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JANAINA CORREIA
Clonagem e sequenciamento de um fragmento de DNA específico de um isolado virulento de
Paracoccidioides brasiliensis.
RECIFE
2004
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... I
Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Ciências Biológicas
Departamento de Micologia
Curso de Pós-Graduação em Biologia de Fungos
Clonagem e sequenciamento de um fragmento de DNA específico de
um isolado virulento de Paracoccidioides brasiliensis.
Por
Janaina Correia
Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do grau de
Mestre em Biologia de Fungos na área de concentração de Micologia Aplicada.
Orientadores:
Dr. Marcos Antônio de Morais Jr, Departamento de Genética, Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE), Recife, PE.
Dra. Norma Lucena Cavalcanti Licínio da Silva, Departamento de Imunologia, Centro
de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM), FIOCRUZ, Recife, PE.
Dra. Cíntia de Moraes Borba, Departamento de Micologia, Instituto Oswaldo Cruz
(IOC), FIOCRUZ, Rio de Janeiro, RJ.
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Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... III
Ofereço
Dedico
Ao meu esposo Renato, pelo
amor, carinho e compreensão
ao longo de todo o caminho.
A minha mãe Lourdes e a minha avó
Soledade pelo apoio fundamental em
todos os momentos da minha vida.
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... IV
A verdadeira viagem de descobertas
não consiste em procurar novos
horizontes, mas em ter novos olhos...(Marcel Proust)
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... V
AGRADECIMENTOS
A DEUS, por me ajudar a manter acesa a luz da determinação ao longo da
minha vida e por me ajudar a concretizar idéias.
Agradeço a Universidade Federal de Pernambuco e a Pós-Graduação em
Biologia de Fungos pela oportunidade concedida em consolidar meus
conhecimentos acerca deste tão fascinante reino, o reino Fungi.
Agradeço ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) o financiamento da
minha bolsa de mestrado.
Agradeço especialmente a Dra. Norma Lucena do Centro de Pesquisas Aggeu
Magalhães, por ter confiado em mim e no meu trabalho, pela oportunidade única de
aprender o “estado da arte” de Paracoccodioides brasiliensis, por ter me inserido nos
estudos de biologia molecular e por ter me orientado com paciência e dedicação ao
longo de todo o caminho.
Agradeço ao Prof. Marcos Morais do Departamento de Genética da
Universidade Federal de Pernambuco, por ter me aceitado para orientar-me, pela
confiança em mim e pela compreensão.
Agradeço a Dra. Cíntia de Moraes Borba, do Departamento de Micologia do
Instituto Oswaldo Cruz, pela especial colaboração e interesse no desenvolvimento
deste trabalho.
Agradeço carinhosamente a Ester Augusta Vinhas que me inseriu e me
orientou sempre que possível nas práticas de biologia molecular.
Agradeço carinhosamente a Profa. Lusinete Aciole de Queiroz, Oliane
Magalhães, Rejane Neves e Armando Mardsen, do Departamento de Micologia da
Universidade Federal de Pernambuco, por me iniciarem nos estudos de micologia
médica, estudos estes que jamais esquecerei.
Não poderia deixar de agradecer com carinho a todos os meus amigos do
Laboratório de Imunoepidemiologia do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães pelos
momentos de descontração, pelo ambiente de trabalho, pelo espírito de coletividade
e pela grande ajuda nas horas necessárias.
E por fim, agradeço ao Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães pela estrutura
concedida, que possibilitou a realização deste trabalho.
Muito Obrigada.
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... VI
RESUMO
Paracoccidioides brasiliensis é um fungo dimórfico e agente etiológico da paracoccidioidomicose, uma micose sistêmica de evolução aguda ou crônica que se não diagnosticada e tratada a tempo pode ser fatal. Um método molecular para caracterização e detecção de P. brasiliensis foi desenvolvido a partir da clonagem e do sequenciamento de um fragmento de DNA de ~750 pb, obtido por RAPD (Random Amplified Polymorphic DNA), presente em isolados virulentos e ausente em isolados avirulentos deste fungo. Uma região interna do fragmento de DNA seqüenciado foi usada para desenhar primers que posteriormente foram utilizados em uma reação de hemi-nested PCR em tubo único. A reação de PCR específica foi capaz de amplificar DNA de três isolados de P. brasiliensis reconhecidamente virulentos e três isolados recentemente obtidos de pacientes com paracoccidioidomicose. A especificidade desta PCR foi confirmada pela ausência de produtos amplificados com DNA genômico de isolados de Histoplasma capsulatum, Blastomyces dermatitidis, Coccidioides immitis, Sporothrix schenckii, Cryptococcus neoformans, Candida albicans, Aspergillus fumigatus, Mycobacterium tuberculosis, Leishmania braziliensis, Trypanosoma cruzi, Schistosoma mansoni, DNA genômico humano (leucócitos) e de isolados de P. brasiliensis reconhecidamente avirulentas. A amplificação de cDNA de um isolado virulento sugere tratar-se de um gene expresso. A detecção específica de isolados virulentos de P. brasiliensis sugere ser este um candidato a marcador de virulência para este fungo. O potencial diagnóstico da PCR específica foi verificado com DNA extraído de aspirado de linfonodo de um paciente com paracoccidioidomicose.
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ABSTRACT
Paracoccidioides brasiliensis is a dimorphic fungus and the etiologic agent of paracoccidioidomycosis, a systemic mycosis of acute or chronic evolution, which can be fatal if not diagnosed and treated. A molecular method for characterization and detection of P. brasiliensis was developed from cloning and sequencing of a DNA fragment of ~750 bp obtained by Random Amplified Polymorphic DNA (RAPD) methodology and presenting in virulent and not avirulent fungi strains. An internal region of the sequenced fragment was used to draw primers that were utilized in a new PCR test. A specific PCR reaction was capable of amplifying DNA from three virulent strains well characterized and three isolates recently obtained from patients with paracoccidioidomycosis. The PCR specificity was determined by the absence of amplified products with genomic DNA from Histoplasma capsulatum, Blastomyces dermatitidis, Coccidioides immitis, Sporothrix schenckii, Cryptococcus neoformans, Candida albicans, Aspergillus fumigatus, Mycobacterium tuberculosis, Leishmania braziliensis, Trypanosoma cruzi, Schistosoma mansoni, human genomic DNA (leukocytes) and four P. brasiliensis avirulent strains. The PCR fragment amplified from cDNA of virulent sample suggested that it is an expressed gene. The fact that the PCR product was obtained only with genetic material from virulent isolates of P. brasiliensis suggested this partial amplified gene might be a marker of virulence for this fungus. The diagnostic potential of this PCR was confirmed by the successful amplification of this fragment with genomic DNA obtained in lymph node aspirate from a patient with paracoccidioidomycosis.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Tabela 2. Tabela 3.
Identificação e origem dos isolados fúngicos
Condições de cultivo dos isolados fúngicos
Seqüência dos primers homólogos à seqüência CEJA-1 de
P. brasiliensis.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Figura 2. Figura 3. Figura 4. Figura 5.
Figura 6. Figura 7.
Figura 8. Figura 9.
Micromorfologia de um isolado virulento de P. brasiliensis
com morfologia normal crescida em PYG ágar à temperatura
de 23°C.
Micromorfologia de um isolado virulento de P. brasiliensis
com morfologia normal crescida em PYG ágar à temperatura
de 36°C.
Micromorfologia de um isolado avirulento “mutante” de
P. brasiliensis com morfologia alterada crescida em PYG
ágar à temperatura de 23°C.
RAPD de isolados virulentos e avirulentos de P. brasiliensis.
PCR dos clones de E. coli DH5-α usando primers homólogos
à seqüência do vetor para verificação da inserção dos
fragmentos de RAPD-PCR de P. brasiliensis (Pb IOC 3698 e
Pb 339) no plasmídeo.
Eletroferograma parcial da seqüência CEJA-1 de
P. brasiliensis gerada com primer do vetor.
Eletroferograma parcial da seqüência CEJA-2 de
P. brasiliensis gerada com primer do vetor.
Seqüência CEJA-1 do clone 7 de Pb IOC 3698.
Seqüência de DNA CEJA-2 do clone 3 de Pb 339.
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Figura 10. Figura 11. Figura 12. Figura 13. Figura 14. Figura 15. Figura 16. Figura 17. Figura 18.
Análise da similaridade da seqüência CEJA-1 com as
seqüências depositadas no programa BLAST.
Análise da similaridade da seqüência CEJA-2 com as
seqüências de nucleotídeos depositadas no programa
BLAST.
Resultado da similaridade entre as seqüências CEJA-2 de
Pb IOC 3698 (Query) e CEJA-2 de Pb 339 (Sbjct),
mostrando 100% de homologia.
Otimização da temperatura de anelamento dos primers
PBEXF e PBEXR, homólogos à seqüência CEJA-1.
Otimização da concentração de magnésio da PCR
“PBEXF/PBEXR”.
Determinação do limite de detecção de DNA genômico da
PCR “PBEXF/PBEXR”.
PCR “PBEXF/PBEXR” com isolados reconhecidamente
virulentos e avirulentos de P. brasiliensis, bem como com
isolados de P. brasiliensis recentemente obtidos de
pacientes
PCR com primers universais ITS1 e ITS4 específicos para
fungos, em presença de DNA genômico de fungos.
PCR com primers universais ITS1 e ITS4 específicos para
fungos em presença de DNA genômico de isolados
virulentos e avirulentos de P. brasiliensis.
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Figura 19. Figura 20. Figura 21. Figura 22. Figura 23. Figura 24. Figura 25. Figura 26.
PCR “PBEXF/PBEXR” com de cDNA de um isolado
virulento e um avirulento de P. brasiliensis.
Esquema da reação de hemi-nested PCR para detecção
de P. brasiliensis.
Otimização das temperaturas de anelamento da PCR
“PBEXF-2/PBEXR-2” (gel superior) e da PCR “PBEXF-
2/PBINR-2” (gel inferior) usadas na primeira e na segunda
reação de hemi-nested PCR, respectivamente.
Otimização das temperaturas de anelamento da PCR
simples com os primers PBEXF-2 e PBINR-2 para
detecção da seqüência CEJA-1 de P. brasiliensis a partir
do produto da PCR com os primers externos (PBEXF-2 e
PBEXR-2).
Determinação do limite de detecção de DNA genômico da
PCR “PBEXF-2/PBINR-2”.
Especificidade da hemi-nested PCR com os primers
PBEXF-2 e PBINR-2.
Hemi-nested PCR em tubo único para o diagnóstico
molecular da paracoccidioidomicose.
Exame direto a fresco da amostra de aspirado de linfonodo
do paciente com paracoccidioidomicose.
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LISTA DE ABREVIAÇÕES
BLAST = Basic Local Alingment Search Tool
BLASTn = Basic Local Alingment Search Tool nucleotides
DNA* = ácido desoxirribonucléico
CCF = coleção de cultura de fungos
CEJA-1 = fragmento ou seqüência de DNA de P. brasiliensis
CEJA-2 = fragmento ou seqüência de DNA de P. brasiliensis
cDNA* = ácido desoxirribonucléico complementar
DEPC = dietilpirocarbonato
dNTP’s = desoxinucleosídeos trifosfatos
EDTA* = ácido etilenodiaminotetracético
ESTs = Expressed Sequence Tags
gp43 = glicoproteína de 43 kDa
ID = Imunodifusão Dupla
IOC = Instituto Oswaldo Cruz
kDa = 103 Daltons
L = leveduriforme
M = micelial
OPF = Operon Technologies kit F de primers arbitrários
pb = pares de base
P. = Paracoccidioides
Pb = Paracoccidioides brasiliensis
Pb IOC = cepa de P. brasiliensis preservada na CCF-IOC
pH = potencial hidrogeniônico
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PBS* = salina tamponada
PCR* = reação em cadeia da polimerase
PYG = meio de cultura (peptona + extrato de levedura + glicose)
RAPD* = DNA polimórfico amplificado ao acaso
RNA* = ácido ribonucléico
SDS* = dodecil sulfato de sódio
SIDA = síndrome da imunodeficiência adquirida
TAE = tris base + ácido acético + EDTA
Taq = Thermus aquaticus
UV = ultravioleta
Tm* = temperatura de fusão
® = marca registrada
* Abreviatura em inglês
As unidades de medida utilizadas no texto seguem a nomenclatura do Sistema
Internacional de Unidades (SI).
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... XIV
SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO OBJETIVOS
REVISÃO DA LITERATURA 3
4
I. Paracoccidioides brasiliensis 4
II. Ecologia 10
III. Epidemiologia 11
IV. Paracoccidioidomicose 12
V. Diagnóstico 14
MATERIAIS E MÉTODOS 17
I. Isolados fúngicos 17
II. Amostra clínica 17
III. Pré-inóculo 18
IV. Extração de DNA 19
V. Extração de RNA total e obtenção de cDNA 20
VI. PCR “All Fungi” 21
VII. RAPD com isolados virulentos de P. brasiliensis 22
VIII. Clonagem 22
IX. Identificação do inserto no plasmídeo 23
X. Sequenciamento de DNA 24
XI. Desenho dos primers 24
XII. Otimização das condições da PCR para identificação da seqüência CEJA-1 de P. brasiliensis
25
XIII. Desenvolvimento de teste molecular para diagnóstico da paracoccidioidomicose
27
XIV. Exame direto e cultura 30
RESULTADOS 31
DISCUSSÃO 48
CONCLUSÕES 52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53
ANEXO
Página
INTRODUÇÃO
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 1
Paracoccidioides brasiliensis é um fungo anamorfo, dimórfico e agente
etiológico da paracoccidioidomicose, uma micose sistêmica de evolução aguda ou
crônica que freqüentemente afeta os pulmões podendo se disseminar para outros
órgãos e sistemas, manifestando-se também sob as formas assintomáticas ou
frustras. A paracoccidioidomicose é uma micose restrita a América Latina, onde
existem regiões de alta endemicidade (LACAZ, 1982; BRUMMER et al., 1993). Está
estimado que aproximadamente 90 milhões de pessoas vivem em áreas endêmicas
e que 10 milhões podem estar infectadas com P. brasiliensis (RESTREPO et al.,
2001).
P. brasiliensis é um fungo que apresenta forma filamentosa à temperatura
ambiente (± 23°C) e forma leveduriforme a 36-37°C e em tecidos do hospedeiro. A
infecção é adquirida pela inalação de conídios que ao atingirem os alvéolos
pulmonares transformam-se na forma parasitária. A variabilidade fenotípica da
morfogênese em fungos patogênicos dimórficos tem sido por longo tempo
correlacionada com a virulência, mas os mecanismos moleculares e genéticos estão
sendo descobertos apenas recentemente (SAN-BLAS et al., 2000). A
patogenicidade de P. brasiliensis parece estar intimamente ligada à transição
dimórfica, uma vez que isolados que são incapazes de se transformar em leveduras
são avirulentos (BORGES-WALMSLEY et al., 2002). Mendes da Silva et al. (1994),
estudando a viabilidade e alterações morfológicas de 70 isolados de P. brasiliensis
preservados sob óleo mineral por longo período de tempo, identificaram isolados
que foram incapazes de crescer e completar o processo de dimorfismo térmico à
temperatura de 37°C, permanecendo num estágio morfológico de transição. Borba &
Schäffer (2002), examinando a virulência desses isolados de P. brasiliensis, que
realizam e não o dimorfismo térmico, em camundongos BALB/c machos,
caracterizaram cepas virulentas e avirulentas “mutantes” de P. brasiliensis.
Recentemente, Borba (2002), estudando a variabilidade genética destes isolados
virulentos e avirulentos de P. brasiliensis através da técnica de RAPD identificou um
fragmento de DNA de aproximadamente 750 pb presente apenas nos isolados
virulentos e concluiu, desta forma, que a preservação sob óleo mineral por longos
períodos de tempo alterou o dimorfismo e a virulência destas amostras, pela
diminuição da atividade metabólica, que pode ter propiciado o acúmulo de
metabólitos tóxicos e estes terem exercido uma ação mutagênica sobre os isolados
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 2
estudados. Cepas mutantes de P. brasiliensis: avirulentos, virulentos ou virulentos
apenas após passagem no hospedeiro mamífero, e com morfologia alterada (p. ex.:
levedura a temperatura ambiente e conteúdo reduzido de α-glucana) são
importantes na comparação da expressão gênica e na identificação de genes de
virulência relacionados com a transição para a forma leveduriforme (BORGES-
WALMSLEY et al., 2002).
Um método molecular rápido e eficiente, para identificar e distinguir diferentes
isolados de P. brasiliensis, poderá ser usado para diagnóstico, investigações
epidemiológicas e determinação dos mecanismos de infecção e patogenicidade
(GOLDANI et al., 1995).
