cesarioverde ave marias

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    CesárioVerde

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    José Joaquim Cesário Verde, poeta português, nasceu em Lisboa, a 25 deFevereiro de 1855 e faleceu em Lumiar, no dia 19 de ul!o de 188"#

    Fil!o do lavrador e comerciante os$ %nastácio Verde e de &aria da

    'iedade dos (antos Verde, matriculou)se no Curso (uperior de Letras em18*+, onde freuentou, durante apenas alguns meses, o curso de Letras# %li con!eceu (ilva 'into, grande amigo pelo resto da vida# -ividia)se entre a produ./o de poesias 0publicadas em ornais e as

    actividades de comerciante, !erdadas do pai#

    3m 18** sentiu os primeiros sinais de tuberculose, doen.a ue á l!e tirarao irm/o e a irm/# 3stas mesmas mortes serviram de inspira./o a um de seus

     principais poemas, Nós  de 1884# % 19 de ul!o de 188" faleceu da doen.a contra a ual tin!a vindo a lutar

    e, no ano seguinte, (ilva 'into organiou uma compila./o da sua poesia,

    intitulado de O Livro de Cesário Verde , s6 dispon7vel ao pblico em 191# -e poesia delicada, Cesário empregou t$cnicas impressionistas, com

    e:trema sensibilidade ao retratar a Cidade e o Campo, os seus cenários preferidos# 3vitou o lirismo tradicional, e:pressando)se de forma maisnatural poss7vel#

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    Características da Poesia de Cesário Verde

    Fig ; O Livro de Cesário Verde

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    A Nível Temático

    odeambulismo origina a uni/o entre as impress?estransmitidas pelo real e:terior e as refle:?es do poeta>

    @posi./o cidadeAcampo ) a cidade $ conotada como adoen.a e como a morte> o campo aparece como umespa.o de energia e de for.a vital 0mito do %teu,como fonte de vida e de refgio>

    Cr7tica social ) denncia da oposi./o entre a vidaego7sta daueles ue s/o social e economicamentefavorecidos e a mis$ria ue condena os pobres#

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    Buest/o (ocial

    @ poeta coloca)se ao lado dos desfavorecidos, dosinusti.ados, dos marginaliados e admira a for.af7sica, a puan.a do povo trabal!ador#

    @ poeta interessa)se pelo conflito social do campo eda cidade, procurando documentá)lo e analisá)lo,embora sem interferir#%natomia do !omem oprimido pela cidade#ntegra./o da realidade comein!a no mundo

     po$tico#

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    A Nível Estilístico

    -efesa de uma est$tica anti)romDntica> 'recis/o na constru./o da estrofe e do verso 0versos decassilábicos e

    ale:andrinos ) de e doe s7labas m$tricas> Eradu./o plástica da realidade>

    3:actid/o vocabular> Coe:istência de registos de l7ngua 0literário, corrente e familiar> -upla e tripla adectiva./o> tilia./o estil7stica do diminutivo> mpressionismo 0capta./o do real atrav$s de impress?es ) cor, lu, forma,

    movimento> %ntecipa./o do surrealismo ) imagina./o transformadora do real#

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    O Impressionismo adaptado ao Real

    “% mim o ue me preocupa $ o ue me rodeiaH% poesia do uotidiano despoetia o acto po$tico, da7 ue a sua poesia sea

    classificada como prosaica, concreta# @ poeta pretende captar as impress?esue os obectos l!e dei:am atrav$s dos sentidos#

    %o vaguear, ao deambular, o poeta percepciona a cidade e o IeuH $ o

    resultado dauilo ue vê#Cesário n/o !esita em descrever nos seus poemas ambientes ue, segundo a

    concep./o da poesia, n/o tin!am nada de po$tico#Cesário n/o s6 surpreende os aspectos da realidade como sabe perfeitamente

    faer uma refle:/o sobre as personagens e certas condi.?es#% representa./o do real uotidiano $, freuentemente, marcada pela capta./o

     perfeita dos efeitos da lu e por uma grande capacidade de faer ressaltar asolide das formas 0viso o!"ectiva, embora sem menosprear uma certaviso su!"ectiva ; Cesário procura representar a impress/o ue o real dei:aem si pr6prio e Gs vees transfigura a realidade, transpondo)a numa outra#

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    @ sentimento deum @cidental

