chaplin filipenses

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Editora Candeia Autor R. N. Champlin, Pfc D.

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Page 1: Chaplin filipenses

EditoraCandeia

Autor

R. N. Champlin, Pfc D.

Page 2: Chaplin filipenses

REIS BOOK’S DIGITAL

Page 3: Chaplin filipenses

O NOVO TESTAMENTO INTERPRETADOVERSÍCULO PO R VERSÍCULO

Russell Norman Champlin, Ph. D.

VOLUME V

FILIPENSESCOLOSSENSES

I TESSALONICENSESII TESSALONICENSES

I TIMOTEOII TIMOTEO

TITO FILEMOM HEBREUS

★ ★ ★

Impressão e Acabamento na Gráfica da Associação Religiosa Imprensa da Fé

São Paulo - SP - Brasil

9a Reimpressão Setembro de 1995 10a Reimpressão Dezembro de 1998

Direitos reservados

sAssociação Religiosa

EDITORA E DISTRIBUIDORA CANDEIARua Belarmino Cardoso de Almeida, 108

Cidade dutra — Interlagos — Cep: 04809-270 São Paulo - SP

1995

Page 4: Chaplin filipenses

FILIPENSESINTRODUÇÃO

I. AUTORIA

II. DATA E PROVENIÊNCIA

III. MOTIVO E PROPÓSITO

IV. INTEGRIDADE DA EPÍSTOLA

V. TEMAS PRINCIPAIS

VI. CONTEÚDO

VII. BIBLIOGRAFIA

considerações literárias que é necessário aceitar ou rejeitar juntamente todas elas. Por esse motivo é que pouquíssimos estudiosos têm provocado qualquer debate em torno da autoria dessas quatro epístolas. Além dessas quatro, outras cinco epístolas têm sido aceitas como paulinas, com pouca disputa, a saber, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicen- ses e Fiiemom.

Ver comentos gerais sobre o corpus paulino na introdução a Romanos, primeiros parágrafos, e secção II.

Esta epistola aos Filipenses é aceita como paulina por quase todos os eruditos, embora alguns deles pensem que ela representa mais de uma epístola, sendo realmente uma composição de peças da correspondência paulina, mais ou menos como as epístolas de I e II Coríntios são tidas como representantes de pelo menos quatro missivas, mas que chegaram até nós agrupadas em apenas duas epístolas. (No tocante a esse problema, no que se relaciona a epístola aos Filipenses, ver o ponto IV desta introdução, intitulado «Integridade da Epístola»).

Dentre as dez a treze epístolas neotestamentárias aceitas como paulinas, sete delas foram escritas na prisão, a saber, Filipenses, Efésios, Colossenses, Fiiemom, I e II Timóteo e Tito, embora seja quase certo que nem todas as sete foram escritas da mesma cidade, e por ocasião do mesmo período de aprisionamento. (Quanto a notas expositivas sobre essa questão, ver a secção II da introdução a esta epístola, intitulada «Data e Proveniência», bem como a introdução a cada uma dessas epístolas, sob o título «Proveniência»).

A própria epístola aos Filipenses (1:1) reivindica a autoria paulina. Timóteo é ali apresentado como um de seus associados, o que sabemos estar de conformidade com a vida de Paulo (ver Fil. 1:1 e 2:19). Além disso, as referências ao seu aprisionamento concordam com aquilo que sabemos ser verdade, acerca dos sofrimentos de Paulo (Fil. 1:7). O autor também se refere, de forma muito natural à sua anterior pregação na Macedônia (ver Fil. 4:15), bem como ao fato que os crentes de Filipos lhe tinham enviado dádivas (ver Fil. 4:10 e 2:25-28), o que não é um elemento que um forjador tivesse querido incluir, porquanto ordinariamente era costume de Paulo viver independentemente das igrejas, quanto ao aspecto financeiro. O conteúdo geral, o estUo e o vocabulário dessa epístola, tudo aponta para a autoria paulina.

Os próprios assédios contra a integridade dessa epístola, ainda que consigam m ostrar que nessa epístola está representada mais de uma missiva, não seriam capazes de provar que essa «coleção» não seria paulina. Contudo, os argumentos contrários à autoria paulina são os seguintes:

1. Uma suposta tentativa de mostrar afinidade para com as idéias do gnosticism o . (Ver Fil. 2:5 e ss.). Entretanto , a tríplice divisão celeste, terrestre e do submundo, não tem sido bem recebida pela maioria dos eruditos como uma prova de influências gnósticas, porquanto tais idéias podem ser encontradas tanto na teologia judaica como na teologia cristã, correntes na época de Paulo.

2. A passagem um tanto indelicada que aparece no terceiro capítulo desta epístola, e que chama os opositores de Paulo de «cães» e de «falsa circuncisão», na opinião de alguns estudiosos, seria indigna do grande apóstolo Paulo. Porém, se lermos a primeira epístola aos Coríntios e a epístola aos Gálatas, verificaremos que isso se transforma em uma prova favorável à autoria paulina, e não contrária a ela, pois Paulo

A igreja cristã de Filipe teve sua origem com os próprios esforços do apóstolo Paulo, durante a sua chamada segunda viagem missionária, conforme o registro histórico de Atos 16:12-40. Tendo ouvido o chamado místico «Passa à Macedônia e ajuda-nos» (Atos 16:9), Paulo alterou os seus planos tencionados de continuar labutando na Ásia Menor; e foi assim que nasceu a missão evangelista européia e a igreja cristã no continente europeu. Posto que a segunda viagem missionária tem sido datada entre 48 e 51 d.C., a visita à cidade de Filipos teria tido a necessidade de ocupar a porção inicial desse período.

Policarpo, em sua epístola aos Filipenses (3:2), indicou que o apóstolo dos gentios havia escrito diversas cartas para eles. Não temos maneira de saber quantas dessas cartas foram escritas por Paulo, porém tem sido quase universalmente aceito que nossa epistola neotestamentária aos Filipenses representa uma ou mais das cartas genuínas do apóstolo Paulo àquela comunidade cristã. (Ver mais abaixo, «Autoria», quanto à autenticidade dessa epístola escrita por Paulo; e ver o ponto intitulado «Integridade», acerca da discussão da possibilidade que temos na epístola aos Filipenses mais de uma epístola, que teria sido incorporada na formação da mesma).

Embora Paulo houvesse sido encarcerado e tivesse sofrido várias indignidades na cidade de Filipos, parece que esse apóstolo nutria afeição toda especial pelos membros da igreja cristã dali. A sua epístola aos Filipenses é a mais pessoal e espontânea de todas as missivas que conhecemos, saídas da pena de Paulo. Nessa epístola transparece um afeto que parece jamais ter sido perturbado por conflitos e disputas, especialmente acerca da questão legalista, o que se verifica em diversas outras das epístolas paulinas. Não obstante, podemos considerar a passagem de Fil. 3:1 e ss., que encerra uma advertência acerca dos perigos do legalismo.

Ordinariamente, Paulo se m antinha independente das igrejas locais, do ponto de vista financeiro, provavelmente devido ao fato que anteriormente havia perseguido a igreja de Cristo, o que o levou a acreditar que não deveria servir de fardo para os crentes, mas antes, deveria prestar-lhes um serviço gratuito, abundante e voluntário. Não obstante, Paulo não rejeitou alguma ajuda financeira dos crentes de Filipos, mas recebeu, pelo menos por duas vezes, algum dinheiro, quando se encontrava na cidade próxima de Tessalônica. (Ver Fil. 4:10). Mais tarde, quando Paulo se encontrava aprisionado, os crentes filipenses se lembraram novamente do apóstolo, e, através de Epafrodito, um dos membros daquela igreja, uma vez mais lhe enviaram uma demonstração palpável de seu amor cristão por ele. Foi assim que, no retorno de Epafrodito a Filipos, o apóstolo lhes enviou a epístola aos Filipenses, a qual é, essencialmente, uma missiva de agradecimento; mas Paulo também se aproveitou do ensejo para dissertar sobre vários temas, que ele julgou serem benéficos aos seus leitores, segundo se depreende de Fil. 2:25-28.I. AUTORIA

Os quatro grandes livros clássicos de Paulo são'as. epístolas aos Romanos, aos Gálatas, I e II Coríntios. Praticamente nenhum erudito tem duvidado da autenticidade desses quatro livros do N.T. como obras genuinamente paulinas. Elas são tão semelhantes entre si, no que diz respeito ao estilo, ao vocabulário, à estrutura das sentenças e a todas as demais

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FiuPENSES

feitas contra Paulo eram sérias, e que o seu martírio poderia estar próximo. Ora, isso se harmoniza melhor com a situação de Paulo em Roma do que com qualquer outro período de aprisionamento. E isso se verifica especialmente porque, na qualidade de cidadão romano, não é provável que, sob tão adversas circunstâncias, o apóstolo Paulo não tivesse apelado para César, o que de fato fizera em Cesaréia, quando também se encontrava em grande dificuldade. Esse é o mais forte argumento em favor da cidade de Roma, embora se harmonize melhor com o segundo período de aprisionamento nessa cidade (conforme alguns eruditos têm postulado), e não com o primeiro período, porquanto o livro de Atos, em suas observações finais, não nos transmite a impressão de que havia qualquer ameaça tão séria como esta epístola aos Filipenses nos permite entender. Outrossim, Paulo pode ter enfrentado determinados perigos na cidade de Êfeso ou em outra localidade qualquer, sobre o que não temos conhecimen­to, e sob circunstâncias que talvez não permitissem um apelo fácil a César.

3. Em favor do aprisionamento em Roma também tem sido aduzido o argumento que a igreja cristã de Roma corresponderia, quanto ao tamanho e à influência, às alusões constantes em Fii. 1:2 e s., que parecem indicar uma comunidade cristã considerável. Ora, outro tanto não se poderia atribuir facilmente a Êfeso, e, menos ainda, a Cesaréia.

4. A introdução de Márciom, à epístola aos Filipenses, identifica claramente a sua proveniência como a cidade de Roma. Mas é possível que isso não tenha passado da reiteração de uma opinião antiga, a qual pode estar equivocada visto que os escritos de Márciom datam de cerca de cem anos que tais acontecimentos transpiraram.

5. Outros estudiosos têm postulado a hipótese cesariana. Desde 1731 que Oeder, de Leipzig, sugeriu que Cesaréia teria sido o lugar onde a epístola aos Filipenses teria sido escrita. Essa idéia, entretanto, não é mais fácil de defender que a hipótese romana. Sobre isso, há algumas considerações que precisamos averiguar:

a. A custódia referida em Atos 13:35, çjue descreve o aprisionamento do apóstolo Paulo em Cesareia, não sugere qualquer perigo iminente de martírio, conforme esta epístola aos Filipenses dá a entender por toda a parte.

b. Outros estudiosos supõem que o tamanho e o prestígio da igreja cristã de Cesaréia não corresponde àquilo que é descrito em Fil. 1:12 e ss.

c. Quando Paulo se encontrava em Cesaréia, esperava fazer ainda uma visita à cidade de Roma, e não outra visita a Filipos, que era o seu desejo, quando ele escreveu esta epístola, conforme se verifica em Fil. 2:24 e ss.

6. Há, finalmente, a hipótese efésia. Embora não haja qualquer certeza no que diz respeito a algum período de aprisionamento de Paulo em Êfeso (a sua luta contra as «feras», que teria ocorrido ali, mencionada em I Cor. 15:32, pode ser uma alusão alegórica, e não literal), essa idéia tem ganho algum apoio em anos recentes, não somente como o lugar onde Paulo teria redigido esta epístola aos Filipenses, mas também como lugar onde ele escreveu as epístolas aos Efésios, aos Colossenses e a Filemom. Os seguintes argumentos são apresentados em favor dessa opinião:

a. Sua referência à sua tencionada visita imediata se torna muito mais inteligível, pois Êfeso ficava muito mais perto de Filipos do que de Roma. Além disso, com base na epístola aos Romanos sabemos que Paulo planejava fazer uma viagem missionária à Espanha, depois deter passado por Roma, e não uma viagem ao território ia explorado da Macedônia. Podemos considerar o trecho de Fil. 2:24, onde o apóstolo Paulo estava preparado para reiniciar seu trabalho pastoral entre eles; também se pode considerar o trecho de Rom. 15:23-25, onde se lê sobre intuitos inteiramente diferentes. Essa referência da epístola aos Romanos mostra-nos que Paulo reputava «completada» a sua tarefa no oriente, e que agora queria visitar o ocidente.

b. Existem evidências, nesta mesma epístola aos Filipenses, de que foram feitas várias visitas entre esses dois pontos (onde ele se encontrava aprisionado) e Filipos. Os crentes de Filipos ouviram falar do aprisionamento do apóstolo e lhe enviaram Epafrodito com uma dádiva em dinheiro. Então foram enviadas notícias a eles que seu mensageiro adoecera; e ele, por sua vez, recebeu uma mensagem que m ostrava a preocupação daqueles irmãos. Mais tarde Epafrodito foi enviado a eles, levando-lhes esta epístola aos Filipenses.

não hesitava em falar de forma ousada e mordaz.3. O trecho de Fil. 4:15, na opinião de alguns eruditos,

contradiria aos trechos de I Cor. 9:15 e II Cor. 11:9, sob a alegação que se refere à coleta encabeçada por Paulo para os santos pobres de Jerusalém, que não chegou às mãos desse apóstolo, ou que não foi levantada no começo de seus labores na Macedônia (conforme esta epístola aos Filipenses parece indicar), mas antes, no final de seus labores ali. Porém, essa dificuldade é facilmente solucionada quando observamos que essa referência não é ao papel deles na coleta geral para os pobres de Jerusalém, pois Paulo se referia antes às dádivas pessoais que eles lhe tinham enviado; pois esta epístola aos Filipenses, pelo menos em parte, visou agradecer ao auxílio monetário que os crentes de Filipos haviam enviado ao apóstolo. O décimo sexto versículo deste mesmo capítulo deixa isso claro, onde se lê que o dinheiro, no dizer de Paulo, fora «...o bastante para as minhas necessidades», e não para os santos pobres de Jerusalém.

Todas essas três objeções, entretanto, não têm sido favoravelmente acolhidas pela grande maioria dos intérpretes, razão pela qual essa epístola tem continuado a ser considerada como genuinamente paulina.

A autoridade e a canonicidade da epístola aos Filipenses têm sido questões fixadas desde os tempos antigos. Ela usufrui da mesma autoridade, quanto a esses pontos de vista, que os demais livros clássicos paulinos, e podem ser aplicadas aqui as introduções às epístolas aos Romanos, aos Gaiatas e a I e II Coríntios, onde se ventilam as questões do cânon e da autoridade antiga. Não houve nenhuma ocasião, na igreja cristã primitiva, em que qualquer pronunciamento sobre o «cânon» tivesse sido efetuado, que não incluísse também a epístola aos Filipenses. Márcion, um dos pais da igreja (150 d.C.), em seu cânon neotestamentário de onze livros, que se constituía de dez das epístolas paulinas e de uma forma m utilada do evangelho de Lucas, incluía a epístola aos Filipenses. Todos os demais pais da igreja, após Márciom, que falaram a respeito da questão, jamais deixaram de incluir essa epístola. E antes mesmo da época de Márciom, Policarpo, em sua epístola aos Filipenses, mencionou a correspondência que Paulo tivera com eles, citando o trecho de Fil. 3:11. Nessa coleção de epístolas paulinas, a epístola aos Filipenses evidentemente foi escrita antes de Colossenses e depois de Efésios. (Ver a introdução à epístola aos Efésios, parágrafo 4,2). Essa é igualmente a ordem como essa epístola aparece no cânon muratoriano. Os pais da igreja Inácio, Irineu, Clemente de Alexandria, Orígenes, Tertuliano e Eusébio, todos citaram trechos desta epístola aos Filipenses.II. DATA E PROVENIÊNCIA

A data desta epistola aos Filipenses depende do lugar onde Paulo a redigiu, isto é, do aprisionamento particular durante o qual ele a escreveu. Que o apóstolo era um prisioneiro, quando a escreveu, é óbvio, segundo se vê em Fil. 1:7,12. Sabe-se que Paulo sofreu aprisionamento em Jerusalém, em Cesaréia, em Roma, e, na opinião de alguns, também em Êfeso. As cidades de Roma, Cesaréia e Êfeso têm sido todas sugeridas como lugares de onde Paulo poderia ter escrito essa epístola. Sobre isso, convém que consideremos os seguintes pontos:

1. Até relativamente há pouco tempo, o aprisionamento de Paulo em Roma, como lugar de onde ele escreveu esta epístola aos Filipenses, era a idéia tradicional. As alusões à «casa de César» (Fil. 1:13 e 4:22) e ao «pretório» eram consideradas como conclusivas em favor da proveniência da capital do império. Entretanto, têm sido encontradas pela arqueologia várias inscrições que mostram que os funcionários do governo e os representantes de Roma eram assim chamados, e que onde quer que eles residissem se tornava a casa de César. Esse termo era vinculado a muitas categorias de pessoas, como servidores, policiais, guardiães, bem como altos oficiais do governo. E o pessoal administrativo romano, em toda a cidade im portante do império, era conhecido pelo termo de «pretório», que incluía todos os funcionários, os quais, em Roma ou fora dela, eram designados pela alcunha de «servos de César». Portanto, essa expressão, que tradicionalmente se pensava dar apoio à idéia que Paulo escreveu esta epístola aos Filipenses quando estava aprisionado em Roma, na realidade perdeu grande parte de sua força, pois o uso do termo é por demais amplo.

2. Outros argumentos têm sido apresentados em favor da cidade de Roma, como o lugar de onde Paulo !redigiu! esta epístola aos Filipenses. Essa epístola parece antecipar sua possível morte (2:20-23), o que nos mostra que as acusações

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FILIPENSES

que sugerem que os crentes de Filipos vinham sendo perseguidos, e que precisavam de encorajamento. Por essa razão Paulo os animou a se manterem firmes, dando testemunho vivo em prol de Cristo. (Ver Fil. 1:27; 4:1 e 2:15).

5. O trecho de Fil. 3:1 e ss, na opinião de muitos eruditos, se­ria fragmento de uma carta separada, pois parece inteiramente fora de sintonia com o restante da epístola. Trata-se de uma severa repreensão contra os legalistas de Filipos. Assim se pode dizer com certeza que a «correspondência com os filipenses», sem importar se nossa epístola aos Filipenses é uma única missiva ou representa uma pluralidade de cartas, incluiu o propósito de atacar o legalismo. Seja como for, esse problema provocou talvez a secção mais elevada da epístola, isto é, aquela na qual Paulo mostra quais eram as razões que ele tinha de ufanar-se com um orgulho farisaico, mas como Cristo substituíra toda essa ufania, permanecendo o Senhor como sua única base de jactância e seu alvo único de perfeição.

6. Alguns estudiosos acreditam que havia um partido dos perfeccionistas naquela igreja, afirmando que eram superiores aos demais, devido ao orgulho espiritual. Por isso é que esses estudiosos pensam que nesta mesma secção do terceiro capítulo, onde Paulo mostra que nem ele mesmo pensa já haver atingido seus propósitos de perfeição em Cristo, seria um repúdio indireto àqueles que pensavam já ter atingido a perfeição.

7. Não sabemos a gravidade do perigo em que se encontrava Paulo, mas existem várias indicações que não seria de todo impossível que a sua vida fosse tirada naquela oportunidade, embora seu aprisionamento talvez fosse em Êfeso, e não em Roma. Ver Fil. 1:20, onde ele indica que a glória que poderia dar a Cristo viria pela vida ou pela morte, e que já havia o apóstolo ajustado os seus pensamentos à possibilidade distinta de sofrer aquela morte que, para ele, seria «lucro». (Fil. 1:21). Quer «vivo» quer «morto», conforme os homens mortais encaram a questão, o seu grande propósito era o de agradar a Cristo, embora o próprio Paulo desse sua preferência à «morte», pois, segundo declarou ele, estar com Cristo é, muito melhor. (Ver Fil. 1:23). Não obstante, reconhecia a sua responsabilidade para com aqueles que havia gerado espiritualm ente em Cristo e assim, por baixo de seu reconhecimento dos perigos que o ameaçavam, parece que Paulo sentia intuitivam ente que o seu ministério se prolongaria mais algum tempo, e que ele ainda teria oportunidade de dar prosseguimento à sua obra apostólica, até mesmo entre os crentes de Filipos (ver Fil. 1:24,25). Portanto, parece-nos que um dos propósitos de Paulo foi o de informar aos crentes de Filipos sobre os verdadeiros perigos que ele estava enfrentando, mostrando-lhes que se tivesse chegado o tempo dele sofrer o martírio, estava preparado para tanto, e que ele sentia que até isso seria bom para ele, e não seria uma tragédia, como outros penderiam por pensar sobre a questão. Esse tipo de informação tinha por intuito aliviar as mentes de seus leitores acerca de sua segurança, e, ao mesmo tempo, lhes dava coragem para enfrentar qualquer tribulação que fosse lançada contra eles, tribulação essa que esta epístola subentende que eles já estavam experimentando. Em tudo isso, pois, Paulo descreve qual deve ser a atitude cristã apropriada para com os sofrimentos, os quais podem ser tão severos que levem o crente ao martírio.IV. INTEGRIDADE DA EPÍSTOLA

Policarpo, em sua epístola aos Filipenses (3:2), indicou que Paulo lhes havia escrito diversas cartas. Não temos meios para determinar quantas foram essas missivas, embora seja universalmente aceito que nossa epístola aos Filipenses representa uma delas. Alguns eruditos crêem que nesse livro ha fragmentos de mais uma cárta. Assim, pois, se a integridade da epístola é posta em dúvida por alguns estudiosos, isto é, se essa epístola representa uma única missiva ou mais de uma, que teriam sido combinadas, formando a que atualmente conhecemos, por outro lado a «autenticidade» dessa epístola, como genuinamente paulina,. raramente foi posta em dúvida.

Assim sendo, a epístola aos Filipenses é vista mais ou menos como I e II Coríntios, as quais são aceitas por muitos eruditos como cartas compostas por pelo menos quatro epístolas, embora tivessem sido combinadas de uma forma a dar a entender que elas sejam apenas duas. Assim, podemos supor que houve uma «correspondência de Paulo com Corinto» que envolveu várias epístolas; e partes das mesmas, ou talvez a totalidade de uma ou duas, mais porções de outras, foram combinadas em duas epístolas compostas. As introduções a l e

Timóteo também foi envolvido nesses movimentos, de tal modo que, ao todo, precisamos pensar em quatro viagens pelo menos. Ora, Roma distava quase mil e trezentos quüômetros de Filipos, ao passo que Êfeso ficava a menos da metade dessa distância; portanto, as idas e vindas muito mais provavelmente teriam ocorrido entre Filipos e Êfeso do que entre Filipos e Roma, que ficava a muito maior distância. (Ver Fil. 2:19-30).

c. A menção da dádiva de que os crentes de Filipos haviam enviado a Paulo parece indicar a passagem de pouco tempo desde que Paulo estivera com eles, e não um intervalo de talvez dez anos, o que teria sucedido, se tal dádiva tivesse sido enviada para ele em Roma.

d. É possível que a visita tencionada por Timóteo (ver Fil. 2:19) deva ser identificada com a visita mencionada em I Cor. 4:17 e Atos 19:22. Nesse caso, a própria revisita de Paulo àquele lugar poderia ser identificada com o que se lê em Atos 20:1-6, onde se veria então o cumprimento do seu desejo de visitá-los, conforme se lê em Fil. 2:24.

Contra a idéia do aprisionamento de Paulo em Êfeso, podem ser apresentados os seguintes argumentos:

1. Essa idéia é de natureza especulativa, porquanto nada pode ser provado nesse sentido, excetuando talvez a referência isolada que há em I Cor. 15:32.

2. A ausência de qualquer menção sobre a coleta para os santos pobres de Jerusalém parece ser um argumento forte quanto a isso, pois parece que Paulo estava obcecado acerca dessa questão, durante esse tempo.

3. A mais séria objeção contra essa idéia é çpe a epístola aos Filipenses reflete um possível iminente martírio. Nesse caso, por qual razão Paulo não apelou para César, o que realmente fez mais tarde, em Cesaréia, quando viu as coisas contra ele? Para essa objeção realmente não há resposta.

Essa questão, pois, permanece na dúvida, porquanto nenhuma dessas idéias pode ser defendida de maneira inteiramente bem-sucedida. Porém, afinal de contas, a questão não se reveste de importância capital.

Se porventura a epístola aos Filipenses foi escrita em Êfeso, então teríamos de datá-la entre 53 e 54 d.C., o que significaria que foi escrita antes da primeira epístola aos Coríntios. Por outro lado, se Paulo a escreveu em Cesaréia, então sua data teria sido entre 56 e 58 d.C. E, se porventura, ele a escreveu em Roma, então deve ser datada depois de 58 d.C., que foi quando Paulo chegou pela primeira vez em Roma. No entanto, esta epístola aos Filipenses poderia ter sido redigida tão tarde como 60 d.C., ou mesmo mais tarde, se supormos que o apóstolo a escreveu quando de seu segundo período de aprisionamento, talvez tão tarde como 64 d.C. Alguns eruditos datam a chegada de Paulo em Roma tão tarde como o ano de 62 d.C., e, se porventura essa opinião é correta, teria sido escrita esta epístola aos Filipenses de dois a quatro anos depois dessa data.III. MOTIVO E PROPOSITO

Embora não possamos ter qualquer certeza, no tocante ao lugar onde Paulo escreveu esta epístola aos Filipenses, podemos determinar facilmente, com base na própria epistola, quais os propósitos e as circunstâncias imediatos sob os quais Paulo a redigiu:

1. A igreja cristã de Filipos se preocupara com o bem-estar material do apóstolo Paulo, porquanto ouvira que ele se encontrava aprisionado; e assim se iniciou uma troca de cartas entre o apóstolo e aquela comunidade cristã. Paulo estava prestes a enviar-lhes Timóteo e Epafrodito, e essa epístola foi em parte mandada a fim de encorajar a boa acolhida a esses mensageiros. Parece que Paulo desejava desarmar qualquer crítica que talvez houvesse surgido com relação a Epafrodito, embora não se possa distinguir claramente por qual razão tais críticas tiveram início. (Ver Fil. 2:19 e s.).

2. Havia algumas dificuldades na igreja de Filipos, quase todas provocadas por questões pessoais, e com os quais Paulo queria tratar. Isso transparece com clareza no trecho de Fil. 2:1-4,14. No trecho de Fil. 4:2 isso é reiterado, sendo dados os nomes dos envolvidos na disputa. Paulo, pois, queria que a igreja se unisse, cessada a contenda, e aproveitou a viagem de Epafrodito até eles, a fim de cuidar do problema.

3. Os crentes filipenses, por diversas vezes, haviam enviado doações pessoais ao apóstolo (ver Fil. 1:5 e 4:10,14 e ss.), o que nos mostra que esta missiva, entre outras coisas, foi uma carta de agradecimento.

4. No teor da própria epístola aos Filipenses há evidências

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FILIPENSES4resolvem; e esses eruditos tendem a considerar que a nossa epístola aos Filipenses representa essencialmente uma única missiva de Paulo, a despeito de seus níveis e de sua complexidade de material.V. TEMAS PRINCIPAIS

A epístola aos Filipenses não pode ser reduzida a uma apresentação de seqüência lógica, porque se trataria de uma composição de várias missivas, de forma um tanto frouxa, que abordam diversos temas. Trata-se da mais pessoal das epístolas escritas por Paulo, a mais reveladora da emotividade do apóstolo dos gentios. Temos aqui uma combinação de notas pessoais, explosões de advertência, de ação de graças e de ternura, reflexões profundas e denúncias extremamente amargas.

1. O tema da alegria aparece de maneira mais pronunciada nesta epístola do que em qualquer outro dos escritos de Paulo. Isso pode parecer-nos estranho, considerando-se as circuns­tâncias tão adversas sob as quais essa epístola foi redigida, pois Paulo se encontrava aprisionado, e pairavam tão graves ameaças sobre ele que ele já pensava que o martírio era uma forte possibilidade. Porém, no capítulo final desta epistola Paulo diz-nos como já havia aprendido a estar contente, nas diversas vicissitudes da vida. Seria uma espécie de estoicismo cristão, produzido por uma vida de intensos e constantes sofrimentos, que o apóstolo sempre atribuía à vontade de Deus, como acompanhamento necessário tanto para a propagação do evangelho como para o desenvolvimento espiritual do crente. (Ver Fil. 1:3,4; 1:25; 2:1,2,16-18,28; 3:1,3; 4:1,4,5,10).

2. A razão dos sofrimentos e o triunfo deles sobre os mesmos é outro dos temas centrais desta epístola. O martírio de Paulo era considerado como algo possível, embora ele esperasse que o seu ministério se prolongasse algum tempo mais, não para sua própria vantagem e alegria, mas para vantagem deles. Sobre isso se manifesta a maior parte do primeiro capitulo, além dos trechos de Fil. 2:15,17 e 4:1. Paulo evidentemente pensava que os crentes de Filipos continuariam a enfrentar perigos similares àqueles que ele mesmo tinha de enfrentar, como perseguições e vários sofrimentos e abusos, incluindo a própria morte. (Ver Fil. 1:27-30). Não obstante, Paulo diz que os sofrimentos dos crentes fomentam o progresso do evangelho. (Ver Fil. 1:12).

3. Paulo sustenta nesta epístola a sua esperança no retomo de Cristo Jesus para breve. Ele foi capaz de olvidar os seus sofrimentos em vista da fé que a parousia (a segunda vinda de Jesus) haveria de apagar de vez a agonia do ódio e da hostilidade dos homens, soerguendo os crentes ao nível da glória de Cristo. Ele sabia que a sua morte ocorreria antes disso (ver Fil. 1:23), mas mesmo assim continuava embalando a esperança que a segunda vinda de Cristo se verificasse durante sua vida terrena. (Ver Fil. 1:6,10; 2:10,11,16; 3:20,21 e 4:5).

4. Havia ainda a necessidade de exortar a igreja dos crentes de Filipos à coesão e à humildade, que consiste da participação na atitude mental de Cristo; e isso levou Paulo a compor sua mais profunda declaração concernente à humanidade de Cristo, à sua missão humana, à sua humilhação, ao seu triunfo em sua missão terrena e à sua exaltação aos lugares celestiais, que redundará em sua supremacia sobre tudo quanto há na criação. Entre as epístolas de Paulo, essa é a mais completa afirmativa sobre esse assunto. (Ver Fil. 2:1-11). Nenhuma outra passagem paulina pode comparar-se com essa, sobre a humanidade de Jesus Cristo.

5. A advertência contra os legalistas ocupa a primeira porção do terceiro capítulo desta epístola, sendo uma das declarações mais amargas de Paulo acerca desses inimigos do evangelho, o que também constituía um dos principais problemas que havia na igreja cristã primitiva.

6. Essa necessidade de assim pronunciar-se contra o legalismo, levou o apóstolo Paulo a expressar sua própria dedicação suprema a Cristo, o seu alvo e os seus propósitos na vida, seus anelos espirituais mais profundos, tudo o que viera a fazer parte de sua vida, quando ele repelira o tipo de fé religiosa que caracterizava os legalistas, os quais se orgulhavam em diversas relações humanas, como a descendên­cia física ou como as realizações religiosas. E bem provável que essa seja a mais famosa e a mais usada de todas as secções de todas as epístolas desse apóstolo, quando os pregadores desejam apresentar sermões de ensino para suas igrejas. (Ver Fil. 3:4-16). Não podemos ocultar que há certo aspecto

II Coríntios explicam detalhadamente as várias especulações que há sobre essa questão. Por semelhante modo, alguns têm pensado ser a «correspondência de Paulo com Filipos».

No que tange ao problema dessa epístola aos Filipenses, muitos eruditos acreditam que o terceiro capítulo da mesma, ou pelo menos parte da mesma, pertenceria a uma epístola que Paulo escrevera anteriormente, que versaria sobre a controvér­sia com os mestres judaizantes. De fato, esse capítulo é de espírito diferente do restante do livro. No primeiro capítulo Paulo alude aos seus opositores com uma atitude de esplêndida magnanimidade; porém, no capítulo terceiro, ele os denuncia em termos severos e os mais violentos. Além disso, esse terceiro capítulo parece ser uma espécie de conclusão de uma epístola, e não um argumento que se possa colocar com naturalidade no meio de uma epístola, conforme aparece aqui em Filipenses. (Ver Fil. 3:1-4).

Outros intérpretes, entretanto, asseveram que realmente havia dois grupos distintos, para os quais Paulo se referiu. Suas exortações suaves teriam sido dirigidas para aqueles que ele considerava verdadeiros crentes, ao passo que as exortações severas teriam sido feitas contra aqueles que Paulo reputava como falsos pastores, que precisavam de ser amargamente contrariados. Ê possível que entre esses estivessem alguns judeus hostis, que vaiavam aos crentes e os deixavam perplexos, embora esses não fizessem parte real da igreja de Filipos. Isso explicaria adequadamente a diferença de tonalidade, dentro dos limites de uma única epístola.

Outrossim, a palavra Finalmente, que aparece em algumas versões (em nossa versão portuguesa, que usamos como base textual deste comentário, se lê «Quanto ao m ais...»), no começo do capítulo terceiro desta epístola, não indica necessariamente que a epístola estava prestes a terminar. E mesmo que porventura tivesse sido assim, poderíamos crer que outros pensamentos invadiram a mente de Paulo, o que tê-lo-ia impedido de encerrar sua epístola, na ocasião precisa em que essa idéia lhe ocorreu pela primeira vez. Qualquer pessoa que esteja acostumada a ouvir discursos ou sermões feitos por pessoas que não se atêm a notas escritas, sabem como suas mensagens podem estender-se, mesmo depois do orador ou pregador ter afirmado que estava prestes a terminar o seu discurso.

O trecho de Fil. 3:1 indica de forma definida que Paulo já havia escrito aos crentes de Filipos em outras ocasiões, e que já havia dito nelas coisas que agora reiterava. Porém, a idéia de que a nossa epístola aos Filipenses contém fragmentos de tal correspondência, apesar de talvez expressar uma verdade, não é facil de defender; e as defesas a essa teoria, - contrariamente ao caso de I e II Coríntios, não são fortes. Assim é que, entre aqueles que consideram certas porções do terceiro capítulo desta epístola como interpolações, não há acordo sobre a extensão das mesmas. Alguns estudiosos põem-lhe ponto final em Fil. 4:3 (como K. Lake), outros em Fil. 4:1 (conforme A.H. McNeile, C.S.C. Williams e F.W. Bear), e ainda outros sugerem Fil. 3:19 (como J.H . Michael). Bear considera a epístola como composta por três elementos distintos, a saber, uma epístola de agradecimento, que reconhecia a dádiva dos Filipenses através de Epafrodito (Fil. 4:10-20), e um fragmento interpolado que denuncia o ensinamento falso dos missionários judaicos e o antinominia- nismo de certos crentes gentios (Fil. 3:2- 4:1). Essa secção, na opinião de certos eruditos, teria sido dirigida a alguma outra igreja, mas que veio a ser viaculada à nossa epístola aos Filipenses, mais ou menos da mesma maneira que o décimo sexto capítulo da epístola aos Pomanos, segundo dizem certos estudiosos, teria sido uma carta de introdução de Febe, dirigida não para Roma, mas para algum outro lugar, como Êfeso. Além disso, como terceiro elemento de nossa epístola aos Filipenses, haveria o arcabouço geral dessa epistola, constituída pelos trechos de Fil. 1:1- 3:1; 4:2-9,21-23.

Vários eruditos acreditam que essa foi a missiva final do apóstolo Paulo à igreja na terra, uma espécie de mensagem de despedida. Ainda outros estudiosos acreditam que o trecho de Fil. 2:5-11 seja pré-paulino ou pós-paulino, -composto por outrem, em nome do apóstolo. Há também aqueles que pensam que essa passagem seja uma espécie de hino cristológico, acrescentado pelo próprio Paulo à sua epístola, ou adicionado mais tarde por alguém à correspondência entre Paulo e os crentes de Filipos. Embora algumas dessas especulações possam parecer um tanto plausíveis, a maioria dos eruditos, incluindo muitos de tendências liberais, pensam que essas especulações criam mais dificuldades do que

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FILIPENSES

cuidadosamente cultivada e resguardada, garantirá urna vida de pureza e utilidade nas mãos de Deus. ·Naturalmente que essa é uma idéia central de Cristo, que afirmou que todos os grandes pecados têm sua origem na mente, nos motivos, que finalmente produzem as ações malignas e erradas. Isso é o que também se aprende, em vários trechos do Sermão do Monte (ver Mat. 5-7). Com isso concorda aquela expressão que diz O homem é aquilo que pensa.V I. C O N T E Ú D O

I. Introdução (1:1-11)1. Endereço e saudação (1:1,2)2. Ação de graças, oração e confiança (1:3-11)

II. Paulo, um prisioneiro cheio de esperança e alegria (1:12-26)III. O exemplo de Paulo era um consolo para os crentes que sofriam

(1:27-2:18)IV. Características da vida cristã (2:1-18)

1. Humildade, segundo o exemplo de Cristo (2:1-4)2. A humildade e a encarnação de Cristo. Essa humilhação propiciou

lugar para sua exaltação. Cristo tinha natureza humana verdadeira e foi exaltado por haver completado de forma magnífica a sua missão como homem (2:5-11).

3. O supremo exemplo de dedicação, deixado por Cristo, leva o crente a aceitar várias obrigações morais (2:12-18).

V. Timóteo e Epafrodito são enviados. Deveriam ser acolhidos como representantes de Paulo e tratados como tais (2:19-30).

VI. A digressão contra os legalistas (3:1-21)1. Contra os judaizantes (3:1-3)2. Rejeição pessoal de Paulo aos legalistas e aos valores ditados pelo

orgulho humano, paralelamente aos seus novos alvos espirituais em Cristo (3:4-16).

3. Necessidade de uma vida cristã coerente (3:17-21)VII. Admoestações finais variadas (4:1-9)

VIII. A carta de agradecimento e considerações sobre as dádivas cristãs (4:10-20)

IX. Saudações finais, encorajamentos, apreciações (4:21-23)VII. BIBLIOGRAFIA

Além daqueles comentários em série que foram utilizados no decurso da exposição do N.T., como fontes informativas, dos quais se pode encontrar uma lista na introdução ao comentário, recomendamos ainda os seguintes livros:B iggs, C .R .D ., The E p istle o f Paul the A p o stle to the P hilippians, (The Churchman’s Bible), Londres: Methuen and Co., 1900.Duncan, G.S., St. Paul’s Ephesian M inistry , Nova Iorque: Charles Scribner’s Sons, 1930.Enslin, Morton Scott ,The Literature o f the Christian Movement, N.Y: Harper and Brothers, 1956.Lightfoot, J .B ., St. Paul’s Epistle to the Philippians, Londres: Macmillan and Co. 1894.Michael, J . Hugh, The Epistle o f Paul to the Philippians, (The Moffatt New Testament Commentary), Londres: Hodder and Stroughton, 1928.Titus, Eric Lane, Essentials o f N.T. Study, N.Y! The Ronald Press, 1958.

ste comentário Dela eentil Dermissão daAbingdon-Cokesbuiy Press, Nashville. Desta obra, são citados, em Filipenses, os autores Emesfc F. Scott e Robert R. Wicks.

Capitulo 1

Na introdução a este livro são apresentados assuntos como autoria, data, proveniência, motivos e propósitos da epistola, integridade, temas principais, conteúdo. E essas explanações devem ser lidas não apenas por razão de interesse geral, mas também porque há importante material de pano de fundo, que ajuda o leitor na compreensão da mensagem que esta epístola nos expõe. (Quanto a uma ordem cronológica proposta, das epistolas de Paulo, ver a introdução à epistola aos Romanos, em sua secção II).

Quase todas as introduções e saudações de Paulo, em suas epistolas, são similares, pelo que já foram comentadas em outros lugares. (Para pleno benefício do leitor, as notas expositivas referidas deveriam ser consultadas. Ver os seguintes itens:

1. Quanto ao estilo do endereço e da saudação, comum nas cartas antigas, e que são ao menos parcialmente duplicadas nas epístolas do N.T., ver o primeiro parágrafo da introdução a Rom. 1:1.

2. Quanto a notas expositivas completas sobre «Paulo», em seu passado, vida, doutrinas, etc., ver o artigo introdutório ao comentário intitulado «A Importância de Paulo».

3. Quanto às epistoleis de Paulo, em sua cronologia e breves detalhes, concernentes à coletânea paulina, ver a introdução à epístola aos Romanos, em sua secção II.

4. Quanto à explicação sobre o nome de Paulo, ver as notas expositivas em I Tes. 1:1.5. Quanto ao fato que Paulo é servo ou escravo de Cristo, ver Rom. 1:1. O tema inteiro de nossa relação com Cristo, na

qualidade de seus escravos, é desenvolvido ali.6. Quanto a um poema sobre Paulo, como ministro de Cristo, ver também I Tes. 1:1.7. Quanto a Paulo como «apóstolo», além daquilo que é discutido no artigo geral a seu respeito, ver as notas expositivas em

Rom. 1:1.8. Quanto ao fato que Paulo era apóstolo «pela vontade de Deus», tendo sido «chamado por Deus», ver Rom. 1:1, e não tendo

sido chamado «pelos homens». Ver especialmente Gálatas 1:1. Ver igualmente, no mesmo livro, o trecho de Gál. 1:11-16 em cujas notas expositivas se expande o tema do chamamento celestial de Paulo, e como tudo ocorreu através da vontade de Deus. Ver ainda I Cor. 1:1; II Cor. 1:1 e II Tim. 1:1 quanto a paralelos exatos da declaração de que seu apostolado era ‘pela vontade de Deus’.

9. As passagens de Rom. 1:1; I e II Cor. 1:1 também chamam Paulo, enfaticamente, de «apóstolo de Jesus Cristo». Quanto a notas expositivas sobre «Jesus», ver Mat. 1:21, e, sobre o termo «Cristo», ver Mat. 1:16. Quanto aos ensinamentos, a vida e

apologético nesta secção, porquanto Paulo repreendeu àqueles que continuavam confiando em uma forma de ufania humana, a qual anteriormente o caracterizara como intenso fariseu que ele fora. Essa atitude errônea agora parecia atrair a certos crentes, que se imaginavam «perfeitos», assim enganando-se a si mesmos. Paulo nos mostra, na presente secção, que nem mesmo ele podia reivindicar qualquer coisa semelhante à perfeição nesta vida; antes, continuava a esforçar-se em direção ao alvo ideal e elevadíssimo, que ainda não havia atingido.

7. O trecho de Fil. 4:10-20 constituiria a carta de agradecimento. Os crentes de Filipos, em mais de uma ocasião, em contraste com tantas outras igrejas da época apostólica, haviam enviado algum dinheiro a Paulo, a fim de ajudá-lo em suas situações financeiras tão estreitas. Portanto, aqueles crentes haviam dado o exemplo de como a igreja cristã, em qualquer era, deve interessar-se por suprir ativamente às necessidades daqueles que «vivem do evan­gelho». O ideal do A.T. sobfe uma casta sacerdotal, que vivia das ofertas voluntárias do povo, é aqui aprovado e confirmado; mas não como uma espécie de esmola, conforme essa prática tem sido tão freqüentemente reduzida, e, sim, como dever da igreja local, interessada em obedecer aos mandamentos de Cristo, para que fosse por todo o mundo e pregasse o evangelho a toda a criatura. As doações monetárias ao trabalho missionário da igreja é uma garantia de que Deus abençoará ao doador e lhe suprirá as suas necessidades, conforme nos mostra a passagem de Fil. 4:19.

8. Paulo repreendeu também a contenda que surgira na igreja dos filipenses, resultante de certo orgulho e egoísmo, por parte de membros que tinham aprendido a desprezar a outros. Paulo conclamava aquela igreja local à unidade em Cristo, como meio seguro de eliminar desordens dessa natureza. (Ver Fil. 4:2,3).

9. A epístola de Paulo aos Filipenses contém uma das mais excelentes exortações quanto à pureza íntima, quanto à maneira de pensar, quanto ao estado de consciência, a qual deve resultar em ações externas piedosas. Ver Fil. 4:8, onde encontramos a exortação para que os crentes se concentrassem naquilo que é honesto, justo, puro, amável, de boa fama, virtuoso e digno de louvor. Ê fato sobejamente conhecido que nossas ações procedem da maneira de pensar. Se tivermos de manter ações santas nesta vida, essas devem ter inicio na fonte, isto é, nos pensamentos. O crente está na obrigação moral de resguardar o santuário de sua mente e de sua alma, cultivando-o com a mensagem da graça de Cristo. Trata-se do mesmo conceito que foi desenvolvido em Rom. 12:1,2. Fica suposto que a vida interior dos pensamentos, se for

O Interpreter's Bible está utilizado

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ao ministério de Jesus Cristo, ver o artigo existente na introdução ao comentário que versa sobre esse tema.A epistola aos Filipenses é, essencialmente, uma epistola de grato reconhecimento pela quantia em dinheiro que lhe fora

enviada pela comunidade cristã de Filipos, a fim de aliviar sua necessidade e circunstância, pois se achava aprisionado o apóstolo, em alguma cidade como Êfeso, Roma ou Cesaréia. Esta epistola, pois, reflete as amigáveis relações entre aquela igreja local e seu pai espiritual, que era tanto seu pastor como apóstolo. O livro transpira a devoção e a lealdade ardentes de Paulo a Cristo, e isso no que se transmite a outros. Seu tom é sem ofícialidades, cheio de afeição, mas também solene e fervoroso. Esta é a mais espontânea das epístolas de Paulo, sua produção mais destituída de elaborações, escrita para uma congregação local onde não havia grandes problemas de doutrina e prática, que se havia mostrado especialmente amigável com ele. Também é o documento mais intensamente humano e pessoal de todo o N.T., escrito por um homem que experimentava grandes sofrimentos, apesar de suas experiências e sua estatura espiritual; e assim, grandes gemas de teologia surgem ali de forma espontânea, sem complicações, apesar da epístola não ter o intuito de ser sistemática e completa. Todavia, ali aparecem algumas das mais excelentes expressões da iibeira.cura sagraaa munaiai. por exemplo, o seu segundo capítulo se equipara em importância ao que há de melhor sobre o tema da «humanidade de Cristo»; o terceiro capítulo é uma das secções mais claras no tocante à «inquirição espiritual», para que sejam os sem elhantes a Cristo. Paulo era alguém que, por causa de Cristo, «tinha sofrido a perda de tudo», por amor a Cristo; e, com tonalidades vividas, ele nos relata o que isso significou para si mesmo, e o que isso deveria significar para nós, se quisermos seguir o exemplo dele.

A epístola é um modelo de ensinamento e pregação vitais, sendo profunda e pessoal ao mesmo tempo, não-sistemática mas « ■ ta iiin verdades tão fundamentais que chega a ser um documento básico acerca da fé e da prática cristãs. Essa forma de pcgafão deveria servir de modelo para todos, de tal maneira que, na igreja, haja o desejo de permanecer, de ouvir e de aprender, ao invés do desejo secreto de afastar-se dos caminhos santos do Senhor. Anthony Trollope, em sua obra «Barchester Towers», fataenta a má qualidade e o tom da pregação pública nas igrejas evangélicas, e suas observações bem poderiam ser ponderadas por nós. Disse ele:

«Ninguém, senão um clérigo pregador, neste reino, tem o poder de compelir sua audiência a sentar-se em silêncio para ser atormentada. Ninguém, senão um clérigo pregador, pode banquetear-se em declarações comuns e incomuns, ao mesmo tempo' que recebe, como seu privilégio indisputável, o mesmo tratamento respeitoso como se suas palavras se caracterizassem ,por apaixonada eloqüência, por logica persuasiva, que caem de seus lábios...Que um advogado tente sem falar bem, e raramente poderá fazê-lo...Desejamos, sim, estamos resolvidos a desfrutar do consolo da adoração pública; mas igualmente desejamos que possamos fazê-lo sem o acompanhamento do tédio que ordinariamente a natureza humana não pode suportar pacientemente; a fim de podermos deixar a casa de Deus sem aquele anelo profundo de escapar, que é conseqüência comum dos sermões comuns». (I, 252).

Não seria erro, de forma alguma, se os pregadores começassem a imitar ao apóstolo Paulo na prédica, aprendendo seus sentidos profundos, expondo seus conceitos elevados e expressando sua devoção fervorosa. Isso melhoraria imensamente a qualidade da pregação na igreja e, como conseqüência esperada, a qualidade da vida cristã dos ouvintes.

I. Introdução (1:1-11).1. Endereço e saudação (1:1,2).

X Π α ύλο ς και Τ ιμόθεος 8οΰλοι Χ ρ ίσ το υ Ί η σ ο υ ττάσιν το ΐς ά γίο ις év Χ ρ ισ τώ Ί η σ ο ΰ το ΐς ουσιν év Φ ιλίτπτοις συν έτησκόποις και δ ιά κ ο νο ι? · ι {συν «ησκ.] συναησκ. BCK al r arm Chr)

Vários testemunhos, incluindo B (3) D (c) K muitos minúsculos it (r) ara Crisóstomo Eutálio Cassiodoro Teofilacto, dizem συναησκόπους («supervisores-colegas»), Essa forma, que surgiu sem dúvida de interesses dogmáticos ou eclesiásticos, deve ser rejeitada (1) por causa de: (a) a construção com o imperfeito, em que ο συν- não tem referência apropriada, e (b) a epístolaobviamente tencionava dirigir-se a uma comunidade inteira (τοΐς àylois . ■ ■ toXs ουσιν èv Φιλίπποις cf. 3:1; 4:1 e,especialmente 4:15).

1. Segundo Teodoro de Mopsuestia já reconhecera (ver citação no aparato de Tischendorf, em sua 8* edição).1:1: Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, o todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com os bispos e diáconos:

Muitos elementos são comuns nas introduções das epístolas paulinas, e sobre isso temos comentado algures, como os detalhes acerca do próprio P au lo , o fa to de ser ele escravo de C risto , seu nom e, seu apo sto lad o proveniente de Deus e não dos homens, etc. (Quanto a referências acerca de onde são desenvolvidas as notas expositivas sobre esses temas, ver o terceiro p a rág ra fo da. in tro d u ção ao p rim eiro versículo , nas n o tas dadas imediatamente acima. Quanto ao termo «Cristo», ver Mat. 1:16; quanto a «Jesus», ver Mat. 1:21; quanto aos «ensinamentos de Jesus, sua vida, seus ensinamentos e seu ministério», ver o artigo existente na introdução ao comentário que versa sobre essa questão).

«.. .santos. . .» (Quanto a notas expositivas completas sobre o significado, o fundo histórico e o emprego desse título, como designação de todos os crentes, ver o trecho de Rom. 1:7. A passagem de Efé. 1:1 nos oferece notas expositivas adicionais úteis sobre isso).

« ...Timóteo. . .» (Quanto a notas expositivas completas sobre o que se sabe acerca dele, ver Atos 16:1. E quanto a comentários completos sobre a cidade de «Filipos», ver Atos 16:12).

«...em Cristo...» Trata-se de uma expressão m uita usada por Paulo, que aparece por nada menos de cento e sessenta e quatro vezes em seus escritos, o que significa que é um a nota chave em sua teologia. Indica a comunhão mística que temos com Cristo, mediante o seu Santo Espírito, e através do que somos unidos a ele, e mediante o que passamos a compartilhar de sua própria natureza. (Ver I Cor. 1:4 e as notas expositivas ali existentes, onde esse tema ê desenvolvido).

Encontramos aqui, essencialmente, a forma como eram iniciadas as cartas an tig as. Há n o tas expositivas sobre essa qu estão no p rim eiro parágrafo da introdução a Rom. 1:1.

«...bispos...» No grego temos «episkopos», que significa «supervisor», e cnja forma verbal quer dizer «cuidar de», «supervisionar», «superintender».Inicialmente, esse termo era usado de m aneira frouxa, designando os fideres dá igreja cristã. Mais tarde, porém, começou a ser usado de maneira mais formal, como designação dos «anciãos» ou «pastores» das igrejas locais, pois quase sempre havia diversos deles em cada congregação. Nos tempos apostólicos, não havia o ministério de um homem só, de um a função somente, como aquilo que geralmente se vê hoje em dia. Antes, havia vários

6 FILIPENSES

ministérios, dependendo dos dons ministeriais que o Senhor levantasse em cada comunidade cristã. Esses ministros diferentemente dotados—apósto­los, profetas, evangelistas, pastores e mestres, conforme Efé. 4:11—é que supervisionavam a igreja, ainda que em diferentes capacidades. Assim é que os «evangelistas» tinham por missão principal levar o evangelho a campos ainda incultos no evangelho, sendo os pioneiros que o Senhor enviava a desbravarem novos territórios. Muito semelhantes a estes, embora dotados de m uito maior autoridade espiritual, através dos sinais próprios, estavam os apóstolos. Os pastores, que também são chamados «bispos» ou «supervisores», e «anciãos» ou «presbíteros», eram aqueles que permaneciam ao pé do rebanho, alimentando-o e dele cuidando permanentemente. Os profetas e os mestres (sendo estes últimos uma especialidade pastoral) cumpriam seus respectivos ministérios também entre a irmandade. (Ver E fé. 4:11 e as n o tas expositivas ali ex is ten tes , sobre os vários ofícios ministeriais da igreja, «dons de Deus à sua igreja», «homens dotados de dons m in iste ria is» , que e ram ig u alm en te possu ido res de o u tro s dons espirituais, o que os tornava eminentemente úteis no ministério).

Os bispos eram os mesmos pastores. O termo «bispo», com o passar dos séculos, entretanto, veio finalmente a indicar algum homem que exercia autoridade espiritual sobre um a determinada «região», e não apenas em alguma comunidade local. Mas isso foi um desenvolvimento eclesiástico posterior, que não se encontra nas páginas do N.T. (exceto nas epístolas pastorais). Nos livros do novo pacto, «bispo» (ou «supervisor») e «presbítero» (ou «ancião») são termos sinôminos. Nas primeiras vezes em que esses termos são usados não há qualquer sentido técnico, mas antes, referiam-se a quaisquer crentes que exerciam autoridade ou liderança espiritual sobre outros. Mas nesta e nas epístolas pastorais, esses termos falam daqueles que fo ram p rec ip u am en te levan tados p a ra l id e ra r a ig reja. Em T ito 1:7 en co n tram o s o term o com o sinônim o de ancião■, e em I Ped . 2:25 essa palavra é um título divino, do Senhor, que é o grande Supervisor da igreja. E finalmente, conforme já dissemos, o termo «bispo» foi desvirtuado, passando a designar um ofício eclesiástico, um a peça dentro da hierarquia da Igreja Católica e, mais tarde, da Igreja Católica Romana.

No texto presente, embora a tonalidade eclesiástica se faça inteiramente au sen te , não há que d u v id ar que os b ispos co n stitu íam a a u to rid ad e devidamente constituída nas igrejas locais. Segundo o N.T. ensina eram o rd en ad o s ou co nsagrados a seu ofício p o r ch am ad a do E sp írito e

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FILIPENSES

te r o dever de en sin ar as c rian ças a ler. T am bém havia aquele que dispensava as esmolas (papel assumido pelos «diáconos» nas igrejas locais cristãs), embora também fosse um líder espiritual. Finalmente, havia o «intérprete», um a espécie de mestre-escola, cuja função era a de parafrasear os livros da lei e dos profetas, traduzindo-os para o aramaico vernáculo, que se tornou o idioma popular na Palestina após o exílio babilónico. Pode-se ver como, em termos gerais, a igreja cristã tomou por modelo os oficiais das sinagogas judaicas.

«...Timóteo...» «Seu nome é associado ao de Paulo aqui, na segunda epístola aos Coríntios e nas duas epístolas aos Tessalonicenses. Timóteo ajudou o apóstolo na fundação da igreja de Filipos. (Ver Atos 16:1,13 e 17:14). Duas visitas de Timóteo a Filipos são registradas, em Atos 19:22 e 20:3,4. Por esta altura dos acontecimentos, Timóteo estava se preparando para fazer sua terceira visita ali. (Ver Fil. 2:19). Sua única participação nesta epístola aparece na introdução e na saudação, e também em Fil. 2:19». (Vincent, in loc.).

É possível que Timóteo tenha sido o amanuense de Paulo nesta epístola, como também seu portador, embora a maioria dos eruditos atribua essas funções a Epafrodito (ver Fil. 4:18). Parece que nesse tempo Lucas se encontrava em companhia de Paulo (ver Col. 4:14), não sabendo nós por qual motivo ele não é mencionado aqui. É possível que quando esta epístola foi escrita, ele já houvesse deixado a localidade. Lucas também estivera associado a Paulo em Filipos. Naturalmente, se a presente epístola foi escrita em um a prisão diferente, em um a outra cidade, diferente daquela prisão e cidade associadas à escrita da epístola aos Colossenses, então Lucas não estaria mais em companhia de Paulo, como é provável.

Variantes Textuais: Os manuscritos que dizem «...Cristo Jesus...» São P(46), Aleph, BDE; mas existem manuscritos que dizem «Jesus Cristo», a saber, FSKL. A prim eira dessas form as mui provavelm ente é a correta, estando apoiada nas autoridades textuais mais antigas. Ao invés do termo simples, «...bispos...», os mss B(3), DK dizem «bispos-colegas». Mas isso representa uma modificação posterior, embora tenha sido a passagem citada desse modo por Crisóstomo e Teofilacto.

reconhecidos com o ta is pe la im posição de m ãos. (Q u an to a no tas expositivas completas sobre «bispos», ver I Tim. 3:2. Essa mesma passagem nos mostra quais os deveres dos mesmos). Esse termo se encontra no N.T. por cinco vezes, a saber, aqui e então em I Tim. 3:2; Tito 1:7 e I Ped. 2:25. M as o term o sinônim o «presbuteros» é m uito m ais u sad o do que este, fig u ran d o por sessen ta e seis vezes no N .T ., em bora nem sem pre referindo-se a esse cargo eclesiástico, pois algumas vezes aponta para algum homem idoso, ou então aos líderes judaicos, governantes do povo hebreu, conforme o termo aparece com freqüência nos evangelhos. Talvez alguns «anciãos» não fossem «supervisores», embora todos os supervisores fossem também anciãos. Mas esse ponto é um tanto nebuloso. H á denominações evangélicas atuais que distinguem entre uns e outros, ou entre «presbíteros» e «pastores». M as essa d istin ção não pode ser de fen d id a com p len a segurança nas páginas do N.T.. « ...d iáconos . ..» (Q u an to a n o tas expositivas com pletas sobre esse

vocábulo e o ofício eclesiástico que o mesmo representa, ver Atos 6:2,6; suas qualificações figuram em Atos 6:3; I Tim. 3:8 e ss.). Apesar de que nos tempos neotestamentários não havia o sentido eclesiástico que esse termo também assumiu posteriormente, pois não se referia a qualquer posição clerical em oposição ao corpo laico, contudo, desde o princípio indicava um ofício e função fo rm ais rio seio da ig re ja local, a té m esm o e n tre as congregações gentílicas. O precedente do governo eclesiástico na igreja tinha por modelo a sinagoga, que contava com vários oficiais. (A respeito do term o sinagoga, ver M at. 4:23 e Luc. 4:33 e as n o tas expositivas ali existentes). Paulo, sendo judeu, naturalm ente padronizou o corpo liderante das igrejas cristãs locais segundo o estilo geral das sinagogas judaicas. Os líderes dessas sinagogas eram os «anciãos», havendo em cada sinagoga vários deles, e não apenas um. Entre eles, como primeiro entre iguais, havia o «principal» da sinagoga (ver Marc. 4:22; Atos 13:15 e 18:8). E ra este ú ltim o quem superv isionava as reun iões de cu lto , m orm en te p a ra certificar-se que as corretas tradições estavam sendo seguidas. Também havia um «assistente» (ver Luc. 4:20), que cuidava dos rolos, trazendo-os para serem lidos e castigando aos membros culpados com açoites, além de

2 Ro 1.7; Ga 1.3; Phm 3

que aflige tanto o mundo como a igreja cristã da era moderna: tratar-se-ia d a m an e ira c ris tã de viver, e stab e lec id a desde a e te rn id a d e , de conformidade com nossa transformação segundo a imagem de Cristo. 1. Isso requer entrega absoluta do ser e da personalidade próprias a Deus, uma visão contínua da grandeza do chamamento cristão. Por isso é que somos «escravos» de Cristo Jesus e de Deus, nosso Pai. 2. Isso requer a manutenção da relação a um a comunidade «ímpar», a igreja, os santos que estão «em Cristo», todos os quais têm comunhão mística com o Senhor. 3. H á também o dom do poder e do amor, a saber, da «graça» que vem da parte de Deus, por intermédio de Cristo Jesus, em quem recebemos todas as bênçãos espirituais vindas de Deus Pai.

2 χάρις νμΐν και €φηνη άπό deov πατρός ημών και κυρίου ’Ιησοΰ Χρίστου.1:2: Graça a vós e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.

Esta parte da saudação é comum a todas as epístolas paulinas, e os seus elementos são normalmente inclusos novamente nas bênçãos finais. (Ver Rom. 1:7 acerca de notas expositivas completas a respeito. Ver Efé. 6:23,24 acerca de quão especialmente os conceitos de «graça», «paz» e «amor» são incorporados nessas bênçãos finais. E «misericórdia» é palavra acrescentada à expressão de saudação nas «epístolas pastorais», a saber, I e II Timóteo e Tito).

Wicks (in loc.), vê nessa saudação simples, dos versículos primeiro e segundo deste capítulo, um a indicação sobre a m aneira de viver, sobre certo ponto de vista da vida, como a própria antítese do secularismo moderno,

I. Introdução (1:1-11)2. Ação de graças, oração e confiança (1:3-11).

3 Ευχαριστώ τώ θεω μου irri πάστ¡ rf¡ μνζία νμώ ν,αααα 3_4 α minor, α none, α minor; TR Βον Nes BF2 AV RV ASV RSV (ΝΕΒ) ΤΤ (Zür) (Jer) (Seg) ([ α none, a minor, a minor; WH H a dash, a none, a dash: Luth

3 Ευχαρ. τω Θεω μου] Ενω μεν €υχ. τω Κυριω ημων D*G Ambst

aprendemos a amar a Deus; e então a alma pode subir de nível, passando a contemplar e a amar a Deus diretamente; mas essa não é um a experiencia comum. Pelo menos todos os homens podem amar a outros homens; e isso é um a maneira indireta de am ara Deus, conforme se aprende em Mat. 25:35

6 S«.’..por tudo...» Tal forma de agradecimento, «por tudo», é incomum. A esmagadora maioria dos fundadores de igrejas locais e de seus pastores podem lembrar-se de muitas coisas desagradáveis acerca das pessoas com quem têm estado associados, como suas desavenças, seus conflitos, suas maledicências, suas criticas injustas, sua falta de apreciação, sua ausência de dedicação e de busca espiritual verdadeiras.

«...que recordo de vós...» O grego diz «...em cada memória...», na forma nominal, embora algumas traduções digam «em toda a m inha memória», que en cerra a m esm a idé ia . E ssa «mem ória» era daq u ilo que P au lo se lembrava daqueles crentes, e talvez aluda à «sua oração a Deus», na qual ele se lem brara de orar por eles. Dessa m aneira é que a frase é usada em I Tes. 1:2. Alguns estudiosos asseveram que esse sentido só pode ocorrer quando o term o grego «poieisthai» p recede ta l expressão (resu ltan d o em «fazer memória», ou seja, «fazer menção»), e se esse realmente é o caso, o outro sentido deve ser preferido. Contudo, o quarto versículo deste capítulo talvez indique que essa memória estava ligada à «oração», apesar dessa fórmula estrita não ter sido usada. Qualquer dessas interpretações é melhor que aquela que pensa que Paulo dizia «em toda a forma de lembrança que tenho de vós». Ainda outros eruditos opinam que devemos entender aqui «por vossa gentil lembrança», como se Paulo quisesse fazer alusão à dádiva que os crentes filipenses lhe tinham enviado; mas essa posição ainda é menos provável do que aquelas. (Isso pode ser comparado com Rom. 1:9 e Efé. 1:16, onde se vê quão ampla era a vida de oração de Paulo, que incluía a outros em suas petições. Ver igualmente as notas expositivas em Efé, 6:18, acerca da necessidade de «nos ajudarmos m utuamente em oração», a fim de que todos os soldados cristãos sejam vitoriosos na batalha pelo bem e contra o mal, pois nenhum soldado pode ser vitorioso quando seus colegas estão sendo derrotados ao seu lado. Essa vitória cristã precisa ser coletiva. A nota geral sobre a «oração» também é oferecida nessa mesma referência).

«Imagine-se aquelas pessoas comuns serem informadas de que o homem que suportava a carga inteira das primeiras igrejas ém seu coração se sentia grato, em cada oportunidade que se lembrava delas. É algo magnífico que

3 Ro 1.8; 1 Cor 1.41:3: Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós,

Era comum, nas missivas antigas, que a saudação fosse seguida por alguma expressão de estima da parte do escritor pelos endereçados da mesma, normalmente com alguma expressão de ação de graças aos céus ou aos deuses, por motivo da boa saúde ou da fortuna dos endereçados, com a expressão do desejo que essa situação perdurasse. Pode-se ver, pois, que Paulo usou essa forma literária; contudo, mostrou-se sincero, não querendo apenas copiar um a forma costumeira. E essa forma literária aparece ainda aqui, incluindo um a palavra geral de apreciação, dirigida a Deus e em memória aos leitores originais do apóstolo, pois esses leitores lhe eram uma bênção e eram reputados como importantes para ele. Há aqui declaração de suas orações fervorosas e contínuas por eles (ver o quarto versículo); há uma expressão de ação de graças pela comunhão deles com ele, no evangelho, o que provavelmente inclui a idéia das dádivas em dinheiro que lhe haviam enviado, estando ele na prisão, a fim de aliviar seu estado de penúria ali (ver o quinto versículo); há a confiança expressa quanto à operação contínua de Deus neles, até estar ela completa, no dia de Cristo (ver o sexto versículo); há agradecimento por todas as suas circunstâncias, porquanto participa­vam da mesma graça divina, em Cristo, que cabia ao apóstolo (ver o sétimo versículo), há a indicação de seu grande amor por eles, de quanto sentia a falta deles, de quanto ansiava o apóstolo por estar na companhia deles (ver o oitavo versículo); há o desejo que o amassem ardentemente, que lhe mostrassem sua generosidade, e que nisso abundassem mais e mais (ver o nono versículo); há o desejo que os sentidos espirituais deles se aguçassem, a fim de que aprovassem as coisas realmente excelentes, e fossem santos, inculpáveis e puros ao se encontrassem com Cristo (ver o décimo versículo);e, finalmente, há a expressão do desejo que seus leitores contassem com ampla frutificação em sua vida cristã, sob as bênçãos que há em Cristo, visando a glória e o louvor de Deus (ver o décimo primeiro versículo).

«...graças ao m eu D eu s . ..» P au lo ac re scen ta aq u i o term o pessoal «...meu...», tal como o faz também em Atos 27:33; Rom. 1:8 e File. 4. Em seu isolamento, no cárcere, ele se sentia mais cônscio ainda de suas relações ín tim as com D eus, bem com o do q u an to dep en d ia do Senhor. É o desenvolvimento espiritual que leva o crente a ter esse ponto de vista sobre Deus. Para a maioria das pessoas, a idéia de Deus é apenas um conceito abstrato. É extremamente difícil alguém am ar a Deus dessa m aneira. É na pessoa de C risto , que se to rn a pessoal c ad a vez m ais p a ra nós, que

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cada um de nós saiba que está sendo lembrado por alguma influência inconsciente. T al lembrança, ao invés de fomentar nosso orgulho tolo, tende antes por despertar em nós um a humildade agradecida, do que se originam um a nova coragem e uma nova aspiração». (Wicks, in loc.).

Todos sabemos com que senso de gratidão recebemos qualquer pequena recomendação de um ou de outro, o que evidencia o fato que tomaram consciência de nossa existência, e nela vêem algo de importante. Quão

4 πάντοτε iv ττάσy 8εησεί μου ύπερ ττάντων υμώ να μ ετά ■χαράς την δεησιν ποιούμενος,"1:4: fazendo sempre, em toda« as minhas orações,súplicas por todos vós com alegria

(Quanto às orações de Paulo por outros, ver também os trechos de Rom.1:9 e Efé. 1:16. Quanto à importância do interesse mútuo e das orações em favor uns dos outros, ver as notas expositivas sobre Efé. 3:18. É nesta última referência que damos a nota geral sobre a «oração»). Isso concorda com o fato que o crescimento e a maturidade espiritual devem envolver o «corpo inteiro», visto que um membro não pode desenvolver-se sozinho, enquanto ou tros p e rm aneçam n a estag n ação , p o rq u a n to isso p ro d u z ir ia um a monstruosidade. (Ver Efé. 3:13,16, onde esse tema é desenvolvido).

Nada há de formal ou estudado acerca dessa forte ênfase sobre o quanto o apóstolo Paulo orava pelos crentes filipenses. Antes, há aqui um a expressão espontânea. A oração se escuda na confiança que Deus entra em contacto com os homens, que Deus se interessa por eles, e que as circunstâncias podem ser modificadas ou melhoradas através da oração; e a oração é um ato criador, porquanto se vale dos poderes criadores de Deus, e não dos poderes h um anos. P au lo c ria nesse fa to rea l, não ap en as de m an e ira teórica—por essa razão era homem de oração.

«...por todos vós...» No dizer de Scott {in loc.). «Paulo declara a seus leitores, em linguagem enfática, que orava incessantemente em favor deles, e que jam ais deixou de incluí-los em suas petições. Seu sentimento, ao lembrar-se deles diante de Deus, era de alegria».

A expressão «.. .todos vós.. .» ocorre também no sétimo versículo (por duas vezes) e no oitavo versículo deste capítulo, ou seja, por nada menos de quatro vezes nesta breve secção, que enfatiza o quanto ele incluía a todos em seus pensamentos, em suas memórias e em suas orações. Paulo não tinha um mundo apertado, mas antés, servia de bênção espiritual para muitos; e isso fazia parte integrante de sua grandeza espiritual.

Quando às sessões de doce e silente pensamento Recordo as lembranças das coisas passadas,Suspiro pela falta de muitas coisas que busquei,E com antigos ais, novos lamentos desperdiçam meu tempo.Então posso volver um olhar, desacostumado,Pará amigos preciosos, ocultos na noite sem data da morte,Chorando de novo a tristeza do amor há muito cancelado,Lamentando a expansão de muitas vistas desaparecidas:Então posso entristecer-me ante tristezas passadas,E de ai em ai, pesadamente, posso contar de novo A narrativa triste de lamentos passados,Que agora pago como se já não os tivesse pago.Mas, quando me lembro de ti, caro amigo,Todas as perdas são restauradas, todas as tristezas findam.

(William Shakespeare).5 επί Tjj κοινω νία'υμών εις το ευαγγελίαν από τη ς πρώτης, ή μέρας αχρι του νυν,1:5: pela vossa cooperação a favor do evangelho desde o primeiro dia até agora;

« ...cooperação... » E sta trad u ç ão p o rtu g u esa lim ita a «comunhão» referida às «ofertas» em dinheiro que os crentes filipenses tinham enviado ao apóstolo, e talvez também inclua o modo como haviam labutado ao seu lado . M as isso é um conceito p o r dem ais lim itad o . O term o grego é «koinonia», que tem o sentido básico de «compartilhar», e, portanto, de «ter associação»; m as tam bém envolve as idéias de «generosidade», de «altruísmo», de onde se derivam ainda as idéias de «compartilhar de algo», como de uma «oferta» ou «dádiva». (Ver Rom. 15:26, que tem exatamente esse sign ificado). Posto que a ep ís to la de Pau lo aos F ilip en ses era essencialmente a expressão de sua gratidão pela oferta em dinheiro que lhe tinham enviado (ver Fil. 4:10,14), é evidente que essa idéia está incluída aqui, embora não seja a única idéia em foco. Pois os crentes filipenses tinham feito ainda mais em prol de Paulo do que isso, e a comunhão deles com ele era mais do que meramente financeira. Portanto, além de referir-se à participação em suas possessões, ele alude aos seguintes pontos: 1 . À comunhão que eles tinham uns com os outros, como crentes que eram. 2 .Ã com unhão que tin h am todos eles «em Cristo». 3. E a com o isso se manifestava na cooperação deles com ele, no evangelho, porquanto o ajudavam com suas ofertas em dinheiro e trabalhavam lado a lado com ele.

* ...d esd e o prim e iro dia a té ag o ra ...» A n a rra tiv a do décim o sexto capítulo do livro de Atos mostra-nos como Paulo nem bem iniciara seus labores em Filipos e já vários ajudadores ardorosos se tinham aliado a ele. E aquele entusiasmo original não se baseava em algum capricho ou impulso passageiro. Os crentes filipenses conservaram a mesma atitude para com ele. Paulo obteve seus primeiros convertidos da Europa naquela cidade. Até hoje o evangelho não desapareceu de todo naquela cidade. A graça de Deus, portanto, se mostrou permanente, honrado aos primeiros esforços de Paulo e de seus amigos de Filipos, juntam ente com Silas. E note-se que Paulo reconhece o valor positivo daqueles crentes filipenses. Pois até mesmo pessoas com g ran d es defeitos de c a rá te r co rrespondem a um corre to

6 πεποιθώς αυτό τοΰτο, δτι ό εναρζάμενος εν ύμΐν εργον αγαθόν επιτελεσει αχρι ημέρας Χ ρίστου Ίησοϋ■6 ό ivaρξάμ€νος...άΎαθόν Php 2.13 17/zépas Χρίστου Ίησον 1 Cor 1.8; Php 1.10; 2.16

1:6: tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra aaperfeiçoará ati o dia de Cristo Jesus, « ...p le n am e n te ...» , no o rig ina l grego, em bora a expressão grega seja

As p a lav ras «.. .p len a m en te c e r to .. . » são trad u ção do term o grego suficientemente enfática para justificar essa tradução.«peitho», que significa «convencer», «apelar para», e que n a voz passiva quer «.. .de que...» No grego original a expressão ê mais enfática do que aqui,dizer «estar certo», «estar convicto». Não há palavra que corresponda a ou seja, «disso mesmo, que...», e que não significa «por essa razão», sendo

I FILIPENSES

m utuamente dependentes somos nós, uns dos outros! De fato, existe aquela redenção que nos «leva de volta, através de amigos íntimos e entes amados, até Cristo, a quem podemos ver, e até Deus, a quem não podemos ver». (K ierkegaard , p o r W alte r Lowrie, p ág . 180). A interdependência autêntica, que vive na atmosfera das graças cristãs, especialmente na graça do amor, nos conduz de volta a Deus.

«.. .súplicas... orações. . .» A mesma palavra grega, «deesis», é usada como base para ambas essas palavras de nossa tradução portuguesa. A primeira menção se refere de modo geral a todas as orações, e a segunda se refere particularmente aos pedidos específicos do apóstolo. Pode-se observar o artigo definido, no original grego, que acompanha a segunda menção dessa palavra, definindo-a como pedidos específicos. Essa mesma distinção entre geral e particular aparece no trecho de Efé. 6:18, embora ali figurem termos gregos diferentes. Uma «súplica», pois, é um pedido específico, contido dentro de um a oração.

«...com alegria...» Encontramos aqui um a das notas chaves da presente epístola. Bengel {in loc.) diz: «A súmula desta epístola é: Regozijo-me, regozijai-vos». (Isso pode ser confrontado com os versículos dezoito e vinte e cinco deste capítulo, bem como com os trechos de Fil. 2:2,17,18,28,29; 3:1 e 4:1,4,10). No original grego temos o vocábulo «chara», «alegria», «estado de regozijo», que tam bém era usado p a ra in d ica r um «banquete» ou um «banquete festivo», como também para indicar a pessoa ou a coisa que causava alegria. (Ver Fil. 4:1, quanto a este último sentido). No trecho de Heb. 12:2 vemos que Cristo suportou tudo quanto sofreu a fim de atingir esse «estado de regozijo».

O fato que a «alegria» é uma das notas chaves desta epístola se torna ainda mais significativo quando nos lembramos que ela foi escrita estando seu autor encarcerado. Paulo e Silas entoaram hinos de louvor, estando aprisionados em Filipos (ver Atos 16:25). Mas, afinal de contas, a «alegria» é um dos aspectos do fru to do E sp írito S an to , é um a g raça c ris tã , im plantada pelo Espírito de Deus na alm a crente. De conformidade com a definição neotestamentária, trata-se de um senso de bem-estar e felicidade, que independe de quaisquer condições terrenas e físicas, sobre as quais c ircu n stân c ias a a leg ria te rre n a no rm alm en te se a licerça . (Q u an to à «alegria» com o um dos aspectos do «fruto do E spírito» , ver as n o tas expositivas sobre Gál. 5:22. Quanto a notas expositivas detalhadas sobre a «alegria», ver os trechos de João 15:11 e 17:13, onde também aparecem poemas ilustrativos).

«...três passos no desenvolvimento do pensamento: Primeiro, o apóstolo jam ais se lembrava delessenão com um senso de ação de graças; segundo, ele se recordava deles de cada vez que orava; e, terceiro, essa lembrança sempre foi um a fonte de alegria para ele mesmo, levando-o a mostrar-se grato para com Deus». {Hackett, no Comentário de Lange).

encorajamento, de niistura com reprimenda, se aquilo que é bom nelas for reconhecido. Não há indivíduo que não necessite de encorajamento pelo louvor, e que não reaja positivamente a isso. Toda a crítica amarga, por outro lado, cria um deserto árido no coração de quem quer que seja. Mais do que isso ainda, Paulo se mostrava entusiasmado acerca de qualquer bem que encontrava nos crentes filipenses. Ora, todas essas coisas constituem lições concernen tes à a titu d e que deveríam os ter no to can te a o u tras pessoas, e como essa atitude deveria governar nossas ações para com elas.

«A frase ‘. . .a té a g o r a . . . ’ den o ta a persev eran ça deles (dos cren tes filipenses). O ra , sabem os quão ra ra é a excelência de segu ir a Deus imediatamente depois de sermos chamados por ele, perseverando com constância até ao fim. Pois existem muitoslentos e atrasados naobediência, ao passo que há ou tros que ficam aquém a través do descu ido e da inconstância». (Calvino, in loc.).

«...no evangelho...» No que concerne ao «evangelho», conferindo apoio a seus ministros, cooperando com eles na propagação da mensagem cristã, m antendo comunhão com o mesmo Cristo acerca de quem fala o evangelho, p e rm itin d o que essa m ensagem tran sfo rm e seu ín tim o . E ste ú ltim o pensamento é aquele particularmente frisado no versículo seguinte, pelo que também Alford (in loc.) comenta essa expressão como segue: «...em prol dos propósitos do evangelho, isto é, o aperfeiçoamento, acerca do qual Paulo passava a tratar». (Quanto a notas expositivas completas sobre o «evangelho», ver Rom. 1:16 e Mat. 1:1. Quanto às diversas vezes em que os crentes filipenses ajudaram a Paulo, de diferentes modos, ver Fil. 4:15: quando ele estava na Macedônia, enviaram-lhe dádivas; quando ele estava em C orin to , Silas e T im óteo v ieram dali a fim de fo rta lecê-lo em suas tribulações, conforme se lê em Atos 18:5. Ver igualmente o trecho de II Cor. 11:7-10, no que diz resp e ito a essa a ju d a . E agora, e s tan d o Pau lo en carce rad o , sem im p o rta r a c idade exata onde ele se en co n trav a , ajudaram-no novamente com suas dádivas (ver Fil. 4:10,14).

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cooperação da vontade hum ana; e é nesse ponto־ que o divino entra em contacto com o que é humano. Não obstante, o homem pode recusar-se a cooperar com a graça divina, e então a obra de salvação permanece .por fazer.

As mentes modernas, insufladas pelas idéias de avanço científico, gostam de m anter a noção da auto-suficiência; mas até mesmo agora o próprio avanço científico serve de ameaça de destruição do homem, e não de meio de sa lvação . Em seu orgu lho , o hom em gosta de p e n sa r que ele é « n a tu ra lm en te bom»; m as to d a a h is tó r ia d a h u m an id ad e nega isso redondamente, clamando de mãos dadas com a teologia cristã verdadeira que «O homem é um ser decaído e depravado». O homem caiu para bem longe de Deus, e a estrada de retorno é extremamente longa. Todavia, o caminho de volta foi preparado na pessoa de Cristo. Alguns pensam que a bondade natural do homem é estragada pelo meio ambiente; outros pensar¿ que ela é revertida devido a forças subconscientes ocultas; ainda outros pensam que essa bondade natural é entravada por opressões políticas e sociais, conforme dizem os psicólogos, os historiadores e os revolucionários. Mas a verdadeira resposta reside no fato que o homem é um ser espiritual, tendo caído de sua autêntica esfera espiritual e agora precisa de ajuda divina definida, na pessoa do Filho de Deus, Jesus Cristo, para poder voltar ao seu legítimo lar. E disso que nos fala a redenção que há no Senhor Jesus.

«...há de completá-la...», isto é, «há de aperfeiçoá-la». No grego temos o verbo «epiteleo», que significa «levar ao término», '«terminar», «realizar completamente», «aperfeiçoar». A perfeição absoluta é o alvo da redenção hum ana, a participação na perfeita natureza moral e metafísica de Jesus Cristo, para que os remidos sejam o que ele é e possuam o que ele possui, da mesma natureza que um corpo humano tem a mesma natureza que sua cabeça. Isso envolve ainda a possessão de «toda a plenitude de Deus» (ver Efé. 3:19). (Ver também as notas expositivas nessa referência, onde esse tema é desenvolvido).

Completos, Mas A inda Não Completos1. A o b ra d iv ina será co n d u zid a ao estágio da perfe ição , do estado

completo. Somente Deus é realmente completo ou perfeito; pelo que esses termos, quando empregados às criaturas, sempre assumem sentido relativo.

2. Quando assumirmos a natureza de Cristo (ver I João 3:2), isso será a perfeição, o estado completo; e isso sucederá quando da segunda vinda de Cristo, conforme este versículo continua esclarecendo.

3. Porém , quan d o receberm os a im agem e a n a tu re za de C risto , avançaremos para outros estágios de perfeição fantasticamente elevados, através do poder transformador do Espírito (ver II Cor. 3:18). Esse processo jam ais chegará a um ponto final, e nunca será absoluto, pois o seu alvo é a infinita plenitude de Deus (sua natureza e os atributos acompanhantes/. Nossa participação em sua natureza, contudo, será sempre finita, embora vá crescendo constantemente, por toda a eternidade.

Deus dá início ao seu trabalho de aperfeiçoamento do crente desde o momento da conversão; e isso prosseguirá sem qualquer interrupção até à «parousia» ou segunda vinda de Cristo.

«...dia de Cristo...», ou seja, a «parousia», o «segundo advento de Cristo». (Ver as notas expositivas sobre o «arrebatamento da igreja», em I Tes. 4:15. E ver sobre a «segunda vinda de Cristo», em Apo. 19:11). Paulo esperava que isso ocorresse durante o seu período de vida‘ terrena, antes de sua morte física, conforme se depreende de I Cor. 15:51 e I Tes. 4:15. Já nas suas ch am ad as «epístolas da prisão» ele m ostra que ag u ard av a a m orte , parecendo ter perdido a esperança de um arrebatam ento imediato; mas, ainda assim, esperava tal acontecimento para bem breve, sem ter tido a idéia de um a prolongada «era da igreja» ou «era da graça», que já separa o primeiro advento de Cristo de nós pelo espaço de mais de mil e novecentos anos. (Ver os trechos de I Tes. 5:4 e I Cor. 3:13, onde Paulo fala acerca da «parousia» como «aquele dia»). A expressão aquele dia aparece tanto ali como em II Tes. 1:10; mas «dia de Cristo» é a expressão de Fil. 1:10 e 2:16, ao passo que «dia do Senhor» figura em I Cor. 5:5; I Tes. 5:2 e II Tes. 2:2, ao passo que «dia de nosso Senhor Jesus (Cristo)» se encontra em I Cor. 1:18 e II Cor. 1:14. Todos esses casos, entretanto, apontam para o retorno breve de Cristo, pois os cristãos primitivos esperavam para bem dentro em breve o reaparecimento glorioso de Cristo, quando ele virá em grande majestade e poder.

uma alusão à cooperação passada no evangelho e ao avanço passado deles no desenvolvim ento e sp ir itu a l. A «própria coisa» que P au lo diz aqu i refere-se ao nosso aperfeiçoamento em Cristo, conceito esse que figura logo em seguida. No original grego, essas palavras se encontram no «acusativo de respeito», o que nos permite entendê-las como segue: «No que diz respeito a isso, que passo agora a mencionar...».

«...aquele que começou...», ou seja, «...Deus, que iniciou...» Os crentes filipenses deveriam estar familiarizados com os mistérios pagãos, nos quais seus adeptos precisavam ser «iniciados», a fim de se tom arem membros, através de ritos qualificadores. Aqueles que tivessem sido assim iniciados, pois, estavam preparados para entrar nas revelações maiores, que tinham o in tu ito de «aperfeiçoá-los». M as, v isto que D eus é o in ic iad o r e o aperfeiçoador dos crentes, e isso visando alvos reais, e não imaginários, Paulo se enchia de santa confiança. Sim, o Senhor era a fonte da confiança de Paulo, quanto a si mesmo e quanto aos seus convertidos. A salvação é um a realidade alta por demais para ser obtida pelo mérito e pelo esforço humanos. Ê mister a intervenção divina para tanto, desde seu começo e durante todo o processo que nos leva à perfeição. A perfeição absoluta é o nosso alvo, para que compartilhemos da natureza moral de Deus Pai (ver M at. 5:48) e para que participemos da «plenitude de Deus» (ver Efé. 3:19) e da «plenitude de Cristo» (ver Efé. 1:23). E isso se dá mediante a nossa transformação segundo sua imagem (ver Rom. 8:29), o que nos leva a participar da própria natureza divina (ver Col. 2:10).

«...boa obra...» A obra inteira da salvação é aqui focalizada, a qual começa quando da conversão e se estende pelo poder aperfeiçoador da santificação, terminando na glorificação. Está envolvido tudo quanto Deus faz pelo homem, em todas as suas dimensões. (Comparar isso com Efé. 2:10, que diz que somos «feitura» de Deus, criados em Cristo Jesus para as boas obras. Ver também Fil. 2:13, que reza: «...porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade...»). Esses versículos são corretamente usados para ensinar a eterna segurança do crente, que é um a expressão teológica técnica, dando a entender que o remido não perecerá finalmente.

Há outras porções bíblicas, naturalm ente, tal como o sexto capítulo da epístola aos Hebreus e o trecho de I Cor. 9:27, que enfatizam a parte do homem nessa questão, a reação favorável de seu livre-arbítrio, indicando que a boa o b ra da conversão pode ser la ten tem en te desfeita .

Contra A Auto-suficiência1. Só Deus é independente. Todos os demais seres são dependentes. Isso

se ap lica a todos os aspectos da vida h u m an a ; e q u an to m ais à e te rn a salvação!

2. A salvação vem pela graça divina por tratar-se de um a elevadíssima realidade, completamente além dos poderes humanos.

3. Nosso avanço c ien tífico tende a ilu d ir-n o s, levando-nos a imaginar-nos capazes de realizar qualquer tarefa. Porém, a ciência hum ana está escapando a nosso controle, e está inevitavelmente nos empurrando para a destruição atômica.

4. Deus ordena que o homem use o seu livre-arbítrio, a fim de aceitar e cultivar a sua obra divina. Dessa maneira, a vontade do homem coopera com a rea lização d iv ina (e a to rn a possível), segundo é d is tin tam en te asseverado em Fil. 2:13. A entrada da vontade hum ana nesse quadro, significa que a queda é possível, conforme se aprende em I Cor. 9:27 e outros trechos bíblicos. Mas essa possibilidade de queda é «relativa» quanto à ascensão para novos níveis espirituais, podendo caracterizar um crente por algum tempo. A restauração do tal é inevitável, entretanto e, em razão disso, a seg u ran ça do c ren te é ab so lu ta . E sse conceito é longam en te comentado em Rom. 8:39, e de modo mais sucinto em Col. 1:23.

Somente Deus pode levar a vida eterna à perfeição, conferindo-nos a salvação completa. As páginas do N.T. ensinam-nos que isso é obra de suas m ãos. Podem os observar a n a rra tiv a sobre o rico que d e rru b o u seus armazéns a fim de construir depósitos maiores. Ele era o capitão de sua própria alma. Mas um a voz superior se fez ouvir dos céus, dizendo-lhe: «Louco...» (Luc. 12:19-20). O começo e o fim do destino humano estão nas mãos de Deus. O homem não se criou a si mesmo, e nem pode salvar-se a si próprio; pois isso é uma nova criação. Tudo isso, entretanto, requer a7 καθώς εστιν δίκαιον ¿μο'ι τοντο φρονεΐν υπέρ πάντων υμών, διά το εχειν μ ε ¿ν τη καρδία, υμάς, εν

re το ίς δεσμοΐς μου καί i v τ ύ ¡ άττολογία καί βεβαιώσει του ευαγγελίου συγκοινωνούς μου της χάριτος πάντας υμάς όντας.

dos crentes filipenses, os quais, acima de tudo, m antinham para com ele um a relação afetuosa.

« ...p e n se ...» No grego o rig ina l é «phronein», «ter certa d isposição mental». Neste ponto essa palavra denota a atitude mental de Paulo, e não apenas algum pensamento fugidio e passageiro. E essa disposição geral se refere àquela «confiança» sobre a qual acabara de falar.

«...de todos vós...», ou seja, de todos os crentes filipenses, coletivamente, tal como no versículo seguinte também, ainda que aqui a expressão apareça por duas vezes. Os filipenses eram crentes unidos, dotados de excelentes qualidades. O apóstolo dos gentios não precisava atacá-los, como tivera de fazer no caso dos crentes coríntios, que estavam divididos entre si.

«...porque vos trago no coração...» Isso reflete o profundo afeto pessoal de Paulo por eles. Eles se encontravam «no centro de suas emoções», como se pudessem p e n e tra r em sua p ró p ria a lm a. Na linguagem b íb lica , « ...co ra çã o ...» g e ralm en te fa la da a lm a, podendo frisa r os aspectos intelectuais ou emocionais do ser essencial. Neste ponto se destaca mais a expressão em ocional da a lm a. A boa expectação de P au lo , ace rca do aperfeiçoamento dos crentes filipenses em Cristo, estava assegurada para ele devido aos «laços de amor» que devem caracterizar a todos os «irmãos na

1:7: como tenho por justo sentir isto a respeito de vós todos, porque vos retenho em meu coração, pois todos vós sois participantes comigo da graça, tanto nas minhas prisões como na defesa e confirmação do evangelho.

As p a lav ras « ...é ju s to .. .» assin a lam um a defin ição m ais c la ra da confiança sobre a qual Paulo acabara de falar. Paulo estava vinculado àqueles crentes por laços de amor, por profundo e puro afeto; e através disso pode-se perceber quão correta era a confiança que votava neles. Embo­ra estivesse separado deles, tinha um sentimento tranqüilo e confiante que justificava aquela sua atitude para com eles. Eles tinham contribuído para a formação dessa atitude mediante seus atos de cooperação e interesse por ele, sem im portar se Paulo estivesse presente com eles ou ausente deles, pois a despeito de quaisquer condições, mostravam-se constantes no apoio que lhe davam. É como se o apóstolo tivesse raciocinado que os crentes que possuem essas qualidades são aqueles que perseveram, prosseguindo até chegarem à perfeição em Cristo.

T alvez P au lo não pudesse d izer ou tro tan to acerca dos c ren tes da Galácia, que estavam enamorados por doutrinas falsas; ou a respeito dos crentes de Corinto, que se tinham deixado enredar por diversas falhas m undanas. No entanto, Paulo podia fazer tal declaração confiante acerca

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FILIPENSES

para confirmar a inocência do réu. Mas, nesta passagem, o sentido desse vocábulo também é duplo, exatamente como no caso do uso da palavra «defesa». Paulo apresentava evidências não apenas perante as autoridades civis romanas, mas também em toda a sua vida, lutando em prol da verdade do evangelho. Desejava ele «estabelecer», «confirmar» a veracidade da boa mensagem de Cristo.

·í . . .p a rtic ip a n tes da graça co m igo ...» E ssas p a lav ras podem ser confrontadas com o quinto versículo, onde se lê que os crentes Filipenses tinham «comunhão» com Paulo no evangelho. Neste ponto eles aparecem como «colegas participantes» da mesma graça, contida no evangelho. Isso se evidenciava através do apoio que lhe davam, em todas as circunstâncias, sem hesitações. Pois sempre exibiam seu amor a ele, o que demonstrava que tam bém se achavam no estado de graça evangélica. (Ver o trecho de Efé. 2:8 acerca de notas expositivas completas sobre a «graça»). Neste ponto está em foco a idéia do «favor salvador» de Deus. É isso que leva um homem aos pés de Cristo, que inicia e então aperfeiçoa a obra de salvação no mesmo. Não devemos reduzir o termo ·...graça...», neste ponto, a um eufemismo para «aflição», como se fosse isso que estivesse na mente de Paulo —as aflições são um a das m aneiras pelas quais Deus nos confere o seu favor. É verdade que as trib u laçõ es podem te r esse re su lta d o , e h á um a n o ta expositiva, em Atos 14:22, que salienta as conseqüências benéficas das persegu ições e p rovações. M as ta is ad v ersidades , que red u n d am em bênçãos para o crente, nunca são chamadas de «graças».

A Participação Na Graça Divina1. Eles desfrutavam da comunhãt) na graça que o evangelho propicia aos

homens (conforme se vê no quinto versículo deste capítulo).2. Alguns eruditos reduzem aqui a palavra «graça», a mero sinônimo

eufem ístico de «aflições». É verdade que tem os o p riv ilégio de sofrer juntam ente com Cristo (ver Col. 1:24), e que sofrimentos e tribulações podem redundar em muitos bons resultados (ver as notas sobre isso em Atos 14:22); mas não é muito provável que esse seja, neste passo, o sentido da palavra «graça».

3. Pelo co n trá rio , a g raça evangélica, o favor divino que nos leva à salvação, é que está em pauta. (Ver notas completas sobre esse conceito, em Efé. 2:8). Desse «favor» divino é qúe os filipenses participavam, juntam ente com Paulo.

«A g raça d iv ina im p e lia àqueles c ren tes a a liv iarem as du rezas do aprisionamento de Paulo, cooperando com ele na defesa e propalação do evangelho, bem como sofrendo por sua causa». (Vincent, in loc.).

Tudo isso é bem ilustrado pela famosa declaração de Tertuliano: «O sangue dos mártires é a semente da igreja».

Mas aquele sangue sagrado,Mantenedor da honra de Deus,Será qual semente Que produz descendência.

(Sanctus at ille cruor,Divini assertor honoris,Gignendam ad sobolem Seminis instar erit).

(João Calvino, in loc. É interessante que ele também compunha poesias.Há um hino francês baseado em um poema por ele composto, datado de1541).

flk.CaHeflaaaãM>pode ser confrontado com o trecho de I João 3:14, que 4fac JS às Hfeciuos que já passamos da morte para a vida, porque amamos ■s k a ã o s : aquele que não ama permanece na morte».

Paulo aceitava a realidade da «comunidade de participação na graça», devido à «comunidade da participação no amor». E isso é um a suposição correta. Ouvi de certa feita um professor de um seminário evangélico dizer que, quando ainda era um jovem crente, tinha confiança no poder salvador de Deus porque sentia amor pelos outros crentes, e, particularmente, por certo amigo intimo. E é Deus quem derram a esse amor em nossos corações, pelo seu San to E sp írito (ver R om . 5 :5 ). P o rta n to , o am or é sin a l da possessão do Espírito de Deus, que é o agente do nosso aperfeiçoamento (ver II Cor. 3:18; ver também II Cor. 7:3, onde Paulo se refere ao fato que aqueles crentes estavam «em seu coração», ainda que lhe tenha sido mister repreendê-los severamente). O versículo oitavo deste capítulo define o amor de Paulo e o seu anelo por aqueles crentes filipenses como uma «comunhão com Cristo». Essa é a esfera do amor mútuo, onde este nasce, é nutrido e prospera.

* ..je ja nas minhas algemas...» Há aqui uma expressão técnica no grego, «desmoès», «algemas», referindo-se a uma pessoa conservada prisioneira. A palavra que apaiece pouco mais adiante, neste mesmo versículo,tam bém é BB vocábulo técnico no grego, «apologia», dando a entender sua drfrsa form al pexanle as antoridades civis romanas; e logo em seguida P u lo emprega «w fa uma outra palavra técnica «confirmação» (no grego, -bebaiosts·), que denota uma defesa fortalecida com várias evidências. Considerados juntamente, esses termos técnicos denotam que o apóstolo passou por um a série de acontecimentos, que envolveram a defesa de sua causa e a exposição cuidadosa de várias evidências, que comprovavam a sua inocência, pois as acusações contra ele não tinham fundamento e haviam sido distorcidas.

A Participação Nos Conflitos1. Os crentes de Filipos compartilhavam das lutas de Paulo, em seu

ministério. Ele atravessara inúmeras dificuldades e testes, nesse ministério. Os filipenses o acompanhavam nessas adversidades, compartilhando delas. Assim, confirmavam em si mesmos o ministério de Paulo.

2. Este versículo tem um significado mais específico: Paulo agora estava aprisionado. Apresentaria sua defesa formal ou «apologia», ou na presença de Nero, ou então (se não o fizera em Roma), diante de algum outro oficial romano. Agora aguardava pelo veredito a seu respeito. A «confirmação» aqui referida, pode significar as «evidências» apresentadas por Paulo em sua «defesa» do evangelho. Mediante sua simpatia (e, talvèz, de outras maneiras não especificadas aqui), os filipenses haviam compartilhado dessa defesa formal e da apresentação das evidências.

defesa...» No grego é apologia, que com freqüência era palavra usada...·■׳tecnicamente, referindo-se a alguma «defesa formal e jurídica». (Ver Atos 25:16 e II T im . 4:16; co m p ara r com o fam oso d iálogo de P la tã o , a «Apologia» de S ócrates, sua defesa em A tenas). T am bém é p a lav ra empregada em um sentido mais frouxo, indicando qualquer «defesa». (Ver I Cor. 9:3; II C o r:7 :ll; Fil. 1:16; I Ped. 3:15). Parece que Paulo usa a palavra em um duplo sentido, conforme destacamos nas notas expositivas acima.

«...confirmação...» No grego, «bebaiosis», que figura somente aqui e em Heb. 6:16, em todo o N.T. Esse termo técnico indicava a exposição de provas em defesa de alguém. Tais evidências,é claro, eram apresentadas

8 μάρτυς γάρ μου o 0eós, ώς εττίττοθώ πάντας υμάς ¿ν σπλάγχνο ις Χ ρίστου ,Ιησοΰ.8 μάρτυ!Γ...0605 Κϋ: 1.9; 2 Cor 1.23; 1 Th 2.5 8 μου] μοι Γ>ΟΨ α ΐ: ο :η ρ 4β V g (l) ] Χρ . I. XABD*GP al i t ; R] I. Χρ. K L pm J vg ς : Χρ. D c sa(i) fa eth

1:8: Pois Deus me é testemunho de que tenho saudades de todos vós, na ternono amor de Cristo, na comunhão mística da qual desfrutavam juntam ente com ele.

« ...n a terna m isericórd ia de Cristo Je su s ...» No grego, « ... te rn a m ise ric ó rd ia ...» é «splagchnois», que pode ser trad u z id o p o r « terna misericórdia», «afeto», mas que, literalmente, se refere aos órgãos vitais, como o coração, o fígado, os pulmões, as entranhas mais nobres, e que os antigos consideravam a sede das emoções, das paixões, mais ou menos conforme usamos hoje em dia o termo «coração». A origem desse uso mui p rovavelm ente foi a observação que as em oções fo rtes podem a fe ta r fisicamente esses órgãos, levando o coração a bater mais rápido, fazendo os intestinos se contraírem, etc.’ Algumas vezes esse vocábulo grego era usado para indicar os intestinos, e até mesmo a madre ou útero; mas usualmente indicava os órgãos da cavidade superior do tórax. Sua forma verbal, que vem da mesma raiz, significa «compadecer-se», e, ainda sob outra forma, significa «comer as partes internas».

Paulo via a si mesmo e aos crentes filipenses tão intimamente unidos, em comunhão mística com Cristo que seus anelos por eles eram, ao mesmo tempo, os anelos de Cristo. As qualidades morais são compartilhadas pelo Cabeça e pelos membros do corpo, correspondendo-se m utuamente umas às outras. No dizer de Bengel (in loc.): «Em Paulo, não era Paulo quem vivia, mas Jesus Cristo». Sim, o amor que o apóstolo devotava àqueles crentes era, ao mesmo tempo, dele e de Cristo, sem que se pudesse fazer qualquer clara distinção.

«Paulo se associou com eles em sua devoção a Cristo, sentindo que o amor que lhes tinha era inspirado por Cristo, pertencente à mesma qualidade do amor de Cristo pelo seu povo». (Scott, in loc.).

«O amor de Paulo por eles não era humano e carnal...m as era cristão e espiritual; com um amor proveniente de Cristo, em imitação ao dele, por estarem eles em Cristo, sendo amados por ele, pertencendo a ele e sendo crentes nele...era...com o aquela terna consideração que Cristo tinha por eles, e que fora despertada nele». (John Glll, in loc.).

«Todo o verdadeiro amor espiritual é apenas um a porção do grande amor

misericórdia de Cristo Jesus.Paulo faz aqui um a espécie de juramento, um a prática comum entre os

judeus. Não sabemos se ele estava familiarizado ou não com o ensinamento do Senhor Jesus sobre a questão (ver Mat. 5:34). Alguns eruditos desculpam essa ação por haver sido feita «sob inspiração do Espírito, nas Sagradas Escrituras». (Comparar com Rom. 1:9; II Cor. 1:23 e I Tes. 2:5,10, onde há juram entos paulinos similares).

Paulo sentia tão grande afeto pelos crentes filipenses que expressões ordinárias não podiam satisfazê-lo; portanto, leva sua declaração perante o próprio tribunal de Deus, para torná-la mais enfática. Há estudiosos que justificam tais juram entos paulinos, como se dá neste caso, dizendo que isso era necessário para evitar as calúnias de algumas pessoas contrárias, que havia em Filipos, e que talvez fossem opositores de Paulo. Mas explicações dessa natureza são forçadas, e servem somente para tentar harmonizar essa prática, tão comum entre os judeus, com as proibições de Jesus.

«O amor e a gentileza deles ‘dos crentes Filipenses’ para com Paulo e a sua grande obra, até mesmo nos momentos mais negros de sua carreira, serviam de prova suficiente de que compartilhavam, juntam ente com ele, da graça de Deus». (Kennedy, in loc.).

O A m or É O PadrãoO tra b a lh o e fe tu ad o po r Pau lo en tre os filipenses, foi d irig id o pela

energia inspirada pelo amor. Isso exerceu idêntico reflexo da parte deles, e a epistola de Paulo àquela comunidade cristã, reflete tal condição. Feliz é o homem que ama, cujo guia não é o seu auto-interesse. _

«...saudade que tenho...» A palavra grega «epipotheo» significa «anelar por», «desejar algo fortem ente» . E ssas são as idéias co n tid as n estas palavras. A expressão significa que o seu próprio ser vital se estendia na direção deles, em grande e intenso amor. Significa mais que ele sentia a falta deles, ou que ansiava fortemente por vê-los. Antes, Paulo se referia à ■atnreza de suas emoções, volvidas na direção deles, de m aneira geral. Esse amor, tão forte e fervoroso, é reputado como produto da comum união deles

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satisfaz nosso desejo de saber a verdade, mas que é, ele mesmo, a fonte desse desejo, o qual não somente é a resposta para as nossas indagações, m as tam bém é o a u to r das m esm as em nosso in te rio r , o fim de nossa in q u irição pelo bem e igu a lm en te a su a origem ». (A lan R ichardson , Christian Apologetics). Trata-se de excelente comentário, que expande as idéias contidas nesté versículo, mantendo-se fiel ao espírito do mesmo.

