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1 CANDIDO ENCARNAÇÃO PERES AUTOEFICÁCIA, DEPRESSÃO E SATISFAÇÃO EM MILITARES DO EXÉRCITO PORTUGUÊS Orientador: Miguel Faria Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Escola de Psicologia e Ciências da Vida Lisboa 2014

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1 Universidade de Lusófona Humanidades e Tecnologias – Escola de Psicologia e Ciências da Vida

CANDIDO ENCARNAÇÃO PERES

AUTOEFICÁCIA, DEPRESSÃO E SATISFAÇÃO EM

MILITARES DO EXÉRCITO PORTUGUÊS

Orientador: Miguel Faria

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Escola de Psicologia e Ciências da Vida

Lisboa

2014

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2 Universidade de Lusófona Humanidades e Tecnologias – Escola de Psicologia e Ciências da Vida

CANDIDO ENCARNAÇÃO PERES

AUTOEFICÁCIA, DEPRESSÃO E SATISFAÇÃO EM

MILITARES DO EXÉRCITO PORTUGUÊS

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Escola de Psicologia e Ciências da Vida

Lisboa

2014

Dissertação apresentada para obtenção do Grau de

Mestre em Psicologia no Curso de Mestrado em

Psicologia, Aconselhamento e Psicoterapias, conferido

pela Universidade Lusófona de Humanidades e

Tecnologias.

Orientador: Professor Doutor Miguel Faria

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Todo o esforço é um crime porque

todo o gesto é um sonho morto.

Fernando Pessoa

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Dedicatória

Aos meus pais, por acreditarem em mim, por todo apoio e empenho em me conduzir pelo

bom caminho, mas essencialmente pelos valores e princípios que me transmitiram.

Ao meu filho, por pacientemente suportar a minha ausência em alguns momentos e sempre

me receber com um grande sorriso e largo abraço.

A minha namorada, que sempre esteve ao meu lado a incentivar me e a apoiar me em todos os

momentos.

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Agradecimentos

Aos meus pais pelo esforço e sacrifício que fizeram ao longo deste percurso, agradeço

todo apoio que me deram.

Agradeço ao Professor Miguel Faria por toda a disponibilidade, força e apoio que me

forneceu ao longo desta etapa tão importante para a minha vida.

Agradeço ao Sr. Coronel Nuno Fernandes, Comandante do Regimento de Guarnição

nº 2 por me ter concedido oportunidade de aplicar os questionários na sua Unidade, ao Sr.

Tenente Coronel Jorge Bastos e ao Sr. Major Cláudio Ferreira por todo apoio dado.

À todos os militares do Regimento de Guarnição nº2 da Zona Militar dos Açores que

sempre colaboraram prontamente.

Aos meus amigos mais próximos, muito obrigado por todo apoio e por estarem sempre

presentes.

À todos vocês o meu eterno agradecimento!

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Resumo

Foi objetivo estabelecer um modelo explicativo da autoeficácia em militares que

desempenham a sua missão em território insular. Foi recolhida uma amostra de 276 militares

pertencentes ao exército Português da Zona Militar dos Açores, colocados no ativo, 83.3%

homens e 16.7% mulheres e com idades compreendidas entre os 18 e os 34 anos. Foram

utilizados como medidas de avaliação questionário sociodemográfico, a escala de autoeficácia

de Ribeiro (n.d.), a Escala de Depressão da EADS-21 (Ribeiro, Honrado & Leal, 2004) e a

Escala de satisfação com suporte social (Ribeiro, 1995). Os resultados mostraram que as

mulheres apresentam mais satisfação com os amigos e com a intimidade, menos satisfação

com a família e menos depressão; que os militares mais novos, casados e com maior

escolaridade apresentam maior satisfação com o suporte social; que os militares com mais

sintomatologia depressiva apresentam menor autoeficácia e menor satisfação com o suporte

social; e que os militares com maior satisfação com o suporte social apresentam maior

autoeficácia. Conclui-se que seja possível que o meio militar tenha particularidades que

influenciem a satisfação com o suporte social e que parece possível prever a autoeficácia

através da depressão, satisfação com a intimidade, satisfação com os amigos, sexo e

distanciamento da família.

Palavras-chave: Autoeficácia, Depressão, Satisfação com o suporte social, Militares.

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Abstract

Our aim was to establish an explanatory model of self-efficacy in militaries in mission in a

island territory. A sample of 276 soldiers belonging to the Portuguese Army Military Region

of the Azores, placed on active, 83.3% men and 16.7% women was collected and aged

between 18 and 34 years. Were used as measures a sociodemographic questionnaire, the scale

of self-efficacy (Ribeiro, n.d.), the Scale for Depression EADS-21 (Ribeiro, Honrado & Leal,

2004) and the Scale social support satisfaction (Ribeiro, 1995). The results showed that

women had more satisfaction with friends and intimacy, less satisfaction with family and less

depression; that younger, married and with higher education have greater satisfaction with

social support; the military with more depressive symptoms have lower self-efficacy and

lower satisfaction with social support; and the military with higher satisfaction with social

support have higher self-efficacy. We conclude that it is possible that the military

environment has characteristics that influence satisfaction with social support and it seems

possible to predict self-efficacy through depression, satisfaction with intimacy, satisfaction

with friends, sex and distance from the family.

Keywords: Self-efficacy, Depression, Social support satisfaction, Military.

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Índice

Introdução ..................................................................................................................... 11

Capítulo I – Enquadramento teórico ................................................................. 13

1. Profissão militar ....................................................................................................... 14

2. Autoeficácia .............................................................................................................. 16

2.1. Autoeficácia em militares ................................................................................. 18

3. Depressão .................................................................................................................. 20

3.1. Depressão e militares ........................................................................................ 22

4. Satisfação com o suporte social ................................................................................ 24

4.1. Satisfação com o suporte social em militares ................................................... 28

5. Objetivos e Hipóteses ............................................................................................... 29

Capítulo II- Estudo Empírico ................................................................................ 30

1. Participantes ............................................................................................................. 31

2. Medidas ..................................................................................................................... 33

3. Procedimentos ........................................................................................................... 36

Capítulo III- Resultados ........................................................................................... 37

1. Características psicométricas das medidas .............................................................. 38

2. Diferenças entre grupos ............................................................................................ 40

3. Correlações ............................................................................................................... 47

4. Regressão .................................................................................................................. 49

Capitulo IV – Discussão/conclusão ....................................................................... 50

Discussão ...................................................................................................................... 51

Conclusão ...................................................................................................................... 54

Referências .................................................................................................................... 56

Apêndices .......................................................................................................................... I

Apêndice I – Protocolo de avaliação ............................................................................. II

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Índice de tabelas

Tabela 1. Caracterização sociodemográfica da amostra (N=276) ..................................... 31

Tabela 2. Fidelidade .......................................................................................................... 38

Tabela 3. Normalidade ...................................................................................................... 39

Tabela 4. Diferenças entre sexos ....................................................................................... 40

Tabela 5. Diferenças entre grupos etários ......................................................................... 41

Tabela 6. Diferenças entre estados civis ............................................................................ 42

Tabela 7. Diferenças entre níveis de escolaridade ............................................................. 43

Tabela 8. Diferenças entre a distância do local de trabalho obrigar ou não ao

distanciamento da família ............................................................................................. 44

Tabela 9. Diferenças entre a distância do local de trabalho obrigar ou não ao

distanciamento da família – Casados ou em união de facto ......................................... 45

Tabela 10. Correlações entre Depressão, Autoeficácia e Satisfação com o Suporte

social ............................................................................................................................. 47

Tabela 11. Predição da autoeficácia total .......................................................................... 49

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Listas de Siglas

ZMA – Zona Militar dos Açores

RG2 – Regimento de Guarnição nº2

ULHT – Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologia

AE – Escala de Autoeficácia

EADS – Escala de Ansiedade Depressão e Stress

ESSS- Escala de Satisfação com suporte social

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Introdução

As mudanças que se fazem sentir a nível de estrutura, organização e doutrina das

Forças Armadas têm evidentes repercussões na sociedade no seu todo assim como nas suas

principais instituições sociais (Vitório, 2012).

Hoje em dia, saúde e qualidade de vida são dois conceitos que devem ser

interiorizados como essenciais para o bem-estar do indivíduo em todos os contextos da sua

vida. Todos nós, com vida profissional ativa, temos que conviver com o cansaço, os sucessos

e os insucessos diários, sendo que a vida militar não passa ao lado destas situações.

Da experiência enquanto militar do Exercito Português, surgiu a necessidade de ter

uma melhor compreensão das razões de um certo mal-estar manifestado entre estes

profissionais Ao longo destes anos, pela experiência própria e de contacto direto com os

outros militares, parece existir uma prevalência elevada de dificuldades na área da saúde

mental.

A expectativa de eficácia percebida pelo indivíduo afeta o seu comportamento na

interação com o meio social, na tentativa de enfrentar situações, na motivação para

desenvolver determinadas atividades, no engajamento das atividades e até nas escolhas dos

locais para a participação e ação (Bandura, 1986, 1989). No setor militar não abundam os

estudos sobre autoeficácia mas, no geral, parecem reforçar a ideia de que uma perceção

adequada da autoeficácia é essencial nesta profissão, visto que existe uma forte associação

entre autoeficácia e performance.

Por outro lado, a depressão é uma patologia comum entre os militares (Dantzker,

1986; Che net al., 2006; Ramsawh et al., 2014; Toch, 2002). Contudo, não foi encontrado

nenhum estudo sobre a prevalência da depressão em militares nos Açores. No entanto é

sabido que a taxa de suicídio dos Açores, na população geral é elevada, sendo a quarta zona

do país (NUTS II) com taxa de suicídio mais elevada, sendo apenas superior no Alentejo,

Algarve e Madeira e sendo superior à taxa nacional (Gusmão & Quintão, 2013). Estes dados

são importantes, porque parecem traduzir que, como o suicídio está fortemente ligado à

depressão (Gusmão et al., 203), que os Açores são umas das zonas geográficas do país com

taxas elevadas de depressão.

Concomitantemente, o suporte social assume um papel importante na proteção contra

os efeitos do stress em militares (Beltrán et al., 2009), permitindo uma melhor saúde mental

(Hashemian, 2014), nomeadamente ao nível da depressão (James et al., 2013). O suporte

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social dos pares (Morais, 2009), dos líderes e da família (Dolan & Ender, 2008) são os

referidos na literatura como mais importantes nos militares.

Neste contexto, foram objetivos deste estudo verificar as diferenças ao nível da

autoeficácia, depressão e satisfação com o suporte social em função das características

sociodemográficas; analisar a relação entre autoeficácia, depressão e satisfação com o suporte

social; e estabelecer um modelo explicativo da autoeficácia em militares que desempenham a

sua missão em território insular, nas ilhas açorianas.

Pensamos que esta investigação pode trazer uma contribuição importante no

incremento da informação disponível sobre a temática, permitindo melhorar o estado da arte

no contexto da saúde mental em militares.

A apresentação desta dissertação seguiu os seguintes passos: Uma primeira parte de

contextualização teórica, onde se abordam os conceitos de autoeficácia, depressão e satisfação

com o suporte social e onde se abordam estes temas numa perspetiva do contexto militar. Na

segunda parte são apresentados os participantes, as medidas utilizadas e o modo como

decorreu a investigação. Na terceira parte foram descritos os resultados estatísticos obtidos e

na quarta parte procedeu-se à discussão desses resultados. Apresentam-se ainda uma

conclusão sucinta do trabalho.