O diagnóstico da paracoccidioidomicose é obtido tanto por visualização,
isolamento e identificação do fungo através de técnicas microbiológicas e
histopatológicas (BRUMMER et al., 1993), bem como por detecção de anticorpos ou
antígenos circulantes específicos de P. brasiliensis através de técnicas sorológicas
(ORTIZ et al., 1998; SALINA et al., 1998; DÍEZ et al., 2003). Métodos moleculares
baseados em ensaios de PCR (Polymerase Chain Reaction) têm sido desenvolvidos
para detecção de P. brasiliensis tanto a partir de cultura (GOLDANI et al, 1995; IMAI
et al, 2000; MOTOYAMA et al, 2000) como a partir de amostras clínicas (BIALEK et
al, 2000; GOMES et al, 2000). Os métodos moleculares são úteis ao diagnóstico,
atendendo os requisitos de sensibilidade, especificidade e rapidez (CISALPINO &
TRAVASSOS, 2000).
OBJETIVOS
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 3
Este trabalho teve como objetivos caracterizar o fragmento de RAPD de
750 pb detectado por Borba (2002), específico de isolados virulentos de P.
brasiliensis, bem como desenvolver um teste molecular de hemi-nested PCR em
tubo único para o diagnóstico da paracocccidioidomicose.
REVISÃO DA LITERATURA
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 4
I. Paracoccidioides brasiliensis
Paracoccidioides brasiliensis (Splendore) Almeida, 1930, é um fungo
dimórfico, que se caracteriza por apresentar uma fase leveduriforme (L) a
temperatura de 37°C e em tecidos do hospedeiro, e uma fase filamentosa ou micelial
(M) a temperatura ambiente (LACAZ et al., 2002). É um fungo anamorfo, uma
categoria taxonômica artificial que compreende os fungos de estágio meiótico
desconhecido. Seu estágio sexual teleomórfico ainda não foi determinado (SAN-
BLAS et al., 2002).
Na fase leveduriforme, as colônias são de cor creme, consistência cremosa e
de aspecto cerebriforme, sendo visualizadas após 10 a 15 dias de incubação. As
colônias são compostas de células de levedura de diferentes tamanhos (4-30 µm),
usualmente ovais, multiplicando-se por brotamento simples ou múltiplo, muitas vezes
idênticas às formas observadas no tecido. A fase filamentosa ou micelial cresce
lentamente (20 a 30 dias a 20-26°C), produz colônias brancas, de aspecto cotonoso,
semelhantes a pêlos de rato branco. Microscopicamente são observadas hifas
hialinas, delicadas e septadas, clamidosporos intercalares laterais ou terminais e
aleuroconídeos também podem ser observados, de acordo com a composição do
meio (BRUMMER et al., 1993; LACAZ et al, 1998). A forma micelial de P. brasiliensis
é convertida em leveduriforme via clamidosporo e este processo de conversão é
dependente da temperatura, porém existem relatos de que fatores nutricionais
também são importantes (SALAZAR & RESTREPO, 1984; MIYAJI et al., 2003). A
inibição da transição do conídio de P. brasiliensis para levedura por estrógenos tem
sido descrita in vitro (SALAZAR et al., 1988) e in vivo (ARISTIZABAL et al., 1998).
O dimorfismo também é observado em outros fungos patogênicos, agentes
etiológicos de micoses profundas, como Histoplasma capsulatum, Blastomyces
dermatitidis, Sporothrix schenckii e Coccidioides immitis (KUROKAWA et al., 1998).
Os eventos metabólicos e os mecanismos regulatórios envolvidos durante a
transição M⇔L ainda não estão compreendidos. Eventos relacionados à síntese e
montagem da parede celular fúngica têm sido o foco de pesquisas para a elucidação
dos aspectos moleculares do dimorfismo em P. brasiliensis (SAN-BLAS, 1993; SAN-
BLAS et al., 2002).
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 5
A quitina é o principal componente estrutural da parede celular de fungos. As
paredes celulares da forma leveduriforme e filamentosa de P. brasiliensis diferem
quanto à espessura e quanto à composição e estruturação dos polissacarídeos
glucanas. Na fase leveduriforme a parede apresenta espessura de 200 a 600 nm e é
constituída de 95% de α-1,3-glucana e 5% de β-1,3-glucana, enquanto que na fase
filamentosa a espessura da parede varia de 80 a 150 nm e é composta quase que
exclusivamente pela forma de β-glucana. Outros polissacarídeos também podem ser
encontrados em quantidades pequenas (SAN-BLAS & SAN-BLAS, 1982). Estudos
de bioquímica da síntese de glucanas e mais recentemente, de sequenciamentos de
genes que codificam glucana e quitina sintetases têm sido realizados para vários
patógenos fúngicos (SAN-BLAS et al., 2002).
O gene fksb1 de P. brasiliensis, homólogo ao gene da β-1,3-glucana sintetase
de Saccharomyces cereviseae e Aspergillus nidulans, respectivamente fks1 e fks2,
foi sequenciado (PEREIRA et al. 2000). Este gene foi interpretado como sendo
importante no processo de transição dimórfica que ocorre no estabelecimento da
infecção no hospedeiro. Estes autores também encontraram dois outros fragmentos
de DNA que podem corresponder a genes que codificam glucana sintetases
diferentes. Essa possível ocorrência de mais de um fks homólogo em P. brasiliensis
pode sugerir regulação gênica diferencial em uma família fks deste patógeno.
Também é possível considerar que uma destas seqüências seja de uma α-1,3-
glucana sintetase, embora o gene da α-1,3-glucana sintetase não tenha sido
relatado em P. brasiliensis. Sabe-se que um gene chamado mok1 + (21) é essencial
no processo de fissão da levedura Schizosaccharomyces pombe e que a proteína
traduzida deste gene, de peso molecular 272 kDa, consiste de dois prováveis
domínios catalíticos para a montagem de α-glucana e um domínio que contribui com
o transporte deste polissacarídeo através da membrana (SAN-BLAS et al., 2002).
A composição genética de P. brasiliensis é pouco conhecida. O estado de
ploidia de P. brasiliensis não é completamente conhecido, mas dados disponíveis
sugerem que o fungo é diplóide e que possui de quatro a cinco cromossomos,
variando no tamanho de 2-10 Mb. O tamanho do genoma está estimado em 23-30
Mb, indicando a presença de 10.000 a 15.000 genes (CANO et al., 1998; MONTOYA
et al.,1999). Isolados haplóides existem e a existência de isolados anaplóides de P.
brasiliensis deve ser considerada (FEITOSA et al. 2003).
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 6
A tipagem molecular de isolados de P. brasiliensis é especialmente
importante e vem sendo aplicada tanto em estudos de diversidade genética quanto
na caracterização de genes diferencialmente expressos (McEWEN et al., 2000;
VENÂNCIO et al., 2002). A técnica de RAPD tem sido freqüentemente utilizada para
revelar importantes características intrínsecas e extrínsecas de P. brasiliensis
associadas com origem geográfica, tempo de isolamento, tipo de amostra clínica,
forma clínica da doença, virulência e avirulência, susceptibilidade in vitro e in vivo a
drogas antimicrobianas e antifúngicas (SOARES et al., 1995; CALGANO, et al.,
1998; MOTTA et al., 2002; HAHN et al., 2003). A utilização de primers arbitrários
escolhidos aleatoriamente para a distinção de isolados virulentos e avirulentos de P.
brasiliensis não tem tido sucesso (MOTTA et al. 2002). Entretanto, Borba (2002)
identificou um fragmento de DNA presente em isolados de P. brasiliensis virulentos
com morfologia normal (Figura 1 e 2) e ausente em isolados de P. brasiliensis
avirulentos com morfologia alterada (Figura 3), a partir de tipagem por RAPD (Figura
4). Abordagens moleculares de cepas mutantes avirulentas são estratégias
alternativas de análise da virulência do P. brasiliensis e extremamente úteis para o
entendimento dos fatores associados com a invasão e com o processo de infecção
desse fungo, abrindo novas perspectivas no desenvolvimento de novas terapias
(BORBA, 2002).
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 7
Figura 1. Micromorfologia de um isolado virulento de P. brasiliensis com morfologia
normal crescida em PYG ágar à temperatura de 23°C. Presença de filamentos
delgados e espessos com dilatações intercalares ao longo das hifas (→). Aumento
original 400 x. Foto cedida por Dra. Cintia de Moraes Borba, IOC, Fiocruz, Rio de
Janeiro, RJ.
Figura 2. Micromorfologia de um isolado virulento de P. brasiliensis com morfologia
normal crescida em PYG ágar à temperatura de 36°C. Presença de células
leveduriformes apresentando uni e multibrotamentos (→). Aumento original 400 x.
Foto cedida por Dra. Cintia de Moraes Borba, IOC, Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ.
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Figura 3. Micromorfologia de um isolado avirulento “mutante” de P. brasiliensis com
morfologia alterada crescida em PYG ágar à temperatura de 23°C. Presença de
filamentos espessos e grande quantidade de células leveduriformes (→). À
temperatura de 36-37°C não há crescimento. Aumento original 400 x. Foto cedida
por Dra. Cintia de Moraes Borba, IOC, Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ.
Figura 4. RAPD dos isolados virulentos e avirulentos de P. brasiliensis. Avirulentos:
Pb IOC 1059 (1); Pb IOC 1208 (2); Pb IOC 1210 (3) e Pb IOC 1099 (4). Virulentos:
Pb 339 (5); Pb 18 (6) e Pb IOC 3698 (7). (-) indica controle negativo e PM indica
marcador de peso molecular de 100 pb. Ladder. Foto cedida por Dra. Cintia de
Moraes Borba, IOC, Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ.
- 800 pb
PM (-) 1 2 3 4 5 6 7 PM
virulentos avirulentos
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Nos últimos anos, genes diferencialmente expressos na fase leveduriforme e
filamentosa de P. brasiliensis, bem como envolvidos no processo de transição, têm
sido freqüentemente isolados e identificados (SILVA et al., 1999; NIÑO-VEGA et al.,
2000; VENANCIO et al., 2002; FELIPE et al., 2002; GOLDMAN et al., 2003). Um
mapa parcial do transcriptoma do fungo foi gerado e foi identificado um total de
2.160 genes de P. brasiliensis, que possivelmente representa 1/4 do repertório de
genes neste fungo (FELIPE et al., 2002). Atualmente (última análise em 29/02/2004),
estão depositadas no GenBank 17.598 seqüências de nucleotídeos e 142
seqüências de proteínas de P. brasiliensis (http//:www.ncbi.nlm.nih.gov/).
A identificação de características e genes de virulência e patogenicidade em
P. brasiliensis tem sido realizada e freqüentemente relacionada a outros fungos que
apresentam mudanças morfológicas (GOLDMAN et al., 2003). Estudos realizados
com isolados mutantes de Candida albicans incapazes de formar hifa e avirulentos
em modelo murino de candidíase disseminada, sugerem que a mudança na forma
de levedura para hifa, e não necessariamente a forma do fungo, é importante para a
virulência (ROMANI et al. 2002). Desta forma, a caracterização molecular de
isolados mutantes de P. brasiliensis no processo de transição dimórfica pode ser
particularmente importante.
A virulência de P. brasiliensis tem sido estudada sob diferentes aspectos, tais
como: composição de lipídeos (MANOCHA et al., 1980), síntese de proteínas
(SALEM-IZACC et al., 1997), análise bioquímica de antígenos (HAMDAN et al.,
1992) e, mais recentemente, habilidade em produzir condroitinase e hialuronidase,
enzimas que são consideradas fatores de virulência (ASSIS et al., 2003).
P. brasiliensis apresenta uma complexa composição antigênica. A
glicoproteína de massa 43kDa (gp43), reconhecida como o principal exoantígeno de
P. brasiliensis e marcador molecular deste fungo, vem sendo amplamente
caracterizada (PUCCIA et al., 1986; MENDES-GIANINI et al., 1990; MORAIS et al.,
2000). O gene da gp43 foi clonado e seqüenciado mostrando homologia de 56 e
58% com exo-α-1,3-D-glucanases de S. cereviseae e C. albicans, respectivamente
(CISALPINO et al., 1996). Este antígeno é considerado um imunógeno e tem sido
associado com a patogênese do fungo (TABORDA et al., 1998). O antígeno protéico
27 kDa, além de outros, também vêm sendo caracterizados (ORTIZ et al., 1998,
2003). Seis novos antígenos de P. brasiliensis associados com a resposta imune no
hospedeiro foram identificados. Esses antígenos foram caracterizados como sendo
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 10
catalase, aldolase, duas isoformas de gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase, malato
desidrogenase e triosefosfato isomerase, respectivamente. Entre os possíveis
papéis desses antígenos em P. brasiliensis, destacam-se: catalase, que tem função
de neutralizar os efeitos oxidativos da célula hospedeira trabalhando como fator de
virulência; gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase, que é considerado um antígeno
em C. albicans e também o principal antígeno de superfície em Schistosoma
mansoni, estando também associado com resistência na esquitosomose. O antígeno
triosefosfato isomerase tem sido descrito como imunógeno de S. japonicum
(FONSECA et al. 2001).
II. ECOLOGIA
Algumas características podem favorecer o desenvolvimento de P. brasiliensis
na natureza, tais como temperatura entre 17 e 24°C, pluviosidade anual oscilando
entre 500 e 2500 mm, altitude de 400-1200 m acima do nível do mar, alta umidade
relativa do ar, presença de florestas tropicais ou subtropicais, pH do solo
ligeiramente ácido e existência de plantações de café e cana-de-açúcar (CALLE et
al., 2001).
P. brasiliensis já foi isolado do solo de várias regiões endêmicas, de ração
para caninos, de tatus da espécie Dasypus novemcinctus e de fezes de pingüim
excretadas na Antarctica uruguaia (GARCIA et al., 1993; SILVA-VERGARA et al,
1998; BAGAGLI et al., 1998; FRANCO et al., 2000), entretanto o habitat de P.
brasiliensis e seus possíveis nichos ecológicos mais restritos (reservárias) ainda não
estão definidos. As tentativas de reisolamento do fungo das fontes onde foram
inicialmente coletadas as amostras não têm tido muito sucesso. Os métodos
convencionais freqüentemente utilizados no isolamento deste fungo podem não ser
apropriados. A aplicação de técnicas baseadas na amplificação de DNA pode ajudar
a estabelecer o preciso habitat de P. brasiliensis (DÍEZ et al., 1999; FRANCO et al.,
2000; RESTREPO et al., 2001).
Nada se conhece sobre a forma em que P. brasiliensis se encontra na
natureza (LACAZ et al., 2002). P. brasiliensis pode ser encontrado tanto em solo
pobre quanto em solo rico em nutrientes. A forma micelial com predominância de
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 11
clamidosporos ocorre em um solo rico em nutrientes, ao passo que, em um solo
pobre em nutrientes, micélio com aleuriosporos podem ser encontrados. O
desflorestamento e as mudanças ocorridas na agricultura podem ter mudado a
composição do solo e desta maneira ter intensificado a formação de clamidosporos;
isto pode ser a razão de trabalhadores rurais em plantações de café no Brasil
sofrerem de paracoccidioidomicose (MIYAJI et al.,2003).
III. EPIDEMIOLOGIA
Uma das mais notáveis características da paracoccidioidomicose é sua
distribuição geográfica. A paracoccidioidomicose é autóctone e restrita a América
Latina. Esta micose se estende do México a Argentina, onde os países mais
afetados são Brasil, Colômbia e Venezuela, sendo o Brasil responsável por 80% dos
casos. A doença não tem sido relatada nas ilhas caribenhas, Nicarágua, Suriname,
Guianas e Chile (RESTREPO, 1994; BRUMMER et al., 1993). Existem casos que
ocorre como micose de exportação (HORRÉ et al., 2002). A maioria dos casos no
Brasil provém das regiões sul, sudeste e centro-oeste (MONTENEGRO et al., 1996;
MALUF et al., 2003). Casos de paracoccidiodomicose no norte (FORJAZ et al, 1999;
VALLE et al, 1991) e no nordeste (MAGALHÃES, 1994) têm sido relatados, porém,
uma vez que a paracoccidioidomicose não é uma doença de notificação
compulsória, a real prevalência e incidência nas regiões citadas não podem ser
calculadas.
O sexo masculino corresponde a aproximadamente 90% dos casos. A idade
mais acometida é aquela entre os 30 e 50 anos, porém ocorre também em crianças.
Severo et al. (1998), estudando a ocorrência da micose em mulheres com sinais e
sintomas de menopausa constataram a importância dos hormônios femininos contra
a invasão tecidual de P. brasiliensis. Quando se analisam os dados de incidência no
sexo feminino, acrescidos daqueles que mostram índices de infecção semelhantes
entre os dois sexos e dos relativos à investigação laboratorial hormonal, reúnem-se
fortes indícios que os níveis de estrógenos da mulher adulta a protegem da evolução
para a paracoccidoidomicose. O trabalhador ou o ex-trabalhador rural são
expressiva maioria nas amostragens, porém não é possível afirmar que atividades
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 12
de lazer em parques e terrenos baldios, e que a prática de jardinagem nas áreas
urbanas sejam isentas de risco (GONÇALVES et al., 1998; MARQUES &
CAMARGO, 1998; BLOTTA et al., 1999).
IV. PARACOCCIDIOIDOMICOSE
Paracoccidioidomicose é uma micose sistêmica de característica
granulomatosa que freqüentemente acomete os pulmões, podendo se disseminar
para outros órgãos e sistemas. Esta micose foi observada pela primeira vez por
Adolpho Lutz, em 1908, o qual chamou atenção para lesões encontradas na boca
dos pacientes (LACAZ et al., 2002). Acreditava-se que a aquisição da
paracoccidoidomicose era feita exclusivamente por inoculação traumática primária,
devido às numerosas manifestações de pele e de mucosa observadas. Foi verificado
através de evidências clínicas e histopatológicas, que a infecção se dá pela inalação
de conídios liberados da forma filamentosa, resultando na formação do complexo
pulmonar primário (FRANCO et al. 1986). Hoje se sabe que a infecção se faz,
sobretudo, por via aerógena, com a inalação de conídios da forma filamentosa de P.
brasiliensis, e que a maioria das lesões de pele e mucosa são manifestações
cutâneas secundárias, resultantes da disseminação da doença. Mesmo assim,
lesões de pele e mucosas podem existir como resultado de inoculação traumática
primária (SIDRIM & OLIVEIRA, 1999).
P. brasiliensis tem habilidade para iniciar a infecção após longos períodos de
dormência. A patogênese da paracoccidioidomicose não está precisamente definida.
Duas formas clínicas são distinguidas: a forma aguda ou sub-aguda (tipo juvenil) e a
forma crônica (tipo adulto), contudo a forma clínica e o curso da doença variam de
paciente para paciente. Em ambos os casos, a mortalidade é alta na ausência de
terapia específica. A doença pode evoluir do foco primário, sem o período de
latência ou, como ocorre mais freqüentemente, pela reativação do foco quiescente.
Uma vez estabelecida, a micose adota uma das formas clínicas, infecção ou doença
(BRUMMER et al., 1993; BORGES-WALMSLEY et al., 2002).
A paracoccidioidomicose-infecção corresponde àqueles pacientes que são
paracoccidioidina-positivos nos testes de intradermoreação e que não apresentam
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 13
sinais clínicos e laboratoriais da doença. Nesta fase ocorre o desenvolvimento do
complexo pulmonar primário. A paracoccidioidomicose-doença decorre da reativação
do complexo primário, da reativação do foco quiescente ou, ainda, de reinfecção
exógena, sendo que a forma aguda ou subaguda representa até 15,5% dos casos,
enquanto que a forma crônica ocorre em mais de 80% dos pacientes. A doença na
forma crônica progride lentamente, podendo levar vários anos para se estabelecer
completamente. Manifestações pulmonares são evidentes em 90% dos casos, sendo
que os sinais e sintomas respiratórios não são específicos desta micose (BRUMMER
et al., 1993; MARQUES E CAMARGO et al., 1998).
É possível considerar a existência de duas formas polares na
paracoccidioidomicose: pólo anérgico (negativo) e pólo hiperérgico (positivo),
ocorrendo entre esses dois pólos toda uma gama de quadros clínicos intermediários.
Algumas características do pólo anérgico nesta micose são a presença de lesões
sistêmicas disseminadas, negatividade a paracoccidioidina e a outros antígenos no
estudo da imunidade celular, altos títulos de anticorpos circulantes, quadro
histopatológico com lesões necrosantes e riqueza de parasitos nas lesões. Enquanto
que, as características do pólo hiperérgico são: presença de lesões localizadas ou
generalizadas, mas com preservação do estado geral do paciente, prova de
paracoccidioidina positiva, quadro histopatológico com pobreza de parasitos ou
ausência dos mesmos e anticorpos específicos geralmente não demonstrados por
provas sorológicas, salvo os casos de paracoccidiodomícide (LACAZ et al., 1982).
Onze casos de paracoccidioidomicose no trato genital feminino foram
relatados (SEVERO et al. 2000). A co-existência da paracoccidioidomicose e
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) tem sido relatada. No Brasil, até
dezembro de 1999, foram publicados 44 casos de paracoccidioidomicose
associados com SIDA. A estimativa da ocorrência da paracoccidioidomicose no
período de agosto de 1980 a agosto de 1999 foi de 0,02%. Em comparação, a
incidência da histoplasmose, micose sistêmica comum em pacientes
imunodeprimidos, para o mesmo período, foi de 1,4% (MARQUES et al. 2000).
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 14
V. DIAGNÓSTICO
O “padrão ouro” do diagnóstico da paracoccidioidomicose firma-se ao se
demonstrar seu agente etiológico ao exame microscópico, seguindo-se seu
isolamento e posterior identificação. As formas parasitárias mais comumente
encontradas são: células pequenas, isoladas, medindo de 1 a 5 µm e células em
processo de gemulação simples ou múltipla, que apresentam parede com contorno
birrefringente. A exoesporulação múltipla de P. brasiliensis que confere as formas
de “roda-de-leme” e catenuladas (cadeia de três ou mais células), é a única forma
que caracteriza o fungo em sua vida parasitária. No entanto, esta forma nem sempre
está presente na amostra clínica do paciente. O isolamento de P. brasiliensis é
relativamente fácil quando o material semeado não está contaminado com bactérias
(p. ex.: pus ganglionar de gânglios não fistulizados). Porém, em se tratando da
maioria dos tipos de amostras clínicas, como escarro, lavado brônquico e material de
lesões de pele e mucosa, mesmo adicionando-se antibióticos ao meio, o cultivo é
lento e os resultados nem sempre satisfatórios. A identificação de P. brasiliensis a
partir da cultura está baseada nas características macro e microscópicas da colônia.
P. brasiliensis é de crescimento lento, e as culturas são mantidas três a quatro
semanas antes de serem descartadas. A conversão da fase (M⇔L) é recomendada
para confirmar o diagnóstico. Todo este procedimento pode ser bastante laborioso
(BRUMMER et al., 1993; LACAZ et al., 1998; GOMES et al., 2000; LACAZ et al.,
2002).
O diagnóstico clínico é inconclusivo, uma vez que os sinais e sintomas
apresentados pelos pacientes não são específicos desta micose. Portanto, a
paracoccidioidomicose pode ser facilmente confundida com outras doenças
granulomatosas, tais como tuberculose, leishmaniose, outras micoses sistêmicas e
até neoplasias (LACAZ et al., 1982; MARQUES & CAMARGO, 1998). Isto pode ser
uma das principais causas, pelas quais, pacientes considerados de áreas “não-
endêmicas” são diagnosticados tardiamente.
Testes sorológicos têm sido utilizados para auxiliar o diagnóstico e o
tratamento de pacientes com paracoccidioidomicose (SALINA et al., 1998). A técnica
sorológica mais comumente utilizada para pesquisa de anticorpos anti-P. brasiliensis
é a Imunodifusão Dupla (ID). Neste teste são empregados exoantígenos de P.
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 15
brasiliensis obtidos de filtrado de cultura, sendo a gp43 o antígeno imunodominante
no filtrado e responsável pela principal linha de precipitação no teste. O teste de ID
possui sensibilidade de 84% e especificidade de 98%, porém pode apresentar
resultados falso-negativos. Uma das razões para este fato é a variabilidade
antigênca da gp43, visto que este antígeno pode apresentar diferentes isoformas,
cujos componentes variam em seus pontos isoelétricos. O exoantígeno purificado de
43 kDa (gp43) específico de P. brasiliensis representa o componente antigênico
mais importante e vem sendo comumente utilizado para o diagnóstico e prognóstico
da paracoccidioidomicose em diversas técnicas sorológicas (CAMARGO et al.,
1988). Os resultados falso-negativos de ID podem estar relacionados à produção de
imunoglobulina G tipo 2 (IgG2) de baixa avidez (NEVES et al., 2003). Díez et al.
(1998, 2003) apontam para os problemas na reprodutibilidade dos testes inter e
intralaboratoriais e para a dificuldade na padronização dos vários testes e reagentes
utilizados no sorodiagnóstico da paracoccidioidomicose, tais como preparações
antigênicas de P. brasiliensis, e propõem o uso de antígenos recombinantes no
sorodiagnóstico desta micose. Contudo, os resultados de Díez et al. (1998)
apresentaram baixa sensibilidade (73,4%) e reações cruzadas significativas de 73,3
e 40% com soros de pacientes com histoplasmose e aspergilose, respectivamente.
Enquanto que, Díez et al. (2003) demonstraram uma sensibilidade de 92% usando
uma combinação de antígenos recombinantes.
Métodos moleculares para o diagnóstico da paracoccidioidomicose vêm
sendo recentemente desenvolvidos. Foram construídos Primers baseados na
seqüência do gene da gp43 derivados de regiões que não mostraram homologia de
56 e 58% com exo-α-1,3-D-glucanases de S. cereviseae e de C. albicans,
respectivamente. Amostras de esputo de 11 pacientes com paracoccidioidomicose
crônica foram submetidas a uma Nested-PCR em tubos separados. Em todos os
casos, uma banda de 0,6 kb específica da seqüência da gp43 foi produzida
(GOMES et al. 2000). Também foi desenvolvido um teste de Nested-PCR em tubos
separados para detecção de P. brasiliensis em amostras de tecidos de
camundongos BALB/c, usando a seqüência do gene da gp43 como alvo. Um
fragmento de 196 pb foi produzido com 21 das 23 amostras de tecido pulmonar que
foram positivos na cultura (BIALEK et al., 2000). Algumas seqüências do gene da
gp43, usadas para a construção dos primers por estes autores foram posteriormente
estudadas e foi mostrada a presença de substituições nucleotídicas, quando
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 16
seqüências deste gene obtidas de 17 isolados diferentes de P. brasiliensis foram
comparadas, mostrando um alto polimorfismo gênico (MORAIS et al., 2000). Alguns
primers usados por Gomes et al. e Bialek et al., foram escolhidos de regiões
susceptíveis a mudanças e foi sugerido checar a universalidade espécie-específica
desses primers com vários outros isolados do fungo (SAN-BLAS et al. 2002)
Atualmente poucas informações estão disponíveis sobre alterações causadas
em isolados de P. brasiliensis que levam a perda de fatores que são fundamentais
no processo de invasão e estabelecimento da doença. Microrganismos mutantes
com virulência atenuada ou avirulentos são úteis em estudos moleculares para o
entendimento de sua patogênese. Um método molecular baseado em PCR para
identificar e distinguir diferentes isolados de P. brasiliensis, poderá ser usado para o
diagnóstico, investigações epidemiológicas e determinação dos mecanismos de
infecção e patogenicidade. Assim, este trabalho se propõe a sequenciar e
caracterizar um fragmento de DNA gerado por RAPD específico de isolados
virulentos de P. brasiliensis, e a partir desta seqüência desenvolver um teste
molecular para o diagnóstico da paracoccidioidomicose.
MATERIAIS E MÉTODOS
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 17
I. ISOLADOS FÚNGICOS
Sete isolados de P. brasiliensis, sendo três virulentos e quatro avirulentos
(Borba & Schäffer, 2002), um de B. dermatitidis, um de C. albicans e um de S.
schenckii foram obtidos da Coleção de Cultura de Fungos (CCF-IOC) do
Departamento de Micologia da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Rio de Janeiro,
RJ. Amostras de DNA de C. immitis e C. neoformans foram cedidas pelo Laboratório
de Micologia do Instituto de Pesquisas Clínicas Evandro Chagas da FIOCRUZ, RJ.
Um isolado de H. capsulatum e um de A. fumigatus foram obtidos da Coleção de
Cultura de Fungos da Micoteca URM do Departamento de Micologia da
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE. Além disso, três isolados de P.
brasiliensis recentemente obtidos de pacientes com paracoccidioidomicose e
mantidos por repiques sucessivos, foram gentilmente cedidas pela Dra. Liline Maria
Soares Martins do Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella (IDTNP), Teresina,
PI (Tabela 1). Todos esses isolados fúngicos foram identificados por métodos
micológicos convencionais.
Em adição, foram testadas amostras de DNA de Mycobacterium tuberculosis
(TB2545), Leishmania braziliensis (LBB 2903), Trypanosoma cruzi (cepa Y),
Schistosoma mansoni (sem identificação) e de leucócitos de indivíduo saudável,
obtidas no Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, FIOCRUZ, Recife, PE.
II. AMOSTRA CLÍNICA
Uma amostra de aspirado de linfonodo obtida de um paciente com
paracoccidioidomicose confirmada através de exame direto e cultura foi gentilmente
cedida pela Dra. Liline Maria Soares Martins do Instituto de Doenças Tropicais Natan
Portella (IDTNP), Teresina, PI.
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 18
Tabela 1. Identificação e origem dos isolados fúngicos.
Fungo Identificação Origem
Paracoccidioides brasiliensisa Pb 18 Humano
Paracoccidioides brasiliensisa Pb 339 Humano
Paracoccidioides brasiliensisa Pb IOC 3698 Humano
Paracoccidioides brasiliensisb Pb IOC 1059 Humano
Paracoccidioides brasiliensisb Pb IOC 1124 Humano
Paracoccidioides brasiliensisb Pb IOC 1208 Humano
Paracoccidioides brasiliensisb Pb IOC 1210 Humano
Paracoccidioides brasiliensisc Fc/Te Humano
Paracoccidioides brasiliensisc Fs/Te Humano
Paracoccidioides brasiliensisc Ed/Te Humano
Blastomyces dermatitidis Bd IOC 1298-1 Humano
Sporothrix schenckii Ss IOC 2855-2 Humano
Histoplasma capsulatum 4547 Humano
Coccidioides immitis 64-6776 Humano
Cryptococcus neoformans 111 Humano
Candida albicans Ca IOC 3780 Humano
Aspegillus fumigatus 2603 Ave
a: caracterizado como virulento (Borba & Schäffer, 2002)
b: caracterizado como avirulento (Borba & Schäffer, 2002)
c: recentemente isolados de pacientes com paracoccidioidomicose
III. PRÉ-INÓCULO
Frascos de Erlenmeyer de 250 ml contendo 100 ml de meio foram utilizados
para inoculação dos fungos listados na Tabela 1 e em seguida incubados a
temperaturas adequadas sob agitação de 120 oscilações/min em shaker digital
modelo HS 501 IKA (Labortechnik). As condições de cultivo estão descritas na
Tabela 2. Após o período de incubação as culturas foram inativadas pela adição de
timerosal (0,2g/l) e deixadas em repouso por 30 min. A biomassa foi separada do
sobrenadante da cultura por filtração a vácuo usando papel de filtro esterilizado,
transferida para tubos de liofilização e liofilizadas overnight em um freezer dryer
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 19
modelo L4KR, 156 (Edwards). Com exceção dos isolados de A. fumigatus e H.
capsulatum que não foram submetidos à liofilização.
Tabela 2. Condições de cultivo dos isolados fúngicos.
Isolado Meio Temperatura de incubação
Tempo de incubação (dias)
P. brasiliensis PYG 23 e 36°C 13-20
B. dermatitidis ME 23°C 13
S. schenckii ME 23°C 13
H. capsulatum Sabouraud 23°C 13
C. albicans Sabouraud 23°C 5
A. fumigatus Sabouraud 23°C 5
PYG (bacto-peptone 5 g/l; extrato de levedura 5 g/l e glicose 20 g/l)
ME (extrato de malte 20g/l; peptona 1g/l e glicose 20 g/l)
Sabouraud (peptona 10g/l e glicose 20 g/l)
IV. EXTRAÇÃO DE DNA
a) Dos fungos
50 mg de liofilizado das amostras fúngicas foram macerados separadamente
em nitrogênio líquido com ajuda de almofariz e pistilo de porcelana, até formar um pó
fino. Em seguida, o pó foi transferido para um tubo Eppendorf e ressuspendido em
350 µl de tampão de extração (Tris-HCl 200 mM pH 8,5; NaCl 250 mM; EDTA 25
mM; SDS 0,5%), e agitado por 2 min. Uma solução de RNAse (concentração final
de 0,1 µg/ml) foi adicionada e o tubo incubado por 15 min a 37°C. Os ácidos
nucléicos foram extraídos pela adição de 1 ml de fenol:clorofórmio:álcool isoamílico
(25:24:1) (v/v). A solução foi centrifugada a 12.000 x g por 5 min. A fase aquosa foi
removida e o DNA precipitado com 2 volumes de etanol absoluto gelado. Após
lavagem com etanol a 70%, o pellet de DNA foi seco por inversão do tubo em papel
absorvente e em seguida foi adicionado 50 µl de água mili-Q esterilizada. O DNA foi
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 20
quantificado em espectrofotômetro e a qualidade determinada pela visualização em
agarose a 1%.
b) Da amostra clínica
500 µl da amostra de aspirado ganglionar foram transferidos para um tubo
Eppendorf esterilizado e 500 µl de tampão PBS pH 7,2 foram adicionados. A mistura
foi centrifugada por 5 min a 4.000 x g para obtenção de um pellet. Este pellet foi
novamente lavado com 500 µl de tampão PBS pH 7,2 e centrifugado por 5 min a
4.000 x g. Em seguida o pellet foi gentilmente ressuspendido em 1 ml de DNAzol®
(Invitrogen) para extração do DNA, segundo as orientações do fabricante. O DNA foi
quantificado em espectrofotômetro e a qualidade determinada pela visualização em
agarose a 1%.
c) Da amostra de leucócitos e das formas epimastigotas de T. cruzi
Para extração de DNA das amostras de leucócitos e de T. cruzi foi utilizado
Genomic PrepTM Cells and Tissue DNA Isolation Kit (Amersham Pharmacia Biotech)
segundo as orientações do fabricante. O DNA foi quantificado em espectrofotômetro
e a qualidade determinada pela visualização em agarose a 1%.
V. EXTRAÇÃO DE RNA TOTAL E OBTENÇÃO DE cDNA
Para extração de RNA total de dois isolados de P. brasiliensis, sendo um
virulento (Pb IOC 3698) e o outro avirulento (Pb IOC1059), foram pesados 50 mg de
amostra liofilizada que foram macerados separadamente em nitrogênio líquido com
ajuda de almofariz e pistilo de porcelana até formar um pó fino. O pó foi transferido
para um tubo Eppendorf e ressuspendido em 80 µl de água DEPC
(Dietilpirocarbonato) e 1 µl de RNAse out (Gibco). Esta solução foi homogeneizada
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 21
com um Vortex e deixada por 5 min à temperatura ambiente. Foram adiconados 750
µl de Trizol® (Gibco) e a solução foi novamente homogeneizada e deixada por 5 min
a temperatura ambiente. Em seguida, 200 µl de clorofórmio foram adicionados e a
solução foi deixada por 10 min a temperatura ambiente. A solução foi centrifugada a
8.000 x g por 15 min a 4°C. 500 µl de sobrenadante foram retirados e o RNA
precipitado com 1 volume de isopropanol absoluto. A solução foi deixada overnight
a –20°C para precipitação dos ácidos nucléicos e no dia seguinte foi centrifugada a
6.000 x g por 10 min a 4°C. Após lavagem com etanol a 75%, o pellet de RNA foi
seco na centrífuga a vácuo por 5 min. O pellet foi ressuspenso em 50 µl de água
DEPC, aquecido a 55°C por 10 min e estocado a –70°C com 1 µl de RNAse out. O
RNA foi quantificado em espectrofotômetro e a quantidade determinada pela
visualização em agarose/formamida a 1%.
O cDNA de cada isolado foi construído a partir de uma concentração de 0,05
µg de RNA total, sendo realizada uma etapa inicial de tratamento com DNAse
(Gibco) conforme as orientações do fabricante. Depois as amostras foram aquecidas
a 95°C por 5 min e colocadas em banho de gelo. Uma mistura de reação foi
preparada com a seguinte composição: 2,2 µl dNTPs a 0,2 mM, 2,2 µl de DTT
(ditiotreitol) a 0,1 mM, 2 µl de tampão 10X, 0,2 µl de Rtsuperscript (1 unidade), 2 µl
do primer T12MG (TTTTTTTTTTTTMG) a 0,25 µM e 0,8 µl de água DEPC. As
amostras foram incubadas por 1 hora; centrifugadas por 5 seg a 4°C e foram
estocadas a –70°C até o uso.
VI. PCR “ALL FUNGI”
A PCR foi realizada num volume de 25 µl, contendo tampão 1 X, 1,5 mM de
MgCl2, 0,2 mM de dNTP’s, 25 pmoles do primer senso ITS1
(TCCGTAGGTGAACCTGCGG) e do primer anti-senso ITS4
(TCCTCCGCTTATTGATATGC) específicos para as seqüências M27607 e D89886
depositadas no GenBank, 0,5 unidade de Taq polymerase (invitrogen), 25 ng de
DNA de cada isolado fúngico (Tabela 1), cobertos com 30 µl de óleo mineral
esterilizado. O controle negativo consiste numa mistura da reação descrita acima
sem amostra de DNA. O programa de amplificação utilizado consistiu de 40 ciclos de
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 22
94oC por 30 seg, 58°C por 30 seg e 72oC por 2 min, realizado no termociclador
Mastercycler Gradient (Eppendorf). Os fragmentos de PCR foram submetidos a uma
eletroforese em gel de agarose a 1% preparado com tampão TAE (Tris-acetato 40
mM; EDTA 1mM, pH 7,5) contendo 0,05 µg/ml de brometo de etídio e, em seguida,
fotografados com auxílio de um transiluminador de luz UV usando filme Polaroid.
VII. RAPD COM ISOLADOS VIRULENTOS DE P. brasiliensis
O RAPD foi realizado num volume de 25 µl, contendo tampão 1X, 1,5 mM de
MgCl2, 16 µM de dNTP’s, 50 pmoles de primer randômico OPF-08 (GGGATATCGG),
1 unidade de Taq polymerase, 30 ng de DNA dos isolados virulentos Pb 339 e Pb
IOC 3698, respectivamente, cobertos com 30 µl de óleo mineral esterilizado. O
controle negativo consiste numa mistura da reação descrita acima sem amostra de
DNA. O programa de amplificação utilizado consistiu de 30 ciclos de 94°C por 1 min,
36°C por 1 min, 72°C por 2 min, realizado no termociclador Perkin-Elmer (Perkin-
Elmer). Os amplicons foram submetidos a uma eletroforese em gel de agarose a 2%
preparado com tampão TAE contendo 0,05 µg/ml de brometo de etídio e
visualizados sob luz UV.
Os fragmentos de PCR dos isolados virulentos Pb IOC 3698 e Pb 339 de
aproximadamente 750 pb, gerados por RAPD, foram cortados do gel de agarose sob
exposição à luz UV com lâmina de bisturi esterilizada e, em seguida, transferidos
separadamente para um tubo Eppendorf esterilizado. Os fragmentos foram
purificados com um kit de purificação de DNA em gel: Concert Gel Extraction
Systems (Gibco) segundo as orientações do fabricante.
VIII. CLONAGEM
Os fragmentos de DNA purificados, gerados por RAPD, dos isolados
virulentos Pb IOC 3698 e Pb 339 foram ligados em um vetor TA, o PinPointTM Xa-1
T-Vector (Promega), pela seguinte reação: tampão 1X, 50 ng de plasmídeo, 50 ng
de inserto e 1-3 unidades de DNA ligase em um volume final de 10 µl. A mistura foi
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 23
incubada a 15°C overnight e, em seguida, 5 µl da reação de cada reação de ligação
foram utilizados para a transformação de células competentes de Escherichia coli
linhagem DH5-α, separadamente. O plasmídeo utilizado tem um gene que confere
resistência ao antibiótico ampicilina. Uma alíquota de 200 µl de células competentes
previamente preparadas foi descongelada em banho de gelo e em seguida recebeu
de 5 µl de cada reação de ligação. A mistura foi incubada em banho de gelo por 30
minutos e, posteriormente, recebeu um choque térmico a 42°C por 1 minuto e 30
segundos. Em seguida as células foram imediatamente incubadas em banho de gelo
por 5 minutos e 1 ml de meio LB (10 g/l de triptona; 5 g/l de extrato de levedura; 5 g/l
de NaCl; 1 ml/l de NaOH) foi adicionado às células transformadas as quais foram
incubadas por 1 hora a 37°C. Alíquotas desta cultura foram semeadas em placas de
Petri contendo LB acrescido de 7,5 g/l de ágar e de ampicilina na concentração final
de 100 µg/ml. As placas foram incubadas por 18 horas a 37°C para obtenção dos
clones recombinantes de E. coli.
IX. IDENTIFICAÇÃO DO INSERTO NO PLASMÍDEO
Para identificar a ligação do inserto de Pb IOC 3698 e de Pb 339 ao
plasmídeo foi realizada uma PCR usando primers homólogos ao sítio de clonagem
do vetor e uma suspensão de cada clone de Pb IOC 3698 e Pb 339. A PCR foi
realizada num volume de 25 µl, contendo tampão 1X, 1,5 mM de MgCl2, 0,2 mM de
dNTP’s, 25 pmoles de primer senso TAF (CGAAGGTCGCGAAGCTTCAGC) e anti-
senso TAR (GATCGCGGCCGCCCCGGGAG), complementares às posições 381 a
401 e 445 a 426 da seqüência do vetor depositada no GenBank respectivamente, e
que, neste caso, geram um produto de aproximadamente 850 pb, 1 unidade de Taq
polymerase e 5µl da suspensão de E. coli transformada, cobertos com 30µl de óleo
mineral. O controle negativo foi uma mistura da reação descrita acima com uma
suspensão de E. coli não transformada. O programa de amplificação foi constituído
de 30 ciclos de 94oC por 30 seg, 60oC por 30 seg, 72oC por 2 min, realizado no
termociclador Perkin-Elmer. Os fragmentos de PCR foram submetidos a uma
eletroforese em gel de agarose a 1% preparado com tampão TAE contendo 0,05
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 24
µg/ml de brometo de etídio e fotografados com auxílio de um transiluminador de luz
UV usando filme Polaroid.
Em seguida, os fragmentos de DNA de aproximadamente 850 e 800 pb foram
cortados do gel de agarose sob exposição à luz UV com lâmina de bisturi
esterilizada, e transferidos separadamente para um tubo Eppendorf esterilizado. Os
fragmentos de DNA foram purificados com um kit de purificação de DNA em gel:
Concert Gel Extraction Systems (Gibco), segundo as orientações do fabricante.
X. SEQUENCIAMENTO DE DNA
Os fragmentos de DNA purificados de 850 e 800 pb foram seqüenciados nas
duas direções com o Thermo Sequenase Cy5 Dye Terminator Cycle Sequencing Kit
(Amersham Pharmacia Biotech) utilizando os primers do vetor (TAF e TAR), de
acordo com a orientação do fabricante. Os produtos da reação de sequenciamento
foram analisados em um gel de poliacrilamida no ALFexpress II sequencer
(Amersham Pharmacia Biotech). Para análise e alinhamento das seqüências
nucleotídicas dos fragmentos de 850 e 800 pb, as quais denominamos
respectivamente, CEJA-1 e CEJA2, foi utilizado o programa BLAST
(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/BLAST/).
XI. DESENHO DE PRIMERS
Foram desenhados primers para caracterização das seqüências CEJA-1 de
P. brasiliensis com o auxilio do programa Oligos, versão 4.0 (Tabela 3).
Tabela 3. Seqüência dos primers homólogos à seqüência CEJA-1 de P. brasiliensis
Nome Seqüência Posição Tamanho (pb)
PBEXF PBEXR
GCGGGTCCCCAAAAGGATCTGGC AAAAGATTGCTCTCCTGGACGCGTCG
118-140 499-473
407
PBEXF-2 PBEXR-2 PBINR-2
AGGCATGCGGGTCCCCAAAAGG AAGATTGCTCTCCTGGACG GCGTGTAGATCTAAGTCAAAACGGT
124-139 511-528 281-298
413 172
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 25
XII. OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DA PCR PARA IDENTIFICAÇÃO DA SEQÜÊNCIA CEJA-1 DE P. brasiliensis
Determinação da melhor temperatura de anelamento dos primers PBEXF e
PBEXR.
A reação foi testada sob quatro condições de temperatura de anelamento
diferentes. A PCR foi realizada num volume de 25 µl, contendo tampão 1X, 1,5 mM
de MgCl2, 0,2 mM de dNTP’s, 25 pmoles de primer PBEXF e PBEXR, 1 unidade de
Taq polymerase, 25 ng de DNA genômico de Pb IOC 3698, cobertos com 30µl de
óleo mineral. O controle negativo foi uma mistura da reação descrita acima sem
amostra de DNA. O programa de amplificação consistiu de 30 ciclos de 94oC por 30
seg, diferentes temperaturas de anelamento por reação: 58, 63, 68 e 70°C por 1 min,
72oC por 1 min, realizado no termociclador Mastercycler gradient. Os fragmentos de
PCR foram submetidos a uma eletroforese em gel de agarose a 1,5% preparado
com tampão TAE contendo 0,05 µg/ml de brometo de etídio e fotografados com
auxílio de um transiluminador de luz UV usando filme Polaroid.
Determinação da melhor concentração de magnésio
Foram testadas cinco diferentes concentrações de magnésio. A reação de
PCR foi realizada num volume de 25 µl, contendo tampão 1X, diferentes
concentrações de magnésio por reação: 0,5 mM, 1,0 mM, 1,5 mM, 2,0 mM e 2,5 mM
de MgCl2,, 0,2 mM de dNTP’s, 25 pmoles de primer PBEXF e PBEXR, 1 unidade de
Taq polymerase, 25 ng de DNA do isolado virulento Pb IOC 3698, cobertos com 30µl
de óleo mineral. O controle negativo foi uma mistura da reação descrita acima sem
amostra de DNA. O programa de amplificação consistiu de 30 ciclos de 94oC por 30
seg, 68°C por 1 min, 72oC por 1 min, realizado no termociclador Mastercycler
gradient. Os fragmentos de PCR foram submetidos a uma eletroforese em gel de
agarose a 1,5% preparado com tampão TAE contendo 0,05 µg/ml de brometo de
etídio e fotografados com auxílio de um transiluminador de luz UV usando filme
Polaroid.
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 26
Determinação do limite de detecção de DNA.
Foram feitas diluições seriadas de razão 10 em água mili-Q esterilizada a
partir do estoque (25ng/µl) de DNA genômico do isolado virulento Pb IOC 3698 até a
obtenção de uma concentração de DNA de 2,5 fg/µl. A reação de PCR foi realizada
num volume de 25 µl, contendo 1X, 1,5 mM de MgCl2, 0,2 mM de dNTP’s, 25 pmoles
de primer PBEXF e PBEXR, 1 unidade de Taq polymerase, diferentes concentrações
de DNA por reação: 25 ng, 250 pg, 25 pg, 2,5 pg, 250 fg, 25 fg e 2,5 fg de DNA de
Pb IOC 3698, cobertos com 30µl de óleo mineral esterilizado. O controle negativo foi
uma mistura da reação descrita acima sem amostra de DNA. O programa de
amplificação consistiu de 30 ciclos de 94oC por 30 seg, 68°C por 1 min, 72oC por 1
min, realizado no termociclador Mastercycler gradient. Os fragmentos de PCR foram
submetidos a uma eletroforese em gel de agarose a 1,5% preparado com tampão
TAE contendo 0,05 µg/ml de brometo de etídio e fotografados com auxílio de um
transiluminador de luz UV usando filme Polaroid.
Especificidade dos primers PBEXF e PBEXR com outros fungos e organismos
A reação de PCR foi realizada num volume de 25 µl, contendo tampão 1X, 1,5
mM de MgCl2, 0,2 mM de dNTP’s, 25 pmoles de primer PBEXF e PBEXR, 1 unidade
de Taq polymerase, 25 ng de DNA genômico de B. dermatitidis, H. capsulatum, S.
schenckii, C. immitis, C. neoformans, C. albicans, A. fumigatus, M. tuberculosis, L.
braziliensis, T. cruzi, S. mansoni, e de leucócitos, respectivamente. O controle
positivo foi uma mistura da reação descrita acima com 25 ng de DNA de Pb IOC
3698 e o controle negativo foi uma mistura da reação descrita acima sem amostra de
DNA. A PCR foi realizada no termociclador Mastercycler gradient e o programa de
amplificação consistiu de 30 ciclos de 94oC por 30 seg, 68°C por 1 min, 72oC por 1
min. Os fragmentos de PCR foram submetidos a uma eletroforese em gel de
agarose a 1,5% preparado com tampão TAE contendo 0,05 µg/ml de brometo de
etídio e visualizados sob luz UV.
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 27
Especificidade dos primers PBEXF e PBEXR para os isolados de P.
brasiliensis virulentos
A reação de PCR foi realizada num volume de 25 µl, contendo tampão 1X, 1,5
mM de MgCl2, 0,2 mM de dNTP’s, 25 pmoles de primer PBEXF e PBEXR, 1 unidade
de Taq polymerase, 25 ng de amostra de DNA genômico e/ou cDNA de isolados
virulentos (Pb 18, Pb 339 e Pb IOC 3698), avirulentos (Pb IOC 1059, Pb IOC 1124,
Pb IOC 1208 e Pb IOC 1210) e recentemente isolados de pacientes (Fc/Te, Fs/Te e
Ed/Te), respectivamente, cobertos com 30 µl de óleo mineral esterilizado. O controle
negativo foi uma mistura da reação descrita acima sem a adição de DNA. A PCR foi
realizada no termociclador Mastercycler gradient e o programa de amplificação
consistiu de 30 ciclos de 94oC por 30 seg, 68°C por 1 min, 72oC por 1 min. Os
fragmentos de PCR foram submetidos a uma eletroforese em gel de agarose a 1,5%
preparado com tampão TAE contendo 0,05 µg/ml de brometo de etídio e
fotografados com auxílio de um transiluminador de luz UV usando filme Polaroid.
