região do Planalto da Conquista que
podem influenciar na mecanização da colheita
l) Precipitações durante a colheita
m) Desuniformidade na florada
3)Fatores externos que podem afetar a viabilização da colheita mecanizada
na região
-Transporte da colhedora
4) Comparação entre os custos da colheita mecanizada e colheita manual
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Para análise financeira foi realizada a comparação entre o custo da colheita manual
do café, através da contratação de funcionários, levando-se em consideração o custo da
lata de café colhido e o custo de contratação da mão-de-obra com os encargos sociais, e
o custo da colheita mecanizada do café.
Para se obter o custo médio da lata do café colhido através da colheita manual
foram feitos as seguintes estimativas: levantamento de campo das cargas pendentes nas
plantas por hectare (1250 covas/ha, 2500 plantas/ha), em que se obteve o número de litros
de café por hectare:
1o (Litro de café/Cova)x(1250covas/ha)=Litro de café/ha(1)
A partir do volume de café por hectare (1), calculou-se o número de latas de 20
litros de café por hectare:
2o (Litro de café/ha(1))/(20 Litros)= No Latas/ha(2)
Em seguida (2) foi mensurado o valor pago às latas de café colhidas para 1 hectare.
Considerou-se o preço pago de R$2,50 por lata de café para as quadras com produtividade
média inferior a 10 litros de café por cova e R$2,00 para as quadras que atingiam
produtividade média superior a 10 litros de café por cova.
3o (No Latas/ha)x(valor da lata de café, R$2,00 ou R$2,50)=(R$)Valor das
latas/ha(3)
Durante 15 dias de colheita que ocorreram no mês de julho de 2010 foram feitas
anotações da quantidade de latas de café colhido manualmente e quantos trabalhadores
foram contratados para a realização dessa operação. A partir desse levantamento chegou-
se ao valor médio de 12,5 latas de café colhido por trabalhador/dia ou 250 litros de café
colhido por trabalhador/dia.
A partir do número de litro de café/ha(1) divido pelo volume de café colhido por
trabalhador/dia (250 Litros), calculou-se o número de dias necessário para que um
trabalhador realizasse a colheita de 1 hectare de café.
4o (Litro de café/ha(1))/(250 Litros de café/homem dia)=No de dias homem/ha(4)
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A estimativa do custo mensal de contratação de um trabalhador safrista foi
estimado em R$268,87, conforme descrito no Anexo 1, ponderado para 24 dias úteis de
trabalho, a fim de identificar o impacto dos encargos sociais sobre o custo da colheita de
uma lata de café.
A partir do número de dias necessário para um trabalhador realizar a colheita de
um hectare de café (4), multiplicou-se por R$268,87, e dividiu-se por 24 dias úteis de um
mês, assim estimam-se os encargos sociais proporcionais a um dia de serviço de um
trabalhador, chegando-se ao custo do registro de um trabalhador na operação de colheita
de 1 hectare.
5o (No de dias homem/ha(4) x R$268,87 / (24dias)= (R$) Custo dos encargos
proporcionais a um dia de serviço de um trabalhador para a colheita de um
hectare(5)
O custo médio da lata de café colhido manualmente por hectare foi estimado pela
soma dos valores pago por lata de café colhido para um hectare (3) e encargos
proporcionais a um dia de trabalho na operação de colheita de um hectare (5), dividido
pelo número de latas colhidas por hectare (2):
6o (Custo (R$) das latas/ha(3) + Custo (R$) dos encargos proporcionais a um dia
de serviço de um trabalhador(5))/(No Latas/ha(2))= Custo médio da lata de café (R$)/ha
O custo de colheita mecânica foi estimado pelo pagamento do aluguel da máquina
e gastos com combustível. Baseado em levantamentos de campo de cargas pendentes nas
plantas por hectare, foi estimado o período de colheita mecanizada de um hectare:
1o (Litro de café/Cova)x(1250covas/ha)=Litro de café/ha(1)
A partir do volume de café por hectare (1) foi calculado o número de latas de 20
litros de café por hectare:
2o (Litro de café/ha(1))/(20 Litros)= No Latas/ha(2)
O espaçamento da lavoura da propriedade é 4m x 2m, totalizando um
comprimento linear de 2500 metros de linha de plantio por hectare de café.