Neste estudo foram seguidas as normas da Universidade Lusófona de Humanidades e

Tecnologias para elaboração e apresentação das teses de mestrado (Primo & Mateus, 2008),

tendo as citações, as referências bibliográficas, apresentação de tabelas e figuras, respeitado as

normas de publicação da American Psychological Association (APA, 6ª edição).

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CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

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1. PROFISSÃO MILITAR

O militar, antes de ser profissional das armas, é um homem e um cidadão. Os valores

da profissão militar, como profissão ao serviço de um Estado democrático, têm que ser

consistentes com os valores morais, espirituais e sociais que definem o carácter fundamental

da Nação, tais como: a verdade, a justiça, a honestidade, a dignidade humana, a

imparcialidade, a igualdade e responsabilidade pessoal (Vieira, 2002).

Segundo Huntington (1957) a carreira militar é uma profissão completamente

desenvolvida, porque nela se verificam três características principais, são elas a destreza (no

caso militar, a destreza para o manuseamento de meios militares), o espirito de corpo (uma

consciência esclarecida que liga todos os militares) e a responsabilidade (na nomeação dos

militares mais capazes para ocupar cargos de chefia e direção). Para Huntington (1957) o

profissional militar é obediente e leal para com a autoridade do estado, competente nos

assuntos militares e dedicado na utilização da sua capacidade para proporcionar segurança. O

seu sentido de responsabilidade é enquadrado por uma ética militar que reflete um conjunto

de valores e atitudes que constituem uma particular perspetiva profissional como

conservadora e realista.

O militar está, deste modo, envolvido numa ética militar, caracterizada por valores e

atitudes que espelham a singularidade da sua profissão, e esta diferenciação profissional que

se encontra fortemente simbolizada através do uniforme militar assim como pelas divisas que

diferenciam cada grau da hierarquia militar (Baltazar, 2005).

A característica comum a todos os profissionais militares, que se integram na

componente militar da defesa nacional, prende-se no facto de estes serem os administradores

da violência armada, legítima e organizada, diretamente envolvidos na sua aplicação e na sua

preparação, sempre sob a direção e controlo do poder político democraticamente instituído.

Desta característica decorre outra, também ela fundamental, que é a eventualidade do

cumprimento da missão de defesa militar poder ir até ao sacrifício da própria vida. A

condição militar expressa-se, essencialmente, num elevado sentido de missão e noção do

dever, fatores indispensáveis ao alto grau de coesão e espírito de corpo que devem

caracterizar as Forças Armadas (Vieira, 2002).

A condição militar tem uma natureza própria, envolvendo uma permanente

disponibilidade para lutar em defesa da Pátria; a sujeição aos riscos intrínsecos ao

cumprimento das missões militares, bem como à formação, instrução e treino que as mesmas

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requerem, quer em tempo de paz, quer em tempo de guerra; a permanente disponibilidade

para o serviço, seja em termos temporais, seja em termos de mobilidade territorial, ainda que

com sacrifício dos interesses pessoais do militar e da sua família; a restrição,

constitucionalmente prevista, de alguns direitos e liberdades; a fixação de princípios

deontológicos e éticos próprios em matérias muito importantes e sensíveis, como sejam o caso

da hierarquia, subordinação e obediência ao poder de autoridade, desenvolvimento de

carreiras, treino e formação profissional (Vieira, 2002).

A Profissão militar possui ainda outras características como: sujeição a preceitos

rígidos de disciplina e hierarquia, dedicação exclusiva, mobilidade geográfica, vigor físico,

formação específica e aperfeiçoamento constante, proibição de participar de atividades

políticas, proibição de sindicalizar-se e de participação em greves ou em qualquer movimento

reivindicatório, restrições a direitos trabalhistas, vínculo com a profissão e consequências para

a família (Vitório, 2012).

O militar ao longo da sua carreira convive de perto com o risco, seja na instrução,

exercícios, na guerra ou na sua vida diária, a possibilidade iminentes danos físicos são

característica permanente da profissão e em nenhum lado da vida civil o grupo social é tão

importante e crucial como na vida militar (Manning, 1994).

Pode-se concluir, deste modo, que a profissão militar é diferente de outras profissões,

exigindo uma eficiente gestão estratégica de pessoas para a formação e aperfeiçoamento de

militares à altura das exigências da nação.

A competitividade e a necessidade de se tornar um diferencial dentro das

organizações, assim como no contexto militar, tem feito com que os comportamentos, as

atitudes e as reações dos trabalhadores se modifiquem. Percebendo isso, a psicologia tem

procurado compreender as diferenças individuais e explicar os motivos que levam a cada

indivíduo agir de maneira diferente. No processo dinâmico que vivemos hoje no contexto

laboral, o conceito de autoeficácia torna-se essencial na vida das organizações (Barcelos,

2010).

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1. Autoeficácia

As teorias da cognição social classificam o ser humano como um agente ativo sobre as

circunstâncias e o ambiente que o rodeia, bem como sobre o seu próprio comportamento,

pensamentos e emoções. O ser humano modela o seu ambiente e comportamento de forma

ativa, não se limitando a ser reativo aos estímulos externos ou impulsionado por traços ou

forças inconscientes. A realização destes princípios de adaptação realiza-se através da

autorreflexão e autorregulação, ou seja, observando e pensando sobre as suas ações,

sentimentos e cognições; avaliando o impacto das suas ações; definindo objetivos e pondo em

prática planos para os alcançar através da execução de comportamentos específicos em cada

circunstância (Lent & Maddux, 1997).

Segundo Bandura (1986), a teoria da autoeficácia baseia-se na assunção de que os

processos psicológicos medeiam a criação e o fortalecimento de expectativas de eficácia

pessoal.

As crenças de autoeficácia figuram entre os fatores que compõem os mecanismos

psicológicos da motivação da pessoa, devendo-se aos trabalhos de Bandura (1977, 1986) a sua

conceituação, operacionalização e o primeiro impulso de pesquisas. Crenças de autoeficácia

pertencem à classe de expectativas e, como o próprio termo sugere, expectativas ligadas ao

self. A definição universalmente aceite é a de Bandura (1986), para quem as crenças de

autoeficácia são um julgamento das próprias capacidades de executar cursos de ação

necessários para se atingir certo grau de performance.

A autoeficácia consiste na convicção de que a pessoa consegue executar o

comportamento desejado com sucesso, de modo a produzir o resultado desejado. É um

constructo que reflete o grau de confiança do indivíduo na sua capacidade para mudar o

comportamento. No fundo, consiste no grau de confiança que o indivíduo tem para não adotar

um comportamento problema numa situação tentadora ou conveniente, e o grau de confiança

para adotar o comportamento positivo em situações desafiadoras (Patrão, 2011). Neste

sentido, Schunk (1991) especifica que as crenças de autoeficácia são convicções pessoais

quanto a dar conta de uma determinada tarefa e num grau de qualidade definida. Ressalta-se

nessa definição que se trata de uma avaliação ou perceção pessoal quanto à própria

inteligência, capacidades, conhecimentos, etc.

A autoeficácia é uma dimensão cognitiva com uma função motivacional (Bandura,

1982, 1991). A motivação refere-se à ativação e persistência do comportamento: a atividade

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cognitiva suporta-a. Este suporte tem por base duas fontes: a representação cognitiva de

resultados futuros; e a definição de objetivos e a avaliação da realização pessoal.

A teoria sociocognitiva de Bandura assenta numa serie de pressupostos gerais sobre o

funcionamento psicossocial. Segundo Lent e Maddux (1997), estes pressupostos são: (1) as

pessoas têm capacidades de representação simbólica da realidade (interna e externa) que as

capacitam para aprendizagens por vias indiretas (e.g., aprendizagem vicariante, ou baseada na

observação) e a autorreflexão; (2) grande parte do comportamento é intencional ou dirigido

para objetivos e, desta forma, planeado e premeditado; (3) as pessoas são capazes de

autorregulação através do controlo direto do seu próprio comportamento e/ou da escolha ou

transformação dos ambientes/contextos em que se encontram; As pessoas adotam os seus

próprios padrões de comportamento e, desse modo, desenvolvem os seus próprios incentivos

que motivam o seu comportamento futuro; (4) o funcionamento psicossocial é

plurideterminado e, por isso, será sempre redutor desejar fundamentar as explicações do

comportamento num único conjunto de fatores. De facto, para Bandura (1986) os

acontecimentos ambientais, os fatores pessoais e o comportamento interagem reciprocamente

e inter influenciam-se mutuamente (modelo de causalidade reciproca triádica); (5) a teoria

sociocognitiva preocupa-se com o papel que as práticas de socialização relativas ao papel de

género e as influências socio culturais assumem no comportamento; e (6) a psicoterapia e

outras formas de intervenção dirigidas para a modificação do comportamento são acima de

tudo, situações sociais.

Segundo a Teoria Cognitiva da Aprendizagem Social, a motivação e o comportamento

são determinados pela perspetiva dos acontecimentos. A autoeficácia discrimina-se de outros

tipos de expetativas também focalizados em pesquisas sobre motivação (Bandura, 1986;

Pajares, 1996, 1997; Schunk, 1991), sendo que este mecanismo de controlo antecipatório

compreende três tipos de expectativas: 1) Expectativas de resultado da situação, onde as

consequências são determinadas pelos acontecimentos ambientais, sem ação pessoal; 2)

Expectativas de resultado da ação, em que os resultados ou as consequências advêm duma

ação; e 3) Perceção de autoeficácia, que se baseia na crença pessoal quanto às capacidades

para realizar uma ação específica fundamental para a obtenção dum resultado específico

(Bandura 1988).

A autoeficácia e as expectativas de resultado da ação representam a perceção que se

pode modificar a realidade e gerir os riscos ou ameaças através duma ação preventiva.

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Contudo são difíceis de distinguir porque operam em conjunto (não é possível a segunda sem

a primeira).

A mudança comportamental depende das expectativas quanto ao resultado e das

expectativas de eficácia pessoal. As expectativas quanto ao resultado traduzem-se na crença

que um determinado comportamento leva a uma consequência específica. São crenças sobre a

consequência de um ato. A perceção de autoeficácia consiste no controlo pessoal das ações,

ou seja, nas expectativas pessoais quanto à sua capacidade para realizar um determinado

comportamento (desejado). Não reflete as competências pessoais, mas sim as crenças, os

julgamentos, as avaliações sobre o que a pessoa pode concretizar com as competências que

detém, para realizar comportamentos específicos em situações específicas (desconhecidas,

suscetíveis de conter elementos ambíguos, imprevisíveis e causadores de stress) e tem uma

elevada preditibilidade em relação a tarefas comportamentais determinadas (Patrão, 2011).

Todo o ser humano precisa sentir-se com autoeficácia diante de cada desafio da vida e,

ao mesmo tempo, com o controlo sobre os resultados das próprias ações (Bandura, 1986;

Schunk, 1991). Assim, segundo Bandura (1986, 1989), os julgamentos de uma pessoa

determinam o seu nível de motivação da seguinte forma: é em função desses julgamentos que

a pessoa tem um incentivo para agir e imprime uma determinada direção às suas ações pelo

fato de antecipar mentalmente o que pode realizar para obter resultados. Deste modo, Bandura

(1986) considera que os julgamentos de autoeficácia atuam como mediadores entre as reais

capacidades, que são as aptidões, conhecimentos e habilidades, e a própria performance. Isto

é, esses outros fatores, que também contribuem para predição do desempenho, não produzirão

as esperadas consequências, a menos que ocorra a mediação das crenças de autoeficácia.

1.1. Autoeficácia em militares

Em qualquer área profissional a mudança comportamental é facilitada pelo sentido de

controlo pessoal. Quando se acredita que se pode atuar para resolver um problema, haverá

maior probabilidade de o fazer e de se sentir mais implicado numa decisão. Níveis diversos de

autoeficácia podem promover ou limitar a motivação para agir (Patrão, 2011).