XIII. DESENVOLVIMENTO DE UM TESTE MOLECULAR PARA DIAGNÖSTICO DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE
a. Otimização da Hemi-nested PCR em tubo único
Verificação das melhores temperaturas de anelamento dos primers PBEXF-2/
PBEXR-2 (reacão 1) e PBEXF-2/PBINR-2 (reacão 2).
A primeira reação é resultante do anelamento dos primers PBEXF-2 (senso) e
PBEXR-2 (anti-senso) e a segunda reação é resultante do anelamento dos primers
PBEXF-2 (senso) e PBINR-2 (anti-senso). As temperaturas testadas para as duas
combinações de primers foram: 48, 50, 52, 54, 56, 58, 60, 62, 64, 66, 68 e 70°C. As
duas reações de PCR foram realizadas separadamente num volume de 25 µl,
contendo tampão 1X, 1,5 mM de MgCl2, 0,2 mM de dNTP’s 25 pmoles dos primers
que participa da primeira reação (PBEXF-2 e PBEXR-2) e da segunda reação
(PBEXF-2 e PBINR-2), respectivamente, 1 unidade de Taq polymerase, 25 ng de
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 28
DNA do isolado virulento Pb IOC 3698, cobertos com 30µl de óleo mineral. Da
mesma forma, um gradiente de temperatura para a segunda reação foi feito com o
produto da primeira PCR. Os controles negativos foram as reações descritas acima
sem amostra de DNA. A PCR foi realizada no termociclador Mastercycler gradient e
o programa de amplificação para as duas reações consistiu de 30 ciclos de 94oC por
30 seg, diferentes temperaturas de anelamento por reação conforme acima
mencionado, por 1 min, 72oC por 1 min. Os fragmentos de PCR foram submetidos a
uma eletroforese em gel de agarose a 1,5% preparado com tampão TAE contendo
0,05 µg/ml de brometo de etídio e fotografados com auxílio de um transiluminador de
luz UV usando filme Polaroid.
Determinação do limite de detecção de DNA na segunda reação.
Foram feitas diluições seriadas de razão 10 em água mili-Q esterilizada a
partir do estoque (25ng/µl) de DNA genômico do isolado virulento Pb IOC 3698 até a
obtenção de uma concentração de DNA de 2,5 fg/µl. A reação de PCR foi realizada
num volume de 25 µl, contendo tampão 1X, 1,5 mM de MgCl2, 0,2 mM de dNTP’s,
25 pmoles de primer PBEXF e PBEXR, 1 unidade de Taq polymerase, diferentes
concentrações de DNA por reação: 25 ng, 250 pg, 25 pg, 2,5 pg, 250 fg, 25 fg e 2,5
fg de DNA de Pb IOC 3698, cobertos com 30µl de óleo mineral esterilizado. O
controle negativo foi uma mistura da reação descrita acima sem amostra de DNA. O
programa de amplificação consistiu de 30 ciclos de 94oC por 30 seg, 60°C por 30
seg, 72oC por 45 seg, realizado no termociclador Mastercycler gradient. Os
fragmentos de PCR foram submetidos a uma eletroforese em gel de agarose a 1,5%
preparado com tampão TAE contendo 0,05 µg/ml de brometo de etídio e
fotografados com auxílio de um transiluminador de luz UV usando filme Polaroid.
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 29
Especificidade da PCR PBEXF-2/PBINR-2 com outros fungos e organismos
A reação de PCR foi realizada num volume de 25 µl, contendo tampão 1X, 1,5
mM de MgCl2, 0,0,2 mM de dNTP’s, 25 pmoles de primer PBEXF-2 e PBINR-2, 1
unidade de Taq polymerase, 25 ng de DNA genômico de B. dermatitidis, H.
capsulatum, S. schenckii, C. immitis, C. neoformans, C. albicans, A. fumigatus, M.
tuberculosis, L. braziliensis, T. cruzi, S. mansoni, e de leucócitos respectivamente. O
controle positivo foi uma mistura da reação descrita acima com 25 ng de DNA de Pb
IOC 3698 e o controle negativo foi uma mistura da reação descrita acima sem
amostra de DNA. A PCR foi realizada no termociclador Mastercycler gradient e o
programa de amplificação consistiu de 30 ciclos de 94oC por 30 seg, 60°C por 30
seg, 72oC por 45 seg. Os fragmentos de PCR foram submetidos a uma eletroforese
em gel de agarose a 1,5% preparado com tampão TAE contendo 0,05 µg/ml de
brometo de etídio e fotografados com auxílio de um transiluminador de luz UV
usando uma câmara digital.
b. Hemi-nested PCR em tubo único para detecção de DNA de P. brasiliensis na amostra clínica
A reação de PCR foi realizada num volume de 25 µl, contendo tampão 1X, 1,5
mM de MgCl2, 0,2 mM de dNTP’s, 25 pmoles de primer PBEXF-2, PBEXR-2 e
PBINR-2, 1 unidade de Taq polymerase, 5 µl de DNA da amostra clínica, cobertos
com 30 µl de óleo mineral esterilizado. O controle negativo foi uma mistura da
reação descrita acima sem amostra de DNA. O programa de amplificação foi 15
ciclos de 94oC por 30 seg, 52°C por 30 seg, 72oC por 45 seg, seguidos por 30 ciclos
de 94oC por 30 seg, 66°C por 30 seg, 72oC por 45 seg. O fragmento de PCR foi
submetido a uma eletroforese em gel de agarose a 1,5% preparado com tampão
TAE contendo 0,05 µg/ml de brometo de etídio e fotografado com auxílio de um
transiluminador de luz UV usando filme Polaroid.
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 30
XIV. EXAME DIRETO E CULTURA DA AMOSTRA CLíNICA
O exame direto foi realizado a fresco entre lâmina e lamínula. Para obtenção
de cultura, a amostra clínica foi semeada em duplicata em placa de Petri contendo
ágar Sabouraud acrescido de cloranfenicol, sendo que uma placa foi mantida a
temperatura ambiente (±23°C) e a outra foi mantida a 37°C.
RESULTADOS
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 31
1. Clonagem dos fragmentos de DNA de P. brasiliensis gerado por RAPD-PCR
O RAPD realizado com isolados de P. brasiliensis usando o primer OPF-08
revelou o fragmento de DNA de ~750 pb especifico de cepas virulentas.
A clonagem do fragmento de 750 pb de Pb IOC 3698 deu origem a sete
clones recombinantes de E. coli DH5-α, enquanto que a clonagem do fragmento de
750 pb de Pb 339 deu origem a quatro clones.
Com o objetivo de identificar a presença do inserto no plasmídeo, os clones
de E. coli crescidos em meio seletivo foram submetidos a uma PCR usando primers
homólogos às seqüências do vetor, próximas ao sítio de clonagem. A PCR dos
clones gerou um fragmento de aproximadamente 850 pb, em cinco dos sete clones
de Pb IOC 3698, denominado de CEJA-1, que corresponde a 750 pb e resíduos do
vetor. Porém, em dois clones de Pb IOC 3698 e nos quatro clones de Pb 339, a PCR
do vetor gerou um fragmento de DNA de aproximadamente 800 pb, denominado de
CEJA-2, e outros dois fragmentos menores (Figura 5).
2. Sequenciamento dos fragmentos de DNA CEJA-1 e CEJA-2 de P. brasiliensis
O sequenciamento de DNA das seqüências CEJA-1 (Figura 5, linhas 3, 4 e 7)
revelou uma seqüência de nucleotídeos de aproximadamente 700 pb (com
qualidade). O sequenciamento das seqüências CEJA-2 dos clones 1 e 2 de Pb IOC
3698 (Figura 5, linhas 1 e 2) e dos clones 3 e 4 de Pb 339 (Figura 5, linhas 3a e 4a)
revelou uma seqüência de nucleotídeos de aproximadamente 570 pb (com
qualidade). A qualidade das seqüências está demonstrada num eletroferograma
(Figura 6 e 7). Nos trechos mostrados, a qualidade do sequenciamento é alta, com
espaçamento regular dos picos (que indica espaçamento regular das bandas) e
picos agudos. Os picos representam os nucleotídeos. Quanto mais altos e agudos,
melhor a sua qualidade, isto é, maior será a probabilidade de que a base registrada
esteja correta. As seqüências de nucleotídeos estão demonstradas nas Figuras 8 e
9.
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 32
Figura 5. PCR dos clones de E. coli DH5-α usando primers homólogos à seqüência do
vetor para verificação da inserção dos fragmentos de RAPD-PCR de P. brasiliensis
(Pb IOC 3698 e Pb 339) no plasmídeo: clones 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 de Pb IOC 3698 (linha 1 a 7, respectivamente) e clones 1, 2, 3 e 4 de Pb 339 (linha 1a a 4a, respectivamente). (-) indica controle negativo e PM indica marcador de peso molecular
de 100 pb Ladder. A seta verde aponta para o fragmento CEJA-1 e as setas laranjas
indicam o fragmento CEJA-2.
PM (-) 1 2 3 4 5 6 7 (-) 1a 2a 3a 4a
Clones Pb IOC 3698 Clones Pb 339
800 pb-
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 33
Figura 6. Eletroferograma parcial da seqüência CEJA-1 gerada com primer do vetor.
Figura 7. Eletroferograma parcial da seqüência CEJA-2 gerada com primer do vetor.
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 34
Figura 8. Seqüência CEJA-1 do clone 7 de Pb IOC 3698.
Figura 9. Seqüência CEJA-2 do clone 3 de Pb 339.
1 GGGAGATCGG ATAATGCGGT TAGATATGCG ACGTCATGTC CAGACTGGGg ATGCACCAAA
61 ACATCAACGC TGCTAGCAGA ATCGAGTGTC TTTGGCTGCC TTTCAAAATT TTGAAGTGGA
121 ATAGCGGGTC CCCAAAAGGA TCTGGCCCTC TGGTAACGGA GGCTGGGTTT GTTATTAATT
181 CCCGTTTCAT TAATCAATTT TTTTGTTGAG AATATGTCTT ATTGCTCAAC CGAGATGTGG
241 TCCCATAGCT AAGGAGCCAT TTCCGTTATC CCTCTTGTTG ACCGTTTTGA CTTAGATCGG
301 ATTTTCGAAT ATACACTGTA CTCCTCAAGG TATGTTCGTA GTCATCTGTA TGTAGATTCT
361 CCCGATATAC GTTGATCATG TTAAACCCCA AACGCCTCAG GATCCATAGG GAAATCACTG
421 AATCCGTATG TTCCAGTTAA GCTAGTTATT TGAGAACAGT CCAGAATACA ACCATTCTTG
481 CGCCCACATA CCACATATTG ATGACGACGC GTCCAGGAGA GCAATCTTTT TGGATGAAGA
541 AACGTCTAGA TATGTGTTTA TCATAACTAG CCTATTTACA CGTGAGGTAT TGGATTTtCA
601 GAAAATCATC CCTAWTTTAA TAWTCAAATT GACTTAGAAa GGGCGTTARA aGTGAAGTKT
661 TAAGTTGGAa CTGTATTGRA TTGAATTTGA AAATWGAAGA CTTTGCCTCA ACGGKTCCAA
721 CGAWYACCAA ATCTGGCACT tTCAGGAAAT CMTAACTtGG GGTTCCGGGA aTAAAgGTTT
781 ATCSRAGTCY GGGCCCSCCT ARGTCTCCYC GAWATTCCMA ATCGGgAACG GAATCCAGCT
841 GAAGBTTTTC ACYTTSGArR anSTBTGtnG ndWKtGAGAG AGAGAGAGAG TGAGAGGCGA
901 ARTGWCGAKA GAGWCTRRRT RGAGAACRTR AGRRKtAGTG ATGWGAGTGA GWGTGATKAD
961 AWAG
1 AWTCGGTGAT GGCCATTGAG AGGGTGAGGA TGATGACGAC CAATGAGCAG GCTCATATTT
61 TAGGTTGCGC AGGATTTTTC TGCTCTTGTT CTGCGAAGGT GTGGATGTGG ATGTGGATGT
121 GGATATATAT CGAGTGGAGG CATTGAGGGT TTTGTGGCGG GTAACCCAAG TTATGTGCGC
181 AGAGGCATTG TAAGGGGAAC TAAGGATTCT GTGAATGCCA TTGAGACTCT GAGGAGGCAT
241 CTATGAATAA CGCCTGATCA GCAAGATCCA AACCAGATCG GTTAATACCG ATGTGAAAGT
301 AGGCCCTTGA GGAGGATTTC AGTTTACCTG GGGTTTGAAG GCGAGCCTCA GTATATCTGA
361 GCACTGTGTA CATGAGTGCC TTGAAGACAT TGTCGGTTAG ATGGAAGGGG AAAACTATTA
421 TTATAATTAT TACTATTACT ATTATTATCA TTTAAGAAGA AGAAGAAGAA GAGAAGAAGT
481 TGAAGAAGAT AGAATGATGT CAAAGCATTG AGTGATCGTA ATATTTCTGT GAAGCGAAAG
541 TTGCGATATG ATGTTTGCAC TGTTTGCCTG CGACSCTAGg STGCTCCTGA aCGAmCTTTC
601 GCTGTTCATG AwCTTTTAAC TAGTGAACAA GGGAAATTWG TTGGAAAATC SCTGCAAAAT
661 ACCTGGATGA AATTAATTTT AATTGCGGGG AAWAWTTtAC GGTTGAATGG ACTATTTwAT
721 GKGGCCATAT tCCCATCCGT AACCGADYCC CMCYTAGYTT CcRACTTKGR RARRaGTCTC
781 TGATCTCTCA YTTYTTTTCA AATCCCTTMT CCCCYTCAYC CyTtYCCcAK TBATMCTCYC
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 35
As seqüências CEJA-1 e CEJA-2 foram submetidas à análise do tipo
BLASTn. A análise da similaridade das seqüências CEJA-1 e CEJA-2 com outras
seqüências depositadas no GenBank está demonstrada na Figura 10 e 11,
respectivamente. Houve similaridade entre as seqüências CEJA-2 de Pb IOC 3698 e
as seqüências CEJA-2 de Pb 339 (Figura 12). Não houve similaridade entre as
seqüências CEJA-1 e CEJA-2 de P. brasiliensis.
Figura 10. Análise da similaridade da seqüência CEJA-1 com as seqüências
depositadas no programa BLAST. A seqüência CEJA-1 é representada pela barra
vermelha numerada. As barras em azul indicam baixa similaridade de seqüências.
Figura 11. Análise da similaridade da seqüência CEJA-2 com as seqüências
depositadas no programa BLAST. A seqüência CEJA-2 é representada pela barra
vermelha numerada. As barras em verde indicam baixa similaridade de seqüências.
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 36
Figura 12. Resultado da similaridade entre as seqüências CEJA-2 de Pb IOC 3698
(Query) e CEJA-2 de Pb 339 (Sbjct), mostrando 100% de homologia.
As seqüências CEJA-1 e CEJA-2 de P. brasiliensis também foram
submetidas ao BLASTn de seqüências ESTs de fungos. Houve pequena
similaridade, de apenas 17 a 18 nucleotídeos, entre a seqüência CEJA-1 e uma
seqüência EST de Agaricus bisporus, uma de Paracoccidioides brasiliensis e várias
de Magnaporthe grisea.