11
Para quadras com cargas pendentes inferiores a 10 litros por cova a velocidade de
trabalho da máquina foi estimada em 700 metros por hora e para quadras com cargas
pendentes médias acima de 10 litros por cova a velocidade de trabalho da máquina,
estimou-se em 600 metros por hora.
Calculou-se o período em horas de colheita mecanizada através da divisão do
comprimento das linhas de café de um hectare pela velocidade de trabalho da máquina,
acrescentando-se 10% ao período calculado, em função das manobras da máquina que
reduzem a velocidade de operação.
3o [2500(m)/velocidade de trabalho da máquina (m/s)] x 1,10= Período de
colheita de um hectare (ha/h)(3)
O valor do aluguel da máquina por hora foi de R$230,00/hora, se incluído a
despesa com combustível.
O custo médio da lata de café colhido mecanicamente por hectare foi a partir da
estimativa do período de colheita (3) multiplicado pelo valor do aluguel da máquina por
hora, dividido pelo número de latas colhidas em um hectare (2).
[(Período de colheita de um hectare (ha/h)(3)) x (R$230,00/h)]/ (No Latas/ha(2))=
Custo médio da lata de café (R$/Lata)
A análise comparativa foi feita a partir da estimativa de cargas pendentes da
lavoura, que possibilitou mensurar o rendimento operacional da operação de colheita
manual e mecanizada. Foram desconsideradas na colheita manual e mecanizada as
despesas extras como: transporte de colhedores e da colhedora, alojamento para
colhedores e maquinistas, compra de panos de colher café etc.
12
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A seguir são apresentados os principais fatores intrínsecos observados na pesquisa
de campo referente ao plantio de café da Fazenda Canaã, na colheita de 2010 e as mais
relevantes características edafoclimáticas da região do Planalto da Conquista que podem
afetar a colheita mecanizada do café.
1) Fatores intrínsecos à lavoura;
a) A cafeicultura do Planalto da Bahia é caracterizada por plantios em tabuleiros,
sendo grande parte das lavouras plantadas em áreas com pequena declividade do terreno.
Desde a implantação de cafezais mais antigos até os dias atuais, se supõe que a utilização
da mecanização seja um elemento diferencial na produção de café da região. Logo, os
plantios de café têm, em sua maioria, espaçamentos e topografia que possibilitam a
mecanização da colheita, sendo necessários alguns ajustes para que essa técnica de
colheita possa ser adotada.
b) Na Fazenda Canaã, objeto deste estudo, bem como em muitas propriedades da
região Sudoeste da Bahia, existem, ainda, plantios com o espaçamento (4 x 2 m) com
duas mudas por cova, conforme preconizava na década de 1980 o Instituto Brasileiro do
Café (IBC), à época da difusão e implantação de cafezais na região. Essa distribuição de
plantas pode reduzir a eficiência da colheita mecanizada, pois as mudas que não foram
implantadas no sentido da linha de plantio podem ocasionar uma abertura demasiada das
paletas de recolhimento da máquina, durante a derriça pela colhedora, podendo gerar
queda de frutos no chão, Além disso, Segundo Filho et al. (2009), plantas desalinhadas
danificam mais o tronco e ramos da planta, conforme observado na Fazenda Canaã (Foto
1). Atualmente se orienta que o plantio seja feito de uma muda por cova e espaçamento
entre plantas de 0,5 a 1,0m, formando um renque de plantas. Este espaçamento tem sido
muito utilizado nos novos plantios da região, como uma possibilidade futura de
mecanização da colheita, a qual os cafeicultores vislumbram como um fator
preponderante à cafeicultura moderna.
c) Na maioria das lavouras da região, houve pouca preocupação na manutenção
de uma arquitetura de planta adaptada à colheita mecanizada, com número de hastes por
plantas controlados. Essa condução não adaptada a colheita mecanizada ocasiona o
desprendimento e perda de ramos ortotrópicos, principalmente na primeira colheita
mecanizada, que não estão na linha de plantio durante a passagem da máquina, conforme
13
demonstrado na (Foto 2). Assim, sugere-se que na propriedade que se pretende adotar a
colheita mecanizada, deve-se observar a arquitetura da planta, controlando o número de
ramos ortotrópicos, para que esses cresçam no sentido da linha de plantio, evitando
portanto perdas de ramos produtivos durante a passagem da máquina.
Além disso, o excessivo número de ramos obriga ao maquinista a operar a
colhedora com o sistema vibratório de derriçagem mais aberto, ocasionando um aumento
do número de frutos deixados na área central da planta, reduzindo a eficiência da colheita.