As Misericórdias De Deus1. As m isericó rd ias de Deus! que tem a p a ra o m eu cân tico! A

misericórdia é um sinônimo virtual do amor. As misericórdias de Deus são aqueles favores que ele nos faz, devido ao seu amor.

2. É exigido da parte do homem espiritual, que ele imite a Deus, na dispensação da misericórdia. (Ver Col. 3:12).

3. Esses atos misericordiosos devem ser realizados com alegria (ver Rom. 12:8). Se assim se fizer, a pessoa que exercer misericórdia será beneficiada por sua vez (ver Pro. 11:17). A bem-aventurança flui desse tipo de ação (ver Mat. 5:7).

4. Os hipócritas são despidos de misericórdia (ver Mat. 23:23), mas esta caracteriza os santos (ver Sal. 37:26).

άγάτπ) υμών ετι μάλλον και μάλλον περισσευτ] ¿ν ¿πιγνώσει καιb minor: T ׳׳ 9 E Bov Nes BF־ AV BV'ASV NEB TT Zür Luth Jer Seg // b none: WH ESV

que os crentes precisam possuir, isto é, alicerçado sobre o conhecimento, limitado pelo mesmo. Mui provavelmente isso é que está em foco aqui, em consonância com a idé ia que a «gnosis» c ris tã se com põe de «amor-conhecimento».

«...neste particular indica o conhecimento desenvolvido da verdade, com alusão mais especial ao conhecimento prático que informa o amor cristão acerca das circunstâncias corretas, dos alvos, dos meios (de seu uso)». (Vincent, in loc.).

O conhecimento acurado da verdade e das obrigações morais inspira e o rien ta o exercício do am or c ris tão .N o dizer de F a u c e tt (in loc.): «O cris tian ism o é qual um a p la n ta vigorosa, e não como o can te iro do entusiasmo. As palavras ‘em conhecimento’ assinalam a esfera na qual o amor cristão deve crescer, segundo a oração do apóstolo. Conhecimento e perfeição resguardam o amor de julgar mal».

O conhecimento de Deus se expressa, automaticamente, no exercício do amor, pois Deus é amor (ver I João 4:8). Quanto mais ficamos sabendo acerca da n a tu re z a e dos p ropósito s de D eus, m ais am am os como ele nos ama. Não pode haver clara separação entre amor e conhecimento, quando estamos tratando com Deus.

«...toda a percepção...» Da mesma m aneira que a palavra «conhecimen­to», no original grego, é intensificada por um prefixo preposicional, assim também este vocábulo, «...percepção...», que na tradução em português é intensificado pelo termo «...toda...» A percepção ou discernimento dos crentes filipenses, e, por conseqüência o nosso, deveria ser completo. O termo grego aqui empregado é «aisthesis», a única menção do mesmo em todo o N.T.Significa «discernimento», «percepção», «sentimento». A forma verbal significa «possuir o poder da percepção», «possuir entendimento». Trata-se da mesma coisa que a «iluminação divina», conforme se vê no paralelo de Efé. 3:16-18, onde o Espírito Santo é diretamente mencionado como quem está por detrás da percepção e do conhecimento que obtemossobre as realidades espirituais, por ser sua fonte e inspiração.

Platão empregou o termo para indicar as «visões» dos deuses (ver Fédon 1 1 1 ), o que é bastante instrutivo. O discernimento ou «percepção» é aquela qualidade espiritual que seleciona, que rejeita, que classifica e que aplica o que se sabe através do «conhecimento». Paulo dá a entender que, há males que devem ser evitados, e que há virtudes a serem seguidas, e que o usodiscernidor do amor deve ser aplicado a isso.

«Tal como os gálatas combinavam o entusiasmo com a volubilidade, em Filipos talvez o entusiasmo prevalecesse sobre o bom senso espiritual...um firme conceito de...princípios...poderia guiá-los em suas relações uns com os outros e com o mundo». (Kennedv, in loc.).

O Trabalho Da Oração1. Sua ação é externa, porquanto produz um a m udança para melhor, nas

pessoas e nas circunstâncias.2. Sua ação é interior, porquanto modifica a pessoa que ora.3. A oração é um dos meios de desenvolvimento espiritual porque aquele

que ora se espiritualiza. A oração é um agente espiritual. É bom requerer coisas físicas da parte de Deus e ver o Senhor responder a essas petições. Porém, melhor ainda é buscar a iluminação espiritual, o conhecimento e o desenvolvimento por meio da oração.

com que C risto nos am ou, e que vive e anela em todos q u an to s estão vitalmente unidos a ele». (Alford, in loc.).

Essas declarações concordam com o conceito do «amor» como um dos aspectos do fruto do Espírito, segundo se vê nas notas expositivas sobre Gál. 5:22. (Ver também os trechos de João 14:21 e 15:10, sobre o tema do «amor como principio normativo da família de Deus). A passagem de Gál. 2:20 ilustra a íntim a união de Paulo com Cristo, sendo útil como ilustração desta verdade.

«Oh! quão infinitamente Cristo am ou!...E nisso Paulo era um seguidor de Cristo; e todos os bons ministros deveriam 'ter ־por alvo a mesma atitude. Não deveríamos am ar com terna compaixão aquelas almas pelas quais Cristo demonstrou tão grande amor e tem a compaixão?» (Matthew Henry, in loc.).

«...um a emanação, desmaiada mas veraz, proveniente do próprio— Jesus Cristo, que habitava em Paulo». (Barry, in loc.). «...estou pronto para ser oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé (ver Fil. 2:17)». (Adam Clarke, in loc.).

«O evangelho de Jesus Cristo....fala-nos sobre um Deus que não somente

9 K a l t o v t o 77p o < j € V - ) ( o i i a i , b I v a r¡

T r á a r ¡ a l o d r / o e i ,1:9 E isso peço em oração: que o vosso amor aumente mais e mais no pleno conhecimento e em todo o discernimento,

(Essas palavras podem ser comparadas com Efé. 3:16-21, que lhe são notavelmente semelhantes. Pode-se observar que ali, o «amor» é o de Cristo, conforme também se dá no caso do versículo anterior deste mesmo capítulo. Também se pode notar que o «conhecimento» é vinculado ao «amor», como verdade básica de sua expressão. Essa é a autêntica «gnosis» cristã, tão diferente dos sentimentos gnósticos, tão repletos de orgulho).

O verdadeiro conhecimento se caracteriza pela presença do amor de Cristo, o qual se manifesta em direção a outros, pois disso é que consiste a autêntica sabedoria. E o amor é a estrada de retorno, mais curta para Deus, pelo que também aquele que envereda por ela é realmente sábio.

«O amor, segundo Paulo insiste no décimo terceiro capítulo da primeira epístola aos Coríntios, é o dom espiritual que inclui a todos os outros; e consiste , ao m esm o tem po, de am or a D eus e de am or aos nossos semelhantes. Mas neste ponto o apóstolo adverte aos seus convertidos no sentido que esse amor não deve ser indiscriminado. Talvez nada seja tão prejudicial como a natureza fácil e boa que se dispõe a tolerar tudo; e isso, com freqüência, é tomado erroneamente como se fosse a correta disposição m en ta l c ris tã . O am or deve apegar-se a coisas que são d ignas de ser am ad as , m as n u n ca p o d e rá fazê-lo en q u an to não for sab iam en te orientado». (Scott, in loc.).

«...o vosso amor...» O amor que tendes como crentes, o amor m útuo, de uns pelos outros. Mas também está em foco o princípio geral do amor, do amor a Deus, do amor a Cristo.

«.. .aumente mais e m a ü .. .» Trata-se de um acúmulo de palavras a fim de frisar a extensão sobre a qual se deve fundamentar o amor, sendo exercido m ed ian te o conhecim en to e o d iscern im en to . No o rig ina l grego, «...aumente»...» é tradução do verbo grego «perisseuo», «exceder», «ser m uito abun d an te» , ao que os trad u to re s da B íb lia em portu g u ês adicionaram as palavras «...mais e mais:..» Paulo gostava muito de frases acumulativas, para efeito de ênfase. (Ver I Tes. 4:9,10, cuja mensagem é um p a ra le lo d ire to do p re sen te versículo . V er tam bém as frases acumulativas do versículo vigésimo terceiro deste capítulo, de II Cor. 4:17 e de Efé. 3:20).

. O amor, tal como todas as demais graças cristãs, cresce. (Ver Fil. 3:13).

★ ★ ★«...em pleno conhecim ento...»Visto que o termo grego «epignosis» é uma

forma intensificada de «conhecimento», é legítima a tradução que se vê aqui, isto é, «...pleno conhecimento...», o que concorda com a declaração enfática, apesar do fato que, no grego helenista, as formas intensificadas com freqüência eram usadas como simples sinônimos de seus paralelos não-intensifícados. Cumpre-nos desdobrar a questão em dois pontos:

1 . O «conhecimento», neste caso, pode ser visto como algo «acrescentado» ao am or, em bora d is tin g u id o do m esm o; e isso d a r ia a in te rp re ta çã o «conhecim ento cristão», que visa C risto , o evangelho e as rea lid ad es espirituais.

2. Ou essa palavra pode ter sido usada para qualificar o «tipo de amor»

ιαφέροντα, Iva η τε ειλικρινείς και άπρόσκοποι εις ■ημέραν Χ ρίστου,10 τό . , .δ ια φ έ ρ ο ν τα Ro 2.18; 12.2; He 5.14 ημέρα ν Χ ρ ίσ το υ 1 Cor 1.8; Php 1.6; 2.16

ίο εις το δ ο κ ιμ ά ζε ι υμάς τα δίο eis α°] add την ρ 16

excelente. Com parar isso com o trecho de ΙΓ Cor. 4:18, que diz: «...não atentando nós nas cousas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas».

As coisas que são «verdadeiramente diferentes» das coisas ordinárias, são aquelas realidades próprias do lado espiritual e mais nobre da existênca. Parecida com esta exortação é aquela que aparece em I Cor. 12:31, onde se lê: «Entretanto, procurai, com zelo, os melhores dons». E o «caminho sobrem odo excelente», que tam bém fig u ra nesse c itad o versículo é o caminho do amor, o que também está de acordo com a presente passagem. O amor cristão aguça a percepção moral, ajudando no discernimento dos v e rdadeiros valores e sp iritu a is . A form a verbal do su b stan tiv o aqu i em pregado sign ifica «prim ar», como tam bém «diferir». Sim , a nossa inquirição espiritual deveria ser por aquelas coisas que sobrepujam a todas as o u tras , q u an to ao seu valor. O alvo, n a tu ra lm e n te , consiste de compartilharmos da natureza de Cristo e suas excelências; e isso envolve

1:10 para que aproveis as coisas excelentes, a fim de que sejais sinceros, e sem ofensa até o dia de Cristo;

Á palavra «...aprovardes...» é tradução do termo grego «dokimadzo», que quer dizer «submeter a teste», «examinar», «provar», como quando se prova a genuinidade do metal das moedas. Esse é o sentido tencionado da palavra aqui usada. A prova da experiência nos é recomendada, mediante o que chegamos a reconhecer os mais elevados valores espirituais. Isso vem através do conhecimento e do discernimento, conforme se aprende no versículo anterior, movimentando-se e operando por meio do amor.

«.. .cousas excelentes.. .» No grego temos as palavras «ta diapheronta», isto é, «cousas que diferem», mas cuja aplicação envolve coisas que se destacam por sua excelência, pelo seu valor, pela vantagem que têm para o homem. Isso pode indicar: 1. Ou a distinção entre o bem e o mal, em que o crente prefere ao bem. 2. Ou, mais particularmente ainda, a seleção feita até mesmo entre coisas «boas», para que se prefira o que há de mais nobre e

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FILIPENSES12ind iv íduo cair; e am bas essas idéia , m ui p rovavelm ente, estão aqu i focalizadas. A metáfora aqui utilizada é a de um viajante ou fundista que atinge com sucesso seu destino, sua meta, sem cair em face de quaisquer obstáculos existentes no caminho. E o fim da estrada, onde o sucesso e o descanso se encontram, é o «dia de Cristo», a vinda de Cristo para os que lhe pertencem, e que porá fim ao «dia terreno», dando início ao dia ou «estado eterno». (Quanto ao «tropeçar», comparar com os trechos de I Cor. 10:32; Rom. 14:13; Il-Cor. 6:3 e Atos 24:16).

Variante Textual: A primeria porção da palavra grega «eilikrino» pode ter um sinal áspero ou suave. Se o sinal for áspero, então se referirá ao «sol»; mas se for suave, então indica «eilo», que significa «dar meia-volta». Neste último caso, o simbolismo não seria que somos «testados sob a luz do sol», e, sim, que somos «testados a rodar», como que postos em um moinho, ou talvez em um crivo ou peneira. Mas posto que a pontuação e os sinais de aspiração não faziam parte dos manuscritos gregos originais, não há modo de sabermos o que está em pauta exatamente, havendo confirmações antigas tanto para uma como para outra possibilidades. Mas que a «pureza» está em pauta é questão que não admite dúvidas. A segunda dessas possibilidades aparece em sentido moral no escrito de Platão, Fédon, págs. 661 e 81B. Certa pureza seria criada pela «revolução», pois elem entos estranhos seriam assim coados. Contudo, provavelmente Paulo não tinha qualquer etimologia* particular em mente, quando escreveu essa palavra, mas simplesmente quis empregar seu sentido resultante de «puro».

«...dia de Cristo...» (Ver o sétimo versículo deste capítulo, acerca do «dia de Jesus Cristo», e as notas expositivas ali existentes).

m u itas verdades im p líc itas , no to can te à vida d iá r ia e no to can te à eternidade.

Vincent(¡« loc.) apresenta esse pensamento por meio de um a paráfrase, a saber: «Que vosso amor aumente e abunde em m aduro conhecimento e poder de percepção, a fim de poderdes aplicar os testes corretos e chegardes às decisões corretas, naquilo que apresenta distinções morais». (Comparar essa declaração com as passagens de Efé. 5:10; I Tes. 5:21 e Heb. 5:14). Porém, o apóstolo dos gentios igualmente tinha em mira aqueles valores espirituais superiores, que ultrapassam a todas as presentes questões morais. Portanto, um a elevada inquirição espiritual nos é recomendada.

« ...s in cero s ...» No grego tem os a idéia de «pureza de m otivos», de «pureza» em geral, pois o vocábulo grego é formado por «eile», o «calor», a «luz» do sol, e «krino», que sign ifica «exam inar», o que re su lta em «examinado sob a luz do sol», e, figuradamente, «sem mistura». No latim, a palavra «sincero» queria dizer «sem cera», isto é, sem a cera usada para disfarçar os defeitos das esculturas. No presente texto deve estar em pauta a idéia de «pureza», o estado de «incorrupto» pelos males mundanos. O simbolismo pode ser o de um ' metal purificado até que toda escória ou mistura de elementos estranhos tenha sido expurgada. Aos crentes, pois, convém que sejam singelos, de excelente m aterial espiritual, sem qualquer m istura da escória deste mundo.

«...inculpáveis...» No grego é «aproskopos», ou seja «sem tropeço», «sem ofensa», sem qualquer coisa de difamatório ou digno de acusação. O termobásico significa algo que «leva outros a tropeçarem», ou que faz o próprio 11 π€π\τηρωμένοι καρπόν δικαιοσύνης τον διά Ίη σ ο ΰ Χ ρίστου εις δόξαν και Επαινον θεοΰ1.

1 11 |C | καί ίτταινον θίοΰ Κ A Β D ' 1 Κ Ρ Φ 33 81 88 104 181 326 330 I 1962 // καί ,έπαινόν μοι G it* // 0eou καί ’έπαινον ϊμο ί ρ6׳ // καί ‘έπαινον 436 451 614 029 630 1241 1739 1877 1881 1984 1985 2127 2492 2496 Β!!ζ Lect αύτου i t ‘ // καί ’έπαινον 1925

vg svrl li (.QpSa. t)״. fay ;,nt: // >;cu eTTCLLVOV XfJLOTOV I>■' ' |11 Jn 15.8

Embora não seja fácil explicar como surgiu tão grande variedade de formas, há pouca dúvida que a forma original é καί ’έπαινον θβον, apoiada por bons representantes de vários tipos de texto, incluindo os tipos alexandrino e ocidental (X A B Dc I K P f 33 81 614 1739 Byz Lect it (d,r,6l) vg sir (p,h) cop (sa,bo,fay) ■ara). Ao invés de — deov,D (gr*) 1962 dizem Χρίστον (χγ em lugar de θγ), do que se desenvolveu και ’έπαινον αυτόν (vg (ms)) como simplificação da redundância das duas instâncias de Χρίστου. Mui notável é a forma και ’έπαινόν μοι(Έ (gr) G it (g)), que não tem paralelo em Paulo, e ainda mais admirável é a antiga forma mesclada em P (46), Oeov και ’έπαινον έμοί.

Variante Textual: A forma singular, fruto, aparece nos mss P(46), Aleph, B, Delta, G e nos mss latinos f e g. O plural, «frutos», aparece na tradição «koiné» ou bizantina, isto é, os mss KL e a maioria dos manuscritos minúsculos. Mas a forma singular conta com a evidência textual mais forte, tanta autoridade como César tinha em Roma.

«...mediante Jesus Cristo...» Precisamos desdobrar aqui o sentido destas palavras, o que fazemos nos pontos abaixo:

1. Pois é m ed ian te a fé em C risto que som os ju s tif ic ad o s (ver Rom . 3:24,28), e é mediante a fé nele que a justiça, divina nos é outorgada (ver Rom. 3:22).

2. Em Cristo é que somos «aceitos» diante de Deus (ver Efé. 1:6).3. Conforme a sua imagem moral somos transformados paulatinamente ,

e assim é que recebemos a sua imagem metafísica, avançando de glória em glória (ver IÍ Cor. 3:18).

4. É em associação a Cristo, em comunhão mística, que recebemos todas as bênçãos espirituais (ver Efé. 1:3-7,11,11,13,14,23, além de inúmeras outras referências dessa epístola aos Gálatas).

«...para a glória e louvor de Deus...» Tal como na expressão anterior, é m is te r d e sd o b ra r esta expressão , p a ra que fique m ais c la ra ao nosso entendimento:

1. A «glória de Deus» a lgum as vezes sign ifica a to ta lid a d e de seus atributos santos, suas elevadas excelências. (Ver Rom. 3:23). Os homens que chegam a participar da imagem de Cristo fomentam ainda mais essas excelências, porquanto são usados como instrumentos para trazer a outros aos pés de Cristo, levando-os a se tornarem filhos de Deus que estão sendo conduzidos à glória. Portanto, os crentes aumentam o esplendor celestial.

2 . O aumento do bem-estar divino também está em foco, e isso através do acréscimo de novos aliados do bem, mediante boas obras que expressam a santidade íntima, da mesma m aneira que um filho bom expressa a bondade de seu pai e lhe aumenta o senso de bem-estar e felicidade.

3. A palavra «glória» também é usada no sentido de «louvor». Por meio das vidas de seus filhos, Deus é louvado. «Nisto é glorificado meu Pài, em que deis m uito fruto; e assim vos torneis meus discípulos» (João 15:8; ver as notas expositivas a respeito).

4. O termo «glória» igualmente indica o que será dado aos crentes quando da glorificação (ver Rom. 8:30), e isso indica a participação na glória do S enhor D eus, que ele tam bém nos confere em C risto . Pois os rem idos haverão de p a r tic ip a r da g ló ria d iv ina , em cu m p rim en to do p lan o Üe redenção, tudo o que contribui para aumentar a glória de Deus. Portanto, a «glória» pertence à família divina inteira. Um pai é glorificado quando um de seus filhos é elevado e honrado.

5. Na p ro d u ção de fru to e sp ir itu a l, po r p a r te de C risto , fica exemplificada a bondade; e a bondade é uma qualidade divina suprema; pelo que, n a b o n d ad e dos hom ens, a g ló ria d iv ina é in c rem en tad a , p o rq u a n to p ro p a la e e x a lta a b o n dade de D eus. (Q u a n to a o u tras referências acerca da «glória de Deus», ver os trechos de Rom. 3:23; Efé. 1:6,12,14 e João 17:4,5).

«...louvor de Deus...» Devemos pensar aqui no «louvor» por meio de palavras, dirigidas a Deus, embora também fique subentendida a vida do crente, que louva a Deus de forma indireta. No entanto, um a vida reta louva ao Senhor em voz mais alta e convincente que podem fazê-lo as palavras.

1:11 cheios do fruto de justiça, que vem por meio de Jesus Cristo, paro glória e louvor de Deus.

A palavra «...cheios.. .», no original grego, é um particípio perfeito na voz passiva, de «pleroo», que significa «sendo enchido», «sendo completado», embora sem qualquer alusão ao que acontecera no passado, ainda que com resultados que prosseguem no presente. O uso é eqüivalente ao do particípio presente. A ênfase recai sobre o enchimento contínuo, a experiência do dia a dia, tendo a perfeição final e total na justiça como seu grande alvo.

«...fruto de justiça...» Esta é um a expressão própria do A.T. (Ver Pro. 11:30 e Amós 6:12).Além desta passagem neotestamentária, também figura em H eb. 12:11 e T ia . 3:18. A « ... ju s tiç a ...» , nesse caso, é a ju s tiç a evangélica, a própria santidade de Deus, dada aos homens por meio de Cristo Jesus. (Isso é comentado em Rom. 3:21). Essa forma de retidão não é meramente atribuída ao crente, como uma declaração «forense», isto é, por decreto divino, em Cristo, mas também é conferida realmente ao crente, mediante a Palavra do Espírito, através da implantação da própria natureza moral de Deus Pai em nós. Total retidão, pureza e santidade são indicados por este vocábulo; pois Deus Pai é o próprio padrão dessa justiça, razão pela qual ele é sem defeito de qualquer espécie, mas antes, é absoluto.

«...fruto...» Na forma singular (segundo os melhores manuscritos, ver as n o tas tex tu a is abaixo ), ta l com o em G ál. 5:22, que diz «.. .o fru to do Espírito...» Trata-se do resultado geral da justiça. Implica em todas as formas de virtude moral e atividade santa.Essas virtudes morais são o «fruto do Espírito», alistadas e comentadas no trecho de Gál. 5:22.

A idéia de fru to subentende ou a produtividade ou um organismo vivo, a saber, a participação na vida. O fruto contém a semente, como se sabe; e a semente encerra o potencial para o desenvolvimento de outra árvore e de ou tros fru to s da m esm a espécie. P o rta n to , tem os aq u i um excelente simbolismo. Pois o «fruto da justiça», que é a própria retidão de Deus, é implantado em Deus, conforme essa retidão é vista em Cristo Jesus, e é por esse intermédio que chegamos a compartilhar da plenitude do próprio Deus Pai, conforme se lê em Efé. 3:19. Quando já tivermos de posse da natureza divina, então haverá plena «fruição da justiça»; porque, ao compartilhar­mos da n a tu re za m oral de C risto , ao m esm o tem po e a té certo ponto , chegaremos a compartilhar também de sua própria natureza essencial. (Notas, Rom, 8:29). Isso significa muito mais do que a «impecabilidade»; pois está em foco a participação positiva em todos os atributos morais de Deus, de tal modo que amaremos como ele ama e seremos retos como ele é reto. Ora, esse alvo é elevadíssimo.

A Grande Fruição1. A idéia de fruto nos traz à mente o conceito do crescimento de um

organismo vivo. O fruto traz em si a semente de sua própria espécie, e essa semente se torna o meio de duplicação da planta ou árvore que produzira aquele fruto.

2. A m aio r fru ição que h á no m undo é quan d o os fru to s da re tid ão transformam homens, levando-os a assumirem a natureza Daquele que neles im plantara o fruto espiritual. Ele im planta em nós as suas virtudes morais, e o Espírito as cultiva (ver Gál. 5:22,23); e a fruição final será a participação na própria natureza divina (ver II Ped. 1:4), com todos os atributos que lhe pertencem (ver Efé. 3:19).

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FILIPENSES 13Um filho pode ser um louvor vivo para seu pai. O trecho de Efé. 1:6 diz instrumento para louvor da glória de Deus. No dizer de John Gill (in loc.), a«..;para !ouvor da glória de sua graça...», como o objeto da predestinação respeito dessa questão: «...o desígnio dessa cláusula é mostrar, ou que tantodos homens, que visa outorga-lhes as riquezas que há em Cristo. O décimo a glória de Cristo como o louvor de Deus estão envolvidos em cada obra boasegundo versículo daquele capitulo de Efésios declara: «...a fim de sermos autêntica, ou então que aglória secreta de Deuse o seu louvor fraco devempara louvor da sua glória...» E a herança que receberemos, aludida no ser buscados ali»,décim o q u a rto versículo daquele m esm o cap itu lo tam bém serv irá de

II. Paulo, prisioneiro, mas em esperança e alegria (1:12-26).Tendo chegado ao fim das suas saudações iniciais, Paulo começa a entrar no âmago de sua missiva, fornecendo informações

sobre sua situação presente, encarcerado como estado, bem como sobre os resultados desse aprisionamento. Não há que duvidar que os crentes filipenses tinham ouvido notícias contraditórias sobre a questão, tendo escrito para o apóstolo. Não sabiam o que ele poderia esperar, em face de seu julgamento próximo-, e as notícias vagas sobre Paulo, não podiam tranqüilizá-los no tocante a isso. E é possível que Paulo se tenha mostrado vago nas notícias que dera porque ele mesmo não sabia avaliar com exatidão a sua situação —não lhes forneceu informes específicos sobre seus sofrimentos presentes, certamente porque não queria assustá-los desnecessariamente, e também porque ele estava obviamente muito mais interessado nos efeitos que suas tribulações faziam sobre o progresso da causa cristã, do que em seu próprio bem-estar; e é sobre esse aspecto da questão que Paulo se demorara. Ora, isso tão-somente caracteriza a suprema dedicação do apóstolo, de tal modo que basta a menção de seu nome para pensarmos em sua dedicação ao Senhor Jesus. Apesar disso, a maneira vaga de Paulo, ao falar de suas possibilidades no julgamento ante as autoridades civis romanas, é lamentavel do ponto de vista histórico. Poderíamos ter sabido em que cidade ele se encontrava aprisionado, como também poderíamos ter sabido mais sobre a situação do cristianismo em sua época. Também poderíamos ter sido capazes de situar, com maior exatidão, o local e a data da escrita desta epístola. Não obstante, o mais importante foi preservado para nós, a saber, o exemplo da preocupação do apóstolo pela causa cristã, e sua suprema dedicação à mesma. Ficou assim provado que Paulo era figura altamente altruísta, o oposto dos homens comuns, pois a sua ansiedade se voltava para o trabalho cristão e para o avanço do evangelho, e não para si mesmo. (Sobre questões relativas à data da escrita e à proveniência desta epistola, ver a segunda secção da introdução a mesma).

O retrato falado que nos é dado pelos versículos que se seguem, portanto, é um quadro pessoal e espiritual, ao invés de informativo, segundo o ponto de vista histórico. Vemos ali a sua coragem, perfeitamente forte, bem como sua fé, ainda radiosa, no fim de uma brilhante mas exaustiva carreira. Paulo enfrentava uma situação extremamente ameaçadora, estando cativo nas mãos do desvairado e violento Nero, que estava acostumado a torturar cristãos nos jardins de seu palácio, para entretenimento dos seus convivas. Em tudo isso, entretanto, Paulo via razão para sentir-se consolado. Primeiramente, o evangelho não fora entravado devido ao seu encarceramento; e nem fora suprimido, como era o alvo colimado pelas perseguições. De fato, ali mesmo, em meio à tempestade, o evangelho florescia como nunca. E, em segundo lugar, devido às expressões de ânimo e consolo do apóstolo dos gentios, a igreja cristã de todos os séculos tem encontrado um de seus motivos favoritos de consolo, dentre todos os livros divinamente inspirados. '

A esperança de Paulo, mesmo em face da morte, eleva-o àquela esfera muito acima da morte, onde não há mais morte, a saber, a presença mesma de Cristo. Paulo, pois, foi capaz de magnificar a Cristo mesmo em situações adversas desta esfera terrestre; pelo que também não se deixava preocupar em demasia, exceto o favor dos outros crentes. Fosse como fosse, para Paulo o viver é Cristo -, e isso expressa uma grandiosa verdade, pois a existência inteira, no caso dos remidos, consiste de irem eles crescendo na direção da plenitude de Deus (ver Efé. 3:19), segundo ela pode ser vista em Cristo (ver Efé. 1:23), pois essa é a essência e a atividade que caracterizam a vida real. (Comparar isso com o trecho de I Cor. 8:6). Assim sendo, não há tribulação e nem perseguição que possa modificar essa carreira cristã, nem mesmo a morte física sob tortura. E nesse fato é que Paulo se consolava, como o têm feito milhares e milhares de outros crentes desde os seus dias,os quais têm descoberto o mesmo tipo de consolo. A vida é tim grande contínuo, e aquilo que sabemos agora é apenas uma de suas fases, uma de suas facetas.

Devemos observar, neste ponto, que a fé religiosa nem sempre se interessa por elevar-nos para além de nossas tribulações, conforme muitos cultos modernos prometem, os quais se aproveitam dos interesses egoístas dos homens. Pelo contrário, a autêntica fé religiosa serve de meio para dar-nos a vitória íntima quando nos encontramos sob tribulação, ao mesmo tempo que nos permite reavaliar a vida, conferindo-nos uma visão mais clara sobre a importância da verdade e da realidade eternas, subjugando o que é meramente terreno e temporal.

Os trens antigos não tinham iluminação intema. Quando um deles penetrava em um túnel qualquer, isso significa que os passageiros eram mergulhados em totais trevas. De certa feita, quando um homem se sentiu atemorizado ante tal experiência, um outro o encorajou, com a seguinte observação: «Não se preocupe. Pois não estamos entrando em um saco fechado. Há uma saída na outra extremidade, e por ali emergiremos novamente para a luz». Assim também sucede no caso de todas as tribulações do crente. Sempre há uma saída, um escape, na outra extremidade, por onde entra novamente a luz. Essa saída pode ser a própria morte física; mas ainda que isso suceda, entraremos na luz eterna, e não meramente no alívio temporal para nossas tribulações.12 Γινώσκειν δε υμάς βούλομαι, αδελφοί, οτι τα κ α τ’ ¿με μάλλον εις προκοπήν του ευαγγελίου

έλήλυθεν, 12 τά...ί\ήλυθίν 2 Tm 2.9

1:12: Ε quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram tèm antes fim desse egoísmo. O indivíduo que tem de trocar o calor de sua cama pelocontribuido poro o progresso do evangelho; frio da madrugada, naturalm ente preferiria ficar em seu leito. Muitos

Aquela declaração inicial estabeleceu o padrão: Paulo desviou a atenção continuam aferrados ao calor falso da ‘justiça hum ana’, não querendode seus le ito res p a ra longe de seus sofrim en tos e sen tim en to s sobre si aventurar-se a receber a justiça de Deus, que o Senhor oferece aos homens,mesmo, para algo muito maior e que realmente o interessava. Porquanto (Ver Fil. 3:21 e as notas expositivas a respeito, sobre esse tema). 4. Somentesupunha que eles também estavam mais interessados no progresso do quando realm en te se converteu , n a e s tra d a de D am asco , é que Pau loevangelho. Os crentes estavam debaixo de perseguição. Alguns elementos desistiu de sua modalidade egoísta de fé e retidão próprias, tendo entãojudaicos e romanos tinham por intuito destruir completamente a nova fé. É indagado: Senhor, que queres que eu faça?’ Então a fé e o amor de Cristocomo se Paulo tivesse dito: «Mas esse intuito não se está cumprindo. Antes, tomaram o lugar da justiça própria, e teve lugar a conversão da naturezao tes tem u n h o de C risto tem au m en tad o e m elhorado , em meio aos de Saulo. 5. Paulo estava absolutamente certo que aquilo que ocorrera emsofrimentos». E nisso Paulo se consolava, esperando que os crentes para sua vida, também podia acontecer com qualquer outra criatura humana,quem escrevia também se consolassem. ainda que sob diferentes circunstâncias e de maneiras diversas. 6. A isso se

״ , . , , , , , , . . . deveria acrescentar que essa certeza, que garante a nossa participação emPaulo tinha absoluta certeza na vitoria final do evangelho. A verdade de todas as bênçãos espirituais (ver Efé. 1:3), também é um fator de consolo,

C risto nao pode m esm o ser d e s tru id a . A ntes, todas as o co rrênc ias porque fala da realidade e constância de todos os valores da fé cristã, atécontribuem para confirma-la, porquanto na verdade de Deus ha algo de mesmo em face das tribulações mais intensas.transcendental, que pertence ao mundo espiritual, que nao depende das D , · „ „ ·, ״ ״״ , ״ A .,״ ״ ״ ״*״״״״״״·,-.;, j ״ ״ ״ ״ ! ״ ״ ■vicissitudes das rircunstânrifls terrenas No dizer de Wicks (in loc ) o Poderiam muitos ter pensado que o aprisionamento do soldado m ais

״ j . , . t · !_ ¡ i e .—™’״ poderoso do cristianismo, do líder da igreja cristã no m undo gentílico, seria

= 3 S ^ ^ a e a e s s a a í t s s t s ípois a d is tân c ia en tre o ser h um ano e C risto é g rande dem ais p a ra ser P S ■saltada sem a ajuda divina. 3. O egoísmo natural dos homens se rebela por «.. .p rogresso ... » No o rig in a l grego tem os a p a lav ra «prokope», que 'ter de aceitar essa retidão mais profunda, pois a aceitação da mesma seria o significa «avanço», «progresso», «fomento», e que é usado aqui, no vigésimo

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FILIPENSES

p assava com o prova de que o evangelho não tin h a valor. M as Pau lo re sp o n d ia com um p erem p tó rio «Não!» Pois d em o nstrava que suas tribulações contribuíam antes para o avanço do evangelho no mundo, ficando assim comprovado o valor do evangelho como um a força que se opõe ao mal e defende o bem. No dizer de Bengel (in loc. ): «A fé assume um colorido favorável, até mesmo naquilo que parece adverso», ,

Embora o evangelho seja as boas-novas que anunciam alegremente a paz, o perdão a retidão e a salvação em Cristo, é m uito desagradável para os homens carnais, os quais são seus inimigos, ainda que não possam entravar o seu progresso...» (John Gill, in loc.). (Ver notas expositivas completas sobre a palavra «evangelho» e sua significação, em Mat. 1:1 e Rom. 1:16).

14qu in to versículo deste cap ítu lo e em I Tim. 4:15, com o suas ún icas ocorrências no N.T. A palavra em foco tem como raiz evidente o termo «pro» v incu lado ao term o «kopto», que sign ifica «cortar». A m etáfo ra p rovavelm ente su b e n ten d id a nessa p a lav ra é a de p ioneiros que são enviados a «cortar caminho», quais exploradores avançados de um exército em marcha. Essa palavra é usada em sentido qüase técnico no vocabulário da filosofia estóica, para dar a idéia de avanço na direção da sabedoria.

« ...aí cousas que me aconteceram...», isto é, as várias experiências adversas de Paulo, como prisioneiro, conforme os versículos que vêm a seguir nos mostram. (Comparar também com Efé. 6:21 e Col. 4:7. Os opositores de Paulo provavelmente apontavam para as calamidades que ele

13 ώστε τούς δεσμούς μον φανερούς iv Χ ρ ιστώ γενέσθαι ¿ν ολω τώ πραιτω ρίω και το ΐς λοιποΐς πάαιν,Xp·] om 206* 8y ׳!» 13 6 bopt

governo», sendo esse o seu significado normal. Qualquer localidade do império romano poderia estar em vista.

Muitos indivíduos pertencentes à «guarda pretoriana» eram escravos ou outros oficiais inferiores de administrações civis ou militares. Portanto, Paulo poderia estar falando facilmente de circunstâncias em Êfeso, em Cesaréia, e não apenas em Roma; pelo que tam bém o local de onde ele escreveu esta epístola deve permanecer na dúvida. A maioria dos eruditos, porém, mormente no caso desta epístola aos Filipenses (em contraste com as ep ís to las aos E fésios, aos C olossenses, a F ilem om e as cham adas «epístolas-da prisão»), pensa que Roma foi a localidade onde ela foi escrita. Mas Éfeso parece ser a localidade favorita no tocante às outras três epístolas c itad as , conform e co n jectu ram os estud iosos; m as isso fa ria com que tivessem sido escritas consideravelmente mais cedo, na carreira paulina, do que a presente epístola aos Filipenses.

As palavras «...guardapretoriana...», com a adição de «...e de todos os demais...», no presente texto, provavelmente leva o termo a referir-se a um grupo de homens, e não a um a localidade qualquer. Estariam em foco os so ldados en carreg ad o s de to m ar con ta de P au lo , os qu a is seriam constantemente substituídos por outros. Assim, gradualmente, através da notícia passada de boca em boca, o caso de Paulo se tornou bem conhecido entre aquele grupo militar. Essas palavras, «... e de todos os demais...», mui provavelm ente se referem ao fa to que m uitos, alêm dos com ponentes daquela guarda, como os oficiais civis e o povo comum, também se tinham interessado no caso de Paulo, à proporção em que sua fama foi crescendo.

O que e ra a g u a rd a p re to rian a ? E ra a g u a rd a im p eria l, g u a rd as do «praetor», título de certo oficial romano, abaixo da categoria dos cônsules. O rig in a lm en te esse títu lo e ra dado exclusivam ente a ita lian o s de nascimento, embora mais tarde essa restrição tenha sido afrouxada. Essa guarda foi instituída por Augusto, por quem foi denominada de «coortes pretorianas». Augusto postou três mil deles na cidade de Roma, e os demais foram espalhados pelas cidades italianas adjacentes. Sob o imperador Tibério, todos foram trazidos de volta a Roma, tendo ficado alojados em um acampamento fortificado. Esse grupo, devido às qualificações e ao serviço superior que prestavam, recebia pagamento duplo, além de outros favores especiais. Seu tempo de serviço era de doze anos, o qual mais tarde foi ampliado para dezesseis anos; e grande soma em dinheiro (ao fim desse período), era dada a cada um de seus componentes. Parece que sua patente como um corpo militar, equivalia a centuriãos, e com o tempo obtiveram tanto poder que até mesmo imperadores tiveram de cortejar o seu favor. No ano de 193 d.C., a guarda pretoriana foi dispensada, quando Severo subiu ao trono. Seus membros foram banidos. Todavia, alguns anos mais tarde, o grupo foi reorganizado, e seu número se quadruplicou. Mas finalmente foram suprimidos por Constantino (306-337 d.C., o primeiro imperador cristão de Roma). (Ver o trecho de Efé. 6:20, onde Paulo é descrito como acorrentado a um membro da guarda pretoriana).

O contacto do apóstolo dos gentios com a guarda pretoriana fez com que a sua fam a se espa lhasse p a ra le lam en te à fam a de seu Senhor e do evangelho. Se porventura temos aqui alusão ao aprisionamento de Paulo em Roma, então o apóstolo estaria sob viligância dessa guarda em sua própria casa alugada. (Ver Atos 28:31 acerca de detalhes dessa questão). Essa forma de encarceramento era intitulada «custódia militar». Sendo cidadão romano, Paulo foi alvo de algumas demonstrações de consideração, que outros cristãos primitivos não desfrutaram; mas isso não diminuiu em coisa alguma a ameaça de morte que ele enfrentava, sendo bem provável que após um segundo período de aprisionamento, que ele sofreu, foi martirizado.

13 tovs δβσμούς μ ο υ Eph 3.1; 4.1; Phm 1, 9

1:13: de modo que se tem tornado manifesto a toda a guarda pretoriana e a todos os demais, que é por Cristo que estou em prisões;

(Quanto a notas expositivas sobre o encarceramento de Paulo, ver a secção II da introdução a este livro. Quanto a «Paulo como prisioneiro de Cristo», bem como quanto às lições espirituais que isso nos ensina, ver Efé. 4:1 e Atos 23:18. No tocante às prisões antigas, ver o trecho de Atos 16:24. Quanto aos vários tipos de encarceramento, no antigo mundo romano, ver Atos 23:17. Quanto às tribulações e perseguições, vistas à luz de seus resultados benéficos para o crente, bem como acerca das lições espirituais que isso nos ensina, ver as notas expositivas sobre Atos 14:22).

« ...m in h a s ca d eia s...» Inácio (ver S m ry . xv) escreveu: «Sendo um prisioneiro em cadeias, que são ornamentos divinos, saúdo a todos os homens». Essa expressão de Paulo poderia referir-se a algemas literais ou ao seu aprisionamento, de acordo com o grego posterior, embora usualmente o neutro, tal como neste caso, indicasse as próprias algemas, ao passo que o gênero masculino da palavra indicava o aprisionamento.

«...em Cristo...» Em certo sentido espiritual, por causa da.«união mística» com Cristo, em comunhão vital com ele, conforme se lê em I Cor. 1:4. Essa expressão é utilizada por Paulo por nada menos de cento e sessenta e quatro vezes em seus escritos. Ou então, no presente contexto, pode significar «por causa da minha lealdade a Cristo», o que somente ofende aos homens e os impele a me tornarem prisioneiro ou a me afligirem de outras maneiras. Também se pode compreender essas palavras como «suporto tudo por amor a Cristo». (C o m p ara r com o trecho de E fé. 4:1, onde se lê sobre «o prisioneiro de Cristo Jesus», referindo-se ao apóstolo dos gentios).

«...tornaram conhecidas...» Dois elementos precisam ser reconhecidos aqui, a saber:

1. O fato do aprisionamento de Paulo se tornou largamente conhecido, visto tratar-se de um caso incomum. Isso ilustra até que ponto a reputação de Paulo havia penetrado por todo o mundo antigo. Seu encarceramento to rnou-se m otivo de in te resse público , ta l com o no caso de a lguns criminosos hoje em dia, ou tal como certos casos sensacionais, que são publicados pelos meios de comunicação.

2. Paulo, na qualidade de embaixador de Cristo, devido à notoriedade do seu caso, publicava assim o evangelho de Cristo. Paulo não era apenas um prisioneiro a mais, era o prisioneiro de Cristo, pois era mantido em custódia devido à sua lea ld ad e a C risto ,, e todos sab iam disso . Seu p ró p rio encarceramento se tornou um meio de chamar a atenção dos homens para C risto e seu evangelho. P o rta n to , ao invés disso fazer cessar seu testemunho, suas tribulações que sofria eram um meio de mais ainda propagar-se a sua mensagem.

«...de toda a guarda pretoriana...» Algumas traduções dizem neste ponto, «...em todo o palácio...», querendo dar a entender que o apóstolo estava detido na cidade de Roma. Mas outros eruditos, tal como a tradução aqui usada, preferem a tradução de «...guarda pretoriana... * Mas, no grego original, o termo usado pode assumir um ou outro desses dois sentidos. Além disso, pode significar «o palácio do governador», tal como havia tais p a lácios em to d as as p rov íncias ro m an as, e não ap en as na c ap ita l do império. Por igual modo, pode significar «barracas militares», ou distrito militar de qualquer acampamento do exército romano. Originalmente, esse termo indicava a «tenda» do general de um a legião. Portanto, essa palavra, por si mesma, nada prova quanto à localização do aprisionamento de Paulo. (Ver igualmente a «casa de César», em Fil. 4:22, que não alude necessa riam en te a m em bros da fam ília im p eria l, p o rq u a n to se tem demonstrado, na arqueologia e na pesquisa moderna, que essa palavra não indica necessariamente mais do que «aqueles que trabalham a serviço do

14 και τούς ιτλείονας τώ ν αδελφών èv κυρίω ττβττοιθότας το ΐς δβσμοΐς μου π^ρισσοτέρως τολμάνάφόβως τον λόγον λαλε

330 436 451 629 1241 1877 1962 2127 2492 vg sy rp,h with · cop .»,**».fay go th arm e th C lem ent A m brosiastertxt C hrysostom E u th a liu s // Xoyov XaXeiv τον deov D* i td’e A m brosiaster00“ “ // τον 0eoO Xóyov X aX eiv 42 234 483

IV“.2 14 { D } Xòyov XaXeiv ψ*ν' ά D fl K 181 614 630 1739 1881 (1984 transposes■.

XaXeiv τον Xòyov) (1985 transposes: λαλώ τον Xóyov) (,2495 Xòyov Χαββϊ ν) ׳!B y z Lect i t rl sy rh M arcion C hrysostom T heodoret Jo h n -L a rm seu s // X óyov κυρίου XaXeiv G it* // Xòyov τον 6eov XaXeiv N A B P Ψ 33 81 88 104 3 26

Deve-se reconhecer que, com base no peso e variedade da evidencia externa, a forma Xóyov του θβον XaXeiv parece ser preferível (N A B P Ψ 33 81 629 1241 it (61) vg sir (p,h) com*) cop (sa,bo,fay) gót ara etí Clemente al). Porém, devido à posição e fraseado dos modificadores genitivos (του θβοϋ e κυρίου) que variam, a maioria da comissão preferiu a forma Xóyov XaXeiv (p46" i D (c) K 614 1739 it (r) sir (h) Márciom Crisóstomo ai) como aquela que melhor explica a origem das׳

de I Cor. l l : lq u a n to a um a nota detalhada acerca dessa questão). Alguns estudiosos preferem traduzir aqui como «...irmãos no Senhor...», mas isso deve ser vinculado a «...estimulados...» e a «...desassombro...», por estarem eles firmados «...no Senhor...» Entretanto, outros estudiosos ligam as palavras «...no Senhor...» com «...algemas...» Isso é possível, mas é muito

demais formas, que parecem ser expansões escribáis.1:14: também a maior parte dos irmãos no Senhor, animados pelas minhas prisões, são muito mais corajosos para falar sem temor a palavra de Deus.

Sim , o po d er do exem plo não deve ser su b estim ad o , especialm ente quando esse exemplo é corajoso e particularmente dedicado. (Ver o trecho

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FILIPENSES

Efé. 6:17 e Rom. 10:17). Esse termo não significa as «Sagradas Escrituras», mas antes, a mensagem de Deus em Cristo, ou seja, o «evangelho». Trata-se de u m a expressão de o co rrênc ia co n stan te nas p ág in as do N .T . E ssa «palavra», pois, é o «conselho declarado» de Deus, daquilo que o Senhor D eus está fazendo no to can te à pessoa de Jesus C risto . Não há aqu i nenhum a alusão à coleção do N .T ., porquanto a coletânea cristã ainda nem havia sido formulada por enquanto, e muitos dos seus livros nem ao menos. tinham sido escritos por enquanto. Não obstante, essa coleção se tornou o guardião supremo dessa «palavra de Deus», uma vez completado o «cânon» do N.T. (Ver as notas expositivas mais detalhadas nas referências dadas). Neste caso, o vocábulo «palavra», sozinho, é o texto correto, porquanto as palavras «de Deus», foram acrescentadas à guisa de explicação.

«A ousadia e a paciência de Paulo, em seu cativeiro, despertaram a coragem e o zelo dos cristãos romanos, e talvez tenham envergonhado a alguns discípulos recalcitrantes. Crisóstomo observou que a coragem deles não falara antes, mas que agora aumentara ainda mais ante as cadeias do apóstolo». (Vincent, in loc.).

No Brasil, há um pastor evangélico que entrou no ministério por haver lido um livro que descreveu as agonias de certo crente, aprisionado em um país comunista, e que sofreu extraordinariamente devido à sua fé. Disse esse pastor acerca daquela vítima do comunismo ateu: «Se ele pode fazer tudo isso em favor de Cristo, o mínimo que posso fazer é servi-lo ao máximo de m inha capacidade, nesta terra de paz». Por semelhante modo, e mais ainda, o sofrimento e a dedicação suprema do próprio Cristo têm inspirado a milhares de vidas. (Ver outras notas expositivas sobre esse tema, no fim dos comentários sobre o décimo sexto versículo deste mesmo capítulo).

Variante Textual·. O termo «...palavra...» ocorre no texto de alguns dos manuscritos mais antigos e mais dignos de confiança, a saber, P(46), D(3), E(2), K no si(h) e nos escritos de Marciom, ao citar este texto. No entanto, a forma «palavra de Deus» aparece nos mss Aleph, ABD(1)E(1), na maioria das versões latinas, no si(p) e nos escritos de Clemente. É interessante que os códices F e G dizem «palavra do Senhor». A forma mais breve provavelmente é a form a correta, e as demais expansões foram feitas desde tem pos bem remotos, conforme fica demonstrado pelo testemunho antigo do acréscimo das palavras «...de Deus...» Mui provavelmente, este é um dos lugares onde alguns manuscritos posteriores (embora em conjunção com o antiquíssimo ms p(46)) exibem o texto correto. A maioria dos manuscritos posteriores, incluindo os manuscritos cursivos, diz simplesmente «...palavra...» E essa «palavra» é a «pregação de Cristo», conforme também transparece no versículo que vem em seguida.

ευδοκίαν τον Χ ριστόν κηρυσσουσινfo rm avam um grupo d is tin to no seio do cris tian ism o prim itivo , ressentindo-se porque Paulo pregava um evangelho universal, e não restrito aos judeus, e que também invejavam seu fácil acesso aos gentios. Mas também é possível que Paulo se tivesse referido àqueles que haviam sofrido a influência de certas idéias judaicas, os quais julgavam que o evangelho da graça, pregado pelo apóstolo dos gentios, era por demais «liberal», como se isso representasse um a ameaça para a igreja cristã, como se a eliminação do legalismo, que Paulo tão constantemente ensinava, fosse um elemento destruidor da fé dos pais. Muitos cristãos judeus, por terem preferido reter as idéias de Moisés, como suas leis e seus regulamentos cerimoniais, nunca concordaram completamente com as doutrinas e práticas do apóstolo Pau lo . (V er o trecho de A tos 10:9 q u an to a n o tas expositivas sobre a «questão legalista», surgida na igreja cristã primitiva. Ver Atos 11:2 acerca do «partido da circuncisão»). O décimo quinto capítulo do livro de Atos mostra-nos que na igreja de Jerusalém havia um grande grupo faccioso, que talvez fosse a força principal daquela igreja. Muitos dos que antes eram fariseus vieram a considerar Jesus de Nazaré como o Messias prometido, mas jam ais rejeitaram aos escritos de Moisés como a base da vida e da prática religiosa dos cristãos. Isso era natural, e já era de esperar por parte dos judeus. Paulo é que era diferente, segundo a opinião deles.

É interessante notarmos que o próprio apóstolo Pedro teve necessidade de uma visão especial para esclarecer certas questões sobre as quais ele ainda tinha dúvidas (ver o décimo capítulo do livro de Atos); e mesmo assim, nem sempre Simão Pedro se mostrou coerente sobre essa questão, conforme se n o ta no segundo cap ítu lo da ep ís to la aos G á la tas . Som ente o desaparecimento da geração mais antiga e o aparecimento de um a nova geração foi que levou a igreja a inclinar-se totalmente para a teologia paulina; mas, como em todas as épocas posteriores da história eclesiástica, ainda assim o legalismo persistiu na igreja. Isso não significa, entretanto, que tais irmãos não pertencem a Cristo. Se alguém tiver tido contacto com o Espírito Santo, e assim se tenha convertido a Cristo, talvez ainda defenda várias opiniões errôneas, até mesmo admitindo que as obras são necessárias para a salvação da alma. Os crentes gálatas fizeram exatamente esse tipo de erro; no entanto, Paulo os considerava irmãos, ainda que temesse que viessem eles a perder totalmente o contacto com Cristo, por efeito de seus pontos de vista falsos.

É a ltam en te im provável que este ja aqu i em foco a lgum a se ita tipo gnóstico, porquanto os conceitos dos gnósticos sobre o Senhor Jesus eram tão subcristãos, que Paulo jam ais teria escrito que eles «anunciavam a Cristo». Entretanto, é possível que alguma seita «antipaulina» esteja aqui em foco, embora não necessariamente de natureza judaizante. Nesse caso, não dispomos de meios para identificar quem seriam eles. E possível que as fortes palavras de Paulo, em Fil. 3:3 se refira aos «judaizantes» que tanto o perturbavam; mas outros estudiosos pensam que essas palavras são pesadas demais para indicar a condenação contra esse grupo. AÍnda um terceiro grupo de estudiosos procura resolver esse paradoxo supondo que a forma de legalismo em Roma (lugar de onde Paulo escrevia) era mais suave do que a forma de legalismo que havia em Filipos (lugar para onde Paulo escrevia). Tais especulações podem condizer com a verdade ou não; e não dispomos de meios para investigar a questão, e nem a identificação de tais indivíduos é

menos provável.«... estimulados no Senhor...» No grego temos a palabra «pepoithotas», no

particípio perfeito do verbo «peitho», que significa «convencer», «tornar certo», «tornar confiante». De acordo com o perfeito», isso «ocorreu» em observação ao exemplo dedicado de Paulo como testemunha de Cristo, com resultados que prosseguiam pelo presente, quando Paulo escreveu. Ora, isso tinha lugar «...no Senhor...», o elemento onde tal confiança era obtida e m an tid a . C risto e ra a «origem», a «esfera» e o «instrum ento» dessa confiança, embora a «esfera» provavelmente seja o elemento destacado aqui. Na comunhão com Cristo, na defesa de sua causa, é que aquela nova coragem era obtida pelos cristãos primitivos.

«...por minhas algemas...» A confiança era posta em Cristo, mas era fortalecida pelas algemas de Paulo. Os demais irmãos viam o que ele sofria em favor de Cristo, e seguiam o seu exemplo, não querendo que um só arcasse com a responsabilidade inteira. Ê verdade que as crises na vida com freqüência insuflam-nos a coragem, mais do que nos levam ao pânico, conforme a experiência de todos bem o demonstra.

«...írmâòs...» Porque a comunidade dos crentes é vista por Paulo como um a fraternidade, da qual o Pai é Deus (ver os trechos de Efé. 1:2,3; Rom. 8:14,15 e João 8:42), e na qual Jesus Cristo é o irmão mais velho, em cuja imagem estamos sendo transformados (ver II Cor. 3:18 e Heb. 2:9-11).

«...ousam falar com mais desassombro...» No original grego temos a idéia de «mais a b u n d an tem e n te ousados», pois o term o grego «perisseuo» significa «extravasar», «ser excessivo».

H á necessidade de ousadia, na vida cristã? Os cristãos primitivos tinham de mostrar-se especialmente ousados, conforme ilustra um dístico escrito em um a parede, descoberto em 1857, entre as ruínas da Palestina. Cristo, na cruz, é pintado com a cabeça de um asno, e, à sua esquerda, um jovem ap arece em a titu d e típ ic a de adoração . Por baixo estão g ra fad as as seguintes palavras «Alexamenos adora a Deus». Tácito informa-nos que o asno e ra co n sagrado nos tem plos ju d a ico s po r cau sa do suposto acontecimento ocorrido no deserto, quando os judeus teriam sido guiados a um a fonte de água por um bando de asnos selvagens. (Ver História v.3). Portanto, talvez outros povos pensassem que os judeus adoram ao asno; não sabendo distinguir claramente entre os judeus e os cristãos, além disso, atribuíam a mesma forma de adoração aos cristãos. Mas esse quadro, seja como for, não tinha o intuito de servir de um louvor, e, sim, de motejo.

«...palavra de Deus... »(Ver os comentários existentes sobre os trechos de

15 Tivès μεν και 8ια φθόνον και εριν, τινες δέ και δ ι’ 1:15: Verdade é que alguns pregam a Cristo até por inveja e contenda, mos outros o fazem de boa mente;

No tocante à frase «...efetivamente proclamam...» temos a dizer que o grego não encerra nenhum termo que corresponda a «efetivamente», ainda que alguns estudiosos pareçam considerar que a partícula correlativa grega, «men», como um a partícula de ênfase, como se a frase quisesse dizer: «Alguns ‘de fató’ pregam a Cristo...» Mas outros pensam que o termo grego «de» precisa ser compreendido como simples correlativo, o que resulta na tradução: «Alguns, por um lado, proclamam a Cristo por inveja e porfia; outros, por outro lado, o fazem de boa vontade...» Porém, ainda que seu intuito seja o de enfatizar, a palavra «efetivamente» dificilmente traduz a idéia do grego. Melhor seria a tradução: «Para dizer a verdade, alguns proclamam a Cristo, embora por inveja e porfia...»

« ...in v e ja ... »No grego tem os o vocábulo «phthonos», que sign ifica «ciúme», «inveja». Esse defeito de caráter é alistado como um a das «obras da carne», em Gál. 5:21, onde o termo é amplamente comentado. Temos aqui um espetáculo estranho: homens anunciam a Cristo, mas, por assim dizer, fazem-no por estarem agindo segundo a carne. Esse pecado também é alistado na «lista de vícios», em Rom. 1:29, como um a das características dos pagãos ou incrédulos.

Osindivíduos que são aqui indiretamente mencionados, sem importar quem fossem, invejavam o sucesso e a influência de Paulo na igreja cristã; e assim mostravam-se diligentes no trabalho do evangelho simplesmente na tentativa de se equipararem a ele nas realizações, e assim obterem glória e fama para si mesmos. E por mais estranho que isso pareça, esse raciocínio e atividade perversos se verificam entre os próprios ministros do evangelho, nascidos de um senso doentio de competição.

«.. .porfia...» é tradução de «eris», palavra grega que significa «contenda», «discórdia», «dissensão». Também é um a das típicas «obras da carne», alistadas em Gál. 5:20. Esse vocábulo foi utilizado por Paulo, a fim de descrever as facções em luta, existentes em Corinto, que haviam causado divisões na igreja, cada qual a defender um personagem que exaltava. (Ver o trecho de I Cor. 3:3). Mas o apóstolo Paulo chamou aqueles crentes facciosos de «carnais», ju s tam e n te p o r esse m otivo. P o r conseguin te, percebe-se aqui que até mesmo crentes carnais podem anunciar a Cristo, fazendo-o por espírito de contenda, como se estivessem em competição com outros pregadores. Geralmente fazem-no como representantes de alguma «facção» da ig reja , o que fica dem o n strad o p o r seu esp írito de «partidarismo», imaginando que seu grupo particular seja o grupo correto, o que, p o r sua vez, com provaria , p o r seus «resultados», que eles (os facciosos) fazem parte do «ministério verdadeiro».

Quão moderno tudo isso parece! H á denominações evangélicas que têm sido fu n d a d as com base na a titu d e aq u i co m b atid a pelo apósto lo dos gen tios, po is m u itas delas têm tid o origem em a lg u m a espécie de «contenda», no seio.da igreja, que tem procurado destruir a unidade do corpo.

Q ual é a id en tid ad e d aq ueles sobre quem Pau lo fa lava aq u i? E ssas palavras de Paulo se aplicam a muitas situações, pelo que também não podem ser definidamenjte vinculadas com este ou aquele grupo. A maioria dos intérpretes, porém, pensa que Pa.ulo se referia aos «judaizantes», que

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palavra padrão para indicar a atividade da proclamação do evangelho, o anúncio do evangelho.

«...discórdia...» Ver notas completas sobre este tema em Gál. 5:20. Rivalidades E Acampamentos Armados

1. Dificilmente Paulo poderia ter contemplado através dos corredores do tem plo , a fim de observar com o a ig reja c ris tã fica ria d iv id ida em tão numerosas seitas e em campos opostos, como hoje em dia se vê.

2. Quão minúsculas são as questões que às vezes nos dividem! Certa escola evangélica se dividiu em torno da questão se os dias da criação teriam sido ou não dias literais, de vinte e quatro horas, ou se seriam extensos períodos de tempo.

3. As rivalidades geram cisões e ódio; e quase sempre, os líderes dessas cisões são co n siderados e lem entos sum am ente e sp iritu a is . E ssa é a perversidade dos homens. Mas o amor é a prova mesma da espiritualidade, sendo gerado quan d o do novo nasc im en to (ver I João 4 :7). De onde procedem, então, as rivalidades?

FILIPENSES16algo imprescindível. O que importa para nós, nestes versículos, é notarmos que é possível alguém anunciar a Cristo, e chegar mesmo a pertencer a ele, mas anunciar o seu nome com base em motivações inferiores, que chegam mesmo a caracterizar as «obras da carne».

«...outros... de boa vontade...» No grego original é «eudokia», termo esse que, quan d o ap licad o àquele que fa la , sign ifica «contentam ento»,«satisfação» (ver Sir. xxix 24; II Tes. 1:11); mas, se for aplicado a outros, quer dizer «boa vontade», «benevolência», conforme se vê nos trechos de Luc. 10:21; Efé. 1:5,9 e Fil. 2:13. No contexto presente, essa palavra indica:1. Boa vontade na pregação do evangelho, sem quaisquer motivos errôneos, como o da inveja ou o da contenda. 2. Boa vontade para com Paulo, não fazendo tais pregadores competição com ele, segundo o contexto certamente sugere. Com tais atitudes, e por causa delas, é que alguns anunciavam a Cristo.

«...proclamam ...» No original grego é «kerusso», que originalmente significava «agir como arauto», mas que, nas páginas do N .T., se tornou a

16c oi μεν εζ α γάπης, είδό τες ο τ ι εις απολογίαν του ευαγγελίου κείμα ι,cc 16-17 c verae 16, c verse 17: WH Bov Nes BF2 RV ASV RSV NEB TT Zür Luth Jer Seg H c verse 17 (numbered 16), c verse 16 (numbered 17): TR ÂV

1 6, ï 73 trsp 17 , 16 01 μει> ef εριθ. . . . οι Se εξ αγαπ. K (L) al ς1:16: estes por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho;

Variante Textual: Os mss D(l,2), KL, Si(p) e os escritos de alguns doschamados pais da igreja, revertem a ordem dos versículos dezesseis e dezessete, provavelmente a fim de preservar a ordem dos dois grupos (o grupo faccioso e o grupo caracterizado pela ,boa vontade’), conforme se vê no décimo quinto versículo. Porém, parece que Paulo, tendo mencionado o segundo desses grupos, ao continuar a dizer algo mais sobre ambos os grupos, mencionou novamente o segundo grupo, e então voltou a dizer algo sobre o grupo faccioso, contencioso.

«....este, por amor...» Que tipo e alcance de «amor»? E o que procuramos averiguar nos pontos seguintes: 1. Amor a Cristo, a quem proclamavam, porquanto não tinham motivos egoístas a nutrir; 2. E amor a Paulo, porque não se o p unham a ele e nem procuravam t ira r van tagem de seu aprisionamento a fim de tentarem destruir o trabalho que ele realizara, de ten ta rem d estro ça r a sua rep u tação , quan d o não tin h a ele nen h u m a possibilidade de defender-se. As palavras «...por amor...» podem ser equiparadas com as palavras «...de boa vontade...» (ver o décimo quinto versículo), porquanto essa boa vontade se originava naquele amor. Ao mesmo tempo, as palavras «...aqueles... por discórdia...», que figuram no versículo seguinte, estão vinculadas às palavras «...por inveja e porfia...», que aparecem no décimo quinto versículo, os quais anunciavam a Cristo baseados em seus motivos baixos.

«...sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho...» Talvez não pudessem concordar com tudo quanto Paulo dizia ou fazia, porquanto dificilmente há algum homem com quem possamos concordar em tudo; mas pelo menos reconheciam na pessoa de Paulo um verdadeiro apóstolo, que m uito se sac rif ica ra em p ro l de C risto . P o rta n to , com o tra b a lh o que faziam, fortaleciam as mãos de Paulo, edificando sobre a obra que ele fundara, de conformidade com a atitude dele, e em consonância com sua doutrina e prática. Dessa maneira mostravam seu amor a Paulo e sua aprovação ao seu trabalho, bem como ao evangelho de Cristo, que ele 17 c oi δε εζ εριθείας τον Χ ριστόν καταγγελλουσιν , ούχ άγνω ς, οίόμενοι θλϊφ1:17: mas aqueles por contenda anunciam a Cristo, não sinceramente, julgando suscitar aflição às minhas prisões.

«...aqueles...» são os mesmos «alguns» do décimo quinto versículo, os qu a is p regavam po r inveja e p o rfia .

«...discórdia...» No original grego é «eritheia», «disputa», «ambição egoísta», com explosões de egoísmo. A forma verbal significa «despertar»,«provocar», «amargurar». Essa palavra é alistada entre as «obras da carne», em Gál. 5:20, onde também é comentada.

«...insinceramente...» No grego temos a forma negativa de «agnos», dando a entender «impuramente», «insinceramente», em forma adverbial.(Ver as notas expositivas sobre essa palavra em Efé. 4:18 e II Cor. 6:6. Sua forma verbal aparece em Efé. 5:26). O que Paulo queria dizer é que aquela gente não pregava por motivos «singelos», «sem mistura», por puro amor a Cristo e à sua causa. Tais indivíduos não pregavam, por assim dizer, com «Castidade», mas de mistura com o serviço ao «eu», com contenciosidade, com soberbia, visando a autoglorificação. O décimo oitavo versículo explica o sentido deste advérbio ajuntando que eles pregavam por «pretexto».

«...suscitar tribulação às minhas cadeias...» Literalmente, «trazer aflição p a ra eu su p orta r» , se seguirm os o texto de a lguns m an u scrito s (ver a V a rian te T ex tu al que se segue), isto é, «epiphero». O texto corre to , entretanto, é «egeirein», «levantar», «despertar».

Variante Textual. A pa lav ra «epiphero», que significa « trazer para suportar», aparece nos mss D(3), KL e na maioria dos manuscritos posteriores.Mas «egeirein» é 0 verbo que figura nos mss P(46), Aleph, ABD(1)FG, na antiga Vulgata latina e nas versões saídica, cóptica, aramaica e etíope, bem como nos escritos de Agostinho e Ambrosiastro, entre os pais da igreja. Isso é prova textual esmagadora, em favor dessa forma. (Quanto a notas expositivas sobre como devem ser escolhidos os textos corretos, quando surgem variantes, ver o artigo existente na introdução ao comentário, na parte que versa sobre os manuscritos do N.T.).

«...tribulação. . . » No grego é «thlipsis», que significa «pressão», «fricção», derivado da forma verbal que significa «pressionar», «restringir», e que é excelen te term o p a ra in d ic a r a opressão das trib u laçõ es, testes e perseguições.

anunciava. Por si mesmo, isso já servia de encorajamento para Paulo, estando ele no cárcere, como uma demonstração de amor a ele e de apoio à sua causa.

«...incumbido...» No grego temos aqui o termo «keimai», que literalmente poderia ser traduzido por «ser posto», «deitar-se», embora tenha o sentido de «nomear» ou «destinar», o que, no presente contexto, subentende que «Deus é quem nomeou» ao apóstolo. Não há aqui qualquer referência ao seu julgamento futuro e à sua defesa, determinados pelos oficiais romanos. O destino de Paulo incluía a sua defesa geral do evangelho, em toda a sua vida; mas também incluía aquela «defesa» particular que ele teria de fazer de si mesmo e de sua mensagem, perante os tribunais romanos. É bem provável que Pau lo ten h a feito a lusão a am bas essas coisas, n esta declaração, porquanto a defesa judicial fazia parte integrante de sua missão, que era defesa da causa de Cristo por toda a vida do apóstolo. Também não devemos imaginar que haja aqui alguma alusão à posição «prostrada» de Paulo na prisão, acorrentado, como se tivesse sido «deitado» nessa p o stu ra , por cau sa de sua associação com 0 evangelho. Por semelhante modo, não há qualquer alusão a Paulo ter tido de prestar contas a Deus, perante o tribunal de Cristo (ver II Cor. 5:10), embora isso também expresse ce rta verdade. Pois todos os seres hum anos te rão de ser examinados perante 0 Senhor, acerca de sua vida inteira, e todos foram «apontados» para tal julgamento. A missão fora determinada para Paulo, e ele fora determinado para aquela missão. Outrossim, Paulo chegou àquela situação de cativeiro por determinação divina, como parte de sua missão; e seu julgamento futuro, perante as autoridades civis romanas, também fazia parte disso. Parece què a referência que aqui temos é geral o bastante para envolver todas essas três idéias.

«...evangelho...» (Notas expositivas completas sobre 0 «evangelho» aparecem nos trechos de Mat. 1:1 e Rom. 1:16).

εγείρειν το ΐς δεσμόΐς μου.

★ ★ ★A queles oposito res de Pau lo aum en tavam p ro p o sitad am en te suas

aflições, enquanto não podia ele defender nem a si mesmo e nem à igreja. E isso faziam porque pregavam por motivo de vanglória, tentando solapar a reputação de Paulo e reduzir o alcance de sua obra na igreja. Além disso, regozijavam-se no que tinham feito, bem como no fato que Paulo sofria perseguição, 0 que eles provavelmente pensavam que ele merecia, e não p o rque p regava a C risto conform e era 0 seu dever. O ra , tudo isso é manifestação da atitude e das energias da carne, e não do Espírito Santo,

1 conform e tem os no tad o nos versículos a n te rio re s , que usam term os empregados por Paulo na sua lista de ״vícios em Gál. 5:19,20, como obras que caracterizam a carne.

«O reconhecimento da missão de Paulo, por parte de seus amigos, era co n trab a lan çad o pelas m aliciosas ‘im ag in açõ es’ (oiom enoi) dos seus adversários» . (V incen t, in lo c .). A ssim , pois, esse au to r c o n tra s ta 0 ‘reconhecimento’ dos amigos de Paulo (ver 0 décimo sexto versículo), quanto ao seu ofício divinamente determinado, e as ‘imaginações’ de seus inimigos, os quais se regozijavam nas dificuldades pelas quais passava o grande servo de Deus, e ainda procuravam intensificá-las com os seus ataques verbais e suas ações malévolas.

«Para excitarem o ódio de seus perseguidores, e assim piorarem ainda m ais a sua condição, ou m ed ian te as queixas dos ju d eu s , ou de o u tra maneira qualquer». (Crisóstomo, in loc.). Essa opinião é possível. Os adversários de Pau lo podem ter feito rea lm en te a lgum a coisa, não m encionada aqu i d ire tam en te , p a ra p rovocar m ais a in d a a ira dos perseguidores do apóstolo; contudo, parece-nos melhor compreender a questão como algo que se refere ao que faziam nas igrejas, contra Paulo e sua obra, por motivo de auto-exaltação.

A ambição desmedida pode levar até mesmo autênticos ministros do evangelho a ag irem por m otivos baixos e ego ístas, de ta l m an e ira que realmente façam certas coisas impelidos pela força da carne, praticando o que as Escrituras do N.T. chamam de «obras da carne».

18 τ ι γά ρ ; πλην ότι παντί τρόπω , ε'ίτε προφάσει ε ίτε αλήθεια, Χ ριστός κα τα γγέλλετα ι, και εν τούτωιΒ πλην οτι p 4eNAG al\ R] ore Β : πλην D pm ςκαι χαριησομαι9αλλάχαίρω ־

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FILIPENSES

4:1,4:10. E quanto a notas expositivas completas sobre a «alegria», ver o trecho de Gál. 5:22, onde ela aparece como um dos aspectos do fruto do E sp irito San to . As passag en s de João 15:11 e 17:13 fornecem notas expositivas adicionais, onde poemas ilustrativos também são fornecidos). Sçndo a «alegria» um dos aspectos do fruto do Espírito, ela transcende à m era alegria hum ana, porque é implantada nos homens pela influência e permanência do Espírito de Deus nos crentes. Trata-se de um senso de bem-estar, a despeito de circunstâncias contrárias, da confiança que emana da alma, porque é uma qualidade da alma. Trata-se do conhecimento jubiloso de que o bem triunfa sobre o mal, sabendo-se que há um a profunda verdade espiritual expressa no seguinte poema:

O ano está na primavera, O dia ainda è de manhã;A manhã está às sete horas;A s colinas estão cobertas de orvalho;A cotovia bate suqs asas;O caracol está no espinheiro;Deus está nos céus;E tudo vai bem com o mundo!

(Robert Browning).

«Ele nasceu em uma aldeia obscura, filho de um a aldeã. Trabalhou na oficina de carpintaria até aos trinta anos de idade. Então por três anos, foi ele um pregador itinerante. Nunca escreveu um livro. Nunca ocupou algum cargo. Não teve fam ília e nem possu iu casà. N unca freq ü en to u universidades. Nunca se afastou mais de quatrocentos quilômetros do lugar onde nasceu.

Nunca fez qualquer daquelas coisas que usualmente acompanham a grandeza. Não tinha credenciais, senão a sua própria pessoa.

Tinha ele apenas trinta e três anos quando a maré da opinião pública se voltou contra ele. Seus amigos 0 abandonaram . Foi encravado em um a c ruz, en tre dois lad rõ es. Ao m o rrer, foi posto em um a sep u ltu ra emprestada, devido à compaixão de um amigo.

Dezenove séculos vieram e se foram, e hoje em dia ele é a figura central da raça humana, bem como o líder da coluna progressista. Terei dito ainda muito pouco ao declarar que todos os exércitos que já marcharam , que todos os navios que já vele jaram , que todos os p a rlam en to s que já funcionaram, que todos os monarcas que já reinaram, juntando-se tuda isso, não têm podido afetar a vida de qualquer homem à face da terra como o tem feito aquela Vida Solitária». (Autor desconhecido).

«...sempre me regozijarei...» Palavras acrescentadas para efeito de ênfase. Na opinião de Kennedy (in loc.), trata-se de um verbo posto no «futuro progressivo», um a condição que Paulo proclamou que caracterizaria sua atitude concernente a essa questão, em qualquer futuro previsível.

διά τη ς υμών δεήσεως καί επιχορηγίας τοΰ 13.16 διά...δ«7σ£ω5 2 Cor 1.11 Ig γαρ] δ ί ρ 46Β áp 1 3 9 Pc ך

poder fazer, em bora sobre essa m issão não tenham os q u a lq u e r conhecimento, exceto alguns raríssimos indícios, nos escritos dos pais da igreja. (Ver os trechos de Rom. 15:24 e Atos 28:31 quanto a um a discussão geral sobre essa questão).

«...isto...» As aflições de Paulo estão em foco, particularmente aquelas que ele en tão sofria , e que já fo ram m encionadas no décim o segundo versículo , nas pa lav ras « ...a s cousas que me a co n tece ram ...» A lguns intérpretes pensam que há ligação com o versículo anterior, com as coisas nas quais Paulo se regozijava, isto é, a pregação do evangelho. Portanto, é como se Paulo tivesse dito aqui: «Eu me regozijarei, pois sei que ‘essa pregação’ redundará em m inha libertação». Mas isso não é muito provável.

«...redundará...» No grego temos a frase «apobesetai eis», que significa «resultar efetivamente», «redundar em», uma expressão que Paulo usa exclusivamente aqui, e que no N.T. só aparece também em Luc. 21:13. Paulo se referia ao resultado necessário dos acontecimentos então em progressão. Eventualmente haveriam de produzir sua libertação, contanto que seus irmãos na fé orassem em favor disso, porque o Espírito de Deus haveria de exercer a sua influência decisiva.

«...Espírito de Jesus Cristo...» Não devemos compreender essas palavras como se estivesse em foco algum espírito diferente do Espírito Santo. O Espírito Santo recebe muitos títulos. Ele é chamado de «Espírito de Cristo», em Rom. 8:9; de «Espírito da verdade», ém João 14:17; de «Espírito de Deus», em Rom. 8:9; de «Espírito da vida em Cristo», além de muitos outros termos. (Quanto a notas expositivas completas sobre essa questão, e onde os títulos do Espírito Santo aparecem alistados, ver Rom. 8:1). O Espírito de Cristo, ou de Jesus Cristo, também intitulado Espírito de seu Filho (em Gál. 4:6), são termos que indicam que o Espírito Santo nos é proporcionado mediante a fé em Cristo, e através da comunhão mística com ele. O mesmo. Espírito que guiou ao próprio Jesus de Nazaré, e que reanimou seu corpo morto, quando da ressurreição, que o elevou aos lugares celestiais, até à mão direita de Deus, que então 0 glorificou, é 0 Espírito Santo, um dom conferido por Cristo, que exerce poder benéfico sobre as vidas dos crentes. Paulo tinha plena confiança nesse fato. Tal como o Cabeça tem essa forma de relacionamento com o Espírito, assim também o tem 0 corpo místico, pois o Espírito do Senhor habita nesse corpo como se fosse um templo. (Ver Efé. 2:21,22). A relação entre o Espírito Santo e a pessoa de Cristo é, a lgum as vezes, v ista com o algo tão ín tim o que C risto é d ire tam en te identificado com 0 Espírito Santo. (Ver I Cor. 15:45; II Cor. 3:17).

«...provisão...» No grego temos o termo «epichoregia», forma intensifi- cada, dando a entender um «suprimento rico ou abundante». O vocábulo grego «choregeo», isoladamente, quer dizer «suprir», «dar», «outorgar», «equipar». O grego h e len ista nem sem pre d is tin g u ia as fo rm as

1:18: Mas que importa? contanto que, de toda maneira, ou por pretexto ou de verdade. Cristo seja anunciado, nisto me regozijo, sim, e me regozijarei;

Ao cham ar a pregação de seus opositores de «...pretexto...», conforme vemos neste versículo, Paulo parece ter ido além do que já havia dito a respeito deles, pois já tinha escrito que eles pregavam a Cristo, mas com motivos inferiores. Nas epístolas I e II aos Coríntios, bem como aos Gálatas, Pau lo h esita em sua op in ião acerca de seus oposito res , fa lan d o m ui severamente acerca deles, em determinadas ocasiões, e com mais suavidade em o u tras chegando m esm o a a d m itir que fossem cren tes , a in d a que desviados. Portanto, é possível que até mesmo aqui ele não os acuse de fingirem ser cristãos, ainda que muitíssimo desaprovasse os motivos que os levavam a pregar.

Além disso, Paulo se «regozijava» na pregação de seus opositores, porque o tema dessa prédica era a pessoa de Jesus Cristo. Isso deve subentender que ele reconhecia que pelo menos o tinham como o Messias, ou então que chegavam a aproximar-se do enrtendimento que aceita Jesus de Nazaré como o Cristo, o Filho de Deus, ppis no trecho de Gál. 1:8,9, Paulo expressa o seu desejo que os inimigos que anunciavam um outro «evangelho» fossem «amaldiçoados». Por conseguinte, havia m uita coisa que Paulo podia aprovar nos seus adversários do momento, visto que chegava a regozijar-se no fato que pregavam a Cristo. Isso Paulo deixou claro mediante dupla reiteração. O apóstolo dos gentios estava aflito em suas algemas, e essa aflição era ainda mais intensificada pelas ações de seus oponentes; mas ele não permitia que isso o deixasse amargurado, levando-o ao ódio, conforme tantos fazem quando sofrem desfeitas ou perseguições nas igrejas. Para Paulo parecia mais importante que Cristo fosse pregado do que ele mesmo se sentisse bem e que todos o tivessem em alta conta.

«...pretexto...» No grego é «prophasis», «motivo falsamente alegado», «pretexto». A razão pela qual pregavam não era o motivo que professavam. Seu motivo era a inveja e a rivalidade. Sem dúvida alguma professavam pregar para a glória de Deus. «Fingiam» ter zelo pela verdade e por Cristo, mas seu zelo era por si mesmos.

«...por verdade...» Temos aqui o oposto dos motivos dos oponentes do apóstolo Paulo. Isso quer dizer «por motivos verdadeiros», a saber, em prol da glória de Cristo e do avanço de seu evangelho, sem importar qualquer benefício pessoal que disso poderiam adquirir. Não usavam eles o nome de C risto a fim de m ascararem m otivos pessoais de cobiça e vang lória , p o rq u a n to pregavam com «verdade». Essa expressão equivale a «com sinceridade», ao mesmo tempo que «por pretexto» equivale ao prédica «insincera», mencionada no versículo anterior. Quem prega «por verdade» fá-lo com «amor», segundo se lê no décimo sexto versículo.

«...me regozijo...» A alegria é um a das notas chaves mais notáveis desta epístola. Por isso é que Bengel diz que a súmula desta epístola é: «Eu me regozijo; regozijai-vos tam bém ». (V er Efé. 1:4,25; 2 :17 ,18 ,29 ; 3:1 e

1 9 οΐδα γαρ ό τ ι τοΰτό μοι άποβήσεται. εις σωτηρίαν πνεύματος Ίη σ ο ΰ Χ ρίστου , 19 τούτο... σωτηρίαν Sob

1:19: porque sei que isto me resultará em salvação, pela vossa súplica e pelo socorro do Espirito de Jesus Cristo,

Nas palavras «...me redundará em libertação...», Paulo cita a passagem de Jó 13:16, conforme a versão da Seputaginta. «Libertação», neste caso, é a palavra grega geralmente usada com o sentido de «salvação», que pode assumir o sentido teológico da salvação do pecado e que leva a alma crente à glorificação em Cristo (ver as notas expositivas sobré Heb. 2:3), ou que pode ter o sentido de «livramento» de alguma situação terrena desagradável, como uma ameaça ou tribulação.

Não há que duv idar que Pau lo usa aqu i essa p a lav ra em sen tido não-teológico. Por isso é que Scott (in loc.) faz a seguinte paráfrase: «Creio, como Jó igualmente cria, que o fim de minha presente aflição será algum g ran d e bem . E stou na p risão e exposto à in im izade e à fa lta de entendimento: mas Deus sempre protege àqueles que põem nele a sua confiança!»..

«...vossa súplica...» Nas passagens de Efé. 6:18 e Fil. 1:4 é comentado o valor da «oração mútua». E esse valor mútuo é novamente salientado neste ponto. Paulo havia garanfido que orava pelos crentes, e agora dá a entender que as orações que faziam por ele tin h am o po d er de a lte ra r os acontecimentos. A oração é um poder criador.

«...libertação...» Essa palavra tem sido variegadamente compreendida pelos estudiosos, conforme se vê nos pontos seguintes: 1. Poderia ser a soltura da prisão; 2. poderia ser o que era benéfico para Paulo; 3. poderia estar em foco a salvação eterna; ou 4. finalmente, poderíamos pensar na obra salvadora e santificadora de Cristo no crente, em sua inteireza. A primeira dessas possibilidades é a mais provável; e isso em nada contradiz a vascilação de Paulo, que não sabia se morreria ou não na prisão e nem sabia se continuaria a sua vida terrena, para a glória de Cristo, ou iniciaria a vida celestial, igualmênte para a glória de Jesus Cristo, o que é discutido nos versículos que se seguem. Paulo falou aqui como se «soubesse».

«...estou certo...» No grego é o verbo «oida», que significa «saber». De acordo com a lguns in té rp re te s , ind ica conhecim ento ab so lu to (o que transparece na nossa versão portuguesa, «...estou certo...»), em contraste com o verbo «gnosko» que indica um conhecimento intuitivo, uma convicção satisfeita. Porém, o exame de qualquer léxico m ostrará que essa distinção não tem base só lida. Não o b stan te , o con tex to m ostra-nos que o conhecimento de Paulo, nesse particular, se alicerçava sobre a confiança que ele tomava como espiritualmente inspirada. Não podemos duvidar que essa confiança estava justificada. A maioria dos intérpretes acredita que Paulo desfrutou de um período de liberdade, depois que escreveu esta epístola, tendo podido até mesmo cumprir o seu desejo de evangelizar a Espanha e certas localidades do ocidente, conforme ele também esperara

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FILIPENSES

«...do Espírito...» Mui provavelmente temos aqui o «genitivo subjetivo», dando a entender «o suprimento que o Espírito confere», e não o «genitivo objetivo», que daria a entender que o próprio Espírito é o suprimento. N a tu ra lm en te , isso tam bém é um a verdade, sendo ela e n fa tiz a d a na passagem de Efé. 5:18, onde se lê « ...m as enchei-vos do E s p ír ito . ..» C ontudo , essa c itad a passagem não se h a rm o n iza com o con tex to da presente passagem.

18intensificadas das não-intensificadas, e somente os respectivos contextos podiam sugerir como esta ou aquela palavra deveria ser entendida. Posto que o doador é o Espírito Santo, pode-se inferir corretamente a idéia de «abundância» nessa provisão. Pois o Senhor Deus pode fazer muito mais do que tu d o q u an to ped im os ou pensam os (ver E fé. 3:20). E isso ele faz mediante o seu poder, que em nós opera. E assim, a origem divina desse poder e essa abundância são novamente enfatizadas.

2 0 κατά την άποκαραδοκίαν και ελπίδα μου ότι ¿ν ούδενί αίσγυνθησομαι, ά λ λ ’ εν πάστ¡ παρρησία ώς πάντοτε και νυν μεγαλυνθησεται Χ ρ ίστος εν τω σω ματί μου, ε ίτε διά ζωής ε ίτε διά θανάτου.

20 èp ob ò tv i. . .X p u r ró s 1 Pe 4.16 1:20: segundo a minha ardente expectativa e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a ousadia. Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte.

As palavras «...ardente expectativa...», no original grego, são uma p a lav ra só, «apokaradokia» , u sad a acerca de Rom . 8:19, acerca da expectação anelante da criação, aguardando a plena manifestação dos filhos de Deus, porquanto então haverá grandioso avanço e concretização de todos os planos de Deus, em todas as facetas da nova criação, o mundo eterno em progressão. O texto da epístola aos Romanos e o presente são o único uso deste vocábulo em todo o N .T . A p a lav ra básica no grego,«karadokeo», significa «contemplar com cabeça esticada», ou seja, vigiar ansiosamente por algo. Portanto, na tradução, é justificável o acréscimo do termo «...ardente...».

«...esperança...y No grego é «elpis», a palavra comum com o sentido de «esperança», «expectativa». (Quanto a notas expositivas sobre a «esperança cristã», ver Rom. 8:24,25). Por causa dessa esperança eterna, o crente tem o direito de embalar outras esperanças, a ela associadas. Portanto, Cristo nos oferece um a o u tra esp eran ça , secu n d ária , v incu lada a essa a rd en te expectação, isto é, que a vida do crente será útil para o Senhor, que o crente não será envergonhado em sua expectativa e que tudo quanto lhe suceder, a vida ou a m orte , re d u n d a rá em h o n ra ao Senhor e o avanço de seu evangelho.

A esperança de Paulo não era egoísta, conforme podemos estar certos disso. O apóstolo tinha em mente o seu próprio ministério e a eficácia do mesmo, segundo se pode perceber por toda esta secção.

«Todo homem am a a si mesmo; todo homem tem esperança acerca de si mesmo... Portanto, não cessamos de amar a nós mesmos, quando nos falta certo grau de autodesenvolvimento; por conseguinte, o amor-próprio é ‘sempre’ esperançoso; sempre aguarda outra possibilidade de bem. O cristianismo deseja simplesmente reverter tudo isso, requerendo-nos amar ao próximo tão incessantemente quanto amamos a nós mesmos—que não deixemos de amá-los por motivo de qualquer retrocesso no processo de melhoramento deles. Por conseguinte, o amor ao próximo deve ser ‘sempre’ esperançoso; sempre aguarda esperançosamente (‘outra’ possibilidade do bem». (Paulo Ramsay, A Theory o f Virtue According to the Principies of Reformation, Journal of Religion, xxvii, 1947, pág. 196).

Na ardente expectativa de Paulo, alguns intérpretes percebem o anelo pela ocorrência da «parousia» (segundo advento de Cristo), quando toda a esperança cristã alcançará plena fruição. Isso talvez seja dado a entender

' neste texto, se é que não é diretamente referido.«...envergonhado...» Deve-se notar a ênfase sobre a voz passiva. Paulo

queria evitar a vergonha que seria produzida se os seus esforços fossem frustrados, se as suas esperanças fossem desapontadas, no que diz respeito ao seu desejo de cumprir completamente o seu ofício apostólico, que se centralizava na tarefa de levantar a igreja cristã nas regiões gentílicas.

«Não q u e ria que ficasse p rovado ser ele um e n tu s ia s ta ilud ido , um fanático, um pregador de um bem fantástico e impossível». (Vincent, in loc.).

«A ‘vergonha’ bem provavelmente se refere à sua própria conduta, pois co rria Pau lo o perigo de n eg ar ao seu Senhor, debaixo da p ressão das dificuldades, embora também esteja em foco o pensamento do tratam ento de C risto acerca dele. Isso nos fornece a an títe se v e rd ad e ira , en tre ‘magnificado’ e ‘ousadia’». (Kennedy, in loc.)■

«Essa expressão pode ser vista noutros trechos, alicerçada em esperanças desiludidas e em chamadas não cumpridas. (Ver II Cor. 7:14; 9:4; 10:8.Comparar também com a citação extraída de Isa. 28:16, em Rom. 9:33 e I Ped. 2:6)... Portanto, provavelmente isso também ocorre aqui, Paulo

confiava que, na h o ra da provação , a con fian ça que ele se n tia e professava como capaz de fazer tudo, por intermédio de Cristo, que o fortalecia (ver Fil. 4:13), não redundaria em vergonhoso fracasso, mas antes, haveria de glorificar a Cristo em toda a ousadia de declaração». (Barry, in loc ).

Apesar de relacionar-se principalmente à sorte imediata do apóstolo, a sua esperança precisa incluir igualmente a idéia de sua conduta diária, e, mais particularmente ainda, a_ sua conduta perante as autoridades civis, quando do seu ju lg am en to . É quase certo que este ú ltim o aspecto é o focalizado aqui.

«...toda a ousadia...» No grego temos aqui o vocábulo «parresía», que q uer d izer «coragem», «destem or», tam bém em pregado p a ra in d ica r «liberdade de linguagem», aquela atitude que caracteriza os homens livres, em co n tra s te com os escravos. T am bém se destacam as idéias de «afirmações corajosas» e «ações corajosas». Mui provavelmente, Paulo queria dar a entender ambas essas coisas. E ra necessário que ele tivesse coragem, tanto em suas palavras como em seus atos, para que pudesse atravessar galhardamente as provações que experimentava, e para dar testemunho dg Cristo, de modo a exaltar a sua pessoa, conforme sempre vinha fazendo, ainda que agora se encontrasse em extrema dificuldade.

«...Cristo... engrandecido no meu corpo...» Esta declaração pode ser confrontada com o trecho de Rom. 12:1,2, passagem que fala da dedicação suprema do crente, onde se vê que o corpo se torna veículo de serviço e adoração dedicados. O cristianismo jam ais encarou o corpo humano como inerentemente mau, embora esse corpo participe da matéria crassa. Já o gnosticismo reputava o corpo como o próprio princípio do mal, porquanto p a r tic ip a da m até ria , a qual não pode ser red im id a . E como esse «engrandecimento» tem de ser cumprido é o que este versículo define, a saber:

1. Mediante a ousadia nas ações e nas palavras.2. Como «sempre», não diminuindo a suprema glorificação de Cristo, mas

antes, elevando-o ainda mais por ocasião do julgamento.3. Mediante a «vida», isto é, se a Paulo fosse concedida uma vida terrena

mais longa.4. Mediante a «morte», se porventura ele estivesse chegando ao fim da sua

missão terrena; pois sua morte seria uma força positiva em prol da glória de Cristo e do avanço de seu evangelho.

5. De maneira geral, através de toda a sua existência, incluindo a vida na eternidade futura. Mas isso não é enfatizado aqui, pois o apóstolo destaca antes suas tribulações presentes e os efeitos das mesmas.

Á morte calma e corajosa de Paulo poderia ser uma expressão eloqüente de sua confiança em Cristo, que haveria de impressionar a muitos; e era isso que ele anelava particularmente neste ponto. Sua vida inteira fora qual um discurso eloqüente, e agora queria que a mesma coisa ocorresse no caso de sua morte. Por muito tempo, devido às perseguições sofridas, ele levava «...no corpo o morrer de Jesus...», para que também a vida de Cristo se m an ifestasse nele (ver II Cor. 4 :10). E isso se refere ao seu serviço de sacrifício, a sua morte para o eu, para que pudesse viver exclusivamente para Cristo. Portanto, o apóstolo dos gentios desejava que a sua morte também fosse a morte para o próprio «eu» e a vida para Cristo Jesus.

A esperança de Paulo não era vã: No d ize r de H ack e tt, in loc ., comentando sobre o trecho de II Tim. 4:6,7: «Não era vã a confiança que Paulo expressou aqui. Em período posterior, às vésperas de seu martírio real, ele foi capaz de exclamar: ‘combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, re to ju iz , me d a rá n aquele dia; e não som ente a m im , m as também a todos quantos amam a sua vinda’».

21 èfiol ...XpKTTÓs Ga 2.20

desenvolvim ento e sp iritu a l. A lgum as chegam a p re fe rir e scap ar da realidade, mediante o suicídio. Assim é que certo filósofo declarou que a única questão real da vida é se devemos ou não cometer suicídio!

b. Outros têm algo pelo que viver, a saber, alvos falsos como os prazeres, as riquezas materiais, o conforto, a fama pessoal, etc.

c. Viver para Cristo é a atitude que nos dá razões para viver, a curto e a longo prazo. Agora mesmo, o viver dirigido pelo Espírito (e, portanto, para a a lm a, p a ra a porção e sp ir itu a l do hom em ) pode ser um a av en tu ra excitante, porquanto isso nos proporciona algo digno de fazer é de ser. Cada indivíduo tem sua missão singular a ser cumprida, por ser um indivíduo sem igual (ver as notas sobre esse conceito, em Apo. 2:17).

d. Quanto ao alvo, a longo prazo, da existência, temos a conquistar a imagem e a natureza de Cristo (ver Rom. 8:29), bem como a plenitude de Deus (ver Efé. 3:19); e, juntam ente com isso, um a glória eterna e crescente. Quando vivemos para Cristo, sua natureza yai sendo duplicada em nós, pelo que chegamos a compartilhar de seu destino (ver II Cor. 3:18), incluindo a sua herança (ver Rom. 8:17).

4. «Toda a minha vida, todas as minhas energias, todo o meu tempo, pertencem a ele—eu ‘vivo Cristo’». (Alford, in loc.). Esse aspecto fala da

21 εμοι yàp το ζην Χ ρ ιστός καί το άποθανεΐν κέρδος. 1:21: Porque para mim ο viver έ Cristo, e o morrer é lucro.

«...o viver é Cristo...» (No tocante a notas expositivas completas acerca desse conceito, ver Gál. 2:20, que diz: «״ .já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim»). Devemos notar que essa forma de vida nos é dada mediante a «crucificação para o eu», onde damos o primeiro lugar ao Senhor, e isso mediante a «crucificação juntam ente com Cristo».

Essa expressão consiste de vários elementos, a saber:1. Significa a total dedicação da nossa vida a Cristo. Cristo deve ser a

motivação de tudo quanto fazemos, aquele que recebe toda a glória.2. Contudo, essas palavras também têm um sentido místico secundário,

já que tudo quanto um homem verdadeiramente dedicado faz, fá-lo por e s ta r «em Cristo», o que é u m a n o ta chave da teo log ia p a u lin a , cujos comentários aparecem em I Cor. 1:4. Por conseguinte, o viver sempre está ligado à nossa comunhão mística com Cristo, através de seu Santo Espírito.

3. Uma Razão Forte Para Vivermosa. Muitas pessoas não têm razão real para viverem, tão baixo é o seu

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19FILIPENSES

idéia de avanço no bem, em contraste com alguma «perda». A forma verbal dessa palavra é empregada em Fil. 3:8, para indicar a vantagem que alguém obtém ao fazer de Cristo o seu Senhor; e essa é, essencialmente, a idéia que transparece aqui, pois o lucro visado nesta passagem é aquele obtido para nós mediante a morte de Cristo, a saber, a concretização do alvo mesmo da existência, o «estar com Cristo», o que é um salto prodigioso no caminho da nossa tran sfo rm ação segundo a sua im agem , a in d a que isso só seja plenamente concretizado quando estivermos já na glorificação eterna^

O Lucro Infinito1. Paulo alude aqui, especificamente, à «simples imortalidade», ou seja, o

estar na companhia de Cristo, em espírito, no estado desencorporado. Isso é um a verdade, p o rq u a n to ele pensava que em breve essa seria a sua condição. Tal estado importa em um grande lucro, algo muito melhor do que a terra nos pode oferecer.

2. T odav ia, a im o rta lid ad e final só se to rn a rá rea lid ad e quando participarmos da ressurreição, e, portanto, da natureza de Cristo (ver as n o tas a esse respeito , em I C or. 15:20 e I João 3:2). E n tão é que nos tornaremos filhos perfeitamente crescidos, capazes de passar de um estágio de glória para outro, interminavelmente. Talvez a menção que Paulo fez da simples imortalidade, deixasse entendido esse lucro a longo prazo.

Vai! Não leves saudades do que deixas.Se a fé em melhor mundo te preluz,Alma gemente, por que assim te queixas?Desprende-te, a sorrir, da horrenda cruz Em que tanto penaste! Os olhos fechas?Abre os d'alma, e verás que infinda luz.

(Castelo Branco).

total dedicação de todas as coisas, tendo em vista o sentido de Cristo nesta vida presente.

Quem sou eu? de onde venho e onde, acaso me leva O Destino fatal, que os meus passos conduz?.Ora sigo, a tatear, mergulhado na treva,Ou tateio, indeciso, ofuscado de luz.

(Bastos Tigre, Pernambuco, 1882 - 1957).Sim, Paulo fornece resposta para aquela inquirição desesperadora, que

em um a ou outra ocasião se abate sobre todos os homens—qual é a razão da existência?

« ...e o m orrer é lu cro ...» A m enos que P au lo tivesse o conceito da imortalidade da alma, é impossível que Paulo considerasse a morte como um lucro. Pois entrar na «extinção» ou no «sono eterno» dificilmente pode ser chamado de «lucro». Além disso, note-se que no vigésimo terceiro versículo lemos que morrer é estar cóm Cristo. Portanto, o apóstolo deve ter querido dizer que a morte nos introduz a um estado superior de vida, e não em algum estado dormente ou, pior ainda, de extinção, ou a esperar a ressurreição ou simplesmente ficar extinto para todo o sempre. (Ver as ,Escrituras discriminadas, adiante, acerca do ensino bíblico relativo à

.«imortalidade»: No A.T.: Sal. 86:13; Pro. 15:24; Eze. 26:20; 32:21; Isa. 14:9,10; Ecl. 12:7; Jó. 32:8. No N.T.: Mat. 10:28; 17:1-4; Marc. 8:36,37; Luc. 16:19-31; 23:43; Atos 7:59; Fil. 1:21-23; II Cor. 5:8; 12:1-4; Heb. 12:23; I Ped. 3:18-20; 4:6; Apo. 6:9,10 e 20:4). Este comentário dá grande ênfase à doutrina bíblica da «imortalidade»; por essa razão, na introdução geral ao mesmo há um a secção com diversos artigos cujo intuito é o de provar a realidade da sobrevivência da alma, ante a morte física. Em II Cor. 5:8 há a nota expositiva expandida acerca desse tema.

«...lucro...» No grego é «kerdos», isto é, algo «proveitoso», que envolve a

8è το ζην iv σαρκί,α τοΰτό μοι καρπός εργου·α καί τ ί αίρήσομαι* ον γνωρίζω .i d 22 d minor, d maior־. T R Bov AV RVn’“ ASVm* RSV TT // d none, d minor: Zür (Luth) Jer // d dash, d minor: RV ASV // d minor, d dash: WH // d none,

ei

• 22 e none: TR WH Bov Nés BF2 AV RV ASV RSV TT (Zür) (Luth) Jer // e question: WH-6i minor, d minor: WHm* Nes BF2d question: NEB 8eg

Rm) I αφησομαι (; R m)] -σωμαι ρ 4βΒ | (γνωρίζω.] ,)

«...fruto...» Se a Paulo fosse permitido continuar nesta vida, obteria ainda mais «fruto», isto é, mais ampla concretização de sua missão terrena. Se ele passasse para o outro lado da existência, obteria «lucro», porquanto entraria no aspecto espiritual e eterno da existência (conforme se vê no presente versículo). Suas preferências se inclinavam para o «lucro» (ver o vigésimo terceiro versículo); e isso é apenas natural; mas também cria que outros continuavam necessitando dele (ver o vigésimo quarto versículo). Por isso mesmo, tinha a esperança que Deus lhe concederia mais graça e tempo, para recolher mais fruto nesta vida terrena. Não havia limite e nem fim para a dedicação de Paulo ao seu ministério e à sua missão; e nisso ele serve de exemplo para todos nós. (Ver as notas expositivas, em I Cor. 11:1, sobre o tem a do «exemplo»).

«...não sei o que hei de escolher...» O verbo «saber», no original grego, é «gnoridzo», no presente contexto, também pode significar «revelar», «tornar conhecido». Além disso, os sentidos de «declarar», de «fazer sabido», são possíveis aqui. Mas Paulo não haveria de comprometer-se e fazer qualquer revelação sobre a quéstão de sua permanência ou partida deste mundo, porquanto ele mesmo não tinha certeza sobre o que escolheria. O sentido de «declarar», para o vocábulo grego aqui utilizado é raro nos escritos clássicos, embora seja comum na Septuaginta (a tradução do original hebraico do A.T. para o grego, completada cerca de duzentos anos antes da era cristã) e nas páginas do N.T. em grego. (Ver I Sam. 6:2; 10:8;14:12; Dan. 2:6,10; 5:7; F il. 4:6; I C or. 12:3; 15:1; G ál. 1:11). O p ró p rio fa to que esse sign ificado é tão com um nas p ág in as da B íb lia tem levado a lguns intérpretes a darem preferência ao sentido secundário de declarar. Nesse caso, é como se o apóstolo houvesse dito: «Não declaro a m inha preferência; pois não me cabe escolher. Deixo a questão nas mãos de Deus, e se ele achar p o r bem p e rm itir que eu co n tin u e a m in h a m issão te rre n a , e sta re i satisfeito» . N a verdade , os in té rp re te s estão d ivididos acerca dessa particularidade; seja como for, a passagem faz bom sentido, e o sentido geral do contexto em nada é alterado.

RV"« ASV“ « NEB Seg 22 tovTo .. . íp y o v Ro 1.13 2 2 a Sc] o m p 48 | (epyow,]

1:22: M u , se a viver na carne resultar para mim em fruto do meu trabalho, não sei então o que hei de escolher.

A palavra «...se...»No original grego, «ei», no dizer.de Vincent (in loc.):«Não é condicional ou problemática, e, sim, silogística (comparar com Rom. 5:17). Dá a entender que a frutificação prosseguirá, em face da continuação da vida. O termo «touto» em português, «...o ...» , não é redundante, mas enfático e reiniciador, cham ando a atenção para a vida restante. Era exatamente ‘isso’, em contraste com o morrer, que envolvia o fruto do labor de Paulo».

Isso permite-nos ver quão importante, aos olhos de Paulo, era a sua própria missão. Seu intuito era levá-la à sua inteira concretização. Já havia ele obtido muitas vitórias; e até mesmo antes dessa oportunidade, tinha ele dado início, quase inteiramente sozinho, a igreja de Cristo no mundo gentílico. No entanto, o apóstolo ainda estava traçando planos. Havia aq u ela viagem que ele esperava faze r ao oc iden te, à E sp an h a e á reas adjacentes, que o interessavam (ver Rom. 15:24). E estava ele disposto a permitir que a glória futura dos lugares celestiais o aguardasse por mais um pouco, contanto que pudésse obter mais algumas vitórias em favor de Cristo Jesus, nesta esfera terrena. Nisso se pode perceber sua suprema dedicação; e era essa dedicação suprem a que o impulsionava para aquelas grandiosas realizações espirituais. Porém, os seus motivos não eram ditados pelo egoísmo; antes, conforme se aprende no vigésimo primeiro versículo, que ora comentamos, estavam centralizados em Cristo, bem como no desejo que tinha de servir de instrumento para a bênção e o bem-estar espiritual de seus semelhantes.

Para muitas pessoas, a vida indica a oportunidade de adquirir riquezas, fama, prazer, satisfação para a carne e para os desejos carnais. Um pouco mais de vida terrena, para Paulo, em contraste com isso, significa uma oportunidade renovada de dar prosseguimento à sua missão, que visava ao aprimoramento das condições espirituais dos homens, apresentando-lhes ele a pessoa de Cristo. No dizer da tradução inglesa RSV, agora vertida para o português: «Viver na carne, isso significa labor frutífero para mim».