Query: 1 awtcggtgatggccattgagagggtgaggatgatgacgaccaatgagcaggctcatattt 60 Sbjct: 1 awtcggtgatggccattgagagggtgaggatgatgacgaccaatgagcaggctcatattt 60 Query: 61 taggttgcgcaggatttttctgctcttgttctgcgaaggtgtggatgtggatgtggatgt 120 Sbjct: 61 taggttgcgcaggatttttctgctcttgttctgcgaaggtgtggatgtggatgtggatgt 120 Query: 121 ggatatatatcgagtggaggcattgagggttttgtggcgggtaacccaagttatgtgcgc 180 Sbjct: 121 ggatatatatcgagtggaggcattgagggttttgtggcgggtaacccaagttatgtgcgc 180 Query: 181 agaggcattgtaaggggaactaaggattctgtgaatgccattgagactctgaggaggcat 240 Sbjct: 181 agaggcattgtaaggggaactaaggattctgtgaatgccattgagactctgaggaggcat 240 Query: 241 ctatgaataacgcctgatcagcaagatccaaaccagatcggttaataccgatgtgaaagt 300 Sbjct: 241 ctatgaataacgcctgatcagcaagatccaaaccagatcggttaataccgatgtgaaagt 300 Query: 301 aggcccttgaggaggatttcagtttacctggggtttgaaggcgagcctcagtatatctga 360 Sbjct: 301 aggcccttgaggaggatttcagtttacctggggtttgaaggcgagcctcagtatatctga 360 Query: 361 gcactgtgtacatgagtgccttgaagacattgtcggttagatggaaggggaaa 413 Sbjct: 361 gcactgtgtacatgagtgccttgaagacattgtcggttagatggaaggggaaa 413
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 37
O BLASTn de seqüências ESTs de fungos com CEJA-2 também revelou
pequena similaridade, de apenas 17 a 38 nucleotídeos, com seqüências de Laccaria
bicolor, Neurospora crassa, Mycosphaerella graminicola, Sclerotinia sclerotiorum,
Aspergillus nidulans, Ustilago maydis, Saccharomyces cerevisiae, Fusarium
graminearum, Verticillium dahliae, onze seqüências ESTs de Paracoccidioides
brasiliensis e várias de Trichoderma reesei, depositadas no GenBank.
3. Otimização das condições da PCR para identificação da sequência CEJA-1 de P. brasiliensis
Foram construídos primers específicos para a caracterização da seqüência
CEJA-1 de P. brasiliensis. Inicialmente foram analisadas as condições de
temperatura de anelamento, concentração de magnésio, sensibilidade e
especificidade da reação de PCR.
Em todas as quatro temperaturas de anelamento testadas apareceu apenas
uma banda específica de 407 pb (Figura 13). Foi escolhida como temperatura de
anelamento para as próximas reações a temperatura de 68°C.
Figura 13. Otimização da temperatura de anelamento dos primers PBEXF e PBEXR,
homólogos à sequência CEJA-1: 58°C (1); 63°C (2); 68°C (3) e 70°C (4). (-) indica
controle negativo e PM indica marcador de peso molecular de 100 pb Ladder.
400 pb -
PM (-) 1 2 3 4
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 38
400 pb -
Em todas as concentrações de magnésio testadas com os primers PBEXF e
PBEXR pode-se visualizar uma banda de 407 pb (Figura 14). Ficou determinada a
concentração de 1,5 mM de cloreto de magnésio para as próximas reações.
Figura 14. Otimização da concentração de magnésio da PCR “PBEXF/PBEXR”: 0,5
mM (1); 1,0 mM (2); 1,5 mM (3); 2,0 mM (4) e 2,5 mM (5). (-) indica controle negativo
e PM indica marcador de peso molecular de 100 pb Ladder.
O limite de detecção de DNA da PCR “PBEXF/PBEXR” foi de 25 pg de DNA
genômico (Figura 15).
Figura 15. Determinação do limite de detecção de DNA da PCR “PBEXF/PBEXR”:
25 ng (1); 2,5 ng (2); 250 pg (3); 25 pg (4); 2,5 pg (5); 250 fg (6); 25 fg (7) e 2,5 fg (8). (-) indica controle negativo e PM indica marcador de peso molecular de 100 pb
Ladder.
PM (-) 1 2 3 4 5
PM (-) 1 2 3 4 5 6 7 8
400 pb -
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 39
A especificidade desses primers foi inicialmente testada com DNA das cepas
reconhecidamente virulentas e avirulentas de P. brasiliensis, bem como de isolados
recentemente obtidos de pacientes com paracoccidioidomicose. A especificidade
também foi testada com DNA de outros fungos de interesse médico, dimórficos e
não dimórficos. Houve amplificação do fragmento de 407 pb nos isolados virulentos
do fungo e nos isolados recentemente obtidos de pacientes, além disso não foi
possível amplificar esta seqüência a partir do DNA genômico de cepas avirulentas
de P. brasiliensis caracterizadas previamente quanto à morfologia, bioquímica e
patogenia (Figura 16).
(a) (b)
Figura 16. PCR “PBEXF/PBEXR” com isolados reconhecidamente virulentos e
avirulentos de P. brasiliensis, bem como com isolados de P. brasiliensis
recentemente obtidos de pacientes. Em (a): cepa virulenta Pb 18 (1); cepa virulenta
Pb 339 (2); cepa virulenta Pb IOC 3698 (3); cepas avirulentas Pb IOC 1059, Pb IOC
1208, Pb IOC 1210, Pb IOC 1099 (4 a 7, respectivamente). A Figura 13 (b) mostra o
resultado da PCR com os isolados de P. brasiliensis recentemente obtidos de
pacientes do Piauí: Pb Ed/Te (1); Pb Fs/Te (2) e Pb Pc/Te (3). (-) indica controle
negativo e PM indica marcador de peso molecular de 100 pb Ladder.
A especificidade desta PCR foi confirmada pela ausência de produtos
amplificados com DNA genômico de: Histoplasma capsulatum, Blastomyces
dermatitidis, Coccidioides immitis, Sporotrix schenckii, Cryptococcus neoformans,
Candida albicans, Aspergillus fumigatus, Mycobacterium tuberculosis, Leishmania
braziliensis, Trypanosoma cruzi, Schistosoma mansoni e DNA genômico humano
(leucócitos) (dados não mostrados).
PM (-) 1 2 3 4 5 6 7 8 PM (-) 1 2 3
400 pb - - 400 pb
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 40
Amostras de DNA de fungos foram submetidas à reação de PCR utilizando os
primers universais ITS1 e ITS4 para detecção de elemento genético característicos
dos fungos, de 500 a 800 pb (Figura 17 e 18). A reação de PCR com a presença de
DNA genômico de Coccidioides immitis e Sporothrix schenkii negativas foram
repetidas com amostras de DNA recém- extraídas. Amostras de DNA genômico de
isolados virulentos e avirulentos de P. brasiliensis também foram submetidas à
reação de PCR com primers para detecção do elemento genético de fungos,
confirmando que apesar das amostras de DNA dos isolados avirulentos não serem
amplificadas com primers específicos para CEJA-1, as mesmas são amplificadas
com primers específicos para elementos genéticos de fungos em geral, sendo
portanto, o controle positivo externo da reação da PCR com os primers PBEXF e
PBEXR. Este resultado sugere que o gene CEJA-1 pode ser um fator de virulência.
Culturas da cepa virulenta Pb IOC 3698 e da cepa avirulenta Pb IOC 1059
foram submetidas à extração de RNA total e síntese de cDNA pelo método do
Trizol® e a PCR específica utilizando os primers PBEXF e PBEXR. O produto de
PCR amplificado a partir do cDNA da cepa virulenta apresentou o mesmo peso
molecular do produto de PCR amplificado a partir de DNA genômico (Figura 19).
Figura 17. PCR com primers universais ITS1 e ITS4 específicos para fungos em
presença de DNA genômico de fungos: Coccidioides immites (1); Cryptococcus
neoformans (2); Blastomyces dermatitidis (3) Histoplasma capsulatum (4); Sporothrix
schenkii (5); Candida albicans (6); Aspergillus fumigatus (7); Sacharomyces
cereviseae (8) e Paracoccidioides brasiliensis (cepa virulenta Pb 18) (9). (-) indica
controle negativo e PM indica marcador de peso molecular de 100 pb.
PM (-) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 PM
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 41
Figura 18. PCR com primers universais ITS1 e ITS4 específicos para fungos em
presença de DNA genômico de isolados virulentos e avirulentos de P. brasiliensis:
Pb 339 (1); Pb IOC 3698 (2); Pb IOC 1059 (3); Pb IOC 1124 (4) Pb IOC 1208 (5). (-) indica controle negativo e PM marcador de peso molecular de 100 pb.
Figura 19. PCR “PBEXF/PBEXR” específica com de cDNA de uma isolado virulento
e um avirulento de P. brasiliensis: isolado avirulento Pb IOC 1059 (1) e isolado
virulento Pb IOC 3698 (2). (-) indica controle negativo e PM marcador de peso
PM (-) 1 2
PM 1 2 3 4 5 (-)
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 42
molecular de 1 kb Ladder (Gibco), onde a seta laranja corresponde a 506 pb e a seta
verde a 396 pb.
4. Desenvolvimento de teste molecular para o diagnóstico da paracoccidioidomicose
Foram construídos três primers para o desenvolvimento de uma hemi-nested
PCR em tubo único para detecção de P. brasiliensis a partir de amostras clínicas. O
esquema da reação de PCR está representado na Figura 20. Os primers externos
senso (PBEXF-2) e anti-senso (PBEXR-2) foram construídos na mesma região dos
primers anteriormente utilizados (PBEXF e PBEXR), com pequenas modificações. O
PBEXF-2 difere do primer senso anterior por apresentar menor seqüência de
homologia com o fragmento CEJA-1 e possuir uma pequena seqüência de
nucleotídeos não homólogos ao fragmento na extremidade 5’, diminuindo a
temperatura de anelamento deste primer na primeira reação da PCR e aumentando-
a na segunda reação a partir do produto da primeira reação.
DNA GENÔMICO
PRODUTO DE PCR
5’ 3’
R
Primeira reação Temperatura de anelamento = 52°C
3’
5’
INR
5’
F
5’
5’ 3’ R
3’ F
5’
INR
F 3’
3’
5’5’
F INR
3’ 3’
Segunda reação Temperatura de anelamento = 64°C
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 43
400 pb -
200 pb -
Figura 20. Esquema da reação de hemi-nested PCR em tubo único para detecção
de P. brasiliensis. A 64°C a segunda reação amplifica apenas o produto de PCR
produzido na primeira reação.
Da mesma forma, o primer interno PBINR-2 possui uma cauda de
nucleotídeos não homólogos que visa aumentar a especificidade da segunda reação
para o produto da PCR da primeira reação, evitando assim, que a reação ao ser
desenvolvida em tubo único não seja evidenciada a partir de DNA genômico, o que
consistiria em uma reação multiplex e não hemi-nested.
Inicialmente as temperaturas de anelamento dos primers da primeira e da
segunda reação foram otimizadas. Os resultados da Figura 21 indicam que a
primeira reação foi positiva em temperatura de até 52°C, enquanto que a segunda
reação foi positiva em temperatura de até 62°C.
Figura 21. Otimização das temperaturas de anelamento da PCR “PBEXF-2/PBEXR-
2” (gel superior) e da PCR “PBEXF-2/PBINR-2” (gel inferior) usadas na primeira e na
segunda reação da hemi-nested PCR, respectivamente: 48°C (1); 50°C (2); 52°C (3); 54°C (4); 56°C (5); 58°C (6); 60°C (7); 62°C (8); 64°C (9); 66°C (10); 68°C (11) e
70°C (12). (-) indica controle negativo e PM indica marcador de peso molecular de
100 pb Ladder.
PM (-) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
PM (-) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 44
A temperatura de anelamento da reação de PCR simples com os primers
PBEXF-2 e PBINR-2, para detecção da seqüência CEJA-1 de P. brasiliensis a partir
do fragmento da PCR produzida com os primers externos (PBEXF-2 e PBEXR-2)
foram analisadas conforme mostrado na Figura 22. Considerando que a maior
temperatura de fusão do primer PBEXF-2 e PBINR-2 foi de 62°C, conclui-se que a
temperatura de fusão do primer PBEXR-2 foi a limitante na reação de PCR com os
primers (PBEXF-2 e PBEXR2) que apresentou a maior temperatura de anelamento
possível de 52°C (Figura 21). Baseado no fato que a cauda de nucleotídeos
acrescida à extremidade 5’ do primer PBEXF-2 promove um incremento na maior
temperatura possível para hibridização do primer ao molde de DNA, conclui-se que o
fragmento de 172 pb será produzido apenas a partir do produto de PCR da primeira
reação com os primers externos (PBEXF2 e PBEXR-2) a temperatura de 64°C.
Aumentos progressivos de temperatura de anelamento a partir de 66°C tornam a
reação da PCR com primers PBEXF-2 e PBINR-2 menos eficiente, permitindo, desta
forma, a síntese do fragmento de PCR da primeira reação com maior eficiência
devido à limitação da temperatura de fusão do primer senso PBEXF-2 agora na
segunda reação com 100% de homologia com a seqüência nucleotídica da cauda.
Figura 22. Otimização das temperaturas de anelamento da PCR simples com os
primers PBEXF-2 e PBINR-2 para detecção da seqüência CEJA-1 de P. brasiliensis
a partir do produto da PCR com os primers externos (PBEXF-2 e PBEXR-2): 48°C
(1); 50°C (2); 52°C (3); 54°C (4); 56°C (5); 58°C (6); 60°C (7); 62°C (8); 64°C (9); 66°C (10); 68°C (11) e 70°C (12). (-) indica controle negativo e PM indica marcador
de peso molecular de 100 pb Ladder.
PM (-) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 45
200 pb -
O limite de detecção de DNA da PCR simples com os primers da segunda
reação (PBEXF-2 e PBINR-2) foi de 250 pg de DNA genômico (Figura 23).
Figura 23. Determinação do limite de detecção de DNA genômico na reação de PCR
simples com os primers PBEXF-2 e PBINR-2: 25 ng (1); 2,5 ng (2); 250 pg (3); 25 pg
(4); 2,5 pg (5); 250 fg (6); 25 fg (7) e 2,5 fg (8). (-) indica controle negativo e PM
indica marcador de peso molecular de 100 pb Ladder.
A especificidade da hemi-nested PCR usando os primers PBEXF-2 e PBINR-2
foi confirmada pela ausência de produtos amplificados com DNA genômico de
isolados de: Histoplasma capsulatum, Blastomyces dermatitidis, Coccidioides
immitis, Sporothrix schenckii, Candida albicans, Aspergillus fumigatus,
Mycobacterium tuberculosis, Leishmania braziliensis, Trypanosoma cruzi,
Schistosoma mansoni e DNA genômico humano (leucócitos) (Figura 24). O potencial diagnóstico da hemi-nested PCR foi verificado com DNA extraído
de amostra clínica de um paciente com paracoccidioidomicose. Foi realizado o teste
de hemi-nested PCR em tubo único para a detecção molecular de P. brasiliensis na
amostra de aspirado de linfonodo do paciente com paracoccidioidomicose
confirmada através de exame direto e cultura. Como pode ser visualizado na Figura
25, houve a formação da banda de 172 pb específica de P. brasiliensis.
PM (-) 1 2 3 4 5 6 7 8
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 46
Figura 24. Especificidade da hemi-nested PCR com os primers PBEXF-2 e PBINR-2:
Blastomyces dermatitidis (1); Histoplasma capsulatum (2); Sporothrix schenkii (3); Coccidioides immites (4); Candida albicans (5); Aspergillus fumigatus (6); Mycobacterium tuberculosis (7); Leishmania braziliensis (8); Trypanosoma cruzi (9); Schistosoma mansoni (10) e leucócitos humano (11). (-) indica controle negativo, (+)
indica controle positivo e PM indica marcador de peso molecular de 100 pb Ladder.
Figura 25. Hemi-nested PCR em tubo único para diagnóstico molecular da
paracoccidioidomicose: Hemi-nested PCR em tubo único com 5 µl de DNA da
amostra clínica (1). (-) indica controle negativo, (+) indica controle positivo e PM
indica marcador de peso molecular de 100 pb Ladder.
PM (-) (+) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
PM (-) (+) 1
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 47
O exame direto da amostra clínica revelou a presença de células
leveduriformes com contorno birrefringente, com brotações simples e múltiplas,
típicas de P. brasiliensis (Figura 26).
Após 14 dias de cultivo a cultura da amostra clínica começou a apresentar um
resultado “positivo”, porém o resultado conclusivo foi obtido após 25 dias de cultivo a
temperatura de 37°C. A conversão das fases (L⇔M) da cultura foi realizada para a
correta identificação de P. brasiliensis.
Figura 26. Exame direto a fresco do aspirado de linfonodo do paciente com
paracoccidioidomicose. A seta laranja mostra uma célula leveduriforme apresentando
o contorno da parede celular birrefringente. As setas verdes apontam para células
filhas originadas a partir de uma célula mãe (seta azul), indicando a presença de
exoesporulação múltipla, típica de Paracoccidioides brasiliensis.
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 48
DISCUSSÃO
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 48
O principal objetivo deste trabalho foi sequenciar e caracterizar um fragmento
de DNA de 750 pb específico de isolados virulentos de P. brasiliensis. Para
obtenção do fragmento detectado por Borba (2002) foi feita uma reação de RAPD
utilizando o primer OPF-08 com isolados virulentos do fungo. A técnica de RAPD
tem sido freqüentemente utilizada para revelar importantes características
intrínsecas e extrínsecas de P. brasiliensis, revelando-se como uma ferramenta
poderosa para estudos epidemiológicos deste fungo (HAHN et al., 2003). Porém, as
tentativas de amplificação de DNA por RAPD utilizada com a finalidade de distinguir
isolados de P. brasiliensis com diferentes graus de virulência não foram bem
sucedidas. Motta et al. (2002) não tiveram sucesso usando a técnica de RAPD na
discriminação de isolados de P. brasiliensis apresentando diferentes graus de
virulência, bem como com isolados obtidos de pacientes com diferentes
manifestações clínicas. Entretanto, Borba (2002) foi capaz de distinguir
molecularmente isolados virulentos e avirulentos de P. brasiliensis usando RAPD.