No setor militar não foram encontrados muitos estudos sobre autoeficácia mas, no seu

conjunto, parecem reforçar a ideia de que uma perceção adequada da autoeficácia é essencial

nesta profissão, uma vez que se tem relacionado com a performance.

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19 Universidade de Lusófona Humanidades e Tecnologias – Escola de Psicologia e Ciências da Vida

Por exemplo, num estudo realizado em militares expatriados, os resultados indicaram

que os militares com elevada autoeficácia geral expressam significativamente maiores graus

de, interação e ajuste geral de trabalho do que aqueles com baixa autoeficácia geral

(Harrisom, Chadwick, & Scales, 1996).

No mesmo sentido, Barcelos (2010) numa investigação junto de polícias militares

referiu que a avaliação exata das próprias capacidades tem grande relevância, uma vez que as

expectativas de crença de eficácia pessoal não só influenciam a quantidade de esforço a

despender, como o grau de persistência perante os obstáculos ou as experiências

desagradáveis. O fato de o militar acreditar nas suas próprias capacidades e competências

assume influência e impacto significativo no rendimento do profissional, durante a realização

de uma tarefa. Assim, conclui que quanto mais alto os níveis de crença de autoeficácia dos

militares, maior é a eficácia do seu trabalho e a persistência dentro da corporação.

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2. Depressão

A depressão é uma perturbação do humor, de gravidade e duração variáveis, que é

acompanhada por uma variedade de sintomas físicos e mentais, que envolvem o pensamento,

os impulsos e a capacidade crítica (Wilkinson, Moore, & Moore, 2005). Vaz Serra (1990)

refere que a depressão é uma situação clínica onde se observam alterações semipermanentes

da regulação do humor, das perspetivas do sujeito e dos processos de defesa deste, alterando o

seu estado de saúde, sendo este processo, o resultado do cruzamento de factores precipitantes

e predisponentes.

A depressão pode incluir-se nas perturbações afetivas, por se tratar de uma alteração

do humor ou do afeto. Zuroff et al. (1983) referem que o termo depressão é adequado tanto

para a psicopatologia clínica, quer para um estado de humor que pode ocorrer em indivíduos

normais mas que é também um dos sintomas da depressão, ou também, aplicar-se a tipos de

organização da personalidade. Este conceito de depressão leva para um ou vários quadros de

diagnósticos, correspondendo a conjuntos mais ou menos homogéneos de sintomas, mas

também, para um estado afectivo mais ou menos estável e mais ou menos grave, para um tipo

de humor, humor depressivo, ou um tipo de personalidade, a personalidade depressiva

(Millon, 1991; Wilson, 1998).

Assim, Harrisson, Gueddes e Sharpe (2006) distinguem entre episódio e perturbação

depressiva, sendo o episódio depressivo a alteração no momento, enquanto a perturbação

depressiva se refere ao diagnóstico da doença subjacente.

A depressão pode ser descrita como doença que é reconhecida habitualmente pelo

próprio ou pela família e inclui frequentemente sintomas como: humor deprimido,

perturbações do sono, perda de interesse ou de prazer pelas actividades habituais, diminuição

da energia e fadiga, perda de apetite ou do peso, auto-recriminação e culpa, incapacidade de

concentração, posição e gestos característicos e diminuição da libido, associando-se ainda a

ansiedade, irritabilidade e lentidão (Wilkinson et al., 2005).

Esta perturbação pode evoluir na sua gravidade de tal forma que o paciente pode

apresentar estupor depressivo, com completa imobilidade e perda da expressão facial,

chegando ao extremo de recusar ingestão de alimentos ou de líquidos desencadeando a morte

por desnutrição e/ ou desidratação (Loureiro, 2009).

O DSM-IV-TR (APA, 2002) caracteriza a depressão grave por uma mudança de

humor com uma duração de mais de duas semanas e apresenta um ou vários sinais primários,

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tais como sentimento intenso de tristeza e pesar e perda de interesse em actividades

normalmente agradáveis, entre outras. A depressão grave pode ocorrer uma única vez e pode

voltar a surgir, uma vez que depois do primeiro episodio a probabilidade de surgir novamente

é de 50% e aumenta para 70% a probabilidade de um terceiro episódio. Com a ausência de

tratamento os episódios duram entre 6 a 18 meses, mas um tratamento adequado pode impedir

o seu agravamento e mesmo o retorno da depressão. Sobre a Depressão leve o manual refere

que a distimia, sendo uma forma duradoura da depressão leve, se caracteriza por uma

expressão permanente de tristeza e desânimo, sendo a durabilidade deste estado depressivo de

pelo menos dois anos, podendo durar até 5 anos, geralmente não afetando muito o

funcionamento do indivíduo, alternado por vezes com intervalos de normalidade. Contudo,

pode afetar o trabalho e a vida social, sendo que em muitos casos o indivíduo se torna retraído

e com uma produtividade laboral mais reduzida, podendo nestes casos vir a desenvolver uma

depressão grave (desta forma designada por depressão dupla). A nível de sintomatologia a

distimia é muito semelhante à depressão grave, mas porém menos grave, e nem sempre os

sintomas ocorrem em simultâneo, podendo incluir dificuldade de concentração ou de tomar

decisões, relacionamento social entre outros.

Existem concomitantemente outras formas de depressão tais como a depressão suicida,

episódio único ou depressão recorrente, depressão melancólica, depressão catatónica,

depressão atípica depressão psicótica, depressão pós-parto e transtorno afectivo sazonal

(Widlocher, 2001).

O Modelo Cognitivo da Depressão de Beck (Beck, Rush, Shaw, & Emery, 1979)

compreende três conceitos básicos que seguem uma ordem hierárquica descendente: Tríade

cognitiva; Pensamentos Automáticos; e Esquemas ou crenças centrais. A Tríade cognitiva

consiste nos três padrões cognitivos major, típicos dos doentes deprimidos: visão negativa de

si mesmo, vendo-se desta forma a si próprios como inadequados ou defeituosos, visão

negativa das suas interacções com o meio ambiente, assumindo-se como derrotado nas

situações de interacção com o meio que o rodeia, e a visão negativa do futuro, antecipando

assim que o seu sofrimento permanecerá indiferente. Os Esquemas/Crenças Centrais são

padrões cognitivos relativamente estáveis que regulam as interpretações de um conjunto

específico de situações. Os esquemas podem permanecer inativos por longos períodos e

podem manifestar-se perante estímulos ambientais específicos, como o stress. Os

Pensamentos automáticos correspondem a erros sistemáticos no pensamento do indivíduo

deprimido e que em conjunto caracterizam os esquemas cognitivos (inferência arbitraria,

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22 Universidade de Lusófona Humanidades e Tecnologias – Escola de Psicologia e Ciências da Vida

abstracção seletiva, hipergeneralização, magnificação, personalização e pensamento

dicotómico).

Apesar de não existem muitos dados epidemiológicos da depressão em Portugal, os

dados preliminares do único estudo feito sobre a prevalência das doenças mentais, levado a

cabo pela Universidade de Harvard, Organização Mundial de Saúde e Universidade de

Ciências Médicas, mostram uma prevalência de 7.9% para as perturbações depressivas em

Portugal (World Mental Health Consortium, 2010).

Alguns estudos têm referido existir uma relação inversa entre a depressão e a

autoeficácia (Greco et al., 2014; Maeda, Shen, Schwarz, Farrell, & Mallon, 2013; Trouillet et

al., 2009; Weber et al., 2004), mas não foram encontrados estudos em militares cujo objetivo

fosse estudar esta relação.

2.1. Depressão em militares

O Exército e o estilo de vida dos militares pode proporcionar um sentimento

gratificante de pertença, de "família", de proteção e proporcionar oportunidades de progressão

significativas, no entanto, o pessoal do Exército, enfrenta frequentemente stressores peculiares

multifatoriais, que muitas vezes são incrementais/acumulativos na natureza. Esses fatores

predisponentes stressantes nas Forças Armadas resultam em um grande número de sintomas

psicológicos, biológicos, sociais e ocupacionais, levando a mudanças comportamentais e de

personalidade e a depressão. Contudo, a personalidade do militar tem um impacto na sua

capacidade de lidar com a vida militar, e na sua propensão para o desenvolvimento de

depressão (Finnegan et al., 2014).

No contexto militar é, também, necessário considerar tanto os aspetos de organização

do trabalho quanto as situações de risco a que esses profissionais estão expostos,

principalmente pelo aumento significativo da violência e pela precarização do trabalho. É a

sinergia desses componentes que pode ocasionar implicações na saúde mental desses

profissionais. É a maneira como essas forças interagem e o embate que é vivido

cotidianamente pelo militar na sua atividade, que terminam por gerar o sofrimento psíquico,

com possíveis desdobramentos em alcoolismo, depressão e até mesmo em suicídio (Silva &

Vieira, 2008).

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De acordo com Finnegan et al. (2007) os militares com depressão apresentam como

stressores mais comuns os fatores relacionados com questões familiares, problemas de

relacionamento e problemas no trabalho (embora não seja associado ao campo de batalha),

independentemente do grau, idade e sexo.

Não existe muita literatura que refira a percentagem de depressão nos militares, mas

Ramsawh et al (2014), num estudo com 5.927 militares ativos dos Estados Unidos, aponta

para os 29%. No mesmo sentido, estudos realizados junto de polícias (profissão que apresenta

semelhanças à profissão militar) apresentam percentagens também superiores às da população

normal. Por exemplo, Chen e colaboradores (2006), num estudo com 832 polícias verificaram

que a taxa de depressão major era de 21.6%. Outros estudos têm referido igualmente que as

forças policiais apresentam maior depressão do que a população geral e que frequentemente

incorrem em comportamentos suicidários (Dantzker, 1986; Toch, 2002).

Relativamente ao género, apesar do fato de que a maioria do pessoal do exército ser do

sexo masculino, os soldados do sexo feminino são significativamente mais propensos a

perturbações da saúde mental. As mulheres também são mais propensas a serem

diagnosticadas com depressão e com stress. Parece que as mulheres são, contudo, menos

afetadas pelo estigma, procuram apoio mais facilmente, porque são mais auto conscientes,

emocionalmente mais expressivas, e confiam mais nos outros. No entanto, eles também

podem sentir alienação numa sociedade dominada pelos homens (Finnegan et al., 2010). A

literatura em amostras de polícias apresenta os mesmos resultados, com estudos (He, Zhao, &

Ren, 2005; Vermeulen & Mustard, 2000) que defendem que as agentes do sexo feminino

apresentam maiores níveis de depressão do que os agentes masculinos.

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3. Satisfação com o suporte social

São várias as definições de suporte social presentes na literatura.

Para Cobb (1976) o suporte social traduz-se na informação que conduz o sujeito a

acreditar que ele é estimado e que as pessoas se preocupam com ele, que é apreciado e que

pertence a uma rede de comunicação e de obrigações mútuas.

Posteriormente Ribeiro (1999) considerou que o suporte social consiste na existência

ou disponibilidade de pessoas em quem se pode confiar, pessoas que mostram que se

preocupam com os outros, que os valorizam e os estimam.

Outros autores referiram ainda que o suporte social é uma das formas que o sujeito

tem à sua disposição, para fazer frente a situações adversas. Este conceito social tem sido

utilizado numa multiplicidade de sentidos: sinónimo de rede social, contactos sociais

significativos ou como companhia humana. O apoio social, a consciência de fazer parte de

uma rede recíproca de pessoas que se preocupam e interessam pelas outras, possibilita ao

indivíduo sentir níveis de stress menos elevados e capacita-o para lidar com o stress a que

seja sujeitado (Uchino, Cacioppo, & Kiecolt-Glaser, 1996; Pierce, Sarason, & Sarson, 1996).