Segundo Filho et al (2009), no Paraná alguns produtores deixam de colher os talhões com
plantios velhos, pois, às vezes as plantas não cabem na máquina, além de danificar muito
a planta e quebrarem as varetas das máquinas.
Foto 1: Plantio com duas mudas por cova, com alinhamento fora da linha de
plantio, ocasionando danos mecânicos ao tronco, abertura excessiva do sistema de
recolhimento e de derriça da máquina. (Faz. Canaã, 02/08/2010)
14
Foto 2: Ramos quebrados pela máquina por estarem fora do alinhamento da linha
de plantio. (Faz. Canaã, 03/08/2010)
d) A altura das plantas de café pode constituir um fator limitante a colheita dos
grãos nos ponteiros das plantas. A maioria das colhedoras trabalha com uma altura de
colheita de até 3,90m, que foi a analisada nesta pesquisa. Assim, acima dessa altura,
durante a passagem da máquina, os ramos são deitados e na maioria das vezes não é
colhido, conforme demonstrado na (Foto 3). O ideal é que se maneje a lavoura para não
ultrapassar essa altura, pois de acordo com Filho et al. (2009), a altura excessiva das
plantas pode ocasionar também sérios danos à planta. Na região do Planalto da Conquista
já se vem tendo o cuidado de manter um tamanho de planta compatível à colheita
mecânica, pois mesmo para a colheita manual, plantas muito altas implicam em maiores
custo de colheita, devido à necessidade de utilização de escadas, que podem provocar
também acidentes de trabalho.
e) O plantio em curva de nível em áreas com pouca declividade deve ser suave
conforme demonstrado na (Foto 4) do talhão da propriedade em estudo, a fim de
possibilitar a melhor manobra possível da máquina e, consequentemente, a colheita
mecanizada de toda a área. Filho et al (2009), salienta que se a curva de nível for muito
acentuada forçará a máquina e danificará mais a planta, podendo levar ao tombamento
das plantas. No Paraná, observou-se que áreas com declividade de até 30% a colheita
mecanizada do cafezal foi feita sem grandes problemas.
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Foto 3: Planta com 4,5 metros de altura na qual a colhera não colheu os ponteiros.
(Faz. Canaã, 03/08/2010)
Foto 4: Plantio em curva de nível, com linhas internas em curvas não acentuadas,
possibilitando a colheita mecanizada de todo talhão. (Faz. Canaã, 04/08/2010)
f) Na região do Planalto da Conquista as plantas mais comumente utilizadas como
quebra-vento são: grevíleas, abacateiros e bananeiras. Essas árvores formam uma barreira
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física que impossibilita a colheita mecanizada, quando a máquina opera em toda a planta.
Quando possível, o produtor deve realizar um novo rearranjo das plantas do quebra-vento,
plantando-se as árvores, por exemplo, em uma única linha de plantio para que o restante
da área possa ser colhida mecanicamente, ou arrancando-as para facilitar a colheita
mecanizada, conforme demonstrado na Foto 5. Deve-se ter cuidado no procedimento de
retirada dessas árvores, pois se facilita a mecanização da colheita, por outro lado, os
ventos frios vindos da direção Sul, sem barreiras na lavoura, podem inviabilizar a
produção do café, devido à entrada de doenças principalmente a Phoma (Phoma
costarricensis) que afeta diretamente a florada do cafeeiro. Em propriedades da região do
Planalto da Conquista na qual o quebra vento é indispensável à produção, para se
mecanizar a colheita, deve-se pensar em colhedoras de modelos que colham apenas um
lado da planta, pois estas possuem tamanho reduzido e possibilitam a locomoção entre as
árvores utilizadas de quebra vento.
g) Deve-se atentar para impedimentos físicos dentro das propriedades, como
árvores isoladas, porteiras, fios de alta tensão, postes, buracos, cercas, cupinzeiros etc.,
que às vezes se tornam um fator preponderante à mecanização da colheita (Foto 6, 7 e 8).
Foto 5:Retirada de bananeira plantada no final da linha de plantio, que
impossibilitava colheita mecanizada por máquinas que colhem toda a planta. (Faz. Canaã,
03/08/2010)
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Foto 6: Árvore crescendo de forma isolada no meio da lavoura, impossibilitando
a colheita mecanizada. (Faz. Canaã, 04/08/2010)
Foto 7: Porteira que teve que ser arrancada para entrada da máquina na
propriedade. (Faz. Canaã, 02/08/2010)
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Foto 8: Poste que impossibilita a saída da máquina da linha de plantio. (Faz.