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    Ave#$arias

    http://var/www/apps/conversion/tmp/scratch_7/Ave%20Marias,%201%C2%AA%20parte%20do%20Poema%20O%20Sentimento%20dum%20ocidental,%20de%20Ces%C3%A1rio%20Verde.avihttp://var/www/apps/conversion/tmp/scratch_7/Ave%20Marias,%201%C2%AA%20parte%20do%20Poema%20O%20Sentimento%20dum%20ocidental,%20de%20Ces%C3%A1rio%20Verde.avi

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       Jas nossas ruas, ao anoitecer,Ká tal soturnidade, !á tal melancolia,Bue as sombras, o bul7cio, o Eeo, a maresia-espertam)me um deseo absurdo de sofrer#

    @ c$u parece bai:o e de neblina,@ gás e:travasado enoa)me, perturba>3 os edif7cios, com as c!amin$s, e a turbaEoldam)se duma cor mon6tona e londrina#

    atem os carros de aluguer, ao fundo,Levando G via f$rrea os ue se v/o# FeliesM@correm)me em revista, e:posi.?es, pa7sesN&adrid, 'aris, erlim, (# 'etersburgo, omundoM

    (emel!am)se a gaiolas, com viveiros,%s edifica.?es somente emadeiradasNComo morcegos, ao cair das badaladas,(altam de viga em viga os mestrescarpinteiros#

    Voltam os calafates, aos magotes,-e auet/o ao ombro, enfarruscados, secos>3mbren!o)me, a cismar, por boueir?es, por becos,@u erro pelos cais a ue se atracam botes#

    3 evoco, ent/o, as cr6nicas navaisN&ouros, bai:$is, !er6is, tudo ressuscitadoMLuta Cam?es no (ul, salvando um livro a nadoM(ingram soberbas naus ue eu n/o verei amaisM

    3 o fim da tarde inspira)me> e incomodaM-e um coura.ado inglês vogam os escaleres>3 em terra num tinir de lou.as e tal!eresFlameam, ao antar, alguns !ot$is da moda#

     Jum trem de pra.a arengam dois dentistas>m trOpego arleuim bracea numas andas>@s uerubins do lar flutuam nas varandas>Ps  portas, em cabelo, enfadam)se os loistas!

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      Vazam-se os arsenais e as

    ofcinas;

    3 num cardume negro, !ercleas,gal!ofeiras,Correndo com firmea, assomam as varinas#

    Vêm sacudindo as ancas opulentasM(eus troncos varonis recordam)me pilastras>3 algumas, G cabe.a, embalam nas canastras

    @s fil!os ue depois naufragam nastormentas#

      -escal.asM Jas descargas de carv/o,-esde man!/ G noite, a bordo das fragatas>3 apin!am)se num bairro aonde miam gatas,

    3 o pei:e podre gera os focos de infec./oM

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    NOAS

    %ás e&travasado ) refere)se ao gás dos candeeiros# Ja $poca de Cesário Verde, ailumina./o da cidade era feita com candeeiros a gás#

    tur!a ; multid/ocala'ates ) !omens ue trabal!avam na calafetagem dos barcos, o ue se faia com

    alcatr/o, da7 o eles se apresentarem enfarruscados# 3sta t$cnica continua ainda a serutiliada artesanalmente na calafetagem, por e:emplo, dos barcos moliceiros, na regi/o de%veiro#

    !oqueiro ) grande boca> rua ou travessa ue vai dar ao cais de um rio ou canal#escaler ) peueno barco para servi.o de navio ou de reparti./o mar7tima# @s escaleres

    faiam a liga./o entre o navio e a margem, uma ve ue os grandes barcos nem sempre

    ficam atracados ao cais, mas ao largo#'lame"ar ) 0de flama Qc!amaQ ) lan.ar c!amar> bril!ar, resplandecer#aren%am ) d/o G l7ngua> falam, conversamtr(pe%o arlequim ) Jesta $poca á !avia publicidade# m arleuim $ uma personagem da

    antiga com$dia italiana, com traes de várias cores, ue a tornavam vistosa e atra7am ool!ar# 3sta figura andava trOpega, isto $, balan.ando de um lado para o outro, porue

    andava sobre umas andas, para c!amar mais aten./o das pessoas ue circulavam na rua#queru!ins do lar ) 3sta e:press/o fa)nos imaginar mais do ue uma situa./o poss7vel#

    Buerubim $ uma palavra ue significa Qano da primeira !ieraruiaQ# Reralmente, as donasde casa s/o designadas em linguagem familiar e carin!osa como Sfadas do larT# Eratar)se)á, neste caso, das donas de casa, ue se vislumbram, lá em cima, nas varandasU Eodavia, overbo flutuar fa)nos pensar noutra !ip6tese, talve mais sugestiva do ue a anterior e,

    talve, mais plaus7vel# Jas varandas, por falta de outro lugar, costumam pendurar)se asroupas para secar#