πολλώ [γαρ ] γαρ p 46A B pc ; R] om

23 συνέχομαι δε εκ τω ν δυο, την επιθυμίαν 'έχων εις το άναλυσαι και συν Χ ρ ιστώ είναι23 «s] ont J)laD G latt | πολλω] ττοσω D*G

«...partir...» O verbo grego, «analuo», originalmente significava «soltar», «desfazer». Assim disse Homero, na Odisséia, acerca da teia de Penépole: «Durante a noite ela a desfez» (ii. 105). Também era verbo usado para indicar o ato de desam arrar os navios de suas atracações, ou então para indicar o levantamento de acampamentos. Alguns estudiosos têm pensado que Pau lo em prega aqu i um a m etá fo ra m ilita r , a de « levantar acampamento». Em II Cor. 5:1, essa metáfora indica a morte física, como se se tratasse do desmanchar de um a tenda; pois ali há o mesmo verbo empregado aqui, posto que com um diferente prefixo preposicional.

As circunstâncias de Paulo, na prisão, acorrentado a um a guarda militar, entretanto, sugeriram-lhe um a metáfora diferente. Ele estava pronto para deixar esse acampamento de opressão e sofrimento, de abandonar o corpo físico, afligido pelas perseguições. Isso faria alegremente, porquanto p re fe ria e s ta r com seu Senhor, no acam p am en to pacífico dos céus. Ê preciso observarmos que Paulo não m antinha idéias mórbidas acerca da morte, mas antes, mostrava-se destemido. Pois a morte física é apenas uma transição, de um a forma mais baixa da existência, para outra forma, mais elevada. Não há morte! (no sentido de extinção aterrorizante). Para muitas pessoas, o p rocesso da m orte nem m esm o envolve a d im inu ição da consciência, mas antes, há a transição de um a consciência inferior para

O V K p ç Z o G O V ' 23 r ifv èTL6vníav...KfteLíT(Tov 2 Cor 5.8

8 *D G pl la t syte) k ç' | ^aAAov] om p 46 436, vg(2) Cl1:23: Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor;

A tradução inglesa RSV (aqui vertida para o português), diz neste ponto: «Estou premido entre as duas (coisas)...», dando a entender que de ambos os lados hav ia van tag en s e desvan tagens. No o rig ina l grego tem os o vocábulo «sunecho», que no presente texto significa «pressionar duramen- té», «acum ular». T am bém pode sig n ifica r «afligir», «ato rm entar» . Literalmente, poderíamos traduzir a passagem como «Sou mantido junto», isto é, imobilizado, de tal modo a não poder inclinar-se nem para um lado e nem para o outro, de modo a fazer um a escolha. O simbolismo é 0 de estar a lguém em um lu g ar ap e rtad o , esp rem ido e n tre duas forças opostas.

«.. .desejo de partir e estar com Cristo. ..» Paulo não temia a morte física; de fato, chegava mesmo a desejá-la. Só não a escolhia de um a vez porque não tin h a certeza se essa e ra ou não a v on tade de D eus. L ite ra lm en te traduzida, a frase diria aqui «o desejo que tenho», o que, de conformidade com a índole do grego original, pode significar «o meu desejo». É como se Paulo houvesse escrito: «O que realmente quero é o seguinte: partir desta vida e estar com Cristo; mas não tomo decisão, porquanto não tenho certeza

·se issò seria melhor para mim e para vós, neste momento».

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FILIPENSES20expressar um grande superlativo. Daí o sentido de «incomparavelmente melhor», de «supremamente melhor». (Quanto a expressões acumuladas similares, ver os trechos de II Cor. 4:17; Rom. 8:37 e Efé. 3:20). Essas palavras expressam um a condição de vida e felicidade muitíssimo melhor.do que tudo quanto podemos experimentar neste mundo, embora não ésteja ainda em foco a glorificação final, o nível mais elevado de vida, porquanto o trecho do décim o q u in to cap ítu lo da p rim e ira ep ís to la aos C drín tio s mostra-nos que isso só poderá ter lugar após a ressurreição, quando a alma receber seu veículo eterno e espiritual. (Ver o trecho de I Cor. 15:20 e as n o tas expositivas ali ex isten tes , no to can te ao fa to e ao sen tido da «ressurreição»), _

_Ao pôr-do-sol, noturna estrela tem um chamado para mim.Hora na vida é de atendê-la, cruzar o vasto mar sem-fim, ir-me ao descanso, ir-me ao sabor de estranhas águas ao derredor.Não haverá rumor nem ventos Nem onda forte em alto-mar e nem adeuses, nem lamentos, na hora final de eu embarcar.Maneira brisa há de esperar-me, e ao lar distante, em paz, levar-me.Na rota incerta, ultrapassando espaço e tempo, dentro em mim não temerei se, em tomo olhando, do longo mar não vir o fim:-basta -m e a face amiga olhar do Bom Piloto, e descansar...

(Alfred Lord Tennyson).Variante Textual·. O term o «g a f» («pois»), aparece rios m anuscritos

minúsculos posteriores, bem como no siríaco e nos escritos de Teodoreto; mas a palavra grega «de», como elemento de conexão, é que aparece nos mss P(46), Aleph, ABCDEFKLPena maioria das versões, embora seja melhor deixá-la sem tradução. Esta representa o texto original. O termo grego «pollo», que significa «muito mais», é substituído nos mss DFG por «poso», um sinônimo mais ou menos equivalente, mas que não representa o original.

outra, superior. Paulo já tinha vivido a sua vida; atravessara inúmeras tribulações, e estava cansado e envelhecido. A morte podia ser recebida de braços abertos por ele. Mas isso, afinal de contas, não é uma experiência íncom um . Os hom ens só tem em a m orte a té ch eg ar o m om ento de morrerem; e então, chegado o dia, fazem-no voluntariamente, até mesmo anelantes, especialmente quando a morte coroa uma vida frutífera e bem- sucedida. Feliz é ó homem para quem a morte não é aterrorizante, cuja vida tem sido uma ovação, e não um a maldição detrimente.

Qual seria uma medida do sucesso? «Obteve sucesso quem viveu bem, sorriu freqüentemente e amou muito; quem obteve o respeito de homens in te ligen tes e o am o r das c rian c in h as; quem p reen ch eu o seu lu g ar e realizou a sua tarefa, sem importar-se se tratou de uma papoula melhorada, de um a poema perfeito, ou de um a alma remida; a quem nunca faltou apreciação pelas belezas da terra, e nem deixou de expressá-las; quem via o melhor lado nos outros, e deu o melhor que tinha; e cuja vida foi uma inspiração e cuja memória é um a bênção». (Robert Louis Stevenson).

«...estar com C risto ...» A m o rad ia do Senhor Jesus é nos «lugares celestiais» (ver Efé. 1:20), o que também se dá no caso daqueles que nele confiam (ver Efé. 2:6). Isso não sign ifica , en tre ta n to , que todos compartilharão de igual glorificação, mas significa que todos os remidos habitarão nos lugares celestiais, gozando de acesso até à presença mesma do Senhor, com quem desfrutarão de elevado companheirismo. Esse contacto com Cristo é um extraordinário avanço, no processo do recebimento da plenitude de Cristo, por parte dos remidos (ver Efé. 3:19), ainda que a eternidade inteira consista de crescimento nessa experiência, já que nos céus não há estagnação. Sim, na glória não há estagnação, porquanto Deus é infinito, e a participação em sua plenitude é o propósito mesmo de nossa vida eterna. É isso que significa possuir a «plenitude» de Cristo, o qual preenche a tudo, o qual é tudo para todos. (Ver Efé. 1:23).

Ora, a morte física nos introduz a essas dimensões mais elevadas.

«...incomparavelmente melhor...» No grego original temos, literalmente, «...muito mais melhor...», frase essa que, embora não coincida com um bom estilo m oderno , in d ica a acum ulação de com parativos, a fim de

24 τη NA pm ; R] ev τη B D G al ς24 το δε επιμένειv [év] rfj σαρκι άναγκαιότερον δι’ υμάς.perde a sua vida, é quem a ganha. (Ver Mat. 10:39). Esse é um princípio ético profundo, que pode ser observado por todos os homens. A plenitude da vidaconsiste de servirmos aos nossos semelhantes; e essa não é uma lição fácil de ser aprendida, por aqueles cujo grande intuito é se agradarem e servirem a si mesmos. Antes, aquele que quiser ser o maior entre, nós, que seja 0 servo de todos, conforme se aprende em M at. 20:27.

«...na carne...» Paulo ficaria «no corpo», ou seja, nesta «forma física de? vida». E ssa expressão dá a en ten d er a rea lid ad e da a lm a, pois esta é separada do corpo, podendo permanecer no mesmo ou deixá-lo; porquanto a alma é a pessoa essencial, e o corpo é apenas o veículo. Tais expressões não terão sentido a menos que exista o conceito da alma. Assim é que nos referimos a um a pessoa morta, não como se se tratasse da própria pessoa, mas, indiretamente, através de seu «cadáver». Não dizemos que «seu João» foi posto no túmulo, mas que o «corpo do seu João» foi sepultado. E assim deixamos subentendido, mesmo que creiamos diferentemente, que a pessoa real não se encontra mais ali.

«Ele ansiava por reter a sua vida, não por alguma causa própria, mas para que pudesse ser útil a outros». (Sêneca, Epistola 94).

Variante Textual-, As palavras «na carne», em forma abstrata, aparecem nos m ss Aleph, ACP, nas versões la tin as c, k e o, bem como nos escritos de Clemente, Orígenes e Crisóstomo, em cada caso com a omissão da palavra «na». Jáo s mss P(46), BDEFGKL, na antiga Vulgata latina, e nos escritos de Teodoreto e Teofilacto, háa adição da palavra «na», o que, mui provavelmente, dá o sentido de «na m inha carne», pois to rna a declaração um tan to mais pessoal. No grego «koiné», o artigo definido era usado ou não com igual facilidade, pelo que nos é impossível dizer a forma correta neste caso, além do que a evidência textual está dividida ao meio.

1:24: todavia, por causa de vós, julgo mais necessário permanecer na carne.DE conformidade com a metáfora militar do vigésimo terceiro versículo,

tal como um bom soldado, Paulo se contentava em permanecer em seu posto. Isso é considerado bom para o seu trabalho, bem como para aqueles que ainda necessitavam da sua ajuda. Não j a z parte das atribuições de um

-soldado indagar por qual motivo ele tem de defender um lugar ou outro. Essas formas de decisão são deixadas para o conhecimento superior e geral dos comandantes. Um homem é um bom soldado porque cumpre bem as ordens que recebe; e era exatamente isso que Paulo tencionava fazer. O apóstolo dos gentios não tinha algum desejo mórbido pela morte física, e nem se mostrava ele egoísta, a despeito de sua confiança na «superioridade da morte», o que lhe daria a oportunidade de escapar de seus deveres e provações terrenos. Jamais haveria Paulo de cometer um suicídio indireto, buscando o próprio martírio. É verdade que o prolongamento da vida física não é o alvo da existência neste mundo, porque viver bem, segundo os termos cristãos, viver para Cristo Jesus, é que é o alvo de nossa vida terrena, conforme se aprende no vigésimo primeiro versículo.

«É lam entável alguém p a ssa r pe las ondas da vida e nad a p rovar. A finalidade principal do homem é entregar a sua vida e vontade à vontade do Criador e desfrutar dele para sempre». (Wicks, in loc.).

«...vossa causa...» O que era melhor para Paulo não serviria de fator d e te rm in an te daq u ilo que ele d ese ja ria e b u sc a ria , no to can te ao p ro lo n g am en to da vida física ou à subm issão à m orte física. «O utras pessoas» ocupavam 0 primeiro lugar de interesse nos sentimentos de Paulo, o qual, desse modo, crescera muito no amor de Deus e de Cristo, assumindo a natureza inteiramente altruísta do Senhor Jesus. Na verdade, aquele que25 και τοΰτο πεποιθώ ς1 olha1 orι μενώ και παραμένω πάσιν ύμΐν είς την υμών προκοπήν και χαράν τής

/ / 25 / none, / none: WH jj f none, / minor: TR Bov Nes BF2 NEB (Seg) // / minor, / none: AV RV ASV RSV TT (Zur),(Luth) Jerπ ιστεω ς,Portanto, mui provavelmente houve um intervalo entre dois períodos de aprisionamentos; e esta epístola aos Filipenses foi escrita durante o primeiro desses períodos. (Quanto a notas expositivas sobre essas questões, ver Atos 28:31).

« ...ficarei, e p e rm a n ecere i... »No grego tem os um pequeno jogo de palavras, «...meno...sumparemeno...», cuja tradução mais literal seria «...permanecerei...e permanecerei juntam ente a vosso lado...» E isso significa que sua permanência neste mundo seria a permanência dele ao lado deles, para bem deles; e isso o apóstolo já havia deixado claro. O termo grego «suparameno» envolve a idéia de «permanecer para ajudar», e esse é exatamente o significado do contexto. Todavia, essa palavra aparece em manuscritos inferiores, como D(2)EKLP e os manuscritos minúsculos posteriores. A forma simples, «parameno», é o texto de manuscritos como P(46), Aleph, ABCDEG, na versão aramaica e nos escritos de E uth., que sign ifica «ficar», «perm anecer». E q u an d o esse vocábulo é usado figuradamente, como aqui e em outras passagens, significa «continuar a viver». Não há que duvidar que isso representa a forma correta do texto, apoiada pela maioria dos manuscritos antigos e dignos de confiança; mas que a idéia de Paulo era de continuar a viver, visando o benefício espiritual dos crentes, é algo que o contexto demonstra.

«...progresso...» Trata-se da mesma palavra empregada no décimo segundo versículo deste capítulo, onde alude ao «progresso» do evangelho. Pinta um a vereda a ser percorrida, em que se devem evitar ds obstáculos, para que se possa atingir, finalmente, um alvo predeterminado. Paulo se refere ao caminhar cristão em geral, bem como aos alvos que há para essa

1:25: E, tendo esta confiança, sei que ficarei, e permanecerei com todos vós para vosso progresso e gozo na fé;

O termo «...convencido...», no original grego é «peitho», que quer dizer «estar certo», «estar seguro», «estar convicto». Neste ponto Paulo focaliza a atenção sobre a maior necessidade que havia dele dar prosseguimento à sua m issão te rre s tre , ao invés de d o b ra r sua ten d a e p a r tir p a ra o re ino celeste.No dizer de Faucett (in loc.), é como se o apóstolo houvesse escrito: «Estou disposto a adiar minha entrada no estado de bem-aventurança; mas os céus não deixarão de serem meus, finalmente».!Paulo ficou convicto disso m ed ian te o seu raciocín io ; porém , m ais p a rticu la rm e n te a in d a , pelo testemunho íntimo do Espírito Santo. Não deveríamos tomar grandes decisões sem aquela confiança íntima que nos confere paz e tranqüilidade, que d em o n stra serem certas essas decisões. A lgum as decisões são «existenciais», isto é, baseadas na existência interna do próprio ser, ao passo que outras decisões são indiferentes. Aquilo que circunda o tempo de entrada no reino celeste é algo «existencial», e requer certeza desde o íntimo.

Paulo já anelava sair dessa existência terrena, pois, por essa altura dos acontecimentos, era um homem idoso, cansado da batalha, já tendo podido cu m p rir um a g ran d e m issão; m as esse senso ín tim o só lhe d a ria tranqüilidade se aceitasse ainda algumas outras tarefas, antes que pudesse dizer: «Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé». (II T im . 4 :7). Esse tes tem u n h o ín tim o , que exig ia m ais b a ta lh a s e m ais vitórias, tornou-se motivo para sua certeza que o governo romano não haveria de executá-lo por aquela vez, embora mais tarde, talvez no espaço de dois ou três anos, quando muito, finalmente Paulo haja sido executado.

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21FILIPENSES

comentado, com a adição de poemas ilustrativos, nos trechos de João 15:11; 17:13 e no décimo oitavo versículo deste capítulo). Paulo tinha experiência do senso de «bem -estar esp iritua l» , de co n fiança , de h a rm o n ia , de satisfação, que essa alegria produz; e sabia que tudo isso seria fomentado pela continuação da presença dele entre os crentes, embora tudo tivesse de ter lugar mediante o ministério do Espírito Santo. Essa «alegria», conforme dizem algumas traduções, é «na fé». A outorga da alma a Jesus Cristo produz tal alegria, pois assim as bênçãos espirituais tom am ,sè nossas־segundo é expresso na passagem de Efé. 1:3. Portanto, progressão e alegria espirituais são pintadas como algo que acom panha a fé, a outorga da alma a Cristo Jesus. Isso pode ser confrontado com o trecho de Rom. 15:13, que diz: «E o Deus da ésperança no poder do Espírito Santo».

caminhada. E ra a fim de dar prosseguimento a essa cam inhada que ele h av eria de p e rm an ecer.

a...gozo da fé ...» , isto é, «alegria na fé». Está em foco á «fé evangélica», aquela confiança em Cristo que nos traz a salvação, aquela entrega da alma ־ ao Senhor, para que finalmente o crente venha a participar de tudo quanto Cristo é e tem (ao que denominamos de «salvação»).(Ver Heb. 11:1 quanto a notas expositivas completas sobre a «fé»). È nessa fé que temos «alegria». E é assaz interessante que tanto a «fé» como a «alegria» são aspectos do fruto do Espírito Santo (ver Gál. 5:22).

A alegria é um a das n o tas chaves d esta ep ís to la , conform e se pode verificar em FU.' 1 :4 ,18 ,25 ; 2 :2 ,1 7 ,1 8 ,2 8 ,2 9 ; 3:1; 4 :1 ,4 ,1 0 . (Isso é

26 iva το καύχημα υμών περισσεύη εν Χ ρ ιστώ Ίη σ ο ν eν eμοι διά της εμης παρουσίας πάλιν προς υμάς.vai sendo definida em círculos concêntricos menores, a saber: 1. Acima de tudo, ela teria de girar em tom o de Cristo; 2. em seguida em tom o de Paulo, que era ministro de Cristo, e para quem olhavam com orgulhe¡ -por ter sido o fu n d a d o r d aq u ela congregação local; e 3. en tão n a c irc u n stân c ia particular do retorno dele a eles, em resposta às suas orações.

Esse paralelismo é instrutivo; todo o regozijo ou confiança do crente, antes, de tudo, se alicerça em Cristo Jesus, ainda que, secundariamente, se alicerce em seus servos. Cristo é a «esfera» do companheirismo espiritual onde essa ufania deve ter lugar.

«...presença...», no original grego, é «parousia», que tem aqui tradução exata. Esse termo grego, nas páginas do N .T., é usado como palavra técnica para indicar a «segunda vinda» de Cristo. Aquele que se regozija na vinda de um dos amigos do Noivo, também se regozijaria na vinda do próprio Noivo.

«...gloriardes...» No original grego encontramos o termo «kauchema», que significa «base de jactância». Talvez não esteja em foco o «ato» de ufanar-se, o que seria expresso por «kauchesis», conforme se vê em Rom. 3:27 e II C or.l:12. Aquilo que Cristo é, aquilo que o Senhor tinha feito çm favor deles, através do que vieram eles a possuir as bênçãos do evangelho, p a ra a base dessa u fa n ia . E n tre ta n to , conform e m ostram os bons dicionários gregos, esse vocábulo pode indicar o próprio ato de ufania; e isso quer dizer que tal distinção nem sempre é feita. Portanto, no presente texto, tanto a ufania real deles como a base dessa ufania, estão em foco. A volta de Pau lo à p resen ça deles h av eria de au m e n ta r ta l u fan ia , já que assim poderiam gloriar-se em Cristo Jesus, por causa daquilo que o Senhor pode fazer e realmente faz em favor dos homens.

1:26: para que o motivo de vos gloriardes cresça por mim em Cristo Jesus, pela minha presença de novo convosco.

U m a das face tas da a leg ria se ria a so ltu ra do apósto lo e o re to rn o à companhia dos crentes, em plena segurança, quando então poderia ele dar continuação ao seu ministério entre eles. Esse pequeno «milagre» haveria de aumentar a alegria que desfrutavam em sua fé, porquanto haveriam de reconhecer que Deus ouve e responde às orações, estando interessado nos homens, fazendo intervenção na história da humanidade—e isso não é razão pequena para que um crente se alegre.

D isso co n sis tiria a glória daqueles c ren tes filipenses; e isso é d ito especia lm en te ace rca de seu avanço e sp ir itu a l a b u n d an te . E essa a b u n d ân c ia é expressa pelo term o grego «perisseuo», que quer d izer « transbordar» , «extravasar», um term o m u ito usad o po r P au lo .E sse «extravasamento» é «...em Cristo Jesus...», porquanto essa expressão deve ser ligada à idéia de «abundância», e não à idéia de «gloriar-se»; ou então deveríamos compreender ambas essas idéias, e não apenas esta última. Pois qualquer ato de ufania deve estar centralizado na pessoa de Deus, ou na pessoa de Cristo, e jam ais no mero homem, conforme fica amplamente demonstrado em I Cor. 1:28,31; e isso deve ser compreendido aqui, ainda que não tenha sido expressamente declarado. Os crentes filipenses m uito se ufanavam de Paulo, e esse senso aumentaria se ele lhes fosse restaurado.

«Ele ‘Paulo’ aborda essa questão um tanto jocosamente, ao mesmo tempo que fá-los lembrarem-se que o Senhor, e não ele mesmo, deve ser o motivo da ufania deles». (Scott, in loc.).

«...pela minha presença de novo convosco...» A alegria e a ufania delesIII. O Exemplo de Paulo é Consolo para os que Sofrem (1:27-30).Vários paralelos dessa questão aparecem sob o ponto IV, intitulado «Características da Vida Cristã». Neste ponto porém,

Cristo se torna o exemplo supremo da vida dedicada, em quem também encontramos o nosso consolo. (Ver o trecho de I Cor. 11:1, onde são mescladas as idéias de seguir a Cristo e de seguir o exemplo de Paulo).

Nesta breve secção, pois, Paulo adverte aos crentes filipenses que as aflições e perseguições que viam nele, também poderia vir a ser a experiência deles, porquanto nenhum crente está isento de tais sofrimentos. (Isso pode ser confrontado com o trecho de II Tim. 3:12, onde se lê: «Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos». E outro tanto nos é prometido, através das palavras de Jesus, em João 15:18,19).

No dizer de Vincent (in loc.): «É mister destacar que, sob quaisquer circunstâncias, quer eu vá até vós, conforme espero fazê-lo, quer fique ainda ausente, conforme poderia ser compelido a fazê-lo, exorto-vos a vos conduzirdes como é próprio na comunidade cristã, em vossa constância, unidade e esforço ativo em prol do evangelho, bem como em vossa coragem em face do adversário;e isso demonstrará ainutilidade dos esforços do adversário, bem como a sua condenação à perdição, ao mesmo tempo que servirá de evidência divina de vossa própria salvação. Porque o privilégio conferido a vós, a quem será dado sofrer por Cristo, demonstrará que estais unidos a ele, como participantes da mesma graça que me tem permitido contenda׳ pela causa do Senhor, capacitando-vos também a entrardes no mesmo conflito no qual me vezes envolvido, e que agora ouvis que me envolve, estando eu em minha prisão romana».27 Μόνον άζίως του ευαγγελίου τοΰ Χ ρίστου πολιτενεσθε, iva ε ιτε ελθών και Ιδών υμάς ε ίτε απών

. ακούω τα περι υμών, δτι σ τή κετε εν ενί π ν ευ μ α τ ι, μ ια φυχη συναθλοΰντες τη π ίσ τε ι τοΰευαγγελίου, 27 Μ όνον... iro\iTt{i«r0€Eph 4.1 ; Col 1 .10; 1 Th 2.12 συραθλοϋντ€5...€ύα7 7 €λ£ου Php 4.3

27 τον Χρ■} om Ν* armsignificado de «ser cidadão», «exercer a cidadania» de modo digno. (Ver o trecho de Fil. 3:20, onde Paulo usou um substantivo correlato, a fim de re fe rir-se à c id a d an ia e sp ir itu a l dos c ren tes filipenses; p o rtan to , compreendemos que Paulo quis dizer aqui que aqueles crentes deveriam conduzir-se como dignos cidadãos da pátria celeste, que é supremamente melhor que todas as pátrias terrenas. Assim estariam conferindo crédito à pátria celeste e estariam glorificando à pessoa de Cristo.

A palavra ordinariamente empregada por Paulo para indicar a conduta cristã diária é andar. (Ver Gál. 5:16,25 e as notas expositivas ali existentes, acerca dessa metáfora, que era de ocorrência freqüente tanto nos escritos re lig iosas com o e n tre os au to res secu lares). O trecho de F íí. 3:16-18 subentende essa m aneira de andar, em seus aspectos negativo e positivo.

O vocábulo usado no presente texto gradualmente veio a ser ■usado para indicar toda a conduta moral. Portanto, o verbo «andar», ñas páginas do N.T., provavelmente é usado para indicar, pelo menos secundariamente, nossos contactos e nossas responsabilidades sociais. Em certo sentido—o espiritual—pois, o apóstolo dos gentios conclamou aos crentes filipenses que reconhecessem tais responsabilidades, tanto no seio da comunidad^ cristã como na qualidade de_seus representantes, no m undo exterior. Paulo não aconselhava àqueles crentes que fossem bons cidadãos da comunidade de F ilipos , p o r am or à c idade, m as an te s , que se m ostrassem bons representantes do povo celestial, o que, automaticamente, os tom aria bons membros da sociedade terrena. Os filósofos estoicos encaravam os homens como cidadãos do mundo, dotados de responsabilidades perante todos os seus sem elhan tes. A ristó teles sen tia tão ag u d am en te a o b rigação do indivíduo perante a sociedade que fazia da ética um ramo da política, não

1:27: Somente portai-vos dum modo digno do evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de v is que permaneceis firmes num s i espirito, combatendo juntamente com uma s í alma pela fé do evangelho;

E m bora não figure na versão p o rtu g u esa como base tex tu a l deste comentário, esta frase começa com a expressão «tão-somente...», de acordo com o original grego. É como se Paulo houvesse dito: «Ainda que me seja bom ser solto e to rn a r a ver-nos, con tudo , ‘is to ’ vos exorto , acim a de tudo—um a boa conduta cristã, em m inha presença ou em m inha ausência. Éjustamente com essa finalidade que desejo permanecer fisicamente vivo, o que deve ocupar o primeiro lugar, sem im portar que eu esteja presente convosco ou ausente de vós».

Ver A tos 14:22 p a ra n o tas sobre os benefícios de sofrim entos e problemas.

O termo grego «monon» («tão-somente», que não aparece na versão portuguesa que usamos como texto básico deste comentário), pois, se encontra em posição enfática, destacando o fato que a verdadeira conduta cristã é a condição indispensável e exclusiva da alegria de Paulo, quando chegasse à p resen ça deles, conform e o d em o n stra a conexão com os versículos vinte e quatro a vinte e seis deste capítulo. (Uso similar do termo grego «monon» pode ser encontrado nos trechos de I Cor. 7:39; Gál. 2:10 e II Tés. 2:7). Somente sob a condição de um a conduta verdadeiramente cristã é que os crentes em geral, como também os crentes filipenses, em particular, podiam desfrutar de progresso e alegria espirituais, tendo motivos_yerdadeiros para neles se regozijarem e ufanarem.

«... vivei... p or modo digno...» Em outras palavras, «que vossa m aneira de viver seja digna». É empregado aqui o termo grego «politeuomai», que tem o

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FILIPENSES22«...com uma só alma...» O termo grego «psuche» é empregado aqui. Com

freqüência significa a «alma», a porção imaterial do homem. E vários intérpretes, para evitarem um a redundância form ada pela palavra grega «pneuma», traduzem o termo que há neste ponto por «mente». 6 verdade que «psuche» pode indicar a mente, como a sete das emoções, da razão e dos desejos; tudo o que é atribuição da alma, do homem interior. Mas essas duas palavras gregas, «pneuma» e «psuche», com freqüência são sinônimos, pois ambas se referem ao homem essencial, espiritual, ainda que neste ponto se deva pensar em certa distinção. Mediante o uso de ambas essas palavras, Paulo enfatizou a união e a harmonia profundas que devem caracterizar a comunidade dos crentes. Essa harmonia deve visar um esforço comum, em busca do bem e do avanço do evangelho. Deve haver a determinação e a resolução de fazer-se exatamente isso, sem quaisquer sentimentos de rivalidade e espírito faccioso, conforme certos indivíduos, conhecidos de Pau lo , p regavam a C risto . (V er os versículos qu inze e dezessete deste mesmo capítulo).

« ...lu ta n d o ju n to s . ..» No o rig in a l tem os aq u i um único term o, «sunathleo», da mesma raiz que deu nosso vocábulo português «atleta».. Paulo parece empregar aqui o símbolo de um a competição atlética, da mesma m aneira que «ficar firme» sugere um a metáfora militar. Todavia, esse termo era comumente usado, fora de qualquer contexto, com o sentido de «luta», de «conflito». E a ad ição do p refixo «sun» in d ica o esforço conjunto, que se origina da unidade íntima. Ora, isso também é contrário à moda facciosa com que alguns indivíduos anunciavam a Cristo, os quais faziam tudo com finalidades de autoglorificação e motivados pela inveja. Em Fil. 4:3, essa palavra é novamente utilizada, referindo-se a certas mulheres que «labutavam juntam ente com» Paulo no evangelho, sendo essa a única outra ocorrência do termo em todo o N.T.

«...pela fé ...» Temos aqui o dativo de interesse, conforme diríamos hodiernamente «no interesse da fé». Normalmente, por toda a parte do N.T., a fé aparece como algo «subjetivo», dando a entender a entrega da alm a a C risto , o exercício de con fian ça p a ra com ele, m ed ian te o que qualquer pessoa é justificada aos olhos de Deus. Porém, essa palavra também pode revestir-se de um sentido «objetivo», quando então se torna v irtu a l sinônim o da «fé cristã», ou m esm o da «religião cristã» , em contradistinção com todas as demais «fés religiosas». Entretanto, não é frisada aqui nenhuma idéia de «credo», pois não está em pauta nenhum corpo doutrinário, mas antes, a fé viva em Cristo, como padrão de vida. Naturalmente, isso envolverá «crenças»; mas «crença», em sentido abstrato, é a idéia desta passagem, dando-nos a entender um a crença centralizada em Cristo, a qual se torna a «fé» mediante a qual alguém vive.

A expressão «...fé evangélica...», aqui usada, não é encontrada em qualquer outra porção do N.T. Poderia significar «fé no evangelho»; mas isso nos levaria de volta ao conceito da fé «subjetiva», a confiança no Cristo anunciado pelo evangelho. Mas o que deve ser m antido aqui é o conceito da fé «objetiva», a saber aquela fé que pertence ao evangelho e éprotnovido por ele. No presente texto, trata-se virtualmente da «fé cristã», da religião cristã, que tem por centro o evangelho de Cristo. 6 por essa razão que Kennedy (in loc.) com en ta como segue, a re speito : «Temos aqu i o c ris tian ism o , considerado em seu aspecto mais característico da aceitação da revelação da misericórdia divina, em Cristo, em que o indivíduo fica dependendo dele, para salvação de sua alma».

Era visando o avanço dessa «fé» que Paulo ordenava agora aos crentes filipenses que lutassem juntos, resguardando sua pureza e propagando o seu poder de salvação entre os homens, preservando sua própria existência em um m undo hostil, que haveria de perseguir aos seus seguidores. Isso pode ser co n fro n tad o com as p a lav ras de Ju d . 3, onde se lê: « ...a batalhardes diligentemente pela fé...», onde se aprende que essa forma de defesa do evangelho precisa ser incluída no sentido do versículo presente, mas que não exaure todo o seu significado, conforme as notas expositivas mais acima procuram demonstrar.

considerando bom a qualquer indivíduo que não quisesse servir ao estado e à comunidade em que vivia. Ora, isso também é verdade no que tange ao m undo e sp ir itu a l. P recisam os reconhecer a ex is tência do «m undo esp iritua l» , ao q u a l pertencem os; e tam bém devem os reco n h ecer a comunidade religiosa à qual estamos vinculados.

«...modo digno do evangelho de Cristo...» De que maneira? Isso pode ser respondido através dos seguintes três pontos: 1. Mediante ações corretas, conforme é coerente com as exigências morais do evangelho; 2 . mostrando gratidão ao Senhor pelo seu grande dom; 3. e visando sempre o progresso do evangelho (a mensagem de salvação) no mundo, porquanto nossas boas ações d em o n s tra rão o valor e o po d er do evangelho. (V er tam bém declarações similares, nas páginas do N .T., como; «Não devemos criar', qualquer ‘obstáculo ao evangelho’», em I Cor. 9:12. Somos avisados a não «perverter» o evangelho, em G ál. 1:7). Q u an to a n o tas expositivas completas sobre o «evangelho», onde se discute esse termo e seus usos, ver os trechos de Mat. 1:1 e Rom. 1:16. E isso pode ser comparado com Efé. 4:1, onde se lê: « ...q u e andeis de m odo digno da vocação a que fostes chamados»; e tam bém com I Tes. 2:12, que diz: «...a cada um de vós, exortamos, consolamos e admoestamos, para viverdes por modo digno de Deus...»; e, finalmente, com Col. 1:10, que reza: «...a fim de viverdes de modo digno do Senhor...»

«...ou indo ver-vos, ou estando ausente, ouça...» No caso de ser solto da prisão, Paulo planejáva visitar aos crentes de Filipos; e ainda que assim não sucedesse, desejava receber confirm ação de que estavam an d an d o «dignamente». Se porventura as circunstâncias se tomassem adversas para o apóstolo, e ele tivesse de continuar aprisionado, queria ouvir falar do «andar» digno daqueles c ren tes , m esm o que não pudesse av ista r-se pessoalmente com eles. Isso de poder ele estar presente ou ter de ficar ausente, era um a questão «indiferente». O que realmente importava era a conduta cristã deles.

«...que estais firm es.. .» Essa expressão pode ser comparada com o trecho de Efé. 6:11,13, onde o mesmo vocábulo grego é empregado, e onde o soldado cristão recebe ordem de resistir ao inimigo, sem retroceder, fazendo frente aos seus ataques e conquistando assim a vitória. (Ver igualmente o trecho de II T es. 2:15). A co n stân c ia , a fo rça e a h a rm o n ia nos são reco m eh d ad as, conform e as p a lav ras que se seguem , « ...em um só espírito...», nos permitem perceber.

Unidade1. O Pai e o Filho são unos: São unos na n a tu re za , unos nos seus

propósitos, unos nas suas ações. Os crentes, que são os filhos de Deus, quando genuínos, haverão de compartilhar, até certo ponto, dessa unidade e harmonia.

2. Existe certa unidade criada pelo Espírito. Estabelece-se um vínculo comum e um destino só, entre aqueles que crêem. A influência do Espírito promove essa unidade, e os seus subprodutos são a paz, a harmonia e a alegria. A discórdia tem suas raízes no ódio e na perversidade.

«...em um só espírito...» Visto que no original grego nunca eram usadas letras maiúsculas, não sabemos dizer se há ali alusão ao «espírito» humano, na forma de «atitude», ou ao Espírito Santo. Os intérpretes têm entendido haver referência aqui tanto a um a como a outra coisa; e sempre haveria algum a verdade em foco. O que sabem os, ind iscu tivelm en te , é que qualquer unidade que haja no seio da igreja cristã, isso vem através da in flu ên cia da resid ên c ia do E sp írito nos c ren tes , p o rq u a n to ele é o u n ificad o r e o fo rta leced o r da ig reja de C risto . Q utrossim , isso deve concretizar-se na forma de um a atitude comum, no seio da comunidade dos crentes, como também de cada crente individual; porque é somente dessa maneira que se formará a «disposição» da unidade comum. Portanto, todos esses aspectos focalizam um a verdade qualquer. Todavia, o mais provável é que haja aqui alusão à vida espiritual comum, caracterizada por paz e harmonia, im plantada no íntimo daqueles crentes, embora sempre fique destacado o pensamento que é o Espírito Santo quem produz tal condição.28 και μ τ ) πτυρόμενοι εν μτ/δενί υπό τώ ν αντικείμενων, 9·ητις εστιν αύτοις ενδει,ζις απώλειας, υμών δ¿

σω τηρίας, και τ ο ύ τ ο από θεοΰ■ » 2 8 -2 9 g g no parens: TR ״ Bov Nes BF2 AV RV ASV RSV NEB TT Zür Luth Jer Seg // g parens, s Parens: WH

ç : íjfíiv D*°G al pressões de seus adversários.

«...prova evidente...» No grego temos a palavra «endeiksis»,_uma palavra só, que pode ser traduzida por «prova», «sinal», «indício». 1 . É pelos frutos que conhecemos os homens. (Ver Mat. 7:20). Aqueles que destroem e odeiam, sobretudo os que se voltam contra o trabalho de Deus e contra aqueles que p e rtencem ao Senhor, d em onstram 0 seu m au c a rá te r , provando que são dignos de juízo divino. Suas ações servem de sinal de que merecem 0 julgamento. 2 . É interessante que alguns estudiosos pensam que a força exibida pelos crentes, debaixo de perseguição, é o sinal ou prova aqui aludida. O «destemor» da igreja provaria que ela está espiritualmente correta, além de demonstrar a malignidade dos seus inimigos. 3. Mas há eruditos que pensam que 0 sinal aqui referido visa a demonstração de «fé» dos c ren tes . D essas três idéias, a p rim e ira e a segunda são as m ais prováveis.

«...perdição...» No grego original temos o termo «apoleia», palavra comum para indicar «desperdício», «destruição» de qualquer espécie, mas que comumente era usada em conjunção com «julgamento», o castigo que sobrevêm à alma. Este último sentido se torna necessário devido ao fato que é contrastado, neste versículo, com a idéia de «salvação». O julgamento divino não consiste m eram en te de re tr ib u içã o , m as ig u alm en te de disciplina, como meio de restauração; e até que ponto isso se verifica em cada caso, é atribuição exclusiva de Deus. Os trechos de I Ped. 3:18-20 e 4:6 mostram-nos que o julgamento divino tem esse caráter, como igualmente o faz a passagem de Rom. 11:32. (Ver Apo. 14:11 e as notas expositivas ali ex isten tes , q u an to a com entários gerais sobre 0 « julgam ento»). Não

28 VfittíV NA H P ¡li d ; R] vjjliv KL· al vg 1:28: e que em nada estais atemorizados pelos adversários, 0 que para eles é indicio de perdição, mas para vós de salvação, e isso da parte de Deus;

No grego, a palavra aqui traduzida por «...intimidados...» é «pturo», que significa «aterrorizado», «assustado», e que ocorre exclusivamente aqui em todo o N.T. Essa palavra evidentemente se desenvolveu da idéia do terror sentido por um cavalo assustado. Por isso é que Plutarco (à pág. 800) diz: «A m u ltid ão não é fácil de ser co n tro lad a , pelo que tam bém não há segurança para quem lhe tomar as rédeas; mas deve ser contida de modo suficiente se, ‘assustada’ por algum ruído ou visão, tal como qualquer animal assustadiço, tiver de aceitar domínio». (Ver igualmente Dios. Sic. xvii.34,6).

«...adversários...» No original grego temos «antikeimenon», palavra que indica aqueles que «fazem oposição», «inimigos», embora o presente texto não defina com c la reza de queitt se t ra ta . T alvez fossem ju d eu s que encorajavam as a u to rid ad es ro m anas a p e rsegu irem à ig reja c ris tã ; poderiam ser os próprios pagãos; ou poderiam ser «judaizantes», dentro da própria igreja cristã, que se opunham àqueles que favoreciam a Paulo, em sua doutrina e seus métodos. Porém, o fato que Paulo baixa julgamento contra eles, é bastante para mostrar-nos que, bem provavelmente, ele tinha os pagãos em mente, tal como aqueles que aprisionavam e m artirizavam aos discípulos de Cristo. A perseguição movida pelo mundo é que é salientada aq u i, com o m otivo que p re ten d e a ssu s ta r à igreja; pois é um in stin to hum ano com um te n ta r a p reservação da p ró p ria vida e do p ró p rio b em -estar. Q u an d o essas coisas e ram se riam en te am eaçád as , m uitos elementos cristãos se deixavam arrastar pelo medo e se submetiam às

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23FILIPENSES

qual serve de apoio à alma em meio às agonias terrenas. Nessa tremenda luta, o grande Senhor já deu o sinal que os perseguidores viverão, sem importar o que a multidão caprichosa possa dizer ou fazer. O mesmo sinal divino, porém, serve de condenação contra aqueles que matam e destroem.

«...e isto da parte de Deus...» Essas palavras foram acrescentadas a fim de mostrar as seguintes verdades:

1. A decisão de conferir vida transcende ao que é humano, não podendo, por isso m esm o, ser desfeito por q u a lq u e r agência h u m an a , p o r m ais maligna e violenta que seja.

2. A própria salvação, posto que pertence a Deus e que é propiciada por ele, não é um produto humano; e isso explica o tema paulino da salvação pela graça divina (ver Efé. 2:8 quanto a notas expositivas completas sobre esse tema).

3. Isso nos fornece razões para nos sentirmos em segurança, mesmo em tempos difíceis.

4. Isso também deixa entendido que a perdição é decretada pelo Senhor.5. Além disso, podemos assim compreender que o «livramento temporal»

que os crentes perseguidos possam esperar receber, é de pouca ou nenhuma importância. Esse livramento pode ser negado por Deus; mas o Senhor nos d a rá o liv ram en to superio r, a sab er, o b em -esta r e te rno , nos lugares celestiais.

eis αυτόν ττιστευειν αλλά και το υπέρ αύτοΰ

dizer de Vincent (in loe.). «Deus recompensa e endossa os crentes com o dom do sofrimento. Nas algemas de Paulo, os crentes filipenses eram p a r tic ip a n te s da ‘g ra ça ’ que lhe fo ra d ad a . (V er o sétim o versículo e comparar com Atos 5:41). O aoristo (no original grego) assinala a concessão original do dom (‘a vós foi dado’). Ver ainda Mat. 5:11 e Marc. 10:38,39».

«O sofrimento é o presente de casamento que os crentes recebem ao serem unidos a Cristo; o suprimento abundante quando são alistados em seu serviço... o dom, contudo, não é o sofrimento como tal. Seu significado e valor dependem do fato que tal sofrimento é ‘por causa de Cristo’. As igrejas da Macedônia e a igreja dos filipenses eram, proeminentemente, igrejas sofredoras (ver II Cor. 8:2). (Vincent, in loc.).

A coroa da vida é prometida a todos os crentes que sofrem, conforme aprendemos em Apo. 2:10, o que corresponde a um grau mais elevado de glória, na salvação final, prometida no versículo anterior. O sofrimento em favor de Cristo faz com que o Senhor Jesus Cristo signifique mais para o crente, e para que este seja ainda mais rico na vida após-túmulo.

A possibilidade de um sofrimento que importe em martírio geralmente aterroriza ao crente; e não apenas por causa dele mesmo, mas igualmente por causa daqueles que lhe são íntimos, tanto por laços de sangue como por laços de amizade. O apóstolo Paulo procura m ostrar aqui, entretanto, que esse terror não é necessário para o crente, por tratar-se, tão-somente, da marca de identificação daqueles que recebem a coroa da vida e passam para os lugares celestiais com um elevado grau de glória. Por essa razão a dor que o crente sofre se torna mais gloriosa, embora .as inclinações humanas naturais queiram levar o crente a evitar o sofrimento físico e moral, toda e qualquer forma de dor.

«...por Cristo...» Em outras palavras, devido à nossa lealdade ao Senhor Jesus, devido à nóssa participação em seus sofrimentos, causados que foram pela oposição que a maldade do mundo lhe fez. No trecho de Col. 1:24, Pau lo en cara seus sofrim entos, ju n ta m en te com C risto , com o se eles «completassem» os sofrimentos de Cristo; e isso do ponto de vista que a missão de Cristo, neste mundo, sem im portar se efetuado por si mesmo, ou por meio de outros, que agem impulsionados pelo poder do seu Santo Espírito, sempre envolverá naturalm ente sofrimentos, dos quais os remidos necessariamente participam. Portanto, são sofrimentos de Cristo, e dos quais também participamos. No dizer de Matthew Henry (in loc.)׳. «Sofrer por Cristo é um dom valioso, um a grande honra, uma decisiva vantagem».

νΰν άκouere ev ¿μοί.3 o ev ΐμ ο ι 2 o] om p i6 8 i T e r t

crentes filipenses não viessem a sentir-se esmagados pela sua premente situação.

«...combate...» No grego temos «agona», um a «competição» atlética; mas devemos compreendê-la também como palavra geral que indica «luta», «combate». Não sabem os d izer se P au lo desejava d a r a id é ia de um a metáfora atlética ou não. Seja como for, os crentes filipenses eram «colegas combatentes», que se esforçavam por obter o mesmo prêmio, a mesma vitória e a mesma recompensa. (Ver os trechos de Col. 2:1; I Tes. 2:2; I Tim. 6:12 e Heb. 12:1, quanto a outros usos dessa palavra, e confrontar com o vigésimo sétimo versículo deste capítulo, onde um a palavra correlata é empregada. Ver igualmente os trechos de Atos 16:19 e ss. e I Tes. 2:2 onde há alusões aos sofrimentos de Paulo em Filipos). Os crentes filipenses agora tinham recebido notícias que ele continuava em suas lutas, talvez mediante os relatórios dados por Epafrodito e outros, como também através de cartas.

No dizer de A dam C la rk e (in loc.): «Isso não foi um en co ra jam en to superfic ia l p a ra aquelas pessoas: 1. Q ue q u a isq u er que fossem os sofrimentos que tivessem de enfrentar, seriam sustentados em meio a tudo;2. Que sofriam pela mesma causa que seu ilustre apóstolo estava sofrendo;3. Que sofriam, não por causa de alguma maldade praticada, ou da qual pudessem ser acusados, mas porque confiavam no Filho de Deus, o qual m o rrera p o r eles e por toda a h u m an id ad e; 4. Q ue todos aqueles sofrimentos visavam o bem eterno deles. E Deus é poderoso para fazer

obstante, o juízo divino é seríssimo, porquanto ali cada indivíduo pagará até ao último ceitil, saldando inteiramente a sua divida. Estejamos certos de que o Deus justo e amoroso fará tudo na eqüidade, de tal m aneira que o julgamento divino não ficará nem aquém e nem além da sentença que cabe a cada qual, mas antes, os homens colherão exatamente aquilo que tiverem sem eado, de confo rm idade com a lei un iversal da co lhe ita segundo a semeadura. (Ver o trecho de Gál. 6:7,8 e as notas expositivas a respeito, que versam sobre esse tema).

«...salvação...», istoé, a «completa salvação», que temos em Cristo, e que vai desde a conversão até à glorificação, quando então seremos tudo quanto C risto é e terem os tudo q u an to ele tem . N enhum «livram ento», nas perseguições, é aqui prometido aos crentes. (Ver Heb. 2:3, acerca de notas expositivas completas sobre esse assunto). No presente contexto, salvação significa «vitória», de conformidade com a metáfora que Paulo parecia estar em pregando . A lguns pensam que ele t in h a em m ente as lu ta s de gladiadores, em que o gladiador vencido podia ser morto, enquanto estava nas mãos de seu adversário. A multidão de espectadores é que dava o sinal de morte ou livramento, com os polegares voltados para baixo ou para cima, re spec tivam en te; m as m esm o assim a decisão de m a ta r ou p o u p a r continuava nas mãos do senhor dt> conflito. Porém, o grande Senhor já concedeu vida aos perseguidos: não depende de qualquer outro concedê-la.

Neste versículo é frisada particularmente a «salvação futura», que é a esperança e a âncora da alma. Está em foco a glória dos lugares celestiais, a

29 ό τ ι ν μ ΐ ν ¿ χ α ρ ίσ θ τ ¡ τ ο υ π έ ρ Χ ρ ί σ τ ο υ , ο ύ μ ό ν ο ν τ ο

. π α σ χ ε ι ν , a 29 ι׳μ׳״] ■ημ- Α pc1:29: pois vos foi concedido, por amor de Cristo, não somente 0 crer nele, mas também 0 padecer por ele.

No original grego, a palavra aqui traduzida por «...foi concedida...» é «charidzomai», que significa «dar livremente», «dar graciosamente, como um favor», p roven ien te da m esm a ra iz de onde vem nossa p a lav ra portuguesa graça. O verbo também pode significar «remir», «perdoar», o que serve para mostrar-nos a sua natureza básica. Tanto a fé como os sofrimentos do crente são vistos aqui como dons e privilégios que lhes são conferidos. Quanto à «fé» como um dom de Deus, ver os trechos de Efé. 2:8 e Gál. 5:22; e nesta última passagem, a fé aparece como um dos aspectos do «fruto do Espírito Santo», pelo que se entende ser algo extra-humano, mediado pela graça divina.

Através do livre-arbítrio, 0 homem pode corresponder afirmativamente ao evangelho; pois, na cruz de Cristo, foi dada latentemente, a toda a humanidade, a graça geral. Porque, na realidade, Deus veio ao encontro do homem, oferecendo-lhe salvação gratuita. E isso significa que todos os seres humanos podem crer, ainda que isso também se verifique mediante o dom divino. Tudo provém da fé, desde o seu começo, quando então a fé participa da conversão, na forma de fé diária, ou do dom da fé (ver I Cor. 12:9). Tudo procede do Espírito Santo, embora deva tudo ser aceito pelo livre-arbítrio humano. Porquanto é assim que se encontram o que é divino e o que é humano.

A fé subentende união com Cristo, pois é por intermédio da fé que todas as bênçãos divinas nos são concedidas. Essa mesma união com Cristo, entretanto, requer que soframos juntam ente com ele por ele, porquanto Jesus de Nazaré foi perseguido neste mundo, e nós precisamos seguir-lhe os passos. Ora, o mundo perseguiu a Cristo e nos persegue porque as trevas odeiam à luz, porque a iniquidade faz oposição à retidão, porque o mal procura destruir o bem; e isso nunca muda. Assim sendo, quando alguém está em união com Cristo, necessário é que sofra. Portanto, o sofrimento torna-se prova de nossa correta posição diante de Deus; e isso pode ser encarado como um dos dons de Deus. (Quanto à comunhão e à união com Cristo, implícitas nos sofrimentos do crente, ver igualmente os trechos de Rom. 8:17; II Tes. 1:5; II Tim. 2:12 e Fil. 3:10, bem como as próprias palavras do Senhor Jesus, em João 15:18 e ss.)

O sofrimento do crente é visto como prova de sua união com Cristo, o que quer dizer que os crentes podem ser consolados em meio às provações. No

30 τ ο ν α υ τ ό ν α γ ώ ν α € χ ο ν τ € ς ο ΐ ο ν eiSere ev ¿ μ ο ί κ α ί30 TÒv... ílÒ é té kv i μ ο ί Ac 16.22 νυν ...¿ μ ο ί Pbp 1.13

1:30: tendo o mesmo combate que já em mim tendes visto e agora ouvis que está em mim.

Os crentes filipenses estavam bem informados acerca dos sofrimentos de Paulo. Quando o apóstolo estava com eles, puderam ver tais sofrimentos pelos quais Paulo passava. Sabiam que por toda a parte por onde ele fosse, as perseguições o acom panhavam . E n a au sência dele, tin h am sido informados a esse respeito por terceiros, mediante cartas e narrativas pessoais. Seguiam ansiosam en te aos acon tec im en tos que ocorriam presentemente em Roma, onde Paulo se achava em meio a uma verdadeira batalha, para escapar com vida. E a questão ainda não estava decidida, embora Paulo tivesse boa esperança, de ser solto. Os crentes filipenses estavam envolvidos na mesma luta, sofriam as mesmas perseguições e en fren tav am o m esm o fu tu ro ag o n izan te . Não sabem os d izer q u a n ta persegu ição sofriam en tão ; não p o d eria ser leve essa persegu ição , en tre ta n to . O trecho de II Cor. 8:2 m ostra-nos que as perseguições abundavam na Macedônia, em meio a grande pobreza.

A província da Macedônia consistia de seis colônias romanas, das quais Filipos era um a delas. (Ver às notas expositivas sobre Atos 16:9, acerca da «Macedônia», e sobre Atos 16:22, acerca de Filipos). Aquela gente estivera em paz e tranqüilidade até que Paulo ali chegou com o evangelho; mas agora estavam em m eio a g randes ag itações, p o r terem aco lh ido a mensagem de salvação. Naqueles dias, não era fácil alguém ser crente, e isso explica as palavras de consolo constantes nesta epístola, cujo intuito é o de situar a perseguição dentro de perspectivas próprias, a fim de que os

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FILIPENSES24a b u n d a r p a ra conosco essa m esm a g raça , quan d o estiverm os em bíblicas nos sirvam de consolo», circunstâncias semelhantes; de fato, é seu propósito que essas porções

Capítulo 2IV. .As Características da Vida Cristã (2:1-18).

l.A humildade, segundo o exemplo de Cristo (2:1-4).A vida cristã inclui a necessidade de nos esquecermos de nós mesmos, já que o altruísmoé o coração mesmo do amor, ao passo

que a arrogância é manifestação do egoísmo e do orgulho. Todos se encontravam na mesma situação, necessitados do consolo de Cristo, de seu incentivo de amor, da comunhão do Espirito, do afeto e da simpatia mútuos; mas essas coisas não seriam possíveis se houvesse pregadores que anunciavam a Cristo por motivo de inveja e por espirito faccioso, criando rivalidades (ver Fil. 1:15,16). Outrossim, se Deus, por intermédio de Cristo, lhes outorgara aquelas bênçãos espirituais (alistadas no primeiro versículo deste capítulo), neles e por causa deles, eram obrigados a manter o espírito de harmonia e de unidade no seio da igreja, com base no amor mútuo. Após essas declarações preliminares, bem como da declaração de sua tese sobre a necessidade de humildade, o apóstolo, em seguida, ilustra seu ponto falando sobre a humildade de Cristo (ver os versículos quinto a décimo primeiro). E este é um dos mais excelentes escritos paulinos, que serve de base para grande parte da doutrina concernente à humanidade de Cristo, bem como do quanto esta envolvido nisso, na teologia cristã.

«A dificuldade perene que temos, ao tentarmos relacionarmo-nos com as pessoas, recua sempre a uma causa contínua. Ê por perversidade do homem que este permite que o próprio ‘eu’ sempre se intrometa em seu caminho; e então, ao tentar salvar ao próprio ‘eu’, ele constantemente derrota a si mesmo. Essa é a maldição da existência humana inteira; e em escala mundial, atinge suas conseqüências mais trágicas quanto nossa jactanciosa civilização, com toda a sua educação e seus recursos científicos, leva-nos a um impasse em face de qual bem se poderia dizer que atualmente a humanidade está em armas contra si mesma». (Wicks, in loc.).

É verdade que o espírito dos escritos que temos à nossa frente contradiz às atitudes humanas normais. E isso se dá não somente no caso de mentes secularizadas, mas até mesmo no caso de muitíssimos crentes. Até mesmo ministros evangélicos fazem da igreja um lugar onde possam buscar auto-exaltação, dominando sobre outras pessoas, e em tudo o mais agindo quais pequenos Césares. Essa é uma visão especialmente entristecedora, porquanto produz como fruto a ruptura, a lamentação e as divisões no seio da igreja.

A humildade aqui requerida dos crentes, e que também transparece nas asserções do Senhor Jesus, conforme as lemos em Mat. 5:5,7,9, não é encarada com bons olhos no nosso mundo ocidental, a despeito de muitos exaltarem a humildade com os seus próprios lábios, como se se tratasse de um mero conceito. Aristóteles chegava mesmo a considerar a humildade como um vicio de deficiência. No entanto, a humildade, para dizermos a verdade, é apenas um outro nome dado ao altruísmo, o amor ao próximo, o cuidado pelos nossos semelhantes conforme cuidamos de nós mesmos, em que nos preocupamos com o bem-estar e os direitos alheios, e não apenas com a nossa própria exaltação e bem estar.É dentro desse espirito de humildade que a união e a harmonia são mantidas. Pois a auto-exaltação invariavelmente nos conduz às contendas e divisões.2 E l τις oõv παράκλησις ¿v Χ ρ ισ τώ , et τ ι παραμύθιον άγάπης, el τ ις κοινωνία πνεύματος, e t τ ις

σπλάγχνα και οικτιρμοί,mística com o Senhor. (Ver o trecho de I Cor. 1:4 e as notas expositivas ali ex is ten tes , sobre essa questão ). Os c ren tes, po r consegu in te , são fortalecidos para que possam resguardar a unidade da igreja, e não apenas são exortados a fazê-lo.

« ...consolação de a m o r ...» , ou se ja, «incentivo de am or». No grego o rig inal en co n tram o s o term o grego «param uth ion» , p a lav ra u sad a exclusivam ente aqu i em todo o N .T ., o q u a l sign ifica «consolo», «encorajamento», «alívio», derivado de «para» (ao lado) e «muthos» (fala). Portanto, trata-se de uma palavra reconfortante, dita ao nosso lado, com o intuito de apoiar-nos. Tal palavra também era usada com o sentido de «exortação» ou «incentivo». (Ver Platão, Leis, 773, 880, onde aparecem esses sign ificados). C ertas fru tas fo ram re fe rid as po r P la tão como «estimulantes», e ele usou exatamente essa palavra; (verCritias, 115). Por conseguinte, temos aqui o quadro do amor encontrado em Cristo, como um

_ «incentivo», que ap e la p a ra todos os c ren tes , levando-os a se am arem mutuamente, ou seja, a demonstrarem simpatía m útua e interesse uns pelos outros, o que os leva a habitarem juntos em harmonia. (Quanto a outros trechos bíblicos que apelam para o «amor», como um incentivo à «ação crista», bem como à «ação divina», e contra o orgulho do homem, ver Rom. 5:8; I Cor. 13:4; II Cor. 5:14; Gál. 5:13; Efé. 5:2 e I João 4:16). Os dois verbos, que significam «exortar» e «incentivar», também aparecem juntos em I Tes. 2:11, onde a ação é comparada com a maneira com que um pai trata dos seus filhos. (Quanto a notas expositivas completas sobre o «amor», ver Gál. 5:22, onde essa virtude aparece como um dos aspectos do fruto do Espirito Santo; acerca do «amor de Deus», ver as notas expositivas sobre João 3:16; acerca do amor de Deus, «demonstrado através de Cristo,» ver os trechos de João 14:21 e 15:10, onde também as comenta sobre o «amor como principio normativo da família de Deus»), Nessas referencias bíblicas, vários poemas ilustrativos são oferecidos.

O décimo terceiro capítulo da primeira epístola aos Coríntios contém o grandioso hiño do amor, e o quarto versículo desse capítulo foi escrito particularmente a fim de mostrar que o amor elimina o orgulho e as facções, conform e tam bém se vê no p resen te con tex to . O am or de D eus é um a espécie de «persuasão» (conforme essa palavra também pode significar), para que alguém ame a outrem, e viva com ele em harmonia. Portanto, o amor de Cristo nos «constrange» a isso, bem como a outras ações nobres (ver II Cor. 5:14). Essa persuasão vem do Espírito Santo, não sendo apenas uma qualidade hum ana. Resulta antes do desenvolvimento espiritual, conforme aprendemos no trecho de Gál. 5:22,23. Todo o amor genuíno que existe à face da terra procede do Espírito Santo, sem importar se se manifesta na pessoa do crente ou na pessoa do incrédulo. E este mundo seria um a floresta selvagem, não fora essa manifestação divina.

«...comunhão do Espírito...» Há certa comunhão estabelecida pelo Espírito, em seu poder habitador (ver Efé. 2:21,22), e que nos fornece, primeiramente, comunhão mística com Cristo e com Deus Pai—acesso ao Pai, na q u a lid ad e de filhos seus—e, em segu ida o co m panheirism o espiritual m útuo entre os crentes. Ora, se isso realmente existe, então viveremos em harmonia e amor de m aneira natural, e não com relutância. A comunhão com o Espírito nos outorga o seu fruto do «amor» (ver Gál. 5:22).

2:1: Portanto, se há alguma exortação em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão do Espirito, se alguns entranháveis afetos e compaixões,

Essas são as qualidades subjacentes da vida espiritual que temos em Cristo, sobre as quais se fundamentam a união e a submissão m útua dos crentes, dentro da comunidade cristã. (Ver o trecho de Efé. 5:21 - 6:9, acerca de um extenso estudo sobre essa subm issão m ú tu a , no que diz respeito à família cristã inteira).

Os e lem entos aqu i rep resen tad o s são dados n a fo rm a de um solene juramento, em que cada um desses elementos serve de apelo intensíssimo. Há o «encorajamento» em Cristo e há o seu «incentivo» ao amor; há a «participação» comum no Espírito, há o afeto comum a toda a comunidade religiosa cristã, aquela «simpatia» que paira sobre essa comunidade. Todos esses elementos, em separado ou em seu conjunto, servem de poderoso argumento em prol da submissão m útua entre os crentes, em favor da harmonia entre eles, em favor da atitude que evita lutas e divisões, por causa do egoísmo. No lar, quase todas as dificuldades que surgem entre m arido e m ulher se a licerçam sobre o egoísm o; não fora o egoísm o, e praticamente todos os problemas do lar teriam facílima solução. Assim também, quase todos os problemas que surgem entre pais e filhos têm sua base no egoísmo. Porém, quando o amor prevalece, o egoísmo diminui de intensidade e até mesmo desaparece; e em seu lugar surge a harmonia. Há muitas coisas em Cristo que exigem de nós um espírito altruísta, bem como o reconhecimento e a promoção dos direitos alheios. Paulo passa agora a mencionar algumas dessas coisas.

«...exortação...» No original grego é «paraklesis», palavra que significa, essencialmente, ou «consolo» (conforme dizem algumas traduções), ou «exortação» (conform e o u tra s trad u çõ es). T am bém pode sign ificar «encorajamento» ou «apoio». Todas essas idéias possíveis são pertinentes aqui. Se há «consolo» em Cristo, sob as perseguições (sobre o qual assunto Paulo falava, no final do primeiro capítulo desta epístola), então que os crentes fossem de consolo uns para outros, sustentando-se e consolando-se uns aos outros, espalhando o consolo de Cristo, ao invés de se despedaçarem em facções. Ou então, se a «exortação» é a idéia prim ária aqui, o sentido da frase deve ser que «Se Cristo, como Senhor, tem qualquer poder sobre vós, em suas palavras e em sua vida, a ponto de exortar-vos à harmonia fraterna, então que suas palavras e exemplo vos exortem». Ou então, se a idéia básica for «encorajamento» ou «apoio», poderíamos ter a seguinte frase: «Se é verdade que Cristo vos encoraja em todas as situações, e é o vosso apoio em muitos testes, sede motivo de encorajamento a outros, por amor a ele».

Ainda com outra forma, essa palavra se refere ao Espírito Santo como o C onso lador e S u s ten tad o r suprem o. (V er João 14:16). É vocábulo igualmente aplicado a Cristo, como «Alguém chamado ao nosso lado, para ajudar-nos» (ver I João 2:1). O esforço para m anter a harmonia na igreja não está além das nossas forças, visto que repousa sobre o poder de Cristo, compartilhado com os homens.

«...em Cristo...» Sim, todo o consolo há na pessoa de Cristo, sendo ele o supremo Consolador e Exortador, o qual é conferido aos homens mediante a comunhão mística com ele. Esse termo é empregado por nada menos de cento e sessenta e quatro vezes nos escritos de Paulo, indicando a comunhão

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«...misericórdias...» No grego temos a palavra «oiktirmoi», que significa «piedade», «compaixão», usualmente para indicar a «expressão» dessas qualidades, e não apenas o conceito abstrato das mesmas. Qualquer crente que aplique essas virtudes, não estará em busca de auto-exaltação, pois esta ú ltim a a titu d e é um a força d e le té ria p a ra a co m unidade c ris tã ; pelo contrário, o crente dotado dessas qualidades procura promover o bem-estar dos outros, estabelecendo-se assim a harmonia.

Todas as virtudes aqui mencionadas são qualidades espirituais, obtidas através doprogresso espiritual; e a ausência dessas qualidades demonstra a imaturidade no andar cristão. São virtudes conferidas pelo Espírito Santo, na medida em que os crentes assumem a própria imagem moral de Deus Pai (ver E fé. 3:19; G ál. 5:22; II Ped. 1:4; M at. 5 :48), podendo ser v istas supremamente na pessoa de Cristo, o qual é o nosso exemplo, o pioneiro do caminho, além de ser o próprio Caminho, conforme se aprende em Heb; 2:10 e João 14:6.

Os meios de crescimento espiritual que garantem a possessão das virtudes espirituais mencionados neste versículo: 1. Treinamento do intelecto, estudo das Escrituras e dos livros espirituais como um auxílio. Dê a mente à Deus; dê seus poderes intelectuais à Ele. O intelecto age como um guardião contra os abusos em nossas vidas espirituais. 2. A oração é um ato criativo, baseado no poder do Criador. Use-a com todas as suas forças. É também disciplina espiritual. 4. A meditação é a irmã da oração. No «silêncio», escutamos a voz de Deus, como quando em oração, vamos procurá-lo. 4. O crescimento espiritual vem pela santificação,pela renúncia total dos vícios. Não pode haver crescimento sem este fator. 5. A possessão e o uso de dons e sp iritu a is . P rocure o m ais elevado e o m elhor; p ro cu re Seu poder. M a n ten h a o po d er do in te lec tu a l p a ra p ro teg e r-te co n tra os abusos e falsidades. 6. Pratique a lei do amor: Toda vez que fizeres àlgo em benefício do próximo, a qualidade de sua espiritualidade é elevada, logo, em igual proporção, é tua transformação à imagem de Cristo. Ele é o arquétipo de sua espiritualidade. Empregue estes meios e terás como derivados, as graças espirituais mencionados neste versículo, todos os quais tendem em direção à unidade e à harmonia, tanto interior como exteriormente.

o v f í i f i v x o i , t o ev1

25

TT¡v αντTjv αγαπην εχοντβς,

A m brosiaster Y ictorinus-Rom e H ilary Basil Pelagius A ugustine ¡ N* A C 1 Ί ^itar ׳ 33 81 1241 1962 2495 de[n׳div׳ f׳*־z vg goth E u thalius

(p46 Kc B D G K P 88 614 1739 it (d,g) sir I Ψ 33 81 it (61) vg gót) seja assimilação

entrar em conflito, como também nessas circunstâncias, não buscarão a autoglorificação.

«...tenhais o mesmo amor...» O amor mútuo nos é aqui recomendado, como também o amor a Cristo e à sua causa, mediante o amor fraternal. (Ver os trechos de Col. 1:4; I Tes. 3:13; II Tes. 1:3 e I João 4:12-16, quanto a passagens paralelas. Ver as notas expositivas sobre o «amor», no primeiro versículo deste capítulo, e que se refere a vários outros trechos bíblicos onde essa q u a lid ad e do am or é co m en tad a m ais am p lam en te , com o acompanhamento de poemas ilustrativos).

«.. .unidos de alma . ..» No grego há um único vocábulo, «sunpsuchoi», que significa «uma alma». Aristóteles definia a amizade como um a só alma em dois corpos. Algumas traduções dizem aqui «...em um acordo...» o que é tradução possível, dando a entender que um só sentimento produz tal concordância. No entanto, no grego original, o termo subentende «pleno acordo», quanto aos propósitos, às intenções, às ações, como se um a única alma vivesse nos crentes. Tal palavra era usada a fim de indicar atitudes «harmoniosas», que se manifestam em forma de ações que importam em cooperação «de todo o coração».

«.. .tendo o mesmo sentimento . ..», ou então, «tendo um a só mente», como se u m a ún ica a ti tu d e m en ta l fosse compartilhada por todos, a d irig ir a comunidade cristã. Mediante tais termos, pois, Paulo exorta que haja harmonia e união absolutas entre os crentes, com base no amor mútuo. E n tã o haveriam de a fag a r os m esm os alvos, d esdenhando divisões e interesseis próprios. Ora, somente o Espírito Santo pode operar tal entre os homens, os quais, naturalmente, são egoístas e facciosos, porquanto tudo ocorre somente através do nosso desenvolvimento espiritual.

A lguns estud iosos ju n ta m as duas ú ltim as expressões e dizem algo p a rec id o com «com h arm o n ia de a lm a, co m p artilh an d o do m esmo sentimento» (segundo comenta Vincent, in loc.). A últim a parte aponta de volta para as palavras «penseis a mesma cousa». Portanto, os crentes devem ter «uma só mente», «um só sentimento», a fim de que «pensem as mesmas coisas». Tudo consiste do acúmulo de sentenças e expressões, que nos conferem perfeita unidade no amor e na humildade, como produto do

E é nessa comunhão que participamos de todos os seus dons e influências. A verdadeira comunhão com o Espírito soluciona todos os casos de contenda e partidarism o no seio da igreja. Comunhão

1. A comunhão vem através da reconciliação com Deus (ver o livro de Amós); e essa tem de ser acompanhada pela santidade, pois, de outra sorte, simplesmente não existe (ver II Cor. 6:14-16).

2. E la é prometida exclusivamente aos que são obedientes (ver João 14:23).

3. Ela deve ser buscada na oração e na meditação, porque é essencial ao crescimento espiritual (ver Sal. 63:5 e Fil. 4:6).

4. Em certo sentido, a comunhão consiste da presença habitadora do Espírito, bem como de seu ministério, através dessa presença (ver Efé.2 :20).

«.. .entranhados afetos. ..» No grego temos o termo «splagchna», que alude aos órgãos v ita is, u su a lm en te da cav idade su p erio r do tó rax , com o o coração, os pulmões e o fígado, embora também ocasionalmente se referisse aos intestinos e até mesmo ao aparelho genital feminino interno; era palavra figuradamente usada para indicar as emoções, os afetos, mais ou menos como usaríamos hoje em dia o termo «coração». Mediante o uso dessa palavra, Paulo se refere às qualidades espirituais da misericórdia, do amor e da bondade, as quais, naturalmente, são outros tantos aspectos do «fruto do E spírito» , conform e vemos em G ál. 5 :22 . & provável que os an tigos houvessem associado essa palavra com as emoções devido à observação׳que as emoções afetam esses órgãos internos. Portanto, no conceito dos antigos, os órgãos eram considerados sede ou fon te das emoções, que procedem realmente do homem interior. Nesta mesma epistola esse vocábulo já foi usado, em Fil. 1:8, onde as notas expositivas deveriam ser consultadas. ,Quando Cristo, mediante o seu Santo Espírito, implanta no homem os sen tim en tos te rnos de m isericó rd ia , de am or e de b o n d ad e , en tão certamente a harmonia no seio das congregações locais dos crentes pode ser conservada, pois seus membros tratarão uns com os outros impulsionados pela humildade.2 πλήρω σατέ μου την ■χαράν ίνα το αυτό φρονητε,

φρονούντες,1 2 |B J ê>׳ p4s Β D G Κ Ρ 88 104 181 326 330 430 451 614 629 630 1739 |

1877 1881 1984 1985 2127 2492 B ijt Lect i t ‘·■'■*■1“ sy rp h arm ? e th C lem ent : |

A forma ev foi considerada preferível, com base em: (a) forte evidência externa(p,h) Especulo at), e (b) probabilidade de transcrição que a forma αυτό (H* A Cescribal ao αυτό anterior.2:2: completai o meu 9010, para que tenhais 0 meimo modo de pensar, tendo 0 mesmo amor, 0 mesmo Sninto, pepsondo a mesma coisa,-

As palavras «...completai a m inha alegria...» Paulo sentia grande ufania nos crentes filipenses, reconhecedor como era do progresso espiritual deles; e essa era a razão de sua alegria. Porém, procurava um a alegria ainda mais p ro fu n d a , dese jando que os seus convertidos se conform assem m ais perfeitamente com a imagem de Cristo. Pode-se notar como, em Fil. 4:1,Paulo os cham a de «...m inhà alegria e coroa,..» É óbvio, por outro lado, que havia alguns elementos, na congregação cristã de Filipos, que estavam começando a dar sinais de vanglória, procurando dominar a outros, em suma, problemas começavam a surgir. Paulo desejava contrabalançar tais desenvolvimentos convocando-os a um cumprimento mais completo da alegria que ele sentia neles, se viessem a resguardar a unidade e o amor na igreja, m ediante a intensificação dessas qualidades.

No grego, o termo «...completai...» é «pleroo», que significa «encher»,«tomar pleno». A metáfora envolve algum vaso que precisa ser cheio até à borda. A alegria de Paulo era justam ente esse vaso. Os crentes filipenses precisavam fazer algo para que o vaso se enchesse. Esse pensamento pode ser comparado com o de trechos similares, como João 3:29; 15:11; 17:13 e II Cor. 10:6,

A «...alegria. . .» éum a das notas chaves da presente epístola: Ver Fil. 1:4 (onde o conceito é comentado), como também 1:25; 2:17,18,28,29; 3:1;4:1,4,10, onde o termo reaparece, e onde há outras notas expositivas a respeito.

«.. .penseis a mesma cousa. ..» Temos aqui a tradução literal do grego. Há traduções que dizem «tende o mesmo sentimento», ou tradução semelhante.(Comparar com Rom. 12:15; 15:5; II Cor. 13:11 e Fil. 4:2). Paulo alude a um a h arm o n ia geral em todas as coisas, um a concórd ia in te lec tu a l, emocional e espiritual, a identidade de idéias, a harmonia de sentimentos.O próprio versículo define essa harmonia como um a concórdia de amor, como a unidade de sentimentos, como o ajuste dos espíritos. Trata-se de um a idéia bem geral, que fala de harmonia espiritual e de ações práticas que deixam transparecer essa atitude. Os crentes precisam desejar e buscar os mesmos alvos espirituais, pois, assim fazendo, dificilmente poderão3 μηδέν κα τ’

εαυτών,

FILIPENSES

edesenvolvimento espiritual

έριθΐίαν μηδε κατά κενοδοξίαν, αλλά τη ταπεινοφροσύνη άλλήλονς ηγούμενοι υπερέχοντας,3 μηδ¿ κατά κενοδοξίαν Ga 5,26 àWTjXovs...Εαυτών Ro 12.10 3 ■ηγονμ.] προηγ- J)4eD IK al

iguais. (As notas expositivas sobre os trechos referidos expõem o mesmo tema central deste versículo).

«...partidarismo...» No grego temos a palavra «eritheia», que quer dizer «espirito litigioso», «ambição egoísta». A tradução que temos aqui é apenas uma interpretação, embora seja habilidosa. Paulo falava das ambições egoístas, daqueles que queriam fazer da igreja um palco para sua glória pessoal. Aqueles que assim agem, não demoram a obter seguidores, ficando fo rm ado um p a rtid o faccioso , u m a espécie de pequeno cu lto de personalidade, dentro das fileiras da igreja local. Assim é que alguns ind iv íduos, a té m esm o em F ilipos, p regavam a C risto p o r m otivo de

2:3: nada façais por conteada ou por vanglória, mas com humildade cada um considere os outros superiores a si mesmo;

Essas palavras podem ser confrontadas com o trecho de Rom. 12:10, onde se lê: «Amai-vos cordialmente uns aos outros, com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros». Também podem ser comparadas com a idéia do versículo anterior, que devemos ter o mesmo sentimento uns para com os outros. É como se Paulo houvesse escrito: «Não penseis em coisas elevadas demais, mas condescendei com o que é humilde; e não sejais sábios aos vossos próprios olhos», idéias essas que transparecem no trecho de Rom. 12:16. Essas são injunções similares, ainda que não totalmente

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FILIPENSES26O estado m ental caracterizado pela humildade é contrário à atitude

pretenciosa e à agressividade, com vistas ao autobenefício, ignorando o benefício do próximo. Paulo não nos exorta a sermos fracos e de disposição para a falta de energia. Pelo contrário, só não nos devemos impor mediante atitudes egoístas. (Ver os trechos seguintes: Atos 20:19: «...servindo ao Senhor com to d a a h u m ild a d e ...» ; I Pad . 5 :5 : « ...c ing i-vos todos de humildade...»; Luc. 14:11: «Pois todo o que se exalta será humilhado...»; Tia. 4:6: « ...D eus...dá graça aos humildes...» e I Ped. 5:6: «Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte...»).

A hum ildade consiste, antes de tudo, de um a correta atitude para com Deus, no reconhecimento de sua grandèza e de seu total controle sobre nossas vidas; e então, secundariamente, consiste ero nossa atitude para com o próximo, não querendo nós nos elevarmos acima de quem quer que seja, mas antes, considerando os seus direitos. «Devemos pensar humildemente sobre nós mesmos, porque somos destituídos de importância». (Neander).

« ...considerando cada um os ou tros superiores a si m e sm o ...» Na passagem de R om . 12:10, se lê: « ...p re fe rin d o -v o s em h o n ra u n s aos outros...»

Natureza Da Humildade1. Como é óbvio, todos os homens não estão no mesmo nível de educação,

de riquezas materiais, de inteligência ou de posição social. Paulo como que d izia : «Não p erm ita is que essas rea lid ad es te rre n as vos cegue p a ra a realidade superior». Os homens, no tocante às suas almas, são iguais em g ran d eza p o ten c ia l. «Portan to , t r a ta i a todos os hom ens com o vossos iguais».

2. Em outros trechos bíblicos, o apóstolo ensinou-nos que até mesmo quando «diferimos» de outros, material ou espiritualmente falando, isso se deve ao fato de que «foi-nos dado diferir desse modo». Deus é a origem de todas as diferenças vitais. Também é o operador de todas as vantagens. Por conseguinte, nada possuímos que não nos tenha sido dado. Em razão do que podemos jactar-nos? (Ver I Cor. 4:7).

3. A té m esm o nossas realizações já fo ram m ap ead as p a ra nós dè antemão, porquanto, Deus guia nosso destino, o que inclui aquilo que fazem os. A ssim se ap ren d e em E fé. 2:10. Es tu d estacad o em tu as realizações? Dê o crédito a Deus, que é quem o merece. Não te exaltes acima de teus semelhantes, por haveres trabalhado mais abundantemente do que eles. (Ver I Cor. 15:10).

4. E sses m an d am en to s e essas in stru çõ es, sem em bargo , não nos desencorajam a tentar melhorar a nós mesmos. Procuremos avançar! Mas façamos essa busca no Espírito, e com a atitude de humildade. (Ver I Cor. 12:31). Aprovemos e busquemos as coisas mais excelentes (ver Fil. 1:10). E, se porventura chegarmos a atingi-las, cumpre-nos dar toda a glória a Deus,o qual opera em nós a sua vontade (ver Fil. 2:13).' f a 2 ״ a€ T e p c ú v a e i t a o T O L .(copbo?) goth arm C hrysostom T heodoret John-D am ascus // om it G it"·Cidem.div, copsa 6th Ambrosifist-cr

r a

autoglorificação, conforme s^vê em Fil. 1:15,16; Tais indivíduos servem de empecilho para o trabalho do evangelho, transformando-se em oponentes do mesmo. Ora, o apóstolo dos gentios queria evitar que essa situação fosse criada na igreja cristã de Filipos.

«...vanglória...» No grego temos «kenodoksia», como um substantivo, usado exclusivamente aqui em todo o N .T ., embora sua forma adjetivada ocorra em Gál. 5:26. Na Septuaginta (versão do A.T. hebraico para o grego, completada cerca de duzentos anos antes da era cristã), essa palavra era usada para descrever a «loucura» da adoração idólatra. (Ver Sabedoria de Salomão 14:14 e IV Macabeus 5:9). A forma verbal é usada para descrever a loucura de seguir ‘vãs presunções’. O substantivo é formado por duas p a lav ras , «kenos» («vazio») e «doksa» («opinião»). D en tro do uso neotestamentário, significa «ter alta opinião de si mesmo» (o que é uma vaidade, afinal de contas), de modo a exaltar-se a si próprio, de gloriar-se alguém em si mesmo. Somente Deus pode ser glorificado por cristãos sinceros, e a ninguém é permitido gloriar-se em sua presença. (Ver I Cor. 1:29,31 e as notas expositivas ali existentes, sobre esses conceitos).

A quele que se g lo ria em si m esm o, p o r tan to , na rea lid ad e u su rp a a posição de Deus, o que é um grande absurdo. Aquele que se vangloria de si mesmo faz do próprio «eu» um deuS. E isso é um a vaidade das piores, que serve de elemento provocante no seio da igreja, segundo toda a experiência hum ana bem o demonstra. A tentação maior para tal vaidade ocorria entre os crentes judeus, escudados em antiquíssima tradição religiosa; e em muitos deles havia um a opinião exagerada sobre a superioridade racial em questões re lig iosas. Além desses, hav ia aqueles c ris tão s que estavam influenciados pela filosofia grega, os quais davam excessiva importância à «sabedoria», e esses poderiam imaginar que, de alguma maneira especial, eram os grandes guardiães da sabedoria divina.

« ...m as p o r h u m ild a d e ...» No grego tem os «ta p e in o p h ro su n e», que literalmente significa «humildade de mènte», ou seja, «humildade». Essa forma verbal significa «ser modesto», «ser despretencioso», «ser humilde». (Ver o trecho de M at. 11:29, onde se lê que Jesus se dizia «humilde de coração»). Cristo, pois, é o supremo exemplo de humildade, o nosso grande modelo quanto a essa virtude. Já Aristóteles considerava que a humildade é um «vício de deficiência». De fa to , a despeito do que a firm am em contrário, muitíssimas pessoas pensam que a humildade é um a indesejável demonstração de fraqueza. Mas a humildade consiste tão-somente da atitude que nos leva a evitar pensar exageradamente bem a nosso próprio respeito, o que seria um orgulho egoísta, que prejudica ao próximo. Quem não é humilde sempre procura impor os seus desejos e os seus métodos, sem importar-se com o que os outros pensem ou sintam. E possível que Paulo tenha cunhkdo a palavra que encontramos aqui, a fim de expressar uma virtude exclusiva dos cristãos, porquanto não a encontramos em qualquer literatura até então, embora ela seja usada nas citações que se fizeram deste trecho, a partir dessá época.

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Com base no peso da evidência externa e do fato que tudo mais no contexto está no plural, a maioria da comissão preferiuenaaros (p46 N C D K L P maioria dos minúsculos it (d) sir (p,h) cop (sa,bo) gót al) considerando e/catrrot ( A B F G 3381 104 462 it (g) vg) como resultado de conformação escribal aos plurais que há no contexto.

Em face da presença do singular, e/cacrros no texto da primeira parte do versículo, é compreensível que, na segunda parte, copistas tenham sido tentados a alterar o plural, €KaaroL (que é fortemente apoiado por p46 N A B D (gr) P ^ 33 1739 al) para e/cacrros (C K 88 330 614 Byz Lect it (d) sir (p,h) gót ara), ou a omiti-la como supérflua (G it (g,61) vg cop (sa) etí Especulo Ambrosiastro). Outro artifício empregado por alguns copistas, para aliviar o pleonasmo, foi tomar e/caoTot com as palavras que se seguem (conforme Tischendorf, N* A C 33 al).

Espírito de Deus, quando cedemos ao Senhor, que busca conduzir-nos a um desenvolvimento espiritual superior.

Quero viver acima do mundo,Embora os dardos de Satanás me alvejem;Pois a f é apanhou o som jubiloso,O som de santos em terras mais elevadas.

(Johnson Oatman).Variantes T ex tu a is: A pa lav ra « ...cada . ..» (no singular, na prim eira

ocorrência, dentro do versículo), aparece nos mss P(46), Aleph, CDKLP, bem: como nas versões gótica, cóptica, arainaica é siriaca. A segunda instância do termo, no singular,, é o que se lê nos mss KL, na maioria dos manuscritos minúsculos e nas versões gótica, siriaca e aramaica. O plural, na primeira instância, aparece nos mss ABCDP e na versão cóptica. Em ambos os casos o plural é a forma correta, sendo a variante melhor apoiada nos manuscritos,' sendo igualmente a forma mais difícil, que foi alterada para o singular. Mas ò plural, evidentemente, tem a força de enfatizar que «cada e todo o membro» da comunidade cristã deve ter a atitude de humildade. Existem alguns poucos usos como esse, nos escritos clássicos, como Thuc. 1:2; Homero, Odisséia, 164. Mas no próprio N.T. essa ocorrência é única.

Quanto ao particípio presente, «...tendo em vista...», a tradição «koiné» posterior tem a forma imperativa, o que aparece igualmente nos escritos de Crisóstomo, Teodoreto e Damasceno, pais da igreja. Porém, até mesmo os manuscritos unciais do «koiné», mas antigos, como EFGKLP, retêm o particípio, o qual, sem dúvida alguma, representa a forma corre tí , Ajoutra forma é um substituto, para fazer a ordem tornar-se direta.

2:4: não olhe cada um somente para 0 que é sou, mas cada qual também para 0 que i• dos outros.

A igreja cristã primitiva estava ameaçada pelos ciúmes, pelas facções e pelas contendas tolas, por questões de direitos. Mas tudo isso poderia ser resolvido simplesmente através da observância da mui enfatizada graça do a ltru ísm o , que op era p o r in te rm éd io do am or. Isso s ign ifica que os in te resses a lheios devem ser consid erad o s po r nós; e essa é a p ró p ria essência da operação do amor cristão. Buscar os próprios interesses não é necessariamente um a maldade, mas é natural em todos, contanto que não venhamos assim a pôr obstáculos nos interesses alheios, sobretudo se os prejudicamos.

«...tenha...em vista...» O termo grego «skopeo» significa «olhar com atenção». É desse verbo que derivamos nosso termo moderno «cético», aquele que olha atentamente para algo, com a finalidade de duvidar de sua va lidade. M as, —o cu id ad o — que P au lo aq u i nos recom enda é de n a tu re za positiva , e não negativa. Não devem os te r p o r in tu ito o b ter vantagens pessoais, mas antes, devemos cuidar para que os interesses alheios este jam sendo sa tis fe ito s tam bém , p a ra que possam o b ter a concretização de seus desejos legítimos.

No original grego, o particípio é empregado aqui, embora tenha a força do im perativo : N ossas ações, a licerçad as na h u m ild ad e , m ostram -se cu id adosas p a ra com o b em -esta r a lhe io . D evem os te r p o r «alvo» o bem-estar alheio, conforme essa palavra grega pode significar. Esse é o nosso dever cristão. Mas só pode ser cumprido mediante os impulsos do

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27FILIPENSES

IV. As Características da Vida Cristã (2:1-18).2. Humildade e Encarnação de Cristo (2:5-11). A humildade de Cristo levou à sua suprema exaltação. Cristo possui

natureza humana verdadeira, tendo sido exaltado por haver completado com pleno êxito a sua missão como homem.A secção que ora se inicia é uma das obras primas de Paulo. Ainda que ele nada mais houvesse escrito, somente essa porção

teria feito dele um escritor imortal. Essa passagem é a principal glória da epístola aos Filipenses; nela Paulo se eleva a discernimentos profundíssimos e eloqüentes, sobre os quais a fé cristã se tem alicerçado. Não nos devemos surpreender que esta secção, quanto a qualidade literária, é diferente do restante da epístola. Dentre a missiva pessoal, que compõe a maior parte desta epistola aos Filipenses, levanta-se subitamente, qual pico majestoso, esta grandiosa passagem sobre a humanidade de Cristo, como não há igual em todo o N.T. Esta passagem assume as características de um hino ou poema, e alguns têm pensado que ou a passagem já era isso mesmo, ou que foi composta pelo apóstolo como se fora tal. Existem alguns fragmentos de hinos, preservados nas páginas do N.T., o que e comentado no trecho de Efé. 5:19. No entanto, sua conexão tão perfeita com seu contexto parece indicar que Paulo compôs esta passagem no instante em que começou a escrevê-la, embora certamente em um momento de inspiração extraordinária. O trecho demonstra os sinais de uma composição cuidadosa, embora a gramática não seja a mais excelente possível, aqui e acolá. Esta passagem é similar à de II Cor. 8:9 «...pois a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que pela sua pobreza vos tomásseis ricos...» Todavia, a presente passagem é uma expansão elaborada e eloqüente dessas ideias basicas. Paulo demonstrou uma capacidade poética de ordem em nada inferior, equilibrando cuidadosamente não apenas cláusulas correspondentes, mas também palavras particulares. Nesta e em algumas outras passagens, como o oitavo capítulo da epístola aos Romanos, o décimo terceiro da epistola aos Efésios, encontramos os escritos mais excelentes de Paulo.

O propósito prático imediato destes trechos serve para ilustrar a necessidade de humildade e harmonia, no seio da comunidade cristã; e esta elevadíssima porção da epistola não está fora de harmonia com esse tema, mas ántes, ilustra-o. Era comum que Paulo escrevesse sobre elevadas questões doutrinárias usando de verdades práticas, diárias, como ilustração. Sua exposição imortal sobre o amor (ver o décimo terceiro capítulo da primeira epístola aos Coríntios) foi inspirada pelo seu desejo de ver os crentes empregarem os dons espirituais de maneira correta. E sua apresentação de Cristo como o «Noivo» e da igreja como a «noiva», foi inspirada pelo seu interesse por ilustrar o amor mútuo que deveria haver entre marido e mulher, neste mundo. Por outro lado, sua belíssima expressão sobre a carreira do crente (ver o terceiro capitulo desta epístola), foi inspirada por seu desejo de ilustrar a superioridade do cristianismo sobre o legalismo.

Qual é a importância da humanidade de Cristo? JNo presente texto transparece a grande importância da humanidade de Cristo. Jesus não foi exaltado porque era divino, de modo a ter sido elevado acima de tudo, até à mão direita de Deus Pai; pelo contrário, foi ele assim exaltado porque completou com todo o sucesso a missão que viera cumprir como homem, a sua missão messiânica.׳Isso concorda com o trecho de Heb. 1:9, onde vemos que a exaltação de Cristo se alicerça sobre o fato que ele amou a justiça e odiou a iniqüidade; e essa foi a grande característica de sua missão terrena. Nesse ensinamento nos é relembrado que Cristo se identificou conosco, em nossa humanidade, a fim de quenós pudéssemos identificar com ele, em sua exaltação e em sua natureza divina, vindo assim a compartilhar de sua plenitude e da plenitude de Deus Pai (ver Rom. 8:29; Efé. 1:23; 3:19 e II Ped. 1:4).

O que ocorre ao Cabeça, necessariamente ocorrerá também ao coipo místico, já que nossa identificação com Cristo é completa e eterna. E essa é a profundíssima mensagem do evangelho que vai muito além do perdão dos pecados e da ™!iHan™ futura de endereço para os céus. (Ver as notas expositivas no sétimo versículo deste capítulo, onde aparece inerente o onain» sobre a importância da humanidade autêntica de Jesus Cristo). Isso nos ensina que Cristo foi vencedor e foi exaltado-, e outro tanto pode acontecer conosco, e isso da mesma maneira e com o mesmo grau que ocorreu com Jesus, porquanto nossa identificação com ele garante isso.

«Cultivai_a disposição que houve em Cristo Jesus. Pois ele, embora existisse desde a eternidade, em estado de igualdade com Deus Pai, não considerou que essa condição divina fosse algo a que ele deveria agarrar-se tenazmente; antes, deixou tudo de lado, e assumiu a forma de escravo, tendo sido feito à semelhança dos homens; e, uma vez encontrado na forma de homem,’ humilhou-se ao tomar-se obediente a Deus de tal morte que sofreu a morte, sim, a morte ignominiosa da cruz». (Vincent, in loc.).

Devemos observar que foi o escravo quem foi supremamente exaltado. Paulo queria que aprendêssemos essa lição, para que pudéssemos receber nossa glorificação no serviço ae outros, e não no serviço de nós mesmos.5 τούτο3 φρονεΐτξ ev ύμ ιν δ και ev Χ ρ ιστώ Ίη σ ο υ ,

vg sy rh »> goth A m brosiaster V ictorinus-Rom e H ilary C hrysostom T heo- 3oret John-D am ascus // τούτο ουv 330 451 2492 // και τοντο syrp

3 5 (C i τούτο N* A B C Ψ 33 81 1241 1985 2495 (L ed beginning of lection) i t 1 (‘opsa bo arm e th Origen E u thalius // τοντο y á p p46 Nc D G K P 88 104 181 326 436 614 629 630 1739 1877 1881 1962 1984 2127 Byz

I φρονςtre] -€ίσθω K L P p l bo O r ζA maioria da comissão ficou persuadida que, se yáp estivesse originalmente presente, nenhuma boa razão se poderia achar

por sua excisâo, (2) ao passo que o anacoluto envolvido em τοντο se estivesse sozinho, pareceria exigir uma partícula conectiva, sem importar se yáp ou ovv ou uai (qualquer uma das quais se acha em boa variedade de testemunhos).

2. Tem-se às vezes sugerido que o fato do vs. 5 começar uma Uçào, isso provavelmente facilitaria a excisão de y á p . Até que ponto essa influência se fez sentir ־em manuscritos não-lecionáriose debativel; seja como for, porém, « A B C , todos os quais manuscritos falta a palavra y á p ,provavelmente antedatam a data presumível da origem do sistema lecionário já bem desenvolvido.2:5: Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus, de C risto , ace rca de seus sacrifícios e de su a ded icação su p rem a aos

(Quanto a outras passagens que versamsobre a «força do exemplo», ver homens, e que esse exemplo nos impulsione ao amor cristão, rejeitando nósA tos 8:3 e I C or. 11:1). H á três coisas que devem os uns aos o u tros: todo o ódio e inveja.Exemplo, exemplo e exemplo. Aquele que alimentava as multidões de pão,

«...Tende...sentimento...» No grego encontramos a palavra «proneistho», A si mesmo não servia uma única refeição:forma que aparece nos mss C(3), KLP, e nas versões cóptica e aramaica, 0, maravilhosas as maravilhas ainda não feitas,bem com o nos escrito s de O rígenes, E uséb io , B asilio , C risóstom o e Pouco menos maravilhosas que aquelas que Ele fez!T eodore to . E ssa fo rm a é a te rce ira pessoa do sin g u lar do p re sen te do Ohl o controle próprio que passa a idéia humana,im perativo da voz passiva . Po rém , a fo rm a m elhor é «protieite», o Ter toda o poder, e ser como não tivesse nenhum!imperativo ativo, segundo lemos nos mss P(46), Aleph, ABCDEF, em Ϋ/1■' ° amor Que ?■ si mesmo esquecia, que só Ele sentia,muitas versões latinas, no siríaco e nos escritos dos pais da igreja Cirilo, Vendo as necessidades alheias, e nunca as suas própnas!Ê utico (nos códices que ele conhecia), V ito rino e A m bro siastro . A tradução deste versículo não é isenta de dúvidas. Algumas dizem: Literalmente, teríamos aqui «tende a mentalidade», «tende a disposição «Tende entre vós mesmos a m entalidade que tendes em Cristo Jesus».Issomental», «tende o pensamento». O «sentimento» ou «disposição» aqui seria um a ordem para que os crentes aplicassem, na ação diária, em relaçãofocalizado é aqu ilo m esm o que é ex p lan ad o nos versícu los que se a outras pessoas, aquilo qye eles m antinham particularmente, na qualidadeseguem—um a disposição de altruísmo, de interesse pelos outros, ao ponto de crentes em Cristo. Nessa capacidade, os crentes deveriam considerar-semesmo de sofrermos das barbaridades dos homens, a fim de podermos humildes, gentis, amorosos e atruistas. Essa tradução é possível; mas aindaservir a' outros. que esse seja o sentido do versículo, o contexto geral mostra-nos que Paulo

«...em vós...» Em cada crente, individualmente, como é claro, embora conclam ava os c ren tes a que «seguissem o exem plo de C risto», a suapareça haver antes a idéia de «entre vós». Essa disposição altruísta de Cristo humildade. E a maioria dos intérpretes prefere a interpretação que dá adeveria ser a nota dominante na comunidade cristã. Meditemos sobre a vida idéia de um a exortação.

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FILIPENSES28figura até mesmo_rip ms P(46).

E is u m a h is tó ria que m ostra o q u an to a in flu ên c ia de C risto pode transformar os homens: Conta-se que um jovem, como brincadeira, fez uma longa confissão de m aldades a um p a d re cató lico , na c a ted ra l de N otre-D am e de P a ris . O p ad re não ta rd o u a reconhecer que tu d o não passava de fingimento, e replicou: «Para que eu lhe dê a absolvição, você terá de ajoelhar-se perante o altar-mor. E olhando para Jesus crucificado, diga por quatro vezes: ‘Fizeste isso por mim, e eu não poderia ser mais indiferente do que sou’. O folgazão se ajoelhou e disse: ‘Fizeste isso por mim, e eu não poderia ser mais indiferente do que sou’ ...M as então engoliu em seco, e não pode p ro ssegu ir. L evantou-se dos joelhos, re to rn o u à Inglaterra, e hoje em dia é um ministro anglicano. O exemplo do amor de Cristo, que o levou ao sacrifício, conquistara-o para a vereda cristã.

e iv a i to a detú, 6 oí׳x...0e£> Jn l . l , 2; 17.5

na 'ousia ’, por semelhante modo; pois ‘morphe׳ não subentende acidentes externos, e, sim, os atributos essenciais». (Isso pode ser comparado com o trecho de II Cor. 4:4, onde Cristo figura como a «imagem» de Deus, o que é igualmente atestado em Col. 1:15).

Comprovando A Divindade De Cristo1. C risto exibe a «forma» de D eus, pelo que tam bém deve p o ssu ir a

substância daquela forma, mesmo que esse vocábulo vise apenas falar de como sua essência se manifesta e se exibe.

2. Os próprios eleitos, declaradamente, chegarão a possuir a natureza divina (ver II Ped. 1:4), bem como seus atributos (ver Efé. 3:19). É um absurdo, pois, supor alguém, que o eterno Filho de Deus não seja possuidor dessa natureza. Se o menor é verdade, o maior sempre será verdade. De fato, o menor não poderia ser verdadeiro, a menos que o maior o fosse primeiro. Chegaremos a participar (finitamente) da natureza divina porque ele já participa (infinitamente) dessa natureza. Recebemos de sua imagem (ver Rom. 8:29) porque, primeiramente, ele a possuiu.

3. O fato de que este versículo fala de um a «igualdade» que Jesus Cristo poderia reclamar juntam ente com Deus, se assim tivesse querido fazer, mostra-nos, de modo inequívoco, a divindade de Jesus; de outra forma, essa declaração seria absurda.

«...o ser igual a Deus...»a. É óbvio que, quando de sua encarnação, o Filho assumiu posição

subordinada, mas não demonstrou um zelo equivocado, procurando «reter» igualdade com o Pai, embora isso fosse inerente à sua natureza divina, como Deus Filho.

b. Embora igual quanto à natureza, como o Filho, e até como membro da Trindade (ver as notas sobre isso em I João 5:7), ele tomou um a posição de subordinação, e isso por sua própria determinação, tendo em vista sua realização e missão, sobretudo como quem se identificaria com os demais filhos de Deus, dentro da mente e do plano de Deus. (Ver as notas sobre esse conceito, em I Cor. 15:28).

»...usurpação...» Até este ponto, este versículo é perfeitamente claro, embora as palavras empregadas possam assumir diferentes significações. M as h á trem en d a ço n trovérsia em to rno do sen tido da p a lav ra grega «arpagmos», bem como quanto à m aneira como ela é utilizada aqui.

Os sentidos possíveis, pois, são os que seguem:1. Jesus Cristo, na qualidade de Filho eterno de Deus, sempre teve a

«forma» de Deus, sendo igual a ele. E não julgava que essa posição fosse uma «usurpação ilegal», um «furto».

2. Estando Cristo na forma de Deus (e, portanto, sendo igual a Deus, já que é q Filho de Deus), não considerou ele que a continuação nessa posição fosse algo que não devesse ser «ansiosamente retida», porquanto tinha ele de realizar a sua missão encarnada, neste mundo.

3. Embora o Filho de Deus fosse preexistente, possuía posição inferior à de Deus Pai, não tendo pensado que era algo que deveria ser anelantemente buscado na tentativa de obter a mesma glória de Deus Pai. Isso concordaria de perto com vários mitos antigos, nos quais algum deus é visto a tentar assumir a posição de um deus supremo, como se verificou no caso de vários deles que aspiravam a posição ocupada por Zeus, o qual, no conceito dos antigos, era o deus supremo, mas que, antes disso, havia usurpado tal posição de seu próprio pai, Cronos, mediante o ludíbrio e a violência. Os gnósticos também retratavam alguns «aeons» (poderes angelicais) como excessivamente ambiciosos, buscando posições mais elevadas na hierarquia do poder. E alguns intérpretes acreditam que, de alguma m aneira crua, Cristo é aqui pintado como capaz de assumir tal atitude, embora tenha assumido posição de inferioridade, quando da encarnação, para poder desincumbir-se de sua missão terrena.

4. Outros eruditos pensam que a frase não indica «ser igual a Deus», em qualquer sentido, mas antes, indica «existência em pé de igualdade com Deus», o que, presumivelmente, significa um a forma idêntica de existência, nos lugares celestiais, que visa permanecer a}i, na mesma posição de Deus.

Na realidade, não há como determinar com certeza esta expressão, embora a interpretação que mais pareça provável seja a que aqui ocupa o segundo lugar. Assim sendo, embora Cristo, o Filho de Deus, o Verbo de Deus, possuísse eternamente a natureza e os atributos de Deus, não pensou que isso deveria ser «retido», ou que essa retenção fosse questão de busca ansiosa . Pelo co n trá rio , o g rande objetivo de C risto , que ele buscava ansiosamente concretizar, era identificar-se com os homens, a fim de p ro d u z ir a red en ção hu m an a . Seu g ran d e p ro p ó sito não era p a rece r totalmente divino, mas sim, tornar-se humano.

«Antes de sua encarnação, estando na forma de Deus, Cristo não reputou a sua igualdade divina como um prêmio que devesse ser agarrado e retido a

A h u m ilh ação de C risto consistiu de haver ele assum ido a nossa humanidade, para em seguida ser ainda mais aviltado nessa humanidade. Jesus ilustrou plenamente esse conceito, e nós somos exortados a seguir o seu claro exemplo. A humilhação de Cristo tem «efeitos salvadores», que são efeitos e sp iritu a lm en te benéficos. M as, finalm en te , Jesus C risto foi sob eran am en te ex a ltad o . O apósto lo dos gentios q u e ria que nos lembrássemos desses fatores, ao seguirmos o seu exemplo.

Variante Textual: Além das diferenças de imperativos, referidas no começo das notas expositivas sobre o presente versículo, os melhores manuscritos omitem o termo grego «gar» («pois»), a conjunção de conexão. Assim dizem os m ss Aleph, ABC. e as versões cóptica, aram aica e etiope, bem como os manuscritos conhecidos por Éutico. Tal conjunção, bem provavelmente, foi acrescentada por razões de estilo; mas tal adição é antiquíssima, porquanto

6 os iv μορφή θεοΰ υπάρχω ν ούχ άρπαγμόν ήγήσατο το6 το] ompisG 460 Eus

2:6: ο qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou 0 ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar.

Praticamente cada vocábulo deste versículo tem sido sujeitado-ao estudo mais acurado possível. Essa é uma das grandiosas declarações bíblicas sobre a natureza preexistente de Cristo. A frase difícil deste versículo é aquela aqui traduzida por «...não julgou como usurpação o ser igual a Deus...» a qual também tem sido traduzida por «não pensou que a igualdade com Deus fosse algo a que devesse agarrar-sé». Também tem havido outras traduções; e admite-se universalmente a sua dificuldade. (Ver as notas expositivas que se seguem, a respeito disso).

«...subsistindo...», «sendo». No grego é «uparchon».Geralmente se trata de simples sinônimo do termo grego «einai» (ser), conforme o exame de qualquer bom léxico grego. No grego helenista um a palavra era usada em substituição à outra, sem qualquer modificação quanto ao seu sentido básico. Os comentários de alguns eruditos, por conseguinte, dizem que se trata aqui de um a palavra um pouco mais forte, que olha para a condição anterior, adiada até 0 presente; mas essa explicação não tem alicerce sólido. Não há qualquer necessidade de. fortalecimento da idéia, porque o texto obviam ente fa la da p reex istên c ia de C risto . A ssim sendo, nessa preexistência Cristo tinha a forma de Deus. Na realidade, o sentido de toda a frase gira muito mais em torno da palavra «...forma...» do que em tomo da p a lav ra «subsistindo». O p o ssu ir a fo rm a d iv ina não su b en tende , necessariamente, existência na eternidade passada, a menos que essa expressão signifique, compfovadamente, divindade. Se realmente esse é o sen tido da frase , en tão a ex is tên cia de C risto , p o r toda a e te rn id ad e passada, deve ser compreendida, porquanto o Senhor Deus é «eterno» por definição. Por si mesma, entretanto, essa expressão indica a preexistência de Cristo, porquanto houve um tempo em que ele existia em forma diversa da forma hum ana, antes de tornar-se homem. Esse tanto do sentido do versículo é claro além de qualquer controvérsia.

«...forma...» No grego original temos o vocábulo «morphe». Entretanto, todas as p a lav ras são e lásticas, podendo assum ir sen tidos diversos. Portanto, este termo pode indicar a duplicação da «natureza verdadeira» da divindade, ou então a simples «aparência externa», quando então era usada para indicar formas vistas nas visões que apareciam com forma sem elhan te à h u m an a (ver C a llis th een s, século IV a .C ., em A then . 10,75,452b). Também era termo usado para indicar os deuses que, por razões especiais, assumiam forma hum ana. (Ver Iambl. Vi. Pyth. 6,30; Filo, Abr.118). Contudo, em contraste com o vocábulo grego «schema», que sempre se refere à forma externa, a palavra aqui usada pode significar a corporificação da natureza essencial. No trecho de Mat. 17:2, a forma verbal desse vocábulo é usada para indicar como Cristo teve sua form a trans­form ada perante seus discípulos, durante a transfiguração. É provável que, naqueles momentos, a substância real do Espírito Humano de Cristo tenha sido espiritualizada, tendo assumido um a natureza diferente e superior. Portanto, nesta palavra, vê-se que sempre está envolvida a natureza real de alguém. Dessarte, pode-se perceber que 0 sentido deste texto não pode ser determinado pelo mero significado do termo. Além disso, os argumentos alicerçados apenas sobre o sentido de palavras são argumentos deficientes, ainda que porventura isso defenda a verdade.

Essa expressão poderia significar que Cristo, em alguma existência superior e preexistente, participou dos atributos de Deus, sem possuir a n a tu re za d iv ina e ssen cia l—u m a elevad íssim a posição , em b o ra não a posição de divindade. Ou então poderia significar que ele sempre teve a pró­pria natureza de Deus Pai. Exatamente o que está em foco aqui pode ser determinado pela teologia paulina normal. Assim sendo, se confrontarmos esta passagem com o trecho de Col. 2:9, que declara franca e abertam ente a divindade de Cristo, então concluiremos que somos forçados a pensar que a palavra «forma», aqui utilizada, se refere à natureza essencial de Cristo, que participava desde a eternidade passada da divindade. (Quanto a notas expositivas completas sobre a «divindade de Cristo», ver Heb. 1:3).

«A ênfase deste versículo é a mesma dada em Heb. 1:3—Cristo Jesus foi a manifestação de Deus, até onde qualquer ser criado pode contemplar. E isso não ap en as en tre os hom ens, m as tam bém em to d a a e te rn id ad e passada, nas dimensões celestes. E outro tanto fica implícito no fato que ele é o «Logos», a expressão falada de Deus. Cristo é o Verbo eterno; e isso significa que por toda a eternidade passada, o que se sabia sobre Deus era sabido por meio do Verbo. E, finalmente, o Verbo se manifestou entre os homens, tendo assumido a nossa humanidade, ficando assim fundidas a natureza divina e a natureza hum ana. Portanto, 0 significado dos termos «Verbo» e «forma» subentendem a manifestação do que Deus é para seres criados, sem im portar se esses seres são anjos ou homens. Por isso é que Lightfoot (in loc.) mostra-se correto, ao observar: «Embora ‘m orphe’ (forma) não seja ã mesma coisa que ‘p husis’ (natureza) ou que ‘ousia’ (ser essencial), contudo, a possessão de 'm orphe׳ (forma) envolve a participação

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29FILIPENSES

portanto, gozando de igualdade com Deus, não se aferrou a essa qualidade, como motivo de glória própria, em comparação com o poder de conferir salvação a todos os homens, que ele teve por bem considerar um a nova alegria e um a glória». (Barry, in loc., que expressa aqui a interpretação da maioria dos antigos intérpretes do grego).

todo o transe; pelo contrário, deixou de lado a forma divina, e tomou sobre si mesmo a natureza divina» (Vincent, in loc., o qual, ao usar a idéia de «forma de Deus posta de lado» como os «atributos da natureza divina», e não a própria natureza divina).

«O sentido (da expressão) é que, estando (Cristo) na forma de Deus, e,

7 άλλα eαυτόν ¿κένωσεν μορφήν δούλου λαβών, ev όμοιώ ματι ανθρώπων ■γενόμβνος■ b και σχήμα τι evpedelgώ ς ά ν θ ρ ω π ο ς 6 * 7-8 b no number, 6 number 8: TR־■* WH Èov Nee BF2 TT Zür Luth Jer // b number 8, 6 no number: TR«* AV RV ASV RSV NEB Seg

7 ka vrò v ΐκ ίν ω σ εν 2 Cor 8.9 Jn 1.14; Ro 8.3; He 2.14, 17 7 α νθρ ω π ω ν \ -·που p 46 CO Mcion O rpt Cypr Ambr

Ao invés de ανθρώπων vários testemunhos antigos dizem ανθρώπου —Op46 syrp׳pal copsa׳bo Márciom Orígenes Cipriano Hilário Ambrósio). Embora seja possível que a tipologia do Cristo-Adio, implícita na passagem, explique a substituição, é mais provável que o singular seja apenas uma conformação nâo-doutrinária ao singular, δούλου e ao άνθρωποί que se segue.

coisas, como homem (ver Marc. 13:32), e pelo fato que sofreu, e, sobretudo, pelo fa to que m orreu (ver as n a rra tiv a s b íb licas de sua agon ia e crucificação). Finalmente, é im portante observarmos que a hum anidade de nosso Senhor foi retida até mesmo após a sua ressurreição dentre os mortos (ver Luc. 24:38-42)». (Philip Hughes, no Baker's Dictionary o f Theology, pág. 273).

N a tu ra lm e n te , a h u m an id ad e que C risto reteve, m esm o apôs a sua ressurreição, é aquela referida na passagem de II Ped. 1:4, onde ele aparece como o Deus-homem, de cuja natureza todos os homens podem participar, contanto que se deixem unir a ele mediante a redenção. E isso a despeito do fato que Cristo permanecerá na posição suprema de Cabeça, ao passo que nós seremos sempre o seu corpo místico. (Ver o trecho de Efé. 1:23 acerca desse conceito). Não obstante, somos a «plenitude» de Jesus Cristo, ao passo que ele preenche a tudo em todos, isto é, ele é tudo para todos nós.

A h u m an id ad e de C risto é com provada p e las segu in tes razões: Sua concepção miraculosa (ver M at. 1:18); seu nascimento (ver Mat. 1:16); sua participação na carne e no sangue (ver João 1:14); sua possessão de alma hum ana (ver M at. 26:28 e Atos 2:21); sua circuncisão (ver Luc. 2:21); seu crescimento em estatura e sabedoria (ver Luc. 2:52); seu choro (ver Luc. 19:41); sua fomg (ver Mat. 4:2); sua sede (ver João 4:7); seu sono (ver Mat. 8:24); seu cansaço (ver João 4:6). E também por ter sido homem de tristezas (ver Isa. 53:3,4 e Luc. 22::44); por haver sido esbofeteado (ver M at. 26:67); por haver suportado afrontas (ver Luc. 23:11); por haver sido açoitado (ver M at. 27:26); por haver sido encravado na cruz (ver Luc. 23:33); por haver morrido (ver João 19:30); por haver sido sepultado (ver Mat. 27:26), por haver sido tentado como nós, embora sem pecado (ver Atos 3:22; Fil. 2 :7 ,8 e H eb. 2:17). A h u m an id ad e de C risto é d esc rita com o p a rte necessária não apenas de sua missão terrena, mas igualmente de seu ofício de Mediador (ver Rom. 6:15,19; I Cor. 15:21; Gál. 4:4,5; I Tim. 2:5 e Heb. 2:17). Sua natureza hum ana foi reconhecida pelos homens (ver M at. 6:3; João 7:27 e A tos 2:22), m as ê n eg ad a pelo a n tic ris to , pelos hereges, provavelmente da variedade gnóstica (ver I João 4:3 e II João 7).

A humanidade de Jesus Cristo, pois, após examinarmos várias referências bíblicas, mostra ser algo indispensável, pois:

1 . Isso era necessário para que cumprisse sua missão terrena em geral, visto que somente como homem poderia redimir aos homens.

2. Havia necessidade de identificar-se ele com os homens, a fim de que estes pudessem identificar-se com ele, na sua glória.

3. Pois assim é que poderíamos atingir aquela medida e aquela forma de glorificação que pertence a ele, de conformidade com a vontade divina, e a fim de que ele pudesse conferir tal glorificação a todos os remidos.

4. Pois era mister tal para que ele pudesse assumir a posição suprema no universo, como seu Cabeça (ver Efé. 1:10 e ss., quanto ao «mistério da vontade de Deus»), na qualidade de unificador e restaurador de todas as coisas, bem como o personagem em tomo do qual a harmonia e a unidade universais serão estabelecidas. A exaltação de Cristo ocorreu porque ele cumpriu com pleno êxito a sua missão terrena, e não porque essa exaltação já lhe fosse devida, como Deus, conforme nos informa o décimo versículo do presente capitulo, conforme dizem também o primeiro capitulo da epístola aos Efésios e o trecho de Heb. 1:9. E é andando pelo caminho que ele mesmo palmilhou que nos tomamos «plenitude» de Cristo, embora ele preencha a tudo em todos, sendo tudo para cada um de nós.

5. Seu presente oficio de Mediador exigia que ele se identificasse conosco, como também isso é requerido pela nossa identificação potencial com ele, em sua glorificação. (Ver Heb. 2:17).

6. A necessidade que há de ser fortalecido e consolado o povo de Deus, na sua peregrinação terrena, depende do fato de ser Cristo um ser humano verdadeiro. (Ver Heb. 2:18).

7. Todas as forças do m al, que produzem a «morte» do homem, foram derrotadas quando da missão terrena do Filho de Deus, porquanto ele «provou a morte em favor de todo o homem», a fim de outorgar-lhes a vida eterna. (Ver Heb. 2:9).

8. Apesar de Cristo ser o Caminho, é ele, por igual modo, o «pioneiro» desse cam inho, m ostrando-nos ele, desse modo, como podemos te r êxito nessa peregrinação deste mundo (ver Heb. 2:10).

9. A ressurreição de Cristo Jesus garante a nossa própria. Mas isso não poderia ocorrer não fora o fato de ter Cristo assumido a nossa humanidade (ver a totalidade do décimo quinto capitulo da primeira epístola aos Cormtios).

10. A ressurreição de Cristo subentende a sua ascensão aos céus e a sua glorificação; e isso tam bém nos e s tá assegurado pelo Salvador, que é p Deus-homem, o Filho de Deus (ver Rom. 8:30).

Esses dez pontos mostram o que está implícito na verdade da humanidade de Jesu s Cristo. P o rtan to , quão equivocados estão aqueles que a tribuem à divindade de Cristo tudo quanto ele fez de incomum. Bem pelo contrário, ele pôs de lado o poder e os atributos divinos (posto que não a própria natureza divina), a fim de que a encarnação tivesse uma significação vital para toda a humanidade. Da mesma maneira que ele se identificou totalmente conosco, a mesma determinação divina que assim fez com que fossem as coisas, nos leva a sermos totalmente identificados com o Filho de Deus, porquanto o Cabeça não pode ter um destino diferente daquele outorgado ao corpo.

Vários dos evangelhos apócrifos, como o Evangelho de Tomé, pintam Cristo como um elevadíssimo ser angelical, cuja suposta natureza hum ana

2:7: mos esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens;

Este versículo tem recebido um número extraordinário de interpretações, o que levou Bruce («The Humiliation of Christ», pág. 11), a observar: «A diversidade de opiniões entre os intérpretes, em relação ao sentido desta passagem, é suficiente para desesperar os estudantes, afligindo-os de paralisia intelectual». Porém, antes de entrarmos na exposição do próprio versículo, expom os abaixo a n o ta expositiva geral sobre o tem a da «humanidade de Cristo».

A Humanidade de Cristo: Esse é um tema por demais negligenciado no seio da igreja, até mesmo em sua secção evangélica, a qual, apesar de tudo quanto diz em contrário, enfatiza tão-somente a divindade de Cristo, até mesmo no que tange à natureza da encarnação. Por isso, em muitas igrejas, Cristo é um Cristo docético. Explicando, na opinião de tantos cristãos, Cristo é humano apenas na «aparência»; e isso representa um a antiga heresia gnóstica. De acordo com esse ponto de vista, tudo quanto Cristo é visto a faze r, em sua m issão te rre n a , como seus m ilag res e a sua impecabilidade, é atribuídõ à sua «natureza divina», de tal modo que não é m arav ilh a que ele ten h a fe ito o que fez, exceto que m orreu . Porém , a verdade inteira dessa questão é que o Senhor Jesus cumpriu a sua missão inteira como homem, extraindo do ,Espírito Santo, que a ele fora conferido sem medida, todo o poder que exerceu. E este o foi transformando como homem, para que pudesse operar obras admiráveis. Poder-se-ia afirm ar que Cristo operou os seus prodígios do mesmo modo que podemos operá-los, e maiores ainda (ver João 14:12), tal como um crente pode fazer, conforme vai sendo transformado ou «espiritualizado». Porquanto essa é um a avenida de desenvolvim ento e sp ir itu a l a b e r ta p a ra todos os rem idos. O ra , é exatamente esse aspecto que empresta sentido e força à humanidade de Cristo e à sua encarnação —pois declara que tudo quanto ele realizou como homem pode ser realizado também por nós.

Fatos A Considerar1. Cristo se identificou totalmente conosco, em nossa natureza hum ana, a

fim de que, eventualmente, pudéssemos identificar-nos totalmente com ele, em sua natureza divina. Portanto, a própria salvação consiste da condução de «muitos filhos» à glória (ver Heb. 2:10).

2. Em sua encarnação, ele se autolimitou, e, por isso mesmo, usualmente realizou tudo pelo poder de sua humanidade espiritualizada, mediante a virtude da presença e da capacitação dada pelo Espirito Santo. Talvez, em seus m ilagres sobre a n a tu re za (com o a m u ltip licação dos pães e a tranqüilização da tempestade), Cristo tenha apelado para sua divindade inerente. Contudo, de modo geral, o que ele fez, fez em sua humanidade, demonstrando-nos assim o caminho para o poder divino (ver João 14:12).

3. Embora impecável (ver notas sobre isso em João 8:46 e Heb. 4:15), Cristo aprendeu certas coisas por meio daquilo que sofreu, e assim, como hom em , foi aperfe içoado . Isso nos é en sinado em H eb. 5 :8 ,9 . Por conseguinte, em tudo isso ele foi aperfeiçoado como simples homem, e não como o Logos eterno. No que tange a este último aspecto, ele foi sempre perfeito. Porém, como homem, ele mostrou aos demais homens qual o caminho do desenvolvimento espiritual, porquanto realmente atravessou esse caminho.

4. Ele tomou sobre si nosso próprio tipo de natureza hum ana, debilitada como ela está pelo pecado (ver Rom. 8:3), embora nunca houvesse cometido pecado. Não obstante, em sua humanidade, ele teve de abordar os mesmos problemas e fraquezas que nos afligem. Em Jesus, pois, Deus irrompeu no mundo, e assim permitiu que os homens alcançassem autêntica vitória espiritual.

«A humanidade de Cristo é claramente ensinada pela Bíblia inteira. Ele seria o descendente de Abraão e nele todas as nações seriam abençoadas (ver Gên. 22:18); e esse descenden te , conform e Pau lo explicou, e ra exa tam en te C risto (ver G ál. 3:16). Além disso, o M essias p rom etido pertenceria à ‘tribo de Judá’ (ver Gên. 49:10), e seria da ‘linhagem real de Davi’ (ver Isa. 11:1,10 e Jer. 23:5). Assim é que Mateus traça a genealogia de Cristo partindo de Abraão, através de Davi (ver Mat. 1:1 e ss.), ao passo que Lucas traça a genealogia de Cristo para trás, passando por Davi, por Abraão, e chegando até Adão, o primeiro homem (ver Luc. 3:23 e ss.). De conformidade com a profecia (ver Isa. 7:14), Jesus nasceria miraculosamen­te de u ‘a mãe virgem (ver M at. 1:18 e ss.; Luc. 1:26 e ss. e comparar com Gên. 3:15). O Filho encarnado não cessou e nem poderia cessar de ser Deus verdadeiro; porém, ao mesmo tempo, tornou-se verdadeiro homem. E agora ele é, ao m esm o tem po, F ilho de D eus e F ilho do hom em (ver M at. 16:13,16, e tc .) . A g en u in id ad e da h u m an id ad e de C risto é a in d a confirmada pelo fato. que cresceu desde a infância até à idade adulta (־ver Luc. 2:40,52), pelo fato que experimentou a tentação (ver Mat. 4:1 e ss.; Luc. 4:1 e ss.; Marc. 1:12 e ss.; Heb. 2:18 e 4:15), pelo fato que padeceu fome (ver Mat. 21:18), sede (ver João 4:7 e 19:28), fadiga (ver João 4:6 e Marc. 4:38), tristeza (ver João 11:35), pelo fato que não sabia todas as

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FILIPENSES

glória anterior.b. Em sua missão, ele «trabalhava» como instrumento alheio, cumprindo

a vontade do Pai. E foi obediente; mostrou-se supremamente dedicado; foi produtivo.

c. É possível que o apóstolo tivesse em mente a passagem de Isa. 52:13, quando escreveu essas palavras. O escravo obterá sucesso e será exaltado. Acabará vencendo. Mas primeiramente teria de trabalhar e sofrer.

«.. .reconhecido em fig u ra h u m a n a ...» « ...f ig u ra .. .» é trad u ç ão do vocábulo grego «omoíoma», que significa «cópia», «imagem», «aparência», «formato». Essa palavra pode significar também ou a «real duplicação» da natureza, ou a «semelhança» dessa natureza.

Como Paulo Usou Esses Termos?1. Quando se utilizou das expressões «forma de Deus» e «semelhança de

homens», Paulo não fez qualquer tentativa de descrever especificamente a natureza metafísica de Cristo. Não estava declarando, diretamente, que Cristo era Deus e homem, em sua essência.

2. Não obstante, ele deixa isso entendido em sua linguagem. Para que tivesse a «forma» de D eus, e ra m iste r que p rim e iram en te possuísse a «natureza» co rresp o n d en te . Sua n a tu re za d iv ina se expressa de ce rta m an e ira visível e com preensível— a isso cham am os de «forma». E sua natureza hum ana se expressava de certa maneira visível. Daí dizermos «semelhança de homens». Todavia, ser-lhe-ia impossível ter a semelhança, sem ter também a essência da natureza humana.

3. Esse raciocínio deve ser verdadeiro, pois seria absurdo afirmar-se que Cristo não era nem Deus e nem homem, com base na teologia do N.T. N a tu ra lm en te , os gnósticos a firm avam ex atam en te essa ab erração , reduzindo Cristo a um ser pertencente à ordem angelical. As expressões usadas no texto, poderiam, talvez, subentender essa idéia, pois as palavras são instrumentos plásticos e inexatos. Mas a teologia de Paulo contradiz tal noção. As expressões em foco, pois, enfatizam o «modo de manifestação», embora não afirmem especificamente que Cristo fosse, ao mesmo tempo, Deus e homèm.

«A sujeição ‘de,Cristo’ à lei (ver Luc. 2:21 e Gál. 4:4), bem como a seus pais (ver Luc. 2:51); o seu estado aviltado como carpinteiro, como filho reputado do carpinteiro (ver M at. 13:55 e M arc. 6:3); o fato que foi traído a troco do preço de um escravo (ver Êxo. 21:32); sua morte similar à de um escravo, a fim de lib e r ta r-n o s da servidão ao p ecadò e à m o rte ; e, finalmente, sua dependência a Deus como um escravo, na qualidade de homem, não permitindo que sua divindade se manifestasse externamente (ver Isa. 49:3,7), tudo isso demonstra que ele assumira a ‘forma de um escravo'». (Faucett, in loc.).

Por isso mesmo é dito nas Escrituras que o Filho do homem veio para servir a muitos (ver Mat. 20:28). E assim também, aquele discípulo do Senhor Jesiis que quiser ser grande, que seja o servo de todos (ver Mat. 20:27), Esta é a lição que nos apresenta o texto que ora comentamos, dando a entender, ao invés de declará-lo dogmaticamente, as naturezas divina e hum ana de Jesus, o Cristo, naturezas essas que se correspondem entre si.Na sua força como lição nossa é derivada do grande contraste entre a glória que ele tinha como ser divino, e a humilhação que sofreu como ser humano.

« ...to rn a n d o -se ... » E ssa p a lav ra pode ser c o n tra s ta d a com o term o «subsistindo», que f ig u ra no versícu lo a n te rio r . A p a lav ra que ora comentamos assinala a entrada de Cristo no seu novo estado, quando veio c o m p a rtilh a r da n a tu re za h u m an a . (V er as n o tas expositivas sob re a doutrina da «encarnação», no trecho de João 1:14).

0 Verbo de Deus encarnado,0 Sabedoria vinda do alto,0 Verdade imutável, não-modificada,Ó Luz de nosso escuro firmamento ,Louvamos-te pelo teu resplendor,Que das páginas sacrossantas,Qual lanterna para nossos pés,Brilha de século para século.

(William Walsham How, 1867).

θανάτου, θανάτου 8e σταυροΰ.

Cristo, mas que atinge até mesmo crentes individuais, a fim de que cada um deles se desvencilhe de si próprio e entre em urna nova união com a vida altruista de Deus, para o que também foi criado o espirito de cada um de nós. Um a vez que essa revelação se concretizou (na pessoa de Cristo), nada mais pode ser acrescentado a ela». (Wicks, in loe.).

E diz o mesmo autor: «Há dinamite neste quadro sobre o interesse eterno de Deus por cada personalidade hum ana. Isso espatifou a subida social que m ostrara a sua feia cabeça em Filipos. E através de todos os séculos tem servido de âmago de um a contínua revolução».

« ...m o rte de c ru z . ..» E ssa e ra a m ais p a te n te ilu s tra ç ão possível de humildade que se poderia fazer na sociedade antiga. Na polida sociedade romana era proibido até mesmo m encionar esse género de morte, que estava reservado aos piores criminosos e aos escravos. No dizerde Vincent (in loc.): «O final da descrição deixa o leitor no ponto mais baixo da humilhação de Cristo, a morte como a de um malfeitor; o tipo de morte ao qual estava vinculada um a maldição, dentro da legislação mosaica. (Ver Deut. 21:23; Gál. 3:13 e Heb. 12:2).Na qualidade de cidadão romano, Paulo estava isento desse opróbrio (mas Jesus, o Cristo, o maior de todos os homens, não o estava)». É interessante que os gregos estavam acostumados a imaginar os seus deuses no maior poder e honrarias que se possa conceber; e para eles um Salvador crucificado era um a insensatez. (Ver as notas expositivas a

era apenas «aparente». Disso se originou o termo «docético», que indica a posição daqueles que imaginam que todas as obras extraordinárias de Cristo se devem à sua divindade, e nada à sua humanidade. Assim, pois, seus sofrimentos não teriam sido reais, e as suas próprias obras miraculosas eram as de um anjo, e não as de um homem. A igreja cristã dos primeiros séculos de nossa era considerou que tal posição é herética, e a moderna igreja evangélica, que atribui ao poder divino de Cristo, tudo quanto ele realizou, está se aproximando perigosamente dessa antiqüíssima heresia, embora suas formulações teológicas falem em outro tom.

«...a si‘‘mesmo esvaziou...» Longe de preferir seus elevados direitos e privilégios, em pé de igualdade com Deus Pai, Cristo se «...esvaziou...», o que representa tradução literal do verbo grego «Kenoo». Esse verbo também pode significar «tornar sem efeito», «anular», «privar-se de». O que os intérpretes disserem a respeito disso será determinado, não por esse termo grego ou pelo que diz o versículo inteiro, mas pelo que significa tal conceito, teologicamente falando, a saber:

1. M ui provavelm ente, P au lo não tenc ionava estab e lecer q u a lq u e r declaração teológica exata, firmando distinções neste ponto; antes, de m aneira geral e indefinida, meramente salientou o fato que, ao invés de Jesus escolher as glórias celestiais e poderes elevados, preferiu a esfera hum ilde dos hom ens, a fim de po d er red im ir a seus ele itos; e assim esvaziou-se de sua expressão de vida nas regiões celestes. Essa expressão, portanto, serve para ilustrar um a atitude, a fim de serem bons seguidores de C risto , não p ro c u ra n d o ex p ressar, em q u a isq u er term os exatos, as limitações que havia no estado encarnado de Jesus Cristo. Esta expressão, por conseguinte, é posteriormente definida naquilo que se segue, acerca de sua natureza: Cristo se tornou homem, um escravo, um escravo obediente, ao ponto de haver aceito uma morte ignominiosa, preferindo isso a reter suas glórias celestiais elevadas—e tudo isso porque queria redimir os homens. Qualquer coisa que vá além disso, na tentativa de expressar o sentido do trecho, penetra no campo da teologia especulativa, embora algo mais seja definido em outras porções do N.T.

2. Cristo Jesus jam ais poderia ter deixado de ser Deus, pois como pode alguém deixar de ser aquilo que é essencialmente?

3. No entanto, Cristo pôs de lado os seus atributos e poderes divinos, para que pudesse c o m p a rtilh a r p len am en te da condição h u m an a , em sua fraq u eza e so rte . É isso que em p resta à en ca rn ação de C risto o seu significado para nós. A diferença entre os crentes, quanto às opiniões que embalam sobre essa questão, atinge apenas até que ponto «absoluto» esse esvaziamento é encarado por eles.

«...pois conheceis a graça de nosso Senhor Jssus Cristo, que,, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis riços» (IIGor. 8:9). A graça de Deus, por conseguinte, foi o grande motivo da encarnação de Cristo, e isso como expressão ao amor divino.

Somente o grande e infinito amor A o meu precioso Salvador,Fê-lo sair de seus palácios de marfim,Para este nosso mundo de lamentações

(Henry Barraclaugh).«...assumindo a form a de servo...» Reaparece aqui, tal como no versículo

anterior, onde é amplamente comentada, a palavra «...form a...» Não subentende necessariamente a idéia de «natureza», mas dá a entender alguma espécie de natureza essencial, que se manifesta através de alguma «forma» específica ou caráter de manifestação. Certos atributos, baseados em u m a espécie específica de n a tu re za e n tram em a çã o .P o rta n to , as p a lav ras , «C risto, na forma de Deus»,, su b en ten d em , a in d a que não o afirmem necessariamente, a sua divindade.

Uma Metáfora Notávela. A humilhação de Jesus chegou ao extremo de haver se tom ado um

«escravo». Ninguém é inferior a um escravo. O escravo não tem vontade própria, rião tem direitos, não tem qualquer proteção perante as leis do estado. Serve de instrumento ao serviço de outros e é forçado a fazer as coisas mais árduas e degradantes. Ê, essencialmente, um «trabalhador braçal», e não tem direito a descanso. Cristo não era realmente um escravo, mas assumiu■ a «forma» (aparência) de escravo, em comparação com sua

8 i ״ T a n e ív c o o e v eavròv y e v ó /x e v o s V TrrjK oos p -^ x p i8 kT a ireívw cev.. .B avárov Jn 10.17; He 5.8; 12.2

2:8: e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tomando-se obediente até a morte, e morte de cruz.

Temos aqui a humilhação dentro da humilhação de Cristo, que foi da servidão à obediência absoluta, e esta últim a expressa na forma de morte por crucificação, reservada para os escravos e piores criminosos. (A «morte por crucificação» é comentada no trecho de M at. 27:35, juntam ente com informações arqueológicas recentemente encontradas na área de Jerusa­lém).

«...a si mesmo se humilhou...» Notemos que a vontade ativa do Filho de Deus, Jesus Cristo, se mostrou ativa nessa sua humilhação. Ele deixou voluntariamente as riquezas celestiais e toda a sua glória, e se submeteu espontáneamente à sua aviltada condição terrena. Obedeceu e morreu voluntariamente, tendo tido um a morte vergonhosa. No grego original temos o verbo «tapeinoo», que significa «humilhar-se», «rebaixar-se», «degradar-se», «aviltar-se».

«O que se deve faze r com um q u a d ro não é ta n to analisá-lo , e, sim , deixá-lo falar, conforme Paulo queria que falasse ‘o quadro do exemplo de Cristo’ àqueles crentes filipenses, que se exaltavam a si mesmos. Isso sugere que D eus, o c ria d o r, que se deu e te rn am e n te a si m esm o, p a ra que pudéssem os ex is tir , desde to d a a e te rn id a d e tin h a em si m esm o essa disposição mental de dar-se de si mesmo, de transmitir-se a outros; e essa atitude se tornou supremamente visível quando da manifestação de Deus em .

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tendo a morte mais desprezível de todas, a de um criminoso condenado, sobre a m ald ita cruz». (R o b ertso n , in lo c .). «Ele se su p rim iu tão completamente que finalmente morreu no madeiro». (Scott, in loc.).

respeito disso, em I Cor. 1:23; e daí se originou a ofensa da cruz, conforme se lê em Gál. 5:11).

«.. .cruz...* Jesus desceu do ponto mais alto até à profundeza mais vil,

% δ ιό κ α ι 6 θεός αυτόν ύπερΰφωσεν και εχαρίσατο αύτω το ονομα το ύπερ παν ονομα,9 ό θ€05 O.VTÒV ύπβρνψωσβν A c2.33 ;H el.3 εχαρίσατο... ονομα. Eph 1.21; He 1.4 9 70 1° l y j ç pC J R] Om D G φΐ Cl Ç

nos céus, aqueles na terra, aqueles em hades. «Se eu me elevar, trarei todos os homens a mim», disse ele. E assim se tornou.

Três grandes quadros descritivos são postos perante o nosso olhar, a saber:1. O q u ad ro do elevadíssim o estado do F ilho de D eus, nos lugares

celestiais, antes de sua encarnação.2 . O quadro de seu èstado aviltado, em sua humildade, en\ contraste com

sua situação imediatamente anterior à sua encarnação.3. O q u ad ro de sua ex altação , na q u a lid ad e de hom em , o b tid a em

resultado do término bem-sucedido de sua missão terrena.«...exaltou...» No original grego é «uperupsoo», «elevar às mais elevadas

alturas», «exaltar excelsamente», «exaltar supremamente», um a expressão enfática que indica a natureza elevadíssima e grandiosa da exaltação de Cristo. O trecho de Efé. 1:19 e ss. nos fornece o melhor comentário sobre essa idéia. Não existe nome e nem ser tão elevado quanto Cristo. De fato, todos os seres têm nele a razão de sua existência. Cristo é o restaurador de tudo, e tudo deverá estar em união perfeita'com ele, reconhecendo seu senhorio e sua posição de C abeça. C risto en tro u no estad o de g ló ria transcendente, e agora está assentado à mão direita de Deus Pai, conforme se vê em Rom. 8:34 e Col. 3:1. Ele é o Senhor de todos, de vivos e de mortos, tanto da terra, como do hades, como dos lugares celestiais (ver Rom. 14:9), e mostra-se glorioso em seu reinado (ver I Cor. 15:25).

«...nome...» Simboliza a pessoa, o indivíduo, seu ser, sua natureza e a tr ib u to s . O nom e de C risto se eleva acim a de todo q u a lq u e r ou tro nome—ele é a principal autoridade, superior a todos os nomes que possam ser mencionados agora e na eternidade. Isso se deve ao fato que ele se assentou à mão direita de Deus no lugares celestiais (ver Efé. 1:20).

H avia um a p rá tic a an tig a de conferir novos nom es às pessoas que obtinham vitórias importantes ou que passavam por grandes crises em suas v idas. (V er G ên. 17:5; 32:28; Apo. 2:17 e 3:12). Jesus, o C risto (ser divino-humano), é declarado «Senhor», isto é, recebe esse título como seu nome eterno. Ver Ròm. 1:4 acerca do título «Senhor».

Variante Textual: Ê mister observar o artigo definido, «...o nome...», conforme os melhores manuscritos. Isso visa produzir o efeito de ênfase—é «o nome» de Cristo que é o mais elevado de todos os nomes. Assim dizem os mss P(46), Aleph, ABC, bem como os escritos de H ipólito , Dionisio (alex) e Eusébio. Porém, os mss DEFGKLP e a versão aramaica omitem o artigo definido, ainda que isso represente uma prova textual inferior.

«...Deus o exaltou sobremaneira...» A exaltação é uma das prerrogativas de Deus Pai, como também somente a ele cabe receber glória. A glória não pode ser a tr ib u íd a aos hom ens (ver I C or. 1 :29,31). Assim sendo, os elementos facciosos e invejosos deveriam notar que a auto-exaltação envolve a usurpação de prerrogativas divinas.

2:9: Pelo que também Deu* o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome; .

As palavras «...Pelo que...» mostram que a exaltação de Cristo ocorreu por causa de sua missão terrena bem-sucedida, para cuja concretização teve de humilhar-se; essa exaltação não se deveu à sua divindade inerente. O trecho de Heb. 1:9 concorda com isso.Cristo foi exaltado acima de todos os seus companheiros, tendo entrado em um ambiente de profundíssima alegria, visto que amou supremamente à retidão e odiou à iniqüidade. E note-se que naquela passagem de Hebreus os crentes são chamados de «companheiros» do Filho de Deus. Isso igualmente concorda com o primeiro capítulo da epístola aos Efésios, onde se vê que a exaltação de Jesus Cristo, em razão do que se tornou Cabeça de tudo, unificador e restaurador de todas as coisas, hum anas e angelicais, animais e inanimadas, se deveu ao {ato que completou a sua missão terrena. E que essa missão ficou terminada foi comprovada pelo fato que ressuscitou dentre os mortos, ascendeu aos céus e foi glorificado.

A Teologia E A s Lições Práticas1. Teologicamente, aprendemos que Cristo foi supremamente exaltado

devido ao êxito de sua missão. Em correspondência a isso, ficamos sabendo que seremos glorificados nele (ver Rom. 8:30), e assim viremos a participar de sua natureza e atributos (ver Col. 2:10), bem como da natureza do Pai com todos os seus poderes (E fé. 3:19). Não h á com o se p a ra r a sua glória da nossa, pois ele é o Cabeça e nós somos o corpo de um mesmo organismo, pelo que, necessariamente, compartilhamos da mesma forma de vida.

2. Eticamente, aprendemos que é um absurdo um homem exaltar a si mesmo, pois a verdadeira exaltação vem através da humildade. Esse é um princípio bíblico permanente. (Ver Mat. 23:12; Lucas 14:11; 18:14; I Ped. 5:6; Sal. 8:6 e 10:1,7).

3. Indiretamente, Paulo advertia assim às facções existentes em Filipos quanto à gravidade de seu erro. Se o próprio Cristo teve de humilhar-se a fim de cumprir a sua missão, que dirá o mero homem!

Veja-o agora: O hum ilde servente de N azaré , o carp in te iro de um a pequena vila. Uma vila tão pequena que Josefo, o historiador judeu, apesar de ter mencionado dúzias de cidades da Galiléia, nunca sequer mencionou Nazaré. Repentinamente, como um poderoso cometa que cruza velozmente pelos céus em toda a sua glória, o humilde Servente é o Messias, cumprindo a sua m issão .S u a m issão o leva a sac rifica r, a so frer, à ren ú n cia , e finalmente à morte da cruz, o degrau mais baixo na escada que eleva-se até o Trono. Agora, o que dizem as Escrituras? Por causa disto, Deus o aprova e exalta-o acima de todas as criaturas. Com ele levante-se o sol da redenção no Este, e seus poderosos raios iluminam tudo, em todos os lugares, aqueles

1 0 i v a è v τ ώ o v ó μ α τ ι ’/ η σ ο υ παν γόνυ κάμψη ε π ο υ ρ α ν ί ω ν κ α ι ε π ι γ ε ί ω ν κ α ι κ α τ α χ θ ο ν ί ω ν ,

«...ao nome de Jesus...» Não temos aqui uma tradução correta. O grego declara «...no nome de Jesus...» No dizer de Ellicott (in loc.): « ...a esfera espiritual, o elemento santo, por assim dizer, ‘onde’ cada oração deve ser oferecida e onde cada joelho se dobrará». Isso pode ser confrontado com o trecho de Efé. 5:20: «...dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo...»

«D obrar os joelhos, no nom e de Jesus é ad o rá-lo nessa esfera de autoridade, graça e glória que o seu nome representa; por estar alguém conscientemente dentro do reino no qual ele é o Senhor, reconhecendo a justiça dos títulos ‘Jesus’, ‘Salvador’ e ‘Senhor’, e aceitando lealmente as obrigações que esses títulos implicam». (Vincent, in loc.).

«...se dobre todo joelho...» Temos aqui a menção de um ato de adoração, e não de uma obediência forçada e obrigatória a Cristo, como Senhor. Cristo dispõe de meios próprios para impulsionar os homens a essa atitude voluntária; e esses meios funcionam até mesmo no após-túmulo. Embora pudesse forçar os homens a tal atitude, prefere fazê-lo mediante a persuasão da magnificência do seu próprio ser. Cristo é o «cão de caça dos céus», que jam ais perm itirá que um homem escape; pelo contrário, persegui-lo-á e trá -lo -á a té si m esm o, a in d a que isso envolva u m a form a de redenção secundária, que não se possa comparar com a redenção dos «eleitos». Entretanto, temos de deixar Deus ser o juiz e árbitro de como tudo isso sucederá, e quais são os seus efeitos. No dizer de Kennedy (in loc.): «Esse nome, que declara o verdadeiro caráter e a verdadeira dignidade de Jesus Cristo, ê tanto a base como o objeto da adoração».

Que a salvação é inerente no senhorio de Cristo, é uma alta doutrina. Dá-nos de amá-lo.

«...nos céus...» Todo ojoelho se dobrará, mas isso indica «pessoas», seres inteligentes, conforme a figura simbólica do «dobrar os joelhos» nos mostra. Todos prestarão honra e lealdade a Jesus Cristo, em seu elevadíssimo ofício e em sua exaltação acima de todo o nome. Paulo se refere aqui aos muitos seres celestiais, às ordens angelicais, existentes em muitas esferas celestes. Há muitas dessas ordens, e algumas ocupam níveis de poder mais elevados do que outras. (Ver Efé. 1:21 quanto aos «principados», «potestades», «poderes» e «domínios», que são todos nomes de poderes angelicais, e sobre os quais Cristo será o Cabeça, o que significa que dele receberão o direito de viver). O corpo inteiro de seres celestiais, em suas respectivas dimensões celestes, está aqui em foco. (Ver Rom. 8:21; I Cor. 15:24; Efé. 1:20-22; Heb. 2:8; Apo. 5:13. Acerca dos «seres celestiais» em particular, ver os trechos de Efé. 1:21: 3:10: Heh. 1:4-6 e. I Ped. 3:23. hem m m n « notas

10-11 7raí׳ . ..é^o^toXo'y'^treTat ls 45.23; Ro 14.112:10: para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus e na terra, e debaixo da terra,

Este versículo se assemelha ao de Efé. 1:21, onde são alistados vários poderes angelicais elevados, os quais estão sujeitos ao senhorio de Cristo. Em bora as palavras «...debaixo da terra...» não sejam mencionadas ali, a unidade «universal» de todas as coisas, em Cristo, exige que até mesmo o submundo de alguma maneira contribua para a glória de Deus, ainda que isso tome muito tempo e ainda que tudo ocorra de m aneira que ultrapassa o nosso entendimento presente. Mas é impossível que haja alguma coisa que eventualmente não venha a ser afetada pelo poder de Cristo; e esse poder sempre se manifesta através da graça divina. Nenhum ser humano, e nem qualquer outra criatura, escapará ao juízo, porquanto cada erro cometido será devidamente corrigido, cada dívida será paga. Todavia, devemo-nos lem b ra r que o ju lg am en to não será apenas um a m ed ida re tr ib u tiv a ; também terá aspectos disciplinares e remidores, conforme se compreende através de passagens como I Ped. 3:18-20 e 4:6. E isso é dito até mesmo acerca dos decretos mais severos de Deus, conforme se aprende em Rom.1I32·־■ O Cumprimento Do Misterio Da Vontade De Deus

1. O bservem os que este versículo (e seu con tex to) é p a ra le lo da importante mensagem de Efé. 1:10, onde se aprende que, eventualmente, todas as coisas e todos os seres, terão de ficar debaixo do poder do Filho, formando assim um a unidade em torno dele.

2. O poder de Cristo atinge todas as regiões: a celestial, a terrena e a do mundo inferior. Nada pode estar fora do alcance de seu poder e de sua graça.

O Nome Jesus1. Não há que duvidar que esse uso é significativo aqui. O «Senhor» é

definido como «Jesus». Disso se entende que há uma essçncia salvatícia ou restauradora na própria idéia de «Senhorio», no N.T.

2. Portanto, o poder que Cristo exercerá sobre todas as coisas, não será meramente um poder forçado. Todos os seres inteligentes chegarão a exercer certa forma de fé, ainda que não a fé evangélica, em Cristo, como o Senhor. Mesmo que isso seja forçado, em alguns casos, eventualmente será um a atitude genuína.

3. O número dos eleitos será extremamente pequeno. Cristo «restaurara» todas as coisas. Nos trechos de Efé. 1:10 e 1:23, temos procurado explicar como isso poderá ser. Nas notas expositivas dali, contrastamos a redenção dos eleitos com a «restauração de todas as coisas».

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julgamento. Isso seria uma contradição com toda a sensibilidade cristã, além de ser uma idéia antibíblica.

b. A maioria dos intérpretes antigos, era de opinião de que ali Cristo ofereceu plena salvação aos perdidos, e que essa oferta é válida (de acordo a inda com essa in te rp re tação ), a té à segunda v inda d.e C risto , a qual determinará os destinos finais das almas. O destino será determinado por esse evento, e não pela morte pessoal de cada indivíduo. As notas em I Ped. 4:6, mostram que isso exprime uma verdade bíblica.

c. Outros, ainda, antigos e modernos, têm pensado que Cristo melhorou as condições dos perdidos no hades, sem lhes haver oferecido a redenção. Essa idéia reflete, pelo menos, o significado de Efé. 1:10, sem importar se descreve ou não o intuito da própria descida ao hades.

d. O trecho de Efé. 4:9,10, ensina-nos que a descida se revestiu do mesmo propósito que a subida, a saber, fazer Cristo tonar-se «tudo para todos». Essa é, igualmente, a mensagem de Efé. 1:23. Cristo teve seu ministério na terra; teve seu ministério no hades; e teve (e tem) seu ministério nos céus. Todos esses ministérios têm a mesma finalidade, ou seja, fazer todas as coisas retrocederem até Cristo (ver Col. 1:16), pois ele é não somente o Alfa, mas também o Omega. Essa unidade em torno de Cristo será benéfica para todos, embora só confira a salvação para os eleitos. Os não-eleitos serão uma espécie diferente de ser, que não participarão da natureza divina.

e. O julgamento ajudará a produzir essa restauração; mas não conseguirá dar a redenção aos perdidos. O fato de que os perdidos não serão remidos, significa que permanecerão no estado de juízo eterno. Porém, dentro dessa condição, Cristo dará àqueles homens uma existência digna de ser vivida, a qual redundará em glória positiva para ele. Pois Cristo será o objetivo de toda a existência deles. Isso é verdade porque Cristo assumirá o controle de todas as coisas; todas as coisas serão centralizadas em torno dele; ele será tudo para todos.

f. Eventualmente, haverá um único alvo e uma única razão para se viver:o Filho de Deus, o Cristo, o Logos eterno. Isso se concretizará na forma de uma unidade, em bondade, dentro do propósito divino.

g. A despeito de qualquer glória que o estado de restauração porventura venha a envolver, será (p a ra os não-eleitos) um a p e rd a in fin ita , em confronto com o ganho infinito dos eleitos.

expositivas ali existentes).« ...na terra . . . » Seres hum anos são focalizados aqu i, sem q ualquer

distinção aparente acerca da esfera em que talvez estejam habitando, quando finalmente atribuírem essa glória à pessoa de Cristo Jesiis, embora talvez haja aqui um indício indireto sobre a doutrina da continuação da ex istência da te rra , na nova criação , quando as nações da te rra serão sujeitas a Cristo. A expressão paulina significa, de maneira geral, «todos os seres de todos os lugares», sem tecer quaisquer especulações acerca de como os seres podem trasladar-se de uma esfera para outra, dentro do vastíssimo universo de Deus.

« ...debaixo da terra . . . » E xpressão usad a no grego desde os d ias de Homero, dando a entender os espíritos dos mortos, que estão no hades. De acordo com a doutrina neotestamentária, esses espíritos estão vivos, e Cristo exerce certo ministério entre eles, visando o bem deles.

O Significado Da Descida Ao Hades1. O relato da descida de Cristo ao hades é mais completamente descrito

em I Ped. 3:18—4:6. A narrativa da descida de profetas do A.T. ao hades, é um tema comum em composições judaicas antigas e não-bíblicas. Muitas culturas (incluindo a grega e a romana), continham tais histórias em sua literatura. Os escritos cristãos primitivos também narram como Cristo desceu ao hades e ali desenvolveu um ministério. Portanto, esse conceito é antiqüíssinio, e muito reiterado, embora figure nas páginas do N.T. raras vezes. As referências neotestamentárias são como os picos de um «iceberg». Representam uma tradição honrada e desde há muito estabelecida, pelo que, de maneira alguma, formam um elemento isolado. Mas representam um acúmulo considerável de literatura judaica e cristã.

2. N outros trechos tem os com entado com deta lhes o significado da descida ao hades. As notas que aparecem em I Ped. 3:18, são bastante extensas e examinam todos os lados e interpretações dessa tradição. Em Efé. 4:9,10, acrescentamos importantes notas sobre esse tema, em forma abreviada.

Aqui damos apenas algumas poucas declarações, e, ao mesmo tempo, solicitamos que o leitor examine as passagens acima mencionadas, em suas notas expositivas, onde são expostos os detalhes:

a. A descida de C risto ao hades não teve o p ropósito de p reg ar

11 καί πάσα γλώσσα Ιξομολογήσεται οτι κύριος Ίη σοΰς Χ ριστός €ΐς δόξαν θεοΰ ττατρός.1 1 εξσμολογησηταιρ 4βΧΒ 1J39 d Or ς ; R] -σεται A D G pm j Xpíoros] om G iSç8 Or Eus Hil Ambst

«...para glória de Deus Pai. ..» Essa é a principal finalidade da existência dos homens. Note-se que Deus é o «...Pai...» (Quanto a notas expositivas sobre esse conceito, ver Rom. 8:14,15 e João 8:42). Na epístola aos Efésios essa é a nota chave de tudo quanto os homens participam nas bênçãos celestiais, porquanto essas bênçãos nos são dadas como filhos, da parte do Pai, já que nos temos tornado participantes da natureza do Filho de Deus. (Ver Efé. 1:2,3,5,11,14,17; 2:18,19; 3:14 e 6:23 quanto a essa ênfase. No que tange ao fato que todos os seres vivos existem para a glória de Deus, ver Efé. 1:14 e as notas expositivas ali existentes, onde também se lê que nossa participação na herança celestial será para «o louvor de sua glória»). Os crentes participam dessa glória por causa da herança que possuem em Cristo, pelo que também são donos das «riquezas da glória de sua herança». (Ver Fil. 1:1 e as notas expositivas a respeito, onde a vida santa do crente é declarada como algo que redunda na «glória e louvor de Deus»), Nesse ponto, (Vários aspectos da glória divina são salientados, a saber:

1. Essa glória pertence à família divina, derivada do Filho de Deus e outorgada aos filhos de Deus, o que fala da riqueza e do brilho da vida e das bênçãos espirituais.

2. Isso também alude à presença de Deus. E ninguém chegará a ver a Deus se não houver sido glorificado «em Cristo», mediante a autêntica aceitação de seu senhorio. Porém, ao ser assim glorificado, o crente passará a compartilhar da glória de Deus.

3. H á a lusão aqu i a todos os excelentes a trib u to s d ivinos, como à santidade, ao amor e ao poder de Deus. Ele é «glorioso» no poder e bondade in fin ito s que carac te rizam o seu ser. E a redenção ex a lta essa p a r ticu la r id a d e , p o rq u an to o louvor dos rem idos exaltará o am or e a bondade de Deus, aumentando a glória celestial por conduzir os seus filhos até à sua presença, para que sejam participantes eternos de sua graça, para que compartilhem de «toda a plenitude de Deus», conforme se vê em Efé. 3:19.

4. A majestade e a sublimidade de Deus, de modo geral, bem como as excelências infinitas de sua pessoa, são todas focalizadas mediante o uso deste vocábulo. T udo isso será exaltado e au m en tad o quan d o ficar demonstrado que Cristo é o Senhor de todo o universo, e quando isso for reconhecido; pois é mediante o exercício do «senhorio» dé Cristo que os propósitos e a vontade de Deus terão cabal cumprimento. Assim também as excelências divinas serão aplicadas a todas as criaturas, elevando-as a um nível muitíssimo mais elevado, de acordo com o beneplácito divino. Note-se que o estabelecimento prático do «senhorio» de Cristo é necessário para que a glória de Deus seja completa, ou seja, para que Deus receba toda a glória a que faz jus, bem como para que os remidos participem da mesma; pois isso faz parte da glória que Deus receberá. Finalmente, deve-se entender que a glória de Deus Pai e de Deus Filho são mútuas. (Ver os trechos de Luc. 10:16; João 5:23 e 17:5).

No presente contexto, pode-se observar quão absurdo, portanto, é que os homens se vangloriem de si mesmos. Essa é a razão mesma pela qual Paulo resolveu demonstrar as verdades sobre Cristo que temos aqui expostas. Ninguém pode invejar a outrem, nem criar facções, nem fazer de si mesmo um pequeno C ésar no seio da ig reja; p o rq u a n to to d a exaltação cabe exclusivamente a Deus. Além disso, essa exaltação a Deus é reconhecida mediante a aceitação, por parte do homem, do senhorio de Jesus Cristo, e

2:11: e todo língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.

Os gnósticos (há notas expositivas sobre eles em Col. 2:18) especulavam que há muitos universos, e que cada um deles conta com seu deus ou com elevados poderes angelicais. Alguns gnósticos faziam de Cristo o mais exaltado desses poderes, ao passo que outros não lhe conferiam qualquer posição especial, exceto que supunham que a sua autoridade se estende pela terra inteira, da mesma maneira que cada «aeon» teria uma área específica de domínio. Mas Paulo contradiz isso tudo, mostrando que o senhorio de Cristo é absolutamente universal, incluindo todos os mundos e todos os seres. No primeiro capítulo da epístola aos Efésios, Cristo é retratado como Cabeça de todos, como o restaurador e unificador de todos os seres e de todos os mundos. E aqui outro tanto é dito, exceto que o simbolismo não é esmiuçado em detalhes, conforme se faz naquela passagem.

« . .. toda língua con fesse ...» No orig ina l grego tem os a pa lav ra «eksomologeo», que tem o sentido primário de «declarar francamente», de «fazer confissão aberta», embora haja o sentido secundário de «confessar com gratidão». Este sentido secundário é preferido por alguns intérpretes, porquanto, no grego posterior, parece que esse significado suplantou inteiramente o primeiro. Se esse é realmente o verdadeiro sentido, então é salientado, tal como no décimo versículo, que essa confissão será feita não por seres forçados a tanto, que se sintam esmagados. Bem pelo contrário, o propósito remidor de Cristo, operante em escala universal, tendo permeado todos os mundos e todos os seres, produzirá uma voluntária confissão de ações de graças. Mas até mesmo sem apelarmos para o sentido secundário do termo, não há razão alguma para pensarmos que essa confissão venha a ser feita com relutância. Não obstante, a verdade é que muitos seres terão de passar por lições dificílimas, enquanto Deus lhes ensina a realidade do senhorio de C risto ; m as to d as as c ria tu ra s in te lig en tes haverão de final!nente reconhecer isso voluntariamente, de todo o coração.

«...que Jesus Cristo é Senhor...» Diz Alford (in loc.)·. «Esse é o grande escopo de toda a mediação de Cristo e de seu reino medianeiro, conforme se verifica em comparação com I Cor. 15:24-28». O termo «...Senhor...» é freqüentemente aplicado a Jesus Cristo, nas páginas do N .T., algumas vezes meramente como título de respeito, mas, na maioria das vezes, como in d icação de sua d iv indade. (V er Rom . 1:4, onde o títu lo com pleto é comentado, «Senhor Jesus Cristo», e onde é exposta a doutrina do «senhorio de Cristo». Note-se também, em Rom. 10:9,13, que somente a confissão de Jesus como Senhor, e a aceitação desse fato de todo o coração, na forma de entrega da alma aos seus cuidados, pode levar alguém à salvação. Não há tal coisa como um crente ou convertido que também não aceite a Jesus como seu Senhor. Somente a «crença fácil» que se espraiou entre tantas igrejas evangélicas hoje em dia pode admitir tal aberração. O N.T. não ensina e nem permite tal conceito, pois a própria essência da salvação consiste de serm os conform ados segundo a im agem de C risto , a través da to ta l submissão a ele, de tal modo que o humano será absorvido pelo divino.

«Esteja absolutamente certo, pois, toda a casa de Israel, de que a este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo» (Atos 2:36). E comenta Kennedy (in loc.): «O termo ‘Senhor’, se transformou em uma das palavras mais amorfas do vocabulário cristão. Se penetrássemos em seu significado e lhe déssemos o efeito prático que ela tem, isso recuperaria, em grande medida, a atmosfera que havia na era apostólica».

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in loc.).«Nem mesmo os homens mais poderosos e sábios têm podido revelar mais

p len am en te o coração de D eus e o coração do hom em , com o o fez no passado o Cristo crucificado. Agüelas coisas têm sido reveladas de um a vez para sempre. ‘Está consumado!’ Em face do Crucificado, todo o ‘mais’ e todo o ‘m enos’, bem como todo o p rogresso e ap ro x im ação , não têm q u a lq u e r sen tido . A ssim , pois, podem os d izer acerca de C risto , tão-somente: Ele é a nova realidade; ele é o ponto final». (Paul Tillich, Shaking the Foundations, pág. 148).

não porque este ou aqueje se fazem de pequenos «senhores» entre os irmãos.Q uando alguém assim age, e s tá u su rp an d o a g ló ria que cabe exclusivamente a Deus, negando, por ,outro lado, o senhorio que somente Cristo pode e deve exercer. Por conseguinte, os pequenos «césares» são pequeninos «senhores» na igreja, formando um a situação insultante para Cristo e para seu Pai, bem como para a igreja cristã inteira.

«Todas as modalidades de salvadores prometem transform ar o mundo de fora para dentro, e às vezes até conseguem proporcionar alguns beneficios externos; finalmente, porém, o homem precisa libertar-se de si mesmo, se tiver de experimentar a verdadeira ‘liberdade dos filhos de Deus'». (Wicks,

IV. Características da Vida Cristã (2:1-18).3. O exemplo de dedicação suprema, dado por Cristo, leva o crente a aceitar suas diversas obrigações (2:12-18).

O amor cristão, o exemplo deixado por Cristo, o seu senhorio, são todos elementos que impõem ao crente determinadas obrigações, todas as quais têm aplicação prática, diária, na vida moral e ética de cada seguidor do Senhor Jesus. Mui admirável é que essa porção ética da vida do crente e pintada como o desenvolvimento da salvação, ainda que alguns se surpreendam quePaulo tenha podido dizer tal coisa. Devido à estranheza dessa expressão, várias interpretações têm sido propostas para ocultar oseu sentido verdadeiro; mas isso tem sido feito para detrimento do cristianismo, pois a igreja cristã precisa desesperadamente desse conceito. (Ver as notas expositivas abaixo, sobre o versículo seguinte). O senhorio de Cristo requer a obediência a ele, em tudo. Isso significa crescer na santificação, e a santificação é o lado moral da salvação, que agora começa a concretizar-se em nós, e cujo alvo é a participação absoluta na própria santidade de Deus. Os crentes têm certo papel a desempenhar nesse processo. Se se mostrarem negligentes, não poderão ser levados aos lugares celestiais, e sua conversão ficará anulada. Em outras palavras, a santidade é uma necessidade absoluta para que se atinja a glória que há em Cristo. Conforme já dissemos, há um lado humano em tudo isso, segundo também as notas expositivas abaixo o explanam.12 'Ώ σ τε , α γαπητο ί μου, καθώς πάντοτε υπηκουσατε, μη ώ?4 ¿ν τ -rj παρουσία μου μόνον άλλα νυν

πολλω μάλλον ev rfj απουσία μου, μ ετά φόβου καί τρόμου την ¿αυτών σωτηρίαν κατεργάζεσθε·bo arm e th A m brosiaster2“׳C sy rp cop8־e.f.g.x.î* Vg Sy rh ! omii g 33 !241 i tdiv0

C hrysostom Cassiodorus* 12 IB } ώ$ pí6 R A C D G K P Φ 81 88 104 181 326 330 436 451 614

629 630 1739 1877 1881 1962 1984 1985 2127 2492 2495 B yz L ed i tw-e-*-d*».d»v*f

12 ii€rà...KaT€pyá^e<r0€ Ps 2.11; 1 Pe 1.17

A omissão de ¿s de B 33 42 234 618 2141 al provavelmente foi acidental, embora copistas possam tê-la apagado deliberadamente como supérflua; seja como for, a presença da palavra é fortemente apoiada por P (46) e representantes do tipos de texto alexandrino e ocidental ( ü A C D G K P t 81 614 1739 Byz Lect).

seu desenvolvimento espiritual, prestando contas exclusivamente a Deus. Todos nós temos tido professores e outros elementos influenciadores em nossas vidas; e todos eles desempenharam um a função necessária. Porém, o que fazemos com as suas instruções, como as aplicamos, sobretudo acerca das instruções espirituais que temos recebido, depende inteiramente de cada um de nós, como indivíduos. Quantos são os jovens que se conduzem bem , estan d o n a co m p an h ia de seus p a is ou de seus m estres, p a ra se afastarem inteiramente do reto caminho quando esse apoio lhes é retirado! Sim, chega um ponto, na vida de cada crente, em que ele tem de enfrentar o seu Deus sozinho. Chegado esse ponto, não poderá mais depender das experiênc ias de ou tros c ren tes . É um a ten d ên cia , a té m esm o um a necessidade das crianças e aprendizes de todos os ofícios, se aproveitarem das experiênc ias a lhe ias. M as chega o tem po em que isso não pode continuar a ser feito. O crente precisa tornar-se aquilo que ele deve ser sozinho, dependendo diretamente de Cristo em sua própria alma.

Em batalha ou negócios, qualquer que seja o jogo,Pela lei ou pelo amor, é sempre, sempre o mesmo.Em luta por poder ou por ganhos desonestos,Deixe que isto seja seu guia:

Confie em si mesmo.Por qualquer que seja o prêmio, quer medalha ou trono,O vencedor é aquele que segue lutando sozinho.

«...muito mais...» Sem contarem com a presença pessoal de Paulo, os crentes filipenses precisavam resguardar-se, pois não podiam mais contar com a ajuda e sustento dele. Em sua ausência, um maior zelo e cuidado se tomava mister. No dizer de Braune (in loc.): «Ele (Paulo) exorta-os a uma maior necessidade de esforço próprio, porquanto agora estariam sozinhos, sem a assistência do apóstolo, agora distante».

« . ..desenvolvei a vossa sa lvação ... » A p rim e ira dessas p a lav ras , no original grego, é «katergadzomai», que significa «produzir», «conseguir», «atingir». «Desenvolver» é um a suavização da idéia; de fato, trata-se de uma interpretação, e não de um a tradução.

Efetuai A Vossa Salvação!Que significa essa declaração? Será não-paulina?1. Não é idéia não-paulina, porquanto não há nela qualquer pensamento

de m erecer a sa lvação a través de boas o b ras, rito s , cerim ôn ias, sacramentos. Isso seria inteiramente oposto à teologia paulina.

2. Não obstante, o original grego indica mais do que apenas «desenvolver» nossa porção espiritual, por havermos sido salvos por Deus. Além disso, significa muito mais do que «expressar externamente» a salvação que possuímos internamente, ou «dar evidências» de que somos convertidos.

3. Pelo contrário, Paulo m ostra que realmente pomos em funcionamento a nossa salvação, em termos não-legalistas.

a. O processo (do princípio ao fim, da conversão à glorificação), na realidade terá de ser efetuado mediante o exercício da vontade hum ana, que «acolhe e encoraja» a vontade divina, para que esta opere. Ã acolhida à vontade divina, denominamos «fé». Portanto, em certo sentido, nosso «desenvolvimento» de nossa salvação é o exercício da fé inicial e contínua.

b. Essa fé, entretanto, é encarada como um princípio vivo e ativo, o qual transform a um homem segundo a imagem moral e metafísica de Cristo. P au lo d izia : «Deveis te r u m a fé g en u ína ; tam b ém deveis p e rm itir e e n co ra ja r o E sp írito , p a ra que rea lize a sua o b ra ; deveis ser verdadeiramente santificados; deveis realmente desenvolver as virtudes

2:12: De sorte que, meus «nados, do modo como sempre obedecestes, não como na minha presença somente, mas muito mais agora na minha ausência, efetuai a vossa salvação com temor e tremor;

Com a palavra «...pois...», Paulo vincula a exortação que faz aqui com o que dissera imediatamente acima. Pois a idéia principal é que os crentes vivam na presença de Deus, adquirindo a posição de glória mediante a atitude de humildade, sob a condição de trabalharem juntam ente com Cristo, de modo a serem verdadeiros «filhos de Deus» e «luzes do mundo». Em tudo isso transparece a verdadeira semelhança, ainda que imperfeita, da deidade que habita na humanidade de nosso Senhor, a qual é exaltada através da dupla humilhação até um a glória indizível». (Barry, in loc., que poderia ter adicionado que a deidade residente em Cristo lança sua luz ética nesta secção, em nossa própria hum anidade; e que ambas as idéias, a participação de Cristo e a nossa participação, aparecem juntas em Col. 2 :9 ,10 , sendo en fa tizad as em E fé. 1:23 e 3:19. T ra ta -se de conceitos admiravelmente elevados, que falam da própria essência do evangelho, conforme o apóstolo vê as coisas.

«...amados meus...» é expressão de afeto genuino. Alguns problemas tinham surgido, pois havia crentes que procuravam dominar a outros, transformando a igreja em um teatro de glorificação própria; e Paulo agora repreende tal erro. Mas, ao mesmo tempo, reconhece sua conexão íntima com eles, porquanto estavam todos vinculados em amor fraternal e no amor dé Cristo. Deve-se notar, por conseguinte, que essa reprim enda é suavizada com expressões de afeto; pois a repreensão, sem o tempero do amor, é destrutiva, e não auxiliadora. Pode-se observar, por igual modo, que, na sua severa ep ís to la aos G á la tas , Pau lo com freq ü ên c ia suavizou suas exortações e correções por termos reiterados de afeto. (Ver Efé. 1:11; 3:15; 4:12,28, 31 e 6:1,17, onde os chama de «irmãos»; ver Efé. 4:19, onde os chama de «filhinhos»). A palavra «irmãos» aponta para os crentes como participantes da família divina, em que Deus aparece como Pai, ao passo que Cristo figura como Irmão mais velho, e onde a igreja ê o lugar onde o amor fraternal deve agir como norma orientadora. (Ver as notas expositivas sobre essa questão, em João 15:10,21).

«.. .sem p re o b ed eces tes ...» «.. .o b ed ecestes ...» vem do term o grego m pakouein», que subentende a obediência em resultado do ouvir alguma ordem, no que concerne à sua origem, embora fosse termo comumente usado para qualquer forma de obediência. E ra vocábulo usado como termo técnico para indicar um «porteiro», cujo dever era ouvir os sinais daqueles que desejavam admissão, permitindo-lhes a mesma, se tivessem tal direito. Também era palavra usada para indicar «estar sujeito a», «seguir». A co n d u ta dos cren tes filipenses, no p assado , sem pre fo ra exem plar, porquanto seguiam o padrão deixado por Cristo, e davam estrita atenção às injunções apostólicas. M as houve tempo em que contavam eles com o apoio da p resen ça , da au to rid ad e e do en co ra jam en to de P au lo . A gora , na ausência física do apóstolo, tinham de estar suficientemente amadurecidos no e sp írito p a ra que pudessem m an te r-se sozinhos, p re s tan d o co n tas d ire tam en te a C risto . P o r essa razão é que Pau lo exortou -os a que aplicassem a salvação que possuíam, pondo־a em ação quanto ao seu lado morál, o que poderiam fazer rendendo-lhe a própria vontade e aplicando todos os meios mediante os quais os homens são transformados segundo a im agem m oral de C risto , e, p o r consegu in te , segundo a su a im agem metafísica.

A necessidade fin a l de cada crente ficar de p é p o r si mesmo: Temos aqui um a grande verdade. Cada crente terá de finalmente manter-se sozinho, em

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«Certo professor, que sofrera de exaustão nervosa, recebeu de presente um livro sobre o controle do pensamento, onde supostamente encontraria saúde e tranqüilidade. Encontrou m uita coisa útil; mas tam bém lhe foi dito ali que não trabalhasse demais, que não carregasse um a parcela muito g rande de resp o n sab ilid ad e , que não se incom odasse com situações perturbadoras. E assim chegou à conclusão que estava sendo sutilmente atraído para uma vida de acomodação, que ele não desejava para si».

«O cris tian ism o não foi esq u em atizad o p a ra conservar-nos em naturalidade, em paz, em felicidade e em contentamento. Seu intuito verdadeiro é exatamente o de perturbar o ‘eu’, tomando-nos tão enfermos e envergonhados de nós mesmos que queiramos abandonar toda a idéia de auto-suficiência, permitindo que algo da atitude de desprendimento de nòsso C riad o r assum a o com ando de nossas a lm as á to rm en ta d as consigo mesmas». (Wicks, in loc.).

«...com temor e tremor...» Essas palavras servem para m ostrar que Paulo não falava acerca de coisas indiferentes. As duas palavras gregas aqui usadas pelo apóstolo, «phobos» e «tromos», aparecem juntas com freqüência na versão da Septuaginta (tradução do original hebraico do A.T. para o grego, completado cerca de duzentos anos antes da era cristã), como se vê em Gên. 9:2; Êxo. 15:16 e Isa. 19:16; como também são de uso freqüente nas páginas do N.T. (Ver I Cor. 2:3; II Cor.6:15; Efé. 6:5, onde a expressão é co m en tad a). A pesar de ser v erdade que nenhum te rro r ab je to nos é recomendado, mas tão-somente um a cautela séria, contudo, não há razão para acreditarmos que Paulo não estivesse pensando em um temor genuíno, porquanto estamos aqui abordando uma questão temível., No dizer de Weadlaw (in loc.), temos aqui «...temor, autodesconfiança, consciência sensível, vigilância contra a tentação; uma inspiração que se opõe à altivez de espírito, o cuidado para que se não caia, a constante apreensão ante o fato que o coração é tão enganoso, o tèmor devido ao poder insidioso da corrupção no íntimo». Essa expressão é empregada no trecho de Efé. 6:5, para aludir à atitude que os escravos devem ter para com os seus senhores. Um respeito são é aqui recomendado, e até mesmo o temor, no sentido ordinário do termo, porquanto nosso Senhor é o Rei dos reis. Segundo se lê em Pro. 1:7: «O temor do Senhor é o princípio do saber...»

Oferecemos aqui um a ilustração acerca do temor devido a Deus. Foi feito um levantamento de opinião pública pelo Ladies’ Home Journal, um a rev ista n o rte -am erican a que se in te ressa po r c renças re lig iosas; e os resultados colhidos foram entregues à apreciação de representantes eruditos das fés protestante, católica-romana e judaica, com os seguintes resultados:

1. Noventa e cinco por cento das pessoas professaram crer na existência de Deus (um a coisa boa), mas apenas vinte e seis por cento pensavam que Deus tem qualquer relação pessoal com sua conduta diária (o que é mau); e isso representa a posição do «deísmo», em contraste à posição do «teísmo». O teísmo assevera que Deus existe e mantém contacto com os homens, estando interessado por recompensá-los ou puni-los. Já o deísmo afirma que Deus existe, mas assim que criou tudo se divorciou inteiramente de sua criação, tendo-a deixado ao encargo de «leis naturais», porquanto não está interessado em galardoar ou castigar aos homens. (Ver as notas expositivas sobre as «diversas idéias concernentes à natureza de Deus», em Atos 17:27).

2. Noventa e um por cento das pessoas procuravam ter um a vida piedosa (um a coisa boa), mas oitenta e dois por cento delas admitia que sua suposta «luta» pelo bem raram ente interferia com aquilo que queriam fazer (o que é mau); portanto, a vida piedosa era tão-somente um «ideal», e não um fato real em suas vidas.

3. Noventa por cento das pessoas pensava que a aplicação do amor, na sociedade hum ana, resolveria os problemas da mesma sociedade, e oitenta e dois por cento delas mostrava-se o suficientemente egoísta para pensar que estavam obtendo um bom grau de sucesso na aplicação dessa lei. Contudo, o ite n ta p o r cento de ta is pessoas estava ce rta que a m aio ria de suas tribulações eram provocadas por outras pessoas, e não por elas mesmas; portanto, não pareciam ser sinceras na aplicação da lei do amor.

Aqui, pois, vemos pessoas obcecadas, sem nenhum temor a Deus diante dos olhos, em qualquer sentido prático. O temor a Deus derruba o ‘eu’ do trono e ali entroniza a Deus; e isso é que torna possível nosso andar na santificação. Conforme diz Robertson (in loc.): «Paulo não sentia qualquer s im p atia com um a o rtodox ia f r ia e m o rta , com o fo rm alism o que desconhece lu ta e desenvolvim ento . Ele nos exorta com o se fosse um arminiano dirigindo-se aos homens. Mas ora como se fosse um calvinista, dirigindo-se a Deus, sem sentir qualquer incoerência nessas duas atitudes. Paulo não faz qualquer tentativa de reconciliar o senhorio divino com a livre agência do hom em , m as an tes, p ro c lam a o u sad am en te am bas essas verdades». O autêntico temor a Deus nos confere «...uma ansiedade nervosa e tremente para praticarmos o que é direito». (Lightfoot, in loc.).

Precisamos temer ao Senhor a fim de que, tendo recebido tão grande graça, tão profundo conhecimento, tão multiplicados privilégios, acima de nossos semelhantes, no què concerne às realidades espirituais, venhamos a «falhar», não dando o devido prosseguimento à salvação, não a levando a bom term o , a té onde esta vida te rre n a oferece o p o rtu n id ad e p a ra ta l aperfeiçoamento.

' èvepyeiv virèp rrjs evSoKias.

A Imensidade Da Obra Requer O Concurso Da Graça1. No vs. 12, vimos que há um lado humano no processo salvatício. Paulo

se apressa por mostrar-nos o lado divino do mesmo, e isso nos assegura de que o lado humano é totalmente dependente das operações divinas.

2. «Porque Deus é quem efetua», diz Paulo. Deus é o verdadeiro autor da salvação. E s ta r salvo sign ifica que o rem ido chega a c o m p a rtilh a r da imagem e da natureza de Cristo (ver Rom. 8:29), da natureza do Pai e seus

morais; deveis ser transformados; deveis viver a vida caracterizada pelo amor. Do contrário, não haverá a salvação em vós». Tudo isso se refere ao lado humano, e como cooperamos com o Espírito de Deus.

c. Desenvolvemos nossa salvação porque cada avanço na espiritualidade é rea lizad o por nós, na m edida em que vam os cooperando com o po d er divino. Nenhum avanço pode ser atingido sem essa cooperação.

d. A essência dessa idéia é a de que «somos responsáveis» por cada passo de nossa salvação, incluindo a conversão (quando nos achegamos a Cristo), a santificação (quando permitimos que o seu Espírito nos torne santos) e as boas obras (quando pomos em prática a lei do amor).

e. O versículo seguinte, naturalm ente, expõe o lado divino de todo esse processo. Não poderíamos querer a vontade de Deus, e nem querer pô-la em prática, e realmente praticá-la, a menos que o seu Santo Espírito׳ nos inspirasse e nos capacitasse a tanto. Assim sendo, o pêndulo baloiça de volta à pura graça divina. A graça se acha no alicerce de todo o nosso ser e de tudo em que estamos nos tornando. (Com parar isso com I Cor. 4:7 e 15:10).

4. Notemos como até mesmo as «boas obras» de um indivíduo, as suas atividades, a sua bondade expressa por meio de atos, e aquelas coisas que ele faz para cumprir a sua missão, tudo foi preordenado e agora recebe de Deus a energia (ver as notas em Efé. 2:10). Por conseguinte, devemos ao Senhor as nossas próprias boas obras. Deus faz cada homem tornar-se um ser singular, em si mesmo e em sua missão (ver as notas em Apo. 2:17).N ada existe no hom em decaído no p ecado , que possa p ro d u z ir ta is resultados, sem a intervenção divina.

5. Como a nossa vontade e a determinação divina operam conjuntamente, não sabemos dizê-lo. O trecho de Fil. 2:12,13 diz-nos que assim sucede. Há em tudo isso um profundo mistério, pelo que as explicações aqui óferecidas são inadequadas, embora, por certo, se revistam de certo significado.

Êpossível o fracasso? O versículo deixa entendido que uma pessoa, uma vez convertida, pode falhar na aplicação de sua santificação, perdendo assim sua conversão, voltando ao mundo. De fato, esta passagem, ficaria- sem sentido, como um a advertência, que se tom a mais vigorosa pela adição das palavras «...com temor e trem or...» O trecho de II Ped. 1:10 menciona a possibilidade de «queda»; a passagem de I Cor. 9:27 mostra-nos que até mesmo um grande pregador poderia se* finalmente «desqualificado». Isso, naturalm ente, cria o problema da reconciliação entre os ensinos bíblicos da «segurança eterna do crente» e da «possibilidade de desvio», conforme se percebe claramente em passagens como o nono capítulo da epístola aos R om anos e o décim o cap ítu lo do evangelho de João. A posição deste comentário é que a possibilidade de desvio é relativa, mas a segurança é absoluta. Como isto pode ser ver as notas em Rom. 8:39.

«Posto que a graça nos é dada, devemos trabalhar. O dom da graça se manifesta quando o indivíduo se tom a cooperador de Deus (ver I Cor. 3:9).A salvação dada mediante a graça deve ser posta em funcionamento pelo homem, com a ajuda da graça divina (ver Rom. 6:8-19 e II Cor. 6:1). O que esse desdobramento da salvação requer é visto em Fil. 3:10; 4:1-7; Efé. 4 :13-16 ,22 e ss. e Col. 2 :6 ,7 . P a ra tan to , o c ren te p rec isa ser constantemente fortalecido pelo Espírito. A possibilidade de sucesso transparece na oração feita por Paulo, em Efé. 3:16-20... A obra de Deus precisa ser exteriorizada por nós mesmos». (Vincent, in loc.).

«Qualquer que seja o descanso que o cristianismo providencie para os filhos de D eus, certam en^e-jam ais é visto como algo que e lim ina a necessidade do esforço pesSoal. E qualquer descanso que dê margem à indiferença será imoral e irreal, fabricará parasitas, e não homens. Ê exatamente porque Deus opera nele, como evidência e triunfo desse fato, o verdadeiro filho de Deus põe em execução a sua própria salvação, tendo-a receb ido , ag o ra a põe em ¡Funcionamento, e não com o algo sem importância, como um labor supérfluo, mas antes, como temor e tremor, com o é razoável e ind ispensável que os filhos de D eus o sirvam». (Drummond, Natural Law and the Spiritual World, pág. 335).

As palavras do autor citado acima concordam com a lei universal da colheita segundo a semeadura, porquanto essa lei não se aplica apenas aos incréd u lo s , m as tam bém aos rem idos. (V er G ál. 6 ,7 ,8 ). N ote-se na referência citada que a «vida eterna» é o alvo e o fruto da boa semeadura. O trech o de G ál. 5 :22 ,23 ensina-nos que os vários aspectos do «fruto do Espírito Santo» são implantados em nós pelo Espírito de Deus, sendo aceitos, buscados e aplicados por nós; e essa é um a outra maneira pela qual apontamos para o caráter daquilo que está sendo «realizado» por nós, mediante o poder de Deus.

«...salvação...» é palavra que deve ser aqui entendida em seu sentido absoluto e prim ário—a salvação da alma, eterno bem-estar nos lugares celes tia is . E ssa salvação com eça quan d o da conversão , envolve a san tificação e cu lm in a n a g lo rificação , envolvendo tu d o q u an to as Escrituras atribuem a esse processo. (Ver o trecho de Heb. 2:3 quanto a notas expositivas completas sobre esse tema).

Um a perseverança enérgica é necessária para que a salvação seja vivida ou executada em nossas vidas, até ao seu glorioso fim. Isso é exatamente o que o apóstolo ensinava aqui.

.13 θεός γάρ εστιν ο ενεργών ¿ν ύμ,ΐν και το θελειν13 θ ε ό ϊ .. .ύ μ ΐν Jn 15.5; 1 Cor 12.6; 15.10; 2 Cor 3.5; 1 Th 2.13

2:13: porque Deus é o que opera em vés tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.

As palavras o...porque Deus é quem efetua...» mostram o lado «divino» da salvação, tal como o versículo anterior mostra-nos o lado «humano». A m bos esses aspectos dizem um a verdade; e ap esa r de parecerem contraditórias essas declarações, até certo ponto, na realidade não são assim as coisas. Pois Deus salva, mas o homem é salvo ao corresponder à graça divina, nos termos descritos no versículo anterior.

κ α ϊ to

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35FILIPENSES

um anelo sutil e íntimo, o qual, apesar de inconspícuo, nem por isso deixa de ser real. Portanto, um homem pode dizer: «Quero ser como Jesus». E isso vem da parte do Espírito de Deus. E em seguida tal crente se torna mais e mais semelhante ao Senhor Jesus. E isso também vem da parte do Espírito de Deus. Tudo é um a questão mística, isto é, verifica-se mediante contactos genuínos do divino com o humano. As inclinações, os pendores, os desejos, os anelos, quando se voltam para as realidades espirituais, resultam da o peração ín tim a dò E sp írito de D eus. E isso é p a ra nós u m a verdade grandiosa e reconfortante.Teu toque tem ainda o poder antigo,Nenhuma palavra tua cai por terra inútil;Ouve, nesta solente hora da noite,E-em tua compaixão, cura-nos a todos.

(Hino de Henry Twill).«...o realizar...» No grego temos o verbo «energein», o mesmo vocábulo

usad o p a ra in d ic a r a operação divina em nós. D eus leva a bom term o aquelas coisas que desejamos e queremos, contanto que elas envolvam bênçãos espirituais autênticas. Nós «aprovamos o que é bom»; e então começamos a realizá-las (ver Rom. 7:14-23); e ao cumprirmos assim a vontade de Deus, nós mesmos vamos sendo transformados, de tal modo que passamos a praticar o bem, pelo impulso de nossas próprias naturezas (mas sempre sob a orientação do Espírito de Deus), tal copio Cristo, por sua própria natureza, praticou o bem. Assim, pois, desejamos e praticamos o bem, e igualmente vamos sendo transformados em pessoas bondosas.

«Portanto, Deus leva à perfeição aquelas disposições de piedade que ele m esm o im p lan to u em nós, a fim de que não sejam os im produ tivos, conforme ele nos prometeu por intermédio de Ezequiel: . .para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os executem ...’ (Eze. 11:20). Disso se pode inferir que a perseverança, por igual modo, ê um dom gratuito de Deus». (Calvino, in loc.).

«Nós desejam os, m as é D eus quem im p la n ta em nós esse desejo. Portanto, agimos, mas Deus é quem age em nós». (Agostinho).

O «fazer», no p resen te con tex to , diz resp e ito àq u elas co isas que acompanham a salvação e a levam à perfeição, a vida moral, a santificação; mas, de m aneira geral, todas as coisas contribuem para compor um a vida lea l a C risto , sendo isso que d e te rm in a o g ra u de g lo rificação que receberemos, quando nos adentrarm os nos lugares celestiais. A existência nos lugares celestiais, entretanto, desconhecerá estagnação, porquanto o c rescer em C risto será algo que o c u p a rá to d a a nossa ex is tên cia na eternidade.

«...segundo a sua boa vontade...» Literalmente, diríamos aqui «...em favor de sua boa vontade...» O sentido destas palavras precisa ser norteado pelo sentido que o trecho de Efé. 1:5,9 lhe dão: a concretização de seus p ro p ó sito s so b eran o s e g raciosos p a ra com os hom ens, na redenção hum ana, oferecida na pessoa de C risto. Essa é a vontade de Deus, e esse é o seu beneplácito. E isso se manifesta de muitas maneiras em nossa vida d iá r ia . P o rta n to , ap rendem os que a vontade d iv ina não envolve um a preferência arbitrária, mas antes, tem alvos específicos e benéficos atinentes aos homens. Tudo está unido ao amor paternal de Deus, operando em nós na qualidade de filhos seus. As palavras «...boa vontade...», no original grego, são um a palavra só, «eudokia», que significa «favor», «beneplácito», «boa vontade». Todas essas expressões referem-se à benevolência de Deus; e suas operações em nós levam-nos ao bem-estar final, a saber, a salvação de nossas próprias almas.

«Estes versículos servem de reprimenda contra todo o egoísmo e contra toda a vanglória». (Kennedy, in loc.).

14 TrÍLvra...yoyyv<rfX(àv 1 Cor 10.10; 1 Pe 4.9

entre as pessoas. Essa atitude, no seio da igreja, causa descontentamentos e desajustes, e geralmente se manifesta mediante ataques ferinos contra os líderes espirituais, provocando levantes e rebeliões, bem como a exibição da cam alidade mais egoísta. (Ver os trechos de I Cor. 10:10; Jud. 16 e João 6:41, quanto a outros empregos dessa mesma palavra). Em últim a análise, as murmurações demonstram um a atitude azeda para com a vontade de D eus. P e rten ce isso ao « ...e sp ír ito de m ás inclinações, fraco e a in d a rebelde...» (Braune, in loc.).

«...contendas...» No grego temos o vocábulo «dialogismos», em sentido positivo, que indica apenas «pensamentos», «opiniões», «raciocínios» (é de onde vem nosso vocábulo moderno «diálogo»). Mas aqui o temos em sentido negativo, de «dúvida», «disputa», «contenda». Alguns intérpretes preferem o sen tido de «disputas», ao passo que ou tros acham m elhor a idé ia de «dúvidas». Alguns vêem aqui um a «rebelião intelectual» contra Deus; porquanto as «murmurações» podem falar da rebeldia «moral». Indagações ditadas pelo ceticismo ou pelo espírito de crítica podem estar aqui em foco, ou en tão ap en as várias facções «em lu ta» , no seio d a ig re ja , as q u a is «disputavam» umas com as outras, lutando por alcançar posições de poder e auto-exaltação. Essa palavra pode indicar um a e outra coisa; e ambas essas errôneas atitudes devem ser repreendidas e descontinuadas. É possível que, em Filipos, houvesse indivíduos influenciados por idéias de tipo gnóstico; 6 bastaria isso para criar algumas dúvidas e o ceticismo, no tocante a diversas doutrinas cristãs. Além disso, havia os judaizantes, os quais procuravam elevar Moisés ao mesmo nível de Jesus Cristo, e que assim causavam facções e d isp u tas em defesa de suas idéias. Isso pode ser co n fro n tad o com a passagem de Tito 3:9, onde se lê: «Evita discussões insensatas, genealogias, e contendas, e debates sobre a lei; porque não têm utilidade e são fúteis...» As disputas de toda a sorte com freqüência se originam do sentimento de «vanglória», o cfual é cond en ad o no te rce iro versículo deste c ap ítu lo , juntam ente com as «contendas».

a tr ib u to s (ver E fé. 3 :19). Como p o d e ria o hom em a tin g ir esse alvo prodigioso, se dispusesse apenas de seus próprios recursos?

3. A imensidade da obra requer a intervenção do princípio da graçadivina (ver as notas em Efé. 2:8). Paulo nega todo e qualquer legalismo, sacramentalismo ou cerimonialismo, como fontes de salvação. «Porque é Deus quem a efetua em nós», diz ele.

Sentimos que nada somos, pois tudo és Tu e em Ti;Sentimos que algo somos, isso também vem de Ti;Sabemos que nada somos — mas Tu nos ajudas a ser algo.Bendito seja o Teu nome — Aleluia!

(Alfred Lord Tennyson, «The Human Cry»).«.. .efetua em vós...» No grego temos aqui o verbo «energeo», que significa

«operar», «atuar», «trabalhar», «vitalizar», «produzir». Tudo quanto houver de bom em nós vem pela operação de Deus. E como poderia mesmo ser de outro modo? A passagem de Gál. 5:22,23 descreve os diversos aspectos do «fruto do Espírito», demonstrando-nos que faz parte da atuação divina fazer habitar em nós toda a natureza moral de Cristo. O trecho de II Cor. 3:18 ensina-nos que o Espírito Santo nos transform a de «glória em glória», isto é, de um estágio de glória para outro, levando a imagem de Cristo a ser finalmente duplicada em nós. O ra isso antevê não apenas um׳, a modificação poética na natureza de nossos seres, mas um a modificação real, de modo a dar-lhe a mesma essência do ser de Cristo. Ora, é totalmente impossível que o homem faça isso em seu próprio proveito, trata-se de um a òperação divina, e não humana.

Em seus aspectos práticos, a concretização do poder de Deus, que em nós reside, nos fornece «a base do encorajamento» (Crisóstomo), bem como um. «incentivo para humanidade» (Calvino); pois sabemos que essa estupenda realização, cham ada «salvação», pode ser levada a seu término perfeito em nossas almas, posto tratar-se de nm a realização divina, e não hum ana. Ora, sabendo disso, seremos levados ao espírito de humildade e ação de graças, especialmente quando vemos que esse poder vai aumentando diariamente em nossas vidas. Essa operação de Deus, nos crentes, tem dois aspectos: 1. O p ró p rio «desejo» de faze r o que é da von tade de D eus, aqu ilo que o agrada; e 2 . a «realização» desse desejo, conforme o restante deste versículo nos mostra.

«...em vós...» Não temos aqui «entre vós», segundo dizem erroneamente algumas versões. (Ver igualmente I Cor. 12:6; II Cor. 4:12; Efé. 2:2 e Col. 1:29). Isso fala sobre o poder pessoal e residente de Deus, por intermédio do seu Santo Espírito, tal como se vê em Efé. 2:21,22. E o que é que nos leva a ter bons pensamentos, desejando cumprir a vontade de Deus, procurando os dons espirituais, se nãQ a influência benfazeja do Espírito Santo em nós? Essa influência é algo muito sutil, nem sempre dada de m aneira externa e patente. Na realidade, o mesmo Espírito de Deus influencia o mundo inteiro; e não fora isso, este m undo seria lugar impossível de ser habitado, mas antes, há muito se teria tornado um a floresta selvagem e negra. Nos crentes, entretanto, essa influência do Espírito é muito mais intensa e marcante, mais vívida e vital, de tal modo que os crentes ficam como que «estragados para o mundo», sentindo-se um miserável em sua própria alma, a menos que tenha confiança no Senhor Jesus, para a salvação e segurança de sua alma.

«...o querer...» Vemos aqui os impulsos íntimos do coração, mediante o que um homem pode dizer «eu quero», «eu espero», «eu resolvo». Todas essas afirmativas refletem a disposição, o «desejo» do indivíduo. Portanto, o que é dito aqui reflete o resultado direto da influência do Espírito Santo. Essa influência, algumas vezes, assume formas místicas visíveis, como sonhos, visões, dons espirituais diversos; mas, de outras vezes, através de

14 πάντα πο ιείτε χωρίς γο γγυσ μ ώ ν και διαλογισμώ ν,2:14:Fazei toda» as coisas sem murmurações nem contendas;

Tendo declarado o grande princípio geral que toda a boa vontade e toda a realização da mesma vem de Deus, embora isso requeira a reação favorável apropriada por parte do homem, para que aquele processo seja válido, o apósto lo com eça agora a e n tra r em p a r tic u la r id a d e s . P au lo condena categ o ricam en te as inclinações que hav ia n a congregação c r is tã dos filipenses para o ciúme, o descontentamento e as facções. (Ver Fil. 1:15,17). Paulo se preocupava ante o fato que, na vida de alguns, a graça divina não estava despertando a reação favorável apropriada, pois, a despeito de se ja c ta re m de desenvolvim ento e sp iritu a l, n a rea lid ad e exib iam a sua carnalidade, procurando dominar a outros, exaltando-se a si mesmos, e colocando-se em posições ridículas, com o que ameaçavam a unidade e a harmonia no seio da igreja, visto que o amor cristão era por eles abafado.

«...fazei tudo...» Temos aqui um a declaração geral— «...tudo...», em sentido «particular», «pessoal», na família, no lar, etc., como também em sentido «público», isto é, na comunidade cristã. A vida, em todos os seus aspectos d iário s, tem a lg u m a re lação com a salvação que estam os executando, obtendo, exteriorizando—e isso é algo que jam ais deveríamos olvidar. Não há como separar a vida terrena, diária e prática, daquilo que se seguirá nos lugares celestiais.

«...murmurações...» No original encontramos a palavra «goggusmos», que quer d ize r «queixum e», «desprazer», «m uchocho», «sussurros de descontentamento». A forma verbal dessa palavra significa «murmurar», «sussurrar», «queixar-se». Obviamente Paulo tinha em mente a atitude dos antigos israelitas, no deserto, quando por ali vaguearam por quarenta anos. Dificilmente houve alguma coisa, feita por Moisés, que os satisfizesse. Queixavam-se constantemente «em segredo», contra ele. Mas, ao assim fazerem, na realidade queixavam-se de Deus, pois o Senhor é quem os tinha colocado onde se encontravam. Portanto, Paulo denuncia aqui o «espírito amargoso», o descontentamento secreto que sempre envenena as relações

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36 FILIPENSES

15 ΐνα γένησθε άμεμπτο ί και ακέραιοι, τέκνα θεοΰ αμω μα μέσον yeveâs σκολιάς και διεστραμμένης , '¿ V O I S φ α ί ν € σ 0 € á ) S φ ω σ τ ή ρ α ς € V Κ Ο σ μ ω , c 15 c minor: TR WH Bov Nes BF2 AV RV ASV RSV NEB ΤΤ Zür Luth Jer Seg¡¡c major: NEBms

15 y e v e a s .. . δ ιε σ τρ α μ μ & η ς ])t 32.5; M t 10.16; Ac 2.40 k v ...κοσμώ Dn 12.3; M t 5.14; Eph 5.8

1 5 γ ΐν η σ θ έ ] η τ€ |)^A D * G la tt | α μ ω μ α |)46KAB pe Í'O C ! ; R ] α μ ω μ η τ α D G pl Ç .

2:15: para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus ¡maculados no meio de uma geração corrupta e perverso, entre a qual resplandeceis como luminares no mundo,

O termo «...irrepreensíveis...» é tradução do vocábulo grego «memptos», que significa «culpado», «faltoso». Mas o original usa o prefixo grego «a»,que dá a idéia exatamente do oposto. Portanto, não devemos praticarq u a lq u e r vicio e nem te r q u a lq u e r a titu d e que leve o u tro s a se escandalizarem ou a «censurarem» as nossas ações. Paulo exige aqui uma elevada integridade moral.

«...sinceros...» No original grego temos «akeraiso», que literalmente significa «sem mistura», ou seja, «puro», «inocente», alguém cujos motivos são inatacáveis, acima de qualquer reprimenda, alguém que vive para a g ra d a r ao Senhor, que não visa au to -ex a lta r-se , que serve a seus semelhantes por puro altruísmo, sem qualquer atitude egoísta ou perversa.Essa palavra tenciona falar do «puro caráter intrínseco» de pessoas boas.(Ver os trechos de Mat. 10:16 e Rom. 16:19, onde se vê que os crentes devem ser «singelos», e não com plexos, no to can te ao m al, sem «racionalizarem» a maldade, como se não houvesse ruindade nela, sem se desculparem por estarem praticando algo condenável). É possível que uma vez mais o apóstolo dos gentios estivesse pensando no antigo povo de Israel, cujo c a rá te r M oisés lam en to u em seu cân tico de desp ed id a , d izendo:«Procederam corruptamente contra ele, já não são seus filhos, e, sim, suas manchas: é geração perversa e deformada» (Deut. 32:5). Paulo queria que os libertos crentes filipenses vivessem muito acima do mau exemplo dos israelitas libertados do Egito.

E ssas duas p a lav ras , po r consegu in te , irrepreensíveis e «sinceros», aludem à natureza «interna» e à natureza «externa». Internamente deveriam ser «puros», «singelos», «sem m istura» ; e ex te rn am en te deveriam ser «inculpáveis», não atraindo qualquer censura da parte de Deus ou dos homens. Paulo, pois, queria que os crentes filipenses fossem inculpáveis tanto no tocante à sua reputação como no concernente à realidade diária.

«...filhos de Deus...» Temos aqui o termo grego «tekna», e não «uioi».Com freqüência essas duas palavras são empregadas como sinônimos; porém , quando se ten c io n a estab e lecer a lgum a d istin ção , «teknon» subentende relação natural, isto é «filhos gerados», ao passo que «uios» indica a posição legal ou ética. (Ver as notas expositivas sobre «tekna», em João 1:12; e comentários sobre ambos esses termos em Rom. 8:14). A pureza interna e a reputação inatacável era a de filhos de Deus, que se mantinham nessa condição devido ao respeito que tinham por Deus Pai, devido à com unhão d e sfru tad a com ele, p o rq u a n to D eus é a origem su p rem a de to d a a sa n tid a d e . É a san tid ad e de D eus que estam os absorvendo gradualmente (ver M at. 5:48 e Rom. 3:21).

«Aqueles que exibem um a autêntica disposição filial são descritos como ‘gerados’ ou ‘nascidos’ de Deus... (ver João 1:13; 3:3,7; I João 3:9; 4:7;5:1,4,18). Também é verdade que, com freqüência, Paulo reputou as relações cristãs de um ponto de vista puramente legal, como se fora uma adoção. Somente ele emprega o termo ‘uiosethia’ (ver Rom. 8:15,23; Gál.4:5 e Efé. 1:5). Entretanto, em Rom. 8:14,17, temos tanto a palavra ‘uioi’ como a palavra ‘tekna’. Aqueles que são conduzidos pelo Espírito de Deus são ‘uioi’; e o Espírito Santo testifica com eles que são ‘tekna’ de Deus. Mas essas são questões éticas». (Vincent, in loc.). (Quanto a notas expositivas completas sobre a doutrina bíblica da «adoção», ver Rom. 8:15).

\ ־ / Y Λ > / , s / > \ 5 P / Tr Λ ״ S ï í £ \ >16 Koyov ζωής €π€χοντες, eis καύχημα εμοι eis ,ημέραν Λ ρ ισ τον, οτι ονκ eis κενόν εοραμον ονοε eis' 5 ׳ , ״

κ ε γ ο ν ε Κ Ο π ί α σ α . 16 Χό~/ον...€μοί 1 Th 2.19 ήμβ ρα ν Χ ρ ίσ τ ο υ 1 Cor 1.8; Php 1.6,10 ουκ ,.Λ κο-κΙασα Is 49.4; 65.23; Ga 2.2

2:16: retendo α palavra da vida; para que no dia de Cristo eu tenha motivo de gloriar-me de que não foi em vão que corri nem em vão que trabalhei.

A palavra «...preservando...», no original grego é «epecho», que significa fixar a atenção, «segurar com firmeza». Fica subentendido que os crentes devem «aplicar» a palavra da vida, «fixando nela a sua atenção», e não primariamente «apresentando-a a outros», segundo algumas traduções dão a entender, ainda que no grego clássico o vocábulo tivesse exatamente esse significado, como quando alguém oferece vinho a outrem e estende o cálice para ele. Por essa razão é que diferentes intérpretes têm emprestado a este termo certa diversidade de sentidos, a saber:

1. Alguns pensam que essa palavra significa «segurar», como quando se oferece algo a outrem; e isso refletiria a função de um corpo luminoso que dá a luz de Deus aos homens. Assim pensam Ellicott, Alford, e outros.

2. Mas outros opinam em favor de «preservar» para nós mesmos, no sentido de sermos persistentes na aplicação da verdade às nossas próprias vidas. Assim diziam Lutero, Bengel e De Wette.

3. Ter em possessão, como fonte da piedade e da força, é a opinião que fazem deste vocábulo Meyer, Weiss, e outros.

4. Fixar a atenção, de modo a derivarmos benefício das suas qualidades purificadoras, que nos enlevam o espírito, e assim seja desenvolvido o caráter do crente, é o que o presente texto requer como sentido da palavra em foco. Esta últim a posição mui provavelmente reflete o significado v e rdadeiro do term o , em b o ra as dem ais posições re flitam posições legítimas, verdadeiras e úteis.

« ...pa lavra da v id a ...» T ra ta -se d aq u e la p a lav ra que tra z v ida aos homens, a saber, o «evangelho», a mensagem divina da redenção que há em Cristo Jesus.

«...inculpáveis...» No grego temos o termo «amomos», «sem culpa», termo usado p a ra in d ica r a au sência de q u a lq u e r defeito nos an im ais que deveriam ser sacrificados em holocausto, bem como para indicar a pessoa de Cristo como o Cordeiro que foi sacrificado (ver I Ped. 1:19). Portanto, o mais elevado grau de pureza nos é requerido. (Ver o trecho de Efé. 1:4, onde essa palavra também é comentada; e ver Efé. 5:27, onde ela ocorre novamente, aludindo à «pura noiva de Cristo», como um a «virgem pura e casta»). O trecho de II Cor. 11:2 também expressa a necessidade que os cren tes têm de p u reza . E ssa expressão exp lica m elhor a in d a as duas expressões an te rio res. Q u an to à «reputação», os c ren tes devem ser «inculpáveis»; e isso porque, no tocante à sua vida «real», são «sem defeito». Devem ser crentes «sinceros», «sem mácula», «puros», e isso internamente, visto que realmente não tem defeito.

Variante Textual: Os melhores manuscritos dizem aqui «amomos», conforme se vê nos mss P(46), ABC e em alguns outros de menor importância. Mas a forma «amometa» aparece nos mss DFGKLP, bem como na maior parte da tradição posterior dos manuscritos em «koiné». Essa variação (que é um sinônimo) provavelmente se deve ao fato que aparece o termo «mometa», em Deut. 32:5, na Septuaginta, de onde essa citação foi extraída.

«...geração pervertida...» No grego original temos aqui a palavra «skolia», que significa «sem escrúpulos», «desonesto», «duro», «injusto», «distorcido», ou seja, moralmente perverso. Isso descreve «...um comportamento externo desonesto e pervertido; mas o segundo termo descreve o caráter intimo distorcido». (Braune׳ in loc.). (Quanto à primeira dessas palavras, ver igualmente os trechos de Atos 2:40; I Ped. 2:18; Sal. 78:8 e Pro. 2:15).

«...corrupta...» No grego temos o termo «diestrammenos», um a forma do verbo «diastreRho», que quer dizer «distorcer», «perverter», ou, em sentido moral, «depravar». Essa palavra denota uma condição moral «anormal»; e assim parecia o paganismo aos olhos de Paulo. Ele advertiu aos filipenses, portanto, que não se fizessem participantes com os pagãos, em seus pecados morais.

« ...resp lendece is com o luze iros no m u n d o ...» (Q u a n to a um to ta l desenvolvimento das metáforas da «luz» e das «trevas», como símbolos representativos do «bem» e do «mal», ou daqueles que são «bons» ou «maus», ver as notas expositivas sobre Efé. 5:8׳ Quanto às pessoas que vivem no pecado, as quais são «trevas» por si mesmas, ver a mesma referência). Os crentes foram feitos «...luzeiros...» no Senhor. (Quanto à idéia que aquilo que é iluminado transforma-se em «luz» por si mesmo, e não apenas um reflexo da luz, ver as notas expositivas sobre Efé. 5:13. No tocante a Cristo como «a luz do mundo», ver João 1:9). Devido à graça de Deus, os homens iluminados não somente se fazem lâm padas que transportam luz; mas eles mesmos são luz, adquirindo a natureza mesma do divino Iluminador. E assim podem habitar nas regiões da luz, a saber, as regiões celestes.

«...luzeiros...» No grego temos o vocábulo «phoster», que significa «corpo luminoso», geralmente usado para indicar as estrelas, ou até mesmo o sol. Os crentes, por conseguinte, são mais que meras «lâmpadas» que levam a luz, m as que não são a p ró p ria luz . P o r sem elhan te m odo, não se assemelham à lua, que reflete a luz do sol mas não produz luz própria. Pelo contrário, os crentes são fontes luminosas, que compartilham da natureza da Luz. Os crentes precisam ser corpos luminosos, fontes de luz, em meio às trevas deste mundo.

A Palavra Da Vida1. A a lusão n ão .é às E sc ritu ra s do A .T ., e, m enos a in d a ao Novo

Testamento, que ainda não recebera a forma de coletânea, pois muitos de seus livros ainda não haviam sido registrados, quando Paulo escreveu essas palavras.

2. Quase todas as expressões do N.T. que incluem o vocábulo «palavra», são de cunho evangélico. Isto é, referem-se ao «evangelho», de diferentes maneiras. (Veja-se isso amplamente ilustrado em Efé. 6:17, sob o título «A Palavra de Deus»), Aqui, pois, Paulo se refere à mensagem de salvação que ele pregava.

3. Este versículo pode ser comparado ao trecho de João 6:68, que se refere a «palavras de vida eterna».

4. Aqui podemos notar como a palavra do evangelho, que traz «vida», é vinculada à metáfora da «luz» (do versículo anterior). Assim também, em João 1:4, temos a «vida» espiritual, que se deriva da vida física, através do processo da «iluminação» do Espírito.

5. Aprendemos que as palavras de Cristo e o evangelho, produzem vida através da iluminação.

6. Biologicamente, nada pode existir sem luz. Esse é um fato científico. Espiritualmente, nenhuma vida poderia existir sem a iluminadora palavra da vida. Esse é um fato espiritual.

7. Por essas mesmas razões é que Jesus é, pessoalmente, intitulado «vida» (ver João 14:6) e «luz» (ver João 1:9).

8. A «vida» aqui referida é, naturalmente, a vida eterna. (Ver esse tema comentado em João 3:15). A vida eterna é a «salvação» (o que é anotado em Heb. 2:3).

9. Se é o evangelho que traz vida aos homens, quão importante é a sua propagação! (Ver Rom. 10:14).

« ...n o dia de C risto ...» E s tá em p a u ta , n este po n to , a «parousia», o segundo advento de Cristo, e que os cristãos primitivos esperavam que

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37FILIPENSES

p ró p ria s realizações ap o stó licas, se p o rv en tu ra o «dia de Cristo» demonstrasse que ele fora bem-sucedido em sua missão. Por essa razão é que o apóstolo os exortou a levarem vidas que tornassem esse alvo possível, quando fossem examinados ante o tribunal de Cristo.

«O sucesso deles (dos crentes filipenses) no desenvolvimento de sua salvação e na proclamação do evangelho a outros, seria causa da ufania de Paulo. Isso pode ser comparado com I Cor. 1:14 e I Tes. 2:19». (Vincent, in loc.).

«‘Correr’, a primeira expressão, que nos faz lem brar das competições próprias dos ‘estádios’ antigos, das corridas, denota o zelo e o largo alcance das atividades de Paulo (que não se confinavam à uma só localidade); e a segunda expressão «derivada de ‘kopos’, ‘labuta’), indica o labor e o esforço que o seu ministério envolve». (Braune, in loc.).

«...em vão...» (Ver Gál. 2:2, onde Paulo fala sobre «correr em vão», e onde este advérbio , no grego, é «kenos», que significa «vazio», «sem propósito», «sem resultado»), Paulo não queria que o pesado labor de seu ministérionão contribuísse para o avanço, para o bem, mas antes, que fosse infrutífero.

«...com ...» No original grego esse verbo é posto no aoristo, porque é proferido do ponto de vista do «dia de Cristo», como se Paulo estivesse rememorando todos os esforços de sua vida, reduzidos a um único instante. Este versículo não indica que Paulo esperava vivér até àquele dia, em contraste com o versículo seguinte, onde ele expõe tal possibilidade, e embora seja verdade que Paulo, até ao fim mesmo de sua vida terrena, tivesse esperado po d er viver a té ver o re to rn o de C risto . (V er as no tas expositivas sobre I Cor. 15:51 a esse respeito).

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ocorresse ainda durante a sua vida terrena (ver I Cor. 15:51), e que o N.T., por toda a parte, retrata como aquilo que assinalará o dia do juízo (ver II Cor. 5:10). (Quanto a notas expositivas completas sobre o «arrebatamento», no tas essas que en tram nos prob lem as dos e lem entos an te rio res e posteriores à «tribulação», ver I Tes. 4:15· Quanto ao «segundo advento de Cristo», ver Apo. 19:11). Fil. 1:10 é passagem onde já foi usada a expressão «dia de Cristo», dentro desta epístola, e as notas expositivas a respeito devem ser consultadas pelo leitor. Isso pode ser comparado com a expressão «dia da redenção», utilizada em Efé. 4:30. (Quanto a um paralelo deste presente versículo, que mostra a preocupação do apóstolo dos gentios para que seus convertidos lhe possem um a glória, e ele mesmo lhes fosse uma glória, naquele dia, ver I Cor. 1:14, onde esse dia é denominado de «dia do Senhor Jesus»). A expressão mais comum é «dia do Senhor», em Apo. 1:10). Essa expressão, «dia do Senhor», é extremamente freqüente nas páginas do A.T. (Ver Soí. 1:7,14,18 e Mal. 4:3).

«Dia do Senhor» é expressão que indica qualquer período específico de tem po d u ra n te o q ual C risto opera algo de especial; porém , m ais freqüentemente ainda, o «dia do juízo» está em foco quando essa expressão é usada. E quando ela se modifica para a forma «dia de Cristo», refere-se ao segundo advento de Cristo, incluindo tudo ·quanto está envolvido nesse acontecimento futuro, inclusive o julgamento dos crentes e dos incrédulos.

« ...eu m e g lorie de que não corri em vão .. . » Pau lo ap lica aqu i um a metáfora baseada na linguagem do atletismo, e em que a vida cristã é comparada com um a «carreira». Assim, pois, Paulo desejava term inar sua carreira com sucesso e triunfo; e esse triunfo seria assinalado pelo que ele fosse capaz de fazer em prol de seus semelhantes, a fim de que a imagem de C risto fosse fo rm ad a neles. D essa m an e ira , p o rtan to , Pau lo p o d eria ufanar-se legitimamente da vida dos crentes filipenses, bem como em suas

17 άλλα et και σπένδομαι sttl τή θυσία και λειτουργία, τής πίστεο)ς υμώ ν , χαίρω και συγχαίρω 7τασιν ύ μ ΐν

A expressão «...da vossa f é . . .» parece in d ica r que a fé dos cren tes filipenses é que deveria ser reputada como o «sacrifício» (genitivo objetivo). E, se assim realmente é o caso, então o apóstolo Paulo é aqui pintado como o sacerdote que oferece a Deus a fé dos crentes filipenses, em sacrifício, e em seguida, como oferta adicional, derram a seu próprio sangue em libação. (Ver o trecho de Rom. 15:16, onde Paulo retrata a si mesmo como sacerdote que oferece os gentios como holocausto aceitável e santificado a Deus. Aquela passagem é paralelo exato desta, exceto que aqui o apóstolo é visto a oferecer-se a si mesmo, como sacrifício adicional). (Ver os trechos de Êxo. 29:40 e Núm. 28:7, que falam sobre as «libações», e de onde Paulo tomou por empréstimo a metáfora aqui empregada).

«...alegro-me...» Ainda que ocorrência tão drástica como o seu martírio tivesse lugar, ainda assim Paulo se regozijaria, porquanto tudo contribuiria para o bem-estar espiritual dos crentes, como algo agradável a Deus. A «alegria» é um a das notas chaves da presente epístola; e aqui vemos que eçsa «alegria» continua até mesmo em face do sofrimento físico e da morte, contanto que tal circunstância redunde em bem. (Ver as notas expositivas, em Fil. 1:4, onde são dadas as várias referências à «alegria», nesta epístola. Ver igualmente os trechos de João 15:11 e 17:3, sobre a «alegria», onde há poemas ilustrativos; e ver também o trecho de Gál. 5:22; onde a «alegria» figura como um dos aspectos do «fruto do Espírito»),

«...com todos vós me congratulo...» No grego temos aqui o vocábulo «sugkairo», «regozijo-me juntam ente com». Sim, Paulo se regozijava consigo mesmo, e, ato contínuo, se regozijava em companhia dos crentes filipenses. Uma alegria m útua é assim descrita, porquanto a fé daqueles crentes servia de sacrifício sag rad o , agradável a D eus, como tam bém o seu p ró p rio m artír io seria agradável ao Senhor. E ssa pa lav ra tam bém significa «congratular», no sentido que o apóstolo queria «louvá-los» devido à vida cristã que levavam, devido à frutificação espiritual deles, tudo o que lhe servia de motivo de ufania. Alguns intérpretes realmente pensam que assim se deve compreender o trecho. Na realidade, não há como determinar o sentido exato da passagem. Mas, seja como for, ambas essas possibilidades concordam com a verdade. A repetição da idéia, no versículo seguinte, não significa que um regozijo mútuo não seja focalizado aqui, mas tão-somente que essa mesma idéia é reiterada em outras palavras.

«...fé...» Isso indica que os crentes filipenses haviam «entregue a própria alma» aos cuidados de Cristo. Também ficam indicados os resultados práticos disso, na forma de seu desenvolvimento na espiritualidade, no desenvolvimento de sua salvação, que os levava de fé em fé (ver o décimo segundo versículo deste mesmo capítulo). (Quanto a notas expositivas completas sobre a «fé», ver Heb. 11:1).

18 T Ò ...xa íp eT i Php 3.1; 4.4

«...pela mesma razão...» Em outras palavras «...pelo progresso de vosso desenvolvimento espiritual, que vos leva à salvação plena e perfeita». Por todos os meios que esse avanço fosse efetuado, a situação continuaria sendo tal que podia motivar um júbilo mútuo.

«...alegrai-vos e congratulai-vos comigo...» Essa «congratulação», tal como no versículo anterior, também pode significar «regozijai-vos comigo». (Ver as notas expositivas sobre o versículo anterior). Parece algo fora de lugar, bem como contrário à gramática grega, pensar q je os filipenses é que deveriam congratular a si mesmos; assim também se dá aqui, ainda que tal­vez não no versículo anterior, parece preferível entendermos esta frase como «regozijai-vos comigo». É verdade que alguns estudiosos têm até pensado, em «congratu lai-m e», o que expressa a idéia que os c ren tes filipenses deveriam louvar a Paulo devido às suas grandes realizações espirituais em Cristo, a ponto de estar ele prestes a obter a coroa do martírio. Isso exibiria

17 σ π ε ν ο ο μ α ι.. .υμώ ν Ro 15.16; 2 Tm 4.6

2:17: Contudo, ainda que eu soja derramado como libação «obre o *acrfficio e serviço da votsa fé, folgo e me regoxijo com todo> vòs;

O «dia de Cristo», no conceito de Pau lo , não se dem o raria ; m as, no momento, estando ele encarcerado e estando a sua vida ameaçada, percebia ele que talvez não pudesse chegar em vida àquela data. No entanto, isso em nada alterava a sua ordem; porque ele iria alegremente ao extremo do martírio, se porventura isso contribuísse para os crentes avançarem na fé.Até mesmo por causa desse fato—e não apenas por causa do dia triunfal da parousia. Paulo se enchia de júblio, regozijando-se com eles, devido àquilo que fora feito neles e em favor deles. E assim o simbolismo da carreira é

e,׳! ixado de lad o , pois Pau lo é a rran cad o ru d e e rep en tin a m en te da com petição , tran sfo rm an d o -se em um sacrifício oferecido a C risto . Naturalmente, até mesmo em face dessa adversidade, ele triunfava em sua carreira, embora não tenha declarado isso especificamente, e embora isso não seja naturalmente dado a entender na metáfora por ele utilizada.

«...oferecido por libação sobre o sacrifício...» Temos aqui alusão ao holocausto em que as vítimas eram oferecidas sobre o altar, após terem sido m ortas. E n tre as várias cerim ônias e fe tu ad as na ocasião , hav ia a «...libação...», istoé, um a bebida era vertida sobreoaltar; eessa bebida era o sangue da própria vítima, numa espécie de gesto final de consagração do sacrifício. Paulo não negava o sangue de sua própria vida (não pretendia evitar o martírio), contanto que isso fizesse a fé dos crentes filipenses avançar. E nisso se pode ver, como é óbvio, a extraordinária dedicação do apóstolo dos gentios, tal como, em Rom. 12:1, cada um de nós é convocado para ser um «sacrifício vivo».

Alguns compreendem esta metáfora como se Paulo fosse o sacerdote, como se a fé dos crentes filipenses fosse o sacrifício, e como se as atividades apostólicas de Paulo fossem a oferta do sacrifício. E sobre tudo isso o sacerdote derram aria o seu próprio sangue, como se fosse um ato final de consagração . E isso rea lm en te não com plica desnecessa riam en te a metáfora; pois, apesar do próprio Paulo ser o sacrifício, e apesar do ato final de consagração ser o derramamento do seu próprio sangue, quando fosse m artir izad o , co n tudo , há um a du p la re fe rên cia aq u i, um duplo sacrifício em foco. Nesse caso, as au to rid ad es civis ro m an as é que ofereceriam o sacrifício—a vida de Paulo. Mas a metáfora não deve ser levada ao extremo de obrigar-nos a identificar o «sacerdote». O próprio «sacrifício» é que deve prender nossa atenção, para que o mesmo fique completo. Todavia, alguns eruditos pensam que os crentes filipenses seriam o «sacerdote», que ofereceria a sua fé a Deus, em meio a um a sociedade ímpia, que já havia perseguido ao apóstolo dos gentios e até derTamara seu sangue. Na realidade, porém, Paulo é quem oferecia a sua fé em sacrifício a Deus, e não os crentes filipenses.18 το δε αυτό και υμείς χα ίρετε και συγχα ίρετε μοι.2:18: e pela mesma razão folgai v is também e regozijai-vot comigo.

Os crentes filipenses poderiam reputar o martírio de Paulo como uma grande derrota, como uma tragédia, algo que não se harmonizasse com a alegria que os crentes desfrutam em Cristo. Não era assim, garante Paulo neste ponto, pois o m artírio de um homem de Deus pode redundar em grande glória para Deus, uma espécie de sacrifício ao Senhor oferecido. Portanto, deveriam os crentes filipenses regozijar-se ante tal possibilidade. Todas as adversidades que a tingem ao c ren te são bênçãos d isfa rçad as , e não maldições. Assim, pois, do mesmo modo que Paulo estava resolvido a regozijar-se ante tudo, assim também queria que os crentes compartilhas­sem verdadeiramente daquela bênção m útua da alegria. Por isso, reiterou a idéia, a fim de destacá-la. Paulo se regozijava com os crentes em face do «sacrifício da fé» deles; e agora conclama os crentes a se regozijarem ante o sacrifício do seu próprio martírio. Essa parece ser a leve diferença entre este e o versículo anterior.

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FILIPENSES38su p rem a. E podem os e s ta r ab so lu tam en te certos de que D eus n o ta e recompensa tal dedicação, a despeito de como ela se manifeste. Deveríamos viver «a vida de mártires», e não meramente exaltar a morte dos mártires. E essa vida é um sacrifício vivo (ver Rom . 12:1), o que certam en te será galardoado pelo Senhor.

Uma Aranha Silenciosa e Paciente Uma aranha silenciosa e paciente,Observei, onde estava isolada, em uma pequena elevação, Resolvida a explorar as cercanias vazias.Foi lançando apôs si, filamentos, filamentos, filamentos,Sem desenrolá-los, tecendo-os incansavelmente,·E tu, 6 minha alma, onde estás,Cercada, isolada, em oceanos incomensuráveis de espaço,A cismar incessantemente, a aventurar-se, a projetar-se,

buscando esferas que liguem tudo,A té que se forme a ponte de que precisas,

até que segures a âncora dúctil,A té que a teia que teces se agarre em algo,

6 minha alma.(Walt Whitman, 1819 1892 ־).

a estrutura gramatical em que o dativo seria o objeto do verbo («moi», no presente caso), o que é possível. Isso é muito melhor do que pensar que os crentes filipenses deveriam congratular-se a si mesmos, o que exigiria que ficasse «subentendido» o objeto do verbo, «vós», o que não é muito provável. Portanto, Paulo tencionava livrar os crentes filipenses da tristeza e do desespero naturais que naturalm ente sentiriam, em face da morte súbita e violenta do apóstolo dos gentios, a fim de que pudessem rejubilar-se em Cristo, o qual nos concede a vitória até mesmo sobre a morte. Em outras palavras, Paulo ofereceu às almas dos crentes filipenses um a «âncora» em que se firm asse o b a te l da vida deles. (O p resen te versículo pode ser comparado com o notável incidente histórico no qual se vê os romanos formarem um coro, entoando um cântico de sacrifício, ao mesmo tempo que form avam um círcu lo em to rno de In ácio , que estava sendo martirizado. (Ver Inácio, Rom. 22; Trall. i.).

Existe um a certa alegria que ninguém nos pode tirar (ver João 16:22). O apóstolo já tinha ensinado que a morte seria lucro para ele, como algo preferível, porquanto assim teria admissão à presença de Cristo, seu Senhor (ver F il. 1:21-23). C o n q u ista r a coroa do m artír io não era realização p eq u en a , p o rq u a n to , p a ra Pau lo rep resen tav a um a to de ded icação

V. Timóteo e Epafrodito são enviados. Deveriam ser recebidos e tratados como representantes de Paulo (2:19-30).Paulo gostaria de poder visitar pessoalmente aos crentes filipenses; porém, conforme sabiam muito bem, não podia fazê-lo

por enquanto. Assim, fez a segunda melhor coisa que pôde, isto é, enviou representantes. A epístola aos Filipenses, até certo ponto, foi uma espécie de introdução daqueles mensageiros aos crentes de Filipos, além de ser uma missiva de agradecimento, que deveria ser entregue pessoalmente àqueles crentes, expressando a gratidão do apóstolo pela ajuda financeira que lhe tinham enviado, estando ele aprisionado. (Ver Fu. 4:10 e ss.). Por conseguinte, esta secção revela uma das principais razões pelas quais Paulo escreveu esta epistola. É aqui, pois, que vemos o lado intensamente pessoal da epistola, o cuidado de um pastor por suas ovelhas, a preocupação do fundador da igreja local pelos discípulos que faziam parte da mesma, os quais, por sua vez, muito se preocupavam com o bem-estar do seu fundador.

A missiva tinha por fito encorajar aos crentes filipenses. É como se o apóstolo lhes tivesse escrito: «Tudo vai bem. Deus continua entronizado, a despeito, de minhas circunstâncias adversas». E assim, ainda que a provação presente de Paulo resultasse em sua morte e martírio, isso deveria ser encarado como um «lucro», como uma vantagem, devendo ser reputado isso como motivo de alegria. Dessa maneira, pois, Paulo quis consolá-los, enviando os seus representantes para que informassem mais perfeitamente aos crentes filipenses de seu presente estado. Por outro lado, Paulo tambem procurou consolar-se a si mesmo, procurando saber da situação espiritual dos crentes filipenses, recomendando que os seus enviados corrigissem os erros que no momento estavam sendo tecidos em Filipos.

Ao mesmo tempo, a presente secção mostra-nos que alguma forma de crise se desenvolvera em Filipos, que evidentemente envolvia a formação de facções, com contendas alicerçadas no egoísmo, talvez até com tendências de negação dá autoridade apostólica de Paulo. Por essa razão é que os mensageiros de Paulo foram enviados, revestidos da mesma autoridade aue a igreja reconhecia na própria pessoa do apóstolo dos gentios. O terceiro capítulo aborda mais particularmente os detalhes aessa crise, dando-nos a entender que provavelmente os «judaizantes» estavam operando em Filipos, procurando causar tribulação a Paulo, tentando subverter aquela comunidade cristã e arrastá-la ao legalismo. A secção à nossa frente, por conseguinte, preocupa-se em confirmar a autoridade dos representantes do apóstolo Paulo, a fim de que pudessem cuidar eficazmente da situação reinante ali.

«Filipenses era a igreja que ele ‘Paulo’ mais amava, da qual ele se sentia imensamente orgulhoso. No entanto, sentia ele que ela estava em perigo, e que algo deveria ser feito para corrigir a situação, antes que o ludíbrio fosse longe demais. A epístola mteira deve ser lida em contraste com o pano de fundo dessa ansiedade em favor dos filipenses, de mistura com a afeição que Paulo nutria por eles». (Scott, in loc.).19 ,Ε λπίζω 8è èv κνρίω Ίη σ ο ΰ Τιμόθεον ταχέω ς ττέμφαι ύμΐν, '¿να κάγώ εύφυχώ γνούς τα ττερϊ υμών.

1 9 Κυριω] Χριστώ D*G IJ39 Pcda experiência na prisão de Filipos, historiada no décimo sexto capítulo do livro de Atos. Silas é quem aparece como companheiro de Paulo, nessa oportunidade. Porém, é possível que Timóteo tenha compartilhado de tais experiências também, embora seu nome não seja associado ao daqueles.

O trecho de I Cor. 16:10 mostra-nos que, antes de sua segunda visita à cidade de Filipos, Paulo enviou Timóteo à sua frente. Por conseguinte, Paulo costumava utilizar-se de Timóteo para tais missões; e até mesmo aq u ela viagem pode te r envolvido u m a escala em F ilipos. T im óteo , portanto, era homem respeitado e digno de confiança, tanto por Paulo como pelos crentes filipenses; e isso certamente asseguraria o sucesso de sua missão.

«...me sinta animado também ...» Paulo cria que a epístola que escrevia aos crentes filipenses, como também o próprio relatório de Timóteo acerca da situação de Paulo, haveria de encorajá-los e consolá-los; mas também estava interessado em obter segurança para si mesmo, através da atuação de Timóteo entre os filipenses, como também mediante o bom relatório que Timóteo certamente traria de volta, no tocante à melhoria de condição na comunidade cristã de Filipos. O consolo mútuo fica assim salientado, como algo desejável. Paulo queria ouvir, da parte de Timóteo, quais tinham sido os efeitos desta sua epístola, na certeza que quando Timóteo voltasse, a crise que se esboçava teria sido inteiramente eliminada. (Ver os trechos de II Cor. 2:13; 7:6,7 e I Tes. 3:1-9, quanto a outras instâncias nas quais Paulo expressou sua ansiedade pelo bem-estar de várias igrejas locais). Em II Cpr. 11:28 o apóstolo menciona a carga do «cuidado por todas as igrejas», como uma das muitas e variegadas cargas que ele tinha de carregar, no decurso de sua missão apostólica.

«...eu me sinta animado tam bém .. . » No grego o verbo é «eupsucheo», que quer dizer «tomar alento», «encher-se de coragem», palavra essa nunca encontrada nos escritos clássicos, mas comumente descoberta nas inscrições dos sepulcros antigos, no sentido de «adeus», segundo a linguagem usual daquela época.

2:19: Ora, espero no Senhor Jesus enviar-vos em breve Timíteo, para que tombém eu esteja de bom ânimo, sabendo as vossas noticias.

Transparece aqui o interesse de um pastor por sua igreja. Paulo ouvira falar nos acontecimentos últimos na comunidade filipense, a criação de facções (ver Fil. 1:15-17), bem como acerca do progresso do legalismo (ver Fil. 3:1 e ss.). E quis saber qual a verdadeira situação reinante, tendo enviado a Timóteo e Epafrodito para agirem sob sua autoridade, a fim de corrigirem a condição anormal que ali encontrassem.

«...Espero... no Senhor Jesus...» Em outras palavras, «...se o Senhor ficar satisfeito com minhas idéias e meus planos...» O «...Senhor...» era a esfera ou elemento em que a esperança de Paulo se movimentava (ver Fil. 1:8,14; 3:1; Rom. 9:1; 14:14; I Cor. 1:31 e 7:39). A expressão «em Cristo», bem como outras expressões similares, normalmente têm um sentido místico, referindo-se à nossa comunhão com o ser divino, mediante o seu Santo E sp írito . A lgum a form a de in sp iração pode ser su b en ten d id a nessa «esperança», isto é, a e sp eran ça de Pau lo estava a licerçad a sobre sua comunhão mística. Todavia, talvez isso não esteja focalizado aqui. Paulo simplesmente confiava que sua esperança, no tocante à missão de seus mensageiros, estivesse de conformidade com a vontade do Senhor Jesus e fosse aprovada por ele.

«... Timóteo.. .»(Quanto a notas expositivas completas sobre o que se sabe acerca dele, sobre suas associações com Paulo, em seu ministério, ver Atos 16:1). Timóteo servira juntam ente com Paulo na área de Filipos, pelo que também era bem conhecido e respeitado pelos crentes filipenses. Portanto, era excelente elemento para a tarefa que Paulo tinha em mente. Por isso tam bém é que, em A tos 16:1-4 e 17:10,14, vemos Pau lo e T im óteo a partirem juntos de Derbe para a Licaônia, aparecendo juntos novamente em B eréia e na M acedôn ia, já pe rto do térm ino da segunda viagem missionária de Paulo. Por conseguinte, evidentemente Timóteo percorreu com Paulo a área inteira da Macedônia, e certamente esteve por algum tempo em Filipos, embora ele não seja mencionado como quem participou20 ovSéva γάρ εχω ίσόφυχον οστις γνησίω ς τα περί υμών μεριμντησει,2:20: Porque nenhum outro tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do os seus interesses; mas que Timóteo, tanto quanto ele mesmo, realmente se■asso bem-estar. incomodava com o bem-estar deles. A missão de Timóteo, assim sendo, era

Temos aqui demonstração de excelente psicologia pois assim Paulo a in te resse deles, e não c o n trá rio a eles em q u a lq u e r sen tido . Por*ssegurou-lhes que não eram muitos os que se importavam com eles e com conseguinte, convinha que o respeitassem, reconhecendo o bem que Paulo

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bem-estar dos crentes filipenses com sinceridade, com interesse sincero. E Paulo enfatizou quão poucos são aqueles que nutrem tal interesse, de tal modo que aqueles crentes não tinham à sua disposição um grande número de enviados que os amassem tanto, exceto Epafrodito, naturalmente.

«...vossos in te resses...» L ite ra lm en te , d iríam os aqu i « ...a s coisas concernentes a vós...», ou seja, aquilo que lhes dizia respeito, falando especificamente das questões espirituais com que se debatiam, como o seu desenvolvimento espiritual necessário e a harmonia necessária na igreja.

« ...c u id e ...» No grego é «m erim nao», que quer d izer «ansiar», «preocupar-se com». O bem-estar dos crentes filipenses não era questão indiferente para Timóteo, e também era questão que se revestia de grande importância para Paulo. E o apóstolo frisou esses fatos a fim de que eles anelassem mais ainda por cooperar com Timóteo, em sua missão. Na tarefa de Timóteo e Epafrodito não havia qualquer tentativa de duplicidade, nenhum egoísmo, em contraste com a atitude de certos, que procuravam exaltar-se entre eles. (Ver Fil. 1:15-17).

procurava fazer em favor deles.«.. .igual sentimento. ..» No original grego é «isopsuchos», que literalmente

significa «alm a sem elhante» ou «m ente igual», ou seja, ter algo em «comum», compartilhar de iguais pensamentos sobre qualquer assunto. Paulo e Timóteo, assim sendo, tinham «uma só alma», uma só mente, uma só disposição, no tocante ao bem-estar dos crentes filipenses.

«...sinceramente...» Tradução do termo grego «gnesios», forma adverbial da p a lav ra que in d ica um «filho legítim o», um a c rian ça au tê n tic a , aparentada de alguém por motivo de nascimento. (Ver o trecho de I Tim. 1:2, onde essa palavra é utilizada para indicar Timóteo como «verdadeiro filho» espiritual de Paulo). Portanto, Timóteo nutria pelos crentes filipenses um cuidado «natural», «paternal», motivado por «relações de nascimento», por assim dizer, tal como Paulo também se interessava profundamente por eles. Essa é a interpretação do trecho, se tivermos de depender da forma etimológica do vocábulo aqui usado. Mas o termo usado também significa apenas «sinceram ente», «genuinam ente». T im óteo , pois, cu idava do

21 2 Tm 4.102 1 oí ττάντες γαρ τα eαυτών ζτ]τοΰσιν, ου τα Ίη σ ο ΰ Χρίστου.financeiro . Como isso se assem elha aos nossos p ró p rio s tem pos! M ui p rovavelm ente Pau lo te n ta ra in d u zir ou tros obre iros c ris tão s a se interessarem por essa missão; mas todos se tinham motrado relutantes, apresentando várias desculpas pelas quais não podiam encetar aquela viagem. Isso pode ser comparado com o trecho de Fil. 1:14, onde se vê que havia alguns «irmãos» ali, que foram louvados por Paulo. Portanto, é muito difícil ace ita rm os que todos os dem ais obre iros c ris tão s se tivessem m o strad o ind ispostos a ocupar-se daq u ela á rd u a m issão em F ilipos. Portanto, precisamos concordar com Vincent {in loc.), que «...sem maiores informações, parece impossível uma explicação satisfatória». Simplesmente desconhecemos quais circunstâncias provocaram em Paulo tão severo julgamento contra certos obreiros do evangelho.

A chamada para o altruísmo:Comenta Calvino (in loc.): «É impossível que o homem que se devote a si

mesmo se aplique aos interesses da igreja... Disso transparece quão grande obstáculo, para os ministros cristãos, é buscarem eles os seus próprios in teresses. T am bém não há nenh u m a fo rça nas segu in tes descu lpas apresentadas: ‘Não sou tão despido de sentimentos que não considere m inha própria vantagem’. Pois devemos desistir de nossos próprios direitos, se nos tiverm os de d esin cu m b ir co rre tam en te de nossos deveres: a preocupação por nossos próprios interesses não deve tomar o lugar da preocupação pela glória de Cristo, e nem mesmo deve ser posta no mesmo nível que esta última. Para tudo quanto formos convocados por Cristo, devemos atendê-lo prontamente, deixando tudo o mais. Nossa chamada deve ser reputada por nós de modo que evitemos tudo quanto nos queira impedir de cumpri-la, e isso com todas as nossas forças. Talvez possamos viver algures, em grande opulência; mas Deus nos vinculou à igreja, que nos fornece um sustento muito mais moderado. Talvez algures sejamos alvos de maiores honrarias; mas Deus determinou para nós certa situação, na qual vivemos em estilo humilde. Talvez algures encontremos um firmamento mais salubre, ou uma região mais deleitosa, mas é aqui que o Senhor quer que fiquem os. T alvez queiram os cu id a r de pessoas m ais hum an as, e sentimo-nos ofendidos pelas ingratidões, pelas barbaridades e pelo orgulho daqueles com quem temos de tratar; em suma, não temos simpatia com a disposição ou com as maneiras do povo da nação onde nos encontramos; mas precisamos lutar contra nós mesmos e fazer oposição e violência às nossas próprias inclinações, a fim de que nos ocupemos da incumbência divina que nos foi dada. Pois nenhum crente é livre, e nem pode dispor de sua própria vida, à sua vontade. Enfim, é mister que nos olvidemos de nós mesmos, se quisermos servir a Deus».

«Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou, e se foi para Tessalônica...» (II Tim. 4:10).

2:21: Pois todos buscam o quo é seu, e não o que é de Cristo Jesus.Paulo identifica aos interesses de Timóteo, e dele mesmo, pelos crentes

filipenses, com aquilo que diz respeito à pessoa de Cristo. E isso nos mostra que a missão de Timóteo envolvia os interesses daquela comunidade cristã no tocante às questões espirituais. Essa é a única queixa que Paulo registrou em toda esta epístola. E isso se torna especialmente notório, porquanto, normalmente, Paulo fala bem e generosamente daqueles que eram seus companheiros de trabalho evangelístico. É evidente que, em Roma, Paulo não estava recebendo qualquer grande atenção e cuidado por parte da comunidade cristã da capital do império; os crentes dali não se tinham reunido a ele num bloco, conforme deveriam fazer. É até mesmo possível que Paulo tenha encontrado dificuldades em sua associação com a igreja cristã de Roma. Seja como for, o quadro que vemos aqui não é dos melhores para os obreiros cristãos dali. Por isso mesmo, alguns intérpretes vêem aqui indícios contrários à idéia de que Efeso foi a cidade onde Paulo grafou esta epístola aos Filipenses, pois é evidente que em Efeso o apóstolo dos gentios contava com muitos seguidores devotados. (Ver a introdução a esta epístola, acerca da questão de sua data e proveniência, em sua segunda secção).

A acusação velada que temos aqui deve significar que alguns dos mais bém conhecidos companheiros de Paulo, como Lucas, estavam ausentes, quando o apóstolo escreveu a presente epístola, quando ele se preparava para enviar Timóteo a Filipos. Não podemos imaginar que homens da envergadura espiritual de Lucas e outros se tenham tornado mercenários e egoístas em seu serviço cristão, tendo abandonado o apóstolo à sua sorte. Outras modificações dessas palavras têm sido propostas, por isso mesmo, conforme se vê nos pontos abaixo:

1. O zelo excepcional de Timóteo foi enfatizado, e, em «comparação» com ele, ninguém se destacava. Mas essa maneira de compreender o trecho enfraquece demasiadamente o sentido da passagem.

2. Ninguém estaria disposto a fazer a viagem até Filipos, sacrificando assim planos e confortos pessoais, não querendo isso dizer que outros obreiros cristãos não tivessem o mesmo tipo de atitude que tinha Timóteo, no tocante à obra de Cristo. Mas dificilmente essa idéia também pode estar em foco aqui. Precisamos preservar o sentido óbvio da passagem. Paulo deu a en ten d er que seus supostos com panheiros de evangelism o eram mercenários, egoístas, dotados de pouca dedicação ao serviço de Cristo. Poderíamos supor, ao mesmo tempo, que homens como Lucas, e outros, não tenham sido incluídos por Paulo nessa acusação.

«...buscam...» No grego é «zeteo», que significa «buscar», «examinar», «procurar», mas que significa especificamente, neste ponto, «tentar obter», «desejar possuir», «esforçar-se por». E o objetivo desse esforço era «os in te resses m ateria is» daqueles obre iros, como o seu benefício físico e

22 την 8è δοκιμήν αύτοΰ γινώ σκετε, οτι ώς ττατρί tíkvov συν ¿μοί eSouAeuaev €ΐς το €υαγγέ\ιον.algo feito dentro das relações pai-filho. O grego é um tanto desajeitado, provavelmente em resultado de uma correção feita no meio da expressão. Evidentemente Paulo estava a pique de mencionar os serviços de Timóteo como «de um filho para um pai», mas então preferiu dizer «de um filho com seu pai». Literalmente, a frase diria na tradução: «como um filho ao pai, assim ele serviu comigo». Paulo talvez estava prestes a escrever «me», o simples objeto do serviço; mas então alterou para «comigo», relembrando-se que Timóteo era um bom ministro de Cristo, por seus próprios méritos, tendo servido ju n ta m en te com Paulo . Essa p eq u en a m odificação na expressão teve o intuito de destacar a dignidade do serviço de Timóteo, não o subordinando exageradamente a Paulo.

«...ao evangelho...» ou «no evangelho». O termo grego «eis», em tempos posteriores, passou a ser equivalente à palavra grega «en». (Ver Fil. 1:5, onde há outro exemplo disso. Quanto a notas expositivas completas sobre o «evangelho», ver Mat. 1:1 e Rom. 1:16. Quanto a Timóteo como «filho espiritual de Paulo», ver I Tim. 1:2; II Tim. 1:2 e 2:1). O trecho de Atos entretanto, não nos fornece qualquer informação a respeito, pois em Atos 16:1, onde Timóteo é mencionado pela primeira vez, lê-se que ele já era um discípulo. (Ver as notas expositivas ali, acerca desse problema).

7repi e / x è e^avTrjs23 ׳ a<f>iom] o m S o i C L P pl ç

coisas ficassem um pouco mais desanuviadas para ele mesmo, lhes enviaria Timóteo, para que cuidasse das coisas que precisavam ser corrigidas e feitas em Filipos. Paulo queria enviar àqueles crentes algum relatório definido sobre sua própria sorte; e assim demorou-se um pouco mais, a fim de saber melhor que tipo de mensagem lhes enviaria por intermédio de Timóteo.

Variante Textual: As palavras «...tenha eu visto...», no grego, «apido»

2:22: Mas sabeis que provas deu ele de si; que, como filho ao pai, serviu comigo a favor do evangelho.

As palavras «.. .caráterprovado . ..» representam um a interpretação, e não um a trad u ção . No grego tem os apenas «dokime», que quer d izer «qualidade», «teste», «provação», em bora aqu i sign ifique «caráter», «qualidade comprovada». A forma verbal é usada para indicar «provar», «aprovar», «aquilatar» a genuinidade, como se faz com o metal das moedas e das jóias. Os próprios crentes filipenses tinham submetido Timóteo a teste, tendo descoberto que ele e ra um m in istro genuíno de C risto , não procurando sua própria glória, e nem desejando obter alvos posteriores, m as an tes, visava h o n ra r a C risto em seu m in isté rio . (V er as n o tas expositivas sobre o décimo nono versículo deste mesmo capítulo, acerca das associações de Paulo e Timóteo em Filipos, e como ele era bem conhecido dos filipenses). Os crentes filipenses haviam verificado o valor de Timóteo no «processo do teste» (ver II Cor. 8:2), e o «resultado desse teste» (ver Rom. 5:4; II Cor. 2:9 e 9:13) foi favorável a Timóteo.

«...junto comigo como filho ao pai...» No começo desta epístola. Paulo demonstrara que tanto ele como Timóteo eram «escravos» de Jesus Cristo (colegas de ministério), mas aqui ele qualifica os labores de Timóteo como23 τούτον μεν οΰν ελπίζω ττέμφαι ώς αν άφίδω τα 2:23: A este, pois, espero enviar logo que eu tenha visto como Mi de ser 0 meu caso;

Por necessidade, Paulo fala aqui de m aneira vaga, porquanto a sua situação era difícil, ele estava idoso, sua saúde se encontrava em estado p recá rio , e talvez ele tivesse de e n fre n ta r um ju lg am en to severo, e o conseqüente martírio. É possível que Paulo precisasse de Timóteo ainda mais que dele precisava a igreja cristã de Filipos. Porém, assim que as

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esse verbo grego pode significar apenas «ver», «considerar», sendo bem possível que esse seja o seu sentido aqui, embora com freqüência também envolvesse a idéia de «ver claramente», ou seja, «compreender claramente». E esse sentido concorda melhor com o contexto. Tambem é possível que Paulo estivesse esperando para ver o resultado do seu julgamento, se porventura este já estivesse próximo, antes de enviar-lhes a Timóteo, a quem esperava poder seguir, não muito depois, conforme o versículo seguinte nos demonstra.

(segundo os mss B(3), C), «apeido» (segundo os mss D(3jEKLP) ou «aphido» (segundo os m ss P(46), Aleph, ABDFG), e e sta ú ltim a form a é a m elhor confirmada nos manuscritos de valor, formas essas que são variações do verbo «aphorao», «fixar os olhos sobre», «desviar os olhos para». É possível que Paulo tenha querido dizer que, por um momento, ele desviou os olhos de seus outros planos, a fim de considerar mais cautelosamente o seu próprio estado, a fim de que soubesse o que dizer àqueles crentes aos quais escrevia. Entretanto,

24 πέττοιθα δε εν κυρίω ο τι καί α υτός τα χέω ς ελεΰσομα ι.2 4 «λ ίΐκτομ α ί] add προς νμας Ν * Α al v g s_yp

2:24: confio, porém, no Senhor, que também eu mesmo om breve irei.Pau lo hesitava em sua op in ião no que concerne ao re su ltad o de seu

julgamento. Em Fil. 1:23-25, ele m ostrara que ou a sua soltura ou a sua execução eram possíveis; porém, percebendo ele que a sua continuação em vida era mais necessária para os discípulos do Senhor, e julgando ele que a sua missão terrena ainda não estava terminada, tinha confiança que seria solto. E agora essa convicção se acha fortalecida, talvez por motivo de algum a convicção ín tim a , qu içá m ed ian te o conhecim ento in tu itivo , conferido espiritualmente, segundo as palavras «...no Senhor...» indicam.Pau lo não p o d ia m esm o en xergar p a ra além do negrum e da s ituação , contando apenas com sua razão; todavia, a fé intuitiva, sem se saber como, percebeu que a libertação não estava muito longe.

A maioria dos intérpretes, de acordo com as declarações várias dos pais da igreja mais antigos, postula que Paulo׳ passou por dois períodos de aprisionamento em Roma, com um intervalo de alguns poucos anos entre os mesmos. Esta epístola aos Filipenses foi escrita durante o primeiro período de aprisionamento, ao passo que as chamadas «epístolas pastorais», I e II Tim. e Tito, foram escritas antes e/ou durante o 2o desses períodos. Em II T im óteo , Pau lo p e rceb ia bem c la ram en te que não hav ia m ais

25 Ά ν α γ κ α ΐο ν δε ή γη σ ά μ η ν ’Ε πα φ ρόδ ιτον τον αδελφόν και συνεργόν και σ υσ τρ α τιώ τη ν μο υ , υμώ ν δεαπόστολον καί λε ιτο υργό ν τή ς χρεία ς μου , ττέμφαι προς υμ ά ς, 25 χρβία? μου Php4.is

possibilidade de ser libertado pela segunda vez e estava pronto para ser oferecido como libação de sua fé, porquanto combatera o bom combate, guardara a fé e term inara a carreira (ver II Tim. 4:7). (Acerca do que se sabe com certeza ou se tem especu lado acerca desses períodos de aprisionamento, ver as notas expositivas sobre Atos 28:31, onde também se fornece um a discussão acerca das supostas atividades missionárias de Paulo no ocidente—na Espanha—durante o intervalo entre os dois períodos de encarceramento). O uso que Paulo faz aqui das palavras «no Senhor», indicativas do fato que seus pensamentos e ações eram governados por mandatos e orientações que o Senhor lhe dava no íntimo, não indicam uma função mecânica, mas antes, expressaram algo que realmente caracterizava a sua vida. (Isso pode ser confrontado com o trecho de Gál. 2:20, cujas notas expositivas destacam a profunda dedicação do apóstolo dos gentios ao Senhor Jesus).

Variante Textual: As p a lav ras « ...eu mesm o brevem ente irei. ..» são acompanhadas da adição «a ■vós», nos mss Aleph, ACP, nas versões latinas f e Vulgata e no Si(pJ. Porém, trata-se de uma glosa explanatória antiga, não se encontrando nos mss P(46), BDG e em muitas versões antigas.

talvez primeiramente em Filipos, e agora novamente em Roma, defendendo a causa de seu grande Capitão, o Senhor Jesus. (Ver o trecho de Efé. 6:12 e ss., onde se desenvolve e comenta a metáfora do «soldado cristão»),

«...vosso mensageiro...» Epafrodito fòi o elemento enviado pelos crentes filipenses para transportar a dádiva que enviavam a Paulo (ver Fil. 4:18). O título que Paulo lhe confere aqui, entretanto, não significa que ele tivesse algum ofício apostó lico no seio da ig re ja . Não o b stan te , em b o ra não pertencesse ele aos «doze», e nem mesmo necessariamente aos «apóstolos» de categ o ria in ferio r aos doze p rim eiros, é possível que ocupasse a lta posição (ver Atos 14:4 quanto ao uso secundário, mas ainda elevado, da palavra «apóstolo», nas notas expositivas ali existentes). A palavra deve ser considerada aqui simplesmente como um «mensageiro», pois esse é o seu significado básico.

»...vosso auxiliar nas minhas necessidades...» Em outras palavras, Epafrodito foi o representante dos crentes filipenses, enviado para ministrar a Paulo, tanto para levar-lhe as dádivas que aqueles irmãos mandavam ao apóstolo como para permanecer ao seu lado, durante aquela grave crise por que passava Paulo em Roma. Epafrodito, pois, continuou ajudando ao apóstolo dos gentios em suas necessidades físicas, mas também com seu apoio moral, com sua simpatia e com seu companheirismo.

A pa lav ra « ...a u x ilia r ...» é trad u ção do term o grego «leitourgos», derivado da raiz de onde se deriva nossa palavra moderna «liturgia». Essa pa lav ra e ra em p reg ad a p a ra in d ica r os «sacerdotes», aqueles que praticavam formalmente ritos religiosos; mas também era empregada para indicar vários oficiais seculares do governo. Paulo utiliza-se desse vocábulo para referir-se aos «ministros do evangelho». Esse vocábulo é normálmente usado em conexão com algum serviço público e social; e esse significado parece ser retido na maior parte das vezes em que a palavra é empregada. Aqui pode haver alguma sugestão que a dádiva dos crentes filipenses a Paulo era um «sacrifício», administrado fielmente por Epafrodito, que seria então um «ministro» correto. (O trecho de Fil. 4:18 se utiliza desse mesmo simbolismo para descrever a questão).

«...mandar...» No grego temos o aoristo (tempo passado). Talvez se trate de uma instância do chamado «aoristo epistolar». Em outras palavras, Paulo ainda não tinha enviado a Epafrodito, mas pôs o verbo «mandar» no passado, ־vendo a questão do ponto de vista daqueles que receberiam a epístola. Quando estes recebessem a missiva, o envio de Epafrodito por Pau lo já seria acon tec im en to p assado ; po r isso Pau lo pôs o verbo no passado. Isso nos mostra, uma vez mais, que Epafrodito foi o portador desta ep ís to la , como tam bém m ostra-nos que ele estava p restes a ser enviado de volta aos filipenses, ao passo que Timóteo só seria enviado um pouco mais tarde.

«...necessário...» Paulo teria de enviar aos filipenses imediatamente a Epafrodito. Mas as visitas, dele mesmo e de Timóteo poderiam esperar algum tempo mais.

2:25: Julguei, contudo, necessário enviar-vos Epafrodito, meu irmão, e cooperador, e companheiro nas lutas, e vosso enviado para me socorrer nas minhas necessidades;

Normalmente Paulo enviava mais de um representante, quando havia necessidade de enviar mensageiros, porquanto em dois há maior força e autoridade do que em um só. Além disso, quando os enviados são dois, um tenta fortalecer ao outro. (Comparar com II Cor. 12:18 e também com II Cor. 8:18,22). Alguns grupos religiosos modernos têm seguido essa prática, quer como um princípio de doutrina, quer como uma prática sábia, conforme sucede entre os mórmons e os cooneyitas.

«...Epafrodito...» Esse companheiro de Paulo, nas lides do evangelho, é mencionado exclusivamente aqui e em Fil. 4:18, bem como no sobrescrito, conforme alguns manuscritos. Não há base histórica para o identificarmos com o «Epafras» aludido em Col. 1:7 e 4:12 e File. 23: Epafras foi um dos fundadores e um dos principais obreiros da igreja de Colossos, ao passo que Epafrodito foi um dos elementos de maior vulto em Filipos. Portanto, são dois personagens inteiramente diversos. «Epafrodito» significa «encanta­dor», «simpático». É interessante que ele é chamado de «...mensageiro...», ou seja, «apóstolo», mas isso deve ser compreendido somente no que se relaciona ao fato de ter sido enviado em missão por Paulo, não querendo dar a entender que ele tivesse esse ofício ministerial.

A passagem de Fil. 4:18 mostra-nos que Epafrodito foi o enviado pela igreja de Filipos para levar as ofertas que enviavam a Paulo, yisando aliviar a situação premente do apóstolo, em Roma. Além disso, o texto à nossa frente mostra-nos que Epafrodito adoeceu, talvez durante a viagem de Filipos a Roma, e isso com gravidade. Talvez tenha apanhado alguma enfermidade ao longo do caminho. Paulo elogia calorosamente a Epafrodito porquanto׳ estava disposto a arriscar a própria vida a fim de cumprir a missão que a igreja de Filipos lhe indicara; os versículos vigésimo quinto até trigésimo se ocupam desse elogio, o mais longo elogio de todo o N.T., dado po r Pau lo , a q u a lq u e r de seus com panheiros de trab a lh o . Foi a sua dedicação suprema ao trabalho de Deus que provocou essa recomendação calorosa. Deus recompensará a dedicação de seus filhos, e Paulo foi capaz de reconhecer o valor de Epafrodito, sendo ele mesmo, o apóstolo, homem altamente dedicado ao Senhor e à sua causa.

«...meu irmão...» Talvez Paulo nem o conhecesse antes daquela ocasião em que foi enviado pela igreja de Filipos para levar uma oferta em dinheiro ao apóstolo aprisionado em Roma. Não obstante, era irmão de Paulo em Cristo, co-herdeiro das riquezas próprias da divina família.Trata-se de um titulo tão elevado como qualquer crente merece na igreja.

«...cooperador...» Não é pequeno o privilégio de alguém trabalhar na causa do evangelho, mormente ao lado do grande apóstolo dos gentios.

«...companheiro de lutas. ..» ou «companheiro de armas», que era um dos títulos favoritos dos cristãos primitivos, o qual envolve a idéia de estar alguém em conflito espiritual contra as trevas e o mal, correndo o risco de perder a vida, visto que todos os obreiros cristãos têm de enfrentar um mundo hostil. Epafrodito manteve-se ao lado de Paulo durante a refrega,

άδημονώ ν διότι ή κο ύσα τε οτι ήσθένησεν.Λ ί' D I""1 33 81 88 104 326 330 436 451 1241 1877 1962 1984 198S 2127 2492 2495,,,rf itd e syrP·*■·1'“‘ cop'*5 arm eth Euthalius Cassiodorus1'2 John-Damascus Theophvlact

26 επειδή επ ιποθώ ν ήν π ά ντα ς υ μ ά ς0, καί6 26 υ μ ά ς ρ*6 (Β t r a n s p o s e s : ν μ ά ς π ά ν τ α ς ) G Κ Ρ Ψ 181 614

629 630 1739 1881 B y z L e c t itar׳־' <:lt־ro cliv· ί.κ *.־ Vg cop"* goth Ambrosiaster Victorinus-Rome Ghrysostom Theodoret Oassiodorus’2׳ // υ μ ά ς i ô e l v N*

Sc a evidência externa, em favor e contra a inserção de íôetv após ú/uâs־ é bem equilib rada, a m aioria da comissão, porém , op inou que escribas mais provavelm ente teriam adicionado o infin itivo , em consonância com a expressão èiuirodetv íòeiv em Rom. 1:11; I Tes. 3:6; II T im . 1:4, ao invés de tê-lo apagado.2:26: porquanto ele tinha saudades de vés todos, e estava angustiado por terdes um período de depressão de seu espírito, conforme também é comum nosouvido que estivera doente. casos de enfermidades graves. Ora, tudo isso foi agravado pelas notícias

Epafrodito ficou gravemente enfermo; e isso parece ter sido. seguido por recebidas de Filipos, no sentido que seus amigos estavam preocupados por

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causa dele. Tudo isso pode ser melhor compreendido por nós quando nos lembramos que ijaqueles dias, as comunicações e as viagens eram lentas e difíceis. A qualquer distância, até mesmo um a distância que considera­ríam os d im in u ta , as n o tíc ias p recisavam de m uito tem po p a ra serem levadas. A ssim sendo, so uberam que E p a fro d ito ad oecera e que a enfermidade podia levá-lo à morte física; no entanto, não ouviram nada mais em confirmação, e nem sabiam se tinha melhorado ou não. E isso provocara a ansiedade deles. Epafrodito, por sua vez, angustiava-se porque não podia m andar quaisquer notícias suas.

Outrossim, Epafrodito se sentia muito «saudoso» de casa, embora não por razões meramente egoístas. Preocupava-se sobretudo em aliviar a an sied ad e de seus am igos a seu respeito . João M arcos, de certa fe ita , abandonara a Barnabé e Paulo (ver Atos 13:13 e 15-39), evidentemente porque desejava voltar para casa; e o apóstolo não simpatizara com/esse anelo. Neste caso, entretanto, muito mais estava envolvido; e Paulo desejava ardentemente que Epafrodito pudesse fazer a viagem de volta, a fim de que maiores dificuldades não surgissem. M ui provavelmente o apóstolo também queria que o relatório de Epafrodito viesse a fortalecer a missão futura de Timóteo, preparando-lhe o caminho, embora Paulo não diga isso aqui diretamente.

Variante Textual·. «...vós...»_A essa palavra os mss Aleph, ACD adicionam o termo grego «idein», «ver». É como se Paulo tivesse escrito: «...ele tinha saudade de todos vós para ver-vos...» Mas os mss E.(46), BG e a tradição latina em geral omitem esse acréscimo. As evidências textuais estão bem_divididas.Mas a omissão representa mais provavelmente o original. Sua inserção pode ter sido feita com base na memória que expressões similares contêm essa palavra, em Rom. 1:1; I Tes. 3:6 e II Tim. 1:4. Por outro lado, alguns dizem que essa omissão pode ser explicada pela assimilação do trecho de Fil. 1:8. Contudo, essa opinião é menos provável.

«...tinha saudade...» No grego é «ademoneo», que significa «ansiar»,«angustiar-se», «perturbar-se». Notemos, entretanto, que o termo «demos» é a ra iz dessa p a lav ra (com o p refixo negativo «a»). «Demos» sign ifica «povoado», «distrito». P o r consegu in te , enco n tram o s aq u i a idé ia de ansiedade causada por alguém estár longe de sua pátria, de seu «habitat». A

27 και γαρ ησθένησςν παραπλήσιον θανάτω άλλα ο θεός ήλέησεν αυτόν, ούκ αυτόν ׳ 8έ μόνον αλλά καί €μέ, ινα μη λύπην ¿πΐ λύπην σχώ.

forma do verbo é o particípio presente, o que indica a ansiedade continua de Epafrodito. O mesmo verbo foi empregado para falar sobre a agonia de Cristo, em M at. 26:37, o que nos mostra que o termo pode significar apenas um a «agonia aguda», não havendo qualquer associação com a idéia de «saudade».

«É um sin a l verd ad e iro de um a u tên tico p a s to r o que aq u i vemos—estando ele a grande distância, detido por motivo justo e piedoso, não obstante (Epafrodito) se sentia afetado pela preocupação por seu rebanho, tendo saudade deles...Por outro lado, a ansiedade dos filipenses pelo seu pastor fica aqui igualmente demonstrada». (Calvino, in loc.).

No presente texto não há qualquer indicação de ter havido alguma cura miraculosa. Paulo nem sempre era tomado pelo poder divino para curar, conforme também se depreende da expressão de II Tim. 4:20, onde se lê: «Quanto a Trófico, deixei-o doente em Mileto». Isso não quer dizer que Paulo não possuía o dom espiritual de curas, mas quer dizer que nem todos são passíveis de cura por meios espirituais. Não sabemos qual a razão disso; e a « fa lta de fé» ce rtam e n te nem sem pre é u m a razão . D e m odo geral, pode-se asseverar que as curas espirituais precisam ser merecidas pela alma; ou então que deve haver alguma operação dê Deus manifesta no caso. Quando essas condições se fazem ausentes, até mesmtfos mais bem-dotados por essa manifestação não podem curar a ninguém. Todavia, um a vez que tal condição se faça presente, a cura é fácil. As curas espirituais são uma bela coisa; talvez seja m anipulada a própria energia de que se compõe a vida, um a espécie de energia espiritual. Os dotados desse dom podem deixar marcas em chapas de raios-x, até mesmo quando essas chapas são en ce rrad as em caixas de chum bo. Porém , tra ta -s e de u m a o peração «discreta», que deve ser realizada de conformidade com a vontade de Deus, não podendo ser aplicada a todos os casos, conforme toda a experiência h u m an a nessa á rea nos m o stra . E x istem fa to res que governam essas manifestações, dos quais ainda não temos consciência exata, mas que provavelmente podem ser sumariados dentro do termo geral, «a vontade de Deus».

porquanto ensina que a oração leva o Senhor Deus a fazer modificações nas coisas e nos acontecimentos, ou mediante a manipulação das ocorrências ou inteiramente à parte delas, através de milagres de intervenção. A doutrina de C risto e de su a m issão rem id o ra , o u tro ssim , tem um colorido nitidamente teísta.

«...tristeza sobre tristeza...Essa palavra reiterada, no original grego_é «lupe», que significa «tristeza», «dor», «melancolia», de origem física ôu m ental. A expressão aqui usada pelo apóstolo indica sua m ultilateral experiência com a adversidade, mediante aprisionamentos, perseguições, desapontamentos ante vários discípulos e igrejas locais inteiras, e até m esm o o trem en d o teste de fé po r que ele passav a n aq ueles exatos momentos. Paulo não queria dar a entender que passara por «uma tristeza» ante a enfermidade de Epafrodito, e «outra tristeza» devido ao falecimento do mesmo. Mas a idéia é que se Epafrodito viesse a morrer, isso seria um a tristeza adicionada a tantas outras, que já esmagavam ao apóstolo.

D eus, porém , p o u p a ra a P au lo desse acúm ulo de tr is te z a s , de co n fo rm idade com a sua p rom essa que d iz que « ... Não vos sobreveio tentação que não fosse hum ana; mas Deus é fiel, e não perm itirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntam ente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar». (I Cor. 10:13). Neste ponto, pois, encontramos a única nota de tristeza, a despeito das dificílimas circunstâncias sob as quais esta epístola foi escrita. O tom normal da carta é de alegria, servindo essa atitude até mesmo de sua nota chave. (Ver as notas expositivas em Fil. 1:4, a esse respeito).

Pode-se observar que apesar de Paulo não temer a morte, no seu próprio caso, preferindo-a à vida física, porquanto assim se iria para a presença de Cristo (ver Fil. 1:21 e ss.), contudo a vida física era algo precioso aos seus olhos, não sendo um a dádiva divina desprezível. Queria que Epafrodito vivesse, porquanto sentia que Epafrodito ainda não completara a sua missão. Além disso, os crentes filipenses e o próprio apóstolo sentiriam profundamente a perda daquele fiel servo de Deus. Outrossim ,Paulo não estava ainda preparado, psicológica e espiritualmente, para tal choque. Porquanto, o Senhor Deus usou de misericórdia. Vemos, pois, que Deus re sp e ita os sen tim en to s h um anos co rre tos, o que não é u m a bênção pequena.

2:27: Pois de fato esteve doente e quase à morte; mas Deus se compadeceu dele, e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre

Epafrodito finalmente melhorou, mas nenhum milagre de cura fica aqui su b en ten d id o . (V er o ú ltim o p a rág ra fo das n o tas expositivas sobre o versículo anterior). Talvez tudo quanto esteja em pauta é que, pela vontade de D eus, m ed ian te o p rocesso n a tu ra l de recu p eração , E p afro d ito gradualmente readquiriu sua saúde. No entanto, isso também vem através do dom da g raça de D eus, a in d a que se tra te de fenôm eno m enos espetacular que as curas espirituais instantâneas. Toda a bondade vem da p a r te de D eus, o q ual op era sobre a n a tu re za m as tam bém op era repentinamente, dando à ocorrência a natureza de milagre ou prodígio.

A s enfermidades podem ensinar-nos lições difíceis, embora necessárias:Paulo já estava instruído nesse particular, conforme sabemos com base em II Cor. 12:7, além do fato que foi instrumento para cura de outras pessoas, tendo chegado mesmo a ressjiscitar mortos (ver Atos 20:9). Não obstante, não pôde c u ra r a si m esm ó. T udo isso, e n tre ta n to , estava d en tro da «vontade de Deus», pois em sua «fraqueza» Paulo encontrou a força divina; e isso também é algo comum na experiência cristã. Portanto, a vontade de Deus pode ser contrária à cura do corpo, a qual seria desejável de outro modo.

« ...m o r ta lm en te ...» No grego tem os «parap lesion thanato» , isto é,Epafrodito enfermou de tal m aneira que sua enfermidade «se assemelhou à morte».

Variante Textual: Os mss P(46), Aleph, ACDFGKL dizem «morte», no dativo, ao passo que os mss Aleph(3), BP exibem essa palavra no genitivo.Ambas as formas gramaticais eram usadas; porém, a forma correspondente ao original mui provavelmente é a primeira.

«...Deus:..se compadeceu...» A misericórdia é um a das aplicações do amor. (No trecho de João 3:16, o «amor» aparece como proveniente de Deus; e em Gál. 5:22, como um dos aspectos do «fruto do Espírito»). Neste ponto Paulo ensina o «teísmo», em contraste com o «deísmo». Deus se interessa profundamente pelos homens, recompensando-os, castigando-os, e fazendo intervenção na história hum ana. Já o deísmo ensina que embora um po d er ou poderes divinos diversos ex is tam , estes não en tram em contacto com os homens, não intervindo, nem punindo e nem galardoando.A doutrina cristã da «oração», todavia, subentende a posição do teísmo,28 O T TO v& aioT epuis ovv e-rrep.tfja avròv 'iva ISóvreç avròv ttoX iv xaprjre K a y c o â À im o T e p o s d>

«...me apresso em mandá-lo...» No original grego temos o aoristo, «...me apressei em m andá-lo...» Trata-se do «aoristo epistolar». (Ver as notas expositivas sobre o vigésimo quinto versículo deste capítulo, onde tal uso 4 explanado).

«...menos tristeza...» O cativeiro e a tristeza causadas por isso teriam de permanecer; mas Paulo ficaria «menos entristecido» se não fosse perturbado pelo pensamento que estava privando os crentes filipenses da companhia a lm ejad a de a lguém que eles qu eriam te r em sua co m p an h ia . Isso mostra-nos, incidentalmente, o quão condescendente Paulo se mostrava para com seus semelhantes, quão altruísta, o que não é um a qualidade com um en tre os hom ens. (V er Rom . 12:16 e as n o tas expositivas ali existentes acerca de mandamentos sobre essa qualidade). Ao dar motivo de alegria a outros, Paulo já se sentia «menos entristecido», ainda que a troco de um pouco mais de dificuldades para si mesmo. Por isso é que Paulo disse que «...tanto mais me apresso...» No grego temos aqui o comparativo, embora talvez empregado com a força do superlativo, conforme se tornou comum no grego posterior.

2:28: Por isso vo-lo envio com mais urgSncia, para que, vendo-o outra vez, vos regozijeis, e eu tenha menos tristeza.

Paulo quis dar a entender que estava enviando Epafrodito mais cedo do que realmente desejava fazê-lo, em consideração aos crentes filipenses. Deixou claro, de m aneira sutil, que gostaria de retê-lo consigo um pouco mais de tempo. Queria que a alegria fosse restaurada àqueles crentes, ao mesmo tempo que tranquilizaria sua própria mente e consciência acerca de ter de detê-lo, como que por propósitos egoístas. Também é possível que o apóstolo tenha agido assim a fim de evitar qualquer crítica maldosa contra sua pessoa, por haver detido Epafrodito em sua companhia por tempo demais, que pudesse partir do próprio Epafrodito, por ter ficado por tempo exageradamente longo longe dos seus. Também ficava evitada assim a crítica que Epafrodito não permanecera por tempo suficiente com Paulo, já que o apóstolo necessitava de sua ajuda muito mais que a igreja, naquela oportunidade particular. Paulo queria que os filipenses soubessem que a volta de Epafrodito a eles, naquela ocasião, era idéia do apóstolo, e não determinada pelas saudades de Epáfrodito.

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FILIPENSES42

29 προσδεχεσθε ουν αυτόν εν κυρίω μ ετά “ττάσης χαράς, καί τούς τοιούτους εντίμους εχετε ,

«...com toda a alegria...» A nota chave da «alegria» retorna à epístola. (Ver Fil. 1:4 quanto a notas expositivas sobre esse tema, tão freqüentemente sa lien tad o n esta ep ís to la ). A expressão que aqu i tem os p o d eria ser traduzida por «...toda a forma de alegria...» (Comparar isso com Fil. 1:20; Efé. 6:18 e I Ped. 2:1).

«...honrai sempre...» Paulo requer um «elevado respeito», não meramente a acolhida calorosa e cortês. Literalmente, teríamos aqui «tende honra por tais». No grego encontramos o vocábulo «entimos», que significa «honrado», «respeitado», «distinguido», «considerado». Paulo queria que os crentes filipenses reconhecessem quão perigosa era a missão de Epafrodito, bem como a ded icação com que ele se d e sin cu m b ira da m esm a; e disso se derivava o direito que tinha de agora ser honrado devidamente por eles. Homens de dedicação profunda, que chegam a pôr em risco a própria vida, não são m uito com uns, m orm ente quando estão envolvidas questões e sp iritu a is de fé. P o r si m esm os os hom ens às vezes d em onstram ta l dedicação; m as ra ra m en te fazem -no em favor de C risto . M as eis que Epafrodito mostrou ser uma exceção à regra geral, distinguindo-se nesse aspecto. Deveria ser devidamente respeitado por isso, conforme deveriam sê-lo todos quantos têm atitude idêntica.

29 1 Cor 16.16, 18; 1 Tm 6.17 2:29: Recebei-o, pois, no Senhor com todo o gozò, e tende em honra a homens tais como ele;

As pa lav ras « ...R e ce b e i-o ...n o S e n h o r ... » ,indicam o segu in te : 1. Deveriam os filipenses receber a Epafrodito como irmão na fé; 2. como participante da mesma graça que eles; 3. como autêntico servo de Cristo; 4. lembrando as obrigações que tinham para com toda a família de Deus, devido à sua lea ld ad e a C risto ; e, fin alm en te 5. con ferindo-lhe a receptividade digna de uma igreja cristã.

A enfática declaração que aqui se acha tem levado alguns intérpretes a suporem que os filipenses talvez ten h am tido a lgum a queixa co n tra E p afro d ito , sobre o que não con tam os com inform ações, como se a receptividade a ele pudesse ser fria; e assim Paulo teria escrito para evitar essa acolhida inamistosa.Porém, isso é contrário ao que diz o vigésimo sexto versículo, que indica a preocupação que os crentes filipenses sentiam por Epafrodito, desde que ouviram a notícia de sua enfermidade. É possível que alguns deles tivessem ficado um tanto perturbados devido à demora de seu retorno a Filipos; e outros ficariam surpreendidos em face de sua volta tão imediata, considerando a grande necessidade que Paulo tinha dele. É bem provável, pois, que essa ênfase vise a im ped ir um m au aco lh im en to aEpafrodito, ante essas atitudes possíveis.

30 o tl διά το έργον Χ ρ ίσ του6 μέχρι θανάτου ήγγισ εν , παραβολευσάμενος τή φυχή ινα άναπληρώση το υμών υστέρημα τή ς ττρός με λειτουργίας.

A m brosiaster V ictorinus-Rom e // κυρίου « A Ρ ψ 33 81 104 330 451 1241 1962 2127 2492 sy rh cop1*׳ a rm e th E u thaliu s // του θεου 1985 C hrysostom // om it C

6 30 1C I Χ ρ ίσ το υ p46 B G 88 436 614 629 1739 1881 Origen // του Χ ρ ίσ το υ D K 181 326 630 1877 1984 249S B yz Lect C hrysostom 1*1 T heodoret John- D am ascus // Χ ρ ίσ το υ or του Χ ρ ίσ το υ itiir־c d׳dem־<liv־e-f ׳8׳ jt·1 vg sy rp cop“ goth

I παραβολενσ.] -βονλ- CKLP^>/ ς

Em bora se possa argum entar que a form a original era rò tpyov sem qualquer m odificador g e n iir ״. (ud com o em C ), e que a variedade de form as se deve à suplem entação feita po r vários copistas, a comissão preferiu repu ta r a omissão do term o, em um m anuscrito, com o devido a descuido acidental, e p referiu im prim ir Χρίστου, seguindo o testem unho de P (46) B G 88 614 1739, ta m b é m a p o ia d o s (à p a r te d o a r t ig o , του) p o r D ¿ 326 630 1984 B yzL ect i t vg s ir (p) co p (sa) g ó t al. A fo rm a κυρίου (X A Ρ Ψ 33 81 sy rh copbo ara eti) pode te r sido substitu ída po r Χ ρίστου por copistas que relem bravam a expressão rò epyov του κυρίου em I Cor. 15:58 e 16:10. A form a του θεου (1985 Crisóstomo) parece ter-se originada da confusão en tre χ γ (ou κ γ ) e θ γ .

visita pessoal, agora tinha cumprido, enviando a Epafrodito como seu representante.

«...vossa carência...» Essa expressão tem sido traduzida e interpretada mui erroneamente. Alguns têm pensado que Paulo estivesse repreendendo aos crentes filipenses por sua falta de atenção apropriada, como se não tivessem feito o suficiente por ele. Mas isso seria uma estranha maneira de agradecer às pessoas pelos presentes por elas enviados, e esta epístola é uma «carta de agradecimento». Pelo contrário, o que ainda faltava no serviço deles para com Paulo era a «presença deles» junto ao apóstolo. E agora haviam su p rid o essa fa lta , env iando a Pau lo um rep re se n tan te deles, Epafrodito. Paulo dizia, pois, que agora nada mais faltava no tocante às graciosas atenções deles para com ele. Haviam completado o seu dever, e mais ainda, enviando Epafrodito, que lhe trouxe as dádivas daqueles irmãos. A única «deficiência» que tinha restado era a ausência deles; mas até isso haviam contrabalançado mediante o envio de um representante.

Variante Textual: Ao invés da palavra «paraboleusamenos» (ver a explicação desse vocábulo grego mais acima), os mss CKLP e os escritos de diversos dos pais da igreja dizem «parabouleusamenos», um sinônimo quanto ao uso, mas não quanto à etimologia. Alguns antigos escritores gregos usavam o termo «paraballomai» a fim de indicar que alguém se expunha ao perigo. Mas a palavra do presente texto pode ter igualmente esse significado, tendo sido encontrada em uma inscrição em Olbia (no Mar Negro), com esse sentido. Esse inscrição data do Século II D.C. (Ver Deissman, Light from the Ancient East, pág. 88).

«Essa declaração ‘as palavras elogiosas de Paulo sobre Epafrodito, que pusera em risco a própria vida’ haveria de mostrar-se importantíssima, na história da igreja. A era de perseguições estava apenas começando; e Paulo parece ter sancionado aqui o princípio que aqueles que sofrerem martírio, em qualquer forma, só por isso ficam revestidos de autoridade. No século que se seguiu ao de Paulo, conselhos sábios com freqüência foram anulados por voto de algum mártir, talvez ignorante ou fanático, a quem davam o direito de dizer a palavra final.Isso, naturalmente, não poderia mesmo ter sido previsto por Paulo, cuja idéia era apenas o pensamento natural que o indivíduo que sofre por uma causa tem mais direito de falar por ela que alguém que ainda nada sofreu, mas que aquiesce à opinião do primeiro. Aparece claro, entretanto, que Paulo desejava que Epafrodito, com base em seus sofrimentos, tivesse um a voz prevalente nos conselhos tomados pela congregação cristã de Filipos, e que o apóstolo o enviou exatamente com essa finalidade. Paulo não podia ir a Filipos pessoalmente, e Timóteo ainda se demoraria mais algum tempo. Algo tinha de ser feito imediatamente para e n fre n ta r um a situ ação perigosa; e assim P au lo enviou E p afro d ito , fortalecido por esta epístola, para que agisse em seu lugar». (Scott, in loc., que se utiliza do termo «mártir» no sentido de alguém que se arriscou a ser martirizado. Ë verdade que, na época apostólica, muitos cristãos já haviam começado a buscar voluntariamente o martírio, tendo sido necessário que um concílio eclesiástico se pronunciasse contra tal prática, proibindo-a).

C * M o 3

2:30: porque pela obra de Cristo chegou até as portas da morte, arriscando a sua vida para suprir-me o que faftava do vosso serviço.

O sacrifício e a dedicação demonstrados por Epafrodito mereciam a apreciação dos crentes filipenses, pois ele se mostrara dono de um caráter tal que não se negara nem mesmo a arriscar a própria vida em favor de outros.

«...portas da morte...» No grego a expressão diria, mais literalmente traduzida, «...aproximou-se perto da morte...», e isso por causa do trabalho ie Cristo, e não por causa de alguma aventura em favor de si mesmo, que tivesse tido resultados quase desastrosos.

Variante Textual: As palvras «...obra de Cristo...» aparecem nos mss P(46), ÜG e em alguns poucos outros m anuscritos de m enor valor. M as « ...de risto...» é' ׳ a forma que aparece na maior parte da tradição «koiné» e em D. Já a forma «...do Senhor...» aparece em Aleph, AP, ao passo que «...obra...» sem mais detalhes, é como se lê no ms C. Apesar de ser tentador pensarmos que o texto mais curto é o correto, como se tivesse havido :uma glosa para que houvesse alusão especifica ao ministério do evangelho, a autoridade textual em favor dessa variante não é forte bastante para merecer tal escolha. A forma «obra de Cristo» é a melhor atestada pelos manuscritos. Se porventura a palavra «obra» estivesse isolada, então a missão especifica de Epafrodito poderia estar em foco. Mas, até mesmo nesse caso, poderíamos esperar que ficaria subentendido o «ministério do evangelho», conforme se vê em Atos 15:38 e nos escritos de Inácio (Eph. xiv. e Rom. iii). No códex C a adição provavelmente teria sido omitida por acidente, em face da pequenez da palavra abreviada, que no grego seria XÚ (Cristo).

«.. .dispor a dar...» No original grego é «paraboleuomai», que obviamente era termo próprio de jogadores, no início, derivado de «parabolos», que significa «arriscador», «temerário». Sim, Epafrodito arriscou a própria vida, sujeitando-a a perigos ameaçadores. Vincent (in loc.) sugere que Paulo talvez ten h a usado essa p a lav ra neste lu g ar ao observar seus g u ard as romanos a jogarem dados. No entanto, essa palavra era usada para indicar a idéia de «arriscar-se», «expor-se ao perigo». Não sabemos dizer se Paulo tinha em mente alguma metáfora ou não. Na igreja cristã antiga, aqueles que visitaram os enfermos formavam um a fraternidade virtual; e visto que sempre corriam o perigo de serem atingidos lentamente por alguma doença, eram chamados de «parabolani», da mesma raiz de que se deriva o vocábulo aqui comentado, e que significa «os temerários».

« ...para su p r ir ...» No grego tem os «anapleroo», que q uer d izer «completar», «encher a medida». Qualquer atenção que fosse necessária levar à perfe ição , os c ren tes filipenses tin h am a ten d id o , enviando Epafrodito a Paulo. Alguns estudiosos têm pensado que o verbo significa «preencher o que falta», como se já houvesse algo parcialmente cheio, em contraste com «pleroo», que significaria, ainda conforme esses mesmos eruditos, encher algo totalmente vazio. Os dicionários gregos, entretanto, não nos dão apoio nessa distinção, embora o próprio contexto pareça envolver tal sentido. Os crentes filipenses já tinham feito m uita coisa em favor do apóstolo; mas aquele pouco que ainda faltava fazer, ou seja, uma

VI. Digressão Contra os Legalistas (?:1-21)

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43FILIPENSES

1 . Contra os «judaizantes» (3:1-3).Posto que a igreja cristã, em seus passos iniciais, se alicerçou no judaísmo, foi apenas natural que muitas das idéias do

judaísmo tivessem sido retidas por muitos cristãos primitivos, como a «salvação pelas obras» a «importância dos ritos e cerimônias», etc. Em outras palavras, a observância da lei de Moisés era imposta como algo necessário. E o décimo quinto capítulo do livro de Atos mostra-nos que muitos ex-fariseus, que tinham vindo a aceitar a Jesus de Nazaré como o Messias, não queriam modificar suas formas de adoração e suas crenças básicas, estribadas na legislação mosaica. Nos nossos tempos é dificílimo percebermos a grande diferença de doutrina que finalmente surgiu na igreja cristã, quando posta em confronto com o judaísmo ordinário. Estamos tão acostumados com as idéias paulinas da graça e da justificação pela fé, que não conseguimos sentir o impacto das mesmas como idéias revolucionárias. Não foi senão após a destruição de Jerusalém, quando caiu o estado judaico, quando o evangelho já estava bem espalhado pelos territórios gentílicos, e após a morte daquela primeira geração de cristãos, que o evangelho, conforme era pregado por Paulo, obteve total ascendência no seio da igreja cristã. Pois certamente que a igreja cristã, em Jerusalém e cercanias, continuou muito semelhante às sinagogas judaicas, com a exceção que os cristãos proclamavam Jesus como o Messias. (Quanto à natureza judaica da «igreja cristã primitiva», ver as notas expositivas sobre Atos 2:46 e 3:1 Quanto à questão do «legalismo», ver Atos 10:9. Quanto ao partido da circuncisão, ver Atos 11:2. A leitura dessas notas expositivas dará ao leitor uma boa idéia da complexidade desse problema).

Não eram apenas os judeus incrédulos, fora das fileiras cristãs, que se preocupavam com a suposta heresia de Paulo. Julgavam-no «destruidor de Moisés», como quem punha de lado tudo quanto até então òs judeus julgavam importante. Mas muitos judeus cristãos sentiam exatamente isso a respeito do apóstolo dos gentios, conforme se vê claramente em Atos 15:1,2 e 21:18-26. Além disso, vemos na primeira e na segunda epístola aos Coríntios, bem como na epístola aos Gálatas, que os־ elementos legalistas tinham alcançado surpreendente progresso, até mesmo em igrejas gentílicas. Isso se deu pelo menos em parte porque, em todas as cidades de algum tamanho, havia também certa população judaica. Vários judeus se converteram por toda parte, conferindo à igreja cristã (embora formada principalmente de gentios) um acentuado sabor judaico, como a observância de práticas religiosas típicas do judaísmo. Além disso, havia «judaizantes» itinerantes, alguns dos quais seguiam ao apóstolo em seus calcanhares, procurando causar-lhe dificuldades. E Paulo falou em termos severos acerca desses, como se vê em Gál. 1:8,9, onde acusou-os de pregarem a outro evangelho. Chegou mesmo a invocar uma «maldição» contra os tais. E também advertiu aos crentes gálatas que o bem espiritual que fora efetuado espiritualmente entre eles, em Cristo, estava no perigo de ser desfeito; e, juntamente com isso, a conversão deles a Cristo. (Ver Gal. 5:1-4). No entanto, o apóstolo não diz que os gálatas cativados pelo legalismo não eram crentes, ainda que tivesse visto certo perigo espiritual por estarem dependendo de outras coisas, à parte de Cristo, o que poderia levá-los a perder a dependência cristã normal de Cristo, por parte deles. Portanto, é possível que os crentes assumam uma atitude legalista, ao pensarem que estão ajudando ou preservando sua salvação mediante as suas próprias obras, mediante ritos ou cerimônias, etc. Essa posição põe em perigo a fé cristã verdadeira.

Crente autêntico é aquele que teve um encontro com o Espírito de Deus, quando de süa conversão, em quem teve lugar uma operação divina. Não é necessariamente alguém que tem opiniões certas sobre qualquer coisa. Todavia, nem sempre isso ocorre no seio das modernas igrejas evangélicas. Deus se interessa primariamente pelo que é operado na própria alma do indivíduo, se Cristo está sendo formado ou não ali. O Senhor cuidará, a seu tempo próprio, das nossas «opiniões», mediante muitos meios e instrumentos pelos quais ele nos pode ensinar a verdade. E o apóstolo não exigiu a exclusão de quem quer que fosse por defender opiniões errôneas, mas antes, recomendou a instrução cristã constante, a fim de que todos os convertidos pudessem crescer em Cristo, e assim fossem se harmonizando mais e mais com a verdade revelada em Jesus. A igreja de Corinto, por exemplo, era uma organização extremamente heterogênea. Mas Paulo não procurou derrubar os filósofos ali existentes (que tinham feito de Apoio seu herói), e nem os místicos (que tinham escolhido aCristo como sua grande figura, os quais também rejeitavam toda e qualquer autoridade humana), e nem os legalistas (que tinham Pedro como seu herói), e nem o partido dos que defendiam a doutrina da justificação pela fé (e que consideravam Paulo a figura de proa). No entanto, hoje em dia, as denominações evangélicas e os crentes individuais são separados da comunhão uns com os outros, por razões as mais ínfimas. Isso não pode agradar a Deus, sendo prova de imaturidade espiritual.

E interessante que até este ponto a presente epístola se mostra muito tranqüila e gentil; mas agora, subitamente, Paulo irrompe em uma tempestade. Por essa razão é que alguns estudiosos têm imaginado que esta secção não faz parte da epístola original aos Filipenses, mas de uma outra qualquer, e que, na. compilação dos escritos paulinos, dois fragmentos ou mais de epístolas curtas foram fundidos. O problema inteiro da integridade da presente epístola é discutido na introdução à mesma, em sua secção IV. Policarpo indica que Paulo escreveu várias epístolas aos Filipenses (ver Policarpo 3:2), não sendo impossível que nossa conhecida «epístola aos Filipenses» se componha de porções de várias missivas. Contudo, a defesa dessa idéia não é muito forte, não havendo boa maneira de resolvermos o problema. O terceiro capítulo desta epístola poderia resultar do surgimento repentino do desgosto de_ Paulo ante a tentativa de alguns de arruinarem o seu trabalho. Essa explosão pode ter surgido normalmente dentro de um contexto mais calmo. Uma unica missiva pode ter muitos níveis e complexidades. O trecho de Fü. 3:1, entretanto, parece subentender ter havido outras cartas entre Paulo e os crentes filipenses, ainda que nossa carta presente preserve apenas uma delas, e não porções de diversas missivas.

A polêmica de Paulo contra os legalistas mostrou-se violenta e aguda, e até mesmo um tanto vulgar (ver o termo mutilação, como termo designativo do «partido da circuncisão», no segundo versículo deste capítulo). Paulo falou em termos candentes devido à sua grande dedicação ao Senhor Jesus, não podendo ele tolerar a idéia de uma igreja cristã local a observar a antiga lei mosaica e seus preceitos, em pé de igualdade com a revelação do novo pacto, firmado no sangue de Cristo, já que isso detrata da glória devida exclusivamente ao Senhor Jesus. Em sua intensa devoção a Cristo ele escreveu, logo em seguida, uma das passagens mais excelentes que há sobre a dedicação a Cristo e sobre a vida cristã que caracteriza tal dedicação (ver Fil. 3:7-14). Mas isso foi inspirado pelo intenso ataque do apóstolo contra aqueles que ele reputava como roubadores da glória do Senhor Jesus. Portanto, sem importar se esta secção é dura demais ou não, o fato é que ela resultou em algo proveitoso.

Vincent (in loc.), apresenta-nos uma excelente paráfrase sobre esta passagem: «Quanto ao resto, meus irmãos, sem importar quais sejam as vossas provações, o vosso passado, o vosso presente, ou o vosso futuro, continuai a regozijar-vos no Senhor. Não me sinto incômodo por escrever-vos acerca de uma questão sobre a qual já vos falei em minhas epistolas anteriores; mas sou impelido a falar-vos de novo por causa de minha ansiedade e visando a vossa segurança. Cuidado com aqueles cães, com aqueles maus obreiros, com aqueles que se jactam de uma circuncisão que não é melhor que a mera mutilação física,por ser destituída de qualquer significação espiritual. Nós, os crentes, é que somos a verdadeira ‘circuncisão’; cujo serviço é impulsionado pelo Espírito de Deus; cujo regozijo se firma em Cristo Jesus, como a única fonte de autêntica retidão, os quais também não confiam na carne».3 Tò ÀolttÓv, <x8eÀ<f>oí ¡j.ov, ^a¿p e re ¿v Kvpícp. r à a v r à ypá<f>eiv vp.lv ¿¡moi ¡xèv o v k ÒKvrjpóv, vp.lv 8è

GLGcfaoiÁES. 3 1 xaípere ev kvpíc? Php 2.18; 4.4

3:1: Quanto ao mais, irmãos meus, regozijai-vos no Senhor. Não me é penoso a mim expressão similar, embora diferente, não tendo por intuito servir de sinal deescrever-vos as mesmas coisas, e a vós vos dá segurança. conclusão da ep ís to la . Ê possível que P au lo estivesse p re p ara d o p a ra

«...Quanto ao mais...» é tradução da expressão grega «to loipon», que encerrar a epístola com um a advertência final acerca dos legalistas; mas,lite ra lm en te sign ifica «quan to ao resto», e que tem o sign ificado de tendo tido outros pensamentos, escreveu mais do que planejara, o que«finalmente». Geralmente era termo usado no término das cartas. (Ver I certamente não é coisa estranha ou incomum, pois os pregadores têm oT es. 4:1,2; II Tes. 3:1; II C or. 13:11). O trecho de Efé. 6 :10 tem um a hábito de fazer certas conclusões que acabam por ser introdução para outro

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FILIPENSES44

dizer «algo que causa temor», «provocador de dificuldades». A forma verbal, «okeno», significa «hesitar», «titubear», «evitar». Paulo, pois, não hesitava sobre a questão, e nem evitava o seu dever.

«...é segurança para vós outros...» Em outras palavras, através das advertênc ias do apósto lo , aqueles cren tes sab eriam como cu id a r dos lega lis tas, não lhes d ando q u a isq u er posições van ta josas na ig re ja , rejeitando a doutrina e as ações deles, a fim de que a mensagem de Cristo fosse p reservada em sua p u reza . O term o trad u z id o aqu i por «...segurança...» pode significar «digno de confiança», e alguns eruditos preferem compreendê-lo nesse sentido.Assim sendo, o que Paulo escrevia aos crentes era algo em que seus leitores originais podiam confiar.

..escrever as mesmas coisas.. ·■׳ . »Alguns interpretam que essas «...mesmas cousas...» são as suas muitas vezes repetidas exortações ao júbilo, conforme as notas expositivas em Fil. 1:4. Pelo contrário, parece estar-se referindo a outras epístolas que continham advertências contra o legalismo; e agora não hesitava a reiterar tais advertências. Qualquer mestre reconhece o valor e a necessidade da repetição. A parte anterior desta epístola dificilmente pode estar sendo focalizada nesta expressão, pois não há qualquer repetição significativa do assunto. Antes, Paulo se referia a outras epístolas nas quais já havia abordado os mesmos temas que aqui repete.Polícarpo menciona diversas epistolas de Paulo aos filipenses (em sua própria Filipenses 3:2); e também sabemos que Paulo escreveu muitas outras epístolas com as quais não contamos, na coleção do N.T. (Ver igualmente os trechos de I Cor. 5:9; II Cor. 10:11; II Tes. 2:15 e 3:17, quanto a referências possíveis a outras dessas epístolas). Paulo tinha abordado mui superficialmente a questão das divisões facciosas na igreja de Filipos (ver Fil. 1:15-17,27 e 2:2-4). Mas dificilmente para justificar aqui a expressão «...as mesmas cousas...» Isso deve re ferir-se a algo m ais do que m era a lusão à p rim e ira po rção da presente epístola. Pelo contrário, ele havia escrito longamente aos crentes filipenses, talvez em diversas o u tras ocasiões; e agora confirm ava as denúncias contra os legalistas, que fizera naquelas ocasiões passadas.

/3 À € 7 7 e־ r € T7]v KaTaTOfirjv.

na realidade, eram obreiros iníquos, porquanto desfaziam do evangelho da graça, substituindo a graça de Deus pelos méritos humanos. Essa expressão pode ser co n fro n tad a com aqu ela o u tra de II Cor. 11:13, « ...o b re iro s fraudulentos...», que Paulo aplicou à mesma classe. Não obstante, há intérpretes que crêem que os termos aqui usados não são dirigidos contra qualquer classe de judeus cristãos, mas antes, aos judeus incrédulos, que perseguiam aos cristãos do lado de fora. Porém, apesar de que isso situa Paulo sob a luz mais favorável, talvez desculpando a severidade da sua linguagem, isso é contrário ao tom geral da epístola, bem como contrário ao p ropósito do envio de T im óteo .H av ia p ro b lem as com o-legalism o em Filipos, tal como em Corinto ou na Galácia; e os termos de Paulo não são muito mais severos aqui do que aqueles que ele usou contra outros que procuravam solapar a sua autoridade apostólica entre os crentes, e que pretendiam transform ar as igrejas locais em outras tantas sinagogas.

Nada há de mais evidente, nas epístolas de Paulo, do que o fato que quando ele ficava indignado, acerca daqueles que procuravam solapar e d e s tru ir a ig reja c ris tã , m ostrava-se severo e a té m esm o vulgar na escolha de sua linguagem. Sem importar se sua atitude é justa ou não, o fato é que ele falou assim por um bom número de vezes. É vemos que os indivíduos de princípios morais duvidosos (os «cães») eram igualmente prosélitos, isto é, tentavam conquistar outros para os seus pontos de vista d isto rcidos. Pau lo carac te rizo u ta l a tiv idade cham ando-os de m aus obreiros, porquanto sua ação era deletéria. Há ém II Cor. 2:17 a alusão àqueles que corrom piam a «palavra de Deus«, talvez indicando aqueles que tentavam dar um colorido judaico à mensagem cristã.

« ...fa lsa c ir c u n c isã o ...» No orig ina l tem os o term o «katatom e», em contraste com «peritome», «circuncisão». A palavra aqui empregada pode significar apenas «falsa circuncisão». Esses reivindicavam para si mesmos o título de «circuncisão», com o que queriam dar a entender que eram o verdadeiro povo de Deus, os herdeiros da provisão do pacto abraâmico, dentro do qual o rito da circuncisão era o sinal oficial da identificação do povo de Deus. No entanto, segundo a opinião de Paulo, não mereciam ser chamados de «a circuncisão»; por isso é que o apóstolo lançou mão de um term o d iferen te , p a ra m o stra r que tão-som ente se su je itavam a um a operação física, mas sem que isso tivesse qualquer valor espiritual.

Considerai estes, pois os temos condenado;Lideres de nenhuma terra certa, guias de norte perdido,Ou em liga com ladrões, que mudam os sinais indicativos,Que desrespeitam aos antigos, irresponsáveis aos herdeiros.Nascidos estéreis, que pouco crescem, raizes apodrecidas,A florirem sem fruto, cuja folhagem sufoca;Sua seiva é lenta, e rejeitam ao sol.

(C. Day Lewis)A palavra grega katatome com freqüência significava «incisão», embora

também pudesse significar «cortar em pedaços», «mutilar». De conformida­de com a severidade das palavras de Paulo neste ponto, a maioria dos intérpretes pensa que este termo quer dizer «mutilação». Assim, pois, eles se «mutilariam», e não se circuncidariam, realizando uma operação física dolorosa mas inútil, destituída de qualquer significação espiritual. Esse termo é empregado exclusivamente aqui, em todo o N .T ., mas, na versão da S ep tu ag in ta , é usado p a ra in d ica r as «m utilações» p ro ib id as p e la lei mosaica. (Ver Lev. 21:5). Por outro lado, isso pode ser comparado com a amarga declaração de Paulo, em Gál. 5:12: «Oxalá até se mutilassem os que vos incitam à rebeldia». Nesta última passagem Paulo dá a entender que gostaria que os defensores da circuncisão se emasculassem, embora fique subentendida a idéia que deveriam ser inteiramente removidos do seio do

assunto. Por isso, alguns estudiosos vêem essas palavras como sinal da secção final de alguma outra epístola de Paulo aos Filipenses, que não fazia p a r te o rig ina l da que encon tram os aqu i. (Q u an to ao p rob lem a da in teg rid ad e d esta ep ís to la aos F ilipenses, ver a IV secção de sua introdução).

«...irmãos meus...» Paulo mostra assim que retinha seu amor fraternal por eles, como concidadãos da pátria celestial e como irmãos em Cristo, a despeito das palavras duras que estava prestes a escrever-lhes.

«...alegrai-vos no Senhor...» Uma vez mais a «alegria» aparece como a atmosfera desta epístola. (Ver as notas expositivas sobre Fil. 1:4, acerca dessa «nota chave»). Todo o regozijo, conforme se vê nesta expressão, deve-se à nossa comunhão mística com Cristo, por causa das bênçãos celestia is que assim tem os. As pa lav ras «em Cristo», como expressão sumária dessa comunhão, é usada por nada menos de cento e sessenta e quatro vezes nos escritos de Paulo, e esse conceito é comentado nas notas sobre I Cor. 1:4. (Ver Efé. 1:3 acerca de todas as bênçãos celestiais que tem os em C risto ). V isto que todos os cren tes estão «em Cristo», compartilham de um companheirismo comum, bem como de um júbilo com um . C risto é a «fonte o rig inária» da a leg ria deles, a base de tal sentimento jubiloso, a razão desse regozijo. Para conceitos dessa ordem é que Paulo aponta aqui. (Ver a expressão «no Senhor», usada em várias conexões nesta epístola, em 1:14 e 2:19,24). «No Senhor», neste caso, também poderia ter o efeito de contrastar tal conexão e companheirismo de amor com o amargor da cruz (segundo a opinião de Calvino), ou então com a futilidade das coisas mundanas (conforme pensavam vários intérpretes antigos), ou ainda com as obras da carne ou com o erro doutrinário dos legalistas, o que aparece logo em seguida, na secção que ora comentamos.

« ...a m im não m e d esg osta ...» Pau lo q u e ria que aqueles cren tes entendessem que a repetição de suas declarações e de seus conselhos contra os legalistas, não era algo cansativo e aborrecido para ele. Mas enfrentava essa tarefa como algo necessário, alegrando-se por fazê-lo, por amor àquela comunidade cristã. O vocábulo grego aqui usado é «okneros», que quer

2 Β λέπ ετε τούς κύνας, β λέπετε τους κακούς ¿ργάτας,2 BXc7tct€ roÍJS Kvvas Ps 22.16, 20; Re 22.15

3:2: Acautelai-vos dos cães; acautelai-vos dos maus obreiros; acautelai-vos da falsa circuncisão.

No grego, « ...a ca u te la i-vo s ...» é «blêpo», verbo de uso com um que significa «ver», embora também usado com o sentido de «considerar», «observar», «dirigir a atenção para», ou, mais forte ainda, «acautelar-se», tal como se vê nesta tradução. (Ver também Marc. 13:9, onde o termo é usado para indicar o cuidado que o ministro do evangelho deve ter em tempos de crise, sobretudo nos últimos dias, porquanto aqueles capítulos do evangelho de M arcos en cerra o «pequeno A pocalipse»). E ssa pa lav ra tam bem é u tilizad a em M arc. 8:15, com o ad vertênc ia c o n tra o «ferm ento» dos fariseus; e ainda em Marc. 12:38, acerca da necessidade de se acautelarem os discípulos dos escribas e sua hipocrisia.

«...dos cães...» Pode-se·notar aqui o artigo definido. Por conseguinte, o apóstolo destacava um grupo particular de homens religiosos, os quais deveriam ser v igiados especialm ente , p a ra que suas d o u trin a s e suas práticas não viessem a macular a pureza da comunidade cristã de Filipos. De acordo com a lei levítica, o cão era um animal imundo; era um termo comum entre os judeus, como designação dos gentios. O cão era reputado animal de pouco valor; o preço de compra de um deles era equiparado com o preço do uso de uma prostituta.Um israelita não podia fazer penetrar na casa de D eus nem os cães e nem as p ro s titu ta s , p o rq u an to isso seria considerado um a abominação, segundo se lê em Deut. 23:18. (Ver o termo «cão», usado em M at. 15:27, para indicar os gentios). O trecho de Rom. 22:15 menciona que os «cães» ficarão fora da cidade celestial; e isso indica os corruptos. Nos escritos de Homero esse termo é usado para falar de pessoas audazes e desavergonhadas, especialmente mulheres. No presente texto está em foco o caráter moral dos falsos mestres, sem importar se eram «judaizantes» ou não, em co n tra ste com a pu reza que se espera nos verdadeiros crentes.

O cão é um animal sem-vergonha, voraz, aproveitador, desordeiro, vagabundo, briguento; e é possível que algumas dessas qualidades negativas devam ser compreendidas acerca daqueles sobre quem Paulo falava assim indiretamente. Helena, na Ilíada (vi. 344), chama o seu cunhado de «cão enganador». Teucer referiu-se a Heitor, dizendo: «Não posso atingir esse cão raivoso». (Ilíada, viii. 298).

Ao procurarmos compreender a força desse termo, ajuda-nos lembrar que, nas sociedades antigas, os cães não eram domesticados como hoje; antes, com freqüência, andavam em matilhas, como lobos, mostrando-se quase tão ferozes quanto estes. Lê-se em um livro de Thompson, «Land and B ook», pág. 593: «Jazem os cães pelas ruas em tais números que é difícil e até mesmo perigoso alguém tentar passar entre eles, uma raça magra, fam in ta e s in is tra . Não têm dono, m as, com base em algum p rin cíp io conhecido exclusivamente por eles, combinam-se em bandos, cada um dos q uais assum e a ju risd iç ã o sobre um a ru a p a r tic u la r ; e a tacam com a ferocidade mais terrível todos os intrusos caninos em seu território. Nessas brigas, e especialmente durante a noite, não cessam de ladrar e de uivar, tal como raram ente se ouve em qualquer cidade européia. As imprecações de Davi contra os seus inimigos derivam sua significação, portanto, nesta referência, a uma das mais odiosas importunações orientais».

M ui p rovavelm ente, pois; Pau lo ind icava os ju d a iza n te s com essa expressão, como também com as duas que se seguem. Nota-se como ele se utilizou de termos depreciativos dos judeus contra os judeus desprezíveis , que procuravam destruir a pureza do evangelho.

«...maus obreiros...» Esses fingiam ser pregadores do evangelho, tendo conseguido galgar as posições de autoridade no seio das igrejas locais; mas,

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4SFILIPENSES

cristianismo, para que não mais servissem de elemento parturbador. Não pode haver dúvidas, no caso da epístola aos Gálatas, que os individuos aludidos possuíam autoridade no seio da igreja. Os sacerdotes de Cibele se mutilavam ao poftto até mesmo de se castrarem, e Paulo chega quase a id en tifica r com eles os falsos m estres do c ris tian ism o . Os pagãos costumavam m utilar o próprio corpo de várias maneiras (ver i Reis. 18:28),3 rjfieis yáp iap,€v r¡ 7TepiToysq, oí TTvevjMari deov1 Áarpevovres Kal Kavxw^evoi eV Xpiorâ) 'Ir¡aov Kal ovk eV

o a p K i T T e i r o i 0 ¿ T € S ,

e isso e ra p ro ib id o aos ju d eu s pela leí ju d a ic a (ver Lev. 21:5). P au lo , portanto, acusou os seus oponentes de imitarem os pagãos. (Quanto a notas expositivas completas sobre a «circuncisão», ver Atos 7:8 e Rom. 2:25. Quanto ao «partido da circuncisão», ver as notas expositivas sobre o trecho de Atos 11:2).

D am ascus // 0«2 K 'D ’ P i 88 436 1992 (1984 6 ti ip) 2127 vg sy rp׳h go th arm ? e th Origengr־lat A m brosiaster V ictorinus-R om e L a tin m ss«0 40 Ambrose C hrysostom T heodore1*1 G reek a n d L a tin mssaec· 10 Au*u8tine T heodo ret jj om it j>46

1 3 {C! 9&>V K* A B C D° G K 33 81 104 181 326 330 451 614 629 630 1241 1739 1877 1881 1985 2492 2495 B y z L e d it* sy rbmg cop“ arm ־1»0 ? O rigen Eusebius A thanasius G reek mss*00· 40 Ambrose A m brose D idym us1*‘ G reek an d L a tin mss*00· 10 Augu8t'0e A ugustine E u th a liu s T heodo ret John-

3 Ho 2.29

E m bora alguns (e.g. os tradutores d a N ew English Bible, 1961) ten h am repu tado a form a irveii/iaTL d e P (46), como original, a comissão preferiu a fo rm a .■wvevixaTi deov, qu e é am plam ente apoiada po r N* A B C D (c) G K 33 81 614 1739 it (g) sir (hm g) cop (sa,bo) d . A form a singular de P (46) é explicada com o devida a descuido acidental, e a form a deu¡ ¡Nc D * P 1í f 88 it (d ,61) vg sir (p ,h) gó t e tí Especulo) parece ser um a em enda in tro d u z id a a fim de prover u m obje to para XarpevovTes (tal com o em Rom . 1:9 e II T im . 1:3).3:3: Porque a circuncisão tomos nós, quo servimos a Deus em espirito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne.

Cristo é o fator que dá ao cristianismo o seu caráter particular, e que o distingue do judaísmo. Os «judaizantes» reduziam a importância da missão remidora de Cristo, ao tentarem introduzir o legalismo dentro do sistema cristão, ao reduzirem a igreja a um a sinagoga, onde Jesus era aceito como o Messias, mas não como um personagem que realmente tivesse ultrapassado e posto fim à economia mosaica.Por essa razão é que nos «gloriamos» em Cristo Jesus, conforme a palavra «kauchaomai» indica. Nós nos ufanamos de Cristo, conforme esse vocábulo também pode dar a entender, longe de degradá-lo, reduzindo-o ao nível de Moisés, ou menos ainda, conforme os legalistas faziam. Cristo é a fonte originária da verdadeira retidão (ver Rom. 3:24,28); essa fonte não é a lei. Portanto, Cristo merece todo o nosso louvor. Os legalistas, entretanto, se vangloriavam na lei (ver Rom. 2:23); mas nós nos gloriamos no Senhor (ver I Cor. 1:31 e II Cor. 10:17) e em sua cruz (ver G ál. 6 :14). N unca nos g loriam os na lei, nos m érito s h um anos, nas cerimônias» Essas coisas não têm alma, e nem realmente podem tê-lo.

«...não confiamos na carne...» A palavra «...carne...», neste caso, não indica «natureza má», conforme algumas vezes se vê; antes, indica aqui ^apenas as «coisas humanas», aquelas coisas que podem ser feitas peTo próprio homem, em favor próprio, em contraste com a adoração e o serviço realmente espirituais, o que pode ser efetuado somente pelo poder <k> Espírito Santo, o que se diz que caracteriza os crentes legítimos. (A idéia de «gloriar-se na carne» também figura em II Cor. 11:18 e Gál. 6:13,14). A «carne» é a natureza hum ana, despida do Espírito de Deus, o estado do homem não-convertido, que se ufana de si mesmo tão-somente. Muitas coisas estão envolvidas nisso. Ver vss.4 ss. O orgulho nos antepassados, nos privilégios espirituais externos (conforme a descrição dos versículos que se seguem , no p re sen te cap ítu lo ), a sa tis fação dos im pulsos sexuais depravados, mas também os supostos atos religiosos, realizados pelo esforço humano, como as cerimônias, os ritos, as observâncias legais, que podem existir e prosperar sem qualquer lealdade ao Senhor Deus, sem qualquer dedicação a Cristo, sem qualquer influência do Espírito Santo. Todas essas coisas são apenas manifestações da «carne», da «natureza humana», sem a . ajuda doEspírito do Senhor. Portanto, tendem para o mal, ainda que não sejam coisas más por si mesmas, visto que levam o homem a gloriar-se nas coisas erradas e negam a verdadeira glória de Deus, que é efetuada por meio de Cristo Jesus.

Conta-se a história de um jovem engenheiro que descobriu um erro nos cálculos relativos às tensões e fadigas, quando dos planos de construção da ponte de Quebeque. Suas advertências foram ignoradas, mas antes que a ponte pudesse completar-se, desmoronou no rio. Paulo apresenta-nos o «erro de cálculo» do sistema legalista. Ele informa-nos que há erro humano nesse sistema, não podendo resistir à pressão das exigências de Deus acerca da verdadeira santidade. Somente a própria santidade de Deus, dada aos homens na pessoa de Cristo, e formada em nós através da operação do E sp írito San to , o qual nos tran s fo rm a segundo a im agem de C risto , é aceitável aos olhos de Deus. Ora, sem essa santidade, ninguém poderá ver a Deus, no dizer de Heb. 12:14.

Aquilo que depende das realizações hum anas, tão-somente, não pode resistir à pressão das exigências divinas. No entanto, qualquer pessoa pode ser p len am en te ace ita p o r D eus, e stan d o em C risto (ver E fé. 1:6), porquanto então ele se acha no processo da espiritualização, sendo levados a compartilhar da própria imagem moral e metafísica do Senhor Jesus (ver Rom. 8:29). O próprio «eu» (a carne) é posto aqui em contraste com Cristo; e essa é a própria essência do evangelho de Paulo. E ra um discernimento do qual nem todos participavam, como poucos dele participam, até hoje.

Não con fiam os na carne: « ...em q u a lq u e r d escendência c a rn a l, em privilégios de nascimento, como a descendência de Abraão ou a linhagem de Israel, por ser alguém desta ou daquela tribo e família, por haver nascido destes ou daqueles pais; e também não nos vangloriamos na circuncisão, em quaisquer ordenanças carnais ou cerimônias da lei; e nem na retidão civil, moral ou leal, coisas essas apenas externas. Pois fazer tal seria fazer da carne um braço. Realmente, quando alguém confia em qualquer coisa, exceto em Jesus Cristo, já iião pode ser encaixado dentro da descrição do caráter dos verdadeiros crentes em Jesus». (John Gill, in loc.)..

Neste versículo nos são oferecidos os sinais da verdadeira circuncisão. Trata-se de um a adoração espiritual, mediante a presença habitadora do Espírito Santo, que nos é conferida por ocasião da regeneração e, em porção especial, m ed ian te o cu m p rim en to pessoal da p rom essa de C risto . A circuncisão consiste de nos gloriarmos de Cristo, de não confiarmos na carne (com o que Paulo quis indicar que não confiamos nas obras da lei, mediante o que o indivíduo supostamente obteria mérito ante os olhos de Deus).

Em um a declaração lata e geral de Paulo, fica sum ariada a fé cristã, nos seus pontos essenciais, em contraste com o judaísm o e com qualquer outra religião. Paulo chamou os falsos obreiros dé «mutilação»; e agora identifica a verdadeira «circuncisão», a saber, a do coração, mediante a vida carnal é abafada e a santidade autêntica é produzida (ver Rom. 2:29).(Quanto ao termo «circuncisão», como designativo de um povo espiritual, de algum grupo particular religioso, ver Rom. 4:9; Gál. 2:9 eE fé . 2:11). A expressão «... os. ..que eram da circuncisão...» é usada, em Atos 10:45 e 11:2, para referir-se aos judeus. A verdadeira circuncisão é aquela operada no coração, mediante as mãos do Senhor, conforme se aprende em passagens como Rom. 2:25-29; Efé. 2:11 e Col. 2:11. À «verdadeira circuncisão» é uma expressão que designa os crentes. (Ver os trechos de Lev. 26:41; Deut. 10:16; 306; Jer. 6:10; 9:25,26 e Eze. 44:7, quanto a referências do A.T. que requerem a circuncisão espiritual, e não meramente a física). Mediante essas passagens se vê que Paulo não inventou nenhuma nova idéia acerca da necessidade da transformação espiritual que é apenas simbolizada pelo rito e operação externos da circuncisão.

A ado ração e sp ir itu a l, a ad o ração e fe tu ad a no E sp írito , deve caracterizar o verdadeiro crente. Quanto a isso, convém qu ’ consideremos os pontos seguintes: 1. Os crentes servem ao Senhor por impulso divino. 2. Os crentes são aqueles que têm um contacto genuíno com Deus, através do Espírito Santo, o que significa que há um elemento místico na fé deles, provavelm ente expresso especificam en te m ed ian te o Uso dos dons do Espírito Santo, conforme a descrição das notas introdutórias ao décimo segundo capítulo da primeira epístola aos Corintios. 3. Os crentes vivem sob a d ireção do E sp írito San to (ver R om . 8:14). 4. Os c ren tes possuem a presença residente do Espírito de Deus (ver Efé. 2:21,22). 5. No Espírito Santo os crentes têm acesso a Deus Pai (ver Efé. 2:18).6. Portanto, os crentes são agora a nova comunidade de Israel, parte da família de Deus (ver Efé. 2:19).

Os cren tes v e rdadeiros, que se c a rac te rizam pelos pon to s acim a discriminados, são aqueles que adoram verdadeiramente a Deus, por não se mostrarem hipócritas ou teatrais. Pois aquele que adora a Deus, deve fazê-lo mediante a agência do Espírito Santo (ver João 4:24).

« ...adoram os ...» No o rig ina l grego é «latruo», que o rig ina lm en te significava «servir por aluguel», donde lhe veio o sentido simples de «servir». Nas páginas do N.T. essa palavra é usada para indicar o serviço ritual, tal como se vê em Heb. 8:5; 9:9; 10:2 13:10, como também indica a adoração ou o serviço em geral (ver Luc. l:74eR om . 1:9). Por sua vez, na Septuaginta (tradução do original hebraico para o grego), esse vocábulo é empregado p a ra fa la r do serviço p re s tad o a D eus pelos au tên tico s is rae lita s , em contraste com a adoração vã dos pagãos a seus deuses falsos. (Ver as notas expositivas em Atos 26:7, acerca dessa idéia). Deus deve ser adorado de forma aceitável, isto é, com reverência e temor piedoso, porquanto o Senhor é fogo consumidor. (Ver Heb. 12:28,29).

«...nos gloriamos em Cristo Jesus...» Esta é a porção particularmente «evangélica» da verdadeira adoração. Ela está centralizada em Cristo; e o texto subentende que isso significa que Cristo nos é todo-suficiente. Está em foco a dependência exclusiva a ele, «mediante a graça», dentro do sistema da «graça-fé», sem a necessidade das ob ras d a lei. (Q u a n to a n o tas expositivas completas sobre a «graça», ver Efé. 2:8, onde aparece um a longa n o ta expositiva , que exam ina o conceito e a ap licação da g raça , no cristianismo).

VI. Digressão contra os Legalistas (3:1-21).2 . Paulo rejeita os valores humanos, baseados no legalismo, e mostra seu novo alvo espiritual em Cristo (3:4-16).

A passagem que temos à nossa frente é uma das composições mais intensas e fervorosas da Bíblia, em relação à inquirição espiritual. Tem sido passagem utilizada como base de incontáveis sermões e lições biblicas. Talvez em nenhuma porção bíblica encontremos tão claro quadro da dedicação íntima do homem que levantou a igreja no mundo gentílico praticamente sozinho.

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FILIPENSES4«

Paulo assume lugar entre os mais elevados exemplos de dedicação pessoal a Cristo, em toda a história da humanidade. Primeiramente ele fez um retrospecto acerca de sua própria vida antiga, e viu nela todos aqueles elementos dos quais se jactavam os seus opositores legalistas. O seu treinamento, no lar e na sinagoga, tinham feito de Saulo de Tarso um extremista; e até mesmo quando jovem foi capaz de dizer que era o maior entre os que faziam parte de seu grupo de idade (ver Gái. 1:14); e essa jactância só envolveu jovens de sua idade porque o treinamento judaico não lhe permitia equiparar-se com os mais velhos.

E assim Saulo pôde perceber que toda a sua suposta retidão, da qual tanto se orgulhava, e na qual os legalistas continuavam se ufanando, se tinha transformado em ápenas uma forma de «autoludíbrio». Saulo ficara cego para as verdadeiras exigências de Deus, ao edificar uma vida moral que julgava não poder ser rejeitada por Deus. Tinha-se esquecido do tremendo abismo existente entre Deus e o homem, bem como que os pensamentos não são os nossos. Ora, do autoludíbrio se origina a hipocrisia, a pretensão de sermos melhores do que realmente somos. Ele não tinha a menor consciência de como a própria missão de Cristo tinha o intuito de transpor esse abismo, e que sem isso ninguém poderia ao menos aproximar-se de Deus.|Sabia que o homem é uma criatura decaída, mas não entendia a profundeza dessa queda, embora mais tarde, após a sua conversão, essa posição extrema de iniqüidade tenha ficado bem clara para ele, conforme se percebe no que ele afirma, no terceiro capítulo da epístola aos Romanos. O homem, tendo caído para tão longe de Deus, não pode fazer a viagem de volta a Deus sozinho. De fato, o sentido único do evangelho de Cristo é que a ajuda divina é dada aos que se arrependem e confiam em Cristo, para que possam retomar a Deus.

A fim de demonstrar que é inútil a um homem confiar na carne (ver o terceiro versículo), ele agora ilustra com o seu própriocaso. Paulo descobrira finalmente que a «renúncia» à carne é necessária, e isso o encaminhou na direção da busca pelasverdadeiras riquezas espirituais, por aquela glória que se encontra somente em Jesus Cristo.4 καί-nep εγώ εχων πεποίθησιν καί εν σαρκί. ε ΐ τ ις δοκεΐ άλλος πεποιθέναι εν σαρκί, εγώ μά λλον

4 kyái ίχ ω ν .. .σ α ρ κ ί 2 Cor 11.18 3:4: Se bem que eu poderia até confiar na carne. Se algum outro julga poder confiar na carne, ainda mais eu:

O apóstolo passa agora a esclarecer o que entendia pela frase que usou no versículo anterior, «a carne». Trata-se da natureza hum ana, à parte do E sp írito de D eus, naq u ilo que essa n a tu re za é e pode rea liza r. A qui, naturalmente, Paulo faz isso centralizar-se em torno da fé religiosa. O que se segue são elementos que formavam a base da fé religiosa na qual antes se jactara. As qualificações de Saulo, que lhe eram motivo de ufania, de acordo com os pontos de vista judaicos, eram da primeira ordem; e o apóstolo dá' a entender que nenhum de seus oponentes de Filipos poderia reunir tal quantidade e qualidade de méritos. Talvez nenhum deles nascera com tantos privilégios, e nem subira tanto na escala da fé judaica quanto ele. E certamente nenhum deles se mostrava tão zeloso quanto ele se mostrara.Dessa maneira, ele desafia os seus adversários a compararem com ele as credenciais, estando certo que as suas credenciais eram superiores às deles, em tudo aquilo em que tanto se vangloriavam.

No entanto, conforme Paulo descobrira quando de sua conversão, todas aquelas vantagens e privilégios (do ponto de vista da ufania meramente humana) não passavam de um ludíbrio, pois eram espiritualmente inúteis para a salvação. Isso o apóstolo só pode perceber, naturalmente, quando a grande luz da graça, do poder e da pureza de Cristo incindiu sobre o seu coração e a sua mente. E agora queria que seus oponentes percebessem que viviam no engano, destituídos do poder do Espírito de Deus. (Esta passagem pode ser co n fro n tad a com o trecho de II C or. 11:22, onde P au lo diz praticamente a mesma coisa, ainda que de forma abreviada. '.A passagem

5 περιτομή οκταήμερος, ¿κ γένους ,Ισραήλ, φυλής Βενιαμείν, Ε β ρ α ίο ς εζ Ε β ρα ίω ν, κατά νόμονΦ α ρ ι σ α ί ο ς , 5 ΐΓίριτομγ¡ ό κ τα ή μ β ρ ο ΐ Lk 1.59; 2.21 € Κ ...'Ε β ρα ίω ν 2 Cor 11.22 κ α τ ά νόμον Φ α ρ ισ α ίο ς Ac 23.6; 26.5

3:5: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu judaísmo eram, naturalmente, circuncidados já adultos.

de Rom. 11:1 menciona novamente esses elementos).É bem possível que Paulo usasse esses argumentos com freqüência, a fim

de convencer os ju d eu s do q u an to necessitavam de C risto , de quão d esesp erad am en te p recisavam a b an d o n a r aq u ela ju s tiç a b a sead a em princípios legalistas e cerimoniais, que dependem das realizações e atos humanos, sem a ajuda do Espírito Santo. Tais esforços humanos, por mais zelosos que sejam, jam ais poderão ser aceitos por Deus.

«...confiar...» No grego temos o vocábulo «pepoithesis», que significa «base de confiança», ou en tão a p ró p ria «confiança».T alvez devam os compreender aqui a segunda dessas possibilidades. Paulo se coloca aqui como um dos legalistas, por alguns momentos, como se ele mesmo confiasse na carne, a fim de mais adiante mostrar quão fútil era essa confiança.

« ...outro p e n sa . ..» M uitos realm en te «pensavam « assim , m as ta l raciocínio era infundado e errôneo, conforme Paulo demonstra em seguida. O termo grego, «dokeo» pode significar «parecer», mas essa não é a tradução a ser preferida aqui.

«...eu ainda mais...» Literalmente, «...eu mais...» Pode-se observar nesta frase o «eu» en fá tico , pronom e que no g rego não p rec isa ser usado normalmente, ficando subentendido na inflexão do verbo. (Ver o trecho de II Cor. 11:18, onde Paulo acusa a muitos de se «gloriarem na carne» e de fazerem oposição a outros, na igreja. Subjetivamente, os homens se julgam dignos aos olhos de Deus, e nisso se orgulham; mas Paulo nega que haja qualquer realidade que corresponda às suas avaliações subjetivas, que eram realmente baseadas em falsas opiniões e em falsos princípios religiosos.

«...linhagem de Israel...» Isso é o mesmo que dizer «da raça de Israel». (Comparar com Rom. 11:2).Paulo descendia do patriarca Jacó, cujo nome era honrado pelo próprio Deus (ver Gên. 32:42). Esse nome era sagrado p a ra os ju d eu s , e eles m uito se o rgu lhavam do m esm o, p o rq u a n to assinalava-os como povo escolhido de Deus (ver Rom. 9:4; II Cor. 11:22 e Efé. 2 :1 2 ).Os ju d eu s com partilhavam da descendência de A b raão , ju n ta m en te com os ism ae litas ; m as som ente os p rim eiros pod iam declarar-se descendentes de Jacó. Até mesmo Isaque foi pai de mais de uma nação, porquanto os edomitas também era seus descendentes. Mas Jacó representava a «raça pura» de Israel, acima de todos os demais, a raça escolhida e favorecida por Deus.

Na qualidade de «Jacó», esse patriarca era o «suplantador»; mas na qualidade de «Israel» era «príncipe com Deus», que lutara com êxito com Deus. E esse novo nome é que supostamente caracterizava aos judeus. Por conseguinte, Paulo demonstra aqui que não derivava de alguma «raça m ista», a c a ra c te rís tic a da g ran d e m aio ria dos h a b ita n te s a tu a is da Palestina. E os judeus davam grande importância a isso. Destacavam a importância de suas genealogias para comprovarem sua descendência pura, sem pre que pod iam fazê-lo . A té hoje m u itas pessoas se u fan am na descendência hum ana. Na realidade, todos descendemos de reis e escravos, não havendo nenhuma raça hum ana pura. A descendência nem se reveste de importância. Nos dias de hoje as pessoas muito se ufanam da posição da família, das tradições, da história de suas nações, etc., como se houvesse raças superiores a outras. Tudo isso é demonstração da natureza carnal, destituído de qualquer valor espiritual. Paulo tinha um sangue plenamente teocrático, representante seleto de tudo quanto Israel significava como raça.

«...da tribo de Benjamim ...» Isso também é dito no trecho de Rom. 11:1. E esse era um ponto que motivava orgulho, porquanto Benjamim era filho da esposa fav o rita de Jacó , R aquel (ver G ên. 35:17,18.). D a tr ib o de B enjam im é que veio o p rim eiro m onarca de Israe l, Saul, de quem se derivava o nome próprio do apóstolo, Saulo. (Ver I Sam. 9:1,2). Quando o povo israelita se dividiu em duas nações, um a das quais composta por duas tribos (Judá), e a outra composta por dez tribos (Israel), somente Benjamim se manteve fiel à linhagem de Davi, juntam ente com Judá (ver I Reis 12:21). Depois do exílio babilónico, juntam ente com Judá, Benjamim formou o núcleo da nova colônia judaica na Palestina (ver Esd. 4:1). Outrossim, dos

de hebreus; quanto à lei fui fariseu;«...Circuncidado...» (Quanto à importância desse rito da «circuncisão»,

ver Atos 7:8 e Rom. 2:25). A circuncisão era o símbolo do pacto abraâmico. (Quanto ao «pacto abraâmico», ver o trecho de Atos 3:25). A passagem de Atos 15:1 mostra-nos que a atitude judaica determinava a necessidade absoluta da circuncisão para que o indivíduo fosse aceito por Deus; e os legalistas que se tinham intrometido na igreja cristã pensavam do mesmo m odo.E sses se tin h am to rn ad o cris tãos, ad m itin d o que Jesus fosse o Messias; porém, não queriam abandonar as suas antigas crenças, e dessa m aneira degradavam o valor da missão de Cristo, embora não tivessem essa intenção, conforme podemos estar certos.

«...ao oitavo dia...»A circuncisão era requerida nesse dia pela legislação judaica (ver Gên.

17:12 e Lev. 12:3). Os convertidos ao judaísm o eram circuncidados na idade ad u lta . Os is lam itas c ircuncidam o m enino aos treze anos de id ade , seguindo a experiência de Ismael.

Significados E Aplicações1. Paulo não era prosélito do judaísmo. Os judeus sempre desconfiaram

de tais pessoas, suspeitando de que reverteriam a seus antigos caminhos. Paulo nasceu e foi criado como judeu.

2 . O substituto moderno da circuncisão, na igreja, é o batismo nas águas (ver as n o tas sobre isso em Col. 2 :11 ,12), A lguns cren tes confiam no batismo como «parte» ou «requisito» da salvação. Não passa de um aspecto do legalismo moderno. (Ver as notas em Rom. 2:29, que elaboram sobre esse errado conceito).

3 . O «símbolo» central da circuncisão, era a sua «identificação racial». «Pertenço a Abraão e a seu pacto», declarava esse sinal externo. Sem dúvida também aludia ao poder da procriação, e, por conseguinte, ao poder da «vida». «Por meio deste sinal compartilho da vida e da herança de Abraão», dizia o sinal externo. Além disso, a extirpação da pele era um símbolo da santificação. «A pele indesejada e supérflua foi removida», dizia esse sinal.

Paulo fora circuncidado ao «oitavo dia» de vida, de conformidade com os mandamentos e costumes judaicos. (Ver Gên. 17:12 e Lev. 12:3).Já os ism ae litas e ram c ircu n cid ad o s após os treze anos de id ad e , conform e sucedeu na experiência de Ismael.E os indivíduos que se convertiam ao

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47FILIPENSES

O Termo «hebreu»Deriva-se de «Eber», descendente de Sem. Seu nome significa «aquele que

passa ao longo», o que dá a entender um tipo de vida nômade, conforme era costumeiro entre os primeiros hebreus. (Ver Gên. 10:21 e ss.).

«...quanto à lei, fariseu...» Paulo não fora nenhum judeu renegado, que se tivesse afastado da lei, que não a tivesse aprendido em criança, como se tivesse sido c riado como pagão . Pelo c o n trá rio , desde a infância fora instruído na lei, e, tendo chegado à m aturidade, resolveu seguir seus pais, juntando-se à seita extremada dos fariseus. (Ver Atos 22:3; 23:6; 26:5). Estudara com o famoso rabino Gamaliel, líder da seita dos fariseus em seu tempo. Praticara com grande zelo tudo quanto os fariseus supunham importante (ver Atos 2:65). (Quanto a notas expositivas completas sobre os «fariseus», ver Marc. 3:6). Eventualmente, muitos dos fariseus vieram a aceitar a Jesus como o Messias, tendo formado um forte grupo dentro da comunidade cristã de Jerusalém, conforme se vê em Atos 15:5. (Quanto a outras seitas que havia entre os judeus, ver sobre os «escribas», em Marc. 3:22; sobre os «saduceus», em Atos 22:23; sobre os «herodianos», ver Marc. 3:6; sobre os «essênios», ver Luc. 1:80; sobre os «zelotes», ver Mat. 10:4; e ver igualmente sobre o «sinédrio», em Mat. 22:23 e João 11:47; sobre os «sacerdotes», em Luc. 1:5,8; sobre os «levitas», em Luc. 10:31,32; sobre os «principais sacerdotes», em Mat. 21:23; e sobre os «anciãos», ver as notas expositivas sobre Atos 11:30).

Os fariseus compunham um a seita estrita e purista, que pensavam que a vida inteira deve ser caracterizada pela observância mais estrita da lei, e isso ornado com exigências cerimoniais intermináveis, que afetavam cada faceta da vida diária.

«...lei...» Essa palavra é aqui utilizada em sentido bem lato, indicando o sistema legal judaico em sua inteireza, tudo quanto determina o A.T., incluindo ainda os acréscimos que as tradições judaicas haviam adicionado, e não meramente os escritos de Moisés, dos quais faziam parte dos dez mandamentos. Acima de.todos os outros grupos religiosos, os fariseus eram seguidores estritos e escrupulosos da lei mosaica; e Paulo, antes de sua conversão, era contado no meio deles. Todavia, quando de sua conversão a Cristo, Paulo abandonara essa posição estribada na lei mosaica, embora ela continuasse sendo motivo de grande orgulho para seus oponentes legalistas.

patriarcas originais, Benjamim foi o único que nasceu na Terra Prometida. Mordecai era benjamita; e a festa de Purim, que celebrava a libertação nacional dos judeus, derivava-se de sua coragem e labores pessoais. Nas b a ta lh as , os rep re se n tan te s dessa trib o tinham a p re rro g a tiv a de marcharem na vanguarda. O antigo grito de guerra israelita era: «Após ti, ó Benjamim». Portanto, não era coisa de somenos alguém pertencer à tribo de Benjamim. E ra como pertencer a um a nação dentro de um a nação, ter um orgulho dentro de outro orgulho, como ser um judeu de judeus, selecionado dentre os seletos. Provavelmente poucos, se é que qualquer dos oponentes de Paulo podiam vangloriar-se dessa particularidade tradicional.

«...hebreu de hebreus...»Que Devemos Entender Com Essas Palavras?

1. Não significam, especificamente, que Paulo falasse o hebraico (o aramaico, nos dias do apóstolo), em contraste com os judeus helenistas, que falavam o grego ou algum outro idioma. Ê verdade que os judeus muito se orgulhavam de sua língua, e chegavam a imaginar tolamente que Deus falasse esse idioma. Talvez Paulo se jactasse do fato de que falava essa língua; mas essa não é a referência aqui.

2. Paulo não estava dizendo que era um «judeu palestino», em contraste com os «judeus helenistas», de menor prestígio. Na verdade, Paulo era judeu helenista, pois era natural da cidade de Tarso. Contudo, fora educado em Jerusalém; e, assim sendo, era palestino. Mas não é isso o que se deve entender que ele quis dizer aqui.

3. Sua declaração também não significa, especificamente, que ele era «um judeu proeminente entre os judeus», embora sem dúvida, isso também fosse um a verdade (ver Gál. 1:14). Ele destaca esse aspecto na questão do item seguinte: ele fora fariseu! Portanto, pertencera à elite judaica.

4. O mais provável é que essas palavras simplesmente significam que ele era filho de pais puramente judeus. Não era apenas um «meio-judeu». Pertencia à pura raça judaica.

5. Talvez tenha querido dar a entender que podia traçar sua genealogia por muitas gerações para trás; e assim fazendo, por todo o caminho, podia mostrar que seus ancestrais eram judeus puros. Nesse caso, quão grande seria essa vantagem, pois o próprio Jesus tinha alguns elementos gentios em sua genealogia (ver M at. 1:5).

τήν εν νομω γενομενος άμεμπτος.6 την (om D*) ίκκλ.] εκκλ. Θεου G al vg Ambst

mandamentos da lei, que observava todas as suas cerimônias, que cumpria todos os seus ritos. Isso pode ser contrastado com a verdadeira «justiça de Deus», conferida aos homens mediante a fé em Cristo (ver as notas expositivas sobre o trecho de Rom . 3:21). A am bição dos ju d eu s era aperfeiçoarem-se até adquirirem uma perfeita atitude de obediência à lei; e isso era desejado pelos fariseus mais do que por todos os demais grupos religiosos judaicos. Paulo afirma aqui, portanto, que já havia conseguido esse alvo. E isso indica uma extraordinária intensidade na busca espiritual, a qual, felizmente para ele, mais tarde foi transferida para uma total consagração a Cristo. Paulo foi capaz de afirmar, com toda a sinceridade, comparando-se com os outros apóstolos: «...trabalhei muito mais do que todos eles...» (I Cor. 15:10). Mas Paulo se apressou a reconhecer que isso se devia ao fato que Cristo agia poderosamente por seu intermédio, não vindo tais impulsos de si mesmo. É preciso essa espécie de dedicação obsessiva para que alguém seja feito um apóstolo Paulo.

« ...irrep reen síve l...» No grego tem os o vocábulo «am em ptos», que significa «inculpável», «sem falta», sem nenhum defeito.

A Ignorância De Paulo«...irrepreensível...» Aos seus olhos, até onde ele podia determinar o que

a lei requeria, ele era irrepreensível. Sua «retidão legal» era imensa; mas, em meio a tudo ele foi capaz de promover o homicídio, a destruição e a perseguição.

1. Podemos estar certos de que os superiores de Paulo concordavam com essa ridícula avaliação de espiritualidade. No preconceito religioso há uma cegueira invencível.

2. Somente a conversão autêntica lançou luz suficiente, no coração e na consciência de Paulo, para que percebesse sua verdadeira condição diante de Deus.

3. A au to -su fic iên c ia legal e re lig iosa , chegando às ra ia s da «irrepreensibilidade», não corresponde · necessariamente às condições espirituais do indivíduo. Um pregador que conheço, disse de certa feita: «Eu gostaria de pregar um sermão sobre o tema: Poderíamos estar errados! Q u an d o os hom ens com eçam a av a lia r a si m esm os, um serm ão como esse sempre tem aplicação.

«De acordo com o julgamento dos homens, pois, Paulo fora santo e isento de toda a censura—um a rara recomendação, não se pode duvidar, quase sem rival; contudo, observemos (no versículo seguinte), como o próprio Paulo veio a valorizar essa posição». (Calvino, in loc.).

6 κατά. ζήλος Siojkojv την εκκλησίαν, κατά δικαιοσύνην6 δίώκων τ η ν β κκ λησ ία ν Ac 8.3; 22.4; 26.9-11

3:6: quanto ao zelo, persegui a igreja; quanto à justiça que há na lei, fui irrepreensível.

A p a lav ra « ...ze /o ...» d estaca o fa to que P au lo não era um fa riseu comum, um zelote comum; mas antes, distinguia-se acima dos outros devido ao seu zelo, à sua intensidade. Salientava-se ele naquilo que os judeus incrédulos julgavam ser mais necessário, perseguir à igreja de Cristo, pois aqueles consideravam que o cristianismo era um câncer que precisava ser extirpado, visto que ameaçava o bem-estar de Israel e a sua fé. Paulo g u nca se deixou ficar à m argem dos acon tec im en tos, deixando que a história seguisse o seu próprio rumo.

O Zelo De Paulo: Quem se igualava a ele?1. Na faixa etária de Paulo, ninguém podia equiparar-se a ele (ver Gál.

1:14). O respeito p ro v erb ia l dos ju d eu s po r pessoas mais idosas, não p e rm itiu que Pau lo se com parasse com pessoas de m ais idade que ele m esm o. M as apressa-sejem dizer que, onde lhe era p e rm itid o fazer comparações, ninguém se comparava com ele.

2. Pau lo tin h a um zelo trad ic io n a l pe la lei, com seus req u is ito s e cêrimônias (ver Núm. 25:11,13; I Reis 10:10,14 e Sal. 69:9).

3. Nada havia de meramente tradicional em seu zelo, entretanto. Seu zelo era nele uma chama ardente, o que o levou até mesmo a praticar crimes em nome de Deus. Foi dessa maneira que ele «perseguiu à igreja». A narrativa é contada no nono capítulo do livro de Atos. Depois de sua conversão, esse zelo equivocado não lhe dava descanso à consciência, pois o seu remorso era profundo (ver I Tim. 1:13; I Cor. 15:9 e Gál. 1:13).

«...quanto à justiça que hâ na lei, irrepreensível...» Essa «...justiça...» indica os m andamentos morais que a lei contém, embora estejam inclusas suas muitas provisões cerimoniais, o que, para os judeus de inclinações farisaicas, eram classificadas como provisões «morais».Os judeus não faziam qualquer distinção entre leis morais e leis cerimoniais, conforme se tornou comum fazer hoje em dia, entre tantos grupos evangélicos. Paulo, pois, se utiliza do termo aqui de acordo com o uso que este tinha em sua época, e não para dizer que, na realidade, não havia pecado em sua vida que a lei pudesse descobrir e condenar. Ou então pode ter querido dizer-nos que, até onde ia a sua consciência naquela época anterior, ele vivia de maneira impecável.Mas dificilmente esta última idéia se harmoniza com a verdade dos fa tos , p o rq u a n to nem m esm o os fa riseu s e ram cegos e o rgu lhosos ao po n to de se ju lg a rem in a tin g id o s pelo pecado . Por consegu in te , o apósto lo deve te r querido d izer que g u ard av a todos os

TOV Χ ριστόν ζημίαν. 7 M t 13.44, 46; Lk 14.33

7 άλλα] om J)4(iN*AG pc dprofunda, que tinha como seu grande alvo a salvação de almas eternas.

«Paulo usa aqui a linguagem de um homem que se pôs a calcular os seus bens materiais e descobriu que, devido a algum lamentável equívoco, pusera em seu crédito aquilo que na realidade eram prejuízos, e que sob essa ilusão se apressara cada vez mais em direção à sua ruína. Portanto, à luz do evangelho, Paulo descobrira que todos os seus privilégios raciais, que todas as suas esc ru p u lo sas observâncias da lei, e ram em pecilhos no cam inho de um a a u tê n tic a vida e sp ir itu a l. E não se desvencilhara e libertara apenas da lei». (Scott, in loc.).

7 [áÀÀà] à n v a rjv p,oi KepSrj, ravra rjyraiai 8ià

3:7: Mas 0 que para mim era lucro passei a considerá-lo como perda por amor de Cristo;

A p a r tir deste po n to en co n tram o s a descrição da m otivação toda-consumidora da vida de Paulo, sum ariada em um a palavra, que rebrilhava na mente de Paulo, «Cristo». Tudo quanto significara para ele a «lei», a «descendência terrena», a «aprovação dos homens», a sua aprovação como membro de um a seita religiosa intensamente zelosa, depois sacrificara alegremente, em troca do conhecimento de Cristo. Pois essa dedicação estava alicerçada sobré um a verdade superior, sobre uma revelação mais

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FILIPENSES4««...por causa de Cristo...» Em que sentido? Consideremos os pontos

abaixo:1. «Porque» Cristo aboliu o valor das vantagens antigas, derivadas da

observância dos preceitos mosaicos.2. Porque Cristo nos oferece algo de valor real e duradouro, a saber, a

salvação de nossas almas, em face do que os homens recebem a natureza de Cristo e chegam a compartilhar de tudo quanto ele tem. (Ver as notas expositivas em Rom. 8:17,28, acerca desses temas).

Sim, é em Cristo Jesus que o indivíduo chega a receber a verdadeira justiça de Deus, o que a lei jam ais nos poderia conferir (ver Rom. 3:21). Também é mediante a fé em Cristo que podemos ser justificados, embora isso não possa ser produzido pelas boas obras hum anas (ver Rom. 3:24,28). Por intermédio de Cristo é que recebemos todas as bênçãos celestes (ver Efé. 1:3). Ora, isso faz-nos lembrar da parábola da «pérola de grande preço». O ind iv íduo venderá tu d o q u an to possui, a fim de a d q u ir ir ta l p é ro la . Outrossim, lembramo-nos da parábola do «tesouro escondido no campo», em troca do qual um homem vende tudo quanto tem, a fim de adquirir aquele campo. (Ver Mat. 13:44-46).

«Ele (Pau lo) se assem elhava a um p ris io n eiro cujo ún ico in te resse , durante muitos anos, fora um brinquedo que procurara fabricar com as palhas e gravetos encontrados na sua masmorra, mas que, depois de ser liberto, perdera totalmente o seu valor». (Wicks, in loc.).

«Ninguém pode fazer de outras coisas o seu ‘lucro’, e também querer ‘ganhar a Cristo’. Somente aquele que perde tudo, até a si mesmo, por causa de Cristo, é que ganha a Cristo. Somente assim Cristo se torna dele, e ele de Cristo (ver Can. 2:6; 6:3; Luc. 9:23,24; I Cor. 3:21,23)». (Faucett, in loc.).

«‘Perda’: Não apenas insuficientes para enriquecê-lo eram aquelas coisas, m as tam bém c ertam en te e las o em pobreceriam e a rru in a r ia m , se ele continuasse a depender delas, fazendo oposição a Cristo. Observemos que o apóstolo (Paulo) não procurava persuadir (aos crentes filipenses) a que fizessem q u a lq u e r coisa que tam bém não vissem nele; nem que abandonassem qualquer coisa que ele mesmo não tivesse abandonado; e nem que se aventurassem a qualquer coisa senão aquilo em que ele mesmo não aventurasse a sua alma eterna.» (Matthew Henry, in loc.).

*...lucro...» No original grego temos o termo «kerde», forma plural de «kerdos», que significa, assim sendo, «lucros», «ganhos», «vantagens», e que no singular tem o sentido de «proveito», «benefício». Em outras palavras, aquilo que Paulo tinha considerado importante e de valor duradouro, aquele louvor que recebera de outros, devido à sua vida diária supostamente «inculpável», juntam ente com tudo o mais que ele até então julgava de valor aos olhos de Deus, veio a considerar como «perda», como algo sem valor, quando examinado detidamente e reconhecido quanto à sua verdadeira natureza. Todas as coisas mencionadas nos versículos anteriores compõem aquilo que aqui ele chama de «...isto...»

Por conseguinte, tudo quanto os seus adversários legalistas continuavam considerando como valioso, tudo aquilo que procuravam impor aos cristãos gentílicos e judeus, não tinha o menor valor, segundo a estimativa do apóstolo. Ele mesmo já havia abandonado todas aquelas coisas, a fim de fi­car exclusivamente com Jesus Cristo; mas eles tinham preferido ficar com Moisés. E nem ao menos com as verdades puras, ensinadas por Moisés, mas com as modificações impostas aos princípios mosaicos através de muitos séculos de tradições humanas.

«...perda ...» No original grego temos o vocábulo «zemia», que significa «dano», «desvantagem », «perda». Deve-se n o ta r aqu i o s ingu lar, em co n tra s te com o p lu ra l no o rig ina l grego, «lucros». T odas as m u itas «vantagens», são aqui agrupadas como um a única «perda». Também se deve observar o uso aqui do tempo perfeito do verbo. Ele continuava reputando as coisas por esse prisma, sua avaliação tinha efeitos que prosseguiam até ao presente momento. Aquilo que exigira dele tanto tempo e tantas energias, ago ra ele re p u ta com o um a ún ica e g rande «perda», d e sap o n tad o ra e desprezível. Em outras palavras, Paulo finalmente percebera que tudo quanto lhe parecera vantajoso, na realidade não tinha qualquer valor.

«Não apenas in ú til, m as p io r que in ú til; p o rq u a n to tudo aqu ilo lhe impedira de ter um verdadeiro senso espiritual de necessidade e impotência, o que p o d eria tê-lo levado aos pés de C risto ; e assim , ap esa r de e s ta r ‘ganhando o mundo inteiro’, na realidade pendia para a ‘perda de sua própria alma’». (Barry, in loc.).

«Está em foco o lado devedor de sua conta corrente, e não o lado do crédito». (Robertson, in loc.).

t o VTrepiyov rrjs γνώσζως Χ ρίστου Ίη σ ο ΰ τοΰ σκύβαλα Iva Χ ριστόν κερδησω

πάντα ζημίαν είναι διά και ηγούμαιέζημιώθην,

αλλά' μενοΰνγε■ και κυρίου μου, 8ι’ δν

conhecimento intelectual acerca de Jesus Cristo.2. Trata-se muito mais do conhecimento experimental que o crente deve

ter do próprio Cristo, mediante a comunhão mística com ele.3. Portanto, está em foco a familiaridade e o contacto amigável com ele.4. E ssa com unhão com C risto a tu a como po d er tran sfo rm ad o r,

conduzindo-nos de um degrau de glória para o próximo, até atingirmos a sua própria imagem, em que vamos sendo espiritualizados de modo a compartilharmos de sua divindade (ver II Ped. 1:4; Col. 2:9,10; Efé. 1:23 e 3:19) e de toda a plenitude de Deus.

Encontramos aqui a linguagem do misticismo. Paulo falava sobre sua visão beatífica em Cristo. Ora, isso ultrapassa em muito a qualquer coisa que o legalismo esp erav a o b ter. No dizer de K ennedy (in loc.): «Está diretamente vinculado à rendição da alma aos cuidados de Cristo; mas, conforme Paulo ensina, isso sempre indica a intimidade com Cristo, pois dele m ana um conhecimento crescente de seu Espírito e de sua vontade. Tal conhecimento lança um alicerce estável para o caráter cristão, impedindo tal caráter de evaporar-se na forma de um mero emocionalismo fanático... Conhecer a Cristo, conforme nos ensina o apóstolo, é ter nas mãos a chave que ab re todos os segredos da ex istência , vistos do po n to de v ista da religião».

«‘Quando o sol aparece, é desvantajoso ficar ao lado de uma vela acesa’. A luz da vela, sob a luz do sol, na realidade lança um a sombra. Como esse conhecimento de Cristo é obtido por nós, pode ser aprendido em Efé. 3:17,18, onde se lê: '. ..e assim habite Cristo nos vossos corações, pela fé, estan d o vós a rra ig ad o s e a licerçados em am or, a fim de p oderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade...%> (Barry, in loc.).

«...Senhor...» (Quanto ao conceito de Cristo Jesus como «Senhor», ver as notas expositivas sobre Rom. 1:4, onde o título completo de Jesus aparece e também é discutido, «Senhor Jesus Cristo»). É impossível alguém conhecer a Cristo em qualquer sentido, antes da sua conversão. Muito menos ainda podem ser entendidos os níveis mais elevados e exaltados da salvação, se alguém não o conhece como seu «Senhor». O indivíduo que diz que confia em Cristo, mas que tem como senhor ao seu próprio «eu», na realidade não é um crente regenerado. E impossível que alguém tenha a Cristo como seu Salvador, se também não o reputa seu Senhor.

n...por amor do qual perdi todas as cousas...» No original grego não há vocábulo que corresponda à palavra «...am or...», que aparece em nossa tradução portuguesa, embora possa ela ser corretamente inferida. O «amor de C risto nos c o n stran g e i, e stan d o em foco o am or que vemos que Cristo teve para com os homens, como o amor que temos por ele, visto que primeiramente ele nos amou (ver II Cor. 5:14 e I João 4:19). (Quanto a notas expositivas completas sobre o «amor», ver João 3:16; Gál. 5:22; João 14:21 e 15:16. Essas notas foram ornadas com poemas ilustrativos).

«Temos aqui um a símile baseada na vida dos marinheiros, os quais, quando ameaçados de naufrágio, lançam borda a fora tudo quanto podem, para que o navio seja aliviado da carga, para que possam atingir o porto em segurança . Pau lo , p o rtan to , estava p re p a ra d o a p e rd e r tudo q u an to possuía, contanto que não fosse privado de Cristo». (Calvino, in loc.).

Deve-se notar que Paulo considerava as coisas como um a «perda» (ver o

ηγούμαι τα πάντα

8 k m Io] om pievid^* 17 3 Q ■pc vg

3:8: sim, na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, iqeu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo,

Paulo descreve aqui 0 que descobrira desde o momento de sua conversão ao evangelho cristão e a Jesus de Nazaré, o Filho de Deus. Daí por diante houve nova avaliação sobre a sua própria vida, e um a nova vida passou a p u lsa r em sua pessoa. Seu conceito de «vantagem e desvantagem » se modificou totalmente. Ele percebeu a verdade das palavras do poeta, aplicadas à lei e aos seus esforços legalistas:

Tanto esforço perdido em ser perfeito1 Em ser superno, tanto esforço vãol Sonho efêmero; acordo e, junto ao leito,A mesma inércia, a mesma escuridão.Vejo, através das sombras, um defeito Em cada cousa, e as cousas todas são,Para os meus olhos rútilos de eleito Prodígios de impureza e imperfeição!

(Hermes Fontes, Sergipe, Alagoas, 1888). «...deveras'considero... »Literalmente traduzida do grego, essa frase diria

«...estou realmente me considerando...»; pois no grego temos o verbo «egeomai», que significa «pensar», «considerar-se», «reputar-se». Isso fala de sua «avaliação necessária», que estava de conformidade com a verdade recém-descoberta do evangelho de Cristo. E o apóstolo usou esse verbo no tempo presente a fim de mostrar que se tratava de um exercício contínuo.

«...tudo...» Literalmente, «todas as coisas», correspondendo à idéia de «isto», a sab e r, aqu ilo que Pau lo , an te rio rm e n te , co n sid e ra ra como «vantagem», alguns de cujos aspectos são enumerados nos versículos quinto e sexto.

«...por causa da sublimidade...» No grego temos a palavra «uperecho», que quer dizer «ultrapassar», «colocar em elevado nível», «exceder», dando a idéia daquilo que é excelente, superior, dotado de extraordinário valor. O «conhecijnento de Cristo» é reputado aqui como algo extremamente mais valioso, muito maior do que todas as coisas nas quais Paulo costumara vangloriar-se, quando ainda na incredulidade. Ora, era nessas mesmas coisas que os legalistas continuavam se jactando, visto que ainda não tinham tido a clara visão do valor e do significado de Jesus Cristo.

« ...d o conhec im en to de Cristo Jesu s...» E ssas p a lav ras podem Ser comparadas com o décimo versículo deste mesmo capítulo: «...para o conhecer e o poder da sua ressurreição e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua m orte...» Também se pode comparar o que este versículo diz com o que se lê no décim o segundo versículo deste cap ítu lo : « ...p ro ssig o p a ra co n q u is ta r aqu ilo p a ra o que tam bém fui conquistado por Cristo Jesus...» Em outras palavras, agora que o apóstolo percebia quão exaltado era o seu chamamento, procurava mostrar-se à a ltu ra do m esm o—e o alvo disso era que C risto viesse a co n tro lá-lo plenamente, possuindo-o como instrumento inteiramente seu. Considere­mos ainda alguns pontos, que nos ajudarão a desdobrar o pensamento do apóstolo:

1. N este p o n to , o «conhecim ento» u ltra p a s sa em m uito ao m ero

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para alguém obter essa vantagem espiritual é mister a agonia verdadeira da perseverança, — tal como sucede nas com petições a tlé ticas; pois essa metáfora domina os versículos seguintes. Neste ponto o apóstolo exibe uma certa hesitação, não querendo jactar-se do quanto havia ganho, e nem fazendo d eclaração p e rem p tó ria sobre a certeza do seu sucesso nessa inquirição eterna. Contudo, mostrou-se perfeitamente positivo acerca de certa verdade, a saber, que ele se encontrava naquela competição a fim de ser vencedor.

«É o próprio Cristo—sua perfeita imagem, suas gloriosas perfeições—que ele (Paulo) desejava conquistar, e não meramente o seu favor». (Alford, in loc.).

Naturalmente, quando da conversão, um homem já possui a Cristo, em bora de m an e ira p re lim in a r e incom pleta . Som ente a g lorificação realmente nos fará possuir a Cristo. Mas como ele nos é dado, durante esta existência terrena, depende de como corrermos. Essa é a teologia paulina, «...para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo» (II Cor. 5:10).

«Nada há de mecânico ou fixo no tocante à nossa comunhão com Cristo. É verdade que essa comunhão pode ser interrompida através da diminuição do zelo, mediante a intrusão da atitude mundana, devido à tolerância a pecados conhecidos, por causa do domínio da vontade própria sobre o c ren te , além de o u tras incon táveis causas. P o r consegu in te , p a ra conservarmos essa comunhão com Cristo, precisamos estimar as coisas terrenas de conformidade com o seu verdadeiro valor. Por essa razão é que Paulo considerava o ‘ganhar a Cristo’ tanto como algo presente quanto como algo futuro, e não como um ato passado». (Kennedy, in loc.).

«Cumpre-nos observar que o N.T. jam ais fala da ‘graça salvadora’ através de quaisquer termos pejorativos; pelo contrário, representa-a como ‘fruto’ do Espírito Santo, como a ‘imagem de Deus’, formada na alma humana; como a ‘natureza divina e a descendência de Deus’». (Matthew Henry, in loc.).

«Com o uso dessa expressão , pois, Paulo dá a en ten d er que não poderíamos mesmo ‘ganhar a Cristo’ de outra maneira, senão mediante a perda de tudo quanto possuímos. Pois ele quer que sejamos ricos somente de sua graça». (Calvino, in loc.).

«Quem quiser, pois, salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a vida, por causa de mim e do evangelho, salvá-la-á. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder a sua alma?» (Marc. 8:35,36). Ver as notas expositivas sobre essa declaração neotestamentária em Mat. 16:25,26, passagem paralela a esta do evangelho de Marcos.

e K ν ό μ ο υ ά λ λ α τ η ν δ ι ά π ί σ τ ε ω ς Χ ρ ί σ τ ο υ , τ η ν ¿ κπ ί σ τ β ω ς Χ ρ ί σ τ ο υ , τ ή ν e κ

que compartilhemos do mesmo «tipo de vida», «essência», ou «forma de vida» que o próprio Cristo possui. A nossa estadia «nele» não é meramente pelo propósito de companheirismo. Ao invés disto, o grande intento é que a presença do Espírito, que garante um companheirismo, deve «espirituali­zar» completamente nossos seres, dando-nos a própria natureza celestial de Cristo. A un ião com ele dá e n tra d a à um a co m unidade de n a tu reza compartilhada na divina família. Alguns estudiosos acham que há aqui certa referência escatológica, como se Paulo tivesse dito «...para ser achado nele...», isto é, no último dia, no dia de Cristo. (Ver as notas expositivas sobre Fil. 1:6). É necessário incluir esse aspecto; mas Paulo já se achava «em Cristo». Por conseguinte, Paulo já «exercia todas as funções de sua vida, em Cristo». Em C risto , ou seja, em com unhão com ele, é que se arraigam a nossa confiança (ver Fil. 2:19,24), a nossa alegria (ver File. 20). É em Cristo que o crente fala (ver Efé. 4:17); que o crente executa o seu ministério (ver Col. 4:17); que o crente entrete a outros (ver Fil. 2:19); que o cren te m antém u n an im id ad e com o u tros (ver F il. 4 :2); e que o crente obedece a outro (ver Efé. 6:1). É em Cristo que o crente é fortalecido e pode fazer todas as coisas (ver Efé. 6:10 e Fil. 4:13)». (Weiss, in loc.).

« ...ju s tiça própria , que procede de le i...» A re tid ão h u m an a é de natureza legalista, não sendo mística e nem possuindo qualidade imitativa. Também não é da qualidade requerida, isto é, da qualidade divina. Até mesmo em suas mais elevadas expressões jamais poderá transformar-se na qualidade exigida por Deus. Deus precisa formar-se a si mesmo no homem (verEfé. 3:19), afim de que este possa compartilhar de toda a plenitude de Deus; mas isso está completamente fora do alcance da inquirição legalista.

«... .mediante a fé ...» (Comparar com Rom. 3:22; Gál. 2:16 e Efé. 2:8; e ver igualmente a nota geral sobre a «fé», em Heb. 11:1. Essas referências bíblicas fornecem-nos uma completa exposição da idéia aqui apresentada, em suas notas expositivas).

«.. .a justiça que procede de D eus...» Não devemos entender aqui apenas a retidão que tem Deus como sua fonte originária, embora também isso seja uma verdade, e, sim, a natureza santa do próprio Deus, vista como algo in fu n d id o nos hom ens. O trecho de Rom . 3:21 a p resen ta-n o s a n o ta expositiva expandida sobre esse conceito, e o trecho de Efé. 2:8, em suas. notas expositivas, nos oferece um a completa discussão acerca do sistema da graça-fé, em oposição àó legalismo.

«... O fato central da vida e do pensamento religioso de Paulo é a completa identificação do crente com Cristo». (Kennedy, in loc.).

ιν τ ό ν κα ί τ η ν δ υ ν α μ ιν τ η ς ά ν α σ τ ά σ β ω ς α ν τ ο ΰ κα ι [^ η ν ] κ ο ιν ω ν ία ν [ τ ω ν ] π α θ η μ ά τ ω ν^O fJL €V O S T O J Θ α ν α τ ω α ν τ ο ν , ΙΟ τ ή ν . , .α ν τ ο ν , σ υ μ μ ο ρ φ ίζό μ β νο $ ...α ν το ν Ro 3.3-5 κοινω νίαν π α θ η μ ά τω ν α ν το υ Ro 8.17; Ga 6.17

ρ Ν־4 Β .; R] praem των reli ς

versículo anterior); mas neste presente versículo lemos que ele realmenté perdeu essas vantagens. Quaisquer vantagens e qualquer prestígio que ele tivesse tido como judeu, havia perdido, posto que agora era reputado como o pior dos hereges, sendo caçado de cidade em cidade, por aqueles cujo intuito era fazê-lo desaparecer da face da terra.

No dizer de Adam Clarke (in loc■); é como se Paulo houvesse declarado: «Escolhi v o lu n ta riam en te a C risto , com sua cruz, sua p obreza e seu opróbrio; por causa disso, sacrifiquei voluntariamente tudo quanto tinha da parte do mundo, tudo quanto poderia esperar dele».

«Parece haver aqui certo jogo de palavras. Essas vantagens eram ‘perdas’; sendo assim, Paulo sofrera a ‘perda’ delas; mas a perda de um a perda é um ganho». (Barry, in loc.).

«Paulo se desfizera de seus privilégios como judeu e como fariseu. E sua expressão se eleva como um triunfo santo». (Matthew Henry, in loc.)■

«O aoristo (do verbo «perdi») aponta para o momento definido de sua conversão. Naquela crise momentânea é que ele perdeu suas possessões legais». (Vincent, in loc.).

«...as considero como refugo...» Pouco é o valor das vantagens e das glórias terrenas. No original grego encontramos aqui o termo «skubalon», palavra de origem incerta, mas que alguns estudiosos pensam ser contração da expressão «eskunas bailo», que significa «lançar aos cães», conforme se faz com lixo. Ou então_, se deriva de «sk o r », que sign ifica «lixo», «refugo». As trad u çõ es geralm en te refle tem um a ou o u tra dessas possibilidades; mas, no presente, é impossível determinar a tradução correta. Na literatura grega essa palavra era usada para indicar ambas as coisas. Sem importar o que Paulo tivesse querido dizer exatamente, o inegável é que a declaração é perfeitamente enfática. Tudo quanto os elementos legalistas consideravam dotado de grande valor, tudo quanto p ropagavam como ta l, no seio da ig reja c ris tã , o apósto lo dos gentios reputava inútil e repugnante, como lixo que pode ser lançado aos cães, como refugo lançado no monturo. Trata-se de um a afirmativa fortíssima, reversão total das idéias de Saulo de Tarso, quando ele dava tanto valor à religião legalista, à qual se dedicara de toda a sua alma. (Ver Gál. 1:14).

«...para ganhar a Cristo...» Para alguém ganhar o verdadeiro «ganho» é mister desfazer-se do «refugo», que antes reputava como lucro. Assim fez Paulo. Portanto, «ganhar a Cristo» é equiparado com a participação em sua ressurreição, em sua forma de vida eterna (ver os versículos dez e onze), em suas perfeições (ver o décimo segundo versículo), em seu prêmio eterno da vida im o rta l, a com ple ta salvação, por cu ja causa C risto o tin h a conquistado (ver os versículos treze e catorze). Ora, Paulo considerava que

9 καί eóρζθώ èv αύτω , μη εχων éμην δικαιοσύνην τήν0€θΰ δικαιοσύνην ¿π'ι τή ττίστβι,

3:9: e seja achado nele, não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé;

Temos aqui uma declaração que condiz com a teologia paulina pura, conforme ela é demonstrada nas epístolas aos Romanos e aos Gálatas. E a passagem de Rom. 3:20 expõe o pensamento contrário, que a justiça ou re tid ão pessoal não é sufic ien te d ian te de D eu s—«...n in g u ém será justificado diante dele por obras da lei...». Conforme se aprende em Rom.4:2, Abraão não foi justificado pelas obras da lei. Se porventura pudesse haver uma lei que transmitisse vida eterna aos homens, a vida nos teria sido co n ferida desse m odo (ver G ál. 3:21). M as o indivíduo é ju stific ad o independentemente das obras da lei. (Ver Rom. 3:28). A retidão verdadeira não é a do homem, mas deve ser a justiça de Deus, conferida ao homem (ver Rom. 3:21). Essa justiça tem primeiramente certo aspecto «forense», ou seja, temos boa posição diante de Deus, em Cristo Jesus, por decreto divino; mas, em segundo lugar, essa justiça também nos é realmente infundida, pelo poder do E sp írito Santo (ver G ál. 5 :22 ,23), de ta l m odo que chegafemos a possuir a própria natureza de Deus (ver Mat. 5:48). Somente essa forma de justiça ou retidão é adequada para que alguém seja admitido aos lugares celestiais. (As notas expositivas acerca desses vários lugares indicados expandem os temas aludidos. A «justificação pela fé» é anotada no trecho de Rom. 3:24,28).

Paulo não procura expandir ou ilustrar aqui esse tema, o que significa que os seus leitores filipenses estavam bem informados sobre a natureza dessa doutrina; precisavam apenas ouvi-la, para que soubessem sobre o que Paulo estava falando. Tendo recebido o ensinamento de Paulo, já estavam bem arm ados co n tra as a stúcias dos « judaizantes».

O sistema de graça-fé: A própria fé é um dom de Deus. As próprias obras que fazemos são predestinadas pela vontade divina. Ver Efé. 2:10 sobre estes conceitos. Ver Fil. 2:12 para o lado humano do plano redentor.

« ...ser achado n e le ...» E ssa expressão é em inen tem en te m ística, p e rten cen te à m esm a ca teg o ria da expressão «em Cristo», p o rq u an to tam bém fa la de nossa un ião com o Senhor (ver Rom . 6:3), de m odo a ficarmos identificados com ele. (Ver o trecho de I Cor. 1:4, acerca da expressão «em Cristo», usada por nada menos de cento e sessenta e quatro vezes no escritos de Paulo, servindo de nota chave da teologia paulina, a qual faz da «justificação pela fé» um a doutrina não apenas teológica, mas também uma realidade na experiência do crente). As notas nesta referência desenvolvem o tema de modo total. Fala de «comunicação de vida», para que, através da operação do Espírito, possamos ser espiritualizados, para

10 τοΰ γνώναι cαύτοΰ, συμμορφιι,ομενος τψ υανατψ αυτυυ, ίο τη ν . . .α υ το υ

ΙΟ Koivomav] την κ. D G pl CO ς { παθημάτων

que ilustra um a profundatodos aqueles que se interessam pelo N.T. entrega pessoal a Cristo e dedicação a ele.

3:10: para conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição e a participação dos seus sofrimentos, conformando-me a ele na sua morte,Temos aqui um ״ a das grandes declarações paulinas, bem conhecida por

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FILIPENSES50

(Quanto à idéia da «participação dos sofrimentos de Cristo», ver as notas expositivas sobre Rom. 8:18; Mat. 20:22,23; João 15:18 e ss.; II Cor. 1:5; 4:10,11; Gál. 6:17; Col. 1:24 e I Ped. 4:13. Ver igualmente os trechos de Heb. 12:2,3 e I Ped. 4:13).

«A fé une o crente aos sofrimentos de Cristo». (Vincent, in loc.).«A agon ia do G etsêm an i não m enos que a agonia do C alvário , se rá

reproduzida nos servos fiéis de Cristo, posto que palidamente». (Lightfoot, in loc.).

«Na p resen te passagem en co n tra-se o m ais p ro fu n d o segredo da experiência cristã do apóstolo, desvendado». (Kennedy, in loc.).

No processo de seus sofrimentos em favor de Cristo, o crente vai sendo libertado de si mesmo, vai sendo levado a perceber o grande valor da vida que ele possui em Cristo. Isso altera radicalmente as suas idéias sobre o valor das coisas terrenas, disciplinando-o a buscar as realidades celestiais e eternas. Tribulações e perseguições, por conseguinte, são coisas dotadas de grande valor, dependendo tudo do modo como as recebemos. (Ver o trecho de Atos 14:22 acerca de uma nota expositiva detalhada sobre os benefícios das tribulações e das perseguições). Os apóstolos primitivos de Cristo regozijaram-se no fato de terem sido julgados «dignos» de sofrer afrontas pelo nome de Cristo, conforme se lê em Atos 5:41.

Jesus, a minha cruz eu tomei,Para deixar a tudo e seguir-Te;Destituído, desprezado, esquecido,Para, então, seres tudo para mim;Pereça toda a ambição insensata,Tudo quanto tenho buscado, esperado e conhecido;Mas, quão rica é minha nova condição,Deus e o céu agora me pertencem!

Que te apresses, da graça para a glória,Armado pela fé e impelido pela oração;Os dias eternos do céu à tua frente,A própria mão de Deus até ali te guiará.Em breve terminará tua missão terrena,Rápidos passarão teus dias peregrinos,A esperança será uma fruição jubilosa,Fé para tua visão, e oração para teus louvores.

(Henry F. Lyte)

«...e quem não toma a sua cruz, e vem após mim, não é digno de mim» (Mat. 10:38).

Os sofrimentos dos crentes são chamados aqui de «...comunhão...», por tratar-se de algo que o crente compartilha com Cristo, preenchendo aquilo que ainda precisa ser adicionado a seus sofrimentos (ver Col. 1:24). Isso não quer d izer que o c ren te ten h a q u a lq u e r co isa a fazer que ap rim o re a expiação, ou que os seus sofrimentos lhe confiram algum mérito; não obstante, sofrer por Cristo faz parte da nossa comunhão com ele, sendo o sinal confirm ató rio de que pertencem os a ele. A lguns in té rp re te s , no entanto, pensam poder ver aqui um a alusão à doutrina da «expiação», como se por seus próprios sofrimentos, em favor de Cristo, o homem pudesse fazer expiação pelos seus pecados. Dificilmente isto estaria em foco, mas a participação nos sofrimentos, era favor de Cristo, é a idéia central da passagem; e isso visto do ponto de vista que assim é criada a comunhão com Cristo e a simpatià com ele e da parte dele. No dizer de Vincent (in loc.): «Estar alguém em Cristo envolve á comunhão com ele em todos os pontos, em sua vida de obediência, em sua atitude, çm seus sofrimentos, em sua morte e em sua glória».

«...conformando-me com ele na sua morte...» (Ver as notas expositivas acerca de Rom. 6:3, quanto à nossa «identificação com a morte de Cristo»), No tocante a isso precisamos considerar os pontos seguintes:

1. Essa conformação com a morte de Cristo tem um aspecto forense. Isto é, Deus considera que fomos crucificados com Cristo, porquanto o pecado foi eliminado de nós, visto que a expiação se concretizou.

2. Mas também há um aspecto diário e prático nessa conformação com a morte de Cristo. Vamos morrendo para o pecado e vivendo para Deus, que é a m ensagem c en tra l do sexto cap ítu lo da ep ís to la aos R om anos. (V er igualm en te a d eclaração de Paulo em I C or. 15:31: « ...D ia após dia morro!...», na qual Paulo mostra-nos que essa vida em Cristo é uma espécie de morte em vida, visto que vivia constantemente sob a ameaça de perder a própria vida).

Fatos A Considerara. Ir-se confo rm ando à m orte de C risto , do p resen te po n to de v ista

espiritual, significa «viver a vida de um mártir». Aquele que dá diariamente a sua vida é aquele que demonstra suprema dedicação.

b. Os «mártires diários» vivem para o mundo eterno, pois estão mortos para o presente sistema maligno, com seus muitos vícios e degradações.

c. Os m ártires espirituais buscam aquelas coisas que são de cima (ver Col. 3:1); ao mesmo tempo, porém, servem aos seus semelhantes, pois vivem segundo a lei do amor. O amor é a grande prova da espiritualidade, e se origina no novo nascimento (ver I João 4:7). Os mártires espirituais, por assim dizer, não têm vida própria, porquanto morreram para o egoísmo.

d. São esses que cumprem o m andamento que estipula: «Toma a tua cruz, e segue-me!» (Mar. 8:34).

11 καταντήσω...νβκρών Ac 4.2; Re 20.5-6

passar pela experiência da ressurreição corpórea (ver as notas expositivas em I Cor. 15:25,30,40), e quando receberia o veículo espiritual apropriado para a sua alma remida, para a existência nos lugares espirituais. Esse veículo é de n a tu re za e sp iritu a l, e não a tôm ica , p o r não ser física em׳

«.. .para o conhecer...» Temos aqui a idéia da necessidade de «conhecer a Cristo». Já temos verificado o conceito do «conhecimento» de Cristo, como a motivação todo-consumidora da vida de Paulo, nas notas expositivas sobre o oitavo versículo deste capítulo. (Isso pode ser confrontado com o trecho de Efé. 1:17, onde o «conhecimento de Deus» é o objeto de um a sublime oração de Paulo). Quanto ao conhecimento de Cristo, compete-nos verificar os pontos seguintes:

1. Esse conhecimento sempre é mais profundo que o mero conhecimento intelectual. Paulo não falava sobre a necessidade de alguém tornar-se um melhor teólogo intelectual, que reúne em sua bagagem grande número de proposições corretas acerca de Cristo e de Deus Pai.

2. Antes, esse conhecimento é «experimental», envolvendo a alma, o en ten d im en to m ístico , o que, m ui n a tu ra lm e n te , leva o c ren te a um a comunhão maior com o Senhor, o que também é «conhecimento». Duas pessoas que vivem ju n ta s po r longo tem po, como m arido e m ulher, mediante sua comunhão particularmente intima, chegam a conhecer-se m u tu am en te com o não se pode ig u a la r a través de q u a lq u e r o u tro companheirismo. Ora, esse conhecimento é mediado pelo «amor», e até mesmo pelas relações místicas, conforme Paulo dá a entender que também se verifica no matrimônio. (Ver as notas expositivas a respeito em Efé. 5:30,31). O conhecimento mediado pelo amor é a gnosis cristã.

3. Esse conhecimento de Cristo é igualmente um poder transformador; porque, ao conhecê-lo, vamos sendo transformados à sua semelhança. Portanto, uma faceta necessária dessa idéia é aquela que diz: «Para que eu venha a conhecer a Jesus Cristo, para que me torne como ele».

4. T udo q u an to m ais é d ito , no p resen te versícu lo—o po d er de sua ressurreição, a comunhão em seus sofrimentos, a conformação com a sua morte, a participação em sua ressurreição (ver o décimo primeiro versículo), e, finalmente, a obtenção do grande prêmio da vida eterna, em perfeita transformação segundo a sua imagem (de glória em glória, mediante a atuação do Espírito Santo; ver II Cor. 3:18)—são elementos desse «conhecer a Cristo», expandindo o pensamento deste versículo.

5. C onhecer C risto é conhecer ao P a i (ver João 17:3). E ssa m esm a referência mostra que isso equivale a possuir a vida eterna (ver as notas a respeito , em João 3:15). E ssa vida com eça agora; e te rm in a n a visão beatífica da alma, quando, contemplando a pessoa de Deus, a alma é transformada de modo a compartilhar da própria natureza divina (ver II Ped. 1:4). E isso significa que a alma passará de um estágio de glória para outro, em um processo permanente (ver II Cor. 3:18).

6. Portanto, «conhecer Cristo», é, em sentido pleno, chegar a possuir a salvação; e isso se aplica ao presente, por ocasião da conversão, como também à santificação, e por toda a eternidade, quando da glorificação.(Ver as notas sobre a «salvação», em Heb. 2:3).

7. Em sentido bem geral, podemos dizer que o «conhecer Cristo» inclui todos os benefícios que ele nos dá, em nosso relacionamento e experiências com ele, tanto agora como por toda a eternidade.

«...e o poder da sua ressurreição...»Como Chegamos A Conhecer Esse Poder?

1. Esse poder com eça em nós ag o ra m esm o, na conversão e na san tificação . Em nossa iden tificação com C risto , em sua m orte , conquistamos o pecado e os vícios. Dominamos aquilo que é terreno e temporal. Em nossa identificação com a sua vida, adquirimos um a nova expressão espiritual, passamos a viver para o que é eterno, e vamos sendo moral e metafisicamente transformados, segundo a sua imagem. Trata-se do «batismo espiritual», amplamente comentado em Rom. 6:3.

2. Quando Cristo saiu do sepulcro, trazia em si uma nova forma de vida, um a nova expressão de espiritualidade. E assim abriu o caminho para a passe das virtudes espirituais, as quais nos outorgam a sua natureza moral.O Espírito Santo cultiva essas virtudes em nós (ver Gál. 5:22,23); e assim ele é quem produz em nós a natureza moral de Cristo. Paulatinamente vamos compartilhando das perfeições morais do Pai (ver Mat. 5:48).

3. A ressurreição de Cristo levou-o à sua ascensão, e isso fala de nossa futura identificação com ele, nos lugares celestiais. Em Cristo é que seremos g l o r i f i c a d o s , participantes de sua herança (ver Rom. 8:17,30). O poder de Deus repousava sobre Cristo; e, na qualidade de filhos de Deus, repousa igualmente sobre nós. Portanto, participamos da morte, da ressurreição, da ascensão e da· glorificação de Cristo.

4. Pau lo m ui provavelm ente a lude aqu i especificam ente à «nossa experiência presente», embora sém nunca olvidar-se dos benefícios a longo p razo . A gora m esm o o seu po d er rep o u sa sobre nós e nos vai transformando. Atua sobre nós (convertendo, santificando e dando-nos a !evolução moral); mas também opera através de nós, na atuação de nossas respectivas missões. Paulo fez surgir a igreja de Cristo no m undo gentílico qaase sozinho. E ra o poder da ressurreição que nele operava. Ele trabalhou ■ ais abundantemente que todos os outros (ver I Cor. 15:10). Era o poder da ressurreição que fazia isso.

« ...a com unhão dos seus so fr im en to s ...» Não é po r aciden te que a «—ressurreição...» precede aqui aos «...sofrimentos...» Pois desde que nos fai conferida essa «nova vida», somos passíveis de participar dos sofrimentos de Cristo, enquanto ainda nos encontramos nesta dimensão terrena. Tais sA im entos servem de instrumento, de agentes purificadores e aperfeiçoa- dores da vida do crente; fazem parte do processo da santificação, como d a d o s da nossa transformação gradual segundo a imagem de Cristo.1 1 el πω ς καταντήσω είς την ¿ζανάστασιν την εκ νεκρών

11 την e/f] των K L 1739* Pm Ç Μ Ι : para ver se de algum modo posso chegar à ressurreição dentre os mortos.

Paulo desejava que o seu morrer diário, a sua participação no poder da ressu rre ição de C risto tivesse um a q u a lid ad e ta l que g a ran tisse a sua participação na ressurreição literal de Cristo, quando então haveria de

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3. Paulo, porém, aludia especificamente ao tipo de imortalidade e de vida eterna que a ressurreição inaugurará. Seu sentido primário, neste ponto, é: «Participo ou não dessa ressurreição e imortalidade?» A indagação não é: «Até que pon to , com m aio r ou m enor glóriai, p a r tic ip a re i dessas realidades?» A indagação de Paulo, aqui, é muito básica. Ele também ensinava sobre diferenças quanto ao grau dos galardões (ver as notas a respeito em II Cor. 5:10), mas não é a isso que se refere este versículo.

4. A interpretação dada no terceiro ponto é comprovada pela declaração do décim o q u a rto versículo . E le buscava o «prêmio» da vida e te rn a . Naturalmente, ele buscava um a «admissão abundante» na vida eterna, isto é, um a «elevada glorificação», m as não é sobre isso que ele falava especificamente aqui. Sua indagação é: «Participarei ou não da vida eterna, através da mediação da ressurreição dos justos?» Afinal de contas, essa é a mais crítica questão da vida.

A expressão «ressurreição dentre os mortos» também indica a ressurreição daqueles que estiveram fisicamente mortos, mas que agora são separados dos mesmos. (Ver I Ped. 1:3, onde a mesma expressão é aplicada a Cristo, sendo a única outra instância do uso dessa expressão, em todo o N.T.).

«...para de algum modo...» Ou então, conforme dizem outras traduções, «...se épossível...» Trata-se de um a expressão de humildade; mas é errado vermos aqui qualquer idéia de dúvida no espírito de Paulo. O apóstolo dos gentios com freqüência se mostrou apreensivo ante a possibilidade de não alcançar pleno sucesso em sua carreira cristã, conforme se demonstra nas notas expositivas anteriores. É que o apóstolo reconhecia o poder deletério do pecado, bem como a seriedade da luta entre o bem e o mal, e também da carreira em que estamos envolvidos. A dúvida girava em tom o de si mesmo, embora tivesse plena confiança em Deus. Sua dúvida era hum ana e apenas no elemento humano; mas a sua confiança era divina e em Deus; portanto, dependendo desta ou daquela passagem, encontramos a expressão de ansiedade ou da esperança mais firme, da parte de Paulo. Essa é a única m aneira natural de compreendermos o presente texto.

«Paulo conhecia , po r experiência p ró p ria , quão difícil é alguém permanecer leal até ao fim, sendo conformado de tal maneira à morte de Cristo que o poder do pecado não torne a dominar ao crente. Portanto, sua incerteza aparente, no presente versículo, não indica que ele desconfiava de Deus. Antes, desconfiava de si mesmo. Isso enfatiza a necessidade que ele sentia de vigiar, de esforçar-se constantemente, a fim de que, tendo pregado a outros, não viesse a ser ‘desqualificado’ (ver I Cor. 9:27-27 e Rom. 8:17 que são os melhores paralelos da passagem à nossa frente). Por outro lado, Paulo nunca se olvidou do fato que ‘fiel é aquele que nos cham a’ (ver I Tes. 5:24)». (Kennedy, in loc.).

A salvação não pode jam a is to rn a r-se um a rea lid ad e sem a reaçãe favorável da vontade humana; e essa reação favorável precisa ser genuína. A santificação, por igual modo, precisa ser real; pois, de outra maneira, nenh u m a vida e te rn a p o d e rá seguir-se. Em algum pon to , de a lgum a maneira, Deus tornará isso real para todos nós que temos confiado em C risto Jesus. M as isso não de ix a rá de ser acom panhado p o r agonia autêntica, ao longo da carreira cristã.

qualquer sentido. Ê chamado de «corpo» mas sem dar a entender que se trata de um corpo material. Será apenas um veículo próprio para a alma remida, tal como o antigo corpo carnal serviu de veículo para a existência nesta dimensão terrena.

É verdade que P au lo esperava um a ressurreição a b u n d a n te , isto é, paralelamente a um elevado nível de glorificação, com a espiritualização segundo a im agem m oral e m etafís ica de Jesus C risto . M as tam bém é verdade que e lê^e re fere aq u i, basicam en te , ao m ero fa to de desejar atingir aquela ressurreição, e não especificamente um a elevada participação no que ela significa. Assim Paulo exibiu a mesma atitude cautelosa que demonstra nos versículos treze e quinze deste capítulo. Paulo se encontrava n a c a rre ira com a f in a lid ad e p re c íp u a de o b ter o p rêm io (a com pleta salvação em Cristo), e não se jactou acerca disso, como se estivera certo em I Cor. 9:27, onde ele não desejava ser «desqualificado», após haver pregado a outros. E trata-se ainda do mesmo cuidado exibido em Fil. 2:12, onde ele exorta aos seus convertidos que «desenvolvessem a sua salvação com temor e tremor». Não podemos interpretar esta passagem como se Paulo estivesse plenamente confiante de seu sucesso, mas apenas que ele buscava um «sucesso abundante». Mas de uma coisa o apóstolo tinha certeza, a saber, que a c a rre ira é séria , oferecendo perigos rea is , em bora envolva recompensas elevadíssimas, embora o fundista cristão possa falhar nessa tentativa.

O Problema Da Segurança Do Crente1. O texto levanta o problema da segurança do crente, pois Paulo parece

pôr em dúvida, neste ponto, a sua própria salvação.2. Noutras passagens, entretanto, ele exibe total confiança. Talvez não

tenhamos aqui mais do que um paradoxo, o paradoxo do inter-relaciona- mento entre o livre-arbítrio humano e o determinismo divino, do que o problema segurança do crente é apenas um a subcategoria. Uma completa discussão sobre o problema aparece nas notas sobre Rom. 8:39. (Quanto ao «livre-arbítrio», ver I Tim. 2:4; quanto à «eleição», ver Efé. 1:4; quanto à «predestinação», ver Rom. 9:16).

3. Se contemplarmos a salvação pelo ângulo humano (ver Fil. 2:12), poderem os duv idar de que certam en te a possuím os. M as, se a contemplarmos pelo lado divino (há pessoas eleitas), então não teremos dúvida alguma a respeito (ver Fil. 2:13).

«...mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo». (Rom. 8:23).

V incu lando o p resen te versículo com o a n te rio r, ap rendem os que a ressu rre ição só pode ser o b tid a m ed ian te a «morte», conform e se deu realm en te no caso de Jesus de N azaré . Som ente que, no nosso corpo, «morte» indica a morte espiritual, através da qual somos libertos do mundo e do p ró p rio «eu», p a ra que possam os viver a vida de C risto . Se isso realmente está ocorrendo em nossa experiência diária, então participaremos da ressurreição literal de Cristo. Caso contrário, tal participação será impossível.

A questão da ressurreição dos ímpios não é focalizada aqui, não sendo ab o rd ad a neste po n to po r ser irre lev an te ao tem a tra ta d o . (Q u an to à «ressurreição dos ímpios», ver as notas expositivas sobre Apo. 20:5,6).

Variante Textual: As palavras «...ressurreição dentre os mortos...» figuram nos m ss P(16), P(.46), A leph, ABD EP, nas versões la tin as d, e, f, e g , na Vulgata latina, nas versões gótica e siríaca, bem· como nos escritos de Irineu, Basilio, Êutico (nos manuscritos que ele conhecia) e Crisóstomo. A tradição «koiné», em geral, diz simplesmente «ressurreição dos mortos». Mas isso indica que a expressão foi modificada, pois aqueles manuscritos certamente refletem o original grego neste ponto.

ηδη τετελείω μα ι2, διώκω δ¿ et και καταλάβω, εφ ’ φ και κατελημφθην υπό

ήδη δβδίκαίωμαί ή ήδη τετελάω μα ι. (see 1 Cor 4.4?) (ρ*6 τ ίλ α ω / i c u D* G° Ambro.siast.er // tXaßoi' η ήδη τετέΚ ύω μ α ι. ôeôi-

καίομαί ή ήδη 7־€Τ€λάωμαι GRr* // τ ίτβ λε ίω μ α ί i t 1

A Ressurreição1. Ο vocábulo aqui usado indica a separação entre os vivos e os mortos,

pois a ressurreição, a física ou a espiritual, tem esse caráter.2. Está em foco a ressurreição do corpo. (Ver notas completas sobre essa

doutrina em I Cor. 15:20, onde também há um a discussão sobre a natureza do corpo ressurrecto).

12 Ούχ o n ηδη ελαβον η 2Χ ρίστου [Ί η σ ο ΰ ].

2 12 {Hf tX aßov rj r¡Ór¡ τίτέΚ ειω μα ι pÉlvld Ν A Β D c Κ Ρ Ϋ 33 81 88 (104 τεθ ΐα μ α ι) 181 326 330 436 451 614 629 630 1241 1739 1877 1881 1962 1984 (1985 omit η ήδη) 2127 2492 2495 B yz vg sy rp־h cop**·״״ goth armC lem ent T ertu llian O rigen1*׳ Eusebius V ictorinus-Kom e H ilary // ’¿λαβον ή

12 δ ιώ κ ω ...κ α τα λ ά β ω 1 Tm 6.12, 19 κ α τ β λ ή μ φ θ η ν .. .Ί η σ ο υ Ac 9.5-6 | κ α ι Io] Om K*D*G p c l a t syp

Vários testem unhos ocidentais (D* G c i td Cg>61׳ I r e n lat) — e p 4B d izem βλαβορ ή ήδη δεδικαίωμαι η ήδη τ ίτ ίλ ε ίω μ a t. Em bora se possa argum entar que por causa de hom oeoarcton a cláusula η ήδη δεδικαίωμαι foi aciden talm ente om itida nos dem ais testem unhos, a comissão repu tou mais provável que a cláusula adicional foi um a glosa «de algum copista piedoso que im aginou qu e o lado divino da santificação era deixada po r dem ais fora de vista». (H .A .A . K ennedy, Expositor’s Greek-Testament, ad loc.). A adição d a cláusula destrói o equilíbrio d a estru tura em quatro partes da sentença. A form a adotada para otexto é fo rtem en te apoiada por p61’’״* X A B D c K P Ψ 33 81 614 1739 vg sir (p,h) cop (sa,bo) gót ara C lem ente al.

Obtido, Mas Não Obtido:«...Não que eu... tenha já obtido a perfeição...»1. Essa «perfeição» é a vida eterna, mediante a ressurreição dos justos (vs.

H).2. Paulo já havia conseguido chegar ao começo disso, ao primeiro estágio,

quando de sua conversão e novo nascimento. Paulo, entretanto, refere-se aqui, especificamente, à completa salvação, após a morte física. Ele n |o estava declarando a sua absoluta segurança quanto a isso, e nem que tivesse recebido alguma segurança absoluta a respeito. No entanto, entrara na corrida para vencer. Não pouparia esforços. É necessário que «desenvolva­mos nossa própria salvação» (ver Fil. 2:12). E ra isso que Paulo tinha em mente: o lado h u m a n o da questão. E quando demonstrava plena certeza de que a salvação lhe estava garantida, então estava considerando a questão segundo o seu lado divino: «...porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade» (Fil. 2:13).

3:12: Não que já a tenho alcançado, ou que seja perfeito; mas vou prosseguindo, para ver se poderei alcançar aquilo para o que fui também alcançado por Cristo Jesus.

Qual Prêmio Paulo Procurava Conquistar?O contexto nos informa do seguinte:1. Vs. 11: Trata-se do tipo de vida mediado pela ressurreição. (Ver notas

com pletas ali, sob o títu lo «A ressurre ição» . V er n o tas sobre a «imortalidade», em II Cor. 5:8).

2. Vs. 12:_ É o tipo de vida que envolve a alma na busca e conquista da «perfeição». Isso alude às perfeições morais e metafísicas envolvidas na salvação, tanto no presente quanto no futuro. O vs. 16 mostra-nos que tam bém está envolvida a «perfeição» p re sen te , isto é, a m a tu rid ad e espiritual; mas este versículo fala mais especificamente acerca da perfeição da alma, que buscamos na salvação.

3. Vs. 14: É o «prêmio» da vida eterna, a saber, a salvação, com tudo quanto ela inclui. .

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FILIPENSES52

contanto que não pensemos que já a temos atingido». (Wicks, in loc.).

«...para conquistar aquilo para o que também fu i conquistado...» O apóstolo Paulo fora «conquistado» ou «apanhado» por Cristo, para que fosse exclusivamente dele. Assim, pois, Paulo queria «apreender» aquilo para o que ou em vista do que Cristo o «apanhara». Cristo se apossara de Paulo por ocasião da conversão deste. Quando de sua glorificação, pois, Paulo queria obter o alvo ou objetivo dessa conversão, a saber, a «plena salvação», que consiste de co m p artilh arm o s de tudo q u an to C risto é e possu i. C risto apossou-se de nós a fim de tornar-nos iguais a ele m esm o, p a ra que fôssemos o seu corpo místico, para que compartilhássemos de sua natureza e herança. (Ver as notas expositivas sobre Heb. 2:3, acerca da «salvação»). Paulo falava sobre a «elevada chamada», sobre o «prêmio», referidos no versículo seguinte. Portanto, não estão em foco outras interpretações, como aquelas que enumeramos abaixo:

1. Não devemos pensar aqui na sua missão entre os povos gentílicos. Pau lo não quis da r a en ten d er que q u e ria levar a bom term o o seu apostolado entre os gentios, como se essa fosse a razão pela qual ele fora apanhado ou conquistado por Cristo. Isso é uma verdade, mas não a que está em pauta aqui.

2 . O reino messiânico também não está focalizado aqui, ainda que isso, por semelhante modo, expresse uma verdade, mas não a verdade toda que ocupava a mente de Paulo neste ponto.

3. Nem Paulo queria dar a entender aqui simplesmente o «céu». Pois Paulo fora conquistado por Cristo com um alvo muito maior do que vir ele a mudar de endereço para os céus. A finalidade dessa conquista era a de to rn a r o seu ser sem elhan te ao de C risto , c o m p a rtilh a r sua im agem e natureza (II Cor. 3:18).

4. E certam en te o «perdão» dos pecados, de m odo a deixar-nos futuramente impecáveis, também fica muito aquém do grande alvo de Paulo, embora isso faça parte necessária do grande alvo. A perfeição cristã vai muito além do mero escape do pecado, conforme é explicado nas notas expositivas mais acima.

5. As palavras gregas «eph o» têm sido traduzidas por «até onde», por «emrazão de» ou por «por causa». É como se Paulo tivesse dito: «Em face de tersido eu conquistado por Paulo é que pressiono na direção da meta». Mas essa é.uma tradução duvidosa. A melhor tradução é mesmo «aquilo para o que», indicando que a razão que pressionava Paulo na direção do alvo é que ele fora procurado e achado por Cristo. Quanto a esse particular, Alford, (in loc.) diz que se tivéssemos de compreender a frase desse modo, teria de haver o verbo «katalabo», no sentido absoluto, na voz passiva, e não na voz ativa. Portanto, «eph o» são palavras que significam «aquilo para o que». Por conseguinte, poderíamos traduzir aqui que Paulo desejava «conquistar aquilo para o que Cristo o conquistara».

A alma è divina e a obra è imperfeita.Este padrão assinala ao vento e aos céus Que, da obra ousada, é minha a parte feita:O por-fazer é só com Deus.

(Fernando Pessoa, Lisboa, Portugal, 1888 - 1935).

aêv Sé, rà ¡Jikv ¿irípai ¿7TiÀavdaváfx,evoç ro ís Sè

t>14 !,629 ׳ ׳.׳ ׳״/ ׳״׳ ■ ' .' : OÜ7TOJ í/ja.l róí itar sy ׳' 1241 1962 1984 1985 2127 2492 r1‘ ■ 1'h * cop'"‘ goth e th C lem ent A m brosiuster Ba.sil C hrysostom Jerom e12׳ E u thalius T heodoret Cosmos A ntiochus Pasehal Chronii־le John-D am ascus

«...tenha já obtido ...» No original grego temos o termo «elabon», no aoristo, não se referindo a algum ato particular do passado, mas antes, «à vida passada inteira» do apóstolo, como se esta fosse resumida em um único ato, que não pudera levá-lo a «obter» tão grande prêmio. Que ele «não podia obter o prêmio» em sua vida é uma verdade que permanece; mas Paulo não entrou em tais detalhes.

«...obtido a perfeição...» Tal como nas notas expositivas anteriores, a idéia que aqui se destaca não meramente a de «maturidade espiritual», e, sim , a da perfe ição rea l em C risto , a p a rtic ip a çã o na n a tu re za m oral positiva de Deus. E isso não envolve apenas a impecabilidade, mas também a p len itu d e de C risto , p a ra que os c ren tes sejam a sua p len itu d e , ao receberem a plenitude de Deus (ver Efé.l:23 e 3:19). Perfeição absoluta é o alvo colimado, o tipo de perfeição que Deus possui. Mas evidentemente Paulo visava aquela perfeição que possuiremos somente ao entrarmos nos lugares celestia is , sem haver ab o rd ad o a questão da in fin itu d e dessa perfe ição co lim ada , o que ex ig irá um a bu sca que se p ro lo n g ará pela eternidade inteira. A perfeição moral e espiritual está aqui em foco, de natureza ética ou moral; e também está em foco a perfeição do ser. (Ver Inácio, Efé. 3; e também Efé. 3:17-19; 4:13-16 e Col. 1:28).

«...prossigo...», isto é, «pressiono», «sigo com zelo», dentro da metáfora do fundista em uma corrida, que faz o esforço necessário para ganhar a corrida, o que mostra-nos a maneira enfática como esse esforço deve ser compreendido.

«...o alcance da possibilidade vai de zero ao infinito; em qualquer dado momento, nossa vida é aquilo para o que estamos vivos—e não mais. A biografia mais breve que já foi escrita está contida em sua sentença que descreve Matusalém: Todos os dias de Matusalén! foram novecentos e sessenta e nove anos; e m orreu’ (Gên. 5:27). Em todos os seus novecentos e sessenta e nove anos parece que ele não conseguiu coisa alguma digna de ser relembrada. Algum contentamento animal fê-lo tornar-se inconsciente de tudo quanto podia ser feito naquele tempo.E muitíssimas pessoas, com duração de vida muito menor, perdem a maior parte das possibilidades que poderiam ser delas, preenchendo os seus dias com ocupações insignifican­tes, não lhes restando tempo para o que mais vale a pena. Certo jornal de certa feita afirmou que a maioria dos jovens nunca usa mais de uma décima parte da capacidade de suas mentes. Qualquer pessoa pode lembrar um tempo em que pensava saber qual a medida de sua própria mentalidade, somente para que os seus cálculos fossem perturbados ao ler, pela primeira vez, algum livro realmente profundo, que repentinamente expandiu seu horizonte mental de uma forma imprevista. De fato, continuamos a saber m ais e m ais, de nosso p ró p rio in te lec to , ao exporm os a m ente a um a variedade de exercícios mais profundos; e essa exposição é a essência mesma da educação mais ampla.

Nossa civilização inteira tende a confinar nossas vidas à sua obsessão com a satisfação de produzir coisas que perecem, até que, tal como o rico, na p a ráb o la , com arm azéns cad a vez m ais am plos, ele ouviu o sussurro perturbador: ‘Louco, esta noite te pedirão a tua a lm a...’ (Luc. 12:20). A convicção co n tín u a de que não obtivem os a in d a a perfe ição serve tão-somente de sinal que algo que poderia fazer parte de nós bate à nossa porta, quando estamos dormindo. Não há limite para essa ‘vida aberta’,

13 άδελφο¿, €γω έμαντόν ού3 λογίζομαι κατζίληφέναι־ έμπροσθεν έπεκτεινόμενος,

3 13 |C | ού ρ1« Η D G Κ ψ ׳ 88 181 326 630 1739 1877 1881 2495 B yz ¡to.d.dein.diY.p.í.g.x.* Vg Sy,.p.ii COpaa arIn T ertu llian O rigenlat V ictorinus-Rom e E phraem C hrysostom .)eróme1'5 // ονττω tí A De־׳* P 33 81 104 330 436 451

“ “ 13-14 a no number, a number 14: TR(,,i WH Bov Nes BF2 AV RV ASV RSV NEB TT Ziir Luth ■Ter Seg // a number 14, a no number: TR“J

13 olmo) p 16vidXAD*° al C l; R1] ov })46B G 69 1739 pm lat syp co ç ; Rm A forma ov, que é amplamente apoiada por P (46) B D (c) G K 'í1739 88 ׳ maior parte do Latim Antigo vg sir (p,h) cop (sa)

ara, parece ter sido mudada por ovttoj (K A D (gr*) P 33 614 sir (h com*) cop (bo) gót etí Clemente) por copistas quereputaram Paulo por demais modesto em seus protestos.3:13: Irmãos, quanto 0 mim, não julgo que 0 haja aicançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante.

terrífico , e, lev an tan d o a v ista , viu um idoso hom em negro, com um a parelha de cavalos, que puxavam um vagão carregado de mercadorias, e que estava chegando à b e ira do rio . Lá se foi 0 hom em por sobre o rio gelado, com os cavalos e 0 vagão sobrecarregado, sem a menor hesitação. Ao ver isso, lentamente, ressabiado, o homem se levantou e atravessou por sobre o gelo, em passadas firmes, o que restava p.ara chegar ao outro lado. Paulo se assemelhava ao homem que chegou à beira do rio com os cavalos, e o vagão c a rre g ad a e que com eçou a c ru za r 0 rio gelado sem a m enor hesitação, deixando-nos o exemplo. Ele mostrou-nos total dedicação e não uma atitude tímida, encorajando-nos com o seu exemplo a fazermos 0 mesmo.

A maioria das pessoas se dedica parcialmente ao Senhor, por causa de seus outros motivos, como o dinheiro, a ambição, a emulação e o senso de segurança carnal, que são coisas que as atraem. Mas, que segurança temos na vida presente, afinal de contas? Esse é um alvo elevadíssimo: conhecer a Cristo e obter o alvo para 0 qual fomos conquistados por Cristo. Se eu o conheço em minha experiência, então o meu grande motivo será o alvo que ele tem para mim, não servindo eu de alvo para mim mesmo.

«... não julgo havê-lo alcançado...» são palavras que reiteram a idéia do versículo anterior. Todavia, devemos dar atenção ao enfático «eu» (no grego, «ego») e «...a mim...» (nogrego, «emauton», isto é, «eu mesmo»). Isso assinala a avaliação fixa que Paulo fazia de si mesmo. E ra assim que ele se estimava, não havendo qualquer esperança de vir ele a avaliar-se de outra maneira.

«■■■julgo...» No original grego é «logidzomai», que significa «consfidero- me», «reputo-me», palavra usada com freqüência nos escritos de Paulo,

A Magnífica Obsessão De Paulo1. Todos os seus esforços concentravam-se nessa «única coisa»: conquistar

o «prêmio» (vs. 14).2. Isso ele tentava fazer através da absoluta dedicação pessoal à corrida.

Desvencilhara-se de todas as cargas, e estava pronto e ansioso por saltar por cima de quaisquer obstáculos. Sua mente concentrava-se exclusivamente na sua ta re fa . Não olhava p a ra trá s , p o rq u a n to se esquecera das «coisas ׳ passadas».

3. Seus olhos estavam fixos no prêmio celeste, e cada músculo estava retesado ao máximo, a fim de que pudesse ser um vencedor. Paulo entrara na corrida a fim de vencer.

Essa atitude de Paulo pode ser equiparada com a de Agostinho. Quando lhe perguntaram: «O que mais queres saber?», ele retrucou: «Deus e a alma». «Somente isso?», veio a pergunta admirada. «Somente isso!» foi a resposta pronta de Agostinho. E todos os escritos de Agostinho, tanto os filosóficos como os teológicos, salientam a sua convicção.

Uma dedicação total·. Conta-se a história de um homem, que vivia nos países frios do hemisfério norte, o qual, em tempo de inverno, ao chegar à beira de um rio gelado, não tinha m aneira de saber qual a espessura do gelo. Temia que se começasse a andar por cima do gelo, este se partiria e ele seria engolido pelas águas gélidas do rio. Assim, para distribuir melhor o seu peso, deitou-se de bruços sobre 0 gelo e foi-se arrastando lentamente na direção do centro do rio. Repentinamente, por detrás, ouviu um barulho

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S3FILIPENSES

aparece no original grego. O grego diz, literalmente, «esticando-me», dando a entender um violento esforço para a frente. No grego temos o vocábulo «epekteinomai», que quer dizer «esticar-se». A postura inclinada para a frente, de todos os corredores, está aqui em foco. E é com essa metáfora que Paulo nos dá a entender o seu tremendo esforço.

«...para as que diante de m im estão...» As «coisas à frente» serviam para aum entar o seu conhecimento de Cristo e a sua estatura em Cristo. Isso permitia que ele fizesse aquilo que servia para fomentar a causa do Senhor e do evangelho, ao mesmo tempo que permitia que ele mesmo—Paulo—, fosse sendo transformado segundo a imagem de Cristo, podendo assim atingir a mesma herança que Cristo tem (ver Rom. 8:17,29). Ele corria «...olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus...» (Heb. 12:2).

«O corpo do corredor se inclina para a frente, sua mão se estende na direção do alvo, e seus olhos se fixam no mesmo». (Vincent, in loc.).

«O olhar vai adiante e puxa a mão, e a mão atrai o pé». (Bengel, in loc.).A expressão aqui utilizada por Paulo foi utilizada pela linguagem dos

desportistas, porquanto chamamos a porção final de um a pista decorridas, imediatamente antes do alvo final, de «home-stretch» (no inglês), ou «reta de chegada».

i v Χ ρ ι σ τ ώ ’Ιη σ ο ύ . i 4 i C o r 9 . 2 4

Xp, I. C .׳-) l: cr Κυρία) I . Xp. G : r. Θ.

κ λ ή σ ε ω ς τ ο υ θεοΰ

expressando o poder e o processo do raciocínio que subjaz tudo quanto está sendo «avaliado» ou «aquilatado», conforme essa palavra também pode significar.

«.. .esquecendo-me das cousas que para trás ficam . . .» Isso é, tudo quanto ficava no passado, em sua experiência cristã, ou em qualquer porção de sua ex p eriênc ia , in c lu indo a sua vida p assad a , quan d o a in d a estava no fa risa ísm o . Pau lo p a ssa ra por sucessos e fracassos, p o r alegrias e d esap o n tam en tos, por tr is tezas e consolos; m as agora, tudo isso era passado. Na qualidade de fundista cristão, ele não se conservava olhando para trás, porquanto isso só serviria para tornar mais lento o seu progresso espiritual; antes, olhava constantemente para a frente, mirando o alvo e o prêmio.Não considerava ele a velocidade e a facilidade com que chegara até aquele ponto, como se isso fosse algo significativo; somente ao atingir o alvo e o sucesso final é que um hom em realm en te pode considerar-se bem- sucedido. Ter alguém começado bem também não é o bastante; aquele que chega primeiro ao fim da pista é que é declarado vencedor, e esse é quem recebe o prêmio. Não é que Paulo se envergonhasse do que acontecera antes, e nem se orgulhava ele de suas realizações passadas, mas é que não desejava ter qualquer senso de auto-satisfação que pudesse enfraquecer a sua determinação de atingir o alvo final.

«.. .avançado . ..» E ssa trad u ção não consegue re te r a m etá fo ra que

1 4 “ κ α τ ά σ κ ο π ό ν δ ιώ κ ω eis το β ρ α β ε ΐο ν ttjs άνωσ κ ο π ο ν14 ανω κλησεως] αι-εγκλησιας T ert, codd apud Or j του Θεον ev Xp. Ιησ. KAR pm ς ; R] Θεου p 46:

ev Κ. I. Xp. Do seu alvo ainda jaz no futuro, porquanto fomos chamados para receber todas as glórias de Cristo, para compartilharmos de sua natureza perfeita, para participarmos da própria plenitude de Deus (ver Efé. 3:19).

«...soberana vocação...» Literalmente traduzida, a expressão diria «chamada para o alto». Se preferirmos a tradução mais literal, veremos que o chamamento cristão nos convoca não apenas para avançar, mas também p a ra su b ir sem pre p a ra novas a ltu ras . No en ta n to , a lguns estud iosos pensam que «vocação celestial» ou «vocação soberana» áão boas traduções para o original grego.Isso fala sobre a grandiosidade e sobre a sublimidade da chamada divina. (Comparar com o trecho de Heb.3:1, «...santos irmãos, que p a rtic ip a is da vocação ce les tia l...» ). M as am bas as idéias são verazes—o chamamento divino sempre nos convoca a subir mais e mais, e tambem é sublime em sua natureza, por causa das bênçãos celestes que nos confere em Cristo Jesus (ver Efé. 1:3). No entanto, a primeira dessas idéias é a que conta com melhor apoio léxico.

« ...d e D e u s...» A ch am ad a vem da p a rte de D eus, a fim de nbs aproximarmos de Deus, porquanto tudo quanto há na existência tem a Deus como fonte originária, visando a sua pessoa, a fim de que os chamados compartilhem de sua plenitude e redundem na glória de Deus (ver I Cor. 8:6 e Rom. 11:32). «Porque dele e por meio dele e para ele são todas as cousas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém». (Rom. 11:36).

«...em Cristo Jesus...» Acerca dessas palavras, precisamos desdobrar os comentários como segue:

1. A vocação divina é «em Cristo Jesus» mediante a comunhão com o Senhor Jesus, em un ião com ele (ver I Cor . 4: E .(־4 ssa expressão , que normalmente toma a forma de «em Cristo», é usada por nada menos de cento e sessenta e quatro vezes nos escritos de Paulo, dando a entender a comunhão e a união mística que desfrutamos com ele, através do Espírito em nós residente, por meio de quem fluem todas as bênçãos espirituais. (Ver Efé. 1:3).

2. Também está em foco a idéia da «agência» de Cristo Jesus, através da confiança nele (ver o nono versículo deste capítulo).

3. Cristo é a «esfera» ou «elemento» onde o chamamento divino tem a sua fru ição , em quem o prêm io nos é dado . Em o u tras p a lav ras , nosso relacionamento com o Senhor Jesus é que nos garante essas coisas. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida; e à parte dele ninguém poderá jam ais vir a Deus. (Ver João 14:6).

4. Essa cham ada divina se concretiza em consonância com as provisões da graça divina, que se acham em Cristo, a saber, para que os crentes sejam o que Jesus Cristo é e possuam a sua herança. Portanto, o próprio Cristo é a «medida» do nosso prêmio.É ele quem dá substância e natureza a esse prêmio.

Quando alguém disse a Diógenes, o filósofo cínico: «Agora já és um homem velho, descansa dos teus labores», ele replicou: «Se corri por toda a pista, cabe-me afrouxar o passo agora, que já estou perto do fim? Não deveria eu, bem pelo contrário, esticar-me para a frente?» (Ver Diog. Laert., lib. vi. cap.2 e secção 6). Por semelhante modo, o idoso apóstolo Paulo, já tendo percorrido boa parte da pista, e tendo todo o direito de sentir-se cansado e desencorajado, bem ao contrário disso, intensificou a sua busca , p o rq u a n to já po d ia co n tem p la r o p rêm io , visto que agora chegara à «reta de chegada».

Paulo pode co n tem p la r a Jesus, o q ua l, p a ra o p ro fe ta A geu, é o «desejado das nações». Para Jeremias é o «Senhor, Justiça Nossa». Para Daniel, é o «Ungido». Para Salomão, a «Rosa de Sarom». Para o apóstolo João é «o Salvador, o Filho de Deus, o Caminho, a Verdade e a Vida». Para João Marcos, o «Filho do homem». E para Paulo, Jesus é o «Bendito e único Potentado», o «Senhor», o «Capitão», o «Senhor da Glória», o «Mediador», o «Redendor». E para João, no livro de Apocalipse, Jesus é o «Senhor dos senhores e Rei dos reis», o «Alfa e Omega», «o Começo e o Fim», o «Rei dos santos». Por conseguinte, o apóstolo dos gentios, estando agora mais perto do alvo e tendo uma visão mais perfeita do prêmio, resolveu term inar a sua carreira com alegria, porquanto já rebrilhava ante seus olhos aquela coroa que o Senhor, Justo Juiz, haveria de dar-lhe.

3:14: prossigo poro o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus.(Q u an to a o u tras m etá fo ras basead as na v ida a tlé tica , u sad as pelo

apóstolo Paulo, ver as notas expositivas em I Cor. 9:24). Muitos geralmente participam de uma competição atlética, como em uma corrida, mas apenas um atleta obtém o prêmio. Devemos correr de tal modo que obtenhamos o prêmio.

«...prossigo para o alvo...» A palavra «...alvo...», neste caso, é tradução do vocábulo grego «skopos», usada para indicar um sinal ou marca onde se devia a lvejar o da rd o ou flecha, em bora aq u i se re fira à m eta que os corredores procuram atingir.

«...prêmio...» No original grego é «brabeion», o «prêmio» oferecido aos atletas vencedores. Mas essa palavra também dava a entender qualquer «recompensa». Tal palavra também é usada em I Cor. 9:24, para indicar o «prêmio» que seria dado ao vencedor na corrida cristã. Esse prêmio é o m otivo estim u lad o r. Por isso é que Inácio disse p a ra Po licarpo : «Sê controlado, como atleta de Deus; o prêmio é a incorrupção e a vida eterna».

O Prêmio Incomparável1. Esse p rêm io consiste daq u ilo que um hom em gan h a , ao vencer a

corrida da vida: a vida eterna, a salvação (ver as notas em Heb. 2:3).2. Essa idéia é comprovada pelo contexto em geral:a. Vs. 11: A vida é mediada pela ressurreição dos justos.b. Vs. 12: O tipo de vida envolvido na obtenção da «perfeição».c. Vs. 14: O tipo de vida que a «chamada de Deus» nos confere, como é

óbvio, é a vida eterna, mediada através da eleição.3. Esses fatores eliminam aqui a interpretação que diz que Paulo buscava

um a «ressurreição mais abundante», isto é, «um elevado galardão», e não a própria salvação. Não há que duvidar que Paulo também buscava isso, mas não é a essa realidade que se refere o texto presente.

4. O intenso conflito de Paulo, aqui refletido, está relacionado à sua m ensagem de F il. 2:12: « ...desenvo lvei a vossa salvação com tem o r e tremor». Ele aludia ao lado humano da questão; daí a luta, de mistura com certas dúvidas, no tocante ao resultado final.

5. Q uando ele fin alm en te pôde dizer: «Com bati o bom com bate, completei a carreira, guardei a fé... Já agora a coroa da justiça me está g u a rd a d a ...» (II T im . 4 :7 ,8 ), en tão não restavam m ais dúvidas. Por conseguinte, no tocante a essa atitude de Paulo, deveríamos usar mesmo a palavra «dúvida», ou seria preferível o termo «cautela»?

6. O prêmio a ser conquistado é a coroa da justiça (ver II Tim. 4:8), a coroa da vida (ver Tia. 1:12 e Apo. 2:10).. 7. A salvação é o prêmio; a salvação conquista a participação na natureza

e nos atributos de Cristo (ver Col. 2:10), na plenitude do Pai (ver Efé. 3:19) e na natureza divina (ver II Ped. 1:4).

«Aquele que corre não fixa os olhos nos espectadores, e, sim, no prêmio. Sem importar se os espectadores são ricos ou pobres, se dele zombam, se o aplaudem ou insultam, se lançam pedras contra ele, se lhe assaltam a casa, e mesmo que vejam seus filhos ou sua esposa, ou qualquer outra coisa, o corredor não se desvia do seu alvo, porquanto se preocupa tão-somente com correr e conquistar o prêmio. Aquele que corre não pára em parte alguma, porquanto, se mostra negligente, mesmo que em pouco tempo, tudo estará perdido. Aquele que corre não afrouxa a corrida sob hipótese alguma, antes de chegado o fim, mas antes, mais do que nunca, estica-se para vencer a pista». (Crisóstomo).

«...vocação de Deus. ..» Encontramos aqui uma espécie de termo técnico, usado para indicar o apelo lançado aos homens para que exerçam fé em Cristo, oferecendo-lhes a salvação. Uma vez que esse apelo seja acolhido, isso fala de tudo quanto o indivíduo obtém através dessa chamada. (Ver notas expositivas completas, em Rom. 8:30, acerca desse conceito. Ver igualmente o trecho de Efé. 4:1). Compete-nos ser «dignos da chamada com a qual fomos chamados». O termo grego aqui empregado é «klesis». E aqueles que dão ouvidos a esse chamamento são os kleitoi, ou «chamados».׳. Esse cham am en to divino, neste pon to , é visto em seus e fe ito s—a santificação e a transformação do crente segundo a imagem de Cristo; mas

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15 "Οσοιι ονν τέλειοι, τούτο15 "OfTOL.. .t^povoifiev Mt 5.48; 1 Cor 2.6

3:15: Pelo que todos quantos somos perfeitos tenhamos este sentimento; e, se sentis alguma coisa de modo diverso. Deus também vo-lo revelará.

A palavra «...perfeitos...» se deriva da mesma palavra básica que, no décimo segundo versículo, aparece como aquela perfeição de Deus que devemos p ro c u ra r. Q u an to a isso, considerem os os pon tos abaixo discriminados:

1. Ê possível que Pau lo ten h a usado esse term o, «perfeitos», ironicamente, neste versículo, como uma espécie de repreensão contra aqueles que supunham que já haviam atingido a perfeição. Nesse caso, é como se Paulo tivesse dito: «Se realmente sois perfeitos, então demonstrai-o com a mesma dedicação intensa que aqui descrevo».

2 . É mais provável, entretanto, que esse termo tenha sido usado pelo apóstolo'com o sentido secundário de «maturidade». Aqueles que têm crescido em Jesus Cristo deveriam sempre ser caracterizados por um elevado esforço espiritual, conforme Paulo acabara de descrever.

3. Talvez haja aqui a sugestão que a única perfeição possível, nesta esferaterrena, seja a «dedicação intensa» aqui descrita. Aqueles que demonstram essa form a de perfe ição e m atu rid ad e m ostram que se acham bem avançados, na estrada da obtenção da perfeição celestial. Seja como for, Paulo dizia claramente aos filipenses que «ficar parado» e imaginar que já se chegou ao alvo, é uma ilusão da natureza mais estúpida. '

« . . .tenham os este se n tim en to . ..» , isto é, esse desejo de in tensa consagração, sempre pressionando na direção do alvo, imitando ao apóstolo Paulo conforme ele imitava a Cristo. (Ver o trecho de I Cor. 11:1 quanto a notas expositivas acerca do valor do «exemplo). Paulo se utilizou aqui da primeira pessoa do plural, «nós» (subentendido no verbo «tenhamos»), a fim de não ofender a seus leitores, como se quisesse elevar-se acima deles.

1. Compartilhe a intensidade de espírito de Paulo. 2. Lute para alcançar sua suprema dedicação. 3. Sacrifique tudo como ele o fez. 4. Deixe de guardar para si isto ou aquilo. Tome agora a sua cruz e siga à frente. 5. Você não irá à parte-alguma sem renunciar ao mais baixo e ao inferior.Você não irá à parte alguma se guarda ainda um vicio. 6. Devote o seu intelecto a Cristo, em estudo espiritual intenso. 7. Faça da oração um companheiro de sua vida diária. 8. Aprenda a meditar. 9. Siga fazendo o bem como Cristo o fez. Não enalteça virtudes enclausuradas. 10. Procure os dons espirituais e use-os para o bem dos outros. 11. Veja o mundo como é; abandone-o e com ele os seus valores. 12. Procure o país celestial. Procurando e seguindo, há uma recompensa? os profetas, mártires e apóstolos respondem, sim!

«...se porventura pensais doutro modo...» Não nos é dito, especificamen­te, qual ou quais seriam os pensamentos diferentes dos pontos de vista do apósto lo dos gentios. Por conseguin te, m u itas co n jectu ras têm sido apresentadas pelos eruditos, conforme se vê nos pontos abaixo:

1 . O pensamento diferente seria deixar-se arrastar por falsas doutrinas, que afetam a vida diária piedosa, conforme pensam alguns estudiosos.

2. Outros pensam que está aqui em foco, especificamente, o erro dos legalistas, os quais teriam um alvo diferente para a sua religiosidade e para seus esforços.

3. Ainda outros intérpretes julgam que se trata do erro concernente às doutrinas da justificação pela fé, da retidão que temos em Deus, e não no próprio «eu», ou então do erro concernente à posição e proeminência de

16 TrArjv eis ô icfidáaaixev, tw olvtw OTOi^eív4.4 16 {14} tü> aura¡ crrocxeli' p16■46 N* A B I*״ d 33 1739 eop8“״'*־ e th ro

H ilary A ugustine T heodotus-A ncyra F e rra n d u s / / rò avrò (ppoveív 1881// rò clvtò (¡)poveLjs, t ¿ aúr<£ a ro ixé lv (D* tcõ aiiTOi [sir]> (Cí cruvaTOixeiv* j^ar.d.e.K A m brosiaster V ictorinus-Rom e // rò avrò (j>pov€Ív, r¿} aürw navóvL

, (TTOixélv (D c 436 (TTOLXéiv navòvi) 81 104 330 451 (629 4>povetv uai tlú)

φρονώμεν4 και ει τ ι ετερως φρονείτε, και τοϋτο ο θεός1 5 φρονωμ€ν\ -νονμζν XL pc Cl

ιν αττοκαλνφε

Jesus Cristo, com a conseqüente abolição da lei como motivo de justificação e santificação.

4. Os três pontos de v ista acim a, a ju lg a r pelo contexto (ver o nono versículo deste capítulo), são possíveis; mas o mais provável é que Paulo se tivesse referido mais especificamente à compreensão que tinha da vida ética e suas exigências, à inquirição espiritual, tudo com base na união mística com Jesus Cristo. É possível que os crentes filipenses muito soubessem sobre a justificação pela fé, mas que fossem fracos quanto ao conhecimento sobre a comunhão mística com Cristo, através da presença residente do Espírito Santo, o que é fator essencial para essa forma de inquirição intensa, que o apóstolo descreve nesta secção de sua epístola.

«...também isto Deus vos esclarecerá...» A declaração é vaga. O que é que Deus revelará? Procuramos dar resposta nos pontos abaixo:

1. Alguns estudiosos pensam que é como se Paulo tivesse dito aqui: «Estais em erro, e precisais de correção».

2. Outros pensam que ele quis dizer: «Estou com a razão naquilo que asseverei; portanto, vossa outra maneira de pensar será corrigida por Deus».

3. Ou ainda: «Vós estais errados, e eu estou certo; e Deus mostrará isso quando vos corrigir, para que possais entender a verdadeira natureza da inquirição espiritual.

4. Ou ainda: «Deus revelará quem está certo: vós ou eu».5. Ou em termos bem gerais: «Se estiverdes em erro . sobre q u a lq u e r

assunto, Deus também vos revelará isso, enquanto fordes intensos em vossa busca espiritual. A suposição daqueles que tomam esta posição é que se alguém mostrar-se intenso em sua inquirição, ainda que esteja equivocado, eventualmente Deus lhe revelará maiores verdades sobre ele.

6 . O sen tido básicq dessas pa lav ras, pois, parece ser que: «Se vos mostrardes dedicados.em vossa busca, mas houver falhas em vossas atitudes no que diz respeito às questões éticas e espirituais relativas ao conhecer a Cristo. Deus vos revelará exatamente qual deve ser a inquirição espiritual. Portanto, a doutrina como tal não estava na mente do apóstolo, e nem ele se preocupava aqui com a correção de pontos doutrinários, para que ficasse provado estar ele com a razão. Antes, preocupava-se tão-somente que aos crentes filipenses fosse revelada toda a verdade no que tange a como buscar a Cristo e ao bem eterno, confiando que Deus revelaria qual deve ser a autêntica inquirição espiritual, para aqueles que se mostram intensos nessa inquirição.

Não parece haver qualquer pensam en to acerca de a lgum a form a de revelação que u ltrap asse aqu ilo que Pau lo escrevera, concernen te à natureza dessa busca espiritual, embora isso também seja possível, pois há muitas verdades que ainda precisam ser aprendidas, e visto que Paulo não compreendia todas elas. Este versículo, reputado como um todo, indica que alguns dos crentes filipenses eram por demais confiantes em sua própria perfeição, como se já se encontrassem em elevadíssimo nível espiritual e que não mais precisavam da instrução por parte do Espírito em nós residente, acerca da verd ad e ira n a tu reza da in q u irição e sp ir itu a l, to ta lm en te centralizada em Cristo, mais ou menos em consonância com o que Paulo dizia sobre essa busca intensa.

124! 2127 24‘!2 it <■ ׳£־-r״ .,ii í ,* ., g״ th arm E uthalius // τώ αύτώ σ το ίχ ε ινκανόνι, το αυτό φρονειν ^ Κ 1’ Ψ 88 18! 320 614 63U 1877 1962 1984 1985 24',ι.ί / ׳ //_ sv r:l íl et hpp ( 1hrvsustom TlK‘odore Theoduret John-D am ayrus // τφ αύτω κανόνι σ το ιχ ε ιν , το αυτό φρονβιν 69 1908

1 6 ζφβασαμζν] -crare |) 18 sapt16 Ga 6.16

A forma mais antiga do texto parece ser aquela preservada em — p16■46 X* Λ B I״i<£ 33 424 (c) 1739 cop (sa,bo) etí (ro) a¿. Por causada concisão de estilo, copistas adicionaram várias palavras e frases explicativas: e .g ., o Textus Receptus diz τω αύτω στοιχείν κανόνι, το αυτό φρονεΐν juntamente com Nc Κ Ρ Ψ 88 614 sir (p,h) etí (ρρ) al, onde κανόνι serve para identificar ο τω αύτω, que de outro modo seria enigmático, e rò αύτό φρονεϊν é uma glosa que explica τω αύτω στοιχεΐν (cf. 2:2 e Gál. 6:16); outros testemunhos inserem κανόνι antes de στοιχεϊν (69 1908), e ainda outros

·inserem το .αύτό φρονεΐν antes de τω αύτω, com ou sem κανόνι (D G 81 330 1241 it vg gót ara Eutálio). A variedade c a falta de homogeneidade das formas mais longas dificultam a suposição de que a forma mais breve, τω αύτω στοιχεϊν surgiu devido a homoeoteleuton.3:16: Mas, naquela medida de perfeição a que jà chegamos, nela prossigamos.

Embora não houvesse recebido qualquer elevada revelação da parte de Deus, quanto à natureza da inquirição, imediatamente, não poderiam ficar equivocados se continuassem a seguir aquilo que sempre tinham seguido, e que os tro u x era ao estad o de m atu rid ad e em C risto , a que já tinham atingido. Se fossem fiéis à luz que já possuíam, Deus haveria de revelar-lhes mais ainda; e isso representa uma regra espiritual básica.

«Em bora h a ja coisas sobre as .q u a is p recisa is de m aio r revelação, contudo, a condição do recebimento da mesma é que andeis de acordo com vossa presente compreensão sobre a luz e o conhecimento». (Vincent, in loc.).

O fato de alguém ter essa mentalidade—a intensidade paulina sobre a inquirição espiritual—e de seguir ao apóstolo como exemplo, já é um fator decisivo no andar cristão que se espera dele. Qualquer outra informação posterior só poderia ser dada se cumprissem intensamente aquilo do que já tinham conhecimento.

»...andemos...» O ato de «andar» é uma metáfora comum para a conduta

«ética» e «espiritual», para a maneira da vida diária. E ra usada largamente, tan to pelos au to res sagrados com o pelos secu lares. M as o term o aqui traduzido por «andar» não é o verbo comum, e, sim, «stoichein», derivado de «stoichos», que significa «fileira», «linha», dando a entender «andar em fila», ou seja, com um padrão definido, com uma norma em mira. Em Xen. Cyr. vi. 3,34 esse verbo é usado para indicar a idéia de «marchar em ordem de batalha». As letras do alfabeto grego também eram chamadas «stoiceia» (derivada essa palavra da mesma raiz), por serem elementos de um sistema; e os e lem entos de q u a isq u er ou tros sistem as eram assim cham ados, igualmente. O infinitivo, no original grego, tem a força do imperativo. (No que concerne a outros empregos dessa palavra, para indicar a conduta cristã, ver os trechos de Rom. 4:12; Gál. 5:25; 6:16). No trecho de Atos 21:24 tem o sen tido de «andar em ordem ». O vocábulo grego m ais comumente usado para a idéia de «andar» é «peripateo», o qual é utilizado em muitos trechos. (Ver Rom. 4:12; 6:4; 8:1; 13:13; I Cor. 3:3 e 7:17. Quanto a notas expositivas completas sobre a metáfora do «andar», ver Gál. 5:16,25. Ver igualmente os trechos de Col. 1:10; 2:6 e 4:5).

«...de acordo com o que já alcançamos...» Se foi feito algum progresso,

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fim do versículo, o que é apenas outra glosa explanatória, porquanto «kanon» também foi acrescentado como tal.

No dizer de Robertson (in loe.), este versículo encerra «...uma lição necessária para os crentes, exaustos da monotonia da rotina da vida e do trabalho religioso».

«Essa admoestação, sobre o terreno moral, é exatamente aquilo que os cientistas seguem com tanto êxito, quando percebem que ‘nunca poderão sa b e r’ toda a verdade, p o rq u an to todas as suas opiniões são apenas tentativas. Mas mantendo-se em contacto diário com aquilo que descobriu, por mais incompleta que seja tal descoberta, os cientistas ficam na posição em que podem ser corrigidos, recebendo novos lampejos de discernimento. Não há o u tra m aneira de um a vida incom pleta ap rox im ar-se m ais da perfeição». (Wicks, in loc.).

então o conhecimento que possibilitou esse avanço deve ser válido, nem que seja parcialmente. Portanto, que os crentes filipenses usassem toda a luz que possuíam, e Deus lhes conferiria ainda mais luz. Também é verdade que Deus nos envia os mestres corretos, quando nos dispomos a receber maior instrução e realmente queremos fazer a vontade de Deus. Porém, a revelação divina é algo eminentemente íntimo, através de toques do Espírito Santo, porquanto o Espírito de Deus é o nosso principal mestre.

Variante Textual: Alguns manuscritos posteriores dizem aqui «...andar segundo a mesma regra...», porquanto ali é adicionado o termo grego «kanon», que significa regra, padrão .*Assim dizem os mss DEFKL e a tradição «koiné» em geral. Porém, os msá P(16), P(46), Aleph, AB e os escritos de vários dos pais da igreja, o que forma o testemunho textual mais forte, omitem essa palavra. De forma geral, os mesmos m anuscritos que adicionam o term o «kanon» também acrescentam as palavras «pensemos nas mesmas coisas», no

VI. Digressão contra os Legalistas (3:1-21).3. Necessidade de coerência na vida cristã (3:17-21).

Esta secção desenvolve a declaração do versículo anterior. Não pode haver verdadeiro progresso na inquirição espiritual a menos que sejamos fiéis àquilo que já sabemos, que já nos foi revelado. Paulo se apresenta como exemplo de como isso deve ser feito. Mostra o apóstolo que alguns indivíduos estavam pervertendo o evangelho de Cristo, tendo-se tomado inimigos do mesmo. Ora, se alguém corromper a natureza mais elevada de sua fé, isso não tardará a transparecer em sua conduta. O décimo nono versículo deste capítulo indica que os elementos mencionados não só tinham certos erros doutrinários, mas também viviam para si mesmos, ficando subentendido que tinham alguma forma de imoralidade profunda. Os legalistas, mui provavelmente, foram incluídos nessa acusação; mas é possível que também tenham ficado subentendidas outras formas de erro, tanto éticos como doutrinários. Seja como for, Paulo falava de graves erros neste ponto, que parecem ser piores que as meras crenças legalistas — a tentativa de manter Moisés em primeiro plano, acima de Cristo.

Certamente, qualquer indivíduo que assim fizesse não seria moralmente corrompido de forma tão visível como Paulo acusa aqui certas pessoas de sê-lo. Assim sendo, Paulo deve ter falado em termos bem amplos, atacando a diversos elementos, associados com a comunidade cristã de Filipos, mas que não mereciam ser reputados discípulos de Cristo, porquanto haviam pervertido sua conduta diária, não a usando para a glória do Senhor Jesus Cristo. Ao cuidar ae ex-pagãos, cujos antigos padrões de vida contradiziam todas as idéias morais dos judeus, Paulo sempre teve de enfrentar certo problema, porquanto aquelas pessoas praticavam muitas coisas que para ele eram chocantes, embora fossem consideradas como coisas sem importância por outros ex-pagãos, agora convertidos ao cristianismo. Assim, pois, Paulo se exibia como exemplo a ser seguido, não por espírito de egoísmo, mas com finalidades práticas, pois aquela gente precisava de algum exemplo claro para que soubessem como agir e viver, como fazer parte da inquirição espiritual. Ninguém pode exagerar o poder do exemplo. Devemos dar tal exemplo aos nossos filhos; e para os crentes em geral devemos três coisas: exemplo...exemplo...exemplo.17 Σ υ μ μ ιμ η τα ί μου γίνεσθε, αδελφοί, και σκοπείτε τούς ούτω περιπατοϋντας καθώς έχετε τύπον

Ύ ] μ α ς . 17 Σ υ μ μ ι μ η τ α ί μ ο υ γ ί ν ε σ θ β 1 Cor 4.16; 11.1 σ κ ο τ τ € Ϊ τ έ . . . ή μ α $ 1 TL 1.7; 1 Pe 5.33:17: Irmãos, sede meus imitadores, e atentai para aqueles que andam conforme o exemplo que tendes em nós;

«...Irmãos, sede imitadores meus, e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós...» Isso pode ser comparado com o trecho de I Cor. 11:1, que é passagem muito similar a esta, e onde se desenvolve o tema da importância e do poder do exemplo.

«...imitadores...» Temos aqui uma correta tradução do vocábulo grego «sumimetai», que é melhor do que «seguidores», embora qualquer pessoa que imite a outrem seja necessariamente seu seguidor, quanto ao padrão de vida em geral. O trecho de I Cor. 11:1 dá a entender que quando alguém imitava a Paulo, imitava, ao mesmo tempo, o Ideal maior, o próprio Senhor Jesus.

«...observai os que andam segundo o modelo...» Temos aqui um duplo mandamento, a saber: 1. Observai a minha conduta e imitai-me; e 2. há outros cuja conduta também serve de modelo, aos quais deveis imitar.P o rta n to , é como se P au lo houvesse escrito : «Andai como eu ando , imitando-me, e andai de modo a serdes imitadores de outros que andam como também eu ando».

A p a lav ra « ...n ó s ...» pode referir-se d ire tam en te a Pau lo e a seus associados, como Timóteo e Epafrodito, e talvez também a outros líderes cristãos conhecidos pelos crentes filipenses. Paulo haveria de m andar Epafrodito quase imediatamente, com esta epistola aos Filipenses (ver Fil.2:25); e Timóteo seguiria pouco mais tarde. Os filipenses, pois, deveriam dar atenção a esses dois obreiros do evangelho, desviando-se dos legalistas p a ra que pudessem c o n tin u a r seguindo a C risto , p a ra que pudessem mostrar-se intensos em sua inquirição espiritual. E havia outros crentes exemplares que poderiam ser imitados, conforme Paulo aqui exorta.

18 πολλοί γάρ περιπατονσιν ονς πολλάκις ελεγον ύμίν, νυν δε καί κλαίων λέγω , τούς εχθρούς τονO T O L V p O V τ ο ν Χ ρ ί σ τ ο ν , 18 rous... Χρίστου 1 Cor 1.23.; Ga. 6.12 18 t o u s ] p r a e f t i $λ€π€Τ€ J)46

3:18: porque muitos U , dos quais repetidas vezes vos disse, e agora vos digo até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo;

As palavras «...muitos andam entre nós...» servem de prova que Páuló falava de cristãos professos. Deve-se notar novamente aqui o verbo comum, no grego,«peripateo», que quer dizer «andar», usado metaforicamente para 'ndicar a conduta de vida, ainda que aqui apareça como algo negativo. (Ver ís notas expositivas sobre essa metáfora, no décimo sexto versículo).

As acusações aqui feitas pelo apóstolo indicam a corrupção tanto de doutrinas como da prática diária. Doutrinariamente, porque os tais eram «inim igos da cruz de C ris to ...» , d eg rad an d o o valor da expiação consumada de Cristo, através da adição dos méritos humanos, adquiridos mediante as observâncias legalistas (o que era ação dos «judaizantes» legalistas, no seio da igreja cristã), ou mesmo ignorando totalmente a expiação pelo sangue de Cristo (o que era ação possível de elementos vindos do paganismo, filósofos, mas. que não compreendiam a expiação do Rei crucificado). Todavia, o vs. seguinte aponta definidamente para um a vida diária corrupta. Assim, pois, alguns indivíduos eram meramente legalistas e pregavam outro evangelho (ver Gál. 1:8,9), embora não se caracterizassem por defeitos myrais profundos; mas havia aqueles que eram moralmente

«...andam...» Desta feita temos o termo grego mais comum, «peripateo», embora uma vez mais seja indicada simbolicamente a conduta geral e o padrão de vida seguidos. (Ver as notas expositivas a respeito disso, no versículo anterior).

«.. .modelo...» No grego se lê a palavra «tupos», que quer dizer «impressão visível», «cópia», «imagem», «padrão», «modelo». Paulo dava a outros o modelo da vida moral a ser seguida, da inquirição espiritual intensa exigida dos crentes, por ser ele mesmo um «modelo» desse exemplo, incorporando os elementos essenciais do que significa alguém ser discípulo de Cristo, posto que o próprio Cristo é o «modelo perfeito». (Esse vocábulo grego também é usado nos trechos de Rom. 5:14; 6:17; I Cor. 10:11 e I Tes. 1:7).Originalmente, esse termo significa «impressão deixada por uma ‘pancada’» (verbo, «tuptein»). Daí passou a indicar qualquer forma de imagem, cópia ou modelo. A impressão da imagem de Cristo fora deixada na vida de P au lo pelo ‘go lpe’ da in fluência de C risto . Em Pau lo , por conseguinte, podia ser visto aquilo que Cristo espera de um homem remido. (Quanto à frase «...imitadores meus...» ver igualmente I Cor. 4:16; 11:1; I Tes. 1:6 e II Tes. 3:9).

«...observai...» A idéia deste vocábulo é o de m anter os olhos fixos em alguma coisa, com cuidadosa observação. No grego é «skopeo», derivado do termo básico «skopos», um alvo ou marca. Talvez Paulo tivesse querido p reserv ar a m etá fo ra da ca rre ira , que já havia em pregado no q u a rto versículo deste capítulo, para indicar a idéia de «pressionar em direção ao alvo». Que os crentes filipenses vissem Paulo correndo bem na direção da «meta», que lhe imitassem o exemplo, a fim de que, juntam ente com ele, pudessem atingir o alvo final, a saber, a herança da salvação.

perversos. E tam bém havia quem fosse d o u trin á ria e m oralm ente pervertido . No e n tan to , todos se encon travam nas file iras c ris tã s , professando a Jesus como o Messias e como o Salvador. Em todos os tais, entretanto, Paulo via um exemplo negativo, que precisa ser evitado.

No original grego não figuram as palavras aqui traduzidas por «...entre n ó s . ..» , em bora se tra te de um a in ferên cia ju s ta , pois Pau lo a tacava elementos pertencentes à igreja cristã, e não associados possíveis dos c ren tes, no m undo . Talvez houvesse a lguns ind iv íduos de tendências gnósticas, que reduziam a posição elevadíssima de Cristo a um dos «aeons» ou seres angelicais, os quais, conforme diziam os gnósticos, exerceriam domínio sobre certos centros, mundos, iugares celestiais, etc. Alguns gnósticos reduziam Cristo a apenas um dos muitos chamados «deuses», cuja esfera de autoridade é esta terra; e vários deles nem ao menos reputavam Cristo como o maior desses deuses. Outros gnósticos eram extremamente libertinos em seus atos, porquanto pensavam que o corpo é a origem mesma do pecado, ao passo que o espírito seria inatingido pelo pecado. Ainda conforme diziam, o corpo participa da matéria crassa, pelo que não pode ser remido; ao morrer o corpo físico, terminaria o problema do pecado, e o espírito ficaria inteiramente livre do mesmo. Ora, o resultado lógico e

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virmos que o lugar dos pastores é ocupado por pessoas ímpias e sem valor. Cumpre que suspiremos e evidenciemos nossa tristeza, pele menos com nossas lág rim as, d ando a en ten d er que sen tim os p ro fu n d am en te a calamidade da igreja». (Calvino, in loc.).

«...são inimigos da cruz de Cristo...» De que m aneira particular eram aqueles indivíduos inimigos da cruz, tem sido motivo de intensa especulação por parte dos comentadores. Consideremos os pontos abaixo:

1. A lguns estud iosos p ensam que são focalizados aq u i aqueles que pregavam a lei como motivo da justificação, e não a cruz de Cristo, com sua expiação e graça.

2. Outros eruditos preferem apontar para o temor das perseguições como a causa dessa inimizade, posto que a cruz era ofensiva para muitos (ver Gál¿. 6:12, onde Paulo acusa os legalistas dessa ação de covardia).

3. Alguns pensam que o ódio à cruz era expresso por meio de palavras, e não apenas íntimo e sem exteriorização, porquanto alguns não queriam crucificar o próprio «eu»; e assim, a vida (Úária que tinham era um opróbrio à cruz de Cristo.

4. O versículo décimo nono deve descrever tais elementos, pelo menos em parte; ali vemos pecados morais, onde o «eu» é transformado em um «deus», onde os ap e tite s sensua is ocupam o p rim eiro lu g ar, com o aqu ilo que satisfaz e agradafe esses apetites sensuais são particularmente designados neste ponto.

Mas não podemos ter dúvidas que Paulo tam bém pensava sobre aqueles cuja doutrina errônea degradava a cruz de Cristo de alguma maneira.

«Mas longe esteja de m im gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus C ris to .. . » E foi m .(Gál. 6:14)׳ ed ian te a c ruz que o m undo ficou crucificado para o apóstolo dos gentios, e ele para o mundo, conforme se lê na continuação desse citado versículo. Até mesmo sob o disfarce da total aceitação de tudo quanto Cristo representa, acompanhado pela aceitação total de um credo ortodoxo, ós crentes se fazem inimigos daquele que afirrnam ser o seu maior Amigo. Aqueles que negam o poder da cruz, na prática diária, não são melhores, espiritualmente falando, do (fue aqueles que a negam através de erros doutrinários. Pois sem a santidade, ninguém jam ais verá a Deus (ver Heb. 12:14).

prático disso é que os gnósticos imaginavam que aquilo que acontece ao corpo é destituído de importância, podendo ele ser usado para qualquer finalidade vergonhosa e imoral, porque isso em nada afetaria ao espirito.

Também havia os filósofos epicureus, a maioria dos quais não cria na imortalidade, pelo que também enfatizavam os prazeres dos sentidos, o que os conduzia a muitos atos de imoralidade. É bem possível que houvesse muitos pagãos dessa natureza, que realmente nunca se tinham convertido, que se associavam à igreja, deixando-se atrair pela mensagem cristã ou pelos prodígios feitos entre os crentes, mas que na realidade nunca se haviam arrependido e nem viviam realmente a vida cristã.

«...repetidas vezes eu vos dizia...», isto é, por meio de cartas, porque houve outras epístolas escritas aos crentes de Filipos, além desta (ver Fil. 3:1). Mas Paulo também dera tal instrução pessoalmente, quando de seu m in isté rio en tre eles. A gora, pois, estavam sem descu lpa a d a r por to le rarem erros tão g rosseiros no seio da ig reja , po r segu irem a ta is indivíduos, ao invés de imitarem o exemplo dado pelo apóstolo dos gentios.

«.. .vos digo até chorando.. .» No dizer de Vincent(¡'« loc.): «Essa profunda emoção seria provocada mais provavelmente por crentes traidores do que p o r pagãos cu ja sen su a lid ad e e m undan ism o e ram tão conhecidos do apóstolo. Certamente ele se sentia mais profundamente afetado ante a vergonha e ao dano feito contra a igreja, por cristãos professos, devido às condições infelizes e perigosas dos mesmos». Isso pode ser confrontado com as declarações de Paulo concernentes à sua necessidade de escrever com g rande severidade p a ra os c ren tes corín tio s: « ...n o m eio de m uitos sofrimentos e angústias de coração vos escrevi, com m uitas lágrimas...» (II Cor. 2:4).

«A tristeza especial (do apóstolo), sem dúvida alguma, se derivava da devassidão própria do antinomianismo que se abrigava debaixo de sua pregação de liberdade e da superioridade do Espírito acima da lei». (Barry, in loc.).

«Suas lágrimas... servem de evidência que ele não estava motivado pela inveja ou pelo ódio aos homens, e nem por qualquer disposição de escárnio, e nem pela insolência do mau temperamento, e, sim, pelo zelo piedoso, porquanto também via que a igreja estava sendo miseravelmente solapada por elementos tão pestíferos. Sem dúvida convém que nos preocupemos se

19 cSv ro réÁ os á7־rtóÀeta, <5v o deòs rj KOiXía kcll r¡ 8ó£a ¿v r fj ala^avr¡ a v r â v ¡ o i r ã em y eia<f>pOVOVVT€S· 19 “ à Õeòs /coiXta Ro 16.18 o ׳* l rà èirlyenL <f>povouvTes Ro 8.5-6

- 338). Xenofonte (M em . i.6,8 e ii. 1,2) falou sobre os «escravos do ventre».Não parece haver aqu i q u a lq u e r a lusão in d ire ta às leis cerim on ia is

judaicas, que tanto salientavam alimentos; mas antes, são apontados aqui os apetites físicos, não se podendo limitar essa alusão aos excessos de comida e de bebida tão-somente, porquanto ela envolve todos os pecados dos sentidos.

«Está em foco a sensualidade na comida, na bebida, no sexo, que, tanto naquela época como agora, domina alguns homens». (Robertson, in loc.).

Aquele que dá tanta importância a seu corpo, não pode desenvolver seus recursos espirituais, e nem pode ocupar-se da nobre luta espiritual, nem participar da exaustiva carreira cristã, conforme Paulo havia mostrado ser necessário para quem quiser obter o prêmio (ver os versículos nono a décimo quarto deste capítulo). Pois todos os seus esforços se dirigem p^ra si mesmo; e, até mesmo nesse caso, para o seu «ego» inferior, para os seus apetites carnais. Tal pessoa não pode chegar aos lugares celestiais, agindo desse modo.

Até mesmo um ministro do evangelho que labute em troca da recompensa financeira que assim pode receber, de m aneira indireta,'estará servindo a seus próprios apetites, e não a Deus.

«...a glória deles está na sua infâmia...» A «...glória...» dessa gente não consiste de algum lugar nos lugares celestiais (ver Efé. 1:3), e nem consiste da cruz (ver Gál. 6:14), e nem mesmo de Cristo e de Deus Pai (ver I Cor. 1:30,31). Antes, gloriam-se em si mesmos; mas na parte superior de seu ser, como no intelecto ou em alguma realização de valor, mas antes, em sua «...infâmia...» O que é vergonhoso é que lhes serve de glória; porquanto é nisso que têm prazer e pelo que anelam. Conforme se lê em II Tim. 3:6: «...entre estes se encontram os que penetram sorrateiramente nas casas e conseguem cativar mulherinhas, sobrecarregadas de pecados, conduzidas de várias paixões». A literatura moderna glorifica os prodígios sexuais, a superpotência e as modernas produções teatrais e ps filmes exploram continuamente os temas sexuais; e quase todos se inclinam perante esse falso «deus». No A.T., «vergonha» é um termo que se refere pejorativamente à idolatria (ver Juí.6:32 e Osé. 4:7). E a glorificação dos apetites do corpo é o deus falso mais poderoso que se adora no mundo, hoje em dia.

«Aquilo no que essa gente se gloria é em sua desgraça. A Sua cham ada lib e rd ad e não p assa da serv idão a concup iscências escravizadoras» . (Vincent, in loc.).

Sim, aqu ilo em que se o rgu lham , que lhes confere certo senso de bem-estar, bem como propósito na vida diária¡ aquilo que lhes serve de «glória», na realidade é o que os conduz à perdição, e não à vida eterna, conforme é o verdadeiro destino do homem. (Isso pode ser comparado como trecho de Efé. 5:12, que diz: «Porque o que eles fazem em oculto, só em referir é vergonha». Ou com a passagem de Rom. 1:32: «Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais cousas p ra tica m , não som ente as,fazem , m as tam b ém aprovam os que assim procedem»).

É possível que até mesmo aqui essa declaração paulina inclua indivíduos supostamente religiosos. Aqueles que afirmam que não importa o que se faz por intermédio do corpo, como se este fosse a fonte do pecado, do qual o homem só pode livrar-se por ocasião da morte física; talvez pensam que estão defendendo até mesmo um elevado «princípio espiritual», pregando a־

3:19: cujo fim é a perdição; cujo deus í o ventre; e cuja glória assenta no que é vergonhoso; os quais só cuidam das coisas terrenas.

As palavras «...é a perdição...» indicam o julgamento dos ímpios. (Ver os trechos de Apo. 14:11; I Ped. 3:18-20 e 4:6, quanto a notas expositivas que procuram descrever o que isso significa, até onde nosso entendimento^ nos tem levado). Para muitos, Deus está morto, em qualquer aplicação prática à esta vida, se não mesmo em suas declarações doutrinárias. Esses são os «ateus práticos», isto é, aqueles que conduzem suas vidas como se Deus não ex istisse, a in d a que professem a c re d ita r n a ex is tência de a lgum ser suprem o. M u itas pessoas m ostram -se assim deca ídas; e a p esa r de professarem ter fé religiosa, e até mesmo fé em um Cristo ortodoxo, ainda assim jam ais se converteram a ele, pelo que também são ateus práticos em sua existência diária.

Perdendo De Vista O Propósito Da Existência1. O trecho de Efé. 1:10 por certo ensina que Deus fará algo de muito

significativo, visando o bem dos não-eleitos. (Ver as notas sobre a «missão universal de Cristo», em João 14:6).

2. Porém, a verdadeira vida consiste da participação na própria natureza de Cristo (ver II Cor. 3:18); e aqueles que fracassam quanto a esse alvo, perdem de vista o propósito da vida hum ana. Esse é o principal aspecto da perdição eterna, porquanto aponta ' para a destruição no tocante ao propósito mèsmo da vida. Não há, nas páginas do N.T., qualquer indício de que um a alma hum ana deixará de existir.

« ...p e rd iç ã o .. .» No grego tem os o term o «apoleia», em seu sentido p rim ário de «destruição», que pode ser ab so lu ta ou p a rc ia l. Q uando aplicada ao julgamento, essa palavra usualmente é considerada, pela teologia cristã, como «ruína para o propósito original». (Ver notas sobre o julgamento em Apo. 14:11). Assim sendo, quem vai para a perdição não poderá cumprir o destino que lhe estava reservado, mas fica arruinado, até onde diz respeito esse destino. As idéias de sofrimento e retribuição também estão associadas ao julgamento, tal como na figura simbólica do «fogo». Assim será porque todas as dívidas terão de ser pkgas até ao último ceitil, visto que aqu ilo que um hom em sem ear, isso tam bém co lherá, sem im portar se se trata de um incrédulo, de um crente ou de um pseudocrente, No e n tan to , o ju ízo divino tam bém será d isc ip lin ad o r e re s tau ra d o r, conforme vemos em I Ped. 4:6, já que os decretos divinos mais severos também têm por intuito «restaurar através da adversidade». (Ver Rom. 11:32 e as notas expositivas ali existentes, sobre esse tema).

«...o deus deles é o ventre...» Isso significa que o sum mum bonum deles, o seu maior bem, a inquirição de suas almas, ainda que disfarçada pela inquirição espiritual, na realidade não passa da tentativa de satisfação de seus apetites físicos. E orgulham-se da qualidade e da quantidade de tais satisfações que têm podido juntar, como a prostituta que costuma m anter o registro de sua clientela, talvez guardando até mesmo um a fotografia de cada cliente, conforme algumas delas fazem. E muitos se gloriam em sua vergonha de infinitas maneiras diversas.

Essa atitude pode ser comparada à atitude dos ciclopes, no relato de Eurípedes, os quais representam tão bem essa atitude: «Meus rebanhos eu sacrifico para mim mesmo, e não para os deuses; pois o meu ventre é o maior dos deuses: porquanto comer e beber todos os dias, e não sentir perturbação alguma, esse é o deus de todos os homens sábios». (Ciclop. , 334

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doutrina libertina como se fora a própria verdade de Deus. Para esses, essa se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem sãodoutrina distorcida é a sua «glória», mas, de fato, é a sua «infâmia». Talvez eternas».até ocultem tal prédica sob termos paulinos, que indicam que estamos o que é corpóreo e carnal inevitavelmente perece, porquanto isso faz«livres da lei», que Cristo é o fim da lei, e tc., embora dêem a essas palavras parte de sua natureza perecível, uma pervertida interpretação.

«...visto que só se preocupam com as cousas terrenas...» Falta-lhes ^oi através de tais admoestações, portanto, que Paulo quis fazer-nostotalmente aquela intensa inquirição espiritual, descrita pelo apóstolo compreender a natureza destruidora do egoísmo dominador, que nos leva aPaulo nos versículos nono a décimo quarto deste capítulo; mas fazem do servir a nós mesmos, m ediante a busca de coisas meramente terrenas,próprio «eu» e das coisas terrenas o grande alvo de sua existência. Por isso «E significativo... fazer o maior número possível de pessoas perceber omesmo, suas inclinações e seu temperamento são mundanos, sendo essa a que realmente são; o que estão perdendo; o que lhes está acontecendo; oraiz verdadeira de sua depravação. Esse é o «exemplo negativo» que os que já perderam; por que se sentem solitárias, inseguras, ansiosas, semcrentes devem observar e evitar. Tais indivíduos são descritos aqui como nenhum p ro pósito fixo, sem nenh u m a bússo la que os norteie, sem ummundanos, e não como celestiais, como cidadãos do mundo, e não como verdadeiro ‘eu’, sem um mundo real. Os homens ainda assim podem sentircidadãos da pátria celeste (ver o vigésimo versículo), sendo indignos de ser que deixaram de ser homens. E esse sentimento é a pressuposição de toda aseguidos pelos crentes. Isso pode ser contrastado com a passagem de II Cor. reconstrução espiritual». (Paul Tillich, The Protestant Era, pág. 267).4:18, onde se lê: «...não atentando nós nas cousas que se vêem, mas nas que «Pensai nas cousas lá do alto, não nas que são aqui da terra...» (Col. 3:2).20 ημών γαρ το πολίτευμα èv ούρανοΐς υπάρχει, ¿ξ οΰ και σωτηρα άπεκδεχόμεθα κύριον ,Ιησοΰν Χ ριστόν,

20 ή μ ω ν . . . ν π ά ρ χ € ΐ Eph 2.6, 19; He 12.22

3:20: Mas ο nossa pátria ·stá nos céus, donde também aguardamos um Salvador, o Senhor Jesus Cristo,

A palavra «...pátria...» é tradução do vocábulo grego «politeuma», que significa «comunidade», «estado». Também podia significar «função de cidadãos», «ato administrativo» ou «cidadania». Alguns estudiosos vêem nesta palavra uma alusão à «conduta» dos crentes, como cidadãos que são da pátria celestial. Mas, notemos que essa «comunidade» é a «dos céus», e não é verdade que nosso comportamento atual ocorre nos céus, embora deva ser in fluenciado pelos céus. T am bém não está em foco o «reino» a ser estabelecido à face da terra, o reino messiânico. Antes, o nosso «estado» , o «país de onde somos cidadãos», e, por conseguinte, a nossa «cidadania», está ligada aos céus.

Somos um povo p e rten cen te a um o u tro m undo, e não um povo mundano, como aqueles que fazem de si mesmos o seu deus (ver o décimo nono versículo). Portanto, somos obrigados a agir como um povo celestial.«Aquela c idade da qual som os os fu n d ad o res, e que existe apenas idealmente; pois não acredito que exista tal país em alguma parte da terra.Mas nos céus, repliquei eu, há à nossa espera o seu modelo. E penso que aquele que assim desejar fazê-lo, poderá contemplá-lo, e, contemplando-o, poderá fixar-se ali». (Platão: República, 592).

«Tal como todos os cidadãos de Filipos, colônia romana, eram cidadãos da distante cidade imperial, assim também os crentes filipenses, agora mesmo, eram cidadãos do melhor país dos céus». (Barry, in loc.). (Pode-se comparar o trecho de Efé. 2:19 com o que se lê aqui, pois ali as mesmas idéias são expostas). Por conseguinte, somos peregrinos nesta terra, não nos podendo preocupar em demasia com suas coisas e com as suas vantagens.(Ver Heb. 11:9,10; 13:16 e Atos 22:28).

«Conduzi-vos como cidadãos, conforme é próprio para o evangelho de Cristo...» (tradução livre de Fil. 1:27, onde a forma verbal do substantivo aqui usado é empregada).

«...céus...» Deve-se observar aqui o uso do plural. Há muitas regiões celestes. (Ver as notas expositivas completas em Efé. 1:3, acerca desse conceito, que reflete um a idéia judaica comum, de muitas regiões celestiais, de muitas dimensões de existência espiritual. Essa idéia também se reflete nas muitas «mansões» referidas pelo Senhor Jesus, em João 14:2).

« ...de onde tam bém aguardam os o Sa lva d o r ...» (Q u an to a n o tas expositivas completas sobre a «salvação», que o Senhor Jesus nos outorga, ver Heb. 2:3; quanto a «Cristo como Salvador», ver Mat. 1:21; Efé. 5:23;João 4:42; I Tim. 3:2 e Fil. 2:10). A referência de I Tim. 3:2 é onde damos as no tas expositivas com ple tas a respeito . O Salvador é igualm en te o «Senhor». (Quanto a notas expositivas sobre o «senhorio de Cristo», e esse títu lo , ver Rom . 1:4). N inguém possu i a C risto como seu Salvador se também não o admite como seu Senhor.

Aparousia está aqui em foco. Paulo ainda esperava viver fisicamente até ao segundo advento de Cristo, ou «parousia». (Ver as notas expositivas sobreI Cor. 15:51 acerca desse fato). O fato que Cristo poderia reaparecer a qualquer momento servia de força poderosa; e isso tem por intuito servir de motivo para todos os crentes de todos os séculos, e não meramente para aqueles d u ra n te cu ja vida o Senhor Jesus rea lm en te v o lta rá . E ssa é a «esperança purificadora», conforme a passagem de I João 3:3 enfatiza; e é

2 1 os μετασχηματίσει, το σώμα τη ς ταπεινώ σεω ς ημών συμμορφον τώ σώ ματι της δόζης αύτοΰ κατά τηνενέργειαν τοΰ δΰνασθαι αυτόν και ΰποτάζαι αύτω 5 τα ττάντα.

5 21 jB | αΐ׳τω 8Γ1׳(ί // αυτω Ν* Α 6 * 0 * 0 ? // α ύ τ ά /Β 3 Κ 33 88 330 E u thaliu s // ¿αι׳τ φ Nc D 0 Ψ 104 181 326 436 630 1241 B y zpi Ζ598·599 i t ftr־e.decD.451 614 629 1739 1877 1881 1962 1984 1985 2127 2492 2495 B y z ρ' Lect i td־e·« ¿¡v.f.x.» vg arm H ila ry A mbrose C hrysostom T heodoret John-D am ascus syrp׳h copâa?bo? Eusebius V ictorinus-Rom e E piphan ius C hrysostom Cyril,

21 Ôs μ β τ α σ χ η μ α τ ί σ € ΐ . . . α υ τ ό ν Ro 8.29; 1 Cor 15.43-53 ύττοτά£αι.. . τ τ ά ν τ α 1 Cor 15.28 2 1 7 ] μ ω ν \ add c l s τ ο γ α > € σ θ α ι α ν τ ο K L P ^ / s y Ç

A forma έαυτω, que é confirmada por autoridades inferiores, sem dúvida é uma modificação escribal introdu2ida a fim deprover maior precisão de expressão. Entre a acentuação αντφ e αύτω a maioria da comissão (apesar do que para a minoriá pareceu ser exigido pelas convenções geralmente aceitas da ortografia grega (1)) preferiu a forma não aspirada, a qual, segundo o que parece ser o uso helenista prevalente, refletido nos papiros e inscrições da era imperial, (2) chegara a funcionar como um reflexo, em adição a seu uso normal. (3) (Ver também Marc. 9:16; Luc. 23:12; João 2:24; 20:10; Atos 14:17; Rom. 1:24; Efé 2:15; Heb. 5:3; Apo. 8:6; 18:7; cf. também IJoão 5:10).

1. Westcott e Hort fazem forte apelo em prol do uso da aspiração áspera, que introduziram quase vinte vezes na edição deles; ver «Notes on Orthography», em The New Testament in the Original Greek, (vol. ii), Introduction (and) Appendix (Cambridge, 1881), págs. 143 s; 2* ed. (1896), págs. 151 s.; cf. Moulton e Mihigan, que concluem sua discussão de αυτοί) declarando: «Certamente nâo podemos fazer violência ao sentido, forçando αύτοΰ a lugares onde um reflexivo é

nesse tipo de contexto que essa idéia é usada, no presente versículo e seu contexto. (Quanto a notas expositivas completas sobre a «parousia» ou segundo advento de Cristo, ver I Tes. 4:15).

O Rei da pátria celeste não tardará a voltar; e essa esperança deveria impelir os seus súditos a se conduzirem de modo a se tornarem dignos de recebê-lo.

«A re lig ião consiste de apostarm o s a p ró p ria vida n aq u ilo que é inatingível, que ultrapassa nossos sentidos e nossa razão. Na epístola aos E fésios há excelente declaração sobre essa e x tra o rd in á ria a titu d e do homem: ‘Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos, ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória...» (Efé. 3:20,21). No século XIX, Tolstoy conseguiu arrancar-se do ceticismo aferrando-se ao fato inegável que mais está sendo feito conosco e p o r nosso in te rm éd io do que podem os e x p lic a r ... Naturalmente apelamos·para o que é sobrenatural e fora de nosso alcance porque nosso Criador dotou-nos da capacidade ímpar de nos elevarmos para além do que agora somos e para além de onde nos encontramos, para sermos vinculados com algo maior e melhor do que tudo quanto podemos so n h ar. Todo o desenvolvim ento e descobrim ento dependem dessa capacidade. Faz com que cada indivíduo se torne mais significativo que o que está contido em seu corpo. Isso dá ao homem um lugar central no universo, como uma criatura sem-par,por meio de quem o Criador revela as possibilidades latentes de sua criação... Mediante essa capacidade da alma, conferida por Deus, o que é inatingível tem uma m aneira de chegar até nós, perturbando-nos, usando-nos e confrontando-nos com um chamamento incondicional para o que é mais profundamente verdadeiro para o que é mais profundamente bom. A religião clássica sempre insistiu em que nunca experim entem os en co n tra r a D eus, se p o rv en tu ra ele a in d a não nos encontrou... Até mesmo as pessoas que se consideram irreligiosas podem ter essa devoção ao que é inating íve l, sem verem nisso sub en ten d id o s religiosos». (Wicks, in loc.)■

«...aguardamos...» No original grego terhos a palavra «apekdechomai», que significa «esperar ansiosamente». É termo■ usado também em Heb. 9:28, para indicar a espera por Cristo, que aparecerá novamente; e também em Rom . 8:19, p a ra in d ica r a expec tação ansiosa d a c riação , pe la manifestação dos filhos de Deus. Nas páginas do N .T., esse vocábulo é freq ü en tem en te usado p a ra in d ica r a expectação das bênçãos e manifestações celestiais.

Aprende-se nas Escrituras que o Rei celestial retornará como Salvador e Senhor; e, no vigésimo primeiro versículo deste capítulo, Cristo aparece com o o po d er tran sfo rm a d o r que não som ente vem até nós, desde as dimensões celestes, mas que também nos espiritualiza, de modo a nos tornarmos capazes de habitar ali, preparados para as mansões celestiais, revestidos de sua própria natureza celestial.

«Tal como os israelitas ficaram do lado de fora do tabernáculo, esperando pela volta de Aarão (ver Luc. 1:21), assim também devemos ficar olhando para os céus, esperando Cristo dali». (Faucett, in loc.). Sim, esperamos a pessoa de «Cristo» e a glória que ele nos proporcionará, e não a «perdição», aquilo que é esperado pelos impenitentes, sem im portar se fazem parte das fileiras do cristianismo ou não.

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mister» (Vocabulary, pág. 94),'e, especialmente, Moulton-Howard, Grammar, págs. 180 s. Ver também Moule citado em nota de rodapé 1, Col. 1:20.2. Porém, há alguns poucos exemplos dispersos de v<p’ avrov em inscrições «koiné» dos primeiros séculos A.C. e D.C.; ver E. Nachmanson, Laute und

Formen der magnetischen Inschriften (Uppsala, 1903), págs. 84, 144; e E. Schweizer, Grammatik derpergamenischen Inschriften (Berlim, 1898), pá. 161. O uso nos manuscritos com freqüência é arbitrário (E.Schwyzer, Griechische Grammatik, ii (Munique, 1950), págs. 196 s.).

3. Conforme, e.g., Alexander Buttmann, A Grammar o f the New Testament Greek (Andover, 1873), págs. I l l s.; H .A.A. Kennedy em Expositor's Greek Testament, iii, pág. 464, ad loc.; Blass-Debrunner-Funk, § 64 (1); Bauer-Amdt-Gingrich, s.v. èavrod; e Moulton-Tumer, pág. 41.

fato, esse é o aspecto essencialmente em pauta, porquanto o corpo espiritual (ver notas completas a respeito, em I Cor. 12:20) será apenas um veículo apropriado para a alma, ao passo que a alma (ou espírito), será sempre a pessoa essencial.

2. Por ocasião do arrebatamento, quando da ressurreição, a alma remida receberá um novo veículo de expressão, o corpo espiritual. Esse corpo será igual ao tipo de veículo espiritual possuído pelo próprio Cristo. Isso significa que o próprio espírito será transformado, de modo a compartilhar da modalidade de vida, da natureza e da imagem do próprio Cristo. Isso é claramente ensinado em Rom. 8:29, onde expomos um a nota de sumário sobre o tema.

3. Posto que o Filho compartilha da mesma forma de vida com o Pai, isso quer dizer que os filhos de Deus, igualmente, compartilharão da natureza divina (ver II Ped. 1:4), com os atributos divinos que dela fazem parte (ver Efé. 3:19), o que, nesta passagem, é intitulado de «a plenitude de Deus».

4. O corpo celestial constituirá uma «antítese» do corpo físico atual. E a combinação formada por «corpo físico-alma», constitui uma antítese do futuro homem remido, que se comporá de «alma-corpo espiritual». Isso significa que tudo quanto é temporal será removido. O homem não mais será um ser mortal. Será imortal, um verdadeiro filho de Deus, tal como o próprio Cristo é o Filho. Tal homem compartilhará da mais elevada forma de vida, a saber, da n a tu re za do p ró p rio D eus. Isso será p o r ele compartilhado em grau finito, mas em proporções sempre crescentes, pois a glorificação será um processo eterno. (Ver as notas em I Cor. 8:6 sobre esse conceito).

5. U m a o u tra an títe se pode ser observada neste texto . O «corpo de hum ilhação» será su b stitu íd o pelo «corpo de glória». O hom em , que anteriormente era terreno, tornar-se-á então um ser celestial, dotado de um veículo apropriado para a sua manifestação nos lugares celestiais, tal como o seu corpo físico era um veículo apropriado para este nível terreno. Nessa transformação, o homem redimido será elevado muito acima dos mais exaltados arcanjos, porquanto será a própria plenitude de Cristo (ver Efé. 1:23).

Sumário׳.1 . O começo da salvação, em seus estágios intermediários, bem como a

súmula de tudo quanto somos em Cristo, estão referidos no nono versículo.2. A justificação pela fé, a nossa união mística com Cristo, a justiça de

D eus que nos é d ad a m ed ian te a fé, e n co n trad a em C risto , tam bém aparecem no nono versículo.

3. Isso nos leva à união mística com Cristo, o «conhecê-lo», no sentido mais verdadeiro e espiritual, quando somos conformados com a sua morte.

4. A vida p resen te é a ss in a lad a id ea lm en te pelo esforço in tenso de alcançarmos esse alvo, posto à nossa frente, e que é a razão mesma pela qual Cristo nos salvou.

5. Nossa união vital com Cristo torna-nos membros de sua comunidade celestial, o outro mundo, de onde também esperamos a volta do Senhor.

6. Finalmente, haverá aquela grande transformação, a glorificação, quando então receberemos nossos corpos celestiais, ao entrarmos no estado eterno, onde haveremos de participar da própria imagem, da natureza e das perfeições do Filho de Deus.

7. É importante lem brar que a alma, e não o corpo espiritual, é a real agência da transformação espiritual, pois a alma é o homem, a entidade real. Logo, a alma está sendo transform ada agora, e eventualmente tomará a «natureza divina», como Cristo a tem. A alma terá como seu veículo, o corpo espiritual, que não será atômico, ou físico em qualquer forma, mas p u rae altamente espiritual em sua composição. Provavelmente Paulo usa o termo «corpo» para incluir a idéia da «entidade total», como era comum no vocabulário teológico judeu. Logo, quando fala em compartilhar do «corpo espiritual» de Cristo, ele também quer dizer que deve compartilhar da Sua própria natureza metafísica, a essência da divindade.

«...poder que ele tem de até subordinar a si todas as cousas. . . » Tendo falado sobre algo extraordinário que será realizado, em seus estágios iniciais, o apóstolo passa agora a revelar-nos como isso poderá tornar-se uma realidade. O grande Rei possui toda a autoridade, nos céus e na terra. Normalmente, nas páginas do N .T., o poder é ilustrado sob a figura da ressurreição. E note-se que o poder que foi necessário para ressuscitar a Cristo dentre os mortos, e que fará então que sejamos a plenitude de Cristo, quando ele for declarado como o Cabeça de todo o universo (ver Efé. 1:19 e ss), começou a agir quando de sua ressurreição, tendo aumentado quando de sua ascensão, e tendo chegado ainda a maiores alturas quando de sua glorificação. Esse poder tem, como um de seus subprodutos, a sujeição de todas as coisas e de todos os seres criados ao nome de Cristo, tanto daquilo que está nos céus, como daquilo que está na terra, como principados, poderes, dom ínios, e tc . O trech o de F il. 2:10 ac rescen ta as pa lav ras «... debaixo da terra...», dando a entender o lugar dos espíritos dos mortos, o hades.

Por conseguinte, está aqui em foco o poder que nos ressuscita juntam ente com Cristo, e que subjugará todas as coisas a ele, a saber, o poder de Deus, que opera de diversas maneiras, mas todas elas de natureza benéfica. Tudo será su je itad o a C risto . No trecho de F il. 2 :10 a m esm a expressão se en co n tra , com m aiores de ta lh es, onde as n o tas expositivas devem ser consultadas. Essa sujeição de todas as coisas a Cristo é o tem a do «mistério da vontade de I)eus», quando todas as coisas serão restauradas em torno de

3:21: que transformará o corpo da nosso humilhação, para ser conforme ao corpo da sua glória, segundo o seu eficaz poder de até sujeitar a si todas as coisas.

As palavras «... transformará o nosso corpo. ..» falam ou do arrebatam en­to da igreja (conforme se lê em l Tes. 4:17 e I Cor. 15:51), e isso sem que o crente experimente a morte física, mas antes, sendo «revestido» do corpo g lorificado (ver II Cor. 5 :4), ou en tão fa la da «ressurre ição d en tre os mortos», quando às almas crentes será conferido um veículo inteiramente novo, elevado e celestial, totalmente espiritual, apropriado para a existência nos lugares celestiais. Literalmente, no presente contexto, Paulo pensava sobre o processo de transformação, sem o qual o crente terá de passar pela m orte física , p o rq u a n to ag u ard av a o re to rn o de C risto , o Rei tran sfo rm ad o r, a in d a d u ra n te a sua vida te rre n a . (N otas expositivas completas são dadas sobre o tema da «ressurreição do corpo», em I Cor. 15:20,35,40).

O corpo ressurrecto dos remidos não será nem corpóreo e nem atômico, mas antes, dotado de uma substância inteiramente espiritual, passando a ag ir como o veículo da a lm a, que tam bém é de n a tu re za e sp ir itu a l. E provável que graus variados de glorificação também indicam graus variados de espiritualização do corpo, de acordo com aquilo que melhor se adapte ao progresso espiritual de cada crente individual, conforme pensavam alguns dos pais da igreja. E isso apesar do estado de espiritualização não ser estagnado, mas antes, sempre será sujeito a progresso, atingindo sempre novos níveis de e sp iritu a lização , de g lorificação m ais elevada, o que caracterizará a existência de todos os seres celestiais, no estado eterno.

O conceito básico do homem, defendido por Paulo, é que o homem já é um ser espiritual, e que o corpo físico é apenas a sua tenda ou veículo terreno. Platão se referia ao corpo como a «prisão da alma»; e Pitágoras o apelidava de «sepulcro da alma». Na realidade, o homem não pertence a esta dimensão terrena; pelo contrário, por seu demérito é que veio a cair nela. Porém.- a estatura de seu ser o torna apto para habitar nas dimensões celestiais e espirituais. Não fora o pecado, e mui provavelmente o homem seria da e s ta tu ra dos anjos, quan to à sua n a tu re za e q u an to aos seus poderes. Entretanto, em Cristo, devido à gigantesca transformação que ele está operando em nós, os remidos serão elevados muito acima dos próprios anjos, porque compartilharão da própria natureza de Cristo, segundo o resto deste versículo deixa bem claro.

*...corpo de humilhação...» Algumas traduções dizem aqui «corpo vil»; porém, tal tradução não é correta. O vocábulo grego «tapeinosis» significa «humilhação», «estado humilde», não dando a entender qualquer maldade inerente e corrupta. O N.T. jamais vê nosso corpo físico como mau por si m esm o, em bora o exponha com o p resa fácil do p rin c íp io do «pecado-morte», conforme se vê por todo o sexto capítulo da epístola aos Romanos. Porém, um a alma eterna, presa em um corpo, se encontra em estado de «humilhação», tal como a mesma palavra (em forma verbal) é empregada para descrever o estado de Jesus Cristo em sua encarnação (ver F il. 2 :8). A en carn ação foi um a hu m ilh ação p a ra o F ilho de D eus, trazendo-o a um estado muito abaixo de seu verdadeiro valor. Como fato inarredável, esta terra é lugar próprio para a vida animal, mas fica muito aquém da dignidade verdadeira do homem. E o homem se encontra aqui som ente p o rque se rebaixou até a um a posição an im alesca. M as a inquirição espiritual tem por fito elevar-nos para fora desse estado aviltante, a fim de compartilharmos da própria natureza de Cristo, para sermos seres dotados de sua natureza e de seu poder extraordinários.

Na biografia do arcebispo Whately, conta-se que durante sua última enfermidade, um de seus capelães, expressando a sua simpatia, fez menção do presente texto, usando a tradução errônea da «King James Version» (versão mais comum da Bíblia entre os povos de fala inglesa): «O qual transform ará nosso corpo vil». O arcebispo o interrompeu, e disse: «Leia as palavras». O capelão, usando essa citada versão, tornou a dizer «...nosso corpo vil». Então o arcebispo ajuntou: «Leia as palavras mesmas de Deus «querendo dar a entender a correta Palavra de Deus)». E o capelão corrigiu: «...nosso corpo de humilhação». E o arcebispo finalizou: «Agora sim. Não ‘vil’—nada de tudo quanto Ele fez é vil».

«...transformará...» No grego temos o vocábulo «metaschematidzo», que significa «mudar de forma», «transformar». Dentro do vocabulário paulino e neotestamentário, esse verbo significa «modificar de uma natureza para outra», embora isso não esteja necessariamente implícito no próprio termo grego. Não sabemos dizer se os «elementos» de nosso antigo corpo serão transformados, ou se outro corpo nos será conferido; mas isso não se reveste de importância apreciável. A ressurreição poderá ser um a «nova criação», mas pode ser nova criação do corpo, devolvido ao espírito. O que se sabe é que’a ressurreição será «do corpo». No caso da transformação repentina dos crentes vivos, por ocasião do segundo advento de Cristo, pode-se supor a transformação real dos elementos do antigo corpo. (As notas expositivas sobre o־ trecho de I C or. 15:20 ab o rd am m ais p a r ticu la rm e n te esse problema, o qual, na realidade, não se reveste de grande importância). O que realmente importa é que possuiremos o corpo celestial, o veículo da alma nos lugares celestiais.

«...para ser igual (conformado) ao corpo da sua glória...»O Corpo Espiritual E A A lm a Glorificada

1. A teologia judaica geralmente usava o termo «corpo» em alusão ao «ser inteiro». Portanto, quando se diz que nossos corpos serão transformados para serem iguais ao corpo celestial de Cristo, devemo-nos lem brar de que esse conceito inclui, por semelhante modo, a glorificação do espírito. De

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59FILIPENSES

o m enor, não p o deríam os e sp e ra r o m aio r, p o rq u a n to o m enor, na realidade, ê o começo do maior, e sem começo não pode haver conclusão.

«Leitor, a te rra e seus in te resses não se p e rd em na refulgênciadessa glória?! Levanta-te e vai-te, porquanto este não é o teu descanso». (Adam Clarke, in loc.}.

Há trechos bíblicos que ensinam diretamente ou que subentendem á existência e a sobrevivência da alma, ante a morte física. No A .T., ver Sal. 86:13; Pro. 15:24; Eze. 26:20; 32:21; Isa. 14:9,10; Ecl. 12:7 e 32:8. No N.T.: Mat. 10:28; 17:1-4; Marc. 8:36,37; Luc. 16:19-31; 23:43; Atos 7:59; Fil. 1:21-23; II Cor. 5:8; 12:1-4; Heb. 12:23; I Ped. 3:18-20; 4:6; Apo. 6:9,10 e 20:4. A nota de sumário a esse respeito aparece em II Cor. 5:8.

Cristo, tendo ele como Cabeça. (Ver as notas expositivas sobre esse tema, em E fé. 1:10, que é apenas o u tra m an e ira de d izer o que se lê neste versículo).

N inguém pode d u v id ar, p o rtan to , que o po d er que C risto tem de transform ar um homem, segundo a sua própria imagem, por maior que isso possa parecer, é real; pois ele tem o poder de sujeitar a si mesmo todas as coisas, não se podendo limitar esse poder. A eternidade inteira servirá de comprovação dessa grande verdade.

Nossa presente «ressurreição espiritual», nossa transformação moral, a inquirição espiritual séria, tudo serve de garantia da vitória fina l e da nossa transformação em tudo quanto Cristo Jesus é e tem. Sem essa «garantia», não teríamos qualquer esperança do cumprimento de tão elevado alvo. Sem

Capitulo 4

VII. Admoestações Finais Diversas (4:1-9)Pode-se observar que quase todas as epistolas paulinas terminam com uma secção de conselhos práticos, de mistura com

saudações e noticias pessoais; e essa é a característica da secção que temos agora à nossa frente. Tendo tido e deixado entendido algumas coisas duras contra seus oponentes, sobretudo contra os legalistas, que queriam solapar a sua: influência apostólica no seio da igreja gentílica, degradando« doutrina de Cristo, conforme ele a entendia, Paulo agora fala nos termos mais cativantes possíveis, mostrando que ele não tinha ressentimentos, por ser o pastor deles, mas apenas estava interessado no bem-estar espiritual deles. Portanto, ele lhes mostra aqui quais são os seus sentimentos pessoais; mas, ao mesmo tempo, procura fazer algumas admoestações finais, cuidando de problemas relativamente secundários, em comparação com o que ocupara sua atenção no capítulo anterior.

Vincent {in loc.), parafraseia a presente secção como segue: «Em face desse glorioso futuro, meus amados irmãos, permanecei firmes no Senhor. Soube que Evodia e Síntique estão em desacordo. Rogo a elas que se reconciliem. E imploro-te, Sinzigo, cujo nome é tão bem aplicado, que uses tua influência nesse sentido; pois essas mulheres foram minhas auxiliares no trabalho do evangelho, juntamente com Clemente e outros obreiros fiéis. Regozijai-vos sempre no Senhor. Repito-o, regozijai-vos. Que todos os homens vejam o vosso espírito paciente; e em caso algum fiqueis ansiosos, pois o Senhor está perto. Entregai toda a questão a Deus, em oração, e orai sempre com corações gratos; e a paz de Deus, a qual é melhor que qualquer esquema humano, pode elevar-vos acima da dúvida e do temor, guardando os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. Finalmente, meus irmãos, dai valor a tudo quanto é venerável, justo, puro, amável e de boa fama —em suma, a qualquer virtude que exista, e tudo quanto é digno de louvor. Praticai o que tendes aprendido de mim, e o Deus da paz será convosco».

4 "Ω στε, αδελφοί μου αγαπητο ί καί εππτόθητοι, χαρά καί στέφανός μου, οΰτως σ τη κετε εν κυρίω,α γ α π η τ ο ί . 4 1 ά δ έ \φ ο ί . . .μ ο υ 1 Th 2.19-20 4 . Ι α γ α π η τ ο ί 2 ° ] αγ. μ ο υ Β 33 syp CO: om D * 2 0 Q* v g ( l )

apreciação e de amor pelos crentes filipenses, por tudo quanto tinham feito em favor do apóstolo (financeiramente e em outros sentidos).

«...minha alegria...» Sim, porque neles Paulo encontrava provas de que vinha correndo bem, visto que pertenciam a Cristo, o que era demonstrado em suas vidas. A «alegria» é um a das notas chaves desta epístola. (Ver as notas expositivas a esse respeito, em Fil. 1:4). Neste ponto essa alegria é personalizada, como se não se tratasse meramente de alguma coisa que possuíam, mas também como se fizesse parte do caráter deles, até onde suas relações com Paulo diziam respeito. Sabe-se muito bem que as realizações de outros com freqüência provocam certas pessoas à inveja; e há até quem inveje as realizações espirituais dos irmãos. Não se dava assim no caso de Paulo; pelo contrário, ele se sentia particularmente jubiloso porquanto sabia que aquele avanço espiritual de seus convertidos glorificava ao nome do Senhor, ao qual ele tam bém procurava glorificar.

«...coroa...» No grego temos «stephanos«, palavra comum para indicar «coroa». (V er I T es. 2:19, onde o co jre quase ex a tam en te a m esm a expressão, incluindo tanto a «alegria» como a «coroa», mas em relação aos c ren tes tessa lon icenses. A li, e n tre ta n to , aqueles c ren tes são tam bém chamados de sua «esperança»), E bem provável que a «coroa» seja a da v itó ria em algum a com petição esportiva , ta l com o em um a co rrid a , porquanto a metáfora da carreira está por detrás das palavras de Paulo. Paulo havia corrido tão bem que recebera a coroa da vitória; e aqueles crentes eram a sua coroa; pois, nessa carreira, mediante os seus esforços, na q u a lid ad e de apósto lo dos gen tios, eles e ram c riação sua. M ui provavelmente, portanto, devemos pensar aqui na coroa de louros do vitorioso, que era também usada como sinal de honra, em um banquete oferecido pelos convivas. Normalmente essa coroa de louros era feita de ramos de certas plantas ou árvores, como a palmeira. Já a coroa do Senhor Jesus era feita de espinhos. A oliveira brava, a salsa verde, o louro ou o pinheiro, também eram usados. Há uma outra palavra grega, diadema, que usualmente se refere à coroa dos reis, mas que, no grego helenistas (do qual o N.T. é um representante), nenhuma distinção se podia observar entre essas duas palavras gregas, de tal modo que a palavra «stephanos», também era usada para indicar coroas feitas de metais diversos.

Apesar de que o «tempo presente» está particularmente em foco, neste ponto, pois Paulo os considerava seu motivo de alegria e sua coroa desde quan d o escreveu, co n tudo , há p rovavelm ente u m a re fe rên cia fu tu ra . Quando do «tribunal de Cristo», aqueles crentes filipenses seriam tais para o apóstolo, conferindo-lhe motivo de regozijo e demonstrando o sucesso de sua missão terrena, de modo a lhe servirem de coroa de vitória. (Quanto a essa referência futura, comparar com os trechos de Fil. 2:16 e I Tes. 2:19).

«...permanecei.:, firm es no Senhor...» Paulo já os havia exortado para que fossem dignos cidadãos da pátria celeste, mostrando-lhes qual era o seu grandioso destino. Em face disso, deveriam agora permanecer firmes, preservando a própria fé e defendendo a doutrina pura, levando um a vida diária recomendável, em nada cedendo ante a doutrina dos legalistas, e nem aos hábitos condenáveis dos epicureus. Pelo contrário, deveriam mostrar-se inabaláveis, a fim de resistirem aos ataques do mal, dos ensinamentos falsos e da imoralidade—em suma, deveriam fazer finca-pé, como bons soldados, reunindo forças para poderem obter a vitória. Isso pode ser comparado com o trecho de Efé. 6:10, onde se lê: «...sede fortalecidos no Senhor e na força do seu p o d e r...» . E tam bém com o trecho de E fé. 6:11, o q u a l reza:

4:1: Portanto, meus amados o saudosos irmãos, minha alegria o coroa, permanecei assim firmes no Senhor amados.

A palavra «...portanto...» vincula o presente versículo ao pensamento da últim a secção do terceiro capítulo, que fala sobre o destino elevadíssimo que os crentes têm em Cristo, de tal modo que virão a participar de sua própria natureza e herança. «Em vista» desse alto chamamento e dessa esperança sublime—permanecei sempre firmes em Cristo, que é o vosso Senhor. Jamais devereis ceder às pressões do m undo ou da carne, mas vivei sempre aquela intensa inquirição espiritual (descrita em Fil. 3:9-14). Pode-se observar aqui a grande similaridade entre esta passagem e o trecho de.I Cor. 15:58, no que respeita à mensagem que a precede: «Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis, e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão». Essas palavras de I Coríntios aparecem após a secção daquela epístola que aborda a questão da imortalidade, mediada pela transformação (quando do arrebatam ento da igreja ou da ressurreição), envolvendo ainda a grandiosa vitória sobre a morte. Portanto, essas duas passagens são quase idênticas, exceto que a passagem da primeira epístola aos Coríntios é mais elaborada. (Ver as notas expositivas sobre I Cor. 15:58, quanto a pensamentos adicionais).

O p resen te versículo , assim sendo , é ta n to a conclusão do te rce iro capítulo como a introdução de novos pensamentos. Na realidade, poderia ser melhor colocado no fim do terceiro capítulo desta epístola, tal como I Cor. 15:58 encerra o décimo quinto capítulo daquela epístola.

«...meus irmãos, amados e m ui saudosos...» No grego temos o termo «agapetoi», que significa «amados», e que com freqüência tem o sentido intensificado de «únicos amados», que se reveste de um significado mais bu menos como nossa expressão moderna «mui querido» ou «caríssimo». Os crentes filipenses eram concidadãos de Paulo (ver Fil. 3:20), como também pertenciam à mesma família divina; e na família divina há amor mútuo entre todos os seus membros. (Ver as notas expositivas sobre João 14:21 e 15:10, onde o «amor» aparece como «norma orientadora da família divina», e do que todos os remidos compartilham). Paulo queria que soubessem os crentes filipenses que, a despeito de ter ele atacado tão severamente ao legalismo, que evidentemente havia influenciado a alguns deles, o seu amor por eles em nada havia diminuído.

«...mui saudosos...» No grego temos o termo «epipothetos», «desejado», «ansiado», cuja forma verbal significa «desejar», «anelar», «ansiar por». Essa palavra é usada exclusivamente aqui, em todo o N .T., ainda que a sua forma verbal também apareça nesta mesma epístola, em Fil. 1:8: «Pois m inha testemunha ê Deus, da saudade que tenho de todos vós, na terna misericórdia de Cristo Jesus». Isso identifica tal emoção como produto do desenvolvimento espiritual, como um dos aspectos do fruto do Espírito (ver Gál. 5:22), por tratar-se de um a expressão do amor cristão. Portanto, Paulo am ava aos c ren tes filipenses m ais do que um hom em q u a lq u e r am a o rd in a riam en te a seus sem elhan tes, p o rq u e isso e ra p ro d u to de seu desenvolvimento espiritual em Cristo. Assim Paulo viera a experimentar e a demonstrar o próprio amor de Cristo, espiritualmente inspirado. Todos os pastores deveriam ter essa espécie de amor, que só surge como resultado do nosso crescimento em Cristo. Por essa razão é que Paulo amava tanto—era extraordinariamente bem desenvolvido, espiritualmente falando.

Nessa calorosa demonstração de amor se pode encontrar o sumário desta e p ís to la in te ira , p o rq u a n to esta é um a ep ís to la de ação de g raças, de

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FILIPENSES60

crentes filipenses, a despeito das dificuldades que enfrentavam, serviam de evidência positiva que Paulo estava correndo com sucesso a sua carreira, e o apóstolo queria que eles continuassem servindo de prova disso.

«...no Senhor...» A saber. 1. Em união com Cristo, como Senhor. 2. Em comunhão com Cristo, através do Espírito Santo. 3. Portanto, a firmeza se daria através da fortaleza conferida pelo Senhor. Essa expressão ê usada pelo apóstolo dos gentios por mais de quarenta vezes, assemelhando-se à expressão «em Cristo», que ele utiliza por nada menos de cento e sessenta e quatro vezes, a qual expressa tanto a nossa união como a nossa comunhão íntima com Cristo, bem como os resultados daí decorrentes. Em Cristo temos a esfera onde essa firmeza do crente deve ser demonstrada.

★ ★ ★mulheres». Ver também I Cor. 11:7, quanto a notas expositivas sobre como a sub o rd in ação da m ulher não se ap lica ao estad o e te rn o . E ssa subordinação visa apenas propósitos práticos, não sendo questão de ética d o u trin á ria . Por conseguin te, ta l su b o rd in ação tem suas exceções, dependendo das circunstâncias, porquanto é muito melhor obedecer a Deus do que ao homem. Quanto a notas expositivas sobre as «diaconisas», ver Rom. 16:1).

«...Síntique...» Seu nome significa «acidente», sendo difícil dizermos por que lhe foi dado tal nome, a menos que também queira dizer «chance feliz», segundo dizem alguns estudiosos. Não é mesmo impossível que alguns bebês do sexo feminino fossem chamadas de «acidente», como se houvessem nascido inesperadamente, sem terem sido planejados.

«...rogo... rogo...», isto é, «exorto», palavra reiterada em um único versículo. Note-se que Paulo exortou a cada mulher individualmente, para salientar ainda mais o seu ponto.

«...pensem concordemente...», ou seja, «pensem a mesma cousa» (ver Fil. 2 :2 , onde a mesma coisa é recomendada a todos os crentes, no que tange às suas relações pessoais na comunidade cristã e uns com os outros). Aquelas duas m ulheres cren tes deveriam e s ta r em «harm onia». Não estam os informados sobre qual teria sido o motivo da discórdia, embora possamos perceber que não se tratava de razão séria, pois, de outro modo, Paulo mui p rovavelm ente te r-se-ia m o strad o m ais específico a respeito . A lguns eruditos pensam que cada um a delas abrigava um a congregação em sua casa, tendo-se tornado rivais; e outros chegam ao ponto de sugerir que um a dessas congregações era do tipo judaico e que a outra era do tipo gentílico. Mas, na realidade, tudo não passa de conjectura.

A trad ição , como é u sua l, acrescen ta aqu i a lguns d e ta lhes, m ui provavelmente falsos. Alguns intérpretes pensam que um a das pessoas nomeadas era do sexo masculino, e ainda outros acham que eram ambos homens. Mas o terceiro versículo deixa claro que eram ambas mulheres. Seus nom es p ró p rio s, en co n trad o s em diversas inscrições, sem pre se referem a mulheres. Também há quem suponha que eles eram «marido e m ulher», e que a lgum a d isp u ta em fam ília e s tá aqu i em foco; m as ta l opinião é sem fundamento.

«.. .no Senhor...» (Ver o sentido dessa expressão, que também aparece no primeiro versículo deste capítulo, onde é comentada). A harmonia entre aquelas duas mulheres deveria ser a harmonia que caracteriza aos que são leais ao Senhor subordinando a ele seus sentimentos e preferências pessoais.

a v T a is, c u T i v e s 1 èv tgj evayyeXíoj avvrjdXrjaáv / x o i

«Revesti-vos de toda a arm adura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo». Está em foco aquele dia mau, dia de teste e tentação especiais. Os crentes, pois, tendo feito tudo, devem permanecer firmes.Havia várias condições em Filipos, como a atmosfera pagã, a pressão dos legalistas, etc., que poderiam pressionar os crentes filipenses à lassidão e sp ir itu a l, à fad ig a no com bate, à deserção e sp ir itu a l, ou m esm o ao abandono da luta por inteiro. Contra tais possibilidades é que Paulo aqui os advertia. Isso pode ser comparado com a passagem de Fil. 1:27, onde se vê que o apóstolo já os tinha exortado a estar «...firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica». É também naquele p rim eiro cap ítu lo d esta ep ís to la que Pau lo m o stra que o c ren te está envolvido em um conflito eivado de perigos verdadeiros (ver Fil. 1:30). Os

2 Εύοδίαν παρακαλώ καί Σ υντυχην παρακαλώ το αυτό φρονεΐν εν κυρίω.Ζ Evoèiav] Ευωδ- Ρ 8l IÔ II ui ς : R

4:2: Rogo α Evódio, e rogo α Síntique, que sintam o mesmo no Senhor.«...Evódia...» Nome feminino que significa «excelente viagem». Sua

fo rm a verbal sign ifica «ajudar n a estrada» , d ando a en ten d er, originalmente, as mulheres que tomavam conta de hospedarias e ajudavam os viajantes, etc. Mas, tal como se dá com os nomes modernos, muitos nomes próprios eram aplicados sem referência alguma ao seu significado orig ina l. Am bos os nom es que figu ram neste versículo aparecem em inscrições, e invariavelmente são nomes próprios femininos. Essa é a única menção desta mulher, em todo ο N .T., ainda que o trecho de Atos 17:4,12 também mencione as atividades de mulheres da Macedônia, que tinham cooperado com o apósto lo , quando ele fu n d a ra o trab a lh o c ris tão na Europa.

V ários in té rp re te s supõem que essa m u lh er ocupava a posição de diaconisa, sendo, por conseguinte, um a das principais figuras femininas da igreja de Filipos. O evangelho, naquela área, foi pregado inicialmente para mulheres (ver Atos 16:13). E a igreja de Filipos teve suas primeiras reuniões na casa de uma mulher (ver Atos 16:14,40).

Muitos nomes próprios femininos aparecem nas epístolas de Paulo, com notas de recomendação, como Febe, Priscila, M aria, Trifena, Trifosa,Pérside, Júlia, a mãe de Rufo, a irmã de Nereu. (Ver Rom. 16:1-15). Não resta dúvidas que a posição delas e a sua importância era muito maior no cristianismo do que no judaísmo, que considerava as mulheres como seres degradados. (Quanto a notas expositivas acerca dessa atitude dos judeus para com suas mulheres, ver João 4:27,29, onde se vê que as condições das judias eram simplesmente chocante). Já na Macedônia, a posição das mulheres era muito melhor que na Palestina, porquanto algumas chegaram até mesmo a ocupar cargos públicos.

Os nomes próprios dos filhos eram derivados de suas mães, e não de seus pais. Ãs mulheres da Macedônia era permitido terem propriedades, além de gozarem de outros privilégios desconhecidos às mulheres de outras áreas, pois, em comparação com as mulheres da Macedônia, as mulheres judias tinham como companheiros constantes as crianças e os escravos.

Algumas esculturas representando mulheres de alguma importância têm sido encontradas, evidentemente pessoas bem conhecidas. (Ver as notas expositivas sobre a posição favorável das mulheres, na Macedônia, em Atos 17:4). Em Jesus Cristo, o ideal é que não haja distinção entre homem e mulher (ver Gál. 3:28), embora isso não tenha sido plenamente aplicado no seio da igreja cristã primitiva. (Ver as notas expositivas a respeito, em I Cro.1 1 :1 1 , 12 , onde se destaca o fato da «interdependência entre homens e

3 val ερωτώ καί σε, γνήσιε α υ ζυ γεα, συλλαμβάνουμ ετά και Κ λήμεντος και τών λοιπών συνεργών μου1, ών τα ονόματα εν βίβλω ζωής.

goth arm Origen‘2492 2495 fíy z Lec.t itar c d <lom div·e·f· ·x ? vg sy rp׳h copaa-h Eusebius // τώ ν a vvepyáv μου και τώ ν λο ιπώ ν p161״ (i Ν*

1 3 |Β | τώ ν λοιπώ ν συv€{>yώv μου ρ46 Nc A Β D G I ״1׳ * Κ Ρ Ψ 33 81 88 1Q4 181 326 330 436 451 614 629 630 1241 1739 1877 1881 1962 1984 1985 2127

°■ 3 TR WH Bov Nes BF2 AV RV ASV RSV NEB TT Zür™* Luth (Jer) Seg H XhÇvye: WH™* Zür (Jer)

17.8; 20.12, 15; 21.27

καί. Todos os dem ais testem unhos, ao que parece, dizem vai. Σύζ־υ~/ε («Sízigo»). (P (16 vid N*) dizem τών avvepywv μου καί τών cujos nom es estão escritos...»).

A lguns estud iosos tam bém têm im ag inado que «Lídia» é aqu i endereçada; porém, trata-se de um a opinião bem menos provável. Tanto a tradição como os escritos dos primeiros pais da igreja fomecem-nos aqui diversas idéias, mas todas sem o menor fundamento histórico. Há uma dessas tradições que diz que Paulo se dirigia aqui à sua «esposa», visto que, no grego, a palavra também pode significar «cônjuge»; e Lídia seria essa «esposa», ainda de conformidade com outros. Assim explicava Clemente de Alexandria. Mas o adjetivo que acompanha o substantivo é masculino, e não feminino, pelo que também não pode estar em foco nenhuma mulher.

Crisóstomo, por sua vez, conjecturava que Paulo aludia aqui ao marido ou ao irmão de Evódia ou de Síntique; e outros pensam que estaria em foco «E pafrodito», que haveria de ser o p o rtad o r da ep ís to la aos c ren tes filipenses, e que se encontrava em posição de resolver pessoalmente a d ificu ldade que su rg ira (ver F il. 2:25 e s s .) . O u tra s personagens mencionadas são Timóteo, Silas ou o principal pastor da comunidade cristã de Filipos, cujo nome não é dado. Mas todas essas conjecturas são apenas ten ta tiv as de p reen ch er de ta lh es onde, na rea lid ad e , não há nenhum pormenor.

«...as auxilies...» Literalmente, «te agarres com» (no grego, «sullamba- no»), provavelmente um a referência específica à dificuldade de harmonia que hav ia en tre aq u elas duas m ulheres . É com o se P au lo houvesse

3 /3í/3Xtt> fwrçs Ex 32.32, 33; Ps 69.28; Dn 12.1; Re 3.5; 13.8

O Textus Receptus, acom panhando 462, erroneam ente diz A lguns têm tom ado esta palavra com o u m nom e próprio, Por causa de descuido escribal, dois antigos m anuscritos

Xoiirwv (« ...com C lem ente e meus cooperadores, e os outros 4:3: E peço também a ti, meu verdadeiro companheiro, que as ajudes, porque trabalharam comigo no evangelho e com Clemente, e com os outros meus cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida.

Ás pa lav ras « ...com panheiro de ju g o ...» trad u zem a p a lav ra grega «sundzuge», que alguns estudiosos tomam como se fosse um nome próprio, «Sinzigo», que significa alguém que compartilha do mesmo jugo. Por isso é que V incen t (in loc .) p a ra fra se ia o início deste versículo como « ...E im plo ro -te , S inzigo, cujo nom e é tão bem a p licad o ...» , posto que compartilhava do jugo comum de Cristo, no ministério do evangelho. (Q u an to ao «jugo de C risto», que in d ica a lea ld ad e a ele, ver as no tas expositivas sobre Mat. 11:29,30). A maioria dos intérpretes, entretanto, pensa que esse vocábulo indica apenas um nome próprio comum, e que alguma pessoa cujo nome não ê expresso está aqui em foco, como Lucas, que parece ter permanecido em Filipos, depois da partida de Paulo, talvez po r n ad a m enos de sete anos, que foi o perío d o de tem po que sep a ra historicamente as duas chamadas «secções nós», no livro de Atos (de 16:17 a 20:5 desse livro). Pensasse que naqueles lugares onde é usada a primeira pessoa do plural, ou «nós» (às vezes subentendido, naturalmente), que Lucas fizesse parte do grupo que acompanhava ao apóstolo, e que nas secções onde o escritor do livro de Atos não usa a primeira pessoa do plural, o autor se yaleu de informações de terceiros para dar prosseguimento à sua narrativa.

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61FILIPENSES

como significado tencionado deste versículo.*...cujos nomes se encontram no livro da vida...» As cidades antigas

m an tin h am o reg is tro dos nom es de seus c idadãos; e esse fa to foi transportado para a linguagem espiritual, indicando que, na nossa «pátria» ou «cidade celestial» esses registros também são conservados. Ë provável que esse pensamento fosse aceito literalmente por certos crentes, ao passo que outros o compreendiam figuradamente. Não há razão para supormos que ha ja algum livro lite ra l de ro l de nom es. T ra ta -se an tes de um uso metafórico, que indica aqueles que «realmente pertencem aos céus, como c idadãos», em co n tra s te com ou tro s, que não podem ser assim reconhecidos.

Ter alguém o seu nome registrado nesse «livro» é a mesma coisa que dizer que ele possui a «vida eterna», porquanto é um dos cidadãos do Reino Eterno. A referência mais antiga que temos, acerca dessa antiga prática de registrar nomes dos cidadãos aparece em Êxo. 32:32, o que nos mostra tratar-se de um costume antiqüíssimo. (Ver também Isa. 4:3; Eze. 13:9 e Dan. 12:1). Paulo já se havia referido aos crentes filipenses como cidadãos dos céus, e isso que aqu i encon tram os é um desenvolvim ento n a tu ra l daquele pensamento, embora se trate da única ocorrência da expressão em todo ο N.T., excetuando seu uso comum no livro de Apocalipse. (Ver Apo. 3:5; 13:8; 17:8; 20:12,15; 21:19). As passagens de Apo. 13:8 e 17:8 se revestem de certo sabor de predestinação, como se os nomes ali escritos ou não escritos estivessem determinados antes da história da humanidade. Mas isso não pode ser pressionado demasiadamente. Seja como for, o N.T. ensina tanto a doutrina da predestinação como a doutrina do livre-arbítrio humano, sem fazer qualquer tentativa de reconciliar as duas idéias entre si. São lados opostos de alguma grande verdade, e ambos esses lados são necessários. Não nos devemos esquecer que Deus se utiliza do livre-arbítrio humano sem destruí-lo, embora não saibamos oferecer uma explicação convincente sobre o seu modo de agir. (Ver Luc. 10:20 e Heb. 12:23, que aludem a esse conceito, embora sem mencionarem diretamente algum «livro»).

Essa expressão também aparecia comumente nos escritos dos rabinos, como, por exemplo, no Targum (ou «comentário») sobre Eze. 13:9, onde se lê: «No livro da vida eterna, que foi escrito para arrolar os justos da casa de Israel, eles não serão escritos». Os escritos rabínieos p in tam D eus assentado em seu tribunal, com os livros dos vivos e dos mortos abertos à sua frente. (Quanto a notas expositivas sobre a «vida eterna», ver o trecho de João 3:15).

4 Php 3.1

conseguinte, Paulo tê-los-ia convidado e se regozijarem, mas, ao mesmo tempo, se despede deles. Isso faria esta passagem ser similar, em idéia, ao trecho de João 14:27, onde o Senhor Jesus, ao mesmo tempo que lhes invoca a «paz», se despede dos seus discípulos.

«...no Senhor...»(V er oprim eiro versículo deste capítulo, acerca de notas expositivas sobre essa expressão). Em v irtude de nosso co n tacto e identificação com Cristo, e, por conseguinte, com o seu poder, e também sob a sua inspiração, é que devemos ter aqueja «alegria» que é uma das facetas do «fruto do Espírito»(verGál. 5:22). Ora, isso nos fazrecordar que a vida, para o crente, não é mais expressão da vontade própria, sujeita à chance e aos caos. Ë como se disséssemos: «Quando realmente vivo, não sou eu, mas a graça de Deus comigo; e não posso tomar para mim mesmo o crédito por essa vida, simplesmente me alegro ante o fato que estou sendo aperfe içoado , sem que ten h a de in d ag a r como, po r que ou com que finalidade. E sempre que eu falhar, serei lembrado que eu mesmo é quem fracasso ; m as som ente p a ra esquecer-m e da fa lh a ao en treg ar-m e novamente a Deus, para que renove a sua obra em mim». (Wicks, in loc.). Se tivermos a atitude aqui exposta por Wicks, poderemos desfrutar de alegria permanente. Todavia, teremos de ser honestos em nossa inquirição, pois à alegria espiritual, em meio a uma carreira cristã deficiente é uma alegria falsa.

«Pode-se compreender facilmente que a alegria do crente difere da do mundo, a qual é ilusória, frágil e apagada. Cristo chega mesmo a reputá-la maldita, em Luc. 6:25. Portanto, só é autêntica aquela alegria em Deus que nunca nos pode ser tirada». (Calvino, in loc.).

«Paulo duplica a sua recomendação para tirar ocasião ao escrúpulo daqueles que poderiam dizer: ‘Como nos alegraremos nas aflições?’» (G. Herbert).

«Essa re ite ra d a ex ortação se to rn a ta n to m ais notável quan d o nos lembramos que Paulo, ao escrever ou d itar esta epístola, estava com o braço direito acorrentado ao braço de um soldado romano, ou que, mesmo que assim não fosse, era prisioneiro sob a vigilância constante de uma sentinela, que nunca o abandonava». (Braune, in loc.).

ό κύριος éγ γ ύ ς . bminor: WH NEB 5 ο κύριος èyyOs He 10.37; Jas 5.8. 9

severidade dem asiad a sobre q u a lq u e r coisa. P o r conseguin te, nos é recomendada aqui a gentileza, que é um dos aspectos do fruto do Espírito Santo. (Ver Gál.5:22,23).

«Essa palavra indica imparcialidade, a disposição de dar e receber, ao invés de defender rigidamente os próprios direitos». (Scott, in loc.).

Aquela atitude que normalmente se entende por «moderação», segundo o vocabulário moderno, e que indica não ser extremado em qualquer coisa, era expressa pela palavra grega «sophrosune», e não pelo termo empregado no presente texto. (Sophrosune é vocábulo usado em I Tim. 2:9,15 e Atos 26:25). Essa qualidade eleva o indivíduo acima da necessidade de viver insistindo sobre os seus próprios direitos, o que só serve para endurecer-lheo espírito. - ......... .

recomendado: «Ajuda-as a se reconciliarem entre si». Contudo, a referência pode ser mais geral: «Ajuda-as em todos os esforços que elas fizerem na igreja». Há também quem pense que está em pauta, neste ponto, a «ajuda a viúvas», e que Paulo exortava para que elas fossem ajudadas; mas não há qualquer indício de tal possibilidade.

«...juntas se esforçaram comigo no evangelho...» Isso atribui uma razão à necessidade do companheiro de Paulo—sem importar quem fosse ele—de a ju d a r àquelas duas m ulheres . E las se tin h am m ostrado sinceras no trabalho, muito tinham feito, muito tinham ajudado; e uma disputa entre as duas, agora, não poderia ser causa de serem elas rejeitadas ou evitadas por outros. O verbo «esforçar-se», que aqui se acha, também aparece em Fil. 1:27, onde é comentado; mas não ocorre mais em nenhuma outra porção do N.T. Em seu sentido original dá a entender uma competição a tlé tica , m as usu a lm en te e ra em pregado p a ra in d ica r m ero esforço diligente.

«...no evangelho..., isto é, no interesse da propagação do evangelho e do ministério evangélico em geral. (Quanto a notas expositivas completas sobre o «evangelho», ver os trechos de M at. 1:1 e Rom . 1:16). Isso pode ser comparado com Sófocles, em Oedipus at Colunus, 1367-8: «Essas mulheres perseveram comigo, são minhas enfermeiras; são como homens, e não como mulheres, ao trabalharem comigo».

«...com Clemente...» Orígenes foi quem iniciou a conjectura que temos aqui alusão ao mesmo Clemente de Roma, autor de uma espítola (ou talvez de mais de uma) que sobreviveu até nós, a qual é a mais antiga peça de literatura cristã à parte do N.T. canônico. Em algumas congregações locais da igreja c ris tã p rim itiv a essa ep ísto la de C lem ente e ra ace ita como canônica. Porém, o «Clemente» aqui referido é um filipense, não havendo razão alguma para tal identificação. Outros estudiosos pensam que esse Clemente é o mesmo chamado de «fiel companheiro de jugo», neste mesmo versículo; no entanto, Clemente é mencionado como indivíduo separado daquele, por quem o «fiel companheiro de jugo» deveria mostrar respeito, juntamente com as mulheres mencionadas. Clemente sem dúvida foi um dos primeiros ajudadores de Paulo. Assim sendo, este versículo pode indicar uma das duas coisas seguintes: 1 . Ou que o «fiel companheiro de jugo» deveria ajudar aos três—às duas mulheres e a Clemente. 2. Ou então que os três são m encionados como an tigos au x iliares de Pau lò , que tinham trabalhado no evangelho em sua companhia; e, neste segundo caso, as duas mulheres são mencionadas como objetos da atenção imediata do «fiel companheiro de jugo». A segunda dessas possibilidades é a mais provável

4 X a ip ere ev κνρίφ πάντοτέ' πάλιν ipcò, χαίρετε. 4:4: Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos.

A alegria é um dos aspectos do fru to do Espírito Santo, Por conseguinte, trata-se de um a qualidade espiritual, como subproduto do desenvolvimento do crente em sua vida espiritual. Portanto, temos aqui o chamamento não apenas para o regozijo, mas também para um desenvolvimento espiritual superior, o que nos confere confiança, alegria e o senso de bem-estar, a despeito de nossas circunstâncias externas. Sim, a «alegria» é uma das notas chaves d esta ep ís to la , o que é com entado no trecho de F il. 1:4, onde também são alistadas todas as referências onde essa idéia é frisada nesta ep ís to las. (O u tras n o tas expositivas sobre a alegria, com poem as ilustrativos, se encontram em João 15:11 e 17:13). Os crentes filipenses, que naquela época começavam a entrar na terrível era das perseguições contra os cristãos primitivos, e que já eram testemunhas dos. sofrimentos e das perseguições que tinham atingido o apóstolo dos gentios, precisavam de ra ízes e sp iritu a is p ro fu n d as p a ra que pudessem e n fre n ta r a tudo , inabaláveis, com confiança e alegria.

«...sempre...» Há aqui um volver de olhos para o futuro, quando as tribulações se tornavam muito severas. Não somente agora, em período de calma relativa, mas também no futuro, quando os testes mais difíceis atingissem aos crentes filipenses, eles precisavam da «alegria» produzida pelo desenvolvimento espiritual. De fato, não há nenhuma ocasião em que nossa ocasião com Cristo venha a ser maculada de modo a remover de nós a alegria.

«...outra vez digo, álegrai-vos...» Por que Paulo reiterou assim a idéia, dentro de um mesmo versículo? 1. Alguns pensam que ele havia pensado su b itam en te em tr is tezas im inen tes, quan d o en tão te r ia escrito : «...contudo, a despeito disso, tal como já disse antes, regozijai-vos». 2 . Outros acham que Paulo reiterou a idéia meramente a fim de enfatizá-la. Todavia, Bengel pensa que a palavra «...sempre...» indica um segundo m an dam en to . P o rta n to , teríam os: «Regozijai-vos»; e em seguida: «Regozijai-vos sempre».

É in te ressan te que a p a lav ra aqu i trad u z id a po r «.. .a leg ra i-vos...» também tinha o sentido de «adeus» (ver Fil. 3:1). E alguns estudiosos pensam que Paulo empregou o termo em duplo sentido, neste ponto. Por5 το €πΐ€ΐκ€ς υμών γνωσθτήτω πάσιν άνθρώποις.

5 b major: TR ilov Nes BF2 AV YÍV ASV RSV TT Ziir Luth Jer Seg // h

4:5: Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.Sim, o Senhor não se demorará a voltar para nós. Portanto, que o crente

não se deixe assaltar por ansiedades e dúvidas a respeito de qualquer coisa. Que não faça nada em excesso, mas que pratique a moderação. Vincent (in loc.) parafraseia este versículo como segue: «Que todos os homens percebam vosso espírito moderado; e sob hipótese alguma vos mostreis ansiosos, porquanto o Senhor está próximo».

«...moderação...» No grego original temos o termo «eiekes», que significa «clemência», «gentileza», «graciosidade», «complacência». Também podia significar «autocontrole» ou «restrição paciente». Aristóteles (em Nich. Eth. v. 10) faz o contraste entre essa qualidade com o «julgamento severo». A .exortação parece co m b a ter posições o b stin ad as e dem onstraçães de

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FILIPENSES62·...de todos os hom ens...· Não apenas aqueles que fazem parte da igreja,

m as tam bém aqueles que são do m undo. Se o c ren te c o n tro la r seu temperamento e exibir gentileza para com todos, mostrando-se gracioso e cortês, os outros homens entenderão que ele goza da influência de Cristo em sua vida. Outrossim, a vida de tal crente será mais tranqüila, posto que tal crente não viverá entrando em disputas e contendas. Além disso, o espírito calmo e gentil pode aquietar almas agitadas. «Teu espírito doce e cordato»(Matthew Arnold) servirá de boa propaganda da tua fé cristã». Essa atitude eleva o c ren te «.. .ac im a do rigor e da ansiedade da m ente (ver o sexto versículo)». (Alford, in loc.).

«Minha mente é tranqüila, porquanto tudo acolho com boa atitude».(Cícero, Att. 7.7). «Ninguém é tão mal-educado que não seja gentil com alguém, por algum motivo, em alguma ocasião: o crente deve sê-lo 'para com todos os hom ens’ e em todas as ocasiões» (F a u c e tt, in loc.). «.. .a mansidão, sob a provocação, a prontidão para perdoar as ofensas, a atitude justa na realização dos negócios, a candura no julgar o caráter e as ações dos ou tros, a d o çura de d isposição e o in te iro con tro le das paixões».(Macknight).

«...Perto está o Senhor...» Isso indica a proximidade quanto ao «tempo», dando a entender não demorar muito mais a sua «parousia» ou segundo advento; não está em pauta a proximidade espacial, sua presença conosco.(Comparar com o trecho de 1 Cor. 16:22, onde se lêem as palavras «maran atha», palavras aramaicas que significam «Nosso Senhor vem». No dizer de Lightfoot (in loc.): «Esse era o lema do apóstolo».

6 μ η δ έ ν μ € ρ ιμ νά τ € , ά λ λ ’ èv π α ν τ ί t t j ττροσ€νχη κ α ί r f j δ ε η σ β ι μ € τ ά β ν χ α ρ ισ τ ία ς τ α α ιτ ή μ α τ α υ μ ώ νιγ ν ( Χ ) ρ ί ζ }€ ( τ θ ( χ ) T T p O S T O V O çO V* C c 6 c major: TR Bov Nes BF2 AV RV ASV RSV NEB TT Jer Seg jj c minor: WH j¡ c exclamation: Zür Luth

6 μ η ό ίν μ ε ρ ιμ ν ά τ ε Mt 6.25; 1 Pe 5.7 rfj π ρ ο σ ε υ χ ή .. .ε υ χ α ρ ισ τ ία * Col 4.2

A Esperança De Paulo P aulo esperava poder e scap ar à m orte física, por ocasião do

arrebatamento (ver as notas a respeito em I Tes. 4:15). Essa é a esperança refletida em I Cor. 15:51. Mas, se chegasse a morrer fisicamente, ainda assim participaria daquele notável evento futuro (ver I Tes. 4:14). Seja como for, ele pensava que o período de tempo que restava era curtíssimo, e que a glória do retorno de Cristo já estava raiando em sua própria alma.

Nossa Advertência Paulo não foi capaz de perceber a longa era da graça (quando a igreja

está sendo convocada), que interviria antes do retorno de Cristo. Mas, o que ele esperava p a ra seus dias, certam en te su cederá nos nossos. E ste comentário toma a posição de que o anticristo já está vivo, e que nossos dias são os últimos dias. Muitos dos que agora estão vivendo, verão o fim do presente ciclo das coisas. (V er, na in tro d u ção ao com entário , o a rtig o intitulado «A Tradição Profética e a Nossa Época», que explica as razões para essa crença).

Nosso ConsoloE m bora as nuvens de tem pestade se este jam ju n ta n d o , em bora

primeiramente tenha de haver a violência que caracterizará o fim desta época, a era áurea haverá de seguir-se de imediato, assim como o dia vem após a noite. Por conseguinte, enquanto a tempestade se concentra, já podem os p e rceb er os p rim eiros ra ios da m ad ru g ad a do d ia e te rno . Vivamos, portanto, para esse novo dia.

Muitas coisas nos perturbam, mas, certamente, sabemos que a vontade de Deus visa ao nosso bem, não sendo caótica e nem destituída do desígnio. Todavia, esse é um elevado alvo espiritual, que não é fácil de ser alcançado. Só pode ser atingido através do desenvolvimento espiritual; e um a porção importante desse desenvolvimento é a oração, pois, quando oramos, nos disciplinamos a nós mesmos e entramos em contacto com o ser de Deus.

o...de cousa alguma...» Essas palavras fazem violento contraste com as nossas orações, que devem ser assoc iadas com «tudo», com to d as as situações. C onform e com enta V incen t (in loc.): «Em tu d o , e não por qualquer motivo (embora essa idéia também esteja inclusa, em Efé. 6:18 e 1 Tes. 5:17); mas estão em foco todos os interesses, grandes e pequenos, p o rq u an to nad a é g ran d e dem ais p a ra o po d er de D eus; e nem n a d a é pequeno demais para merecer o seu cuidado paternal».

·,...oração e...súplica...» Esses dois substantivos indicam a «oração em geral» e os «pedidos específicos», respectivamente, conforme também se observa em Efé. 6:18, onde a questão é comentada. (Ver também essas duas palavras, usadas em conjunção, em IT im . 2:1 e 5:6. Ver igualmente Fil. 1:4, onde a distinção reaparece). Desse modo é que nossas ansiedades são vencidas, porquanto a oração inclui idealmente todas as circunstâncias, acalmando todas as águas agitadas.

Já pensaste que tu mesmo não continuarias?Já temeste essas ameaças terrenas?Já temeste que o futuro nada seria para ti?Hoje i nada? o passado sem começo nada é?Se o futuro nada é, então certamente aqueles nada são.

(Walt Whitman).A oi ação oferece-nos um abrigo onde nos podem os o cu lta r das

preocupações mundanas, um lugar onde ficamos a sós com Deus, um refúgio onde renovam os a esp eran ça , onde nossos cu idados ficam amortecidos. Paulo ensina-nos a lançar mão do recurso da oração.

«...com ações de graça...» É mister que nos lembremos, com gratidão no coração, das bênçãos e das vitórias passadas, sabedores que a mesma esperança que nos enchia o peito no passado, é boa para o futuro. As ações de graça devem acom panhar nossas orações «...em tudo...» (comparar com Col. 3:17).

Certamente, o texto fala das lutas do passado, mas também envolve as circunstâncias difíceis do presente, mediante as quais podemos aprender lições necessárias. Por isso é que em Efé. 5:20 se lê, «...dando sempre graças por tudo...», ao passo que em ITes. 5:18 lemos,«...Em tudo dai graças...».

Posto que muitas pessoas com freqüência oram erradamente a Deus (de forma diferente do que deveriam fazer), com muitas queixas e reclamações, como se tivessem motivo justo dè acusarem-no, ao passo que há outros que não podem tolerar demoras na resposta, quando Deus não quer satisfazer imediatamente aos seus desejos, por isso mesmo é que Paulo vincula a atitude de agradecimento às nossas orações...porquanto é inquestionável que a gratidão exercerá sobre nós o efeito de desejarmos que a vontade de Deus seja cumprida em nossas vidas, como o maior alvo a ser obtido.

·¡ ...pe tições...» No grego tem os a p a lav ra «aitema», que sign ifica «pedido», aquilo que é solicitado, pois, em certo sentido importante, a oração consiste de «pedir e receber». Estão em foco as coisas particulares que desejamos, nem um a delas grande demais para o poder do Senhor, e nem pequena demais para escapar à atenção de seu amor paternal.

* ...sejam conh ec id a s ...» Tem os aqu i o verbo «g n o r id zo », «fazer conhecido», «declarar», «revelar». Dá a entender que é como se Deus não soubesse quais os nossos desejos, e que, ao confiarmos em fazer-lhe tais revelações, de coração sincero, de mistura com a ação de graças, tocaríamos no poder divino, de modo a realizar-se aquilo que desejamos. Isso pode ser comparado com as próprias instruções do Senhor Jesus, acerca da oração, em João 16:24-27. E Deus Pai quem nos dá tudo, devido ao amor que nos tem, visto que amamos a Cristo Jesus.

■¡...diante de Deus...» Tudo deve ser feito na «presença» do Senhor, em

4:6: Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com açães de graças;

Não devemos ansiar por coisa alguma porque a vinda do Senhor está próxima, havendo ainda à nossa disposição o recurso da oração, que é um poder criativo, que pode alterar os acontecimentos e conferir-nos forças para enfrentar a adversidade. (Notas expositivas completas sobre a oração aparecem no trecho de Efé. 6:18). Por meio da oração, a força espiritual se faz presente, porquanto põe à nossa disposição o mesmo Senhor, que algum dia retornará.

«A oração co n tín u a serve de sa lvaguarda co n tra toda e q u a lq u er ansiedade, e Paulo a descreve em uma sentença comprimida, falando sobre a natureza da oração autêntica. Antes de tudo, envolve a atitude de esperar em Deus; em seguida, indica ele que, em nossa debilidade, rogamos a sua ajuda; e, "finalmente, fica esclarecido que devemos deixar bem claro aquilo que queremos da parte de Deus, confiando que ele nos atenderá os pedidos. E paralelamente a tudo isso deve haver a atitude de ação de graças. Não podemos rogar a Deus novas demonstrações de misericórdia, a menos que tenhamos consciência clara daquilo que já nos foi outorgado pelo Senhor. O homem ingrato não pode orar, porquanto não tem idéia verdadeira da bondade de Deus». (Scott, in loc.).

A oração serve de elemento disciplinador e de determinador da vontade de Deus: É óbvio que a oração não opera como um a lâmpada mágica, que precise apenas ser esfregada para que um gênio apareça, capaz de atender a todo e qualquer pedido que lhe fizermos. Pois, antes de mais nada, a oração age como fa to r de d isc ip lina , levando-nos a reo rie n ta r as nossas prerrogativas, à medida em que formos crescendo na graça, de tal modo que coisas importantes sejam pedidas, que contribuam para o progresso do Reino de Deus à face da terra, bem como para o progresso espiritual de nós, m esm os e de o u tras pessoas, ao invés de visarm os apenas sa tis fazer impulsos egoístas. Portanto, na quaüdade de um a disciplina, a oração nos im p ed irá de ser egoístas em nossos alvos, e, p o rtan to , em nossas solicitações.

Nessa d isc ip lina haverem os de ap ren d er que as nossas orações ocasionalmente podem ser respondidas com um Não; pois uma resposta afirmativa, às vezes, não seria tão boa como uma negativa, embora nos seja d ifícil ver o. m otivo disso. O Senhor Jesus, em agonia no ja rd im do Getsêmani, buscou uma impossível resposta «afirmativa», ò que significaria que escaparia da agonia da cruz. Mas isso teria destruído o significado de sua missão; e ele não demorou um segundo a reconhecer isso, tendo-se entregue aos cuidados da vontade do Pai. Portanto, na qualidade de fator disciplinador, a oração nos confere a realização da vontade de Deus; e isso, afinal de contas, é exatamente o que buscamos, tanto em nossas orações como em tudo o mais que fazemos. Entretanto, a oração também serve de força criadora porque apela para um poder infinito, fazendo o impossível, conforme se verifica em incontáveis casos através da história. Por essa razão é que nos é recomendado o uso desse extraordinário poder da oração. Ela pode transformar-nos, bem como pode transform ar as condições em que vivemos.

«.. .ansiosos . ..» No grego tem os o term o «m erim nao», que significa «ansiar», ficar «indevidamente preocupado». Paulo não se refere aqui ao ideal estóico da «apatia», a falta de reação emocional. Mas grande é a verdade da declaração que a maior parte de nossas circunstâncias, por si mesmas, em nada nos prejudicam. O que realmente nos prejudica é a nossa reação emocional às nossas circunstâncias; e isso é um fato bem conhecido dentro dos estudos psicológicos, e não somente como um preceito religioso. Além disso, as circunstâncias, em face do imediato retorno de Cristo, e em face do poder da oração, que ajuda a modificar essas circunstâncias, ou que nos ajuda a aceitá-las como expressões da vontade de Deus, não devem ser já recebidas e as bênçãos esperadas, sempre deve dar graças e sempre deve rogar. A memória e a súplica são os dois elementos necessários de toda a oração verdadeiramente cristã». (Rilliet, in loc.).

Todavia, a natureza exata dessas ações de graça não é definida aqui.

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razão de ser p a ra o c ren te , pois nosso P a i está sem pre p ro n to p a ra ajudar-nos.

que o crente «se dirige a ele». Fica subentendido que Deus está sempre perto de nós, pronto a ouvir-nos. Portanto, apreensões ditadas pela ânsia não têm

7 και η ειρήνη τον θεοΰ ή ύπερεχουσα πάντα νοΰν φρουρήσει τάς καρδίας υμών και τα νοήματα υμών εν ׳ΧρΚΤΤίΟ Ιησού. 7 Ιβ 26.3; Jn 14.27; Col 3.15 7 ©«>υ] Χρίστου A syhm S Ambr | νοήματα] σώματα G i t : νοημ. και τα οωμ. ρ

I Χριστώ] Κνριω ρ !β 4:7: e α ραζ de Deus, que excede todo 0 entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.