Canaã, 04/08/2010)
h) Na Fazenda Canaã, observou-se crescimento de ervas daninhas trepadeiras e
parasitas, que podem ocasionar a quebra das varetas da máquina e dificultar a vibração
das varetas, essa redução na vibração ocasiona menor eficiência da derriçagem do grão
nas plantas infestadas, deixando muitos grãos nas plantas após a passagem da máquina,
assim, sugere-se fazer um controle minucioso dessas ervas para aumentar a eficiência na
colheita (Foto 9).
i) A máquina realiza a colheita com maior eficiência quando as plantas estão em
renque, quando há um grande espaçamento entre plantas ou existem falhas na lavoura,
ocorre à possibilidade de muitos grãos de café do pé não serem colhidos. Para adequar a
lavoura à colheita mecanizada, devem se realizar replantas nas falhas ou, às vezes, se a
lavoura possuir muita falha, renovar a lavoura plantando no espaçamento adequado à
mecanização que é de 0,5 a 1,0m entre plantas (Foto 10).
j) Os carreadores e locais de manobra das máquinas devem possuir no mínimo de
6 a 8 metros de área livre, para possibilitar as manobras da máquina, pois assim não será
necessário realizar o arranque das primeiras plantas da carreira ou às vezes mudar as
cercas de lugar, conforme foi feito na Fazenda Canaã, em muitas quadras que não havia
espaço suficiente para manobra, (Foto 11).
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Foto 9: Erva de passarinho no topo das plantas, reduz a vibração e ocasiona quebra
das varetas das máquinas. (Faz. Canaã, 04/08/2010)
Foto 10: Falhas na lavoura que ocasiona um maior número de grãos deixados na
planta após a passagem da máquina. (Faz. Canaã, 04/08/2010)
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Foto 11: Retirada de plantas da beirada dos carreadores para possibilitar a manobra
das máquinas e com isso a colheita mecanizada. (Faz. Canaã, 04/08/2010)
2) Características edafoclimáticas da região do Planalto da Conquista que
podem influenciar na mecanização da colheita
l) Durante o período de colheita do café na região do Planalto da Conquista,
normalmente ocorre um longo período de precipitação, com lâminas de chuva reduzidas,
porém com duração prolongada, “garoas”, acelerando a queda de frutos e umedecendo o
solo. A mecanização da colheita pode reduzir o período de colheita e com isso evitar que
grãos de café caiam ao chão, perdendo a qualidade, devido à fermentação, que é
indesejável. A colheita mecanizada em áreas de declividade de até 15% de declividade,
durante esses períodos de precipitações, deve ser realizada com cuidado pelo operador, a
fim de evitar o patinamento ou tombamento da máquina. Nessa operação, as condições
de topografia e climáticas inadequadas podem fazer com que a máquina provoque graves
danos à planta, podendo abalar toda a estrutura do pé de café, conforme salientado
anteriormente.
Sob precipitação o sistema de recolhimento da máquina nas esteiras tende a
aumentar suas perdas devido às folhas que se colam mais facilmente umas a outras e aos
frutos formando uma barreira física, impedindo que os grãos sejam recolhidos e esses são
jogados ao chão. Além disso, nessas condições pode ocorrer a redução na eficiência da
ventilação das folhas que podem ser ventiladas junto com frutos.
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m) Um dos fatores mais questionados pelos cafeicultores da região na introdução
da colheita mecanizada está na desuniformidade da florada, característica da região e da
propriedade em estudo. Essa desuniformidade da florada proporciona amadurecimento
desigual dos grãos, e, portanto deve-se avaliar a utilização ou não da colheita mecanizada.
Caso se opte por esse último método de colheita deve-se conhecer o momento mais
adequado para se realizar a colheita, a fim de que se possa colher o maior número de grãos
maduros e assim obter um produto de melhor qualidade.
Quando o cafeicultor é proprietário da máquina colhedora, pode realizar a colheita
de forma seletiva, regulando a máquina em vibrações baixas para a retirada da maioria de
grãos maduros, e fazenda essa operação duas vezes na lavoura. Se o cafeicultor aluga a
máquina, deve avaliar a viabilidade da colheita seletiva com a máquina em duas
operações repetidas e se esta estará disponível no momento em que ele necessitar realizar
a tarefa.
