clínica da obesidade€¦ · clínica da obesidade 2 1- introduÇÃo exibindo estatísticas...
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Clínica da Obesidade
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1- INTRODUÇÃO
Exibindo estatísticas nacionais e mundiais, vamos, neste artigo,
comprovar que as principais causas de morte no mundo estão relacio-
nadas a doenças das quais a obesidade é a maior geradora. Em países
como Estados Unidos, por exemplo, esse percentual chega a atingir
57,1% da população. São doenças conhecidas por comorbidades, tais
como problemas cardíacos, hipertensão, diabetes, dislipidemia, a aci-
dentes vasculares cerebrais e outros.
Entretanto, grande parte da população desconhece esta grave
situação, considerando a obesidade como, simplesmente, um problema
estético. Porém, em razão da atual pandemia da doença, enfrentada em
todo o mundo, o entendimento da obesidade, realmente como doença,
vem ampliando-se.
Vamos abordar, também, o fato de que apenas 5% das pessoas
que iniciam algum tipo de regime alimentar conseguem conservar o
novo peso adquirido. Em média, um ano após a perda de peso, 95%
das pessoas voltam à situação anterior. Além disso, devemos conside-
rar que a grande maioria dos obesos nem tenta ou não consegue iniciar
um tratamento. Essa situação é agravada pelo fato de que, também, a
maioria dos especialistas dessa área de atividades não se empenha na
divulgação desses índices de insucesso, apesar de estarem cientes de-
les. Isso ocorre em virtude de não haver, ainda, pleno conhecimento,
nem das suas causas, nem de como, objetiva e decisivamente, tratar a
obesidade.
Por fim, vamos abordar a transdisciplinaridade complexa do
tratamento, pois é importante que se tome conhecimento de que uni-
camente a multidisciplinaridade desse tratamento não poderá resolver
o problema. É uma ilusão achar que um simples regime alimentar,
somado a exercícios físicos e assistência médica, solucionará definiti-
vamente a questão. É enganoso, também, deixar de considerar os as-
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pectos psicológicos, emocionais, sociais, informativos e educacionais
da doença. Principalmente, se levarmos em consideração que ainda
são extremamente superficiais e pulverizadas, entre os profissionais de
saúde, a informação e compreensão da importância decisiva, não só da
transdisciplinaridade no tratamento como, também, desses últimos
aspectos abordados: os componentes psicológicos, emocionais, sociais
e, principalmente, informativos e educacionais esses dois últimos
referentes tanto ao autoconhecimento como, também, à compreensão
do indivíduo como ser familiar e social.
A obesidade é, provadamente, uma doença generalizada que
vem atingindo proporções epidemiológicas, afeta milhões de adultos e
crianças e começa a tornar-se um dos principais problemas de saúde
pública em todo o mundo.
Os números dessa pandemia são alarmantes. Dados de 2008,
divulgados pela Organização Mundial de Saúde, revelaram que 67,4%
dos adultos americanos, entre 20 e 79 anos, estão com sobrepeso, com
o índice de massa corporal (IMC) maior ou igual a 25, enquanto no
Brasil esse número chega a 52,8% da população.
O entendimento da obesidade como doença vem, portanto,
ampliando-se sobre os aspectos psíquico, emocional, sociocultural e
orgânico. Doenças crônicas, que antes eram vistas de forma isoladas,
são, hoje, analisadas como efeitos oriundos da obesidade. Sobre esse
aspecto, a obesidade vem ganhando relevância por estar diretamente
associada ao elevado número de mortes precoces, antes dos 70 anos,
sendo comprovado que reduz, em média, 12 anos o tempo de vida. É
geradora, também, da perda da própria qualidade de vida do indiví-
duo, além de provocar incapacidades e alto grau de limitação das pes-
soas doentes, em suas atividades de trabalho, lazer e interações com a
sociedade como um todo.
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2- ASPECTOS DA OBESIDADE NO CAMPO SOCIAL E SUA
RELAÇÃO COM OS INTERESSES PRIVADOS
Um dos mais importantes aspectos a ser observado é a origem,
igualmente, social da doença. Esta se inicia no conflito de objetivos,
facilmente detectado, existente entre os poderes públicos e os interes-
ses privados os primeiros, teoricamente, com a obrigação oficial de
promover a saúde pública; os objetivos privados, sentindo-se no direi-
to de visar, quase que exclusivamente, ao lucro, a despeito dos malefí-
cios à saúde.
O conhecimento de que a ingestão de biscoitos, refrigerantes,
chocolates e fast food ou seja, produtos alimentícios de alto valor
calórico e baixo valor nutritivo tem sido associada à obesidade já é
bastante difundido tanto nos meios acadêmicos quanto entre a popula-
ção leiga. Mas há uma evidente e proposital negligência com os de-
terminantes e efeitos sociais complexos relativos à obesidade e ao
obeso.
A “lógica” do livre mercado (na qual as empresas privadas re-
servam-se o direito de produzir alimentos que podem comprometer a
saúde das pessoas) e a não interferência do Estado que, a princípio,
deveria preservar a integridade de seus cidadãos corrobora as inú-
meras consequências nefastas, atualmente evidentes e amplamente
comprovadas. No tocante a esse “direito” que as empresas têm em
produzir alimentos altamente calóricos o “dever”, com o seu corpo
e a sua saúde, passa a ser do indivíduo. Em outras palavras, como as
empresas são expressões do sistema econômico em vigor, embora,
segundo o raciocínio, gerem males, o inimigo escolhido é o estilo de
vida, ou seja, “a guerra é interna”, do indivíduo contra si mesmo, con-
tra seus desejos e pela conquista do autocontrole.
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Como se não fosse o bastante, esses interesses privados têm
investido intensamente, não só na eleição dos componentes dos pode-
res públicos como, também, em publicidade para vincular suas ima-
gens à promoção da saúde. Chegam, inclusive, a patrocinar entidades
científicas ligadas à saúde, provocando, assim, na consciência coleti-
va, distorções a respeito de seus produtos.
Outro aspecto que devemos observar é que as instituições de
saúde, tais como laboratórios, indústrias farmacêuticas, clínicas, hos-
pitais, “consultórios” e planos de saúde, são controladas, em sua maio-
ria, por entidades privadas e não se livram da mesma “filosofia”, pre-
ponderante, do lucro. Acrescente-se a isso a necessidade da transdis-
ciplinaridade no tratamento da obesidade, o que onera, sobremaneira,
esse tratamento. Para complicar ainda mais, além de exigir um espírito
de complementariedade técnica entre os profissionais de saúde (o que
depende, também, da difícil compreensão da necessidade da própria
transdisciplinaridade no tratamento), essa transdisciplinaridade gera a
consequência de uma partilha de “louros da vitória” e, principalmente,
de lucros auferidos tarefas ainda difíceis para o ser humano consi-
derado “normal”.