Em estudos anteriores, estes isolados virulentos e avirulentos “mutantes” quanto à
capacidade de realizar o dimorfismo, bem como quanto às características de
virulência e patogenicidade em camundongo BALB/c, foram morfologicamente
distinguidos (BORBA & SCHÄFFER, 2002).
A amplificação de DNA apenas dos isolados reconhecidamente virulentos e
dos recentemente obtidos de pacientes do Piauí, indica ser este um possível
marcador de virulência para P. brasiliensis. Além disso, a PCR específica com
amostra de cDNA de um isolado virulento utilizando os primers homólogos à
seqüência CEJA-1 sugere tratar-se de um gene expresso. Abordagens moleculares
utilizando cepas mutantes avirulentas são estratégias alternativas de análise da
virulência do P. brasiliensis e extremamente úteis para o entendimento dos fatores
associados com a invasão e com o processo de infecção desse fungo, abrindo
novas perspectivas no desenvolvimento de novas terapias (BORGES-WALMSLEY et
al., 2002).
Métodos moleculares vêm sendo intensivamente desenvolvidos para o
diagnóstico de importantes doenças infecciosas como a tuberculose (RODRIGUEZ
et al., 1997; GARCÍA-QUINTANILLA et al., 2000), bem como para outras patologias,
dentre elas, de etiologia fúngica. A detecção molecular de fungos é uma prática que
vem cada vez mais se consolidando como uma ferramenta alternativa e útil no
diagnóstico de micoses superficiais e sistêmicas. Destacam-se a detecção molecular
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 49
de Histoplasma capsulatum (RICKERTS et al., 2002; BRACCA et al., 2003;
GUEDES et al., 2003), de Blastomyces dermatitidis (BIALEK et al., 2003), de
Paracoccidioides brasiliensis, tanto a partir de cultura (GOLDANI et al, 1995;
MOTOYAMA et al, 2000; IMAI et al, 2000) como a partir de amostras clínicas
(GOMES et al, 2000; BIALEK et al, 2000), de espécies de Trichosporon (NAGAI et
al., 1999), do gênero Fonsecaea (ABLIZ et al., 2003), de espécies de Aspergillus
(SKLANDNY et al., 1999), bem como o uso de Multiplex PCR para a detecção
molecular simultânea de espécies de Candida e Cryptococcus neoformans (LUO &
MITCHELL, 2002).
Os métodos moleculares para o diagnóstico da paracoccidioidomicose
desenvolvidos por Gomes et al. (2000) e Bialek et al. (2000) tiveram como base a
seqüência do gene da gp43. Algumas seqüências do gene da gp43, usadas para
desenho dos primers por estes autores, foram posteriormente estudadas (MORAIS
et al., 2000) e foi mostrada a presença de substituições nucleotídicas quando
seqüências deste gene obtidas de 17 isolados diferentes de P. brasiliensis foram
comparadas, mostrando um alto polimorfismo gênico. San-Blas et al. (2002)
mostraram que alguns primers usados por Gomes et al. e Bialek et al., foram
escolhidos de regiões susceptíveis a mudanças e sugere checar a universalidade
espécie-especíca desses primers com vários outros isolados do fungo.
O diagnóstico molecular de doenças infecciosas baseado na detecção do
genoma do patógeno através da PCR simples requer um outro método confirmatório
que pode ser uma hibridização com uma sonda homóloga ao fragmento amplificado
(RODRIGUEZ et al., 1997; VAN BURIK et al., 1999), sequenciamento do fragmento
sintetizado (GUEDES et al., 2003; HU et al., 2003) ou uma segunda reação de PCR
com par de primers homólogos a regiões internas do fragmento amplificado na
primeira reação da PCR chamada “nested PCR” (SKLANDY et al., 1999; BIALEK et
al., 2003; BRACCA et al., 2003). Quando se utiliza apenas um primer interno
mantendo-se o externo para a fita oposta igual ao da primeira reação se fala em
“hemi-nested PCR”. Métodos diagnósticos que utilizam duas reações de PCR
aninhadas, além de aumentar a especificidade da reação, tem mostrado aumentar
em pelo menos uma ordem a sensibilidade da reação quando examinada a partir de
material de cultura (BRACCA et al., 2003; HU et al., 2003). No desenvolvimento de
um método de diagnóstico baseado em PCR vários parâmetros devem ser
otimizados visando maximizar a sensibilidade da reação (HUGHES et al., 1998).
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 50
A temperatura e o tempo de anelamento dos primers ao molde de DNA é uma
etapa crucial e dependem da composição da seqüência do primer, mais
especificamente, do seu tamanho e da proporção entre os nucleotídeos “C” e “G”
(formadores de três pontes de hidrogênio) contra os nucleotídeos “A” e “T”
(formadores de apenas duas pontes de hidrogênio). Temperatura de anelamento de
primers entre 55 e 72°C geralmente rendem melhores resultados (INNIS &
GELFAND, 1990). Outro aspecto importante para o desenho do primer é o tipo de
reação da PCR que se deseja. As seqüências de nucleotídeos das extremidades 3’
do par de primers utilizado não devem ser complementares entre si, desta forma a
evitar formação de “dimers” , ou seja, a extensão dos primers anelados. O cuidado
deve ser maior quando mais de um par de primers fazem parte da reação da PCR,
como nas suas variantes multiplex e PCR aninhadas. O desenho dos primers e, por
conseguinte, a temperatura de anelamento é muito importante no estabelecimento
de temperaturas diferenciais para o anelamento dos primers nas duas reações da
PCR aninhadas, de forma que o fragmento final seja produzido apenas a partir do
produto da primeira PCR. Este fato é mais relevante quando a metodologia utilizada
e uma PCR aninhada em um único tubo, devendo-se pois, evitar que a segunda
reação tenha origem a partir do DNA genômico também. Nagai et al. (1999), Bialek
et al. (2000) e Hu et al. (2003), têm utilizado PCR aninhadas em tubos separados,
onde uma alíquota do produto de uma primeira reação simples é utilizada como
molde para uma segunda PCR simples. A maior desvantagem desta estratégia é a
manipulação de amplicons na preparação da segunda PCR, aumentando a
possibilidade de contaminação das amostras negativas. Outras abordagens mais
recentes têm sido avaliadas (GARCÍA-QUINTANILLA et al., 2000).
A concentração de primers entre 0,1 e 0,5 µM são geralmente ótimas. Altas
concentrações de primers podem promover a acumulação de produtos inespecíficos
e pode aumentar a probabilidade de formar artefato “primer-dimer” que são
substratos para a PCR e competem com o produto desejado pelos componentes da
mistura de reação, resultando em um baixo rendimento do produto desejado (INNIS
& GELFAND, 1990).
A concentração de magnésio também pode afetar todas as etapas da reação
de PCR: anelamento de primers, especificidade do produto, formação de artefatos
“primer-dimer” (dimerização), fidelidade e atividade da enzima. O número de ciclos
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 51
da PCR depende da concentração do DNA alvo quando outros parâmetros estão
otimizados.
O limite de detecção da primeira PCR a partir de DNA genômico obtido de
cultura de P. brasiliensis foi de 25 pg.
As condições otimizadas estabelecidas para um teste molecular baseado na
reação da PCR a partir da cultura de um patógeno podem diferir na prática clinica,
quando o teste é empregado em amostras biológicas variadas. Dois aspectos
importantes são, a natureza da amostra clínica e o conteúdo do DNA genômico do
patógeno na preparação de DNA que também contém DNA humano e, dependendo
da natureza da amostra e de outros patógenos presentes. Os resultados
preliminares do teste molecular aqui proposto para diagnóstico da
paracoccidioidomicose com DNA extraído de amostra clínica (aspirado de linfonodo
de paciente com paracoccidioidomicose) foram promissores. Os resultados de
exame direto confirmaram a positividade da amostra para paracoccidioidomicose. A
identificação de P. brasiliensis a partir da cultura está baseada nas características
macro e microscópicas da colônia. Todo este procedimento pode ser bastante
laborioso uma vez que P. brasiliensis é de crescimento lento, e as culturas são
mantidas até quatro semanas antes de serem descartadas.
A próxima etapa no desenvolvimento deste teste é a determinação da
acurácia do teste, o estabelecimento da sensibilidade, valor preditivo positivo e
negativo do teste em um maior número de amostras clínicas sabidamente positivas e
negativas (Fase IIB) e posteriormente, a determinação em amostras clínicas
suspeitas sem confirmação microbiológica prévia (Fase III).
CONCLUSÕES
Correia, J.: Clonagem e Sequenciamento... 52
1. Os primers PBEXF e PBEXR construídos a partir da seqüência CEJA-1,
obtida por análise de RAPD e específica de isolados de P. brasiliensis
reconhecidamente virulentos, foram capazes de amplificar de maneira
específica o DNA dos isolados virulentos Pb 18, Pb 339 e Pb IOC 3698 e dos
isolados Fc/Te, Fs/Te e Ed/Te, recentemente obtidos de pacientes, indicando
que podemos estar diante de um possível marcador de virulência para o
P. brasiliensis.
2. A amplificação de um fragmento de aproximadamente 400 pb com os primers
PBEXF e PBEXR, a partir de amostra de cDNA de um isolado virulento de
P. brasiliensis, sugere que a seqüência CEJA-1 faz parte de um gene
expresso.
3. O baixo nível de homologia das seqüências CEJA-1 e CEJA-2 de P.
brasiliensis em relação às seqüências depositadas no GenBank, bem como a
ausência de amplificação de DNA nos testes de especificidade realizados
com os primers PBEXF-2 e PBINR-2, construídos a partir da seqüência
CEJA-1, permitiram o desenvolvimento de um teste molecular específico para
detecção do fungo.
4. A partir da temperatura de 64°C os primers PBEXF-2 e PBINR-2 amplificam
apenas o produto de PCR formado na primeira reação de hemi-nested. Isto foi
particularmente importante porque evitou que a reação desenvolvida em tubo
único fosse evidenciada a partir de DNA genômico, o que consistiria em uma
reação multiplex e não hemi-nested.
5. A amplificação de DNA de P. brasiliensis a partir de amostra clínica, através
de um teste de hemi-nested PCR em tubo único, representa um avanço no
diagnóstico da paracoccidioidomicose.
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ANEXO
Este manuscrito foi submetido para a revista Medical Mycology
Detection of Paracoccidioides brasiliensis by a Hemi-nested PCR
Assay in a Single-Tube Based in a DNA Specific Sequence of
Virulent Strains
Short Tittle: A new PCR assay for Paracoccidioides brasiliensis detection
J. CORREIA1, C. M. BORBA2 and N. LUCENA-SILVA1*
1Virology and Experimental Therapy Laboratory, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães,
FIOCRUZ, Recife, Brazil and 2Departament of Mycology, Instituto Oswaldo Cruz,
FIOCRUZ, Rio de Janeiro, Brazil.
SUMMARY
We developed a two-step PCR assay that amplifies a region of the ceja-1 sequence, specific for Paracoccidioides brasiliensis virulent strains. An internal region of the ceja-1 sequence was chosen to design primers that were utilized in a hemi-nested PCR (HN-PCR) in a single tube. The HN-PCR was capable of amplifying DNA from six virulent strains. The PCR specificity was determined by the absence of amplified products with genomic DNA from Histoplasma capsulatum, Blastomyces dermatitidis, Coccidioides immitis, Sporothrix schenckii, Cryptococcus neoformans, Candida albicans, Aspergillus fumigatus, Mycobacterium tuberculosis, Leishmania braziliensis, Trypanosoma cruzi, Schistosoma mansoni, human genomic DNA (leukocytes) and four P. brasiliensis non-virulent strains. The fact that the PCR product was obtained only with genetic material from virulent isolates of P. brasiliensis suggested that this partial amplified sequence might be a marker of virulence for this fungus. The diagnostic potential of this PCR was confirmed by the successful amplification of this fragment with genomic DNA obtained in lymph node aspirate from a patient with paracoccidioidomycosis. Keywords: Paracoccidioides brasiliensis, virulence, hemi-nested PCR * Correspondence: Dra. Norma Lucena-Silva Laboratório de Virologia e Terapia Experimental, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) Rua Moraes Rego, S/N, Recife, PE, 50.670-420, Brazil E-mail: [email protected] Tel: +55-81-2101-2618; Fax: +55-81-2101-2618
INTRODUCTION Paracoccidioides brasiliensis is the etiological agent of paracoccidioidomycosis, a systemic mycosis of acute or chronic evolution, which frequently affects the lungs but can subsequently disseminate to other organs or systems [1]. The paracoccidioidomycosis is one of the most prevalent human deep mycosis in Latin America. It is estimated that ten million individuals are infected with P. brasiliensis [2, 3]. P. brasiliensis is a dimorphic fungus that grows as a mold form (M) at ± 25°C and as a yeast form (Y) in host tissues and in vitro at 37°C. The diagnosis of paracoccidioidomycosis is routinely made by visualization, isolation and identification of the fungus through microbiological and histopathological methods. The fungus is characterized in its parasitary life by the unique structural form of the multi budding yeast, however in most cases this can not be observed. Culture is necessary in all cases when the microscopic search for multi budding yeast is negative. However, since P. brasiliensis has a slow growth rate 20 to 30 days it is recommended even though it is time consuming to induce in vitro structural form conversion (M⇔Y) to confirm the diagnosis [1, 4]. The search of antibodies and/or specific antigens of P. brasiliensis have been largely studied, usually using mycosis diagnosis. Since, serological methods show impairment due to the sensitivity and specificity of the assay [5, 6, 7, 8]. In recent years, molecular methods based in PCR assays have been used for identification of P. brasiliensis [9, 10, 11, 12]. Primers for the gene encoding the gp43 specific-antigen of P. brasiliensis were used to detect the fungus in P. brasiliensis-infected mice samples and sputum samples from patients with paracoccidioidomycosis [9, 10]. The gp43 gene has been shown to be polymorphic, which may be considered when designing primers for diagnosis [13, 14]. The authors, studying P. brasiliensis strains stored under mineral oil for more than 40 years, discovered strains not capable of growth at 37°C [15]. These mutants impair the dimorphism process and are non-pathogenic to male BALB/c mice [16]. Recently, two new nucleotide sequences ceja-1 and ceja-2 (gene bank accession numbers: AY665294 and AY675239 respectively) present only in virulent P. brasiliensis strains, were obtained by RAPD (Random Amplified Polymorphic DNA) [C. M. Borba, unpublished results].
Compared with conventional single-step PCR, the amplification of DNA based in two-step HN-PCR (hemi-nested polymerase chain reaction) enhances specificity and sensitivity albeit with a risk of contamination due to the manipulation of the PCR products. The use of a single tube HN-PCR diminishes the possibility of contamination of the amplicons. In order to obtain a sensitive, specific and rapid test for P. brasiliensis detection, we have developed a new molecular method of hemi-nested PCR in a single tube based on the amplification of the ceja-1 DNA sequence, specific to P. brasiliensis virulent strains.
MATERIALS AND METHODS
Fungal Strains. The following fungal strains were obtained from the Culture Collection (CCF-IOC) of the Department of Mycology, Oswaldo Cruz Foundation (FIOCRUZ), Rio de Janeiro, RJ, Brazil: P. brasiliensis virulent strains (Pb 18, Pb 339 and Pb IOC 3698) and non-virulent strains (Pb IOC 1059, Pb IOC 1124, Pb IOC 1208 and Pb IOC 1210) [16], Blastomyces dermatitidis (Bd IOC 1298-1), Candida albicans (Ca IOC 3780) and Sporothrix schenkii (Ss IOC 2855-2) strains. The Culture Collection Fungi URM of the Department of Mycology, Federal University of Pernambuco, Recife, PE, Brazil supplied Histoplasma capsulatum (4547) and Aspergillus fumigatus (2603) strains. Finally, three P. brasiliensis strains (Fc/Te, Fs/Te and Ed/Te) recently isolated from patients with
paracoccidioidomycosis were kindly provided by Dr. Liline Maria Soares Martins from the Natan Portella Institute for Tropical Diseases, Teresina, PI, Brazil. All these isolates were first identified by conventional mycological methods.
DNA samples of Coccidioides immitis (64-6776) and Cryptococcus neoformans (111) were provided by the Laboratory of Mycology of the Instituto de Pesquisas Clínicas Evandro Chagas Clinical Research Institute, FIOCRUZ, Rio de Janeiro, RJ, Brazil.