Na maioria das propriedades da região e na Fazenda Canaã, se utiliza a colheita
manual e seletiva do grão, colhendo-se apenas os grãos maduros. Esse tipo de colheita
proporciona maior volume de produção de cafés descascados e de elevada qualidade.
Atualmente, porém, em função da pouca disponibilidade de mão-de-obra na região na
etapa de colheita, principalmente na época das festas juninas (20/06 a 05/07), os
colhedores passam praticamente de 15 a 20 dias sem operar, conforme foi constatado na
Fazenda Canaã na colheita de 2010, quando os grãos chegaram ao estágio de maturação
ideal para colheita no período das referidas festas e não se conseguia contratar colhedores
para a operação de colheita do grão. Esse período coincide com o estágio de maturação
ideal para a colheita do grão nas regiões de clima mais quente, como a “mata cipó”, e
muitos cafeicultores não conseguem mão de obra necessária para colher o grão maduro,
sendo a mecanização uma alternativa para superar esse problema durante esse período.
Com a mecanização da colheita, dependendo da uniformidade da maturação dos
grãos na lavoura, os volumes de cafés descascados podem ser alterados, tanto para um
maior ou menor volume. A colheita mecanizada com a retirada de todo o café do pé, pode
às vezes colher um volume de café maduro menor comparado a colheita seletiva manual,
porém a mecanização permite a colheita em grandes áreas, em menor período de tempo,
propiciando um volume total de café colhido maior, podendo parte ser descascada. Essa
maior rapidez na colheita pode proporcionar maior quantidade de grãos de qualidade,
levando-se em consideração: a produção total da propriedade; o tamanho da propriedade;
a disponibilidade de mão de obra para a colheita seletiva manual. Segundo Oliveira et al.
22
(2007), a redução do tempo de colheita é um fator a ser considerado na colheita
mecanizada, pois enquanto na colheita manual o tempo gasto foi de aproximadamente
376 horas/trabalhador para colher um hectare, na colheita mecanizada o tempo médio
reduziu-se para 3,8 h/ha. Portanto, deve-se avaliar se a economia de tempo é traduzida
em menor custo de produção e assim, se optar pelo tipo de colheita mais adequado para
a propriedade.
Na Fazenda Canaã no ano de 2010 a colheita mecanizada foi utilizada como
medida de colheita total de toda a propriedade, já que não se encontravam colhedores para
realizar essa operação. Além disso, o café se encontrava em estágio avançado de
maturação, de maduro para passas, e se não adotasse esse procedimento, os grãos cairiam
no chão, levando a uma qualidade inferior de café, com maior dificuldade para ser colhido
e de menor remuneração pelo mercado.
3)Fatores externos que podem afetar a viabilização da colheita mecanizada
na região
Além dos entraves intrínsecos à propriedade, como demonstrado anteriormente,
outro fator que pode ser um empecilho a redução da eficiência na mecanização da colheita
na região está no fato da pequena disponibilidade de pranchas para transporte das
colhedoras de uma propriedade para outra. Isso pode atrasar o transporte das máquinas,
perdendo-se tempo de colheita. No caso da Fazenda Canaã o início da colheita
mecanizada foi atrasado em oito dias devido à impossibilidade da prancha de transporte
da máquina se deslocar da propriedade onde a máquina estava até a Fazenda, já que a
chuva impossibilitou o transito de caminhões nas estradas não pavimentadas.
Além disso, em propriedades distantes de Vitória da Conquista o custo de
transporte da máquina onera o custo operacional da colheita mecanizada, pois o
fretamento da prancha transportadora tem um valor de R$6,00/Km corridos, ou seja, às
vezes para transportar uma máquina por um percurso de 30Km tem-se que pagar o frete
a partir da saída de Vitória da Conquista.
4) Comparação entre os custos da colheita mecanizada e colheita manual
Na região de Vitória da Conquista a maioria das propriedades é de pequeno e
médio porte, na qual se insere também a Fazenda Canaã, não sendo, portanto viável a
compra de colhedoras de grande porte pelos produtores. Grande parte dos produtores que
aderiram à colheita mecanizada na região tem trabalhado com serviços terceirizados.