O obeso, por sua vez, na maioria das vezes, é desinformado,
não tendo, também, em muitos casos, condições econômicas de arcar
com o elevado custo da complexidade do tratamento. Além disso,
mesmo aqueles que detêm planos de saúde não podem contar com o
“tratamento da obesidade”. Os planos de saúde não lhes reconhecem
essedireito, atendo-se somente ao tratamento, muitas vezes tardio, das
comorbidades, sem, efetivamente, combater suas causas, inclusive e
principalmente, de forma preventiva. O patético da questão é que es-
ses mesmos planos de saúde são onerados por uma avalanche de segu-
rados portadores de comorbidades, com tratamentos caros e índices de
crescimento alarmantes. Aparentemente, não percebem a vantagem,
inclusive comercial, de tratar, preventivamente, a obesidade. Contudo,
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mesmo que percebessem, enfrentariam duas dificuldades básicas: a
primeira refere-se ao fato de que teriam, por um período, relativamen-
te longo, ainda, de arcar tanto com os novos custos dos tratamentos
preventivos como, também, com os atuais custos, consequentes dessa
avalanche de comorbidades. A segunda consiste no fato de que a mai-
oria dos profissionais de saúde não tem conhecimento, ainda, da for-
ma, completa e decisiva, de como tratar a obesidade, principalmente
no sentido preventivo.
3- OBESIDADE NO ASPECTO EDUCACIONAL
Diversos estudos enfatizam a necessidade de intervenções vol-
tadas para a educação em nutrição no tratamento da obesidade, especi-
almente no tocante a crianças e adolescentes. Entretanto, essas inter-
venções em crianças e adolescentes encontram condições biopsicosso-
ciais complexas. Exigem um trabalho com abordagens amplas que
considerem os determinantes culturais e sociais do problema. Além do
ambiente microssocial, representado pela família, responsável pela
introdução da relação da criança com os alimentos, existe a influência
macrossocial, representada por todas as demais relações sociais que
extrapolam o núcleo familiar. E essa questão macrossocial exerce
grande influência em todos os aspectos da vida do indivíduo. É preci-
so considerar que a sociedade de consumo constitui uma sociedade
obesogênica, na medida em que estimula o consumo alimentar. Portanto, podemos considerar uma reação em cadeia:a consci-
ência coletiva familiar (ou falta de consciência) atuando na criança, e
a consciência (?) coletiva social atuando (e, também, já tendo atuado,
previamente, desde a infância) nos componentes do núcleo familiar.
Some-se a isso um “bombardeamento”, constante e, minuciosamente,
planejado dos meios de comunicação e entretenimento custeados
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por interesses privados sugerindo o consumo de alimentos e bebi-
das insalubres e altamente calóricos.
Outro componente nesse trágico contexto consiste na omissão
das escolas na educação alimentar. As escolas incluem em seus currí-
culos muitos ensinamentos dos quais os alunos pouco ou nunca farão
uso. Entretanto, o ato de alimentar-se, a ser utilizado por toda a vida,
de três a seis vezes ao dia, é completamente ignorado.
A esse respeito, poderíamos questionar a relação da omissão
das escolas com a omissão dos poderes públicos e dos seus departa-
mentos que regulamentam os currículos educacionais. Mas, devemos
lembrar, também, a estreita relação existente entre os componentes
desses poderes públicos e os interesses privados, que têm por objetivo
precípuo conservar seus lucros e seus clientes.
A educação nutricional pode desenvolver no indivíduo a capa-
cidade de compreender práticas e comportamentos que propiciem me-
lhores condições para tomadas de decisões e resoluções de problemas
alimentares. Pode promover a busca ativa do educando, de modo que
lhe permita entender os mecanismos de sugestão coletiva, de forma
que a pessoa passe a buscar melhores condições de vida, autonomia,
emancipação e defesa da existência digna. Essa intervenção educacio-
nal deve ser voltada para a formação de valores, consciência crítica e
responsabilidade, tendo como objetivos primordiais o bem conjugado,
tanto do indivíduo como da sociedade, considerada na sua totalidade.
4- VISÃO E OBJETIVOS LIMITADOS DOS INDIVÍDUOS
Exercitando uma visão sintética dos questionamentos expostos
anteriormente, podemos concluir que os sistemas e mecanismos que
compõem a sociedade e atividades humanas, ou seja, por exemplo,
poderes públicos, atividades privadas, quer sejam industriais, de saú-
de, de propaganda e entretenimento ou educacionais (restringindo-
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nos,apenas, aos já citados), visam, preponderantemente, ao lucro indi-
vidual ou limitado a grupos.
Essa é uma consequência natural do estágio ainda reptiliano ou
basal do ser humano, restrito a si próprio ou, no máximo, a pequenos
grupos ou “famílias”. Enfim, é uma falta crônica da capacidade de ter
uma visão de conjunto. Falta ao indivíduo o conceito sistêmico e a
percepçãodesse funcionamento, conjunto e interdependente, de tudo
que existe, a começar pelo próprio sistema orgânico e psíquico, que
compõe sua individualidade, estendendo-se também para a sociedade.
Principalmente, carece o ser humano da falta de capacidade de sentir e
perceber em sua essência abrangente e decisivamente verdadeira
que tudo está interligado, e que conjuntos de sistemas menores
compõem sistemas maiores, de forma gradual e sucessiva.
O ser humano cuida do seu “bem-estar”, mesmo que em detri-
mento do mal-estar da comunidade ou sistemas humanos maiores. Em
virtude dessa falta de visão de conjunto, seu próprio ser individual
orgânico, emocional, psicológico e vivencial passa a ser a principal
vítima.
Como estamos, especificamente, tratando da obesidade, pode-
mos citar que, nesse campo, a busca do prazer ou compensação de
sofrimento, concentrada no paladar, gera inúmeros “desprazeres” e
sofrimentos e, por fim, a destruição e desgaste precoce do organismo,
causando a morte prematura. O ser humano, com suas sensações iso-
ladas do conjunto que compõe sua individualidade, ignora a própria
“comunidade” orgânica e existencial.
Portanto, em razão, sobretudo, do estágio evolutivo no qual se
encontra ainda a humanidade como um todo,a obesidade, atualmente,
é um mal muito mais em estágio de crescimento e agravamento do que
de solução. Estudos e estatísticas comprovam seu crescimento acele-
rado. De 1974 a 2012, o número de pessoas que apresentam sobrepeso
sextuplicou, alcançando, hoje, cerca de 52,8% da população brasileira
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e 67,4% da população americana, por exemplo. Em alguns países,essa
proporção chega a atingir a dos 80% da população. Levando-se em
consideração que esses índices triplicaram nos últimos 10 anos a-
crescido do fato que o grande público não se alertou, ainda, para a
gravidade do problema poderíamos prever, para os próximos anos,
perspectivas trágicas e alarmantes no mais alto grau.
Podemos concluir que falta ao ser humano o conhecimento de
si próprio, do sentido da sua vida, do autoconhecimento, componentes
indispensáveis e essenciais ao grupo transdisciplinar de terapias res-
ponsáveis pelo tratamento da obesidade.