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    Tempo Espa)o Persona%ens Estados de Alma do Poeta

    %o anoitecer>(ombras>

    %s ruas de Lisboa#

    ul7cio, Eeo,maresia#

    Conclui)seNmuita gente

    nas ruas#

    (oturnidade e melancolia#-eseo absurdo

    0inustificado de sofrer#

    -epreende)seN oapro:imar da noite

    0ilumina./o, edif7ciosonde se prepara o

     antar, pessoas acamin!o de casa#

    C$u bai:o e deneblina# Rás

    e:travasado, c!eiro agás# 3dif7cios e

    c!amin$s# Cormon6tona e londrina#

    Eurba# 3noo pelo gás e:travasado#nfere)se a tristea do 'oeta,

     provocada pela cormon6tona e londrina#

    ) %o fundo, carros dealuguer, em direc./o

    ao comboio#

    ) % felicidade dos ue partem,em oposi./o G infelicidade

    dos ue ficam, entre osuais o 'oeta# @ 'oeta

    manifesta deseo de evas/o para capitais europeias onde

    $ poss7vel c!egar decomboio# % felicidade está

    onde n/o se está#

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    Tempo Espa)o Persona%ens Estado de Alma doPoeta

    %o cair das badaladas

    0vel!a tradi./o,anunciando o fim dotrabal!o com o toue

    dos sinos#

    %s casas de madeira

     parecem gaiolas# %scasas s/o comoviveiros, nelas se

    amontoam as pessoas#

    nfere)se a e:istência de

     pessoas no interior dascasas# @s mestrescarpinteiros saltam deviga em viga, como

    morcegos, abandonandoo trabal!o#

    )

    ) oueir?es, becos#Cais a ue se atracam

     botes#

    @s calafates, aosmagotes,

    de auet/o ao ombro,enfarruscados, secos,

    regressam a casa#

    @ 'oeta, a cismar, por boueir?es, por becos#@ 'oeta erra pelos caisa ue se atracam botes#

    Eempo de evas/oN recuoao

    tempo dos-escobrimentos

    3spa.o de evas/oN os-escobrimentos#

    'ersonagens de evas/oNmouros, !er6is

    ressuscitados# Cam?es asalvar @s Lus7adas a

    nado#

    % realidade dura fa o'oeta ter consciência danecessidade ue sente

    de evas/o#

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    Tempo Espa)o Persona%ens Estado de Alma doPoeta

    Fim da tarde#Kora de antar#

     Jo mar, vogam osescaleres de umcoura.ado inglês# 3mterra serve)se o antar

    nos!ot$is da moda#

    nfere)se a presen.a dosingleses, nos coura.ados,os

     privilegiados da sorte a antar nos !ot$is da moda#

    @ 'oeta declara)seincomodado com ofim detarde#

    ) m comboio de pra.a0onde

    discutem doisdentistas# %s varandas

    das casas# %sloas#

    -ois dentistas 0arengamnum comboio de pra.a#

    m trOpego arleuim 0umdesfavorecido da sorte

     bracea numas andas# @suerubins do lar 0a

    crian.ada, G espera dos pais, aos saltin!os, nasvarandas# @s

    comerciantes, em cabelo0descompostos, enfadam)se, G porta das loas, por

    falta de clientes#

    @ 'oeta revelasimpatia pelos

    desfavorecidos e!ostilidade para com

    os bafeados pelasorte#

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    Tempo

    Espa)o Persona%ens Estado de Alma do Poeta

    ) %rsenais eoficinas# @

    rio a reluir,viscoso#

    @ operariado dei:a o trabal!o eregressa a casa# %s obreiras, apressadas#

    %s varinas, em grupo, !ercleas,gal!ofeiras#

    Conectura)seN o 'oeta mostra terconsciência da vida miserável das

    varinas, mas tamb$m de ue elas n/otêm consciência disso 0a felicidadeestá na ordem inversa da

    consciência#

    ) ) %s varinas, de troncos fortes como

     pilastras, agitam, ao andar, as ancasopulentas# @s seus fil!os 0ue elasembalam G cabe.a, v/o dentro das

    canastras#

    @ 'oeta compadece)se com a vida

    das varinas e antevê a desgra.a dosseus fil!os, ue prevê a naufragaremnas tormentas# @ 'oeta, consciente,sofre pelas varinas, ue n/o revelamter consciência da realidade ue as

    afecta#

    ) ) %s varinas trabal!aram, de man!/ Gnoite, nas descargas de carv/o, nas

    fragatas, v/o descal.as# 3stas moramnum bairro sem condi.?es 0a7 miamgatas, o pei:e podre gera focos de

    infec./o#

    )

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    % primeira divis/o do poema,designada de %v$)&arias ;denomina./o das seis da tarde,ironicamente sugestiva daorgania./o da vida segundo os

    ritmos bem ordenados de umasociedade ligada pela devo./oreligiosa ; inicia descrevendo aangustiada reac./o psicol6gica ao

    impacto das variadas sensa.?es doanoitecer nas ruas familiares 0asnossas ruas de Lisboa#

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    % vis/o das sombras ue se salientam, o escutar dos sonsininterruptos gradualmente sufocados e o c!eiro a maresiaelevado pelo rio, avivam um universaliado desejo absurdo de

     sofrer  ue $ a e:press/o subectiva da pavorosa melancolia da pr6pria cidade# % noite desce como uma barreira opressiva uevem fec!ar a cidade tamb$m de cima> na crescente escurid/o,os pr$dios e os seres come.am a fundir)se numa massa

    irregular> num todo morfol6gico ue torna o ar repleto da suasombria !umanidade# 0## 0est# 12

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    % cor ue escurece os pr$dios e as c!amin$s e

    ue altera as pessoas numa

    negra multid/o ; a turba ;$ descrita como monótona e londrina, o ue aomesmo tempo vem

    contradier e difundir as$rie de associa.?es

    evocadas pela descri./o dacidade 0Londres grande

    capital mercantil da

    civilia./o industrial#

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    @ efeito enclausurador da cidade,ue se encerra sobre si pr6pria, G

    medida ue as sombrasescurecem e o ar se infeccionacom o c!eiro nauseabundo dogás e:travasado, fomenta no

    sueito uma Dnsia inacess7vel de

    fugir, n/o obrigatoriamente paraualuer outra das cidadese:postas, mas para a ampla

     plenitude delas e:trapolada, omundo, ironicamente

    caracteriada na passagem doscarros de aluguer  ue levam a

    via)f$rrea os ue literalmente sevão. 0est# +

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     Jeste mundo indeterminado ue, no conte:to do poema, vai

    aduirindo progress?es aleg6ricas continuamente fortalecidas, o passeante solitário atravessa ruas ue se abrem como abismos eestreitas passagens ue inesperadamente se fec!am, osboqueirões e os becos  unto aos cais de onde aparecem os

    calafates, em grupos, escurecidos da fuligem# 0est#5

    &as, a lembrar)l!e o espa.o real eo obectivo do momento presente,

    logo vê tamb$m a cidadeaprisionante a alastrar)se,

    desmultiplicando)se em novas, peuenas pris?es, ainda inacabadas#

    0est# 4

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    @s peuenos barcos atracados nos cais reavivam o deseo defugir> no entanto, enuanto ue na terceira uadra a passagemdos carros de aluguer representara a Dnsia de abra.ar

    espacialmente o mundo real, este deseo e:pressa)se agora naDnsia pelo mundo do passado glorioso, por uma viagemsaudosa no tempo# 0est# "

    % evoca./o de Cam?es, ue resume a grandefase criadora do passado português, centralia

    numa s6 imagem multifacetada o esfor.o!er6ico ue tornou poss7vel lan.ar ao mar as soberbas naus ue o narrador, reduido acismar unto aos botes atracados, n/o verá

     amais ) ele está em terra amarrado ao presentecrepuscular do fim da tarde nas ruas da cidade

    ue $ a sua incomodada inspira./o#

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    % referência aos hotis da moda  e ao coura!ado ingl"s  n/o $ apenas uma

    coincidência, simboliam a riuea da alta burguesia citadina e do poder

    naval ue a garantia#

    Eodas as personagens á anteriormente mencionadas, s/o relacionadas umas

    Gs outras pelo uso adectival das formas verbais complementares ue descreve

    as suas actividades 0arengam# braceja# flutuam# enfadam$se de forma a

    criarem uma imagem !eterog$nea da vaidade da vida burguesa citadina#

    % vis/o deste mundo $ imediatamente sobreposta com o contrastante uadro

    vivo das massas trabal!adores 0est# 19 ue, como um sopro de liberdade

    vindo do mar, o cardume negro das varinas entra na cidade# 0est#9)1

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    Eema

    @ tema deste e:tenso poema 0uarenta e uatro

    uadras $ o sentimento de desespero e protesto

    ue atormenta um português 0um IocidentalH face

    G cidade de Lisboa, percorrida desde o anoitecer

    at$ G completa escurid/o das I!oras mortasH#

    % cidade provoca ImelancoliaH> IenooH> Ideseo

    absurdo de sofrerH, ue $ ao mesmo tempo um produto da cultura vigorante e um protesto contra