23
Atualmente o pequeno número de máquinas colhedoras que prestam serviço de
aluguel e o tamanho das propriedades são fatores limitantes à maior disseminação dessa
tecnologia na região, pois esses fatores acabam elevando o custo de mecanização da
colheita na região, quando comparado a de outras regiões cafeeiras do país em que essa
tecnologia é altamente difundida. De acordo com o levantamento realizado neste estudo
de caso, o aluguel da colhedora automotriz foi de R$230,00/h, incluindo-se o custo do
combustível. Em outras regiões cafeeiras, na qual já existe um elevado nível de
mecanização, esse custo está em torno de R$210,00/h incluindo-se também o combustível
(Alvorada Tratores Ltda., 2010). Esses valores revelam, portanto, que neste estudo o custo
de aluguel da máquina era 9,5% superior àqueles praticados em outras regiões do país.
O tamanho da maioria das propriedades não estimula as empresas a vir para a
região prestarem esse tipo de serviço, pois priorizam propriedades de maior porte, em que
as máquinas trabalham em tempo integral, e assim são melhores remuneradas. Em
pequenas propriedades, as máquinas gastam muito tempo se deslocando entre uma
propriedade e outra. Uma das alternativas para a região seria a compra ou aluguel de
máquinas em sistema cooperativista ou associativismo, a fim de otimizar o uso do
equipamento.
Um fator preponderante à mecanização da colheita é a adaptação da estrutura de
pós-colheita das propriedades, já que o volume de café colhido é maior em um menor
período de tempo. Sendo assim, o produtor deve adaptar sua propriedade a essa condição
da colheita, com infra-estrutura adequada de terreiros ou estufas, secadores,
despolpadores etc., que permitam realizar o beneficiamento pós-colheita do café.
Na Fazenda Canaã o café colhido pela máquina não foi lavado nem despolpado,
já que o estágio de maturação do fruto não possibilitava mais essa operação. A secagem
foi realizada no terreiro da caatinga, pois a estrutura de terreiros e secadores não
comportou o volume colhido em curto período.
Na região do Planalto da Conquista, alguns produtores realizam a etapa de
secagem do café em terreiros instalados na caatinga, que possibilitam “a princípio” menor
custo dessa operação, já que não exigem um aporte estrutural de pós-colheita na
propriedade. Assim, sugere-se que seja feita paulatinamente adaptações da infra-estrutura
de pós-colheita na propriedade, a fim de não onerar demasiadamente o produtor.
Observa-se no Quadro 1 que na colheita manual ocorre uma variação do custo da
lata de café colhida de 14,75% dependendo da carga pendente da lavoura, de R$3,39 a
R$2,89. Essa redução não é maior devido os encargos sociais que são proporcionais ao
24
período de colheita, e porque nas quadras com alta produtividade, o período de colheita
manual é longo.
Os encargos sociais são responsáveis, no caso estudado, por 26,38% do valor total
da lata de café colhida para as quadras com menor produção e 30,94% do valor total da
lata de café colhida para as quadras com maior produção.
Quadro 1: Custo médio da lata do café colhido através da colheita manual, na Fazenda
Canaã,Ribeirão do Largo-BA, durante a colheita de 2010
Litr
os
de
café
/cov
a(L/
Cov
a)
Volume
total de
café(L/
ha)
Númer
o de
latas20l
itros/ha
(Latas)
Custo da
colheitaman
ual por
hectare(2,50
R$/Lata até
10l/cova, e
2,00R$/Lat
a acima de
10l/cova)(R
$)
Colh
eita
man
ual/h
á
250
litro
s de
café
colh
edor
/dia(
dias
)
Proporção dos
encargos
sociais
inerentes ao
período de
colheita; Custo
de registro de
um empregado
safrista
268,87/mês,
24dias úteis no
mês(R$)
Custo total da colheita
manual/hec
tare (Latas
+
encargos)
(R$)
Custo
médi
o da
lata
de
café
(R$)
2 2500 125 312,50 10 112,02 424,52 3,39
5 6250 312.5 781,25 25 280,07 1061,32 3,39
8 10000 500 1250,00 40 448,11 1698,11 3,39
10 12500 625 1562,50 50 560,14 2122,64 3,39
12 15000 750 1500,00 60 672,17 2172,17 2,89
15 18750 937.5 1875,00 75 840.21 2715,21 2,89
17 21250 1062.5 2125,00 85 952,24 3050,24 2,89
20 25000 1250 2500,00 100 1120,29 3620,00 2,89
Observa-se no Quadro 2 que quanto maior a quantidade de café colhido por
hectare menor o custo da lata de café colhido mecanicamente, isso indica que o custo da
colheita mecanizada é altamente dependente da carga pendente da lavoura. Resultados
semelhantes foram obtidos por Oliveira et al. (2007). Segundo esses autores a redução de
custos da colheita mecanizada é mais influenciada pela eficiência operacional do que pelo
aumento de velocidade de trabalho da máquina, pois quanto maior o volume de café
recolhido pela colhedora, menores os custos com a operação, com repasse e com varrição.