Cohen, Gottlieb e Underwood (2000) referiram que o termo suporte social é usado

para se referir aos recursos sociais que as pessoas reconhecem que estão disponíveis ou que na

realidade são fornecidas por não-profissionais no contexto de grupos de apoio formal e nas

relações de ajuda informais.

Guterres & Ribeiro (2002) definem o suporte social como uma união entre indivíduos,

de modo a alcançarem uma melhor competência adaptativa, para enfrentar todo um conjunto

de situações que ponham em causa o seu bem-estar a curto prazo.

Mais recentemente, Patrão e Leal (2004) consideraram que o suporte social pode ser

percebido como a perceção que leva o indivíduo a acreditar que é querido, amado, estimado,

valorizado e que pertence a um grupo com obrigações mútuas, referindo-se estes autores a

diferentes graus de necessidade de afeto, aprovação, pertença e segurança de um grupo de

pessoas significativas.

Assim, apesar das diferentes definições apresentadas, pode-se constatar que a

definição do conceito de suporte social se tem mantido relativamente constante ao longo dos

anos. Apesar desta amplitude de conceitos de suporte social, existe um conjunto de

características comuns apontadas pelos autores. Existe uma clara distinção entre a perspetiva

estrutural e a perspetiva funcional, bem como uma diferenciação entre o que é a perceção do

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suporte social e a receção do mesmo. O suporte social que é percebido pelo indivíduo tem o

foco no suporte que este acredita ter disponível em caso de necessidade (Ornelas, 1996).

As conceptualizações sobre suporte social incluem, em termos gerais, cinco

dimensões: o suporte emocional, que compreende sentimentos, estima, aceitação, apoio e

segurança; o suporte instrumental, que engloba a ajuda concreta em termos de serviços

específicos; a assistência material, que abrange a prestação ou troca de bens tangíveis; o

suporte informativo, que envolve informações e conselhos para maior compreensão dos

problemas; e o suporte de convívio social, que inclui atividades sociais que têm como

objetivo um maior bem-estar (Goes, 2004).

Também de acordo com Serra (2002), existem diferentes tipos de suporte social:

Afetivo/Emocional, quando o indivíduo se sente apreciado e acompanhado pelos outros,

apesar das suas imperfeições, erros ou limitações, o que favorece a sua autoestima;

Preceptivo/Informativo, que possibilita ao indivíduo avaliar mais corretamente a situação

problemática, dar-lhe significado e estabelecer objetivos mais realistas, simplificando a

tomada de decisão; e Instrumental, que se traduz na ajuda concreta em termos materiais ou de

serviços que o indivíduo recebe de modo a resolver um problema. Todos os tipos de suporte

social são úteis, dependendo do grau de controlo de stress. O suporte instrumental e

informativo são adequados quando a situação é controlável, uma vez que ajudam a resolver o

problema de forma mais definitiva. Todavia, quando a situação não é controlável o apoio

afetivo é o único praticável, pois por haver pouco a fazer este promove o controlo das

emoções negativas.

O formato de suporte social pode igualmente variar. Segundo Dunst e Trivette (1990)

existem duas fontes de suporte: informal e formal. Nas fontes de suporte social informal

inserem-se, concomitantemente, os indivíduos (familiares, amigos, vizinhos, etc.) e os grupos

sociais (Clubes, Igreja, etc.) que são capazes de prestar apoio nas atividades do dia-a-dia em

resposta a acontecimentos de vida normativos e não-normativos. As redes de suporte social

formal abarcam tanto as organizações sociais formais (hospitais, programas governamentais,

serviços de saúde) como os profissionais (médicos, assistentes sociais, psicólogos, etc.) que

estão organizados para facultar assistência ou ajuda.

A perceção do suporte social aparece na literatura como uma área do pensamento

social que se julga estar especialmente ligada a estados afetivos e emocionais (Henriques &

Lima, 2003). Segundo estes autores é previsível que o estado de espírito da pessoa influa a

avaliação que esta faz da satisfação com o seu suporte social mas só em situações de fraca

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familiaridade, ou seja, sujeitos num estado de espírito positivo, percecionam

significativamente mais suporte para as situações menos familiares do que sujeitos na

condição estado de espírito negativo ou estado de espírito neutro.

A satisfação com o suporte social engloba um julgamento pessoal sobre as suas

necessidades de suporte, o que recebe para as satisfazer, bem como o custo estimado desse

apoio, mediando assim as relações entre o stress percebido e os resultados em saúde (Santos,

Ribeiro, & 2003).

Relativamente às diferenças entre sexos, num estudo realizado por Day e Livingstone

(2003), onde procuraram analisar as diferenças de género na perceção do stress em situações

de stress, os resultados sugerem que as mulheres recorrem mais à ajuda do suporte social

proveniente de amigos e membros da família, do que os homens perante situações stressantes.

Contudo, as mulheres apresentam menor perceção de suporte social (Gallicchio, Hoffman, &

Helzlsouer, 2007).

No que concerne à satisfação com o suporte social Rostami, Ghazinour e Richter

(2013) referem não existir diferenças entre os sexos, mas White-Williams et al (2013), apesar

de referirem que não existe diferença em termos gerais na satisfação com o suporte social,

apresentam como resultado que os homens reportam maior satisfação com o suporte

emocional. Por outro lado, Santos et al. (2003) descrevem que as mulheres são menos

satisfeitas com o suporte social na sua globalidade, nomeadamente com a intimidade, em

contrapartida, encontram-se ligeiramente mais satisfeitas com as atividades sociais do que o

sexo oposto.

Desta forma, parece difícil dizer que existe consenso na literatura relativamente às

diferenças entre sexos na satisfação com o suporte social.

Alguns estudos também abordam a questão do papel da idade na satisfação com o

suporte social. Em estudos com idosos, uma idade mais avançada parece estar relacionada

com uma perceção e satisfação com o suporte social superior (Bennett, Perkins, Lane, Deer,

Brater, & Murry, 2001; White-Williams et al., 2013), contudo em adultos em idade ativa

parece que a idade está relacionada com menor satisfação com o suporte social (Santos et al.,

2003; Trouillet, Gana, Lourel, & Fort, 2009). Neste sentido, Santos et al. (2003) referem que à

medida que aumenta a idade, vai diminuindo a sua satisfação com o suporte proveniente dos

amigos.

O estado civil e as habilitações académicas foram igualmente estudadas, apontando os

resultados para que os indivíduos casados apresentam maior satisfação com o suporte social

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(White-Williams et al., 2013; Santos et al., 2003) e quando o nível de escolaridade aumenta,

cresce a satisfação com o suporte social percebido (White-Williams et al., 2013),

nomeadamente vindo do grupo de amizades (Santos et al., 2003).

Existem alguns estudos, especialmente em doentes crónicos, que referem que existe

uma relação inversa entre a satisfação com o suporte social e a depressão (Greco et al., 2014;

Maeda et al., 2013; Trouillet et al., 2009).

A relação entre a autoeficácia e a satisfação com o suporte social tem também sido

estudada, apontando os resultados para uma relação positiva entre os dois construtos (Lewin,

Jobges, & Werheid, 2013; Maeda et al., 2013; Trouillet et al., 2009).

3.1. Satisfação com o suporte social em militares

Morais (2009) procurou analisar a associação entre suporte social, acontecimentos de

vida, robustez psicológica, estratégias de coping, estados de humor e stresse pós-traumático

numa amostra de 196 adultos, 99 pertencentes a um grupo de militares portugueses no

Afeganistão e 97 provenientes da população geral. Os resultados obtidos mostraram que os

participantes que relataram melhor adaptação ao contexto demonstraram maior robustez

psicológica enquanto os que relataram níveis mais elevados de humor negativo apresentaram

níveis mais elevados de stresse pós-traumático. No grupo de militares, o suporte social dos

pares foi o que mais fortemente se associou a uma melhor adaptação.

Num outro estudo realizado com 210 veteranos de guerra, Soltani, Karaminia e

Hashemian (2014) referiram que os veteranos com melhor suporte social apresentavam

melhor saúde mental. Tal como em militares, é evidenciado num estudo com polícias

mexicanos e realizado por Beltrán, Moreno, Estrada, López e Rodríguez (2009) que o suporte

social pode prevenir, reduzir e mesmo dar respostas de combate ao stress aos indivíduos.

Assim, as preocupações com a família são uma fonte de stress, que pode por ameaçar

o desempenho do militar, pondo o próprio em risco e os outros (Dolan & Ender, 2008;

Schneider & Martin, 1994), mas a família também funciona como fator de proteção na

prevenção de reações de stress associadas à função (Dolan & Ender, 2008). O mesmo tipo de

ambivalência existe também com os líderes, que são, igualmente, parte importante do bem-

estar dos militares (Dolan & Ender, 2008).

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De acordo com James et al. (2013), o suporte social preserva o indivíduo dos sintomas

de pós-stress traumático e depressão, sendo que a ausência de suporte social é um preditor de

pós-stress traumático em militares (Brewin, Andrews, & Valentine, 2000).

O suporte social revela-se, então, como tem um papel de relevo na proteção contra os

efeitos do stress em militares.

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4. Objetivos e Hipóteses

Com base na literatura, foi objetivo geral do presente estudo estabelecer um modelo

explicativo da autoeficácia em militares que desempenham a sua missão em território insular,

nas ilhas açorianas.

Como objetivos específicos podemos apontar:

a) Verificar as diferenças ao nível da autoeficácia, depressão e satisfação com o

suporte social em função das características sociodemográficas;

b) Analisar a relação entre autoeficácia, depressão e satisfação com o suporte social;

c) Estabelecer um modelo explicativo da autoeficácia em militares.

Desta forma, foram propostas as seguintes hipóteses:

Hipótese 1: Era esperado que os militares do sexo feminino apresentem mais

satisfação com o suporte social ao nível das atividades sociais e mais depressão, mas menor

satisfação com o suporte social ao nível da intimidade;

Hipótese 2: Era esperado que os militares mais novos, casados e com maior

escolaridade apresentassem maior satisfação com o suporte social;

Hipótese 3: Era esperado que os militares com mais sintomatologia depressiva

apresentassem menor autoeficácia e menor satisfação com o suporte social;

Hipótese 4: Era esperado que os militares com maior satisfação com o suporte social

apresentassem maior autoeficácia.

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CAPÍTULO II – ESTUDO EMPÍRICO

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1. Participantes

A amostra do presente estudo foi constituída por 276 militares pertencentes ao exército

Português da Zona Militar dos Açores, colocados no ativo, todos de nacionalidade

portuguesa, sendo 230 (83.3%) do sexo masculino e 46 (16.7%) do sexo feminino e com

idades compreendidas entre os 18 e os 34 anos, ver Tabela 1.

Tabela 1. Caracterização sociodemográfica da amostra (N=276)

N %

Sexo

Masculino 230 83.3

Feminino 46 16.7

Idade

18-25 232 84.1

26-34 44 15.9

Estado civil

Solteiro 167 60.5

Casado/União de facto 100 36.2

Divorciado 8 2.9

Viúvo 1 .4

Número de filhos

Nenhum 200 72.5

Um 59 21.4

Dois 17 6.2

Residência

Meio urbano 146 52.9

Meio rural 116 42.0

Outro 14 5.1

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Tabela 1: Caracterização sociodemográfica da amostra (N=276) (Cont.)