(Quanto a notas expositivas completas sobre a «paz», verGál. 5:22, onde essa virtude aparece como um dos aspectos do «fruto do Espírito Santo», ou seja, produto do desenvolvimento espiritual. Ver também os trechos de João 14:27 e 16:33, onde há poemas ilustrativos, igualmente inclusos nessas anotações. Ver o trecho de Rom. 5:11 e as notas expositivas ali existentes, sobre a doutrina da «justificação pela fé», porquanto essa «paz» resulta de nossa justificação diante de Deus).

«...paz de Deus...» Essa paz é atribuída a Deus porque 1. trata-se de uma qualidade espiritual, que nos é divinamente conferida, da parte do Espírito Santo; e 2. porque Deus é a sua fonte originária. Este é o único trecho onde essa expressão figura em todo 0 N-.T. (Comparar com a expressão «Deus da paz», que figura no nono versículo deste mesmo capítulo).

A paz é vista aqui como um subproduto da oração; e isso é natural, posto que a comunhão com Deus acalma todas as águas perturbadas.

A paz consiste de «...relações saudáveis e harmoniosas, que prevalecem na vida interior, em resultado da reconciliação com Deus, por meio de Jesus Cristo...Deixarmos nossas ansiedades com Deus é algo que destrói o poder corrosivo da ansiedade, ficando nós acalmados pela sua paz. A paz é usada no Talmude como um dos nomes de Deus». (Kennedy, in loc.).

« . . .que excede todo o e n te n d im en to . ..» E ssa expressão tem dois significados possíveis: 1. Pode significar que a paz de Deus é insondável, não estan d o su je ita ao po d er de raciocín io do hom em , visto que o transcende; podendo existir até mesmo quando não há razões aparentes para a sua existência, como quando nos vemos em meio às tribulações, porquanto Deus é quem no-la dá, não sendo produto de circunstâncias favoráveis, como a tranqüilidade hum ana geralmente o é. Também está fora do alcance de nosso entendimento, ainda que tenhamos consciência de sua presença e de seus efeitos. 2 . Ou então, se compreendermos a palavra g rega «nous» como «mente», no sen tido de «engenho» ou «astúcia», o sentido pode ser que «Deus pode fazer mais por nós, conferindo-nos a paz, do que poderíamos obter através de qualquer planejamento nosso, por mais cuidadoso que esse fosse». Mas o primeiro desses sentidos é o preferido pela maioria dos intérpretes.

O amor é e foi meu Rei e Senhor,E será, ainda que agora eu me mantenha Dentro de sua corte, na terra, e durma Cercado de sua guarda fiel,E ouça vez por outra uma sentinela Que se move de um lugar para outro,È sussurra para os mundos do espaço,Na noite profunda, que tudo via bem.

(Alfred Lord Tennyson)É declarado aqui que a paz de Deus ‘guarnece’ o coração e a mente do

crente. O crente vive tão bem rodeado de benditos privilégios que fica em segurança como quem se acha em um castelo inexpugnável». (Gurnall, in loc.).

*...mentes...» Essa palavra pode significar: 1. ou os pensamentos; ou 2. as mentes, no sentido de um processo intelectual e das reações emotivas. Provavelmente ambas as coisas estão em foco, dando a entender a mente e as suas funções em geral. Alguns estudiosos consideram que a palavra «coração», neste ponto, indica a «sede das emoções», ao passo que a «mente» seria a sede do processo de raciocínio. As emoções às vezes dizem-nos que uma crise é fatal, ou causa de intensa ansiedade. E o processo de raciocínio concorda com isso, pesan d o as coisas conform e elas p a recem ser, objetivamente. No entanto, a paz de Deus altera tudo isso, mantendo o coração e a m ente sob g u a rd a , não p e rm itin d o que as c ircu n stân c ias invadam e destruam a nossa tranqüilidade, que se alicerça sobre a certeza do bem espiritual, 0 que nenhuma circunstância terrena pode alterar.

O coração é a sede das emoções, em contraste com a inteligência (ver Rom. 9:2; 10:1; II Cor. 2:4; 6:11 e Fil. 1:7); mas também pode referir-se à ação mental ou inteligência, em outros contextos (ver Rom. 1:21 e Efé. 1:18), também indicando questões de moral e escolhas morais (ver I Cor. 7:37; II Cor. 9:7). O coração é igualmente a sede de nosso contacto com o Espírito de Deus (ver Rom. 5:5; II Cor. 1:22; Gál. 4:6; Col. 3:15; I Tes. 3:13; II Tes. 2:17 e 3:5). O coração é igualmente a sede da fé (ver Rom. 10:9), bem com o do am or de D eus (ver Rom . 5 :5), sendo tam bém o instrumento do louvor espiritual. (Ver Col. 3:16). Pode-se ver, assim sendo, que apesar desse termo não subentender necessariamente a alma, em todas as suas funções, quando então se torna local onde Deus entra em contacto com o espírito humano, como a sede da fé e do amor, somente a alma pode estar aqui em foco. Porquanto é com o homem interior, a alma, o homem essencial, que esse contacto tem lugar. Portanto, «kardia» é palavra grega que pode ser sinônimo de «psuche» ou de «pneuma».

«...em Cristo Jesus...» Em outras palavras, em comunhão e união com Jesus, por estarmos identificados com ele, porque Deus Pai cuida de nós como cu id a de seu F ilho . E ssa é a «esfera» onde a p ro teção divina é oferecida àqueles quepertencem a Cristo, onde também desfrutam de união mística com ele. (Comparar com isso a expressão «em Cristo», que é usada por cen to e sessen ta e q u a tro vezes nas p ág in as do N .T ., com notas expositivasem I Cor. 1:4; e com a expressão «no Senhor», usada por mais de quarenta vezes no N .T., a qual é comentada no primeiro versículo deste 1 capítulo).

Um dos im p o rtan te s e lem entos sociais do perío d o h e len is ta foi o guarnecimento m ilitar de muitas cidades da Grécia e da Ãsia Menor, pelos sucessores de A lexandre , o G ran d e . Os le ito res de Pau lo certam en te , estariam familiarizados com a proteção m ilitar oferecida às cidades. Ora, Deus oferece-nos a sua proteção às nossas almas. A paz é a sentinela que garante que tudo vai bem. No mundo temos tribulação, mas em Cristo temos paz.

à y v á , ocra TrpoocfuÁf¡, ooa8 CTTatvos] add €Tricmjp.T]s D*G vgs» cl

«...entendimento ...» é tradução do vocábulo grego «noos», que tem os dois significados dados acim a, isto é, «com preensão» ou «poder do raciocínio»^ A paz é algo perfeitamente real, a despeito de não podermos compreender como ela pode subsistir até mesmo quando o crente está sob circunstâncias difíceis. Ou então ela pode ser algo que nos é conferido por Deus, mas que está totalmente fora do alcance humano, entregue aos seus próprios recursos. A primeira dessas duas possibilidades é a que mais provavelmente está aqui em foco.

«.. .guardará os vossos corações. ..» A palavra «coração» é aqui utilizada para dar a ideia de «alma», indicando o «verdadeiro homem», e não apenaso seu intelecto ou as suas emoções. Assim, pois, 0 verdadeiro homem é guardado pelo poder pacificador de Deus, ainda que o homem mortal venha a ser severamente assediado por dificuldades de toda a sorte, externas ou íntimas. A paz de deus «guarda» nosso homem interior. Esse verbo, no original grego, é «proureo», que significa exatamente isso, «guardar»,«confiar», «manter sob custódia». Neste ponto, a idéia é de m ontar guarda, para finalidade de proteção. A paz é pintada como a sentinela de Deus, que patrulha e guarda 0 homem interior.8 Tò λοιπόν, αδελφοί, όσα εστιν άληθη, όσα σεμνά, όσα δίκαια, όσα

εύφημα, ε ί τ ις άρετή και ε ϊ τ ις έπαινος, τα ΰτα λογίζεσθε■ 8 r 0 12.17

«...verdadeiro...» No original grego temos o termo «alethe».Deus é a norma de toda a verdade, como também seu padrão e fonte originária. Nas páginas do N.T., a «verdade» é freqüentemente sinônimo do «evangelho», a verdade conform e ela é revelada em C risto ; e C risto é a verdade p e rso n ificad a (ver João 14:6). A quelas coisas que concordam com a natureza de Deus, na pessoa de Cristo, são «verdadeiras», em contraste com a falsidade e a hipocrisia. Aquilo que não se assemelha inerentemente a Deus, necessariamente é falso. O oposto de Deus são as coisas «insinceras», «hipócritas», «pretenciosas» ou «falsas» (não podendo elas representar a verdade objetiva de Deus em qualquer sentido, espiritual ou não).

« ...resp e itá ve l...» No grego é «se m n a », que sign ifica «honroso», «reverenciável», «venerável». A form a verbal é «sebo», que quer d izer «adorar» ou «reverenciar». Dos diáconos se pede que tenham essa qualidade (ver I Tim. 3:8); mas aqui essa mesma virtude é requerida de todos os crentes. Os crentes de.vem «exibir uma dignidade que se deriva da salvação moral, assim convidando o respeito.Nos escritos clássicos, esse é um dos epítetos dos deuses» (Vincent, in loc.).

«Nobres e sérios, em oposição da kouphos, que significa a quem falta seriedade intelectual» (Matthew Arnold, in loc.).

«Há muita coisa nos códigos de honra que é estúpido e artificial; mas existem modos de agir que sabemos ser corretos, segundo nossos mais profundos instintos. ·Agir contrariamente a isso é ofender a Deus». (Scott, in , loc.). Essa palavra se encontra no N.T., somente aqui e nos trechos de I Tim. 3:8,11 e Tito 2:2.

*...justo...» No original grego temos a palavra «dikaia», que significa «equitativo», satisfatório em todas as obrigações para com Deus, para com

4:8: Quanto ao mais, irmãos, tudo 0 que é verdadeiro, tudo 0 que é honesto, tudo 0 que é justo, tudo 0 que é puro, tudo 0 que é amável, tudo 0 que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.

A palavra *...Finalmente...» é tradução do termo grego «to loipon», que significa «quanto ao resto».No meio de um a carta pode ser acrescentado um novo assunto, de m aneira um tanto frouxa, conforme se vê em I Tes. 4:1, onde dois capítulos inteiros seguem tal uso. (Ver Fil. 3:1 quanto a notas expositivas a respeito). Essa expressão também é usada para dar início às porções finais de epístolas, o que certamente é o uso que temos neste ponto. Não introduz, como antítese, o que os crentes filipenses deveriam fazer, em ad ição ao po d er p ro te to r de D eus (em b o ra isso tam bém m ostre um a verdade), mas trata-se de um simples sinal que indica que Paulo estava chegando ao fim de sua carta.

As virtudes aqui alistadas fazem todas parte do «fruto do Espírito» (ver Gál. 5:22,23), devendo ser consideradas como algo que surge mediante o cultivo e o desenvolvimento espirituais. Essas virtudes é que devem ocupar as nossas mentes, devendo sempre ser «levadas em conta» por nós, em nossa inquirição espiritual. Deus nos guarda e nos dá paz como um dom; mas também temos obrigações e precisamos cultivar as virtudes espirituais. Sem essas virtudes, o ideal cristão não pode concretizar-se na vida de um a pessoa. Comenta Robertson (in loc.), acerca dessas diversas virtudes: «Elas são pertinentes agora, quando tanta imundícia é exposta perante o mundo, em livros, revistas e filmes, sob o nome de realismo, a fossa mesma das piores iniqüidades». Se Robertson tivesse vivido em nossos dias, mui provavelmente ,teria adicionado a «televisão» à lista daquelas coisas que servem de elementos corruptores dos homens.

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FILIPENSES

q u an to Pau lo d issera an tes. T odas aqu elas q u a lid ad es com põem a excelência moral que é referida no presente versículo. Essa mesma palavra era usada para indicar «manifestação do poder divino, milagre» (ver Josefo, Antiq. 17,130) ou o «poder de Deus» (ver II Ped. 1:3). Era o «milagre moral divino» que Paulo queria que os crentes recebessem, através da atuação do Espírito Santo. Nos escritos clássicos, essa palavra era usada em sentido m oral, ta l como aq u i, em bora tam bém envolvesse q u a lq u er fo rm a de excelência, como a bravura, a posição social, a boa qualidade dos animais e da te rra . No trecho de Isa . 42 :8 ,12 (n a tu ra lm e n te na versão g rega da Septuaginta), essa palavra é usada para indicar os atributos de poder de Deus, como também a sua sabedoria, etc., ao passo que em Zac. 6:13 é u sad a p a ra in d ica r o «Renovo», que h av eria de receb er a tr ib u to s de soberania. No entanto, neste versículo, o termo é empregado para indicar uma excelência mais geral.

«...louvor...» No grego original temos «epainos», que significa «lpuvor», «aprovação», também usado como termo para indicar «coisa digna de louvor», o que sem dúvida é o seu significado neste passo. Paulo sem dúvida se re fe ria aqu i ta n to a D eus como aos hom ens. A quele que possu i as «virtudes» anteriormente mencionadas torna-se digno de louvor e o recebe, pelo menos da parte de Deus. Por isso mesmo é que há unia declaração no Talmude, que diz: «Um rabino disse: Qual é o correto caminho que um homem deve escolher para si mesmo? Tudo quanto lhe sirva de motivo de orgulho deve ele seguir, e que o faça ter honra entre os homens». No dizer de Faucett (in loc.): «Não que o louvor dos homens seja o nosso alvo (conferir com João 12:43), mas devemos viver de tal m aneira que mereçamos esse louvor».

«Portanto, Paulo não recomendava aqui a eles ‘aos crentes filipenses’ que procurassem obter o aplauso ou a recomendação de outros através de ações virtuosas, e nem mesmo que procurassem regulamentar sua vida segundo os ju ízos do povo; m as tão -som en te quis d izer que os cren tes deveriam devotar-se à realização de boas obras, que merecem aprovação, a fim de que os ímpios, bem como aqueles que são adversários do evangelho, embora zom bem dos cren tes e ten tem lançá-los no o p róbrio , não o b stan te , sejam constrangidos a apoiar a sua boa conduta». (Calvino, in loc.).

Ao mencionar o «louvor», tanto quanto ao mencionar a «virtude», Paulo sumaria, em sua declaração, todas as qualidades morais que havia alistado. É como se ele tivesse dito: «Se possuirdes essas virtudes, sereis dignos de louvor».

«.. .seja isso o que ocupe o vosso pensam ento.. .» Que essas coisas dignas de louvor, essas virtudes, sejam as razões de nossa meditação e consideração, para que sejam inclusas em nossa conduta diária. Devem ser substituídos os vãos pensamentos da sensualidade, o lucro e a fama mundanos, buscando cuidadosamente aquelas coisas que contribuem para o bem de nossas almas imortais, o que transcende a qualquer bem terreno que os homens busquem mediante suas mentalidades carnais.

«O que me amedronta é a míngua de ideal que nos abate. Sem ideal, não h á n o breza de a lm a; sem n o breza de a lm a, não h á desin te resse ; sem desinteresse, não há coesão; sem coesão, não há pátria». (Olavo Bilac, discurso).

Variante Textual: Ao invés das palavras «...seja isso o que ocupe o vosso pensamento...», os mss D(1)G e a maioria das versões latinas dizem «...de conhecimento...», dando a entender «o louvor do conhecimento». E alguns manuscritos latinos dizem «de disciplina». Mas essas variantes foram puras modificações de escribas, de acordo com suas preferências pessoais.

e iã e r e iv €/xo í, r a v r a TTpáaaere■ Kal 6 6eòs rrjs15.33; 16.20; 1 Cor 14.33; 1 Th 5.23

desenvolvimento espiritual, tais como: oração, meditação, treinamento do intelecto, o uso dos dons espirituais e a prática da lei do amor, boas obras práticas.

«...em mim ...», isto é, como um exemplo vivo. «Paulo ousou apontar para a sua própria conduta diária, em Filipos, como ilustração desse elevado pensamento. O pregador é o intérprete da vida espiritual, devendo também ser o seu grande exemplo». (Robertson, in loc.).

«...praticai...» Os crentes não devem apenas fazer de suas instruções morais razão de suas considerações; antes, que essas instruções sejam poderosa influência sobre todas as suas ações, a base mesma de suas vidas diárias. O caráter dos crentes deve ser repleto das virtudes enumeradas por Paulo, para que possam pôr em prática aquilo que viam ser praticado por ele. No original grego encontramos o verbo «prassein», que significa «praticar», em contraste com o verbo «poiein», que significa apenas «fazer», embora essa distinção nem sempre seja uniformemente m antida. Não obstante, neste ponto, a prática é recomendada, não podendo haver dúvidas sobre isso.

«...o Deus da p az será convosco...» (Quanto à expressão «Deus da paz», ver as notas expositivas sobre Rom. 15!33; 16:20; I Tes. 5:23 e Heb. 13:20). Não está em foco apenas a calma e a tranqüilidade, mas também a paz interior, devido à reconciliação com Deus e com os outros homens, que também foram assim reconciliados com o Senhor. Esse senso de bem-estar, baseado na realidade do bem-éstar da alma, vem da parte de Deus. Paz, neste caso, não é apenas um a atitude emocional, e, sim, moral. Quando a correção moral lança raízes na alma de um homem, ele sente descanso consigo mesmo e com Deus, e então com os seus semelhantes. Por essa exata razão é que o «Deus da paz» é apresentado como o «santificador» da personalidade inteira do crente. O Messias é chamado de «a paz de Deus» (em Miq. 5:5), porquanto é ele quem infunde a correção moral em seu reino, como também bênçãos pacíficas (ver Sal. 77:7 e 85:10). O evangelho é um a boa m ensagem que an u n c ia a p az. (V er E fé. 2:17; 6:15 e Rom . 10:15). Através da agência do evangelho é que Deus estabelece a paz à face da te rra , en tre ele m esm o e os hom ens, e en tre o hom em e os seus

nossos semelhantes e para conosco mesmos. Essa é a forma adjetivada da «retidão salvadora», que nos é dada pela fé, a saber, a própria retidão de Deus (ver Rom. 3:21),a qual é lançada na conta dos homens, e realmente é também formada pelo Espírito Santo no homem interior. Todas as nossas ações devem co n co rd ar com essa nossa n a tu re za in a ta . (V er as no tas expositivas sobre Atos 10:22 e Rom. 5:7).

«...puro...» No grego é «agna», que significa «puro», em sentido moral. A pureza de motivos e nas ações está aqui em foco. Originalmente, a raiz era «agos», palavra que indicava qualquer questão que envolve «respeito» religioso. E essa palavra veio eventualmente a significar, especificamente, um «sacrifício expiatório» a ser oferecido aos deuses. Daí o termo veio in d ica r «algo sep arad o p a ra os deuses». E n tão , visto que os deuses supostamente seriam santos, surgiu a idéia de «santidade», de «pureza». Assim, pois, aquilo que é «puro» é aquilo que foi consagrado a Deus, que não está m acu lado pelo pecado . T al p a lav ra tam bém significava, freqüentemente, «castidade» ou «inculpabilidade moral». (Ver Fil. 1:17, onde a forma adverbial é usada para indicar a pregação do evangelho, por motivos sinceros e incorruptos. Na Septuaginta (tradução do original hebraico do A.T. para o grego) essa palavra indicava pureza «cerimonial», com a idéia de purificação. E esse sentido também é preservado nas páginas doN .T. (ver João 11:55; Atos 21:24,26 e 24:18). Nas passagens de Tia. 4:8;I Ped. 1:22 e I João 3:3, o termo indica a purificação espiritual do coração e da alma. Pensamentos puros, palavras e ações puras, provenientes de uma alma pura, são aqui indicados.

«...amável...» No grego temos o vocábulo «prosphile», que significa «digno de amor», indicando aquilo para o que somos atraídos, devido à sua beleza de caráter. Esse termo é usado exclusivamente aqui, em todo ο N.T., indicando aquilo que, por sua própria beleza, atrai o amor e se tom a caro para alguém. Deus é o grande magneto da bondade, que atrai o amor; por conseguinte, essa qualidade realmente é algo de Deus, insuflado em algo ou em alguém, para que esse algo ou esse alguém possua encantamento. Mas essa p a lav ra tam bém era usad a com o sen tido de «amigável», de «agradável». Platão, em seu diálogo Simpósio, assevera que aquilo que nos atrai, nas pessoas ou nas coisas, é a «beleza», porquanto amamos ao belo; mas que, em última análise, esse amor à beleza é, realmente, amor a Deus, pois ele é o clím ax de toda a beleza , como seu g ran d e m odelo e fonte o rig in á ria . Por isso m esm o é que o Senhor Jesus disse que se ele fosse levantado da terra, atrairia a si mesmo todos os homens; e isso mostra até que ponto ele possuía a beleza divina. Ver o trecho de João 12:32 e as notas expositivas a respeito, onde se explica como isso pode tornar-se realmente verdade , e não apenas em p a rte . T ra ta -se de u m a feliz condição a do homem para quem são atraídos outros homens, por ter ele, em si mesmo, algo da beleza de Deus, o que merece amor.

«...de boa fam a...» No grego é «euphema», palavra usada somente aqui em todo ο N.T., e que significa, literalmente, «que soa bem», ou seja, «conquistador», «gracioso». Também podia indicar aquilo que é «louvado com palavras», sendo assim que alguns intérpretes entendem esse vocábulo. Também pode significar «digno de louvor», «atrativo». Assim, pois, o crente deve buscar aquelas coisas que criam, para ele, a boa «reputação», aquilo que é «digno de louvor» aos olhos dos outros homens e aos olhos de Deus.

«...alguma virtude...» No original grego, a última dessas duas palavras é «arete», que significa «virtude», «excelência moral». (Comparar com I Ped. 1:5, onde se lê: « ...asso c ia i com a vossa fé a v irtude ; com a v irtude , o conhecimento...» Esse termo tinha um significado geral, incluindo tudo

9 ã καί ¿μάθετε καί τταρελάβετε καί ήκουσατε καίειρήνης εοται μεθ νμούν. 9 ό 9eòs τη$ €ίρννη$ Ro

4:9: 0 que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus de paz será convosco.

Neste ponto, de maneira enfática, Paulo se oferece uma vez mais como exemplo a ser seguido. (Ver as notas expositivas completas a esse respeito, em Fil.'3 :17eIC or. 11:1). Quando alguém se torna seguidor do exemplo de Paulo, torna-se também seguidor do exemplo de Jesus Cristo, conforme se vê na passagem de I Cor. 11:1. Isso porque o apóstolo dos gentios ensinava preceitos verazes, vivendo-os pessoalmente, de modo que ninguém podia desculpar-se de não haver compreendido as exigências cristãs de ordem m oral, em co n tra ste com aquilo que os c ris tão s p rim itivos estavam acostumados a ver no paganismo.

Pode-se observar aqui como Paulo usa quatro verbos que frisam como os discípulos deveriam seguir-lhe o exemplo, e sobre quais bases: «aprender» e «receber» formam um par, e «ouvir» e «ver» formam outro par. E note-se que, no original grego, todos esses verbos estão no aoristo, assinalando que todas as experiências passadas dos crentes são aqui vistas como um a única instância completa desse aprendizado. Os quatro verbos demonstram quão completa fora aquela experiência dos crentes filipenses, de modo a não terem qualquer desculpa, como se ainda não houvessem sido informados.

Os crentes filipenses tinham aprendido, da parte de Paulo e de outros líderes cristãos, mediante instruções orais e escritas e mediante a força do exemplo pessoal. E haviam recebido o que tinham aprendido, aprovado e a p ro p riad o , p a ra efeito de ap licação pessoal. Sim , aqueles cren tes aprovavam a excelência das instruções em que haviam sido ensinados.

Tinham ouvido a Paulo pessoalmente, como também, mais tarde, tinham ap ren d id o aqu elas in stru çõ es m ed ian te c a rtas ; e no apósto lo viam o exemplo correto.

H á não m uito tem po, ouvi fa la r de um p a s to r, que, num a reun ião , declarou: «Eu não hesitaria em ter a m inha vida inteira projetada num a tela diante desta congregação». Uma declaração surpreendente! Ou este homem era louco ou era um gigante em espiritualidade! Mas, Paulo disse algo essencialmente igual a isto no texto diante de nós. Imite, então, este gigante em e sp iritu a lid ad e , e te rá C risto fo rm ado em você. Use os m eios do

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semelhantes. Cristo é também' chamado de «Senhor da paz» (ver II Tes. 3:16), porque, quando aceitamos o seu senhorio (idéia comentada nas notas expositivas sobre Rom. 1:4), encontramos a paz com Deus. E a justificação pela fé é a origem de toda a nossa paz com Deus. (Ver Rom. 5:1).

«É por intermédio de Deus, como autor e doador da paz, que o homem se vê capaz de achar a harmonia que procurava nos elementos conflitantes de sua p ró p ria n a tu re za , bem com o em suas re lações com o m undo , sem

falarmos em suas relações com o próprio Deus». (W estcott, comentando sobre Heb. 13:20).

Não há que du v id ar que há aqu i um lan ç a r de olhos la te ra l a vários problemas que haviam surgido na igreja dos filipenses, motivados pela inveja, pelas facções e pelas contendas (ver Fil. 1:15-17 e 4:2). Aqueles crentes que estão avançando espiritualmente viverão muito acima dessas coisas, porquanto o seu Deus é o Deus da paz.

VIII. A Carta de Ação de Graças; as Doações dos Crentes (4:10-20).Tendo chegado agora ao final de sua epístola, Paulo destaca um de seus principais propósitos ao escrevê-la. Os crentes

filipenses se tinhàm mostrado generosos em seu apoio financeiro, reconhecendo as necessidades de Paulo e as crises de toda a ordem pelas quais ele passava. Eles queriam aliviar pelo menos suas dificuldades financeiras, até onde isso lhes fosse possível, pelo que lhe tinham enviado dinheiro em diversas ocasiões. Ora, neste ponto Paulo faz uma pausa a fim de agradecer a essas doações. A última ocasião em que os filipenses tinham enviado auxílio financeiro a Paulo fora quando da vinda de Epafrodito, o qual agora retomaria a eles como o portador da presente epístola, bem como seu representante, autorizado a corrigir alguns problemas que afligiam aquela comunidade cristã.

O fato (jue Paulo esperou até o fim desta epístola, para mencionar as doações recebidas mais diretamente, agradecendo aos crentes filipenses pelas mesmas, é questão que tem deixado perplexos a alguns intérpretes. Alguns deles têm pensado que Paulo não tivesse ficado satisfeito ante a quantia recebida, tendo a mesma também chegado tarde demais para fazer-lhe grande bem. Mas outros vêem nisso uma demonstração da delicadeza dos sentimentos de Paulo: o apóstolo teria adiado a menção da dádiva porque não queria que a questão parecesse ser demais importante para ele, como se estivesse motivado pela cobiça. Entretanto, é perfeitamente possível que ele já houvesse agradecido aos crentes filipenses pelo dinheiro enviado, em alguma epístola anterior, que agora desconhecemos; ou então, simplesmente, que as várias admoestações e instruções, necessárias para correção de outros problemas, e que foram incluídas nesta epístola, tenham forçado a menção da questão agora já no final da epístola.

A passagem que ora consideramos aprova as doações feitas a ministros e missionários do evangelho, como algo digno de louvor. A passagem de I Cor. 9:7-14 ainda se mostra mais detálhada e dogmática, ao abordar esse mesmo problema.

Ordinariamente, Paulo não recebia doações das igrejas que fundava, não apenas para dar exemplo de tal parcimônia a outros, mas provavelmente porque não queria que seu serviço, prestado à causa de Cristo, desse a impressão de ser feito a troco de uma «cobrança». Estava muito mais interessado em prestar seus serviços gratuitamente, posto que, antes de sua conversão a Cristo, havia perseguido à igreja do Senhor. Por exemplo, no caso da igreja em Corinto, sob hipótese alguma aceitou doações da mesma, visto que alguns de seus membros o tinham criticado concernente a essa questão, ao passo que outros, mui provavelmente, tinham dito que ele trabalhava no evangelho a fim de ter uma vida financeiramente abastada. Nessas críticas, realmente, havia um ataque contra o seu próprio apostolado.

Além disso, ainda outros explicavam como motivo do fato que ele não queria receber ajuda financeira, dizendo :«Ele não aceitasalário, e com razão, pois nem mesmo é um apóstolo». Assim deveriam dizer especialmente os «judaizantes» que havia nacomunidade cristã de Corinto. (Ver igualmente o trecho de II Cor.ll:8,9, sobre esse mesmo problema). Esse versículo também menciona um dom anterior doado pelos filipenses, evidentemente há tempo considerável atrás.

Embora Paulo não recebesse ajuda financeira da parte de outras igrejas, exceto a dos filipenses, pelo menos não tendo nós registro histórico a respeito, o fato é que ele exortou, tanto aos crentes coríntios (ver I Cor. 9:7-14) como aos crentes gálatas (ver Gal. 6 :6), para que fossem cuidadosos no desempenho fiel desse dever. (Ver as notas expositivas nesses trechos citados, acerca desse tema em geral). O texto presente, em sua aplicação, deveria ser dirigido mais diretamente à questão da responsabilidade das igrejas locais para com os missionários, sobretudo para com aqueles que labutam em países estrangeiros, porquanto esse é o caso aqui especialmente ilustrado.10 ’E)(ápr)v 8è ev Kvpicp fieyáXws oti rjSr¡ irorè âveOaXere to virèp e/iov <f>povelv, è<f> cS Kai i<f>poveÍTe

r jK a ip e io d e § € .

4:10: Ora, muito me regozijo no Senhor por terdes finalmente renovado o v o m o

cuidado para comigo; dó qual na verdade andáveis lembrados, mas vo< faltava oportunidade.

«...Alegrei-me...» Temos aqui, uma vez mais, um a das notas chaves mais constantes da presente epístola, a «alegria». (Ver as notas expositivas a respeito desse tema, em Fil. 1:4 e 4:4, onde são aludidas as passagens onde esse assunto reaparece). A alegria é um a das facetas do «fruto do Espírito Santo», ou seja, uma qualidade espiritual. (Ver Gál. 5:22,23 e as notas expositivas ali ex is ten tes). A qui Pau lo usou o ao ris to ep is to la r, no grego—traduzido em português por «...Alegrei-me...», vendo a questão do ponto de vista de seus leitores. Quando os crentes filipenses recebessem esta ep ís to la , sua ação de ag rad ec im en to já seria co n siderado com o algo ocorrido no passado; por essa razão é que Paulo escreveu o verbo no tempo passado. Normalmente, esses aoristos, a fim de se adaptarem à nossa m an e ira de d izer as coisas, são vertidos p a ra o tem po p resen te , nas traduções modernas.

«...no Senhor...» (Quanto a notas expositivas completas sobre essa expressão, usada por mais de quarenta vezes nos escritos de Paulo, ver Fil.4:1. Essa expressão indica a nossa união e contacto com o Senhor Jesus, bem como a nossa posição como membros da família divina, juntam ente com ele; e também fica indicado o seu senhorio, que é comentado no trecho de Rom . 1:4). Pau lo se reg o zija ra tan to em face do p ró p rio aux ílio financeiro recebido como também porque o mesmo fora inspirado pelo amor cristão, o que ele reconheceu como um a das boas qualidades dos crentes filipenses.

«...agora, uma vez mais...» Essas palavras indicam a pluralidade das doações enviadas (quando as consideramos juntam ente com a declaração «...renovastes a meu favor o vosso cuidado...»). E na passagem de II Cor.11:8,9 vemos que isso já hav iá ocorrido re la tiv am en te cedo em seu ministério. Desde quase o princípio o apóstolo vinha recebendo ajuda financeira dos crentes filipenses. Podemos supor, assim sendo, que eles lhe p restavam a ju d a reg u la r, desde o tem po de sua seg u n d a viagem missionária, cujo início está registrado em Atos 15:26. E o versículo décimo sexto desse mesmo capítulo mostra que eles já lhe tinham enviado dádivas antes.

«...renovastes...» Temos aqui um a metáfora, indicando uma planta que sofrera de um período de estiagem, mas que agora revivia e florescia, e, assim, produzia fruto. Essa expressão tem sido compreendida essencial­mente de duas maneiras:

1. Se o verbo for usado intransitivamente, então Paulo estaria dizendo: «Alegro-me que chegastes ao estado de florescência, novamente, de modo a terdes podido pensar outra vez em mim, resultando isso na oferta que me enviastes».

2. Mas se o verbo for transitivo, então ele teria dito: «Recebi a vossa preocupação por mim», em que a palavra «preocupação» seria o objeto do verbo. É provável que esta segunda posição seja a forma mais correta de compreender o trecho, pode subentender certa «reprimenda», porquanto deixaram aquela preocupação ficar amortecida por algum tempo. Mas, para evitar que tal interpretação fosse lida em suas palavras, Paulo teria ad ic ionado que isso o co rre ra por fa lta de o p o rtu n id ad e da p a r te dos filipenses, e não p o r fa lta de in te resse , conform e se vê no re s tan te do versículo.

«...o vosso c u id a d o ...» Pode-se n o ta r aq u i o uso do verbo no m odo imperfeito—durante todo o tempo eles tinham tido aquela preocupação, mas não havia como realizar isso na prática. Isso Paulo observou a fim de evitar qualquer interpretação errônea de suas palavras, no tocante ao intervalo que separava aquele envio das dádivas e a vez anterior em que o tinham feito.

«...faltava oportunidade...» Também no imperfeito. Por todo o tempo, embora quisessem fazer um a doação ao apóstolo, nunca se lhes apresentava a chance de enviarem suas dádivas. Os tipos de transporte antigo, bem como os assaltos freqüentes nas poucas estradas, dificultavam imensamente a questão. Os crentes filipenses talvez não tivessem mesmo os fundos para uma doação, não possuíam prosperidade financeira bastante para tal coisa, ou en tão taivez não con tassem com um m ensageiro de confiança que estivesse livre, no momento, para o propósito de levar ao apóstolo os meios pecuniários. Mas, finalmente, em Epafrodito, encontraram o portador certo.

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FILIPENSES

11 kv...eivai 1 Tm íλέγω , εγώ γάρ εμαθον iv οΐς είμι αυτάρκης είναι.termo famoso dos filósofos estóicos, porquanto a nota chave da filosofia deles e ra a «auto-suficiência» , isto é, um estad o em que as em oções provocadas pelas circunstâncias externas não têm a permissão de perturbar a tranqüilidade íntim a do indivíduo. Ora, a cidade natal de Paulo, Tarso, era um dos grandes centros da filosofia estóica; e todos quantos lêem as cartas de Sêneca (contemporâneo de Paulo e filósofo estóico romano) sabem o quanto Paulo tomou do estoicismo certas expressões, em suas epístolas. Podem ser comparadas as m uitas metáforas de Paulo, baseadas na vida atlética, com os escritos de autores estóicos, que tinham nisso um a de suas práticas constantes. (Ver Diog. L.2.24, onde figura essa expressão, acerca de Sócrates, onde também aparece o adjetivo «semnos», que significa «augusto», «majestático»). Em Tim. 33 D, Platão usa esse vocábulo acerca do indivíduo para quem nada faltava, espiritualmente ou em qualquer outro sentido, o qual é visto como alguém «muito mais excelente» que aqueles que padecem de alguma necessidade. Sócrates, por sua vez, falava da verdadeira riqueza, com as seguintes palavras: «Aquele que se contenta é o mais rico, pois a ‘auto-suficiência’ é a riqueza da natureza». Sêneca dizia: «Beatus estpraesentibus, qualiacunque surtt, contentus» (De Vita Beata, 6, a G álio ), o que significa: «Feliz é o hom em que, em q u a isq u er circunstâncias em que se encontre, sente-se contente».

«A mente contente é uma festa contínua. O que podemos obter com as murmurações e os queixumes?» (Adam Clarke, in loc.).

«Nosso primeiro impulso seria gastar parte desse aumento não merecido em algum luxo, depositando o resto em ações do governo, à espera do inevitável dia seco. O dinheiro é tão importante na satisfação de nossas necessidades imediatas, que não nos faz lem brar naturalm ente do fato qüe <. . .a vida de um hom em não consiste na a b u n d ân c ia dos bens que ele possui> (Luc. 12:15). Mas essa verdade jam ais será plenamente apreciada exceto naqueles pontos onde o dinheiro nada pode fazer por nós». (Wicks, in loc.).

τταντι και iv ττάσιν μεμυημαι και χορτάζασθαι και

perfeito, dando a entender: «Já fui iniciado nessa forma de contentamento, por experiências que têm exercido efeitos permanentes em mim». Portanto, «já aprendi o segredo», conforme a palavra usada nas religiões misteriosas indicava, dando a entender aqueles que se tornavam seus adeptos, a quem eram revelados os segredos das mesmas. Assim, pois, Paulo utiliza-se de um a metáfora tomada por empréstimo das religiões misteriosas a fim de ilustrar o que queria dizer. Essas religiões misteriosas salientavam uma disciplina superior, na qual apenas alguns poucos podiam ser iniciados, em bora q u a lq u e r pessoa pudesse p a r tic ip a r da ad o ração p ú b lica das m esm as. Vem os, pois, que Pau lo hav ia ad q u irid o um segredo, contentando-se com um nível de vida do qual poucos participavam; mas queria também que todos tivessem o mesmo contentamento, embora tal contentamento só possa resultar da disciplina espiritual, da inquirição espiritual intensa, que diminui o valor das coisas terrenas e aumenta o vaior das realidades espirituais. Portanto, os altos e baixos de sua vida física não afetavam o seu nível de espiritualidade.

'* ...em todas as circunstâncias...» Não particularmente «em todas as ocasiões», conforme dizem erroneamente algumas traduções, mas sob todas as circunstâncias, em qualquer estado físico de riqueza ou de pobreza que os dias nos possam trazer.

«...fartura ...» No grego é «chortadzo», na voz passiva neste ponto, que significa «estar cheio», palavra usada primariamente para indicar as rações e a engorda do gado. No trecho de Mat. 14:20, porém, é palavra usada para indicar a satisfação da fome da multidão; e Luc. 6:21 usa o termo para indicar a satisfação da fome espiritual.

«...fom e ...» Verbo derivado de «peina», que significa «fome». É vocábulo correlato de «penes», «pobretão», alguém forçado a labutar (no grego, «penomai») p a ra sobreviver fisicam en te . T ra ta -se do pobre que com freqüência padece fome, o que explica como, no grego, a palavra «fome» se deriva daí. Paulo se referia diretamente a essa parte de sua experiência, emII Cor. 11:27.

«...abundância...» A mesma palavra usada no princípio deste versículo. A lgum as vezes P au lo tin h a tu d o em excesso, m as o seu e sp írito não precisava disso a fim de prosperar. Quando um homem é espiritualmente miserável, somente o dinheiro conseguirá consolá-lo em sua miséria; mas isso é um a van tagem ex trem am ente duvidosa, em b o ra in ten sam en te buscada pelo mundo.

« ...e sca ssez ...» Vem do vocábulo básico «usteros», que quer d izer «atrasado», «ficar para trás», expressão popularmente usada para alguém que en trav a em d ificu ld ad es fin an ce ira s . E la é u sa d a p a ra in d ic a r a «deficiência material, em Luc. 15:14 e João 2:3. E também é empregada para falar da deficiência ou fraqueza moral e espiritual, nos trechos de Rom . 3:23; I C or. 8:8 e H eb. 13:15. T al como a lguns hom ens «ficam aquém» da glória de Deus, assim também Paulo, com freqüência, «ficou aquém» até mesmo de recursos financeiros adequados. No entanto, isso em nada prejudicou a sua expressão e o seu desenvolvimento espirituais.

É como se Paulo tivesse dito: «Sei por experiência própria, pois já fui iniciado nesse segredo, tendo-me tornado um mestre nessa arte de viver contente sob todas as circunstâncias». (Ver II Cor. 9:8). Paulo reconljecia ser bom e útil para o crente ter «toda a suficiência em tudo», a fim de que possa «abundar em toda a boa obra», porquanto as situações financeiras difíceis podem impedir-nos a obra cristã, e visto que, em certo sentido, a «falta de dinheiro é um a raiz de todos os males». No entanto, mesmo assim podemos ser vencedores, contanto que a nossa fé seja suficiente para tanto.

11 ούχ οτι καθ’ ύστερησιν4:11: Não digo isto por causa de necessidade, porque já aprendi a contentar-me com as circunstâncias em que me encontre.

É como se Paulo houvesse escrito: «Não estou falando em tom de queixa, inspirado pela m inha pobreza, como homem que se acha em desesperadora necessidade, porquanto já aprendi a estar contente em qualquer situação, tendo dinheiro ou não». No dizer de Vincent (in loc.): «...já aprendi o segredo de sentir-me auto-suficiente em qualquer condição». Por isso mesmo é que muitos anos antes, em seu ministério, Paulo foi capaz de dizer: «De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem vestes; vós mesmos sabeis que estas mãos serviram para o que me era necessário a mim e aos que estavam comigo» (Atos 20:33,34). Paulo trabalhava arduamente a fim de ganhar a vida, à parte de seu trabalho ministerial, a fim de que pudesse trabalhar desembaraçadamente no evangelho. (Ver o trecho de Atos 18:3, quanto a notas expositivas de sumário sobre essa questão. Essa mesma nota expõe o tema «A honradez dos ministros que trabalham». Ali também é discutida a natureza do ofício de Paulo, bem como o «valor do trabalho físico» para os ministros).

«...aprendi...» No original grego temos o aoristo, usado em um lugar onde se poderia esperar o perfeito. A idéia é: «Já aprendi, de um a vez por todas, através de m inha experiência; e essa ainda é a m inha opinião fixa».

«...em toda e qualquer situação...» Essas palavras representam uma in te rp re ta çã o , e não um a trad u ção , p o rq u a n to o o rig ina l grego diz simplesmente «...nos estados (em que) eu estou...» Alguns eruditos fazem essas palavras referirem-se às circunstâncias de sua «provação presente»; mas outros pensam em um a declaração mais geral, indicando qualquer situação em qualquer ocasião. E esta segunda opinião provavelmente é a mais correta, porquanto Paulo parece estar falando de uma lição aprendida através de muitas experiências, aplicável a todas as situações.

* ...co n ten te ...» No grego tem os o term o *autarkes», que significa «auto-suficiência», ou seja, «contentamento». Paulo empregou aqui um

12 olha και ταττεινονσθαι, οΐδα και ττερισσεύειν ivTreivâv, και περισσεΰειν και ύστερεΐσθαι.

4:12: Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como em passar fome; tanto em ter abundância, como em padecer necessidade.

*...humilhado...» é tradução do vocábulo grego «tapeinoo», palavra comum que significa «humilhar», «degradar», mas que, em discursos morais e religiosos com freqüência queria indicar «autodisciplina». Paulo emprega essa palavra, referindo-se a si próprio na questão de «humilhar» à sua própria pessoa, ao trabalhar com as próprias mãos para ganhar a vida, quando todos os apóstolos tinham o direito de receber ajuda financeira das igrejas locais.

Alguns elementos de Corinto supunham que a recusa de Paulo em viver do evangelho era degradante para ele. Mas em muitos outros sentidos o apóstolo dos gentios já aprendera a viver humildemente como homem pobre, sofrendo afrontas por causa de sua associação com Cristo e o seu evangelho. (Ver II Cor. 4:8). No trecho de II Cor. 11:27, Paulo menciona que algumas vezes experimentara fome e jejum, onde certamente se deve com preender que eram je ju n s fo rçados. S im plesm ente ele não tin h a dinheiro bastante, nessas oportunidades, para adquirir alimentos., Sua «humilhação», neste caso, mui provavelmente se refere particularmente ao seu estado financeiro, conforme o contexto da passagem indica, porquanto ele falava sobre a ajuda financeira que os filipenses lhe tinham enviado. Sem essas dádivas várias, por diversas vezes Paulo experimentou pobreza extrema; mas aprendera a suportar a tudo, continuando a servir a Cristo apesar disso. E noutras ocasiões fora reduzido à «nudez», ou seja, não tinha roupas suficientes, tão crítica se tornava a sua situação. Mas o fato que ele foi honrado mostra-nos, em contraposição a isso, que a sua humildade incluía também um tratam ento hum ilhante da parte dos homens, visto ter sido ap ris io n ad o e esp an cad o (ver II Cor. 11:23,24), como tam bém ridicularizado em outros sentidos, por causa de sua fé em Cristo.

As humilhações sofridas por Paulo podem ser confrontadas com as do Senhor Jesus (ver Fil. 2:5-8). Nessa passagem, Cristo é apontado como o exemplo da humildade m ental que nos deveria caracterizar, de modo que nenhum sacrifício fosse reputado grande demais para que completássemos com êxito a nossa missão cristã.

* ...h o n ra d o ...» No grego tem os o verbo «perisseo», que significa , literalmente, «extravasar», «ser excessivo»;, e a referência particular é novamente financeira, embora «honra» também possa ser aqui indicada. «Sei e s ta r a b a tid o , m as não esm agado; sei e s ta r em ab u n d ân c ia , sem exaltar-me». (Calvino, in loc. , que julgou acertadamente a atitude de Paulo). Quando Paulo visitava a Filemom (ver File. 22) ou a outros que tinham meios financeiros abundantes, não se mostrava contrário ao viver na abundância de bens materiais, durante o tempo em que os visitava.

A minha mente é para mim um reino,Tais são as alegrias que ali acho,Que excede todas as outras bênçãos Que a terra faz medrar por suas espécies:Embora muito eu queira o que a maioria tem,Minha mente me proibe cobiçá-las.

(Sir Edward Dyer)Um a vez mais encontramos a grande lição que a vida de um homem não

consiste da abundância das coisas que possui, conforme se aprende em Luc. 12:15.

« ...já tenho exp eriên c ia ...» No grego tem os a p a lav ra «mueo», que significa «iniciar», isto é, «iniciar nos mistérios». Podemos observar o

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67FILIPENSES

13 πάντα Ισχύω èv τώ ενδυναμοΰντί με. ι.η 2 Cor 1 2 .ίο: 2 Tm 4.17

4:13: Posso todas as coisas naquele que me fortalece.Comenta Scott (in loc.) a respeito dessas palavras: «Até este ponto Paulo

se utilizara da linguagem do estoicismo, e isso não foi por acidente. Até mesmo nos tempos antigos a semelhança entre o pensamento estóico e o p ensam en to p áu lin o foi n o tad a ; e essas sem elhanças têm su rg ido em número cada vez mais numeroso, à medida que a pesquisa m oderna vai avançando. A cidade nativa de Paulo, Tarso, era uma das principais sedes da filosofia estóica e é óbvio que ele fora atraído por muitos aspectos de seu ensinamento. Seu discurso em Atenas, conforme 0 registro do décimo sétimo capítulo do livro de Atos, foi inteiramente estóico, semelhante q u an to ao p en sam en to e à linguagem . T odavia, p o r debaixo dessa sem elhança superfic ia l h á u m a p ro fu n d a d iferen ça en tre P au lo e os estóicos, e a natureza dessa diferença transparece brilhantemente no presente versículo. Os estóicos m antinham que no homem, como fragmento que ele é da alma universal, existe um a força intrínseca que pode resistir e vencer todas as pressões externas. Já o apóstolo Paulo estava convicto que o hom em , p o r si m esm o, n a d a pode fazer, m as an tes, está em servidão desesperadora às maldades deste mundo. Por essa razão é que Deus enviara um Libertador; e todo o esforço humano deve ser fútil para sempre, a menos que contem os com 0 po d er de,C risto que nos a jude . P o r conseguin te, quando Paulo diz-nos aqui como já havia aprendido a contentar-se sob todas as condições de vida, sentindo-se auto-suficiente, ao mesmo tempo teve o cuidado de adicionar que não dependia inteiramente de si mesmo.Antes, tinha consciência da presença íntima de Cristo, o qual, a todo o tempo lhe supria as forças necessárias».

«.. .fortalece. . .» No original grego encontramos o vocábulo «enduamoo», o q ual sign ifica « in fund ir forças», com o sua idé ia b ásica . É p a lav ra empregada para indicar a força da fé (ver Rom. 4:20); também indica a força espiritual em geral que possuímos no «Senhor» (ver Efé. 6:10). Esse fortalecimento que nos vem da parte de Cristo, não apenas nos confere fo rças, m as tam bém tran sfo rm a nossos p ró p rio s seres p a ra que compartilhem de sua natureza, o que permite que nos tornemos mais fortes em nós m esm os, em bora isso se deva in te iram en te à sua g raça; não obstante, isso é um a verdade. É também desse modo que crescemos na «estatura» de Jesus Cristo. (Ver Éfé. 4:13).

«Ele (o apósto lo Pau lo) dec lara aqu i o seu poder un iversal, tão14 ττλήν καλώς ¿ποιήσατε συγκοινωνήσαντες μου τη θλίφει.4:14: Todavia fizestes bem em tomar parte na minha aflição.

Tudo quanto Paulo dissera acerca de sua «auto-suficiência» (ver o décimo primeiro versículo) e de sua atitude indiferente para com as coisas materiais (ver o décimo segundo versículo), e também de sua «iniciação» na vida de contentamento e de poder (ver novamente esses dois versículos), não foi dito para deixar entendida qualquer atitude de indiferença para com o ato de bondade dos crentes filipenses; antes, Paulo assegurou-lhes que a doação que tinham feito aliviaria parte de sua miséria presente. Embora ele estivesse livre das contingências terrenas e das inquirições terrenas comuns, não haveria ele de deixar de reconhecer a bondade deles, e nem haveria de ignorar qualquer expressão de amor, de onde quer que ela partisse.

«...fizestes bem...», palavras que também podem ser traduzidas por «agistes com nobreza». Paulo mostrou-se generoso aqui em seu louvor, não se contentando apenas em mencionar de passagem o que tinham feito, como se isso nada representasse. Antes, reconheceu ter sido um a ação bela e nobre, de acordo com as exigências do evangelho, como demonstração do amor cristão. (Quanto à expressão «fazer bem», ver também os trechos de Marc. 7:37; Luc. 6:27 e I Cor. 7:37).

«...associando-vos na minha tribulação...» Conforme diz Lightfoot (in loc.)·. «Compartilhastes com a m inha aflição». E Vincent (in loc.) diz:«Fizestes causa comum com as minhas aflições». Sim, os crentes filipenses sentiam «comunhão» com Paulo, em um a aflição comum. Sentiam a tensão da sitúação do apóstolo e fizeram 0 que estava ao alcance deles, como se eles mesmos estivessem afligidos. Essa é a indicação do verbo aqui usado,«sunkoinoneo», que quer dizer «associar-se com», «compartilhar», «ser sócio em». Na forma nominal, essa palavra era usada para indicar os «colegas obreiros» nas lides do evangelho. A queles c ren tes filipenses haviam demonstrado a regra da preocupação fraternal, a lei do amor, o princípio normativo da família de Deus. (Quanto a potas expositivas completas sobre esse tipo de «amor», ver os trechos de João 14:21 e 15:10).

Não há nenhuma apologia nessas palavras, conforme alguns estudiosos pensam erradamente, porquanto o apóstolo não havia repreendido àqueles crentes. Tão-somente havia posto em sua perspectiva apropriada a questão

. das riquezas materiais, ao mesmo tempo que se m ostrara agradecido por15 OtSare Se και ύμεϊς, Φ ιλιππήσιοι, δ τι èv άρχτ} τοΰ ευαγγελίου, δτε εζηλθον από

ούδεμία,μοι εκκλησία εκοινώνησεν εις λόγον Βόσεως και λήμφεω ς εΐ μή υμείς μόνοι-15 2 Cor 11.9 1 5 ie] om 6g pc

4:15: Também vós sabeis, ó filipenses, que, no principio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo no sentido de dar e de receber, senão vós somente;

O verbo «.. .sabeis. ..» exibe um apelo do apóstolo ao conhecimento que os crentes de Filipos tinham do fato que somente eles vinham contribuindo com o apóstolo dos gentios, financeiramente falando. Mas isso não visou d e ixar as dem ais co m unidades c ris tã s em posição desfavorável, m as simplesmente serviu para enfatizar a posição ímpar dos crentes filipenses sobre aquela questão, a qual fazia parte do louvor que Paulo lhes faz, sem com isso querer diminuir a qualquer outra igreja local cristã. Essa questão de conhecimento, no que tange à ajuda financeira, tem por intuito incluir o u tras ações p a ssad as de benevolência, e não ap enas a ação p resen te daqueles crentes. As palavras «...também vós...» significam que, além do apóstolo dos gentios, os próprios crentes filipenses tinham «conhecimento»

1 3 με] add Χριστώ (G )K L P pl Or ς

triunfalmente, e, no entanto, com quanta humildade!» (Meyer, in loc.).Mediante tal ênfase, Paulo nào somente nos conta um a grande verdade

sobre a fonte do po d er nessa in q u irição e sp ir itu a l, m as tam bém resg u ard a -se c o n tra a possível in ferên c ia de que ele se u fan av a em si mesmo, como se não precisasse de coisa alguma e de ninguém mais.

«...tudo...» Certamente essa palavra inclui todas as questões relativas às coisas físicas, ainda que a declaração seja universal, envolvendo toda a inquirição espiritual da vida.

«...naquele...» Algumas versões suprem a palavra «Cristo», para maior clareza, porquanto é óbvio que Paulo encontrava toda a força espiritual em Cristo. A respeito disso, consideremos os três pontos seguintes: 1. A idéia pode ser «instrumental», indicando que havia no caso de Paulo a instilação ativa do poder de Cristo. 2. Ou podia esse poder vir através da comunhão e da união com ele, mediante o contacto místico. 3. E é mediante a associação com Cristo que essa força nos é dada.

A força do apóstolo dos gentios residia em sua «união viva e identificação com Cristo», o qual era o seu poder (Faucett, in loc. , referindo-se a Gál. 2:20). (Quanto a outros versículos que subentendem que toda a força espiritual pode ser encontrada exclusivamente em Cristo, ou em Deus Pai, ver Efé. 6:10; II Cor- 12:9; Atos 9:22; Rom. 4:20; I Tim. 1:12; II Tim. 2:1 e 4:17).

«Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações...» (M at. 28:18,19). Se um crente tiver fé b a s ta n te , isto é, se en treg ar-se de a lm a aos cu idados de C risto , com profundeza suficiente, tam bém poderá fazer as obras que Cristo fez, e maiores ainda, conforme a promessa que nos fez o próprio Senhor Jesus, em João 14:12.

Soldados de Cristo, levantai-vos E ponde a vossa armadura,Fortes na força que Deus supre Por meio de seu Filho eterno;Fortes no Senhor dos exércitos,E em seu grandioso poder,Pois quem confia na força de Jesus Ê mais do que vencedor.

(Charles Wesley)

tudo quanto Deus dá, o que é uma atitude cristã típica. Ao mesmo tempo, Paulo reconhecia que Deus usa instrumentos em suas bênçãos, e esses instrumentos merecem o crédito que lhes cabe.

«Essa simpatia, por parte dos crentes filipenses com os sofrimentos representativos de Cristo e de sua causa, é a própria característica de caráter que o Juiz seleciona para ser elogiada no último dia. (Ver Mat. 25:25 e ss.)». (Hackett, no Comentário de Lange).

A importância de nossas doações não pode ser superestimada. Esse é o sinal da verdadeira religiosidade, porquanto se origina em um coração amoroso, que foi tornado tal por operação do Espírito Santo (ver Gál. 5:22), e, por isso mesmo, é sinal de crescimento e m aturidade espirituais. (Ver o trech o de A tos 3:2 e as n o tas expositivas .ali ex is ten tes , ace rca da «importância das esmolas», pois apesar desse não ser o tema diretamente aqui abordado, contudo, juntam ente com outras dádivas gentis, ilustra a disposição do amor cristão, que realmente consiste da participação no amor cirstão e no desenvolvimento espiritual).

As ofertas às missões deveriam ser encaradas sob esse prisma; e é uma a firm ativ a geral v e rd ad e ira que quan d o D eus tom a con ta de nossos corações, também conquista nosso bolso. Aqueles que assim contribuem «fazem bem»; e nenhuma dádiva dessa natureza deixará de ser reconhecida e recompensada por Deus, porquanto até mesmo um copo de água fria, dado em seu nome, não deixará de receber galardão, segundo se aprende em M at. 10:42. P au lo m uito se a legrou ao receb er aq u ela dád iva dos filipenses, porque isso servia de prova do amor Cristão deles. E isso lhe era mais importante do que a própria dádiva.

«...tribulação...» No original grego temos o vocábulo «thlipsis», palavra que usualmente significava «sofrimento», «aflição», «perseguição» de qualquer forma; derivava-se de «thlibo», que quer dizer «pressionar», «restringir», «oprimir». Mui provavelmente Paulo sofreu pressões tanto financeiras quanto mentais, o que servia tão-somente para aum entar ainda mais suas aflições; e por essa razão, aquela demonstração de simpatia da parte dos crentes filipenses muito o ajudou naquele momento, em mais de um sentido.

Μακεδονίας,

desse fato.«...ó filipenses...» Usualmente o apóstolo dos gentios não se dirigia a seus

leitores originais, chamando-os pelo nome. Mas outros exemplos dessa prática que aqui vemos aparecem em II Cor. 6:11 e Gál. 3:1. Isso acrescenta certo toque pessoal às palavras de Paulo, expressando sua afeição profunda e intensa. Sabe-se bem que o uso do nome de alguém é agradável para a pessoa assim cham ada, e isso muito aumenta o interesse pessoal no diálogo.

«...no início do evangelho...» Os versículos que se seguem mostram-nos que Paulo indicava «a primeira vez em que o evangelho fora pregado na Macedônia», isto é, o «início do ministério do evangelho» naquela região. Paulo faz aqui alusão ao dinheiro que eles lhe tinham enviado mais ou menos ao tempo de sua partida da Macedônia. (Ver Atos 17:14). Contudo, alguns estudiosos supõem que essa expressão não indica algum ponto do tempo, mas de «importância», como se para Paulo o evangelho então tivesse

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FILIPENSES68filipenses tinham recebido realidades espirituais e haviam dado coisas materiais.

2. Ou o lado devedor talvez esteja em branco nessa conta corrente, do lado dos crentes filipenses, ao passo que o lado «credor» estivesse vago do lado do apóstolo, embora tudo ainda fosse uma questão de «dar e receber». No dizer de Vincent (in loc.)׳. «A dádiva dos filipenses e o recebimento por parte de Paulo formam os' dois lados da conta corrente».

3. Naturalmente, não há aqui qualquer indicação de «dádiva mútua», como se Pau lo houvesse enviado dádivas em d inheiro p a ra o trab a lh o evangelístico em Filipos.

4. Mui provavelmente, nada de especial e particular está em foco, com o uso dessa expressão, quanto a quem teria dado e quem teria recebido, ou quanto ao que teria sido dado; mas está em pauta apenas a idéia bem geral de alguma forma de transação financeira entre Paulo e os filipenses, o que provocou o uso de uma terminologia financeira.

«...igreja...» (Quanto a notas expositivas completas sobre a «igreja», em seu aspecto universal e local, ver o trecho de Efé. 3:10).

«...unicamente vós outros...» Neste ponto Paulo se refere a doações voluntárias, que podem ser incluídas ou separadas da remuneração que os ministros do evangelho merecem. Sobre essa questão, ver os trechos de I Cor. 9:6-18; II Cor. 11:7-10 e I Tes. 2:9. D ar «ofertas», em adição ao que era requerido (o dízimo), é algo firmemente baseado nos preceitos do antigo pacto. Naturalmente, Paulo em parte alguma ensina que se pague o dízimo; m as a experiênc ia m ostra-nos que essa é um a q u a n tia p rá tica , nad a havendo, em todo o N.T., contrário a essa prática, embora não existam ali ensinamentos específicos que o recomendem. Não há que duvidar que os crentes filipenses sustentavam seus ministros locais. Mas, além disso, davam ofertas a Paulo, para a sua missão no estrangeiro, que para eles importava em autêntico sacrifício. Isso serve de bom exemplo para a igreja cristã de qualquer época. Um crente sincero contribuirá com pelo menos a décima parte do que ele ganha, para o trabalho do evangelho; e talvez mais ainda. Nossa preocupação não deve ser quão pouco podemos dar, a fim de cumprir uma «obrigação», mas antes, quanto podemos dar, ainda que isso envolva em sacrifício, para garantir a abundância do sucesso no trabalho. (Q u an to à ocasião h istó rica em que foi d ad a a o fe rta aqu i a lu d id a , comparar Atos 17:14 e 18:5 com II Cor. 11:9. Evidentemente, quando da primeira viagem de Paulo à Europa, a caminho de Corinto, ao passar por Atenas, depois que ele partira de Filipos, o apóstolo recebeu a companhia de Silvano e Timóteo, os quais, mui provavelmente, foram aqueles que lhe trouxeram a dádiva dos crentes filipenses).

começado realmente a prosperar, na ■missão européia, embora ele ainda estivesse em meio à sua carreira, no tocante ao tempo. Assim pensa também L ightfoot (in loc.): «A fé de C risto , por assim dizer, tivera um novo começo». Mas isso é ornar desnecessariamente e complicar demais o sentido simples das palavras de Paulo. O décimo sexto versículo menciona uma dádiva anterior àquela que é aqui mencionada, quando Paulo ainda se encontrava em Tessalônica. É perfeitamente possível que tenha havido o u tras o fertas sem elhan tes, que não são aqu i a lu d id as. No presen te versículo, pois, Paulo se refere a uma ocasião cerca de dez anos antes de haver ele escrito estas palavras.

«...Macedônia...» (Quanto a notas expositivas completas sobre essa província, ver Atos 16:9. Quanto a «Filipos», cidade pertencente àquela província, ver Atos 16:12). Paulo costumava referir-se, em suas cartas, a d is trito s ou p rov íncias por onde p assa ra em suas viagens, ao invés de mencionar cidades. (Comparar isso com os trechos de Rom. 16:5; I Cor. 16:15; II Cor. 2:13; 7:5; 8:1 9:2).

«...se associou comigo...» No original grego temos o verbo «koinoneo», que significa «compartilhar», «fazer parte», «participar», «contribuir com uma porção». Nenhuma outra comunidade cristã, exceto a de Filipos, se associara a Paulo no tocante a participar de sua conta de débito e crédito. Nenhuma outra igreja cristã local entrara em «sociedade» com ele nesse particular. Somente os crentes filipenses se tinham tornado seus sócios no evangelho, enquanto ele se encontrava distante deles, compartilhando de seu trabalho; e isso através de meios financeiros.

«...dar e receber...» Paulo emprega aqui a terminologia das finanças, talvez de modo brincalhão, ou seja, «crédito» e «débito». No décimo sétimo versículo ele usa a expressão «...vosso c réd ito ...» , dando assim prosseguimento à metáfora mercantil. Conforme comenta Robertson (in loc.): «Paulo não precisava manter conta corrente com nenhuma outra igreja local, embora, mais tarde, Tessalônica e Beréia se tenham unido àquele em apoio ao trabalho de Paulo em Corinto (ver II Cor. 11:8 e ss.)».

Depois disso, várias outras igrejas locais gentílicas contribuíram para a oferta que foi enviada aos santos pobres de Jerusalém; mas isso não foi uma dádiva pessoal a Paulo. (Ver Rom. 15:25 sobre essa questão, bem como notas expositivas adicionais em II Cor. 9:2, acerca das áreas específicas que participaram dessa citada coleta).

Os intérpretes têm elaborado sobre a metáfora mercantil, vendo nela os significados possíveis seguintes:

1. Talvez Paulo se estivesse referindo a uma conta de «dois lados»: Paulolhes dera realidades espirituais e recebera coisas materiais; os crentes 16 ότι και εν Θεσσαλονίκη καί απαζ καί δις εις την χρείαν μοι2 επεμφατε.

2 16 {Cj ets την χ ρ ε ία ν μοι Μ Β ί > Γ Κ Ψ 33 88 181 1739 1877 1881 2127 \ /2Μ’ sv rh g״ th e th // την χρε ία ν μου I> r* arm A m ljm sia^ter A ugustine //2495 B yz Lect It/"'1 '׳1‘־'-׳׳"'' ' “ í 7 ׳1׳ '' vg // eis τη ν χρε ία ν μου D c P 614 629 63C '׳ μοι £ls την χρε ία ν μου (syri'i ׳׳ο ׳׳ 11'!; | iu unuin m ihi [tz* // in m'cesxitatem1962 1984 1985 // τη ν χρε ία ν μοι ρ“ Α 81 104 326 330 436 451 1241 2492 | m m m rrl m to m mti* it»

A preposição eis não figura em vários testem unhos, inclu indo P (46) A D (gr*) 81 330 451 1241 2492 sir (h) gót etí; parece ter sido om itida ou acidentalm ente, após ôis ( Ài c e i c ) ou deliberadam ente, a fim de prover um objeto direto para o verbo εττέμφατε. O genitivo μου (D P 614 630 al) é um a substituição escribal para o dativo, μοι m enos usual e m uito m elhorapoiado. As form as do copta e do it (g) parecem ser traduções exageradas do grego. A form a in unum m ihi (vg (ms)) pode serum a confusa rem iniscência de Luc. 10:42.4:16: porque estando eu ainda em Tessalônica, não uma só vez, mas duas, mandastes suprir-me as necessidades.

A gora Paulo se lem b ra de duas o u tras ocasiões, an te rio res, em que recebera dinheiro da parte dos crentes filipenses. Após a sua primeira visita a Filipos, Paulo se dirigiu diretamente a Tessalônica, um porto de mar da Macedônia, evidentemente tendo ficado em dificuldades financeiras de alguma sorte, sobre o que o livro de Atos nada nos informa. Mas os crentes filipenses o ajudaram naquele momento de crise; e assim o seu trabalho pôde continuar. Paulo lhes devia grande gratidão, portanto; e aqui tece apreciações sobre o espírito fraternal que haviam demonstrado, até mesmo m ais que sobre a p ró p ria a ju d a f in an ce ira , p o rq u an to aq u ela a titu d e amorosa era evidência de que Cristo operava neles, tornando-os segundo a sua própria imagem.

Em Tessalônica, Paulo viveu principalmente através do seu próprio labor manual (ver I Tes. 2:9 e II Tes. 3:8). Mas talvez tenha havido alguma suavização dessa situação, ou talvez ele não ganhasse o bastante para viver decentemente. Porém, os crentes filipenses se prontificaram a ajudá-lo n aq u ela questão , a fim de que ele pudesse co n tin u a r devotado ao seu17 ούχ οτι επ ιζητώ το δόμα, άλλα επ ιζητώ τον καρπόν τον πλεονάζοντα ε ’ις λόγον υμών

17 εττιζ'ητω τό ν .,.ύ μ ω ν 1 Cor 9.11

4:17: Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que cresça para a vossa conta.Paulo reitera aqui o seu desinteresse pelas coisas materiais, conforme se

vê nos versículos onze a treze deste capítulo, pela primeira vez. Porém, apesar de declarar-se assim desinteressado, reconheceu que o que os crentes filipenses tinham feito era uma coisa boa, em favor de um seu irmão na fé; e ele pôde apreciar como tal a ação. E aqui declara que isso seria lançado no «crédito» deles, ou seja, receberiam a recompensa da parte do Senhor.Haveriam de ganhar uma bênção por terem dado, sendo isso um resultado natural da lei da colheita de conformidade com a semeadura, conforme se aprende no trecho de Gál. 6:7,8, onde o leitor pode examinar as respectivas notas expositivas.

«...que eu procure...» No tempo presente, no original grego, a fim de assinalar uma ação habitual do apóstolo. Paulo não cobiçava o dinheiro de quem quer que fosse (ver Atos 20:33), mas labutava com as suas próprias mãos a fim de suprir as suas necessidades pessoais.

«...donativo...» No grego temos o vocábulo «doma», usado somente aqui e em Efé. 4:8, em todo o N.T. Paulo não procurava tal ·donativo, e nem

trabalho de evangelismo; e isso, afinal de contas, é o motivo mesmo pelo qual co n tribu ím os p a ra os obre iros c ris tão s. E ssas con tribu ições liberam-nos para o trabalho do evangelho.

Em confronto com a cronologia do livro de Atos, Paulo se refere aqui a eventos registrados no décimo sétimo capítulo desse citado livro. Mais tarde, quando estava ele a caminho de Corinto (ver o décimo oitavo capítulo do livro de Atos), Paulo recebeu novamente dádivas, trazidas por Timóteo e Silas (aquelas mencionadas no décimo quinto versículo deste capítulo). Ambas as instâncias representam estágios de sua «partida da Macedônia», em que a primeira dessas instâncias ocorreu antes de haver ele realmente abandonado esse território.

Variante Textual: Os mss P(46), A e D(l) omitem a palavra «eis» e fazem de «chreian» o objeto do verbo «enviar», o que faz com que este versículo diga: «...enviastes ‘minha falta (isto é, o dinheiro)׳ para mim...» Essa variante é antiga , sendo apoiada por algum as versões; mas é varian te secundária, provavelmente criada por acidente, ou devida a uma variação leve, como paráfrase, do presente texto.

qualquer outra forma de dádiva, mas estava antes interessado no «fruto espiritual», produzido pelas vidas de seus convertidos. Paulo reitera aqui o verbo «procurar», p a ra da r m aior força à sua asseveração. E le não procurava uma coisa, mas procurava a outra (embora nossa versão, na segunda ocorrência desse verbo, traduza-o por «...o que realmente me interessa...»).

« ...fr u to . . .» E ssa p a lav ra e ra freq ü en tem en te u sa d a p a ra in d ica r o «incremento» produzido pelo dinheiro aplicado. Portanto, Paulo continuava empregando a metáfora mercantil, iniciada no versículo décimo quinto deste capítulo. Os crentes filipenses poderiam estar certos de que tinham feito um excelente investimento, porquanto o Senhor da ceifa, que mantém o reg is tro de todas as con tas co rren tes , p ro v id en c ia ria p a ra que não somente outras almas fossem trazidas aos pés de Cristo, através daquele donativo, mas também que os próprios doadores seriam enriquecidos, depois de terem tido suas almas salvas do julgamento, assim aumentando a glória de Cristo, que é o Salvador. O galardão da parte do Senhor está aqui em foco. (Ver o trecho de II Cor. 5:10 quanto a notas expositivas sobre o

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Senhor assinalou o aumento correspondente ao crédito deles, nos livros de contabilidade dos céus. A recompensa ainda será futura, eterna; mas não há que duvidar que também alguma coisa lhes seria dada até mesmo nesta vida terrena, por haverem sido generosos para com alguém. Isso se dá com todos q u an to s se m ostram generosos, so b re tu d o com os m in istro s e missionários do evangelho. Os que assim agirem estarão aumentando o seu crédito, o seu investimento. Poderão fazer retiradas agora, desse crédito, mas, no «dia de Cristo», todas as contas serão acertadas. Paulo promete a Cristo um a grande vantagem nessa questão, por causa do serviço fiel que lhe tinham prestado; e isso é que realmente o interessava, por ser ele um bom pastor, interessado no bem-estar eterno de suas ovelhas.

O sentimento deste versículo pode ser comparado com o trecho de Pro. 19:17, que diz: «Quem se compadece do pobre ao Senhor empresta, e este lhe paga o seu benefício».

Paulo ansiava por livrar-se da possibilidade de ser acusado de desejar receber sempre donativos, ao mesmo tempo que situava na sua respectiva apropriada a questão inteira das doações cristãs. Conforme comenta Adam Clarke (in loc.)׳. «Não vos falo assim para incitar-vos a enviar-me mais donativos; mas falo acerca do tema em geral, porque quero que produzais tal fruto que seja lançado em vossa conta no dia do Senhor».

παρά ,Επαφροδίτου τα παρ' υμών,Ϊ 8 ο σ μ ή ν εύωδίας Gn 8.21: Ex 29.18: Eze 20.41

incidentes bíblicos podem ser relembrados como ilustração desse tipo de sacrifício. Com perigo de perderem a própria vida, alguns dos homens de Davi foram-lhe buscar um pouco de água, quando ele se sentiu sedento; e essa água tornou-se tão preciosa para que fosse apenas bebida, que ele a derramou como libação a Deus. Essa água fora tirada dos mananciais de Belém, lugar onde o Salvador nasceria mil anos mais tarde. (V erlIS am . 23:16). Também temos a ilustração do oferecimento feito por M aria de Betânia, o caríssimo unguento, uma fragrância que encheu a casa inteira. (Ver João 12:3).

«....aceitável e aprazível...» Estas palavras podem ser comparadas com a linguagem de Rom. 12:2, que também falam de nosso sacrifício do próprio «eu» a Jesus Cristo, como algo «aceitável», «bom» e «perfeito». O primeiro dos adjetivos aqui empregado é «dektos», que significa «aceitável», «bem acolhido», «recebido favoravelmente». Trata-âe da única ocorrência desse termo nos escritos paulinos, excetuando o trecho de II Cor. 6:2. No restante do N.T. é encontrado apenas em Luc. 4:24, onde se lê que um profeta não é «aceito» em sua própria terra; em Atos 10:35, onde se aprende que Deus acolhe homens de todas as nações, contanto que o teinam e façam o que é justo a seus olhos. Em II Cor. 6:2 se lê sobre o «ten/ρο aceitável» de se buscar a Deus.

O outro adjetivo que aqui aparece é «euarestos», palavra comum que significava «agradável», de uso freqüente nas epístolas aos Romanos e aos Hebreus. (Ver Rom. 12:1, acerca de nossa dedicação a Cristo; ver Rom. 14:18, acerca daqueles que são «aprovados», por terem o cuidado de não ofender a algum irmão, os quais servem ao reino de Deus com retidão e paz, com alegria no Espírito Santo. Ver igualmente II Cor. 5:9. Nosso labor em prol de Cristo visa sermos «aceitos» por Cristo, tanto agora como quando do nosso julgamento. (Ver Efé. 5:10 e Heb. 13:21).

«...a Deus...», como um a oferenda apresentada ao Senhor, recebida e aprovada por ele. Na passagem de I Ped. 2:5, os crentes são apresentados como «sacerdócio santo», que oferecem «...sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo». No dizer de Braune (in loc.)’. «Cada dád iva e ação de am or deveriam ser rep u ta d o s com o um a o fe rta de agradecimento a Deus; pois por isso é que se tornam aceitáveis e agradáveis a ele.»

«Ai da nossa indolência!—a qual transparece nisto, que enquanto Deus nos convida com tanta bondade, para a honra do sacerdócio, e até mesmo deposita sacrifícios em nossas mãos, não obstante, nós mesmos não nos sacrificamos a ele; e aquelas coisas que foram separadas como oblações sag rad as, não ap en as desviam os p a ra usos p ro fan o s , m as tam b ém as desperdiçamos iniquamente nas contaminações mais poluídas. Pois os altares, onde os sacrifícios dos nossos recursos deveriam ser apresentados, são deficientes e pobres servos de Cristo. Negligenciando essas coisas importantes, alguns de nós dilapidam os seus recursos em toda a forma de luxo, ao passo que outros nos prazeres dà mesa, outros ainda em vestes sem modéstia, e ainda outros em mansões suntuosas». (Calvino, in loc.).

« ...fa z e r o bem e c o m p a rtilh a r do que tem os com os ou tro s, (são) sacrifícios com os quais Deus se agrada». (Ver Heb. 13:16).

κατά. το πλούτος αντον εν δό$Ύ) εν Χ ρ ιστώ Ί ύ¡σου.

filipenses poderiam esperar com uma esperança bem fundada, de que haveriam de prosperar extraordinariamente, por terem sido tão generosos com o seu dinheiro para a causa do evangelho.

«...em glória...» Essas palavras têm sido compreendidas de diversas maneiras:

1. Alguns pensam que estaria em foco o m undo de cumprimento, ou seja, o Senhor supriria todas as necessidades dos crentes filipenses de m aneira «gloriosa»; e assim a glória de Deus séria revelada mediante o suprimento abundante, porquanto, nesta explicação de Paulo, a glória é vinculada ao «suprimento».

2. Outros compreendem a palavra «en» como instrumental, traduzindo a frase na forma «com glória». Em outras palavras, Deus daria glória aos crentes filipenses. E alguns intérpretes compreendem isso como um a alusão

«tribunal de Cristo»; e ver I Cor. 3:8,14, onde também são discutidos os «galardões» que serão conferidos aos crentes). Os crentes filipenses seriam enriquecidos eternamente em troca de um serviço temporal que haviam emprestado, feito mediante o impulso do Espírito Santo.

« ...a u m e n te ...» No grego, «pleonadzo», que quer d izer «abundar» , «tornar-se mais», «estar presente em abundância». O investimento dos filipenses produziria ·dividendos abundantes, enriquecendo-os espiritual­mente. (Ver outros usos dessa palavra em Rom. 5:20; 6:1; II Cor. 4:15 e II Tes. 1:3). A ênfase recai sobre a idéia de abundância. É como se Paulo estivesse dizendo: «Não quero o capital, e, sim, os juros; e isso para ser lançado em vossa conta, e não na minha». (Scott, in loc.). Por essa mesma razão é que o Senhor Jesus disse: «Mais bem-aventurado é dar que receber» (A tos 20:35). E essa é a m aio r das razões po r que assim são as coisas, embora não se trate da única razão. Nenhuma dádiva, conferida com sinceridade de coração, poderá jam ais perder-se. Deve trazer com isso suas recompensas. Ora, tudo isso serve de grande motivo para contribuirmos financeiramente para o trabalho do evangelho, particularmente para as missões no estrangeiro.

«...vosso crédito...» Tem continuação, com essas palavras, a metáfora m ercan til. Os c ren tes filipenses são p in tad o s com o quem tem u m a conta corrente com o Senhor; mas, tendo feito um donativo a Paulo, o18 άπεχω 8è πάντα καί περισσεύω- πεπλήρω μαι

οσμήν ευωδίας, θυσίαν δεκτήν, εύάρεστον1 8 Se£a/ievoî] praem Se |) 4β

4:18: Mas tenho tudo; tenho-o até em abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus.

Epafrodito fora fiel em sua missão, evidentemente tendo adoecido ao longo do caminho, ou depois de sua chegada; mas mesmo assim conseguira cumpri-la. (Ver Fil. 2:25-30). No vigésimo quinto versículo do segundo capítulo desta epístola há notas expositivas a respeito de «Epafrodito».

«...Recebi tudo...» O grego original, «apecho», aqui usado, tem sido encontrado em vários papiros encontrados no Egito, em recibos, para in d ic a r «pagam ento to tal» . P o rta n to , _parece que aq u i Pau lo dá prosseguimento à sua metáfora mercantil. E como se ele houvesse escrito: «Vós me pagastes tudo quanto me devíeis». A substância real do donativo deles era a simpatia e o amor fraternal; e isso servia de oferta especialmente fragrante a Deus; porquanto aquele que dessa m aneira serve a seus irmãos na fé, serve a Deus. Amamos a Deus por meio de outros homens, sendo essa a m aneira pela qual todos os homens possam demonstrar amor a Deus. Dessa forma, pois, Paulo assegurou-lhes que não buscava donativos da parte dos crentes filipenses, mas antes, a vantagem espiritual deles nessas dádivas; e reforçou essa idéia dizendo que eles tinham «pago tudo», não necessitando enviar mais qualquer donativo.

«...tenho abundância...» N ovam enteéusado o termo «perisseo», que quer dizer «ter em excesso», «extravasar», assinalando o fato que os crentes filipenses lhe tinham enviado uma oferta generosa, e não suficiente apenas p a ra sa tis fazer a lgum as de suas necessidades. A quele que sem eia em abundância, também colherá em abundância; e aquele que semeia com parcimônia, também colherá com parcimônia. (Ver II Cor. 9:6).

«...estou suprido...» No original grego é «pleroo», que significa «tornar cheio», na voz passiva, ou «ficar cheio». Não havia mais necessidade de lhe serem enviados donativos. Isso salienta, um a vez mais a abundância da oferta, servindo-nos de lição sobre como devemos contribuir para a causa cristã. Paulo também indicava, com essa palavra, a sua «satisfação íntima»; mas parece bem certo que ele se referia ao donativo dos crentes filipenses como abundante. Essa segunda palavra, pois, reitera e intensifica aquela anterior: «Recebi tudo, e tenho abundância...»

«...aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus...» Trata-se de um á expressão comum no A .T., referindo-se aos sacrifícios aceitáveis aos olhos do Senhor Deus. O aroma das ofertas queimadas é aqui pintado como algo que ascende até aos céus, onde Deus se encontra; o Senhor sente tal aroma, fica agradado pelo que tem sido feito em sua honra. O incenso de aroma suave também era oferecido naquelas ocasiões, aumentando o odor agradável. Naturalmente, as culturas pagãs se utilizavam de práticas similares, pensando que os deuses sentiam, literalmente, o odor de seus sacrifícios, e ficavam satisfeitos. (Ver o uso dessa expressão nos trechos de Gên. 8:21; Lev. 1:9,13,17. Quanto a trechos do N.T. que falam sobre isso, ver II Cor. 2:15,16 e Efé. 5:2).

O donativo qué os filipenses deram a Paulo fora um «sacrifício» para eles, porquanto tinham dado de sua pobreza, em um ato de autonegação, pois os seus corações haviam sido tangidos a isso pelo amor de Cristo. Dois

19 ó δε θεός μου πληρώ σει πάσαν χρείαν υμώνig πληρωσίΐ] -σαι D*G<1׳ ÓQ1/39 prn latC

4:19: Meu Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as suas riquezas na glória em Cristo Jesus.

« ...o m eu D e u s ... » O p ró p rio D eus é aquele que reco m p en sará aos dadivosos; e bastaria isso para assegurar-nos um galardão abundante e ju s to , p o rq u a n to a recom pensa devida jam a is p o d e rá ser o lv idada ou negligenciada pelo Senhor. Paulo não podia recompensar pessoalmente aos crentes filipenses, mas o seu Senhor podia, pois Cristo é quem se torna o fiador de todas essas dívidas.

«...segundo a sua riqueza em glória...» Visto que o suprimento consiste das «riquezas divinas», certamente procedem de um tesouro «infinito». Os crentes filipenses deram de sua pobreza, como um sacrifício, e estavam limitados acerca de quando e quanto poderiam dar. Com Deus, entretanto, não há tais limitações. Se o apóstolo Paulo ficou repleto de bens materiais, através do donativo dos filipenses (ver o décimo oitavo versículo), então os

δεζάμενος τώ θεώ.

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FILIPENSES70seu próprio ser glorioso, bem como dos tesouros celestes. Seja como for, essa é a verdade da questão, sem importar o que está especificamente em pauta, nesta passagem. Podemos comparar esta expressão com o que se lê em Rom. 8:21 e Efé. 1:18, isto é, «as riquezas da glória» (onde, no grego original, se vê o genitivo, e não o dativo). E nisso se deve ver um a alusão à «parousia» e ao reino messiânico, embora também esteja em mira um suprimento para as necessidades presentes. (Ver igualmente a expressão «riquezas de sua graça», em Efé. 1:7). ־

«...em Cristo Jesus...» Se no original grego tivermos o locativo, então «Cristo» é a esfera da com unhão aqu i a lu d id a ; m as, se tiverm os a li o instrumental—no qual caso deveríamos traduzir «por Cristo Jesus»—, então se deveria pensar que essas bênçãos nos são dadas por intermédio dele, porquanto o temos como nosso Senhor. Alguns estudiosos vêem nisso o fortalecimento do sentido escatológico da expressão anterior. Cristo é aqui assinalado como a base de todas as bênçãos celestiais, tal como temos em Efé. 1:3, além de várias outras referências do mesmo primeiro capítulo da epístola aos Efésios. Por estarem «em Cristo» (ou seja), em «comunhão mística» com ele, ver I Cor. 1:4,. é que os crentes recebem o suprimento abundante de todas as bênçãos, por intermédio dele.

Naturalmente, o presente versículo é motivo de profundo consolo para todos nós, mais ou menos semelhante àquele em que Davi declara: «Fui moço, e agora já sou velho, porém, jam ais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão» (Sal. 37:25). Porém, se por um lado é verdade que Deus cuida daqueles que pertencem a Cristo, notemos que o abundante suprimento prometido aqui é oferecido aos que contribuem generosamente para a causa das missões evangelizadoras. Como aplicação prática, podemos ter a certeza que essa promessa envolve igualmente aqueles que contribuem financeiramente para sustento do ministério cristão em qualquer lugar.

série in fin ita de ta is ciclos é que com põe a e te rn id ad e . (V er a m esm a doxologia, embora em forma mais elaborada, em Rom. 11:36, onde os pensamentos da mesma são comentados).

A passagem de Efé. 3:21 encerra um a doxologia idêntica a esta, exceto que ali fica adicionado que essa glória se manifesta no seio da igreja, por meio de Cristo Jesus. Glória significa aqui o «louvor» dado pelos lábios e pela conduta diária. Deus é quem receberá tal louvor, os crentes serão um louvor para Deus, aumentando o seu bem-estar' e a sua glória. Deus será exaltado mediante as vidas dos seus filhos que estão sendo conduzidos à glória, tanto através de suas palavras como através de suas ações. Esses redundam em «louvor vivo» para ele. Dizer que tudo redunda na «glória de Deus» é a mesma coisa que afirmar que, de alguma maneira, o bem deverá ser o fim de todo o m al, p o rq u a n to n ad a vive ou m orre em vão. Pelo contrário, quando todas as obras de Deus estiverem cumpridas, o Senhor nada jogará fora, como se fosse refugo lançado no vazio, pois Deus tem prazer em salvar, e não em destruir. Por essas razões, e em face de toda a granae mensagem do evangelho de Cristo, que a glória eterna seja atribuída a Deus!

«Deus, o vosso Pai, é infinito nas riquezas de sua graça e de sua glória, e de sua abundância é que todos nós temos recebido, bem como graça sobre g raça . Por conseguinte,, a D eus, nosso P a i, seja a g ló ria p a ra todo o sempre!» (Adam Clarke, in loc.).

«...visando o suprimento de cada necessidade, temporal ou espiritual, posto que todo o dom perfeito vem da parte dele, devendo tudo ser atribuído à sua livre-graça e jam ais a qualquer merecimento humano». (John Gill, in loc.).

velada à «parousia» ou segundo advento de Cristo. Quando da vinda de Cristo, os doadores fiéis seriam galardoados com glória, recebendo glória, bênção e louvor da parte do Senhor. Conforme esta e as interpretações que se seguem, a palavra «glória» está vinculada a «riquezas». Por isso é que Lightfoot(in loc.) comentou: «(Isso Deus fará) pondo-vos na glória», isto é, naquele estado de glória que haverá quando da segunda vinda de Cristo.Embora Paulo visse esse retorno como bem próximo, a sua alusão, no presente versículo, ainda que vise especificamente a «parousia», deve incluir todo o período de tempo que se passe até chegar aquele evento. Assim, pois, até mesmo agora os doadores fiéis têm suas necessidades abundantemente supridas.

3. Ainda outros compreendem que devemos pensar aqui em «riquezas na glória», como se o termo «glória» se referisse às glórias celestes, às glórias da habitação de Deus. Em consonância com o vasto tesouro dos céus é que Deus supriria todas as nossas necessidades. Os céus são aqui pintados como um vastíssim o depósito , de onde nossas peq u en as necessidades, comparativamente falando, recebem o seu suprimento.

4. Também há intérpretes que pensam estar em pauta a própria natureza g loriosa de D eus; m as, nesse caso, o su p rim en to não seria apenas financeiro, mas até mesmo a participação na natureza divina (ver II Ped.1:4), o que serve de riqu íssim o su p rim en to p a ra a a lm a. Em o u tras palavras, o galardão divino estaria ligado à própria natureza gloriosa de D eus e à p a rtic ip a çã o e m an ifes tação dessa n a tu re za , ficando assim supridas tanto as necessidades materiais como as necessidades espirituais.

É difícil sabermos qual dessas quatro possibilidades era a que estava na mente do apóstolo, pois nenhuma boa razão gramatical pode ser aduzida em favor desta ou daquela posição. Talvez, de alguma m aneira geral, possamos ter aqui a combinação de todos esses significados. O suprimento de Deus é abundantemente rico e glorioso; mas tudo também procede de20 τώ δέ θβώ και πατρ ι ■ημών ή δόξα eis τούς αιώνας τώ ν αιώ νω ν αμήν.4:20: Οπι, α nosso Deus e Pai seja dada glória pelos séculos dos séculos. Amém.

O pensamento de Paulo, de que fora gentilmente auxiliado pelos crentes de Filipos, e que o rico suprimento de Deus visa todos os seus filhos, levou-o a irromper nessa doxologia a Deus, como nosso Pai. (Quanto à doutrina da «paternidade de Deus», ver os trechos de Rom. 8:15 e João 8:42, bem como as n o tas expositivas ali ex is ten tes). Na ep ís to la aos Efésios a idé ia da paternidade de Deus é constantemente reiterada; pois aquela epístola, acima de qualquer outro livro do N .T ., mostra-nos as riquezas da glória que Deus, como nosso Pai, outorga a seus filhos, transformando os remidos segundo a imagem de Cristo, o nosso Irmão mais velho (ver Rom. 8:29).(Q u an to a essa ênfase , ver os trechos de E fé. 1 :1 -3 ,5 ,14 ,17 ; 2 :18,19;3:14,15 e 6:23. Quanto a notas expositivas sobre os usos das «doxologias» do N .T., ver Efé. 3:21). As doxologias são empregadas nas Escrituras a fim de salientar ou enfatizar as mensagens faladas ou a serem ditas, atribuindo louvor a Deus, em face das bênçãos que foram descritas ou serão descritas a seguir.

«...séculos dos séculos...» Literalmente traduzida, a expressão diria «...eras das eras...», expressão comum no grego que significa «eternidade», p o rq u e a e te rn id ad e é v ista como um a in te rm in áv el sucessão de eras, fazendo-nos en ten d ê-la em períodos de tem po que possam os compreender. Na passagem de Efé. 3:21, um dos parágrafos das notas expositivas a respeito é devotado à discussão de várias fórmulas verbais que expressam a idéia da «eternidade», encontradas nas Escrituras. (Quanto à expressão aqui usada, ver igualmente Gál. 1:5; Fil. 4:10; I Tim. 1:17; II Tim. 4:18; Apo. 1:6; 4:9; 5:13; 7:12; 10:6 e outras passagens, onde essa expressão também é usada).

No original grego, um «aeon» indica um longo período de tempo; e umaIX. Saudações, Encorajamentos e Apreciações Finais (4:21-23).A mensagem da epístola aos filipenses agora é terminada. Paulo já havia mencionado tudo quanto tencionava dizer. Mas a

epístola não poderia ser fechada sem algumas saudações pessoais. No entanto, encontramos aqui breves saudações, ao passo que poderíamos esperar grande número delas, conforme se vê no décimo sexto capitulo da epístola aos Romanos, visto que o apóstolo dos gentios era tão bem relacionado em Filipos ,onde contava com muitos amigos sinceros. Todavia, as saudações de Paulo, nesta epístola, são coletivas, e não individuais, conforme se vê nas palavras, «Saudai a cada um dos santos...» E as saudações que ele envia, da parte daqueles que estavam em sua companhia, também são gerais: «Os irmãos que se acham comigo vos saúdam...» :21 ’Α σπάσασθς πάντα άγιον iv Χ ρ ιστώ Ίη σ ο ν . άσπάζονται υμάς oi συν ¿μοι άδίλφοί.

encarce rad o . M uitos desses e ram convertidos que ele fize ra estan d o aprisionado, conforme transparece no versículo seguinte. O aparente desacordo dessa declaração com o trecho de Fil. 2:20, onde Paulo se queixa de falta de qualquer comunhão com homens de igual mentalidade, não é fácil de ser exp licado . (V er as n o tas expositivas a respeito , acerca de algumas sugestões sobre o problema). Seja como for, o encerramento desta epístola não era ocasião propícia para Paulo fazer comparações de valores entre os seus irmãos na fé, o que somente serviria para distinguir uns dos outros. Ele simplesmente inclui a todos em sua saudações, tanto os fortes como os fracos na fé. Todos eram alvo de seu amor, o qual era formado devido à vinculação comum de todos à pessoa de Cristo. Dentre esse grupo poderíamos citar Timóteo e Epafrodito (ver Fil. 2:19 e ss.), pois pelo menos foram totalmente leais a Paulo, em sua tribulação, tendo-lhe sido elementos úteis.

No tocante à identificação daqueles que acompanharam a Paulo em seu encarceramento, em várias oportunidades, pode-se examinar o trecho de Col. 4:10-15. Porém, não dispomos de m aneira para m ostrar que aquela gen te se en co n trav a em co m p an h ia de P au lo , em R om a, posto que a ep ís to la aos C olossenses certam en te a lude a um perío d o a n te rio r de a p ris io n am en to , talvez em Éfeso. (Q u an to a isso, ver a secção II da introdução à epístola aos Efésios, intitulada «Data e Proveniência»).

4:21: Saudai a cada um dos santos em Cristo Jesus. 0s irmãos que estão comigo vos saúdam.

No o rig ina l grego, « ...sa u d a i...» é «aspadzom ai», que sign ifica exatamente isso, «saudar», «relembrar alguém perante outrem»,, «dar as boas-vindas», embora também quisesse dizer, algumas vezes, «abraçar», ou «oscular». A raiz da palavra indica algo «agradável». Portanto, a saudação era u m a espécie de desejo expresso pelo b em -esta r de o u trem . E ssa saudação, mui provavelmente, tinha por intuito ser feita pelos líderes da comunidade cristã local, os quais seriam os primeiros a ler a epístola, para então transmitirem a sua mensagem ao resto da congregação.

«...cada um dos santos...» (Quanto a notas expositivas sobre os crentes, ao receberem o título de «santos», ver Rom. 1:7).

«.. .em Cristo Jesus.. . », isto é, em comunhão e união com o Filho de Deus, pois é nessa comunhão que se forma a fraternidade dos remidos. (Ver o trech o de I C or. 1:4 q u an to às « realidades m ísticas», im p líc itas n esta expressão). Essas palavras, «em Cristo Jesus», podem ser vinculadas com «santos» ou com «saudai»; mas o mais provável é que sejam vinculadas a «santos». Os crentes têm comunhão com Cristo, o que os tomava irmãos para o apóstolo dos gentios, e ele os saudou como tais.

«...os irmãos que se acham comigo...» Paulo contava com certo número de irmãos, em sua companhia, os quais o ajudavam em seu estado de

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22 οί εκ...οίκίαϊ Php 1.1322 ¿σπάζονται υμάς ητάντες οί άγιοι, μάλιστα δ ε οι εκ της Καίσαρος οΙκίας.FILIPENSES

intérpretes, até mesmo modernos, pense que o apóstolo se encontrava na cidade imperial naquela ocasião, nada mais aqui é implícito além do fato que vários so ldados, escravos e oficiais de segunda categ o ria se tin h am convertido ao evangelho, em Roma, talvez principalmente em resultado direto dos labores de Paulo em seu período de aprisionamento, ainda que também seja provável que outros cristãos tenham conseguido ganhar para Cristo alguns daqueles. São «especialmente» esses que enviaram saudações aos crentes filipenses, talvez por serem os elementos associados mais de perto com o apóstolo, no momento.

Certamente Paulo não procurava vangloriar-se de «elevadas conexões», ao re fe rir-se à « ...ca sa de C ésa r...» , p o rq u a n to já pudem os ver que essa expressão não se reveste de alguma elevada significação. As saudações especiais, da parte dos tais talvez também indique que aquela gente, a serviço do governo rom ano, tin h a am igos nas p rov íncias, igualm ente pertencentes à «casa de César», e dos quais era bem-conhecido. Dessarte, é possível que a saudação tenha sido enviada de amigos para amigos, e não meramente para irmãos na fé, para pessoas que lhes fossem pessoalmente desconhecidas.

Alguns eruditos têm pensado que Sêneca teria sido um dos membros da «casa de César» que Paulo conhecia; porém, apesar de serem similares certas coisas que Paulo e Sêneca escreveram, isso pode ser melhor explicado pe la fam ilia rid ad e que am bos tinham com o estoicism o rom ano . As supostas epístolas de Paulo a Sêneca, e vice-versa, não são autênticas, posto que interessantes; e a idéia que conheciam um ao outro, e eram amigos, é apenas uma ficção, sem qualquer base histórica.

4:22: Todos os santos vos saúdam, especialmente os que são da casa de César.As palavras «...Todos os santos...» indicam a congregação cristã inteira

de Roma, ou, pelo menos, um largo círculo de crentes que habitavam naquela cidade, os quais desejavam saudar aos irmãos da igreja de Filipos. Pau lo sem pre se p reocupou em in c lu ir a ig re ja local in te ira de cada localidade, fomentando assim o espírito de fraternidade e unidade. Por isso é que em suas epístolas ele comumente enviava tais saudações, enfatizando a un id ad e da ig reja , a despeito de seus ag ru p am en to s separados geograficamente, como era necessário pela imposição do espaço.

«... os da casa deCésar... »E ssa expressão era co n sid erad a por m uitos intérpretes antigos, como também o é por muitos modernos, como alusão a membros da casa imperial que se teriam convertido ao cristianismo. Porém, as descobertas arqueológicas têm demonstrado que oficiais subalternos, membros das forças armadas romanas, e até mesmo escravos que faziam algum trabalho em prol do governo, em Roma ou fora dessa cidade, nas colônias e províncias distantes, eram chamados «casa de César». Portanto, esta frase n ad a com prova no sen tido de P au lo e s ta r ou não emRoma, naquela ocasião, e muito menos que se tinham convertido ao cristianismo membros importantes da família real.

A guarda pretoriana estava incluída nessa terminologia, sendo perfeita­mente possível que Paulo tenha podido converter a alguns de seus membros que estivessem encarregados de vigiá-lo; e esses também estão incluídos na referência geral. (Ver as notas expositivas em Fil. 1:13, que descreve esse grupo de soldados profissionais). Por conseguinte, ainda que Paulo se encon trasse ap ris io n ad o na c idade de R om a, e embora a maioria dos

23 η χάρις τοΰ κυρίου Ίη σ ο ΰ Χ ρίστου μ ετά του πνεύματος υμώ ν.3■ vg sy rp·’' eopl>״ arm e th A m hrosuister T heodoretLrrt

John-D am ascus3 23 ¡B ) υμών. B G 1739*l'id 1881 ίίΛ* copi1״ V iotorinus-Rom e Chrysos-

tom E u thaliu s // υμών. αμήν. p46 H A D K Γ Ψ 33 Kl 88 104 181 326 330 436 451 614 629 630 1241 1739cl”d 1877 1962 1984 1985 2127 2492 2495 B yz

23 του ττνενμσ.τος] πάντων K L pr!i sy ς | Subscriptio: εγραφη αττο Ρωμ.ης δι ΕτταφροΒίτου K (L) pl sy çEm bora alguns tenham suposto que a form a του πνεύματος — foi in troduzida por copistas, com base em Gál. 6:18 ou File.

25, a comissão ficou im pressionada p o r sua confirm ação d istin tam en te superior (p46 N* A B D F G P 6 88 104 241 322 330 424 (c) 436 442 463 1319 1898 2005 2127 it (d ,g ,r) vg cop (sa,bo) ar etí), e explicou a variante πάντων (Nc K L Φ m aioria dos m inúsculos sir (p ,h) e Textus Receptus) com o substituição escribal de u m térm ino mais fam iliar com o bênção (cf. I Cor. 16:24; II Cor. 13:13; II Tes. 3:18 e T ito 3:15).

Ο αμήν (p46 N A D K L P quase todos os m inúsculos it (d ,r ,6 l) vg sir (p ,h) cop (bo) ara etí) parece ter sido adicionado por copistas, em conform idade com a p rática litúrgica; se estivesse presente no original, seria difícil explicar sua omissão em B F G 6 1739* (vid) 1836 1908 it (g) sir (pal) cop (sa) al.

(a) O sub títu lo em N A B 33 466 é τ pòs Φιλιππησίους. O utros subtítu los incluem : (b) π pòs ΦιΚιππησίους έπληρώθη D ; (c) ετελίσθη π pòs Φιλιππησίους F G ; (d) π pòs Φιλιππησίονς εΎράφη άπό Ύώμης ol’ Έπαφροδίτον Κ 1908 al, seguidos pelo Textus Receptus; (e) com o (d) mas prefixando του à y ίου αποστόλου Π α ύλου επιστολή L; (f) como (c) e te rm inando com 6״γράφη άπό Ύώμης δι’ Ύιμοθίου και Έπαφροδίτον — (cop (bo)) Etí (ρρ).4:23: Α graça do Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espirito.

Essa doxologia é comum a quase todas as epístolas paulinas, ainda que algumas vezes apareça com variações superficiais, exceto que a «graça» aqui invocada em favor dos crentes filipenses, estaria «com o Espírito» deles, ao passo que normalmente se encontra a expressão «A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco». (Notas expositivas completas são dadas a respeito disso, em Rom. 16:24 e I Cor. 16:23). Na passagem de Gál. 6:18, a doxologia é idêntica àquela encontrada na presente epístola aos Filipenses, e as notas expositivas ali existentes explicam a adição e os seus significados possíveis. A adição das palavras «...com o vosso espírito...» pode ter sido escrito tendo em vista que a epístola seria lida aos ouvidos da comunidade cristã inteira, quando todos estivessem reunidos juntam ente, em «um espírito». Portanto, serviria de conclusão apropriada, como se uma bênção estivesse sendo invocada sobre toda a igreja, em um a reunião pública. Não há que duvidar que o apóstolo tinha em mente o «espirito» dos crentes filipenses, embora unidos ao «Espírito Santo». Porquanto assim é que o «favor» divino invocado sobre eles poderia tornar-se verdadeiramente deles, estando eles unidos em comunhão com o Espírito do Senhor. Notemos que o trecho de File. 25 encerra idêntica doxologia, e que ali o favor do Espírito Santo a ser transmitido destina-se apenas a um crente individual.

Variantes Textuais: A s palavras «...com o vosso espirito...» são lidas nos mssP(46), Aleph(l), ABDEFGP, bem como na maioria das versões, exceto na siríaca. Mas «...com todos vós...» são palavras que figuram nos mss Aleph(3),KL e na versão siríaca, seguidos pelas traduções AC e KJ, dentre as catorze traduções usadas para efeito de comparação por este comentário (nove em

inglês e cinco em português). Trata-se de uma variante inferior, porquanto a outra forma conta com o testemunho dos manuscritos mais antigos e dignos de confiança.

«...amém....» Usualmente essa palavra aparece nas epistolas paulinas; mas a adição dessa palavra neste ponto não é genuína. Neste ponto, os mss P(46), Aleph, ADEKLP, as versões latinas d, e, e r, a Vulgata latina, o cóptico, o siríaco, o aram aico, o etíope e os escritos dos pais da igreja Teodoreto, Damasceno e Ambrosiastro, assim dizem. Porém, os mss BFG, 47, as versões latinas f e g, como também o saídico e os pais Crisóstomo e Vitorino, além dos manuscritos conhecidos por Êutico, omitem essa palavra. A omissão mui provavelmente é a forma correta, porque seria apenas natural que os escribas tentassem ornar o texto do que tentarem abreviá-lo ou simplificá-lo. Além disso, somente com raridade o «amém» é autêntico nas epístolas paulinas. Nas epístolas aos Romanos e aos Gálatas o «amém» é autêntico, ao passo que nas demais epístolas tudo tem sido acrescentado por escribas posteriores.

Sobrescrito. O sobrescrito mais antigo dos manuscritos é o simples aos Filipenses, conforme se lê em Aleph, AB, 17 e 135. Mas isso foi ornado para «escrita aos Filipenses, de Roma, através de Epafrodito», conforme dizem os mss B(2), KL, o siríaco, os escritos de Teodoreto e a maioria dos manuscritos posteriores, incluindo os manuscritos minúsculos. A versão cóptica diz «aos Filipenses, mediante Timóteo e Epafrodito», podendo-se ver também outras variações. Mas tais sobrescritos não fazem paa־te original desta epístola, antes, foram adições feitas por escribas posteriores, acerca de questões relativas à proveniência e aos destinatários. Algumas vezes esses sobrescritos são corretos (com base no teor das próprias epístolas); mas de outras vezes são conjecturas tentativas, algumas das quais são certas, e outras erradas.

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