    ela#

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    3strutura nterna

    @ poema, com uma sinfonia em uatro andamentos, desenvolve)se em

    uatro sec.?es# Cada uma com one uadras# Erata)se dum registo das

    Ipercep.?es e impress?es de um observador camin!ando nas ruas

    nocturnas da cidadeH, desde o anoitecer 0I%v$)&ariasH, continuando

    na IJoite Fec!adaH, depois á com a ilumina./o pblica acesa 0I%o

    RásH e, finalmente, altas !oras da noite 0IKoras &ortasH#

    3ste passeio $ uma viagem para dentro da noite, na ual ele $confrontado pelas sombras reais ue simboliam a cidade nocturna

    0Joite Cidade#

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    3strutura 3:terna

     Jeste poema temos presente a uadra composta por um

    decass7labo e três ale:andrinos# 3sta escol!a de Cesário prov$m

    do teor descritivo# do modo anal%tico  de observar a realidade

    circunstante e do gosto do e:acto#

    @ poeta vai evocando e:periências de repetidas deambula.?es

     pela Ivel!a cidadeH ue o deprime e nauseia#

    % estrutura estr6fica austa)se bem ao entendimento do real, ue $

    ainda valoriado pelas pausas m$tricas#

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    3mbora abundem as frases independentes ou coordenadas ue

    coincidem com um s6 verso, $ muito mais elevado o nmero de frases

    constitu7das por dois versos#'or outro lado, $ abundante a utilia./o de frases de tipo e:clamativo

     para representar as reac.?es subectivas G realidade e:terior, seam elas

    de invea, de amor, de piedade, de indigna./o, de revolta ou de deseo#

    3m Cesário a emo./o limita)se, por vees, G sensa./o de surpresa, de

     praer e de espanto ue o real, apenas pelo facto de e:istir, desperta no

    sueito po$tico#

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    3m todas as uadras, a rima $ interpolada e emparel!ada, segundo o esuema

    rimático %%# Jeste dom7nio, s/o ainda de assinalarN

    )rimas Iem ecoHN turbaAperturba> andasAvarandas, etc#

    )rimas por associa./o dos mesmo sufi:osN viveirosAcarpinteiros> dentistasAloistas, etc#

    )rimas por vocábulos de categorias gramaticais diferentes 0rima ricaN navaisAamais,

    etc#

    ) @ uso da alitera./oN

    I*evando G via)f$rrea os ue se v/o# FeliesMH

    0%litera./o em v

    I3mbren!o)me a cismar, por !oqueir?es, por !ecos,

    @u erro pelo cais a que se atracam !otesH#

    0%litera./o em ! e em + 

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    Cesário Verde aproveita, assim, a entidade f6nica natural das

     palavras e prova ue reprodu na sua poesia o ritmo do natural,

    sem convencionalismos#

     

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    -e forma resumidaW

    'oema representativo da cidade em várias fases dodia>

     'oesia do uotidiano>

     Captura factos sem referir causaAefeito>

    @pta pelas formas impessoais, constru.?es nominaise sinestesias 0materialiar o abstractoAimaterial e oseu estado de esp7rito#

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    'erguntas G turmaW

    Buais s/o as uatros partes constituintes do poema

    I@ (entimento dum @cidentalHU

     &v$'arias está referente a ue altura do diaUBual $ o estrato social ue o 'oeta criticaU

    Bual a figura !ist6rica referida no poemaU

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    ibliografia

    Cabral, %velino (oares ) Cesário Verde, 'ropostas de %nálise ) (ebenta 3ditora> Ruerra, o/o %ugusto da FonsecaA Vieira, os$ %ugusto da (ilva ; %ula Viva,

    Literatura 'ortuguesa # 11Xano ; 'orto 3ditora>

     YYY#YiZipedia#org 0Jovembro, 29>

    V7deoN

     YYY#[outube#com 0Jovembro, 29>

    magensN

    YYY#ol!ares#aeiou#pt 0Jovembro, 29#

    Fotos de autoria de %na Catarina

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    Escola ,ecundária -. A'onso /enriques

    Erabal!o realiado porNo %na Catarina