N %

Escolaridade

9º ano 162 58.7

12º ano 39 14.1

Licenciatura 4 1.4

Mestrado 7 2.5

Outra 64 23.2

Motivo para o exercício da profissão

Bom salário 55 20.6

Estabilidade 50 18.7

Bom ambiente de trabalho entre colegas 21 7.9

Referências externas 44 16.5

Possibilidade de crescimento hierárquico 17 6.4

Ambição 24 9.0

Condições de trabalho 56 21.0

Distância do local de trabalho obriga a distanciamento da família

Sim 81 29.3

Não 195 70.7

Tempos livres

Cinema 3 1.1

TV 18 6.5

Ler 6 2.2

Viajar 1 .4

Internet/ computador 28 10.1

Passear 29 10.5

Todas as anteriores 161 58.3

A maioria dos participantes era do sexo masculino (83.3%), tinha idade entre 18 e 25

anos (84.1%), solteiro (60.5%), residente em meio urbano (52.9%), com escolaridade ao nível

do 9º ano (58.7%) e sem filhos (72.5%).

Os motivos mais apontados para o exercício da função foram as condições de trabalho

(21.0%), o bom salário (20.6%) e a estabilidade (18.7%). Apenas 29.3% dos participantes

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referiram que a distância do local de trabalho os faz permanecer longe do seu agregado

familiar. As atividades mais selecionadas para passar os tempos livres foram Internet/

computadores (10.9%), Passear (10.5%) e praticar Desporto e atividades físicas (10.1%).

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2. Medidas

Dados demográficos. Foi elaborado um questionário para recolher informações sobre:

idade, sexo, estado civil, número de filhos, nacionalidade, residência, escolaridade, influência

da distância do local de trabalho no agregado familiar, motivo para o exercício da profissão e

utilização dos tempos livres.

Autoeficácia. Avaliada através de uma versão adaptada por Ribeiro (AE, n.d.) da Self-

Efficacy Scale (Sherer, Madux, Mercandante, Prentice-Dunn, Jacobs, & Rogers, 1982). A AE

é uma medida de autoavaliação que permite avaliar a autoeficácia geral e específica. O

instrumento é composto por 15 itens, com uma escala de sete pontos, tipo Likert, que varia de

1 (discordo totalmente) a 7 (Concordo totalmente) e permite três dimensões: Iniciação e

Persistência (itens 1, 5, 6, 7, 14, 15); Eficácia Perante a Adversidade (itens 2, 4, 8, 9, 12); e

Eficácia Social (itens 3, 10, 11, 13) e um valor total (soma bruta de todos os itens), sendo que

a valores superiores corresponde maior autoeficácia. Os itens 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 12, 14 e 15

são invertidos.

O instrumento apresenta boas caraterísticas psicométricas tendo o estudo de adaptação

da medida à população portuguesa apresentado validade convergente avaliada com uma

escala de avaliação do autoconceito, validade discriminante avaliada com uma escala de locus

de controlo de saúde e a validade de critério, utilizando como critério: a) a nota escolar média

de acesso dos sujeitos da amostra à universidade; b) a nota escolar, média, dos resultados

escolares atuais; c) a nota de perceção de saúde; d) a nota, quer dos vários domínios do

questionário de avaliação de comportamentos /atitudes, quer do questionário total (Ribeiro,

n.d.).

Depressão. Avaliada através de uma versão adaptada por Ribeiro, Honrado e Leal

(2004) da escala original Depresion Anxiety Stress Scale (DASS; Lovibond & Lovibond

(1995), tendo sido designada por Escalas de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS). A

EADS é uma escala de 21 itens distribuídos em igual número pelas três dimensões:

Depressão, Ansiedade e Stress. As três escalas são constituídas por sete itens cada. Cada item

consiste numa afirmação que remete para sintomas emocionais negativos. Para cada frase

existem quatro possibilidades de resposta, apresentadas numa escala de Likert de quatro

pontos que varia de 0 (não se aplicou nada a mim) a 3 (aplicou-se a mim a maior parte das

vezes). A escala fornece três notas, uma por cada subescala, sendo que as notas mais elevadas

correspondem a estados afetivos mais negativos (Ribeiro et al., 2004). Neste estudo foi apenas

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utilizada a subescala de Depressão. A subescala Depressão é composta por: Disforia (dois

itens), Desânimo (dois itens), Desvalorização da vida (dois itens), Autoapreciação (dois itens),

Falta de interesse ou envolvimento (dois itens), Anedonia (dois itens) e Inércia (dois itens).

A consistência interna foi avaliada através do alfa de Cronbach. Os resultados

encontrados para a EADS foram respetivamente .85 para a escala de depressão, .74 para a de

ansiedade e .81para a escala de stress. Como a consistência interna aumenta com o número de

itens da escala, uma outra medida indicadora é a correlação item escala a que pertence

corrigida para sobreposição. Para a escala de depressão os valores variam entre .57 e .72 com

valores dominantes na casa dos .60; para a escala de ansiedade os valores variaram entre .34 e

.57 com valores dominantes na casa dos .50; e para a escala do stress os valores variaram

entre .44 e .69 com valores dominantes na casa dos .50. Quanto à validade, os autores

apresentam estudos de validade concorrente onde foram encontrados valores de correlação

positivos e significativos entre todas as dimensões da EADS-21 (Ribeiro, Honrado & Leal,

2004).

Satisfação com suporte social. Avaliada através da Escala de satisfação com suporte

social (ESSS; Ribeiro, 1995). A ESSS é constituída por 15 frases que são apresentadas para

autopreenchimento, como um conjunto de afirmações. O sujeito deve assinalar o grau em que

concorda com a afirmação (se ela se aplica a ele), numa escala de Likert com cinco pontos,

que varia de 1 (concordo totalmente) a 5 (discordo totalmente).

A consistência interna (alfa de Cronbach) da escala total é de .85. As escalas geradas

empiricamente estão de acordo com os constructos para que os itens foram gerados e parecem

medir os seguintes aspetos do suporte social: O primeiro fator “satisfação com amigos”, mede

a satisfação com as amizades/amigos, inclui cinco itens, que têm uma consistência interna de

.83 (este fator explica 35% da variância total); o segundo fator, “intimidade”, mede a perceção

da existência de suporte social íntimo. Inclui quatro itens que têm uma consistência interna de

.74 (o fator explica 12,1%. da variância total); o terceiro fator, “satisfação com a família”,

mede a satisfação com o suporte social familiar existente. Inclui três itens, que têm uma

consistência interna de .74 (o fator explica 8,7% da variância total); e o último fator,

“atividades sociais”, mede a satisfação com as atividades sociais que realiza. Inclui três itens

que têm uma consistência interna de .64 (o fator explica 7,3% da variância total) (Ribeiro,

1995).

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3. Procedimentos

Procedeu-se à recolha dos dados junto da população militar. A recolha foi efetuada

num Quartel Militar ZMA, no período compreendido entre 1 de Março a 20 de Julho de 2012.

Após abordar os sujeitos, foi-lhes solicitada a sua participação nesta investigação,

tendo sido informados do objetivo do estudo e do seu carácter confidencial, explicando que os

dados obtidos se destinavam unicamente a procedimentos estatísticos em grupo. Após a

explicação do procedimento, os sujeitos sentavam-se num local tranquilo para a realização do

preenchimento do protocolo de investigação. Pediu-se aos participantes para seguirem

cuidadosamente as instruções indicadas no protocolo de investigação e foi-lhe explicada a

inexistência de respostas certas ou erradas e que lhes era permitido desistirem a qualquer

momento.

O protocolo de investigação estava organizado da seguinte forma: uma folha de rosto

na qual se encontravam expressa as informações gerais relativamente ao estudo, de forma a

permitir um consentimento informado; um questionário de dados demográficos; as escalas de

autoeficácia, depressão e por último a escala de satisfação com o suporte social. (Apêndice I).

Com a finalidade de preservar a confidencialidade dos dados e o anonimato dos participantes,

não se procedeu à identificação dos sujeitos no protocolo.

Para análise estatística, utilizamos o programa estatístico Statistical Package for the

Social Sciences para Windows, versão 21.0.

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CAPÍTULO III – RESULTADOS

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1. Características Psicométricas das Medidas

Com o objetivo de estudar a fidelidade das medidas em estudo para a presente amostra

procedeu-se ao estudo da sua consistência interna. A Tabela 2 apresenta os resultados obtidos

para o α de Cronbach, a Correlação média inter-item e a Amplitude da correlação item-total.

Tabela 2. Fidelidade

α

deCronba

ch

Correlação

média inter-

item

Amplitude da

Correlação

item-total

Satisfação com o Suporte social

Satisfação com os amigos .85 .523 .433-.773

Intimidade .41 .158 .020-.418

Satisfação com a família .75 .496 .511-.610

Atividades sociais .54 .292 .257-.497

Total Satisfação .81 .232 .212-.648

Autoeficácia

Iniciação e persistência .79 .385 .431-.640

Eficácia perante a adversidade .86 .560 .468-.792

Eficácia social .40 .148 .105-.433

Eficácia total .90 .370 .146-.797

Depressão .94 .675 .678-.882

As Satisfação com os amigos, Satisfação com a família, Total Satisfação, Iniciação e

persistência, Eficácia perante a adversidade, Eficácia total e Depressão apresentam valores de

consistência interna adequados, com valores α de Cronbach entre .75 (Satisfação com a

família) e .94 (Depressão).

A dimensão Atividades sociais apresenta, todavia, um valor aceitável tendo em conta o

número de itens que a compõem (Nunnaly, 1978), tendo apresentado um valor α de Cronbach

de .54.

As dimensões Intimidade e Eficácia social apresentam valores reduzidos de

consistência interna, com valores α de Cronbach de .41 e .40 respetivamente, tendo que haver

especial atenção às conclusões tiradas com estas duas dimensões.

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Foi, igualmente, avaliada a distribuição dos dados para cada dimensão em estudo. A

Tabela 3 mostra os resultados obtidos.

Tabela 3. Normalidade

Kolmogorov-Sminorv z p

Satisfação com o Suporte social

Satisfação com os amigos 2.040 <.001

Intimidade 1.735 .005

Satisfação com a família 2.682 <.001

Atividades sociais 1.832 .002

Total Satisfação 2.128 <.001

Autoeficácia

Iniciação e persistência 2.386 <.001

Eficácia perante a adversidade 2.414 <.001

Eficácia social 1.172 <.001

Eficácia total 2.586 <.001

Depressão 3.538 <.001

Como nenhuma das dimensões em estudo segue a distribuição normal, optou-se pela

utilização de testes não paramétricos.

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2. Diferenças entre grupos

Para analisar as diferenças entre sexos para as dimensões em estudo foi utilizado o

teste Mann-Whithey. A Tabela 4 mostra os resultados obtidos.

Tabela 4. Diferenças entre sexos

Sexo Masculino

(N=230)

Sexo Feminino

(N=46)

U

MOrdens MOrdens

Satisfação com o Suporte

social

Satisfação com os amigos 134.98 156.09 4481.00***

Intimidade 130.30 179.49 3404.50***

Satisfação com a família 149.80 81.99 2690.50***

Atividades sociais 136.29 149.57 4781.00

Total Satisfação 138.85 136.74 5209.00

Autoeficácia

Iniciação e persistência 125.98 201.12 2409.50***

Eficácia perante a

adversidade

129.55 183.26 3231.00***

Eficácia social 127.24 194.82 2699.50***

Eficácia total 127.35 194.26 2725.00***

Depressão 148.32 86.64 2904.50***

*** p ≤ .001.

Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre sexos para a

Satisfação com os amigos com U = 4481.00; p < .001, Intimidade com U = 3404.50; p < .001,

Satisfação com a família com U = 2690.50; p < .001, Iniciação e persistência com U =

2409.50; p < .001, Eficácia perante a adversidade com U = 3231.00; p < .001, Eficácia social

com U = 2699.50; p < .001, Eficácia total com U = 2725.00; p < .001 e Depressão com U =

2904.50; p < .001. Os resultados mostram que os homens apresentam mais Satisfação com a

família e mais Depressão e as mulheres apresentam mais Satisfação com os amigos,

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Intimidade, Iniciação e persistência, Eficácia perante a adversidade, Eficácia social e Eficácia

total.