In addition, DNA samples of Mycobacterium tuberculosis (TB2545), Leishmania braziliensis (LBB 2903), Trypanosoma cruzi (strain Y), Schistosoma mansoni (regional strain SLM) and human leukocytes were obtained in our laboratory at the Aggeu Magalhães Research Center FIOCRUZ, Recife, PE, Brazil.
DNA extraction. 250 ml Erlenmeyer flasks containing 100 ml medium were inoculated with fungi strains as shown in Table 1 and incubated in an orbital shaker (model HS 501 digital, IKA Labortechnik, Stanfen, Germany) at 120 oscillations/min. The biomass was separated from the culture supernatant by vacuum filtration using a sterile filter paper (Reagen), and hold in a continuous vacuum until dry. The cellular mat was transferred into a clean tube and lyophilized overnight in a freeze dryer (model L4KR 156, Edwards, São Paulo, Brazil). A total of 50 mg of each dried mycelium was grounded in liquid nitrogen and suspended in 350 µl of extraction buffer (200 mM, Tris-HCL pH 8.5; 250 mM NaCl, 25 mM EDTA and 0.5% SDS). RNAse solution (0.1 µg/ml final concentration) was added and the tube incubated for 15 min at 37oC. Nucleic acids were then immediately extracted with 1 ml of phenol:chloroform:isoamyl alcohol (25:24:1), by brief vortex and centrifugation at 12,000 x g for 5 min (this step was repeated twice). The upper aqueous phase was removed and the DNA precipitated with absolute ethanol at 4°C overnight. After centrifugation at 12,000 x g for 20 min, the pellet was washed with 70% ethanol and suspended in 50 µl of sterile Milli-Q water. DNA was quantified in a spectrophotometer (Ultrospec® 3000, UV/visible Spectrophotometer, Amersham Pharmacia Biotech, New Jersey, USA).
DNA extraction from the clinical samples was obtained by placing an aliquot of 100 µl of lymph node aspirate obtained from the patient with disseminated paracoccidioidomycosis into a 1.5 ml tube containing 350 µl of extraction buffer and submitted to DNA extraction as described above.
Primer design. Oligonucleotide primers were designed based on the nucleotide sequence of ceja-1 from P. brasiliensis (GenBank accession no. AY665294). Alignments were made with the OLIGOS program (version 4.0). Table 2 show the primer sequences, their homologous positions on the ceja-1 sequence and the predicted sizes of the amplified products.
PCR. The reaction mix of the first PCR was performed with 25 ng of genomic DNA from the Pb IOC 3698 virulent strain in a 25 µl reaction volume consisting of PCR buffer (10 mM Tris-HCL, 50 mM KCl), 1.5 mM MgCl2, 200 µM deoxynucleoside triphosphates, 25 pmol of the primers sense PBEXF-2 and anti-sense PBEXR-2 and 1 U of Taq DNA polymerase (Invitrogen, Sao Paulo, Brazil). The second PCR was identical, except that 25 pmol of the internal anti-sense primer PBINR-2 was used with the primer PBEXF-2. Moreover, the second reaction was performed using as template 1 µl of 1:100 dilution of the PCR product from the first reaction and to determine the limit of DNA detection of the one-step PCR, this PCR was also carried out with serially diluted genomic DNA from the Pb IOC 3698 virulent strain (25 ng to 2.5 fg). The amplification condition was 30 cycles of 30 sec at 94oC, 1 min at different annealing temperatures (48 to 70°C) and 1 min at 72oC, followed by a single terminal extension at 72°C for 7 min, performed in a Mastercycler gradient (Eppendorf, Germany).
HN-PCR. The HN-PCR reaction was performed in a 25 µl reaction volume, consisting of a PCR buffer (10 mM Tris-HCL, 50 mM KCl), 1.5 mM MgCl2, 200 µM
deoxynucleoside triphosphates, 25 pmol of primer PBEXF-2, PBEXR-2 and PBINR-2, 1 U of Taq DNA polymerase (Invitrogen) and 25 ng of genomic DNA of fungi or 5 µl of clinical sample DNA. The amplification condition was 15 cycles of 30 sec at 94oC, 30 sec at 52°C, 45 sec at 72oC, followed by 30 cycles of 30 sec at 94oC, 30 sec at 64°C and 45 sec at 72oC, and a single terminal extension at 72°C for 7 min, performed in a Mastercycler gradient (Eppendorf, Germany). In order to determine the limit of DNA detection, a HN-PCR in a single tube was carried out with serially diluted genomic DNA from the Pb IOC 3698 virulent strain (25 ng to 2.5 fg). The universal primers ITS1 and ITS4, derived from highly conserved regions of the fungal rRNA gene, were used as an external PCR control in order to verify the accuracy of the test and to ensure that PCR inhibitors were absent [17].
Electrophoresis. Fifteen microliters of the amplified product was electrophoresed on a 1.5% agarose gel dissolved in Tris-acetate-EDTA buffer. The gel was stained with 0.5 µg of ethidium bromide per ml and the fragment visualized under UV light.
RESULTS
Strategy for primer design. A hemi-nested PCR in a single tube requires three
primers homologous to the genomic DNA of P. brasiliensis. Comparing the sequence of the primer PBEXR-2 that acts only in the first reaction, the primers PBEXF-2 and PBINR-2 have less homology with the ceja-1 sequence and have a small non-homologous “tail” at their 5’ end. This strategy allows the improvement of the annealing temperature of the primer PBEXF-2 in the second reaction because the fragment produced in the first reaction includes the complete sequence of the primer. The 5’end tail of the intern primer PBINR-2 also acts to improve the specificity and accuracy of the second PCR cycle (Figure 1).
Initially, the annealing temperatures of the first and second reaction were analyzed in separate by to allow the optimization of the annealing temperature for both reaction of the HN-PCR. Figure 2 shows that the first reaction amplifies a 404-bp product up to 56°C, while the second reaction produces a 174-bp fragment up to 62°C from genomic DNA template. Figure 3 shows the optimal annealing temperature of the second reaction performed using the PCR product from the first reaction (PCR with set of primers PBEXF-2 and PBEXR-2) as template. The 174-pb PCR product was amplified throughout the temperature gradient examined. The optimal annealing temperature to obtain the amplification exclusively from the PCR fragment produced in the first reaction of the HN-PCR was found to be 64°C since we have shown that this fragment can be produced directly from the genomic DNA up to the annealing temperature of 62°C. The product of the first HN-PCR reaction was also re-amplified at low efficiency up to 66°C. At the annealing temperature of 68°C there is an inversion on the efficiency of the fragments produced, because the second reaction of the HN-PCR is less efficient due to the melting temperature (Tm) of the primer PBINR. Thus, the PBEXF-2, which has its Tm improved by the addition of the non-homologous tail to its 5’ end turns more efficient the re-amplification of the 404-bp fragment produced in the first reaction of the HN-PCR.
HN-PCR in a single tube. The specificity of the primers was tested with the DNA of the virulent strains and non-virulent P. brasiliensis. The specificity was also tested with the DNA of others fungi and organisms. The specificity HN-PCR showed an amplification fragment of 174-pb for virulent strains of P. brasiliensis, moreover it was not possible to amplify this sequence from the genomic DNA of the non-virulent strains of P. brasiliensis. The specificity of this PCR was confirmed by the absence of amplified products with the genomic DNA of Histoplasma capsulatum, Blastomyces dermatitidis, Coccidioides immitis, Sporothrix schenckii, Cryptococcus neoformans, Candida albicans, Aspergillus fumigatus, Mycobacterium tuberculosis, Leishmania braziliensis, Trypanosoma cruzi, Schistosoma
mansoni and human genomic DNA (leukocytes). Genomic fungal DNA samples were submitted to PCR reaction using, as an external control, the universal primers ITS1 and ITS4 to detect a specific genetic element of fungi. Although the genomic DNA of P. brasiliensis non-virulent isolates were not amplified with the specific primers to ceja-1 they are amplified with specific primers to fungal genetic elements (Figure 4). This suggests that the ceja-1 gene can be a virulence factor of P. brasiliensis. The detection limits of the one-step PCR with primers PBEXF-2 and PBINR-2 as well as the limit of the HN-PCR assay in a single tube were evaluated by using 10-fold serial dilutions of genomic DNA extracted from a P. brasiliensis culture. The detection limit of P. brasiliensis target ceja-1 with ethidium bromide staining by one-step PCR was 25 pg, whereas as little as 2.5 fg could be detected by the HN-PCR. The potential diagnosis of this HN-PCR in a single tube was confirmed by the successful amplification of the 174-bp fragment with genomic DNA obtained in the lymph node aspirate from a patient with paracoccidioidomycosis (Figure 5).
DISCUSSION
This work reports a molecular test using primers that selectively amplify DNA from
virulent strains of P. brasiliensis albeit not from non-virulent strains. The primers were designed based on a RAPD genotyping of wild type and mutant strains of P. brasiliensis and thus, the amplified fragment might be a possible marker for virulence (patent pending PI0400742-5). The diagnosis of paracoccidioidomycosis has traditionally relied on the identification of P. brasiliensis from lesions found in infected patients, however the direct examination, in same cases, is not conclusive and the culture process is laborious. The molecular detection of fungi is proposed as an alternative tool for the diagnosis of the mycosis [18, 19, 20, 21, 22, 23]. Recently, PCR assays for the detection of P. brasiliensis in cultures of clinical and environmental isolates [11, 12] and in clinical samples [9, 10] have been developed. The gp43 gene is by far the most studied gene of P. brasiliensis, and is a target for diagnosis. Gomes and coworkers showed a positive amplification of the gp43 gene sequence using five different primers in 42 isolates [10]. PCR assay based on multi copy rRNA genes is also used to increase sensitivity. However, the conserved nature of the rRNA genes may cause nonspecific amplifications. Motoyama and coworkers reported the amplification of the ribosomal 5.8S region of P. brasiliensis with the set of primers OL5 and ITS1 and a cross-reaction with H. capsulatum. It was not clear why it was suggested to perform in parallel (instead of in substitution) another one-step PCR with primers OL3 and UNI-R, homologous to the ribosomal 28S region, to distinguish P. brasiliensis from H. capsulatum [12].
Molecular diagnosis of infectious diseases based on the detection of the pathogen genome by PCR has been used in combination with sequencing, hybridization or a second PCR [24, 25, 26, 27].
Nested PCR is defined as second PCR reaction performed with primers homologous to the internal region of an amplified PCR product used as a template. When the second PCR uses only one internal primer keeping the external to opposite strand the same from the first reaction, it is know as hemi-nested PCR (HN-PCR). The strategy of combing two successive PCRs has been widely studied for molecular diagnosis of viruses [28], fungi [9, 22, 29] and parasites [30]. Imai and coworkers [11] described a PCR using specific primers for the internal transcribed spacer (ITS) regions of P. brasiliensis. Although the reaction was 100% specific, it was suggested the use of nested PCR with the universal primers ITS1 and ITS4 for detection of the fungus in environmental samples.
Diagnosis methods using a combination of two PCR reactions have been shown to improve specificity and the limit of detection of the test. Gomes and coworkers have reported a nested PCR able to detect the 0.6-kb fragment of the gp43 gene sequence in a 10 cells
seeded per ml of sputum from an unrelated patient. However, detection in clinical samples was instead performed using a single PCR with the internal primers of the nested PCR instead [10]. The sensitivity of both PCR strategies were said to be the same, but it was not clear if they had analyzed smaller cell concentrations. Another nested PCR test performed in two tubes was shown to amplify the 196-pb fragment within the gp43 gene sequence in 21 out of 23 lung tissues from P. brasiliensis infected BALB/c mice. The detection limit was 0.5 fg of DNA using gp43-encoding plasmid DNA as a template [9]. Using a single PCR strategy we were able to detect 25 pg of P. brasiliensis genomic DNA in cell culture. Furthermore, the nested PCR increases 104 fold the limit of detection that represents 2.5 fg of DNA.
The annealing temperature of the primer-template complex is a crucial step and depends on the primer sequence, more specifically, its size and C + G contents. In a multiplex PCR, several sets of primers are used to perform DNA amplification in the same conditions. In a nested PCR, the fragment of interest has to be amplified from the PCR product of the first reaction, therefore the condition of both reactions have to be different to ensure that this fragment will not be amplified from the genomic DNA. This fact is more important when performing a nested PCR in a single tube. A nested PCR in separate tubes is feasible however it is easier to get cross contamination leading to false positive results.
We have shown the accuracy of a molecular test for P. brasiliensis detection based on a hemi-nested PCR in a single tube using the genomic DNA of laboratory strains. We also demonstrated the feasibility of using this protocol in specimens from patients with paracoccidioidomycosis.
ACKNOWLEDGMENTS
We would like to thank the supplier of the fungi strains kindly provided for Culture Collection (CCF-IOC) of the Department of Mycology, FIOCRUZ, Rio de Janeiro, RJ, Brazil, Dr. Liline Maria Soares Martins from the Natan Portella Institute for Tropical Diseases, Teresina, PI, Brazil and the Culture Collection Fungi URM of the Department of Mycology, Federal University of Pernambuco, Recife, PE, Brazil.
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TABLE 1. Culture conditions of the fungi isolates.
Isolate Broth Incubate
temperature (°C)
Period of incubation
(days)
P. brasiliensis PYG 23 and 36 13-20
B. dermatitidis ME 23 13
S. schenckii ME 23 13
H. capsulatum Sabouraud 23 13
C. albicans Sabouraud 23 5
A. fumigatus Sabouraud 23 5
PYG (bacto-peptone 5 g/l; yeast extract 5 g/l and glucose 20 g/l)
ME (malt extract 20g/l; peptone 1g/l and glucose 20 g/l)
Sabouraud (peptone 10g/l and glucose 20 g/l)
TABLE 2. Primer sequences
Name DNA sequence (5’-3’) Location Amplicon size (pb)
PBEXF-2
PBEXR-2
PBINR-2
AGGCATGCGGGTCCCCAAAAGG
AAGATTGCTCTCCTGGACG
GCGTGTAGATCTAAGTCAAAACGGT
124-139
510-528
281-298
413
172
FIGURE 1.
FIG 1. Diagram of the HN-PCR amplification scheme. Primer F (PBEXF-2) hybridizes to the 3’-5’ strand. Primer R (PBEXR-2) and INR (PBINR-2) hybridize to the 5’-3’ strand. During the first round of HN, outer and inner primers anneal. During the second round, the annealing temperature is higher than in the first round, and the outer primer “F” hybridizes with more efficiency. The outer primer “R” can not hybridize due to its low Tm.
5’ 3’
R
1st round
3’
5’
INR
5’
F
5’
5’ 3’ R
3’ F
2st round
5’
INR
F 3’
3’
5’5’
F INR
3’ 3’
FIGURE 2.
FIG 2. Annealing temperature optimization of the first and second round of HN-PCR. PCR with outer primers (Higher gel) and with outer and inner primers (Inferior gel). Lanes: 1, 100 pb Ladder; 2, Negative control; Lanes 3 to 14, 48°C, 50°C, 52°C, 54°C, 56°C, 58°C, 60°C, 62°C, 64°C, 66°C, 68°C and 70°C. The first reaction amplifies a 404-bp product up to 56°C, while the second reaction produces a 174-bp fragment up to 62°C from genomic DNA template.
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FIGURE 3.
FIG 3. Annealing temperature optimization of the second round PCR with primers PBEXF-2 and PBINR-2 from the PCR product of the first round. Lanes: 1, 100 pb Ladder; 2, Negative control; Lanes 3 to 14, 48°C, 50°C, 52°C, 54°C, 56°C, 58°C, 60°C, 62°C, 64°C, 66°C, 68°C and 70°C. The 174-pb PCR product was amplified in all temperatures.
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FIGURE 4.
FIG 4. PCR with universal primers ITS1 and ITS4 specifics for fungi in the presence of virulent and non-virulent isolates of P. brasiliensis genomic DNA. Lanes: 1, 100 bp Ladder; 2, Pb 339 (virulent); 3, Pb IOC 3698 (virulent), Lanes 4 to 6 (non-virulent): 4, Pb IOC 1059; 5, Pb IOC 1124; 6, Pb IOC 1208 and 7, Negative control. The genomic DNA of P. brasiliensis virulent and non-virulent isolates was amplified with specific primers for fungus genetic elements.
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FIGURE 5.
FIG 5. HN-PCR in a single tube for paracoccidioidomycosis molecular diagnosis. Lanes: 1, 100 bp Ladder; 2, Negative control; 3, Positive control and 4, Clinical sample. An aliquot of 5 µl of lymph node aspirate DNA from a patient with paracoccidioidomycosis confirmed by direct examination and cell was utilized in a HN-PCR reaction with primers PBEXF-2, PBEXR-2 and PBINR-2 using respectively 52°C and 64°C as the annealing temperatures in the first and second round respectively.
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