5- NEUROCIÊNCIA E OBESIDADE
A Neurociência dedica-se ao estudo do sistema nervoso, le-
vando em consideração a interdisciplinaridade na compreensão do
controle neural do comportamento. Aborda mecanismos de sensação,
percepção, memória, emoção, plasticidade neural (capacidade do cé-
rebro em desenvolver novas conexões sinápticas entre os neurônios a
partir da experiência e do comportamento do indivíduo) e os aspectos
de integração de funcionamento do sistema nervoso.
A Neurociência tem sido, amplamente, usada por empresas do
ramo alimentício (utilizando uma abordagem neurossensorial, proces-
sos perceptivos, cognitivos e afetivos) na tentativa de encontrar com-
binação perfeita entre açúcar, sal e gordura, visando ao consumo de
seus produtos em maior quantidade e que estes se tornem irresistíveis
para o paladar humano.
Neurocientistas dedicam-se à análise e produção de alimentos
que provoquem reações químicas, de imenso prazer, no cérebro e, com
isso, promovam um consumo exagerado. Essa ciência, embutida nos
alimentos industrializados, pode ser associada ao comportamento de
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compulsão alimentar, ao vício que determinados alimentos geram,
trazendo como principal resultado a obesidade dos indivíduos.
6-ASPECTOS TERAPÊUTICOS, INFORMATIVOS E EDUCA-
TIVOS
O indivíduo, considerado normal, está, desde a infância, sub-
metido a todo um mecanismo, direto e indireto, de condicionamento
de atitudes e estilos de vida. No que diz respeito, também, à alimenta-
ção, os meios de propaganda sobrecarregam, estrategicamente, os pro-
gramas de televisão com anúncios de alimentos pouco saudáveis e de
alto valor calórico. Principalmente, as crianças são vítimas e alvos
fáceis desse mecanismo. Como consequência, a preocupação com a
obesidade infantil passou a ocupar o lugar que, anteriormente, cabia à
desnutrição, no rol das doenças infantis com maior grau de incidência.
Além do mais, existem outros fatores comerciais importantes,
que exigem essa concentração de propaganda na população infantil.
As grandes empresas preveem com décadas de antecedência suas pro-
gramações financeiras e operacionais. Certamente, dentro de 10 e 20
anos, as crianças de hoje serão os adultos e os pais de amanhã, que
deverão continuar consumindo e, principalmente, comprando produtos
para si próprios e seus filhos. Porém, não somente as crianças são vítimas. Os adultos, ao da-
rem passagem às exigências de sua “criança interior”, buscam, no pra-
zer do alimento, uma compensação para os sofrimentos, problemas e
dificuldades do cotidiano.
Estudos e pesquisas estão demonstrando, paralelamente, que a
obesidade está tendo um maior grau de incidência nas populações de
menor poder aquisitivo. Esta, a princípio, parece ser uma constatação
controversa. Não obstante, podemos depreender desse fato que o pra-
zer de comer pode ser substituído por outros prazeres quando o indi-
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víduo dispõe de maior poder aquisitivo. O alimento, por sua vez, hoje,
é acessível ao grande público e, em sua maioria, já vem pronto para
ser consumido, passando a ser uma alternativa, relativamente, barata e
de prazer imediato.
Portanto, é essencial, decisivo que o indivíduo se torne consci-
ente desses mecanismos individuais e sociais aos quais está submeti-
do, tornando-se proativo com relação a si mesmo e à sociedade. A
partir do momento em que perceber suas próprias distorções com
relação à individualidade como um todo bem como as distorções
sociais, às quais está submetido, poderá libertar-se e livrar-se, pacífica
e rapidamente, de todas as suas consequências nefastas. Além disso,
poderá, ao mesmo tempo, influenciar, decisivamente, a família e a
comunidade, não só com seu exemplo, ao assumir novas atitudes, co-
mo, também, difundindo seus conceitos e informações renovadas. E o
mais beneficiado de toda essa mudança será o próprio indivíduo, que,
com suas novas práticas e atitudes, poderá consolidá-las, principal-
mente, intimamente, em si mesmo.
Além do mais, como ser feliz? Como sentir prazer de outras
maneiras, se, na forma primitiva de animal superior, o homem comum
ainda depende de forma concentrada e sem aparente alternativa
dos cinco sentidos (dentre os quais relacionamos o paladar) e das
emoções, predominantemente, inferiores para sentir-se “vivo” e con-
quistar sensações e estímulos que o levem a breves momentos de pra-
zer e euforia, confundidos com bem-estar e felicidade?
Some-se a tudo isso, o estágio, ainda simplório e instintivo, no
qual se encontram grande parcela dos seres humanos. Muitos, ainda,
afirmam: “Que adianta ter saúde, viver mais, se vou sentir-me infeliz,
privando-me do que gosto de comer e gozar? Prefiro viver menos, mas
viver prazerosamente!”.
Não é tão difícil, contudo, entender o mal, em forma de doen-
ças físicas e psicológicas, que essas buscas do prazer, primitivo e ime-
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diato, da satisfação de instintos e sensações, inevitavelmente acarre-
tam. Porém, é um pouco mais difícil, mas não impossível, fazer uma
parcela dos indivíduos compreender e sentir a felicidade e autorreali-
zação que existem na conquista, abrangente, da saúde e do equilíbrio
orgânico, psicológico e vivencial.
Deve-se, portanto, associar, intimamente, a informação, educa-
ção e o autoconhecimento a um trabalho psicológico-terapêutico ofe-
recido por múltiplos setores da psicologia contemporânea que vi-
sam, sobretudo, à busca e despertamento do real sentido da vida
dentre os quais podemos citar como exemplo a Logoterapia e a Psi-
cologia Transpessoal.
7-A COMPREENSÃO DO SENTIDO DA ALIMENTAÇÃO,
NUTRIÇÃO E QUALIDADE DOS ALIMENTOS
Obviamente, ingerir alimentos, nem sempre consiste em nutrir-
se. O ser humano, entretanto, necessita basicamente de nutrição e, à
medida que vai evoluindo nos seus conhecimentos e sentido de vida,
tende muito mais a desenvolver o ato de nutrição do que o de simples
ingestão de alimentos e saciedade da fome. Com esses objetivos superiores, as pessoas devem aprender a
fazer uma autoanálise, examinando as condições da própria alimenta-
ção. Devem ver se estão pensando basicamente na nutrição. Mesmo
que este seja o principal objetivo, devem verificar o que está sendo
mais significativo, se a quantidade ou a qualidade dos alimentos, ob-
servando, também, os resultados produzidos por aqueles no organis-
mo.
Há pessoas que alegam comer de tudo e nada lhes fazer mal.
Para elas, a falta de maleabilidade do organismo indica um estado de
saúde. Na realidade, porém, a ausência de sintomas deve-se, muitas
vezes, à total incapacidade de reação orgânica. Saúde, portanto, não
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significa ausência de sintomas psicofísicos. Um quadro sintomático
representa atitude de defesa do organismo. Por outro lado, a ausência
de sintomas pode significar, ao mesmo tempo, ausência de saúde. Um
estado de saúde autêntico constitui estado de defesa autêntica. Tantas
vezes o organismo seja atingido, tantas vezes deverá reagir, deverá
desintoxicar-se, mesmo que isso signifique adoecer.
É inegável, também, a relação íntima que existe entre alimen-
tação, temperamento e comportamento, ou seja, o efeito psicológico
do alimento no ser humano. O homem, ao alimentar-se indevidamen-
te, sofre a indução de atitudes comportamentais indesejáveis. Torna-se
obvio, portanto, a grande necessidade de se avaliar esses efeitos no
comportamento humano.
Na proporção que o indivíduo ainda for mais instintivo, tanto
mais irá requisitar, como será requisitado, a deliciar-se das sensações
proporcionadas pela ingestão de alimentos indevidos, bebidas alcoóli-
cas e outros vícios. Estesserão destinados a sensibilizar e estimular seu
lado instintivo ainda no comando, originário do animal superior, que
continua sendo também, mas que não é unicamente (pois, o homem
possui, simultaneamente, o lado hominal e consciencial, ainda latente
ou em desenvolvimento). Em virtude do embrutecimento do paladar, a
sensação de gosto vai tornando-se cada vez mais fraca, levando o in-
divíduo ao uso de alimentos com sabores fortes.
Considerando-seesse fato, as pessoas deverão ter consciência
de algo que é fundamental: devem mudar seus hábitos alimentares
independentemente de sentir ou não, inicialmente, os sabores de forma
acentuada. À medida que o organismo for se recuperando, o paladar
vai sendo reativado e as pessoas passam, então, a sentir o gosto dos
alimentos mais suaves. A sensibilidade do organismo vai evoluindo ao
ponto de não sentir mais necessidade de alimentos muito sofisticados
e agressivos para sensibilizar o paladar.
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8- A ESCOLHA DOS ALIMENTOS
Tratando-se, principalmente, dos obesos, a simples diminuição
da quantidade de alimentos, sem pensar na qualidade, dificilmente
solucionará seus problemas. Teoricamente, a diminuição da quantida-
de de calorias resolve a questão da obesidade orgânica. Mas não re-
solve o problema da “obesidade” psicológica e comportamental. Estas,
de acordo com estatísticas e estudos, voltarão a assumir, totalmente, o
“comando” dos obesos, em média, um ano após a conquista do provi-
sório emagrecimento, ocorrido, unicamente, no aspecto orgânico.
Portanto, ao continuar a consumir os mesmos alimentos, o in-
divíduo, temporariamente emagrecido, continuará a alimentar seus
comportamentos anteriores, que o levaram ao adoecimento. Qual é,
portanto, a solução? Optar, também, pela qualidade dos alimentos.
Os alimentos energética, psicológica e comportamentalmente
mais reconstituintes e indicados são os alimentos retirados da Terra,
do laboratório terrestre, elaborados pela natureza e não pelo homem.
São as verduras, hortaliças, os legumes e cereais e, principalmente, as
frutas da época e da região.
Muitos desses alimentos, além de possuírem teor hídrico bas-
tante alto, são portadores de menos calorias, podendo ser consumidos
em muito maior quantidade. O mesmo não ocorre com os outros tipos
de alimentos, industrializados ou processados pelo homem. Para efeito
de emagrecimento, eles devem ter diminuídas, drasticamente, suas
quantidades, principalmente, por ocasião do regime alimentar e
mais difícil ainda mantidas, posteriormente, por toda a vida. Além
do mais, com referência a muitos dos alimentos orgânicos, pertencen-
tes ao primeiro grupo, o organismo gasta, na própria digestão, cerca de
25% das calorias ingeridas. Quando se trata, todavia, de alimentos
refinados, industrializados ou cozidos e processados, portanto “pré-
digeridos”, esse percentual, na maioria dos casos, não passa dos 5%.
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Além disso, os alimentos refinados, por serem fontes, prioritariamen-
te, de carboidratos simples, transformam-se, rapidamente, em açúcar e
elevam a glicemia. Esse excesso de açúcar, se não for utilizado pelo
corpo, irá transformar-se, por sua vez, rapidamente, em gordura e ar-
mazenado no organismo, facilitando, assim, o ganho de peso. Some-se
a tudo isso o fato de que até a digestão dos alimentos orgânicos é mais
demorada, permanecendo, esses, mais tempo no estômago, prolon-
gando a sensação de saciedade.
9- A SEGREGAÇÃO ORGÂNICA
No entanto, selecionar as boas substâncias alimentícias, por si
só, não basta. São necessários, também, a conquista e o controle da
segregação orgânica que irá atuar nessas substâncias alimentícias.
Convém lembrar que o objetivo da alimentação deriva-se da necessi-
dade de reposição das substâncias químicas e energéticas a ser reali-
zada por intermédio dos alimentos. Todavia, para que essas substân-
cias e conteúdos energéticos possam ser absorvidos, é necessário que
entrem em combinação químico-orgânica com as substâncias segrega-
das pelo organismo no ato da metabolização alimentar. Além disso, a
qualidade dessas substâncias segregadas irá depender do estado emo-
cional e orgânico no momento da alimentação.
Tudo deverá ter início com o ato de mastigar. Quando o ali-
mento é insalivado, por meio de uma mastigação mais demorada, a
saliva atua na diluição da massa alimentar, ajudando, decisivamente,
na eficiência e realização dos reais objetivos da digestão estomacal.
Uma boa nutrição dependerá, portanto, obviamente, da escolha
apropriada dos alimentos. Por outro lado, é igualmente necessário que
haja predisposição favorável do organismo para o recebimento dos
alimentos absorvidos. O corpo humano segrega substâncias que vão se
aliar aos elementos introduzidos no organismo, compatibilizando-se
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com eles e gerando um terceiro estágio que constitui a metabolização
daquilo que foi ingerido.
No entanto, essa predisposição favorável irá depender do esta-
do emocional ou da maneira como a pessoa se sente ou se comporta
durante o ato alimentício. As funções metabólicas reagirão de acordo
com esse aspecto emocional, sendo diretamente influenciadas pelas
atitudes internas e externas assumidas perante o alimento.
O homem interfere, portanto, energeticamente, quimicamente,
comportamentalmente no alimento, tanto quanto o alimento no ho-
mem. Consequentemente, é de vital importância que a pessoa mante-
nha atitude integrativa no ato de se alimentar. Por conseguinte, são
decisivos para uma boa digestão, o ambiente disponível e a concentra-
ção do indivíduo durante o ato da ingestão dos alimentos.
10-AS INFLUÊNCIAS GENÉTICAS E COMPORTAMENTAIS
A constituição estrutural do ser humano é, minuciosamente,
planejada desde as formações infinitesimais, energéticas e materiais.
Na sua totalidade, o indivíduo não é, estruturalmente, apenas, matéria
densa; é muito mais que isso. Os fatores energéticos e hereditários,
que propiciam as formações corpóreas, não se restringem, apenas, a
gerar uma estrutura física. Existe toda uma engrenagem sutil, ou psí-
quica e energética, muito mais complexa. As doenças e desequilíbrios,
que criam quadros traumáticos no nível físico, não são, em sua maio-
ria, adquiridos, como muitos supõem, mas sim congênitos e de uma
origem mais profunda do que as normalmente consideradas. Existe,
para muitos, uma chance de que uma doença congênita aconteça ou se
manifeste e, de um modo geral, as pessoas pensam que as causas fo-
ram adquiridas recentemente.
O homem encontra-se, ainda, por sua vez, muito frágil, suscep-
tível às influências externas. Por isso, muitas vezes, não suporta a
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pressão do meio ambiente. Dessa forma, permite que se estabeleça, ou
se restabeleça, nele, uma padronização equivalente à do ambiente que
o influencia.
O ser humano desenvolve-se, também, quase que separada-
mente em seus níveis de consciência. Falta-lhe condições para a inte-
ração dos seus diversos estágios vivenciais, principalmente, concilian-
do o animal superior, que é, com o ser hominal ou consciencial, que
também o compõe. Carece, portanto, do estabelecimento de uma es-
trutura individual unificada. Quando ele se encontra deficiente, dividi-
do no seu desenvolvimento de ser instintivo e animal e de ser homi-
nal consciente dá lugar a que surjam formações não desejáveis, as
quais podemos classificar de anomalias genético-informativas. Essas
formações propagam-se, por sua vez, inevitavelmente, até o nível físi-
co.
Para complementar, devemos abordar o conceito de herança
genética. Essa vai muito além das características, físicas e psicológi-
cas, transmitidas, unicamente, pelos pais. É evidente a transmissão de
caracteres que permanecem se manifestando em povos e raças, não só
no aspecto físico como, também, comportamental.
Tem, entretanto, o homem, o poder de transformar todas as ca-
racterísticas herdadas e essa é, essencialmente, a sua tarefa individual
e social, a qual podemos denominar “evolução”.A evolução não está,
porém, unicamente, restrita a grandes espaços de tempo nem à socie-
dade como um todo. O homem pode, e é seu dever, evoluir, constan-
temente, também, no nível individual, envolvendo sentimentos, atitu-
des e no sentido da própria vida pois, a evolução da sociedade hu-
mana, dependerá, obviamente, da evolução individual dos seus com-
ponentes.
Que tem tudo isso a ver com o tratamento da obesidade? Repe-
timos, que compete, igualmente, a cada um de nós a conquista do de-
senvolvimento individual, das transformações físicas, psicológicas e
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comportamentais necessárias, entre as quais devemos incluir, também,
aquelas que irão definir o estado insalubre de obesidade. Essa obesi-
dade, por sua vez, poderá ser transmitida de forma complexa, porém,
claramente, detectável. Terá amplas possibilidades de atingir e domi-
nar os filhos dos obesos, herdeiros, além de características psicológi-
cas, de hábitos alimentares e estilos de vida.
11-O DESENVOLVIMENTO DA SENSIBILIDADE E A RECI-
DIVA DA OBESIDADE
A sensibilidade representa a capacidade ultradinâmica da de-
tectação dos níveis vibratórios que, na consideração do ser humano,
são interpretadas como sensações positivas ou negativas, boas ou ru-
ins, agradáveis ou desagradáveis. O poder de comunicação do corpo, a
sua capacidade de captar estímulos, é justamente a maior sensibilidade
atuante.
Numa escala denominada “espectro eletromagnético”, desde os
curtos raios gama às longas ondas de rádio, toda a energia radiante é
transmitida por ondas eletromagnéticas à velocidade da luz. Embora o
homem, no seu estágio atual, perceba algumas delas como calor e veja
outras como luz, a grande maioria continua imperceptível aos sentidos
humanos.
O homem embotado, intoxicado, tem seu poder de sensibilida-
de ainda mais diminuído e, em consequência, apela para estabelecer
níveis de sensibilização grotescas. Dentre essas, incluímos a super-
concentração no paladar, associada a todo um estilo de vida e valores
correspondentes.
É, pois, necessário que o obeso em tratamento proporcione a si
mesmo um meio ambiente renovado que lhe dê a oportunidade de uma
recuperação física (muscular e articular), orgânica, psicológica e, so-
bretudo, voltada para a ativação ou reativação da sensibilidade interin-
Clínica da Obesidade
19
fluenciativa, em níveis mais elevados. Será a conquista ou reconquista
do contato e “diálogo” positivos com o mundo exterior que, de um
modo geral, foram drasticamente reduzidos em consequência da reclu-
são e isolamento ocasionados pela obesidade. O obeso em tratamento
deve, por conseguinte, “pagar o preço” e adquirir consciência e força
de vontade suficientes para poder selecionar melhor seus ambientes e
atividades.
É necessário, inicialmente, que os objetivos a serem alcança-
dos sejam facilitados e reforçados pela boa convivência e influência
ambiental. Acima de tudo, de propiciar a recuperação ou conquista da
capacidade de sentir o prazer, agora refinado, do contato com a natu-
reza, por exemplo, e com a vida exterior, além da própria individuali-
dade. Por fim, que a conquista da saúde, da evolução do próprio ser,
bem como de todos esses novos prazeres mais aprimorados e sem “e-
feitos colaterais”, venham substituir, em grande parte, o prazer anteri-
ormente superconcentrado, instintivamente, no paladar.
Portanto, a desintoxicação orgânica, comportamental e psíqui-
ca representa fator importante no tratamento da obesidade. Tudo está e
estará, sempre, relacionado e interligado. Para o obeso, temporaria-
mente emagrecido, caso esse embrutecimento generalizado tenha per-
sistido e não sido transformado, ele voltará, inevitavelmente, a definir
e comandar suas escolhas, estilos de vida e prioridades. Ora, se esses
fatores foram os causadores da sua patologia, certamente, provocarão
uma inevitável recidiva.
Conjugando-se, transdisciplinarmente, os fatos e informações
expostos anteriormente, podemos depreender, tratando-se de obesida-
de, que seu controle ou solução depende, também, basicamente, de
fatores relacionados ao desenvolvimento da individualidade e da soci-
edade como um todo. Ao indivíduo cabe a tarefa de substituir e refinar
seus conceitos de prazer e felicidade, bem como adquirir a sensibili-
dade específica do prazer refinado do bem comum. Isso, não só com
Clínica da Obesidade
20
relação à própria individualidade, como, também, da coletividade. A
sociedade será, então, um reflexo positivo dos seus componentes indi-
viduais. Nessa altura, a exploração, a serviço do lucro particularizado,
cessará, naturalmente. A manipulação e industrialização de determi-
nados alimentos, hipercalóricos e insalubres, cessarão, também.
12- CONCLUSÃO
Em uma visão abrangente de tudo que foi exposto, podemos
concluir que as causas da obesidade são multifatoriais e, ainda, de
difícil entendimento para o ser humano considerado “normal”. O
mesmo ocorre com as soluções e providências a serem adotadas, vi-
sando seu controle. O conceito de transdisciplinaridade, essencial a
uma solução integrada, esbarra na dificuldade do conceito de abran-
gência, da visão, sistêmica, de que tudo está interligado. Podemos,
então, inferir que, não só a obesidade como, também, todos os confli-
tos, angústias e sofrimentos humanos são ocasionados pela autolimita-
ção do próprio mundo em que vivemos.
A ausência do aspecto informativo e educacional, desde a in-
fância, dificulta, sobremaneira, todo esse entendimento. Que devemos
comer? Qual o sentido da alimentação? Como devemos proceder ao
ingerir alimentos? Qual a importância da segregação orgânica, apro-
priada a cada tipo de alimento? Surge, então, a necessidade da educa-
ção alimentar. Da escolha, preferencialmente, dos alimentos orgâni-
cos, produzidos pela natureza, em substituição aos processados pelo
homem. São os legumes, cereais, as verduras e, principalmente, as
frutas da época e da região, ingeridos de forma apropriada a propor-
cionar a segregação orgânica e digestão satisfatórias.
É inegável que o desconhecimento da relação, intima, entre a-
limento e temperamento, faz com que o indivíduo, embotado e cada
Clínica da Obesidade
21
vez mais insensível, opte, preferencialmente, por alimentos indevidos
com sabores fortes, bebidas alcoólicas e outros vícios. São os próprios
alimentos influindo nas condições da saúde, nos comportamentos,
sentimentos e na capacidade de percepção, raciocínio e sensibilidade
do ser humano.
Some-se à omissão das escolas e dos poderes públicos, todo
um condicionamento ao qual são submetidos adultos e crianças. Este é
o propósito da maioria dos programas de televisão, filmes e de uma
complexa rede de atividades destinada a fazer chegar ao público men-
sagens e sugestões, não só objetivas, como, também, indiretas e sub-
liminares. São os interesses privados, que se sentem no direito de pro-
duzir e sugerir produtos, alimentos e bebidas desaconselháveis, ca-
bendo ao consumidor, desinformado, deseducado e condicionado, a
“responsabilidade” da escolha e da defesa de sua saúde e bem-estar.
Acrescente-se a tudo isso o fato de que a maioria das institui-
ções de saúde está subordinada ao mesmo conceito de lucro. O custo,
elevado, do tratamento ideal, transdisciplinar, inviabiliza-o, atrelado,
ainda, à incompreensão da maioria dos profissionais da área de saúde
e educacional com relação à complementariedade das suas múltiplas
funções e atividades.
Surge, então, o prazer de comer, tentando compensar angústias
e sofrimentos. A comida processada, relativamente, mais acessível às
classes de menor poder aquisitivo, vem provocando, por sua vez, mai-
ores índices de obesidade nessas classes, econômica e culturalmente,
menos favorecidas. Além do mais, como ser feliz? Como sentir prazer
de outras maneiras? “Que adianta ter saúde, viver mais, porém, sen-
tindo-se infeliz, privando-se do que se gosta de comer e gozar?” É,
portanto, a obesidade um “subproduto” de toda uma situação, ainda,
precária, não só do cidadão um ser dividido e semiconsciente da sua
complexa composição psicossocial e psico-orgânica como, também,
da sociedade como um todo. Expressa-se, essa sociedade, da mesma
Clínica da Obesidade
22
forma: como o macrosser coletivo, que realmente é, porém, com sua
extensa lista de mazelas,também, coletivas, dentre as quais podemos
incluir a obesidade. São essas, claramente, o reflexo da situação de
seus componentes individuais. Projetam estes, na sociedade, no gran-
de ser social, suas deficiências pessoais, gerando a falta do sentido de
complementariedade, responsabilidade coletiva e bem comum.
A todos esses fatores, adicionem-se as influências genéticas,
comportamentais e a pressão que o meio ambiente exerce no indiví-
duo. Tudo isso deve, porém, levar cada pessoa à conquista do desen-
volvimento de si mesma, das transformações físicas, psicológicas e
comportamentais, que irão influir nas transformações individuais e,
também, da coletividade. É necessário, entretanto, que o ser humano,
além de tomar consciência de todos esses mecanismos, adquira a força
de vontade para conquistá-los ou reformulá-los e, principalmente,
concorde em pagar o preço justo por tudo o que almeja.
Finalmente, as escolas poderão adotar, em seus currículos, ma-
térias específicas sobre nutrição e autoconhecimento. Os profissionais
de educação e saúde estarão aptos a compreender, profundamente, a
função da transdisciplinaridade no tratamento de todos os males, agora
reconhecidos como de origem energética, psíquica, orgânica, genética,
educacional, informativa, comportamental e social. Os tratamentos
preventivos assumirão, então, a liderança de todas as atividades rela-
cionadas à saúde, associando-se, intimamente, à informação, educação
e autorrealização do ser humano.
Clínica da Obesidade
23
ANEXOS
Clínica da Obesidade
24
ANEXO A - A CARACTERIZAÇÃO DA OBESIDADE
O método mais utilizado para classificar o indivíduo como o-
beso é o proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS), por
intermédio da medição do índice de massa corporal (IMC). Esse índi-
ce é obtido dividindo-se o peso em quilos, pelo quadrado da altura em
metros. Quando esse índice é maior que 40 Kg/m2, considera-se a pes-
soa possuidora de obesidade mórbida. Naturalmente, esse índice conta
com limitações por só levar em consideração o peso e a altura, o que
pode classificar, de forma semelhante, um halterofilista e um indiví-
duo obeso.
Tabela 1 – Classificação de peso pelo IMC
Classificação IMC
(Kg/m2)
Risco de co-
morbidades
Baixo peso < 18,5 Baixo
Peso normal 18,5 – 24,9 Médio
Sobrepeso ≥ 25 ____
Pré-obeso 25,0 a 29,9 Aumentado
Obeso I 30,0 a 34,9 Moderado
Obeso II 35,0 a 39,9 Grave
Obeso III >40 Muito grave
Fonte: Diretrizes Brasileiras de Obesidade, 2009, p. 11
O segundo parâmetro mais utilizado na avaliação de pacientes
obesos leva em consideração a medição da circunferência abdominal,
que induz à diferenciação de dois padrões distintos de obesidade: a
androide, também conhecida como obesidade abdominal e a ginecoi-
de. A obesidade abdominal é comparada com a forma de uma maçã,
caracterizada por estar concentrada, preferencialmente, no abdome. Os
obesos que possuem esse tipo de apresentação estão mais suscetíveis
Clínica da Obesidade
25
àmanifestação da síndrome plurimetabólica resistência à insulina,
tríade lipídica e hipertensão arterial (REAVEN, 1995). Segundo Mady
e Fernandes (2002), “em decorrência destas manifestações, essa forma
de obesidade está relacionada a um maior risco cardiovascular e sua
identificação caracteriza o paciente como de alto ris-
co”.obesidadeginecoide, por sua vez, é comparada com a forma de
uma pera.
Quando a caracterização não é tão óbvia, existem parâmetros
numéricos que levam em consideração a medida da circunferência
abdominal e o sexo, indicando o maior ou menor risco de hipertensão
arterial, dislipidemia, diabetes mellitus e doença cardiovascular.
Tabela 2 – Combinação das medidas de circunferência abdo-
minal e IMC para avaliar obesidade e risco de diabetes e doença car-
diovascular
Circunferência abdominal (cm)
Riscos de complica-
ções metabólicas
IMC
(kg/m2)
Homem:
94–102
Mulher:
80 – 88
102 +
88 +
Baixo peso < 18,5 _ _
Peso saudável 18,5– 4,9 _ Aumentado
Sobrepeso 25 – 29,9 Aumentado Alto
Obesidade ≥ 30 Alto Muito alto
Fonte: Diretrizes Brasileiras de Obesidade, 2009, p. 14
Segundo Porth (2004), a obesidade era definida, limitadamen-
te, como uma condição caracterizada por excesso de gordura corporal.
Essa “condição” não estava, em nenhum momento, relacionada como
fator de saúde ou doença. Todavia, sabia-se que o excesso de peso,
derivado de um estado de acúmulo de gordura corporal, já era consi-
Clínica da Obesidade
26
derado como fator de risco de doenças como hipertensão, hiperlipide-
mia, diabetes, doença coronariana e outras mais (PORTH, 2004).
ANEXO B – PRINCIPAIS DOENÇAS ORGÂNICAS E PSICO-
LÓGICAS RELACIONADAS À OBESIDADE
O excesso de peso é associado ao aumento de morbidez e mor-
talidade, e os riscos estão diretamente relacionados com o ganho de
peso. Indivíduos obesos morrem mais de infarto agudo do miocárdio e
acidente vascular cerebral quando comparados com indivíduos de pe-
so normal (WAITZBERG, 2000).
Segundo as diretrizes da NCEP-ATP III, as comorbidades or-
gânicas relacionadas ao excesso de gordura corporal podem ser classi-
ficadas em cinco grandes categorias: síndrome metabólica, cardiopati-
as, câncer, aumento de carga sobre a estrutura corporal e limitações
físicas agravadas pela obesidade.
Síndrome metabólica:
hipertensão arterial sistêmica;
diabetesmelittus tipo 2;
intolerância à glicose;
glicemia de jejum alterada;
dislipidemias;
hipertrigliceridemia;
HDL baixo;
hipercolesterolemia;
hiperuricemia;
doença hepática gordurosa não alcoólica e esteato-
hepatite não alcoólicas.
Clínica da Obesidade
27
Cardiopatias:
cardiopatia isquêmica;
insuficiência cardíaca congestiva;
corpulmonale;
outras cardiopatias;
síndrome da hipoventilação pulmonar relacionada à
obesidade;
dispneia aos esforços.
Câncer:
colo-retal;
endométrio;
esôfago;
mama;
pâncreas;
rins;
vesícula;
síndrome dos ovários policísticos;
infertilidade.
Comorbidades relacionadas ao aumento de carga sobre a estru-
tura corporal:
artropatias;
insuficiência venosa periférica e suas complicações;
apneiaobstrutiva do sono;
refluxogastroesofágico;
hérnias da parede abdominal;
incontinência urinária de esforço.
Comorbidades relacionadas a condições de limitação
física, agravando a obesidade:
amputação de membro(s) inferior(s);
sequela de paralisia infantil ou paralisia cerebral;
Clínica da Obesidade
28
sequela de acidente vascular cerebral (AVC);
tetraplegia, paraplegia ou hemiplegia.
As comorbidades orgânicas mais recorrentes em obesos são:
hipertensão arterial, diabetes mellitus, aterosclerose, e apneia obstruti-
va do sono.
Lolio (1990) define a hipertensão arterial,ou pressão alta,
como uma doença que compromete os vasos sanguíneos, coração,
cérebro, olhos e pode causar paralisação dos rins. É caracterizada
quando a medida da pressão se mantém, frequentemente, acima de
140 por 90 mmHg. Tem como origem mais comum a hereditariedade,
mas há vários fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial,
entre eles: fumo, uso de bebidas alcoólicas, obesidade, estresse, gran-
de consumo de sal, níveis altos de colesterol e falta de atividade física.
Sabe-se que sua incidência é maior na raça negra, aumenta com a ida-
de, é mais comum entre homens com até 50 anos e acomete mais as
mulheres acima de 50 anos, possuindo, ainda, maior incidência entre
os diabéticos.
De acordo com o Ministério da Saúde (2001), o Diabetes Mel-
litus (DM) é uma síndrome de etiologia múltipla , decorrente da falta
de insulina e/ou da incapacidade da insulina exercer, adequadamente,
seus efeitos. Caracteriza-se por hiperglicemia crônica, com distúrbios
do metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas. As consequên-
cias do DM , em longo prazo , incluem disfunçao e falência de
váriosórgãos, especialmente rins , olhos, nervos, coraçao e vasos sa n-
guíneos.
Segundo o cardiologista, Bruno Valdigem (2015), a Arterios-
clerose é uma doença inflamatória crônica de origem multifatori-
al.Proporciona o acúmulo de placas de gordura, colesterol e outras
substâncias nas paredes das artérias, estreitando-as, prejudicando o
fluxo sanguíneo. Pode levar a graves complicações, como infarto ou
Clínica da Obesidade
29
angina, quando acomete as artérias coronárias. Causa dor e claudica-
ção em membros inferiores, quando acomete as pernas e, por fim, aci-
dente vascular cerebral, ao comprometer as carótidas.
Ocasionalmente, partes desses depósitos de gordura nas arté-
rias podem soltar-se e entrar na corrente sanguínea.Espalhar-se-ão,
então, pelo corpo, provocando a formação de coágulo sanguíneo e
acarretando prejuízo no fluxo de sangue para os órgãos.
Lorenzi Filho (2001) caracteriza a apneia obstrutiva do sono
por paradas respiratórias repetidas, durante o sono,em razão da obs-
trução das vias aéreas superiores. Essa obstrução das vias superiores é
um evento natural de relaxamento da musculatura ocorrido à noite.
Nos indivíduos doentes, acontece um microdespertar para que ele vol-
te a respirar. Esses eventos ocorrem, inúmeras vezes, enquanto a pes-
soa dorme, causando sono fragmentado e, consequentemente, sono-
lência diurna. Tipicamente, esses indivíduos roncam alto e as paradas
respiratórias são, notadamente, interrompidas com um grande ronco.
Essa doença pode trazer graves consequências ao sistema car-
diovascular. Os pacientes, acometidos da síndrome da apneia obstruti-
va do sono, ainda apresentam ativação do sistema simpático, não so-
mente à noite, mas, também, ao dia. Essa síndrome ainda está associa-
da à hipertensão arterial e há evidências de que aumentam o risco de
provocar doença coronariana isquêmica e acidente vascular cerebral.
Comorbidades psicológicas
Ainda que alguns autores apontem a obesidade como causado-
ra, e não como consequência de sofrimento psíquico (OLIVEIRA;
LINARDI; AZEVEDO, 2004 apud MORAES et al, 2013), outros a-
firmam que indivíduos com depressão apresentam maior risco de a-
cumular gordura (BRUCE, 2008). A Associação Brasileira para o Es-
tudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO, 2009) destaca
que a depressão aumenta em 58% o risco de obesidade, indicando que
Clínica da Obesidade
30
esta também pode ser consequência da primeira. Porém, tal como a
depressão, como causa da obesidade, pode-se observar, em estudos
como os de Moraes et al. (2011), que não há duvidas de que a obesi-
dade provoque, como comorbidades, problemas psíquicos, visto que o
estigma e a discriminação, sofridos pelos obesos, contribuem para o
desenvolvimento, especialmente, de depressão e ansiedade.