Para verificar a existência de diferenças entre grupos etários (entre 18 e 25 anos versus

entre 26 e 34 anos) para as dimensões em estudo foi utilizado o teste Mann-Whithey. A

Tabela 5 apresenta os resultados obtidos.

Tabela 5. Diferenças entre grupos etários

18-25 anos

(N=232)

26-34 anos

(N=44)

U

MOrdens MOrdens

Satisfação com o Suporte

social

Satisfação com os amigos 138.46 138.70 5095.00

Intimidade 146.30 97.35 3293.50***

Satisfação com a família 140.02 130.48 4751.00

Atividades sociais 144.60 106.34 3689.00**

Total Satisfação 141.92 120.44 4309.50

Autoeficácia

Iniciação e persistência 140.09 130.14 4736.00

Eficácia perante a

adversidade

136.77 147.60 4703.50

Eficácia social 139.33 134.13 4911.50

Eficácia total 138.81 136.89 5033.00

Depressão 140.54 124.65 4494.50

** p ≤ .01; *** p ≤ .001.

Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre grupos etários para

a Intimidade com U = 3293.50; p < .001 e para as Atividades sociais com U = 3689.00; p =

.003. Os resultados mostram que os militares mais novos apresentam mais satisfação com o

suporte social, em termos de Intimidade e Atividades sociais, comparativamente com os mais

velhos.

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Para analisar as diferenças entre estados civis (com companheiro ou com

companheiro) para as dimensões em estudo foi utilizado o teste Mann-Whithey. A Tabela 6

mostra os resultados obtidos.

Tabela 6. Diferenças entre estados civis

Sem companheiro

(N=179)

Com companheiro

(N=100)

U

MOrdens MOrdens

Satisfação com o Suporte

social

Satisfação com os amigos 154.25 110.78 6028.00***

Intimidade 145.43 126.30 7580.00

Satisfação com a família 127.69 157.53 6897.00**

Atividades sociais 148.96 120.09 6958.50**

Total Satisfação 145.97 125.36 7486.00*

Autoeficácia

Iniciação e persistência 152.55 113.77 6327.00***

Eficácia perante a

adversidade

148.91 120.17 6967.00**

Eficácia social 149.01 120.00 6950.00**

Eficácia total 150.93 116.63 6613.00***

Depressão 122.98 164.28 6122.00***

* p ≤ .05; ** p ≤ .01; *** p ≤ .001.

Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre participantes sem

companheiro (solteiros, divorciados e viúvos) e participantes com companheiro (casados ou

em união de facto) para a Satisfação com os amigos com U = 6028.00; p < .001, Satisfação

com a família com U = 6897.00; p = .003, Atividades sociais com U = 6958.50; p = .004,

Total satisfação com U = 7486.00; p = .038, Iniciação e persistência com U = 6327.00; p <

.001, Eficácia perante a adversidade com U = 6967.00; p = .004, Eficácia social com U =

6950.00; p = .003, Eficácia total com U = 6613.00; p =< .001 e Depressão com U = 6122.00;

p < .001. Os resultados mostram que os participantes sem companheiro apresentam mais

Satisfação com os amigos, com as Atividades sociais e maior Satisfação total e maior

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autoeficácia em termos de Iniciação e persistência, Eficácia perante a adversidade, Eficácia

social e Eficácia total. Os resultados mostram ainda que os militares casados ou em união de

facto apresentam mais satisfação com a família mas também maior sintomatologia depressiva.

Com o objetivo de estudar as diferenças entre níveis de escolaridade para as

dimensões em estudo foi utilizado o teste Mann-Whithey. A Tabela 7 apresenta os resultados

obtidos.

Tabela 7. Diferenças entre níveis de escolaridade

9º ano

(N=162)

12º ano ou

superior

(N=114)

U

MOrdens MOrdens

Satisfação com o Suporte

social

Satisfação com os amigos 117.79 167.93 5879.00***

Intimidade 138.85 138.01 9178.00

Satisfação com a família 140.15 136.15 8966.50

Atividades sociais 126.60 155.40 7307.00**

Total Satisfação 125.37 157.16 7107.00***

Autoeficácia

Iniciação e persistência 131.00 149.15 8019.50

Eficácia perante a

adversidade

122.67 160.99 6670.00***

Eficácia social 126.65 155.35 7313.5**

Eficácia total 125.90 156.41 7192.00**

Depressão 156.23 111.86 6199.50***

** p ≤ .01; *** p ≤ .001.

Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre níveis de

escolaridade para a Satisfação com os amigos com U = 5879; p < .001, Atividades sociais

com U = 7307.00; p = .003, Total Satisfação com U = 7107.00; p = .001, Eficácia perante a

adversidade com U = 6670.00; p < .001, Eficácia social com U = 7313.50; p = .003, Eficácia

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total com U = 7192.00; p < .001 e Depressão com U = 6199.50; p < .001. Os resultados

mostram que os militares com maior escolaridade apresentam mais Satisfação com os amigos,

com as Atividades sociais e mais Satisfação total e mais Autoeficácia em termos de Eficácia

perante a adversidade, Eficácia social e Eficácia total e os participantes com o 9º ano

apresentam mais depressão que os com mais escolaridade.

Com o fim de analisar as diferenças entre a distância do local de trabalho obrigar ou

não ao distanciamento da família, para as dimensões em estudo, foi utilizado o teste Mann-

Whithey. A Tabela 8 apresenta os resultados obtidos.

Tabela 8. Diferenças entre a distância do local de trabalho obrigar ou não ao distanciamento

da família

Obriga

(N=81)

Não obriga

(N=195)

U

MOrdens MOrdens

Satisfação com o Suporte

social

Satisfação com os amigos 141.03 137.45 7692.50

Intimidade 131.30 141.49 7314.00

Satisfação com a família 116.66 147.57 6128.50**

Atividades sociais 137.47 138.93 7814.00

Total Satisfação 130.35 141.89 7237.00

Autoeficácia

Iniciação e persistência 154.54 131.84 6598.50*

Eficácia perante a

adversidade

149.54 133.91 7003.00

Eficácia social 143.49 136.43 7493.50

Eficácia total 152.78 138.57 6741.00

Depressão 124.59 143.60 6770.50

* p ≤ .05; ** p ≤ .01.

Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre a distância do local

de trabalho obrigar ou não ao distanciamento da família para a Satisfação com a família com

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U = 6128.50; p = .003 e para a Iniciação e persistência com U = 6598.50; p = .030. Os

resultados mostram que os militares que responderam que a distância do local de trabalho os

obriga a distanciar-se da família apresentam mais autoeficácia em termos Iniciação e

persistência e menor Satisfação com a família.

Refazendo esta última análise só com os participantes casados ou em união de facto,

os resultados alteram-se, tal como se pode observar pela análise da Tabela 9.

Tabela 9. Diferenças entre a distância do local de trabalho obrigar ou não ao distanciamento

da família – Casados ou em união de facto

Obriga

(N=11)

Não obriga

(N=89)

U

MOrdens MOrdens

Satisfação com o Suporte

social

Satisfação com os amigos 67.00 48.46 308.00*

Intimidade 56.68 49.74 421.50

Satisfação com a família 26.23 53.50 22.50**

Atividades sociais 49.55 50.62 479.00

Total Satisfação 51.64 50.36 477.00

Autoeficácia

Iniciação e persistência 82.05 46.60 142.50***

Eficácia perante a

adversidade

73.27 47.69 239.00**

Eficácia social 77.68 47.14 190.50***

Eficácia total 82.27 46.57 140.00***

Depressão 31.77 52.81 283.50*

* p ≤ .05; ** p ≤ .01; *** p ≤ .001.

No grupo dos militares casados ou em união de facto, foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas entre a distância do local de trabalho obrigar ou não ao

distanciamento da família para a Satisfação com os amigos com U = 308.00; p = .036,

Satisfação com a família com U = 222.50; p = .002, Iniciação e persistência com U = 142.50;

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p < .001, Eficácia perante a adversidade com U = 239.00; p = .004, Eficácia social com U =

190.50; p = .001, Eficácia total com U = 140.00; p < .001 e Depressão com U = 283.50; p =

.019. Os resultados mostram que os participantes casados ou em união de facto que referem

que a distância do local de trabalho obriga ao distanciamento da família apresentam menos

Satisfação com a família e menos Depressão e apresentam mais Satisfação com os amigos,

Iniciação e persistência, Eficácia perante a adversidade, Eficácia social e Eficácia total.

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3. Correlações

Foram estudadas as associações entre a Depressão, a Autoeficácia e a Satisfação com

o Suporte social. Para esta análise foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman. A

Tabela 10 mostra os resultados obtidos.

Tabela 10. Correlações entre Depressão, Autoeficácia e Satisfação com o Suporte social

Autoeficácia

Depressão Iniciação e

persistência

Eficácia

perante a

adversidade

Eficácia

social

Eficácia

total

Satisfação com o

Suporte social

Satisfação com os

amigos

-.52*** .55*** .61*** .53*** .64***

Intimidade -.34*** .58*** .46*** .43*** .54***

Satisfação com a

família

.09 .01 .01 -.03 .01

Atividades sociais -.21*** .33*** .36*** .37*** .38***

Total Satisfação -.38*** .52*** .53*** .46*** .57***

Depressão -.63*** -.62*** -.48*** -.63***

* p ≤ .05; *** p ≤ .001.

A Depressão correlacionou-se de forma negativa e estatisticamente significativa com a

Satisfação com os amigos, Intimidade, Atividades sociais, Total Satisfação, Iniciação e

persistência, Eficácia perante a adversidade, Eficácia social e Eficácia total, com valores de

correlação que variam entre rs = -.21; p = .001 (Atividades sociais) e rs = -.63; p <

.001(Iniciação e persistência e Eficácia total). Os resultados mostram que quanto mais elevada

é a sintomatologia depressiva menor é a satisfação com o suporte social nas dimensões

Satisfação com os amigos, Intimidade, Atividades sociais, Total Satisfação e menor é a

autoeficácia em todas as dimensões.

A Iniciação e persistência correlacionou-se de forma positiva e estatisticamente

significativa com a Satisfação com os amigos, Intimidade, Atividades sociais e Total

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Satisfação, com valores de correlação que variam entre rs = .33; p < .001 (Atividades sociais)

e rs = .58; p < .001(Intimidade). Os resultados mostram que quanto mais elevada é a

autoeficácia em termos de Iniciação e persistência maior é a satisfação com o suporte social

nas dimensões Satisfação com os amigos, Intimidade, Atividades sociais e Total Satisfação.

A Eficácia perante a adversidade correlacionou-se de forma positiva e estatisticamente

significativa com a Satisfação com os amigos, Intimidade, Atividades sociais e Total

Satisfação, com valores de correlação que variam entre rs = .36; p < .001 (Atividades sociais)

e rs = .61; p < .001(Satisfação com os amigos). Os resultados mostram que quanto mais

elevada é a autoeficácia em termos de Eficácia perante a adversidade maior é a satisfação com

o suporte social nas dimensões Satisfação com os amigos, Intimidade, Atividades sociais e

Total Satisfação.

