cinza revisita ano2#

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3

EDItorIal

PatroCÍNIo

Thais Oliveira, Cinza Coletivo.

A

cultura merece seu espaço, nos muros,

nos palcos, nas ruas, nas mídias, nas revistas e

jornais.

Ah se todo mundo soubesse o que acontece des-

se lado, certeza que ficariam encantados, tantas

coisas, tantas iniciativas, temos música, cinema,

teatro, grafite, ateliês, produtores culturais, ótimos

fotógrafos, sarau, é tanta coisa que se for escre-

ver toma essa página toda.

A zona Leste se consolidou como pólo cultural e

vem fortalecendo ainda mais com iniciativas que

vão além de dinheiro, são iniciativas com amor,

dedicação, muito trabalho, inspirações que vem

de dentro, isso mesmo, nossas inspirações vem

daqui, nosso produto é feito para se consumido

aqui, para as pessoas daqui, se poder mostrar

isso para o mundo ótimo, mas só de chegar a al-

guém daqui já estamos felizes.

Tudo que fazemos, estudamos, somos autodida-

tas, procuramos cursos, vamos aprendendo com

as nossas experiências, e não estamos falando só

da Cinza, mas de todos os coletivos que apren-

dem junto, se unem para fazer o melhor, formam

parcerias entre eles e se tornam fortes a ponto de

fazer coisas que muita gente duvida.

Na leitura dessas 80 paginas você vai conhecer

o fruto de muito trabalho, coisas belas que colori-

ram a ZL durante, antes e depois de 2014.

A nossa revista só é colorida por conta dessas

iniciativas e dos coletivos, pessoas, artistas que

fazem da nossa cidade um bom lugar.

Agradecimentos: Artevidadiva, Audiocombo, Arte

e cultura na Kebrada, Pombas Urbanas, Pack,

Ateliê AZU, ALMA, Todyone, Arte 100 Limite,

Lows, Luiz Vidal, Siol, Lais Lamah, Marcelo dos

Santos, Bil, André Mogle, David Sousa, Cris Hard,

Cleber Grauth, Marcos Bacagini, Priscila Florido,

Victor Rodrigues, Alienistas, Éder Menegassi, Ga-

briel Lima e Guilherme Coca.

ACinza Revista tem o patrocínio integral do VAI.

O Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais – VAI, foi criado pela lei 13540 (de autoria do ve-

reador Nabil Bonduki) e regulamentado pelo decreto 43823/2003, com a finalidade de apoiar financei-

ramente, por meio de subsídio, atividades artístico-culturais, principalmente de jovens de baixa renda e

de regiões do Município desprovidas de recursos e equipamentos culturais.

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06

64

MatérIas

AZU

A Arte, Além de Abrir portAs, rompe fronteirAs

14

70

fortAleCendo A QUebrAdA

ArtevidádivA

18

48

GAleriA de Arte A CéU Aberto

Arte e CUltUrAnA kebrAdA

28

58

pombAs UrbAnAs

meio Ambiente + CUltUrA, Ô mistUrA boA

34CidAde tirAdentes em Cores 42

nAs rUAs e nos pAlCos “AUdioCombo e diAZZ”

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5

sEçõEs

QUEM soMos

lAdo C penso loGo esCrevo

CrÔniCAs CinZA polAroide sp

16

13

12

17

33

27

26

47

46

41

40

63

62

57

56

75

76

69

68

77

Frida-se Devagar e SempreBilDesfrutandoGargalha

Pra quando as coisas se perdemNão-Feita nas horas vagasAlienistas - Noemi Rotina(Breve Devaneio para Wolf de Alain

Linha VermolhaA pequena História de Zé NinguémSecret GardensEnvelheço na cidadeUm encontro com o amor

robson luna, Ilustrador, artista 3D e editor de ima-gens, fotografa e escreve na Cinza Revista.Desde pequeno gosta de desenho e quadrinhos, atualmente tenta seguir seu dom aperfeiçoando e trilhando sua carreira profissional no segmento das artes. /robsonluna

rodrigo seixas, nerd e megalomaníaco. Desenhista desde pequeno, aspirante a escritor e comediante frustrado. Photoshopeiro autodidata, diagramador apaixonado e designer por consequência.

/rods.seixas

roberson Alexandre (bi-nho), atualmente cursando técnico em Química, tem como hobbie as práticas de skate, rapel, grafite, cam-ping, entrei no projeto da revista Cinza nesta ultima edição e pretendo manter-

-me nessa mesma trajetória de vida, equilibrando trabalho e lazer.

/binhoknela

thais oliveira, estudante do

último ano de jornalismo, cul-

tura periférica é o seu foco,

ama fotografia, escrever é

intuitivo, editora, repórter,

produtora cultural na área de

comunicação, desde 2012

com Cinza Revista. Tem

muito orgulho de onde mora,

A zona Leste, apaixonada

pela cultura pernambucana

e acredita na evolução do

ser humano através da

cultura e da educação.

/thaisoliveirasp

Onde as ideia são a MilãoMomento MatutinoDeixa o menino brincarEVA Mosaico

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aZU

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7

Em 1° de janeiro de 2007, entrou em vigor a lei n° 14.223,

também conhecida como lei da cidade limpa, com os

seguintes argumentos: os cidadãos devem viver em ci-

dade que respeite o espaço urbano, o patrimônio histó-

rico e a integridade da arquitetura e das edificações. O

que na realidade essa lei acabou tornando São Paulo

uma cidade sem vida, monocromática, onde os muros

não refletem nada mais, apenas o cinza e o desespero

das pessoas que tentam sobreviver em meio ao caos

urbano e fugir de uma ideia onde não se valoriza a

arte. É justamente com o objetivo de reviver a cidade e

vindo contrário a essa ideia que o ateliê AZU foi criado.

por thais oliveira e robson lunafotos robson luna

aZU

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8

Imagina uma comu-

nidade com arquitetura peculiar,

escadas por todos os lugares,

ruas apertadas, cenário de um

lugar carente, de gente humilde,

muitas crianças, o lugar onde

pode e muitos tem uma visão

limitada dele, se sobressai dan-

do um verdadeiro tapa na cara

da sociedade que pensa que

dali não pode sair nada de bom,

ao contrário desse pensamen-

to a Vila Santa Inês é um lugar

totalmente colorido, cheio de

vida, de arte, de azulejos, be-

las escadarias, belos mosaicos,

belos quadros, bela por ela

mesmo e pelos que põe a mão

na massa (literalmente) e fazem

junto com a comunidade essa

transformação.

Fundado em 2007, pelo grava-

dor, artesão e desenhista Elcio

Torres, o ateliê AZU tem como

vocação a transformação do

espaço público, sobre tudo, em

favelas. Utilizando a cerâmica

artesanal e dando ênfase a azu-

lejaria portuguesa, o ateliê dá

uma outra identidade pra comu-

nidade de Santa Inês, no bairro

de Ermelino Matarazzo. Todas

as peças de cerâmica são pro-

duzidas no próprio ateliê, de

maneira artesanal, do mesmo

modo que eram produzidas as

peças de cerâmica a mais de

2000 anos atrás, utilizando argila como matéria

prima, que após receber o formato é cozido e só

depois recebe o esmalte, que dá uma coloração

específica à peça. As oficinas funcionam aos sá-

bados e domingos, recebendo alunos das mais

variadas idades, e de maneira totalmente espon-

tânea as pessoas vão criando e repensando os

espaços que receberam essas intervenções ar-

tísticas.

O projeto Degraus da Arte tem como objetivo revi-

talizar mais escadarias na comunidade com uma

ajuda muito especial: a das crianças que moram

ali, além dos colaboradores que ajudam no pro-

jeto.

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A Praça Dona Neusa é um espaço que qualquer

pessoa não deixaria de passar por ela sem apre-

cia-la, primeiramente pelas belas obras que exis-

tem nela, e segundo por que leva o nome de uma

moradora que um dia foi referência naquela vila,

um espaço pequeno porém de encher os olhos de

tanto colorido e beleza dos azulejos.

As oficinas ocorrem somente aos fins de sema-

na, más o espaço está sempre aberto para quem

quiser aprender a arte da cerâmica artesanal, ou

de repente, para quem quiser compartilhar seus

conhecimentos, contribuindo assim, com a revita-

lização dos espaços urbanos.

O ateliê também realiza trabalhos comerciais, po-

rém, o grande viés é causar impacto social nas

comunidades, realizando projetos que possam

mudar a realidade das pessoas que moram nas

proximidades, pensando novos paradigmas e

dando liberdade de criação aos participantes do

projeto.

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Ta esperando o que para pegar seu celular e ver um pouco desse lindo projeto?

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PENSOESCREVOESCREVOLOGO

Guardo uma caixacom coisas das mulheres que amei- ou amo(porque quase sempre eu amo)

são anéis, brincos, pentesprendedores de cabelopulseiras, correntespiercings, blusinhasóleos pra banhorolhas, poemas, isqueiroslembranças de viagensóculos escurose mágoas

são todas coisas que elas esquecemou acabam caindo na horase perdendo por aquie eu guardo

tem vez que a caixa enchedaí preciso jogar um pouco fora- é que nem todo dia amo, eu disse

guardo mulheresem coisas que ameie às vezes esqueçotenho cds, livrosvídeos, poemase cheiros no quarto

algumas mulheres que ameime guardam- nem sempre no peito

junto com poemasmúsicas, presentes que deie mágoas

tem vez que sou jogado fora- elas sabem que nem todo dia eu amo

guardo caixaspras mulheres que vou amarcom os mesmos poemascds, as mesmas músicasfilmes sempre por assistire presentes que vamos trocar

elas vão deixar caire esquecerbrincos, anéis, pulseiras, correntesprendedores e cabelosvão esquecer mágoasblusas, óculos escuros, garrafase deixar cheiros, marcasnovos poemase coisas pra buscarque vão se perdere eu vou guardar

[pra quando as coisas se perdem]

victor rodrigues é poeta, escritor, arte-educa-dor e produtor cultural. Uma praga de poeta que insulta. Acha que escreve versos para aumentar o mundo. Vive ambulante e maloqueirista, mes-quiteiro no todos por um. Pra sempre aprender menino.

facebook.com/opoetaqepariu

prA QUAndo As CoisAs se perdem

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13

PENSOESCREVOESCREVO

a` ON

DE

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rua,

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faço

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vejo

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tog

rafo

!

PO

LA

RO

IDE

SP

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14

Educação defasada, moradia precária, saúde ineficiente, esses

são alguns dos problemas existentes nas periferias das grandes

cidades, todavia, são nessas condições que surgem os altruístas,

pessoas que de algum modo, tentam mudar essa realidade. É isso

que o Rapper e Grafiteiro Prodigio vêm tentando fazer no bairro de

Guaianazes, extremo leste de São Paulo. Com poucos recursos e

sem apoio do Governo, uma vez por ano, com auxilio dos times de

várzea, ele organiza um evento onde as crianças da comunidade

têm a oportunidade de mostrar sua criatividade e talento.

FortalECENDo aQUEBRADA

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FortalECENDo aQUEBRADA Prodigio começou sua carreira em 1995, quando colava na estação São Bento, local onde o

movimento HIP HOP ganhou força e começou a ser difundido. Simultaneamente, começou a compor e a

grafitar, integrou os grupos União Negra, H.A.L, (HIP HOP Arte e Loucura) e Bombardeio H2L, participou

de uma coletânea internacional, a Word Wide Colection, recebeu premiações e hoje segue em carreira

solo, está terminando de gravar seu terceiro CD e lançou recentemente seu segundo vídeo clipe, com a

música, Buscar meu Paraíso.

Como no Brasil, é extremamente difícil viver da música, principalmente quando suas letras não vão de

acordo com as exigências do mercado fonográfico, ele teve que montar um alicerce em cima da arte,

fazendo o que sempre gostou de fazer, grafite, então começou a trabalhar

com aero grafia, fazer trabalhos comerciais e passou a produzir suas pró-

prias roupas com silk screen, conseguindo assim prosseguir com seu tra-

balho na música, organizar projetos na comunidade e garantir o sustento

da família, servindo de exemplo às crianças e jovens que não recebem o

incentivo e o apoio que merecem.

por roberson Alexandre fotos thais oliveira

Escuta só que o Prodigio tem pra te dizer.

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/ /LaDo c

Evandro Siol é Nascido em São Paulo, autodidata em ilustração, cursou Publicidade e Propaganda e trabalha com Design Gráfico.facebook.com/siol - [email protected] - 11 949689450

fridA-se

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linHA ver-molHA

É só chover que a Barra aFunda. E nem com ordem do Ma-rechal Deodoro ou milagre da Santa Cecília a chuva deixa de cair no quarto da minha República, guardando água suja no meu AnhangaBaú. Mas Sé em Deus que tudo melhora. E molha. Até o peito do pé do Pedro II. Molha também os confinados do Brás-Bresser-Belém. Molha eu e tu. E se Tá-

-tu-a-pé, vai se molhar mais do que quem tá de Carrão. Uma Penha. Vi lá a Matilde, pra ela a chuva traz medo. Pra Dona Guilhermina, Esperança. Ó Patriarca amada, por que faz isso? Logo hoje. Assim meu convidado Artur Alvim logo vai querer voltar. E não vai nem poder ver como era a nossa querida Corinthians-Itaquera. Ô, Seu Metrô, por favor, deixo aqui mais uma reclamação minha. Pois é só chover que o trem todo fica vagão. E eu, na trilha de anfitrião, acho isso o fim da linha.

Gabriel lima é carne, osso, cabelo e texto. Num dia de 1990, por milésimos de segundo, foi a pessoa mais jovem do mundo. Hoje é um redator que expira, inspira e aspira ser escritor.

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GalErIa DE artEA CÉU ABERTO

Obras de arte da mais alta qualidade, expostas a

céu aberto nas paredes da periferia de São Paulo

para o deslumbre dos olhos de quem possa vê-las.

por robson lunafotos arquivo arte 100 limite e Cinza Coletivo

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GalErIa DE artEA CÉU ABERTO

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Muitas vezes passamos sem notar

aquela intervenção que já faz parte do cenário

de Sampa, o grafite que se mistura com os pixos,

as manchas e a sujeira dão o contraste na cida-

de cinza. Na região de São Mateus periferia da

zona leste este contraste toma novos tons, graças

ao empenho do coletivo “Arte 100 Limites” e o

projeto Galeria Céu Aberto, que envolve inúmeros

artistas entre renomes do grafite, o coletivo tem o

apoio do VAI (Valorização de Iniciativas Culturais

da Prefeitura de São Paulo) e Fabricas de Cultu-

ra , chega junto com latas de spray, transporte e

alimentação dos artistas, organizando eventos

mensais que cobrem de grafite vários metros de

muro criando uma verdadeira galeria de arte a

céu aberto que transforma totalmente a paisagem

e proporciona acesso à cultura em um ponto ca-

rente da cidade.

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O coletivo Arte 100 Limites é

formado por Fernando Beserra

professor de grafite e Daniel

Latim designer gráfico, ambos

moradores da região.

Trabalhos desenvolvidos:

GALERIA CÉU ABERTO

Com o propósito de fazer a

maior galeria a céu aberto da

Amarica Latina no bairro onde

moram, organizam evento men-

sais trazendo artistas de vários

pontos de São Paulo.

EXPOGRAFITELA

Oferece material para pintura

de telas que são expostas nas

Fabricas de Cultura.

OFICINAS DE GRAFITE

Oficina de grafite na Fábrica de

Cultura Sapopemba.

Saca só no papo reto que os caras do Arte 100 Limite

mandaram.

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PENSOESCREVOESCREVOLOGO

éder menegassi, 27 anos. Pai, professor, corin-thiano, maloqueiro e sofredor. Mora na zona leste e mantém o blog otracoisa.blogspot.com

nÃo-feitA nAs HorAs vAGAs

Concebê-lanão me induzao uso do assentocaneta e papel à mãoremuneraçãoà vistamas antes sensibilidade parapercebê-laimaginação paraprojetá-la

Ao quefica entendidoatendê-lanão requermatéria em que imprimi-laem que forjá-laFerro e fogocomo quer o ferreiro

ConcomitanteExecutá-lonão caracterizao exercício laboralnem tampouconegar-se à tarefaindica o empenho promíscuodo poeta

Contudoagora que dirijoenquanto assistoà aulafica o poema insistenteem não ser esquecidomarreta na paredenum domingo amanhecidoaté que eu decidaconcretizá-lo

Apenas para dizer queem caso de fugaem caso de fogoem caso de folgaA poesia é sempre umFazer não-feitonas horas ( ).

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PENSOESCREVOESCREVO POLAROIDE SP MOMENTO

MATUTINO

marcelo santos

“Posso não ser fotógrafo, mas paguei um pau pra esse mo-mento matutino.”

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PoMBasURBANAS

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PoMBasURBANAS

por thais oliveirafotos robson lunac idade Tiradentes ultimo bairro da cidade de São

Paulo, cidade dormitório para muitos, um bairro

que não é diferente de nenhum da periferia, feira,

mercado, muitas crianças, poucas opções cultu-

rais, poucas estimativas de melhoria de vida, para

muitos repetirão apenas a realidade de seus pais,

essa é a visão que todos tem do bairro que vivem

e muitas nem imaginam que a mudança e a trans-

formação acontece por ali.

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O Centro arte em construção localizado na

Cidade Tiradentes mostra que muito diferente do

que muita gente pensa, temos a nossa arte, nossa

transformação e que podemos levar alternativas

de destinos e muitas atrações culturais para a

comunidade da Cidade Tiradentes e região, fazer

teatro, circo na comunidade e para a comunidade,

com artistas do bairro. Porém, isso não aconteceu

da noite para o dia, tudo começou em 89 com o

diretor peruano Lino Rojas iniciou um curso de

teatro com jovens do bairro de São Miguel (zona

leste de São Paulo) e não imaginava nem metade

da proporção que essa atitude tomaria em 2014,

Através do projeto Semear Asas iniciou-se um

processo de formação de atores, pesquisa, sem-

pre voltadas para suas raízes, a periferia. Desse

projeto nasceu o cia de teatro pombas urbanas.

Page 31: Cinza Revisita ano2#

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O coletivo passou um longo

processo até conseguir seu

próprio espaço para ensaios

e apresentação, o grupo parti-

cipou da ocupação do Tendal

da lapa e este foi o local onde

ensaiavam e pesquisavam, se

deslocavam todos os dias do

extremo leste de são Paulo para

a lapa, a partir disso o coletivo

resolveu viver apenas de teatro

e retornar as origens em 2004

conseguiram a cessão de um

imóvel localizado na cidade

Tiradentes onde funcionava um

antigo mercado que havia pe-

gado fogo, ou seja, totalmente

deteriorado, pensaram muitas

vezes como fazer teatro na co-

munidade e para a comunidade

naquele espaço, foi como tirar

leite de pedra, mas a volta para

as origens foi satisfatória.

Atualmente o espaço arte em

construção é composto por 4

companhias três de teatro e

uma de circo: são elas: Cia Pa-

lombar (circo), Pombas Urba-

nas (teatro), Filhos da Dita (tea-

tro) e Cia Quatro Ventos (teatro).

Todos eles são autossuficientes

e ajudam na organização, ma-

nutenção, aulas, administração

do espaço, Palombar, Filhos da

Dita e Quatro Ventos nasceram

do espaço arte em construção

e de cursos ministrados no gal-

pão.

O Centro arte em construção

tem estrutura para cursos, en-

saio dos grupos, administração,

biblioteca comunitária e um te-

atro onde acontece os espetá-

culo criados pelas cias, um dos

espetáculos que está em cartaz

hoje é o da cia. Filhos da Dita

(A guerra).

foi como tirar leite de pedra, mas a volta para as origens foi satisfatória.

Page 32: Cinza Revisita ano2#

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A cinza Revista fez a entrevista com as qua-

tro companhias que compõe o espaço e a inte-

grante Thabata Leticia dos Filhos da Dita quando

perguntamos como fazer teatro na Cidade Tira-

dentes para as pessoas da Cidade Tiradentes nos

destacou quatro pontos muito importantes e acha-

mos importante destaca-los na matéria:

Contatos:pombasurbanas.org.br/facebook.com/instituto.urbanastel: (11) 2285-5699

priviléGio

A Cidade Tiradentes foi construída e conhecida com o objeto da pessoas não vive-

rem aqui e sim apenas dormirem, você sobrevive, ter espaço para ensaiar produzir

e crescer artisticamente no bairro, compartilhamos conhecimento, muitos jovens

não tem essa possibilidade.

Ato polÍtiCo

Com tudo que temos aqui poderíamos de fato sair daqui e fazer teatro em outros

lugares, a decisão nossa de permanecer nesse território e fazer teatro para nós e

para a comunidade.

estilo de vidA

Fazemos teatro dentro do bairro que moramos convivemos e estabelecemos re-

lações e fazemos teatro dentro de um contexto periférico, nadando contra a mar

do que colocado para a gente enquanto jovem na questão de se inserir dentro do

mercado de trabalho e repetir a mesma história da sua famlia e no conseguir vis-

lumbrar alguma coisa melhor para si, realizamos nossas vontades aqui no pombas.

ConstAnte evolUÇÃo

Estamos em constante processo de evolução e reflexão, a responsabilidade e de

fazer a nossa produção e que ela seja de fato boa e represente e que faça sentido

para a comunidade, a contribuição que podemos dar ao bairro, não podemos fazer

algo que seja rasa, tentamos sempre aprofundar a nossa relação com o bairro,

que seja uma coisa verdadeira, a cultura já existe, abrir o leque de possibilidade

além do teatro.

Page 33: Cinza Revisita ano2#

/ /LaDo c

André mogle é arte-educador e grafiteiro da Zona Leste de São Paulo.facebook.com/Andrebracalemogle

devAGAr e sempre

Page 34: Cinza Revisita ano2#

34

CIDaDE tIraDENtEs

Page 35: Cinza Revisita ano2#

35

CIDaDE tIraDENtEs

Coresem

Crew é quando amigos que gostam da mesma coisa se juntam

para fazer isso juntos, no caso da Low’s Crew eles gostam de

pintar e grafitar.

Essa sintonia acontece em vários lugares do mundo, inclusi-

ve na Cidade Tiradentes, o bairro tem uma cultura muito forte

quando o assunto é Grafite, um dos bairros dessa cidade gi-

gante que é a Tiradentes chamado Barro Branco leva a fama

de Barro Bronx (remetendo ao bairro de Nova Iorque), por seus

grafites, pichos, bombs e outras vertentes desse imenso uni-

verso dessa maravilhosa arte urbana, abrimos nossa edição

com uma das Crews mais conhecidas do bairro e que propa-

gam essa fama de Barro Bronx por São Paulo toda. Confiram:

por thais oliveira e roberson Alexandre

Page 36: Cinza Revisita ano2#

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CINZA: Como vocês começaram e de onde veio

o nome da crew?

LOW`S: A Low`s surgiu em 2010, a princípio

apenas 3 pessoas formavam a crew, hoje ela já

é constituída por 8 integrantes, no começo fazía-

mos apenas Tags de giz e como não possuíamos

uma crew de graffite, adaptamos a crew. Quan-

do ela surgiu em 2010, nós assinávamos Loucura

Crew, L.C, até chegar ao nome Low`s ela passou

por várias modificações e adaptações. (Nojon e

Moluco)

CINZA: Qual o bairro onde há mais trabalhos de

vocês?

LOW,S: O local onde há mais trampos é na Cida-

de Tiradentes, pelo fato de sermos locais da re-

gião, más procuramos levar nossa arte pra vários

outros da cidade, focando sempre na zona leste e

no centro da cidade. (Moluco).

CINZA: Na questão do vandalismo, na opinião da

crew o grafite é discriminado ou já é aceito pela

sociedade?

LOW`S: Na maioria das vezes que saímos pra

pintar aqui no bairro é autorizado, a gente chega,

bate na porta e pedi, então há uma aceitação por

parte dos moradores, más quando saímos pra pin-

tar pra fora, pra fazer o chamado “vandal”, (sem

autorização) encontramos uma certa resistência,

discriminação, na maioria das vezes a gente con-

versa e o pessoal acaba aceitando e até elogian-

do nosso trabalho. (Nojon).

CINZA: vocês já levaram enquadro e sofreram al-

gum tipo de repressão?

LOW`S: Sim, já levamos muito enquadro, na maio-

ria das vezes acaba não dando em nada, quando

há uma ou mais denúncias, ai acabamos sofren-

do as penalidades previstas na lei. Eu (Nojon), já

Page 37: Cinza Revisita ano2#

37

tenho dois processos. O mais engraçado, é o ar-

tigo no qual somos enquadrados, no de crime am-

biental e na maioria das vezes, estamos pintando

em terrenos baldios, cheios de lixo, daí chega a

polícia e fala que você está cometendo um crime

ambiental por estar pintando. (Moluco e Nojon).

CINZA: Qual foi o tipo de punição aplicado a

você?

LOW`S: Neste caso eles nos oferecem duas op-

ções, prestar serviços comunitários, ou pagar um

valor equivalente a meio salário mínimo, como na

época eu estava trabalhando, eu optei por pagar

o valor de meio salário. (Nojon).

CINZA: E você Credo, como é a experiência de

poder levar o nome da crew pra outros lugares?

LOW`S: Eu tive a oportunidade de viajar pra outros

lugares, dentro e fora do País e mesmo não indo

pela crew, eu sempre procuro assinar o nome das

crews (Low`s e OTM), que é uma forma de levar

essa amizade que a crew representa, comigo.

(Credo)

CINZA: E como surgiu o nome “ Barro Bronx”, que

vocês vêm assinando nos trampos?

LOW`S: O nome do bairro é Barro Branco II, e nós

sempre achamos legal essa ideia de semelhança

que há nos diferentes bairros periféricos espa-

lhados pelo mundo, então decidimos assimilar os

nomes que já eram um pouco parecidos e como

consideramos o bairro a Méca do grafite na Cida-

de Tiradentes, pelo fato de haver muitos conjuntos

habitacionais e consequentemente muitos muros

ótimos pra grafitar, o nome veio muito a calhar e

acabou que pegou e passou a ser até referência,

mesmo para aqueles que não fazem grafite. (Mo-

luco e Nojon).

Page 38: Cinza Revisita ano2#

38

CINZA: É possível viver do Grafite?

LOW`S: A gente vive de grafite, más não vive do

grafite, você pode fazer alguns trabalhos comer-

ciais, dar aula, fazer uns trampos remunerados,

más ganhar dinheiro com o grafite não dá, você

sempre tem que buscar uma outra forma pra se

manter. (Credo).

CINZA: Como vocês vêm o grafite aqui na Cidade

Tiradentes, comparando com outros lugares que

já tenham pintado?

LOW`S: A Cidade Tiradentes tem um nível muito

alto de grafite e como é um bairro muito afasta-

do, é o último bairro da capital paulista, fica difícil

mostrar essa qualidade para o resto do País, más

a galera aqui é muito dedicada e quer mostrar

isso, e acaba mostrando, seja em um evento, ou

em trampos individuais. (Credo).

CINZA: Vocês já notaram alguma influência que

vocês tenham exercido sobre a população?

LOW`S: Sim, é possível no-

tar uma diferença

enorme

na população, a galera que viu a gente pintando e

começou a pintar também, do mesmo modo que

aconteceu com a gente, e legal ver também que o

público feminino vem crescendo, a mulherada se

empenhando em fazer tags e a grafitar os muros

do bairro. (Nojon e Moluco)

CINZA: Quais são os integrantes da Low`s crew

hoje?

LOW`S: hoje a Low`s conta com oito integrantes

que estão ativos no grafite, são eles, Nojon, Mo-

luco, Bil, Credo, ds, Pluck, Levita e Jopa, existem

outros que pertencem a crew más não estão pin-

tando atualmente, se dedicam a outras atividades,

como skate, Rapel, fotografia, pichação e a low`s

é isso, uma união de amigos que fazem o que

gostam de fazer.

Page 39: Cinza Revisita ano2#

39

Page 40: Cinza Revisita ano2#

PENSOESCREVOESCREVOLOGO

Idealizada por daniel sam (violão/guitarra) e Charles de oliveira (voz) em meados de 2008. Formada oficialmente em 2011 quando passa a ser integrada por Abner medeiros (guitarra), kauê Aguirre (baixo) e rodirgo santos (bateria). A principal característica da banda é a diversida-de musical com influencias de rock, mpb, reggae e o samba.

facebook.com/alienistas/info

Alienistas - noemi

Teu olhar numa fotografia deu um nóTeu abraço foi morar tão longe, em MaceióMás deixa, eu vou aíTô morrendo de saudades de você Noemi.Cheiro do teu pão caseiro feito com amorTua luta fez crescer o homem que hoje eu souMãe, avisa ao Zé, que seu filho vai voando assim que ele puder.Tem a tapioca feita com todo carinhoCarinhosamente ela me chama de filhinhoMãe, eu vou aíTô morrendo de saudades de você NoemiOh mãe, avisa ao ZéQue seu filho vai voando assim que ele puderOh mãe, eu vou aí, to morrendo de sauda-des de você NoemiOh mãe, avisa ao Zé, que seu filho vai voan-do assim que ele puderOhhh, mãe….

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41

PENSOESCREVOESCREVO

Alienistas - noemi

PO

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anos

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foto

gra

fia.

Page 42: Cinza Revisita ano2#

42

Nas rUas E Nos PalCos

AUDIOCOMBO“

Page 43: Cinza Revisita ano2#

43

ORap hoje tem a sua cena na cidade de São Pau-

lo consolidada, elemento fundamental da cultura

Hip Hop é um dos principais carros chefes da cul-

tura periférica, AudioCombo e Diazz fazem parte

deste cenário e há alguns anos trabalham juntos,

AudioCombo (letra e voz), Diazz (base e produ-

ção musical) e o terceiro integrante Punk (enge-

nharia de som) que está produzindo junto com a

dupla o segundo trabalho: Me encontre nas Ruas

parte II no estúdio A Diretoria Recordes.

A Cinza Revista foi conferir de perto essa fábrica

de músicas que funciona incrivelmente bem, con-

firam.

Nas rUas E Nos PalCos

AUDIOCOMBOE DIAZZ”

por thais oliveira e robson lunafotos divulgação AudioCombo e diazz

e Cinza Coletivo

Page 44: Cinza Revisita ano2#

44

O Rap hoje tem a sua cena na cidade de São

Paulo consolidada, elemento fundamental da cul-

tura Hip Hop é um dos principais carros chefes

da cultura periférica, AudioCombo e Diazz fazem

parte deste cenário e há alguns anos trabalham

juntos, AudioCombo (letra e voz), Diazz (base e

produção musical) e o terceiro integrante Punk

(engenharia de som) que está produzindo junto

com a dupla o segundo trabalho: Me encontre nas

Ruas parte II no estúdio A Diretoria Recordes.

A Cinza Revista foi conferir de perto essa fábrica

de músicas que funciona incrivelmente bem, con-

firam.

O EP Me Encontre nas ruas II está em produção

e em breve terá seu lançamento, este trabalho

é continuação do 1º trabalho que tem o mesmo

nome e para os envolvidos na produção é de mui-

ta significância, o mesmo está sendo produzido

totalmente independente no estúdio A Diretoria

Recordes, todo o processo de produção, contará

com participações especiais e grandes nomes do

Rap nacional e internacional como Sean Price MC

americano, DJ RM, Dori de Oliveira, Dan Feitosa,

James Lino, Peso Duplo, Kamau, Pamelosa.

Para os envolvidos existe uma evolução natural

do primeiro disco para o segundo, conseguiram

o que queriam, a produção independente, todo o

disco foi feito dentro do estúdio A Diretoria Recor-

des, o Punk (engenheiro de som ) nesse segundo

projeto está sendo essencial pois a qualidade das

músicas ficou muito boa, fazem tudo de manei-

ra independente, mas, não deixam de investir na

qualidade, inclusive qualidade que é vista nos

palcos, a dupla faz uma apresentação autentica,

além das músicas dentro do show tem espaço

para recitar alguns trechos das letras, além da

qualidade das bases e letras ricas em rimas e

Page 45: Cinza Revisita ano2#

45

poesia periférica, a maioria das músicas tem

como tema a periferia, becos e vielas de toda

a nossa São Paulo, politica, condições so-

ciais e cenas do cotidiano de quem mora em

uma megalópole.

Vieram da formação dos Monarkas (grupo de

Rap), depois do primeiro disco resolveram

seguir um outro caminho, dentro da ideia foi

feita a parceria onde saiu o EP Me Encontre

nas Ruas, e outros projetos musicais.

A gravação e produção é feita de forma bem

livre, deixam que as coisas aconteçam natu-

ralmente, muitas vezes durante o processo de

gravação aparecem outras músicas, o único

compromisso que assumem é trabalhar para

o público essa é a única meta, Palco, uma mú-

sica que foi para rua na versão demo, hoje é

uma das produções que todo mundo conhece

e canta e não pode faltar nos shows,

o fato de não seguir uma cartilha de

gravação e produção é o que leva

muitas vezes a excelência do traba-

lho que é divulgado pela internet e

no boca a boca em eventos e shows,

estão sempre marcando presença e

levando seu trabalho para vários

lugares principalmente na periferia..

Um lugar de referência e incentivo

para continuar com o trabalho foi na

fundação casa em Mauá, foi feita

uma apresentação lá e o Rap leva

muito em conta as situações vividas

e essa experiência foi mais de vida

do que musical.

facebook.com/will.audiocombofacebook.com/Kleber.Nicolau.PunkInc

facebook.com/aka.diazz

Confira o vídeo da entrevista

Page 46: Cinza Revisita ano2#

/ /LaDo c

Integrante das Crews: LOWS e OTM, bil tem seus trabalhos baseados em letras de diferentesestéticas clássicas do Graffiti: Tag, Throw-up e Piece.facebook.com/bruno.moraes.16752

bil

Page 47: Cinza Revisita ano2#

47

A peQUenA HistÓriA de Zé ninGUém

Zé Ninguém é considerado radical porque tem um gosto musical va-riado; radical porque não é machista; radical porque sexualmente fa-lando tem uma mente aberta; radical porque abomina qualquer tipo de preconceito; radical porque se considera cético (ou pode se intitular ateu, mas como o termo é carregado de um estigma negativo; cau-sa polêmica, prefere não utilizá-lo); radical porque respeita a todos; radical porque deixa a barba desproporcionalmente grande; radical porque tem uma banda de metal extremo (estilo apreciado por um pú-blico restrito); radical porque respeita qualquer forma de doutrina ou religião, principalmente aquelas representadas por uma minoria (reli-giões de matriz africana: Umbanda, Candomblé, por exemplo); radical por ser a favor do feminismo consciente; radical porque não pretende ter filho, mas sabe que a sociedade irá julgá-lo; radical porque acha o casamento uma instituição falida; radical por ter um gosto “old school” (apreciar objetos e culturas antigas); radical por não ter mais a mesma empolgação com a seleção brasileira de futebol como teve em suas primeiras Copas (1994 e 1998); radical…

Ou seja, Zé Ninguém é radical, mas a sociedade em que vive é normal.

luiz vidal é professor e nas horas vagas baterista da banda Injury

Page 48: Cinza Revisita ano2#

48

artE E CUltUra

Page 49: Cinza Revisita ano2#

49

E

artE E CUltUrakEBRADAnA

Colorido, questionador e de-

safiador, forçar a cor, fazer ela

valer do nosso dia a dia, achar

um motivo a mais para sorrir,

olhar de uma forma diferente

as coisas que estão a nossa

volta, nem sempre uma rua ou

um espaço público precisa ser

sem graça, cinza, sem cor, pre-

cisamos todos os dias ativar as

cores para que a nossa vida

mesmo dura e realista se torne

mais suave e mais inspiradora.

A AleGriA vem AtrAvés dAs Cores

por thais oliveira fotos roberson Alexandre

Page 50: Cinza Revisita ano2#

50

O Arte e cultura na quebrada é um evento

que já está em sua 8º edição, e hoje é referência

em grafite em toda São Paulo, o bairro São Miguel

Paulista todos os anos ganha mais colorido com

os grafites, e não é só isso o evento praticamen-

te toma as ruas do Jardim Maia toda e serve de

palco para músicos, bandas, b-boys, atividades

para as crianças e claro o grafite, só para ter uma

ideia da grandeza do evento foram mais de 200

grafiteiros envolvidos, como carro chefe de tudo

isso. Em entrevista com o coletivo eles explicam

como é realizar um evento dessa grandiosidade

na zona leste e se tornar referência no grafite, in-

clusive muitos consideram o evento como a vira-

da cultural desse elemento tão importante do Hip

Hop, o grafite.

Entrevistados e integrantes do coletivo: Robson_

Bó, Elizeu, Manulo, Chuck, Chorão, Wallace, Elvis

e Louiz

CINZA: Em oito anos de caminhada e evento,

como foi a transformação do coletivo e a conso-

lidação do mesmo:

ARTE E CULTURA NA KEBRADA: Cada ano que

se passou sempre tivemos esse desafio dentro

de fazer o melhor ou de fazer algo diferente em

relação ao Grafiti e a Cultura da Kebrada. Somos

em 8 e cada um pensa diferente, porém, as ideias

sempre se cruzam e dali surge ideias para novas

ideias. A transformação do coletivo é a troca de

experiência a convivência a união que temos.

Page 51: Cinza Revisita ano2#

51

Page 52: Cinza Revisita ano2#

52

Page 53: Cinza Revisita ano2#

53

CINZA: Quem são os coletivos envolvidos e como

é a preparação para o evento:

ARTE E CULTURA NA KEBRADA: Coletivo Mar-

ginaliaria, Abayomi Atelie, Intituto Alana, Funda-

ção Tide Setubal, Eletro Tintas, Fatlaces, Casa da

Lapa e Mundo em Foco

Os Coletivos da Kebrada são unidos, um sempre

dá um salve no outro se precisa de algo ou indica

alguém pra algum trabalho, Edital e etc. e a par-

ceria que se formou durante anos e cada ano que

passa surgi novos coletivos e nos unimos.

A preparação para o evento é algo louco, acabou

o de agosto já estamos imaginando o do próximo

ano, todas ideias são anotadas para no início de

janeiro começar lapidar as ideias para o próximo

evento. Se não nos enganamos fomos o único

evento de Grafiti a colocar uma escola de samba

no meio da rua para fazer um desfile. Fala se não

é algo louco e inovador!

CINZA: Como é feita a escolha dos artistas que

irão grafitar no dia do evento:

ARTE E CULTURA NA KEBRADA: Temos os nos-

sos convidados que participam desde os primei-

ros eventos e conseguimos mais espaços extras

para o pessoal que for vir no dia do evento, este

ano de 2014 gastamos mais de 500 litros de látex

para pintarmos os muros e a passarela da CPTM.

CINZA: Como é para vocês se tornar referência

em arte urbana, muitos consideram o evento uma

virada cultural do grafite:

ARTE E CULTURA NA KEBRADA: No início não

tínhamos essa preocupação e nem pensávamos

que iríamos chegar onde estamos. Hoje é uma

alegria só de ver que quase todos nossos ami-

gos estão no evento curtindo, pintando, bebendo,

conversando, se divertindo com sua família. Nada

mais justo que fazer um mega evento para se

comemorar e fazer com que o último dia do mês

de agosto se torne uma data especial para todos.

Quase se torna uma virada cultural do grafiti, já

tivemos a ideia de fazer o evento no Sábado e Do-

mingo 2 dias de eventos. Mas isso esta no papel

ainda quem sabe um dia não fazemos nos 2 dias

com diversas atrações!

CINZA: Além do grafite quais outras linguagens

que o coletivo trabalha:

ARTE E CULTURA NA KEBRADA: Musica, Foto-

grafias, Vídeos e o Cinema na Kebrada.

Page 54: Cinza Revisita ano2#

54

CINZA: Rola uma preservação das artes que fo-

ram feitas no dia do evento:

ARTE E CULTURA NA KEBRADA: Sim durante 1

ano as obras ficam expostas gratuitamente, a e

no mês de Agosto vamos iniciando o trabalho de

renovação e iniciação do evento.

CINZA: Quais são os projetos paralelos ao evento

para 2014:

ARTE E CULTURA NA KEBRADA: Esse ano inicia-

mos o cine Kebrada em outubro e novembro, onde

fazemos um mini evento com música, grafiti e no

final tem apresentação de documentários e filmes.

Esta pra sair da gaveta uma oficina de DJ e es-

tamos iniciando novo projeto com fotografias e

vídeos.

Page 55: Cinza Revisita ano2#

55

Contatos:arteculturanakebrada.comfacebook.com/Arteeculturanakebradayoutube.com/user/arteculturanakebrada Email: [email protected]

Page 56: Cinza Revisita ano2#

PENSOESCREVOESCREVOLOGO

Se a cada rua nova que eu entrar,Um dejá vú for previsto.E eu sem ter visto viajarPara o lado de lá,Dá tua retina e brotarDurante um sonho teu,E a sorte nos encontrarEm alguma esquina.Se a cada lua nova que cresceu,Um dejá vú foi previstoVisto o verso que a canção teceu,Trançando oque é meu,E a rotina que a gente tem pra levar,Mesmo se alguém prevê azar…Serei seu patuá, você a minha figa.

edu sereno é compositor, músico e poeta da zona leste de São Paulo.Rotina é a letra de uma música, disponível no endereço

eduardosereno.tnb.art.br/facebook.com/dusereno

rotinA

Page 57: Cinza Revisita ano2#

57

PENSOESCREVOESCREVO POLAROIDE SP EVA

Cleber Grauth

fotografo.

Page 58: Cinza Revisita ano2#

58

OColetivo Alma Aliança Libertária Meio Ambiente

(ALMA Ambiental), tem no seu conjunto 14 pes-

soas que dividem funções artísticas, produção

e manutenção, traz uma proposta inovadora no

meio cultural, aliam teatro, arte, cultura e meio

ambiente em suas ações e desde 2003 mobiliza

ações essa temática em escolas, cidades do in-

terior e em seu próprio bairro Conjunto José Bo-

nifácio Itaquera.

por thais oliveira fotos robson luna

MEIo aMBIENtE

Ô MISTURA BOACUltUra,

Page 59: Cinza Revisita ano2#

59

Ô MISTURA BOACUltUra,

O coletivo tem sua sede que foi conquistada com muito esforço,

trazem alguns questionamento e até ensinam crianças, jovens e

adultos através de peças de teatro, documentários e da arte os

impactos causados pelo homem no meio ambiente , estudam os

rios que fazem parte do nosso estado e buscam resgatar a história

dos mesmos, como é o caso do projeto Rito de Rios e Ruas que per-

correu nove cidades seguindo o Rio Tietê, ouvindo as histórias dos

moradores e resgatando a história do das cabeceiras do Rio que ao

longo do tempo se modificou foi poluído pela população, alguns pe-

daços do rio nem existem mais tudo isso foi registrado e resgatado

nesse documentário.

Page 60: Cinza Revisita ano2#

60

O Coletivo tem no seu histórico a peças

de teatros desenvolvidas e produzida pelo cole-

tivos, passeios fotográficos pelo bairro onde mo-

ram descobrindo assim uma outras face da Cohab

II, intervenções, sua sede é um ponto de cultura

que sempre recebe atrações, sarau, peças de ou-

tros coletivos.

Atualmente estão em turnê com o Espetáculo

(Des)água, que narra a vida de um rio e suas

águas cristalinas que atendia maravilhosamente

bem uma comunidade ribeirinha, quando de re-

pente chega uma fábrica e o poluem e tiram pro-

veito de todos os recurso daquele imenso rio, é

uma história contestadora e questionadora, nos

faz repensar a forma como tratamos os nosso re-

curso naturais, o espetáculo circulou por muitas

cidades de todo o estado de São Paulo, o centro

da cidade serviu de palco também e agora estão

em temporada nas escolas da zona leste, apre-

sentado para os alunos.

Page 61: Cinza Revisita ano2#

61

O ALMA fala um trabalho en-

riquecedor para dois braços

importantíssimos a cultura e a

conscientização ambiental, o

resgate de nossas raízes, tanto

rios soterrados, tantos rios po-

luídos e não damos a mínima

importância.

E olha que água é um proble-

ma social, saneamento básico,

poluição e até mesmo falta de

água em muitas regiões.

Page 62: Cinza Revisita ano2#

/ /LaDo c

lais da lamaArte educadora, Grafiteira, trabalha também com Fotografia, customizações, pinturas em tecidos, telas, madeiras, graffiti, street art.facebook.com/laisdalama

desfrUtAndo

Page 63: Cinza Revisita ano2#

63

seCret GArdens (JArdins seCreto)

Estou mesmo em um país subdesenvolvido?

Pensava ao andar pelas ruas do Jardins, todas

arborizadas, pássaros, pessoas elegantes, lojas

com nomes em inglês. Um café com nome da ci-

dade luz chama sua atenção. Para por instantes

na frente, pessoas conversando, sorrindo, pare-

ce aconchegante. Gostaria de entrar, mas queria

uma companhia.

Lembra de outros momentos, saí fora do ar por al-

guns minutos. De repente é surpreendido: alguém

toca seu braço. O homem fala alguma coisa, ele

não entende bem, fala muito pouco de português.

O homem faz o gesto universal de cumprimento.

De imediato estica a mão e o cumprimenta, se

olham nos olhos. Mas rapidamente um segurança

chega empurrando o homem para lá e explica para

o “gringo”: aquele é um “vagabundo da rua”, um

“homeless”. Ele fica sem entender, o segurança diz

que aquele homem não merece sua atenção, pois

é um indigente, aquele lugar não é para ele.

O homem tenta argumentar “só queria ajudar, não

estava pedindo dinheiro”. O segurança manda o

homem “vazar” dali. O “gringo” fica confuso. Esta-

va há tantos dias na cidade, nunca havia sentido

alguém com a real intenção de ajudá-lo, sem es-

perar nada em troca.

Saí andando atrás do homem e o convida para to-

mar um café. Pensou que ele seria uma boa com-

panhia para um café no charmoso local. Mas na

porta são barrados por uma moça que determina:

“ele não pode”. O “gringo” olha seus reflexos no

vidro, e não vê algo que os diferencie, pelo contrá-

rio, estão vestidos de forma bem parecida. Tenta

argumentar, mas o homem o puxa pelo braço e

aponta para uma lanchonete no outro lado da rua.

Eles entram e o homem pede dois cafés. Enquan-

to assopra o café, diz para o “gringo”: “don’t worry,

have many people here yet underdeveloped”(“Sem

problemas, aqui ainda temos muitas pessoas sub-

desenvolvidas”).

manu dias,observando a cidade e contando

suas histórias.

Page 64: Cinza Revisita ano2#

64

a artE, aléMDE aBrIr Portas,

ROMPE FRONTEIRASa artE, aléM

DE aBrIr Portas,

Page 65: Cinza Revisita ano2#

65

a artE, aléMDE aBrIr Portas,

ROMPE FRONTEIRAS

Viver a arte, sentir-se parte do mundo, a sensação

de liberdade a cada risco, influenciar gerações,

poder conhecer outros lugares, outras pessoas,

outras culturas, talvez seja essa a maior recom-

pensa de um artista, talvez seja isto que torne tão

gratificante a vida de um grafiteiro.

por roberson Alexandrefotos arquivo Cinza e internet

a artE, aléM DE aBrIr Portas,

Page 66: Cinza Revisita ano2#

66

Essas foram algu-

mas das experiências vividas

pelo grafiteiro e professor de

grafite Patrick Toledo o PACK,

para ele o grafite é muito mais

que sair na rua e fazer uma

pintura nos muros da cidade,

grafite é um estilo de vida, uma

forma de repensar os espaços

urbanos, de interagir com a co-

munidade, é criar um método

seu, é vivenciar isso na rua e le-

var através da ilegalidade, suas

técnicas, compartilhando com

a população esse modo de ver

o mundo.

Muitos tipos de arte, como (po-

esia, literatura, dança), têm o

poder de abrir novos horizontes,

más o grafite talvez seja o que

mais se aproxima da linguagem

da periferia, assim como outros

elementos do HIP HOP já foram

próximos, más acabaram per-

dendo espaço com o passar do

tempo. E poder levar toda essa

experiência pra dentro de uma

sala de aula é magnifico, embo-

ra uma boa parte do processo

pedagógico seja livre, é neces-

sário trazer um pouco da histo-

ria, da convivência, da relação

que há no grafite, seja dentro da sala de aula, ou

na rua, onde é, e sempre será a melhor escola

de grafite.

Com o passar do tempo o grafite venceu a resis-

tência da sociedade, isso ajuda muito na hora de

fazer um trampo de maneira ilegal, ou seja, sem

autorização, antigamente existia um certo tipo de

preconceito, uma descriminação com o artista de

rua, e esse preconceito se refletia muito no grafi-

teiro, hoje ainda há um pouco desse preconcei-

to, más é muito menor, hoje o grafiteiro já é visto

como um artista, claro que os meios de comunica-

ção ajudaram a disseminar essa ideia, através de

comerciais, programas de televisão, entre outros,

Tudo isso contribuiu para que o grafite, a street

arte, fosse visto como algo benéfico para a socie-

dade, como uma forma de cultura.

Poder conhecer outros lugares, outras culturas

é algo totalmente gratificante, más quando você

consegue conciliar isso com seu hobbie, acaba

sendo muito mais, foi extamente isso que aconte-

Page 67: Cinza Revisita ano2#

67

ceu com Pack, que juntamente com sua esposa e

seu amigo e também grafiteiro Eduardo (Credo),

saiu em tour por alguns países da America do Sul,

trocando arte, por moradia, alimentação e muitas

experiências.

Hoje, em parceria com o Grafiteiro Eder Sandro

(Sow), foi montada a Black Book, uma loja voltada

para o grafite, onde artistas com pouco destaque

no cenário, pode estar expondo seus trabalhos,

onde pode-se encontrar materiais com o preço

mais acessível, além de ser também, um local

para se aprender a grafitar, já que ocorrem ofi-

cinas de grafite, as quartas feiras, das 19:00 as

21:00 hrs e de sábado das 09:00 as 12:00 hrs.

Quem quiser conhecer a loja, fica na Av: Caititu

618 itaquera, é só aparecer e conferir de perto os

trabalhos que estão em exposição, os materiais

que estão a venda, ou se desejar, fazer a matricu-

la e começar as aulas de grafite.

Page 68: Cinza Revisita ano2#

PENSOESCREVOESCREVOLOGO

Interior – exteriorem fluxo continuoembebido em histeriaesta tudo embebidoem histeria ao redor.

ao redor do excessoao redor da guerraao redor do consumo

!liquidações são como guerras!

quando disseram ao humanoque era homem com H maiúsculoe todo ser tornou-se O Humano.

e assim ganhou armase assim ganhou armas

assim perdeu pelosassim perdeu pelos

assim ganhou bandeiras

(Breve devaneio paraWolf de Alain Platel)

-por mim mesma-

florido é Paulista, uma artista não apenas visual, mas do corpo e das palavras – reside atualmente em Porto Alegre, onde intensificou sua pesquisa em dança através do Grupo Experimental da cidade. Para ela não há arte sem experimentos, sem fusão de linguagens. Sua produção amplia a cada nova experiência e sua expressão ocupa papéis, telas, muros, e a rua através da intervenção performática que seu corpo pode poetizar, ou não. E, fragmentados os pensamentos após assistir e vivenciar a obra Wolf de Alain Platel, de dança contem-porânea, surge neste poema o devaneio de suas sensações.

facebook.com/patrick.toledo.54

(breve devAneio pArA Wolf de AlAin plAtel)

Page 69: Cinza Revisita ano2#

69

PENSOESCREVOESCREVO

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foto

gra

fo!

Page 70: Cinza Revisita ano2#

70

artEVIDÁDIVaVIDA

Page 71: Cinza Revisita ano2#

71

artEVIDÁDIVa

Ouvir música é muito bom, parar para observar

os sons que estão a sua volta e aprecia-los

entendendo que essa é a nossa voz, que o

que estão querendo nos mostrar é a nossa

realidade, tudo isso vai além de produção

musical, é o nosso canto querendo se fazer

mais presente, não fazendo o papel de vítima

e sim de causadores de inquietação, que com

sua arte quer mais que cantar e se apresen-

tar, quer fazer história e mudar o meio em que

vivemos.

por thais oliveirafotos robson luna

VIDA

Page 72: Cinza Revisita ano2#

72

Através de muita força de vontade e da

ajuda do programa VAI (Valorização de Iniciativas

culturais da prefeitura de São Paulo), lançaram a

primeira coletânea que foi produzida no estúdio

João de Barro (Ermelino Matarazzo), foi a primeira

experiência com estúdio de muitos artistas pre-

sentes, esse primeiro trabalho do coletivo contou

com a participação da Banda Punho, Soul Rosa,

Titã, Feva, Jaharmonia, Submist e muitos outros,

com o trabalho em mãos surgiu a necessidade

de produzir um evento para que esses artistas

pudessem apresentar seus trabalhos foi a partir

disso que nasceu o evento Ensaio Geral e que até

hoje tem seu espaço garantido na programação

do Artevidádiva.

Muitas pessoas que hoje compõe o Artevidádiva

vieram dessas gravações e hoje permanecem

fortalecendo nas atividades, a ideia das coletâ-

neas é enfatizar a Zona Leste de fato e consolida-

-la como um polo forte na cultura de São Paulo.

O Artevidádiva hoje tem produções como o CD

da Banda Punho, Jaharmonia, Artevidádiva Vol. I

e Vol. II e Submist que será lan-

çado este ano, além de continu-

ar perpetuando o grafite afinal

tudo nasceu a partir dele, todos

os anos no mês de dezembro

acontece o evento Grafitando a

Favela no Jardim Helena, onde

o Mauro Muro teve a ideia ini-

cial e fortaleceram com o som,

o NEV (Novo Estilo de Vida)

que está cerca de 10 anos em

atividade vem com a proposta

de pintar na região e para cele-

brar o grafite e amizade, desse

evento aconteceu um resgate

muito importante para o Arte-

vidádiva, um adolescente cha-

mado Igor que mora na comuni-

dade que foi muito proativo em

ajudar o coletivo no evento hoje

faz parte e ajuda nas funções

do Artevidádiva.

“→

Saca só os som dos caras

a ideia das coletâneas é

enfatizar a Zona Leste de

fato e consolida-la como um

polo forte na cultura de São

Paulo.

Page 73: Cinza Revisita ano2#

73

Page 74: Cinza Revisita ano2#

74

A Jahouse é o estúdio que está em processo de

construção, idealizado pelo coletivo, Dão que é

integrante da Banda Jaharmonia desenvolve tra-

balhos com marcenaria e está na linha de frente

na realização desse projeto, o estúdio é feito todo

de madeira, suas instalações contam com acús-

tica adequada para gravação, além de espaço

para produção e realização de pequenos eventos,

um deles é o Ensaio Geral, todos estão focados

na construção da Jahouse que já está perto de

sua finalização, Dão diz que para ele realizar e

pensar nesse projeto teve uma bela inspiração de

Jah, antes da Jahouse o espaço já era utilizado

para gravação da Banda Jaharmonia que já tem

sua trajetória 5 anos e seu último CD foi produzido

pelo Artevidádiva.

Além das coletâneas, Ensaio Geral e NEV, o Arte-

vidádiva compõe uma rede de coletivos da Zona

Leste que é composto por:

Abayomi Ateliê, Marginaliaria,

Mundo em Foco, Arte e Cultura

na Quebrada, que movimenta

a cultura na Zona leste em vá-

rios segmentos, desde artes

cênicas até desfiles de roupas

customizadas.

Esse ano o Artevidádiva irá

produzir o Artevidádiva convi-

da, Submist, Jaharmonia e um

Vinil que será uma coletânea

dos três trabalhos que estão

gravando.

JAHOUSE

Saca só o papo dos caras.

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envelHeÇo nA CidAde (Com CliCHÊ e tUdo)

Muitos falam da crise dos 30; do impacto do tempo sobre nosso corpo que fica mais em destaque; do período maior para descansarmos…E mesmo assim, acordar com sono, das ressacas que duram um dia inteiro para serem curadas e blá, blá, blá. Sei que as coisas não funcionam da mesma forma do que quando tinha vinte e poucos anos, mas vou encarar isso como o fim do mundo¿ Tenho que entrar em desespero por conta dessas mudanças¿ Isso pode acontecer em todas as fases em que poderemos passar em nossas vidas, mas me sinto na melhor fase até o momento.

Posso não ter a mesma pele viçosa de quando era mais jovem, mas tenho as marcas do tempo que já vivi, das experiências que adquiri; posso não ter mais o mesmo cabelo de antes (aliás, boa parte está caindo, herança genética de meu pai, como dizem algumas pes-quisas), mas enxergo uma beleza que jamais imaginei ver quando era mais novo; posso não ter aquele corpinho magrinho e o mesmo fôlego de antes; mas agora tenho a sabedoria pra

“gastar” minha energia apenas com coisas verdadeiramente importantes…

Daí eu pergunto: temos mesmo que passar por crises de idade, crises e mais crises para jus-tificarmos nossas existências neste mundo¿ Podemos fazer um paralelo de nosso envelheci-mento como de uma cidade (citarei como exemplo a cidade em que eu vivo e, apesar de todos os problemas, é linda por si só: São Paulo). Da mesma forma que a nossa cidade já fora “antiga” e ainda mantêm muitos desses traços em sua arquitetura, o que preserva sua história e a de quem vive aqui. Ela também se moderniza, ganha ares atuais, como toda a tecnologia disponível, isso a deixa mais bonita. Nós também passamos por esse “upgrade”, mudamos, reciclamo-nos… Ou seja: envelhecemos na cidade (e com a cidade).

luiz vidal é professor e nas horas vagas baterista da banda Injury

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/ /LaDo c

robson luna,facebook.com/robinho.luna

GArGAlHA

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Um enContro Com o Amor

Certo dia conheci Amor. Um sujeitinho pacato chegou puxando conversa, disse que era super conhe-cido da vizinhança. Uns te chamavam de “mô”, outros de “Love”, eu preferi ser formal (já que estava conhecendo-o naquele momento).

Amor falava da vida de uma forma apaixonante, com um otimismo nunca visto antes por minha pessoa, das várias formas como ele se manifestava. Mas sempre que eu queria prolongar o assunto, saber mais sobre a eloquência de Amor, ele precisava se ausentar. Era muito requisitado pelos vizinhos. Um casal chamava-o: “Vem aqui amor, tenho uma surpresinha pra você!”, logo depois outro casal: “Que saudades de você, Amor…” E assim continuavam as demonstrações de carinho.

A fama de Amor era tanta que chegava a incomodar, pois todos o tratavam da forma mais gentil possível, em todos os lugares via referência sobre ele; tinha até uma data especial, onde em todo o comércio você via algo em referência a ele. Eu fiquei até meio cético com Amor (aliás, sinto que sou uma pessoa muito chata, questiono tudo e todos).

Descrente desse tal Amor resolvi curtir a vida. Aproveitei de todas as formas: conheci muitas realidades, muitas loucuras, mas sempre que pensava no Amor e na sua forma de ser, voltava para casa e me sentia como um rato acuado em uma casa que habitara por muito tempo, mas que há pouco tinha sido desco-berto pelos donos da mesma, sendo encurralado por todos os cantos. A sociedade sabe cobrar quando você é descrente de Amor.

Até que um dia por acaso (bem por acaso mesmo), reencontrei Amor meio tristonho em uma esquina. Não sei dizer o porquê, mas quando o vi, senti uma alegria tão imensa, como se tivesse encontrado um amigo de muito tempo, sentia como se ele fosse a esperança que eu tanto procurava, ouvia “passari-nhos cantando alegremente”, como se fossem uma orquestra, de tão afinados que estavam. Comecei a conversar com Amor. Ele disse que estava meio “pra baixo”, pois um dos vários casais em que era seu confidente-mor, tinha se separado. Perguntei o que tinha acontecido com este casal, já que Amor era tão prestativo, paciente, compreensivo. Então me disse: “Sabe, meu querido, sempre ajudo esses casais. Fico tão feliz quando eles estão juntos, curtindo sua vida a dois, mas empecilhos surgem na vida de todos, e quando isso acontece, devemos nos ‘policiar’ para que a harmonia não desapareça”.

Enquanto refletia sobre o que acabara de dizer, Amor complementou: “Outra coisa: as pessoas acredi-tam em mim como um sentimento romântico, pois elas depositam tantas expectativas no próximo que se este comete um erro (todos somos passíveis de erros), dizem ter sofrido por mim, põem a culpa no outro…”

Após ter refletido mais uma vez com o que Amor tinha me dito, tive um sobressalto de consciência. Con-firmei aquilo que já havia percebido: as pessoas falam de Amor apenas da boca pra fora.

luiz vidal é professor e nas horas vagas baterista da banda Injury

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ColaBoraDorEs

-Luiz Vidal

-Siol

-Lais Lamah

-Marcelo dos Santos

-Bil

-André Mogle

-David Sousa

-Cris Hard

-Cleber Grauth

-Marcos Bacagini

-Priscila Florido

-Victor Rodrigues

-Alienistas

-Éder Menegassi

-Gabriel Lima

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