As comorbidades mais amplamente investigadas e observadas,
em relação ao espectro de sinais e sintomas psicológicos do paciente
obeso, são: depressão, ansiedade e transtorno da compulsão alimentar
periódica (PETRIBUet al, 2006).
O transtorno da compulsão alimentarperiódi-
ca(TCAP)caracteriza-se pela ingestão de grande quantidade de comi-
da, acompanhada da sensação de perda de controle sobre o que, ou o
quanto, se come. Pode ser constatada quando, num período de seis
meses, ocorre, pelo menos, dois dias por semana.
Os obesos, comedores compulsivos, apresentam um início do
quadro de obesidade mais precoce que os não compulsivos. Além dis-
so, começam mais cedo a preocupação com peso e dietas, desde as
mais absurdas até as mais conservadoras. Apresentam, ainda, maior
prevalência da flutuação de peso e passam mais tempo de suas vidas
tentando emagrecer.
Estudos apontam que os comedores compulsivostêm maiores
dificuldadesno tratamento da obesidade. Isso ocorre porque indivíduos
com esses episódios têm maior probabilidade de não aderir ao trata-
mento,em virtude da incapacidade de autocontrole. O TCAP está rela-
cionado a maior grau de obesidade, sintomas como depressão e preju-
ízo no funcionamento social e ocupacional.
Obesidade e depressão, segundo a OMS, estão entre os maio-
res problemas de Saúde Pública no mundo. Diversos estudos apontam
para a importante associação entre ambas, o que pode resultar no a-
gravamento do prognóstico das comorbidades, menor aderência ao
Clínica da Obesidade
31
tratamento, maior morbimortalidade, assim comocomprometimento
funcional e psicossocial dos obesos (MORAES et al, 2013).
Segundo o “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais – DSM IV-TR”, os sintomas clínicos da depressão incluem:
mau humor, perda da capacidade de se interessar e sentir prazer, dis-
torções do apetite, alterações do peso, sentimento de inutilidade, sen-
timento excessivo de culpa, baixa autoestima, fadiga e perda de ener-
gia e motivação. Tais características, em sua maioria, podem ser ob-
servadas nos pacientes obesos.
O ato de comer compulsivo pode estar ligado a outros transtor-
nos psiquiátricos, com maior incidência na população obesa, sendo
um dos mais frequentes a ansiedade. Nesse último caso, o ato de co-
mer é justificado pelos obesos como um modo de diminuir essa ansie-
dade, levando a um ganho de peso proporcional à frequência da ocor-
rência desse episódio (ALMEIDAet al., 2012 apud CAPITÃO&
TELLO, 2004).
A ansiedadeé sentida e definidacomo “uma preocupação ex-
cessiva”. Passa, geralmente, a ser constatada se acometer o indivíduo
com frequência, na maioria dos dias da semana e, após, pelo menos,
seis meses (de acordo com o DSM-IV (2002)).
ANEXO C – OS NÚMEROS DA OBESIDADE
A OMS, no ano de 2014, publicou, em seu relatório “Estatísti-
cas Mundiais de Saúde 2014”, que mais de 1,9 bilhão de adultos esta-
va acima do peso.Isso representa 39% de toda a população mundial,
correspondendo a 38% de homens e 40% de mulheres. Os homens
lideram o ranking nos países ricos e as mulheres, nos pobres.
Um dos dados mais alarmantes da pesquisa refere-seao aumen-
to da obesidade e sobrepeso em crianças e adolescentes. Em 2013, 42
milhões de crianças com menos de cinco anos de idade estavam acima
Clínica da Obesidade
32
do peso, ou obesos. A obesidade infantil era considerada como um
problema de país de rendimento elevado.Porém, o excesso de peso e
obesidade estão, agora, em ascensão em países de baixa e média ren-
da, especialmente em ambientes urbanos. Nos países em desenvolvi-
mento, com economias emergentes (classificados pelo Banco Mundial
como países de renda média e baixa), a taxa de aumento de sobrepeso
e obesidade na infância tem sido 30% superior ao de países desenvol-
vidos.
No Brasil, a pesquisa Vigitel(Vigilância de Fatores de Risco e Prote-
ção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) mostra que
54,7% dos homens e 47,4% das mulheres estão acima do peso.Os obe-
sos do sexo masculino e feminino correspondem a 17,5% cada. Entre
as crianças e adolescentes, 22% dos garotos e 24% das garotas.
Fonte: Vigitel: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção paraDoenças Crôni-
cas por Inquérito Telefônico, 2014.
Clínica da Obesidade
33
No tocante ao excesso de peso, percebe-se que, nas capitais dos Estados, em
geral, os índices não são muito diferentes. Cerca da metade da população
encontra-se no sobrepeso.
Fonte: Vigitel: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por
Inquérito Telefônico, 2014.
Em relação à obesidade nas populações das capitais brasileiras,
há diferenças um pouco acentuada nos percentuais. Destaca-se que,
das oito capitais mais obesas, seis estão nas regiões norte e nordeste.
Esse fato evidencia a relação de que quanto menor o poder aquisitivo,
maiores são os índices de obesidade.
Clínica da Obesidade
34
Fonte: Vigitel: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por
Inquérito Telefônico 2014.
Sobre as principais causas de morte em todo o mundo, de a-
cordo com a OMS (2014), cerca de 32,7% estão relacionadas à doen-
ças ligadas à obesidade (13,2% doenças do coração, 11,9% de AVCs,
2,9% de câncer, 2,7% de diabetes, 2% doença cardíaca hipertensiva).
Segundo dados do Datasus (2011), o número de brasileiros
mortos por complicações relacionadas à obesidade triplicou na última
década. No mesmo período, o Ministério da Saúde apontou aumento
significativo, quando se considera a taxa de mortos por um milhão de
habitantes. Em uma década, a taxa passou de 5,4% para 11,9%, ou
seja, dobrou.
Clínica da Obesidade
35
Fonte: OMS: Organização Mundial de Saúde, 2014.
Os dados levam em consideração as mortes nas quais a obesi-
dade aparece como uma das causas no atestado de óbito. Como o ex-
cesso de peso é fator de risco para diversos tipos de doenças, como
câncer e diabetes, o número de vítimas indiretas da obesidade é ainda
maior, já que nem sempre a obesidade é registrada nos atestados de
óbito como causa secundária da morte.
Clínica da Obesidade
36
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AUTORES
Carolina Chacra (Psicóloga)
Fábio Antunes (Professor de Autoconhecimento)
Indira Gaspar (Turismóloga)
Jacques Maciel (Diretor da Clínica da Obesidade)
Laila de Freitas (Nutricionista)
Sérgio Braga (Médico Endocrinologista)
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