A Eficácia social correlacionou-se de forma positiva e estatisticamente significativa

com a Satisfação com os amigos, Intimidade, Atividades sociais e Total Satisfação, com

valores de correlação que variam entre rs = .37; p < .001 (Atividades sociais) e rs = .53; p <

.001(Satisfação com os amigos). Os resultados mostram que quanto mais elevada é a

autoeficácia em termos de Eficácia social maior é a satisfação com o suporte social nas

dimensões Satisfação com os amigos, Intimidade, Atividades sociais e Total Satisfação.

A Eficácia total correlacionou-se de forma positiva e estatisticamente significativa

com a Satisfação com os amigos, Intimidade, Atividades sociais e Total Satisfação, com

valores de correlação que variam entre rs = .38; p < .001 (Atividades sociais) e rs = .64; p <

.001(Satisfação com os amigos). Os resultados mostram que quanto mais elevada é a

autoeficácia total é a satisfação com o suporte social nas dimensões Satisfação com os

amigos, Intimidade, Atividades sociais e Total Satisfação.

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4. Regressão

Tendo em conta que foram encontradas correlações significativas falta averiguar

acerca do seu carater preditivo.

Assim, com o fim de averiguar se a Autoeficácia é influenciada pelas dimensões, com

as quais apresentou correlação significativa e com as variáveis sociodemográficas, foi

efetuada uma regressão linear, pelo método Stepwise, com a Autoeficácia total como variável

dependente. Como preditores foram usadas todas as dimensões com influência significativa

(Depressão, Intimidade, Satisfação com os amigos, Sexo (1 – masculino, 2 – feminino) e Se a

distância do local de trabalho obriga a distanciamento da família (1 – sim, 2 – não). A Tabela

11 mostra a variância explicada e a sua significância para o modelo de regressão apurado.

Tabela 11. Predição da autoeficácia total

B ß t p

Depressão -1.133 -.395 -8.487 < .001

Satisfação com o Suporte social

Intimidade 1.340 .250 5.684 < .001

Satisfação com os amigos 1.006 .275 5.624 < .001

Características sociodemográficas

Sexo 5.999 .146 3.590 < .001

Distância do local de trabalho obriga a

distanciamento da família

-3.699 -.110 -2.883 .004

R .792

R2 .628

R2 ajustado .621

A previsão da Autoeficácia pode assumir um modelo que apresenta 62.1% de

variância explicada da variável dependente pelas variáveis independentes.

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CAPÍTULO IV – DISCUSSÃO/CONCLUSÃO

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Discussão

Foram objetivos desta dissertação estabelecer um modelo explicativo da autoeficácia

em militares que desempenham a sua missão em território insular, nas ilhas açorianas;

verificar as diferenças ao nível da autoeficácia, depressão e satisfação com o suporte social

em função das características sociodemográficas; analisar a relação entre autoeficácia,

depressão e satisfação com o suporte social; e estabelecer um modelo explicativo da

autoeficácia em militares.

Neste sentido foi colocado primeiramente como hipótese que os militares do sexo

feminino apresentem mais satisfação com o suporte social ao nível das atividades sociais e

mais depressão, mas menor satisfação com o suporte social ao nível da intimidade.

A hipótese é infirmada uma vez que as mulheres apresentaram mais satisfação com os

amigos e com a intimidade, menos satisfação com a família e menos depressão.

Os estudos empíricos referem que as mulheres têm amigos mais próximos e dão mais

importância à intimidade e à confiança nas suas amizades, sendo que a satisfação das

mulheres com o suporte social na intimidade é, na generalidade, inferior à dos homens, o que

pode demonstrar uma maior valorização à disponibilidade dos parceiros sociais (Santos et al.,

2003). Talvez, pelas características específicas do meio militar, conhecido por promover a

coesão e apoio entre o grupo, seja possível que por darem mais importância aos amigos e à

intimidade e como existe maior coesão, consequentemente, as mulheres terem maior

satisfação com o suporte social ao nível dos amigos e da intimidade. Contudo, ao sentirem

este apoio forte por parte dos amigos, talvez sintam que o apoio da família não é tão forte e

assim se sintam mais insatisfeitas. Deste modo, é possível que o meio militar tenha nuances

particulares que influenciem a satisfação com o suporte social. Carecendo esta conclusão de

mais investigação.

Relativamente à depressão, os homens apresentaram mais sintomatologia do que as

mulheres o que contraria a literatura, em amostras militares ou de polícias, que refere o

contrário, ou seja uma prevalência nas mulheres (Finnegan et al., 2010; He, Zhao, & Ren,

2005; Vermeulen & Mustard, 2000). Este resultado talvez se possa justificar pelo facto de,

nesta amostra, ao contrário do esperado as mulheres terem maior satisfação com o apoio

social e este estar associado inversamente com a depressão (Greco et al., 2014; Maeda et al.,

2013; Trouillet et al., 2009). Assim, é possível que a satisfação com o apoio social esteja a

funcionar como fator protetor para a depressão nas mulheres e ter influenciado os resultados.

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Por outro lado, esta amostra foi recolhida nos Açores, um meio pequeno e com características

muito próprias, podendo este facto influenciar de algum modo os resultados. Adicionalmente,

a amostra em estudo era maioritariamente constituída por homens, sendo útil verificar estes

resultados em mais mulheres militares.

Apesar de não ter sido colocado em hipótese, os resultados mostraram que as mulheres

apresentam mais autoeficácia, em todas as suas dimensões, estando estes resultados de acordo

com outros autores (Nunes & Noronha, 2009).

Como segunda hipótese era esperado que os militares mais novos, casados e com

maior escolaridade apresentassem maior satisfação com o suporte social.

Os resultados mostraram que os militares mais novos apresentam mais satisfação com

o suporte social, em termos de Intimidade e Atividades sociais, comparativamente com os

mais velhos, o que está de acordo com a literatura que defende que, na idade ativa, à medida

que a idade avança a satisfação com o suporte social diminui (Santos et al., 2003; Trouillet,

Gana, Lourel, & Fort, 2009). Confirma-se, deste modo, o colocado em hipótese.

Os militares casados ou em união de facto apresentam mais satisfação com a família,

tal como referido na literatura (White-Williams et al., 2013; Santos et al., 2003), no entanto

apresentam menor satisfação com os amigos, com as atividades sociais e menor satisfação

total, o que contraria a literatura. Uma razão para que os militares casados ou em união de

facto apresentem menor satisfação com os amigos, com as atividades sociais e,

consequentemente, menor satisfação total pode estar associado a que o pouco tempo livre que

têm seja de dicado à família, havendo um afastamento dos amigos e de uma vida social mais

ativa, trazendo assim maior insatisfação com estas áreas do suporte social. A hipótese é,

assim, parcialmente confirmada.

Por fim, os militares com maior escolaridade apresentam mais satisfação com os

amigos, com as atividades sociais e mais satisfação total, confirmando na totalidade o

colocado em hipótese e estando em consonância com os estudos anteriores (Santos et al.,

2003; White-Williams et al., 2013).

Apesar de não ter sido colocado em hipótese os resultados também parecem indicar

que os militares com maior escolaridade, sem companheiro/a e as mulheres apresentam mais

autoeficácia. Estes resultados podem-se justificar pelo facto de a escolaridade aumentar o

conhecimento e consequentemente, ser possível que ter mais conhecimento permita ter uma

sensação de maior autoeficácia. Por outro lado, as mulheres, tradicionalmente, estão

habituadas a cuidar da família e da casa concomitantemente com a profissão, o que talvez lhes

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aumente a capacidade de fazer muitas tarefas, aumentando assim a sua auto perceção de

eficácia. Relativamente aos participantes sem uma relação estável, talvez estes dados se

possam justificar por estarem habituados a ter de resolver os seus problemas sozinhos e assim

se desenvolva uma maior perceção de autoeficácia.

Os resultados mostraram ainda, tal como na literatura que os militares com maior

escolaridade (Blazer & Kessler, 1994; Pereira & Lovisi, 2008; Redzuan, Juhari, Yousefi,

Mansor, & Talib, 2010) apresentam menor sintomatologia depressiva.

Contudo, apesar de a literatura referir que o estado civil casado ou em união de facto

está associado a menor depressão (Kessler & Essex, 1982), os resultados mostraram que os

militares sem companheiro/a é que apresentam menor sintomatologia depressiva. De qualquer

forma há que referir que o estado civil casado pode servir de fator protetor, por permitir um

maior suporte para a resolução dos problemas (Kessler & Essex, 1982), no entanto, muitos

dos participantes deste estudo estão fora da sua localidade, a trabalhar numa ilha, mantendo-

os longe dos cônjuges, o que poderia fazer diminuir este fator protetor e até os fazer sentir

mais frágeis e desamparados, podendo estar mais suscetíveis aos sintomas depressivos.

Todavia, esta justificação não pode ser utilizada, uma vez que os resultados mostraram que os

participantes casados ou em união de facto que referem que a distância do local de trabalho os

obriga ao distanciamento da família apesar de apresentarem menos satisfação com a família

apresentam menos Depressão. Talvez seja então o facto de estes apresentarem mais Satisfação

com os amigos e maior autoeficácia que os faça estar mais protegidos da depressão, pois

como estão sozinhos dedicam-se mais aos pares.

Foi colocado como terceira hipótese que os militares com mais sintomatologia

depressiva apresentassem menor autoeficácia e menor satisfação com o suporte social. Os

resultados mostraram que quanto mais elevada era a sintomatologia depressiva menor era a

satisfação com o suporte social nas dimensões Satisfação com os amigos, Intimidade,

Atividades sociais, Total Satisfação e menor era a autoeficácia em todas as dimensões. Estes

resultados confirmam totalmente a hipótese e estão de acordo com os estudos anteriores, que

defendem existir uma relação inversa entre a depressão e a autoeficácia em outro tipo de

amostras (Greco et al., 2014; Maeda, Shen, Schwarz, Farrell, & Mallon, 2013; Trouillet et al.,

2009; Weber et al., 2004) e uma relação inversa entre a satisfação com o suporte social e a

depressão em amostras não militares (Greco et al., 2014; Maeda et al., 2013; Trouillet et al.,

2009). Assim, podemos afirmar, que tal como noutros tipos de amostras, estas relações

mantêm-se em militares.

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Por último era esperado que os militares com maior satisfação com o suporte social

apresentassem maior autoeficácia. Os resultados mostraram que quanto mais elevada era a

autoeficácia (em termos de iniciação e persistência, eficácia perante a adversidade, eficácia

social e autoeficácia total) maior era a satisfação com o suporte social nas dimensões

satisfação com os amigos, intimidade, atividades sociais e total da Satisfação.

A hipótese é confirmada uma vez que existe uma relação positiva entre a autoeficácia

e a satisfação com o suporte social tal como também tem sido apresentada na literatura

(Lewin, Jobges, & Werheid, 2013; Maeda et al., 2013; Trouillet et al., 2009).

Foi colocado como objetivo principal deste estudo estabelecer um modelo explicativo

da autoeficácia em militares que desempenham a sua missão em território insular, nas ilhas

açorianas. Foi encontrado um modelo de previsão da autoeficácia que explica 62.1% da

variância explicada da variável autoeficácia pelas variáveis Depressão, Intimidade, Satisfação

com os amigos, Sexo (1 – masculino, 2 – feminino) e Se a distância do local de trabalho

obriga a distanciamento da família (1 – sim, 2 – não).

Desta forma pode-se afirmar que uma parte significativa da autoeficácia dos militares

é influenciada negativamente pela depressão e de forma positiva pela satisfação com o suporte

social (intimidade e satisfação com os amigos), por estar longe da família e por ser mulher.