Quadro 2: Custo médio da lata de café colhido através da colheita mecanizada, na
Fazenda Canaã, Ribeirão do Largo-BA, durante a colheita de 2010.
25
Litro
s de
café/
cova
(L/C
ova)
Vol
um
e
tota
l de
café
(Lit
ros/
ha)
Númer
o de
latas
(20litr
os/ha)
Colheita
mecânica/ha,
velocidade da máquina 700m/h
até 10l/cova, acima
600m/h + 10%
manobras
(horas)
Custo total da
colheita
mecanizada
(230,00R$/h de
aluguel da
máquina)
(R$)
Custo
médio
da lata
de café
(R$/L
ata)
2 2500 125 4 920,00 7,36
5 6250 312.5 4 920,00 2,94
8 10000 500 4 920,00 1,84
10 12500 625 4 920,00 1,47
12 15000 750 4,58 1053,40 1,40
15 18750 937.5 4,58 1053,40 1,12
17 21250 1062.5 4,58 1053,40 0,99
20 25000 1250 4,58 1053,40 0,84
A partir da comparação dos dados apresentados no Quadro 3, pode-se dizer, no
caso estudado, que ocorre uma redução de 13,2% a 75% nos custos da colheita com a
implantação da colheita mecanizada, com cargas pendentes acima de 5 litros por cova.
Segundo Oliveira et al. (2007), quando se compara o custo unitário do volume de 60L,
colhido mecanicamente, com o custo da colheita manual, verifica-se que o custo unitário
foi reduzido de 49%, em relação à colheita manual, e essa redução é ainda maior à medida
que aumenta a eficiência de colheita.
Observa-se também no Quadro 3 que no caso de cargas pendentes muito
reduzidas, como no caso demonstrado de 2litros/cova, a utilização da colheita mecanizada
se torna muito onerosa, aumentando o custo de colheita em até 117,1% em comparação a
colheita manual.
Na colheita manual o custo da lata colhida dificilmente será inferior a R$2,00,
independente da safra pendente, pois os colhedores da região não colhem a lata de café
por menos de R$2,00, independente da safra pendente.
Quadro 3: Comparação entre o custo da colheita manual x mecanizada.
26
Litros de café/cova
(L/Cova)
Custo médio da lata
de café colhida
manualmente
(R$/Lata)
Custo médio da lata
de café colhida
mecanicamente
(R$/Lata)
Comparativo
Colheita
Manual
X
Mecanizada
(%)
2 3,39 7,36 -117,1
5 3,39 2,94 +13,2
8 3,39 1,84 +45,7
10 3,39 1,47 +56,63
12 2,89 1,40 +51,55
15 2,89 1,12 +61,24
17 2,89 0,99 +65,74
20 2,89 0,84 +70,93
Na Região do Planalto da Conquista não se tem um trabalho de pesquisa que
dimensione o número de colhedores de café. Porém, segundo relato de produtores, tem
havido redução da disponibilidade de colhedores de café na região, que segundo esses
produtores ocorre devido aos programas assistencialista do governo e à crescente
demanda de mão de obra da construção civil de Vitória da Conquista e até mesmo à
melhoria do nível educacional da população jovem do meio rural que procura
oportunidades de trabalho nas cidades, com maior remuneração para o trabalhador.
A partir disso, deve-se direcionar um olhar crítico à mecanização da colheita do
café. A mecanização não pode ser olhada apenas como uma causadora de desemprego no
campo e sim como uma alternativa para realizar o trabalho que o ser humano não está
sendo capaz de realizar.
CONCLUSÕES
Na Fazenda Canaã, área de estudo deste trabalho, através de alguns ajustes nas
áreas cafeeiras, a colheita mecanizada foi possível de ser realizada, apesar de possuir
lavouras implantadas a quase trinta anos,
27
A colheita mecanizada demonstrou ser economicamente viável, e quando
comparada à colheita manual apresentou redução nos custos de colheita do café do pé,
desconsiderando-se o custo de retirada do café do chão e a qualidade do café colhido.
OBSERVAÇÕES
Este foi um estudo pioneiro na Região, baseado em observações de campo, em
uma propriedade. Deve-se levar em conta que outros levantamentos sejam relevantes a
fim de disseminar a mecanização da colheita na região, especialmente quanto à
porcentagem de desfolha da planta, quantidade de ramos quebrados, impactos sobre as
safras subseqüentes etc.
Assim, este estudo é uma referência inicial para a implantação da colheita
mecanizada em lavouras antigas da região, no entanto os obstáculos aqui traçados devem
ser mais bem estudados a fim de que a introdução de uma nova tecnologia possa
beneficiar o produtor, consequentemente a região produtora.
28
REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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diferentes condições de lavouras cafeeiras. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola
e Ambiental, Campina Grande, v.9, n.1, p.129-132, 2005.
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TDI MÁQUINAS AGRÍCOLAS. Produtos. Disponível em: <
http://www.tdimaquinas.com.br/portugues/html>. Acesso 10 de março 2011.
29
Anexo 1: Demonstrativo dos custos de um safrista: encargos sociais e
direitos trabalhista – simulação de um mês de colheta:
30
TERMO DE RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
farias
01 CNPJ/CEI/CPF 10.000.00000/00
02 Razão
Social/Nome José de
Jesus 03 Endereço (logradouro, nº, andar, apartamento Fazenda Canaã 05 Município Ribeirão do Largo
06 UF BA
45. CEP 45.155-000
08CNAE
10 PIS 000.00000.00-0
11 Nome EMPREGADO SAFRISTA
DADO
S DO
CONTR
ATO
21 Remuneração p/ fins rescisórios R$ 510,00
22 Data de admissão 01/09/2010
23 Data do Aviso Prévio
24 Data de
afastamento
30/09/2010 25 Causa do afastamento Rescisão Por Término do Contrato a Termo
26 Cód. Afastamento
27 Pensão alimentícia (%) 28 Categoria
do trabalhador 01
DISCRIMI
NAÇÃO
DAS
VERBAS
RESCISÓ
RIAS
29 Aviso Prévio indenizado /dias Valor
38 Comissões
DEDUÇÕES 47 Previdência
30 Saldo Salário 30/dias
39 Gratificações 48 Previdência 13º salário
31 13º SALARIO 01/12 avos
42,50 40 Horas extras ____horas
49-IRRF
32 13º Sal. Inden. 01 /12 avos
42,50
41 Adic. insalub./
periculosidade 50 Adiantamento de Salário
33 Férias vencidas
42Tempode
Serviço-FGTS 51 Adiantamento de Férias = 10
Dias
34 Férias proporc. 01/12 avos
42,50 43-Multa 40% do
FGTS 52 Indenização Aviso Previo
35 1/3 S/ férias
14,16 44-Multa-CLT Art. 477,
Parag. 8º 53
36 Salário família __ Dias
45 Acordo 54 TOTAL DAS DEDUÇÕES
0,00
37 Adicional noturno
46 TOTAL BRUTO
55 LÍQUIDO A RECEBER
141,66
60-RESUMO ENCARGOS SOCIAIS+DIREITOS TRABALHISTAS:
F.G.T.S R$ 43,35 I.N.S.S. R$ 83,86 DIREITOS TRABALHISTAS R$ 141,66 TOTAL R$ 268,87
OBS.: OS HONORÁRIOS
PROFISSIONAIS NÃO SÃO
PROPORCIONAIS AOS EMPREGADOS, E SIM PELOS
SERVIÇOS TÉCNICOS DE
OBRIGAÇÕES MENSAIS E ATÉ ANUAIS: COBREM OS
SEGUINTES SERVIÇOS:
FOLHAS DE PAGAMENTOS
– 13ºs SALÁRIOS – CAGED-
MT – GPS/INSS – GEFIP/FGTS – RE/FGTS -
FÉRIAS – INFORMAÇÕES
AO STR - REGISTRO DE EMPREGADOS – REGISTRO
DO LIVRO DE INSPEÇÃO
DO TRABALHO E ASSSISTÊNCIAS À
FISCALIZAÇÃO DO
MINISTÉRIO DO TRABALHO.