Conclusão

Em termos de conclusão, verificou-se que nesta amostra de militares no ativo na Zona

Militar dos Açores, as mulheres apresentam mais satisfação com os amigos e com a

intimidade, menos satisfação com a família e menos depressão; que os militares mais novos,

casados e com maior escolaridade apresentam maior satisfação com o suporte social; que os

militares com mais sintomatologia depressiva apresentam menor autoeficácia e menor

satisfação com o suporte social; e que os militares com maior satisfação com o suporte social

apresentam maior autoeficácia.

Deste modo, os resultados permitiram generalizar as conclusões em amostras não

militares para este tipo de população, como por exemplo os militares mais novos, casados e

com maior escolaridade apresentarem maior satisfação com o suporte social; os militares com

maior escolaridade apresentam menor sintomatologia depressiva; os militares com mais

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sintomatologia depressiva apresentassem menor autoeficácia e menor satisfação com o

suporte social; e a existência de uma relação positiva entre a autoeficácia e a satisfação com o

suporte social.

Conclui-se ainda que é possível que o meio militar tenha particularidades que

influenciem a satisfação com o suporte social e as diferenças entre sexos ao nível das

dimensões em estudo.

Por fim, parece ser possível prever a autoeficácia através da depressão, satisfação com

a intimidade, satisfação com os amigos, sexo e distanciamento da família, sendo influenciada

negativamente pela depressão e de forma positiva pela satisfação com o suporte social

(intimidade e satisfação com os amigos), por estar longe da família e por ser mulher.

Estas conclusões são importantes pois permitem ter maior conhecimento tanto para um

melhor apoio psicológico como ao nível da prevenção da saúde mental na profissão militar.

Este ponto assume muita importância uma vez que esta é uma profissão que está associada a

elevados riscos e elevada exigência e, talvez consequentemente por ser muito associada a

perturbações do humor, como a ansiedade e a depressão.

Relativamente, às limitações desta investigação podemos apontar a utilização de uma

amostra de conveniência e a distribuição geográfica (Açores) não ser representativa da

população militar portuguesa.

Quanto, a sugestões para estudos futuros refere-se que será importante podermos

pensar que a contribuição de mais investigação nesta área é de extrema relevância. Deste

modo pode-se sugerir que estudos futuros incluam outras medidas de avaliação como

exemplo pode-se referir a ideação suicida e a desesperança, por ser um tema bastante referido

na comunicação social e que carecer de conhecimento na comunidade científica; e aumentar a

dimensão da amostra, incluindo outras zonas geográficas de Portugal continental. Seria

também interessante replicar este estudo numa amostra não militar e verificar se o contexto

militar influencia a satisfação com o suporte social, tal como se sugere atrás.

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I Universidade de Lusófona Humanidades e Tecnologias – Escola de Psicologia e Ciências da Vida

Apêndices

Apêndice I- Protocolo de avaliação

Data: ___/___/___

No presente estudo, é solicitado o preenchimento de um questionário, de caráter

anónimo, confidencial e voluntário.

Desde já informamos que, não existem respostas certas ou erradas, pretendemos apenas

a sua opinião sincera.

Todos os dados que nele se encontram serão tratados em grupo e com fins meramente

estatísticos não havendo riscos de qualquer natureza.

Os benefícios relacionados com a sua participação poderão contribuir para a

compreensão dos fatores que influenciam a qualidade de vida dos profissionais da área

em estudo.

Com o preenchimento do questionário sua participação terá terminado.

Agradecemos, desde lá, a sua participação!

Caso necessite colocar questões relacionadas com o estudo, por favor contacte:

Candido Peres ([email protected])

1. Idade: ________ anos.

2. Sexo: ( ) masculino ( ) feminino

3. Estado Civil: ( ) solteiro ( ) casado(a)/união de facto ( ) divorciado(a)/separado(a) ( ) viúvo(a)

4. Número de filhos: __________.

5. Nacionalidade: _______________________.

6. Residência: ( ) meio urbano ( ) meio rural ( ) outro ________________________________.

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II Universidade de Lusófona Humanidades e Tecnologias – Escola de Psicologia e Ciências da Vida

7. Escolaridade completa:

( ) 9º ano ( ) 12º ano ( ) licenciatura ( ) mestrado ( ) outro _________________.

8. Escolha apenas uma das seguintes opções. O que motivou o exercício desta profissão?

( ) bom salário ( ) estabilidade ( ) bom ambiente de trabalho entre colegas ( ) referências externas ( ) possibilidade de crescimento hierárquico ( ) ambição ( ) condições de trabalho ( ) outra. Qual? _____________________________.

9. A distância do local de trabalho fá-lo(a) permanecer longe do seu agregado familiar? ( ) sim ( ) não

10. O que faz nos seus tempos livres?

( ) cinema ( ) tv ( ) ler ( ) viajar ( ) internet/computadores ( ) desporto/atividade

física ( ) passear ( ) outros ______________________________.

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Cândido Encarnação Peres/ Autoeficácia, Depressão e Satisfação em Militares do Exército Português

III Universidade de Lusófona Humanidades e Tecnologias – Escola de Psicologia e Ciências da Vida

A seguir vai encontrar várias afirmações, seguidas de cinco letras. Marque um círculo a volta

da letra que melhor qualifica a sua forma de pensar. Por exemplo, na primeira afirmação, se

você pensa quase sempre que por vezes se sente só no mundo e sem apoio, deverá assinalar a

letra A, se acha que nunca pensa isso deverá marcar a letra E.

Concordo

totalmente

Concordo na

maior parte

Não concordo

nem discordo

Discordo na

maior parte

Discordo

totalmente

1- Por vezes me sinto no mundo e sem apoio A B C D E

2- Não saio com amigos tantas vezes quantas eu gostaria

A B C D E

3- Os amigos não me procuram tantas vezes quantas eu gostaria

A B C D E

4- Quando preciso de desabafar com alguém encontro facilmente amigos com quem o fazer

A B C D E

5- Mesmo nas situações mais embaraçosas, se precisar de apoio de emergência tenho várias pessoas a quem posso recorrer

A B C D E

6- Às vezes sinto falta de alguém verdadeiramente íntimo que me compreenda e com quem possa desabafar sobre coisas íntimas

A B C D E

7- Sinto falta de atividades sociais que me satisfaçam

A B C D E

8- Gostava de participar mais em atividades de organizações (p.ex: clubes desportivos, escoteiros, partidos políticos, etc.)

A B C D E

9- Estou satisfeito com a forma como me relaciono com a minha família

A B C D E

10- Estou satisfeito com a quantidade de tempo que passo com a minha família

A B C D E

11- Estou satisfeito com o que faço em conjunto com a minha família

A B C D E

12- Estou satisfeito com a quantidade de amigos que tenho

A B C D E

13- Estou satisfeito com a quantidade de tempo que passo com os meus amigos

A B C D E

14- Estou satisfeito com as atividades e coisas que faço com o meu grupo de amigos

A B C D E

15- Estou satisfeito com o tipo de amigos que tenho

A B C D E

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Cândido Encarnação Peres/ Autoeficácia, Depressão e Satisfação em Militares do Exército Português

IV Universidade de Lusófona Humanidades e Tecnologias – Escola de Psicologia e Ciências da Vida

Vai encontrar a seguir um conjunto de afirmações acerca da maneira como você pensa sobre

si próprio. À frente de cada afirmação encontra 7 letras (de A a G). A letra A significa que

discorda totalmente da afirmação e que ela não corresponde, de maneira nenhuma, ao que

você pensa de si; a letra G significa que a afirmação corresponde totalmente ao que você

pensa sobre si próprio(a). Entre esses dois extremos pode ainda escolher uma de 5 letras

consoante estiver mais ou menos em desacordo com a sua maneira de pensar. Assinale uma

das letras. Não há respostas certas ou erradas, todas as respostas que forem dadas são

igualmente corretas. Peço-lhe que pense bem na resposta de modo a que ela expresse

corretamente a sua maneira de pensar.

Discordo

totalmente

Discordo

bastante

Discordo

um

pouco

Não

concordo

nem

discordo

Concordo

um pouco

Concordo

bastante

Concordo

totalmente

1- Quando faço planos tenho a certeza que sou capaz de realizá-los

A B C D E F G

2- Quando não consigo fazer uma coisa à primeira insisto e continuo a tentar até conseguir

A B C D E F G

3- Tenho dificuldade em fazer novos amigos A B C D E F G

4- Se uma coisa me parece muito complicada, não tento sequer realizá-la

A B C D E F G

5- Quando estabeleço objetivos que são importantes para mim, raramente os consigo alcançar

A B C D E F G

6- Sou uma pessoa autoconfiante A B C D E F G

7- Não me sinto capaz de enfrentar muitos dos problemas que se me deparam na vida

A B C D E F G

8- Normalmente desisto das coisas antes de as ter acabado

A B C D E F G

9- Quando estou a tentar aprender alguma coisa nova, se não obtenho logo sucesso, desisto facilmente

A B C D E F G

10- Se encontro alguém interessante com quem tenho dificuldade em estabelecer amizade, rapidamente desisto de tentar fazer amizade com essa pessoa

A B C D E F G

11- Quando estou a tentar tornar me amigo de alguém que não se mostra interessado, não desisto logo de tentar

A B C D E F G

12- Desisto facilmente das coisas A B C D E F G

13- As amizades que tenho foram conseguidas através da minha capacidade pessoal para fazer amigos

A B C D E F G

14- Sinto insegurança acerca da minha capacidade para fazer coisas

A B C D E F G

15- Um dos meus problemas, é que não consigo fazer as coisas como devia

A B C D E F G

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Cândido Encarnação Peres/ Autoeficácia, Depressão e Satisfação em Militares do Exército Português

V Universidade de Lusófona Humanidades e Tecnologias – Escola de Psicologia e Ciências da Vida

Por favor, leia cada uma das afirmações abaixo e assinale 0, 1, 2, ou 3 para indicar quanto

cada afirmação se aplicou a si durante a semana passada. Não há respostas certas ou

erradas. Não leve muito tempo a indicar a sua resposta em cada afirmação a classificação é a

seguinte: 0 - não se aplicou nada a mim; 1- aplicou se a mim algumas vezes; 2- aplicou se a

mim muitas vezes; 3- aplicou se a mim a maior parte das vezes.

1- Tive dificuldades em me acalmar 0 1 2 3

2- Senti a minha boca seca 0 1 2 3

3- Não consegui sentir nenhum sentimento positivo 0 1 2 3

4- Senti dificuldades em respirar 0 1 2 3

5- Tive dificuldade em tomar iniciativa para fazer coisas 0 1 2 3

6- Tive tendência a reagir em demasia em determinadas situações

0 1 2 3

7- Senti tremores (por ex., nas mãos) 0 1 2 3

8- Senti que estava a utilizar muita energia nervosa 0 1 2 3

9- Preocupei me com situações em que podia entrar em pânico e fazer figura ridícula

0 1 2 3

10- Senti que não tinha nada a esperar do futuro 0 1 2 3

11- Dei por mim a ficar agitado 0 1 2 3

12- Senti dificuldade em me relaxar 0 1 2 3

13- Senti me desanimado e melancólico 0 1 2 3

14- Estive em intolerante em relação a qualquer coisa que me impedisse de terminar aquilo que estava a fazer

0 1 2 3

15- Senti me quase a entrar em pânico 0 1 2 3

16- Não fui capaz de ter entusiasmo por nada 0 1 2 3

17- Senti que não tinha muito valor como pessoa 0 1 2 3

18- Senti que por vezes estava sensível 0 1 2 3

19- Senti alterações no meu coração sem fazer exercício físico

0 1 2 3

20- Senti me assustado sem ter tido uma boa razão para isso 0 1 2 3

21- Senti que a vida não tinha sentido 0 1 2 3

OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO